tratamento de úlceras venosas através de moxabustão

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tratamento de úlceras venosas através de moxabustão
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
DOUGLAS OLIVEIRA DOS SANTOS
RICARDO PASTORI
TRATAMENTO DE ÚLCERAS VENOSAS ATRAVÉS DE
MOXABUSTÃO E ACUPUNTURA SISTÊMICA
MOGI DAS CRUZES - SP
2012
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
DOUGLAS OLIVEIRA DOS SANTOS
RICARDO PASTORI
TRATAMENTO DE ÚLCERAS VENOSAS ATRAVÉS DE
MOXABUSTÃO E ACUPUNTURA SISTÊMICA
Monografia apresentada ao Programa
de Pós-Graduação da Universidade de
Mogi das Cruzes, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Especialista em Acupuntura.
Orientadores: Prof. Luiz A. Alfredo e
Profª. Bernadete Nunes Stolai
MOGI DAS CRUZES - SP
2012
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
DOUGLAS OLIVEIRA DOS SANTOS
RICARDO PASTORI
TRATAMENTO DE ÚLCERAS VENOSAS ATRAVÉS DE
MOXABUSTÃO E ACUPUNTURA SISTÊMICA
Monografia apresentada ao Programa de
Pós-Graduação da Universidade de Mogi
das Cruzes, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Especialista
em Acupuntura.
Aprovado em ..............................
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________________________________
Prof. Luiz A. Alfredo
UMC – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
___________________________________________________________________
Profa. Bernadete Nunes Stolai
UMC – UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, nosso criador e fonte de toda vida e toda sabedoria ...
Dedico ainda, a instituição maior deixada por Deus a cada ser vivo desta terra, a Família,
em especial à minha, Maria Salete, Domingos, Manoela, Alexandre e as minhas princesinhas
Sarah e Julia Vitória, minhas sobrinhas abençoadas.
Dedico ainda, a minha namorada Natali Menezes, que pôde ser minha Intercessora maior
nestes dias de abandono nos estudos (Obrigado por sua paciência!!)
E por último mas não menos importante, dedico este trabalho a todos os pacientes que
passaram e por atendimento no ambulatório de Acupuntura da Universidade de Mogi das
Cruzes, assim também como aos nossos mestres (Luíz Alfredo, Luíz Leoneli, Bernadete e
Romana), nossa segunda família ... além de dedicar aos nossos colegas de Turma 6, que tanto
engrandeceram meu conhecimento e minha felicidade !!!
Douglas Oliveira dos Santos
Dedico este trabalho ao nosso Pai Eterno que sem Ele não temos sequer força para seguir
diante nos obstáculos da vida.
À minha querida e amada esposa, que sempre me apoia, me dá forças nos momentos de
fraqueza e é meu braço direito, te amo. Aos nossos filhos Rafael e Gabriela.
Ricardo Pastori
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus ....
Agradeço a minha família ......
Agradeço aos meus irmãos da Paróquia São João Batista, em especial a Renovação
Carismática Católica (RCC) Bertioga ......
Aos pacientes e aos nossos professores do curso de Especialização em Acupuntura da
Universidade de Mogi das Cruzes .....
Douglas Oliveira dos Santos
Agradeço a minha sogra Suely e meu sogro Antônio pela força dada durante estes anos.
Pai e Mãe obrigado !!
Ricardo Pastori
"Comece fazendo o que é necessário,
depois o que é possível,
e de repente você estará fazendo o impossível".
(São Francisco de Assis)
RESUMO
Úlceras Venosas (UV) ocorrem devido à insuficiência venosa crônica. UV causam
significante impacto social e econômico devido à natureza recorrente e ao longo
tempo decorrido entre sua abertura e cicatrização. As doenças crônicas
degenerativas, como a UV, vêm recorrendo a terapias ditas como alternativa e
dentre essas, destaca-se a Acupuntura (AC) e a Moxabustão, que são práticas
terapêuticas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Portanto, o objetivo deste
trabalho foi realizar uma revisão da literatura cientifica nacional e internacional,
sobre os mecanismos de ação em nível fisiológico na aplicação de Acupuntura e
Moxabustão em pacientes com UV, verificando a eficácia destas técnicas da MTC,
principalmente no caráter regenerativo dos tecidos ulcerativos, além de buscar
protocolos de atendimento condizentes com essa proposta reparativa. Desta
maneira, a metodologia se constituiu por meio de uma criteriosa revisão de trabalhos
científicos nacionais e internacionais, por meio de livros, artigos e bibliotecas
virtuais, sempre norteados pelas normas da Universidade de Mogi das Cruzes.
Sendo assim, a UV mostrou-se uma patologia de diferentes Padrões Sindrômicos
corroborado pelos diferentes estudos verificados, sendo que, os Padrões mais
evidenciados foram a Acumulação de Calor Umidade no Baço, Deficiência de Qi do
Baço com Umidade, Estagnação de Qi e Estagnação de Sangue de Fígado e
Deficiência de Yin do Fígado e dos Rins. Da mesma forma, o seu tratamento
também variou bastante, porém alguns pontos foram assíduos nos diferentes
padrões como BP6, B20, VB34, B17, B18 e B20. Logo, os estudos científicos
comprovam que Acupuntura e Moxabustão agem na circulação sanguínea,
promovendo relaxamento muscular, diminuindo dor e inflamação. Ainda, por
trabalhar com efeitos sobre a circulação sanguínea e sobre os efeitos imunológicos
como a inflamação, a Acupuntura e a Moxabustão podem atuar também acelerando
a cicatrização tecidual.
Palavras-chave: Acupuntura, Moxabustão e Úlcera Venosa.
ABSTRACT
Venous Ulcers (UV) occur due to chronic venous insufficiency. UV cause significant
social and economic impact due to the recurrence and the long interval between
onset and healing. The chronic degenerative diseases, such as UV, are turning to socalled alternative therapies and among these, there is acupuncture (AC) and
Moxibustion, which are therapeutic practices of Traditional Chinese Medicine (TCM).
Therefore, the aim of this study was a review of national and international scientific
literature on the mechanisms of action in a physiological level in the application of
Acupuncture and Moxibustion in patients with UV, verifying the effectiveness of these
techniques of TCM, especially in the character of regenerative tissue ulcerative, and
seeks care protocols consistent with this proposal healing. Thus, the methodology
was formed through a careful review of scientific papers nationally and
internationally, through books, articles and virtual libraries, always guided by the
standards of the University of Mogi das Cruzes. Thus, the UV proved to be a
pathology of different syndromic patterns supported by different studies verified, and
the patterns were more evident Accumulation of Damp Heat in the Spleen, Spleen Qi
Deficiency with Damp Stagnation of Qi and stagnation Blood and Liver Yin Deficiency
Liver and Kidney. Likewise, its treatment also varied widely, but some points were
assiduous in different patterns as BP6, B20, VB34, B17, B18 and B20. Therefore,
scientific studies show that acupuncture and moxibustion act in the bloodstream,
promoting muscle relaxation, reducing pain and inflammation. Still, by working with
effects on blood circulation and on the immunological effects such as inflammation,
acupuncture and moxibustion may also act by accelerating tissue healing.
Key- Words: Acupuncture, Moxibustion and Venous Ulcers.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Principais correspondências dos Cinco Elementos ............................. 28
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Úlceras Venosas Extensas em Membros Inferiores.............................. 17
Figura 2 Diferentes agulhas de Acupuntura........................................................
22
Figura 3 Moxabustão para tratamento por aquecimento..................................... 23
Figura 4 Tao ou TEI-GI, diagrama chinês que permeia toda filosofia de YinYang....................................................................................................................
25
Figura 5 Ciclo Sheng e Ciclo Ko..........................................................................
26
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
MTC
Medicina Tradicional Chinesa;
IVC
Insuficiência Venosa Crônica;
DAOP
Doença Arterial Obstrutiva Periférica;
OMS
Organização Mundial de Saúde;
et al.
Abreviação do latim et alii, significando “e outros”;
mmHg
Milímetros de Mercúrio;
MMII
Membros Inferiores;
NO
Óxido Nítrico;
SP
Substância P;
NKA
Neurocinina A;
VIP
Peptídeo Intestinal Vasoativo;
CGRP
Peptídeo Relacionado ao Gene da Calcitonina;
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12
1.1 ENVELHECIMENTO MUNDIAL .................................................................
13
1.2 FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA - VISÃO
OCIDENTAL .....................................................................................................
15
1.3 TRATAMENTO SEGUNDO A VISÃO OCIDENTAL ..................................
18
2 METODOLOGIA ..........................................................................................
20
2.1 DELINEAMENTO................................................................................. 20
2.2 PROCEDIMENTOS.............................................................................
20
3 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC) E ACUPUNTURA ................
21
4 ÚLCERA VENOSA SEGUNDO A MTC .......................................................
33
4.1 ZANG FU ENVOLVIDOS NOS PROCESSOS DE ULCERAÇÕES ...........
34
4.2 PADRÕES SINDRÔMICOS DAS ÚLCREAS VENOSAS SEGUNDO A
MTC ..................................................................................................................
36
5 TRATAMENTO COM ACUPUNTURA E MOXABUSTÃO NAS ÚLCERAS
VENOSAS ......................................................................................................... 38
6 CONCLUSÃO ...............................................................................................
44
REFERÊNCIAS ............................................................................................
47
APÊNDICE ................................................................................................... 53
1 INTRODUÇÃO
As Úlceras Vasculares apresentam etiologia de origem venosa, arterial ou
mista, contudo, as Úlceras Venosas, que são o alvo de nosso estudo, ocorrem
devido à Insuficiência Venosa Crônica por varizes primárias, sequela de trombose
profunda, anomalias valvulares venosas ou outras causas que interferem no retorno
do sangue venoso. Surge após trauma e, muitas vezes, é precedida por episódio de
erisipela, celulite ou eczema de estase (QUELEMENTE, MORITA E BALBI, 2009).
Segundo Abbade e Lastória (2006), as Úlceras Venosas causam significante
impacto social e econômico devido à natureza recorrente e ao longo tempo
decorrido
entre
sua
abertura
e
cicatrização.
Quando
não
manejadas
adequadamente, cerca de 30% das Úlceras Venosas cicatrizadas recorrem no
primeiro ano, e essa taxa sobe para 78% após dois anos. Dessa forma, devido à
necessidade de terapêuticas prolongadas, o paciente portador de Úlcera Venosa
precisa com frequência de cuidados médicos e de outros profissionais da saúde,
além de se afastar do trabalho inúmeras vezes e com frequência se aposentam
precocemente.
Neste sentido, Carmo et al. (2007) afirmam que essa inadequação do
funcionamento do sistema venoso é comum na população idosa, sendo a frequência
superior a 4% entre os idosos acima de 65 anos.
Apesar da elevada prevalência e da importância da Úlcera Venosa, ela é
frequentemente negligenciada e abordada de maneira inadequada (ABBADE e
LASTÓRIA, 2006), já no Brasil, os avanços nas pesquisas nacionais e internacionais
não têm sido traduzidas na construção de diretrizes para nortear o tratamento tópico
da Úlcera Venosa, persistindo ainda muitas dúvidas dos melhores tratamentos, o
que gera uma diversidade de condutas (BORGES, 2005).
Sendo assim, Castro et al. (2010) referem que cada vez mais, as doenças
crônicas e degenerativas, como é o caso das Úlceras Venosas, vem recorrendo a
terapias ditas como alternativa e/ou complementar, consideradas como práticas que
não fazem parte da tradição cultural de um determinado país ou do seu sistema
oficial de saúde, ainda, associa-se essa crescente demanda por estas terapias não
ocidentais à crise da Medicina Ocidental, que reflete certa descrença das pessoas
na ideia de que a tecnologia, aliada à cientificidade das terapias ocidentais, é capaz
de garantir o bem-estar da população, frente a alguns problemas de saúde (LOPES,
2005).
Desta maneira, dentre essas terapias tidas como alternativa destaca-se a
Acupuntura e a Moxabustão, que são práticas terapêuticas da Medicina Tradicional
Chinesa, sendo que a Acupuntura consiste na aplicação de determinadas técnicas
para estimular pontos específicos do corpo para atingir o equilíbrio necessário.
Dentre as técnicas utilizadas pela Acupuntura para atingir esses estímulos
desejados, a mais usada é a inserção de agulhas metálicas nesses pontos, daí vem
à etimologia do nome (XIYAN et al., 2007). Já a Moxabustão (também chamada de
Moxibustão) consiste no estímulo desses pontos de Acupuntura através da Moxa,
sendo essa outra forma de estímulo energético pela Acupuntura, contudo todas elas
possuem a mesma finalidade de restabelecer o equilíbrio energético do corpo,
trazendo melhorias parciais ou totais nos estados físico e psicológico (emocional) do
indivíduo (PEREIRA, 2005).
Neste contexto de Úlcera Venosa, Acupuntura e Moxabustão, pesquisas mais
recente vieram comprovar e ajudar a esclarecer o misticismo sobre a ação da
Acupuntura e da Moxabustão, sendo que através de diversos estudos científicos,
ficou comprovado que essas técnicas alteram a circulação sanguínea, modificando a
dinâmica da circulação regional proveniente de microdilatações, relaxamento
muscular, sanando espasmos, diminuindo a dor e a inflamação (DE LUCA, 2008).
E é justamente por trabalhar com efeitos sobre a circulação sanguínea e
sobre os efeitos imunológicos como a inflamação, que autores como Hayashi (2006)
referem que a Acupuntura e a Moxabustão podem atuar também acelerando a
cicatrização tecidual, que é o principal objetivo do tratamento das Úlceras Venosas.
1.1
ENVELHECIMENTO MUNDIAL
Segundo Cheng et al. (2007), no século XXI, a população mundial estará
envelhecendo em uma escala inédita e sem precedentes, onde, de agora até 2050 a
população idosa mundial (ou seja, pessoas com ou mais de 60 anos de idade),
aumentará de 600 milhões para 2 bilhões de habitantes. Do mesmo modo, Kaplan et
al. (2008) referem que a proporção de idosos na população mundial subirá de 10%
em 2005 para 22% em 2050. Sendo assim, hoje em alguns países desenvolvidos, a
proporção de pessoas idosas é estimada perto de 1 idoso para cada 5 habitantes e
se as tendências atuais continuarem, durante a primeira metade do século XXI, a
proporção de idosos chegará a 1 idoso para cada 4 habitante em geral, podendo
chegar a até 1 para 2 em certos países.
A Organização Mundial da Saúde classifica de "velhice ou idoso" como
pessoas que têm 60 anos ou mais. Em 2020, nesta categoria de idade, um bilhão da
população mundial terá 60 anos ou mais, além de que, 75% desse total viverão em
países de baixa renda. Considerando que o número de idosos está aumentando em
70% no mundo desenvolvido, a proporção de pessoas idosas no mundo menos
desenvolvido irá aumentar cerca de 400% nas próximas décadas (WAHLIN et al.,
2008).
Para tanto, a má distribuição de renda mundial, continua sendo um fator
decisivo na hora de mensurar essa longevidade. Esses dados são comprovados no
trabalho de Vaupel e Kistowski (2008), onde os mesmos referem que os três países
mais antigos hoje, medida pela proporção de pessoas com 60 anos ou mais, são o
Japão, Itália e Alemanha. Sendo que, além do Japão, os 20 países na lista dos que
têm a maior proporção de idosos são exclusivamente europeus.
As alterações das taxas de fertilidade nos países desenvolvidos apontam um
rápido declínio nos últimos anos e vem sendo substituída por um aumento
significativo da longevidade. Esse fenômeno também vem sendo notado nos países
em desenvolvimento (CHARNESS, 2008). Neste sentido, Lutz et al. (2008) em seu
estudo referiram que todas as medidas da população mundial indicam um
envelhecimento gradual e contínuo, sendo que a mediana da idade mundial em
2000 foi de 26,6 anos e em 2050 será de 37,3, progredindo para 45,6 anos em 2100,
contudo essas previsões não levam em conta a nova longevidade da população,
pois quando levado em consideração tal quesito essas medianas se tornam 31,1 no
ano de 2050 e 32,9 em 2100, sendo essa queda atribuída a uma diminuição do
crescimento populacional mundial.
Esse aumento da expectativa de vida durante a segunda metade do século
XX provocou mudanças drásticas não só na população de países desenvolvidos,
como a americana, mas também em toda população mundial. Essa longevidade tem
produzido consequências, como o crescente número de adultos em idade de 60
anos ou mais e desta forma, isso tem provocado grandes demandas sobre o sistema
de saúde publica, como a utilização de médicos e serviços sociais, aumentando os
custos com cuidados de saúde primaria e de cuidados a longo prazo. (BEAN et al.,
2004).
Como ocorreu previamente em países industrializados, junto com o
envelhecimento
da
população
brasileira,
está
ocorrendo
uma
transição
epidemiológica, com mudança do perfil de morbimortalidade da população, com a
redução das doenças infectocontagiosas e aumento de doenças crônicodegenerativas, incluindo doenças cardiovasculares e neoplasias (SCHERER, 2008).
Silva e Nahas (2002) afirmam que as doenças cardiovasculares estão muito
relacionadas ao público idoso, onde a prevalência aumenta significativamente com a
idade, sendo maior após os 50 anos, em ambos os sexos. Assim, Cavalcante et al.
(2010), referem que o envelhecimento traz consigo um perfil de risco para as
doenças crônicas, especialmente as cardiovasculares, respiratórias e metabólicas
que podem contribuir para o aparecimento de feridas como úlceras arteriais, úlceras
diabéticas,
Úlceras
Venosas,
úlceras
por
pressão,
dentre
outros.
Essas
enfermidades crônicas aumentam as incapacidades funcionais e cognitivas dos
idosos, o número de internações hospitalares e comprometem significativamente a
qualidade de vida desta população.
Segundo Meyer, Chacon e Lima (2006), dentre as consequências dessas
desordens cardiovasculares, existe a Insuficiência Venosa Crônica (IVC) que é
definida como um funcionamento anormal do sistema venoso causado por
incompetência valvular, estando ou não associado à obstrução do fluxo sanguíneo.
A IVC pode levar a alterações tróficas da pele e subcutâneas, á rigidez da
articulação tíbio-társica e a dificuldades de deambulação, diminuindo a função da
bomba muscular da panturrilha, podendo originar em longo prazo, úlceras e,
consequentemente, prejuízos da capacidade funcional do paciente, comprometendo
as atividades de vida diária.
1.2 FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA VISÃO OCIDENTAL
A insuficiência venosa crônica (IVC) é definida como “uma anormalidade do
funcionamento do sistema venoso causada por uma incompetência valvular,
associada ou não à obstrução do fluxo venoso. Pode afetar o sistema venoso
superficial, o sistema venoso profundo ou ambos. Além disso, a disfunção venosa
pode ser resultado de um distúrbio congênito ou pode ser adquirida" (FRANÇA,
2003).
O resultado dessa disfunção no sistema venoso é a instalação de um estado
de hipertensão venosa. Essa sobrecarga venosa ocorre devido à intensificação do
fluxo sanguíneo retrógrado que sobrecarrega o músculo da panturrilha a ponto deste
não conseguir bombear quantidades maiores de sangue, na tentativa de
contrabalançar a insuficiência das válvulas venosas. (FRANÇA, 2003).
A hipertensão venosa é responsável pelas alterações características da
insuficiência venosa crônica. São sinais clínicos dessa patologia: a presença de
veias varicosas – consequência da congestão do fluxo sanguíneo, decorrente da
incompetência das válvulas venosas. As veias superficiais, principalmente as que
possuem paredes mais delgadas, tornam-se dilatadas e tortuosas; edema de
membros inferiores - a hipertensão venosa é alimentada durante o relaxamento
muscular devido ao refluxo venoso, fato que impossibilita a pressão no interior do
vaso sanguíneo atingir um valor abaixo de 60 mmHg. (PIRES, 2005).
Hiperpigmentação da pele – caracterizada pela liberação de hemoglobina
após o rompimento dos glóbulos vermelhos extravasados para o interstício é
degradada em hemossiderina, pigmento que confere a coloração castanho-azulada
ou marrom-acinzentada aos tecidos (BERSUSA, LAGES, 2004); dermatite venosa –
cuja causa possível é de reação autoimune desencadeada contra proteínas que
extravasam para a hipoderme ou contra bactérias infectantes, manifestada através
de eritema, edema, descamação e exsudato na extremidade do membro inferior,
podendo apresentar prurido intenso (BORGES, 2005); e finalmente, lipodermatoesclerose – que consiste no endurecimento da derme e tecido subcutâneo,
decorrente da substituição gradual destes por fibrose (POLETTI, 2000). A patogênese da Úlcera Venosa ainda é obscura, porém existe um consenso de que a
hipertensão venosa é a condição mais comum para o aparecimento dessa lesão
(BORGES, 2005).
A formação da Úlcera Venosa pode estar associada ao acúmulo de líquido e
o depósito de fibrina, que leva à formação de manguitos, no interstício interferindo
negativamente na nutrição dos tecidos superficiais. A deficiência no suprimento de
oxigênio e nutrientes pode acarretar, nas regiões acometidas dos membros
inferiores, em ulcerações e necroses. Outro mecanismo que elucida a Úlcera
Venosa refere-se à reação entre os leucócitos e moléculas de adesão do endotélio
havendo, consequentemente, liberação de citocina e radicais livres. Esse processo
desencadeia inflamação que pode causar danos às válvulas venosas e ao tecido
adjacente, aumentando a susceptibilidade a ulcerações (FRANÇA, 2003).
Figura 1 - Úlceras Venosas Extensas em Membros Inferiores.
Fonte: Salomó et al. (2001, p. 264).
A IVC é responsável por 75% das úlceras de perna. As demais são
provocadas por doença arterial obstrutiva periférica (DAOP), neuropatia periférica
(diabetes
melito,
alcoolismo,
lepra),
doenças
infectocontagiosas
(erisipela,
leishmaniose, tuberculose, etc.), doenças reumatológicas, doenças hematológicas e
tumores. (AGUIAR et al., 2005).
A incidência da IVC é mais alta a partir da terceira década de vida, atingindo o
indivíduo em plena maturidade, quando sua capacidade de trabalho é maior. Um
estudo epidemiológico realizado em alguns países demonstrou a incidência de pelo
menos uma forma de doença venosa em mais de 50% de mulheres e 30% de
homens. A úlcera, complicação tardia da IVC, tem sido encontrada em 0,06 a 0,2%
da população de países como França, Itália, Bélgica, Dinamarca e Canadá, com
uma taxa de incidência de 3,5/1.000/ano em indivíduos com mais de 45 anos de
idade. As úlceras presentes em membros inferiores são provenientes de disfunção
venosa em 60 a 80% dos casos. Essa alta incidência é acompanhada por um custo
substancial para seu tratamento. Nos Estados Unidos, estima-se que esse custo
represente entre 1,9 a 2,5 bilhões de dólares por ano (LIMA et al., 2002). Já no
Brasil, em estudos epidemiológicos foram evidenciados dados relacionados à
prevalência das Doenças Vasculares Crônicas, entre elas a IVC em 35,5% da
população, sendo 1,5% de úlcera varicosa aberta ou cicatrizada e à incidência de
50% dessas entre mulheres. Além disso, foi observado que o envelhecimento, o
número de gestações e o sexo feminino são importantes fatores de risco para o
desenvolvimento da doença e suas complicações (MOURA et al., 2010).
1.3 TRATAMENTO SEGUNDO A VISÃO OCIDENTAL
Por acometer grande parte da população brasileira, a Úlcera de origem
venosa constitui-se num problema epidemiológico que merece atenção especial por
parte dos profissionais da área da saúde (CARMO et al., 2007).
Desta forma, as úlceras dos membros inferiores são muito frequentes em todo
o mundo e têm grande importância médico-social, pois, sendo extremamente
incapacitantes, afetam de modo significativo a produtividade e a qualidade de vida
dos indivíduos, além de determinar gastos significativos para os serviços de saúde
(BERGONSE, RIVITTI, 2006).
O tratamento, geralmente de caráter ambulatorial, requer consultas
frequentes ao médico, com comprometimento da qualidade de vida do paciente. Em
número reduzido de casos, torna-se necessário efetuar o tratamento no âmbito
hospitalar. As taxas de cicatrização são, em geral, baixas e as recidivas são
frequentes (THOMAZ, 2002).
Entre os recursos terapêuticos empregados para o tratamento de úlceras,
além dos tratamentos tradicionais com medicação e compressão, podem ser citados
a Criogenia, o Ultra-Som, Eletroterapia, Oxigenoterapia Hiperbárica, Laser de baixa
potência e ou o emprego conjugado destes recursos como a Oxigenoterapia
Hiperbárica com LED (MARQUES et al., 2004).
Apesar da publicação de diversas recomendações de tratamento e das
revisões sistemáticas realizadas, o tratamento adequado das Úlceras Venosas da
perna é desafio contínuo para os profissionais de saúde. É fundamental a continua
implementação de equipes multidisciplinares e estudos bem elaborados com
recomendações baseadas na evidência e amplamente divulgadas para maximizar os
benefícios a estes doentes (SIQUEIRA et al., 2009).
Segundo Otálvarez (2011), o tratamento deve ser alcançar a cicatrização da
úlcera, sendo que a responsabilidade interdisciplinar recai geralmente sobre o
médico e o corpo de enfermagem, sendo esse último, responsável por realizar os
curativos. Sendo assim, há três elementos importantes para se identificar: tratar os
mecanismos fisiopatológicos, identificar e corrigir os fatores predisponentes e
colaboradores, além de, proporcionar as medidas que favoreçam a cicatrização.
De posse de trabalhos como o de Castro et al. (2010) que referem à busca
das terapias ditas como alternativas, para o tratamento dessas patologias crônicas e
degenerativas (caso da Úlcera Venosa) e o trabalho de Bergonse e Rivitti (2006) que
citam o custo social para os pacientes (limitando e muito suas atividades de vida
diária) e a sobrecarga aos sistemas de saúde, por se tratar de uma patologia muito
recidivante, que objetivou-se neste trabalho a realização de uma revisão da literatura
cientifica nacional e internacional, sobre os mecanismos de ação em nível fisiológico
na aplicação de Acupuntura e Moxabustão em pacientes com Úlceras Venosas,
verificando a eficácia destas técnicas da MTC, principalmente no caráter
regenerativo dos tecidos ulcerativos, além de buscar protocolos de atendimento
condizentes com essa proposta reparativa.
2 METODOLOGIA
2.1 DELINEAMENTO
A metodologia se constituiu por meio de uma criteriosa revisão de trabalhos
científicos nacionais e internacionais, por meio de Livros, Artigos e Bibliotecas
Virtuais, seguindo as especificações e normas estabelecidas pela Universidade de
Mogi das Cruzes referentes ao formato tradicional, que são baseadas nas
descrições da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT-2002). Além disso,
foi utilizado como critério de inclusão o ano de publicação entre 1990 a 2011.
2.2 PROCEDIMENTOS
Para a realização deste estudo utilizou-se as palavras-chave: Moxabustão,
Acupuntura, Úlcera Venosa, Tratamento e suas respectivas traduções em idiomas
diferentes (Inglês e Espanhol). As fontes de coletas de dados foram principalmente,
as bibliotecas da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Universidade Cruzeiro do
Sul (UNICSUL), Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP), além de
Revistas indexadas em sites de busca científica como: Bireme, Scielo, Med Line,
Lilacs, PubMed, Cochrane Library, Web Science, entre outras. Foram encontrados
artigos científicos nacionais e internacionais que correspondem aos critérios de
inclusão e exclusão e também aos objetivos deste estudo.
3 MEDICINA TRADICIONAL CHINESA (MTC) E ACUPUNTURA
Segundo Gomes (2008), a Acupuntura é uma das técnicas de tratamento da
Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Originou-se na pré-história, através da
descoberta casual de que a estimulação de certas regiões aliviava a dor em outro
local. Sendo assim, durante muito tempo, a Acupuntura foi vista com desconfiança
por pacientes e médicos adeptos da medicina ocidental. Hoje em dia a situação é
bem diferente. Cada vez mais pessoas procuram a Acupuntura para tratar os mais
variados problemas. E os médicos, antes receosos, hoje indicam a Acupuntura como
complemento no tratamento de diversas doenças. Essa mudança de comportamento
se deve aos resultados positivos que comprovam a eficácia da técnica chinesa na
cura e tratamento de diversas enfermidades (LEITE, 2006).
Para Kurebayashi (2009) a Acupuntura é uma técnica antiga que objetiva
diagnosticar doenças e promover cura pela estimulação de autocura do corpo. Esse
processo se dá pelo realinhamento e redirecionamento da energia, por meio da
estimulação de pontos de Acupuntura por meio de agulhas finas metálicas, laser,
pressão e outras formas de abordagem.
Segundo o mesmo autor, em 2003 para dar maior visibilidade e
fundamentação à Acupuntura como terapêutica eficaz e segura para uma gama de
enfermidades, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez a divulgação de doenças
tratáveis pela Acupuntura. Foi feita uma listagem sobre estudos clínicos controlados
de Acupuntura em diferentes enfermidades, coletados nos anos anteriores a 2002 e
provenientes de diversos países do mundo. Segundo esse documento há uma
grande gama de possibilidades terapêuticas da Acupuntura para doenças agudas e
crônicas, para todas as faixas etárias, inclusive e especialmente para idosos.
Embora a Acupuntura tenha credibilidade no Ocidente como sendo eficaz na
analgesia, seu uso se estende para desordens do sistema respiratório, digestivo,
nervoso, psicológicos, emocionais e endócrinos.
Com o tempo estabeleceu-se que muitos pontos de Acupuntura estão
contidos em canais de energia específicos que perpassam todo o corpo, e mantêm
influência sobre diversas partes do mesmo, como, por exemplo, os órgãos e
vísceras. Tais canais recebem o nome de Meridianos. Dentre as técnicas utilizadas
pela Acupuntura para atingir esses estímulos desejados, a mais usada é a inserção
de agulhas metálicas nesses pontos, daí vem à etimologia do nome (ocidental), que
foi dado a esta técnica pelos jesuítas que retornaram de suas viagens ao extremo
Oriente, por volta do século XVII, e que em latim quer dizer “punção com agulha”
através da adição dos nomes acus (agulha) + punctura (picada/punção). Estas
agulhas podem ser feitas de diversos tipos de material, como ouro, prata ou aço
inoxidável. O termo original no vocabulário chinês é Tchenntsiou, e pode ser
traduzido como agulha e mocha (LOPES, 2005).
Figura 2 - Diferentes agulhas de Acupuntura
Fonte: CIEPH (2001, p. 01).
Uma técnica muito empregada da MTC, em conjunto com a Acupuntura é a
Moxibustão (também chamada de Moxabustão) que consiste no estímulo desses
pontos de Acupuntura através da moxa, que é um pequeno bastão confeccionado a
partir das folhas de Artemísia (Artemisia vulgaris ou Artemisia sinensis). Esta erva
possui a peculiaridade de lenta combustão, possibilitando que esses pontos sejam
profundamente aquecidos através da energia térmica (calor) liberada durante sua
queima, sendo essa, outra forma de estímulo energético pela Acupuntura (FIRMINO,
2009). Este modo de utilização da moxa é denominado Moxabustão indireta,
justamente por não haver um contato do bastão em brasa com a pele, e sim apenas
uma aproximação. Porém na Moxabustão direta, uma pequenina Moxa (do tamanho
de um grão de arroz) é colocada em cima da pele, no lugar específico, e acesa.
Posteriormente, antes de ocorrerem lesões devido a queimaduras, apaga-se com a
pressão do dedo (LOPES, 2005). Contudo, Wen (2006, p. 217), refere ainda que
além desses métodos de estimulação, há outros que atualmente também recebem o
nome de Moxibustão, sendo utilizadas outras fontes de energias físicas tais como:
raio infravermelho, energia elétrica, etc. que mediante o calor provocam o mesmo
efeito da Moxa.
Figura 3 - Moxabustão para tratamento por aquecimento.
Fonte: Angelotti (2011)
Já Yamamura (2001, p.665) define com mais propriedade a utilização da
moxa ao expor que a aplicação da Moxabustão tem por finalidade aquecer o Qi
(Energia) e o Xue (Sangue), dos Canais de Energia Principais e Secundários,
promovendo aumento da velocidade na circulação energética desses Canais de
Energia, potencializando a nutrição e a atividade dos Zang Fu (Órgãos/Vísceras) e
das Vísceras Curiosas, Otálvarez (2011) complementa ainda dizendo que a Moxa
tem propriedades que aquecem e desobstruem esses canais, eliminando assim o
Frio, a Umidade e promovendo assim, o funcionamento dos órgãos.
Para De La Cruz (2006), existem algumas indicações básicas para aplicação
da Moxa: o ponto é interditado para agulhas, o ponto requer calor, o paciente está
em local de clima muito frio, a doença é crônica, e o estímulo deve ser diário, o que
é prejudicado pelo uso de agulhas e se o paciente é idoso e esgotado. A ação da
Moxa é tonificante e está contra-indicada nos casos congestivos, febris e na
hipertensão. O calor da Moxa deve ser suportado, pelo paciente, até o momento que
não ofereça perigo à pele, queimando-a. Em geral utilizam-se Moxa nos estados Yin
e agulhas nos estados Yang.
A utilização da Acupuntura e da Moxa também são muito notadas no aspecto
imunológico, como relata Scognamillo-Szabó e Bechara (2001), ao afirmar que a
Acupuntura pode exercer efeito sobre a produção de anticorpos, sendo observado
tanto melhor tempo de produção dos mesmos quanto maior persistência quando
comparado à produção corpórea normal. Verificou-se ainda, que a Eletroacupuntura
e Moxabustão reduziram o número total de bactérias recuperadas no exsudato
peritoneal frente à peritonite infecciosa, através do aumento de anticorpos fixadores
de complementos, opsonizantes e aglutinantes. Ainda, observou-se que a
Moxabustão pode dobrar o título sérico de aglutininas contra bacilo tifóide. Leite
(2006) reforça a afirmação referindo que a folha da planta Artemísia Vulgaris, possui
propriedade anti-inflamatória.
Yamamura (2001, p. 667) complementa ainda, referindo que a Moxabustão é
amplamente utilizada para restabelecer o equilíbrio energético nos quadros de
Deficiência dos Canais de Energia Yang (Principais e Curiosos), assim como circular
e regularizar a Água Orgânica dos Canais de Energia Principais e Curiosos Yang, e
consequentemente levar essa Água para nutrir e regularizar o Yang dos Zang Fu e
as Vísceras Curiosas. Por outro lado, a Deficiência de Qi e de Xue, nos Canais de
Energia Principais Yin, propicia a penetração do Frio e da Umidade, em detrimento
do Yin Qi e do Yang Qi.
Sendo assim, a Acupuntura apresenta ainda, os Princípios Fundamentais da
Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que segundo Kurebayashi (2009), referem-se
a uma vasta gama de aplicações e terapêuticas, incluindo entre as mesmas, ervas
dietas, massagens, exercícios, além da Acupuntura. Todas essas técnicas são
desenvolvidas com base no principio da indissociabilidade do corpo com o ambiente,
das relações intrínsecas entre o microcosmo e o universo, permeado com a mesma
energia.
Contudo, Otálvarez (2011), ressalta que os conhecimentos básicos da MTC
incluem principalmente as teorias de Yin – Yang, Qi ou Energia Vital e as
Substâncias, Cinco Elementos, Zang Fu e Teoria dos Canais de Energia.
Desta forma temos o Yin – Yang, onde sua filosofia é a base fundamental da
cultura chinesa. Literalmente, Yin e Yang referem-se ao lado escuro e ao lado
iluminado da montanha, respectivamente (SILVEIRA, 2009). A teoria Yin-Yang
afirma que todo fenômeno ou coisa no universo tem implícitos dois aspectos
opostos: Yin e Yang, que são ao mesmo tempo contraditório e interdependente. A
relação entre o Yin e o Yang é uma lei universal do mundo material, o princípio e a
razão da existência de milhões de coisas e a causa primaria do aparecimento e
desaparecimento de todas as coisas.
É um processo dinâmico, onde os opostos se complementam. O Yin não pode
existir sem Yang, ambas as forças sempre se unem para criar o todo.
A teoria do Yin Yang consiste em vários princípios: o princípio da oposição,
interdependência,
controle
mútuo
–
crescimento
e
decrescimento
e
intertransformação do Yin em Yang. Estas relações entre o Yin e o Yang são usados
na Medicina Tradicional Chinesa para explicar a fisiologia e patologia do corpo
humano e servir como um guia para diagnóstico e tratamento (DE LUCA, 2008).
Figura 4 - Tao ou TEI-GI, diagrama chinês que permeia toda filosofia de Yin-Yang.
Fonte: De Luca, (2008, p. 42).
Neste símbolo, o preto representa Yin e o branco representa Yang. O
pequeno círculo preto dentro do círculo branco mostra que Yin está sempre dentro
do branco Yang; da mesma maneira, o pequeno círculo branco dentro do preto
mostra que Yang está sempre dentro do preto Yin. Em outras palavras, todas as
coisas são ambas Yin e Yang, simultaneamente. Sendo que, o balanço e a harmonia
do Yin e do Yang são governados pelos Cinco Elementos (Cinco Movimentos).
Já a teoria dos Cinco Elementos ou Movimentos, constitui o segundo pilar
da filosofia e da MTC. A concepção dos Cinco Movimentos baseia-se na evolução
dos fenômenos naturais, em como os vários aspectos que compõe a natureza
geram e dominam uns aos outros. Assim, observa-se que todos os fenômenos
naturais têm características próprias a partir das quais podem originar outros
fenômenos e ao mesmo tempo sofrer destes, influências benéficas ou maléficas.
Sendo assim, as características próprias dos fenômenos naturais podem ser
agrupadas em cinco categorias diferentes que se encontram em constante
movimento de Geração e Dominância entre si, constituindo o que foi denominado de
Cinco Movimentos (YAMAMURA ,2001, p. XLVI).
Essa teoria sustenta que os Cinco Elementos que são: Madeira, Fogo, Terra,
Metal e Água, são os elementos básicos que compõe o mundo material. Assim,
todas as coisas e fenômenos do universo não estão isoladas e tão pouco estão
imóveis e são o resultado dos movimentos e mutações das cinco matérias
fundamentais. A MTC emprega essa teoria para classificar em diferentes categorias
os fenômenos naturais da maioria dos órgãos, tecidos e emoções humanas e
interpretá-las relacionando entre a fisiopatologia do corpo humano e o meio
ambiente (OTÁLVAREZ, 2011).
Figura 5 - Ciclo Sheng e Ciclo Ko.
Fonte: Silveira (2009, p. 15).
Colocando essas fases em um círculo, é fácil visualizar as leis que governam
os Cinco Elementos. Dois ciclos distintos são usados em diagnóstico e tratamento:
Ciclo Sheng e Ciclo Ko. Desta forma o Ciclo Sheng é o ciclo de Criação ou
Produção. Uma certa fase cria outra à sua direita, num sentido horário. Essa
próxima fase, por sua vez, produz a próxima e assim por diante ao redor do
pentagrama. Então, Fogo produz Terra, Terra produz Metal, Metal produz Água,
Água produz Madeira e Madeira produz Fogo. É comum usar o termo mãe e filho
para se referir a este ciclo. Considerando-se que um elemento promove o próximo,
este elemento representa a mãe e aquele que ele promove, seu filho. Usando esses
termos, a Madeira é a mãe do Fogo e o Fogo é filho da Madeira. Já o Ciclo Ko é o
ciclo de Controle ou Dominação. Esse é o modo de se manter as coisas em
equilíbrio, de forma que nada possa se tornar muito poderoso e causar dano. A
Madeira restringe a Terra, a Terra restringe a Água, a Água restringe o Fogo, o Fogo
restringe o Metal e o Metal restringe a Madeira.
Usando o Ciclo Sheng, a lei (mãe-filho) estabelece o que se segue: em uma
condição de Deficiência, tonificar a mãe; em uma condição de Excesso, sedar o
filho. Seguem-se os mesmos princípios de tonificação e sedação ao empregar o
ciclo Ko, mas a teoria (lei) é a seguinte: “Em uma condição de Excesso, tonificar o
Avô; em uma condição de Deficiência, sedar o Avô.” Nessa situação Avô é o
elemento que restringe ou destrói (SILVEIRA, 2009).
Ainda dentro destas teorias da MTC, temos o Zang Fu, que refere sobre os
Órgãos e Vísceras. Contudo, a concepção da MTC sobre os órgãos internos é
diferente daquela do ocidente. Consideram-se três aspectos distintos: o energético,
o funcional e o orgânico, sendo assim, a MTC denomina de Zang Fu o estudo dos
órgãos e das vísceras sob esses três aspectos (YAMAMURA, 2001, p. LIII).
Embora a teoria do Zang-Fu tenha se baseado no conhecimento de anatomia
da época antiga, o seu desenvolvimento ocorreu por meio da observação e análise
dos resultados, com base no princípio: o que está no interior necessita do que está
no exterior (SILVEIRA,2009). A teoria de Zang-Fu (órgãos e vísceras) descreve
estas relações envolvidas nas funções fisiológicas e patológicas do organismo. Nela,
cada órgão e víscera pertence a um elemento e é capaz de gerar e controlar outro
(LIMA, 2007).
Neste contexto, Otálvarez (2011), define essa teoria afirmando que a teoria do
Zang Fu, se refere às funções, manifestações patológicas e a relação entre os
órgãos e as vísceras a partir da observação de sua fisiologia. Sendo que, essa
denominação (Zang Fu) justamente significa genericamente a interação entre esses
dois complexos, onde o Zang representa os órgãos, onde sua função é conservar a
Essência e as Substancias Nutritivas, produzir, transformar e estocar a energia, o
Sangue e os Líquidos Orgânicos. Já o Fu representa as vísceras e tem como papel
receber e digerir os alimentos, assimilar as Substancias Nutritivas e transformar,
transportar e descartar os resíduos.
Sendo assim, os órgãos são em número de seis, sendo eles: Coração (Xin),
Fígado (Gan), Baço (Pi), Pulmão (Fei), Rim (Shen) e o Pericárdio (Xin Bao), já as
vísceras, também em número de seis são: Intestino Delgado (Xiao Chang), Vesícula
Biliar (Dan), Estômago (Wei), Intestino Grosso (Da Chang), Bexiga (Pang Guan) e o
Triplo Aquecedor (San Jiao). Desta forma a MTC considera que nenhum órgão do
corpo atua isoladamente (SILVEIRA, 2009).
Quadro 1- Principais correspondências dos Cinco Elementos
Fonte: Lima (2007, p.22).
Outra teoria segundo a MTC é a Teoria dos Canais, que segundo De Luca
(2008), existem no corpo muitos pontos de Acupuntura e que ao se unir estes pontos
obtêm-se linhas ou trajetórias longitudinais que foram denominados Jing ou
Meridianos, e trajetos horizontais que foram denominados Luo ou Comunicação.
Sendo assim, Jing Luo é o termo genérico que engloba os Meridianos e suas
ramificações, sendo que Jing tem o sentido de “caminho” ou “via”, os Meridianos são
os ramos principais do sistema canalar e Luo são os ramos dos Meridianos que se
cruzam em diagonais e que cobrem o conjunto do corpo.
Segundo Otálvarez (2011), eles são à base da circulação de energia. Os
Canais de Energia constituem meio de ligação entre o interior e o exterior
transmitindo as diversas formas de energia entre esses dois meios. Os Canais de
Energia Yang veiculam a Água Orgânica, o Yin Orgânico, enquanto os Canais de
Energia Yin veiculam o Calor Orgânico ou o Yang Qi (Yamamura, 2001, p. LIII).
O sistema de Canais é composto por doze Canais regulares, oito
Extraordinários e quinze Colaterais, sendo que é função dos Canais transportar o Qi
e o Xue, aquecer e nutrir os tecidos, além de conectar todo o corpo de maneira que
se mantenha integra todas as estruturas, coordenar os diversos órgãos (Zang Fu),
membros e extremidades, ossos etc, fazendo com que o corpo seja uma unidade
orgânica integrada (OTÁLVAREZ, 2011).
Patologicamente os Canais regulares e os Colaterais são responsáveis pela
ocorrência e transmissão de enfermidades, pois, através deles estas podem se
aprofundar a partir de um nível superficial do corpo. De fato, a existência de uma
relação inter-visceral através dos Meridianos, permite que as enfermidades possam
evoluir de uma víscera a outra. Sendo assim, as enfermidades são consequência de
um funcionamento anormal dos órgãos e vísceras (OTÁLVAREZ, 2011), neste
mesmo sentido Gomes (2008) complementa afirmando que o adoecimento é
causado por um bloqueio dessa circulação vital, ou por uma invasão de fatores
patogênicos, ou por uma deficiência do organismo. O desequilíbrio de cada um dos
Canais gera Deficiência, Excesso, Estagnação e/ou Irregularidade. Através da
manipulação das agulhas em pontos determinados pode-se remover o bloqueio,
expulsar o fator patogênico e fortalecer o organismo. O estímulo dos pontos pode
ser feito de diversas maneiras: ventosas, pressão digital, sementes, laser,
eletroacupuntura, magnetos e o calor da moxa, através da queima de uma mistura
de ervas medicinais.
O mesmo autor refere ainda que existe uma relação particular entre os
Meridianos e cada um dos órgãos, de maneira, que se pode descobrir os aspectos
anormais examinando e palpando o trajeto dos Meridianos. No mesmo sentido, Lima
(2007) afirma que os Meridianos comunicam a superfície com o interior do corpo,
relacionam órgãos e vísceras, órgãos dos sentidos, músculos, tendões etc. Por eles,
a energia circula sempre em um mesmo sentido e o conhecimento preciso de seu
trajeto é de grande importância para o diagnóstico e tratamento.
Por fim, Otálvarez (2011) refere que os principais Meridianos são: Pulmão,
Pericárdio, Coração, Intestino Grosso, San Jiao (Triplo Aquecedor), Intestino
Delgado, Baço, Fígado, Rim, Estômago, Vesícula Biliar e Bexiga e os maravilhosos
Ren Mai e Du Mai.
Há
ainda,
dentro
das
teorias
básicas
da
MTC,
as
Substâncias
Fundamentais, sendo elas o Qi (Energia), o Xue (Sangue), o Jing (Essência), o
Shen (Espírito) e o Jin Ye (Líquidos Orgânicos) (SILVEIRA, 2009). Desta forma, o Qi
(Energia) que é a força criativa que origina, dentro de uma polaridade dinâmica
entre Yin e Yang, um fluxo de uma força vital denominada Qi. Essa energia ou força
vital pode ser vista em mudanças ou movimento. Em um corpo o Qi se acumula nos
órgãos e flui pelos Canais ou Meridianos que os chineses chamavam de Jing Luo.
As principais funções do Qi são: ser uma fonte de todos os movimentos voluntários,
dos processos motores envolvidos na respiração, na função circulatória e na
motilidade intestinal, gerar calor no corpo, a atividade mental e a vitalidade são
algumas expressões do Qi que se conhece como Shen, também se encarrega das
funções orgânicas, como a transformação dos alimentos em sangue e outros fluidos
corporais, protege o corpo frente às influencias externas nocivas como os fatores
climáticos, essa função protetora é muito importante na prevenção de enfermidades,
sendo que esse Qi é conhecido como Wei Qi e se encontra na superfície do corpo
(OTÁLVAREZ, 2011).
Segundo Yamamura (2001, p.LVI), a energia Qi é a forma imaterial que
promove o dinamismo, a atividade do ser vivo. Manifesta-se sob dois aspectos
principais, um de características Yang, que representa a energia que produz o calor,
a expansão, a explosão, a ascensão, a claridade, o aumento de todas as atividades,
e o outro de características Yin, a energia que produz o frio, o retraimento, a
descida, o repouso, a escuridão, a diminuição de todas as atividades, ou seja, essa
energia é imutável, recebendo denominações diferentes conforme suas funções.
Segundo Silveira (2009) a Essência dos Alimentos (Gu Qi) derivado dos
alimentos e da bebida pela ação do Baço-Pâncreas (Pi) e do Estômago (Wei),
combina com o ar do Pulmão (Fei) para formar o Zhong Qi e o Zhen Qi, sob a
influência do Coração (Xin) e do Pulmão (Fei). O Zhong Qi e o Qi do Tórax estão
intimamente relacionados com as funções do Coração (Xin) e do Pulmão (Fei) e com
a circulação do Sangue (Xue) e do Qi pelo corpo. O Wei Qi (Qi da defesa) e o Yong
Qi (Qi da nutrição) são os dois aspectos de Zhen Qi, o Qi verdadeiro. O Wei Qi
circula principalmente na pele e nos músculos, enquanto o Yong Qi circula nos
Canais e Colaterais (Jing Luo) e nos Vasos (Xue Mai).
Outra Substância é o Xue (Sangue), sendo que, o Sangue é a forma mais
densa e material do Qi, que flui para todo o organismo com a função de nutrir e
umedecer todos os órgãos e vísceras (Zang Fu) e todos os tecidos (DE LUCA,
2008).
A Essência dos Alimentos (Gu Qi) derivada dos alimentos e das bebidas é
transformada em Xue no Tórax, pela ação do Coração e do Pulmão. O aspecto Yin
do Jing, armazenado nos Rins (Shen) produz a medula óssea que produz o Sangue
(Xue). Além disso, o aspecto Yang do Jing ou o Yuan Qi, ativa as transformações
executadas pelo Coração e pelo Pulmão no aquecedor superior e pelo BaçoPâncreas/Estômago no aquecedor médio (SILVEIRA, 2009).
Ainda dentro das Substâncias, temos o Jing (Essência), que para De Luca
(2008), o Jing apresenta três tipos de manifestações que são: o Jing Congênito
(Inato, Pré celestial ou do Céu anterior), que representa a carga genética herdada
dos pais e determina a constituição básica dos indivíduos. É o único tipo de Jing
presente no feto, o qual nutre o embrião e o feto durante a gestação e é dependente
do Qi do Rim da mãe. Sua harmonia e equilíbrio podem ser influenciados pela vida
sexual regrada, dieta balanceada e equilíbrio entre trabalho e repouso. O Jing
Adquirido (Essência adquirida dos alimentos, Pós celestial ou céu posterior)
que representa a Essência refinada extraída dos alimentos, água e grãos, pelo Baço
(Pi) e Estômago (Wei), após o nascimento. Os alimentos são enviados ao Jiao
Médio (Baço- Pi e Estomago- Wei), onde no estomago são macerados e pela ação
do Qi do Baço são transformados em Jing Adquiridos (Essência adquirida dos
alimentos). O Baço transporta o Jing adquirido dos alimentos para o Pulmão para
ser misturado com o Ar (Qi Celeste, Tian Qi) e formar o Qi Torácico (Zong Qi). No
Pulmão é enviado ao Coração onde é transformado em Sangue e distribuído para
todo corpo pela ação do Qi torácico. E o último tipo que é a Essência do Rim (Shen
Jing), que representa a Essência que se origina da interação do Jing Congênito e
Adquirido e determina a constituição do individuo, é armazenada no Rim e circula
por todo o organismo especialmente nos Vasos Maravilhosos (Meridianos).
A Essência tem a função de controlar o crescimento ósseo das crianças,
dentes, desenvolvimento cerebral normal e a maturidade sexual. Na mulher a
Essência flui num ciclo de sete anos e no homem em um ciclo de oito anos.
Ainda dentro das Substâncias temos o Shen (Espirito ou Consciência),
onde o Shen Pré Natal é derivado dos pais e o Shen Pós Natal derivado ou
manifestado pela interação do Jing e Qi, enquanto o Sangue do Coração (Xin Xue) e
Yin do Coração (Xin Yin) fornecem a moradia para o Shen (Espírito), visto que na
compreensão da MTC, a consciência não reside tanto no Cérebro, mas sim no
Coração (Xin). O Shen vitaliza o corpo e a consciência e fornece a força da
personalidade (OTÁLVAREZ, 2011).
A última substância é o Jin Ye (Líquidos Orgânicos), que tem sua origem
nos alimentos e água recebidos pelo Estômago, que são transformadas e
transportadas pelo Baço, sendo assim compreendem: suor, saliva, lágrima, muco,
urina e os líquidos próprios dos órgãos e vísceras e das articulações (DE LUCA,
2008).
4 ÚLCERA VENOSA SEGUNDO MTC
Patógenos como Sol e o Vento, Calor, Umidade e Intoxicação, atacam as
partes inferiores. A energia patógena Frio, ao invadir o organismo provoca o
entupimento da região Cou Li (subcutânea), de modo que a energia dos alimentos
(Gu Qi) e a energia de proteção externa (Wei Qi) não circulam e se coagulam no
interior. Assim, se estanca o Sangue (Xue) e se obstrui a circulação nos Canais e
Tecidos, desta forma, não havendo nutrição se desenvolvem as Úlceras; se a
evolução é crônica, se consome a energia do Sangue, diminuindo a energia
antipatogênica, acumulando-se Umidade, Toxinas na Pele e Úlceras (HUA et
al.,2007). O princípio terapêutico é para remover a Umidade, desintoxicar, tonificar e
ativar a circulação sanguínea e energética, para gerar novos tecidos e evitar úlceras,
e desta forma diminuir a dor (LÓPEZ, 2009).
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) tem a sua própria concepção da pele,
pois, considera que a mesma é composta por diferentes camadas e músculos,
semelhante ao do Ocidente. As camadas da pele de acordo com o MTC são as
seguintes: Camada superficial da pele (Fu), que corresponde a Epiderme, sendo
influenciado principalmente pelos Pulmões; temos ainda, a camada profunda da pele
(Ge) que corresponde a Derme, sendo influenciada pelos Pulmões, Fígado e Rins;
há ainda, os Músculos Subcutâneos (Ji) que correspondem aos músculos
subjacentes, sendo influenciados pelo Baço e o Fígado; outra camada é a Gordura e
Músculo (Fen Rou) que corresponde a duas estruturas gordurosas, sendo
influenciadas pelo Baço, Vasos Sanguíneos Renais diretos e Músculos e perto dos
ossos são influenciados pelo Baço e Fígado; já o espaço entre a Pele e Músculos
(Cou Li) é influenciado pelos Pulmões e Baço; e finalmente os Poros na Pele e
Glândulas Sebáceas (Xuan Fu), através do suor que é influenciada pelos Pulmões e
Baço. (MACIOCIA, 2004. p. 169-190, 701).
Desta forma, qualquer desarmonia destes Zang Fu pode provocar esses
quadros de ulcerações, sendo um exemplo claro citado por Otálvarez (2011)
referindo que se os Rins são saudáveis a pele está úmida e brilhante. Se os Rins
são deficientes (Deficiência de Yin do Rim), os fluidos são fracos e a pele torna-se
seca e sem brilho. Se o Yang do Rim está em Deficiência, o fluido pode acumular-se
no espaço entre a pele e os músculos causando edema. Segundo Otálvarez (2011
apud Maciocia, 2004. p. 169-190, 701), a Medicina Tradicional Chinesa (MTC)
acredita que existem dois tipos de úlceras: Úlceras Yang: que são caracterizadas
por bordas bem definidas e salientes, em forma de vale e as Úlceras Yin que não
tem as bordas bem definidas, não se destacam, são menos profundas e tendem a
ser mais secretivas.
4.1 ZANG FU ENVOLVIDOS NOS PROCESSOS DE ULCERAÇÕES
O PULMÃO (FEI) governa o Qi e a respiração. Essa é a função mais
importante do Pulmão, uma vez que é do ar que o Pulmão extrai o "Qi puro" para o
organismo, o qual combina com o Qi do Alimento, que vem do Baço; a combinação
do ar do Pulmão e do Qi do Alimento forma o Qi da Reunião (Zong Qi). Após sua
formação, o Pulmão dispersa o Qi por todo o organismo, a fim de nutrir todos os
tecidos e promover todos os processos fisiológicos (MACIOCIA, 2004, p.106).
De acordo com Auteroche e Navailh (1992, p.73), o Pulmão também controla
a descida do ar inspirado até os Rins que devem recebê-los. É graças a essa função
de descida ininterrupta de seu Qi, que o Pulmão concorre ao metabolismo normal da
água que desce do Aquecedor Superior para o Aquecedor Inferior, seguindo a “via
das águas”.
Como Ross (1994, p.139-140) cita, o Qi do Pulmão manifesta-se nos pêlos,
que nada mais é que um dos aspectos da função do Pulmão de harmonizar o
exterior que inclui a pele, os pêlos, as glândulas sudoríparas e resistência contra
agressões. O Pulmão abre-se no nariz, que é a via de entrada da respiração para a
garganta, conhecida como a “porta do Pulmão”.
O Pulmão controla a pele, sendo o mais "exterior" dos órgãos e influencia o Qi
Defensivo; por todas essas razões, o Pulmão é o órgão mais fácil e diretamente
invadido pelos fatores patogênicos exteriores, principalmente Vento, Calor, Fogo,
Frio, Umidade e Secura. O Pulmão é, algumas vezes, denominado o órgão
"delicado" por causa de sua suscetibilidade ao ser invadido pelos fatores
patogênicos exteriores (MACIOCIA, 2004, p.110).
Já o BAÇO-PÂNCREAS (PI), regula a transformação e transporte. Os
alimentos e as bebidas, sob a influência do Qi do Baço-Pâncreas (BP) são digeridos
e separados em frações puras e impuras. As frações impuras passam do Intestino
Delgado para o Intestino Grosso onde se faz a absorção e depois à Bexiga para a
excreção. A fração pura é enviada à custa do BP para o Pulmão, onde é
transformado em Energia (Qi), Sangue (Xue) e Líquido Orgânico (Jin Ye) (ROSS,
1994, p.80).
Maciocia (2004, p.120) diz, o Baço extrai do alimento o Qi do Alimento para
nutrir todos os tecidos do organismo. Esse Qi refinado é transportado por todo o
organismo pelo Baço. Se o Baço estiver forte, o Qi refinado é direcionado para os
músculos, particularmente os referentes aos membros.
O Qi do Baço permite ao Sangue correr normalmente nos vasos e impede
que se espalhe fora dos mesmos. Se o Qi do Baço estiver fraco, o Sangue
transborda manifestando-se pelos vários tipos de hemorragias (AUTEROCHE e
NAVAILH, 1992, p.71).
Segundo Ross (1994, p.81), uma função restrita ao Yang Qi do Baço é a de
ajudar a sustentar e a manter os Órgãos no interior do corpo. E abre-se na boca e
manifesta-se nos lábios.
Ainda neste contexto, os RINS (SHEN) têm a função de armazenar a
Essência pré-celestial, ou seja, a Essência herdada antes do nascimento nutre o feto
e, após o nascimento, controla o crescimento, a maturação sexual, a fertilidade e o
desenvolvimento. Essa Essência determina nossa base constitucional, força e
vitalidade. Também é à base da vida sexual e o alicerce material para a fabricação
do esperma nos homens, do óvulo e do sangue menstrual nas mulheres
(MACIOCIA, 2004, p.128).
De acordo com Auteroche e Navailh (1992, p.79), a regulação dos Líquidos
Orgânicos é em grande parte devida à atividade do Qi dos Rins. Em seu ciclo normal
a água passa pelo Estômago que a recebe, pelo Baço que a transforma, pelo
Pulmão, que a distribui. Atravessa os Três Aquecedores, o que é puro vai para os
órgãos, o que é impuro se transforma em suor e urinas que são expulsos do corpo.
O Pulmão encaminha o Qi para os Rins que o recebe e o mantém. Abre-se
nas orelhas e manifesta-se nos cabelos (ROSS, 1994, p.68).
Por fim, o FÍGADO (GAN), situado na região do hipocôndrio direito, possui as
funções de armazenar o Sangue, controlar a dispersão e o livre fluxo do Qi,
determinar as condições dos tendões e dos ligamentos, ser responsável pelo
movimento dos fluídos orgânicos, influenciar o ciclo menstrual, nutrir músculos e
tendões, influenciar nas unhas e de se relacionar com os olhos (SALES, 2008).
4.2 PADRÕES SINDRÔMICOS DAS ÚLCREAS VENOSAS SEGUNDO
A MTC
Para Maciocia (2004, p.169-190), as principais Síndromes que podem gerar
Úlceras são: Acumulação de Calor Umidade no Baço, que provocam Úlceras em
membros inferiores (MMII), sendo elas vermelhas, doloridas e inchadas, inflamadas,
com secreção viscosa, pegajosa e amarelada, pruriginosas e com as bordas duras
após a secreção de fluidos, deixando o membro com sensação de peso. Otálvarez
(2011) refere ainda, que há sensação de plenitude na região epigástrica e menor
abdômen, perda de apetite, sensação de peso, sede, sem desejo de beber ou com
desejo de beber em pequenos goles, náuseas, vômitos, dor abdominal, fezes moles
e nauseante, sensação de queimação no ânus, urina escassa e amarela escura,
leve febre e dores de cabeça. Apresenta saburra amarela e viscosa e Pulso
escorregadio e rápido. Sendo assim o princípio de tratamento é eliminar a Umidade
e diminuir o Calor.
Outro Padrão que pode ser encontrado para Maciocia (2004, p.169-190) é a
Deficiência de Qi do Baço com Umidade, que provoca Úlceras nos membros
inferiores que são caracterizados por edema, indolor, de coloração vermelho pálido
e secreção de fluidos serosos e não viscosos. Otálvarez (2011), refere ainda que há
perda de apetite, distensão abdominal leve após comer, fadiga, palidez, fraqueza
nas pernas, diarréia, distensão abdominal, sensação de peso, digestão lenta,
permanência de alimento nas fezes, cefaléia frontal e náuseas. Apresenta língua
pálida com saburra pegajosa. Nos casos crônicos podem notar um ligeiro inchaço
das bordas e fissuras transversais, além de pulso vazio. Desta forma o principio de
tratamento é Tonificar o Baço (MACIOCIA, 2001, p. 221-223).
O terceiro Padrão citado por Maciocia (2004, p.169-190) é a Estagnação de
Qi e Estagnação de Sangue de Fígado, que apresenta Úlceras em membros
inferiores, sendo elas escuras, dolorosas, duras, com secreção túrbida ou viscosa e
com pele vermelha ao redor da úlcera. Otálvarez (2011) complementa ainda
referindo que os pacientes podem apresentar sensação de distensão nos
hipocôndrios, suspiros, soluços, depressão, náusea, vômitos, falta de apetite,
arrotos, regurgitação ácida, menstruação dolorosa e irregular, irritabilidade prémenstrual, diarréia. Quando há predomínio de Estagnação do Sangue, as fezes
apresentam sangue escuro com coágulos, lábios e tez roxos além de dores
abdominais. Apresenta ainda língua roxa em todas as bordas, com pulso tenso ou
ligeiramente em corda, sendo que o princípio de tratamento consiste em dispersar e
regular o QI e o Sangue do Fígado (MACIOCIA, 2001, p.249-257).
Por fim, segundo Maciocia (2004, p.169-190), o último Padrão é o de
Deficiência de Yin do Fígado e dos Rins, que provoca Úlceras em membros
inferiores, não sendo dolorosas e de aspecto vermelho pálido. Já Otálvarez (2011)
acrescenta dizendo que os pacientes podem apresentar tonturas, fraqueza,
dificuldade para ouvir, dor lombar, cefaléia occipital ou vertical, insônia, olhos secos,
visão turva, garganta seca à noite, pele e cabelos secos, sudorese noturnos,
dormência ou formigamento nas extremidades, unhas quebradiças, menstruação
escassa ou amenorréia. Apresenta ainda língua de cor normal e sem saburra, com
pulso lento ou flutuante. Desta forma o seu princípio de tratamento consiste em nutrir
o Yin do Fígado e do Rim (MACIOCIA, 2001, p.250-257). Contudo, para López
(2009) os Padrões Desarmônicos podem ser ainda: Deficiência de Qi, Estase de Qi,
Estase de Sangue, Calor no Sangue, Estase de Qi de Fígado, Estase de Sangue de
Fígado, Deficiência de Sangue de Fígado, Deficiência de Qi de Baço, Deficiência de
Yang de Baço, Baço não controla Sangue e Deficiência de Yang de Rim.
5 TRATAMENTO COM ACUPUNTURA E MOXABUSTÃO NAS
ÚLCERAS VENOSAS
Segundo Beheregaray (2009), a cicatrização de feridas é um evento
complexo, que envolve a interação de diversos componentes celulares e
bioquímicos e ocorre espontaneamente, sem intervenções externas, mas que,
quando tratada através de artifícios benéficos, tende a ocorrer de forma mais rápida
e com melhores resultados funcionais e estéticos. A possibilidade de acelerar a
cicatrização
e
o
fechamento
de
lesões
cutâneas,
através
de
recursos
químicomedicamentosos ou físicos, tem sido objeto de investigação de muitos
pesquisadores.
Para Santervás (2003), apesar de um tratamento etiológico correto
e uma variedade de curativos disponíveis, atualmente a porcentagem e a velocidade
de cura das Úlceras ainda são baixos. Há necessidade, portanto, de tratamentos
mais eficazes no manejo desses pacientes para alcançar uma taxa maior e mais
rápida de cura dessas lesões, principalmente para aquelas que, pela sua duração e
tamanho, são mais difíceis de tratar. Os recentes avanços no conhecimento da
fisiopatologia de úlceras crônicas, bem como técnicas de cultura de células, têm
permitido na última década o desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas
que podem representar um avanço significativo.
Apesar da publicação de diversas recomendações de tratamento e das
revisões sistemáticas realizadas, o tratamento adequado das Úlceras Venosas da
perna é desafio contínuo para os profissionais de saúde. É fundamental a contínua
implementação de equipes multidisciplinares e estudos bem elaborados com
recomendações baseadas na evidência e amplamente divulgadas para maximizar os
benefícios a estes doentes (SIQUEIRA et al., 2009).
Neste sentido Castro et al. (2010) referem que cada vez mais, as doenças
crônicas e degenerativas vem recorrendo a terapias ditas como terapias alternativas
sendo que nos Estados Unidos as terapias em questão mais usadas são
Acupuntura, massagem, biofeedback e yoga.
Na Medicina Tradicional Chinesa, o diagnóstico das doenças é feito por meio
da Diferenciação de Síndromes (conjuntos de sinais e sintomas). Do ponto de vista
da Acupuntura, a Diferenciação das Síndromes e a definição do tratamento são
inseparáveis (HARRES, 2008).
Sendo assim, com os Padrões citados anteriormente por Maciocia (2004, p.
221- 403) encontramos tratamentos corroborados por diferentes autores, desta
forma colocou-se que sobre a Acumulação de Calor Umidade no Baço, Otálvarez
(2011) e López (2009) prescrevem o tratamento com a finalidade comum de eliminar
a Umidade e Dispersar o Calor, usando os pontos Yinlingquan (BP9), Sanyinjiao
(BP6), Zhiyang (VG9),Quchi (IG11), Pishu (B20), Yanglingquan (VB34).
Outro Padrão citado por Maciocia (2004, p. 221- 403) é a Deficiência de Qi do
Baço com Umidade, que o mesmo Maciocia (2004, p.169-190) e De Luca (2008),
corroboram dizendo que o princípio de tratamento deve ser tonificar o Baço, usando
pontos como Zhongwan (VC12), Zusanli (E36), Taibai (BP3), Sanyinjiao (BP6),Pishu,
(B20) e Weishu (B21), com método de tonificação. Já para a Estagnação de Qi e
Estagnação de Sangue de Fígado, Maciocia (2004, p.169-190) e López (2009) citam
que o princípio do tratamento deve ser desobstruir e dispersar o Qi e o Sangue do
Fígado, usando os pontos Yanglingquan (VB34), Taichong (F3), Zhangmen (F13),
Qimen (F14), Zhigou (TA6), Neiguan (PC6), Ganshu (B18), Geshu (B17), Xuehai
(B10) e Qihai (VC6), sendo utilizado a Moxabustão neste quadro.
Por fim, temos a Deficiência de Yin do Fígado e dos Rins, que segundo
Otálvarez (2011), López (2009) e Maciocia (2004, p.169-190) tem como princípio de
tratamento nutrir o Yin do Fígado e do Rim, utilizando os pontos Taixi (R3), Zhaohai
(R6), Ququan (F8), Guanyuan (VC4), Shenshu (B23), Pishu (B20), Geshu (B17),
Ganshu (B18), Tianshu (B10) e Baihui (VG20).
Para um melhor entendimento dos benefícios diretos da Acupuntura e da
Moxabustão sobre esses padrões e consequentemente sobre as Úlceras Venosas,
cita-se trabalhos que realmente refletem sobre a ação cicatrizante e regenerativa
proporcionada por essas técnicas da MTC, assim no trabalho de López (2009) o
mesmo procurou comparar a eficácia do tratamento de Acupuntura e Moxabustão
com o tratamento farmacológico (anti-inflamatório) nos pacientes com Úlceras
Venosas, assim, o foco do estudo não foi a cicatrização das feridas, mas sim a
diminuição da dor. Como resultado, não houve diferença estatística entre o grupo
Acupuntura e o grupo que usou fármacos, contudo, o mesmo autor relata que houve
melhora tanto na diminuição das algias provocadas pela Úlcera, quanto melhora no
processo de cicatrização nos pacientes que fizeram uso da Acupuntura. O autor
explica ainda, que essa diferença entre a analgesia e a cicatrização ou terapia
curativa, se deve ao fato de que a Acupuntura focada na cura ou cicatrização requer
um tratamento mais prolongado do que o que busca apenas a analgesia.
Para confirmar e demostrar a real eficácia do tratamento curativo de Úlceras
Venosas e feridas, estudiosos realizaram diversos testes a fim de descobrir o efeito
fisiológico que a Acupuntura e a Moxabustão realizam no organismo, sendo assim,
em seu estudo sobre as diversas utilidades da Acupuntura, Harres (2008) referiu que
hoje se dispõe de evidências dos eventos moleculares, celulares e teciduais que
estão por trás da resposta à inserção de agulhas e aquecimento tecidual. Na
observação clínica pelo menos quatro importantes resultados terapêuticos da
Acupuntura e Moxabustão, se mostram evidentes, sendo: o alívio do estresse físico
e emocional, a ativação e controle dos mecanismos imune e anti-inflamatório, a
aceleração da regeneração e cicatrização tecidual, além de analgesia e alívio da
dor. A inserção de agulhas de Acupuntura estimula os nervos periféricos,
determinando à síntese e a liberação de vários peptídeos opióides endógenos, entre
eles, as endorfinas, no Sistema Nervoso Central. Ocorre uma elevação do limiar da
dor, uma ação sobre o sistema cardiovascular melhorando o aporte sanguíneo, a
oxigenação e a drenagem de catabólitos; sobre o sistema imune, atua modulando as
respostas ao mesmo tempo em que regula o equilíbrio do sistema endócrino. Como
resultado, temos o incremento do processo regenerativo e a promoção de um
relaxamento físico e emocional do paciente, pois substâncias como a serotonina e
as endorfinas, que participam no controle da dor, também têm efeito tranquilizante e
miorrelaxante.
No mesmo sentido, o trabalho de Oliveira e Min (2011) também refere que a
Acupuntura apresenta uma ampla diversidade de efeitos: relaxante muscular,
sedativo/hipnótico, anti hemético, ansiolítico, antidepressivo (leve), anti-secretor (de
ácido clorídrico), anti-adição, anti-inflamatório, indutor de imunidade, facilitador na
reabilitação após acidente vascular cerebral e estimulante da reparação e
cicatrização tecidual.
Outro estudo que buscou analisar os efeitos endógenos e fisiológicos da
Acupuntura e da Moxabustão em busca de reparação tecidual, como no caso das
Úlceras, foi Vas et al.(2008) que detalharam mais este processo de cicatrização
tecidual e consequentemente ulcerativa ao relatar que além de analgesia, a
Acupuntura e a Moxabustão provocam vasodilatação periféricos na pele e nos
músculos, provavelmente devido ao reflexo axônico. A estimulação das fibras C e Adelta, bem como agentes pró-inflamatórios, como o gene da calcitonina, peptídeo
relacionado (CGRP), a substância P (SP), neurocinina A (NKA), opióides,
somatostatina galanina e peptídeo intestinal vasoativo (VIP). A vasodilatação
profunda e prolongada também pode ser mediada por CGRP. Alguns estudos têm
sugerido que os neuropeptídeos liberados pelo nervo sensorial estimulado são
benéficos na manutenção da integridade da pele, para tratar as úlceras e para
desordens vasculares periféricos. Outro elemento-chave na regulação do tônus
vascular e fluxo sanguíneo é a síntese endotelial de óxido nítrico (NO), que é ativo
em vasodilatação arteriolar e reduz a resistência periférica, facilitando fluxo normal
de sangue para os tecidos. Tem sido demonstrado que a expressão de NO-sintase
(NOS) é maior em regiões da pele onde os pontos de Acupuntura e os Canais são
localizados. Nessas áreas, além disso, há níveis elevados de NO no sangue depois
da Acupuntura, o que sugere que a estimulação do nervo sensorial da Acupuntura
pode atuar como um modulador in vivo de níveis de NO.
No mesmo sentido, Luna e Taylor (1998), a Acupuntura pode apresentar
aumento ou diminuição das concentrações plasmáticas de cortisol (Arantes et
al.,2008), sendo este um dos glicocorticóides mais potentes, sua secreção é
controlada pela liberação do hormônio liberador de corticotrofina (CRH), produzido
no hipotálamo, que estimula a liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH),
hormônio sintetizado na Adeno-hipófise, que atua intracelularmente, estimulando a
síntese e secreção de hormônios no córtex da supra-renal. Em condições normais, a
quantidade de cortisol não afeta os mecanismos de inflamação e de cicatrização,
porém, quando o paciente é submetido a um estresse físico ou neurogênico ocorre
aumento imediato da secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), seguido
em alguns minutos pelo aumento da secreção do cortisol, reduzindo o número de
células inflamatórias e desta maneira agindo também nos processos cicatriciais.
Com o foco diferente, Otálvarez (2011), objetivou em seu estudo, verificar a
eficácia da Acupuntura e da Moxabustão no processo de cicatrização das Úlceras
Venosas e Traumáticas, desta forma, o mesmo pode verificar melhora significante
no processo de regeneração tecidual com o uso das técnicas mencionadas. Com
sua visão o autor refere que o efeito da Acupuntura sobre o fluxo sanguíneo e
cicatrização tecidual foi investigada por vários autores, o mecanismo da sua ação
parece ser tanto através da inibição simpática regional pela liberação de peptídeos
vasodilatadores, especialmente peptídeo relacionado ao gene da Calcitonina
(CGRP). A liberação de CGRP tem sido demonstrada tanto em pele como no
músculo, como resultado da estimulação antidrômica de nervos aferentes. O
aumento do fluxo sanguíneo após o uso da acupuntura supre necessidades locais
ou regionais melhorando a oxigenação tecidual e a cicatrização, por isso
pensa-se que a patologia subjacente de Ulceração Venosa é a hipóxia
devido ao edema crônico e fibrose subsequente.
Sendo assim, após a comparação entre esses estudos, pode-se observar a
importância do fluxo sanguíneo neste processo de reparação tecidual, desta forma
todos os autores corroboram ao citarem a importância de se trabalhar com o Sangue
(Xue) nesta regeneração tecidual. López (2009) relata que melhorando a circulação
sanguínea local e a de distribuição, pode ser um dos principais aspectos dos quais a
Acupuntura deriva seus efeitos sobre doenças inflamatórias e crônicas como as
Úlceras. Já Otálvarez (2011), refere que o tratamento de Acupuntura restaura o fluxo
perturbado ao estimular pontos chave de Acupuntura com efeito homeostático, como
Quchi (IG11) e Zusanli (E36), juntamente com o ponto de influência sobre os vasos
sanguíneos Taiyuan (P9), e os pontos extraordinários Baxie (M.MS22) e Bafeng
(M.MI8). O mesmo refere ainda outros pontos com efeito sobre o fluxo de Sangue
são: Taichong (F3), Hegu (IG4), Yanglingquan (VB34), Xinshu (B15), Shanzhong
(VC17) e Shaohai (C3).
A
Moxabustão
também
atua
diretamente
sobre
o
Sangue
(Xue),
proporcionando o aquecimento dos canais (JING LUO) e a dispersão de Umidade e
Frio (OLIVEIRA, 2006) que são os principais agentes patogênicos da Úlcera Venosa
citadas por López (2009) anteriormente. O embasamento vem ainda com CIEPH
(2001, p.38), onde é mencionado que a Moxabustão tem a finalidade de aquecer e
promover a circulação do Qi nos doze Meridianos, além de estimular nos três
meridianos Yin a regularização do Qi e o Xue, eliminando o Frio e a Umidade. Ainda
neste sentido, Leite (2006) ressalta que segundo a Medicina Tradicional Chinesa, a
ação do Moxabustão é aquecer os Canais de Energia, dispersar o Frio e a Umidade,
regular a circulação de Sangue (Xue), aumentando a atividade de energia Yang. O
calor resultante deste processo produz estímulos que regularizam as funções
fisiológicas do corpo, por intermédio dos Canais de Energia.
Referente ainda a utilização da Moxabustão para os processos de tratamento
e cicatrização das Úlceras Venosas, Szabó e Bechara (2001) afirmam que o efeito
da Acupuntura e Moxabustão sobre as funções imunológicas estão intimamente
relacionado ao local da estimulação. Uma diferença significativa é notada quando
são estimulados acupontos ou não-acupontos e também entre estímulos dados a
diferentes acupontos. É uma característica da Acupuntura manter a função
imunológica em um estado ótimo, regulando seus mecanismos. Em geral, a
Acupuntura
pode
restaurar
a
homeostase
de
um
organismo,
diminuindo
hiperfunções e ativando mecanismos em hipofunção.
Nesta relação de imunidade, Okazaki (1990) desenvolveu um trabalho para
estudar o efeito de uma única ou de múltiplas aplicações de Moxabustão na
atividade da função plaquetária, coagulação e fibrinólise de pacientes sem
patologias previamente identificadas. Após a primeira sessão de Moxabustão a
coagulação aumentou e após múltiplas sessões, a homeostase sanguínea e
atividade fibrinolítica se mantiveram, bem como o trabalho que há melhora da
atividade fagocitária no mecanismo de defesa do hospedeiro, sugerindo assim, uma
ação eficaz da Moxabustão nos processos imunológicos e de cicatrização e
reparação tecidual.
Por fim, para atestar a veracidade e a competência da Acupuntura e da
Moxabustão, outros trabalhos tem demonstrado o poder de recuperação ou
cicatrização tecidual tanto nas Úlceras Venosas como em outras lesões. Um desses
estudos é o realizado por Hayashi (2006), onde o mesmo refere que a Acupuntura
pode ser utilizada em afecções do disco intervertebral tóraco-lombar com o intuito de
controlar a dor, normalizar a função motora e sensorial e alterações na micção, além
de poder atuar também acelerando a cicatrização tecidual e ter efeito antiinflamatório.
Assim sendo, para mostrar que realmente os estímulos causados pela
Acupuntura fornecem aferências a níveis de Sistema Nervoso Central, produzindo
eferências curativas como no caso das Úlceras, o autor De Luca (2008) refere que
com a evolução de vários estudos sobre lesões celulares e cicatrização, observouse que a inserção de agulhas de Acupuntura e aplicação de Moxabustão provocam
alterações
celulares
que
liberam
substâncias
algógenas
que
estimulam
quimiorreceptores que podem atuar sobre o Sistema Nervoso Autônomo e Encéfalo,
regiões muito importantes no processo autoimune ou imunológico.
6 CONCLUSÃO
A Úlcera Venosa (UV) mostrou-se uma patologia multifatorial e de difícil
tratamento, onde suas recidivas e suas consequências têm onerado e muito os
sistemas de saúde em nível mundial.
De posse dos trabalhos revisados, pode-se concluir que diversos tratamentos
estão sendo empregados para o tratamento das UV, porém o tratamento dito como
convencional (Medicina Ocidental) pouco se tem conseguido em relação ao aumento
da velocidade de cicatrização e amenização das consequências secundárias
proporcionadas por esta patologia. De fato, pode-se evidenciar ainda, que a
pesquisa destas soluções tem proporcionado uma busca muito mais ampla, tanto no
sentido científico, quanto no sentido cultural, sendo que técnicas ditas como
“Alternativas” até então desconhecidas ou descartadas pelo mundo médico voltam a
ganhar importância devido aos bons resultados averiguados, ao vasto campo de
estudo e principalmente ao baixo custo do tratamento, sendo entre essas a
Acupuntura e a Moxabustão (técnicas pertencentes à Medicina Tradicional Chinesa
ou MTC).
Pode-se identificar ainda, que assim como na medicina ocidental, o
tratamento através da Acupuntura e da Moxabustão busca um diagnóstico preciso
das raízes dos chamados “sinais e sintomas” proporcionados pela patologia vigente,
compondo assim o chamado Padrão Sindrômico da patologia (na MTC), para desta
forma buscar o tratamento e a técnica efetiva para o distúrbio apresentado. Com
isso, pode-se analisar que segundo a literatura averiguada, a UV apresentou alguns
Padrões Sindrômicos corroborados entre autores estudados, sendo estes a
Acumulação de Calor Umidade no Baço, Deficiência de Qi do Baço com Umidade,
Estagnação de Qi e Estagnação de Sangue de Fígado e a Deficiência de Yin do
Fígado e dos Rins.
Desta forma, identifica-se entre todas as referências, quais os pontos mais
utilizados dentro dos padrões averiguados, assim, na Acumulação de Calor Umidade
no Baço temos: Yinlingquan (BP9), Sanyinjiao (BP6), Zhiyang (VG9),Quchi (IG11),
Pishu (B20) e Yanglingquan (VB34). Já na Deficiência de Qi do Baço com Umidade
temos: Zhongwan (VC12), Zusanli (E36), Taibai (BP3), Sanyinjiao (BP6),Pishu, (B20)
e Weishu (B21). No mesmo sentido, na Estagnação de Qi e Estagnação de Sangue
de Fígado temos: Yanglingquan (VB34), Taichong (F3), Zhangmen (F13), Qimen
(F14), Zhigou (TA6), Neiguan (PC6), Ganshu (B18), Geshu (B17), Xuehai (B10) e
Qihai (VC6). Por fim, na Deficiência de Yin do Fígado e dos Rins temos: Taixi (R3),
Zhaohai (R6), Ququan (F8), Guanyuan (VC4), Shenshu (B23), Pishu (B20), Geshu
(B17), Ganshu (B18), Tianshu (B10) e Baihui (VG20).
Outro ponto muito relevante e conclusivo neste estudo foi o grande
contingente bibliográfico que apontou as evidências físico-fisiológicas sobre a
eficácia do tratamento com Acupuntura e a Moxabustão no que diz respeito ao
processo cicatricial e reparativo, onde não só a resposta local foi evidenciada, como
também respostas sistêmicas que proporcionam uma melhor resposta ao que se
entende como conseguinte secundário da UV, tendo assim respostas concretas e
importantes como o alívio do estresse físico e emocional, ativação e controle dos
mecanismos imune e anti-inflamatório, aceleração e cicatrização tecidual, além da
tão desejada analgesia, sendo esses pontos importantes não apenas no que diz
respeito a incapacidade funcional proporcionada pela patologia, mas também tendo
ligação direta a respostas físico-psico-emocionais, que proporcionam uma
integralidade muito relevante no processo de reabilitação deste paciente.
Em nível fisiológico pode-se concluir que a vasodilatação periférica na pele e
nos músculos, provavelmente devido ao reflexo axônico, estimulado tanto pela
aplicação da agulha, quanto pelo aquecimento do tecido, proporcionam uma
melhora do aporte sanguíneo local e sistêmico, provocando assim alterações
celulares que liberam substâncias algógenas (dentre elas o Cortisol e o Óxido
Nítrico) que ativam quimiorreceptores que podem estimular o Sistema Nervoso
Autônomo e Encéfalo, que por sua vez reagem com processos autoimunes e/ou
imunológicos, proporcionando assim uma gama de processos intrínsecos capaz de
acelerar tanto a capacidade cicatricial, quanto envolver outros aspectos relacionados
às incapacidades ou privações proporcionadas pela patologia em si (UV).
Sendo assim, partindo dos objetivos traçados previamente, pode-se concluir
precisamente que a Acupuntura e a Moxabustão são realmente eficazes no
tratamento
devidamente
das
Úlceras
argumentadas
Venosas,
por
proporcionando
diferentes
autores,
respostas
além
de
fisiológicas
proporcionar
congruência em seus Padrões Sindrômicos e pontos de tratamento, dando-nos
assim possíveis protocolos de atendimento objetivando tanto a reparação
propriamente dita, quanto a amenização das consequências e distúrbios
secundários provocados pela Úlcera Venosa.
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APÊNDICE - Glossário
GLOSSÁRIO
Moxa
Moxabustão;
Qi
Energia;
Xue
Sangue;
Jing
Essência;
Shen
Espírito;
Jin Ye
Líquidos Orgânicos;
Zang Fu
Órgãos e Vísceras;
Xin
Coração;
Gan
Fígado;
Pi
Baço ;
Fei
Pulmão;
Shen
Rim;
Xin Bao
Pericárdio;
Xiao Chang
Intestino Delgado;
Dan
Vesícula Biliar;
Wei
Estômago;
Da Chang
Intestino Grosso;
Pang Guan
Bexiga;
San Jiao
Triplo Aquecedor;
Fu
Camada superficial da pele ou Epiderme;
Ge
Camada profunda da pele ou a Derme;
Ji
Músculos Subcutâneos;
Fen Rou
Estruturas gordura e Músculos;
Cou Li
Espaço entre a Pele e Músculos;
Xuan Fu
Poros na Pele e Glândulas Sebáceas;