Bionik phunk

Transcrição

Bionik phunk
Bicharada informada
Matthias Funk
Açoriano Oriental (Bits & Bytes) de 14 de Abril de 2007.
Quando os computadores tinham o tamanho de um quarto, eram
frequentemente habitados por ratos, baratas e outros bichos. O nome “bug”
para um erro de programação provém dessa era. A ligação mais natural entre
a Informática e a Biologia é a própria espécie humana, cuja característica
predominante se investiga na área da inteligência artificial. No caso das redes
neuronais, adapta-se o mecanismo cerebral à computação.
Em 1983, Fred Cohen introduziu a reprodução – um dos aspectos biológicos
mais básicos – na Informática ao conceber o primeiro vírus digital.
Seguidamente, apareceu uma gama de parasitas electrónicos, temidos pelos
utilizadores, mas estudados com grande interesse por alguns biólogos e
entusiastas da área da “Vida Artificial”. Thomas Ray, por exemplo,
desenvolveu o ambiente “Tierra” para analisar programas evolutivos. Mesmo
que o foco dos bem conhecidos algoritmos genéticos sejam diferentes,
ambos utilizam o mesmo paradigma biológico da evolução.
Uma questão interessante é a da intersecção entre a Informática e a Biologia,
não só no campo da Bioinformática, onde a potência do cálculo é utilizada
para resolver problemas do foro da ciência da vida (como no projecto da
descodificação do genoma humano), mas também num campo onde a
própria Informática compete com os seres vivos. Na área da Bionic ou na
Robótica, estuda-se a aplicação tecnológica de componentes biológicos.
Para a Informática interessa, em especial, a forma de tratamento da
informação biológica. Neste campo, já referimos o aspecto cerebral através
das redes neuronais. De grande potencial são também os processos
bioquímicos reguladores, bem como a transmissão genética via DNA.
Leonard Adleman trabalha, desde 1994, na Computação com sequências de
DNA, resolvendo o emblemático problema do “Caixeiro Viajante” num
percurso de 20 cidades. Quando a Biotecnologia consegue re-programar
células ao modificar o seu comportamento normal, passamos já para o
terreno onde organismos vivos servem como Hardware para novos
programas informáticos. Nesta linha, poder-se-ão englobar as experiências
de Toshiyuki Nakagaki, que deixa fungos do tipo “Physarum polycephalum”
resolverem o problema da descoberta do caminho de saída mais curto num
labirinto. Qual será o limite aceitável para uma Hardware informático? Uma
bactéria, um fungo, um insecto, um rato ou um clone humano? Constituirá
este um tema para um referendo em 2030?

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