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No non No non No non No non No non No non No
Tese 1 FORA DA ORDEM Alguma coisa Está fora da ordem Fora da nova ordem Mundial... Os homens de negócios tem saído da crise financeira mundial mais ricos. Os 100 maiores bilionários do mundo aumentaram sua riqueza em 240 bilhões em 2012. Além disso, o número de bilionários aumentou nos últimos 5 anos ao redor do mundo. Conclui-se, então, que a crise tem acelerado a concentração da riqueza. Enquanto isso, embora o consumo de bens industrializados venha crescendo em setores populares, a garantia de direitos fundamentais ao bem-estar e segurança da população- saúde, moradia, educação, transporte, etc, vem caindo. Aumenta a violência institucional com guerras cada vez mais sangrentas e a barbárie social. O calor dos grandes negócios aumenta a temperatura e a panela de pressão tem explodido a toda hora e em todo lugar. Mas não necessariamente as convulsões sociais que assistimos no mundo e vivemos no Brasil resultarão em uma ordem social mais justa. Nos países árabes, os interesses dos capitalistas têm usurpado primaveras e mantido a velha ordem sob a capa de revoluções e mudanças democráticas. Vão-se os anéis... As jornadas de junho/julho de 2013 no Brasil seguem essa movimentação mundial onde explodem as manifestações resultantes do aumento das contradições entre os interesses dos homens de negócios e os interesses das massas populares. Grandes obras, mega eventos, produção para consumo de luxo, especulação imobiliária e outros são financiados por dinheiro público, desviado de sua real função que é a garantia de serviços públicos e direitos como saúde, educação, moradia, transporte, etc. A explosão do movimento contestando o aumento das passagens dos transportes- deixando claro a contradição entre interesses das massas populares e os empresários de ônibus- teve a participação e apoio de diversos setores sociais, não somente os setores de natureza socialista. Sob bandeiras progressistas florescem também setores com interesses privados e de direita. A luta pela legitimidade de bandeiras e propostas sociais está em curso. Experiências de modos de vida alternativos, incluindo nova concepção de economia solidária, saúde, educação, solidariedade, etc tem acontecido e devem ser vistas e analisadas para sistematizar um novo projeto de sociedade. O papel da juventude tem sido fundamental. Do Brasil urbano, que entrou no novo século com mais de 80% de sua população vivendo em cidades (Censo de 2010- 84,36% população urbana), com acesso (ainda não universalizado) à tecnologia digital, resulta uma geração com nova sensibilidade social, com nova noção de tempo e espaço. Uma juventude que está sendo disputada por projetos sociais os mais variados. As jornadas de junho/julho precederam o encontro mundial da juventude católica, que também foi às ruas impulsionada por movimentos internos da igreja católica como o movimento Fé e Política. A falta de políticas para mobilidade urbanasitiada pelos interesses do setor de empresários de transporte-, acesso a aparelhos culturais- nas A revisão de velhas práticas e culturas do movimento socialista, partidos e sindicatos se faz fundamental TESES GERAIS - PÁGINA 1 mãos de grandes conglomerados empresarias tais como a Globo, - escola pública de qualidade, saúde e etc, tem atingido em cheio a juventude que hoje representa cerca de 1/3 da população (Censo de 2010 população de 15 a 29 anos- 27%). A demanda não suprida pelas políticas públicas empurra a juventude às ruas. Mas essa juventude também está sendo disputada pelos movimentos de direita, neo nazistas, organizações milicianas, e por propostas de interesse privado e elitistas. Os setores socialistas precisam reordenar-se e reinventar-se para poder contribuir com a reconstrução da utopia de uma sociedade justa e igualitária e conquistar também essa juventude. A revisão de velhas práticas e culturas do movimento socialista, partidos e sindicatos se faz fundamental. A lógica da disputa dos aparatos, da substituição da vontade da categoria pela vontade de grupos ou setores, das negociações entre grupos políticos para manutenção de interesses próprios, da utilização do sindicato como escada para o mundo acadêmico ou partidário, do dirigismo, são velhas práticas que se repetem em todos os lados da luta política e que contribuem para a negação dos sindicatos e partidos como instrumentos de luta da classe trabalhadora. O aslfalto, a ponte, o viaduto Ganindo pra lua Nada continua... E o cano da pistola Que as crianças mordem Reflete todas as cores Da paisagem da cidade No Rio de Janeiro ao mesmo tempo em que cresce a contestação ao governo de Cabral e Paes, crescem também -e como resultado desses governos- organizações de direita em setores cada vez mais jovens da sociedade. O recente caso de milícias de jovens da zona sul que acorrentaram um jovem pobre e negro no poste, fazendo da barbárie seu instrumento de suposta justiça, nos aler- ta para mais esse fenômeno socialmente produzido. Esse caleidoscópio social, também nos brinda com exemplos belos de eclosão e solidificação de movimentos culturais e políticos alternativos na defesa dos interesses populares e de uma nova ordem e de outros -como o rolezinho- que mesmo não tendo nascido da contestação, por si só já denunciava a falta de políticas e alternativas sociais e culturais para a juventude das classes populares. Setores da sociedade que não tinham visibilidade no cenário político despontam, como é o caso do movimento indígena que tem se afirmado e constituído bandeiras de luta importantes e parcerias com movimentos urbanos. Nesse clima de movimentação vivemos o questionamento a partidos e sindicatos. Questionamentos que tem legitimidade e limites. Legitimidade por conta dos exemplos partidários que não são dos melhores. O PT, fenômeno mundial de partido popular, nascido das lutas contra a ditadura militar e por direitos da classe trabalhadora, no poder porta-se como representante da velha ordem. A CUT se sedimentou como correia de transmissão do governo. Os sindicatos desgastados com suas bases perpetuam burocratas e não fazem mais do que a política do feijão com arroz. Partidos e sindicatos repetem dogmas incompatíveis com os novos tempos e não tem dado conta de reconstruir uma pauta para a disputa da sociedade e de reorganizar a base sindical, além de se assentarem sobre a visão do centralismo cada vez mais burocratizado. Limites, pois muitas vezes o voluntarismo, o vanguardismo, o individualismo e o imediatismo se sobrepõe à construção de políticas que reaglutinem as classes populares. Também levam a análises superficiais e maniqueístas do movimento abstraindo a história e identidade das organizações dos trabalhadores, em uma tentativa de reinventar a roda. Se por um lado critica-se corretamente a burocratização e peleguice de partidos e sindicatos, por outro também é correta a crítica ao niilismo, imediatismo e vanguardismo que afloram de indivíduos e organizações políticas. Em comum entre burocratas e vanguardistas está a substituição e desprezo pela participação ativa das massas populares ou das bases de categorias organizadas. E isso não é nenhuma novidade... Necessitamos de novas sínteses de concepção e prática política de organizações independentes, partidárias e sindicais. Vapor barato Um mero serviçal Do narcotráfico Foi encontrado na ruína De uma escola em construção... Aqui tudo parece Que era ainda construção é uma luta somente sindical, deve ser uma luta E já é ruína de todos os movimentos que seguem na busca de Tudo é menino, menina uma escola pública. No olho da rua Enquanto Cabral/Risolia aprofundam a políPolítica educacional e tica de “enxugamento” da Renovação do sindicato rede estadual, Paes/Costin Se por um lado critica-se O conhecimento da hissedimentam a pulverização tória do desenvolvimento corretamente a burocratização da rede municipal com midas redes, do sindicato e de niprojetos que são desaguasuas lutas é fundamental e peleguice de partidos e douros do dinheiro público para construirmos táticas para fundações e firmas. Os de combate às políticas sindicatos, por outro também exemplos não faltam. Dos públicas de desmonte e brinquedos (Banco Imobilié correta a crítica ao niilismo, precarização da educação ário), passando pelas apospública, adotadas pelos imediatismo e vanguardismo tilas da fundação Ayrton diversos governos. A Rede Senna e Roberto Marinho, Estadual, que já foi a maior que afloram de indivíduos e a terceirização do setor de rede no Rio de Janeiro, hoje funcionários aos contratos tem o mesmo tamanho da organizações políticas de aluguel dos aparelhos rede municipal da capital. de ar-condicionado, na cliA política de 15 anos de matização das escolas feita PMDB na educação no Espor Cabral/Risolia, temos tado municipalizou e fechou centenas de escolas. um leque de firmas, fundações, empreiteiras que Na década de 80 até meados da década de 90 expandem seus negócios às custas dos direitos de contávamos com cerca de 3 mil escolas estadutrabalhadores e alunos. São cifras “faraônicas”. ais, hoje não passam de 1.300. Essa política de Em comum também entre os projetos levados enxugamento da maior rede em nosso estado a cabo em todas as redes públicas em nosso esexpulsa alunos das escolas. Se cruzarmos os datado estão, a perda da autonomia pedagógica e dos do último censo do IBGE de jovens em idaprecarização do trabalho do professor, a terceiride de cursar o ensino médio -responsabilidade zação, a transmissão direta da verba pública da do Estado- e o número de matrículas (em todas educação para empresas “educacionais”. As preas redes) veremos que milhares de jovens estão feituras se embalam no berço dos grandes negófora da escola (mais de 200 mil). Estudos do Prof. cios afiançados pelos padrinhos Cabral/Paes. Nicholas Davies comprovam que o Estado dimiNo outro lado da linha os profissionais da edunui em mais de 34% as matrículas em sua rede de cação resistem e lutam. Na construção histórica 2006 até 2013. Sabemos que a população jovem de 37 anos que resulta no SEPE, temos a síntese não diminuiu em 30% de 2006 até hoje. Portande bandeiras e movimentos dos profissionais da to, fica a pergunta inevitável, onde estão esses educação das redes públicas em nosso estado. O jovens? Qual a opção de vida que lhes foi dada? SEPE passou por muitas mudanças tais como a A quem coube sua educação (ou deseducação)? ampliação dos quadros - no Congresso de 1987Ao mesmo tempo o assassinato de jovens para a representação também dos funcionários negros e pobres cresce exponencialmente. Não administrativos e posteriormente (Congresso de é mera coincidência. A política de educação do 1992) para orientadores e supervisores. Assim, gaEstado não é só criminosa para com os profissiorantimos que a fragmentação de nossa base não nais da educação no que tange a dignidade saacontecesse -como na saúde onde em um meslarial e de condições de trabalho. É uma política mo hospital existem diversos sindicatos (médicos, genocida na medida em que expões milhares de enfermeiros, auxiliares de enfermagem, limpeza, jovens, principalmente das periferias e favelas à etc). Também mudamos a forma política da direviolência das ruas e violência institucional. ção, sendo um dos primeiros sindicatos a acabar A política meritocrática que tem crescido com o presidencialismo e instituindo o colegiado como consenso também entre prefeitos de nosso e depois a proporcionalidade direta para a direção estado (sob a liderança de Risolia e Costin) não do sindicato (Congresso de 1991). conseguiu nem mesmo aquilo a que se propôs, Ao mesmo tempo em que ampliou os setores ou seja, melhorar a posição das redes no ranquerepresentados, o SEPE também ampliou o númeamento nacional e internacional. No berço do ro de municípios onde organiza as redes públicas. laboratório dessas políticas -E.U.A.- a autocrítica Esse crescimento resulta do aumento do peso das de autoridades educacionais que as implemenredes municipais na escola básica, crescimento taram tem sido a tônica no começo dessa décadado tanto pela política do FUNDEF (agora FUNda. Nesse sentido, o combate a meritocracia não DEB), quanto pela municipalização das escolas. TESES GERAIS - PÁGINA 2 O SEPE enraíza-se em nosso estado, sendo, em situações colocadas em cada prefeitura, para unimuitos municípios, um dos únicos movimentos formizar a política do sindicato. organizados de trabalhadores. Nosso sindicato orPrecisamos renovar o SEPE não somente em ganizou a luta dos setores e das redes e por isso suas práticas, mas também apostar na renovatornou-se um dos mais importantes do Estado do ção com a cara da categoria e o compromisso Rio, tanto pela extensão territorial e da base recom uma pauta popular para a educação públipresentada, quanto pelo acúmulo e visibilidade ca. Necessário realizar e aprofundar atividades e política. parcerias com movimentos sociais. Reinventar as Nossa pauta histórica e representatividade já instâncias de base, reorganizar a categoria e criar estão consolidadas em mais de 40 municípios orespaços para participação dos novos professores e ganizados pelo sindicato. No entanto, precisamos funcionários das escolas públicas. manter a unidade orgânica e política a toda essa Momento fundamental para encontro nacional organização e demanda vindas das redes municie construção de um congresso popular de educapais. A coesão da pauta de reivindicações e visões ção. político/educacionais são fundamentais para o Balanço das greves na educação pública no combate às políticas neoliberais e a tentativa de Estado do Rio de Janeiro pulverização de nossa categoria que visa diminuir No Brasil inteiro houve greves da educação em nosso poder de pressão e contestação. Nesse sen2013. Também no Estado do Rio as greves foram tido, é necessário consolidar os conselhos delibeorganizadas pelo SEPE em diversos municípios, na rativos das redes municipais como espaço de decapital e na rede estadual. Volta Redonda abriu o bate e coesão das pautas e políticas educacionais, ano com uma greve intensa, marcada pela judiciasob o risco do SEPE virar um somatório burocrátilização, com multa pesada aplicada pelo judiciário co de núcleos e regionais. ao sindicato. Seguiram greves e Precisamos renovar o SEPE Precisamos de espaços paralisações em Valença, Vassoude elaboração e síntese ras, São Gonçalo, Nova Iguaçu, não somente em suas de políticas sindicais. A Caxias, São João, Itaboraí, Belford direção central, embora práticas, mas também Roxo, Campos, Niterói, Japeri, Itaconstituída por diretores tiaia, Mesquita, Cabo Frio, Arraial de diversos núcleos e re- apostar na renovação do Cabo, entre outros. gionais, não dá conta da A tendência dos conflitos secom a cara da categoria diversidade de nosso sinrem mediados pelo judiciário dicato hoje. O SEPE hoje, segue a conjuntura nacional de pela sua representação e o compromisso com criação de jurisprudência que justerritorial e de base, além uma pauta popular para a tifique a aprovação da lei de greve do número de filiados, é o para o funcionalismo, restringindo maior sindicato do Estado educação pública o direito previsto na Constituição. do Rio de Janeiro e um Outras tantas greves das redes dos maiores do país. municipais foram parar nos tribuOutra tarefa apontada pelas demandas da nais, como Vassouras, com multas e demissões. A categoria é continuarmos na ampliação de nosrede municipal do Rio de Janeiro e a rede estadual sa representação na mesma medida em que a tiveram o mesmo destino. Município do Rio ecloescola pública amplia os setores que nela trabadiu, após duas décadas e embalado também pelas lham. Hoje a expansão da educação infantil traz manifestações de junho, na maior greve da cateo segmento de auxiliares de creche para a escola goria na história do SEPE/RJ. A exemplo do que pública em todas as redes municipais. O debate vivemos na grande assembleia de greve em 1986 oriundo desse setor se pauta em torno de seu pano Maracanãzinho, onde mais 20 mil profissionais pel pedagógico e sua forma de ingresso. No papel da educação lotaram as arquibancadas e imediapedagógico, pois aponta o debate se a natureza do ções além das passeatas e atos, o município retrabalho das auxiliares é meramente de “cuidar” alizou assembleias e passeatas massivas, reacen-mais próximo a área da assistência social- ou se é dendo a dinâmica de organização pela base. Miuma natureza educacional. Deriva desse debate a lhares de profissionais da educação participaram forma de entrada na escola pública através de conativamente das assembleias de base das regionais curso e a formação exigida para tal. Muitas redes e outros tantos filiaram-se ao sindicato, reconheainda têm creches conveniadas, contratos precácendo-o como representante da categoria. Foi o rios e não tem exigência de formação específica. O basta à política meritocrática orquestrada pela debate está em curso e cabe ao SEPE organizá-lo e economista Claudia Costin na Prefeitura do Rio. liderar a luta pela organização do setor em todas Na rede estadual, a greve eclodiu sob influência as redes. Para isso, é urgente um seminário/conda greve do município do Rio e também realizou ferência da educação infantil, levantando todas as atos e passeatas pelas ruas da capital. TESES GERAIS - PÁGINA 3 Todas as formas de luta foram utilizadas pela categoria nas duas greves. Passeatas, atos, ocupações, reuniões com pais, divulgação pelas redes sociais, etc. A violência do aparato repressivo foi divulgada internacionalmente, desmascarando mais uma vez a política repressiva dos governos e manchando a imagem do Rio de Janeiro e do país da copa. Entre avanços e retrocessos na pauta de reivindicações e nas negociações no município do Rio e Estado não tiveram destino diferente de outras redes. A audiência em Brasília, chamada pelo ministro Fux, por um lado cumpriu o papel programado pelo poder de forçar o fim das greves, por outro garantiu que não fosse adiante os inquéritos administrativos -já iniciados na rede estadual- e o corte de ponto. Também deixou claro, a falta de disposição dos governos de reais negociações. A categoria -tanto rede estadual quanto rede municipal- votou pelo fim da greve, não pertencendo à direção do sindicato tal decisão. Além do poder executivo e legislativo -que servem a interesses privados das grandes empresas- o judiciário agora mostra mais claramente sua cara. O Supremo Tribunal Federal, que andava bem no IBOPE por conta da atuação de Joaquim Barbosa, consolida sua participação no endurecimento dos poderes contra os trabalhadores e suas lutas. Basta ver as últimas declarações de Fux sobre o direito de greve do funcionalismo público. Os interesses privados se rearticulam em todos os aparatos da sociedade contra os interesses dos trabalhadores. Não podemos ter nenhuma ilusão de que o judiciário irá cobrar dos governos o cumprimento de leis e acordos de interesses dos trabalhadores. Para todos eles, o que importa é que a copa do mundo aconteça sem maiores conflitos. Nesse breve balanço das greves não podemos deixar de tocar nos questionamentos feitos à direção do SEPE. A ausência de uma parcela da direção, principalmente na rede estadual, foi evidente e deve ser cobrada. O emperramento da “máquina” do sindicato, embora seja superdimensionado por alguns grupos, também é fato. Mas precisamos localizar as críticas, dimensioná-las e apontar para cobranças justas. No afã de construir-se, diversos grupos políticos exageraram no tom, sendo desrespeitosos -para dizer o mínimo-, ignorando os espaços, arvorando-se as “vozes do povo”. A discussão sobre as formas de luta apontadas por grupos de forma insistente nas assembleias da rede estadual são outro elemento de debate. Não há oposição entre ação direta, passeatas e etc. A ação direta das massas, existe somente em movimento de massa, diferente disso, é ação direta de grupos que se auto intitulam “representantes da vontade do povo”. A Câmara de vereadores do Rio foi ocupada pela base da categoria, as manifestações gigantescas da rede municipal foram cruciais para dar visibilidade às greves. A participação massiva da categoria foi a verdadeira ação direta das massas. Precisamos debater se estamos em um momento onde devemos substituir a vontade da categoria organizada em seu sindicato e em suas instâncias deliberativas por outra forma de movimento. O saldo das duas greves deve ser cobrado em 2014 e o combate às políticas educacionais meritocráticas deve ser aprofundado, não somente em momentos de greve, mas no dia a dia das escolas, ouvindo os colegas, debatendo e no convencimento para que participem da luta, construindo propostas de mobilização que garantam a participação da mais ampla parcela possível da categoria. Terceirização Prefeituras e governo do Estado empurram o setor administrativo das redes públicas para a terceirização como forma de transmissão de verba pública para firmas. Estas repassam gordas contribuições para campanhas de candidatos com o interesse de manutenção dos contratos. Esse é um jogo de poder e negócios que prospera no Estado do Rio de Janeiro. Na rede estadual a terceirização dos funcionários é maior que na rede municipal do Rio. No Estado só houve dois concursos para o setor sendo o primeiro em 1993 e o segundo 20 anos depois -em 2013. O número de terceirizados ultrapassa os 20 mil funcionários, sendo merendeiras, serventes, agentes administrativos, vigias e porteiros. A terceirização na rede municipal do Rio se restringe à limpeza, a cozinha e a portaria. Começou pela limpeza (com firmas) passando depois para os garis da COMLURB. Hoje existem poucos serventes nas escolas municipais do Rio, sendo muitos deles readaptados. Recentemente houve a terceirização na cozinha com o concurso de agente de preparação de alimentos (APAS) da COMLURB. Ao contrário dos serventes, ainda existem muitas merendeiras na rede municipal em algumas escolas enquanto em outras as cozinhas funcionam com APAS da COMLURB. Há pouco tempo a Prefeitura colocou nas cozinhas de algumas creches, funcionários da firma MAZAN. Após a tragédia de Realengo houve o contrato de funcionários da empresa VPAR para a portaria das escolas. Antes da tragédia não havia porteiros nas escolas. O concurso para agente educador, auxiliar de creche e secretário escolar foi recente. Houve um aumento de demandas políticas no quadro de funcionários, bem como uma renovação através de concursos. Existem mais de 16 mil funcionários estatutários na rede. Devemos continuar lutando pela redução da carga horária para 30 horas semanais, chamada dos concursados, realização de novos concursos, o fim da terceirização e o enquadraestar à frente da reconstrução de um movimento mento das merendeiras como cozinheiras. Como independente nacional de educadores e já estaos garis e os APAS da COMLURB são concursados mos nessa caminhada junto ao ANDES /sindicato devemos defender a efetivação deles como ese outras entidades. tatutários. A pauta de reivindicação dos funcionários já Eu não espero pelo dia está absorvida pelo movimento. A organização Em que todos desse setor, diferente de aposentados, segue a Os homens concordem lógica da organização por local de trabalho e asApenas sei de diversas sembleias locais, não justificando encontros anuHarmonias bonitas ais específicos. As discusPossíveis sem juízo fiNão há oposição entre ação sões gerais como conjuntunal... ra, plano de lutas e etc, são direta, passeatas e etc. A cumpridas pelas instâncias Eleições do SEPE e estagerias da categoria nas as- ação direta das massas, existe tuto sembleias de campanha saTendo em vista que as larial e congressos. Propo- somente em movimento de transformações sociais e mos plenárias organizativas dos novos tempos, massa, diferente disso, é ação políticas específicas do setor nos núnosso sindicato deve adapcleos e encontros bianuais. direta de grupos que se auto tar sua estrutura e para isso é necessário avançar na disCNTE cussão da reforma do nosso intitulam representantes da Quando definimos em Estatuto. O estatuto deve ser vontade do povo” Congresso do SEPE -e em resultado das sínteses polí2011 reafirmamos no ticas da movimentação da maior Congresso realizado categoria e suas represenaté hoje com mais de 1300 delegados eleitos tações. Os profissionais da educação, quer seja na base- a desfiliação do SEPE à CNTE, foi pelo por sua quantidade, quer seja pela natureza de entendimento de que a mesma continuava fiseu trabalho, tem construído ao longo dos anos liada à CUT- central sindical umbilicalmente liuma diversidade ímpar de grupamentos políticos gada ao governo federal. A pergunta é se esse e de militantes independentes que constituíram papel mudou e se temos chance de, por dentro o SEPE como um sindicato amplo, democrático e da CNTE, mudar a correlação de forças e fazer portanto, muitas vezes contraditório. Essa realicom que esta funcione para potencializar as ludade de nosso sindicato nos diferencia de outros tas dos educadores no país. Parece-nos que em tantos sindicatos burocratizados. Muitas vezes 2013, mais uma vez, a CNTE foi omissa nas greditas “oposições” e ditas “situações” convivem ves que eclodiram no país, e no Rio de Janeiro, em uma mesma diretoria com toda gama de situpara honrar sua trajetória, a CNTE não mais fez ações que isso implica. do que mandar uma nota de apoio. Correntes e grupamentos são impor A prioridade do SEPE/RJ deve continuar tantes para o aprofundamento de discussões e a ser a aprovada pelos dois últimos congressos: práticas políticas, mas não podem tornar-se um de rearticulação das forças e sindicatos indepenfim em si mesmos, reinventando-se apenas para dentes de governos. Assim, o encontro nacional manter-se no controle do aparato. A natureza de de educação puxado pelo ANDES/Sindicato e ouagrupar-se pela identidade política é generosa tras entidades, reeditando os Coneds (Congresso na medida em que visa o aprofundamento de Nacional de Educação) soma-se a essa perspecdiscussões e debates para proposição aos fóruns tiva e libera nossas energias de uma luta interna maiores da classe trabalhadora. No entanto, não via Congressos e direção da CNTE. Esse encontro se pode substituir os espaços das organizações, nacional deve se debruçar também sobre o plano que são partes constitutivas do movimento, penacional de educação, a política da meritocracia los espaços mais gerais e representativos da clase sobre a falácia do financiamento da educação se. Práticas de alianças pragmáticas visando as através do pré-sal, que inclui também o financiaeleições do sindicato simplesmente tem desgasmento da educação privada com dinheiro públitado a proposta generosa de proporcionalidade co. As mudanças no cenário nacional empurram direta na base, forma verdadeira de uma direção para essa reconstrução do movimento e não para representativa de todos os setores e correntes a consolidação de instrumentos que já não dão de pensamento existentes na categoria. A “dança conta da necessidade de ampliação de nossa cordas cadeiras” promovida pela troca de interesses relação de forças. na direção tem dificultado a construção de uma Temos condições e compromisso político para linha clara e coesa de propostas e ações políticas TESES GERAIS - PÁGINA 4 e administrativas para o sindicato. Mas essas práe estadual, pois seriam menos escolas para cada ticas provaram que é impossível a convivência na regional , dinamizando a organização. direção de posições e concepções políticas diferenciadas? O debate se resume simplesmente à Mudanças no Estatuto volta da majoritariedade ou a proporcionalidade Capítulo I direta? Existem outras propostas de proporcioArt. 2º O Sepe/RJ tem por finalidade: nalidade que possam ajudar a superar o probleI - (adendo) reunir e congregar os professoma da pulverização da direção geral? res, funcionários administrativos, orientadores, Para nós, a proporcionalidade deve ser um supervisores e ANIMADORES CULTURAIS (ADENexercício de construção política respeitosa e hoDO), ativos e aposentados, enfim os profissionais nesta entre diferentes. Não podemos abrir mão de educação das redes públicas de educação Esdela. Mas, também é preciso pensar sobre saídas tadual e municipais do Estado do Rio de Janeiro: para a pulverização política da direção. Por isso propomos um sistema misto, onde a chapa mais II – (inciso modificado); Defender direta e votada garanta maioria, mas todas as chapas tem prioritariamente interesses profissionais dos serparticipação na direção. Ou seja, a chapa mais vovidores constantes no inciso I. tada escolhe 50% dos cargos e os outros 50% dos cargos restantes serão distribuídos proporcioArt. 4º (adendo): tem direito a ser sócios do nalmente entre todas as chapas participantes da Sepe/RJ todos os professores, funcionários admieleição. Acreditamos que nistrativos, orientadores, essa proposta possibilita a Para nós, a proporcionalidade supervisores e ANIMADOredução da fragmentação RES CULTURAIS (ADENDO), bem como ajuda a consoli- deve ser um exercício de ativos e aposentados das dação de chapas mais uniredes estadual e municipais ficadas que serão maioria construção política respeitosa e de todo o Estado do Rio de e minoria significativas na honesta entre diferentes. Não Janeiro. direção sindical sem o risco da majoritariedade exclu- podemos abrir mão dela § 3º (Adendo): A admissão no quadro social se fará dente. mediante a comprovação Contudo, o fundamendo vínculo funcional NAS tal é resgatar compromisso REDES ESTADUAL OU MUNICIPAIS DO ESTADO DO dos eleitos com a direção do sindicato e não com RIO DE JANEIRO, CONFORME O ESTABELECIDO a auto construção das correntes e grupamentos NO ART.2, INCISO I COMBINADO COM O CAPUT políticos. DO ARTIGO 4º, da apresentação do diploma da Até que ponto uma direção de 60 pessoas (48 habilitação profissional ou da matrícula em instititulares e 12 suplentes) não estaria absorventuição de ensino na área de educação. do grande parte da militância que poderia estar sedimentando a organização de base (núcleos e ARTIGO 6º - Os sócios são classificados nas seregionais)? Propomos reduzir pela metade a diguintes categorias: reção do SEPE-RJ e aumentar para sete o mínimo e máximo de 24 diretores para os núcleos com I – (MODIFICAÇÃO): EFETIVOS – Os que se enmais de mil filiados, mantendo o mínimo de cinquadram nas condições do artigo 2, inciso I comco diretores para os núcleos com menos de mil binado com Caput do artigo 4º. filiados. É necessário horizontalizar a direção do sindicato, dando maior peso aos núcleos de base. II - PROVISÓRIOS (modificação): Os estudanO conselho fiscal eleito em congressos deve tes da área de Educação e os que se enquadram ter o mandato o mesmo tempo da direção do nas condições do § 1º do artigo 4 -“os professoSEPE, isto é, três anos. Além disso, para que funres e funcionários que apresentem habilitação cione deve ter no mínimo cinco filiados, e se reprofissional com relação ao ensino do Ensino duzido a menos de cinco filiados, deve-se convoFundamental e do Ensino Médio” Combinado car assembleia de filiados para eleger conselho com o § 3º acima citado. provisório até o próximo congresso. No último Congresso do SEPE em 2011 foi JUSTIFICATIVA DA MUDANÇA: aprovada a divisão das regionais do Rio de JaComo os artigos 2º e 4º já garantem que toneiro. Não foi encaminhada por divergências dos das redes estadual e municipais tenham o não resolvidas entre diversos setores políticos. A direito de ser sócios, a questão da apresentação deliberação do Congresso não foi cumprida. Se de habilitação do ensino fundamental e médio só tivéssemos dividido as regionais teríamos facilié justificado para quem não pertence a nenhutado a organização das greves da rede municipal TESES GERAIS - PÁGINA 5 ma das duas redes, assim sendo se equiparam ao caso dos estudantes da área de educação que também são provisórios . Conselho fiscal Art. 53 – alterar o tempo de mandato de dois para três anos. §4º- Se o nº de membros do conselho fiscal do SEPE/RJ se reduzir a menos de 5 filiados será eleito um conselho fiscal provisório numa assembleia de filiados com mandato até o próximo congresso. §5º - Será garantida a proporcionalidade na eleição do conselho fiscal. Direção Proporcional sendo 50% dos cargos escolhidos pela chapa com maior votação e os outros 50% divididos proporcionalmente com as chapas participantes do pleito. Em caso de número ímpar em núcleos e/ou regionais, o cargo que sobra irá para a distribuição da proporcionalidade. Regionais e núcleos com pelo menos 1000 filiados – mínimo de 7 e máximo de 24 diretores Núcleos com menos de 1000 filiados – mínimo de 5 e máximo de 24 diretores Sepe Central – 24 efetivos e 6 suplentes Sendo: 3 coordenadores gerais: 3 coordenadores da capital; 3 coordenadores do interior; 2 secretaria de aposentados; 2 secretaria de funcionários, 2 Secretaria de assuntos educacionais/ formação; 2 secretaria de finanças; 2 secretaria de imprensa; 2 secretaria de organização; 2 secretaria do jurídico, 1 secretaria de saúde. Divisão das regionais Regional 2 -As escolas que pertencem à 6ª e 8ª CRE e a metro 4 passariam a formar uma nova regional. Eleição de Representantes Art. 61 – I - a unidade escolar com até 30 servidores elegerá uma representante. II – As unidades escolares com mais de 30 servidores elegem um representante para cada 30 ou fração igual ou superior a 15. Congresso e Conferências Um ano após as eleições do SEPE será realizada uma conferência de Educação e no ano seguinte o congresso ordinário. Meu canto esconde-se Como um bando de Ianomamis Na floresta Na minha testa caem Vem colocar-se plumas De um velho cocar... Plano de lutas - Organizar o Congresso popular de Educação - Marcha da educação no primeiro semestre no Rio - Priorizar a construção do encontro nacional de educadores em 2014 - Organizar a luta contra a terceirização do setor de funcionários -Organizar o encontro estadual de auxiliares de creche( conferência de educação infantil) - Lutar pelas 30h de funcionários em todas as redes - Concurso público para todos os setores administrativos - Efetivação do pessoal concursado da merenda e limpeza no município do Rio(Comlurb) - Lutar pela mudança de denominação de merendeiras para cozinheiras em todas as redes - Pela autonomia pedagógica dos profissionais da educação - Pelo fim dos contratos com fundações privadas para compra de materiais didáticos e tecnologia educacional .Contra a obrigatoriedade nos concursos de filiação ao Conselho Estadual de Educação Física .Organização de encontros de professores por disciplina .Eleição direta para direção de escola em todas as redes ASSINAM ESTA TESE Aldracir Casanova- Angra dos Reis Jaime Otero – Angra dos Reis Aldemira Eliza- São Gonçalo Ana Valéria- São Gonçalo Beatriz Lugão- São Gonçalo Epaminondas – São Gonçalo Ilana Cardoso- São Gonçalo Israel Oliveira – São Gonçalo José Ricardo- São Gonçalo Rosa – São Gonçalo Judy Helen- São Gonçalo Leila Xavier- Nova Iguaçu Romário - Nova Iguaçu Edinez - Nova Iguaçu Damiana Oliveira- Nova Iguaçu Lourdes Monteiro- Itaborai Luiz de Abreu- São João de Meriti Marcos- São João de Meriti Marta Moraes- São João de Meriti Elizângela de Moraes- São João de Meriti Marcio Vatimo- São João de Meriti Sandra R. Viera- São João de Meriti Paulo Tiago- São João de Meriti Marlene T. Cabral- São João de Meriti Simone Alves- São João de Meriti Rosalice Rosa (aposentada)- São João de Meriti Marta Margareth- São João de Meriti Tania Mara- São João de Meriti Nadir de Castro- São João de Meriti Cordélio Guimarães- São João de Meriti Edna Maia- São João de Meriti José Augusto- São João de Meriti Hélio de Azevedo- São João de Meriti Eva Dionísio- Rio das Ostras Soneli-Caxias Carla de Andrade-Caxias Marisa Gonzaga-Caxias Antonio Alvez-Caxias Vera do Egito- Caxias Jalmir Silva- Regional II Simone Lima – Regional VIII André Pessoa - Faetec TESES GERAIS - PÁGINA 6 Núcleo de São João de Meriti 1. Marcio Vátimo 2. Sandra Vieira 3. Paulo Tiago 4. Marlene Cabral 5. Elizângela Moraes 6. Simone Alves 7. Rosalice Rosa 8. Marta Margareth 9. Tânia Mara 10. Nadir de Castro 11. Cordélio Guimarães 12. Edna Maia 13. José Augusto 14. Hélio de Azevedo 15. Tatiana da Silva 16. Diogénes Santos 17. Beatriz França 18. Thaís Bolognini 19. Gabrielle Araujo 20. Jeiel Marins 21. Lígia Bronzi Tese 2 “SEPE INDEPENDENTE, CLASSISTA E DE LUTA PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA, DEMOCRÁTICA E DE QUALIDADE” Conjuntura Internacional A crise do capitalismo, iniciada em 2007, nos EUA, expõe as grandes contradições do sistema. A pregação neoliberal, que advogava a liberalização do mercado e o Estado mínimo, agora lança mão dos recursos públicos e de uma intervenção governamental inédita para salvar bancos, grandes empresas falidas e o sistema financeiro, principais responsáveis pela crise. Países como Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha perderam a soberania sobre as políticas monetárias, cambial e fiscal, e aplicam os pacotes da troika (FMI, Banco Central Europeu e UE). O objetivo é desmantelar o Estado de Bem-Estar Social e reduzir o custo do trabalho para recompor e ampliar os lucros capitalistas, recuperar competitividade e enfrentar a concorrência asiática. O movimento sindical é o principal protagonista da resistência à receita recessiva da troika. A América Latina vive um novo cenário político com as iniciativas de integração em curso nos países da região, associadas às políticas de redistribuição de renda e redução das desigualdades sociais. A nova ordem regional vai se definindo em oposição ao projeto neoliberal e imperialista dos EUA, através da negação do projeto da Alca, do combate aos acordos bilaterais de livre-comércio, do es- vaziamento da OEA, com a criação da Celac, hoje presidida por Cuba, da ampliação do Mercosul, do fortalecimento da Unasul, da rica experiência da Alba, entre outros. Conjuntura Nacional Nos últimos dez anos, o Brasil vivenciou mudanças políticas e sociais significativas. O projeto neoliberal, capitaneado pela coligação PSDB/DEM, foi derrotado e interrompido. Um ciclo de mudanças, embora ainda tímido, está em curso, sintonizado com o novo cenário político da América Latina e é o ponto de partida para as transformações sociais mais profundas demandadas pela nação. O Brasil adotou uma postura que confrontou a Alca, priorizou a integração latino-americana e buscou a parceria estratégica com a China e outros membros do Brics. A distribuição da renda nacional melhorou sensivelmente, inclusive nos anos de crise, e a desigualdade social, embora ainda elevada, recuou ao menor patamar desde os anos 60, basicamente em função da expansão da renda do trabalho. Apesar dos avanços e conquistas, os efeitos da crise mundial na economia brasileira transparecem no comportamento do PIB, que vem desacele- É imperioso ampliar a capacidade de mobilização e o protagonismo da classe trabalhadora! TESES GERAIS - PÁGINA 7 rando, num cenário agravado pela recessão da indústria e a preservação de uma política fiscal e cambial conservadora. O relacionamento comercial com as potências asiáticas encerra riscos para a indústria nacional e estimula a reprimarização da economia. Além disso, não houve avanço na direção das reformas estruturais demandadas pelas forças progressistas e os movimentos sociais. Para conquistarmos mudanças, com valorização do trabalho, é imperioso ampliar a capacidade de mobilização e o protagonismo político da classe trabalhadora e dos movimentos sociais, que devem marchar unidos na luta por um novo projeto nacional de desenvolvimento, com Reforma Urbana, Reforma Agrária, Valorização do Trabalho e Democracia. Política Sindical É importante lutar pela concretização da agenda por um novo projeto de desenvolvimento com valorização do trabalho, soberania e democracia, priorizando as seguintes bandeiras: - Redução constitucional da jornada para 40h semanais, sem redução de salários. - Mudança da política macroeconômica: Redução das taxas de juros, fim do superávit primário, controle do câmbio, do fluxo de capitais e taxação das remessas de lucro, maiores investimentos públicos. - Universalização das políticas públicas, garantindo saúde e educação de qualidade para todos. - Não às terceirizações; proibição da terceirização no setor público. - Fim do fator previdenciário. - Fim da discriminação contra mulheres, negros, índios e jovens. - Combate à homofobia. - Reforma agrária e fortalecimento da agricultura familiar. - Reforma tributária, com taxação das grandes fortunas e heranças. - Democratização da mídia. - Fim do financiamento privado das campanhas eleitorais. - Regulamentação do princípio constitucional que impede a demissão imotivada. - Retorno do SEPE à CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação). Política Educacional A ampliação do número de creches, das escolas de Educação Infantil e de Educação Básica, e a melhoria da qualidade da Educação continuam sendo nossos principais desafios. Nesse contexto, a valorização dos educadores revela-se como uma das condições fundamentais para a conquista desse objetivo. A valorização profissional não depende só da melhoria das condições de trabalho, com escolas bem equipadas, mas também do aumento expressivo dos salários. O valor do piso nacional, assegurado pela lei 11738/2008, é muito baixo, mesmo assim, ainda hoje, não é respeitado em grande parte do território nacional. É preciso mudar essa realidade com a elevação significativa do piso nacional do magistério e o cumprimento da legislação por parte dos governos estaduais e prefeituras. A hora-atividade, que destaca 1/3 da jornada remunerada para atividade extraclasse, deve ser efetivada bem como os planos de carreira e demais reivindicações do magistério. O reconhecimento dos funcionários das escolas é outra questão muito importante pelo papel que estes exercem no processo de construção de uma Educação de qualidade. Nesse sentido, o SEPE deve lutar por um plano de carreira unificado e pelo fim de todas as terceirizações. Enfrentar os problemas da Educação passa pelo aumento significativo dos investimentos públicos. Assim, devemos lutar pela elevação do valor dos investimentos em Educação para 10% do PIB. No Estado do Rio de Janeiro e na capital, o governo Cabral e o prefeito Eduardo Paes, através de manobras contábeis, não aplicam os recursos carimbados para a Educação e mantém o discurso da falta de verba. Adotam políticas que promovem reengenharias na esfera da gestão, seguindo a cruel lógica do neoliberalismo. Seguem a mesma linha de autoritarismo e arrogância, na implementação de suas políticas educacionais, no desmonte da estrutura da Educação Pública em favor dos interesses de grupos e fundações de empresas privadas. Promovem a truculência, a judicialização e a criminalização dos movimentos grevistas e sociais. Dezenas de escolas foram fechadas, a matriz curricular foi reduzida. Cresceram, absurdamente, a terceirização e a precarização do trabalho. Os direitos trabalhistas têm sido desrespeitados, rotineiramente. O assédio moral se torna uma prática espúria, dentro das escolas. O movimento grevista de 2013 foi um marco histórico na luta contra as políticas neoliberais na Educação. A brutalidade usada pelos governos, expressa no estado de sítio criado no Rio de Janeiro, por ocasião da votação do plano de cargos e salários dos profissionais da educação do município, demonstrou o caráter antidemocrático e antipopular desses governos. Em que pese o fato da pauta de reivindicações da categoria não ter sido conquistada, na maioria dos seus itens, e que a greve tenha terminado através de um acordo firmado junto ao Supremo Tribunal Federal, motivo de frustrações, já que só garantiu a suspensão das punições, o fato é que, politicamente, a greve foi vitoriosa por diversas razões, principalmente por: - Proporcionar a retomada da mobilização dos profissionais do município, que não faziam greve há quase 20 anos. - Realizar gigantescas manifestações de rua, conquistando a solidariedade e o apoio da sociedade de uma forma jamais vista, até então. - Desmascarar as políticas neoliberais da prefeitura e do governo do estado. - Mobilizar funcionários administrativos e professores, unificando o movimento no dia a dia das escolas. - Frear o processo meritocrático e a agenda privatista em curso, até então. - Lutar pela elevação do piso nacional do magistério. - Lutar pela aplicação do 1/3 da jornada remunerada para atividades extraclasse. - Lutar contra o modelo mercadológico para educação. - Lutar por creches públicas e escolas de tempo integral, com base na concepção da escola unitária. - Contra o projeto de Turno Único da prefeitura, que mascara o fim das escolas de tempo integral, na rede, e adultera o projeto inicial dos CIEPs. - Lutar pelo fim das terceirizações e precarização do trabalho. - Contra a redução da matriz curricular do ensino médio e fundamental, e pela hora-aula de 50 minutos no turno diurno. - Pela lotação em uma única escola, por matrícula. - Incorporar a perspectiva de gênero, raça, etnia e orientação sexual no processo educacional. - Pela eleição direta para diretores de escola. - Pela democratização dos Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Educação. ESTATUTO DO SEPE As greves das redes Estadual e Municipal, ocorridas em 2013,, demonstraram a necessidade de mudar, em vários aspectos, a forma de organização do SEPE. Para isso, propomos as seguintes mudanças estatutárias, de modo a que a entidade se adeque aos novos desafios, políticos e educacionais: - Criação do Núcleo da Capital. - Reuniões ordinárias da direção do SEPE Central devem ser quinzenais, com quorum de 1/3 dos diretores efetivos, sendo que os suplentes poderão, além do direito de voz, ter o direito de voto, no caso da ausência do seu titular. - O conselho deliberativo deve se reunir, ordinariamente, a cada três meses. - Publicação trimestral dos balanços e balancetes do SEPE Central. - Podem se filiar ao SEPE, apenas os profissionais da rede pública de ensino. - Majoritariedade nas eleições para a diretoria do SEPE Central. - Plebiscito como forma de decisão sobre questões estatutárias relevantes e estratégicas para a atuação do SEPE. Criação do Núcleo da Capital, já! Plano Educacional de lutas - Defender a Educação Pública Laica e de qualidade social. - Exigir medidas para a real valorização da carreira dos profissionais da educação e pelo plano de cargos e salários, realmente, unificado. - Reforçar a luta pela destinação de 10% do PIB à Educação e a real aplicação das verbas definidas em lei. ASSINA ESTA TESE CTB EDUCAÇÃO/RJ - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Núcleo da Educação do Rio de Janeiro TESES GERAIS - PÁGINA 8 Tese 3 SE O PRESENTE É LUTA, O FUTURO NOS PERTENCE CONJUNTURA: NOVOS JUNHOS VIRÃO ... -americana revela sinais de desgaste econômico. Com sua dominação colocada em xeque, os Estados Unidos da América apelou para a espionagem ampla e irrestrita, na qual teve Edward Snowden como seu principal denunciante. Tal Uma mudança na correlação fato revelou que o “Império do Tio Sam” utiliza-se de forças em nível mundial dos métodos mais sujos na sua política externa. A discussão de conjuntura é fundamental para Nesse contexto, é preciso que nosso país garanta entendermos a correlação de forças e a disposição asilo permanente e cidadania brasileira a Snowden da classe trabalhadora para lutar e nos mobilizar. como gratidão política aos serviços prestados à Uma boa análise de conjuntura tem que serhumanidade. vir para compreensão da realidade a ponto de Neste cenário de crise econômica, a estabilidafortalecer a nossa luta e nossa organização. Para de ideológica e política começam a ruir. As mobiisso, faz-se necessário compreender a dinâmica lizações, que aconteceram no mundo, no último econômica do sistema capitalista; a relação dos período, demonstram a fragilidade do modelo de fenômenos globais com a dinâmica nacional e dominação. local; e a disposição dos movimentos sociais de A primavera Árabe, revoluções que derrotaram fazer o enfrentamento político. as ditaduras de décadas, em janeiro de 2011, foDo nosso ponto de vista, duas questões marcam ram processos que apresentaram traços deste que a conjuntura mundial: a primeira, a eclosão da crise promete ser um novo período histórico. capitalista mundial a partir de 2008; a segunda, a Evidenciou-se o caránova disposição de luta no ter amplo do movimenmovimento de massas. A população se reencontrou to de massas, o peso da A crise econômica iniciada com a mobilização e, juventude no interior do em 2008 não é apenas mais movimento, a utilização uma crise do sistema capitaconsequentemente, com a sua democrática das redes solista. Tem dimensões estrutuciais, bem como a ausência rais comparáveis à depressão força. Aprendeu que é possível de direções anticapitalistas de 1929. Sua marca principal com influência entre as foi o início de uma estagna- lutar e vencer, sem precisar massas, a maior contração econômica mais profundição de todo o processo que uma pequena e velha casta da e prolongada, superior em em curso. Os indignados dimensão às crises cíclicas política lhe diga quais são as espanhóis, a juventude de momentos anteriores. portuguesa, o Ocuppy Wall Também se observa um limite suas necessidades Street, a ira dos jovens nemaior à ofensiva ideológica gros na periferia de Londres do capitalismo. demonstraram que este novo ascenso das lutas A crise parte do centro para a periferia. As altas sociais não se restringia ao norte da África. taxas de desemprego e em recessão em países As mobilizações de junho de 2013 em nosso europeus revelam isso. A própria situação norteTESES GERAIS - PÁGINA 9 país são parte deste processo. Os ensinamentos de junho O ano de 2013 foi um marco na história do país. Milhões de pessoas tomaram as ruas para protestar por melhores condições de vida. O Brasil, que faz investimentos milionários para receber os megaeventos, é o mesmo que a população agoniza na fila do SUS, que não tem acesso à educação de qualidade e sofre diariamente com o caos do transporte público. A população se reencontrou com a mobilização e, consequentemente, com a sua força. Aprendeu que é possível lutar e vencer, sem precisar que uma pequena casta política lhe diga quais são as suas necessidades. As passagens - o estopim para a onda de manifestações - foram reduzidas em todo o país. Obtivemos vitórias reais, obviamente, porém muito aquém das profundas transformações que nossa sociedade precisa. Contudo as lições de 2013 convergem para uma conclusão: a população tem totais condições de promover essas transformações. Assim como nas mobilizações internacionais anteriores, a ação de amplos setores da população foi uma marca do processo. É verdade que o eixo foi o alto valor das tarifas e a baixa qualidade do transporte público, mas não podemos ignorar que a defesa da saúde e da educação, o repúdio aos gastos da Copa e da Olimpíada e o combate à corrupção foram pontos-chave das jornadas de junho. A disputa com os aparatos ideológicos também se fizeram presentes. A tentativa de manipulação das informações por parte dos meios de comunicação foi um ponto questionado pelos manifestantes. A Rede Globo, assim como os partidos políticos tradicionais, foram rechaçados. Isso revelou o desgaste do modelo de dominação e o avanço primário da consciência coletiva. A disputa ideológica travada nas redes sociais enfrentados por educadores nos mais diferentes e um novo modelo de organização de juventude pontos do nosso país. mostraram uma nova disposição de luta e surgiIsso porque os municípios e estados seguem a mento de um setor de vanguarda independente proposta de política educacional do governo fededos aparatos tradicionais. O novo surge por fora ral. Na concepção vigente, a educação deixa de ser das amarras do velho corrompido. um direito social e se torna uma mercadoria. Por Após junho, trabalhadores organizados assuisso, as políticas educacionais priorizam alcançar miram a centralidade da luta política. O maior metas e atingir índices, ao invés de se preocuparem exemplo disso foi um conjunto de greves no Brasil com a Educação como um processo em construinteiro, ligada aos profissionais de educação. A ção. É esta concepção de Educação, como uma educação entrou na ordem do dia. A nossa catemercadoria, que sustenta as políticas privatistas e goria se mobilizou nacionalmente e virou ponto meritocráticas que dominam o cenário nacional. de partida para questionamentos mais profundos A meritocracia implementada em nosso estado é na sociedade. uma política prevista no PDE do governo federal. Diante desta realidade, mais especificamente, A lei 6094/07, que dispõe sobre a implementados problemas que acometem o trabalhador e do ção do Plano de Metas Compromisso Todos pela acentuar da crise econômica, fazemos um progEducação, do governo federal, deixa claro que a nóstico de que o ano de 2014 não será diferente e valorização do profissional da Educação também de que vamos voltar a ver as pessoas ocupando as será obtida por meio de uma política de “mérito”. ruas. Seguimos afirmando que “2014 será maior”! É importante registrar que o modelo de gestão Este início de ano nos parece bastante promisda política educacional baseado no princípio de sor. As lutas contra os aumentos das passagens nos “accontability”, “responsabilização” ou meritocradiversos municípios da região metropolitana de cia, difunde-se pelas diferentes regiões do globo nosso Estado aquecem as como uma imposição do turbinas para a população Banco Mundial, enquanto Precisamos combater a voltar às ruas. Os “roleziorganismo multilateral renhos” (ações de jovens das concepção em que a Educação presentante dos interesses periferias visitando os shopdo capital financeiro transpings) ganharam dimensões deixa de ser um direito social, nacionalizado. nacionais, questionando o O que está por trás dessa virando uma mercadoria e racismo e discriminação culorientação de política educatural. As greves, como a do cional baseada na “responsaas políticas educacionais que Comperj e dos educadores bilização” dos profissionais de Itaguaí, demonstram a culpabilizam os profissionais da educação e das escodisposição da nossa classe las tomadas, isoladamente, em enfrentar os governos ao mesmo tempo em que pela qualidade da educação e patrões. fornecida à população é a eximem os governos de suas Diante desse quadro, intenção de eximir o poder concluímos que as mobilipúblico e os governos da reszações irão continuar. Nós, responsabilidades ponsabilidade pela questão. militantes do SEPE-RJ, deveDentro dessa perspectiva, o mos estar atentos às oporque cabe ao poder público, tunidades e ao quadro político que se desenham no sentido de garantir educação de qualidade, é, no nosso Estado e nos municípios que o compõem. exclusivamente, a tarefa de avaliar, acompanhar e distribuir benefícios e reprimendas às escolas. Quanto aos seus profissionais, estes também sePOLÍTICA EDUCACIONAL rão classificados de acordo com sua capacidade Nesta parte do texto, analisaremos o sucatea– maior ou menor – de competir por pontos em mento da escola, as políticas educacionais que se uma tabela de requisitos completamente alheios enquadram na lógica mercadológica implementaà finalidade educacional, mas perfeitamente adapdas pelo Governo Estadual e pelas Prefeituras do tados à finalidade de “otimização” dos recursos Rio de Janeiro. orçamentários destinados à educação. O sucateamento do ensino público nos âmbitos Na verdade, é importante compreender que a federal, estadual e municipal passa pela falta de motivação do Banco Mundial e do capital financeiinvestimento nas escolas e creches, desvalorização ro globalizado que o dirige para a exportação do dos profissionais e implementação da meritocracia. modelo “accountability” de política educacional, Muitos dos problemas e dificuldades que enfrentanão está relacionada com qualquer preocupação mos cotidianamente nas redes municipais e estaséria com a qualidade da educação escolar ofedual do Rio de Janeiro são os mesmos problemas recida à juventude, mas sim com a necessidade TESES GERAIS - PÁGINA 10 de construir um raciocínio e um discurso capazes de legitimar uma política educacional voltada à contenção e restrição de recursos orçamentários destinados à educação, garantido a reversão desses recursos para alimentar o sistema de endividamento público que impulsiona os astronômicos lucros dos bancos e fundos de investimento. Contra a reivindicação dos profissionais de educação e dos movimentos sociais por mais recursos orçamentários para a educação pública, defende-se a ideia de que há recursos suficientes, devendo apenas ser aprimorada a “gestão” das escolas. Não haveria um problema de financiamento na origem da crise educacional presente, apenas um problema de “gestão dos recursos” no nível das unidades escolares, responsabilidade dos profissionais do “chão da escola”, e não dos governos. Toda a estrutura do argumento em favor da “responsabilização” e da meritocracia, subordina-se à necessidade de legitimar a manutenção da educação pública sob um regime permanente de restrição orçamentária aguda. O “combate à reprovação” e à “distorção idade-série”, inscrito nas avaliações meritocráticas impostas aos profissionais da educação e às unidades escolares, está diretamente ligado ao objetivo de minimizar os “custos” financeiros da reprovação escolar para o orçamento, em um sentido mais imediato e – segundo o professor Luiz Carlos de Freitas da Unicamp – ao objetivo de “adiar a eliminação” da juventude popular do sistema educacional. Garantir a manutenção da juventude nas instituições escolares – ainda que esvaziadas de capacidade educativo-formativa concreta – até o final do ciclo da educação básica seria uma forma de reduzir a demanda “precoce” desses jovens por postos de trabalho na economia e uma forma de responsabilizar os próprios jovens por qualquer insucesso futuro, já que o que seria de competência do poder público (fornecer o acesso à educação escolar) teria sido garantido. O projeto meritocrático cria um processo de culpabilização que não se relaciona somente aos docentes. A mesma lógica recai sobre os estudantes. Prova disso é que verificamos nas nossas redes o crescimento de avaliações externas que priorizam o resultado em um único exame, em detrimento do processo. As chamadas avaliações externas existentes em diversas redes, como a estadual e municipal do Rio, não auxiliam no desenvolvimento do educando, uma vez que não estão integradas ao cotidiano da sala de aula e não priorizam o caminho percorrido pelo aluno ao longo de seu processo de ensino-aprendizagem. Ao contrário, esses instrumentos estão inseridos em uma lógica classificatória, seletiva e excludente. Podemos observar isso na rede estadual com a premiação dos alunos que obtiveram as melhores notas no SAERJ. Essa premiação impulsiona valores incompatíveis a uma educação emancipadora, como a competição como refeitórios, não são climatizados e trabalhae o individualismo. mos em pleno verão do Rio em verdadeiras saunas. Esses testes padronizados - e o resultado dos Nossos salários, apesar dos reajustes conseguialunos nestes- fazem parte das metas que as dos na greve e mobilizações de 2013, ainda estão Unidades Escolares devem atingir, já que não é só defasados. E, para todas a nossas reivindicações, o aluno que deve ser avaliado, mas a escola e o recebemos sempre a mesma resposta do governo: professor. Exemplo disso é a política de certificação Não tem dinheiro! Porém observamos milhões de que o Governo do Estado tentou implementar, reais serem gastos com empresas, como a fundamas teve que recuar devido a greve. A avaliação ção Roberto Marinho, Instituto Ayrton Senna e da instituição impulsiona uma falsa ideia: a de Cultura Inglesa. É preciso que a verba da Educação que avaliar garante a qualidade do ensino. Nós, seja aplicada na Educação pública e não desviada educadores, sabemos que a qualidade do ensino para a iniciativa privada. está relacionada a diferentes fatores como curPara isso é necessário ter transparência nas rículo, formação docente, condição de trabalho, verbas, como o FUNDEB. Tal transparência permite infraestrutura da escola, condição de vida do o controle e facilita que reivindiquemos a utilizaaluno, etc. Mas a política meritocrática ignora os ção destes recursos em prol do ensino público, diversos fatores que influenciam na qualidade evitando o desvio de verba (mesmo que legal) do ensino, culpabilizando e punindo aqueles que como tem feito o governo Paes. No ano passado, estão na base deste processo. Assim as UEs que por exemplo, mais de três milhões de reais do encontraram maiores dificuldades não receberão FUNDEB foram gastos em serviços da Fundação investimentos e serão perpetuadas numa posição Roberto Marinho. Essa verba também foi utilizada de desvantagem. para pagar a editora da cultura inglesa, serviços de Para atingir as metas, escolas e governos criam voluntários, vigilância e policiamento. respostas utilitaristas que Além disso, é preciso aumenprejudicam ainda mais a tar o investimento na Educação, É preciso aumentar o qualidade do Ensino, pois aplicando no mínimo 10% do visam apenas uma melhor investimento na Educação, PIB na Educação pública. Essa é posição no ranking. São uma bandeira histórica do movialguns desses exemplos: a aplicando no mínimo 10% do mento de Educação que diversos padronização e a adequagovernos se recusam a ouvir. Em PIB na Educação pública. Essa ção da base curricular ao 2001, durante o governo FHC foi que os testes valorizam; aprovada no Congresso Nacional é uma bandeira histórica a perda de autonomia a vinculação de 7% do PIB que, da escola; a desvaloriza- do movimento de Educação porém, recebeu veto do então ção dos profissionais da presidente. Em 2002, o PT assumiu educação e a criação de que diversos governos se o governo federal, sem retirar o processos de privatização veto. Foi apenas no ano passado recusam a ouvir da educação. que foi aprovada a aplicação de Seguindo as orienta10% do PIB para Educação. Porém ções dos organismos ina aplicação dos 10% deverá ocorrer ternacionais, observamos a criação de diversos apenas no final do período vigente do PNE, em projetos que visam apenas atender às metas esta2021 e ,mesmo assim, não está garantido que esse belecidas pelo PNE do governo federal, porém sem dinheiro vá para o ensino público. se preocupar com a qualidade do ensino. Com isso, Mesmo com a intensa mobilização do ano houve reestruturações de unidades escolares de passado, em que a sociedade colocou em pauta a forma arbitrária e inaugurações de EDIs (Espaços defesa pela Educação, o governo federal não resde Desenvolvimento Infantil) sem estrutura para pondeu à altura. O congresso aprovou que apenas seu o funcionamento; projetos de aceleração, que parte dos royalties do petróleo e do fundo social visam garantir a conclusão do Ensino Fundamental do pré-sal iriam para a Educação. Porém o texto ou Médio na “idade certa” e a implementação “a aprovado condiciona o aumento de recursos para a toque de caixa” do tempo integral (priorizando educação à opção de seguir entregando o petróleo o “Mais Educação” em detrimento dos Pólos e – recurso estratégico – ao capital transnacional e Núcleos de artes). associado, uma opção completamente contrária A defesa da educação pública de qualidade aos interesses da soberania e do desenvolvimenpassa também pela defesa de investimento nas to nacional. Além do mais, segundo a Auditoria escolas e creches públicas. Sabemos que nossas Cidadã da Dívida, “ainda que todos os poços de UEs apresentam problemas na infraestrutura que, petróleo em operação atualmente no país fossem muitas vezes, põe em risco a nossa segurança e de leiloados novamente à iniciativa privada, seriam nossos alunos. A maioria de nossas salas, assim obtidos cerca de R$ 27 bilhões anuais em royalties, TESES GERAIS - PÁGINA 11 que representam 0,6% do PIB, insuficientes para se aumentar dos atuais 5% para 10% do PIB aplicados anualmente em educação.” Somente com investimentos na educação pública, melhorando as estruturas de nossas escolas e creches, valorizando o profissional da educação é que construiremos uma educação de qualidade capaz de auxiliar o nosso alunado no seu processo de ensino-aprendizagem. Por isso lutamos: - Pelo fim da meritocracia e avaliações externas! - Em defesa da Autonomia pedagógica! - Eleição para diretores de escolas! - Valorização de todas as disciplinas e ampliação da grade curricular! - Aplicação imediata dos 10% do PIB na Educação pública! - Contra a privatização das UEs! Fim de projetos com empresas e fundações privadas! - Plano de Carreira unificado, com paridade para os aposentados! AVALIAÇÃO DAS GREVES, REORGANIZAÇÃO, PERSPECTIVAS E LUTAS PARA REDES E CONCEPÇÃO SINDICAL. As greves do segundo semestre de 2013, subsequentes à “ressaca” das jornadas de junho, surpreendeu a muitos que davam por certo o refluxo das manifestações. Vanguardeada pela rede municipal do Rio de Janeiro (que não fazia greve há 19 anos), a greve chegou a atingir cerca de 80% de adesão da categoria, ávida por mudanças urgentes, cujas pautas envolviam questões de ordem salarial e questões pedagógicas. No decorrer da greve, ainda em agosto, o prefeito do Rio de Janeiro se comprometeu a elaborar um plano de carreira em conjunto com a categoria. Porém, Eduardo Paes decidiu enviar à Câmara de Vereadores um plano extremamente golpista, sem consultar à categoria, em regime de urgência, para indignação de todos! Essa expressão do autoritarismo do prefeito não foi surpresa para a categoria que, ao longo da greve, foi perseguida e ameaçada pelos governos Paes e Cabral. Como resposta ao autoritarismo do governo e mostrando que estávamos dispostos a fazer o que fosse preciso para defender a Educação pública, centenas de grevistas ocuparam o plenário da Câmara. Em seguida veio a repressão de se esperar, prática comum dos governos Paes/Cabral. E assim, os profissionais de educação foram retirados à força do recinto pela Polícia Miliar que abusou da violência, ferindo e prendendo os grevistas. A Câmara foi completamente cercada pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar, decretando um verdadeiro estado de sítio! Diante dos absurdos cometidos, as mobilizações se intensificaram e desembocaram no dia 15 de outubro, com uma grande manifestação, violentamente reprimida, como de hábito. Apesar disso, as greves das redes estadual e municipal, mas sobretudo esta última, conseguiram colocar em pauta as principais questões relativas aos problemas da meritocracia e da mercantilização do ensino público. As greves provaram ser um instrumento indispensável na defesa de nossa concepção de educação. A greve de 2013, com certeza, se tornou mais um marco na história do nosso sindicato, que nasceu durante as lutas contra Ditadura Militar e ao longo de sua História vem levantado a bandeira em defesa da Educação pública. Essa greve tem uma importância histórica, não apenas para nossa categoria e sindicato, mas para toda a sociedade brasileira. Foi através dela que conseguimos explicitar as contradições de nossa sociedade, mostrando que no país da Copa e cidade da Olimpíada faltam investimentos e interesse do governo pela Educação. Com isso, conseguimos o apoio da população do Rio de Janeiro. E este foi um dos ensinamentos da greve de 2013. Demonstramos a importância de priorizar o diálogo com a população, para construir uma mobilização de massas que fosse capaz de pressionar o governo, ultrapassar a barreira da mídia e levar nossa pauta para o Brasil e para o mundo. A construção de um movimento de massas que passasse pelo diálogo entre os educadores, a comunidade escolar e a população em geral, demonstrou ser um grande acerto, pois realmente conseguimos colocar a defesa da Educação como papel de todos. A cada chamado nosso, percebemos que a população do Rio atendia. Foi assim que conseguimos reunir dezenas de milhares de pessoas na passeata do dia 15 de outubro. Foi assim também que, nos momentos que precisamos radicalizar, como na ocupação da Câmara, a população se manteve ao nosso lado. Nosso movimento, além de mobilizar os educadores e população do Rio de Janeiro, serviu de incentivo para a luta dos profissionais da Educação em diversos pontos do nosso país. A existência de um movimento massivo na cidade do Rio, vitrine do Brasil para o mundo e, por isso, espaço fundamental (para o governo) de repressão aos movimentos sociais, incentivou mobilizações e greves pelo país. Após a deflagração das greves municipal e estadual, outros municípios no nosso estado entraram em greve, como Itaboraí e Niterói, e o mesmo fizeram alguns estados do Brasil, como Rio Grande do Sul e Pará. Nossa greve, portanto, teve um importante papel para todos os educadores do Brasil, pois serviu de estímulo à luta dos trabalhadores da educação, ao pautar a possibilidade e a necessidade do movimento grevista de massas. O sucesso das mobilizações do Rio - sobretudo da greve da Rede Municipal- em parte se relaciona à própria conjuntura do país e da cidade, que se tornou um dos maiores palcos das Jornadas de Junho. Como dissemos, nossa greve demonstrou milhares de educadores. Sabemos que no período a continuidade das lutas de Junho e recebeu inpós-greve teremos dificuldades em manter esta fluência desse momento histórico de nosso país. organização com a mesma intensidade. Porém as Porém, somente a conjuntura externa não expliregionais e os núcleos devem trabalhar para que ca o êxito da greve da Rede Municipal do Rio, uma esta organização conquistada com a experiência vez que outras localidades onde Junho também foi de 2013 não seja perdida, pois a organização de forte, não conseguiram construir uma mobilização uma categoria é um dos principais pontos para a com a força da nossa. Para compreender isso, mobilização dos trabalhadores. é preciso entender a greve como um processo Contudo a reorganização da categoria não foi a e não um fato isolado, isto é, a greve não surge única conquista da greve de 2013. Sabemos que as apenas no momento de sua deflagração, mas ela é nossas vitórias foram menores do que tudo aquilo construída anteriormente. E este é um ponto funque desejávamos. Porém para compreendermos a damental para compreendermos o diferencial da importância das nossas conquistas devemos relemgreve do município. A greve deflagrada em agosto brar a difícil conjuntura que vive o nosso país e a começou a ser preparada desde o início do ano importância da cidade e estado do Rio no cenário de 2013, com corrida às escolas e construção de brasileiro (o que torna qualquer movimento exisatos. A categoria, ao longo tente nesse espaço alvo de A greve de 2013, com certeza, do ano, foi transformando terrível repressão). Entender sua indignação em ação e, a difícil correlação de forças assim, as assembleias e atos se tornou mais um marco na da sociedade brasileira é chamados pelo sindicato história do nosso sindicato, que importante para entender o foram respondidos pelos quão longe chegamos, apeprofissionais da rede mu- nasceu durante as lutas contra sar de nossos desejos serem nicipal e progressivamente ainda maiores. crescendo, tendo seu auge Ditadura Militar e ao longo de Na greve municipal, fona greve. A greve é o ponto ram conquistados, entre máximo de todo um proces- sua História vem levantado outras coisas, o aumento de so de luta (e não seu único UEs climatizadas, um reajusa bandeira em defesa da momento). É nela que todas te para toda a categoria, o as ações que já eram feitas Educação pública direito à origem, o aumento anteriormente chegam ao do vencimento dos funcioponto de maior expressão. nários. As conquistas da A greve de 2013 trouxe avanços fundamentais rede municipal foram importantes, principalmente, para a organização do nosso sindicato, dos quais por obrigar o governo a recuar e ceder em alguns não podemos abrir mão. Um dos principais frutos pontos (o que ele não faria se não tivéssemos nos da nossa greve foi a (re)organização da nossa caorganizado com tanta força). Porém, sabemos que tegoria. Durante a greve, construímos assembleias não podemos confiar no governo. As conquistas da gerais e regionais lotadas, atos massivos e corridas greve só serão efetivadas através da manutenção às escolas cotidianas. da nossa luta. Somente a continuidade de nossa Tomemos por exemplo a Regional III do nosso mobilização em 2014 fará com que as pautas se sindicato. Nesta regional, antes da greve, já eram concretizem. E o governo já iniciou 2014 demonsrealizadas corridas às escolas semanais (que inclutrando o descompromisso com nossa categoria, tal sive foram de grande importância para a construcomo no caso do não pagamento do sodexo, como ção da greve) e assembleias regionais. Durante a ao entrar na justiça contra a lei da climatização greve, quando houve um salto na organização do Já em relação à rede estadual, para tentarmos sindicato, as corridas às escolas, que antes eram melhorar a dinâmica do nosso sindicato, é necesfeitas apenas pelos diretores da regional, chegaram sário refletir sobre a dificuldade de adesão dos a reunir 50 militantes em um único dia. Foi formaprofissionais dessa rede durante a greve de 2013 do um comitê de mobilização da greve, do qual a e dificuldade de implementação de algumas polítidireção da regional também fazia parte, que teve cas como boicote ao Saerj e conexão. O “Conexão um papel central para a manutenção da mesma, Educação” permanece ainda como braço mais tendo como uma das tarefas prioritárias a busca importante da ingerência do governo estadual do diálogo com a população (feita através de atos sobre o cotidiano escolar das escolas da rede, inpúblicos) e, com a própria categoria (através das terferindo diretamente na autonomia pedagógica. visitas às escolas, fundamentais para agregarmos Além disso, o boicote ao Saerj, peça fundamental e mais educadores ao movimento grevista). Duinseparável do Plano de Metas do governo Cabral, rante a greve, não era raro observar assembleias que tem na meritocracia, na responsabilização e regionais reunirem centenas de profissionais da no pagamento de bônus por desempenhos seus educação, enquanto as gerais chegaram a agregar principais pilares de sustentação, não se mostrou TESES GERAIS - PÁGINA 12 capaz de dialogar com os profissionais da educação nem de colocar em pauta a discussão sobre a meritocracia, naturalmente atrelada à questão da privatização. Em vez disso, o Saerj cumpriu sua missão: conseguiu se apresentar, para parte dos profissionais da rede, como mais um instrumento aparentemente “neutro” de avaliação e escalonamento de desempenho. Romper essa barreira ideológica e trazer de volta à tona o debate sobre a meritocracia e a privatização é um dos maiores desafios para a categoria no ano que se inicia. A greve de 2013 demonstrou ainda um ponto fundamental em relação à concepção sindical que defendemos: a unidade entre professores e funcionários, com forte participação dos aposentados. Em 1987, o nosso sindicato passou representar todos os funcionários da educação, o que fortalece ainda mais a luta daqueles que defendem a escola pública. Sabemos que os funcionários administrativos estão sendo atacados pela terceirização e o número de funcionários é muito inferior ao que se necessita. O plano de carreira não acompanha o plano de carreira dos professores. O assédio moral por parte das direções escolares busca intimidar estes trabalhadores. As doenças provenientes de anos de um trabalho precarizado (lesão por esforço repetitivo, síndrome de burnout, depressão e problemas com a coluna) estão cada vez mais presentes na categoria. O SEPE precisa ampliar, ainda mais, o diálogo com este setor. É urgente lutar pelos direitos desses servidores, exemplificado no episódio recente que envolveu os inspetores de alunos. Os inspetores convocados no concurso de 2013 tiveram problemas com vencimento, pois era menor do que estava descrito no edital e o SEPE esteve junto nesta mobilização. Mas necessitamos continuar nos mobilizando e lutando por concursos públicos para atender a necessidade das escolas, por um plano de carreira unificado e contra o assédio moral das direções sobre os funcionários administrativos! É preciso avançar ainda mais no debate em torno da concepção de sindicato que nos orienta, sem abrir mão da defesa intransigente do SEPE como nosso mais importante instrumento de luta. Defendemos um sindicato democrático e plural, com ampla participação da base da categoria. Acreditamos ainda que o nosso sindicato precisa ser mais dinâmico e, para isso, alguns ajustes são necessários. Melhorar a imprensa, incorporando o uso das novas mídias, por exemplo, é fundamental para tornar nosso sindicato mais ágil, facilitar o contato entre o Sindicato e a categoria e assim melhor nos armarmos para as lutas que virão. Outro ponto importante é evitar a burocratização. Para isso é importante renovar os quadros dirigentes do SEPE e evitar a “judicialização” da luta. Sabemos da importância do jurídico para garantir nossos direitos, porém não é este aspecto o determinante de uma luta. O jurídico deve ser um se desfiliou desta entidade. Porém, não podemos elemento que nos respalde e sustente as nossas nos isolar e neste sentido é fundamental o diálogo lutas, mas os caminhos que traçaremos deverão ser com os lutadores de outras regiões e até mesmo de tomados em nossa assembleia através de nossas outras categorias. Cabe destacar que atualmente análises do momento que vivemos. Ao jurídico, o CSP- Conlutas é o pólo mais avançado de aglucabe respaldar as nossas decisões e não ser o astinação dos trabalhadores que se mobilizam em pecto que defina o que vamos ou não fazer. defesa dos seus direitos e contra os ataques dos A renovação dos dirigentes sindicais também é governos e dos patrões. importante para evitar a burocratização e tornar o A nossa luta é uma luta da sociedade, e cabe SEPE mais dinâmico. Para incentivar a renovação ao sindicato espalhar as nossas bandeiras, assim é preciso que o sindicato priorize a formação dos como, se inserir e ajudar a transformar a realidade militantes, através de iniciativas como revistas, em que vivemos. debates e cursos. O papel de formador é um Ao longo de sua história o SEPE buscou o diádos papeis centrais de um sindicato. Em nossa logo com lutas que ocorrem nas cidades do Rio de concepção, o sindicato deve organizar a categoria Janeiro, participando de alguns espaços, como o para as lutas e para isso é essencial que todos nós Comitê Popular da Copa, que questionam o rumo conheçamos bem as políticas educacionais do que o nosso estado está tomando. Defendemos governo, reflitamos sobre o modelo educacional a participação do SEPE nas lutas da nossa cidade, que queremos, etc. Por isso, o sindicato é também pois apesar de termos nossas demandas específium espaço constante de formação, seja na prática cas (as quais não podemos secundarizar), o papel , na luta do dia a dia, seja na formação “teórica” do sindicato e do educador é ser agente da transque nos prepara para melhor intervir e modificar formação da realidade. a realidade. Nossa concepção de Educação é que esta não Além de ampliar os espaços de formação na acontece apenas em espaços formais das escolas base da categoria, precie creches, por isso, é imporsamos ocupar as escolas e Precisamos fazer da tante promovermos espaços creches nas quais trabalhaque discutam e problematiEducação um mecanismo de mos (dialogando com nossos zem a nossa sociedade. Cialunos e pais), assim como tamos aqui como exemplo a transformação, que auxilie no ocuparmos os espaços púrede de cursinhos populares blicos, como as praças. Emancipa, que se propõe a rompimento das opressões O SEPE deve estar aberto ser um espaço não só de dise buscar o diálogo constante sejam de classe, de gênero, cussão sobre os problemas com outras entidades, pois da nossa sociedade, como a unidade dos lutadores é etnia e orientação sexual. Ao de intervenção sobre ela. fundamental na conjuntura É fundamental que o SEPE atual. Reivindicamos as ini- nosso sindicato também cabe tenha iniciativas como esta ciativas do nosso sindicato este papel, o de promover uma que junte o debate com que caminham nesse sena intervenção em nossa tido, como participação no Educação emancipadora dentro sociedade. A Educação e o FEDEP (Fórum Estadual em sindicato dos profissionais Defesa da Escola Pública). e fora dos muros do SEPE da Educação deverão estar É fundamental que o SEPE a serviço da transformação construa a luta de forma social. Sabemos que nosso unificada, não apenas entre as redes estadual e sindicato tem buscado o diálogo constante com os municipais, mas busque também sindicatos das movimentos sociais, porém achamos que é preciso outras redes, os estudantes e as universidades avançar no diálogo com a comunidade. É preciso públicas. Com a experiência da greve de 2013, que o SEPE crie espaços e atividades que busquem constatamos ser necessário intensificar a unidade o dialogo com os pais de nossos alunos e moradodos que defendem o ensino público, objetivando res que vivem em torno de nossas escolas. Devea construção de uma greve forte e unificada da mos avançar no enraizamento na comunidade, pois Educação. Somente a nossa unidade garantirá as só assim cumpriremos nosso papel de educadores. vitórias das lutas que virão. Precisamos fazer da Educação um mecanismo de A organização da classe trabalhadora e dos transformação, que auxilie no rompimento das movimentos sociais é um ponto fundamental para opressões sejam de classe, de gênero, etnia e todos que lutam contra as injustiças da nossa soorientação sexual. Ao nosso sindicato também ciedade. Atualmente a CUT não consegue cumprir cabe este papel, o de promover uma Educação o papel de unificar os trabalhadores contra os ataemancipadora dentro e fora dos muros do SEPE. ques do governo, e por isso, o SEPE acertadamente TESES GERAIS - PÁGINA 13 ATUALIZAÇÃO DO ESTATUTO eleitas. As licenças são Nosso Estatuto deve ser um pas E ORGANIZAÇÃO DO SEPE/RJ instrumentos para auxiliar Acreditamos que o estatuto do mecanismo que estimule o sindicato a organizar as sindicato deve servir para facilitar lutas de nossa categoria nossas lutas através de uma orga- a democracia interna, a e, por isso, servem para nização que favoreça a participação fazer a política votada nos da base, renovação e democracia maior participação da fóruns deliberativos do interna do SEPE. uma vez que base e renovação dos seus sindicato, Embora nosso estatuto já traga pertencem ao sindicato e alguns apontamentos neste senti- dirigentes. Além disso, não ao diretor específico. do, percebemos que é preciso aproPor isso, é importante fundar ainda mais a democracia e precisamos nos preparar a prestação de contas, incentivar a renovação em nosso já prevista no estatuto. para as lutas que virão. Por sindicato, por isso propomos que Porém, isso nem sempre além da manutenção da limitação acontece, assim propomos de mandatos dos diretores do SEPE isso, propomos a criação de que caso o diretor não (por cargos), já previstos no estatu- um Fundo de Greve preste conta da licença to, deva existir também um limite e anualmente, o mesmo não rodízio das licenças sindicais, garanpoderá renová-la. tindo por um lado que tenhamos dirigentes com Outro ponto vigente em nosso estatuto, que mais tempo para tocar as demandas da categoria, favorece a democracia em nosso sindicato, é a porém sem que os mesmos se afastem por tempo existência do Conselho Deliberativo com repredemasiado do cotidiano da escola. sentantes de base, como instância superior a Achamos que tal proposta poderá ajudar a evitar direção. Defendemos o aumento do número de a burocratização de nosso sindicato e, ao mesmo representantes de base dos núcleos e regionais, tempo, que estimule a renovação dos dirigentes do passando para o mínimo de 5 representantes, pois SEPE. Para isso, as licenças deverão ser distribuídas acreditamos que o sindicato necessita estimular a de acordo com o desejo expresso da categoria na renovação e participação da base, o que fortalece eleição, respeitando a proporcionalidade das chao SEPE como espaço democrático. Na conjuntura atual, vemos crescer o ataque dos governos a nossa categoria. E, no último período, percebemos que nossa resposta e mobilizações também cresceram. Por isso, há necessidade de garantimos um percentual do orçamento do sindicato, para esses momentos de intensificação das lutas. Com este objetivo, propomos a criação de um fundo de greve. Acreditamos que a estrutura do sindicato também deverá acompanhar este crescimento, para dar conta das demandas da categoria e de responder os ataques do governo. Por isso, achamos que a estrutura de apenas 5 diretores em alguns núcleos ou regionais é insuficiente para as demandas. Mas também sabemos da dificuldade de núcleos menores, do interior, onde o aumento deste número poderia dificultar a existência do sindicato nessas regiões. Tendo isso em vista, propomos que a estrutura do núcleo e regionais tenham relação com o número de escolas na região, mantendo o atual mínimo de 5, para áreas com até 50 unidades. Já às áreas que abranjam de 51 a 100 unidades, passariam a possuir a um mínimo de 7 diretores e, acima de 100 unidades escolares, 9 diretores. Achamos que estas propostas poderão auxiliar, significativamente, na organização do SEPE preparando-nos para as nossas lutas e, consequentemente, ajudando ampliar a democracia e a renovação interna. ASSINAM ESTA TESE Assinaturas: BÚZIOS: Fernanda Borges (professora de Biologia). CASIMIRIO DE ABREU: Amarildo Berbet (professor), Fabiano Vieira (professor de Educação Física). CAXIAS: Aline Marques Xavier Bento (professora e secretária escolar). GUAPIMIRRIM: Luciana Bonfim Costa (professora de Biologia). MAGÉ: Denise Bonfim Costa (professora de História), Jacob Soares Silva (inspetor de alunos), Marcio Ornelas (professor de Geografia). MANGARATIBA: Ana Caroline Tavares (professora de Educação Infantil), Andre Luiz Nogueira (professor de Educação Física), Adriana Coimbra (professora de Biologia), Gustavo Silvino (professor de Sociologia), Joyce Rodrigues (professora de Educação Infantil), Marcus de Luna (professor de História), Patricia Maria (Orientadora Pedagógica), Romero Jaksu (professor de Sociologia), Thamara Marcely (professora de Educação Infantil). NITERÓI: Guilherme de Melo Sarmento Filho (Professor de História), Ítalo Jardim (professor de História), Joyce Richelle Barcellos Fernandes (professora de História), Rafael Araújo (professor de História), Rodrigo Lemos (professor de História). RIO DE JANEIRO: Aimoré Aragão (professor de Matemática), Amélia Carrozino (professora de Inglês), Bruno Bentolila (professor de Artes Visuais), Fernando Dantas Agreira (professor de Geografia), Flavia Galloulkydio (Professora de Língua Portuguesa), Janaína Nunes (professora docente II), Jorge Medeiros (professor de Geografia) Juliano Teixeira (professor de Filosofia), Maíra Mendes (Professora de Biologia), Marcos Vinícius Silva TESES GERAIS - PÁGINA 14 Ferreira da Cunha (professor de História), Maria Antonieta Pereira de Azevedo (professora de Ciências), Maycon Bezerra (professor de Sociologia), Morgana Magalhães (professora de Educação Física), Nestor Marques (professor de História), Telma Regina Souza Coutinho (professora de Educação Infantil), Thaís Coutinho (professora de História), Thayna Barreto (professora de Educação Infantil). SÃO GONÇALO: Cristina Guimarães de Miranda (professora de Artes) , Fabrício Loreto (inspetor de alunos), Gleyce Abbud (professora de História), Gustavo Laurino (professor de Língua Portuguesa), Josemar Carvalho (professor de Geografia), Mônica Costa de S. Mendonça (Orientadora Educacional), Sheila Mara Duarte Barbosa (professora docente II), Thunay Melo (professor de História). Tese 4 POR UM SEPE CLASSISTA E COMBATIVO: CONSTRUIR O SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO Tese da Oposição de Resistência Classista – ORC ao congresso do SEPE de 2014 1. CONJUNTURA Desde os anos 1970 o capitalismo mundial conheceu uma tendência a uma série de transformações: tecnológicas, organizativas, gerenciais e produtivas. Estas transformações se agrupariam e redundariam No non No non em duas grandes tendências econômico-sociais: a reestru- No non No non turação produtiva e a reforma do Estado. Logo, os aconteci- No non No non mentos mais importantes da conjuntura brasileira atual, No non No non são desdobramentos de proNo non No non cessos verificados no sistema mundial. No non No non No Brasil, a transição econômica para a hegemonia neoliberal começa em 1990, depois da chamada “década perdida”. Entre 1990 e 2006, os governos Fernando Collor/Itamar Franco, FHC, Lula e Dilma apenas têm aperfeiçoado as políticas de reformas no sentido de acelerar e completar a transição institucional, de maneira a adequá-la ao contexto de hegemonia neoliberal. Nos anos de 1990, muitas alterações foram propostas por meio de portarias, medidas provisórias, leis, emendas constitucionais. Todas objetivaram tornar o trabalho mais precário, fragilizando as condições e o contrato de trabalho, favorecendo os interesses dos patrões, tornando as empresas livres para admitir e demitir quando quiserem. O neoliberalismo representa um tipo particular de organização da economia e da política capitalista. Este se apresenta como uma plataforma política tanto para a reestruturação das empresas quanto de reformas do Estado. Países como EUA e Inglaterra tentam impor esta plataforma aos países da periferia do capitalismo (América Latina, África, Ásia), intento que estão progressivamente conseguindo. Diante da globalização neoliberal, surgiram teses sobre o “enfraqueciNo non No non mento do Estado”, o “desmonte do Estado” e etc. No non No non Mas o que está acontecendo com o Estado? Ele está No non No non mais enfraquecido? Temos menos Estado? Essa é uma No non No non questão fundamental. As (inclusive as neoliNo non No non análises berais) que falam de um Estado mínimo confundem a No non eliminação das atribuições do Estado-Providência com a redução do papel do Estado. Isto é um erro. Embora existam teorias sobre o “desmonte do Estado” e o “Estado mínimo”, a burguesia nacional e internacional sempre precisarão do Estado para manter seus privilégios. Seria Estado mínimo para os trabalhadores, em relação aos serviços públicos essenciais oferecidos, mas presença constante na repressão aos mesmos. O Estado, seja ele em que regime ou sistema for, serve para manter os priviléTESES GERAIS - PÁGINA 15 gios de uma minoria sobre a maioria da população. Na realidade, o papel do Estado se deslocou: ele cumpre uma função de intervenção na política monetária e fiscal, ou seja, uma operação econômica financeirizada, e não produtiva; e também uma importante função “policial”, no sentido de aumento do controle social e repressão sobre os pobres – que crescem em escala geométrica pelo mundo. Nesse sentido, o Estado tem expandido seus mecanismos repressivos e de controle social através da ideologia da “tolerância zero”. No Rio de Janeiro, Cabral e Paes seguem a mesma política com apoio do PT que resultou em mais direcionamentos de recursos do governo federal. Reeleito ainda com uma ampla coalização de partidos e forças políticas do Estado e apoiado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN), o governo de Sérgio Cabral tem como necessidade atender às reivindicações do empresariado. Para os trabalhadores, especialmente para os que residem nas favelas, a política é de total repressão com as operações policiais que visam levar o medo e a violência em nome da manutenção da ordem burguesa. O Levante Popular de Junho Os protestos populares nas diferentes regiões do Brasil (Rio Grande do Sul, Goiânia, São Paulo e depois Rio de Janeiro e Brasília) que tomaram por tema a luta contra o preço dos transportes se apresentam como o principal elemento de conjuntura dos últimos oito anos. Em primeiro lugar temos de situar historicamente os protestos. Podemos dizer que o Governo Lula teve instrumentos de contenção e cooptação dos movimentos sociais. A partir da posse de Dilma esses instrumentos entraram em processo de deterioração. Nos últimos dois anos, eclodiram as lutas dos operários das grandes obras, as lutas dos indígenas e a grande greve do funcionalismo público e das universidades em 2012. A greve das universidades e a participação do movimento estudantil na luta contra o Governo Dilma preparou em parte o terreno para as lutas que eclodiriam em 2013. Muitos militantes de hoje foram formados nesse levante. A mídia burguesa e os pseudocientistas sociais tentam, atônitos, explicar o surgimento das atuais mobilizações. Somente eles achavam que a sociedade estava parada ou contemplada no No non No non Governo do PT e tentam anular os sujeitos coletivos No non No non e criar uma mistificação de No non No non que os movimentos surgiram pelas “redes sociais”. No non No non As redes sociais foram um meio fundamental de No non No non comunicação, mas não criaram os sujeitos reais No non No non que vem lutando contra o capital e as formas de opressão política. O que motivou a mobilização foram exatamente as precárias condições de vida, a miséria e toda destruição que o capitalismo produz. A tomada da ALERJ em 17 de junho expressou o desejo de luta de todos: de todos os que sofrem e morrem nos hospitais públicos; dos que sofrem nos transportes públicos; os que sofrem nas mãos da polícia e do Estado. Os “vândalos”, os indesejáveis sempre estiveram aí. Eles estavam sussurrando, através do voto nulo, através da resistência passiva. E agora passaram a ação. Se o ano de 2013 foi o do levante popular, podemos esperar que 2014 também será uma ano de lutas. O governo tem plena ciência disto e com receio de protestos em plena Copa, já começa a colocar como agenda que onde não for possível sufocar os movimentos grevistas, que estas sejam realizadas já agora no primeiro bimestre a fim de anular o risco de se estenderem até o início dos jogos. Muitos que se dizem oposição ao governo obedecerão a esta agenda, assim como fizeram coro na criminalização do Levante Popular de Junho. Nossa tarefa é impedir tal manobra. Por isso propomos greve da educação para o segundo bimestre, rumo à construção de uma Greve Geral. Diante disso apresentamos como bandeiras: • Passe Livre já! Baixar a tarifa até zerar! • Liberdade imediata de todos os presos políticos, com arquivamento de todo processo criminal! • Fim das privatizações (saúde, educação, espaços públicos, meio-ambiente e recursos naturais)! • Fim das remoções! • Contra os megaeventos e a criminalização dos movimentos sociais! • Extinção da Polícia Militar, que reprime e mata o povo pobre! 2. POLÍTICAS EDUCACIONAIS A educação no contexto neoliberal. “Quando querem transformar estupidez em recompensa”. (Duas tribos – Legião urbana) O sistema capitalista tem nas crises uma de suas principais características. A partir non No non da segunda metade do século observamos a intensificanon No non XX, ção dessas turbulências econon No non nômicas, marcadas por uma ofensiva do Capital contra os non No non trabalhadores a fim de manter seus ganhos. Tendo o Estado non como aliado quando este impõe políticas de contenção de gastos nos serviços públicos, em especial na saúde e educação e de retirada de direitos trabalhistas, os capitalistas mantêm assim seus patamares de lucros subsidiados pelo Estado. É nesse contexto que o Estado brasileiro alinha-se às politicas neoliberais na década de 90. No setor educacional, haverá uma subordinação a certas diretrizes delineadas pelos “grandes senhores do mundo”, os organismos internacionais de financiamento, como Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD). Com relação a essas diretrizes, vem se configurando uma política privatista da educação pública marcada pela transferência de atividades meio e fim da educação às empresas privadas nacionais e multinacionais. O mercado de comercialização de livros didáticos, manuais e guias para professores, curso de capacitação profissional, ensino à distância e outros têm se mostrando bastante atrativos e lucrativos para a burguesia, sem contar a oferta do ensino em si em todos os seus níveis, que recebe subsídio e subvenção estatal (PROUNI, PRONATEC e outros). Ainda é importante apontar que nesse contexto os profissionais da educação enquanto parte da classe trabalhadora vem sofrendo com um processo de super exploração, de intensificação do seu trabalho através de carga horária excessiva e da polivalência de atividades e de retirada de direitos trabalhistas. Como exemplos, podemos destacar a perda da aposentadoria integral e especial; a submissão à política de reajuste ao mínimo e a sua substituição por lógica de bonificação por produção e, por fim a sujeição à desestruturação ou perda de planos de cargos e salários. No non No non No No No No No TESES GERAIS - PÁGINA 16 Diante do conjunto dessas ações, percebe-se que há um duplo processo de descentralização e centralização no âmbito das políticas nacionais de educação. Por um lado, observa-se certa descentralização de verbas, recursos e oferta de ensino, portanto administrativa e financeira, privatizações e outras. Mas por outro, a centralização da política pedagógica envolve ações como o estabelecimento de bases curriculares nacionais, de programas nacionais de adoção de livros didáticos, realização de exames e avaliações nacionais, etc. O último aspecto se refere basicamente as formas de mensurar a qualidade do ensino adotada pelo Estado brasileiro (indicadores educacionais), cuja centralidade encontra-se relacionada às avaliações externas por ele instituídas. Vamos nos ater ao último item já que ele denota os aspectos ideológicos da imposição dessa política neoliberal, analisando então como essas medidas estão estruturando a política educacional do Estado do Rio de Janeiro. RJ: A pedagogia da avaliação visa esconder questões estruturais. No início de 2011, o atual secretário de educação, o economista Wilson Risolia, instituiu um sistema meritocrático de bonificação por escola para os profissionais da educação, mais conhecido como Plano de Metas. Ao invés de enfrentar os problemas estruturais do sistema público de ensino, esse conjunto de medidas autoritárias vem acentuando o processo histórico de privatização, sucateamento e precarização das condições de trabalho e de ensino no Estado do Rio de Janeiro. O pagamento da bonificação aos profissionais da educação depende do cumprimento do currículo mínimo de cada disciplina escolar, da participação dos alunos em todas as avaliações internas e externas, do lançamento das notas dos estudantes no sistema conexão educação e, por fim, do alcance de cada meta dos itens do Índice da Educação Básica do Rio de Janeiro (IDERJ). O IDERJ é definido a partir do tempo médio de conclusão dos estudos e pelo grau de proficiência dos alunos em competências no final de cada nível de ensino (fundamental ou médio). A forma de medir a proficiência dos alunos é através do desempenho do Sistema de Avaliação do Ensino do Rio de Janeiro (SAERJ), prova elaborada por agente externo com base nos conteúdos dos currículos mínimos. Como a remuneração variável vincula-se ao fluxo dos alunos, portanto ao tempo de permanência para a conclusão do segmento do ensino do qual faz parte, e a proficiência em provas padronizadas e externas, essa política educacional incentiva à prática da aprovação em massa e restringe o processo de ensino-aprendizado ao treinamento dos alunos para bons resultados em avaliações. O objetivo da secretaria de educação é o de apenas melhorar a posição do Estado no Rio de Janeiro nos indicadores educacionais do Governo Federal, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), e não o de enfrentar o problema da ausência da qualidade do ensino público e de massa. A imposição do SAERJ enquanto modelo de avaliação é parte de um processo que visa à perda da autonomia do trabalho docente, transformando os docentes em meros entregadores de conhecimento e saberes, previamente definido de forma centralizada. Essa avaliação não é assim pensada como um instrumento pedagógico do processo de ensino-aprendizado, podendo se tornar mecanismo No non No non fundamental de reflexão e crítica do próprio trabalho No non No non docente. Ela tem se confiNo non No non gurando basicamente como uma forma de controle sobre No non No non a prática docente, retirando, portanto a autonomia do No non No non professor de selecionar os conteúdos mais adequados No non No non para serem ministrados aos alunos em razão das suas múltiplas identidades sociais e étnico-raciais e das relações sociais estabelecidas a nível local. Limitando-se também as formas de avaliação a certo padrão que é o da prova, ou melhor, de um determinado tipo de prova, esse modelo de avaliação tem como estrutura a valorização e hierarquização de certos saberes e conhecimentos escolares e disciplinares, a partir da ênfase dada ao português e a matemática. A lógica priorizada é a da quantificação das habilidades e competências assimiladas pelo aluno, portanto, de cunho conteudista, subordinando a perspectiva de articulação entre conteúdos e realidade e a própria produção de conhecimento que envolveria uma avaliação qualitativa ou dissertativa. Por fim, o trabalho dos professores é intensificado, uma vez que são obrigados a destinar o tempo de aula e de planejamento a aplicar e correção das provas do SAERJ. A secretaria não visa apenas exercer um controle mais ferrenho sobre a prática docente, mas também estabelecer uma forma tanto de avaliação quanto de punição do docente, na medida em que visa associar a bonificação à inexistência de uma política de reajuste e de aumento salarial. Além disso, o foco da política educacional na avaliação e fluxo de alunos desconsidera outros aspectos estruturais que tem a ver com a maneira como as diferentes formas de desigualdades sociais (classe, étnico-racial e gênero) reverberam em desigualdades educacionais. Estamos então diante de um processo de des-sociologização da análise de um problema social – a crise do sistema público de educação. O discurso de desqualificação do trabalho docente e a política da bonificação. O sistema de remuneração variável, paga uma vez a cada ano ao servidor, traz consequências importantes à dinâmica das relações sociais e políticas estabelecidas no espaço escolar, intensificando as formas de controle social sobre o trabalho docente e sobre o processo de ensino-aprendizado. Daí reside a perversidade dessa política educacional, pois ela dissocia a crise da educação pública dos aspectos macrossociais, econômicos e políticos, culpabilizando os profissionais da educação. A melhoria da No non No non qualidade do ensino público exige o enfrentamento dos No non No non seus problemas estruturais, por exemplo, mais No non No non como, recursos e verbas públicas, No non No non hoje restritas a seis por cento do Produto Interno No non No non Bruto (PIB); uma política de valorização dos profissioNo non nais da educação através de salários e carreiras mais atrativas, bem como benefícios e condições de trabalho dignas; política irrestrita de assistência estudantil e condições de ensino e investimento em infraestrutura. A valorização da pedagogia do resultado e da avaliação e da lógica quantitativa como meio de avaliar qualidade de ensino precisa ser problematizada como parte de um processo de violência simbólica e da imposição de novas formas de dominação e de poder impostas pela estrutura do Estado aos diferentes sujeitos políticos e históricos, em especial aos trabalhadores e os seus filhos, principais usuários do sistema público de educação. Os indicadores não permitem uma análise consubstancial dos processos complexos de escolarização na sociedade brasileira, mostrando-se insuficientes para explicá-los, mas ainda assim são eleitos por diferentes governos como elementos estruturantes do discurso acerca da “crise do sistema público de educação”. Revelando então o jogo de forças pela imposição de um discurso sobre concepções de escola, sobre as causas do sucesso e fracasso escolar, sobre o papel e importância do trabalho docente e da gestão escolar, esse discurso impôs sentidos e significados a ações governamentais. A escola de qualidade é vista como aquela que consegue cumprir a missão institucional, ou seja, melhorar os indicadores da educação. Para isso, os gestores e profissionais devem se orientar por uma lógica empresarial a fim de alcançar metas bem delineadas e definidas, que passam por ações direcionadas para o bom desempenho em provas padronizadas e na diminuição do tempo de permanência dos alunos em cada nível de ensino, diminuindo a distorção idade-série. TESES GERAIS - PÁGINA 17 Com tudo isso, podemos concluir que o Plano de Metas é uma política de aprovações “automáticas”, perda de autonomia docente, falta de infraestrutura, fechamento de escolas, política de certificação, exigência das 4 horas de planejamento na escola, uso da violência policial nas escolas, dentre outras, as quais pioram as condições de trabalho e ensino-aprendizagem. Além de ampliar a exclusão dos filhos da classe trabalhadora ao acesso a uma educação pública e de qualidade com objetivo de mantê-los como mão-de-obra super explorada e sem crítica. Qual objetivo? Economizar dinheiro com o serviço público, favorecer interesses privados e atingir índices de educação sem melhorar a qualidade do ensino e as condições de trabalho. A partir disso, colocamos como bandeiras: • Fim da Meritocracia! • Combate à precarização do trabalho; dupla função, polivalência e terceirizações. Defesa do concurso público! • Contra o Plano de Metas! • Defesa de um Plano de carreira unificado! • Fim da avaliação externa: as avaliações devem ser debatidas pela comunidade escolar! • Piso de 5 salários para professor e 3,5 para funcionários (reivindicação do SEPE a partir de consulta ao DIEESE ). Essa deve ser a principal reivindicação com relação aos salários. • Reajuste salarial anual com data-base e reposição integral das perdas! • 1 matrícula, 1 escola! Nenhuma disciplina com menos de 2 tempos! • Conceber um projeto de Educação para as escolas proposta e elaborada pelo SEPE RJ, precedido de conferências e de um congresso de educação! • Lutar por 50% da carga horária docente para planejamento e atividades fora da sala de aula! • Contra o fechamento de escolas! • Eleições livres e gestão democrática em todas as escolas de todas as redes! • Contra o Plano Nacional da Educação! • Contra a mercantilização do ensino! 3. AVALIAÇÃO DAS GREVES, REORGANIZAÇÃO, PERSPECTIVA DE LUTAS PARA AS REDES E CONCEPÇÃO SINDICAL. As greves da educação em 2013: Avançar na luta e corrigir o sindicato A greve na Rede Municipal do Rio A Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro que estava há 19 anos sem realizar greve por tempo indeterminado deflagrou, no dia 08/08, uma greve que entrará para a história da categoria. Após realizar assembleias e atos com cerca de 10 mil pessoas, o prefeito Eduardo Paes e sua secretária Claudia Constin, acuados e preocupados com a força da mobilização dos trabalhadores da educação (com adesão de mais de 80% ao movimento), resolveram anunciar em audiência, como fundamental: 1) um calendário de reuniões do grupo de trabalho para elaboração do plano de carreira, assegurando a participação do Sepe (mas sem garantir paridade); e 2) um reajuste de 8% (de acordo com o plano de carreira que ainda não existe) e a garantia de origem dos professores nas escolas. Durante essa audiência, Paes define na ata de negociação (divulgada para a categoria) que “a referida proposta foi elaborada pela prefeitura com o objetivo de encerrar a greve após sua aprovação na assembleia na manhã do dia 26/08”. A direção do Sepe prontamente obedeceu, antecipando a assembleia já marcada pela categoria do dia 28/08 para a manhã do dia 26/08. Também postaram no site do sindicato uma avaliação de que tinham sido conquistados avanços na audiência com Paes. A direção então não só apostava, como defendeu a suspensão da greve do município do Rio em várias assembleias seguidas. A Rede Estadual A Rede Estadual também deflagrou sua greve no dia 08/08. Essa greve nasceu da grande indignação dos trabalhadores da educação com a situação vivida em seus locais de trabalho agravadas desde o início do ano. Nós da ORC defendíamos incansavelmente a necessidade da greve já no primeiro semestre. Infelizmente, a esmagadora maioria da direção do Sepe se colocava contra nas assembleias, No non No non argumentando que não era momento, sempre poster- No non No non gando de assembleia em No non No non assembleia e levando a luta à mera barganha parlamen- No non No non tar. Mesmo com a greve em curso há quase um mês, a di- No non No non reção não vinha mobilizando e usou como argumento a No non No non greve da Rede municipal do Rio. Ao longo das negociações com a secretaria de educação, nada nos foi apresentado de concreto, apenas promessas de possíveis “análises” e “estudos” acerca de nossas reivindicações. Cansada de promessas, a categoria que compareceu ao ato no dia 04/09 deu uma demonstração de combatividade ao ocupar por 12 horas o Centro Administrativo onde funciona parte da Seeduc, enfrentando a polícia de Cabral. Isso aconteceu após diversas assembleias locais, conselhos deliberativos e até avaliações e propostas nas assembleias gerais (onde o debate sempre é mais curto) apontarem para atos “contundentes” e radicalizados. Esse ato foi apenas a aplicação dessa orientação. E o resultado foi uma repercussão importante para o movimento. Somente com uma postura firme nas negociações, atos de rua e ocupações é que vamos conseguir acuar os governos e fazer com que nossas reivindicações sejam atendidas. As ações da direção do Sepe em ambas as redes não são mera coincidência, mas resultado de uma orientação que submete a luta dos trabalhadores a interesses eleitorais. Parte significativa de diretores do Sepe está em partidos que compõem a base aliada de Paes e Cabral. Desses diretores não podemos esperar nada além do colaboracionismo. E mesmo os diretores que não estão vinculados aos governos ficam em grande parte, como nessas greves de 2013, sendo “rebocados” pelos governistas defendendo uma política que não beneficia os trabalhadores. A posição da ORC: reorientar o sindicato para fazer a luta avançar. A Oposição de Resistência Classista - Educação/ RJ surgiu a partir da insatisfação de trabalhadores, ativistas e militantes com o cenário nacional sindical, particularmente o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE). A oposição surge então como uma organização de trabalhadores por local de trabalho que se OPÕE não a uma diretoria específica, mas ao modelo majoritário de sindicalismo presente no país. A ORC combate a estrutura sindical da ditadura Vargas, herdeira do fascismo, e luta pelo FIM DA UNICIDADE SINDICAL, da CARTA SINDICAL e do IMPOSTO SINDICAL. Portanto, ORC-Educação/ No non No non RJ sabe que seu desafio é muito mais sério do que a No non No non simples conquista de uma sindical. Propõe, No non No non direção ou seja, a construção de No non No non uma nova prática política, que livre as organizações No non No non dos trabalhadores das mãos de correntes e partidos poNo non líticos e conclama os trabalhadores da educação a tomar para si o protagonismo político, lutar por condições de trabalho e estudo melhores. Romper definitivamente com essa prática de mendicância aos parlamentares, seja de que partido for. Que os sindicatos sejam dos trabalhadores e não de partidos e correntes políticas. Nós da Oposição de Resistência Classista acreditamos que somente podemos avançar no enfrentamento à política neoliberal imposta à educação se lutarmos exatamente contra quem a impõe. Isto significa que devemos enfrentar o governo diretamente e não na lógica de se levar tudo ao legislativo, pois com isso acabamos nos tornando plateia para deputados cujos partidos têm representantes na direção do Sepe e que colaboram para o estado atual das coisas. Necessitamos de TESES GERAIS - PÁGINA 18 um Sepe combativo e classista, que se preocupe e se ocupe com sua base que está nas escolas todos os dias e que sabe bem o que tem enfrentado. Não podemos jamais abandonar nosso sindicato, mas devemos reorientá-lo! Essa reorientação só vai ser possível no momento em que a categoria se organizar em seus núcleos e regionais, considerando o Sepe como um instrumento importante na luta por uma educação pública e de qualidade. É importante unificarmos as lutas entre todas as redes da educação, a fragmentação só nos enfraquece. Somos uma só categoria! Devemos construir comitês permanentes de mobilização de luta contra a meritocracia e incentivar a representação por escola. O Sepe deve fomentar a criação de grêmios estudantis a fim de aumentar a mobilização dos discentes em sua unidade escolar. Combater a burocracia e se organizar cada vez mais. Isso já existe, mas ainda precisamos ampliar muito essa atuação. Necessitamos resgatar o verdadeiro sentido da palavra de ordem: O Sepe somos nós, nossa força e nossa voz! O Sepe, o movimento sindical e popular: perspectiva de luta para as redes. Nos protestos populares que eclodiram pelo Brasil, em junho de 2013, vimos ressurgir a ação direta de massas como tática para conquistar direitos. Isso se dá pelo descontentamento geral com a democracia representativa e com as práticas burocráticas que assolam os movimentos populares, estudantis e sindicais. Além do papel desmobilizador, as entidades sindicais e estudantis burocráticas vêm fazendo papel de polícia do movimento ao criminalizar os “vândalos”, demonstrando total ausência de solidariedade de classe e compreensão dos anseios dos manifestantes. As centrais sindicais nesse contexto se somaram à mídia e aos governos ao criminalizarem a ação direta que ressurgiu como método de luta do proletariado. O ato do dia 11 de julho, organizado pelo conjunto das Centrais (CUT, CTB, Força Sindical, UGT, CGTB. NCST e CSP-CONLUTAS), mostrou todo seu caráter legalista, cívico e policial. Um mês depois do início do Levante Popular de Junho de 2013, a Revolta do Vinagre, as centrais e partidos da esquerda legal eleitoral (PT, PCdoB, PSTU, PSOL, PCB) puxaram uma paralisação nacional, e não uma Greve Geral. Ainda no ato, os sindicalistas perseguiam os manifestantes combativos, como os chamados Black Block, anarquistas, ativistas independentes e grupos marxistas revolucionários, tentando expulsá-los das manifestações. Seguranças (bate-paus), contratados pelas centrais com dinheiro de contribuição dos trabalhadores, voluntárias e compulsórias, e militantes do PCdoB e CTB agrediram manifestantes enquanto estes se defendiam do ataque policial e das bombas de gás. Por outro lado, a CSP-Conlutas se omitiu diante da repressão aos manifestantes, e dessa maneira quem se omite, colabora. O fato se agrava, na medida em que a CSP-Conlutas não fez nenhuma nota sobre o caso e sem mantém refém da política de organizar atos com toda a burocracia sindical. Neste sentido é necessário boicotar as centrais, com a suspensão do financiamento e que as entidades de base não participem dos próximos atos nos blocos das centrais. É fundamental combater o sindicalismo de estado e retomar a luta pelo Fim do Imposto, da Unicidade e da Carta Sindical. Ou seja, que cada trabalhador em seu local de trabalho se organize, questione o repasse de dinheiro dos sindicatos às centrais, pois este dinheiro está sendo usado contra os próprios trabalhadores. E defendemos a desfiliação de qualquer central construindo posições por local de trabalho, autônomas das burocracias sindicais, que se some na construção do Fórum de Oposição pela Base rumo a constituição de um Sindicalismo Revolucionário. O Fórum de Oposições pela Base tem como objetivo organizar a luta dos trabalhadores pela base e por isso se constitui com ativistas, militantes, oposições e organizações por local de trabalho, estudo e moradia. Suas ações são pautadas no classismo e na solidariedade de classe, de modo a romper o legalismo e o corporativismo. Tal Fórum compreende a necessidade de um movimento de oposição pela base que seja anti governista, combativo e classista, ou seja, não concilie com o governismo e lute pelo fim da estrutura sindical (imposto No non No non sindical, carta sindical e unicidade sindical). No non No non Os ataques do Estado e do Capital tendem a se No non No non intensificar à medida que os trabalhadores estão de- No non No non sorganizados ou orientados No non No non por políticas reformistas e colaboracionistas dos par- No non No non tidos que hegemonizam o movimento sindical e popular. O Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação) é um exemplo claro disso, com a singularidade de ser dirigido por um campo majoritário formado por partidos reformistas (PSOL/PSTU). Na prática, o PT continua orientando o Sepe politicamente e tendo hegemonia, mantida desde a fundação do sindicato na década de 80. Parte de sua militância petista (que já dirigia o Sepe) se transferiu para o PSOL em 2006, e juntamente com o PSTU compõem hoje esse campo majoritário que controla mais ou menos 70% da diretoria. O Sepe é o sindicato responsável por organizar não apenas a rede estadual, como também as redes municipais. No entanto, sua estratégia tem sido a de deflagração de greves isoladas ou setoriais. E mesmo essas greves só têm ocorrido em virtude da pressão realizada por parte da base da categoria que se indigna, quase que espontaneamente, diante dos ataques dos governos. A fragmentação só prejudica os trabalhadores que perdem a chance de somar forças no enfrentamento contra os patrões e governos. Atualmente cada rede possui um calendário e sua pauta de reivindicação. As greves ocorrem em momentos diferentes e não há articulação alguma entre os movimentos de luta de uma rede com outra. Devemos apontar para a unificação das lutas dos trabalhadores da educação em todo o estado, visando em longo prazo construir também um movimento de mobilização para toda a educação (rede privada, municipal, estadual, federal). Já há alguns anos assistimos nas escolas públicas as terceirizações que aumentam os processos de superexploração do trabalho, figurando o trabalhador contratado em regime de terceirização, o maior prejudicado neste processo. Por isso é hora dos trabalhadores terceirizados e do movimento estudantil encontrarem na organização sindical um ponto de apoio da sua própria organização. Hoje temos como tarefa estratégica lutar contra o PL 4330. Mas essa luta não se resume a denúncia das terceirizações. Essa luta passa pela construção da organização dos trabalhadores terceirizados dentro das escolas, com a solidariedade de estudantes, professores e demais funcionários. Para que se transforme em um sindicato combativo e classista, é importante que o Sepe adote a direta como estratégia No non No non ação de luta, construindo greves No non No non combativas, com ocupações e atos de rua resgatando sua No non No non autonomia frente ao Estado e aos governos como era no No non No non início de sua formação, em não se precisava pedir No non No non que autorização a nenhum órgão oficial para ser reconhecido No non e implementar as lutas. Propomos: Devemos nos empenhar na Construção de campanhas classistas, anti governistas e unificadas com trabalhadores da educação do Estado e municípios, denunciando as condições de precarização e fazendo atos unificados em defesa da educação pública em todos os níveis (estadual e municipal). Fazer um bloco unificado da educação no Ato do 1º de maio e nos demais que vierem a ser organizados ao longo do ano. Construir a greve da educação para o segundo bimestre letivo. O Sepe deve se somar ao movimento popular combativo, principalmente àqueles contra a copa da Fifa. Não vai ter copa! TESES GERAIS - PÁGINA 19 Como organizar a luta: construir o movimento pela base As greves de 2013 nos deram como lição a necessidade de estarmos cada vez mais organizados na reorientação da política que vem sendo implementada em nosso Sindicato que há anos que se caracteriza pela burocratização, pelo corporativismo e por vezes pelo peleguismo. Mas não faremos isso através da formação de chapas para disputar as eleições para diretoria do Sepe. Nós da ORC defendemos que o mais importante é a construção de um movimento pela base que reoriente a categoria e que seja capaz de transformar a concepção que hoje impera no movimento sindical como um todo. Assim, a disputa eleitoral deve ser vista como uma consequência e não como condicionante à construção de um Sepe classista e combativo. Devemos fomentar os espaços e instâncias que permitam a constante democracia em nosso sindicato. A eleição de representantes por Escola e a instauração do Conselho de Representantes são fundamentais porque é uma forma concreta que permite à base ser protagonista também das decisões do Sindicato. Isso está previsto em nosso estatuto, mas na prática não existe. A formação de comitês permanentes de mobilização nos núcleos e regionais também é necessária para que haja de fato um movimento constante que prepare toda a categoria da educação/RJ para as lutas contra as políticas neoliberais que sucateiam e impedem a viabilização de uma educação pública e de qualidade para os trabalhadores. Muitos profissionais da educação não sabem da importância dos representantes de escola ou sequer de sua existência. Os representantes de escola são importantes porque a construção das lutas por melhores salários e condições de trabalho deve vir da base das escolas, para então organizarmos um movimento realmente combativo que nos leve à vitória, sem os recuos que tradicionalmente prejudicam os trabalhadores. A defesa de que é preciso mobilizar a base deve ser real e não mera retórica. É através do conselho de representantes que elegemos os Conselheiros de Base com mandato imperativo (que precisa cumprir as deliberações da base) e revogável, e assento (direito à voz e voto) no conselho deliberativo unificado, junto com as diretorias. Não há tradição no Sepe desse tipo de processo. As decisões são tomadas pelas diretorias em conselhos deliberativos sem a presença dos conselheiros de base, que atualmente não existem, embora o estatuto preveja sua existência. O que há, na verdade é um grande fosso entre as direções e a base. Sabemos que as nossas conquistas só virão com a organização permanente do conjunto dos trabalhadores. Por isso é urgente a definição de um calendário anual de eleição de representantes de escola e que esta seja feita na proporção de 1 representante para cada 20 profissionais de educação na unidade de ensino. Por isso, nossa atuação deve visar, a partir de determinadas ações, construir um movimento pela base, fortalecendo a figura dos representantes de escola e o delegado de base, realizando assembleias locais, e não apenas em períodos de deflagração de greve, bem como a formação de comitês de mobilização permanente para fazer passagens nas escolas, realizar seminários e debates, eis o primeiro passo para que o Sepe adquira uma perspectiva classista e de luta. Outra ação importante é construir a mobilização entre todos os setores do serviço público estadual. Mas repudiamos as possíveis alianças com sindicatos que representam categorias que compõem o aparato repressivo do Estado. A função que estes indivíduos desempenham os coloca do lado contrário do povo e defensores da ordem que beneficia a burguesia e os governos constituídos. É ilusão acreditar que possa haver solidariedade entre um trabalhador e um policial. A própria condição de existir do último o coloca em antagonismo ao primeiro. A solidariedade só é possível quando o policial deixa de sê-lo para então lutar contra a ordem e não defendê-la. Para tanto é necessário que adotemos ações que busquem fortalecer nossa solidariedade de classe No non No non e construir um movimento realmente combativo que No non No non nos garanta vitórias frente aos patrões e governos, tais No non No non como: No non No non • Construir a luta de forma unificada, mas não No non No non apenas como retórica. Isso deve ocorrer através de as- No non No non sembleias unificadas entre as diferentes redes municipais e a rede estadual. • Criação de Comitês permanentes de mobilização para realizar atividades mensais nas escolas como debates e seminários. • Aumentar a participação dos funcionários e pessoal de apoio. Os núcleos devem produzir materiais e debates nas escolas cujo foco seja fomentar a participação destes. • Fomentar a realização de eleições para representantes de escolas, que integrarão o conselho de representantes que elegerá os delegados sindicais com mandatos. A figura do delegado sindical é fundamental em nossa perspectiva e o estatuto do SEPE prevê sua existência. Concepção sindical O corporativismo é sempre um primeiro estágio do peleguismo. Ou seja, uma política corporativista levada às últimas consequências transforma-se em peleguismo. Os dados sobre as lutas dos trabalhadores no Brasil dos anos 1990 reforçam exatamente que a vitória da concepção corporativista (que teve início com o modelo implantado por Vargas) não resultou apenas no predomínio das lutas e greves por empresas, mas no abandono da própria luta em favor das negociações da burocracia sindical. A vitória da concepção corporativista selou definitivamente o abandono dos princípios do protagonismo de classe. Marcou não somente o recuo das lutas unificadas de classe, mas de todas as formas de luta, de maneira que o número de greves caiu em cerca de 2/3 em 7 anos (na mesma década de 1990). O corporativismo foi levando ao peleguismo, que se consolidaria e tornaria explicito de forma generalizada depois de 2002, com a vitória do PT e Lula nas eleições presidenciais. A experiência de quem atua, hoje, nos movimentos sociais mostra que as lutas isoladas não estão tendo força suficiente para arrancar conquistas mais significativas nem mesmo manter certos acordos e direitos trabalhistas. Ou seja, se não mudar nossa estratégia e organização, não teremos nenhuma chance de fazer uma oposição séria às reformas neoliberais. A estratégia parlamentar tem causado nas bases a crença de que a participação política deve se limitar ao voto. Para as correntes do campo da esquerda reformista a via No non No non eleitoral, via indireta, será tão importante quanto a luta No non No non direta, então a participação no parlamento será apontaNo non No non da como um princípio e não No non No non como uma estratégia. No entanto, as teorias sobre a No non No non participação no parlamento não são devidamente expliNo non cadas às bases. O discurso dos setores progressistas se une aos setores reacionários reproduzindo a valorização da “importância do voto”. Cria-se um senso comum que repete a máxima que transformações virão pela via eleitoral. Desta forma, a participação nas eleições burguesas vence a estratégia de organização, mobilização e luta que é o que tem freado, mesmo de forma tímida, a ofensiva neoliberal em alguns países. A estratégia de utilização do parlamento para encaminhar as demandas dos trabalhadores nos aparece como um consenso entre a maior parte da esquerda. Enquanto isso, as bases não identificam diferenças entre as candidaturas de pessoas ligadas aos movimentos populares (incluindo o sindical) e as de pessoas ligadas à burguesia. Isso tende a ser um dos motivos que podem ocasionar, por um lado, o afastamento da classe trabalhadora das entidades que poderiam organizá-las para uma TESES GERAIS - PÁGINA 20 maior mobilização (como o SEPE), por pensar que sua diretoria esta utilizando a entidade para benefícios pessoais ou partidários e, por outro lado, a crença de que as melhorias nas suas condições de vida são externas à mobilização da própria classe. Todo esforço empregado para mobilizar os trabalhadores é direcionado à via eleitoral burguesa em prejuízo da ação direta das massas, estratégia que poderia surtir muito mais efeito além de ser muito mais educativa, democrática e eficaz. Por isso, a atual luta dos trabalhadores contra as reformas e a degeneração como a que ocorreu com a CUT, por exemplo, tem de ser uma luta entre “concepções sindicais” que se expressam em duas perspectivas antagônicas: Classista e Combativa X Colaboracionista (Corporativista e Pelega). Portanto, a adoção de uma concepção sindical classista e combativa implica perceber que: 1) É necessária, dentro do movimento sindical, uma linha que aponte para a aliança dos trabalhadores do campo e da cidade, e investir nesta articulação; 2) Somente pela articulação de luta e organização dos sindicatos no nível Inter categorias, pelo menos, ou “ramos da economia”, é possível encaminhar a luta econômico-reivindicativa e política dos trabalhadores; 3) Somente por uma política que aglutine de maneira ampla os setores “organizados e não organizados da classe” (trabalhadores marginalizados, precarizados, subempregados, etc.) é possível promover a mudança social no Brasil, pelo menos uma mudança que atenda aos interesses e necessidades dos trabalhadores, já que os setores marginalizados se ampliam em razão das reformas e reestruturação produtiva. Isto significa que o movimento sindical tem de aglutinar em torno de uma política de alianças, tanto os setores fragmentados e precarizados das categorias profissionais do mercado formal (terceirizados, contratados) quanto os “não organizados em sindicatos”, ou seja, os movimentos sociais e populares e ter a política de ajudar a criar tais movimentos. 4) Somente através da estratégia da Ação Direta seremos capazes de resistir às reformas neoliberais e ao massacre social que se aproxima no curto e no longo prazo e também seremos capazes de garantir uma efetiva mudança social no Brasil, no sentido da construção do socialismo; ou seja, as ações através das greves e manifestações, e de maneira geral, pela afirmação de um projeto de poder dos trabalhadores, o Poder Popular, pelo poder das organizações de massa. Não basta afirmar os princípios do sindicalismo combativo no papel, nem defender a ação direta e unidade dos trabalhadores nos discurso (o que os pelegos fazem), mas sim tomar medidas práticas (locais e nacionais) que garantam que a organização e a luta sindical expressem em todos os detalhes essa concepção combativa. 4. ATUALIZAÇÃO DO ESTATUTO E ORGANIZAÇÃO DO SEPE/RJ Alteração da nomenclatura Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro para Sindicato Estadual dos Trabalhadores da Educação do Rio de Janeiro Acreditamos que o termo trabalhadores é muito mais representativo de nossa condição de classe do que o termo profissionais, pois este traz embutido a ideia de profissional liberal. Pelo respeito a toda luta travada pelo proletariado ao longo da história e à busca pela construção de um sindicalismo essencialmente classista, identificado e forjado na luta de classes, propomos essa alteração. Não acreditamos de forma alguma que a simples mudança na nomenclatura altere a realidade que enfrentamos internamente, porém, os instrumentos de luta dos trabalhadores devem estar totalmente identificados com estes, com sua identidade e condição de classe. Fundo de greve Temos que enfrentar de forma séria e coerente o problema do corte do ponto na nossa categoria, e seu impacto desmobilizador no movimento grevista. Nosso estatuto atualmente prevê a existência de um fundo de reserva, que não pode ser confundido No non No non com fundo de greve. Reiteremos a necessidade de o No non No non Sepe assumir a responsabilidade de construir um fundo No non No non de greve com transmissão automática mensal de 10% No non No non da receita do sindicato para No non No non uso exclusivo na ajuda financeira aos trabalhadores que No non No non sofrerem corte de ponto em função do movimento. Esse fundo é independente do atual fundo de reserva estabelecido no estatuto. Iniciativas por parte da categoria em promover festas, rifas e outros meios de arrecadação de recurso financeiro não podem ser confundidas com a tarefa do Sindicato de viabilizar em médio e longo prazo a construção de um fundo de greve para dar assistência material aos trabalhadores que mais necessitarem no momento em que houver corte de ponto. Organização das eleições para Sepe Nosso estatuto é omisso com relação à organização das eleições para o Sindicato. E isso contribui para que não haja parâmetros que garantam a democracia no modo como o Sepe está se organizando, pelo contrário, o que existe hoje é uma estrutura que promove o aparelhamento do sindicato por partidos e correntes políticas. Por isso defendemos que as chapas que concorrerem à direção de núcleos e regionais ao assumirem os cargos devem apresentar um mínimo de 50% de candidatos com base local onde a chapa concorre, ou seja, devem trabalhar na rede municipal ou em escolas estaduais daquele município ou região. Desse modo, acabamos com as chapas fantasmas que apresentam candidaturas de pessoas que sequer puseram os pés nos municípios ou regionais a que concorrem. Por fim, defendemos que as chapas para o Sepe Central estejam inscritas em um número mínimo de 5 núcleos. Novamente o que ocorre no processo eleitoral do Sepe são listagens fantasmas com uma infinidade de nomes que existem apenas para se enquadrar na regra estabelecida. O critério que prevê um número maior de inscrição em núcleos tende a excluir das esferas de poder e decisão as correntes minoritárias, oposições e militantes independentes não organizados. Majoritariedade Defendemos que a gestão de nosso sindicato seja feita de forma majoritária. O discurso de que a proporcionalidade é uma forma mais democrática é falso. O que há atualmente é um “acordo de cavalheiros” entre as correntes políticas que atuam nas direções do Sepe e que se revessam a cada gestão. Todos se criticam, se acusam No non No non mutuamente e ninguém assume a responsabilidade peNo non No non los erros políticos cometidos pelo Sindicato, inclusive as No non No non correntes que são majoritárias na composição do Sepe. No non No non Como quase todas as correnacabam conseguindo seu No non No non tes “quinhão” no processo de aparelhamento do sindicato, No non a proporcionalidade torna-se algo muito conveniente e de muito conforto para aqueles que não fazem a luta e burocratizam nosso sindicato. A democracia operária não será garantida simplesmente na forma de composição da gestão de um sindicato. O que garante um processo democrático na luta sindical é o respeito às instâncias de base e às posições dissonantes e minoritárias, garantindo-se espaço para a atuação de grupos de oposição. Algo que não vemos no Sepe. Por isso defendemos esta mudança estatutária, a composição das direções do Sepe deve seguir o princípio da majoritariedade. Comando de greve Nosso estatuto deve prever que durante as greves em toda e qualquer rede, o comando de TESES GERAIS - PÁGINA 21 greve eleito nas assembleias locais e estadual substitua as direções em sua função de comando político do sindicato conduzindo o movimento a partir da democracia de base, algo tão defendido no discurso por quase todas as correntes, mas na prática rechaçada, como assistimos inúmeras vezes nas greves deflagradas pela categoria. Ao contrário de hoje em que o movimento é conduzido pelos diretores e pelo Conselho Deliberativo que muitas vezes nem sequer tem representação efetiva da base, no comando de greve só haverá representação se houver eleição nos núcleos e regionais. Se houvesse essa política, a greve de 2013 não teria sido conduzida e encerrada da maneira que foi. A participação efetiva da base poderia ter impedido o acordo no Supremo Tribunal Federal. Abaixo o sindicalismo corporativista e colaboracionista, contra o aparelhamento e a burocratização. A ORC combate a estrutura sindical da ditadura Vargas, herdeira do fascismo e do corporativismo pelego que leva ao colaboracionismo de classe. O modelo de sindicalismo hegemônico no Brasil transforma o sindicato em marionete de partidos e correntes políticas e retira o protagonismo da luta dos trabalhadores. Não somos contra a participação dos militantes em partidos e organizações políticas. Questionamos a perspectiva de aparelhamento e uso dos sindicatos, que menospreza o papel dos movimentos sociais na luta de classe. Lutar significa muito mais que se aproveitar de momentos de avanço para fins eleitorais. Portanto, devemos repetir: A ORC sabe que seu desafio é muito mais sério do que a simples conquista de alguns cargos numa direção sindical. Propõe, portanto, a construção de uma nova prática política, que conclama os trabalhadores da educação a tomar para si o protagonismo político, lutar por condições de trabalho e estudo melhores, por meio da ação direta. Com isso, propomos: • Fim do delegado nato nas instâncias do SEPE. • Cedidos para mandato parlamentar ou para governos não poderão ser eleitos para nenhum cargo ou função em instâncias do sindicato • Limitação a uma reeleição (2 mandatos consecutivos), incluindo núcleos e regionais. • Licença sindical limitada a dois mandatos consecutivos, não podendo haver a acumulação, ao mesmo tempo, em duas diferentes redes. • Calendário anual de eleições de representantes de escola. • Prestação de contas com relatório periódico do licenciado sindical sobre suas atividades apresentado ao sindicato com livre acesso à categoria. • Publicização da versão atualizada do Estatuto. Tese 5 LUTAR NÃO É CRIME. LUTAR É UM DIREITO. UNIDADE PARA LUTAR. OUTROS JUNHOS VIRÃO 1) Conjuntura 1.1 Conjuntura internacional Uma reação dos trabalhadores em todo o mundo aos ataques do imperialismo Vivemos uma nova situação política mundial. A conjuntura internacional atual é marcada pela combinação entre: 1) a profunda crise econômica mundial do capitalismo; 2) as respostas burguesas à crise com a guerra social contra os trabalhadores; 3) a ofensiva de lutas dos trabalhadores, com ápice na Europa, no Norte da África e Oriente Médio, e uma crescente na América Latina, com centro no Brasil pós junho de 2013. O marco fundamental da conjuntura internacional é, porém, a crise econômica mundial do capitalismo. É para reverter esta crise (queda das taxas de lucro) que a burguesia determinou um aumento geral da exploração do trabalho, grandes ataques e retirada dos direitos trabalhistas e sociais. Isso aprofundou o machismo, racismo, homofobia, xenofobia, perseguição religiosa. A crise de superprodução que se expressou com força na economia estadunidense em 2008 atravessou o Atlântico, chegando à Europa, outro centro da economia mundial capitalista. A população passou a ser severamente assolada pelo desemprego. Os Estados Burgueses europeus passaram a drenar todos os impostos para salvar os Bancos, tendo que, para isso, destruir a estrutura do chamado “Estado de bem estar social”. Os países mais frágeis economicamente foram arrasados: Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda, Islândia. Para estes a política dos imperialismos mais poderosos (EUA, Alemanha, Inglaterra, França) é de rebaixamento nos seus status no sistema mundial de Estados, rumo à colonização. Porém, até mesmo países importantes, como a Itália e, em menor medida, a França, foram duramente afetados. A coordenação imperialista chamada Troika (União Européia + Banco Central Europeu + FMI), comandada por EUA e Alemanha, passam a aplicar as “políticas de austeridade”. Estas políticas significam uma verdadeira guerra social da burguesia contra os trabalhadores. O cenário é dramático. Demissões e desemprego estrutural, inclusive nos serviços públicos. Na Espanha e na Grécia o desemprego atinge 54% da população em geral, ao longo de 2013, e em particular na juventude se eleva a quase 70%. O desemprego em massa repassa a conta da crise para os trabalhadores. Outra política, neoliberal, é o desmonte do chamado “Estado de bem estar social”, com revisões, ataques e fim de direitos trabalhistas (seguros-desemprego, estabilidades no emprego, etc.) e sociais (Previdência, Saúde, Educação, Cultura, etc.), com o objetivo de sanar os déficits orçamentá- No non No non rios agravados pelos planos No non No non de salvamento dos Bancos e grandes empresas. Os direi- No non No non tos sociais, além de rebaixados, estão sob mira da pri- No non No non vatização direta como mais uma política para gerar no- No non No non vos “mercados” e, assim, luNo non No non cros. A política para os servidores públicos é de “terra arrasada”: retirada de direitos, flexibilização de contratos, meritocracia com avaliações externas e bonificações por produtividade/resultados, fim da estabilidade e demissões! É um processo de diTESES GERAIS - PÁGINA 22 mensão histórica: a crise é profunda e a política da contrarrevolução burguesa é aumentar radicalmente a exploração e as opressões, em níveis nunca vistos. Não há espaço para concessões. Por analogia sociológica, vemos uma verdadeira “latino-americanização” da Europa e, daí, só se pode prever a barbárie para as periferias como América Latina, África e Ásia. Os índices de violência contra as mulheres alcançam níveis monumentais. O racismo, a homofobia e a xenofobia avançam de maneira atroz. A burguesia precisa dividir os trabalhadores e afogá-los na cultura contrarrevolucionária em que as ideologias opressivas se expressam. Perante a tal processo, a reação dos trabalhadores é de dimensões revolucionárias. Em várias partes do mundo, mobilizações eclodem em consequência dos ataques. A Europa, o Norte da África e Oriente Médio são os centros da situação revolucionária mundial. Em Portugal, 80% da população são contra o No non No non cumprimento dos acordos a Troika. Na Espanha, No non No non com milhares tomaram as ruas e No non No non praças em protestos contra o desemprego, os ataques No non No non aos direitos, em apoio à greve histórica dos mineiros. As No non No non greves gerais são uma constante, alcançando um ápice No non histórico que não se via há anos: greves gerais, greves nacionais e protestos simultâneos em diversos países. Uma greve geral europeia é possível. Nos EUA vimos movimentos importantes como o Ocupa Wall Street e uma nova camada de vanguarda de lutadores; greves de professores e trabalhadores precários em vários estados. Simultaneamente às greves e mobilizações na Europa, ocorrem processos revolucionários no Mundo Árabe-Islâmico: Norte da África e Oriente Médio. Revoluções políticas democráticas triunfantes na Tunísia, Egito, Líbia. A revolução democrática em curso como guerra civil na Síria, contra a ditadura sanguinária de Assad. Segue a resistência palestina e iraquiana. No Iraque, os EUA estão politicamente derrotados. Grandes mobilizações no Iêmen e Bahrein. A luta por liberdades democráticas e melhores condições de vida no Norte da África e Oriente Médio derrubaram governos e seguem buscando caminhos para a construção de sociedades mais justas. A luta contra as opressões também se agiganta: as mobilizações de massas de mulheres e homens na Índia, contra a onda de estupros no país; as greves operárias na África do Sul, marcadamente contra a exploração e sua face racista; os grandes movimentos que vêm conquistando direitos para os LGBT’s na Europa, em especial na França. Mesmo nos EUA, vimos movimentos importantes como o Ocupa Wall Street e uma nova camada de vanguarda de lutadores; greves de professores e trabalhadores precários em vários estados. Rompeu-se a estabilidade política e econômica dos países do centro do capitalismo. A intensificação de todas as crises – econômica, política, ambiental – são parte desta nova situação política. E esta quebra de estabilidade começa a atingir fortemente a América Latina (com lutas, greves gerais, as mobilizações), demonstrando a tendência de abertura de uma situação revolucionária nas periferias do capitalismo, onde as políticas de exploração e opressões são de No non No non níveis incontáveis. A emancipação dos tra- No non No non balhadores será obra dos próprios trabalhadores. No non No non Diante deste novo cenário, é necessário que os traba- No non No non lhadores fortaleçam as suas organizações. Precisamos No non No non construir um Sindicato de No non No non luta, de base, independente de Governos e capitalistas, articulado com os movimentos populares, da juventude e de luta contra as opressões. É necessário fortalecer a unidade para lutar. Neste sentido, o SEPE-RJ deve se unir ao sindicalismo combativo, democrático, independente e internacionalista, e defender: FORA AS TROPAS BRASILEIRAS DO HAITI; TODO APOIO À REVOLUÇÃO SÍRIA. 1.2 No Brasil os trabalhadores afirmam: Na copa vai ter luta! O ano de 2013 foi histórico para as trabalhado- ras e trabalhadores de todo país. As passeatas de junho/julho levaram milhões às ruas. O aumento do preço das passagens e as péssimas condições dos transportes foi o estopim das mobilizações, mas logo ficou claro que a luta não era apenas por 20 centavos. Com a inflação crescente, os escândalos de corrupção, o desvio de verbas públicas para os megaeventos, a precarização dos empregos, o caos da saúde, educação e moradia, a população começou a questionar o regime, os governos e várias instituições. O crescimento da economia dos últimos 10 anos não alterou a situação caótica de vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Ao contrário, piorou. Isso tem relação direta com a aplicação dos planos neoliberais no país, resultando na diminuição dos investimentos em serviços públicos. A sensação de “bem estar” criada a partir da ampliação do poder de consumo foi abalada. Esse “bem estar” foi o resultado da incorporação de uma leva importante de trabalhadoras e trabalhadores no mercado devido ao crescimento econômico. Programas sociais compensatórios, como o “Bolsa Família”, também incorporaram setores pauperizados ao mercado. Tudo isso foi alavancado com a ampliação do crédito, que aumentou quase 700% em 10 anos, levando endividamento a grande parte da população. Segundo o Banco Central, em setembro de 2013, a dívida total das famílias equivalia a 45,31% da renda acumulada nos últimos 12 meses. Em 10 anos do governo PT, houve arrocho salarial entre os setores mais especializados da classe trabalhadora, face ao crescimento do trabalho precário e mal remunerado. Pressionados pela base, CUT e Força Sindical foram obrigadas a participar No non No non dos dias nacionais de lutas No non No non em 11 julho e 30 de agosto. Porém, continuam aliados No non No non ao governo, defendendo todas as políticas de ataque No non No non aos trabalhadores. Os Governos de plantão No non No non no Brasil, em especial o de Dilma Roussef, estão comNo non prometidos até a medula com os interesses das classes dominantes, a burguesia, em nível internacional. O Governo do PT não governa para os trabalhadores. O PT Governa para os empresários internacionais e nacionais. Dilma está comprometida com as contrarreformas neoliberais, como esteve Lula em seus dois mandatos. Mesmo com as mobilizações de junho, este comprometimento não retrocedeu. Pelo contrário, no contexto da crise econômica mundial, Dilma continua atendendo aos interesses do imperialismo em sua busca por lucros. O PIB do ano TESES GERAIS - PÁGINA 23 passado ficou em cerca de 2,2%. Algo bem distante dos 7,5% de 2010. No terceiro trimestre de 2013, houve a primeira retração econômica desde o início de 2009, logo após a crise global. A indústria nacional está se retraindo enquanto não param de crescer os hectares destinados ao plantio de soja, tornando o país refém das commodities alimentícias. Para manter os especuladores, Dilma aumentou a taxa de juros seis vezes seguidas, fazendo o país voltar a ter a maior taxa de juros do mundo. As constantes isenções fiscais concedidas aos empresários reduzem os fundos de Estados e Municípios. A crise social se alastra e afunda o povo na miséria, sem saneamento básico, transporte de qualidade, saúde e educação. A previsão orçamentária de 2014 destina apenas 3,44% do orçamento para educação e 3,91% para a saúde, menos ainda para transportes, cultura, combate ao machismo, racismo e homofobia. Os bancos e grandes empresas batem recordes de lucratividade. O Bradesco, segundo maior banco privado do país registrou lucro contábil de 3,079 bilhões de reais no último trimestre do ano. Como se não bastasse, o governo ampliou as isenções fiscais às montadoras, destinando de 2008 até agora 12,3 bilhões de reais através da renúncia do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados). Enquanto isso 42,42% irá pagar juros e amortizações dos juros da dívida interna e externa. Ou seja, verba pública para o capital financeiro. Somam-se a este cenário as inúmeras privatizações: aeroportos, estradas e portos foram entregues a iniciativa privada. E, nunca antes na história desse país, ocorreu uma privatização como a do Campo de Libra. Um campo que abriga uma reserva de petróleo avaliada em 3 trilhões de dólares foi entregue para multinacionais, como a Shell, por 15 bilhões de dólares. Esse dinheiro servirá somente para garantir o superávit primário, ou seja, enriquecerá ainda mais os donos do capital enquanto que a população amargará com a miséria. Durante o Leilão, foi utilizado o Exército, a Força de Segurança Nacional e até a Marinha, para reprimir violentamente os trabalhadores que se manifestavam contra esta privatização. O Governo do PT também enfrentou, nesse processo, uma greve nacional dos petroleiros, que só ocorreu porque a base da categoria se rebelou contra a direção cutista. Em 2014, os ataques se aprofundam. O caos da saúde pública, da educação, do transporte caro e superlotado aumentam. Os “rolezinhos” em shoppings mostraram a falta de espaço de lazer e cultura para a juventude da periferia, duramente reprimida pela polícia. Com a desculpa da Copa, os governos vêm proporcionando uma verdadeira contrarreforma urbana com o aprofundamento das desigualdades sócio-espaciais, empurrando a população pobre para guetos, criminalização da pobreza e os movimentos sociais. Diante da possibilidade concreta de uma nova onda de protestos, o governo tenta preservar sua imagem e garantir a reeleição de Dilma. É bom lembrar que as jornadas de junho fizeram a presidente perder 20% de sua popularidade em apenas 15 dias. De lá para cá, Dilma recuperou parcialmente sua popularidade. Conta hoje com 47% de aprovação, face aos 65% que tinha antes dos protestos. Por isso o governo já demostrou que pretende reagir as manifestações utilizando duas táticas: a da cooptação direta, auxiliada pelas pelegas CUT, FS e UNE e, através da repressão direta, mesmo que isso signifique reeditar leis da ditadura, como a Lei de Segurança Nacional. Não é à toa que leis que impeçam manifestações durante a Copa e que acabam com o direito à greve já estão sendo elaboradas. O governo do PT está patrocinando uma nova lei que define como terrorismo qualquer ação que possa causar “pânico”. Isso se soma aos processos e enquadramento na Lei de Segurança Nacional de ativistas das mobilizações de 2013. Essa lei volta a ser aplicada 50 anos depois do Golpe Militar. Isso demonstra o caráter repressivo não só dos governos, mas do parlamento e da justiça dos ricos. Nos estados, a situação política e social não é muito diferente. Todos os Governos, da direita clássica ou da base do Governo Federal do PT, aplicam os mesmos projetos de privatização, ajuste fiscal, ataques a direitos, os desmandos relacionados à Copa e a violenta repressão contra as lutas. Porém, essa situação não significa uma derrota para trabalhadoras e trabalhadores. As jornadas de junho trouxeram lições importantes. A maior delas é de que só a luta muda a vida. Neste cenário, temos um grande desafio pela frente. Nós, profissionais de educação, que construímos ano passado a maior greve da nossa história, sendo exemplo para todo país, precisamos ocupar novamente as ruas, trazendo conosco a juventude e outros trabalhadores e trabalhadoras. O atrelamento da CUT, CNTE e outras organizações do movimento aos governos torna esta tarefa muito difícil. Mas nós, podemos reverter esta situação. Para organizar uma luta nacional precisamos fortalecer um instrumento que unifique a juventude, os trabalhadores da cidade e do campo, os movimentos populares, os movimentos sociais e os movimentos contra às opressões. Este instrumento é a Central Sindical e Popular CONLUTAS (CSP-CONLUTAS). Temos que ser os protagonistas desta história, filiando nosso sindicato à CSP-CONLUTAS. FORA CABRAL, VÀ COM PAES e demais prefeitos. 1.3 ESTADO O Último Congresso do SEPE aconteceu em 2011. Naquele momento, Cabral entrava no primeiro ano de seu segundo mandato, e teve a “popularidade” abalada com a “onda vermelha” que invadiu o Rio de Janeiro, com a histórica greve dos bombeiros. A educação também fez uma longa greve, aprofundando ainda mais o desgaste do governo estadual. Sergio Cabral foi reeleito no primeiro turno com alto índice de aprovação junto à população graças à sua política de segurança para as comunidades carentes. As UPAs (Unidade de Pronto Atendimento Médico), as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e as obras do PAC que, em parceria com o governo Lula, renderam dividendos nas urnas. Todas estas políticas serviram para enganar a população, arrochar os salários dos servidores, desviarem recursos públicos para empreiteiras e bancos e produzir um dos maiores superávits primário do país. Cabral usou estas verbas para pagar as dívidas públicas junto as multinacionais e se reeleger. Sua política tem como marca registrada o fascismo. Sua pretensa política de segurança não passa de uma limpeza étnica que prepara o Estado para os megaeventos. Desta forma sua obsessão é com a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais. Para isso legitima uma polícia militar truculenta e assassina. Seu governo, incapaz de fornecer melhores condições de salário e trabalho para os servidores da segurança pública militar e civil, No non No non incentiva à violência, o abuso de poder e a corrupção No non No non policial. Seu mandato foi marca- No non No non do por uma cachoeira de escândalos. Corrupção, guar- No non No non danapos na cabeça, conNo non No non tratos ilícitos, desrespeito à Aldeia Maracanã, remoções No non No non que representaram uma verdadeira faxina étinico-social, caos na saúde com o fracasso das UPA’s. Até as UPP’s, carro-chefe de seu programa eleitoral demonstraram seu caráter fascista. O caso do desaparecimento de Amarildo colocou a mostra o verdadeiro caráter destas unidades. Uma grande parcela da população que apoiava a UPP como política de segurança pública, percebeu que as unidades pacificadoras não pacificavam. Apenas criminalizavam a pobreza. Hoje a luta pelo fim da PM é uma bandeira defendida por centenas de trabalhadores. Na educação, o projeto meritocrático do Plano de Metas, responsabilizando o profissional pelo fracasso escolar, retirando a autonomia pedagógica com a implementação do currículo mínimo, quebrando a paridade, desviando as verbas públicas para setores privados e mantendo os salários TESES GERAIS - PÁGINA 24 dos servidores arrochados. Para garantir o sucesso de seus planos, Cabral elaborou toda uma política para ter maior controle sobre os diretores de escolas, tentando transformá-los em gerentes de produção, com metas e prazos na administração de recursos, obtenção de “rápidos resultados pedagógicos” e um severo controle ideológico sobre os educadores. Para implementar sua política de superávit primário, seguindo a cartilha neoliberal, terceirizou diversas funções inerentes a cargos públicos. Extingui os funcionários das escolas. Cabral foi blindado pelo governo federal e a aliança PT/PMDB, mas o “FORA CABRAL” tomou conta das ruas de todo o Estado e do país. Diante da pressão dos trabalhadores, irá renunciar ao governo estadual para se candidatar a um cargo parlamentar nas próximas eleições. E o cenário mais provável é que seu vice, Pezão, não seja reeleito. Por isso várias pré-candidaturas de partidos da base aliada ao governo foram lançadas, demonstrando a crise de governabilidade. 1.4 MUNICÌPIO O primeiro mandato de Paes foi um reflexo da política federal e estadual. Utilizando-se do crescimento econômico, dos grandes investimentos ampliados pelos megaeventos, do enriquecimento de banqueiros e empresários, dos acordos com o Banco Mundial, de vários programas sociais com cunho assistencialista, da propaganda constante de “transformar” a cidade, No non No non Paes ampliou sua popularidade nas massas. Em 2011, quando Cabral No non No non se afundava em escândalos No non No non e a “onda vermelha” cobria o Rio de Janeiro, Paes se No non No non desvinculava do governaEnquanto Cabral demiNo non No non dor. tia bombeiros, Paes tornava a Guarda Municipal estatuNo non tária. Diante deste cenário, Paes foi reeleito no primeiro turno com 64,60% dos votos válidos. A maior concentração de votação ocorreu nas áreas mais pauperizadas da cidade. Na Câmara dos Vereadores, onde já tinha maioria, o governo ficou praticamente hegemônico. Mas os problemas se aprofundaram. Mesmo com as “Clínicas da Família”, a saúde do Rio de Janeiro é uma das mais precarizadas do país, além de ser gerida por OS’s. A qualidade do transporte é péssima e o valor das tarifas, uma das mais caras do país. Comunidades são removidas e a depredação ambiental legitimada. Um novo modelo de cidade vem sendo construído, uma cidade do capital, privatizada, a exemplo do que ocorre na Zona Portuária. A cessão da administração pública para a iniciativa privada aumenta, assim como ver- bas públicas vão para banqueiros e empresários. A Prefeitura continua batendo recordes na arrecadação. Em 2014, a previsão de aumento da receita corrente líquida é de 9,77%, o que significa bilhões a mais para o governo. O investimento no Desporto e Lazer aumentou em 628,97%. Na saúde reduziu em 5,24%. Na educação, os ataques de Paes transformaram escolas e creches em verdadeiras fábricas de números fictícios. Sua secretaria de educação, Claudia Constin, foi a precursora das Parcerias Público Privadas em SP, quando secretaria Estadual de Cultura e uma das principais figuras da Reforma Administrativa de FHC. A política educacional do prefeito segue as diretrizes do Banco Mundial: meritocracia, precarização, No non No non desvio de verba pública para a iniciativa privada, fim No non No non da autonomia pedagógica, imposição de metodologias No non No non tecnicistas, exploração do No non No non trabalho dos funcionários, assédio moral. No non No non E foram os profissionais de educação, que após 19 No non No non anos sem realizar uma greve que acabaram com o projeto do PMDB/PT de governar a cidade até 2024. A greve histórica, que contou com mais de 80% de adesão, superou a questão do “aumento de salário”. Colocou em cheque a política educacional de Paes e ganhou o apoio da população. Nas ruas todos cantavam “Fora Cabral e Eduardo Paes”. Ao fim da greve, pesquisa do Data Folha indicava que Paes tinha 67% de rejeição. Ou seja, o prefeito agora amarga o mesmo desprestígio de Cabral. 2013- Um ano de Lutas!!! 2014, mais lutas virão!!! Os profissionais de educação protagonizaram greves em vários municípios do Estado. Belford Roxo, Petrópolis, Valença, Duque de Caxias, Niterói, São Gonçalo, Vassouras. Em todas estas cidades a luta foi contra prefeitos que atacam o direito dos trabalhadores e retiram das crianças e da juventude o direito à educação pública, gratuita, laica e de qualidade. Por isso, mas que uma bandeira, a unificação das lutas é fundamental para a educação. Porém, sozinhos, não conseguiremos derrotar os planos destes governos. Precisamos ganhar a disputa ideológica e trazer para o nosso lado toda a comunidade escolar. Somente com a unidade e luta de todos os trabalhadores conquistaremos vitórias. 2. POLÍTICAS EDUCACIONAIS A realidade da Educação Pública está cada vez mais difícil em todo o mundo. A política geral da burguesia para a Educação dos Trabalhadores é de privatização e destruição. Educação de qualidade nunca foi uma pauta da burguesia. Na época das revoluções que levaram a burguesia ao poder na Europa (séculos XVII ao XIX), a pauta em relação à Educação se limitava a torná-la pública e laica, para combater o poder da Igreja. Foi o movimento operário que transformou o direito à Educação Pública de qualidade para todos/as em uma Pauta internacional. A luta revolucionária dos trabalhadores do século XIX até hoje foi o que obrigou a burguesia a fazer concessões, principalmente nos países centrais do capitalismo: a montagem de sistemas públicos de ensino com acesso relativamente democrático e com relativo padrão de qualidade. A Revolução Russa e No non No non o Estado Operário Soviético, que ampliou em escalas iniNo non No non magináveis o acesso à educação, exercia forte pressão No non No non para tornar possível esta do Estado de Bem No non No non medida Estar Social europeu. Porém, para países coloNo non No non niais e semicoloniais como o Brasil, a burguesia nunca No non chegou a montar tais sistemas públicos de ensino como o europeu. No chamado Terceiro Mundo o analfabetismo, a exclusão, a miséria educacional e cultural sempre foram as condições de vida a serem mantidas para garantir os lucros da burguesia imperialista. Somente com duríssimas lutas e com a pressão da alternativa “socialista” que algumas concessões foram feitas, e mesmo assim muito limitadas. No Brasil foi preciso a gigantesca luta dos trabalhadores que provocou a queda da ditadura, nos anos 70 e 80, para que a Educação Pública se tornasse direito dos filhos e filhas dos trabalhadores. O acesso se ampliou, porém o custo imposto pela burguesia foi a ruína da qualidade da Escola Pública. Com o neoliberalismo e a queda do chamado “Socialismo Real”, a burguesia em nível mundial se sentiu livre para começar a retirar todas as concessões feitas. Já nos anos 80 começava a implantação do neoliberalismo na Educação nos Estados Unidos, que levou o sistema educacional estadunidense à ruína: os Estados Unidos são o país mais rico do mundo, porém é 26° lugar no ranking internacional de qualidade na Educação. E recentemente, com a crise econômica, a destruição da Educação Pública se intensifica em todo mundo. A piora na Educação está ligada com o rebaixamento mundial na qualidade de vida dos trabalhadores. A orientação dos órgãos burgueses mundiais, ONU, UNESCO, FMI, Banco Mundial, TROIKA, é atacar os direitos sociais: a Educação é um deles. O Brasil é parte dessa realidade. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de DomicíTESES GERAIS - PÁGINA 25 lios (Pnad) recém-divulgada pelo IBGE, o país ainda tem 3 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos fora da escola e mais de 13 milhões de analfabetos e o alarmante número de 27,8 milhões de analfabetos funcionais. Quando o tema é ensino superior, apenas 12% da população brasileira tem nível superior. O Brasil, que hoje é a 7º economia mundial está em antepenúltimo lugar no ranking da OCDE (Organização Continental para o Desenvolvimento da Educação) em matéria educacional o que lança o país a 84º lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Essa situação condena milhões de estudantes brasileiros a não aprenderam a ler, escrever, contar e nega o acesso à arte, cultura e impede uma melhora de vida. Esse é o resultado mais cruel da continuidade da aplicação de uma política educacional sustentada no tripé da meritocracia, privatização e precarização, tratando a educação como uma mercadoria e não como um direito social. O governo Lula e agora Dilma, desenvolve sua política educacional apoiada no Plano de Desenvolvimento da Educação, lançada em 2007 e que segundo o próprio governo, o principal foco do PDE é a Educação Básica e dá ênfase a formação e valorização docente, ao financiamento e à garantia de acesso e tem como base legal a lei nº 6094/07. Nessa lei se estabelece entre as metas que a valorização do trabalhador em educação se dará por mérito, “representado pelo desempenho eficiente no trabalho, dedicação, assiduidade, pontualidade, responsabilidade, realização de projetos e trabalhos especializados, cursos de atualização e desenvolvimento profissional”, além de “dar consequência ao período probatório, tornando o professor efetivo estável após avaliação, de preferência externa ao sistema educacional local”. Essa lógica meritocrática visa a culpabilização dos profissionais em educação pela crise que vive a escola pública. Todos sabem que não existe solução para milhões de brasileiros que vivem em condições de pobreza pela via do mérito, assim como não há saída para a escola pública por essa via. Como escreve Renato dos Santos Souza só pode defender a meritocracia “a menos que se pense, é claro, que uma sociedade seja apenas um agregado de pessoas. Então, uma coisa é a valorização do mérito como princípio educativo e formativo individual, e como juízo de conduta pessoal, outra bem diferente é tê-lo como plano de governo, como fundamento ético de uma organização social. Neste plano é que se situa a meritocracia, como um fundamento de organização coletiva, e aí é que ela se torna reacionária e perversa.” A meritocracia serve para “apreciações individuais e não sociais.” No Estado de São Paulo, o governo do PSDB, chegou ao cúmulo de impor uma evolução salarial aos professores/as vinculada a nota de uma prova e em Minas Gerais existe um abono de produtividade baseado no IDEB. Caminhando junto a meritocracia, há um profundo processo de privatização do ensino em nosso país. Quando há alguns anos privatizar significava a escola ter um dono e cobrar mensalidade agora se construiu métodos eficaz de transferência de verbas públicas às redes privadas. A maior expressão disso é o PROUNI que despeja milhões de reais das verbas públicas para as faculdades/ universidades privadas e é justamente as verbas que faltam para uma expansão com qualidade das universidades públicas. É possível que cada vaga comprada na rede privada seja aberta na rede pública. O PRONATEC segue a mesma lógica de transferência de verbas as escolas privadas além dos projetos como o ensino médio integral ou inovador que se apoia em oficinas feitas por bancos e ONG´s, que recebem muito em transferência direta de verbas públicas ou através de isenção fiscal. Coroando esta política educacional neoliberal temos uma ampliação da precarização do trabalho educacional, através de vários instrumentos: intensificação do trabalho, regimes de trabalho precários (contratos), etc. Passados 5 anos da criação da Lei do Piso Nacional a regra é que os estados e municípios não cumprem a lei de forma integral ou parcial. Apesar de o Piso Nacional aprovado ser muito inferior as reais necessidades do magistério, muitos estados e municípios seguem não cumprindo a Lei e o governo federal/MEC não move uma palha para isso. É uma vergonha o desrespeito destes governantes à educação, mas também é vergonhoso a CNTE ter aprovado no CNE em 2012 a redução do piso, sem discutir nos estados uma proposta semelhante, abandonando na prática a defesa do custo aluno. Quanto a aplicação da jornada de trabalho e garantia de no mínimo 1/3 ser de atividades extraclasse, aí que a situação é ainda pior. Para não aplicar a lei, vários estados e municípios tem alterado a jornada de trabalho para legalizar a ilegalidade de não cumpri a lei. Em São Paulo, por exemplo, o estado (governado por Alckmin-PSDB) publicou uma resolução sustentando que a hora/ aula é de 60 minutos e por isso 32 aulas de 50minutos equivale a 27 aulas de 60 minutos, portanto já aplica a lei. Essa barbaridade de aumentar a jornada de trabalho para não aplicar a lei também se vê na maioria dos estados e municípios desse país. Foi aprovado pelo congresso nacional o valor de 10% do PIB para a educação. Nota-se que essa aprovação não garante que o dinheiro investido vá para a educação pública, pois as metas do PNE reafirmam a necessidade dos programas educacionais privatistas, como o PROUNI e o PRONATEC além da política de escola integral ser apoiada em oficinas privadas. Para elevar o valor destinado à educação, após as manifestações de junho, o congresso aprovou que 75% dos royalties do petróleo vão para educação e 50% do fundo social do Pré-Sal. Muita propaganda e pouca efetividade, pois em 2013 os royalties representam 0,2% do PIB e em 2021, auge da exploração do Pré-Sal esse valor pode atingir 0,6% do PIB, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida. Ao mesmo tempo, o orçamento da união para 2014 prevê mais de 1 trilhão de reais para pagamentos de juros e amortizações das dívidas (44% do orçamento) e apenas 3,14% para a educação. É neste contexto geral que se enquadra a Educação no Rio de Janeiro. Os projetos em curso nas Redes Públicas não se diferenciam a não ser no grau. Na Rede Estadual o que vemos é a meritocracia, via Plano de Metas e seus instrumentos (Conexão Educação, SAERJ, bonificações e Certificação) destruindo as condições de trabalho, a autonomia pedagógica e o Plano de Carreira; a privatização é explícita, como evidencia o Projeto Autonomia, o Novo EJA, dentre outros. No Município do Rio a realidade é a mesma, com o Rio 3.0, a avaliação externa, os cadernos pedagógicos, a ingerência de OS’s, e o próprio novo Plano de Carreira adequado à meritocracia. E o projeto neoliberal se expande pelas demais Redes Municipais: Planos de Carreira que não valorizam estão sob a mira da meritocracia; os péssimos salários e condições de trabalho; a ingerência das OS’s; o não cumprimento sequer da Lei do Piso, muito menos do No non No non 1/3 de Planejamento (aliás, não cumprido também na No non No non Rede Estadual e Municipal do Rio). Um capítulo à par- No non No non te do projeto neoliberal é a intensificação do autorita- No non No non rismo nas Escolas: a maior No non No non parte das Redes não elege diretamente as Direções de No non No non Escolas, ou estão perdendo esse direito conquistado na luta. Com as greves de 2013 vimos o barril de pólvora que, em função da destruição e privatização, se tornaram as Escolas. A Educação é uma pauta da luta e da revolução dos trabalhadores. Por isso, é tarefa do SEPE-RJ intensificar as lutas em defesa da Escola Pública e ser um instrumento de luta capaz de aglutinar a categoria na discussão e luta por outro projeto de Educação: pública, gratuita, de qualidade, laica e a serviço dos trabalhadores. Uma educação libertadora. Esta luta não é só dos Profissionais da Educação, mas sem eles com certeza ela não avançará muito. Ao mesmo tempo, somente com a transformação do conjunto da sociedade é que transformaremos a fundo a Educação. 3. Buscar a unidade para as lutas de 2014 e 2015. Os vários ataques à educação pública são uma TESES GERAIS - PÁGINA 26 política da burguesia a nível internacional e nacional. E são ataques de tamanha gravidade que apenas a luta dos Profissionais da Educação, isolada, não será capaz de deter. As greves de 2013 foram uma prova cabal disso: além da massividade, foi a unidade das greves com o apoio dos trabalhadores em geral que fortaleceu nossa luta. Outros exemplos vêm do mundo. Na Europa a política de destruição da Educação se expressa, dentre outros ataques, na demissão massiva de servidores. Na França, em setembro de 2011, foi necessária uma greve geral para deter a demissão de centenas de Professores das Universidades. Não foi uma luta isolada da categoria: envolveram associações estudantis, outros sindicatos e movimentos, as centrais sindicais. Processos semelhantes ocorreram na Espanha (em 2012) e Portugal (em 2013). Para combater esses planos de cortes de gastos públicos para beneficiar os banqueiros, a unificação das lutas de trabalhadores tem sido a principal arma. Compreender a realidade internacional e nacional, conhecer as experiências dos outros setores de trabalhadores, é fundamental. Na América latina vimos a luta do povo chileno contra a privatização da educação. No México segue a batalha contra certificação. No Haiti as escolas e hospitais foram privatizados, e o padrão de vida dos trabalhadores é de intensa miséria. Está havendo uma preparação do Brasil para essa No non No non realidade. Devemos tamNo non No non bém preparar a luta contra esses planos. Vai ser muito No non No non difícil profissionais de educação combaterem sozinhos No non No non e de forma espontânea a No non No non destruição da escola pública. É necessário organizar o SEPE RJ ao lado dos demais No non trabalhadores. É necessário filiação a uma central não governista. Que o Congresso do SEPE aprove a filiação do SEPE à CSP-CONLUTAS. A CSP-CONLUTAS é uma central sindical e popular que possui como estratégia a construção de uma sociedade socialista. Tem uma Coordenação que se reúne periodicamente com regime de revogabilidade de mandatos. Organiza o movimento sindical, popular, estudantil e de luta contra as opressões (machismo, racismo e homofobia). Todos viram a repercussão que teve a luta contra os despejos dos moradores de Pinheirinhos em 2012, e da ocupação Willian Rosa em 2013. Em 2014 acontecerá o próximo Congresso da Central. É uma central sindical que se opõe a todos os governos de plantão. Apoia todas as lutas dos trabalhadores no Brasil e no mundo. Tem cumprido um papel de vanguarda na luta contra retirada de direitos (Reforma trabalhista, ACE, REFORMA SINDICAL). Chamou vários encontros com Centrais sindicais não governistas de vários países. Não é uma central sindical fantasma, tem organizado Congressos, investe na formação de sua militância com cursos, palestras etc.). Durante a nossa greve, o ANDES (Sindicato dos Professores do Ensino Superior), a Federação Metalúrgica de Minas Gerais e outros Sindicatos da CSP-Conlutas atenderam ao chamado do SEPE para apoiar e ceder dinheiro para a nossa greve. É uma central que tem investido no debate contra a burocratização dos Sindicatos, contra o afastamento dos dirigentes da base. Prega a democracia operária, fim da censura no movimento com livre debate das diferentes posições políticas. São os fóruns do movimento, principalmente os fóruns de base, que dão a última palavra: Assembleias, Conselho de Representantes, Congressos. As entidades filiadas a Conlutas levam a sério o debate contra o machismo, racismo e homofobia. Condena a prática da calúnia, mentira, agressão física em detrimento do debate político no movimento. Essas são práticas burguesas e dos ditadores capitalistas de plantão. É importante manter o chamado a unificação de todos os processos de reorganização (Intersindical, Unidos pra Lutar, etc.) por fora do governo e da CUT e das demais centrais traidoras. A CUT e a CNTE não servem mais para unificar as lutas da educação e da classe. Por isso o SEPE-RJ deve impulsionar em nível nacional, um movimento de reorganização da educação básica, por dentro e por fora da CNTE, em oposição à CNTE governista. 4. BALANÇO DA DIREÇÃO DO SEPE-RJ A gestão desta direção iniciada em 2012, está aquém da necessidade dos trabalhadores de educação do Rio de Janeiro. É necessária uma avaliação rigorosa desse desempenho a fim de que os erros cometidos não se repitam e interfiram nas lutas do próximo período. Para isso, é preciso discernir as diferenças de concepções existentes no SEPE. O Sindicato é o nosso mais privilegiado meio de organização; as lutas da categoria são nosso motor básico e a direção deveria ser o comando dessa engrenagem. É para ela que o Sindicato existe. E é para ela que a direção deve orientar sua prática. Mas, infelizmente, a maioria da direção se preocupa mais com a disputa do aparato do que com a organização das lutas. Infelizmente, precisamos constatar que a maioria da direção do SEPE não está na base, por isso não reflete os anseios da categoria e, não forma uma nova direção. Os encaminhamentos aprovados que potencializam as lutas da categoria, não só durante as greves, mas no dia a dia, não são respeitados.Assim, prevalece a prática do hegemonismo. Um sensível e grave problema que persegue a maioria dessa direção é a incapacidade de elabo- rar propostas políticas para os vários segmentos da categoria. A unificação desses setores reunidos no SEPE (funcionários das escolas, animadores culturais, professores, supervisores, orientadores, aposentados, e até terceirizados) é um patrimônio que poucos sindicatos nacionalmente conseguiram construir. Tal mérito, entretanto, não tem se refletido em políticas traçadas pela direção para os setores unificadamente, deixando por conta das Secretarias ou de algum@ diretor@ quase individualmente, a tarefa de dar conta do “seu” segmento. Muitas vezes é preciso pressão, para impor a maioria da direção assumir sua tarefa. Há várias questões pendentes que a maioria da direção não consegue produzir políticas, como a situação dos Docentes II, o fenômeno da terceirização em nossas escolas, os agentes de creches no Rio e a própria política para as redes municipais, com ou sem SEPE. Sem falar da demora nas respostas às questões urgentes impostas pelos governos, No non No non como as últimas resoluções No non No non de fim de ano, as imposições de reposição de conteúdos No non No non em janeiro, as remoções, o autoritarismo e assédio mo- No non No non ral. Tanto no estado quanto nas redes municipais, a No non No non maioria da direção do SindiNo non No non cato não se envolveu, nem acompanhou os desmandos dos governos, deixando a categoria à mercê de suas direções autoritárias. A comunicação com a categoria tem sido uma das maiores reclamações, seja por meio do site ou material impresso. Falta correspondência regular, especialmente para aposentad@s; as notícias do site são desatualizadas ou incompletas; não há periodicidade do Boletim Conselho de Classe; e há uma nefasta desarticulação no interior da Secretaria de Imprensa do Sindicato. O burocratismo atinge o sindicato. A base não se sente representada. A hostilidade demonstrada por alguns diretores na condução das reuniões ou assembleias é inaceitável em qualquer situação. É preciso lembrar que nossos métodos devem estar a serviço de uma política que garanta as lutas e a construção de uma nova sociedade. Por isso, é preciso que a categoria ocupe o Sindicato, impondo a prática coerente com os princípios da classe trabalhadora: combater a burocratização que emperra avanços políticos, impedir a concentração de poder e decisão nas mãos de um ou alguns diretor@s, intervir nas votações através da participação nas instâncias, coibir os feudos nos Núcleos e Regionais. Uma parte dos que assinam esta tese fazem parte da direção do sindicato. São minoria. Apesar de todas as críticas que temos a maioria, não TESES GERAIS - PÁGINA 27 abandonaremos a categoria a mercê dos ataques dos governos. Nos orgulhamos de estar na linha de frente de todas as lutas. Não compartilhamos da ideologia do quanto pior, melhor. Temos responsabilidade e acreditamos que somente com a democratização do sindicato, o trabalho de base, o combate à burocratização, poderemos mudar os rumos da direção do SEPE. Em 2013, ocorreram muitas greves e lutas em várias redes municipais: Niterói, Valença, Petrópolis, São Gonçalo, Volta Redonda, Belford Roxo, Mesquita, Vassouras, Macaé, Itaboraí. A greve da Rede Estadual e da Rede Municipal do Rio de Janeiro entraram para história. Porém, lamentavelmente, uma série de erros cometidos pela maioria da direção levou uma grande parcela da categoria a não confiar no seu sindicato. O principal erro foi a não unificação das greves, levando o isolamento das lutas. A maioria da direção não politizou o debate, levando muitos a No non No non confiarem plenamente na burguesa. A ida ao No non No non justiça Supremo Tribunal Federal, No non No non fruto de uma ação jurídica do SEPE, demonstrou a proNo non No non jeção nacional que a greve obteve. Provou também o No non No non desgaste dos governos Cabral e Paes. Evidentemente No non o ministro Luiz Fux não estava ao lado dos trabalhadores. Estava ao lado dos governos. O acordo não contemplou as reivindicações da categoria, mais impediu retaliações mais graves para os colegas já com número de processos de exoneração na rede estadual e a tentativa na Rede Municipal. Cabe lembrar que em greves da educação como a do Amapá, vários trabalhadores tem até hoje inquéritos e tiveram seus salários cortados. A judicialização das lutas será mais um ataque que enfrentaremos neste próximo período. Este debate deve ser um dos importantes pontos das discussões de nosso Congresso. Não poderemos admitir a criminalização das lutas. A vitória mais importante destas greves foi o fato da categoria ter erguido a cabeça e entendido que só a luta muda a vida. Em 2014 é fundamental investir na unificação das lutas, respeitando-se as especificidades de cada rede. Para isso é preciso menos arrogância e mais comprometimento com a base dessa categoria, de modo a aglutinar mais forças na luta contra o nocivo modelo de escola e educação que não apostam na saber crítico e libertador que nosso povo trabalhador tanto merece. Hoje o SEPE-RJ se tornou uma referência de resistência para os colegas de muitos estados e municípios brasileiros, dada à força de nossas greves. Mas, ainda hoje, a maioria da direção hesita em assumir esse papel protagonista de direção nacional em defesa de bandeiras educacionais, salariais e políticas. A filiação do SEPE à CSP-CONLUTAS mudará a relação da educação nacional. Poderemos construir um movimento nacional que de fato unifique os trabalhadores da educação contra os ataques dos governos. Um movimento que construa uma alternativa à CNTE, da qual nos desfiliamos e continuamos a defender a manutenção dessa desfiliação. Por isso, defendemos o Encontro nacional de educadores, em agosto de 2013, convocado pelo ANDES, ANEL, CSP-CONLUTAS e SINASEFE. Neste Congresso, temos que aprovar que o SEPE se some a outros lutadores na construção deste encontro. 5. PLANO DE LUTAS. O XIV Congresso do SEPE-RJ deve aprovar uma política de busca permanente para a construção do calendário nacional e estadual de lutas com as demais entidades dos movimentos sociais. Esta unidade deve estar a serviço de fortalecer a luta dos trabalhadores contra os ataques dos patrões e governos aos direitos conquistados. Esta unidade deve fortalecer a luta por mais emprego, melhores salários, pela reforma urbana, pela reforma agrária, pela redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais sem redução salarial, pelo fim da demissão imotivada, pelo fim do fator previdenciário, pelos 10% para educação pública, por 06% do PIB para a saúde pública, por um transporte público com passe livre para estudantes, idosos e desempregados. Para a construção destes calendários devemos propor a criação de comitês e organismos de unidade de ação que encaminhem e fortaleçam as lutas dos movimentos sindical, popular e estudantil. Precisamos lutar por: - 10% do PIB para a educação pública já. - Defesa da escola pública, gratuita, laica e de qualidade. - Contra a meritocracia. Em defesa da autonomia pedagógica. - Campanha estadual pela eleição de direções diretas para direção de unidades escolares em todas as redes. - Não as avaliações externas. - Fim das parcerias público-privada na educa- ção. - Pela valorização dos profissionais de educação. - Luta pelo piso de 5 salários mínimos para professor e três e meio para funcionários. - Concurso público para professores e funcionários. - Não à terceirização. - Restabelecer o monopólio estatal do petróleo, sob controle dos trabalhadores, por uma Petrobras 100% estatal, pelo fim da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e pela anulação de todos os contratos de risco, fim dos leilões e anulação dos realizados até agora. - Estatização de todo o sistema de ensino nacional, pelo fim das escolas particulares, e implantação de uma ampla reforma na educação que possibilite a criação de uma escola de qualidade para os trabalhadores, do maternal ao ensino superior, além da pós-graduação com acesso universal. - Pela autodeterminação, soberania dos povos e democracia para as massas trabalhadoras. - Contra as guerras promovidas pelo capitalismo e os imperialistas. - Contra a ocupação do Haiti, imposta pelos interesses imperialistas norte-americanos, disfarçada em missão da ONU. - Pelo desenvolvimento No non No non do internacionalismo proletário e solidariedade às No non No non lutas revolucionárias dos povos do mundo contra o No non No non imperialismo. - Contra a criminalização No non No non dos movimentos sociais. No non No non No non No non 6. ESTATUTO DO SEPE-RJ Artigo 4 – Inclusão no quadro de sócios do Sepe Assistentes Sociais e Psicólogos, desde que sua lotação seja nas Secretarias de Educação. Artigo 16 – (nova redação) O CEO (Congresso Ordinário do Sepe) reunir-se-á de dois em dois anos. No intervalo entre um Congresso e outro reunir-se-á Conferência de Educação do Sepe Artigo 35 - Parágrafo 2 (nova redação) – Além dos três primeiros conselheiros, cada Conselho de Representantes terá direito de indicar um repre- TESES GERAIS - PÁGINA 28 sentante a mais para cada 10 (dez) ou fração superior a 05 (cinco) escolas organizadas no Conselho Artigo 40 (nova redação) – Retomar a Secretaria de Organização com 02 (dois) membros; Secretaria do Interior com 07 (sete) membros e Secretaria de Cultura, Formação sindical e Assuntos Educacionais com 03 (três) membros. Artigo 58 (nova redação) - Parágrafo 1 – A diretoria dos núcleos e regionais da Capital será composta por 01 diretor a cada 20 escolas da sua base local como membros efetivos .... e, no máximo 48 membros. Os núcleos e regionais da Capital que tiverem menos de 100 escolas na sua base territorial deverão ser composta por 05 membros no mínimo e no máximo 48 Parágrafo 2 – Só poderão ser candidatar aos núcleos e regionais da Capital aqueles que comprovarem vínculos com a base territorial da Regional/Núcleo (local de trabalho com contracheque ou local de moradia com endereço) Artigo 61 – (nova redação) Cada unidade escolar elegerá representantes, obedecendo à seguinte proporção: I- A unidade escolar com até 30 (trinta) servidores elegerá um representante; II – as unidades escolares com mais de 30 (trinta) servidores elegem um representante para cada (trinta) ou fração supeNo non No non 30 rior a 15 (quinze) servidoNo non No non res Artigo 63 – manutenção Artigo 64 – (nova redaNo non No non ção) No non No non III – o diretor reeleito por dois mandatos conseNo non No non cutivos. Este item se aplica somente a Diretoria EstaNo non dual Artigo 82 (nova redação) – A relação dos diretores licenciados e sua carga horária deverá ser apresentada a categoria na primeira assembleia após as eleições do Sepe; assim como qualquer mudança na relação de liberados; (Nova redação) – Os diretores só poderão permanecer licenciados no máximo dois mandatos em sua carga horária total; este item não se aplica aos diretores que possuam outro vínculo na unidade escolar. ASSINAM ESTA TESE 1 - Adriana Lima - Niterói 2 - Alberto - Regional I 3 - Alex Gonçalves - Regional III 4 - Alex Trentino (Lequinho) - Sepe-RJ/Regional I 5 - Alexandre - Macaé 6 - Alexandre - Regional III 7 - Alexandre Elias - Macaé 8 - Almir Fernandes - Regional III 9 - Claudilene - Regional IV 10 - Ana Carolina - Regional I 11 - Ana Cristina Costa - Caxias 12 - Ana Maria Cunha da Cruz - Niterói 13 - Ana Mattos - Niterói 14 - Fernanda - Regional I 15 - Anderson - Macaé 16 - André - Regional II 17 - André - Sepe-Regional IV 18 - Marcia - Regional IV 19 - Ângela - Regional III 20 - Angélica Quintanilha - Niterói 21 - Antônio Carlos Chagas - Regional III 22 - Arlene - Regional III 23 - Áurea - Regional III 24 - Aymara - Regional III 25 26 - Camila Coutinho - Itaboraí 27 - Carla Andréa Lima da Silva - Niterói 28 - Carlos A Monteiro - Niterói 29 - Etienne - Regional II 30 - Francisca Cilda Salles - Sepe-Caxias 31 - Joana - Regional IV 32 - Cristiane - Regional IX 33 - Cristina - Regional IV 34 - Daiane - Regional IV 35 - Danielle Bornia de Castro - Sepe-Niterói 36 - Danielle Sampaio - Fora de Rede 37 - Danilo Ramos - -Volta Redonda 39 - Dayse Oliveira - Sepe-São Gonçalo 40 - Dayse Perez - Regional IV 41 - Débora - Regional IV 42 - Denise - -Regional III 43 - Denise Baroni - Regional III 44 - Denise Pôncio - Regional III 45 - Diogo Henrique A. de Oliveira - Sepe-Niterói 46 - Diva M Ferreira - Volta Redonda 47 - Edna Félix - Regional III 48 - Ednaide - Regional I 51 - Elaine - Regional IV 52 - Elen Tavares - niterói 53 - Elenice Medeiros - niterói 54 - Eliane Ramos - Regional III 55 - Eliane Souza Peçanha - Niterói/Regional 1 56 - Elina Maria - Regional III 57 - Elma Texeira - Sepe Niterói 58 - Érlon Couto - Volta Redonda 59 - Francisca Cilda Sales de Souza - Sepe-Caxias 60 - Felipe - Regional VI 62 - Flrinda Loombardi - Sepe-Caxias/Sepe RJ 63 - Gellian Moreira - Sepe-Regional IV/Sepe Rj 64 - Gleicimar Lima - Sepe-Niterói 65 - Gualberto Tinoco (Pitéu) - Sepe-Regional III 66 - Guilherme - Concursado 67 - Guilherme - Regional IX 68 - Gustavo Silva - Regional I 69 - Haroldo Teixeira - Sepe-Regional I 70 - Ione Carvalho - Macaé 73 - Isabel Fraga - Sepe-Volta Redonda 74 - Janaina Menezes - Regional IV 75 - Janete Cruz - Sepe-Porto Real 76 - Jeferson Romano - Belford roxo 77 - João de Souza - Sepe-Regional I 78 - Joailda Corrêa - Creche Municipal de Uraraí / Campos 79 - Jorge - Regional III 80 - Jorge - Regional III 81 - Jorge Duda - Sepe-Regional V 82 - Jorge Luis Duarte - Regional III 83 - Jorgete Felicio Macedo - Sepe Belford Roxo 84 - José luiz - Sepe-Regional I 85 - José Manuel - Ciep Zerbini- São Gonçalo 86 - Juliano Soares Jorge - CE Primeiro de Maio 87 - Juliete G Dutra - Sepe-Volta Redonda 88 - Onofre - Regional IV 89 - Leandro - Regional III 90 - Júlio Ribeiro - Sepe-Volta Redonda 91 - Jussara Celestino - Macaé 92 - Kátia Amorim - Regional III 93 - Kelly - Regional III 94 - Kelly - Niterói 95 - Leandro Carneiro - Sepe-Regional VIII 96 - Leandro Ribeiro - Regional I 97 - Leo Manso - Belford Roxo 98 - Lúcila - Volta Redonda 99 - Fernando - Sepe-Regional IV 100 - Luis Fernando de Carvalho - Regional III 101 - Luiz - Niterói 102 - Luiz Alberto Penha - Regional I 103 - Luiz Felipe - Regional IV 104 - Luiz G Salarini - Sepe-Friburgo 105 - Luiz Gustavo - Niterói 106 - Luisa Rosati - Itaboraí 107 - Mara Regina de Andrade - Regional VIII 108 - Marcelo - Porciuncula 109 - Marcelo - Regional IV 110 - Marcelo Loreto - Caxias 111 - Márcia Alves - Regional III 112 - Márcia Macedo - Regional II 113 - Marcia Troly - Niterói 114 - Márcio Magalhães - Regional VIII 115 - Marco Antônio - Regional III 116 - Marco Aurélio - Regional VIII 117 - Marcos Tavares - Regional V 118 - Maria Conceição - Barra Mansa 119 - Maria Cristina - Regional III 120 - Maria da Coneição - Regional III 121 - Maria da Coneição - Sepe-Regional V 122 - Maria Grauben M Lima - Sepe-Regional III 123 - Maria Inez - Sepe-Regional IV 124 - Maria José Andarade - Sepe-Regional III 125 - Maria José (Zezé) - Sepe-Belford Roxo 126 - Maria Sayonarah de Almeida - Regional III 127 - Maria Senna Morena - Sepe-Regional VI 128 - Marília Macedo - Sepe-Regional V 129 - Mário Franklin - FAETEC 130 - Maristela Abreu - Sepe-RJ 131 - Marli Senra - Sepe-Regional IV 133 - Michele - Sepe-Japeri 134 - Michelli André - C.E.M. Marly Capp 135 - Miguel Malheiros - Sepe-Regional IV 136 - Mônica Caetano - CES -São Gonçalo 137 - Mônica Gonçalves - C.E. Raúl Vidal / Niterói 138 - Myrian V de Oliveira - Sepe-Regional III 139 - Nadir Matins - E. M. Julia Cortines 140 - Natália Barreto - CIEP 318 141 - Nelson - Sepe-São Gonçalo 142 - Nelson Diniz - Sepe-São Gonçalo 145 - Niede M Conceição - Volta Redonda 146 - Antônia - Regional I 147 - Patrícia Mafra - Sepe-Regional I 148 - Patrícia - -Regional III 149 - Paulo C de Souza - Sepe-Barra Mansa 150 - Pedro Borges - Regional I 151 - Pedro Maxmiliano - Sepe-Barra Mansa 152 - José Carlos - Regional I 153 - Raquel Guimarães - Regional I 154 - Marlene - Regional 1 156 - Rejany Oliveira - São Gonçalo 157 - Renan P P Morais - Sepe-Regional III 158 - Renata Correa - Niterói 159 - Renata Pacheco - Niterói 160 - Noga Brondi - Regional 1 161 - Roberto Miani - Barra Mansa 162 - Juliana - Regional 1 163 - Thiago Hasten - Regional 1 164 - Rosângela de Castro - Teresópolis 167 - Rubens - Regional IV 168 - Sabrina Luz - SEPE- Macaé 169 - Salarini - Sepe-Friburgo 170 - Samanta - Sepe-Regional IV 171 - Thiago - Magé 172 - Sérgio Perdigão - C.E. Conselheiro Macedo Soares 173 - Sonara Costa - Fora de Rede 174 - Susana Gutierrez - Sepe-RJ 175 - Taisa Ferraz Eduardo - Sepe-Regional III 176 - Tânia - Sepe-Regional I 177 - Tania dos Santos - EM São Bento 178 - Tânia Graniço - Sepe-Macaé 179 - Tãnia - Regional II 180 - Telma - Regional III 181 - Terezinha - Caxias 182 - Thayssa Menezes - Niterói 183 - Thiago - Sepe-Regional I 184 - Valéria - Regional III 185 - Valesca Jacob - Regional IV 186 - Vanderley Alves - EE Mário de Andrade 187 - Vanuza G C Baptista - Regional VIII 188 - Cecília Monteiro - Sepe-Regional I 189 - Mariana Carrera - Regional I 190 - Leandro Santos - Regional I 191 - Sérgio Balassiano - -Regional I 192 - Wânia Balassiano - Regional I Niterói 1- Diogo Henrique A. de Oliveira (SEPE-Niterói / C.E. Hilário Ribeiro) 2- Danielle Bornia de Castro (SEPE-Niterói) 3- Andréa Corrêa Peçanha (SEPE-Niterói) 4- Elma Souza Teixeira (SEPE-Niterói / E.M. Alberto Torres) 5- Eliane Souza Peçanha (SEPE-Niterói / C.E. Paulo Assis Ribeiro) 6- Mônica Gonçalves (C.E. Raúl Vidal) 7- Sérgio Perdigão (SEPE-Niterói / C.E. Conselheiro Macedo Soares) 8- Kelly Gissane Perrout (SEPE-Niterói / E.M. Djalma Coutinho) 9- Adriana Lima (E.M. Paulo Freire) 10- Ana Paula Mattos (UMEI Vice-Prefeito Luiz Travassos) 11- Thayssa Menezes (UMEI Marilza Medina) 12- Gleicimar Gonçalves (E.M. Djalma Coutinho / Niterói) 13- Marta Maia (E.M. André Trouche / Niterói) 14- Maria Martinha Mendonça (E.M. André Trouche / Niterói) 15- Hélida Gmeiner (E.M. Helena Antipoff / Niterói) Belford Roxo 16- Ana Maria Cunha da Cruz Itaboraí TESES GERAIS - PÁGINA 29 17- Camila Coutinho (E.M. Afonso Salles) 18- Luisa Rosati Campos dos Goytacazes 19- Joailda Corrêa (Creche Municipal de Ururaí) São Gonçalo 20- Rejany Oliveira (E.M. João Aires Saldanha) Fora de Rede 21- Sonara Costa Regional 8 Marcos Netto - EM Marechal Can Robert Marcos Pestana - CE Collechio Rodrigo Kelly - EM Olívia Valionga da Silva Vera Nepomuceno - Ciep 386 Guilherme da Silveira Belford Roxo, Nova Iguaçu, Nilópolis e São João: Ana Maria EM São Bento Veronica Bom Pastor Geni Edmundo Ciep Wilson Grey Ana Maria Zezi Marcos São Bento Maria Jose de Carvalho - CE Várzea da Alegria/ EM São Bento Tania dos Santos - EM São Bento Daiane Calixto - Creche Municipal Amor a Vida Elenice Medeiros - EM Yolanda Cardoso Felipe dos Amorim - EE São Bernardo e EE Marcílio Dias Macaé: Juliano Soares Jorge - CE Primeiro de Maio Rio das Ostras: Jacqueline Rodrigues _ EM NIlton Balthazar Jaqueline trindade Niterói 4. Mônica Gonçalves (C.E. Raúl Vidal / Niterói) 5. Sérgio Perdigão (C.E. Conselheiro Macedo Soares / Niterói) 6. Ana Maria Cunha da Cruz (SEPE-Niterói / Rede Municipal de Belford Roxo) 7. Camila Coutinho (E.M. Afonso Salles / Itaboraí) 8. Rejany Oliveira (E.M. João Aires Saldanha / São Gonçalo) 0. Thayssa Menezes (UMEI Marilza Medina / Niterói) 1. Kelly Perrout (SEPE-Niterói / E.M. Djalma Coutinho / Niterói) 2. Adriana Lima (E.M. Paulo Freire / Niterói) 3. Ana Mattos (UMEI Vice-Prefeito Luiz Travassos / Niterói) 4. Rejane Machado (UMEI Dr. Írio Molinari / Niterói) Caxias Beth Estaneck Paixão - Aposentada do Est. e RJ Washington Willians da Silva - CE Barão de Mauá Willians Vasques da Silva - Ciep Paulo Mendes Campos Sérgio Gonçalves Pereira - CE Alexander Graham Bell Sergio Ramos - EM Roberto Weguelin Rosangela Vargas - I.E. Gov. Roberto Silveira Tese 6 REFUNDAR O SEPE Tese da Oposição Sindical/Sepe-RJ ao XIV Congresso do Sepe I. Conjuntura A farsa da “revolução” no Mundo Árabe: avanço imperialista sobre o proletariado. A crise política no chamado Mundo Árabe é uma resposta à crise estrutural do capital. No lado da dominação burguesa, novas e sofistic cadas formas de controle político precisam ser organizadas nos Estados produtores do ouro negro. A atual crise capitalista tem levado a potência imperialista hegemônica, os EUA, e seus parceiros à formulação de novas estratégias de intervenção nos países que consideram sob seu domínio, como é o c a s o d as nações localizadas no norte da África e no Oriente Médio. A Líbia, Egito, Tunísia e, agora, a Síria, vêm sofrendo bastante e de modo absolutamente cruel essa mudança, que, inclusive, aproveita-se da mobilização de massa. Os EUA e os seus aliados mais privilegiados, tentando, mais uma vez, perpetuar o discurso de que são os verdadeiros paladinos da “liberdade” e dos “ direitos humanos”, utilizam esses momentos históricos para derrubar regimes que lhe são favoráveis e impor governos que consideram cooperativos, maximizando assim, pela via imperialista, o seu poder. Para o capital e os interesses das grandes corporações é chegada a hora de mais uma reestruturação política e e c o n ô m i c a do Oriente Médio e da África, com o objetivo de reorientar a exploração geral dos trabalhadores, garantindo a continuidade do American Way of Life, para uma parcela da população das nações mais ricas do mundo. Os movimentos de massas nas ruas têm es- e pela Cia, se armaram contra Bashar Al-Assad. tado presente nesses países e recebem atenção Utilizando-se de armamentos pesados e até de arpermanente da mídia global. Esta, segundo os mas de destruição em massa, fornecidos pelas naseus interesses, apresenta os acontecimentos ções imperialistas, os chamados “rebeldes” vêm como uma espécie de espetáculo que, transmitidesenvolvendo uma dura guerra civil contra as do em tempo real, ora é tratado como desordem Forças Armadas sírias e vêm também destruindo social, vandalismo, etc., ora é mostrado como parte dos serviços públicos essenciais do país, que uma luta pela “modernidade” e a “democracia”. atendiam aos trabalhadores de forma mais eficaz É assim que, sob a pressão das manifestações que os observados no mundo capitalista. Bashar proletárias, independentemente da avaliação Al-Assad resiste à pressão internacional e se apreque possamos fazer das suas motivações idesenta para concorrer às eleições presidenciais, ológicas, a mídia capitalista estimula a opinião numa demonstração de força interna e de aceipública mundial na direção que mais lhe favoretação da maioria da população síria à resistência ce. De “desordem”, e l a classifica os processos por ele implementada. Essa luta, que já ceifou de legítimos de busca da democracia e da libertaambos os lados milhares de vidas, completou três ção do jugo de ditadores facínoras, enquanto que anos de absurdos, apesar dos duros golpes que as mobilizações que se voltam contra regimes os “rebeldes” vêm recebendo anti-imperialistas são condas tropas do governo. sideradas como uma nova Os setores da esquerda que se Todo esse cenário, que “primavera dos povos”. remonta a um passado de A maioria das econo- colocam contra os governos de dominação com mão de fermias árabes tem aprofunCuba, Venezuela e Síria não fazem ro, expõe as contradições dado, nas últimas décadas, produzidas pelo próprio sisas benesses ao capital mo- mais do que legitimar e cerrar tema capitalista. Para atenopolista, que ronda esses países, em busca de expro- fileiras com as forças imperialistas. nuar essas contradições, o poder dominante precisa priação de riquezas, como incrementar esses movimeno petróleo, e da expansão Devemos apoiar criticamente tos de massa para legitimar de seus lucros. Assim, esa alternância do tipo de sissas nações têm suas con- esses governos, reforçando a tema político (da ditadura à dições de vida pautadas propaganda anti-imperialista (...) democracia), alocado nos pelos interesses econômimesmos estados nacionais, cos das grandes potências conforme os interesses de suas elites que, para e multinacionais, em detrimento das condições a manutenção dessa posição, precisam se subde vida e da criação de postos de trabalho para meter aos interesses internacionais. o proletariado. Organizações reacionárias, como a “ IrmanA importação de tecnologias e conhecimento dade Mulçumana”, do Egito, são enaltecidas pelas multinacionais do petróleo, somada à exaté pela esquerda que, em muitos momentos, ploração do turismo e da extração de minério as apoia como se fossem revolucionárias. Mas e gás, retira dos trabalhadores o emprego e as tudo é uma farsa, na medida em que os intecondições mínimas de vida. A forte repressão, resses da classe trabalhadora não são levados em além dessas condições, tem origem no estímulo conta e esses movimentos não afetam as estrutuao preconceito de sua formação social, étnica, ras de dominação capitalistas e imperialistas na religiosa etc. região. Na Síria, milhares de manifestantes, estimulaDurante a intervenção imperialista na Líbia, dos pela oposição política financiada pela OTAN TESES GERAIS - PÁGINA 30 que derrubou e assassinou Muamar Kadafi, foi Internacional (FMI) de alívio à miséria, que posmovida uma brutal perseguição contra qualquer sibilita ao PT e seus aliados, profissionalizarem seus quadros pelo interior do país, dificultando a um que o apoiasse. organização política dos trabalhadores. O avanço da crise mundial tem levado o imperialismo dos EUA a agir de forma cada O modus operandi burguês assumido por PT, vez mais truculenta, utilizando-se do discurso da PCdoB, PDT e seus parceiros, que os conduziu à democracia e das supostas “invasões humanitám a i s c r a s s a corrupção, não será tratado aqui rias” para legitimar suas intervenções. como uma aberração moral ou ética desses partidos de origem proletária e trabalhista. O epiTem sido assim, mesmo quando as suas intervenções são encabeçadas por parceiros sódio do Mensalão, por exemplo, não pode ser analisado isoladamente, ignorando-se o contexto aparentemente mais inofensivos. Controla-se no qual estava imerso, conforme difunde a mío Haiti, por meio de nações periféricas como o Brasil, que lidera a missão da ONU de interdia burguesa. O pagamento de mesadas a parvenção militar naquele país caribenho. Intenta-se lamentares caracterizou a compra de votos para contra o governo anti-imperialista venezuelano a reforma da previdência, que elevou o tempo de serviço e de contribuição dos trabalhadores, e aprofunda-se o ataque ideológico e econômico a Cuba. Os setores da esquerda que se colocam aumentando a sua exploração. contra os governos de Cuba e Venezuela não faEsses doze anos de governos do PT/PCdoB/ zem mais do que legitimar e cerrar fileiras com as PDT, em aliança com partidos burgueses da ordem forças imperialistas. Devemos apoiar criticamente (PMDB e outros), serviram para aumentar a concentração das riquezas nas mãos da burguesia, esses governos, reforçando a propaganda antirevelar a prática entreguista dos interesses prole-imperialista, como também temos que denunciar tários e frear a resistência o reformismo dos partidos O PT aprofundou o neoliberalismo organizada dos trabalhadohegemônicos nesses países, res do campo e da cidade. que precisam avançar na com as reformas da previdência, A profunda frustração de política socialista e revolucomprometidos setores cionária. a flexibilização dalegislação com a transformação instit Todo apoio à luta indetucional por meio de reforpendente do proletariado trabalhista, a criminalização do mas resultou no enfraqueárabe e africano! cimento dos movimentos Todo apoio aos governos movimento e o recrudescimento sociais. Esse processo foi de Cuba, Venezuela e Síria da repressão policial. Fortaleceu gerado pela perplexidade e consequente passividaGovernos Lula/Dilma/ o setor financeiro, aumentando o de desses setores frente à PT combatem as lutas necessidade do combate à dos trabalhadores e endividamento dos trabalhadores gerenciam capital nova face do neoliberaliscom o empréstimo consignado, mo no Brasil, representada pelos governos Lula/Dilma/ A base de nossas crític PT. cas à dominação capitalis- enriquecendo os bancos. ta no Brasil estrutura-se a partir dos três mandatos Sucateamento dos dos governos Lula/Dilma/PT, nos quais se aproserviços públicos e rapinagem como nova forma fundou a política neoliberal no país. Por um lado, de acumulação isso se realizou com as reformas da previdência, a flexibilização da legislação trabalhista, a crimiA estratégia capitalista neoliberal, aprofundanalização das organizações dos trabalhadores e o da pelos governos do PT, é reproduzida em maior recrudescimento da repressão policial. Por outro ou menor grau, pelas administrações burguesas lado, promoveu-se a cooptação de movimentos soem nível estadual e municipal, como mostram as ciais e d e suas lideranças, por meio da nomeprivatizações e os brutais ataques aos serviços púação de cargos nos governos do PT. Além disso, blicos de saúde e educação, movidos por Sergio esses governos fortaleceram o setor financeiro, Cabral Filho e Eduardo Paes/Adilson Pires (PMDB/ aumentando o endividamento dos trabalhadores PT). com programas de créditos, em especial o emNa saúde, chama a atenção um novo modelo préstimo consignado, possibilitando aos bancos de gestão praticado pelo capital, cuja característirecordes nos seus lucros anuais. As políticas assisca central é a entrega das administrações de hostencialistas dos governos passados foram aperfeipitais públicos às chamadas “organizações sociais” çoadas e concentradas no Bolsa Família, um pro(O.S.), à fundações estatais de direito privado e à grama do Banco Mundial e do Fundo Monetário empresas ‘gestoras’ criadas especificamente com essa finalidade. TESES GERAIS - PÁGINA 31 No município do Rio, por exemplo, a Prefeitura e vereadores aprovaram, em 2012, a criação da “Rio Saúde S.A.”, empresa “pública” encarregada de assumir a gestão dos hospitais municipais. Pública só no nome, a Rio Saúde é, na verdade, uma forma disfarçada de privatização, na medida em que vai funcionar segundo critérios de gestão típicos de qualquer empreendimento privado. Primeiro, expulsando os servidores concursados (estatutários), atualmente lotados nos hospitais municipais, e substituindo-os por trabalhadores contratados sem concurso, super-explorados, com baixos salários, sujeitos à meritocracia e à imposição de metas. Segundo, celebrando convênios de gestão, terceirização e até quarteirização de serviços junto a ONGs, cooperativas e empresas privadas, chamadas a dividirem o butim e a enriquecerem ainda mais às custas da destruição dos serviços públicos. A mesma lógica da Rio Saúde é a que se pretende adotar nos hospitais do Estado, por via das “organizações sociais” (O.S.) e da Fundação de Saúde do Rio e, nos hospitais federais universitários e naqueles que são integrantes da rede SUS, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A “novidade” desse tipo de gestão consiste na destinação de vultosas somas de recursos públicos diretamente às empresas gestoras, como Ebserh e Rio Saúde, ou às fundações e ‘organizações sociais’. Recursos, – como se sabe, oriundos do suor do proletariado brasileiro e que, se nada for feito para impedir –, vão “remunerar” essas empresas pelos “serviços” de administração que pretendem realizar nos hospitais públicos. No Estado do Rio, ao mesmo tempo em que destrói o IASERJ, o governo contrata a “Aliança Administradora de Benefícios de Saúde S. A.”, para agenciar planos de saúde privados aos servidores estaduais sem nenhum subsídio. Na Prefeitura do Rio este tipo de serviço privado já é uma realidade, materializando o reconhecimento do Estado na falência do sistema público de saúde. Resultado do aprofundamento da crise capitalista mundial, essas “novas formas” de gestão têm permitido ao capital privado abrir mercado e penetrar em setores e estruturas do serviço público (como saúde, educação e previdência), onde tradicionalmente predominavam os investimentos públicos, inaugurando, assim, uma rapinagem sem precedentes, com gravíssimos prejuízos à população usuária. II. Política Educacional Formação humana a serviço da meritocracia e de práticas empresariais No caso específico da educação, essas políticas se materializam por meio do “Programa de Desenvolvimento da Educação” (PDE), plano estratégico do governo federal que abre as portas das escolas aos capital, o constante reforço sobre a ideia da neempresários e facilita a transferência dos recursos cessidade de uma escola para um novo mundo anpúblicos para as mãos do setor privado. Política que corado, sobretudo, na tecnologia informacional, fragmenta o processo de ensino e aprendizagem, por na flexibilidade das funções produtivas exercidas meio dos projetos do “Programa Mais Educação”, pelos trabalhadores, na forma de gerenciamento que favorece a entrada nas escolas de pessoas físicas, do capital sobre o trabalho, bem como no avanço descontextualizadas do projeto político-pedagógico. da desregulamentação tanto do trabalho quanto No Estado e no Município do Rio, essas polítidos mercados em franco processo de expansão. cas se aprofundam por meio da imposição da meÉ sob esse contexto, no qual se colocam as ritocracia e “parcerias” com a iniciativa privada. contradições entre capital e trabalho, que a classe Daí o brutal ataque aos trabalhadores da educadominante passa a defender de forma veemente ção, como a tentativa feita no início de 2013, de a funcionalidade da instituição escolar como gaterceirizar várias funções básicas (como inspetorantia de ingresso no chamado mundo globalizado res e merendeiras) e submeter os professores à do novo milênio. Nesse contexto, a concepção de meritocracia, dentro e fora das escolas, ao arro“educação como responsabilidade social” ganha cho salarial, aos cortes do orçamento e às péssiespaço e visibilidade, sobretudo, nos países localimas condições de trabalho. zados na periferia do mundo. Na educação básica, por exemplo, a formaPautada nesse discurso, a escola passa então lização e sistematização dessas transferências concepções de sociedade, de homem, de mundo iniciou-se pela política denominada “autonomia que, por sua vez, irão servir de parâmetro às teodas escolas”, que criou entidades jurídicas de rias que direcionam práticas político-pedagógicas caráter privado, implantadas no coração da unide cunho empresarial e meritocrático. Tomando dade escolar. Essas o r g a n i z a ç õ e s possuem por base esta perspectiva de escola, o capital imum estatuto padrão (para toda a rede estadupõe um novo perfil de educador, caracterizado por al, no RJ), que garante maioria política à direção suas atitudes individualistas, “proativas” e “emda associação, forjando um processo eleitoral no preendedoras”. qual o diretor da escola é presidente nato da Tomamos o Estado e o Município do Rio de entidade, indicando assim os demais membros Janeiro como exemplos, porque as orientações da direção. acima são praticadas nas instituições de ambas as A falsa autonomia é um dos temas centrais redes e geridas por quadros cada vez mais comda gestão escolar e um dos elementos fundaprometidos com os governos e com suas políticas mentais para a materialização da compressão privatistas, camufladas sob a consignação da “Pardos investimentos do Estado na educação e da ceria Público-Privada” (PPP). Diversas providêntransferência dos recursos públicos para o setor cias têm sido tomadas, criteriosamente, no senprivado. tido da execução deste projeto educacional. Entre O conjunto dos ataques estas providências, cabe A retomada das mobilizações ao setor público educaciodestacar a drástica redução nal tem colaborado para de verbas do Estado para o culpabilizar os trabalha- não foi suficiente para mudar a financiamento da educação dores da educação pelos conjuntura política e gerar uma crise pública e a imposição do Poresultados e possíveis frader Executivo como agente cassos no sistema de en- de governabilidade, alterando a avaliador dos resultados sino brasileiro. Este tem educacionais (via testes essido o principal argumento correlação de forças entre as classes, tandardizados, a exemplo e m p r e g a d o como justif do SAERJ, Prova Brasil, Proficativa para a criação de mas sinalizou com a mudança vinha Brasil, Enade, Enem), índices e mecanismos de frente aos quais os trabada conjuntura específica dos avaliações externas que pulhadores da educação são dessem ser apresentados movimentos de massa (...) levados a comprometeremestatisticamente. Como -se, devido a uma série de exemplo, citamos o IDEB mecanismos que vão desde (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), o assédio, até a cooptação, e a adequarem-se para que tem como objetivo conduzir as políticas púatingir aquilo que os governos entendem por “pablicas nos estados e municípios, através de dados drão educacional de qualidade”. obtidos nos censos escolares e em indicadores Qualidade aqui tem por parâmetro os resultade desempenho, aproveitando resultados de avados submetidos aos critérios dos citados índices liações já criadas e existentes, como a Prova Brade avaliações que, por sua vez, são elementos sil e o SAERJ. constitutivos do “Índice de Desenvolvimento HuPodemos identificar, como fundamentação do mano” (IDH), criado pela ONU, em 1990, como discurso dominante para a escola desejada pelo uma necessidade do capital para tentar humaniTESES GERAIS - PÁGINA 32 zar os índices econômicos estabelecidos pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capta e sua dimensão centrada unicamente no desenvolvimento econômico capitalista. III. Avaliação do movimento, organização, lutas e concepção sindical Retomada das mobilizações de massa nas jornadas de junho mudou a conjuntura dos movimentos sociais Os milhares (e até milhões) de manifestantes que, a partir de junho do ano passado, ocuparam as ruas das maiores cidades brasileiras expressaram, ainda que de forma difusa e não orgânica, uma grande insatisfação com os governos no Brasil. País onde, todos os dias, os trabalhadores são desrespeitados por governos burgueses, que sucateiam e privatizam os serviços públicos, promovem a crescente brutalidade policial, outorgam pornográficas isenções de impostos a grandes empresas, desmontam a previdência pública, pecarizam a vida da população e gastam bilhões de reais na construção de estádios destinados aos megaeventos, como o são a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Se a retomada das mobilizações, por um lado, não foi suficiente para mudar a conjuntura política e gerar uma crise de governabilidade para a classe dominante, alterando a correlação de forças entre as classes, por outro lado, sinalizou com a mudança da conjuntura específica dos movimentos de massa, inaugurando um padrão de constante enfrentamento com as forças de repressão a serviço da ordem burguesa. As lutas iniciais pela redução no preço das passagens foram apenas o estopim de um descontentamento social muito mais amplo, de contradições objetivas que, em última instância, refletem o aprofundamento da crise capitalista mundial, o que, sobretudo nos últimos vinte e cinco anos, intensificou a rapinagem das estruturas de Estado para abertura de mercado ao capital privado, consequência direta e cumulativa da aplicação de políticas neoliberais em escala global. Além da pouca (ou quase nenhuma) organicidade, da ausência de um comando central e do uso intensivo de redes sociais (como Facebook e Twitter) em suas convocações, as manifestações também foram marcadas por uma grande rejeição às instituições tradicionais da política, como partidos e parlamentos, vistos como incapazes de atender às demandas da população. Rejeição para a qual, sem dúvida, em muito contribuíram os quase doze anos de governos petistas e suas políticas de conciliação com o status quo dominante no país (sistema financeiro, grandes corporações, especulação imobiliária, agronegócio). À parte um legítimo sentimento de crítica (mesmo que despolitizada) à representatividade leiro indelevelmente marcados pela vergonha e dos atuais partidos burgueses (PT incluído), setopela rendição. O Sepe, de toda uma trajetória de res reacionários e de direita (alguns deles fasciscombates heroicos, sofreu naqueles dias o mais tas) aproveitaram-se das manifestações, para disdevastador ataque à sua gloriosa tradição de seminar sua ideologia anti-partido, como forma lutas em defesa dos trabalhadores da educação, de instigar a intolerância contra forças de esquernos seus quase quarenta anos de existência. Uma da. De sua parte, as próprias forças do campo da venenosa fórmula que somou aparelhismo, mesesquerda (reformista e revolucionária) também sianismo, reformismo e governismo adotada por foram pegas de surpresa pela eclosão e a radicalisua diretoria tentou fazer do valente Sepe um redade das manifestações. O caso mais patético foi les instrumento da mais sórdida e suja investida o do PSTU, que, de forma totalmente equivocada, dos patrões e seu governo contra o sindicalismo apressou-se em condenar os Black Blocs, esquebrasileiro desde o surgimento, há mais de um sécendo-se de que aquele movimento, como vários culo, do movimento sindical organizado no país. outros que participaram das jornadas de junho, Que se identifique desde já quem se prestou não se caracterizam pelos parâmetros da política ao vergonhoso serviço de portador dos interesses partidária tradicional. governamentais burgueses, naqueles dias que sinA resposta inicial dos governos burgueses à tetizaram os momentos mais intensos de uma das eclosão das mobilizações de massa foi a brutal remaiores greves da categoria dos trabalhadores da pressão policial e inúmeras educação do Rio de Janeiro. Derrotados, pois, nas assembleias tentativas de criminalizar os Que fique igualmente claro manifestantes, como ocor- da categoria, em todas as suas que não falamos nem vareu nas prisões de Black mos falar aqui de pessoas. Blocs e nos histéricos ata- propostas de acabar com a greve, Mas, sim, de forças políticas ques movidos pela imprende esquerda que, majoritáos majoritários da diretoria do Sepe sa burguesa às manifestarias na direção do Sepe, asções. sumiram voluntariamente Com o avanço das mo- não hesitaram em firmar um compapel e função de represenbilizações, no entanto, os tantes do governo. À frenpromisso com o Estado burguês de governos federal, estadute de tais forças, estiveram ais e municipais tiveram de encaminharem o fim da greve. de forma mais destacada o atender a algumas das reiPartido Socialista dos Trabavindicações iniciais – como lhadores Unificado (PSTU) e o recuo no aumento das passagens e a promessa setores da ala direita do Partido do Socialismo e de melhoria na qualidade dos serviços públicos, Liberdade (PSOL). O PT, o PCdoB e o PDT evidenteentre outras –, forçando inclusive a Presidente Dilmente compuseram essa melancólica cruzada de ma a se pronunciar a respeito. servilismo, mas esses partidos há muito se transA mudança da conjuntura ao nível dos moviformaram em partidos burgueses. mentos de massa, apesar de ter refluído ao final No interior de uma greve com mais de setenta de 2013, tem possibilidade de ser retomada no dias de duração, envolvendo os educadores das ano que começa, ano de Copa do Mundo e de duas redes, estadual e municipal, e marcada por eleições presidenciais. Ano em que, segundo os vários momentos de radicalização e enfrentamenindicadores macroeconômicos, a tendência é o to com o aparato repressivo do Estado, as forças aprofundamento da crise econômica, resultado acima mencionadas sempre mantiveram uma da crise geral do capitalismo em nível mundial. postura de recuo e conciliação, tanto no que diz A radicalidade da conjuntura do movimento de respeito à forma dos embates e manifestações, massa, detonada a partir de junho, influenciou a quanto à continuidade do movimento grevista. tomada de consciência e as mobilizações de diverNão vamos repetir agora as críticas que fizemos e sas categorias profissionais, incluindo os trabalhatemos feito ao PSTU desde as jornadas de junho, à dores da educação, que, em 2013, fizeram a mais sua tão feroz quanto ridícula pretensão ostentada radicalizada greve dos últimos anos. em posicionamentos e propostas, de perfilar ao Eleições diretas para direção de escola com lado das centrais sindicais burguesas e mafiosas voto universal! com o intuito de “ganhar suas bases”. Como diaFora Costin e Risolia com sua política capitalogar com este tipo de oportunismo a que alguns lista neoliberal! denominam entrismo? Prossigamos. Durante toda a greve esses setores majoritáGreve mostra necessidade rios da direção do Sepe mantiveram uma posição de construirmos um verdadeiro instrumento contrária à unificação da luta dos trabalhadores de luta da categoria do estado com os do município do Rio. Também Os dias 22, 24 e 25 de outubro de 2013 entranão foram poucas as assembleias em que ambos ram para a história do movimento sindical brasios segmentos da categoria impuseram duras derTESES GERAIS - PÁGINA 33 rotas às posições da diretoria que insistiam em propor o fim da greve, quando a paralisação se encontrava em seus melhores picos de mobilização. Suas repetidas alegações de que o movimento ‘já estava em declínio’ e de que a categoria não poderia sair derrotada etc. e etc., jamais conseguiram ocultar seu verdadeiro objetivo: o medo de perderem o controle do movimento. Enfim, de acordo com a lógica aparelhista e messiânica – que compartilham trotsquistas e reformistas –, será sempre melhor estancar o movimento, que permitir que esse avance em radicalização e organização, escapulindo por entre seus dedos, saindo de debaixo de seus braços. E assim fazem e fizeram. Derrotados, pois, nas assembleias da categoria, em todas as suas propostas de acabar com a greve, os majoritários da diretoria do Sepe não hesitaram em firmar um compromisso com o Estado burguês de encaminharem o fim da greve. E foi isso o que ocorreu no dia 22 de outubro de 2013, quando, em atendimento a uma convocação do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), uma comissão formada por dirigentes do sindicato participou de uma reunião conjunta com representantes dos governos estadual e municipal e o próprio ministro com o alegado objetivo de elaboração de um acordo. O espantoso é que os majoritários da diretoria sequer desconfiaram que o Estado burguês, através do STF, demonstrou encontrar-se na defensiva, em busca desesperada de um meio de pôr um fim à greve, que tomara dimensão nacional. Incapacitados de operarem análises concretas de situações concretas, devido ao método voluntarista e imediatista de origem que fundamenta sua teoria e sua prática, trotsquistas e reformistas atribuíram à sua iniciativa de recorrer à Justiça (leia-se: poder judiciário burguês) a razão da convocação inusitada feita pelo ministro Fux. Ou seja, o recurso à luta institucional, que deveria ser tomado como linha auxiliar da ação principal do combate vivo do proletariado, foi considerado a causa da convocação sem precedentes. Rendição e usurpação E foi nesse quadro, de perversa combinação de acomodação e alienação, que a atual direção do Sepe chegou a determinar que os cerca de 150 trabalhadores de base que foram a Brasília permanecessem longe do STF, já que, segundo tiveram o despudor de alegar, o ministro Fux não gostaria de se sentir pressionado. E a comédia de horrores e erros prosseguiu, então, no mar de tranquilidade dos salões refrigerados do Supremo Tribunal Federal. O resultado final não poderia ser outro: a diretoria do Sepe – não o Sepe, mas sua diretoria, que isso fique muito claro – se fez legitimadora, cúmplice e porta-voz da mais sórdida chantagem operada pelo Estado burguês-patronal contra uma categoria de trabalhadores em toda a história do dizer que a categoria recuou! Pelo contrário, em país. todo o período, os trabalhadores da educação do Concretamente, os representantes da atual Rio de Janeiro deram exemplos e mais exemplos diretoria do Sepe assinaram o compromisso de de combatividade e coragem. A decisão de termiencaminhar e defender em assembleias um “acornar a greve tem origem clara: a categoria teve suas do” em que nenhuma, absolutamente nenhuma, armas roubadas pelo vergonhoso acordo de Brasídas reivindicações da categoria que originaram e lia, no qual o oportunismo, a conciliação e o apamantinham a greve foi contemplada! Pelo contrárelhismo sacrificaram os interesses dos trabalhario, muito pelo contrário. A diretoria do Sepe assidores aos seus próprios interesses mesquinhos. nou embaixo da chantagem que o STF fez desabar Isso mesmo. A bem da verdade, não se pode sobre a cabeça dos trabalhadores da educação: ou rigorosamente falar em traição por parte do PSTU acabavam com a greve e voltavam imediatamente e da ala direita do PSOL. Pode-se, sim, falar em ao trabalho ou seriam processados e demitidos. O rendição, oferecida de bandeja, em troca da manome disso é rendição. nutenção do aparato sindical. Enfim, o que deu a Para que não restem dúvidas, vamos lembrar linha da reunião entre o Estado burguês (repitaque os representantes da diretoria saíram do Rio -se, o STF é parte do Estado burguês) e a comissão rumo a Brasília de posse e conhecimento das dede diretores do Sepe foi a total falta de princípios. liberações explícitas em favor da continuação da Do lado da burguesia, não há o que falar. Faz parte greve. Deixemos, pois, claro que a diretoria jogou da sua essência a falta de qualquer compromisso na lata de lixo a decisão ético que não seja o de exA decisão de terminar a greve soberana dos trabalhadoplorar e oprimir os trabares da educação do Rio de tem origem clara: a categoria lhadores. Mas por parte da Janeiro. Estamos diante, esquerda essa total falta de portanto, de um acordo teve suas armas roubadas pelo princípios atingiu níveis até não apenas espúrio, mas agora inusitados em toda também violador do mais vergonhoso acordo de Brasília, no a história do Sepe e, como elementar princípio ético da falamos antes, de toda a prática sindical: a soberania qual o oportunismo, a conciliação história do movimento sinda base. O nome disso é dical brasileiro. e o aparelhismo sacrificaram os usurpação. O resultado de tudo isso Nunca será demais des- interesses dos trabalhadores aos é que os setores majoritátacar que o recurso às forrios da esquerda que hoje mas institucionais de luta seus próprios interesses mesquinhos. dirigem o Sepe perderam não é apenas legítimo, mas toda a legitimidade de conigualmente indispensável a tinuarem à frente do sindiuma prática sindical efetiva em defesa dos interescato. E aqui, sim, podemos juntar no mesmo saco ses dos trabalhadores. Fique muito claro, porém, sujo do descompromisso com os reais e concreque uma coisa certa é recorrer à ação instituciotos interesses dos trabalhadores o PT, o PCdoB, o nal tendo por base a pressão grevista, a principal PDT, o PSTU e os segmentos da direita do PSOL. arma de luta do trabalhador. Contudo, jamais opeA degradação escancarada pelo acordo de Brasília rar em “parceria” com as instituições burguesas, atingiu um ponto sem retorno. PT, PCdoB e PDT já legitimando-as ideologicamente, empregando latinham passado para o lado da burguesia há mais dainhas em torno da democracia e da cidadania. de uma década. E foi com sisudos apelos à democracia, que a O fato, tão melancólico quanto real, é que as diretoria partiu firme para a defesa do fim da grecorrentes hoje hegemônicas no Sepe perderam vive nas assembleias de 24 e 25 de outubro, nas retalidade proletária, força de combate, humildade des estadual e municipal, respectivamente. O ree abnegação necessárias como exigência mínima sultado de ambas acabou sendo o esperado: com para se servir à causa dos trabalhadores da edua espada da demissão erguida sobre suas cabeças cação no estado e no município do Rio de Janeiro. e a ameaça dos processos administrativos, garanProcesso que já se encontrava em curso muito antidos pelo acordo de Brasília, os trabalhadores da tes da eclosão das mobilizações de massa, quando educação, mesmo que por maioria escassa, decios setores hegemônicos na direção do Sepe atrediram pela volta ao trabalho. Para isso também lavam a agenda de lutas e mobilizações dos trabaem muito contribuiu a presença, nas assembleias, lhadores da educação à agenda parlamentar burdo corpo de advogados do Sepe, convocados pela guesa e ao calendário institucional burguês, como atual direção, difundindo uma visão legalista e provam as infrutíferas e constantes ‘reuniões’ e aterrorizando os trabalhadores ao lembrarem a ‘conversas’ com deputados e vereadores sobre as possibilidade de ‘sanções legais’ na hipótese de reivindicações da categoria em épocas de campacontinuidade da greve. nha salarial. Que ninguém venha com o descaramento de A mudança de conjuntura no movimento de TESES GERAIS - PÁGINA 34 massa, em junho do ano passado, surpreendeu esses setores em seu estado de fossilização. É preciso mudar. É preciso, urgente e inadiavelmente construirmos uma nova liderança da categoria, uma liderança capaz de fazer frente aos desafios da conjuntura. Façamos deste congresso da categoria a primeira grande frente de batalha dessa transformação histórica. Para isso, é preciso modificar nosso estatuto colocando fim a este arranjo conciliador de eleições proporcionais, estabelecendo o princípio majoritário de direção sindical, em que situação e oposição mostrem suas caras e suas práticas no interior do sindicato, de forma aberta, clara e transparente. Além disso, é preciso instalar o voto universal, estendendo a todos os trabalhadores da categoria o direito de voto nas eleições sindicais. Se o sindicato representa a todos, que todos escolham, então os seus representantes. Direito de voto restrito apenas aos associados é ponto de partida e de chegada para fazer do sindicato um clube de amigos. De amigos e de arranjos às costas dos trabalhadores. Fim da Proporcionalidade deve condicionar-se ao Voto Universal. O debate sobre a proporcionalidade seja ela direta ou qualificada, deve nos remeter ao histórico dos interesses políticos do proletariado, de pelo menos quatro décadas para cá, na luta contra o peleguismo getulista. O sindicalismo de orientação trabalhista formou uma casta de dirigentes sindicais atrelados ao Estado burguês, alimentado pela receita fácil do imposto sindical, instituído pela Constituição de 1937 e que recolhe anualmente um dia de salário de todos os trabalhadores daquela categoria profissional, distribuída entre os sindicatos, federações, confederações e governo. A força do chamado novo sindicalismo do ABC paulista e o programa da esquerda pela redemocratização acabaram facilitando a concepção de que a proporcionalidade serviria para incluir a esquerda no interior das direções sindicais pelegas, desenvolvendo a ideologia burguesa da inclusão, sob a argumentação de que toda a categoria deveria ser representada na direção do seu sindicato, tendo em vista a diversidade ideológica da sociedade. Este argumento, ainda hoje utilizado pela esquerda, desconsidera as contradições de classe sedimentadas na ideologia dominante, e que predominam nos programas e consequentes métodos de organização sindical. Defendemos um sindicalismo límpido, aberto, onde não haja dúvidas dos interesses de cada corrente. Onde os partidos não poderão mais se esconder por detrás de uma falsa unidade sindical e não mais poderão praticar a conciliação de classes como vimos no acordo de Brasília, com o STF. O proletariado tem que mostrar a força que repre- senta a independência de classes e a luta direta contra os patrões, representados pelos governos e a greve é a bandeira que deve tremular nas consciências sindicais dos trabalhadores. A mesma bandeira pode ser compartilhada numa chapa por diversas correntes, não importa. A nossa luta não pode mais ser corroída no interior do sindicato pelos partidos serviçais da burguesia. Sob esta mesma perspectiva, devemos abrir para toda a categoria a possibilidade de decidir os rumos do sindicato. Chamar os trabalhadores para as decisões políticas, como já fazemos nas assembleias gerais. É desta confiança dos trabalhadores da educação no sindicato que brotará a consciência de classe, capaz de derrotar as políticas de governo e aumentar qualitativamente as filiações sindicais, diferentemente de hoje, que muitos trabalhadores se filiam para ter um desconto no plano de saúde privado, do qual o Sepe é agente. Nossos opositores nos acusarão de estar expondo o sindicato a eventuais ações da direita para ganhar o sindicato e reivindicarão a prerrogativa da vanguarda na organização da superestrutura do aparelho sindical. Refutamos esta argumentação com a única certeza que podemos ter, tomando a dialética materialista como referência: na política proletária, só os reformistas e conservadores não correm riscos, porque eles não podem perder o aparelho sindical, não conseguirão sobreviver sem ele, jamais poderiam imaginar organizar por fora do aparelho uma poderosa oposição sindical. Denunciar a Copa e as Olimpíadas como estratégias do grande capital. Neste ano de 2014, o Brasil vai sediar a Copa do Mundo e, em 2016, as Olimpíadas. Os dois megaeventos, no entanto, têm como principal característica a de atuarem como estratégia de acumulação do grande capital em nível internacional, sobretudo do setor de serviços, que cada vez mais migra ao terceiro mundo em busca de taxas de lucro já impossíveis de serem realizadas nas regiões centrais do capitalismo (Europa e EUA). Como eventos com essas características, tanto a Copa como as Olimpíadas pressupõem, nas áreas em que são realizados, um brutal ataque aos direitos da classe trabalhadora, materializado em fenômenos como super-exploração do trabalho, superfaturamento em obras faraônicas de infraestrutura (como estádios e arenas), corrupção desenfreada, remoção de populações inteiras, reordenamento dos espaços urbanos a serviço da especulação imobiliária, especulação financeira, cortes em programas sociais, aumento das privatizações e criminalização dos movimentos sociais. Tudo sob supervisão da Fifa, entidade mafiosa que, em nível global, organiza o futebol como instrumento de acumulação a serviço do capital transnacional. Estimativas sobre o montante de investimento para a Copa de 2014 dão conta de um gasto público estatal de cerca de R$ 40 bilhões de reais, tornando a Copa do Mundo no Brasil a mais cara e dispendiosa de toda a história das Copas do Mundo. Na propaganda oficial, é constante a insistência num suposto ‘legado’ positivo da Copa. A realidade, porém, é outra. Nos países onde foram realizadas copas do mundo, como África do Sul, em 2010, esse ‘legado’ significou o brutal aumento do endividamento do Estado em benefício do capital, o corte ainda maior de direitos trabalhistas e sociais, as remoções e o aumento da pobreza e miséria para a maioria da população. Nessa perspectiva, é, portanto, impossível e inconcebível ter qualquer ilusão de que, sob o capitalismo, seja possível a realização de uma copa do mundo em moldes ‘mais humanitários’, como insistem alguns setores que, embora bem intencionados, não percebem o real papel desempenhado pelo esporte no processo de acumulação a serviço do grande capital imperialista. Sob o capitalismo, só é possível uma copa do mundo como a que se apresenta no Brasil, com brutais ataques aos trabalhadores, remoções de populações inteiras, especulação imobiliária, especulação financeira, corrupção, superfaturamento, rapinagem das estruturas de Estado e criminalização do proletariado. Não vai ter Copa! IV. Atualização do Estatuto e organização do SEPE/RJ 1) Altera o Art. 1º, o nome do sindicato para: Sindicato Estadual dos Trabalhadores da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SETERJ) – Os símbolos com os quais trabalhamos para defender nossas posições proletárias e atuar na luta de classes, na guerra ideológica travada contra nós pela burguesia para nos acorrentar, têm que expressar o conteúdo ideológico e político da identidade social na qual se originou o proletariado, forjado na luta entre as classes que formam as relações sociais capitalistas. Daí não cairmos no senso comum do profissional liberal, que pasteuriza a nossa própria identidade. Somos a representação da classe trabalhadora, portanto, trabalhadores, e não profissionais. 2) Altera o Art. 74, item VI para: o Fundo de Greve, que é composto por, no mínimo, 10% (dez por cento) da renda financeira bruta do SEPE/RJ, deverá ser depositado em conta específica e ser utilizado tão somente para cobrir despesas de corte de salário em caso de ataque do governo, nas greves deflagradas pela categoria. 3) Art. 9º, substituição do Item III para: “suspensão automática dos direitos políticos dos filiados que assumirem cargos de confiança no Executivo, Legislativo ou Judiciário, inclusive os diretores-interventores de escolas que não realizarem eleição interna para a legitimação do seu nome”; 4)Art. 9º, substituição do tem IV para: “o sócio ocupante de cargo na direção do sindicato será excluído dos quadros de associado se furar greve deliberadamente”; 5) Inclusão de artigo PROIBINDO CONVÊNIOS DE SAÚDE PRIVADA. O Sepe continua trabalhando como um agente da saúde privada, na medida em que vende títulos de planos de saúde para os trabalhadores da educação. Repudiamos esta política sindical, de convênios com empresas privadas, cujo caráter assistencialista preenche os requisitos da concepção funcionalista e instrumental de sindicato. Concepção própria das centrais governistas e dos setores da esquerda que se renderam ao sindicato cidadão. ASSINAM ESTA TESE Adriana Machado Penna – UFF / Santo Antônio de Pádua (Faculdade de Pedagogia) Carlos Eduardo Martins – Rede Municipal de São Gonçalo Carlos Dittz – Direção Regional III Eduardo Giardini – Clube Escolar Mal. Hermes (5ª CRE) e Aposentado da SUDERJ Flavia Rodrigues – E. M. Tagore e E. M. Alagoas Karen S. Pacheco Rabelo – E. M. Cinco de Julho (5ª CRE) Leandro Martins Costa – C. E. Central do Brasil (ME- TRO III) e CIEP Antonio Evaristo de Moraes (8ª CRE) Leonardo Coreicha – E. M. Barcelona e E. M. Rodrigo Otávio Filho (5ª CRE) Luiz Carlos Cavalcanti – C. E. Califórnia e C. E. Engº Carlos F. de Arêa Leão (Metro I) Luiz Sergio B. Cezar – Direção Regional III Martha Regina Pessôa Dian – Rede Privada de Búzios Roberta Gomes Nogueira Laurindo – Rede Privada de Cabo Frio Roberto Alves Simões – Direção Sepe Central e Regional III TESES GERAIS - PÁGINA 35 Sarah Ragaglia – E. M. Gustavo Armbrust e E. M. Brigadeiro Faria Lima (3° CRE) Sebastião Henrique – C. E. Central do Brasil e C. E. Visconde de Cairu Suzanne Godolphim e Silva Tocci. C. E. Dom Adriano Hipólito (Metro I) e E. M. Juan Montalvo (7ª CRE) Tássia Simões da Costa Silva – E. M. Aurelino Santos (São Pedro da Aldeia) Thiago Barbosa – E. M. Barcelona (5ª CRE) Waldemiro Lins de Castro – Aposentado da SME e da SUDERJ Tese 7 A LUTA É EDUCADORA, QUEM DECIDE É A BASE! TESE DO CAMPO LUTA EDUCADORA – LE/ Pela Base CONTRIBUIÇÃO AO XIV CONGRESSO DO SEPE ANO 2014 A depender dos objetivos das organizações do capital, o cerco à escola pública está para ser fechado: a política de expropriação do trabalho docente, a refuncionalização da função social da escola pública, a redefinição do que é dado a pensar na escola pelo onipresente sistema de avaliação, a imposição de metas que nada tem a ver com a universalização do direito à educação, são hoje uma realidade concreta. Como romper esse cerco? (Evangelista&Leher) O mês de junho de 2013 mudou a realidade do país. Milhões de pessoas saíram às ruas contra o aumento das tarifas no transporte público, em repúdio à violência policial, pela democratização da mídia, eram as principais demandas sociais que se ampliaram para lutas em defesa da saúde e da educação de qualidade, do direito à moradia, da liberdade de expressão da sexualidade, etc. Uma pauta indiscutivelmente ampla, mas que expressa o conjunto de vivências, realidades e questionamentos da população brasileira. As mobilizações de junho - que adentraram o mês de julho - resgataram uma certeza que os trabalhadores não esquecerão jamais: a luta conquista. tivos técnico e ético-político da mercantilização da Os trabalhadores da educação não estiveram vida. ausentes destas lutas, ao contrário disso, a pauta O texto nos deixa uma pergunta, que esperada defesa da educação pública, e pela valorização mos que a lição tirada das ruas, e este 14º Conde seus profissionais expressou-se em diversos gresso do Sepe, nos ajudem a começar a responcartazes e palavras de ordem que exigiam uma der: Como romper esse cerco? educação “Padrão Fifa” ou que afirmavam que “1 Nós do Campo Luta Educadora – LE/Pela Base professor vale mais do que o Neymar”. esperamos com nossa tese poder contribuir para a A indignação da população com a utilização reflexão acerca da realidade extremamente adverabusiva de verbas públicas em obras que privisa vivenciada em nossas escolas, creches, salas de legiam interesses privados, como a reforma do aula, cozinhas, enfim em todo o nosso espaço de Maracanã e demais projetos que envolvem a retrabalho. Precisamos identificar os determinantes cepção dos “mega eventos”, em detrimento dos e os reais interesses imersos nas atuais políticas reais interesses e necessidades dos habitantes da públicas para a educação. cidade, pavimentou um terreno favorável para a Queremos que este Congresso seja, antes de eclosão das greves em defesa da educação públitudo, um ponto de partida para uma boa análise ca, entre estas merece destaque a mobilização vida situação, para um balanço honesto e fraterno venciada nas das duas maiores redes do estado do da atuação do SEPE/RJ e de sua atual direção nesRJ, a rede estadual e municipal. se processo de disputa. Nossa análise parte do É certo que as duas redes já se encontravam acúmulo de nossos militantes confrontados com em campanha salarial desde o início do ano e que o movimento real da luta de a luta contra a reestruturação da educação pública e “As mobilizações de junho - que classes, determinado pela nossa participação ativa nas de nossas carreiras, dentro adentraram o mês de julho greves de 2011 e 2013, do da atual concepção privaposicionamento coletista e empresarial expresresgataram uma certeza que os nosso tivo em assembleias gerais sa pelas políticas públicas e locais, atos, ocupações, formuladas por dois econo- trabalhadores não esquecerão acampamentos, da ruptura mistas - Risolia e Costin -, é com os grupos que constianterior aos levantes de ju- jamais: a luta conquista.” tuíram a chapa 1 na última nho. Todavia, não se pode eleição da entidade, assim negar o avanço da consciêncomo de nossa intervenção cia crítica das massas contra na Frente de Oposição pela Base, campo que se os atuais governos, observado a partir destas moconfigurou a partir da luta dos educadores/as no bilizações. enfrentamento aos governos estadual e municipal De acordo com a epígrafe que inicia a nossa do RJ no ano passado e que nós reivindicamos. tese, está em curso uma ofensiva do projeto do Este Congresso é, sem dúvida, um espaço privicapital contra a escola pública. Os autores denunlegiado de debate para a base da categoria e para ciam a expropriação do trabalho docente e a cresa atual direção da entidade. Só a partir de um bacente reorientação da prática pedagógica e dos lanço rigoroso acerca dos erros cometidos nas úlcurrículos, cada vez mais subsumidos aos imperaTESES GERAIS - PÁGINA 36 timas greves das duas maiores redes de ensino do RJ, será possível reunificar a categoria e armar os profissionais da educação para a luta por um novo modelo de educação capaz de garantir melhores condições de trabalho e, ao mesmo tempo, pôr em pauta a construção de uma proposta de educação emancipatória, crítica e reflexiva, formadora de sujeitos autônomos. Para tanto é fundamental apostar na ampliação dos espaços de formação e numa maior interlocução junto aos movimentos sociais com vistas à construção de um projeto alternativo de educação para os trabalhadores, pautado pelo caráter público e universalizante, não pelos interesses privados. Para nós, ativistas da LE/Pela Base está na ordem do dia a construção da Escola de Formação Política e Sindical do SEPE, proposição que defendemos e aprovamos no 13º Congresso da nossa entidade, e que deve ser construída a partir do amplo protagonismo da base em diálogo com os movimentos sociais. bilhões de reais em empreendimentos do setor de commodities e nas empreiteiras, enquanto os setores industriais e de serviço seguem sendo favorecidos com robustas isenções tributárias, o que possibilita elevadas taxas de lucros. A manutenção das maiores taxas de juros oficiais pagas no mundo coloca os bancos no topo deste Bloco de Poder. Na outra extremidade estão os trabalhadores que amargam com a exploração, ataque aos direitos, instabilidade, precarização do trabalho e baixos salários. A tênue recuperação do salário mínimo, atualmente em R$ 724,00, ainda está muito distante do valor mínimo necessário para manter as necessidades básicas de um trabalhador estimado pelo DIEESE, que em novembro de 2013 era de R$ 2.761,58. Nesse contexto, políticas compensatórias como o programa Bolsa Família, e o acesso ao crédito e/ou endividamento (por meio de empréstimos consignados), são os mecanismos que incorporam as frações mais pauperizadas da classe trabalhadora no consumo de bens. Todas essas contradições se acentuam de forma mais dramática com os chamados “Mega 1 - CONJUNTURA: Eventos”. A tentativa de envolver a população Não é possível compreender esse processo de neste “mundo da fantasia” da Copa e da Olimpíareconfiguração da educação da se confronta com a dura pública e do trabalho dos “Para nós, ativistas da LE/ realidade das cidades, com profissionais de ensino sem a falta de serviços públicos considerarmos que a educa- Pela Base está na ordem do de qualidade, com a precação está inscrita num conrização da vida dos trabadia a construção da Escola texto social mais amplo, de lhadores, com a violência subordinação da produção do Estado contra os morae reprodução da vida aos in- de Formação Política e dores de ruas e das perifeteresses de desenvolvimen- Sindical do SEPE” rias. Vivemos um processo to e rentabilidade do capiacirramento de lutas e contal. Principalmente porque flitos. A partir de 2011 há educação envolve a socialiuma radicalização nas mozação de mais de 50 milhões de jovens e crianças bilizações que eclodem por todo o país. A greve que serão força de trabalho no futuro, o que redos trabalhadores da construção civil, nas Usinas quer, não apenas a capacitação técnica, mas tamde Jirau e de Santo Antônio - ambas em Rondônia bém, a construção de subjetividades adaptadas - exigindo condições dignas de trabalho, sem meaos novos padrões de consumo e de exploração diação sindical, causaram forte impacto pela prodo trabalho. Não é por acaso que o texto do atual porção das ações dos grevistas. O ciclo de greves Plano Nacional da Educação (PNE), já aprovado no no funcionalismo público - com destaque para as Senado e com perspectivas de ser votado no Congreves na Educação, que só no ano de 2011 tomou gresso ainda em 2014, privilegia essa formação mais de 19 estados do país (ensino básico) - se rede “novo tipo” afinada aos interesses das grandes petiu em 2012 - com destaque para as greves dos corporações que hoje dominam “os negócios” servidores federais – e, mais vigorosamente, em educacionais. 2013. Uma onda de conflitos envolvendo povos A hegemonia do PT no governo federal, antes indígenas e movimentos por moradia indicam que com Lula, agora com Dilma, só é possível a partir a classe trabalhadora está optando pelo confronto de grandes concessões ao Bloco de Poder composdireto com os governos e patrões, passando por to pelas principais frações burguesas, entre elas os cima, inclusive, em alguns casos, de suas direções setores ligados organicamente às finanças - liderasindicais. dos pelo Itaú - que incorporam funções organizaO mês de junho de 2013 marcou a explosão doras na sociedade, tendo na coalizão “Todos Pela dessas contradições acumuladas em mais de duas Educação” sua expressão máxima de ingerência décadas de neoliberalismo, incluindo os dez anos de classe na educação pública. Também em nome de gestão do PT no governo federal. As manifestado “neodesenvolvimentismo” o BNDES despeja ções de massas abrem um novo ciclo na história do TESES GERAIS - PÁGINA 37 país, de caráter essencialmente positivo. Refletem a legítima indignação da juventude, dos trabalhadores e de setores populares contra o descaso dos governos e contra os modelos tradicionais de organização da chamada “democracia representativa” - como partidos, sindicatos e centrais, reflexo das traições do PT e da CUT. O maior desafio hoje, para as instituições que se apresentam enquanto alternativa classista face ao esgotamento do PT e da CUT, é se constituir a partir do movimento real da classe, de uma inserção ativa nas mobilizações e lutas que estão eclodindo no país, ajudando no processo de avanço de consciência das massas que se levantam, e não repedindo erros que levam muitos militantes ao descrédito e abandono das lutas, desorganizando os trabalhadores no país e permitindo o avanço do neoliberalismo. Mas vivemos um novo cenário para a luta de classes no Brasil, no qual a luta coletiva volta a ser uma possibilidade concreta para a classe trabalhadora. Com as jornadas de mobilizações de junho a burguesia foi obrigada a reconhecer a força do povo unido e teve que fazer concessões reduzindo o valor das passagens dos transportes. As lutas que aconteceram durante a Copa das Confederações de 2013, foram só um aviso para as grandes mobilizações que irão solapar o país em 2014. Já estamos vivenciando em vários estados diversas manifestações contra o reajuste das tarifas de transportes e algumas categorias, inclusive profissionais da educação, já iniciaram o ano deflagrando greve. O Rio de Janeiro será com certeza um dos principais focos da luta de classes no país neste ano. 2013 no RJ, as ruas avisaram: “Não vai ter copa” “Fora Cabral, vá com Paes!” A coalizão PT/PMDB à frente dos governos Federal, estadual e municipal tentou projetar o Rio de Janeiro internacionalmente, entre as principais capitais do mundo, a partir dos “mega eventos”, especialmente, a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016. Ao contrário disso, as projeções ufanistas econômicas e turísticas, que vislumbravam o aquecimento de investimentos internacionais, parecem não ter se confirmado, tendo em vista a eclosão de inúmeros protestos, greves e aumento de denúncias e de escândalos contra a má gestão e o autoritarismo dos governos de Cabral e Paes, que tomaram conta da cidade. O ano de 2013 foi o ápice das demonstrações de insatisfação de distintos segmentos da população contra os atuais governos. E não faltaram motivos, tantos foram os escândalos envolvendo as duas gestões. Cabral, que foi reeleito com mais de 60% de votos, esteve no centro das críticas, e foi alvo de inúmeros protestos. Até um acampamento foi mantido no Leblon, nas imediações de sua residência, para denunciar as mazelas que ocor- rem no Rio de Janeiro. O uso de helicópteros ofibatiam o avanço da privatização e do modelo de ciais do estado para fins particulares e familiares e gestão empresarial da escola pública, implemeno arquivamento do processo pelo MP-RJ, apimentado pelos economistas Costin e Risolia. Apesar da tou as denúncias acerca de privilégios e uso indesimilaridade da pauta das duas redes não houve vido de dinheiro e de bens públicos, contribuindo um trabalho da direção do sindicato para unificar ainda mais para desgastar o governo. o movimento, foi a solidariedade de classe a partir Por outro lado o processo de reestruturação da intensificação da repressão dos governos que sócio-espacial da cidade, legitimado pelos “Mega acabou por unir nas ruas a base da categoria. Eventos” tem intensificado o ataque às parcelas Os profissionais da educação tomaram as ruas, mais pauperizadas da população, que sofrem com ocuparam secretarias e Câmara de Vereadores, as remoções arbitrárias, violência excessiva da resistiram em acampamentos, dando uma verdapolícia, criminalização da pobreza e indenizações deira aula de compromisso e de defesa da educaextremamente baixas. ção pública e de um projeto de ensino que possa Em meio a tudo isso o prefeito Eduardo Paes garantir a formação integral e de qualidade para acreditou que passaria incólume pela onda de os filhos da classe trabalhadora. denúncias e protestos, entretanto não conseguiu A resposta dada pela dupla Cabral e Paes foi a explicar a existência das empresas no Panamá em exacerbação do uso da força e dos aparatos de renome da sua família - com capital social superior pressão contra os grevistas. A Cinelândia transfora US$ 8 milhões (dados da imprensa). Para além mou-se num verdadeiro palco de guerra no dia 1º desse problema a tentativa de reajustar o valor de outubro, data da votação da proposta nefasta das tarifas dos transportes em junho desdobroude plano de carreira enviada por Paes, e aprovada -se em sucessivas manifestações de rua contra as pelos vereadores. Mas os profissionais da educaduas gestões. Mesmo com o anúncio da suspenção não se intimidaram demonstrando toda a sua são dos reajustes, as manifestações prosseguiram, força e interlocução com os demais segmentos da denunciando as ações truculentas da polícia, coorsociedade, ocupando as ruas nos dias 7 e 15 de denadas pelo prefeito e pelo governador, prisões outubro (Dia do Mestre), mobilizando aproximaarbitrárias, e falsos flagrantes forjados por polidamente 100 mil pessoas em cada ato. ciais e P2 - que se infiltravam nas passeatas. Mas os governos, que reprimiram os profissioAs lutas assumiram tal proporção que até o nais da educação e ignoraram sua pauta de luta, “carro chefe” da gestão Cabral foi alvo de proseguem sendo alvos de críticas por conta dos altos testos. As UPPs - Unidades de Polícia Pacificadocustos nas obras e reformas para receber a Copa ra - bandeira da reeleição do governador, foram do Mundo neste ano, e as Olimpíadas em 2016. alvo de inúmeros questionamentos. O desapareA reforma do Maracanã teve um custo acima de cimento do ajudante de pedreiro Amarildo, moraR$ 1,2 bilhão, tudo para atingir o tal “padrão Fifa”. dor da Rocinha, a operação A elitização do estádio e do policial na Maré, que mafutebol, uma das maiores “O atual Plano Nacional da tou 12 pessoas, acarretou paixões nacionais, devido diversos protestos contra o Educação, (...) permite o avanço aos altos preços dos ingrescaráter violento e desumasos, levou a perda de identino da ação da polícia nes- da ofensiva neoliberal sobre dade popular do Maracanã. tas comunidades. O “cadê Mais uma vez a população o Amarildo?” ecoou em to- a educação pública. (...) busca pobre é punida e marginadas as manifestações, para lizada. acabar com a polarização entre além do RJ, denunciando o Todos esses episódios processo de extermínio de o público e privado substituindo contribuíram para aumeninocentes nas favelas pelo tar a indignação da populaEstado. ção contra os governos de a natureza “pública” da Nesse contexto de inCabral e Paes e fortalecer as dignação e revolta social educação com a utilização da iniciativas de revolta e luta. são gestadas as duas greves O abandono da população, expressão “vagas gratuitas” das maiores redes públicas as remoções arbitrárias, a do Rio de Janeiro que abaviolência policial, a represlaram o estado e o país no são e criminalização dos ano de 2013. As greves que eclodiram concomimovimentos sociais, os gastos desmedidos com os tantemente no dia 8 de agosto exigiam reajuste “mega eventos”, os escândalos envolvendo privisalarial, melhores condições de trabalho, plano légios e esquemas de corrupção atingem diretade carreira unificado, autonomia pedagógica, gamente a popularidade desses governos. O desgasrantia de direitos tais como: origem, 1/3 da carga te sofrido por Cabral no ano de 2013 fez com que para planejamento, 1 matrícula por escola e como seu sucessor, Pezão, passasse a ocupar o último TESES GERAIS - PÁGINA 38 lugar nas pesquisas para o próximo governo do estado. Por outro lado, o anuncio de novo reajuste nas tarifas de transporte, feito pelo prefeito Eduardo Paes, repercutiu imediatamente nas redes sociais e já provocou algumas manifestações significativas nas ruas da cidade. Tudo indica que o movimento tende a crescer e se fortalecer. O ano que se inicia será decisivo na disputa de um projeto de cidade e na luta por direitos para o conjunto da população. 2 - POLÍTICAS EDUCACIONAIS Ressaltamos no início da tese que o governo Dilma se mantém operando a agenda do Capital e que a educação ocupa um lugar estratégico nesse programa. A agenda educacional do Capital prevê o livre acesso aos recursos públicos, através das chamadas “parcerias público-privadas”, o controle da educação profissional (e da formação técnica e intelectual da massa da força de trabalho) através do Sistema S, assim como da subordinação das redes de ensino e de seus trabalhadores às premissas neoliberais ditadas pelos organismos internacionais, tais como avaliações centralizadas focadas nas competências (OCDE/PISA). O atual Plano Nacional da Educação, aprovado pelo Senado, permite o avanço da ofensiva neoliberal sobre a educação pública. O texto, que ainda tem que passar pela aprovação no Congresso Nacional, busca acabar com a polarização entre o público e privado substituindo a natureza “pública” da educação com a utilização da expressão “vagas gratuitas”. No texto o Estado se isenta do compromisso de garantir a universalização do direito à educação ao privatizar o espaço da educação pública através das parcerias público-privadas, e se limita exclusivamente ao processo de regulação e controle de resultados. O apagamento do termo “público” possibilita a alocação indiscriminada das verbas destinadas à educação em programas e projetos que envolvem interesses privados: o Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), o Programa Universidade para Todos (PROUNI), o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) e, como já assistimos na educação básica, a compra de materiais pedagógicos de grandes corporações, a contratação de “parceiros” do Todos Pela Educação - Fundação Roberto Marinho, Ayrton Senna, entre outras organizações empresariais - para a organização dos programas e materiais pedagógicos na rede pública. No Rio de Janeiro, a educação pública já vivencia um processo de implementação destas políticas, evidenciado no fato de que à frente das secretarias de educação, nas maiores redes públicas, estão dois economistas - Wilson Risolia e Cláudia Costin. Segundo dados da imprensa, a Secretaria Muoutros -, revela a intenção do governo Dilma de nicipal de Educação transferiu, apenas no ano de aprovar o PNE sem muitas discussões que eviden2012, R$70.345 milhões para instituições privaciem o desmonte operado na educação pública das, um aumento de 14.751% se comparado ao pelo seu governo. governo anterior, de César Maia. Em plena greve O momento exige a retomada da organização dos profissionais da educação, a prefeitura firmou e da unidade dos setores combativos e classistas contrato com a empresa Consulplan, para a correem espaços e Fóruns autônomos e independenção de provas, num valor de R$9,4 milhões. “Pates. Iniciativas como o FEDEP no Rio de Janeiro e cotes” pedagógicos e “metodologias” de ensino o Encontro Nacional de Educadores - previsto para organizadas pelas Fundações Roberto Marinho e acontecer em agosto desse ano - precisam ser Ayrton Senna já fazem parte do cotidiano das nosreafirmadas. O SEPE/RJ e este 14º Congresso desas escolas nas duas redes. vem aprovar ações que impulsionem a construção Toda essa farra com as verbas, que deveriam desses espaços, como um Encontro Estadual de estar sendo investidas diretamente na escola púEducadores no RJ, em articulação com as outras blica e na valorização de seus profissionais, conentidades e movimentos sociais que constituem o trasta com precarização do trabalho e das instaFEDEP. lações nas escolas, com a falta de professores e É preciso envolver o máximo possível a base da funcionários, com o elevado número de alunos categoria nos debates, de forma a organizar tampor turmas, com os baixos salários e a ausência de bém uma contra ofensiva qualitativa para enfrenperspectivas na carreira. tar o avanço do projeto do Capital no cotidiano de A tentativa de aliciação pecuniária dos profesnossa escolas. sores com as políticas de bonificações, 14º salário e certificação nada mais é do que a transposição 3 - AVALIAÇÃO DAS GREVES, REORGANIZApara o serviço público de medidas gerenciais muiÇÃO SINDICAL, PERSPECTIVAS DE LUTAS PARA AS to comuns em empresas privadas. REDES E CONCEPÇÃO SINDICAL A chamada “meritocracia”, tão combatida peO ano de 2013 foi sem dúvida um marco na hislos profissionais da educação em suas greves e tória de luta dos profissionais da educação e de defendida com veemência pelos governos, é uma seu sindicato, o SEPE/RJ. O avanço da consciência forma eficaz de alienar e desumanizar os profissiocrítica e do protagonismo da base da categoria nais, uma vez que os mesmobilizada, a sua disposição “O momento exige a mos passam a ser pautados para participar de ações mais pelo alcance de metas, pela radicalizadas e, principalmendisputa sem critérios entre retomada da organização te, a forma como as greves fosi e nas escolas, por uma e da unidade dos setores ram capazes de colocar em xelógica injusta que institui que o projeto do Capital para a premiação de poucos e combativos e classistas em a educação pública em nosso a punição de muitos, ataestado e município. cando a isonomia salarial, espaços e Fóruns autônomos Sem dúvida nosso movie dividindo a categoria e as mento queria mais, a categoe independentes. (...) o FEDEP ria desafiou os governos ao escolas. O que vivemos é a tenque a nossa luta não no Rio de Janeiro e o Encontro afirmar tativa de reconfiguração era apenas por salários, “teradical da educação pelo Nacional de Educadores (...) mos uma pauta pedagógica, a Capital. O PNE institucionanossa disputa é de projeto de liza a intervenção do capital precisam ser reafirmados.” escola e de sociedade!”. financeiro, ou melhor, do Mas a maioria da direção Banco Itaú - o maior organão percebeu a dimensão da nizador do “Todos Pela Educação” - na educação, luta que contagiava os profissionais da educação enquanto tira de cena os principais interessados e a sociedade no Rio de Janeiro e país afora. Na e conhecedores da realidade e das mazelas da condução da greve da rede municipal privilegiou educação pública, profissionais de ensino, pais e os encontros com os governos, buscando afastar alunos. a base radicalizada destes espaços para não comA própria CONAE - Conferência Nacional de prometer o processo. Acreditou que o embate Educação - que ocorreria em fevereiro de 2014 poderia ser resolvido numa mesa de negociação, foi adiada pelo MEC para novembro. Esse canceentre direção e governo, chegaram a tentar alterar lamento, apesar de ter sido feito aparentemente o local de um ato e assembleia, deliberados para à revelia do Fórum Nacional da Educação, espaa porta da Prefeitura pela categoria, tamanho era ço oficialista constituído por setores atrelados ao o temor de que a base radicalizada prejudicasse governo federal - Proifes, CUT, UNE, TPE, entre o processo de negociação. Entretanto essa aposta TESES GERAIS - PÁGINA 39 se mostrou desastrosa, a opção pela conciliação em detrimento da organização e unificação das duas greves levou as mesmas a um fim melancólico a partir do acordo firmado no STF. Para nós da LE/Pela Base, que também somos parte da direção - embora de forma minoritária - e que não nos alinhamos às posições do bloco majoritário que se constituiu nas greves (conformado principalmente por grupos que compõem a coordenação geral central), nenhum espaço de luta pode prescindir da participação da base da categoria. Muitos de nós, que conhecem o SEPE há mais tempo, vivenciaram inúmeras experiências de greves onde a base esteve presente junto à direção, nas mesas de negociação. Retomar essa prática significa restabelecer a confiança mútua entre base e direção, elemento fundamental para garantir a estabilidade de qualquer movimento grevista. A falta de sensibilidade da “ampla maioria da direção” para ouvir os apelos da sua base e para perceber o papel do SEPE/RJ nesta disputa de projetos de educação em curso no país, pôs fim a duas greves - que tiveram a capacidade de alcançar repercussão nacional e internacional como nunca antes, levando a pauta de luta da educação do Rio de Janeiro e o grito de “Fora Cabral” para muito além do nosso estado e município. O retorno às escolas confrontou os profissionais que aderiram a greve com os mesmos problemas que os levaram a entrar no movimento, com alguns agravantes como as perseguições a grevistas, as imposições de calendários de reposição de aulas impossíveis de serem cumpridos e os descontos salariais e de benefícios. Os grupos de trabalho e os compromissos assumidos pelos governos no STF seguem sendo desconsiderados tanto pelo estado como pelo município, o que vem sendo alvo, inclusive, de denúncias do sindicato no Ministério Público. Inúmeros profissionais foram ameaçados com a perda da origem. Nos Ginásios Experimentais Cariocas - exemplo dramático do processo de empresariamento da escola pública - a SME chegou a disponibilizar em publicação no diário oficial, no início de dezembro, a vaga de praticamente todos os grevistas, o que exigiu uma ação rápida e contundente desses profissionais, junto ao SEPE, para garantir suas lotações - particularmente no GENTE e no GEA. As arbitrariedades prosseguem neste início do ano, salários permanecem com erros, quando não foram totalmente cortados. Os inspetores escolares da rede estadual, contratados a partir do último concurso, estão recebendo abaixo do piso acordado em edital. Muitas escolas da rede municipal estão passando para turno único, o que ameaça a origem de professores de carga horária de 22h e 30. Enfim, a direção do sindicato volta a ter uma função reativa, correndo de lá pra cá para movimento. apagar os inúmeros incêndios que pipocam pelas A mesma tentativa de contenção da luta, inferedes. lizmente, se verificou no movimento da rede muSó a luta e a organização de uma forte greve nicipal, inicialmente na assembleia extraordinária unificada ainda neste primeiro semestre, alicerrealizada no Terreirão do Samba, em 26 de agosto çada no apoio da população em defesa da escola e, posteriormente, na assembleia que deliberou a pública, serão capazes de dar respostas a tantos primeira suspensão da greve (10/09), antes mesataques. mo que a categoria tivesse acesso à minuta de É fundamental também que o SEPE/RJ reafirplano de carreira, que seria enviada à Câmara de me a sua natureza democrática garantindo que a vereadores. base ocupe mais espaços na condução cotidiana O desfecho de todos esses erros e atropelos foi do seu sindicato. Experiências como comitês de uma greve da rede estadual conduzida pela base, imprensa e nas diversas secretarias, ou comandos com ações mais radicalizadas como a ocupação da de greve - eleitos em assembleias - que ocupem SEEDUC e o acampamento na ALERJ, que consea direção política das greves, com a garantia de guiram dar visibilidade ao movimento, mas que, participação de membros do mesmo nas mesas sem o apoio efetivo da direção majoritária do sinde negociação, são fundamentais para evitar os dicato não avançaram para o interior do estado erros ocorridos nas últimas greves, como a decie outras regiões fundamentais, como a Baixada são final no momento do acordo no STF, que foi da Fluminense por exemplo. Isso resultou em baixos direção do sindicato, enquanto a base da categoíndices de adesão, considerando a totalidade da ria, que sustentou os atos e rede, e serviu de argumenacampamentos e que foi até “A proporcionalidade nas to para as inúmeras tentatiBrasília, não pode sequer vas, da maioria da direção, se aproximar do local onde eleições garante a democracia de suspender o movimento. ocorriam as negociações. A rede municipal por sua É preciso eleger repre- de ideias, permitindo o convívio vez, demonstrou coragem e sentantes em todas as esmanteve a greve, desconsino interior da direção de colas e creches, fazer uma derando as defesas contráampla campanha que enrias de integrantes da dirediferentes organizações com volva a categoria, garantir ção majoritária do sindicaas instâncias decisórias em distintas concepções e nuances to no Terreirão do Samba. nossos núcleos, regionais e No entanto, os constantes nos grandes fóruns centrais, teóricas. Também impede a equívocos e erros na conconstituir espaços de formadução de assembleias e ção política e sindical. Dessa cristalização de um pensamento dos processos de negociaforma manteremos aceso ção, como os ocorridos na único e autoritário.” o debate acerca das nossas Fundição Progresso e nas questões mais imediatas, ao diversas atas acordadas em mesmo tempo em que nos reuniões com a prefeitura, preparamos para os grandes embates futuros. geraram insegurança e levaram a categoria a sair da greve de forma prematura, na assembleia do A GREVE ACABOU, MAS A LUTA CONTINUA. dia 10 de setembro, dando um voto “de confianCom certeza essa afirmação é verdadeira. Saça” aos setores da direção que afirmavam que as bemos que o nosso enfrentamento com os governegociações já haviam garantido os avanços posnos que hoje implementam um modelo de educasíveis. ção subserviente aos interesses do mercado, em O resultado desses equívocos foi a proposta detrimento às necessidades de formação humanefasta de plano de carreira que chegou a Câmara na de nossos alunos, não se esgota em uma gree que foi votada de forma autoritária, com a cive. Entretanto tal afirmação não pode funcionar dade sitiada e os profissionais da educação sendo como cortina de fumaça, negando um honesto e covardemente agredidos na Cinelândia. necessário balanço dos processos que acarretaFoi a determinação da base da categoria que ram avanços e retrocessos em nossas greves, pongarantiu, apesar de tudo, um desfecho político do em risco nossas lutas futuras. positivo para o nosso movimento, dimensionando Nós da LE/Pela Base consideramos um grande a nossa luta e construindo laços de solidariedade avanço o protagonismo da base na condução das com trabalhadores em todo o país. duas greves. A greve da rede estadual, por exemA ocupação da Câmara Municipal e os atos de plo, eclodiu por subversão de uma base mais radirua que unificaram os trabalhadores da educação calizada, apesar das inúmeras tentativas de setopública do ensino básico em greve com outras res majoritários da direção do sindicato de frear o categorias e população em geral, e que levaram TESES GERAIS - PÁGINA 40 aproximadamente 100 mil pessoas as ruas nos dias 7 e 15 de outubro (dia do professor), rememoraram as passeatas de junho e deram repercussão nacional e internacional a nossa luta. O saldo positivo de ações vitoriosas organizadas pela base da categoria, contrastado aos erros e atropelos de uma direção que demonstrou total falta de habilidade para lidar com culturas e práticas militantes renovadas, sinaliza a urgência de repensarmos uma melhor forma para nos organizarmos para as próximas greves, que com certeza irão eclodir com muito mais vigor neste ano. A tolerância, humildade e capacidade para fazer uma boa autocrítica neste 14º Congresso serão passos fundamentais para diminuir desconfianças e estabelecer canais de diálogo e cooperação entre aqueles que constroem e dirigem as lutas. COMUNISTAS, ANARQUISTAS E BLACK BLOCKs. QUEM TEM MEDO DA BASE? O SEPE é um sindicato que se orgulha da sua composição plural. A proporcionalidade nas eleições garante a democracia de ideias, permitindo o convívio no interior da direção de diferentes organizações com distintas concepções e nuances teóricas. Também impede a cristalização de um pensamento único e autoritário. Sem dúvida não é um exercício fácil conviver entre tantas diferenças, mas, para nós, essa pluralidade de certa forma também reflete a diversidade de concepções presentes na base de nossa categoria, e é o que reivindicamos como a melhor maneira de expressar os interesses de nossa classe. Diante de uma conjuntura tão rica, com a retomada das grandes mobilizações, a massa ocupando as ruas para reivindicar direitos e confrontar a violência do Estado burguês, organizações da esquerda tradicional (como partidos e sindicatos), questionadas por causa de experiências negativas recentes como a traição de classe feita pela CUT e pelo PT, é natural que surjam também no SEPE movimentos de oposição pela base. Esse processo precisa ser entendido como saudável e legítimo para oxigenar o nosso sindicato e potencializar as nossas lutas. A participação dessa nova camada de ativistas no SEPE, organizada ou não, formada também por grupos com culturas militantes distintas (horizontal, descentralizada) e que destoam do modelo mais tradicional da maioria das organizações da esquerda (centralizado, hierárquico e estável) foi fundamental nas duas últimas greves, principalmente para garantir ações que exigiram uma maior radicalização da nossa base. Infelizmente toda essa combatividade demonstrada por essa nova camada de ativistas nas greves não se expressou nas atitudes e negociações conduzidas pela atual direção. A gota d’água foi o acordo firmado no STF que pôs fim as greves. Por No interior do Sepe sempre conviveram agrupaconta disso acirraram-se as disputas entre setores mentos com distintas nuances políticas, isso ficou descontentes da base e a maioria da atual direção. bastante claro para a categoria nas greves em Em nossa opinião alguns setores da direção er2013. O nosso campo, por exemplo, esteve em toram mais uma vez ao tentar rechaçar e criminalidos os espaços, atos e assembleias fazendo essa zar esses novos grupos. Nós da LE/Pela Base não disputa de posições, e defendendo, por exemplo, somos anarquistas, mas somos a favor da demoem todas as assembleias a continuidade da greve, cracia direta através das decisões em assembleias à exceção da última assembleia da rede estadual. e somos a favor de ações mais radicalizadas como Porque, apesar de compormos a direção, somos acampamentos e ocupações em órgãos públicos independentes para pensar e agir em defesa da como fizemos ativamente nesta greve. categoria a partir da nossa concepção sindical e Para nós os anarquistas e os simpatizantes das de nossas reflexões e análises diante de cada contáticas black blocks também são parte da nossa juntura. Não devemos aceitar posturas consercategoria, lutam cotidianamente em defesa da vadoras no interior do SEPE/RJ, como a tentativa escola pública, constroem nossas greves e atos, e de censurar e perseguir ativistas que pensam e têm todo o direito de disputar os espaços do nosformulam diferente da maioria da direção. Cabe so sindicato. a categoria analisar e escolher entre as diferentes Nunca existiu patrulhamento ideológico no proposições a que mais se aproxima de suas perSEPE e não será essa direção que irá inaugurá-lo. cepções para a condução das lutas. É assim que se A nossa tarefa, ao contrário, é tentar aproximar constrói um sindicato verdadeiramente democráessa nova camada de ativistas, construir espaços tico e representativo. amplos de formação política, garantindo o diáloO sindicato deve ser uma organização demogo fraterno entre as diferentes culturas e concepcrática que garanta às diversas posições políticas ções, buscando fortalecer pontos que nos unifiexistentes na categoria canais para disputar a adequem, tendo como objetivo acumular toda essa são do conjunto dos trabalhadores representados. energia que está surgindo Deve ser no debate político e no interior da nossa catego- “O que está em debate é a através da adesão ativa dos ria e que, sem dúvida, será trabalhadores que a esquerdeterminante para derro- ‘natureza’ da organização da deve exercer sua maioria tarmos os atuais e futuros na categoria e não pela via do sindical, que, para nós, deve ataques à educação pública. aparelhamento da entidade. Nesse sentido um mecaprimar pela democracia CONCEPÇÃO SINDICAL nismo fundamental para o A concepção sindical e participação da base funcionamento do sindicato que reivindicamos é de um (no que diz respeito à composindicalismo democrático, em detrimento de ações sição da direção e à escolha organizado a partir da amde representação, delegados cupulistas e de acordos entre pla PARTICIPAÇÃO da BASE etc.) é a PROPORCIONALIDAem todos os processos deDE, isto é, que cada posição tendências e organizações.” cisórios. A premissa fundapolítica tenha uma participamental é a de que o verdação de acordo com seu peso deiro sindicalismo precisa na categoria. Isso permite nascer de baixo para cima, em nosso caso, a pargarantir o caráter efetivamente plural da entidatir das escolas até chegar ao SEPE/RJ. O que está de sindical e inibir as tentações aparelhistas que em debate é a “natureza” da organização sindical, surgem na prática sindical. que, para nós, deve primar pela democracia e parA democracia sindical é chave para a construticipação da base em detrimento de ações cupulisção da unidade de ação da classe trabalhadora, tas e de acordos entre tendências e organizações. considerando que em seu seio se expressa a mais Uma orientação classista que rejeite a conciliação ampla diversidade política e ideológica. A garande classes. Uma estrutura sindical que não perca tia da convivência entre as diferenças de opiniões de vista o “centro” do problema, que é o problema deve-se dar de uma forma profundamente demopolítico e não apenas as questões econômico-corcrática no encaminhamento dos debates políticos. porativas; que privilegie as lutas e não os acordos Para ser efetivamente democrático, o sindicato com governos e instituições. deve incorporar em sua prática cotidiana os eleNós da LE/Pela Base não vemos contradição mentos fundamentais da democracia: em compormos a direção do SEPE, uma vez que a) No respeito às resoluções das instâncias de não somos oposição à estrutura sindical, que em decisão e à unidade de ação em torno delas, atranossa entidade inclusive é formada a partir da vés do encaminhamento efetivo das decisões poproporcionalidade direta, que nós defendemos. líticas; TESES GERAIS - PÁGINA 41 b) Na ampla e livre circulação da informação no interior da entidade; c) Direção Colegiada – que rompa de fato com o personalismo, no exercício do poder; d) Participação das bases na direção - deve passar necessariamente pelo estabelecimento de mecanismos que favoreçam à participação, de fato e de direito, das bases organizadas nos rumos da entidade. Internacionalismo O sindicalismo exige dos/das militantes e dirigentes esforços constantes para compreender mais e mais a realidade do país, da população e da região em que militam. Exige que em sua prática sejam capazes de valorizar os lutadores e lutadoras sociais de nossa história, de difundir seus ensinamentos e seus exemplos e de encarnar as mais caras tradições de luta dos explorados e oprimidos do nosso país, resgatando, sempre, a experiência e a identidade combativa do nosso povo. Mas, ao assumir a nossa identidade como povo de luta, em nenhum instante podemos deixar de agir com base na compreensão de que pertencemos a um mundo e a uma classe que, além de internacional, só será capaz de protagonizar a construção do socialismo, se o compreender como projeto que só pode se concretizar, como a história tem demonstrado, em escala supranacional. Isto exige a busca e a prática constante de parcerias internacionais em torno das lutas concretas dos trabalhadores e trabalhadoras que representamos. Requer que façamos ecoar, sistematicamente, em nossas bases os exemplos e as lutas dos trabalhadores de outros países. Cobra que tomemos como nossa e amplifiquemos a denúncia de cada manifestação de opressão em qualquer parte do mundo. Impõe que sejamos solidários/as com as lutas dos/as explorados/as e oprimidos/as de todo o mundo. O sindicato deve se organizar pela base. É preciso constantemente procurar fortalecer a participação dos trabalhadores nas instâncias de suas entidades. Impulsionar organização por local de trabalho. Promover reuniões sistemáticas para debater os problemas imediatos da categoria e os gerais da classe. Realizar assembleias amplas e democráticas, fazendo com que a base participe da vida cotidiana da entidade. Construir espaços e processos nos quais a base tenha efetivo controle sobre a entidade e seus dirigentes. A democracia é um antídoto fundamental contra a burocratização das entidades e dos dirigentes. É imperativo o combate aos privilégios dos dirigentes das entidades. Esses privilégios conduzem o dirigente à perda de identidade com a base e os deixa a um passo da conciliação com os governos. O controle da base sobre suas direções pode evitar os processos de usurpação de representação que é feito pelos dirigentes e entidades quando deixam de defender os interesses dos trabalha- dores ou de respeitar suas decisões. Ao mesmo Combate às Opressões. O capitalismo distempo, a democracia operária é fundamental para semina uma ideologia que nos segrega para assegurar a vigência da pluralidade, o respeito à melhor nos explorar, disseminando concepções diversidade política na categoria e na própria diremachistas, racistas e homofóbicas inculcadas ção das entidades. na população, aí incluso a base e as direções O sindicato deve ter independência de classe. sindicais. O sindicato deve ser uma organização dos traO conceito de propriedade e os valores mobalhadores, sem atrelamento ao estado e aos rais da burguesia determinam, assim, até boa patrões. Sua sustentação financeira deve se baparte das relações intra-classe, além, óbvio, das sear na contribuição voluntária dos trabalhadorelações inter-classes. O preconceito, discrimires. Por outro lado, se trabalhadores e patrões nação e violência contra LGBT, negros, pessotêm projetos antagônicos (o socialismo X o caas com deficiência (PCD), mulheres, o assédio pitalismo), entre eles não pode haver PARCERIA moral e sexual, os menores salários e menores nenhuma. Não nos interessa dar estabilidade oportunidades de emprego e de estudo são faao capital nem a seu sistema – o capitalismo. tores conhecidos e edificantes da atual estruNão podemos identificar os interesses dos tratura social brasileira. Com essas ferramentas, balhadores com governos e patrões. Devemos a força de trabalho é mais explorada e contida construir a identidade da classe trabalhadora e diante de possíveis reivindicações de equidade uma diferenciação clara em relação à política de condições de trabalho, de saúde, de educaburguesa. ção, de remuneração, entre outros. Formação. Esse é um elemento decisivo tanUm Sindicato Classista. Que defenda a unito para a ação imediata (construção da organidade dos trabalhadores com os setores populazação de base) quanto para os nossos objetires, com Sem Terra, Sem Teto, desempregados, vos mais estratégicos. Acreditamos que o SEPE e também com a juventude combativa, única pode construir um INSTITUTO PERMANENTE DE forma de fortalecer a luta com possibilidade FORMAÇÃO SINDICAL E POLÍTICA que dê conta efetiva de vitória no confronto com nossos inidessa tarefa. Que faça a formação política e a migos, é a unidade de todos os segmentos da disputa de hegemonia; Precisamos intensificar classe. a formação dos nossos militantes, não só das Preparando a disputa do poder. Temos como direções, mas a formatarefa, a partir dos sindicatos, “A democracia sindical é ção em larga escala para estimular a classe trabalhaa Base da categoria. Este dora a questionar o poder do processo é fundamental chave para a construção da capital sobre o processo de para desenvolver a ele- unidade de ação da classe produção e de trabalho. Ao vação da consciência, sindicato deve interessar não disputando com a propa- trabalhadora, considerando somente em que condições a gada governista o modo força de trabalho está sendo de ver a sociedade. De- que em seu seio se expressa contratada (que é o que em vemos vincular essa disgeral se discute em uma camcussão às contradições a mais ampla diversidade panha salarial), mas também do modelo econômico e de que forma está organizado política e ideológica.” político em aplicação no o processo produtivo no país. país e oferecer uma saíA luta pelo socialismo deverá da radical do ponto de vista dos trabalhadores passar necessariamente pela disputa sobre o e da população explorada e oprimida. controle do processo de produção e de trabaImprensa Sindical. Não aproveitamos pralho, para que os trabalhadores recuperem esse ticamente nada do potencial desse valioso, poder. Essa disputa tem um forte componente Instrumento. Para alem dos jornais, panfletos de luta pela hegemonia no local de trabalho. e cartazes. Temos que adotar as novas tecno ecisa urgentemente garantir espaços de logias. Site , blog , boletim eletrônico, vídeos formação e participação da categoria também etc. Para além dos canais de informações inpor local de trabalho, inserindo-se nas escolas ternos do Sepe, é necessário avançarmos na de forma efetiva e permanente, isto é, enxugancomunicação e na unidade com outros sindido sua pauta corporativa e priorizando o trabacatos e movimentos combativos do campo da lho político de base. Esta ação, tendo como fim esquerda, na construção de um boletim mensal a elevação da consciência crítica da base e não em conjunto que possibilite mais a frente uma a disputa entre as forças políticas que compõe perspectiva maior editorial, não só de impreno sindicato, poderá contribuir como uma ferrasa, mas numa produção editorial com criação menta importante no processo de contra-hegede uma editora sindical e popular. monia às políticas neoliberais dos governos. TESES GERAIS - PÁGINA 42 REORGANIZAÇÃO SINDICAL: A CSP- Conlutas (Central Sindical e Popular) é, em nossa opinião, uma importante ferramenta para a reorganização e unificação dos trabalhadores frente à traição do PT e da CUT. Uma experiência que se propõe a organizar no campo classista, para além do movimento sindical, movimentos sociais do campo e da cidade, movimentos de opressões, e também estudantes. Apesar de ser ainda uma Central minoritária no movimento sindical tem se mostrado combativa nas lutas que eclodem no país, e democrática no que se refere a realização de espaços de participação da base, como encontros, seminários, congressos, etc. Acreditamos que o SEPE, com a sua importância e peso político na organização dos trabalhadores da educação, não pode permanecer afastado do conjunto das lutas e debates que envolvem categorias e movimentos, numa conjuntura de ascenso das massas e de recrudescimento dos ataques contra nossa carreira e direitos. Sindicatos como o ANDES/SN, SINASEFE, SINDPEFAETEC, entre outros, são hoje filiados a CSP-Conlutas. Para nós este é o polo que reúne as condições de organizar os setores da esquerda combativa, que não se renderam ou conciliaram com governos e patrões. Nesse sentido nós da LE/Pela Base, defendemos a aprovação da filiação do SEPE a CSP neste 14º Congresso. 4 - ATUALIZAÇÃO DO ESTATUTO a) Manutenção da proporcionalidade direta, para a composição da direção da entidade; b) Criar um fundo de greve do SEPE-RJ com transmissão automática de 10% da receita do sindicato para o uso exclusivo na ajuda financeira dos trabalhadores que sofrerem corte de ponto em função do movimento. Esse fundo é independente do atual fundo de reserva estabelecido no estatuto; c) Mudar a regra para eleição de representantes para um representante para “até 20 profissionais de educação na unidade de ensino”; d) Limite de dois mandatos consecutivos tanto na estrutura do Sepe Central como nos núcleos e regionais, com igual limite para as licenças sindicais, a vigorar a partir da próxima eleição do sindicato. 5 - NOSSAS PRINCIPAIS BANDEIRAS DE LUTA PARA A EDUCAÇÃO: CONSTRUIR O ENCONTRO NACIONAL E ESTADUAL DE EDUCADORES; REARTICULAR O FÓRUM EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA (FEDEP/RJ); Combater o PNE privatista do Governo Federal; Defender a aplicação de 10% do PIB para a Educação Pública Já!; 5 salários mínimos como piso para docentes em todas as redes; 3,5 salários mínimos como piso para os demais trabalhadores da educação da Certificação e políticas de Bonificações e 14º em todas as redes (não docentes); Data Base com salários; Garantia da Origem dos trabalhadores reajuste real anual; Plano de Carreira Unificado Já! nas escolas e creches; Cada matrícula do servidor Com garantia de ascensão por tempo de serviço deverá ser lotada em apenas uma unidade; Criae formação; Garantia da paridade com integração de Comitês permanentes de mobilização com lidade para aposentados; toda a comunidade escolar, Garantia da implementa- “O Sindicato precisa para realizar atividades menção do 1/3 da carga horária sais nas escolas como assempara planejamento; Eleição urgentemente garantir bleias, debates, seminários e direta para diretores de esatividades culturais e artísticas espaços de formação e colas; Autonomia Pedagógigarantindo a gestão democráca Já!; Nenhuma disciplina participação da categoria tica nas escolas; Educação em com menos de 2 tempos de horário integral visando à foraula!; 30 horas para funcio- também por local de trabalho, mação plena de nossos alunos nários; Melhores condições e garantindo-lhes o acesso aos de trabalho; Fim da Poliva- inserindo-se nas escolas de conhecimentos científicos, arlência!; Garantia de licença forma efetiva e permanente, tísticos e técnicos necessários remunerada para formação para uma atuação crítica e auem Universidades Públicas isto é, enxugando sua pauta tônoma na sociedade; Exigipara todos os trabalhadores mos, como forma de garantir da educação; Fim do desvio corporativa e priorizando o a qualidade do ensino, o mede verba pública para Instilhor atendimento ao educantutos e Fundações Privadas; trabalho político de base.” do, a valorização e o respeito Fim dos Projetos; Revogação ao profissional da educação, a Imediata do Plano de Metas garantia de um número máxina Rede Estadual; Contra a Meritocracia e o gerenmo de alunos por turma, a saber: 1) Em turmas ciamento empresarial das escolas públicas!; Fim de EI de 0 a 2 anos - máximo de 5 crianças por turma (acompanhadas por uma PEI e uma AAC); 2) Em turmas de EI com 3 anos - de 6 a 8 crianças por turma (acompanhadas por uma PEI e uma AAC); 4) Em turmas de 4 a 5 anos - máximo de 10 crianças por turma (atendidas por uma PEI e uma AAC); 5) Primeiro Segmento (anos iniciais) máximo de 15 alunos por turma; 6) Segundo Segmento (a partir do 6º ano) - máximo de 20 alunos por turma; 7) No Ensino Médio - Máximo de 25 alunos por turma; Fim das terceirizações dos profissionais e dos contratos temporários. Não precisamos de serviços privados de baixa qualidade para as escolas!; Abertura de concursos públicos para professores (as) e profissionais especializados garantindo a Educação Inclusiva de fato dos alunos (as) com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), chamadas imediatas como forma de sanar a carência de profissionais existente nas redes; Abertura de concursos públicos garantindo chamadas imediatas como forma de sanar a carência de profissionais existente nas redes; Contra as avaliações Externas. Boicote ao SAERJ, PROVA BRASIL, PROVA RIO, etc; Retorno da grade curricular de 30 tempos semanais - chega de roubar conhecimento de nossos alunos!; Garantia da reposição de materiais pedagógicos e de uso geral nas unidades escolares. ASSINAM ESTA TESE ADRIANA C MARTINS(Mesquita) ALEXANDER ESPIRITO SANTO (SG) ALZIDÉA SANTA ISABEL(Reg1) AMÂNCIO CÉZAR(Reg1) AMANDA M MATHIAS(Reg2) AMANDA BARROS(S João de Meriti) ANA BEATRIZ NUNES(Reg1) ANA CAROLINA MOTA(Reg2) ANA CECÍLIA(N. IGUAÇU) ANA MARIA P DA GUIA(Reg1) ANDRÉ BARROSO(Reg2) ANDRÉ CARLOS DE OLIVEIRA(Mesquita) ANNE CAROLINE F DE LIME(Niterói) ANTÔNIO CARLOS MACHADO(Pinheiral) ANTONIO PEDRO FERNANDES (SG) CLÁUDIA G MOTTA(Reg1) CLARA ROHEM(Reg2) DANIELLA BARROS(Reg1) DÉBORA F AZEVEDO(Reg1) DIEGO FELIPE SOUZA(Reg2) EDIVA MENDES(Reg1) EDUARDO MARIANI(Reg1/Pinheiral) EDUARDO S OLIVEIRA(Mesquita) ELIANA DA COSTA(Nilópolis) ELIANE CRUZ(SG) ELIZA APARECIDA C SILVA(Reg3) ELIZABETH CABANEZ(Reg1) ESTER O ALMEIDA(Reg9) FABIANA BENVENUTO C. FERREIRA(Reg3/Queimados) FÁTIMA AZAMOR(Reg1/9) FERNANDA SIMÕES(Mesquita) FLÁVIA SOARES(Reg1) FRANCISCO C GUEDES NETO(Reg1) GEOVANO S. FONSECA(SG) GLÁUCIO DOUGLAS(Caxias) GLEISSE PAIXÃO(Reg2) HUGO LEONARDO(Mesquita) IVONE BARROS(Reg1) IVONILTON B FONSECA(Reg1) JOÃO CARLOS DOMINGOS(Pinheiral) JORGE CÉZAR(Mesquita) JULIO CESAR G ANDRADE(SG) JUSSARA NUNES(Reg1) LEILA DE LIMA(Reg1) LUDMILA GAMA PEREIRA(Niterói) LUIZ GUILHERME BELISÁRIO(Reg1) LUCIENE G DE LIMA(Reg4) MARCIA VERÔNICA(Reg1) MARIA CLÁUDIA TESES GERAIS - PÁGINA 43 M CICIRIELLO(Reg3) MARIO SÉRGIO MATHIAS NETTO(Reg1) MARISA Mª C DELFIM(Reg1) MARTA GUEDES(Reg1) MIGUEL LUIZ SOARES(SG) MIGUEL M BOREL(Reg1) MOISÉS REIS(Reg1) NICOLE GARCIA(Reg1) RAISSA CARLA SAMPAIO(Mesquita) REGINA MESQUITA(Reg4) RENAN SOARES(Niterói) RENATA ALVES DE S CALDAS(Reg1) ROBERTO C SILVA(MARICÁ) SENIRA C DA COSTA(Reg1) SILVANE VECHI(Reg1) SILVIA KIRSCHBAUM(Reg1) SILVIA LABRIOLA(Reg2) SIMONE PRAGANA(Reg1)TÂNIA ELISA DA SILVA(Reg1) TATIANA K COSTA(Mesquita) THIAGO FELIPE LAURINDO(Queimados) VALÉRIA S B OLIVEIRA(Reg1) VERÔNICA S BASTOS(Reg1) WAGNER PINHEIRO(Reg 1) WALEUSKA G BRAGA(Reg1) WÍRIA ALCÂNTARA(Reg1). Tese 8 UM MUNDO QUE MUDA PELO GRITO DOS EXCLUÍDOS, EXPLORADOS E INJUSTIÇADOS! CONJUNTURA pode negar, que até determinado momento, com determinados limites, essas políticas implemenO planeta tem passado nos últimos anos por tadas pelo estado brasileiro, amenizou, se é que um momento de grandes transformações. se pode dizer isso, os níveis de miséria extrema. Com a crise do capitalismo, as grandes massas No entanto, não se pode entender e aceitar que tem se mobilizado para mudar a realidade. essas sejam as políticas definitivas. A crise do capital, que leva a geração de um Os últimos governos pouco fizeram em relação grande número de desempregados, sub-empreàs políticas de reforma agrária. Praticamente nada gados por um lado e por outro lado, negando a jufizeram para que houvesse outras reformas no país: ventude a possibilidade de sobreviver dignamente urbana, educacional, da saúde, mobilidade social, nessa sociedade altamente competitiva,pela lógica saneamento, etc. do mercado, tem dado o impulso para as reações Se não pensarmos o país em sua totalidade, perque tem se assistido. cebendo suas necessidades para um crescimento No Brasil não é diferente. sustentável, se estará projetando para o fracasso. O Brasil vive um moA população precisa enmento de expectativa, com O “gigante” não acordou agora: tender seu papel protagoa possibilidade de rompinista, para além do processo mento de um período de ele nunca esteve dormindo eleitoral, para além da paraparente desenvolvimento ticipação em manifestações: ou continuidade. No entanprecisa se organizar. to, precisamos entender mais profundamente esse Depois de anos da política de “Boutique esprocesso. pecializada em bolsa”, onde para cada problema Não se pode negar que desde o fim da ditadura sócio-econômico, existe uma “bolsa”, um programa militar no Brasil, o país passa por um processo de de “reparação”, ou algo do tipo, a população se desenvolvimento da democracia política. incorpora aos movimentos sociais organizados, Os programas sociais representaram algum que lutam há anos, e se mobilizam, em massa, para combate à extrema pobreza. Não são suficientes dar a tônica da política estruturante: reformas e para encaminhar os ganhos na educação e cultura. mudanças em todos os setores, seja na educação, Estimularam o consumo diante da precariedade saúde, segurança, entre tantos outros setores. da estrutura. No entanto, não se pode negar que Algo, em especial, grita desses movimentos: a medidas estruturantes precisam ser assumidas cobrança pela ética na política, contra a corrupção. pelo governo. Não se pode perpetuar apenas a O “gigante” não acordou agora: ele nunca lógica de programas: o país precisa avançar. Não se esteve dormindo. No entanto, hoje, esse gigante TESES GERAIS - PÁGINA 44 quer mais. Tudo se deve a fragmentação das forças democráticas progressistas que não souberam conduzir os anseios das Revoltas de Junho de 2013. Essas forças foram a “reboque” das ruas, pois estavam ou numa oposição formal ao governo ou ocupando espaço dentro do Governo. Há um processo de ajuste político no interior da correlação de forças do Governo Federal em que a candidatura própria do PSB é um indicador. Precisamos avançar para políticas estruturantes. Políticas essas que coloquem o estado brasileiro a serviço da maioria da população. DESENVOLVER O PAÍS, SEM PRIVATIZAR O ESTADO O estado brasileiro há algum tempo vem passado por um processo de transformação profunda. A política de privatização, que não cessou quando a esquerda foi ao poder central, continua. Os principais setores da economia estão nas mãos de alguns grupos econômicos nacionais ou internacionais. Isso, no entanto,ao contrário dos defensores do estado mínimo, não representou dinamização da economia nacional. Se até pouco tempo, o estado forte, propulsor do desenvolvimento, servia, hoje, mesmo com o pouco resultado alardeado pelos setores privatistas, essas privatizações continuam. É necessário que se perceba o erro que isso tem na sua origem. As maiores economias do mundo vêm enfrentando nos últimos anos por profundas crises econômicas. Países que tem o livre mercado há muito tempo como norte. O livre mercado não resolveu seus problemas. Ao contrário do que se esperava no Brasil, não se obteve aquela explosão de desenvolvimento nesses setores. Se em alguns poucos casos, alguma coisa aconteceu, no conjunto ainda temos um país com graves problemas estruturais. O governo atual tenta, ultimamente, fazer emplacar planos que procuram dar conta do problema. No entanto, se nega a rever a política de privatizações e inclui entre seus planos, mais algumas, com a “conceituação” de “concessões”. O horizonte disso tudo não se pode ainda observar. É preciso que o governo brasileiro repense essa política. É necessário que o estado brasileiro perceba seu papel pioneiro nesse processo. Não se pode delegar a alguns poucos grupos econômicos esse papel. Só um estado forte,que planeje de forma séria,poderá dar conta dos desafios. serviços públicos. Através da injeção de recursos públicos pela via do BNDES, o capitalismo brasileiro se expandiu em forte conexão com a inclusão de brasileiros acima da linha da miséria com programas assistenciais. Entretanto, o Estado Brasileiro foi deixado em segundo plano na Saúde e na Educação. Por exemplo, a demora na aprovação do novo Plano Nacional de Educação do item de 10% do PIB para a Educação Pública demonstra a timidez do Governo Federal em ousar mais no seu programa de “centro-esquerda”. No estado do Rio de Janeiro, evidencia o maior grau de desgaste da coalizão governista PT-PMDB. Uma vez que o governador fluminense chegou aos maiores índices de rejeição desde o final do Governo Moreira Franco (1987-1990), sofre dificuldades em unificar a sua base política inclusive seu próprio partido. A ascensão do Prefeito carioca na política estadual ainda é uma hipótese que não devemos desconsiderar num processo de mutação do eixo político dos partidos de centro no Rio de Janeiro. Por outro lado, a possibilidade de uma candidatura própria do PT amplia os ventos e canais para ELEIÇÕES 2014: DESAFIOS reemergência dos movimentos sociais na Capital e municípios chaves do interior. Abre-se uma oporA retórica eleitoral foi ultrapassada pelas matunidade para uma disputa hegemônica do progranifestações populares que ma político a ser colocado O livre mercado não ocorrem desde o mês de em debate nas próximas junho. Tudo aparentava só- resolveu seus problemas eleições estaduais. Nosso lido para as classes políticas princípio deve ser pela conambientadas no clientelisquista da sociedade para o mo e no “presidencialismo campo da Educação Pública de coalizão” ao ponto de anteciparem o debate de qualidade para que tenhamos um avanço no sucessório presidencial para o mês de fevereiro perfil da composição política da ALERJ. do presente ano. Contudo, a vida real fez emergir Diante de sua importância na história nacional uma nova velocidade ao debate sucessório até no desde o período colonial, não podemos deixar de campo oposicionista. Tudo se desmanchou. Não há tecer também alguns comentários em relação à mais a certeza de uma vitória em primeiro turno conjuntura da Capital do Rio de Janeiro onde conda candidatura da Presidenta Dilma e nem sua centra a maior rede de ensino público da América condição de candidata natural da coligação que Latina. A Greve da Educação na capital é um marco tem PT e PMDB (força política hegemônica no Rio na reorganização das forças políticas no interior de Janeiro). Na oposição, o “centro social-liberal” desse município. Sua forte adesão foi fruto de uma (PSDB e DEM) não estão mais alinhados, a nova esampla aliança das salas de aula e demais espaços querda (PPS e REDE) vivem momentos dramáticos das unidades escolares com o anseio das ruas. Uma de debate de identidade sem chegar aos setores pressão que emergiu muito mais da indignação do do proletariado e a esquerda (PSOL, PSTU, PCB e que de uma sustentável conscientização política. outros) estão divididos entre o “sonho bolivariano” Não podemos nos deixar enganar. Contudo, o e o Bloco de Esquerda. processo político ainda está em curso e devemos A tamanha horizontalidade das manifestações fortalecê-lo propondo Audiências Públicas da das ruas ainda não se fez representar na organiComissão de Educação da Câmara de Vereadores zação política brasileira. A falta de uma vitalidade em cada Coordenadoria Regional de Educação nos Conselhos que tem assento de entidades para descentralizar o debate político da educação da sociedade o que as transformam em meros e viabilizar sua descentralização. órgãos consultivos é um sinal de que a esquerda Devemos aqui reafirmar que somos defensores brasileira, hegemonizada pelo PT, ficou refém de de uma tradição democrática da esquerda brasiuma lógica eleitoreira. Além disso, as contradições leira que, segundo os avanços da Constituição de do Governo Federal ainda estão claras na opção 1988, seguimos a luta política que combina a reprepela simples valorização do consumo popular em sentação política sob a pressão da sociedade. Ou prejuízo da luta pela melhoria da qualidade dos seja, democracia representativa e participativa está TESES GERAIS - PÁGINA 45 combinada em nossa perspectiva de sociedade. Neste sentido, compreendemos que a radicalização da democracia é a melhor forma de reduzir o espaço de domínio das forças políticas defensoras do capital. Essa é nossa principal diferença com as demais TESES apresentadas nesse Congresso. Respeitamos essa diferença em nome da nossa unidade na luta sindical, porém exigimos o mesmo respeito dos companheiros que se acham representantes de um pensamento majoritário. Vamos defender nesse Congresso que as ruas quebraram essa fictícia hegemonia até em nosso Sindicato. Eles defendem o sectarismo e nós defendemos o Campo da Educação. POLÍTICAS EDUCACIONAIS FEDERAL MAIS-EDUCAÇÃO e menos responsabilidade governamental Se fossemos citar aqui os tantos ataques a educação pública, não acabaríamos a tese. Optamos por focar em torno de um exemplo desses ataques. O programa MAIS-EDUCAÇÃO, que é assumido pelo MEC como estratégia de ampliação do horário escolar, representa a maior deturpação da proposta original. Os alunos, com esse projeto, passam uma parte do dia em aula com professores e outra parte do dia com oficineiros, monitores, etc, que não foram concursados e acabam não tendo vínculo com a escola. Aumentar o horário escolar sem nenhuma garantia de estrutura efetiva não atende. Na realidade o que se dá é uma terceirização, uma privatização disfarçada, de parte desse horário escolar. Se a idéia de ampliar a carga horária do aluno parece atender um apelo às novas realidades e expectativas sociais, a prática, a forma como está sendo feita, não atende. A sociedade precisa se mobilizar e lutar, para além da ampliação das verbas em educação com seu devido controle social, exigindo que esse horário integral seja feito por profissionais concursados e com estrutura digna para seu pleno funcionamento. REDE ESTADUAL A educação pública vive um ciclo de 20 anos de desmonte. Depois do último governo Brizola, que deixou a rede estadual com uma boa estrutura de escolas, com uma boa quantidade de funcionários concursados, com uma proposta educacional inovadora, hoje o que vemos é o sucateamento da rede, com fechamento de escolas, fim de concurso para funcionários com expansão da política de terceirização de mão de obra, implantação de uma política educacional de corte meritocrático. Ou se rompe com esse ciclo, ou teremos a total degradação da educação pública nesse estado. É preciso que os trabalhadores em educação assumam a tarefa de estar se organizando para lutar contra esse quadro. Num ano eleitoral, que apesar do quadro dado ainda gera possibilidades, precisamos entender o papel protagonista dos trabalhadores desse setor. A categoria precisa dar a direção a essa luta, colocando o sindicato para atuar entendendo esse momento. Consideramos importante a mobilização dos profissionais de educação por áreas de conhecimento para debater propostas de mudanças na formulação do Currículo Escolar ministrados nas Unidades Escolares. Devemos intervir na formulação do conhecimento de nossos alunos para ganhar força de intervenção na sociedade. REDES MUNICIPAIS As redes municipais seguem uma tendência. Tem procurado implementar a política dada, desde o nível federal, passando pela política estadual. Vale destacar que programas como MAIS EDUCAÇÃO e a tão praticada hoje lógica meritocrática se impõem como norteadoras das políticas municipais. Há uma tendência nas cidades, de se aplicar essas políticas sem ouvir as reclamações da categoria. Por outro lado, percebe-se claramente que mesmo assim, a qualidade na educação não acontece, não se verifica. Uma luta para os próximos anos passa por questionarmos, para além da discussão sobre um ponto apenas, que política educacional os trabalhadores necessitam. Não existem fórmulas. No entanto precisamos definir princípios para uma política educacional que atenda o conjunto da população. AVALIAÇÃO DAS GREVES, REORGANIZAÇÃO, PERSPECTIVAS DE LUTAS PARA AS REDES E CONCEPÇÃO SINDICAL O processo de negociações da direção do SEPE/ RJ nas greves da categoria no ano de 2013 deixaram claro para os trabalhadores da educação as falhas na representatividade dos filiados ao sindicato. Estatutariamente o SEPE/RJ é representante de todos os trabalhadores e trabalhadoras em educação pública no nosso estado, embora tenha no seu quadro filiados fora das redes estadual e e da base, em prol de uma metodologia equivomunicipais. cada, que não aceitava contestação. Resultado: Os conflitos mostrados pelas redes sociais entre depois de todo o movimento onde a base assumiu membros da direção geral das correntes diferentes a luta, o desfecho se deu de uma forma pífia com sequer foram formas democráticas de manifestaum resultado pior ainda, fruto de negociações não ções construtivas para o êxito das reivindicações transparentes após uma greve prolongada. da categoria. É necessário que esse sindicato repense sua As brigas e disputas deixaram transparecer uma prática. liderança desonesta, onde a título de verdadeira As lutas que se darão daqui para frente, prinrepresentação de todas as opiniões e posicionacipalmente num ano eleitoral, vai exigir unidade mentos da categoria, através na ação. da proporcionalidade dos Eles defendem o sectarismo Isso vai significar respeito a votos, na verdade é uma todos aqueles que compõem e nós defendemos o Campo essa categoria, seja os dirigentes grande farsa. Nas assembléias, lotadas da Educação. de campos minoritários,como a à custa de um esforço muito grande massa de componentes grande de companheiros e dessa categoria. companheiras da direção ou não, foram constranA tendência daqui para frente é a de implemengedoras as revelações de uma direção fragilizada tação de políticas de redução de direitos, privatipelas disputas partidarizadas, o que colocou à zações, com tudo que isso acompanha. mostra para a categoria e autoridades envolvidas o O sindicato precisa ser independente e autôquanto o nosso sindicato está longe de ser a nossa nomo para que possa interferir na disputa desse voz mais legítima. processo, com credibilidade, principalmente de Combatemos a ostentação de bandeiras à sua categoria. frente do nosso movimento da educação que não Suas diretorias precisam passar por um procesfossem do SEPE. As vozes gritaram no Largo do so de reformulação. Machado, denunciando o descumprimento do que A interferência política das correntes partidárias fora votado nas assembléias da categoria. precisam ter um fim. Os que diziam “comandar” ficaram surdos aos É importante perceber que já existe na categogritos da categoria, como também ficaram surdos ria um processo de organização contra essa lógica os donos do poder no nosso estado. Como explicar aparelhista. a falta de diálogo entre governos e representantes A categoria não quer mais esperar por uma da educação, quando entre nós o diálogo deixa reformulação: começa a se articular para romper de existir? com essa lógica. O SEPE vive uma crise de identidade e repreO aparelhamento das diretorias do sindicato o sentação. Trata-se de uma crise relacionada ao tem levado a uma lógica de disputas que faz com processo de distanciamento da sociedade em que, os interesses da categoria fiquem em segundo relação a militância política. Diante desse “vazio plano, se não passarem pela análise das correntes político” as organizações mais disciplinadas ocuiluminadas que controlam suas diretorias. pam o “aparelho” do Sindicato numa racionalização É preciso que se tenha mais humildade e mais de suas práticas atuando de forma pragmática em respeito nesse processo. alguns momentos ou de forma sectária em outros momentos. A continuidade é feita sem que haja ATUALIZAÇÃO DO ESTATUTO uma preocupação com o tema da educação para E ORGANIZAÇÃO DO SEPE/RJ conquistar a sociedade. Dialogar com a comunidade escolar não pode ser transformar responsáveis MAJORITARIEDADE e alunos como “correia de transmissão” do oposicionismo infantil de determinadas correntes que A majoritariedade surge aqui como uma alfazem parte de nossa Direção. ternativa honesta de deixar transparecer para a Há uma crise de metodologia, construída nos categoria quem de fato é responsável pelos encaúltimos anos pela disputa interna pela direção do minhamentos da nossa luta. Se estaremos satismovimento. O sistema representativo ficou “engesfeitos ou não, teremos a quem apontar os erros e sado” mesmo com a proporcionalidade adotada acertos e não ficaremos num quadro de dúvidas e nas eleições sindicais. falta de confiança. Saberemos nas eleições quem Nas últimas greves (estado e município do Rio) vamos manter ou não no poder, como exercício isso ficou evidente. democrático que deveria ser seguido também em Uma parcela da diretoria se fechou num bloco, outras esferas de decisão. intransponível, que não respeitava a tão alardeada Não cabe aqui a discussão de que com essa pluralidade: excluiu-se setores da própria diretoria mudança, o sindicato ficará nas mãos de um grupo. TESES GERAIS - PÁGINA 46 A própria história de construção desse sindicato CONSELHO DE ÉTICA desmente isso. Mecanismos que apontam para O sindicato precisa implementar esse conselho. um aprofundamento da participação democrática Esse conselho terá a tarefa de avaliar a postura dessa categoria nas decisões da diretoria já existem ética das diretorias no exercício de seus mandatos. e outros podem ser construídos. Irá avaliar problemas surgidos nesses mandatos O importante nessa discussão é entendermos e apontando para o conjunto da categoria proposque direção quem dá é a categoria e não a diretas para resolução de problemas. toria. A diretoria cabe enca- O SEPE vive uma crise de REVOGABILIDADE minhar o que a categoria DE MANDATOS aprova em seus fóruns. identidade e representação Não é verdade também, Esse instrumento deverá ser que onde existe majoritarieincluído no estatuto e deverá dade há uma centralizaçao. ser aplicada todas as vezes que se demonstrarem Inclusive, vários dos que dizem isso, defendem descumprimentos de obrigações estatutárias ou a majoritariedade em sindicatos e outras organiquando a categoria apontar problemas na gestão, zações onde são “maioria”. tais como inoperância de diretorias, baixa mobiliA diferença para o SEPE se dará na natureza zação, entre outras, sendo discutidas e aprovadas de formação desse sindicato e como se organiza. em assembléias convocadas para essa finalidade. A Quem tem medo de perder o “poder”? totalidade das diretorias ou parcela delas poderão “O SEPE somos nós, nossa força, nossa voz”. ter seus mandatos revogados se assim as assemEntão que essa voz seja ouvida e respeitada e que bléias definirem. devolvam todo o poder à categoria. NÚCLEO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO CONSELHOS DELIBERATIVOS REGIONAIS Em outros congressos defendemos a construção desse núcleo. A descentralização da discussão mais aproÉ absurdo o discurso de que com sua construfundada, onde os conselhos deliberativos podem ção estaria-se dividindo a categoria e o próprio ajudar nesse processo deve ser um objetivo a ser sindicato. buscado pelo SEPE. Dizer isso significa não acredita no poder de A construção de conselhos deliberativos reorganização da categoria nessa cidade. gionais, dividindo-se pelas regiões do estado, Precisamos investir na organização da categoria ajudam a ampliar e aprofundar, envolvendo mais dessa cidade. a base da categoria nas discussões que nortearão Os últimos 20 anos tem demonstrado como o as assembléias na definição de políticas a serem sindicato deixa a desejar nessa cidade. encaminhadas. Precisamos garantir estrutura e trabalhadores Hoje, a forma como se organiza os conselhos para encaminharem as mobilizações dessa impordeliberativos ainda fogem desse objetivo. tante cidade do Rio de Janeiro. Pode-se muito bem garantir uma diretoria para ASSINAM ESTA TESE MTE-MOVIMENTO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO TESES GERAIS - PÁGINA 47 o núcleo com a manutenção de regionais. Existem expecificidades nesse município que, para serem bem trabalhadas, necessitam de organização própria. A diretoria estadual não pode ficar com mais essa tarefa, se os trabalhadores do núcleo podem realizar essa tarefa. Podem coexistir eleições para diretores dos núcleos e das regionais. Com a construção do núcleo do Rio de Janeiro se extingue a coordenação da capital. DEPARTAMENTO JURÍDICO INDEPENDENTE O departamento jurídico do SEPE dispõe de um corpo de advogados e funcionários competentes. No entanto, por mais que exista uma secretaria específica para dirigir as ações desse departamento, a ingerência das correntes políticas que atuam no interior do sindicato atrapalham para que esse departamento tenha uma melhor atuação. Muitas das vezes vemos orientações sendo dadas por diretores que nem do departamento são, sem com isso dizermos que não possam sugerir. No entanto, percebemos que essa “luta” das correntes por “comandar” as ações desse departamento na justiça, tem prejudicado sua atuação. Em função disso e para garantir a autonomia técnica necessária apontamos que o SEPE deverá extinguir o departamento jurídico atual e contratar um escritório, com especialidade na justiça trabalhista para encaminhar suas necessidades. Apontamos também, que, seja permitido que advogados possam ser contratados por núcleos ou regionais que assim desejarem, individualmente ou em conjuntos com outros núcleos e regionais. O SEPE deverá, a nível estadual, contratar um jurista que possa coordenar esse setor. A secretaria de assuntos jurídicos irá trabalhar diretamente com esse jurista. Tese 9 ALÉM DA COPA, LUTAMOS PARA QUE NÃO TENHA BURGUESIA! TESE DO COMITÊ DE LUTA CLASSISTA AO XIV CONGRESSO DO SEPE Mobilizar o poder operário para acabar com o capitalismo Passado o susto dado pelo empurrão levado pelo Inverno Quente das Jornadas de Junho em 2013 seguido do calafrio que o deixou de cabelo em pé, durante a greve do magistério fluminense, particularmente, o carioca, o governo já começa a sentir-se refeito e extasiado por um possível sucesso popular que Copa do Mundo pode-lhe proporcionar, não apenas no Brasil, mas também ao redor do mundo, o governo não quer ter nenhuma surpresa, mesmo porque as eleições virão a seguir. Por isso o governo fala em convocar as Forças Armadas e preparar cerca de cem mil policiais para garantir a Copa do Mundo. “Na entrevista às rádios alagoanas, Dilma também assegurou que o governo planejou medidas para reforçar a segurança das cidades-sede da Copa do Mundo de futebol, que acontece entre junho e julho.”Se e quando for necessário, nós mobilizaremos também as Forças Armadas”, garantiu a presidente. A onda de manifestações do ano passado aconteceu durante a Copa das Confederações, evento-teste para o Mundial deste ano, e teve como um dos motivos as críticas aos gastos públicos nos eventos esportivos.”O governo está em sintonia com os Estados, para que possamos atuar de forma conjunta e padronizada. A Polícia Federal, a Força Nacional de Segurança Pública, a Polícia Ro- doviária, enfim, todos os órgãos do governo federal estão prontos, orientados para agirem dentro das suas competências”, disse. http://br.noticias. yahoo.com/dilma-defende-lei-para-coibir-vandalismo-em-protestos-121038722--sow.htmlEste contingente de tropas supera os cerca de 20 mil soldados que combateram a guerrilha rural e urbana no Brasil durante o período da Ditadura Militar. Será a maior mobilização militar até aqui feita pelo governo. É claro que o “governo dos trabalhadores” burguês de frente popular pode estar blefando, mas por se tratar de um evento internacional, provavelmente forças policiais de outros países deverão não apenas cooperar com o governo No non No non brasileiro, sobretudo, buscando garantir a segurança No non No non de suas delegações, trarão seus próprios policiais No non No non de elite. Por ser a Copa um evento controlado também No non No non pelo imperialismo, o Brasil No non No non tem regras a serem seguidas nas quais constam os fa- No non No non mosos: “direitos e deveres” dos que nela participam. Neste sentido, o governo não hesitará em militarizar a Copa. Temos afirmado que para enfrentar tamanho aparato político-militar-esportivo, num pais onde a paixão por futebol equivale a um “ópio do povo”, a “luta”, seria, façanha altamente heróica ao defrontar-se com tropas bem treinadas de acordo com os mais modernos padrões militares internacionais. Além do aumento do preço das passagens no transporte coletivo, as maiores queixas dos que se opõem à Copa do Mundo vem pelo fato de que os gastos governamentais com saúde, educação e moradia são bem inferiores O que mais tem revoltado são as mortes de operários nas construções é as remoções de moradias para dar lugar a Estádios TESES GERAIS - PÁGINA 48 e outras instalações para os jogos. Por sua vez os números dos gastos são controvertidos. O Governo diz que os gastos serão: R$ 25 934 244 366 17 (http://www.portaltransparencia. gov.br/copa2014/home.seam) Já a Folha de São Paulo apresenta outros números, diz ela:em matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo afirma que o custo da organização da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil, já atingiu a marca de R$ 26,5 bilhões. Número que ultrapassa em R$ 2,7 bilhões o valor previsto no primeiro balanço orçamentário da União, de janeiro de 2011. A tendência é que esse valor aumente, chegando a R$ 33 bilhões. 85,5% No non No non do valor são financiados pelo governo: 56,4% vêm No non No non do governo federal e 29,1% vem dos governos estaduNo non No non ais e municipais. Apenas 14,5% da quantia são proNo non No non venientes de investimentos da iniciativa privada. No non No non No non Obras de mobilidade urbana, estádios, portos, aeroportos, telecomunicações, segurança e turismo estão entre os gastos apresentados na última versão da matriz de responsabilidade do Mundial, divulgada em dezembro de 2012. (http://jovempan. uol.com.br/esportes/futebol/futebol-nacional/ custo-da-copa-2014-ja-alcancou-marca-de-r-26-bilhoes.html) Há ainda os que prevêem gastos em torno de 40bi “Segundo matéria publicada no jornal LANCE!, uma planilha do Ministério do Esporte mostra que até junho de 2011 a previsão era de que se gastasse R$ 24 bilhões em toda a estrutura para a Copa2014. No entanto, o Governo Federal já trabalha com o valor de R$ 40 bilhões, e as cifras não param de subir.http://www.mundial2014.com.br/246-2/ Na conjuntura que se avizinha abre-se um período de se fazer grande propaganda marxista. Um dos argumentos é que as concessões do governo feitas ao grande capital são muitas vezes superiores ao valor concedido à Copa do Mundo. Desde a subida de Lula ao Planalto, uma década atrás, o “bombeiro’ e sua era fez pouco mais que reajuste nos salários, vide o caso do salário mínimo em 2002 era de R$200,00, pelo DIEESE um salário necessário seria de R$1378,19 e agora em 2014 é de R$724,00, pelo DIEESE deveria ser de R$2748,22. Em 12 anos da era Lula a defasagem salarial atual comparando com o do DIEESE é de R$2024,22. Ao mesmo tempo, Dilma ao reajustar os preços dos combustíveis, abriu caminho, não apenas para o aumento das passagens no transportes públicos, mas sim em todo custo de vida arcado pela população pobre Na questão da terra os assentamentos foram piores aquém dos que foram feitos na era FHC, por isso uma das principais palavras de ordem do MST é: “DILMA, CADÊ A REFORMA AGRÁRIA”. Embora o MST vem apoiando o governo PT desde a primeira hora, Dilma solicitou ajuda ao governador de Brasília, de seu partido, o qual enviou tropas policiais para recebê-los neste 2014. Para fixarmos apenas em uma das muitas concessões No non No non feitas ao grande capital, no caso do Campo de Libras, foi No non No non doado aos capitalistas quaNo non No non se dois trilhões de dólares. Isso por si mesmo faz dos No non No non gastos de 40 bi com a Copa do Mundo, nos leva a com- No non No non parar um grão com toda a No non No non areia da praia Neste contexto, é necessário pensarmos numa palavra de ordem que dê conta não apenas dos gastos governamentais exorbitantes na Copa”, mas ao mesmo tempo que lute por uma boa causa bem maior, já que as carências sociais estão presentes em todos os campos da vida social no país. Para responder a falta de organização para tamanha façanha, que pouco ou nada leva em conta questões subjetiva como, por exemplo, que partido ou programa revolucionário possuem e possa ao mesmo tempo, dar conta do imenso universo de reivindicações, precisamos de uma palavra de ordem polivalente. No contexto da atual conjuntura. Ora, se por acaso tenhamos condições de realizar tal façanha heróica de vencer as tropas do governo impedindo a realização da Copa do Mundo no Brasil, qualquer pessoa chegará à conclusão de que tamanho esforço, terá que ser enorme para se conseguir tão pouco: “NÃO VAI TER COPA”! Como forma de lutas os combates nas lutas de rua, com forças policiais, tem sido um elemento em contraposição às posições pró-policiais do PSOL, suas correntes internas e o PSTU, os quais faziam propaganda escancarada de que policiais são trabalhadores uniformizados. Desde as Jornadas de Junho e o Cadê o Amarildo, estes zubatovistas (sindicalismo policial), guardam apenas internamente em seus corações a paixão pro policial. Com muita coragem jovens lutadores imitam a juventude palestina em combates semelhante aos que são travados contra a ocupação israelense e contínua expansão dos assentamentos ilegais, que estão associadas às remoções forçadas na particularmente na Cisjordânia. No caso Rio, o prefeito playboy Eduardo Paes, optou por seguir os planos de remoções do sionismo israelense e os que foram aplicados por Pereira Passos no inicio do século passado inspirado na arquitetura francesa e no Belle Époque. A greve do magistério fluminense demonstrou apenas um pouco do que pode fazer o poder operário. Deu um susto imenso na Frente Popular Militarizada e seus aliados burgueses e pseudo-esquerdistas . Foi preciso muita manobra e aliança da CSP Conlutas, Intersindical, CUT e CTB para sepultar aquela que foi a mais combativa greve do magistério carioca. Os oprimidos e explorados ainda não colocaram seu No non No non poderoso exército em marcha: o proletariado, única No non No non força capaz de esmagar o burguês. Será mais No non No non poder que necessário que comeNo non No non cemos a organizá-lo desde já, pois vem aí chumbo grosNo non No non so. A luta contra o aumento das passagens é apenas um No non ensaio Nossas observações nos levam a conclusão que se alcançada uma mobilização de tal envergadura por parte de oprimidos e explorados, melhor seria exigir bem mais, ousar mais ainda: Além da Copa, Lutamos para que NÃO TENHA BURGUESÍA! Mobilizar o poder operário para acabar com o capitalismo! PARA ISSO É NECESSÁRIO FORMAR O PARTIDO OPERÁRIO REVOLUCIONÁRIO QUE LUTE POR UM GOVERNO OPERÁRIO CAMPONÊS E A REVOLUÇÃO SOCIALISTA. Contra Reforma Sindical, Trabalhista e Previdenciária: o mais ousado ataque da frente popular contra os trabalhadores no Brasil Instalado no Palácio do Planalto há mais de uma década a frente popular (PT-PMDB-PCdoB), se vê suficientemente popularizada e forte o bastante para dar o que significaria seu mais ousado TESES GERAIS - PÁGINA 49 golpe contra os direitos e conquistas da classe trabalhadora brasileira nas últimas cinco décadas: transformar em lei uma profunda (contra) reforma na legislação trabalhista, sindical e previdenciária, causando danos à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a qual por sua vez o populismo bonapartista buscou na “Carta Del Lavoro” fascista resumo destas pálidas conquistas transformadas em leis e códigos numa espécie de expressão do trabalhismo inspirada no walfare state getulista made in Brazil, uma resultante das derrotas operárias da década de trinta lideradas pelo anarco sindicalismo e o PCB , as quais culminaram com o golpe civil-militar em 1964, derrotando ambas reformas tentadas por frentes populares stalinistas, derrotadas estas que tiveram também à frente a burguesia pró-imperialista, que no entanto, temendo o avanço do ideário da revolução russa ao redor do mundo, foi obrigada a manter tais direitos e conquistas Nos anos oitenta, o chamado “Novo Sindicalismo”, que teve ascensão meteórica no período da Redemocratização, indo desde as portas de fábricas ao Palácio do Planalto, ser o mesmo que agora joga fora a água da bacia com a criança dentro dela. Com seu reformismo que jamais chegou a ser revolucionário, o PT liderou o “Novo Sindicalismo”, que sacudiu o país nas últimas três décadas enviando ondas eletrizantes á todas as categorias de trabalhadores no campo e na cidade como jamais ocorrera na história sindical brasileira, situação confortável que não o impediu de dar uma guinada de cento e oitenta graus rumo à social democracia e até alcançou posições neoliberais acentuadas pelo fim da ex-URSS que sofreu uma contra revolução capitalista sepultando as conquistas de outubro de 1917, maior façanha do proletariado desde a Comuna de Paris de 1871. A contra Reforma Sindical, Trabalhista e Previdenciária que o “Novo Sindicalismo” liderado por Lula está enviando ao Congresso Nacional, a ACEs, liquida com direitos trabalhistas corta fundo na própria base do PT e reflete sua mobilidade ante a crise pós-URSS a qual tem abalado o mundo capitalista nas entranhas dos monstros imperialistas, os EUA, Europa e Japão não lhes dando sossego, fazendo os reagir com ocupações neocoloniais que, no entanto não impede que milhões da classe operária, desde o norte da África, à Europa e América Latina têm sofrido constantes assédios dos oprimidos e explorados, fazendo os buscar a colaboração de classes preferencialmente via instalações de frentes populares, as quais têm como tarefas principais arrancar direitos e conquistas da classe operária ao redor do mundo, missão que os líderes do “Novo Sindicalismo” aceitam docilmente esta e outras “missões” desonrosas chegando mesmo a manchar suas mãos de sangue como serviçal do imperialismo liderando tropas colo- niais no Haiti tendo como campo de treinamento militar os morros e favelas no Rio de Janeiro, matança de jovens na periferia de São Paulo, cujas vítimas em sua maioria pobres e negros, enquanto seu receituário para a pobreza crescente é distribuir cestas básicas através do Bolsa Família. BALANÇO DA GREVE Os culpados do fracasso: a liderança PSOL-PSTU do SEPE-RJ junto com governistas do PT-PCdoB Reformistas apunhalam histórica greve do magistério fluminense História de uma vil traição RIO DE JANEIRO, novembro de 2013 – Foi a luta mais combativa do magistério carioca desde a histórica greve de 1979 sob a ditadura militar. Começando no dia 8 de agosto, continuou durante mais de dois meses, enfrentando-se reiteradamente com a guarda municipal do prefeito-playboy Eduardo Paes e a polícia militar do governador-massacrador Sérgio Cabral, a greve do Sindicato Estadual dos Profissionais da Edu caNo non No non ção Rio de Janeiro se converteu na continuação das No non No non Jornadas de Junho. Em mais de uma ocasião, dezenas de No non No non milhares de habitantes do Rio saíram à rua para apoiar No non No non a greve do SEPE-RJ. As grevistas (a maioria da catego- No non No non ria são mulheres) tinham No non No non os governantes em xeque, provocando uma histeria na mídia. Porém, no dia 25 de outubro, um dia após quebrar a greve da rede estadual, num efeito dominó, a liderança do SEPE, composto pela CSP-Conlutas e Intersindical, secundadas pela CUT e CTB, desfechou os últimos golpes para quebrar o movimento da rede municipal. No Clube Municipal na Tijuca, lotado com assistência de mais de cinco mil filiados, a temperatura subiu a tal ponto que três infiltrados suspeitos de serem espiões da PM foram expulsos. Após reunião de um Conselho Deliberativo dividido e um debate acalorado, com constantes críticas à diretoria, com uma votação repetida três vezes, o bloco reformista na cúpula do sindicato conseguiu que a assembléia votasse por 1085 contra 888 por “suspender” a greve e voltar às aulas. O serial-killer mata-greves do PSOL-PSTU-PT-PCdoB lograram acabar com a greve, mas não de matar o espírito de luta dos professores. Na realidade, os dirigentes do SEPE-RJ pressionaram desde tempo atrás para encerrar a luta, mas foram superados pela resistência das bases. A tentativa mais emblemática foi nas assembléias da rede municipal e estadual em 15-16 de outubro, antes e depois da maior das manifestações de apoio à greve que reuniu até 100 mil pessoas na rua no dia do professor, superando os 50 mil da semana anterior. Apesar do tom derrotista de vários dos dirigentes, ante a dinâmica ascendente dos protestos e o repúdio popular à violência policial, 80% dos presentes na assembléia votaram pela continuidade da greve. Ao mesmo tempo, a poderosa categoria dos petroleiros deflagrou greve contra a privatização do Campo de Libra e pelo fim das terceirizações. Dias antes os bancários e os trabalhadores dos correios estiveram na rua, empolgados em parte pela luta obstinada do magistério. Houve agitação nas favelas pelo assassinato de Amarildo por policias. Contudo, isto tudo não induziu a direção do SEPE-RJ a radicalizar e estender a greve para paralisar a “Cidade Maravilhosa”. Muito pelo contrário, ao invés de mobilizar o poder proletário ela buscou a ajuda de ninguém menos que o sinistro chefe policial Beltrame e a justiça burguesa! Finalmente conseguiu a intervenção do Supremo TriFederal. No non No non bunal Na assembléia do dia 25, as oradoras pelo fim da No non No non greve, completamente desNo non No non conectadas dos aspectos históricos e abrangentes da No non No non luta, acenavam de mãos em mãos o papel com a proposNo non No non ta do ministro Luiz Fux impressa em papel timbrado No non do STF com destaques nos parágrafos e incisos que se referem a não punição dos grevistas e o não desconto dos dias parados (em troca da “integral reposição da carga horária”). Mas sobre as reivindicações que originaram a greve, nada: só “grupos de trabalho”, um Conselho Escolar, um Congresso da Educação para “discutir” e “estudar”. E se mantêm o abusivo plano de carreiras votado pela Câmara Municipal, que deixa fora mais de 90% da categoria. A promessa feita ao ministro Fux três dias antes foi cumprida à risca. A greve acabou. Depois do “Inverno Quente” dos protestos em São Paulo, Rio e outras capitais brasileiras, a greve magisterial fluminense acenava com uma massiva “Primavera Vermelha” de intensas lutas de classes, com o potencial de chegar a eclipsar as Jornadas de Junho. Mesmo sendo um setor pequeno-burguês, por sua organização sindical e sua crescente proletarização, agravada com acentuada precarização, a luta do magistério abriu a possibilidade de mobilizações e greves radicalizadas que abrangeria a setores chaves da classe operária e seu núcleo duro, o proletariado industrial. Como os petroleiros, bancários, ecetistas na rua, a classe dirigente esteve preocupada. Precisavam um bombeiro para apagar o fogo de agitação dos TESES GERAIS - PÁGINA 50 trabalhadores. Durante mais de um quarto de século, esta tarefa tem sido assumida pelos setores operários da frente popular governante, o Partido dos Trabalhadores e seu satélite, o Partido Comunista do Brasil, e as centrais sindicas “chapa branca” que dirigem, a CUT e CTB. Mas após dez anos à frente do aparato do estado capitalista, a capacidade do PT/PCdoB/CUT/CTB de desviarem as lutas dos trabalhadores está bastante deteriorada. Então para suprir os desgastados reformistas governantes a burguesia recorreu a seus suplentes, os reformistas no banco de espera: o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado e o Partido Socialismo e Liberdade que dirigem a CSP Conlutas e a Intersindical respectivamente, os quais cumpriram seu papel. Protagonizando as supostas “greves gerais” de 11 de julho e 30 de agosto, as centrais governistas tentavam esvaziar o descontentamento acumulado sob o os governos petistas que irrompeu em junho. Porém, não esgotaram a vontade de lutar de suas bases. A CUT e CTB apenas lograram conter as greves dos petroleiros e dos trabalhadores dos correios, em sua luta heróica contra a privatização, e dos bancários, que almejavam arrancar uma lasca nos exorbitantes lucros dos patrões dos bancos, os quais segundo Lula “nunca na história deste país tiveram tanto lucros”. Mas neste cenário de guerra de classes, de trabalhadores em luta com punhos erguidos, com certeza o epicentro era a greve do magistério carioca. Desde a greve do funcionalismo público contra a reforma previdenciária em 2003, os trabalhadores brasileiros têm vivido uma luta atrás da outra sepultada no altar da colaboração de classes. A frente popular do PT-PCdoB com o PMDB e outros partidos burgueses menores serviu para algemar as bases operárias deste mesmo funcionalismo aos setores da classe capitalista. Os camponeses do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem-Terra foram sacrificados em prol da aliança com os magnatas da agroindústria. Mas no Rio de Janeiro, governado pela frente popular militarizada fluminense (PMDB-PT-PCdoB) amparado pelo Planalto, foi preciso pedir a intervenção emergencial do “Time B” do PSTU-PSOL-Conlutas-Intersindical, os quais por sua vez tiveram como correia de transmissão a CUT e a CTB impulsionada pelo PCdoB. A Liga Quarta - Internacionalista do Brasil e o Comitê de Luta Classista participaram obstinadamente na greve dos professores do SEPE-RJ, na rede estadual e na municipal. O CLC tomava parte no Comando de Greve, lutando por mobilizar professores, alunos, pais e trabalhadores, para estender a greve às escolas dos municípios do estado e ao Sindsprev, convocando “o conjunto dos servidores públicos e unir os setores em luta como os petroleiros, bancários e correios”; e propondo o SEPE “paralisar a Central do Brasil, combinando as suas demandas com as lutas dos usuários dos enferrujados trens de morte da Supervia” (Boletim especial do CLC, “Dilma, Cabral e Paes declaram guerra à educação,” 1/10/2013). O CLC também buscou ligar a greve ao combativo magistério mexicano fazendo troca de moções, com a CNTE mexicana, a qual naquele momento ocupava a praça principal da capital do país, o Zócalo, com 40.000 docentes em greve. Um esforço internacionalista que contou com a presença do camarada Dante como elo de ligação das duas greves. Assim mesmo nos opomos à “política perigosa do PSTU e PSOL de que a policia é amiga dos trabalhadores, quando esta na verdade é o braço armado dos capitalistas e seus governos.” Duas semanas mais tarde, lançamos um grito de alarme quando os lideres do sindicato do magistério carioca imploraram o facínora “chefe de uma das polícias mais letais do mundo” por sua ajuda em negociar com Paes e Cabral: “Enquanto a polícia de Dilma, Cabral e Paes cassavam ativistas do sindicato, No non No non a direção majoritária do Sepe-Rj (PSOL, PSTU) pede ao No non No non chefe da UPP, o sinistro Beltrame, que ‘negocie’. Isso No non No non deve ser repudiado imediatamente!!” (Boletim espe- No non No non cial do CLC, 13/10/2013). No non No non No entanto, apesar do massivo apoio popular, a No non No non perspectiva de uma luta promissora de êxito foi sepultada no altar da colaboração de classes. No passado, o papel de coveiro foi assumido pela Frente Popular Militarizada fluminense (PMDB-PT-PC doB), amparada pelo Planalto. A “novidade” da luta do magistério é que a Primavera Vermelha que seguia o Inverno Quente foi quebrada pela CSP Conlutas e a Intersindical (PSOL-PSTU) aliadas à CUT e a CTB (PT-PCdoB), sob a tutela do STF. A frente popular que habita os palácios de governo trabalhou em parceria com a “oposição” frente-populista que espera na antecâmara ansiosa de provar sua confiabilidade como sócia e “parceira” no exercício do poder. O ocaso do “novo sindicalismo” No final dos anos 70 e a partir daí até as vésperas da constituinte por volta de 1987, o sindicalismo brasileiro protagonizou combativas mobilizações contra a ditadura militar nas fábricas, no campo e na cidade produzindo enormes preocupações a burguesia brasileira. Cada vez mais a juventude e a intelectualidade, os movimentos populares, de negros, mulheres, indígenas, gays e lésbicas, de todos os setores oprimidos, lotavam congressos, seminários. Os generais cambaleavam, o potencial revolucionário esteve à vista. Entretanto suas reivindicações não foram além da democracia burguesa, e o capitalismo ficou ileso. As comissões de fábricas do ABC paulista com suas greves radicalizadas nas montadoras Ford, GM, Volks, Mercedes e Scania tiveram impacto neste sindicalismo, no Congresso dos Metalúrgicos em 1979, o qual criou o Partido dos Trabalhadores. As comunidades eclesiais de base da esquerda católica tiveram importante participação com suas “Oposições Sindicais”, as quais assediavam o peleguismo getulista-pcebista-trabalhista. Exigiam liberdade e autonomia sindical, fim do imposto sindical, reajuste salariais, diminuição da jornada de trabalho, direito de greve e a legalização dos sindicatos dos servidores públicos. A estrela maior deste “Novo Sindicalismo” era o metalúrgico e futuro presidente da república, Luiz Ignácio Lula da Silva. Em meados dos anos 80 o Novo Sindicalismo criou a Central Única dos Trabalhadores e o MST, duas organizações que fizeram história nas lutas de classes no Brasil. Milhões de pessoas foram às ruas na campanha pelas Já” (1984) e o “Fora No non No non “Diretas Collor” (1992). Suas greves, No non No non mobilizações no campo e na cidade, envolveram quase No non No non toda a classe trabalhadora e a classe média. Suas bandeiNo non No non ras através da “redemocraempurraram de vez No non No non tização” para o seu fim melancólico a ditadura militar e culminou No non na Assembléia Constituinte, a qual produziu o capítulo dos direitos sociais na Constituição “cidadã” de 1988. Mas revolução mesmo não houve, muito menos uma socialista. A responsabilidade para isto recai nos ombros dos social-democratas que se opunham a uma luta pela conquista do poder do Estado pelo proletariado. Em primeiro lugar trata-se do PT, mas também das correntes da esquerda do PT que atuaram, desde os anos 80 até hoje, como satélites do lulismo. O PSTU orgulha-se que o “Estado brasileiro reconhece oficialmente o papel da Convergência Socialista na luta contra a ditadura” (site do PSTU, 25/10/2013). Mesmo honrando os militantes da CS vítimas da polícia, este “evento histórico” (um ato da Comissão de Anistia do Ministério de Justiça), reconheceu a traição da CS ao limitar-se ao programa mínimo da luta “democrática”. O ministério do governo da frente popular de Dilma até homenageou nominalmente o falecido Nahuel Moreno, mentor da CS e do PSTU, quem com sua teoria da “revolução democrática” (e não socialista) foi o autor intelectual do crime. Simbolicamente, o reconhecimento oficial ocorreu no mesmo dia em que o PSTU-CSPConlutas conseguiu finalmente sepultar a greve do magistério carioca. TESES GERAIS - PÁGINA 51 Um dos artigos do PT “das origens”, tão adorado pelos reformistas de esquerda hoje (O Trabalho, LSR e outros), incluiu a reivindicação, “pela participação dos trabalhadores no Estado”. Em outras palavras, ele subordinava as organizações dos trabalhadores sob a tutela do Estado burguês. Ao longo da década seguinte ao seu surgimento, o PT buscou aparelhar a CUT, o MST e demais organizações de acordo com os princípios da democracia burguesa. Já nas primeiras eleições presidenciais diretas em 1989, o programa “democrático e popular” do PT desenhava seu tipo de governo de colaboração de classes para as prefeituras, o executivo e o legislativo de um modo geral, coroando tudo com a formação da Frente Brasil Popular. Em 2002, com a eleição de Lula, a grande maioria da esquerda apoiou o candidato da frente popular chefiada pelo PT. O PSTU votou a favor de Lula no segundo turno, outros como o PCO ofereceram antecipadamente sua ajuda em “defender o voto”. A LQB tomou uma posição única, ao chamar por “Nenhum voto por nenhum candidato de uma aliança de colaboração de classes” e reivindicou a “Oposição proletária à Frente Popular! Pela revolução socialista internacional.” Após a posse do “companheiro presidente”, publicamos um artigo titulado, “Governo do PT: bombeiro do FMI” para apagar as chamas das lutas de classes no Brasil e o resto da América Latina (Vanguarda Operária No. 7, janeiro-fevereiro de 2003). As greves, ocupações de terra e os movimentos sociais foram perdendo, e perdendo a radicalidade, as duas coisas relacionadas entre si, a luta de classes sendo substituída pela colaboração de classes. A Era PT e seu mais de dez anos de governo mostraram a subordinação de todo o movimento “sindical e popular” sob a política de alianças com setores burgueses, a qual perpassa todas as centrais operárias, desde as mais à direita como a CUT e CTB, até a sua ala “esquerda”, CSP-Conlutas e a Intersindical. Hoje em dia, ante o desgaste do PT, as correntes reformistas da suposta oposição tem que assumir a responsabilidade por organizar a derrota. São eles que assinam o atestado de óbito do Novo Sindicalismo. A luta por construir uma oposição sindical classista para afugentar a burocracia reformista e governista As Jornadas de Junho e a greve do magistério fluminense, particularmente o carioca, expressaram demandas defensivas contra as “reformas” impostas pelo “governo dos trabalhadores” dirigido por Lula e Dilma em interesse do grande capital. A grande frustração que veio à tona reflete a decepção no governo capitalista da frente popular PT-PCdoB-PMDB que as massas viram como sua. A derrota destas lutas é produto da falta de uma liderança que rompa radicalmente com a social-democracia que busca gerenciar o estado bur- guês, ao mesmo tempo busca mobilizar a força da classe operária capaz de derrotar o estado dos capitalistas, o qual segue sendo o mesmo que sob governos “democráticos” de direita e da ditadura militar. Para isso é necessário acima de tudo construir um partido operário de vanguarda sobre a base do programa trotskista da revolução permanente para lutar por um governo operário-camponês que inicie a revolução socialista internacional. Dando uma olhada às correntes que se reivindicam a esquerda do bloco reformista PSOL-PSTU com incidência na luta do magistério, chama atenção um grupo que participou no Comando de Greve, o Luta Educadora, ligada a Liberdade Socialismo Revolução, tendência interna do PSOL. Seu balanço da greve tem o título, “Radicalizar a democracia e reafirmar o SEPE na luta” (site da LSR, 01/11/2013). Nesse artigo o LE se jacta que “também somos parte da direção” do SEPE, mas no Comando, no entanto, sempre buscou conciliar os elementos radicais com a direção reformista. Com seu programa mínimo “democrático” da aristocracia operária propugna um tradeunionismo economicista tão combatido por Lênin. Emblematicamente, um dos militantes do LE/ LSR qualificou de “esquerdista” a luta do CLC de co- No non No non locar no meio sindical a palavra de ordem “expulsar No non No non a polícia e as tropas brasi- No non No non leiras do Haiti, dos morros e favelas do Rio”. Isto não No non No non surpreende, sendo que a LSR forma parte do Comitê No non No non por uma Internacional dos Trabalhadores, o qual, igual No non No non ao PSTU, considera os policiais assassinos como “trabalhadores uniformizados”. De qualquer modo, sua palavra de ordem de “radicalizar a democracia” expressa nitidamente seu reformismo social-democrata, ao ponto de colocar-se formalmente à direita do PSTU. Uma organização que qualificamos de centrista, devido ao contraste entre sua retórica às vezes revolucionária e sua atuação na luta que quase sempre a reboque dos reformistas, é a Liga Estratégia Revolucionária-Quarta Internacional. A LER chamou mobilizar a classe operária nas Jornadas de Junho e critica freqüentemente a política do PSTU e do PSOL. Mas sua crítica busca instar os reformistas a lutar, particularmente o PSTU, um reflexo de sua origem comum no morenismo. Num balanço da greve do SEPE-RJ (26 de outubro), a LER comenta frouxamente que “A direção do SEPE não se mostrou à altura da combatividade da categoria e do potencial que junho abriu às lutas”. Uma oposição classista e revolucionária denunciaria o crime dos reformistas em sabotar constantemente a greve e logo aceitar o ditado do ministro Fux (do PMDB, comparsa de Cabral) pelas costas da base sindical. Porém quando se observa a atuação da corrente sindical ligada a LER no Metrô de São Paulo se vê que não se diferencia dos reformistas. Primeiro fura a greve nacional do dia 11 de julho, alegando que não foi adequadamente preparada. Logo, apesar da crítica da LER ao apoio do PSTU aos PMs, ela pede a inclusão de candidatos de sua corrente, Metroviários pela Base, na chapa do PSTU insistindo “Nós nunca defendemos o fim da segurança no Metrô” (site da LER, 17 de julho). Ou seja, estes pseudo-trotskistas defendem a polícia privada patronal. Que digam isto aos jovens negros nos rolezinhos! No Comando de Greve, outra força combativa foi o Movimento 5 de Maio, corrente que se reivindica do “campo do leninismo”. No entanto, equivocadamente se posiciona contra os piquetes de greve, defende greves de bombeiros e PMs e (como a Luta Educadora) não concorda que o sindicato abrace temas questões como opressões especiais. Seus boletins raramente ou quase nunca fazem referências às lutas pela libertação do negro ou da mulher. O M5 de Maio acha que a desgraça maior do SEPE-RJ é ser dirigido pelo “trotskismo”, segundo ele uma tendência No non No non vanguardista que aparelha o sindicato fazendo-os joNo non No non guetes dos partidos e traz No non No non para o interior do sindicato pautas políticas que suposNo non No non tamente nada tem a ver com a natureza sindical. Contra No non No non esse economicismo trade unionista, Trotsky escreveu: No non ““Toda luta de classe é uma luta política A organização dos proletários em classe é, consequentemente, a sua organização em partido político...” Os sindicalistas por um lado e os anarco-sindicalistas, por outro, durante muito tempo, e ainda hoje, vêm procurando fugir à compreensão dessas leis históricas. O sindicalismo ‘puro” recebeu, atualmente, um golpe fulminante em seu principal refúgio: os Estados Unidos. O anarco-sindicalismo sofreu uma derrota esmagadora em sua última cidadela, a Espanha. Como nas outras questões também aqui o Manifesto demonstrou estar certo.” 90 Anos do Manifesto Comunista, Leon Trotsky, 30 de Outubro de 1937 Indo mais além, o estranho e contraditório também é que o M5 de Maio sempre se une feito Cosme e Damião à CSP Conlutas e ao PSTU nas eleições para concorrer à direção do Sepe RJ. Então seu antitrotskismo é so no papel? Com isto repetem a propaganda da imprensa burguesa, como O Globo (03/10/2013) que vitupera que “Diretoria central do Sepe inclui militantes políticos e ex-candidatos”. O curso equivocado da TESES GERAIS - PÁGINA 52 liderança do SEPE não devido à presença de militantes de partidos senão pelo reformismo de seus programas. O M5 de Maio ignora que morenismo, como no caso do PSTU reformista, não é o mesmo que trotskismo, que representa o marxismo revolucionário, de nosso tempo. O mais grave é que o M5 de Maio lute apenas para radicalizar o economicismo sindical, impedindo que as lutas sindicais sejam educadoras para elevar a consciência de classe a fim de ajudar a dissipar a ideologia burguesa no meio dos oprimidos e explorados. Como diz Lênin: “Qual é o revolucionário que ignora que, de acordo com a doutrina de Marx e Engels, os interesses econômicos das diferentes classes desempenham um papel decisivo na história e que, por conseguinte, a luta do proletariado pelos seus interesses econômicos deve, em particular, ter importância primordial para seu desenvolvimento de classe e sua luta emancipadora?” Do fato de os interesses econômicos desempenharem um papel decisivo, não se segue de forma alguma que a luta econômica (= profissional) tenha um interesse primordial pois os interesses mais essenciais, “decisivos” das classes não podem ser satisfeitos, em geral, senão pelas transformações políticas radicais; em particular, o interesse econômico capital do proletariado não pode ser satisfeito senão por uma revolução política, substituindo a ditadura da burguesia pela ditadura do proletariado. B. Kritchévski repete o raciocínio dos “V. V. da social-democracia russa” (o político vem depois do econômico etc.), e dos bernsteinianos da social-democracia alemã (era justamente através de raciocínio análogo que Volimann, por exemplo, buscava demonstrar que os, operários devem começar por adquirir a “força econômica” antes de pensar na revolução política). (Lênin, O Que Fazer). “Já mostramos que os ‘economistas’ não negam absolutamente a ‘política’, mas que se desviam constantemente da concepção revolucionária em direção à concepção sindical da política.” (Lênin, O Que Fazer) Em outra ocasião a Camarada Cecília, professora e diretora do SEPE representando o CLC, distribuiu uma nota e foi aplaudida na assembléia quando denunciou que o PSOL e PSTU tramavam uma “negociação” com o sanguinário policial-chefe Beltrame. Advertimos constantemente contra as ilusões na polícia, contrariando não somente Conlutas/PSTU, mas também outra corrente morenista, UNIDOS PRA LUTAR, impulsionada pela Corrente Socialista dos Trabalhadores (integrante do PSOL) do ex deputado Babá. Estes fanáticos defensores das “greves” policiais em plena Jornadas de Junho convocaram uma palestra para um delegado de polícia, para dar lições aos manifestantes! ORC, Luta Educadora e M5 de Maio: apóiam “greves” de PMs e bombeiros sim; de trabalhadores filiados a CNTE não É interessante observar que os que lideraram a não adesão a greve da CNTE apóiam “greves” de um braço do aparato policial que são policiais e os bombeiros, os quais entre outras coisas, atuaram conjuntamente com a polícia nas Jornadas de Junho e na ocupação da PM e o Bope na Aldeia Maracanã. Foram eles que tiraram à força o índio José Urutau Guajajara que protestava em cima de uma árvore no antigo Museu do Índio. Então quer dizer que uma parte do aparato repressor do Estado “é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo” e os milhares de professores e funcionários das escolas de vários estados do Brasil não merecem apoio, por serem dirigidos por uma direção burocrática como a da CUT, que diferente dos bombeiros e policiais que são militarizados , são colaboradores de classes, um desvio de aristocracia operária, mas que não usam armas contra a militância. Lamentável que a “oposição” (ORC, Luta Educadora, 5 de Maio, representadas respectivamente por Augusto, Wiria e Roberto Simões) é que lideraram a não adesão a greve da CNTE, confundin- No non No non do base com direção burocrática da CUT. Com igual ou No non No non maior paixão eles defenderam a “greve de policiais e No non No non bombeiros”. Todavia não exNo non No non plicaram que no caso de PMs e bombeiros a hierarquia No non No non militar é muito mais sólida e inclusive parte do estado No non No non burguês, força esta que não pode de forma alguma ser comparada a burocracia da CNTE ou de qualquer outro sindicalismo por mais pelego que seja. Desgraçadamente as contradições aburguesadas da ORC, que inclusive com o grupo de Wíria, votou contra a moção de reintegração da companheira professora Quelei, não param por aí: defende a divisão do sindicato (pluralismo sindical), ou seja, sindicatos por empresa ou setor de trabalho, proposta que facilita a burguesia em sua fase imperialista, pois assim a ORC dividiria e a burguesia reinaria, mas não é só isso, para piorar defende junto com a CUT, CTB e o M5 a majoritariedade. Ou seja, a verticalização da direção sindical, uma avassaladora exclusão da base nas resoluções a serem tomadas pela entidade, o que contradiz frontalmente com a propaganda para inglês ver da ORC que diz lutar “por um sindicalismo pela base”. Temos que ter muito cuidado com as propostas da ORC e seu anarquismo aristocrático: ““... Mas ao mesmo tempo não devemos ter nenhuma ilusão a respeito da sorte do anarco-sindicalismo como doutrina e como método revolucionário. O anarco-sindicalismo, com sua carência de programa revolucionário e sua incompreensão do papel do par- tido, desarma o proletariado. Os anarquistas “negam” a política até que esta os pegue pelo pescoço: então deixam o campo livre para a política da classe inimiga. Assim foi em dezembro!...”Comunismo, Anarco-Sindicalismo, Social-Democracia – Leon Trotsky, Escritos sobre a España Ao contrário dos morenistas, cujo conceito de “unidade” na luta é marchar de braços dados com a polícia, imitando o “sindicalismo” policial zubatovista na Rússia czarista, o CLC e a LQB defendem a política bolchevique e trotskista de lutar pela independência política revolucionária da classe operária de todas as forças burguesas. Em 1996, nossos camaradas organizaram a expulsão dos guardas municipais do sindicato do funcionalismo de Volta Redonda, devido ao qual nós fomos perseguidos pela justiça burguesa. O ano seguinte, via SEPE-RJ impulsionamos a histórica paralisação sindical em prol da libertação de Múmia Abu-Jamal, a qual teve reflexo na paralisação dos portuários da Costa Oeste dos EUA. Para nós como leninistas e trotskistas, é fundamental a coerência entre No non No non as palavras e a ação. Diante a sangrenta repressão poNo non No non licial contra os protestos e os assassinatos policias nas No non No non favelas, chamamos através um suplemento de nosso No non No non de jornal Vanguarda Operária No non No non para: “Converter os protestos em revolta dos trabalhadoNo non res apontando à luta pelo poder “Formar comitês de autodefesa baseados na força do movimento operário “Impulsionar conselhos operários e dos bairros dos trabalhadores! “Forjar um partido operário revolucionário! A meta: a revolução socialista internacional!” –“E urgente mobilizar o poder operário! ORGANIZAR A GREVE GERAL!” (suplemento de Vanguarda Operária, junho de 2013) O fato dos jovens manifestantes, muitos deles das favelas, mas também de setores pequeno-burgueses, tenham de fato colocado a polícia pra correr sugeriu elementos de autodefesa. Ao invés de gritar aos céus contra “vandalismo”, como fizeram burgueses e reformistas, ou cantar hosanas líricas e perder-se em fantasias, como fizeram os anarco-maoistas, sublinhamos a importância de uma concepção política clara e conseqüente: “Com o comitê de autodefesa, devemos deixar claro que deve ser um organismo de massas, para dar organização às lutas desordenadas contra a repressão, e que deve ter um núcleo operário real. TESES GERAIS - PÁGINA 53 Somente assim podemos ligar a valentia dos jovens com a força que pode realmente paralisar a cidade. Uma primeira tarefa seria organizar uma mobilização dos sindicatos em defesa dos bairros atacados pela polícia, favela da Maré, por exemplo. Frente à investida policial a orientação não seria de procurar um enfrentamento armado com a BOPE, os Grupos de Choque, etc., mas de lançar uma greve geral por tempo indeterminado com mobilizações de massas e piquetes organizados para paralisar a cidade exigindo PMs fora do Haiti, das ruas e fora dos morros e favelas.” –Boletim do CLC, 07/07/2013 Na greve do magistério do Rio de Janeiro, não menos que nas Jornadas de Junho, a chave foi preparar e implementar uma luta de classe, superando os estreitos limites do sindicalismo economicista de um setor pequeno-burguês. É necessário envolver estudantes, pais e trabalhadores, defensores dos direitos democráticos e sindicais, e mobilizar a força dos “batalhões pesados” do proletariado que junto com as massas empobrecidas para derrotar a guerra de classe da burguesia e enfocar a luta pelo poder. Perdemos esta batalha devido à traição da burocracia reformista e governista. Mas novas batalhas se aproximam, notavelmente contra os estragos conectados com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Como escrevemos no calor dos convulsivos protestos das Jornadas de Julho: “A única força com a capacidade e o interesse de classe para varrer com a putrefação, violência e miséria do capitalismo em decadência é a classe operária. As lições da experiência internacional mostram que a direção revolucionária é a chave. Na França no ano 1968, uma revolta baseada na juventude estudantil converteu-se numa greve geral na qual 10 milhões de operários tomaram as usinas e levantaram a bandeira vermelha porque queriam uma luta frontal contra a ordem burguesa. Porém, sem um partido revolucionário, genuinamente leninista-trotskista com raízes nas massas trabalhadoras, e sem órgãos de poder proletário como os soviets (conselhos operários), a luta foi traída pelos stalinistas que dominavam o movimento operário. “Neste inverno quente no Brasil de 2013 a tarefa da Liga Quarta - Internacionalista e do Comitê de Luta Classista é de contribuir para resolver esta crise de direção revolucionária que Trotsky sublinhou resume a crise da humanidade. Não temos tempo a perder.” ESTATUTO Esta greve de 2013 mostrou o quanto à categoria estava disposta a lutar, surgiu uma vanguarda aguerrida no Sepe, formando comando de greve tanto na rede municipal e na rede estadual.que no possível dentro de seus limites garantiu a sustentação da greve e a organizar a luta. Neste sen- tido propomos como vital importância algumas emendas e propostas no estatuto : Do Conselho Deliberativo: & 3 - Sempre nas greves o conselho deliberativo deverá ser ampliado e unificado com direito a voz e voto a todos da categoria que quiserem participar Da Secretaria de Funcionários: Para combater a terceirização é necessário organizar os funcionários terceirizados com uma ampla campanha de filiação e não somente pedir concurso público, mas sim lutar permanentemente para inclusão dos terceirizados ao quadro de funcionários das redes municipal e estadual. Das Eleições: Manter e se possível ampliar a proporcionalidade: Do Patrimônio: mudar fundo de reserva para fundo de greve com gestão eleita e revogabilidade sempre que houver necessidade. Que este fundo sirva para auxiliar nos casos de corte de pagamento daqueles que não tem outra renda. Isto não quer dizer pagar salário integral e sim para as necessidades básicas..*Da Secretaria de Gênero e Combate a Homofobia: Luta classista contra a opressão racista e a opressão da mulher. O SEPE junto com o movimento operário deve dirigir a luta contra a opressão do negro, parte fundamental da luta contra o capitalismo no Brasil. Esmagar a discriminação aberta e encoberta (“boa aparência”, etc.). Exército, polícia: fora das favelas. Alto aos assassinatos racistas dos meninos e meninas de rua. Comitês operários de defesa contra fura-greves e repressores racistas. Abrir todos os empregos às mulheres. Creches para as crianças, gratuitas e disponíveis 24 horas por dia. Lutar contra a utilização de crianças como mão de obra barata, impedindo assim que muitas delas não tenham infância e fiquem fora das salas de aulas. Direito ao aborto livre e gratuito para todas. Defender os direitos dos homossexuais, índios e todas as vítimas da discriminação e terror da burguesia, lutar contra os preconceitos, anti-semitismo, etc. A luta contra a opressão pode vencer só com a luta contra o capitalismo. A greve em defesa da educação enfrentou o aparato repressor do Estado capitalista A guerra contra o ensino público no Brasil forma parte de toda uma ofensiva capitalista mundial. Após a destruição da União Soviética –um golpe histórico contra os trabalhadores do mundo apesar das traições da burocracia stalinista, e apesar do vergonhoso apoio à contra-revolução pela maioria da esquerda, entre eles os pseudo-trotskistas seguidores de N. Moreno e E. Mandel que hoje dirigem o PSTU e PSOL– a burguesia desencadeou uma investida contra os programas sociais, salários, benefícios, sindicatos e a classe operária em geral. Todos os servidores públicos estão na mira dos patrões e dos governos capitalistas, e por isto mesmo todos deveriam ter feito greve junto com os professores. Na educação, com a “revolução” tecnológica, a burguesia tenta elitizar o ensino cada vez mais pela via da privatização, prejudicando pretos e pobres, onde os postos chaves de trabalho serão executados por uma aristocracia pequeno-burguesa rodeada por uma multidão terceirizada e precarizada. A greve do magistério fluminense levantou seus vigorosos punhos contra este assalto. Mais que uma greve por salários, mobilizou corações e mentes. Várias categorias, pessoas e movimentos vieram em solidariedade ativa ao ponto de serem espancadas e presas. Com muito ódio contra a multidão nas ruas, o governo Cabral fez quase 200 prisões num só dia. Todos eram presos da guerra de classes que o SEPE devia liderar. Neste sentido é de vital importância incluir a luta permanente contra a meritocracia, formando o governo quadripartite (professores, funcionários, alunos e pais) em defesa da escola pública, laica e de qualidade. No mesmo sentido barrar a ofensiva religiosa e combater o ensino religioso nas escolas com base na Constituição Federal que o Estado é laico, assim o magistério estará combatendo qualquer tipo de discriminação religiosa que houver, pois no ambiente escolar existe uma gama de crenças religiosas. O papel do SEPE é orientar sua categoria que a melhor forma de combater a discriminação é mostrar que a fé é um direito particular de cada pessoa os governos querem implantar nas escolas Moção de Solidariedade a prof. Quelei A professora Quelei Cristina de Oliveira, há mais de onze anos lotada na rede municipal de Vas- No non No non souras, vem sofrendo brutal assédio moral em virtude No non No non de ter feito diversas greves, No non No non principalmente a de 2013 e por ter recusado a lecionar No non No non em sala de aula não contemplada pela climatização. No non No non Ela e seus alunos estavam expostos a um “forno”. Sua No non No non recusa desencadeou uma brutal perseguição articulada pelo prefeito municipal Renan Vinicius Santos de Oliveira (PSB) e seus secretários. Perseguição esta que culminou na sua demissão, sem que a mesma tivesse amplo direito de defesa. Ela só soube de sua exoneração/demissão bem depois do processo ter sido montado. O espetáculo contou até com a execração pública em uma das sessões na Câmara de Vereadores. Isto lembra os processos pelos quais o SEPE como entidade vem passando: multas milionárias, tentativa de cassar o registro da entidade e criminalização dos ativistas da recente greve do magistério sul fluminense. No entanto a professora Quelei é um exemplo na categoria, segue com assiduidade e qualidade os planos de aula, tendo recebido elogios de parte da direção da escola, de suas colegas de trabalho TESES GERAIS - PÁGINA 54 (professoras e funcionárias), de alunos, mães e pais, que inclusive fizeram abaixo assinado em sua solidariedade. Ela também é uma incansável militante na elaboração, participação nas greves da categoria, sendo a última vitoriosa. Neste sentido sua perseguição/punição se insere no contexto da criminalização do SEPE e dos movimentos sociais. Este XlV Congresso do Sepe de 2014 declara total solidariedade à companheira. Exigimos sua imediata reintegração e o arquivamento de todos os processos movidos contra ela. “Um por todos e todos por um” Abaixo a criminalização do SEPE e dos movimentos sociais. Moção de solidariedade pela manutenção do emprego dos trabalhadores da COHAB A Prefeitura Municipal de Volta Redonda (PMDB-PT-PCdoB), a pedido do Ministério Público (processo 0216200/38.1996.5.01.03.41, Tribunal Regional do Trabalho da 1 Região) que por sua vez atende pedido de um setor do SEPE VR, SFPMVR e outros, objetivando fazer mais de mil demissões de trabalhadores (as) terceirizados (as) os quais há mais de 15 anos prestam dedicados e qualificados serviços para a população volta-redondense. O pretexto seria por serem estes admitidos “sem concurso”. As demissões foram a pedido da ex-vereadora, Dodora, hoje parte da direção Estadual e municipal do núcleo de Volta Redonda. Neste sentido, repudia No non No non veementemente este ataque a um setor do funcionaNo non No non lismo público que tem sido de governos na busca No non No non alvo de introduzirem a contra reNo non No non forma sindical e trabalhista, como recentemente ocorNo non No non reu quando o governador Sérgio Cabral tentou mexer No non com o Plano de Carreiras do magistério estadual e demitir os Animadores Culturais. Na mesma trilha neoliberal, o prefeito Eduardo Paes piorou a Previdência da categoria municipal e até hoje não tem um Plano de Cargos Salários e Carreira. No dia da Greve Geral, 30 de agosto, tendo como uma de suas bandeiras o fim da terceirização e reunidos em assembléia exigimos que a Prefeitura e a Justiça burguesa parem imediatamente este ataque aos nossos irmãos e irmãs de classe, suspendendo imediatamente as demissões. Nós os congressistas do XlV congresso do Sepe>: Exigimos ainda a incorporação destes trabalhadores aos quadros da PMVR, com direitos iguais, os quais tantos anos a fio debaixo das piores condições de trabalho e com péssimos salários, dedicaram grande parte de suas vidas. Um por todos e todos por um!! Tese 10 POR UM SEPE AUTÔNOMO, INDEPENTENTE E COMBATIVO! FORTALECER A BASE, AVANÇAR NAS LUTAS E ENFRENTAR PATRÕES E GOVERNOS! O Congresso Ordinário do SEPE é a maior e mais importante instância política, organizativa e deliberativa do Sindicato. Sua preparação requer uma ampla e qualificada discussão no que tange aos aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais e trabalhistas, passando pelo conjunto dos profissionais das escolas com o objetivo de fortalecer nosso instrumento coletivo de representação rumo aos enfrentamentos com os quais nos deparamos no cotidiano, seja nas próprias escolas seja com os patrões e governantes. Por sua história, força, combatividade e importância, o SEPE/RJ pode e deve cumprir um importante papel na correlação de forças da luta de classes no Rio de Janeiro, Unidade da Federação que tem sido centro das atenções mundialmente nos últimos anos, tendo sua capital como o local de diversos megaeventos esportivos. Diante desse cenário, nós do Movimento Sindicalismo Militante – surgido a partir da greve da rede estadual em 2009 e que congrega docentes e funcionários das redes estadual e municipais como oposição de esquerda à atual direção do SEPE – consideramos essencial apresentar algumas discussões em forma de tese ao XIV Congresso Ordinário de nosso Sindicato. CONJUNTURA Crise A crise do sistema capitalista, que se estende desde 2008, explicita de forma contundente o processo cíclico da acumulação do capital e demonstra a solidez do referencial teórico marxista para sua interpretação. A partir deste referencial, é preciso destacar, primeiramente, que a crise não é um acidente de percurso, mas é algo inerente à lógica e à dinâmica do capital. A crise assegura os interesses fundamentais do capitalismo: o aumento de lucros, a maior concentração de riquezas, o incremento das desigualdades entre capital e trabalho, além da criação de enorme exército de reserva de força de trabalho. Como sabemos, a própria dinâmica do sistema procura formas para superar a crise, adiando-a para outro momento, em que ela tende a voltar de maneira ainda mais forte. Visando à saída da crise do capital, acompanha- O desemprego aumenta e os gastos estatais com políticas sociais sofrem cada vez maior arrocho TESES GERAIS - PÁGINA 55 mos por parte da classe dominante saídas como o aumento da taxa de exploração do trabalho; a criação e expansão de mercados para atuação dos capitais sobrantes, com a reforma do Estado; e a “monetização” do capital fictício, destinando uma fração crescente do orçamento público para atuação nos mercados financeiros e aumentando a dívida pública. Enquanto isso, o desemprego aumenta e os gastos estatais com políticas sociais sofrem cada vez maior arrocho. Governos Especificamente no cenário nacional, vivenciamos durante boa parte da década de 1990 a forte implementação do projeto neoliberal, levada a cabo principalmente por Fernando Henrique Cardoso. Com a ascensão do Governo Lula e do Partido dos Trabalhadores ao poder, acompanhamos não apenas a continuidade das políticas anteriores, como o aprofundamento em outros aspectos. Utilizando-se de sua grande referência como figura ascendente das lutas sindicais e da base de apoio da CUT e demais centrais sindicais pelegas, o Governo Lula/PT garantiu a aprovação de diversas medidas que atacaram a classe trabalhadora e a juventude brasileiras, como as Reformas da Previdência e Universitária. O Governo Dilma prossegue a mesma lógica e é importante destacar a necessidade de combater as coalizões existentes entre o Governo Federal, o Governo Estadual e os diversos governos municipais. É preciso frisar que Dilma Rousseff, Sérgio Cabral, Eduardo Paes e diversos outros prefeitos são inimigos não apenas da Educação Pública, como da classe trabalhadora como um todo. Novo ciclo de mobilizações para a classe trabalhadora e para a juventude no Brasil As intensas mobilizações que marcaram o Brasil em 2013 indicam, e isso já está claro, uma importante ruptura no cenário político nacional. A população brasileira não está de chuteiras, como gostariam os governantes, os veículos de comunicação e os grandes empresários beneficiados pela mercantilização dos direitos e da vida da população trabalhadora, que foi para as ruas reclamando do aumento do preço das passagens de ônibus, da precária qualidade do transporte púbico e exigindo a garantia de um dos seus direitos mais básicos: mobilidade nos grandes centros urbanos. Entre os que protestam estão estudantes e uma parcela da população que gasta mais de 30% do seu salário em transportes precários e absurdamente desumanos e que precisa dormir nas ruas para poder trabalhar e comer. Estão nas ruas os que experimentam diariamente a violência urbana indiscriminada que cresce assustadoramente nas periferias e no interior, como resultado da falsa política de “pacificação” que maquia as grandes metrópoles, embelezadas para os megaeventos esportivos. O produto desta “pacificação” midiatizada é a transferência do tráfico para periferia, que lá determina a vida e morte dos trabalhadores e sua hora de recolher. A questão do aumento das tarifas dos transportes, estopim do processo de lutas, indica a insatisfação contida em relação à precarização de um direito que se torna, ao ser mercantilizado, espaço de apropriação privada e um negócio que rende vultuosos lucros às empresas mafiosas que – intimamente associadas aos poderes públicos – recebem o direito de operar esses serviços. Esse estopim consegue, assim, canalizar uma série de insatisfações, sintetizando uma insatisfação geral associada à precarização das condições de vida e dos serviços públicos, à alta do custo de vida e à lógica geral de transformação de direitos em mercadorias lucrativas aos grandes empresários. Trata-se de um quadro de contradições até então latentes, composto pelo cenário de crise econômica internacional e seus impactos na economia brasileira, as mobilizações pelo mundo que dela resultam e, notadamente, a realização dos megaeventos esportivos no Brasil. A proximidade dos grandes eventos escancara a discrepância entre os vultuosos investimentos públicos destinados à sua viabilização e a precária situação nos serviços pú- blicos elementares de saúde, educação, transporte diferente daquela marcada por anos de apatia, e outros, colocando em xeque as prioridades dos descrédito generalizado na política e nos projetos governos e suas relações escusas com os interesses coletivos de maneira geral. Mais do que tudo, esta do grande poder econômico. é uma experiência particularmente inusitada para As mobilizações, assim, surgem em um quadro grande parcela da juventude, bombardeada sem geral de precarização das condições de vida e piedade pela criminosa rede de programações privatização de direitos, em que as cidades são da Globo e da grande mídia comercial e por uma transformadas, cada vez mais, em centros capeducação instrumental e altamente alienante. tadores de investimentos multi-milionários que Jovens que, na sua grande maioria, identificam a roubam o direito ao espaço público, à moradia política apenas como atividades dos parlamentadigna, à circulação e vida nas metrópoles. O que res corruptos e de um Estado gestor de negócios explode, mesmo que de forma inconsciente, é um para enriquecimento das burguesias nacional e “não” reprimido a este projeto de cidade e país internacional. excludente. O fato de esse segmento ter rompido com a Se é verdade que, diante de um quadro inércia, ter sentido mais concretamente as concomo esse, não pode causar surpresa ou incomtradições que determinam suas condições de preensão a irrupção de lutas e mobilizações que vida e ter se disposto a expressar nas ruas sua se generalizem por todo o país, que tem causas insatisfação não poderia, obviamente, significar bastante concretas, é igualmente verdadeiro que, que do dia para a noite esses milhões adquiririam na primeira semana de junho, ninguém apostava uma profunda consciência acerca de suas próprias que estávamos prestes a presenciar, nos dias insatisfações e, menos ainda, de seu projeto para seguintes, o ressurgimento do movimento de superá-las. Trata-se, assim, de uma consciência massas no Brasil depois de tantas décadas. Nem confusa, dúbia. Observa-se o questionamento mesmo os grupos políticos organizados, partidos radicalizado à precarização dos serviços públicos, da esquerda e movimentos sociais que estiveram aos lucros dos grandes empresários com aquilo que nas ruas lutando contra a precarização e privatideveriam ser direitos, aos gastos públicos operados zação da educação e saúde pelos governos em benefício públicas, denunciando os Os governos e a mídia, do grande capital e todo o massacres de Pinheirinho, conjunto de fatores que exa desocupação e truculên- atônitos e amedrontados, pusemos acima, claramente cia da repressão policial na associados a uma pauta Aldeia Maracanã, as greves tentaram e tentam de todas popular e, ao mesmo temda construção civil, a represpo, uma absorção da pauta as formas calar, acabar ou são contra os bombeiros, o imposta pela grande mídia. inaceitável entreguismo dos domesticar o movimento O questionamento abstrato leilões do petróleo e tantos e genérico “à corrupção”, as outros. críticas de cunho moral “aos Os protestos que aglutipolíticos”, o nacionalismo naram mil, cinco, dez, quinze mil pessoas passaram como forma de sufocar as diferentes expressões a reunir cem, duzentas, trezentas mil e, há quem e propostas políticas para o país etc. A palavra de estime, mais de um milhão de pessoas no Rio de ordem “Eu sou brasileiro com muito orgulho, com Janeiro, e espalharam-se por cerca de 450 cidades muito amor”, sabiamente puxada por aqueles que em todo o país. Os governos e a mídia, atônitos querem acobertar as contradições de classe, tenta e amedrontados, tentaram e tentam de todas as e consegue calar fundo numa juventude que busca formas calar, acabar ou domesticar o movimento. A sentimento de identidade. grande mídia, depois de usar as armas usuais e tenEsse senso comum, dúbio, confuso, é ainda tar criminalizar e desqualificar o movimento, percefortemente marcado por um rechaço generalizado be sua grandeza e muda de tática. Literalmente do à política institucional e aos partidos políticos. O dia pra noite, muda de posição na segunda semana repúdio aos escândalos de corrupção, ao vale-tudo de protestos e passa a “apoiá-los”, “incentivá-los”, eleitoral e ao distanciamento da política parlamenbuscando impor-lhe uma pauta abstrata, asséptica tar em relação à vida real da população se combina e domesticada e dividir claramente os manifesà frustração específica com o governo petista, sua tantes entre “pacíficos” e “vândalos”, justificando adaptação à ordem e reprodução dos mesmos meassim a violência e a repressão policial. canismos que criticava, incidindo muito fortemente A massa que sai às ruas nesse primeiro momensobre a juventude. No entanto, esse rechaço à poto, composta especialmente de parcelas de uma lítica oficial se generaliza de maneira despolitizada juventude que pela primeira vez experimentam e se direciona ao conjunto dos partidos, atingindo processos de participação política, não poderia especialmente aqueles que se constroem em diaparecer nesse cenário com uma consciência nâmica oposta a essa lógica, que nunca saíram das TESES GERAIS - PÁGINA 56 ruas e que protagonizaram mobilizações mesmo nos momentos de maior refluxo: os partidos que, por isso mesmo, participaram da construção dos protestos antes de sua massificação e que passam a ser vistos nos atos pelos milhões que até então não estavam nas ruas. Essa consciência confusa, assim, passa a rechaçar fortemente a presença dos partidos da esquerda e ser aproveitada de maneira muito consciente pela grande mídia, pelos partidos da ordem, da oposição de direita ao PT, e também por pequenos grupos fascistas que passam a ir aos protestos com o único objetivo de expulsar a esquerda das lutas. Em um dos atos, militantes do PCB e do PSTU foram brutalmente espancados pelo simples fato de serem militantes de esquerda e defenderem o direito de estarem ali com suas bandeiras e sua política. É preciso registrar: a cobertura da grande mídia, ao estimular a rejeição aos partidos, destacar e parabenizar as manifestações por “não terem tolerado a partidarização” e, ainda, referir-se a “confrontos” entre “manifestantes e partidários” é criminosa e igualmente responsável pelos atos fascistas de violência direcionada aos partidos de esquerda. Como parte desse mesmo processo repressivo e de intimidação, a violência “oficial” do Estado foi brutal em diversos momentos. O cenário que se abriu a partir de pautas populares e lutas identificadas com a defesa de direitos e contra os interesses privatistas se complexifica: grande mídia atuando para sequestrar a pauta política e diluí-la, confusão entre a pauta concreta e a domesticada, aparecimento de um nacionalismo exacerbado, de pautas conservadoras, atuação da ultra-direita, espancamento de militantes organizados e repressão violenta do Estado passaram a compor o quadro aberto com a retomada do movimento de massas no Brasil. Este quadro gerou leituras (e um temor honesto entre muitos militantes da esquerda) de que estaríamos diante da possibilidade (ou mesmo da iminência) de um golpe e da ascensão do fascismo no Brasil. É preciso entender que golpes se fazem em situações específicas, com condições históricas, econômicas e políticas e diante de necessidades de classe. A burguesia, hoje, não tem interesse em operar um golpe no Brasil e não precisa abrir mão da democracia burguesa (sua forma preferencial de dominação) para garantir seus interesses de classe. As forças armadas, que são decisivas em apoio e sustentação em qualquer golpe (mesmo que não destinado à forma usual de instauração de Ditaduras Militares para garantia dos interesses burgueses), não demonstram hoje qualquer inclinação para cisões ou movimentos de apoio a frações de classe interessados em golpear o Estado. Obviamente, a burguesia (com todas as suas contradições internas, frações e disputas) busca se localizar nesse novo cenário, incidir na disputa dos rumos políticos, como não poderia deixar de ser. Mas dentro do jogo democrático-burguês. É preciso também lembrar, sobretudo a uma nova geração de lutadores, que a repressão que estamos assistindo é compatível com a democracia burguesa. A geração que não vivenciou experiências de mobilização radicalizada tende a confiar na “aparência livre” das relações sob a democracia burguesa, tendo como referência histórica de repressão a Ditadura Militar brasileira. Assim, a escalada de repressão aos movimentos parece um sinônimo de que o regime democrático burguês estaria ruindo. Mas é absolutamente compatível com a democracia burguesa um Estado mais repressivo e violento com os movimentos sociais, porque a democracia burguesa, como define Eric Sachs em “Classes e Estado – Democracia e Ditadura”, é também uma forma de ditadura. Ela serve para garantir violentamente os interesses de uma classe sobre outra, já que mantém na base da sociedade contradições insolúveis. A violência é necessária para a manutenção desta irracional ordem de funcionamento da sociedade. Ela exige um Estado violento, que sempre usará seus aparatos repressivos para garantir a ordem irracional em que estabelece a sociedade capitalista estruturada em classes. Destacando que as formas democráticas são ditaduras veladas, mas exercidas diretamente pela burguesia (sua forma prioritária, portanto), Sachs as diferencia das Ditaduras Militares (que são ditaduras abertas, declaradas, mas exercidas indiretamente pela burguesia – mecanismo do qual a burguesia lança mão apenas quando não tem condições, como classe, de gerir diretamente o poder de Estado diante das contradições colocadas) lembrando, sempre, que essa diferenciação não é um mero detalhe. Faz, objetivamente, diferença para os que lutam, estarmos sob um regime democrático-burguês, com suas conquistas parciais, ou uma ditadura burguesa, na qual as condições de repressão e violação são muito superiores. Precisamos, inclusive, saber utilizar as melhores condições para a luta oferecidas pela democracia, reivindicando a garantia do direito à manifestação, à liberdade política e todas as conquistas parciais. Mas isso não muda o fato de que as conquistas na democracia burguesa são parciais, limitadas e não excluem o uso da força e da repressão, típico de ...a repressão que estamos assistindo é compatível com a democracia burguesa TESES GERAIS - PÁGINA 57 uma ditadura velada. De nosso ponto de vista, o caminho passa por permanecer nas ruas, fortalecer as mobilizações, disputar os rumos do processo, incidir nas contradições concretas que motivaram o ascenso e determinam a materialidade das lutas, construindo as dinâmicas necessárias para que esse processo encontre sua canalização no enfrentamento aos reais responsáveis pela crescente insatisfação com as condições de vida e na construção das necessárias alternativas históricas à superação dessas condições. Nesse processo, precisamos também estar permanentemente atentos à tentativa do governo Dilma/PT de institucionalizar as lutas e esvaziá-las em seu potencial de questionamento ao poder econômico com o qual o governo está comprometido. Os cinco pactos propostos pelo governo, hierarquizados pela “responsabilidade fiscal”, não deixam dúvidas de que o ponto de partida da resposta elaborada pelo PT é o limite de seu comprometimento com o grande capital. Não é possível, ao mesmo tempo, garantir os interesses desse capital e avançar na garantia dos direitos por eles mercantilizados e transformados em meios de obtenção de lucros. Por isso, a possibilidade de garantia dos direitos passa pelo vigor das lutas nas ruas, com propostas e exigências concretas que reflitam as reais necessidades dos trabalhadores e da juventude. A derrubada do aumento das tarifas dos transportes em muitas cidades foi um passo importante, uma primeira demonstração pedagógica de que, com mobilização, luta e organização coletiva, é possível conquistar. Ainda há muito a avançar, inclusive na pauta dos transportes. É preciso garantir que a diferença no preço das tarifas saia do bolso das máfias dos transportes, e não do dinheiro público, e caminhar para a conquista do passe-livre e de um transporte estatizado, para que possa ser integralmente público e não administrado por empresas privadas que encaram como uma fonte de lucro. Está claro que, a partir de agora, as lutas e processos políticos no país não ocorrerão mais no mesmo patamar. As intensas mobilizações recolocam o lugar da ação coletiva e despertam para a política segmentos até então atomizados e individualizados em suas vidas particulares. Isso é muito importante. Acreditamos que um processo rico como esse precisa ser compreendido em sua complexidade, com todas as questões e desafios que coloca. Neste cenário, é simplista e apressada qualquer avaliação que considere que simplesmente uma direção forte das manifestações e do processo poderia construir uma representatividade e definir os seus rumos. O que está em jogo é a explosão de um movimento de massas que não se canaliza para as dinâmicas e organismos que o movimento social foi capaz de produzir em sua reorganização. Um movimento riqueza do momento, produzir reflexões superiode massas com potencial, que, com a consciência res às que qualquer uma das correntes hoje seria espontânea confusa, não tem qualquer referência capaz de fazer individualmente, e nos conduzir a “natural” que o encaminhe necessariamente a reuma atuação de fato unificada para a disputa dos conhecer uma direção política de esquerda. rumos do movimento de massa brasileiro. Nossas tarefas passam por sermos capazes de Devemos sim fortalecer as lutas pela construção identificar, nas formas e condições sob as quais se de uma sociedade sem classes e igualitária, partiapresenta o movimento, os caminhos para a potencipar dos protestos que se espalham pelo Brasil. cialização daquilo que trazem de mais sadio, mais Precisamos enfrentar este excludente modelo de orgânico. De nosso ponto de vista, parte disso está sociedade, que diariamente aprofunda a barbárie, na concretização de uma pauta objetiva, pela base partilhando deste sentimento de revolta e desejo e identificada com as insatisfações e reivindicações de transformações que explode nas manifestações. imediatas dos trabalhadores e da juventude, que Nas ruas e nas praças, reconquistando os espaços se oriente no sentido da crítica ao projeto privapúblicos, empunhando nossas bandeiras e lutando tista, da defesa dos direitos ao transporte, saúde, pela transformação social profunda do capitalismo. educação, moradia e o próprio direito à cidade como contraposição às exceções promovidas pelos POLÍTICAS EDUCACIONAIS megaeventos, assim como do direito à liberdade política e o enfrentamento à repressão do Estado Para a construção de uma educação pública, e à polícia militarizada. gratuita e de qualidade, é fundamental a valorizaJunto a isso, é indispensável, como elemento ção dos profissionais de educação e de suas conalterador da correlação de forças, a entrada em dições de trabalho. Nesse sentido, o FUNDEB deve cena da classe trabalhadora ser revertido para melhoria organizada, com suas rei- ...urge construirmos uma do salário dos profissionais vindicações e seus organisde educação, situação que mos. Para isso, é também alternativa de luta unificada infelizmente não acontece necessário que a esquerda tanto na rede estadual como da educação entre todas compreenda a magnitude na maioria das redes mudas tarefas colocadas e não as redes municipais e a nicipais. Além disso, para a se perca em hegemonismos melhoria da educação básica que apenas artificializam a rede estadual, pela base da em nosso Estado, várias reiluta. vindicações ainda devem ser Dessa forma, apontamos categoria conquistadas. Na maioria das os limites das “greves gerais” redes, não há o respeito à Lei até então realizadas, que concretamente foram 11.738/08 (garantindo 1/3 da carga horária para dias de paralisações e lutas convocados pelas cenplanejamento), à gestão democrática e ao plano trais sindicais. É preciso dizer que, da forma como de carreira unificado. Portanto, é fundamental a foram convocadas e construídas, estão longe de construção de um sindicato independente, clasresponder às tarefas e à dinâmica assumida pelo sista, que atenda aos interesses da classe trabamovimento na atual conjuntura. A construção lhadora e defenda a educação pública, gratuita e efetiva de uma vigorosa greve geral, capaz de alade qualidade. vancar as lutas em curso e consolidá-las com uma Nesse sentido, urge construirmos uma alternapauta que garanta avanços concretos, precisa ser tiva de luta unificada da educação entre todas as muito mais profunda do que uma simples convoredes municipais e a rede estadual, pela base da cação pelas centrais sindicais a partir de acordos categoria, convocando assembleias e paralisações genéricos na pauta. A definição dos eixos, a forma conjuntas e colocando em xeque os projetos de de colá-los às especificidades das categorias e às educação das prefeituras municipais e do governo mobilizações de todo o país, as dinâmicas que ireestadual para podermos de fato conseguir vitórias mos propor para potencializar essas mobilizações concretas para a educação pública do Estado do e os organismos que elas vêm produzindo esponRio de Janeiro. É necessário um plano de lutas taneamente, enfim, todas essas e muitas outras unificado, a partir dos seguintes itens: questões precisam ser fruto de uma reflexão que vá - Plano de carreira unificado para além da convocação formal imediata através - Gratificação do FUNDEB para todos os profisdos fóruns superestruturais anteriores ao ascenso. sionais da educação O conjunto da esquerda, dos partidos e movi- Gestão democrática na educação mentos sociais deve se debruçar sobre uma refle- Cumprimento da Lei Federal 11.738/08 xão conjunta, livre de hegemonismos e disputas - Construção de novas unidades escolares e por aparatos. São precisos espaços de interlocução reformas das unidades existentes que possam, levando em conta a complexidade e - Climatização de todas as escolas TESES GERAIS - PÁGINA 58 - Contra a privatização da educação - Pelo fim das contratações e terceirização na educação pública - Fim do assédio moral nas escolas - Concurso público para todos os cargos da educação AVALIAÇÃO DAS GREVES, REORGANIZAÇÃO, PERSPECTIVAS DE LUTAS PARA AS REDES E CONCEPÇÃO SINDICAL Greve da rede municipal do Rio de Janeiro No ano de 2013, os profissionais da educação do Município do Rio de Janeiro protagonizaram um marco histórico. Após 19 anos sem uma greve, a rede se ergueu forte e unida contra o desmonte da educação pública efetuado por Eduardo Paes, tendo como chefe das políticas neoliberais para a educação a administradora Claudia Costin, secretária de educação. Essa cúpula ataca a autonomia pedagógica no interior das escolas municipais, inserindo apostilas-padrão para toda a rede, limitando o planejamento e a adequação dos conteúdos a cada realidade. Por conta da importância histórica da greve da maior rede da América Latina, destinaremos maiores reflexões. Na rede, as avaliações – ligadas diretamente às matérias apresentadas pelas apostilas – são produzidas pela Secretaria Municipal de Educação, que visa à padronização do corpo discente e impossibilita a liberdade do modo de avaliar por parte do docente, desconsiderando a autonomia e as especificidades de cada turma. Diversas Unidades Escolares não possuem salas de artes, informática ou espaços adequados para as aulas de Educação Física, além da falta de materiais. Outro problema era a defasagem do piso salarial entre professores de 16h, 22h 30min, 30h e 40 h. Nos refeitórios, merendeiras trabalham como cozinheiras e seu piso salarial encontrava-se ilegalmente menor que um salário mínimo; o tempo de trabalho é elevado para a função e a vida útil dessas profissionais é cada vez menor. Sendo assim, uma das principais pautas da greve foi a transformação do cargo de merendeira para cozinheira, elevando o salário e diminuindo o tempo de trabalho. As agentes auxiliares de creche contavam com problemas graves, piso salarial irrisório e a pequena quantidade desse segmento no interior de creches e Escolas de Desenvolvimento Infantil. O governo de Paes chegou ao cúmulo de não chamar as concursadas como efetivas. Ao invés disso, colocou-as com contrato temporário. Os grandes ataques a professores e funcionários não param por aí. A Secretária Claudia Costin levou a cabo a lógica meritocrática, instaurando premiações às escolas que alcancem as metas estipuladas pela SME, utilizando inclusive as pro- vas externas. A opção de pagar o décimo quarto e das ditas organizações sociais. salário somente para professores e funcionários Somente muita luta poderia fazer com que houdas escolas que alcancem as metas segue a lógica vesse um plano de cargos e salários que entrasse meritocrática, que desvaloriza os profissionais da em choque com a visão de educação defendida educação das escolas que não alcançam as metas. pelo governo. No primeiro aceno do prefeito para Tal padronização pelas provas e prêmios por metas realizar um Grupo de Trabalho (GT) que discutisse desconsidera os problemas de falta de estrutura o Plano de carreira, os setores majoritários da die violência pelo qual passam inúmeras unidades reção do SEPE, em um coro uníssono, defenderam, escolares da rede, jogando a culpa da qualidade na assembleia do Terreirão do Samba, a suspensão da educação sobre os profissionais da educação. da greve. Todavia, a vontade da categoria falou Além de todos os desmandos citados acima, mais alto, que, sem confiança alguma nas palavras Eduardo Paes e sua cúpula excessivamente trocadaquele que faz remoções compulsórias com funram funcionários e professores de local de trabalho cionários, que remove moradias e que privatiza a como se fosse um jogo de damas. Para reorganizar saúde, disse não à direção do SEPE e seguiu em a rede a seu gosto, trabalhavam com remoções greve. Estava claro ali que a categoria estava discompulsórias, retirando o direito à origem dos posta a lutar e que encheria as ruas e radicalizaria profissionais da educação. para ser ouvida. O Plano de Carreira Unificado era a principal Quando saiu o prazo para a elaboração do Plano pauta de reivindicação da greve, para que atendesde carreira, a categoria decidiu suspender da greve. se a toda a categoria no aumento e equiparação Na prática, a direção do SEPE optou por esvaziar a salariais e mudanças de nível, assim como incorgreve, sem mais ações que aglutinassem de maneiporação de salário por nível de formação. ra a enfrentar realmente as políticas, possibilitando Desgastada e disposta um voto de confiança no goA Prefeitura e a SME visam a enfrentar este quadro, a verno. Jamais podemos decategoria passou a lotar as fender voto de confiança em Assembleis e as paralisações à domesticação da classe nossos inimigos de classe. A conseguiam cada vez mais categoria aprendeu isso da trabalhadora, limitando a adeptos. No dia 8 de agosto, pior forma: uma rasteira foi cerca de duas mil pesso- possibilidade de construção dada e um plano de carreira as estiveram presentes no com bases neoliberais para a de uma educação crítica. Seu Clube do América, onde foi educação pública municipal definida a greve. No mesmo foi lançado. dia, a rede estadual também projeto requer a formação de A exemplo do que fez Dildeflagrou sua greve. A maior ma na greve das Federais em filhos de trabalhadores para rede da América Latina tinha 2012, a prefeitura do Rio de árduos desafios: colocar os cumprirem um papel submisso Janeiro lançou um plano de nomes de Eduardo Paes e cargos e salários que não vaClaudia Costin em xeque na sociedade, mantendo o ciclo loriza nenhum profissional, e e construir um plano de que obriga os professores a carreira unificado. Apos- de acumulação do capital migrarem para o regime de tamos neste desafio! Mais 40 horas, virando escravos de oitenta por cento dos da prefeitura. Regulariza profissionais da Educação se rebelaram contra o o curso de formação da plataforma Paulo Freire projeto neoliberal e aderiram à greve, denunciando como eliminatória para o concurso e desvaloriza a as falsas estatísticas de crianças com “dificuldade formação. Para os funcionários, ainda desvaloriza o de aprendizagem” por meio de projetos, o desvio tempo de serviço, quando a progressão tem limite de verbas que deveriam ser aplicadas diretamente e congela em um salário ridículo. nas escolas para empresas privadas e Organizações A categoria, acertadamente, entendeu que Sociais, a destinação de verba do FUNDEB para deveria voltar à greve, e, dessa vez com força empresas de ônibus e de informática etc. total, radicalizou com o fechamento de todas as A Prefeitura e a SME visam à domesticação da pistas da Av. Presidente Vargas, queimando os classe trabalhadora, limitando a possibilidade de Planos de Carreira e ocupando por algumas horas construção de uma Educação critica. Seu projeto a Prefeitura. Nesse mesmo momento, a direção do requer a formação de filhos de trabalhadores para SEPE cometeu uma sequência de erros, e em um cumprirem um papel submisso na sociedade, mandesespero sem tamanho, tratou de recuar e retirar tendo o ciclo de acumulação do capital. A escola os profissionais da educação das quatro pistas da pública torna-se necessário alvo para a formação avenida, seguindo com o ato pelas ruas e deixando de trabalhadores acríticos e úteis ao mercado de os profissionais da educação ocupados na prefeitutrabalho e para a gerência de empresas privadas ra sem nenhum apoio. Houve divergências; mas a TESES GERAIS - PÁGINA 59 direção do SEPE sequer abriu um debate para que a categoria decidisse o que fazer. Outro grande erro foi, durante as negociações do Plano de Carreira, deixar com que o prefeito, espertamente, retirasse de si a responsabilidade do Plano de Cargos e Salários e jogasse para a Câmara dos Vereadores, tirando foco da denúncia de que era o verdadeiro responsável pelo desmonte da educação, jogando a luta para um ambiente mais fluido. Com isso, equivocadamente as forças foram direcionadas para a Câmara de Vereadores, com as vigílias, e Eduardo Paes saiu de cena como nosso principal alvo. Ao direcionar totais forças para a Câmara, as regionais do Sindicato ficaram mais esvaziadas e diminuiu o trabalho com pais, alunos, profissionais não grevistas e a população como um todo. Para aprofundar a sequencia de equívocos, em diversas Assembleias acompanhamos de maneira absurda a tentativa de utilizar o departamento jurídico do SEPE para pautar a luta política, quando na verdade o jurídico deve servir para assegurar a luta política. Por fim, em troca da retirada da multa ao SEPE, a direção entregou a categoria como instrumento de barganha, no Supremo Tribunal Federal, aceitando o ataque ao plano de carreira, a reposição massacrante. O sindicato é o instrumento de luta dos trabalhadores e sua integridade e ação devem ser defendidas pelos trabalhadores. Contudo, de maneira alguma a direção do sindicato pode “entregar a cabeça” da categoria aos governantes em nome do próprio sindicato, algo que contradiz sua função e coloca em xeque os interesses da direção. O direito de greve e de organização em sindicatos é um direito historicamente conquistado por lutas da classe trabalhadora, que enfrentaram clandestinidade, prisões e torturas. Porém, atualmente, os trabalhadores têm sofrido com ataques a esses direitos. Os governos de Paes e Cabral, contando com a fidelidade do TJ/RJ, tentaram deslegitimar esses direitos, ameaçando retirar do SEPE o direito de representatividade da categoria dos profissionais da educação, ameaçando de exonerações, corte de ponto e de processos administrativos os servidores, assim como autorizando perseguições políticas aos grevistas. Com denúncias de inverdades, Eduardo Paes colocou o SEPE e a categoria como intransigentes, furtando-se à negociação inúmeras vezes. Somente a unidade da categoria conseguiu reverter o quadro e blindar de todas as ameaças e ataques. A partir daí, o governo de Eduardo Paes, encontrando-se enfraquecido, com apoio das mídias burguesas, utilizou ataques ferozes contra os profissionais da educação. Primeiro, lançou propaganda televisiva para assinalar que o Plano de Carreira seria bom para os profissionais da educação. Realizou entrevistas em jornais televisivos e impressos para propagandear seus posicionamen- tos e seus projetos de educação. Enfim, colocou a suspensão da greve, chegando a fazer a categoria cidade em estado de sítio, cercou o centro da cificar em pé, sob o Sol escaldante, nos arcos da dade com grades, e enviou a Polícia Militar – braço Lapa, enquanto a direção definia qual dos lados armado de proteção do Estado – para garantir a estava mais cheio, o da suspensão ou o da contiaprovação do Plano de Carreira, pela Câmara dos nuidade da greve. Outro papel vergonhoso desses Vereadores, em sessão obscura. A chuva de bommesmos setores foi defender a retirada do “Fora bas da PM garantiu que o projeto de desmonte da Costin” da pauta de reivindicações, inserida nas educação pública fosse aprovado, grande ataque à assembleias anteriores ao início da greve junto ao categoria e aos filhos dos trabalhadores. “Fora Cabral, Paes e Risolia”. Ou seja, poderíamos Se, por um lado, o governo atacava o instrumenser contra tudo que a secretária formula e impleto sindical e ameaçava a categoria, por outro lado, a menta porque entra em choque com a questão tentativa desesperada de negociar para acabar com da qualidade da educação, já que ela trabalha a greve, por parte da direção o sindicato, trouxe com meritocracia, metas e estatísticas, mas não alguns desfechos lamentáveis. A direção do SEPE poderíamos defender sua saída do comando da esvaziou a greve e não se colocou à frente para a Secretaria Municipal de Educação. manutenção da ocupação da Câmara. Na verdade, PSOL, PSTU, PCdoB e PT defenderam em cona direção do sindicato foi empurrada pela categoria junto a saída da greve na assembleia do terreirão a se manter em greve e radicalizar. Entende-se o sem que nada houvesse sido conquistado. Todos quanto é difícil uma mesa de negociação com um juntos assinaram um acordo com os governos mugoverno prepotente, arrogante e intransigente, nicipais e estaduais, frente ao Ministro Luiz Fux, do que utiliza verbas da educação para empresas STF, grande amigo de Cabral, para terminar com a privadas e precisa economizar para colocar adiante greve, em uma pauta absurda que só fazia castigar seu projeto segregador de os trabalhadores grevistas Se, por um lado, o governo cidade. A educação pública em nome da manutenção faz parte desse projeto, e, atacava o instrumento sindical do sindicato e a retirada do portanto, colocar mais verpagamento da multa por bas na educação municipal e ameaçava a categoria, dias de greve. E, diga-se de seria perder duas vezes: dipassagem, acordo esse que minuir as verbas ilegais que por outro lado, a tentativa só foi cumprido pelo sinvão para os empresários e dicato e os trabalhadores, desesperada de negociar para abrir brechas no projeto sepois Cabral continuou com gregador de educação. Uma acabar com a greve, por parte os processos administrativos mesa de negociação é projemesmo após a assinatura do to contra projeto. Uma greve da direção do sindicato, trouxe acordo, e Paes passou por que não é apenas salarial, cima dos GTs, assim como mas expande suas pautas alguns desfechos lamentáveis a SME tenta remover compela qualidade da educação pulsoriamente professores e pública e não abre mão desfuncionários e não pagando sas questões, torna mais difícil a negociação, ainda os dias de alimentação descontados. mais com esse tipo de governo. Porém, o que não No ano de 2013, inúmeras redes entraram em podemos entender tampouco aceitar foi a direção greve e tiveram processos significativos de lutas, do sindicato se colocar inúmeras vezes em posição dando ênfase à luta pela educação pública. Porém, de aceitar as condições do governo em troca de após as grandes lutas protagonizadas pelos profismigalhas. Obviamente, não assinava acordos, pois sionais da educação da Rede Municipal do Rio de todas as mesas de negociação eram passadas por Janeiro, outros setores da educação, no Rio Grande assembleias, mas as defesas da maioria da direção do Sul, Paraná, Goiás e Pará, além dos Petroleiros, deixavam clara a necessidade de diminuir as pautas protagonizaram lutas com enfrentamentos impore sair com pequenas vitórias, ao invés de levar a tantes, também sofrendo grande repressão. É certo luta mais adiante. que a greve no Rio de Janeiro avançou no patamar É claro que não se pode ser ingênuo de pensar das lutas de Junho. A organização das pautas, a claque em uma única greve a categoria poderia conreza das lutas nas ruas, o esclarecimento dos que quistar e reverter 19 anos de ataques, mas o maior lutavam para com a população em geral, trouxe um ganho da categoria foi a união e a força nas lutas, apoio massivo e expressou um marco importante, a participação no sindicato, assembleias e atos, e a abrindo portas para diversas lutas organizadas pelo necessidade de conquistas maiores, de denunciar o Brasil afora, como as já citadas. governo e seus projetos, além do belíssimo apoio Entretanto, um erro grave foi cometido pelos da população. setores da direção do sindicato, que se furtaram Porém, alguns papéis vergonhosos foram exposde defender e esclarecer a importância da unidade tos. PT e PCdoB, em qualquer brecha, defendiam a da greve da rede municipal com a rede estadual TESES GERAIS - PÁGINA 60 e até mesmo com a luta dos petroleiros. Inclusive um “erro” muito bem pensado pelo PT e PCdoB. Estes partidos, que possuem alguns representantes na direção do sindicato e compõem a base aliada do PMDB no RJ e pertencem ao Governo Dilma, trabalham no sentido de frear as lutas para não expor suas contradições em estar no interior do sindicato brincando de lutar e ao mesmo tempo participar da gestão dos ataques sobre os trabalhadores. Esse ponto elevaria mais ainda o patamar das lutas, fortalecendo a unidade entre a classe trabalhadora e enfraquecendo os governos municipal, estadual e federal, no papel da Dilma/PT, demonstrando que PMDB e PT estão de braços dados entre eles e com os empresários pelos Megaeventos e contra os trabalhadores. O fortalecimento da greve da Rede estadual, menor e mais radicalizada, deveria perpassar por ações conjuntas, entendendo que os ataques sofridos pela rede municipal e estadual são os mesmos por terem a mesma origem, o mesmo projeto do PMDB, da dobradinha Cabral e Paes. Nós, do Sindicalismo Militante, participamos ativamente da greve e apresentamos nossas posições nas assembleias, em nossos panfletos e em diversos espaços de discussão da categoria. Criticamos a postura da direção do Sindicato durante a greve e em seu desfecho, quando utilizou a categoria como barganha diante do Estado. Acreditamos que a greve foi um momento histórico, que demonstrou o potencial da categoria e a necessidade de uma luta autônoma e independente. Isso precisa se refletir no nosso sindicato, principal instrumento para avançarmos na nossa organização e nossa luta. Esperamos, assim, que o balanço da greve a ser feito em nosso Congresso seja capaz de apontar as necessárias transformações de que precisamos na nossa entidade, para que deixe para trás práticas que atrasam a luta e possa de fato refletir os anseios da categoria. Fundo de Greve Na conjuntura atual de acirramento das lutas devido às condições de vida por causa dos megaeventos e em meio à crise econômica mundial, cresce a criminalização dos movimentos sociais e perseguições políticas. O SEPE/RJ deve estar preparado para o enfrentamento e para organizar a greve da categoria, garantindo as mobilizações, o enfrentamento e a radicalização dispostos pela categoria. O Fundo de greve é um instrumento histórico importante e necessário em qualquer sindicato de qualquer categoria que tenha pretensões de enfrentar as políticas seja dos patrões seja dos governos. Os trabalhadores, seja da mesma categoria ou de outras categorias, realizam doações financeiras, formando um fundo que fica guardado caso seja necessário garantir o sustento de famílias com cortes de salários e exoneração. O fundo de greve é a expressão da solidariedade e da força da classe trabalhadora que vê a importância da luta como libertação das amarras dos patrões. Se os governos efetivam as ameaças de corte de salários, a fome, as contas, ou seja, a sobrevivência fala mais alto e os trabalhadores tendem a abandonar a greve. E isso é claro que ocorre, antes de pensar politicamente, antes de tentar garantir melhorias nas suas condições de vida, os trabalhadores precisam sobreviver. Com cortes de salário e sem garantias de sobrevivência, necessitam retornar ao espaço de trabalho. Todavia, em situações como essa, o fundo de greve garante que a mobilização e o enfrentamento continuem e que as denúncias e a unidade dos trabalhadores aumentem e se consolidem. Inúmeros sindicatos acumulam grandes fundos, alguns por acontecimentos de demissões começaram a se organizar, outros por ameaças de patrões. Em um sindicato que representa uma categoria enorme como é o SEPE/RJ, não se pode esperar que haja cortes de salários em situações de greve ou perseguições políticas para que se pense em fundos de greve. O governo de Sérgio Cabral perseguiu politicamente o professor Mauro Célio, cortando seu salário, o mesmo teve a garantia de seu salário pelo sindicato. Esse não é um caso isolado e o sindicato deve estar preparado para esse tipo de situação. É mais que urgente que o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro construa no cotidiano um fundo de greve para garantir as mobilizações e a segurança dos trabalhadores da educação. Reorganização da classe trabalhadora no Brasil a ascensão de Lula/PT ao poder, acompanha- mos a intensificação da degeneração da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais pelegas, que trabalham sob a perspectiva da conciliação entre capital e trabalho. Para o Sindicalismo Militante, tal conciliação não é possível e, ainda, é preciso enfrentar, no seio do movimento, os setores que se infiltram para frear as lutas e o avanço da consciência de classe. Em 2006, acertadamente, nossa categoria decidiu, em Plebiscito, pela ruptura com a CUT governista, que NÃO NOS REPRESENTA! Assim como não nos representa sua colateral pelega na Educação – a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE). Reconhecemos e apostamos nas iniciativas de reorganização da classe trabalhadora e da juventude brasileiras. A Central Sindical e Popular – CONLUTAS foi um importante avanço neste processo, mas os constantes recuos do setor majoritário (PSTU) e sua atuação superestrutural demonstram que precisamos avançar ainda muito mais rumo à construção de uma nova central sindical, livre das amarras dos governos, combativa e presente nas bases para o enfrentamento à tríade Dilma, Cabral, Paes/demais prefeitos! #NãoVaiTerCopa -nos na capital dos megaeventos esportivos, que ainda pretende receber a Copa do Mundo de Futebol 2014 e os Jogos Olimpicos de Verão de 2016. Com os olhos de todo o mundo voltados para o Brasil e para o Rio de Janeiro, é um momento oportuno para enfrentarmos os ditames do capital e termos uma palavra de ordem coesa e coerente com a necessidade de incomodar e impossibilitar a ordem burguesa. A construção de lutas, passeatas e greves será fundamental para avançarmos ainda mais neste momento rico de efervescência politica ASSINAM ESTA TESE Movimento Sindicalismo Militante TESES GERAIS - PÁGINA 61 no país. Portanto, não é o momento de recuar, mas o momento de lutar contra a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais, contra a retirada de direitos e o arrocho salarial, gritando em alto e bom som: NÃO VAI TER COPA! AVALIAÇÃO DO ESTATUTO E ORGANIZAÇÃO DO SEPE/RJ O polêmico debate sobre a configuração da gestão do SEPE sempre é retomado nos Congressos: majoritariedade ou proporcionalidade. Para nós, a lógica representativa do Sindicato deve conter as múltiplas visões da categoria, representadas de acordo com a quantidade de votos obtidos e sem cláusula de barreira. Na proporcionalidade, podem ser eleitos para as direções de núcleos, regionais e até mesmo no SEPE Central educadoras e educadores comprometidos com o trabalho de base e com o cotidiano do Sindicato, podendo acompanhar a dinâmica da gestão e participar da condução politica do mesmo, intervindo nas finanças, na comunicação, na organização dos espaços deliberativos etc. O problema atual do SEPE não está em saber quem devemos cobrar ou na suposta imensa heterogeneidade da direção! Até mesmo porque eleger uma chapa majoritariamente não implica na homogeneidade; pelo contrário, acompanhamos em outros momentos da história do próprio SEPE ou da história sindical que grupos heterogêneos se juntam no momento da eleição para ganhar o aparato e em seguida vemos sua separação conturbada para divisão dos cargos e rumos da gestão. A superação dos limites atuais do SEPE passa pela manutenção da proporcionalidade, pela desburocratização, pelo diálogo com a base e pela independência e autonomia de classes. Tese 11 PELO PODER DA BASE: EDUCAR PARA A REVOLTA Tese dos profissionais da educação do Grupo de Educação Popular – GEP 14° Congresso Ordinário do SEPE/RJ 1) INTRODUÇÃO: O Grupo de Educação Popular (GEP) nasceu da extinta FLP (Frente de Luta Popular), grupo que desde 2000 protagonizou importantes lutas na cidade do Rio de Janeiro, como a participação ativa em ocupações sem-teto e favelas da cidade. Em 2008, militantes dessa frente resolveram criar um grupo que articulasse os nossos trabalhos com educação popular e fortalecesse a luta nas comunidades onde atuávamos. Com o fim da FLP, poucos meses após a formação do grupo, nossa atuação ficou concentrada no Morro da Providência, favela que está localizada bem próxima às ocupações sem-teto onde a FLP atuava (Chiquinha Gonzaga, Quilombo das Guerreiras e Zumbi dos Palmares). Ao pensar um trabalho com educação popular no Morro da Providência, nossa intenção era favorecer a aproximação entre a favela e a ocupação e ajudar a construir espaços de poder popular na área central da cidade. Assim, em Junho de 2008, mês em que foram assassinados três jovens da Providência, iniciamos nosso primeiro trabalho com educação popular: um preparatório para concursos públicos de 1º e 2º grau. Em 2009 abrimos a primeira turma do Pré- -Vestibular Comunitário Machado de Assis, nome eleito por alunos e professores em assembleia. Deste momento para cá, ampliamos nossas lutas, nossos desafios. Em 2010, tocamos o segundo ano do pré, que passou a ser acompanhado, no ano seguinte – 2011 –, do projeto de Alfabetização de Jovens, Adultas e Adultos do Morro da Providência e de atividades que ultrapassam a sala de aula, como a comissão cultural; o apoio às ocupações sem-teto; a participação na luta dos moradores da Providência contra as remoções; e mais recentemente a luta na educação institucional em escolas do estado e município do Rio de Janeiro e seus sindicatos (SEPE, SINDPEFAETEC), além da atuação com funcionários, professores, alunos e a comunidade ao redor da UERJ. Tendo muitos professores do ensino básico dentro do grupo, acreditando que o debate sobre a educação libertária também deve chegar às escolas, e tendo participado ativamente da greve de 2011 na rede estadual, decidimos em 2012 criar mais uma frente de trabalho dentro do GEP, que passou a ser dividido em GEP educação comunitária e GEP educação pública, ambos voltados No non No non para a construção de uma pedagogia libertária e de No non No non uma sociedade justa. Participamos ativamente das No non No non mobilizações em 2012, organizamos atividades de rua, No non No non atividades integradas nas No non No non escolas e comunidades, e defendemos com convicção No non No non que era necessário avançarmos em nossa luta e construir uma greve tanto na rede estadual como na municipal. No entanto, 2012 era ano eleitoral e os diretores do sindicato estavam mais preocupados em fazer campanhas para vereadores (muitos foram até candidatos) e para prefeito, subordinando nossas necessidades ao programa e metas de seus partidos. Era ano TESES GERAIS - PÁGINA 62 também de campanha eleitoral para o próprio sindicato e no modelo em que nos organizamos atualmente este é o grande momento da política sindical, infelizmente. Pelos cargos de diretores (como de vereadores, deputados, etc), “vende-se até a alma”, arrecada-se muito dinheiro, espalha-se promessas e esperanças e reproduz-se o modelo de uma democracia que ensina a eleger e não a participar e decidir. Assim, todas as nossas defesas para que a luta se radicalizasse - já que era o ano de intensificação da meritocracia e que ficou marcado por dezenas de escolas fechadas e professores largados e em feirões de vagas - foram esvaziadas e o que prevaleceu foi a corrida pela burocracia. Mas, o ano que o seguiu foi diferente. No ano do levante popular, a greve e o fortalecimento da nossa luta foi uma “ordem” e desde o princípio estivemos nas assembleias, nas escolas, nas ruas, nos acampamentos, nas barricadas, na linha de frente da luta para que esta crecesse e avançasse. Nossa análise deste momento e das greves será feita ao longo deste material, ficando por enquanto a mensagem de que nós não compramos mais ilusões de eleições, de governantes, de No non No non “bons candidatos”, querendo muito mais. Queremos No non No non decidir nosso futuro e criar nosso presente. Na rua, no No non No non agora, na vida. Juntos, na luta do povo, sem precisar No non No non de salvadores e nem de No non No non policiais disfarçados de diretores de sindicato. No non 1.2. Educação Popular, Educação Libertária Educação popular, para nós, é uma educação criada pelo povo e que está ao seu serviço. Uma educação que reconta a nossa história, que se opõe a escola burguesa e sua forma, seu modo de conceber a educação, seu espaço disciplinar, seus conteúdos, seus métodos de ensino e os fins de sua atividade pedagógica. Uma experiência de educação que a partir de uma pedagogia da autonomia valoriza a criação, a livre-iniciativa, os saberes criados no cotidiano e que estão fora da academia, a troca e a cooperação, a crítica e a liberdade. Uma educação cujo foco não se centra nem na figura do professor, nem na do aluno, mas na relação entre as pessoas, na coletividade, naquilo que é comum. Um modo de aprender e ensinar onde a liberdade individual só pode se realizar e se ampliar com a liberdade do outro e de todos, por isso a importância que atribui as realizações coletivas e a luta pela emancipação do povo. Educação popular, assim, não é necessariamente uma educação fora do Estado, já que dentro das escolas públicas, onde estuda a maior parte dos trabalhadores e de seus filhos, também podem ser criadas linhas de resistência. A educação popular é uma educação contra o Estado, entendendo este como uma máquina que articula as hegemonias políticas para que estas conservem-se como opressoras. É uma educação contra o racismo, o machismo, a homofobia, o preconceito e a exploração de classe, a discriminação religiosa; educação contra a escola burguesa, contra os seus dispositivos disciplinares e de controle - contra a atual disposição das carteiras em salas de aula, das próprias salas de aula, tal como existem; contra o exercício de autoridade do professor sobre o aluno; e contra a exploração dos profissionais da educação. Uma educação da negação do que há, mas também uma educação afirmativa, propositiva, pela coletivização dos espaços, pela horizontalidade em todos os processos deliberativos, pela autonomia, pela liberdade individual que se submete à liberdade coletiva, por uma pedagogia voltada para um “cuidado de si”, para uma relação livre consigo e com outro. Uma educação que busca construir o poder popular em oposição ao capitalismo, pois é nele e por ele que estas violências existem. Nós, do GEP, quando participamos de projetos como Pré-Vestibular ou Alfabetização de Adultas e Adultos, quando atuamos nas escolas, entre a categoria dos profissionais da educação, apontamos para outro caminho. Acreditamos que a educação só é popular e libertária se ela cria e busca a libertação, se ela é contra o capitalismo e toda forma de opressão e acredita que as transformações nascem das mãos do povo, de sua luta e experiência coletiva. Queremos construir uma educação popular, pois queremos uma sociedade sem classes, sem opressões, sem injustiças, onde a igualdade e a alegria sejam seus valores e conquistas. 2) CONJUNTURA INTERNACIONAL, NACIONAL E ESTADUAL: Barricadas na Grécia, Brasil e Turquia. Levantes armados no Oriente Médio. Greves radicalizadas, estudantes em luta e movimentos populares sacodem a América Latina. Vivemos mais uma das crises cíclicas do capitalismo e, como tem sido uma constante na história da luta de classes, o capital tem tentado reorganizar as suas formas de exploração, buscando, é claro, manter a sua hegemonia. Por outro lado, cresce a resistência global às medidas que buscam destruir direitos e privatizar a vida. Os trabalhadores se organizam com todos seus métodos históricos de luta: ocupações, greves, sabotagens, levantes armados, mas também buscando novas ferramentas e novas formas de atuação. No Egito as redes sociais tornam-se um fenômeno No non No non de mobilização. No Brasil, a ação direta torna-se a ordem No non No non do dia, black blocs e diversos grupos reivindicam o direito No non No non de auto-defesa no Brasil e No non No non no mundo. A descrença no Estado e nos políticos pro- No non No non fissionais fica cada vez mais evidente, muitos e muitas No non No non não querem mais esperar pelos que se dizem representantes do “povo” e preferem organizar-se de forma direta com os trabalhadores, agindo sem esperar os velhos partidos burocratizados da esquerda tradicional. Eleitoreiros e oportunistas tentam capitalizar e cooptar a revolta popular. Berlim, 1989. Cai o muro e um “novo fantasma” passa a assombrar a intelectualidade: um espectro liberal que pretendia construir um falso consenso, a ideia de Fukuyama de que a história haveria acabado. Nessa concepção, o socialismo teria sido para sempre derrotado, o capitalismo e a democracia burguesa seriam inevitáveis, restando somente aos trabalhadores e trabalhadoras encontrar melhores condições de vida dentro do capitalismo. Apenas cinco anos mais tarde, das colinas de Chiapas surge um chamado de um rosto mascarado clamando por terra e justiça. São os guerrilheiros indígenas da EZLN, Exército Zapatista de Libertação Nacional, dando um tapa na cara das falsas verdades liberais. Em armas, os zapatistas tomaram Chiapas, administrando coletivamente as montanhas, em um exemplo de democracia direta e radical, onde o “povo manda e o governo obedece”. Do mesmo México em 2006, pudemos presenciar talvez o levante mais radical e a experiência de poder popular mais profunda da presente geração. A partir de uma greve de professores da rede estadual do estado de Oaxaca, a luta se radicaliza em resposta à repressão policial. Sedes administrativas do governo são tomadas, estações de rádio e TV são controladas pela APPO, Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca. Durante alguns meses a APPO é o poder de fato em Oaxaca, decidindo os rumos do movimento e a administração de Oaxaca desde TESES GERAIS - PÁGINA 63 a base, em assembleias locais onde tod@s tinham direito a voz e voto, por meio de democracia direta, com horizontalidade e poder da base. Todo esse cenário nos leva a crer que a queda do muro não representou o fim do socialismo, mas evidenciou a necessidade de rearticulação do movimento dos trabalhadores, sob perspectivas menos burocráticas, menos centralistas, mais diretas e mais horizontais, levando em conta ainda diversas formas de luta contra as opressões: gênero, raça, lgbts, as lutas indígenas, quilombolas, etc. Tudo isso sem perder a perspectiva classista e combativa, que aponta No non No non para a construção do poder popular. Essas perspectivas: No non No non da ação direta, do classismo, da democracia direta No non No non e horizontalidade não são, suma, “novos métodos”. No non No non em Elas fazem parte da história No non No non de luta do movimento dos trabalhadores, sendo negligenciadas pelos burocratas No non e oportunistas, mas que precisamos resgatar com toda força se quisermos efetivamente transformar radicalmente a realidade e construir o poder do povo. 2.2 O levante popular no Brasil 2013 foi um ano em que vivemos muitos anos. Que entrará para a história como marco de resistência e levante popular, ano em que dissemos “basta, agora chega, não vamos mais tolerar parados”. Ano do limite, da gota d’água representada por um aumento de passagem. Certamente o empoderamento popular trouxe os excluídos para as ruas; colocou, diante da polícia, com pedras, aqueles que sofrem violência do Estado durante gerações; introduziu guerreirxs na luta, lotou fóruns, inaugurou assembleias populares, estimulou ocupações de terra e prédios. Houve uma retomada de participação política pela população, aprendemos a resistir diretamente à ação do Estado, desenvolvemos táticas de auto-defesa. Nós aprendemos a não temer e a resistir à polícia; aprendemos à golpear também. Neste ano, vinte centavos valeram bilhões, simbólicos em perdas, aos que exploram e dominam em nossa sociedade. Abalamos os limites do possível, e, portanto, daquilo mesmo que podemos chamar real. Balançamos o status quo, desafiamos os poderes instituídos e seus símbolos, mostramos uma nova imagem de Brasil, totalmente oposta ao tipo ideal pacífico e dominado construído pelas classes dominantes e pelo Estado. 2013 acabou e um novo ano já começou. Novamente se espalharam pelo país manifestações populares. Uma subjetividade rebelde, inconformada, insubmissa se forma, se difunde, e cada vez mais parece ser impossível aceitar, permitir. No ano que “não vai ter copa”, precisaremos de muita organização, solidariedade e compromisso. A repressão está cada vez mais forte e uma série de leis já foram votadas para tornar cada manifestante um criminoso. 2.3. O Rio de Janeiro “sensacional” Neste contexto, o Estado do Rio de Janeiro tem representado um importante expoente da resistência popular. Se no Brasil, de uma maneira geral, percebemos que um governo que se diz “de todos” (o que já é impossível e negativo, pois os interesses de classes e grupos opostos são inconciliáveis) de forma alguma visou abalar as estruturas de poder e dominação vigentes, no Rio não seria diferente, por conta de uma política de alianças que se construiu em nome de uma suposta governabilidade deste bloco. O que ela acabou por reforçar, na realidade, foi a lógica do desenvolvimento econômico dos grandes empresários, transformando pessoas em consumidores endividados e iludindo a população quanto aos benefícios que agora teriam diante de governantes pretensiosamente de “esquerda”. O levante popular de junho representa apenas um momento dessa história, que construímos com o suor de cada manifestação, com cada canto que nos traz No non No non inspiração para a luta, com No non No non cada escudo, com a nossa greve, e fundamentalmente No non No non com a superação de nossos medos, mediante a crença No non No non de que venceremos. A ditadura do Cabral, escancarada No non No non pela truculência policial aos No non No non manifestantes (a violência que nas favelas sempre promoveu o genocídio da população negra e pobre), pelas inúmeras bombas (que custam mais que o salário de um professor), balas de borracha e pela verdadeira perseguição política que instituiu, nos criou a convicção sobre a importância da nossa luta, e, por isso, persistimos, resistimos. Com as manifestações de outubro, especialmente neste estado e município, invocamos a pauta por uma educação popular, de qualidade, que garanta autonomia e democracia para os espaços escolares. E percebemos, finalmente, o nosso papel enquanto educadores, na construção de todo este contexto histórico, bem como a importância do diálogo com as vozes organizadas dos movimentos sociais. Neste sentido, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE) desempenha um papel fundamental no cenário de lutas, pelo potencial de organização e mobilização popular. Resistir, internamente, se torna, portanto, um imperativo para todos aqueles que almejam a garantia das demandas destes profissionais, em sua base, e para todos aqueles que acreditam na construção deste processo mais amplo, de transformação social. 3) POLÍTICAS EDUCACIONAIS: 3.1. Política educacional e conjuntura política Ao promovermos uma análise da conjuntura política, considerando-se os levantes de 2013, atrelada ao âmbito educacional, é possível perceber o resultado da contínua aplicação de um modelo político/econômico baseado no neoliberalismo, desgastado e incapaz de suprir as necessidades essenciais e emergenciais das classes trabalhadoras e dos grupos oprimidos. Com sua teoria marcada pelo imediatismo, pela meritocracia e pela perspectiva do lucro de mercado, o modelo neoliberal renega o caráter transformador da educação e prioriza o individualismo típico do capital. A intenção principal é de se transformar a educação em apenas mais um negócio e de se minimizar a atuação engajada dos indivíduos, como sujeitos críticos e capazes de se apropriar do conhecimento como método para superar os obstáculos sociais. Neste contexto, a escola apenas funcionaria para perpetuar a exclusão, em uma prática cotidiana superficial e vazia. Dentro desta concepção, direcionar verbas para o No non No non setor educacional, não poser interpretado como No non No non deria investimento no desenvolNo non No non vimento do sujeito, e sim, como gasto. No non No non Assim sendo, o objetivo principal da educação No non No non dentro desta lógica é a de fornecer mão de obra barata No non e intelectualmente limitada para o mercado de trabalho, além de garantir a transmissão de ideais dominantes culturalmente e a subordinação dos indivíduos à lógica hegemônica, acabando por perpetuar os lugares sociais, o status quo, onde cada grupo teria sua ação pré estabelecida e limitada. A escola acaba por exercer, hoje, um papel inverso aos princípios de liberdade, enquanto se restringe a transmissão de conhecimentos de forma medíocre e pouco crítica, internalizando nos indivíduos um conjunto de normas morais e de conduta que atendem aos interessem dos dominadores. Tais normas são conduzidas de forma que os grupos dominados passem, eles mesmos, a reproduzirem as bases do sistema dominador, enquanto a única forma possível para se garantir uma suposta ordem social. Sendo assim, transmitem todo um intrincado conjunto de teorias pré concebidas e de exclusão social, racial e de gênero. Para que se supere todo este cenário educacional deficiente, excludente, limitado a transmissão de informações e não pautado na formação TESES GERAIS - PÁGINA 64 participativa dos indivíduos, se faz necessário não apenas reformar o sistema neoliberal existente, mas romper de forma radical e definitiva com todos os laços desta teoria-prática de mercado e implementar uma nova perspectiva de educação fundamentada em uma escola transformadora e participativa. O sistema meritocrático, típico da teoria-prática neoliberal, atende aos interesses imediatos do Banco Mundial, que impõe um conjunto de reformas educacionais utilizando como pretexto a lógica do “batalhar para merecer e conquistar”. Como pilar deste sistema, no governo Cabral está o plano de metas — programa de premiações por desempenho do profissional de educação, que nada mais é do que bonificar os educadores que atinjam o farol de metas, o que inclui, por exemplo, os índices de aprovação dos alunos e alunas, e que se resume basicamente na aprovação automática. Outra tendência desta política é a aplicação de avaliações externas, como SAERJ, SAERJINHO, Prova Brasil e SAEB, que, de forma geral, retiram a autonomia pedagógica do educador e não formam o desenvolvimento crítico do sujeito, além de desestimular a iniciativa e criatividade do processo de aprendizado. Tais projetos representam a tentativa privatista, caracterizada pela “medição da eficiência”, a irrelevância e a destruição do bem público. O neoliberalismo, junto ao Banco Mundial, tentou nortear um projeto educacional de mercado, onde os custos deveriam estar relacionados a lógica do lucro/benefício e a preocupação central não estaria na formação, e sim, na inclusão dos indivíduos no mercado de trabalho, garantindo condições mínimas de consumo (quando isso), porém ausência completa de compreensão dos tramites sociais. Logo, os próprios profissionais da educação, passam a reproduzir a política do capital e do Estado em uma generalizada alienação de seu trabalho. Para a maioria dos educadores, não há finalidade própria no que fazem (além da finalidade de obter o seu salário). Dessa forma, embora a ampla maioria dos professores e professoras não fossem concordar conscientemente com esta política, à ela se submetem de forma alienada, ao simplesmente reproduzir as diretrizes do Estado. Entender como se produz esta alienação requer uma pesquisa mais detalhada, analisando as condições que, juntas, confluem para sua produção, mas aqui o que interessa é compreender como os professores e professoras, trabalhando de forma alienada, produzem e reproduzem a naturalização de todo esse sistema. Para isto há duas questões essenciais: as condições de trabalho do professor e os critérios para aprovação. No que se refere ao profissional de educação, para o Banco Mundial não há necessidade de investimentos e aperfeiçoamento humano, basta a garantia dos espaços escolares e materias didáti- cos, sem se relevar quaisquer questões sociais - o trabalhador deveria se adequar ao sistema meritocrático e competitivo. Contudo, a educação vai perdendo sua qualidade, caráter de direito social e passa a ser uma mercadoria no livre jogo do mercado, no jogo da livre procura e oferta. O sucateamento da educação – e também de outros serviços públicos – foi uma prática recorrente nos últimos governos neoliberais. Sucatear é mais do que não destinar verbas, é também criar um consenso hegemônico de que o privado em si é melhor que o público, de forma a estimular que mesmo famílias pobres se esforcem ao máximo para providenciar uma escola particular para seus filhos, mesmo que esta seja tão precária quanto a pública. Considera-se que simplesmente por ser particular deve ser melhor do que aquelas. A meritocracia leva inevitavelmente a este sucateamento da educação e do profissional que lida com as pressões da política de Estado, centenas de documentos burocráticos a serem preenchidos, salas lotadas pelas constantes “otimizações”, desmotivação, desinteresse, destruição do plano de carreira, ausência de autonomia no projeto pedagógico, falta de uma gestão democrática e finalmente uma lista de metas a serem alcançadas e que responsabilizam unicamente o profissional pelo suposto sucesso (o qual não existia por sua má vontade) ou fracasso do ensino. Diante deste quadro, o professor sente que seu trabalho não faz sentido, que quase ninguém aprende o que ele ensina. Se o critério para aprovação fosse efetivamente a aprendizagem, a grande maioria dos estudantes seriam reprovados. O professor não tem tempo e nem estímulo para buscar desenvolver uma prática pedagógica para tentar mudar essa situação. E maquiando o problema com dados estatísticos distantes de toda a realidade, este projeto governamental vem sendo bem sucedido, em todas as suas intenções. 3.2. REDE MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO Educação Infantil: Sabemos que a Educação Infantil há muito não se destina mais ao simples depósito de crianças, mas é a integração dessa criança com o mundo, deixando de ter somente um olhar voltado para o cuidar, e agora visando o educar, que nos chama a atenção. Para tanto, consideramos que seja necessário um espaço seguro, agradável e que qualquer criança seja possibilitada ao acesso. O ensino de Educação Infantil no Município do Rio de Janeiro atende a crianças de 6 meses a 5 anos de idade, sendo primordial também para a mãe trabalhadora. Contudo esse atendimento não ocorre de forma satisfatória, já que muitas crianças se encontram fora das creches por não possuírem vagas suficientes, passando, aqueles que pretendem uma vaga, por um sistema de sorteio. Poucas são as creches que atendem a partir dos 6 meses, no final das contas. Muitos prédios foram inaugurados, mas o real atendimento não ocorre, pois os mesmos não possuem pessoal para atender à demanda crescente. As que funcionam, ainda estão passando por uma diminuição no quadro de agentes auxiliares de creches, dado o remanejamento de funcionários para outros locais. Ensino Fundamental: A situação do ensino fundamental da rede municipal do Rio de Janeiro apresenta graves problemas que não se limitam a este segmento, encontrados também nos demais segmentos das redes municipal e estadual, uma vez que o que tem sido No non No non colocado em prática trata-se de um projeto de educação No non No non que tem como propósito a reprodução das desigualda- No non No non des sociais e a precarização No non No non do serviço público. Dentre os problemas, estão o grande No non No non número de alunos em sala de aula, as avaliações exter- No non No non nas, as diferenças salariais entre professores e funcionários das escolas, as terceirizações, os contratos temporários de funcionários e a nomeação das direções escolares. Além dos problemas colocados acima, o ensino fundamental também apresenta outros, específicos de sua realidade, tais como o sexto ano experimental, os PEIs e PEFs, o suposto plano de cargos e salários – aprovado sob a violência policial contra a categoria em manifestações durante a greve de 2013 – e projetos como o Realfa e o Acelera, cujo não só o material didático, como também a própria proposta de ensino-aprendizagem, tem ficado a cargo de empresas privadas como a Fundação Roberto Marinho e o Instituto Ayrton Senna, dando seguimento ao projeto neoliberal de privatização da educação pública. Enquanto o suposto plano elaborado pela atual prefeitura contempla menos de 10% dos professores, há diversos profissionais como cozinheiras e inspetoras que possuem o terceiro grau completo, mas que continuam a receber salários irrisórios. Nesse sentido é primordial que lutemos por: - Atendimento imediato de toda a demanda, com o fim dos sorteios e garantia de vagas a todas as crianças; - Novos concursos para agentes auxiliares de creche, professores e equipe pedagógica; - Mais escolas e creches; - Diminuição do número de alunos e alunas nas salas; - Acompanhamentos: médico, psicológico, assistência social, dentre outros quando necessário; - Todos osTESES espaços de- educação GERAIS PÁGINA 65 infantil com mais de um/a educador/a; - Merenda de qualidade; - Todas as creches e Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIS) de tempo integral; - Equiparação salarial do corpo escolar, pois somos contra a meritocracia, já que entendemos que todas e todos os profissionais da educação são educadores; - Qualquer disciplina com no mínimo 2 tempos de aula; - Eleição para a direção escolar; - Fim da terceirização seguida da efetivação tanto dos funcionários terceirizados como dos contratados; - Fim do modelo MEC que coloca em prática a No non No non diminuição da carga horária No non No non dos funcionários, fazendo com que o horário escolar No non No non integral se torne parcial, assim “atender” a um No non No non para maior número de crianças e No non No non cumprir com a obrigatoriedade do ensino escolar; - Fim das avaliações exNo non ternas, pois estas significam o descumprimento de pontos importantes das Leis de Diretrizes e Bases, uma vez que impossibilitam que professores e professoras desenvolvam atividades e avaliações que considerem as características individuais de cada aluno, bem como aspectos regionais e tradições culturais dos arredores das escolas; - Um plano de cargos e salários que inclua todos os profissionais da rede municipal de ensino, com equiparação salarial entre os profissionais; - Fim do sexto ano experimental; - Fim dos cargos PEI e PEF; - Que projetos de realfabetização e de aceleração na aprendizagem, e seus respectivos materiais didáticos, sejam elaborados pelo conjunto dos profissionais da educação, por meio da organização sindical (SEPE); - Autonomia pedagógica integral para a comunidade escolar. 3.3 – REDE ESTADUAL Durante todo o Governo Cabral temos visto a implementação de uma política educacional que privilegia o setor privado (através da transferência de recursos públicos), precariza ainda mais a educação pública e desenvolve um projeto educacional ainda mais voltado para a formação de futuros trabalhadores e trabalhadoras alinhados à ordem hegemônica. É difícil dizer, atualmente, que há um absoluto descaso do governo com a educação estadual. Há, pelo contrário, um grande esforço em apresentar publicamente transformações na rede de ensino, há investimentos sendo feitos (sempre para o setor privado), há um projeto pedagógico sendo implementado massivamente nas escolas, como há muito tempo não se via. No entanto, olhando de dentro para fora, percebemos facilmente, que essas transformações buscam prioritariamente a construção de uma educação cada vez mais afinada com o setor privado, os investimentos não priorizam a formação integral e cidadã dos estudantes e a melhora das condições de trabalho na escola, mas buscam alargar os espaços onde o setor privado possa se estabelecer. Embora a educação não tenha sido “privatizada” no sentido tradicional de transferência integral para o setor privado, vemos que o projeto em curso transfere recursos massivamente para empresas através de alugueis (ar condicionado, computadores, aparelhos de validação do Rio Card), de projetos (Autonomia) e de serviços (trabalhadores terceirizados, estudos e acompanhamentos). Além da transferência de recursos públicos para o setor privado, o Governo Cabral debruçou-se sobre a construção de uma concepção pedagógica própria da lógica privada: SAERJ, Saerjinho, Plano de Metas, “otimização” de turmas, Currículo Mínimo, Conexão Professor e GIDE são alguns dos exemplos das mudanças vividas nos últimos anos. Rapidamente vimos professores abandonarem massivamente as avaliações discursivas, as aulas cada vez mais tornam-se treinamento para as avaliações externas. Professores que discursavam enfaticamente contra a aprovação automática se viram No non No non aprovando alunos para que a escola ficasse dentro da No non No non “meta” de reprovação e se tornasse apta a concorrer a No non No non um bônus no fim do ano, ou No non No non simplesmente não sofresse a ameaça de fechar. No non No non Além dos novos problemas colocados por essa ges- No non No non tão, os problemas antigos continuam existindo! Toda a Rede Estadual sofre com a falta de funcionários e professores. É muito comum vermos em nossas escolas cozinheiros ou faxineiros terceirizados cumprindo papel de porteiros ou inspetores de alunos. Professores que acabam de ingressar na rede frequentemente se exoneram antes do ato de investidura, devido ao baixo salário e péssimas condições de trabalho. As turmas estão superlotadas, sendo comum o quantitativo aproximado de 40 estudantes por turma, havendo inúmeros casos de turmas com até 60 estudantes! Diante de todo o cenário político-econômico descrito, associado a tais condições materiais do nosso cotidiano, vemos que essa equação tem gerado diversos problemas de saúde nos profissionais de educação, inviabilizando qualquer proposta pedagógica que priorize o diálogo, por exemplo. ENSINO FUNDAMENTAL II Um problema recorrente para o desenvolvimento do trabalho específico do 2° ciclo do ensino fundamental é a defasagem de conhecimentos curriculares que os estudantes apresentam ao ingressar no 6° ano. Muitos não sabem ler ou realizar operações matemáticas simples. No entanto, não há nenhum mecanismo na Rede Estadual de desenvolvimento concreto desses estudantes. Afinal, isso não passa em momento algum pela política educacional do Governo. Há alguns anos esses estudantes simplesmente repetiam de série até desistirem dos estudos. Hoje, com o Plano de Metas, os professores são pressionados a progredirem estudantes que pouco participaram das aulas ou que sequer apresentaram bom desenvolvimento em qualquer avaliação proposta pelos mesmos, e, no final das contas, de uma forma ou de outra, a questão permanece sem solução. Mais uma novidade surge, neste contexto: o Projeto Autonomia (que transfere recursos para a Fundação Roberto Marinho e retira toda a autonomia escolar). Certamente você já ouviu falar dele, em sua escola, seja pelos problemas que ele apresenta aos alunos e professores, seja pela oferta de uma bonificação ao professor que atua no mesmo. Sua intenção é retirar o estudante de sua classe regular, fazendo-o ingressar numa turma específica (que tampouco dará conta das defasagens de conhecimento formal), No non No non tornando acelerado, teoricamente, o seu aprendizado, No non No non e fazendo com que este saia mais rapidamente deste esNo non No non paço e represente uma estaNo non No non tística negativa a menos para os índices tão estimados por No non No non este governo. Enquanto se resolve a distorção idade No non série de forma artificial, busca-se implementar como objetivo número 1 uma pedagogia da dominação, tornando aquele estudante mais passivo, mais manso, mais subserviente. O aluno não precisa aprender conhecimentos regulares, mas precisa se comportar de forma adequada a vender sua força de trabalho, e isso torna-se suficiente segundo a lógica implementada. Esse é o projeto que vemos em todas as etapas do ensino proposto pelo Governo Cabral, através de seu secretário de educação, economista, Risolia. ENSINO MÉDIO O Ensino Médio na Rede Estadual sofre de inúmeros problemas. O principal deles tem sido o fechamento de escolas. Somente no último ano e meio já se findaram 49, sendo a maioria aquelas que possuiam o ensino noturno. Esse quadro deTESES GERAIS - PÁGINA 66 monstra que o Estado pouco tem se preocupado com o ensino dos trabalhadores e trabalhadoras, maioria dos discentes do terceiro turno. O aluno do curso noturno atualmente tem duas opções: ingressar no “Projeto Autonomia” (onde apenas um professor leciona todas as disciplinas, sem qualificação, através de DVDs feitos pela Fundação Roberto Marinho e pagos pelo Estado) ou ingressar em alguma turma de NEJA (o chamado “Novo Ensino de Jovens e Adultos”, onde a educação é feita em módulos, propiciando que o estudante não tenha com qualidade todas as disciplinas). Ou seja, ao aluno que está com a relação idade/série distorcida não é pensado nenhum projeto para inserí-lo na escola, mas sim, são usadas diversas estratégias de expulsá-lo rapidamente da mesma. Já no ensino diurno, as turmas encontram-se cada vez mais cheias graças ao fechamento de escolas. Os professores de algumas disciplinas - como Filosofia e Sociologia - possuem apenas um tempo de aula semanal nos 1º e 2º anos, desqualificando o aprendizado. Além disso, a instituição do “Currículo Mínimo” retira autonomia do professor e faz com que os alunos estejam sempre designados ao “mínimo” que a Secretaria de Educação pode oferecer, já que os conteúdos propostos, em inúmeros casos, não correspondem aos disponíveis nos livros didáticos oferecidos pelo MEC. Para a Rede Estadual propomos que lutemos por: - Fim imediato do Plano de Metas; - Gestão escolar coletiva (comunidade escolar); - Eleição direta para direção escolar; - Participação dos comitês escolares na gestão escolar; - Formação de grêmios estudantis; - Formação de Comitês escolares (composto por funcionários, professores, estudantes e pais); - Máximo de 20 estudantes por turma; - Equiparação salarial para todos profissionais de educação; - Construção curricular de forma autônoma, pela comunidade escolar; - Autonomia pedagógica integral para a comunidade escolar; - Nenhuma disciplina com apenas 1 tempo de aula; - Fim do “Projeto Autonomia”; - 1 matrícula, 1 escola; - Fim do fechamento de escolas; - Construção de espaços escolares próprios, com infraestrutura adequada à aprendizagem; - Fim do ensino religioso nas escolas. 3.4 - UNIFICAÇÃO DAS REDES: Para que possamos concretizar as melhorias necessárias para a Educação Pública do Rio de Janeiro é de suma importância que o SEPE: - Realize congressos anuais dos profissionais da educação das redes municipal e estadual, para discutir e construir um projeto contra-hegemônico de educação; - Cumpra com o papel de organizar atividades nas escolas junto aos responsáveis e comunidade do entorno; - Cumpra com papel de criar planejamentos que construam realidades escolares diferentes das que estão postas; - Abra espaços nas instâncias do sindicato para a efetiva e constante participação dos responsáveis dos alunos, buscando construir uma forte parceria; - Produza um “Calendário das Opressões” a ser trabalhado nas escolas, buscando a formação de pessoas críticas e politizadas. - Que desenvolva materiais e apoie a construção dos Grêmios estudantis; - Construa a campanha: “Sem educação de qualidade, sem salário digno, sem condições de trabalho: SEM VOTO!” 4) AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS DE LUTA: 4.1 - AVALIAÇÃO DAS GREVES A greve dos professores estaduais e municipais do Rio de Janeiro em 2013 foi um marco na história das categorias. Há mais de 20 anos os professores municipais não participavam de uma greve. No Estado, apesar da última ocorrida no ano de 2011, o processo de destruição da escola pública se acelerava, com 49 colégios estaduais fechados no último 1 ano e meio. Com esse quadro, é fácil perceber a necessidade da luta desses profissionais. Não foi difícil ver alunos, pais e a população como um todo participando e apoiando as manifestações nas ruas e redes sociais. Os professores conseguiram colocar em inúmeras passeatas milhares de pessoas, fechando vias importantes da capital, como a Avenida Presidente Vargas e Avenida Rio Branco; e ocupando espaços centrais do poder, como o Palácio Guanabara, Palácio da Cidade, Prefeitura do Rio de Janeiro, Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e Câmara dos Deputados do Rio de Janeiro. Apesar desse quadro de apoio da população, unido ao desgaste dos governos municipal e estadual pelos escândalos com as obras da Copa/ Olimpíada, UPPs e Remoções de Moradores das Favelas, Zonas Oeste e Norte, foi sentido desde o início da greve que havia uma força contrária a nossa mobilização. Foi possível perceber nas assembleias do Município e Estado - realizadas separadamente durante toda a greve, com o claro objetivo de desmobilizar a categoria – que havia um grupo de integrantes do Sindicato, liderados pela Direção do mesmo, interessado em não incentivar os profissionais da Educação nessa luta, e sim, desmotivá-los para finalizar a greve. Mas como desmobilizar um grupo tão grande de pessoas empenhadas na luta por uma educação digna, para profissionais e alunos? Ora, é só não apoiar a construção dos acampamentos; desmobilizar passeatas; e assinar um “Acordão” feito pela Direção do Sindicato com os representantes das Secretarias Municipal e Estadual de Educação com o STF. Em um momento de mobilização social e união da nossa luta com os Movimentos Sociais, negociar o fim de uma greve sem a participação da base foi uma maneira muito oportuna de mostrar como o nosso Sindicato está aparelhado por interesses partidários, que não sabem ouvir a voz daqueles que estão na luta, mas sim, que negocia com o governo interessado em cargos políticos e benefícios futuros. 4.2 – REORGANIZAÇÃO E PERSPECTIVAS DE LUTAS PARA AS REDES “Não vai se não for à força, nem vai se a força não for a nossa” Bertold Brecht Considerando a atual conjuntura e os desafios que nos foram colocados em 2013, vemos dois focos principais de luta para estes próximos anos: (1) a construção de uma luta combativa e radical da Educação; (2) a luta pela transformação de No non No non nosso sindicato, visando a construção pela base, de No non No non “baixo para cima”, buscando um sindicalismo realmente No non No non revolucionário. No non No non Quanto ao ponto (1), consideramos que toda a No non No non experiência de 2013 deve ser acumulada para a luta No non No non em 2014, construindo uma prática militante baseada na ação direta e na auto-defesa dos profissionais da educação. Há anos estamos vendo que a política adotada pelo SEPE de negociação nos gabinetes não gera frutos para a categoria, pelo contrário, cada vez mais somos colocados numa posição de subserviência frente a parlamentares, secretários, governadores e prefeitos. Por isso defendemos a construção de uma greve histórica em 2014 a partir de meados do segundo bimestre letivo, interagindo com as mobilizações contra a Copa. Uma greve combativa, construída nas ruas, tendo a ação direta como princípio de “diálogo” com o Estado. Sem reuniões de gabinetes, sem negociações. Nossa luta é legítima e nossa causa mais do que urgente. 2013, mostrou que o povo está do nosso lado e é com ele que temos que seguir. Para o terceiro bimestre letivo temos como tarefa construir a campanha: “Sem educação de TESES GERAIS - PÁGINA 67 qualidade, sem salário digno, sem condições de trabalho: SEM VOTO!” Nós, trabalhadores da educação, precisamos explicitar a farsa eleitoral que em nada tem contribuido para uma educação pública de qualidade, construída pela própria comunidade. Se os políticos que dizem nos representar não deram conta das demandas da educação, não iremos mais contribuir com esse jogo sujo através dos nossos votos. Quanto ao ponto (2), consideramos que a estrutura sindical que temos deixou muito a desejar nas lutas travadas nos últimos anos, e em especial em 2013. Diversas deliberações tiradas em assembleia pela categoria, foram sumariamente ignoradas pela direção que se mostrava como guia, vanguarda esclarecida que, por isso, sabia o que era melhor para a base. A democracia representativa cada vez mais se esgarça, principalmente após o governo PT que retirou qualquer esperança que ainda pudesse haver na via eleitoral. Dentro do SEPE não é diferente. Ou mudamos nossa estrutura sindical ou veremos cada vez mais profissionais se afastarem da luta. Essa direção provou que não representa a categoria, pelo contrário representa apenas sua própria concepção política. Mas, além disso, consideramos que nenhuma direção poderia nos representar. O que precisamos é nós mesmos tomarmos as rédeas e construírmos um No non No non sindicato forte e combativo pela base, sem direção, sem No non No non eleição, mas com comitês nas escolas, representantes No non No non de base, conselho de repreregional e geral. No non No non sentantes Por isso para este congresso No non No non propomos: - Destituição imediata No non da atual direção geral do SEPE (pois não se mostrou responsável com as demandas e deliberações da categoria tiradas em assembleias); 4.3 - CONCEPÇÃO SINDICAL: Construir o sindicalismo revolucionário organizando os trabalhadores para ação direta. A questão da representatividade nos movimentos sindicais é uma constante que tem sido abordada pelos anarquistas no decorrer da história do movimento dos trabalhadores. Filha das revoluções burguesas, ela tem sido levantada por setores da esquerda como o mais legítimo exercício da democracia, apesar da prática nos demonstrar o contrário e de servir inclusive na contenção do potencial de radicalização e de ação direta das “bases”. Com cargos de “lutadores profissionais”, os “representantes da categoria” vivem em sua contradição: dizem representar os trabalhadores contra o Estado e ao mesmo tempo, liberados de seus empregos por negociações com o governo, acabam contendo qualquer radicalização da base que possa acarretar na sua própria desmoralização ou destruição. Podemos observar que as radicalizações, de modo geral, não ocorrem através das direções, mas apesar delas. Base de todo aparelhismo, esse “vanguardismo burocrático” travestido de democracia tem levado a um enfraquecimento dos movimentos de trabalhadores, que dentro da “cultura representativa” esperam eternamente por ações de seus diretores e do próprio poder executivo. Os casos dos golpes militares no Brasil e no Chile demonstram como determinados setores da esquerda alimentaram uma esperança nas reformas de Goulart e Allende, desarmando em sentido literal e sentido metafórico o movimento dos trabalhadores para resistir aos ataques golpistas. A título de comparação, a Confederação Nacional do Trabalho (CNT), principal sindicato espanhol no início do século XX, tinha apenas um funcionário remunerado, um secretário sem nenhuma função deliberativa, contando com mais de 1 milhão e meio de filiados. Isso permitiu uma proximidade constante entre “base” e “quadros” e sua fusão, criando uma cultura de ação direta e resistência não representativa. Não é mero acaso ter acontecido na Espanha, onde havia a cultura de não esperar pelo poder executivo e pela burocracia sindical a experiência de barrar um golpe militar da direita. Na Espanha de 1936, onde a derrubada da Segunda República, na impressão da direita, promoveria um rápido golpe militar seguido de um pronunciamento, o golpe se transformou em resistência armada e guerra civil. O povo, sem esperar pela frágil República e nem pelos burocratas sindicais, toma de assalto as armas dos quartéis, forma milícias populares e No non No non resiste bravamente ao golpe do general Franco. Quando No non No non alguns militantes da CNT, traindo a revolução, aderem No non No non ao governo para fazer frente única contra o fascismo, se- No non No non rão as suas bases e colunas No non No non – como a coluna Durruti – que se manterão em armas No non No non defendendo uma revolução socialista, a coletivização plena, e as milícias populares contra o fascismo e a burguesia espanhola agarrada ao Governo Republicano. Na contramão da experiência mais positiva da CNT, na atualidade brasileira vemos em geral um movimento de luta sindical cada vez mais distante da proposta de um sindicalismo classista, autônomo e combativo. Ao fazermos uma breve reflexão histórica podemos perceber que a burocratização sindical já existia na experiência do movimento operário bem antes do modelo fascista incorporado no Brasil na década de 1930. Anarquistas e conselhistas, por exemplo, denunciam, desde o século XIX, a existência de um corpo de profissionais especializados, com direito a funcionários “subalternos” - faxineiros, secretários, cozinheiros, porteiros e demais trabalhadores vistos pelo marxismo como parte da classe com baixo (ou nenhum) potencial revolucionário -, na estrutura sindical. Vale ressaltar que esta burocracia nasceu sem a imposição do Estado, mas pelo desejo de uma parte da esquerda pelo Estado, pela reprodução de suas formas de organização e exercício do poder, pelo sonho da “ditadura do proletariado” ou simplesmente um “governo popular” de conciliação de classes, como fazem os reformistas da velha e atual social-democracia. Vendo o cenário de hoje, acreditamos ser necessária uma crítica à este modelo sindical em sua totalidade e raiz, combatendo as chantagens oriundas dos contratos entre sindicato e Estado e da existência de estruturas e formas de gestão que permitem e incentivam a perpetuação de burocracias e profissionais sindicais. É preciso acabar com este emprego, tão desejado pelas direções dos partidos institucionais, do “profissional do sindicato”, “representante da categoria”, e isto só é possível se eliminarmos o modelo atual de diretoria e seu sistema eleitoral representativo. Como inimigos deste sindicalismo pelego, temos que lutar, a todo instante, pela construção dos conselhos de trabalhadores, pelos sindicatos autogeridos organizados desde as comissões de base, sem cargos e empregos pagos pela taxa de sindicalização e por repasses (chantagens) do Estado. Precisamos defender, como programa, uma autonomia sindical que pressupõe o fim dos “sindicalistas”, o fim do modelo de democracia representativa criada burguesia, a criação do No non No non pela poder dos trabalhadores, No non No non do poder popular. Nosso exemplo mais próximo, sem No non No non “idealismos”, são os próprios sindicatos revolucionários No non No non existentes aqui no Brasil se organizavam a partir No non No non que da autogestão, da democracia direta, e acreditavam No non somente na ação direta e organização dos trabalhadores como ação válida para a luta de classes e a resistência ao poder. Foi esse modelo de sindicalismo que tocou as lutas sindicais mais fortes, combativas e democráticas. Nossa luta é contra o “sindicato cutista”, mas também contra o sindicato burocrático que se diz de “esquerda” e que age como “polícia” quando sentem que a luta caminha para uma ação direta, radical, organizada pela base. 4.4 - Se auto-organizar As eleições representam uma bela farsa demoTESES GERAIS - PÁGINA 68 crática, como ressaltamos anteriormente. Uma chapa fica defendendo a atual gestão e as outras ficam fazendo promessas, criticando e cobrando pelo que a atual gestão não fez. Mas aí surge uma pergunta: Por que esses que cobram e prometem não fizeram? Nosso sindicato funciona hoje sobre o regime de “democracia representativa”, onde escolhemos representantes que por três anos terão o direito de representar nossa categoria e responder por ela. Esse tipo de representatividade, concentra poder em uma minoria do sindicato e dá a ela o direito de responder por nós e nos representar. Dessa maneira não temos como controlar que dirigentes conheçam os reais interesses da categoria, ou que estejam dirigindo para seus próprios interesses políticos. Diante de todo este debate, estamos propondo o fim das eleições para que o sindicato passe a operar sobre o sistema de “democracia direta” através da autogestão. A autogestão se organiza substituindo a diretoria por comissões abertas aos associados, unicamente com delegação de funções. Na autogestão, a responsabilidade com o sindicato deixa de ser de um pequeno grupo político e passa a ser de toda a categoria, visto que esse é um espaço de luta completamente autônomo de qualquer partido político e aberto a participação ativa de tod@s. A autogestão, portanto, busca uma base de acordo entre tod@s e isso significa o reconhecimento sincero de nossas diferenças de ideologia, de temperamento, de educação e o compromisso de nos entendermos hoje e amanhã, em respeito recíproco, para contribuirmos na tarefa comum de construir um sindicato combativo que não ceda aos interesses do estado. O nosso sindicato hoje funciona sobre as seguintes instâncias: I- Congresso Estadual II- Conferência Estadual III- Assembléia Geral Estadual IV- Conselho Deliberativo V- Diretoria Estadual VI- Conselho Fiscal Atualmente, nosso sindicato é dirigido por 48 diretores eleitos pelos membros sindicalizados. A direção é composta de forma proporcional aos votos recebidos por cada chapa. Essa direção tem poder deliberativo e executivo. Para ampliar os canais democráticos temos o congresso, que pode modificar o estatuto, eleger nova direção, dissolver o SEPE. Ele é composto por delegados eleitos nas escolas, cada unidade escolar pode eleger representantes. O congresso é a instância máxima do nosso sindicato, e a direção deve encaminhar e seguir toda a política elaborada pela categoria durante esse encontro. Mas, sabemos que não é isso que acontece. Qualquer ponto aprovado em congresso que não esteja de acordo (ou não seja prioriade) com a visão política da direção é sumariamente ignorado nos anos que segue da gestão. Mas, nosso sindicato tem um outro mecanismo de ampliação dos canais democráticos: o conselho de representantes de escolas. A cada cinquenta funcionários, um representante pode ser eleito na unidade escolar. Esses representantes podem participar do Conselho Deliberativo com voz e voto como os demais diretores. Essa organização, pressupõe que cada unidade escolar seja representada e possa escolher os seus representantes. Esse é um tipo de organização que permite que todos os associados tenham uma participação mais direta, ao escolherem seus representantes na própria unidade escolar. Mas essa estrutura legitima a eleição de uma direção que representará a unidade por dois anos, podendo gerar os mesmos problemas que vemos no SEPE Central (política partidária acima da definida comunitariamente, entre outros). Mas como funcionaria o SEPE ? O que estamos propondo é, resumidamente, o fim das eleições e a criação dos comitês escolares que reuniriam professores, pais, estudantes e funcionários. Esses comitês fariam assembleias periódicas, nas quais debateriam seus problemas, construíriam propostas de luta e escolheriam 1 representante para a reunião regional. Esses representantes de escolas se reuniriam, então, em suas regiões, levando as propostas tiradas na base. Nessa reunião, alguns representantes seriam es- colhidos para encaminhar as propostas aprovadas para a reunião geral. A grande diferença é que cada um desses representantes não teria um cargo estável de dois anos. As unidades escolares teriam autonomia para eleger ou destituir seus representantes em assembleia quando quisessem. O representante teria que estar levando as questões discutidas em sua unidade escolar, caso contrario, os membros de sua unidade teriam autonomia para retirá-lo e eleger um novo representante. Dessa forma, a categoria pode se organizar de baixo para cima, garantindo que todos os seus membros tenham participação ativa e possam decidir sobre os seus próprios rumos. 5) ATUALIZAÇÃO DO ESTATUTO E ORGANIZAÇÃO DO SEPE/RJ: Para viabilizar as mudanças que estamos propondo, as seguintes mudanças no nosso Estatuto devem ser feitas: - Capítulo 1, Artigo 1°: Incluir qualquer funcionário do corpo escolar (garantindo que os funcionários contratados e terceirizados façam parte do quadro social do SEPE) - Capítulo 2, Artigo 4°: Fazer a mesma inclusão do Artigo 1° - Capítulo 3, artigo 40: Suprimir o termo “diretoria” e incluir “representantes de escolas”. Incluir que os representantes serão eleitas em assembleias regionais e nos conselhos escolares. - Artigo 40, parágrafo Único: Suprimir e incluir: “a duração do cargo de representante dura até a próxima assembleia escolar.” - Artigo 42: Suprimir o Item I - Item IV: Retirar a palavra “elaborar” e substituir por “Organizar os projetos das assembleias regionais e dos conselhos escolares” - Item VII: O Conselho não criará grupos de trabalho, irá cobrar o trabalho desses grupos - Itens IX e X: excluídos - Capítulo IV - Sobre o Atigo 43: Suprimir “Coordenação Geral” e incluir “Conselho Estadual (representantes escolhidos nas escolas e posteriormente nas reuniões regionais”; - Artigo 58: Dirá que os conselheir@s será eleitos pelo Conselho Escolar § 1o Conselheir@s serão eleit@s pelo conselho escolar § 2o O Cargo dura até a próxima reunião do conselho Capítulo V Artigo 62: @s conselheir@s regionais e estaduais serão eleitas nos conselhos escolares e nos conselhos regionais Parágrafo único: O cargo dura até o próximo conselho § 3°, 4°,5° e 6° se resumirão em “cada conselheiro ou conselheira será eleito de forma individual e com voto direto” Artigo 66, excluir por completo. ASSINAM ESTA TESE Adriana Rosa de Souza, Estado, Metro V-4ª CRE; Alex da Silva Aprigio, Estado, Metro V; Aline C. Martins, Estado, Metro V; Aluana Guilarducci Cerqueira, Estado, Metro III; Ana Cristina da Costa Alves, Estado, Metro VI; Carlos Eduardo Villela dos Santos, Estado, Metro I; Cleiderman Teixeira de Souza Braga, Estado, Metro VIII; Danielle Rodrigues de Oliveira, Estado, Metropolitana VII; Denis Thiago Santos de Barros, Estado, Metro IV; Filipe Proença de Carvalho Moraes, Estado, Serrana IV; Gabriel Otoni Calhau Martins, Município, 10ª CRE; Guilherme Xavier de Santana, Estado, Metro VII; Lourdes Carmo Moreira, Estado, Metro V; Luiz Renato Dias Gomes Padilha, Estado, Metro III; Marco Antonio da Silva, Estado, Metro V; Michele Souza e Souza, Estado, Metro VII; Miguel Maron Teixeira, Estado, Metro I; Pâmela Peregrino da Cruz, Estado, Baixadas Litorâneas TESES GERAIS - PÁGINA 69 (Núcleo de Niterói); Pedro Guilherme Freire, Estado, Metro VI (regional I); Rebeca Martins de Souza, Estado, Metro III; Vivian Fraga da Fonseca, Estado, Metro XI; Viviane Coelho, Prof I, Município, 4ª CRE. N o s e n co nt re n o fa c e b o o k : G E P ( htt p s : / / w w w.fa c e b o o k . c o m / p a g e s / GEP/181618605354126?fref=ts Tese 12 POR UM SINDICALISMO CLASSISTA, EM DEFESA DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES E DO SOCIALISMO! Tese do MOVIMENTO LUTA de CLASSES – MLC – ao XIV Congresso do SEPE “A história de toda a sociedade até hoje é a história da luta de classes.” (K. Marx e F. Engels, Manifesto do Partido Comunista) A pátria das manifestações ¹ “Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem”. B. Brecht As grandes manifestações que tomaram as ruas do País em junho assustaram tanto a direita quanto algumas forças políticas da esquerda. Centenas de balas e de bombas foram atiradas nos manifestantes. No total, mais de 1.000 pessoas foram presas e centenas foram feridas e hospitalizadas. A repressão foi tão feroz que nem mesmo repórteres dos jornais que clamaram por mais violência foram poupados. Diante da brutal selvageria da polícia, a luta contra o aumento das passagens transformou-se em luta política contra a repressão e pela liberdade de expressão e de manifestação. Os protestos cresceram e se espalharam pelo país afora, impulsionados também pela realização dos jogos da Copa das Confederações em estádios caríssimos construídos com dinheiro público, enquanto hospitais, postos de saúde e escolas se encontram em péssima situação, como denunciaram criativos cartazes com os dizeres: “Queremos saúde e educação padrão Fifa”. O tiro saiu pela culatra, e também as balas de rem para melhorar o transporte público, num país borracha e as bombas de lacrimogêneo. A direita e onde a imensa maioria da população usa ônibus, seus meios de comunicação ficaram encurralados. trem ou metrô? Em todas as capitais, mas também em cidades do Há vandalismo maior que exibir sem nenhum interior, os estudantes foram às ruas exigir redução pudor, na TV, milionários em carros luxuosos, bedos preços das passagens, passe livre, denunciar os bendo champanhe em taça de ouro, gastando R$ gastos com a Copa da Fifa, o descaso com a saúde 700 mil em joias e colocando seus cães em creches e a educação, desafiar o poderoso aparelho de recom aulas de natação, como faz o programa Mupressão. Uma manifestação no Rio chegou a reunir lheres Ricas, da TV Bandeirantes, quando a imensa mais de 1 milhão de pessoas maioria da povo brasileiro Não há porque desconfiar ou e calcula-se que mais de dois faz apenas uma refeição milhões de brasileiros foram por dia e vive na pobreza? E temer a juventude. às ruas em três semanas. o que dizer da violência de Como não conseguiram Toda a história da humanidade um sistema econômico que deter as manifestações com eleva os juros para aumentar a repressão, as classes domi- e do nosso próprio país revela os preços e, assim, impedir nantes passaram a afirmar que o povo compre o que nos seus meios de comuni- que a juventude é uma força ele precisa. cação que grupos de vândalos estavam saqueando lojas progressista e revolucionária Lições das ruas e depredando o patrimônio Não há porque desconpúblico e privado. É claro que elementos ligados fiar ou temer a juventude. Toda a história da huao tráfico de drogas se aproveitaram da situação manidade e do nosso próprio país revela que a jupara roubar algumas lojas. Mas assaltos a restauventude é uma força progressista e revolucionária. rantes, arrastão e roubos ocorrem com ou sem Esteve à frente de todos os grandes movimentos da manifestações. A bem da verdade se for realizada luta pela nacionalização do petróleo, pelo fim da uma análise rigorosa, ver-se-á que durante as maditadura etc. Não será agora que ela irá desapontar nifestações houve uma redução da criminalidade. os trabalhadores e a nação. Não, isso não ocorrerá, Ademais, as depredações que porventura ocorprincipalmente, se não a abandonarmos às balas reram, foram, sem dúvida, bem menores do que a e às bombas dos fascistas comandantes da Policia causada pela realização da 11º rodada de leilões da Militar. De toda maneira, vale a pena lembrar aqui Agência Nacional de Petróleo (ANP), um prejuízo as palavras de Emile Zola: calculado em R$ 1,5 trilhão, sem contar a afronta “Aonde vão vocês, jovens, aonde vão, estuà soberania nacional. dantes, que correm em bandos pelas ruas maniAliás, há saque maior que gastar metade do festando vossas cóleras e entusiasmos, sentindo Orçamento da União, do Governo Federal, para a imperiosa necessidade de lançar publicamente pagar juros aos banqueiros e especuladores da o grito de vossas consciências indignadas? Vão a divida pública? E o que dizer de entregar bilhões busca da humanidade, da verdade, da justiça!” para as montadoras de automóveis e nada investi(Carta à Juventude). TESES GERAIS - PÁGINA 70 Conjuntura Internacional: ² Passados cinco anos desde a explosão da atual crise econômica do sistema capitalista, seus efeitos continuam presentes nos distintos países do planeta, com maior ou menor intensidade em uns e outros. O que mais se destaca dela, nos últimos meses, é a resposta dada pelos trabalhadores, a juventude e os povos às medidas econômicas implementadas pelos governos burgueses e pelos organismos financeiros internacionais com o suposto afã de superá-la. Para a burguesia, fica cada vez mais difícil descarregar a crise sobre os ombros dos trabalhadores porque estes têm uma melhor compreensão que a crise deve ser paga por aqueles que a provocaram. A Europa é um exemplo vivo da enorme e constante mobilização social contra os programas econômicos neoliberais; nela, a classe operária e a juventude desempenham papéis memoráveis. Entretanto, o velho continente não é o único ponto do planeta onde os governos de plantão e as classes dominantes no poder são alvos de protesto: o Norte da África, Ásia e América Latina são também cenários de importantes lutas. A luta dos povos árabes tem adquirido particular importância. Combativas demonstrações de força derrubaram odiosas tiranias aliadas ao imperialismo, a exemplo da Tunísia e do Egito, e foram o estopim de ações combativas das massas trabalhadoras em outros países da região, como o Bahrein, Iêmen, Jordânia, Marrocos e Argélia. Na América Latina, após um período de inflexão da luta social produzido particularmente nos países governados por regimes qualificados de “progressistas”, assistimos a um novo despertar da luta das massas trabalhadoras que ultrapassa as fronteiras nacionais e anima a luta dos povos irmãos. Combatem por salários dignos, educação, saúde, pelo pão, por democracia, direitos políticos, em defesa da soberania, dos recursos naturais, contra a corrupção, enfim, batalham pela vida, por liberdade! Nestas contendas coincidem os povos dos países nos quais a burguesia abertamente neoliberal ainda se mantém no poder, assim como os regidos pelos denominados governos “progressistas”. Em uns e outros governos, além das óbvias diferenças que não podemos perder de vista, há também muitos aspectos coincidentes. É difícil diferenciar, por exemplo, a Lei de Segurança Cidadã colombiana da sua similar equatoriana ou das reformas ao Código Integral Penal deste mesmo país, que penalizam o protesto social; pouco ou nada destoam as reformas trabalhistas de evidente conteúdo neoliberal aplicadas no México com as existentes no Brasil, ou as denominadas leis antiterroristas que são executadas na Argentina, no Peru, etc. Tanto os governos “progressistas” como os neoliberais apostam no extrativismo (saque dos recursos naturais) como via de desenvolvimento, de progresso e bem estar, mas que bem ensina Conjuntura Nacional: ³ a história é o caminho para a consolidação da Com a eleição de Dilma (PT) para a presidência dependência estrangeira, da pauperização dos do Brasil em 2010, continuidade do Governo Lula povos e da irremediável destruição da natureza. eleito em 2002, perpetua a decisão de não realiConcordam também esses governos no impulso zar nenhuma ruptura com o sistema imperialista, de reformas jurídicas e institucionais em prol de nem reestatizar as estatais privatizadas, e ainda uma dinamização da institucionalidade burguesa, garantir os privilégios ao grande capital financeiro necessária para os novos processos de acumulação e livre ação para os monopólios internacionais na capitalista e, além disso, orientadas ao controle economia brasileira. Nesse período se constatou social e à criminalização dos protestos populares. um impressionante processo de desnacionalização A partir de concepções políticas distintas, e de desindustrialização da economia brasileira. mas não irreconciliáveis, as facções burguesas à Números do Ministério do Desenvolvimento, Infrente destes governos concorrem a processos de dústria e Comércio Exterior (MIDIC) revelam que na modernização do capitalismo, com o que aspiram lista das 50 maiores exportadoras, 22 são empresas provocar maiores níveis de acumulação para as de alimentos (grãos, carnes, suco de laranja, açúoligarquias nativas e melhores condições para car), combustíveis (etanol), insumos (sementes), participar no mercado caprodutos como celulose e papel, pitalista mundial. entre outros, e, pela primeira vez A Europa é um exemplo As mudanças que se desde 1978, a exportação de prodesenvolvem na América vivo da enorme e constante dutos básicos (commodities) supeLatina e no Caribe não são rou a exportação de manufaturas. outra coisa que um desen- mobilização social contra Outra comprovação da devolvimento do capitalismo. sindustrialização da economia os programas econômicos Em alguns casos são uma brasileira é revelada no aumento superação ao neolibera- neoliberais; nela, a classe do déficit industrial: entre 2005 lismo, mas de nenhuma e 2010 este déficit passou de US$ maneira uma negação do operária e a juventude 31 bilhões para US$ 34 bilhões de sistema imperante, pois valor negativo. No total, o déficit não põem fim à proprieda- desempenham papéis no comércio exterior de bens inde privada sobre os meios dustriais alcançou US$ 65 bilhões. de produção, não acabam memoráveis (Luiz Gonzaga Belluzo e Júlio de G. com o domínio dos bande Almeida, Carta Capital). queiros, empresários e Tal fenômeno levou alguns latifundiários. economistas da Comissão Econômica para a AméContra as intervenções militares do Imperialisrica Latina da ONU (Cepal), a denominarem esse mo no oriente médio e à Autodeterminação dos processo de “reprimarização” da economia, isto é, povos! retorno ao modelo que caracterizou a exploração Desde o atentado terrorista de 11 de setembro do Brasil e demais países latino-americanos durande 2001 (com a anuência da Companhia Central de te o período colonial. Inteligência – CIA), os EUA começaram uma nova Governo Dilma dá continuidade ao pagamento escalada de guerras e terror pelo oriente médio. da dívida, às privatizações e aos leilões do petróleo. Já se passaram mais de 12 anos e a única coisa que Em 2012, o Governo Federal gastou R$ 753 bificou claro aos olhos do mundo é que as guerras, lhões com juros e amortização da dívida pública, ora provocadas pelos EUA, ora pelos irmãos siameo que totaliza R$ 45 bilhões a mais do que 2011 e ses da Europa, tornou-se uma guerra por recursos atingiu o impressionante valor de R$ 2.8 trilhões naturais. Especialmente por petróleo. e consome 44,93% dos recursos do Orçamento A mais recente investida do império norte ameda União, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida ricano é a Síria, onde mundialmente a imprensa, do Brasil. hegemonizada pela CNN e suas reprodutoras de Seguindo a lógica do neoliberalismo, que na era notícias nos distintos países, chama exércitos merFHC foi responsável pelo maior roubo da história cenários de rebeldes, financiados e armados pelos do Brasil, o governo Dilma, ao invés de reestatizar, EUA e treinados por Israel e pela Al-Qaeda, tentam continua privatizando. de toda forma tomar o poder e entregar os recursos A dilapidação do patrimônio público é regra, naturais daquele país aos países imperialistas que vamos citar como exemplos nossos aeroportos e já tentam garantir sua fatia do bolo. o nosso petróleo. Por isso, nós, do Movimento Luta de Classes O governo vai entregando nosso espaço aéreo – MLC, erguemos bem alta a bandeira do inter“passo a passo” através do programa de concessão nacionalismo entre os trabalhadores, contra a de aeroportos à iniciativa privada, sem freios a espoliação das riquezas naturais e pelo direito a privatização vai além de Guarulhos, Viracopos (SP), autodeterminação dos povos Brasília, Galeão (RJ) e Confins (MG). A estratégia TESES GERAIS - PÁGINA 71 entreguista do governo é tirar a importância da em 2012 e cerca de 300 morrem em decorrência estatal Infraero, que controlava o setor até o ano de abortos mal sucedidos. A violência nas escolas passado, e torná-la anã no setor, cuidando apenas atinge diretamente as mulheres, já que estas são dos aeroportos de menor importância. a maioria dos trabalhadores da educação básica. Já no que diz respeito ao petróleo, segundo O tráfico de mulheres é cada vez maior e, aino próprio governo estamos diante da maior enda, sofre com a exploração, abusos e assédio dos trega do nosso patrimônio, um crime lesa-patria, patrões e todo o mesquinho e pesado trabalho quando sabemos que se trata de fonte de energia doméstico. Desse modo, a propaganda de que as escassa e a mais estratégica para o futuro, segue mulheres têm plenos direitos e, esta é emancipada, declaração do Ministro Pimentel em entrevista à não passa de uma grande mentira da burguesia e BandNews FM. de seus meios de comunicação. “O governo colocou em oferta pública o maior pacote de concessões na história do Brasil. Nem no Abaixo a violência econômica! tempo do Império, da Colônia, houve uma oferta Hoje, além de assumirem todo o trabalho tão grande. Então o objetivo nosso aqui é mostrar de casa como: cuidar dos filhos, fazer comida e isso ao investidor americano, às grandes empresas, a limpeza; as mulheres trabalham fora de casa, aos grandes bancos e fundos”, recebendo salários menores que os dos homens, Só numa estimativa inicial o Campo de Libra aumentando a discriminação econômica. A ineteria 12 bilhões de barris, xistência de creches, lavanderias e que renderiam a preços de O que observamos é que, restaurantes coletivos, aumentam a hoje, logo estimativa subvapesada jornada de trabalho. lorizada, dado ao aumento tanto no Estado, como no As professoras tem que trabalhar progressivo pela escassez, em várias escolas para poder sobrealgo em torno de U$$ 1,5 país, prevalece uma lógica viver. As merendeiras, por exemplo, trilhões. bastante exploradas tendo que economicista e empresarial são carregar panelas pesadas por não A saída para a crise ter funcionários suficientes para a fim de aumentar a Nesse cenário, vastos sedividir as funções, assim como as tores da classe trabalhadora, produtividade das escolas, funcionárias da limpeza. dos povos e da juventude O SEPE, um sindicato que tem buscam alternativas e cami- aumentar a aprovação e uma base composta majoritarianhos. Aos revolucionários, mente por mulheres, deve garantir socialistas e suas entidades reduzir os custos maior debate das pautas especifide classe cabe jogar um cas. Implementar um efetivo compapel mais dinâmico, denunbate ao machismo e todos os tipos ciar a natureza da opressão e da exploração, esclade assédio que ocorrem no interior das escolas. recer a natureza de classe dos conflitos, a traição Construindo a emancipação da mulher, não apenas da burocracia sindical, da aristocracia operária, e do machismo, mas de todas as formas de exploraa ação dos oportunistas. ção do homem pelo homem. Nesse processo, é indispensável desenvolver o sindicalismo classista, a unidade do movimenA Meritocracia e o Culto ao Individualismo! to operário e sindical, a unidade na ação e no Vivemos em uma sociedade cujo princípio moprograma. Devemos trabalhar pela unidade do ral é “Primeiro cuida de ti, para depois pensar nos movimento popular, pela incorporação à luta das outros”. Todo nosso sistema econômico é baseado massas camponesas, da juventude e dos povos na exploração do homem pelo homem, tornando oprimidos. Em uma só frente, devemos enfrentar o impossível a melhoria da vida de todas as pessoas. capitalismo e o imperialismo e levantar a bandeira Assim, para manter a ilusão nesse regime econôdo Socialismo. mico, a burguesia procura convencer a maioria Nosso norte deve ser o Socialismo! Por um explorada de que o segredo do sucesso é “não se verdadeiro processo revolucionário, apoiado na importar em pisar nas outras pessoas nem com o unidade dos trabalhadores, dos camponeses, da sofrimento de ninguém”. juventude, das mulheres, e na tradição libertária Variadas são as formas, tais como filmes, novedos povos. Esse deve ser o nosso compromisso. las, canções, revistas e jornais, escolas e universidades, que a burguesia utiliza para propagandear Contra à violência a mulher! essa sua moral. Vejamos o exemplo claro dessa As mulheres estão submetidas tanto em nosso ideologia sendo propagada na educação pública país, como em grande parte do mundo, a uma no estado e município do Rio de Janeiro. violenta opressão e exploração. Somente em O prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio nosso país 5.700 mulheres são assassinadas por Cabral, ambos do PMDB, a fim de melhorar o índice ano. Mais de 50.000 foram vítimas de estupros de avaliação da educação a qualquer custo são TESES GERAIS - PÁGINA 72 responsáveis por bônus e gratificações aos professores que mais atingirem as metas de aprovação em conjunto com entrega de laptops e etc... para aqueles estudantes que mais se destacam. Criando uma divisão entre os professores e os estudantes. Mas o que é real? A situação que atravessa a educação no Rio de Janeiro e Brasil, não é nova. Violência física e verbal contra professores, funcionários das escolas e estudantes; baixos salários, jornadas extensas de trabalho; superlotação de salas de aula; falta de material pedagógico; autoritarismo de algumas direções; inexistência de planos de carreira e de concursos públicos; grades e mais grades, que fazem das escolas espaços não agradáveis, mas espaços que mais se parecem com prisões. Estes são alguns dos problemas que enfrenta a escola pública atualmente. O que observamos é que, tanto no Estado, como no país, prevalece uma lógica economicista e empresarial a fim de aumentar a produtividade das escolas, aumentar a aprovação e reduzir os custos. Ao mesmo tempo em que os governos promovem o sucateamento da educação, a iniciativa privada invade as escolas públicas, transvestidas de “parceiros da educação”. Pois, o dinheiro deve sobrar para ser investido em outras áreas em que prevalece o interesse dos empresários. Mas por que as coisas são assim? Investir em educação não parece ser, como mostram os dados, interesse do Estado. Como bem escreveu Lênin, no livro O Estado e a Revolução, o Estado é o aparelho de dominação de uma classe sobre a outra. Desta maneira, vivendo sob o capitalismo, o Estado é o aparelho de dominação da burguesia sobre os trabalhadores. A burguesia utiliza-se das mais variadas formas de oprimir e explorar os trabalhadores para conseguir se manter no poder e uma dessas formas é o que faz com a educação pública. Uma juventude que receba uma educação de qualidade, na qual aprenda a pensar criticamente, a questionar a situação na qual vive, não é o interesse dos patrões. Imaginem se todos os trabalhadores se dessem conta de que, enquanto recebem míseros salários, seus patrões enriquecem às suas custas? Imaginem se os jovens aprendessem na escola toda a história de luta de nosso povo contra as injustiças; toda a história de luta da juventude? Por isso não é natural encontrarmos a educação nesta situação. É intencional privilegiar o interesse de meia dúzia de capitalistas e reservar pouquíssimo do orçamento público para a educação. É intencional que tenhamos milhares de analfabetos e jovens abandonado os bancos escolares. A resposta dos professores! Milhares de professores, trabalhadores de esco- las e estudantes foram às ruas protestar contra essa situação, dando uma verdadeira aula a todos aqueles que dizem que nosso povo é acomodado. Suas salas de aulas foram transferidas para as avenidas de mais de uma dezena de capitais brasileiras e não apenas os estudantes, mas todos os trabalhadores brasileiros puderam aprender a lição que tinham para ensinar: a educação pública está mal e somente à luta pode salvá-la. Essa lição foi ensinada sem giz e com muita combatividade. Os Estados do Ceará, Goiás, Bahia, Espírito Santo, Sergipe, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Paraná, Rio de Janeiro, Amapá e Pará realizaram greves em 2011. Isso sem falar nas inúmeras paralisações e manifestações não apenas nestes, mas em praticamente todos os Estados brasileiros. Os profissionais de Educação do município do Rio de Janeiro, que não faziam greve há muitos anos, conseguiram adesão de mais de 80% da rede. Realizaram grandes assembleias e passeatas, chegando a ter até 20 mil profissionais marchando pelas ruas da cidade. Lutamos por educação pública e gratuita A educação pública precisa de mais investimentos. Portanto, apenas dizer que se defende 10% do PIB para educação não ajuda. É preciso que se mostre de onde esses recursos devem ser retirados e como serão utilizados. Ou seja, da enorme fatia que vai para o pagamento da dívida pública, para o pagamento de juros a bancos e grandes empresas. Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, em 2010, enquanto 44,93% do PIB brasileiro foi utilizado para o pagamento de juros, amortizações e refinanciamento da dívida pública, apenas 2,89% foram destinados à educação Além disso, os professores, todos os trabalhadores da escola, comunidade e os estudantes são quem devem decidir como a escola deve ser. Como querem aprender e o que necessitam aprender e ensinar. Por tudo o que foi dito a luta não é e não pode ser apenas dos trabalhadores da educação. A luta em defesa da educação pública é a luta contra as privatizações. É a luta pelo direito à greve. É a luta pelo direito que os milhões de jovens têm de receber uma educação de qualidade e os educadores de ter condições dignas para realizar tal tarefa. É a luta em favor de que o dinheiro público, o dinheiro que é fruto da riqueza produzida por trabalhadores e trabalhadoras, seja usufruído por estes e utilizado em suas necessidades básicas, como saúde e educação. Pelo respeito à vontade da maioria! No atual regime proporcional, a composição da diretoria do SEPE/RJ O Movimento Luta de Classes – da ditadura não são apenas estabelece uma gestão para que estes paguem por composta por membros MLC defende a majoritariedade seus crimes, mas, que também, de todas as chapas e, a essa prática hedionda seja nas eleições para a diretoria divisão de cargos é reaabolida de nossa sociedade. lizada de acordo com os Pois, como podemos observar percentuais obtidos por por entender que é necessário a prática da tortura continua cada grupo concorrente. viva e matando trabalhadores responsabilizar as lideranças Desta maneira, se uma até o dia de hoje. chapa obtém 50% dos pelas posições que levam a votos válidos, ocupará Para que não se esqueça! 50% dos cargos de di- categoria ao sucesso ou a derrota Para que nunca mais aconteça! retoria. Dessa forma não é Venha para o MOVIMENTO possível identificar claLUTA de CLASSES! ramente os responsáveis pela condução politica, Basta de exploração, vamos à luta! administrativa e financeira do sindicato. O Movimento Luta de Classes (MLC) surgiu da A Majoritariedade determina que a chapa vitorionecessidade dos trabalhadores lutarem por seus sa do processo eleitoral, isto é, a que obtiver o maior direitos e, hoje, está organizado em vários estados. número de votos dentre as participantes, ocupará, Nossa tarefa principal é transformar o sonho dos traem sua totalidade, os cargos e responsabilidades da balhadores de viver num país honesto e justo. Para diretoria, sendo a única responsável por construir a isso, é necessário que o MLC cresça; seja implantado gestão. em diversas categorias e se fortaleça o mais rápido O Movimento Luta de Classes – MLC defende a possível como uma corrente de pensamento e ação majoritariedade nas eleições para a diretoria por enno movimento sindical brasileiro, construindo um tender que é necessário responsabilizar as lideranças sindicalismo classista capaz de obter vitórias na luta pelas posições que levam a categoria ao sucesso ou por uma sociedade livre da exploração do homem a derrota. Acreditamos que as divergências devem pelo homem, a Sociedade Socialista. ser tratadas em seus respectivos fóruns, apresenEsse trabalho adquire uma importância ainda tando à categoria o que houver de melhor em suas maior hoje, quando atravessamos a pior crise do formulações para que a categoria unida, soberana capitalismo, período este que os patrões utilizam e democraticamente decida qual o rumo da luta. para retirar direitos conquistados por décadas de Chega de engessamento interno no SEPE! A base luta pelos trabalhadores. Por isso, é preciso a orgatem que ter confiança em seu sindicato, e isso presnização dos trabalhadores na defesa de seus direitos supõe o respeito à vontade da maioria! contra os exploradores e seu modelo econômico que Pelo direito a memória, verdade e Justiça! garante fortunas para os capitalistas e desemprego Não a criminalização dos Movimentos Sociais! e baixos salários para os trabalhadores. Esse ano que se inicia completará dois anos da Portanto, é preciso se organizar e lutar, lutar e instalação da Comissão da Verdade Nacional. Nesse se organizar! período avanços positivos foram notados, porém Para colocar essas ideias e propostas em ação, ainda está longe de cumprir com seu papel. E, parte convidamos você e seus companheiros de trabalho fundamental, deve-se ao movimento sindical que a ingressarem e construírem, junto conosco, esta pouco participou e ajudou avançar na luta política corrente de ação sindical com o objetivo de contripela elucidação dos crimes da ditadura Civil-Militar, buir na luta para transformar o Brasil numa nação que assolou nosso país por 21 anos. digna e soberana. Recentemente, em meios às manifestações de Viva a luta dos trabalhadores! Abaixo o capitajunho um caso de desaparecimento veio a tona, lismo! VIVA o SOCIALISMO! o do operário da construção civil Amarildo. Após, ¹A pátria das manifestações”(Texto de Luiz mais de dois meses de investigação e apuração dos Falcão – Jornal A Verdade) fatos, constatou-se a verdade. Amarildo foi tortura²Avaliação da Conferência “Problemas da do e morto, nas dependências da UPP da rocinha, revolução na América Latina”. Quito, Equador, julho comunidade onde morava. de 2013. Para nós do Movimento Luta de Classes – MLC, ³ Programa do PCR para a Revolução Socialista a elucidação, julgamento e prisão dos torturadores brasileira. Edições Manoel Lisboa, 2013. ASSINAM ESTA TESE Coordenação Nacional do Movimento Luta de Classes (MLC), e os militantes da base da educação estadual e municipal do Rio de Janeiro. TESES GERAIS - PÁGINA 73 Tese 13 TESE DA CONSTRUÇÃO SOCIALISTA Ninguém poderá prever como serão as revoluções futuras. O que temos, unicamente, é um fio condutor. Trata-se de duas lógicas de classe que se enfrentam. A do lucro a qualquer preço, do cálculo egoísta, da propriedade privada, da desigualdade, da concorrência de todos contra todos, e a do serviço público, dos bens comuns da humanidade, da apropriação social,da igualdadee da solidariedade. A Crise Capitalista: apenas o ínicio – Daniel Bensaïd I - ESTADOS UNIDOS: O PIVÔ DA CRISE MUNDIAL A crise internacional que abalou as estruturas econômicas e sociais no mundo inteiro teve seu início em 2008, nos Estados Unidos, mais especificamente no setor imobiliário. O imperialismo, sentindo a perda de seus lucros, vem, desde então, impondo à classe trabalhadora internacional, seus planos de austeridade. Nas últimas décadas, os bancos americanos estimularam a população em geral a obter empréstimos bancários a taxas de juros muito baixas, induzindo intermediários financeiros e imobiliários a incitar uma clientela cada vez maior a investir em imóveis. Com isso foram dados créditos bancários de alto risco, que incluem desde empréstimos hipotecários até cartões de créditos e aluguéis de carros a clientes sem comprovação de renda e com histórico ruim de crédito, a chamada “clientela subprime”. Assim criaram-se expectativas e confiança no setor financeiro e nos investimentos do mercado imobiliário, que se aqueceram substancialmente. As dívidas das famílias americanas tomaram proporções gigantescas, pois o consumo tornou-se muito alto, surgindo a inadimplência generalizada, impactando o mercado. A construção civil recuou, aumentou o desemprego, uma vez que outros setores produtivos foram atingidos, como o automobilístico, alimentício, etc., dando início à retração da economia. Inúmeras famílias americanas começaram a perder suas casas para os bancos, os compradores de papéis na bolsa tinham imóveis que não mais correspondiam Os governos, nas crises, socorrem os capitalistas, ao valor das ações compradas, visto que a “alavancacomprando títulos das empresas e bancos falidos que gem” os valorizou muito. Evidentemente, uma falsa já perderam valor no mercado financeiro, ou seja, valorização. viraram papéis podres e, por isso, são adquiridos Quando estourou esta “bolha financeira”, muitos pelos governos com dinheiro dos cofres públicos. bancos e empresários tinham estocado bilhões de dóEssa prática demonstra claramente o papel que os lares em títulos, com a perspectiva de obter altíssimos governos desempenham na sociedade capitalista: lucros nessa “roda viva”. Como os papéis perderam o de manutenção do sistema de exploração dos seus valores, estes entraram em falência generalizatrabalhadores e concentração da renda na mão da da. Este cenário significou o aprofundamento brutal burguesia. da pobreza, uma vez que muitas famílias perderam Os governos do mundo, frente a esse caos, se preseus bens e empregos. ocuparam em socorrer a burguesia. Como podemos A história demonstrou que as crises econômicas perceber no governo Obama, que transferiu trilhões são cíclicas na sociedade capitalista. Constata-se de dólares do orçamento público para salvar da isso quando se analisam as crises anteriores, como falência o sistema financeiro a de 1929, que também foi e industrial e não conseguiu brutal, de superprodução A história demonstrou que as conter a crise internacional. e internacional e que só foi crises econômicas são cíclicas na No Brasil, Lula também tratou superada com a queima de de destinar bilhões dos cofres capital humano e material sociedade capitalista. Constatapúblicos para salvar bancos e na Segunda Guerra Mundial, se isso quando se analisam as grandes empresas. guerra esta que possibilitou Os mesmo governos que aos EUA se colocarem como crises anteriores, como a de salvam a burguesia da falência primeira potência econômica, 1929, que também foi brutal, de são aqueles que arrecadam tirando este posto dos países superprodução e internacional e impostos da classe trabalhaeuropeus. dora e beneficiam os burgueAssim comprovou-se, na que só foi superada com a queima ses com isenções fiscais. Este prática, a teoria de Lênin, de capital humano e material na cenário é a comprovação de que dizia, desde a primeira que os governos são preposguerra mundial, que o capi- Segunda Guerra Mundial, guerra tos da burguesia, pois quando talismo entrara em sua fase esta que possibilitou aos EUA se socorrem os burgueses em decadente, na qual o impecrise, o fazem utilizando rerialismo, não tendo mais para colocarem como primeira potência cursos que deveriam ir para onde expandir, resolveria suas econômica, tirando este posto dos a educação, a saúde e várias crises provocando guerras na países europeus outras demandas sociais. disputa pelo mercado interA crise internacional abre nacional. a possibilidade de desmascaÉ preciso analisar também, rar as saídas que os governos encontram para garantir que as crises são decorrentes da classe burguesa, com o próprio funcionamento do estado capitalista e a exploração do mercado, sem nenhum controle, ou atender as exigências dos organismos internacioseja, exploração endossada e estimulada pelos libenais, que aplicam medidas de austeridade à classe rais que defendem a livre disputa no mercado e que trabalhadora, como por exemplo, na Grécia, onde, o estado não tenha interferência na economia. Nos para não decretar a moratória (que poderia causar momento de crises, a teoria liberal cai por terra, pois um efeito cascata), o governo cortou 11,8 bilhões de os capitalistas se utilizam dos governos para salvar os euros das pensões, 13,6 bilhões de euros da saúde e bancos e empresas que faliram. TESES GERAIS - PÁGINA 74 financiada pelo estado, comprovando o fracasso das 3,3 bilhões de euros em gastos administrativos, além políticas neoliberais. da demissão de milhares de funcionários públicos. Na Um caso que precisa ser destacado é o cubano, Espanha, o governo aprovou uma nova reforma no pois as atuais reformas de seu modelo econômico setor financeiro, exigida pela Troika (organismo consensejam uma restauração do capitalismo, comprotituído pelo Banco Central Europeu, Banco Mundial metendo, assim, a construção do socialismo naquele e FMI), para que o país receba ajuda para recapitapaís. lizar seus bancos, contemplando a segregação de Quando analisamos a China percebemos a ativos tóxicos das instituições em um “banco podre”, crueldade existente na sociedade capitalista sobre a abrindo caminho para o fechamento de instituições classe trabalhadora. A China é a nação com o maior financeiras inviáveis. desenvolvimento econômico dos últimos 25 anos. O A crise internacional atingiu o Estado de “bem governo e seus aliados imperialistas transformaram estar social”, conquistado pela classe trabalhadora este país na “fábrica do mundo”, pois sua produção é europeia no século XX, ao ocasionar uma queda exportada para todos os cantos do planeta. É normal muito grande no padrão de vida das pessoas. Os goencontrar os produtos “made in China” em qualquer vernos da social democracia, que controlam com mão lugar e com preços bastante acessíveis. Devemos de ferro os sindicatos, através da burocracia sindical, salientar, neste caso, que, quanto mais baixos são os têm conseguido impor os pacotes de austeridade aos preços das mercadorias, maior é a exploração dos trabalhadores. Este cenário de caos tem provocado trabalhadores que a produzem. uma forte reação, a classe sai às ruas quando percebe A China, nesta condição, passou a ser um dos que está perdendo seus empregos, casas, carros, etc. maiores importadores de matérias primas, ou seja, A política econômica imperialista acentua a conde commodities, gerando a dependência financeicentração de renda no mundo, além de intensificar a ra de muitos países. Por isso extrema exploração da classe que, neste período de crise, a trabalhadora, apesar desta Este processo não se deu sem ser a classe que produz a contradições, pois os trabalhadores economia chinesa é observada atentamente por muitos países, riqueza através da venda de destas obras foram submetidos inclusive o Brasil. sua força de trabalho. Os ima condições sub-humanas de A China conquistou o posto perialistas se organizam para de 2ª maior economia mundial, explorar setores econômicos, trabalho com altas cargasreconhecida como a locomotiva como por exemplo, o autodo mundo, com um PIB de US$ mobilístico, o petrolífero, etc. horárias e condições precárias 7,5 trilhões de dólares, que, Quanto à Europa, a cri- de alojamento e alimentação, por sinal, vem retrocedendo, se mundial provocou uma gerando revoltas nos canteiros de só perdendo para os Estados política capitalista de forte Unidos, o que não significou austeridade que gerou cor- obras. Passou a ter movimentos melhores condições de vida tes sociais em muitos países grevistas exigindo cumprimento para os milhões de trabalhadoda União Europeia atingindo res chineses, visto que ocupa a a previdência atingindo a dos direitos trabalhistas 122ª posição em renda per caprevidência, a educação, a pita (soma de todos os salários saúde, a assistência social, os de toda a população dividido pelo número de habisalários dos servidores públicos e até a sua demissão. tantes). Existe muita insatisfação dos trabalhadores Isto desencadeou uma série de manifestações em chineses, no último período houve algumas greves vários países, como Portugal, França, Itália, Espanha por melhor distribuição de renda, que logo foram e Alemanha. sufocadas pelo governo. Paralelo às greves e mobilizações sociais na EuroO governo chinês investiu bastante em tecnologia pa, ocorreram inúmeros movimentos revolucionários para a produção da mais-valia, transformando a vida no mundo árabe, na Tunísia, no Egito, no Iêmen, na dos trabalhadores em um regime análogo à escraviLíbia, na Palestina e na Síria em busca de liberdades dão. Para ter-se uma ideia, os trabalhadores chineses democráticas e melhores condições de vida. Os últilevam em média 15 dias para levantar prédios de 30 mos acontecimentos no Egito e na Síria demonstram andares, em 2000 levantavam duas termoelétricas uma natureza contrarrevolucionária. por semana, e, de 2007 a 2011, foram adicionados Na América Latina verifica-se a limitação do cará19 mil km em trilhos no país. ter social dos governos nacional desenvolvimentistas, Os trabalhadores chineses são expostos a condicomo Argentina e Venezuela, sendo perceptível não ções extenuantes de trabalho, visto que as relações ser uma solução viável para a crise do Capital e suas de trabalho são muito precarizadas. Em janeiro de graves contradições sociais no nosso continente. 2013, na Foxconn, fábrica chinesa de produtos eletrôTais contradições, desigualdade social, desemprego, nicos, principal fornecedora da Apple, trabalhadores concentração de renda, pobreza, fome, violência, mientraram em greve, devido aos baixos salários e às séria, etc., não conseguem ser contidas pelas políticas precárias condições de trabalho. sociais compensatórias destes governos. Na China não existe uma previdência social, isto é, O modelo privatista chileno viu explodir manifesnão existe aposentadoria. As famílias não têm hábito tações estudantis em prol de uma educação pública TESES GERAIS - PÁGINA 75 de gastar, porque têm de economizar para sustentar seus pais e estes retribuem cuidando dos netos. A maioria das famílias poupa e deposita nos bancos, pois existe muita preocupação com o futuro, por isso não existe consumismo. Em 2008, somente 15% da mão de obra chinesa tinha planos de aposentadoria. II– CONJUNTURA NACIONAL Vamos celebrar a estupidez do povo Nossa polícia e televisão Vamos celebrar nosso governo E nosso estado, que não é nação Celebrar a juventude sem escola As crianças mortas Perfeição – Renato Russo O Brasil passou a sentir os impactos da crise internacional em sua economia em 2009. Podemos constatar isso quando percebemos a diminuição das exportações, atingindo a economia nacional. Como houve redução do PIB da China, um dos maiores importadores de commodities (produtos primários) brasileiros, como minério de ferro, grãos etc., o país começa a sentir turbulências no mercado interno. Se a China, que explora o mercado internacional com produtos manufaturados, teve seu PIB reduzido, o que pode a indústria nacional esperar do futuro em meio a uma crise que tem levado a Europa para o precipício? O Brasil, sendo parte dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) e exportador de commodities para os países industrializados, foi o que cresceu menos no último período, pois a indústria nacional parece estar estacionada nestas últimas décadas. Não houve um avanço no número de vagas no mercado de trabalho oferecido pela indústria, devido à subordinação ao imperialismo. O governo Dilma não hesitou em colocar à disposição da burguesia nacional bilhões de reais para atenuar suas dificuldades. A prova disto foi a política econômica adotada pelo Banco Central com a redução da taxa de juros, estimulando o aquecimento do mercado interno. Essa iniciativa levou a classe trabalhadora a endividar-se muito no último período, pois aqueceu o setor imobiliário, entre outros no Brasil e deu a sensação de elevação do poder de compra. Além da redução dos juros, o governo utiliza bilhões e bilhões de reais em obras faraônicas para a copa do mundo que se realizará no Brasil em 2014, e nos setores rodoviários e ferroviários. Estes bilhões trouxeram um fôlego para a burguesia nacional, pois as empreiteiras logo passaram a disputar tais recursos públicos. Este processo não se deu sem contradições, pois os trabalhadores destas obras foram submetidos a condições sub-humanas de trabalho com altas cargas-horárias e condições precárias de alojamento e alimentação, gerando revoltas nos canteiros de obras. Passou a ter movimentos grevistas exigindo cumprimento dos direitos trabalhistas. Mas o processo é ainda mediado, pois os trabalhadores não conseguiram unificar a luta e enxergar um inimigo que consome praticamente metade do orçamento da União, são elementos da ordem econômica e política que comprovam a subordinação do governo às exigências do empresariado, que vive à custa de recursos públicos e do sofrimento do povo trabalhador. A escalada dos lucros das instituições financeiras durante os governos petistas, batendo recordes a cada semestre, é a prova inquestionável do poder que o capital financeiro exerce sobre o Estado brasileiro. A figura deslumbrada de Eike Batista é emblemática da submissão e, ao mesmo tempo, da farsa do desenvolvimento e da ascensão do Brasil ao clube dos países ricos. Como uma espécie de garoto-propaganda das políticas de concessão e privatização do governo, a ruína do império construído à custa de recursos públicos é também o símbolo da opção petista pela política de conciliação de classes. Pois os indicadores sociais desmentem a proGoverno Dilma: a opção petista pelo capital paganda governista: os elementos estruturais da Tanto Lula, em dois mandatos, quanto Dilma, pobreza permaneceram absolutamente incólumes: aprofundaram as políticas neoliberais implemeno latifúndio, a favela, a presença de um contingente tadas no Brasil a partir da década de 1990. Embora equivalente a mais de 1/3 da população economicaem suas campanhas eleitorais o PT insista em fazer mente ativa vivendo no subemprego ou simplesmencomparações com FHC e o que se chamou de “private desempregado. No IDH (Índice de Desenvolvimentaria tucana”, a verdade é que os governos petistas to Humano), o Brasil ocupa o vergonhoso 84º lugar, aprofundaram esta política. atrás de países como Peru ou A reforma da previdência social dos funcionários Esta opção neoliberal foi reafirmada Equador, e muito longe de Chile, Argentina e Uruguai, públicos, exigência dos orgasó para comparar com repúnismos internacionais, logo pela manutenção das políticas de blicas sul-americanas. no início do governo, foi um metas inflacionárias e superávits A grande propaganda do marco desta opção. Também fiscais. O crescimento do mercado “Bolsa-Família” e de que esta a meteórica opção do PT pelo latifúndio. As políticas agríco- interno às exigências da estabilidade política retirou milhões da las e agrárias confirmariam monetária, a defesa da indústria na- miséria e transformou o Brasil em um país de “classe média”, a vitória dos ruralistas e dos grandes grupos econômicos cional à ordem da liberalização com- se desmorona frente aos núque controlam o processo de ercial e a manutenção do pagamen- meros: foram investidos cerca de R$ 20 bilhões, em 2012, produção e comercialização para atender 13,5 milhões de no campo, além do abandono to da dívida pública, que consome da reforma agrária no gover- praticamente metade do orçamento famílias. Por outro lado, a dívida pública rendeu perto de no Dilma, caracterizado pela da União, são elementos da ordem R$ 700 bi para menos de cinco paralisia das desapropriações, mil famílias de capitalistas! é o resultado inexorável desse econômica e política que comproDilma acelera o processo processo. vam a subordinação do governo às de privatização do patrimôA flexibilização e precanio e dos serviços públicos. rização do trabalho iniciado exigências do empresariado, que O PROUNI significa a transfepor FHC: emprego por tempo vive à custa de recursos públicos e rência de bilhões para instituideterminado; liberalidade ções privadas “de caráter duna contratação de serviços do sofrimento do povo trabalhador vidoso”, enquanto escasseiam braçais na forma de empreos investimentos na universidade pública. O leilão do sas jurídicas; jornadas móveis, Lei das Pequenas e Campo de Libra, monumental reserva petrolífera, os Microempresas; desoneração da folha salarial; Lei de grandes aeroportos, além de hospitais universitários, Falência; Avanço das terceirizações. A obsessão em portos, estradas e muito mais estão deixando de reduzir o custo do trabalho revela a opção preferenpertencer ao povo para se transformar em fonte de cial de Lula e Dilma pela superexploração como forma acumulação do empresariado. E tudo financiado com de conquistar a confiança da burguesia. dinheiro público: Para se ter uma ideia, em 2007 o Esta opção neoliberal foi reafirmada pela manuBNDES emprestou R$ 14 bilhões, já em 2013, atingiu tenção das políticas de metas inflacionárias e supeR$ 438 bilhões! rávits fiscais. O crescimento do mercado interno às As alianças políticas espúrias com setores conexigências da estabilidade monetária, a defesa da servadores vinculados à agroindústria, às igrejas e indústria nacional à ordem da liberalização comercial ao grande capital, além de “velhas raposas”, como e a manutenção do pagamento da dívida pública, comum, que é o governo, que dá bilhões de dinheiro público para as empreiteiras e não exige sequer o cumprimento dos direitos trabalhistas. Também as multinacionais brasileiras sofreram o impacto da crise perdendo muita receita, dessa forma aproveitaram para surfar na política econômica do governo Dilma para tentar recuperar parte dos prejuízos com a crise internacional. A tendência, no Brasil, para controlar a inflação é aumentar os juros. O Banco Central vai ser duro nesse aspecto para o controle da inflação. Além disso, o movimento do governo parece ser investimento brutal na infraestrutura, estímulo à produção industrial e rebaixamento dos salários para aumentar a mais-valia. Esse movimento deverá afetar o setor de serviços e aumentar o desemprego no país. TESES GERAIS - PÁGINA 76 Sarney, Michel Temer, Renan Calheiros e tantos outros e também a “farra das empreiteiras”, contratadas para realizar obras faraônicas para a Copa do Mundo, contrastam profundamente com as necessidades urgentes da população na saúde, na educação, no saneamento básico e em muitas outras áreas sociais. A opção de classe do governo se demonstra também na sua escolha em não investigar os crimes da ditadura militar e de sua atuação frente às grandes mobilizações de junho em todo o país. Vendo seus índices de popularidade despencar e colocada no mesmo patamar de Alckmin e Sérgio Cabral, governadores de SP e RJ, onde as manifestações foram muito grandes e persistem até hoje, a reação do governo do PT foi igual à de qualquer outro governo burguês: repressão e criminalização. Com o apoio orquestrado da grande mídia, especialmente a Rede Globo, o Brasil assistiu o governo (meio tonto, é verdade), primeiro, fingir que não estava acontecendo nada. Depois recuou e tratou de conceder migalhas, especialmente baixando centavos nos preços do transporte e por fim, reagindo de forma cruel e autoritária, colocando até mesmo o Exército nas ruas para reprimir a população. Dilma tentou também colocar a “Reforma Política” como a solução de todos os problemas sociais do Brasil. Não colou! Por fim, apostou no poder da mídia, e táticas mais radicalizadas de alguns grupos para criminalizar os movimentos, afinal de contas, será necessário dar uma demonstração de confiabilidade à burguesia para garantir mais um mandato. Mas as lutas continuaram. Uma grande “Greve Geral” chamada pelas Centrais Sindicais, no dia 11 de julho, paralisou muitas capitais. Também no dia 30 de agosto, houve outro dia de paralisações. Greves vêm ocorrendo nos mais variados setores da economia, muitas comandadas pela base das categorias, “passando por cima” das direções governistas. Também nos canteiros de obras das grandes construções, inclusive da Copa, os trabalhadores têm reagido contra as péssimas condições de trabalho a que estão submetidos. O Brasil não sai o mesmo depois das manifestações de junho. O abismo da desigualdade, em um país onde quase 80% da população recebe até três salários mínimos mensais, onde os aposentados veem cair, ano após ano, o valor de suas aposentadorias, onde as pessoas ainda morrem nas portas dos hospitais, não consegue mais passar despercebido. O cotidiano dos trabalhadores diante dos baixos salários, da informalidade, dos transportes precários. A falta de perspectivas para a juventude, a crescente discriminação contra as mulheres, os negros, os LGBTs, são elementos que garantem que a reação vai ser retomada. O povo deve retomar as ruas para exigir melhores condições de vida, para protestar contra a entrega do patrimônio público e os gastos com a Copa. Fazer do Brasil uma verdadeira nação, um país igualitário. Parafraseando Fernando Brandt: “Outros junhos virão!” III – POLÍTICAS EDUCACIONAIS E AVALIAÇÃO DAS GREVES “Tua cor é que eles olham Velha chaga Teu sorriso é o que eles temem Medo medo.” Feira moderna (Beto Guedes) Cabral e Risolia: mais engodos na educação estadual Passados duzentos e vinte e cinco anos da Revolução Francesa e cento e quinze da República brasileira, nossos governantes continuam tratando a coisa pública como se privada fosse (em todos os sentidos) e beneficiando alguns apaniguados através de privilégios dos mais diversos. O Estado, que deveria gerir os orçamentos públicos em prol do bem-estar da sociedade, vem, a cada governo que passa, transferindo altíssimas somas de dinheiro do povo para empresários e banqueiros, que se locupletam das verbas que seriam destinadas especialmente à educação e saúde públicas. Por ocasião dos megaeventos, Copa do Mundo e Olimpíadas, temos observado rios e mais rios de dinheiro público empregados na construção de arenas esportivas e obras de infraestrutura urbana que não deixarão legado algum para a população brasileira. E isto tudo com a conveniência dos governos federal, estaduais e municipais (destacando as grandes metrópoles nacionais), que dispensam até mesmo licitações públicas sob pretexto de agilizarem as obras, que são apenas ágeis em tungar, cada vez mais, o dinheiro do povo. Até mesmo por ocasião da visita do Papa, vimos o emprego das verbas públicas para custear sua recepção e estadia em terras brasileiras, e isto na casa de milhões de reais que poderiam ser investidos na saúde e educação públicas. Alguns podem (nossos governantes) dizer que os megaeventos podem trazer visibilidade internacional ao nosso país e ofertar novos postos de trabalho, e que a visita do Papa ao Brasil requer esses custos por se tratar de um chefe de estado, mas esses mesmos são os primeiros a chorar miséria quando se trata de investir na educação e na saúde públicas. As “jornadas de junho” brasileiras de 2013 parecem querer dar um recado a esses governantes que fazem a farra com o dinheiro público. Milhões de pessoas foram às ruas de inúmeras cidades em todo o país, não apenas movidas pela redução da tarifa de transporte público, mas impelidas pela indignação em ver como nossos governantes cuidam da coisa pública. E sempre apelam para a Lei de Responsabilidade Fiscal para dizer que as contas públicas não vão fechar. Para os investimentos sociais, toda austeridade ainda é pouca. Isto quando não vemos o desvio de dinheiro público para fundações privadas, que apresentam projetos pedagógicos de qualidade duvidosa, e para as firmas terceirizadas que fazem a alegria de empresários e políticos a ela vinculados. As “jornadas de junho” brasileiras de 2013 parecem querer dar um recado a esses governantes Rio de Janeiro? O que ocasionou a piora da qualidade que fazem a farra com o dinheiro público. Milhões da educação pública no estado do Rio de Janeiro, culde pessoas foram às ruas de inúmeras cidades em minando em um penúltimo lugar entre as unidades todo o país, não apenas movidas pela redução da da federação? O que determinou um decréscimo no tarifa de transporte público, mas impelidas pela innúmero de alunos atendidos pela rede estadual nos dignação em ver como nossos governantes cuidam últimos alunos? da coisa pública. Tudo isso pode ser respondido com uma mesma Corrupção, desvio de altas somas de verbas resposta: a política nepúblicas para os megaeventos, oliberal, privatista e de desapropriação de moradias As “jornadas de junho” brasileiras de austeridade, autoritária populares para as obras de 2013 parecem querer dar um recado e opressiva do Governo infraestrutura, gastos ínfimos na educação e saúde públicas, a esses governantes que fazem a farra Cabral. Que não respeita a ausência de uma real política com o dinheiro público. Milhões de autonomia do profissiode valorização salarial, luta pessoas foram às ruas de inúmeras nal de educação, precaripela reforma agrária e urbana, za as condições de trabaausteridade fiscal e crescimento cidades em todo o país, não apenas lho, joga os profissionais econômico refreado sem geraem inúmeras escolas ção de emprego e distribuição movidas pela redução da tarifa de para complementar sua de renda, tudo faz parte da transporte público, mas impelidas carga de trabalho. pauta de reivindicações do povo pela indignação em ver como nossos Que terceiriza as funbrasileiro, cujas manifestações ções antes prestadas vêm sacudir tais governantes governantes cuidam da coisa pública pelos servidores públicos que se encontram nos palácios concursados e reduz seu como acontecia com os reis número inviabilizando o funcionamento adequado absolutistas da época em que estourou a Revolução das escolas. Francesa. Que enxerta projetos pedagógicos alienígenas Esta indiferença dos governantes às reivindicações que transferem verba pública e fazem a alegria dos populares explica seus altos índices de impopularidadefensores da mercantilização da educação, comprode e de rejeição por parte dos cidadãos, como vemos metendo a educação verdadeiramente pública e de com a presidente Dilma Rousseff, o governador Caqualidade para todos. bral, este com apenas 12% de aprovação satisfatória, Que reduz a grade curricular devida aos discentes, e o prefeito Eduardo Paes, também em queda no com a aplicação do chamado currículo mínimo, que julgamento popular. significa a negação do conhecimento às crianças e joEntretanto, o governador Cabral, apesar dos vens fluminenses, como acontece com a vergonhosa protestos pela sua saída, vem com seu secretariado redução da carga horária de Filosofia e Sociologia. se esmerando em destruir a educação pública de Que ataca o nosso Plano de Carreira, estabelecenqualidade em nosso estado. do gratificação variável, bônus, outras gratificações, Seu secretário de educação, Wilson Risolia, ecovale isso e aquilo e demais penduricalhos que não nomista de formação, mostra-se insensível à pauta contam para a sua aposentadoria nem garantem a de reivindicações do SEPE, construída coletivamente justa valorização de todos os profissionais de edupela categoria dos profissionais, para fazer avançar cação. a educação pública de qualidade, gratuita, universal Que implementa provas que deveriam ser mee laica. ramente diagnósticas, mas que têm como objetivo O citado secretário pensa apenas em números, tão somente culpabilizar os profissionais de educadados e estatísticas, como se fosse possível mensurar ção pelas mazelas da educação ao atrelar possíveis a qualidade de educação através de provas como o recompensas pecuniárias ou ganhos salariais ao SAERJ, que não levam em conta a realidade precaridesempenho dos alunos. zada das escolas, nem a peculiaridade das inúmeras Assim sendo, essa proposta vem precarizar ainda comunidades escolares espalhadas pelo estado. mais a educação pública no nosso estado, impedindo Quer apenas fazer uso desses números como mera que nossas crianças e jovens tenham de fato direito a propaganda política, para poder ilustrar um avanço na uma educação de qualidade, pois negam aos alunos educação que se mostra irreal e fantasioso, resultado não só o conhecimento como também o contato de suas ações à frente da Secretaria de Educação com profissionais habilitados, ainda mais numa fase (SEEDUC). do aprendizado em que é fundamental esse convívio Agora, mais um engodo é perpetrado pela SEEenriquecedor entre aluno e professor, em que nossos DUC. A apresentação de uma proposta de Educação jovens ainda não estão ainda amadurecidos o sufià distância para a educação básica, que institui um ciente para tal autonomia tão propalada. percentual de 20% de aulas semipresenciais para Por isso, defendemos uma pauta de reivindicações os alunos. A argumentação do Secretário é de que que propõe concurso público já para professores e faltariam professores. funcionários administrativos, com plano de carreira Mas, esperem! O que foi responsável pela carênunificado, com política salarial atraente, que mancia de profissionais de educação na rede estadual do TESES GERAIS - PÁGINA 77 tenha os profissionais na rede, e que se respeite o direito de uma lotação para cada matrícula, pois o fato de termos muitos profissionais dando aula em diversas escolas ao mesmo tempo compromete a qualidade do ensino. Além disso, a falta de condições de trabalho e o excesso de alunos em sala de aula impedem qualquer desenvolvimento satisfatório do trabalho pedagógico. Fora disso, qualquer projeto pedagógico vem a ser mero oportunismo político, pois não se estará de fato realizando a tão desejada inclusão, mas no máximo uma inclusão subalterna, dependente e que não cria um cidadão verdadeiramente emancipado, mas apenas massa de manobra de governos descompromissados com uma educação verdadeiramente pública e de qualidade para todos. E essa realidade, para se tornar concreta, demanda fortes investimentos na EDUCAÇÃO PÚBLICA, educação é algo muito caro e fundamental na formação de homens e mulheres de qualquer sociedade. Considerações sobre a Rede Municipal do Rio de Janeiro Todos os dias quando acordo, Não tenho mais o tempo que passou Mas tenho muito tempo: Temos todo o tempo do mundo. Todos os dias antes de dormir, Lembro e esqueço como foi o dia: “Sempre em frente, Não temos tempo a perder”. Tempo Perdido – Renato Russo Toda e qualquer consideração sobre as mobilizações que se avizinham precisam levar em conta as vivências e novos paradigmas que a greve histórica de 2013 da rede municipal nos trouxe, sem desprezar as experiências produzidas historicamente pela categoria e o seu sindicato representativo, o SEPE. E, é a partir da análise da conjuntura em que vivemos, com uma nova realidade socialmente construída, somada àquilo que o SEPE e a categoria possuem de bagagem histórica das muitas lutas já travadas. O ano de 2013 representou uma marcante viragem nas lutas travadas pela Rede Municipal do Rio de Janeiro. Eram 19 longos anos de letargia em que se encontrava a categoria dos profissionais de educação. Isto não quer dizer que os profissionais de educação não buscavam fazer frente à política educacional nociva dos sucessivos governos de caráter neoliberal e a serviço do capital, mas, apesar de confrontos episódicos, como os ocorridos na época da aprovação Automática (2007) e na da Reforma da Previdência (2011), não tinha acontecido um embate de grandes proporções, a ponto de se questionar tão decisivamente o projeto de educação da Prefeitura do Rio de Janeiro, que, diga-se de passagem, não é apenas local. Tal projeto tem origens mais amplas, pois vários Estados da federação o implementam, assim como também é um programa nacional, que segue uma lógica do capital internacional, ávido por tornar a educação uma mercadoria como qualquer outra que que há uma pauta universalizante que une toda a possa lhe garantir a sua reprodução ampliada. categoria, mas é urgente que se estabeleça um coEntretanto, o maior mérito do movimento grevista mando mais eficaz quanto à busca do atendimento de 2013, na cidade do Rio de Janeiro, um dos mais das diferenciadas reivindicações. importantes palcos dos Megaeventos, como a Copa E, ainda dentro da questão dos funcionários do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, oporadministrativos, é importante que se possa frear o tunidades abertas à reprodução do capital em larga processo de terceirização em curso, pois isso não escala, foi ter colocado em xeque uma concepção apenas representa uma intensificação brutal da ideológica de educação a serviço do capital, onde a exploração do trabalho desses profissionais, como desigualdade social se eterniza como algo natural. permite uma vulnerabilidade maior do serviço púÉ importante salientar o papel que as jornadas blico da educação, quando não são mais realizados de junho de 2013 tiveram na mobilização do povo os concursos públicos. brasileiro, fluminense e carioca por educação, saúde, Daí a importância de se estabelecer, de forma transporte, moradia e mais oportunidades de emfirme, como pauta a realização periódica de processos prego. Isso demonstra cada vez mais a incapacidade públicos de seleção para o ingresso de funcionários de o governo Dilma Rousseff (PT-PMDB), de Frente que possam ter vínculos realmente efetivos com as Popular, e outros na esfera estadual e municipal, de comunidades escolares na cidade do Rio de Janeiconseguirem conter as crescentes demandas sociais ro, o que garante uma maior excelência do serviço por uma política real de distribuição da riqueza sopúblico como direito da cidadania. Ao lado disso, a cialmente produzida. implementação de um plano de carreira unificado O movimento de greve de 2013 na Rede Municipal que venha servir de alicerce para a educação pública do Rio de Janeiro, embora tenha eclodido sob a égide como direito e não mercadoria. das jornadas de junho, não foi consequência direta A Greve de 2013 também colocou na ordem do destas mobilizações, pois foi resultado de demandas dia outras questões prementes, além da meramente contidas e represadas já há algum tempo durante financeira ou salarial, como as condições de trabalho sucessivos governos. nas escolas para os profissionais de educação, a pauta A Grandiosa Greve de 2013 pôs a nu as conpedagógica (como a redução do número de alunos tradições da política educacional meritocrática da por turma), o plano de carreira e a crítica a uma condupla Paes/Costin, além de permitir o início de uma cepção mercadológica da educação, padronizante e contra-hegemonia importante a uma concepção de que se baseia nos indicadores educacionais, como educação neoliberal, produtivista, padronizante e que IDEB, PISA etc. não busca a emancipação O fato de a Greve de 2013 humana. A Greve de 2013 também colocou ter ultrapassado a mera pauta Daí a importância de “corporativa” permitiu um se estabelecer, de forma na ordem do dia outras questões apoio ou adesão da sociedade firme, como pauta a realiza- prementes, além da meramente civil ao movimento paredista, ção periódica de processos financeira ou salarial, como as que o tornou ainda mais forte, públicos de seleção para permitindo alcançar, senão o ingresso de funcionários condições de trabalho nas escolas que possam ter vínculos para os profissionais de educação, a tudo o que pretendia, inúmeras conquistas para a categoria realmente efetivos com as pauta pedagógica (como a redução dos profissionais de educação. comunidades escolares na A Greve de 2013 poderia, cidade do Rio de Janeiro, o do número de alunos por turma), pelo que foi dito acima, ter que garante uma maior exacabado em 23 de agosto se os celência do serviço público o plano de carreira e a crítica a objetivos fossem meramente como direito da cidadania. uma concepção mercadológica da salariais. O movimento de Ao lado disso, a implementaeducação, padronizante e que se Greve do Rio de Janeiro em ção de um plano de carreira baseia nos indicadores educacionais, 2013 colocou a luta em prol da unificado que venha servir educação pública de qualidade de alicerce para a educação como IDEB, PISA etc. em um nível mais elevado de pública como direito e não consciência, pois fugiu aos mercadoria. aspectos meramente pecuniários. Isto foi um alerta Outra importante conquista da greve de 2013 foi que a própria categoria deu ao SEPE. a confirmação, na luta, da unificação da categoria Durante a Greve de 2013, ficou evidente que o como profissionais de educação, incluindo desde os discurso da prefeitura em busca de qualidade na professores até os demais servidores da educação, educação era falacioso. O fato de o SEPE e a categoria merendeiras (cozinheiras a partir de então), agentes terem, como prioridade na pauta, a climatização do auxiliares de creche, serventes, secretários escolares, ambiente escolar, a questão da grade curricular dos inspetores etc. 6 tempos, a reafirmação do 1/3 de planejamento e a Óbvio que a condução da greve apresentou proredução do número de alunos por turma e a subseblemas devido às inúmeras pautas de reivindicação quente reivindicação pela construção de novas unipara os diferentes segmentos da categoria, o que dades escolares desmistifica a realidade “maquiada” precisa ser melhor equacionado pelo SEPE. Claro TESES GERAIS - PÁGINA 78 ao estabelecer um único profissional trabalhando que era vendida pelo governo municipal Paes/Costin em substituição de outros. É negar ao filho da classe nas suas inúmeras e caras propagandas televisivas. trabalhadora o acesso a conhecimentos sociais neO SEPE e a categoria apontaram para a necessidacessários à preparação para o trabalho e a formação de de melhores condições de trabalho nas escolas e da cidadania. creches, com menos alunos por turma, a contratação Há também uma intenção da prefeitura (mas (mediante concurso público) de mais profissionais também de outras redes pelo país afora) diante da que possam garantir que o atendimento seja apercarência real de profissionais devido à baixa valorifeiçoado e para que a prática pedagógica seja mais zação da carreira do magistério, de supri-la com a efetiva em termos de real avanço na qualidade do migração forçada para o regime de 40h. ensino ministrado. Deve ficar claro para a categoria que o “canto de A greve de 2013 também centrou fogo na política sereia” das 40 horas não é a solução para os problemeritocrática da Prefeitura do Rio de Janeiro. mas salariais, mas o agravamento das condições de Política nociva, com apostilas de qualidade duvitrabalho e do padrão da qualidade de vida, pois visa dosa, que inibem a autonomia do professor tão funa uma intensificação brutal da exploração do trabalho damental para o fazer pedagógico verdadeiramente do professor e que impede também a melhoria da criativo e emancipador; com suas provas padronizaqualidade das aulas dadas, visto que o número alto das, cujo conteúdo não leva em conta a necessidade de horas com turmas inviabiliza um trabalho pedagódo trabalho pedagógico diferenciado segundo a gico eficaz. O próprio aperfeiçoamento na profissão diversidade do contexto sociocultural das inúmeras através de cursos de pós-graduação fica prejudicado, comunidades escolares da cidade; com índices eduo que também afeta na busca de uma melhor quacacionais que se tornam o objetivo em si mesmo da lidade na educação para educação de “resultados”, em nossos alunos. Daí a fundaque os diretores das escolas A luta é árdua e longa, mas a mental importância da luta são meros gestores reféns categoria deu mostras de que é em busca de um plano de (e também aos professores) de uma política de educação possível transformar realidade social carreira: a valorização real do profissional de educação que visa a eficiência da es- tão embrutecedora. É fundamental independente de quaisquer cola como se fábrica fosse, governos e uma educação espaço social desprovido da mantermos tão forte mobilização sua humanidade criativa, mas social em torno de questões tão caras pública realmente de qualidade para as camadas tão somente produtora de à sociedade brasileira como a questão populares da nossa cidade. números e estatísticas. Os profissionais de eduÉ uma ideia de educação da educação pública de qualidade em cação do Rio de Janeiro, demeramente quantitativa, que um ano em que o Brasil vai ser vitrine pois do movimento grevista não prioriza a qualidade da de 2013, encontram-se, mesma e o real aprendiza- internacional devido à realização da portanto, na vanguarda da do dos alunos. Tal política Copa do Mundo da FIFA luta nacional pela educação educacional se inspira nos pública de qualidade, laica e exames internacionais, cuja universal, no combate às políticas meritocráticas que eficácia para o avanço da qualidade da educação é se tornaram hegemônicas na educação nos últimos questionada até mesmo pelos países desenvolvidos no Brasil. que deles participam. Não podemos pautar nosso E isto somente se tornou possível pelo fato de sistema educacional em realidades sociais e nacionais ter sido uma Greve de Massas, com multidões nas tão diferentes da nossa. ruas, enfrentando a repressão (policial) do aparelho Outro ponto importante que a Greve de 2013 do Estado – que atende a uma política privatista da atacou foi a urgência da implementação de um plaeducação que beneficia o capital –, alertando a sono de carreira unificado para todos os servidores da ciedade civil para a questão dramática da situação da educação, que estabeleça princípios de valorização educação pública no nosso país, uma educação que real da carreira e que deem garantia e segurança para não tem caráter social realmente inclusivo, mas que os profissionais de educação. perpetua as desigualdades e faz com que estruturas O combate principal travado pela categoria em sociais e econômicas antigas sejam repetidamente torno do plano de carreira foi contra o professor reproduzidas. polivalente e a equiparação salarial dos diferentes A luta é árdua e longa, mas a categoria deu mosregimes de trabalho (16h, 22h e meia, 30h e 40h). tras de que é possível transformar realidade social tão O professor polivalente ou PEF (professor de embrutecedora. É fundamental mantermos tão forte ensino fundamental) é mais uma impostura dessa mobilização social em torno de questões tão caras prefeitura, pois acaba com o professor especialista, à sociedade brasileira como a questão da educação mas coloca em seu lugar um profissional que estaria pública de qualidade em um ano em que o Brasil vai apto a trabalhar diferentes conteúdos de diversas ser vitrine internacional devido à realização da Copa disciplinas. Isto tudo significa a desqualificação do do Mundo da FIFA. professor, o rebaixamento da qualidade da educação O resgate dessa história se faz necessário, e o ano ministrada em sala, a desvalorização do professor TESES GERAIS - PÁGINA 79 de 2014 celebra 50 anos de um episódio – o Golpe Civil-Militar de 1964 – que contribuiu para barrar, mas não destruir o sonho de uma educação verdadeiramente popular e democrática que tornasse as massas trabalhadoras no Brasil sujeito histórico soberano e emancipado. IV– PERSPECTIVAS DE LUTAS PARA AS REDES “Os sindicatos são a escola do socialismo e, sem pressenti-lo tornaram-se eixo da organização da classe proletária, assim como as municipalidades e paróquias medievais o foram para a burguesia. Se os sindicatos são indispensáveis às guerrilhas cotidianas, entre o capital e o trabalho, não o são menos importante como um meio organizado para abolição do próprio sistema de trabalho assalariado.” (Karl Marx) Sob o signo das Jornadas de junho de 2013 nas quais eclodiram, revoltas, paralisações e greves em diversas redes municipais trazem para a realidade deste ano a possibilidade de uma série de mobilizações. Os exemplos das greves das redes municipais do Rio de Janeiro mostram que onde há trabalho de base, as lutas e vitórias certamente ocorrerão Neste sentido, uma das principais prioridades do nosso sindicato é criar condições políticas, financeiras e materiais para que a luta em defesa da escola pública e contra os governos neoliberais aconteça ainda neste primeiro semestre. Nós da Construção Socialista usaremos todas as nossas energias nos lugares onde estamos organizados e dirigimos o Sepe para que a mobilização seja a nossa principal bandeira, pois outros junhos virão! V- REORGANIZAÇÃO SINDICAL “ As melhores vanguardas exprimem a consciência, a vontade, a paixão a imaginação de dezenas de milhares de homens...” (Lênin) O SEPE, nesta longa trajetória de lutas, mostrouse sindicato independente e autônomo aos governos, partidos e patrões. O rompimento e desfiliação da CUT, a ruptura com a CNTE, foram como prova a realidade as decisões mais acertas para um sindicato que tem na sua autonomia um imperativo categórico! A CUT, a CNTE, toram-se corrêas de transmissão do governo federal! O último Congresso da CNTE, realizado em janeiro deixa muito claro qual é o papel desta Confederação.] Para nós da Construção Socialista, é estratégico o processo de reorganização do movimento nacional dos trabalhadores da educação básica! Não podemos ter a ilusão de que as participações dos setores de oposição na esquerda nestes espaços irão alterar os rumos da adesão ao governismo. Neste sentido, apoiamos o encontro dos trabalhadores da educação básica e da educação superior capitaneados por várias entidades como o ANDES, a CSP CONLUTAS, o SEPE e setores combativos do movimento sindical. O SEPE tem a missão neste protagonismo de contribuir para reorganização do movimento sindical autônomo e combativo da educação básica. Nós da CS que assinamos esta tese, nos organizamos na CSP Conlutas. Porém entendemos, que a reorganização, passa também por todos os setores, que desde a tragédia do Conclat se dispersaram. O Sepe, que se desfiliou da CUT e da CNTE, tem sido a ponta de lança em defesa de um sindicalismo autônomo e combativo. Entendemos, também, que a CSP Conlutas pode cumprir este papel de unificar os setores combativos que repudiam o governismo da CUT e da CNTE. Por isso, apresentamos para o XIV Congresso Ordinário proposta de filiação do Sepe/RJ à CSP Conlutas. Não mediremos esforços para que a esquerda combativa se reorganize. Unir todos que combatem o peleguismo, o governismo e a traição da CUT e da CNTE , é a nossa principal tarefa deste período! VI- ESTATUTO “Porque não é um órgão público de poder, o Sindicato não poderia se transformar em organização de Estado coercitiva...” (Lênin) Seguindo a ordem dos Artigos a serem alterados a Construção Socialista defende a seguinte formulação sobre a questão estatutária: O primeiro Parágrafo do Artigo 58 do Estatuto determina a forma de proporcionalidade no Sindicato. A Construção Socialista propõe a seguinte mudança para este primeiro Parágrafo: “As Diretorias do SEPE Central, Núcleos, e Regionais serão eleitas pela aferição dos votos válidos depositados em urna, excluídos os votos brancos e nulos, conforme proporcionalidade qualificada que possua o seguinte patamar de composição: com duas (2) chapas apenas 20% dos votos é o patamar mínimo para compor as Direções em disputa e com três (3) ou mais chapas por patamar mínimo é de 10% para compor as referidas Direções”. Objetivo é de retomar uma proporcionalidade qualificada que possua Patamar de Entrada. Art. 40 – No tocante a composição colegiada da Direção Estadual do SEPE, deverá constar a seguinte alteração: 4 (quatro) diretores de assuntos ligados aos funcionários administrativos e 7 (sete) coordenadores do interior, sem que haja alteração no número total dos 48 (quarenta e oito) diretores que formam a já citada Direção. Aos aposentados deverá ser garantido o direito de voto em qualquer urna de votação, fixa ou itinerante. A contribuição sindical dos filiados, após aposentadoria, deverá ser mantida no núcleo de origem de filiação. Modifica-se o inciso III do art. 64, que passa a ter a seguinte redação: a partir do processo eleitoral do ano de 2015, o dirigente só poderá permanecer por dois mandatos consecutivos no Sepe Central e três consecutivos para núcleos e regionais, não havendo empecilho para uma nova candidatura após interregno de um mandato. Art. 65 – “Caso algum membro da Diretoria Estadual ou Municipal assuma cargos legislativos ou no Executivo, seja municipal, estadual ou federal, sua permanência no cargo dependerá da aprovação do Conselho Deliberativo, ad-referendum de Assembleia Geral.” – Propõe-se a seguinte alteração: Caso algum membro da Diretoria Estadual, de Núcleos ou Regionais assuma cargos comissionados, seja no Legislativo, seja no Executivo, seja municipal, estadual ou federal, deverá imediatamente licenciar-se do cargo que ocupa nas direções do SEPE, enquanto estiver ocupando os cargos acima referidos. Art. 81 - O Diretor deverá permanecer com a licença sindical por um período renovável no máximo por mais um período, ou seja, por 2 (dois) mandatos. Justificativa: O objetivo é garantir o direito de o Militante poder contribuir com o mandato Sindical, porém, que garanta também que o mesmo não fique eternamente na estrutura do Sindicato, correndo risco de burocratização e possa retornar para o seu local de trabalho, ou para a Base. Art. 82 – Deverá, também, constar um item que assegure que nenhum Diretor do SEPE Central tenha prejuízo financeiro no exercício de suas atividades sindicais mediante comprovação de despesas, seja, de transporte, alimentação, hospedagem, etc. ASSINAM ESTA TESE RIO DE JANEIRO: Telma Luzemi de Paula Souza (Regional 1), ), Ângela Maria de Oliveira Magalhães Pinto, Armindo Lajas dos Santos, Dulcinea Lima Pereira, Kátia Machado Botelho, Maria Lúcia de Oliveira Queiroz, Marcelo Ferreira de Sant´Anna, Miriam Elizabeth Gomes Pinheiro (Regional 7), Elisabete Baptista, Alessandra Regina Oliveira, Wesley Sperandio, Silvia Labriola, Luci Ana Sarpi, Luciana Rodrigues, Vania Soares, Carlos Joney, Jorge Luiz Ferreira Fernandes, Lucianne Nascimento Amanda Nobre, Katia Reis (Regional 2) PETRÓPOLIS: Rosimar Silveira Pinto,Luiz Carlos de Souza Dias, Claudete Neves Bernardo, Maria Francelina Fragoso da Silva, Joana D´Arc Gomes Cristovam MESQUITA: Viviane dos Santos, Angela Cordeiro da Silva, Armindo Pereira Caetano, Barbara Rocha Raia, Caren de O. Pesite, Douglas Medeiros, Élida do Nascimento Rocha, Fernando Silva Lengruber, Keila Cristina de S. Pavão, Lilian Aguiar de Araújo, Lísia Batista da Costa, Lucia Cristina Sant´Anna de Lima, Luciana Lima, Luis André S. de Lima, Manoel Fernando da Silva, Marília Domingos de Souza, Mauro Edi Junior, Michele Santos de Souza, Mônica Valéria Sampaio, Raquel Marques Silva, Rita Bolzan Nascimento, Ronaldo Silva, Rui Marlene Marins Machado, Silvana Almeida dos Santos, Vitória Régia da Silva, Mônica Afonso SÃO PEDRO DA ALDEIA: João Batista, Angela Cordeiro da Silva, Armindo Pereira Caetano, Barbara Rocha Raia, Caren de O. Pesite, Douglas Medeiros, Élida do Nascimento Rocha, Fernando Silva Lengruber, Keila Cristina de S. Pavão, Lilian Aguiar de Araújo, Lísia Batista da Costa, Lucia Cristina Sant´Anna de Lima, Luciana Lima, Luis André S. de Lima, Manoel Fernando da Silva, Marília Domingos de Souza, Mauro Edi Junior, Michele Santos de Souza, Mônica Valéria Sampaio, Raquel Marques Silva, Rita Bolzan Nascimento, Ronaldo Silva, Rui Marlene Marins Machado, Silvana Almeida dos Santos, Vitória Régia da Silva CACHOEIRA DE MACACU: Mário Sérgio Martins, Iraci Bernardo da Silva VALENÇA: Danilo Garcia Serafim, Camila Guarini, Luciana Leoni, Amanda Azevedo, Chico da Serra, Luciana Novaes, Sheila Félix, Luiz Cesar da Silva Lima Jr., Jaqueline Silva, Hilda Santos, Cláudia Novaes, Ivone Galdino, Creuza Victorino NOVA IGUAÇU: Valdir Vicente Oliveira, Augusto TESES GERAIS - PÁGINA 80 José Ribeiro, Gloria Regina B. Silva, Jane da S. A. Oliveira, Jomaria de Souza Santos, Lizete Barros, Miguel Santos Alves, Roselaine Galdino da Silva, Severino Batista de Oliveira, Laiz Michis, Barbara Raia SEROPÉDICA: Angelita Lauria de Barcelos, Arlete lauria de Barcelos, Celia Polate, Silvio, Darci da Penha Pereira, Deborah Pascoal, Ivan-Ciep-155, José Eloy, Katia Cristina, Mara Lucia, Maria Amalia, Maria Aparecida, Maria de Lourdes Conceição, Maria de Lourdes, Maria Lindinalva, Nelma Polate, Penha, Rita de Cássia, Rosangela de Oliveira Martins, Rosimar, Célia Polate, Maria de Fátima da Silva, Irlette Braga da Trindade ITAGUAÍ-RJ: Abel Ferreira da Silva, Claudia Ferreira, Eliane de Campos, Eloisa Christina de Souza, Eva M. da Silva, Francisca M. O. de Azevedo, Joana Regina Flauzino, Jupira Dias da Silva, Mirian de Almeida, Neide R. da Silva, Nelia Paula de Oliveira, Noemia de Morais, Raquel Guedes, Solange dos Santos Gomes, Arlinda, Dalila Velasco de Oliveira, Marianilde Siqueira Gonçalves, Dulce da Silva Figueira, Marília Neves, Glória Nunes, Sônia Maria Dias da Silva, Maria Edwirges do Rosário Silva, Lúcia H. Toezani, Margarete, Paulo César, Irene Chaves da Silva, Alexande Conrrodo Tese 14 CONJUNTURA E HISTÓRIA RECENTE Tese para o XIV Congresso do SEPE - Coletivo de Independentes CONJUNTURA E HISTÓRIA RECENTE Não nos interessa fazer uma análise de conjuntura com a simples intenção de pré-estabelecer defesas de alguma agremiação partidária ou ataques aos governos e seus partidos. No entanto, será impossível não tratar, no decorrer desta tese, das relações políticas entre o sistema sindical, partidos e governos. Por outro lado, também, não gastaremos muito tempo do leitor com debates teóricos sobre que linha do socialismo (anarquismo, comunismo, leninismo, trotskysta ou stalinista) é a No non No non mais correta. Sabemos que este é um debate importante No non No non e também temos clareza de estarmos apresentando uma No non No non tese para o congresso do SEPE e não para um debate No non No non universitário ou partidário. No non No non Estamos inseridos em todos os sentidos (seja indivi- No non No non dual ou socialmente, no trabalho ou na luta sindical, no campo ideológico ou econômico) na sociedade capitalista, e esta tenta nos impor a sua perspectiva de transformar tudo em uma mera mercadoria. Tanto faz que seja um objeto como um livro ou um caderno ou algo ainda mais essencial como o atendimento de saúde, educação ou ainda a água. Para o capitalismo e seus empresários, o que importa é o lucro e não a satisfação (bem) social. Até um trabalhador não é visto como pessoa, mas, sim, no que ele tem e que pode servir como mercadoria aos senhores do capital, ou seja, a sua força de trabalho. Não é por nada que os meios de comunicação tradicionais vivem a clamar por uma educação que forneça força de trabalho para as empresas dos diversos setores. O que interessa não é a formação de seres humanos críticos, mas, sim, a produção de mão de obra para servir ao capital e que, em grande quantidade, torna-se mais barata. Por isso, também, a permissão de se abrir diversas escolas privadas, inclusive de terceiro grau, com a finalidade de jogar no mercado de trabalho um gigantesco número de profissionais que possam disputar entre si os baixos salários oferecidos. A depender do empresariado, voltaremos ao início do século XX com sua exploração ainda mais contundente e, de preferência, sem nenhuma contestação, sem nenhum movimento social, sindical ou não. Educação para criar homens-robôs, força de trabalho pacífica é o que desejam. Aparelho Ideológico de Estado e seu sistema reprodutivista é o que tentam impor, mas, No non No non no entanto, educadores saque a educação pode No non No non bem ser também um aparelho No non No non de hegemonia onde a classe trabalhadora disputa No non No non com sua visão de mundo. No século XIX e início No non No non de século XX, o empresariado (também conhecido No non nos livros didáticos como burguesia ou classe dos capitalistas) impunha aos trabalhadores além da exploração salarial, um sistema social perverso onde os direitos eram quase nenhum. Por outro lado, isto forçava os trabalhadores do campo e da cidade a terem que se organizar para impor também seus interesses. Foi na luta de classes que conseguimos diversos direitos que ainda hoje lutamos para preservar e/ou ampliar. Férias remuneradas, aposentadorias, final de semana remunerado, direito à sindicalização e organização política, direiTESES GERAIS - PÁGINA 81 to à educação pública, laica e gratuita, são exemplos de conquistas dos trabalhadores, não de presentes oferecidos pelos legisladores ou governos. Mas para estas conquistas acontecerem muitos trabalhadores perderam suas liberdades e/ou suas vidas. E isto, independente da posição política que possuíam: tanto podiam ser trabalhistas, anarquistas ou comunistas. Se combativo fossem, o risco era o mesmo. Mas foi com estes bravos lutadores do passado (que também foram chamados de radicais) que conseguimos duas ferramentas fundamentais para a nossa defesa na luta de classes: os partidos políticos revolucionários e os sindicatos. Aqueles com a visão mais geral da luta política, estes dentro da especificidade local e profissional. Aqueles mais preocupados com a organização dos trabalhadores para derrotar o sistema capitalista e seu projeto de nos manter como “escravos assalariados”, estes possibilitando que cada fração da classe trabalhadora conquiste direitos específicos e que possa aumentar seus ganhos salariais. De uma forma ou de outra, uma tarefa fundamental era favorecer o desenvolvimento de uma consciência classista. Desta forma, partidos revolucionários (se realmente revolucionários) e sindicatos são partes do processo de autoeducação da classe trabalhadora. Ainda no século XX, temos as duas grandes guerras mundiais nos mostrando que o sistema capitalista é um problema em si mesmo. Ele não só produz riquezas em quantidade que não podem ser consumidas com os salários que oferecem aos trabalhadores, como também é um sistema que cria a “produção destrutiva” e que põe em risco o meio ambiente, principalmente com suas ferramentas e máquinas de matar outros homens. Indústrias nascem e criam tecnologias com base nas guerras e delas precisam para se desenvolver. A guerra mundial ainda é uma ameaça constante e cada vez mais se potencializa a partir do Oriente Médio em transformação. Sunitas ganham corpo no mundo e possibilitam, inclusive, o recente acordo (antes algo impensável) entre os EUA e o Irã xiita. Mas ela, a guerra, está lá a nos ameaçar em nome do capital. No século XIX, com a Comuna de Paris de 1871, os trabalhadores conquistaram a cidade, mas foram derrotados posteriormente, demonstrando os limites da luta localizada. Mas foi no final da primeira guerra mundial que surgiu uma primeira vitória de fato de um partido revolucionário: em 1917, na Rússia, o partido bolchevique impõe a primeira derrota em um país do sistema capitalista. No entanto, a burocratização crescente do partido e do Estado em formação, somada às diversas guerras (a revolucionária até 1924 e a Segunda Guerra) enfrentadas, limitaram as possibilidades da classe trabalhadora de construir uma república sem exploradores e dominadores. Esta se percebeu, apesar de algumas conquistas, controlada pela burocracia que passou a usufruir do Estado. Muitos burocratas tornaram-se, com o final da URSS em 1992, proprietários e sócios de empresas que foram privatizadas e que antes eram estatais. Além disso, com o stalinismo, forjou-se em fevereiro de 1945 o acordo de Ialta (Criméia) entre a Rússia e os EUA (mais a Inglaterra). Neste acordo, apesar da manutenção de retóricas agressivas, o mundo passou a ser dividido em zonas de influência onde a maior parte (incluindo a América Latina) ficou sob a tutela da potência capitalista e a menor parte sob a tutela soviética. O objetivo stalinista era defender o estado burocratizado soviético No non No non e a sua teoria de socialismo em um só país. Tal acordo No non No non levou os partidos chamados No non No non de comunistas à conciliação com diversos partidos ca- No non No non pitalistas no mundo. Podemos, por exemplo, lembrar, No non No non que, no Brasil, o velho PC (Partido Comunista) se aliou No non No non ao ditador capitalista Vargas. Ainda hoje, acontece o mesmo com PCdoB se aliando ao governo do PT e propondo defesas dos interesses de latifundiários. É a velha conciliação, que tem como objetivo proteger o interesse da burguesia e travar a luta dos trabalhadores (também chamada de frente popular). E isto acontece também na direção do SEPE (PSTU, PSOL, PT, PCdoB) que também passou a se nortear pela conciliação: vimos nas greves dos educadores do ano passado no Rio, a direção tentando frear o movimento grevista para conciliar com os governos do PMDB-PT. A burocratização os uniu: apesar de serem de chapas e partidos que se dizem em conflitos, conciliam entre si e com os governos. Interessante observar que era o PT (do qual faziam parte os grupos que fundaram o PSTU e o PSOL) que nos anos 80 enfrentava nos sindicatos os pelegos e os partidos comunistas. O partido (PT) os combatia se colocando claramente contra a conciliação proposta pelo governo da Nova República e empresários. No entanto, o que vemos hoje são discursos em defesa dos governos e da governabilidade. No SEPE, todos participam da direção e a base da categoria não consegue diferenciar um grupo do outro. Mas realmente não há como diferenciar aqueles que possuem práticas tão serviçais diante dos governos e dos juízes. É por isto que se unem para terminar as greves e propagar o medo para as bases. De qualquer forma, a Revolução Russa mostrou que o capitalismo podia ser derrotado, como mais tarde ocorreu também em diversos países, como na China (1949) e em Cuba (1959). Estas derrotas, apesar da crítica que se deve fazer à burocratização criada contra os trabalhadores destes países, foram fundamentais para a criação do chamado “acordo Keynes” e a formação dos Estados de Bem Estar Social. É um período que foi até finais dos anos 1960 e que possibilitou crescimento econômico do capitalismo, principalmente dos EUA, Europa e Japão e, ao mesmo tempo, facilitou que a classe trabalhadora realizasse, através de suas lutas, diversas conquistas. É nesse contexto que a educação básica e pública começa a se universalizar no Brasil. A reforma educacional feita pela ditadura empresarial-militar em 1971 ampliou o número de anos de escolaridade (de quatro para oito) oferecido No non No non para a população dos grandes centros urbanos. No No non No non entanto, era uma educação seletiva e que não chegava No non No non a toda a população pobre e, No non No non por outro lado, incentivava-se a criação de escolas parNo non No non ticulares que vendiam aulas como meras mercadorias, No non visando o lucro e prestando um serviço de péssima qualidade na maioria dos casos. O ciclo de crescimento econômico tende a cair desde o início dos anos 1970 e, com isto, entramos, segundo alguns teóricos, em outra fase do capitalismo. Desde então, com a implantação do chamado (neo)liberalismo e principalmente a partir dos governos Reagan (nos EUA) e Thatcher (Inglaterra), o empresariado tenta recuperar terreno na luta de classes de duas formas: 1) retirando as conquistas dos trabalhadores (como fizeram os governos FHC e Lula ao modificarem a aposentadoria do setor público, obrigando os servidores a trabalharem por mais anos, contribuírem por mais tempo, e com um teto menor e que tende a diminuir; 2) lutando pela privatização do que antes era estatal ou coletivo. Privatizam-se tudo que é possível. A água é um exemplo. No caso da BolíTESES GERAIS - PÁGINA 82 via do ano 2000, foi o que levou o povo boliviano a uma luta que acabou por derrubar governantes até escolherem Evo Morales. Aqui no Brasil, no Rio de Janeiro, o então governador Marcelo Alencar também mandou para a ALERJ um projeto de privatização da CEDAE (água e esgoto). Junto mandou um projeto de privatização da administração de alguns hospitais da rede Estadual. Este mesmo governador que antes era do PDT e que passou para o PSDB é o mesmo que já havia privatizado a Light. O seu partido, que sob o comando de FHC, já entregara para empresários a mineradora Vale do Rio Doce, é o mesmo que privatiza o setor de telefonia e passara a defender a privatização do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobras (a mesma que descobre campos de petróleo que agora são privatizados pela gerencia do PT dos governos de Lula e de Dilma). Nem mesmo a educação pública está livre da tendência capitalista de tornar tudo apenas mercadorias visando o lucro. Já ventilaram a ideia de privatizar a administração das Escolas Públicas. Nas cidades e no estado do Rio de Janeiro, governadas pelo PMDB, pelo PFL (atual DEM), PDT e PT, começam a privatizar indiretamente a educação, não a administração, mas os recursos que constitucionalmente estão destinados para este setor. Compra-se de setores privados não apenas livros e cadernos. Compram-se apostilas e provas que são impostas, projetos pedagógicos alugam-se condicionadores de ar, contratam-se projetos e serviços (portaria, limpeza, etc.). O empresariado tenta, desta maneira, aumentar seu lucro retirando da população verbas que a ela pertencem. Além disso, arrocham salarialmente os profissionais e tentam controlar suas ações ainda mais. E isto acontece tanto no Rio de Janeiro de Paes e Cabral quanto no Brasil de Dilma e no resto do mundo do capital. A crise ganha corpo pelo mundo capitalista. Alemanha, Itália, França, Inglaterra retiram direitos trabalhistas. Espanha, Grécia, Portugal controlados pelo FMI espalham miséria e medo aos seus trabalhadores, inclusive aos servidores públicos que tiveram diminuição salarial e perda de empregos. Entram em um ciclo vicioso: os bancos privados com suas fraudes vão à falência, o governo empresta recursos a estes através dos bancos centrais. Para isto, precisam de aporte financeiro do FMI que empresta, mas agora, a partir de bancos privados que repassam para os governos com juros maiores. Com isto tem-se mais dívidas para pagar e dizem (os governos) precisar de superávit fiscal que é conseguido com mais arrocho salarial, perdas de direitos adquiridos, inclusive das aposentadorias. A economia patina ou decresce e a arrecadação fiscal diminui necessitando ainda mais de arrocho contra os trabalhadores. Muitos entregaram seus filhos para adoção (caso da Grécia) e os mais jovens abandonam seus lares e migram para outras partes do mundo. O empresariado, apesar das falências dos mais fracos, por sua vez, continua acumulando riquezas, ainda mais os banqueiros. É de fato um darwinismo social. No entanto, sendo o Capitalismo um sistema sempre em conflito, a luta de classes não finda. Os trabalhadores e os diversos movimentos sociais não deixam barato o que demoraram um século para conquistar. Movimentos de ruas se espalham pelo mundo, seja na Europa, nos EUA, na América Latina, no Oriente Médio ou no Brasil. O ano de 2013 foi extremamente importante para pensarmos. Não apenas as greves de Portugal ou da Grécia ou Espanha. É fundamental pensarmos na resistência dos educadores do México que combateram o projeto liberal de retirar direitos dos profissionais da educação. Este projeto é mundial e chega até nós. No Brasil também muito lutamos na defesa da educação e devemos voltar nossos olhos para o que ocorreu no Rio de Janeiro, onde diversas redes entraram em greve. Uma base aguerrida sustentou uma greve no Estado, mesmo tendo a demissão como ameaça e a má vontade da maior parte da direção do SEPE, resistiu à truculência policial e fez do acampamento nas escadarias da ALERJ um pólo político e cultural. A rede municipal da cida- No non No non de do Rio de Janeiro, há 19 No non No non anos com pouca mobilização, levantou-se e mostrou No non No non as suas diversas possibilidades de luta: marchas; can- No non No non tos (sérios e debochados); atos na praia (inclusive com No non No non a base exigindo a presença No non No non da direção), na Quinta da Boa Vista e na Central do Brasil; cartazes criticando os governos e a direção sindical; ocupações (de fato) dentro e fora da câmara dos vereadores; enfrentamentos com o sistema repressivo militar (e aqui devemos saudar o apoio da população, inclusive os Black Blocs e dos demais educadores que nos dias 28, 29 e 30 de setembro e 1° de outubro lutaram sem armas contra uma polícia munida de diversos artefatos repressivos) etc. Arrancamos um pouco mais de 15% de reajuste salarial (embora as perdas salariais no governo Paes sejam muito superiores) e saímos com o moral mais alto em função do levante da base, mais consciente e participativa, embora dividida sobre a conciliação aceita pela direção do SEPE no STF, o que ficou claro na assembleia que pôs fim à greve, para a felicidade da maior parte da direção sindical (e aqui mais uma vez se uniram PT, PSTU, PCdoB e PSOL). E por outro lado, para insatisfação de boa parte da base que compreendendo o papel conciliador da direção atual do SEPE cantou “Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”. Estas mobilizações surpreenderam não apenas os governantes, mas também a direção do SEPE que, encastelada em seus cargos no sindicato, não percebeu que os movimentos da chamada Jornada de Junho manifestavam algo novo no Brasil: homens e mulheres, jovens e adultos dispostos a lutar não apenas contra a exploração do sistema capitalista e seus governantes, mas também contra aqueles que sendo seus representantes (nos parlamentos ou nos sindicatos) preferem os acordos, as conciliações, à luta direta. Um sindicato deve negociar, mas não se render tendo uma base combativa. Greves com ocupações (de ruas e de parlamentos), com confrontos com a polícia (os cachorrinhos do Cabral), com milhares a paralisar a cidade não se resolvem, para os que foram à luta, com acordos impostos por um Juiz do supremo tribunal que se colocou claramente contra o direito de greve do funcionalismo. Pelo contrário, traz uma nova tarefa: retirar do sindicato os conciliadores. Partido revolucionário e sindicato, já mostraram no passado aqueles que conquistaram nossos direitos, servem para defender os trabalhadores por que são ferramentas criadas por estes. O SEPE, o sindicato dos educadores das cidades e do estado do Rio No non No non de janeiro, é uma organizaNo non No non ção importante e que não deve estar sob o controle No non No non daqueles que preferem se entregar no meio da luta No non No non em benefícios de alguns (por interesses eleitoreiros No non No non ou não). No non Política Educacional Na esfera federal, as alianças espúrias que levaram o governo do PT ao poder, mesmas alianças as quais geraram a coligação “Somos um Rio” entre as gestões municipal e estadual de Paes-Cabral promoveram uma enxurrada de políticas educacionais que vêm acentuando a precarização e o desmonte da educação pública. A aprovação no Senado do Plano Nacional de Educação (PLC 103/12) em 17 de dezembro de 2013 afirmou os anseios do setor financeiro que atualmente se apropria de vastos domínios dos negócios educacionais. O texto aprovado do PNE (Plano Nacional de Educação - Projeto de Lei 8.035/2010) caracteriza que os gastos públicos podem ser indistintamente aplicados na educação pública e educação privada. Todas as principais medidas educacionais dos governos do PT de Lula e Dilma, seguindo a política neoliberal do PSDB, que funcionam com parcerias público-privadas: PROUNI, FIES, PRONATEC, TESES GERAIS - PÁGINA 83 Ciência Sem Fronteiras, Lei de Inovação Tecnológica, entre outros. As parcerias público-privadas só trazem a ideia de que o setor público é ineficaz na administração das verbas de investimento com retorno qualitativo, justificando os repasses das mesmas para o setor privado, favorecendo os setores mais abastados da sociedade. Ver essa lógica vigorando na educação só tende à progressiva exclusão das parcelas da população que ainda lutam não apenas pela educação pública, gratuita, laica, socialmente referenciada e que agregue conhecimentos significativos a educação dos sujeitos, mas por sua inclusão nessa educação. Esta concepção de educação que defendemos está ainda muito distante para os filhos dos trabalhadores, principalmente uma educação que se desvincule da educação do capital pelo capital. Em âmbito municipal, já no início do ano de 2013 o prefeito Eduardo Paes sanciona a Lei Extraordinária 5.550 de 10 de janeiro que dá resoluções, entre outros projetos do governo para a cidade, sobre as realocações em atendimento ao Programa 0400 descrito no Anexo III da lei 5.550. O anexo III da mesma dá resoluções sobre o programa 0400, Programa Estratégico para Educação, sendo este um desdobramento do Programa Escola Carioca em tempo integral implementado pelo anexo II também da lei 5.550. O Programa Escola Carioca em Tempo Integral aumenta de 4h e 30 para 7h o tempo de permanência dos educandos do primeiro segmento de Ensino Fundamental nas instituições escolares e sanciona um reagrupamento desses educandos em grupamentos por faixa etária: Casa de Alfabetização (1º ao 3º ano), Primário Carioca (4º ao 6º ano) e Ginásio Carioca (7º ao 9º ano). Dessa maneira, o governo começa a implementar já em 2013 o reagrupamento das escolas por grupamentos de turmas deslocando o 6° ano do Ensino Fundamental com a nomenclatura “primário” e ratificando a política do sexto ano experimental no qual um professor PII assume todas as disciplinas antes segmentadas por cada área de conhecimento de formação dos PI. A política de desqualificação da educação carioca através da implantação da política de polivalência não para por aí. Em 2013 a gestão de Paes deu continuidade ao DECRETO Nº 33649 de 11 de abril de 2011 que consolida o Programa Ginásio Carioca. O Programa Ginásio Carioca iniciou-se enquanto Ginásio Experimental Carioca abarcando 10 escolas já em 2011 atendendo as turmas de 7º ao 9º ano com extensão progressiva ao número de escolas atendidas. O Decreto 33649 em seu artigo 9 designa que os docentes trabalhadores dos GECs (Ginásio Experimental Carioca) terão carga horária de 40h e que os docentes que não tenham essa carga horária de trabalho complementarão as mesmas por intermédio de dupla regência. Com o concurso de 2012 para docentes de 40h os mesmos foram alocados nos GECs expandindo o número de escolas com essa concepção de educação. Concepção essa que sucateia a educação oferecida aos filhos dos trabalhadores ao deslocar os professores especialistas de sua área de formação, obrigando os mesmos a trabalharem por “áreas de conhecimento”. Assim, professores de geografia para complementar os tempos de sua carga horária passaram a dar aulas de geografia, história e português (!!!!) Essa concepção de educação reducionista e desqualificada da gestão de Paes também é encontrada em outros projetos implementados no município como o Nenhuma Criança a Menos e Nenhum Jovem a Menos. Nesses projetos os alunos de classes regulares de 3° ano e de 7° ano com conceito I são deslocados das turmas de 3° ano e 7° ano regulares e colocados em turmas de 3° ano Nenhuma Criança a Menos (NCM) e 7° ano Nenhum Jovem a Menos (NJM) evitando, assim sua reprovação e maquiando as estatísticas produzidas pelo próprio governo divulgando No non No non dados que apontam uma “melhora” no desempenho No non No non dos alunos exatamente porque excluiu das mesmas os No non No non alunos de baixo rendimento. Além de, na prática, im- No non No non plementar uma política de aprovação automática, ape- No non No non sar de ser uma propaganda do governo a abolição da No non No non aprovação automática. Assim, a polivalência ganha corpo e as empresas privadas absorvem recursos públicos para treinar professores e vender seus projetos. A transferência de recursos públicos para a Fundação Roberto Marinho que elabora o material didático e a metodologia do Projeto Acelera entre outros projetos complementares ao ensino de matemática e português somam vultuosas quantias. Observando os dados disponíveis, e públicos, na página da Controladoria Geral do Município - Rio Transparente -, vemos os seguintes números de sucção de recursos do nosso Município pela Fundação Roberto Marinho: 2009: R$ 209.695,00; 2010: R$ 2.513.941,00; 2011: R$ 21.182.089,73; 2012: R$ 4.107.334,00; 2013: R$ 2.170.000,00 Total (2009-2013): R$ 30.183.059,73. A Fundação Sangari através do Projeto Sangari para ensino de Ciências aos alunos do Ensino Fundamental, recebe vultuosos R$ 67.478.464,47 5 da Secretaria Municipal de Educação de acordo com os valores publicados no Diário Oficial da Prefeitura do Rio de Janeiro Republicação em 09/09/09. Evidenciando o investimento da gestão de Paes nas parceirias público-privadas com transferência enorme de quantias de dinheiro público para empresas privadas. (gráfico dos gastos com projetos, fundações e ongs que receberam dinheiro público etc.) Durante o período de greve nas redes municipal e estadual o governo através das alianças espúrias da coligação “Somos um Rio” fez valer sua influência na Câmara de Vereadores e aprovou em 01-10-2013, sob a violência policial contra a categoria dos profissionais de educação, a LEI Nº 5.623 que dispõe sobre o Plano de Cargos Carreiras e Salários para os servidores municipais da Educação. O PCCS implementado pelo governo em nenhum momento dialogou com as demandas da categoria, pelo contrário através da diferenciação dos valores da hora aula entre docentes de cargas horárias distintas, atribuindo maior valor hora aula aos docentes de 40h insere-se no movimento de segmentar a categoria e incentivar a política de migração dos docentes para 40h, condição para implementação do projeto do governo de instituir o turno único nas escolas municipais até 2020. O PCCS configura-se enquanto uma política de assédio No non No non aos trabalhadores da educação, os docentes de 40h No non No non não representam nem 1/3 categoria. Apesar de No non No non da significar um rebaixamento No non No non às condições de trabalho e salariais dos educadores, a No non No non maioria da direção do SEPE canalizava a luta para neNo non gociar emendas com o governo e o parlamento, em vez de lutar pela derrubada do plano, enquanto a maioria da categoria repudiava o mesmo. A política de segmentar a categoria direcionada pela gestão Paes também se fez presente para o segmento das auxiliares de creche, através da Lei nº 5.620 de 20 de setembro de 2013 que implementa a gratificação por desempenho para auxiliares de creche (GDAC). O governo institucionaliza uma gratificação não incorporada ao vencimento, reconhece o que na verdade se caracteriza enquanto uma distorção ao atribuir a gratificação às profissionais que possuam formação em Ensino Médio na modalidade Normal ou formação superior que atribua habilitação para atuar com Educação Infantil. Na esfera estadual, o projeto do governo Cabral em relação à Certificação dos Profissionais da Educação Estadual enquanto uma política do aprofundamento do Plano de Metas propõe uma avaliação externa aplicada aos profissionais da categoria aferindo bonificação por produtividade e desempenho nessas avaliações. O projeto de certificação além de se inserir na lógica meritocrática aferindo bonificações por “desempenho e produtividade” ao invés de aumento da remuneração salarial dos trabalhadores, relaciona-se diretamente com os projetos do governo, estando entre as metas a serem cumpridas para aferimento das bonificações a aplicação do SAERJ, o lançamento dos conceitos no Conexão Educação, além de frequência superior a 90% sem qualquer tipo de licença que o profissional precise usufruir, as TESES GERAIS - PÁGINA 84 inspeções das aulas por fiscais do Banco Mundial (para medir “produtividade” e “competência” dos educadores); exigência de taxas elevadas de aprovação nas suas turmas (85 ou 90%) e baixas taxas de evasão. Assim como na rede municipal do Rio, o estado implementa a política de meritocracia. Outra grande reivindicação durante a greve dos profissionais de educação diz respeito ao fechamento de escolas. No período de 1 ano e seis meses (novembro de 2011 até maio de 2013) o secretário Wilson Risolia autorizou o fechamento de 49 escolas da Rede Estadual do Rio de Janeiro. A maioria das unidades funcionava em prédios da Prefeitura do Rio, à noite, e atendia jovens e adultos fora da idade regular da educação básica. Essa política implementada na gestão de Cabral prejudica as classes mais massacradas da sociedade, uma vez que prejudica alunos muitos os quais suas condições de existência lhes permitem estudar apenas no período noturno, considerando que muitos utilizam o período diurno para o trabalho. Todas essas Políticas Públicas aplicadas para a Educação a níveis federal, estadual e municipal só demonstram que a luta em defesa de uma concepção de educação horizontal para os filhos dos trabalhadores que muna os mesmos de instrumentos para sua emancipação social e consciência sobre a necessidade de apropriação de uma linha política de pensamento que os faça estabelecer conexões entre as propostas políticas governamentais e as representações vigentes na sociedade sobre sua classe, sua cor, sua origem e gênero é de construção constante e se faz primordialmente necessária. Opressão às minorias: gênero, racismo, homofobia e classe social. As pautas do movimento feminista, LGBTT e do movimento negro estão diretamente ligadas à luta de classes. A opressão do capital se engendra no sentido de ratificar as concepções hegemônicas em nossa sociedade que se estrutura no patriarcalismo, na opressão às mulheres, aos negros, às mulheres negras, aos homossexuais, transsexuais, indígenas, sem falar na opressão de classe. Um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima que entre 2009 e 2011, o Brasil registrou 16,9 mil assassinatos de mulheres por violência (feminicídio). A média é de 472 assassinatos de mulheres por mês. É importante ressaltar que a categoria dos profissionais de educação é composta majoritariamente por mulheres que construíram o maior movimento grevista do país no ano de 2013, superaram 19 anos sem greve da categoria do Município do Rio de Janeiro, colocaram na ordem do dia as demandas da educação pública carioca, além de denunciarem o lócus destinado a educação pública na gestão Paes-Cabral, desmascarando a falácia do Plano de Cargos, Carreiras e Salários e a aliança espúria entre os poderes executivo e legislativo no Município do Rio de Janeiro. Contudo, assistimos dentro do próprio movimento grevista forças políticas que se apropriaram de um discurso que se dizia feminista para enfraquecer a luta dessas mulheres guerreiras. Poucas não foram as falas de militantes do PSTU (inclusive mulheres) dentro da própria ocupação da câmara que defendiam a desocupação da mesma, já no primeiro dia desta, justificando a necessidade de saída dos profissionais da educação por haver mulheres, mães de família, que precisavam retornar aos seus lares ou que a necessidade de higiene No non No non feminina impediria o prolongamento do tempo de No non No non ocupação. No non No non Essa concepção de feminismo, apresentada por No non No non esses setores, reconhece unicamente que há uma No non No non diferença de gênero na sociedade, mas não endossa No non No non a luta na construção de uma sociedade que supere a diferença, afinal buscar a igualdade de gênero perpassa, primordialmente, a crítica aos papéis, trabalhos e espaços reservados aos distintos gêneros em uma sociedade misógina e machista. Curioso notar que as próprias militantes da base, algumas mães, não justificavam a saída da greve ou da ocupação por demandas familiares, pelo contrário, muitas delas defenderam a permanência da ocupação, e aquelas que não puderam prolongar sua permanência na mesma confiaram nas companheiras e companheiros que poderiam ali estar. Deixamos claro aqui que a concepção de feminismo que defendemos é aquela que compreende que vigora uma diferença de gênero na sociedade, que a opressão às mulheres é clara, podendo ser constatada através dos papéis de gêneros marcados na sociedade, da violência doméstica contra a mulher, da objetificação do corpo das mulheres e da diminuição do reconhecimento de seu potencial de participação em diversas esferas da sociedade - seja na dimensão política, no trabalho ou quando ultrapassa as fronteiras de papéis sociais em uma sociedade machista. Reconhecemos a necessidade de construir uma sociedade na qual haja uma igualdade entre os gêneros. O feminismo que defendemos é fundamentalmente oposto ao femismo (a crença na superioridade feminina), uma vez que reconhecemos que há uma opressão clara numa sociedade machista em relação às mulheres, mas entendemos que o machismo afeta também aos homens. A concep- ção do homem enquanto provedor, da masculinidade como objeto de constante comprovação (o que também endossa o discurso do ódio contra a homossexualidade), do homem enquanto força motriz da sociedade e da família, aquele que deve ocupar a lacuna deixada pela suposta fragilidade feminina, se configura para o feminismo como um horizonte a ser superado após a segunda onda feminista, que não apenas identifica a diferença de gênero, mas que busca construir a igualdade entre os distintos gêneros. Quando falamos de assassinatos de homossexuais os números não são menos alarmantes, de acordo com um estudo divulgado pelo Grupo Gay da Bahia, em 2012, 338 homossexuais, entre gays, travestis, lésbicas e bissexuais foram assassinados no país, uma média de No non No non um óbito a cada 26 horas. De acordo com o estudo, o No non No non Brasil está em primeiro luno ranking mundial de No non No non gar assassinatos homofóbicos, No non No non concentrando 44% do total de mortes de todo o planeNo non No non ta. Esses dados revelam o quanto o discurso de ódio No non à homossexualidade se faz presente em nossa sociedade e o quanto ainda temos que caminhar em relação ao debate sobre orientação sexual. O SEPE precisa estimular e participar desse debate, educando os profissionais de educação e a sociedade. Dados do IPEA referentes aos assassinatos de negros no Brasil em 2012 revelam que 39 mil negros são assassinados por ano no Brasil, contra 16 mil indivíduos não negros. Somando-se a esses dados, a Pesquisa Nacional de Vitimização revela que negros sofrem mais frequentemente com a violência policial do que brancos, especialmente nas favelas, onde fazem parte do cotidiano da classe trabalhadora assassinatos, sequestros, desaparecimentos, toque de recolher etc. Em 2009, 6,5% dos negros que sofreram uma agressão tiveram como agressores policiais ou seguranças privados contra 3,7% de brancos. Esses dados refletem a força do machismo, da homofobia e do racismo que continuam a existir em nosso país. Outro exemplo disto é a questão do “rolezinho”. No primeiro mês do presente ano assistimos à repressão policial a esse evento no Shopping Iguatemi em São Paulo. O Estado deixa claro (quando coloca sua força policial no interior de um ambiente que não deve ser zelado pela segurança pública) que existem espaços nos quais a população negra e de origem pobre não é bem vinda. Em solidariedade ao “rolezinho” de São Paulo, manifestantes promovem o “rolezinho” no Rio de Janeiro em diversos shoppings. O Shopping Leblon, assim como o Shopping Iguatemi, conseTESES GERAIS - PÁGINA 85 guiu uma liminar proibindo o evento, demonstrando mais uma vez como o judiciário atua para reforçar as injustiças e discriminações na sociedade. Na ocasião, mesmo com o shopping com portas fechadas, a guarda municipal fazia a segurança do mesmo, deixando explícita a posição tanto do shopping, quanto da gestão pública, sobre a presença da população negra nos shoppings cariocas: aqui não é o seu lugar. Falando em opressão às minorias, não podemos deixar de citar a opressão ao povo indígena e às camadas mais pobres da população carioca protagonizada pela gestão Paes-Cabral em 2013. Assistimos a desapropriação de moradias populares devido às obras para os eventos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A gestão de Eduardo Paes é a que promoveu a mais extensiva política de remoção de favelas desde a época de Pereira Passos (1902-1906) e a gestão de Carlos Lacerda (1961-1964).A política de remoções é fundamentada em uma representação da favela enquanto a não cidade. Se acreditávamos que a partir das décadas de 80 e 90 cairia por terra a demolição como política para a população em favelas, a gestão de Paes retomou essa prática que ignora a necessidade latente de planejamento urbano, saneamento básico e moradia, principalmente das camadas mais pobres da população carioca. Um dos casos emblemáticos de desocupação arbitrária promovida pela gestão Paes-Cabral foi a desocupação da Aldeia Maracanã. Assistimos a cenas de violência com as duas invasões promovidas pela polícia de Cabral, mesmo após a mesma ser reconhecida oficialmente enquanto território indígena. A destruição do interior da aldeia prejudica diretamente as famílias indígenas que ali residiam e que perderam seus pertences, mas reflete em uma perda nacional de um patrimônio público que guarda a história de um povo. Acreditamos que essas questões não podem deixar de ser debatidas nos fóruns do sindicato, uma vez que muitos de nós encaixamo-nos nesses “não lugares” que o estado nos relega. Para tanto, é necessário construir canais de debate às pautas dos movimentos feminista, LGBTT, do movimento negro, a questão indígena, sempre permeadas pelo debate de classe, no interior de nosso sindicato, construindo, assim, um sindicato classista e que esteja em diálogo com as questões dos movimentos sociais. Avaliação das greves, reorganização, perspectiva de lutas para as redes e concepção sindical O ano de 2013 ficou marcado para o movimento social e sindical brasileiro como possível momento de consolidação do crescimento e fortalecimento das lutas, como um novo momento de ascenso na história do movimento da classe trabalhadora no país. As intensas lutas ocorridas nas Jornadas de Junho e as greves dos profissionais de educação das redes públicas municipal e estadual do Rio tomaram proporção nacional e internacional, atingindo severamente os governos de Eduardo Paes, Sérgio Cabral e Dilma Rousseff. Vimos centenas de milhares de trabalhadores e estudantes indo às ruas para lutar por pautas diversas: educação, saúde, transporte etc., enfim, serviços públicos de qualidade; contra a corrupção; contra os grandes eventos (Copa e Olimpíada) etc. Algumas reivindicações eram conservadoras, e os grandes atos de 2013 também presenciaram a ação de grupos fascistas, determinados a atacar grupos e organizações de esquerda. A ação dos grupos fascistas no movimento deve ser repudiada de forma veemente por todos os trabalhadores. Neste contexto de crescimento das lutas de meaNo non No non dos de 2013, o SEPE demorou a agir e participar dos No non No non grandes atos. Quando agiu, ainda houve a tentativa de No non No non deslegitimar e desmobilizar o movimento por parte dos No non No non setores governistas que atuNo non No non am dentro do SEPE, especialmente o PT. No non No non O movimento de rua forte que vimos durante boa parte do ano passado tem como característica marcante o espontaneísmo, ou seja, uma ação militante que não guarda profundas relações anteriores com o movimento sindical ou social, não possui programa e estratégia de transformação social, nem organização política; ou seja, é considerada espontânea. As greves de 2013 foram semelhantes neste ponto específico: milhares de profissionais de educação tiveram pela primeira vez sua experiência de luta coletiva; não participavam anteriormente das atividades do SEPE, mas lutaram bravamente pela transformação da educação pública, por melhores salários e melhores condições de trabalho. A atuação da base dos profissionais de educação foi determinante para que nossas greves fossem tão fortes, assustando os representantes dos interesses da classe dominante nos poderes executivo, legislativo e judiciário. A tarefa imediata dos setores militantes mais organizados e combativos dentro do movimento é mobilizar e organizar esse grande número de trabalhadores, promovendo um grande avanço quantitativo e qualitativo na capacidade de luta do Sindicato. É necessário, portanto, superar a fase espontaneísta da luta dos trabalhadores da educação e alcançar um nível cada vez maior de organização para a luta. A direção do SEPE também ficou surpresa com a atuação firme e empolgada da base nas greves. O receio de perder o controle sobre o movimento ficava evidente em vários momentos. A perda do controle sobre o movimento aprofundou-se ao longo das greves, o que fez a direção ter uma ação cada vez mais dura no sentido de frear a continuidade da luta e encerrar as greves. Queremos um SEPE que atue para fazer a luta da classe trabalhadora avançar, organizando os trabalhadores da educação na base do sindicato para a luta, contribuindo com formação para a construção da consciência de classe, fazendo crescer o seu nível de combatividade, servindo como referência para o conjunto da classe trabalhadora e seus sindicatos e movimentos sociais. Queremos um SEPE que contribua, portanto, na luta pela superação revolucionária do capitalismo e construção da sociedade socialista. O funcionamento da sociedade capitalista que queremos superar ficou claro para muitos que No non No non mais iniciaram sua militância nas No non No non greves dos municípios e do estado do Rio. No moviNo non No non mento sindical e social, os trabalhadores tomam consNo non No non ciência mais profunda da dida sociedade em clasNo non No non visão ses e todo o aparato estatal organizado para defender No non os interesses da classe dominante no capitalismo, a burguesia. Assim, inicialmente, o poder executivo foi desmascarado completamente. Sérgio Cabral, Eduardo Paes e seus subordinados nas secretarias de governo – especialmente a secretária de educação No non No non Cláudia Costin e o secretá- No non No non rio de educação Wilson Risolia – chegaram ao limite No non No non das tentativas de iludir os educadores e a população, No non No non falsificando a realidade da educação pública. Ao mes- No non No non mo tempo, ficou claro o pa- No non No non pel do poder legislativo, subordinado aos interesses do poder executivo e da classe dominante. As relações promíscuas entre o poder executivo e o legislativo ficaram mais evidentes nas reuniões entre o prefeito e os vereadores no Palácio da Cidade, por ocasião da apresentação do PCCS aos aliados do governo (a maioria esmagadora da Câmara). Essa promiscuidade também se repete no SEPE, nas relações de setores da direção com membros dos governos e dos parlamentos. Quando a tentativa de iludir falha, os governantes precisam de medidas repressivas, para que se somem às mentiras. Não faltaram ameaças públicas de desconto salarial, ameaças de inTESES GERAIS - PÁGINA 86 quérito administrativo e demissões. Além disso, a repressão policial foi cada vez mais presente em nossas lutas. Cabral e Paes usaram a PM para tentar desmobilizar e amedrontar o movimento dos profissionais de educação, deixando claro o papel cumprido pela polícia na sociedade capitalista. Também ficou explícita a tendência da Justiça de defesa da classe dominante e seus governantes e mais nítido o alinhamento da maioria da grande mídia aos interesses dos poderosos. A relação do movimento dos profissionais de educação com os Black Blocs também se modificou, passando de uma certa reserva a uma aproximação com a atuação destes, especialmente quando eles também estiveram presentes na resistência aos ataques da polícia aos movimentos grevistas. Infelizmente, vimos organizações políticas de esquerda que acabaram alimentando a criminalização – chamada de “crítica” – dos Black Blocs. A crítica a estes e aos limites de suas ações é legítima, mas é preciso deixar claro que a crítica a companheiros de luta não pode se parecer com a tentativa de destruição do movimento feita pela classe dominante e os governos. Devemos reforçar o movimento contra a criminalização dos movimentos sociais e sindicais. Ao longo das greves, com a experiência da luta, os trabalhadores tiveram um avanço importante no nível de consciência, compreendendo melhor a sociedade em que vivemos e entendendo a necessidade de lutar para transformar a educação pública. Nas paralisações, na deliberação de início da greve, nos comitês de mobilização regionais, nos comandos de greve, nas assembléias, nos atos de rua, nas ocupações, a expeNo non No non riência de luta fez crescer a No non No non vontade de lutar dos educadores. Esta vontade de lutar, No non No non porém, esteve em descomNo non No non passo com a tentativa da direção do SEPE de controNo non No non lar e frear o movimento de greve, em diversos momenNo non tos. Na greve da rede municipal, o objetivo da direção de “construir o fim da greve” ficou especialmente claro a partir da assembléia do Terreirão do Samba (espaço cedido pela própria prefeitura, o patrão que exigia o fim da greve), em que todos os setores majoritários defenderam o fim da greve, mas a base da categoria decidiu pela continuidade desta. A categoria seguiu em ato esvaziado, sem grande parte da direção, até a prefeitura. Não faltaram episódios em que ficava clara a diferença entre a vontade da direção e a combatividade da categoria. A ocupação da câmara de vereadores também viveu esse embate, quando a direção majoritária do PSOL e do PSTU defendia a saída poucas horas após o início da ocupação (aceitando o falso mandado de desocupação apresentado pela PM e com argumentos conservadores e machistas, como as “necessidades especiais de higiene das mulheres” e suas “responsabilidades familiares”) enquanto a base da categoria queria continuar e resistir, assim como foi feito. A caravana à Brasília não pode ser esquecida. Aprovada pela assembleia da rede estadual, contando também com lutadores da rede municipal do Rio, a caravana à Brasília tinha como objetivos realizar um ato e acompanhar a audiência no STF. Voltaram com os relatos de impedimento de um No non No non ato em frente ao STF pela No non No non direção do SEPE, o retorno do ônibus ao Rio antecipa- No non No non do, as falas que buscavam intimidar os que defendiam No non No non a continuidade da greve, o impedimento à participação No non No non de representante de base No non No non na mesa do STF e a assinatura do “acordo” que buscava forçar o fim da greve. Ficaram claros, portanto, os limites da direção do SEPE, que buscava antecipar a conciliação com os governos e o fim das greves, ainda que os educadores quisessem lutar para garantir conquistas e derrotar os governos. O uso do jurídico do sindicato nas assembléias, o uso do medo da demissão e dos descontos enquanto nossa greve não era sequer considerada ilegal não foram raros durante as greves. A burocratização (que encastela por décadas muitos dirigentes), a relação que é estabelecida – frequentemente – entre os partidos e o sindicato e seu consequente aparelhismo (que torna prioridade o controle da direção do sindicato) distanciaram a direção do SEPE de sua base e hoje impedem que as lutas avancem além dos limites da conciliação de classes. É necessária a organização da base para que seja possível superar esta direção e seus limites. Ter outra direção para o SEPE será importante, mas ter uma base organizada, que não aceite uma relação clientelista com a direção e que esteja preparada para a luta é o primeiro passo fundamental. O SEPE deve estar voltado para a organização dos trabalhadores e sua luta, afirmando sua independência em relação aos governos e aos parlamentos. Não podemos aceitar as tentativas de misturar e confundir os interesses da luta e da organização dos trabalhadores e os interesses eleitorais e parlamentares. Esta mistura de interesses revela a prioridade das eleições no projeto de setores da direção, em vez de estarem voltados para a organização e mobilização da luta da base dos educadores. Precisamos, também, aprofundar o debate da luta sindical nacional, entendendo a necessidade de construção de uma central sindical que esteja voltada para a organização da luta da classe trabalhadora e uma confederação de sindicatos da educação que possa unificar a luta dos educadores do país. A confederação e a central sindical – assim como o próprio sindicato – devem ser instrumentos de unidade da classe trabalhadora que contribuam nas lutas por melhores salários e melhores condições de trabalho. Neste sentido, é preciso garantir que o SEPE denuncie o papel cumprido pela CUT e pela CNTE, amNo non No non bas controladas pelo PT e No non No non empenhadas na defesa dos seus governos. Acreditamos, No non No non portanto, que o debate soNo non No non bre os sindicatos e a luta dos trabalhadores no BraNo non No non sil precisa ser aprofundado na base. Não apoiaremos a No non filiação às centrais controladas por setores do PSOL (Intersindical) ou pelo PSTU (CSP-Conlutas), que reproduzem a mesma lógica de conciliação de classes criticada anteriormente. Nos últimos momentos das greves da rede municipal e estadual, além de não contribuírem para a continuidade da luta, ainda abriram espaço para o oportunismo da CUT. Devemos lembrar que estas duas centrais sindicais (Intersindical e CSP-Conlutas) recebem repasse de 2% da receita do SEPE para cada. Defendemos o fim do repasse a centrais sindicais ou con- No non No non federações às quais o SEPE No non No non não seja filiado. O repasse atual justificou-se porque No non No non ambas estavam em processo de construção da unida- No non No non de, que foi inviabilizado no Congresso de Unificação No non No non (Santos-SP, 2010). Caso con- No non No non vençam a base e garantam a filiação a uma central sindical, consideramos óbvia a contribuição financeira. Enquanto o SEPE não for filiado a central sindical ou confederação, não deve repassar parte da receita a nenhuma delas. Enfim, precisamos superar a lógica da conciliação com os governos e, para isto, é necessário superar os que representam seus interesses – de forma consciente ou não – dentro do movimento. Devemos priorizar o trabalho de base e a organização da base no sindicato para construir um SEPE que contribua na organização da classe trabalhadora e no processo de transformação radical da sociedade. TESES GERAIS - PÁGINA 87 Atualização do estatuto e organização do SEPE/RJ - Limite de mandatos e licença sindical a dois seguidos; - candidatura em duas chapas: central e regional ou núcleo, regional e regional, regional e núcleo, núcleo e núcleo (a inscrição na chapa de regional ou núcleo só pode ocorrer quando o profissional trabalhar ou morar na área da regional ou núcleo); - relatório das atividades da licença sindical apresentada no site do SEPE; - cedidos para mandatos parlamentares ou como assessores nos governos não poderão participar como delegados nos congressos ou fazer parte de chapas nas eleições do sindicato; - fim do conceito de “delegado nato” e suas prerrogativas no congresso do SEPE; - não contribuir financeiramente a centrais sindicais ou confederações se o SEPE não for filiado à mesma; - os educadores filiados devem receber uma cópia do estatuto quando solicitarem e o mesmo deve estar sempre atualizado e disponível na página do SEPE na internet; - prestação de contas mensal publicada na internet no site do SEPE; - fundo de greve: 10% da receita de cada rede para cada rede, criando um fundo setorizado por rede; - fundo de reserva: 10% da receita de cada rede, nos mesmos moldes do fundo de greve; - reestruturação das regionais em relação à abrangência territorial e No non No non definição clara das atribuiNo non No non ções das suas secretarias - dois representantes da No non No non base serão eleitos em assembléia para acompanhar No non No non os trabalhos do jurídico e outros dois para acompaNo non No non nhar os trabalhos da imprensa, e deverão ter acesNo non so a todas as atividades realizadas pelos mesmos; - a cada 20 profissionais (ou fração igual ou superior a 10), um representante de escola; - eleições do sindicato e congresso a cada dois anos, intercalados; - os gastos totais na eleição do sindicato deverão ser limitados na Assembléia Eleitoral que organizará as eleições do sindicato, não ultrapassando nunca o valor de um mês da arrecadação do SEPE central; - quando houver denúncia de diretor(a) que furou greve ao Conselho Deliberativo, este mesmo Conselho irá organizar uma comissão paritária de representantes de base e diretores do sindicato para investigar e encaminhar os resultados à assembleia da rede, que irá definir o que será feito no final do processo de investigação. (parágrafo do artigo sobre o assunto); - a direção deve garantir os meios de realização de um ato: instrumentos, carro de som, água, entre outros; - comando de greve deve ser formalizado no estatuto; - incentivar a criação dos comitês de escolas. Plano de Lutas Consideramos importante que o SEPE lute pelas seguintes bandeiras: - Luta pela escola pública, laica, gratuita, socialmente referenciada, de qualidade (no sentido que acrescente conhecimentos à formação do educando e que lhe possibilite uma visão crítica sobre a estrutura social que lhe oprime), libertária e da classe trabalhadora; - Fim do repasse público para empresas privadas; - Implantação de 1/3 para atividades extra-classe imediatamente; - Luta pela implantação de ½ para atividades extra-classe; - Fim da meritocracia; - Fim das avaliações externas; - Reposição das perdas salariais; - Valorização salarial dos educadores; - Autonomia pedagógica para a comunidade escolar; - Liberdade de construção do PPP pela comunidade escolar; - Fim da polivalência; - Redução do número de alunos por turma. Educação Infantil - nas creches: 1 profissional a cada 3 bebês para os berçários, além das classes de Educação Infantil ter no mínimo dois Auxiliares de Creche em sala além do PEI; Educação Infantil Escolar: limite de 15 alunos por turma; Ensino Fundamental: limite de 20 alunos por turma; Ensino Médio limite de 25 alunos por turma; - Reconhecimento das merendeiras como cozinheiras escolares e educadoras; - Redução de refeições por merendeira, de quantidade de alunos para Secretário Escolar, Agente Educador, limpeza etc. - Plano de carreira unificado a ser debatido e reelaborado pela categoria; - Uma matrícula, uma escola; - Nenhuma disciplina com menos de dois tem- pos; - 6 tempos do sexto ao nono ano; - Realização de concurso público; - Incorporação dos terceirizados ao quadro de funcionários estáveis; - Combate a Precarização do trabalho – dupla-função, polivalência e terceirizações; - Contra o plano de metas; - Contra o fechamento de escolas; - Defesa da necessidade preeminente de realização de concurso público para todos os cargos da educação; - Cancelamento de todos os processos contra os ativistas, da nossa categoria e das demais que estejam ameaçadas; - Irrestrito direito de greve e de manifestações; - Cancelamento de todas as multas sindicais; - Libertação imediata de Rafael Vieira com a anulação de seu julgamento fraudulento; - Desmilitarização da PM; - Desburocratização do SEPE em todas as suas instâncias; - Atuação próxima a outros sindicatos e movimentos sociais; - Contra a criminalização dos movimentos sociais. Apóiam e assinam a tese do Coletivo Independente: Adolpho Ferreira – Prof. rede mun. do Rio (EM Jardim Guararapes/Regional 5) e rede mun. de Itaguaí (CIEP 496) Alessandra Cristine Cezar – Profa. Rede mun. do Rio (EM José Panceti) e rede mun. de Caxias (EM Darcy Ribeiro) Alessandra Nascimento – profa. Rede municipal do Rio (CIEP Presidente Samora Machel) Amanda Cristine Cezar Segura – Profa. Rede mun. do Rio (EM Mario Fernandes Pinheiro/Regional 8 e EM Dila de Sá/Regional 6) Ana Luiza dos Santos Rodrigues Paulo – profa. Rede municipal do Rio (EM Rinaldo de Lamare) Ana Paula Gonzales – Profa. rede mun. do Rio André Freitas Calçada – rede mun. do Rio (EM José Maria Bello) Beatriz de Lima Silva – Rede mun. do Rio (EM Meralina de Castro/10ª CRE) Bruna Soares dos Santos – Profa. rede mun. do Rio (EM Engenheiro João Thomé) Bruno Bottino – prof. Rede mun. do Rio (EM General Tasso Fragoso) Cassiana Vidal – profa. Rede mun. Do Rio Ércio Ricardo da Silva Novaes – prof. Rede mun. do Rio (CIEP João Mangabeira/11ª CRE e EM Dilermando Cruz/4ª CRE) Fernanda Moreira – profa. Rede mun. do Rio (EM Mario Fernandes Pinheiro) Fernanda Moura – profa. Rede mun. do Rio (EM Eunice Weaver/7ª CRE) Fernando – prof. Rede mun. do Rio (EM Eduardo Rabelo/10ª CRE) Jorge Willian – prof. Rede mun. do Rio (EM Tasso da Silveira) Lorena Gouvea – profa. Rede mun. do Rio Luciana Fernandes Dias – profa. Rede estadual e rede mun. do Rio (EM Acre/3ª CRE) Luiz Fabiano de Freitas Tavares – prof. Rede mun. do Rio (EM Quintino Bocaiúva/5ª CRE) Luiz Felipe – prof. Rede mun. do Rio Marcele Ribeiro – profa. Rede mun. do Rio Márcia Luquine – profa. Rede mun. do Rio Marco Aquino – prof. Rede mun. do Rio (EM Joaquim da Silva Gomes e EM Eduardo Rabelo/10ª CRE) Nelson Moreira da Silva – prof. Rede mun. do Rio (EM Eunice Weaver/7ª CRE) Paola Silvério Chaves – profa. Rede mun. do Rio TESES GERAIS - PÁGINA 88 (EM Meralina de Castro/10ª CRE) Paula Silvério Chaves – profa. Rede mun. do Rio (EM Professor Gilberto Bento da Silva/9ª CRE) Rafael Chaves – prof. Rede mun. do Rio (EM Rodrigo Otávio) Regina Albuquerque – profa. Rede mun. do Rio (CIEP Presidente Samora Machel) Renata Damasceno – profa. Rede mun. de Nilópolis (EM Antônio Figueira de Almeida) e rede mun. do Rio (EM Presidente Roosevelt) Shirley Cristina de Barros – profa. Rede mun. do Rio Suelen Goulart de Oliveira Silva – rede mun. do Rio (Creche Dramaturgo Dias Gomes/8ª CRE) Thalita Bittencourt – Secretária escolar rede mun. do Rio (CIEP Presidente Samora Machel) Vinicius Ayres Costa – prof. Rede mun. do Rio (EM Julio de Mesquita) Vitor Luiz Santos Bruno – prof. Rede mun. do Rio Viviane de Oliveira Lavandeira – profa. Rede mun. do Rio Washington Pio – Secretário escolar rede mun. de Mesquita (EM Dr. Deoclecio Dias Machado Filho) Tese 15 EDUCAÇÃO E PODER POPULAR TESE DA UNIDADE CLASSISTA (PCB) CONJUNTURA INTERNACIONAL A atual crise econômica do capitalismo, que vem se desenhando desde os anos 90, tem caráter sistêmico e estrutural. É uma crise de superprodução e superacumulação e de realização de mercadorias. Um dos principais fatores responsáveis por esta crise é a tendência dos grandes grupos econômicos em investir em papéis, para compensar a tendência de queda nas taxas de lucro, criando assim as chamadas “bolhas” financeiras. É, sem dúvida, uma crise profunda, que se estende por todo o mundo, dado o elevado grau de internacionalização do capitalismo. Já há uma forte recessão na economia mundial, que pode se arrastar por muitos anos, já tendo produzido efeitos devastadores No non No non em diversos países. Esta criNo non No non se mostra claramente a fragilidade e a decadência do No non No non sistema capitalista, abalando seus pressupostos econô- No non No non micos e ideológicos. Muitas empresas já promoveram No non No non um elevado número de demissões e outras, inclusive, No non No non já fecharam suas portas. No entanto, não se deve pensar que se trate da crise final do capitalismo, pois o capitalismo não cairá de podre. Terá que ser enfrentado e superado. O desenrolar da crise dependerá da sua condução política, mas, sobretudo, da correlação de forças no conflito entre o capital e o trabalho, em âmbito mundial, e que tende a se acirrar. Assim, cabe às forças revolucionárias lutar para que as classes trabalhadoras assumam, organizadamente, o protagonismo do processo de luta, garantindo posições que, ao mesmo tempo em que combatam os efeitos imediatos da crise, criem as condições para que se acumule - na contestação da ordem burguesa, na defesa de seus direitos e na obtenção de novas conquistas, na organização e na consciência das(os) trabalhadoras(es) - a força necessária para assumir a direção política da sociedade no caminho da superação revolucionária do capitalismo. Mais do que nunca, está na ordem do dia a questão do socialismo. Fundamentalmente, a crise é resultante do acirramento das contradições do capitalismo, agravadas ainda mais pela aplicação das políticas neoliberais que se impuseram, na maior parte do mundo, nos últimos 20 anos. O capitalismo ainda pode buscar fôlego para se recuperar, mesmo em meio às suas contradições estruturais, como a tendência à concentração e à centralização do capital em grandes conglomerados mundiais, à financeirização e ao encolhimento relativo dos mercados consumidores. Mas esta tentativa de recuperação No non No non certamente deverá agravar contradições e a luta de No non No non as classes, na medida em que No non No non o capital terá que recorrer ao aumento da expropriaNo non No non ção de mais-valia das(os) trabalhadoras(es), da reNo non No non pressão e criminalização dos movimentos sociais e No non da agressividade das guerras imperialistas. A burguesia toma iniciativas para defender seus interesses, utilizando-se dos aparelhos de Estado. Os governos de muitos países com peso na economia mundial, inclusive do Brasil, têm recorrido à intervenção do Estado para salvar empresas industriais e bancos à beira da insolvência e para incentivar o consumo. Fala-se até em uma reestruturação, um “Capitalismo do Século XXI”, tentando separar o TESES GERAIS - PÁGINA 89 capitalismo “bom” do “ruim”. Vários países vêm anunciando, também, medidas de natureza protecionista, visando garantir o nível de produção, manter e aumentar o nível de emprego interno, potencializando conflitos de interesses interburgueses. As medidas adotadas para superação da crise encontram-se agora em frontal contradição com o credo neoliberal que apregoava a supremacia do deus mercado na regulação da economia, cuja hegemonia prevaleceu no mundo nas últimas décadas. Sabemos, entretanto, que todas estas medidas, voltadas para a defesa exclusiva dos interesses do capital, terão efeitos limitados e temporários, e não farão mais do que preparar novas crises, ainda mais devastadoras podendo no limite da busca da sobrevida recorrer a processos de fascistização ou mesmo à guerra. Estas são também utilizadas, como forma de destruir forças produtivas, possibilitando uma aplicação lucrativa para os capitais empregados na “reconstrução” das regiões atingidas. São essas necessidades da grande burguesia que explicam a pressão que o governo dos EUA faz para impor sua estratégia hegemônica no Oriente Médio As(os) trabalhadoras(es) e os povos têm resistido aos ataques. Até o momento, os acontecimentos nas diversas partes do mundo são o maior exemplo, tanto das políticas que a burguesia precisa implementar para resolver a crise a seu favor, como também do que devem fazer as(os) trabalhadoras(es) para defender seus direitos e conquistas. O proletariado mundial enfrenta os ataques com greves gerais, foram de centenas de milhões de trabalhadoras(es) em greve até o momento; e amplas manifestações, dando um exemplo de combatividade às(aos) proletárias(os) de todos os países. Os governos e Estados capitalistas reagiram à crise capitalista transferindo enormes somas de dinheiro público para grandes empresas financeiras e industriais. As(os) trabalhadoras(es), por seu lado, amargaram o desemprego e o aumento da miséria. Dados do próprio FMI indicam que 53 milhões de crianças em todo o mundo poderão morrer por causa dos efeitos da crise. Enquanto os Estados capitalistas em todo o mundo agiram para salvar os lucros das grandes empresas, as(os) trabalhadoras(es) se debateram com o desemprego e perda da rede de proteção social. Quem ficou na produção e não foi tragada(o) pelas demissões em massa, sente na pele o aumento da exploração, pois as empresas tentam recuperar os seus níveis de produtividade com um número menor de trabalhadoras(es). A crise demonstra de maneira cristalina a necessidade de os povos se contraporem à barbárie capitalista e buscarem alternativas para a construção de uma nova sociabilidade humana. Em todo o No non No non mundo, com destaque para a América Latina, os po- No non No non vos vêm resistindo e lutando para construir projetos No non No non alternativos baseados na No non No non mobilização popular, procurando seguir o exemplo de No non No non luta heroica de Cuba, que se constitui num marco his- No non No non tórico da resistência de um povo contra o imperialismo. As possibilidades abertas de avanço da resistência popular na América Latina a um patamar superior de retomada da luta revolucionária no continente aliada às necessidades estratégicas do imperialismo em dominar reservas de recursos naturais, como água e petróleo, faz com que recrudesçam os ataques aos governos que procuram fugir a sua órbita, como fez Cuba, onde cinquenta anos de embargo econômico criminoso foram incapazes de derrotar a determinação do seu povo em levar adiante seu processo de construção socialista. Diante disto, intensificam-se os ataques midiáticos e fabricam-se simulacros de movimentos de oposição, financiados desde Miami, para tentar desestabilizar a heroica ilha e o seu regime. Mas, o povo cubano sabe que suas dificuldades não têm sido vãs e tem consciência que o fim do socialismo significa a derrota das conquistas sociais históricas na saúde, educação, etc. Por isto resiste heroicamente e conta com a solidariedade das(os) trabalhadoras(es) no mundo todo. A conjuntura internacional continua marcada por mais uma crise de superprodução do sistema capitalista. Como sabemos, no capitalismo a produção não se organiza para satisfazer as necessidades do conjunto da população. As mercadorias, antes de satisfazer as necessidades das pessoas, devem satisfazer a necessidade de lucro da(o) capitalista. Todavia, como, para garantir a margem de lucro perseguida, a burguesia precisa aprofun- dar a exploração das(os) trabalhadoras(es), não existe mercado consumidor suficiente para que o lucro se realize à taxa desejada. Assim, periodicamente, o sistema entra em crise, que, para ser resolvida dentro da lógica do capitalismo, alimenta os elementos de uma nova crise. Para estimular o consumo, a burguesia aplicou políticas de crédito, das mais variadas formas: crédito consignado, cartão de crédito, cheque especial, etc. Todavia, esse mecanismo provocou endividamento acima das possibilidades das famílias suportarem e uma onda de inadimplência desencadeou a atual crise. Tentando superá-la, a burguesia aumenta os ataques sobre as(os) trabalhadoras(es), arrochando salários, retirando direitos, precarizando as condições e relações de trabalho de todas as formas. Todo esse quadro nos No non No non leva a reflexões fundamenNo non No non tais para o avanço da luta contra o capitalismo: em No non No non primeiro lugar, reafirma-se No non No non categoricamente a contradição entre capital e trabalho No non No non como a contradição fundamental a exigir a organizaNo non ção da classe trabalhadora na luta contra o sistema capitalista. A luta central, pois, é entre classes, não entre nações. Mais do que nunca, coloca-se na ordem do dia a estratégia revolucionária de luta pelo socialismo. Em segundo lugar, se as mutações sofridas pela classe trabalhadora no quadro do redimensionamento global do capitalismo contemporâneo acarretaram alterações muito expressivas no conjunto do proletariado, fazendo com que, nos dias atuais, ela difira bastante do proletariado industrial identificado como sujeito revolucionário do Manifesto do Partido Comunista, é ainda esse contingente humano de trabalhadoras(es) que identificamos, por sua posição central no processo de produção de riquezas, como capacitado a assumir o protagonismo na luta de classes, rumo à construção do socialismo e da sociedade comunista. CONJUNTURA NACIONAL O atual quadro político brasileiro possui algumas características que o potencializam a aprofundar um conjunto de ajustes nas esferas política, econômica e social no intuito de preparar o país para atender as demandas do grande capital. Esses ajustes por sua vez também demandam uma intervenção nas esferas ideológicas, culturais e, para garantia de manutenção do projeto, a esfera repressiva. É possível identificar essa articulação de um bloco político econômico em diversas esferas, da TESES GERAIS - PÁGINA 90 econômica, política, social, ideológica e sustentada por um forte aparato repressivo do Estado. No plano econômico, esse setor articula setores da economia brasileira com a burguesia internacional. Esse bloco capitalista está presente em todas as esferas da economia nacional, participando ativamente das articulações políticas que garantam seus projetos. No plano político, esse bloco econômico se materializa na coalizão de partidos PT/ PMDB e seus satélites. O quadro político brasileiro, a partir de uma articulação política de fina sintonia, possibilitou vários êxitos na execução do programa de ajustar o Brasil ao momento atual de grandes eventos e empreendimentos. Exemplificando tal articulação em esferas regionais, a aliança entre as esferas federal, com a presidente Dilma, Estadual, com o governador Cabral, e nos grandes municípios com prefeitas(os) alinhadas(os) ao projeto governista possibilitou avanços favoráveis às elites econômicas e políticas. Seus projetos encontraram nessa coalizão de partidos sua exitosa representação de interesses. O bloco governista PT/ PMDB e seus satélites aprofundaram as reformas privatizantes no país, avançando em esferas estratégicas num debate sobre soberania, tais como o petróleo do pré-sal e os aeroportos, além de privatizações de estradas, portos e o desmonte do público. Esse bloco possui uma blindagem social a partir de setores vinculados a esses partidos com participação em movimentos sociais, entidades sindicais, movimentos sociais, populares e estudantis vinculados a esse bloco de poder, tais como a CUT, a UNE e outras entidades e movimentos, formam uma blindagem de proteção, através de suas bases sociais aos governos, e indo além, levando ao conjunto dos movimentos as políticas de governo cumprindo um papel de braço do governo nos movimentos. Essa blindagem e extensão dos governos nos movimentos procura consolidar uma pacificação nas lutas sociais, uma conciliação de classes, uma postura de deixar os movimentos em estado de espera, retirando o protagonismo das lutas em favorecimento a acordos e conciliações. No plano ideológico foi vendida pelo governo e por setores da burguesia nacional e da mídia a ideia de que o país como um todo iria ser incluído nos benefícios dos megaeventos, que a população como um todo ganharia, fazendo parte da propaganda oficial de um país de todas(os), um país de inclusão. Contudo, tal propaganda se diluiu diante dos primeiros grandes eventos, assim como toda propaganda oficial se desmanchou diante da realidade de uma política voltada somente aos interesses do grande capital, e de suas consequências na sociedade, com exclusão crescente. Tal processo ganhou força numa espécie de reordenamento dos espaços urbanos. As remoções de moradoras(es) de áreas de interesse direto de in- vestimentos para os grandes eventos ou em áreas de infraestruturas para esses eventos, comunidades inteiras sofrendo deslocamentos gigantescos diante da justificativa de uma pretensa modernidade e de um reordenamento urbano que atende somente aos interesses do grande capital e de seus investimentos. Para garantir essa política, com implicações em esferas sociais, econômicas, ideológicas e espaciais houve um grande aumento da repressão, numa lógica de estado míniNo non No non mo, repressão máxima. JUNHO, SUAS LUTAS E O AI-5 DE DILMA E CABRAL No non No non No non No non Sem dúvidas que o acon- No non No non tecimento político mais marcante de 2013 foram No non No non as Jornadas de junho. TenNo non No non do seu estopim com as lutas contra o aumento das passagens, a população, os movimentos sociais, as(os) estudantes, somadas(os) aos partidos políticos da esquerda representativa ganharam as ruas exigindo seus direitos. Tão logo uma série de reivindicações adicionou-se a uma causa específica: a luta contra o aumento das passagens. Fazendo seu papel de opressor, o Estado investiu furiosamente contra os manifestantes, lançando mão de táticas e equipamentos bélicos. Viu-se práticas fascistas orquestradas pelo Estado burguês: infiltrações de agentes policiais nas plenárias e manifestações (tendo inclusive a PMERJ invadido uma universidade federal), abuso de autoridade (agente da PMERJ vociferando termos de cunho sexista em provocação à manifestante do sexo feminino), prisões arbitrárias (incluindo a de um deficiente físico), confecção (?) de provas incriminando manifestantes, uso de blindados de operação militar, armas químicas (gás de pimenta), fuzis e até a compra de um blindado especial que emite frequências sonoras (preciso de confirmação desse dado). Tais ações de cunho fascista operadas pelo Estado em nenhum momento pretenderam um golpe, ou uma quebra de hierarquia. Foram, portanto, planejadas pelo Estado e asseguradas pela justiça, vide a lei contra o terrorismo, esquecendo-se o Estado que o executor de tais práticas é o mesmo Estado do atentado no Rio Centro. Tais tendências fascistizantes, embora aproximem o Estado de um Estado fascista não se tornam seu eixo central. O Estado lança mão dessas práticas para a defesa do capital, de seu empresariado, em defesa de oligopólios existentes no País. Os fascistas são libertados de seu canil e autorizados a cometer tais barbáries. Assim como a História nos comprova, os fascistas são guardados em seus canis após a instabilidade liberal. O germe do fascismo não ficou restrito – embora fosse o maior contingente – às práticas do Estado. Também a acompanharam movimentos de extrema direita conclamando o povo às ruas, levantando suas bandeiras de nacionalismo, moral familiar e religiosa (?), até a incitação à agressão aos partidos políticos da esquerda representativa na tentativa de condução do movimento que se pretende horizontal (aí não sei realmente como classificar as Jornadas de junho). Já o Estado procurou se No non No non defender do levante popunublando seu discurso, No non No non lar usando como tática a distraNo non No non ção. Levantou suspeita de orquestrações de partidos No non No non rivais, como se fossem estes os condutores da insatisfaNo non No non ção popular, e não a forma como o PT conduziu o goNo non verno em seus mandatos. Privatizações e contratos de concessão absurdos, imorais e ofensivos. O leilão dos Campos de Libra foi um dos maiores entreguismos do governo petista, senão o maior da história brasileira. O Partido dos Trabalhadores sugeriu a escolha de seus parceiros de consórcio como uma independência do capitalismo estadunidense, como se o capitalismo (?) chinês fosse nos salvar da agressão capital do império do norte, e ambos não fossem parceiros comerciais. Com relação às manifestações populares, o PT se limitou a culpar a mídia pela insatisfação popular, como se a mesma fosse acima de tudo antipetista e não voltada a seus interesses políticos particulares (entendendo a mídia como um partido político*). Mesmo durante as jornadas, viu-se o apoio de aparelhos do PT em protestos contra a grande mídia (em especial a Globo). Em seus discursos, a presidente deixou bem claro o pedido de voto de confiança do empresariado. Assegurou o conforto de seus parceiros nacionais e prometeu medidas enérgicas para assegurar a governabilidade em seu mandato. O resultado foi o aumento da repressão às(aos) manifestantes (incluindo a lei contra o terrorismo) e privilégios aos parceiros nacionais e internacionais. Importante destacar a consonância que as greves das(os) professoras(es), municipal e estadual no Rio de Janeiro, tiveram com as Jornadas de junho. Foi uma correlação de forças que deu volume às reivindicações das(os) docentes, resultando no apoio que as(os) professoras(es) obtiveram da massa manifestante. CONJUNTURA ESTADUAL TESES GERAIS - PÁGINA 91 Os governos de Sergio Cabral e Eduardo Paes – ambos do PMDB – alinham-se ao governo federal em torno das políticas econômicas e sociais e na organização para os mega eventos que vão ocorrer na cidade do rio de Janeiro. Todas as políticas implementadas por ambos nos últimos anos tem como principal objetivo a realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, não havendo qualquer ruído de comunicação entre ambos. Os megaeventos que ocorreram e ocorrerão na cidade servem de desculpas para uma suposta modernização da cidade, que tem por de trás uma proposta de venda da cidade para o capital, deixando de lado serviços essenciais à população. Enquanto a vida encarece a passos largos e muitas famílias são removidas de suas casas, as máfias dos transportes, a privatização da saúde através das OSs, e todo um conjunto de políticas privatizantes vêm entregando direitos básicos da população nas mãos da iniciativa privada, que em nome de lucro ignora a qualidade dos serviços e ainda determina o valor que temos de pagar para sobreviver numa cidade cada vez mais feita para os ricos. O padrão FIFA dos estádios superfaturados e inversamente proporcional aos padrões de vida da maioria da população carioca. Isto tudo com carimbo de Paes e de Cabral. A preparação da cidade para os jogos olímpicos e para a copa teve como um dos seus pilares a entrega da cidade aos(às) grandes empresários(as) e seus empreendimentos, através de uma grande reforma urbana para adequar o Rio de Janeiro aos interesses destes(as) empresários(as). Nesse sentindo, destacamos alguns elementos. O primeiro deles é a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora, onde o mapa das UPPs mescla-se ao mapa de áreas onde ocorrerão eventos ou então que possuem interesses do capital. Do ponto de vista social, se num primeiro momento a população carioca e mesmo das favelas mostrou certo otimismo com esta nova forma de policiamento, amplamente propagandeada e apoiada pela grande imprensa, num momento posterior, surgem inúmeras denúncias sobre a UPP, desde a continuidade do trafico de drogas até prisões arbitrárias, torturas e mortes pelos(as) agentes da UPP, tendo recentemente no caso do pedreiro Amarildo um exemplo desse fato. As UPPs demonstram uma ocupação militar das favelas para garantir os interesses econômicos das elites cariocas e a tranquilidade na execução de seu projeto de cidade. Uma outra consequência da política das UPPs foi o da especulação imobiliária, com grande aumento do valor dos imóveis situados tanto nas favelas quanto no seu entorno, vindo a se somar na carestia geral que se tornou uma das marcas da cidade do Rio de Janeiro, a cidade olímpica. O alto custo de vida, de artigos básicos e da moradia demonstram de forma clara a que projeto esta cidade está submetida: o projeto do grande capital. Ainda como parte das políticas de intervenção no espaço urbano, o governo promove uma ação fascistizante nas favelas e comunidades do Rio, com políticas de remoções que deslocam famílias de forma violenta dos seus espaços de moradia, desconstruindo toda uma estrutura familiar já assentada, mesmo que de forma precária. Tais moradoras(es), pobres e em geral negras(os), são levadas(os) para lugares bem distantes de onde moravam, modificando por completo suas vidas, seu trabalho, seu lazer e círculos de amizades. Toda essa ação dos governos que privilegia estádios em vez de educação, estacionamento em vez de vida gerou reações em massa da população. As manifestações de junho mostraram o descontentamento geral da população com a condição de vida. Manifestações estas que tiveram nos setores de média e baixa renda o protagonismo. Era um sinal de que a propaganda do governo e da grande imprensa em torno da cidade e a realidade estão bem distantes umas das outras. Mesmo que inicialmente de forma difusa, as manifestações possuíam bandeiras de reivindicações muito claras: transportes, saúde, educação e o questionamento direto dos investimentos nas obras da copa. Cabral usou e abusou da polícia como freio das mo- No non No non bilizações de massas, com No non No non forte criminalização das(os) manifestantes e forte re- No non No non pressão. A política do governo e de seus aliados, em No non No non esfera municipal e federal seria garantida de qualquer No non No non forma mesmo que para isso No non No non Cabral tivesse que soltar toda a máquina repressiva contra a população e contra os movimentos sociais, estudantis e sindicais. Uma demonstração dessa brutal violência por parte do Estado foi a forma truculenta como foi tratada a greve das(os) profissionais da educação, com cassetetes, bombas e gás de pimenta. Houve poucos avanços no processo de negociação das condições de trabalho e vencimento, dando a impressão para a categoria que a greve de 2013 foi uma derrota. Mas, se avaliarmos com mais calma, já sem a paixão (ou ódio) do momento, veremos que houve avanços para a formação política interna da categoria. No inicio, a greve foi cassada pela atual gestão do governo estadual. Conseguimos através da luta manter a legitimidade e a legalidade da greve da educação estadual e municipal, quiçá, o direito de greve de todos as(os) trabalhadoras(es) brasileiras(os). A representatividade do sindicato foi questionada pelo Estado. Até um sindicato tirado da cartola, com caráter governista, atrelado e propositivo queriam fazer engolir. Provamos que o SEPE é o representante de direito e de fato da categoria nos tribunais e nas ruas, com nossas bandeiras e nossas mobilizações. Em resposta, seja da SEEDUC ou SME, fecharam todos os canais de negociações, atrelando a negociação à saída da greve dos profissionais de educação. Mantivemo-nos firme em nossas trincheiras, forçando a atual secretaria Municipal de educação a abrir os primeiros canais de negociações, tímidos e a contra gosto. A SEEDUC foi irredutível até o final. O atual prefeito do Rio, Eduardo Paes, teve que se reportar publicamente e propor um plano de carreira, cargos e salários para as(os) docentes do município. A categoria resolveu em assembleia sair da greve e esperar a proposta de Paes em estado de greve. Quando o PCCS foi proposto pelo prefeito, mostrando que seus interesses não são para uma educação pública, gratuita e de qualidade, deixando de fora 90% das(os) professoras(es) do plano. Em uma atitude corajosa e madura, a categoria em assembleia volta à greve com a mesma força do início, dando continuidade à luta. Chega-se o fatídico 1º de outubro de 2013, onde nos fez lembrar momentos da ditadura civil militar: Câmara de vereadores cercada e gradeada, policiais espalhados(as) pelas ruas e No non No non cercando todo o perímetro Centro do Rio, nossos No non No non do gritos, manifestações, pasNo non No non seatas pelas ruas. Por 36 votos foi aprovado o PCCS de No non No non Paes. Nossa categoria e diversos apoiadores se rebeNo non No non lam, até de cima de prédios históricos da Cinelândia a No non polícia ataca as(os) manifestantes com bombas. Os cães estão soltos. Somos perseguidos pelas ruas, vielas e becos da cidade cantada por maravilhosa (para poucos). Comoção nacional. Todos os meios de imprensa exibem a carnificina. E para não deixar duvidas do recado dado, tanto o Estado quanto o Município começam a adotar a tática do terrorismo, qualificando as(os) profissionais em greve, não mais no código de greve, mas de falta injustificada, um claro atentado contra o direito de greve, e tais medidas são acompanhadas de processos administrativos contra as(os) trabalhadoras(es). Depois da entrada do STF como mediador, o SEPE assinou a Ata de reconciliação sob pena de multa por cada dia de paralisação e retaliação das(os) trabalhadoras(es) (processo administrativo com vistas à demissão e cortes de salário.) O processo de luta entre trabalhadoras(es) e patrões é árduo e violento. Isso não é diferente quando se trata do funcionalismo público e entes TESES GERAIS - PÁGINA 92 federados. Estamos falando de um Estado que está seguindo a lógica das privatizações das suas responsabilidades sociais, transformando direitos em serviços e mercantilizando a vida. Existem muitos interesses privados na educação. A luta pela educação pública, de qualidade e gratuita realizada pela greve de 2013 foi muito importante no posicionamento da sociedade frente a esta lógica. A pauta se torna pública novamente. O SEPE sai fortalecido perante o poder vigente, reconhecido socialmente e entre outros sindicatos e movimentos sociais, mas devemos ponderar alguns pontos: 1 – Se por um lado o sindicato sai fortalecido externamente, internamente prova-se que existe uma tensão entre base e diretoria, com vários grupos apontando a burocratização e a organicidade de alguns dirigentes quase eternos na direção. A grande fragmentação interna entre as forças políticas que compõem o sindicato derivada do sistema de eleições proporcionais e, principalmente, da falta de unidade da ação própria da esquerda na atual conjuntura; isto atrapalhou a necessária coesão do sindicato nas greves e por vezes a disputa interna prevalece sobre a ação comum. 2 – Outro ponto delicado de se falar é a adesão à greve. Enquanto a rede municipal da capital teve grande adesão, na rede estadual, a adesão foi baixa e instável. A rede estadual mostra-se frágil, apesar de uma tradição maior de greves, acampamentos e piquetes durante as lutas. Corroborando com a tese de tensão entre base e direção e mostrando que o próprio sindicato deu peso excessivo à greve municipal e colocando a greve da rede estadual de forma secundária. 3 – Apesar do PCCS do Paes ter sido aprovado, começou-se uma frágil flexibilização do processo docente em sala de aula, dando às(aos) professoras(es) uma pequena autonomia ante aos imperativos privatistas ainda em jogo dentro e fora da sala de aula. 4 – Se houve um grande processo de mobilização e formação política dentro da rede municipal, a rede estadual mostra que devemos voltar a dialogar mais com a categoria, escutá-la, interpretá-la e fortalecer suas perspectivas sobre a importância das atuais lutas. 5 – A grande mobilização demanda uma política de fortalecimento para, a partir da greve e de todo o movimento em seu entorno, construir um saldo organizativo para o sindicato e, principalmente, para a categoria. 6 – A própria intromissão do STF na dita mediação, primeiro aclamado de forma quase religiosa, por parte da categoria, mostrou o caráter de classe do judiciário, apontando os riscos de judicializar as lutas sociais nas regras da institucionalidade burguesa. Mostrando os laços umbilicais entre os entes federais, estaduais e municipais, além da relação íntima entre os poderes da democracia para amalgamar a classe trabalhadora na ordem imposta pelo capital. Como se deve observar, muita luta ainda deve ser realizada. Para isso temos que ter um sindicato que entenda os apelos da categoria e solidarizar com as demais lutas das(os) trabalhadoras(es) que ainda estão por vir neste ano que se abre de grandes eventos (e confrontos), bem como eleições federais e estaduais. CONCEPÇÃO SINDICAL “A divisão tradicional do movimento dos trabalhadores (partido, sindicato, cooperativa) mostra-se, hoje, insuficiente para a luta revolucionária do proletariado. Parecem ser necessários órgãos que tenham condições de abarcar e conduzir à ação No non No non todo o proletariado e, além No non No non dele, todos os explorados da sociedade capitalista. No No non No non entanto, por sua essência, esses órgãos, esses sovie- No non No non tes, são, já no interior da sociedade burguesa, órgãos No non No non do proletariado que se orgaNo non No non niza como classe. Com isso, a revolução entra na ordem do dia (...). Quando, porém, teóricos isolados da extrema esquerda fazem do conselho operário uma organização classista permanente do proletariado e pretendem que ela substitua o partido e o sindicato, demonstram não compreender a diferença entre situações revolucionárias e não revolucionárias e não ter clareza da verdadeira função dos conselhos operários.” [1] György Lukács Historicamente, os sindicatos são importantes instrumentos de organização e luta da classe trabalhadora. A natureza desse espaço é eminentemente corporativa, fazendo com que predominem, em sua ação, as demandas econômicas mais imediatas das respectivas categorias. Nesse sentido, as(os) comunistas e as(os) anticapitalistas em geral devem contribuir para elevar o nível de consciência e organização das massas, de modo que os enfrentamentos sejam lições para a luta revolucionária – ainda que esses enfrentamentos não sejam o polo central dessa luta, dada a pluralidade política e ideológica das(os) filiadas(os) e ativistas. “A greve é um exercício de guerra, mas não é a guerra”. Temos enfrentado no meio sindical correntes e organizações fiéis à lógica do capital – como no caso do “sindicalismo de resultados”, que foca apenas na categoria representada, abrindo mão da condição de classe trabalhadora –, agrupamentos políticos que buscam “pactos” entre ca- pital/ Estado e trabalho, como (as)os trabalhistas e as correntes da social-democracia, setores que evitam o confronto de classes e propõem programas rebaixados. No outro extremo, enfrentamos grupos que concebem os sindicatos como centro absoluto da luta revolucionária, como aparelhos a serviço de suas correntes políticas. A Unidade Classista é uma corrente sindical independente em relação a quaisquer articulações intersindicais hoje existentes e vem procurando se fortalecer para poder contribuir de forma mais efetiva para a unidade das demais forças do sindicalismo classista. Entendemos como necessária a construção de uma Central Sindical como verdadeira alternativa nessa linha, mas sem artificialidade, hegemonismo nem policlassismo. Contudo, identificamos como pressuposto a urgente unidade dos setores do sindicalisNo non No non mo classista pela base. Esse No non No non processo deve favorecer, para além do movimento No non No non sindical, a formação de uma frente permanente de conNo non No non teúdo anticapitalista e anti-imperialista. No non No non A organização sindical que as(os) comunistas da No non Unidade Classista defendem implica em uma profunda e radical avaliação da estrutura sindical existente e de seus limites, reivindicando a necessidade de recriar, em outros termos, a forma da ação sindical, rompendo na prática com o atrelamento próprio das heranças do modelo varguista imposto às(aos) trabalhadoras(es) contra sua autonomia. Entre as principais bandeiras do movimento sindical classista de hoje, não podem faltar: - a redução da jornada de trabalho sem redução salarial; - o fim do banco de horas e a taxação das horas extras; - a valorização dos salários, pensões e aposentadorias; - por estabilidade no emprego, mais ganhos reais em vez de participação nos lucros e resultados (e da meritocracia e bonificações no setor público); - fim do fator previdenciário; - contra a precarização das condições trabalho; - nenhum direito a menos! A EDUCAÇÃO QUE DEFENDEMOS A educação pública é um espaço do Estado que tem como um de seus principais objetivos produzir força de trabalho barata para o mercado, dentro de uma lógica de Divisão Social do Trabalho, onde certas camadas de renda mais alta ocupam espaços privilegiados no mercado de trabalho, TESES GERAIS - PÁGINA 93 enquanto as camadas mais pobres da sociedade, que frequentam a escola pública acabam majoritariamente ocupando espaços de trabalho mais precarizados. Para manter esta estrutura social, não é necessário que os governos invistam grandes volumes de verba na escola pública, mantendo baixos os salários das(os) professoras(es), não investindo em infraestrutura e mantendo sob controle toda uma estrutura vertical de gestão escolar para garantir suas políticas. Em outras palavras: Esse caos é programado e é perfeitamente funcional à classe dominante na sociedade capitalista A tarefa das(os) comunistas é de lutar pela educação pública, gerenciada pela comunidade escolar, laica, crítica e de qualidade para as(os) filhas(os) da classe trabalhadora e tentar fazer deste ambiente, um espaço de contra-hegemonia à lógica do capital. Tal disputa deve se dar tanto na elaboração de currículos, como na organização da categoria através de todo um processo de consciência. É por este processo que professoras(es) e funcionárias(os) podem compreender as questões imediatas que envolvem sua vida até que se entendam como classe social. É a compreensão de que somente a luta pode construir uma educação que se oponha aos anseios da classe dominante e atenda a classe trabalhadora, revelando as contradições do sistema capitalista, bem como os limites que se colocam pra ela, devemos abandonar então, a ideia de uma pedagogia idealista, que irá resolver os problemas da sociedade. Somente com uma pedagogia de caráter classista conseguiremos avançar. As classes dominadas, a educação e suas(seus) profissionais não terão seus problemas resolvidos enquanto estiverem agindo de forma fracionada e isoladas(os) do conjunto da sociedade e de seus problemas gerais. O que estamos assistindo é um desmonte da escola pública. Um espaço que deixa de ser alvo de investimentos do Estado no sentido pedagógico e é entendido como “depósitos” de crianças e adolescentes que devem ser vigiadas(os) e não formadas(os) para compreender e atuar de forma crítica na sociedade. Um dos exemplos mais emblemáticos deste desmonte é o esvaziamento do quadro de funcionárias(os), para dar lugar não só à terceirização, (com funcionárias(os) que não são formadas(os) para serem educadoras(es), e com salário precário) como a policiais (na rede estadual por enquanto), que passaram a frequentar o cotidiano escolar. Em outras palavras, no neoliberalismo no Brasil, avança a passos largos um Estado penal, em um espaço onde boa parte da juventude negra e pobre se concentra, e está ali, agora, para ser vigiada. É a criminalização de toda uma geração de jovens das(os) filhas(os) da classe trabalhadora. Para que a escola cumpra seu papel não são necessários(as) policiais, mas toda uma equipe pedagógica que envolve inspetores, funcionárias(os) para administração, cozinheiras(os), assistentes sociais e psicólogas(os) para dar o apoio necessário não só à(ao) estudante, como a sua família, estabelecendo uma ponte consistente entre ambos. Soma-se a esse desmonte, os baixos salários das(os) professoras(es), que necessitam trabalhar em 3, 4, ou 5 escolas para conseguir completar um salário que lhe permita viver em condições minimamente dignas. Tantas escolas para dar aula já compromete a qualidade das aulas, devido à necessidade de vários deslocamentos, à excessiva quantidade de estudantes, sem que se possa dar a atenção necessária a cada um delas(es) e ao tempo gasto nas correções de intermináveis trabalhos e provas. Para driblar este último problema, muitas vezes a(o) docente se vê obrigada(o) a rebaixar seu trabalho, não utilizando os métodos que acharia necessários para poder se adequar à realidade de prazos e cumprir com as todas as exigências que lhe são feitas. Logo, uma política salarial consistente, bem como ter sua matrícula vinculada a uma única escola são fundamentais para uma educação de qualidade. Para escamotear os baixos salários, os governos dão bônus para as(os) professoras(es) quando seus colégios cumprem determinadas metas estipuladas por ele. Não devemos comemorar estes bônus, mas lutar por maiores salários e que todas as políticas de reajuste sejam incorporadas a ele, sendo que devemos pleitear sempre o salário mínimo estipulado pelo DIEESE. No mesmo sentido, a política de metas deve ser combatida, pois cumprem o papel de aumentar de forma artificial os índices estatísticos dos governos, e com a perversa, mas antiga estratégia de dividir a classe trabalhadora, visto que para ganhar bônus e gratificações, professoras(es) são constrangidas(os) por seus pares a cumpri-las. Neste quadro, as direções se tornam verdadeiras capatazes para obrigar o corpo docente a atingir os números desejados pelos governos, sendo elemento essencial na estrutura. Desta forma, deve ser amplamente debatida a forma de gestão escolar. Está claro que a indicação por parte da Secretaria de Educação cumpre um papel nefasto na educação, pois não só faz das(os) diretoras(os) capatazes do corpo docente, como rompe com qualquer forma democrática de decisão da comunidade. Sendo assim, é urgente que lutemos por eleições diretas para direção, mas também não podemos parar por aí. Devemos pensar em uma forma de gestão por conselhos, com participação das(os) professoras(es), estudantes, funcionárias(os) e pais de estudantes, excluindo quaisquer assessorias de empresas e instituições privadas. A direção é subordinada a este conselho, cabendo executar suas deliberações. Para a Unidade Classista, esta nos parece a melhor forma de envolver toda a comunidade escolar nos rumos da educação para a classe trabalhadora, que deve disputar este espaço ideologicamente. Nesta lógica de disputa contra-hegemônica, a Unidade Classista entende a necessidade de que toda a comunidade escolar e seu entorno devem participar ativamente da vida escolar. Esta comunidade compreende tanto as direções eleitas diretamente, como professoras(es), estudantes, funcionárias(os), pais de estudantes, moradoras(es) e movimentos sociais de áreas próximas. Para os problemas sociais, a saída tem que ser construída coletivamente e rompendo os próprios muros da escola, tornando-se necessário que todo o entorno dos colégios tenha acesso a eles, podendo utilizar seus espaços (físico, bibliotecas, entre outros). A contra-hegemonia que precisamos construir será fruto de um sistema de alianças sociais norteadas pelos verdadeiros interesses da classe trabalhadora. Tem que ser anti-imperialista e anticapitalista. Devemos prestar mais atenção em organizações ditas apartidárias, plurais e “bem intencionadas” na discussão dos rumos da educação no Rio de Janeiro e voltar todo o conjunto de ações políticas da categoria das(os) professoras(es) para neutralizá-las. As atrizes e os atores políticas(os) contidas(os) na ONG “Todos pela Educação”, nas organizações “Instituto Millenium” e “Escola Sem Partido” formam, na verdade, um verdadeiro partido político com grande rigor organizativo. De maneira geral reúnem diferentes setores da sociedade, como gestoras(es) públicas(os), educadoras(es), pais, estudantes, pesquisadoras(es), profissionais de imprensa e empresárias(os) que trabalham para a garantia do direito a uma Educação de qualidade. Elas No non No non seriam responsáveis por um melhor funcionamento e No non No non comunicação entre poder No non No non público, organizações da sociedade civil e iniciativa No non No non privada com o intuito de aumentar a qualidade da Edu- No non No non cação. Alguns exemplos são No non No non importantes para revelar a nossa categoria contra o que efetivamente teremos que nos organizar e lutar. A atual secretária de educação do município do Rio de Janeiro, Claudia Costin, já atuou como vice-presidenta da Fundação Victor Civita, ligada ao Grupo Abril, das revistas Veja e Nova Escola e escreve para o Instituto Millenium. É defensora das Organizações Sociais (OS), estratégia velada de privatização do serviço público. Dentre os diversos mantenedores dos grupos “Todos pela Educação” e Instituto Millenium estão a Gerdau, a Suzano Papel e Celulose, o grupo Abril, Fundação Roberto Marinho e FunTESES GERAIS - PÁGINA 94 dação Victor Civita e até doadoras(es) como Thor Carvalho, filho de Eike Batista, além de Bancos como Bradesco e Itaú. O grupo Escola Sem Partido cujo coordenador é Miguel Nagib, advogado e ex-articulista do Instituto Millenium, propõe, por exemplo, caçar as(os) professoras(es) que procuram “transmitir aos alunos uma ‘visão crítica’ da realidade”, chamando-as(os), claramente, em tom bastante ofensivo, de “um exército organizado de militantes travestidos de professores que se prevalecem da liberdade de cátedra e da cortina de segredo das salas de aula para impingir-lhes a sua própria visão de mundo.” Além disso, a tal instituição apartidária “Todos pela Educação”, através da voz de sua diretora-executiva, Priscila Fonseca da Cruz, numa reportagem ao jornal O Globo (01/10/2013) tomou partido, de forma contumaz, sendo completamente contra a greve das(os) professoras(es) e funcionárias(os). Na verdade, a coalizão de grandes empresas construiu essas organizações educacionais apartidárias, plurais e “democráticas” e orientam as secretarias de educação do município e do Estado com uma única proposta de educação: educar a classe trabalhadora para ser força de trabalho da burguesia. Isto fica claro no livro Professor não é educador, de Armindo Moreira, cujo mote central é o de que a família deve se ocupar da educação da criança, ou seja, promover sentimentos e hábitos, enquanto o papel das(os) professoras(es) seria o de fomentar a instrução de suas(seus) estudantes, isto é, apenas “proporcionar conhecimentos e habilidades para a pessoa ganhar o seu sustento”. Fica claro que as diretrizes básicas compartilhadas por estas organizações giram em torno de uma concepção de educaNo non No non ção supostamente isenta de “ideologias” cuja finalidade No non No non principal é refletir a divido trabalho em sala de No non No non são aula, isto é, fazer das escoNo non No non las e das(os) professoras(es) facilitadoras(es) da “natuNo non No non reza empreendendorista” da(o) estudante, circunsNo non crevendo os conteúdos de sala de aula à formação de força de trabalho embrutecida por cartilhas e telecursos, pronta para ser adaptada ao mercado de trabalho. É o que se pode observar em programas de aceleração de estudo como o programa Autonomia, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o dupla escola, que conta com a iniciativa privada no oferecimento da formação profissional da(o) estudante, e o prêmio gestão escolar que elabora um conjunto de critérios e procedimentos para formação de conselhos no interior das escolas, visando promover a disputa por prêmios entre aquelas que melhor desenvolverem sua gestão. As cinco escolas finalistas podem receber até 10 mil reais de prêmio bem como projetos de educação profissionalizante em suas escolas. Atualmente o Prêmio conta com a parceria da Unesco, MEC, Undime, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Instituto Natura, Fundação Itaú Social, Fundação Victor Civita, Gerdau, Fundação SM e Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA A escola é uma das instituições principais onde as identidades de gênero e sexualidade e ideias sobre elas são (re)produzidas, vigiadas e controladas, e, portanto, as(os) professoras(es) se encontram em uma posição de extrema importância para combater estereótipos, preconceitos, naturalizações No non No non e estigmatizações. Porém, apesar das recomendações No non No non sobre “orientação sexual” No non No non nos Parâmetros Curriculares Nacionais e da insti- No non No non gante cartilha “Diversidade Sexual na Escola”, os corpos No non No non e desejos eróticos das(os) estudantes costumam ser No non No non apagados no âmbito escolar devido à insistência na mente e nos processos cognitivos. Adicionalmente, as(os) professoras(es) geralmente são orientadas(os) para não tomar em consideração os gêneros, sexualidades, raças e classes sociais das(os) suas(seus) estudantes. Contudo, em vez de ajudar a alcançar um posicionamento objetivo ou neutro, ao intentar ignorar o corpo e o desejo, as escolas acabam por serem cúmplices na (re)produção da norma como branco, masculino, heterossexual, classe média, etc. Embora não exista nenhuma lei no Brasil que obrigue as escolas a incluírem a Educação Sexual em seus currículos, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) recomendam que a “orientação sexual” seja um tema transversal e prescrevem três eixos norteadores: “corpo: matriz da sexualidade”, “relações de gênero” e “prevenção de doenças sexualmente transmissíveis/AIDS”. Na superfície, certas frases dos PCNs parecem reconhecer que a sexualidade é uma construção sócio-cultural (ou “expressão cultural”, na terminologia do documento) e afirmar uma certa dimensão histórica (recomendando que disciplinas como a História incluam conteúdo referente a “como a sexualidade é vivida em diferentes culturas, em diferentes tempos, em diferentes lugares”). Porém, em geral os PCNs tendem a tratar a sexualidade como um dado da natureza, algo inerente e inato; ou seja, como uma base essencial sobre a qual há certa influência da história e da cultura. Primeiro, os PCNs não reconhecem que as categorias de sexualidade que usamos hoje em dia (heterossexual, homossexual, bissexual) são invenções do final do séNo non No non culo XIX, imbricadas com o avanço do capitalismo e do No non No non pensamento religioso (cujas também não são No non No non essências questionadas nos PCNs), No non No non que só mudaram de categorias clínicas (frequenteNo non No non mente patologizantes) para rótulos identitários por volNo non ta dos anos 1960. Não reconhecem que na verdade a sexualidade humana é muito mais ampla do que as categorias que usamos (como destaca a supracitada cartilha sobre a diversidade sexual) e pode ser pensada para além de – ou até sem – essas categorias. Segundo, embora os PCNs afirmem que a sexualidade é uma “expressão cultural” que pode ser influenciada por questões de classe social, religião, etc., falta uma perspectiva interseccional que vê a sexualidade como mais de uma série de variáveis que às vezes se cruzam. Falta reconhecer que a sexualidade é sempre racializada, generificada, influenciada por classe social, etc. e que essas configurações de subjetividade se desenvolvem de modo totalmente interdependente. Finalmente, embora os PCNs pareçam “abertos” ao sexo, incitando a discussão “livre” sobre ASSINAM ESTA TESE TESES GERAIS - PÁGINA 95 ele na escola, também insistem muito na autodisciplina e no autocontrole – colocam a ênfase na prevenção da gravidez e das DSTs. Desta maneira, na verdade aumentam o controle exercido sobre as(os) estudantes – não um controle realizado através de proibições diretas, mas através da produção de sujeitos autodisciplinados. Adicionalmente, ao não olhar criticamente para o papel dos interesses capitalistas e machistas das grandes empresas farmacêuticas atrás dos modos anticonceptivos disponíveis e os discursos que circulam sobre eles, as prescrições dos PCNs acabam reforçando a naturalização do sistema heterocapitalista em vez de libertar as(os) estudantes do determinismo neoliberal heteronormativo. Em suma, os PCNs apresentam várias contradições: dizem que a sexualidade é mais do que biologia, mas enfatizam o lado biológico; falam da importância de viver plenamente a sexualidade para ter uma vida saudável, mas insistem no autocontrole. A educação sexual deveria ser obrigatória nas escolas, pois o silêncio só reforça as normas e a marginalização de quem não se conforma com elas. Ao mesmo tempo, as(os) professoras(es) não devem esperar mudanças nas leis e nas políticas públicas para realizar mudanças em suas práticas. Devem ser encorajadas(os) a abandonar um posicionamento supostamente “neutro” e “apolítico” e a dialogar com as(os) estudantes, pois evitar temas de gênero, sexualidade, raça e classe social é uma escolha igualmente política que a de confrontá-los. A educação sexual deve ser abordada de uma maneira laica que enfatiza a construção sócio-histórico-cultural do sexo, gênero e sexualidade, de modo interseccional, reconhecendo sua imbricação com a luta de classes. Não deve simplesmente transferir informações sobre os supostos “fatos” da sexualidade, mas desnaturalizá-la. Sua finalidade última não deve ser o autocontrole, mas a conscientização das(os) estudantes para que possam agir para realizar mudanças sociais. A educação sexual, como a educação em geral, deve romper com a lógica heterossexista, heteronormativa e heterocapitalista. Tese 16 CONTRIBUIÇÃO AO XIV CONGRESSO DO SEPE ANO 2014 TESE DO CAMPO LUTA EDUCADORA Se os poderosos senhores, impõe-nos à força bruta, silêncio pras nossas dores e dor pra nossa labuta. Não calam os educadores. Só educa quem reluta! Quanto mais a gente luta, mais a luta nos educa! Aprendi em movimento, que quem pára se amputa. E é vão o conhecimento, que não espelha a conduta. Educa-se o pensamento, sendo parte na disputa. Quanto mais a gente luta, mais a luta nos educa. Se a luta é educadora, então que ela repercuta. Contra a mão opressora, que a educação refuta. Que a classe trabalhadora, una-se toda em luta! Quanto mais a gente luta, mais a luta nos educa. (Luta Educadora. Jonathan Mendonça) 1-Conjuntura O ano de 2013 ficará na história. A juventude, o povo e os trabalhadores mostraram aos patrões e governos que querem que as suas reivindicações sejam atendidas. As manifestações de junho, tendo como principal bandeira a redução da tarifa do transporte coletivo, provocou atos de massa por esta e outras reivindicações. A faísca para essa explosão de luta foi a realização da Copa das Confederações no país. Para o povo, ficou claro: enquanto o governo afirma não ter dinheiro para a saúde e educação, gastou e continua gastando bilhões de reais com a Copa do Mundo. Isto ficou evidente nos cartazes exibidos nas manifestações que exigiam “saúde e educação padrão Fifa” e diziam que “o professor vale mais que o Neymar”. A essas manifestações de junho, se incorporaram também as reivindicações do movimento popular e do movimento sindical, que esteve presente, principalmente, nas paralisações nacionais que ocorreram nos dias 11 de julho e 30 de agosto. torias das universidades e de terrenos por trabalhadores sem teto, exigindo o direito à moradia. Muitas lutas, mas fragmentadas Entretanto, todas essas lutas ocorreram de forma fragmentada. As entidades que dirigem os movimentos sociais do país – CUT, Força Sindical, UNE e o próprio MST – por estarem atreladas ao governo Dilma, não são consequentes e acabam, evidentemente, não tendo uma preocupação em unificar todas essas lutas. Até mesmo a proposta de um plebiscito popuGreves se fortaleceram após junho lar sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para discutir a reforma política A nova situação aberta com essas manifestacorre o risco de, na mão desses setores, virar um ções contribuiu para que almecanismo para desviar o gumas greves fossem mais um destaque deve ser dado foco das lutas de massas. fortes e radicalizadas, como Este ano de 2013 ficafoi o caso dos bancários, para a greve na educação no rá marcado, também, pelo petroleiros, trabalhadores aumento da criminalização dos correios e metalúrgicos. Rio de Janeiro. Essa greve dos movimentos sociais e Patrões de fábricas imporda pobreza, simbolicamenconseguiu a solidariedade, tantes que há muito anos te expresso pelas mortes não sabiam o que era uma dentro e fora do país, em do Amarildo, Ricardo e pemobilização forte de trabalos mais de 200 estudantes lhadores – como foi o caso virtude da justeza de suas e trabalhadores que foram da Embraer de São José dos “fichados” pela polícia do Campos-SP ou da Gerdau reivindicações e contra governo Alckmin em São em Divinópolis-MG – foram Paulo e Cabral no Rio de Jaa postura truculenta e obrigados a enfrentar greneiro. ves. Se este ano foi muito autoritária dos governos Entretanto, um destaque importante, pois mudou a deve ser dado para a greve Sérgio Cabral e Eduardo Paes relação de forças no país, na educação no Rio de Ja2014 tem tudo para ser uma neiro. Essa greve conseguiu continuidade de todas essas a solidariedade, dentro e fora do país, em virtude lutas da justeza de suas reivindicações e contra a postura Os servidores federais, que realizaram uma truculenta e autoritária dos governos Sérgio Cabral forte greve nacional em 2012, aprovaram a ane Eduardo Paes. Se somariam nesse movimento, tecipação da sua campanha salarial. As manifesnas grandes cidades do país, diversas ocupações tações de 8 de março tendem a ter uma particide câmaras municipais, exigindo o passe livre para pação maior de trabalhadoras e trabalhadores estudantes e desempregados, e ocupações de reido que em anos anteriores. Também em março TESES GERAIS - PÁGINA 96 de 2014, ganhará visibilidade a luta pela punição dos crimes promovidos pelo regime militar, em virtude dos 50 anos do golpe militar no país. moedas e fuga de capitais, que no ano seguinte atingiu a Rússia e em 1999 o Brasil. O contexto agora é de crise econômica mundial, o que agrava a situação. A dívida pública continua a ser um fator econômico maior do que o governo admite. Num levantamento do FMI, o Brasil gasta 5% do PIB com juros da dívida pública (dados de 2011). Só a Grécia e o Líbano, dois países em profunda crise, gastam uma parte maior do PIB. Encontro Nacional Defendemos realizar um Encontro Nacional com a participação de milhares de jovens e trabalhadores de todos os movimentos sociais, para que possamos aprovar uma pauta de reivindicação e um calendário de luta comum, não só contra as consequências sociais da Copa do Mundo, mas para todo o ano de 2014. Com a realização desFora Cabral e Eduardo Paes! te Encontro Nacional, será dado o primeiro passo Cabral foi um dos mais bem votados governapara a construção de uma alternativa política de dores do país na última eleição (reeleito com 66% poder para o país, que será marcado também, pedos votos), mas atualmente é o governador que las eleições gerais. possui o menor índice de aprovação, com 12%. Ele Para que esse Encontro seja vitorioso, é necesfoi desmascarado, pelo favorecimento de empresário evitar o hegemonismo de qualquer movisas e empresários como Eike Batista; os abusos mento ou setor. Entendemos que deve haver um de poder como o uso do helicóptero público para esforço para que as resoluções relacionadas aos transportar sua família; os desmandos violentos e eixos de luta, calendário e forma de organização autoritários através da criminalização da pobreza; sejam consensuais. Acreditamos que quatro eie o sucateamento dos serviços públicos de educaxos de luta devem ser priorizados: tarifa zero no ção e saúde. transporte coletivo, contra os despejos e demais Todos esses ataques à população feitos pelo consequências sociais da Copa da Mundo, mais governo Cabral foram canalizadas pelas jornainvestimentos em saúde e das de mobilização de junho, educação e o fim da crimi- As jornadas de junho, de estenderam-se para julho e nalização dos movimentos modo pedagógico, ensinaram agosto, colocando-o contra a sociais. parede e o obrigando a rever Economia brasileira algumas de suas políticas anao povo que o que muda a Apesar de certa recupeteriores. ração do crescimento do vida é a luta, as ruas, e que, A crise política do governo PIB, do 1% de 2012 para Cabral e da polícia militar se cerca de 2% esse ano, vários portanto, o processo de agravou principalmente após dos indicadores apontam mobilizações deve prosseguir o aumento da repressão aos para os piores resultados manifestantes. A resposta do em uma década ou mais. A governador às lutas foi de rebalança comercial (exportações menos importaprimir para intimidar, e impedir a organização da ções) teve o pior resultado desde o ano 2000, com juventude. Armamentos cada vez mais pesados da um pequeno superávit de 2,6 bilhões de dólares. polícia, centenas de jovens sendo indiciados, por A “conta corrente” (uma medida mais ampla das formação de quadrilha, perseguição às lideranças relações com o exterior, que além da balança coe sequestros relâmpagos. Uma postura clara de mercial inclui, por exemplo, pagamento de juros, criminalização dos movimentos sociais. remessa de lucros, etc.) teve um déficit recorde Estas lutas obrigaram Cabral a desistir de derde 81,4 bilhões de dólares, equivalente a -3,7% do rubar a Escola Friedenreich, o Estádio de AtletisPIB (o pior desde os -4,2% de 2001). mo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio de A geração de empregos foi a mais fraca desde Lamaree, que ficavam no em torno do Maraca2003. O alto endividamento das famílias e a inflanã, além disso, reintegrou os 14 bombeiros que ção contínua a contribuir para um fraco desemhaviam sido expulsos da corporação por causa penho do consumo. No ano passado as vendas de suas manifestações por melhores salários em do Natal cresceram no menor ritmo em 11 anos, 2011, por fim declarou que não haverá mais a resegundo o Serasa Experian. A indústria teve um moção dos moradores da Vila Autódromo. As jorcrescimento mais baixo que o PIB, com 1,2% no nadas de junho, de modo pedagógico, ensinaram ano passado, e não recuperou a metade da queao povo que o que muda a vida é a luta, as ruas, da de 2012. Esses dados negativos tem a ver com e que, portanto, o processo de mobilizações deve os limites do modelo de crescimento brasileiro e a prosseguir. crise internacional do capitalismo. O Rio de Janeiro se transformou na cidade que Muitos comparam a situação atual com a crise obedece diretamente o grande capital, ou seja, asiática de 1997, com fortes quedas de valores de os interesses dos empresários e conglomerados TESES GERAIS - PÁGINA 97 financeiros se sobrepõe aos interesses dos trabalhadores. Isso ocorre porque tanto o prefeito quanto o governador obtiveram com esses mesmos grupos financiamento de campanha eleitoral. O RJ tem vários “donos”, mas a figura de Eike Batista se destacou nesse sentido, pois ficou evidente para a população sua relação quase patronal com Sérgio Cabral. O RJ agora global produz o novo Porto Maravilha e exclui e desloca espacial e socialmente pobres para a periferia metropolitana, gerando uma cidade auto-segregada. O governo produziu áreas centrais renovadas, expulsando um grande número de moradores através de remoções sem garantia de nova moradia digna para os removidos. As favelas abrigam um terço da população total da capital carioca e a polícia do RJ é a que mais mata no mundo principalmente neste território. A violência policial aumentou significativamente no governo Sergio Cabral que mata jovens inocentes geralmente pobres, negros, favelados, oficializando a criminalização da pobreza através de uma política de segurança pública que prioriza o extermínio. É nesse contexto que temos que enxergar as lutas desse ano, como acúmulo de forças e preparações para grandes convulsões. Defendemos: • Passe livre no transporte. Tarifa zero e estatização do transporte coletivo com controle democrático dos trabalhadores e do povo. • Garantia de verbas para a educação, saúde e moradia e não para a Copa! 10% do PIB para a educação e saúde! Investimentos maciços em moradia popular! • Não à criminalização dos movimentos sociais e da pobreza! Controle popular e desmilitarização da polícia! • Não pagamento da dívida pública aos tubarões capitalistas e reversão desse dinheiro para investimentos sociais em educação, saúde, transporte, moradia, emprego e desenvolvimento ambientalmente sustentável. 2- Política educacional A educação pública brasileira vem sendo atacada há três décadas por uma intensa política privatista. Este ataque vem sendo organizado pelo empresariado que tem entendido a educação como uma importante via para a subtração dos recursos públicos, além de importante instrumento de realização dos seus interesses. A consequência deste processo tem sido a privatização ostensiva da educação, aumento do controle sobre o trabalho docente e a precarização da escola pública. O avanço do empresariado sob a educação pública é um fenômeno mundial. Os intelectuais coletivos do capital (FMI, Banco Mundial, Unesco, etc) tem produzido políticas para a educação tendo os interesses empresariais como referen- cial. Os efeitos do compromisso “Educação para dos moradores da região de Santa Cruz, foi rotulaTodos” foram sentidos no Brasil ainda no início da da como a primeira escola sustentável da América década de 1990. No início do primeiro mandato, Latina. Nas escolas privatizadas o controle sobre a FHC apresentou o programa “Acorda Brasil!” que produção do conhecimento não está nas mãos dos conclamava a participação empresarial na expanprofissionais da educação. Estes são expropriados são da educação básica brasileira. da tarefa de elaboração do projeto político-pedaNo início do primeiro governo Lula a esperangógico da escola. Em seu lugar, os departamentos ça da construção de uma educação pública naciode marketing tornam-se os responsáveis por esconal foi desfeito. Uma série de políticas no sentido lher os cursos, os temas geradores dos currículos, contrário demonstrou que o programa privatista a formação continuada dos professores, etc. encontrara uma conjuntura favorável para sua raAs redes municipais se constituíram como imdicalização. O PDE “Todos pela Educação” (2006) portantes laboratórios desta ofensiva empresarial foi o maior exemplo disto, tendo assumido em sua e, em muitos casos, avançaram mais do que na apresentação a palavra de ordem do movimento própria rede estadual. O caso da rede municipal organizado pelo empresariado. No ensino supedo Rio de Janeiro é o maior exemplo. A SME se rior, durante o governo petista, o empresário nastornou um balcão de negócios onde empresas e cido em famílias tradicionais deu lugar aos granONGs disputam a venda de seus projetos. A predes fundos de investimentos que se valeram de sença da economista Claudia Costin, intelectupolíticas de incentivo fiscal para se estabelecerem. al com renomada experiência na formulação da No ensino técnico-profissional o Sistema S tornouagenda neoliberal, à frente da SME tem garantido -se soberano. Enquanto que o transito livre do empresana educação básica a agen- A classe dominante brasileira riado nos corredores da seda do movimento emprecretaria. sarial Todos Pela Educação entendeu que a escola pública, O exemplo da prefeitutornou-se dominante. ra do Rio e do governo do No estado do Rio de Ja- pode ir além de manter as pes- estado vem sendo seguido neiro os contornos são ranas demais redes municisoas na ignorância (projeto dicais. No ensino médio a pais. Na baixada a Bayer SEEDUC produziu duas essendo responsável pela histórico da educação brasilei- vem tratégias: fechar escolas ou educação ambiental das reprivatizá-las. Neste sentido, ra) pode, mais ainda, educar em des municipais de Duque de a pesquisa do professor da Caxias, Belford Roxo e São Universidade Federal Flumi- favor do capital. É a nossa prin- João de Meriti. Em Itaboraí, nense (UFF) Nicolas Davies o COMPERJ já avança em identificou que meio milhão cipal tarefa, nas lutas no âmbito seu projeto de educar em de matrículas simplesmente seu favor as crianças, landa educação local, regional e desapareceram do banco çando mão de diversos prode dados da secretaria. A nacionalmente barrar este PNE! jetos pedagógicos. política para o restante da E a presença das emprerede produziu ao mesmo sas na educação tende a autempo a privatização das escolas e um processo mentar. Se o Plano Nacional de Educação (PNE) for de proletarização do trabalho docente. aprovado com a redação que hoje se encontra, a A SEEDUC foi capaz de acirrar a divisão do sisteprivatização será ainda maior. Busca-se apagar a ma educacional, constituindo uma rede dentro da ideia de público nos documentos do PNE permirede. A partir do programa “Ensino Médio Integratindo que recursos públicos, cada vez mais, sejam do” diversas escolas foram entregues à iniciativa direcionados para entidades privadas, proposta privada. Estes são os casos das escolas: Eric Walter esta defendida pelo TPE (Todos Pela Educação). Heine, em Santa Cruz; José Leite Lopes, na Tijuca; Além disso aumentará a precarização da formação Comendador Valentim dos Santos Diniz, em São do professor já que é projeto do PNE a extensão Gonçalo. Todas estas escolas foram entregues as da educação semipresencial tendo como foco priempresas TKCSA, Oi e Grupo Pão de Açúcar. vilegiado os cursos de licenciatura. A deterioração Nas escolas privatizadas o trabalho docente na formação do professor é parte do projeto que está subordinado aos interesses das empresas que visa ressignificar a profissão docente, que deixase utilizam da estrutura física e pessoal da rede esrá de ser produtora de conhecimento e passará a tadual de ensino para recrutar mão de obra barata ser reprodutora de um conhecimento selecionado entre os alunos e se valorizarem com marketing e aferido por agentes externos à rede de ensino, social. Neste sentido, a escola Eric Walter Heine, com práticas de incentivo ao cumprimento do que parceria da SEEDUC com uma empresa alemã resfora determinado externamente baseadas na meponsável por graves danos ambientais e à saúde ritocracia. TESES GERAIS - PÁGINA 98 Com relação ao financiamento da educação, a proposta do PNE é de chegar ao índice de 10% do PIB até 2020 e retirando a exigência de que verbas públicas se destinem às escolas públicas. A proposta do movimento social organizado é de que o investimento da educação deve ser de, no mínimo, 10% do PIB, destinado as escolas públicas e imediatamente. As jornadas de junho repercutiram esta bandeira. Não à toa, como “cala boca”, o governo de Dilma e do PT sancionou a lei que destina parcela dos royalties do petróleo à educação. À nosso ver, esta proposta é insuficiente por dois motivos: Primeiro que grande parte desta receita viria do Pré-sal, ou seja, de uma verba que ainda não existe e que, para ser significativa, demorará algum tempo ainda. Segundo, que mesmo este acréscimo não eleva o patamar atual de investimento na educação (em torno de 4,5%) de forma satisfatória. A resposta dada pelo governo não atende aos nossos anseios. Resumindo, o projeto para a educação pública básica do governo Federal ataca a educação em diversas frentes. Primeiro abre as portas da escola pública para a presença de empresas, desde o fornecimento de serviços, passando por projetos pedagógicos e, ápice, concedendo o gerenciamento de determinadas escolas “modelos” a iniciativa privada. Ataca ao docente, ao buscar retirar-lhe a autonomia pedagógica, através de um miserável salário que lhe impede de ter tempo de pensar politicamente as diversas escolas onde trabalha, através de apostilas, de avaliações externas, da seleção prévia de conteúdo (currículo mínimo), da polivalência docente e, muito importante, da meritocracia, onde a subserviência a este projeto é bonificada. Ataca a formação do docente, pois que esta será, majoritariamente, realizada através de ensino a distancia, onde pesam diversas questões. Combinando estas distintas frentes, avança no Brasil, com a concordância do governo federal, estadual e municipal a privatização do Brasil, tanto ideológica quanto material. A classe dominante brasileira entendeu que a escola pública, pode ir além de manter as pessoas na ignorância (projeto histórico da educação brasileira) pode, mais ainda, educar em favor do capital. É a nossa principal tarefa, nas lutas no âmbito da educação local, regional e nacionalmente barrar este PNE! PROPOMOS COMO BANDEIRAS DE LUTA PARA A EDUCAÇÃO! • Educação integral, visando à formação plena de nossos/as alunos/as e garantindo-lhes o acesso aos conhecimentos científicos, artísticos e técnicos necessários para uma atuação crítica e autônoma na sociedade, como forma de superar a dicotomia entre o ‘saber’ e o ‘fazer’ que perpetua as desigualdades de classe. Para tanto, é urgente a construção de mais escolas, e a realização de concursos públicos para a admissão de novos as; profissionais e a extensão do horário de aula para • Política de formação continuada para os prointegral; fissionais da educação em horário de serviço; • Exigimos, como forma de garantir a qualida• Valorização e profissionalização dos funciode do ensino, o melhor atendimento ao educannários de escola com instituição das diversas cardo e a valorização e o respeito ao profissional da reiras; educação, a garantia de um número máximo de • Por um piso de 3,5 salários mínimos para os alunos por turmas, a saber: funcionários de escolas; Em turmas de Educação Infantil: - de 0 a 02 • Regulamentação da carga horária de 30 horas anos – máximo de 05 crianças por turma; para funcionários de escolas; - com 03 anos – de 06 a 08 crianças por turma; • Garantia dos espaços de planejamento e cen- de 04 a 05 anos – máximo de 10 crianças por tros de estudos; turma; • Retorno da grade curricular de 30 tempos seNo Ensino Fundamental: manais – chega de roubar conhecimento de nos- Primeiro segmento (anos iniciais) – máximo sos alunos! de 15 alunos por turma; • Garantia da reposição de materiais pedagógi- Segundo segmento (a partir do 6º ano) – mácos e de uso geral nas unidades escolares. ximo de 20 alunos por turma; No Ensino Médio: máximo de 25 alunos por 3- Greve da rede estadual e municipal do RJ turma; As greves das redes estadual e municipal dos • Convocação dos conprofissionais da educação cursados já! Concurso não Apesar deste protagonismo do do Rio de Janeiro, que pode ser forma de ganhar duraram cerca de dois dinheiro em cima da cate- SEPE percebemos que a sua dimeses, foram os acontecigoria; mentos mais importantes • Auditoria já das empre- reção majoritária não estavam à da luta de classes no Rio sas que realizam concursos! de Janeiro, após as mobialtura do momento histórico e • Pelo fim das terceirizalizações das jornadas de ções dos profissionais e dos junho. A greve desmascafizeram durante toda a greve contratos temporários, conrou a politica educacional curso público para todas as uma leitura equivocada da neoliberal da meritocracia áreas; de Cabral e Paes. • Pelo fim das funda- conjuntura. Não apostaram na O Sindicato Estadual ções privadas dentro das dos Profissionais da Eduescolas! Não precisamos de enorme disposição de luta da cação (SEPE-RJ) assumiu, serviços privados de baixa com os movimentos categoria como o motor da greve junto qualidade para as escolas, populares, o protagonismas sim que se convoquem mo das lutas com a palaos concursados; vra de ordem de “Fora Cabral, vá com Paes!”. Essa • Gestão Democrática em todas as Instituições greve histórica dos profissionais da educação unido Ensino Público, através da mobilização e parficou as lutas para além do SEPE. A pressão da base ticipação da comunidade escolar. Somos contra a fez com que essa luta fosse ampliada para resgatar proposta do PNE que define critérios como mérito uma das pautas das jornadas de junho que era a e desempenho para a escolha das Direções de esdefesa da educação pública de qualidade. colas; Apesar deste protagonismo do SEPE percebe• Que se garanta e estimule, nas escolas, os mos que a sua direção majoritária não estavam processos de auto-organização dos estudantes à altura do momento histórico e fizeram durante através da formação de grêmios estudantis; toda a greve uma leitura equivocada da conjuntu• Respeito à autonomia pedagógica: fim dos ra. Não apostaram na enorme disposição de luta convênios com Instituições e Fundações privadas; da categoria como o motor da greve. fim das avaliações externas; Priorizaram as mesas de negociação com os • Fixação de data-base para os profissionais da governos, em detrimento da radicalização e da educação das diversas redes, de forma a garantir luta direta exigida pela base da categoria. Além reajustes salariais anuais com ganhos reais; disso, assembleia atrás de assembleia a direção • Implementação de plano de carreira unificadefendeu a separação das greves das duas redes, do, com ascensão por formação e por tempo de dificultando a unificação das pautas e da luta diserviço, não à meritocracia! reta através de atos unificados que só ocorreram • Contra a política de abonos, em defesa da pano final da greve, quando a base unificou as lutas ridade com integralidade para os/as aposentados/ passando por cima da direção em votação em asTESES GERAIS - PÁGINA 99 sembleia. Na nossa avaliação isso prejudicou as greves de ambas as redes. Além de unificar o movimento das redes que se organizam no SEPE, também precisamos atuar em conjunto com as entidades de outros segmentos da educação, como Andes, FASUBRA e etc., através do Fórum em Defesa da Escola Pública (FEDEP). A greve estadual foi abandonada As duas redes tiveram níveis de adesão diferenciados às greves. Enquanto a greve da rede municipal mobilizou até 90% da categoria, a greve da rede estadual não decolou porque a direção do SEPE priorizou a rede municipal e abandonou o trabalho de base como as passagens em escolas para mobilizar para a greve da rede estadual. A rede estadual possui uma lógica própria, oriunda da histórica greve de 2011 que conquistou vitórias e enfrentou Cabral. Os ativistas da rede estadual possuem mais experiência em movimentos grevistas e aprovaram a proposta de greve em 2013 em assembleia mesmo contra a posição da direção do SEPE. As ações mais radicalizadas como a ocupação da SEEDUC e o acampamento na ALERJ em 2013 demonstram o aprendizado das lições de 2011, um movimento que trouxe novos educadores para lutar junto ao SEPE e novos métodos de ação direta. O coletivo Luta Educadora surgiu fruto desse processo junto a outros setores descontentes com as práticas da direção do SEPE. A rede municipal não fazia uma greve há 19 anos. Porém, apesar de menos experientes, foi essa rede que assumiu a liderança das lutas em 2013 colocando mais de 20 mil pessoas marchando semana atrás de semana pela educação pública de qualidade. Estava engasgado na garanta dos profissionais da educação todos esses anos de péssimas condições de trabalho. A greve da rede municipal sofreu uma influência direta das lutas de junho, pois muitos jovens profissionais da educação haviam participado dos protestos ganhando essa nova experiência de luta. Por isso aderiram no dia 08/08 à greve do SEPE, muitos mesmo sem serem filiados ao sindicato ou mesmo sem nunca terem ido a uma assembleia da categoria anteriormente. A greve trouxe uma nova camada de lutadores que haviam entrado na rede municipal recentemente. Este setor fez greve mesmo estando em estágio probatório, o que demonstra a firmeza da luta dos educadores por seus direitos. A luta teve repercussão nacional A ocupação da Câmara Municipal e os atos de rua, que unificaram os trabalhadores da educação pública do ensino básico com outras categorias em greve e com a população em geral, além de levarar aproximadamente cem mil pessoas as ruas nos dias 7 e 15 de outubro (dia do professor), retar a mais de uma década à frente do sindicato, memoraram as passeatas de junho e deram reperesta direção perdeu o contato com a sala de aula cussão nacional e internacional a nossa luta. e as reais reivindicações dos professores que eram O coletivo Luta Educadora tem responsabilidarelacionadas às questões pedagógicas tão imporde com o movimento, e por isso defendeu na últitantes quanto as questões econômicas. A base do ma assembleia propostas diferentes para as redes SEPE também quer mais democracia dentro da estadual e municipal, pois eram realidades totalsua entidade sindical. mente diferentes. Como a rede municipal continuA greve se encerrou com a base mais radicaliava mobilizada defendemos a manutenção da grezada na política do que a direção do SEPE, o que ve. Na rede estadual defendemos o fim da greve demonstra que estamos vivendo um novo período por causa dos processos administrativos sobre os de lutas onde a burocracia sindical deve ser supeprofissionais da educação que feriram a categoria rada para não travar mais as lutas da categoria. e haviam desmobilizado a greve nesse setor. A luta dos profissionais da educação guarda seus Infelizmente a radicalidade de uma nova capróximos capítulos para 2014, podendo explodir mada de ativistas do SEPE não se expressou nas durante a Copa do Mundo de 2014! A luta certaatitudes e negociações conduzidas pela atual diremente continuará em defesa da escola pública, ção com os governos, pois a direção do sepe cengratuita e de qualidade. tral vetou a participação da base nos espaços de negociação com os governos. A gota d’água foi o Quem tem medo da base? acordo firmado no STF que pôs fim às greves sem O SEPE é um sindicato que se orgulha da sua garantir vitórias reais para composição plural. A proa categoria. Por conta dis- “A direção manobrou várias porcionalidade nas eleições so acirraram-se as disputas garante a democracia de entre setores descontentes assembleias desrespeitando a ideias, permitindo o convída base e a maioria da atual vio no interior da direção base e chegou mesmo a não direção de diferentes organizações . com distintas concepções e cumprir algumas decisões Nova camada entrando nuances teóricas. Também na luta impede a cristalização de tomadas em assembleias.” Apesar da defesa de um um pensamento único e auplano de carreira municipal toritário. não ter sido conquistada, Sem dúvida não é um pois o plano aprovado pelo governo não repreexercício fácil conviver entre tantas diferenças, senta os interesses da categoria, a greve tem um mas, para nós, essa pluralidade de certa forma balanço positivo, pois formou um novo setor de também reflete a diversidade de concepções preeducadores que entrou na luta. sentes na base de nossa categoria, e é o que reiO ponto negativo desta greve foi a forma de vindicamos como a melhor maneira de expressar condução dela pela direção do SEPE. A direção os interesses de nossa classe. manobrou várias assembleias desrespeitando a Diante de uma conjuntura tão rica, com a rebase e chegou mesmo a não cumprir algumas detomada das grandes mobilizações, a massa ocucisões tomadas em assembleias. A Luta Educadopando as ruas para reivindicar direitos e confronra defende a entidade SEPE, mas após essa greve tar a violência do Estado burguês, organizações de nossos diretores do SEPE são parte da oposição a esquerda tradicionais como partidos e sindicatos, esta direção autoritária com sua base e vacilante sendo questionados por causa de experiências nas negociações com o governo. Somos oposição negativas recentes como a traição de classe feita a direção do SEPE central e do município do Rio de pela CUT e pelo PT, é natural que surjam também Janeiro, mas em outros municípios como Caxias e no SEPE movimentos de oposição pela base. Itaboraí conseguimos fazer trabalhos em conjunto Esse processo precisa ser entendido como saucom setores de esquerda da direção do SEPE, o dável e legítimo para oxigenar o nosso sindicato e que demonstra a complexidade e pluralidade de potencializar as nossas lutas. A participação dessa intervenções no interior do SEPE. Nós da LE connova camada de ativistas no SEPE, organizada ou denamos o ataque feito ao site do SEPE acusando não, formada também por grupos com culturas a direção de ser pelega, pois acreditamos que demilitantes distintas (horizontal, descentralizada) vemos disputar nossas posições nas assembleias e que destoam do modelo mais tradicional da e não deslegitimando o site da entidade que nos maioria das organizações da esquerda (centralirepresenta. zado, hierárquico e estável) foi fundamental nas A base radicalizada não é contra o SEPE enduas últimas greves, principalmente para garantir quanto entidade, é contra essa direção que esta ações que exigiram uma maior radicalização da burocratizada e deslocada da base, talvez por esnossa base. TESES GERAIS - PÁGINA 100 Infelizmente todo esse vigor e radicalidade de uma nova camada de ativistas do SEPE não se expressou nas atitudes e negociações conduzidas pela atual direção. A gota d’água foi o acordo firmado no STF que pôs fim as greves. Por conta disso acirraram-se as disputas entre setores descontentes da base e a maioria da atual direção. Em nossa opinião alguns setores da direção erram mais uma vez ao tentar rechaçar e criminalizar esses novos grupos. Nós do campo Luta educadora não somos anarquistas, mas somos a favor da democracia direta através das decisões em assembleias e somos a favor de ações mais radicalizadas como acampamentos e ocupações em órgãos públicos como fizemos ativamente nesta greve. Para nós os anarquistas e os simpatizantes das táticas black blocks são parte da nossa categoria, lutam cotidianamente em defesa da escola pública, constroem nossas greves e atos, e têm todo o direito de disputar os espaços do nosso sindicato. Nunca existiu patrulhamento ideológico no SEPE e não será essa direção que irá inaugurá-lo. A nossa tarefa, ao contrário, é tentar aproximar essa nova camada de ativistas, construir espaços amplos de formação política, garantindo o diálogo fraterno entre as diferentes culturas e concepções, buscando fortalecer pontos que nos unifiquem, tendo como objetivo acumular toda essa energia que está surgindo no interior da nossa categoria e que, sem dúvida, será determinante para derrotarmos os atuais e futuros ataques à educação pública. 4-Estatuto e reorganização do SEPE Estatuto Acreditamos que a categoria precisa ser envolvida ao máximo nos processos decisórios que envolvem o planejamento orçamentário da entidade, e que esta lógica deve ser reproduzida nos núcleos e nas regionais do sindicato. O artigo 74 do Estatuto, no parágrafo 3º, prevê orçamento participativo com realização de reunião anual com representantes de escolas para discutir as prioridades orçamentárias da entidade, prevê ainda, que os núcleos e regionais, devem seguir os mesmos procedimentos. Nós, proponentes desta tese, defendemos que o Sepe garanta o cumprimento desse artigo do estatuto, e que a cada início do ano a direção do Sepe Central, Núcleos e Regionais possa se reunir com a base da categoria para planejar a melhor forma de utilizar os recursos arrecadados pelo sindicato. Propomos, ainda, que esse espaço também seja utilizado para a prestação de contas e balanço do ano anterior, garantindo que anualmente as direções prestem contas à base do que foi gasto pelo sindicato. A importância dos núcleos do SEPE No último período a LE também teve uma atuconhecimento do sindicato em sua base e para o ação destacada em núcleos do SEPE. Nestes espafortalecimento do nosso principal instrumento de ços nossos militantes buscaram imprimir uma atuluta: O SEPE. ação junto às bases da categoria, fortalecendo a corrida às escolas e os espaços de representação. Internacionalismo A LE procurou com este trabalho unificar as forças Consciente de que a luta dos trabalhadores é da esquerda, o que inclui a unidade de ação com a mesma em todos os lugares do mundo e que as demais correntes da direção do SEPE central enfrentamento com a burguesia e o imperialismo com quem temos diferenças, imprimindo nestes é comum a todos os povos, o SEPE deve buscar núcleos um sindicato atuante, desburocratizado e uma integração com as demais organizações de militante. trabalhadores da educaçao de outros países, es Em Duque de Caxias o maior exemplo dispecialmente da América Latina. As experiências to foi a participação da base da categoria através acumuladas pelos trabalhadores serão fundamendo Conselho de Representantes por escolas da tais para formar nossa militância e as constantes rede municipal. Este espatrocas de informações serão ço vem constituindo histo- “Para nós, militantes da LE, está de extrema utilidade. ricamente a possibilidade Imprensa Sindical na ordem do dia a construção de ampliação da direção do Não aproveitamos pratisindicato, envolvendo no- da Escola de Formação Política camente nada do potencial vos militantes, e renovandesse valioso, Instrumento. do no cotidiano a relação e Sindical do SEPE.” Para alem dos jornais, panentre o SEPE, as escolas e fletos e cartazes. Temos que os filiados. Este trabalho é adotar as novas tecnologias. responsável por um dos núSite , blog , boletim eletrôcleos mais atuantes do nosso sindicato. Em 2013, nico, vídeos etc. Para além dos canais de informaa participação destacada do conselho foi responções internos do Sepe, é necessário avançarmos sável por uma greve fortalecida com a categoria na comunicação e na unidade com outros sindilotando com milhares de filiados as assembleias. catos e movimentos combativos do campo da esNeste núcleo optamos pela unidade de ação com querda, na construção de um boletim mensal em os setores da esquerda que compõem a direção. conjunto que possibilite mais a frente uma persIsto explicita nosso compromisso com o sindicato. pectiva maior editorial, não só de imprensa, mas Onde tivermos acordo quanto a atuação militante numa produção editorial com criação de uma edidas demais forças que compõe a direção estaretora sindical e popular. mos unificados. Combate a todas as formas de opressão Também no núcleo sindical de Niterói a A ofensiva neoliberal ataca o conjunto da clasLuta Educadora esteve presente enfrentando os se trabalhadora, mas não podemos ignorar que, principais ataques de Waldeck e Rodrigo Neves no interior de nossa classe, alguns setores são partanto na educação municipal (caso da atual disticularmente atacados. É o caso das mulheres, dos cussão sobre 1/3 de planejamento) como organinegros, GLBTT, pessoas com deficiência (PCD), etc. zando o movimento na Rede Estadual participanNo caso das mulheres trabalhadoras, os atado ativamente das greves, organizando atividades ques oriundos das reformas trabalhista e previculturais e de formação política. denciária são evidentes, através da retirada de di Em Itaboraí, o ano de 2013 foi de muita reitos conquistados como a licença maternidade, luta e conquista. A convocação de cerca de 1200 aumento do tempo de contribuição previdenciária profissionais da educação (em uma rede que, com equiparação entre os sexos. anteriormente, só tinha 1700 servidores concurEntre as tarefas vitais da SEPE no próximo pesados), o reajuste salarial de 16,5%, a reestruturíodo está o esforço consciente de organizar as ração física de todas as escolas, o calendário de mulheres trabalhadoras levando em consideração implantação de 1/3 de planejamento o aumento suas especificidades no marco da luta geral dos do interstícios entre níveis de carreira, etc foram trabalhadores. A luta contra a violência sexista, alguns dos ganhos em 2013. Estas e outras condoméstica, sexual de todos os tipos devem ser inquistas só foram possíveis devido a ação da direcorporadas à nossa pauta. Este é um debate parção do sindicato que ocupamos com destaque, em ticularmente importante em nossa categoria, pois unidade de ação com os setores da esquerda que grande parte dos trabalhadores que a compõe são compõem a direção do núcleo. É importante frido sexo feminino e as atividades onde as mulheres sar que a relação com estes companheiros, nestes são maioria esmagadora, como nas cozinhas ou na núcleos, diferentemente do estado e município do educação infantil, não a toa, observamos as condiRJ, foi mantida e, sem dúvida nenhuma, a unidade ções de trabalho mais precarizadas. da direção foi fator fundamental para o maior rePara os trabalhadores negros, a opressão racisTESES GERAIS - PÁGINA 101 ta é um complemento da exploração de classe. Os baixos salários, a falta de oportunidades, além da violência policial e opressão generalizada tendem a se intensificar com a crise capitalista e as políticas neoliberais. Não existe capitalismo sem racismo. A luta dos trabalhadores negros e de todos os oprimidos é parte fundamental da luta de todos os trabalhadores. A luta pelos direitos dos GLBTTs na escola e fundamental para combater o preconceito e criar uma educação libertadora, que garanta a liberdade sexual dos alunos e professores. Escola de Formação Política e Sindical do SEPE. Para nós, militantes da LE, está na ordem do dia a construção da Escola de Formação Política e Sindical do SEPE. Defendemos e aprovamos essa proposição no 13º Congresso da nossa entidade, mas, contudo, ela não foi concretizada É importante resgatar a experiência do coletivo de formação do SEPE, que organizou profissionais da base e da direção em torno da construção de uma política permanente de formação. Diante dessas necessidades o Sindicato precisa urgentemente construir espaços de formação e participação da categoria por local de trabalho inserindo-se nas escolas de forma efetiva e permanente, isto é, enxugando sua pauta corporativa e priorizando o trabalho político de base. Esta ação, poderá se for realizada para a base, e não para disputa entre as forças políticas que compõe o sindicato, uma construção contra hegemônica às politicas neoliberais implementadas pelos governos. Reorganização Sindical A unificação dos setores combativos, de esquerda, autônomos e independentes dos Governos e a nossa prioridade no movimento sindical. É necessário fortalecer a intervenção do nosso sindicato na luta de classes e, para isso, é preciso que este construa condições para ampliar o seu diálogo com a base, e fortalecer a unidade na ação. Para tanto, avaliamos ser importante a superação de vícios muito presentes no interior do movimento sindical, que pouco contribui para a luta de classes. Estes vícios apenas alimentam a burocratização e corroboram para o fortalecimento do discurso da direita, cujo fim é, a desconstrução dos instrumentos de luta dos trabalhadores e trabalhadoras. Rejeitamos enfaticamente a violência, a intimidação, a desqualificação dos oponentes, as manobras, as mentiras e calúnias como método de luta política, utilizado entre os/as trabalhadores/as e grupos políticos. A democracia que defendemos deve se assentar, antes de tudo, na solidariedade de classe, na luta política leal dos organismos da classe trabalhadora, no respeito às diferenças e à diversidade política, enfim, na garantia do direito de todas as correntes se expressarem livremente. É essa concepção de democracia, de respeito Estes elementos apontados acima não são e tolerância para com as diferenças políticas e as secundários neste contexto de reorganização minorias, que este campo buscará praticar no modo movimento sindical. A resistência a esvimento sindical. Defendemos a passagem a uma ses ataques que virão não será realizada pela nova dimensão moral, a CUT, CTB, CNTE ou pela uma nova cultura política :“Em nossa avaliação, a UNE, pois apoiaram Dilma de elevada solidariedade Conlutas (...)representou o nas eleições e continuarão que precisamos praticar atrelados ao governo. A redesde hoje. Agir com leal- polo mais avançado, política e sistência terá que ser orgadade, honestidade, grannizada pela esquerda comorganizativamente, do processo deza e magnanimidade na bativa, que neste momento luta política não é apenas encontra-se fragmentada. um capricho, é uma neces- de reorganização sindical e Em nossa avaliação, a sidade urgente, e uma pré- popular(...)”Entendemos que a Conlutas (Coordenação Na-condição para reconstruir cional das Lutas) representou a unidade da esquerda filiação do SEPE a CSP-Conlutas o pólo mais avançado, polícombativa, anti-governista tica e organizativamente, do pode avançar neste sentido” e, assim, acelerar a reorgaprocesso de reorganização nização das fileiras sindisindical e popular aberto com calistas, depois de tantas a falência da CUT e das cendécadas de brutalidade, sectarismo, falsificações, trais tradicionalmente pelegas. desmoralização e divisão introduzidas pelo staliO fato de que ousou experimentar uma alternismo e pelas burocracias. nativa de organização para além do movimento sindical, com a participação dos movimentos populares do campo e da cidade, mas também do movimento estudantil e aqueles relacionados à luta contra as opressões (mulheres, LGBT, negros, etc) também ajudou a fazer da Conlutas um pólo de vanguarda na reorganização do conjunto do movimento. Também em razão de ter se constituído como organização de fato, com instâncias de deliberação baseadas na participação direta das entidades e movimentos na sua Coordenação, a Conlutas fortaleceu-se e assumiu uma dinâmica estreitamente vinculada às entidades que a compõe. Apesar de ser uma força minoritária dentro do movimento sindical e popular, a CSP-Conlutas interveio em todas as lutas que houve no país desde a sua fundação. O SEPE não pode ficar desvinculado das lutas nacionais dos trabalhadores, pois as experiências de lutas de outras categorias podem ajudar a evitar erros nas lutas promovidas pelo SEPE. Entendemos que a filiação do SEPE a CSP-Conlutas pode avançar neste sentido. ASSINAM ESTA TESE ALEXANDRE DIAS DA SILVA (Rede Municipal do RJ/reg.4); CLÓVIS ANDRÉ DAMASCENO DA HORA (Rede Estadual/N. Iguaçu); EDUARDO G. MENDES DE MORAES (Rede Estadual/Belford Roxo e Município RJ/reg.4); GISELE T. DOS SANTOS (Rede Estadual/Reg.2); JONATHAN MENDONÇA (Rede Municipal de Rio das Ostras e Macaé); LUCIANO BARBOZA (Rede Municipal do RJ e Rio das Ostras); MALCOLM DOS S. ALMEIDA (professor/fora da rede); MARCO VINICIUS M. LAMARÃO (Rede Municipal de Ita- boraí e Estadual, SEPE-Itaboraí); NÍVEA S. VIEIRA (Rede estadual/Guapimirim); RAFAEL BARRETO PINTO (Rede Estadual/São Gonçalo); RENATO G. PEREIRA (Rede estadual Magé/FAETEC/ Direção SINDPEFAETEC); REGINALDO S. COSTA (Rede Municipial Niterói);RODRIGO LAMOSA (Rede municipal de Duque de Caxias); THIAGO M. RIBEIRO (Rede Municipal Itaboraí/Município do RJ reg.4); RICARDO OLIVEIRA BARROS FILHO (SEPE, Rede municipal Rio e Rede estadual RJ), DANIELE CABRAL DE FREITAS PINHEIRO (SEPE TESES GERAIS - PÁGINA 102 Reg. IV e Rede municipal Queimados), JADE PRATA BUENO BARATA (Rede municipal Mesquita), RAPHAEL MOTA FERNANDES (rede estadual São João de Meriti E REDE MUNICIPAL DE Magé), MARILIA EL-KADDOUM TRAJTENBERG (Fora de rede), HENRRIQUE MONNERAT(Rede Estadual / Niterói), CÉLIA REGINA MOTA FERNANDES (rede estadual Rio de janeiro), WALLACE BARRETO (Rede municipal Rio de Janeiro) BRUNO ALMEIDA (Rede estadual) PRETA DO VALE (Fora de rede) Tese 17 O SEPE QUE NÃO TEME DIZER SEU NOME (Educadores da Intersindical) O ano de 2014 tem tudo para ser um importante ano de luta para os trabalhadores da educação do Estado do Rio de Janeiro. Certos de que um Congresso é o ambiente adequado para formular ações futuras, temos convicção de que tais ações devem trazer as experiências vividas na história de 37 anos de luta do nosso combativo sindicato. Nós, Educadores da Intersindical, saudamos o SEPE e sua militância pelas históricas greves de 2013. Conjuntura No non No non O capitalismo vive uma profunda crise, mas, como No non No non em outros momentos, isso No non No non não significa que seu fim está próximo. Isto porque, a subs- No non No non tituição do mundo do capital por uma sociedade sem No non No non exploração, não opressora e harmonizada com as diver- No non No non sas formas de vida existentes dependerá da capacidade da classe trabalhadora de assumir a tarefa histórica de construir essa nova sociedade Uma faceta, cada vez mais importante, do legado capitalista é a destruição ambiental. A negativa dos EUA, nação que mais polui, em assinar acordos internacionais voltados para defesa do meio ambiente é o recado claro de que os capitalistas não abrirão mão de seus lucros, mesmo que isso signifique a destruição da vida no nosso planeta. No Brasil, as modificações no Código Florestal articuladas no Congresso Nacional pela Bancada Ruralista dá a exata noção da incompatibilidade entre lucro e defesa do meio ambiente. Seduzidos pela possibilidade de aumento dos lucros com a produção de commodities, que muito pouco contribuem para a maior oferta de alimentos, a elite agrária-exportadora se lançou numa cruzada, até agora bem sucedida, para acabar com toda e qualquer restrição ao desmatamento, desrespeitando a diversidade e o conjunto de ecossistemas de nosso país. O Novo Código perdoa multas e desobriga a recuperação de áreas de risco e florestas nativas. Os prejuízos para a nossa biodiversidade serão incalculáveis! Tal mudança legislativa mostrou-se tão predadora que assustou inclusive os setores identificados com o chamado desenvolvimento sustentável, que se posicionaram contrários a tais modificações. Mas o avanço do capital sobre a natureza e as diversas formas de vida No non No non existentes não está desconectado do atual estágio No non No non do capitalismo. Internaciofinanceirizado e No non No non nalizado, fetichizado o capital, como No non No non afirmamos, está em crise. A crescente queda nas No non No non taxas de lucratividade é o ponto de partida da maior No non extração de mais-valia e de destruição ambiental. A crise, em 2008, mostrou que a fuga do capital para o sistema financeiro tinha limites. A não interferência estatal deu lugar ao socorro às instituições financeiras, grandes responsáveis pela crise. Tais medidas mostraram que a lógica do Estado Mínimo não passa de uma falácia divulgada pelos capitalistas com o claro objetivo de retirar do Estado a obrigação de garantir os chamados direitos sociais e, assim, vendê-los com altas taxas de lucro. O neoliberalismo não passa de uma ideologia. Com a crise de 2008 ficou escancarado mais uma vez que não há nenhuma racionalidade na liberdade dos mercados. Entretanto, a saída para a crise foi o aproTESES GERAIS - PÁGINA 103 fundamento das chamadas “políticas de ajuste”. Como se a culpa do insucesso do capitalismo fosse dos trabalhadores! Assim, direitos são retirados, sob o argumento de que o Estado gasta demais. Também com base nesse argumento, diminui-se o gasto social, privatizam-se estatais e diminuem o investimento do Estado. Tudo isso para drenar mais recursos públicos para o pagamento da dívida estatal, que sob a ótica neoliberal, se mostra a única saída para a crise. A reação dos trabalhadores foi imediata. Na Europa as lutas se avolumam, resultado das políticas neoliberais implementadas por governos, até a bem muito pouco tempo comprometidos com o Estado do bem - estar social e as garantias e direitos dos trabalhadores nele inseridos. O desemprego da juventude espanhola, os ajustes previdenciários e ataque ao funcionalismo público na Grécia, somadas aos ataques feitos aos trabalhadores na França, Portugal e Irlanda elevam a tensão política. Greves Gerais, manifestações anticapitalistas e ocupações marcaram o noticiário político europeu dos últimos anos e a tendência é que tais resistências ganhem mais consistência fruto da conformação de novas frentes de luta já totalmente desvinculadas das falidas organizações social-democratas. Na América Latina os movimentos anticapitalistas já alcançaram vitórias mais concretas. Numa época de neoliberalismo radical, a América Latina resiste. Os governos populares, mais ou menos avançados, se colocam como um contraponto ao discurso único. Devemos saudar as lutas antiimperialistas na Bolívia, Venezuela e Equador. A crise do capitalismo internacional tardou mas não deixou de chegar ao Brasil. De fato o modelo econômico adotado, desde FHC e aprofundado por Lula e Dilma privilegia a venda de commodities em detrimento do meio ambiente, mantém o superávit primário e a altas de juros. O resultado é a alta rentabilidade para os grandes capitalistas “credores” da infindável dívida pública. Aliás a dí- vida pública brasileira merece atenção especial. Enquanto países como o Equador, Venezuela e Bolívia avançaram nas questões sociais, sobretudo, saúde e educação, uma vez que, optaram por um modelo desenvolvimento de confronto com o receituário neoliberal, o Brasil, onde se privilegia o pagamento da dívida pública destinando 40,30% da arrecadação, tem uma alocação de recursos pífia para a saúde (4,29%), Educação (3,70%), Segurança (0,40%), Transporte (0,59%). Esses dados têm como fonte o próprio Senado Federal e são relativos a 2013. O valor correspondente aos 40,30% de gastos com a dívida é de R$718 Bilhões, ou seja, a cada dia do ano de 2013, 2 bilhões foram destinados ao pagamento da dívida, o que significa o custo de 10 mensalões dia. A grande mídia não se digna nem a levantar esse assunto, foca o baixo escalão da corrupção e situações semelhantes a do mensalão, que é usado como cortina de fumaça para esconder o superávit primário. Esse sim o principal problema. Além disso, é preciso ressaltar que estamos tratando do pagamento de uma dívida absolutamente questionável, da qual temos direito constitucional de auditá-la, a exemplo do Equador. Apesar disso, todo esse gasto não garantiu a estabilidade na economia. Bastou a desaceleração da economia mundial, com consequência na diminuição do crédito e no preço das commodities, para a economia brasileira dar sinais de debilidades. A reposta de Dilma para crise do neoliberalismo foi mais neoliberalismo, isto é, privatização de aeroportos, portos e rodovias. Concluindo 2013 com o início da venda do pré-sal, Dilma cruzou sem cerimônia a fronteira que aparentemente demarcava os “governos em disputa” dos claramente privatistas. O entreguismo de Dilma é de deixar a antiga UDN com inveja! Como tais políticas privatizantes estão distantes de resolver a estagnação econômica do último quadriênio, ao contrário, aprofundam. Há uma insatisfação popular generalizada, resultado de inúmeros fatores como má qualidade do serviço público e corrupção nas três esferas de governo, e que nesse novo cenário da economia nacional, soma-se ao aumento do custo de vida e aos baixos salários. É importante lembrar que no atual mercado de trabalho 94% dos novos postos pagam até 1,5 salário-mínimo. Não é a toa que entre o enorme contingente de manifestantes que saíram para protestar em junho, há uma significativa parcela de jovens trabalhadores que vivem a contradição da boa vida oferecida pelo mundo do consumo e a falta de perspectiva de alcançá-la via trabalho. O cenário político resultado dessa nova conjuntura econômica é diferente do vivenciado por Lula. Dilma, sem o carisma de seu mentor, cada vez mais estreita laços com que a de mais conservador na política nacional, do agronegócio destruidor do foram criados Grupos de Trabalho para tratar da meio ambiente ao fundamentalismo simbolizado grade com 6 tempos e 1/3 de planejamento. Ao na figura de Marcos Feliciano. Estamos vivendo o final não houve corte de ponto e as sindicâncias e aprofundamento da governabilidade conservadoinquéritos administrativos foram arquivados. ra, materializada no aumento de participação do A greve notabilizou-se pelas grandes manifesPMDB (o mais fisiológico partido brasileiro) no gotações que promoveu. Quase todas tiveram como verno. Não podemos esquecer que com o apoio ponto de partida as Assembléias lotadas no Clube de Dilma, do PT e dos demais partidos aliados o Municipal na Tijuca. Arrancamos nosso espaço na PMDB tem a presimídia burguesa, já preparada para dência da Câmara e No non No non No non No non divulgar o falso discurso da prefeido Senado. tura, maquiado pelos tendenciosos Se não bastasse No non No non No non No non dados estatísticos, de que a educao caráter privatista ção no Rio de Janeiro ia bem. SoNo non No non No non No non implementado pela bre esse ponto cabe-nos ressaltar a quase totalidade dos força da nossa militância que ocugovernos - inclusive No non No non No non No non pou não só as ruas, mas também os identificados com as mídias sociais. Fazendo com que No non No non No non No non o que se chama gealguns veículos de comunicação nericamente de es- No non No non No non da grande mídia tivessem que se querda - a maioria retratar publicamente das inverdadesses governantes, com seus aparatos policiais des ora divulgadas. Por isso, o papel do facebook ou congêneres, trataram os manifestantes como não pode ser mais desprezado quando se trata de desordeiros, prenunciando o tratamento gestaorganização da categoria, não só pelo agilíssimo do dentro dos aparatos da dita segurança pública canal de comunicação que tal ferramenta proporpara aqueles que ousarem se pronunciar durante ciona, como pela facilidade para estabelecer fóos megaeventos. De fato, o discurso (só o discurruns de debates sobre os mais diversos temas. so) do governo mudou quando da solidariedade A greve deixou claro o perfil feminino da nosda população para com os primeiros manifestansa categoria. Não houve uma decisão política que tes mostrou-se irreversível. Mas ainda soam alto não tivesse pelo menos uma companheira funcioas palavras do Ministro da Justiça José Eduardo nária ou professora a frente. Nas manifestações e Cardoso que veio a público, logo nas primeiras passeatas a participação das grevistas foi impecámanifestações, oferecer ajuda na repressão levavel. É em momentos como esse que o dizer estamda a cabo pelos governos de Cabral e Alckmin. pado na camiseta “Meninas boazinhas vão para o céu, as boas vão à luta” faz mais sentido. O lugar do SEPE na conjuntura pós-junho Mas a greve de 2013 também foi marcada por O SEPE foi protagonista nas manifestações que ações radicalizadas. A ocupação do 13° andar na irromperam junho. Seus militantes participaram sede administrativa da prefeitura, logo após o das mobilizações ocorridas nas diversas cidades retorno da greve em setembro, e a ocupação da do nosso Estado. O próprio sindicato, aproveitanCâmara dos Vereadores no dia programado para do as campanhas salariais, chamou assembleias a votação do plano de carreira de Paes/Costin deque culminaram nas manifestações, como a que monstrou a disposição da militância do município ocorreu em 11 de julho. Mas sem dúvida, foi após em defender a educação pública. Bravamente os o recesso que os efeitos de junho começaram a profissionais da educação resistiram às intimiser sentidos. Ainda na primeira semana de agosto dações do Vereador Jorge Felipe e da polícia de as redes estadual e municipal do Rio de Janeiro Cabral. Infelizmente, na Câmara a truculência predeflagram greves. Sobre ambos movimentos cavaleceu e os educadores que ocupavam o plenábem algumas reflexões. rio foram violentamente retirados pelo Batalhão A greve na Rede Municipal foi histórica. Primeide Choque. O espetáculo de violência se repetiu ro porque a rede não deflagrava uma greve desde ao longo da semana na votação do Projeto de Lei 1994, segundo porque o movimento foi muito reque instituía o plano de carreira imposto por Paes, presentativo. Durante toda a greve os índices de quando os profissionais da educação foram expulparalização não ficaram abaixo de 60%, até a últisos com bombas e balas de borracha da Cinelânma semana era comum ver escolas cem por cento dia. paralizadas. Para nós a greve da rede municipal foi Outro ponto positivo da greve foi à unidade vitoriosa. Ampliou para 15,3% o reajuste salarial, da categoria. Reafirmamos a condição de educaantes fixado em 7%; revogou a circular n° 2 que dores para todos aqueles (as) que trabalham no acabava com o direito de origem; os funcionários, ambiente escolar. Essa unidade, em nada secunque recebiam um vencimento-base inferior a um dária quando se trata de enfrentamentos a goversalário mínimo, passaram a receber R$ 723,26; e nos radicalmente privatizantes como o de Paes, se TESES GERAIS - PÁGINA 104 mostrou um dos grandes patrimônios conquistado durante a greve. E foi justamente na trilha da manutenção da unidade, tendo em vista os já claros sinais de diminuição da adesão ao movimento, e o risco de ataque a carreira de parte significativa da categoria que consideramos acertada o encerramento da greve em 25 de outubro. Entendemos que uma greve tem sua hora de começar, mas também tem um momento certo de terminar. Momento esse que não necessariamente combina-se com a conquista de toda pauta grevista. Mas como já antecipamos, a greve foi histórica e de massas e seria um erro também histórico encerrá-la numa assembléia No non No non esvaziada, pouco representativa e ainda marcada No non No non pelos mesmos argumentos de que era possível avançar No non No non mais. No non No non A greve da Rede Estadual, mesmo sem a mesma No non No non adesão da Rede Municipal, cumpriu um importante pa- No non No non pel de resistência a política de desmonte da escola pública imposta pelo economista Wilson Risolia. Não é pouca coisa, após o anúncio do aumento de 8% e do penduricário do auxílio alimentação, iniciar uma greve que ao final barrou o projeto de certificação (ponto fundamental da política meritocrática de Cabral/Risolia), garantiu o canal de diálogo com o governo com a formalização dos Grupos de Trabalho (“uma matrícula, uma escola; do 1/3 de planejamento; e da matriz curricular) e não resultou em nenhuma punição administrativa aos que atuaram no movimento. No entanto, a greve da Rede Estadual poderia ter avançado mais. Para nós foi um erro a greve ter sido deflagrada numa Assembléia esvaziada e com parte significativa da militância da rede envolvida numa manifestação em frente à Prefeitura. Mas do que isso, ficou demonstrado que uma greve de massa se constrói na base da capital e também no interior e que, por mais desgastado que um governo possa estar, não há uma relação automática com a adesão ao movimento grevista. Um breve balanço da greve não pode deixar de refletir sobre seu término. Não temos dúvida de que a audiência conciliatória arbitrada pelo Ministro Luis Fux mostrou-se uma armadilha para colocar fim ao movimento. O desgaste político de Cabral não foi páreo para enfrentar a determinação dos educadores da Rede Estadual, por isso o Governo apelou para assédio moral. Numa só tacada, após o sinal verde do subserviente Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mais de 400 inquéritos administrativos foram abertos contra grevistas. Dessa forma, Cabral/Risolia pretendiam encerrar o movimento e de quebra perseguir a vanguarda das escolas mais mobilizadas após o fim da greve. Entretanto, como o assédio não surtiu o efeito esperado, restou a Cabral socorrer-se no Supremo Tribunal Federal, que ao invés de garantir o preceito constitucional de valorização dos profissionais da educação, optou por defender um dos governos mais corruptos e violentos da história recente do Rio de Janeiro. O chamado “Acordo de Conciliação” na verdade foi um ultimato a categoria para que encerra-se a greve sob o risco de uma perseguição ainda muito mais covarde do que as impostas por Cabral. Uma vergonha! Deixando claro os limites da judicialização das No non No non greves. O acúmulo das vitorioNo non No non sas greves de 2013 coloca noutro patamar a disputa No non No non com os Governos de Cabral Paes. Em ambas as redes No non No non eo ataque meritocrático ficou mais claro e a categoria tenNo non No non de a resistir mais no interior da escola. Mas o fundamenNo non tal é que houve uma maior aproximação da categoria com ela mesma. Os laços de solidariedade que se estabeleceram nessas greves serão também importantes para as próximas mobilizações. A organização do nosso sindicato O SEPE é um sindicato de abrangência estadual, com sede em 52 municípios e dividido em 9 regionais na cidade do Rio de Janeiro. O estatuto do nosso sindicato define que os recursos oriundos das bases municipais sejam destinados aos relativos núcleos municipais, cabendo ao SEPE Central os recursos advindos da Rede Estadual e da Rede Municipal. Tal distribuição de recursos é positiva por dois motivos: garante certo grau de autonomia orçamentária para os núcleos municipais e mantém um montante significativo do orçamento sob o comando do SEPE Central, o que é fundamental para garantir a nossa capacidade de tocar lutas conjuntas. Entretanto, frente ao avançado processo de municipalização do Ensino Fundamental e o consequente aumento das Redes Municipais de Educação, entendemos ser necessário um melhor equilíbrio nos repasses. Por isso, propomos que as demais redes municipais, além da capital, na medida em que vão aumentando o número de filiados, também passem a contribuir com a unidade dos educadores, destacando parte de seus recursos para o SEPE Central. A estrutura do sindicato atribui aos núcleos à tarefa de mobilizar os educadores da Rede Municipal que representam e da Rede Estadual localizadas na sua área de atuação. A única exceção é o município do Rio de Janeiro, que não possui TESES GERAIS - PÁGINA 105 um núcleo municipal e que parte do orçamento está dividido em nove regionais. Para nós a excepcionalidade da Rede Municipal do Rio de Janeiro também é positiva. A importância da Rede Municipal justifica esta diferenciação frente às demais redes. A última greve deixou isso claro, a força da mobilização repercutiu em outras cidades de dentro e fora do estado. Mas nem tudo são flores! Durante muito tempo convivemos com a secundarização da Rede Municipal frente à Rede Estadual. As assembleias, quando na mesma data, ocorriam sempre após as do Estado. O desgaste devido aos longos debates relativos à rede estadual atrasavam o início da assembleia municipal deixando a base desestimulada e as assembleias esvaziadas. Mas não é só isso. A própria dinâmica da rede estadual, mais pujante, deixava a rede municipal do Rio de Janeiro em segundo plano. Na base, o sentimento era de que a Rede Municipal não era a prioridade! A greve mudou esse cenário. Hoje a Rede Municipal conta com extensa vanguarda que deseja ocupar o sindicato. Nesse sentido, o fortalecimento das regionais faz toda diferença. É crucial para as próximas mobilizações que sejam reforçados os Comitês de Passagem nas Escolas. Mas o espaço das regionais também precisa ser melhor aproveitado. A categoria se recente de locais onde a formação também seja uma prioridade. Entretanto, uma melhor distribuição dos recursos se faz necessária. Nas regionais do Rio de Janeiro, nos municípios da baixada e interior o critério deve ser o número de unidades escolares atendidas. Propomos um escalonamento que tenha por base o número de 50, 100 e acima de 200 escolas, com a manutenção da política de repasse mínimo. Deve-se organizar um setor jurídico que dê atenção também as demandas administrativas. Que instrua a categoria em momentos-chaves como a remoção forçada de unidade escolar, assédio moral e violência escolar. Para isso, este necessita ser mais célere e, sobretudo, mais próximo do local de trabalho dos educadores. Por isso, defendemos que o setor jurídico do sindicato deverá ter um setor itinerante, que dê plantão ao menos uma vez na semana na sede das regionais. Considerando que em regra as questões mais específicas e de caráter coletivo devem ser resolvidas no SEPE Central, o aconselhamento jurídico inicial, de caráter mais simplificado, poderá ser realizado nas regionais e núcleos que não possuem setor jurídico. Não se trata de privilegiar o jurídico, mas de não abrir mão de nenhum instrumento de defesa da nossa categoria. Não é razoável que um filiado desse sindicato que necessite de assistência jurídica ou mesmo informar-se sobre o andamento de algum processo coletivo ou individual seja obrigado a se deslocar 30, 40, 50 quilômetros para ser atendido no SEPE Central. A organização de regionais e núcleos também nos preocupa. Marcados por áreas extensas, em boa parte, convivem com a evidente sobrecarga de seus coordenadores. O exemplo mais gritante é o da regional 2, que possui 5 coordenadores para atender aproximadamente 400 escolas. Certos de que abriu-se uma nova conjuntura para a organização de militantes, defendemos que nenhum núcleo ou regional deverá ter uma nominata com menos de 9 coordenadores. Essa medida deverá estar combinada com a reestruturação de núcleos e regionais, subdividindo-as quando razoável. A imprensa precisa estar afinada com as novas tecnologias. Cada ferramenta de comunicação cumpre uma função específica. Não se deve abrir mão de nenhuma delas, nem privilegiar nenhuma em detrimento de outra. Assim defendemos que além do site, também se crie um perfil do SEPE no Facebook e no Twitter. Ambos ficarão sob responsabilidade da Coordenação de Imprensa e deverão No non No non ter um funcionário destacado exclusivamente para tal No non No non demanda. Este funcionário No non No non deverá também monitorar as redes sociais e filtrar os No non No non temas relevantes que merecem resposta do sindicato. No non No non É nossa tarefa dar resposta imediata a base da catego- No non No non ria aos ataques feitos por governos e seus veículos oficiais de comunicação da imprensa monopolizada. A política de boletins e de um jornal de caráter mais formativo deve permanecer. Entretanto, estas duas ferramentas devem ser pensadas de que forma que possam ser distribuídas também on line. Não abrir mão dos jornais e boletins impressos, mas ao mesmo tempo entender que o grande desafio não é produzir um número suficiente desses impressos para categoria e sim distribuí-los. A reorganização dos educadores Quando se trata de discutir o potencial de luta aberto após junho de 2013 não se pode deixar de fazer um balanço da atuação dos trabalhadores da educação em nível nacional. O ano passado foi marcado por inúmeras greves de educadores. Os baixos salários, as péssimas condições de infraestrutura das unidades escolares, a inexistência de planos de carreira ou planos de “faz de conta” e turmas lotadas estão entre as principais motivações dos docentes e funcionários nessas mobilizações e greves. São pautas nacionais e que, por isso, requerem uma articulação nacional. Entendemos que uma greve nacional de educadores com foco nos 10% do PIB para a educação pública e pela efetivação e reajuste do Piso Nacional é a tática mais acertada para o desafio de garantir uma escola pública, gratuita, laica e de qualidade socialmente referenciada. Além disso, dialoga com a radicalidade dos manifestantes que transformaram a bandeira da educação como prioridade. A unidade nacional da luta prescinde de uma entidade que coloque os educadores em movimento. Mas a resposta da direção da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação foi muito aquém do necessário para enfrentar a crise da educação brasileira. A ousadia em 2013 ficou restrita a uma paralização nacional de três dias, que de tão recuada, passou longe de empolgar os educadores. O resultado dessas mobilizações, há muito tempo, tem sido a baixa adesão. O que está claro é que a CNTE necessita de uma dose de radicalidade, que no nosso ponto de vista se materializa na construção e deflagração de uma greve de tempo indeterminado de educadores em âmbito nacional. Respondendo ao burocratismo da atual direção da CNTE o SEPE, no conNo non No non gresso de 2008, se desfiliou dessa entidade. Para nós, No non No non educadores da intersindical, fazer um balanNo non No non éço crucial desses 6 anos em que o No non No non SEPE esteve afastado dessa Confederação de EducadoNo non No non res. Primeiramente, temos que concordar que a deciNo non são da maioria dos delegados naquele congresso, avalizada no seguinte, foi coerente. Após a vitória do Partido dos Trabalhadores o que se viu foi a total subserviência da entidade ao Lulismo. Não foi um culto ao divisionismo daqueles que defenderam a tese da desfiliação, como pregaram os setores governistas. Mas a tentativa de criar alternativas as amarras impostas pela subserviência da entidade ao governo. Entretanto, apesar de reconhecermos a coerência da tomada de posição naquele contexto, não temos dúvida de que a expectativa de que outros sindicatos se desfiliassem não se confirmou. O resultado foi que nos últimos anos o SEPE ficou a margem das principais mobilizações em âmbito nacional. Isolando-se, inclusive, dos sindicatos dirigidos pela esquerda como o CEPERS, SINTEPP e SINSEPEAP. É fundamental reencontrar novamente o caminho da unidade. Ao mesmo tempo, o sindicato procurou avançar na reorganização dos educadores por fora da entidade. Nesse sentido, a experiência do Fórum em Defesa da Escola Pública unindo estudantes, funcionários e professores da educação básica e superior foi positiva. Objetivava-se estabelecer um campo político que debatesse um projeto de educação para o Brasil, orientado na defesa intransigente da educação pública, bem como mobilizar contra a ofensiva dos governos e do ensino TESES GERAIS - PÁGINA 106 privado. Entendemos que o Fórum deve ser fortalecido, pois é o elo que une lutadores das três esferas de governo, sejam professores, funcionários e estudantes. Defendemos que se viabilize via Fórum um grande encontro de educadores que discuta a unidade de bandeiras nas ruas e nos espaços institucionais. Mas as mobilizações de junho, que explicitaram a insatisfação da classe trabalhadora com a ineficiência do Estado nas áreas da educação, saúde e transporte público, abrem um novo cenário para defesa da educação pública. Ampliar o diálogo e apostar na tensão das direções governistas com suas bases é para nós a melhor tática a ser seguida. Nesse sentido, saudamos a novidade política no último congresso da CNTE expressa na conformação de uma oposição unificada, inclusive com a participação de um expressivo setor da CUT contrariados com os rumos da entidade e da própria central. Esse Bloco, apesar de não ter conseguido alcançar o percentual que lhe possibilitaria assumir cadeiras na direção, cumpriu um papel fundamental no último congresso ao propor resoluções que colocassem a CNTE no rumo da luta, em contraposição a pauta recuada da direção majoritária. Entretanto, o saldo mostrou-se positivo não só por isso, mas pela unidade das oposições alcançada na construção de bandeiras de lutas comuns, inclusive, com a conformação de uma tese unificada. É na trilha dessa vitoriosa tese que defendemos a manutenção do bloco. Não temos dúvida de que as mobilizações em torno da defesa do piso nacional e de seu reajuste, dos 10% do PIB para educação pública, do 1/3 de planejamento, entre outras bandeiras, dependerão de uma articulação nacional, que deverá estar na linha de frente, caso a direção da CNTE se mantenha presa aos compromissos com o Governo Federal e seus aliados nos Estados. Nós, militantes do SEPE, não podemos cair no erro de avaliar que a CNTE é desnecessária para a articulação nacional dos educadores. Muito menos de que estar na direção da entidade é secundário. Como não reconhecer que uma entidade que representa mais de 2 milhões de educadores cumpre um papel importante na defesa de nossas bandeiras. E mais, que influenciar nos rumos da entidade, mesmo na condição de minoria, fortalece a luta dos educadores. Para além disso, os fóruns da CNTE garantem a oposição à direção acúmulo no caminho da unidade. Não foi por acaso que pela primeira vez após o CONCLAT de 2010 setores que constroem a INTERSINDICAL, CONLUTAS, UNIDOS PRA LUTAR e independentes se unificaram na construção de uma pauta única. Temos que valorizar essa experiência. É nessa linha, da unidade das oposições, que defendemos o retorno do SEPE à CNTE. O acúmulo adquirido nas greves do ano passado coloca nosso sindicato numa condição privilegiada na rearticulação dos educadores rumo a uma greve nacional. Os setores governistas sabem da importância da CNTE, tanto é que impediram o credenciamento das bancadas do Amapá e de Santa Catarina, que poderiam garantir a oposição o patamar mínimo para compor a direção. Ao mesmo tempo criou-se um mecanismo de participação para os setores participantes da CUT e CTB atuantes no SEPE. Essa oposição reconhecida aumenta ainda mais o isolamento da política de desfiliação da Confederação de Educadores, isto porque, um setor significativo do sindicato já participa dos fóruns da entidade, inclusive terá assento na direção do próximo triênio. Nós, Educadores da Intersindical, defendemos o retorno do SEPE a CNTE e que na condição de sindicato filiado construa, junto aos demais sindicatos dirigidos pela esquerda e oposições, uma No non No non fração pública da entidade, que a partir de uma pauta No non No non unificada, possa organizar No non No non a luta em âmbito nacional assumindo um papel pro- No non No non tagonista na organização na categoria de trabalhadores No non No non da educação. No non No non A política educacional No Estado do Rio de Janeiro a educação vive uma crise. Essa crise é resultado da opção política dos últimos governantes que optaram por políticas educacionais neoliberais que priorizam o baixo custo do serviço em detrimento de um ensino de qualidade. Na lógica neoliberal a educação, tanto quanto saúde e previdência, é custo e não direito. Os governos de Cabral e Paes seguem a risca o receituário neoliberal sustentado pelo tripé da meritocracia, privatização e precarização. meritocracia parte do pressuposto de que o esforço, pensado de forma isolada, é o critério que deve servir de parâmetro para o ranqueamento dos indivíduos. A meritocracia pressupõe um tipo de sociedade onde a riqueza, renda e classe social são fruto de uma “sadia” competição. Dessa forma, assume-se que os “vencedores” dessa competição social realmente merecem tais vantagens. Não se trata de considerar o mérito que cada um(a) pode ter, por exemplo, num processo de promoção na carreira, mas de considerá-lo a medida de todas as coisas. Na escola essa concepção de mundo atinge educadores e estudantes. A pedagogia meritocrática possui algumas características: diminuição do currículo, com a busca limitada ao básico; pressão em relação ao resultado dos alunos nas avaliações externas; apostilamento que, além do empobrecimento da aula, reproduz a retirada da autonomia docente; e fra- casso escolar relacionado à prática docente. No Rio de janeiro, tanto a Rede Estadual, quanto as redes municipais investem na lógica do bônus (14° salário) relacionado ao cumprimento das tais metas. Com o tempo o salário do trabalhador fica defasado e o “reforço” no orçamento, conquistado ao custo de mais trabalho, torna-se essencial para a manutenção do seu antigo padrão de vida. Essa política é nefasta não só porque obriga o profissional a uma maior carga de trabalho, mas também porque obriga ao cumprimento de metas pré-fixadas pelos governos, retirando sua autonomia. Além disso, não inclui os licenciados e os aposentados. Nessa lógica, muitos profissionais da educação adoentados por causa das salas lotadas, de cozinhas mal estruturadas e insalubres são culpabilizados. O resultado é uma significativa redução de rendimentos baseado em tais bônus. Os aposentados, também No non No non afetados por tais políticas, são obrigados a viver com No non No non baixíssimos rendimentos. Na Rede Estadual o eleNo non No non mento fundamental dessa política é o SAERJ. DiferenNo non No non temente do propagandeado No non No non pelo Governo Cabral o objetivo desse sistema não é No non monitorar a educação estadual para resolver suas ineficiências. O objetivo do SAERJ é produzir dados que possam subsidiar a política de Bônus. Agora o governo avança e já procura desenvolver o ideário meritocrático entre os alunos, ao relacionar suas notas a bolsas de estudos. Com o SAERJ servindo de parâmetro avaliativo o governo Cabral pretende retirar a autonomia dos professores, que a rigor é uma das formas de resistência na defesa da educação de qualidade. Como afirmamos, a autonomia pedagógica é uma barreira a padronização/empobrecimento imposta pela pedagogia do currículo mínimo. No município a alternância do IDEB E IDERIO é parâmetro para o ranqueamento das escolas. Sem se preocupar com o contexto que a escola está inserida e tendo como única referência o resultado em tais provas os educadores poderão receber o 14° salário. Detalhe importante é que para receber a gratificação integral os educadores não poderão ter nenhuma ausência, mesmo que por licença médica. A cada falta, por doença, paralização ou qualquer outro motivo, o valor do 14° salário é reduzido. Como se os problemas de saúde dos educadores não fossem culpa do próprio Município, o trabalhador ainda é obrigado a trabalhar doente para ter seu salário complementado. A medida que essas políticas vão se consolidando nas Redes Estadual e Municipal do Rio de Janeiro também começam a servir de parâmetro para as TESES GERAIS - PÁGINA 107 redes municipais da baixada e do interior. Isto faz da batalha contra a implantação da meritocracia uma prioridade para o SEPE. Não se pode negligenciar para o fato de que a política meritocrática dos governos do PMDB mantém-se alinhada a política do governo federal sintetizada no PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação). O PDE estabelece entre suas metas que a valorização do trabalhador em educação se dará pelo mérito, “representado pelo desempenho eficiente do trabalho, dedicação, assiduidade, pontualidade, responsabilidade (...) tornado o profissional efetivo e estável após avaliação”. Com já citamos, é a velha tática de culpabilização do trabalhador pela crise na escola pública. A outra face das políticas neoliberais na educação é o acelerado processo de precarização. O governo Cabral recentemente tentou acabar com as categorias de funcionários de escola. Mas a reação do SEPE reverteu esse processo. Entretanto, a privatização avança a passos largos. Porteiros (as), serventes, entre outras categorias são cada vez mais raros nas escolas. O principal argumento das gestões municipais e Estadual é a eficiência. Uma falácia! Em verdade, o objetivo da terceirização é arrancar mais-valia dos trabalhadores, na medida em que o salário pago pela empresa contratada é bem inferior ao valor pago pelos governos às empresas por esses serviços. Além disso, os contratos de prestação de serviço são focos constantes de corrupção, denunciadas constantemente na grande mídia. As terceirizações também reproduzem o clientelismo nas escolas. É comum que vereadores e deputados tratem o emprego como moeda de troca para apoios eleitorais. Para nós, Educadores da Intersindical, os funcionários das escolas merecem uma homenagem. Além de conviverem com a sobrecarga de trabalho, fruto da escassez de concursos, ainda convivem com salários baixíssimos. É emblemático que na mesma cidade que se diz olímpica os funcionários de escolas, até a greve, tivessem vencimentos menores que um salário mínimo. Afirmamos categoricamente que precarizar e tercerizar é fórmula neoliberal seguida a risca por Cabral e Paes. A privatização é o terceiro eixo do neoliberalismo na educação. A própria crise vivida pelo capital faz com que o setor se serviço, especialmente o educacional, se transforme numa boa fonte de investimentos. Ainda mais porque não se tem risco, pois é o governo que contrata e paga, em geral, com preços acima do mercado. Cada vez mais imensas somas de recursos, que deveriam estar destinados a educação pública, são desviados para o ensino privado no Brasil. No ensino superior o maior exemplo disso é o PROUNI, que despeja milhões de reais das públicas para as faculdades/ universidades privadas, e são justamente as verbas que faltam para uma expansão com qualidade das universidades públicas. Nas Redes Municipal e Estadual do Rio de Janeiro a privatização tem muitas facetas. Uma delas são os projetos prontos adquiridos junto a ONGs como o Instituto Ayrton Senna ou fundações como a Roberto Marinho. Tais parcerias revelam o projeto educacional dos Governos do PMDB para a população trabalhadora, marcado pelo rebaixamento dos conteúdos, aceleração do tempo na escola e padronização da metodologia educacional O projeto privatista avança agora na criação de “Escolas-modelos” em parceria com empresas. Assim, sem disfarces procura-se reproduzir a lógica da competividade, do individualismo e da meritocracia com recursos públicos. Mais uma vez tentam iludir os trabalhadores que tais parcerias, se estendidas para o universo da rede, resolveriam o problema da qualidade das escolas públicas. O SEPE deve reafirmar que somente a escola pública com qualidade universalizada cumprirá a tarefa de oferecer educação de qualidade para o conjunto da classe trabalhadora. Concepção Sindical “... a consciência de classe dos operários implica na compreensão de que os interesses de todos os operários de um país são idênticos, solidários, que todos eles formam uma mesma classe, diferente de todas as demais classes da sociedade. Por último, a consciência de classe dos operários significa que eles compreenderam que para atingir No non No non seus objetivos necessitam No non No non conquistar influência nos assuntos públicos” (LÊNIN, No non No non 1979, p. 25) A crise do sistema capita- No non No non lista não deixa alternativa as classes trabalhadoras senão No non No non a unidade. Nessa conjuntuNo non No non ra, os sindicatos assumem um papel central na defesa dos trabalhadores contra a exploração do capital. Mas o sindicato, apesar de se apresentar como a principal referência para a classe, não se mostra suficiente para o desafio de se contrapor aos interesses capitalistas. Daí a necessidade de organizar entidades que congreguem sindicatos, federações e confederações de trabalhadores. Para nós a organização dos sindicatos em Centrais Sindicais cumpre essa tarefa de garantir a unidade. Ultimamente, infelizmente, a unidade numa só entidade daqueles que se opõe ao neoliberalismo tem sido uma tarefa difícil. O CONCLAT, que representou uma importante tentativa de garantir essa unidade, fracassou. Nós, militantes do SEPE, que estávamos participando desse processo tínhamos convicção que se bem sucedido, o CONCLAT, resultaria num salto de qualidade na formulação de políticas para o sindicato. Por isso lamentamos a não conformação da nova central unificada. Mas é preciso reconhecer que o fracasso do CONCLAT não foi um empecilho para a unidade nas lutas no interior da escola e nas ruas. Quando foi preciso enfrentar a meritocracia, a precarização do trabalho, a privatização, o plano de carreira e as bombas do Cabral estavam todos na mesma fileira. É por isso que, mesmo participando da construção da INTERSINDICAL – CENTRAL, nós, militantes do SEPE, entendemos ser necessário um maior amadurecimento do debate sobre a filiação do SEPE a alguma CENTRAL nessa conjuntura. O SEPE deve se manter firme na luta por melhores condições de trabalho como na luta pela garantia do 1/3 para planejamento, na defesa de uma melhor condição financeira da categoria com as campanhas salariais e, sobretudo, disputar a sociedade defendendo a escola pública. Além disso, deve participar ativamente de campanhas como a anulação da reforma da previdência, “NÃO a privatização do Pré-sal”, “Não ao PL 4330 da terceirização”, entre outras bandeiras que façam a disputa de hegemonia na sociedade. Esse é o sentido de “conquistar influência nos assuntos públicos” defendido por Lênin. Por isso, achamos corretíssimo que nossas bandeiras de luta tenham como referência os interesses da população que cotidianamente tem seus filhos matriculados na escola pública. Um princípio fundamenNo non No non tal que norteia nossa consindical é o da indeNo non No non cepção pendência de classe. SignifiNo non No non ca que assumimos com toda clareza que nesta guerra de No non No non classes, os interesses de patrões e trabalhadores são No non No non opostos, antagônicos e inconciliáveis. No non Defendemos a autonomia do sindicato em relação a partidos e governos. No entanto, não compactuamos com a leitura de “demonização” dos partidos. Não acreditamos que o “apartidarismo” ou “antipartidarismo” seja um certificado de salvo-conduto, ou seja, sinônimo de independência. A rigor muitas das organizações (coletivos, movimentos, entre outros) que atuam no SEPE, são verdadeiros partidos. Por isso reafirmamos a independência do sindicato em relação a partidos (dos mais diversos matizes) e governos e consideramos acertada a proibição de acúmulo da condição de dirigente sindical e cargo comissionado no executivo e legislativo. O SEPE a mais de uma década optou pela proporcionalidade. Para nós a proporcionalidade é um princípio. As classes trabalhadoras, fruto das mais diversas experiências produziram no seu interior uma série de interpretações do processo de consolidação do capitalismo. As ideologias oriunTESES GERAIS - PÁGINA 108 das dos trabalhadores como o anarquismo e socialismo também são marcadas por nuances que se desdobram em outras tantas concepções. No nosso entender esse acúmulo é fundamental para que possamos definir a melhor tática para enfrentar os governos e suas políticas meritocráticas. Isso não significa que não achemos que no cotidiano a proporcionalidade precisa ser aprimorada. Somos contra a uma prática que não respeita a correlação de forças existente nas reuniões de direção, fazendo com que parte desta não assuma as tarefas inerentes à condição de diretor. O que foi deliberado nas reuniões precisa ser encaminhado a despeito do posicionamento pessoal do diretor. Mas também não achamos que a solução resida na mudança para a majoritariedade. Ultimamente o que se vê é que a majoritariedade joga contra a unidade, isola setores minoritários e cria acordos artificiais ao tempo da montagem das chapas. Não temos dúvida que a perpetuação de eternas figuras nas direções de sindicatos tem como origem a quase eterna divisão: situação versus oposição. Por certo não somos ingênuos em a acreditar que sempre se chegará a um consenso, sobretudo na tática. Mas não abrimos mão de esgotar todas as possibilidades de construção deste nos fóruns da direção. Além disso, a proporcionalidade joga a favor da transparência, na medida que as decisões tomadas são debatidas e passam a ser de conhecimento da minoria atuante na direção. Não temos dúvida que a defesa da proporcionalidade casa-se com a consolidação da democracia no interior da nossa entidade. É preciso afastar uma concepção que interpreta a democracia dos trabalhadores como um subproduto da democracia burguesa. Nós, Educadores da Intersindical, entendemos a consolidação da prática democrática entre os trabalhadores como estratégico para alcance de uma sociedade socialista. A medida dessa democracia está no aprofundamento do debate político interno, politizando as divergências e fazendo um combate sistemático ao sectarismo e à confusão entre hegemonia e maioria. Combatemos um tipo de prática sindical no qual grupos, que pelo fato de circunstancialmente deter a maioria, atropelam as minorias, sem se preocupar em convencer da justeza de suas posições. Estatuto O estatuto do Sindicato é o documento que tem como função estabelecer as regras da relação dos trabalhadores com seus pares. Este não deve ser tratado como uma capitulação ao burocratismo burguês, pelo contrário, deve ser entendido como uma antecipação dos trabalhadores, que no exercício pleno da democracia, optaram por estabelecer parâmetros para debates e deliberações. Um ponto importante que merece uma mu- dança estatutária é o artigo 82, que trata das licenças sindicais. A licença é um instrumento conquistado pela classe trabalhadora e tem como principal função garantir a alguns membros da categoria uma maior dedicação as tarefas sindicais. Mas o que se vê em alguns casos é a desvirtuação desse propósito com a manutenção do mesmo diretor por anos na condição de licenciado. Portanto, propomos a incorporação do parágrafo § 1° do artigo 82, que conterá o limite de no máximo uma renovação, excetuando-se os Coordenadores Gerais do SEPE Central. Esse Congresso também deverá definir que tal regra deverá valer a partir desse ano. Outro limite que deverá ser estatutário é o de reeleição para direção de regionais, núcleos e SEPE-Central. Não concordamos com as infindáveis reeleições nas direções. Apesar de entendermos como positiva a experiência adquirida durante os anos do mandato, a substituição periódica do militante na direção compromete um número maior de lutadores com a organização da máquina sindical. Além do mais, o acúmulo daquele diretor(a) adquirido ao longo do mandato é fundamental para reorganização do SEPE pela base. Acreditamos que a proibição de reeleição vinculada ao cargo não resolve o problema e na prática se apresenta como uma mera formalidade. Por isso, defendemos que fique limitado no estatuto a uma reeleição na direção de núcleos, regionais e SEPE-Central. O aumento do número de diretores nos núcleos e regionais também deverá ser alvo de mudança estatutária. Reconhecemos que alguns núcleos, por representarem uma base com poucas escolas, já possuem um número suficiente de diretores. Entretanto, em alguns casos o número de diretores é insuficiente. Por isso defendemos uma es- ASSINAM ESTA TESE EDUCADORES DA INTERSINDICAL TESES GERAIS - PÁGINA 109 calonamento. Os núcleos e regionais que tiverem até 50 unidades escolares na base deverão ter, no mínimo, 5 diretores. De 51 a 100 unidades escolares o mínimo passa para 7 diretores. Acima de 101 unidades o mínimo passa a 9 diretores. Com esta modificação haverá uma maior possibilidade de divisão de tarefas por parte da direção. O aumento do número de diretores deve estar casado com a divisão de responsabilidade entre as chapas. A categoria escolheu a proporcionalidade e por isso não faz nenhum sentido que as nominatas de chapas nas eleições de núcleos e regionais delimitem a um o número de Coordenadores-Gerais, numa clara tentativa de impor uma majoritariedade contraestatutária. Defendemos que hajam, pelo menos, dois Coordenadores-Gerais indicados nas nominatas. Nessa mesma lógica, pela importância, entendemos que a Coordenadoria de Finanças também deverá ter no mínimo dois coordenadores. Tese 18 OPOSIÇÃO PRA LUTAR: POR UM SEPE DE VOLTA ÀS BASES Apresentação Nós somos profissionais da educação da Introdução Rede Estadual e de diversas redes municipais do Rio As profundas mudanças no mundo gestadas desde Janeiro, independentes e organizados no agrude 2011 na primavera árabe foram manifestando-se pamento sindical Unidos Pra Lutar, fizemos parte no Brasil com greves e mobilizações em um procesda organização da última greve dos professores no so de lutas continuo que culminou nas jornadas de estado e nos municípios da base sindical do SEPE! junho do ano 2013. Milhares invadiram as ruas do Devido aos inúmeros enfrentamentos entre a base país deixando o recado de que nada seria como ando sindicato e a atual diretoria na condução da gretes. As jornadas de junho expressaram a indignação ve e principalemente nos erros na negociação com de trabalhadores e do povo que, cansados dos atroo governo e o STF, decidimos tomar parte na Frente pelos e da impunidade de governos corruptos saíde Oposição pela Base. No entanto, para contribuir ram com toda força a enfrentar suas políticas. com as teses de oposição, já que abrangem uma larNo estado do Rio de Janeiro aconteceram as ga diversidade de ideias, decidimos apresentar uma mobilizações mais massivas e os abusos dos gastos avaliação própria que denominamos: “Oposição pra da Copa foram o motor impulsionador dos grandes Lutar: por um SEPE de volta às bases” no intuito de protestos. A educação foi um dos questionamentos colaborar com os debates do congresso do SEPE e mais presentes nas passeatas, “Por uma educação para construir uma política padrão FIFA!, O professor vale de unificação das lutas das Os protestos colocaram mais que Neymar!” eram alredes, para enfrentar os goguns dos cartazes sempre vernos privatistas e corrup- contra a parede os presentes e as consignas reitos e lutar pela ampliação da vindicando saúde e educação governos Dilma, Cabral democracia e participação foram as mais agitadas. da base em todas as instân- e Paes e definiram a Neste contexto a greve da cias do nosso sindicato. Comeducação do 2013 foi parte e pomos a Frente de Oposição mudança de correlação de continuidade deste processo. pela Base porque entendeEsta greve histórica que lemos que a direção do sindica- forças da conjuntura vou milhares de profissionais to, especialmente durante a as ruas e foi exemplo de luta última greve, não conseguiu e combatividade, enfrentou atender às demandas e propostas da base. Consio governo com força impondo no estado a consigderamos que os pontos levantados nessa tese são na FORA CABRAL e, desmascarou definitivamente notórios e as críticas são compartilhadaspor grande o prefeito Paes. Estes governos foram duramente parte dos grevistas. O que queremos é a democraquestionados pela população depois da repressão cia no sindicato porque essa é a melhor maneira de violenta infringida aos profissionais da educação. prepará-lo para a luta. Assim como querem as bases A conjuntura favorável e a força da base podedos profissionais e trabalhadores da educação dos riam ter conseguido um resultado melhor da greve. municípios e do estado do Rio de Janeiro. Infelizmente a direção do sindicato não esteve à Acreditamos que 2014 será um ano decisivo para altura da disposição de luta da categoria e da poas lutas e movimentos do país e nossa categoria pulação presente nas mobilizações, perdendo uma deve ser parte fundamental desse processo. E para importante oportunidade de vitória. Este balanço isso precisamos que o SEPE volte a ser um sindicato deve ser uns dos pontos fundamentais de debate do independente, democrático, classista e de luta. Congresso. A política dos governos Dilma, Cabral e TESES GERAIS - PÁGINA 110 Paes continua apontando a privatização e sucateamento da educação pública. O ano 2014 iniciou-se com várias categorias enfrentando estas políticas e as pautas pendentes das jornadas de junho. A conjuntura continua favorável e a educação é uma das pautas reivindicativas principais. A categoria deve continuar sua luta e precisa de uma direção democrática, que acredite na força da base e tenha disposição para enfrentar os governos até as últimas consequências. O Congresso deve apontar um plano de luta e a direção deve impulsionar junto à base este processo de forma democrática e participativa. Conjuntura nacional As jornadas de junho de 2013 expressaram com contundência o processo de lutas que vinha se gestando desde 2011 com fortes greves de diversas categorias (construção civil, bombeiros, metalúrgicos, educação, correios, rodoviários) e mobilizações populares e juvenis. Os protestos colocaram contra a parede os governos Dilma, Cabral e Paes e definiram a mudança de correlação de forças da conjuntura. Manifestaram a indignação de milhares contra as políticas de sucateamento, arrocho salarial, privatizações, retirada de direitos e corrupção dos governos, e questionaram o regime. O ano 2014 se iniciou na tônica e lembrança de junho. Manifestações das comunidades contra as remoções, explosão social no Maranhão, protestos dos Sem teto em São Paulo, rolezinhos da juventude. Fortes greves de rodoviários, correios e profissionais da saúde em Porto Alegre e servidores municipais de Jacareí (SP). No Rio de Janeiro lutam os hospitais federais, os metalúrgicos da Comperj e cresce a insatisfação com mos transportes públicos provocando pula roleta e fortes protestos. O funcionalismo público federal (Condesef, Fasubra) e a CNTE pressionados pelas bases marcaram greve para março. Ainda que saibamos que a direção dessas entidades não pretendam convocar greves para vencer e sim para obter espaço no governo, consideramos que o simples fato dessas greves estarem marcados sinalizam que devemos avançar na organização de uma greve nacional por tempo indeterminado que conflua comas campanhas salariais e manifestações sob o lema “Não vai ter Copa”. O fato mais representativo da dinâmica crescente das lutas da possibilidade de triunfos é a recente heróica greve dos garis. Os garis do Rio de Janeiro obtiveram uma estrondosa vitória. Confiantes na importância de seu trabalho e na força da categoria deram um exemplo de combatividade, organização e coragem. Enfrentaram um prefeito intransigente e um sindicato traidor que não representa seus interesses. Não se curvaram frente às ameaças de demissões e calúnias levianas do prefeito Paes, que teve que recuar e ceder um aumento de 36% além de outras demandas. A população apoiou porque está cansada de tantas mentiras e de ver bilhões sendo destinados à Copa só para beneficiar empresários e empreiteiros amigos do governo, enquanto as necessidades básicas dos trabalhadores e do povo não são atendidas. Os garis mostraram o caminho. É possível ganhar. É possível ter vitórias. dos do sistema, e para garantir a “tranquilidade” da FIFA e o governo para lucrar sem ser incomodados. O governo não pode mais ocultar que a situação econômica de Brasil entrou na rota da crise mundial. O país registrou um rombo histórico de 81 bilhões. A balança comercial (diferencia entre importações e exportações) que em 2012 teve um superávit de U$S 19,4 bilhões passou para U$S 2,6 bilhões em 2013 e iniciou 2014 com um déficit de U$S 2 bilhões. A inflação continua crescendo incidindo fortemente nos salários. Em 2013 foram pagos aos banqueiros R$ 75 bilhões, ou seja, 41% do total do Orçamento e cresce a dívida pública. Dedica-se um trilhão de reais para pagar juros ao sistema financeiro. O orçamento do governo para 2014 não prevê reajuste salarial para o setor público. Segundo estudos da Auditoria Cidadã da Dívida, em 2014 serão destinados mais de um trilhão ao pagamento da dívida. Dilma continua preparando seu plano de privatizações, aeroportos, estradas ferrovias, petróleo estão comprometidos para pagar os banqueiros. Tenta também aplicar a EBSERH nos hospitais universitários para privatizar a saúde pública. Todas estas medidas apontam a jogar nas costas dos traGoverno do PT/PMDB ao serviço de capitalistas balhadores e do povo a crise dos empresários para e corruptos salvar seus lucros e benefícios. A Copa colocou a vista a política do governo Dilma O governo mantém as alianças mais espúrias (PT/PMDB) e seus parceiros. Os gastos do evento fopara garantir o apoio nas eleições. Por isso ficou ram projetados para mais de 25 bilhões, os maiores em silêncio quando a crise carcerária de Maranhão, da história da Copa. O absurdo destes gastos é que resguardando as costas de Roseane e o coronelismo foram acompanhados de medidas que facilitaram a dos Sarney. Da mesma forma fica em silêncio quanvida dos empreiteiros financiadores das campanhas do os corruptos mensaleiros do PT são condenados. eleitorais. Em cumplicidade Na verdade todos fazem parcom legislativo, Dilma criou o É necessário preparar desde te da mesma quadrilha que Regime diferenciado de Congoverna o país há uma décatratação que flexibilizou a as bases, coordenando com os da. execução e os contratos das A política aplicada pelo movimentos populares e da obras através de mudanças governo PT/PMDB delata na Lei de licitação. A Copa só juventude a construção de uma que estamos frente a um gotrará benefícios para empreiverno capitalista, que ataca teiros e empresários amigos greve geral para enfrentar a a classe trabalhadora e ao do governo. povo, que privatiza serviços A perspectiva é que acon- política dos governos públicos para beneficiar emteçam mais lutas e mobilipresários financiadores de zações. Os governos estão suas campanhas eleitorais, preocupados com a reprodução de novas jornadas que encoberta corruptos e criminaliza os movimende junho e preparam um exército de repressão para tos sociais. criminalizar os movimentos. Além da aplicação da lei 12.850 promulgada por Dilma em junho para A perspectiva de crescimento e unidade das lucriminalizar movimentos sociais garantindo até a tas infiltração policial, está tramitando o PLS 728/2011 As perspectivas de outras jornadas de junho esque pune com penas de reclusão de 15 a 30 anos a tão presentes. As greves das diferentes categorias, manifestantes que “infundam terror ou pânico gemuitas delas protagonizadas por uma base que neralizado”. O governo também editou a portaria passa por cima das direções tradicionais, e as monormativa Nº 3461 através da qual as Forças Armabilizações populares estão trilhando um caminho das terão a tarefa de adotar as medidas necessárias de luta e enfrentamento aos governos. As centrais para reprimir e restaurar a ordem contra as chagovernistas (CUT, CTB) atuam para frear as lutas e madas “Forças oponentes”, ou seja, as revoltas de facilitar que o governo aplique medidas contra os jovens, greves de trabalhadores e ocupações. Metrabalhadores, a exemplo do relatório do senador didas truculentas para perseguir, prender e matar Romero Jucá que ataca o direito de greve no serviço jovens da preferia, sobre tudo negros, alvos preferipúblico, e a reforma da previdência. De que forma a TESES GERAIS - PÁGINA 111 CUT pode representar os trabalhadores quando oferece emprego para os corruptos do mensalão, numa cínica demonstração da corrupção do sindicalismo da era petista? Central e sindicatos atuam como o braço direito do governo para desmontar as lutas. A unificação das lutas é essencial para organizar e construir mobilizações contra os abusos da Copa, contra as remoções, contra as privatizações, contra o ajuste fiscal, o arrocho salarial e o sucateamento dos serviços públicos e da saúde e educação. Há que construir uma plataforma que defenda suspender o pagamento da dívida externa para investir em saúde e educação públicas, moradia, transportes. Que defenda realizar a auditoria das grandes obras, fundamentalmente da Copa e das olimpíadas, ruptura dos acordos com a FIFA, auditoria de todas as empresas concessionárias do poder público com acompanhamento das entidades operárias, juvenis e populares. Pela estatização do transporte sob controle das organizações dos trabalhadores e usuários. Defesa de uma Petrobras 100% estatal. Pelo fim das criminalizações das lutas e o fim da repressão as comunidades para evitar novos Amarildos. Pelo livre direto de greve e manifestação de rua, liberdade a todos os presos políticos. E exigimos que o MP indicie os políticos e todos os que se beneficiaram de esquemas fraudulentos com o dinheiro público, principalmente os esquemas de corrupção ligados às obras da Copa, sem diferenciar partidos e suas coligações. É necessário preparar desde as bases, coordenando com os movimentos populares e da juventude a construção de uma greve geral para enfrentar a política dos governos ao serviço de empresários e capitalistas corruptos. Políticas educacionais As greves da educação que eclodiram em 2013, foram resultados do processo de sucateamento, privatização, precarização do trabalho docente e desvalorização profissional. Vários estados e municípios entraram em greve quase que simultaneamente em 2011, reflexo da política orquestrada nacionalmente tanto pelos governos federal, estaduais e municipais. Em todas as redes os problemas são os mesmos: escolas sem estrutura de funcionamento, falta de condições de trabalho, violência e assedio moral, otimização de turmas, fechamento de turmas, meritocracia, projetos pedagógicos mirabolantes, plano de carreira que não valorizam o profissional da educação e o descumprimento da lei do piso e um terço de planejamento. A falta de condições de trabalho, jornadas extenuantes de trabalho, assédio moral tem gerado adoecimento a categoria. Os trabalhadores de apoio, setor mais precarizado e com mais baixo salário, são os que mais têm seus diretos trabalhistas negados, a exemplo da questão da insalubridade. Em todas as greves os eixos de luta eram os mesmos: redução da jornada de trabalho, insalubridade, piso nacional do magistério, um terço de planejamento. O piso nacional do magistério, de autoria do PT, nem mesmo nos estados onde o partido dirige, a lei do piso é cumprida. Os governos dizem que não podem aplicar a lei por falta de verbas. Tarso Genro comanda uma frente de governadores para mudar a lei do piso. Para garantir o pagamento da dívida todos os anos o governo corta verbas das áreas sociais, Mantega já falou que neste ano será cortado 30 bilhões. Esta política de corte de verba da educação é acompanhada pelos governadores e prefeitos. No Rio de Janeiro Cabral e Paes são fieis aplicadores da política privatista e meritocrática do governo federal, financiando os megaeventos em detrimento da educação púbica. Orquestram um verdadeiro desmonte da educação pública, para justificar a aplicação das PPP (Parcerias Público Privadas). Cabral já anunciou que neste ano de 2014 o projeto das PPP vai ser implementado em cinquenta escolas. No município do Rio não é diferente: a fundação Roberto Marinho, o instituto Ayrton Senna, a CCR e a Cultura Inglesa estão nas escolas, ferindo o princípio da autonomia pedagógica e são beneficiadas com isenção de impostos, recebendo desta forma milhões dos cofres públicos. È necessário lutar por: Condições de trabalho: 1- Fim das terceirizações na educação e convocação dos aprovados nos últimos concursos. Abertura de Concurso Público para todos os cargos nas escolas. 2- Contra a precarização dos profissionais contratados. Isonomia de salário e direitos trabalhistas. Investigação de todas as empresas de contratação de pessoal terceirizado. 3- Inclusão no plano de cargos e salários dos profissionais de apoio (agentes educadores, agentes auxiliares de creche, cozinheiros, secretário escolar, etc.) 4- Redução da carga horária para 30 horas dos profissionais de apoio; 5- Garantia imediata de 1/3 de planejamento para o professor, visto que 1/3 não é favor, é lei! Que o planejamento não necessariamente seja cumprido no âmbito escolar considerando atividades extras a critério do Professional. Quando o planejamento seja efetivado na escola é necessário ter janelas de horário vago entre uma aula e outra. A carga horária dos professores deve ser contabilizada através da hora aula e não a hora relógio, incluindo as horas correspondentes ao planejamento. Planejar é essencial. Os governos, no entanto, não estão cumprindo a determinação, pois alegam dificuldades devido à falta de professores. Entendemos que o planejamento é etapa primordial no desenvolvimento do papel do professor, pois este é um importante momento de construção pedagógica. 6- Garantia das condições essenciais para a realização do trabalho, como a redução de alunos por turma, climatização dos ambientes escolares, material de apoio pedagógico disponível para o professor, incentivo à formação continuada do professor; 7- Combate ao assédio moral presente na escola; 8- Preservação da vida e da saúde do trabalhador, criando campanhas de prevenção de doenças oriundas do exercício profissional, adquiridas pelas péssimas condições de trabalho; 9- Ampliação do auxílio creche para todos os dependentes diretos do servidor. No Rio de Janeiro, Cabral e Paes são fieis aplicadores da política privatista e meritocrática do governo federal Remunerações: 1- Plano de Cargos e Salários unificado, considerando formação acadêmica e tempo de serviço para a mudança de nível e classe; 2- Vencimento básico para todos os servidores públicos da educação dos municípios e do Estado do Rio de Janeiro de acordo com o estudo realizado pelo Dieese. 3- Aumento real de 19% que corresponde ao somatório da reposição inflacionária e ao crescimento do PIB do Rio de Janeiro; 4- Reposição imediata e integral de todas as perdas salariais dos últimos anos; 5- Aplicação do FUNDEB junto com o percentual de reajuste salarial dos profissionais da educação. 6- Por um piso de acordo aos estudos do DIEESE, que atenda as reais necessidades do trabalhador e de sua famíliafamília. 7- Em defesa da remuneração dos inativos: - Por uma previdência pública garantida a todos os trabalhadores; - Por isonomia de reajustes e aumentos entre ativos e inativos; - Pela anulação imediata da Reforma da Previdência; - Pela estatização da previdência privadas, beneficiando os trabalhadores e punindo os especuladores. Políticas educacionais e combate à privatização do ensino público: 1- Interrupção imediata do processo de privatização e terceirização da educação pública com a suspensão imediata da presença das Fundações privadas na educação pública; Debater a efetivação dos terceirizados que contraíram direito adquirido pelas subsequentes renovações de contratos precarizados, com o fito de não configurar direitos trabalhistas e que só beneficiam as empresas que tem relações privilegiadas com o estado e as prefeituras. TESES GERAIS - PÁGINA 112 Fim do trabalho semi-escravo no serviço-público; 2- Combater o fechamento de escolas e lutar pela melhor distribuição das escolas na cidade e no campo com a garantia de transporte público e de qualidade a toda comunidade escolar; 3- Defesa da supressão do artigo 7º da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação, que afirma que o “ensino é livre à iniciativa privada.”, combatendo a mercantilização da educação. 4- Suspensão imediata da meritocracia, visto que lutar contra a meritocracia é lutar em defesa da educação. Devemos ter como eixo central de nossa luta o combate à meritocracia, que é um dos principais pilares do programa de desmonte da educação pública, quando bonifica com valores esdrúxulos aqueles que cumprem a meta da secretaria de educação, dividindo a categoria, privilegiando uns em detrimento a outros.Cada contexto educacional tem suas peculiaridades e as metasbuscadas pelos governos não contemplam em nada as necessidades reais da educação. Por isso, propomos que o SEPE tenha como eixo de luta o combate a política meritocrática privatista dos governos e que a valorização do profissional da educação ocorra de acordo com um plano de carreira cujos critérios sejam a formação e o tempo de serviço. 5- Destinação de 25% do PIB dos municípios para a educação sem manobras fiscais, investindo diretamente na melhoria do espaço da escola, do sistema educacional e na valorização profissional; 6- Em defesa da garantia da origem do professor e a permanência em uma única escola para qualquer profissional de educação, visto que com o total desmonte da educação pública, redução das cargas horárias, evasão de alunos, fechamento de escolas, deparamo-nos com diversos professores trabalhando em mais de duas ou três escolas. O professor precisa fazer parte de uma comunidade escolar e se tornar membro ativo. Faz-se necessário a reestruturação da grade curricular com ampliação de carga horária de diversas disciplinas e garantia de uma única escola para o professor. É inviável pular de escola em escola para cumprir sua carga horária. Por isso, propomos que o SEPE cobre do governo e aja principalmente na sua base para uma mobilização pela garantia de uma única escola para cada professor; 7- Combate à implementação das escolas-modelo, como os GECs, GEOs, GENTE, na rede municipal do Rio, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) na rede estadual, como as escolas bilíngues e as escolas profissionais, nas quais grupos privados se beneficiam de dinheiro público; 8- Suspensão imediata das atuais avaliações externas, bem como auditoria dos contratos do SAERJ e outras empresas de caráter educacional duvidoso que vem realizando essas avaliações apenas com o objetivo de justificar a meritocracia, o fechamento de escolas e a privatização do ensino público; 9- Combates aos programas de aceleração de Exigir que o secretariado do sindicato inicie uma estudos das secretarias de educação e pela valorizacampanha geral de combate às opressões, debate ção e reestruturação do Ensino de Jovens e Adultos sobre assédio e bullying; (EJA); 12- Pela reintegração dos demitidos nas últimas 10- Fim da utilização das apostilas pré-fabricadas greves. para preparação para as avaliações externas; Balanço da Greve de 2013 11- Fim da presença das instituições privadas que Os profissionais da educação, sensíveis à voz das lucram com a educação pública através do suporte e ruas e conscientes da conjuntura política, deram apoio logístico de forma temporária e que em nada uma aula de luta e de forma heróica, permanececontribui para a educação, como por exemplo, a Oi ram em greve por 12 semanas. As greves do Estado futuro e Pão de Açúcar; e do Município do Rio foram greves com dinâmicas 12- Cancelamentos imediato dos contratos com diferentes, porém defendendo a mesma causa: a as fundações (Roberto Marinho, Ayrton Senna, CCR, educação pública! No dia dos professores, 100 mil entre outras). pessoas foram às ruas em defesa da educação pú13- Iniciar um grupo de discussão e trabalho blica, gratuita e de qualidade. (GDT) no sindicato com a presença dos profissionais Afirmamos que os resultados da greve podeda educação infantil para deriam ter sido melhores porbater e questionar o Pacto que existiam condições muiO erro mais importante Nacional de Alfabetização to favoráveis para que esta proposto pelo Governo Fe- da direção foi a política de greve fosse mais vitoriosa. deral. Em primeiro lugar, porque a 14- Volta da democracia evitar sempre a unificação conjuntura política era altanas escolas, começando pela mente favorável. A greve da eleição de diretores pela co- das redes em luta (imposta educação foi continuidade munidade escolar. das jornadas de junho, que pela base) e com as demais colocaram nas ruas, entre as Propostas para Luta: demandas principais a ne1-Organizar a categoria categorias em greve cessidade de lutar por uma para as lutas em 2014, com educação pública de qualidaum movimento preparatório de. No pós-junho ocorreram para uma Greve nacional e unificada para combater diversas lutas: dois meses de greve de bancários, os governos e osinvestimentos absurdos para a remobilizações petroleiras, os metalúrgicos de Nitealização dos mega eventos frente a precarização da rói paralisaram, o Rio de Janeiro foi dominado por educação e saúde públicas; marchas contra o desaparecimento de Amarildo, 2- Exigência a CNTE que construa uma greve ocorreram protestos em comunidades, usuários nacional unificada da educação por tempo indeterde transportes se mobilizaram e queimaram trens minado contra a política privatista da educação do da Supervia. Os profissionais de Goiânia e do Pará governo Dilma. estavam em greve. As redes municipais de Niterói, 3- Mobilizar à categoria para a unificação das luNova Friburgo, Itaboraí, Vassouras, Cabo Frio e muitas e a criação de pautas unificadas entre as redes; tas outras também lutaram. A população apoiou a 4-Preparar o corpo jurídico do sindicato para degreve e participou ativamente das mobilizações da fender o direito de greve. categoria. 5-Garantir a eleição em assembleia do ComanA greve da educação colocou em cheque o godo de Greve nos movimentos paredistas para atuar verno estadual e impôs o Fora Cabral! Também junto a diretoria do sindicato na direção da greve. desmascarou a política privatista e meritocrática do 6-Pela não veiculação da negociação coletiva prefeito Paes. Impossibilitados de desmontar a grecom o direito de greve ve, esta prefeitura recorreu à repressão, mostrando 7-Apoiar a formação e constituição de associasua verdadeira face autoritária. ções estudantis, como grêmios, etc. Defender e cooperar com a livre organização dos estudantes, inA categoria lutou com força e disposição corporando suas pautas e suas lutas no movimento Desde o início a categoria demonstrou sua dissindical; posição. Assembleias cheias, passeatas multitudiná8- Lutar pela garantia de liberdade de imprensa rias e coragem para afrontar a repressão expressae opinião; ram a força da categoria preparada para enfrentar 9- Combater a criminalização dos movimentos o governo, o regime e a polícia. Por isso, a cada associais; sembleia a categoria votava pela continuidade da 10- Respeitar a mulher e o seu direito sobre o greve. seu corpo. É preciso avançar na emancipação das As correntes político-sindicaisque majoritariamulheres; mente dirigem o SEPE (MEL/Conlutas, Intersindical) 11- Combater e denunciar qualquer tipo de não responderam à altura da disposição da base. Tiopressão seja ela sexista, racista ou homofóbica. veram uma leitura diferente em relação à situação TESES GERAIS - PÁGINA 113 política do país, acerca das conclusões das jornadas de junho. Estes protestos mudaram a correlação de forças, permitindo um avanço da consciência e uma maior disposição de luta nos trabalhadores e o povo. Os governos ficaram fragilizados e sua brutal repressão foi um sinal de desespero por não terem conseguido frear a greve, mesmo com suas tentativas de manobras com negociações rebaixadas e mentirosas. A direção do SEPE não respondeu à altura Ainda com as condições da conjuntura favorável, com a categoria com toda força e disposição e com os governos golpeados e recuados das jornadas de junho, a direção não teve esta caracterização e sempre apresentou políticas recuadas. Desde a primeira semana, quando as assembleias eram de 8000 profissionais e 20.0000 ocuparam as ruas, a direção vacilou, assinando uma ata aceitando propostas rebaixadas do prefeito. A categoria demonstrou que era errado e votou em grande assembleia no Terreirão do Samba rejeitar a proposta. A partir deste fato a base indicou o rumo da greve, sempre com propostas radicalizadas que assustaram a direção que não acreditou e não confiou na disposição da base. Outro erro fundamental foi a orientação de sair da greve, como propusera o prefeito, para estudar o PCCR. A direção do SEPE chamou a categoria para confiar no governo. Como era óbvio, Paes ignorou a proposta do SEPE e enviou o Plano para ser votado na Câmara, o que obrigou à retomada da greve. Mas o erro mais importante da direção foi a política de evitar sempre a unificação das redes em luta (que foi também imposta pela base) e com as demais categorias em greve. Também não se esforçou para integrar os profissionais do interior às assembléias e ao processo de mobilização durante a greve, ficando muitas vezes isolados dos debates e encaminhamentos. A disposição e compreensão da necessidade da unificação foram evidentes nas últimas marchas de 70 mil que foram amplamente apoiadas pela população e obrigaram o STF a atender à categoria. Frente à última negociação, discordamos da forma que a direção agiu. O acordo era vergonhoso. A direção não deveria ter assinado nada, deveria ter denunciado o governo, se retirado e ido consultar a base. De fato, não houve nenhum ganho concreto nas reivindicações da categoria. Sob a justificativa de que a categoria não se mobilizaria, a direção não organizou um protesto no Rio dia da negociação e enviou uma pequena caravana à Brasília, que foi impedida de participar da decisão da direção na negociação, desrespeitando a deliberação da assembleia. Concepção Sindical: Pela construção de um sindicato autônomo, de luta e democrático A era Lula-Dilma, governo PT-PMDB, transformou o sindicalismo combativo em agente direto do governo. Contou com as centrais e sindicatos gover- nistas para frear as lutas e impor medidas contra os trabalhadores como foi a Reforma da Previdência, hoje questionada depois de descoberta que foi votada com uma escandalosa compra de parlamentares. Ou as medidas de privatização da saúde e educação que o governo Dilma tenta aplicar. Já em 2011 a explosão dos trabalhadores da construção civil de Jirau que protagonizaram uma greve explosiva dispensando qualquer direção tradicional, as categorias vêm se manifestando passando por cima de suas direções, impondo o caminho da luta e o enfrentamento contra a política conciliadora das direções tradicionais. Essa tônica se manifestou em greves de categorias como metalúrgicos e rodoviários de Rio de Janeiro e Porto Alegre, bancários, correios, nas greves dos servidores públicos federais, etc. Os protestos das jornadas de junho questionaram profundamente as direções, chegando a derrubar a faixa da CUT nas manifestações. Estas são expressões da nova conjuntura, onde surgem novos ativistas que enfrentam os governos, mas também se enfrentam às burocracias sindicais que impedem o desenvolvimento das lutas. O processo de burocratização aprofundado pela CUT se estendeu a setores da esquerda que com uma leitura errada da conjuntura, escolhem a política do consenso e negociação permanente, muitas vezes antes mesmo de sair a lutar e ainda quando existe disposição de luta nas bases. Neste processo é necessário contar com direções que primeiramente confiem na força da base, que consulte democraticamente e respeite as deci- sões das assembleias como premissa fundamental. As direções têm que atuar independente a qualquer partido e governo, destacando seu caráter autônomo. A direção deve ter um posicionamento político contra os governos e as patronais definindo seu caráter classista e de luta. Nos processos de greve é essencial que se eleja um comando de greve em assembleia para atuar na greve junto à diretoria. Quem conforme o Comando deve estar à frente das atividades votadas pela base e deve participar das negociações, sempre que seja votado em assembleia. A proporcionalidade deve ser garantida respeitando as diferentes representações políticas e sindicais da categoria, não obstante nos processos de luta é fundamental incluir os novos setores para expressar o movimento real de cada processo. Reformas estatutárias Sentimos na pele durante as greves da educação de 2013 a necessidade e a importância de um sindicato combativo, coerente e de luta. Aprendemos também que somente a mobilização e unificação das lutas possibilita a massificação do movimento que pressiona os governos e arranca as conquistas. A categoria hoje rompe com todos os paradigmas do sindicato. Queremos um sindicato que mobilize a sua base e enfrente os governos. Não devemos temer e sim confiar na mobilização. Nosso estatuto está caducando frente às novas conjunturas. Precisamos reformular os seguintes pontos, para romper com métodos burocráticos e dialogar com as novas formas de organização da classe trabalhadora. Pontos a serem debatidos: 1-Alterar o art. 6º § 1º para “Os sócios honorários, beneméritos e provisórios não votam, não são votados em nenhuma das instâncias do sindicato, não elegem, não são eleitos delegados e nem podem ocupar cargo de nomeação.” 2- Incluir no art. 9º, o inciso V, com o seguinte texto: “O sócio, ocupante de cargo de direção, terá seu mandato revogado caso não cumpra ou faça cumprir os encaminhamentos aprovados nas assembleias.” 3- Alterar o texto do art. 10º para “São direitos dos associados efetivos:” 4- Supressão do inciso I do art. 17º. 5- Inclusão do inciso IV ao art. 54º com o seguinte texto: “Publicar periodicamente as planilhas financeiras para todos os associados do sindicato, inclusive divulgando e esclarecendo sobre o fundo de greve”. 6- Inclusão de artigo: “Em caso de greve, deverá ser eleito pela base um comando de greve na respectiva assembleia de deflagração para atuar junto à direção na condução da mesma e nos encaminhamentos das negociações.” 7- Inclusão do inciso I ao art. 58o com o seguinte texto: “Toda Direção de núcleo e ou regional deverá ter no mínimo dois representantes de chapas distintas nos cargos de coordenação geral e tesouraria, com vistas a garantir uma Direção substancialmente colegiada.” ASSINAM ESTA TESE Assinam: Unidos Pra Lutar Alberto de Sena Marins (Rede Estadual – Niterói) Alexander Ferreira Santos (Rede Municipal – Búzios e Cabo Frio) Ana Carolina Santos (Rede Municipal – Rio de Janeiro) Angela F. de Souza Neves (Rede Estadual – São Pedro da Aldeia) Angélica da Silva Machado (Rede Municipal – Cabo Frio) Bárbara Sinedino (Rede Estadual – Nova Iguaçu) Carla Martins Coelho (Rede Estadual – Niterói) Carlos Rogério da Silva Carvalho (Rede Municipal – Búzios e Cabo Frio) Carolina Lauria Silva Marques (Rede Municipal – Niterói) Charles Pimenta (Rede Estadual – Cabo Frio) Doc (Aadonai) Costa (Rede Estadual e Rede Municipal – Cabo Frio) Everaldo Andrade da Silva (Rede Municipal – São Pedro da Aldeia) Felipe de Souza Ramão (Rede Estadual – Cabo Frio) Filipe Corrêa Duarte (Rede Estadual – Cambuci) Giseli Satyro (Rede Estadual – Niteroi e Rede Municipal – Rio de Janeiro) Glauci Milena Lobato (Rede Municipal – Rio de Janeiro) Gustavo Motta da Silva (Rede Estadual – Niterói) Henrique Cesar dos Santos de Almeida (Rede Estadual – São Pedro da Aldeia) Ilza Regina Valente Costa (Rede Estadual – Niterói) Jacqueline Pinto Fernandes (Rede Estadual – Belford Roxo e Niterói) Jobélia dos Santos (Rede Estadual – Cabo Frio) Katia Simone da Rocha Agura (Rede Municipal – Búzios e São Pedro da Aldeia) Leandro Galindo (Rede Estadual – São Gonçalo e Rede Municipal – Rio de Janeiro) Luciana Amorim (Rede Municpal – Maricá e Rio de Janeiro) Luciana Castelar (Rede Municipal – Rio de Janeiro) Luís César Nunes (Rede Estadual e Rede Municipal – Rio de Janeiro) Luiz Felipe de Oliveira (Rede Municipal e Estadual – Cabo Frio) Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira (Rede Municipal – Búzios e Cabo Frio) TESES GERAIS - PÁGINA 114 Mara Simone Alves Martins Bastos (Rede Estadual – Cabo Frio) Marco Aurélio Guerreiro (Rede Estadual e Municipal – Itaocara) Marcos Aurélio Leão de Melo (Rede Estadual – Niterói) Maria Lúcia R. dos S. Corrêa (Rede Estadual – São Pedro da Aldeia) Maristela Santos (Rede Municipal – Rio de Janeiro) Natalia Pereira (Rede Estadual – Niterói e Itaboraí) Paulo Ricardo Alves de Oliveira (Rede Estadual – São Pedro da Aldeia) Renata Coutinho Rosa (Rede Municipal – Campos dos Goytacazes) Robson Bravo da Silva (Rede Estadual – Arraial do Cabo e Rede Municipal – Cabo Frio) Simony Verissimo (Rede Municipal – Rio de Janeiro) Telma Maria de S. Silva (Rede Estadual – Cabo Frio) Val (Valdenise) Ribeiro (Rede Municipal – Niterói) Vania Regina B. Farias (Rede Estadual – Cabo Frio) Varvara Sofia Bouhid Seabra (Rede Estadual – Niterói) Vitor Silva (Rede Municipal – Rio de Janeiro) Tese 19 AVANÇA A RESISTÊNCIA POPULAR: O SEPE COMBATIVO RESISTE AUTÔNOMO, INDEPENDENTE E DEMOCRÁTICO “Eu morreria feliz se eu visse o Brasil cheio, em seu tempo histórico, de marchas. Marcha dos que não tem escolas, marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha dos que se recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha dos que querem ser e estão proibidos de ser.” Destacamos a (Paulo Freire) Ano de maior número de greves desde 1995. Muitos exemplos de resistências de vários setores populares. Longas greves na educação em todo o país, greve nacional das Instituições Federais de Ensino, que reuniu professores (as), servidores(as) e estudantes. E greve nacional de quase todo o serviço público federal. Em 2013, tivemos luta indígena e grande destaque na quilombola, manifestações contra luta indígena, onde a resistência de mais de AVANÇA A RESISTÊNCIA o processo de privatizações e POPULAR! 500 anos ocupou imAs mobilizações ocorridas portantes espaços pofaxina étnico-social em torno dos em 2013 foram mais amplas líticos em atos heroicos do que se pudesse esperar. povos indígenas do megaeventos, que estabeleceu o dos Cerca de 500 mil pessoas Brasil, especialmente estiveram nas manifestações regime de exceção, criminalizando Belo Monte, Guaranisomente no dia 17 de abril, -Kaiowá, Terenas no as maiores no Brasil desde a os movimentos sociais MS, Aldeia Maracanã luta do Fora Collor em 1992. e a ocupação do ConAfirmamos que vivemos uma gresso Nacional, com retomada da resistência popular. Especialmente grande repercussão. Os quilombolas também desde 2011 (e aqui já destacamos a greve dos continuaram sua resistência, com destaque ao bombeiros que impôs uma derrota ao governo Quilombo Rio dos Macacos. Cabral), foram inúmeros os sinais do crescimento Realizamos a grande Marcha a Brasília do desta resistência. Pequenas lutas mais localizadas movimento sindical e popular em 24 de abril. em bairros populares por melhorias materiais e Diversas manifestações do movimento popular e contra a violência, e sem muita politização e partiações contra o processo de privatizações e faxina cipação de organizações políticas e sociais; greves étnico-social em torno dos “grandes eventos”, localizadas por interesses corporativos; até lutas como a luta contra a privatização do Maracanã. mais amplas e de maior politização. Insatisfação generalizada com a Copa da FIFA, suas O ano de 2012 foi de ampliação dessas lutas. obras, seus preços, e uma verdadeira intervenção TESES GERAIS - PÁGINA 115 da FIFA nas cidades brasileiras, estabelecendo um regime de exceção e criminalizando os movimentos sociais; manifestações contra a corrupção e pelo “Fora Renan”; as marchas das vadias; a luta contra a homofobia e o fundamentalismo religioso, pelo estado laico e em defesa dos direitos humanos, e a eclosão das manifestações contra o aumento das passagens, levando milhares de pessoas, especialmente jovens, às ruas. Destacamos que essas manifestações não foram as primeiras mobilizações populares relacionada ao transporte público neste período, pois é preciso mencionar a vitoriosa luta de Porto Alegre, assim como as manifestações no Piauí. Dez anos antes, houve a já histórica Revolta do Buzu, em Salvador, na qual massivas mobilizações, especialmente de estudantes, barraram o aumento das passagens de ônibus. O crescimento do ativismo crítico nas redes sociais também vinha sendo sentido e contribuindo para quebrar parte da censura e manipulação das informações da grande mídia comercial. Agora, quando a juventude levanta os cartazes de “Saímos do Facebook”, demonstra uma consciência de que, se as redes ajudam à comunicação, divulgação de informações e tomada de consciência dos problemas, são as ruas o principal espaço de luta. A situação econômica e social também tem demonstrado todos os problemas das políticas do governo petista, e as consequências internas da crise estrutural mundial do capitalismo. Queda do “crescimento” do PIB de 2012 para 0,9%; queda na decreto que autoriza a enviar a Força de Segurança produção industrial; diminuição da taxa de ocupaNacional onde ache conveniente. ção dos(as) trabalhadores(as); aumento da inflação e carestia de vida, especialmente para a cesta As jornadas de junho básica, o que atinge principalmente a população E junho de 2013 chegou, com sabor especial mais pobre; a ausência de reforma agrária e maior de rebeldia do povo que realizou manifestações agressividade do agronegócio e dos latifundiários gigantescas por todo o país, ganhando projeção “ruralistas”; a crescente violência social e policial internacional. A tônica das manifestações foram que atinge especialmente a juventude negra e as reivindicações de direitos da forma mais ampobre das periferias. pla, que eclodiram pelas convocações nas redes Uma crescente insatisfação e um sentimento de sociais, sem a lógica das organizações sindicais e/ indignação foram tomando conta de grande parte ou partidárias. de nosso povo com relação às instituições políticas, A juventude ocupa as ruas nas principais capiespecialmente os parlamentos e os partidos de tais e deixa claro que a luta não é somente pelos modo geral, especialmente os que governam. Tudo R$ 0,20 (vinte centavos), mas por direitos sociais, isto foi levando a um desgaste do governo federal culturais e políticos. Este processo reflete um e, no Rio de Janeiro, de Cabral e Paes. avanço na consciência política da juventude e do Todo este processo vem ocorrendo dentro de povo, mesmo que esta seja ainda confusa, sem um clima de avanço da resistência popular, em nível um programa claro (nem político, nem mesmo internacional, contra os ataques do capital em cricom reivindicações concretas e imediatas bem se. Destacamos a Revolta dos Pinguins, movimento definidas), fortemente baseada em elementos do dos estudantes chilenos, em 2006, por melhorias senso comum,pelo discurso “anti-política”, “antino sistema de ensino; a Primavera Árabe, onda de -partido” e moralista, seja na sua versão mais à protestos no Oriente Médio e no Norte da África esquerda (anarquista e autonomista) seja aquela contra os governos ditatoriais, iniciada em 2010; da despolitização da direita (inclusive com a parIndignados da Espanha, mobilizações convocadas ticipação de neofascistas, principais responsáveis através das redes sociais por mudanças na política pela hostilização violenta a militantes de partidos e na sociedade; Occupy Wall Street, iniciado em e sindicatos). 2011, contra as desigualdades socioeconômicas, O impacto das manifestações que colocaram a corrupção e a influência das empresas do setor mais de 100 mil nas principais capitais do país financeiro no governo dos EEUU, dentre outros. A deixou atônitos os governos e o grande capital, cada dia é mais uma nova revolta popular que vem incluindo os proprietários dos à luz, como na Turquia, em meios de comunicação de massa. Portugal, na Grécia. E junho chegou com Num primeiro momento, tentaram A violenta repressão popropagar uma crítica reacionária e, licial às primeiras passeatas sabor especial de rebeldia depois, tentaram impor uma linha (manifestantes e jornalistas) do povo que realizou pacifista ao movimento. ajudou a aumentar a rejeiO aparato repressor do Estado ção popular aos governos manifestações gigantescas se fez presente em todas as mae maior vontade do povo em responder às mesmas por todo o país, ganhando nifestações sob as mais variadas formas: do espancamento de micom novos e mais massivos litantes e jornalistas até as mais protestos. Esta repressão projeção internacional dissimuladas e invisíveis, como a tem sido uma ação tanto de infiltração de policiais nos atos, governos do campo PSDBalém do uso de bombas de efeito moral, balas de -DEM, como do PT-PCdoB-PMDB. Mostra o reforço borracha e prisões indiscriminadas. dos aparelhos de coerção social durante o governo Em muitas cidades, o comércio, empresas de Lula-Dilma, a unidade desses dois blocos no sentiônibus, indústrias e bancos, temendo a ação de do de defender os interesses empresariais, assim manifestantes, fecharam as portas. Mas também como o discurso desses governos e forças políticas assistimos o apoio da população que se manifestou de criminalização dos movimentos sociais. contra a política que retira direitos fundamentais Não está totalmente descartado da pauta do da população. Senado Federal o PL 499/2013 que cria o crime A grande mídia também tentou não expressar de terrorismo no Brasil, mais uma medida de exo que de fato estava acontecendo nas ruas, mais ceção como a Lei Geral da Copa. Há em curso uma preocupada em legitimar as declarações dos goevidente contra-ofensiva conservadora – liderada vernos, em especial a forma como o Estado tratou pelo governo Dilma e grande imprensa – para frear as manifestações. Por outro lado, a imprensa ninja as lutas sociais com vistas a garantir a “ordem” comprovou que é possível mostrar o outro olhar durante a Copa do Mundo. Na mesma linha, por sobre o efeito da política perversa que tem penaliocasião da Copa das Confederações, Dilma assinou TESES GERAIS - PÁGINA 116 zado o povo e aumentado as desigualdades sociais. Parte do povo tomou para si a responsabilidade de documentar as manifestações e desmentir governos autoritários e seus representantes do aparato policial, divulgando seus “filmes e fotos” nas redes sociais. Os setores que sempre estiveram nas ruas, mesmo em pequeno número, levantando as justas bandeiras dos movimentos que representam e do povo brasileiro estiveram presentes nas jornadas de junho, desde o primeiro momento. Levaram suas reivindicações, que vão da luta pelo trabalho, saúde, educação até a luta pela suspensão do pagamento e auditoria da dívida, com a compreensão de que esta dívida já foi paga inúmeras vezes e que a sua manutenção é a principal forma de sangrar dinheiro público, arrecadado com os impostos pagos por todos os brasileiros para as contas de banqueiros, fundos de pensão, grandes empresários e latifundiários. Mas, as ações/manifestações/reivindicações, na prática, em alguns momentos, acabaram se misturando, pois as mobilizações tomaram dimensões surpreendentes. Não vamos esquecer a chegada de militantes com bandeiras da CUT atrás da Candelária sendo rechaçados até que recolhessem aquelas bandeiras que não mais simbolizam a luta de uma central autônoma e independente de governos e patrões. Nos carros de som era possível identificar a diferença do papel que essas centrais pelegas cumprem na sociedade, pois seus discursos retóricos não fizeram nenhuma referência ao Governo Dilma/Lula. Disfarçavam atacando Cabral e Paes, mas o “povo que não é bobo” sabe que Cabral e Paes seguem a cartilha do governo federal, são seus aliados na política geral, como vemos na hora da retirada de direitos trabalhistas, sindicais, de manutenção do superávit primário, da DRU (desvinculação das receitas da união), da privatização do petróleo, das rodovias, portos e aeroportos, dentre outros ataques. Centrais sindicais e o 11 de julho Convocado pelas centrais sindicais, com pauta unificada, mas com objetivos diferentes, realizou-se o Dia Nacional de Lutas, com paralisações, greves, manifestações em várias partes do país. A tônica ficou por conta dos bloqueios de rodovias, estradas e ruas de norte a sul do Brasil, com destaque para o Nordeste, que foi a região que contou com o maior número de estradas interditadas. E o que se viu, ao contrário das manifestações de junho, foram as centrais governistas buscando disputar a visibilidade de seus aparatos sindicais, através de suas bandeiras, coletes, balões. Os sindicatos e demais entidades que mantém autonomia e independência aos partidos políticos, patrões e governos, conseguiram algum grau de visibilidade, mas nada comparado às manifestações puxadas via redes sociais. Mas, embora distintas, as mobilizaMas a preparação para a campanha salarial de ções de junho e o Dia Nacional de Lutas são parte 2013 já estava em curso, considerando a Política de um mesmo processo. Educacional implementada no Rio de Janeiro, pois Desde o auge da crise do capitalismo mundial, a categoria já não suportava mais tantos ataques e em 2008, as centrais não definiam nenhuma ação redução de direitos e exigia um plano de carreira conjunta, considerando que a CUT, ao se transunificado, sua valorização profissional, condições formar em braço sindical do governo federal, efetivas de trabalho, 1/3 de planejamento, connão conseguia defender pautas que realmente curso público já, 30 horas para todos os funcioenfrentassem o conjunto de ataques sobre a nários administrativos, troca da denominação de classe trabalhadora que vem lutando para não merendeira para cozinheira escolar, paridade para perder direitos duramente conquistados. Além aposentados(as) e correção de todas as distorções das centrais, centenas de entidades populares, salariais e funcionais, caracterização de exploração de trabalhadores (as), sem do trabalho. Junho de 2013 marca com terra, sem teto, do campo Seguindo a lógica merie da cidade, estudantes, tocrática do projeto de eduhomens e mulheres de um ferro e fogo a trajetória de cação do governo federal, modo geral foram às ruas vamos ter no Rio de Janeiro lutas do SEPE/RJ...a categoria no dia 11 de julho de 2013. Paes e Costin, na maior rede Ali estavam os que queriam deixou explodir seu grito de municipal da América Latina enfrentar os governos e gae Cabral/Risolia na rede revolta indo às ruas defender rantir direitos para o povo, estadual, todos empenhamas também os que buscados no desmonte da escola vam apenas fazer discursos a educação pública, laica, pública. nos carros de som, tentando Para Eduardo Paes, a democrática, combatendo sua educação disputar o movimento, sem pública é como denunciar concretamente a mercantilização, conquistando um parque de diversão que quem servem os governos precisa dar lucro aos ema mídia mundial Dilma/Cabral/Paes. presários que ajudam a falsear a realidade concreta O SEPE e os de nossas escolas, que postrabalhadores(as) em Educação são parte dessa suem problemas estruturais decorrentes da sua história lógica privatista, em consonância ao processo de descrédito no setor público. Não foi por acaso que “O meu desejo e o meu sonho, como eu disse escolheu uma economista, que foi gerente de políantes, é que outras marchas se instalem neste país, ticas públicas do Banco Mundial, como Secretária por exemplo a marcha pela decência, a marcha pela de Educação. E a escola que temos apresenta o superação da sem-vergonhice que se democratizou seguinte quadro: não aplicação da totalidade das terrivelmente neste país. Quer dizer…, eu acho que verbas constitucionais; ataque à autonomia pedaessas marchas nos afirmam como gente, como gógica; falta de professores(as) e funcionários(as) sociedade querendo democratizar-se.” administrativos(as) necessários ao processo que (Paulo Freire) garanta qualidade no atendimento; terceirização O mês de junho/2013 marca com ferro e fogo de funcionários(as) administrativos(as), optando a trajetória de lutas do SEPE/RJ na organização por contratar empresas privadas, ONG’s e outros dos profissionais de educação e em especial na setores na lógica das parcerias público-privadas, história da Educação Pública do Rio de Janeiro. seguindo as orientações do Banco Mundial, para “Alguma coisa estava fora da ordem” em nosso país atender suas necessidades de empréstimos como, e a nossa categoria deixou explodir seu grito de por ex, o de 1 bilhão de dólares por ocasião dos revolta indo às ruas defender a educação pública, Jogos Olímpicos de 2016. Péssimas condições de laica, democrática e combater sua mercantilização. trabalho, aliadas ao aumento da violência que Deste modo, conquistou a “mídia mundial”. Uma rompeu os “muros das escolas”, dentre outros. greve que entra para a história da rede municipal Mas o ataque à educação pública no Rio de Jado Rio de Janeiro, considerando o nível de adesão, neiro tem história. Não podemos deixar de citar a além da greve da rede estadual no mesmo período, progressão continuada – aprovação automática, de unificando as lutas. César Maia pensando no IDEB e nada preocupado O SEPE/RJ participou ativamente das jornadas com nossos alunos que foram sendo aprovados de junho, buscando articular-se com os setores sem atendimento para superar as dificuldades no que resistiram aos ataques não só dos governos processo. Lula/Dilma e seus aliados bem como aos de Cabral Paes e Costin avançam na linha produtivista e e Paes. estabelecem metas ligadas a bonificações, responTESES GERAIS - PÁGINA 117 sabilizando os profissionais da educação pelo possível fracasso escolar, projeto que se comprovou ineficiente nos EEUU na década de 90, conforme relata Diane Ravitch, experiência idealizada por ela. Com base em produzir índices de aprovação, propõe avaliações externas padronizadas, quebrando a autonomia pedagógica. Costin adota os cadernos pedagógicos e avaliações externas, lança o educopédia (aulas digitais) e envia para escolas equipamentos para que sigam suas metas. Ameaça a autonomia pedagógica das escolas, fazendo parcerias com instituições privadas como Instituto Ayrton Senna e Fundação Roberto Marinho. A grande preocupação é diminuir os índices negativos e, para tal, os alunos com dificuldades de aprendizagem ou baixo rendimento são retirados do ciclo regular e vão integrar os projetos “realfa ou acelera”, turmas que não permitem “reprovação”. Dessa forma também esconde a falta de professores(as) na rede, pois institui o professor polivalente. Além do IDEB de Lula/Dilma, cria o IDE/Rio para estimular a competição entre as escolas; cria escolas/modelo como a do Amanhã, os Ginásios Experimentais Cariocas (GEC) e seus genéricos GE Olímpico, das artes e o de Novas Tecnologias. Canaliza os recursos materiais e humanos para seus experimentos modelo e, nas demais escolas da rede, os problemas se avolumam. Na prática, a aprovação automática continuou de forma velada. É a privatização da escola pública favorecendo seus empresários, como foi denunciado no início de 2013 quando comprou 20 mil exemplares do jogo Banco Imobiliário Cidade Olímpica com a verba do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). O brinquedo exalta as obras de Paes quando coloca o sistema BRT, conhecido popularmente como Ligeirão, as Clínicas da Família e o Centro de Operações, gastando cerca de 1 milhão para aquisição do jogo. O SEPE convocou a categoria e, em frente à Câmara Municipal, realizou um grande ato denunciando o desvio de verbas e a propaganda eleitoral via jogo. Neste início de 2014, foi denunciada mais uma atividade do seu parque de diversões: sem licitação, adquiriu mais brinquedos para escolas em uma “empresa de fundo de quintal” em Senador Camará. A Boutique Pedagógica é um dos principais fornecedores de material didático para a Secretaria Municipal de Educação do Rio e recebeu da Prefeitura R$ 2.371.784,54 nos últimos seis anos pela venda de brinquedos para as unidades públicas de educação infantil. (O Dia, 06/02/2014). Na contramão da concepção de educação de qualidade da Finlândia, as salas de aulas no Rio de Janeiro continuam com número excessivo de alunos e a autonomia pedagógica do professor é sempre alvo de ataque. Na Finlândia, as turmas possuem em média de 15 a 25 alunos, e a autonomia do professor(a) é vista como um princípio muito importante, por isso não são avaliados, mas Pequeno e Paraty-Mirim e Araponga. Apenas três valorizados. Naquele país, a educação é tida como aldeias têm escolas, sendo Bracuí, a única escola a chave para atingir a sociedade almejada. funcionando satisfatoriamente. Na Aldeia de ParaO processo de desvalorização profissional atinty- Mirim e em Araponga faltam professores (as). As giu seu ápice e a categoria respondeu com LUTA. condições são precárias, o salário é baixo e a mão Deflagrou a maior greve de nossa história colocande obra é terceirizada, pois nunca houve concurso do mais de 20 mil em cada passeata pelas ruas da para a educação diferenciada indígena. Em Aracidade, conseguindo novas e massivas adesões. A ponga, por exemplo, os alunos que não estudam resposta do governo foi a truculência utilizando na escola da aldeia (que tem apenas uma sala) eles todo seu aparato repressor para acabar com a gretêm que caminhar 8 km pra chegar à escola e mais ve e suas manifestações. Ocupamos a prefeitura na 8 Km pra voltar pra aldeia, sem nenhum recurso tentativa de reabrir o diálogo; ocupamos a Câmara para seu deslocamento. Municipal para barrar o Plano de Cargos rejeitado O ano de 2013 começou com as transferências pela categoria. Foi a LUTA que fez o governo corrigir dos funcionários administrativos de forma totalo vencimento básico das “Merendeiras”, Agente mente autoritária, durante as férias. A categoria Auxiliar de Creche, Agente Educador II, Inspetor de realizou diversos atos em frente à SEEDUC para Alunos, Servente e Copeiro. Antes da greve, muigarantir o retorno às escolas de origem. As mobitos recebiam um vencimento inferior a um salário lizações denunciaram a situação dos funcionários mínimo. A prefeitura foi obrigada a admitir que das escolas, que estão em condição de ocupantes os funcionários administrativos também educam, de cargos em extinção por decreto do governador. incluindo-os no PCCS, embora não tenha a caracA categoria, em 2014, terá que articular uma terização completa de uma unificação. grande reação a esses ataques do governo contra No primeiro dia de outubro, demonstrando toda a educação pública. Não podemos aceitar que a casua insensibilidade, o governo rasga a Constituição tegoria seja desvalorizada – o funcionário também e, cercando a casa legislativa, manda votar o PCCR educa e esse tem que ser um dos eixos prioritários sem a presença da categoria, que foi impedida bruem nossa pauta de luta. talmente de entrar na casa do povo. A Cinelândia Outra vitória tem relação com a Gratificatransformou-se numa praça ção Nova Escola 2000. Uma de guerra para garantir a voação vitoriosa na Justiça uma greve vitoriosa, pois tação da vontade do prefeique garantiu o pagamento, num plano que consagra conseguiu unir a categoria, to dos atrasados para os a polivalência, não unifica aposentados(as) e está em de fato professores(as) e colocando a educação pública fase de execução. funcionários(as) e mantém Salários aviltantes, asséno centro do debate da uma série de distorções. dio moral, trabalho duplicado com lançamento no Conexão, sociedade, compreendendo Cabral/ Risolia – goverturmas superlotadas, ameaça no que mais fechou escola que é preciso ocupar as ruas de prova de certificação e a some com meio milhão de intransigência do governo em alunos não abrir o canal de negociapara arrancar vitórias O professor Nicholas Dação levaram a rede estadual vies, da UFF, comprovou a deliberar pela greve numa em sua pesquisa que Cabral/Risolia reduziram assembleia com pouca representatividade, pois 516.471 mil matrículas de alunos da rede públinão foi preparada como nas anteriores. A direção ca estadual entre 2006 e 2012, colocando o Rio não conseguiu chegar ao interior do estado, caracde Janeiro como o estado que mais encolheu na terizando uma greve mais localizada na Baixada e oferta de educação pública. Tal governo segue a Grande Rio. O acampamento em frente a ALERJ mesma cartilha do governo federal, priorizando os cumpriu seu papel, sensibilizando a sociedade interesses privados da educação e, para avançar sobre a real situação da educação pública no Rio nessa política, é preciso fechar escolas, comprimir de Janeiro. turmas para sobrar professores(as) e escamotear a Mas nossa avaliação foi de uma greve vitoriosa, carência dos profissionais da educação. Não é por pois conseguiu unir a categoria, colocando a eduacaso que a rede privada de ensino cresceu 22,5% cação pública no centro do debate da sociedade, em 6 anos no Rio de Janeiro. compreendendo que é preciso ocupar as ruas para A política mercadológica do governo do estado arrancar conquistas. assume proporções perversas quando incluímos as Fazemos questão de mencionarmos nessa tese escolas indígenas. Existem seis aldeias no Estado a atuação profissional do conjunto dos trabalhado Rio de Janeiro, todas elas guarani. Tekoá M’Boy dores que atuam no SEPE. A nova linha adotada Ty em Maricá, Sapucay em Bracuí, Mamanguá, Rio no departamento jurídico foi fundamental para TESES GERAIS - PÁGINA 118 arrancarmos tantas vitórias, em todas as vezes que foi necessário recorrermos à Justiça. Entendemos que a luta jurídica não determina a luta política, mas a judicialização dos movimentos mostrou que a nossa unidade é fundamental no caminho para a transformação dessa sociedade. A educação pública no país está em estado de alerta. O percentual de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais no Brasil é 8,6%, totalizando 12,9 milhões de brasileiros, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011. A CONAE do governo federal foi adiada e, provavelmente, só acontecerá depois das eleições. Não nos admiramos, pois as deliberações do CONAE de 2010 foram engavetadas, o que levou à perda da credibilidade na participação de eventos desse tipo. É o corte do direito à manifestação popular sobre os rumos da política de educação no país. E, em dezembro de 2013, o governo Lula/Dilma aplica mais um golpe, pois consegue os votos dos aliados no senado federal para aprovação do PLC 103/12 – Plano Nacional da Educação, contemplando as parcerias público-privadas, pois foi flexibilizada a destinação das verbas públicas. Lula já havia rasgado o artigo 213 da CF quando criou o PROUNI, permitindo o repasse de recursos públicos para instituições com fins lucrativos. Na mesma linha estão as parcerias da FIES (Fundo de Financiamento Estudantil), PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) e Ciência sem Fronteiras, dentre outras. O governo federal deletou a palavra “público”, consolidando a política de privatização da educação pública em nosso país. Para a educação básica, o governo faz como Paes/Costin – a compra de materiais pedagógicos é realizada por poderosíssimas empresas como Grupo Pearson, bem como contratos com Alfa e Beto, Ayrton Senna, Fundação Roberto Marinho. Nossos desafios são imensos e urge ampliarmos os lutadores sociais em defesa da educação pública, laica, democrática e de qualidade. Por isso, defendemos a realização do Encontro Nacional da Educação ainda em 2014, envolvendo o maior número possível de entidades da sociedade civil para avaliarmos a política educacional em curso em nosso país e definirmos uma linha de ação conjunta. As redes municipais lutam por direitos e antecedem as jornadas de junho Importante ressaltarmos que a luta dos profissionais da educação das redes municipais antecederam as jornadas de junho e destacamos, nesta gestão: a “greve unificada” em Cabo Frio no final de 2012; a luta em Itaperuna; a histórica greve de Vassouras em 2013 – a primeira da rede municipal local; a longa greve de Valença; além de outros municípios, comprovando que no SEPE todo dia é dia de luta. Lagos é que seja aberto o debate sobre ser perSEPE lagos protagoniza Greve Geral em Cabo tencente a alguma rede pública para poder ser Frio: dirigente do SEPE. 2013 foi de muitas lutas e conquistas para o município de Cabo Frio. Após aprovação do plano Rede Municipal de Vassouras faz uma greve de carreira para todos os servidores no final de história de 52 dias 2012, no início de 2013 a categoria se viu diante O ano de 2013 jamais será esquecido por todos do grande impasse- o cumprimento do plano já (as) que lutaram por direitos e os profissionais de aprovado. O Governo tentou de todo jeito impeeducação em Vassouras fazem parte dessa história. dir a implantação do plano. Mas o entendimento A campanha salarial em Vassouras começou antes da categoria que somente unificando o conjunto dessa jornada de junho. Em 29 de abril a categoria dos servidores arrancariam vitórias foi decisivo na entrou em Estado de Greve. A falta de sensibilidade realização de uma luta histórica, com uma greve do prefeito da cidade levou a categoria a deflagrar unificada de todos os servidores. Arrancamos o tão uma Greve jamais realizada na cidade a partir do sonhado plano de carreira que acarretou em um dia 13 de maio. A categoria ocupou as ruas e praças aumento salarial de 54%. de Vassouras, antecipou os diversos atos “#vem A luta é árdua e como de costume não acaba. para a rua#” e decidiu ACAMPAR no dia 3 de junho Agora estamos na luta pelo tão sonhado Plano em frente à Câmara Municipal da cidade, já que Unificado da Educação, pois suas reivindicações não foram apesar de conseguirmos As redes municipais atendidas. plano para todos, ainda A pauta de reivindicação antecederam as jornadas de não temos a unificação do em tem muito semelhança mesmo. com as demais redes: cumjunho: greve unificada em Em Arraial do Cabo acaprimento da Lei 11.738/2008, bamos de aprovar na Câma- Cabo Frio (final de 2112), que determina o pagamento ra Municipal a transferência do Piso Nacional do Magistédos Auxiliares de Serviços longa greve de Valença; rio e 1/3 de planejamento na Gerais e dos Auxiliares Adjornada de trabalho; Cumpriministrativos que trabalham histórica greve de Vassouras mento das Leis Complemenna escola para lotação na onde a categoria ocupou as tares 23 e 24 de 2002 que Secretária de Educação. Este determinam a Valorização ano estamos lutando pelo ruas e praças antecipando dos Servidores Municipais; Plano de Carreira Unificado melhores condições de trabao #vem para as ruas#, da Educação, concurso púlho; Plano de Cargos e Salários blico e a campanha Salarial unificado; reconhecimento de 2014. Um calendário de acampando no dia 3 de junho dos funcionários administraassembleias por município em frente à Câmara Municipal tivos como trabalhadores não na área de abrangência do docentes; eleição pra direção núcleo Lagos foi decisivo das escolas. para ouvirmos a categoria mais uma vez na consEssa greve colocou a Educação pública no centrução das prioridades da luta para 2014. tro do debate em toda a cidade desmascarando a Em Cabo Frio entramos com uma ação civil política de educação do prefeito Renan, mostrando pública pela chamada dos concursados de 2009, que não é possível ficar indiferente ao que acononde a juíza em primeira estância concedeu a tece na educação pública de nossa cidade: “viver chamada de 1230 concursados, que deverão ser significa tomar partido”. Não podem existir os convocados até março, tomando posse até julho apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdado presente ano, ficando a prefeitura de pagar deiramente vive não pode deixar de ser cidadão, multa de R$100.000,00 por dia, caso não cumpra. e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, coA Prefeitura trabalha politicamente contra o nosso vardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.” sindicato dizendo que o SEPE quer tirar o emprego Antônio Gramsci de 1200 contratados, portanto estamos em contíEm Magé, a categoria participou dos atos na nua campanha de desconstrução das calúnias do praça da prefeitura, idas ao MP, à Câmara de Vepoder executivo. readores para cobrar da Comissão de Educação Aprovamos uma assembleia unificada dos servique as leis sejam cumpridas. Ainda encontramos dores municipais no dia 24/02, onde discutiremos resistência por parte do governo que teima em não conjuntamente o percentual de reajuste anunciado reconhecer o SEPE como legítimo representante da pelo governo de 6%, abaixo do índice inflacionário categoria, pois mantém relação com o sindicato como diz a nossa Lei complementar 11. municipal local, sindicato pelego que há muito atua Uma reivindicação da categoria na região dos no município totalmente dependente do governo. TESES GERAIS - PÁGINA 119 O calendário de lutas está sendo divulgado e as principais bandeiras são: prorrogação do concurso por 2 anos; não a remoção compulsória; profissionais de educação física para alunos do 1º e 2º segmento; adequação a carga horária para os professores do 1º e 2º segmento; eleição para diretores de escola de acordo com a lei (993 de 1991); dentre outros. Em N. Iguaçu a categoria entrou em greve por 27 dias e conseguiu um reajuste de 8% e também o valor das horas extras pago de acordo com o piso salarial, o que antes não ocorria. Outra conquista importante foi a inclusão de algumas escolas na gratificação de difícil acesso e da incorporação de alguns abonos para os aposentados. Em 2014, as principais lutas serão pela reposição das perdas salariais e pelo 1\3 para planejamento de aulas. 2014- ano de copa e eleições, ano de muitas LUTAS! Não é por apenas a palavra de ordem “Não vai ter copa!”, assim como não foi pelos 20 centavos a luta contra o aumento das passagens. A população foi às ruas para dizer não ao modelo excludente de gestão das cidades que priorizam os grandes empresários e banqueiros. São eles que financiam os projetos urbanos das elites como motores das transformações necessárias aos seus objetivos mercadológicos e garantidores do poder hegemônico vigentes. E para conseguir implementar seus projetos, se for preciso fraudar não hesitarão, bem como vão ignorar toda a corrupção e desvio de verbas públicas para atingir tais objetivos, pois são face da mesma moeda. A justificativa para as grandes obras nas cidades utilizando a copa do mundo, por exemplo, escondem os reais interesses dessa burguesia que continua servindo às grandes empreiteiras poderosíssimas, como por exemplo Odebrecht, Carioca Engenharia, Mendes Junior, dentre outras, ao lado dos grandes bancos, que são os principais financiadores de campanha eleitorais e mantenedores e determinadores do sistema político em nosso país. A população continua sem transporte de qualidade, apinhado nos horários de ida e volta casa/ trabalho, levando mais de 6 horas só para chegar ao local de trabalho, quando não tem que ficar parada no meio do caminho sem qualquer alternativa de transporte. O sistema de Saúde, também precarizado, deixa a população horas nas filas dos hospitais e postos de saúde e na grande maioria das vezes vai embora sem qualquer atendimento, pois não há médicos suficientes por conta dos baixos salários. A política de remoções das comunidades continua, afastando dos pontos centrais da cidade a parcela do povo que é indesejável ao projeto dos megaeventos e para garantir toda essa política, é preciso proibir manifestações do povo com a utilização de todo aparato repressivo do Estado e até criar leis sindical, perspectivas de lutas. como a sancionada pelo governador Sérgio Cabral, a Lei 6.528/2013, que proíbe o uso de máscaras e A Reorganização do Movimento Sindical e demais artifícios que ocultem o rosto em manifesPopular está inserida no contexto das transformatações no estado. ções ocorridas no mundo do trabalho e da crise Assim como na educação e saúde públicas, aspolítico-ideológica vivida pela esquerda no Brasil e sistimos à privatização dos espaços urbanos, com no mundo, agravadas com os 08 anos de Governo políticas que valorizam à especulação imobiliária Lula seguido do governo Dilma, com a cooptação determinada pela alta burguesia. da maioria das organizações sociais e sindicais, Mas o povo reage a esse modelo de cidade que como a CUT, por exemplo. Desde a posse de Lula, aprofunda o nível das desigualdades sociais, ataintensificamos nossas ações na busca da unidade cando direitos ainda consagrados na Constituição da esquerda, do fortalecimento das organizações Federal de 88. para manutenção dos princípios e reivindicações Em Itaguaí a categoria entrou em greve nos históricas de nossa classe. Com o esgotamento da primeiros dias do retorno às aulas, apontando o CUT, enquanto instrumento de frente única desacaminho em 2014. trelado ao governo, as forças políticas foram sainDiversos municípios já marcaram assembleias do da CUT e construindo espaços e instrumentos para discutir a Campanha Salarial 2014 e em Caalternativos. Surgem a intersindical e a Conlutas. xias, o prefeito da cidade segue a mesma linha Em 2005 criamos a Intersindical e em 2007 o de Cabral, impingindo um retrocesso nos direitos Fórum Nacional de Mobilizações, que infelizmente duramente conquistados não avançou e os campos combanaquele município, com Diante da consolidação da tivos seguiam em instrumentos fechamento de turmas para diferenciados, aumentando a liberar professores(as) con- fragmentação dos setores fragmentação da organização da siderando a carência imensa classe. nas escolas e o aumento combativos e dos desafios No II Encontro Nacional da assustador de contratos Intersindical, onde reafirmamos temporários. O reinício do postos para a esquerda a a necessidade de que a Intersinano letivo contou com o dical abrisse o debate interna e APS continua defendendo corte de professores que externamente acerca da consatuação em sala de leitura, a deliberação do último trução de uma central unitária, laboratório de informática e a vida nos colocou a necessidade outras atividades considera- Congresso do SEPE: UNIR de retomarmos o rumo e darmos das extraclasses. encaminhamento à resolução César Maia, Luiz Paulo a Intersindical e a CSP aprovada, que custou a divisão ao Conde, Eduardo Paes, Sérgio meio da Intersindical. Desde então Conlutas numa única Cabral, Garotinho, Alexandois blocos passaram a reivindicar dre Cardoso, Renan, Alair Central Sindical e Popular a INTERSINDICAL. fazem parte desse mesmo Decidido isso, realizamos dois projeto privatizante das Seminários Nacionais (abril e nocidades, com aval de Lula/Dilma que também vembro de 2009), dezenas de Seminários Estaduais e seguem o legado de FHC. Regionais, debates nas diversas organizações sindicais É preciso calar a voz do povo que luta por e populares, pois neste processo de discussão, avandireitos e condições de vida. É preciso destruir çamos da defesa de uma Central Sindical, para uma sindicatos que não se submetem aos governos e Central Sindical e Popular, incorporando o movimento patrões. É preciso coibir qualquer manifestação popular, urbano e rural, que representa em quase sua que prejudique a imagem da cidade que para eles totalidade, trabalhadores e(as) sem terra e sem teto. é competitiva e viável aos megaeventos, nem que No último Seminário Nacional da Reorganização para tal seja necessário utilizar todo o aparato redo Movimento Sindical e Popular decidimos, por pressivo do estado como foi nas jornadas de junho, unanimidade, realizar o CONCLAT, em junho de 2010 na greve histórica da educação ou no leilão de libra para criar a Central Sindical e Popular e definir, no com o exercito garantido os interesses privatistas. voto, a sua natureza e caráter. Esperava-se que as É preciso criminalizar a pobreza, criminalizar os(as) demais questões, fossem definidas por acordo e por que lutam, criminalizar a democracia e o direto à unanimidade; mas, apesar das dezenas de reuniões da vida. Mas os setores combativos não podem perder Comissão Nacional de Reorganização e da Comissão a utopia- “trabalhadores do mundo, Uni-vos” sob de Estatuto não conseguimos fazer acordo em torno pena de sermos engolidos pelos donos do capital. de todas as questões. Infelizmente o CONCLAT ficou inconcluso para nós e passada a guerra de versões ou Reorganização do movimento e concepção balanços do processo, o concreto é que a esquerda TESES GERAIS - PÁGINA 120 continua dividida em iniciativas diferentes, fragilizando a luta contra os governos e a organização da classe. A APS historicamente, tanto no partido quanto nos movimentos sociais, tem defendido a unidade dos revolucionários (as), dos lutadores(as) sociais, com valor estratégico para a luta pelo socialismo. Deste modo, em todos os momentos, tem defendido uma central ampla e plural, ou seja, uma central unitária e tem se colocado contrária à partidarização do movimento e, portanto, à central de partido. Quando a Intersindical formalizou sua transformação em central sindical, a APS deliberou por não mais integrá-la. As nítidas diferenças entre partido e movimentos sociais ou entre organizações revolucionárias e organizações sindicais e populares justificam a necessidade de que se reafirmem alguns dos mais caros princípios organizativos consagrados no segundo tipo de organização: a autonomia e a independência em relação ao Estado, às instituições político-partidárias, governos e burguesia e que jamais sirvam de correia de transmissão de qualquer partido político (mesmo que se reivindique de um deles). Diante da consolidação da fragmentação dos setores combativos e dos desafios postos para a esquerda e para o movimento sindical e popular a APS decidiu continuar a luta pela unidade dos setores combativos e contribuir para que a deliberação do Congresso do SEPE se concretize: unir a intersindical e CSP Conlutas numa única Central Sindical e Popular. Continuaremos rechaçando qualquer tentativa de partidarização das entidades sindicais e populares; lutando contra a constituição de centrais de partido e participaremos do “Espaço de Unidade e Ação”; da “Mesa Coordenadora de Lutas” e da “Resistência Urbana”, assim como de outras frentes de lutas comuns. Defendemos, portanto, que este Congresso reafirme sua resolução de envidar todos os esforços para unir todos os setores combativos numa única central sindical e popular. Por isso entendemos que foi correta a destinação de 4% do repasse do SEPE para a reorganização do movimento sindical combativo, mas essa destinação só deve ser utilizada para as atividades que de fato sejam para o processo de unificação dessas duas alternativas. Nesse sentido é preciso que este Congresso construa e aprove um calendário de atividades que reabra tal debate e caminhe nessa direção e nós da APS estaremos priorizando tal caminhar. O SEPE combativo resiste: autônomo, independente e democrático. Um balanço necessário para reorganizar a entidade atualizando o Estatuto Mesmo quando tudo pede/ Um pouco mais de calma Até quando o corpo pede/ Um pouco mais de alma A vida não para... São 36 anos de história de lutas e resistência por um SEPE autônomo, democrático independente de religiosas, entidades patronais e ao Estado é um qualquer governo, de partido político e à frente da princípio que norteia a ação sindical do SEPE, luta pela educação pública, laica, democrática e propomos, como primeiro debate na reforma com qualidade social. Por isso também afirmamos estatutária, precisão no texto para garantirmos que muitos lutadores(as) não se desviaram do sototal autonomia e independência, mesmo com nho socialista, sabendo conservar a alegria mesmo partidos considerados de esquerda. Nesse sentido, nos momentos adversos pelos quais passamos na a primeira mudança que defendemos diz respeito luta por um SEPE de combate. aos princípios que nos são muito caros: Fazer o debate sobre a alteração estatutária Das Eleições- Art. 64- Não poderão candidatarsignifica debater o SEPE que Temos e o SEPE que -se aos cargos eletivos do SEPE/RJ: Queremos. Artigos imprecisos, que deixar margem II- ocupantes de cargos no legislativo (incluindo para dupla interpretação conforme as conveniênassessores), no executivo (incluindo cargos comiscias das forças políticas ou das chapas concorrente sionados), ou outro considerado de confiança, precisam ser reformulados, para garantir a conseja municipal, estadual ou federal, com exceção cepção de sindicato que defendemos e que está de diretores/as de unidades escolares eleitos/as expresso em seus atuais princípios. pela categoria. A melhor forma de estruturar o sindicato é IV- os diretores (as) do SEPE central, de núcleos aquela que garante o encaminhamento mais eficaz e regionais que não concluírem a prestação de das lutas da categoria; formas de comunicação que contas da gestão, incluindo a relação patrimonial, agilizem o diálogo com o conjunto da categoria conforme normas específicas nessa área. no menor espaço de tempo; maior participação Art. 65- substituir por: Caso algum membro da base com critérios definidos que garantam da diretoria estadual, municipal ou de regional direitos iguais, mantendo a assuma cargos no espaço pluralidade na composição legislativo ou executivo Art. 64 - Não poderão das direções da entidade, após processo eleitoral combatendo o desejo da- candidatar-se aos cargos do SEPE seu desligamento queles (as) que defendem a será automático à data da majoritariedade, portanto eletivos do SEPE- ocupantes posse. o controle do sindicato nas Art 66- § 6º- Estão immãos de um único agru- de cargos no legislativo pedidos de pertencer à pamento político. São lecomissão Eleitoral: (incluindo os assessores), no gítimos os argumentos de d) filiados/as que inrenovação nas direções e executivo(incluindo os cargos tegram qualquer cargo maior participação da base no espaço legislativo ou nas instâncias decisórias, comissionados e assessorias), ou executivo, mesmo como mas como o SEPE não é assessor parlamentar. uma federação de pequenos outro considerado de confiança sindicatos, as deliberações Considerando a necesseja municipal, estadual que tomarmos pensando no sidade de liberar o maior SEPE central terão que ser as ou federal, com exceção de número possível dos diremesmas para todos os nútores (as) eleitos(as), cada cleos e regionais da capital. diretores(as) de escola eleitos diretor(a) só receberá uma Esta gestão tem enconliberação sindical, mesmo pela categoria, garantindo-se trado muitas dificuldades, que tenha duas matrículas. pois não conseguimos até Assim propomos a criação a autonomia e independência hoje, que o conjunto da diredo parágrafo único no Art ção do SEPE central participe do SEPE frente aos partidos 81das reuniões ordinárias, ou Parágrafo único- As lidos Conselhos Deliberativos políticos e governos cenças sindicais serão dise Assembleias. Apesar de 48 tribuídas entre as chapas integrantes e distribuídos considerando a proporciopor secretarias e coordenações, nem todos(as) nalidade direta obtida no processo eleitoral. Cada assumiram os cargos conquistados no processo diretor(a) receberá apenas uma licença sindical, eleitoral, o que acabou por sobrecarregar aqueles quando tiver duas matrículas e sua licença será (as) que assumiram toda a responsabilidade para renovada por mais uma gestão, caso seja eleito, que o sindicato continuasse funcionando para permitindo a renovação dos dirigentes liberados. atender às demandas da categoria. Visando ampliar a participação da base propoConsiderando que a independência e autonomos a formalização da participação dos Coletivos mia face aos partidos políticos, às organizações de Base juntos às Secretarias, bem como garantir TESES GERAIS - PÁGINA 121 a representação de aposentados(as) no Conselho de Representantes: Art.42Inciso VII- Estimular a criação dos Coletivos vinculados às Secretarias, a exemplo das Secretarias de Aposentados e Funcionários, que serão chamados para as reuniões específicas com o objetivo de ampliar a participação da base filiada e contribuir para que as mesmas mantenham regularidade no calendário das reuniões previamente divulgado. As propostas aprovadas nesses espaços serão remetidas para a reunião de direção. Art 61- acrescentar o inciso IV- Os núcleos e regionais que organizarem coletivos de aposentados(as) e mantiverem reuniões mensais regulares, elegeram 01 representante de aposentados(as) numa assembleia específica e apenas para aposentados(as), para constituir o Conselho de Representante do núcleo e ou regional. O aposentado(a) que tiver outra matrícula na ativa não poderá fazer uso dessa prerrogativa. Art 31Parágrafo 1º: Quando a decisão da Assembleia Geral for sobre os rumos da greve, só poderá votar quem fizer parte da rede específica, considerando que as responsabilidades pela decisão aprovada serão encaminhadas pelos integrantes da referida rede de ensino. &2º- Deflagrada a greve será constituído o Comando de Greve que junto à direção organizará as atividades aprovadas nas assembleias. Considerando que somos contrários(as) a prática do nepotismo e reivindicamos a maior transparência possível na administração do sindicato, propomos: inciso IX-( criar complemento) sempre que houver necessidade de contratar trabalhadores(as) será utilizada a forma de seleção pública sem participação direta de dirigentes da entidade no referido processo seletivo, com divulgação do mesmo na página da entidade. Fica proibida a contratação de parentes dos diretores(as) do SEPE tanto no nível central como nos núcleos e regionais. Art. 54- acrescentar: O Conselho Fiscal que der parecer favorável ao balancete que não estiver de acordo com as determinações aprovadas no Conselho Deliberativo Orçamentário e ou no Orçamento Participativo anual, será chamado para corrigir o parecer e persistindo no erro, será afastado da função, após amplo direito de defesa. Art 74- & 3º- Criação do Orçamento Participativo no sindicato, através dos representantes de escolas que deverão ser filiados(as) ao SEPE, a cada início do ano, para que a categoria discuta as prioridades orçamentárias da entidade. A Assembleia Geral Ordinária será constituída por filiados(as) ao SEPE e deverá ser convocada no mesmo período para aprovação da proposta orçamentária. Os núcleos e regionais deverão seguir estes mesmos procedimentos. Parágrafo único- O repasse para núcleos e regionais será atualizado anualmente, dois meses após campanha salarial, proporcional ao aumento conquistado pela categoria; Art 79- O Regimento Interno regulamentará as disposições deste Estatuto, e deverá ser elaborado no prazo máximo de três meses após a posse da direção eleita. Eixos de luta Gerais:Unir todos os setores combativos - Anulação da reforma da Previdência feita com a compra de votos do mensalão; - Contra a privatização da saúde, defesa do SUS e por 10% do orçamento federal para a saúde; - Contra a reforma das leis trabalhistas, especialmente o ACE (Acordo Coletivo Especial); - Combate às ações privatizantes, de exclusão e faxina étnico-social e destruição ambiental em torno das obras e realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas; - Não ao extermínio da juventude negra; - Defesa dos direitos dos Povos Indígenas e dos Territórios Quilombolas; - Defesa da democracia e contra a criminalização das lutas. - Auditoria nas obras da copa e da dívida pública Construir um calendário de atividades para unir a Intersindical e a CSP CONLUTAS numa única Central Sindical e Popular Específicos: Contra a política da privatização/ mercantilização da educação pública! - Acesso às escolas públicas apenas por concurso público - 10% do PIB para a Educação Pública, já; - Plano de Carreira Unificado - 1/3 planejamento de atividades extraclasse para todas as redes - 30 h funcionários administrativos - Troca da denominação de merendeira para cozinheira escolar - Campanha: Não é minha função, não faço; - Uma matrícula, uma escola e nenhuma disciplina com menos de 2 tempos; - Paridade para aposentados(as) - Campanha por melhores condições de trabalho e contra o assédio moral “As marchas são andarilhagens históricas pelo mundo.” (Paulo Freire) ASSINAM ESTA TESE Alex Sandro de Souza- Professor da Rede Estadual Aline Maia do Nascimento- Professora das rede Municipal e Estadual de Cabo Frio Amaro Jorge- Rede Estadual Angelo Cesar- direção núcleo Friburgo- rede estadual Carmelinda Vidal Vasconcelos- Aposentada Arraial Cíntia da Rocha Santos- Professora da Rede Municipal de Cabo Frio Cláudia Márcia Von Hold- Aposentada Lagos Denise Soares Teixeira- direção do SEPE Lagos e do SEPE/RJ, Ciep 150 Dinéia R. Pereira - Aposentada Edmilson Gomes - Direção SEPE Mesquita Elizabeth Sorriano- Aposentada Vassouras Emilce Reis- Aposentada Lagos Flávia de Jesus - Diretora do SEPE Lagos Gesa Linhares Corrêa - EM Ruy Barbosa - Duque de Caxias - Direção SEPE/RJ Gilberto Leitão- rede municipal do Rio Ilzemery de Souza- Funcionária da Rede Municipal da Cabo Frio Janaína Mattos - CIEP 113 - Direção SEPE Nova Iguaçu Jeneci Alves- rede municipal Vassouras João Batista da Silva- Funcionário da Rede Municipal de Cabo Frio Julio Cesar Araujo dos Santos- Rede Municipal de D. de Caxias e Estadual Keli Moraes - Direção SEPE Nova Friburgo- rede estadual Liane Barbosa Pinheiro- Professora da Rede Municipal de Cabo Frio Lucy Regina de Azevedo- Aposentada Magna Mendes Garcia- Aposentada Lagos Marcia Cunha - Direção SEPE Queimados Marcos Rangel de Lima - CIEP José Américo Pessanha - Direção SEPE/RJ e Caxias Maria Anselmo dos Santos- Rede Municipal de D. de Caxias e Estadual. Maria da Penha Borges- Rede Municipal de Japeri Profª Maria de Fátima Joannes. E.M. Profª Renata Franco- Magé Maria Helena Bello da Silva- Diretora do SEPE Lagos- funcionária Maria Julia Barreto- Diretora do SEPE Lagos Maria Lucia Mexias- aposentada Vassouras- direção Vassouras Marilei Ribeira Gomes Rios- Aposentada Lagos TESES GERAIS - PÁGINA 122 Marinete Guimarães de Oliveira- Diretora do SEPE Lagos- funcionária Marize de Oliveira - CIEP Aarão Steinbruch - Direção SEPE Magé Marly Santos da Verdade - Diretora do SEPE Lagos Nancy Ferreira da Silva Belo- Diretora do SEPE Lagos- funcionária Narcisa Maria da Conceição- Diretora do SEPE Lagos e SEPE Costa do Sol Nilda Carvalho da Silva- Aposentada Pablo Augusto Rodrigues Campos- Funcionário da Rede Municipal de Cabo Frio Paulina de Jesus Silva - Aposentada Rozelia Garcia Ferreira- Aposentada Sandra Regina Pereira Gomes - Direção SEPE Japeri Sebastiana- direção Vassouras- funcionária; Sheila Cristina Martins – C.E. Dr. Alfredo Backer – Duque de Caxias Simone Caixeiro - Direção SEPE Nova Iguaçu Tânia Maria Borges Neves- Aposentada Valdira Mendonça- Funcionária da Rede Estadual Vitor Hugo Oliveira- rede municipal Itaboraí Waldemar Menezes – Rede Municipal de S.J. de Meriti e rede municipal do Rio Tese 20 “MOVIMENTO PRÓ CNTE: POR UM SEPE INDEPENDENTE, FORTE E DA CATEGORIA” Apresentação Esta tese aglutina companheiros(as) de trajetórias distintas: independentes, e aqueles(as) que possuem referência na CNTE e nas centrais sindicais CUT e CTB. Participamos da chapa dois na última eleição – “Oposição - por um SEPE de vitórias” – nos comprometendo a defender mudanças profundas na atual direção deste sindicato e na sua relação com a categoria. Defendemos um sindicato independente, crítico, propositivo, democrático, de luta, para todos, comprometido com a defesa responsável dos Profissionais de Educação. Neste congresso defenderemos a criação do NÚ- No non No non CLEO DA CAPITAL, o retorno do Sepe à CNTE e a aprova- No non No non ção da majoritariedade nas eleições do sindicato para No non No non núcleos, regionais e o SEPE No non No non central. Propomos também que o SEPE reabra o debate No non No non sobre a relação do sindicato com as centrais sindicais No non No non existentes e que somente através de um PLEBISCITO seja tomada a decisão da filiação da entidade ou não a uma destas centrais sindicais. Estamos abertos ao diálogo e dispostos a mobilizar os Profissionais da Educação para fazer desse Congresso um dos maiores e mais representativos da história de nosso sindicato. Conjuntura internacional A crise mundial, decorrente da desregulamentação gananciosa e irresponsável dos mercados de capitais, tende a manter seus efeitos perversos para a classe trabalhadora. Os países do hemisfério norte vem retomando a agenda do Consenso de Washington, o que constitui séria ameaça para a América Latina, que já sofre nova onda de oposição neoliberal aos governos democráticos e populares da região. Na Europa, mesmo com taxas de desemprego acima de 20%, alguns países como Portugal e Espanha começam a registrar índices modestos de crescimento da economia, à custa de severos ajustes impostos pelas potências centrais lideradas pela premiê alemã, Ângela Merkel. Demissões no serviço público, privatizações das empresas estatais, reNo non No non dução de salário e aumento nas idades para a aposentaNo non No non doria são algumas das medidas que servem apenas No non No non para honrar os compromisda dívida, não contriNo non No non sos buindo para gerar níveis No non No non de desenvolvimento capaz de estimular a economia, o No non emprego e a renda da população. Na Alemanha e no Reino Unido, os cortes orçamentários em áreas sociais e o arroxo salarial sustentam a economia, em benefício dos interesses do grande capital atacando as conquistas dos trabalhadores obtidas com o estado de bem estar social. Já os governos de base socialista, como na França de François Hollande, não têm apresentado alternativas às medidas neoliberais, e o resultado tem sido o avanço da ultradireita no Continente. Nos EUA, o resgate de empresas e bancos pelo governo Obama, durante a crise, deu lugar a nova hegemonia do capital, apoiada pelo Partido RepuTESES GERAIS - PÁGINA 123 blicano e pela mídia conservadora. Eles tentam impedir a implementação de políticas sociais, como a de acesso à saúde, além de outras que visam regulamentar a imigração ou a impor restrições à atuação de Wall Street. Porém, as denúncias de espionagem a cidadãos americanos e a nações do mundo inteiro – velha prática imperialista – têm desgastado Obama e já lhe rendeu, entre outras coisas, o cancelamento da visita da presidente Dilma Rouseff a Washington, em outubro de 2013. Por isso defendemos a concessão de asilo político a Eduard Snowden pelo governo brasileiro. Em novembro de 2013, o Irã firmou um acordo com os EUA e Europa, no qual o país persa se comprometeu a produzir energia nuclear exclusivamente para consumo de seus cidadãos, em troca do fim de embargos impostos desde a revolução islâmica (1979). Se por um lado, abre canal de diálogo entre as potências ocidentais com os países islâmicos, por outro, desperta mais tensão com países como Israel e Arábia Saudita. Estes classificaram o acordo como “erro histórico”, e tensionam uma corrida armamentista nuclear, com o apoio do Paquistão, com possíveis prejuízos às tratativas de consolidação do Estado Palestino apoiado pelos Estados Unidos, a contragosto de Israel. Em meio à nova geopolítica no Oriente Médio, decorrente da Primavera Árabe e que há mais de dois anos devasta a Síria numa sangrenta guerra civil, as contradições nos países em conflito são marcadas pela instabilidade democrática pela falta de liberdade às mulheres e por perseguições a grupos étnicos minoritários. Já a interferência americana na região tem sido relativizada por Rússia e China, que impediram, em decisão do Conselho de Segurança da ONU, o ataque dos EUA a Síria em resposta às suspeitas de utilização de armas químicas por Bashar al-Assad. O protagonismo do Brasil no cenário mundial se mantém através do fortalecimento do G-20; da presidência na Organização Mundial do Comércio, das relações sul-sul promovidas em âmbito do BRICS; do intercâmbio democrático com países africanos; no avanço do Mercosul em direção a novas estruturas da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e na política proativa desenvolvida no continente latinoamericano, marcada pelo apoio ao fim dos embargos americanos a Cuba, pela ajuda na reconstrução do Haiti e pela atenção dispensada à estabilidade democrática na região. A morte de Hugo Chávez, em março de 2013, abriu flancos a forças conservadoras na Venezuela, que tendem a contaminar outros países, exigindo ações coordenadas dos governos democráticos no sentido de aprofundar o projeto de inclusão social com emprego, renda e distribuição da riqueza na América Latina, que também acompanha com cautela o processo de abertura socioeconômica e política em Cuba. O SEPE deve ter uma posi- No non No non ção política clara de apoio às No non No non mobilizações dos setores populares em todos os continentes No non No non e de respeito à autonomia dos povos. A participação do SEPE No non No non nas iniciativas do Fórum Social Mundial constitui-se num im- No non No non portante passo na articulação No non No non internacional dos setores que resistem e tentam construir uma alternativa ao modelo neoliberal. Apoio a iniciativa da CNTE de contribuição financeira para a construção de uma sede para a Confederação dos Profissionais de Educação do Haiti. Conjuntura nacional A eleição da presidenta Dilma Rouseff, após dois mandatos do ex-presidente Lula (2003-2010), deixou clara a opção da maioria do povo brasileiro pela continuidade do projeto de inclusão social, alicerçado na expansão do emprego e da renda dos trabalhadores, que retirou 36 milhões de pessoas da extrema pobreza e fez ascender outras 40 milhões socialmente. Nos últimos 10 anos, mesmo considerando os graves efeitos da crise mundial, o Brasil conseguiu acumular saldo superior a 20 milhões de empregos formais, com ganhos salariais acima da inflação, e o desemprego não tem ultrapassado o patamar histórico de 5,5% da população economicamente ativa. No entanto, o gargalo do crescimento, com emprego e distribuição de renda, continua concentrado na histórica insuficiência de infraestrutura, assim como na ausência de um sistema educacional capaz de superar as desigualdades regionais e de promover a capacitação profissional dos trabalhadores, aliada à formação humanística voltada à cidadania. O crescimento do PIB nacional, para muitos, passou a ser a única referência para o debate socioeconômico. Porém, a qualidade do processo de desenvolvimento não tem sido aprofundada de forma pertinente. Mesmo detendo uma das maiores concentrações de renda do planeta, é preciso destacar a evolução dessa política no Brasil, antes representada pela pirâmide triangular e agora substituída pela losangonal, com aumento expressivo da classe média. Entre os desafios para se consolidar um projeto de desenvolvimento mais inclusivo e sustentável, os trabalhadores em educação indicam a necessidade de profunda reforma agrária, com plenas condições de acesso e permanência das famílias no campo; de reforma tributária com a inversão da lógica regressiva dos tributos e com melhor distribuição de renda às regiões do país; de reforma política pautada no resNo non No non gate da ideologia partino financiamento No non No non dária, público de campanhas, No non No non na presença de mais mulheres e negros em todas No non No non as representações políticas, além da expansão No non No non dos canais de representação popular. No non Em relação à infraestrutura, as concessões de rodovias, portos e aeroportos, realizadas mediante contrato de tarifa estabelecido pelo Governo, por tempo determinado, apesar de contrapor as privatizações da gestão tucana, não devem avançar para áreas essenciais, tampouco sem a devida participação majoritária do Estado brasileiro nas tomadas de decisões. Somos contra os leilões do petróleo, que permitem a apropriação das riquezas nacionais por empresas estrangeiras, mesmo considerando a participação majoritária da Petrobras e do Governo nos negócios. Consideramos, que os contratos do pré-sal devam priorizar maior retorno sobre os excedentes de óleo para a União e garantir mais receitas para a educação pública. Na questão do salário mínimo percebemos uma grande pressão dos setores conservadores e do mercado financeiro para limitar a recomposição, a valorização e os ganhos reais que vinham ocorrendo no Governo Lula/Dilma. Essa pressão dos mercados levou o governo a realizar cortes no orçamento e o aumento dos juros da taxa SELIC do Banco Central. A influência do capital financeiro permanece forte disputando os rumos do governo e de sua política econômica. Os movimentos e as TESES GERAIS - PÁGINA 124 organizações sociais dos trabalhadores precisam ampliar a sua mobilização para pressionar o governo federal para que este não ceda às pressões do capital, e atenda às reivindicações dos setores populares, mantendo a política de crescimento econômico com distribuição de renda. A Reforma Agrária permanece como uma questão emblemática. Ela ainda está distante de uma ação mais efetiva por parte do governo que tem capitulado às pressões do agronegócio, que se utiliza de sua força e lobby para influenciar as políticas relacionadas à questão da terra no governo federal. Devemos aprofundar os laços de nossa entidade com o MST nas ações de rua e, particularmente, no apoio aos seus projetos educacionais. As centrais sindicais, confederações e sindicatos precisam realizar uma ação conjunta e articulada sobre os congressistas em prol da aprovação de projetos de interesse da classe trabalhadora. A situação atual do SEPE, isolado após a sua desfiliação da CNTE, afastou os Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro das mobilizações nacionais em defesa da educação pública de qualidade e da valorização dos Profissionais de Educação. A não participação do setor majoritário do SEPE no processo preparatório da 2ª Conferência Nacional de Educação (CONAE), são emblemáticos desta realidade. Defendemos a autonomia e a independência dos movimentos sociais, porém compreendemos que este governo não é igual aos governos neoliberais e de direita. Podemos conquistar e garantir direitos para o conjunto da população através da ampliação da política de redistribuição de renda, valorização do salário mínimo, fortalecimento das empresas estatais entre outras. Para isso precisamos disputar e influenciar a política de governo tanto no executivo quanto no Congresso Nacional, cobrando de Dilma a ampliação das políticas sociais com maior distribuição de renda. Propostas: • Por um SEPE autônomo, independente, crítico e propositivo frente aos governos; • Radicalizar nas reformas estruturais na sociedade brasileira; • Defesa dos royalties do petróleo para a educação; • 10% do PIB para a educação; • Participação do SEPE na 2ª Conae (etapa de Brasília); • Crítica ao adiamento da 2ª Conae para novembro de 2014 Conjuntura Estadual O governo Sérgio Cabral termina seu mandato com um grande índice de rejeição fruto de uma administração envolta em escândalos abafados pela mídia conservadora. Este governo obteve grande aceitação na sociedade devido à sua política de segurança, onde o projeto das UPPs era apresentado como a solução para os problemas de segurança e a ausência do Estado nas comunidades carentes. Esta iniciativa acabou se transformando em uma política de controle social através da força repressiva sobre os trabalhadores que gerou vários conflitos e mortes como no caso Amarildo. Ao longo das manifestações de junho, seu governo de cunho policialesco ampliou a repressão aos movimentos sociais que justamente questionavam o aumento da passagem e as péssimas condições dos serviços públicos levantando a bandeira de milhões de cariocas do ‘FORA CABRAL’. A forma truculenta do governo na repressão a esses movimentos foi a única resposta de Cabral as reivindicações justas de importantes setores da sociedade que criticavam os políticos de um modo geral e rejeitavam a participação de setores organizados (partidos e movimentos sociais), apesar de muitas de suas bandeiras serem também levantadas por esses setores. As manifestações de junho cumpriram um importante papel de crítica aos governos em geral e alavancaram as lutas desenvolvidas pela categoria no 2º semestre. Neste segundo e desastroso mandato, Cabral manteve em segundo plano as áreas de educação e saúde No non No non e mesmo assim quer a eleição do seu vice (Pezão) do PMDB No non No non ao governo do Estado. A popu- No non No non lação do Estado do Rio de Janeiro deve responder de forma No non No non repugnante nas eleições. A greve na rede estadual, No non No non apesar de se defrontar com um governo enfraquecido, en- No non No non controu muitas dificuldades de crescimento muito em função da falta de um eixo de luta claro que seduzisse a categoria para participar de forma mais expressiva. Avaliamos que foi um equívoco a greve ter sido deflagrada em uma assembleia esvaziada (cerca de trezentos profissionais) e sem reivindicações que unificassem a categoria. A postura truculenta de alguns setores radicais e sectários conduziu a mobilização para um impasse que nos levou nossa a judicialização da nossa luta o que gerou um clima de descontentamento com o resultado da negociação realizada no STF. Propostas: • Fora Cabral/Pezão; • Que o SEPE participe na campanha pela punição aos assassinos de Amarildo; • Retomada da luta unificada do funciona- lismo estadual através da reativação do MUSPE; • Pela defesa de nosso plano de carreira; • Pelo descongelamento do Plano de Carreira dos funcionários administrativos; • Fim da política meritocrática, não a certificação; • Um terço de planejamento já; • Pelo retomada das negociações e funcionamento dos GTs conforme a negociação realizada no STF. Conjuntura Municipal O Governo Eduardo Paes se reelegeu no 1º turno com cerca de 60% dos votos e manteve a política educacional liderada pela Srª Claudia Costin como secretária de educação, uma gestora pública oriunda dos quadros do PSDB e do governo FHC. Neste segundo mandato o governo Paes aprofundou o ataque as camadas populares com a política de remoções, no reordenamento urbano estimulando a especulação imobiliária e fortalecendo o grande capital. O prefeito que ampliou sua maioria na câmara continuou com respaldo no legislativo para aprovar seus projetos. Todavia existe uma bancada de oposição com a qual nós precisamos dialogar e interagir, buscando resistir às investidas de retiradas de direitos como o ataque ao nosso fundo de previdência e a nossa própria aposentadoria. No non No non Com o bom desempenho da economia e os No non No non investimentos do goverNo non No non no federal na cidade do Rio de Janeiro a arrecaNo non No non dação de impostos cresceu significativamente. No non No non Estudos realizados pelo DIEESE comprovam um No non aumento de cerca de 20%. Porém a política de Paes é de ampliar as terceirizações, enxugando a folha de pagamento da prefeitura e concedendo apenas o reajuste do IPCA conforme a lei aprovada no governo anterior. Apesar do prefeito se colocar como um representante da mesma aliança que elegeu Dilma Roussef, ele expressa os seus setores mais conservadores, afiançado pelo PMDB e seu padrinho político Sérgio Cabral. O funcionalismo municipal vem sofrendo uma política de arrocho salarial e de ataques aos seus direitos como a proposta de reforma da previdência municipal (PLC 041). O SEPE deve insistir na estratégia de unificação das lutas e das entidades que representam os diversos setores do funcionalismo municipal. Iniciativas como atos, passeatas e mobilizações unificadas devem ser perseguidas pelo nosso sindicato, que precisa investir na propaganda, nos meios de comunicação para publiciTESES GERAIS - PÁGINA 125 zar as condições de trabalho a que está submetido o funcionalismo e os serviços precários com os quais a população vem sendo atendida, apesar do expressivo aumento da arrecadação. As jornadas de junho tiverem um efeito estimulador a categoria da rede municipal que após dezenove anos sem realizar uma greve protagonizou um movimento grevista forte que levou as ruas cerca de vinte e cinco mil profissionais da educação. Com assembleias lotadas, atos de rua massivos e manifestações que contavam com apoio declarado de grande parte da população carioca, obrigou o prefeito a negociar e reconhecer a liderança do sindicato. Obtivemos vitórias parciais como o reajuste de 8% além da reposição do IPCA (6,75%), melhorias significativas nos salários dos funcionários que saíram do patamar inferior ao salário mínimo nacional, a volta da origem nas unidades escolares para os professores, a equiparação salarial dos professores I e II 40h imediata e as dos demais PII, com nível superior, num prazo máximo de cinco anos. A criação dos GTS para discutir a implantação de um terço de atividades extraclasse, GT para discutir as questões pedagógicas (como retorno da grade dos seis tempos) e a criação do Fórum permanente dos profissionais da educação. Porém nos defrontamos com limites impostos pela falta de vontade política da prefeitura em efetivar o avanço dessas negociações nesses GTs. O governo insiste em não apresentar uma proposta concreta no caso do 1/3, apesar dessa proposta já ter sido validada pelo Supremo desde 2008. O Plano de carreira proposto pelo prefeito e aprovado na Câmara dos vereadores, atende de forma precária e parcial, apenas uma parcela de nossa categoria (cerca de 7 %). Defendemos que o sindicato entre na justiça contra o plano e não fique esperando a movimentação dos vereadores que se opuseram a ele. O Governo Paes, seguindo os passos de Cabral mostrou toda a sua truculência ao solicitar a repressão as manifestações legítimas dos profissionais de educação do município, tendo como momentos emblemáticos a desocupação da Câmara dos Vereadores e a transformação da Cinelândia em uma verdadeira praça de guerra para aprovar o plano de carreira sem a presença da categoria. Infelizmente a maioria da direção do Sepe não consegue responder às demandas da rede municipal, pois sua organização é precária na maior rede de ensino da América Latina. Atualmente o Governo Eduardo Paes concede apenas doze licenças para que o sindicato realize seu trabalho de base, dificultando uma presença mais efetiva do sindicato nas escolas. As regionais não possuem uma estrutura capaz de atender ao conjunto das escolas de sua região e a coordenação da capital não consegue enfrentar o desafio de dirigir as lutas da rede. Por isso defendemos a criação do NÚCLEO DA CAPITAL que coordenará as regionais priorizando a organização da rede municipal, respondendo as demandas da categoria e suas necessidades diversas. Política Educacional No Rio de Janeiro o avanço das medidas neoliberais na educação continua. As conquistas históricas obtidas em décadas anteriores estão sendo substituídas por uma política de ataques constantes por parte da dupla Cabral-Paes. A despeito da tão propagandeada priorização da educação, estes governos implementam a sua mercantiliza- No non No non No ção, terceirização e precarização das condições No non No non No de trabalho nas escolas. Os alunos da escola No non No non No pública, na esfera muNo non No non No nicipal e na estadual, vivem hoje uma situação No non No non No preocupante. Com o argumento de que sua re- No non No non No provação sai caro aos cofres públicos, eles são tratados como uma espécie de “cobaia” de projetos que pretendem acelerar a sua passagem pela escola. No entanto seus resultados têm se materializado apenas em aumento dos índices de aprovação, projetando esses alunos para fora da escola e não contribuindo, necessariamente, para a construção de conhecimentos por parte desses. Diversos alunos chegam ao final do ensino médio basicamente “analfabetos funcionais”. Mal compreendem um texto que leem. O baixo rendimento insistentemente atribuído à “falta de competência” do professor: afirmam governos e pensadores conservadores. É preciso ser revista esta questão. O sindicato precisa realizar uma forte campanha nos meios de comunicação e junto à sociedade de valorização e de resgate do papel do Profissional de Educação. A LDB prevê a possibilidade de aceleração escolar. Todavia ela não propõe a segregação de crianças e jovens em turmas específicas. Por isso questionamos o agrupamento desses alunos – estigmatizados como “alunos problemas” – em “turmas específicas”. Nesse tipo de projeto, o professor responsável se torna muito mais um instrutor do que um professor na medida em que ele é responsável por trabalhar vários conteúdos sem ter a devida formação. Não defendemos a reprovação, reproduzindo uma concepção meramente conservadora. Não acreditamos numa escola que exclui os alunos das classes populares ao não compreender seus costumes e sua vivência. No entanto, também não podemos aceitar que esse indivíduo passe pela es- cola sem ter construído os conceitos necessários, apropriando-se do instrumental para sua utilização no mundo do trabalho e na sociedade, para ter condições de exercer plenamente sua cidadania. A própria continuidade de seu processo de construção cognitiva vai exigir isso. Preocupa-nos também a opção de alguns governos que preferem terceirizar a sua responsabilidade com a questão pedagógica, contratando ONGs e fundações privadas como o Instituto Airton Sena e a Fundação Roberto Marinho. Essas instituições acabam assumindo a tarefa de privatizar uma função que é obrigação do poder público. Por exemplo, os especialistas da educação, que deveriam ser contratados pela non No non rede pública através de concursos, acabam substituídos por non No non técnicos de instituições que são temporários, e não acomnon No non panham o desenvolvimento do sistema públinon No non educacional co. O Governo Paes/Costin innon No non tensificou o processo de reestruturação completa da rede non municipal de ensino do Rio de Janeiro. O eixo dessa reestruturação é a compartimentalização do processo educacional na rede. Assim sendo, Classe de Alfabetização, Primário Carioca e Ginásio Carioca expressam uma política que cria escolas especialistas. Logo no início de seu segundo mandato a secretária Costin anunciou que o Ginásio Carioca seria o novo modelo para o segundo segmento. Esta política contraditoriamente se apropria de uma proposta histórica dos movimentos sociais: a escola de horário integral. Entretanto ela determina a polivalência e uma forma escamoteada de seleção dos estudantes, mantendo a lógica da promoção automática. No Primário Carioca o aluno ao chegar ao sexto ano terá um professor generalista ao invés de como é colocado na LDB onde o professor do sexto ano é um especialista. A criação do PEF (Professor do Ensino Fundamental), portanto, expressa esta radical remodelação da rede. O PEF não é apenas um professor de 40h. Ele é um professor polivalente que na lógica da SME pode atuar em diversos desses projetos. Propostas: • A ARTICULAÇÃO DO SEPE COM AS FACULDADES DE EDUCAÇÃO VISANDO CONSTRUIR UM DOCUMENTO QUE QUESTIONE A POLÍTICA EDUCACIONAL DA PREFEITURA; • ABERTURA IMEDIATA DE UM PROCESSO JUNTO AOS CONSELHOS MUNICIPAL, ESTADUAL E NACIONAL DE EDUCAÇÃO QUESTIONANDO O CONJUNTO DESSA POLÍTICA; TESES GERAIS - PÁGINA 126 • QUE O SEPE ENCAMINHE O QUE JÁ FOI APROVADO PELA CATEGORIA: ENTRADA NA JUSTIÇA CONTRA O NOVO PLANO DE CARREIRA APROVADO PELA CÂMARA DOS VEREADORES EM 2013. Os pedagogos-supervisores e orientadores ficam cada vez mais sem campo de trabalho no setor público. Quando assumem essa função o fazem através dos desvios de função que não garantem legalmente sua estabilidade e continuidade do trabalho. É preciso que haja a defesa do retorno dos concursos para orientadores e supervisores pedagógicos. Escola de horário integral ou escola de turnos? A categoria precisa debater seriamente o tipo de escola que nós temos e a escola que queremos. A escola dividida em vários turnos não serve mais para os filhos da classe trabalhadora. Em cidades como Duque de Caxias, por exemplo, apesar dos salários mais elevados do que a média de outros municípios, temos várias escolas com estrutura precária, funcionando, regularmente, em até quatro turnos com tempos de aula reduzidos para quarenta e cinco minutos. O Brasil é um dos poucos países do mundo onde a escola de turnos é uma realidade predominante. Na rede municipal do Rio algumas unidades da zona oeste estão retomando os três turnos diurnos, o que significa um retrocesso. Todos os países que se desenvolveram econômica, social e politicamente fizeram a opção pela escola de tempo integral. A escola de horário integral, associando educação, saúde, cultura e esporte é hoje para nosso País uma necessidade urgente. Ela permite aos filhos das classes populares não somente a apropriação do saber, mas também o desenvolvimento pleno das suas habilidades, contribuindo para a formação de um cidadão crítico e participativo. A despeito da estrutura física para a ampliação do tempo de permanência dos alunos nas unidades escolares é urgente a defesa de um tipo de escola onde o processo ensino-aprendizagem se de dê forma mais integral. Sendo assim acreditamos que iniciativas como o projeto MAIS EDUCAÇÃO e o BAIRRO ESCOLA contribuem para alcançarmos este objetivo, porém questionamos o modelo de terceirização para a aplicação destas iniciativas. A escola integral ainda não está universalizada, e na rede municipal do Rio a carga horária é muito reduzida. O segundo segmento teve sua grade curricular empobrecida com a redução para cinco tempos de aula por turno ao invés dos seis tempos anteriores. Com isso várias disciplinas perderam espaço. O sindicato deve retomar a luta pelo retorno dos seis tempos de aula numa perspectiva de aumento do tempo de permanência do aluno na escola. Não queremos “escolões” que sirvam de depósito para os alunos. No entanto o processo ensino-aprendizagem não pode ser reduzido há algumas horas na escola, a apostilas algumas vezes reducionistas, e a uma prova no final para ver se alguém “aprendeu”. Isso não é educação de qualidade! E os EDI’s? Oferecem uma educação infantil de qualidade? Na educação infantil do município do Rio foram criados os EDI’S (espaço de desenvolvimento infantil), concebidos com o objetivo de congregar numa mesma unidade a creche e a pré-escola (de zero a cinco anos e meio). Atualmente a maioria desses espaços é marcada por diversas carências: falta de estrutura física, auxiliares de creche cumprindo um papel pedagógico sem formação de professor, pouco material pedagógico, falta de merendeiras transformando o jantar das crianças em ‘lanchinho’. As atividades dos EDI’s como música, teatro e educação física são realizadas pelos auxiliares de creches que acabam desempenhando todos os papéis pedagógicos nesses espaços. Ao contrário das creches os EDI’s têm a ‘vantagem’ de contarem com profissionais estatutários, enquanto nas primeiras ainda é comum encontrarmos funcionários ‘terceirizados’. Todavia eles precisam ser compostos por uma equipe onde o professor cumpra o seu papel pedagógico. Na rede estadual a política No non No non de enxugamento do Governo Cabral/Risolia reduz a carga No non No non horária de disciplinas como No non No non sociologia e filosofia empobrecendo mais ainda a grade do No non No non Ensino Médio. O Governo está implantando na rede estadual No non No non uma política de escolas de excelência, buscando estabelecer No non No non parcerias público/privadas. Em contrapartida vem fechando várias escolas regulares da rede o que vem ocasionando dificuldades na lotação dos professores dessas escolas. Em muitos casos o professor fica dividido em várias escolas em bairros diferentes na Metro/ Coordenadoria. Por isso precisamos garantir a lotação de uma matrícula por escola. A política salarial continua atrelada a uma lógica meritocrática e produtivista que visa ampliar os índices de aprovação para ser utilizado pelo Governo politicamente no processo eleitoral. Defenderemos neste Congresso que o Sepe modifique sua posição de boicote ao Saerj e a digitação das notas no ‘Conexão’. Mesmo concordando com as críticas ao Saerj, como uma ava- liação externa que vincula o seu resultado a um ranking pedagógico e remuneratório, e a digitação das notas no ‘’Conexão’, como um trabalho extra não remunerado fazendo parte do projeto global da implantação da lógica meritocrática do Governo Cabral/Risolia, entendemos que está política não foi respaldada pela categoria o que leva o enfraquecimento e o distanciamento do sindicato do chão da escola. O Sindicato precisa ter uma política em relação às direções de escola. Não devemos trata-las (os) como meros representantes do Governo, ou como inimigos (as) da luta da categoria, pois estão diretores, mas são professores. Por isso propomos: Eleição direta para diretores; Por uma gestão democrática e participativa com a participação da comunidade. Radicalizar na democracia: Sindicato Cidadão O papel desempenhado pelas organizações tradicionais dos movimentos sociais encontra-se esgotado diante das grandes mudanças ocorridas no mundo do trabalho, necessitando de uma profunda transformação na sua ação e relação com os trabalhadores. Tais organizações necessitam ampliar a sua discussão para além do economicismo característico de suas pautas de reivindicação, avançando na discussão de temas que atingem com igual gravidade àqueles que integram a sua base social. Estes No non No non sindicatos precisam expressar as suas lutas coNo non No non tidianas afirmando uma cidadania plena e No non No non nova participativa, rompendo No non No non com os valores de uma sociedade excludente. No non No non Acreditamos na ideia do sindicato cidadão, No non comprometido com a realização de uma cidadania radical que só pode ser plenamente alcançada numa sociedade socialista democrática, humanista e libertária. Nossas ideias relacionam-se a preocupação do SEPE interferir na elaboração das políticas públicas que afetam a vida de toda a sociedade. O sindicato cidadão deve articular os interesses específicos da categoria com as demandas sociais mais abrangentes do cidadão-profissional da educação. As experiências diversas dos movimentos sociais devem ser apoiadas pelo SEPE como a luta pela democratização dos meios de comunicação, a experiência das rádios livres, as lutas contra a homofobia e debates sobre os temas polêmicos da sociedade como a descriminalização das drogas e TESES GERAIS - PÁGINA 127 do aborto. Desejamos reconstruir o SEPE no chão da escola, mas com uma visão política abrangente e vinculada aos novos atores sociais, que protagonizaram manifestações sociais contra o neoliberalismo. Propostas: • Participação nos Fóruns Sociais com uma delegação representativa; • O SEPE deve reivindicar a sua representação nos Conselhos referente a Educação, Alimentação escolar, Fiscalização do Fundeb, Infância e Adolescência e no Previ-rio. • Precisamos pressionar a Alerj e o Governo estadual para que a representação no Conselho Estadual de Educação seja garantida ao SEPE que possui uma maior representatividade junto à categoria dos profissionais de educação. O SEPE e as centrais sindicais O SEPE é um sindicato isolado das articulações nacionais, dificultando ainda mais a luta pela defesa e ampliação dos direitos dos Profissionais de Educação. A fragmentação do movimento sindical com a criação de várias centrais sindicais abre espaço para uma multiplicação de entidades que representam uma mesma classe. O SEPE não pode ser utilizado para construir uma nova estrutura que represente apenas projetos partidários, pois isto agravará a fragmentação já existente. A entidade representa todos os Profissionais da Educação independentemente das suas opções religiosas, partidárias ou de central sindical. Propostas: • Reabertura do debate sobre a relação do SEPE com as centrais sindicais; • Defendemos o não financiamento de qualquer tipo de iniciativa que vise à construção de novas centrais sindicais, revogando a deliberação do último congresso que estabelece a contribuição de 4% da arrecadação do sindicato para as ações de unificação da Conlutas e Intersindical; • Indicamos a realização de um plebiscito, para definir a posição política do sindicato se o SEPE deve ou não se filiar a alguma central sindical. Posição do SEPE sobre a CNTE O isolamento do SEPE aprofundou-se com a decisão equivocada da sua desfiliação da CNTE. O principal argumento utilizado pela Conlutas e pela Intersindical da filiação da CNTE à CUT: eles somente se manteriam nela se a entidade nacional se desfiliasse desta Central. Nos últimos congressos da CNTE, somente o Rio ficou excluí- do de participar deste encontro. Nem mesmo as entidades dirigidas por estes agrupamentos em outros estados aprovaram esta resolução. O SEPE também ficou alheio às diversas lutas nacionais encaminhadas pela Confederação. Neste último Congresso da CNTE, pela primeira vez, a oposição Cnteísta representada pela chapa dois, ‘Oposição - Por um SEPE de Vitórias’, esteve presente com vinte delegados. Sendo assim: PROPOMOS QUE O SEPE REAVALIE SUA POSIÇÃO E RETORNE SUA FILIAÇÃO À CNTE. dos membros da direção também é uma preocupação fundamental de um sindicato radicalmente democrático. Uma das marcas fundamentais da burocratização sindical é a existência de uma direção que permaneça muitos anos dirigindo o sindicato. O processo de renovação das lideranças sindicais, entretanto, não acontece da noite para o dia. É necessária uma ação efetiva que vise a formação de novas lideranças. Atualização do Estatuto e organização do SEPE RJ • Que cada filiado somente poderá concorrer a uma reeleição na direção do SEPE central, núcleo ou regional; • Prestação de contas semestral das licenças sindicais; • Licença sindical por apenas dois mandatos consecutivos; • Que a reunião de diretoria do SEPE central, para ser instalada e ter caráter deliberativo conte com pelo menos 1/3 dos diretores titulares presentes. O SEPE chega a quase quarenta anos de existência vivendo uma crise de representatividade. A fragmentação do movimento sindical, que no SEPE se expressa de maneira mais clara, enfraquece a luta da categoria e dificulta uma ação mais contundente dos trabalhadores da educação na atual conjuntura. Cada vez mais são necessários mecanismos para uma participação direta do conjunto de professores e funcionários nos destinos de suas lutas. Uma das formas de garantir que essa participação direta se concretize de fato é com a criação em nosso estatuto da figura do No non No non No Plebiscito. Esse mecanisNo non No non No mo pode contribuir para ampliar a participação No non No non No dos filiados nas decisões mais importantes da en- No non No non No tidade. No non No non No No non No non No Proposta: • Plebiscito/Consulta Deliberativa para temas polêmicos que envolvam decisões estratégicas da categoria e do sindicato; • Defendemos que a decisão sobre majoritariedade ou proporcionalidade seja realizada através de um Plebiscito. O SEPE precisa mudar. A maioria dos profissionais da educação não se identifica mais com as ações e com o discurso corrente do sindicato. A atual maioria da direção não quer investir na negociação com os governos, pois prefere apostar no radicalismo estéril que partidariza as ações da entidade. Estamos cansados da agressividade, do desrespeito e das humilhações que as posições diferentes e minoritárias da categoria enfrentam nas assembleias e fóruns do sindicato. O SEPE precisa mudar para reconquistar a confiança da categoria. Por isso defendemos para o próximo processo eleitoral, a eleição majoritária para todas as direções do sindicato (núcleos, regionais e SEPE central). A necessidade constante de renovação Propostas: Devemos organizar a categoria nos seus fóruns deliberativos de base, de non No non forma ampla, democrática e A assembleia é non No non representativa. o espaço onde a categoria das non No non diversas redes municipais e rede estadual decide os rumos non No non de suas lutas específicas, buscando refletir as preocupações non No non e os interesses da luta dos profissionais de uma determinada non rede. Dessa forma as decisões tomadas dirão respeito única e exclusivamente aos profissionais daquela rede. Propostas: • Que nas assembleias específicas de cada rede, o direito de voto seja garantido somente aos profissionais que trabalham naquela rede; • Que seja realizado algum tipo de credenciamento ou a apresentação de contracheque para que os profissionais possam ter direito a voto nas assembleias das redes municipais ou estadual. O aprofundamento da democracia direta deve ser um dos principais objetivos de uma entidade através da consolidação de uma sólida organização de base, desenvolvendo uma nova educação política entre seus associados. No SEPE, o principal fórum de definição política, abaixo dos congressos, conferências e assembleias é o conselho deliberativo. Defendemos uma nova composição deste TESES GERAIS - PÁGINA 128 conselho, para que as políticas elaboradas em suas reuniões reflitam a experiência dos representantes de escola: Substituição dos artigos 29, 30 e 31: O Conselho Deliberativo é constituído pelos membros efetivos das diretorias, estadual, núcleos municipais regionais, assim como pelos representantes de escola eleitos com direito a voz e voto. As Finanças do SEPE A arrecadação mensal do sindicato vem aumentando devido ao grande número de novos profissionais de educação que tem entrado nas redes municipais e na rede estadual. Porém acreditamos que esse número poderia ser bem maior se o sindicato realizasse uma campanha de filiação e recadastramento mostrando a importância do sindicato para a luta em defesa da categoria e da educação pública. Por isso propomos que o desconto em folha de 1% deve ser cobrado apenas sobre o vencimento, pois, apesar de no primeiro momento diminuir o valor arrecadado, com certeza ampliará a base de contribuintes aumentando a representatividade de nosso sindicato. Os recursos devem ser redistribuídos para o fortalecimento dos núcleos e regionais, garantindo a atuação regular nas escolas, horizontalizando a estrutura da entidade, hoje muito concentrada no SEPE Central. Dessa forma o reajuste para núcleos e regionais deverá ser anual sempre garantindo o mesmo índice conquistado pela categoria em suas lutas a ser definido pelo Conselho orçamentário. Os núcleos de repasse mínimo necessitam de uma atualização dos valores destinados pelo Conselho Orçamentário, pois atualmente se encontram bastante defasados. Defendemos que anualmente os filiados recebam em sua residência o balancete do sindicato para que a transparência financeira seja realmente efetivada. Que os profissionais da educação decidam: núcleo municipal da capital já! O SEPE possui abrangência estadual. Ele está organizado em mais de trinta núcleos nos municípios do Interior e da Baixada Fluminense. Na capital, ao invés de um núcleo municipal, o sindicato se divide em nove regionais. Os profissionais da educação não possuem um núcleo do SEPE da cidade do Rio de Janeiro para representar os seus interesses específicos ou organizar as demandas e mobilizações das duas redes de ensino localizadas na capital. O SEPE central é a direção política que centraliza toda a estrutura vertical da entidade. É também o representante oficial da categoria junto ao governo estadual e à prefeitura da maior rede de ensino da América Latina. Após a Constituição de 1988 e a implantação do FUNDEF/FUNDEB, os municípios ampliaram o número de escolas do ensino fundamental e de profissionais da educação, visando atender as exigências da sociedade civil por mais vagas nas escolas públicas, fortalecendo o papel desempenhado por estas redes de ensino (Nos últimos anos a educação infantil vem adquirindo maior importância, angariando maiores investimentos. Houve também a ampliação das demandas de novos profissionais como auxiliares de creche, exigindo do sindicato uma maior presença nestas unidades escolares que, No non No durante muito, estiveram sob a responsabilidade da secretaria No non No de desenvolvimento e assistência social). No non No Na atual estrutura do SEPE, os núcleos municipais tem a fun- No non No ção de representar, organizar No non No e responder às demandas das redes da sua região. As escolas No non No estaduais, localizadas no interior, também são atendidas pelas direções dos núcleos municipais, que devem manter-se articuladas com a direção central. Devido à importância das estruturas de base na democratização do sindicato e na renovação das lideranças, defendemos uma política arrojada de incentivo, apoio e construção dos núcleos municipais em todo o estado, objetivando um maior enraizamento do SEPE nas unidades escolares. Queremos construir um sindicato forte, renovado, com trabalho de base, democrático e combativo, refletindo as necessidades e preocupações dos núcleos e regionais, ampliando a representação da entidade junto às escolas, pois, afinal de contas, somos uma categoria que está em crescimento. municipal e nas centenas de escolas da rede estadual é responsabilidade das regionais, que abrangem áreas geográficas extensas. Estas regiões, atendidas pelas direções regionais, precisam ser rediscutidas e redimensionadas. É muito difícil acompanhar as lutas de centenas de escolas com poucos diretores de base. A rede municipal do Rio contribui com mais de trezentos cinquenta mil, provenientes das contribuições dos filiados. Uma pequeparte deste valor é non No non No non na repassada às nove renon No non No non gionais. Esta estrutura centralizadora e vertinon No non No non calizada concentra as decisões da rede munon No non No non nicipal na direção do estadual (onde non No non No non SEPE grande parte dos seus diretores pertence a non No non outras redes). A política equivocada do setor majoritário (Conlutas e Intersindical) impede a capital de ter um núcleo próprio como os demais municípios fluminenses. Isto tem contribuído para dificultar a representação da categoria junto à prefeitura. Desejamos fortalecer as regionais e incrementar o trabalho cotidiano da entidade nas escolas estaduais e municipais da cidade maravilhosa. Para isso, precisamos construir um núcleo da capital que coordene as regionais, discuta os aspectos, políticos, pedagógicos, funcionais, administrativos e as condições de trabalho na maior rede de ensino da América Latina. A organização tradicional do SEPE central destina ao município do Rio de Janeiro, no lugar do núcleo da capital, uma esfera de representação formal na direção do sindicato. A coordenação da As regionais e o núcleo da capital capital reúne nove diretores, num total de quarenta e oito membros efetivos. Por mais esforçaNa capital, o trabalho de base realizado nas dos e articulados que eles sejam, estes diretores mais de mil e duzentas escolas e creches da rede não conseguem responder satisfatoriamente às demandas da rede municipal, coordenar o trabalho de base das regionais e ter voz ativa junto à categoria na capital. Na verdade, a coordenação da capital funciona como uma secretaria do SEPE. Não possui nenhuma autonomia para definir os encaminhamentos da luta na capital. Precisamos avançar na organização do SEPE no município do Rio de Janeiro. Aproximar o sindicato da base, refletindo os problemas cotidianos do espaço escolar. Para ampliar a força da nossa entidade, propomos horizontalizar as estruturas de poder dentro do sindicato, criando novas regionais que atendam a regiões menores, além da construção do núcleo da capital. Devemos iniciar um debate franco, honesto, sem falsos argumentos de que alguém deseja enfraquecer ou destruir o sindicato quando reivindica “abrir a discussão na categoria da necessidade de formação de um núcleo municipal na capital”. Este núcleo não acabará com as regionais. Pelo contrário, ele terá o papel de coordenar a ação das mesmas, organizando as demandas dos professores e funcionários da capital. Para este debate se realizar de maneira democrática e participativa. Propostas: • Reorganizar as regionais para fortalecer a luta e a organização da capital: uma regional por CRE ou no máximo 200 escolas; • A confecção de um jornal extraordinário do SEPE para que a categoria tenha acesso às diversas opiniões a respeito do tema; • Pela realização de um plebiscito na capital para definir a posição dos filiados sobre a proposta de construção do núcleo da capital. • Que os profissionais da educação decidam: NÚCLEO DA CAPITAL JÁ! • As licenças sindicais da rede municipal do Rio terão que ser baseadas na votação das chapas obtidas nas urnas da capital como ocorrem nos demais municípios. ASSINAM ESTA TESE Assinam essa tese: Marco Túlio (Reg III), Osvaldo Telles (Reg II), Marcio Franco (Reg VI), Doroteia Frota (Reg VI), Guilhermina Rocha ( Reg II), Claudio Monteiro (Reg V e I), Elson Simões (Coordenador Geral e Reg II), Odisseia de Carvalho (Campos), Graça (Macaé), Duda (Reg VI), Luis Augusto (Reg VII), Clarice Freitas (Barra Mansa), Sandra Bertagnoni (Barra do Piraí), Lívia (Reg VIII), Elaine Pernambuco (Nova Iguaçú), Izabel Cristina (Reg III e Caxias), Róbson Garcia (Reg I), Sandrelene Antunes (Campos), Norma Dias (Campos), Vicente França (São João de Meriti), Rosilene do Carmo (Rio das Ostras), Carlos ‘Arafat’ (Reg IV), J. C. Madureira (Reg I), Peixoto (aposentado/Rio das Ostras), Ivano (Reg VI), Patrícia Santos (Reg V), Eduardo Henrique (Reg IV), Wiliam Guedes (Reg V), Dulce (Rio das Ostras), TESES GERAIS - PÁGINA 129 Afonso Celso (Reg I), Wilson Jesus (Nova Iguaçú), Tatiana (Cachoeira de Macacu), Ênio (Resende), Rossan (Resende), Creusa (Barra do Piraí), Roberto (Cabo Frio), Ângela Borba (Campos), Heloisa (Macaé), Carla Wendling (Reg III), Elane Rochini (Reg III), Vicente Boréu (Reg III), Marcelo Grade (Mesquita), Simone (Belfort Roxo), Sagati (Petrópolis), Lucivânia (São João de Meriti). Tese 21 SEPE NAS RUAS, O CAMINHO É A LUTA “Calo-me, espero, decifro. As coisas talvez melhorem. São tão fortes as coisas! Mas eu não sou as coisas e me revolto” Carlos Drummond de Andrade NAS RUAS, O CAMINHO! O levante popular que sacudiu o Brasil a partir de junho de 2013 mostrou que há um novo patamar na luta de classes em nosso país. As cente nas de milhares de pessoas, antigos militantes e I – CONJUNTURA estreantes na luta política deram uma retumbante demonstração que não estão mais dispostos a GLOBALIZAR A RESISTÊNCIA! tolerar a exploração, as injustiças sociais e a corrupção generalizada sustentada pela aliança PT/ A crise do capitalismo, cada vez mais profunda, PMDB, assim como pelo PSDB e seus aliados. revela-se de forma mais evidente na retirada dos As faixas, os cartazes e as palavras de ordem direitos dos trabalhadores, na redução de invesem defesa dos serviços públicos (transporte, edutimentos em programas sociais e no aumento do cação e saúde) de qualidade (no “padrão FIFA”, desemprego. como ironicamente foi expresso nas passeaA acumulação de riquezas pela burguesia tas) mostraram-se como símbolos de um desejo intensifica-se em todas as regiões do planeta, maior: um Brasil administrado a serviço da imensa aprofundando a miséria e provocando o colapso maioria formada pelos que trabalham. Outra menambiental, que atinge de forsagem explícita nos “gritos ma mais intensa as parcelas das ruas” é a urgente tareO levante popular que mais pobres da humanidade. fa do conjunto dos grupos Segundo a ONU, 842 milhões sacudiu o Brasil a partir de de esquerda, daqueles que de pessoas passam fome no não abdicaram do Socialisjunho de 2013 mostrou que mo como projeto histórico, mundo. O crescimento dos grupos de uma profunda e radical há um novo patamar na luta neofacistas, inclusive eleitoavaliação de suas práticas; ralmente, em alguns países muitas vezes autoritárias, de classes em nosso país europeus demonstra que o sectárias e burocráticas. capitalismo é capaz de resgaO XIV Congresso do tar nefastas alternativas para SEPE/RJ ocorre em um garantir os seus interesses - custe o que custar. momento privilegiado; no contexto da insurgênPorém, os sinais de resistência a esses ataques cia popular de 2013, no rastro da maior greve dos aos trabalhadores estão visíveis em toda a Europa profissionais de educação já realizada na capital e e até mesmo no coração do sistema: os Estados às vésperas da Copa da FIFA e das eleições gerais Unidos. do país. Portanto, o nosso Congresso tem de ser A solidariedade a todos os movimentos que de capaz de consolidar o Sindicato como uma podealguma forma, colocam-se em oposição à explorarosa ferramenta de organização, mobilização e ção, à opressão e à exclusão imposta pela burgueluta. Não é hora de priorizar nossas diferenças. sia é um princípio fundamental. É preciso, ainda, Precisamos ocupar novamente as ruas, arranconstruir fóruns internacionais que sirvam para cando dos governantes nossas reivindicações esarticular globalmente todas essas lutas. pecíficas (salários dignos, planos de carreira uniTESES GERAIS - PÁGINA 130 ficados, melhores condições de trabalho etc..) e também assumindo um papel protagonista nas lutas políticas mais gerais. É tarefa do Congresso do SEPE apontar uma referência de calendário - que aproveite essa conjuntura de rara oportunidade para arrancar conquistas para a educação pública de qualidade do Estado e dos Municípios. A unidade, construída de forma coletiva no Congresso e expressa no programa que será aprovado dos lutadores e lutadoras sociais, é o método correto para a garantia de nossas vitórias. À Luta! Sem ilusões quanto ao Capitalismo e às instituições burguesas! À esquerda, pelo Socialismo! II – POLÍTICA EDUCACIONAL E FORMAÇÃO “Não sou esperançoso por pura teimosia, mas por imperativo existencial e histórico” Paulo Freire A categoria dos profissionais da educação é protagonista das grandes lutas pela conquista da democracia e de seus avanços. Desde o fim da ditadura militar, vivemos tempos de mudanças. No momento em que fizemos a opção pela profissão docente assumimos o desafio de cotidianamente, através da prática educadora, nos tornarmos agentes da resistência e não deixar que sejam colocadas em xeque as conquistas democráticas alcançadas, e nem seus avanços e consolidação. Quando o processo de dominação é exercido em função do esquecimento, o processo revolucionário tem que ter como ponto de partida a RECORDAÇÃO! O princípio desta reflexão é a necessidade de recordar os “paradigmas esquecidos” para a reconstrução do nosso referencial ideológico. Desta forma, a concepção pedagógica de Paulo Freire nos aponta uma prática educativa que se constrói a partir de nossas experiências e vivências individuais e coletivas. Uma pedagogia que sirva para uma vida digna e sem opressão e, construídos pelos próprios professores. Entretanassim, transforme a relação dos profissionais de to, não podemos aceitar projetos “experimentais” educação entre si, entre alunos, suas famílias e a que minimizem a qualidade que possa ser ofereciescola e consequentemente com o conjunto da da aos alunos. sociedade. Para avançarmos de fato e conquistar as A Greve de 2013 fez soar um grito há muicondições de trabalho que um professor e uma to tempo preso na garganta da categoria da eduprofessora necessitam e merecem, se faz necessácação. O movimento não foi apenas pela questão rio lutarmos pelo investimento público em nossas salarial e, mais do que nunca, dissemos não ao auescolas e não em Fundações e Empresas Privadas toritarismo pedagógico de Risolia e Costin. Duranque padronizam suas ações, tornando os profeste os governos Cabral /Paes, pudemos vivenciar sores em meros aplicadores desses projetos. de maneira muito clara as contradições de nossa Precisamos de uma práxis educativa que frágil democracia através de seus projetos educarecupere e respeite a autonomia de cada profescionais. Não nos faltou uma avalanche de conceisor e professora em sua sala de aula e unidade estos historicamente defendidos pelos acadêmicos colar. Que respeite a diversidade cultural de cada mais progressistas, deturpados e resignificados, bairro ou município deste Estado. Que respeite as para que esses governos justificassem suas redudiferenças e que tenha políticas concretas para ções de custos e mascarassem os reais objetivos acabar com a homofobia, o machismo e o racismo de suas políticas educacionais. Por isso, vemos em que ainda perduram nas escolas. nossas assembleias a categoria repudiar (não em Com o propósito de não apenas fazer critiseu conceito, mas em suas aplicações deturpadas ca aos projetos políticos pedagógicos que nos são pelos atuais governos) políticas historicamente impostos, defendemos que precisamos ter uma defendidas pela esquerda brasileira. proposta alternativa mais concreta. Sabemos que Não podemos mais aceitar políticas eduneste congresso não será possível fazê-la. Por isso, cacionais inclusivas que só excluem mais e mais propomos a organização de espaços privilegiados os alunos especiais. Assim como repudiamos o para o debate sobre esses Projetos Pedagógicos, fechamento de escolas, destacando as de horário que culminem em uma grande Conferência de noturno, sem as quais os alunos do Ensino de JoEducação. Nela consolidaremos embasamentos vens e Adultos ficam sem alternativas. teóricos e a formulação de alternativas. As secretarias de educação, no simples O SEPE deve retomar a confecção de suas ato de cumprir LEIS, não consultam as comunidapublicações pedagógicas; realizar seminários e dedes escolares e assim surgem os EDIs, onde faltam bates que precedam esta Conferência, em todos profissionais e em muitas unios núcleos e regionais. No mundo que precisamos dades as auxiliares é que cumA integração do todos os prem o papel da professora e queremos, a Educação é trabalhadores da educação regente. Para cumprir a Lei que magistério e o conjunto dos determina que o professor tem o espaço do exercício da funcionários, é outra granque ter 1/3 de sua carga horáde conquista do SEPE em ria total para planejamento de descoberta, da discussão e da seus quase 40 anos de exisseu trabalho - no caso dos protência. A compreensão de criatividade entre educadores fessores que trabalham com o que “Somos Todos Educa1º segmento do Ensino Funda- e educandos. Nesse espaço, dores” potencializa as nosmental - os professores de Edusas lutas contra os governos cação Física, de Artes e Língua não há meritocracia, mas pela Educação Pública, GraEstrangeira são sobrecarregatuita e de Qualidade; e sinados. Em Niterói, por exemplo, emancipação liza que a conquista de um o tempo de aula passou de 45 “Mundo sem explorados e min para 1h. oprimidos” só será possível Não consultam a comunidade e impõem com a unidade de todos os trabalhadores. o “horário integral”. Implantam programas de Nesse sentido, as diversas secretárias de nosso cunho pedagógico muito aquém do que as unisindicato (Assuntos Educacionais, Formação, Fundades escolares poderiam criar com seus profiscionários, Aposentados, de Combate ao Racismo e sionais qualificados. Bem como, não consultam e à Homofobia, de Gênero...) precisam desenvolver decidem implantar projeto que explora e expõe projetos articulados e que sejam capazes de incorum professor quando o mesmo precisa concordar porar os profissionais de educação às nossas camcom uma politica de polivalência para trabalhar a panhas coorporativas e às lutas políticas gerais. sua disciplina e outras afins. No mundo que precisamos e queremos, a Edu Defendemos os projetos multidisciplinacação é o espaço do exercício da descoberta, da res em qualquer escola, desde que tenham sido discussão e da criatividade entre educadores e TESES GERAIS - PÁGINA 131 educandos. Nesse espaço, não há meritocracia, mas emancipação! III – AVALIAÇÃO DAS GREVES, REORGANIZAÇÃO E PERSPECTIVAS PARA AS REDES ESTADUAL E MUNICIPAIS Há homens que lutam um dia, e são bons; Há outros que lutam um ano, e são melhores; Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; Porém há os que lutam toda a vida Estes são os imprescindíveis Bertold Brecht SEM UNIDADE NÃO HÁ VITÓRIAS! O ano de 2013 entra para a história e se torna um marco na trajetória da sociedade brasileira, principalmente na maneira que encontramos para enfrentar o capital e todas as suas formas de expressão. Depois da Primavera Árabe e das revoltas populares na Europa, vivemos no Brasil as jornadas de junho. O individualismo dá lugar ao protesto coletivo, com a percepção de que a luta pode trazer vitórias. Milhões vão às ruas para consagrar a palavra de ordem das manifestações iniciadas em protesto contra aumento nas tarifas dos ônibus: “Não é só por centavos, é por direitos”. A perplexidade diante das exorbitantes obras nos estádios de futebol e os gastos com os megaeventos tomam as ruas e por todo o país ecoa “Da Copa eu Abro Mão, Quero Dinheiro para a Saúde e Educação”. Impulsionada por essa conjuntura, a rede municipal de Educação do Rio de Janeiro que, com suas 1.540 escolas, é a maior do continente, se levanta numa greve de 50 dias letivos de embate direto com a política neoliberal para o ensino fundamental na cidade. O tema da educação fica ainda mais em evidência no cenário nacional e passa a ser o principal debate na Câmara dos Vereadores, na TV, jornais, redes sociais, nas ruas. A rede estadual, no mesmo dia, decreta greve também, contribuindo para aumentar o desgaste do governo Cabral. O SEPE atravessou, nesses meses de intenso combate, momentos de grandes responsabilidades e desafios. Duas greves para dirigir, cada uma com suas demandas e ambas duramente combatidas pelos governos. Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho não pouparam intransigência, arbitrariedade, autoritarismo e truculência. O SEPE teve sua legitimidade questionada por estes governos fascistóides, pela mídia a seu serviço e pela justiça burguesa. No Rio, profissionais de educação fomos expulsos da Câmara dos Vereadores, cercados por grades e violentamente agredidos com bombas, balas de borracha, spray de pimenta e cassetetes. A violação de tantos direitos para a aprovação do ainda mais difícil. É preciso entender que a luta Plano de Carreira da Prefeitura revelou o seu veré permanente, que não conquistamos tudo em dadeiro propósito, que era o de regulamentar as uma só batalha. O inimigo é forte e está no poder atrocidades desenvolvidas pela política privatizanse utilizando de todas as armas do Executivo, do te e meritocrática da educação. Legislativo, do Judiciário. É preciso entender que A greve da rede municipal desmascarou a farprecisamos sair fortes para futuros enfrentamensa da eficiência da Dama de Ferro Claudia Costin, tos. Estivemos todos no mesmo barco: direção e colocou em xeque a polivalência dos seus ginásios base. Muito sol quente na cabeça, longas camide excelência e revelou a privatização escandanhadas, necessárias ocupações; respiramos juntos losa da Educação Municipal, realizada através de gases lacrimogêneos, spray de pimenta; enfrentaseus “projetos”. Esta greve foi o grito de alforria mos a polícia, fomos criminalizados. de profissionais sufocados com a ausência de auDireção e base erraram e acertaram. As Astonomia e democracia nas escolas e cansados de sembleias são soberanas: essa é maior riqueza de serem tratados como fantoches a cumprir metas e nosso sindicato. E não abrimos mão dela. Existem tarefas vindas da SME. problemas na direção? Sim. Porém, nossos inimiA greve do Rio foi vitoriosa, ainda, por incorgos têm nome e endereço. Estão nos palácios de porar de forma efetiva centenas de merendeiras governos. Eles são os nossos alvos. Apontemos - que lutamos para que o cargo seja reconhecido nossas “armas” para eles. como cozinheiras-, agentes educadores, auxiliaEm diferentes momentos da luta, em esperes de creche, secretários escolares, agentes adcial no dia da grande repressão - o 1º de outubro ministrativos - entre outros segmentos de nossa ocorreu a votação arbitrária do Plano, e em outros categoria - à militância e à construção do SEPE. momentos de enfrentamento, contamos com a Esses companheiros e essas companheiras estiveajuda da população, dos movimentos sociais orgaram presentes nas assembleias, nas passeatas, na nizados, dos black blocs, dos anarquistas, autonoocupação da Câmara, nos enfrentamentos com a mistas e tantos outros grupos políticos. Respeitapolícia... reafirmando que SOMOS TODOS EDUCAmos toda manifestação militante contra o capital DORES. Um pensamento marcou a trajetória dese condenamos a criminalização dos movimentos sa categoria aguerrida, destemida, forte e corajosociais e dos agrupamentos políticos. sa: “Não é só por salários, é por uma educação de É importante salientar que não existe maioqualidade”. ria absoluta na direção deste sindicato. A direção A greve ganhou o apoio da sociedade, que não do SEPE tem uma composição proporcional, que aceitou tamanha agressão e nos fez reviver as jorpossibilita a participação de todas as chapas que nadas de junho. Desta vez, no entanto, a pauta não concorrem ao pleito. A proporcionalidade na comera difusa e, sim, em defesa da educação pública, posição da direção é outra característica da qual gratuita e de qualidade. Fonão abrimos não. Ela é a ram milhares e milhares nas garantia democrática da Os debates sobre os efeitos ruas com o mesmo cantar, representação de todos com a mesma rebeldia e nefastos das políticas, neoliberais os setores que constroem indignação que vieram das o SEPE. sobre a educação e seus jornadas de junho. Não vamos nos eximir Na greve da rede estada nossa responsabilidual tivemos problemas de profissionais colocam, em última dade. Temos orgulho de adesão, pois é uma rede que compor a direção de um instância, em cheque a própria sofreu grande ataque desindicato que constrói sua pois da greve de 2011 e tem gestão neoliberal do Estado história com muita luta, a meritocracia no seu ápice, principalmente nesses com o 14º salário e gratifitempos em que a imensa cações variadas. É uma rede maioria dos sindicatos se em que muitas professoras e professores entram burocratizou e se tornou braço do governo Lula/ esperando um próximo concurso para sair. Não foi Dilma. Quando a CUT passou a ser representante fácil manter a mobilização, mas conseguimos fazer do governo e não mais dos trabalhadores (assim o arrogante Risolia voltar a abrir canais de negocomo a CNTE), o SEPE desfiliou-se delas e manteciações com a categoria. Vivenciamos a ocupação ve-se coerente na luta pela autonomia da classe da SEEDUC, acampamento na ALERJ, passeatas e trabalhadora. assembleias da vanguarda da rede estadual que Greve não se faz só com vanguarda e a base suportou todas as ameaças de repressão governada categoria conseguiu fazer a maior greve de sua mental. história. A formação dos comandos de mobilizaEntrar em uma greve não é nada fácil e sair é ção nas regionais foi sem dúvida essencial na greve. Os profissionais da rede municipal de EducaTESES GERAIS - PÁGINA 132 ção não se pouparam na entrega, renovaram os quadros do SEPE e trouxeram novas questões para o debate. No percurso das greves, a intensa mobilização e a forte politização dos profissionais de educação desestabilizou o status quo. Afinal, os debates sobre os efeitos nefastos das políticas neoliberais sobre a educação e seus profissionais colocam, em última instância, em cheque a própria gestão neoliberal do Estado. Contudo, exatamente porque seduzimos não só a grande massa dos profissionais de educação para esse debate crítico, mas, principalmente, porque alcançamos parte significativa da sociedade carioca e fluminense com essa reflexão, a resposta dos governos foi extremamente coercitiva e antidemocrática. Nesse contexto, fomos agredidos e violentados fisicamente pelas forças policiais e tivemos nossos direitos mais elementares achincalhados pelo poder judiciário. Especialmente em relação ao poder judiciário fluminense, destacamos que esse se comportou como parte orgânica dos governos municipal e estadual. Ou seja, foi parcial e injusto no julgamento de nossas ações e autorizou toda sorte de violação de direitos dos grevistas e de sua representação sindical. Mas não recuamos! Muitíssimo ao contrário, continuamos nas ruas fazendo o debate político necessário sobre como nossa sociedade é injusta e desigual. Paralelo a isso, a repressão aumentava progressivamente: as forças policiais se colocavam como verdadeiros batalhões de exceção em nossas manifestações e os governos, com autorização do poder judiciário local, abriram processos de abandono de cargo que provocaria a exoneração de milhares de profissionais e já indicavam corte de vencimentos na próxima folha de pagamento. Os governos tentaram quebrar a nossa unidade e a nossa disposição de continuar em luta Os motivos que levaram a rede municipal do Rio de Janeiro depois de dezenoves anos, à greve em 2013 não deixaram de existir. Arrancamos do prefeito Eduardo Paes um índice de 15%, conquista de poucas categorias. Mas não fizemos a greve só por reajuste salarial. O Plano de Carreira precisa ser derrubado e substituído por outro que contemple as nossas reivindicações. Os grupos de trabalho (GT’s) não apresentam avanços em suas propostas, na medida em que a Prefeitura mostra-se intransigente na manutenção de seu projeto pedagógico autoritário, privatizante e meritocrático. Não é possível aceitar turmas superlotadas, cadernos antipedagógicos, hierarquização das escolas a partir de questionários avaliações, convênios/parcerias com instituições a serviço do lucro, falta de democracia na gestão escolar, assédio moral, carência de profissionais, artimanhas para burlar a lei de 1/3 de planejamento etc. Os problemas persistem. A vontade de lutar persiste. Somente uma leitura míope ou maliciosa das últimas greves é capaz de afirmar que nosso movimento fracassou. Em nossa concepção, tanto a greve da Rede Municipal quanto a greve da Rede Estadual foram, cada qual com as suas particularidades políticas e conjunturais, vitoriosas. Em síntese, fomos vitoriosos porque combatemos o bom combate sem recuar e mantivemos nossa fé de que a mobilização em prol de uma sociedade e de uma educação organizada de maneira radicalmente diferente da atual é não apenas necessário, mas urgente! É importante destacar que diversas redes municipais realizaram paralisações e greves ao longo de 2013. Os profissionais de educação de Volta Redonda, Caxias, São Gonçalo, Valença, Magé, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Niterói, Cabo Frio, Vassouras, e muitos outros também enfrentaram os seus respectivos governos municipais, evidenciando que as lutas generalizam-se. Devemos estimular e garantir as condições necessárias para que o conjunto dos municípios organizem novas mobilizações e greves em 2014. Agora, em 2014, é hora de voltarmos de cabeça erguida para as escolas, boicotando todo o projeto neoliberal, meritocrático e privatizante. O SEPE, que conseguiu mais uma vez ultrapassar as fronteiras do corporativismo, dos limites do município, do Estado do Rio e do país – fazendo ecoar a luta universal por uma educação pública, gratuita e de qualidade - tem uma responsabilidade: aprofundar o debate da educação, que não pertence apenas à esfera das escolas. Como ficam os cursos de Pedagogia diante da aberração da polivalência? Muitas lutas precisam ser travadas. Precisamos resgatar o pensamento de uma educação libertadora e a crítica social dos conteúdos. Devemos relacionar Paulo Freire e outros pensadores à nossa luta contra a meritocracia e a privatização. Queremos ousar com a proposta de uma GREVE NACIONAL dos profissionais de educação em 2014. Para isso, cabe ao SEPE tomar a iniciativa de articular essa mobilização nacional com os demais sindicatos estaduais. É hora de defendermos o SEPE e de projetarmos sua história na construção e na defesa da educação pública que queremos para nossas crianças e jovens. As greves acabaram, mas a luta é permanente. Seja bem-vindo ao grupo dos imprescindíveis! PLANO DE LUTAS Manter a luta pelos 10% do PIB para a Educação publica já Organizar a Greve Nacional da Educação. Rearticular o FEDEP (Fórum estadual em Garantia de formação no horário de traDefesa da Escola Pública), construindo uma políbalho para todos os profissionais de educação; tica unificada com os Profissionais de Educação FIM da POLIVALÊNCIA e da Certificação (Educação Básica, Escolas Técnicas, Universida Manutenção das classes especiais e sala des), estudantes e com o movimento social orgade recursos, com mobiliário adequado para alunizado; que se contraponha ao PNE (Plano Nacionos de necessidades especiais; nal de Educação) e seja referência de resistência Garantia de equipe multidisciplinar conpara outros municípios e estados. cursada para cada 300 alunos matriculados nas Participar das mobilizações “Da Copa eu U.E.; abro mão, quero dinheiro para Saúde e Educação”. Ampliação, gradativa e com garantia de Organizar a Conferência de Educação do qualidade no processo de aprendizagem, do horáSEPE no 2º semestre de 2014. rio de permanência dos alunos nas escolas. Lutar pela data base nas redes estadual e Garantir a possibilidade da utilização da municipais. L.E (Licença Especial) em qualquer época, não só 1 Pela Eleição direta dos diretores das escoano antes da aposentadoria. las; garantida a participação de toda a comunida Licença remunerada para estudos bem de escolar. como fim da perda de origem por motivo de licen Contra o fechamento de escolas e otimiça médica. zação das turmas. Planos de Carreira Unificados, garantida a Implementar a Escola de Formação do paridade por formação. SEPE. Efetivação dos Fim da política da GREVE NACIONAL dos Animadores Culturais, remeritocracia mercadológica conhecendo-os como intee contra a privatização da profissionais da educação em grantes do quadro de EduEducação Pública. cação. Pela autonomia pe- 2014. Cabe ao SEPE tomar “Uma matricula, dagógica e verbas públicas uma Escola”. somente para as escolas pú- a iniciativa de articular essa Transformação blicas. do cargo de merendeira em mobilização nacional Pelo cumprimento cozinheira pleno da lei nº 11738/2008 Nenhuma disci(1/3 de planejamento). plina com menos de 2 tem Pela melhoria das condições físicas (estrupos tura) das escolas e construção de novas unidades Artes, Sociologia e Filosofia em todos os educacionais. anos do Ensino Médio. Concurso Público para todas as funções Garantia de permanência em seus locais exercidas nas escolas; pelo fim da carência de prode origem de todos os servidores. Remoção só fissionais nas unidades escolares. com concurso! Fim das terceirizações e dos convênios Pela Equiparação salarial; pelo fim das discom fundações e ONG’S torções hora/aula. Paridade, com integralidade, para os apo Pelo fortalecimento e autonomia dos grêsentados. mios estudantis. Reforçar a campanha “Não é minha fun Retomar a campanha “Assedio Moral é ção não faço”! ’ Crime”. Limite de 20 alunos nas séries iniciais e 25 30 horas para funcionários administratinas demais séries. vos. Campanha para o aumento REAL dos salários (não ficarmos apenas correndo atrás dos reajustes baseados na perda da inflação e comeDA COPA EU ABRO MÃO, QUERO DINHEIRO çarmos a buscar os 5 salários para professores e PRA SAÚDE E EDUCAÇÃO! 3,5 para funcionários); A volta da grade curricular para 30 IV – CONCEPÇÃO SINDICAL, ORGANIZAÇÃO E tempos, com o direito de ter aulas de mais de ESTATUTO DO SINDICATO uma língua estrangeira por ano e a garantia de ter Linguagens artísticas em todos os anos. Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Aumento de investimento dos governos Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós municipais e estaduais na educação, ultrapassanignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos do o limite mínimo de 25% do orçamento. Sem a sempre. inclusão do FUNDEB; Paulo Freire TESES GERAIS - PÁGINA 133 Avançamos ao longo da década de 90 quando para que uma nova geração de educadores (lutaimplantamos o colegiado na direção estadual dedores sociais) ocupe seu lugar de direito na consmocratizando a direção do SEPE/RJ, com o fim do trução e na direção do seu sindicato, o SEPE. Esta presidencialismo e adotando a proporcionalidade nova geração reflete os acontecimentos do ano nas direções estadual e locais. Substituímos, de passado, assim como o período precedente. A coforma positiva, a lógica anterior da majoritariedaragem e a combatividade das ruas de junho, assim de. Acreditamos que contribuímos de forma sigcomo as desconfianças com os aparatos sindicais nificativa para desenvolver uma organização cujo que, nos últimos quase 25 anos, acumularam pouespaço sindical é distinto, e infelizmente minoritácas vitórias. Foram colocados na defensiva pelos rio, diante da grande maioria dos sindicatos. planos neoliberais de Collor/FHC e pelos governos Somos um sindicato que é contrário à manuPT/PMDB. E, vale lembrar pela cooptação política tenção financeira vinculada ao imposto sindical. ideológica de boa parcela das direções sindicais. O SEPE tem sua sustentação na contribuição voA incorporação desta nova geração, com suas luntária dos seus associados, diferentemente da virtudes e limites, certezas e desconfianças, será maioria dos sindicatos que dependem do imposto tanto mais sólida quanto mais o sindicato oferecer sindical. Elegemos direções diretamente proporespaços de participação, decisão e poder comparcionais, enquanto a maioria dos dirigentes sinditilhado. Neste sentido, a proporcionalidade SEM cais é eleita majoritariamente. QUALQUER PATAMAR Somos perfeitos? Obviamente Reconhecemos a necessidade DE ENTRADA adquire que não. Precisamos avançar um aspecto estratégimais organizando nosso sin- histórica de uma Central Sindical co. Da mesma forma, dicato na perspectiva permaneste momento da nente de garantir os espaços que seja Classista, Unitária e vida do SEPE, o limidemocráticos. te de mandatos nas Democrática, fundamentada na instâncias de direção, EXCLUDENTE... JÁ CHEGA A salvaguarda organização pela base, agregando como SOCIEDADE EM QUE VIVEMOS! antiburocrática, tamNENHUM RETROCESSO! MA- os setores combativos da classe. bém adquire um paNUTENÇÃO DA PROPORCIONApel fundamental. LIDADE, PARA QUE TODOS LU- Entretanto, não consideramos EntendeTEMOS JUNTOS! NÃO A QUALmos que para aperfeiQUER PATAMAR DE ENTRADA! que esse espaço esteja construído çoar o funcionamento democrático do sindiDesde junho do ano passacato precisamos valodo está aberta uma nova etapa na luta política no rizar e estimular, estatutariamente, a renovação Brasil. Uma nova geração surgiu disposta a lutar. dos quadros dirigentes bem como ter toda a salRara oportunidade de renovar, oxigenar, trazer vaguarda possível contra o risco da acomodação sangue novo para o sindicato. Às gerações antigas, burocrática das nossas direções eleitas. Por isso, seu dever é abrir espaços para a máxima particidefendemos modificações no Estatuto do SEPE/ pação. Várias críticas são justas, outras provavelRJ que determinem a limitação de dois mandatos mente não. O debate franco, transparente e deconsecutivos na permanência de um militante em mocrático pode fazer a síntese entre gerações de uma instância das nossas direções sindicais (Dilutadores para que a categoria e seu sindicato se reção Estadual e Direções de Núcleo/ Regional). fortaleçam mais e mais. Frente a este quadro de Nada impedindo que depois de transcorrido um tantas possibilidades, uma parcela conclui que a mandato ausente desta instância, o referido mitarefa mais importante para o SEPE é retornar a litante possa voltar à direção (com a limitação de um modelo sindical em que uma maioria eventual dois mandatos seguidos). Também consideramos EXCLUI vários outros pensamentos do sindicato! que a utilização das licenças sindicais deve ter Somos contrários a essa concepção. Somos intrana mesma limitação, com seu uso restrito a dois sigentes na defesa da proporcionalidade qualificamandatos consecutivos. da e na defesa da pluralidade. É importante lembrar que o militante poderá compor a direção colegiada da estadual e local no SEPE QUE TE QUERO MAIS FORTE! RADICALIperíodo, ou de forma alternada. Por fim, defendeZAR OS MODELOS DE DEMOCRATIZAÇÃO DE BASE! mos que essas proposições já sejam aplicadas em caráter retroativo. O calendário e o chamado para a greve naO compromisso com a base local (município ou cional da educação serão, com certeza, as tarefas regional) é decisivo para o crescimento do nosso mais importantes deste congresso. A segunda tasindicato. Por isso para participar da direção colerefa mais importante será garantir as condições giada local será obrigatório comprovar residência TESES GERAIS - PÁGINA 134 e/ou matrícula em uma unidade escolar da área geográfica correspondente. Outro fator que consideramos importante para o crescimento da organização/mobilização dos núcleos municipais e regionais da capital é o tamanho das direções colegiadas locais, que devem ter a capacidade necessária para atender a demanda. Assim, propomos que o número de escolas seja o critério para a composição mínima (número de diretores) da direção local. Defendemos, ainda, que uma das formas de ampliar concretamente a participação democrática é regulamentar de forma explicita a equivalência estatutária dos Conselhos de Representantes de Escolas das regionais e núcleos municipais como Conselhos Deliberativos Locais. O que propomos é formalizar estatutariamente a criação de uma instancia local superior às direções eleitas de regionais e núcleos (de mesma forma que o conselho deliberativo estadual é superior estatutariamente à direção estadual) e inferior às assembleias gerais locais. Assim, os representantes eleitos de cada escola serão membros potenciais desta instancia (que da mesma forma que o conselho deliberativo estadual terá participação das direções locais correspondentes). O caráter colegiado e plural das direções é o antídoto para evitar práticas autoritárias e desvios burocráticos. A responsabilidade pelos acertos e erros é de todos, o compromisso com as lutas é coletivo. Por isso é fundamental que as direções locais tenham obrigatoriamente dois coordenadores gerais e dois tesoureiros, no mínimo. A reorganização do Movimento Sindical, questão gerada em função da degeneração da CUT – Central Única dos Trabalhadores, é bastante polêmica entre os que militam no SEPE. Reconhecemos a necessidade histórica da reconstituição de uma Central Sindical que seja Classista, Unitária e Democrática, fundamentada na organização pela base, agregando os setores combativos da classe. Entretanto, não consideramos que esse espaço esteja constituído. Ao contrário, constatamos que há um profundo fracionamento entre os setores combativos. As divergências expressam avaliações distintas sobre o processo da reorganização do Movimento Sindical e, infelizmente, atitudes sectárias e autoproclamatórias. O nosso desafio é superar este atual quadro. Defendemos que o SEPE deve incentivar a formação e a ampliação de fóruns nacionais, tão combativos quanto plurais; sendo um exemplo a Mesa Nacional Coordenadora de Lutas (constituído pela Intersindical, APS – Nova Era, Unidos pra Lutar, FOS, MAS, Unidade Classista, entre outras). Cabe também ao SEPE ter, como prioridade política, a construção de um Fórum Nacional de Lutas e (fóruns estaduais unificados) com a CSP - Conlutas, MST, e outras organizações combativas. O SEPE, não deve ficar ao sabor da disputa en- tre “esse ou aquele lado” e, sim, protagonizar uma política que convoque todos os “lados” para a superação desse quadro fracionado, pela reconstrução unitária. Somos otimistas em relação às possibilidades de, em médio prazo, recriarmos as condições básicas para a efetivação do processo unificador do sindicalismo combativo, plural e democrático. Temos certeza que cabe ao conjunto da categoria a responsabilidade de acompanhar esse debate e deliberar sobre os seus rumos. A desfiliação do SEPE à CUT foi uma decisão tomada por cerca de 20 mil filiados através de um plebiscito aprovado pelo nosso Congresso de 2005, e realizado, em 2006, conjuntamente com as eleições para as direções. Esse foi, sem dúvida, um avanço em nossa democracia interna. O debate não pode ficar restrito a pequenos “iluminados”, senhores do destino de toda categoria. É preciso, desde já, que as propostas e as diversas avaliações sejam debatidas em todas as escolas. Da mesma forma deve ser feito o debate sobre a CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação. A experiência do plebiscito de 2006 deve servir de lição para o enfrentamento e para a superação das divergências atuais. Desta forma, defendemos que o Congresso do SEPE aprove a realização de um plebiscito em 2015, conjuntamente com as eleições das direções colegiadas - estadual e locais - sobre essa questão. Novamente reivindicamos a participação democrática e protagonista de toda a base filiada em decisões significativas para a trajetória do nosso Sindicato. ASSINAM ESTA TESE Adriano Santos – Itatiaia Aladir Ferreira – São Pedro da Aldeia Alcebíades Teixeira “Bid” – Rio de Janeiro Alexandre Areias - Araruama Ana Celia – Japeri Ana Clara Connti – Rio de Janeiro Andrea Fernando - Rio de Janeiro Antonio Claudio “Toinho” – Rio de Janeiro Carlos Alberto (Beto) – Resende/B Mansa Carlos Alberto de Oliveira V Redonda Carlos Bittencurt – Niterói Carlos Eduardo Giglio – Volta Redonda Carlos Ernesto Santa Fé – Campos de Goytacazes Carolina - Rio de Janeiro Cinara Cortez – Rio de Janeiro Claudia Paiva – Rio de Janeiro Cleuza Almeida – V Redonda Daniel Monteiro - Rio de Janeiro Daniela Abreu – Magé Daniele Jardim – Magé Dimas Pereira – Rio de Janeiro Dione Lins – Rio de Janeiro Eliene – V Redonda Erica Pereira Mota – Angra dos Reis Eva de Jesus – Rio de Janeiro Evelyn Silva – Rio de Janeiro Fernando de Souza – Japeri Fernando Teixeira – Rio de Janeiro Gabriela de Paula – Paracambi / P de Frontin Gelson Freitas - Duque de Caxias Gilberto R. Silva – Magé Gisele Matheus - Rio de Janeiro Glaucia Souza Gama - Rio de Janeiro Gloria Bittencourt - Saquarema Guaraci – Rio de JaneiroHenai Ligia de Paiva- Japeri Hiller Santana – Rio de Janeiro Isa Maria da Silva- B Mansa Ivanete Silva – Duque de Caxias Joel Moraes – Rio de Janeiro Jorge Augusto Correa – Rio de Janeiro Jorge Cosme – Rio de Janeiro José Ferreira – Rio Bonito Juliana Nascimento - Magé Julio Cezar Jacintho – Nova Iguaçu Jussara Nunes – Volta Redonda Keila – Rio de Janeiro Landia de Paula – Rio de Janeiro Lidiane Lobo – Nova Iguaçu Luci Tridande – Rio Bonito Marcia – Rio de Janeiro Marcia Sergio – V Redonda Marco Aurelio Gandra-Mineiro – Piraí Marco Cesar Costa - Magé Maria da Conceição (Sãozinha) – Volta Redonda Maria das Dores Motta “ Dodora” – Volta Redonda Maria Gorete – Rio de Janeiro Maria José Ferreira de Mello – Niterói Maria Joselma – Rio de Janeiro Mario Barreto - Rio de Janeiro Marlene Souza – Japeri Martinho- Petrópolis Mirna Freire – Nova Iguaçu Monica Barroso – Rio de Janeiro Nair Schocair -V Redonda Nazarè Justino – V Redonda Neomar Zózimo – São Pedro da Aldeia Patricia Alves Machado – Japeri Paula Rodrigues – Volta RedondaPaulinho – Rio de TESES GERAIS - PÁGINA 135 Janeiro Raul de Almeida Santos – Volta Redonda Ricardinho – Rio de Janeiro Ricardo – Miguel Pereira Robson Welliton - Niterói Rodrigo Teixeira – Mendes Rodrigo Teixeira – Niterói Rogério Alimandro – Rio de Janeiro Romário da Silveira - Nova Iguaçu Rosa Maria de Fátima – Japeri Rosengela Maria Domingos – Japeri Roseni- Rio de Janeiro Rosilene Almeida – Rio de Janeiro Sandra Araújo – Rio Bonito Sergio Paulo Aumheimer Filho – Rio de Janeiro Sheila Teixeira – Rio de Janeiro Silvana Silva – Campos de Goytacazes Silvia Cristina cunha –B Mansa Sirley Antunes – Silva Jardim Talíria Petrone Soares - Niteroi Taliria Petroni - Rio de Janeiro Thais Martins – Quatis Thiago Morais - Rio Bonito Val – S Gonçalo Vanderlei Antunes – Rio Bonito Veraci Alimandro – Rio de Janeiro Vinicius Codeço – São Gonçalo Vinicius de Almeida – Niterói Viviane Dias – Rio Bonito Walter Moreira - Niterói Walter Moreira Dias - Niterói WIllian Benita – Nova Iguaçu Wilton Palha – Rio de Janeiro Wilton Porciúncula – Rio de Janeiro TESES GERAIS - PÁGINA 136