Os Utensílios do lar do Século XVIII ao Século XX

Transcrição

Os Utensílios do lar do Século XVIII ao Século XX
Casa da Ínsua – Hotel de Charme
Os utensílios do lar, do Século XVIII ao Século XX
No Século XVIII, quando a actual Casa da Ínsua foi construída, a vida quotidiana era bem diferente dos tempos de
hoje, sobretudo tratando-se de um meio rural. Mas quem aqui viesse por esses tempos, encontraria uma das mais
modernas e requintadas casas do país, como se estivesse a viver numa capital europeia, a começar pela decoração
de toda a casa e passando pelos utensílios do dia-a-dia.
Os estanhos Ingleses e Alemães da Casa da Ínsua
Durante todo o Século XVIII, ainda era o metal que imperava nas cozinhas de toda a
Europa e Portugal não era excepção. Entre as várias ligas de metal mais utilizadas,
como o cobre ou o bronze, para os tachos e panelas e a prata para os talheres, o
estanho era o metal de eleição para tudo o que fosse relacionado com pratos,
travessas, copos ou jarras.
Na Casa da Ínsua a colecção de estanhos é vasta e muito rica, com variadas peças,
desde terrinas, cálices, candelabros, jarras, bules, pratos e travessas. São estes
últimos utensílios que assumem particular importância na colecção da casa, pois quase todos eles ostentam os
selos de origem dos artesãos de estanho londrinos ou alemães. A quase totalidade das peças foi fabricada durante
o século XVIII. Entre os muitos exemplares, encontramos pratos e travessas com os selos de alguns dos mais
famosos fabricantes de estanho de Londres, como é o caso de Joseph Spackman I, que começou a
produzir estanhos em 1749 e chegou a receber uma patente pela invenção dos pratos ovais. William
de Jersey é outro dos artesãos que aparece na colecção da casa, tendo iniciado a actividade em
1738 e tem a particularidade dos pratos e travessas que podemos ver na Casa da Ínsua terem um
rebordo ondulado. Este tipo de peças Rococó era feito em Londres, por volta de 1740-1780. A
maioria era feita por corte de uma placa normal e depois os anéis decorativos eram soldados em tiras
no rebordo. Este era um trabalho difícil e dispendioso e muitos deste tipo de pratos tinham brasões e
selos, indicando que pertenciam a pessoas muito ricas. A colecção da Casa da Ínsua exibe outras peças com selos
de origem alemã, mais difíceis de atribuir a um fabricante, pois trazem apenas o emblemático selo de qualidade do
anjo São Miguel, com a Balança e a Espada, que neste caso era utilizado para comprovar a excelente qualidade do
estanho. Selos de qualidade que, no caso do estanho inglês, eram representados através de marcas de contraste,
semelhantes às da prata, ou por um X com uma coroa. Selos que também se podem observar nos pratos existentes
na Ínsua. Produtos com o selo de outros artesãos londrinos, já do século XIX, também se
encontram na casa, sobretudo em bules do chamado Britannia Metal, como sejam os de
nomes como Shaw & Fisher, Sturges & Son e James Dixon & Son.
Durante o século XVIII o estanho (Pewter) era produzido em pequenas oficinas artesanais.
Embora alguns artesãos de estanho (pewterers) já começassem a produzir em larga escala,
a tecnologia que utilizavam eram ainda muito semelhante à utilizada no séc. XVII, ou mesmo
no séc. XVI. Por isso, os artesãos continuaram a chamar-se Mestres e, na maior parte dos
casos, a trabalhar em instalações tradicionais, típicas do final do período medieval. Para a rua estaria virada a loja,
onde venderiam os produtos em estanho, e atrás uma ou mais oficinas e lojas, enquanto por cima existiriam quartos
e salas onde a família do artesão e os seus aprendizes viveriam.
A arte de trabalhar com uma liga de estanho, cobre e, por vezes, bismuto ou antimónio, era normalmente separada
da dos ourives e exigia uma rigorosa aprendizagem, com a duração de um mínimo de quatro a seis anos. Porém, a
história do fabrico do estanho ficou sempre marcada pelo uso repetido de metal má qualidade. Mais frequentemente
o problema estava na quantidade de chumbo. Outras vezes, o cobre era demasiado. Para lidar com isso, os
“Pewterers” (artesãos do estanho) do Velho Mundo uniram-se em associações de regulação, com a missão de
constantemente disciplinar os seus membros. Era exigida e cumprida uma rígida
obrigação de aderir à fórmula de produção estabelecida. Mesmo já em 1351, um
artesão inglês foi punido por não fazer utensílios de acordo com a fórmula padrão.
Não eram castigos governamentais, mas a acção reguladora interna do próprio
comércio. Essas corporações possuíam reais poderes de polícia. Eles podiam punir
um membro, suspender-lhe a produção por um período de tempo e até bani-lo do
comércio, como pena extrema. E nenhum artesão podia trabalhar sem pertencer ao
“guild” (ou guilda, associações de artesãos com o mesmo ofício).
Casa da Ínsua – Hotel de Charme – Penalva do Castelo
www.casadainsua.pt
O estanho foi usado, pela primeira vez, por volta do início da Idade do Bronze no Oriente Próximo. O mais antigo
pedaço de estanho foi encontrado num sarcófago egípcio de 1450 AC.
Os primeiros utensílios conhecidos em estanho são provenientes da Roma Imperial. O estanho era usado pelas
Legiões Romanas em todas as partes do império, o que se comprova por peças que foram encontradas tanto no
Extremo Oriente, como na Índia ou tão longe como em Inglaterra. Aliás, a antiga fórmula Romana era composta por
uma liga, com cerca de 71,5 partes de estanho para 27,8 partes de chumbo. Depois, vieram quinhentos anos de
esquecimento. Mas, por volta do ano de 1047, a produção e utilização do estanho estava suficientemente
restabelecida para que o Sínodo de Rouen determinasse que os vasos e jarros das igrejas em estanho pudessem
ser substituídos por outros de ouro ou prata. O primeiro uso doméstico conhecido surge na
coroação de Eduardo I de Inglaterra, em 1274, numa referência aos caldeirões de carne em
estanho. Por volta de 1437 os produtores de Montpellier fabricavam pratos e saleiros de uma liga
que se enquadrava nas duas fórmulas estabelecidas. Os elementos do estanho eram controlados
já no século XII por guildas existentes nas cidades, sobretudo em França. Por volta do século XV,
a Worshipful Pewterers Company já controlava os componentes do estanho em Inglaterra. Esta
guilda tinha inicialmente apenas dois tipos de estanho, mas, no século XVI, uma terceira liga foi
adicionada. O primeiro tipo, conhecido como metal fino, foi utilizado para talheres. Consistia em
estanho e quanto cobre conseguia absorver, que é cerca de 1%. O segundo tipo, conhecido como
metal leve, ou bagatela (trifler), foi utilizado para cálices, taças ou bules. Era composto de metal fino com cerca de
4% de chumbo. O último tipo de estanho, conhecido como metal de ley, era utilizado para utensílios que não
estivessem em contacto com alimentos ou bebidas. Consistia em estanho com 15% de chumbo. Estas três ligas
foram utilizadas, com pequenas variações, até o século XX.
Por sua vez, Limoges, Nuremberga e outras cidades europeias criaram os seus próprios “guilds”. Estes factos são
importantes, uma vez que as suas práticas comerciais e formas de trabalho foram a base para as regras da
produção de estanho em todo o mundo. A primeira fórmula de produção de estanho da guilda de Londres, criada
pelo decreto de 1474, tinha tanto de bronze como de estanho. Depois, a fórmula evoluiu para vinte e seis quilos de
bronze para um quintal de estanho. Mais tarde, o chamado “vidro de estanho”, o bismuto, foi acrescentado, primeiro
como um adulterante e, em seguida, como parte legalizada da fórmula. Em seguida, foi o uso de antimónio que foi
crescendo. Geralmente, o chumbo era adicionado para fazer colheres e outros artigos moldados. Há uma teoria
muito interessante que refere que alguns dos estanhos ingleses e franceses dos séculos XVI, XVII e XVIII eram
feitos com uma proporção considerável de prata. Estudos sobre o estanho desta época refutam inteiramente esta
teoria e estabelecem o facto de que as fórmulas eram antes estas:
a) 112 partes de estanho para 26 partes de cobre.
b) 100 partes de estanho para 4 partes de cobre e 8 partes de antimónio.
c) 90 partes de estanho para 2 partes de cobre e 8,7 partes de antimónio.
Para colheres e outras peças fundidas em geral, a fórmula era: 95,6 partes de estanho para 1,06 partes de cobre e
3,64 partes de chumbo.
Os “Pewterers” ingleses estavam divididos em três classes: homens “Sadware”, que faziam pratos, tigelas e
travessas; homens de “ley”, que produziam, essencialmente, colheres e outras peçam fundidas, e “Triflers”, que
produziam saleiros e outros pequenos artigos numa liga de estanho mais leve. O estanho foi o segundo passo na
evolução dos utensílios de cozinha. A época da madeira tinha acabado e o estanho, que marcou o início de um tipo
mais formal de jantar, acabou por ser substituído pela porcelana da China e pela prata. A sua última utilização em
Inglaterra e nos Estados Unidos da América foi em bules, castiçais, e lamparinas. Com o advento da galvanoplastia,
os artesãos de estanho conseguiram até produzir artigos que facilmente se confundiam com os de prata. Nos
séculos XIV e XV, foram criadas marcas de qualidade que eram gravadas nas peças de estanho acabado, por
examinadores certificados. O Símbolo da cidade e o do mestre eram geralmente carimbados juntos. Mais tarde, os
fabricantes de estanho passaram a marcar os seus próprios produtos, e as corporações de artesãos perceberam a
necessidade de haver regulamentação sobre a qualidade da liga. Por esta altura, foram desenvolvidos selos
especiais de qualidade. Para o estanho de boa qualidade, por exemplo, foram criadas, em meados do séc. XVI, as
marcas com a Coroa e a Rosa e, a partir do início do século XVIII, o conhecido selo do Anjo. Este anjo, geralmente
com balança e espada, representava o anjo de São Miguel - símbolo de justiça. Os selos do estanho estão divididos
em cinco categorias: marcas de toque, marcas registadas, marcas de qualidade, marcas e números de catálogo. A
maioria dos fabricantes tinha a sua própria variação do selo com a coroa e a rosa. Mais tarde passaram a utilizar um
X com uma coroa, para indicar que o estanho era de uma determinada qualidade, mas a partir do século XVIII todo o
controlo sobre a utilização destes selos tinha sido perdido e os artesãos usavam-no indiscriminadamente. Antes da
introdução da Rosa com a coroa, foi usado um selo com o símbolo de um martelo. Com ou sem coroa, que também
se acredita ter sido uma marca de qualidade, mas são muito raras as peças com esse selo. Os utensílios em
estanho são mais frequentemente encontrados nas igrejas. O uso do estanho era comum desde a Idade Média até
se darem vários desenvolvimentos na fabricação do vidro, durante os séculos XVIII e XIX.
Casa da Ínsua – Hotel de Charme – Penalva do Castelo
www.casadainsua.pt
Os cálices e as canecas podem ser os artefactos de estanho mais familiares no final do século XVII e XVIII, embora
este metal fosse usado também para muitos outros objectos, incluindo tigelas, chapas, pratos, bacias, colheres,
medidas, garrafões, copos de comunhão, bules ou açucareiros. No início do século XVIII, o estanho ainda era líder
no campo dos talheres até surgir a porcelana. Contrariamente à lenda urbana, o uso de talheres de estanho,
contendo chumbo, não esteve relacionado com a desconfiança que existia em relação ao tomate como alimento, no
Norte da Europa durante o século XVI. Com o surgimento da produção em massa de produtos em vidro, este
passou universalmente a substituir o estanho no dia-a-dia.
A Máquina de polir facas
Quem quer que passe pela copa da Casa da Ínsua, não consegue ficar indiferente ao
objecto circular em madeira, que se encontra numa das bancadas. Trata-se de uma
máquina criada para polir facas que, até meados do Século XX, eram feitas de ferro ou
estanho e enferrujavam com muita facilidade.
Esta engenhosa máquina, da época Vitoriana, foi inventada e patenteada, em Inglaterra,
por George Kent, por volta do ano de 1850, como se pode comprovar pela chapa de
metal colocada na frente da máquina e onde se lê: KENT/HOLBORN PATENTEE &
MANUFACTURER / 199 High Holborn / LONDRES. A que pode ver na Casa da Ínsua apresenta o tamanho 7 e o
número de fabrico nº18159. Trata-se basicamente de um sistema manual para afiar
e limpar facas, através de um disco giratório, existente no interior do cilindro de
madeira, ajustado verticalmente na base de ferro. A máquina dispõe de uma
manivela e quatro entalhes na periferia do cilindro, que têm uma protecção de
metal, onde se inseriam as facas e é possível ver as escovas de limpeza no interior.
Dos dois lados, a máquina de polir facas de Kent, tem ainda duas aberturas, que
foram tapadas, mas numa delas ainda se pode ler, na pala de metal que tem por
cima, a palavra "carver" (gravador/burilador). A manivela tem um sistema de travão
que só permite rodá-la num sentido e junto à caixa de madeira tem uma seta que
servia para indicar os vários buracos para inserir as facas, que se destinam aos
seus diferentes tamanhos. As facas eram colocadas nos entalhes no bordo da caixa
giratória em carvalho. Dentro da caixa estão dois afiadores giratórios em pedra,
abafadores de feltro e escovas de cerda que limpavam e davam lustre a ambos os
lados das facas, ao mesmo tempo. Um pó abrasivo era derramado através de uma
abertura. A acção giratória fazia levantar permanentemente o pó proveniente da
abertura de fornecimento, facilitando todo o processo.
Este era o tipo de máquina mais popular para a limpeza de facas (e para afiar), aproximadamente desde 1850 até
1920. Antes da introdução do aço inoxidável, as facas, em estanho ou outras ligas de metal, oxidavam rapidamente
e requeriam uma lavagem e limpeza constantes. As casas grandes usariam máquinas como esta numa base diária.
A máquina "Kent Rotary Knife Cleaner" era vendida até na Austrália, pela loja de Sidney de Anthony Hordern, e era
a peça mais cara incluída no catálogo de 1895. Estava disponível em vários modelos, com dois, três, quatro ou cinco
buracos, e tinha preços entre os 27 e os 70 dólares australianos. George Kent obteve várias patentes para os
diferentes modelos desta máquina que construiu, duas delas antes daquela que lhe foi atribuída em Janeiro de
1865, mas também depois em 1870, 1882 e 1887, com os números "Kent's Patent / 199, 200 & 201". O lema da
empresa de George Kent era "Time & Labour Saver" (Poupança de tempo e trabalho), como se pode ver por um
anúncio da época, publicado no catálogo "Madame Tussaud and sons' Exhibition, London", publicado em Outubro
de 1866, com as biografias e desenhos descritivos das personagens que fizeram parte da exposição inicial da
galeria da Madame Tussaud.
O Aquecedor Parvillée
Estando localizada numa zona interior do país, os invernos eram rigorosos na Casa da
Ínsua e o aquecimento da casa uma preocupação constante. Em todas as zonas comuns
da casa foi instalado um sistema de aquecimento a água, com condutas e vários
acumuladores, como os que se podem ver no átrio da entrada ou no hall do terraço, junto
à porta da sala de jantar, com o seu particular sistema de aquecimento dos pratos.
Mas, há um aquecedor em particular que se destaca, não só pela sua beleza mas
também pela novidade que terá trazido à Casa da Ínsua, nos primórdios do Século XX.
À partida, quem primeiro olha para este móvel em metal trabalhado em bronze vazado,
com o interior cheio de lâmpadas, tem dificuldade em perceber o que seria. Mas trata-se
simplesmente de um aquecedor eléctrico, que funcionava através de umas resistências
especiais, mais tarde adaptado para lâmpadas de aquecimento.
Casa da Ínsua – Hotel de Charme – Penalva do Castelo
www.casadainsua.pt
No seu interior ainda existem os cabos para o ligar à electricidade e na base podem ver-se as fichas de ligação. Este
aquecedor foi inventado pela firma de Paris, “Societe Anonyme de Anciens Etablissements Parvillée Fréres et Cie” e
funcionava originalmente através de umas resistências específicas inventadas pela fábrica de Cramoisy, as
chamadas “Résistences Parvillée”, referidas em várias publicações da época. A firma Parvillée foi criada em 1899 e
logo em 1900 apresentou este modelo de aquecedor eléctrico na Feira Universal de Paris, onde conquistou uma
medalha de Bronze. Não se sabe quantos foram produzidos, mas o que existe na Casa da Ínsua ostenta o número
de fabrico 325. Entre as referências do relatório do júri internacional que atribuiu a medalha de bronze, pode ler-se:
“O Aquecimento eléctrico está certamente destinado a conquistar um lugar importante entre os diferentes sistemas
de aquecimento, sendo as suas vantagens inquestionáveis do ponto de vista da comodidade, da propriedade, da
segurança e a utilização calorífica imediata é integral. Nada semelhante ou comparável jamais foi realizado em
França ou no estrangeiro. O princípio das Resistências Parvillée, também chamadas de resistências
metalocerâmicas, baseia-se no princípio da diminuição da condutibilidade dos metais, resultado que é conseguido
pela introdução numa massa metálica, de materiais especiais não condutores de electricidade. Em consequência da
pressão considerável e das altas temperaturas a que são submetidas, durante o fabrico, estas resistências adquirem
uma grande solidez, são de manutenção fácil e prestam-se a todas as exigências da indústria eléctrica.”
Com a produção de energia eléctrica ainda em fase de muitos desenvolvimentos, o aquecimento eléctrico das
casas, era uma absoluta novidade, e as “resistências Parvillée” chamavam a atenção, como se pode ler num artigo
da revista científica francesa “La Revue Rose”, publicado em 1912:
“Entre as resistências aglomeradas, formadas de uma mistura de matérias condutoras e de matérias Isolantes, é
necessário citar a resistência metalocerâmica de Parvillée, que consiste numa pasta metálica (crómio, níquel, etc.)
misturada com argila: o composto é fortemente comprimido e cozido a elevadas temperaturas (1200° a 150 0°).
W. Heraeus propôs embutir o condutor metálico numa massa porosa de sílica; esta massa seria impregnada de uma
solução de sais metálicos do grupo da platina e uma solução de cloreto de
amónio, ou outros sais amoniacais: os sais seriam reduzidos sob a acção do
calor e o metal preencheria as partes côncavas da massa porosa. Aparelhos de
aquecimento foram construídos para diversos usos domésticos: cozinha,
aquecimento da água para os banhos, panificação, etc. O aquecimento eléctrico
apresenta grandes vantagens de conveniência, de limpeza, etc. Infelizmente, o
seu preço é ainda demasiado elevado. De modo que a cozinha eléctrica, por
exemplo, seja tão económica como a cozinha a gás, seria necessário que o
preço da energia eléctrica ficasse compreendido entre 8,85 e 17,5 cêntimos por
quilowatt/hora. Na Europa, o custo da energia eléctrica tem sido até agora mais
elevado. Todos os aquecimentos eléctricos poderão, por conseguinte,
desenvolver-se e tornar-se práticos, se se construírem aparelhos fáceis de
manipular, duradouros e pouco dispendiosos, e se, certamente, se chegar a
fornecer a energia eléctrica a um preço menos elevado.” Premonitório.
O Moinho de Café JRUS
Desde a descoberta do Café e a sua importação para a Europa, que em qualquer casa se
podia encontrar um moinho manual para os grãos de café. Mas, na Casa da Ínsua, tudo o
que fosse novidade não demorava a chegar. Como é o caso do moinho de café em ferro,
pintado de vermelho que se pode observar na copa e que é de origem alemã. Terá sido
fabricado em finais do século XIX, princípios do século XX, pela empresa JRUS (J. Rilling
und Sohne), de Platting. Apresenta um depósito vertical para o café, em latão, que terá sido
uma das suas inovações, para além de funcionar a electricidade. Existem modelos muito
semelhantes a este, também eléctricos, fabricados nos Estados Unidos, desde 1897, e
exactamente através da introdução de um motor eléctrico num moinho manual. Assim, pela
forma como o motor está instalado no interior do corpo do moinho, que foi todo forrado com
rolos de tecido, e uma vez que também tem manivela, suspeita-se que o da Casa da Ínsua possa ser mais antigo,
também sendo inicialmente manual e mais tarde adaptado a electricidade. Tem uma placa de metal já muito gasta,
que ostenta o logótipo JRUS e o número de fabrico 1450 e as indicações de funcionamento eléctrico:
” ...Tipo: D; Vol. ...1; ~50; PS: ½; AMP: ...20; UMDR 1450”.
Tem também um depósito inferior, pintado a vermelho, para o café moído. No corpo da máquina e por baixo do
depósito vertical para os grãos, tem uma chapa que permite ou impede a descida dos grãos. Mesmo por baixo tem
gravado a relevo no metal as letras “JRUS”, nome da empresa que produziu o moinho. De um dos lados tem um
botão giratório que tem a letra “W” com uma seta, que servia para ligar ou desligar o moinho.
Na frente tem um mecanismo para definir a espessura de moagem do café, onde se lêem as palavras “GroB” e
“Fein” e ainda ostenta o logo do fabricante alemão, que actualmente se dedica ao fabrico de artigos em metal.
Casa da Ínsua – Hotel de Charme – Penalva do Castelo
www.casadainsua.pt

Documentos relacionados

Roteiro Palácio

Roteiro Palácio A Casa da Ínsua – Hotel de Charme é constituída por três grandes áreas funcionais: a componente de alojamento, restauração e eventos; os jardins e espaços verdes de fruição; e as zonas agrícolas, p...

Leia mais