Projeto de leitura
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Projeto de leitura
Projeto de leitura A Menina Que Não Era Maluquinha II e Outras Histórias Ficha Autora: Ruth Rocha Título: A Menina Que Não Era Maluquinha II e Outras Histórias Ilustradora: Mariana Massarani Ruth Rocha reuniu quat ro histórias de morrer de rir: a menina que não era Formato: 20,5 x 26 cm, cartonado malu N.º de páginas: 40 quinha, continua maluquinha; a Juliana está cada vez mais danada; Armandi nho, o queridinho da família, apronta das suas e o primo dele é quem paga o pato; e o vovô cont ou que, quando era menino, gostava de brincar na farmácia do tio dele... Elaboradores: Caio Riter e Elaine Maritza da Silveira A autora Ruth Rocha nasceu em 1931, em São Paulo, onde passou a infância, sempre entre livros, gibis, brin‑ cadeiras e uma ou outra peraltice, assim como os personagens deste livro. Publicou seu primeiro li‑ vro há mais de trinta anos e nunca mais deixou de lançar novos títulos, de todos os temas. Tem mais de cem livros publicados no Brasil e no exterior. Já recebeu muitos prêmios literários, entre eles o Prê‑ mio Jabuti. Quadro sinóptico Gênero: conto infantojuvenil A ilustradora Palavras‑chave: infância e comportamento Mariana Massarani nasceu no Rio de Janeiro, onde mora. É ilustradora, ama contar histórias por meio de imagens e já possui mais de cinquenta livros ilus‑ trados para diversos escritores, recebendo prêmios como o Jabuti de melhor ilustração. Mas ela tam‑ bém gosta de escrever. É autora e ilustradora de obras como Banho! e Aula de Surfe. Em 2011, foi finalista do Prêmio Jabuti com Não Era uma Vez… Contos clássicos recontados. Temas transversais: comportamento infantil, ética, trabalho e educação Interdisciplinaridade: Língua Portuguesa, História e Arte INDICAÇÃO: Leitor em processo a partir dos 8 anos ENSINO FUNDAMENTAL 1 Apresentação Elaboradores Caio Riter nasceu e vive em Porto Alegre. É professor de Língua Portuguesa e Literatura, com mestrado e doutorado em Literatura Bra‑ sileira pela Universidade Federal do Rio Gran‑ de do Sul. Escreveu vários títulos para crianças e jovens e ganhou importantes prêmios. Pela Melhoramentos, publicou Um na Estrada, de literatura juvenil, e participou da antologia Os Internautas com o conto "voodeicaro. blogspot.com". Elaine Maritza da Silveira é gaúcha e vive em Porto Alegre. É formada em Letras, com espe‑ cialização em Literatura Brasileira e Infanto‑ juvenil. Foi professora de Língua Portuguesa e Literatura durante vinte anos e desde 2004 trabalha na área editorial. Atualmente pres‑ ta consultoria e produz livros para diversas editoras. Também realiza palestras e oficinas para professores e dá assessoria pedagógica na área da formação do leitor. A obra A Menina Que Não Era Maluquinha II e Outras Histórias é composta por quatro pequenos contos que têm em comum perso‑ nagens especiais, crianças que aprontam suas peraltices e fazem com que os adultos tenham que repensar suas posturas. Situações como entrar em uma nova escola, ficar de castigo, receber um primo comportadinho e brincar em uma farmácia transformam‑se aqui em motivos para boas risadas. 2 Motivando a leitura A motivação tem por objetivo chamar a atenção do aluno para o livro que será lido, inserindo‑o na “atmosfera” literária, sem, contudo, fazer re‑ ferência direta à obra. Assim, o professor poderá, se julgar interessante, realizar atividades motiva‑ cionais para a leitura propostas a seguir. I – Quebrando a cabeça… A partir da ilustração inicial da segunda história, “Levada, eu?”, o professor constrói um quebra ‑cabeça. Divide então a turma em pequenos gru‑ pos, desafiando‑os a montar o jogo. Feito isso, os alunos serão convidados a expor suas observações sobre a atitude da menina Juju, a protagonista dessa história. O que ela está fa‑ zendo? As expressões de seus pais revelam que ela está fazendo algo aceitável ou alguma tra‑ quinagem? E você, já aprontou alguma peraltice que merecesse virar um quebra‑cabeça? Após breve debate, os alunos podem ser convi‑ dados a, ainda em pequenos grupos, escolher uma traquinagem feita por eles, desenhando‑a e, depois, montando um novo quebra‑cabeça. Os quebra‑cabeças serão trocados entre os diferen‑ tes grupos, cada um deles tentando montar o quebra‑cabeça recebido e buscando identificar nas imagens qual a travessura retratada. Comentário As quatro histórias têm como elemento comum, além da atmosfera leve e bem‑humorada, ações de crianças levadas e espirituosas, algumas mais traquinas, como a Juju, outras nem tanto. Assim, a atividade motivacional também faz uso deste mote, incentivando os alunos a falar de si para, depois, mergulhar na leitura dos contos de Ruth Rocha. É interessante levar os alunos a perceber que toda criança tem seu lado peralta, independentemente da época, como na história que fecha o livro: “Tio Chico, Zezé e a farra da farmácia”. Explorando a leitura Atividades lúdico‑reflexivas A Menina Que Não Era Maluquinha a) O professor pede aos alunos que observem a postura da professora Brites em relação à nova aluna. Será que ela agiu adequada‑ mente? Se você fosse a professora, como receberia a menina? Como você acha que ela se sentiu? b) O professor propõe aos alunos que reali‑ zem a “técnica do espelho”, apresentan‑ do a professora Tesbri (ou seja, a “imagem invertida” da professora Brites). Como ela seria? c) No primeiro conto, são citados dois fatos his‑ tóricos: o Descobrimento do Brasil e a morte do bispo Sardinha. Com o auxílio da disciplina de História, numa perspectiva interdisciplinar, o professor sugere aos alunos que pesquisem outros fatos da história brasileira e narrem de forma leve, brincalhona, o que a menina fez na aula. d) Juju, personagem da segunda história, apron‑ tava muito, ao contrário de Armandinho, per‑ sonagem da terceira história, que era todo certinho. Até quando ficou de castigo, Juju acabou fazendo das suas. O professor deve analisar com os alunos os motivos por que os dois ficaram de castigo. Observar como eles agiram a fim de que o castigo se tornasse mais leve. Após a atividade em que os alunos analisam o comportamento dos personagens, o professor propõe um breve debate a partir das questões: Comentário O espelho nos devolve nossa imagem invertida. O que está do lado direito, ao ser espelhado, é visto pelo lado e squerdo. Assim, após explicar aos alunos a técnica, o professor os esti‑ mula a pensar como seria a professora Brites caso ela virasse outra, invertida, ou seja, completamente diferente: a profes‑ sora Tesbri. • Você alguma vez ficou de castigo? • Como agiu quando estava de castigo? • Aprontou mais uma como fez Juju ou ficou esperando que o castigo acabasse? • Punir alguém com castigo é correto? Por quê? Para deixar a proposta mais clara aos alunos, o professor pode levar um espelho para a sala de aula e incentivá‑los a se olharem, observando que, diante do espelho, se, por exemplo, acenarem com a mão esquerda, a imagem refletida “responderá” com a direita. 4 Comentário e) Armandinho é um garoto muito certinho. Você tem algum parente ou conhecido as‑ sim? Como você se relaciona com ele? É possível existir alguém tão certinho como Armandinho? f) As histórias são contadas de diferentes maneiras, com diferentes focos (primeira pessoa, terceira pessoa, memória). De qual desses modos de contar você gostou mais? Por quê? Em qual deles temos mais acesso ao que o personagem pensa? A proposta de atividade f de‑ pende muito do tipo de traba‑ lho que o professor costuma desenvolver com seus alunos e também da faixa etária da tur‑ ma e do estágio cognitivo em que eles se encontram, pois ela visa analisar a estrutura tex tual, não restringindo a leitu‑ ra ao tema, pois, dependendo do foco escolhido pelo autor, pode‑se ter uma história dife‑ rente. É interessante perceber que o modo como Ruth Rocha narra os contos dá ao livro mais di‑ namismo. Claro que o profes‑ sor não precisa teorizar, mas apenas destacar as opções que a escritora fez ao produzir os textos. Geralmente, a narração em primeira pessoa traz mais ele‑ mentos para a compreensão do protagonista e de seus sen‑ timentos. Assim, o leitor tem mais acesso à interioridade do personagem principal, mas fica limitado ao que os demais per‑ sonagens pensam, pois o acesso à história se dá a partir de um único ponto de vista, o do nar‑ rador, que, por ser em primeira pessoa, é o mesmo do persona‑ gem principal. No entanto, quando a narração é em terceira pessoa, há mais possibilidade de o leitor conhe‑ cer outros aspectos da história e também dos demais persona‑ gens, visto que o narrador não é um personagem e, portanto, por não fazer parte da histó‑ ria, ele pode apresentar todas as informações que julgar im‑ portantes. Já na última história, como re‑ lata algo que o personagem ouviu de seu avô, Ruth Rocha aproxima a narrativa dos re‑ latos de memória, embora as memórias narradas não sejam as do menino, mas aquelas que seu avô lhe contou, o que faz do narrador uma espécie de narrador‑testemunha. Ele conta os fatos, mas relata o que ouviu de seu avô e não o que viveu. Seu avô é o personagem, ele é apenas o narrador. 5 Comentário II – De olho nas ilustrações Percebe‑se que, além de apresentar elemen‑ tos referidos pela autora, a ilustração de Mariana Massarani acrescenta às cenas in‑ formações que contribuem para a leitura da criança, expondo elementos subjetivos, não presentes explicitamente nas histórias. Assim, pode‑se solicitar aos alunos que façam uma leitura das imagens do livro, destacan‑ do alguns elementos acrescentados pela ilus‑ tradora e as informações que eles somam às histórias. Observe com o grupo a ilustração da página 6 e so‑ licite aos alunos que prestem atenção nos detalhes apresentados, que revelam como os amigos da me‑ nina se sentiram quando ela partiu da cidade. É interessante instigar os alunos a perceber que há felicidade nas expressões dos amigos (risos, ace‑ nos), mas também há tristeza (lágrimas, olhos fe‑ chados). Orientada pelo professor, essa percepção pode levar as crianças a se interrogarem sobre o porquê de a partida da menina trazer felicidade e ao mesmo tempo tristeza. Tristeza por ela estar partindo para uma cidade distante e eles não po‑ derem mais se ver diariamente; felicidade por ela viver uma nova etapa em sua vida. 6 Indo além a leitura Sempre é interessante que a leitura de um livro instigue os alunos a buscar mais informações e a criar objetos culturais a partir de diferentes olhares sobre o livro lido. Assim, sugere‑se que, após a leitura e a exploração dos elementos textuais, os alunos realizem atividades que vão além da mera leitura informativa, reflexiva ou fruitiva. Comentários A linguagem serve para informar, transmitir co‑ nhecimentos, criar identidade entre um grupo e, assim, aproximar as pessoas de uma comunidade. No entanto, é muito comum determinados grupos criarem seus próprios códigos para preservar certas informações que queiram manter em segredo. É comum, por exemplo, grupos de jovens terem seu próprio vocabulário, suas gírias, suas expressões. 1. Criando uma linguagem Na primeira história, a menina conju‑ ga os verbos do seu jeito, o que acaba confundindo e irritando a professora. Assim, pode‑se desafiar os leitores, em pequenos grupos, a criar uma lingua‑ gem utilizando determinados códigos. Depois, usando esses códigos, cada gru‑ po deve escrever uma mensagem que fale sobre suas impressões de leitura do livro de Ruth Rocha. Essas mensagens serão trocadas entre os grupos para que cada grupo tente deco‑ dificar a mensagem. 2. Entrevistando pais e avós A quarta história começa dizendo que: “Há muito tempo era tudo diferente. Só as pessoas é que eram a mesma coisa”. Assim, a história abre um espaço bastan‑ te interessante para que os alunos inte‑ rajam com seus pais e/ou com seus avós a fim de perceber como era ser criança na época em que eles viveram a infân‑ cia. Motivar as crianças para que criem perguntas sobre o que gostariam de sa‑ ber sobre a meninice de seus pais ou de seus avós. 3. Criando histórias A última história tem um final aberto a várias interpretações. Com a chegada de Brederodes, todos ficam imaginando de que maneira ele se relacionou com as crianças, ou seja, como ficou a situação entre as crianças e o novo ajudante do tio Chico. Assim, pode‑se desafiar os alu‑ nos a escrever uma história cujo título seria “Tio Chico, Brederodes e as crian‑ ças na farmácia”. Houve uma época em que se tentou usar uma lín‑ gua comum a todos os povos, a fim de acabar com os obstáculos causados à comunicação pelo uso de línguas diferentes. Com essa ideia, foi criado o esperanto. 7 O esperanto é a língua artificial mais falada no mundo. Ao contrário da maioria das ou‑ tras línguas artificiais, o esperanto saiu dos níveis de projeto (publicação de instruções) e semilíngua (uso em algumas poucas esferas da vida social). Seu iniciador, o médico polaco Ludwik Lejzer Zamenhof, publicou a versão inicial do idio‑ ma em 1887, com a intenção de criar uma lín‑ gua de aprendizagem mais fácil, que servisse como língua franca internacional, para toda a população mundial (e não, como muitos supõem, para substituir todas as línguas exis‑ tentes). O esperanto pode ser empregado em viagens, correspondência, intercâmbio cultural, con‑ venções, literatura, ensino de línguas, televi‑ são e transmissões de rádio. Alguns sistemas estatais de educação oferecem cursos opcio‑ nais de esperanto, e há evidências de que ele auxilia na aprendizagem dos demais idiomas. Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/Espe‑ ranto. Acesso em: 28 maio 2012. Outras leituras Um livro sempre pode ser uma referência para mais e mais leituras. Assim, sempre é interessante o professor indicar aos alunos outros livros que mantenham relações de intertextualidade com o livro lido, seja por tratarem do mesmo tema, seja por fazerem uso do mesmo tipo de personagem, cenário, linguagem, seja por serem escritas pelo mesmo autor ou ilustradas pelo mesmo ilustrador. Seguem‑se algumas indicações: Adamastor, o Pangaré, de Mariana Massarani (texto e ilustração). São Paulo: Editora Melhoramentos, 2011. Não Era uma Vez… Contos clássicos recontados, de vários autores, ilustrado por Mariana Massarani. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2010. A Menina Que Não Era Maluquinha I, de Ruth Rocha, ilustrações de Mariana Massarani. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2009. O Menino Maluquinho, de Ziraldo (texto e ilustração). São Paulo: Editora Melhoramentos, 1980. 8