plano municipal de saneamento básico plano municipal de gestão
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plano municipal de saneamento básico plano municipal de gestão
ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO PLANO MUNICIPAL DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS PRODUTO 02 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E SOCIOECONÔMICA DO MUNICÍPIO VOLUME I - Caracterização Socioeconômica do Município CAMAÇARI - BA ABRIL, 2015 ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 1.174/2013 TOMADA DE PREÇOS Nº 003/2014 CONTRATO Nº 140/2014 Produto 02 – Caracterização Física e Socioeconômica do Município, apresentado pela Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria Ltda. para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano - SEDUR, como parte integrante do Plano Municipal de Saneamento Básico de Camaçari - BA (PMSB) e do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS). ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA ADEMAR DELGADO Prefeito Municipal MARIA DO CARMO SIQUEIRA Vice Prefeita ANA LÚCIA BASTOS DE ARAÚJO COSTA Secretária Municipal de Desenvolvimento Urbano Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA FICHA TÉCNICA Comitê de Coordenação Membro Titular Secretarias Marina Rodriguez Alonso (Coordenadora) SEDUR/ASTEC Anselmo Sebastião Salgueiro dos Santos SEDUR/CPL Eduardo da Silva Barreto SEDUR/CMA Fabio Antônio Moura Costa de Souza SEDUR/ASTEC Lélia Maria dos Reis Dias SEDUR/ASTEC Maressa Lacerda Viera SEDUR/ASTEC Milai Rodrigues Alves Cordeiro SEDUR/CMA Sandra Lima dos Santos SEDUR/CMA Silvio Gantois SEDUR/CMA Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Comitê Executivo Instituições e Secretarias Membro Titular Membro Suplente Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) Marina Rodriguez Alonso Maressa Lacerda Viera Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA) Sérgio Murilo Falcão Silva César Aparecido dos Santos Secretaria de Saúde (SESAU) Valmir Santos Araújo Ruteane da Silva dos Santos Secretaria de Habitação (SEHAB) Monique Matos Rodrigues Azevedo Santiane Araújo Godinho Cruz Secretaria de Serviços Públicos (SESP) Flávio Ribeiro Lobo Filho José Marcelo Rocha de Almeida Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDES) Elaine Maciel de Souza da Silva Mateus dos Santos de Oliveira Limpeza Pública de Camaçari - BA (LIMPEC) Rute do Nascimento José Balbino Bittencourt Teixeira Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM) Francisco de Assis Silva Crispim Carvalho da Hora Conselho Municipal de Saúde (CMS) Paulo César Souza Costa Verbenia Lúcia da Silva Santos Conselho Municipal de Educação (CME) Elielza de Santana Bispo Souza Mário José Santos Filho Conselho Municipal da Cidade (CONCIDADE) Everaldo de Jesus Vieira Jorge Carlos Ramos Gonçalves Comitê de Fomento Industrial (COFIC) Mariene Salatiel Oliveira José de Anchieta da Silva Filho Comitê da Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte e Inhambupe (CBHRNI) Sérgio de Almeida Bastos Maria José Rosas Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA) Mário Sergio Soares May Taís Meireles Oliveira Poder Legislativo Municipal (CMC) Sávio Nonato Barreto de Oliveira Gilseppi Mário Reis D’errico Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Equipe Técnica da Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria Ltda. Nome Cargo Geraldo Leite Botelho Coordenador Gerencial do Contrato Gabriela Vieira de Toledo L. Ataíde Coordenadora Técnica de Planejamento Lívia Duca de Lima Supervisora Técnica do PMSB Lenon Sol de Souza Marques Supervisor Técnico do PMGIRS Victor Pompeu Teixeira Rodriguez Engenheiro Sanitarista e Ambiental Victor Moreira da Silva Vidal Engenheiro Sanitarista e Ambiental Mariana Mascarenhas de Souza Engenheira Ambiental e Sanitarista Kalila Kalil Barreto Couto Engenheira Sanitarista e Ambiental Joice de Jesus Moraes Supervisora Técnica da Área Social Claudete Alves Dórea Assistente Social Leila Santos Borges Nunes Assistente Social Luiz Claudio Ferraz Freire de Carvalho Geógrafo - Técnico em Geoprocessamento Thiago dos Santos Gonçalves Geólogo Carolina Rodeiro Estagiária em Eng. Sanitária e Ambiental Adriana Bruno Conceição Estagiária em Serviço Social Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA APRESENTAÇÃO A Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria Ltda. - ME apresenta à Prefeitura Municipal de Camaçari o Relatório de Caracterização Física e Socioeconômica do Município, o qual se constitui parte integrante do Plano Municipal de Saneamento Básico – PMSB e do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PGIRS abrangidos pelo Contrato Nº 140/2014. O Relatório de Caracterização Física e Sócio Econômica foi dividido em dois volumes: o Volume I - Caracterização Socioeconômica do Município e o Volume II Caracterização Física do Município. De acordo com os requisitos do Termo de Referência, e diretrizes preconizadas pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, o presente contrato subdivide-se nas seguintes etapas apresentadas abaixo. Etapa 1: - Plano de Trabalho e Plano de Mobilização Social; Etapa 2: - Caracterização Física e Socioeconômica do Município; - Oficina de Capacitação do Comitê Executivo. Etapa 3: - Diagnóstico dos Serviços de Água; - Diagnóstico dos Serviços de Esgoto; - Diagnóstico dos Serviços de Drenagem de Águas Pluviais; - Diagnóstico dos Serviços de Limpeza Urbana e Manejo dos Resíduos Sólidos; Etapa 4: - Estudos de Cenários; - Hierarquização das Intervenções; - Versão Preliminar do PGIRS; Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA - Audiências Públicas Locais para Apresentação do PGIRS; - Versão Revisada e Complementada do PGIRS com base nas Audiências Públicas Locais (proposta de lei enviada à Câmara); Etapa 5: - Versão Preliminar do PMSB - Programas, Projetos e Ações; - Audiências Públicas Locais para Apresentação do PMSB; Etapa 6: - Versão Revisada e Complementada do PMSB com base nas Audiências Públicas Locais (minuta de proposta de lei); - Relatório Síntese do PMSB (Proposta de Lei enviada à Câmara). O presente estudo é referente ao Volume I - Caracterização Socioeconômica do Município, parte integrante do Produto 2 - Caracterização Física e Socioeconômica do Município. Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA LISTA DE SIGLAS ABCR AC AEPC ANAEEL APA APP BTS CAGED CAIC CCE CCL CDS CEPAL CEPRAM CHESF CIA CLN CMGE CNEFE COELBA COFIC CONAMA CONERH COPEC COV CPRM CPTEC CRA DAP DEAM DEF DENARC DENATRAN DEPOM DERCA DHPP DISEPS DNIT DPT DUC EBDA EIA EMA EMBRAPA EPR ETP EXC Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias Agência de Correios Associação Empresarial do Poloplast de Camaçari - BA Agência Nacional de Energia Elétrica Área de Proteção Ambiental Área de Proteção Permanente Baía de Todos os Santos Cadastro Geral de Empregados e Desempregados Centro de Aprendizagem e Integração de Cursos Comissão Censitária Estadual Comissão Censitária Local Cidade do Saber Comissão Econômica dos Países da América Latina e Caribe Conselho Estadual de Meio Ambiente Companhia Hidro Elétrica do São Francisco Centro Industrial de Aratu Concessionária Litoral Norte Comissão Municipal de Geografia e Estatística Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos Companhia de Eletricidade da Bahia Comitê de Fomento Industrial Conselho Nacional de Meio Ambiente Conselho Estadual de Recursos Hídricos Complexo Petroquímico de Camaçari - BA Composto Orgânico Volátil Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos Centro de Recursos Ambientais Diâmetro de Altura do Peito Delegacia da Mulher Deficiência Departamento de Narcóticos Departamento Nacional de Trânsito Departamento da Polícia Metropolitana Delegacia da Criança e do Adolescente Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa Humana Distritos Integrados de Segurança Pública Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte Departamento de Polícia Técnica Diretoria das Unidades de Conservação Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário S/A Estudo de Impacto Ambiental Estação Meteorológica Automática Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Evapotranspiração Real Evapotranspiração Potencial Excedente Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA FCA FERHBA FJP FNUAP FPM FUNASA GPS IBGE ICMS IDEB IDH-M INCECC INCRA INEMA INEP INMET INOCOOP INPE IQAr kV KWH MDS MDT MERCOSUL MMA MS TEM NBR NNE ODM OECD OMM OMS ONG ONU PAA PCT PDA PDDU PEA PERH PGR PHOC PI PIB PIC PMC PME PMSB Ferrovia Centro Atlântica Fundo Estadual de Recursos Hídricos da Bahia Fundação João Pinheiro Fundo de População das Nações Unidas Fundo de Participação dos Municípios Fundação Nacional da Saúde Global Position System Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços Índice de desenvolvimento da Educação Básica Índice de Desenvolvimento Humano Médio Instituto do Corredor Ecológico Costa dos Coqueiros Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Instituto Nacional de Meteorologia Instituto de Orientação a Cooperativas Habitacionais Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Índice de Qualidade do Ar Quilovolt Quilowatt Hora Mapa do Desenvolvimento Humano Contra a Fome Modelo Digital de Terreno Mercado Comum do Sul Ministério de Meio Ambiente Ministério da Saúde Ministério do Trabalho e Emprego Norma Brasileira da Associação Brasileira de Normas Técnicas Norte/Nordeste Objetivo do Desenvolvimento do Milênio Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico Organização Meteorológica Mundial Organização Mundial da Saúde Organização Não-Governamental Organização das Nações Unidas Programa de Aquisição Povos e Comunidades Tradicionais Personal Digital Assistants Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano População Economicamente Ativa Política Estadual de Recursos Hídricos Programa de Gerenciamento dos Riscos Projeto Habitacional Organizado de Camaçari - BA Material Particulado Inaliável Produto Interno Bruto Polo Industrial de Camaçari - BA Prefeitura Municipal de Camaçari - BA Pesquisa Municipal de Emprego Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA PNUD PROERD PRONASCI PROTEJO PSF RAIS RIMA RMS RPGA SDI SECULT SEDUR SEHAB SEI SEIA SEMA SESAB SETUR SFC SIDRA SIGC SIM SM SNIS SUDIC SUS TRS UCSAL UFBA UNIFACS USF VA VAB VFFLB ZCEN ZEC ZECS ZEIC ZEID ZEIS ZEO ZEP ZIAP ZIT ZOCON ZPIP ZTCS Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania Proteção de Jovens em Território Vulnerável Programa Saúde da Família Relação Anual de Informações Sociais Relatório de Impacto ao Meio Ambiente Região Metropolitana de Salvador Regiões de Planejamento e Gestão de Águas Supervisão de Documentação e Divulgação de Informações Secretaria de Cultura Secretaria de Desenvolvimento Urbano Secretaria Municipal de Habitação Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia Sistema Estadual de Informações Ambientais e de Recursos Hídricos Secretaria de Meio Ambiente Secretaria de Saúde do Estado da Bahia Secretaria de Turismo Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação Sistema IBGE de Recuperação Automática Sistema de Indicadores Gerenciais da Coleta Sistema de Informações Sobre Mortalidade Salário Mínimo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial Sistema Único de Saúde Compostos Reduzidos a Enxofre Universidade Católica do Salvador Universidade Federal da Bahia Universidade Salvador Unidade de Saúde da Família Valor Absoluto Índice de Valores Brutos Viação Férrea do Leste Brasileiro Zona Central Zona de Expansão Controlada Zona de Expansão de Comércio e Serviços Zona Especial de Interesse Cultural Zona Especial Industrial Descontínua Zoas Especiais de Interesse Social Zona Especial da Orla Zona de Expansão Prioritária Zona de Importância Ambiental e Paisagística Zona de Interesse Turístico Zona de Ocupação Consolidada Zona de Proteção e Interesse Paisagístico Zona de Transformação, Comércio e Serviços Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Distritos de Camaçari-BA. ......................................................................... 42 Figura 2 - Mapa dos setores de mobilização. ............................................................ 43 Figura 3 - Territórios de identidade do estado da Bahia. .......................................... 52 Figura 4 - Área territorial do Município de Camaçari. ................................................ 54 Figura 5 - Principais Rodovias que interceptam o Município de Camaçari - BA........ 56 Figura 6 - Pessoas que residiam há menos de 10 anos ininterruptos no município, porcentagem, 2010. .................................................................................................. 63 Figura 6 - Pessoas ocupadas no Município de Camaçari na semana de referência, que trabalhavam fora do domicílio e retornavam para seu domicílio diariamente, percentual, 2010........................................................................................................ 66 Figura 7 - Porcentagem de Óbitos por Ocorrência, gênero e raça no Município de Camaçari- Total, 2000/2010. ..................................................................................... 71 Figura 8 - Crescimento nos últimos quatro anos do aumento de óbitos por residência, Camaçari, 2009-2012. ............................................................................................... 74 Figura 9 - Mapa da Densidade Demográfica Urbana da Sede de Camaçari, 2000... 77 Figura 10 - Mapa da Densidade Demográfica Urbana da Sede de Camaçari, 2010. 78 Figura 11 - Mapa da densidade demográfica urbana do Distrito de Abrantes, 2000. 79 Figura 12 - Mapa da densidade demográfica urbana do Distrito de Abrantes, 2010. 80 Figura 13 - Mapa da densidade demográfica urbana do Distrito de Monte Gordo, 2000. .................................................................................................................................. 81 Figura 14 - Mapa da densidade demográfica urbana do Distrito de Monte Gordo, 2010. .................................................................................................................................. 82 Figura 15 - Evolução da população masculina e feminina no intervalo censitário, 20002010, no Distrito Sede de Camaçari - BA. ................................................................. 84 Figura 16 - Evolução da população masculina e feminina no intervalo censitário, 20002010, Abrantes. ......................................................................................................... 85 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 17 - Evolução da população masculina e feminina no intervalo censitário, 20002010, Monte Gordo. .................................................................................................. 86 Figura 18 - População masculina e feminina, urbana, em 2000, Monte Gordo. ........ 89 Figura 19 - População masculina e feminina, urbana, em 2010, Monte Gordo. ........ 89 Figura 20 - População masculina e feminina, rural, em 2000, Monte Gordo. ............ 90 Figura 21 - População masculina e feminina, rural, em 2010, Monte Gordo. ............ 90 Figura 23 - Linhas de tendência para população recenseada de Camaçari. .......... 101 Figura 22 - Projeção Populacional de Camaçari por Curvas de Tendência. ........... 104 Figura 23 - Vetores de expansão da Região Metropolitana de Salvador, 2000. ..... 118 Figura 24 - Direção do Fluxo Populacional em Camaçari, 2010. ............................ 120 Figura 25 - Limite municipal e delimitação dos distritos de Camaçari, 2014. .......... 122 Figura 26 - Divisão das áreas urbanas segundo o macrozoneamento do PDDU. .. 124 Figura 27 - Estruturação espacial da Sede, 2008. .................................................. 125 Figura 28 - Zoneamento Sede, Camaçari, 2008. .................................................... 128 Figura 29 - Estruturação Espacial da Orla, 2008..................................................... 131 Figura 30 - Zoneamento da Orla, 2008. .................................................................. 132 Figura 31 - Evolução do PIB per capita em Camaçari, 2002-2010.......................... 145 Figura 32 - Evolução do PIB per capita em Camaçari em biênios. ......................... 146 Figura 33 - Domicílios particulares permanentes com classes de rendimento nominal mensal domiciliar - números reais ........................................................................... 149 Figura 34 - Domicílios particulares permanentes com classes de rendimento nominal mensal domiciliar - números percentuais. ............................................................... 149 Figura 35 - Taxa de crescimento das classes de rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo) na Sede de Camaçari e nos distritos de Abrantes e Monte Gordo, entre os anos de 2000 e 2010. ................................................................................ 152 Figura 36 - Média do crescimento do VAB por setor - 2003/2010. .......................... 157 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 37 - Balança Comercial de Camaçari - BA: importação, exportação e saldo. 2002-2010. .............................................................................................................. 159 Figura 38 - Admissões e desligamentos nos setores de serviço em Camaçari – BA Janeiro de 2013 e 2014. .......................................................................................... 169 Figura 39 - Admissões e desligamentos nos setores do comércio em Camaçari Janeiro de 2013 e 2014. .......................................................................................... 172 Figura 40 - Investimento municipal em saúde e saneamento, no total, 1999 - 2011, Linha do tempo 1999 - 2011.................................................................................... 174 Figura 41 - Investimento municipal em saúde e saneamento per capita, Linha do tempo 1999 – 2011, comparando com a média nacional. .................................................. 174 Figura 42 - Investimento municipal em saúde e saneamento em relação ao PIB, Linha do tempo 1999 – 2011 comparando com a média nacional. ................................... 175 Figura 43 - Investimento municipal em saúde e saneamento em relação a receita, Linha do tempo 1999 – 2011, comparando a média nacional. ................................ 176 Figura 44 - Croqui da localização do Polo Industrial de Camaçari - BA. ................. 178 Figura 45 - Instalações da Cidade do Saber. .......................................................... 180 Figura 46 - Aula de Teatro....................................................................................... 181 Figura 47 - Chegança dos Mouros de Arembepe.................................................... 182 Figura 48 - Boi Janeiro de Parafuso. ....................................................................... 183 Figura 49 - Cais da Praia de Busca Vida. ............................................................... 184 Figura 50 - Localidade de Abrantes. ....................................................................... 185 Figura 51 - Localidade de Jauá. .............................................................................. 186 Figura 52 - Aldeia Hippie de Arembepe. ................................................................. 187 Figura 53 - Praia de Jacuípe. .................................................................................. 187 Figura 54 - Lagoa de Guarajuba. ............................................................................ 188 Figura 55 - Praia de Itacimirim. ............................................................................... 188 Figura 56 - Adão Negro, Scambo e Frejat, divulgação do Festival 2013. ............... 189 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 57 - Tipologia das habitações ciganas ......................................................... 191 Figura 58 - Sede da Coluna Z14 (A) e peixaria (B), ambas em Arembepe. ............ 193 Figura 59 - Vista da área onde se localiza a aldeia Hippie de Arembepe. .............. 193 Figura 60 - Tipologia das habitações. ..................................................................... 194 Figura 61 - Porcentagem de atendimento do Programa Saúde da Família. ........... 196 Figura 62 - População total x População coberta pelas USF. ................................. 197 Figura 63 - Evolução da Longevidade, mortalidade e fecundidade. ........................ 200 Figura 64 - Proporção de crianças menores de 2 anos desnutridas. ...................... 201 Figura 65 - Taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos a cada mil nascidos vivos - 1995-2012. ................................................................................................... 201 Figura 66 - Frequência da população em escola ou creche grupos de idade. ........ 205 Figura 67 - Frequência da população em escola ou creche grupos de idade. ........ 206 Figura 68 - Evolução IDEB. ..................................................................................... 207 Figura 69 - Ferrovia que corta o Município de Camaçari - BA................................. 211 Figura 70 - Trechos das rodovias sob A) concessão da Litoral Norte e da B) Bahia Norte. S/A. ............................................................................................................... 212 Figura 71 - Exemplos de pavimentação encontrados no Município de Camaçari - BA: terra batida, calcamento e asfáltico. ........................................................................ 213 Figura 72 - Porcentagem de Consumo de energia elétrica por classe em Camaçari BA. .......................................................................................................................... 214 Figura 72 - Metodologia para cálculo de déficit habitacional. .................................. 229 Figura 74 - Comparativo de déficit habitacional entre Brasil, Bahia, e do Município de Camaçari - BA. ........................................................................................................ 231 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Distritos do Município, distância da sede. ............................................... 55 Quadro 2 - Identificação das comunidades ciganas por setor de mobilização. ....... 190 Quadro 3 - Caracterização da Rede de Saúde. ...................................................... 195 Quadro 4 - Unidades Básicas de Saúde. ................................................................ 197 Quadro 5 - Longevidade, Mortalidade e Fecundidade - Camaçari - BA. ................. 200 Quadro 6 - Unidades escolares municipais. ............................................................ 202 Quadro 7 - Agências bancárias de Camaçari - BA. ................................................. 217 Quadro 8 - Postos de atendimento eletrônico. ........................................................ 218 Quadro 9 - Grau de risco envolvido de acordo com o revestimento da parede externa. ................................................................................................................................ 225 Quadro 10 - Variáveis utilizadas na categorização do componente da inadequação de domicílios urbanos carência de infraestrutura. ........................................................ 232 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Dados populacionais da Região Metropolitana de Salvador. ................... 53 Tabela 2 - Aumento da população residente de Camaçari entre os Censos Demográficos, 1940-2010. ........................................................................................ 60 Tabela 3 - Pessoas que residiam há menos de 10 anos ininterruptos no Município de Camaçari, 2010. ........................................................................................................ 62 Tabela 4 - Taxas de fecundidade total - Brasil e grandes regiões, 1940 a 2000. ...... 67 Tabela 5 - Filhos tidos nascidos vivos das mulheres de 10 anos ou mais de idade, segundo a situação do domicílio e as classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita, do Município de Camaçari, 2010. ............................................................ 68 Tabela 6 - Total de Óbitos por Ocorrência, gênero e raça, 2000/2010. .................... 70 Tabela 7 - Outros Indicadores de Mortalidade do Município de Camaçari - BA, 20022008. ......................................................................................................................... 71 Tabela 8 - Óbitos por Ocorrência no Município de Camaçari - Faixa Etária <1 ano, 2000/2010. ................................................................................................................ 72 Tabela 9 - Mortalidade Proporcional (%) por Faixa Etária Segundo Grupo de Causas - CID10, do Município de Camaçari, 2008. ............................................................... 72 Tabela 10 - Óbitos por residência, Camaçari-BA, 2009-2012. .................................. 73 Tabela 11 - População, crescimento, situação de domicílio e taxas de urbanização, 2000-2010. ................................................................................................................ 75 Tabela 12 - Densidade demográfica urbana do Município de Camaçari, sua Sede e os distritos de Abrantes e Monte Gordo, 2000-2010. ..................................................... 77 Tabela 13 - População residente por sexo e situação do domicílio, Camaçari, total. 2000-2010. ................................................................................................................ 83 Tabela 14 - População residente por grupos de idade e situação do domicílio, 2000. .................................................................................................................................. 87 Tabela 15 - População residente por grupos de idade e situação do domicílio, 2010. .................................................................................................................................. 87 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 16 - Projeção Populacional de Camaçari a partir do método das taxas de crescimento geométrico, no intervalo entre 2014-2034............................................. 95 Tabela 17 - Estimativa da Variável População residente (Pessoas), 2010 a 2034, por distrito. ....................................................................................................................... 98 Tabela 18 - Taxa de Crescimento do Município de Camaçari, 1991-2010. ............. 100 Tabela 19 - Projeção Populacional de Camaçari por curvas de tendência ............. 103 Tabela 20 - Taxa de Crescimento Populacional de Camaçari pelos métodos Exponencial, Linear, Logarítimica, Polinomia e Potência. ....................................... 104 Tabela 21 - Número de domicílios particulares em Camaçari, Total, Sede, Abrantes e Monte Gordo, divididos em ocupados, uso ocasional e vago, 2000-2010. ............. 108 Tabela 22 - Número e tipos de domicílios particulares em Camaçari, zona urbana e rural, 2010. .............................................................................................................. 109 Tabela 23 - População urbana e rural de Abrantes e Monte Gordo, 2010. ............. 110 Tabela 24 - Número de cômodos por tipo de domicílio, Camaçari - BA, 2010. ....... 110 Tabela 25 - Densidade de moradores por cômodo e por tipo de domicílio, Camaçari BA, 2010.................................................................................................................. 111 Tabela 26 - Capacidade de carga social de sete praias de Camaçari - BA, 2011... 112 Tabela 27 - Estimativa para a população flutuante de sete praias de Camaçari - BA, 2014/2034. .............................................................................................................. 114 Tabela 28 - Estimativa para a população flutuante de sete praias de Camaçari - BA, 2014/2034. .............................................................................................................. 116 Tabela 29 - IDH-M de Camaçari.............................................................................. 141 Tabela 30 - Evolução do PIB de Camaçari e sua Taxa de Crescimento Geométrico no período 2001/2011. ................................................................................................. 142 Tabela 31 - Renda per capita por grupo étnico e por período censitário. ................ 144 Tabela 32 - Renda, Pobreza e Desigualdade, 1991-2010. ..................................... 147 Tabela 33 - Porcentagem da Renda Apropriada por Estratos da População, 19912010. ....................................................................................................................... 147 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 34 - Domicílios particulares permanentes - Classes de rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo), 2000. ............................................................... 150 Tabela 35 - Domicílios particulares permanentes - Classes de rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo), 2010. ............................................................... 150 Tabela 36 - Índice de Gini, Camaçari-BA (1991, 2000 e 2010). .............................. 154 Tabela 37 - Evolução do VAB na Área de Estudo - valor em Mil Reais, 2003-2010. ................................................................................................................................ 155 Tabela 38 - Evolução do VAB na Área de Estudo - valor em Mil Reais, em biênios. ................................................................................................................................ 156 Tabela 39 - Balança Comercial de Camaçari - BA: importação, exportação e saldo. 2004-2013. .............................................................................................................. 158 Tabela 40 - População Economicamente Ativa em Camaçari - BA - 2010. ............ 160 Tabela 41 - Área plantada e colhida por hectare..................................................... 161 Tabela 42 - Efetivo dos rebanhos (Cabeças). ......................................................... 162 Tabela 43 - Produção de origem animal (Mil litros) - Tipo de produto: Leite, 2004-2012. ................................................................................................................................ 163 Tabela 44 - Produção de origem animal por tipo de produto, valor da produção (Mil Reais), 2004-2012. .................................................................................................. 164 Tabela 45 - Investimento municipal em saúde e saneamento, no total, 1999 - 2011. ................................................................................................................................ 173 Tabela 46 - Investimento municipal em saúde e saneamento per capita, 1999 - 2011. ................................................................................................................................ 174 Tabela 47 - Investimento municipal em saúde e saneamento em relação ao PIB, 2000– 2011. ....................................................................................................................... 175 Tabela 48 - Investimento municipal em saúde e saneamento em relação a receita, 1999 – 2011 ............................................................................................................ 176 Tabela 49 - Nível educacional por grupos de idade, 2010. ..................................... 204 Tabela 50 - Evolução IDEB. .................................................................................... 206 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 51 - Veículos em Camaçari - BA. ................................................................ 210 Tabela 52 - Quantidade de unidades e consumo de energia elétrica por classe em Camaçari - BA. ........................................................................................................ 214 Tabela 53 - Tarifas aplicadas ao consumo de energia elétrica para o saneamento básico. ..................................................................................................................... 216 Tabela 54 - Quantidade de domicílios por distrito. .................................................. 224 Tabela 55 - Domicílios particulares permanentes urbanos por tipo de material das paredes externas..................................................................................................... 224 Tabela 56 - Domicílios particulares permanentes rurais por tipo de material das paredes externas..................................................................................................... 225 Tabela 57 - Déficit Habitacional do Município de Camaçari - BA em 2010. ............ 230 Tabela 58 - Comparativo de déficit habitacional entre Brasil, Bahia, e do Município de Camaçari - BA. ........................................................................................................ 231 Tabela 59 - Inadequação de domicílios urbanos com relação á abastecimento de água, esgotamento sanitário, iluminação elétrica e banheiro exclusivo. ................. 233 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 38 2 OBJETIVO ......................................................................................................... 39 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 39 3 METODOLOGIA ................................................................................................ 40 4 UNIDADE TERRITORIAL DE ANÁLISE E PLANEJAMENTO ........................... 41 5 CARACTERIZAÇÃO GERAL ............................................................................. 45 5.1 HISTÓRICO DO MUNICÍPIO .............................................................................. 45 5.2 LOCALIZAÇÃO E ACESSOS .............................................................................. 51 6 ESTUDOS DA DEMOGRAFIA ........................................................................... 57 6.1 NOTAS METODOLÓGICAS ACERCA DO ESTUDO DESENVOLVIDO........................... 57 6.2 MIGRAÇÃO .................................................................................................... 60 6.3 FECUNDIDADE ............................................................................................... 66 6.4 MORTALIDADE ............................................................................................... 69 6.5 POPULAÇÃO URBANA E RURAL: SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO E GÊNERO .................... 74 6.5.1 População da Área de Estudo, Crescimento e Taxas de Urbanização ... 75 6.5.1.1 População residente por sexo e situação do domicílio ..................... 83 6.5.1.2 População residente por faixa etária e situação do domicílio ........... 86 6.6 PROJEÇÃO POPULACIONAL............................................................................. 91 6.6.1 População Flutuante: uma ênfase na orla de Camaçari - BA ................ 106 6.7 TENDÊNCIAS DE EXPANSÃO URBANA............................................................. 117 6.8 DESENVOLVIMENTO REGIONAL ..................................................................... 136 7 CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS E FINANÇAS PÚBLICAS.......... 141 7.1 PERFIL SOCIOECONÔMICO ............................................................................ 141 7.2 FINANÇAS PÚBLICAS .................................................................................... 173 8 CARACTERIZAÇÃO INDUSTRIAL, CULTURAL E TURÍSTICA ...................... 177 8.1 PERFIL INDUSTRIAL ...................................................................................... 177 8.2 CULTURA E LAZER ....................................................................................... 180 8.3 TURISMO .................................................................................................... 183 8.3.1 Turismo de Negócios............................................................................. 183 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 8.4 POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS ......................................................... 189 8.4.1 Povo Cigano .......................................................................................... 190 8.4.2 Comunidades Quilombolas ................................................................... 191 8.4.3 Comunidades Pesqueiras ..................................................................... 192 8.4.4 Aldeia Hippie ......................................................................................... 193 9 INFRAESTRUTURA MUNICIPAL .................................................................... 195 9.1 SAÚDE ........................................................................................................ 195 9.1.1 Programa Saúde da Família .................................................................. 195 9.1.2 Indicadores de saúde ............................................................................ 199 9.1.2.1 Longevidade, Mortalidade e Fecundidade ..................................... 199 9.1.2.2 Proporção de Crianças Menores de 2 Anos Desnutridas – 1999-2013 ....................................................................................................... 200 9.1.2.3 9.2 Taxa de mortalidade infantil ........................................................... 201 EDUCAÇÃO ................................................................................................. 202 9.2.1 Sistema Municipal de Ensino ................................................................ 202 9.2.2 Nível Educacional e Frequência Escolar ............................................... 204 9.2.3 Taxa de Analfabetismo .......................................................................... 205 9.2.4 Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) ...................... 206 9.2.5 Capacidade do Sistema Educacional em Apoiar a Promoção da Saúde .... .............................................................................................................. 207 9.3 TRANSPORTE E PAVIMENTAÇÃO .................................................................... 210 9.4 COMUNICAÇÃO ............................................................................................ 213 9.5 ENERGIA ELÉTRICA...................................................................................... 213 9.6 AGÊNCIAS BANCÁRIAS ................................................................................. 216 9.7 SEGURANÇA PÚBLICA .................................................................................. 221 9.8 HABITAÇÃO ................................................................................................. 222 9.8.1 Caracterização das Habitações ............................................................. 223 9.8.2 Déficit Habitacional ................................................................................ 226 9.8.3 Inadequação de domicílios urbanos ...................................................... 232 9.8.3.1 Domicílios carentes de serviço de infraestrutura ............................ 232 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 1 INTRODUÇÃO Universalizar o acesso aos serviços públicos de saneamento básico é um grande desafio para a sociedade brasileira. Desafio esse que vai além de prestar os serviços em si, mas de garantir que o acesso venha acompanhado de promoção da saúde, proteção ao meio ambiente, distribuição de renda, e fortalecimento da cidadania, mediando as diferentes áreas da vida cotidiana, como a cultura, a economia, a educação, a cidadania, a participação política, a saúde, a habitação, entre outras, de maneira a construir uma sociedade equilibrada social e ambientalmente. Para se alcançar esses anseios é fundamental se estabelecer as prioridades e articulações necessárias ao processo de gestão do poder público. O planejamento, portanto, se mostra como aliado, um instrumento para auxiliar a ação qualificada do poder executivo na implementação das políticas públicas. Assim, para elaborar o Plano Municipal de Saneamento Básico e o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Camaçari - BA e, consequentemente, a caracterização física e socioeconômica, busca-se exercitar a visão sistêmica, observando contribuições de diversas áreas, segundo preconiza a Lei Federal nº 11.445/2007 e a Lei Federal nº 12.305/2010, em seus princípios fundamentais. Nesse sentido, observam-se os princípios e disposições dos diferentes instrumentos legais, a exemplo da Lei de Uso e Ocupação do Solo, a Lei do Plano Diretor Urbano, o Código de Postura e a Política Ambiental. Esses instrumentos legais trazem em comum conteúdos que destacam a necessidade de se promover a qualidade de vida dos cidadãos, a preservação e proteção de suas riquezas naturais (florestas, rios, fauna, solo, etc.), a diminuição das desigualdades sociais, a preservação da paisagem urbana, a salubridade do meio e a garantia da participação ativa da sociedade civil organizada. Todos esses elementos são alicerces tanto para a ação do poder público como para a participação da sociedade civil, elementos fundamentais para se realizar mudanças socioambientais mais justas. Ao longo do relatório, apresenta-se a caracterização física e socioeconômica de Camaçari - BA. 38 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 2 OBJETIVO O objetivo geral dos planos é dotar o Município de Camaçari - BA de um instrumento eficiente de planejamento, ajustado periodicamente, visando à melhoria da qualidade de vida da população, minorando e eliminando os problemas de saúde ambiental, de forma sistêmica e contínua. Pretende ainda, atender à legislação pertinente, especialmente as leis n.º 11.445/2007 - Lei Nacional de Saneamento Básico e a nº 12.305/2010 - Política Nacional de Resíduos Sólidos e seus respectivos Decretos de regulamentação. 2.1 Objetivos Específicos O presente estudo (Caracterização do Município de Camaçari), tem como objetivo relatório é fazer levantamento de informações, dados secundários e primários de maneira a subsidiar a elaboração do PMSB e do PMGIRS de Camaçari - BA. Realizar estudo demográfico para horizonte de 20 anos; Caracterizar a infraestrutura existente (energia elétrica, pavimentação, transporte, saúde, educação e habitação); Fazer a caracterização física nos seguintes aspectos (clima, geomorfologia, geologia, hidrogeologia, topografia, vegetação); Caracterização das Áreas de Interesse Social; Indicar as APAs, áreas de fragilidade sujeitas a inundação e deslizamentos e áreas detentoras de passivos ambientais. 39 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 3 METODOLOGIA A metodologia adotada para elaboração do Relatório de Caracterização Física e Socioeconômica se utiliza de métodos quantitativos - para análises de elementos quantificáveis da realidade - e qualitativos - para elementos que não são medidos por meio de números - com base na análise de dados e informações secundárias e primárias. Os principais instrumentos de coleta de dados utilizados são: envio de ofício solicitando informações; aplicação de questionários; coleta de dados em sistemas de informação oficiais; visitas técnicas de campo para coleta de dados primários; levantamento fotográfico; e revisão de literatura técnica reconhecida. A representação dos dados foi feita por meio de tabelas, gráficos, quadros, figuras e mapas, Para análise quantitativa dos serviços foram coletados dados secundários nas fontes oficiais, como: Secretarias Municipais; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB); Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP); Relatórios de Informações Sociais do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS); Portal de acompanhamento dos Objetivos do Milênio; Fundação Palmares; Fundação João Pinheiro, Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), dentre outros. Depois de coletadas as informações qualiquantitativas são feitas análises correlacionando os dados quantitativos aos qualitativos, de maneira a se conhecer as características físicas e socioeconômicas do Município. 40 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 4 UNIDADE TERRITORIAL DE ANÁLISE E PLANEJAMENTO De acordo com a Lei Federal Nº 11.445/2007 (art. 48, inciso X), a bacia hidrográfica é a unidade de referência para o planejamento das ações da União, no âmbito da Política Federal de Saneamento Básico. O Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), divulgado em 2013, ressalta que embora pareça consensual a adoção da bacia hidrográfica como referência para o planejamento, principio expresso na própria Lei nº 11445/2007, esse é um processo que avança lentamente, tendo como principal obstáculo as disputas que envolvem o exercício de poder nos espaços geográficos. O Plansab (2013), acrescenta ainda que deve-se, entre mentes, dar lugar para aquelas posições que avaliam criticamente e relativizam o princípio da bacia hidrográfica como referência para o planejamento em saneamento básico, argumentando que sua delimitação se pauta em aspectos muito impregnados da visão técnica. Considerando a natureza do acesso aos serviços e soluções de saneamento básico, sob a perspectiva das pessoas e dos lugares, é necessário valorizar a visão de que os beneficiados pelas políticas vivem não nas bacias, mas nos territórios, o que pressupõe a ideia de identidade e pertencimento. O relatório síntese do Plansab (2013) apresenta a analise situacional referente aos serviços de saneamento, metas de curto, médio e longo prazos e as necessidades de investimentos em saneamento, para o Brasil e especifico para suas macrorregiões, a saber: norte, nordeste, sul, sudeste e centro oeste, ou seja, infere-se que estas foram suas unidades territoriais de análise e planejamento. Portanto, a título de planejamento em saneamento para o Município de Camaçari - BA propõe-se adotar os distritos como unidade territorial de análise e planejamento, visto que a maior quantidade de dados oficiais referentes ao saneamento e suas áreas afins estão disponíveis segundo esta divisão territorial, além disso, as bacias hidrográficas onde o Município de Camaçari - BA está inserido, não possuem Plano de Bacia Hidrográfica concluídos, o que inviabiliza ainda mais a divisão de planejamento em saneamento utilizando bacias como unidade de referência. Entretanto, ressalta-se que estas não serão ignoradas, visto que existe uma relação intrínseca entre os recursos hídricos, impactos ambientais e necessidades humanas. 41 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA O Município de Camaçari possui 03 (três) distritos, a saber: Sede, Monte Gordo e Abrantes, conforme pode ser visualizado na Figura 1. Para fins de participação social da população na elaboração dos Planos de Saneamento e de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, foi realizada a divisão destes distritos em 22 setores de mobilização, sendo 11 setores de mobilização na Sede Municipal, 05 no distrito Monte Gordo, 04 em Abrantes, além dos Polos logístico e industrial (Figura 2). Figura 1 - Distritos de Camaçari-BA. 42 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 2 - Mapa dos setores de mobilização. 43 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Todos esses setores de mobilização, exceto os Polos que estão sendo contemplados nesses Planos por outras metodologias de coleta de informações, possuem como principal metodologia de participação social e consequentemente coleta de informações referentes a realidade do saneamento básico e infraestrutura social segundo a visão de realidade do cidadão, usuário dos serviços, a realização de oficinas (metodologia descrita no Plano de Mobilização – Produto 1B), reuniões ampliadas e visitas técnicas in loco, sendo esta última realizada em um setor especifico (Jordão) bastante disperso onde considerou-se inviável a realização de oficina, além das localidades pertencentes a determinado setor e que não foram representadas nos eventos participativos. Assim, as informações coletadas nas fontes oficiais através da divisão dos distritos e as informações coletadas com a população nos eventos comunitários e em visitas técnicas in loco, subsidiarão as proposições dos programas projetos e ações que considerem os diferentes princípios e diretrizes nacionais do Saneamento Básico no diz respeito ao uso de tecnologias apropriadas a cada realidade bem como a proteção do meio ambiente. 44 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 5 5.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL Histórico do Município Após o descobrimento, os portugueses demonstraram pouco interesse pelas terras do Brasil, se limitando a construir fortificações próximas a portos naturais, com o objetivo de facilitar o armazenamento e o embargue do pau Brasil, sem ainda ter o domínio da terra e sem nenhuma forma de organização econômica ou administrativa. O interesse de Portugal naquele momento era o rico comércio de especiarias no extremo oriente (CAMAÇARI - BA, 2014a). A partir de 1534, a coroa portuguesa decidiu implantar um sistema de colonização denominado capitanias hereditárias, com o propósito de atrair investimentos privados, garantindo a particulares, grandes extensões de terras, com a contrapartida de promoverem o povoamento e realizarem a exploração econômica. Aos prepostos cabia exercer o governo, o comando militar e o poder de justiça (CAMAÇARI - BA, 2014 a). O sistema de capitanias fracassou – com exceção de Pernambuco e São Vicente, não garantindo aos portugueses o domínio das novas terras. Conflitos com os indígenas, falta de capital, escassez de mão de obra e o desinteresse demonstrado por alguns donatários (alguns nem aqui vieram conhecer suas capitanias), dificultaram o estabelecimento de uma atividade economicamente estável que garantisse a ocupação e o povoamento (CAMAÇARI - BA, 2014a). A partir de 1548, é criado o governo geral, visando centralizar a política de exploração, limitando o poder dos capitães donatários, que eram submetidos à nova instância administrativa, escolhida e nomeada diretamente pelo rei, incumbida da defesa militar (interna e externa), de justiça, da arrecadação dos tributos devidos à coroa, do estímulo das atividades econômicas e da fundação das vilas e povoações. Pela posição geográfica estratégica e demais facilidades, foi escolhida a capitania da Bahia como sede do governo-geral, tendo sido montada toda uma infraestrutura, e Salvador passando a desempenhar um papel importante como sede de governo (CAMAÇARI BA, 2014a). 45 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tome de Souza foi o 1º governador-geral, a ele cabia a tarefa de construir a nova cidade, trazendo uma grande comitiva, na qual estava Garcia D’Ávila que, depois de algum tempo, se estabeleceu numa sesmaria, no litoral norte, uma região chamada Tatuapara, à margem do rio Pojuca, onde construiu uma casa fortificada que passou a ser conhecida como Casa da Torre. Por gerações a família Garcia D Ávila exerceu uma forte presença, se constituindo numa das maiores latifundiárias do nordeste, com atividades de desbravamento e colonização, envolvendo a criação de gado e produção de açúcar. O castelo funcionou por algum tempo como um lugar estratégico na luta pela expulsão dos holandeses, servindo de posto de sinalização para diversos pontos da costa (CAMAÇARI - BA, 2014a). A história de Camaçari - BA tem início após a construção de cidade de Salvador, no ano de 1558, quando os jesuítas fundaram a aldeia do Divino Espírito Santo, construindo a primeira igreja ainda de barro e palha. Com o objetivo de catequizar e educar os índios tupinambás foi instalada a companhia de Jesus, constituindo-se num dos trabalhos pioneiros no Brasil. Eles definiram para a sede de sua missão uma aldeia de índios situados à margem do rio Joanes. Em virtude de uma epidemia, que dizimou muitas vidas, decidiram transferir para outro lugar mais saudável, perto do mar e das dunas, onde teriam melhores condições de vida, se estabelecendo numa localidade hoje conhecida como Vila de Abrantes. A aldeia do Divino Espírito Santo, naquela época, serviu como ponto de ligação entre o centro de Salvador e as missões do sertão (CAMAÇARI - BA, 2014a). Neste contexto esta é a verdadeira origem de Camaçari - BA que significa, em tupiguarani, leite e lágrimas, uma referência ao tronco de uma árvore da mata úmida, muito utilizada para construção de embarcações; a sua seiva é usada como cicatrizante e também na construção civil, sendo assim conhecida como “pau para toda obra”, popularmente chamada de Camaçari (CAMAÇARI - BA, 2014 a). Em 1624, a aldeia foi palco de um importante fato histórico, sendo sede do governo da Bahia, onde se organizou a luta de resistência, sob o comando de D. Marcos Teixeira, culminando na expulsão dos invasores holandeses do território baiano (CAMAÇARI - BA, 2014a). 46 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA O povoado de Abrantes, em 1758, foi elevado à categoria de “vila” com nome de Vila do Espírito Santo da Nova Abrantes. Em 1848 foi desmembrado do município de Mata de São João. Na divisão administrativa do Brasil, em 1911, o Município passou a ser composto por três distritos, Abrantes (sede), Monte Gordo e Ipitanga. Com a lei municipal de 22 de março de 1920, criou-se o distrito de Camaçari - BA, sendo elevado à categoria de “vila”. A lei estadual 1.809 de 28 de julho de 1925, mudou o nome do município para Montenegro e transferiu a sede para o arraial de Camaçari - BA, formando apenas 03 distritos: Camaçari - BA (distrito Sede), Abrantes e São Bento do Monte Gordo. Com o decreto-lei estadual de número 10.724, de 1938, o Município de Montenegro passou-se a chamar Camaçari - BA, continuando com a mesma formação distrital, mudando apenas o distrito de São Bento de Monte Gordo para Monte Gordo. Já no ano de 1953, por força da lei 628, foi criado o distrito de Dias D’Ávila, formando 04 distritos no município. A estância hidromineral. Em 1962, durante o governo Lomanto Junior, o Distrito de Dias D’Ávila, foi elevada à categoria de Estância Hidromineral, com as prerrogativas que este título conferia às localidades que o possuíam, ou seja, uma relativa independência do município sede (GIMENO, 2015). Na época, Dias D’Ávila já pertencia a Camaçari, após desmembramento de Mata de São João. Era um lugar calmo e próprio para se passar agradáveis férias de verão e não tinha nenhuma infraestrutura, mas quem vinha usufruir de sua tranquilidade não se preocupava com isso. Os moradores locais viviam de trabalhos em função da estância, como caseiros, aguadeiros1 ou serviços intermediários. A população quase dobrava com vinda dos veranistas, proprietários das agradáveis vivendas que se espalhavam na estância (GIMENO, 2015). Na década de 60 foram construídos o Hotel Balneário e a fábrica de “Água Mineral Dias D’Ávila”. 1 Pessoas que ofereciam água nas residências transportadas em lombo de jegue 47 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Com a chegada do Polo Petroquímico de Camaçari, a estância hidromineral foi perdendo espaço e importância, pois os boatos de poluição e, principalmente “invasão” por pessoas de fora quebrando a tranquilidade da vila, espalhava-se entre os veranistas e proprietários de chácaras da estância. Isto trouxe desconforto, também para os moradores que viam a população aumentar indiscriminadamente e a vila perder a qualidade de vida que era a sua marca registrada. Esse aumento populacional trouxe uma carência efetiva, principalmente nos serviços públicos principais, o que gerou insatisfação com a administração municipal de Camaçari (GIMENO, 2015). As belas chácaras começaram a ser alugadas como “repúblicas” para abrigar os “peões” que chegavam para trabalhar nas inúmeras empreiteiras prestadoras de serviço para a construção do Polo Petroquímico. Vieram também imigrantes, ocupando cargos de chefia, provenientes de outros estados e regiões, que chegavam com suas famílias e se deparavam com uma vila que não cumpria mais seu papel bucólico de estância e não possuía a infraestrutura necessária para fixar moradia. Por esta razão tinha dificuldade em fixar aquelas pessoas que estavam chegando; a maioria optava por morar em Salvador, mesmo tendo que viajar por uma estrada perigosíssima, como a BR 324, naquele tempo com apenas uma pista e chamada “a rodovia da morte” (GIMENO, 2015). Em 1985, conforme lei Estadual nº 4.404 houve o desmembramento de Dias D’Ávila que se tornou independente (CAMAÇARI - BA, 2014a). A Implantação do polo. Há três décadas, a economia brasileira ainda experimentava os reflexos do Milagre Econômico, sinalizando para uma taxa média de crescimento do PIB da ordem de 7% ao ano. Havia, na época, uma real perspectiva de aumento da demanda por produtos químicos e petroquímicos, cuja produção até então se concentrava no Sul do País, mais precisamente no Estado de São Paulo, que não dispunha de capacidade instalada adicional para atender ao novo ciclo de consumo (COFIC,2015a). 48 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Foi neste cenário que surgiu a necessidade de implantação de um novo Polo Petroquímico no Brasil. A escolha do local resultaria de árdua disputa nos planos econômico e político, prevalecendo a opção pela Bahia, graças ao empenho e determinação de técnicos e governantes visionários, que abraçaram a causa e deramlhe a devida consequência nos anos subsequentes (COFIC,2015a). A opção pela Bahia foi um divisor de águas para a política industrial brasileira, naturalmente vocacionada a dar continuidade à expansão econômica dos estados mais desenvolvidos, nas regiões economicamente mais favorecidas. Porém, mais uma vez prevaleceu o argumento daqueles que advogavam, com firmeza e convicção, a necessidade e oportunidade de estender-se o desenvolvimento do País para regiões menos favorecidas, como a nordestina. O resultado desse embate não demorou a aparecer: a Bahia foi escolhida para a implantação do empreendimento (COFIC,2015a). Até então, a Bahia apresentava um recesso produtivo que a relegava ao posto máximo de Estado agrário com modesta expressão no Nordeste brasileiro. Sobressaía-se a cultura do cacau, numa época em que o setor agropecuário respondia por 40% do PIB do Estado, o setor terciário por 48% e a indústria por apenas 12% (COFIC,2015a). A implantação, na década de 50, da Refinaria Landulfo Alves, a primeira do Brasil e única na região, foi passo decisivo para a mudança desse quadro, que persistiria na década seguinte, apesar da implantação do Centro Industrial de Aratu. Foi a partir do final da década de 70, com o início das atividades do Polo Petroquímico de Camaçari, como era denominado inicialmente, que a Bahia ingressou definitivamente num ciclo de profundas transformações econômicas, sociais e culturais (COFIC,2015a). O Polo trouxe investimentos, tecnologia, elevado padrão de desempenho técnico e empresarial, bem como oportunidades de trabalho para milhares de pessoas que construíram uma Bahia industrializada, moderna, com participação expressiva na economia nacional e permanente conexão com a economia global. Graças ao Polo de Camaçari, a indústria assumiu definitivamente a liderança da economia baiana, tornando-se o mais importante setor na formação do PIB do Estado. Em 2004, essa 49 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA participação já alcançava 49%, superando inclusive a do setor terciário, estimada em 39,8% (COFIC,2015a). A abertura da economia brasileira, na década de 90, possibilitou o ingresso, em larga escala, de produtos importados a preços mais competitivos em relação aos praticados pelos fabricantes de similares nacionais. Este fato representou forte ameaça ao setor industrial, com repercussões negativas para o segmento químico/petroquímico no País. Abriu, ao mesmo tempo, janelas de oportunidades para as indústrias do Polo de Camaçari, que se viram obrigadas a promover os ajustes operacionais e empresariais exigidos pelo novo desafio conjuntural, culminando, anos mais tarde, com a criação da Braskem, em 2002, atualmente o terceiro maior empreendimento privado do País, líder na produção de termoplásticos na América Latina (COFIC,2015a). A duplicação via parafuso. A duplicação da Perimetral, iniciada no ano de 2011 e finalizada em 2013, colaborou com a redução dos custos logísticos do Polo Industrial de Camaçari, por meio da diminuição do tempo de transporte e do gasto de combustível. Mas o diferencial da duplicação está na segurança para os usuários, do Polo e das comunidades próximas (COFIC,2015b). A Perimetral é a principal via de ligação dentro do Sistema BA 093, com um fluxo muito intenso, onde circulam veículos pesados e cargas de risco. Ao duplicar esta via, deu-se condições de um maior escoamento e garantiu-se, sobretudo, a segurança do usuário que circula no complexo (COFIC,2015b). A Via Cascalheira. O desenvolvimento de Camaçari é notório em vários setores. A estrada da Cascalheira (BA-531), principal ligação entre a sede e orla do Município, também experimenta novo ciclo de expansão, com o crescimento habitacional e comercial das localidades que ficam no entorno da via (CAMAÇARI ONLINE, 2015). 50 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA A região, que antes abrigava alguns imóveis, pontos comerciais e equipamentos públicos, conta hoje com restaurante, posto de combustível e condomínios habitacionais e empresariais (CAMAÇARI ONLINE, 2015). Além disso, as localidades existentes ao longo da Via Cascalheira apresentam ampla expansão imobiliária, boa parte em função das intervenções feitas pela Prefeitura, como pavimentação e melhoria da iluminação, implantação da água encanada no Parque das Mangabas e o programa de regularização fundiária desenvolvido no Município (CAMAÇARI ONLINE, 2015). A expansão da via Cascalheira reafirma ainda mais o crescimento socioeconômico de Camaçari e evidencia a tendência do desenvolvimento urbano da cidade que avança também na estrada da Cetrel (BA-530) e na Via Parafuso (BA-535) (CAMAÇARI ONLINE, 2015). 5.2 Localização e Acessos O Município de Camaçari está localizado na Região Metropolitana de Salvador (RMS) e faz fronteira ao norte com as Regiões do Litoral Norte e do Agreste Baiano, a oeste com a Região do Recôncavo Sul e ao leste e sul com o oceano atlântico (CEDETER, 2011), conforme Figura 3 é uma das regiões mais importantes do estado da Bahia. Não apenas por abrigar a Capital do estado, Salvador, mas também por desempenhar papel importante na densidade demográfica do estado, sendo a região econômica que mais apresenta crescimento populacional (SEI, 2003). 51 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 3 - Territórios de identidade do estado da Bahia. Fonte: CEDETER, 2011. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em agosto de 2014, as estimativas das populações residentes nos 5.570 municípios brasileiros. A Região Metropolitana de Salvador (RMS), que é composta por treze municípios, tem uma população estimada de 3.919.864, sendo a 6º mais populosa do país (EMRMS, 2015). Representando 25% da população baiana e 1,93% da população nacional, a RMS fica atrás apenas das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília (EMRMS, 2015). 52 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Dentre os municípios da RMS, Camaçari é o 2º maior município em população, com 281.413 habitantes, em 2014, segundo estimativa do IBGE, conforme apresentado na tabela a seguir (EMRMS, 2015). Tabela 1 - Dados populacionais da Região Metropolitana de Salvador. População (IBGE) Município Salvador Camaçari Lauro de Freitas Simões Filho Candeias Dias D'ávila São Sebastião do Passe Mata de São João Vera Cruz São Francisco do conde Pojuca Itaparica Madre de Deus TOTAL (IBGE 2010) (IBGE - Estimativa 2013) (IBGE- Estimativa 2014) 2.675.656 242.970 163.449 118.047 83.158 66.440 42.153 40.183 37.567 33.183 33.066 20.725 17.376 2.883.682 275.575 184.383 129.964 89.419 75.103 45.090 44.538 41.524 36.677 36.551 22.329 19.600 2.902.927 281.413 188.013 131.630 88.308 76.624 45.292 45.194 42.103 38.838 37.091 22.476 19.985 3.556.597 3.884.435 3.919.864 Fonte: EMRMS, 2015. No ano 2000, mais de 80% dos residentes concentrava-se em Salvador. Em 2010, mesmo com a inclusão de mais três outros municípios, a população do estado ainda mantinha 75% daquela população na RMS, com uma densidade de 3.786 habitantes por quilômetro quadrado, sendo seguida por Camaçari, Lauro de Freitas e Simões Filho, que representavam tanto a “periferia” pobre como a mais rica da região (Fernandes, 2015). Camaçari apresenta o maior território com área total de 784,658 km² e representa 18% da área total da RMS, o que a torna de fundamental importância para ser estudada. Localiza-se a uma latitude 12º41'51" sul e a uma longitude 38º19'27" oeste, estando a uma altitude de 36 metros (CAMAÇARI, 2014a). Os limites municipais são ao norte com Mata de São João, ao sul com Lauro de Freitas, ao sudoeste com Simões Filho, a oeste com Dias d'Ávila e leste com o Oceano Atlântico, conforme Figura 4. 53 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 4 - Área territorial do Município de Camaçari. Fonte: IBGE, Base Digital, 2010. Elaboração Saneando Projetos e Consultoria, 2014. 54 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA O acesso à Camaçari pode ser realizado por diversas formas, por exemplo, partindo da capital, Salvador, é possível chegar à sede do Município pela Estrada do Coco (BA -099), saída da paralela em direção a Lauro de Freitas. Após o pedágio, entra na via Cascalheira (BA-526) até a sede. Outra opção é partir da Avenida Paralela, seguir pela estrada do CIA (BA-535) Aeroporto e seguir pela via Parafuso (BA-531), que possui 18 quilômetros. A BR-324 também é via de acesso. Para tanto, é necessário seguir pelo CIA, através da Ceasa, via Parafuso até o Centro ou, ainda na BR-324, pegar a BA-093 até chegar à sede (CAMAÇARI, 2014b). Outra alternativa, para quem vem do Norte, é seguir a Linha Verde até a Estrada do Coco. Pouco depois de Jauá entra pela Várzea Grande até a Cascalheira (CAMAÇARI, 2014b). A Figura 5 apresenta as principais rodovias que interceptam o Município de Camaçari, bem como os principais acessos. A sede municipal de Camaçari situa-se, em relação aos distritos, nas distâncias apresentadas a seguir no Quadro 1. Quadro 1 - Distritos do Município, distância da sede. Distritos do Município Distância da Sede (Km) Camaçari - Sede municipal - Monte Gordo 26 Vila de Abrantes 16 Fonte: IBGE, CENSO 2010. 55 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 5 - Principais Rodovias que interceptam o Município de Camaçari - BA. 56 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 6 ESTUDOS DA DEMOGRAFIA A importância dos estudos demográficos diz respeito à análise das populações humanas em um determinado momento com relação ao tamanho, a distribuição e a estrutura da população e as mudanças que ocorrem nesta população ao longo do tempo, principalmente com o crescimento populacional. A ocorrência de nascimentos, óbitos e migrações são as causas básicas deste crescimento populacional, assim, há interesse em estudar dois tipos de variáveis demográficas, tais como o tamanho da população, isto é, o número total de pessoas; a distribuição desta mesma população em relação ao número de pessoas por unidade geográfica ou por situação do domicílio (rural; urbano); a estrutura ou composição da população, ou seja, o número de pessoas na população por sexo (masculino; feminino) e/ou por grupo de idade. Tem-se ainda outras variáveis que, como a natalidade, a mortalidade e a migração que ocorrem num determinado espaço geográfico e a um determinado período de tempo. Portanto, nosso interesse é que essas análises e seus elementos auxiliem nas tomadas de decisões que os presentes Planos Municipais de Saneamento Básico e de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos irão decidir no planejamento dos assuntos pertinentes aos mesmos, sendo que o componente demográfico é de suma importância para que este planejamento atinja todo o município e contribua se possível, para a erradicação das disparidades sociais no território de Camaçari. 6.1 Notas metodológicas acerca do estudo desenvolvido O objeto desta parte do diagnóstico refere-se às informações pertinentes ao contexto geográfico, social, demográfico e territorial do Município de Camaçari, no intuito deste documento fazer parte das propostas desenvolvidas por estes Planos (PMSB e PMGIRS). Analisando o cenário socioprodutivo local, constituído pela Sede do município, aqui chamada apenas de Camaçari, e por seus dois importantes distritos, Abrantes e Monte Gordo, este diagnóstico traz em seu intuito contribuir para que tais informações auxiliem o planejamento das ações destes Planos, tendo em vista os imbricamentos econômicos, sociais e culturais na dinâmica espacial dessas áreas que este estudo pretende demonstrar. Para tanto, as informações coletadas e tratadas procuram relatar e caracterizar dentro de um universo macro e micro, as nuances da vida social e produtiva do município e 57 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA de seus distritos. Levando-se em consideração o tema e as diretrizes que o compõem, o estudo buscou evidenciar as inter-relações desses fatores no espaço onde se darão os efeitos das ações do PMSB e do PMGIRS por meio das questões sociais, políticas e ambientais enquanto relações socioespaciais, ou seja, elementos de sociabilidade e trabalho que se dão e se transformam no espaço da cidade, e que podem ocorrer em formatos variados (FERNANDES, 2005). É a partir desses formatos variados que, a nosso ver, as informações aqui contidas podem auxiliar o PMSB e o PMGIRS de Camaçari a arquitetar suas diretrizes na execução de seu trabalho, podendo, a partir desta contribuição, conhecer melhor essas áreas e seus problemas e potencialidades, para então desenhar as ações cabíveis a cada uma. O diagnóstico a ser desenvolvido seguirá os procedimentos comumente utilizados em outros estudos como este, sejam eles acadêmicos ou frutos de outros padrões e modelos de relatórios diretamente ligados ao campo das análises socioambientais - tais como EIA-RIMA, pesquisas de percepção socioambiental e outros exames. Nele, poderá ser percebido que a base de dados a ser utilizada secundária - encontra-se fortemente correlacionada à área de estudo em questão, a cidade de Camaçari, e ao objeto final desta análise: os elementos analisados no âmbito da Sede e dos outros distritos, a sua dinâmica no espaço urbano e o levantamento da infraestrutura das mesmas. Este universo de informações é de suma importância para um diagnóstico que pretende ser um aporte às ações de planejamento do PMSB, pois apresentam informações necessárias acerca dos aspectos econômicos e sociais da cidade como um todo, para em seguida, compreender essa dinâmica no espaço municipal. Esta perspectiva, por sua vez, garante a possibilidade de examinar os dados referentes à cidade em uma porção territorial particular, objetivando identificar a realidade das regiões para o trabalho de intervenção que será proposto pelo PMSB e PMGIRS. O diagnóstico presente, na verdade, tem por finalidade agregar os dados secundários coletados e relacioná-los às respectivas áreas de estudo, servindo - e salienta-se mais uma vez - como um mecanismo de apoio para o planejamento que será executado. Tendo em vista a superposição de tantas variáveis para o exame de um só objeto, se fez necessário no estudo presente considerar que para ter uma dimensão dos elementos que compõem a inserção destas áreas no ínterim das relações socioespaciais da cidade em questão, seria imprescindível o diagnóstico levantar os dados secundários por meio de suas bases. Dessa forma, utilizou-se de informações 58 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA pesquisadas nos bancos de dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Banco de Dados Agregados do IBGE - SIDRA, Fundação João Pinheiro - FJP, Banco de Dados do Ministério da Saúde - DATASUS, Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD; Sistema Nacional de Informações Sanitárias - SINIS; Banco Central; Atlas do Desenvolvimento Humano de Salvador e Região Metropolitana, e outras fontes bibliográficas e de pesquisa que estarão presentes nas referências bibliográficas ao final deste trabalho. Salienta-se, por fim, que parte dos dados coletados para a elaboração deste documento se baseiam, na sua grande maioria, nos Censos de 1991, 2000 e 2010. Outro dado de suma importância diz respeito à opção pelo uso da taxa geométrica de crescimento, metodologia aplicada às análises populacionais aqui presentes, ao contrário do uso tradicional dos elementos chamados de componentes demográficas, isto é, o cálculo de uma determinada população mediante os índices de migração, fecundidade e mortalidade. Esses componentes demográficos, por serem de extrema complexidade para os casos de escalas como as do município, fez com que se optasse por trabalhar com a taxa de crescimento geométrico, uma vez que se trata de um percentual de incremento médio anual da população residente em determinado espaço geográfico, no período considerado, onde o valor da taxa refere-se à média anual obtida para um período de anos compreendido entre dois momentos, em geral correspondentes aos censos demográficos. Não obstante, os estudos populacionais costumam analisar diferentes curvas de projeção populacional, geométrica, logarítmica, exponencial, dentre outras, elas são uteis para avaliar qual melhor forma se ajusta ao crescimento da localidade em questão. Estas curvas, assim como a geométrica, não utilizam as componentes demográficas, elas trabalham dimensões matemáticas desse fenômeno. Portanto, a projeção populacional será também desenvolvida para analisarmos o dinamismo demográfico da área em questão, analisando através dos gráficos das curvas e coeficientes de correlação. Dessa forma, utilizando os dois métodos analisados e que serão examinados separadamente, esses dados devem contribuir com o hall de informações pertinentes à Camaçari e sua dinâmica demográfica e espacial. 59 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Para iniciarmos esta discussão, segue a título de conhecimento geral uma tabela sobre a trajetória demográfica do município em relação ao crescimento populacional do município de 1940 até 2010, assim como o percentual de crescimento por década. Os dados por distrito só começaram a ser disponibilizados no Censo de 2000 2, não tendo, por sua vez, dados de décadas passadas, chama-se a atenção para essa evolução a partir dos anos 70, período em que nasce o Polo Petroquímico, e a desaceleração brusca desta população entre 2010 e 2000, resultado de um processo que ocorre em nível nacional (IBGE, 2014). Tabela 2 - Aumento da população residente de Camaçari - BA entre os Censos Demográficos, 1940-2010. Ano População Taxas de Crescimento entre as décadas 1940 11.188 - 1950 13.800 23,3% 1960 21.849 58,3% 1970 34.281 56,9% 1980 91.315 166,4% 1991 113.639 24,4% 2000 161.727 42,3% 2010 242.970 5,02% Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1940-2010. 6.2 Migração De acordo com os manuais tradicionais de demografia, uma migração é toda movimentação/deslocamento das pessoas que ocorre de um lugar de origem para outro, isto é, seu destino, e que implica mudanças na distribuição espacial vigente. O conceito trazido pela Organização Internacional para as Migrações, amplia essa perspectiva, abordando a migração enquanto um “movimento de população para o território de outro Estado ou dentro do mesmo que abrange todo movimento de pessoas, seja qual for o tamanho, sua composição ou suas causas; inclui a migração de refugiados, pessoas deslocadas, pessoas desarraigadas, migrantes econômicos.” (OIM, 2006). A migração é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, fazendo parte do contexto histórico de culturas e religiões que, de alguma forma, têm 2 E que serão analisados mais à frente. 60 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA a migração como uma de suas principais referências. Essas causas históricas das migrações humanas foram e continuam sendo devidas às políticas econômicas implementadas em um território, ou mesmo por catástrofes naturais e guerras, o que nos faz compreendê-la, conforme Weilti (1998), enquanto um fenômeno social, derivado da estrutura cultural, social e econômica da área onde ocorre. Como exemplo deste contexto, pensemos nas pessoas que não residem nas cidades onde nasceram. O Censo 2010 mostrou que 35,4% das pessoas não residiam no município onde nasceu, sendo que 14,5% (26,3 milhões de pessoas) moravam em outro estado. São Paulo (8 milhões de pessoas), Rio de Janeiro (2,1 milhões), Paraná (1,7 milhão) e Goiás (1,6 milhão) acumularam a maior quantidade de pessoas residentes que não nasceram lá. Enquanto isso, Minas Gerais (3,6 milhões de pessoas), Bahia (3,1 milhões), São Paulo (2,4 milhões) e Paraná (2,2 milhões) foram os estados com os maiores volumes de população natural que foi morar em outras unidades da federação. Tendo em vista que o estado da Bahia, como dito no parágrafo acima, teve uma taxa de migração maior em relação às pessoas no estado que mudaram para outras cidades no próprio território baiano, em nosso caso, interessa-nos compreender como esta dinâmica demográfica vem atuando no Município de Camaçari, em sua totalidade, uma vez que, por se tratar de um estudo que visa dar suporte às ações de planejamento dos serviços de saneamento básico, ter uma noção desses dados tornase precioso mediante a espacialização dos mesmos, isto é, a sua cobertura no espaço geográfico do município. Assim, como nosso objetivo é auxiliar esse processo com dados a respeito desta dinâmica, optou-se por trabalhar com os dados do Censo IBGE 2000 e 20103 a respeito de três variáveis do efeito migratório, quais sejam: ● As informações sobre a população residente em Camaçari e qual o seu local de nascimento, homens e mulheres; ● As informações sobre o tempo de moradia no município há menos de 10 anos ininterruptos; ● Pessoas ocupadas na semana de referência, que trabalhavam fora do domicílio e retornavam para seu domicílio diariamente. 3 Reitera-se que nem todas as informações do Censo de 2000 se encontram no de 2010, assim como a sua cobertura e diferenças metodológicas, que a partir do ano de 2012 ganhou novo direcionamento. 61 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA A primeira variável nos dará uma dimensão do tempo em que as pessoas que nasceram fora do município residem no mesmo, isto é importante para ter uma ideia de onde vem os novos moradores de Camaçari, e, comparando de um Censo para outro, perceber o crescimento das migrações advindas destas localidades. O local de onde vêm as pessoas é um tipo de informação que pode ser colocada à disposição do município para contatos futuros com os estados de onde esses novos moradores chegam, assim, pode-se iniciar um processo de compreensão a respeito do por que a cidade recebe a quantidade de novos moradores desses estados, ou seja, qual o seu poder de atração para a população de um respectivo estado? Emprego e oportunidade de trabalho? Todavia, quando essas pessoas chegam e se instalam no município, faz-se necessário mensurar esse tempo de residência, e é este o objetivo da segunda variável, pois a mesma apresenta o número de pessoas que ali reside há menos de dez anos, o que nos dá uma ideia de que, quanto maior o número próximo a dez anos de moradia, mais essas pessoas se adaptaram ao município e resolveram ficar. Assim sendo, ao se estabelecer em Camaçari, pessoas e famílias iniciam suas vidas em um novo território, e se fixarão mediante as condições de vida favoráveis que ali encontrarão. Refletindo sobre este contexto, a tabela abaixo explicita essa variável, indicando o tempo ininterrupto de residência em Camaçari em menos de 1 ano, 1 a 2 anos, 3 a 5 anos e entre 6 a 9 anos, vejamos. Tabela 3 - Pessoas que residiam há menos de 10 anos ininterruptos no Município de Camaçari, 2010. Tempo ininterrupto de residência no município Total 70.640 Menos de 1 ano 1 a 2 anos 3 a 5 anos 6 a 9 anos 10.861 18.213 21.439 20.127 Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. Nota-se que, no Censo de 2010, 70.640 pessoas, das 242.970, isto é, 29% dos moradores eram de outras cidades e estados, e assim, com os números acima, fica fácil de identificar a quantidade de pessoas por ano ininterrupto e a fixação das mesmas no município. O gráfico abaixo (Figura 6) apresenta a porcentagem desses números. 62 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 6 - Pessoas que residiam há menos de 10 anos ininterruptos no município, porcentagem, 2010. 15% 28% 26% 30% Menos de 1 ano 1 a 2 anos 3 a 5 anos 6 a 9 anos Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. As porcentagens demonstram que Camaçari é uma cidade que, mediante sua polarização no ramo industrial, tem esse poder de fixação de uma respectiva classe de trabalhadores, isso se mostra com os 58% da população que se encontra no município entre 3 a 9 anos. Infelizmente, o Censo de 2010 não traz dentre as variáveis utilizadas para mensurar as questões migratórias a faixa etária e o grau de escolaridade dos migrantes, o que seria muito útil para ter uma noção se realmente essa polarização induzida por Camaçari tem em relação com o perfil das pessoas que ali vão morar; da mesma forma que não se encontra os dados para comparar os anos ininterruptos entre 1991 e 2000. De qualquer forma, nota-se que Camaçari é uma cidade que, além de atrair um contingente populacional para o seu território, tem meios socioeconômicos de fixá-los, todavia, no que diz respeito aos aspectos infraestruturais para tal recepção, reitera-se que estes não dispõem da mesma velocidade e dos meios que a dinâmica econômica da cidade proporciona; isto, por sua vez, se torna um grande desafio para este crescimento populacional e para a sustentabilidade da cidade. Outro tema caro à demografia, e mais especificamente à temática da migração, diz respeito aos deslocamentos feitos pela população de uma forma geral aos seus locais de trabalho ou de estudo. Hoje sabemos que do total de 59,6 milhões de pessoas que frequentavam escola ou creche, 55,2 milhões (92,7%) estudavam no próprio município onde moravam. O Sudeste foi a região com maior número de pessoas que se 63 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA deslocavam para outro município para estudar: 2,0 milhões (8,5%) de estudantes, a maioria em São Paulo: 1,1 milhão de pessoas (57,0% do total do Sudeste). No Brasil, do total de 86 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade ocupadas em 2010, 87,1% trabalhavam no mesmo município onde moravam, sendo que 20 milhões (26,6%) trabalhavam no próprio domicílio e 55 milhões, fora dele. Já os que trabalhavam em outro município atingiram 11,8% da população ocupada (10,1 milhões). Outra informação pesquisada pelo Censo 2010 foi o tempo de deslocamento entre a residência e o trabalho. O resultado foi que, no Brasil, 32,2 milhões de pessoas (52,2% do total de trabalhadores que trabalhavam fora do domicílio) levavam de 6 a 30 minutos para chegar ao trabalho em 2010 e 7,0 milhões (11,4%) levavam mais de uma hora. (IBGE, 2010). A importância desses dados não reside apenas no fato de ter uma noção do tempo percorrido pela pessoa até o seu local de trabalho, mas também, das condições desse trajeto e se essa pessoa mora, ou não, na cidade onde trabalha. Isso instiga, por um lado, as perspectivas em se examinar numa escala regional, a existência das cidades dormitório4 que ali possam existir. Todavia, além desta perspectiva, este procedimento, ou seja, este levantamento do tempo de deslocamento para o trabalho faz parte de um dos exercícios demográficos utilizados na análise da migração pendular, àquela que trata da migração diária de pessoas que saem de sua cidade no período da manhã para cumprir jornada de trabalho em outro município, voltando só à noite para casa. É importante salientar que os fluxos da migração pendular não configuram exatamente uma migração, pois não é uma mudança definitiva nem por largo período. Exemplos como os boias-frias que saem da cidade e se deslocam para o meio rural para exercer sua atividade, são os mais comuns neste caso. Entretanto, aqui trataremos dos trabalhadores de Camaçari, conforme a tabela que segue. 4 Cidades-dormitório são aquelas em que as atividades existentes não são suficientes para empregar e fixar a sua população ativa, o que leva a maioria dos moradores a se deslocarem diariamente para a cidade mais próxima (em geral, a capital do estado ou uma cidade populosa) para, aí, exercer a sua profissão. 64 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 4 - Pessoas ocupadas no Município de Camaçari na semana de referência, que trabalhavam fora do domicílio e retornavam para seu domicílio diariamente, 2010. Tempo habitual de deslocamento para o trabalho N.º Pessoas Até cinco minutos 6.391 De seis minutos até meia hora 43.428 Mais de meia hora até uma hora 18.682 Mais de uma hora até duas horas 5.982 Mais de duas horas 980 Total 75.463 Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. Em um universo com 75.463 habitantes, enxerga-se com facilidade os 58% que gastam de seis minutos a meia hora para chegar ao trabalho, isto denota não somente uma boa proximidade do trabalho, como também revela um fator de qualidade de vida ligado à facilidade da mobilidade em uma cidade (MOURA; BRANCO; FIRKOWSKI, 2005). Por sua vez, tal contexto abre margem para pensarmos que boa parte da população de Camaçari, mesmo em se tratando de uma cidade que cresce e se consolida como um importante centro urbano da RMS e do Estado, além de residir também trabalha na própria cidade, pois se juntam a esses 58% aqueles 8% da população que gasta até cinco minutos de deslocamento, totalizando juntos 66% dos trabalhadores e trabalhadoras que gastam de 5 min a meia hora de deslocamento até o trabalho, para uma cidade que em 2010 detinha 242.970 habitantes, imagina-se que 49.805 pessoas encontravam-se nesta confortável conjuntura. Antes, porém, abre-se para uma discussão para explicitar que os dados acima não sejam, inclusive, interpretados como um convite à migração para Camaçari, eles demonstram, apenas, a facilidade de locomoção dos moradores dentro da cidade, apresentando também, o gasto em número de horas de um parcela mínima que, para chegar no seu local de trabalho em Camaçari, levam mais tempo do que uma parcela maior da população. Isto deixa transparecer o número de pessoas que, provavelmente, moram fora dos limites de Camaçari e ali trabalham. Para ilustrar esta realidade, segue o próximo gráfico (Figura 7) com este intuito. 65 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 7 - Pessoas ocupadas no Município de Camaçari na semana de referência, que trabalhavam fora do domicílio e retornavam para seu domicílio diariamente, percentual, 2010. Até cinco minutos 25% De seis minutos até meia hora 8% 58% 8% 1% Mais de meia hora até uma hora Mais de uma hora até duas horas Mais de duas horas Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. 6.3 Fecundidade A Taxa de Fecundidade é uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher teria até o fim de seu período reprodutivo, mantidas constantes as taxas observadas na referida data. De acordo com o IBGE é definida enquanto o número médio de filhos por mulher em idade de procriar, ou seja, de 15 a 49 anos, consistindo em ser uma estimativa do número médio de filhos que uma mulher tem ao longo da vida, expressando a condição reprodutiva média das mulheres de um determinado local. Sua importância vai além do cálculo e mensuração da estimativa de números de filhos, de acordo com Cerqueira e Givisiez (2004). “O componente da fecundidade tem o papel fundamental de grande delineador da estrutura etária, sendo o principal responsável pela evolução demográfica no Brasil nos últimos 40 anos. Os movimentos migratórios internacionais em direção ao Brasil tiveram pouca relevância no período após a Segunda Grande Guerra e, por este motivo, o comportamento da mortalidade e da fecundidade é que tem definido o ritmo do crescimento populacional. De 1940 a 1970 a população brasileira, apesar do rápido declínio da mortalidade e do aumento na taxa de crescimento, não apresentou mudanças significativas em sua estrutura etária, pois não se observaram grandes alterações nos níveis de fecundidade. A partir da década de 70 registra-se um processo rápido e generalizado de declínio da fecundidade, a taxa de fecundidade total caindo de 5,8 filhos por mulher em idade reprodutiva, em 1970, para 2,30 em 2000 (Tabela 4). Embora tenha havido diferenciais regionais, essa queda foi generalizada em todas as regiões do país, sendo observada uma tendência de convergência regional entre os diversos grupos sociais” (CERQUEIRA; GIVISIEZ, 2004, p. 24). 66 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Para efeitos de didatismo, segue a tabela referida na citação. Tabela 4 - Taxas de fecundidade total - Brasil e grandes regiões, 1940 a 2000. Brasil e grandes regiões 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil 7,20 7,20 5,70 5,70 6,40 6,20 8,00 7,50 5,50 5,70 6,90 6,20 8,60 7,40 6,30 5,90 6,70 6,30 8,20 7,50 4,60 5,40 6,40 5,80 6,40 6,20 3,50 3,60 4,50 4,40 4,20 3,70 2,40 2,50 2,70 2,90 3,20 2,60 2,10 2,20 2,20 2,30 Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1940, 1950, 1960, 1970, 1980,1991 e 2000, apud Cerqueira e Givisiez, 2004. Os dados expressados pela taxa de fecundidade remetem a um fenômeno que meandra a dinâmica demográfica brasileira: a inércia do crescimento populacional, pois o crescimento de uma população transcorre não somente nos níveis correntes de fecundidade e mortalidade, mas também na estrutura etária da população. (CERQUEIRA; GIVISIEZ, 2004). De acordo com esses autores, e citando Carvalho (1994) como “a estrutura etária foi determinada pela fecundidade passada, isso significa dizer que o crescimento atual da população depende da fecundidade e mortalidade do passado, que definem a estrutura etária atual, e da fecundidade e mortalidade correntes, que definem os incrementos e decrementos da população atual” (CERQUEIRA; GIVISIEZ, 2004). Hoje, e de acordo com o Relatório sobre a Situação da População Mundial 2010, do Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP), a taxa de fecundidade é de 2,52 filhos por mulher. Esse resultado confirma uma tendência mundial de redução no número de filhos, assim como apresentou o nordeste, no caso brasileiro, com um declínio de 4,6 filhos em sessenta anos. Porém, essa queda da taxa de fecundidade é consequência de vários fatores, dentre eles, destacam-se os projetos de educação sexual, planejamento familiar, utilização de métodos contraceptivos, e o mais importantes: a maior participação da mulher no mercado de trabalho etc. De acordo com a PNUD, o IPEA e a FJP, a taxa de fecundidade em Camaçari caiu de 3,9 em 1991 para 2,7 em 2010, o que reflete este contexto. Portanto, examinando os casos característicos dessa variável no Município de Camaçari, encontrou-se para a discussão a tabela abaixo, que, se não faz parte dos elementos mais característicos da taxa de fecundidade, resulta da sua lógica. 67 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 5 - Filhos tidos nascidos vivos das mulheres de 10 anos ou mais de idade, segundo a situação do domicílio e as classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita, do Município de Camaçari, 2010. Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita Situação do domicílio Urbana Rural Até 1/4 de salário mínimo 24.150 2.646 Mais de 1/4 a 1/2 salário mínimo 42.833 4.100 Mais de 1/2 a 1 salário mínimo 54.336 2.176 Mais de 1 a 2 salários mínimos 27.533 967 Mais de 2 a 3 salários mínimos 7.223 169 Mais de 3 a 5 salários mínimos 3.183 241 Mais de 5 salários mínimos 2.820 143 Sem rendimento 5.777 527 167.855 10.969 Total Nota: 1 - Dados da amostra. 2 - Salário mínimo utilizado: R$ 510,00. 3 - A categoria Sem rendimento inclui as mulheres que recebiam somente em benefícios. Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. Em um universo amostral de 178.824 domicílios em 2010, a tabela acima apresenta de acordo com a situação do domicílio, urbano ou rural, as classes de rendimento nominal mensal per capita, ou seja, mediante o nível de renda de cada domicílio, vêse a quantidade de filhos nascidos por família e por renda. Percebe-se que os domicílios com menor renda são aquelas que possuem a maior quantidade de filhos, no caso daqueles que vivem no ambiente urbano, os de renda até ¼ de SM apresentaram 14%, o maior percentual urbano fica para os domicílios com renda de ½ a 1 SM, com 32% dos casos; no caso do ambiente rural, por menor que sejam os números ao se comparar com o ambiente urbano, os maiores percentuais também residem nas famílias de baixa renda, neste caso, com uma pequena variação, ou seja, as famílias com renda entre ¼ e ½ SM com 37% dos casos registrados. Embora não se utilize o método das componentes demográficas, como dito nas notas metodológicas, o intuito deste pequeno desdobramento refere-se à importância de inserir a discussão no PMSB e no PMGIRS. Dessa forma, com a Tabela 5 e os dados acerca da diminuição da taxa de fecundidade no município, compreende-se que, mesmo diminuindo a taxa em questão, sua lógica sociodemográfica permanece, isto é, a tendência de que os domicílios com menor renda apresente o maior número de 68 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA filhos. Esse contexto, tão comumente associado à dinâmica demográfica brasileira, continua demonstrando que as componentes demográficas sofrem uma forte influência das componentes sociais, culturais e econômicas, uma vez que, como dito neste item, a fecundidade, por exemplo, hoje está associado tanto às políticas públicas de controle de natalidade quanto aos novos hábitos de uma nova geração. Isto porque, desde 1940, a sociedade brasileira vem alterando o seu perfil demográfico em face às novas oportunidades que até então eram escassas, como o acesso à educação e à educação de nível superior, por exemplo. Fatos como esses aumentam as expectativas das pessoas e fazem com que o conceito de famílias numerosas soe hoje como um empecilho para a melhor qualidade de vida dessas famílias e de seus membros. E isso tem uma ligação intrínseca com o papel que a mulher passou a ter com o passar dos anos, seja como provedora da renda familiar (em face ao grande número de mulheres chefes de família) seja planejando o número de filhos que terá. Portanto, eis a diferença cultural fazendo valer uma nova perspectiva familiar, que, por sua vez, tem influência nas taxas de fecundidade, corroborando para a ideia de que componentes demográficas como a taxa de fecundidade são dirigidas por fatores que, necessariamente, não são demográficos, mas que os influencia e regem suas mudanças. 6.4 Mortalidade Indicador de saúde que reflete o número de mortes registradas, em média por mil habitantes, numa dada região e num período de tempo, sendo expressa na maioria das vezes em unidades de morte por 1.000 pessoas ao ano, a taxa de mortalidade dispensa maiores apresentações a respeito de sua importância. Diferente das taxas de morbidade, por exemplo, que relaciona a taxa de pessoas em condições alteradas de saúde durante um determinado período (a chamada taxa de prevalência) ou o número de novos casos de pessoas que têm a doença no momento (a taxa de incidência), a taxa de mortalidade possui vários aspectos a serem considerados. A taxa de mortalidade pode ser tida como um forte indicador social, já que, quanto mais precárias as condições de vida, maior a taxa de mortalidade e menor a esperança de vida. No entanto, essa taxa pode ser fortemente afetada pela longevidade da população, perdendo a sensibilidade para acompanhamento demográfico. Outros indicadores de saúde, como a taxa de mortalidade infantil, são mais significativos como indicadores sociais, pois têm forte correlação com as condições de vida em geral. 69 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Para apresentação dos dados envolvidos com a taxa de mortalidade, inicia-se com os óbitos por ocorrência segundo o local de ocorrência. Incluiu-se no exame a variável Raça, para ter uma ideia do número de óbitos por esta categoria, além da diferenciação por gênero entre as ocorrências no intervalo censitário 2000-2010. Tabela 6 - Total de Óbitos por Ocorrência, gênero e raça, 2000/2010. Raça Branca Preta Amarela Parda Indígena Ignorado 2000 Masculino 45 58 162 57 2010 Feminino 45 47 118 39 Masculino 90 440 407 24 Feminino 69 87 242 12 Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM, 2014. Embora as causas dos óbitos não tenham sido apresentadas, é nítido o aumento dos óbitos por ocorrência no espaço de dez anos, em especial, da população preta, em especial, do sexo masculino. Em números absolutos, um aumento de 382 casos masculinos e 40 casos femininos em relação aos anos analisados, o percentual correspondente a este aumento é de 22,5% para homens e 6,4% para mulheres. Nas ciências sociais, mais especificamente na sociologia brasileira, nos últimos anos é recorrente os estudos e análises que buscam compreender a associação da população negra às mais variadas formas de óbitos, principalmente aqueles que ligam essa realidade às atividades criminosas, uma vez que esta mesma população continua sendo vítima da desigualdade social histórica do país. Dessa forma, um dado tão simples como este, apresenta uma dimensão profunda de nossa sociedade, e demonstra as múltiplas influências que uma variável demográfica sofre de outras variáveis, como as sociais e econômicas, por exemplo. Destarte, a figura a seguir apresenta a variação nos últimos dez anos das taxas de óbito por ocorrência das outras raças, o destaque vai para a diminuição dos óbitos da população tida como ignorado, lembrando que este termo é uma opção dada pelo IBGE para as pessoas que não se identificam com as raças elencadas pelo questionário do Censo. 70 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 8 - Porcentagem de Óbitos por Ocorrência, gênero e raça no Município de CamaçariTotal, 2000/2010. -11,1 Ignorado 7,4 Feminino Indígena 6,4 4,4 Parda -8,3 Amarela 9,6 Masculino -20,0 -10,0 0,0 10,0 Preta 22,5 7,2 Branca 20,0 30,0 % Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000/2010. Outros indicadores de mortalidade demonstram outras variáveis que também nos chamam à atenção, principalmente porque traz uma referência à mortalidade infantil, próximo tema a ser debatido. Vejamos na tabela abaixo. Tabela 7 - Outros Indicadores de Mortalidade do Município de Camaçari - BA, 2002-2008. Outros Indicadores de Mortalidade 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total de óbitos 746 792 803 850 896 824 1.003 Nº de óbitos por 1.000 habitantes 4,3 4,5 4,4 4,4 4,5 4,1 4,4 % óbitos por causas mal definidas 3,2 1,8 3,2 2,7 2,9 5,3 5,7 Total de óbitos infantis 77 77 79 75 74 57 79 Nº de óbitos infantis por causas mal definidas 1 - 1 - 1 3 1 % de óbitos infantis no total de óbitos * 10,3 9,7 9,8 8,8 8,3 6,9 7,9 % de óbitos infantis por causas mal definidas 1,3 - 1,3 - 1,4 5,3 1,3 Mortalidade infantil por 1.000 nascidos-vivos ** 21,6 22,1 22,6 21,2 19,6 14,2 19,1 *Coeficiente de mortalidade infantil proporcional **considerando apenas os óbitos e nascimentos coletados pelo SIM/SINASC. Nota: Dados de 2008 são preliminares. Fonte: Sistema de Informação sobre mortalidade - SIM, 2014. Não se poderia deixar de considerar aqui, como elemento presente nas análises sobre mortalidade, o tema Mortalidade infantil, que incide nas mortes de crianças no primeiro ano de vida, referida ao número de nascidos vivos do mesmo período. Uma de suas principais vantagens é a possibilidade de comparação entre diferentes países ou regiões do planeta, pois a taxa é normalmente expressa em número de óbitos de crianças com menos de um ano, a cada mil nascidos vivos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o índice considerado aceitável é de 10 mortes 71 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA para cada mil nascimentos. Dessa forma, segue a Tabela 8 com a comparação entre os óbitos durante o intervalo censitário 2000-2010. Tabela 8 - Óbitos por Ocorrência no Município de Camaçari - Faixa Etária <1 ano, 2000/2010. 2000 Raça 2010 Masculino Feminino Masculino Feminino Branca Preta Amarela Parda Indígena Ignorado 2 3 29 21 2 1 19 21 2 2 23 2 3 1 18 2 Total 55 43 29 24 Fonte: Sistema de Informações sobre mortalidade – SIM, 2014. Os números, por mais tímidos que aparentem, demonstram um fato: a diminuição da mortalidade infantil ocorre por todo o país. Dessa forma, tem-se uma diminuição considerável, se tratarmos que em 2000 o total de crianças era de 98 e passou para 53 em 2010. Todavia, essas condições de queda na taxa de mortalidade se devem, dentre tantas outras mudanças, às questões ligadas à área da saúde, dentre elas, o saneamento. Dessa forma, tendo em vista a importância desses dados para a realidade do município, apresenta-se na sequência, a Tabela 9 que trazem os dados sobre mortalidade proporcional por faixa etária. Tabela 9 - Mortalidade Proporcional (%) por Faixa Etária Segundo Grupo de Causas CID10, do Município de Camaçari, 2008. Grupo de Causas I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias II. Neoplasias (tumores) <1 1a 4 5a 9 10 a 15 a 20 a 50 a 14 19 49 64 3,8 - 20,0 - - 2,1 - - - 20,0 3,8 8,1 65 e mais 60 e mais Total 6,0 3,7 3,6 3,7 25,0 18,4 20,9 14,7 41,1 40,6 25,3 5,5 5,6 4,4 - - 5,7 1,8 1,5 25,1 IX. Doenças do aparelho 10,2 35,2 circulatório X. Doenças do aparelho 2,6 42,9 2,8 5,1 respiratório XVI. Algumas afecção originadas 69,2 no período perinatal XX. Causas externas de 57,1 60,0 60,0 92,3 65,0 6,0 morbidade e mortalidade Demais causas definidas 24,4 Total 100 Nota: Dados de 2008 são preliminares. 100 20,0 20,0 3,8 11,7 22,7 29,4 27,8 21,1 100 100 100 100 100 100 100 100 Fonte: Sistema de Informação sobre Mortalidade – SIM, 2014. 72 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA As análises por faixa etária demonstram o percentual das mesmas em relação aos casos ocorridos, ou seja, o grupo de causa, sua relevância diz respeito ao mapeamento dos casos por idade e o controle da frequência dos mesmos, para que possam ser tomadas as medidas cabíveis a cada caso e suas respectivas ocorrências e grupos de risco. Algumas doenças, como se pode perceber, têm registros mais acentuados do que outras, como por exemplo, as causas externas de morbidade e mortalidade, que evidenciam o maior número de casos em todas as faixas etárias. No caso das doenças relacionadas à falta de saneamento, serão abordadas de forma mais detalhada no item referente à saúde. Tabela 10 - Óbitos por residência, Camaçari-BA, 2009-2012. Ano Total - Todas Outro as Hospital estabelecimento Domicílio Via pública Outros Ignorado categorias de saúde 2009 999 656 40 175 96 32 - 2010 1.088 700 35 182 122 49 1 2011 1.105 720 46 179 119 41 - 2012 1.158 740 33 200 150 35 - Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM. Esses dados demonstram que os óbitos por residência aumentaram em Camaçari entre os anos analisados, mesmo sendo apenas 159 óbitos em quatro anos, o que se chama a atenção neste caso é o aumento desses óbitos nos hospitais, por exemplo, um acréscimo de 84 mortes absolutas que, ao contrário das outras categorias, apresentou o maior crescimento entre elas. Outra categoria que chama a atenção refere-se às vias públicas enquanto locais de óbito, um aumento absoluto de 54 óbitos em quatro anos, embora esse número não seja tão grande, denota a preocupação com a forma em que esses óbitos se deram, seriam eles assassinatos, roubo precedido de morte? Algo importante a ser investigado. Para ilustrar o aumento dessa porcentagem, o gráfico a seguir demonstra esse crescimento nos últimos quatro anos em relação ao total de todas as categorias. 73 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 9 - Crescimento nos últimos quatro anos do aumento de óbitos por residência, Camaçari, 2009-2012. 70% 60% 66% 65% 64% 64% 50% 40% 30% 18% 17% 17% 20% 10% 4% 3% 4% 3% 16% 10%11% 2012 13% 11% 3% 5% 4% 3% 2011 2010 0% 2009 Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM. 6.5 População urbana e rural: situação de domicílio e gênero As análises sobre população urbana e rural tem a capacidade de - embasando as tendências futuras, passíveis de alteração a partir da inserção de novos empreendimentos na área de estudo - propiciar uma dimensão de como esta população, por meio do seu crescimento ou retração, pode levar os municípios cuja influência se faz presente a um modelo de desenvolvimento congruente aos aspectos demográficos locais e ao comportamento desta dinâmica populacional, principalmente no que tange a dois pontos abordados por tais aspectos: os índices e flutuações nas tipologias de desenvolvimento da população e o comportamento quantitativo da população ao longo dos períodos censitários e intercensitários. Para tanto, inicia-se esta reflexão levando em conta o Município de Camaçari, área de estudo, e suas relações tanto no que se refere ao crescimento populacional quanto às suas respectivas taxas de urbanização. 74 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 6.5.1 População da Área de Estudo, Crescimento e Taxas de Urbanização A população de Camaçari em 2010 atingiu 242.970 habitantes; percebe-se igualmente que, comparados ao ano censitário de 2000, cuja população total era de 161.727, houve o aumento do contingente de pessoas em 81.243 habitantes, apresentando uma taxa anual de 4,15% a.a. Para a visualização desses dados e para facilitar a análise dos mesmos, segue a Tabela 11 com as informações coletadas. Tabela 11 - População, crescimento, situação de domicílio e taxas de urbanização em Camaçari-BA, 2000-2010. Ano censitário Situação do domicílio e taxa de urbanização Urbana 2000 154.402 Rural 7.325 Total 161.727 Taxa de Urbanização Urbana 2010 Total 95% 231.973 Rural 10.997 Total 242.970 Taxa de Urbanização Taxa Crescimento Anual 2000-2010 95% 4,15% Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000 e 2010. O crescimento ocorrido em Camaçari se deu tanto na população rural quanto urbana, mesmo apresentando pequenas variações, por exemplo: a população urbana apresenta uma taxa de crescimento de aproximadamente 5% entre os anos de 20002010; já o ambiente rural, apresentou os mesmos 5% no período censitário entre 2000-2010. No entanto, predomina-se a população urbana, uma vez que a taxa de urbanização, que indica o percentual da população residente em áreas urbanas em determinado espaço geográfico no ano considerado, apresenta-se alto, ou seja, manteve-se 95% nos dois anos analisados. A taxa de urbanização é um instrumento preponderante para tal análise, pois se percebe que antes dos anos 2000 inicia-se não somente na área em estudo como nas cidades adjacentes, um incremento na economia local advindo das indústrias e empresas que se instalaram na região, principalmente aquelas instaladas no Polo Industrial. De acordo com os estudos de Souza (2006), o município cresceu entre 1940 a 1970, 164%, ou seja, Camaçari é um município com um histórico de crescimento populacional fora do padrão baiano. 75 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Percebe-se que a taxa de urbanização permaneceu em 95%, todavia, a área com ocupação urbana cresceu bastante. Para analisarmos este contexto a partir de outra variável, faz-se necessário calcular e comparar as densidades demográficas urbanas em 2000 e 2010, a importância de se analisar a densidade demográfica e que a mesma demonstra a relação entre população e a sua dispersão sobre a superfície de uma determinada porção do espaço, se expressando através do número habitantes por quilômetro quadrado. (GEORGE, 1978). Analisando os dados do IBGE, em 2000, a densidade urbana de Camaçari era de 196,7 hab./km², em 2010, esse número atingiu 295,6 hab./km². Este salto reitera que, entre os anos analisados, mesmo a taxa de urbanização permanecendo em 95%, o adensamento populacional do município continua confirmando o crescimento da ocupação urbana da cidade, caso a cidade continue se adensando e a taxa de urbanização não crescer na mesma proporção, o impacto desse adensamento pode ser prejudicial ao município, uma vez que, como veremos mais a frente, as áreas nos entornos urbanos de Camaçari, da Sede e dos Distritos, rodeiam áreas de proteção ambiental, conforme apresenta o Plano Diretor da cidade. (PDDU, 2008). Sendo assim, segue a tabela com a densidade demográfica urbana da Sede e dos Distritos de Camaçari entre os anos de 2000-2010, onde se perceberá que, embora tenha se dado uma manutenção na taxa de urbanização do município, sua população urbana continua a crescer e a ocupar a cidade por todos os seus pontos. Em seguida, os mapas tentarão fazer com que o leitor tenha essa perspectiva especializada. É importante salientar, metodologicamente, que no caso dos mapas distritais com informações referentes à densidade demográfica no Município de Camaçari, eles foram elaborados com base na divisão da quantidade de habitantes pela área de cada setor censitário, o que resulta em uma variável hab./km². Devido os setores censitários ser um limite dinâmico que sofreu alteração em relação ao seu tamanho e quantidade, as informações foram apresentadas como manchas seguindo a metodologia de cartografia para densidade demográfica do próprio IBGE. Reitera-se que no ano 2000, Camaçari possuía ao todo 184 setores censitários, sendo 129 concentrados na sede municipal. Em 2010 os setores censitários passaram para 518 polígonos com 306 concentrados na sede municipal. Essa diferenciação faz com 76 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA que a análise exija a generalização dos dados com o objetivo de demonstrar o avanço e a concentração populacional, sobretudo na sede e na orla do município. Tabela 12 - Densidade demográfica urbana do Município de Camaçari, sua Sede e os distritos de Abrantes e Monte Gordo, 2000-2010. Localidade Camaçari - Total Camaçari - Sede Abrantes Monte Gordo hab./km² 2000 196,7 146,0 32,9 17,7 2010 295,6 205,4 59,2 31,0 Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000 e 2010. Figura 10 - Mapa da Densidade Demográfica Urbana da Sede de Camaçari, 2000. Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000. 77 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 11 - Mapa da Densidade Demográfica Urbana da Sede de Camaçari, 2010. Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. A diferença entre os anos de 2000 (Figura 10) e 2010 (Figura 11) na Sede é considerável, 59,4 hab./km² de aumento em dez anos, todavia, se considerarmos o município como um todo, percebe-se nos dados da Tabela 12 e nos mapas aqui apresentados que os distritos de Abrantes e Monte Gordo, proporcionalmente, apresentaram aumentos em suas densidades que, para a sua capacidade territorial (tendo em vista que a área da Sede é maior que ambas), expressaram as manchas de aumento populacional no território do município que mais se acentuou, muito em vista dos empreendimentos imobiliários que se transformaram em vetores de crescimento para essas áreas. Ao analisarmos mais à frente essa questão e sua 78 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA relação com o crescimento regional e o zoneamento do PDDU da cidade como um todo, é que se terá uma noção deste aumento significativo. É importante se observar a intensificação da mancha demográfica no Parque das Mangabas, uma região que vem crescendo dentro do município. A área denominada Parafuso também experimentou um aumento na sua densidade demográfica, pois, assim como os demais distritos, a Sede de Camaçari também ganhou nos últimos dez anos, empreendimentos imobiliários no seu entorno, frutos, em parte, do contínuo crescimento do Polo Industrial. Figura 12 - Mapa da densidade demográfica urbana do Distrito de Abrantes, 2000. Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000. No caso de Abrantes, nota-se que em relação ao mapa de 2000 (Figura 12), as manchas do mapa de 2010 (Figura 13) se espraiam pela área do distrito, principalmente na Vila de Abrantes, Arembepe, Jauá e na região de Busca Vida. 79 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Embora a Vila de Abrantes seja a sede urbana do distrito, outras pequenas áreas urbanas vão se formando à medida que as atividades imobiliárias permeiam esta área, um bom exemplo para corroborar com esta expectativa encontra-se na Tabela 13, que demonstrará o aumento considerável de residências na zona urbana e rural deste e dos outros distritos. Observemos agora o Distrito de Monte Gordo na Figura 14 e na Figura 15. Figura 13 - Mapa da densidade demográfica urbana do Distrito de Abrantes, 2010. Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. 80 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 14 - Mapa da densidade demográfica urbana do Distrito de Monte Gordo, 2000. Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000. 81 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 15 - Mapa da densidade demográfica urbana do Distrito de Monte Gordo, 2010. Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010 Monte Gordo não se difere de Abrantes, mesmo sendo o menor distrito de Camaçari, a sua dinâmica demográfica acompanhou os demais, principalmente por ser um distrito onde se localiza duas praias importantes, Guarajuba e Itacimirim, locais esses que vêm concentrando nos últimos anos um grande número de empreendimentos imobiliários. Além do mais, comparando os dois mapas, percebe-se com nitidez que a região de Jurema e Barra do Pojuca era as mais adensadas, situação esta que muda em 2010 (Figura 15), quando a densidade demográfica de Jurema cai em relação ao período censitário anterior; essa densidade desce o território de Monte Gordo, com ênfase em Itacimirim e na própria sede urbana de Monte Gordo. 82 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 6.5.1.1 População residente por sexo e situação do domicílio Não obstante, mesmo que a cidade tenha crescido em seu perímetro urbano, suas localidades rurais também acompanharam essa tendência, mesmo apresentando taxas menores. Camaçari é dividida em três distritos, o primeiro refere-se ao perímetro urbano da cidade, também caracterizado por uma minúscula área urbana onde são desenvolvidas atividades econômicas ligadas ao campo. Os outros dois distritos são Abrantes e Monte Gordo, ambos, também foi dividido em urbano e rural. Na Tabela 13, apresenta-se a população total dos três distritos, utilizando a variante gênero para se ter uma noção da quantidade de homens e mulheres por intervalo censitário entre os anos de 2000 e 2010. Tabela 13 - População residente por sexo e situação do domicílio, Camaçari, total. 20002010. Situação do domicílio X Ano Distritos Camaçari - BA Abrantes Monte Gordo Sexo Urbana Rural 2000 2010 2000 2010 Homens 56.686 79.462 1.115 2.088 Mulheres 57.947 81.719 952 1.845 Homens 13.097 22.875 861 974 Mulheres 12.746 23.582 800 852 Homens 7.285 12.537 1.918 2.768 Mulheres 6.641 11.798 1.679 2.470 Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000 e 2010. Iniciando as análises pela sede, percebe-se que o contingente masculino e feminino cresceu entre os anos em questão, independente da categoria gênero. Estes números totalizaram, na sede de Camaçari - BA, um acréscimo percentual de 3,44% para os homens do meio urbano, e 6,47% para o meio rural; no que tange às mulheres, os percentuais mantiveram-se parecido aos dos homens, com 3,50% no ambiente urbano e 6,84% no rural. Essa amostragem apresenta um dado interessante, pois, mesmo a cidade crescendo em sua magnitude industrial, a área da sede considerada rural obteve taxas de crescimento mais acentuadas que a zona urbana, muito em função da construção de condomínios fechados que abarcam boa parte das residências de alguns trabalhadores e trabalhadoras de maior poder aquisitivo do município (SANDES-SOBRAL, 2008). De qualquer forma, segue Figura 16 no intuito de representar esse crescimento populacional. 83 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 16 - Evolução da população masculina e feminina no intervalo censitário, 2000-2010, no Distrito Sede de Camaçari - BA. 6,84 6,47 7,00 6,00 5,00 % 4,00 3,50 3,44 3,00 Urbano 2,00 Rural 1,00 0,00 Homens Mulheres Camaçari Distrito Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000 e 2010. Por se tratar de uma tendência que, mesmo não sendo homogêneo, o crescimento populacional nos outros dois distritos de Camaçari - BA, Abrantes e Monte Gordo, apresentam-se numa constante que também demonstra a força do crescimento populacional em ambos. No caso de Abrantes, por exemplo, mesmo os números sendo crescentes, uma diferença ocorreu no último intervalo censitário, isto é, o aumento expressivo do número de homens e mulheres no ambiente urbano de Abrantes. De acordo com o IBGE, esse aumento foi de 5,74% para homens e 6,35% para mulheres; e 1,24% para homens e 0,63% para mulheres na zona rural. Esses demonstrativos, em números absolutos, são amplamente redundantes, e confirmam esse potencial apresentado pelo distrito, em 2000, eram 13.097 homens, passando para 22.875 em 2010, ou seja, 9.778 homens a mais num período de dez anos, com uma taxa de crescimento anual de 5,7% a.a.; já para as mulheres, esses números foram maiores, apresenta-se um acréscimo de 10.836 habitantes em dez anos, de 12.746 mulheres em 2000, para 23.582 moradoras no perímetro urbano de Abrantes em 2010. Dos três distritos, Abrantes demonstra as maiores taxas de crescimento, o que nos leva a crer que a necessidade de se pensar o saneamento nessa localidade torna-se imprescindível, uma vez que esse crescimento intenso, experimentado pela porção 84 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA urbana de Abrantes, reflete que o crescimento do município para estes bairros ou distritos faz parte não somente de uma tendência demográfica de espraiamento da população pelo território de Camaçari - BA, mas demonstra ao mesmo tempo mais um vetor de expansão urbana do município, seja ele ditado pelas novas moradias que se encontram em franca construção desde o início da última década (SOUZA, 2006; SANDES-SOBRAL, 2008), seja esse fenômeno mais uma derivação do desenvolvimento econômico do município. Todavia, este tema será abordado mais adiante, e dessa forma, para representar essas novas proporções, segue a Figura 17 com a ilustração das informações comentadas. Figura 17 - Evolução da população masculina e feminina no intervalo censitário, 2000-2010, Abrantes. 7,00 6,00 6,35 5,74 5,00 4,00 % 3,00 2,00 Urbano 1,24 0,63 1,00 Rural 0,00 Homens Mulheres Abrantes Distrito Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000 e 2010. Por fim, Monte Gordo, assim como os demais distritos, também passou por um aumento considerável em sua estrutura demográfica, embora o crescimento tenha sido maior na área urbana, não se pode negar a importância do aumento percentual da população rural entre homens e mulheres, como 3,74% e 3,94%, respectivamente. Embora não utilizaremos os cálculos das componentes demográficas devido às dificuldades de escala já evidenciadas nas notas metodológicas, optou-se por desdobrar algumas de suas variáveis como foi feito acima, mas também, pensa-las em relação ao contexto e tema abordados. Antes, porém, o gráfico referente à Monte Gordo (Figura 18). 85 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 18 - Evolução da população masculina e feminina no intervalo censitário, 2000-2010, Monte Gordo. 6,00 5,92 5,58 3,74 3,94 4,00 % Urbano 2,00 Rural 0,00 Homens Mulheres Monte Gordo Distrito Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000 e 2010. 6.5.1.2 População residente por faixa etária e situação do domicílio Dentro da perspectiva temporal de planejamento que um PMSB e um PMGIRS determinam para as análises, estimativas e projeções demográficas em um período de vinte anos, mensurar os dados populacionais sobre a situação do domicílio, isto é, se ele é urbano ou rural, é um dos ingredientes para a compreensão acerca do dimensionamento da população no território do município. Pois, se estamos discutindo a importância e a necessidade de se distribuir serviços de saneamento pelo Município de Camaçari, é evidente que esses dados auxiliam a calcular as demandas de cada distrito em relação ao consequente aumento de sua população. No caso das análises por faixa etária, mais uma vez entra em cena a espacialização do número de moradores e moradoras mediante a sua idade, o que, no campo das políticas públicas é um dado importante para orientar a implementação de programas de todas as áreas. No caso das análises demográficas que se tem discutido aqui, a dos grupos de idade ou faixa etária encontra-se em consonância com as componentes demográficas já examinadas. Isto porque, a análise do período censitário que se tem usado, 20002010, demonstra o crescimento urbano e rural dos três distritos assim como nos dão uma amostra de integração de seu conceito com os de fecundidade, mortalidade e migração. Obviamente, que o crescimento demográfico é explicado pela conjunção dos fatores de cada item, mas decompô-los à luz dos grupos etários demonstra de certa forma, o imbricamento dos outros conceitos em relação à idade da população, ou seja, pessoas nascem e morrem, pessoas migram, e todas elas se encaixam num 86 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA perfil etário que aumenta ou diminui conforme outros fenômenos, neste caso, o fenômeno urbano e industrial de Camaçari que serve como vetor de crescimento e atração de pessoas ao seu território. Dando prosseguimento a este ponto de vista, a leitura das tabelas abaixo pode servir de interpretação e ferramenta para o dimensionamento das políticas de saneamento na cidade. Tabela 14 - População residente por grupos de idade e situação do domicílio, 2000. Camaçari Abrantes Monte Gordo População residente por grupos de idade Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural 0 a 4 anos 11.978 256 2.952 207 1.739 466 5 a 9 anos 11.460 258 2.680 203 1.661 504 10 a 14 anos 12.649 245 2.676 170 1.575 453 15 a 19 anos 14.875 240 3.142 204 1.614 454 20 a 24 anos 13.441 190 2.978 202 1.509 321 25 a 29 anos 10.227 169 2.589 149 1.308 260 30 a 39 anos 17.711 260 3.719 211 1.922 387 40 a 49 anos 12.502 177 2.409 130 1.137 326 50 a 59 anos 5.645 139 1.325 91 701 192 60 a 69 anos 2.501 80 878 49 453 129 1.644 114.633 53 2.067 495 25.843 45 1.661 307 13.926 168 3.660 70 anos ou mais Total Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000. Tabela 15 - População residente por grupos de idade e situação do domicílio, 2010. População residente por grupos de idade 0 a 4 anos Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural 13.172 361 3.783 150 2.182 431 Camaçari Abrantes Monte Gordo 5 a 9 anos 12.800 354 3.851 184 2.160 538 10 a 14 anos 14.552 411 4.259 180 2.428 618 15 a 19 anos 14.399 361 4.125 191 2.390 592 20 a 24 anos 17.228 359 4.360 164 2.429 479 25 a 29 anos 19.357 397 4.925 165 2.595 484 30 a 39 anos 28.620 550 8.381 330 4.219 692 40 a 49 anos 19.765 441 5.639 199 2.723 536 50 a 59 anos 12.736 372 3.906 122 1.685 434 60 a 69 anos 5.436 205 1.899 92 903 259 70 anos ou mais 3.116 161.181 122 3.933 1.329 46.457 49 1.826 621 24.335 175 5.238 Total Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010. 87 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Seguindo as tendências já demonstradas, o crescimento por faixa etária também apresenta um acréscimo e algumas variáveis interessantes. Por exemplo, a taxa de crescimento geométrica do período analisado para o ambiente urbano foi de 3,47% em Camaçari (sede), 6,04% em Abrantes e 5,74% em Monte Gordo; os mesmos dados, e na mesma ordem de distritos, só que para os da zona rural, apresentaram 6,64%, 0,95% e 3,65%, respectivamente. Tendo Camaçari este poder de polarização de atividades variadas, o crescimento do espaço urbano e rural dos seus distritos nos dá uma base para se pensar dentro da perspectiva de crescimento por faixa etária, o aumento das faixas etárias em relação às condições desses moradores em se encontrarem na população economicamente ativa (PEA)5. Esse ponto de vista se sustenta no seguinte argumento: a faixa etária que corresponde à PEA é entre 15-65 anos, portanto, se registrar o aumento nessa faixa etária, pode-se interpretar que eles estão ligados aos índices de migração, uma vez que, como foi visto, a sua taxa é alta, o que evidencia a migração de uma faixa etária em idade economicamente ativa. Se o crescimento se fizer presente nas faixas de 0-4 anos, por exemplo, subintende-se que as taxas de fecundidade - mesmo com o seu decréscimo em todas as regiões do país - podem ter variado positivamente, ainda mais se os números apresentarem uma mudança significativa. Agora, se nesta mesma faixa etária, isto é, 0-4 anos, houver uma diminuição, deve se atentar para os dados de mortalidade e analisá-los, ainda mais se esses dados se referem àquelas crianças que não chegaram a completar 1 ano de idade, o que indica os percentuais de mortalidade infantil. Em todos esses casos, principalmente nos de mortalidade infantil, por exemplo, as condições de infraestrutura e saúde são elementos com os quais se podem cruzar dados para chegar a coeficientes mais seguros, e, com certeza, o saneamento encontra-se alocado dentro de ambos. Como não é o caso deste trabalho, apenas se alerta para que, independente do fenômeno que auxilie o processo de crescimento na zona urbana e rural dos distritos de Camaçari, esse crescimento possa ser, senão controlado, ao menos bem gerenciado, direcionando os investimentos em políticas 5 É um conceito elaborado para designar a população que está inserida no mercado de trabalho ou que, de certa forma, está procurando se inserir nele para exercer algum tipo de atividade remunerada. Não desdobraremos mais o conceito porque ele será revisto no item 2.1 – Perfil Socioeconômico. 88 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA públicas de acordo com a dimensão que ganha o aumento populacional no território do município e as suas formas de assentamento. Portanto, para ilustrar essa perspectiva, segue a pirâmide etária do Distrito de Monte Gordo para se analisar a diferença entre as idades dos moradores no período referente a 2000-2010, acrescentando aqui, a população masculina e feminina para dar a esta discussão mais um elemento comparativo. Figura 19 - População masculina e feminina, urbana, em 2000, Monte Gordo. 70 ou mais 60 a 69 50 a 59 40 a 49 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5a9 0a4 2% 3% 2% 3% 5% 5% 10% 8% 15% 14% 15% Homens 9% 10% 11% 12% 11% 12% 12% Mulheres 11% 13% 11% 10% 11% 10% 5% 0% 5% 10% 15% Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000. Figura 20 - População masculina e feminina, urbana, em 2010, Monte Gordo. 70 ou mais 60 a 69 50 a 59 40 a 49 30 a 34 17% 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5a9 0a4 20% 3% 4% 2% 4% 7% 7% 11% 11% 18% 10% 10% 10% 10% 9% 9% 11% 10% 10% 10% 9% 9% 15% 10% 5% 0% 5% 10% Mulheres Homens 15% 20% Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010. Como pôde ser lido nas tabelas que originam os gráficos, a população feminina de Monte Gordo, na zona urbana, obteve o maior índice de crescimento de sua categoria em relação aos outros dois distritos, e sua direção demográfica apresenta o resultado 89 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA do que estamos vivendo no país com o aumento da população acima de 50 anos e uma leve diminuição da população de 0-29 anos; percebe-se como a pirâmide afinou entre as faixas etárias de 0-29 nos anos censitários, o que ratifica as estimativas e projeções manifestadas em escala nacional. O ambiente rural demonstra dados parecidos. Figura 21 - População masculina e feminina, rural, em 2000, Monte Gordo. 70 ou mais 3% 60 a 69 3% 50 a 59 2% 4% 5% 6% 40 a 49 9% 9% 30 a 34 10% 11% 25 a 29 8% 7% 20 a 24 9% 9% 15 a 19 13% 10 a 14 13% 5a9 13% 0a4 Mulheres Homens 12% 13% 15% 14% 12% 15% 10% 5% 0% 5% 10% 15% Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2000. Figura 22 - População masculina e feminina, rural, em 2010, Monte Gordo. 70 ou mais 4% 3% 60 a 69 5% 5% 50 a 59 9% 8% 40 a 49 10$ 11% 13% 30 a 34 14% 25 a 29 9% 20 a 24 9% 15 a 19 10 a 14 9% Mulheres 9% Homens 11% 12% 12% 13% 5a9 10% 10% 0a4 8% 8% 15% 10% 5% 0% 5% 10% 15% Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010. 90 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA A população rural de Monte Gordo demonstra, igualmente, as mesmas tendências ocorridas no ambiente urbano, todavia, com maior intensidade, uma vez que essa foi, dentre as populações rurais dos três distritos, aquela que, ao contrário das outras, teve o maior incremento populacional, com uma taxa de crescimento geométrico de 3,65%. Mas o desenho da pirâmide apresentou-se o mesmo, com a diminuição percentual daqueles entre 0-29 anos, uma estabilização e pequeno crescimento em 2010 daqueles que se encontram na categoria de 30 anos em diante. Destarte, ao imaginarmos as proporções que esses números possam tomar com o passar dos anos, desde que os segmentos da economia de Camaçari continuem a crescer como indicado, as questões demográficas comportarão elementos primordiais para se pensar o planejamento do território municipal, e, em congruência a este contexto, reside a importância do planejamento no campo do saneamento. (OTENIO et. al., 2007). Não obstante, para essa perspectiva se confirmar, necessita-se de um debate acerca das implicações deste crescimento na área do saneamento. 6.6 Projeção Populacional Essenciais para a orientação de políticas públicas, as projeções populacionais são instrumentos valiosos para qualquer campo do planejamento. Munidos de informações que dão agilidade às análises e prospectivas, no campo do saneamento básico esses mecanismos auxiliam na formulação de políticas e intervenções específicas para o público certo. Todavia, essas projeções não servem tão somente ao poder público, a iniciativa privada aproveita dos dados oficiais para traçar seu planejamento, otimizando custos e aproveitando o fluxo de capital e informações dos principais locais e cenários da economia planetária. Baseadas no cálculo de muitos indicadores sociais e econômicos, como o PIB, por exemplo, no Brasil, essas projeções iniciaram-se em 1973 pelas mãos do IBGE, no entanto, até a década de 80, esse cálculo referia-se apenas ao plano macro, ou seja, ao território nacional. Sentindo a necessidade de conhecer melhor os microdados que se encontram na escala estadual e principalmente no âmbito do município e da gama de possibilidades e novidades que esses dados poderiam acrescentar à análise da conjuntura nacional, a partir de 1989 o IBGE instituiu a projeção populacional para as 91 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA unidades da federação e para os municípios, sendo publicada periodicamente até o dia 31 de agosto de cada ano analisado. Desde o começo desse processo, a metodologia escolhida foi a das componentes geográficas, conforme se explicitou nas notas metodológicas, que reúne um conjunto matemático de cálculos que envolvem basicamente três pilares demográficos: mortalidade, fecundidade e migração. Esta metodologia, de acordo com o órgão supracitado, “constitui-se na mais delicada etapa do processo como um todo, pois a formulação das hipóteses sobre as perspectivas futuras da fecundidade, da mortalidade e da migração requer o empreendimento de um esforço cuidadoso no sentido de garantir a coerência entre os parâmetros disponíveis, descritivos das tendências passadas, e aqueles que resultarão da projeção (OLIVEIRA E FERNANDES, 1996).” (IBGE, 2004, p. 11) Dessa forma, de acordo com o IBGE (2014) tal metodologia é muito útil no âmbito macro analítico, mas, para contingentes populacionais no âmbito dos municípios, por exemplo, suas variáveis facilmente extrapolariam a base de cálculo municipal, o que, durante anos, tornou-se uma das grandes questões metodológicas enfrentadas pelo instituto em “introduzir procedimentos alternativos, de controle e avalição das cifras obtidas” (IBGE, 2014, p. 8). Para tanto, a partir de 2011, as estimativas das populações municipais passaram por momentos de alteração mediante uma nova perspectiva metodológica implementada pelo Censo de 2010, perspectivas essas que necessariamente precisam ser comentadas. 1. “A atualização do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE) aos registros das unidades recenseadas a partir do Censo Demográfico 2010. [...] 2. A atualização de toda a Base Territorial Digital (cadastros territoriais e mapas digitais) em nível municipal, integrando as bases urbanas e rurais ao cadastro de endereços fornecido pelo CNEFE. [...] 3. A utilização pelos recenseadores de um computador de mão ou PDA (Personal Digital Assistants) a partir do qual foi desenvolvido um questionário eletrônico em substituição ao antigo de papel, permitindo a introdução de procedimentos de críticas das informações prestadas em tempo real [...] 4. A instalação de GPS (Global Position System) nos PDA´s dos recenseadores, permitindo a ampla supervisão do ritmo da coleta e cobertura geográfica das informações, bem como o georreferenciamento de todas as unidades visitadas nas zonas rurais do país [...] 92 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 5. A introdução da internet como alternativa para preenchimento do questionário eletrônico do censo [...] 6. A informatização com laptops dos cerca de 7.000 postos de coleta espalhados por todo o território nacional em cada um dos 5.565 municípios. [...] 7. A utilização do Sistema de Indicadores Gerenciais da Coleta (SIGC) para o processamento das informações da coleta transmitidas pelos postos de coleta, através do SIGPC, possibilitando aos servidores do IBGE o acompanhamento quase que em tempo real [...] 8. A criação das Comissões Censitárias Estaduais (CCE´s), das Comissões Municipais de Geografia e Estatística (CMGE´s) e de algumas Comissões Censitárias Locais (CCL´s), estabelecendo uma parceria com o IBGE no tocante ao apoio e monitoramento da operação censitária e à mobilização da sociedade civil e dos gestores públicos, [...] conferindo assim uma maior transparência no processo. [...] 9. A maior precisão das informações aferidas a partir do questionário da amostra, nos municípios de pequeno porte, a partir da aplicação de cinco frações amostrais distintas em função do tamanho do município; e 10. A parceria estabelecida com os diversos Ministérios, órgãos regionais de estatística, secretarias estaduais e órgãos de planejamento metropolitano, em nível nacional, bem como com Organismos Internacionais, tais como a ONU (Statistics Division, FAO e CEPAL), com o EUROSTAT, a OECD, o MERCOSUL e diversos órgãos oficiais de estatística de outros países, de forma a cooperarem, dentro de suas possibilidades, com a operação censitária brasileira.” (IBGE, 2011, p. 10-12). Em função de todas essas melhorias nos procedimentos adotados na realização do Censo Demográfico 2010, pode-se considerar esta pesquisa como uma referência fundamental para a elaboração das estimativas da população para o ano de 2011 e, como consequência, também para os anos subsequentes. Não obstante, para as estimativas divulgadas em 2011 e 2012 a base de dados do Censo 2010 não havia passado por todas as fases de avaliação da consistência, com vistas à sua utilização para elaboração de modelo atualizado de projeção, o que fez com que os resultados entre 2012 e 2013 apresentassem uma distorção dos dados no resultado de 2013. O exemplo mais concreto desse comportamento metodológico foi o aumento populacional em 20.337 de 2012 para 2013 em Camaçari, esse aumento, até então não experimentado pelo município, reflete a tentativa de consertar os aspectos metodológicos que só estarão corrigidos com os resultados da Estimativa para 2014. Embora as dificuldades de se aplicar o método das componentes demográficas em menor escala sejam evidentes mediante sua complexidade e necessidade de se ter todo o dado tabulado e divulgado pelo IBGE, por sugestão do órgão representado no estado da Bahia, optou-se em desenvolver metodologicamente esta projeção de acordo com os postulados matemáticos do cálculo da taxa de crescimento geométrico 93 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA em detrimento da exatidão bruta que a mesma oferece para cálculos de proporções menores, como as projeções populacionais de cidades e pequenas regiões. Onde: Rg = Taxa de Crescimento Geométrico; t = tempo transcorrido entre as duas datas de referência dos censos; Pinicial = população no início do período (2000); Pfinal = população no fim do período (2010). (GIVISIEZ, 2004). As principais limitações desse método consistem em: ● Imprecisões da base de dados utilizada para o cálculo do indicador, relacionadas à coleta de dados demográficos ou à metodologia empregada para elaborar estimativas e projeções populacionais. ● As variações temporais e espaciais na recente dinâmica populacional brasileira recomendam cautela na utilização desse indicador, principalmente quando aplicado a pequenas populações. ● Projeções da taxa para anos distantes do último censo demográfico realizado podem não refletir as transformações da dinâmica populacional. Deste modo, assume-se o método em questão, cuja primeira analogia refere-se aos períodos dos dados censitários, onde se verificou que as taxas geométricas de crescimento são positivas e declinantes, este cálculo para o intervalo entre 2000 e 2010, apresentou uma taxa de crescimento geométrico de 4,15% a.a. No entanto, como foram apresentados os números da Estimativa da População para 2011, 2012 e 2013, esperou-se este último dia 31 de agosto para, através dos dados distorcidos entre 2012 e 2013, os mesmos foram corrigidos pelos dados de 2014, de onde partiu o coeficiente para ser multiplicado pelos anos posteriores. Assim, esse coeficiente que representou 1,02% a.a. foi a taxa de crescimento utilizada na projeção que está contida na Tabela 16 (IBGE, 2011, 2012, 2013 e 2014). 94 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 16 - Projeção Populacional de Camaçari a partir do método das taxas de crescimento geométrico, no intervalo entre 2014-2034. Taxa de Crescimento Geométrico Ano (Ano * 1,02%) 2000 161.727 2010 242.970 2011 249.206 2012 255.238 2013 275.575 2014 281.413 2015 287.041 2016 292.782 2017 298.638 2018 304.610 2019 310.703 2020 316.917 2021 323.255 2022 329.720 2023 336.315 2024 343.041 2025 349.902 2026 356.900 2027 364.038 2028 371.318 2029 378.745 2030 386.320 2031 394.046 2032 401.927 2033 409.966 2034 418.165 Fonte: IBGE - Estimativa Populacional 2013-2014. Ao procurar evidências bibliográficas que corroborem com a explicação desse processo, deparamos com dados que foram fundamentais para conferir o método desta estimativa. De acordo com o IBGE (2014), tem-se uma redução do crescimento populacional do estado de mais de 1% nos últimos quatro censos, essa diferença começou entre os censos de 1980 e 1991, quando o percentual era de 2,9; entre 1991 e 2000, apresentou-se um crescimento populacional de 1,84%; e o intervalo 20002010 o crescimento populacional caiu para 0,92%, ou seja, o estado da Bahia, assim como todo o Brasil, vive há 34 anos uma tendência na diminuição das taxas de crescimento populacional no âmbito do estado, porém, essa mesma tendência é contrária em alguns municípios, como Camaçari, por exemplo, que mesmo 95 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA experimentando crescimentos da ordem de 184% entre os anos de 1980 e a contagem populacional de 2007 (SOUZA, 2006a), a partir deste século crescerá mais lentamente. Todavia, dentro do próprio estado da Bahia, essa tendência varia entre os municípios e regiões de acordo com sua dinâmica demográfica, ou seja, mediante as taxas de fecundidade, mortalidade e migração. Cidades como Camaçari apresentaram em todos esses requisitos, quedas. Migração foi o menor, mas a diminuição da fecundidade e o aumento da mortalidade são fatores inexoráveis à variação demográfica (SEI, 2013). Outro fator de extrema importância diz respeito as metodologias para projeção e estimativas populacionais utilizadas pelos órgãos responsáveis por esses estudos, de acordo com a SEI, mais precisamente por meio da sua Coordenação de Estudos Sociopopulacionais - Copesp, a desagregação dos dados ao nível municipal requer um rigoroso cuidado metodológico, principalmente quando se trata das componentes demográficas, que podem, por meio das suscetíveis mudanças no contexto socioeconômico, alterar a dinâmica e comportamento demográfico (SEI, 2013). De acordo com o IBGE-BA, e mais especificamente a sua Supervisão de Documentação e Divulgação de Informações (SDI), esses dados e esse tratamento minucioso no espectro municipal são passíveis de erro. Mediante a tentativa de consertar as projeções e estimativas de anos anteriores, as novas diretrizes metodológicas da estimativa populacional entre 2013-2014 nos conduzem a compreender esse cenário de crescimento populacional sem as taxas do passado, isto é, com um percentual de apenas 1,003% em trinta anos. Se compararmos esta estimativa em relação ao crescimento entre 2000-2010 com 2010-2020, esses dados refletirão essa tendência, pois no primeiro intervalo, tem-se uma taxa de crescimento geométrico de 4,15%, e na estimativa futura do segundo intervalo, se encontrará 1,60%, uma diferença de 2,55% em dez anos. Isto nos faz pensar que a utilização da taxa geométrica de crescimento tornou-se aqui, o método mais simples e confiável para se estimar um cenário futuro que, como se deixou claro, possui elementos que podem facilmente fazê-lo variar, esses elementos que auxiliaram historicamente esse comportamento atual e futuro, são mudanças que vão das políticas de contracepção à inserção feminina no mercado de trabalho, 96 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA passando pelos arranjos territoriais e regionais da economia de um município e pela permanência ou não de uma determinada empresa em seu território. Fatores como este influenciam as tendências demográficas, e, assim, o que se pode concluir desta etapa do plano é que esses dados, confirmando-se ou não, nos dão a impressão de um crescimento populacional muito menos intenso em relação às décadas passadas, mas que preocupa mediante o adensamento urbano que ele provocará ao município em relação às carências existentes no município e sua capacidade no atendimento das mesmas, e isto inclui, dentre outros elementos, o saneamento básico. Esta projeção não é tão simplesmente um exercício figurativo, sabe-se da sua importância para a mensuração de outros dados ligados ao saneamento que deverão ser pensados no intervalo de vinte anos. Todavia, essa iniciativa, assim como àquelas calcadas nos cálculos das componentes demográficas, também pode variar de acordo com acontecimentos que podem ou não mudar os rumos das projeções aqui definidas, isto é, não se define em nenhuma margem de anos a condição demográfica, apenas se pode ter uma noção matemática de relações e variáveis que nem sempre são exatas (SEI, 2013). Um exemplo simples e até mesmo banal trata-se de algumas suposições e hipóteses: suponha-se que a Ford, uma das principais empresas do Polo, se desloque para outro município. Primeiramente, a taxa de migração de Camaçari sofreria alterações, tanto pela saída de população quanto pela não chegada de outras pessoas que vão morar na cidade pelo emprego oferecido por esta e outras indústrias. Outro exemplo: caso o metrô ou algum sistema de trem urbano dê prosseguimento ao seu projeto, passando por cidades da Região Metropolitana de Salvador, no que tange à migração pendular, os índices de Camaçari seriam outros, e de população residente também, pois um (a) trabalhador (a) poderia residir em Salvador, Lauro de Freitas etc. e tão somente trabalhar em Camaçari, o que geraria uma diminuição demográfica e, consequentemente, por menor que seja, uma perda na arrecadação do município. Esse exemplo serve para a melhoria dos transportes urbanos que não sejam exclusivamente sobre trilhos, mas os rodoviários, principalmente. Portanto, tendo usado este método e apresentado os valores acima, a seguir na Tabela 17, demonstra-se por meio dos dados obtidos as estimativas para a Sede de Camaçari e os distritos de Abrantes e Monte Gordo. Lembrando, mais uma vez, que 97 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA esses dados podem ou não se darem no período de tempo calculado, pois, como dito nos parágrafos anteriores, trata-se apenas de uma noção matemática de relações e variáveis que pode não se concretizar mediante as direções que o município levar a cabo para os próximos anos, principalmente no campo econômico, pois é a sua condição de cidade industrial que historicamente fez com que os índices demográficos de Camaçari estivessem muito acima das demais cidades baianas, incluindo a capital Salvador. Tabela 17 - Estimativa da Variável População residente (Pessoas), 2010 a 2034, por distrito. Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 Camaçari/Sede Urbana Rural 3.933 161.181 3.389 166.071 3.471 170.091 3.748 183.643 3.827 187.534 3.904 191.284 3.982 195.110 4.061 199.012 4.143 202.992 4.226 207.052 4.310 211.193 4.396 215.417 4.484 219.726 4.574 224.120 4.665 228.602 4.759 233.174 4.854 237.838 4.951 242.595 5.050 247.447 5.151 252.396 5.254 257.443 5.359 262.592 5.466 267.844 5.576 273.201 5.687 278.665 Abrantes Urbana Rural 1.826 46.457 1.994 47.848 2.042 49.006 2.205 52.910 2.251 54.031 2.296 55.112 2.342 56.214 2.389 57.338 2.437 58.485 2.486 59.655 2.535 60.848 2.586 62.065 2.638 63.306 2.691 64.572 2.744 65.864 2.799 67.181 2.855 68.525 2.912 69.895 2.971 71.293 3.030 72.719 3.091 74.173 3.152 75.657 3.215 77.170 3.280 78.713 3.345 80.288 Monte Gordo Urbana Rural 5.238 24.335 6.579 23.326 6.738 23.890 7.275 25.794 7.429 26.340 7.578 26.867 7.729 27.404 7.884 27.952 8.042 28.512 8.203 29.082 8.367 29.663 8.534 30.257 8.705 30.862 8.879 31.479 9.056 32.109 9.237 32.751 9.422 33.406 9.611 34.074 9.803 34.755 9.999 35.451 10.199 36.160 10.403 36.883 10.611 37.620 10.823 38.373 11.040 39.140 Total 242.970 249.206 255.238 275.575 281.413 287.041 292.782 298.638 304.610 310.703 316.917 323.255 329.720 336.315 343.041 349.902 356.900 364.038 371.318 378.745 386.320 394.046 401.927 409.966 418.165 Fonte: IBGE - Estimativa Populacional 2013-2014. Contudo, faz-se necessário deixar claro que esta tabela, ao contrário das demais, faz parte de um exercício cujo objetivo é tão somente elucidar o público presente nessas áreas no tempo estimado. Para construí-la, utilizou-se das seguintes perspectivas: notou-se que no cenário de 2010, a Sede de Camaçari possuia 68% da população total (contando urbana e rural), Abrantes possuia 20% e Monte Gordo 12%. Dessa 98 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA forma, calculou-se através de uma regra de três a porcentagem da zona rural em relação aos perímetros urbanos, o resultado foi que 2% da população da Sede residiam na zona rural, em Abrantes, 4%, e 22% desta mesma população rural em Monte Gordo. Dessa forma, utilizou-se - e tornamos a repetir - de forma hipotética esses percentuais para calcular a população dos distritos como se eles fossem crescer mantendo essas porcentagens por área. Então, mais uma vez deixa-se claro que este exercício especulativo encontra-se aqui como uma forma de tentar espacializar estas informações numa estimativa futura que, como dito, pode ser alterado por outras variáveis que não seja tão somente demográficas. Assim, dentro desta perspectiva, nota-se um cresimento moderado entre os anos analisados, por exemplo, entre 2000-2010, registrou-se um percentual de 4,15% a.a., para as estimativas seguintes, este aumento populacional ganha números menores, seguindo a lógica nacional, no período 2010-2020 a taxa de crescimento aponta para um percentual de 1,6% para o intervalo destes dez anos, e para o período que compreende os anos de 2020-2030, as perspectivas de crescimento são menores, ou seja, 0,2%, mesma porcentagem para os quatro anos do período 2030-2034. Portanto, observa-se que, seguindo a tendência do estado e do país, mesmo não tendo esse crescimento negativo, as taxas geométricas de crescimento dos municípios apresentam uma inflexão em relação às decadas passadas. Percebe-se ainda, e com certo receio, o aumento da população urbana, que, por sua vez, necessitará de investimentos de infraestrutura para alocar essa quantidade de pessoas que, mesmo crescendo em ritmo lento, requer do poder público os requisitos necessários para uma melhor qualidade de vida urbana, e os aspectos ligados ao saneamento básico são, de certa forma, os pilares para este objetivo. O crescimento das áreas urbanas são de suma importância para o exame acerca da mensuração populacional no período presente e futuro, por isso, concentrar-se em apenas uma metodologia é um risco quando se trata de um assunto tão importante no campo do planejamento. Faz-se necessário lembrar que as projeções e estimativas populacionais são, normalmente, bastante complexas, pois precisam ser analisadas todas as variáveis para que se possa interagir na localidade específica em análise, 99 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA levando em consideração a ocorrência de eventos inesperados que mudem totalmente a trajetória prevista para o crescimento populacional. (GIVISIEZ, 2004). É neste contexto que os métodos matemáticos associados às determinações dos parâmetros de algumas equações de projeção populacional dão sentido ao se cruzarem com informações paralelas que, mesmo não sendo quantificáveis na maioria das vezes, estão relacionadas aos aspectos sociais, econômicos, geográficos, históricos etc. Esta relação das informações paralelas está imbricada com o bom senso do analista e sua opção quanto ao método de projeção a ser adotado, e na interpretação dos resultados. Neste sentido, optou-se aqui inserir a análises dos métodos exponencial, linear, logarítmica, polinomial e potência para diversificar o universo metodológico e ter maiores subsídios para examinar o crescimento populacional de Camaçari. Esses métodos matemáticos, cada um com suas características, servirão para comparar os seus resultados com a Taxa de Crescimento Geométrico já explanado, objetivando observar o sentido de que as populações reais futuras não venham facilmente a ultrapassar a população de projeto estimada, induzindo sobrecargas no sistema implantado, e sempre considerando uma margem de segurança na comparação das estimativas (GIVISIEZ, 2004). Tabela 18 - Taxa de Crescimento do Município de Camaçari, 1991-2010. Ano População Total Taxa crescimento 1991 113.639 - 2000 161.727 4,00% 2010 242.970 4,15% Do período 4,08% Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 1991, 2000 e 2010. Com base na população recenseada de Camaçari, e considerando os métodos matemáticos supracitados, são traçadas as linhas de tendência que melhor se adequam aos pontos da amostra. Assim, é possível analisar e selecionar a curva que melhor represente a estimativa de crescimento da população para o horizonte de projeto, já que as referidas curvas e suas respectivas equações são fundamentadas em dados reais recentes. A Figura 23 apresenta essas tendências. 100 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 23 - Linhas de tendência para população recenseada de Camaçari. População (hab.) 250.000 230.000 População TOTAL 210.000 Exponencial (População TOTAL) Linear (População TOTAL) 190.000 170.000 Logaritmo (População TOTAL) 150.000 Polinômio (População TOTAL) 130.000 110.000 1990 Potência (População TOTAL) 1995 2000 2005 2010 Ano Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 1991, 2000 e 2010. A seguir, faremos uma breve explanação sobre cada um dos métodos, e, em seguida, serão apresentados os resultados obtidos, sendo possível analisar criticamente no contexto do município, qual ou quais os métodos apresentam resultados mais próximos à possível tendência futura de crescimento. Salienta-se que, além da equação matemática das linhas de tendência obtidas por cada modelo matemático, é também analisado o valor de R², que indica o quão coerente está a equação obtida com relação aos dados primários (população recenseada) fornecidos, com valores que variam entre zero e um. Método de Projeção Exponencial Este método considera que a população cresce exponencialmente. Ao se utilizar esta função num exercício de projeção populacional, consideramos que a tendência do crescimento da população não será tão significativa no curto prazo. Para tanto, inseriu-se no Excel os dados da população urbana registrada pelo IBGE no município nos anos 1991, 2000 e 2010. A partir daí, traçou-se uma curva e obtivemos a função exponencial da mesma, representada pela fórmula abaixo. y = 3E-30e0,04x R² = 1,00 Método de Projeção Linear Na função linear, supomos um crescimento populacional linear constante ao longo do tempo baseado em todos os dados que temos. Da mesma maneira, inseriram-se no 101 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Excel os dados da população urbana registrados pelo IBGE no município nos anos 1991, 2000 e 2010, representadas pela seguinte fórmula: y = 6.831,20x - 13.491.900,61 R² = 0,99 Método de Projeção Logarítmica Na função logarítmica, verifica-se um crescimento mais acentuado no início da projeção, passando por um alívio das taxas ao longo do tempo. Da mesma maneira, colocaram-se no Excel os dados da população urbana registrados pelo IBGE no município nos anos 1991, 2000 e 2010, resultando na fórmula abaixo: y = 13.664.070,77ln(x) - 103.688.664,81 R² = 0,99 Método de Projeção Polinomial A função cuja regra que associa os elementos do domínio (x) às respectivas imagens (y) é um polinômio. Neste caso, a função selecionada será um polinômio de 2º grau. Inseriram-se no Excel os dados da população urbana registrados pelo IBGE no município nos anos 1991, 2000 e 2010. y = 146,38x2 - 578.852,93x + 572.354.144,54 R² = 1,00 Método de Projeção Potência O método da potência procede de forma interativa para produzir uma sequência de escalares que converge para um ponto. Da mesma forma como foi feito nos demais métodos, incluiu-se no Excel os dados da população urbana registrada pelo IBGE no município nos anos 1991, 2000 e 2010, cujo resultado encontra-se na fórmula adiante. y = 1E-259x80,038 R² = 0,99 Ao contrário dos textos que vieram separados, optou-se aqui em desenvolver esses cálculos de maneira conjunta, ou seja, numa mesma tabela para facilitar ao leitor a sua intepretação. Destarte, segue a Tabela 19 com esses cálculos para, em seguida, apresentarmos o gráfico (Figura 24) que consolida as curvas e a análise aqui proferida. 102 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 19 - Projeção Populacional de Camaçari por curvas de tendência Ano Exponencial Linear Logarítmica Polinomial Potência 2010 242.970 242.970 242.970 242.970 242.970 2011 258.089 245.643 245.551 259.334 250.892 2012 268.622 252.474 252.344 269.368 261.076 2013 279.584 259.305 259.133 279.695 271.668 2014 290.994 266.136 265.920 290.314 282.685 2015 302.870 272.967 272.702 301.226 294.142 2016 315.231 279.799 279.482 312.431 306.058 2017 328.095 286.630 286.258 323.929 318.451 2018 341.485 293.461 293.031 335.719 331.338 2019 355.421 300.292 299.800 347.802 344.740 2020 369.926 307.123 306.566 360.178 358.678 2021 385.023 313.955 313.329 372.847 373.171 2022 400.737 320.786 320.088 385.808 388.243 2023 417.091 327.617 326.844 399.062 403.915 2024 434.113 334.448 333.597 412.609 420.212 2025 451.829 341.279 340.347 426.449 437.158 2026 470.269 348.111 347.093 440.581 454.778 2027 489.461 354.942 353.835 455.006 473.099 2028 509.436 361.773 360.575 469.724 492.149 2029 530.226 368.604 367.311 484.735 511.956 2030 551.865 375.435 374.043 500.039 532.550 2031 574.387 382.267 380.773 515.635 553.961 2032 597.829 389.098 387.499 531.524 576.222 2033 622.227 395.929 394.222 547.706 599.366 2034 647.620 402.760 400.941 564.180 623.427 Fonte: IBGE, Estimativa Populacional 2013-2014. 103 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Abaixo, segue o gráfico (Figura 24) com a representação das curvas a partir dos cálculos obtidos por meio das equações, onde se poderá perceber que alguns métodos aproximam-se do quantitativo da Taxa de Crescimento Geométrico, tais como a Linear e a Logarítmica. População Figura 24 - Projeção Populacional de Camaçari por Curvas de Tendência. 700.000 650.000 600.000 550.000 500.000 450.000 400.000 350.000 300.000 250.000 2012 Exponencial Linear Logarítimica Polinomial Potência 2016 2020 2024 2028 2032 2036 Ano Fonte: IBGE - Estimativa Populacional 2013-2014. A Tabela 20 representa os resultados das projeções, o que serve de base para seleção de um dos métodos matemáticos estudados. Neste caso, a projeção por função Linear e Logarítimica ficaram mais próximas aos resultados trazidos pelo método da Taxa de Crescimento Geométrico. Considerando que o R² está satisfatório, acredita-se que a seleção da curva com menor taxa de crescimento faz juz à realidade de saturação da localidade, e no caso da curva selecionada, ela manteve o padrão de crescimento entre as faixas 2010-2014 e 2014-2034. Tabela 20 - Taxa de Crescimento Populacional de Camaçari pelos métodos Exponencial, Linear, Logarítimica, Polinomia e Potência. Parâmetro Exponencial Linear Logarítmica R² Polinomial Potência 1,00 0,99 0,99 1,00 0,99 Taxa de crescimento entre 2010 – 2014 (projetada) 4,61% 2,30% 2,28% 4,55% 3,86% Taxa de crescimento entre 2014 – 2034 (projetada) 4,08% 2,09% 2,07% 3,38% 4,03% Fonte: IBGE - Estimativa Populacional 2013-2014. Embora cada método apresentado demonstre uma diferença conceitual e metodológica, percebe-se a proximidade nos resultados entre a Taxa de Crescimento Geométrico e as Projeções Linear e Logarítimicas. A primeira, apresenta uma 104 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA população para 2034 com 418.165, a segunda 402.941, e a terceira 400.941. A nosso ver, se confere maior confiabilidade à Taxa de Crescimento Geométrico mediante o fato de que a mesma foi calculada a partir do ano de 2015, uma vez que os dados de 2011 a 2014 foram dados pelo próprio IBGE (IBGE, 2011, 2012, 2013 e 2014), assim, a Taxa de Crescimento Geométrico aqui empregada foi calculada por meio das diferenças entre os anos de 2013 e 2014, conforme já explicitado, ao contrário das demais projeções, cujo cálculo desses números se deram por meio dos seus métodos a partir do ano de 2011. Dessa forma, dentre os métodos apresentados, indica-se aqui o uso da Taxa de Crescimento Geométrico, pois, conforme comentário do parágrafo acima, e tendo em vista as perspectivas apresentadas por Von Sperling (2014), os estudos de projeção populacional, além de complexos, devem analisar todas as variáveis que possam ser quantificáveis ou não, além do que, elas devem interagir na localidade específica em análise. E esse é o caso da Taxa de Crescimento Geométrico, pois esta metodologia, a nosso ver, ressalta a necessidade do estabelecimento de um valor realístico para o horizonte de projeto, baseado em dados que não são apenas elementos matemáticos, mas também, elementos qualitativos. Mediante este quesito, acredita-se que este seja o método mais apropriado para o município, pois, como dito acima, ao contrário de outros métodos matemáticos, como as projeções linear e logarítmica, as Taxas de Crescimento Geométrico estão associadas às determinações e parâmetros cujas equações de projeção populacional encontram-se embasadas por informações paralelas (VON SPERLING, 2014), neste caso, de acordo com o autor supracitado, os dados extraídos de métodos matemáticos “puros” acabam perdendo o sentido na maioria das vezes por não conseguirem correlacionar suas diretrizes matemáticas a dados não quantificáveis, tais como os aspectos sociais, econômicos, geográficos, históricos, etc. A Taxa de Crescimento Geométrico, por sua vez, não é calculada tão somente por variáveis matemáticas, os números da contagem populacional de onde se extraíram os percentuais deste crescimento levam em consideração todos esses fatores não quantificáveis. Assim, esta Taxa não é tão somente um emaranhado de equações matemáticas, são dados quantitativos que levam em consideração elementos qualitativos. 105 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Outro elemento que julgamos pertinente para tal escolha refere-se ao fato de que a Taxa de Crescimento teve um melhor ajuste aos dados censitários disponíveis, apresentando uma margem de segurança na estimativa, “no sentido de que as populações reais futuras não venham, a menos de alguma forte causa imprevisível, facilmente ultrapassar a população de projeto estimada, induzindo a precoces sobrecargas no sistema implantado.” (VON SPERLING, 2014, p. 130). Mesmo que as diferenças entre esses três métodos de projeção seja pequena em números absolutos, sugere-se o uso de qualquer um deles para um trabalho com essas características, levando em consideração todos os riscos que uma projeção populacional pode trazer, dentre eles, os aspectos políticos, econômicos, sociais etc., uma vez que esses fatores podem influenciar as tendências de crescimento de um determinado local. Por esse motivo, o próximo item faz essa discussão analisando as tendências de expansão urbana de Camaçari e os caminhos e direções que a mesma pode tomar com os anos, avaliando sempre, o potencial demográfico que tais áreas podem atrair. Dentre as muitas áreas da cidade que devem ser analisadas, a Orla de Camaçari torna-se impreterível para compreender a dinâmica populacional e o avanço nesta parte valoroza do município. 6.6.1 População Flutuante: uma ênfase na orla de Camaçari - BA Em certas cidades, além da população residente, o número de pessoas que utilizam temporariamente os equipamentos urbanos ou mesmo as instalações desses municípios e que é significativo para o cálculo na determinação das vazões no uso de água e para tratamento de esgoto, além de outras características urbanas, é considerado como a população flutuante de uma cidade. O principal exemplo desta ocorrência demográfica encontra-se em municípios balneários, estâncias climáticas, estâncias minerais, ou seja, em cidades turísticas, onde aquelas que se encontram no litoral estão entre os principais exemplos a serem analisados. Esta população é denominada de população flutuante, pois varia de acordo com as sazonalidades dos períodos de veraneio ou mesmo de férias escolares, levando-se em consideração os feriados e finais de semana. Da mesma maneira que é feito para a população fixa, os estudos a respeito dessas populações também deverão ser desenvolvidos para que as mesmas sejam 106 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA determinadas no intuito de promover informações e indicadores que deem subsídios ao planejamento dessas cidades, incluindo, dentre outras variáveis, as questões sobre saneamento básico. Essa população flutuante, que se estabelecem em hotéis, colônias de férias, pensões, campings ou similares também é possível conhecer através dos registros efetuados no campo do turismo, como a quantidade de empreendimentos ligados a rede hoteleira de uma cidade, aferindo desde o número de quartos e, principalmente, a quantidade de pessoas que cada estrutura comporta e o seu índice de preenchimento durante os períodos de alta e baixa estação. Todavia, nos interessa aqui o quantitativo que ocupa eventualmente os domicílios classificados nos censos como de uso ‘ocasional’, e que, infelizmente, não é submetida a nenhum tipo de registro, impedindo, muitas vezes, o conhecimento de seu volume e as incidências dos impactos que a mesma pode causar em uma determinada área. Devido a isso, e analisando o espectro metodológico entorno desta temática, optouse aqui por recorrer às variáveis sintomáticas para estimar essa população, essas variáveis dizem respeito à correlação de razões que aferem o contingente populacional que se desloca para os municípios turísticos em finais de semana, feriados e férias escolares, e que se alocam nesses domicílios. Elas se dão por meio da análise de uma determinada subárea, não sendo necessário que as informações referentes a ela tenham servido de base para a definição de outros parâmetros ou modelos, isto é, cabe ao pesquisador elencar os dados que melhor caibam na análise que se pretende (GODINHO, 2000; JARDIM, 2006). A essa flexibilidade metodológica, e por não se ter esses dados por meio dos órgãos oficiais - sejam eles nacionais, estaduais ou mesmo municipais - optou-se em analisar essas variáveis e estimar, de acordo com as projeções populacionais acima, a população flutuante da orla de Camaçari, centrando nos dois distritos litorâneos, Abrantes e Monte Gordo. Mais uma vez reitera-se que este exercício trata-se de uma estimativa, e que será baseado em duas análises escolhidas para tal: como o interesse é a orla e o público que a frequenta durante os períodos de maior densidade da área, ou seja, dezembro a fevereiro, primeiramente, faremos um levantamento dos domicílios de Abrantes e Monte Gordo em relação à situação de ocupação e o número de moradores por domicílio, a esses dados levantaremos também os rendimentos por domicílio, para comprovarmos que a maioria dessas ocupações é de classe média, 107 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA principalmente no que diz respeito aos condomínios fechados. Tendo esses dados em mãos, associaremos às condições de abastecimento de água e esgotamento sanitário nos ambientes urbanos e rurais. Essa parte é para demonstrar a partir do último Censo, uma caracterização da área e seu potencial demográfico, levando em consideração somente os residentes do local. Por se tratar de uma estimativa, uma vez que não existe metodologia oficial para este tipo de análise e projeção, embasaremos essas ideias com o estudo de dois grupos de pesquisa, um ligado à Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o outro à Universidade Católica de Salvador (UCSAL) sobre a capacidade social do litoral de Camaçari e o impacto nos períodos veranistas. Dessa forma, iniciaremos as análises a partir dos dados sobre as residências e o tipo de ocupação de cada uma, de acordo com o Censo de 2000 e 2010, vejamos o crescimento das mesmas na Tabela 21. Tabela 21 - Número de domicílios particulares em Camaçari, Total, Sede, Abrantes e Monte Gordo, divididos em ocupados, uso ocasional e vago, 2000-2010. Município e Distrito Camaçari - total Sede - Camaçari Abrantes Monte Gordo Espécie Ano 2000 2010 Particular 58.648 105.995 Particular 35.526 63.824 Particular - ocupado 29.825 50.514 Particular - não ocupado - uso ocasional 1.352 2.568 Particular - não ocupado - vago 4.349 10.742 Particular 12.623 23.530 Particular - ocupado 7.081 14.635 Particular - não ocupado - uso ocasional 3.786 5.763 Particular - não ocupado - vago 1.756 3.132 Particular 10.499 18.641 Particular - ocupado 4.546 8.982 Particular - não ocupado - uso ocasional 4.546 7.151 Particular - não ocupado - vago 1.407 2.508 Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. 108 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Dos 105.995 domicílios existentes em Camaçari no ano de 2010 6, 99,8% eram particulares, sendo que apenas 69,7% estavam ocupados, ou seja, aproximadamente 30% desses domicílios não se encontravam ocupados naquele momento, 14,6% estavam com uso ocasional, isto é, aqueles domicílios particulares que são usados para descanso nos finais de semana, férias ou para outros fins; com um contingente pouca coisa maior, os domicílios vagos, por sua vez, apresentou 15,4%. Isto quer dizer que 30% dos domicílios naquele período, em todo o município, não se encontravam habitados cotidianamente. Para dar prosseguimento a análise, levantou-se o número de domicílios total nos dois distritos em destaque, chegando a 23.577 domicílios nos dois distritos, seja no ambiente urbano ou rural, o que representou 30% do total de domicílios particulares de Camaçari, ou seja, 30% desses domicílios encontram-se na área litorânea do município, como se perceberá na Tabela 22 que traz esses dados. Tabela 22 - Número e tipos de domicílios particulares em Camaçari, zona urbana e rural, 2010. Distrito Abrantes Monte Gordo Situação do domicílio Urbana Rural Casa 12.451 533 Casa de vila ou em condomínio 1.266 2 Apartamento 293 Habitação em casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco 69 5 Oca ou maloca Casa 7.167 1.487 Casa de vila ou em condomínio 198 10 Apartamento 46 Habitação em casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco 45 5 Oca ou maloca Tipo de domicílio Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. SIDRA - Sistema IBGE de Recuperação Automática. Observa-se que a maioria esmagadora dos domicílios constituem-se de casas e se encontram nos perímetros urbanos dos distritos, em seguida, as casas de vila ou condomínios, que ainda estão em menor quantidade, totalizaram, em Abrantes,14.619 domicílios, 14.079 urbanos e 540 rurais; Monte Gordo apresentou 8.958 domicílios, sendo 7.456 urbanos e 1.502 rurais. Não obstante, para as análises em questão, mesmo essas casas não sendo identificadas como ocupadas, de uso ocasional ou vagas, imagina-se o potencial das mesmas na absorção de pessoas no que se refere 6 Os demais 332 domicílios, que formam os 106.117 domicílios totais do município, não entram na presente amostra. 109 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA às possibilidades de locação nos períodos de temporada, principalmente se lembrarmos a quantidade de pessoas vivendo nesses dois distritos, descrito na Tabela 23. Tabela 23 - População urbana e rural de Abrantes e Monte Gordo, 2010. População Distrito Abrantes Monte Gordo Urbana Rural 46.457 24.335 1.826 5.238 Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. Se fizermos uma média do total de moradores em relação ao número de domicílios, sem classificá-los em casa, condomínio etc., ter-se-ia em Abrantes, por exemplo, no ambiente urbano, uma média de 3,2 moradores por residência, e 3,4 na zona rural; Monte Gordo, apresetaria os mesmos números. Obviamente, mesmo não tendo esses dados por distrito, sabe-se que essa relação não apresenta esse hermetismo, todavia, a densidade aqui estimada demonstra que os distritos tem um potencial para receber visitantes, uma vez que esses domicílios podem ser alugados por temporada, por exemplo. Mediante a falta de dados oficiais, outras informações, como a quantidade de cômodos e a densidade dos mesmos nesses domicílios, auxiliam o entendimento deste potencial. Este ponto de vista corrobora com a perspectiva que os domicílios destas áreas tem o potencial de agregar uma quantidade grande de pessoas nesses períodos, além da rede hoteleira, é claro. Todavia, como já anunciado, estes dados não se encontram disponíveis na escala dos distritos, apenas do Município de Camaçari – BA como um todo, o que não impede de se observar tal potencial. Tabela 24 - Número de cômodos por tipo de domicílio, Camaçari - BA, 2010. Tipo de domicílio Casa Casa de vila ou em condomínio Apartamento Habitação em casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco Número de Cômodos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1.058 4.085 7.972 11.194 21.136 11.449 4.882 2.224 965 1.523 30 234 448 486 407 289 301 165 131 575 - 11 42 139 2.615 415 116 21 7 - 61 331 365 148 71 11 8 6 - - Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. SIDRA - Sistema IBGE de Recuperação Automática. 110 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Percebe-se que em número de cômodos, as casas são absolutamente superiores, mesmo estando ou não em ambientes rurais ou urbanos, em destaque, aquelas com 4, 5 e 6 cômodos. Outro fato importante em se destacar são as casas de vila ou condomínios, com o segundo maior número absoluto de cômodos, principalmente àquelas com mais de 10 cômodos, num total de 575. Aqui, fazemos as primeiras suposições para se ter uma ideia do potencial que estamos falando: imagina-se que se essas casas de condomínios com 10 cômodos fizessem parte do universo das casas de uso ocasional, e se tivéssemos nos períodos de alta temporada todas essas casas alugadas com seus respectivos dez cômodos ocupados pelo menos por uma pessoa (repete-se: um exemplo fictício), as mesmas apresentariam um potencial de 5.750 pessoas, um número superior às populações rural de Abrantes e Monte Gordo. A Tabela 25 a seguir traz a densidade por cômodo e por tipo de domicílio, o que corrobora com as perspectivas assinaladas a pouco. Tabela 25 - Densidade de moradores por cômodo e por tipo de domicílio, Camaçari - BA, 2010. Densidade de moradores por cômodo Tipo de domicílio Casa Casa de vila ou em condomínio Apartamento Habitação em casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco Oca ou maloca Até 1 morador Mais de 1,0 a 2,0 moradores Mais de 2,0 moradores 57.763 7.662 1.062 1.821 96 29 3.347 20 - 338 249 42 - - - Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010. SIDRA - Sistema IBGE de Recuperação Automática. Embora essas variáveis não tenham a consistência necessária de um dado oficial, sua lógica demonstra que a região da orla de Camaçari ainda possui espaços a serem preenchidos. Todavia, a região da orla de Camaçari é permeada por áreas de interesse ambiental e paisagístico cuja ocupação urbana é restringida/controlada pelo Governo Municipal. Portanto, levando-se em consideração o espaço físico de seu litoral, a próxima análise já parte de outra orientação metodológica, calcada nas análises da capacidade de carga social, e constitui um estudo recente desenvolvido por Silva et al. (2013). Esta análise vem do campo das geociências, e considera a atratividade das praias de um município mediante as suas questões morfogênicas, ou 111 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA seja, no caso de Camaçari, uma das cidades deste estudo7, o fato de ter praias constituídas por corais que formam piscinas naturais, atraindo principalmente aquelas famílias com idosos e crianças, consequentemente, tem um poder atrativo maior devido a características como estas. Embora o artigo que finalizou a pesquisa tenha sido publicado em 2013, os dados coletados são de 2011, mais precisamente, entre os meses de janeiro e fevereiro. A metodologia desta perspectiva analítica se dá calculando o número de frequentadores das praias por cada 10 m² de faixa de areia. De acordo com os autores, a estimativa das áreas estudadas se dão de acordo com as seguintes características: “a) a área média utilizada por usuário (nível de uso atual), b) a área disponível para acomodação dos usuários e c) a capacidade de carga a partir da percepção predominante entre os usuários das praias [...]” (SILVA et al., 2013, p. 55). Dentro do estudo em questão foram analisadas as seguintes praias de Camaçari: Busca Vida; Jauá; Interlagos; Arembepe; Barra do Jacuípe; Guarajuba; e Itacimirim. Assim, considerando a área de praia disponível para acomodação dos usuários (m²); nível de uso atual por praia (área média utilizada por banhistas/recreação (m²) e, por fim, a capacidade de carga social, ou seja, o número de pessoas por dia, considerando um nível de uso, de acordo com a preferência de pessoas entrevistadas nesse período de 2011, numa faixa de 10 m² por usuário, é encontrada a capacidade de carga social apresentada na Tabela 26. Tabela 26 - Capacidade de carga social de sete praias de Camaçari - BA, 2011. Praia Área de praia disponível para acomodação dos usuários (m²) Nível de uso atual por Capacidade de praia (área média carga social utilizada por banh./rec.) (Nº de pessoas por (m²) dia) Busca Vida 120.000 40 12.000 Jauá 100.000 4 10.000 Interlagos 60.000 70 6.000 Arembepe 195.000 2 19.500 Barra do Jacuípe 160.000 12 16.000 Guarajuba 180.000 6 18.000 Itacimirim 50.000 18 5.000 Fonte: Silva, 2013a. 7 As outras cidades pesquisadas foram Mata de São João e Entre Rios, ambas no Litoral Norte. 112 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Somando a capacidade de carga social das sete praias analisadas, tem-se 86.500 pessoas. Obviamente, esse não foi o número de pessoas por dia nas praias, mas sim, o estimado, isto é, essas sete praias tem a capacidade de absorver em um dia esse número que, se comparado à população dos dois distritos no ano anterior, ou seja, 2010, apresenta durante os meses de janeiro e fevereiro uma tendência de ter 8.644 pessoas a mais, isto é, um acréscimo de aproximadamente 11% de usuários por dia nessas praias. Reitera-se que, neste caso, a pesquisa leva em consideração somente as pessoas que se encontravam no momento da contagem e das entrevistas que foram realizadas, a pesquisa não perpassa por dados oficiais, como a totalidade do número de quartos de hoteis, moteis e pousadas existentes, além de não levar em conta o número de casas alugadas nesse período, apenas exprime a capacidade diária máxima dessas praias, o que, de qualquer forma, demonstra o aumento populacional nestes períodos. Mesmo os dados sendo de 2011, subtende-se que, com o aumento da infraestrutura dessas regiões, além dos vetores de crescimento urbano que as mesmas apresentam (próximo item), é de se levar em consideração os impactos ocasionados nessas temporadas e períodos do ano, e as questões sobre o sanemaneto básico refletem tal preocupação. O melhor exemplo para discutir esta preocupação com as questões de saneamento básico nesta porção do território de Camaçari, é pensar em longo prazo na quantidade de pessoas que as praias do litoral da cidade poderão suportar nos anos seguintes. Por se tratar de um estudo que envolve estimativa populacional, cabe, a título de tentar a mensuração desses dados num universo de vinte anos, imaginar quanto seria esse público presente nos veraneios futuros. Dessa forma, apresentaremos na próxima tabela, números referentes ao que pode vir a ser a capacidade social, ou a sua saturação, se levarmos em consideração a partir do ano de 2011, ano inicial desta pesquisa, a porcentagem de crescimento calculado para o município e sua sede, isto é, os 1,04% a.a. Esta taxa foi escolhida tão somente pelo fato de que não se tem dados de outras pesquisas pretéritas pra calcularmos a taxa de crescimento geométrico de um ano para o outro, como foi feito com a população total e que chegou ao resultado percentual que iremos aplicar a este cálculo. 113 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Assim, reitera-se novamente que este é um exercício cuja metodologia se apoia nos dados obtidos da cidade como um todo, assim, aplicá-lo a uma porção de praias, tratase apenas de um exercício figurativo levando em consideração uma porcentagem que não diz respeito ao crescimento na escala em questão, ou seja, das praias do litoral de Camaçari. Portanto, segue a Tabela 27 com o que pode ser em vinte anos a quantidade de população flutuante das praias de Camaçari, tendo em vista que esse crescimento é apenas uma projeção que pode ser reformulada daqui a quantro anos, quando o PMSB será revisado, e assim, talvez com a continuidade dessa pesquisa que aqui embasou tal análise, possa ser feito o cálculo desses dados com maior precisão e rigor metodológico. Tabela 27 - Estimativa para a população flutuante de sete praias de Camaçari - BA, 2014/2034. Ano de Referência 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035 Busca Vida 12.000 12.499 13.018 13.559 14.122 14.708 15.319 15.956 16.619 17.309 18.028 18.777 19.557 20.370 21.216 22.097 23.015 23.971 24.967 26.004 27.085 28.210 29.382 30.602 31.873 Jauá Interlagos Arembepe 10.000 10.415 10.848 11.299 11.768 12.257 12.766 13.297 13.849 14.424 15.023 15.648 16.298 16.975 17.680 18.414 19.179 19.976 20.806 21.670 22.570 23.508 24.485 25.502 26.561 6.000 6.249 6.509 6.779 7.061 7.354 7.660 7.978 8.309 8.655 9.014 9.389 9.779 10.185 10.608 11.049 11.508 11.986 12.484 13.002 13.542 14.105 14.691 15.301 15.937 19.500 20.310 21.154 22.033 22.948 23.901 24.894 25.928 27.005 28.127 29.296 30.513 31.780 33.101 34.476 35.908 37.400 38.953 40.571 42.257 44.012 45.841 47.745 49.729 51.794 Barra do Jacuípe 16.000 16.665 17.357 18.078 18.829 19.611 20.426 21.274 22.158 23.079 24.038 25.036 26.076 27.159 28.288 29.463 30.687 31.962 33.289 34.672 36.113 37.613 39.175 40.803 42.498 Guarajuba Itacimirim 18.000 18.748 19.527 20.338 21.183 22.063 22.979 23.934 24.928 25.964 27.042 28.166 29.336 30.554 31.824 33.146 34.523 35.957 37.451 39.006 40.627 42.315 44.072 45.903 47.810 5.000 5.208 5.424 5.649 5.884 6.129 6.383 6.648 6.924 7.212 7.512 7.824 8.149 8.487 8.840 9.207 9.590 9.988 10.403 10.835 11.285 11.754 12.242 12.751 13.281 Fonte: Silva, 2013a e IBGE - Estimativa Populacional 2013-2014. 114 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Como já explicado, as taxas de crescimento geométrico desta estimativa são consideráveis, por exemplo, no caso da praia de Busca Vida, esse salto corresponderia a 19.873 frequentadores em vinte anos, ou seja, uma taxa de crescimento geométrico de 1,04% a.a., um crescimento absoluto de 7% nesses 24 anos (2011-2025). Assim, imagina-se as novas necessidades no campo do saneamento que a Prefeitura precisará investir para garantir, em vinte anos, essa qualidade ambiental para a localidade. O receito desta situação explica o cálculo da população flutuante, pois mesmos esta população não sendo parte da população residente, nos períodos em que elas foram calculadas, dezembro (2010), janeiro e fevereiro (2011), a sua importância reside no fato de que estas pessoas impactarão durante três meses a oferta de saneamento do litoral de Camaçari. Sendo assim, deixa-se claro que a população flutuante aqui analisada e estimada, serve muito mais para a fase de prognóstico deste PMSB, uma vez que ela não soma à população residente local, mas é importante para mensurarmos a sua dimensão futura para que o planejamento das intervenções no campo do saneamento considerem esse montante com o passar dos anos, proporcionando assim, um planejamento de distribuição e tratamento de água, esgoto, resíduos e drenagem que seja suficiente para atender à população local e aqueles que visitam o litoral de Camaçari. Neste sentido a próxima tabela demonstra esses números, ou seja, a população total do município (neste caso, a partir de 2011) associada ao total da população flutuante nas praias, o objetivo é comparar esse crescimento, isto é, demonstrando o percentual de crescimento da população flutuante em relação à população total. Observemos na Tabela 28. 115 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 28 - Estimativa para a população flutuante de sete praias de Camaçari - BA, 2014/2034. Capacidade de carga % da população flutuante Ano de População Total social/ População em relação à população Referência Flutuante total 2011 249.206 86.500 34,7 2012 255.238 88.230 34,6 2013 275.575 89.995 32,7 2014 281.413 91.794 32,6 2015 287.041 93.630 32,6 2016 292.782 95.503 32,6 2017 298.638 97.413 32,6 2018 304.610 99.361 32,6 2019 310.703 101.349 32,6 2020 316.917 103.376 32,6 2021 323.255 105.443 32,6 2022 329.720 107.552 32,6 2023 336.315 109.703 32,6 2024 343.041 111.897 32,6 2025 349.902 114.135 32,6 2026 356.900 116.418 32,6 2027 364.038 118.746 32,6 2028 371.318 121.121 32,6 2029 378.745 123.543 32,6 2030 386.320 126.014 32,6 2031 394.046 128.534 32,6 2032 401.927 131.105 32,6 2033 409.966 133.727 32,6 2034 418.165 136.402 32,6 Fonte: Silva, 2013a e IBGE - Estimativa Populacional 2013-2014. Para a interpretação desta tabela, lembra-se novamente que as estimativas referentes à população flutuante não apresentarão valores seguros, uma vez que esta pesquisa iniciou-se em 2011 e não se obteve informações de continuidade da mesma. Por isso, o trabalho presente é, como dito, um exercício imaginativo onde otpou-se calcular para o total desta população flutuante nas praias de Camaçari, ou seja, 86.500 pessoas, o valor de 1,02% a.a., taxa de crescimento geométrico calculada para a população total. Portanto, ao utilizarmos essa taxa para o exercício proposto, encontrou-se os números acima, isto é, no ano de 2011, as 86.500 pessoas que eram a taxa máxima flutuante 116 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA que o litoral do município suportaria, representou 34,7% da população da cidade somente nesta área, em 2034, esse percentual estabilizou-se a partir de 2014 em 32,6% para os próximos 20 anos, durante o período veranista, nas praias de Camaçari, mesmo diminuindo este percentual em relação a 2011, esses números reforçam a necessidade de preparação desta parte da cidade para este contingente populacional que possa vir a ocupar neste período o litrola do município. 6.7 Tendências de Expansão Urbana Entende-se por expansão urbana as transformações territoriais que tenham como objeto ou implicação incidir diretamente tanto no aumento da área total de solo urbanizado quanto na ampliação do perímetro urbano de um determinado município, derivando desta definição, um duplo sentido: o primeiro, de cunho material, refere-se ao aumento da área de solo urbanizado; o segundo, de característica potencial, diz respeito ao aumento da área de solo classificado como urbano. Essas duas variáveis de suma importância dão o tom das discussões que realizaremos, pois, tanto a expansão urbana material como a potencial encontram-se presentes no município em questão, uma vez que, em Camaçari, tanto a área de solo urbanizado vem aumentando com o passar dos anos, devido principalmente ao constante crescimento industrial que atrai populações de todo o país para a cidade, como também, no caso do aumento da área de solo classificado como urbana, temse o crescimento dessas áreas inclusive nos distritos de Monte Gordo e Abrantes, o que nos faz pensar que nos dois casos, os fenômenos material e potencial encontramse presentes no território municipal. De acordo com os estudos que embasam esta perspectiva analítica, no caso de Camaçari, a utilização do conceito de expansão urbana deve, por isso, considerar esses dois fatores como essenciais para a análise do processo de crescimento urbano recente. Seja o fator populacional ou mesmo a expansão física das ocupações urbanas, ambos estão representados na Sede do município e na sua parte litorânea, embasados legalmente no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) do município. O fator populacional, como demonstrado nas análises demográficas, representa um desafio em si, mesmo quando exerce um importante peso na expansão da infraestrutura urbana. Porém, em um momento em que mudam significativamente os fluxos migratórios para estas áreas urbanas, o padrão de ocupação pode e deve ser entendido como um fator essencial para que esse crescimento possa se dar com 117 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA maior ou menor custo social. De acordo com Ojima (2007), referindo-se a Angel (2006): “há que se distinguirem estes dois processos, pois é natural que o crescimento da população urbana leve a um crescimento das áreas urbanas para comportar esse contingente populacional dentro das cidades. Mas o que se desenha enquanto um desafio particular ao crescimento das áreas urbanas no século XXI no Brasil não é apenas a pressão dos números, mas como as formas urbanas se moldam sob as tensões do crescimento populacional” (OJIMA, 2007, p. 277). Historicamente, a abertura da Estrada do Coco (década de 1980) e da Linha Verde (década de 1990) proporcionou a rápida ocupação do município e do seu litoral com fins residenciais, causando a urbanização formal frequentemente especulativa e dinamizando o turismo com a ocupação de áreas vizinhas aos povoados e vilarejos existentes, o mapa a seguir (Figura 25), do ano de 2000, representa esses vetores. Figura 25 - Vetores de expansão da Região Metropolitana de Salvador, 2000. Fonte: Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - CONDER, 2000. 118 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA É importante ressaltar que na orla de Camaçari, a estrada em si foi aberta nos anos 1960 para viabilizar a implantação da TIBRAS. A Linha Verde é o trecho da estrada a partir de Mata de São João. Outro detalhe importante a respeito dessa ocupação é que a mesma se deu em maior parte em áreas sem condições sanitárias, o que ameaça até hoje o lençol subterrâneo e compromete o sistema de lagoas litorâneas e destrói solos e paisagens (SOUZA, 2006; SANDES-SOBRAL, 2008). O Vetor Norte, eixo rodoviário formado pela Estrada de Coco e a Linha Verde é, recentemente, o mais novo e o mais dinâmico dos vetores de crescimento da Região Metropolitana de Salvador, reforçando a vocação residencial e turística do litoral de Camaçari e as vantagens de localização industrial postas em evidência pelo Polo Petroquímico. Não obstante, este mesmo Vetor Norte continua sendo o caminho para a direção do fluxo populacional e da ocupação, principalmente do litoral de Camaçari. Conforme as análises sobre população e densidade demográfica, o mapa a seguir (Figura 26) demonstra essa dinâmica no território do município. 119 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 26 - Direção do Fluxo Populacional em Camaçari - BA, 2010. Fonte: IBGE - Setores Censitários, 2010. Os seus elementos centrais estão presentes no item que trata da Política de Desenvolvimento Urbano, a qual está orientada para a integração urbanística dos espaços do Município, enfatizando a compatibilização do crescimento econômico com a garantia da equidade social, da conservação e recuperação ambiental, da valorização da cultura local e da democratização da gestão municipal. Ainda entre os objetivos desta política, destaca-se o de dotar a cidade de infraestrutura e qualidade 120 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA urbanística e ambiental, capazes de potencializar o desenvolvimento das atividades econômicas. Levando em consideração esses dois fatores essenciais para a análise do processo de crescimento urbano recente, busca-se o entendimento acerca das tendências de expansão urbana por meio do fator populacional e na expansão física das ocupações urbanas. Para tanto, optou-se, metodologicamente, em seguir os padrões estipulados pelo PDDU de Camaçari, este sim, o principal documento para se compreender os caminhos e fluxos que direcionam o crescimento da cidade. Assim, para facilitar a compreensão desta dinâmica, iniciaremos nossa análise por meio de uma leitura do processo de macrozoneamento imprimido à cidade para a sua organização espacial, fruto do Art. 35 do PDDU de Camaçari; em seguida, para representar essa espacialização, posteriormente, segue o mapa com a localização desse zoneamento. Antes, porém, é de suma importância apresentar a divisão territorial que iremos abordar, ou seja, a Sede do município, e os distritos de Abrantes e Monte Gordo, que contemplam zonas urbanas e áreas rurais, todos, contidos no mapa (Figura 27) a seguir. 121 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 27 - Limite municipal e delimitação dos distritos de Camaçari - BA, 2014. Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Camaçari, 2008. Conforme anunciado no parágrafo anterior, para iniciarmos nosso exame acerca das tendências de expansão urbana, segue o Art. 35 do PDDU de Camaçari. Após a citação do texto, segue o mapa (Figura 28) com a localização desse zoneamento no território municipal. 122 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA “Art. 35. O macrozoneamento define as áreas urbanas e rurais do Município, conforme delimitação representada no Mapa 03 (Macrozoneamento), do Anexo VI, desta Lei, ficando assim estabelecido, de acordo com os distritos: I. Distrito de Abrantes: a. Zona Urbana: 1. AB. ZU - 1 Vila de Abrantes; 2. AB. ZU - 2 Catu de Abrantes; 3. AB. ZU - 3 Busca Vida; 4. AB. ZU - 4 Areias; 5. AB. ZU - 5 Jauá; 6. AB. ZU - 6 Arembepe; 7. AB. ZU - 7 Capivara; b. Zona Rural: 1. AB. ZR - 1 Pau Grande; 2. AB. ZR - 2 Cajazeira; 3. AB.ZR – 3 Coqueiros de Arembepe. II. Distrito Sede: a. Zona Urbana: 1. CA. ZU - 1 Sede. b. Zona Rural: 1. CA. ZR - 1 Parafuso; 2. CA. ZR - 3 Machadinho; 3. CA.ZR -5 Capoami. c. Zona Industrial: 1. CA. ZI - 1 Polo Industrial de Camaçari. III. Distrito de Monte Gordo: a. Zona Urbana: 1. MG. ZU - 1 Monte Gordo; 2. MG. ZU - 2 Guarajuba; 3. MG. ZU - 3 Barra do Pojuca; 4. MG. ZU - 4 Itacimirim; 5. MG. ZU – 5 Barra do Jacuípe. b. Zona Rural: 1. MG. ZR - 1 Coqueiro de Monte Gordo; 2. MG. ZR - 2 Engenho Novo; 3. MG. ZR - 3 Vila Camaçari; 4. MG. ZR - 4 Jurema.” (PDDU Camaçari, 2008, p. 8) 123 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 28 - Divisão das áreas urbanas segundo o macrozoneamento do PDDU. Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Camaçari, 2008. Estruturado como os demais PDDU hoje existentes, o Plano Diretor de Camaçari contempla todas as diretrizes, eixos, princípios orientadores, objetivos e outras medidas urbanísticas exigidas em um documento como este. Além da estruturação 124 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA espacial, os caminhos que levam o município aos espaços de crescimento, assim como as respectivas zonas que foram implementadas para organiza-lo (Figura 29). Figura 29 - Estruturação espacial da Sede, 2008. Fonte: Código Urbanístico Ambiental, 2008. 125 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA O mapa em questão apresenta, dentre outras informações, os vetores de expansão urbana por meio da estruturação da ocupação no município, são eles: estímulo, de azul; controle, de verde; e reversão, de vermelho. Percebe-se ainda, que a parte cabível à contenção (verde claro), ou seja, a única área da cidade onde o crescimento não deve acontecer fica próxima ao cinturão verde da cidade. Isto, por sua vez, indica que as outras áreas, como consolidação (roxo), por exemplo, que pega o centro comercial de Camaçari, encontram-se em evidência para um crescimento controlado, e a área de rosa, que perpassa por todo o mapa, indica as áreas de estruturação, ou seja, que devem receber investimentos infraestruturais para se tornarem áreas para o estímulo à expansão. Neste sentido, pode-se concluir que, de acordo com o PDDU de Camaçari, os principais eixos de expansão urbana na Sede do município são: eixo sul e eixo leste, em maior proporção territorial, e, de forma mais tímida, algumas porções na parte oeste e sudoeste da cidade. Todavia, esta conclusão, desenvolvida a partir da observação do mapa acima, é apenas pontual, uma vez que ela trata exclusivamente da Sede de Camaçari, ou seja, o centro da cidade, até porque, uma das áreas que se encontram na perspectiva de um crescimento contundente refere-se à orla. Para que se possa determinar uma abrangência maior deste crescimento, necessariamente, precisa-se analisar a tendência deste crescimento, ou melhor, as formas com que o mesmo acontecerá. Para tanto, faz-se necessário analisar dentro das diretrizes do PDDU, os tipos de zoneamento para cada área do município no intuito de formular um exame mais preciso a respeito da tipologia de crescimento que a cada área da cidade é permitido. A importância em se analisar o zoneamento de uma cidade para compreender a sua tendência de expansão urbana reside no fato daquele ser um instrumento do planejamento urbano e ambiental cuja principal característica refere-se à aplicação de um sistema legislativo - na maioria das vezes no âmbito municipal - que objetiva regular o uso e ocupação do solo urbano por parte dos agentes de produção do espaço urbano, sejam esses as construtoras, incorporadoras, proprietários de imóveis e até mesmo o próprio Estado. Portanto, para que possamos fazer inferências ao PDDU como mais um instrumento que demonstre como vem sendo pensada a expansão urbana de Camaçari, apresenta-se a seguir o Art. 37 do referido documento que confere as principais características do zoneamento municipal, para em seguida, por meio de representação cartográfica, exibir a espacialização dessas zonas e, a partir de suas 126 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA características, analisar como esses eixos de expansão se darão de acordo com o Plano Diretor. “Art. 37. Fica a área urbana do Município dividida nas seguintes zonas, representadas nos mapas 04 (Zoneamento - Sede) e 05 (Zoneamento Orla), do Anexo VI, desta Lei: I. Zona Central (ZCEN): compreende a porção central da cidade de Camaçari, estendendo-se às margens das vias radiais, passível de um maior adensamento construtivo e diversificação de usos comerciais e de serviços; II. Zona de Ocupação Consolidada (ZOCON): compreende os bairros e localidades já consolidados no que diz respeito ao tempo de ocupação, infraestrutura e serviços disponíveis, passíveis de maior adensamento; III. Zona de Expansão Prioritária (ZEP): compreende as áreas em processo de consolidação, já urbanizadas e com alguma infraestrutura, mas pouco adensadas, além de áreas ainda vazias ou com ocupações rarefeitas, próximas a áreas mais estruturadas, nas quais deve ser estimulada a ocupação; IV. Zona de Expansão de Comércio e Serviços (ZECS): compreende as áreas destinadas prioritariamente à implantação de empreendimentos de comércio e serviços, nas quais deve ser incentivada a instalação de empreendimentos de médio e grande porte, de atendimento regional e local; V. Zona de Transformação, Comércio e Serviços (ZTCS): compreende as áreas consolidadas dos parcelamentos Polo de Apoio e Poloplast e áreas adjacentes em processo de expansão destinadas prioritariamente à instalação de indústrias de transformação, comércio e serviços, podendo comportar usos incômodos ou de impacto local reduzido; VI. Zona de Expansão Controlada (ZEC): compreende áreas ainda não ocupadas ou de ocupação rarefeita, mas pressionadas pela proximidade de áreas consolidadas e infraestruturadas, caracterizadas pela presença de ecossistemas de relevância no entorno, nas quais a ocupação deve se dar de forma controlada, em alguns casos, condicionada, de forma a não comprometer a qualidade dos ambientes; VII. Zona de Interesse Turístico (ZIT): compreende as áreas com potencial paisagístico, ambiental e turístico, onde devem ser estimulados os usos de lazer e hoteleiro, resguardados o acesso público às praias, bordas dos rios e áreas úmidas; VIII. Zona de Importância Ambiental e Paisagística (ZIAP): compreende as áreas de média fragilidade dos ecossistemas, com potencial paisagístico e ambiental a ser preservado ou recomposto, pressionadas pela ocupação urbana da Sede, definidas como zonas de amortecimento da expansão urbana em direção a áreas inadequadas; IX. Zona de Proteção e Interesse Paisagístico (ZPIP): compreende as áreas de alta fragilidade dos ecossistemas, com baixo comprometimento, com potencial paisagístico e ambiental a ser preservado ou recomposto do ponto de vista da fauna e da flora, definidas como zonas de preservação integral” (PDDU Camaçari, 2008, p. 8). A seguir, é apresentado o mapa (Figura 30) com o zoneamento por área. 127 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 30 - Zoneamento Sede, Camaçari, 2008. Fonte: Código Urbanístico Ambiental, 2008. 128 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Analisando a Figura 30, percebe-se que as ZEP, zonas de expansão prioritária, compõem as áreas já citadas por meio do mapa apresentado na Figura 29, ou seja, os setores leste, sul e sudoeste da Sede de Camaçari são áreas que necessariamente receberão empreendimentos imobiliários devido ao pouco adensamento populacional nelas existente, e também por possuírem um processo de urbanização já consolidado ou mesmo por ser uma área que receberá infraestrutura necessária para o seu futuro adensamento. Complementando esta perspectiva, encontra-se também como ZEP uma porção territorial ao norte do município, limítrofe à região do Polo Industrial, fazendo limite também com as Zonas de Importância Ambiental e Paisagística (ZIAP). As áreas da Sede com a maior mancha dentre as categorias de zoneamento desenvolvidas no PDDU, diz respeito às ZEC, zonas de expansão controlada. Elas preenchem praticamente toda a porção sul e sudeste do município, uma vez que compreendem áreas que ainda não foram ocupadas ou mesmo porque possuem ocupação rarefeita, e que mediante a proximidade das áreas consolidadas e que possuem infraestrutura, são, potencialmente, áreas para tal expansão. Todavia, relembrando o conceito extraído do PDDU, as ZEC devem ter seu crescimento populacional e expansão controlada mediante a presença de ecossistemas de relevância em seu entorno, e, para condicionar essa expansão controlada, algumas partes, possivelmente, não serão ocupadas e adensadas. Todavia, reitera-se o potencial do município em crescer para essas áreas, ou seja, ao sul e a leste. Quanto às ZOCON, zonas de ocupação consolidada, tratam-se dos bairros que, originalmente, deram início à transformação urbana sofrida pelo município durante as décadas de 70 e 80. Além de ocupação pretérita, possuem também infraestrutura e serviços disponíveis que as tornaram as áreas com o maior adensamento da Sede. Portanto, por não ter para aonde mais crescer, essas áreas podem, no máximo, sofrer intervenções urbanísticas para a requalificação da área, e não para o seu adensamento ou expansão. A mesma análise serve para a ZCEN, zona central. Por fim, no que tange às ZECS, zona de expansão de comércio e serviços, como dito no parágrafo IV do Art. 37, são áreas “destinadas prioritariamente à implantação de empreendimentos de comércio e serviços, nas quais deve ser incentivada a instalação de empreendimentos de médio e grande porte, de atendimento regional e local” 129 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA (PDDU Camaçari, 2008, p. 8). Dessa forma, ao perceber sua posição geográfica no contexto da expansão urbana da Sede de Camaçari, nota-se que essa área, não obstante, está próxima às ZEP e às ZEC, o que nos leva a refletir que a proximidade de ambas não se faz como um mero acaso: elas possuem uma estreita ligação, pois, próximo a uma área que tem o potencial residencial a ser explorado e expandido, encontra-se uma área que é de interesse comercial e de serviços de médio e grande porte, influenciando o crescimento e a expansão de ambas, pois serviços e comércios são indutores de crescimento em uma determinada região, assim como as áreas que são colocadas para a expansão e crescimento imobiliário também auxiliam a fortalecer e direcionar um modelo de comércio e serviço para as mesmas. O segundo vetor de expansão urbana de Camaçari encontra-se na sua porção litorânea. Assim como a Sede do município, os distritos de Abrantes e Monte Gordo e suas respectivas áreas urbanas encontram-se na orla da cidade, o que faz dessa área um grande atrativo para a região. Obviamente, as mesmas diretrizes e categorias de zoneamento da Sede servem para a orla, o que, por sua vez, auxilia-nos na interpretação dos vetores de crescimento da área. Para tanto, apresentaremos o mapa de estruturação espacial da orla (Figura 31) que demonstra a espacialização do zoneamento litorâneo de Camaçari. Ressalta-se que, mediante a qualidade das imagens disponibilizadas, explicitaremos os detalhes das mesmas. 130 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 31 - Estruturação Espacial da Orla, 2008. Fonte: Código Urbanístico Ambiental, 2008. Observa-se no mapa acima que a orla do município foi pensada no PDDU em áreas que pudesse preservar o ecossistema local, fato. O que indica essa percepção é o fato de que na legenda do mapa encontram-se as diretrizes estabelecidas para a área: de roxo, localiza-se a área para consolidação, isto é, as áreas com empreendimentos imobiliários já implantados e estanque; na tonalidade rosa estão as áreas que serão estruturadas; na cor verde são as áreas de contenção; e na cor amarela está a construção de um Parque Municipal Dunas de Abrantes. 131 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA A região da orla, por se encontrar na região denominada como Litoral Norte, é uma área de intenso investimento imobiliário e de grande valor agregado ao solo, dessa forma, o mapa apresentado demonstra a necessidade de se ter áreas para consolidação e áreas para a estruturação de espaços que podem fazer parte da atual tendência imobiliária. Assim, a Figura 32 tenta coadunar a este último ao zoneamento da orla, pois ele precisa sobrepor à estruturação urbana os direcionamentos das zonas que definem esta expansão das atividades na orla, ou sua retenção. Vejamos. Figura 32 - Zoneamento da Orla, 2008. Fonte: Código Urbanístico Ambiental, 2008. 132 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA De antemão, é necessário apresentarmos as sedes urbanas dos distritos de Abrantes e Monte Gordo para uma melhor localização por parte do leitor. À esquerda encontrase a sede urbana de Abrantes, e à direita, a sede urbana de Monte Gordo, a mancha urbana entre os distritos são as comunidades já especificadas no Art. 35 do PDDU, e nelas, e em suas adjacências, é que se encontram a maioria dos empreendimentos imobiliários locais: condomínios, hotéis, resorts, pousadas etc., todos bem abastecidos pela infraestrutura de comércio e serviços que também dão suporte ao turismo. Em detrimento a estas características, o PDDU de 2008 considerou para toda a faixa litorânea de Camaçari, cinco categorias de zoneamento: Zona de Ocupação Consolidada (ZOCON); Zona de Expansão de Comércio e Serviços (ZECS); Zona de Expansão Controlada (ZEC); Zona de Interesse Turístico (ZIT); Zona de Proteção e Interesse Paisagístico (ZPIP). Iniciando as análises pela ZPIP, essas áreas compreendem “as áreas com potencial paisagístico, ambiental e turístico, onde devem ser estimulados os usos de lazer e hoteleiro, resguardados o acesso público às praias, bordas dos rios e áreas úmidas” (PDDU Camaçari, 2008, p. 8). Ao observar o mapa, percebe-se o espraiamento dessa categoria pela orla de Camaçari, principalmente no distrito de Abrantes que tem uma densidade demográfica maior do que Monte Gordo, neste último, vê-se numa proporção muito menor ao distrito vizinho. Todavia, algo nos chama a atenção: se repararmos bem no texto da Lei, a ZPIP não nega o direito de construção e edificação na área, desde que esse seja acompanhado dos devidos estudos de impacto ambiental referente a cada tipo de empreendimento (PDDU Camaçari, 2008). Dessa forma, a ZPIP pode ser interpretada como um eixo de expansão urbana altamente controlada, tendo em vista a alta fragilidade do ecossistema local. Quer-se dizer com isso que esse zoneamento proporciona também uma indicação de outra modalidade ou tendência de expansão urbana com ênfase em uma preservação integral do ecossistema local. As ZOCON, como no caso da Sede, encontram-se em partes específicas da orla, elas demonstram de certa forma, o princípio da ocupação desses locais, sua gênese, uma vez que são zoneamentos para estabelecer o controle das localidades já consolidadas por tempo de ocupação, infraestrutura e serviços disponíveis, que, todavia, 133 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA encontram-se passíveis de maior adensamento (PDDU Camaçari, 2008). Portanto, elas mantêm o controle dessas áreas, dando a elas a oportunidade de capturar investimento para o seu adensamento desde que respeite o ordenamento espacial já existente. Outro zoneamento que está presente na área, mas em menor proporção, são as zonas de interesse turístico, ZIT, que são “as áreas com potencial paisagístico, ambiental e turístico, onde devem ser estimulados os usos de lazer e hoteleiro, resguardados o acesso público às praias, bordas dos rios e áreas úmidas” (PDDU, 2008, p. 8). Por se tratar da orla do município, os distritos de Abrantes e Monte Gordo apresentam-nas no mapa acima como áreas pontuais, com uma mancha maior sobre Monte Gordo, isto porque, as características naturais deste distrito apresentam as bordas de rios e áreas úmidas que caracterizam a ação deste modelo de zoneamento. Todavia, repara-se que, em vista dos zoneamentos que mesmo de forma controlada permitem o adensamento local, as ZIT são essencialmente para o turismo que conserve o potencial paisagístico e ambiental dessas localidades, o que nos leva a concluir que por maior que seja a importância desta atividade, não se constitui como um vetor de expansão urbana impactante. A menor categoria de zoneamento na orla de Camaçari, além das ZIT, são as zonas de comércio e serviço, ZECS. Essas áreas, que compreendem os locais propostos para a implantação de empreendimentos de comércio e serviços de médio e grande porte, podendo ter o alcance do seu atendimento em escala regional e local, se não puderem ser considerados como tendências ou mesmo vetores do crescimento urbano da orla, devem ser interpretadas como suporte para tal. Isto porque, são esses empreendimentos comerciais e de serviço, com o alcance regional e local que podem alcançar, é que darão condições do crescimento urbano encontrar os suprimentos necessários para a sua expansão, uma vez que estamos falando de uma região turística e de moradia que precisa de lojas de materiais de construção, bancos, lavanderias, restaurantes, casas lotéricas etc. Assim como foi desenvolvido no caso da Sede, o raciocínio que aqui se emprega é de que tanto este zoneamento, quanto o próximo que será desenvolvido, as ZEC, se retroalimentam. Isto ocorre devido ao fato de que uma zona de expansão controlada como as ZEC, por exemplo, que são zonas potenciais ao crescimento urbano e demográfico de forma controlada, necessitam de uma infraestrutura básica de 134 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA serviços e comércio para o estabelecimento de seus empreendimentos, o que faz com que a pontuação espacial das ZECS estejam sempre próximas das ZEC, como no mapa em questão. E com o consequente crescimento e adensamento nessas ZEC, a diversidade do que é oferecido nas ZECS se alteram, dependendo, principalmente, do padrão socioeconômico dos empreendimentos que ali se instalarão. É dessa forma que se enxerga a interdependência entre ambas. Mesmo sendo pontuais por toda a orla, as ZECS, como desenvolvido acima, e sua oferta por serviços e comércios também tem o poder de auxiliar a modelagem e o perfil desses possíveis empreendimentos que se instalarão nas ZEC. Portanto, é nítido que o zoneamento mais evidente à área são as ZEC, pois ela é, a nosso ver, o principal modelo que direciona a expansão e o crescimento da área como um todo em direção ao continente, ou seja, o avanço é a norte de Abrantes e Monte Gordo, e que está à sul em relação à sede de Camaçari. Dessa forma, ao se observar a Figura 29 que demonstra a estruturação espacial da Sede, nota-se que as áreas que são para estruturação ao sul de Camaçari e que coincide com as área ZEC da mesma Sede encontram-se com o distrito de Abrantes e mantém uma faixa de grande proporção em Monte Gordo8. Dessa forma, conclui-se que as ZEC são o modelo de zoneamento que predomina em Camaçari como um todo para a expansão da malha urbana do município, isto porque, aproveitando o potencial que existe nestas áreas que possuem infraestrutura básica para a instalação de empreendimentos residenciais e que possuem focos de ocupações rarefeitas, elas também são “pressionadas pela proximidade de áreas consolidadas e infra-estruturadas” (PDDU, 2008, p. 8). Esta confortável situação, isto é, encontrar em uma área predominante do município todos os requisitos para a sua expansão de forma controlada, nos faz compreender que a expansão urbana de Camaçari é, na verdade, o encontro desse zoneamento da porção oeste e sul da Sede, em direção à porção norte de Abrantes e Monte Gordo. Assim, percebe-se a cor bege como predominante nestas três áreas, Sede e distritos, o que, por sua vez, não tira o mérito das outras categorias de zoneamento que auxiliam o controle dessa expansão, principalmente porque estabelecem áreas 8 Quaisquer dúvidas a respeito desta análise, consultar o mapa X que define os limites municipais e os distritos de Camaçari. 135 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA precisas para a delimitação deste avanço, buscando minimizar o impacto ambiental na região. E é dessa forma, portanto, que se torna público a partir desta análise, a consideração de que as tendências de expansão urbana de Camaçari obedecem ao direcionamento dado pelo PDDU por meio de seu processo de zoneamento. Neste processo, destacam-se as zonas de expansão controlada, ZEC, como predominantes no direcionamento físico e territorial desta expansão, que engloba uma área que vai das porções leste e sul da Sede do município em encontro com as porções norte dos distritos de Abrantes e Monte Gordo. Não obstante a tal afirmação, para que a mesma não transpareça enquanto taxativa, deve-se considerar que as Zonas de Expansão Controlada têm recebido igual ou até mais empreendimentos que as Zonas de Expansão Prioritária, o que é uma contradição ao delineado pelo PDDU. Também tem ocorrido a implantação de empreendimentos residenciais em ZECS. E ainda empreendimentos do PMCMV em áreas classificadas no PDDU como rurais. 6.8 Desenvolvimento Regional A dificuldade em estabelecer um conceito que traduza o que é o desenvolvimento regional, deve-se em grande parte à extensa quantidade de trabalhos e estudos até então realizados (BOISIER, 1996; AMARAL FILHO, 2001; PIACENTI et. al., 2003; HAESBAERT, 2013). Visto como um processo desencadeado por um programa norteado por vários princípios: capital de cada região, população consciente e interessada em desenvolvimento e estabelecimento de políticas de desenvolvimento, o desenvolvimento de uma respectiva região pauta-se, principalmente, nas vocações econômicas do município e na produção e mudanças nas disposições técnicas e institucionais, por meio, principalmente, da parceria entre o poder público e a iniciativa privada. Para Kindlemberger (1976), existem muitos fatores que condicionam o desenvolvimento econômico, estão entre eles os fatores de produção (terra, trabalho, capital e recursos naturais), a organização institucional, o transporte, seja esse rodoviário, ferroviário ou aquático, as localidades e regiões de seu entorno etc. No que tange o desenvolvimento regional, Clemente (1994) referenda-o à elevação do nível de vida da população juntamente com a elevação do nível de renda que deve ser 136 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA superior ao crescimento demográfico. De acordo com este autor e outros estudiosos como Souza (2006a), a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) per capita não se traduz numa melhor distribuição de renda e também em garantias para um crescimento futuro da produção e da região. Mas o desenvolvimento regional, e também econômico, não aparece e se desenvolve tão somente por causa de aspectos físicos ou materiais presentes em uma determinada espacialidade. Pesquisadores como Polèse (1998), por exemplo, trabalham essa questão do desenvolvimento econômico e regional por meio dos processos de descentralização de políticas que enfatizem nos espaços regionais a base econômica calcada nas riquezas naturais das regiões aliadas ao fator humano (cultura, costumes, práticas de trabalho, etc.) que harmonizará a economia às particularidades locais (POLÈSE, 1998). Independente do autor ou corrente de pensamento, o desenvolvimento regional aliado ao desenvolvimento econômico é um elemento do planejamento regional que se insere num ambiente de muitas variáveis. A concomitância entre terra, espaço, criatividade, políticas públicas e capacidade política de gestão das regiões e das suas cidades, objetivando diminuir as diferenças entre a mesma por meio de decisões que implique se possível, na interdependência desta, é, sem dúvida alguma, o seu grande mote teórico e um imenso desafio empírico. No caso de Camaçari, o crescimento da cidade auxiliou também o desenvolvimento regional da RMS, pois, mesmo com a metropolização de Salvador, que se inicia antes da operação do COPEC, com a implantação nos anos 1960 do CIA e também com a importância e o papel de destaque que Lauro de Freitas possui no desenvolvimento da RMS a partir dos anos 1980, Camaçari, historicamente, desenvolveu-se em grande parte devido ao estabelecimento do Polo Petroquímico a partir da década de 70, e com a implantação da COPEC na década seguinte, configurando uma mudança radical na cidade - e em muitos casos, impactante. Portanto, desde o princípio, as atividades que fortaleceriam o município e que acabaram moldando a região e tornando-lhe referência no cenário nacional, foram aquelas de cunho industrial, mais especificamente, no campo das atividades petrolíferas e seus derivados. 137 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA O impacto de se perder as características interioranas e se tornar uma cidade planejada para servir de estrutura urbana e apoio para as atividades indústrias do Polo foram as primeiras mudanças ocorridas, principalmente no campo da habitação, onde as intervenções urbanísticas para assegurar a comodidade e funcionalidade urbana em relação ao pessoal empregado nas fábricas e suas famílias que migravam nas décadas iniciais, foram e continuam sendo de extrema importância. Essa mudança conceitual, seja no aspecto urbano ou urbanístico, confirmou a importância da cidade junto a capital Salvador e referendou-a enquanto a segunda maior cidade da região metropolitana mais importante do nordeste. Todavia, a partir do ano de 1978, deu-se início à operação das primeiras indústrias do que mais tarde ficou conhecido como o Polo Industrial de Camaçari, escrevendo na história do estado uma trajetória de evolução contínua que superou crises de diversas conjunturas e todos os tipos de mudanças políticas e econômica. As transformações imprimidas por este complexo nos períodos de expansão, destacando a do setor industrial, fez com que uma das principais mudanças estampadas no âmbito local fosse a contribuição para o desenvolvimento da economia regional, seja por meio da oferta de emprego e renda, seja através da promoção da contínua modernização das atividades presentes no seu parque industrial. Ainda do ponto de vista do desenvolvimento regional, os impactos do Polo sobre a economia do Estado e o desenvolvimento da RMS, de maneira especial sobre os padrões de urbanização e serviços da capital, fez com que o Polo Industrial superasse os efeitos gerados na década de 50 com a indústria petrolífera e com o Centro Industrial de Aratu. Como grande marca deste dinamismo regional, encara-se a mudança do perfil econômico do estado tornando-se um dos principais exemplos do processo de desconcentração industrial no Brasil. Atualmente, o Polo apresenta uma expansão e diversificação industrial incontestável. Além do Complexo Industrial Ford Nordeste, investimento da montadora estimado em US$ 1,2 bilhão, para produzir 250 mil veículos/ano (expansão prevista para 300 mil) para os mercados interno e externo, a Monsanto investiu US$ 550 milhões para instalar a primeira indústria de matérias-primas para herbicidas da América do Sul. Os impactos regionais dessas atividades referem-se às redes de empresas e indústrias que necessariamente dão suporte as atividades desta magnitude e que acaba, se 138 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA instalando em cidades próximas ao polo, atraídas principalmente pelos benefícios fiscais que as cidades da região oferecem, como é o caso de empresas subsidiadas à Petrobras e Ford que acabam se instalando em outros municípios e contribuindo para a dinamização da economia local e proporcionando a agregação de valor à mão de obra da região e a sua consequente especialização. Acerca desses avanços, nota-se ainda o reduzido volume de produtos finais químicos e petroquímicos produzidos em Camaçari, o que transforma em um grande desafio a necessidade de atração de novas empresas transformadoras, no intuito de diversificar e consolidar a cadeia produtiva do complexo. Para tanto, a instalação de empresas como a Braskem, uma empresa de classe mundial, líder em termo-plásticos na América Latina e com ativos avaliados em R$ 12 bilhões, sendo um dos cinco maiores empreendimentos privados do País, apenas corrobora essas perspectivas de crescimento e diversificação das atividades industriais na região, já que suas estruturas contemplam, igualmente, outras atividades em cidades da região, dando prosseguimento a este cenário/tendência de crescimento econômico e desenvolvimento regional. Todavia, mesmo se tratando de uma cidade que influencia toda uma região por meio do seu parque industrial, Camaçari também apresenta outras atividades econômicas. Pode-se citar, por exemplo, a chegada de diversos empreendimentos residenciais de médio e alto padrão nos últimos anos. Empreendimentos estes que têm sido comercializados em escala regional, além de comércio e serviços como hipermercados, shoppings e grandes lojas de departamentos e de franquias, todos prontamente aptos a atender pontos turísticos, hotéis e pousadas. Ainda de acordo com os dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, SEI, e as pesquisas desenvolvidas pelo IBGE, os setores terciários da economia regional do entorno de Camaçari vem crescendo à medida que o município e seu processo modal de influência necessitam de outras atividades que não a industrial. É o caso da rede hoteleira da região, por exemplo, que por se tratar de um espaço tanto para negócios quanto para lazer e turismo, agregam no comércio e nos serviços outras atividades que dinamizam a economia regional. Outro ramo que cresce a cada ano são as atividades agrícolas, que, mesmo suplantadas pelo caráter 139 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA industrial que recebe a economia da região, não se cansa de se reinventar e vem ganhando novos contornos na cidade e na região (IBGE, 2010). Contudo, a atenção merecida a esses elementos da economia regional serão discutidos no próximo capítulo, onde examinaremos os aspectos econômicos da cidade que poderão dar ao leitor a dimensão da importância econômica do município na ativação e aquecimento da economia local e regional. 140 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 7 CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS E FINANÇAS PÚBLICAS 7.1 Perfil socioeconômico IDH e PIB são, nos dias de hoje, indicadores de nível de vida e de atividade econômica reconhecida internacionalmente, tornando-se padrão para análises comparativas. Levando-se em consideração que ambos não devem ser superpostos, mas, ao contrário, devem se complementar, estas duas variáveis serão aqui apresentadas como complemento de outros aspectos da Área de Estudo. Assim, em pequena escala e objetivando igualmente correlacioná-los aos aspectos referentes ao nível de vida da população local e aos aspectos econômicos aqui analisados, tal perspectiva abre precedentes para que, compreendidos sob uma dimensão interdisciplinar, possam servir como suporte analítico para planejamentos futuros, seja de uma região, estado ou país. IDH-M Criado no final dos anos 80, o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH tem por finalidade indicar o grau de desenvolvimento e condições de vida de uma unidade territorial por meio de três variáveis: o nível de renda, a educação e a longevidade. Em relação à Camaçari - BA, os dados abaixo (Tabela 29) representam uma realidade cuja leitura se faz com facilidade, pois o município estudado possui o IDH-M médiobaixo no início de 1991, se recuperando no ano de 2000 e apresentando em relação aos demais itens, um incremento relativo à última década do século passado, melhorando, de certa forma, os valores de desenvolvimento humano próximos. Destaque para o pequeno incremento da renda municipal. Tabela 29 - IDH-M de Camaçari. IDH – M 1991 2000 IDH - M Educação 2010 IDH - M Longevidade IDH - M Renda 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 0,590 0,688 0,694 0,230 0,393 0,616 0,586 0,708 0,798 0,559 0,600 0,681 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil - FJP/PNUD, 2012. 141 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Evolução do PIB municipal e Taxa de crescimento no período – 2003/2009 A economia de Camaçari demonstra as vocações locais do município, notadamente marcado pela atividade industrial, entretanto, são as atividades ligadas ao serviço e ao comércio e à indústria que também alavancam a economia do município, mudando o perfil da economia local que, durante anos, baseou-se quase que exclusivamente nos gêneros agrícolas. O Produto Interno Bruto (PIB) - soma das riquezas produzidas internamente a um país, cidade ou estado - de Camaçari, em ascensão ao longo desses anos, revela que além de manter uma curva de crescimento ascendente, o município tem sabido aproveitar muito bem todas as vertentes de capitalização dos principais segmentos, especialmente o industrial, ou seja, a riqueza do interior também converge para Camaçari. Conforme o IBGE avaliou, em 2001 o PIB de Camaçari somava pouco mais do que R$ 5 bilhões. Em 2006 foi a R$ 9 bilhões, e no ano de 2011 chegou a aproximadamente a R$ 12 bilhões. A Tabela 30 demonstra esse crescimento. Tabela 30 - Evolução do PIB de Camaçari e sua Taxa de Crescimento Geométrico no período 2001/2011. Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Total Taxa de crescimento no período (2001-2011) PIB em R$ 1.000,00 5.777.768 5.817.366 7.214.044 8.879.420 10.271.514 9.529.357 10.405.593 11.844.962 13.615.507 13.328.182 12.313.916 108.997.629 8% Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo. A área em questão apresentou uma média de crescimento de 0,07% a.a., as razões do crescimento de Camaçari se devem, dentre outras variáveis, aos investimentos infra estruturais que foram necessários para o aporte das atividades industriais, tais como o desenvolvimento de uma rede de serviços ligados à área do comércio e da indústria. 142 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Outro motivo na constatação deste crescimento reside na atividade industrial e no setor de serviços agregado a ela, pois a instalação das indústrias, por sua vez, faz crescer a rede de serviços necessária para o atendimento as demanda geradas. Assim, municípios como Camaçari tem obtido êxito com a instalação de indústrias que fortalecem o seu parque industrial mediante a grandiosidade de suas atividades, proporcionando um acréscimo representativo à dinâmica demográfica - calcada na absorção da mão de obra local e na vinda de outros trabalhadores para o município e gerando um incremento econômico para o município e para a região. Renda per capita Dentro do espectro da renda per capita, alguns elementos são passíveis de análises minuciosas. Dentre eles, achou-se importante enfatizar este crescimento tendo em vista a histórica disparidade de renda entre grupos étnicos, e até mesmo por se tratar de uma cidade como Camaçari, cujas diferenças socioeconômicas de sua população são atenuantes. Portanto, analisando o crescimento da renda per capita entre os grupos étnicos classificados pelo IBGE, branca, preta, amarela, parda e indígena, percebe-se uma variação entre os anos censitários sem alterar muito o padrão de renda entre eles, mas observando o crescimento econômico de alguns grupos, o que não deixa de ser no mínimo interessante. As pessoas tidas como brancas, continuam com uma renda per capita maior, de R$ 279,25 em 1991 para R$ 557,76 em 2010, ou seja, é um salto de R$ 278,51, isto representou, percentualmente, entre os anos de 1991 e 2000, uma média de 7,99%, recuando entre os anos de 2000-2010 para uma taxa de crescimento de 4,31%. Mesmo apresentando entre os anos de 2000-2010, ou seja, uma taxa de crescimento superior à população branca, a população preta ainda manteve-se bem abaixo da população branca, essa disparidade, em 2010, significou uma diferença real de R$ 349,35. Além do mais, a renda per capita da população preta continuou inferior aos demais grupos étnicos durante os três períodos censitários, o que corrobora, mais uma vez, as diferenças de renda entre grupos étnicos. Por sua vez, a renda per capita das populações amarelas, e de todos os grupos em questão apresentaram uma taxa de crescimento mais equilibrada, e a população 143 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA indígena, a mais surpreendente, com uma taxa de crescimento de 10,57% no período de 1991-2000, totalizando a época um crescimento real de R$ 210,26 em 9 anos, neste período, mais precisamente em 2000, a renda per capita de uma pessoa parda era de R$ 189,52, em 2010, esta renda passou a ser de R$ 681,55, ou seja, um aumento na taxa de crescimento entre os anos de 2000-2010 de 6,49%. A Tabela 31 apresenta a organização destes dados. Tabela 31 - Renda per capita por grupo étnico e por período censitário. Renda per capita R$ 1991 2000 Taxa de crescimento entre 1991-2000 2010 Taxa de crescimento entre 2000-2010 Branca R$ 279,25 R$ 557,76 7,99% R$ 815,69 4,31% Preta R$ 143,45 R$ 260,84 6,87% R$ 466,34 6,67% Amarela R$ 258,89 R$ 307,63 1,94% R$ 474,31 4,93% Parda R$ 189,52 R$ 267,36 3,90% R$ 470,96 6,49% Indígena R$ 142,99 R$ 353,25 10,57% R$ 681,55 7,58% Etnia Fonte: DATASUS - Banco de dados do Sistema Único de Saúde. IBGE: Censo Demográfico 1991, 2000 e 2010. PIB e PIB per capita PIB per capita é o produto interno bruto, dividido pela quantidade de habitantes de um país, estado ou cidade, que representa a soma de todos os bens produzidos e funciona como um indicador macroeconômico cujo objetivo é o cálculo de apenas bens e serviços finais. É importante relembrar que o PIB per capita é tão somente uma medição, e não um retrato da realidade do município, não se refere à renda de cada cidadão, uma vez que não leva em consideração diferenças na distribuição de renda entre pobres e ricos. Assim, os valores que estão aqui representados não dizem respeito a uma renda individual, mas o total do conjunto de cidadãos. Mesmo os economistas ressaltando a importância da desigualdade sobre o desenvolvimento econômico e social de longo prazo, esse instrumento pode, se mal interpretado, iludir ou maquiar um determinado contexto, causando ainda confusão no senso comum ao fazer com que as pessoas achem que esta pode vir a ser a renda delas no futuro. No caso de Camaçari, estes valores se alteram mediante dois fatores principais, o crescimento demográfico e sua relação com o aumento da receita municipal, o que, 144 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA consequentemente, altera o rendimento per capita dos cidadãos. Todavia, as crises econômicas também são um dos motivos de sua oscilação. A Figura 33 apresenta esse crescimento histórico, fazendo com que possamos relacionar o aumento populacional ao crescimento econômico da cidade e as muitas variações que se podem dar. Figura 33 - Evolução do PIB per capita em Camaçari, 2002-2010. 2010 R$ 55.066,69 R$ 58.048,25 R$ 51.961,85 R$ 51.385,39 R$ 48.306,41 R$ 53.537,90 R$ 48.997,20 R$ 40.863,74 R$ 33.852,80 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 Fonte: DATASUS - Banco de dados do Sistema Único de Saúde. IBGE, Cidades. Do ponto de vista real, o crescimento entre os anos de 2002 e 2010 totalizaram um aumento de 6,27%, todavia, esse crescimento passou por períodos de altos e baixos, conforme apresentado no gráfico, e, embora os valores reais sejam sempre em sentido crescente, este crescimento pautou-se por quedas acentuadas do ponto de vista proporcional, como é o caso dos períodos 2005-2006, quando se registrou um decréscimo de apenas -9,77%, passando de R$ 53.537,90 em 2005 para R$ 48.306,41 em 2006. Não foi somente este biênio que passou por tal situação, 20092010 também apresentou um decréscimo de -5,14% no PIB per capita de Camaçari. Em números absolutos foi uma redução de R$ 2.981,56 a menos. Reduções como essas são uma constante em cidades ou regiões que vivenciam o crescimento econômico pautado na indústria, pois esta é uma das atividades que mais oscilam junto ao mercado econômico. Como vivemos em um mundo globalizado, as relações econômicas e as redes corporativas que regem esse sistema estão interconectadas, assim como as economias de países, estados e municípios, como Camaçari, que, ao contrário da maioria das outras cidades do estado tem sua 145 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA oscilação econômica diretamente ligada à indústria, e, consequentemente, ao mercado econômico internacional. Por isso, as crises fiscais, de câmbio, problemas na balança comercial, e até mesmo as catástrofes ambientais podem facilmente causar abalos e até mesmo retrações na economia de uma cidade como Camaçari, pois tendo essa base econômica, tudo o que afeta a indústria, afeta também o município. No gráfico abaixo (Figura 34), objetivou-se apresentar o percentual de evolução do PIB per capita na perspectiva dos biênios, esses foram os resultados mensurados. Figura 34 - Evolução do PIB per capita em Camaçari em biênios. 25,00% 20,71% 19,90 % 2002-2003 20,00% 2003-2004 11,71% 15,00% 9,27% 2005-2006 6,37% 10,00% 2004-2005 % 2006-2007 5,00% 2007-2008 1,12% 0,00% -5,00% 2008-2009 -5,14% 2009-2010 -9,77% -10,00% Fonte: DATASUS - Banco de dados do Sistema Único de Saúde. IBGE, Cidades. Renda per capita e proporção de pobres A renda per capita é o valor médio agregado por indivíduo, em moeda corrente e a preços de mercado, dos bens e serviços finais produzidos em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Dentre suas principais características e usos, destacam-se a medição da produção do conjunto dos setores da economia por habitante, indicando o nível de produção econômica em um território e sua relação quanto ao seu contingente populacional, apontando ainda para a existência de segmentos sociais com precárias condições de vida. Além do mais, utiliza-se a renda per capita para analisar os diferenciais geográficos e temporais da produção econômica, identificando desníveis na produção média da renda nacional. Seu estudo contribui ainda para a análise da situação social, 146 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA identificando espaços cujo desempenho econômico pode demandar mais atenção para investimentos na área social, objetivando subsidiar processos de planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas de interesse social. A Tabela 32 mostra que renda per capita média de Camaçari – BA cresceu 5,98% nas últimas três décadas, passando de R$ 258,98 em 1991 para R$ 334,43 em 2000 e R$ 553,18 em 2010, conforme a Tabela 32 que segue. A taxa média anual de crescimento foi de 29,13% no primeiro período e 65,41% no segundo. Tabela 32 - Renda, Pobreza e Desigualdade, 1991-2010. Indicador 1991 2000 Renda per capita 258,98 334,43 2010 553,18 % de extremamente pobres % de pobres Índice de Gini 6,01 16,39 0,53 16,67 40,88 0,5 Fonte: PNUD, 2010. 14,36 38,73 0,57 A extrema pobreza (medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70,00, em agosto de 2010) passou de 16,67% em 1991 para 14,36% em 2000 e para 6,01% em 2010, conforme apresentado na Tabela 32. E a Tabela 33 traz a porcentagem da renda apropriada por estratos da população no período de 1991 a 2010. Tabela 33 - Porcentagem da Renda Apropriada por Estratos da População, 1991-2010. Indicador 1991 2000 2010 20% mais pobres 3,8 3,06 3,4 40% mais pobres 12,02 9,82 11,11 60% mais pobres 24,98 20,63 23 80% mais pobres 45,33 38,52 42,01 20% mais ricos 54,67 61,48 57,99 Fonte: PNUD, 2010. Esses dados demonstram a necessária relação entre a geração de riquezas e o quantitativo populacional, a alteração dessas taxas e as mudanças sociais que as mesmas refletem desde 2000, traz este paralelo entre o desenvolvimento econômico vivenciado pela área de estudo e suas adjacências e o crescimento econômico da mesma. 147 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Distribuição de renda O conceito de distribuição de renda faz referência à forma como a receita obtida por um país ou região é distribuída entre sua população local, por meio de um ganho salarial maior disponível à maior porcentagem possível da população (LANGONI, 1978) No Brasil, tal assunto assume maior destaque devido às enormes desigualdades sociais e econômicas experimentadas há séculos pelo povo. Nos últimos anos houve uma recuperação do salário mínimo e uma maior geração de empregos formais (com carteira assinada), mas ainda não se verifica um progresso suficiente para uma distribuição de renda satisfatória. Desde 2004 o país voltou a crescer, iniciando uma expansão que agora é retomada após a crise econômica de 2009. Tal crescimento refletiu no aumento da participação dos salários no PIB (Produto Interno Bruto - a soma de tudo o que é produzido, entre mercadorias e serviços). Entretanto, a distribuição desta riqueza ainda está longe de ser solucionada (SOARES, 2006). Como exemplo da distribuição de renda na cidade de Camaçari, optou-se por apresentar o rendimento mensal domiciliar, isto é, quanto é a renda para cada domicílio e qual a proporção desta renda em relação ao total de residências na cidade; a base de cálculo foi o salário mínimo do ano de 2010, uma vez que as informações foram retiradas do Censo 2010, ou seja, R$ 510,00. Outro detalhe importante: a renda aqui é familiar, independente do número de moradores. Dessa forma, dos 73.921 domicílios de Camaçari - BA, aqueles com renda de 2 a 5 salários mínimos sobressaíram, totalizando 25.017 residências, o que significa que 33,8% dos domicílios viviam naquela época com uma renda entre R$ 1.020,00 e R$ 2.550,00. Dados como esses nos levam a perceber outras situações, até mesmo por se tratar de um país com imensa desigualdade social, é comum pensar que boa parte da população é pobre e com renda inferior a 1 SM. Neste caso, é interessante notar que aqueles que viviam com uma renda até ½ SM, eram a minoria, apenas 5% dos domicílios da cidade mantinham esta renda. Já os domicílios com mais de 20 SM também se encontram entre a minoria, eles representam 1.063 residências, isto é, 1,4% apenas. 148 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA De uma forma geral, imagina-se que esta distribuição de renda, por este viés, encontra-se, se não equilibrada, mas num estágio menos discrepante. É obvio que dentre esses domicílios, 20.050 recebem até 2 SM, isto representa 27,1% dos domicílios; desses domicílios, 5,3%, ou 3.884 residências foram considerados sem renda. Para efeito de maior didatismo, elaboraram-se os gráficos abaixo no intuito de representarem os números reais e a porcentagem destes domicílios em relação às suas respectivas rendas. Vejamos nas figuras a seguir. Figura 35 - Domicílios particulares permanentes com classes de rendimento nominal mensal domiciliar - números reais. 30.000 25.017 até 1/2 salário mínimo 25.000 20.050 mais de 1/2 a 1 salário mínimo 20.000 mais de 1 a 2 salários mínimos R$ 15.000 mais de 2 a 5 salários mínimos 9.630 5.000 mais de 5 a 10 salários mínimos 8.177 10.000 3.663 mais de 10 a 20 salários mínimos 2.437 3.884 1.063 0 de mais de 20 salários mínimos sem rendimento Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010 Figura 36 - Domicílios particulares permanentes com classes de rendimento nominal mensal domiciliar - números percentuais. 33,80% 35,0 30,0 27,10% 25,0 % 20,0 13% 15,0 11,10% 10,0 5% 5,0 3,30% 5,3% 1,40% até 1/2 salário mínimo mais de 1/2 a 1 salário mínimo mais de 1 a 2 salários mínimos mais de 2 a 5 salários mínimos mais de 5 a 10 salários mínimos mais de 10 a 20 salários mínimos de mais de 20 salários mínimos sem rendimento 0,0 Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2010 Quando se analisa essas mesmas variáveis sob a perspectiva da distribuição espacial dessa renda no território de Camaçari, alguns outros pontos de vista aparecem. É o caso do rendimento mensal domiciliar na Sede e nos distritos de Abrantes e Monte 149 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Gordo, um elemento para auxiliar a análise da distribuição de renda e da própria renda per capita entre os cidadãos e as áreas do município. Para tanto, apresenta-se duas tabelas em seguida para abrir a discussão, a primeira (Tabela 34) demonstra as classes de rendimento nas três localidades em questão no ano de 2000, para se comparar o crescimento até 2010, que virá na Tabela 35. Tabela 34 - Domicílios particulares permanentes - Classes de rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo), 2000. Domicílios particulares permanentes Distritos Classes de rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo) 1 Sem rendiMais de Mais de Mais de Mais de Mais de Mais Até ½ ½a1 1a2 2a5 5 a 10 10 a 20 de 20 mento Total 2-3 Total 41.206 1.035 9.502 9.820 10.024 3.224 998 321 6.282 Abrantes 7.075 216 2.110 1.778 1.184 486 229 119 953 Camaçari 29.635 679 5.580 6.768 8.247 2.588 698 173 4.902 Monte Gordo 4.496 140 1.812 1.274 593 150 71 29 427 (1) A indicação dos Subdistritos e Bairros ocorrem apenas para os Municípios que os possuem. (2) Salário Mínimo utilizado: R$ 151,00. (3) Inclusive os domicílios com rendimento mensal domiciliar somente em benefícios. Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000. Tabela 35 - Domicílios particulares permanentes - Classes de rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo), 2010. Distritos Total Domicílios particulares permanentes Classes de rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo) 1 Mais Mais Sem Mais de Mais de Mais de Mais de Até ½ de 2 a de 5 a rendi½a1 1a2 10 a 20 20 5 10 mento 2 Total 73.991 3.340 13.533 20.180 22.510 6.546 1.906 601 5.375 Abrantes 14.619 659 2.900 3.835 3.903 1.388 706 350 878 Camaçari 50.414 2.119 8.217 13.682 16.689 4.758 1.041 186 3.722 2.663 1.918 400 159 65 775 Monte 8.958 562 2.416 Gordo (1) Salário mínimo utilizado: R$ 510,00. (2) Inclusive os domicílios com rendimento mensal domiciliar somente em benefícios. Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010. Ao se ler as duas tabelas a primeira impressão é clara: houve um aumento no número de domicílios contemplados nas faixas de renda, em alguns casos, substancial. É o exemplo daqueles domicílios com renda até ½ SM, dos três distritos aqui analisados, 150 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Abrantes foi o que teve um maior percentual de sua taxa de crescimento geométrico, isto é, 10,66% de domicílios a mais passaram a fazer parte desta classe de renda, Monte Gordo veio em segundo, com um crescimento de 9,92% e a Sede, Camaçari, com 7,01%. Se formos nos deter em analisar distrito por distrito a partir do seu percentual de crescimento, veremos que Abrantes e Monte Gordo obtiveram resultados mais satisfatórios do que a Sede de Camaçari. Esta constatação se dá visualmente ao analisarmos e compararmos as tabelas apresentadas, onde se verá que esses aumentos tão significativos predominaram em todas as classes de rendimento, principalmente naquelas acima de 05 SM. No intuito de melhorar essa perspectiva analítica, calculou-se o percentual de crescimento dessas classes de rendimento entre os três distritos, ela demonstra esse crescimento em percentuais, e a Figura 37Erro! Fonte de referência não encontrada. a seguir, demonstra de forma ilustrativa, a direção que o aumento dessas classes de rendimento apresentaram em dez anos. 151 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 37 - Taxa de crescimento das classes de rendimento nominal mensal domiciliar (salário mínimo) na Sede de Camaçari e nos distritos de Abrantes e Monte Gordo, entre os anos de 2000 e 2010. 35,00 30,14 30,00 25,00 22,96 21,21 20,00 20,83 22,34 20,51 18,56 19,41 16,67 15,00 Abrantes 11,57 % 10,90 10,22 10,00 12,39 10,24 Camaçari 12,41 8,38 8,15 4,73 5,00 4,91 3,74 3,33 0,00 Monte Gordo 0,75 -0,79 -2,41 -5,00 Até 1/2 Mais de 1/2 a 1 Mais de 1 a 2 Mais de 2 a 5 Mais de 5 a 10 Mais de 10 a 20 Mais de 20 Sem rendimento Classes de renda Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000/2010. 152 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Para além desta importante constatação, isto é, o maior aumento das classes de rendimento nos dois distritos em vista da Sede, paira a necessidade de tentar compreender essa diferença a partir da dinâmica do próprio território de Camaçari. O que fez com que Abrantes e Monte Gordo obtivessem aumentos tão significativos? Há, em curso, uma desaceleração do crescimento econômico no Município de Camaçari? E mais: o que causou o aumento das classes mais abastadas nos dois distritos e o que fez com que essas mesmas classes crescessem em taxas inferiores na Sede? Essas respostas nós encontramos na própria dinâmica do território, pois, como vimos no item sobre as tendências de expansão urbana, Monte Gordo e Abrantes tem recebido um grande contingente populacional devido ao seu recente adensamento a partir da promulgação do Plano Diretor de Camaçari em 2008. Portanto, as áreas onde se destacam principalmente os condomínios de luxo que servem tanto para os veranistas quanto residência dos funcionários de alto escalão das indústrias e empresas que ali se instalaram. Dessa forma, esse aumento apontado após o último Censo de 2010, revela que a renda, em todas as classes, aumentou a mais nesses distritos em relação à Sede devido ao padrão socioeconômico dos novos residentes destas áreas. Se por um lado essa situação aquece a economia local, por outro, é preciso tomar cuidado com certa estagnação na Sede de Camaçari. Isto porque, mesmo havendo o crescimento comprovado do número de domicílios em relação à classe de rendimento, ele ficou aquém dos padrões da Sede e dos seus equipamentos urbanos, demonstrando assim, o interesse de uma determinada classe social em não residir nas áreas centrais das cidades e se deslocarem para áreas mais afastadas, como se faz presente na nova dinâmica introduzida pelos condomínios fechados (SILVA, 2009), como também, o direcionamento desta expansão urbana conforme vem acontecendo no município e relatada há algumas páginas atrás, onde a prefeitura designa áreas a serem exploradas em partes dos distritos com um potencial de implantação de empreendimentos para uma determinada classe de renda. Outro fato bastante claro foi a redução do número de domicílios sem renda, como 2,41% na Sede e -0,79% em Abrantes. Todavia, Monte Gordo não apresentou a mesma tendência dos demais, ao contrário, esses números ficaram em 8,15%, uma 153 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA porcentagem de residências maior do que aquelas com renda mais de ½ a 1 SM. Os motivos para tal situação nos intrigam, pois, mediante os dados secundários obtidos e aqui expressos, não se conseguiu estabelecer uma diretriz para esta não redução. Não obstante, fica a cargo do poder público compreender tal dinâmica e porque ela não acompanhou uma tendência que seria favorável no que diz respeito à melhoria da distribuição de renda, pois, cada distrito, tem sua vida econômica própria. Todavia, faz-se necessário construir elementos analíticos a este respeito, uma vez que pode se tratar, inclusive, de uma descontinuidade no campo das políticas redistributivas, causando ao território de Camaçari, um descompasso na sua tentativa de equalizar crescimento econômico com desenvolvimento social. Para completar as perspectivas acerca da distribuição de renda no município, o índice de Gini é uma ferramenta importante para se analisar com o passar dos anos a evolução da concentração de renda em relação a um determinado grupo ou classe social. Assim sendo, segue-o enquanto elemento necessário para o refinamento dos pontos de vistas aqui colocados. Índice de Gini O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem). O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. Na prática, o Índice de Gini costuma comparar os 20% mais pobres com os 20% mais ricos. No Relatório de Desenvolvimento Humano 2004, elaborado pelo PNUD, o Brasil aparece com Índice de 0,591, quase no final da lista de 127 países. Apenas sete nações apresentam maior concentração de renda. Abaixo, a Tabela 36 apresenta a evolução do Índice de Gini em Camaçari. Tabela 36 - Índice de Gini, Camaçari-BA (1991, 2000 e 2010). 1991 0,500 2000 0,570 2010 0,530 Fonte: DATASUS - Banco de dados do Sistema Único de Saúde. 154 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Nota-se que o índice variou pouco com o passar dos anos, obviamente, diminuiu, todavia, ainda não apresenta padrões mais próximos de zero, o que determina que Camaçari ainda precisa tratar com mais cuidado a questão da distribuição de renda e outros aspectos econômicos que possam contrabalancear essa situação e garantir ao município uma estabilidade econômica que se baseie, também, na diminuição das disparidades entre seus cidadãos. Índice de Valores Adicionados Brutos - VAB O Índice de Valores Adicionados Brutos (VAB) é um cálculo obtido a partir da base de informações econômicas correspondentes a média dos índices apurados do setor econômico de uma cidade, estado ou país, sendo considerado, para efeito de cálculo, como um movimento econômico do município resultante da geração de riquezas, desvinculado da arrecadação do ICMS, mas sob sua abrangência. No cálculo do VAB, a legislação manda computar as operações e prestações que constituam fator gerador de imposto, mesmo quando o pagamento for antecipado ou diferido, ou quando o crédito tributário for diferido, reduzido ou excluído em virtude de isenção ou outros benefícios, incentivos e favores fiscais. A Tabela 37 apresenta esses números e categorias. Tabela 37 - Evolução do VAB na Área de Estudo - valor em Mil Reais, 2003-2010. Impostos sobre produtos líquidos de subsídios PIB a preços correntes 4.289.147 1.411.426 1.506.288 7.214.044 6.924 5.181.605 1.487.795 2.203.096 8.879.420 2005 6.650 6.042.610 1.843.062 2.379.191 10.271.514 2006 9.034 5.503.691 2.031.345 1.985.287 9.529.357 2007 9.186 5.954.354 2.577.497 1.864.558 10.405.593 2008 10.321 6.938.128 2.992.537 1.903.977 11.844.962 2009 9.592 8.628.994 3.172.036 1.804.886 13.615.507 2010 9.916 8.217.807 3.202.034 1.898.424 13.328.182 Ano Agropecuária 2003 7.184 2004 Indústria Serviços Fonte: IBGE - Cidades. Percebe-se a importância da atividade industrial e dos serviços que, juntas, no ano de 2009, compuseram 85% do PIB municipal, o que fez com se observasse com atenção as constantes oscilações do setor agropecuário que, avaliado separadamente, obteve a menor média entre os demais, com um crescimento médio de 0,06% entre os anos analisados, principalmente se comparar com os demais setores: 0,10% para indústria, 155 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 0,13% para serviços/comércio, e 0,05% para os impostos sobre produtos líquidos de subsídios. A Tabela 38 representa o cálculo desta média anual e a média de crescimento entre os seis anos examinados. Tabela 38 - Evolução do VAB na Área de Estudo - valor em Mil Reais, em biênios. Descrição 20032004 20042005 20052006 20062007 20072008 20082009 2009Média 2010 Valor adicionado bruto da agropecuária a preços correntes -0,04 -0,04 0,36 0,02 0,12 -0,07 0,03 0,06 Valor adicionado bruto da indústria a preços correntes 0,21 0,17 -0,09 0,08 0,17 0,24 -0,05 0,10 Valor adicionado bruto dos serviços a preços correntes 0,05 0,24 0,10 0,27 0,16 0,06 0,01 0,13 Impostos sobre produtos líquidos de subsídios a preços corrente 0,46 0,08 -0,17 -0,06 0,02 -0,05 0,05 0,05 Fonte: IBGE - Cidades. O setor agropecuário apresentou entre 2003 a 2009 altos e baixos no que se refere ao seu crescimento, chegando a marcar no período 2008/2009 - 0,07. O setor industrial apresentou variações muito sérias, com uma ótima média no período de 2008/2009, 0,24, este setor chegou a apresentar números negativos, como por exemplo, os -0,09 do período 2006/2007, se recuperando nos períodos posteriores, mas, sem nunca chegar aos números de 2003/2004 e 2008/2009. Já os impostos, demonstraram quedas significativas, este último, por exemplo, teve suas receitas diminuídas em sequência entre os biênios de 2005/2006 e 2006/2007, 0,17 e -0,06 respectivamente, os acréscimos significativos se deram nos anos de 2004/2005, mas declinaram nos períodos seguintes. Para maiores efeitos de didatismo, apresenta-se a Figura 38 com a média em questão, para uma melhor visualização gráfica deste efeito. 156 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 38 - Média do crescimento do VAB por setor - 2003/2010. Impostos sobre produtos líquidos de subsídios a preços correntes 0,05 VAB serviços a preços correntes 0,13 VAB indústria a preços correntes VAB agropecuária a preços correntes 0,00 0,10 0,06 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 Fonte: IBGE - Cidades. 2010. Balança comercial Balança comercial, em seu sentido estrito, é a diferença entre o valor de exportações e importações de um país, estado, região ou cidade. A balança comercial não usa como referência quantidades dos produtos que entram e saem do país, mas sim seus valores, isto é, o valor conseguido com as vendas (exportações) menos o valor gasto nas compras (importações) de um país. A intenção é que sempre haja um lucro, ou seja, que o valor das exportações sejam maiores do que os das importações. Nesse caso, houve um superávit. Caso ocorra o contrário, as importações tenham tido valor maior que as exportações, é dito que houve um déficit. Para as pretensões de Camaçari, é necessário que a cidade repense os rumos no que diz respeito ao incremento de sua economia, pois, os dados extraídos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio apontam uma situação de déficit na balança comercial desde o ano de 2008, ou seja, de janeiro daquele ano até janeiro de 2013, a balança comercial fechou com saldo negativo, ou seja, um número maior de importação em bens de consumo do que a exportação dos mesmos. Portanto, a necessidade de se encontrar um caminho que equilibre as funções da balança comercial ou que até mesmo aumente o seu superávit dependerá de uma série de medidas de ordem pública e privada, isto é, por meio de políticas públicas 157 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA que alavanquem a produção de bens de consumo e outros bens de origem industrial e, principalmente, no campo dos serviços e do comércio, isto porque, este déficit gera menos poder de atração de investimentos de capital privado para o município, fazendo com que Camaçari se distancie de outras cidades com maior equilíbrio e variedade de transações comerciais, mesmo sendo a principal referência no estado da Bahia. A Figura 39 a seguir apresenta os números deste déficit que, por sua vez, vem crescendo desde 2004. Antes, porém, a Tabela 39 de onde se extraiu tais informações. Tabela 39 - Balança Comercial de Camaçari - BA: importação, exportação e saldo. 20042013. Exportação Importação Saldo Ano US$ FOB (A) Var% US$ FOB (B) Var% US$ FOB (A) - (B) 2004 1.545.194.597 33,96 1.427.978.971 45,62 117.215.626 2005 1.967.200.579 27,31 1.457.039.315 2,04 510.161.264 2006 2.156.979.996 9,65 1.852.823.512 27,16 304.156.484 2007 2.323.063.988 7,70 2.162.697.757 16,72 160.366.231 2008 2.110.081.128 -9,17 2.633.021.937 21,75 -522.940.809 2009 1.851.018.080 -12,28 1.984.203.325 -24,64 -133.185.245 2010 2.383.985.707 28,79 2.763.140.254 39,26 -379.154.547 2011 2.339.570.116 -1,86 3.240.207.592 17,27 -900.637.476 2012 2.485.231.453 6,23 3.771.193.377 16,39 -1.285.961.924 2013 2.528.198.954 1,73 3.731.430.717 -1,05 -1.203.231.763 Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. 158 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 39 - Balança Comercial de Camaçari - BA: importação, exportação e saldo. 2002-2010. -1.203.231.763 -1.285.961.924 -900.637.476 -379.154.547 -133.185.245 Saldo -522.940.809 160.366.231 304.156.484 510.161.264 117.215.626 jan/13 jan/12 3.731.430.717 3.771.193.377 3.240.207.592 2.763.140.254 Importação 1.984.203.325 2.633.021.937 2.162.697.757 1.852.823.512 1.457.039.315 1.427.978.971 jan/11 jan/10 jan/09 jan/08 jan/07 jan/06 jan/05 Exportação 2.528.198.954 2.485.231.453 2.339.570.116 2.383.985.707 1.851.018.080 2.110.081.128 2.323.063.988 2.156.979.996 1.967.200.579 1.545.194.597 jan/04 Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. 159 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA População Economicamente Ativa (PEA) A População Economicamente Ativa, PEA, compreende o potencial de mão de obra com que pode contar o setor produtivo, isto é, a população ocupada e a população desocupada. De acordo com o IBGE, a coleta desses dados sofre problemas que vão desde a operacionalização do conceito, principalmente nas economias onde as relações de produção não são totalmente independentes das atividades domésticas, até a dificuldade de enumeração, principalmente em relação a determinados segmentos da população como crianças, jovens e idosos. As principais dificuldades de operacionalização do conceito são de três ordens: 1. “Definição do que seja uma atividade econômica, sendo reconhecido como tal a atividade que gera algum rendimento em espécie ou in natura, seja diretamente ao indivíduo que a exerce seja indiretamente através de sua unidade doméstica; 2. Período em que a atividade econômica deva ser exercida: pode-se considerar tanto o período de uma semana, o que facilita as respostas e evita erros ‘de memória’, quanto o período de um ano que pode refletir melhor as condições de trabalho; 3. A terceira dificuldade diz respeito aos limites de idade que, em cada sociedade podem ser diferentes e, mesmo nas pesquisas do IBGE, até início da década de 2000, os limites inferiores de idade divergiam: na PNAD e censos demográficos, 10 anos, enquanto na PME, 15 anos.” Portanto, optou-se aqui por seguir o aporte metodológico da PME - Pesquisa Municipal de Emprego - considerando a faixa inicial de 15 anos até os 60 anos para mulheres, e 65 para homens. Dessa forma, os dados demonstram no ano de 2010 a existência de uma população economicamente ativa onde as mulheres se destacam com um contingente de 2.373 pessoas a mais do que os homens. Esta situação demonstra que, das 242.970 pessoas que se encontra nesta condição, o público feminino correspondia a 51% da PEA da cidade de Camaçari - BA, e os homens, a 49%, conforme Tabela 40. Tabela 40 - População Economicamente Ativa em Camaçari - BA - 2010. PEA Homens 84.666 Mulheres 87.039 Total 171.705 Fonte: DATASUS; IBGE - Censo Demográfico, 2010. 160 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Atividades agrícolas Apesar do crescimento da agricultura no estado da Bahia, as atividades e empreendimentos agrícolas na cidade de Camaçari continuam mínimas, isso se evidencia ao se ao comparar a dinâmica produtiva da cidade em relação aos outros municípios do estado e da própria Região Metropolitana. Este cenário é típico das grandes metrópoles e das cidades de médio porte cuja principal vertente econômica é a indústria, e onde atividades como o comércio e serviços também se sobressaem, e onde as atividades agrícolas e agropecuárias são tratadas de forma secundária, muitas vezes em face de uma tendência que vê na atividade agrícola um impedimento ao crescimento da malha urbana e dos seus empreendimentos. Esta questão territorial começa a ser observada a partir das áreas plantadas que um respectivo município detém para desenvolver suas atividades rurais. A Tabela 41 demonstra esta situação apresentando alguns produtos de origem agrícola que, comparados às áreas de plantio e colheita em relação ao estado e à região metropolitana, além de produzir uma quantidade pequena de gêneros alimentícios, o município tem, igualmente, poucas áreas aproveitadas para este plantio, considerando sua extensão de 784,658 km². Vejamos. Tabela 41 - Área plantada e colhida por hectare. Cultura Abacaxi Coco-da-baía Feijão (em grão) Laranja Mamão Mandioca Maracujá Milho (em grão) Tomate Área Plantada (ha) 20 1.050 237 22 26 170 72 92 24 Área Colhida (ha) Quantidade Produzida Unidade Valor (R$ 1.000) 20 1.050 237 22 26 170 72 92 24 396 7.350 135 286 780 2.210 1.440 103 744 1000 Frutos 1000 Frutos t t t t t t t 348 2.867 241 86 585 512 1.872 46 876 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA. Percebe-se claramente a inexistência do plantio de qualquer desses produtos em Camaçari, e, até mesmo, uma tendência de quedas no número de hectares para a produção dos demais gêneros no estado e na Região Metropolitana. Esta situação se estende para o campo da agropecuária, principalmente no que tange ao número ou efetivo de rebanhos na cidade de algumas das espécies criadas na sua zona rural, conforme pode ser observado na Tabela 42. 161 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 42 - Efetivo dos rebanhos (Cabeças). Espécies, efetivo por rebanho e unidades 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Bovinos - efetivo dos rebanhos - cabeças 7.306 7.598 8.206 8.616 9.133 3.541 3.198 3.049 3.123 Suínos - efetivo dos rebanhos - cabeças 4.629 4.750 5.234 5.757 6.038 6.339 6.650 6.734 6.846 Equinos - efetivo dos rebanhos - cabeças 931 948 1.005 1.045 1.076 1.098 1.142 1.245 1.324 Ovinos - efetivo dos rebanhos - cabeças 2.340 2.457 2.604 2.760 2.926 3.072 3.256 3.050 3.100 Galinhas - efetivo dos rebanhos - cabeças 97.472 103.320 111.586 115.586 120.209 122.613 127.518 125.040 124.897 Galos, frangas, frangos e pintos - efetivo dos rebanhos - cabeças 90.295 95.712 116.800 117.234 Caprinos - efetivo dos rebanhos - cabeças 255 280 291 320 345 366 384 406 427 Vacas ordenhadas - quantidade - cabeças 913 986 1.085 1.172 1.242 1.317 1.150 1.085 1.187 Leite de vaca - produção - quantidade - mil litros 534 566 600 660 700 735 698 600 600 Ovos de galinha - produção - quantidade - mil dúzias 401 417 458 504 535 545 578 602 613 Ovos de codorna - produção - quantidade - mil dúzias 668 695 764 168 - - - - - 105.283 108.300 112.632 114.884 119.479 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA. Embora se note um crescimento lento no efetivo dos rebanhos, percebem-se igualmente que o rebanho bovino do município corresponde a 0,004% do total do estado, e, num recorte espacial mais próximo, o da Região Metropolitana, esses números chegam a 0,15% do todo. Esses dados comprovam o fraco desempenho agropecuário de Camaçari principalmente no que diz respeito, no caso do gado leiteiro, à totalidade de sua produção. A Tabela 43 que se segue referenda essa perspectiva. 162 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA No caso do valor da produção de leite e ovos de galinha apresentado na Tabela 42, Camaçari - BA continua com seu baixo rendimento e produção nesta área, isto é, os R$ 88.000,00 arrecadados no ano de 2011 correspondem, na Região Metropolitana, a 0,25% do rendimento do produto, e, ao se analisar estes números no âmbito do estado, eles diminuem radicalmente para 0,01%. Observemos na Tabela 43. Tabela 43 - Produção de origem animal (Mil litros) - Tipo de produto: Leite, 2004-2012. Ano Bahia Metropolitana de Salvador - BA Camaçari - BA 2004 842.544 43.177 534 2005 890.187 46.026 566 2006 905.752 43.245 600 2007 965.799 43.732 660 2008 952.414 44.329 700 2009 1.182.019 44.820 735 2010 1.238.547 45.983 698 2011 1.181.339 43.614 600 2012 1.079.097 45.615 600 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. Sistema IBGE de Recuperação Automática SIDRA. O incentivo à criação de empregos agrícolas nas zonas rurais - e no caso de Camaçari, numa porção de espaço denominada por rururbana ou periurbana - através das mais diversas políticas públicas que procuram impulsionar os diversos ramos da economia neste setor, é uma importante estratégia para não somente reter a população rural pobre nos seus atuais locais de moradia e elevar seu nível de renda, como também, para imprimir novas dinâmicas à pequena área rural do município. A importância de ações como essa reside no fato de que, para a economia municipal, a atividade agrícola não deva ser esquecida, pois, por meio de modelos de produção menos agressivos ao homem e que aproveitem as características do meio ambiente local, ter-se-ia a possibilidade da abertura de caminhos para o desenvolvimento de muitas das atividades urbanas, influenciando diretamente na melhoria quantitativa e qualitativa do consumo de alimentos e influenciando diretamente o seu preço no mercado consumidor (REZENDE, 2005). Essa diretriz analítica é comprovada pela Tabela 44, pois nela percebe-se que, como resultado da pequena quantidade de área plantada e colhida no município, o valor da produção dos gêneros é ínfimo, corroborando as perspectivas já apontadas no estudo sobre o índice VAB de Camaçari. 163 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 44 - Produção de origem animal por tipo de produto, valor da produção (Mil Reais), 2004-2012. Ano Bahia Metropolitana de Salvador - BA Camaçari - BA 2004 431.386 25.627 374 2005 450.410 28.171 425 2006 515.274 31.942 540 2007 648.615 38.699 991 2008 736.165 38.600 700 2009 943.388 37.692 588 2010 903.939 38.633 628 2011 899.832 35.126 510 2012 1.010.494 40.875 528 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal. Sistema IBGE de Recuperação Automática SIDRA. Portanto, o ganho em potencial que a cidade de Camaçari poderia ter com uma maior dinamização de sua produção agrícola e agropecuária, reflete, em grande parte, a outras características específicas e significativas à população rural, ou seja, a sua relação com o desemprego nos grandes e médios centros urbanos e, principalmente, a probabilidade de surgimento de novas áreas agrícolas modernizadas. Todavia, mesmo com os percalços, a agricultura na cidade de Camaçari tem recebido atenção de órgãos do estado como a EBDA - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário S/A, que há alguns anos vem trabalhando junto aos pequenos produtores do município, procurando capacitá-los e instruí-los neste contexto tão desfavorável. Essa iniciativa ser á analisada a seguir como uma resposta pontual à situação anteriormente comentada. Aspectos da agricultura familiar Entende-se por agricultura familiar o cultivo da terra realizado por pequenos proprietários rurais cuja mão de obra é essencialmente o núcleo familiar. Ao contrário do modelo de agricultura patronal - que utiliza trabalhadores contratados, fixos ou temporários, em propriedades médias ou grandes, autores como Abramovay (1997) dissertam que uma das principais características desse modelo é a oposição de sua natureza social, uma vez que se apoia fundamentalmente na unidade entre gestão e trabalho de família, não separando gestão e trabalho. 164 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Ao contrário de outros países, o modelo patronal adotado pelo Brasil não prevaleceu em países onde a ocupação do território baseou-se na unidade entre gestão e trabalho, e a agricultura baseou-se inteiramente na estrutura familiar. Abramovay ressalta que os países que mais prosperaram na agricultura foram aqueles nos quais a atividade teve base familiar e não a patronal, enquanto que os países que dissociaram gestão e trabalho tiveram como resultado social uma imensa desigualdade. Conforme dissertado no último item, o pequeno dinamismo que a agricultura tem no Município de Camaçari em contraste aos elevados investimentos no campo industrial faz com que esta atividade não tenha grandes reflexos na balança comercial da cidade e na sua vida econômica como um todo. Portanto, de uns anos para cá, Camaçari tenta investir em políticas e programas que possam mudar este cenário e melhorar tanto as condições desses trabalhadores quanto dinamizar os mercados que os mesmos estão envolvidos. Como exemplo dessa nova postura, cita-se o Centro de Desenvolvimento Social e de Segurança Alimentar para o Litoral Norte da Bahia, uma iniciativa que faz parte de uma parceria entre a Secretaria Estadual do Desenvolvimento Social e Combate a Pobreza e a ONG italiana, Sud Uil – Brasil e que irá garantir mais de R$ 4,3 milhões em recursos que serão investidos em benefício de 1.250 famílias do Litoral Norte do Estado. Camaçari, Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde, Itanagra e Jandaíra serão contemplados. O objetivo é contribuir com a melhoria das condições de vida da população rural, em especial, a de baixa renda. A ação consiste no apoio às atividades de piscicultura, agricultura familiar, mariscagem, apicultura, agricultura orgânica e criação de animais de pequeno porte. Mais de 200 famílias das localidades de Açu da Capivara, Cancelas, Tiririca, Povoado de Lodo, Cordoaria e Coqueiro de Monte Gordo serão beneficiadas pelo projeto. As ações consistem no fornecimento de ferramentas de conhecimento e tecnologia capazes de melhorar o desempenho produtivo da população do campo. De acordo com os representantes, o Centro de Segurança Alimentar terá, dentre outras funções, o importante papel de capacitar a população e criar mecanismos de sustentabilidade. 165 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Serviços disponíveis e características do comércio local. O mundo do serviço e do comércio, de uma maneira geral e ao longo dos anos, vem sendo constantemente observado sob diversos aspectos devido a suas transformações no mundo globalizado. Superando o modelo toyotista de produção e dando um novo direcionamento às relações de trabalho que são mantidas, intensificadas e diversificadas nas suas modalidades no decorrer desses anos, estas transformações provocaram uma alteração neste cenário, seja com a diminuição da mão-de-obra empregada na indústria, seja com o surgimento de novas atividades relacionadas principalmente ao setor de serviços. Composta por um amplo espectro de atividades (comércio, transportes, comunicações, instituições financeiras, serviços prestados às famílias, serviços prestados às empresas, aluguel de imóveis, administração pública e serviços privados não mercantis), essas atividades demonstram a variedade existente no setor. Em Camaçari, esses nichos de mercado se intensificaram a partir dos anos 90 com o fim do Modelo de Substituição de Importações, e com a tardia abertura da economia brasileira, principalmente após a implantação do Plano Real, em 1994, quando o processo de globalização com suas repercussões na economia brasileira e baiana se ampliam consideravelmente (KUBOTA; ALMEIDA, 2011). O novo padrão de concorrência global imposto pela abertura comercial e a consequente reestruturação produtiva, assim como a intensificação de investimentos estrangeiros na região evidenciam uma maior inserção da cidade de Camaçari na economia global, fato que ecoa na sua estrutura produtiva e na nova conformação espacial da região (TUMOLO, 2001). Nessa perspectiva, e contando com o processo de transferência de mão de obra da indústria para os serviços e o seu consequente fortalecimento do comércio, esta tendência se manifestou a partir da década de 90 principalmente na participação deste setor no PIB como também a sua participação na geração de emprego. Sem estabelecer um recorte histórico mais alongado, examinando a partir de 2003 até 2010, percebe-se com clareza esta manifestação no PIB, mais precisamente no Índice de Valores Adicionados Brutos (VAB), cálculo obtido a partir da base de informações 166 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA econômicas correspondentes a média dos índices apurados do setor econômico de uma cidade, estado ou país, conforme já explicitado. Esse acréscimo perceptível é fruto das observações acima constatadas, uma vez que o setor de serviços se modifica, assim como todos os campos produtivos, de acordo com a dinâmica econômica pela qual a cidade atravessa. Dessa forma, com a transformação da estrutura produtiva do estado, na qual predominou o setor terciário - crescimento esse sentido desde a década de 70 - os efeitos multiplicadores dos investimentos industriais, até a década de 1980, embora significativos, alavancando, principalmente, o comércio e o sistema bancário e financeiro, verificou-se nesse período o início do desenvolvimento de serviços voltados para o apoio às indústrias, como os de segurança, limpeza, alimentação, transporte, assistência médica etc. No setor público, o aumento da arrecadação possibilitou a ampliação e a modernização dos aparatos administrativos, e dessa forma, novas funções no âmbito do poder público foram demandadas, o que aumentou a perspectiva de atuação deste setor. Esse movimento, aliado ao surgimento de novas tecnologias e da renovação das formas organizacionais e a modificação dos hábitos de consumo que se aliam rumo à modernização do terciário, propiciando à cidade a atualização dos seus serviços, adaptando-os às exigências das classes médias e altas e, sobretudo, às do setor empresarial, concomitantemente, as pessoas que estavam à margem do mercado formal passam a compor as franjas do setor terciário, inserindo-se no “segmento informal”, complementando o modelo em curso (TUMOLO, 2001). Esse processo consolida a cidade de Camaçari também como polo das funções terciárias, centralizando os fluxos regionais dessa região com as demais regiões do estado, criando externalidades para o atendimento ao setor empresarial. Assim, se avaliarmos sob esse prisma, embora o setor de serviços esteja se transmutando virtualmente a partir da modernização que, com o processo de desnacionalização e com a expansão de empresas locais em vários setores (supermercados, construção civil, telecomunicações, publicidade e outros), revigorando e aprofundando a conexão com outras metrópoles, percebe-se que 167 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA mesmo com o passar do tempo, as ações no campo dos serviços, em Camaçari, não se restringem a serviços básicos. Setores avançados como tecnologia, comunicação, instituições de crédito e financeiras, vem avançando com o passar do tempo, chegando a cada ano que passa a um patamar mais elevado. O gráfico a seguir apresenta estas perspectivas por meio da análise de movimentação agregada de funcionários admitidos e desligados de acordo com os seus respectivos setores de trabalho, ligados ao campo dos serviços, sua referência atual, ou seja, os intervalos entre os meses de janeiro de 2013 e 2014 demonstram ainda a necessidade de se investir nos ramos do serviço e, consequentemente, do comércio, em áreas hoje consideradas estratégicas. Vejamos o exemplo exposto na Figura 40. 168 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Total de pessoas admitidas e demitidas Figura 40 - Admissões e desligamentos nos setores de serviço em Camaçari – BA - Janeiro de 2013 e 2014. 3.956 4.000 3.990 3.566 3.500 3.512 3.000 2.500 1.971 1.693 2.000 1.500 1.000 500 545 475 278 40 23 17 462 70 54 329 133 0 -500 -34 Instituições de crédito, seguros e capitalização Admissões 40 Comércio e administração de imóveis, valores mobiliários, serviços técnico 3.956 Transportes e comunicações Serviços de alojamento, alimentação, reparação, manutenção etc. Serviços médicos, odontológicos e veterinários Ensino 1.971 3.566 545 462 Demissões 23 3.990 1.693 3.512 475 329 Variação Absoluta 17 -34 278 54 70 133 Fonte: CAGED - Ministério do Trabalho e Emprego, 2014. 169 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA O Gráfico anterior (Figura 40) apresentado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, CAGED, do Ministério do Trabalhe e Emprego (MTE), apresenta os dados referentes aos meses de janeiro de 2013 e 2014 a respeito do número de admissões e desligamentos em cada setor. Nota-se, após a leitura do gráfico, a veracidade dos comentários no parágrafo anterior, uma vez que os serviços referentes às áreas hoje mais em voga apresentaram baixa variação absoluta e, em alguns casos, negativa, como por exemplo, o Comércio e Administração de Imóveis, que demonstrou no ano um saldo negativo neste intervalo, ou seja, maior demissão do que contratação. Na economia da cidade de Camaçari há uma ascendência do setor de serviços, tanto em número de estabelecimentos e pessoal ocupação quanto na participação setorial no valor adicionado da economia, conforme retratado anteriormente. Para o primeiro recorte temporal, de 1996 a 2005, os registros da RAIS9 demonstraram que, em 1996, os estabelecimentos produtivos ligados às atividades de serviço representavam 48,8% dos estabelecimentos existentes, os quais respondiam por 69,4% dos empregos formais da região. O setor, entre 1996 e 2008, avança em relação a um acréscimo no número de empresas e na geração de empregos formais. Entretanto, tal crescimento não é capaz de manter a sua participação no mesmo patamar, tendo em vista que outros setores da economia cresceram muito mais. Como resultado, o setor de serviços reduz a sua participação relativa no número total de estabelecimento e empregos para 46,8% e 67,7%, respectivamente. De 1996 a 2008 não ocorrem mudanças estruturais significativas na sua base produtiva. O número de estabelecimentos formais, de todos os setores produtivos, apresenta crescimento, exceto nos de produção e distribuição de eletricidade, gás e água. A indústria de transformação perde um pouco sua participação no número total de estabelecimentos. Há um aumento de participação do número de empresas relacionadas às atividades de comércio, transporte e armazenagem e um crescimento, bastante tímido, do número de empresas ligadas às atividades financeiras, o que reduz a participação destas no conjunto de estabelecimentos da região. O mesmo fenômeno é observado nas empresas prestadoras de serviço de educação. As atividades de aluguéis, imobiliárias e de serviços prestados às 9 Relação Anual de Informações Sociais. 170 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA empresas, embora tenham crescido 64,5%, ampliaram muito pouco o respectivo patamar de participação no número de estabelecimentos. No caso do comércio, tais atividades acompanham, necessariamente, a dinâmica do setor de serviços, uma vez que ambas encontram-se imbricadas devido ao fato de que tem que se fazer presente uma rede comercial que abasteça e dê suporte às atividades no campo dos serviços. A rede comercial de Camaçari, assim como a sua rede de serviços, sofre as mesmas variações da dinâmica econômica, e, dessa forma, também estão sujeitas as mudanças e sazonalidades impostas pela dinâmica de mercado. Um exemplo desta situação diz respeito aos dados trazidos pelo CAGED referentes às contratações e demissões do setor, vejamos na Figura 41. 171 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 41 - Admissões e desligamentos nos setores do comércio em Camaçari - Janeiro de 2013 e 2014. 600 519 Total de pessoas admitidas e demitidas 493 500 393 400 293 300 200 73 100 29 0 70 52 18 -26 -100 -100 44 2013 2014 2013 Comércio Varejista 2014 Comércio Atacadista Admissões 293 493 73 70 Demissões 393 519 29 52 Variação Absoluta -100 -26 44 18 Fonte: CAGED - Ministério do Trabalho e Emprego, 2014. 172 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 7.2 Finanças Públicas O levantamento foi elaborado a partir dos dados disponibilizados pelo IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que, por sua vez, utiliza fontes do Ministério da Fazenda – Secretaria do Tesouro Nacional – e apresenta o investimento público em saúde e saneamento por município, bem como os gastos municipais per capita por habitante e em percentual do PIB. Para cálculo do gasto público com saúde e saneamento per capita pela população brasileira foram utilizadas as estimativas intercensitárias disponibilizadas pelo DATASUS que, por sua vez, utiliza fontes do IBGE (IPEA, 2015). Para cálculo do gasto percentual em relação ao PIB, foram utilizadas as bases de dados do Produto Interno Bruto dos Municípios, também disponibilizadas pelo IBGE e pelo DATASUS (IPEA, 2015). Conforme apresentado na Tabela 45, o município teve um crescimento de 1.412% dos investimentos em saneamento e saúde, no período de 1999 a 2011. O período de maior crescimento com relação ao ano anterior foi de 1999 para 2000 e o menor foi de 2005 para 2006, com crescimento negativo. Tabela 45 - Investimento municipal em saúde e saneamento, no total, 1999 - 2011. ANO 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 Gasto Municipal (em R$) Crescimento anual (em %) R$ 127.184.087,03 R$ 117.569.023,85 R$ 103.799.225,79 R$ 99.884.077,47 R$ 91.295.603,00 R$ 75.663.028,09 R$ 87.045.087,99 R$ 64.503.080,21 R$ 60.416.421,51 R$ 54.429.443,44 R$ 42.077.335,01 R$ 35.405.234,14 R$ 8.411.752,17 Fonte: IPEA, 2015. 8,18% 13,27% 3,92% 9,41% 20,66% -13,08% 34,95% 6,76% 11,00% 29,36% 18,84% 320,90% - 173 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA A Figura 42 apresenta a linha do tempo dos investimentos em saúde e saneamento no mesmo período e a Figura 43 faz um comparativo com a média nacional. Figura 42 - Investimento municipal em saúde e saneamento, no total, 1999 - 2011, Linha do tempo 1999 - 2011. Fonte: IPEA, 2015. As informações constantes na Tabela 46 revelam que a média municipal dos investimentos em saúde e saneamento, por habitante, foi superior à média nacional Tabela 46 - Investimento municipal em saúde e saneamento per capita, 1999 - 2011. ANO 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 MUNICIPAL (EM R$) 510,36 /hab. 483,88/hab. 442,54 /hab. 438,17 /hab. 450,84 /hab. 383,55/hab. 453,70 /hab. 355,93 /hab. 342,23 /hab. 316,74 /hab. 251,98/hab. 218,92/hab. 56,40 /hab. Fonte: IPEA, 2015. MÉDIA NACIONAL (EM R$) 443,50 /hab. 408,35 /hab. 364,30 /hab. 320,22 /hab. 272,54 /hab. 245,42 /hab. 207,19 /hab. 180,08 /hab. 163,17 /hab. 144,82 /hab. 106,35 /hab. 102,56 /hab. 81,96 /hab. Figura 43 - Investimento municipal em saúde e saneamento per capita, Linha do tempo 1999 – 2011, comparando com a média nacional. Fonte: IPEA, 2015. 174 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Na Tabela 47 apresenta-se o investimento municipal em saúde e saneamento em relação ao PIB. Verifica-se que, neste nível, o Município de Camaçari manteve-se abaixo dos investimentos federais (Figura 44). Tabela 47 - Investimento municipal em saúde e saneamento em relação ao PIB, 2000– 2011. ANO MUNICIPAL MÉDIA NACIONAL 2011 1,03% do PIB 2,06% do PIB 2010 0,88% do PIB 2,07% do PIB 2009 0,76% do PIB 2,15% do PIB 2008 0,84% do PIB 2,00% do PIB 2007 0,88% do PIB 1,94% do PIB 2006 0,79% do PIB 1,93% do PIB 2005 0,85% do PIB 1,78% do PIB 2004 0,73% do PIB 1,66% do PIB 2003 0,84% do PIB 1,70% do PIB 2002 0,94% do PIB 1,71% do PIB 2001 0,73% do PIB 1,41% do PIB 2000 0,69% do PIB 1,48% do PIB Fonte: IPEA, 2015. Figura 44 - Investimento municipal em saúde e saneamento em relação ao PIB, Linha do tempo 1999 – 2011 comparando com a média nacional. Fonte: IPEA, 2015. No que se refere aos investimentos em saúde e saneamento em relação a receita, a partir de 1999, o município tem investido da receita própria de forma crescente. O ano de 2003 foi o que mais houve investimentos na área e 1999, o menor. A Tabela 48, revela que, no ano de 2003, o município investiu mais da receita própria do que o governo federal, sendo este o ano de maior utilização dos recursos próprios na área de saneamento. Em 2006, o município apresentou a maior queda dos investimentos com receita própria. 175 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 48 - Investimento municipal em saúde e saneamento em relação a receita, 1999 – 2011 ANO MUNICIPAL MÉDIA NACIONAL 2011 18,419% da receita 24,997% da receita 2010 21,085% da receita 25,179% da receita 2009 21,804% da receita 25,785% da receita 2008 22,036% da receita 24,060% da receita 2007 20,008% da receita 24,333% da receita 2006 18,157% da receita 24,605% da receita 2005 24,155% da receita 23,802% da receita 2004 22,384% da receita 22,872% da receita 2003 25,615% da receita 24,093% da receita 2002 22,792% da receita 23,161% da receita 2001 16,899% da receita 19,383% da receita 2000 16,707% da receita 20,339% da receita 1999 5,816% da receita 20,577% da receita Fonte: IPEA, 2015. Figura 45 - Investimento municipal em saúde e saneamento em relação a receita, Linha do tempo 1999 – 2011, comparando a média nacional. Fonte: IPEA, 2015. 176 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 8 8.1 CARACTERIZAÇÃO INDUSTRIAL, CULTURAL E TURÍSTICA Perfil industrial Na década de 1970, foi registrada no estado da Bahia uma estagnação econômica, apontando para a necessidade de novas alternativas de desenvolvimento, para tanto o Governo Federal, com apoio do Conselho de Administração da Petrobrás e participação ativa da sua subsidiária, a Petroquisa, decidiu implantar na Bahia o segundo Polo Petroquímico do país, descentralizando a produção de matéria-prima de importância estratégica nacional. Pelas características topológicas favoráveis, optou-se pela implantação do empreendimento no Município de Camaçari - BA. Surge então o Complexo Petroquímico de Camaçari - BA - COPEC, que iniciou suas operações em 1978 (COFIC, 2013). Lima (2014) acrescenta informando que um Polo Industrial é implantado em certo local devido a diversos fatores, principalmente pela carga tributária que as empresas terão que pagar naquela localidade, da logística, que pode facilitar pelo endereço, da qualidade da mão-de-obra do local, da beligerância sindical, pois as empresas procuram locais, onde os salários não possuem valor acima da média nacional ou os quais não tem grande ocorrência de greves e também a da existência de distrito industrial, ou seja, um local adequado para funcionamento de industrias. O Polo Industrial de Camaçari - BA (PIC), segundo o Comitê de Fomento Industrial COFIC (2014), está localizado dentro do próprio Município de Camaçari - BA, a uma distância de aproximadamente 5 km da sede, fazendo parte da Região Metropolitana de Salvador (RMS). A Figura 46 mostra o croqui da localização do Polo Industrial de Camaçari - BA em relação a importantes referências. 177 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 46 - Croqui da localização do Polo Industrial de Camaçari - BA. Fonte: COFIC, 2014. O Polo Industrial de Camaçari - BA - PIC é classificado como o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul, sendo composto por mais de 90 empresas químicas, petroquímicas e de outros ramos de atividade como indústria automotiva, de celulose, fertilizantes, energia eólica, entre outros. O PIC iniciou suas operações no ano de 1978, denominado à época “Polo Petroquímico de Camaçari - BA”, por possuir em sua estrutura empresas ligadas às atividades petroquímicas, direta ou indiretamente. Aproximadamente 80% das vagas de emprego geradas no PIC são ocupadas pela mão-de-obra local, o que representa aproximadamente 45 mil empregos, sendo 15 mil diretos e 30 mil indiretos (COFIC, 2014). De acordo com informações do site oficial da Prefeitura Municipal de Camaçari - BA (PMC), este município possui o maior Produto Interno Bruto (PIB) industrial da região Nordeste, atingindo R$ 6 bilhões, caracterizando-o como o município mais industrializado do estado da Bahia, respondendo sozinho por 30% das exportações deste estado para todos os continentes do mundo. 178 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Segundo o site oficial da PMC, atualmente, o Polo é responsável por 20% do PIB baiano e pela exportação de US$ 2,3 bilhões por ano, apresentando faturamento anual de US$ 15 bilhões. A contribuição anual do PIC em Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) ultrapassa R$1 bilhão para o Estado da Bahia e responde por mais de 90% da arrecadação tributária de Camaçari - BA. Listam-se novos investimentos acima de 6,2 bilhões de dólares até 2015. As mais recentes instalações em Camaçari - BA compõem o Poloplast e o Polo de Apoio. O Poloplast foi implantado em 2002, tendo como base o Programa Bahia Plast do Governo do Estado, o local conta com cerca de 47 empresas instaladas, contidas nos ramos do comércio, da indústria plástica e de serviços. Sua área construída equivale a 17 quarteirões e, em 2005, gerava mais de 4 mil empregos diretos. Após a chegada da Ford ao município, o Poloplast se expandiu rapidamente com a instalação de dezenas de empresas (CAMAÇARI - BA, 2005a). Em relação ao Polo de Apoio, segundo o Guia Empresarial de Camaçari - BA, este foi implantado pela prefeitura municipal para abrigar empresas prestadoras de serviços ao PIC, no ano de 1985. São aproximadamente 50 empresas de atividades produtivas variadas, inclusive indústrias, que empregam diretamente mais de 4,2 mil pessoas. Cerca de 70 empresas dos segmentos químico/petroquímico, automotivo, de celulose, metalurgia do cobre, têxtil, de bebidas e serviços, do Polo Industrial de Camaçari - BA, são representadas por uma associação empresarial privada que atua na articulação e coordenação de ações coletivas visando atender estas empresas, denominado Comitê de Fomento Industrial de Camaçari - BA (COFIC). Este tem como objetivos o fomento ao crescimento sustentável das associadas, a representação junto às autoridades governamentais, a promoção de melhores práticas em segurança, saúde e meio ambiente, o estímulo à comunicação transparente e boa imagem junto à sociedade e, por fim, a promoção da capacitação e qualificação de futuros colaboradores das associadas (COFIC, 2014). Já as indústrias do Poloplast são representadas pela Associação Empresarial do Poloplast de Camaçari - BA (AEPC). O Município de Camaçari - BA conta ainda com outras indústrias que não fazem parte dos Polos acima citados. Em geral são indústrias de pequeno porte e que estão em número bem menor, atuando nas seguintes áreas: bolsas e produtos, EPIs, 179 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA fardamentos, metalúrgicas, de pallets, pontes rolantes/talhas/elevadores, postes e galpões, pré-moldados e cerâmicas (Guia Empresarial de Camaçari - BA, 2014). Em todo o Polo Industrial, até 2005, existiam 154 empresas instaladas no local, sendo 24% do ramo de produtos químicos, 10,4% do ramo de confecções, 9,1% marcenarias, 7,8% serralherias, 7,1% pré-moldados e outros diversos ramos representando 40,6% (CAMAÇARI - BA, 2005a). São considerados marcos de excelência em relação ao polo industrial, segundo o COFIC (2014), o pioneirismo em sistemas integrados de proteção ambiental, com monitoramento ambiental, abrangendo ar, solo, rios, mar e águas subterrâneas, programa de redução de emissões atmosféricas, aprimoramento contínuo dos processos produtivos, mais completo estudo de riscos realizado no Brasil, envolvendo todas as empresas do Complexo Industrial (Projeto APOLLO), Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) em todas as empresas, incluindo transporte de produtos químicos, índice de acidentes com afastamento no Polo baixo em relação a média nacional e o diálogo com as comunidades vizinhas. 8.2 Cultura e Lazer A Cidade do Saber (CDS) foi inaugurada no dia 22 de março de 2007 e tem como objetivo melhorar o acesso da população à cultura, esporte e lazer. Administrada pelo Instituto Professor Raimundo Pinheiro, uma entidade não governamental, a CDS é referência no país como forma de inclusão social. Figura 47 - Instalações da Cidade do Saber. Fonte: Cidade do Saber, 2014. As atividades da Cidade do Saber são oferecidas de forma gratuita à população de Camaçari - BA e incluem cursos e oficinas de arte e esporte; atividade de desenvolvimento de talentos artísticos, atividades culturais e atividades de promoção da saúde, com atividades físicas orientadas. A CDS também tem espaços culturais interativos, como o Museu Única e o Memorial do Polo Petroquímico de Camaçari 180 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA BA, que conta com visitas guiadas. Além disso, a CDS tem o segundo maior teatro da Bahia, um Centro de Eventos com quatro auditórios, um prédio para atividades pedagógicas com 32 salas de aula arte-educativas, um parque aquático com piscina semiolímpica e quadra poliesportiva. Apesar de ser sediada no município, através do Ponto Móvel Cidade do Saber, a CDS também está presente em pontos da orla e zona rural. Um caminhão-baú com infraestrutura para atividades culturais itinerantes e de ações em parceria com a rede pública municipal de ensino, leva às escolas atividades de arte-educação e ensino do esporte. Cursos Oferecidos Cultura e Arte: Ballet, bateria, canto, contrabaixo, desenho artístico, dança de salão, dança moderna, espanhol, inglês, musicalização, percussão, pintura, teatro, teclado e violão. Atividades Esportivas: Basquete, boxe, capoeira, futebol de campo, futsal, ginástica rítmica, handebol, hidroginástica, karatê, macroginástica, natação para adultos, natação infantil, vôlei e xadrez. Oficinas – Artes Visuais: Brincarte, criação de cenário, modelagem, patchwork e pintura. Oficinas – Dança: Dança clássica, contemporânea, dança livre, forró, jazz, salsa, tango e zouk. Oficinas – Teatro: Cantos e cantigas, expressão corporal dramática, palhaçaria, teatro infantil e teatro popular. Figura 48 - Aula de Teatro. Fonte: Cidade do Saber, 2014. 181 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Manifestações Populares As manifestações populares de Camaçari - BA também são uma parte importante da cultura da cidade. A Chegança dos Mouros de Arembepe e Chegança Feminina, além do Boi Janeiro de Parafuso, fazem parte desse cenário cultural. Chegança dos Mouros de Arembepe Composto por 27 integrantes do sexo masculino, a Chegança dos Mouros de Arembepe (Figura 49) é comandada pelo Mestre Robson Almeida e já existe há mais de 60 anos. Figura 49 - Chegança dos Mouros de Arembepe. Fonte: SECULT, 2014. A Chegança dos Mouros é inspirada na saga marítima portuguesa e nas lutas medievais travadas pelos europeus contra árabes, turcos e mouros. O espetáculo pode durar até doze horas e é composto de vários episódios independentes, que mostram a saudade que os marujos sentiam de casa, os amores deixados e dificuldades enfrentadas durante as travessias, como as tempestades e brigas entre tripulantes. A Chegança é, principalmente, encenadas por pescadores, que representam marujos e oficiais de um navio. O ponto alto do espetáculo são as lutas contra os mouros, que acontecem em alto mar (CAMAÇARI - BA, 2014c). A Chegança Feminina de Arembepe foi fundada por Elizabete de Souza e Senhoras do grupo da terceira idade, em 2002. Essa Chegança é uma adaptação da Chegança dos Mouros e realiza apenas a parte da marujada. Boi Janeiro de Parafuso A manifestação popular que mais se destaca no distrito de parafuso é Boi Janeiro (Figura 50). A manifestação é uma dança dramática que narra a morte e ressurreição de um boi e é uma variante do bumba-meu-boi (LIMA, 2008a). 182 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 50 - Boi Janeiro de Parafuso. Fonte: Silva, 2008. Segundo Lima (2011) essa manifestação apresenta enredos variados em algumas regiões do Brasil. Na versão contado pelo Boi Janeiro do distrito de Parafuso, a história começa quando a filha do fazendeiro pega um boi escondido, e traz para passear em frente à igreja, onde um grupo de reisado está cantando em comemoração ao nascimento do menino Jesus. A filha do fazendeiro, pede ao mestre dos reis que cante uma música para o boi dançar. O boi é manso, mas se assusta com o caboclo, que lhe bate com uma varinha, uma espécie de chicote, então o animal fica bravo, com medo de ser atacado e o caboclo mata o Boi Janeiro. A vaqueira chora sem saber o que fazer, então é através da música que o boi é repartido para o urubu não comer e recomposto para ressuscitar. 8.3 Turismo O turismo é definido como um conjunto de atividades realizadas por pessoas durante viagens realizadas a diversos locais diferentes do habitual frequentado por elas. No Município de Camaçari - BA, existem vários locais para a prática do turismo e também diversos tipos que podem ser realizados. 8.3.1 Turismo de Negócios Camaçari - BA é sede de um dos maiores Complexos Industriais do Hemisfério Sul, por isso recebe diariamente visitantes que chegam a cidade por causa de trabalho.(SETUR, 2014d). O Turismo de Negócios e Eventos reúne atividades turísticas que acontecem por causa dos encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e social; e Camaçari - BA, por ter o Polo Industrial, vem desenvolvendo principalmente esse ramo do turismo (SETUR, 2014d). 183 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Outro fato importante do Turismo de Negócios e Eventos na cidade, é Camaçari - BA sediar a Semana Global de Empreendedorismo, um evento que destaca a importância de mobilização das micro e pequenas empresas para desenvolver o pensamento empreendedor e receber participantes do mundo inteiro. Turismo Sol e Praia - Caminho dos sete paraísos Camaçari - BA tem 42 km de praias e infraestrutura que conta com restaurantes e hospedagens. Busca Vida, Jauá, Arembepe, Barra do Jacuípe, Guarajuba e Itacimirim são as localidades que possuem as praias como atração principal. O distrito de Abrantes, apesar de também ter praias, tem como forte a parte cultural e histórica. (SETUR, 2014d). Além das praias, eventos como o Festival de Arembepe e as lavagens contribuem bastante com o turismo nestas localidades. Busca Vida Busca Vida fica à 6 km do Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães, e além da praia, sua margem direita é banhada pelo rio Joanes que faz divisa com o município de Lauro de Freitas. Busca Vida, também tem uma organização interna voltada para a preservação ambiental. Pequenos condomínios tem como compromisso a preservação da fauna, flora e toda biodiversidade formada pelo manguezal (SETUR, 2014d). Figura 51 - Cais da Praia de Busca Vida. Fonte: SETUR, 2014. Além da praia, o turista também pode fazer passeios de barco no rio Joanes, onde pode ver um grande estuário de mangue preservado. Busca Vida pertence à Área de Proteção Ambiental Joanes/Ipitanga, é um ambiente de restinga, vegetação de Mata Atlântica e manguezal. Entre as espécies comuns na 184 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA restinga está a mangabeira, canela de ganso, a lixeira, o mandacaru, o cabeça-defrade, o cipó, as bromélias, entre outros. Estão presentes, também, mamíferos e répteis como o preá, sagui, raposa, iguana, e diversas espécies de serpentes e aves (SETUR, 2014d). Abrantes Abrantes foi onde começou a criação de Camaçari - BA e por isso é um espaço cultural tão importante. A história de Camaçari - BA tem início após a construção da cidade de Salvador, no ano de 1558, quando os jesuítas fundaram a aldeia do Divino Espírito Santo, construindo a primeira igreja ainda de barro e palha. Com o objetivo de catequizar e educar os índios tupinambás foi instalada a companhia de Jesus, constituindo-se num dos trabalhos pioneiros no Brasil (SETUR, 2014d). Figura 52 - Localidade de Abrantes. Fonte: SETUR, 2014. A localidade possui uma das igrejas mais antigas da Bahia, construída no século XVI, a Igreja do Divino Espírito Santo, é um monumento de grande valor histórico. Além disso, Abrantes abriga um dos maiores complexos de dunas da Costa dos Coqueiros. Jauá Composta por quatro praias, que ocupam 2,5 km de litoral, Jauá fica localizada no km 15 e 16 da Estrada do Coco. 185 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 53 - Localidade de Jauá. Fonte: SETUR, 2014. Jauá, é originária de uma antiga vila de pescadores, o nome é inspirado em uma espécie de papagaio típico da região, conhecido por fazer os ninhos em coqueirais. Possui como atrativo as piscinas naturais, como exemplo temos uma região da Orla localizada no centro urbano conhecida como Pedra da Baleia, uma praia protegida por arrecifes formando imensas piscinas naturais. Além das piscinas naturais, nesta praia há um calçadão por toda a sua extensão (SETUR, 2014d). Além disso, existem as dunas de Jauá, que fazem parte da área de proteção ambiental do Parque das Dunas de Abrantes e nelas é praticado o sandboard, além de ser uma opção de lazer também para as crianças. Arembepe A localidade de Arembepe, hoje subdistrito do Município de Camaçari - BA, foi originalmente uma vila de pescadores. Além da praia, outras paisagens naturais, a exemplo do rio e lagoas, praias e dunas, contribuem para o turismo no local. É conhecida principalmente pela Aldeia Hippie, remanescente do movimento de contra cultura dos anos 60 e 70. A partir da década de 1970 tornou-se ponto de encontro de hippies de várias partes do Brasil e do mundo, tornando-se uma das maiores referências na teoria Aquário. Esse acontecimento gerou a valorização local, despertando o interesse de investidores e turistas (SETUR, 2014d). O subdistrito possui cinco praias em uma orla de aproximadamente 7 km e a Aldeia Hippie famosa por ter sido visitada por ilustres das artes musicais e culturais do mundo como Jannis Joplin, Mick Jager, Caetano Veloso e Luiz Melodia (SETUR, 2014d). 186 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 54 - Aldeia Hippie de Arembepe. Fonte: SETUR, 2014 Outras opções de lazer em Arembepe são as manifestações culturais, a aldeia hippie, o artesanato, a gastronomia e a singularidade popular (SETUR, 2014d). Jacuípe Jacuípe está situada no Km 31 da Estrada do Coco. No local há uma vila, originalmente de pescadores, chamada Barra do Jacuípe, que dá nome ao encontro do rio Jacuípe com o mar (SETUR, 2014d). Figura 55 - Praia de Jacuípe. Fonte: SETUR, 2014. De acordo com a SETUR (2014d), a bacia do rio Jacuípe limita-se ao sul com a bacia do rio Joanes e ao norte com a do rio Pojuca e desemboca na altura da vila de Barra do Jacuípe. Este rio recebe influência da maré em cerca de 8 Km em relação à linha da Costa. Além disso, no porto é possível alugar canoas para passear no rio ou simplesmente fazer a travessia até uma ilha deserta formada pelos rios Capivara, Jacuípe e pelo mar (SETUR, 2014d). Em Barra de Jacuípe os visitantes podem optar por passeios em catamarâs, para curtir as belezas do manguezal, tomar banho de lama ou pescar (SETUR, 2014d). 187 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Guarajuba Guarajuba está localizada no km 43 da Estrada do Coco e é um dos lugares mais procurados no litoral de Camaçari - BA. Guarajuba vem do tupi guarani e significa Garça Dourada, referenciando uma ave de delicada beleza, muito comum na região das lagoas (SETUR, 2014d). Figura 56 - Lagoa de Guarajuba. Fonte: SETUR, 2014. Guarajuba é parte integrante de uma Área de Proteção Ambiental (APA) Lagoas de Guarajuba, que será descrita posteriormente. Além de lagoas e praias, Guarajuba também possui calçadão com ciclovia em toda extensão de sua orla, barracas de praia, restaurantes, sorveterias, shopping, lanchonetes, delicatassen, lojas de conveniências, pousadas e hotéis (SETUR, 2014d). Durante o verão, outra opção na localidade é a feira de cultura e arte que acontece nos finais de semana e tem como foco mostrar o que é produzido pelo povo da cidade. Itacimirim A Praia de Itacimirim é a última praia da Estrada do Coco pertencente ao Município de Camaçari - BA. Localizada a aproximadamente 48 km do Aeroporto Internacional de Salvador e a 6 km da Praia do Forte no início da Linha Verde, Itacimirim chama atenção pelas belas praias da Costa dos Coqueiros (SETUR, 2014d). Figura 57 - Praia de Itacimirim. Fonte: SETUR, 2014. 188 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Um fato interessante sobre a localidade é que Amir Klink aportou nessa praia, após a sua viagem de dias a remo cruzando todo o Oceano Atlântico desde a África. O fato aconteceu em 1984 e tornou Itacimirim conhecida internacionalmente (SETUR, 2014). Itacimirim possui regiões de mar aberto e outras com recifes que possibilitam a formação de piscinas naturais. A praia da Barra é um exemplo, que desperta o interesse dos visitantes, assim chamada devido ao encontro do rio Pojuca com o Oceano Atlântico. Festival de Arte e Cultura O Festival é realizado, normalmente, em setembro e promove atividades culturais como exposições, artes plásticas, publicações literárias, oficinas de danças, baterias e atrações musicais. A terceira edição do festival aconteceu em 2013 e a atração de destaque foi o cantor Frejat. A estimativa de público é em torno de 25 mil pessoas (IBAHIA, 2014). Figura 58 - Adão Negro, Scambo e Frejat, divulgação do Festival 2013. Fonte: Ibahia, 2014. 8.4 Povos e Comunidades Tradicionais Por meio do Decreto 6.040/2007, instituiu-se a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) que define esses povos como grupos culturalmente diferenciados, que possuem formas próprias de organização social (BRASIL P. d., 2007). Esses grupos ocupam e usam, de forma permanente ou temporária, territórios tradicionais e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica. Para isso, são utilizados conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Entre os PCTs do Brasil, estão os povos indígenas, os quilombolas, as comunidades de terreiro, os extrativistas, os 189 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA ribeirinhos, os caboclos, os pescadores artesanais, os pomeranos, dentre outros (BRASIL, 2014b). O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome apoia projetos específicos, definidos por meio de editais públicos, e que auxiliam as famílias a produzirem alimentos de qualidade, com regularidade e em quantidade suficiente para seu autoconsumo. Também são desenvolvidas oportunidades de trabalho e geração de renda. Nesse sentido, foram destinados mais de R$ 27 milhões para atender cerca 46 mil famílias desde 2007 (BRASIL, 2014b). Além disso, o MDS busca ampliar o acesso desses povos a ações como Acesso à Água e Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) (BRASIL M., 2014). 8.4.1 Povo Cigano A Comunidade cigana no Município de Camaçari - BA se identifica como sendo do clã cigano Kalê. Com o passar dos anos, este grupo deixou de ser nômade para se estabelecer definitivamente no território. Prevalece ainda à dificuldade em identificálos e quantificá-los. Segundo relatos do representante dos ciganos no município, Sr. Gilson Dantas da Cruz, eles estão estabelecidos na sede e orla em seis grupos, formados exclusivamente por famílias consanguíneas. Ele não possui um diagnóstico sobre o número de ciganos estabelecidos no território, mas identificou os principais acampamentos definitivos no Município de Camaçari - BA que consta no Quadro 2. Quadro 2 - Identificação das comunidades ciganas por setor de mobilização. Identificação por setor SM2 – Monte gordo Localidade Monte Gordo SM 3 – Barra do Pojuca Barra do Pojuca SM 7 – Villa de Abrantes Vila de Abrantes SM 10 – Jardim Limoeiro Jardim Limoeiro e Parque das Mangabas SM17 – Camaçari de Dentro Sm18 – Novo Horizonte Burissatuba e Lama Preta Nova Vitória Fonte: Compilação de entrevista com o Sr. Gilson Dantas da Cruz – líder dos ciganos. 190 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Com a sua mudança na formação cultural, os ciganos que antes moravam em barracas, passaram a modificar a tipologia da sua moradia (Figura 59), consequentemente, passaram a demandar necessidades e garantias de acesso ao saneamento básico, bens e serviços, incumbindo ao poder público lhes garantir e melhorar a qualidade de vida desses povos, respeitando as suas peculiaridades. Figura 59 - Tipologia das habitações ciganas Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2014. 8.4.2 Comunidades Quilombolas As comunidades quilombolas são grupos étnicos – predominantemente constituídos pela população negra rural ou urbana –, que se autodefinem a partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e práticas culturais próprias (INCRA, 2014) O Decreto Federal nº 4.887/2003, no seu Art. 2º preconiza: “Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.” (BRASIL, 2003) Para que uma comunidade tradicional seja considerada quilombola é necessário primeiramente o auto reconhecimento, ou seja, a própria comunidade residente no local deve se declarar como tal. Desse modo, após a demarcação territorial e formação da associação representativa, com a certificação do governo, automaticamente o regime de propriedade da terra muda. As terras deixam de pertencer a uma pessoa física para ter a sua posse transferida para a coletividade – 191 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA na figura jurídica da associação de moradores que representa a comunidade (SOBRAL & L.S., 2008). No distrito de Abrantes, o assentamento rural conhecido como Comunidade Senhora Santana de Cordoaria é de origem quilombola e foi certificada por decreto em 20/01/2006 (SOBRAL & L.S., 2008). Pelo menos, mais dois quilombolas estão em processo de registro, o de Machadinho, localizado em Cascalheira, do Distrito de Abrantes, e um em Monte Gordo (SOBRAL & L.S., 2008). 8.4.3 Comunidades Pesqueiras Pescadores artesanais são aqueles que, na captura e desembarque de toda classe de espécies aquáticas, trabalham sozinhos e/ou utilizam mão-de-obra familiar ou não assalariada, explorando ambientes ecológicos localizados próximos à costa, pois em geral a embarcação e aparelhagem utilizadas para tal fim possuem pouca autonomia (DIEGUES, 1999). Este segmento foi regulamentando no Brasil na Constituição Federal de 1988, no parágrafo único do art. 8º, com o objetivo de garantir os direitos sociais e o princípio da livre associação profissional ou sindical. A Lei Federal 11.699, de 13 de junho de 2008, dispõe sobre as Colônias, Federações e Confederação Nacional dos Pescadores a reconhecendo como um órgão de classe dos trabalhadores do setor artesanal da pesca. Em Camaçari - BA, existem comunidades de pescadores e marisqueiras que buscam manter as suas atividades produtivas da pesca artesanal e da mariscagem. Apesar de possuir 42 quilômetros de costa litorânea, o município não apresenta dados significativos nesse segmento (CAMAÇARI, 2005). Todavia, no ano de 1974 foi instituída a Colônia Z14 na localidade de Arembepe, tendo como objetivo organizar e fomentar a participação dos pescadores e marisqueiras nas decisões inerentes as suas atividades produtivas. A Colônia Z14, integra as áreas de Busca Vida, Jauá, Jacuípe, Guarajuba, Itacimirim e Arembepe. Segundo o presidente da Colônia de Pescadores Z14, Sr. Ajax Tavares, atualmente a instituição possui um cadastro ativo de 800 pescadores de toda a costa litorânea do munícipio de Camaçari - BA. A Figura 60 mostra a sede da colônia Z14 e a peixaria, ambas em Arembepe. 192 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 60 - Sede da Coluna Z14 (A) e peixaria (B), ambas em Arembepe. Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2014. Em visita técnica, foi observado que essa comunidade pesqueira tem uma organização social atuante que compreende a importância de colaborar com o meio ambiente. Um evidência disso, é que em decorrência do número de peixarias para escoar a sua produção, possui uma parceria com a LIMPEC para coletar os resíduos dos pescados, sendo esta realizada regularmente. 8.4.4 Aldeia Hippie A chamada comunidade hippie de Arembepe se denomina uma das últimas e legitimas comunidades hippies do Brasil, herança da contracultura10 de 1960. Figura 61 - Vista da área onde se localiza a aldeia Hippie de Arembepe. Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2014. 10 Partindo para o campo das práticas culturais, o desenvolvimento de costumes vão contra os pressupostos comungados pela maioria. Foi nesse momento em que passou a se trabalhar com o conceito de “contracultura”, definidor de todas as práticas e manifestações que visam criticar, debater e questionar tudo aquilo que é visto como vigente em um determinado contexto sociohistórico (SOUZA, 2014). 193 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA As pesquisas sobre o tema pelo Brasil constatam que as comunidades se foram, mas os alternativos ficaram. As barracas originais foram sendo substituídas por casas de alvenaria (Figura 62), mas muitas foram preservadas. A aura da aldeia é a mesma, sem o conforto da vida moderna. Não há circulação de carros, o acesso é a pé (SOUZA, 2014b). Figura 62 - Tipologia das habitações da Aldeia Hippie. Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2014. Esta comunidade faz parte da Zona de Manejo Especial da Área de Proteção Ambiental do Rio Capivara, que possui 1.800ha (CAMAÇARI, 2010). Foi declarada como área de preservação permanente pelo decreto municipal, que visa a preservação e a proteção integral da biota local – sob salvaguarda do Projeto Tamar – é declarada e tombada como patrimônio sociocultural do Município de Camaçari BA (SANDES- SOBRAL, 2008). A criação da APA “tem uma importância significativa para Arembepe, pois o seu crescimento se deu de forma desordenada em torno de uma antiga aldeia de pescadores e hoje apresenta uma configuração urbana e social heterogênica com graves problemas ambientais” (SANDES- SOBRAL, 2008). O educador físico Martins, um dos fundadores da ONG SOS Rio Capivara, também concorda com a afirmação acima, ao constatar que o crescimento desordenado de residências, aliada à falta de saneamento básico, especialmente de uma rede de esgotamento, são os principais fatores que ameaçam o ecossistema do vilarejo (BOAVENTURA & SILVA, 2011) 11. 11 Trabalho realizado pelos alunos do Curso de Especialização em Jornalismo Científico da UFBA, sob orientação da Profª Drª Audre Cristina Alberguini. Coordenação do curso: Profª Drª Simone Bortoliero 194 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 9 9.1 INFRAESTRUTURA MUNICIPAL Saúde A saúde inserida no contexto dos direitos sociais e transformações sociopolíticas configuram um desafio no processo prático com base na integralidade, para efetivação das ações de acesso aos serviços de saúde. O Quadro 3 apresenta a caracterização da rede de saúde do Município de Camaçari - BA, conforme informações fornecidas pela Secretaria de Saúde. Quadro 3 - Caracterização da Rede de Saúde. N° de postos de Saúde na zona urbana e rural N° de Unidades de Saúde da família N° de hospitais N° de maternidade N° de clinicas/Policlínicas (público e particular) N° de leitos infantil, adultos, obstétrico e UTI (geral e do SUS) N° de farmácias 53 Postos * 30 unidades. HGC (hospital estadual de referência) Não dispõe de maternidade própria 21 Clínicas (clinicas privadas credenciadas ao SUS) /1 Policlínica (pública). Leitos Pediátricos -30 SUS / N SUS -2 Leitos Obstétrico - 40 SUS/N SUS -8 Leitos Clínicos – 21 SUS/ N SUS -49 UTI SUS -08 /N SUS- 0 29 no PSF, 8 na UBS e 1 na Policlínica, 01 CESM 11 ambulâncias da rede básica, SAMU (3 Básicas, 02 avançadas) e 2 Motolâncias. N ° de ambulâncias. Fonte: Secretaria de Saúde - Camaçari - BA, 2014. 9.1.1 Programa Saúde da Família O Programa de Saúde da Família - PSF foi criado pelo Governo Federal em 1994 com o intuito de interligar todas as ações de saúde atuando na promoção e prevenção da saúde. As equipes do PSF são compostas por diversos profissionais da saúde, visando um atendimento global de toda a população e por diversos âmbitos (MS, 2006). Este novo modelo compreende a ideia de que se deve fazer uma reorganização no modelo assistencial atual, executando atividades de promoção e prevenção da saúde, bem como a análise e tratamento de outras enfermidades. A atenção básica é a porta de entrada do usuário com o Sistema Único de Saúde (SUS). A busca pela universalização dos serviços de saúde, bem como a substituição da concepção atual deste modelo, implica em uma mudança de foco. Deve-se entender a saúde como o 195 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA próprio conceito diz: um completo bem estar social e não apenas a ausência de doença. No estado da Bahia, como se observa na Figura 63, a estratégia de Saúde da Família foi largamente ampliada a partir de 2006 e que nos anos anteriores a este programa apresentava as médias de atendimento abaixo da média nacional e até mesmo abaixo da média de Camaçari - BA, entretanto, observa-se também que, a partir de 2007 os percentuais de atendimento foram superiores à escala nacional, chegando ao final de 2013 com cerca de 64% dos habitantes do estado com cobertura do Programa Saúde da Família. Figura 63 - Porcentagem de atendimento do Programa Saúde da Família. 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% % Camaçari 30,00% % Bahia 20,00% % Brasil 10,00% 0,00% 1.998 2.000 2.002 2.004 2.006 2.008 2.010 2.012 2.014 Fonte: Portal da Saúde adaptado, 2014. Os dados fornecidos através do site do Portal da Saúde mostram que em 1999 apenas 5% da população de Camaçari - BA era coberta pelo programa e que estes números foram crescendo com o tempo de maneira que até o ano de 2005 os números foram superiores ao percentual nacional e estadual. Entretanto, após esta data, os valores sofrem um decaimento mantendo até o ano de 2013 suas médias abaixo das cotas nacionais e estaduais. Em Camaçari - BA o Programa Saúde da Família abrangia, em 2013, cerca de 50% da população e tem a intensão de, no final de 2014, ser ampliado de maneira que cubra mais de 70% da População (Camaçari - BA, 2014). O gráfico abaixo (Figura 64) apresenta o crescimento populacional desde 1999 a 2013, juntamente com a faixa de abrangência do programa. 196 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 64 - População total x População coberta pelas USF. População (hab) 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 Ano Média Populacional Média atendida Fonte: Portal da Saúde adaptado, 2014. Em Camaçari - BA, o programa foi ampliado gradativamente desde a sua implementação. O Quadro 4 apresenta as unidades existentes no município, assim como as localidades atendidas por cada uma. Quadro 4 - Unidades Básicas de Saúde. Região de Saúde Localidades atendidas Unidade de Referência Região de Saúde 01 Centro Região de Saúde 01 Jardim Limoeiro Região de Saúde 01 Bairro Novo Região de Saúde 01 Ponto Certo Região de Saúde 01 INOCOOP Região de Saúde 01 Nova Vitoria Região de Saúde 01 Maria Meire Região de Saúde 01 Novo Horizonte Região de Saúde 01 Parque Florestal Região de Saúde 01 Parque Satélite Região de Saúde 01 Gleba B Região de Saúde 01 Natal Região de Saúde 02 Região de Saúde 02 FICAM II Região de Saúde 02 Gravatá Região de Saúde 02 Gleba A Região de Saúde 02 Alto da Cruz Região de Saúde 02 Cristo Redentor Região de Saúde 02 Santo Antônio Região de Saúde 02 Lama Preta USF Lama Preta Região de Saúde 02 Burissatuba USF Burissatuba I Mangueiral USF Centro USF Ponto Certo USF Nova Vitória USF Novo Horizonte USF Parque Florestal UBS Gleba B USF FICAM II USF Gravatá UBS Gravatá USF Santo Antônio 197 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Região de Saúde Localidades atendidas Região de Saúde 02 Gleba H Região de Saúde 02 Santa Maria Região de Saúde 02 Dois de Julho Região de Saúde 02 Camaçari de Dentro Região de Saúde 02 Jardim Brasília Região de Saúde 02 Alto do Triangulo Região de Saúde 02 Bairro dos 46 Região de Saúde 03 Região de Saúde 03 Gleba C Região de Saúde 03 PHOC I Região de Saúde 03 PHOC II Região de Saúde 03 CAIC Região de Saúde 03 PHOC III Região de Saúde 03 Parque verde I, II e III Região de Saúde 03 Gleba E Região de Saúde 03 Piaçaveira Região de Saúde 03 Machadinho Região de Saúde 03 Parque Real Serra Verde Região de Saúde 03 Parafuso Região de Saúde 03 Parque das Mangabas Região de Saúde 03 Loteamento Montenegro Região de Saúde 03 Verdes Horizontes I, II e III Região de Saúde 03 Piaçaveira Unidade de Referência USF Burissatuba II USF Dois de Julho UBS Camaçari de Dentro Acajutiba UBS Nova Aliança USF PHOC III USF Parque Verde UBS Gleba E USF Piaçaveira USF Machadinho USF Parafuso USF Parque das Mangabas USF Verdes Horizontes USF Piaçaveira ORLA Região de Saúde 04 Região de Saúde 04 Vilas de Abrantes Região de Saúde 04 Estivas e Fradinho Região de Saúde 04 Malicia Região de Saúde 04 Pauçu Região de Saúde 04 Catu de Abrantes Região de Saúde 04 Mutirão de Abrantes Região de Saúde 04 Sucupió Região de Saúde 04 Buris de Abrantes Região de Saúde 04 PHOC de Buris Região de Saúde 04 Fonte da Caixa Região de Saúde 04 Nova Abrantes Região de Saúde 04 Cajazeiras de Abrantes Região de Saúde 04 Cordoaria Morada Nobre UBS Vilas de Abrantes USF Catu de Abrantes USF Buris de Abrantes USF Fonte da caixa USF Cajazeiras de Abrantes 198 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Região de Saúde Localidades atendidas Região de Saúde 04 Arembepe Região de Saúde 04 Portal de Arembepe Região de Saúde 04 Fonte das águas Região de Saúde 04 Coqueiro de Arembepe Região de Saúde 04 Jauá Região de Saúde 04 Alto de Bela Vista de Jauá Região de Saúde 04 Pé de Areias Região de Saúde 04 Areias Região de Saúde 05 Barra de Jacuípe Região de Saúde 05 Monte Gordo Unidade de Referência UBS Arembepe USF Fonte das Águas USF Jauá USF Areias USF Barra de Jacuípe UBS Monte Gordo Fonte: Secretaria Municipal de Saúde - CAMAÇARI - BA, 2014. 9.1.2 Indicadores de saúde Os indicadores de saúde como longevidade, natalidade, mortalidade e índice nutricional infantil da população de Camaçari - BA estão descritos a seguir. Porém, para a melhor compreensão do conceito de saúde e de seus determinantes sociais, é necessário analisar outras dimensões do estado de saúde, medidas por dados de morbidade, incapacidade, acesso aos serviços, qualidade da atenção, condições de vida e fatores ambientais, entre outros (REDE, 2014). 9.1.2.1 Longevidade, Mortalidade e Fecundidade A mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de um ano) em Camaçari - BA reduziu 49%, passando de 34,3 por mil nascidos vivos em 2000 para 17,4 por mil nascidos vivos em 2010. Segundo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, a mortalidade infantil para o Brasil deve estar abaixo de 17,9 óbitos por mil em 2015. Em 2010, as taxas de mortalidade infantil do estado e do país eram 21,7 e 16,7 por mil nascidos vivos, respectivamente. A longevidade (esperança de vida ao nascer) é o indicador utilizado para compor a dimensão Longevidade do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (BRASIL R., 2014). No município, a esperança de vida ao nascer aumentou 12,7 anos nas últimas duas décadas, passando de 60,2 anos em 1991 para 67,5 anos em 2000, e para 72,9 anos em 2010. Em 2010, a esperança de vida ao nascer média para o estado é de 72,0 anos e, para o país, de 73,9 anos (PNUD , 2010). 199 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA A taxa de fecundidade é o número médio de filhos nascidos vivos, tidos por uma mulher, por faixa etária específica do período reprodutivo, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado (BRASIL R. , 2014). A Figura 65 apresenta a evolução das taxas acima referidas, no município. Quadro 5 - Longevidade, Mortalidade e Fecundidade - Camaçari - BA. Indicador 1991 2000 2010 Esperança de vida ao nascer (em anos) 60,2 67,5 72,9 Mortalidade até 1 ano de idade (por mil nascidos vivos) 67,7 34,3 17,4 Mortalidade até 5 anos de idade (por mil nascidos vivos) 86,8 44 14,3 Taxa de fecundidade total (filhos por mulher) 3,0 2,2 1,9 Fonte: PNUD, 2010. Figura 65 - Evolução da longevidade, mortalidade e fecundidade em Camaçari - BA. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1990 Esperança de vida ao nascer (em anos) Mortalidade até 1 ano de idade (por mil nascidos vivos) Mortalidade até 5 anos de idade (por mil nascidos vivos) Taxa de fecundidade total (filhos por mulher) 1995 2000 2005 2010 2015 Fonte: PNUD, 2010. 9.1.2.2 Proporção de Crianças Menores de 2 Anos Desnutridas – 1999-2013 A Figura 66 mostra a proporção de crianças menores de 2 anos desnutridas no município de Camaçari – BA. Em 2013, o número de crianças menores de 2 anos pesadas pelo Programa Saúde da Família era de 76,2%; destas, 0,4% estavam desnutridas. Comparando ao período 1999 / 2000, percebe-se que houve queda significativa em relação aos anos seguintes e em 2013, a taxa era de 0,4% (ODM, 2014). 200 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA No Município de Camaçari - BA, em 2010, 25,7% das crianças de 0 a 14 anos de idade estavam na condição de pobreza12, ou seja, viviam em famílias com rendimento per capita igual ou inferior a R$ 140,00 mensais. Figura 66 - Proporção de crianças menores de 2 anos desnutridas. Fonte: PORTAL ODM, 2010. 9.1.2.3 Taxa de mortalidade infantil É o número de óbitos de menores de cinco anos de idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado (BRASIL R. , 2014). A Figura 67 apresenta a taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos a cada mil nascidos vivos, no período de 1995 a 2012. Esta taxa, em 1995, era de 42,4 óbitos a cada mil nascidos vivos; em 2012, este percentual passou para 17,3 óbitos a cada mil nascidos vivos, representando redução de 59,2% da mortalidade (PORTAL ODM, 2012). Figura 67 - Taxa de mortalidade de crianças menores de 5 anos a cada mil nascidos vivos 1995-2012. Fonte: PORTAL ODM, 2012. 12 Proporção dos indivíduos com até 14 anos de idade que tem renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 140,00 mensais, em reais de agosto de 2010. O universo de indivíduos é limitado àqueles com até 14 anos e que vivem em domicílios particulares permanentes. 201 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA No período de 2006 a 2013, a maior taxa foi observada em 2009, com 5,1 óbitos por 1.000 nascidos vivos, reduzindo ao patamar de 4,5 óbitos por 1.000 nascidos vivos em dezembro de 2013 (CAMAÇARI, 2013b). Este indicador está muito relacionado aos riscos ambientais, como as infecções respiratórias agudas e as doenças infecciosas intestinais, além das deficiências nutricionais, estando também relacionado as condições socioeconômicas e de vida (CAMAÇARI, 2013b). 9.2 Educação 9.2.1 Sistema Municipal de Ensino O Sistema Municipal de Ensino conta com rede escolar própria; um órgão de normatização do sistema que é o Conselho Municipal de Educação, criado por lei municipal própria e uma Secretaria de Educação, que viabiliza as políticas públicas de educação do município, bem como supervisiona os estabelecimentos do seu sistema de ensino. O Quadro 6 apresenta as 94 escolas do sistema educacional local existente por distrito e localidade onde está situada (CAMAÇARI, 2014e). Quadro 6 - Unidades escolares municipais. Distrito Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Monte Gordo Abrantes Abrantes Abrantes Identificação Escola Municipal Darcy Ribeiro Centro Educacional Senhor dos Passos Escola Municipal Barra de Jacuípe Escola Municipal Aloisio de Oliveira Escola Municipal Ambiental Escola Municipal Amélia Rodrigues Escola Municipal Boa Esperança Escola Municipal EMAUS Escola Municipal Prof.ª Marcelina Bispo da Silva Escola Municipal Santo Antônio do Jordao Escola Municipal São José Escola Municipal São Salvador Centro Educacional Barra do Pojuca Escola Municipal Américo Ferreira dos Santos Escola Municipal Jose Marques Teixeira Escola Municipal Santa Luzia Colégio Municipal Professora Lídia Coelho Pinto Escola Municipal Giltonia Pereira de Souza Escola Municipal Coqueiro de Arembepe Localidade/ Bairro Barra do Jacuípe Monte Gordo Barra do Pojuca Arembepe Coqueiros de Arembepe 202 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Distrito Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Abrantes Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Identificação Centro Educacional Marques de Abrantes Escola Municipal de Sucupira Escola Municipal Eliza Dias de Azevedo Escola Municipal Fazenda Piabas Escola Municipal Fonte da Caixa Escola Municipal Maclina Maria da Glória Escola Municipal Nossa Senhora Santana Escola Rosalina Costa de Paula Escola Municipal Thomaz Camilo Centro Educacional Tancredo Neves Centro Educacional Marcus Ivo Bonna Escola Municipal Catu de Abrantes Escola Municipal Rural Boa União Escola Municipal Silvio Pereira Franco Escola Municipal Santo Antônio Escola Municipal Fazenda Cajazeiras Centro Educacional Hidelbrando Lima Filho Centro Educacional Yolanda Escola E Creche Comunitária Carmem Mirim Escola Zumbi dos Palmares Escola Municipal Colônia Montenegro Escola Municipal Conceição de Maria Escola Municipal Parque Verde Creche Esperança II Escola Municipal Virginia Reis Tude Escola Municipal Angiolina Teixeira de Souza Centro de Educação Especial APAE Centro Educacional Ass. de Deus - Camaçari - BA Centro Educacional Maria Quitéria Colégio Municipal São Tomaz de Cantuária Creche Municipal do CAIC Escola Arthur D’Almeida Couto Escola Municipal Edivaldo Machado Boaventura Escola Municipal Parque Florestal Escola Municipal Prof.ªaurita Souza Ribeiro Escola Municipal Terra Maior Escola Normal de Camaçari - BA Escola Municipal Luiz Pereira Costa Centro de Apoio A Educação Inclusiva Escola Prof.ª Ilda Leal Ulm da Silva CAIC Escola Municipal Cosme de Farias SESI Serviço Social da Indústria Escola Especial de Camaçari - BA - CAIC - C Centro de Educação Municipal de Camaçari - BA Creche do PHOC II Escola Professor Luís Rogerio de Souza Localidade/ Bairro Vila de Abrantes Areias Jauá Catu de Abrantes Cascalheira Cajazeiras de Abrantes Parque das Mangabas Jardim Limoeiro Lot. P.Real Serra Verde Via Parafuso Parafuso Parafuso Verde Horizonte Verde Horizonte Piaçaveira Centro Dois de Julho PHOC I PHOC II Gleba C 203 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Distrito Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Sede Identificação Creche Municipal da Gleba C Escola Municipal Professor Jose Alan Ribeiro Paz Creche da Gleba E Escola Experimental Prof.ª Marina Tavares Cardoso Escola Municipal Anísio Teixeira Escola Municipal Sonia Regina de Souza Centro Educacional Monteiro Lobato Escola Municipal Cleusa Maria de Carvalho Moreira Escola Municipal Felix Joaquim de Moraes Escola Joanna de Angelis Escola Municipal Clube de Mães Creche Santa Maria Escola Municipal Alberto Ferreira Brandao Centro de Educação Municipal Paulo Freire Escola Municipal Ilay Garcia Ellery Escola Municipal Padre Paulo Maria Tonucci Creche da Bomba Escola Municipal Denise Tavares Escola Municipal Prof. Mª Jose de M. Conceição Escola Municipal do Natal Escola Municipal Neuza Menezes Barreto Centro Educacional Reitor Edgard Santos Centro Social de Trabalho e Cidadania - CSTC Colégio Estadual Engenheiro Ruy Bacelar Creche do Mangueiral Escola Jardim Santo Antônio Escola Municipal Helena Celestino Magalhaes Localidade/ Bairro Gleba E Tancredo Neves Camaçari de Dentro Lama Preta Lama Preta Gleba H Gleba H Nova Vitoria Novo Horizonte Gleba B Natal Parque Satélite Gleba A Gravatá Triângulo Mangueiral Santo Antônio Gravata Fonte: Secretaria Municipal de Educação e Cultura, 2014. 9.2.2 Nível Educacional e Frequência Escolar Os dados dos níveis educacionais do município e a frequência da população residente em escolas ou creches por grupo de idade podem ser observados na Tabela 49 e na Figura 68, respectivamente. Tabela 49 - Nível educacional por grupos de idade, 2010. Grupos de Idade População Residente Frequentando Escola ou Creche % 0 a 3 anos 4 ou 5 anos 6 anos 7 a 14 anos 15 a 17 anos 18 ou 19 anos 20 a 24 anos 25 ou mais 16.459 7.315 3.567 37.072 12.912 9.146 25.019 133.480 3.465 6.150 3.383 33.971 10.549 3.822 4.691 9.665 21% 84% 95% 92% 82% 42% 19% 7% Fonte: IBGE, 2010. 204 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 68 - Frequência da população em escola ou creche grupos de idade. Fonte: IBGE, 2010. Analisando os dados apresentados na Tabela 49 e na Figura 68, percebe-se que o Município atingiu um nível de acesso da população de 7 a 14 anos à escola praticamente universal, com 92%; entretanto, a frequência à escola reduz para 82% no grupo na população de 15 a 17 anos e para 42%, no grupo de 18 a 19 anos. O grupo acima dos 20 anos representa 26% da população residente frequentando escola. Em 2010, 57,79% da população de 18 anos ou mais de idade tinha completado o ensino fundamental e 39,09% o ensino médio. Na Bahia, 46,07% e 31,32% respectivamente. Esse indicador carrega uma grande inércia, em função do peso das gerações mais antigas e de menos escolaridade (PNUD, 2010). 9.2.3 Taxa de Analfabetismo A taxa de analfabetismo da população de 18 anos ou mais diminuiu 12,93% nas últimas duas décadas (PNUD, 2010). A Figura 69 apresenta a série histórica da frequência da população a estabelecimentos de ensino, no período de 1991 / 2000 / 2010. 205 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 69 - Frequência da população em escola ou creche grupos de idade. Fonte: PNUD, 2010. 9.2.4 Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) Este índice foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, em 2007, e representa a iniciativa pioneira de reunir dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação em um só indicador, que são: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. O indicador é calculado a partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e as médias de desempenho nas avaliações do INEP, para as unidades da federação e para o país, e a Prova Brasil – para os municípios (INEP, 2014). A evolução do IDEB no Município de Camaçari - BA, no período 2005 a 2011, e as metas projetadas para o mesmo, até o ano de 2021, estão apresentadas na Tabela 50 e na Figura 70 (INEP, Ideb e seus componentes: Camaçari - BA, 2011). Tabela 50 - Evolução IDEB. ANO 2005 Crescimento Ideb Meta 2.6 2007 2009 2011 12% 31% 18% 2.9 3.8 4.5 2.7 3.1 3.6 2013 2015 2017 2019 2021 3.9 4.2 4.5 4.8 5.1 Fonte: INEP, Ideb e seus componentes: Camaçari - BA, 2011. 206 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 70 - Evolução IDEB. Fonte: INEP, Ideb e seus componentes: Camaçari - BA, 2011. 9.2.5 Capacidade do Sistema Educacional em Apoiar a Promoção da Saúde O modo de vida e salubridade ambiental são fatores determinantes a saúde, que configura no saneamento básico as condições necessárias para a promoção da educação em saúde. Essa educação em saúde traz o conceito das práticas sociopedagógicas com metodologia participativa vivenciada por profissionais, gestores e população local (FUNASA, 2001). O Plano Municipal de Saneamento Básico apresenta em seu escopo, oportunidades de se trabalhar a educação em saúde com a população, pois está previsto por Lei (nº 11.445/07), que a população brasileira tem direito à água tratada de qualidade, bem como ao esgotamento sanitário adequado. Segundo a Organização Mundial de Saúde (2004), o conceito de saúde compreende um estado pleno de bem estar físico, mental e social, não sendo simplesmente ausência de doença. A Constituição Federal de 1988 em seu art. 196 estabelece que “A saúde é direito de todos e dever do estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas [...]”, que visam o acesso a bens e serviços essenciais, utilizando na educação em saúde à prevenção de doenças vinculadas ao saneamento básico. A Lei 8.080/90 que estabelece as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, prevê a redução e a prevenção de doenças decorrente da falta de um 207 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA ambiente saudável. É nessa dimensão que a saúde coletiva encontra a escola como um lugar privilegiado para a promoção da saúde, tanto nos espaços formais, como nos informais da educação. "As práticas educativas de promoção à saúde, formam atores sociais como multiplicadores para sua base social,” [...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção ou a sua construção [...]” (FREIRE, 2014). Mobilizar a população para discussões sobre o tema do saneamento básico, bem como a conservação do meio ambiente e consumo sustentável, pressupõe um grande desafio para a transformação social local. Logo, ações educativas como mobilizador coletivo a promoção da saúde em sintonia as necessidades e desenvolvimento da comunidade local, propõe "a transformação do mundo a partir da transformação dos homens, sendo a educação o elemento-chave dessa transformação” (IAMAMOTO, 1995). Assim sendo, na relação entre saúde e escola torna-se possível efetivar uma proposta que envolva estudantes, trabalhadores da educação, comunidade escolar, órgãos governamentais de educação, gestores de sistemas de saúde e educação, movimentos sociais, associações, grupos, famílias e toda a população. Esta proposta visa fortalecer os modos participativos, democráticos e públicos de refletir e executar educação em saúde nas escolas, com objetivo de contribuir para que a comunidade escolar reflita sobre o sentido de saúde e qualidade de vida e discuta sobre as causas e possíveis soluções para os problemas existentes na escola e na comunidade. Nesse sentido, os profissionais de educação serão levados à reflexão da saúde nas escolas, dos mais diferentes contornos e acepções, a partir do processo de elaboração coletiva dos Projetos Pedagógicos. O município desenvolve o Programa Saúde na Escola (SESAU, 2014), dos Ministérios da Educação e da Saúde, realizado pelas Secretarias de Educação e de Saúde, com objetivo de desenvolver ações que proporcionem à comunidade escolar a participação da mesma, em projetos que articulem saúde e educação, para o enfrentamento das vulnerabilidades que podem 208 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA comprometer o pleno desenvolvimento de crianças, jovens e adolescentes (BRASIL, 2014f). A escola é um espaço privilegiado para práticas de promoção de saúde e a articulação entre escola e unidade de saúde é, portanto, uma importante estratégia do Programa Saúde na Escola. No entanto, as ações desenvolvidas, historicamente, consideram saúde com uma abordagem na doença ou na sua prevenção e esta concepção não tem sido suficiente para fazer da escola um espaço determinante da saúde. Sabe-se também que promover a saúde é responsabilidade de diferentes esferas da coletividade e muito mais pessoas serão envolvidas nas ações de educação em saúde, contribuindo para a discussão acerca da qualidade de vida das comunidades. Nesse sentido, a Secretaria Municipal de Educação trabalhará numa posição que vise colaborar para a mudança da prática educativa em saúde na Educação Infantil, nos Ensinos Fundamental e Médio e na Educação de Jovens e Adultos. As escolas mobilizarão as mães e pais dos alunos, além de outras pessoas da comunidade, como técnicos, profissionais, empresários, artistas, dentre outros à participarem das atividades de saúde na escola, percebendo assim que juntas são capazes de criar soluções e, aos poucos, melhorar a vida no local onde moram. Ao transformar a escola em um espaço de promoção de saúde, muitas atividades podem ser realizadas pela comunidade escolar, tais como: aulas interdisciplinares, visitas às comunidades, palestras, estudos, seminários, exposições de arte, gincanas, concursos, campanhas de divulgação, dentre outras. Desta forma, o desejo de que as comunidades também se organizem torna-se crescente, assim como o planejamento das ações e trocas de experiências e conhecimentos. Logo, é possível criar nas escolas, informativos, folders, histórias em quadrinhos, cartilhas, murais, revistas e tantos outros materiais educativos, nos quais todos participem da sua elaboração, levando e trocando mensagens de saúde para a comunidade e outros lugares. 209 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Essas e outras iniciativas reconhecem e acolhe as ações de integração entre saúde e educação já existentes e que têm impactado positivamente na qualidade de vida dos educandos. As ações aqui propostas serão realizadas no decorrer dos 20 anos da execução do PSMB e PMGIRS e estarão apresentadas de forma mais específica no Produto 9 – Hierarquização das Intervenções – do PMGIRS e no Produto 13 – Relatório dos Programas, Projetos e Ações – do PMSB, cabendo a Secretaria Municipal de Educação, em conjunto com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, a construção das estratégias de abordagem das ações educacionais durante a implementação dos planos. 9.3 Transporte e Pavimentação A frota de Camaçari - BA é composta por 74.427 veículos (em 2014), sendo a maior quantidade referente às automóveis (48%) seguida pelos motocicletas (31%). Com relação aos 1.265 ônibus e 559 micro-ônibus apresentados na Tabela 51, os dados do DENATRAN não deixam claro se estes são de uso público ou particular. Desconsiderando os ônibus e micro-ônibus, onde se presume que são meios de transporte em massa com fins comerciais, os dados apresentados indicam que há uma relação de 1,37 veículos por domicílio. Tabela 51 - Veículos em Camaçari - BA. Tipo Quantidade Porcentagem (%) Automóvel 35.829 48,1% Caminhão 3.558 4,8% Caminhonete 4.598 6,2% Caminhoneta 2.609 3,5% Motocicletas 22.744 30,6% Micro-ônibus 559 0,8% Ônibus 1.265 1,7% Outros 3.265 4,4% Total 74.427 100,0% Fonte: Brasil, 2014g. O município é servido, no transporte aéreo, pelo Aeroporto Internacional de Salvador, distante 30 km. O fluxo de cargas pela via marítima é atendido através dos portos de Salvador e de Aratu e o de passageiros, apenas pelo porto de Salvador. 210 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA As principais rodovias de acesso ao Município de Camaçari - BA são: BA-512, BA529, BA-531, BA-535, BA-519, BA-524, BA-099, BA-093 e BA-526. Além das rodovias, também há uma ferrovia que corta o Município de Camaçari - BA, inicialmente pertencia a linha-tronco da Viação Férrea do Leste Brasileiro (VFFLB) hoje é o trecho que corta Camaçari - BA tem uma extensão de 46,5 quilômetros, atualmente está sob concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Ressalta-se que esse trecho está mal conservado e serve apenas para o transporte de insumos e equipamentos para o Polo Petroquímico de Camaçari - BA. Segundo o site do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) estava prevista a construção da Variante Ferroviária de Camaçari - BA. O novo trecho de linha férrea vai ligar o polo petroquímico de Camaçari - BA ao Porto de Aratu e ficará pronto em 18 meses (DNIT, 2010). Além de desviar o trajeto da linha férrea que hoje passa dentro do Município de Camaçari - BA, o percurso entre o Polo e o Porto vai ficar 15 quilômetros mais curto. Isso implica uma redução do tempo de viagem, que hoje é feita em pouco mais de uma hora, para apenas 19 minutos porque as composições poderão trafegar com o dobro da velocidade atual após a eliminação das interrupções que, num sistema viário urbano, são constantes. Além disso, o novo trecho vai ter rampas menos íngremes e curvas mais largas (DNIT, 2010). Figura 71 - Ferrovia que corta o Município de Camaçari - BA. Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2014. 211 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Pavimentação A pavimentação das vias em Camaçari - BA segue um padrão parecido do que é encontrado nos demais municípios do recôncavo baiano. As vias de acesso para Camaçari - BA estão bem conservadas, em 2000 a Concessionária Litoral Norte S/A - CLN começou a operar a Rodovia BA-099 (Estrada do Coco; Linha Verde) e em 2010 a Concessionária Bahia Norte S/A começou a operar trechos da BA-093, BA-512, BA-521, BA-524, BA-526 e BA-535, conforme figura abaixo. Figura 72 - Trechos das rodovias sob A) concessão da Litoral Norte e da B) Bahia Norte. S/A. A B Fonte: ABCR Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, 2014. Na sede municipal foi observado que as vias nas proximidades do centro são asfaltadas e em boas condições de trafego; ao se distanciar do centro algumas vias são também pavimentadas com paralelepípedo ou blocos de cimento e as condições de trafego não são tão boas; nas periferias, comunidades e loteamentos observe que muitas vias ainda são pavimentadas com terra batida, cascalho e até entulhos e em muitos casos apresenta péssimas condições de trafego. Nos distritos observa-se que as vias principais e de acesso são pavimentadas com asfalto, as vias mais internas algumas são de asfalto e paralelepípedo, as vias mais periféricas ou são em sua maioria de terra batida, cascalho, e até pedregulhos. A orla de Camaçari - BA segue o mesmo padrão. 212 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 73 - Exemplos de pavimentação encontrados no Município de Camaçari - BA: terra batida, calcamento e asfáltico. Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2014. 9.4 Comunicação O serviço de telefonia no município é prestado pelas quatro operadoras registradas pela Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel: CLARO S.A. (Claro), Nextel Telecomunicações, TELEFÔNICA BRASIL S.A. (Vivo), TIM CELULAR S.A. (Tim) e TNL PCS S.A. (Oi) (ANATEL, 2014). O município conta com uma Agência de Correios (AC) situada na sede municipal, que presta também o serviço de Banco Postal. Além disto, existem 02 outras Agências de Correios Comunitária, localizadas em Arembepe e em Monte Gordo. O serviço de rádio AM e FM atende todo o território do município. 9.5 Energia Elétrica A distribuição de energia elétrica no Estado da Bahia é realizada pelas empresas Coelba, CHESF, Braskem e Sulgipe. A Coelba detém a concessão para distribuição de energia na maior parte dos municípios do Estado, atendendo a 97% dos consumidores da Bahia. Os municípios restantes são atendidos pela Sulgipe. A CHESF atende consumidores de grande porte, enquanto a Braskem distribui energia para as empresas do Centro Industrial de Camaçari - BA (SUDIC,2006 apud SOUZA, 2006). O fornecimento de energia elétrica para Camaçari - BA - exclusive o centro industrial – é realizado pela Coelba. Conforme dados disponíveis na SEI (2013), é apresentado na, Tabela 52, os dados de quantidade de unidades e consumo de energia elétrica por classe e na Figura 74 um gráfico com a porcentagem de consumo. 213 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 52 - Quantidade de unidades e consumo de energia elétrica por classe em Camaçari - BA. Classe Comercial Industrial Outros Pública Residencial Rural Total Quantidade (Und.) Porcentagem (%) Consumo (Kwh) Porcentagem (%) 7.076 661 6 617 105.429 217 114.006 6,21% 0,58% 0,01% 0,54% 92,48% 0,19% 100% 76.797.506 506.646.789 320.721 57.970.584 166.107.872 1.271.160 809.114. 632 9,49% 62,62% 0,04% 7,16% 20,53% 0,16% 100% Fonte: SEI, 2013. Ainda segundo dados da SEI, em 2013 foram consumidos 809.114. 632 KWH no Município de Camaçari - BA, representando 3,9% da demanda do estado da Bahia. Observa-se, que a classe de consumidores mais numerosa é a residencial, com 92,5% das ligações em 2013, no mesmo ano 6,2% das ligações atendiam ao comércio, distribuindo-se os 1,3% restantes entre as indústrias, o consumo rural e outros. No entanto, quanto ao montante de energia consumida, verifica-se que a classe residencial teve 20,5% do consumo total e a indústria ficou responsável por 62,6% do consumo total de energia, se configurando no grande demandante do serviço. Figura 74 - Porcentagem de Consumo de energia elétrica por classe em Camaçari - BA. 0,16% 9,49% 20,53% 7,16% 0,04% 62,62% Comercial Industrial Outros Pública Residencial Rural Fonte: SEI, 2013. A Companhia de Eletricidade da Bahia – COELBA, visando atender às obrigações impostas pela ANAEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, alterou as tarifas de cobrança pelo uso da energia, levando em consideração novos parâmetros. Assim, são praticados preços diferenciados a depender da voltagem e do tipo de 214 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA estabelecimento. Foram criadas duas tarifas: as horossazonais azul e verde, onde ambas trabalham com tarifações distintas para os diferentes consumos de energia como horários de ponta, secos, úmidos, entre outros (COELBA, 2014). A concessionária de cada estado é livre para definir quais serão as horas que definem o consumo em horário de ponta, geralmente estabelecidas nos horários de pico de demanda de energia elétrica. A COELBA definiu como horário de ponta o intervalo entre as 18h e 21h, possuindo tarifação diferenciada para o consumo realizado neste horário. O conhecimento deste modelo de tarifação é imprescindível quando o intuito do estudo é, dentre outros objetivos, diagnosticar e propor soluções para as componentes do saneamento, sobretudo tratando-se de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Estas duas componentes, proeminente às demais neste quesito, possuem grande demanda de energia elétrica para o funcionamento dos seus respectivos sistemas, implicando em um custo bastante significativo para a sua manutenção, podendo impactar, inclusive, na viabilidade financeira de um sistema. Em geral, os sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário são planejados, projetados e operados de modo a evitar utilização dos conjuntos motorbomba - principais demandadores de energia elétrica – no horário de pico estabelecido pela concessionária de energia elétrica. Os grupos de consumidores de residências e prédios comerciais operam em baixas tensões já que muitas vezes não utilizam equipamentos que demandem muita energia, enquanto os conjuntos motor-bomba dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário são abastecidas com energia elétrica de medida tensão. A título informativo é apresentado na Tabela 53 a tarifação aplicada aos serviços públicos relacionados ao saneamento básico. Ressalta-se que para tarifações dos referidos serviços, o preço líquido - isento de impostos - é o menos oneroso se comparado com a demais categorias, assim como é também reduzida a tarifação para irrigação na zona rural. 215 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 53 - Tarifas aplicadas ao consumo de energia elétrica para o saneamento básico. Descrição Tarifa PIS COFINS Preço final Maio/2014 kWh NP - SECO 1,091026 18,36% 6,44% 1,450832 kWh NP - ÚMIDO 1,091026 18,36% 6,44% 1,450832 kWh FP - SECO 0,136961 18,36% 6,44% 0,182128 kWh FP - ÚMIDO 0,136961 18,36% 6,44% 0,182128 kVArh - FP/NP - SECO/UMIDO 0,14841 18,36% 6,44% 0,197354 kW 12,427 18,36% 6,44% 16,52527 kVAr 14,62 18,36% 6,44% 19,44149 kW Ultrapassagem 29,24 18,36% 6,44% 38,88298 NP - Na Ponta FP - Fora de Ponta Fonte: COELBA, 2014. Na tabela acima foi apresentada a tarifação aplicada aos contratos com a COELBA no modelo Horossazonal Verde A4, para tensões entre 2,3 e 25 kV, mas ressalta-se que deve ser feita uma avaliação específica do sistema visando enquadrá-lo no modelo de contrato menos oneroso para o consumidor. Um fator que implica na tarifação é em decorrência da maior ou menor disponibilidade de água nos reservatórios para a geração de energia elétrica. Aliado ao supracitado, o consumo de energia elétrica em horário Fora de Ponta é cerca de 8 vezes mais barato do que o valor praticado em horários Na Ponta. 9.6 Agências Bancárias Segundo dados do Banco Central do Brasil, em 2014 Camaçari - BA possuía um total de 16 agências bancárias, sendo elas das instituições: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, HSBC, Banco do Nordeste, Itaú, Bradesco e Santander. O Banco do Brasil é o que possui o maior número de agências, com 03 unidades, enquanto o Banco do Nordeste possui apenas uma agência. O Quadro 7 apresenta o endereço dessas agências bancárias, enquanto o Quadro 8 apresenta os postos de atendimento. 216 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Quadro 7 - Agências bancárias de Camaçari - BA. Nome instituição Banco Do Brasil S.A. Caixa Econômica Federal HSBC Bank Brasil S.A. - Banco Múltiplo Banco do Nordeste do Brasil S.A. Itaú Unibanco S.A. Banco Bradesco S.A. Banco Santander (Brasil) S.A. Endereço Bairro / Distrito R. Adelina de Sá, s/n Centro R. da Rodoviárias/n Centro Al. Monte das Dunas s/n Monte Gordo Av. Radial B, 136 Centro Av. Leste, s/n, Lj. 01 a 12 Ponto Certo Rua Duque de Caxias Centro Av. Radial A, 340 Centro Praça Abrantes, 26 Centro Av. Getúlio Vargas, 201 Centro Rua Adelina de Sá, 284 Centro Av. 28 de setembro, 575 Camaçari de Dentro Rua da bandeira, 162 Centro Avenida radial a, 147 Centro Praça das amendoeiras s/n. Arembepe Rua duque de Caxias, s/nº Centro R Francisco Drummond Centro Fonte: Banco Central do Brasil, 2014. 217 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Quadro 8 - Postos de atendimento eletrônico. Nome Instituição Banco do Brasil S.A. Caixa Econômica Federal HSBC Bank Brasil S.A. Banco Múltiplo Itaú Unibanco S.A. Endereço Rua Eteno,2198 Rua do Hidrogênio, 1744 Rua João Ursulo,1620 Rua Eteno,1561 Rua Francisco Drummond, S/N Rua da Rodoviárias S/N Rua Benzeno, S/N Rua Adelina de Sá, S/N Avenida Leste, S/N Rua Hidrogenio,824 Rod.Ba-099,S/N Al. Monte das Dunas, S/N Rua Joao Ursulo,1620 Rua Costa Pinto, S/N Av. Contorno, S/N F. Barachisio Rua da Rodoviária Rua da Rodoviária Rua Francisco Drummond Rua Francisco Drummond Rua Francisco Drummond Rua do Contorno Av. Francisco Drummond, S/N, Rua dos Pigmentos 285 Av. Comercial Rod Ba-535 Km 13,5 Rua Benzeno, 1065 Av. Getúlio Vargas, 201 Rua Hidrogênio, 2320 Rua Benzeno, 2391 Rodovia BA 099, Km 20 Rua Eteno, 3832 Bairro Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Centro Centro Polo Petroquímico Centro Jardim Limoeiro Polo Petroquímico M. Gordo-Guarajuba Distrito Monte Gordo Camaçari - BA Centro Centro Centro Centro Centro Centro Centro Dois De Julho Centro Adm. de Camaçari - BA Copec Centro Polo Logístico Polo Petroquímico Criciumal Copec Arembepe Polo Petroquímico Localidade Petrobras-Fafen Deten Química S/A Ambev-Camaçari - BA Braskem Centro Nova Abrantes Cno Pv 14 Camaçari Hospital Geral Camaçari - BA Acrinor Br-Posto Paraiso Guarajuba Ambev-Camaçari - BA Feira de Camaçari - BA Trt Camaçari - BA Estação Rodoviária de Camaçari - BA Estação Rodoviária de Camaçari - BA Prefeitura Municipal de Camaçari - BA Prefeitura Municipal de Camaçari - BA Prefeitura Municipal de Camaçari - BA Trt Camaçari - BA PM Camaçari - BA Tigre S/A - Camaçari - BA Super Bom Preço Camaçari - BA Kimberly 1790 - Camaçari - BA Pb Oxiteno Ne Ag. Camaçari - BA Usina Criciumal S.A. 2613 - Camaçari - BA Pb Braskem Pe3 2597 - Camaçari - BA Pb Millennium 2594 - Camaçari - BA Pb Kordsa 218 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Nome Instituição Itaú Unibanco S.A. Banco Bradesco S.A. Endereço Rua Alfa, 1033 Rua Tenente Luiz De Freitas, S/Nº Rua Octanol, 640 Rua Joao Ursulo, 1261 Rua Oxigênio, 748 Av. Comercial, S/Nº Av. do Farol, S/Nº Rua dos Transportes, S/Nº Rua Eteno, 3.189 Rua Hidrogênio, 3.520 Rod. Ba 535 - Via Parafuso, S/N - Km 11, Rua Henry Ford, 2000 Rua Eteno, 1042 Av. Radial B Rua Hidrogênio Rua Alfa Rua Benzeno Rod. Ba 535 - Via Parafuso, S/N - Km 11, Rua Eteno Rua Joao Ursulo Rua Henry Ford Rodovia Ba 099, Km 20 Rua Benzeno Rua Hidrogênio Rua da Bandeira, 162 Rua Joao Ursolo 1620 Av.da Rodoviária S/N. Avenida Leste, S/Nr. Avenida Radial A, 147 Rua Manoel Coelho S/N. Rua Joao Ursulo, 47 Rua Hidrogênio, 3520 Bairro Área Industrial N Copec Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Centro Praia do Forte Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Mangueiral Polo Petroquímico Área Industrial N Copec Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Arembepe Polo Petroquímico Polo Petroquímico Centro Arembepe Polo Petroquímico Polo Petroquímico Localidade 2595 - Camaçari - BA Pb Bahia Pulp Poliolefinas do Nordeste S/A Química Geral do Nordeste S/A 4682 - Camaçari - BA Pb Elekeiroz Griffin Brasil Ltda. Hipermercado Bompreço Camaçari - BA Praia do Forte Transultra - Transporte Especializado Ltda. Empresa Carioca de Produtos Quimicos S.A. Exel do Brasil Ltda. 7654 - Camaçari - BA Pb Firestone 6483 - Camaçari - BA Pb Ford Copenor Cia. Petroquímica Do Nordeste Camaçari - BA Sup Todo Dia 1903 - Camaçari - BA Pb Dow Br Tdi Bacell Sa Braskem S.A. Bridgestone Firestone Ind. e Com. Ltda. Cobafi Cia Bahiana de Fibras Elekeiroz S.A. Ford Motor Company Br Ltda. Millennium Inorganic Chemicals do Brasil S.A. Oxiteno Nordeste S.A. Industria E Comercio 1903 - Camaçari - BA Pb Dow Br Tdi Agencia Camaçari - BA Industria de Bebidas Antartica do Noroeste Sa Terminal Rodoviário de Camaçari - BA, Hospital Geral de Camaçari - BA - Self Agencia Av.Radial Urbana Camaçari - BA Agencia Arembepe- Camaçari - BA Ciquine Cia. Petroquímica Polialden Petroquímica S.A. 219 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Nome Instituição Banco Bradesco S.A. Banco Santander (Brasil) S.A. Endereço Via de Ligação Estrada do Coco Rua do Meio Poente S/N. Avenida Leste S/N. Avenida Radial, 147 Rua Hidrogênio, 3520 Rua dos Plásticos, 315 Rua Francisco Drummond S/N. Via de Ligação Estrada do Coco, Km 09 Avenida Leste, S/N. Rua Eteno, 1561 Rua Hidrogênio, 1404 Rua Acácia Amarela, S/N Av. Radial B S/N. Rua Costa Pinto S/N. Rua Filogonio de Oliveira Estrada do Coco, Km 13,5 Av. Comercial S/N. Rua Hidrogênio, 3342 Rua Eteno 1582 Rua Oxigênio, 765 Rua Eteno, 1561 Rua Eteno, 1242 Rua Hidrogenio, 824 Rua Eteno, S/N Rua Costa Pinto, S/Nº Rua Eteno, 1561 Rua Eteno, 1561 Rua Eteno, 1561 Avenida Atlântica, S/N Praia de Guarajuba, S/N Bairro Área Industrial Leste Guarajuba Brotas Centro Ponto Certo Polo Petroquímico Camaçari - BA Jd. Campo Belo Gleba E Mangueiral Centro Barra do Pojuca Buri de Abrantes Centro Copec Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Copec Polo Petroquímico Centro Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Polo Petroquímico Distrito Monte Gordo Localidade Cetrel S.A. Empresa de Proteção Ambiental Shopping Villa do Mar Hospital Geral de Camaçari - BA Caraíbas Metais - Av.Radial Polialdent Petroquímica Paee - Cata Nordeste S.A. - Self Paee - Prefeitura Municipal de Camaçari - BA Cetrel S.A. Empresa de Proteção Ambiental Condomínio Camacari Open Center Paee - Braskem S.A. Paee - Suzano Petroquímica Praça da Gleba E Todo Dia Camaçari - BA Mercado Municipal Camaçari - BA Paa - Camaçari - BA/Barra do Pojuca - BA Paa - Camaçari - BA / Buri de Abrantes - BA Bom Preço Camaçari - BA 029-3222 Braskem-Trikem Camaçari - BA 029-3220 Braskem-Upe1 Camaçari - BA Pab 3218 - Braskem-Clorosoda - BA 001-3173 Braskem-Insumos Básicos 030-4568 Metanor Camaçari - BA Pae 4567 - Acrinor Camaçari - BA 029-2985 Petrobras - Fafen Camaçari - BA 030-5827 Centro Comercial Camaçari - BA Pae 6543 - 2 Braskem-Insumos Básico Pae 6544 - Braskem-Insumos Básico Pae 6545 - 4 Braskem - Insumos Básicos Pab 3563 - Continental Camaçari - BA Pae 4696 - Hotel Vila Gale Mares Fonte: Banco Central do Brasil, 2014. 220 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 9.7 Segurança Pública No Município de Camaçari - BA existe o Plano Municipal de Segurança, criado em 2007, decorrente da parceria das polícias civil, militar e rodoviária, focando na atuação de forma ostensiva no combate à criminalidade. Em busca de um novo conceito de segurança pública, atuante não só de forma vigilante e repressiva, mas de forma integrada abrangendo desde ações preventivas até a reparação de danos, envolvendo instrumentos de prevenção, coação, justiça e defesa de direitos sociais, sentiu-se a necessidade da elaboração do Plano Municipal de Segurança Pública e Cidadania (ANJOS, 2014). Criado em 2009, o Conselho Municipal de Segurança, foi o primeiro passo para a elaboração desse Plano. Com 30 membros, entre titulares e suplentes, visa trabalhar com as demandas da comunidade na construção de políticas públicas, voltadas para a prevenção da violência e da criminalidade, além de atuar como órgão fiscalizador nas aplicações de recursos, na área de Segurança Pública no Município de Camaçari - BA (ANJOS, 2009). A implantação do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania), instituído pelo Governo Federal, com a finalidade de articular ações de segurança pública para a prevenção, controle e repressão da criminalidade, estabelecendo políticas sociais e ações de proteção às vítimas, no Município de Camaçari - BA, atualmente sob a coordenação de Sara Andrade, é um avanço no que tange à Segurança Pública, através dos programas e ações desenvolvidos no Município (DANON, 2014). Dentre as ações do Pronasci em Camaçari - BA, estão: O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD), que tem como objetivo oferecer atividades educacionais voltadas à prevenção ao uso de drogas e à violência nas salas de aula, bem como estabelecer uma relação de confiança entre o policial militar e o cidadão (AMINI, 2014); Proteção de Jovens em Território Vulnerável (PROTEJO), criado com o intuito de gerar ações de segurança pública, destinadas à prevenção, repressão e controle da violência urbana e doméstica, nas áreas geográficas abrangidas pelo Pronasci (PRONASCI, 2014); 221 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA O Programa de Capacitação de mulheres socialmente atuantes, Mulheres de Paz, para tratar com jovens em situação de risco social e em conflito com a lei (PRONASCI, 2014); A Casa da Cidadania, com o objetivo de democratizar o acesso à justiça e a mediação de conflitos dentro da comunidade (DÓREA, 2008). Outras propostas de atuação, na área de Segurança, foram sugeridas pela nova coordenação, como a construção dos mapas da violência e da vulnerabilidade social do município, possibilitados com a implantação do Observatório de Segurança Pública (DANON, 2014). No município estão sendo implantados, dois Distritos Integrados de Segurança Pública (Diseps), que são unidades policiais integradas que contam com o Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa Humana (DHPP); Departamento de Narcóticos (Denarc) e Departamento de Polícia Técnica (DPT) (COSTA, 2013). Dentre as delegacias existentes em Camaçari - BA estão as Delegacias Especializadas como a Delegacia da Mulher (DEAM) e a Delegacia da Criança e do Adolescente (DERCA), sendo que o município ainda conta com os serviços da Polícia Militar e Bombeiros, além do Departamento de Polícia Metropolitana (DEPOM) da Polícia Civil, que atuam em prol da melhor qualidade de vida e segurança da população (DEAM, 2014; PCEB, 2014). 9.8 Habitação A fim de abrigar os trabalhadores que se mudaram para o município, devido à instalação do Polo Petroquímico na década de 70, o Governo do Estado da Bahia implantou diversos programas habitacionais, a exemplo das Glebas A, B, C, D, E e H, destinados a trabalhadores formais na faixa de renda até 3 salários mínimos (CAMAÇARI, 2005). Para a população que não foi atendida pelo programa estadual, a Prefeitura de Camaçari criou o Projeto Habitacional Orientado da Camaçari – PHOC – que consistia na construção de unidades habitacionais para a população com renda até três salários mínimos, não obrigatoriamente engajados no mercado formal de trabalho, um lote semi urbanizado, com amortização em até trinta e seis vezes e prestações inferiores a 5% de um salário mínimo. (NOTÍCIAS, 2015). 222 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Para a camada da população que possuía uma faixa de renda um pouco superior aos três salários-mínimos foi criado o conjunto INOCOOP (Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais, com recurso financeiro do Banco Nacional de Habitação, tendo como agente financeiro a Casa Forte, ligada ao extinto Banco Econômico, precursor de financiamentos para habitações, que se transformou num bairro de classe média (MÔNACO, 2011). Com a consolidação de todos estes programas, a cidade transformou-se num conjunto de habitações populares, mas sem infraestrutura básica e de lazer, marcada pela ausência de rede de esgoto, fazendo do Rio Camaçari um esgoto a céu aberto e agravando a degradação ambiental (CAMAÇARI, 2005). Na orla de Camaçari, na década de 80, foi construída a Estrada do Coco, e nos anos 90, a Linha Verde, em Mata de São João, criando condições favoráveis para implantação de condomínios destinados às classes média e alta, no Município, e, também, viabilizando a exploração do turismo (CAMAÇARI, 2005). O nome "Estrada do Coco" é que é dos anos 1980, assim como o nome "Linha Verde" nos anos 1990. Na orla de Camaçari, a estrada em si foi aberta nos anos 1960 para viabilizar a implantação da TIBRAS. A Linha Verde é o trecho da estrada a partir de Mata de São João. A faixa litorânea foi ocupada com essas habitações e empreendimentos, enquanto que os cidadãos nativos da região e os que migraram para o local, pessoas de baixa renda salarial, se concentraram no lado oposto à orla (CAMAÇARI, 2005). 9.8.1 Caracterização das Habitações Segundo dados do IBGE, Camaçari - BA possui 73.921 domicílios particulares permanentes, sendo 70.760 localizados em áreas urbanas, sendo 68,14% na sede, 19,76% em Abrantes e 12,11% em Monte Gordo (IBGE, 2010). A Tabela 54 que segue apresenta a quantidade de domicílios por distrito e zonas (urbana e rural). 223 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 54 - Quantidade de domicílios por distrito. Distrito Zona Total Urbana Rural Total Urbana Rural Total Urbana Rural Sede Abrantes Monte Gordo Quantidade de Domicílios Unidades Domiciliares (%) 50.414 49.269 1.145 14.619 14.079 540 8.958 7.456 1.502 97,70% 2,30% 96,30% 3,70% 83,20% 16,80% Fonte: IBGE, 2010. Na área urbana, o tipo de material das paredes externas dos domicílios é apresentado na Tabela 55, no qual observa-se que cerca de 83,07% possui paredes externas de alvenaria revestida, enquanto 15,8% possuem domicílios de alvenaria sem revestimento, 1,12% restantes de domicílios do município possuem paredes com materiais como madeira, taipa e palha. Tabela 55 - Domicílios particulares permanentes urbanos por tipo de material das paredes externas. Tipo de material Quantidade de domicílios Unidades Domiciliares (%) Palha 13 0,02% Taipa revestida 19 0,03% Taipa não revestida 36 0,05% Madeira aparelhada 95 0,13% Outro material 307 0,43% Madeira aproveitada 324 0,46% Alvenaria sem revestimento 11.183 15,80% Alvenaria com revestimento 58.783 83,07% TOTAL 70.760 100,00% Fonte: IBGE, 2010 Na área rural, 61% dos domicílios possuem parede revestida de alvenaria e 30% não possuem revestimento, 9% restantes de domicílios do município possuem paredes com materiais como madeira, taipa e palha, conforme apresentado na Tabela 56, a seguir. 224 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Tabela 56 - Domicílios particulares permanentes rurais por tipo de material das paredes externas. Tipo de material Quantidade de domicílios Unidades Domiciliares (%) Outro material 22 Madeira aproveitada 53 0,70% 1,68% Taipa revestida 86 2,72% Taipa não revestida 110 3,48% Alvenaria sem revestimento 962 30,43% Alvenaria com revestimento 1.928 60,99% 3.161 100% TOTAL Fonte: IBGE, 2010. O tipo de material de revestimento das paredes externas influência nas condições de risco da residência, dentre estes destacamos: risco de propagação de incêndio, de umidade e mofo, e proliferação de vetores. A seguir é apresentado o grau de risco de cada tipo de revestimento da parede externa (Quadro 9), de acordo com a análise de técnicos da empresa envolvidos na elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico de Camaçari. Quadro 9 - Grau de risco envolvido de acordo com o revestimento da parede externa. Risco envolvido Propagação de incêndio Umidade / Mofo Proliferação de vetores de doença Alvenaria com revestimento Baixo Baixo Baixo Alvenaria sem revestimento Baixo Médio Médio Madeira aparelhada Alto Médio Médio Madeira aproveitada Alto Médio Médio Palha Alto Alto Alto Taipa não revestida Baixo Alto Alto Taipa revestida Baixo Baixo Baixo Tipo de material das paredes externas Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2014. 225 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Parede de alvenaria com e sem revestimento O concreto, tijolo ou bloco são materiais que não queimam facilmente, daí o baixo grau de risco para propagação de incêndio, no caso do risco mofo / umidade e proliferação de vetores de doenças o risco é médio para alvenaria sem revestimento, uma vez que, a falta de revestimento externo incide na existência de buracos e fissuras na parede que servem de abrigo para vetores de doenças (ratos, barbeiros, baratas, percevejos, etc.), e além disso, possibilita a entrada e retenção de água na parede, consequentemente, o aumento da umidade e do mofo. Parede de madeira aparelhada ou aproveitada Esse tipo de parede aparelhada ou aproveitada, apresentam o mesmo grau de risco, para a propagação de incêndio (grau de risco alto), pois a madeira não tem resistência ao fogo, enquanto que para a proliferação de vetores de doença e ocorrência da umidade tem um grau médio. Paredes de palha Esse é o pior revestimento e material para compor a estrutura da parede, apresenta alto grau de risco em todas as variáveis analisada. Taipa revestida ou não revestida A taipa revestida se comporta como uma parede de alvenaria revestida, apresenta baixo grau para propagação de incêndio, umidade / mofo e proliferação de vetores de doença, porem a taipa sem revestimento apresenta alto grau de risco para umidade / mofo e proliferação de vetores de doença, uma vez que, o barro permite a ocorrência de falhas e fissuras, e por consequência, facilita a proliferação de vetores (abrigo) e a ocorrência de umidade/mofo. 9.8.2 Déficit Habitacional Para avaliar o déficit habitacional foi utilizado um software da Fundação João Pinheiro, a metodologia utilizada para o estudo é referência e adotada pelo governo federal, foram selecionadas as seguintes variáveis: domicílios Improvisados precários, coabitação familiar, ônus excessivo com aluguel e adensamento excessivo de domicílios alugados. 226 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Domicílios precários; Domicílios Improvisados: O conceito de domicílios improvisados engloba todos os locais e imóveis sem fins residenciais e lugares que servem como moradia alternativa (imóveis comerciais, embaixo de pontes e viadutos, barracas, carcaças de carros abandonados e cavernas, entre outros), o que indica a carência de novas unidades domiciliares. Os domicílios não improvisados são denominados duráveis (PINHEIRO, 2010). Domicílios rústicos: Tradicionalmente, os domicílios rústicos são aqueles sem paredes de alvenaria ou madeira aparelhada. Em decorrência das condições de insalubridade, esse tipo de edificação proporciona desconforto e traz risco de contaminação por doenças. A variável utilizada na metodologia do déficit habitacional 2010 é semelhante à utilizada no estudo referente a 2008, com a diferença de que o censo desagrega a categoria taipa segundo a existência de revestimento. Assim, aqueles domicílios cujo material predominante nelas é a taipa não revestida foram classificados como rústicos, ao passo que aqueles cujo material predominante nas paredes externas é a taipa revestida não foram classificados como rústicos. Entende-se que a parede de taipa revestida se assemelha à de alvenaria, no que diz respeito à qualidade da edificação (PINHEIRO, 2010). Coabitação familiar; A coabitação familiar compreendia a soma das famílias conviventes secundárias que viviam junto com a família principal, no mesmo domicílio, e das que viviam em cômodos. A partir de 2007, a disponibilidade de informações reduziu a déficit apenas as famílias conviventes secundárias que declararam intenção de constituir um domicílio exclusivo. A identificação dessas famílias foi possível devido à inclusão de um quesito específico na Pnad de 2007. O censo demográfico 2010 não traz essa informação, no entanto, por se tratar de um componente importante, buscaram-se formas alternativas de mensuração. Assim, o total de famílias conviventes com intenção de constitui domicílio exclusivo foi estimado de forma indireta, a partir de um algoritmo desenvolvido pela Fundação João Pinheiro (PINHEIRO, 2010). Cômodos (alugados, cedidos ou próprio): As famílias residentes em cômodos foram incluídas no déficit habitacional porque esse tipo de moradia mascara a situação real de coabitação, uma vez que os domicílios são formalmente distintos. Segundo a definição do IBGE, os cômodos são domicílios particulares compostos por um ou mais aposentos localizados em casa de cômodo, cortiço, cabeça-de-porco - entre outros. Neste caso, é necessária a combinação de duas variáveis, ou seja, é necessária a satisfação de duas condições: que a habitação seja um cômodo e que ele seja próprio, alugado, cedido (exceto cedido pelo empregador) ou que tenha outra condição de ocupação. (PINHEIRO, 2010). Famílias conviventes: Na determinação do número de famílias conviventes incluídas no cálculo do déficit habitacional, destacam-se dois aspectos. O primeiro refere-se à 227 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA identificação da família convivente no domicílio, o segundo está relacionado à identificação das famílias com intenção de constituir domicílio exclusivo, entre as identificadas como secundárias. No censo demográfico 2010, a identificação das famílias conviventes secundárias não foi feita no momento da entrevista. A coleta de informações limitou-se a identificar o responsável pelo domicílio e a relação de convivência dos demais moradores com ele. Posteriormente, o IBGE desenvolveu um algoritmo que permitiu identificar, de forma indireta, as famílias conviventes secundárias. A partir do banco de dados de pessoas, identificam-se as famílias secundárias pelo seu número de ordem (2, 3, 4 entre outros.), desconsiderando aquelas cuja pessoa de referência (a primeira, na ordem lógica da família) seja um empregado doméstico ou um parente dele (PINHEIRO, 2010). Ônus excessivo com aluguel; O terceiro componente do déficit habitacional é o ônus excessivo com aluguel urbano. Ele corresponde ao número de famílias urbanas com renda de até três salários mínimos que moram em casa ou no apartamento (domicílios urbanos duráveis) e que despendem 30% ou mais de sua renda com aluguel (PINHEIRO, 2010). Adensamento excessivo de domicílios alugados; A partir de 2008, o adensamento excessivo de domicílios alugados foi incorporado aos cálculos do déficit habitacional. Essa condição é caracterizada pelo número médio de moradores por dormitório acima de 03 (três). O número de dormitórios corresponde ao total de cômodos que servem de dormitório em caráter permanente e apenas para os moradores do domicílio. Em 2010, consideraram-se todos os moradores do domicílio na contagem de moradores (PINHEIRO, 2010). A Figura 75 mostra, de forma esquemática, como é feito o cálculo do déficit habitacional. Para a estimativa do déficit habitacional, há uma hierarquia dos componentes, que são mutuamente excludentes (exceto para as famílias conviventes). Isso significa que cada domicílio, independente de se enquadrar em um ou vários critérios de déficit, é contato uma única vez (exceto para as famílias conviventes). É por isso, também, que os componentes podem ser somados para a estimativa do déficit total, que corresponde ao número total de unidades domiciliares que devem ser repostas. 228 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Figura 75 - Metodologia para cálculo de déficit habitacional. Fonte: Fundação João Pinheiro (FJP). Centro de Estatística e Informações (CEI). Déficit habitacional relativo Para avaliar melhor a situação do déficit habitacional do município, foi criado o déficit habitacional relativo que revela as necessidades habitacionais neutralizando o tamanho do município: O déficit habitacional relativo e a inadequação de domicílios relativa procuram mostrar a magnitude das duas dimensões em relação ao estoque de domicílios das unidades de análise. Para um país com municípios ou regiões de tamanho e condições sociais e territoriais tão distintas, esse indicador é extremamente relevante, pois é capaz de revelar as necessidades 229 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA habitacionais, neutralizando o efeito do tamanho do município no indicador final (PINHEIRO, 2010). Até 2008 o déficit habitacional relativo era calculado dividindo-se o número de unidades de déficit pelo total de domicílios particulares permanentes. Para o estudo de 2010, esse indicador passou a contabilizar também os domicílios improvisados. Assim, o déficit habitacional relativo passou a considerar no denominador o somatório dos domicílios particulares permanentes e dos domicílios improvisados (PINHEIRO, 2010). Como o número de domicílios improvisados no Brasil é pequeno, em relação aos domicílios particulares permanentes, essa alteração não deve produzir uma variação grande no indicador de déficit relativo para o nível do Brasil e unidades da Federação. Entretanto, para os municípios com grande número de domicílios improvisados a modificação no cálculo do déficit habitacional relativo pode implicar na redução nesse indicador. Nesse caso, ela poderia estar mais relacionada à nova fórmula de cálculo do que a uma melhora no indicador (PINHEIRO, 2010). A partir da manipulação do software disponibilizado pela Fundação João Pinheiro foi possível avaliar o déficit habitacional, bem como, suas componentes, apresentados na Tabela 57. Tabela 57 - Déficit Habitacional do Município de Camaçari - BA em 2010. Déficit Habitacional Total Componente Domicílios Precários Coabitação Familiar Ônus excessivo com aluguel Adensamento excessivo de domicílios alugados Zona Habitações % Total 10.665,1 14,4 Urbano 10.270,5 14,5 Rural 394,6 12,5 Zona Habitações % Total 1.085,5 1,5 Urbano 859,8 1,2 Rural 225,7 7,1 Total 5.197,7 7,0 Urbano 5.039,6 7,1 Rural 158,0 5,0 Total 3.796,4 5,1 Total 585,5 0,8 Urbano 574,7 0,8 Rural 10,8 - Fonte: Fundação João Pinheiro, 2014. Percebe-se na tabela acima que o déficit habitacional de Camaçari está concentrado na coabitação familiar e ônus excessivo com aluguel, com 7 % e 5,1 %, respectivamente. 230 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA A seguir é apresentado uma tabela e um gráfico (Figura 76) comparando o déficit habitacional relativo, ou seja, o déficit habitacional com relação número total de domicílios, do Brasil, da Bahia e do Município de Camaçari-BA. Tabela 58 - Comparativo de déficit habitacional entre Brasil, Bahia, e do Município de Camaçari - BA. Déficit Habitacional Unidade Territorial Brasil Total Bahia Camaçari 6.940.690,56 521.373,72 Total Relativo 12,09% Urbano 12,70% 5.885.527,76 388.870,34 Urbano Relativo 11,94% Rural 12,79% 1.055.162,80 132.503,38 Rural Relativo 13,04% 12,51% 10.665,10 14,40% 10.270,50 14,50% 394,6 12,50% Fonte: Fundação João Pinheiro, 2014. Figura 76 - Comparativo de déficit habitacional entre Brasil, Bahia, e do Município de Camaçari - BA. 16,00% 14,00% 12,00% 10,00% 8,00% 6,00% 4,00% 2,00% 0,00% Total Urbano BRASIL BAHIA Rural CAMAÇARI Fonte: Fundação João Pinheiro, 2014. Percebe-se que o déficit habitacional total e urbano (relativo) de Camaçari é maior do que o do Brasil e da Bahia em aproximadamente 2%, com relação ao déficit rural (relativo) é praticamente igual ao déficit da Bahia e aproximadamente 0,5% inferior ao do Brasil. 231 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA 9.8.3 Inadequação de domicílios urbanos Segundo a Fundação João Pinheiro, as habitações inadequadas não significa que há a necessidade de construir novas unidades. Pelo conceito adotado, são passíveis de serem identificadas somente as moradias inadequadas localizadas em áreas urbanas. Não são contempladas as áreas rurais, pois apresentam formas diferenciadas de adequação não captadas pelos dados utilizados (PINHEIRO, 2010). Os critérios adotados para a inadequação habitacional não são mutuamente exclusivos, ou seja, um domicílio considerado inadequado pode ser afetado por uma ou diversas inadequações. Os resultados, portanto, não podem ser somados, sob o risco de haver múltipla contagem. Excluem-se do estoque a ser analisado os domicílios inseridos em alguma das categorias do déficit habitacional. Tal procedimento leva em consideração a premissa de que a construção de uma nova moradia – que substitua uma unidade classificada como déficit – elimina uma eventual condição de inadequação. Portanto, a metodologia proposta nesse estudo prevê que, para se determinar a condição de adequação ou não de um domicílio, é necessário antes checar se ele se enquadra em algum dos critérios de déficit habitacional (PINHEIRO, 2010). 9.8.3.1 Domicílios carentes de serviço de infraestrutura Segundo a Fundação Joao Pinheiro para avaliar a carência em serviços de infraestrutura foi agregado os seguintes serviços básicos: iluminação elétrica, abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. Consideram-se como carentes de infraestrutura todos os domicílios que não dispõem de ao menos um dos serviços citados, O Quadro 10 apresenta as variáveis e categorias utilizadas para identificar se um domicílio é inadequado, do ponto de vista da infraestrutura urbana (PINHEIRO, 2010). Quadro 10 - Variáveis utilizadas na categorização do componente da inadequação de domicílios urbanos carência de infraestrutura. Descrição da variável Categoria utilizada Poço ou nascente na propriedade Poço ou nascente fora da propriedade Carro-pipa Água da chuva armazenada em cisterna Abastecimento de água, forma Água da chuva armazenada de outra forma Rios, açudes, lagos e igarapés Outra Poço ou nascente na aldeia Poço ou nascente fora da aldeia Fossa rudimentar Vala Esgotamento sanitário, tipo Rio, lago ou mar Outro 232 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ESTADO DA BAHIA PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMAÇARI - BA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR GABINETE DA SECRETÁRIA Descrição da variável Energia elétrica, existência Lixo, destino Categoria utilizada Sim, de outras fontes Não existe energia elétrica Queimado (na propriedade) Enterrado (na propriedade) Jogado em terreno baldio ou logradouro Jogado em rio, lago ou mar Tem outro destino Zero banheiros Banheiros de uso exclusivo, número Fonte: Fundação João Pinheiro, 2010. Tabela 59 - Inadequação de domicílios urbanos com relação á abastecimento de água, esgotamento sanitário, iluminação elétrica e banheiro exclusivo. Inadequação de domicílios urbanos Abastecimento de água Total Relativo 0,38% Esgotamento sanitário Total Relativo Total Relativo Domicílios 716,18 1,01% Destino do lixo Total Relativo Domicílios 2.614,92 3,70% Banheiro exclusivo Relativo Domicílios 21.146,59 29,89% Iluminação elétrica Total Domicílios 3.000,78 Domicílios 1.924,34 2,72% Fonte: Fundação João Pinheiro, 2014. Pode-se perceber que o esgotamento sanitário é a componente de saneamento que apresenta a maior inadequação no Município de Camaçari - BA, atingindo 29,89% dos domicílios. 233 Plano Municipal de Saneamento Básico Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos