o papel dos contos de fadas na formação de futuros leitores resumo
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O PAPEL DOS CONTOS DE FADAS NA FORMAÇÃO DE FUTUROS LEITORES BERNARDINO; Regiane Aparecida UBEDA; Ariane FERREIRA; Caroline Danielli MACHADO; Silmara Cintia MARONESE; Wanessa Aparecida RESUMO A Literatura Infantil surge entre o fim do século XVIII e durante o decorrer do século XIX em consequência da criação da concepção de família e da aceitação do universo infantil. Os contos de fadas, naquele período eram destinados ao público adulto, havendo então adaptações destes para o público infantil. A partir dos contos de fadas, a criança entra em contato com o mundo da fantasia, muitas vezes se chocando ao perceber que tal mundo é diferente do seu. Primeiramente, os personagens principais desses contos eram adultos, dificultando a identificação da criança com algum desses personagens. Sabendo que na maioria das vezes o primeiro contato de uma criança com os contos de fadas ocorre na escola, é dever do professor analisar as obras que serão oferecidas a ela, além de oferecer tempo e espaço apropriados a hora da leitura. Palavras-chave: Literatura Infantil, Contos de Fadas, Criança. ABSTRACT The Children's Literature arises between the end of the eighteenth century and during the nineteenth century as a result of the creation of the concept of family and acceptance of childhood. Fairy tales in that period were intended for adult audiences, having then these adaptations for children. From the fairy tales, the child comes into contact with the world of fantasy, often shocking to realize that this world is different from yours. First, the main characters of these stories were adults, hindering the identification of the child with any of these characters. Knowing that most often the first contact of a child with fairy tales occurs in school, it is the duty of the teacher to analyze the works that will be offered to her, and offer time and space appropriate reading time. Keywords: Children's Literature, Fairy Tales, Children. INTRODUÇÃO O objetivo desta pesquisa é trabalhar a Literatura Infantil como um todo, dando maior ênfase aos contos de fadas e analisando que valores essas obras podem transmitir. Será abordada a Literatura Infantil no seu surgimento, no século XIX e qual o papel dos Contos de Fadas nessa época; o choque da criança ao perceber a diferença entre o mundo real e o mundo fictício. Por fim, aborda-se sobre a leitura dentro e fora do ambiente escolar: como certas atitudes de pais e professores podem influenciar para o desenvolvimento do amor pela leitura em nossos pequenos leitores. A LITERATURA INFANTIL: CONTEXTO HISTÓRICO Sabemos que durante a Idade Média não existia um olhar diferenciado em relação à criança como há hoje. Naquela época não havia o sentimento de família e a criança era vista como um “adulto em miniatura”, tendo muitas vezes que realizar tarefas destinadas a eles, como trabalhar. É só a partir do século XVIII que ocorre a separação entre os universos infantil e adulto, surgindo então a família patriarcal, em que o pai é quem determina o que deve ser feito por cada membro da família. Com esse olhar diferenciado em relação à criança e ao adolescente, surgem, no século XIX os primeiros espaços escolares. Segundo Zilberman (2003), a literatura infantil também nasce durante o século XVIII, consequência dessa “ascensão da família burguesa, do novo status concedido à infância na sociedade e da reorganização da escola”, tendo como principal função transmitir valores às crianças, a fim de educalas. Ainda segundo Zilberman (2003), os primeiros livros destinados ao público infantil, os chamados contos de fadas, eram adaptações de obras destinadas ao público adulto. Um exemplo disso é a história “a bela e a fera”, que, no mundo adulto era conhecida como “Madame Leprince Beaumont”. Num primeiro momento, os personagens principais dessas obras infantis eram adultos; foi só na segunda metade do século XIX que a criança passou a ser representada como personagem principal. Exemplos são as obras “Alice no País das Maravilhas”, “Pinóquio”, “O Mágico de Oz”, “Peter Pan”. A CRIANÇA DIANTE DA DIFERENÇA ENTRE O MUNDO REAL E O MUNDO FICTÍCIO Com a criação dessas obras, a criança passa a ter contato tanto com o mundo real, o seu mundo, quanto com o mundo da fantasia. Esse contato com dois mundos diferentes, num primeiro momento gera um conflito na criança: ela começa a entender que algumas atitudes de um certo personagem de sua preferência (Peter Pan, por exemplo) são irrealizáveis na vida real, ou seja, ela não pode voar como ele, nem tampouco pode parar de crescer, mas também entende que essa “viagem” ao mundo da fantasia lhe proporciona prazer, além da possibilidade de sonhar acordado, de se imaginar como um herói invencível. “O conto de fadas, como é apresentado à infância, faz a criança acostumar-se, ou pelo menos deve acostumá-la a reagir na forma conformada de sonhos, quando desenvolve impulsos que estão em desacordo com a sociedade”. (RICHTER, Dieter & MERKEL, Johannes In Zilberman, 2003) A FORMAÇÃO DE FUTUROS LEITORES: A LEITURA DENTRO E FORA DA ESCOLA Para se falar em leitura, é importante destacar que grande parte da população mundial não adquiriu o hábito de ler por prazer: Muitos só leem por obrigação ou por alguma forma de recompensa oferecida por alguém. Segundo Johns e VanLeirsburg, in Cramer e Castle, 2001, p 15, “a leitura voluntária e o prazer de ler diminuem com a idade entre os estudantes.” Mas por quê? Acredita-se que essa redução de leitores por faixa etária ao longo dos anos é consequência de como estes foram preparados ou direcionados para a leitura. Pode ser que, durante os primeiros anos escolares, os professores não estejam realmente preparados para incentivar seus alunos a ler. Será porque eles também não foram estimulados a ler quando crianças? Pode ser que sim. A questão agora é: Como os professores devem incentivar seus alunos a ler, fazendo com que estes adquiram de fato amor pela leitura, para que se tornem leitores assíduos por toda a vida? Sabemos que, na maioria dos casos, o primeiro contato de uma criança com os livros ocorre no ambiente escolar. É aí que entra em cena a grande responsabilidade do professor enquanto formador de futuros leitores: ele tem o dever de influenciar seus alunos, tornando-se um exemplo para eles; “Dentro da sala de aula, não há modelo mais efetivo do que um professor que realmente ame os livros e a leitura. A centelha de prazer será captada pelos alunos que têm a felicidade de terem um exemplo desse tipo.” (Johns e VanLeirsburg, 2001) Portanto, o professor deve demonstrar prazer em ler, fazendo com que esse hábito seja algo prazeroso e desejável para as crianças. “O professor deve ser uma pessoa paciente, encorajadora, que apoie os esforços de aprendizado dos alunos. Os alunos, por sua vez, devem sentir-se seguros para assumir riscos intelectuais, porque eles sabem que não ficarão embaraçados ou serão criticados caso cometam um erro”. (Good & Broophy, 1987, p. 310 In Cramer & Castle, 2001, p.107) É também dever do professor proporcionar aos alunos um ambiente adequado para a leitura, além, é claro, de livros apropriados para a faixa etária de sua turma, e em grande quantidade. Uma estratégia válida é reservar um tempo para que os alunos explorem esses materiais, proporcionando também a eles a liberdade de escolha. Sabemos que as crianças se espelham nos adultos à sua volta, copiando seus gestos e atitudes. Por isso é importante a presença dos pais nessa fase. Conforme Johns & VanLeirsburg, 2001: “Os professores precisam encorajar os pais a lerem diariamente para seus filhos, de todas as idades, e aplaudirem aqueles que o fazem. Se iniciada em uma idade precoce, a leitura e a discussão de livros no cotidiano da família promove atitudes positivas em relação à leitura e melhora o desempenho escolar.” O que pretendo dizer é que se uma criança for desencorajada a ler ou se desinteressar pela leitura durante os primeiros anos de seu desenvolvimento escolar, dificilmente o interesse por ela voltará, pois com a maturidade, algumas atitudes podem ser imutáveis. Por isso é importante a parceria entre pais e professores na formação de futuros leitores. CONCLUSÃO De maneira geral, conclui-se que a Literatura Infantil, desde seu surgimento (após a aceitação da concepção de infância), causou grande impacto perante o público infantil. De início, a função dos contos de fadas era a de moralizar as crianças, transmitindo-lhes valores. Até hoje alguns professores utilizam os contos de fadas como método de moralização, erroneamente. Essa atitude pode desmotivar o pequeno leitor a procurar outras obras, ou seja, pode desmotiva-lo a ler por prazer. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA • JOHNS, Jerry L. / VANLEIRSBURG, Peggy. Incentivando o hábito da leitura: considerações e estratégias. In: CRAMER, Eugene H. / CASTLE, Marietta (org.). Incentivando o amor pela leitura – Porto Alegre: Artmed, 2001. • ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola – 11. Rev. Atual. E ampl. – São Paulo: Global, 2003.
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