“A esperança é a mais humilde das três virtudes teologais, porque

Transcrição

“A esperança é a mais humilde das três virtudes teologais, porque
3.
«Igreja - Povo de Deus - em Movimento», reassume as novas perspectivas teológicas e, consequentemente, as suas propostas
pastorais: a ‘opção pelos pobres’ (Medellin, 1968), a ‘comunhão e participação’ (Puebla, 1979), o ‘protagonismo dos leigos’ e a
‘inculturação da fé’: (Sto. Domingo, 1992), uma ‘igreja em permanente estado de missão’ que deve ser protagonizada pelos
‘discípulos missionários’ nesta ‘mudança de época’ (Aparecida, 2007) considerando os novos sinais dos tempos (cf. VD, 100).
“Esta é a beleza da Igreja: a presença de Jesus no meio de nós!”
(Papa Francisco)
Fazendo eco às palavras do Santo Padre, nós, Igreja - Povo de Deus em Movimento com grande alegria apresentamos a você nosso informativo nº 76, abraçando-os no amor, na fée na esperança.
Caríssimos, já se tornou tradição nosso informativo trazer semanalmente reflexões sobre o Evangelho do Domingo. E são muitos os e-mails
que recebemos de leigos e religiosos nos incentivando a continuarmos a
fazê-lo, pois tem sido de grande valia para muitos. Agradecendo a todos
que nos enviaram suas mensagens, temos a dizer que continuaremos
sim! Esta é uma marca registrada do IPDM.
Sobre o Evangelho do próximo Domingo, trazemos as seguintes meditações: Padre Alberto Maggi—OSM, fazendo uma profunda reflexão sobre esta maravilhosa passagem da vida de Jesus, nos diz: “’E foi transfigurado diante deles”’. A condição divina, segundo Jesus, não é alcançada
através do poder, e sim através do amor; não dominando, mas servindo;
não tirando a vida, e sim oferecendo a própria. O efeito desta orientação
da vida, para o bem dos outros, é a transformação. A morte, segundo Jesus, não diminui a pessoa, mas é o que a transforma. Portanto a morte é
uma transformação do indivíduo. ‘E foi transfigurado diante deles; o seu
rosto brilhou como o sol’. Isso indica a condição divina. Jesus tinha dito
que os justos brilharão como o sol no reino do Pai”. Leia mais na página
2.
Na página 3, você encontrará três reflexões: Padre José Antonio Pagola, com seu costumeiro brilhantismo, chama nossa atenção para um
ponto especifico da narrativa: “O centro desse relato complexo, chamado
tradicionalmente “A transfiguração de Jesus”, é ocupado por uma Voz que
vem de uma estranha “nuvem luminosa”, símbolo que se utiliza na Bíblia
para falar da presença sempre misteriosa de Deus que se manifesta a nós
e, ao mesmo tempo, se oculta. A Voz diz estas palavras: “Este é o meu Filho, o amado, meu predileto. Escutai-O”. Os discípulos não deverão confundir Jesus com ninguém, nem sequer com Moisés e Elias, representantes e testemunhas do Antigo Testamento. Só Jesus é o Filho querido de
Deus, o que tem o Seu rosto “resplandecente como o sol”.
Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba-MG nos convida
a refletir sobre nossas ações: “Não podemos entender a vida como um
“ninho” de proteção e de bem-estar, sem compromisso social e de responsabilidade com o outro. É por isto que a palavra “transfiguração”, como
está no cenário bíblico, implica mudança de atitudes para fazer acontecer
o bem e a harmonia desejados por todos, isto é, uma vida com dignidade
e respeito, de valor humano e divino. Um mundo transfigurado deve estar
apoiado na certeza da não exploração e voltado para a mobilização e
construção de uma sociedade totalmente nova”.
De Ribeirão Preto, nosso querido amigo Padre Gilberto Kasper
apresenta-nos uma reflexão profunda sobre o valor de escutarmos a palavra do Filho de Deus: A transfiguração de Cristo nos sugere que, se escutarmos a palavra do Filho amado do Pai, seremos fortalecidos na decisão de trabalhar por um mundo melhor. Antes da missão, os apóstolos deviam ser confirmados na fé e introduzidos no conhecimento da verdadeira
identidade de Cristo e dos mistérios do Reino. Jesus é o servo sofredor e
sua glória passa pela cruz. A exigência é: “escutem o que ele diz!” A glória
revelada manifesta-se em estreita vinculação com a obediência à Palavra.
Sobre o Evangelho do próximo Domingo (23/03), que nos apresenta a
passagem que trata do encontro de Jesus com a Samaritana, trazemos a
reflexão do Padre Alberto Maggi—OSM, mostrando-nos o valor eterno do
verdadeiro amor: “Portanto Deus é energia de amor criador e pede apenas
de ser acolhido pela criatura a fim de prolongar o Seu amor para toda a
humanidade. Esta é a novidade trazida por Jesus! É o fim do templo, porque não há mais necessidade do templo! É o fim do culto, que, na realidade, era uma diminuição do homem em relação a Deus! De fato, o homem
devia tirar algo de si para dá-lo a Deus. No novo culto é Deus Pai que se
oferece aos homens, para que com Ele e como Ele, eles se ofereçam a toda
a humanidade”. Leia mais na página 4.
Em comemoração ao 1º ano do Pontificado do Papa Francisco, as páginas 5 e 6 trazem para você a entrevista completa que o Bispo de Roma
concedeu ao Jornal Corriere dela Sera. As Palavras de Francisco, são
animadoras e encorajadoras. Vale a pena a leitura da reportagem.
Os Artigos transcritos na página 7 tratam de um mesmo assunto: o
Tráfico Humano, tema da Campanha da Fraternidade. Dom Demétrio
Valentini, analisa a questão das “vítimas como presas fáceis aliciadas:
“As vítimas do tráfico humano são presas fáceis dos que se aproveitam de
situações de vulnerabilidade na luta pela sobrevivência. Os aliciadores
iludem pessoas com promessas de emprego garantido, alta remuneração,
documentação assegurada, entrada para o mundo dos modelos de grandes marcas ou para o mundo dos artistas de muitas áreas, especialmente
a dança”.
Liderança jovem do IPDM, Eduardo Brasileiro brinda-nos com um
artigo que demonstra todo o dinamismo de uma visão juvenil e integrada
com a realidade. Em seu artigo, Eduardo nos diz: “A raiz do Tráfico Humano vem da miséria, da omissão, do mercantilismo da vida e da impunidade. Gerando Trabalho escravo, remoção de órgãos, exploração sexual e
adoção ilegal. A CF coloca em cheque a realidade da mobilidade e do trabalho no atual contexto social, influenciado pelo fenômeno da globalização. A prática perversa de explorar alguém em condições degradantes
permanece nos modernos esquemas da economia global”. Vale a pena a
leitura dos dois artigos.
Frei Betto, contempla-nos com um Artigo-História sobre Março de
1964, mês em que ocorreu o golpe militar no Brasil. Relatando sua trajetória durante os primeiros anos de ditadura e as esperanças de uma retomada breve da democracia, Betto encerra seu artigo dizendo: “Esperei
em vão. Reações isoladas, inclusive de altos oficiais das Forças Armadas,
foram logo abafadas sem necessidade de um só disparo de arma de fogo.
E ninguém acreditava que a ditadura duraria, a partir de 1º de abril de
1964, 21 anos”. O artigo está na página 8.
Ainda na página 8, Leonardo Boff, falando sobre as eleições que teremos este ano no Brasil, abre um questionamento profundo e de muita
seriedade sobre o nosso futuro: “Estamos nos aproximando daquilo que
Celso Furtado chamava de ‘provas cruciais’. Talvez como nunca antes em
nossa história, atingimos este estágio crítico das ‘provas’. As próximas
eleições possuirão, a meu ver, uma qualidade singular. Dada a aceleração
da história, impulsionada pela crise sistêmica mundial, seremos forçados
a tomar uma decisão: ou aproveitamos as oportunidades que os países
centrais em profunda crise nos propiciam, reafirmando nossa autonomia e
garantindo nosso futuro autônomo mas relacionado com a totalidade do
mundo ou as desperdiçamos e viveremos atrelados ao destino sempre decidido por eles que nos querem condenar a sermos apenas os fornecedores dos produtos in natura e assim voltam a nos recolonizar”.
Por fim, a página 9 traz a agenda de reuniões do IPDM para os meses
de março e abril e nossas indicações de sites para estudos e pesquisas.
Aliás, se você conhecer algum site interessante para estudos sóciopolíticos, culturais, religiosos ou de temas da atualidade, envie para nós.
Tenham todos ótima leitura.
Equipe de Produção IPDM
“A esperança é a mais humilde das três virtudes teologais, porque se esconde na vida.
Contudo, ela nos transforma em profundidade.” Papa Francisco
LITURGIA
I
T
U
R
G
I
A
Domingo — 16 de Março de 2014
2º Domingo da Quaresma
Leituras propostas pela Igreja para este Domingo
1ª: Gn 12, 1-4a – Sl: 32 (33) - 2ª: Tm 1, 8b-10
Evangelho: Mt 17, 1-9
Ciclo “A” do Ano Litúrgico
L
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LITURGI A
Padre Alberto Maggi—OSM
O evangelista Mateus apresenta a resposta de Jesus
às tentações no deserto. A terceira, a última tentação no
deserto, foi quando (Mt 4, 8-11) o diabo levou Jesus
para uma montanha muito alta - o topo da montanha
indica o status divino – oferecendo-lhe todos os reinos
e a glória do mundo. Isto é o convite, a sedução, a tentação para Jesus conquistar a condição divina, recebendo
o poder para dominar. Para entender esta tentação devemos lembrar que, naquela época, todos aqueles que
detinham o poder, achavam ter uma condição divina,
como o faraó que era um deus, o imperador romano
que era filho de um deus. Então, o diabo oferece a Jesus
a condição divina através do poder. Pois bem: o acontecimento da transfiguração é a resposta de Jesus a esta
tentação. O capítulo 17 do Evangelho de Mateus começa
com uma indicação preciosa: “Seis dias depois”. A expressão ‘seis dias depois’, lembra dois eventos importantes: a criação do homem e da mulher no livro do Gênesis e quando Deus manifestou a sua glória no Monte
Sinai. Portanto, o número "seis dias" refere-se a duas
coisas: a criação do ser humano e a glória de Deus.
“E as suas roupas ficaram brancas como a luz”, são as
cores do anjo anunciando a Ressurreição. Portanto em
Jesus se manifestam os efeitos da Ressurreição; a morte
não destrói a vida, mas é o que lhe permite de florescer
em uma forma nova, plena, completa e definitiva. Uma
forma que na existência terrena não é possível alcançar.
“Nisto apareceram-lhes Moisés e Elias”. Moisés e Elias
representam respectivamente a lei e os profetas, o que
nós chamamos de Antigo Testamento, “conversando
com Jesus”. Moisés e Elias são os dois personagens que,
no Antigo Testamento, falaram com Deus e agora falam
com Jesus. Eles não têm nada a dizer aos discípulos!
“Então Pedro tomou a palavra”. Aqui a tradução é
“tomou a palavra". Na realidade o evangelista escreve:
"reagiu". Portanto a de Pedro foi uma reação.
Além disto, no grego temos o artigo determinativo "O
O evangelista quer demonstrar que, em Jesus, manifesta-se a plenitude da criação e, com ela, a glória de
Deus. Veremos depois o porquê.
sentado pelo seu apelido negativo, que significa “o teimoso, o cabeçudo” e “Tiago e João”. São os três discípulos difíceis, são aqueles que tentam Jesus para o poder.
Porém, para Pedro, Jesus oferece uma chance, "Vai-te
embora satanás, fica de novo atrás de mim", porque Pedro queria ele mesmo mostrar a Jesus o caminho. De
modo especial, Pedro rejeitava a ideia da morte de Jesus, porque para Pedro a morte era o fim de tudo. E assim agora, Jesus leva consigo o seu satanás e responde
à tentação de Pedro e à tentação do verdadeiro satanás
do deserto!
“Os levou a um lugar à parte”. “Um lugar à parte” é
um termo técnico usado pelos evangelistas, que indica
sempre hostilidade, incompreensão, por parte dos discípulos ou de outras pessoas, a respeito de Jesus e de
Sua mensagem. “Sobre uma alta montanha”. Eis aqui,
como o diabo tinha levado Jesus a uma montanha muito alta, Jesus, agora, leva o seu tentador, Pedro, sobre
uma alta montanha, o lugar do status divino.
“E foi transfigurado diante deles”. A condição divina,
segundo Jesus, não é alcançada através do poder, e sim
através do amor; não dominando, mas servindo; não
tirando a vida, e sim oferecendo a própria. O efeito desta orientação da vida, para o bem dos outros, é a transformação. A morte, segundo Jesus, não diminui a pessoa, mas é o que a transforma. Portanto a morte é uma
transformação do indivíduo. “E foi transfigurado diante
deles; o seu rosto brilhou como o sol”. Isso indica a condição divina. Jesus tinha dito que os justos brilharão como o sol no reino do Pai.
no Antigo Testamento, é
imagem da presença divina - “... os cobriu com sua sombra”. Portanto, Deus não concorda com o que Pedro está dizendo. De fato, Pedro ainda estava falando, quando
o Senhor o cortou. “E da nuvem uma voz dizia” - é a voz
de Deus - “Este é o meu Filho” – Filho indica quem se
parece com o Pai no comportamento. “o amado”, que
indica o herdeiro, quem herda tudo. Portanto, alguém
que tem tudo do Pai.
“No qual eu pus todo meu agrado”. São exatamente as
mesmas palavras que Deus pronunciou sobre Jesus no
momento do batismo (Mt 3,17). O evangelista quer
mostrar, desta forma, qual é o efeito do batismo. No batismo, Jesus tinha assumido o compromisso de manifestar a fidelidade ao amor do Pai, mesmo à custa de sua
vida. A resposta de Deus a este compromisso é uma vida que é capaz de vencer a morte. A morte não destrói a
pessoa, mas a fortalece.
E aqui, eis o imperativo: “Escutai-o!”. Portanto, não
devem escutar nem Moisés, e ainda menos Elias. Devem
escutar a Ele, escutar somente a Jesus. Moisés e Elias
são relativizados e postos em relação com o ensinamento e com a vida de Jesus. O que na lei e nos profetas
está de acordo com Jesus seja bem vindo e seja acolhido. Tudo o que se distancia ou é contrário seja deixado
de fora.
“Jesus tomou consigo Pedro”, o discípulo é aqui apre-
Quando Jesus anunciará que em Jerusalém será condenado à morte, serão os próprios Tiago e João, que
irão pedir a Ele de ter os lugares mais importantes. Pois
bem, Jesus toma consigo Pedro. Pedro, no episódio anterior, tinha sido objeto da mais violenta denúncia, do
mais violento epíteto dirigido por Jesus a um dos seus
discípulos. Jesus o tinha chamado de “satanás”. "Vá embora, Satanás!". As mesmas palavras com as quais Jesus
tinha rejeitado a tentação do diabo no deserto.
“Pedro ainda estava f
alando, quando uma nuvem luminosa...”, - a nuvem,
A reação dos discípulos. “Quando ouviram isto, os dis-
cípulos ficaram muito assustados e caíram com o rosto
em terra”. Cair com o rosto em terra é um sinal de derPedro", que significa a atitude obstinada deste discípulo. Então: o Pedro reagiu e disse: “Senhor, é bom ficar-
mos aqui! Se queres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Em Israel há
uma festa tão importante que não precisa ser nomeada,
é simplesmente chamada "a festa". É por excelência “a
festa”, mais importante até da Páscoa. É a Festa das
Tendas (ou dos Tabernáculos), que comemora a libertação da escravidão egípcia, e, nesta semana, que ocorre entre setembro e outubro, os israelitas viviam em
tendas. Pois bem, em memória da antiga libertação, se
aguardava e se esperava a manifestação e a aparição do
novo libertador.
Portanto o Messias teria se manifestado durante a
Festa das Tendas. Eis aqui: Pedro continua no seu papel
de tentador, o satanás de Jesus. Por que satanás? O que
faz? Ele diz: “Se queres, vou fazer aqui três tendas”, era a
festa na qual o Messias teria se manifestado. Mais interessante é a ordem destas três tendas: “uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Quando há três personagens, o mais importante fica sempre no centro. Para Pedro, o mais importante é Moisés, não Jesus! Pedro
reconhece em Jesus o Messias, mas um messias segundo a linha da observância da lei imposta por Moisés.
Quer dizer, um messias que devia ser um homem piedoso e observante de todas as regras da lei. E, sobretudo e acima de tudo, como Elias. Elias foi o profeta zeloso - talvez zeloso de mais - que, pessoalmente degolou
quatrocentos e cinquenta sacerdotes de outra divindade (1 Reis 18, 20-40). Portanto o messias que Pedro
quer é este: um que cumpra a lei e um que a saiba impor, até com a violência se precisar, como Elias.
rota, de falência. Portanto eles sentem que falharam.
Não é este o messias que eles estão seguindo. “Ficaram
muito assustados”. Portanto eles se sentem derrotados,
por que o messias que eles seguem é o messias que não
morre, aliás, que triunfa. É preciso rever o conceito de
Messias! Devem concordar com as palavras de Jesus
que tinha anunciado que em Jerusalém teria sido condenado à morte! Para os discípulos é um sinal de derrota. Além disso, eles agora também têm medo da reação
de Jesus que foi tão desafiado por eles. “Jesus se aproximou, tocou neles” - como ele fazia com os doentes e os
mortos - “e disse: ‘Levantai-vos, e não tenhais medo’”. A
resposta de Jesus é sempre uma comunicação de vida.
“Os discípulos ergueram os olhos e não viram mais ninguém”. Pedro, Tiago e João, ainda procuram Moisés e
Elias, porque é o passado, é a tradição! É isso o que dá
segurança a eles! E, portanto, buscam uma confirmação
dos valores do passado. “Mas não viram mais ninguém,
a não ser somente Jesus”. De agora em diante deverão
confiar somente em Jesus e não mais contar com Moisés e suas leis ou confiar no zelo profético de Elias.
“Quando desciam da montanha, Jesus ordenou-lhes: ‘Não
conteis a ninguém esta visão até que o Filho do homem
tenha ressuscitado dos mortos’”. Esta imagem de um Jesus que passa através da morte, uma morte que não só
não o destrói, mas o fortalece, podia ser mal interpretada pelos discípulos, como um sinal no sentido triunfalista! Eles não sabem ainda que essa condição Jesus a
alcançará passando pela morte mais ignominiosa, morte reservada para um amaldiçoado por Deus, a morte
de um crucifixo.
Em: www.studibiblici.it
Dom Paulo Mendes Peixoto
Padre José Antonio Pagola
O centro desse relato complexo, chamado tradicionalmente
“A transfiguração de Jesus”, é ocupado por uma Voz que vem de
uma estranha “nuvem luminosa”, símbolo que se utiliza na Bíblia
para falar da presença sempre misteriosa de Deus que se manifesta a nós e, ao mesmo tempo, se oculta.
A Voz diz estas palavras: “Este é o meu Filho, o amado, meu predileto. Escutai-O”.
Os discípulos não deverão confundir Jesus com ninguém, nem sequer com Moisés e
Elias, representantes e testemunhas do Antigo Testamento. Só Jesus é o Filho querido de Deus, o que tem o Seu rosto “resplandecente como o sol”.
Mas a Voz acrescenta algo mais: “Escutai-O”. Noutros tempos, Deus tinha revelado a sua vontade através dos “dez mandamentos” da Lei. Agora a vontade de Deus resume-se e concretiza-se num só mandamento: escutai Jesus. O escutar estabelece a
verdadeira relação entre os seguidores e Jesus.
Ao ouvir isto, os discípulos caem no chão “cheios de espanto”. Estão surpreendidos por aquela experiência tão próxima de Deus, mas também assustados pelo que
ouviram: poderão viver escutando só Jesus, reconhecendo apenas Nele a presença
misteriosa de Deus?
Então, Jesus “aproxima-se e, tocando-lhes, diz: Levantai-vos. Não
tenhais medo”. Sabe que necessitam experimentar a sua proximidade humana: o contato da Sua
mão, não só o resplendor divino
do Seu rosto. Sempre que escutamos Jesus no silêncio do nosso
ser, as suas primeiras palavras
dizem-nos: Levantem-se, não tenham medo.
Muitas pessoas só conhecem Jesus de ouvir. O Seu nome soalhes, talvez, familiar, mas o que
sabem vai para lá de algumas recordações e impressões da infância. Inclusive, mesmo que se chamem cristãs, vivem sem escutar Jesus no seu interior. E, sem essa experiência, não é
possível conhecer a Sua paz inconfundível nem a sua força para animar e sustentar a
nossa vida.
Quando um crente para para escutar em silêncio Jesus, no interior da sua consciência, escuta sempre algo como isto: “Não tenhais medo. Abandona-te com toda a simplicidade ao mistério de Deus. A tua pouca fé basta. Não te inquietes. Se me escutas,
descobrirás que o amor de Deus consiste em estar sempre a perdoar. E, se acreditas
nisto, a tua vida mudará. Conhecerás a paz do coração”.
No livro do Apocalipse pode-se ler assim “Olha, estou há porta e chamo; se alguém
ouve a minha voz e me abre a porta, entrarei em sua casa”. Jesus bate à porta de
cristãos e de não cristãos. Podemos abrir a porta ou podemos recusar. Mas não é o
mesmo viver com Jesus do que sem Ele.
Todas as pessoas são transeuntes e passageiras pela terra. A vida passa, mas a sua dinâmica
deve ser de construir uma sociedade de justiça e
de paz. A injustiça e a guerra infalivelmente matam, eliminando de sua história as bênçãos divinas. Não é este o projeto do Criador porque a humanidade passa a se esquivar da real responsabilidade diante das propostas de Deus.
Não podemos entender a vida como um “ninho” de proteção e de
bem-estar, sem compromisso social e de responsabilidade com o outro.
É por isto que a palavra “transfiguração”, como está no cenário bíblico,
implica mudança de atitudes para fazer acontecer o bem e a harmonia
desejados por todos, isto é, uma vida com dignidade e respeito, de valor
humano e divino.
Em tempo de quaresma, as pessoas são convidadas a ouvir atentamente o som da fraternidade, da conversão e da transformação de vida.
E sabemos que não é saudável investir na realização do mal e na violência, sendo desonesto uns com os outros. Esta é uma política de destruição, trazendo consequências drásticas para a vida pessoal e social.
Interrogando-nos, como é o
nosso estilo de vida, de cidadãos, de políticos, de lideranças
etc.? Temos o senso e a prática
da liberdade no seu verdadeiro
teor, rompendo com determinadas ações egoístas, apegos exagerados em valores que não são
importantes? Podemos estar
construindo uma vida contra
nós mesmos!
Um mundo transfigurado
deve estar apoiado na certeza
da não exploração e voltado para a mobilização e construção
de uma sociedade totalmente
nova. Isto exige perseverança
das lideranças bem intencionadas, não se deixando sucumbir
diante das dificuldades e nem podem ficar tímidas no cumprimento de
suas verdadeiras tarefas.
A pessoa transfigurada consegue irradiar confiança e passa a agir
de modo permanente e corajoso para construir a sociedade almejada. O
transcurso disto se faz na simplicidade, na confiança e não no espírito
de derrota. Isto significa dizer que a vida triunfa sobre a morte, porque
ela é um permanente caminhar sem egoísmo e sem acomodação.
Em: eclesalia.wordpress.com
Em: www.catequeseebiblia.blogspot.com.br
Padre Gilberto Kasper
Na caminhada quaresmal rumo à Páscoa, neste Segundo Domingo da Quaresma, Jesus nos convida a subir com ele à montanha para, na intimidade e antecipadamente, contemplarmos sua glória de transfiguração, a fim de que, no cotidiano, na planície, entre as
inúmeras atividades sociais, culturais e religiosas, nos exercitemos no cuidado da vida. Estamos no tempo quaresmal, um tempo especial de reflexão e conversão. Uma ocasião privilegiada para rever nosso
modo de agir, tomar novas decisões e promover mudanças significativas. Na caminhada rumo
à Páscoa, somos convidados a contemplar e proteger a vida da pessoa humana, também como
uma forma concreta de louvar e servir ao Criador, no sofrimento das pessoas traficadas, de alguma forma.
A Páscoa de Cristo se manifesta na comunidade que descobre no rosto desfigurado do pobre o rosto luminoso do Pai. É preciso sair do comodismo e deixar que a glória de Deus se manifeste em nós. Subindo à montanha, somos convidados a ouvir o que Jesus tem para nos dizer e contemplaremos sua face resplandecente.
A exemplo de Abraão somos convidados a sair de nós mesmos e confiar nas promessas de
Deus. Somos chamados a transfigurar nossa vida e transformar a realidade em que vivemos.
Todos somos chamados à santidade..
"Este é o meu filho muito amado, no qual eu pus o meu amor:
escutai-o!" (Mt 17,5).
A transfiguração de Cristo nos sugere que, se escutarmos a palavra do Filho amado do Pai,
seremos fortalecidos na decisão de trabalhar por um mundo melhor.
Antes da missão, os apóstolos deviam ser confirmados na fé e introduzidos no conhecimento da verdadeira identidade de Cristo e dos mistérios do Reino. Jesus é o servo sofredor e sua
glória passa pela cruz. A exigência é: “escutem o que ele diz!” A glória revelada manifesta-se
em estreita vinculação com a obediência à Palavra.
E o que Jesus nos diz, afinal? "Amai-vos uns aos outros..." Será que ainda sabemos amar?
Contemplamos filhos matando pais; mães jogando filhos em latas de lixo e córregos; pessoas sendo traficados, de alguma maneira; babás decepando a
mãozinha de criança com apenas três meses; jovens morrendo por dez reais; trânsito violento, irresponsável e desrespeitoso, enfim, pessoas parecendo bichos selvagens! Que amor é esse? Enquanto não soubermos como é bom amar gratuitamente, com sabor divino, ficaremos dependurados na cruz, sem
chegarmos à Transfiguração de Jesus!
Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo.
João 4, 5-42
Padre Alberto Maggi - OSM
Há três personagens femininas no Evangelho de João, às
quais Jesus se dirige com o apelativo de "mulher", que significa "esposa”, e representam, de alguma forma, as “esposas” de Deus. A relação
entre Deus e seu povo, através dos profetas, particularmente de Oséias, o profeta da Samaria, era representada como a de um casamento. Deus era o esposo
e o povo a sua esposa.
Então, neste evangelho Jesus se dirige, chamando-a de “mulher”, isto é
“esposa”, a sua mãe nas bodas de Caná. A mãe de Jesus representa o povo que
sempre foi fiel a Deus, testemunha da nova Aliança, que Jesus virá propor,
porque na antiga Aliança falta vinho, quer dizer, falta o amor.
Depois Jesus, neste trecho que agora vamos analisar, se dirige, com o mesmo apelativo de “mulher”, isto é, “esposa”, à mulher adúltera, à esposa adúltera, que o esposo vai reconquistar não através de ameaças ou castigos, mas
com uma oferta ainda maior de amor. Finalmente, a terceira e última personagem do sexo feminino a quem Jesus irá se dirigir chamando-a de “mulher”, é
Maria Madalena, que representa a nova comunidade, a “esposa” do Senhor.
Na passagem de hoje, a intenção de Deus, que é Jesus, é de recuperar a esposa adúltera. De fato, nos versículos que a liturgia tem, infelizmente, eliminado na leitura de hoje (versículos 3 e 4) está escrito: “Jesus deixou a Judéia e
foi de novo para a Galileia”, e, escreve o evangelista: “Jesus tinha que atravessar a Samaria”.
Esta expressão: “tinha que atravessar a Samaria”: não é devida a um
itinerário geográfico. Normalmente, da Judéia para a Galiléia, percorria-se o
vale mais confortável e tranquilo do Jordão, porque, como havia inimizade entre galileus, judeus e samaritanos, atravessar aquela região significava enfrentar encrencas. E muitas vezes arriscando a vida. Então, este "tinha que atravessar a Samaria" por parte de Jesus não é devido a razões de roteiro geográfico, e
sim a razões teológicas.
É o esposo que vai recuperar a esposa adúltera. O evangelista nos
apresenta uma mulher samaritana, anônima. Quando os personagens são anônimos, significa que são personagens representativos de uma realidade que o
evangelista quer apresentar. E Jesus, indiferente aos conflitos de raça, religião
e sexo, se dirige a esta mulher pedindo-lhe de beber. É uma coisa que um homem judeu nunca teria feito: pedir a uma mulher, e, além disso, a uma samaritana, uma inimiga, que é considerada impura.
lher fala de poço - ou seja, ela não conhece um dom gratuito - Jesus fala de
nascente. Na nascente, a água é viva, a água jorra, e, acima de tudo, não requer nenhum esforço por parte da mulher que está com sede, a não ser o esforço de beber. De fato, Jesus acrescenta: “Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo”. Imagem da lei. A lei não consegue responder ao desejo que
todo ser humano carrega dentro de si. Porque, pela lei, o ser humano é sempre
limitado, inadequado, inadimplente! Mas Jesus diz: “Mas quem beber da água
que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede”. Sua mensagem, sobretudo a
sua pessoa, é a resposta de Deus ao desejo de plenitude que cada pessoa carrega dentro de si. E Jesus acrescenta: “E a água que eu lhe der se tornará
nele...” – portanto, não é mais água externa, e sim água interior – “... uma
fonte de água que jorra para a vida eterna”. O amor de Deus que, através de
Jesus, se comunica ao ser humano, na medida em que a pessoa o acolhe e o
transmite aos outros - nessa dinâmica do amor recebido e o do amor comunicado - realiza, faz crescer e amadurecer a sua existência para sempre. Ele torna a vida indestrutível.
Portanto não se trata de uma experiência de observância de uma lei exterior ao homem, mas de uma experiência de força interior, porque Deus não governa os humanos promulgando leis que eles devem respeitar, mas comunicando-lhes a sua própria capacidade de amar.
Nesta altura, estranhamente, Jesus pede à mulher para ir chamar o marido. A resposta da mulher é que ela não tem marido. E Jesus chama atenção
dizendo que ela já teve cinco maridos!
O que isso significa? Vimos que a mulher é anônima; as pessoas anônimas
são personagens representativos. Portanto, a mulher representa a Samaria. E
quem são estes cinco maridos? Esta região foi povoada por colonos de outras
nações que trouxeram seus deuses. Como consequência disso, os samaritanos
construíram, sobre cinco montanhas, cinco templos em honra de cinco divindades. Em seguida, no Monte Garizim, o templo a Javé.
Portanto os samaritanos adoravam a Javé, o Senhor, mas, ao mesmo tempo, aos outros deuses. Na língua hebraica, "senhor" e "marido" tem o mesmo
significado. A mulher entende. Ela entende que quem ela chamou de “senhor”,
na realidade é um profeta, e logo faz uma ligação à tradição: “Os nossos pais
adoraram neste monte, mas vós dizeis que em Jerusalém é que se deve adorar”. Ela entendeu o chamado de Jesus e está disposta a voltar ao verdadeiro
Deus. Apenas ela quer saber o lugar.
Existem muitos santuários, especialmente o mais importante o
do monte Garizim, onde eles adoram o Deus de Israel, mas há também o templo de Jerusalém. Então, ela está disposta a voltar para
Deus, mas quer saber o lugar. Eis aqui a novidade importante que
Jesus proclama a esta mulher samaritana: o fim do templo, o fim
do culto. Disse-lhe Jesus: “Acredita-me, mulher...” - a chama de
“mulher”, “esposa” - “está chegando a hora em que nem neste
monte nem em Jerusalém adorareis o Pai”.
Ela lembrou a tradição, os pais, “os nossos pais”. Jesus a convida a acolher o Pai. Ela pensava em ir a um lugar para oferecer a
Deus, agora começa a época em que é Deus quem se oferece aos
homens. O Pai pede de ser acolhido pelos seres humanos, para assim aumentar neles a capacidade de amar e torná-los capazes de
um amor generoso e incondicional como o Dele. Aqui está a importante Boa Notícia trazida por Jesus: “Mas está chegando a hora,
e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e verdade”.
De fato, a mulher samaritana fica surpreendida e diz a Jesus: “Como é
que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?”. E ela frisa isso com força! Um homem não fala com uma mulher, tanto
menos com uma samaritana. Os samaritanos, por sua idolatria (que vamos ver
agora), eram considerados impuros, inimigos de Deus e, portanto inimigos de
todos! O evangelista diplomaticamente assinala: “de fato os judeus não se
dão com os samaritanos", em outras palavras mais claras: todo encontro
sempre terminava em briga e briga feia!
Pois bem, Jesus pediu um mínimo sinal de hospitalidade, de boas-vindas,
para, depois responder e oferecer o seu presente. Respondeu-lhe Jesus: “Se tu
conhecesses o dom de Deus”. O esposo vai reconquistar a esposa adúltera,
não através de ameaças, mas com uma oferta ainda maior: o seu amor. E Jesus diz: “Se tu conhecesses este dom e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”. Isto é a agua da
nascente! E aqui o diálogo ocorre entre dois termos diferentes que dizem respeito à localização desta água. Lamentamos que os tradutores não o levem em
conta! Na realidade a mulher fala de poço, que significa um lugar onde há
água, mas a água não é “viva” e, mais importante, requer o esforço humano,
(neste caso da mulher), para tirar água.
“Em espírito e verdade” é uma expressão que significa o
amor fiel. O único culto que Deus pede não sai dos homens em direção a Deus, mas sai do Pai em direção aos homens! É a comunicação do Seu amor, que o ser humano acolhe e recebe. E, o único
culto que o Pai pede é o prolongamento desse amor. “Espírito e verdade” significa o amor verdadeiro.
Quando é que o amor é verdadeiro? Quando o amor é fiel. E, aqui a tradução da CNBB é ótima porque segue o texto original: “De fato, estes são os adoradores que o Pai procura”.
Na realidade é tamanha a urgência do Pai de se manifestar aos humanos,
que o próprio Pai os procura para cumprir o seu desígnio de amor. Eis aqui as
maravilhosas palavras de Jesus: “Deus é espírito”. Espírito não é algo abstrato, mas significa a energia vital criadora. “E aqueles que o adoram devem
adorá-lo em espírito e verdade”. Adorá-lo em amor fiel!
Portanto Deus é energia de amor criador e pede apenas de ser acolhido pela
criatura a fim de prolongar o Seu amor para toda a humanidade. Esta é a novidade trazida por Jesus! É o fim do templo, porque não há mais necessidade do
templo! É o fim do culto, que, na realidade, era uma diminuição do homem em
relação a Deus! De fato, o homem devia tirar algo de si para dá-lo a Deus. No
novo culto é Deus Pai que se oferece aos homens, para que com Ele e como
Ele, eles se ofereçam a toda a humanidade.
O poço é a imagem de lei e a água é imagem da vida. Enquanto a muEm: www.studibiblici.it
Entrevista concedida pelo Papa Francisco ao Jornal Corriere dela Sera
Um
ano
passou desde
aquele simples
"boa
noite"que
comoveu
o
mundo.
O
arco de 12
meses, assim
entendidos – não só para avida da Igre- ja – custa para
conter a grande quantidade de novidades e os muitos sinais profundos da inovação pastoral de Francisco. Estamos em uma salinha de Santa Marta. Uma única janela
dá para um pequeno pátio interno que descerra um minúsculo canto de céu azul. O dia está belíssimo, primaveril, quente. O papa sai de repente, quase de súbito, de
uma porta, e tem um rosto relaxado, sorridente. Olha divertido para os muitos gravadores que a ansiedade senil
de um jornalista colocou sobre uma mesa. "Funcionam?
Sim? Bom".
A reportagem é de Ferruccio De Bortoli, publicada no
jornal Corriere della Sera em 05-03-2014.
Eis a entrevista.
O balanço de um ano?
Não, os balanços não lhe agradam. "Eu os faço
apenas a cada 15 dias, com o meu confessor."
O senhor, Santo Padre, de vez em quando, telefona para quem lhe pede ajuda. E às vezes não
acreditam no senhor.
de mudança da Igreja. Eu não esperava essa transferência de diocese, digamos assim. Comecei a governar tentando colocar em prática o que havia surgido no debate entre cardeais nas várias Congregações. No meu modo de agir, espero que o Senhor me
dê a inspiração. Dou-lhe um exemplo. Falou-se do
cuidado espiritual das pessoas que trabalham na
Cúria, e começaram-se a fazer retiros espirituais.
Devia-se dar mais importância aos Exercícios Espirituais anuais: todos têm o direito de passar cinco
dias em silêncio e meditação, enquanto antes, na
Cúria, ouviam-se três pregações por dia, e depois
alguns continuavam trabalhando.
também mostram com clareza que a
grande maioria dos abusos
ocorre no ambiente familiar
e na vizinhança. A Igreja
Católica talvez seja a única instituição pública que
se moveu com transparência e responsabilidade.
Ninguém mais fez mais. No entanto, a Igreja é a
única a ser atacada.
A ternura e a misericórdia são a essência da
sua mensagem pastoral...
Santo Padre, o senhor diz "os pobres nos evangelizam". A atenção à pobreza, a marca mais
forte da sua mensagem pastoral, é confundida
por alguns observadores como uma profissão de
pauperismo. O Evangelho não condena o bemestar. E Zaqueu era rico e caridoso.
E do Evangelho. É o centro do Evangelho. Caso
contrário, não se entende Jesus Cristo, a ternura
do Pai que o envia para nos ouvir, para nos curar,
para nos salvar.
Mas essa mensagem foi compreendida? O senhor disse que a franciscomania não vai durar
muito tempo. Há algo na sua imagem pública
que não lhe agrada?
Eu gosto de estar entre as pessoas, junto com
quem sofre, ir às paróquias. Não me agradam as interpretações ideológicas, uma certa mitologia do Papa Francisco. Quando se diz, por exemplo, que ele
sai de noite do Vaticano para ir dar de comer aos
sem-teto na Via Ottaviano. Isso nunca me veio à
Sim, isso aconteceu. Quando alguém telefona, é porque tem vontade de falar, uma pergunta a fazer, um conselho a pedir. Como padre em Buenos Aires, era mais simples. E para mim continua sendo um hábito. Um serviço. Eu sinto isso dentro de mim. Certamente,
agora não é tão fácil fazer isso, dada a quantidade de pessoas que me escrevem.
O senhor indicou na globalização, sobretudo financeira, alguns dos males que agridem a humanidade. Mas a globalização arrancou milhões de pessoas da pobreza. Deu esperança,
um sentimento raro que não deve ser confundido com o otimismo.
E há um contato, um encontro que recorda
com afeto particular?
Uma senhora viúva, de 80 anos, que havia
perdido o filho. Ela me escreveu. E agora eu
lhe dou uma telefonadinha a cada mês. Ela
está feliz. Eu sou padre. Eu gosto.
As relações com o seu antecessor. Nunca pediu
algum conselho a Bento XVI?
Sim. O Papa Emérito não é uma estátua em um
museu. É uma instituição. Não estávamos acostumados. Sessenta ou setenta anos, o bispo emérito
não existia. Veio depois do Concílio. Hoje, é uma
instituição. A mesma coisa deve acontecer para o
Papa Emérito. Bento XVI é o primeiro, e talvez haverá outros. Não sabemos. Ele é discreto, humilde,
não quer perturbar. Falamos a respeito e decidimos
juntos que seria melhor que ele visse pessoas, saísse e participasse da vida da Igreja. Uma vez, ele veio
aqui para a bênção da estátua de São Miguel Arcanjo, depois ao almoço em Santa Marta, e, depois
do Natal, eu lhe dirigi o convite de participar do
Consistório, e ele aceitou. A sua sabedoria é um
dom de Deus. Alguns gostariam que ele se retirasse
para uma abadia beneditina longe do Vaticano. Eu
pensei nos avós que, com a sua sabedoria, os seus
conselhos, dão força à família e não merecem acabar em uma casa de repouso.
O seu modo de governar a Igreja pareceu-nos isto: o senhor ouve todos e decide sozinho. Um
pouco como o geral dos jesuítas. O papa é um
homem sozinho?
Sim e não. Eu entendo o que você quer me dizer.
O papa não está sozinho no seu trabalho, porque
está acompanhado e é aconselhado por muitos. E
seria um homem sozinho se decidisse sem ouvir ou
fingindo ouvir. Mas há um momento, quando se
trata de decidir, de colocar uma assinatura, em que
ele está sozinho apenas o seu senso de responsabilidade.
O senhor inovou, criticou algumas atitudes do
clero, sacudiu a Cúria. Com alguma resistência,
alguma oposição. A Igreja já mudou como o senhor gostaria há um ano?
Em março passado, eu não tinha nenhum projeto
O Evangelho condena o culto ao bem-estar. O
pauperismo é uma das interpretações críticas. Na
Idade Média, havia muitas correntes pauperistas.
São Francisco teve a genialidade de colocar o tema
da pobreza no caminho evangélico. Jesus diz que
não se pode servir a dois senhores, Deus e a Riqueza. E, quando formos julgados no juízo final
(Mateus 25), vai importar a nossa proximidade com
a pobreza. A pobreza afasta da idolatria, abre as
portas para a Providência. Zaqueu devolve metade
da sua riqueza aos pobres. E a quem têm os celeiros cheios do próprio egoísmo, o Senhor, no fim,
apresenta a conta. O que eu penso da pobreza eu
bem expressei na Evangelii gaudium.
mente. Sigmund Freud dizia, se não me engano,
que em toda idealização há uma agressão. Pintar o
papa como uma espécie de super-homem, uma espécie de estrela, parece-me ofensivo. O papa é um
homem que ri, chora, dorme tranquilo e tem amigos, como todos. Uma pessoa normal.
Nostalgia pela sua Argentina?
A verdade é que eu não tenho nostalgia. Gostaria
de ir encontrar a minha irmã, que está doente, a último de nós cinco. Gostaria de vê-la, mas isso não
justifica uma viagem à Argentina: eu a chamo pelo
telefone, e isso basta. Não penso em ir antes de
2016, porque na América Latina eu já fui ao Rio.
Agora tenho que ir para a Terra Santa, para Ásia e
depois para a África.
O senhor recém-renovou o passaporte argentino.
O senhor, contudo, ainda é um chefe de Estado.
Eu o renovei porque venceu.
Desagradaram-lhe aquelas acusações de marxismo, especialmente norte-americanas, depois
da publicação da Evangelii gaudium?
Nem um pouco. Nunca compartilhei a ideologia
marxista, porque não é verdadeira, mas conheci
muitas pessoas boas que professavam o marxismo.
Os escândalos que perturbaram a vida da Igreja,
felizmente, ficaram para trás. Foi-lhe dirigido, sobre
o delicado tema dos abusos de menores, um apelo
publicado pelo jornal Il Foglio e assinado, dentre
outros, pelos filósofos Besançon e Scruton, para
que o senhor faça ouvir a sua voz contra os fanatismos e a má consciência do mundo secularizado que
respeita pouco a infância.
Quero dizer duas coisas. Os casos de abuso são
terríveis, porque deixam feridas muito profundas.
Bento XVI foi muito corajoso e abriu um caminho. A
Igreja, nesse caminho, fez muito. Talvez mais do
que todos. As estatísticas sobre o fenômeno da violência contra as crianças são impressionantes, mas
É verdade, a globalização salvou muitas pessoas
da pobreza, mas condenou muitas outras a morrer
de fome, porque, com esse sistema econômico, ela
se torna seletiva. A globalização na qual a Igreja
pensa não se assemelha a uma esfera, em que cada
ponto é equidistante do centro e em que, portanto,
se perde a peculiaridade dos povos, mas sim a um
poliedro, com as suas diversas faces, pelas quais
cada povo conserva a sua própria cultura, língua,
religião, identidade. A atual globalização "esférica"
econômica, e sobretudo financeira, produz um pensamento único, um pensamento fraco. No centro,
não há mais a pessoa humana, somente o dinheiro.
O tema da família é central na atividade do Conselho dos oito cardeais. Desde a exortação Familiaris consortio, de João Paulo II, muitas coisas mudaram. Dois sínodos estão sendo programados. Esperam-se grandes novidades. O senhor disse sobre os
divorciados: não devem ser condenados, devem ser
ajudados.
É um longo caminho que a Igreja deve fazer. Um
processo desejado pelo Senhor. Três meses depois
da minha eleição, foram submetidos a mim os temas para o Sínodo.
Propõe-se a discutir sobre qual era a contribuição
de Jesus ao homem contemporâneo. Mas, no fim,
com passagens graduais – que para mim foram sinais da vontade de Deus – escolheu-se discutir a
família que atravessa uma crise muito séria. É difícil formá-la. Os jovens se casam pouco. Há muitas
famílias separadas, nas quais o projeto de vida comum fracassou. Os filhos sofrem muito. Devemos
dar uma resposta. Mas, para isso, é preciso refletir
muito profundamente. É o que o Consistório e o Sínodo estão fazendo. É preciso evitar ficar na superfície. A tentação de resolver todos os problemas com
a casuística é um erro, uma simplificação de coisas
profundas, como faziam os fariseus, uma teologia
muito superficial. É à luz da reflexão profunda que
poderão ser enfrentadas seriamente as situações
particulares, mesmo a dos divorciados, com profundidade pastoral.
Por que a conferência do cardeal Walter Kasper
no último Consistório (um abismo entre doutrina sobre o matrimônio e a família, e a vida real
de muitos cristãos) dividiu tanto os cardeais?
minina desde as suas origens. O grande teólogo Urs
von Balthasar trabalhou muito sobre esse tema: o
princípio mariano guia a Igreja ao lado do petrino. A
Virgem Maria é mais importante do que qualquer
bispo e de que qualquer apóstolo. O aprofundamento teologal está em andamento. O cardeal Rylko,
com o Conselho dos Leigos, está trabalhando nessa
direção com muitas mulheres especialistas em várias matérias.
A meio século da Humanae vitae, de Paulo VI, a
Igreja pode retomar o tema do controle de natalidade? O cardeal Martini, seu coirmão, considerava que já havia chegado o momento.
Como o senhor acha que a Igreja pode percorrer
esses dois anos de árduo caminho chegando a
um amplo e sereno consenso? Se a doutrina é
sólida, por que é necessário debate?
O cardeal Kasper fez uma belíssima e profunda
apresentação, que em breve será publicada em alemão, e abordou cinco pontos; o quinto era o dos segundos matrimônios. Eu me preocuparia se, no
Consistório, não houvesse uma discussão intensa,
não serviria para nada. Os cardeais sabiam que podiam dizer o que queriam e apresentaram muitos
pontos de vista diferentes, que enriquecem. Os debates fraternos e abertos fazem crescer o pensamento teológico e pastoral. Disso, eu não tenho medo, ao contrário, o busco.
No passado recente, era habitual o apelo aos
chamados "valores inegociáveis", sobretudo em
bioética e na moral sexual. O senhor não retomou essa fórmula. Os princípios doutrinais e
morais não mudaram. Essa escolha significa,
talvez, indicar um estilo menos prescritivo e
mais respeitoso à consciência pessoal?
Eu nunca compreendi a expressão "valores inegociáveis". Os valores são valores, e basta, não posso
dizer que entre os dedos de uma mão haja um menos útil do que os outros. Por isso, não entendo em
que sentido possa haver valores inegociáveis. O que
eu tinha a dizer sobre o tema da vida, eu escrevi na
exortação Evangelii gaudium.
Muitos países regulam as uniões civis. É um caminho que a Igreja pode compreender? Mas até
que ponto?
Tudo depende de como é interpretada a Humanae
vitae. O próprio Paulo VI, no fim, recomendava muito misericórdia aos confessores, atenção às situações concretas. Mas a sua genialidade foi profética,
ele teve a coragem de se inclinar contra a maioria,
de defender a disciplina moral, de exercer um freio
cultural, de se opor ao neomalthusianismo presente
e futuro. A questão não é a de mudar a doutrina,
mas sim de ir fundo e fazer com que a pastoral leve
em conta as situações e o que é possível fazer para
as pessoas. Também sobre isso se falará no caminho do Sínodo.
Aqui também a casuística não ajuda. É verdade
que a mulher pode e deve estar mais presente nos
lugares de decisão da Igreja. Mas eu chamaria isso
de uma promoção de tipo funcional. Só assim não
se faz um longo caminho. Ao contrário, é preciso
pensar que a Igreja tem o artigo feminino "a": é fe-
Em alguns anos, a maior potência mundial será
a China, com a qual o Vaticano não tem relações. Matteo Ricci era jesuíta como o senhor.
Somos próximos da China. Eu enviei uma carta
ao presidente Xi Jinping, quando ele foi eleito, três
dias depois de mim. E ele me respondeu. Há relações. É um povo grande ao qual eu quero bem.
Por que, Santo Padre, o senhor nunca fala da
Europa? O que não o convence do projeto europeu?
Você se lembra do dia em que eu falei da Ásia? O
A ciência evolui e redesenha os limites da vida.
Faz sentido prolongar artificialmente a vida em
estado vegetativo? O testamento biológico pode
ser uma solução?
Eu não sou um especialista nos assuntos bioéticos. E temo que cada frase minha possa ser equivocada. A doutrina tradicional da Igreja diz que ninguém é obrigado a usar meios extraordinários
quando se sabe que está em uma fase terminal. Na
minha pastoral, nesses casos, eu sempre aconselhei
cuidados paliativos. Em casos mais específicos, é
bom recorrer, se necessário, ao conselho dos especialistas.
A próxima viagem à Terra Santa levará a um
acordo de intercomunhão com os ortodoxos que
Paulo VI, há 50 anos, quase tinha chegado a
firmar com Atenágoras?
Estamos todos impacientes para obter resultados
"fechados". Mas o caminho da unidade com os ortodoxos significa, acima de tudo, caminhar e traba-
O matrimônio é entre um homem
e uma mulher. Os Estados laicos
querem justificar as uniões civis para
regular diversas situações de convivência, impulsionados pela exigência
de regular aspectos econômicos entre
as pessoas, como por exemplo assegurar a assistência de saúde. Tratase de pactos de convivência de várias
naturezas, dos quais eu não saberia
elencar as diversas formas. É preciso
ver os diversos casos e avaliá-los na
sua variedade.
Como será promovido o papel das
mulheres na Igreja?
cutir entre si. É uma piada, mas o importante é que
caminhemos juntos. A teologia ortodoxa é muito rica. E eu acredito que eles têm grandes teólogos neste momento. A sua visão da Igreja e da sinodalidade
é maravilhosa.
que eu disse? (Aqui o cronista se aventura em algumas explicações, recolhendo memórias vagas, para
depois perceber que havia caído em uma simpática
armadilha). Eu não falei nem na Ásia, nem da África, nem da Europa. Só na América Latina, quando
estive no Brasil e quando tive que receber a Comissão para a América Latina. Ainda não houve a ocasião para falar da Europa. Ela virá.
Que livro o senhor está lendo nestes dias?
Pietro e Maddalena, de Damiano Marzotto, sobre a
dimensão feminina da Igreja. Um belíssimo livro.
E o senhor não consegue ver alguns belos filmes, outra de suas paixões? A grande beleza
ganhou o Oscar. O senhor vai vê-lo?
Não sei. O último filme que eu vi foi A vida é bela,
de Benigni. E antes tinha revisto A estrada da vida, de Fellini. Uma obraprima. Eu também gostava de Wajda...
São Francisco teve uma juventude
despreocupada. Eu lhe pergunto: o
senhor nunca se apaixonou?
No livro O jesuíta, eu conto sobre quando eu tinha uma namoradinha aos 17
anos. E eu também faço referência a
isso em Sobre o céu e a terra, o livro
que eu escrevi com Abraham Skorka.
No seminário, uma moça me fez virar a
cabeça por uma semana.
lhar juntos. Em Buenos Aires, nos cursos de catequese, vinham diversos ortodoxos. Eu passava o
Natal e o dia 6 de janeiro junto com os seus bispos,
que às vezes pediam também conselho aos nossos
escritórios diocesanos. Eu não sei se é verdade o
episódio que se conta sobre Atenágoras, que teria
proposto a Paulo VI que caminhassem juntos e
mandassem todos os teólogos a uma ilha para dis-
E como isso acabou, sem querer ser
indiscreto?
Eram coisas de jovens. Falei a respeito com o meu
confessor (um grande sorriso).
Obrigado, Padre Santo.
Obrigado a você
Em: www.adital.com.br
ARTIGOS
Dom Demétrio Valentini
O tema da Campanha da Fraternidade deste ano de 2014 começa nos intrigando. Pois parece acenar para um assunto que não
faria parte de nossa realidade. Ao falar de tráfico humano, num
primeiro momento a expressão pareceria exagerada, dado que o
regime de escravidão já foi banido em todos os países, ao menos
oficialmente.
Acontece que esta é uma realidade tão disfarçada que facilmente é encoberta, e passa
desapercebida, valendo-se de expedientes muito sofisticados, que produzem situações de
verdadeiro comércio de pessoas humanas, altamente lucrativo, às custas do regime de verdadeira escravidão, em que muitas pessoas se veem envolvidas.
Por isto, desta vez, a Campanha sugere que, primeiro, nos demos conta da verdadeira
dimensão da realidade que deve ser denunciada como um verdadeiro tráfico de pessoas,
que acontece em nosso tempo, fruto dos diversos tipos de exploração a que são submetidas
milhões de pessoas.
Desta vez a Campanha começa nos alertando a sermos mais perspicazes, para perceber
as tramas em que muitas pessoas se veem enredadas, e delas não conseguem mais se desvencilhar.
A primeira tarefa, portanto, é conferir a realidade, ajudados pelas estatísticas que a própria ONU nos apresenta.
Mesmo sabendo como é difícil obter dados precisos a respeito de uma realidade que
costuma ser acobertada, os dados são mais do que suficientes para flagrar a gravidade da
situação.
Vale a pena deter-nos, num primeiro momento, a olhar os fatos.
Segundo cálculos feitos a partir de constatações comprovadas, o tráfico de pessoas humanas rende, anualmente, trinta e dois bilhões de dólares.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, vinte milhões de pessoas são
vítimas de trabalho forçado. Destas, 4,5 milhões (22%) são exploradas em atividades sexuais
forçadas; 14,2 milhões (68%), em trabalhos forçados em diversas atividades econômicas;
2,2 milhões (10%) pelo próprio Estado, sobretudo os militarizados.
Segundo a mesma pesquisa, 11,4 milhões (55%) são mulheres e jovens; 9,5 milhões
(45%), homens e jovens.
Em relação à idade: 15,4 milhões (74%) são adultos; os outros 5,5 milhões (26%) têm
até 17 anos, o que mostra ser alto o número de traficados entre crianças e jovens.
As vítimas do tráfico humano são presas fáceis dos que se aproveitam de situações de
vulnerabilidade na luta pela sobrevivência. Os aliciadores iludem pessoas com promessas
de emprego garantido, alta remuneração, documentação assegurada, entrada para o mundo
dos modelos de grandes
marcas ou para o mundo dos artistas de muitas áreas, especialmente
a dança.
Aparentemente, nada que se pareça com
tráfico. Por isso, as pessoas enredadas não querem falar, por constrangimento de reconhecer
que foram ludibriadas,
por vergonha de contar
o que estão passando.
É um crime invisível
e silencioso, que descobriu na fraqueza humana o jeito de se disfarçar, para encobrir os
seus procedimentos.
Como o cego de Jericó, sentado à beira do caminho, também pedimos: Senhor, que eu veja!
Esta Campanha tem ainda outras realidades a nos mostrar!
Em: www.adital.com.br
Eduardo Brasileiro
“O tráfico de pessoas é uma atividade
ignóbil, uma vergonha para as nossas
sociedades que se dizem civilizadas!”
Papa Francisco
A Campanha da Fraternidade 2014 tem como tema: Fraternidade e o Tráfico Humano e o lema: “É para Liberdade
que Cristo nos Libertou”. Um grito ecumênico, plural e pela
dignidade da vida. É impossível pensar a fé das cristãs e dos
cristãos sem antes encarnar as dores e alegrias que afligem
seu povo. A experiência de fé tem uma dimensão social.
Mas afinal, o que é o tráfico de pessoas?
Importante saber que o tráfico humano não é uma invenção recente, bem como uma chaga exclusiva de mega eventos como a Copa do mundo, de fato, ela o maximiza, mas não
o concebe. As raízes do trafico de pessoas se dá historicamente nas migrações humanas em busca de trabalho. Migrar
e trabalhar: Um relatório da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), publicado em 2005, estima em cerca de 2,5
milhões o número de pessoas traficadas em todo o mundo,
43% para exploração sexual, 32% para exploração econômica e 25% para os dois ao mesmo tempo. No caso do tráfico
para exploração econômica, a negociação de trabalhadores
rende por ano cerca de US$ 32 bilhões no mundo.
O Tráfico de pessoas é um crime organizado com estrutura sofisticada. Usam rotas internas e internacionais e costumam sair do interior dos estados em direção aos grandes
centros urbanos ou às regiões de fronteira internacional. A
sua característica principal é a invisibilidade, pois as vítimas
não tem coragem de denunciar. O seu aliciamento é feito na
abordagem sobre a esperança de melhoria de vida. Os aliciadores por vezes são também vítimas atraindo as pessoas
com propostas de empregos, evidenciando que a maior parte
da população vítima do tráfico de pessoas sofrem alguma
vulnerabilidade, seja por dificuldades econômicas ou por estarem sem mobilidade.
As pessoas realmente se deixam traficar?
Nunca se pode relacionar o consentimento de pessoas
como uma invalidação do crime. A estrutura social injusta e
desigual é histórica. Não houve mudança na estrutura fundiária do país, bem como o mesmo assumiu uma condição econômica com marca de um liberalismo periférico. Ou seja, vivemos num país onde a inclusão social se dá via consumismo. E, é claro o consumo nunca será amplo, ele é exclusivo e
excludente. Nessa mesma direção os últimos acontecimentos
do país evidenciam uma violência crescente principalmente
com a juventude pobre, negra e de periferia (Campanha Nacional da Pastoral da Juventude) e falando em juventude, às
pressões para uma mudança radical na estrutura democrática do país, findou em minirreformas e na criminalização dos
movimentos sociais. Para se viver a CF é preciso um olhar
amplo para a estrutura do país, não culpabilizando pessoas.
tenham bases e encontros que debatem essa realidade, possibilitando caminhos que questionem políticas públicas como cultura, trabalho, educação, saúde e protagonismo social
inviabilizando o nascedouro de mais tráfico de pessoas.
COPA DAS COPAS
“Pra frente Brasil, ainda escravidão?”
Perspectivas: De esperança em esperança!
Nestes últimos anos a Pastoral da Juventude da Paróquia
Nossa Senhora do Carmo, na qual eu participo, evidenciou os
riscos que mega eventos como a copa do mundo que tem como estádio sede o “Itaquerão” fragilizam nossa população.
Muitas meninas buscam satisfazer não só os trabalhadores
da obra do estádio bem como estarão dispostas a se doarem
para “magníficas propostas” que possam surgir neste perío-
Os dados anteriores despem a fragilidade de um mundo
ainda de escravos. Imprescindível é a presença da igreja
abandonando a conivência com a Casa Grande e servir à libertação das senzalas modernas, superando o pecado social.
Existe um histórico de mobilizações pastorais da Igreja, atuando em diferentes vertentes no enfrentamento do Tráfico
Humano. Desde sua criação, em 1975, a COMISSÃO PASTORAL DA TERRA (CPT), entre seus focos de ação, veio se dedicando crescentemente à questão do trabalho escravo no
campo. Bem como as Caritas Diocesanas de Centros de Direitos Humanos, a Pastoral do Menor, a Pastoral da Mulher
Marginalizada, entre outras.
Todo relacionamento deve acontecer na alteridade e
gratuidade, ensina nossa fé. O Papa Francisco apresenta-nos
do. A raiz do Tráfico Humano vem da miséria, da omissão, do
mercantilismo da vida e da impunidade. Gerando Trabalho
escravo, remoção de órgãos, exploração sexual e adoção ilegal. A CF coloca em cheque a realidade da mobilidade e do
trabalho no atual contexto social, influenciado pelo fenômeno da globalização. A prática perversa de explorar alguém
em condições degradantes permanece nos modernos esquemas da economia global.
No mundo
As atividades mais corriqueiras em todo mundo são: casamento forçado, exploração sexual (4,5 milhões) e trabalho
escravo (14,4 milhões), segundo dados do Protocolo de Palermo (Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas
contra o Crime Organizado Transnacional).
Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico Humano
O enfrentamento ao tráfico humano se dá por 3 etapas:
prevenção; atenção as vítimas; repressão e responsabilização aos traficantes. É necessário que todas as comunidades
uma dimensão horizontal da vida opondo estruturas opressoras do serviço ao ser humano. A experiência do amor compreende o principio samaritano, marcado pelo cuidado, pelo
zelo com a vida fragilizada. Compreende também a ação profética, a denuncia das estruturas que fragilizam a vida humana e ameaçam a dignidade da pessoa. Estes “ameaçados” na
sua integridade física são o caminho para vivermos a experiência da divindade em nós. Opondo-se ao mundo da mercadoria, apresentamos o sonho da liberdade que se concretiza
pela força da denuncia as falidas estruturas desse mundo.
Devemos então, ter uma mensagem como comunidades
à todos os envolvidos nessas práticas, para os criminosos é
palavra do alerta – a vida humana está acima de tudo; para
as vitimas é a palavra da esperança comprometida com uma
teologia samaritana e para a sociedade é a palavra do compromisso social segundo a Gaudium et Spes 2:
As alegrias e as esperanças, as tristezas e
as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles e aquelas que sofrem, são também as
alegrias e as esperanças, as tristezas e as
angústias dos discípulos e discípulas de
Cristo.
Somos Igreja Povo de Deus em Movimento, proclamemos a força libertadora do amor.
Feliz Páscoa!
articulando
Frei Betto
Em
1964
eu
morava
no
Rio,
em
um apertamento na esquina das ruas Laranjeiras
e Pereira da Silva. Ali se instalavam os jovens dirigentes da JEC (Juventude Estudantil Católica)
e da JUC (Juventude Universitária Católica), movimentos da Ação Católica. Ali se hospedavam,
com frequência, os líderes estudantis Betinho, Vinicius Caldeira Brant e José Serra.
Eu havia ingressado no curso de Jornalismo na Universidade do Brasil
(atual UFRJ) e, entre meus professores, se destacavam Alceu Amoroso Lima,
Danton Jobim e Hermes Lima. À direita, Hélio Vianna, professor de história,
cunhado do marechal Castelo Branco.
Desde que cheguei ao Rio, vindo de Minas, o Brasil vivia em turbulência
política. Despertava o gigante adormecido em berço esplêndido. Tudo era novo
sob o governo João Goulart: a bossa, o cinema, a literatura...
A Sudene, dirigida por Celso Furtado, aliada ao governador de Pernambuco, Miguel Arraes, redesenhava um Nordeste livre do mando coronelístico de
usineiros e latifundiários. Francisco Julião defendia as Ligas Camponesas, que
lutavam por reforma agrária.
Paulo Freire implantava, a partir de Angicos (RN), seu método de conscientização política dos pobres através da alfabetização. Gestava a pedagogia do
oprimido.
No Sul, Leonel Brizola enfrentava os monopólios estrangeiros e defendia a
soberania brasileira. Marinheiros e sargentos do Exército se organizavam, no
Rio, para reivindicar seus direitos.
“Verás que um filho teu não foge à luta”. Porém, os filhos não tinham suficiente lucidez para perceber que, desde a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, vinha sendo chocado, pelas classes dominantes, o ovo da serpente...
A embaixada estadunidense, ainda instalada no Rio, e tendo à frente Lincoln Gordon, movia-se à sombra para atiçar os militares brasileiros –
muitos deles treinados nos EUA – contra a ordem democrática (vide “Taking
charge: the Johnson White House Tapes – 1963-1964”, de Michael Beschloss).
Quem conhece a história dos golpes de Estado na América Latina sabe que
todos foram patrocinados pela Casa Branca. Daí a piada: nunca houve golpe
nos EUA porque não há, em Washington, embaixada ianque...
Os EUA, inconformados com o êxito da Revolução Cubana em 1959, temiam o avanço do comunismo na América Latina. O presidente Lyndon Johnson (1963-1969) estava convencido de que o Brasil era tão vulnerável à influência soviética quanto o Vietnam.
Rios de dinheiro foram destinados a preparar as condições para o golpe de
1º de abril de 1964. Para os pobres, que tanto ansiavam por reformas estruturais (chamadas na época de “reformas de base”, e até hoje não realizadas), os
EUA ofereciam as migalhas das cestas básicas distribuídas pela Aliança para o
Progresso. O empresariado se articulava no IBAD (Instituto Brasileiro de Ação
Democrática) e no IPES (Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais).
Os EUA sequer admitiriam que o Brasil se tornasse como o Egito de Nasser,
um país independente das órbitas
ianque e soviética. Navios estadunidenses da Operação Brother
Sam rumavam em direção aos nossos portos.
Jango convocou o megacomício de
13 de março de 1964, na Central do
Brasil. Eu queria estar lá, mas padre
Eduardo Koaik (mais tarde bispo de
Piracicaba, SP, e colega de seminário
de Carlos Heitor Cony) decidiu que
aproveitaríamos o feriado para um
dia de estudos da direção nacional
da JEC, da qual eu fazia parte, em
Itaipava (RJ).
Em 29 de março, com passagem
cedida pelo Ministério da Educação
(leia-se: Betinho, chefe de gabinete
do ministro Paulo de Tarso dos Santos), embarquei para Belém. Na capital paraense, o golpe militar me surpreendeu dia 1º de abril de 1964.
Custei a acreditar que o presidente
Jango, constitucionalmente eleito, havia se refugiado no Uruguai.
Aguardei a tão propalada reação popular. O PCB (Partido Comunista Brasileiro), com quem a JEC mantinha alianças na política estudantil, garantira
que, em caso de golpe, Prestes havia de convocar milhares de trabalhadores
em armas.
A Ação Popular, movimento de esquerda oriundo da Ação Católica, prometia mobilizar seus militantes para defender a ordem democrática.
Esperei em vão. Reações isoladas, inclusive de altos oficiais das Forças Armadas, foram logo abafadas sem necessidade de um só disparo de arma de fogo. E ninguém acreditava que a ditadura duraria, a partir de 1º de abril de
1964, 21 anos.
Em: www.adital.com.br
OPINIÃO
Leonardo Boff
Observador atento aos processos de transformação da economia
mundial em contraponto com a brasileira, Celso Furtado, um dos
nossos melhores nomes em economia política, escreveu em seu livro Brasil: a construção interrompida: "Em meio milênio de história, partindo de uma constelação de feitorias, de populações indígenas desgarradas, de escravos
transplantados de outro continente, de aventureiros europeus e asiáticos em busca de um destino
melhor, chegamos a um povo de extraordinária polivalência cultural, um país sem paralelo pela
vastidão territorial e homogeneidade linguística e religiosa. Mas nos falta a experiência de provas
cruciais, como as que conheceram outros povos cuja sobrevivência chegou a estar ameaçada. E
nos falta também um verdadeiro conhecimento de nossas possibilidades e principalmente de nossas debilidades. Mas não ignoramos que o tempo histórico se acelera e que a contagem desse tempo se faz contra nós. Trata-se de saber se temos um futuro como nação que conta na construção
do devenir humano. Ou se prevalecerão as forças que se empenham em interromper o nosso processo histórico de formação de um Estado-nação” (Paz e Terra, Rio 1993, 35).
A atual sociedade brasileira, há que se reconhecer, conheceu avanços significativos sob os governos do Partido dos Trabalhadores. A inclusão social realizada e as políticas sociais benéficas
para aqueles milhões que sempre estiveram à margem, possui uma magnitude histórica cujo significado ainda não acabamos de avaliar, especialmente se nos confrontarmos com as fases históricas
anteriores, hegemonizadas pelas elites tradicionais que sempre detiveram o poder de Estado em
seu benefício.
Mas estes avanços não são ainda proporcionais à grandeza de nosso país e de seu povo. As manifestações de junho de 2013 mostraram que boa parte da população, particularmente dos jovens,
está insatisfeita. Estes manifestantes querem mais. Querem um outro tipo de democracia, a participativa, querem uma república não de negociatas mas de caráter popular, exigem com razão
transportes que não lhes roube tanto o tempo de vida, serviços básicos de saneamento, educação
que os habilite a entender melhor o mundo e melhorar o tipo de trabalho que escolherem, reclamam saúde com um mínimo de decência e qualidade. Cresce em todos a convicção de que um
povo doente e ignorante jamais dará um salto de qualidade rumo a uma sociedade menos desigual
e, por isso, como dizia Paulo Freire, "menos malvada”. O PT deverá estar à altura desses novos
desafios, renovar sua agenda a preço de não continuar mais no poder.
Estamos nos aproximando daquilo que Celso Furtado chamava de "provas cruciais”. Talvez
como nunca antes em nossa história, atingimos este estágio crítico das "provas”. As próximas
eleições possuirão, a meu ver, uma qualidade singular. Dada a aceleração da história, impulsionada pela crise sistêmica mundial, seremos forçados a tomar uma decisão: ou aproveitamos as oportunidades que os países centrais em profunda crise nos propiciam, reafirmando nossa autonomia e
garantindo nosso futuro autônomo mas relacionado com a totalidade do mundo ou as desperdiça-
mos e viveremos atrelados ao destino sempre decidido por eles que nos querem condenar a sermos apenas os fornecedores dos produtos in natura e assim voltam a nos recolonizar.
Não podemos aceitar esta estranha divisão internacional do trabalho. Temos que retomar o sonho de alguns de nossos melhores analistas do quilate de Darcy Ribeiro e de Luiz Gonzaga de
Souza Lima entre outros
que propuseram uma reinvenção ou refundação do
Brasil sobre bases nossas,
gestadas pelo nosso ensaio
civilizatório tão enaltecido
por Celso Furtado.
Esse é o desafio lançado
de forma urgente a todas as
instâncias sociais: ajudam
elas na invenção do Brasil
como nação soberana, repensada nos quadros da nova consciência planetária e
do destino comum da Terra
e da Humanidade? Poderão
elas ser co-parteiras de uma cidadania nova – a co-cidadania e a cidadania terrenal – que articula
o cidadão com o Estado, o cidadão com o outro cidadão, o nacional com o mundial, a cidadania
brasileira com a cidadania planetária, ajudando assim a moldar o devenir humano? Ou elas se farão cúmplices daquelas forças que não estão interessadas na construção do projeto-Brasil porque
se propõem inserir o Brasil no projeto-mundo globalizado de forma subalterna e dependente, com
as vantagens concedidas às classes opulentas, beneficiadas com este tipo de aliança?
As próximas eleições vão trazer à luz estes dois projetos. Devemos decidir de que lado estaremos. A situação é urgente pois, como advertia pesaroso Celso Furtado: "tudo aponta para a inviabilização do país como projeto nacional” (op.cit. 35). Mas não queremos aceitar como fatal esta
severa advertência. Não devemos reconhecer as derrotas sem antes dar as batalhas como nos ensinava Dom Quixote em sua gaia sabedoria.
Ainda há tempo para mudanças que podem reorientar o país para o seu rumo certo, especialmente agora que, com a crise ecológica, se transformou num peso decisivo da balança e do equilíbrio buscado pelo planeta Terra. Importa crer em nossas virtualidades, diria mais, em nossa missão planetária.
Em: www.adital.com.br
,
C O O R D E N A Ç Ã O A M P L I A DA
Os membros da Coordenação Ampliada do IPDM realizarão suas reuniões bimestrais sempre nas 3ª s Terças-Feiras dos meses impares.
A próxima será realizada no dia
18 de Março de 2014
As reuniões são realizadas sempre às 20h00 na Paróquia São Francisco de Assis da Vila Guilhermina
Praça Porto Ferreira, 48 - Próximo ao Metro Guilhermina - Esperança
PADRES - RELIGIOSOS - RELIGIOSAS - AGENTES DE PASTORAL
As reuniões entre os padres, religiosos, religiosas e Agentes de Pastoral serão realizadas sempre na última Sexta-Feira dos meses pares.
A próxima será realizada no dia
25 de Abril de 2014
As reuniões serão realizadas sempre às 9h30 no CIFA
Paróquia Nossa Senhora do Carmo de Itaquera - Rua Flores do Piauí, 182 - Centro de Itaquera
Os endereços eletrônicos abaixo indicados contêm riquíssimo material para estudos e pesquisas.
Por certo, poderão contribuir muito para o aprendizado de todos nos mais diversos seguimentos.
www.adital.org.br - Esta página oferece artigos/opiniões sobre movimentos sociais, política, igrejas e religiões, mulheres, direitos humanos dentre outros. O site oferece
ainda uma edição diária especial voltada aos jovens. Ao se cadastrar você passa a receber as duas versões diárias.
www.amaivos.com.br - Um dos maiores portais com temas relacionados à cultura, religião e sociedade da internet na América Latina, em conteúdos, audiência e serviços
on-line.
www.cebi.org.br - Centro de estudos bíblicos, ecumênico voltado para a área de formação abrangendo diversos seguimentos tais como: estudo bíblico, gênero, espiritualidade, cidadania, ecologia, intercâmbio e educação popular.
www.cnbb.org.br - Página oficial da CNBB disponibiliza notícias da Igreja no Brasil, além de documentos da Igreja e da própria Conferência.
www.ihu.unisinos.br - Mantido pelo Instituto Humanitas Unisinos o site aborda cinco grandes eixos orientadores de sua reflexão e ação, os quais constituem-se em referenciais inter e retro relacionados, capazes de facilitar a elaboração de atividades transdisciplinares: Ética, Trabalho, Sociedade Sustentável, Mulheres: sujeito sociocultural, e
Teologia Pública.
www.mundomissao.com.br - Mantida pelo PIME aborda, sobretudo, questões relacionadas às missões em todo o mundo.
www.religiondigital.com - Site espanhol abordando questões da Igreja em todo o mundo, além de tratar de questões sobre educação, religiosidade e formação humana.
www.cartamaior.com.br - Site com conteúdo amplo sobre arte e cultura, economia, política, internacional, movimentos sociais, educação e direitos humanos dentre outros.
www.nossasaopaulo.org.br - Página oficial da Rede Nossa São Paulo. Aborda questões de grande importância nas esferas político-administrativas dos municípios com
destaque à cidade de São Paulo.
www.pastoralfp.com - Página oficial da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo. Pagina atualíssima, mantém informações diárias sobre as movimentações
políticas-sociais em São Paulo e no Brasil.
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