Helicóptero de Bancada
Transcrição
Helicóptero de Bancada
Helicóptero de Bancada Alberto Luiz Wiggers e Felipe Ragnini Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC Chapecó – Santa Catarina – Brasil Curso Superior de Engenharia de Controle e Automação Projeto Integrador II – Professores Vinicius Peccin e Cristiano Kulman Resumo: Este documento tem como intuito apresentar e discutir em âmbito geral os resultados do projeto de um helicóptero de bancada, abordando: o objetivo do projeto, os requisitos, as principais tomadas de decisões, as etapas de construção, implementação e testes, as dificuldades envolvidas e possíveis melhorias, dividindo o trabalho em três subitens cada um com suas etapas de execução: projeto mecânico, projeto eletroeletrônico e projeto de controle. Palavras chave: Helicóptero de Bancada; Controle de Elevação. 1. Introdução Atualmente, a ascensão dos veículos autônomos não tripulados (VANT’s), se deve ao emprego dos mesmo para realização de atividades como operações de risco, aquisição de dados e até entrega de produtos, portanto se vê a necessidade de fomentar pesquisas e ir em busca do conhecimento envolvido neste tipo de tecnologia. Portanto o objetivo principal deste projeto é colocar os estudantes do curso de engenharia de controle e automação em contato com esta nova área do conhecimento, através da realização do projeto de um helicóptero de bancada, que serve como protótipo para desenvolver pesquisas sobre os VANT’s. O helicóptero de bancada é basicamente um drone fixo, que pode ser estudado de forma segura dentro do ambiente acadêmico. O corpo de propulsão é composto por dois motores em paralelo no eixo de arfagem que é fixo em uma haste, e esta por sua vez, possui um contra peso na extremidade oposta ao conjunto de propulsão e é fixa em um ponto a uma base, o corpo de propulsão é responsável pela realização do deslocamento vertical, rotacional e arfagem assim ampliando as possibilidades de movimentação. O de helicóptero de bancada utilizado como modelo para o projeto, foi o da empresa canadense Quanser, que desenvolve pesquisa e protótipos para a prática e pesquisa de técnicas de controle na área de VANT’s. Figura 1 – Helicóptero de Bancada com 3 graus de liberdade da empresa Quanser. Primeiramente, dentre os três projetos propostos a serem desenvolvidos na disciplina, o helicóptero de bancada era o único que não possuía estrutura mecânica pronta ou muito avançada, e devido a isto, o grupo sentiu necessidade de abrir mão de alguns requisitos de projeto e focar outros , afim de otimizar o desenvolvimento do projeto, tendo em vista que os projetistas tinham pouco ou nenhum contado com este tipo de atividade, esta e outras limitações como a escassez tempo disponível para o desenvolvimento e pesquisa relacionados a um projeto desta magnitude, verba disponível para a execução do mesmo e ferramentas e materiais disponíveis para serem utilizados e empregados no projeto portanto, essas limitações influenciaram diretamente na tomada de decisões e consequentemente na eficiência e funcionamento do protótipo. Como foi decidido que o foco seria o eixo de elevação, foi em torno deste que todo o projeto tomou forma, devido às limitações citadas acima, o eixo foi projetado para ser fixado por um par de rolamentos e suporte de mancal para o diâmetro de 20mm, como mostra a imagem abaixo: 2. Projeto Mecânico No decorrer do projeto, algumas decisões foram essenciais, como por exemplo o material estrutural, redução dos movimentos do protótipo, de deslocamento vertical no eixo de elevação, deslocamento no eixo de rotação e arfagem para somente o deslocamento no eixo de elevação e arfagem mas sem comprometer a futura implementação e funcionamento do outro eixo de movimentação, do sistema de medição, entre outros. 2.1 Material estrutural Tendo em vista alguns requisitos da estrutura mecânica do projeto como robustez, resistência a torções e impactos, os principais materiais utilizados na parte mecânica do projeto foram perfis de alumínio de 30x30 para a estrutura, sucata de perfis alumínio como base, para fixação do corpo do helicóptero de bancada e aço para confecção de outras partes principais como do eixo de elevação, o suporte para o sistema de medição e as cantoneiras que mantem o a estrutura fixa na base. Figura 2 – estrutura de suporte do eixo, e eixo de elevação. Como pode-se observar o eixo é suportado pelo conjunto rolamento – suporte de mancal, posicionados nas extremidades dos perfis de alumínio que estão montados perpendiculares à base. 2.3 Acoplamentos eixo e braço Assim, como o eixo de elevação, o acoplamento do braço com o eixo também foi projetado e usinado durante o projeto, utilizando os materiais e maquinas disponíveis no campus. Figura 3 – Acoplamento desenvolvido para unir o braço ao eixo de elevação. 2.2 Eixo de elevação 2.4 Base e estrutura Tanto a base como a estrutura do projeto foram construídas utilizando perfis de alumínio, e suas dimensões são: a altura do eixo de elevação é de 38,7 cm, os perfis que de sustentação do eixo de elevação são de 45cm de comprimento, o contra peso fica na extremidade do braço de 83cm de comprimento até o eixo de arfagem que possui 53cm de comprimento, sustentando os motores nas suas extremidades, a imagem a seguir mostra a estrutura final. 3.1 Microcontrolador Seguindo os requisitos do projeto, algumas decisões influenciaram na escolha do microcontrolador foram a resolução necessária para a atuação do controle, o número entradas e saídas da placa a ideia de utilizar um display para disponibilizar os dados do controle durante o funcionamento do protótipo, assim optou-se por utilizar um arduino mega 2560, pois este supri as necessidades de resolução do sistema, possui o número de portas necessárias para o sistema e ainda para utilização de um shield de um display LCD. 3.2 Sistema de medição Figura 4 – Estrutura final do helicóptero de bancada. Todos os encaixes e acoplamentos da estrutura acima foram feitos utilizando parafusos de aço de ¼”, já os acoplamentos e junções utilizados na base foram executados com parafusos M8. 2.5 Eixo de arfagem O eixo de arfagem foi projeta inicialmente para funcionar utilizando um terminal rotular para satisfazer os movimentos necessários, porém no decorrer do projeto este eixo foi imobilizado por uma chapa de alumínio, pois a movimentação que ocorria neste eixo deixava os motores com as hélices para baixo, impossibilitando a propulsão e consequentemente o controle do sistema. 3. Projeto Eletroeletrônico O sistema de medição atua diretamente no deslocamento angular do sistema, o protótipo modela da Quanser utiliza encoders de alta precisão como sensores, mas com as limitações do nosso projeto optou-se por utilizar um potenciômetro de 5KΩ conectado na extremidade do eixo de elevação para que quando houver movimento angular o potenciômetro acompanhe assim variando sua resistência (THOMAZONI, D; ALBUQUERQUE, P, 2008). 3.3 Ponte de Wheatstone A ponte de Wheatstone é circuito destinado a medir resistências desconhecidas, o circuito é composto por 3 resistências semelhantes mais a resistência que se deseja medir e é alimentado com uma tensão de 5V, algumas adaptações foram necessárias utilizando o circuito integrado LM358 afim de ajustar os valores do circuito entre 0 a 5V que é o sinal que o range de tensão que o microcontrolador consegue medir em suas portas. Após os ajustes, a variação de tensão medida na saída do circuito é de 1,9V a 3.7V, uma variação de 1,8V que é utilizada para medir a variação do ângulo do braço, que varia de -30 a 30 graus de inclinação em relação ao eixo horizontal. 3.4 Conversão analógica/digital O microcontrolador escolhido utiliza um conversor analógico digital de 10bits, dessa forma os valores inseridos são convertidos para um range de 0 a 1023 pontos transformando a variação do sistema de medição que era de 1.8V para 380 pontos, dentro da faixa de 380 aos 760 pontos. 3.5 Sistema de propulsão O sistema de propulsão escolhido é composto por dois motores brushless outrunners pois possuem facilidade de controle de aceleração e desaceleração e proporcionam facilidade no controle de velocidade e torque como diz (DEL TORO, 1990). Os motores Emax gt2213, segundo (MILTON, P. 2013)as hélices de duas pás são as que possuem melhor relação do coeficiente de potência pela razão da velocidade de ponta assim as hélices utilizadas possuíam duas pás sendo cada pá com 5” de comprimento, funcionam a uma tensão de 11v com uma variação de corrente de 0 a quase 10 ampères, funcionando a sua potência máxima os motores são capazes de sustentar uma carga de mais de 1,2kg, porém os motores requerem ser ligados com placas ESC(Eletronic Speed Controller) que são um circuito implementado em conjunto com o microcontrolador afim de acionar o motor através do chaveamento de transistores de efeito de campo. 3.6 Sistema de Alimentação A alimentação do sistema foi determinada partindo dos requisitos do sistema de propulsão e demais circuitos, A escolha foi uma fonte de 550watts que possui duas saídas 12volts – 19ampéres que suprem as necessidades do conjunto de propulsão e ainda fornece energia ao circuito de medição. 4. Projeto de Controle O projeto de controle é aonde se aplicam as técnicas desenvolvidas durante o curso afim de realizar a modelagem da planta, as linearizações e simplificações da dinâmica do sistema, estabelecer a função de transferência do controlador a partir dos dados recolhidos e das especificações do projeto, discretização da função do controlador e sua implementação no código. 4.1 Modelagem da planta A modelagem do sistema foi realizada após o estudo dos fenômenos envolvidos na dinâmica do sistema como o diagrama de forças, decomposição de forças, fenômeno da propulsão e os momentos angulares gerados no sistema. Após considerar os itens citados acima, a primeira equação encontrada como modelo aproximado do sistema foi: Onde: J = momento de inercia d² Ѳ = derivada segunda do ângulo do braço. P = propulsão do sistema. d1 = distância entre o conjunto de propulsão e o ponto do braço fixo ao eixo de elevação. d2 = distância entre o contra peso e o ponto do braço que é fixo no eixo de elevação. M= massa do conjunto de propulsão. g = gravidade. CP = massa do contra peso. Ѳ = ângulo de decomposição das forças de propulsão, peso dos motores e contra peso. Após levantarmos o primeiro modelo do sistema, viu-se a necessidade de simplificar a equação através da linearização dos cossenos, assim para variações de ângulos pequenos se assume que cosseno de Ѳ é igual a 1, assim temos: Figura 5 - função de transferência e posição de pólos e zeros do controlador PD. A imagem acima mostra a função de transferência de um controlador PD que quando aplicado a planta gera o gráfico de resposta ao degrau abaixo: Portanto: Figura 6 – resposta ao degrau do controlador PD. 4.2 Estudo da dinâmica do sistema O estudo da dinâmica do sistema foi feito utilizando as ferramentas disponíveis no campus que são matlab, simulink e sisotool, ao analisar a dinâmica do sistema, representada pela função de transferência aproximada da planta pode-se observar que é a dinâmica de uma planta duplamente integradora, portanto a utilização de um controle PD (ganho proporcional e ganho derivativo) seria suficiente para satisfazer os requisitos de controle da planta, como na imagem a seguir. Os valores altos que aparecem para o ganho proporcional são justificados pela falta do modelo dos motores na planta, o modelo dos motores é somente um valor de ganho multiplicando a planta, portanto se o modelo dos motores fosse incluído, o valor do ganho proporcional do controlador seria reduzido drasticamente. Após a análise da dinâmica da planta e de um possível controlador, algumas mudanças foram influenciadas pelos requisitos do projeto e algumas limitações, por isso foi utilizado um controlador PID (ganho proporcional, integral e derivativo), para que o sistema de controle fique mais didático e compreensivo e por influência dos ruídos e não linearidades da planta, o ganho derivativo foi reduzido e o ganho integral assumiu seu papel para que o controle atuasse de forma eficiente. O tempo de amostragem a ser utilizado deve ser de no mínimo oito vezes mais rápido que a dinâmica do sistema, para este sistema foi utilizado 50 milissegundos. 4.3 Discretização do controlador Para que o controle fosse implementado no código fonte do microcontrolador, foi necessário a discretização da função de transferência do controlador, a arquitetura escolhida foi a paralela pois esta mantém os valores dos ganhos independentes o que torna os ajustes mais práticos e didáticos e o método de discretização utilizado foi a regra trapezoidal ou método de Tustin. Figura 7 – Imagem do código fonte da função de transferência discreta do controlador. 4.4 Ajustes e praticidade do Shield display LCD Os parâmetros de ganho proporcional(Kp), ganho integral (KP = 1/TI), ganho derivativo(Kd) e tempo de amostragem interferem diretamente na atuação do controlador sobre a planta, pois a função de transferência do controlador é: -implementação do código A implementação do código teve início a partir de estabelecidas as portas que seriam utilizadas pois o shield display LCD ocupa grande parte da placa, após isso notou-se a necessidade da elaboração de uma rampa de inicialização para que os motores funcionassem corretamente de acordo com seus critérios de funcionamento, foi feito o ajuste de conversão do sinal do sistema de medição para ângulo, e a implementação da função discreta do controlador como mostra a figura abaixo Portando, contando com os requisitos de didaticidade do protótipo, foi implementado um display LCD onde pode ser feita as alterações destes parâmetros diretamente na planta e testar a eficiência do controlador. Durante a execução do programa o display LCD também mostra a o valor do PWM determinado pela ação controle e o erro de ângulo do eixo de elevação, permitindo assim que um ajuste fino dos parâmetros possa ser feito com facilidade e praticidade para que o controle fique bem calibrado. 4.5 Função de transferência final do controlador Após os estudos da dinâmica da planta, calibragem do sistema de medição, discretização e implementação do código fonte, os ajustes finai s do controle foram feitos em laboratório, fazendo um ajuste fino nos valores dos ganhos e observando as mudanças na dinâmica da planta, foram adicionadas perturbações afim de encontrar um controle robusto, e a versão final são valores de Kp = 1,5 Ti = 3 e Kd = 0,095 que é um controle com rejeição ao impulso e ao degrau, como mostra o gráfico. pontos à melhorar seriam o aperfeiçoamento do sistema de medição, a construção de uma estrutura de proteção para que não ocorram acidentes com as hélices, e a futura implementação e ajuste dos outros dois eixos de movimento. 6. Referências: DEL TORO, Vincent. Fundamentos de Máquinas Elétricas. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1999. PINTO, Milton. Fundamentos de Energia Eólica. 1ª edição. Editora LTC, 2013. Figura 8 – Gráfico ilustrando as reações do controlador a diferentes perturbações. 5. Discussões Finais A versão final do protótipo, atinge vários requisitos do projeto de forma eficiente, levando em conta as limitações financeiras, limitações de conhecimento e tempo do projetistas , o requisito de didaticidade do protótipo que foi satisfeito com a implementação do shield LCD que expõe as informações do sistema, e também a própria dinâmica do sistema possibilita perceber a atuação dos diferentes tipos de controle e quais suas consequências, com relação a estrutura mecânica, esta possuía requisitos de rejeição a vibrações e torções os quais foram supridos muito bem pela estrutura construída, já o sistema de medição do sistema apresenta pouco robustez, conforme se realizam testes no protótipo o sistema de medição fica cada vez mais ruidoso e falho. Sendo assim os THOMAZONI, Daniel; ALBUQUERQUE, Pedro Urbano Braga. Sensores industriais: Fundamentos e aplicações. 5. ed.rev. e atual. São Paulo: Érica, 2008.
Documentos relacionados
59531 - 2009 Brazilian Symposium on Aerospace Engineering and
Os resultados de simulações em malha fechada utilizando o controlador projetado são apresentados. Para tanto, utilizase o controlador projetado, adicionando os integradores, para controlar o modelo...
Leia mais