as s has anhas - Trupe Artemanha
Transcrição
as s has anhas - Trupe Artemanha
Autor Luciano Santiago Lima Teatrólogo, ator, encenador, dramaturgo e orientador artístico. Nasceu em março de 1978 na cidade de São João de Meriti, RJ, passando sua bela infância, segundo o autor, no bairro de Santa Maria, Belford Roxo, RJ, onde viveu até os 10 anos de idade. A Trupe Artemanha foi fundada em 1996 em Taboão da Serra-SP, onde trabalhou por oito anos e realizou um importante processo de formação de público. A partir de 2005 o grupo expandiu seus trabalhos para a Zona Sul do município de São Paulo, sediando-se em Campo Limpo, e atuando também nos bairros de Capão Redondo, Vila Andrade e Paraisópolis, que juntos, compreendem aproximadamente 700 mil habitantes. S A H N A M E RATNHAS A ARTA EM RTA E M S A H N S NHAS A A M E H T R N A A M E T R ARTEM A Desde 2005 a Trupe Artemanha realiza apresentações de espetáculos, oficinas, palestras e mostras de teatro nesta região, promovendo apresentações de grupos de teatro de diferentes cantos da cidade de São Paulo, do interior do estado e de outras cidades do país, com uma programação totalmente gratuita e diversificada, recebendo públicos de todas as faixas etárias e classes sociais, sobretudo, pessoas que dificilmente têm acesso ao teatro e à arte de modo geral. Este é um diferencial do projeto artístico-político do grupo, pois o Artemanha está distante dos centros de cultura e lazer e suas ações fortalecem o movimento teatral em sua região de atuação, expandindo-se para outros bairros de São Paulo e cidades do país, possibilitando um maior contato com os moradores e artistas locais. ANHAS A Trupe Artemanha sempre procurou trazer para cena temas que dialogassem com fatos históricos do país. Em seus trabalhos, a Trupe mescla elementos circenses, danças dramáticas, ritmos populares e o trabalho com máscaras, com o principal objetivo de apresentar espetáculos que provoquem exercícios de reflexão, deformando a realidade apresentada. S A H A N A R M T E E T R M ART A A N H AS EM ANH REALIZAÇÃO: O D N A L E REV S A H N A M ARTE e e Age! eag R A quebrada o por Organizad ago anti Luciano S O livro Revelando Artemanhas – A quebrada Reage e Age! revela um pouco da história do grupo Trupe Artemanha de investigação teatral, coletivo radicado desde 1996 na cidade de São Paulo. O livro foi organizado pelo fundador-integrante Luciano Santiago, que vivenciou todas as fases do grupo e pôde relatar e sintetizar com uma linguagem coloquial o que se passou durante os 18 anos de trajetória do Artemanha. Dando foco principalmente aos anos que foram vivenciados no bairro do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. O Artemanha está no bairro do Campo Limpo desde 2005, contribuindo consideravelmente com o cotidiano cultural da região. Nesses últimos 9 anos, o grupo criou os seguintes projetos e ações: FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo (2006); Artemanha Recebe (2008); Artemanha nas Praças (2009); Ocupação de um espaço público, hoje conhecido como Espaço Cultural CITA (desde 7 de maio de 2011); Escola Popular de Teatro CITA (2011); Revirada Cultural da Resistência, criada em 2011 para defender a Ocupação do Espaço Cultural CITA, entre outras ações apoiadas pelo Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. ARTEMANHAS AS 11340 capa.indd 1 A quebrada Reage e Age! Estudou e se formou no Teatro Escola Macunaíma (1997-2000), além de ter participado de oficinas livres e treinamentos com Tiche Vianna, Renato Ferracini, Tânia Farias, Antônio Rogério Toscano, Alexandre Mate, Iná Camargo Costa, Ingrid Koudella, Marcelo Bones, Ligia Veiga, Pax Bittar, Lu Grimaldi, Grupo Espanhol Ponkã, Jair Assumpção, Roberto Vignati, Ednaldo Freire, Amauri Alvarez, Wolney de Assis, entre outros mestres que contribuíram para sua formação artística. ARTEMANH REVELANDO ARTEMANHAS Chegando a São Paulo, morou no bairro Jardim Scândia, em Taboão da Serra, município da Grande São Paulo. Teve o primeiro contato com a arte teatral em março de 1994, quando ingressou no grupo amador SCART, encenando no mesmo ano seu primeiro trabalho como ator: Santuário de Vampiros, de Salvador Ribeiro. Foi um dos fundadores da Trupe Artemanha, em 1996, participou de outros grupos em Taboão da Serra: Quem Diria e Deixa-Comigo, em 1996; e foi ainda um dos fundadores da U.T.T - União Teatral Taboão, em 1997. AS S A H N A M ARTE S A H N A M E T R S ANHAS A A H N A M M TE ARTEM AER ART ANHAS TRUPE ARTEMANHA DE INVESTIGAÇÃO TEATRAL APOIO INSTITUCIONAL: CO-PATROCÍNIO: CULTURA 17/1/2014 10:31:09 Autor Luciano Santiago Lima Teatrólogo, ator, encenador, dramaturgo e orientador artístico. Nasceu em março de 1978 na cidade de São João de Meriti, RJ, passando sua bela infância, segundo o autor, no bairro de Santa Maria, Belford Roxo, RJ, onde viveu até os 10 anos de idade. A Trupe Artemanha foi fundada em 1996 em Taboão da Serra-SP, onde trabalhou por oito anos e realizou um importante processo de formação de público. A partir de 2005 o grupo expandiu seus trabalhos para a Zona Sul do município de São Paulo, sediando-se em Campo Limpo, e atuando também nos bairros de Capão Redondo, Vila Andrade e Paraisópolis, que juntos, compreendem aproximadamente 700 mil habitantes. S A H N A M E RATNHAS A ARTA EM RTA E M S A H N S NHAS A A M E H T R N A A M E T R ARTEM A Desde 2005 a Trupe Artemanha realiza apresentações de espetáculos, oficinas, palestras e mostras de teatro nesta região, promovendo apresentações de grupos de teatro de diferentes cantos da cidade de São Paulo, do interior do estado e de outras cidades do país, com uma programação totalmente gratuita e diversificada, recebendo públicos de todas as faixas etárias e classes sociais, sobretudo, pessoas que dificilmente têm acesso ao teatro e à arte de modo geral. Este é um diferencial do projeto artístico-político do grupo, pois o Artemanha está distante dos centros de cultura e lazer e suas ações fortalecem o movimento teatral em sua região de atuação, expandindo-se para outros bairros de São Paulo e cidades do país, possibilitando um maior contato com os moradores e artistas locais. ANHAS A Trupe Artemanha sempre procurou trazer para cena temas que dialogassem com fatos históricos do país. Em seus trabalhos, a Trupe mescla elementos circenses, danças dramáticas, ritmos populares e o trabalho com máscaras, com o principal objetivo de apresentar espetáculos que provoquem exercícios de reflexão, deformando a realidade apresentada. S A H A N A R M T E E T R M ART A A N H AS EM ANH REALIZAÇÃO: O D N A L E REV S A H N A M ARTE e e Age! eag R A quebrada o por Organizad ago anti Luciano S O livro Revelando Artemanhas – A quebrada Reage e Age! revela um pouco da história do grupo Trupe Artemanha de investigação teatral, coletivo radicado desde 1996 na cidade de São Paulo. O livro foi organizado pelo fundador-integrante Luciano Santiago, que vivenciou todas as fases do grupo e pôde relatar e sintetizar com uma linguagem coloquial o que se passou durante os 18 anos de trajetória do Artemanha. Dando foco principalmente aos anos que foram vivenciados no bairro do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. O Artemanha está no bairro do Campo Limpo desde 2005, contribuindo consideravelmente com o cotidiano cultural da região. Nesses últimos 9 anos, o grupo criou os seguintes projetos e ações: FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo (2006); Artemanha Recebe (2008); Artemanha nas Praças (2009); Ocupação de um espaço público, hoje conhecido como Espaço Cultural CITA (desde 7 de maio de 2011); Escola Popular de Teatro CITA (2011); Revirada Cultural da Resistência, criada em 2011 para defender a Ocupação do Espaço Cultural CITA, entre outras ações apoiadas pelo Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. ARTEMANHAS AS 11340 capa.indd 1 A quebrada Reage e Age! Estudou e se formou no Teatro Escola Macunaíma (1997-2000), além de ter participado de oficinas livres e treinamentos com Tiche Vianna, Renato Ferracini, Tânia Farias, Antônio Rogério Toscano, Alexandre Mate, Iná Camargo Costa, Ingrid Koudella, Marcelo Bones, Ligia Veiga, Pax Bittar, Lu Grimaldi, Grupo Espanhol Ponkã, Jair Assumpção, Roberto Vignati, Ednaldo Freire, Amauri Alvarez, Wolney de Assis, entre outros mestres que contribuíram para sua formação artística. ARTEMANH REVELANDO ARTEMANHAS Chegando a São Paulo, morou no bairro Jardim Scândia, em Taboão da Serra, município da Grande São Paulo. Teve o primeiro contato com a arte teatral em março de 1994, quando ingressou no grupo amador SCART, encenando no mesmo ano seu primeiro trabalho como ator: Santuário de Vampiros, de Salvador Ribeiro. Foi um dos fundadores da Trupe Artemanha, em 1996, participou de outros grupos em Taboão da Serra: Quem Diria e Deixa-Comigo, em 1996; e foi ainda um dos fundadores da U.T.T - União Teatral Taboão, em 1997. AS S A H N A M ARTE S A H N A M E T R S ANHAS A A H N A M M TE ARTEM AER ART ANHAS TRUPE ARTEMANHA DE INVESTIGAÇÃO TEATRAL APOIO INSTITUCIONAL: CO-PATROCÍNIO: CULTURA 17/1/2014 10:31:09 REVELANDO ARTEMANHAS A quebrada Reage e Age! Um projeto: Livro Documental publicado com o CO-PATROCÍNIO da 21ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo Pelo projeto: “CITA – 3 Eixos: Ocupar, Revelar e Difundir...” REVELANDO ARTEMANHAS A quebrada Reage e Age! Organizado por Luciano Santiago REALIZAÇÃO: APOIO INSTITUCIONAL: CO-PATROCÍNIO: CULTURA Índice 7APRESENTAÇÃO 17 ARTE CAMPO LIMPO MANHA 23FESTCAL 43 TRUPE ARTEMANHA NO FOMENTO AO TEATRO - PROJETOS 44 Trupe artemanha de investigação urbana 51 Revelando Artemanhas 61 15 Anos revelando Artemanhas 70 Cita – 3 Eixos: Ocupar, Revelar e Difundir 101 TRUPE ARTEMANHA DE INVESTIGAÇÃO TEATRAL 109 RELATOS SOBRE A OCUPAÇÃO DO ESPAÇO CULTURAL CITA 117 MEMÓRIAS TRUPE ARTEMANHA 139AGRADECIMENTOS 142 Consultas bibliográficas - Ei! O que vocês fazem? - Teatro. - O que é isso? - Teatro. - Vocês trabalham com o quê? - Teatro. - Tá, mas vocês vivem de quê? - Teatro. APRESENTAÇÃO O parto se deu em janeiro de 1996 numa tarde chuvosa como de costume nessa época, São Paulo se desmancha em água. Exatamente num dia 06, sábado, dia de Reis (feliz coincidência com essa tão importante data), nascia o Grupo Teatral Artemanha, na Escola Estadual Laurita Ortega Mari, bairro Jardim Clementino, no município de Taboão da Serra, São Paulo. Os articuladores e participantes daquele primeiro encontro foram Flávia D’Á Lima, Ney Rodrigues, Luciano Santiago, Daniela Alves, Solange Alves e Wilames Alves os três últimos faziam parte da mesma família “Alves”, que optariam em não mais fazer teatro depois de alguns anos. Em algum momento dessa história, Flávia D’Á Lima, que permaneceu na primeira formação do grupo até o final de 1997, voltaria para o Artemanha em 2007 e, depois, continuaria sua linda trajetória de atriz no Grupo Encena. O ator e diretor Ney Rodrigues, que foi responsável pela primeira direção de um espetáculo do Artemanha, também saiu em 1997 e não mais voltou, seguiu seu rumo fazendo trabalhos solo e com outros grupos um desses importantes coletivos foi o Engenho Teatral, que, de 2002 a 2004, ocupou com o seu Teatro Itinerante a Praça do Campo Limpo (que mais tarde se tornaria a casa ou praça do Artemanha). E, finalmente, Luciano Santiago, o único dos fundadores que continua no coletivo e que narrará neste livro, em formato documental, uma breve trajetória desse grupo que completou 18 anos de história no início de 2014. Este livro pretende relatar importantes acontecimentos que o Artemanha passou em seus anos na cidade de Taboão da Serra (1996 a 2004); principalmente no bairro do Campo Limpo, cidade de São Paulo (2005 até 2013). Serão relatadas ações e atividades que foram criadas nesses últimos anos, como a criação do FESTCAL (Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo), a participação do grupo no Programa de Fomento ao Teatro, como a criação da Escola Popular de Teatro CITA, até a ocupação do espaço público que se tornou sede do grupo e de vários coletivos artísticos, e o Espaço Cultural CITA – Centro de Investigação Teatral Artemanha. Com a reação, cria-se a ação Poderia ser um time de futebol que se encontraria para bater bola aos domingos e extravasaria a dura semana de trabalho que cada um dos filhos e pais de famílias dos bairros mais afastados do Centro têm como opção de lazer, já que a rotina criada e herdada de gerações passadas continua a existir na vida de cada um desses mesmos jovens que nascem nas ditas periferias. Poderia ser mais um grupo de pagode que cantaria músicas melancólicas tendo como inspiração: Raça Negra, Katinguelê, Negritude Jr, Arte Popular, Só pra Contrariar... Uma imensidão de pagodeiros que eram fenômenos entre as casas de tijolos à mostra, entre as vizinhanças que penduravam suas roupas em varais armados nos fundos das casas, nas lajes ou em qualquer lugar apertado que permitisse estender os uniformes dos operários paulistanos das classes D e E, cantando músicas que muitas vezes lembrariam os clássicos tocados nos anos 70 e 80, hoje considerados bregas: Antônio Marcos, Amado Batista, Ovelha, Reginaldo Rossi, entre outros que agora recebiam como “homenagem” composições e ritmos diferentes, mas que mantinham as declarações melosas de amor ou os ressentimentos por um rompimento qualquer. Ou poderia ter sido um grupo de rap, ritmo musical de protesto contra as mazelas de bairros pobres das cidades da Grande São Paulo, que ganhou força principalmente na década de 90. E enquanto isso, “do outro lado da ponte”, aconteciam apresentações dos espetáculos que fizeram parte da trilogia bíblica do Teatro de Vertigem, sob a direção de Antônio Araújo: Paraíso Perdido (1992), Livro de Jó (1995) e Apocalipse 1.11 (2000), inspiradores de diversos grupos, um teatro concebido para espaços alternativos que tratavam de questões do homem urbano atual a partir de uma releitura de capítulos da Bíblia, um teatro mais intimista, utilizando-se de recursos cênicos extravagantes que depois viraram referência de encenação. O principal dos elementos é o termo “teatro colaborativo”, que se desdobra e se aproxima do “teatro de grupo”. Mas o que foi esse teatro colaborativo oficializado na década de 90? É importante mencionar um dos trechos escritos pelo dramaturgo Luiz Alberto de Abreu: [...] Pode-se dizer que o processo colaborativo é um processo de criação que busca a horizontalidade nas relações entre os criadores do espetáculo teatral. Isso significa que busca prescindir de qualquer hierarquia preestabelecida e que feudos e espaços exclusivos no processo de criação Revelando Artemanhas 8 são eliminados. Em outras palavras, o palco não é reinado do ator, nem o texto é arquitetura do espetáculo, nem a geometria cênica é exclusiva do diretor. Todos esses criadores e todos os outros mais colocam experiência, conhecimento e talento a serviço da construção do espetáculo de tal forma que se tornam imprecisos os limites e o alcance da atuação de cada um deles. [...] Apesar da grande admiração que existe pelos mestres, e que com certeza essa dinâmica de trabalho “processo colaborativo” foi algo que rompeu com o teatro besteirol da época, que ainda consegue fazer estragos em todo cenário do teatro nacional, que merece uma aprofundada discussão. Hoje, considera-se a partir de discussões dentro da Trupe Artemanha, de relatos de grupos do interior do estado, das periferias da cidade de São Paulo e Grande São Paulo, que esse tipo de processo colaborativo está enraizado nos pilares de grupos que contam com seus próprios integrantes para construção de cenários, adereços, figurinos, etc. tendo em cada um uma afinidade específica para determinada tarefa que surge naturalmente dentro do coletivo; ou seja, o fazer teatral em processo colaborativo existe há anos, levando em conta outros coletivos que surgiram, ainda os que se desfizeram por não conseguir manter dignamente seus trabalhos, pois a organização da sociedade em um país Revelando Artemanhas 9 como o Brasil ainda não permite uma dedicação exclusiva da maioria da população interessada em pesquisar e produzir arte. Foi nesse contexto que surgiu a Trupe Artemanha, num bairro da periferia do município de Taboão da Serra que faz divisa com os bairros do Campo Limpo e Capão Redondo, tendo a oportunidade de conhecer de perto a dura realidade desses lugares que nos anos noventa tiveram uma das maiores taxas de homicídios do mundo e revertendo esse quadro com movimentos sociais e culturais de seus próprios moradores. O que fazer? Muito Teatro. A reação que surge está conexa à falta de investimentos de políticas públicas para a cultura que assola cidades de todo o país. Se levarmos em consideração que, com a criação da Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo1, que ¹ LEI Nº 13.279, 8 DE JANEIRO DE 2002 (...) Tem como objetivo apoiar a manutenção e criação de projetos de trabalho continuado de pesquisa e produção teatral visando o desenvolvimento do teatro e o melhor acesso da população ao mesmo. Fonte: http://www3.prefeitura.sp.gov.br/cadlem/secretarias/negocios_ juridicos/cadlem/integra.asp?alt=09012002L%20132790000 deu certo fôlego para uma filosofia de investimento direto em grupos para realizarem a manutenção e organização de suas pesquisas, priorizando dar continuidade a um projeto artístico maior do que apenas a produção de um espetáculo é importante pontuar, ressaltar, enfatizar, todos os adjetivos referentes a tal Programa de Fomento ao Teatro, que, inclusive, permitiu que fosse publicado esse livro, distribuído gratuitamente e que resultará em mais um registro de resistência da arte teatral a feudos do mercado. Revelando Artemanhas 11 Revelando Artemanhas 12 Revelando Artemanhas 13 Revelando Artemanhas 14 Revelando Artemanhas 15 Revelando Artemanhas 16 ARTE CAMPO LIMPO MANHA O Campo Limpo tem cerca de 600 mil habitantes. Está localizado na Zona Sul de São Paulo, próximo ao Capão Redondo e Jardim Ângela e vizinho ao Bairro do Morumbi. Também é considerado um corredor cultural, pois tem acesso aos municípios de Taboão da Serra, Embu das Artes e Itapecerica da Serra, que em suas particularidades possuem movimentos artísticos diversificados. O bairro tornou-se um local centralizado da maioria das manifestações artísticas da região. Podemos encontrar diversos saraus, em especial o Sarau do Binho, instituições culturais (Projeto Arrastão, Capão Cidadão, Turma da Touca, Parque Santo Dias) e uma grande concentração do movimento hip-hop. Um local que sempre ferveu de manifestações produzidas em mais uma das periferias de uma grande cidade, que acaba criando uma nova maneira de se compreender a Arte, novas estéticas e os desdobramentos desse processo. E foi nesse intenso movimento cultural que o grupo se envolveu rapidamente e chegou de vez ao bairro Campo Limpo, pois já estava familiarizado com artistas e militantes de movimentos sociais da região, atuando também com apresentações do espetáculo Soltando o Verbo. Primeiro local para residência artística, dificuldades e persistências Sempre existiu nas cidades brasileiras a dificuldade de grupos culturais terem espaços para trabalhar e desenvolver suas pesquisas. E não foi diferente com a Trupe Artemanha, que teve esse mesmo tipo de dificuldade em Taboão da Serra e que também teria no bairro Campo Limpo. Mesmo assim, algumas possibilidades surgiram na época com bastante persistência. E o primeiro local em que os integrantes do grupo começaram sua história no bairro foi no salão superior da Biblioteca Municipal Marcos Rey, localizado na Avenida Anacé, n° 92 – Jardim Umarizal, na região do Campo Limpo, onde realizou encontros, reuniões, pesquisas, leituras e ensaios. Apesar de o grupo ter conseguido esse local para os encontros, surgiram certas limitações para que pudessem ser realizados os trabalhos, a principal delas era o horário, que se limitava ao funcionamento da biblioteca. E por ser uma biblioteca e É importante ressaltar que foram feitos esforços imensuráveis pela gestora carinhosamente chamada de Marjô, que se reuniu diversas vezes com os integrantes do Artemanha para traçar opções que pudessem atender às demandas dos trabalhos do grupo. não dispor de um espaço adequado para os encontros, diferente de algumas bibliotecas municipais, como a Monteiro Lobato, por exemplo, da qual a Cia Truks faz sua residência. Era difícil conter os vários sons que um grupo teatral normalmente produz, acabando por causar reclamações naturais dos usuários que frequentavam o local para leituras e estudos. Às vezes, conseguíamos horários diferentes do funcionamento habitual do espaço, como aos finais de semana ou em algumas vezes no período noturno. Mas isso era bem de vez em quando, por causa das responsabilidades e estrutura para se manter o local aberto, preservando os bens patrimoniais pertencentes à sociedade pública. É importante ressaltar que foram feitos esforços imensuráveis pela gestora carinhosamente chamada de Marjô, que se reuniu diversas vezes com os integrantes do Artemanha para traçar opções que pudessem atender às demandas dos trabalhos do grupo. E lógico, muitas vezes encontramos soluções, mas, quase sempre só era possível utilizar o local para reuniões. E como um grupo de teatro necessita de práticas, e não somente de reuniões, buscamos outras opções antes testadas, como ensaios no Centro Educacional Unificado Casablanca. Mas a distância com a consequente necessidade de locomoção dos integrantes do grupo era um fator que também acabava pesando no bolso literalmente. Pois todos os integrantes do Artemanha Revelando Artemanhas 18 sempre trabalharam em outras áreas para tentar se dedicar, mesmo que minimamente, à Arte Teatral. Por opção? Não. O grupo sempre teve em seu quadro filhos de operários que se empenhavam bastante para se manterem dignamente, mesmo não querendo, na lógica do mercado. Que, de certa forma, os privilégios para a dedicação necessária a esse processo de fazer parte de um grupo teatral que precisa de encontros com mais frequência para aprimorar o trabalho artístico não eram suficientes, mas que não nos desmotivaram para continuar nesse caminho, pelo contrário, nos deram mais força e estímulos, inclusive que reverberaram em nossos espetáculos. Tudo feito com muita militância e amor no modo de se produzir, vivenciar e realizar. No entanto, nesse tempo não foi possível que algumas pessoas pudessem continuar no trabalho, tomando outros caminhos ou dando conta de outras demandas, fazendo-nos, muitas vezes, perder a batalha contra o mercado. Primeiros passos, primeira ação A Trupe Artemanha contribuiu com a comunidade e os artistas da região, realizando debates, saraus urbanos e apresentações do espetáculo Soltando Revelando Artemanhas 19 A Trupe Artemanha contribuiu com a comunidade e os artistas da região, realizando debates, saraus urbanos e apresentações o Verbo. Além disso, participava de Fóruns de Cultura que discutiam políticas culturais para o Campo Limpo e região, inclusive a construção da primeira Casa de Cultura, que até hoje não foi implantada. Desses encontros surgiu a ideia de que cada coletivo cultural fizesse propostas para estreitar relações com a população, criando um espaço para discussões sociais e culturais. Eis que a Trupe Artemanha propôs a criação de um festival de teatro, idealizado por Luciano Santiago, que aconteceria totalmente no bairro do Campo Limpo, nascendo, assim, o FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo em 2006. Revelando Artemanhas 20 Revelando Artemanhas 21 Revelando Artemanhas 22 FESTCAL Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo Um dos principais projetos, ações, movimentações, contribuições para a região do Campo Limpo surgiu em 2006, com a criação de um Festival de Teatro que logo se transformaria em um dos mais importantes eventos culturais do calendário alternativo da cidade de São Paulo, acontecendo totalmente no bairro do Campo Limpo, que inclusive hoje, tem importância nacional, pela forma porque foi se fortalecendo tanto na interação com a comunidade, como com os grupos que já se apresentaram em ruas e espaços do bairro. E cada vez mais essa relação vem sendo ampliada, com o passar dos anos, pelo entendimento da população que o FESTCAL é importante para a região, assim como outras ações culturais de coletivos que resistem produzindo seus trabalhos nas chamadas bordas periféricas que se transformaram em verdadeiras ilhas isoladas pelo atropelo e imposição econômica da cidade, excluindo sempre, incluindo nunca. E não falo sobre “inclusão social”, e, sim, pelo direito fundamental que cada cidadão de qualquer local do País tem, que seria o retorno de seus impostos “caros” pagos às Gestões Públicas que têm o dever de oferecer serviços públicos de qualidade em áreas essenciais, como, Saúde, Educação, Transporte e Cultura. De certa forma, grupos artísticos tem dado conta de tais demandas com a contemplação em editais públicos, que foram conquistas de movimentos sociais e culturais da cidade de São Paulo e do Estado, que tiveram verdadeiras ações de guerrilha para que a Gestão Pública entedesse sua responsabilidade em ter que fomentar os fazedores de arte. 10 Anos de Artemanhas, surge o FESTCAL Com a necessidade de dialogar com a população, tendo como objetivo ocupar os espaços ociosos do bairro, que a Trupe Artemanha, em seus anos de história (2006), criou um Festival de Teatro de Grupos, com o propósito de ampliar o contato com coletivos espalhados pelo País, conhecendo de perto seus processos de trabalhos, vivências Revelando Artemanhas 24 Revelando Artemanhas 25 e engajamentos políticos. Além de colocar em prática um antigo sonho: o de realizar um festival de teatro totalmente na periferia de São Paulo, envolvendo grupos e artistas das mais variadas localidades, com vivência teatral adquirida nos processos de pesquisas para compartilhar com o público e demais participantes. O primeiro FESTCAL contou com a participação de 11 grupos da região e de outros municípios (Taboão da Serra, São Caetano e Poá). As encenações foram divididas entre os CEUs (Centros Educacionais Unificados) Casablanca e Campo Limpo, com cerca de 2.000 espectadores registrados durante o evento. No ano seguinte (2007), o festival foi contemplado pelo Programa VAI – Valorização a Iniciativas Culturais (primeiro edital público que a Trupe Artemanha recebeu, depois de 11 anos de existência), ampliando para o número de 18 grupos de teatro adulto e infanto-juvenil, além da criação da primeira Mostra de Teatro de Rua, que reuniu 6 grupos da cidade de São Paulo, com um total de 24 coletivos, e cerca de 8.000 espectadores que assistiram e participaram das apresentações dos grupos. O FESTCAL já chegou a contar com mais de 38 grupos em 2009 (4ª edição), sendo considerado o maior festival de teatro do estado em quantidade Revelando Artemanhas 26 de coletivos, mesmo sendo realizado sempre com poucos recursos. Porém, constatamos que o número elevado de grupos impedia algo que era importantíssimo como principal conceito da mostra, o de ter tempo para o diálogo entre os coletivos, tendo nas edições posteriores o número máximo de 20 grupos. Com isso, passamos a convidar os grupos que achávamos interessantes para cada edição, realizando uma espécie de rodízio, mesmo sendo alguns deles parceiros de luta que se apresentaram em várias edições pela aproximação e afinidade de trabalho, com ou sem cachê, eliminando de vez a seleção por material de vídeo e projeto. O FESTCAL reúne diversas categorias: Teatro Adulto, Infanto-Juvenil, Teatro de Rua e Teatro Experimental em espaços alternativos, criando uma programação diversificada, perpetuando seu objetivo principal, que é o de receber grupos com características de processos em pesquisas continuadas de várias cidades do País. Outra forte marca da mostra é a de homenagear um artista e/ou um grupo, com objetivo de manter as características do festival, homenageando grupos de teatro que transitam entre a arte e a educação popular e que estão aliados ao desenvolvimento social, enriquecendo e fortalecendo cada vez mais as ações desse importante projeto. Revelando Artemanhas 27 Senhoras e... Senhores!!! A Trupe Artemanha tem a honra de apresentar: Todos os FESTCALs que aconteceram de 2006 a 2013. 8º FESTCAL - Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2013 – Homenagem ao Movimento Popular Escambo Livre de Rua e 3ª Revirada Cultural da Resistência Período: 29 de maio a 2 de junho de 2013 20 grupos participantes: Mostra Estadual de Teatro de grupos com sede no Estado de São Paulo, que contou com nove companhias teatrais: Cia Teatro dos Ventos (Osasco - SP), Grupo Pombas Urbanas (Cidade Tiradentes – São Paulo - SP), Contadores de Mentira (Suzano - SP), Coletivo Foz de Arte (Paraisópolis – São Paulo - SP), Teatro Popular União e Olho Vivo (Bom Retiro – São Paulo - SP), Grupo Rosa dos Ventos (Presidente Prudente - Sp), Trupe Olho da Rua (Santos - SP), Sarau do Binho, Trupe Artemanha – SP – Grupo que organiza o Festcal. Mostra Nacional de Teatro de Grupos com sede em outros estados, contando com cinco grupos representantes de cada região do País: Movimento Popular Escambo Livre de Rua, Grupo Off-Sina Revelando Artemanhas 28 Revelando Artemanhas 29 Homenagem a Amir Haddad, Dulce Muniz e ao Grupo Tá na Rua (RJ). Homenagem aos 45 Anos do TUOV – Teatro Popular União e Olho Vivo - 2011. (RJ), Grupo Tia (RS), Grupo Teatro de Caretas (CE), Grupo de Teatro Cafuringa (PE). 3ª Revirada Cultural da Resistência – 36 horas de atividades artísticas diversas em comemoração ao aniversário de Ocupação do Espaço Cultural CITA pela Trupe Artemanha, contando com os seguintes artistas, em geral da região sul da cidade de São Paulo: DJ: Will Cavagnolli / Projeção de Fotos: Sheila Signário / Intervenções de Graffiti: Peu Pereira, Bruno Perê, Sandro Lima, Nave Mãe, Carolina Teixeira, Paloma Xavier, Pato, Augusto Cerqueira, entre outros / Camila Brasil/ Fernanda Coimbra e Banda / Trupe Dunavô / Maracatu Ouro do Congo / João Luiz do Couto / Grupo Quereres de Teatro / Geraldo Magela e Banda. 7º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2012 – Homenagem a Amir Haddad, Dulce Muniz e ao Grupo Tá na Rua (RJ). Aconteceu no seguinte período: 12 a 21 de outubro de 2012. 21 grupos participantes: Mostra Estadual de Teatro de Grupos com sede no Estado de São Paulo, que contou com quatorze companhias teatrais: Engenho Teatral, Grupos Teatral Parlendas, Cia. Humbalada, Cia. dos Inventivos, Brava Companhia, Cia. As Capulanas Arte Negra, Cia. do Miolo, Cia. Antropofágica, Grupo Pombas Urbanas, e Trupe Artemanha de investigação teatral, todos da cidade de São Paulo; Grupo Rosa dos Ventos, de Presidente Prudente; Cia. Forrobodó, de São José do Rio Preto; Contadores de Mentira, de Suzano; e Trupe Olho da Rua, de Santos. Mostra Nacional de Teatro de Grupos com sede em outros estados, contando com sete grupos representantes de cada região do País: Grupo Quem tem boca é pra gritar (João Pessoa - PB); Grupo Nu Escuro (Goiânia - GO); Grupo Tá na Rua (Rio de Janeiro - RJ); Grupo O Imaginário (Porto Velho - RO); Grupo Ás de Paus (Londrina - PR); Grupo Dona Zefinha (Fortaleza - CE), e Grupo Vivarte (Rio Branco – AC). Mostra Mistura de Linguagens (Música, Dança e Noite Cariri Cearense): Banda Dona Zefinha (CE), Show Musical com João do Crato (CE), Banda Z’África Brazil (SP), Maracatu Ouro do Congo (SP) e Palestra com a pesquisadora Dane de Jade (CE). 6º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2011 – Homenagem aos 45 Anos do TUOV – Teatro Popular União e Olho Vivo - 2011. Período: 15 a 20 de novembro de 2011 10 grupos participantes: TUOV – Teatro Popular União e Olho Vivo (S. Paulo - SP), Barracão Teatro (Campinas, SP), Trupe Olho da Rua (Santos-SP), Grupo XIX (São Paulo, SP), GTI – Grupo Teatro do Imprevisto (São José dos Campos – SP), Grupo Contadores de Mentira (Suzano, SP), Grupo Athos (Batatais – SP), Cia. Soltando o Verbo (Taboão da Revelando Artemanhas 30 Serra – SP), Cia. Estável (S. Paulo - SP), Banda Musical Preto Soul (Taboão da Serra – SP). 5º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2010 – Homenagem aos grupos de teatro de rua de São Paulo. Período: 20 e 21 de novembro de 2010 8 grupos Participantes: Buraco D’Oráculo (São Paulo – SP), Núcelo Pavanelli de Teatro e Circo (São Paulo-SP), Trupe Olho da Rua (Santos – SP), Cia. Levante (Santo André-SP), Cia. dos Inventivos (São Paulo – SP), Grupo Trilhos Urbanos (São Paulo – SP), Grupo Pombas Urbanas (São Paulo – SP) e Grupo Equus Bipes (Taboão da Serra – SP). 4º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2009 – Homenagem às Companhias Lume Teatro (SP), Cia. do Latão (SP), Fraternal de Artes Malas-Artes (SP) e Grupo Andante (MG). Período: 27 de agosto a 07 de setembro de 2009 38 grupos Participantes: Lume Teatro (Campinas – SP), Cia. do Latão (São Paulo – SP), Barracão Teatro (Campinhas –SP), Teatro Andante (Belo Horizonte – MG), Franternal Cia. de Arte e Malas-Artes (São Paulo – SP), Voar Teato de Bonecos (Gama - DF), Cia. de Teatro Nu Escuro (Goiânia – GO), Cia Entreato (Rio de Janeiro – RJ), Traço Cia. de Teatro (Florianópolis – SC), Território Sirius Teatro (Salvador – BA), Cia. Tramédia (S. Paulo – SP), Grupo Clariô de Revelando Artemanhas 31 Teatro (Taboão da Serra – SP), Cia. Sansacroma (S. Paulo – SP), Grupo Teatral Engasga Gato (Ribeirão Preto – SP), Grupo Fuleragem (S. Paulo - SP), Teatro do Pé (Santos – SP), Núcleo Zirkus (S. Paulo - SP), Grupo Luz e Ribalta (S. Paulo - SP), Teatro de La Plaza (S. Paulo - SP), Caixa de Histórias (São José dos Campos – SP), Casa da Tia Siré (Santo André – SP), Cia. Zero a Zero de Teatro (S. Paulo – SP), Cia. Luis Louis (S. Paulo - SP), Maria Basso de Teatro de Formas Animadas (Bauru – SP), Morpheus de Teatro (S. Paulo - SP), Cia Lona de Retalhos e Cia. Estrela Dalva (Santo André – SP), Formação 10 da ELT (Santo André – SP), Cia. Artehúmus (S. Paulo - SP), Núcleo Pavanelli de Tetro de Rua e Circo (S. Paulo - SP), Cia. Mamulengo da Folia (S. Paulo - SP), Trupe Olho da Rua (Santos – SP), Grupo Rosa dos Ventos (Presidente Prudente – SP), Parafornalha Coletivo de Criadores (S. Paulo - SP), Forte Casa Teatro (S. Paulo - SP), Pombas Urbanas (S. Paulo - SP), Cia. Levante (Santo André – SP), IVO 60 (S. Paulo - SP) e Trupe Artemanha (S. Paulo - SP). 3º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2008 - Homenagem aos 30 anos da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (RS). Período: 29 de agosto a 27 de outubro de 2008 33 grupos participantes: Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (Porto Alegra – RS), Circo Teatro Udigrudi (Brasília – DF), Troupp Pas D’ Argent Homenagem aos grupos de teatro de rua de São Paulo. Homenagem às Companhias Lume Teatro (SP), Cia. do Latão (SP), Fraternal de Artes Malas-Artes (SP) e Grupo Andante (MG). Homenagem aos 30 anos da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (RS). Revelando Artemanhas 32 Revelando Artemanhas 33 (Rio de Janeiro – RJ), Cia. Paidéia (S. Paulo – SP), Cia da Boca (São José do Rio Preto – SP), Grupo Eboka (S. Paulo – SP), Grupo Jogando no Quintal (S. Paulo – SP), Teatro de Paisagem (S. Paulo – SP), Morpheus Teatro (S. Paulo – SP), Grupo Os Geraldos (Campinas – SP), Grupo Teatral Atos & Cenas (Lençóis Paulista – SP), Cia. do Riso (S. Bernardo do Campo – SP), Las Noias e Cia. (S. Paulo – SP), Grupo Curupira (S. Bernardo do Campo – SP), Nacompanhiadosanjos (S. Paulo – SP), Cia. Pé na Porta (S. Paulo – SP), Grupo Caldeirão (S. Paulo – SP), Grupo Girandolá (Franscisco Morato – SP), Grupo Pé de Lama (S. Paulo – SP), Trupe Artemanha (S. Paulo – SP), Cia. Levante (Santo André – SP), Grupo Vital (S. Paulo – SP), Circo Navagador (S. Paulo – SP), Cia. do Bafafá (S. Paulo – SP), Cia. Os Crespos (S. Paulo – SP), Trupe Sinha Zózima (S. Paulo – SP), Circo Teatro Rosa dos Ventos (Presidente Prudente – SP), Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo (S. Paulo – SP), The Pambazos Bros (Uruguai/S. Paulo – SP), Circo Nosotros (S. Paulo – SP), Buraco D’Oráculo (S. Paulo – SP), Trupe Olho da Rua (Santos – SP) e Brava Cia. (S. Paulo – SP). 2º FESTCAL – Festival de Teatro de Campo Limpo – 2007 - Homenagem ao Bairro do Campo Limpo. Período: 10 de setembro a 28 de outubro de 2007 24 grupos participantes: Grupo Galeria 4 (Campinas – SP), Cia. Meketréfi de Teatro (Campo Limpo Paulista – SP), Grupo Arteiros (Vinhedo – SP), Grupo Imagem Bruta (Vinhedo – SP), Cia. I-Moraes (Suzano – SP), Cia. de Teatro Uni-Duni-Tê (S. Paulo – SP), Grupo Estudantil E.E. Maud Sá (S. Paulo – SP), Cia. Lona de Retalhos (Santo André – SP), Grupo Barra Manteiga (S. Paulo – SP), Cia. Litero Dramática Martins Pena (Taboão da Serra – SP), Cia. Teatral Barca Cênica (Guarulhos – SP), Grupo Pé de Lama (S. Paulo – SP), Cia. As Tias (Vinhedo – SP), Cia. Humbalada de Teatro (S. Paulo – SP), Grupo de Teatro do CIL (S. Paulo – SP), Coisas de Teatro Cia. de Arte (S. Vicente – SP), Os Coringas Cia. de Teatro (S. Paulo – SP), Grupo Faces Oculta (S. Paulo – SP), Cia. do Miolo (S. Paulo – SP), Cia. Ditos Cujos (S. Paulo – SP), Grupo Arcênicos (Atibaia – SP), Buráco D’ Oráculo (S. Paulo – SP), Brava Cia. (S. Paulo – SP) e Teatro de Rocokós (Santo André – SP). 1º FESTCAL – Festival de Teatro de Campo Limpo – 2006 – Homenagem aos 10 Anos da Trupe Artemanha. Período: 15 de novembro a 8 de dezembro de 2006 11 grupos participantes: Grupo Pé de Lama (S. Paulo – SP), Núcleo Teatro Opereta (Poá – SP), U.T.T – União Teatral Taboão (Taboão Serra – SP), Grupo Vital (S. Paulo – SP), Grupo Arte que Liberta (Taboão Serra – SP), Grupo Sete Faces (S. Paulo – SP), Grupo Teatralizando (S. Paulo – SP), Grupo Teatro e Vida (S. Paulo – SP), Grupo T.E.M.T Revelando Artemanhas 34 (São Caetano do Sul – SP), Cia. Mamulengos (S. Paulo – SP), Grupo Reflexo (S. Paulo – SP), Grupo Quimera (S. Paulo – SP). Alguns dos pesquisadores, dramaturgos e diretores que realizaram palestras, debates e oficinas: Antônio Araújo (Teatro da Vertigem - SP), Marcelo Bones (Teatro Andante - MG), Tiche Vianna (Barracão Teatro - SP), Alexandre Mate, Antônio Rogério Toscano, Bete Dorgam, Ednaldo Freire (Fraternal Cia. de Arte e Malas-Artes - SP), Tania Farias e Paulo Flores (Ói Nóis Aqui Traveiz - RS), Newton Moreno (Cia. Os Fofosencenam), Márcio Vinicius, Gabriel Guiumerd, Amauri Falseti (Cia. Paidéia) e atores-pesquisadores do Lume Teatro, Amir Haddad (Grupo Ta na Rua), César Vieira (TUOV-SP), Junio Santos e Ray Lima do Movimento Escambo Livre de Rua. Os grupos não vêm até o Campo Limpo para cumprir um trabalho para o qual foram contratados com suas formalidades, vêm PARTICIPAR, trocar e contribuir na construção do festival. Do mesmo modo, vêm se alimentar e se fortalecer para voltarem pra casa renovados, VIVOS! Todavia, para que tudo isso seja possível, é fundamental que o público apareça e viva esse momento único conosco, pois ele é o nosso motivador e justificativa de acontecer o FESTCAL. O VIVA tem que ser dado ao Artemanha, que encontra em seu fazer artístico um projeto como esse, merecedor de investimento público, que coloca a Arte onde ela realmente deve estar! Próxima das pessoas, em praças abertas e livre! Por Grupo Rosa dos Ventos (Presidente Prudente – SP) O FESTCAL, suas ARTES, suas MANHAS! Participar do FESTCAL significa encontrar coletivos artísticos de vários lugares do Brasil. Junto com a diversidade de linguagem e às histórias das suas regiões, cada coletivo traz suas conquistas, suas buscas, suas dúvidas, sua ARTE! O resultado em constante transformação dos processos vividos por pessoas que olharam para esse mundão e resolveram fazer da vida: Arte! Revelando Artemanhas 35 Os grupos não vêm até o Campo Limpo para cumprir um trabalho para o qual foram contratados com suas formalidades, vêm PARTICIPAR, trocar e contribuir na construção do festival. Do mesmo modo, vêm se alimentar e se fortalecer para voltarem pra casa renovados, VIVOS! Todavia, para que tudo isso seja possível, é fundamental que o público apareça e viva esse momento único conosco, pois ele é o nosso motivador e justificativa de acontecer o FESTCAL. Homenageados Movimento Escambo Livre de Rua O Movimento Escambo surge no inicio da década de 90 envolvendo grupos e artistas de rua dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, tendo como diferencial a forma autônoma de produção. Nesses 21 anos de vida, o movimento reuniu e reúne grupos e artistas das mais diversas manifestações culturais populares, que se encontram – quando se é possível e desejável – em cidades, vilas, comunidades, sítios, assentamentos pra uma dinâmica troca de saberes e de dúvidas. Um fenômeno que surge e se irradia no Escambo é a junção de grupos e artistas de localidades diferentes e distintas pra produzirem espetáculos que contemplem as diferenças e necessidades de cada uma, sendo esse um processo dinâmico de aprendizagem e de relação afetiva. Por Junio Santos Revelando Artemanhas 36 Revelando Artemanhas 38 Revelando Artemanhas 39 Revelando Artemanhas 40 Revelando Artemanhas 41 Movendo a arte, nos moveremos também... Luciano Santiago Revelando Artemanhas 42 TRUPE ARTEMANHA NO FOMENTO AO TEATRO - PROJETOS A história da Trupe Artemanha no bairro do Campo Limpo se relaciona diretamente ao Programa de Fomento ao Teatro que transformou a cena paulistana nos últimos anos, revolucionou as produções de grupos, coletivos, companhias que já realizavam seus trabalhos, mas que precisavam de recursos para ampliar suas próprias pesquisas, dar continuidade aos trabalhos, circulando por bairros de toda a cidade. O espírito da lei está objetivamente ligado à questão de fomentar grupos teatrais de pesquisas continuadas, indo contra a lógica de mercado e a renúncia fiscal. Fortalecendo os experimentos dos coletivos; estabelecendo um local como sede para os trabalhos, tanto como residência em um espaço público, como a locação, mesmo que temporária; evitando pressão pelo mercado para a venda de ingressos, dependendo de bilheteria como forma de sobrevivência, inclusive afetando negativamente a pesquisa teatral; realizando ações artísticas no local de atuação do grupo; circulando com espetáculos e realizando temporadas a preços populares ou gratuitos. A Lei de Fomento ao Teatro é considera como um dos maiores programas públicos de incentivo do país, inclusive estimulando a luta de outras cidades para implantação de leis semelhantes. A Trupe Artemanha iniciou sua trajetória com o programa de fomento em 2008 sendo contemplado com o projeto que levou o mesmo nome do grupo, pois isso foi de fundamental importância, conhecer primeiro as próprias bases para fortalecer os pilares que sustentariam nossos trabalhos. E todos os projetos propostos que foram contemplados em 2008 (12ª edição), 2009 (15ª edição), 2011 (18ª edição) e o mais recente em 2013 (21ª edição) tiveram a continuidade que permitiu ao grupo não só o fortalecimento de sua pesquisa, mas a conquista de um local (Espaço Cultural CITA), que foi ocupado em maio de 2011 com a criação de uma Escola Popular de Teatro, transformando-se em um pólo de referência artística e de resistência política. Tendo uma grande importância nos vários momentos de ameaça pelos quais o grupo passou nesses anos de ocupação. O programa de Fomento ao Teatro foi responsável direto por ser uma “carta” considerável “nas mangas” para reduzir as especulações dos Gestores Públicos que eram ou ainda são contrários ao nosso trabalho, tentando desapropriar o grupo e outros coletivos que hoje ocupam e realizam importante trabalho no Espaço Cultural CITA. Assim, uma política pública como a Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo possibilita a realização de todas as ações propostas e todos os encontros programados ou espontâneos, revelando novas possibilidades de atuação, permitindo a melhoria de nossa realidade atual. A seguir, serão relatados cada um dos projetos com que a Trupe Artemanha foi contemplada: Trupe artemanha de investigação urbana Projeto contemplado na 12ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro Dados sobre o projeto: Tempo de duração: 12 meses. Período que foi executado: Maio de 2008 a Abril de 2009. Local que foi realizado: Campo Limpo, São Paulo – SP. Ficha técnica do projeto que foi contemplado: Alexandre Mattos, Flavia D’á Lima, Luciano Santiago, Sérgio Carozzi e Thania Rocha. Convidados: Maithê Alves (Orientadora de Direção), Manuel Boucinhas (Interpretação), Juliana Aguiar (Atriz/Produção), Léo Santiago (Ator), Gil Caetano (Preparador circense), Márcio Monjolo (Preparador musical de instrumentos de percussão) e Fábio Pinheiro (Preparador vocal) e Marcelo Callavitto (Introdução à Comedia Dell’Arte). O projeto Trupe Artemanha de Investigação Urbana apresentou como proposta as seguintes ações: A) Deu continuidade à pesquisa Investigação Urbana, iniciada em 2005, tendo como proposta a elaboração de uma dramaturgia fortemente apoiada na experiência de grupos fomentados que já trabalharam na mesma linha de interesse do Artemanha, tendo como material a leitura de relatórios de grupos fomentados, fazendo entrevistas ou convites para o diálogo. B) Estabeleceu uma sede para o Grupo. C) Deu continuidade às ações artísticas que o Grupo realizou em torno da região de Campo Limpo desde 2005. Como aconteceu o projeto Revelando Artemanhas Com a contemplação, na 12ª edição (janeiro/2008), do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade Revelando Artemanhas 44 de São Paulo, o grupo contou, pela primeira vez em 12 anos de história, com a locação de um espaço para o desenvolvimento de seus trabalhos de pesquisa, ensaios, treinamentos, oficinas livres para a comunidade, palestras e apresentações, o que fortaleceu o movimento teatral nos bairros do Campo Limpo. Essa nova realidade causou importantes “transformações” na relação do grupo com a comunidade, permitindo um contato maior, utilizando o teatro como ferramenta de reflexão social, política e cultural. Investigação Urbana na Secretaria O grupo trabalha com temas relacionados ao urbano desde 2005, realizando pesquisas e experimentações como base para o trabalho artístico. Uma das propostas foi abastecer-se de materiais colhidos em leituras e estudos dos diversos relatórios de grupos que trabalham com pesquisas conexas às nossas. O Grupo solicitou consultar o acervo de projetos da Secretaria de Cultura, sendo atendido prontamente pela equipe do Núcleo de Acompanhamento de Projetos Fomentados, na época foi possível constatar a necessidade de criar um acervo que sirva como espaço de estudos para que grupos e artistas realizem suas pesquisas e conheçam projetos e relatórios dos núcleos artísticos que já participaram do Programa. Revelando Artemanhas 45 A experiência de tomar contato com as pesquisas dos grupos, que serão citados em seguida, só fortaleceram os trabalhos da Trupe Artemanha, criando pensamentos insólitos acerca das vivências que surgem no teatro de grupo em São Paulo. Projetos e relatórios dos grupos: Teatro Popular União Olho Vivo – “Um sonho de liberdade 2” / Cemitério de Automóveis - “São Paulo em cena, quadro a quadro” / Ivo 60 - “Multiplicando o público potencializando o teatro” / Sobrevento – “Aquilo que somos e de que esquecemos” / Teatro de Narradores – “A odisseia paulistana” / II Trupe de Choque – “Anjos do desespero” / Grupo XIX – “Casa Aberta” / Núcleo Bartolomeu de Depoimentos - “Lendas Urbanas” / Cia. São Jorge de Variedades – “Casa de São Jorge” / Cênica Farândula – “Cambuci 100 anos de cultura e cidadania” / Grupo dos Sete – “Cidade dentro, cidade fora” / Pombas Urbanas – “Da Comunidade ao Teatro, do Teatro à Comunidade” / Teatro Estúdio 184 – “Projeto Heleni 65-35” / Dolores Boca Aberto – “Teatro mutirão polis, pólen, política” / Fraternal Cia. de Arte e Malas-Artes - “Borandá” / Cia. do Latão – “Ensaio para Danton” / Folias D’Arte – “Babilônia” / Bendita Trupe – “Na linha de fogo” / Teatro da Vertigem – “BR3” / Cia. do Feijão – “Mire e Veja” / Engenho Teatro – “Engenho Teatral” / Cia. Estável – “Ocupação do Teatro Flávio Império” / Cia. Paidéia “Paidéia”. ... causou importantes “transformações” na relação do grupo com a comunidade, permitindo um contato maior, utilizando o teatro como ferramenta de reflexão social, política e cultural. Revelando Artemanhas 46 Revelando Artemanhas 47 Encontros A Trupe Artemanha teve a oportunidade de compartilhar e conhecer grupos que realizam mergulhos temáticos relacionados às mais variadas situações, conflitos, relatos e espaços que dialogam com o cotidiano urbano pela aproximação com a comunidade, que contribuem para a difusão do teatro pelos “cantões” da cidade de São Paulo. Esses encontros auxiliaram de alguma forma na composição estética e na importância de compreender os traços mais significativos dos diversos processos de pesquisas continuadas. Grupos que contribuíram para esses encontros: Cia. Paidéia, Fraternal de Arte e Malas-artes, Cia. Estável, Pombas Urbanas e Engenho Teatral. Pesquisa de campo (Vivências) Como falar do urbano sem conhecê-lo de fato? Essa questão incentivou a busca por uma relação direta com temas, situações, ambientes e diversas possibilidades que dialogam com esse universo. Foi elencada uma série de locais, e divididos entre os integrantes em duplas ou trios para realização das pesquisas de campo, objetivando a coleta de relatos e imagens que foram desdobradas através de vivências abertas ao público, com o intuito de revelar impressões e sensações transformadas em cenas, performances, descrições de imagens, contos, poemas, crônicas ou como seminários. Nessas pesquisas, o grupo teve contato com taxistas, motoboys, instituições religiosas, jogos de azar (bingos clandestinos), pessoas que chegavam ao terminal rodoviário Tietê, moradores de rua, camelôs e profissionais do sexo. O primeiro encontro do Compartilhamento de Vivências do Processo de Pesquisa: Investigação Urbana aconteceu no dia 29 de janeiro de 2009, no Espaço Artemanha de Teatro, envolvendo artistas, pessoas da comunidade e interessados em geral. Após os exercícios, houve conversa com o público presente e o professor e pesquisador Alexandre Mate. O segundo encontro ocorreu no dia 26 de março com apresentações itinerantes, começando na rua e em sequência por todo Espaço Artemanha de Teatro. Logo após as vivências, desenvolveu-se uma conversa com a Professora Silvana Garcia, que fez considerações e sugestões a respeito dos trabalhos, além de escrever uma crônica sobre esse processo no Informativo Revelando Artemanhas– Edição n° zero. Informativo Semestral Revelando Artemanhas No mês de junho de 2008, foi lançado pela Trupe Artemanha a edição de número zero de um informativo que é distribuído semestralmente como forma de registro dos trabalhos que o grupo Revelando Artemanhas 48 realiza. Esse tablóide serve como instrumento de compartilhamento entre grupos teatrais locais, regionais e nacionais e, ainda, com artistas que trabalham com outras linguagens. O Informativo Revelando Artemanhas foi criado para discutir, provocar e promover reflexões em suas páginas, além de redigir matérias sobre pesquisas e estéticas teatrais de outros coletivos e ensaios ou teses de pesquisadores. Esse tablóide também propõe discutir quaisquer assuntos que interessem à sociedade civil em geral, criando mais um canal, ampliando o diálogo, principalmente com a população que está constantemente fora dos programas culturais da cidade. Espaço Artemanha de Teatro Com esse projeto o grupo conseguiu locar um espaço e o inaugurou no dia 5 de julho de 2008, com apresentações artísticas de convidados e moradores do entorno. Nesse local, de aproximadamente, 300 m² , divididos em dois grandes salões, funcionava um bingo (casa de jogos clandestinos). O Espaço Artemanha de Teatro abrigou o projeto da Trupe Artemanha por 3 anos e recebeu grupos da região ou mesmo de outros lugares, como aconteceu na terceira edição do FESTCAL (Festival Nacional de Teatro do Campo Limpo), quando foi Revelando Artemanhas 49 apresentado o espetáculo Seu Bonfim do Território Sirius Teatro (Salvador – BA); e Ensaio sobre Carolina, do grupo Os Crespos Encenam; além de palestras e workshops que fizeram parte da programação. Em março de 2009, abrigou o projeto da Cia. Sansacroma de Dança. A Companhia apresentou o espetáculo Solano em Rascunhos e, em paralelo, realizou estudos para o projeto Trilogia Militantes do Ideal, que, além de encenar o poeta Solano Trindade, estenderia sua pesquisa para a escritora Pagu e o educador Paulo Freire. O Espaço Artemanha de Teatro estava localizado na Estrada do Campo Limpo, 2.706. Ações artísticas paralelas que o grupo já desenvolvia e que foram fortalecidas pelo projeto contemplado na 12ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro: Oficina Popular de Teatro A quarta turma da oficina popular de teatro da Trupe Artemanha teve início no mês de março de 2009 e contou com aprendizes a partir de 16 anos de idade, que já tiveram ou não algum contato com a linguagem teatral. As oficinas aconteciam aos finais de semana, das 10h às 13h, no Espaço Artemanha de Teatro. Revelando Artemanhas 50 Um dos principais objetivos era o de utilizar o teatro como ferramenta de reflexão crítica sobre a sociedade, como meio de transformação pessoal e social. Os aprendizes recebiam os mesmos treinamentos que os integrantes do Grupo e a orientação para realizarem pesquisas, experimentações cênicas, por meio de exercícios, jogos e experiências sensoriais, estimulando o autoconhecimento e a consciência corporal. Revelando Artemanhas Projeto contemplado na 15ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro Dados sobre o projeto: Tempo de duração: 15 meses. Período que foi executado: Outubro de 2009 a Janeiro de 2011. Local que foi realizado: Campo Limpo, São Paulo – SP. Ficha técnica do projeto contemplado: Alexandre Mattos, Éder Lopes, Eduardo Paiva, Elise Guedes, Lilyan Teles e Luciano Santiago. Convidados: Tiche Vianna (Orientadora Teórico conceitual – Interpretação em Máscara Neutra e Expressivas), Tânia Farias (Orientadora Teórico-conceitual – Interpretação dos Atuadores), Revelando Artemanhas 51 Renato Ferracini (Orientador Teórico - conceitual – Interpretação Mimese Corórea), Carlos Eduardo Siqueira (Orientador de Pesquisa Literária), Cristiano Meireles (Preparador de Danças Dramáticas), Danielle Salibian (Atriz-pesquisadora), Dorberto Carvalho (Orientador Dramatúrgico), Eliete Santos (Atriz-pesquisadora), Eraldo Moura (Assistente de Produção e Técnico), Gil Caetano (Preparador Circense), Marcelo Bones (Orientador de Teatro de Rua), Pax Bittar (Preparador de Pesquisa Musical) e Shirley Badaró (Produtora / Atriz). O projeto Revelando Artemanhas apresentou como proposta as seguintes ações: Movimento Teatral no Campo Limpo Dar continuidade aos trabalhos de pesquisa e ações artísticas da Trupe Artemanha, que são realizadas desde 2005 no bairro do Campo Limpo. A) Artemanha nas praças Espetáculo: “Brasil, quem foi que te pariu?” O Grupo circulou com o espetáculo de rua por espaços públicos da cidade de São Paulo (Zona Sul, Centro, Norte, Oeste e Leste). B) Pesquisa “Vi Macunaíma na Rua! – herói sem nenhum caráter” Foi construída dramaturgia para a rua, inspirada na obra Macunaíma, de Mário de Andrade. Esse processo contou com os seguintes orientadores: Dorberto Carvalho, Carlos Eduardo Siqueira e Marcelo Bones. O projeto de construção de dramaturgia teve como proposta, discutir o contexto histórico brasileiro, ampliando a relação artística do grupo com a população, utilizando como ferramenta direta o teatro de rua. C) Pesquisa investigação urbana Vivências do Processo Investigação Urbana Vivências Cênicas que foram abertas ao público no Espaço Artemanha de Teatro, a partir de março de 2010, com objetivo de retomar todo processo que vinha sendo experimentado desde 2007, aproveitando os materiais colhidos em pesquisas de campo. D) Espaço artemanha de teatro Continuidade da locação e a manutenção do espaço, tornando-o referência artística no bairro do Campo Limpo; O Grupo construiu um espaço cênico com arquibancadas para receber grupos e público para apresentações de espetáculos, palestras e intervenções artísticas. E) Aprimoramento artístico Treinamentos Artísticos que foram realizados com o projeto “Revelando Artemanhas”: - Circo aéreo e solo; - Pesquisa musical com instrumentos não-convencionais; - Danças Brasileiras. Atividade: “Conversando com...” -Intercâmbio entre a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz e a Trupe Artemanha, com viagem a Porto Alegre em dezembro de 2009; -HEINER MÜLLER e BERTOLD BRECHT – Programação de debates. F) Apresentações no campo limpo de grupos convidados A Trupe Artemanha convidou oito coletivos que trabalhavam com pesquisas conexas ao projeto do grupo, com o objetivo de realizar troca de experiências artísticas para contribuir também com o movimento teatral na região do Campo Limpo. Grupos: Engenho Teatral, Os Crespos Encenam, Cia. Estável, Brava Companhia, Buraco D’Oráculo, Núcleo Pavanelli de Teatro e Circo, Trupe Olho da Rua (Santos) e Pombas Urbanas. Revelando Artemanhas 52 Revelando Artemanhas 53 Como aconteceu o projeto O intercâmbio aconteceu em dezembro de 2009, por 11 dias, quando a Trupe Artemanha realizou apresentação do espetáculo de rua Brasil, quem foi que te pariu?, integrou oficinas e debates com a participação de Ingrid Koudella, Antonio Januzelli, Lindolfo Amaral (Grupo Imbuaça-SE) dentro da Mostra de Aprendizagem do Ói Nóis e teve contato com outros grupos da cidade de Porto Alegre: Oigalê, Manjericão, Povo da Rua, Cambada de Teatro Levanta Favela e Stravaganza. Troca de vivências com a tribo de atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz Na terceira edição do FESTCAL (Festival Nacional de Teatro do Campo Limpo), ocorreu o primeiro contato com a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, que apresentou o espetáculo de rua O Amargo Santo da Purificação, uma visão alegórica e barroca da vida, paixão e morte do revolucionário Carlos Marighella. Espetáculo que emocionou o público presente pela grande paixão impressa pelos Atuadores da Tribo, contribuindo para o movimento artístico no bairro do Campo Limpo, que foi o primeiro local a receber o espetáculo fora do estado do Rio Grande do Sul em 2008. O encontro em Porto Alegre foi um dos momentos mais marcantes que o grupo vivenciou dentro do projeto Revelando Artemanhas, por vários aspectos que vão desde o processo político que os grupos vivem na cidade até a particularidade de criação e pesquisa teatral de cada coletivo gaúcho. Com esse primeiro intercâmbio feito no III FESTCAL (2008), a Trupe Artemanha recebeu convite para conhecer a Terreira da Tribo e realizar vivências com o Ói Nóis. Com isso, foi proposto dentro do projeto Revelando Artemanhas, uma viagem a Porto Alegre para fortalecer a pesquisa Vi Macunaíma na rua!, ter a experiência de participar de debates sobre o dramaturgo Heiner Müller e tomar contato com o projeto de formação da Escola de Teatro Popular da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz. Pesquisa investigação urbana Desdobramentos... A pesquisa Investigação Urbana surgiu em 2005 e vem se desdobrando em vários materiais que servem ao grupo como combustível para o desenvolvimento de seus trabalhos. O nome Investigação Urbana apenas ilustra um desejo de criação, por isso não se resume a um espetáculo, com prazo de validade. A Trupe Artemanha entende que pesquisar o urbano (não somente estudar o homem urbano, mas, sim, sua história, sua política, seu convívio Revelando Artemanhas 54 social ou seu modo de vida) proporciona diversos caminhos que se multiplicam em vários assuntos, que podem retornar a um novo ponto de partida, onde surgirão novos pensamentos e idéias. Sul, Centro, Norte, Oeste e Leste), além de ter possibilitado à Trupe o desenvolvimento de estudos teóricos e práticos, para a elaboração de uma nova pesquisa para o teatro de rua. No dia 25 de março de 2010, a Trupe Artemanha realizou no Espaço Artemanha de Teatro o quarto encontro para demonstração de exercícios da Pesquisa Investigação Urbana, abordando os seguintes assuntos: Movimentos do cotidiano de moradores em situação de rua, quando foram colhidos relatos e concomitantemente ligados às poesias dos chamados poetas maloqueristas da região (Binho, Sérgio Vaz, Pilar, Marcos Pezão, Serginho Poeta, Família Trindade, Du Gueto, Allan da Rosa e Luan Luando), que se inspiraram nas situações cotidianas da periferia de São Paulo. No final da apresentação, foi realizado debate com os convidados Dorberto Carvalho (Pesquisador e Dramaturgo), Oswaldo Pinheiro e Ney Gomes (Atores da Cia. Estável de Teatro) e público presente. Foram vários sorrisos em vielas, ruas de terra, tribos indígenas, pelas calçadas do vai-e-vem constante dos pedestres, trabalhadores, moradores das ruas do Centro. Brasil, quem foi que te pariu? cumpriu uma grande circulação pelos cantões da cidade de São Paulo e estimulou a Trupe Artemanha a continuar estudando e fazendo esse teatro livre de padrões formais impostos pelo sistema, teatro que se aproxima dos olhos atentos do povão, dando continuidade com o novo espetáculo de rua Vi Makunaíma na Rua!. Artemanha nas praças: circulação do espetáculo de rua Brasil, Quem Foi Que Te Pariu? Em 2009, a Trupe Artemanha foi selecionada para a 15ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, com o projeto Revelando Artemanhas. Este projeto incluía 40 apresentações do espetáculo Brasil, quem foi que te pariu? em espaços públicos da cidade de São Paulo (Zona Revelando Artemanhas 55 Debates Conversando com Bertolt Brecht - Teatro Político e Militância Cultural - Com Iná Camargo Costa, professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH - USP), Tânia Farias (Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, Porto Alegre, RS), Cambada de Teatro Levanta Favela (Porto Alegre, RS), pesquisador e dramaturgo Dorberto Carvalho, Rafael e Tiago (UPM União Popular de Mulheres Jardim Maria Sampaio), Gil Marçal (produtor cultural) e convidados. O encontro em Porto Alegre foi um dos momentos mais marcantes que o grupo vivenciou dentro do projeto Revelando Artemanhas, por vários aspectos que vão desde o processo político que os grupos vivem na cidade até a particularidade de criação e pesquisa teatral de cada coletivo gaúcho. Foram vários sorrisos em vielas, ruas de terra, tribos indígenas, pelas calçadas do vaie-vem constante dos pedestres, trabalhadores, moradores das ruas do Centro. A professora Iná Camargo Costa foi convidada pela Trupe Artemanha e atendeu prontamente ao convite para falar sobre um tema que muito lhe toca: Bertolt Brecht e seu engajamento político. A palestrante iniciou a conversa esclarecendo alguns enganos históricos extremamente relevantes. Segunda ela, Brecht nunca se filiou ao Partido Comunista e tampouco se identificava com o stalinismo. Os rumos das lutas políticas sempre foram muito claros para o dramaturgo alemão. Apesar de não ser filiado, Brecht tinha inúmeros amigos dentro do Partido Comunista. Aliás, foi um desses amigos que aconselhou o dramaturgo a não se filiar, posto que sua vida um tanto quanto desregrada não era compatível com a disciplina dos militantes comunistas. Assim, disse-lhe o amigo, se Brecht se filiasse correria sérios riscos de ser expulso e, com isso, teria problemas políticos graves. Um deles poderia ser com relação ao nazismo, pois uma vez expulso do Partido Comunista, a imagem de Brecht poderia ser atrelada aos seguidores de Hitler. Para mostrar os dilemas do Partido, diz Iná, Brecht escreveu uma de suas mais importantes peças, A Decisão. Nela, o dramaturgo mostra como no interior do Partido forças contra-revolucionárias ascendiam ao poder; sobretudo, a partir da intervenção de agentes da Internacional Comunista sobre a Revolução Chinesa. Depois de levantar esses importantes aspectos acerca da historiografia a respeito de Brecht, a palestrante trouxe à tona, de forma magistral, temas atuais do teatro e da política. A partir desse ponto, o debate foi aberto e um diálogo instigante surgiu com as intervenções dos presentes. O papel social e político dos artistas foi discutido, analisado e valorizado na conversa. Um dos interlocutores chamou a atenção para a importância de o artista, tal como Brecht, aproximar-se e interagir de forma direta com as forças populares, as únicas verdadeiramente revolucionárias. A conversa foi tão produtiva e profunda, que acabou durando cerca de quatro horas. Muitos assuntos importantes foram levantados e discutidos, trazendo uma contribuição inestimável para a Trupe Artemanha e os convidados. Aqui, levantaram-se apenas alguns pontos entre tantos outros relevantes presentes nesse momento especial. Relato da Atriz Vanessa Carvalho, participante dos encontros. ACONTECEU: 27 de outubro de 2010 - 19h Revelando Artemanhas 56 Espaço Artemanha de Teatro Estrada do Campo Limpo, 2706 (subsolo) Campo Limpo, Zona Sul de São de Paulo Conversando com Heiner Müller - Com Ingrid Dormien Koudella, docente do Programa de Pós-Graduação em Artes da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo - ECA-USP, Tânia Farias (Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, Porto Alegre, RS), Cambada de Teatro Levanta Favela (Porto Alegre, RS) e convidados. A professora Ingrid Koudella começa sua palestra destacando aspectos biográficos da vida de Heiner Müller. O autor, que nasceu em 1929, deu início a sua carreira quando o socialismo estava em ascensão na antiga RDA. Inevitavelmente, lembra a palestrante, a obra de Müller trava um diálogo permanente e profundo com o teatro de Bertolt Brecht. Segundo Ingrid, um dos confrontos mais fecundos de Heiner Müller ocorre com seus estudos sobre a Peça Didática, de Brecht, mais precisamente com o fragmento Decadência do Egoísta Johann Fatzer. Outro aspecto importante destacado pela professora é a relação dialética que Müller estabelece com Brecht. Segundo ela, para Müller cada experimento de Brecht tem um valor em si e a Revelando Artemanhas 57 cada um deles existe uma contrapeça. A superação disso, continua Ingrid sobre Müller, deve ser realizada pela construção de uma terceira peça. A marca da relação de Müller com Brecht é seu objetivo dialético de superação, ou seja, como o próprio Heiner Müller diz: “usar Brecht sem criticá-lo é traição”. A conversa com a palestrante evoluiu e os debates foram abertos. Tânia Farias, da Tribo de Atuadores Ói Nóis aqui Traveiz, falou sobre a fundamental influência de Heiner Müller sobre os trabalhos do grupo. Segundo a atriz, A Tribo Ói Nóis, pesquisando Artaud e Brecht, encontra em Müller uma linha fecunda de trabalho. A partir dessa intervenção, muitas outras surgem, enriquecendo ainda mais as discussões. Ao final, a avaliação de todos foi muito positiva, demonstrando a importância de se criar espaços de debates como esses. Relato da Atriz Vanessa Carvalho, participante dos encontros. ACONTECEU: 29 de outubro de 2010 - 19h Espaço Artemanha de Teatro Estrada do Campo Limpo, 2706 (subsolo) Campo Limpo, Zona Sul de São de Paulo. Artemanha recebe O Artemanha Recebe, criado em 2009 foi uma das ações que o Grupo sempre teve desejo em realizar, tendo a oportunidade com o Projeto Revelando Artemanhas para colocar em prática. Todo último sábado de cada mês, a Trupe Artemanha recebeu um coletivo teatral em sua região ou na sede do grupo, para compartilhamento de pesquisas e apresentações de trabalhos. Grupos que contribuíram para esses encontros: - Buraco D’Oráculo (São Paulo-SP) - Trupe Olho da Rua (Santos-SP) - Pombas Urbanas (São Paulo-SP) - Núcleo Pavanelli de Teatro e Circo (São Paulo-SP) -TUOV – Teatro Popular União e Olho Vivo (São Paulo-SP) -Cambada de Teatro Levanta Favela (Porto Alegre-SP) – 2 espetáculos - Cia. Levante (Santo André-SP) Revelando Artemanhas 58 Revelando Artemanhas 59 Revelando Artemanhas 60 15 Anos revelando Artemanhas Projeto contemplado na 18ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro Dados sobre o projeto: Tempo de duração: 15 meses. Período que foi executado: Junho de 2011 a Setembro de 2012. Local que foi realizado: Campo Limpo, São Paulo – SP. Ficha técnica do projeto contemplado: Alexandre Mattos, Clayton Novais, Luciano Santiago, Mery Alentejo e Natalia Siufi. Convidados: Carlos Andrade (Ator-pesquisador), Léo Santiago (Ator-pesquisador), Alício Amaral e Juliana Pardo (Orientadores em Danças Dramáticas Brasileiras – CITA), Aline Reis (Orientadora Musical de Instrumento Acordeon – CITA), Antônio Rogério Toscano (Orientador de Criação Dramatúrgica e Orientador de Pesquisa Teórica – CITA), Camila Bolaffi (Orientadora de Pesquisa em Interpretação – CITA) , Fábio Pinheiro (Orientador de Voz/Canto – CITA) , Izaur Marcos (Ator-pesquisador) e Tiche Vianna (Orientadora de Pesquisa em Interpretação e Encenação). O projeto 15 Anos Revelando Artemanhas apresentou como proposta as seguintes ações: Revelando Artemanhas 61 A) Residência Artística Era para ser realizada a ocupação do Espaço Público: Centro de Convivência Nathália Pedroso Rosemburg, situado na mesma Rua Aroldo de Azedo, número 100, mas resolvemos, até por uma questão de autonomia, já que o Nathália P. Rosemburg era administrado pela Subprefeitura do Campo Limpo, gerando conflitos com agenda do espaço, além do teatro ser visto como algo que “atrapalhava” o “bom” funcionamento do local. Resolvemos concentrar nossas energias em um local maior e mais interessante que foi o imóvel público (abandonado há mais de 16 meses pela Gestão Pública -2008/2012) da mesma Rua Aroldo de Azevedo, só que agora de número 20. Nascia assim, o Espaço Cultural CITA, como sede da Trupe Artemanha para realizar as atividades artísticas do grupo: Pesquisas, Ensaios, Oficinas, Programação com apresentações do grupo e de convidados, Realização do Festcal, Debates, Palestras e demais ações. Além de receber as aulas do projeto de formação da Escola Popular de Teatro CITA. B) Criação da Escola Popular de Teatro CITA O projeto abriu vagas para 16 pessoas a partir de 18 anos de idade. A Escola Popular de Teatro CITA foi criado com referência nas escolas com formação livre em teatro, havendo a possibilidade de inserção desses aprendizes nos futuros trabalhos da Trupe Artemanha. Todos os integrantes da Trupe Artemanha fizeram parte desse importante momento de formação, recebendo as mesmas aulas que foram direcionadas para o projeto de pesquisa proposto pelo grupo. C) Construção de um texto dramatúrgico livre inspirado na literatura Faústica. O Grupo propôs a construção de uma dramaturgia inspirada no mito popular do Doutor Fausto, literatura universal, com várias fontes de pesquisa, que iniciaram com estudos a partir das obras do escritor alemão Goethe e de Cristopher Marlowe, baseando-se também em literaturas de mestres cordelistas, como Sá de João Pessoa e Manoel Monteiro. Além de autores que utilizam diferentes versões como Fernando Pessoa, Machado de Assis e Álvares de Azevedo. Esse processo contou com a Orientação Dramatúrgica do professor, pesquisador e dramaturgo Antônio Rogério Toscano e Orientação de Interpretação e Encenação de Tiche Vianna. D) Artemanha nas Praças A Trupe Artemanha montou o espetáculo de rua Vi Makunaíma na Rua!, livremente inspirado na obra Revelando Artemanhas 62 Macunaíma, de Mário de Andrade, sob direção de Dorberto Carvalho. A pesquisa e construção da dramaturgia teve duração de 15 meses e aconteceu totalmente dentro do Projeto Revelando Artemanhas (XV Edição do Programa de Fomento ao Teatro). A Trupe Artemanha circulou com o espetáculo por espaços públicos da cidade de São Paulo (Zona Sul, Leste, Oeste, Norte e Centro). E) 6º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2011 O Artemanha organizou e realizou a sexta edição do Festival de teatro de Campo Limpo, que acontece desde 2006 totalmente no bairro do Campo Limpo, que já recebeu cerca de 100 coletivos de várias cidades do Brasil, entre eles: Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (RS), Circo Teatro Udigrudi (DF), Grupo Teatro Andante (MG), Cia. de Teatro Nu Escuro (GO), Voar Teatro de Bonecos (DF), Traço Companhia de Teatro (SC), Território Sirius Teatro (BA), Lume Teatro (SP), Barracão Teatro (SP), Cia. do Latão (SP), Fraternal de Artes e Malas-Artes (SP), Trupe Olho da Rua (SP), entre outros coletivos. O 6º FESTCAL aconteceu no período de 15 a 20 de novembro de 2011, quando realizou homenagem Revelando Artemanhas 63 ao Diretor César Vieira e os 45 anos de seu grupo, TUOV – Teatro Popular União e Olho Vivo da cidade de São Paulo. F) Memória e Registro do Projeto de Pesquisa da Trupe Artemanha -Jornal Revelando Artemanhas (Edições 4, 5 e 6); -Registro Audiovisual e Fotográfico do Projeto; -Exposição de Fotos e Projeção de uma Documentário no encerramento do Projeto. Como Aconteceu o Projeto Ocupação e Construção do Espaço Cita O espaço da Rua Aroldo de Azevedo 20, foi prédio da subprefeitura durante muito tempo e serviu de sede para o Instituto Cultural Oca. Com a contemplação do Projeto 15 Anos Revelando Artemanhas pela 18ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo (janeiro/2011), houve uma reunião dos integrantes da Trupe Artemanha com o subprefeito do Campo Limpo e o supervisor de Cultura, para que o grupo desenvolvesse o projeto neste complexo de madeira citado acima, pois este se encontrava ocioso. Foi permitida a utilização desde que o grupo realizasse manutenções no prédio, além do pedido de Concessão de Uso. Foi dada a entrada no processo administrativo solicitando a utilização formal como concessão de uso do espaço por 24 meses, com possível renovação de mais 36, no total 60 meses. Com a demora nos trâmites burocráticos, mesmo sem a concessão de uso oficial, pois as aulas da Escola-CITA teriam que se iniciar, o grupo assumiu ocupar o espaço para começar as atividades, trocou os miolos das fechaduras e entrou. Deu-se início aos reparos no espaço. A situação do prédio estava completamente precária, pois estava há mais de 16 meses abandonado e todos os gastos que a Trupe Artemanha teve foram conseguidos com apresentações em mostras de teatro com espetáculos da Trupe. Criação da escola popular de teatro cita A Trupe Artemanha já realizava oficinas livres desde sua fundação, isto sempre impulsionou o ciclo de pessoas que passaram pelo grupo e compartilharam do seu fazer artístico, provocando reflexões que contribuíram de alguma forma para a construção dos trabalhos. O grupo sempre buscou ampliar essa experiência pedagógica, inclusive visitando e buscando aspectos similares em importantes escolas de formação teatral como a Escola Livre de Teatro de Santo André e no intercâmbio realizado em 2009 com a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (RS). O projeto da Escola Popular de Teatro CITA teve 55 inscritos, selecionando 17 entre os 26 que compareceram na terceira fase de seleção. Considerações sobre a Escola-Cita Como toda escola ou como todo espaço de formação, onde a educação acontece e, neste caso, educação e arte, há muita dificuldade, há muitos problemas, há muitos aprendizados pelos erros, e isso é comum e renovador ao mesmo tempo. O processo do erro diário nos mostrou inúmeras coisas que poderiam ser diferentes e nos fez descobrir questões diárias para serem resolvidas. Logo na primeira semana, um dos aprendizes saiu, justificando que não teria como fazer a formação porque ele e sua família estariam partindo de viagem para outro estado. Depois disso, houve ainda mais três desistências por falta de recursos para fazer a escola, pois o projeto não disponibilizava ajuda de custo para os aprendizes. Estas evasões foram importantes para que o coletivo fosse se reestruturando e se reorganizando. As faltas e atrasos que eram mais constantes no primeiro mês começaram a diminuir bastante depois de inúmeras conversas e combinados. (Por Natália Siufi – atriz-pesquisadora convidada) Revelando Artemanhas 64 É importante salientar que a Escola-CITA não iniciou com o objetivo de gerar formações artísticas, não estava interessada em quantidade de pessoas que queriam somente fazer teatro, pois o que foi colocado como prioridade era a qualidade dos estudos, a concentração em processos de trabalhos que costumam acontecer em pesquisas de teatro de grupos; ou seja, algumas desistências que aconteceram dentro do projeto da escola também fizeram parte desse processo. Pois surgiram diversas questões entre os vários envolvidos, uma delas: que é preciso muita dedicação ao coletivo, superando as subjetividades ou os pensamentos individuais impostos pelo mercado, tendo a necessidade de se criarem “crises” para que o aprendizado seja verdadeiro, intenso e prazeroso. A crise de se criar, construir, desconstruir e iniciar uma nova criação. O ciclo constante, do nascer, desenvolver, morrer e renascer. Todos esses fatores foram importantíssimos para a escola, que antes só aconteceria como um centro de pesquisa teatral. O termo “escola”, que se fazia necessário, com o objetivo de aproximar a população dessa nova realidade, fez com que conseguíssemos gerar uma espécie de resiliência criativa num bairro de periferia de São Paulo. Assim foi construída a primeira turma da Escola Popular de Teatro CITA. Revelando Artemanhas 65 Núcleo de investigação em teatro popular Artemanha nas praças com a circulação do espetáculo de rua “Vi Makunaíma na Rua!” O nosso Makunaíma passou por diversas transformações no decorrer do processo de pesquisa que foram provocados pelos intensos treinamentos dos atores, na montagem do espetáculo, nas duas aberturas do processo ao público e com a estréia que aconteceu no dia 03 de dezembro de 2011, na Praça do Campo Limpo. Foram várias contribuições que começaram em outubro de 2009 com o Professor Carlos Eduardo Siqueira (PUC/SP), orientador de pesquisa literária, que alinhavou os pensamentos literários com o objeto da pesquisa teatral; e do Professor Alexandre Mate (Unesp/ SP) que realizou a primeira adaptação da obra para uma dramaturgia de teatro de rua. Depois vieram os treinamentos práticos: Circo com Gil Caetano, Instrumentos Musicais não-convencionais com Pax Bittar, Treinamento com perna-de-pau com Ligia Veiga (Cia Mystério e Novidades), Interpretação com Tania Farias (Ói Nóis) e Renato Ferracini (Lume Teatro). O processo começou a ser desenhado a partir dos encontros com o Dramaturgo e Pesquisador Dorberto Carvalho que organizou um roteiro tendo com fonte inspiradora o material teórico e prático coletado durante o processo de pesquisa na 15ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro que o grupo realizou. Com a impossibilidade de ter como Diretor do espetáculo o Teatrólogo Marcelo Bones, o Grupo optou por continuar o processo de montagem com Dorberto Carvalho, que passou a dirigir o trabalho. A Trupe Artemanha optou por fazer estudos a partir do mito Medeia, umas das figuras femininas mais impressionantes da dramaturgia universal, tendo como base textos, filmes e livros que fazem uma alusão à Tragédia Grega, realizando uma releitura e o cruzamento com relatos de moradores de rua. E para o Artemanha, apresentar Macunaíma na rua foi uma forma de lançar provocações e questionamentos sobre a “nossa identidade”, de nossas características enquanto povo brasileiro e do nosso lugar enquanto indivíduos inseridos em um contexto de tantas fragmentações. Vi Makunaíma na Rua! nasceu em várias ruas e praças das regiões Leste, Oeste, Centro, Norte e Sul, conhecendo novas tribos, tendo contato com diferentes gigantes comedores de gente e principalmente heróis e anti-heróis assim como ele pelas ruas da cidade. Núcleo de investigação urbana “Maria de Rua, Maria Guerreira, Maria Medeia” A pesquisa Investigação Urbana vem sendo realizada desde a chegada do Artemanha no bairro do Campo Limpo (2005), desdobrando-se em vários materiais que proporcionaram ao grupo combustível para o desenvolvimento de seus trabalhos. A Trupe Artemanha optou por fazer estudos a partir do mito Medeia, umas das figuras femininas mais impressionantes da dramaturgia universal, tendo como base textos, filmes e livros que fazem uma alusão à Tragédia Grega, realizando uma releitura e o cruzamento com relatos de moradores de rua. O Núcleo de estudos composto por integrantes do Grupo e de convidados fez um apanhado sobre os primeiros filósofos, estudando o nascimento da filosofia, passando por vários períodos históricos. No início do processo o núcleo estabeleceu construir protocolos que registrassem os encontros, debates e as intervenções feitas no Espaço Cultural CITA. A intenção era de utilizá-los futuramente em exercícios propostos pelo grupo, tendo como fonte registros que foram feitos em formatos diversos: poemas, crônicas, cenas ou textos relatando o encontro do dia. O Núcleo também tomou contato com os seguintes textos e livros: Processo Colaborativo: Relato e reflexões sobre uma experiência de criação, de Luis Alberto de Abreu; O Teatro e a Cidade – Lições de História do Teatro, organizado por Sérgio de Carvalho; Medeamaterial, de Heiner Müller; e Gota D’agua, de Chico Buarque e Paulo Pontes. Realizou sessões de filmes para organização de debates: Medeia e Dogville, de Lars Von Trier, e A Classe Operária Vai ao Paraíso, de Elio Petri. Revelando Artemanhas 66 Núcleo de estudos hip hop Por que pesquisar o movimento hip hop? O que isso tem a ver com teatro e com o mito Fausto? Ora, somos artistas, atores, atuantes de um canto ao sul da cidade, dito periferia. Mais precisamente, região do Capão Redondo, berço do rap nacional, considerado um dos bairros mais violentos do Brasil até o ano de 1997, o mesmo ano que aconteceu o lançamento do Álbum “Sobrevivendo no Inferno”, do grupo Racionais MC’s, talvez a primeira vez que um grupo de rap questionou a dura realidade da periferia. Inclusive, o grupo negou a mídia, mesmo assim transformando-se em um fenômeno de venda de discos entre os seus (guerreiros da periferia), e isso sem aparecer de fato nessa grande mídia burguesa. Naquele momento, tantas outras periferias do Brasil eram representadas. Personagem muito importante e que vivenciou muitos acontecimentos no movimento hip hop paulistano é o MC Gaspar, que, junto ao DJ Tano, nos orientou durante este início de estudos, de algo até então distante dos nossos saberes, já que musicalmente, por exemplo, hip hop seria o mesmo que rap, quando, na verdade, o rap (abreviação do termo da língua inglesa ritm and poetry - ritmo e poesia) é apenas um entre dezenas de ritmos que podem compor o hip hop – que, enquanto movimento artístico, é composto basicamente por Revelando Artemanhas 67 quatro elementos: MC - Mestre de Cerimônias e rimador. DJ - Disc Jockey (operador de toca-discos e exímio conhecedor de música), Graffiti (artes plásticas realizadas onde for possível pelas ruas da cidade), inicialmente em muros, através de tintas-spray, hoje já utilizam-se de pincéis, canetas. E o quarto elemento, o B-Boy, ou os dançarinos de rua. Há também uma discussão para a composição de um quinto elemento: o conhecimento, segundo o poeta e Mc Gaspar. Um ponto muito interessante na escolha destes orientadores foi o fato de trabalharem muito com os ritmos populares como o coco, a embolada e o maracatu, sem falar na métrica das letras que basicamente são as mesmas regras do cordel - técnica que o Mc Gaspar fez questão de aprofundar em suas vivências com o grupo. Estes ritmos e manifestações populares estão extremamente presentes na pesquisa do grupo Z’Africa Brazil, do qual nossos orientadores fazem parte, dividindo-se entre shows e um projeto que visa através de oficinas ampliar o conhecimento sobre o movimento hip hop, tendo como público pessoas de todas as idades e de diversos locais de São Paulo. Além de estar diretamente ligado a tudo que vimos na Escola-CITA, desde o Cavalo Marinho, aos estudos com instrumentos percussivos e a busca de um relacionamento entre o Mito Fausto com figuras e personagens da nossa época, ainda tem uma relação muito interessante da história do hip hop com a vida na periferia. Uma das características fáusticas muito presente nesse movimento é a eterna busca por novidades no desenvolver de cada um dos elementos. Ousamos dizer que musicalmente falando, essa manifestação é tão rica, que é capaz de fazer tantas melodias e harmonias de diversos estilos em uma única música. O DJ passa a vida pesquisando formas de ligar trechos de músicas, sem falar na facilidade com que estes artistas tanto da música quanto da dança ou graffiti se adaptam às tantas realidades que viveram e continuam vivendo com os inúmeros problemas sociais, de ordem política ou tecnológica. Por isso o hip hop está sempre se renovando a partir das dificuldades encontradas no sistema que ele combate, utilizando o microfone afiado para denunciar situações adversas. (por Dêssa Souza – atriz-pesquisadora e produtora) 6º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2011 - Homenagem a César Vieira e os 45 Anos do Grupo TUOV No dia 12 de novembro de 2011 demos início ao 6º FESTCAL, que teve como homenageado o dramaturgo e diretor César Vieira e os 45 anos do seu grupo TUOV – Teatro Popular União e Olho Vivo. Foram 8 dias de apresentações de grupos com estéticas e realidades diferentes, desde grupos com estrutura de trabalho e potência no fazer teatral a grupos que trabalham em outras profissões, como metalúrgicos, professores, estudantes, que ensaiam e produzem seus espetáculos aos finais de semana, como é o caso do Grupo Athos de Batatais, interior de São Paulo, parecido com a história do merecido homenageado dessa edição, o grupo TUOV. Grupos Participantes: TUOV (S. Paulo – SP), Barracão Teatro (Campinas – SP), Trupe Olho da Rua (Santos – SP), Grupo Athos (Batatais – SP), Grupo Contadores de Mentira (Suzano – SP), Cia. Soltando o Verbo (Taboão da Serra- SP), GTI – Grupo Teatro do Imprevisto (S. José dos Campos – SP), Grupo XIX (S. Paulo – SP), Cia. Estável (S. Paulo – SP) e a Banda Preto Soul (Taboão da Serra e S. Paulo – SP). Revelando Artemanhas 68 Revelando Artemanhas 69 Cita – 3 Eixos: Ocupar, Revelar e Difundir Projeto contemplado na 21ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro Dados sobre o projeto: Tempo de duração: 15 meses. Período que foi executado: Outubro de 2012 a Janeiro de 2014. Local que foi realizado: Campo Limpo, São Paulo – SP. Ficha técnica do projeto contemplado: Adonai Bezerra, Alexandre Mattos, Carlos Andrade, Cléia Varges, Dêssa Souza, Ingrynd Sena, Léo Santiago, Luciano Santiago, Rodrigo Dias e Welton Pereira. Convidados: Tiche Vianna (Orientadora de Encenação), Ésio Magalhães (Orientador de Interpretação de Ator-palhaço), João Araújo (Orientador de Interpretação), Pax Bittar (Preparador Musical com instrumentos não-convencionais), Fábio Pinheiro (Preparador Vocal/Canto), Luiz Checcia (Orientador do Núcleo de Formação Política), Marta Aguiar Bergamin (Orientadora do Núcleo de Formação Política) e Robison de O. Padial, o “Binho” (responsável pelos saraus na Praça do Campo Limpo). O projeto CITA – 3 Eixos: Ocupar, Revelar e Difunfir... apresentou como proposta as seguintes ações: A) Ocupar, Revelar e Difundir... Espaço Cultural CITA – Centro de Investigação Teatral Artemanha: Manutenção do Espaço Público ocupado desde maio de 2011 pela Trupe Artemanha, dando continuidade às ações do grupo neste local, mantendo os núcleos de estudos da Escola-CITA, palestras, ensaios, debates, mostras, oficinas, apresentações de espetáculos da Trupe Artemanha e de grupos convidados. B) Núcleo de Investigação em Teatro Popular: Continuidade da Pesquisa Dr. Fausto Capão no reino do Hip Hop, agora com a construção do Espetáculo Mephisto Injustiçado, dramaturgia de Dorberto Carvalho e Direção de Tiche Vianna. Circulação do espetáculo: O Homem que virou Suco pelas 5 regiões da cidade. C) Núcleos de Estudos do CITA: Orientação de Encenação, com Tiche Vianna (Barracão Teatro); Treinamento de Ator-palhaço, com Ésio Magalhães (Barracão Teatro); Treinamento de Ator com bonecos e formas animadas, com João Araújo (Morpheus Teatro); Musicalização com Instrumentos não-convencionais, com Pax Bittar; Voz e Canto, com Fábio Pinheiro; e orientadores convidados para o Núcleo de Formação Política. Todos os treinamentos e estudos foram utilizados no processo de pesquisa da construção de encenação do espetáculo: Mephisto Injustiçado e dos Núcleos de Estudos. Revelando Artemanhas 70 D) Dramaturgias das Quebradas: Realizou encontro-residência de pelo menos uma semana com coletivos das periferias, seja pelo local geográfico, seja pela ação política organizada pelos coletivos em seus respectivos locais de atuação. Com objetivo de criar uma escrita-coletiva em forma de dramaturgia, a partir desse encontro, recebendo orientações dos próprios grupos visitados ou até misturando-se a eles, realizando um exercício no último dia da residência. G) Memória Trupe Artemanha: Foi proposto para a 21ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro, a criação, publicação e lançamento do livro Revelando Artemanhas – A quebrada Reage e Age!; a continuidade das edições do Jornal Revelando Artemanhas; e o registro e produção de um documentário e Exposição com fotos do Projeto CITA – 3 Eixos: Ocupar, Revelar e Difundir. Como aconteceu o projeto E) Encontros com Mestres e Sarau do Binho na Praça do Campo Limpo: A Trupe Artemanha realizou encontros para compartilhamento de vivências com mestres do teatro político, da cultura popular, filósofos e sociólogos, que fizeram palestras, oficinas e demais ações, como forma de extensão dos núcleos de estudos do CITA. No mesmo dia em que aconteceram os encontros com mestres no Espaço Cultural CITA, também foi realizado sarau com o poeta e militante Binho na Praça do Campo Limpo. Os encontros e os saraus aconteceram por 12 meses, sempre no último domingo do mês. F) FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo: O Grupo realizou e organizou em maio de 2013, a 8ª edição do FESTCAL, em homenagem ao Movimento Escambo Popular Livre de Rua do nordeste brasileiro. Revelando Artemanhas 71 3 EIXOS – OCUPAR, REVELAR E DIFUNDIR... Pesquisa-montagem do espetáculo Fausto - A pesquisa de Fausto já atravessava mais de 1 ano de processo, ligada diretamente à ocupação do Espaço, à criação e desenvolvimento da Escola-CITA, aos trabalhos realizados com o orientador de dramaturgia Antônio Rogério Toscano e a orientadora de interpretação Tiche Vianna. E, através do projeto CITA - 3 EIXOS – Ocupar, Revelar e Difundir..., o grupo deu continuidade a esse processo, preparando a montagem de um espetáculo baseado na história de Fausto, sob a direção de Tiche Vianna. A Trupe Artemanha propôs uma nova leitura dessa figura, contextualizando suas inquietações, em busca do conhecimento, com as do homem da atualidade e suas incessantes buscas pela felicidade, anunciada a prestações através de cartões de créditos, etc. E, através do projeto CITA - 3 EIXOS – Ocupar, Revelar e Difundir..., o grupo deu continuidade a esse processo, preparando a montagem de um espetáculo baseado na história de Fausto, sob a direção de Tiche Vianna. Colocando uma questão contundente, de que os indivíduos não só consomem, mas que já estão sendo consumidos há muito tempo. Fausto iniciou esse processo de representação em meio a uma sociedade do consumo desenfreado e inconsequente, firmando seu pacto com o capitalismo personificado. Em suas duas últimas pesquisas e montagens, a Trupe Artemanha abordou temas relacionados à história do Brasil e ao processo de formação da sociedade brasileira. Em Fausto, foi possível falar do indivíduo contemporâneo de forma crítica e irreverente. Por meio da adaptação de um clássico da literatura mundial, o grupo deu continuidade à concepção de trabalhos artísticos que promovem o pensamento crítico e provoquem o espectador a sair de um lugar comum, criando reflexões sobre a sociedade em que ele está inserido. O projeto de pesquisa para montagem de um espetáculo baseado no mito Fausto, teve início em junho de 2011 com leituras a partir das obras A História Trágica do Doutor Fausto, de Christopher Marlowe, e Fausto Zero, de Goethe. Nesse tempo de pesquisa, descobrimos alguns recortes que foram experimentados durante esse processo de construção dramatúrgico. A montagem do espetáculo inspirado em Fausto aparece pelo modo como esta fábula estabelece relações entre o humano e o divino, e retrata a busca do homem por uma emancipação existencial que pretende negar Deus e a Morte, através do pacto com o Demônio. São várias histórias faústicas que surgem na atualidade e que foram exploradas por Marlowe e Goethe, mas que transcendem a relação tempo e espaço. A primeira questão latente que surge é justamente esta: Quem ou quais são os Faustos de hoje? O dramaturgo Christopher Marlowe lança outra provocação em sua obra sobre Fausto: qvod me nvtrit me destrvit² . O Fausto de Marlowe fala sobre o sujeito “pós-medieval”, o sujeito Renascentista. Começando com Cristopher Malowe, depois com Ghoete, depois com elementos que Bertolt Brecht utilizou para construir o personagem Baal. O objetivo desse processo de montagem era de encontrar nesta grande figura de destaque da cultura popular, elementos que estão presentes nas relações e manifestações sociais urbanas. A Trupe Artemanha considera que é de extrema importância a montagem do espetáculo Mephisto ² “O que me alimenta, me destrói.” – Introdução de Dirceu Villa do livro A História Trágica do Doutor Fausto, de Christopher Marlowe, Tradução de A. Oliveira Cabral. Revelando Artemanhas 72 Injustiçado que foi fruto de uma pesquisa intensa e bem sucedida entre integrantes, orientadores e aprendizes que aconteceu dentro de uma edição do Programa de Fomento ao Teatro, com isso, o grupo não se inscreveu em outros editais públicos na época, como Funarte Myriam Muniz (Federal) e Proac Inédito (Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo) para montagem inédita, não querendo concorrer com outros coletivos, já que pleiteávamos pelo Edital do Fomento, correndo um risco imenso de não ser contemplado, mas com a confiança que a montagem teria que acontecer com recursos da própria lei de fomento, além de não concorrer aos editais mencionados com o coletivo de orientadores que fizeram parte do nosso projeto cita-3 eixos. O objetivo foi alcançado e a Trupe Artemanha conseguiu a contemplação na edição de número 21 do Programa de Fomento ao Teatro. Com uma verba reduzida, mas suficiente para realizar a montagem de Mephisto Injustiçado. Processo de construção do espetáculo Mephisto Injustiçado A orientadora Tiche Vianna, em trabalho inicial com o grupo, fez algumas provocações, iniciou um trabalho de construção de máscaras em sucata em que cada máscara seria um tipo de guia do ator. Revelando Artemanhas 73 Também trabalhou letras de samba e o que essas letras traziam para cada um deles. Cada encontro que aconteceu entre outubro e dezembro trouxe tantos questionamentos, que a tática de Tiche foi deixar o grupo trabalhar por conta própria todos estes elementos, mastigar, mastigar, deglutir, mastigar novamente: provocações, máscaras-guias, sambas, estudos em canto e composição musical, construção de bonecos, estudo do ator palhaço. A partir do mês de junho, todos esses elementos passaram a ser solicitados em cenas e exercícios propostos, e então foram meses de trabalho para a montagem do espetáculo em torno das inquietações de Fausto a estréia aconteceu em 21 de setembro de 2013. Dêssa Souza Produtora O estudo do mito de “Fausto” não nos conduz à montagem de nenhum dos espetáculos criados na esplêndida dramaturgia de diversos autores. Mais do que as possíveis histórias, nosso interesse é, acima de tudo, a figura Fausto e as questões sobre a existência. Somando isso à Trupe Artemanha de Investigação Urbana, que é um grupo voltado para a questão popular, em um bairro da periferia de São Paulo, nos servimos dos elementos poéticos e grotescos oferecidos por estas dramaturgias As pessoas em situação de rua sempre foram um público que muito intrigou e interessou a Trupe Artemanha para alcançarmos o que arquetipicamente define o Fausto e assim, construir um espetáculo alegórico, centrado no jogo entre máscaras ou figuras cênicas, como um desfile de escola de samba, com diversas alas ou episódios, capazes de compor uma história centrada basicamente na questão: para qual Mephisto vendemos nossa alma? Tiche Vianna Orientadora de Encenação e Diretora do espetáculo Mephisto Injustiçado Relatos dos Atores sobre o processo de montagem: Por Rodrigo Dias Antes do início da montagem propriamente dita, tivemos treinamento com vários profissionais cada um provendo-nos com técnicas distintas (treinamento de palhaço, de manipulação e criação de bonecos, de canto e de instrumentos musicais não convencionais). Além disso, as pesquisas sobre o mito de Fausto e suas várias versões cinematográficas e literárias continuaram. Frases como “O caminho ilógico – A falta de sentido”, “Morte!”, “Afetar-se foram escritas na sala de convivência do CITA, que se tornou nossa lousa. Diariamente essas frases eram vistas por nós na esperança de que, em algum momento, todas essas peças, os treinamentos, os filmes, as discussões, enfim, tudo do que vínhamos bebendo desde o início do projeto fosse amalgamado num trabalho que teria, além de tudo isso, o tom do bairro do Campo Limpo e de seu cotidiano. Durante muito tempo, não sabíamos muito claramente por onde começar. Tínhamos muita coisa para falar. A realidade do bairro com toda a sua efervescência artística, porém com todas as dificuldades da periferia da megalópole que é São Paulo. As pessoas em situação de rua sempre foram um público que muito intrigou e interessou a Trupe Artemanha, desde o Núcleo de Investigação Urbana, processo pelo qual tive o primeiro contato com a Trupe. E saímos para pesquisar, recolhendo depoimentos, entrevistas, imagens e sons. E mesmo sem sairmos para pesquisar o próprio fato de estar aqui diariamente já nos supria de muito material sobre o bairro e sua realidade, nem sempre muito agradável. Chegou, então, o momento do encontro com a Tiche Vianna, orientadora e diretora deste trabalho que até então era uma incógnita para nós. Foi realizada então uma reunião com a trupe e com todos os orientadores: Pax Bittar de instrumentos não convencionais, Ésio Magalhães de palhaço, Fábio Pinheiro de técnica vocal e João Araújo de manipulação de bonecos e objetos. Todos falaram Revelando Artemanhas 74 dos trabalhos que foram desenvolvidos conosco, dando pistas e apresentando as ferramentas que tínhamos para iniciar o trabalho. Contudo, nesta primeira semana, quando iniciaríamos o processo de montagem, todos ansiosos para o início de um caminho que até pouco antes da estréia não sabíamos aonde nos levaria, recebemos um telefonema da subprefeitura do Campo Limpo. Já sabíamos que boa notícia não viria. Não veio. A funcionária veio trazer um recado do subprefeito do Campo Limpo informando-nos que nosso tempo de utilização do espaço tinha se esgotado havia alguns meses e que tínhamos três dias para tirar nossas coisas daqui, pois na próxima semana um caminhão viria derrubar tudo para a construção de um CAPS. Esse foi um choque para toda a trupe, justamente quando iniciaríamos o processo de junção de tudo o que vivenciamos até então, tivemos que dividir nossa energia para algo mais prioritário que era lutar com mais afinco ainda pela nossa permanência aqui no CITA. Um processo que não seria nada fácil seria postergado, ou pelo menos dividido com essa grave questão. Após reuniões em com os representantes da saúde, da cultura, com o subprefeito, vimos o quanto a cultura não é considerada como algo importante Revelando Artemanhas 75 pela maioria das pessoas. Em algumas visitas do subprefeito do Campo Limpo ao espaço, vimos o quanto somos desconsiderados pelas pessoas que deveriam nos representar. Pois em nenhum momento a palavra foi dirigida a nós como se não estivéssemos e não fizéssemos parte do espaço. O subprefeito discutia com representante da Secretaria de Cultura, ou com o representante da Secretaria da Saúde. Éramos invisíveis. Recado dado. Enfim, conseguimos ficar com metade do espaço num acordo no qual saúde e cultura conciliariam e construiriam a história desse espaço a partir dali. Com algumas mudanças, iniciamos o processo. Tínhamos a tarefa de fazer algumas bases com alguns temas retirados das pesquisas realizadas sobre Fausto. Eram estas bases: fome, amor, conhecimento, Mephisto o caminho ilógico, morte, luta, loucura/paixão. E, apesar de toda a densidade que permeia o mito Fausto, as bases teriam que ser divertidas. Fizemos alguns exercícios, e esboçamos algumas bases, nelas tentamos incluir o máximo de elementos dos treinamentos que fizemos. Porém, ainda faltavam conexão, coesão, enfim, faltava... Com um frio na barriga, apresentamos as bases construídas para a Tiche. Logo que viu, a orientadora observou que a linguagem mais adequada seria o universo da bufonaria. E pensando hoje no Revelando Artemanhas 76 Revelando Artemanhas 77 que são os bufões, os filhos bastardos dos nobres excluídos da corte, os rejeitados, os defeituosos, os invisíveis, bem faz todo o sentido com como nos percebemos aqui no espaço perante aos órgãos públicos do bairro do Campo Limpo. Portanto, mesmo os percalços serviriam de elementos para que pouco a pouco, pudéssemos iniciar essa jornada ao desconhecido. Uma coisa foi-se tornando clara, queríamos que as pessoas simbolicamente ocupassem o espaço conosco. E entrassem aqui como fizemos há três anos. Queríamos abrir as portas que outrora abrimos e acender a luz! Chegamos a algumas figuras que comporiam o roteiro, Loco, Flor, Gero, Pirata e Mudinho. Começamos a trabalhar as cenas, a montar artesanalmente as figuras, os bufões. Tudo começou a fazer mais sentido, mas mais coisas aconteceriam, ou os demônios não estavam gostando de estarmos lidando com um tema tão pessoal, ou os anjos não achavam que estávamos maduros para continuar, pois as surpresas não pararam. Roteiro elaborado, texto pronto; porém, mais uma questão. Um dos intérpretes criadores comunica sua saída do grupo por conta de ter entrado para uma igreja evangélica. Parecia que algo sempre impedia o andamento do processo. Tivemos que remontar tudo, retirando um dos personagens. Mais um roteiro, mais um texto, mais mudanças. Finalmente, tínhamos um roteiro, que não cessou de ser alterado até a semana da estréia. A falta de sentido, uma das características principais do personagem Fausto, esvaiu-se pouco a pouco da montagem, e ficava somente o que nos tocava no íntimo, aquilo que não podia deixar de ser mostrado. E assim, lapidando ou sendo lapidados pelo processo, ficamos com essa dúvida: criamos um universo ou simplesmente o descobrimos? Talvez nunca saibamos, mas de nossas pesquisas, treinamentos, trabalhos em sala, nasceu Mephisto Injustiçado. Em Mephisto Injustiçado, os bufões convidam o público a adentrar um universo onde o real e o fictício não se separam tão facilmente. Enquanto intérprete da experimentação, reflito sobre o que é real ou não na minha vida. E num tom cômico, os bufões vão vivendo uma aventura no Espaço Cultural CITA, onde e lógica divina aprendida, assumida, ou por vezes empurrada, engolida como tantos sapos cotidianos indigestos, é contestada. Nosso mundo é lógico, é justo, é tragável? Não só a questão da ilógica do trabalho, mas outras ilógicas parecem despontar ao vivenciar esse experimento. Revelando Artemanhas 78 Encerra-se o processo, porém inicia-se outra etapa, que é o amadurecimento do compartilhar com o público essa nossa aventura. Uma despedida emocionante com a direção à qual somos muito gratos pela orientação nesse processo nada fácil. A temporada que está sendo realizada é um dos trabalhos que mais fez sentido fazer, portanto, mais prazeroso, mais divertido. Continuemos, portanto. Muita gente ainda atravessará os corredores do CITA, seguindo um bando de bufões que, pelo menos por mim, nunca deixarão de existir mesmo quando tudo isso for uma memória distante e nebulosa, será também a lembrança de um saudoso tempo. Por Cléia Varges Dentro deste processo de montagem tivemos treinamentos que nos impulsionaram para a construção do espetáculo e para a formação artística do grupo enquanto fazedores de teatro e cultura, são eles: treinamento de palhaço, treinamento de instrumentos não convencionais, preparação vocal e construção e manipulação de bonecos. Com a chegada da orientadora de encenação Tiche Vianna e suas provocações, o trabalho ficou cada vez mais intenso, exigindo de todos entrega e dedicação total a este processo. A construção e o treinamento para as figuras foram fundamentais Revelando Artemanhas 79 para que começássemos a estabelecer as relações, que posteriormente, serviriam para a construção da dramaturgia, na qual, tivemos a importante participação do dramaturgo e diretor Dorberto Carvalho, que também acompanhou alguns ensaios das propostas de cenas apresentadas para a direção. Tivemos como estímulo para a criação das cenas algumas bases construídas coletivamente: amor, fome conhecimento, morte, luta, loucura/paixão, festa das bruxas. Estas bases nos trouxeram diversos questionamentos e reflexões, que são: Mephisto – o caminho ilógico, Fausto – conhecimento pra quê? Margarida – amor - dependência de quê? Morte – o que eu mato dentro de mim o tempo todo? E assim, saindo do nosso imaginário, começamos a descobrir o universo fantástico e divertido para lidar com essas questões de forma séria e irreverente. Para aprimorar as figuras, o treinamento de palhaço entrou em cena. Este foi um processo de muitas descobertas, possibilidades de adquirir algo novo, um som, um movimento que cause o riso, mesmo que tímido. O palhaço como um ser livre não busca aprovações, ele não estabelece a moral, o olhar é outro, a estrutura do corpo se modifica ele não está em momento algum querendo passar pela autocrítica. É preciso correr o risco, se não, jamais saberemos do que somos capazes, uma respiração, um movimento, um gesto e a figura está presente. Este processo foi fundamental na construção das figuras, nas vozes, gestos e relações. Através deste trabalho, chegamos aos bufões, seres grotescos, inteligentes, atrevidos e sagazes, que, com ironia, mostram as duas faces da realidade de uma sociedade que os coloca à margem dela. Os bufões surgem no caminho a partir de nossas proposições. O processo de construção deste espetáculo e a temporada que a Trupe está realizando fizeram com que o Espaço Cultural Cita se reafirmasse cada vez mais neste processo de ocupação artística, pois abrimos as portas literalmente para todos. Por Carlos Andrade Neste período, demos continuidade inicialmente em tudo que conseguimos descobrir durante todo esse tempo de pesquisa, das literaturas Fáusticas, filmes, reflexões do que seria fáustico nos dias atuais, procurando transformar tudo que nos chamava atenção neste processo, em cenas! Onde não devíamos ter a menor preocupação em explicar, o que estávamos apresentando em diálogos. E sim com ações corporais e sensoriais que dissessem o que todo processo instigava dizer. Nisso, cada ator primeiramente elaboraria uma cena individual onde ele não mostraria aos colegas do processo e isso gerou um incentivo de mostrarmos algo que cada um acreditava ter uma ligação com a história de Fausto e nesta parte do processo não ficou individual somente entre os integrantes do elenco, mas também cada orientador (Pax Bittar, Fábio Pinheiro, João Araujo e Ésio Magalhães) eram os únicos que podíamos comentar sobre nossas idéias, para que dentro da atividade de cada um, pudesse nos ajudar em nossas criações. Essa parte durou semanas, até o dia de mostrarmos uma a uma das cenas para que todos pudessem ver e compartilhar impressões sobre as ideias que tinham visto. Foi um momento muito rico em aprender e de percebermos caminhos para começarmos finalmente o processo de montagem, o início da dramaturgia! Para voltarmos a trabalhar juntos, Tiche sugeriu que, a partir dos apontamentos feitos, agora procurássemos fazer as dialogarem cenas umas com as outras a fim de aproveitarmos o que foi potencial nestas historinhas que surgiram e a história surgiria daí com o trabalho em conjunto. Foi outro desafio instigante ver aquelas figuras vindas de processos do primeiro período do projeto Revelando Artemanhas 80 umas com aspectos diferentes devido ao tempo de processo e outra que chegaram recentemente gerando discussões que só poderia mudar a ideia de cena proposta por cada um para poder surgir uma nova, onde todas as cenas poderiam se dialogar. E em semanas foram ocorrendo experimentos e experimentos, mudanças e mudanças, onde, devido a um debate de tudo que já havíamos feito, a diretora (Tiche) propôs que o que já tínhamos de dramaturgia fosse explorado por figuras bufonescas. Com isso, Ésio Magalhães e Tiche Viana iniciaram um prévio processo para buscarmos descobrir figuras bufonescas, para dialogarem com as propostas do caminho que estávamos trilhando nesta parte da montagem, já que por unanimidade queríamos fugir da atmosfera densa que carrega as dramaturgias Fausticas e construir algo que não deixasse de ser crítico mas que acarretasse uma carga divertida e cômica não importando qual fosse o assunto faustico a ser mostrado. No início, foi difícil entender como estas figuras seriam, pois sabíamos que elas deveriam ser diferentes das já propostas nos trabalhos anteriores. Então, fizemos pesquisas de eixos corporais, personalidades, voz e principalmente ânimos diferentes entre elas. Revelando Artemanhas 81 Então, foi daí que surgiram: Gero, Tacy, Flor e Mudinho, que fariam parte desta nova fase do processo de montagem, e eles chegaram revolucionando tudo que já estava estruturado: novos locais de cenas, novas cenas, outras opções de dramaturgias, e nessas mudanças chegou para finalizar a escrita do texto o dramaturgo e diretor Doberto Carvalho, que, observando as cenas, diálogos e a interação de cada figura, foi escrevendo o texto de acordo com o que já estava criado; enfim, tudo foi dando uma nova atmosfera para o espetáculo, que, desde o início de sua montagem, passou por vários desafios externos (ameaça da subprefeitura, mudanças de locais das cenas e cenários por conta da entrega de um dos barracões à Secretaria da Saúde; e, em meio a tudo isso, também ocorreu a desistência de um dos atores). Isso tudo, sinceramente, me fez pensar nas forças e energias com que estávamos lidando, mas isso não me fez em momento algum pensar em desistir. Muito trabalho (cenários, adereços, preparação corporal, ensaios e ensaios, dúvidas e dúvidas), por fim, dia 21 de setembro de 2013, nasceu Mephisto Injustiçad. E mesmo que tenham ocorrido muitas participações do público acompanhando os ensaios, seguindo-nos na praça e passando cena por cena, agora sim, nas apresentações, teríamos como foco o elemento mais importante do teatro: o contato com o público e o olhar dele sobre o espetáculo. E me sinto muito feliz por ter terminado esta parte do processo, embora me doa às vezes a falta dos profissionais que contribuíram muitíssimo para a qualidade desta obra, eu nem posso deixar de mencionar o quanto tudo isso só veio a alimentar a minha carreira como ator. Por Welton Silva Frases “Nenhum de nós é mais importante do que todos nós juntos” Grupo Garajau (CE) “Morte!!!” “Quem eu mato dentro de mim o tempo todo?” “Vamos nos divertir!!!” “O que é o Amor? -Daqui a 5 anos eu te falo! - Família! - É importante, entre duas pessoas...” “Se o outro depende de mim, ele não vale nada. Se eu dependo do outro, eu não valho nada.” (Tiche Vianna) “O que te mata por dentro? - A velhice!!! - É tanta coisa que não sei dizer!” “Afetar-se” “Mephisto o caminho ilógico!” Revelando Artemanhas 82 “Liberdade é pouco... o que desejo ainda não tem nome.” “Fausto: Conhecimento pra quê?” “Margarida: Amor >dependência de quê?!” “O que te mata por dentro a todo momento? - A velhice! - A raiva! - A paixão!” Bases: 1)Fome 2)Amor 3)Conhecimento 4)Mephisto – Caminho ilógico 5)Morte 6)Luta 7)Loucura/Paixão/Festa das Bruxas/ Noite de Valpurdia Saímos em dezembro e voltamos em janeiro com os seguintes questionamentos: 1)Por que Fausto? 2)Por que Fausto no Campo Limpo? 3)E o que o CITA quer contar com esse mito? Passamos meses refetindo sobre essas indagações. Se chegamos a uma resposta? Não... não chegamos, na verdade só mais questões... Revelando Artemanhas 83 Saímos pelo bairro pesquisando história, relatos de moradores e frequentadores da praça e redondezas... Ouvimos histórias diversas, histórias que nos mostrou um pouco sobre o bairro e de como surgiu e uma das origens do nome do bairro reside no fato de, antigamente, ter funcionado nas imediações uma antiga chácara do Jockey Club de São Paulo. Pouco se sabe sobre sua criação, mas mora dores mais antigos especulam que o distrito de Campo Limpo originou-se da Fazenda Pombinhos, da família Reis Soares. Várias colônias de japoneses, italianos e portugueses se estabeleceram na região, devido ao preço baixo dos terrenos naquela época, chegando ao que é hoje o ESPAÇO CULTURAL CITA. Um espaço que até então era uma residência de uma mulher chamada Natália Rosenberg, com histórias do senso comum de pessoas que foram mortas ou uma grande história de amor que surgiu nesse lugar. Com todas essas pesquisas e conteúdos, passamos por um processo de criação de cenas, cenas que nós, atores, construímos, conforme a pesquisa e as sensações que afetaram cada um. Surgiram vários personagens, como: uma velha que prevê o futuro e depois se transforma em um demônio; um pirat; um louco; um diplomata universitário; um mudo; uma linda flor; e um velho carrancudo... todos bufões... sim, bufões, esses seres engraçados que se consideram nobres. Entramos em um ritmo acelerado de trabalho, de corpo, figuras, criação e intenções.... Monta cenas - muda cenas, cria cenas, recria cenas e se desfaz delas... Treinamento de canto com Fabio Pinheiro criando várias letras e músicas, encontro com Pax tirando sons de instrumentos não convencionais resultando numa linda cena: “Cena dos Aquários”... Chegamos a criar cenas onde Mephisto e Fausto são a mesma pessoa, palhaços ou bufões, até chegar a Mephisto Injustiçado, um experimento cênico de bufões que propõem dentro do universo fáustico um questionamento da forma ilógica do trabalho. Mephisto, com sua gana de justiça, confronta DEUS todo o tempo com essa sua Lógica/Ilógica: “Por que manter a lógica do trabalho em um mundo sem trabalho? Ou “Por que manter essa lógica dentro de um mundo sem sentido? – são falas de Mephisto... Sedução e paixão é o que Mephisto usa para convocar esses seres (bufões) para entrar nesse espaço e transformá-los em grandes celebridades, passando por um mundo de fantasia, um mundo ilusório que é revelado quando os bufões assinam um contrato entregando a sua própria ALMA... Revelando Artemanhas 84 Mas esse desfecho de sedução e paixão se revela uma grande brincadeira de crianças dentro de um universo lúdico. visão sobre moradores e transeuntes do entorno) voltou pro espaço CITA, prazer! “Mefhisto Injustiçado” diante da pesquisa da linguagem dos bufões! Por Deco Morais O trabalho com o orientador Esio Magalhães no Processo de Montagem do Espetáculo “ Pedimos licença meus amigos, Também um pouco de inspiração... Nesse momento a chuva cai lá fora... E águas do céu lavam o chão Pois agora nos preparamos Pra fazer alguns relatos Sobre o processo de pesquisa dos clowns e os bufões” O palhaço Com seu jogo no espaço, o palhaço exige do ator um treinamento corporal específico, precisão nos gestos, no olhar, toda ação é reação corporal e a palavra é apenas um pretexto. No universo do nariz vermelho, deixamos para traz nossas máscaras diárias; medos, bloqueios, travas não fazem parte do estado desses corpos inocentes, ingênuos, infantis que sem medo do ridículo transformam o erro em grandes acertos e os acertos maravilhosos em erro! Foram meses... Alguns meses... Meses de treinamentos, pesquisas, conflitos... O bufão Já o bufão é o excluso, o bastardo, o deformado, aquele que ninguém quer ser, malicia apurada, excluído da sociedade por natureza. Mephisto, de tão “injustiçado” que foi, teve que nascer! Mas não pense que foi fácil esse parto, pois, durante esse tempo, “Mephisto”, pra ser “Mephisto Injustiçado”, passou pelas mais diversas e diárias “provações divinas:; primeiro, foi lá beber na fonte dos mitos fáusticos, passou pelas máscaras teatrais, depois resolveu dar uma parada no universo do palhaço, foi pra rua (ampliar sua E foi aqui que descobrimos onde nos identificávamos mais, e por qual universo iríamos realmente beber para a construção das figuras do espetáculo. Os bufões são mais a nossa cara, fala mais sobre a realidade que vivemos aqui no Campo Limpo, diante de uma praça que nos cerca e nos ensina muito todos os dias com suas figuras e personagens da vida real. Revelando Artemanhas 85 Revelando Artemanhas 86 Alguns relatos dos atores sobre processo com o orientador Esio Magalhães “Nos treinamentos, nosso orientador nos deixava muito à vontade e nos mostrava de uma forma simples como chegar ao caminho.” “Sou meio defensivo, me senti como se estivesse nu.” “O começo foi incrível, nós víamos os atores com suas mascaras diárias sendo retiradas. Então, eu pensava: não sei lidar comigo mesmo.” “A máscara do bufão onde você pode estar atrás dela, uma distinção entre figura e ator.” “Não me considero engraçado; por isso, foi muito difícil me expor, mesmo sabendo que estava ali com amigos”. “Foi muito válido, precisava acordar, precisava errar, nem sempre temos que acertar, e é assim com o nariz vermelho ou bufão tudo pode, nada se perde, tudo se transforma e vira cena.” “O que mais me marcou foi saber que eu também posso fazer palhaço, ser palhaço, pois ele está dentro de mim; eu achava que pra chegar a isso, teria que ser atriz há muito tempo ou ser uma pessoa muito engraçada”. Revelando Artemanhas 87 Por Cléia Varges O Trabalho com o orientador Pax Bittar no Processo de Montagem do Espetáculo Pesquisando o som de outras maneiras: Movimento, som, vida, movimento. No universo tudo vibra – tudo é vibração. Foi assim que mergulhamos no universo dos instrumentos não-convencionais. Estamos acostumados a ver a música sendo sempre extraída de certos materiais e recursos que, quase sempre, fazem parte das nossas referências sobre a instrumentação musical convencional. Porém, a música, para existir, depende fundamentalmente de uma organização específica dos sons, e estes sons podem ser extraídos das mais diversas fontes. Aquários, galões de água, garrafas de vidro, canos de PVC, entre outros. Os estudos com os aquários foram mais aprofundados, visto que, mais adiante, o grupo apresentaria o material como proposições cênicas para o espetáculo Mephisto Injustiçado baseado no mito Fausto, de Goethe. Além dos aquários, também pesquisamos alguns instrumentos percussivos não-convencionais que nos subsidiaram na construção sonora para as propostas cênicas individuais e coletivas construídas pelo grupo para o espetáculo, e sem sombra de dúvidas, enriquecendo o repertório artístico dos integrantes. O orientador Pax Bittar, com seu profissionalismo, sua qualidade e paixão pelo trabalho que realizou, nos mostrou praticamente que todo som tem potencial para ser organizado em formato musical e, por isso, dentro do universo dos recursos não convencionais, conseguimos identificar uma série de possíveis categorias e, assim, buscar um olhar mais apurado para esse mundo tão mágico e lúdico da música. Ao longo do processo de elaboração do espetáculo, fomos descobrindo formas de como inserir esses instrumentos no cotidiano do fazer teatral da Trupe Artemanha, sem deixar que ficasse apenas mais um instrumento na cena, mas que realmente fizesse sentido o diálogo com as figuras que foram sendo descobertas e com o texto proposto por Dorberto Carvalho. Regência e execução se misturaram, nos trazendo diversas ideias e combinações sonoras diferentes, a fim de estabelecermos qual seria mais interessante dentro de nossas propostas de cenas. E, é claro, a orientação de Pax foi importantíssima e fundamental para o resultado final deste processo, culminando em uma cena inteira do espetáculo tendo como base este trabalho. O primeiro local conhecido pelos bufões é um tipo de jardim-teatro, claro e iluminado, com figurinos dispostos à espera de seus atores Por Rodrigo Dias O trabalho com o orientador Fábio Pinheiro no Processo de Montagem do Espetáculo Ouvir samba! Essa tinha sido a sugestão enfática de Tiche. Sugestão acatada, não só ouvimos, como cantamos, compomos e tocamos. Uma semente havia sido plantada, foi regada, cultivada, porém uma coisa que foi bem aprendida foi que o processo toma rumos próprios. Utilizando o universo metafísico do mito de Fausto, é como se o resultado já estivesse em algum plano, como sempre brincava o Fábio Pinheiro: na quinta dimensão. Acompanhados e muito bem auxiliados pelo Fábio, tivemos várias vivências que nos levavam tanto a um aprimoramento técnico vocal quanto a cada vez mais adentrarmos nos sons deste universo que agora, temos dúvidas se foi criado ou descoberto por nós. Do samba, passamos pelo coco, fizemos improvisações, porém sempre tínhamos uma sensação de que algo não encaixava, que não satisfazia... E não mesmo! Fomos para a rua onde fizemos um tipo de pesquisa-performance perguntando para às pessoas sobre alguns questionamentos levantado. As respostas eram anotados e, depois, compartilhados em forma de canto. Mesmo assim, ainda não tínhamos nada de concreto, de definitivo. Mas, na dúvida, continuamos cantando, tocando, tecendo essa teia, descobrindo os sons que paulatinamente Revelando Artemanhas 88 foram se mostrando, se apresentando conforme íamos nos aprofundando no processo. A vinda de um trabalho mais intenso com a Tiche Vianna e a chegada de Dorberto Carvalho como dramaturgo deram um rumo, amarração ao que já tinha sido criado, às experimentações cênicas. Nestas experimentações, foi que percebemos que a semente do samba não havia vingado. E um som surgiu com a proposta de uma das cenas que tinha como trilha sonora Sympathy For The Devil, dos Rolling Stones. Esse foi um prenúncio de que outras sonoridades emergiriam. Antes mesmo do samba, um dos primeiros sons que ouvimos foi Kurt Weil, na construção das máscaras que foram as guias das figuras. E assim, com esta estética chegamos às músicas Transformar Metal em Ouro e Não Há Paz na Injustiça. Porém como todos os processos, até o último instante antes da estréia houve modificações. Foi um trabalho extremamente importante, pois norteou-nos em um momento muito difícil, que foi encontrar as vozes das figuras que comporiam também a sonoridade do espetáculo como um todo. Acredito que outros sons surgirão, já que dinamismo foi algo presente em todo o processo. Revelando Artemanhas 89 Por Dêssa Souza – Atriz-pesquisadora / produtora e responsável pela ambientação dos espaços cênicos de Mephisto Injustiçado O verbo OCUPAR colocou-se em ação, no sentido literal da palavra, durante a montagem do espetáculo Mephisto Injustiçado. Proposital ou não, resultado de uma série de acontecimentos no cotidiano do Espaço Cultural CITA, cada cantinho foi sendo experimentado e utilizado pelos atores em exercícios e proposições de cenas. Assim, ao aceitar o convite de Mephisto e adentrar o espaço CITA, os bufões Flor, Gero, Tacy e Mudo, acompanhados pelo público, vão descobrindo um inusitado universo, em que cada cena acontece em um local diferente, e mesmo com tantas itinerâncias, ainda se acaba o espetáculo com um leve gostinho de quero mais, dada a diversidade de imagens e conflitos pelos quais se passa. Mephisto Injustiçado - É um experimento cênico baseado nas investigações desenvolvidas ao longo de um ano e meio pela Trupe Artemanha, com orientação de vários artistas pesquisadores de Teatro. O trabalho partiu do estudo dramatúrgico de distintas versões escritas sobre o mito “fáustico”, com o dramaturgo Antônio Rogério Toscan, e agregou profissionais como a pesquisadora e diretora Tiche Vianna, que orientou os atores na criação da encenação; o ator e palhaço Esio Magalhães, que orientou o treinamento de atores, e dos A caixa d’água do CITA para a cena O protesto de Mephisto Com um pequeno palco, uma mesa de autógrafos entre claros tecidos e uma imensa mesa com a Santa Ceia, a Sala do Banquete representa a riqueza e fartura que “com certeza os artistas vivem” (...) A pintura é de Léo Santiago – Ator-pesquisador da Trupe Artemanha A “Sala dos Aquários” ou “A sala da Dança de Mephisto” surgiu a partir do especial trabalho realizado com Pax Bittar em instrumentos não convencionais orientadores João Araújo, na construção e manipulação de bonecos, Pax Bittar e Fábio Pinheiro no treinamento da música, da voz e do canto. Dorberto Carvalho se reuniu com o grupo neste ano para a finalização do roteiro criado a partir das cenas propostas no diálogo entre todos os criadores. Sua verdadeira intenção é selecionar entre os espectadores anônimos um elenco formado por alguns miseráveis, que, segundo ele, são o resultado da lógica de Deus. Sinopse: Ao anunciar um grande espetáculo, Mephisto seduz os espectadores a entrar em um antigo espaço teatral abandonado, com a promessa de que verão um inesperado espetáculo. Sua verdadeira intenção é selecionar entre os espectadores anônimos um elenco formado por alguns miseráveis, que, segundo ele, são o resultado da lógica de Deus. Entre todos, quatro figuras “bufonescas” são selecionadas como suas protagonistas. Aos poucos, atores e espectadores vão sendo conduzidos por ele a encenar e viver momentos criados por sua obsessão em exigir que Deus se apresente pessoalmente e escute a acusação que inocentaria o de sua injusta condenação. Como Deus o ignora, Mephisto procura encontrar um modo inevitável para chamar a sua atenção. No caminho ilógico de um Mephisto que questiona a lógica de Deus, nos perguntamos diversas vezes o que é real, o que é teatro, o que é demoníaco e o que é divino em todos nós. Ficha técnica: MEPHISTO INJUSTIÇADO - Baseado em estudos realizados sobre diferentes versões e leituras do mito de “Fausto” Orientadora de Criação e Diretora: Tiche Vianna Dramaturgia: Criação Coletiva Texto Final: Dorberto Carvalho Preparação Vocal / Musical: Fábio Pinheiro Preparação em Instrumentos não convencionais: Pax Bittar Trilha Sonora: Música da Sanfoninha: Deco Morais / Pianos de Marcelo Onofri / Música Final: Fábio Pinheiro Elenco: Carlos Andrade, Cléia Varges, Deco Morais, Rodrigo Dias e Welton Silva Cenografia: Dêssa Souza / Léo Santiago Adereços: Grupo Marcenaria: Raimundo Souza Projeto Iluminação: Carlos Andrade Técnica / Sonoplastia: Dêssa Souza Figurinos: Mariana Farcetta / Grupo Produção: Dêssa Souza Orientação de Pesquisa: Antônio Rogério Toscano Colaboradores do Processo de Montagem: Esio Magalhães / João Araújo Produção Geral: TRUPE ARTEMANHA DE INVESTIGAÇÃO TEATRAL Revelando Artemanhas 90 Revelando Artemanhas 91 Revelando Artemanhas 92 Revelando Artemanhas 93 Revelando Artemanhas 94 Revelando Artemanhas 95 Revelando Artemanhas 96 Revelando Artemanhas 97 Revelando Artemanhas 98 Revelando Artemanhas 99 Revelando Artemanhas 100 TRUPE ARTEMANHA DE INVESTIGAÇÃO TEATRAL A Trupe Artemanha foi fundada em 1996, em Taboão da Serra-SP, onde trabalhou por oito anos e realizou um importante processo de formação de público. A partir de 2005, o grupo expandiu seus trabalhos para a Zona Sul do município de São Paulo, sediando-se em Campo Limpo, e atuando também nos bairros de Capão Redondo, Vila Andrade e Paraisópolis, que, juntos, compreendem aproximadamente 600 mil habitantes. Desde 2005, a Trupe Artemanha realiza apresentações de espetáculos, oficinas, palestras e mostras de teatro nesta região, promovendo apresentações de grupos de teatro de diferentes cantos da cidade de São Paulo, do interior do estado e de outras cidades do País, com uma programação totalmente gratuita e diversificada, recebendo públicos de todas as faixas etárias e classes sociais, sobretudo, pessoas que dificilmente têm acesso ao teatro e à arte de modo geral. Este é um diferencial do projeto artístico-político do grupo, pois o Artemanha está distante dos centros de cultura e lazer e suas ações fortalecem o movimento teatral em sua região de atuação, expandindo-se para outros bairros de São Paulo e cidades do País, possibilitando um maior contato com os moradores e artistas locais. A Trupe Artemanha sempre procurou trazer para cena temas que dialogassem com fatos históricos do País. Em seus trabalhos, a Trupe mescla elementos circenses, danças dramáticas, ritmos populares e o trabalho com máscaras, com o principal objetivo de apresentar espetáculos que provoquem exercícios de reflexão, deformando a realidade apresentada. MONTAGENS DA TRUPE ARTEMANHA Mephisto Injustiçado (2013) O Homem que Virou Suco (2012) Vi Makunaíma na Rua! (2011) Brasil, Quem Foi que Te Pariu? (2011 e 2009) As 3 Porquinhas e o Lobo de Cordel (2008 e 2006) Processo Algoz Humano (2007) Boombástico (2005 e 2000) Soltando o Verbo (2001) Palhaços (1999) Amor por Anexins (1997) A Incrível Viagem (1997) Zé Pobreza – O Ferreiro que Enganou o Diabo (1997) Overdose de Juventude (1996) 2013: Estréia do espetáculo Mephisto Injustiçado, dramaturgia de Dorberto Carvalo e Direção de Tiche Vianna (setembro); Realização do 8º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo e 3ª Revirada Cultural da Resistência (maio), nos bairros Campo Limpo, Capão Redondo e Paraisópolis da Cidade de São Paulo; Participação do espetáculo de rua O Homem que virou Suco no VII Festival das Artes Cênicas do Centro Cultural Banco do Nordeste (Março), pelas cidades de Sousa (PB), Crato (CE) e Fortaleza (CE). 2012: Realização do 7º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo (outubro); Montagem do espetáculo de rua O Homem que virou Suco / Pesquisa para montagem de Fausto, Direção de Tiche Viana; Participação do espetáculo de rua Vi Makunaíma na Rua! em festivais no nordeste: VI Festival dos Inhamuns – (Janeiro/2012); Crato e Juazeiro do Norte – Semana Sesc de Artes Cênicas (Março/2012). E na cidade de Sousa, Paraíba pelo VI Festival das Artes Cênicas do Centro Cultural Banco do Nordeste; Contemplação no PROAC FESTIVAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO, com o Projeto 8º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2013 (Julho); Circulação do espetáculo de rua Vi Makunaíma na Rua! pelas 5 regiões da cidade de São Paulo, pelo Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo; Pesquisa em algumas cidades do nordeste brasileiro para a realização do projeto Expedição: Dos Sertões às Quebradas – Escambiando por esses Brasis; Mostra de Processo de Exercícios da Escola Popular de Teatro CITA (Primeira Turma); Realização da Revirada Cultural da Resistência. 2011: Estréia do novo espetáculo de rua: Vi Makunaíma na Rua! (Dezembro) / Criação da Escola de Teatro CITA (Centro de Investigação Teatral Artemanha) (Junho) / Contemplado Prêmio Funarte Artes na Rua 2011, com o Projeto Expedição: dos Sertões às Quebradas – Escambiando por esses Brasis / Contemplação na 18ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, com o projeto 15 Anos Revelando Artemanhas (Maio) / Contemplação no PROAC FESTIVAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO, com o Projeto 7º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo – 2012 (Julho) / 21 de abril - Criação do Núcleo Revelando Artemanhas 102 de Pesquisa em Teatro Popular com a Reestréia do Espetáculo de Rua Brasil, quem foi que te pariu? / 08 de janeiro – Comemoração dos 15 Anos do grupo e Encerramento com uma Exposição do Projeto Revelando Artemanhas. Realização do 6º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo; Início do processo de pesquisa para criação de uma dramaturgia livre inspirada no mito FAUSTO, com orientação de dramaturgia de Antônio Rogério Toscano e orientação de interpretação de Tiche Vianna; Início do processo de pesquisa para criação de exercício teatral inspirado no mito MEDÉIA, com orientação de Luciano Santiago; 08 de janeiro – Comemoração dos 15 Anos do grupo e Encerramento com uma Exposição do Projeto Revelando Artemanhas. 2010: 1ª Leitura Encenada do texto: Vi Makunaíma na Rua!; Participação no 8º Encontro da RBTR - Rede Brasileira de Teatro de Rua (Campo Grande/MS) (Novembro); Realização do 5º FESTCAL - Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo; Circulação do espetáculo de rua Brasil, quem foi que te pariu? pelos seguintes Programas/Festivais/Mostras: Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo - 40 apresentações pelas 5 (cinco) Regiões da Cidade; PROAC - Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo com circulação pelas cidades do Litoral e interior Revelando Artemanhas 103 Revelando Artemanhas 104 do Estado (Ilha Cumprida, Botucatu, Santa Isabel, Jaú, Francisco Morato, Taboão da Serra, Embu e Santos); PROART - Programa de Artes da Secretaria de Educação de São Paulo com Circulação pelos CEU’S - Centros Educacionais Unificados; 17º Festival de Artes de Itu; Projeto Nas Ruas de Pinheiros (SESC Pinheiros); Participação no 7º Encontro da RBTR - Rede Brasileira de Teatro de Rua (Canoas/RS) em Maio. 2009: Realização do 4º FESTCAL - Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo; Contemplado na 15ª edição (junho) do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, com o projeto de pesquisa: Revelando Artemanhas; ESTRÉIA do espetáculo de rua Brasil, quem foi que te pariu? 9 de maio Praça do Campo Limpo, Zona Sul de São Paulo Texto e Direção: Luciano Santiago; Contemplado PROAC – Circulação do espetáculo de rua Brasil, quem foi que te pariu?; Circulação do espetáculo de rua Brasil, quem foi que te pariu?, pelos seguintes Programas/Festivais/Mostras: Programa de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo - 40 apresentações pelas 5 (cinco) Regiões da Cidade. / PROAC - Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo com Circulação pelas as Cidades do Litoral e Interior do Estado (Ribeirão Preto e Taquaritinga) / 17ª Mostra Monte Azul (Zona Sul de São Paulo) / 1ª Mostra de Teatro de Rua da Zona Revelando Artemanhas 105 Norte (São Paulo) / 51º FESTA - Festival Santista de Teatro (Santos/SP) / 5ª Mostra de Referências de Suzano (Suzano/SP) / 4ª Mostra Lino Rojas (São Paulo) / Mostra Jogos de Aprendizagem da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (Porto Alegra/ RS); Realização do 4º FESTCAL - Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo. 2008: Contemplado no PROAC n° 8 Festivais de Artes para realização do 4º FESTCAL Festival Nacional de Teatro do Campo Limpo-2009; Contemplado na 12ª edição (janeiro) no Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, com o projeto de Pesquisa: Investigação Urbana; Contemplado no PROART da Secretaria de Educação do Município de São Paulo, para circulação em CEU’S (Centros Educacionais Unificados) com os seguintes espetáculos: Soltando o Verbo eAs três porquinhas e o lobo de cordel; Participação 4º Encontro da RBTR - Rede Brasileira de Teatro de Rua (São Paulo) Novembro; Realização do 3º FESTCAL - Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo; 2007: Contemplado no PAC n° 15 Festivais de Artes para Realização do 3º FESTCAL Festival Nacional de Teatro do Campo Limpo para 2008; Realização do 2º FESTCAL - Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo; Contemplado no PROGRAMA VAI para organização do II FESTCAL Festival de Teatro de Campo Limpo e a 1ª Mostra Paralela de Teatro de Rua 2007; Pesquisa Investigação Urbana, experimentações no Galpão da Subprefeitura do Campo Limpo; Apresentação do Espetáculo Soltando o Verbo, projeto para o Programa de Ocupação nos CEU’s - Centro Educacional Unificado (PROART). 2006: Organização e Realização do 1º FESTCAL - Em comemoração aos 10 Anos da Trupe Artemanha; Criação do Espetáculo Infantil As Três Porquinhas e o Lobo de Cordel - Adaptação / Direção: Luciano Santiago. 2005: Remontagem do espetáculo Boombástico Texto e Direção: Luciano Santiago. 2004 e 2003: Circulação do espetáculo Soltando o Verbo pelas escolas e comunidades do município de Taboão da Serra, Embu das Artes e Itapecerica da Serra. 2001 até 2008: Soltando o Verbo - Texto: Zecarlos de Andrade / Direção: Luciano Santiago: Peça premiada no Mapa Cultural Paulista 2001 fase municipal: Melhor Espetáculo, Direção, Ator (Joselito Gaza) e Cenografia (Sérgio Carozzi); V Festival do Trabalhador: 3º Melhor Espetáculo, Melhor Direção, Ator (Joselito Gaza) e Cenografia (Sérgio Carozzi); FEPAMA 2001: 2º Melhor Espetáculo; Prêmio de Melhor Ator para os 3 atores do Espetáculo (Harmonia de Interpretação Coletiva). 2000: Boombástico - Texto e Direção: Luciano Santiago; Peça premiada em dois festivais: 2° Melhor Espetáculo - Mapa Cultural de São Paulo 2000 (fase municipal); 1999: Palhaços - Texto: Timochenco Wehbi / Direção: Luiz Domingues; A Boneca que queria ser gente - Texto e Direção: Luciano Santiago. 1997: Amor por Anexins - Texto: Artur de Azevedo / Direção: Luciano Santiago; A Incrível Viagem - Texto: Doc Comparato / Direção: Luciano Santiago; Zé Pobreza – O Ferreiro que enganou o Diabo - Adaptação e Direção: Luciano Santiago. 1996: Overdose de Juventude - Texto: Eliane Correa / Direção: Ney Rodrigues EDITAIS CONTEMPLADOS E PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS CULTURAIS: • Prêmio PROAC Festivais de Artes da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (2013), para a realização do 9º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo - 2014; Revelando Artemanhas 106 • Prêmio PROAC Festivais de Artes da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (2012), para a realização do 8º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo - 2013; • 21ª do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo com o projeto CITA – 3 Eixos: Ocupar, Revelar e Difundir... (Junho/2012-2013); • Prêmio Funarte de Artes na Rua com o projeto Expedição: dos Sertões as quebradas escambiando por esses Brasis (2011); • Prêmio PROAC Festivais de Artes da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (2011), para a realização do 7º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo - 2012; • 18º Fomento ao Teatro com o projeto 15 Anos Revelando Artemanhas (Janeiro/2011-2012); • 15º Fomento ao Teatro com o projeto Revelando Artemanhas (Junho/2009-2010); • Prêmio PROAC Circulação de espetáculos teatrais da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (2008), para a realização da circulação do espetáculo de rua Revelando Artemanhas 107 Brasil, quem foi que te pariu? da Trupe Artemanha, pelas cidades do interior e litoral do estado; • 12º Fomento ao Teatro com o projeto Trupe Artemanha de investigação urbana (Janeiro/ 2008-2009); • Prêmio PROAC Festivais de Artes da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (2008), para a realização do 4º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo-2009; • Prêmio PROART da Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo, para circulação dos espetáculos Soltando o Verbo e As 3 porquinhas e o lobo de cordel, pelos CEU’S – Centro Educacionais Unificados (2007/2008); • Prêmio PROAC Festivais de Artes da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (2007), para a realização do 3º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo-2008; • Programa VAI – Valorização a Atividades e Iniciativas Culturais da cidade de São Paulo, para a realização do 2º FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo-2007 (2007). Revelando Artemanhas 108 RELATOS SOBRE A OCUPAÇÃO DO ESPAÇO CULTURAL CITA Espaço Cultural CITA – Cantinho mágico Imagine: um local escuro, porque não tinha energia elétrica mesmo, estava abandonado há meses. À frente, uma praça também escura, imensa, noite fria e úmida, a garoa desfocava a visão. Entre aquele lugar e a praça, na rua, uma semimultidão repleta de jovens com o olho a brilhar, outros a observar, nas mãos de 17 deles, tochas!!! O berrante toca, toca novamente, o portão de ferro se abre e um longo corredor é aos poucos iluminado, e eles entram, sob a luz das tochas. À esquerda, um barracão imenso de madeira; à direita, um jardim, e logo mais à direita, outro barracão. Cortam todo o corredor e, ao fundo, avistam um bosque de árvores diversas e uma clareira, ali aconteceria uma cerimônia. Esse relato é verdadeiro: O berrante era de Tião Carvalho, e as 17 tochas estavam cada uma na mão de um dos aprendizes da Escola Popular de Teatro CITA, riquíssimo projeto de formação para atores, realizado pela Trupe Artemanha através do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, que acabou dando nome ao agora chamado Espaço Cultural CITA, que, desde 2011, além de abrigar as atividades de pesquisa e criação do grupo que deu início à residência artística, tornou-se também um importante local de encontro para outros coletivos da região do Campo Limpo, bairro localizado na zona Sul da cidade de São Paulo. Hoje, cerca de 15 coletivos utilizam o espaço para ensaios, reuniões, apresentações e ministram oficinas. E ainda estão chegando mais!!! Uma das pesquisas realizadas no Espaço Cultural CITA foi em torno do mito Fausto e resultou no espetáculo Mephisto Injustiçado, montagem da Trupe Artemanha. Através desta pesquisa, os artistas envolvidos tiveram diversos questionamentos, tais como: O que é fazer teatro na periferia? O que é ocupar artisticamente um espaço público? Quem seria, hoje, no Campo Limpo, Fausto? Estas perguntas direcionaram o trabalho em busca de relatos de moradores e pessoas atuantes no bairro do Campo Limpo, tornando-se um importante foco e também o principal caminho para se aproximar da comunidade ao redor. Ora, o Espaço Cultural CITA está inserido na Praça do Campo Limpo, local que andou sendo “mal visto” nos últimos tempos porque abriga moradores em situação de rua e usuários de drogas. E então, se você fosse com seu filho para balançar e brincar na gangorra da praça, ou tomar um sorvete, ou senta-se para bater um papo ou ler um livro, precisa ser humano o suficiente para entender que ali é um espaço de todos. TODOS!!! E o que faz um grupo de teatro que utiliza e gere um espaço que está dentro desta praça? Faz teatro, ué. É teatro que a gente faz, a partir de todas essas vivências, deste espaço, desta geografia. E então o Campo Limpo, aos poucos, se revela um bairro periférico com jeito de centro, porque tem praça imensa, arborizada, com transeuntes, vendedores e habitantes. Um bairro que tem poetas, médicos, pedreiros, atores e moradores da praça que dirigem peça de teatro. E quem olha de fora nem sempre vê, mas ali, diariamente, tem: bonecos sendo construídos, tem cenas sendo pensadas, tem atores descobrindo seus palhaços ou palhaços descobrindo seus atores? Tem encontros de formação e discussão política, tem canto e composição musical, tem som saindo de aquários, tem Sarau do Binho na Praça e Encontro com Mestres todo último domingo do mês, tem Festival Nacional de Teatro e Revirada Cultural da Resistência com 36 horas de arte sem parar!!! Tem Escola de Notícias, tem Cia. Diversidança, Trupe Trapos, Tropeiros da Arte, Cia. Catraca do Riso, Cia. Cantiga Criança, Cia. Pélagos, Cia Máscara, Cia Reprises, Sapato Branco Instrumental, Maracatu Ouro do Congo e Ateliepopularte. Tem dança pra crianças, teatro para iniciantes. Aqui, tem ouvidos pra ouvir. Aqui, tem troca! Aqui, tem construção, e você também pode fazer parte. Bem vindo ao Espaço Cultural CITA. E, se quiser, pode pegar sua tocha, seu livro, seu instrumento, e gritar com a gente, porque a gente tá aprendendo junto. E agora, a idéia é compartilhar. Foram tantas as vivências, tantos os aprendizados. Criar a segunda turma da Escola Popular de Teatro CITA é compartilhar o que temos de melhor: nossa música, nosso teatro, nossa cultura popular. Compartilhar e continuar descobrindo o bairro do Campo Limpo, que se revela diariamente um bairro artista, divergente, empreendedor. Por Dêssa Souza – Cantora e produtora cultural. Foi aprendiz da primeira Turma da Escola Popular de Teatro CITA, tornando-se integrante da Trupe Artemanha de Investigação Teatral e agora uma das artistas que realiza seus trabalhos, gerindo e ocupando o Espaço Cultural CITA. Revelando Artemanhas 110 OCUPANDO OS ESPAÇOS PÚBLICOS Praça do Campo Limpo. Ponto de referência do bairro com o mesmo nome. Os shows e eventos ocupavam aquele espaço todos os domingos, juntando pessoas daqui e de outros lugares da cidade. Na tentativa de impedir as manifestações populares em espaços públicos, local de abrigo para muitas bandas locais, o palco morada da música e das expressões artísticas cedeu lugar ao abandono, ao vazio e ao silêncio, motivado pela ausência de compromisso político com as necessidades do bairro. Em consequência, o palco se tornou o lar de cidadãos sem abrigo, passou a ser ocupado por eles. Pela opressão das grandes cidades, usavam o espaço para se refugiarem do frio e da chuva que castiga. Na tentativa de solucionar o caso, combatendo o efeito e não a causa, o palco deixou de existir. O Teatro, a Música e a Dança também foram vítimas, perderam um dos únicos espaços abertos disponíveis para as suas apresentações. Os domingos passaram a ser dias de silêncio entrecortado pelo som das crianças que resistiram, utilizando as quadras e os poucos brinquedos que restaram. Mas ali, em frente à praça, um movimento teatral começou a tomar corpo e ocupou o galpão da Revelando Artemanhas 111 antiga subprefeitura do Campo Limpo, trazendo para a comunidade oficinas artísticas e uma nova esperança de retorno ao que deixara saudades. A Trupe Artemanha chegou para ocupar, e, em pouco tempo, começou a transformar aos poucos aquela realidade. Entre as árvores da praça, diversos espetáculos teatrais começaram a acontecer. Crianças, jovens, idosos, moradores de rua, todos que por lá passavam e se deixavam ficar, encantados pela possibilidade de conhecer e se reconhecer no trabalho, de relembrar tempos de outrora, voltaram aos poucos a ocupar a praça. Outro caso de destituição de espaço semelhante foi o fechamento do Sarau do Binho. Um dos saraus mais importantes da cidade de São Paulo e que abrigou tantos artistas e manifestações culturais, também foi alvo do poder público, com um único objetivo. De calar a voz do povo. O sarau é um lugar de troca, de construção de laços afetivos e de preservação da nossa identidade cultural, de formação cidadã, necessidade de extrema importância nas periferias da cidade. O primeiro espaço a receber o Sarau do Binho após o fechamento do bar foi exatamente o Espaço Cultural CITA. Nele, começou a resistência pela sobrevivência deste sarau, e a partir daí a apropriação da praça foi consolidada, na prática e na necessidade de tomar parte dos espaços públicos. Em um curto espaço de tempo, tive conhecimento de que aconteceria o Primeiro Encontro com Mestres realizado pela Trupe Artemanha, ali mesmo, na praça. A proposta inicial foi de reverenciar os mestres griôs, nossa cultura oral, seguido do tão querido e estimado Sarau, comandado por um de nossos mestres, o próprio Binho. Os trabalhos foram abertos com a presença de Raquel Trindade, mestre das artes plásticas e da cultura afrobrasileira, filha de Solano Trindade e que perpetua as ações de seu pai no comando do Teatro Popular Solano Trindade, em Embu das Artes. A oportunidade de conhecer um pouco mais a vida desses mestres e ver esse encontro acontecendo neste espaço traz movimento aos domingos da Praça do Campo Limpo, agregando pessoas com intuito de conhecer um pouco da cultura oral, surpreendendo aqueles que já estavam acostumados ao silêncio da praça e muitos outros que vêm de longe para poder participar de uma verdadeira e autêntica aula aberta de cultura popular. Mara Esteves Articuladora cultural e produtora do 8º FESTCAL Revelando Artemanhas 112 Revelando Artemanhas 113 Revelando Artemanhas 114 Revelando Artemanhas 115 Revelando Artemanhas 116 MEMÓRIAS TRUPE ARTEMANHA Fotos de espetáculos MEPHISTO INJUSTIÇADO O HOMEM QUE VIROU SUCO VI MAKUNAÍMA NA RUA BRASIL, QUEM FOI QUE TE PARIU ? Sites e blogs Jornal Programação Festcal Clipping Críticas MEPHISTO INJUSTIÇADO Revelando Artemanhas 118 O HOMEM QUE VIROU SUCO Revelando Artemanhas 119 vi makunaíma na rua Revelando Artemanhas 120 Revelando Artemanhas 121 Sites e blogs Revelando Artemanhas 122 Revelando Artemanhas 123 Revelando Artemanhas 124 Jornal Revelando Artemanhas 125 Programação Festcal Revelando Artemanhas 126 Revelando Artemanhas 127 Revelando Artemanhas 128 Revelando Artemanhas 129 Clipping Revelando Artemanhas 130 Revelando Artemanhas 131 Revelando Artemanhas 132 Revelando Artemanhas 133 Revelando Artemanhas 134 Revelando Artemanhas 135 Revelando Artemanhas 136 Críticas Revelando Artemanhas 137 Revelando Artemanhas 138 AGRADECIMENTOS Cléber Ribeiro (Clebinho) - Sílvio Ribeiro - Salvador Ribeiro - Ney Rodrigues - Flávia D’á Lima - Solange Alves - Daniela Alves - Wilames Alves de Sousa - Thânia Rocha - José Maria de Lucena - Valter Costa – Cida Ribeiro (Cidinha) – Dejair Martins – Rose Santana - Daniel Diez - Vera Diez - Sônia Nogueira Santiago - Paulo Tucan - Eliane Corrêa - Ricardo Corrêa - Alan Leão - Joel Macedo - Paulo Brito - Bia Couto - Eudes Viana – Ronaldo Alves – Luiz Domingues - Nadir Cherubini - Eddie Ferraz - Joselito Gaza - Sérgio Carozzi - Joel Carozzi - Maithê Alves - Janaína Mendes - Márcio Monjolô - Gil Caetano - Marcelo Collavitto - Dorberto Carvalho - Éder Lopes - Eduardo Paiva - Elise Guedes - Lilyan Teles Carlos Eduardo Siqueira - Cristiano Meireles - Poeta Marcos Pezão – Escritor Marcelino Freire - Danielle Salibian - Eliete Santos - Eraldo Moura - Shirley Badaró – Sávio Gonçalves - Kenny Rogers - Renato Macedo Viviane Faustino – Juliana Osmondes - Clayton Novais - Mery Alentejo - Natalia Siufi - Izaur Marcos. Orientadores da Primeira Turma da Escola Popular de Teatro CITA: Alexandre Mattos - Alício Amaral - Juliana Pardo - Aline Reis - Antônio Rogério Toscano - Camila Bolaffi – Fábio Pinheiro – Joel Albuquerque – Claudinho Oliveira - Erick Santana. Orientadores dos Trabalhos do Projeto CITA – 3 EIXOS: Tiche Vianna - Ésio Magalhães - João Araújo - Pax Bittar - Luiz Checcia - Marta Aguiar Bergamin. Parceiros: Binho e Sarau do Binho – Mara Esteves – Rose Marinho - João Luiz do Couto – Guilherme Leal - João Claudio de Sena – Will Cavagnolli – Rogério Gonzaga - Sheila Signário – Escola de Notícias – Maracatu Ouro do Congo. Integrantes do Projeto: Léo Santiago - Adonai Bezerra - João Carlos de Andrade - Cléia Varges - Dêssa Souza - Ingryd Sena - Rodrigo Dias - Welton Silva - Deco Morais - Luciano Santiago. Aos amigos e parceiros que passaram em nossas vidas, aos que com certeza surgirão e sempre estarão presentes em nossas mentes e que não foram aqui citados, mas que nunca os esqueceremos. Grupos, Artistas que ajudaram a construir essa história, participando juntos do FESTCAL - Festival Nacional de Teatro do Campo Limpo, Artemanha Recebe, Revirada Cultural da Resistência e tantas outras ações que o grupo realizou na cidade de Taboão da Serra e no bairro Campo Limpo da cidade de São Paulo. Revelando Artemanhas 140 Revelando Artemanhas 141 Consultas bibliográficas Revista nº 01 da ELT – Escola Livre de Teatro de Santo André: Processo Colaborativo: Relato e reflexões sobre uma experiência de criação de Luis Alberto de Abreu. Projetos da Trupe Artemanha contemplados nas edições do Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo: 12ª, 15ª 18ª e 21ª. Arquivos da Trupe Artemanha de investigação teatral. Organização: Luciano Santiago Editor Responsável: Trupe Artemanha de investigação teatral Coordenador Editorial: Welton Silva Fotos: João Cláudio de Sena / Rogério Gonzaga / Sheila Signário / Suyane do Crato / Will Cavagnolli / Arquivo Trupe Artemanha Revisão: Francisco Pinto (Tico) Projeto Gráfico, Diagramação e Capa: Fernanda Buccelli Tratamento de Imagens: Leonídio Gomes CTP, Impressão e Acabamento: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Formato: 250x180 mm Tipologia: Ubuntu Papel capa: Cartão Triplex 250g/m2 Papel miolo: Couchê Fosco 120g/m2 Número de Páginas: 136 Tiragem: 2.000 exemplares Autor Luciano Santiago Lima Teatrólogo, ator, encenador, dramaturgo e orientador artístico. Nasceu em março de 1978 na cidade de São João de Meriti, RJ, passando sua bela infância, segundo o autor, no bairro de Santa Maria, Belford Roxo, RJ, onde viveu até os 10 anos de idade. A Trupe Artemanha foi fundada em 1996 em Taboão da Serra-SP, onde trabalhou por oito anos e realizou um importante processo de formação de público. A partir de 2005 o grupo expandiu seus trabalhos para a Zona Sul do município de São Paulo, sediando-se em Campo Limpo, e atuando também nos bairros de Capão Redondo, Vila Andrade e Paraisópolis, que juntos, compreendem aproximadamente 700 mil habitantes. S A H N A M E RATNHAS A ARTA EM RTA E M S A H N S NHAS A A M E H T R N A A M E T R ARTEM A Desde 2005 a Trupe Artemanha realiza apresentações de espetáculos, oficinas, palestras e mostras de teatro nesta região, promovendo apresentações de grupos de teatro de diferentes cantos da cidade de São Paulo, do interior do estado e de outras cidades do país, com uma programação totalmente gratuita e diversificada, recebendo públicos de todas as faixas etárias e classes sociais, sobretudo, pessoas que dificilmente têm acesso ao teatro e à arte de modo geral. Este é um diferencial do projeto artístico-político do grupo, pois o Artemanha está distante dos centros de cultura e lazer e suas ações fortalecem o movimento teatral em sua região de atuação, expandindo-se para outros bairros de São Paulo e cidades do país, possibilitando um maior contato com os moradores e artistas locais. ANHAS A Trupe Artemanha sempre procurou trazer para cena temas que dialogassem com fatos históricos do país. Em seus trabalhos, a Trupe mescla elementos circenses, danças dramáticas, ritmos populares e o trabalho com máscaras, com o principal objetivo de apresentar espetáculos que provoquem exercícios de reflexão, deformando a realidade apresentada. S A H A N A R M T E E T R M ART A A N H AS EM ANH REALIZAÇÃO: O D N A L E REV S A H N A M ARTE e e Age! eag R A quebrada o por Organizad ago anti Luciano S O livro Revelando Artemanhas – A quebrada Reage e Age! revela um pouco da história do grupo Trupe Artemanha de investigação teatral, coletivo radicado desde 1996 na cidade de São Paulo. O livro foi organizado pelo fundador-integrante Luciano Santiago, que vivenciou todas as fases do grupo e pôde relatar e sintetizar com uma linguagem coloquial o que se passou durante os 18 anos de trajetória do Artemanha. Dando foco principalmente aos anos que foram vivenciados no bairro do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. O Artemanha está no bairro do Campo Limpo desde 2005, contribuindo consideravelmente com o cotidiano cultural da região. Nesses últimos 9 anos, o grupo criou os seguintes projetos e ações: FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo (2006); Artemanha Recebe (2008); Artemanha nas Praças (2009); Ocupação de um espaço público, hoje conhecido como Espaço Cultural CITA (desde 7 de maio de 2011); Escola Popular de Teatro CITA (2011); Revirada Cultural da Resistência, criada em 2011 para defender a Ocupação do Espaço Cultural CITA, entre outras ações apoiadas pelo Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. ARTEMANHAS AS 11340 capa.indd 1 A quebrada Reage e Age! Estudou e se formou no Teatro Escola Macunaíma (1997-2000), além de ter participado de oficinas livres e treinamentos com Tiche Vianna, Renato Ferracini, Tânia Farias, Antônio Rogério Toscano, Alexandre Mate, Iná Camargo Costa, Ingrid Koudella, Marcelo Bones, Ligia Veiga, Pax Bittar, Lu Grimaldi, Grupo Espanhol Ponkã, Jair Assumpção, Roberto Vignati, Ednaldo Freire, Amauri Alvarez, Wolney de Assis, entre outros mestres que contribuíram para sua formação artística. ARTEMANH REVELANDO ARTEMANHAS Chegando a São Paulo, morou no bairro Jardim Scândia, em Taboão da Serra, município da Grande São Paulo. Teve o primeiro contato com a arte teatral em março de 1994, quando ingressou no grupo amador SCART, encenando no mesmo ano seu primeiro trabalho como ator: Santuário de Vampiros, de Salvador Ribeiro. Foi um dos fundadores da Trupe Artemanha, em 1996, participou de outros grupos em Taboão da Serra: Quem Diria e Deixa-Comigo, em 1996; e foi ainda um dos fundadores da U.T.T - União Teatral Taboão, em 1997. AS S A H N A M ARTE S A H N A M E T R S ANHAS A A H N A M M TE ARTEM AER ART ANHAS TRUPE ARTEMANHA DE INVESTIGAÇÃO TEATRAL APOIO INSTITUCIONAL: CO-PATROCÍNIO: CULTURA 17/1/2014 10:31:09 Autor Luciano Santiago Lima Teatrólogo, ator, encenador, dramaturgo e orientador artístico. Nasceu em março de 1978 na cidade de São João de Meriti, RJ, passando sua bela infância, segundo o autor, no bairro de Santa Maria, Belford Roxo, RJ, onde viveu até os 10 anos de idade. A Trupe Artemanha foi fundada em 1996 em Taboão da Serra-SP, onde trabalhou por oito anos e realizou um importante processo de formação de público. A partir de 2005 o grupo expandiu seus trabalhos para a Zona Sul do município de São Paulo, sediando-se em Campo Limpo, e atuando também nos bairros de Capão Redondo, Vila Andrade e Paraisópolis, que juntos, compreendem aproximadamente 700 mil habitantes. S A H N A M E RATNHAS A ARTA EM RTA E M S A H N S NHAS A A M E H T R N A A M E T R ARTEM A Desde 2005 a Trupe Artemanha realiza apresentações de espetáculos, oficinas, palestras e mostras de teatro nesta região, promovendo apresentações de grupos de teatro de diferentes cantos da cidade de São Paulo, do interior do estado e de outras cidades do país, com uma programação totalmente gratuita e diversificada, recebendo públicos de todas as faixas etárias e classes sociais, sobretudo, pessoas que dificilmente têm acesso ao teatro e à arte de modo geral. Este é um diferencial do projeto artístico-político do grupo, pois o Artemanha está distante dos centros de cultura e lazer e suas ações fortalecem o movimento teatral em sua região de atuação, expandindo-se para outros bairros de São Paulo e cidades do país, possibilitando um maior contato com os moradores e artistas locais. ANHAS A Trupe Artemanha sempre procurou trazer para cena temas que dialogassem com fatos históricos do país. Em seus trabalhos, a Trupe mescla elementos circenses, danças dramáticas, ritmos populares e o trabalho com máscaras, com o principal objetivo de apresentar espetáculos que provoquem exercícios de reflexão, deformando a realidade apresentada. S A H A N A R M T E E T R M ART A A N H AS EM ANH REALIZAÇÃO: O D N A L E REV S A H N A M ARTE e e Age! eag R A quebrada o por Organizad ago anti Luciano S O livro Revelando Artemanhas – A quebrada Reage e Age! revela um pouco da história do grupo Trupe Artemanha de investigação teatral, coletivo radicado desde 1996 na cidade de São Paulo. O livro foi organizado pelo fundador-integrante Luciano Santiago, que vivenciou todas as fases do grupo e pôde relatar e sintetizar com uma linguagem coloquial o que se passou durante os 18 anos de trajetória do Artemanha. Dando foco principalmente aos anos que foram vivenciados no bairro do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. O Artemanha está no bairro do Campo Limpo desde 2005, contribuindo consideravelmente com o cotidiano cultural da região. Nesses últimos 9 anos, o grupo criou os seguintes projetos e ações: FESTCAL – Festival Nacional de Teatro de Campo Limpo (2006); Artemanha Recebe (2008); Artemanha nas Praças (2009); Ocupação de um espaço público, hoje conhecido como Espaço Cultural CITA (desde 7 de maio de 2011); Escola Popular de Teatro CITA (2011); Revirada Cultural da Resistência, criada em 2011 para defender a Ocupação do Espaço Cultural CITA, entre outras ações apoiadas pelo Programa de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. ARTEMANHAS AS 11340 capa.indd 1 A quebrada Reage e Age! Estudou e se formou no Teatro Escola Macunaíma (1997-2000), além de ter participado de oficinas livres e treinamentos com Tiche Vianna, Renato Ferracini, Tânia Farias, Antônio Rogério Toscano, Alexandre Mate, Iná Camargo Costa, Ingrid Koudella, Marcelo Bones, Ligia Veiga, Pax Bittar, Lu Grimaldi, Grupo Espanhol Ponkã, Jair Assumpção, Roberto Vignati, Ednaldo Freire, Amauri Alvarez, Wolney de Assis, entre outros mestres que contribuíram para sua formação artística. ARTEMANH REVELANDO ARTEMANHAS Chegando a São Paulo, morou no bairro Jardim Scândia, em Taboão da Serra, município da Grande São Paulo. Teve o primeiro contato com a arte teatral em março de 1994, quando ingressou no grupo amador SCART, encenando no mesmo ano seu primeiro trabalho como ator: Santuário de Vampiros, de Salvador Ribeiro. Foi um dos fundadores da Trupe Artemanha, em 1996, participou de outros grupos em Taboão da Serra: Quem Diria e Deixa-Comigo, em 1996; e foi ainda um dos fundadores da U.T.T - União Teatral Taboão, em 1997. AS S A H N A M ARTE S A H N A M E T R S ANHAS A A H N A M M TE ARTEM AER ART ANHAS TRUPE ARTEMANHA DE INVESTIGAÇÃO TEATRAL APOIO INSTITUCIONAL: CO-PATROCÍNIO: CULTURA 17/1/2014 10:31:09