Investidoresapostamno potencialdageraçãosolar

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Investidoresapostamno potencialdageraçãosolar
Jornal Valor --- Página 2 da edição "06/02/2015 1a CAD B" ---- Impressa por ivsilva às 05/02/2015@21:16:36
Jornal Valor Econômico - CAD B - EMPRESAS - 6/2/2015 (21:16) - Página 2- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW
Enxerto
B2
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Valor
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Sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Empresas | Infraestrutura
Cemig garante
Investidores apostam no pagamento de
potencial da geração solar Santo Antônio
Energia Ex-sócios da XP Investimentos e empresários criam a SolarGrid
ALINE MASSUCA/VALOR
Ana Paula Ragazzi
Do Rio
Quatro ex-sócios da XP Investimentos, Alexandre Marchetti, Bruno de Paoli, Henrique Loyola e
Henrique Cunha, se juntaram a
outros dois empresários, Diogo Pinheiro e Marco Andrade, e criaram
a SolarGrid. A companhia quer levar a residências e empresas a
energia solar. A ideia, explica Marchetti, é apresentar o produto aos
clientes expondo não apenas os aspectos sustentáveis dessa energia
“mais limpa”, mas também possíveis ganhos financeiros .
“Os preços de energia estão subindo e a situação do sistema energético brasileiro é delicada. O sistema da SolarGrid vai permitir economia ao cliente, após um investimento inicial, e também fortalecerá o sistema”, diz Marchetti. Os antigos sócios da XP vão emprestar
ao negócio a experiência vivida na
casa de investimentos, que era exatamente de apresentar produtos a
uma rede de clientes.
A SolarGrid é uma empresa de
serviços. Suas receitas virão da venda
e da instalação dos aparelhos para
que a residência ou empresa opere
via energia solar. Uma vez instalados, durante o dia, painéis fotovoltaicosconvertemaenergiadosolem
eletricidade. O conceito é o de que a
energia é gerada no próprio local
em que é consumida. Não há necessidade de alteração das instalações
elétricas. O sistema é conectado à rede das concessionárias.
Durante o dia, a energia gerada
não consumida é injetada na rede
da concessionária local, o que acaba beneficiando o mercado, que fica com mais energia. A quantidade
de energia injetada no sistema é
medida e computada pela concessionária como créditos de consumo, que são válidos para o cliente
por 36 meses e podem ser consumidos em outras casas ou estabele-
Da esq. para dir.: Marchetti, Bruno de Paoli e Diogo Pinheiro querem levar a energia solar para residências e empresas
cimentos dos mesmos proprietários, desde que estejam na mesma
área de atuação da concessionária.
O custo para instalar o equipamento é estimado em R$ 45 mil e o
investimento será recuperado em
sete anos para o caso de uma residência ou empresa que tenha hoje
um gasto mensal com a conta de
energia de R$ 500, estimam os executivos. Depois de recuperado esse
investimento, o cliente que instalar o sistema vai pagar apenas uma
taxa de uso do sistema da concessionária, sem mais nenhum gasto
com o consumo de energia.
O pagamento pelo equipamento pode ser à vista ou por meio de
financiamento oferecido pela própria SolarGrid. Atualmente, nesse
estágio inicial do negócio, os re-
Polo de Cubatão e porto de
Santos driblam crise hídrica
Água
Fernanda Pires
De Santos
Antevendo um cenário de escassez de água, terminais portuários em Santos e indústrias
em Cubatão (SP) adotaram nos
últimos anos programas de recuperação e reúso. Mas, diante
do agravamento da crise hídrica,
estão ampliando medidas para
economizar água.
A Embraport, terminal de
contêineres inaugurado em
2013, está implantando dois
projetos para tratamento e reúso. Ambos já estavam previstos,
mas agora entraram na lista de
prioridades, diz a empresa.
Trata-se de uma estação de tratamento para 10 mil litros de
água por dia. O sistema prevê
que 100% da água utilizada no
terminal para lavagem de equipamentos retorne à estação. A
água é filtrada e devolvida limpa
ao reservatório para novos usos.
O segundo projeto é um gerador de água de reúso que funciona a partir do efluente tratado na
estação de tratamento de esgoto.
Com capacidade para 20 mil litros por dia, tratará todo o esgoto, devolvendo-o para uso na
limpeza em pátios e canaletas,
entre outros. A previsão é que os
dois projetos estejam em funcionamento em um mês. O investimento inicial é de R$ 210 mil.
A Santos Brasil está investindo
em um sistema de tratamento
terciário de esgoto que salvará
1,2 milhão de litros de água por
dia para reúso. O volume alimentará um dos vestiários do
Tecon Santos, cujo consumo é de
40 mil litros por dia. A sobra será destinada para aumentar a
capacidade para combate a incêndio e irrigar a área verde. O
investimento é de R$ 100 mil.
Outros R$ 800 mil já estavam
sendo destinados para melhorar a
rede de tratamento de esgoto, com
a duplicação da capacidade de
atendimento — para quatro mil
pessoas — com um novo sistema
de baixo consumo energético.
A unidade de logística também inovou em 2014. Adotou a
lavagem a seco da frota própria
de 143 caminhões e 228 semirreboques, procedimento que
economiza aproximadamente
110 mil litros de água por semana. A medida evita ainda a emissão de poluentes na atmosfera,
“pois os caminhões agora são lavados dentro da Santos Brasil”,
explica Hemerson Braga, gerente de meio ambiente.
A estimativa é que entre
2009 e 2014 a Libra
tenha economizado
cerca de 64 milhões
de litros de água
Com a queda dos níveis dos reservatórios, a Libra Terminais
Santos ampliou as medidas deflagradas em 2009, quando lançou um projeto de redução de
consumo de água e lançamento
de efluentes. Em 2014, investiu
R$ 400 mil em uma máquina varredeira, que não utiliza água, para a limpeza dos pátios do terminal. “A próxima ação será programar a limpeza dos dois armazéns
com a água das caixas d’água que
seriam descartadas para a higienização programada destes reservatórios”, afirma Marcos Medeiros, diretor de operações.
A Libra acabou de ampliar a
Aneel, reguladora do setor elétrico, que viabilizou a ligação do sistema eólico à rede de distribuição,
dispensando assim o uso de baterias para os equipamentos.
Os sócios afirmam que a radiação solar no Brasil é uma das melhores do mundo para ser aproveitada pelo sistema. E, observa Pinheiro, olhando para um médio
prazo, entre 4 e 5 anos, os sócios
enxergam grande potencial de
vendas. Ele explica que o sistema
retira a imprevisibilidade do aumentos da tarifas de energia e pode ser relevante para o planejamento financeiro das empresas.
Porém, avisam os sócios, como estará ligado à rede das concessionárias, em caso de um apagão, o sistema também deixará de funcionar.
cursos dos próprios sócios serão
destinado a esse financiamento.
Mas no futuro a empresa deverá
procurar parceiros para outras formas de funding. O investimento
inicial na SolarGrid foi de R$ 20
milhões e a expectativa é de faturamento de R$ 10 milhões em 2015.
Cada projeto será orçado de acordo com o consumo de cada cliente,
explica o sócio Diogo Pinheiro. A
duração dos equipamentos é de
em torno de 20 a 25 anos. A empresa hoje tem foco de atuação em São
Paulo e Rio, onde tem escritórios, e
também atende Minas Gerais.
O custo dos equipamentos, apesar de ainda ser alto, tem diminuído nos últimos tempos. Por aqui, o
negócio tende a ser impulsionado
por regulamentação recente da
estação de tratamento de água
para reúso, com isso ela pretende ampliar o uso da água da lavagem de equipamentos. A estimativa é que entre 2009 e 2014
a empresa tenha economizado
64 milhões de litros de água.
A Stolthaven Santos, terminal
de líquidos, vem se preparando
para a falta de água há cerca de
dez anos. “Trabalhamos no ‘day
before’ e não no ‘day after’”, diz o
gerente-geral da empresa, Mike
Sealy. Em 2006 a empresa, de origem norueguesa, lançou um planejamento para racionalizar o
consumo e enfrentar a escassez
do recurso. Como o terminal armazena líquidos inflamáveis a
preocupação era aumentar o estoque para combate a incêndio.
Em 2008 ficou pronto um
grande reservatório para quase
5 milhões de litros de água, mais
que o dobro da oferta então
existente. Hoje são quase 7 milhões de litros de água, a maior
reserva da região, diz Sealy.
O plano de recuperação de uso
de água também introduziu o
reúso no terminal. A empresa
instalou um circuito de canaletas
e dutos que conduzem a água da
superfície a dois tanques com capacidade nominal para 30 mil litros. O recurso é aproveitado na
limpeza e para regar plantas.
Outro tanque, de 100 mil litros, armazena a água da chuva
captada pelo telhado. Um segundo tanque com a mesma oferta
será integrado ao sistema até junho. E mais dois até 2018.
Foram instalados também hidrômetros nas principais áreas do
terminal, para cortar excessos. Entre 2011 e 2014 a Stolthaven economizou 44% de água na área 1; 8%
na área 2; e 51% na 3. No píer de
atracação, a queda foi de 31%.
Rodrigo Polito e Thais Carrança
Do Rio e São Paulo
A Santo Antônio Energia (Saesa) fará na próxima segunda-feira o pagamento de R$ 330 milhões referentes à liquidação do
mercado de curto prazo de dezembro, na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE), afirmou ontem o presidente da Cemig, uma das sócias
do consórcio, Mauro Borges.
“Vamos garantir o pagamento
da CCEE na segunda-feira. Isso já
está equacionado por todos os
sócios, que definiram a garantia
de que esse pagamento será feito”, afirmou o executivo, após
participar de reunião com investidores ontem no Rio de Janeiro.
No fim de janeiro, a Saesa havia
informado ao mercado que não tinha recursos para honrar a chamada de garantias feita pela CCEE.
Borges acrescentou que, com
relação à Saesa, é preciso aprimorar o modelo de governança da
companhia, dona da usina, de
mais de 3 mil megawatts (MW)
em implantação no Rio Madeira
(RO). Na prática, segundo ele, é
preciso separar o negócio do consórcio construtor da usina dos interesses da geradora de energia.
Uma das maiores questões de
Santo Antônio é o conflito de interesse entre o consórcio construtor e a geradora. A construtora
Odebrecht, líder do Consórcio
Construtor Santo Antônio (CCSA),
também tem 18,6% da Madeira
Energia S.A. (MESA), holding controladora integral da Saesa.
Questionado sobre possíveis
mudanças societárias na MESA,
Borges disse que em um primeiro
momento não há alteração prevista na composição dos acionistas.
Ele, porém, contou que uma eventual reestruturação societária poderá ocorrer numa segunda etapa.
Sobre a concessão das hidrelé-
.
tricas de Jaguara, São Simão e Miranda, a companhia busca um
acordo judicial com a União que
agrade ambas as partes. “Buscamos manter as concessões das
três usinas nas condições do contrato atual. Esperamos chegar a
uma solução que agrade à Cemig
e ao governo federal”, afirmou
ontem o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da estatal mineira, Luiz Fernando Rolla, após participar de reunião
com investidores em São Paulo.
Segundo ele, a companhia espera oferecer uma contrapartida de
investimento para a manutenção
das usinas. O preço do megawatthora produzido pelas hidrelétricas
também deverá ser um dos fatores
negociados. “Preço também é um
fator relevante, certamente será levado em conta na negociação”.
Segundo Borges, há um entendimento na Medida Provisória
579/2013 que permite encontrar
um patamar de valor intermediário entre o preço dos contratos vencidos, mais altos, e a cifra
proposta pelo governo federal.
Para ele, cada usina tem um “valor justo” pela energia gerada.
Com relação ao “realismo tarifário”, a Cemig espera que o consumo de energia elétrica reaja à alta
de preços com o repasse do custo
das térmicas às tarifas, com uma
retração voluntária por parte dos
consumidores, que pode até vir a
evitar um racionamento, no melhor cenário. Para Rolla, o recuo do
consumo pode chegar a até 3% no
ano na área de atuação da Cemig.
Borges também garantiu que
Paulo Roberto Pinto permanecerá
na presidência da Light, que tem a
Cemig como acionista majoritária.
Segundo ele, o executivo foi “prestigiado pelo governador [de Minas
Gerais, Fernando Pimentel]”. A decisão faz parte da estratégia de
manter no comando da Cemig e
subsidiárias apenas técnicos.
LUIS USHIROBIRA/VALOR
Sealy, gerente-geral da Stolthaven, conta que há 10 anos a empresa vem implantando sistemas de economia de água
Alternativa é investir em sistema de reúso
De Santos
A Copersucar vem reduzindo o
consumo de água no terminal
açucareiro no porto de Santos
(TAC) nos últimos anos. Apostando em melhorias de processos, racionalização do uso e conscientização dos empregados, a
empresa diminuiu em 25,6% o
consumo de água por tonelada
nos oito primeiros meses da safra
2014/15 (de abril a novembro de
2014) sobre a safra 2013/2014. A
média atual está em 4,15 litros/tonelada embarcada.
Devido ao incêndio em outubro
de 2013, que destruiu o TAC, houve um acréscimo de 7% na média
da safra 2013/14 em relação à safra
2012/13. Contudo, o consumo foi
12,6% menor que em 2011/12.
A Brasil Terminal Portuário tem
um sistema de utilização da água
da chuva e reúso da água dos chu-
veiros e lavatórios, que abastece
diariamente as descargas das bacias sanitárias dos banheiros.
“Além do sistema de reúso, foram instaladas caixas acopladas
nas bacias sanitárias e torneiras
com temporizadores e arejadores, de modo a otimizar o recurso e diminuir os desperdícios”,
diz Cristhiane Vojevodovas, gerente de infraestrutura. Isso reduziu o consumo em 10%.
O terminal, inaugurado em
2013, estuda a ampliação do sistema de reúso de água da chuva
com a coleta nas coberturas da
oficina e do armazém. A ideia do
terminal é usar a água na limpeza dos equipamentos.
O Ecoporto Santos já utiliza
água de recirculação para esse
fim. Com a crise hídrica, intensificou as ações para eliminar desperdícios. “Substituímos válvulas, corrigimos eventuais vaza-
mentos e trocamos todas as torneiras por torneiras temporizadas”, afirma Renato Ferreira, gerente de sustentabilidade. A queda no consumo foi de 8%.
Em Cubatão, a Anglo American diminuiu em 16,73% a captação de água dos rios entre 2010 e
2014, para 2.464.000 m3, praticamente atendendo a meta de redução de 17,6% definida pela
multinacional para 2020.
A fábrica de fertilizantes fosfatados tem uma estação para o
tratamento de efluentes líquidos, o que permite a reutilização
da água. Hoje, a recirculação na
Anglo American supera 60% da
demanda de água da planta.
Grande dependente de água
no processo produtivo, a Usiminas utiliza, em média, 15% de
água doce em sua unidade. Do
montante, reaproveita 97%, via
estações de recirculação. (FP)