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--~---,-------"""~_ ( odUCQCQ Brasilia - Ano 6 - N. 25 ~ Equ ipe responsavel : Faculdade de Direito do Recife Jose Augusto Guerra Curriculo de 1? grau numa sociedade em mudan~a Terczinha Saraivn A IIngua portuguesa nes meios de Elba Maria Games Lontra, Darlan Manoel Rosa, Norma Mar'luez de Souza Eleuterio, Walmir Felix Ayala comunica~äo de massa Esau A. de Carv,;lho A experiencia nos primeiros anos de vida Zaida Grinberg Lewin Dire1Or-Geral do Departamenro de Documenra,iio e Divulga,iio: Mozart Baptista Bemquerer Planejamen 10 : IIIiiidiii....,,,"--, Tecnicas de expressäo livre na escola de 1? grau Alvisto Skeff Sobrinho Ou1./Dez. - 1977 Publicac;;äo oficial do Ministerio da Educacäo e Cultura ~ D~partamento de Documentac;;äo e Divulgac;;äo Esplanada dos Ministerios - Bloco L Terreo - Brasflia - DF - Brasil _ Engenharia da instrw;:äo Cosete Ramos Influencia de Ifnguas africanas n o portugues do Brasil Yeda Pessoa de Castro Estudos Norberto Cardoso Ferreira Execu,iio: o Coordena~äo: Reginaldo Jorge da Silva, Lucia Gouvea Gomes Leite Programa~äo Visual: Luiza Kotaira Fotos: Rivaldo Gomes - capa e pags. 78-79-BO-83 Sebastiäo Barbosa - pilgs. 32, 36, 39,42,65, 106 e 107, 110 e 111 Capa: Projeto Municine Assinatura por dois anos: Cr$ 200 ,00 Exterior : US$ 60.00 Numero avulso: Cr$ 20,00 - Exterior: US$ 8.00 Impressa na Edirora GfiHir:a Alvorada L rda . 8rasil i a - DF Educa~äo projeto munieine Flavio de Campos e cultura no Estado do Rio de Janeiro Myrtes de Luca Wenzel Treinamento de professores alfabetizadores Licia Regina Moreira de S . da Fonseca -- Zorilda Andrade Vaz da Silva Subnutri~äo e desenvolvi menta mental Maria Thereza Mare lIio de Souza Fatos da educac;;äo/Do noticiario Wanderlei Barroso - Tänia Barbosa Summaries - Resumes - Resume,lt?s 11 Os nlveis de linguagem que pro irradiayao cultural africana no pafs. A delimita<;äo dos nfveis que pro pomos aqui representam elos de uma cadeia ininterrupta situada en pomos nao e nem definitiva nem tre as IInguas africanas que foram absoluta. Existem entre eies intera faladas no Brasil e 0 portugues eu <;:öes e inter-rela<;:öes, mas onde se s'i ropeu regional e de carater arcaizan tuam asfronteiras que diferenciam uma classe de situa<;:öes que, de ma te. Nosso enfoque e sincr6nico e se neira geral, exige uma variedade ou centra nos aspectos da integra<;:äo outra, nos consideramos empirica progressiva dos emprestimos lexi mente como a linguagem popular cais africanos atraves de diferentes da Bahia ou LP. A partir da LP, 0 produto da contextos sociolingü(sticos dos fala res baianos, em sua direc;:ao ao por observayao de duas situa<;:öes socio tugues brasileiro 1 • Diacronicamente culturais distintas e da variedade de conviria ter em conta a influencia mudan<;:a ou de näo mudan<;:a lin de Ifnguas amerfndias do Brasil, 0 gü(stica que elas revelam resultou que sera feito apenas quando neces na identifica<;ao de mais quatro -~rio as conclusöes. nlveis de linguagem e na divisao Tomamos como modelo de nossa desses nfveis em func;:ao do menor e analise as modalidades de falares do maior grau de integra<;:äo dos baianos do Rec6ncavo e da cidade empn§stimos africanos nos falares do Salvador, duas regiöes que sem da Bahia e, em grande parte, no pre estiveram interligadas por uma portugues do Brasil. Em outros ter linha hist6rica contfnua. Nelas se mos, observa-se que os empn§stimos desenvolveu uma sociedade que tem lexicais africanos estao mais ou me assimilado e integrado elementos nos completamente integrados ao· culturais africanos e europeus du sistema portugues, segundo os niveis rante quatro seculos,apresentando de linguagem s6cio-culturais, en hoje um elevado fndice de popula quanto os graus de mestic;:agem lin yao negra e mesti<;:a, aproximada gü(stica correspondem, mas nao evi mente 65% da popula<;:äo total. 0 dentemente de maneira absoluta, Recöncavo, zona rural, de planta aos graus de mestic;:agens biol6gicas. c;:oes de cana-de-ac;:ucar, de en Os cinco nlveis identificados· fo genhos, dos prindpios da coloniza ram: c;:äo no seculo XVI, e a regiao qUe ~ N1 ou TR -: a terminologia religio cireunda a ba(a de Todos os Santos sa dos candombles da Bahia; e acidade do Salvador, a primeira N2 ou PS - a linguagem do povo de capital do Brasil e da America Por , anta, membros e adeptos dos can tuguesa par mais dedois seculos, re aombles; conhecidamente 0 maior centro de N3 ou LP - a linguagem popular da 50 BA - 0 portugues regional de uso corrente na Bahia; N5 ou BR - 0 portugues de uso corrente falado no Brasil. Considerando N1/N2, de um la do, e N4/N5, do outro, como duas forc;:as dinamicamente opostas e complementares convergindo para 0 N3, 0 N3 sera entao 0 resultado de uma dupla interac;:ao: a africani- / za<;:äo do Rportugues e a portugali za<;:ao dos africanismos, enquanto N1/N2 e N4/N5 serao respectiva mente mais ou menos africanizados. A complacencia ou a resistencia em face dessas influencias mutuas e uma questäo de ordem socio-cultu ra I. Os chamados cultos afro-brasilei ros ou candombles, na Bahia, cada qual e um tipo de organizac;:ao s6 cio-religiosa baseada em padröes de' tradi<;öes africanas em crenc;:as, mo do de adorac;:ao e IIngua, I fngua aqui entendida como desempenho mais do que simples competencia lingüIstica, na acepc;:ao de Choms ky, ou, para utilizar a terminologia deMalinowski.mais como modo de a<;:äo que de reflexä0 2 • Esses ele mentos do siste'ma - crenc;:a, modo de adorac;:ao e IIngua - estäo de tal maneira estruturalmente associados que um dos criterios marcantes na divisao dos candomblesem "na c;:öes", tais como jeje, nag6, queto, Ijexil, conga e angola, se acha nas d iferenc;:as de procedencia mera mente formais de um repert6rio lin gü(stico de origem africana especi fico das cerimönias ritual Isticas dos cultos em geral: fon ou jeje; ioruba ou nago, queto, ijexa; banto ou congo, angola . Como as palavras de origem kwa provem principalmente de duas I(nguas distintas, fon e ioruba, fa ladas em area geogratica relativa mente pequena e de introdu~äo mais recente no Brasil, elas säo mais faceis de identificar por meio da ana ti se lingü(-stica do que as do gru po banto, que, alem do fat6 de esta rem mais integradas ao sistema lin 1Ü(stico do portugues, 0 que de monstra a sua maior antiguidade, podem ter sua origem numa area geografica mais ampla, teoricamen te em toda a regiäo ao sul do equa dor. Por esta razäo preferimos indi car congo, angola como banto em geral , observando, porem, que entre as "na~öes" assim denominadas na Bahia parece haver, no caso preciso da TR, uma predom inancia de ter mos de tres linguas litoräneas, 0 quicongo, 0 quimbundo e 0 um bundo, sobretudo das duas primei ras. Da mesma maneira, para as " na ~es" conhecidas por jeje, 0 fon, dentre as outras linguas do grupo ewe da Africa Ocidental, se mostra a mais impressiva, embora näo de vamos esquecer que neste grupo 0 fon, 0 gun e 0 mahi säo muito pro ximas entre si 3 . o termo candomble, de etimo bant0 4 , ja integrado nos dicionarios da lingua portuguesa para designar as religiöes populares brasileiras de Ihas, frutos, ralzes etc.) e gestosas origem africana na Bahia (como ma sociados a um repertorio lingü(stico cumba, no Rio de Janeiro, e xango, propria dos contextos sagrados em em Pernambuco), e aqui empregado geral e de cada terreiro ou "nac;:äo" com 0 sent ido corrente que toma em particular. entre seus membros e adeptos . De A chamada I/ngua de santo na signa os grupos socio-religiosos diri Bah ia com pree nde um a term ino gido por uma classe sacerdotal cuja logia es ecif ica, de carch er magico autoridade suprema e popularmente semant ico e de or a pQrt u uesa, ch~mada de mäe-de-santo ou pai mas g ue re pousa s0 5 re slstemas e de-santo, mas que recebe 0 titulo xicais de diferentes I(nguas afri 9 enerico de humbono ou hum canas que foram faladas no Brasil bondo (etimo fon) entre as "na ~ poca da escravidao, vindo a c;:öes" jeje; de ialorixa ou babalorixa const ituir uma lingua ritual, m(tica (etimos iorubas) entre as "nac;:öes" que se acredita pertencer cl nac;:äo nago , queto, ijexa; de mameto ou do vodun, orixa ou inquice e näo a tateto (etimos bantos) entre as "na qualquer nac;:äo africana atual. Des ~öes" congo, angola . Esses grupos sa maneira, durante as cerimönias se caracterizam por um sistema de ·festivas dos cultos em geral, can ta-se para os voduns em jeje, para os cren~as associadas ao fenömeno de possessäo ou de transe m(stico pro orixas em nago, queto, ijexa, para vocado por divindades popularmen os inquices em congo , angola. Esse te chamadas de santos, mas que re repertorio lingü(st ico , do dominio cebem 0 nome generico de voduns religiose comum, se torna lento e (etimo fon) entre as "na~öes" jeje; inconscientemente diferenciado pe de orixas (etimo ioruba) entre as los membros e adeptos dos cu Itos "na~5es" nago, queto , Ijexa; d~ em virtude de ser habitualmente inquices (etimo banto) entre as "na usado por essa ou por aquela "na ~es" congo, angola. c;:äo" de candomble . A caracterlstica fundamental no Säo palavras que descrevem a or aprendizado das praticas rituais·nos ganiza<;:äo s6cio-religiosa do grupo, candombles e 0 processo iniciatico objetos rituallsticos .e sagrados, co e participante. Durante 0 perlodo zinha ritual(stica; cänticos, sauda de reclusao nos terreiros ou ro9as ~es e express5es referentes a cren (casas de cultol, 0 iniciando passa ~as, costumes especificos, cerimö por uma serie de ritos esotericos nias e ritos mag icos, todas apoiadas (banhos rituais, raspagem da cabe~a num tipo consuetud inario de com etc.) ao mesmo tempo que com~a portamento bem conhecido dos a adquirir um complexo c6digo de participantes desses cultos por ex simbolos materiais (substäncias, fo - periencia pessoal. 51,_ __ Em tal desempenho lingü(stico, ou competenCia simb61ica que refle te a variedade na unidade e uma unidade na variedade, importa saber mais a adequac;:ao semantica do que a traduc;:ao f,iteral de cada palavra ou expressao, coisa que geralmente poucos fieis sao capazes de fa zer. Eies podem compreender 0 sentido denotativo de certos termos, ex pressöes, trechos de canticos e sau dac;:öes, mas ignoram as a!usöes e implicac;:öes mais profundas que eies contem. Esse conhecimento, que faz parte dos segredos ou fun damentos rituais, e fator determi nante de ascensao s6cio -religiösa no ::!rior do grupo e do dom(nio ex clusivo dos membros mais antigos e hierarquicamente mais e'levados nas casas de culto. Importa saber, por exemplo, para que santo e a que momento deve ser cantada tal can tiga e näo 0 que significa literillmen te. Encontramos ara 'deia jakob soniana de aspecto co tivo e näo· referencial dßssa mensagem, a partir do momento em que a orientac;:ao da mensagem encontra seu destina tario na sua forma mais pura do vo cativo e das f6rmulasimperativas que diferem fundamentalmente das sentenc;:as afirmativas, porque, do ponto de vista 16gico, essas podem e aquelas näo podem ser submetidas ci prova de verdade s . Sendo assim, mesmo consideran do essas manifestac;:öes como reali dades brasileiras na medida em que Brasil, a terminolo ia es ed fica das I lingua especial que, segundo os que pnhicas rituais se conserva estranha a estudaram, e um falar esoterico ao do mfnio da Ifngua Qortuguesa que integra formas de diferentes lin porque nela se e:wontra a noc;:ao guagens faladas na regiao onde essas maior de segredo dos cultos . E se a sociedades exercem suas influen Ifngua nao reflete a realidade, mas a cias, parecendo, no entanto, preva cria subjetivamente, qualquer mu lecer a Ifngua ou 0 dialeto de onde danc;:a que se opere no sistemalin se atribui a proveniencia da diljin gü(stico dessa Ifngua refletira neces dade, ou, como na Bahia, da "na sariamente uma mudanc;:a na ima c;:ao" do santo . gem dessa realidade . Entre os lokeie (Zaire), Carrin Vale lembrar deo passagem que a ghton estudou 0 "libeli", enquanto mudanc;:a do latim para as varias Laman eGalland falam da "escola IInguas nacionais nas cerimönias da de ndembo (nkisi), sua I(ngua ini Igreja Cat61ica Romana se fez ciatica", entre os bakongo (Repu acompanhar da mudanc;:a de partes blica Popular do Congo, Cabinda, de cerimönias liturgicas. Por exem Baixo Zaire e norte de Angola), na plo, no caso da celebrac;:ao da missa, qual os futuros iniciados ao entrarem para a casa de culto tomam um no ' 0 aspecto conativo para mais refe rencial, uma atitude que chegou a me novo (Cf. name de santo, na Ba i ser interpretada popularmente hia);osiniciadosrecebemonomede como dessacrallizac;:ao da Igreja. Tal "nganga", os nao-iniciados, de vez neste ca rater hermetico e sa "vanga"6 . Entre os candomblescon grado do antigo ritual cristä'o esteja go, angola na Bahia, ganga e oocul para ser encontrada lIma explicac;:äo tista, 0 ja iniciado nos seg.redos dos subjacente aos fatores de ordem di cultos, epalanga säo os näo-iniciados. versa que determinaram a aceitac;:äo Entre os fon do Daome (atual das orientac;:öes religiosas europeias Benin), 0 "hungbe" (Iit. I(ngua da pelos africanos introduzidos no divindade ou do vodun) e definido Novo Mundo, no chamado sincre por Segurola como "langue rituelle tismo religioso que se produziu com dans le culte d'un fetiche", com a 0 catolkismo. De outra parte e pre explicac;:ao de que, em geral, ela re sentemente, os chamados cultos sulta de uma mistura convencional afro-brasileiros estejam crescendo de varios dialetos com predominän em vigor e importäncia em relac;:äo ci cia da IIngua de origem do Igreja Cat61,ica Renovada no Bra "vodun"; os iniciados recebem 0 sil. nome de "vodunsi", e os näo-inicia Por outro lado, sabemos que em dos sao "ahe"? ou "aigbeto" ou Äfrica as sociedades secretas de ca "kosi"8 . Como na Bahia, entre as t__:_~_r_a_m re_c_r_ia_d__as_e_r_e_m_O_ld_a__d a:_no_ rat~ _ _ religioso possuem, cada uma, "na,öes" jeje, -- - os ini~i~adO:~~ _ ~-~~~---~--------- i • (h ~ td.L~ (~ !? I • vodunsi; beta e kosi säo os näo-ini ciados (idem nos candombles nago, queto,liexa). Herskovits tambem conta que, entre os fon, durante 0 periodo de reclusäo no "hunko" ou "hunk pame" (Cf. na Bahia, hunea, quarto de reclusäo, entre os candomb les em geral, e hondemo ou humpame, casa de culto, entre as "na<;:5es" jeje) , os candidatos aprendem uma I(ngua ritual, e que ate a sua consa grac;:äo final, publica, eies fingem näo mais compreender 0 fon, porque daquele dia em diante falam a I(ngua da na<;:äo de origem da divin dade pela qual estao possu fdos 9 . Segundo Carlyle Mayl 0, os casos especiais desse fenömeno de g.losso lalia, conhecidos por xenoglossia, säo muito freqüentes nas religi5es afrieanas, eom larga distribuic;:äo geografica na Äfriea. Aiguns autores sugerem que a xenoglossia na Äfri ca e parcialmente faeilitada pelo fa to dos glossolalistas falarem tam bem outras dialetos proximos ou vi zinhos. Na Bahia, observa-se que nos easos de glos5OIalia os inieiados "falam a I(ngua" de uma outra "na <;:ao". Entre os candombles, os casos· mais freqüentes de glossolalia en eontram-se nCjs . manifestayöes de possessäo ou de transe mistieo dos: 1. ere, esp(ritos infantis eujo falar e considerado eomo de qualidade inferior, prima rio, associado ao uso de crianc;:as; 2. pretos-ve/hos, antigos escravos divinizados no Brasil ou os ances trais dos cultos, que "falam" um portugues crioulizante conside rade como aquele que era falado pelos africanos na epoca da escra vidäo no Brasil. Este falar tem certas particularidades lingü (s ticas do falar corrente do propria povo de santo (Cf. no LP); 3. santos ou divindades africanas (orixas, voduns ou inquiees) que "falam" tambem um portugues crioulizante intercalado de sons desprovidos de sentido, proximo do que Carlyle May chamou de "phonation frustes, mutterings that vary fram gurgling to mea ningless syllabies" (op. eit.) . 0 vocabulario apresenta certas particularidades: 1. um certo numero de itens da ter minologia reli9 iosa da propria "nac;:äo"; 2.0 emprego de formas de substi tui<;:äo para exprimir certos sen tidos de uma rnaneira diferente dos da linguagem corrente; 3. a Igumas expressöes em rela<;:äo eom ineidentes locais conheci dos; 4. um certo numero de palavras e expressöes sem sentido denota tivo, ou de sentido indetermina do, mas que possuem uma fun <;:ao de comuniea<;:ao largamente intencional. Aqui observa-se a eombinac;:äo de palavras que fo ram manufaturadas para expres sar algum sentimento do grupo, ou para ajudar alguma prfltica ri !qL,' Ü,.,..,...I4.J ~ (I! 7 ) tual, ou para denominar algum objeto sagrado. No caso do falar dos ere, ha 0 emprego freqüente de a lav ras do falar corrente e de itens da T R ~~.: . regados de conota<;:5es ofe~trvasl ~'''''.J~ obscenas (Cf. xibungo, pederasta passivo; idem N3l. Ja no caso dos pretos-ve/hos, ha ocorrencia fre qüente de etimos bantos e de ele mentos lexicais portugueses assina lados pelo acrescimo de um fonema inicial Z, fricativa sonora (Cf. os casos de reten<;:äo do augment) . Os itens mais freqüentes da TR sao : 1. nomes que se referem a objetos, lugares, flora, fauna, cozinha; 2. nomes de divindades; 3. nomes iniciatieos; 4. nomes de parentesco religioso; 5. expressöes de exoreismo, de sau dac;:ao, de benediyäo, de pedido, de permissäo, de interdic;:äo, de negac;:äo, de reveremcia; 6. nomes e expressöes referentes a diversas funyöes sexuais, fisiol6 gicas, a gravidez e a doenc;:as. A este nivel, os itens da TR apre sentam certas earacterfstieas, algu mas que denuneiam seu eonservan tismo e melhor resisteneia a inoya <;:öes sob a interfereneia do siste.rna lI n ü (stieo do portugues, mostran do-se, assim, mais proximas dos seus possiveis modelos originais. 1. a marca de plural (morfema s) näo-ineidente nos itens (Cf. LP); 2. grau de instabilidade numa cate goria de genera; 3._ __ t 3. poucos casos de ad!s'äo de mor· assim registrado rios dicionarios bra femas de genero (masculino 0, sileiros de IIng J a portuguesa), os feminino a) e de sufixos a uma outros casos s~o isolados e apa mesma raiz africana . (Os casos aso recem em itens ' lexicais do ioruba e sinalados foram de derivados por-. do fon, deve do-se aqui, portanto, tugueses formados a partir de ral- considerar a MSsibilidade de uma I introdu äo reäente (cursos de ioru zes bantos. Idem N2 > N5); 4. formas ioaoalisaveis que per" ba na cida e do S Ivador e viagens deram limite de morfema ou de de pessoas dos candombles a Nige palavra: ria eBenin). Por outro lado, nao se Ex. : == kU.nen .a # -? # kunena # , pode deixar de considerar tambem o verbo defecar, em banto, aso com Einar Haugen que "unless a sinalado pelo prefixo nominal number of individuals borrow a classe 15 (ku-) do infinitivo (Cf. word, it is not likely to attain great N2); currency. If they learn it from the 5. casos de retencäo do que os ban same source, and speak the same tUlstas chamam de " au mento" dialect, and have the same degree of (Fr. augment), um morfema pre· bilingualism. the effect will merely so reconstruldo a partir do pro be one of reinforcement of the ori tobanto e, embora atestado atu ginal form"12. almente em um bom numero de A vida religiosa dos candombles linguas banto, 0 mais freqüente centra-se nos terreiros ou rQJ:i1§ dirimente reduzido a uma vogal gidos por uma classe sacerdotal sub· (como em umbundol, em quim· metida apenas a autoridade superior bundo central e em quicongo, dos ntos Cada terreiro pertence a . subsiste opcionalmente apenas uma " na<;:äo" determinada, segundo diante do prefixo nominal classe 0 vodun, orixa ou inquice tido 10 (ziji) I I . a Bahia, abant6, como seu protetor ou como prote gente, povo; zmgoma, atabaque tor do chefe do terreiro, e cada qual (jdem N2); criou para si um tipo de comporta 6. conserva<;:äo de a g~ as caracte- menta religioso ideal a partir de ar LCstica dos sistemas lingü (sticos quetipos africanos comuns 13. Con seqüentemente ha candombles que africanos : a) tonaHdade em alguns itens; se dizem de " na<;:äo" jeje-nago, que· b) os fonemas labiovelares Ikpl, to-angola etc., onde diferentes deo nomina<;:öes se combinam, mas Igbl e a africana sonora Iz I. Com exce<;:äo dessa ultima, de cada qual querendo denunciar pra ocorrencia ma is freqüente e parcia 'l ticas ritualisticas diversas, assinala mente conservada no N2 (Cf. adja, das sobretudo pelo uso ' da termino sinD de uma s6 campanula , de ferro , logia religiosa . " - Dentro dos candombles hc'l dife rentes graus de hierarquia s6cio-reli· giosa, cada grupo constituindo-se no que se chama na Bahia de fam( lia de santo: os hierarquicamente maiS grad uados säo chamados de pai ou de mäe, enquanto os seus ini· ciados säo filhos ou filhas, e tanto os iniciado sriU'm mesmo grupo de inicia<;:ao ou barco quanta os que cultuam um mesmo santo säo ir mäos ou irmäs . -A linguagem cerimonial dos membros e adeptos do cu Ito neste contexto int ragrupal apresenta va rias particularidades de vocabulario. 1. specializa<;:äo do sentido de ter mos do falar corrente (Cf. alem da terminologia classificat6ria de parentesco religioso, f6rmulas que substituem certos itens da >< R considerados tabus, com0....!2. velho em lugar de Omulu (Cf . 4), orixa protetor contra doen· X <;:as da pele e a variola, dar ~ do velho por doburu ou guguru ou p ipocas, comida consagrada a Omulu); 2. emprego de itens da TR habitual· mente usada pela "na<;:äo" do ter ----- reiro; 3. tabus lingü(sticos; 4. emprestimos h(bridos e poucos casos de decalques (Cf . adiante) . Esses itens säo: 1. expressöes de saudac;:äo, de reve rElncia, de perm issäo, de bene di<;:äo, de autoriza<;:äo; 2. formulas de exorcismo , de inter di<;:äo, de consentimento, de neo 54 - - -. gac;:äo; 3. nomes referentes a objetos, subs tancias, locais, flora, fauna, co zinha, ritual, e a hierarquia socio religiosa do grupo; 4. nomes iniciMicos; 5. nomes de divindades e suas sau dac;:6es respectivas. Os itens da TR se caracterizam : 1. pela tendencia a categorizac;:äo de genera que e manifestada fre qüentemente por um modifica dor, em geral 0 artigo definido portugues (masculinoo, femini no a); 2. pela tendencia a categoriza<;:äo de numero assinalado pelos mesmos modificadores no plural ou pelos numerais (um, dois, tres etc.) (jdem LP); 3. pela tendencia a categorizac;:äo de tempos verbais de acordo com 0 sistema lingü(stico do portugues: presente = passado. A I inguagem de comunica<;:äo usual do povo de santo e a lingua gem de um grupo inclusivo que es tabelece larga e sistematicamente a diferencia<;:äo das variedades li ngü IS ticas do seu repertorio em diferen tes situa<;öes. Na categoria de povo de santo cada membro do culto esta ligado por uma filia<;:äo religiosa a uma '~na<;:äo" determinada que em prega uma terminologia religiosa particular; como membro da co munidcde lingü Istica mais ampla, eie participa do repertorio lingü(s tico do dom(nio religioso comum em geral . de eua (kwa) em lugar do terme Essa consciencia lingü Istica se re corrente quizi/a (banto), interdi flete na atitude habitualmente to <;:äo religiosa, tabu, ja integrado mada por näo importar qual dentre no N5, com 0 objetivo de par em eies, diante de um termo, uma ex evidencia e, ao mesmo tempo, es pressäo, um trecho de dlntico per tabelecer a diferenc;:a de filiac;:äo tencente a uma terminologia religio religiosa; sa que eie finge nao compreender b) itens que se referem aos 6r sob 0 pretexto de "minha nac;:äo gaos sexuais, a diversas func;:5es näo pega" . 0 fato mesmo de saber fisiol6gicas, a gravidez, ao ho que se trata do repertorio lingü (s mossexualismo. Os casos assinala tico de uma outra "nac;:äo", referen dos por eufemismo foram de te a divindades com outras apela etimos bantos, como nena, fezes, c;:6es e representando uma variante ou fa zer nena, defecar (Cf. N1); do culto, implica exatamente numa cu far , morrer (jdem N3); conscientiza<;:ao da rea lidade socia I, lingü(stica e cultural de que eie faz c) certos itens de conotac;:äo obs parte como membro da sociedade cena e ofensiva como os que se que 0 engloba. encontram na li gu em dos ere. Nesta situa<;:äointergrupal 0 vo Os itens da TR se caracte cabulario do PS apresenta ainda es rizam : ~. tas outras particularidades: 1. pela categoriza<;:äo de ~~nero q ~'~ 1. a especializa<;:äo do sentido de em geral se manifesta pelos arti termos e expressöes do falar cor gos definidos do portugues como rente relacionados a situa<;:oes do ~ modificadores, independente da N1 (Cf. fazer sant~ passar pelo concordancia que possa haver processo d e Inlcl~äo); com a vogal tematica final do 2. uma troca rapida e nao rec(proca item ·africano (Cf. 0 samba). de uma variedade de itens da T R Aqui convem observar que, nos considerada de outra "nac;:äo", casos de itens lexicais com reten habitua I mente de carater metaf6 c;:äo da vogal do "aumento", esta rico, por enfase ou contraste' 4 e voga I e freqüentemente con tambem por eufemismo. fundida com 0 artigo portugues 0 Neste caso temos os seguintes ou a (Cf. unganga, N1 -)- 0 gan exemplos: ga, N2); . a) 0 emprego de guzo ou gunzo (banto) em lugar de axe (kwa), 2. pela categoriza<;:äo dos itens ver bais de origem banto na primeira esse ultimo de uso m'ais corrente conjugac;:äo, com a vogal tematica no. PS e ja popularizado no LP, final (-a) do sistema verbal do para intensificar 0 sentido de for portugues, que comporta tres vo <;:a, poder magico; ou 0 emprego 55 ga is temat icas (-a, oe, -i). No caso encontramos a integra9ao de for mas verbais bantos inanalisaveis como cufar < ku.fa (Cf. kune na, N1); Os itens verbais de origem kwa, menos freqüentes que os de origem banto, sao integrados sem a vogal tematica final (-al. Observa-se que 0 ioruba e 0 fon näo possuem um sis tema classificat6rio como as Ifnguas banto, e a vogal final dos verbos po de ser todas as vogais pertencentes ao seu sistema vocalico lS ; o emprego de itens verbais de ori gem ba nto na terce ira pessoa do singular do preterito perfeito, com a vogal tematica final (-6), de acordo com 0 sistema verbal da primeira conjuga9ao em por tugues dia letal e popular. Assim kU.fa ~ kU.fö ~ cufö; 4. a ocorrencia freqüente de deriva dos nominais portugueses de um mesmo item lexical, isto e, a par tir de uma mesma raiz africana, geralmente banto. Idem N 1 a N5. (Cf. dendezeiro, esmolambado). Aqui convem observar que os no . mes bantos, todos compostos de um conjunto prefixal, de um radical e eventualmente de um sufixo, veem seus limites morfol6gicos de saparecerem e -säo reinterpretados como formados -unicamente de um . radical enlarguecido, indecomposto (Idem N2 a N5) (Cf. ka- N- domb 56 t. J.t',f id- e ~ candomble). Como no caso termo, de um "sentido" tomado precedente, quandG da variedade da emprestado a I(ngua B; assim a pala mudan9a de nfveis no interior de vra despacho cujo sentido de envio um mesmo n fvel, isto e, no PS, na tomo u ta lvez aquele de oferenda X passagem de uma variedade so<;.1'O-" (= envio as divindades) por decal Iingü (stica para outra, isto e, do PS que dos itensafricanosboz6 (banto) Qaca 0 , se proauzem adaptacöes e eb6 (kwa). maior es dos itens africanos aos mo Ouando se trata de uma palavra W 54 delos fono l6gicos do portugues fa composta, a Ifngua A freqüenteI lade no N3. Esta mudan9a concorre mente conserva a ordem dos ele tambem para 0 aparecimento de di mentos da Ifngua B. No entanto, as ferentes tipos de emprestimos lexi palavras compostas decalcadas a cais africanos que se encontram no partir de palavras compostos afri portugues do Brasil. Para esclarecer canas respeitam a estrutura do por a questäo, tomaremos as definic;:5es tugues. propostas pelo Dictionaire de Un Einar Haugen (op. cit., pag. 227) guistique, Larousse, Paris, 1973: classifica os emprestimos numa ana lise sincrönica: a) Emprestimo (Fr. emprunt) Ha empn§stimo lingü(stico quan 1. "Ioanwords" - sem substitui9ao do um falar A (aqui 0 portugues) morfemica (em nosso caso, em utiliza e termina por integrar uma prestimos lexicais); unidade ou um tra90 lingü fstico 2. "Ioanblends or hybrids" - com que existia antes num falar B (aqui substitui9ao morfemica parcial cada Ifngua africana em questao) e (em nosso caso, os h(bridos); que A näo possufa. Exemplos: qui 3. "Ioanshifts or loan-translations zila, orixa, samba, vodun. and semantic loans" - com subs titui<;:ä"o morfemica completa (em b) Decalque (Fr. ca/que) nosso caso, decalques ou empres Ha decalque lingü(stico quando, timos por trad u9äo) 16. para denominar uma no<;:ä"o ou um Weinreich em Languages in con objeto novo, uma I(ngua A (aqui 0 portugues) traduz uma palavra sim tact; 1953, pag. 47, precisa: ples ou composta pertencente a "As maneiras em q ue um voca uma I(ngua B (aqui as I(nguas afri bulario pode interferir em um outro canas). sao varias. Dadas duas IInguas A e Ouando se trata de uma palavra B, morfemas podem ser transferidos simples, 0 decalque se manifesta de A para B (em nosso caso, em pela adi<;:äo, ao sentido corrente do prestimos lexicais) ou B - morfemas L. podem ser usados em novas func;:öes designativas no modelo de A-morfe ma (aqui decalques) com 0 conteu do dos quais eies säo finalmente identificados; no caso de elementos lexicais compostos, ambos os pro cessos podem ser combinados (aqui casos hfbridos). No caso dos elementos lexicais simples (näo compostos), 0 tipo mais comum de interferencia e a transferencia direta das seqüencias fonemicas de uma Ifngua para outra Ctqui, por exemplo, orixa, quizila). Simples nesta conexäo deve ser de finido a partir do bilingüe, que d~ sempenha a transferencia, mais da que da lingüfstica descritiva. Dessa maneira a categoria de palavras "simples" tambem inc.lui compos tos que säo transferidos numa for ma inanalisavel, (aqui, ia·lorixa, can dombh~)". Tipos de emprestimos: a) emprestimos lexicais: ' Ir 1. itens simples: eb6 babalor' 2. itens compostos: Nanä' Bu , rucu; b) decalques ou emprestimos por traduc;:äo: ')c 1. itens simpl'es: des acho; 2. itens compostos: pai-de-santo; >: c) casos hfbridos: despacho de Exu } (decalque/emprestimo). Exemplos de emprestimos e de decalques (simples ou compostos) atraves dos nfveis: Empr es timos Decalques , (Ioruba) orisha ~Banto) (Fon) vodum ! r. kisi I Nl N2 N3 N4 N5 TR PS LP Ba Br I j TR PS LP Ba Br urixa = vo dun orixa = vodun o r ixa - -orixa -orixa = = I I II I I . , ibeji = ibeji = ibeji hoho hoho --- -- -- -- = - = - -- - = = sa nto santo sa nto = -- Decalques , Portugues I = = maba<;:a mabac;:a mabac;:a maba<;:a mabac;:a = = = = = eba eb6 eb6 - - , dois - dois dois - dois dois - dois Decalques Portugues (Banto) mbozo ( loruba) ebo I I Emprestimos TR PS LP Ba Br I inqui ce inquice Emprestimo s I I (Banto) (Fon) (Ioruba) hoho mapasa ibeji i , Portugue s = = bOla bOl6 = = boz6 = = bol6 -- = = = despacho despacho despacho despacho ft _______________ I ' ~ 7 ~ ____ ~ ~.JJ.h ßrI--1 . ~\M fTw /t ~,I'''''' 'f ------------------------------~~~~~~--.------------------------~ I , As tra nsforma<;:öes semanticas l1ue se produzem a partir do N2 sao evidentemente determinadas pela mudan<;:a de contexto. cultural. Os casos mais freqüentes säo os de po lissemia (Cf. Weinreich, ap. eh., Haugen, "Ioan-synonyms"), uma extensao 16gica e gradual do sentido do termo emprestado, como no exemplo seguinte: Seja ebo (kwa) e bozo (banto), oferenda enviada aos deuses, e des paeho (portugues), 0 envio . Como essas oferendas (pipocas, farofa, ca cha<;:a, milho cozido, etc.) säo geraI mente enviadas ou despachadas pa ra encruzilhadas de ruas ou logra douros publicos freqüentados, rapi damente, no N3, ebo, bozo e des aeho come<;am atomar tambem 0 senti 0 e feitico. Neste momento, como se tratäcie manter tres varie dades lingü isticas servindo as mes mas fun<;:öes sociais de comunica<;:ao usual (Cf. Joshua Fishman, op. eit.), uma delas (aqui eb6, de intro du<;:ao mais recente) termina neces sariumente por ser deslocada, e uma nova distin<;:ao funcional se estabe lece para boz6 e despaeho. No N4, as duas passam a significar apenas feiti<;o (idem despaeho, N5). Ja os casos de homonimia (Cf. Weinreich, op. eit.; Haugen, "Ioan homonyms"), quando se produz um "pulo" no sentido do empres timo, parecem ocorrer com menor freqüencia . Podemos talvez trazer como exempl~ 0 caso de xibungq.., pederasta paSSlvo (N 1 > N3), e ae quibungo (N2, N3), um "Iobo" fan tastico que tem um buraco nas cos58 tas por <;:as que as suas giäo do onde costuma comer crian rencia da ap6cope do morfema de encontra acordadas durante plural 1 si, a categoria de numero dos incursöes noturnas pela re nomes e manifestada apenas pelo Reconcavo, uma especie de pl,ural dos modificadores (artigos ou bieho-papäo dos acalantos infantis. adjetivos), eliminando-se assim a re Xibungo e quibungg provem do dundancia (Cf. as casas -+ LP as ea banto "nbungu" . a hiena, 0 cao Sel- a ) . vagem, com prefixo nominal classe 2. ocaliza<;:ao da lateral velar em posi<;äo final (Cf. N4) 7, que dialetalmente pode ser ki ou shi (Cf. Meussen, op. eh.). 1 -+ w 1- # A linguagem popular da Bahia ou Esses casos que Serafim da Silva LP e a linguagem de comunica<;:ao Neto trata como "vulgarismos en usual das camadas s6cio-economica contrados em todas as partes do mente menos privilegiadas da socie Brasil, sobretudo nas baixas classes dade, entre as quais se registra um (... ) e de relachamentos articulat6 nt'vel baixo de escolariza<;:ao. Tra rios que precipitam a deriva da ta-se da grande parte da popula<;:äo It'ngua", invocando aqui uma influ negra e mesti<;a, da maioria do povo encia de linguas amert'ndias ou afri de santo e de pessoas que näo sao canas l 11, podemos historicamente membros adeptos de candombles, considerar, em areas onde no pas mas que, no entanto, de uma ma sado houve um a grand e concentra neira ou de outra, mantem liga<;:öes <;:ao de africanos, como na cidade com povo de santo, tais como em do Salvador e regiäo do Reconcavo, pregados domesticos, pequenos fun como resultado essencialmente da cionarios publicos, artesöes, feiran influencia de I(nguas africanas. Iniciado 0 tratico entre Brasil e tes, vendedores ambulantes, moto 17 Africa no seculo XVI, com~a a se ristas, cabeleireiros etc. • A LP apresenta certas particulari observar a confluencia de Ifnguas dades lingüt'sticas comuns aos fa la africanas e do europeu antigo ao en res populares brasileiros' em geral, e contro de IInguas amerindias. que tem sido objeto de preocupa A partir do seculo XVII, com 0 <;äo constante da parte de lingü(s aumento desse tratico, as I(nguas tas e fil61ogos no que concerne a amer(ndias, que ate entao tinham avalia<;äo da influencia de Ifng\-las sido empregadas como //ngua gera/ amerfnd ias ou africanas. Entre ou (I(ngua veicular), come<;aram, sem tras, destacamos duas das mais fre duvida nenhuma, a ser totalmente üentes: substitu(das nas senzalas par I(n l.edu<;äo a zero do Irl e do Isl em guas africanas. posiyäo final 0 resultado desses primeiros con (r, s) -7 rp 1- # tatos lingüt'sticos e culturais se re flete hoje nos chamados eandom Observa -se aqui que, em decor blf§s de eaboclo, entre os quais os - (;) t1 $ I)~ . IV vdJ..u-l :Mr), '11 r.Y~ h; ~~ "*'" t k I/-/)J ~) f/.w.J c/h -7-"t--f-.-,-- ---1-· -1" .. . gl.,.,~t!.:j.--=~~- tu;"""",~l, ' )' < + j ( ~ ck yiIpu-. ir'-rt' ~ J.-:J ~ ~ eaboclos, espfritos amerfndios divi- cadas por Westermann e Bryan (op, do Rec6ncavo e nas zonas de mine nizados, sao geralmente cultuados eit.) no grupo de Iinguas kwa da ra<;:ao, que importavam trabal hado ao lado de santos cat61icos e de di- Africa Ocidental, ou ainda 0 quim res da Bahia, como Minas Gerais, vindades africanas, e durante tais . bundo e 0 quicongo, co locadas deve ter necessariamente facilitado cultos um largo vocabulario de ori por Guthrie no grupo H das linguas ~ 0 apare iruento de um dia/eto mina, ger:1 amerindia e usado juntamente bant0 20 . Penc: ~ mos tambem em se da base ewe (Cf . Ant6nio da Costa com palavras portuguesas e afri melhan<;:as nas origens de todas es Peixoto em A Obra No va da L fngua canas. Tambem nos casos espec( sas linguas tomadas conjuntamente, Gera/ da Mina, escrito na primeira ficos de glossolalia - que podem fato que coincide com sua classifi metade do secu 10 XVIII e publica ocorrer independentemente de filia ca<;:äo no grupo mais amplo que do em Lisboa em 1945)21. c;:ao religiosa, pois cada fiel, seja de Green.berg classif,ica de Congo-Cor- u Ja no seculo ~ COill a _Ql.igra que "na<;:ao" for, ao lado do orixa, dofanlano (op . elt.) . ~äo da Corte Real Portuguesa para Alem disso, tambem seria com 0 Rio de Janeiro, a abertura dos vodun ou inquiee, cultua ainda um eaboe/o -, os glossolalistas "falam" preensivel se 0 processo de nive la portos bras ileiros para 0 comercio um portugues crioulizante entre mento - conseqüencia do isolamen mundial e a conseqüente expansäo meado de termos e expressöes de to tanto quanto do contato direto e dos centros urbanos, 0 nivelamento origem amerindia e africana, sobre permanente de numE:rosos grupos d esses dial etos pode ter sido ccle tudo banto 19 • lingüisticamente diferenciados ms ra de pelo po rtugues (que os afri Tambem nas senzalas, onde se senzalas - tivesse sido induzido pe canos tln ham e falar de qual " 'sturavam povos diferentes co la I(ngua do grupo majoritario ou quer jeito) , espec'ialmente por cau , fina li a e ae e vltar re be liöes que culturalmente preponderante. Se sa das semelhanc;:as casuais, mas pusesse serlamente em perigo a vi- gundo os dadas existentes sobre 0 notave is, entre 0 sistema I,ingü istico da de seus proprietarios numerica tratico com Angola, que preva 'leceu do portugues, de uma parte, e das mente inferiorizados, a necessidade rio Brasil ate a seglunda metade do I(nguas africanas do grupo kwa e de comunicac;:ao deve ter provocadc seculo passado, principalmente com banto, de outra parte . Assim enten o aparecimento de uma especie de , 0 porto de Luanda (a Aruanda dos de-se melhor as razöes de nao haver I/ngua franca ou dialeto das senza canticos populares 'brasileiros), 0 sucedido no Brasil um crioulo do las. 0 desenvolvimento desse dia dia 'leto entao corrente nas senzalas tipo que se encontra nas demais ex leto pode ter sido facilitado, em par e nas zonas rurais deve ter sido da colonias europeias das Americas, on te, por certas tendencias internas de base banto (Cf , Serafim da Silva Ne- de a presenc;a do africano tambem desenvolvimento de algumas Ifnguas to, op. eit., pag . 1~9, ue e ns'ä"ter ~oi marcante, muito e~~or~ tenb~ banto e kwa. Essas tendencias se re-, sldo usa do nos quilombos um f~J.§.!:. . sido registrada a eXlstencla , ate fletem nas semelhan<;as de expres a ase anto; cf. ainda 0 falar dos comeco este sec de um ortu söes e de unidade de conteudo que pretos-veTfi7:j'Se dos caboc/os). gues ~ r ioulo da bas~ banto falad o n6s encontramos durante a pesquisa Durante 0 seculo XVIII no eil na ' zOriäiii"ineira de fv1inas Gerai sT'2 das fontes dos ltens lexicais africa tanto, em razao do desenv~lvimen- e de outro, provavelmente a base nos que serviram de base para a ana to intenso do tratico entre a Bahia e nag6, que foi corrente entre a po lise que apresentamos aqui. Näo nos a chamada Costa da Mina, no Golfo pulac;:äo negra e mestic;:a da cidade referimos täo-somente a semelhan de Ben in, a concentrac;:ao de povos do Salvador, em conseqüencia da c;:as nas fontes de Ifnguas considera de uma mesma procedencia etnica grande concentrac;:ao de africanos das culturalmente relacionadas, tais do oeste africano nos incipientes dessa origem etn ica naque'la cidade como fon e ioruba. as duas classifi nuc leos urbanos da zona fumageira durante 0 seculo passad0 2 3 _ s 59 ci' Como esta discussao implica nu ma descric;:ao da lingua portuguesa, nos limitaremos unicamente a pör eil' destaque duas das semelhanc;:as d , lodelos estruturais entre 0 por tug ues e as I (ng uas af ricanas em questäo: 1.0 sistema vocalico de sete ele mentos do portugues do Brasil coincide praticamente com os do ioruba e do fon, que tambem conhecem as nasais correspon dentes, e com as sete vogais orais (reconstru rdas no protobanto) de um bo m numero de I(nguas banto atuais, entre elas, no pllano fönico, 0 quimbundo, 0 quicon go e 0 umbund0 24 . 2. com excec;:äo da nasal silabica N para as I inguas africanas, a vogal (V) e sempre centro de silabas. Se tomarmos, de uma parte, uma estr·'tura silabica A pr6pria ao ioru b, ao banto [ N (C) V } e, de ouua parte, uma estrutura silabica B, pr6pria ao portugues padräo, correspondendo ao N5, {(C) C)V(C) } ou seja 1) V 2) CV 3) VC 4) . CVC 5) ccv 6) CCVC, observa-se, no N3, pa ra as pa lavras portug uesas uma adaptac;:äo do sistema silabico B em um sistema silabico C sob a influen cia do sistema A. Esta adaptac;:äo se explica pela aplicac;:äo de quatro re gras ordenadas seguintes: Rl '7 60 r -+ rp / c - - - - R2 rp R3 '1) -+ W / R4 C -+ -+ V / c rp / ou seja: 1. Ir I que desaparece antes de con soante; 2. criac;:ao de uma vogal entre con soantes; 3. vocalizac;:ao do lei em posic;:ao fi nal; 4. desaparecimento da consoante em posic;:ao final. (N.B. E evidente ewe um conjun to de regras mais completo deveria desenvolver explicitamente os des locamentos de limites silabicos e ser o objeto de uma analise de trac;:os constitutivos para cada segmento). Em outros termos: { (Cl Cl v (Cl) ..... { (CIVJ scO a influencia de I~, (C)vJ Exemplos: 2. ne.gra ..... ne.ga CV.CCV ..... CV .CV ..... fU.Ii'> ..... CV.CV flor CCVC 3. sal.var CVC.CVC ..... sa.la.va - CV.CV.CV (Aqui convem observar que em Portugal mesmo essas caracteristi cas ' ja foram ha muito tempo re conhecidas como da pronuncia afri cana de palavras estrangeiras. Gil Vicente, por exemplo, ern 0 Cterigo da Beira, representado em 1526, co loca "Furunando" por Fernando e "pari" por parir, na boca de um afri cano)25. No mesmo N3, constata-se igual mente, para os emprestimos lexicais africanos, a adaptac;:äo do sistema A, em sua integrac;:ao progressiva em direc;:ao ao sistema B2 6. ou seia C # # 1. ou seja nlo N -+ -+ ndende N unlb (Nl> N3) V' VN -+ -+ dende (Nl > N5) Em outros termos, 0 portugues brasileiro atual, descontada a relati va;;:;ente menor influencia de lin 9 ua s amerindias (Cf. G ladstone Chaves de Melo, ap. cit., "influen cia horizonta li,") , e antes de tudo 0 resultado da imanta äo dos sistemas fönicos africanos em dire<;;äo ao portu ues euro p_eJ.J regional e de ca rFerar caizaote ~t em sentido inver so do sistelJla fönico portugues em (iirec;:äo aos sistemas africanos . Con seqüentemente os fa 'lares regionais brasileiros, a depender de onde se exigiu uma grande presenc;:a de afri canos (e poucas foram historiea mente as regiöes do Brasil onde isso nao ocorreu), sao todos mais ou menos africanizados. Destacam-se particularmente os falares da Bahia, onde ainda se observa a interferen cia do tipo lexical que teria neces sariamente se desenvolvido numa si tuac;:ao de contato lingü (stico per manente, como aquela no passado, grac;:as ao vocabulario de origem africana compreendido na TR dos candombles, que e preservado pelo povo de santo e ocasionalmente transferido para 0 LP. Em muitos casos a palavra transferida tem uma forma tal que fonologicamente pa rece uma palavra em potencial ou ja existente no portugues (Cf. assento (portugues) e "asento" (fon), lugar onde se coloca ou se assenta 0 as sem, objetos consagrados a uma di vindade entre os candombles). o vocabulario do N3 se caracte riza pela ocorrencia de emprestimos lexicais africanos dos tres tipos ja classificados. Em gera I sao em pres timos que decorrem da influencia religiosa dos candombles. Trata-se principalmente de casos de decal