Isaías panorama 1
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Isaías panorama 1
Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. 1 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Sumário: Apresentação: .................................................................................................................................. 3 Estudo 1 - Introdução: ................................................................................................................... 4 Estudo 2 - Isaías 6 .......................................................................................................................... 10 Estudo 3 - Isaías 7-12 ................................................................................................................... 15 Estudo 4 - Isaías 13-23 ................................................................................................................ 22 Estudo 5 - Isaías 24-27 ................................................................................................................ 35 Estudo 6 - Isaías 28-31 ................................................................................................................ 42 Estudo 7 - Isaías 32-35 ................................................................................................................ 52 Estudo 8 - Isaías 36-39 ................................................................................................................ 58 Estudo 9 - Isaías 40-41 ................................................................................................................ 68 Estudo 10 - Isaías 42.1-4............................................................................................................. 78 Estudo 11 - Isaías 44-45 ............................................................................................................. 86 Estudo 12 - Isaías 49-50 ............................................................................................................. 91 Estudo 13 - Isaías 52.13-53 ...................................................................................................... 98 Estudo 14 - Isaías 54-56.8 ....................................................................................................... 111 Estudo 15 - Isaías 56.9-57 ....................................................................................................... 117 Estudo 16 - Isaías 58 ................................................................................................................. 122 Estudo 17 - Isaías 59 ................................................................................................................. 128 Estudo 18 - Isaías 60-61 .......................................................................................................... 133 Estudo 19 - Isaías 62-64 .......................................................................................................... 138 Estudo 20 - Isaías 65 ................................................................................................................. 144 Estudo 21- Isaías 66 .................................................................................................................. 150 Referências ................................................................................................................................... 156 2 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Apresentação: Com muita satisfação aceitei o convite para prefaciar o estudo de Isaías ministrado pelo Rev. Jocarli Almeida Gonçalves Junior, jovem brilhante, homem de Deus, dedicado e estudioso da Palavra. Confesso que fiquei surpresa com o convite que para mim tornou-se um grande desafio. Faço-o com imenso prazer pela relevância do tema pelo qual sempre me interessei e desejei aprender mais. Sinto-me honrada e agradecida em poder apresentar o presente estudo mesmo que de forma sucinta, mas ao mesmo tempo tão completo que vai levá-lo a desejar aprender mais sobre o que Deus tem reservado para sua vida. Este estudo é um precioso recurso para compreensão das Escrituras Sagradas, em especial o livro do profeta Isaías tratado aqui de forma fidedigna com objetivo de exaltar o nome do Senhor Jesus Cristo. Isaías trata das coisas concernentes ao Reino de Deus e a maneira como Deus usou para disciplinar o pecado do povo e nos convida a buscar a santidade com mais zelo e cada vez mais afastar-nos do pecado. Enfatiza a autoridade suprema de Deus sobre as nações como criador que domina todo o universo, revela o juízo e a salvação de Deus que é Santo e não pode permitir a impunidade do pecado. Retrata também o julgamento vindouro de Deus como fogo consumidor, ao mesmo tempo Isaias compreende que Deus é um Deus de misericórdia, graça e compaixão que vai trazer restauração, perdão e cura a Israel. O livro de Isaias nos apresenta de forma inegável a graça maravilhosa do nosso Deus, como único caminho que conduz ao céu. É maravilhoso saber que nossas vidas estão nas mãos daquele que tudo governa, que em meio as lutas e provas prometeu-nos presença consoladora. Meu desejo é que este estudo o faça crescer mais no conhecimento do Senhor Jesus e desperte o seu coração na busca incessante por uma vida plena com Cristo, renunciando o seu próprio “eu” e deixando que a Paz que excede todo entendimento, o Senhor da Glória guie a sua vida e assim desfrute de uma vida abundante e verdadeira. A Deus toda Glória! Rosângela Machado Ribeiro 3 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Introdução: 1 O Livro de Isaías é um dos livros mais amados da Bíblia, é talvez o mais conhecido dos livros proféticos. Ele contém diversas passagens que são bem conhecidas entre os estudantes da Bíblia (por exemplo, 1.18; 7.14; 9.6-7; 26.8; 40.3; 31; 53).1 Isaías atravessou o palco da história mais ou menos à metade do caminho entre Moisés e Cristo. Ele viveu durante os dias do poderoso Império Assírio. Ele antecipou a queda desse império e a ascensão de seus dois sucessores, os caldeus e os persas. Este profeta foi central na ênfase teológica. Ele proclamou em Judá os grandes princípios da salvação pela fé, a expiação substitutiva, o reino e a ressurreição. Isaías é citado diretamente no Novo Testamento em torno de 65 vezes, muito mais do que qualquer outro profeta do Antigo Testamento, além de ser mencionado pelo nome, cerca de 20 vezes. I. O autor “Visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (Is 1.1). “Isaías” significa “O Senhor é salvação”, e a palavra salvação é repetida muitas vezes no livro. Ainda que se saiba mais sobre Isaías do que a maioria dos outros profetas, as informações sobre ele ainda são escassas. Provavelmente, Isaías residia em Jerusalém, e teve acesso à corte real. Segundo a tradição, ele era primo do rei Uzias, mas não existe nenhuma evidência sólida quanto a isso. Ele teve contato pessoal com pelo menos dois dos reis de Judá: Acaz e Ezequias (7.3, 38.1, 39.3). Isaías era filho de Amoz, mas não deve ser confundido com o profeta Amós. Ele era casado, mas o nome de sua esposa não é conhecido. Ela é simplesmente chamada de “a profetisa” (8.3). Seus filhos receberam nomes simbólicos: Sear-Jasube (7.3) significa “Um-Resto-Volverá”.2 O segundo filho, Maer-Salal-Hás-Baz (8.1), que significa “RápidoDespojo-Presa-Segura”.3 Isaías começou o seu ministério perto do fim do reinado de 1 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1027). Wheaton, IL: Victor Books. 2 Esse nome devia recordar ao rei que o SENHOR não deixaria de manter a promessa feita a Davi (2Sm 7.1-16), apesar da gravidade da situação. 3 Rápido-Despojo tem a ver com os invasores assírios que serão rápidos em espoliar a terra, não deixando qualquer dúvida de quem será o vencedor na batalha. Presa segura pede que eles apressem os passos para levar os despojos, ou seja, para saquear, de outra perspectiva, às profecias que haviam sido anunciadas em 7.18-25. Soldados gritavam essas palavras para seus 4 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Uzias, cerca de 758 a.C. Seu ministério estendeu-se por cerca de sessenta anos, através dos reinados de Jotão, Acaz e Ezequias.4 Segundo a tradição Isaías morreu como um mártir, cerca de 680 a.C., no início do reinado do ímpio Manassés. Diz à lenda que ele foi serrado por este rei (cf. Hb 11.37). II. A mensagem do livro O tema de Isaías é o mesmo do significado do seu nome: “O Senhor é a salvação”. O objetivo imediato do livro era ensinar a verdade de que a salvação é pela graça. Isaías demonstrou o papel de Judá, no plano de Deus, como instrumento através do qual o Messias viria ao mundo.5 Muitos estudiosos modernos dividem o livro em duas ou mais partes e dizem que cada parte possui um autor diferente. No entanto, de acordo com a tradição judaica e cristã, o livro tem apenas um autor. Um único rolo de papel foi usado para todo o livro, como aprendemos não apenas a partir de Qumran,6 mas a partir de Lc 4.17 (em que a leitura foi escolhida a partir de um dos capítulos mais recentes).7 Assim, o livro de Isaías divide-se em duas seções, capítulos 1-39 e capítulos 40A primeira seção adverte os judeus sobre a invasão assíria iminente, enquanto a segunda seção encoraja os cativos a retornam da Babilônia. O tema principal da primeira seção é o castigo de Judá por seus pecados, enquanto o tema principal da segunda seção é a consolação dos cativos após o seu sofrimento. 66.8 Isaías experimentou os acontecimentos dos primeiros trinta e nove capítulos, mas profetizou os acontecimentos da última seção do livro. Na primeira seção, Assíria era o principal inimigo, na última seção, o inimigo é a Babilônia. Em última análise, a redenção para Israel deve vir do “Servo ideal”, o Messias, que realizará o que o servo nação não pode fazer. Isso explica os chamados “cânticos do servo” na segunda seção de Isaías (42.1-9, 49.1-13, 50.4-11, 52.13-53.12). O livro também enfatiza a soberania de Deus sobre as nações. Ele levantou a Assíria e a Babilônia como instrumentos para punir o Seu povo rebelde, mas também disciplinou tanto a Assíria quanto a Babilônia por causa da arrogância e crueldade. Desta companheiros quando derrotavam e saqueavam seus inimigos. Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 1–33 (Vol. 24, p. 112–113). Dallas: Word, Incorporated. 4 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is). Joplin, MO: College Press. 5 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is). Joplin, MO: College Press. 6 Qumran, Khirbet Qumran, “ruína da mancha cinzenta”, é um sítio arqueológico localizado a uma milha da margem noroeste do Mar Morto, a 12 km de Jericó e a cerca de 22 quilômetros a leste de Jerusalém, em Israel. Qumran tornou-se célebre em 1947 com a descoberta de manuscritos antigos que ficaram conhecidos como os Manuscritos do Mar Morto. Achtemeier, P. J., Harper & Row e Society of Biblical Literature. (1985). In Harper’s Bible dictionary. San Francisco: Harper & Row. 7 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 630). Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press. 8 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is). Wheaton, IL: Victor Books. 5 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. forma, o Senhor declarou a Sua infinita superioridade sobre os ídolos e deuses das nações. Eles eram produtos de mãos humanas e inativos, mas o Criador domina sobre todo o universo.9 O Livro de Isaías é o primeiro dos 17 livros proféticos do Antigo Testamento não porque seja o mais antigo, mas porque é o mais completo em conteúdo.10 Além disso, tem sido sugerido que o livro de Isaías é como uma “Bíblia em miniatura”. Seus 66 capítulos são divididos em duas partes, 39 capítulos na primeira divisão (como o Antigo Testamento) e 27 capítulos na segunda divisão (como o Novo Testamento). Os primeiros 39 capítulos enfatizam o julgamento, os últimos 27 enfatizam a misericórdia e conforto divino. III. Contexto histórico A nação de Israel foi dividida após a morte de Salomão, as dez tribos do norte foram organizadas como Israel, e as duas tribos do sul como Judá (1Rs 11.9-13, 43). A capital de Israel era Samaria, a capital de Judá, Jerusalém. O profeta Isaías ministrou em Jerusalém, mas suas mensagens tocaram tanto o norte quanto o reino do sul.11 Depois da morte do rei Uzias (c. 790-739 a.C.), seu filho Jotão (c. 750-731 a.C.) teve que assumir as responsabilidades do reino. Durante o seu reinado (2Rs 15.19), a Assíria começava a emergir como uma nova grande potência internacional sob a liderança de Tiglate-Pileser (c. 745-727 a.C.). Nesse tempo, Judá começou a enfrentar também a oposição de Israel e da Síria nas fronteiras do norte (2Rs 15.37). Durante os últimos doze anos do reinado de Jotão, seu filho Acaz serviu como corregente. Acaz tinha 25 anos quando começou a reinar em Judá e reinou até os 41 anos (2Cr 28.1-8; c. 735-715 a.C.). Nesse tempo, a Síria e Israel fizeram uma aliança para combater a emergente Assíria, que ameaçava pelo leste, mas Acaz recusou-se a participar (2Rs 16.5; Is 7.6). Por causa disso, seu vizinho do norte queria destroná-lo, o que resultou em guerra (734 a.C.). Em vez de confiar no Senhor (Is 7.10-16), o rei Acaz pediu ajuda ao rei da Assíria (2Rs 16.7), que lhe respondeu de bom grado. Ele derrotou Israel em 721 a.C., mas Judá tornou-se um estado vassalo da Assíria, o preço que Acaz teve que pagar por sua segurança. Como consequência da aliança de Acaz com a Assíria, ele construiu um altar pagão no templo de Salomão (2Rs 16.10-16; 2Cr 28.3). Durante o seu reinado (722 a.C.), a Assíria tomou Samaria, capital do Reino do Norte e levou muitas pessoas de Israel para o cativeiro (2Rs 17.6, 24). 9 Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible commentary (p. 262–263). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers. 10 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1030). Wheaton, IL: Victor Books. 11 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is). Wheaton, IL: Victor Books. 6 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Depois da morte de Acaz, Ezequias, seu filho, reinou em seu lugar. Ezequias reinou durante 42 anos e foi um dos maiores reis de Judá (2Rs 18-20; 2Cr 29-32). Ele não apenas fortaleceu a cidade de Jerusalém e a nação de Judá, mas levou o povo de volta ao Senhor. Ele construiu o sistema de água famoso que ainda está de pé em Jerusalém. O Túnel de Ezequias ou Tunel de Siloé é um túnel ou aqueduto que foi escavado na rocha sólida, escavado embaixo de Ophel na cidade de Jerusalém por volta de 701 a.C. durante o reinado de Ezequias. O túnel, que conduzia a Fonte de Giom até o tanque de Siloé, foi projetado para agir como um Aqueduto para abastecer de água a Jerusalém durante o cerco organizado pelos assírios, conduzidos por Senaqueribe. A ameaça de uma invasão da Assíria forçou Judá a pagar pesados tributos a essa grande potência. Em 701 a.C., Ezequias foi acometido de uma doença muito grave, que ameaçava tirar a sua vida. No entanto, ele orou a Deus que, graciosamente, lhe deu mais 15 anos de vida (2Rs 20; Is 38), até 686 a.C. Quando a Assíria começou a enfraquecer, por causa de disputas internas, Ezequias recusou-se a continuar pagando-lhe qualquer tributo (2Rs 18.7). Como consequência, em 701 a.C., Senaqueribe, o rei assírio, invadiu as fronteiras do reino de Judá, marchando rumo ao Egito pela parte sul de Israel. Durante a investida, ele destruiu muitas cidades de Judá (2Rs 18.13). Enquanto estava sitiando Laquis, ele enviou um contingente para sitiar Jerusalém (2Rs 18.17-19.8; Is 36.2-37.8). A expedição falhou. Contudo, numa segunda tentativa, ele enviou mensageiros a Jerusalém, exigindo rendição imediata (2Rs 19.10; Is 37.9). Mas, ao contrário de Acaz, Ezequias confiou no Senhor. Ele se prostrou diante de Deus em oração, apresentou-lhe seu problema, e confiou nas palavras que Deus proferiu através de Isaías (Is 37.14-35). Com o encorajamento de Isaías, Ezequias se recusou a render-se e o exército de Senaqueribe caiu diante do Senhor. O Anjo do Senhor feriu no arraial dos assírios, cento e oitenta e cinco mil soldados; e, quando os restantes se levantaram pela manhã, eis que todos estes eram cadáveres (2Rs 19.35). Senaqueribe retonou para Nínive e nunca mais ameaçou Judá. A Assíria foi derrotada pelos egípcios, que em seguida, caíram diante dos babilônios (606-587 a.C.). Depois, os babilônios levaram Judá para o cativeiro (Dn 1). Assim, na primeira metade de seu livro, Isaías aconselhou a nação sobre a Assíria; na última metade, ele consolou o remanescente relativo ao seu retorno da Babilônia.12 IV. Cristo em Isaías Em Isaías encontramos um rico quadro profético a respeito de Jesus Cristo. Vemos o Seu nascimento (Is 9.6, 7.14; Mt 1.23), o ministério de João Batista (Is 40.3-6; Mt 3.1); Cristo ungido pelo Espírito (Is 61.1-2; Lc 4.17-19); Cristo Servo (Is 42.1-4; Mt 12.17-21); A rejeição de Israel contra Cristo (Is 6.9-11; Jo 12.38; Mt 13.10-15; At 28.2627; Rm 11.8); A pedra de tropeço (Is 8.14 e 28.16; Rm 9.32-33 e 10.11; 1Pe 2.6); O ministério de Cristo aos gentios (Is 49.6; Lc 2.32; At 13.47; Mt 4.15-16); O sofrimento e a morte de Cristo (52.13-53.12); Sua ressurreição (Is 55.3; At 13.34; 45.23; Fp 2.10-11 e 12 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is). Wheaton, IL: Victor Books. 7 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Rm 14.11); e a vinda do Rei (Is 9.6 -7, 11.1; 32.1-2; 59.20-21; Rm 11.26-27; 63.2-3; Ap 19.13-15). V. Esboço: O esboço abaixo ajudará a obter uma visão geral deste magnífico livro. Tema: A salvação do Senhor I. A condenação - (1-39) 1. Sermões contra Judá e Israel - (1-12) 2. Encargos de julgamento contra os gentios - (13-23) 3. Canções sobre Futuro Glória - (24-27) 4. Desgraças do juízo vindouro da Assíria - (28-35) 5. Interlúdio - Histórico - (36-39) a. Ezequias cercado pela Assíria - (36-37) b. Ezequias enganado pela Babilônia -( 37-38) II. A consolação - (40-66) 1. A grandeza de Deus - (40-48) (O pai contra ídolos) 2. A graça de Deus - (49-57) (O Filho, o Servo de Deus) 3. A glória de Deus - (58-66) (O Espírito e o reino) Isaías começa com uma série de sermões denunciando o pecado: Os pecados pessoais dos indivíduos (capítulos 1-6) e os pecados nacionais dos líderes (capítulos 712). Ele adverte sobre o julgamento e clama por arrependimento. Nos capítulos (13-23), Isaías denuncia as nações por seus pecados e adverte sobre o julgamento de Deus. Tanto Israel quanto Judá haviam pecado contra a Lei de Deus e foram ainda mais culpados do que os seus vizinhos. Ao estudar o Livro de Isaías, é possível observar que o profeta intercala mensagens de esperança com palavras de julgamento. Por exemplo, Isaías 24-27 são “cânticos de esperança” que descrevem a glória do reino futuro. Isaías vê um dia em que os dois reinos (Israel e Judá) voltarão para a terra e entrarão nas bênçãos do reino prometido. 8 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Os capítulos 28-35 focalizam a invasão iminente da Assíria contra Israel e Judá. O reino do norte (Israel) será destruído e as dez tribos dominadas pelo Império Assírio. (Esta é a origem dos samaritanos, que eram parte judeus e parte gentios).13 Neste ponto, Isaías passa da profecia para a história e focaliza dois principais eventos que ocorreram durante o reinado de Ezequias: o livramento miraculoso de Jerusalém (capítulos 36-37), e a cooperação tola de Ezequias com os babilônios (capítulos 38-39). Esta seção faz uma transição entre a Assíria e a Babilônia. Já os últimos vinte e sete capítulos olham para o retorno do remanescente judeu do cativeiro babilônico. Isaías 40-66 é chamado de “O Livro da Consolação”. Dividido em três seções, cada um se concentra em uma pessoa diferente da Divindade. Os capítulos 40-48 exaltam a grandeza de Deus, o Pai; Os capítulos 49-57, a graça de Deus, o Filho, Servo Sofredor de Deus e os capítulos 58-66, a glória do reino futuro, quando o Espírito será derramado sobre o povo de Deus (59.19 e 21; 61.l, e 63.10-11 e 14).14 Mas a maior mensagem de Isaías é a sua palavra de salvação, anunciando a vinda do Messias, o Servo do Senhor, que morreria pelos pecadores e um dia retornará para estabelecer o Seu reino glorioso (Is 53). Isaías é conhecido como “profeta evangélico”, ele falou muito a respeito da graça de Deus para com Israel, especialmente nos últimos 27 capítulos. Ao estudar Isaías é possível notar a ênfase na mensagem pessoal do perdão de Deus: “Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã” (Is 1.18). “Desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a nuvem; tornate para mim, porque eu te remi” (Is 44.22). “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro” (Is 43.25). Como pode um Deus justo e reto, perdoar os pecados e não mais se lembrar? Através do Cordeiro de Deus que foi crucificado: “Mas ele [Jesus] foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.5). 13 14 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 13–14). Wheaton, IL: Victor Books. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 15). Wheaton, IL: Victor Books. 9 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 6 O chamado do profeta Isaías Introdução: 2 O rei Uzias estava morto e o trono de Judá permaneceu vazio. Como todos os homens de fé, Isaías voltou-se para Deus por ajuda e conforto, e naquela hora de aparente derrota, ele experimentou uma grande bênção espiritual. Isaías viu que o trono do céu ainda estava ocupado por Deus!15 Embora este seja um dos capítulos mais conhecidos no Livro de Isaías, há um problema que têm causado debate entre os teólogos. Isaías ministrou antes de ser chamado por Deus ou o capítulo seis está fora da ordem cronológica, mas na ordem lógica? É provável que a visão do comissionamento de Isaías depois dos capítulos 1-5 seja o clímax lógico e apropriado diante das acusações dos capítulos anteriores. O capítulo 6 enfatiza a depravação extrema do país, contrastando-a com a santidade de Deus. Aqui Isaías também enfatizou que o povo não tinha discernimento espiritual e não havia se arrependido de sua condição pecaminosa.16 I. A visão de Deus. “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça” (Isaías 6.1-4). Isaías olhou para o alto. Como todos os cidadãos dedicados, Isaías respeitava o rei Uzias. Durante 52 anos, o rei Uzias conduziu o povo de Judá, em um programa de paz e prosperidade. Foi uma época de expansão e conquista. No entanto, é lamentável que o rei houvesse se rebelado contra a Palavra de Deus e tenha morrido leproso (2Rs 15.1-7; 2Cr 26). Isaías percebeu que embora a nação tivesse prosperado materialmente, estava em péssimas condições espirituais. O crescimento econômico e a paz temporária era apenas um verniz que cobria uma nação com um coração perverso. 15 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 6). Wheaton, IL: Victor Books. 16 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1043–1044). Wheaton, IL: Victor Books. 10 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías viu o Senhor como um rei exaltado sobre o trono do Seu templo celeste. 17 Como o apóstolo João escreveu: “Isto disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito” (Jo 12.41), Isaías pode ter visto o Cristo pré-encarnado, o Senhor. O profeta não viu a própria essência de Deus porque ninguém pode vê-Lo (Êx 33.18; Jo 1.18; 1Tm 6.16; 1Jo 4.12). Uma vez que Ele é invisível (1Tm 1.17). Mas não havia nenhum problema em Isaías ver Deus em uma visão ou uma teofania (manifestação de Deus), assim como fez Ezequiel (Ez 1.3-28); Daniel (Dn 7.2, 9-10), e outros. Isaías viu Deus assentado sobre um alto e sublime trono, sendo exaltado pelos querubins e percebeu que as abas de Suas vestes enchiam o templo. Essa visão é muito relevante porque no lugar mais sagrado do templo, em Jerusalém, a glória de Deus era evidente entre os querubins no propiciatório sobre a arca da aliança. Portanto alguns israelitas erroneamente pensavam que Deus era muito pequeno. No entanto, Salomão, em sua oração dedicatória ao novo templo, havia afirmado que nenhum templo poderia conter Deus e que, de fato, até mesmo os céus não podem conte-Lo (1Rs 8.27). Por isso Isaías não viu Deus sobre a arca da aliança, mas em um trono. Para Isaías, o trono enfatizava que o Senhor é de fato o verdadeiro Rei de Israel. Além disso, as longas vestes do Senhor enfatizam Sua realeza e majestade. Ele é o Senhor do universo, o Deus exaltado, não há na terra, no céu ou no mar Deus como o Senhor. Essa é uma boa lição para os cristãos de hoje: quando o dia estiver escuro, levante os olhos para o céu e veja o Senhor no trono. Para Isaías, o panorama era desolador, o rei Uzias estava morto, seu país estava em perigo, e ele não podia fazer nada sobre isso. A perspectiva era triste, mas a visão do alto foi gloriosa! Embora o trono em Jerusalém estive vazio, o trono celestial estava ocupado: Deus está no trono e reina como o Soberano do Universo! Do ponto de vista de Deus, “toda a terra” estava “cheia da Sua glória” (Is 6.3; Nm 14.21-22; Sl 72.18-19).18 Quando a perspectiva é sombria, a melhor atitude é olhar para as coisas do ponto de vista de Deus. II. A visão de si mesmo “Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado” (Isaías 6.5-7). A verdadeira visão de Deus e Sua santidade sempre nos faz perceber o nosso próprio pecado e fracasso. Jó viu Deus e se arrependeu (Jó 42.6); o apóstolo Pedro diante do Senhor Jesus gritou: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador” (Lc 5.8). O apóstolo Paulo reconheceu que sua própria justiça era apenas “lixo” ao lado da glória de 17 18 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 6.1–3). Joplin, MO: College Press. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 27–28). Wheaton, IL: Victor Books. 11 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Cristo (At 9 e Fp 3). Quando os crentes têm uma verdadeira experiência com o Senhor, não se tornam orgulhosos, mas, humildes e quebrantados.19 Invariavelmente, as testemunhas mais eficazes são aqueles que tiveram uma visão exaltada do Senhor Jesus Cristo e que são conscientes de sua própria indignidade. Foi o reconhecimento de Paulo de si mesmo como o principal dos pecadores que o levou a pregar o evangelho (1Tm 1.15, 1Co 15.9, 10). Tendo consciência da santidade de Deus, Isaías sabia que seu próprio pecado significava uma tragédia (“Ai de mim! Estou perdido!”). Ele havia acabado de ouvir lábios santos adorando a Deus, agora ele se torna consciente da impureza dos seus próprios lábios. Ele era incapaz de pregar ou mesmo louvar a Deus em sua péssima condição (Is 6.5). Então, um dos serafins tocou os lábios de Isaías com uma brasa do altar do incenso. Neste gesto simbólico, ele recebeu a garantia de que seus pecados haviam sido expurgados (Is 6.6-7).20 Em seguida, Isaías havia pronunciado os problemas (ameaças de julgamento) sobre a nação (Is 5.8-23), mas agora ao declarar “Ai de mim!” (cf. Is 24.16), ele percebeu que estava sujeito ao mesmo julgamento divino. Quando visto ao lado da pureza da santidade de Deus, a impureza do pecado humano é ainda mais evidente. Isaías identificou-se com o seu povo que também era pecador (um povo de lábios impuros). III. A visão do serviço “Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo. Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada, e o SENHOR afaste dela os homens, e no meio da terra seja grande o desamparo. Mas, se ainda ficar a décima parte dela, tornará a ser destruída. Como terebinto e como carvalho, dos quais, depois de derribados, ainda fica o toco, assim a santa semente é o seu toco” (Isaías 6.8-13). Isaías ouviu a voz do Senhor, dizendo: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” O pronome no plural parece apontar para uma unidade pluralista da Divindade (trindade). Um Deus fala, mas três pessoas distintas na Divindade estão envolvidas.21 A 19 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 6.5–7). Wheaton, IL: Victor Books. 20 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 6.5–7). Joplin, MO: College Press. 21 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1045). Wheaton, IL: Victor Books. 12 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. reverência obriga Isaías a dizer o mínimo possível. Duas palavras em hebraico descrevem sua resposta positiva: “... Eis-me aqui” (Is 6.8). A pergunta “A quem enviarei?”. Não significa que Deus não sabia ou que apenas esperava que alguém respondesse. Ele fez a pergunta para dar a Isaías, agora purificado, uma oportunidade para o serviço. O profeta sabia que toda a nação precisava do mesmo tipo de consciência acerca de Deus e a purificação do pecado que havia recebido. Então ele respondeu que estaria disposto a servir ao Senhor: “... Eis-me aqui” (Is 6.8). O chamado é uma evidência da graça de Deus. O Altíssimo está disposto em usar seres humanos para realizar a Sua vontade na terra. Deus certamente poderia ter enviado um dos serafins, que teria obedecido rapidamente e perfeitamente. Mas quando se trata de proclamar a Sua Palavra, Deus usa lábios humanos. Deus ainda está chamando os crentes de hoje e, infelizmente, poucos estão respondendo. “Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais...” (v. 9) – Não foi uma comissão fácil para Isaías, pois a nação não estaria disposta a ouvir suas mensagens sobre o pecado e juízo. No capítulo 1, Deus retrata a nação como um corpo doente, coberto de chagas e feridas abertas, e como um animal teimoso e rebelde, muito ignorante para ouvir seu próprio mestre (Is 1.3). No capítulo 5, a nação é descrita como uma bela vinha, que não produzia boas uvas, apenas uvas bravas (Is 5.2). Ao ler os capítulos 1-5, podemos entender o fardo que Deus deu a Isaías. A nação era próspera, por que pregar sobre o pecado? As “donzelas eram vaidosas” e não gostariam de ouvi-lo (Is 3.16-26), nem os principais governantes (Is 5.8).22 A soberba é capaz de cegar o coração de qualquer pessoa. Alguém abastado e satisfeito, dificilmente crê na iminência do julgamento. “Então, disse eu: até quando, Senhor? Ele respondeu: Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem moradores, e a terra seja de todo assolada...” (Is 5.11) – Deus disse a Isaías que o seu ministério terminaria num aparente fracasso, com a terra arruinada e as pessoas sendo levadas ao exílio (Is 6.11, 12). Contudo, um remanescente sobreviveria! Seria como o toco de uma árvore caída de onde os rebentos (“a santa semente”) brotariam e dariam continuidade à verdadeira fé na terra. Isaías precisava de uma perspectiva de longo alcance sobre o seu ministério, ou então ele iria se sentir como se estivesse realizando nada.23 Embora a população de Judá fosse quase totalmente exterminada ou exilada, Deus prometeu preservar um pequeno número de crentes na terra. 22 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 6.8–13). Wheaton, IL: Victor Books. 23 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 29). Wheaton, IL: Victor Books. 13 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Conclusão: O Senhor não deu a Isaías muitos incentivos (Is 6.9-13). Pelo contrário, o ministério de Isaías deixaria algumas pessoas mais cegas, mais surdas e corações mais endurecidos. “Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fechalhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo” (Is 6.9–10) – Os versículos 9 e 10 são tão importantes que eles são citados seis vezes no Novo Testamento (Mt 13.13-15; Mc 4.12; Lc 8.10; Jo 12.40; At 28.25-28; Rm 11.8). Mas o servo deve proclamar a Palavra, não importa como as pessoas reagirão. O resultado de um bom ministério não é o sucesso, mas a fidelidade ao Senhor. O Senhor não tem prazer em julgar o Seu povo, mas a disciplina era necessária por causa da desobediência. O comentarista Warrem Wiersbe acertadamente escreveu: “Vai e dize” ainda é a ordem de Deus para o Seu povo (v. 9; ver Mt 28.7; Mr 5.19). Ele está esperando a nossa resposta: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.24 Qual tem sido a sua resposta? 24 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 29). Wheaton, IL: Victor Books. 14 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 7-12 A promessa a respeito do Emanuel Introdução: 3 Existem dois princípios importantes ao estudar as profecias do Antigo Testamento: (1) Os profetas contemplaram a vinda de Cristo na humilhação e na glória, mas não viam o tempo entre esses eventos (1Pe 1.10-12), e (2) Cada profecia surgiu de uma situação histórica definida, mas também, contemplava um futuro distante.25 É exatamente isso que encontramos nos capítulos de 7 a 12, o profeta Isaías está lidando com uma crise, o ataque iminente de Judá por Israel (o Reino do Norte) e a Síria, e ele declara o que vai acontecer com a nação. Porém, Isaías também anuncia a vinda do Messias.26 Os capítulos de 7 a 12 são conhecidos como “O Livro do Emanuel”. Eles contêm o que o comentarista Delitzsch chama de “a grande trilogia das profecias messiânicas”. No capítulo 7, o Messias está prestes a nascer, no capítulo 9, Ele é descrito como tendo nascido, e no capítulo 11, Ele reina sobre o Seu povo.27 Creio que o comentarista Warren Wiersbe estava certo quando declarou que nos capítulos de 7 a 12 quatro nomes simbólicos estão envolvidos nessas mensagens de Isaías, cada um deles com um significado muito especial: Emanuel, Maher-Salal-Hás-Baz, Sear-Jasube e Isaías.28 I. Emanuel: Uma mensagem de esperança (Is 7.1-25) “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14) – O medo tomou conta da família real de Judá, quando chegou à notícia da iminente invasão pelas forças de Rezim e Peca (Reino do Norte e Síria). Na expectativa de um cerco, o rei começou a inspecionar suas defesas e, especialmente, o seu sistema de abastecimento de água (Is 7.3). Assim, o Senhor mandou Isaías se aproximar do rei Acaz com uma palavra de encorajamento neste momento de crise nacional. O Senhor ordenou que Isaías levasse o próprio filho, Sear-Jasube (“Um-RestoVolverá”) e se encontrasse com o rei Acaz. O coração de Acaz estava atribulado, mas Isaías proclamou uma mensagem de esperança: “Acautela-te e aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração por causa destes dois tocos de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim, e da Síria, e do filho de Remalias” (v. 4). 25 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 7–12). Wheaton, IL: Victor Books. 26 Wiersbe, W. W. (1993). Wiersbe’s Expository Outlines on the Old Testament (Is 7–12). Wheaton, IL: Victor Books. 27 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 7.1–25). Joplin, MO: College Press. 28 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 29). Wheaton, IL: Victor Books. 15 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. É interessante que, aos olhos de Deus, os dois reis que ameaçavam a nação de Judá não passavam de “dois tições fumegantes” (v. 4). Eles serão destruídos facilmente, como uma lenha destruída pelo fogo. A mensagem de Isaías era de reafirmação. Os dois reis invasores não prevalecerão. “A promessa a respeito de Emanuel” (v. 10-16) – O Senhor deu um sinal a toda a casa de Davi: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel” (Is 7.14). Este sinal foi cumprido em última instância, no nascimento de Jesus Cristo (Mt 1.23). Ele nasceu da virgem Maria, concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.31-35). No entanto, este “sinal” possuía um significado imediato para o rei Acaz e o povo de Judá. Uma mulher virgem se casaria, engravidaria, e teria um filho, cujo nome seria “Emanuel”. Este filho seria um lembrete de que Deus estava com Seu povo e cuidaria deles. O sinal envolveu não apenas o nascimento e nome do menino (Emanuel, “Deus conosco”), mas também um período designado de tempo: antes que o menino soubesse desprezar o mal e escolher o bem, a terra dos dois reis será devastada (v. 15). Isto é, dentro de cerca de três anos (nove meses de gravidez e dois ou três anos até que o menino soubesse a diferença entre o bem e o mal) a aliança entre os invasores será quebrada. Na verdade, a aliança foi quebrada em 732 a.C., quando Tiglate-Pileser III destruiu Damasco.29 Depois de Tiglate-Pileser derrotou a Síria e Samaria em 721 a.C. (2Rs 16.7-10). Males sobre Jerusalém (7.17-25) Acaz voluntariamente se submeteu ao rei da Assíria. Porém, essa aliança conduzirá a nação de Judá a um estado de humilhação inigualável. Em quatro figuras, Isaías descreve o que Judá enfrentará: Primeiro, ele comparou o inimigo a abelhas assassinas. Esta praga será convocada pelo divino apicultor. As abelhas assassinas assírias invadirão toda a terra (7.18f). Em segundo lugar, Isaías comparou o inimigo a uma navalha alugada. O rei da Assíria, contratado por Acaz, raspará todo o cabelo, simbolizando a nação de Judá. Remover o cabelo e a barba era um sinal de profunda humilhação (7.20). No antigo Oriente Próximo raspar o cabelo e a barba era um sinal de humilhação ou sofrimento profundo (cf. Jó 1.20; Is 15.2; Jr 47.5; 48.37; Ez 7.18; Am 8.10; Mq 1.16).30 A terceira figura foi de escassez de alimento. Apenas alguns animais sobreviverão à devastação. A população será forçada a comer apenas coalhada (do leite) e mel encontrado na terra (7.21). Finalmente, Isaías pintou um quadro contendo um terreno cheio de mato. Uma vez que as vinhas valiosas serão cobertas com espinhos. As áreas, uma vez cultivadas, se tornarão pasto, serão invadidas por bovinos e ovinos (7.23- 29 Rei da Assíria (745–727 a.C.), também chamado de Pul, que invadiu o Norte de Israel no tempo de Menaém e de Peca (2Rs 15.19,29). Acaz, rei de Judá, pediu auxílio a Tiglate (2Rs 16.5–10). 30 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1048–1050). Wheaton, IL: Victor Books. 16 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. 25). A terra servirá apenas para pastagem de bovinos e ovinos. Judá experimentará a privação e humilhação. II. Maher-salal-has-baz: Um aviso de julgamento (Is 8.1-22) O capítulo 8 desenvolve o tema do capítulo 7. A invasão pró-assíria falhará. Porque Judá não havia colocado a sua confiança no Senhor, ela será confrontada com uma ameaça ainda maior, a superpotência Assíria. Assim, o profeta Isaías exortou o povo a se concentrar em Deus como a única fonte de libertação.31 Durante a crise de 734 a.C. Isaías recebeu uma revelação de quatro palavras (Rápido-Despojo-Presa-Segura). Ele proclamou a revelação de duas maneiras. Primeiro, em um grande “outdoor”, um cartaz para exposição pública, Isaías escreveu as quatro palavras: Maer-Salal-Hás-Baz. Em segundo lugar, o profeta transformou a sua revelação em um nome pessoal. Nove meses depois nasceu o filho de Isaías, cujo nome era MaherSalal-Hás-Baz. Este nome incomum transmitia uma profecia sobre o destino da Síria e Efraim. Antes que o filho de Isaías pudesse pronunciar suas primeiras palavras, o rei da Assíria levará os despojos de Samaria e Damasco (8.3). No restante do capítulo, Isaías usou três contrastes para mostrar as principais cidades de Judá, o erro que estavam cometendo ao confiar na Assíria, em vez de confiar no Senhor. Eles escolheram uma inundação em vez de um rio calmo (Is 8.5-10). A facção pró-assíria em Judá se alegrou quando a Assíria derrotou a Síria e quando ambos, Peca e Rezim foram mortos. Estas vitórias pareciam provar que uma aliança com a Assíria era o caminho mais seguro para seguir. Em vez de confiar no Senhor (“As águas de Siloé, que correm brandamente”, v. 6), eles confiaram no grande rio da Assíria. O que eles não perceberam é que este rio se tornará uma inundação quando a Assíria invadir Israel e Judá for devastado.32 Deus ofereceu ao Seu povo a paz, mas na incredulidade eles optaram pela guerra. Eles escolheram uma armadilha ao invés de um santuário (Is 8.11-15). Deus advertiu Isaías a não seguir a maioria e apoiar o partido pró-assírio. Mesmo que sua posição fosse encarada como traição, Isaías se opôs a todas as alianças estrangeiras e instou as pessoas a colocar a sua fé no Senhor (7.9; 28.16; 30.15).33 Os líderes políticos judeus estavam perguntando: “É popular? É seguro?” Mas o profeta questionava: “É correto? É a vontade de Deus?”. 31 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 8.1–22). Joplin, MO: College Press. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 33–34). Wheaton, IL: Victor Books. 33 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 34). Wheaton, IL: Victor Books. 32 17 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Eles escolheram as trevas em vez da luz (Is 8.16-22). Diante da crise, ao invés de buscar a Deus, o povo de Judá consultava os demônios (Is 8.19; Dt 18.10-12), e isso só aumentava a escuridão moral e espiritual. Diante disto, o profeta Isaías proclamou: “Respondam: ‘À lei e aos mandamentos!’ Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz!” (Is 8.20, NVI). Os líderes de Judá ansiosamente olhavam para o amanhecer de um novo dia, mas só viam uma escuridão profunda.34 A Palavra de Deus é a nossa única luz confiável nas trevas deste mundo (Sl 119.105; 2Pe 1.19-21). Espíritas e médiuns e aqueles que os consultam, eventualmente, serão julgados por Deus (Is 8.2122). Essa é uma imagem sombria para os que se encontravam frustrados, desesperados e irados, a ponto de até mesmo amaldiçoarem a Deus, tudo porque se recusaram a receber a veracidade das coisas que Isaías estava profetizando a respeito da opressão que virá da parte de outras nações. III. Sear-Jasube: Uma promessa de misericórdia (Is 9.1-11.16) O filho do profeta Isaías será um lembrete de que Deus estava com Seu povo e cuidará deles. Sear-Jasube significa “Um-Resto-Volverá” (cf. Is 7.2; 10.20-22; 11.11-12, 16). Quando a Assíria conquistou o Reino do Norte (Efraim), o país nunca foi restaurado, mas tornou-se o que conhecemos como Samaria. Mas o Reino do Sul, depois do cativeiro babilônico (606-586 a.C.), o povo de Judá receberá outra oportunidade de estabelecer-se na terra, e por meio deles, o Senhor trará o Messias ao mundo.35 A misericórdia de Deus é vista de quatro maneiras na vida de Judá. O Senhor prometeu um Redentor ao Seu povo (Is 9.1-7). Isaías continuou o tema da luz e da escuridão (8.20-22), ao anunciar: “Mas para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade” (Is 9.1). O Redentor virá e trará ao mundo o amanhecer de um novo dia: “O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz” (Is 9.2; Lc 1.78-79; Jo 8.12; Mt 4.13-15). “... Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali...” (v. 1) – Zebulom e Naftali, situadas nas fronteiras a nordeste da Galiléia e a oeste do rio Jordão, seriam as primeiras a sofrer com a invasão do rei da Assíria (2Rs 15.29). “... mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios” (v. 1) – Mas essas áreas serão especialmente honradas pelo 34 35 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 35). Wheaton, IL: Victor Books. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 35–36). Wheaton, IL: Victor Books. 18 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. ministério do Messias. Jesus foi identificado com “Galileia dos gentios” (Mt 4.15), e Seu ministério de compaixão ao povo trouxe luz e alegria. Mas o profeta olhou além da primeira vinda de Cristo. O profeta olhou para a segunda vinda de Cristo e o estabelecimento do Seu reino justo (Is 9.3-7). Em quatro belas figuras de linguagem, Isaías descreve o dia glorioso: Em primeiro lugar, o dia do Messias será um dia de expansão. Deus ampliará a nação (9.3a). A referência provavelmente é a inclusão, a igreja de Cristo. Em segundo lugar, será um dia de alegria semelhante a uma grande colheita ou uma batalha bem sucedida (9.3b). Em terceiro lugar, a vinda do Messias inaugurará um dia de libertação. A vara e o jugo do opressor serão quebrados, como no dia em que Gideão esmagou o exército dos midianitas (9.4). Por fim, será um dia de paz. A imagem é de uma limpeza após a guerra. As botas do guerreiro e as roupas manchadas de sangue serão lançadas ao fogo (9.5).36 1. O Senhor julgou o pecado de Israel (Is 9.8-10.4). Esta longa seção descreve o que acontecerá com o Reino do Norte, diante da invasão dos assírios. Embora Isaías ministrasse ao povo de Judá, ele usou o povo de Israel como uma lição para avisar ao Reino do Sul de que Deus leva a sério o pecado do Seu povo. Judá havia pecado, mas Deus, por amor de Davi (Is 37.35; 1Rs 11.13; 15.4; 2Cr 21.7), agiu com misericórdia. No entanto, a longanimidade de Deus não durará para sempre. A declaração fundamental é: “... Com tudo isto, não se aparta a sua ira, e a mão dele continua ainda estendida” (Is 9.12, 17, 21; 10.4; 5.25; 65.2; Rm 10.21). Deus os julgou por seu orgulho (Is 9.8-12). Ele também os julgou por sua dureza de coração em sua recusa a se arrepender e voltar para o Senhor (v. 13-17). Além disso, Israel estava sendo desviada por falsos profetas e líderes tolos, a nação não quis ouvir a Palavra de Deus. A maldade de Efraim estava destruindo a nação, da mesma maneira que um incêndio destrói uma floresta ou um campo (Is 9.18-19).37 Em sua ganância, o povo do Reino do Norte devorou uns aos outros (v. 20) e lutou entre si (v. 21), mas eles serão devorados e derrotados pela Assíria. 2. O Senhor julgará o inimigo (Is 10.5-34). Deus havia dado a Assíria uma comissão limitada dentro do Seu plano eterno. A orgulhosa Assíria, no entanto, tinha ambições grandiosas (Is 10.8-11). “Ai da Assíria!” (Is 10. 5). Embora Deus houvesse utilizado a Assíria para disciplinar Judá, Ele não aceitaria sua arrogância e orgulho. A Assíria foi Sua vara, machado e bastão (10.5, 15, 24), mas eles trataram os judeus como a lama das ruas (v. 6) e saquearam a terra como um fazendeiro recolhe ovos abandonados (v. 14). Os assírios se vangloriam de suas conquistas (v. 8-14, ver 37.10-13). 36 37 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 9.1–5). Joplin, MO: College Press. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 37–38). Wheaton, IL: Victor Books. 19 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Entretanto, a palavra de Deus para o povo foi: “Povo meu, que habitas em Sião, não temas a Assíria, quando te ferir com a vara e contra ti levantar o seu bastão à maneira dos egípcios” (v. 24). Isaías proclamou a mesma mensagem ao rei Ezequias quando o exército assírio havia cercado Jerusalém em 701 a.C. (Is 37.1-7). Deus usou a Assíria para disciplinar o Seu povo, mas Ele não permitiria que esta nação sem Deus fosse além dos Seus propósitos.38 Deus pode usar incrédulos para realizar a Sua vontade, seja para abençoar ou disciplinar o Seu povo, mas Ele está sempre no controle. 3. O reinado pacífico do rebento de Jessé (Is 11.1-5). A Assíria será condenada, mas Judá terá um futuro maravilhoso. Fora da devastação infligida por potências como a Assíria, um grande governante surgirá a partir da casa de Davi. O Reino do Messias será de Justiça (11.1-5). O destino da Assíria estava em contraste direto com a do trono davídico. O Senhor derrubará o império assírio, mas Ele levantará um novo governante, o Messias, surgirá a partir da raiz da família de Jessé. Pelo poder do Espírito do Senhor, esse Rei possuirá sabedoria, justiça e fidelidade. Suas decisões serão fundamentadas na verdade, não nas aparências superficiais. Defenderá os pobres e reprimirá os maus. O Reino do Messias será pacífico (11.6-10). Isaías indicou que o governo do Messias será pacífico. Antigos inimigos conviverão harmoniosamente. Nenhum animal fará qualquer coisa danosa aos seres humanos. “A criança de peito brincará sobre a toca da áspide...” (Is 11.8). Uma criança poderá convier com um animal que consideramos violento, hoje, que nada acontecerá com ela. Todo o mal do universo será eliminado. Esse estado tranquilo será o resultado da disseminação do conhecimento do Senhor por toda a terra (11.6-9). 4. A Restauração do povo de Deus (Is 11.11-12.6). Embora exilado em todo o mundo, Deus restaurará o Seu povo. Como nos dias de Moisés, Deus milagrosamente eliminará todos os obstáculos, fazendo com que o Seu povo mais uma vez declare: “O SENHOR é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação; este é o meu Deus; portanto, eu o louvarei” (Êx 15.2). Como no primeiro êxodo, o povo de Deus experimentará sua provisão e bênção abundante (Êx 12.3; 15.22-27).39 Ao voltar para a terra, os reinos do norte e do sul, outrora inimigos, se reunirão como povo do Senhor. Em contraste com os dias de Isaías, em que Israel “rejeitou o Santo de Israel” (Is 1.4), o Santo de Israel será exaltado entre o Seu povo. 38 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 39). Wheaton, IL: Victor Books. Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible commentary (p. 270–271). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers. 39 20 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. IV. Isaías: Uma canção de salvação (Is 12.1-6) O refrão em Isaías 12.2 – “Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o SENHOR Deus é a minha força e o meu cântico” (Is 12.2), foi cantado em Êxodo (Êx 15.2) e na reinauguração do templo em dia de Esdras (Sl 118.14). Foi entoado no Mar Vermelho depois que os judeus foram libertados do Egito por Moisés, um profeta. Foi cantado em Jerusalém, quando o segundo templo foi dedicado, sob a liderança de Esdras, um sacerdote. Esta canção alegre fecha esta seção de Isaías em que o profeta usou quatro nomes significativos para dizer ao povo o que Deus havia planejado. Por causa do Emanuel, há uma mensagem de esperança. Maher-Salal-Hás-Baz dá um aviso do julgamento, mas seu irmão Sear-Jasube fala de uma promessa de misericórdia. O nome do pai, Isaías, traz uma canção de alegria como as pessoas descobrirem que o Senhor é de fato a sua salvação.40 Conclusão: A Bíblia diz que, um dia Deus irá enxugar dos olhos toda lágrima (o grego diz literalmente, “cada lágrima”). Naquele dia não haverá “olhos marejados”. Tudo isso, porém está para acontecer. As primeiras coisas ainda não passaram, elas ainda são as anteriores. Contudo, Deus tem um propósito soberano ao permitir que suportemos o sofrimento. Seja qual for a sua luta, quero encorajá-lo como fez o apóstolo Paulo - não desfaleça o seu coração. Não desanime! O Senhor nunca abandonará o Seu povo. Não importa quão difícil os dias sejam ou quanto tempo durará às noites. Para o povo de Deus, o melhor ainda está por vir. Essa é a nossa esperança. 40 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 40–41). Wheaton, IL: Victor Books. 21 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 13-23 O julgamento sobre as nações. Introdução: 4 Até aqui, vimos que o livro de Isaías se divide da seguinte forma: Nos capítulos 1-5, Isaías apresentou uma série de sermões denunciando o pecado do povo de Deus. No capítulo 6, encontramos o chamado do profeta Isaías. Nos capítulos 7-12, a grande trilogia de profecias messiânicas. Isaías proclamou as mensagens de Deus durante o reinado de Acaz. Agora, nos capítulos 13-23, Isaías reitera alguns dos mesmos temas que havia manifestado: Deus usa vários meios para punir o pecado, e julgará as nações que são arrogantes contra o povo da aliança. São mensagens contra nove nações dos gentios pecadores ou cidades ao redor de Judá.41 Nesses capítulos, o profeta revela o plano de Deus não apenas para Judá, mas também para as nações dos gentios.42 Podemos dividir Isaías 13 a 23 em 6 grupos de capítulos. • Capítulos 13 e 14 profecias contra a Babilônia, Assíria e os Filisteus • Capítulos 15 e 16 profecias contra Moabe • Capítulos 17-18 profecias contra a Síria, Israel, Judá e Damasco • Capítulos 19-20 profecias contra o Egito e Etiópia • Capítulos 21 e 22 profecias contra a Babilônia, Edom, Arábia e Jerusalém • Capítulo 23 profecia contra a cidade de Tiro. Cada uma das seções começa com a expressão: “Sentença contra...”. A palavra traduzida como “sentença” (massa’) vem de uma raiz hebraica que significa “suportar um fardo”.43 Significa algo pesado, algo difícil de realizar ou algo difícil (pesado) de dizer. O Profeta estava carregando um fardo muito pesado por causa da natureza solene de sua mensagem (Jr 23.33). Ele estava anunciando julgamentos que envolviam a destruição de cidades e do abate de milhares de pessoas. Não admira que ele se sentisse sobrecarregado!44 Mas Isaías obedeceu a Deus e proclamou tudo! 41 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1058–1059). Wheaton, IL: Victor Books. 42 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 41). Wheaton, IL: Victor Books. 43 Kaiser, W. C. (1999). 1421 נ ָׂשָ א. In R. L. Harris, G. L. Archer, Jr. & B. K. Waltke (Eds.), Theological Wordbook of the Old Testament (R. L. Harris, G. L. Archer, Jr. & B. K. Waltke, Ed.) (electronic ed.) (600). Chicago: Moody Press. 44 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 43). Wheaton, IL: Victor Books. 22 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. I. Profecia contra a Babilônia (Is 13.1-14.23; 21.1–10) “Sentença que, numa visão, recebeu Isaías, filho de Amoz, contra a Babilônia” (Is 13.1) – A palavra Babilônia (Babel, em hebraico) significa “confusão” (Gn 10.8-10; 11.19). Nas Escrituras, a Babilônia simboliza o sistema mundial humano em rebelião contra Deus. Jerusalém e Babilônia são cidades contrastantes: uma é a cidade escolhida de Deus, outra, a cidade perversa do homem.45 Contudo, a cidade de Deus permanecerá para sempre, mas a cidade rebelde do homem será destruída (Ap 14.8; 16.19; 17-18). A. O Dia do Senhor (Is 13.1-16) “Alçai um estandarte sobre o monte escalvado; levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão, para que entrem pelas portas dos tiranos” (v. 2) – Como em 5.26, o Senhor convocou exércitos estrangeiros para conquistar a Babilônia em toda a sua grandeza. “Uivai, pois está perto o Dia do SENHOR; vem do Todo-Poderoso como assolação” (v. 6) – A destruição da Babilônia será “o Dia do Senhor”, ou seja, o dia da vingança do Senhor. Será um dia de medo e fuga. Durante o julgamento de Deus, não haverá escapatória (v. 6-16). B. A destruição da Babilônia (Is 13.17-22) “Eis que eu despertarei contra eles os medos, que não farão caso de prata, nem tampouco desejarão ouro” (v. 17) – A cidade da Babilônia foi completamente destruída em 689 a.C. por Senaqueribe e reconstruída pelo filho de Senaqueribe.46 Mas em 539 a.C., Dario, o Medo, capturou a cidade (Dn 5.31), mas não a destruiu. Essa foi a primeira de muitas conquistas sobre a Babilônia ao longo dos séculos. Após a morte do seu último grande conquistador, Alexandre, o Grande, a cidade diminuiu e logo já não existia.47 Eventualmente, o local ficou deserto. Tornou-se refúgio das criaturas do deserto, assim como Isaías havia proclamado (v. 20-22). C. O futuro de Israel (Is 14.1-4) “Porque o SENHOR se compadecerá de Jacó, e ainda elegerá a Israel, e os porá na sua própria terra; e unir-se-ão a eles os estrangeiros, e estes se achegarão à casa de Jacó” (Is 14.1) – A queda da Babilônia foi parte do plano de Deus para o Seu povo. Ajudado por nações gentias, o povo de Deus mais uma vez se estabelecerá na terra de Canaã e os gentios serão servos do Senhor. Uma referência à igreja de Cristo conquistando as nações através do poder do Evangelho. 45 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 43). Wheaton, IL: Victor Books. O filho e sucessor de Senaqueribe foi Assaradão (681 - 669 a.C.), que expandiu seus domínios ao Nilo, estabelecendo sobre o Egito uma dominação inicialmente precária, tendo também reconstruído a Babilônia que fora destruída por seu pai, a qual pode ter se tornado a nova capital do Império Assírio durante algum período. 47 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 13.17–22). Joplin, MO: College Press. 46 23 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. D. A queda do rei tirano (Is 14.4b-21) “Povo de Israel, chegará o dia em que o SENHOR Deus vai livrá-los da escravidão, e assim vocês ficarão livres dos sofrimentos e dos trabalhos pesados que são forçados a fazer. Quando esse dia chegar, zombem do rei da Babilônia, recitando esta poesia: Vejam como desapareceu o rei cruel! Vejam como acabou a sua violência!” (Is 14.3-4, NTLH) – A canção de provocação sobre o rei da Babilônia é um dos poemas mais marcantes do Antigo Testamento.48 Ela contém quatro estrofes cada uma descrevendo uma cena diferente. Na primeira, Isaías descreve a terra com a notícia da queda da Babilônia. Agora que o tirano estava morto, a terra estava novamente tranquila (14.4b-8). No entanto, no Sheol, não era o caso, tudo estava agitado. Na segunda estrofe Isaías proclama como os espíritos dos mortos tiranos cumprimentavam o agora morto, rei de Babilônia, com lembretes de que o seu orgulho o havia humilhado. Ele foi enterrado com pompa apenas para ter o seu cadáver real devorado por vermes (14.9-11). Na terceira estrofe Isaías descreve a queda meteórica do tirano. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!” (Is 14.12) – A cena muda abruptamente do mundo para o céu, com o intuito de enfatizar o orgulho do rei da Babilônia e de Satanás que lhe de dá poder. O brilho de uma estrela na madrugada de repente desaparece quando o sol nasce.49 “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!” (Is 14.12) – A Vulgata Latina (uma versão para o latim da Bíblia Sagrada) traduziu “estrela da manhã” por “Lúcifer”, que veio a se tornar nome próprio e, depois, foi aplicado a Satanás. O rei da Babilônia caiu como uma estrela do céu, ou seja, de grande altura política. Ele aspirava à assembleia dos deuses nas alturas do norte. No entanto, ele foi abandonado nas profundezas do abismo do inferno (14.12-15). Isaías viu neste evento algo muito mais profundo do que a derrota de um império. Na queda do rei da Babilônia, ele viu a derrota de Satanás, o “príncipe deste mundo”, (Jo 12.31; Ef 2.1-3).50 Nada poderia salválo da morte e da decadência no túmulo. Na quarta estrofe Isaías proclama o espanto na terra sobre essa tragédia final. Os espectadores não conseguiam acreditar no terrível destino do rei da Babilônia. Os habitantes da Terra expressam a esperança de que o nome do tirano seja esquecido e seus herdeiros destruídos (14.16-21). Todos os reis não importam quão invencíveis possam parecer, sairão de cena. Em sua morte, por exemplo, Senaqueribe não recebeu um enterro decente como a maioria 48 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 14.4b–21). Joplin, MO: College Press. Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1061–1062). Wheaton, IL: Victor Books. 50 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 45). Wheaton, IL: Victor Books. 49 24 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. dos reis (v. 18). Ele foi assassinado por seus filhos Adrameleque e Sarezer, que foram incapazes de governar em seu lugar (v. 21), porque tiveram que fugir para salvar suas vidas (2Rs 19.37).51 II. Profecia contra Assíria (Is 14.24-27) Deus está no controle da ascensão e queda das nações. A grande cidade do mundo será possuída por ouriços, em vez de posteridade (14.22). Em segundo lugar, o propósito imutável do Senhor era disciplinar a Assíria sobre os montes de Judá (14.2427). O plano da Assíria em destruir Jerusalém foi frustrado (10.7), mas os planos de Deus serão concretizados (14.24). Ele esmagará os assírios em Sua terra, em Suas montanhas (v. 25).52 Isaías viveu para ver esta profecia concretizada quando os exércitos de Senaqueribe foram destruídos durante a tentativa de subjugar Judá (Is 37). A Assíria invadiu Judá durante o reinado de Ezequias (701 a.C.), mas Deus destruiu o exército enquanto ameaçava capturar Jerusalém (Is 37.36). Deus permitiu que a Assíria disciplinasse Judá, mas Ele não permitirá que o inimigo destrua o Seu povo. III. Profecia contra os Filisteus (Is 14.28-32) Asdode, a cidade filistéia, e Judá se revoltarão contra a Assíria, mas em 711 a.C., apenas quatro anos após este oráculo, a Assíria derrotou Asdode e fez dela uma província assíria. Isso aconteceu sob o governante da Assíria Sargão II (722-705; Cf. 20.1). Portanto os Filisteus se sentiam seguros (14.30), mas eles sofrerão uma derrota por fome e pela espada. Na verdade, os Filisteus chorarão porque a Assíria estava chegando como uma nuvem de fumaça incontrolável. No entanto, este oráculo, embora escrito sobre os Filisteus, era para o benefício de Judá (cf. v 32). Deus condenou as cidades dos filisteus por pensar que estavam a salvo da destruição. Isaías comparou o governante assírio morto com uma cobra que deu à luz a uma serpente ainda pior! “Uiva, ó porta; grita, ó cidade; tu, ó Filístia toda, treme; porque do Norte vem fumaça, e ninguém há que se afaste das fileiras” (v. 31). A referência é, provavelmente, a invasão de Senaqueribe em 701 a.C. O único lugar de refúgio durante esta crise seria Sião (Jerusalém). Mesmo os mais pobres entre os pobres terão comida e segurança (v. 30), e Sião será livre do inimigo (v. 32; 37.36), mas os filisteus serão dizimados pela guerra e pela fome (14.30). O exército assírio virá do norte como uma grande nuvem de fumaça (v. 31), e as portas das grandes cidades dos filisteus não os impedirão.53 51 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1062). Wheaton, IL: Victor Books. 52 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1062). Wheaton, IL: Victor Books. 53 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 46–47). Wheaton, IL: Victor Books. 25 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Os líderes mundiais precisam aprender a lição de que Nabucodonosor aprendeu da maneira mais difícil, que “o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer” (Dn 4.25). De fato, “a história é a sua história”. IV. Profecia contra Moabe (Is 15.1-16.14) “Sentença contra Moabe. Certamente, numa noite foi assolada Ar de Moabe e ela está destruída...” (Is 15.1) – Os moabitas surgiram a partir de união incestuosa entre Ló e sua filha (Gn 19.30-38) e tornaram-se inimigos declarados dos judeus (Nm 25, 31, Dt 23.3). A situação de Moabe (Is 15.1-9). Encontramos, pelo menos, catorze referências diferentes para lamentação no capítulo 15: choro, calvície, panos de saco, gritaria, etc. As pessoas fugiram para seus templos e clamavam aos seus deuses, mas sem sucesso (15.2). A Assíria invadiu Moabe e devastou a terra (v. 6-7). As águas em Moabe ficarão manchadas de sangue, depois de tão grande carnificina (v. 9). Como os fracos moabitas poderiam derrotar o grande leão assírio? (v. 9).54 Embora o exército assírio entrasse no reino de Judá e fizesse um grande estrago na terra, não poderá capturar Jerusalém (Is 36-37). No entanto, em vez de fugir para o Monte Sião, os fugitivos moabitas fugirão para o sul para os vaus do rio Arnom, a cidade de Sela. “Da cidade de Sela, no deserto, os moabitas enviam carneirinhos como presente para aquele que governa no monte Sião” (Is 16.2, NTLH) – De Sela, os fugitivos enviarão um apelo ao rei de Judá, para dar-lhes asilo contra o inimigo. Naquele dia, o envio de animais para um governante era uma forma de homenagear (2Rs 34).55 Moabe implorou aos líderes de Judá para dar-lhes refúgio, como uma rocha protege em um dia quente (16.3-4; ver 32.1-2). Mas Isaías avisou que será necessário mais do que um pedido: eles terão de submeter-se ao rei de Judá, o que significava reconhecer o Deus de Judá. Mas eles se recusarão a fazê-lo. Por causa do seu orgulho, a certeza de que não precisavam de Deus, a fecundidade e a produtividade de suas terras serão interrompidas (16.7-10). Seu orgulho os impediu de submeter-se a Judá, e isso levou à sua derrota. Sua jactância se transformará em choro e as suas canções em lamentações fúnebres. O ritual religioso de Moabe em sacrificar nos montes não ajudará a aliviar o julgamento de Deus: “Os moabitas se cansarão de tanto ir aos seus lugares de adoração nos montes para orar aos seus deuses, mas isso não adiantará nada” (Is 16.12, NTLH). A profecia contra Moabe termina com uma nota sobre o momento exato do cumprimento da ameaça. Dentro de três anos a “glória” de Moabe seria desprezada 54 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 47–48). Wheaton, IL: Victor Books. Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1063–1064). Wheaton, IL: Victor Books. 55 26 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. (16.13). A previsão se cumpriu em 715 a.C., quando Sargon dirigiu uma campanha contra os árabes. Ao chegar ao seu destino, Sargon varreu a terra de Moabe, de norte a sul. V. Profecia contra Damasco e Efraim (Is 17.1–14) Tendo abordado os dois vizinhos do sul de Judá, Isaías agora trata dos dois vizinhos ao norte. A profecia foi dirigida contra Damasco, capital da Síria. O Reino do Norte de Israel havia se aliado com Damasco, a capital da Síria (algumas vezes, chamada de Arã, Is 7.2), contra a ameaça assíria. No capítulo 17, Isaías estava novamente observando que Arã e Israel seriam derrotados pelos assírios (cf. 8.4). “Damasco não será mais uma cidade; ela vai virar um montão de ruínas” (Is 17.1) – Damasco se tornará um montão de ruínas, não mais uma cidade (17.1-3). A profecia foi cumprida com a queda de Damasco aos assírios em 732 a.C, e a destruição de Samaria pelas mesmas forças em 722 a.C. “Está chegando o dia em que Israel perderá todo o seu poder, e todas as suas riquezas acabarão” (Is 17.4) – A queda de Damasco foi uma advertência a Israel, o Reino do Norte que havia rompido com Judá e o Deus de Judá (1Rs 12). O profeta usou várias imagens para descrever a queda de Efraim: A destruição das cidades fortificadas (Is 17.3); “A glória de Israel será diminuída” (v. 4); “Israel será como uma oliveira depois da colheita” (v. 5-6 ) e a “decomposição de um jardim em um terreno baldio” (v. 9-11). Em 722 a.C., a Assíria conquistou Israel, e o reino deixou de existir. A ênfase neste capítulo é o Deus de Israel. Ele é o Senhor dos Exércitos (o Senhor Todo-Poderoso), que controla os exércitos do céu e da terra (Is 17.3). Ele é o Senhor Deus de Israel (v. 6), que o chamou, abençoou e advertiu a Israel sobre os seus pecados. Ele é o Deus da nossa salvação e nossa Rocha (v. 10). Que tolice dos israelitas confiar em seus ídolos feitos pelo homem, em vez de confiar no Deus vivo (v. 8; 1Rs 12.25-33). VI. Etiópia (Is 18.1-7) “Como vai sofrer a nação que fica às margens dos rios da Etiópia, a terra onde se ouve o zumbido de insetos! (Is 18.1, NTLH) – Isaías chamou de “a terra onde se ouve o zumbido de insetos!” (v. 1, NTLH), não apenas por causa dos insetos que infestavam a terra, mas também por causa da frenética atividade diplomática em curso como a nação buscava alianças para protegê-los contra a Assíria. Aparentemente, os etíopes mandaram enviados em barcos de junco, muito velozes (cf. Jó 9.26) para sugerir que Israel formasse uma aliança com eles contra os assírios.56 O profeta exortou os etíopes 56 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1065). Wheaton, IL: Victor Books. 27 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. para voltarem para casa e não tentarem formar uma aliança, porque o Senhor iria derrotar o inimigo no momento adequado. “Pois o SENHOR Deus me disse: “Do meu lar, no céu, olharei calmo e tranqüilo como o sol que brilha num dia de verão, como as gotas de orvalho que aparecem no tempo da colheita” (Is 18.4) – Em contraste com a atividade frenética dos homens na terra está a paciência calma de Deus no céu (v. 4), enquanto aguarda o momento certo para fazer a colheita de julgamento. Assíria é retratada como uma vinha amadurecendo que nunca vai sobreviver, porque Deus podará a parreira com o seu facão, cortará os galhos e os jogará fora (v. 5). No versículo 6, Isaías descreve o que vai acontece com os 185 mil soldados assírios, eles serão abandonados; no verão, serão comidos pelos urubus, e no inverno os animais selvagens os devorarão (Is 18.6; 37.36; Ap 14.14-20; 19.17-21). “Eles apresentarão as suas ofertas no monte Sião, no Templo onde o SENHOR Todo-Poderoso é adorado” (Is 18.7) – O Monte Sião da profecia muitas vezes refere-se a essa cidade espiritual, a Nova Jerusalém, em que cada cristão é um cidadão (Hb 12.22). Essa previsão, provavelmente, se realiza na conversão da Etiópia ao cristianismo nos primeiros séculos da história da Igreja.57 VII. Egito (Isaías 19.1-20.6) A profecia contra o Egito é uma forte expressão da verdade que Deus fere a fim de curar (veja o v. 22). Primeiro, o profeta Isaías falou negativamente do confronto do Egito com o Senhor, em seguida, positivamente da conversão do Egito em adoração ao Deus vivo. A. O julgamento do Senhor (19.1-15). “O SENHOR, montado numa nuvem, vai indo depressa para o Egito. Os ídolos daquele país tremerão diante dele, e todos os egípcios ficarão com medo” (Is 19.1) – À medida que a ameaça da Assíria surgia cada vez maior, os líderes de Judá, foram ao Egito para obter assistência. Isaías primeiro indica como Deus iria expor a fraqueza total de tudo o que o mundo considerado grande sobre o Egito. A terra dos faraós seria envergonhada. 57 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 17.12–18.7). Joplin, MO: College Press. 28 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Primeiro, Deus envergonhará a religião egípcia. Em uma carruagem de nuvem, o Senhor mostrará a fraqueza dos deuses do Egito. Os ídolos do Egito estremecerão diante dele, e o coração dos egípcios se derreterá. Em segundo lugar, Deus envergonhará a economia egípcia. A inundação anual do Nilo seria um fracasso, resultando em um colapso das indústrias básicas: a agricultura, a pesca e têxteis (19.5-10). “As águas do Nilo vão baixar; o rio vai ficar completamente seco” (Is 19.5). Finalmente, Deus envergonhará a sabedoria egípcia. Incapaz de explicar racionalmente a série de calamidades nacionais, a sabedoria egípcia entrará em colapso. Isaías ridiculariza a incapacidade dos sábios em oferecer alguma solução. Eles ficarão tão confusos como bêbados, e os seus conselhos confundirão ainda mais (19.11-15). Esta profecia provavelmente foi cumprida em 670 a.C., quando o Egito foi conquistado por Esar-Hadom, rei da Assíria.58 A conquista da Assíria provou que os muitos deuses do Egito eram impotentes para ajudá-los (19.1), e que os médiuns e assistentes não foram capazes de dar conselhos (v. 3). Nos dias de Moisés, Deus havia triunfado sobre os deuses do Egito (Êx 12.12; Nm 33.4) e a sabedoria dos líderes egípcios, e ele iria fazê-lo novamente.59 B. A conversão ao Senhor (19.16-25) Em uma das profecias mais extraordinárias do livro, Isaías descreve a conversão definitiva da terra do Egito, em cinco parágrafos, cada um dos quais começa com as palavras “naquele dia”. Primeiro, naquele dia o Egito reconhecerá a mão do Senhor (Is 19.16-17). Em segundo lugar, naquele dia muitos egípcios (“cinco cidades”) se arrependerão genuinamente diante de Deus. Alguns, no entanto, permanecerão endurecidos no pecado (“cidade da destruição”). Egípcios convertidos falarão “a língua de Canaã”, ou seja, a língua em que o verdadeiro Deus é adorado. Além disso, eles jurarão obedecer ao Senhor (19.18). “... Uma delas se chamará Cidade do Sol” (v. 18) – Heliópolis, uma das principais cidades do extremo sul do Delta do Egito, adorava ao deus 58 Filho de Senaqueribe, que, quando este foi assassinado, lhe sucedeu no reino da Assíria (2Rs 19.37 – Is 37.38). 59 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 50–51). Wheaton, IL: Victor Books. 29 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. sol. Tal mudança é significativa (deixaram de adorar o deus Sol para adorar o Deus verdadeiro) a fim de provar para o mundo e para Israel de que muitos egípicios haviam se arrependido.60 Em terceiro lugar, naquele dia, os egípcios adorarão ao Senhor com sinceridade e verdade. Um altar ou coluna ao Senhor será construído no meio da terra do Egito, como a coluna de Jacó (Gn 28.16-22) marcará aquela terra como o local onde a presença de Deus havia se manifestado. Os egípcios experimentarão opressão pelos inimigos do Senhor (cf. Jo 15.19), mas seus gritos de socorro serão atendidos (19.19). Deus enviará um “salvador” para libertá-los. Em quarto lugar, naquele dia o Egito desfrutará de tranquilidade. “Naquele dia, haverá uma estrada ligando o Egito com a Assíria: os egípcios irão até a Assíria, e os assírios irão até o Egito, e juntos os dois povos adorarão o SENHOR” (v. 23) – No reino do Messias, antigos inimigos se unirão em paz. Mesmo o Egito e a Assíria, que ficavam em polos geográficos e politicamente opostos, experimentarão um novo relacionamento. Esses antigos inimigos serão ligados por uma estrada, que Isaías se refere como “adoração ao Senhor” (19.23). O Evangelho une os homens de todas as nações. Aqueles que projetam o cumprimento desta profecia para o futuro milenar demonstram sua falta de sensibilidade para as realidades espirituais da época atual.61 Finalmente, naquele dia o Egito seria parte de um grande reino espiritual. Israel, Assíria e o Egito estarão em pé de igualdade perante o Senhor. Essa tríplice Aliança - O povo do Novo Testamento de Deus, será uma bênção para toda a terra (19.24). Assim, a bênção prometida a Abrão cerca de dois mil anos antes de Cristo (Gn 12.3) se concretizará. VIII. Profecia contra Dumá (Is 21.11-12) Dumá (“silêncio”) pode ser um nome para Edom. Era a maneira de dizer: “Edom será silenciada, já não existirá”. Os edomitas eram descendentes de Esaú, cujo apelido era “vermelho” (Gn 25.21-34). Edom era uma terra acidentada de arenito vermelho, suas pessoas eram amargamente hostis aos judeus (Sl 137.7).62 Isaías era o “guarda” (Is 21.6; Ez 3.16-21; 33.1-11), que foi questionado: “Guarda, a que hora estamos da noite? Guarda, a que horas?” (Is 21.11). O avanço do exército assírio gerou temor em todas as nações, e Edom queria saber se havia alguma esperança, 60 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1066–1067). Wheaton, IL: Victor Books. 61 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 19.16–25). Joplin, MO: College Press. 62 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 52). Wheaton, IL: Victor Books. 30 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. alguma luz. A resposta do profeta foi breve, mas adequada: “Respondeu o guarda: Vem a manhã, e também a noite; se quereis perguntar, perguntai; voltai, vinde” (Is 21.12). Em seguida, Isaías adicionou um convite que consiste em três palavras simples: “perguntai; voltai, vinde”, exortou o profeta. Eles deveriam abandonar o pecado. Edom não atendeu o convite. A nação foi tomada pela Babilônia, em seguida, pelos persas e, finalmente, pelos romanos. Após a queda de Jerusalém em 70 d.C., Edom desapareceu de cena. IX. A profecia contra a Arábia (Is 21.13-17) “Esta é a mensagem contra a Arábia: Os fugitivos da tribo de Dedã são forçados a acampar no deserto” (Is 21.13) – O profeta viu as caravanas dos mercadores árabes de Dedã deixando a rota de comércio e se escondendo no mato por causa da invasão do exército assírio. Alimentos e água foram trazidos para os fugitivos por pessoas de Tema, uma cidade oásis. Eventualmente, a caravana teve que fugir, pois como poderiam os comerciantes competir com a cavalaria assíria ou seus arcos com as armas dos invasores? Em exatamente um ano o esplendor de Kedar (Saudita) deixaria de existir e seus arqueiros famosos seriam reduzidos. Os árabes seriam fugitivos, correndo por suas vidas por causa da espada. Em 715 Sargão II escreveu que havia derrotado uma série de tribos árabes e os havia deportado para Samaria.63 X. Profecia contra Jerusalém (Is 22.1-14) Judá aparece no mesmo nível de julgamento das outras nações profetizadas por Isaías. Lamentavelmente, o povo de Judá estava se comportando como seus vizinhos pagãos, então era justo que Isaías deve incluí-los na lista de nações que Deus iria julgar.64 “Sentença contra o vale da Visão...” (Is 21.1) – Embora Jerusalém situa-se nas montanhas, a capital é aqui designada como “o vale da visão” porque era cercada por montanhas. Essa profecia contém dois discursos de julgamento, um oráculo contra o “Vale da Visão” (Is 22.1-14) e uma mensagem dirigida ao funcionário real Sebná (Is 22.15-25). Em Sua misericórdia, o Senhor livrará Jerusalém do exército assírio, mas não os livrará da Babilônia. Isaías apontou dois pecados específicos que causaram o declínio de Judá e, finalmente, o cativeiro na Babilônia.65 63 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1069). Wheaton, IL: Victor Books. 64 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 53–54). Wheaton, IL: Victor Books. 65 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 53–55). Wheaton, IL: Victor Books. 31 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. A incredulidade do povo (Is 22.1-14). Enquanto algumas partes desta profecia se aplicam à invasão assíria nos dias de Ezequias (36-37; 2Rs 18-19; 2Cr 32), a referência principal é a conquista de Jerusalém pela Babilônia em 586 a.C. Nos dias de Isaías, Jerusalém era uma “cidade alegre” (Is 5.11-13; 32.12-13 ). A filosofia popular era: “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (22.13; 56.12; 1Co 15.32). Os habitantes estão celebrando porque o exército invasor havia sido destruído. Todavia, Isaías não poderia participar da celebração. Ele previu um cerco contra Jerusalém, onde os soldados morreriam de fome na cidade. Sabendo que Jerusalém seria assolada, Isaías chorou enquanto os outros se alegravam (Is 22.1-4). “Tu, cidade que estavas cheia de aclamações, cidade estrepitosa, cidade alegre! Os teus mortos não foram mortos à espada, nem morreram na guerra” (Is 22.2) – O profeta Isaías viu pessoas morrendo, não de ferimentos de batalha, mas de fome e doenças. Ele viu os governantes do país fugindo de medo quando o exército inimigo se aproximava (v. 3-7; 2Rs 25.1-10). As pessoas fariam todo o possível para se preparar para um longo cerco (Is 22.8-11): fortalecendo os muros (Is 22.9-10), verificando o abastecimento de água (v. 9; 2Cr 32.1-4, 30; 2Rs 20.20), e a construção de um reservatório entre os muros (Is 22.11). Mas toda essa preparação frenética não seria capaz de livrá-los do inimigo: “Judá não tinha nenhum meio de se defender” (v. 8, NTLH). Em sua falsa confiança, eles disseram: “Assim como o Senhor libertou Jerusalém da Assíria, Ele nos livrará da Babilônia”. As pessoas fizeram tudo, mas não confiaram no Senhor (v. 11). Em vez de festa, eles deveriam jejuar, chorar, usar pano de saco, e puxar os cabelos como sinal de tristeza (v. 12; Ed 9.3; Tg 4.8-10). Deus havia enviado as nações muitos profetas para adverti-los, mas o povo não deu ouvidos a voz do Altíssimo. Agora era tarde demais, Judá será enviada ao cativeiro, e a palavra de Deus a Isaías seria cumprida (Is 6.9-13). A infidelidade dos líderes (Is 22.15-25). Se os líderes fossem fiéis ao Senhor e chamassem o povo ao arrependimento. O problema era que muitos dos líderes eram como Sebna, pensavam apenas em si mesmos. Como tesoureiro (administrador), Sebna, depois do rei Ezequias, era o segundo homem mais importante de Jerusalém (Is 36-37), Mas ele usou a sua autoridade (e, possivelmente, o dinheiro do rei) para construir um túmulo monumental (22.16) e adquirir carros (v. 18; 2.7). Porém, o Senhor declarou que Sebna morrerá em uma terra estrangeira e nunca ocupará o túmulo especialmente construído. Deus rebaixou-o (ele se tornou “escriba”, Is 36.3), desonrou-o e deportou-o. Eventualmente, ele foi jogado “como uma bola” (Is 22.18) para um país distante, onde morreu. Ele não teria um funeral suntuoso e não seria enterrado em seu túmulo. Além disso, Deus declarou que escolheria um homem chamado Eliaquim (“Deus vai levantar”), e o chamou de “meu servo” (Is 22.20). Em vez de explorar o povo, ele seria um pai e usaria sua “chave” (autoridade) para o bem da nação. Ele seria como uma “estaca” fincada firmemente no chão (v. 23), uma base sólida para a nação. Todavia, nem 32 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. mesmo um líder piedoso como Eliaquim foi capaz de impedir a derradeira queda de Judá (Is 22.25).66 XI. Profecia contra Tiro (Is 23.1–18) As cidades de Tiro e Sidom foram edificadas pelos descendentes dos cananeus e estava situada na região conhecida hoje como Líbano. Seus habitantes eram famosos por navegarem habilmente, de modo que controlava todo o comércio marítimo e, por conseguinte, todo o comércio da costa do Mediterrâneo (Is 23.1-2). Tanto o rei Davi quanto Salomão negociaram com essas cidades materiais para a construção do Templo (2Sm 5.11; 1Rs 5.8-9). O rei Acabe se casou com a princesa fenícia Jezabel, que promoveu a adoração de Baal em Israel (1Rs 16.29-33).67 A. Lamentação (23.1-7) “Esta é a mensagem contra Tiro: Chorem, marinheiros que estão em alto mar, pois a cidade de Tiro está arrasada! Não há nenhuma casa de pé, e o porto foi destruído. Vocês receberam essa notícia na ilha de Chipre” (Is 23.1) – A Fenícia era a capital comercial do mundo mediterrâneo. Suas duas principais cidades, Tiro e Sidom, estavam destinadas a destruição. Isaías descreve drasticamente o impacto que este desastre teria sobre as colônias e parceiros comerciais ao longo da costa do Mediterrâneo. Os marinheiros fenícios serão envergonhados (Is 23.1-7). B. Explicação (Is 23.8-14) “Quem foi que planejou tudo isso contra Tiro?” (v. 8, NTLH). O Senhor TodoPoderoso! Assim como Ele propôs destruir o Egito (19.23) e a Babilônia (14.27), Ele propôs julgar a cidade de Tiro. O golpe contra os centros comerciais da Fenícia será entregue pelos caldeus. Esses habitantes do sul da Mesopotâmia foram conquistados pelos assírios. No entanto, os caldeus serão os agentes da ira de Deus contra Tiro. As frotas mercantes fenícias lamentarão a destruição do seu porto de origem e a cidade de Fortaleza (Is 23.13). A história registra o cumprimento destas previsões. O caldeu Nabucodonosor sitiou Tiro durante 13 anos (598-585 a.C.). Em seguida, eles destruíram completamente a cidade. 66 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1070). Wheaton, IL: Victor Books. 67 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 55–56). Wheaton, IL: Victor Books. 33 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. C. Restauração (Is 23.15-18) “Está chegando o tempo em que Tiro ficará esquecida por setenta anos, que é o tempo de vida de um rei” (Is 23.15) – A devastação de Tiro não será permanente. Os 70 anos mencionados por Isaías foram, provavelmente, cerca de 700-630 a.C. quando o comércio da Fenícia foi bastante limitado pelos assírios.68 Isaías exortou a cidade de Tiro a assumir a canção de uma meretriz na tentativa de reviver o interesse em si mesma. No final dos setenta anos Tiro voltará a ser visitada pelo Senhor. A cidade voltará a sua relação comercial com os reinos do mundo (23.15-17). Com a ajuda do Senhor, a cidade retornará. “Mas o dinheiro que ela ganhar com a sua profissão será dedicado a Deus, o SENHOR” (Is 23.18) – Em algum momento nesta restauração, a renda de Tiro será dedicada ao Senhor. Todos os ganhos obtidos por Tiro de modo pecaminoso deverá sustentar Judá do mesmo modo que suas colônias haviam sustentado Tiro no passado. Especificamente, ele seria usado para alimentar e vestir os funcionários oficiais do Senhor (Is 23.18). Alguns dos materiais de construção para o segundo templo veio de Tiro (Ed 3.7). Josefo e Jerônimo relatam como muitos na área da Fenícia foram convertidos e apoiaram o trabalho do Senhor. Paulo encontrou almas piedosas lá nos tempos do Novo Testamento (At 21.3). No segundo século Tiro tornou-se um importante centro cristão.69 Conclusão: Nossa jornada através desses onze capítulos nos ensinou que Deus está no trono do universo. Nada escapa ao Seu controle. Ele governa e reina em majestade e glória. Ele conhece todos os detalhes de nossa vida. Ao longo da história muitos tentaram conquistar e dominar o mundo. O primeiro e mais poderoso usurpador foi Satanás. Depois de sua rebelião contra Deus ele foi esmagado e seus seguidores foram expulsos do céu (Lc 10.18; Ap 12.3-4), e se tornou o “deus deste mundo” (2Co 4.4). Ele inspirou vários seres humanos, homens como Nabucodonosor, Dario, Alexandre, o Grande, os imperadores de Roma, Átila o huno, Gengis Khan, Napoleão, Lenin, Stalin e Hitler. Entretanto, todos eles têm algo em comum: eles falharam! Apenas um tem o direito, o poder e a autoridade para governar a terra: O Senhor Jesus Cristo. Ele um dia vai tomar de volta o que é Seu por direito. 68 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1071–1072). Wheaton, IL: Victor Books. 69 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 23.15–18). Joplin, MO: College Press. 34 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 24-27 Um refúgio contra a tempestade. Introdução: 5 Depois de profetizar sobre onze países diferentes, Isaías ampliou sua profecia e proclamou um julgamento sobre o mundo inteiro. A palavra “terra” (erets, em hebraico) aparece dezesseis vezes no capítulo 24. Nem sempre é fácil saber quando erets refere-se a um país ou uma terra. Mas Isaías 24-27 descreve um julgamento global que acarretará na destruição dos inimigos de Deus e a restauração do povo de Israel.70 Os quatro capítulos seguintes (24 a 27) apresentam certas semelhanças com a chamada literatura apocalíptica. Os profetas chamam esta época do terrível julgamento “Dia do Senhor”, e, no Novo Testamento ele é descrito em Mateus 24, Marcos 13, e Apocalipse 6-19. Isaías advertiu o Reino do Norte dizendo que serão destruídos pelos assírios, e disse a Judá, que os babilônios os levarão cativos, mas essas calamidades locais foram apenas o início de uma grande catástrofe que alcançará o mundo inteiro. Entretanto, Isaías faz três declarações capazes de confortar o povo escolhido de Deus. Essas declarações nos encorajam, hoje, enquanto presenciamos o mundo mergulhado no pecado e, em total rebelião contra Deus. Será que Deus vai lidar com o ímpio? Que esperança há para os justos? I. O julgamento do mundo (Is 24.1-23) “Atenção! O SENHOR vai arrasar a terra e fazê-la virar um deserto; vai estragar a terra e espalhar os seus moradores” (Is 24.1, NTLH) – O resultado do julgamento de Deus será um mundo vazio, devastado, e cujos habitantes serão dispersos. Quatro aspectos do julgamento são definidos em Isaías 24. 1. Um julgamento universal (Is 24.1-6). Isaías fez um anúncio chocante: “Eis que o SENHOR vai devastar e desolar a terra...” (Is 24.1). A palavra “eis” (hennah, em hebraico) significa atenção, veja, olhe, etc.71 O Senhor limpará a terra como um homem limpa um vaso sujo. Todas as classes e categorias em todo o mundo serão afetadas. A terra será completamente devastada. O mundo, juntamente com os seus cidadãos mais proeminentes murcharão diante da ira de Deus (Is 24.1-6). Tal julgamento foi merecido, na visão de Isaías. Os homens transgrediram as leis de Deus e quebraram a aliança. Portanto poucos sobreviverão ao fogo do juízo (Is 24.5). 70 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 57). Wheaton, IL: Victor Books. Strong, J. (2009). A Concise Dictionary of the Words in the Greek Testament and The Hebrew Bible. Bellingham, WA: Logos Bible Software. 71 35 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. 2. Um julgamento devastador (Is 24.7-16). Em toda a terra o impacto será sentido. Nas áreas rurais, os vinhedos serão arruinados. A alegria associada com a colheita da uva cessará (24.7-9). As casas permanecerão fechadas e os moradores trancarão as portas das suas casas e não deixarão ninguém entrar (v. 10). “Assim como poucas azeitonas ficam nas oliveiras e poucas uvas ficam nas parreiras depois de terminada a colheita, assim também em todos os países do mundo poucas pessoas ficarão com vida” (v. 13, NTLH) – Alguns sobreviverão, mas serão poucos. Eles são comparados a azeitonas deixadas na árvore ou uvas deixadas na videira após as colheitas. “Os que ficarem com vida cantarão de alegria...” (v. 14) – No entanto, em todo o mundo de leste a oeste o remanescente cantará de alegria com a vindicação da majestade do Senhor (24.13-15). Isaías poderia ouvir, por assim dizer, o louvor alegre até os confins da terra. Ele, no entanto, não participará desse louvor. Ele sabia que em seu próprio dia a ameaça do juízo não terá nenhum efeito corretivo na maioria dos pecadores. Eles não sobreviverão o julgamento de Deus. Este pregador tinha um fardo para sua geração perdida (Is 24.16). A única maneira do profeta encontrar alívio era pregando fielmente a mensagem de Deus. As pessoas podem não gostar, mas elas precisam ouvir o que Deus tem a dizer. 3. Um julgamento inevitável (Is 24.17-20). Como animais aterrorizados fugindo de um caçador implacável, os pecadores serão caçados. “... Covas e armadilhas esperam por vocês...” (v.17). Ninguém escapará! Isaías proclamou esse julgamento como sendo um terrível dilúvio e um violento terremoto (v. 18). A terra tremerá sob o peso da transgressão (a desobediência deliberada). 4. Um julgamento ordenado (Is 24.21-23). Primeiro, “Naquele dia, o SENHOR castigará os poderes do céu...” (v. 21). Ou seja, os anjos que se rebelaram contra Deus, em algum momento no passado. Em seguida, o Senhor julgará os reis da terra. Todos esses inimigos serão encarcerados e depois de um longo tempo serão punidos (v. 22). Judas 6 e 2Pedro 2.4 têm o mesmo pensamento. A derrota de Satanás e seus exércitos desencadeará uma explosão de louvor nas regiões celestiais. Essas explosões súbitas pontuam a narrativa profética do Apocalipse (por exemplo, 4.8-11, 5.9-10, 11-14; 7.9-12; 11.15-18; 15.3-4; 19.1-8). “A lua terá vergonha de brilhar, e o sol ficará pálido de medo porque o SENHOR Todo-Poderoso reinará no monte Sião, em Jerusalém. E, na presença dos líderes do seu povo, ele mostrará a sua glória” (v. 23) – Para o Senhor será um dia glorioso. Uma vez que seus adversários serão subjugados, o reino de Deus será visto em toda a sua plenitude, em poder e glória. Ele reinará “no monte Sião e em Jerusalém”. 36 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Considerando que Isaías havia proclamado a destruição da Terra física, a referência aqui deve ser ao Monte Sião celestial (Hb 12.22) e a Nova Jerusalém (Ap 21.1). Essa cidade será tão brilhante que não terá necessidade do sol ou da lua (Ap 21.23). Em sua sala do trono Deus vai sentar-se em glória, diante dos 24 anciãos e dos quatro seres viventes de acordo com o Livro do Apocalipse (Ap 4; 2Ts 1.10). II. O Senhor preservará o Seu povo (Is 25.1-12) Este capítulo é um cântico de louvor ao Senhor do remanescente crente que foi preservado durante o “Dia do Senhor”. Isaías (representando o povo de Deus) irrompeu em uma canção de louvor. Ele declarou que Deus é fiel em Seu propósito (Is 25.1). Nesta canção, três imagens marcantes se destacam. Em primeiro lugar, Isaías declara como Deus protegerá o Seu povo. Ele comparou as forças do mal a uma cidade que se opõe a Sião, a cidade de Deus. Ao longo da história Deus transformou algumas cidades (como Nínive e Babilônia) em montões de ruínas. A vitória do Senhor sobre o inimigo poderoso, em última análise resultará na conversão dos gentios em grande número (Is 25.3). Como a sombra de uma nuvem que traz alívio em um dia quente, do mesmo modo, Deus libertará o Seu povo do calor opressivo da perseguição (Is 25.4). Ele silenciará a boca dos estrangeiros. O Senhor calará os gritos de vitória de homens violentos (Is 25.5). Em segundo lugar, Isaías declara a provisão de Deus para o Seu povo. Um generoso banquete será preparado para todos os povos que aceitarem o convite do Altíssimo (Is 25.6). Ali Ele acabará com a nuvem de tristeza e de choro que cobre todas as nações (Is 25.7). “Tragará a morte para sempre, e, assim, enxugará o SENHOR Deus as lágrimas...” (v. 8, NTLH). As lágrimas do Seu povo serão removidas para sempre. Sentados à mesa do banquete, os santos que aguardavam a glorificação se alegrão com o Senhor (Is 25.9). Finalmente, Isaías declara a punição que aguarda os inimigos de Sião. Enquanto o povo de Deus se alegra no Monte Sião, os inimigos do povo de Deus, representados por Moabe, serão pisoteados como a palha (Is 25.10). Moabe ficava a leste de Israel através do Mar Morto. Israel e Judá tiveram muitas brigas com Moabe, que era conhecido por seu orgulho (cf. Is 16.6; Is 25.11). Moabe e todos os inimigos de Deus, serão totalmente destruídos, pisoteados e derrubados (Is 26.5). Os moabitas orgulhosos serão humilhados por Deus. Todas as suas fortificações serão abatidas e envergonhadas (Is 25.10-12). Somente o povo de Deus aproveitará o tempo de prosperidade e bênção de Deus. 37 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. III. Confiança na proteção do Senhor (Is 26.1-21) “Naquele dia, se entoará este cântico na terra de Judá: Temos uma cidade forte; Deus lhe põe a salvação por muros e baluartes” (Is 26.1). O capítulo 26 é um hino de confiança na proteção de Deus. A expressão “naquele dia” (Is 26.1; 27.1-2, 1213) se refere ao “Dia do Senhor”, e as bênçãos que se seguirão, quando o Senhor derrotar Seus inimigos. Este hino se move através de três fases. 1. A descrição de Sião (Is 26.1-6). Isaías comparou Sião a uma fortaleza. Ela estava protegida não por paredes de pedras, mas por paredes de salvação (cf. Zc 2.5). Samaria caiu diante dos assírios e Jerusalém diante dos babilônios, mas a Nova Jerusalém será inexpugnável. Seus portões estarão abertos para uma nação fiel e justa. Seus cidadãos desfrutarão de uma medida especial de paz, porque (1) Eles foram marcados por propósito firme, e (2) Eles confiaram em Deus (Is 26.1-3). Em vista destes fatos, Isaías exortou aos seus leitores a confiarem em Deus para sempre (Is 26.4). Ele ofereceu duas provas de que o Senhor era digno de sua confiança. Em primeiro lugar, Deus é eterno, uma “rocha eterna”. Em segundo lugar, Deus rebaixou os vaidosos e humilhou a cidade orgulhosa em que moravam (Is 26.5). Porém, os pobres e humildes (povo de Deus) pisarão os escombros daquele lugar outrora orgulhoso. 2. A reflexão de Sião (26.7-15). “O caminho das pessoas direitas é fácil; tu, ó Deus justo, tornas plano o caminho por onde elas andam” (Is 26.7) – Isaías refletiu enquanto contemplava os benefícios dos juízos de Deus. Em primeiro lugar, ele observou que a forma como o caminho dos justos através da vida tornou-se plano, como resultado dos justos juízos do Senhor. Os obstáculos perigosos foram removidos do caminho (v. 7). Aqueles que se recusam a atender os caminhos de Deus aprenderão sobre a justiça do Altíssimo quando forem julgados. Em segundo lugar, durante a sua peregrinação terrena o justo espera pelo Senhor. O justo depende do Senhor e não de esquemas humanamente planejados (v. 8). Em terceiro lugar, os santos esperam pelo Senhor a todo instante. Somente através do julgamento divino os homens serão conduzidos ao arrependimento (v. 9). Em quarto lugar, mesmo que a mão de Deus esteja sobre a vida dos ímpios, eles não percebem o perigo. Um dia, porém, eles verão o zelo de Deus por seus verdadeiros santos e sua ira ardente também (v. 10). Em quinto lugar, os perversos, que estão cegos para a autoridade divina e para o seu iminente castigo sobre eles, terão consciência do amor do Senhor pelo Seu povo de Israel, para a sua própria vergonha (Is 26.11). Em sexto lugar, embora o futuro de Israel pareça árido, Isaías expressa grande confiança de que a nação finalmente prosperará (v. 12). 38 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Em sétimo lugar, as nações estrangeiras serão coisa do passado. Elas não aparecerão no cenário da história dos povos. Isaías viu a expansão dos limites territoriais de Israel como um fato consumado (Is 26.13-15). 3. A expectativa de Sião (26.16-19). Além disso, Isaías descreve o remanescente confessando os seus fracassos ao Senhor. Por causa de seus pecados, o povo de Israel havia se submetido a muitos tiranos gentios; mas agora esses tiranos estavam mortos e não retornarão para escravizá-los. Deus disciplinou o Seu povo e trouxe-os para o lugar onde tudo o que podiam fazer era sussurrar suas orações (Is 26.16), mas Ele os ouviu e os entregou. “Concebemos nós e nos contorcemos em dores de parto, mas o que demos à luz foi vento...” (Is 26.18) – A agonia do “Dia do Senhor” é comparada com a dor de uma mulher em trabalho de parto (Is 13.6-8; 1Ts 5.1-3). Israel não conseguiu dar à luz as bênçãos que Deus queria que eles trouxessem ao mundo (Is 26.18). O que impediu Israel de ser uma bênção para o mundo? Eles abandonaram a adoração sincera ao verdadeiro Deus e se voltaram para os ídolos. É interessante que o verbo hebraico traduzido no versículo 13 “tido domínio” encontramos o substantivo baal, o nome de um deus cananeu cujos adoradores trouxeram tantos problemas a Israel.72 Mas a palavra Baal significa também “marido”, por isso a sugestão é que Israel não foi fiel a seu marido o Senhor, mas em sua infidelidade virou-se para um outro deus. “Como o orvalho que tu envias dá vida à terra, assim de dentro da terra os mortos sairão vivos...” (v. 19) – Isaías imaginou um orvalho celeste suavemente, mas poderosamente fazendo com que a terra desse à luz os seus mortos (26.19). Alguns pensam que Isaías estivesse prevendo a ressurreição final. Outros concordam que o esteja representado na linguagem poética a força do Evangelho que dá vida (Ef 5.14; Jo 5.25). Ainda outros pensam que a referência seja a restauração de Israel após o cativeiro (cf. Os 6.2; Ez 37.1-14).73 4. A exortação a Sião (Is 26.20-21). A restauração final de Israel não acontecerá de imediato. Portanto, a nação deveria continuar orando pela restauração, até que o tempo da indignação de Deus terminasse (Is 26.20). O período entre o momento da deportação assíria do Reino do Norte (que começou em 745 a.C.) até a destruição de Jerusalém em 70 d.C. é tratado no Antigo Testamento como o período de angústia para Jacó e o período de indignação (Jr 72 73 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 65). Wheaton, IL: Victor Books. Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 26.16–19). Joplin, MO: College Press. 39 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. 30.7; Dn 8.19). Outros acham que a referência é a que o Novo Testamento chama de a grande tribulação (Ap 2.22; 7.14). A ideia básica é que os crentes devem ser pacientes em tempos de turbulência e em oração esperar no Senhor. “Pois eis que o SENHOR sai do seu lugar, para castigar a iniquidade dos moradores da terra; a terra descobrirá o sangue que embebeu e já não encobrirá aqueles que foram mortos” (Is 26.21) – A fé exige que o justo continue vivendo na expectativa até que Deus saia do Seu lugar para castigar a iniquidade. Todos os pecados serão conhecidos (a terra descobrirá o sangue derramado sobre ela), se foram feitos em segredo ou em público. Estas palavras incentivaram o remanescente nos dias de Isaías a permanecer fiel ao Senhor, sabendo que Ele acabará por julgar o pecado. IV. O futuro de Israel (Is 27.2-13) No capítulo 27, Isaías olhou além do julgamento para o futuro glorioso que Deus reservou ao Seu povo. Este capítulo pode ser dividido em três seções, cada um começa com a expressão “naquele dia” (v. 1, v. 2-11, v. 12-13). 1. A canção da vinha (Is 27.1-6). “Naquele dia, o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o dragão, serpente veloz, e o dragão, serpente sinuosa, e matará o monstro que está no mar” (Is 27.1) – Com uma espada o Senhor vai cortar uma grande serpente chamada Leviatã, em hebraico. As nações ao redor de Israel tinham muitos mitos sobre monstros marinhos, um dos quais era comparado com um crocodilo (Jó 3.8; 41.1).74 Matar o leviatã era uma grande conquista (Sl 74.14), e o Senhor prometeu fazê-lo. Não há dúvida de que o leviatã seja uma referência as nações que se rebelaram contra o povo de Deus. “Naquele dia, dirá o SENHOR: Cantai a vinha deliciosa!” (Is 27.2) – Naquele dia, em que as superpotências caírem, Deus protegerá Sua preciosa vinha, ou seja, o verdadeiro Israel (cf. Is 5). Os inimigos da vinha “espinhos e abrolhos” terão duas escolhas. Eles poderão enfrentar o Senhor na batalha e encontrar-se com a destruição inevitável, ou poderão abraçar a Sua proteção, fazendo as pazes com Ele (v. 5). A vinha em seguida, florescerá tão gloriosa que toda a terra será abençoada com o seu fruto. 74 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 66–67). Wheaton, IL: Victor Books. 40 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. 2. O juízo vindouro (Is 27.7-11). “Porventura, feriu o SENHOR a Israel como àqueles que o feriram? Ou o matou, assim como àqueles que o mataram?” (Is 27.7) – O castigo do povo de Deus será muito menos do que os juízos que os povos pagãos experimentarão. Enquanto as nações pagãs serão aniquiladas, Israel será peneirado ao ser banido para terras estrangeiras. O julgamento de Deus será cuidadosamente controlado, isto é, o Senhor não destruirá Israel, apenas o dispensará (Is 27.8). O perdão somente será possível se “Jacó” renunciar à idolatria (v. 9). Embora pareça dolorosa a destruição da terra de Judá, foi um passo necessário no programa de recuperação de Deus. As ruínas da cidade fortificada, uma vez orgulhoso (Samaria? Jerusalém?) serão um lugar para o gado pastar e para mulheres recolherem a lenha. Esta devastação será necessária porque Israel foi um povo sem discernimento espiritual (Is 27.10). 3. Um dia de recolhimento (Is 27.12-13). “Naquele dia, em que o SENHOR debulhará o seu cereal desde o Eufrates até ao ribeiro do Egito; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos um a um” (Is 27.12) – Como o trigo debulhado e os grãos separados da palha, assim os israelitas serão separados e ajuntados um por um. O povo disperso de Deus será reunido em toda a Terra Prometida. Desde a Assíria até o Egito, o povo de Deus disperso será reunido por meio de uma trombeta (v. 13). Todo o povo de Deus, então, se unirá em culto no Monte Sião. A trombeta é “o anúncio do Evangelho” que reuniu (e ainda está reunindo) o verdadeiro Israel de Deus desde os confins do mundo.75 O Novo Testamento mostra o chamado do evangelho já tendo esse efeito duplo de peneirar e salvar (1Co 1.23-24), entre judeus e gentios.76 Conclusão: Deus preservará Seu povo, mesmo através das tribulações mais intensas, para desfrutar de Sua presença para sempre. Então, sejamos encorajados a permanecer firmes tendo o Cordeiro de Deus como nosso Pastor. Portanto, devemos diariamente nos lembrar de que o dia do juízo se aproxima. Você está preparado para se encontrar com Cristo? Você se considera um cidadão deste reino? Você vive como um verdadeiro servo que ama o seu Senhor e anseia pela Sua vinda? 75 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 27.12–13). Joplin, MO: College Press. Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 649–650). Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press. 76 41 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 28-31 Tempestade sobre Jerusalém. Introdução: 6 Os capítulos 28-31 trazem uma série de cinco “Ais” (Is 28.1; 29.1, 15; 30.1; 31.1), que se concentram principalmente em Jerusalém. Um sexto “Ai” é encontrado em Is 33.1, e se intercala com as “profecias” de julgamento e promessas de restauração e glória.77 O termo “Ai” (howy, em hebraico) significa “calamidade”, “tragédia” ou “lamentação”.78 Isaías exorta ao povo de Deus a abandonar os “tratados internacionais” e começar a confiar em Deus. A política externa não será capaz de salvar o povo. Todavia, eles estavam confiando em sua riqueza (Is 28) e alianças estrangeiras (Is 30-31). Mas nada disso, proclamou Isaías, poderia ajudá-los. Somente a vinda do Libertador poderia salválos dos inimigos (Is 32-33). Somente Deus é capaz de proporcionar paz e segurança ao Seu povo. I. “Ai” contra Efraim e Judá (Is 28) “Ai da soberba coroa dos bêbados de Efraim...” (Is 28.1) – As fortes declarações no capítulo 28 são dirigidas ao Reino do Norte (v. 1-13) e ao Reino do Sul (v. 14-29). Em pouco tempo o Reino do Norte cairia diante dos assírios (722 a.C.). Escrevendo ao povo do sul, Isaías os admoesta a não se comportarem como seus irmãos do Norte. A. “Ai” contra Efraim (Is 28.1-13) Neste primeiro “ai”, Efraim, o Reino do Norte, é comparado a um bêbado. A área do Norte era muito fértil. Samaria, a capital construída por Onri (1Rs 16.24), possuía uma vista para um vale frutífero (cf. Is 28.4). Por causa da beleza, Samaria é descrita como uma guirlanda de flores a coroar o monte onde estava edificada (cf. v 3). Contudo, a prosperidade os conduziu para longe do Altíssimo. O Reino do Norte estava jogando fora as bênçãos de Deus, como um bêbado desperdiça o seu dinheiro em busca de vinho. Aparentemente, a embriaguez era um problema tanto no Norte quanto no Reino do Sul. 77 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 68). Wheaton, IL: Victor Books. Weber, C. P. (1999). 485 הוֹי. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press. 78 42 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. 1. O julgamento contra Efraim (Is 28.1-6) “O Senhor vai enviar um homem forte e valente; ele virá como uma chuva de pedra, como uma tempestade destruidora, como violentas trombas-d’água. Ele arrasará tudo! (Is 28.2, NTLH) – Porém, uma tempestade vai destruir a coroa de flores. Isaías previu que a Assíria, como uma tempestade de granizo e um forte vendaval, devastaria as 10 tribos do norte. Samaria, como uma coroa de flores (cf. v 1), será pisada pelos assírios. Samaria se tornará como um figo amadurecido, que será devorado por um desconhecido antes de ser colhido (v. 4). Os figos eram considerados uma iguaria (cf. Os 9.10; Mq 7.1). Todavia, nesse dia de julgamento, Samaria aprenderá muito tarde que o Senhor, não Samaria, é a “coroa de glória” e o “formoso diadema” (v. 5), e que Ele é um Deus de justiça (v. 5-6).79 Essa tragédia nacional conduzirá alguns homens a contemplarem a verdadeira coroa de Israel, o próprio Deus (28.5-6).80 No entanto, um remanescente sobreviverá à catástrofe nacional e experimentará uma conversão genuína. 2. A recusa de Efraim em confiar em Deus (Is 28.7-13) “Eles falam mal de mim e perguntam: A quem é que esse profeta está querendo ensinar? Será que ele pensa que vai explicar a mensagem para nós? Será que somos bebês desmamados há pouco tempo?” (v. 9, NTLH) – Em seguida, o texto apresenta a resposta dos líderes. Eles estavam irados contra Isaías, porque o Senhor estava tentando corrigi-los como se fossem crianças (v. 9). Eles achavam que eram adultos e que não tinham necessidade de alguém dizer-lhes o que fazer ou pensar. Então, começaram a imitar Isaías como se estivesse falando como um “bebê”: “Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali” (v. 10) – O hebraico é difícil de traduzir: “... regra sobre regra, regra e mais regra” (sav lasav sav lasav / kav lakav kav lakav). Talvez seja uma imitação do balbuciar dos bêbados, que ficavam arremedando desse modo as mensagens proféticas, com o propósito de zombar do profeta. Pode significar também, uma expressão de zombaria. Conforme D. A. Carson, essa frase é equivalente ao nosso escárnio “blá, blá”.81 “... Um pouco aqui, um pouco ali” – Um pouco aqui, um pouco ali era um método usado no ensino de crianças, inculcando um pouco de cada vez. Em outras palavras, eles estavam se recusando a levar a sério as palavras de Isaías. 82 No entanto, Deus responderá a esses líderes no mesmo tom: eles acusaram o profeta de tagarelar sem sentido; logo, serão forçados a ouvir a incompreensível linguagem das nações estrangeiras enviadas para governar sobre eles: “Se vocês não quiserem ouvir o que eu digo, então o SENHOR falará com vocês por meio de estrangeiros, que falam uma língua estranha” (v. 11, NTLH). Embora Deus houvesse 79 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 70–71). Wheaton, IL: Victor Books. Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 28.1–6). Joplin, MO: College Press. 81 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 650). Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press. 82 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1077). Wheaton, IL: Victor Books. 80 43 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. oferecido descanso a Israel, eles se recusaram a ouvi-Lo e ao Seu Mensageiro (v. 12). Portanto, o Senhor iria transformar a zombaria contra eles. O SENHOR vai ensinar-lhes o bê-a-bá, como se fossem crianças. Eles tentarão andar, mas cairão de costas; serão feridos, cairão em armadilhas e serão presos (v. 13). Deus espera que Seu povo ouça atentamente Sua palavra e esteja disposto a compreendê-la (Dt 6.4-6; Mc 4.9). B. “Ai” contra Judá (Is 28.14-29) A mensagem de destruição a Israel por invasores estrangeiros também foi direcionada a Judá. Embora não fosse completamente destruída, porque Jerusalém não seria tomada, o povo de Judá iria enfrentará muito sofrimento. O Reino do Sul teve a mesma atitude que os irmãos do Norte. Eles também zombaram da revelação de Deus através de Isaías. 1. Contrariando a falsa segurança (Is 28.14-19). Diante da invasão Assíria (“açoite”) Judá se sentia segura. Os líderes haviam negociado um acordo sarcástico com o profeta Isaías, um “pacto com a morte” e um pacto com o além (“sheol”, v. 18). Tal arranjo era totalmente enganoso (28.14). Muito provavelmente, o profeta estava se referindo a um tratado feito com o Egito (cf. Is 31). Ao colocar essas palavras na boca dos líderes, Isaías sugeriu que eles sabiam que o Egito seria incapaz de fornecer qualquer ajuda diante dos poderosos assírios. A verdadeira segurança só poderia ser encontrada na pedra que Deus proveria (v. 16). Os líderes haviam colocado sua confiança numa aliança ilusória. Deus, porém, está edificando Jerusalém com materiais que inspiram segurança (Is 28.16-19). O apóstolo Pedro cita essa passagem com referência a Cristo, a pedra angular, aquele em que podemos ter absoluta confiança (1Pe 2.6). Buscar a proteção dos deuses falsos seria tão inadequado quanto deitar em uma cama que seja muito curta ou tentar cobrir-se com um cobertor que é muito pequeno.83 A destruição varreria Judá: “Vocês serão como o homem de que fala aquele provérbio: “A cama é tão curta, que ele não pode se deitar, o cobertor é tão estreito, que não dá para ele se cobrir” (v. 20, NTLH). “Pois o SENHOR vai se levantar, como se levantou no monte Perazim; ele vai ficar irado, como ficou no vale de Gibeão. Ele vai realizar o seu plano misterioso; vai fazer o seu trabalho estranho” (v. 22, NTLH) – “Mas Deus defendeu o Seu povo no passado!”, Eles argumentavam. “E quanto a vitória de Davi sobre os filisteus no monte Perazim [2Sm 5.17-21], ou a vitória de Josué sobre os amorreus em Gibeão [Js 10]?” Mas Josué e Davi eram líderes piedosos que confiavam e obedeciam a Deus.84 83 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1078). Wheaton, IL: Victor Books. 84 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 72–73). Wheaton, IL: Victor Books. 44 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “... Ele vai realizar o seu plano misterioso; vai fazer o seu trabalho estranho” (v. 22, NTLH) – O que os adversários de Isaías não sabiam é que Deus fará um “trabalho estranho”: Ele usará o inimigo para lutar contra o Seu próprio povo! Assim como o agricultor tem diferentes tarefas a executar e deve adaptar-se a cada tarefa, seja arar ou debulhar, então Deus deve fazer o trabalho que é necessário para trazer Seus propósitos eternos. Ele sabe exatamente que ferramenta usar e quando usá-la. Martinho Lutero, por exemplo, encontrou muito conforto ao refletir que, embora o julgamento seja um “trabalho estranho”, a salvação é o seu “bom trabalho”.85 2. Contrariando o erro teológico (Is 28.23-29). Isaías então proclama uma palavra de conforto nesta mensagem de aflição e julgamento. O profeta usou duas parábolas para refutar a ideia de que a justiça de Deus o impediria de trazer juízo sobre toda a terra. “Porventura, lavra todo dia o lavrador, para semear? Ou todo dia sulca a sua terra e a esterroa?” (Is 28.24) – O agricultor deve respeitar a ordem lógica da natureza se quiser obter uma colheita bem-sucedida (Is 28.24-25). O agricultor não passa a vida inteira arando a terra. É necessário um tempo para revolver a terra, lançar as sementes e a colheita. Da mesma forma, o julgamento de Deus não durará para sempre. Assim como o agricultor tem diferentes tarefas a executar e deve adaptar-se a cada tarefa, seja arar ou debulhar, então Deus fará o trabalho que é necessário para concretizar Seus propósitos eternos.86 Ele sabe exatamente que ferramenta usar e quando usá-la (28.2729). Ele é o Mestre “Fazendeiro”, que sabe como lidar com cada “colheita”. Portanto, o Reino do Sul deve submeter-se, porque Ele é maravilhoso em conselho (cf. 9.6) e magnífico em sabedoria (cf. 11.2).87 II. “Ai” contra Jerusalém (Is 29) A. O juízo contra Jerusalém (Is 29.1-4) “Ai da Lareira de Deus, cidade-lareira de Deus, em que Davi assentou o seu arraial! Acrescentai ano a ano, deixai as festas que completem o seu ciclo” (Is 29.1) – Este segundo dos cinco “ais” dos capítulos 28-33 Isaías continua com o tema da última parte do primeiro ai (Is 28.14-29), o Julgamento contra Jerusalém. Ao contrário do julgamento que varreria o Reino do Norte, esse julgamento em Jerusalém, apesar de muito grave, seria evitado pelo Senhor. Jerusalém não cairá nas mãos dos assírios. 85 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 650). Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press. 86 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 73). Wheaton, IL: Victor Books. 87 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1078). Wheaton, IL: Victor Books. 45 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Ai da Lareira de Deus...” (Is 29.1) – A expressão “lareira de Deus” (ariel, em hebraico) refere-se a Jerusalém. O termo “Ariel” significa “leão de Deus”. O leão era um símbolo da Assíria. Provavelmente, Isaías está declarando: “Assíria é agora o leão de Deus, e Jerusalém é o leão de Deus apenas no nome”. Porém, a palavra hebraica também significa “uma lareira do altar”, onde os holocaustos eram realizados (Ez 43.13-18). Isto é, Jerusalém se tornará um local de sacrifícios.88 Embora os assírios sob a liderança de Senaqueribe cercassem Jerusalém em 701 a.C., era como se Deus tivesse feito isso (Eu ... Eu ... Meu, v. 2-3). “Então, porei a Lareira de Deus em aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim verdadeira Lareira de Deus. Acamparei ao derredor de ti, cercar-te-ei com baluartes e levantarei tranqueiras contra ti” (Is 29.2-3) – Em vez de rugir e assustar o inimigo, o leão vai apenas sussurrar do pó (v. 4). Em vez de seus sacrifícios serem aceitos por Deus (v. 1), toda a cidade se tornaria um altar, e Deus fará do Seu povo um sacrifício.89 Embora Jerusalém fosse cercada não seria tomada naquele momento. B. A libertação de Jerusalém (Is 29.5-8) “Mas a multidão dos teus inimigos será como o pó miúdo, e a multidão dos tiranos, como a palha que voa; dar-se-á isto, de repente, num instante” (Is 29.5) – A proteção de Jerusalém descrita nesses versículos refere-se a sua libertação contra a Assíria, registrado no capítulo 37. Através das boas mãos soberanas de Deus, Jerusalém foi poupada. Embora 29.5-8 refere-se aos soldados assírios tornando-se assim como “o pó miúdo, e a multidão dos tiranos, como a palha que voa...”, esses versículos também parecem ter uma conotação escatológica (Zc 14.1-3), o Senhor Todo-Poderoso virá e destruirá cada nação. As ameaças dessas nações desaparecerão como um sonho. Quando os soldados assírios foram destruídos nos dias de Isaías, sem dúvida, o povo de Jerusalém estava delirando de alegria. Porém, ao invés de se voltarem para Deus à nação ficou mais profundamente envolvida no pecado. C. O Senhor apela para Jerusalém (Is 29.9-24) “Estatelai-vos e ficai estatelados, cegai-vos e permanecei cegos; bêbados estão, mas não de vinho; andam cambaleando, mas não de bebida forte” (Is 29.9) – O pecado cega, e às vezes Deus aumenta essa cegueira e embriaguez espiritual (Is 29.912). Os falsos profetas e os videntes não viam nem entendiam claramente parte do julgamento de Deus (v. 11-12).90 Na verdade, ninguém, nem mesmo as pessoas que sabiam ler, seriam capazes de entender esta verdade. 88 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 73). Wheaton, IL: Victor Books. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 73–74). Wheaton, IL: Victor Books. 90 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1079). Wheaton, IL: Victor Books. 89 46 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “O Senhor diz: Esse povo ora a mim com a boca e me louva com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A religião que eles praticam não passa de doutrinas e ensinamentos humanos que eles só sabem repetir de cor” (Is 29.13, NTLH) – O povo de Jerusalém, que professava conhecer a Deus, estava envolvido formalmente em atos de adoração, mas não adoravam a Deus em seus corações. Eles estavam mais preocupados com as regras legalistas feitas pelo homem do que com a Lei de Deus, que promove a misericórdia, a justiça e a equidade.91 Por causa disso, Deus irá julgá-los, a sua sabedoria desapareceria (v. 14). D. O Senhor apela para Jerusalém (Is 29.15-24) “Ai dos que escondem os seus planos do SENHOR, que fazem as suas maldades na escuridão e dizem: Ninguém nos pode ver! Ninguém sabe o que estamos fazendo!” (v. 15, NTLH) – Este “Ai” expôs as táticas políticas tortuosas dos governantes de Judá, que achavam que Deus não os disciplinaria pelo que estavam fazendo.92 Porém, não se pode esconder nada de Deus (1Rs 3.9; Pv 7-8). Eles estavam tentando virar as coisas de cabeça para baixo, o barro dizendo ao oleiro o que fazer: “Vocês invertem as coisas, como se o barro valesse mais do que o oleiro!” (Is 29.17; 45.9; 64.8; Jr 18 e Rm 9.20). Tal pensamento torcia os fatos e confundia o oleiro com o barro. Um vaso de barro, no entanto, não pode negar que o oleiro o fez, ou dizer que o oleiro é ignorante. Na verdade, as pessoas não sabiam nada sobre o que estava acontecendo, mas Deus sempre sabe de tudo. Em 29.17-24, Isaías pediu ao povo para olhar em frente e pensar no que Deus havia planejado: “Naquele dia, os surdos ouvirão a mensagem que será lida no livro fechado e lacrado, e os cegos ficarão livres da escuridão e poderão ver” (v. 18). A terra devastada se tornará um paraíso, os deficientes serão curados, e os desterrados serão enriquecidos e se alegrarão no Senhor. Não haverá mais escarnecedores ou pessoas sem escrúpulos que praticam a injustiça nos tribunais. Os fundadores da nação, Abraão e Jacó, verão seus muitos descendentes glorificando o Senhor.93 Os desobedientes serão convertidos e a cegueira não prevalecerá, então, o povo conhecerá os caminhos de Deus (Is 29.18). III. “Ai” dos filhos obstinados (Isaías 30) “Ai dos filhos rebeldes, diz o SENHOR, que executam planos que não procedem de mim e fazem aliança sem a minha aprovação, para acrescentarem pecado sobre pecado!” (Is 30.1) – Este oráculo e o próximo (cap. 31) descrevem a decisão tola do povo de Deus em tentar fazer uma aliança com o Egito para afastar a ameaça assíria. Ao invés de buscarem a Deus, “os filhos rebeldes” depositaram sua confiança no Egito. 91 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1079). Wheaton, IL: Victor Books. 92 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 75). Wheaton, IL: Victor Books. 93 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 75). Wheaton, IL: Victor Books. 47 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. A. Denúncia (Is 30.1-17) Isaías demonstrou a insensatez de se confiar no Egito de várias maneiras.94 1. Uma aliança humana (Is 30.1-5). A aliança com o Egito não estava em harmonia com o Espírito divino, que através de Isaías havia avisado de tais envolvimentos políticos. Enquanto confiavam em Faraó, eles estavam adicionando o pecado desconfiando do Senhor! (301.1). A aliança com o Egito era contrária ao propósito de Deus. Os enviados de Judá já estavam em Hanes e Zoã, limites extremos do Baixo Egito. Seus esforços, porém, foram desperdiçados. O Senhor já havia dito muitas vezes por meio de Isaías que Ele usaria Assíria para acabar com o Reino do Norte e puniria o Reino do Sul.95 Assim, buscar a ajuda do Egito era inútil (v. 3, 5). 2. Uma aliança inútil (Is 30.6-8) “Sentença contra a Besta do Sul...” (v. 6) – Isaías falou acerca da viagem ao Egito pelos mensageiros de Judá. Essa viagem foi difícil, perigosa, cara e inútil. O Egito justamente merecia o apelido de “Gabarola” (Dragão Manso, v. 7, NTLH).96 O Egito sempre se vangloriou mais do que podia ofereceu. No entanto, sua ajuda era vã e vazia. 3. Uma aliança rebelde (Is 30.9-14) Os cidadãos de Judá eram filhos rebeldes que se recusavam ouvir a palavra de Deus. Eles queriam que Isaías alterasse a sua mensagem e parasse de se intrometer nos assuntos do Estado. Eles desejavam palavras positivas sobre as perspectivas imediatas da nação (30.9-11). O juízo de Deus foi estabelecido em duas figuras marcantes (Is 30.13-14): (1) Uma parede com uma rachadura que cai de repente, e (2) Um vaso de oleiro destruído totalmente e que para nada mais serve: “Vocês serão completamente destruídos, como um vaso de barro que se quebra: não sobra nem um caco que sirva...” (v. 14, NTLH). 94 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 29.15–17). Joplin, MO: College Press. Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1080). Wheaton, IL: Victor Books. 96 Gabarola (rahab, em hebraico) era o nome de um monstro marinho fêmea associado a Leviatã (Is 27.1; Cf. Jó 9.13; 26.12). Talvez uma referência ao hipopótamo, um animal que muitas vezes se deita na água do Nilo, sem fazer nada. Compreensivelmente Raabe passou a ser um sinônimo poético para o Egito, quando Deus dominou os soldados egípcios no mar no Êxodo (cf. Is 51.9; Sl 87.4; 89.10). Assim, a ajuda do Egito não vale nada. 95 48 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. 4. Uma aliança arrogante (Is 30.15-18) Como uma alternativa para a dependência sobre o Egito, Isaías defendeu a neutralidade na política internacional e uma total dependência de Deus. Ele exortou o povo à obediência (30.15).97 Os estrategistas em Jerusalém pensavam que os cavalos do Egito poderiam livrálos contra a Assíria. Pelo contrário, o profeta declarou que os cavalos só iriam ajudá-los a fugir de seu inimigo. A cavalaria assíria era muito mais rápida: “Mil de vocês fugirão de um só inimigo que os atacar, cinco inimigos farão com que todos vocês fujam. Os poucos que restarem parecerão um mastro de bandeira sozinho no alto de um morro” (v. 17, NTLH). A única esperança era confiar no Senhor, mas eles não quiseram ouvir e obedecer. B. Promessa (Is 30.19-33) O fracasso de Judá em confiar em Deus levará à destruição. No entanto, no meio do julgamento, Deus demonstrará a sua graça. 1. Um Mestre glorioso (Is 30.19-26) No passado, o Senhor ensinou o Seu povo por meio de circunstâncias difíceis. No futuro, no entanto, eles realmente verão o seu Mestre. Este professor por excelência fornecerá a orientação diária para manter o Seu povo no caminho certo. Sob a influência deste Mestre, o povo desenvolverá uma aversão a idolatria (30.19-22). Esta parece ser uma profecia messiânica. Isaías descreveu as bênçãos de trabalho do professor em termos de prosperidade agrícola e pastoril. Água abundante e luz simbolizam a alegria e a prosperidade desse dia (cf. Ml 4.2). Naquela época, Deus curará o Seu povo quebrado e machucado pela mensagem vivificante do Evangelho (30.23-26). “Felizes são aqueles que põem a sua esperança nele!” (Is 30.18, NTLH) 2. A libertação maravilhosa (Is 30.27-33) No futuro mais próximo, o povo de Deus experimentará uma libertação maravilhosa. A aliança com o Egito era desnecessária, pois o próprio Deus esmagará o adversário. Deus será ao mesmo tempo um fogo consumidor e uma torrente de água. Suas ações se agitarão e peneirarão o mundo político. O povo de Judá se regozijará com grande libertação da dominação Assíria (30.27-29). Deus desencadeará uma tempestade furiosa contra os assírios. Sua “voz majestosa” (trovão) será ouvida, e “a descida do seu braço” (raios) será vista (v. 30). A Assíria tremerá diante da voz e da “vara de castigo” de Deus (v. 31). 97 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 30.15–18). Joplin, MO: College Press. 49 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Porque há muito está preparada a fogueira, preparada para o rei; a pira é profunda e larga, com fogo e lenha em abundância...” (v. 33). Este versículo contém um jogo sutil de palavras. O termo hebraico para pira de fogo e fogueira é Tofete, nome de um lugar situado no vale Hinom, onde, durante muito tempo, foram sacrificadas crianças como oferenda ao deus Moloque (2Rs 23.10). Por outro lado, o nome Moloque (melek, em hebraico) significa “rei”. Assim, nesta passagem deve ser uma referência ao rei da Assíria. Esse jogo de palavras indica que o rei da Assíria será sacrificado, ao invés de receber tais oferendas macabras (Lv 18.21). O exército assírio será destruído como uma pilha de madeira ou um sacrifício em Tofete (2Rs 23.10; Jr 7.31-32; 19.6, 11-14).98 Ou seja, por algum tempo, o Senhor estava recolhendo madeira em Tofete (fogueira) para a pira funerária do rei da Assíria e seus exércitos. IV. “Ai” contra a aliança egípcia (Is 31-32) Como a tragédia anterior (cap. 30) essa profecia também foi dirigida contra a aliança egípcia (cap. 31). Mas esse oráculo também fala sobre o rei messiânico que um dia libertará o Seu povo (cap. 32).99 O quinto “Ai” caiu sobre aqueles que propuseram aliança com o Egito como solução para a situação nacional de Judá. A. A denúncia (Is 31.1-3) “Ai dos que descem ao Egito em busca de socorro e se estribam em cavalos; que confiam em carros, porque são muitos, e em cavaleiros, porque são mui fortes, mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao SENHOR!” (v. 1) – A aliança com o Egito estava condenada. Do ponto de vista político, o movimento em direção Egito talvez pudesse ser defendido. Essa política, no entanto, não era de Deus. Desta forma, Deus se levantará contra “a casa dos malfeitores”, e qualquer um que possa ajudá-los (v. 2). B. A promessa (Is 31.4-9) “O SENHOR Deus falou comigo e disse: Um leão que pega e mata uma ovelha não se assusta, nem foge quando os pastores vêm gritando, mesmo que sejam muitos e gritem bem alto. Assim também eu, o SENHOR Todo-Poderoso, não me assustarei quando descer para lutar no monte Sião” (v. 4) – Deus travará uma guerra no Monte Sião. Deus será tão forte e determinado como um leão que encontrado sua presa. No entanto, ao mesmo tempo, Deus cuidará do Seu povo como pássaro protege os seus filhotes (v. 5). Diante da proteção divina, Isaías mais uma vez chama o povo ao 98 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1081). Wheaton, IL: Victor Books. 99 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1076–1082). Wheaton, IL: Victor Books. 50 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. arrependimento: “Povo de Israel, vocês se afastaram para longe de Deus; mas agora arrependam-se e voltem para ele” (v. 6). “Então, a Assíria cairá pela espada, não de homem; a espada, não de homem, a devorará; fugirá diante da espada, e os seus jovens serão sujeitos a trabalhos forçados” (v. 8) – Isaías afirmou de novo (cf. 30.31) que a Assíria cairá, mas somente por causa da obra de Deus (por uma espada que não é de homem).100 A referência é à destruição durante a noite do exército de Senaqueribe em 701 a.C. “De medo não atinará com a sua rocha de refúgio; os seus príncipes, espavoridos, desertarão a bandeira, diz o SENHOR, cujo fogo está em Sião e cuja fornalha, em Jerusalém” (v. 9) – A expressão “rocha de refúgio” refere-se ao seu rei ou a força do exército. Em qualquer caso, os assírios ficarão apavorados. Sião será uma fornalha de Deus. Em uma noite, o exército assírio foi exterminado (Is 37.36). Os comandantes assírios vendo que os soldados foram abatidos pelo Anjo do Senhor (Is 37.36), ficaram aterrorizados. O “fogo” pode referir-se ao fogo do altar do holocausto que queimava continuamente.101 Conclusão: Imagine o dinheiro que Judá teria economizado e o sofrimento que teria evitado se tivessem apenas descansado no Senhor e obedecido a Sua vontade. Todas as suas negociações políticas foram em vão. Eles optaram por confiar nas palavras dos egípcios, mas se recusaram dar ouvidos à voz de Deus!102 Deus nunca está muito cansado ou ocupado demais para ouvir e ajudar aqueles que com fé O buscam. Sua força se torna a nossa força, quando o Seu caminho se torna o nosso caminho (Is 49.23b). Você tem confiado em Deus? 100 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1081–1082). Wheaton, IL: Victor Books. 101 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1082). Wheaton, IL: Victor Books. 102 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 79). Wheaton, IL: Victor Books. 51 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 32-35 Nossa esperança não será frustrada. Introdução: 7 Nos quatro capítulos que concluem a primeira seção de sua profecia, Isaías convida-nos a olhar para alguns eventos futuros e ver o que Deus tem planejado para o Seu povo e o mundo. Embora as perspectivas para a Assíria fossem sombrias, a perspectiva do povo de Deus era bem diferente. I. O reinado do justo Rei A. Renovação Prometida (Is 32.1-8) “Eis aí está que reinará um rei com justiça, e em retidão governarão príncipes” (Is 32.1) – O Governante messiânico e seus subordinados governarão com justiça. Em contraste com os líderes condenados no capítulo 28, a nova liderança dará refúgio e refrigério ao povo de Deus. Os cegos espiritualmente verão e entenderão a verdade de Deus (32.1-4). “Ao louco nunca mais se chamará nobre, e do fraudulento jamais se dirá que é magnânimo” (v. 5) – O “louco” (nabel, em hebraico) e os “fraudulentos” (kelay) não serão mais respeitados. Como no livro de Provérbios o tolo ensina falsidade e desconsidera as necessidades dos outros (Pv 1.7, 32; 10.14). “Ninguém dirá que um semvergonha é uma pessoa de valor, nem que o malandro merece respeito” (v. 5, NTLH). Em contraste com o salafrário que perversamente tenta se aproveitar dos pobres e necessitados a pessoa nobre planeja fazer o bem aos outros.103 Nos dias de Isaías, como em nossos dias, as pessoas comuns admiram os “ricos e famosos”, mesmo que o caráter e a conduta dessas “celebridades” não mereça respeito. Porém, no reino, não haverá tal engano. Todos reconhecerão um homem mal e hipócrita (v. 5-6).104 Os pobres e indefesos não serão mais enganados! B. Renovação precedida por Desastres (Is 32.9-14) “Levantai-vos, mulheres que viveis despreocupadamente, e ouvi a minha voz; vós, filhas, que estais confiantes, inclinai os ouvidos às minhas palavras” (v. 9) – 103 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1082). Wheaton, IL: Victor Books. 104 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 81–82). Wheaton, IL: Victor Books. 52 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Atrás dos governantes egoístas de Judá, e influenciando-os para o mal, estavam as “mulheres aristocráticas” de Jerusalém, que eram complacentes e autoconfiantes em um momento de grave crise nacional (v. 9-14; 3.16-26; Am 4.1-3; 6.1-6). Isaías declarou que “em pouco mais de um ano”, a terra e as cidades serão desoladas (v. 10). Em pouco mais de um ano a oferta de uvas (e consequentemente do vinho) será cortada. As mulheres são convidadas a entrar em amarga lamentação sobre o terrível destino que se abateria sobre suas terras (32.9-12). Isaías previu o abandono completo de Judá. Espinhos e abrolhos tomarão a terra. Jerusalém se tornará um deserto e o palácio abandonado. Animais encontrariam refúgio nas ruínas da cidade (32.13). Esta sentença divina contra Jerusalém começou a ser executada pelos assírios em 701 a.C. No entanto, por causa do bom rei Ezequias, a cidade foi poupada. A destruição foi finalmente efetuada pelos babilônios em 586 a.C.105 C. Renovação realizada pelo Espírito (Is 32.15-20) “até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto; então, o deserto se tornará em pomar, e o pomar será tido por bosque” (v. 15) – A condição desolada de Jerusalém continuará até o derramamento do Espírito de Deus. De 586-538 a.C. a terra de Judá permaneceu abandonada. Sob a liderança de Esdras, Neemias e os profetas pósexílio, o templo foi reconstruído e a cidade foi restaurada. Em 445 a.C., os muros de Jerusalém foram reconstruídos. A cidade prosperou durante todo o período intertestamentário. Todavia, durante a maior parte desse tempo, Jerusalém permaneceu sob o domínio de alguma potência estrangeira. Primeiro, os persas, em seguida, os gregos, e, finalmente, os romanos. A glória (Shekinah) já não residia no Santo dos Santos. Deus permaneceu em silêncio. A terra ficou sem a voz viva da profecia. Por essas razões, Jerusalém era considerada deserta durante o período entre os testamentos. Entretanto, com o derramamento do Espírito no dia de Pentecostes, uma nova era foi inaugurada. Isaías retratou as bênçãos associadas com a vinda do Espírito em termos de campos férteis e florestas exuberantes. O princípio básico exposto neste versículo é que a paz não é algo que Deus simplesmente derrama sobre uma sociedade corrupta: a terra deve ser limpa e resemeada com justiça, cujo fruto é paz (16-17). Para isso, a promessa do Espírito (15) é imprescindível.106 Isaías comparou os inimigos a uma floresta (cf. 10.18, 33) e uma cidade (cf. 24.10; 25.2; 26.5). Como na antiga guerra santa, Deus usará o granizo para derrubar os inimigos. Por outro lado, aqueles que são cidadãos no reino, desfrutarão de bênçãos em abundância. Novamente Isaías utiliza imagens agrícolas. As lavouras serão tão abundantes que o agricultor não terá que se preocupar em estocar alimento (32.19). 105 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 32.9–14). Joplin, MO: College Press. Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 652). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 106 53 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. II. A verdadeira solução (Is 33) O capítulo 33 traz o Livro de “Ais” para esta grande conclusão: o opressor será destruído e o Senhor será exaltado. Os seis primeiros versículos constituem uma introdução aos principais temas do capítulo. O restante do capítulo pode ser dividido em duas grandes unidades que falam da exaltação e do reino do Senhor. A. Introdução (Is 33.1-6) “Ai de ti, destruidor que não foste destruído, que procedes perfidamente e não foste tratado com perfídia! Acabando tu de destruir, serás destruído, acabando de tratar perfidamente, serás tratado com perfídia” (Is 33.1) – Ao contrário dos últimos cinco “Ais”, o sexto não caiu sobre o povo de Deus (28.1; 29.1, 15; 30.1; 31.1). A palavra “destruidor” é uma referência a Assíria. Durante algum tempo, pela guerra e pela discrição este poder implacável dominou o antigo Oriente Próximo. Esse período de opressão, no entanto, não seria interminável. Em total descrença, o rei Ezequias havia tentado “subornar” os assírios (2Rs 18.13-15); mas Senaqueribe havia quebrado o acordo e invadido Judá de qualquer maneira. Ele era um ladrão, um traidor, e um tirano; e Deus prometeu julgá-lo. Ele havia destruído os outros, então será destruído.107 Deus não se deixa escarnecer; pecadores colhem o que semeiam (Gl 6.7). “SENHOR, tem misericórdia de nós; em ti temos esperado; sê tu o nosso braço manhã após manhã e a nossa salvação no tempo da angústia” (Is 32.2) – Isaías 33.2 é uma oração do remanescente piedoso quando Jerusalém foi cercada pelo exército assírio. Deus havia prometido que teria misericórdia daqueles que confiassem nEle (Is 30.18-19). Deus poupou Jerusalém por amor a Davi (37.35) e por um remanescente crente que confiou e orou. Nunca subestime o poder de uma minoria orando. O rei Ezequias fez uma coisa tola quando tomou os tesouros do templo e tentou subornar Senaqueribe (2Rs 18.13-16), mas Deus o perdoou e lembrou-lhe que “o temor do Senhor é o [seu] tesouro” (Is 33.6). A descrença olha para os recursos humanos para pedir ajuda, mas a fé olha para Deus.108 B. O dia da exaltação (Is 33.7-16) “Eis que os heróis pranteiam de fora, e os mensageiros de paz estão chorando amargamente” (Is 33.7) – Isaías agora amplia o tema da exaltação de Deus. Primeiro, ele esboçou a necessidade desesperada do povo. Antes da libertação, Jerusalém será reduzida a um estado lamentável. Mesmo os homens valentes ficarão chocados. Emissários de paz falharão em sua missão e as estradas ficarão desoladas e inseguras (Is 107 108 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 83). Wheaton, IL: Victor Books. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 83–84). Wheaton, IL: Victor Books. 54 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. 33.7-9). No entanto, na hora mais escura, Deus manifestará o Seu poder. Ele se dirigiu, por assim dizer, aos invasores assírios. Seus planos sobre Judá eram fúteis. A luta para subjugar Judá foi comparado a uma gestação dolorosa que resultou em nenhum nascimento. Os invasores assírios serão consumidos rapidamente como espinhos e abrolhos pela ira de Deus (Is 33.10-12). A libertação de Jerusalém não apenas glorificará a Deus entre os gentios, mas também espalhará temor entre os judeus (Is 33.14-16). Quando os judeus viram 185.000 soldados assírios mortos por Deus em uma noite, eles perceberam novamente que o Deus de Israel era “um fogo consumidor” (Is 10.17; Hb 12.29). Isaías descreve o tipo de pessoa que Deus aceitará e abençoará (Is 33.14-16; Sl 15 e 24). Quem poderá residir na presença de Deus? Isaías deu a resposta com a descrição de seis características do homem justo. Primeiro, características positivas: (1) Aquele que anda em justiça e (2) Fala com sinceridade. Segundo, as características negativas: (1) Aquele que rejeita avareza, (2) Suborno e (4) Ou qualquer tipo de mal. Esse homem desfrutará de segurança no dia do julgamento. Essas qualidades quando confiamos em Jesus Cristo e crescemos na graça. C. O reino glorioso (Is 33.17-24) “Os teus olhos verão o rei na sua formosura, verão a terra que se estende até longe” (v. 17) – Aqueles que sobreviveram ao julgamento temporal (ou seja, homens justos) contemplarão com os olhos da fé “o rei na sua formosura”, isto é, o próprio Deus (cf. 33.22) e, também, contemplarão “uma terra muito distante” (Is 33.17). O reino do Messias será uma cidade segura. Ao contrário da Jerusalém histórica, esta Sião, se situará ao lado de rios largos, mas não rios que permitirão ataques naval (Is 33.18-21). O pensamento é que Jerusalém teria uma fonte de água abundante (Hb 12.28). A presença do Senhor na Sião Celestial funcionará de três formas: (1) Como juiz, como um daqueles salvadores cheios do Espírito que poupará Israel dos opressores estrangeiros; (2) Como legislador, ou seja, aquele que regula a vida através de Sua instrução; e (3) Como rei, com soberania absoluta sobre todos os habitantes (Is 33.22). Nos dias de Isaías Jerusalém parecia um grande navio, totalmente despreparado para as águas agitadas da invasão assíria. No entanto, a cidade experimentará um poderoso livramento. Mesmo os deficientes físicos serão capazes de participar do espólio do invasor. Esse enriquecimento, no entanto, não será nada comparado com o benção espiritual que resultará a partir do arrependimento nacional induzido pela invasão. Deus perdoará a iniquidade dos Seus habitantes. 55 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. III. O julgamento das nações e a restauração do povo de Deus (Is 33-35) “Ai de ti, destruidor que não foste destruído, que procedes perfidamente e não foste tratado com perfídia! Acabando tu de destruir, serás destruído, acabando de tratar perfidamente, serás tratado com perfídia” (Is 33.1) – O tema da soberania de Deus sobre as nações hostis (Is 29.5-8; 30.27-33; 31.4-9; 33.1, 18-19) culmina no capítulo 34 com uma vívida descrição do juízo universal. O Senhor julgará as nações, resultando em carnificina generalizada e derramamento de sangue. Até os céus não escaparão. As estrelas, talvez simbolizando oposição celeste a Deus (ver 24.21), são retratadas como apodrecendo e caindo como uma folha de figo no chão (Is 34.4). O Senhor destacou Edom como representante das nações (ver 63.1-6). O profeta comparou o abate sangrento de Edom a um grande sacrifício de ovinos e bovinos. Esse dia de vingança e retribuição em nome de Jerusalém reduzirá Edom a um estado de desolação perpétua. Por decreto divino suas ruínas cobertas de ervas daninhas serão povoadas apenas por criaturas do deserto como corujas e hienas. “O deserto e a terra se alegrarão; o ermo exultará e florescerá como o narciso. Florescerá abundantemente, jubilará de alegria e exultará; deu-se-lhes a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Sarom; eles verão a glória do SENHOR, o esplendor do nosso Deus” (Is 35.1-2) – Em contraste com Edom, Mas o deserto não permanecerá um deserto, pois o Senhor transformará a Terra em um Jardim do Éden. Toda a natureza parece ansiosamente pela vinda do Senhor (Is 55.12-13, Rm 8.19; Sl 96.11-13; 98.7-9), por que a natureza sabe que será libertada da maldição do pecado (Gn 3.17-19) e compartilhará a glória do reino. Líbano, Carmelo e Sarom foram três dos lugares mais fecundos e belos na terra, e ainda o deserto será mais proveitoso e bonito do que os três lugares juntos! Não haverá mais “terra seca” (Is 35.7), porque a terra se tornará um jardim de glória.109 “Fortalecei as mãos frouxas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos desalentados de coração: Sede fortes, não temais. Eis o vosso Deus. A vingança vem, a retribuição de Deus; ele vem e vos salvará” (v. 3-4) – As pessoas desanimadas serão renovadas. Esta renovação é em comparação com a cura milagrosa de diversas deficiências físicas e ao florescimento de um deserto quente e seco. Onde antes havia apenas areia e criaturas do deserto, haverá agora flores, verdes pastos, água abundante e densa vegetação.110 “E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, pois será somente para o seu povo; quem quer que por 109 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 88). Wheaton, IL: Victor Books. Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible commentary (p. 278). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers. 110 56 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. ele caminhe não errará, nem mesmo o louco” (Is 35.8) – Em cidades antigas, havia muitas vezes estradas especiais que somente os reis e sacerdotes poderiam usar; mas quando o Messias reinar, todo o Seu povo será convidado a utilizar este caminho.111 “Os resgatados do SENHOR voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido” (Is 35.10) – Aqueles que choram são abençoados , porque eles serão consolados. Quando o povo de Deus retornou de Babilônia eles voltaram chorando (Jr 50.4); mas caminharão para o céu, para a Nova Jerusalém, com uma canção nos lábios que nenhum homem aprenderá (Ap 14.3). Conclusão: Quando Isaías falou e escreveu estas palavras, é provável que os assírios houvessem devastado a terra, destruído as colheitas e tornado as estradas inseguras para viagens. O povo estava preso em Jerusalém, perguntando-se o que aconteceria em seguida. O restante estava confiando nas promessas de Deus e orando pela ajuda de Deus, e o Senhor respondeu suas orações. Se Deus cumpriu suas promessas ao Seu povo há séculos e os libertou, será que Ele não cumprirá Suas promessas no futuro e estabelecerá Seu reino glorioso para o Seu povo escolhido? Claro que Ele o fará! O comentarista bíblico Warren Wiersbe estava certo quando declarou: “O futuro é seu amigo quando Jesus Cristo é o seu Salvador e Senhor”.112 111 112 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 89). Wheaton, IL: Victor Books. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 89). Wheaton, IL: Victor Books. 57 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 36-39 O livro de Ezequias. Introdução: 8 O rei Ezequias enfrentou três crises em um curto espaço de tempo: uma crise internacional (a invasão do exército assírio), uma crise pessoal (uma doença à beira da morte) e uma crise nacional (a visita dos enviados da Babilônia). Ele se saiu, vitoriosamente nas duas primeiras, mas tropeçou na terceira crise.113 O rei Ezequias foi um grande e piedoso homem, mas era um homem sujeito a muitas falhas. Os capítulos 36-39 nos ensinam algumas lições valiosas sobre fé, oração e o perigo do orgulho. Embora a definição de hoje seja diferente, os problemas e as tentações ainda são as mesmas; a história de Ezequias é a nossa história, e o Deus de Ezequias é o nosso Deus. I. O desafio inicial (Is 36.1-37.7) “No ano décimo quarto do rei Ezequias, subiu Senaqueribe, rei da Assíria, contra todas as cidades fortificadas de Judá e as tomou” (Is 36.1) – No décimo quarto ano de Ezequias (701 a.C.) o exército assírio havia invadido Judá e avançado sobre Jerusalém. De acordo com 2Reis 18.14-16, o rei Ezequias havia pagado tributos ao rei Senaqueribe, a fim de que Jerusalém recebesse imunidade. Porém, a Assíria mudou de ideia e decidiu invadir a cidade de Jerusalém. Nesta crise, o rei Ezequias escolheu o caminho da confiança em Deus. Os capítulos 36-37 servem como contrapeso aos capítulos 7-8 em que orgulhoso e teimoso rei Acaz em uma crise semelhante escolheu colocar a sua confiança no homem.114 A. O ultimato de Rabsaqué (Is 36.1-20) “Rabsaqué lhes disse: Dizei a Ezequias: Assim diz o sumo rei, o rei da Assíria: Que confiança é essa em que te estribas?” (v. 40) – Senaqueribe teve pouca dificuldade de conquistar todas as cidades fortificadas de Judá. A descoberta dos antigos Anais de Senaqueribe revela quais foram as cidades conquistadas em sua campanha do sul de Sidom até a costa do Mediterrâneo. Por sua própria contagem, havia quarenta e seis dessas cidades.115 O assírio mantinha seu quartel-general em Laquis, uma cidade a cerca 113 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 91). Wheaton, IL: Victor Books. Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 36.1–37.7). Joplin, MO: College Press. 115 Senaqueribe comemorava suas vitórias em Judá com um relevo de parede em seu palácio em Nínive retratando o ataque e captura de Laquis. Ele sustentava que havia calado a boca de Ezequias em Jerusalém “Como um pássaro em uma gaiola” e ofereceu um relato detalhado de suas conquistas: “Eu cerquei 46 de suas cidades fortificadas, fortalezas muradas e as inúmeras 114 58 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. de 40 km a sudoeste de Jerusalém. Enquanto Senaqueribe permanecia em Laquis dirigindo o ataque contra os filisteus, ele enviou três de seus principais executivos: Tartã, Rabe-Saris e a Rabsaqué (2Rs 18.17) com tropas suficientes para intimidar Ezequias. Isaías enfatizou a ironia de Rabsaqué (“comandante do campo”) desafiando a confiança de Ezequias no mesmo lugar onde cerca de trinta e três anos antes Isaías havia desafiado o rei Acaz a se comprometer com tal política. Os três homens foram recebidos por três dos principais oficiais de Judá: Eliaquim, Sebna (Is 22.15-25) e Joá (36.3). Rabsaqué emitiu dois desafios, um para o rei Ezequias e um para os defensores de Jerusalém. 1. O desafio de Ezequias (Is 36.4-10). Rabsaqué começou sua conversa com os nobres de Judá, atacando o que percebeu serem os motivos que levaram a rebelião de Ezequias. Primeiro, ele argumentou que a dependência sobre o Egito de nada serviria (v. 6). Todos os que já haviam tentado se apoiar no Egito, “a cana esmagada” só haviam perfurado a mão como um caniço quebrado (36.4 b-6). Neste ponto, Rabsaqué e Isaías estavam em completo acordo. Em segundo lugar, Rabsaqué argumentou que a dependência do Senhor seria inútil contra a Assíria (v. 7). Em seguida, o assírio apontou a fraqueza militar de Judá, a falta de cavalaria. Ele, sarcasticamente, argumentou que mesmo que os assírios doassem dois mil cavalos aos rebeldes, eles não seriam capazes de arrumar cavaleiros (36.8). No auge do seu argumento Rabsaqué afirmou que o Senhor lhe havia ordenado destruir a Judá (v. 10). Era uma maneira de aterrorizar as pessoas, fazendo-os pensar que Deus havia realmente se voltado contra eles.116 No entanto, Isaías havia dito que Jerusalém não cairia diante dos assírios, de modo que o comandante estava errado. Rabsaqué estava tentando a todo o custo minar a esperança dos judeus. 2. O pedido dos funcionários (Is 36.11-12). “Então, disseram Eliaquim, Sebna e Joá a Rabsaqué: Pedimos-te que fales em aramaico aos teus servos, porque o entendemos, e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre os muros” (Is 36.11) – Os representantes de Ezequias interromperam a Rabsaqué e fizeram um pedido, que as negociações fossem conduzidas em língua internacional (aramaico), e não na língua dos judeus (hebraico). Eles ficaram pequenas aldeias em suas imediações, e as conquistei... eu expulsei 200.150 pessoas, jovens e velhos, homens e mulheres, cavalos, mulas, jumentos, camelos, gados grandes e pequenos além da conta e os considerei despojos”. Cogan, M. (2011). Sennacherib. In (M. A. Powell, Org.)The HarperCollins Bible Dictionary (Revised and Updated). New York: HarperCollins. 116 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1087). Wheaton, IL: Victor Books. 59 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. preocupados com o efeito que essas demandas poderiam ter sobre os defensores sentados nos muros próximos. Com arrogância ainda maior, Rabsaqué rejeitou o pedido. Ele queria que os soldados de Judá percebessem as terríveis privações que ocorreriam se o rei Ezequias recusasse a entregar a cidade. Rabsaqué não havia sido enviado para negociar, mas para minar a vontade de Jerusalém em resistir (v. 11-12). 3. O desafio dos assírios (Is 36.13-22) “Então, Rabsaqué se pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse: Ouvi as palavras do sumo rei, do rei da Assíria” (v. 13) – Rabsaqué ergueu a voz e clamou em nome de seu rei a todos os cidadãos de Jerusalém. Seu argumento era constituído por cinco pontos. Primeiro, Ezequias não seria capaz de salvar sua capital dos assírios (36.14). Em segundo lugar, as promessas de Ezequias de que o Senhor não permitiria que a cidade caísse diante do inimigo era em vão (3.15). Em terceiro lugar, a renúncia significaria paz imediata. Os judeus seriam autorizados a voltar para suas plantações e casas (36.16). Em quarto lugar, a deportação não seria tão ruim, por que eles encontrariam uma terra de abundância semelhante à sua própria (36.17). Finalmente, o assírio argumentou que outros deuses haviam entregado suas cidades. Até mesmo Samaria, que também adorava o Senhor, ainda que de uma forma pervertida, havia caído. Por que seria diferente com Jerusalém? (36.18-20). B. A reação ao desafio (Is 36.21-37.7) O momento supremo no drama já havia chegado. Será que Judá se curvaria diante da lógica do Rabsaqué? Ou buscaria a ajuda do Senhor? Isaías descreveu a reação ao desafio do Rabsaqué em dois níveis. 1. A reação do rei (Is 36.21-37.5) “Mas o povo ficou calado, como o rei Ezequias havia mandado; eles não disseram nem uma só palavra” (v. 21, NTLH) – A equipe de negociação de Ezequias recebeu ordens para não se envolver em debate com Rabsaqué. Ao entrar novamente no complexo do palácio, porém, os três funcionários rasgaram suas vestes em angústia. Em seguida, relataram a Ezequias as condições de rendição do adversário (Is 36.22). Ao ouvir as exigências de Rabsaqué, o rei Ezequias rasgou as suas vestes e cobriuse com pano de saco para simbolizar sua agonia e entrou na Casa do Senhor. Aquele foi um dia sombrio para Judá (v. 3). Ezequias enviou emissários ao profeta Isaías em busca de ajuda (Is 37.1-5). Os homens informaram a Isaías da situação, pediram uma palavra do Senhor contra os assírios, e então, pediram ao profeta para orar por eles. Ezequias 60 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. estava reconhecendo, assim, que o Senhor falava através de Isaías. Isto contrasta com a atitude do rei Acaz, pai de Ezequias (Is 7; cf. 2Rs 18), 2. A reação do profeta (Is 37.6-7). Como Isaías reagiria diante desses líderes que durante tantos anos haviam ridicularizado a sua mensagem (cf. 30.8-11)? Isaías declarou que o rei não deveria temer as palavras de Rabsaqué (v. 6). Ezequias deveria rejeitar a exigência de rendição. Então, o profeta disse que o rei assírio voltaria para casa, onde seria morto (Is 36-38). II. O desafio intensificado “Voltou, pois, Rabsaqué e encontrou o rei da Assíria pelejando contra Libna; porque ouvira que o rei já se havia retirado de Laquis” (v. 8) – Rabsaqué retornou ao seu mestre para obter mais instruções. Ele encontrou-se com Senaqueribe em Libna, onde o exército assírio estava conduzindo as operações do cerco. Ao ouvir sobre rumores do avanço de Tiraca, o governante etíope do Egito, Senaqueribe percebeu que seu tempo na Palestina poderia ser encurtado (v. 10). Resolveu fazer um último esforço para manter a total submissão de Ezequias. Os mensageiros foram a Jerusalém levando uma carta do grande Rei (37.14). A. O conteúdo da carta (Is 37.10-13) A carta pedia que Ezequias não se enganasse pensando que Jerusalém não seria destruída. O rei de Judá não era certamente ignorante das muitas conquistas das forças assírias (v. 12).117 Senaqueribe citou vários exemplos e, em seguida, perguntou por que os deuses desses povos não os livraram do poder da Assíria. O “grande rei”, obviamente, considerava o Senhor como um deus inferior de um reino inferior (Is 37.10-12). Senaqueribe concluiu a carta com uma ameaça sinistra contra Ezequias. Ele lembrou ao rei do que havia acontecido com os reis dessas nações conquistadas pela Assíria. O rei de Judá era muito familiarizado com as terríveis torturas que os assírios infligiram aos reis rebeldes (Is 37.13). Diante das ameaças de Senaqueribe, será que Ezequias continuaria confiando no Senhor? 117 Senaqueribe disse Ezequias que os deuses de outras nações não foram capazes de ajudá-los contra o avanço assírio (Is 36.18-20). Gozã, uma cidade às margens do rio Habor, foi conquistada cerca de 100 anos antes pelos assírios. Harã, uma cidade na Síria, era naquele tempo uma fortaleza assíria. Rezefe, também uma cidade aramaica, foi capturada cerca de 100 anos antes pelos assírios. Éden estava localizada, provavelmente, no norte da Mesopotâmia, e pode se referir a um território em Tel Assar. A localização de Hena e Iva são desconhecidas, mas, provavelmente, estivessem localizadas na região da Babilônia. 61 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. B. A reação do rei Ezequias (Is 37.14-32) “Tendo Ezequias recebido a carta das mãos dos mensageiros, leu-a; então, subiu à Casa do SENHOR, estendeu-a perante o SENHOR” (v. 14) – Mais uma vez a narrativa revela a reação de ambos, o rei e o profeta ao desafio da carta de Senaqueribe. A resposta de Ezequias indicava que ele estava determinado mais do que nunca a colocar tanto o seu próprio destino e de sua cidade nas mãos do Senhor. 1. A resposta do rei (Is 37.14-20). Depois de ler a carta de Senaqueribe, Ezequias subiu ao Templo e a estendeu perante o Senhor. Ele se dirigiu a Deus como o Senhor dos Exércitos. Embora entronizado no Monte Sião sobre os querubins, Ele era o Deus de todos os reinos da terra. Sua soberania divina sobre todos os povos era derivada do fato de que Ele era o criador do céu e da terra (Is 37.14-16). 2. A resposta do profeta (Is 37.21-35). “Então, Isaías, filho de Amoz, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel...” (v. 21) – Senaqueribe havia falado contra o Senhor; Ezequias havia falado com o Senhor; agora finalmente Deus falava com o rei. Em resposta à oração de Ezequias, o Senhor proclamou uma palavra de encorajamento. A resposta de Deus a esta oração foi enviar ao rei Ezequias uma mensagem tríplice de garantia: Jerusalém não seria tomada (v. 22, 31-35); os assírios partiriam (v. 23-29); e os judeus não iriam morrer de fome (v. 30). (1) Jerusalém não seria entregue (v. 22, 31-35). A “filha de Sião” ainda era virgem, ela não havia sido devastada pelo inimigo. Ela podia olhar para os assírios e balançar a cabeça com desprezo, pois não podia tocá-la. (2) Os assírios partiriam (v. 23-29). Deus dirigiu-se ao rei assírio orgulhoso e lembrou-se de todas as palavras arrogantes que ele e os seus servos haviam falado. “Eu” e “meu” ocorrem sete vezes nessa passagem.118 A Assíria não conquistará Jerusalém e os sobreviventes voltarão aos poucos à vida normal (v. 30-34). (3) As pessoas não morrerão de fome. “Este é o sinal daquilo que vai acontecer: neste ano e no ano que vem, vocês terão para comer somente o que nascer por si mesmo, sem ser plantado. Mas no ano seguinte vocês poderão semear e colher cereais e também plantar parreiras e comer as uvas” (v. 30-31) – As pessoas terão que comer o que crescesse a partir do cultivo anterior. Eles também precisavam renovar suas fazendas depois de todo o dano que os assírios haviam causado. Mas o mesmo Deus que os livrou os sustentará. Será como os anos antes e depois do Ano do Jubileu (Lv 25.1-24). Assim, o Senhor demonstrará o Seu amor duradouro por Davi, o fundador da dinastia que governou Judá (Is 37.33-35). 118 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 97–98). Wheaton, IL: Victor Books. 62 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. C. A previsão cumprida (Is 37.36-38) “Então, saiu o Anjo do SENHOR e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil; e, quando se levantaram os restantes pela manhã, eis que todos estes eram cadáveres” (v. 36) – Isaías descreveu em apenas três versículos um dos momentos mais dramáticos da história de Israel. Desde o capítulo 7, Isaías havia argumentado que a única maneira de Judá lidar com a crise era confiar no Senhor. O anjo do Senhor visitou o acampamento assírio naquela noite e feriu 185 mil inimigos. Rabssaqué havia declarado também que um oficial subalterno assírio era mais forte do que 2.000 cavaleiros judeus (Is 36.8-9), mas foi necessário apenas um dos anjos de Deus para destruir 185.000 soldados assírios! (Êx 12.12; 2Sm 24.15-17). Isaías havia profetizado a destruição do exército assírio. Deus iria cortá-los como uma floresta (Is 10.33-34), devastá-los com uma tempestade (Is 30.27-30), e jogá-los no fogo como o lixo no lixão da cidade (v. 31-33). Com o exército dizimado, Senaqueribe não teve alternativa a não ser voltar para casa. Rabsaqué havia chamado Senaqueribe de “o grande rei” (36.4); Deus o chamou apenas de “o rei da Assíria”. Cerca de vinte anos depois, enquanto adorava no templo de seu deus Nisroque, Senaqueribe foi assassinado. III. O desafio individual (Is 38.1-39.8) No capítulo 37, o rei da Assíria não conseguiu escapar do Senhor (Is 37.7, 38), mas o que dizer do rei de Judá? No capítulo 38, o rei Ezequias é acometido de uma doença que o levará à morte, no entanto, a primeira reação de Ezequias foi buscar o Senhor. Isso aconteceu na época da invasão Assíria, porque Jerusalém não havia sido entregue a Assíria ainda (Is 38.6). Os acontecimentos deste capítulo também são registrados em 2Reis 20.1-11 e 2Cr 29-32. A. A oração de Ezequias (Is 38.1-8) “Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; veio ter com ele o profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás” (Is 38.1) – Ezequias adoeceu mortalmente. Não somos informados como Ezequias ficou doente. Pode ter sido por algo óbvio a todos, ou pode ter sido uma enfermidade que somente Deus conhecia. No entanto, a doença de Ezequias foi permitida pelo Senhor. “Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás” (Is 38.1) – A morte é uma visitante horrível. A morte é uma grande intrusa. Ela não faz acepção de pessoas. Não importa quem somos ou o que temos, a morte é a mesma para todos. Ela é universal. No fim das contas, o mesmo que acontece com as pessoas acontece com os animais. Tanto as pessoas como os animais morrem (Ec 3.18-20). O homem está à porta da eternidade a cada dia de sua vida. 63 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Porém, note que Deus foi extremamente gentil com Ezequias, dizendo-lhe que sua morte estava próxima. Nem todas as pessoas têm a hora definida para colocar a sua casa em ordem. Isaías pediu-lhe para colocar a casa em ordem, porque estava prestes a morrer. Sabemos ao comparar 2Reis 18.2 com 2Reis 20.6, que Ezequias tinha 39 anos quando soube que morreria. Então, Ezequias virou o rosto para a parede e orou como nunca havia feito em sua vida. Chorando, ele pediu ao Senhor para considerar sua caminhada e sua obra. “Então, veio a palavra do SENHOR a Isaías, dizendo: Vai e dize a Ezequias: Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; acrescentarei, pois, aos teus dias quinze anos” (Is 38.4-5) – O pedido foi atendido rapidamente, o profeta Isaías não tinha ido muito longe quando o Senhor deu-lhe a resposta (2Rs 20.4). Deus ouviu a oração de Ezequias. Isaías foi enviado de volta para dar ao doente a boa notícia. Quinze anos seriam acrescentados à sua vida. Além disso, Deus prometeu livrar o rei e sua capital, das mãos do rei da Assíria (38.4-6). É interessante notar que o profeta tornou-se o médico do rei e disse aos atendentes o que fazer: “Ponham uma pasta de figos em cima da úlcera do rei, e ele ficará bom” (Is 38.21, NTLH). Deus pode curar usando quaisquer meios que deseja.119 Além disso, Isaías ofereceu ao rei um sinal: “Na escadaria feita pelo rei Acaz, o SENHOR fará com que a sombra volte dez degraus. E a sombra voltou dez degraus” (v. 8, NTLH). A pedido do rei, a sombra do sol voltou na escada dez degraus. Deus confirmou sua promessa. Aparentemente, uma escada especial havia sido construída como um dispositivo de tempo, uma espécie de relógio de sol. Curiosamente o rei Acaz havia rejeitado um sinal do Senhor (7.10-12), mas agora em uma escadaria feita por ele, seu filho, Ezequias, recebeu um sinal do Senhor. Como esse milagre da reversão da sombra do sol ocorreu não sabemos. Talvez a rotação da Terra tenha sido revertida ou talvez os raios solares tenha sido de alguma forma refratado.120 B. O cântico de Ezequias (Is 38.9-20) Depois de ter sido curado Ezequias escreveu uma música para expressar o seu agradecimento a Deus. 1. A condição de Ezequias (Is 38.10-14) O cântico começa com uma queixa: No auge da vida, Ezequias estava prestes a ser (1) Conduzido à sepultura, a morada dos mortos; (2) Privado do culto público (“ver o Senhor na terra dos viventes”); e (3) Cortado da comunhão com seus amigos (38.10). 119 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 100). Wheaton, IL: Victor Books. Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1089). Wheaton, IL: Victor Books. 120 64 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Ezequias refletiu sobre a brevidade da vida. A existência terrena é como (1) A tenda de um pastor; (2) Uma peça de corte do tecido de tear; e (3) A rápida passagem do dia para a noite (38.12). Ele comparou sua morte iminente ao ataque de um leão ao quebrar todos os ossos de sua presa. Diante dessa perspectiva, Ezequias expressou à sua angústia através dos gemidos de uma pomba (v. 14). No entanto, ele continuou olhando para Deus (38.13). 2. A resposta de Deus (Is 38.15-20) “Que direi? Como prometeu, assim me fez; passarei tranqüilamente por todos os meus anos, depois desta amargura da minha alma” (Is 38.15) – O tom da mudança do hino ocorreu no versículo 15. Deus havia prometido poupar sua vida, e havia mantido Sua palavra. No entanto, Ezequias reconheceu que seu próximo encontro com a morte havia produzido cinco resultados positivos. Primeiro, ele havia sido humilhado pela experiência, e prometeu que seria humilde o resto de seus dias (38.15). Em segundo lugar, ele percebeu mais uma vez que as palavras de Deus tem o poder de criar e sustentar a vida (38.16). Em terceiro lugar, ele percebeu sua total dependência de Deus. Assim, ele continuou a orar para que sua recuperação fosse completa: “... Portanto, restaura-me a saúde e faze-me viver” (38.16b). Em quarto lugar, ele chegou a ter uma maior valorização da graça de Deus: “... Tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção” (Is 38.17). Finalmente, ele percebeu no prolongamento de sua vida que Deus também o havia perdoado de todos os seus pecados (38.17 b). A música termina com uma declaração confiante: “O SENHOR veio salvar-me; pelo que, tangendo os instrumentos de cordas, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida, na Casa do SENHOR” (Is 38.20). Apesar desta conclusão triunfante, o ímpeto do poema não se pode escapar. Todo ser humano, não importa quantas vezes seja curado, ainda é mortal. C. O fracasso de Ezequias (Is 39.1-8) O tema principal dos capítulos 7-38 foi confiar no Senhor, e não nas nações, nem mesmo nos ídolos, nem em qualquer outra coisa. Assim, a primeira metade do livro de Isaías termina com uma advertência contra confiança equivocada nas riquezas e nos planos deste mundo. Mesmo um homem tão piedoso como Ezequias, seria atraído a aceitar os valores do mundo. Cada governante humano, não importa quantas vezes confie em Deus, ainda está propenso a autossuficiência. No capítulo 39 Ezequias parece confiar no acúmulo da riqueza e, talvez, em uma aliança com a Babilônia. 1. As circunstâncias (39.1-2). “Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente a Ezequias, porque soube que estivera doente e já tinha convalescido” (Is 39.1) – O rei Ezequias foi um grande rei. Não houve um rei como ele. 65 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Ele foi o melhor, o mais piedoso de todos os reis de Judá (2Rs 18.5). No entanto, o seu pecado destruiu sua casa e o seu povo. Sem dúvida alguma, a visita amigável de Merodaque-Baladã após a doença de Ezequias tinha a intenção de convencer o rei de Judá a uma aliança contra a Assíria.121 “E Ezequias lhes deu ouvidos...” (2Rs 2.13, Revista e Corrigida). O cronista relata que nesta situação Deus deixou Ezequias sozinho para testar-lhe para saber tudo o que estava em seu coração (2Cr 32.31). O rei não passou no teste. O orgulho voltou ao seu coração. Ezequias exibiu aos embaixadores da Babilônia toda a riqueza e o armamento de seu reino. Nada foi retido (39.2). 2. O inquérito (Is 39.3). Tão perto como conselheiro do rei, Isaías deve ter se sentido apreensivo por não ser parte das discussões com as autoridades estrangeiras. Quando os emissários foram embora, ele questionou o rei Ezequias sobre a visita. O que os homens haviam declarado e de onde vieram. O rei respondeu apenas a segunda pergunta. Ele sabia que a posição de Isaías sobre alianças com potências estrangeiras, e esse assunto com certeza deve ter sido discutido durante a visita. Ezequias, talvez com algum embaraço, respondeu: “Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu não lhes mostrasse” (Is 39.4). 3. O anúncio (Is 39.4-7). “Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o SENHOR” (v. 6) – Isaías então fez um anúncio dramático. Assíria não conquistará Jerusalém e levará consigo todos os tesouros da cidade. Essa será uma obra da Babilônia. Até mesmo os membros da família real de Ezequias serão levados e se tornarão “eunucos” (funcionários) no palácio do rei da Babilônia (39.5-7). Ezequias viveria seus anos percebendo que sua exibição arrogante da riqueza real seria um fator que culminará com a conquista de Jerusalém pela Babilônia. 4. A reação (Is 39.8). “Então, disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do SENHOR que disseste...” (v. 8) – Ezequias aceitou a profecia com humildade. A disciplina que chamou de “boa”, era menos do que merecia. O exílio não ocorreria em seus dias (Is 39.8). Alguns têm acusado Ezequias de ser egoísta por pensar que o julgamento seria algo “bom”, por não ocorrer durante o seu reinado. Porém, Sua declaração é mais provável uma expressão de sua humilde aceitação da vontade de Deus. 121 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1090). Wheaton, IL: Victor Books. 66 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. O que aconteceu nos 15 anos que Ezequias recebeu? Nasceu o seu filho Manassés. Um dos piores reis de Judá. Manassés, como diz as Escrituras várias vezes, por causa da maldade, por causa do reino vil, por causa do sangue em suas mãos, por causa dos pecados, Deus destruiu Judá, entregou a nação nas mãos dos caldeus, queimou o templo e levou o povo para o cativeiro. É melhor que a vontade de Deus seja feita do que tentarmos interferir ou orar contra ela. Conclusão: De todos os medos que afligem o coração do homem, nada é maior do que o medo da morte. A vida é curta e tão incerta. “Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (Tg 4.14). Moisés disse ao Senhor no Salmo 90: “Tu acabas com a vida das pessoas; elas não duram mais do que um sonho. São como a erva que brota de manhã, que cresce e abre em flor e de tarde seca e morre” (Sl 90.5-6, NTLH). Diante de tudo isto, a questão mais importante é: “Será que a morte é grande vitoriosa?” Entretanto, é importante que você saiba que a morte não é o fim da história para aqueles que conhecem o Senhor. A morte está nas mãos do Senhor, e não temos nada a temer. Aqueles que olham pela fé para o dia em que receberão seus corpos glorificados, para as perfeições da vida no céu, para o cumprimento do propósito de Deus, serão capazes de dizer triunfantemente como Paulo: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Co 15.55). 67 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 40-41 O livro de Ciro. Introdução: 9 O livro de Isaías pode ser chamado de “uma Bíblia em miniatura”. Há sessenta e seis capítulos em Isaías e sessenta e seis livros na Bíblia. Os trinta e nove capítulos da primeira parte de Isaías podem ser comparados com o Antigo Testamento, com seus trinta e nove livros, e ambos se concentram principalmente no julgamento de Deus contra o pecado. Os vinte e sete capítulos da segunda parte podem ser vistos em paralelo com os vinte e sete livros do Novo Testamento, e ambos enfatizam a graça de Deus. Além disso, a seção “Novo Testamento” de Isaías abre com o ministério de João Batista (40.35, Mr 1.1-4) e fecha com os novos céus e a nova terra (Is 65.17; 66.22); e no meio, há muitas referências ao Senhor Jesus Cristo como Salvador e Rei.122 Com exceção de alguns trechos messiânicos (cap. 35), até o capítulo 40, Isaías estava interessado no destino de Israel e Judá em curto prazo. O profeta tratou da invasão dos assírios, do fim do reino de Israel e do livramento de Jerusalém sob o comando de Ezequias (entre 722 e 704 a.C.). A partir desse momento, encontramos profecias de longo prazo, entre elas, o cativeiro na Babilônia (em 539 a.C.) e o retorno dos exilados (13.1 a 14.2 e 21.1-10). As profecias são dirigidas como se o cativeiro babilônico já fosse uma realidade presente, embora esse cativeiro não tenha começado senão em 605-586 a.C. Isaías escreveu para encorajar os judeus a viverem dignamente, apesar das circunstâncias difíceis.123 O profeta viu no horizonte distante um grande livramento do exílio e, além disso, uma libertação ainda maior do pecado. A libertação da Babilônia é o foco dos capítulos 40-48. Esta seção foi designada “O livro de Ciro” devido às várias referências a esse conquistador persa (Is 44.28; 45.1). Além disso, é interessante que a segunda parte de Isaías (capítulos 40-66) se divide em três partes de nove capítulos cada (capítulos 40-48; 49-57; 58-66). Nesta seção, um dos objetivos de Isaías é mostrar a superioridade de Deus sobre as nações e os seus ídolos.124 Além de enfatizar a esperança e o consolo de um futuro abençoado depois da disciplina do cativeiro babilônico. Nesses capítulos, o profeta descreve a grandeza de Deus em três diferentes áreas da vida. 122 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 103). Wheaton, IL: Victor Books. Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1091). Wheaton, IL: Victor Books. 124 Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible commentary (p. 283). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers. 123 68 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. I. Palavras de conforto do Deus incomparável (Is 40.1-11) “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus...” (Is 40.1) – O capítulo começa com uma mensagem de encorajamento para Jerusalém. A cidade havia sofrido mais do que suficiente; seu tempo de disciplina havia terminado. No entanto, o mesmo braço poderoso que destruiu os inimigos (Is 51.9-10) protege o Seu povo. Isaías ouviu, por assim dizer, quatro vozes que dão o tom para o que ele vai proclamar, nos capítulos 40-66. Primeiro, Isaías ouviu uma voz que dirigiu os profetas a anunciar uma mensagem de conforto para Jerusalém. “... Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniquidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do SENHOR por todos os seus pecados” (Is 40.1–2) – Sua “milícia” (“tsaba”, em hebraico, “escravidão” na NTLH) havia terminado e a iniquidade perdoada; Jerusalém havia pagado em “dobro” por sua transgressão. Parece estranho saber que os judeus receberam “em dobro” por todos os pecados, mas isso não significa ser punido além do que merecia, mas de acordo com o que merecia. Por exemplo, conforme Êxodo 22.9 um homem deveria receber/pagar em dobro por qualquer transgressão. A deportação para a Babilônia foi uma disciplina mais que suficiente e que agora começou o tempo do perdão e da restauração (Is 43.25; 46.13). A segunda voz anunciou a vinda de alguém que preparará o caminho do Senhor. “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus” (v. 3) – Os verdadeiros profetas eram “vozes”, pois falavam em nome do Senhor. Eles chamavam a nação a voltarem arrependidos para o Senhor. Cada escritor evangélico aplicou Isaías 40.3 a João Batista (Mt 3.1-4; Mc 1.1-4; Lc 1.7678; Jo 1.23).125 Ele foi um profeta no deserto, que preparou o caminho para Jesus Cristo (cf. Mt 3.3). A figura utilizada é a de arautos reais que preparavam o caminho para que a viagem do rei fosse um pouco mais fácil (v. 4). João tinha a tarefa de preparar as pessoas para a chegada do Messias. Como resultado do trabalho deste mensageiro, “a glória do Senhor”, uma manifestação visível da presença de Deus, será revelada (40.3-5). A terceira voz salientou a eternidade da Palavra de Deus. “Toda a carne é erva, e toda a sua glória, como a flor da erva...” (v. 6) – A Carne é temporal, mas a Palavra de Deus permanece para sempre (40.6-8). Tanto a Assíria quanto a Babilônia estavam extintas. Como a erva, as nações e seus líderes cumpriram seus propósitos e, em seguida, desapareceram, mas a Palavra de Deus permanece para sempre (Sl 37.1-2; 90.1-6; 103.15-18; 1Pe 1.24-25).126 Porque a Palavra de Deus permanece, Sua profecia sobre a restauração de Jerusalém será concretizada. 125 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1091–1092). Wheaton, IL: Victor Books. 126 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 109). Wheaton, IL: Victor Books. 69 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. A quarta voz é a do próprio Isaías. “Tu, ó Sião, que anuncias boas-novas, sobe a um monte alto! Tu, que anuncias boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levanta-a, não temas e dize às cidades de Judá: Eis aí está o vosso Deus! (Is 40.9) – Como um mensageiro que está sobre a montanha, para que seja visto e ouvido por todos, o profeta apelou à cidade que proclamasse em alta voz para todas as outras cidades de Judá as boas-novas da presença de Deus ali (Cf. 12.3). Isaías exortou Sião para anunciar às cidades de Judá: “Eis que o Senhor Deus virá com poder” (v. 10). Ele imaginou o Senhor vindo: (1) Como um herói conquistador e, (2) Como um pastor gentil. O conquistador recebeu como recompensa a ovelha que carregava nos braços (40.911).127 O braço de Deus é um braço forte para vencer a batalha (Is 40.10), mas é também um braço amoroso para o carregar Suas ovelhas cansadas (v. 11). “Estamos em casa” seria, certamente, uma boa notícia para as cidades devastadas de Judá (1.7; 36.1; 37.26).128 II. A majestade de Deus “Quem na concha de sua mão mediu as águas e tomou a medida dos céus a palmos?” (Is 40.12) – O principal objetivo dos capítulos 40-41 é demonstrar que o Deus de Israel é superior a qualquer outro deus criado pelo homem. Ele é superior em (1) comparação (2), confronto, e (3) compromisso. A. Deus é superior em comparação (Is 40.12-31) Os vários aspectos da majestade de Deus nesses versículos são repetidos muitas vezes por Isaías ao longo dos próximos oito capítulos. Isaías fez uma série de perguntas destinadas a colocar o homem no seu devido lugar. Em primeiro lugar, Ele é maior do que o mundo criado. “Quem na concha de sua mão mediu as águas e tomou a medida dos céus a palmos? Quem recolheu na terça parte de um efa o pó da terra e pesou os montes em romana e os outeiros em balança de precisão?” (Is 40.12) – A grandeza de Deus é indicada pela vastidão de Sua criação. Deus é autossuficiente e independente. Ele não necessitou de conselhos ao criar o mundo. O Senhor não precisa do homem para instruí-lo sobre o curso certo de cada ação (40.12-14). Figurativamente, Isaías diz que Deus pode medir o vasto universo estrelado com a amplitude de Sua mão. Também todo o pó da terra poderia ser colocado em uma vasilha; e as montanhas e colinas, embora grandes, são tão pequenas em comparação ao Eterno que podem ser pesadas em uma balança. Apesar da imensidão da criação, ninguém na terra é igual a Deus.129 127 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 40.1–11). Joplin, MO: College Press. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 109). Wheaton, IL: Victor Books. 129 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1092). Wheaton, IL: Victor Books. 128 70 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Em segundo lugar, Deus é maior do que as nações. “Eis que as nações são consideradas por ele como um pingo que cai de um balde e como um grão de pó na balança; as ilhas são como pó fino que se levanta” (Is 40.15) – As nações são como uma gota de água num balde, como um grão de poeira na balança. Se fosse para construir um altar com todos os cedros do Líbano, e sacrificar todos os animais das florestas, eles ainda não terão feito um sacrifício digno de um grande Deus (Is 40.15-17). Para Ele, as nações não são nada; na presença dele, elas não têm nenhum valor (Is 40.17). Em terceiro lugar, Deus é maior do que os ídolos. “O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro e cadeias de prata forja para ela” (v. 18) – Ídolos são representações criadas pelo homem. Não importa quão bonito seja o artesanato, não importa quão precioso sejam os materiais, os ídolos não podem capturar a essência de Deus. O Senhor não é como uma imagem feita por um artista, que um ourives reveste de ouro e cobre de enfeites de prata (v. 19). “Quem não pode comprar ouro ou prata escolhe madeira de lei e procura um artista competente que faça uma imagem que fique firme no seu lugar” (v. 20, NTLH) – Com ironia Isaías escreveu cerca de dois ídolos feitos de metal por um artesão e, em seguida, coberto de ouro e decorado com ornamentos de prata, e outros selecionados por um homem pobre, um ídolo de madeira e trabalhado de modo que não caia (Cf. Is 41.7; 44.9-20; 45.16, 20; 46.1-2, 6-7; Sl 115.4-7; 135.15-18; Jr 10.8-16; Hb 2.19). No entanto, ambos, utilizaram materiais que Deus criou, e as habilidades que Deus lhes deu! Deus, porém, é diferente de qualquer ídolo. Ele é o Criador de todas as coisas, incluindo as pessoas. Deus é único.130 Se os ídolos têm dificuldades para permanecer em pé, como serão capazes de ajudar aqueles que os adoram? (40.18-20). Em quarto lugar, Deus é maior do que os governantes. “Ele é o que está assentado sobre a redondeza da terra, cujos moradores são como gafanhotos; é ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles habitar” (v. 22) – Ele se senta no seu trono “sobre a redondeza da terra” providencialmente defendendo e mantendo tudo o que existe. Os próprios céus são as cortinas de sua tenda! Os governantes e poderosos deste mundo estão sob a Sua autoridade. Ele pode privá-los do poder em um instante (v. 23). Ele simplesmente sopra sobre eles e eles murcham como uma planta, e são arrancados de cena como palha sem valor (40.21-24). 130 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1093). Wheaton, IL: Victor Books. 71 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Em quinto lugar, Deus é maior do que as estrelas. “Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome; por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar” (Is 40.26) – Corpos celestes não devem ser adorados como na Mesopotâmia. O culto pertence apenas ao Santo, que criou as estrelas. Isaías comparou Deus a um poderoso general que conduz suas tropas em todo o céu. Cada estrela está no lugar exato que determinou. Implícito nesses versículos está um atentado contra os princípios fundamentais da astrologia (40.25). Finalmente, Deus é maior do que o desânimo. “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento” (v. 28) – Diante da grandeza de Deus, talvez sejamos tentados a pensar que somos pequenos demais para que Deus preste atenção em nós: “Por que, pois, dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao SENHOR, e o meu direito passa despercebido ao meu Deus?” (Is 40.27, NTLH). À luz do que Deus é, como poderia o povo pensar que ele os havia esquecido ou que ignorava a situação em que se encontravam? A conclusão errada da transcendência de Deus é que Ele é grande demais para cuidar; o certo é que Ele é grande demais para falhar (28).131 O Senhor diz que não se cansa e que o Seu conhecimento é infinito (v. 28). Uma vez que Deus, ao contrário dos ídolos pagãos é eterno e Criador, nunca se cansa (v. 28), Ele pode dar força àqueles que estão cansados ou fracos (v. 29 -31). Os israelitas desanimados nunca deveriam esquecer quem é Deus! (1) Ele é eterno; (2) Ele é onipotente; (3) Ele é onipresente; (4) Ele é onisciente; (5) Ele está sempre atento, e (6) Ele é compassivo. Ele pode fortalecer os que esperam por Ele na fé. Esta infusão do poder espiritual faz com que os crentes, sejam como (1) uma águia quando está voando, (2) um corredor em uma competição, e (3) um andarilho em uma longa caminhada (40.27-31).132 C. Deus é superior em confronto (41.1-7, 21-29) Isaías citou as palavras do Senhor durante todo o capítulo 41. O Senhor se dirigiu pela primeira vez as nações, em seguida, ao povo de Israel e, finalmente, aos ídolos. Todavia, a primeira e terceira parte foram escritas na forma de um confronto. 1. O confronto com as nações (41.1-7). “O SENHOR Deus diz: “Povos das nações distantes, calem-se e escutem! Renovem as suas forças e venham prontos para defender a sua causa. Vamos nos reunir para resolver com quem está a razão” (Is 41.1, NTLH) – O Senhor ordenou as 131 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 656). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 132 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 40.12–31). Joplin, MO: College Press. 72 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. nações distantes a ouvir, em seguida, reunir a sua força para que pudessem entrar no tribunal contra Ele. “Quem suscitou do Oriente aquele a cujos passos segue a vitória? (Is 41.2) – Em seguida, as nações tomaram conhecimento de que Deus levantará um servo do Oriente que dominará rapidamente os seus inimigos (v. 2). Esta é a primeira alusão ao papel de Ciro, o persa (Is 44.28).133 Essas profecias foram, provavelmente, dadas durante o reinado do Rei Ezequias, em torno de 700 a.C. Agora, Isaías profetiza a ascensão de Ciro, o persa. O rei Ciro entrou em cena em 549 a.C. quando fez sua primeira grande conquista ao superar Creso, rei da Lídia. Então o profeta Isaías está, pelo espírito de Deus, olhando para o futuro distante, cerca de 150 anos a partir de seu próprio tempo. Entretanto, nesta época, os filhos de Israel, estarão cativos na Babilônia (605-535 a.C.). E assim o profeta está olhando para o futuro e profetiza que Ciro vai entrar em cena e vai ser o único, que abaixo de Deus, libertará o remanescente para que possam voltar a cidade de Jerusalém. Ciro será um pastor (44.28), ungido por Deus (45.1), uma ave de rapina que não podia ser parada (46.11). “Ele pisa em cima de reis como se fossem lama; ele os trata como um oleiro que amassa o barro com os pés” (41.25, NTLH). Embora, o rei Ciro não fosse de fato um “servo de Deus”, alguém comprometido e temente, ele serviu ao Senhor, cumprindo os propósitos de Deus na terra. Deus pode usar os líderes mundiais ainda não convertidos para o bem do Seu povo e o progresso de Sua obra (Pv 21.1). Ele levantou Faraó no Egito para demonstrar o Seu poder (Rm 9.17), usou o perverso Herodes e o covarde Pôncio Pilatos para realizar Seu plano na crucificação de Cristo (At 4.24-28).134 Isaías proclamou que ao atravessar o território do leste ao norte da Terra Santa (41.25), Ciro levará pânico ao reino da Lídia e as regiões costeiras mais distantes. Ciro dominou com grande facilidade territórios em que ele nunca havia estado. Artesãos de todos os tipos produzirão novos ídolos a fim de poupá-los do conquistador oriental (v. 7). Um operário incentiva o outro a ser rápida em terminar o ídolo, de modo a evitar o perigo iminente. Porém, nenhum deus feito pelo homem será capaz deter o seu avanço (41.5-7). 2. O confronto com os ídolos (41.21-29). “Apresentai a vossa demanda, diz o SENHOR; alegai as vossas razões, diz o Rei de Jacó” (Is 41.21) – Ao invés de se voltarem para o Senhor quando viram o seu ungido Ciro se aproximando, as nações se voltaram para outro deus em busca de socorro e fizeram mais ídolos. No entanto, o Rei de Jacó (Deus) desafiou os ídolos das nações a provar que eles eram realmente deuses. Mais adiante, Isaías declarou: “Será que algum de vocês anunciou que isso ia acontecer, para que nós ficássemos sabendo? Algum deus falou disso no passado para que nós disséssemos: ‘Ele tinha razão’? Nenhuma imagem anunciou nada a respeito disso, nenhuma nos avisou; não ouvimos vocês dizerem nem uma 133 134 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 41.1–7). Joplin, MO: College Press. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 112). Wheaton, IL: Victor Books. 73 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. só palavra” (Is 41.26, NTLH). Os ídolos não eram incapazes apenas de fazer qualquer previsão, mas também, eram incapazes de falar: “Eis que todos são nada; as suas obras são coisa nenhuma; as suas imagens de fundição, vento e vácuo” (Is 41.29).135 Os ídolos não podiam predizer o futuro, nem podiam castigar ou libertar. Eles eram inúteis (Is 44.9; Sl 115.2-8; 1Co 8.4; 10.10; Gl 4.8). Nenhum ídolo foi capaz de prever o surgimento de Ciro. No entanto, o Senhor havia anunciado esses eventos futuros a Sião, o Seu povo. “Do Norte suscito a um, e ele vem, a um desde o nascimento do sol, e ele invocará o meu nome; pisará magistrados como lodo e como o oleiro pisa o barro” (Is 41.25) – Além disso, Ciro é conhecido pelo decreto que emitiu, permitindo que os judeus retornassem à sua terra (cf. Ed 1.1-4). Ciro rapidamente e facilmente pisou todos os seus inimigos (41.25). O anúncio foi recebido como uma boa notícia. Porém, entre os representantes dos ídolos só havia silêncio. A vida de Gideão é um bom exemplo de como Deus abomina a idolatria. A primeira missão que Deus deu a Gideão não foi atacar os midianitas, mas a idolatria do seu povo. Aliás, essa era a razão pela qual o povo de Israel não conseguia enfrentar os midianitas. Eles estavam adorando a outros deuses e colocando sua fé em algo que não era o Deus verdadeiro. Essa foi a primeira batalha de Gideão e, provavelmente, a mais difícil porque em seu próprio quintal havia um exemplo de idolatria. Joás, pai de Gideão, aparentemente, havia construído um altar a Baal na propriedade dele e, também, um poste-ídolo (v. 26). Não era apenas para uso privado da família. Obviamente, servia como o santuário da aldeia e pai de Gideão, Joás, atuava como supervisor do culto pagão. Deus disse a Gideão para levar um novilho e um boi de sete anos de idade, e usálos para derrubar o altar enorme de Baal. O jovem obedeceu, embora com grande apreensão. “Então, Gideão tomou dez homens dentre os seus servos e fez como o SENHOR lhe dissera; temendo ele, porém, a casa de seu pai e os homens daquela cidade, não o fez de dia, mas de noite” (Juízes 6.27). Mais uma vez, a coragem não era uma virtude familiar para Gideão. No entanto, ele havia mostrado uma vontade de obedecer ao Senhor, e que era um progresso em sua fé. Na manhã seguinte, os vizinhos de Gideão, quando viram o que ele havia feito, exigiram sua morte, mas seu pai saiu em sua defesa e disse: “— Vocês estão defendendo Baal? Se Baal é deus, que ele mesmo se defenda. O altar dele é que foi derrubado” (Juízes 6.31, NTLH). Daquele dia em diante, os vizinhos passaram a chamá-lo de Jerubaal, que literalmente significa “Que Baal se defenda”. Assim, cada vez que o povo olhava para 135 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 114). Wheaton, IL: Victor Books. 74 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Gideão, eles se lembravam da fraqueza da Baal e do poder de Deus. Este valente guerreiro ajudou a ver a importância de seguir apenas o único Deus verdadeiro. Deus pode usar a nossa coragem em seguir a Jesus para motivar os outros a segui-lo também. Deus deu a Gideão esta tarefa para que ele pudesse aprender que antes de destruir os midianitas, Baal deveria ser destruído. Deus não tolera nenhum rival. Verdadeiramente, grandes soldados seguem apenas UM comandante. C. Superior no compromisso (Is 41.8-20) Apesar do flerte de Israel com a idolatria, Deus permaneceu fiel à Sua aliança. Ele garantiu ao Seu povo apoio e amor em quatro áreas. Em primeiro lugar, Deus assegurou a posição do Seu povo. “Mas tu, ó Israel, servo meu, tu, Jacó, a quem elegi, descendente de Abraão, meu amigo” (Is 41.8) – Apesar de tudo o que aconteceu (o julgamento em Jerusalém) ou o que acontecerá (ascensão de Ciro), os descendentes de Abraão ainda possuíam uma relação única com Deus. Os termos “escolhido” e “meu servo” se aplicam a Israel (cf. 2Cr 20.7). Na pessoa de Abraão, Deus chamou Israel “das extremidades da terra” (Ur dos Caldeus, At 7.2). Assim, o “Servo” de Deus não precisa temer a ascensão de Ciro. O Senhor havia escolhido o povo de Israel e, assim, fortalecerá, ajudará e sustentará o Seu com Sua destra fiel (Is 41.8-10). É interessante que Abraão é chamado de “amigo”. Essa é uma designação ainda mais elevada do que “servo” (Jo 15.14-15; Tg 2.23) e fala de uma fidelidade ainda maior. Mesmo que o povo de Israel estivesse exilado por causa do pecado e da descrença, eles não foram rejeitados por Deus.136 Considerando que a aliança que o Senhor fez com Abraão foi incondicional (Gn 15), Seus descendentes não precisavam temer. O Senhor continuará sendo o Seu Deus (cf. Is 43.3) e continuará ao lado do Seu povo (cf. 43.5) e os fortalecerá (cf. 40.31), os ajudará (cf. 41.13-14) e os preservará. Em segundo lugar, Deus assegurou o livramento ao Seu povo. “Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que estão indignados contra ti; serão reduzidos a nada, e os que contendem contigo perecerão” (Is 41.11) – Em contraste com o povo de Israel, escolhido e preservado, Deus não vai proteger as nações inimigas de Israel. A ascensão de Ciro, significará a libertação de Israel. Todas as nações hostis ao povo de Deus serão envergonhadas. Os inimigos, finalmente, desaparecerão de cena da história. Deus sempre estará presente para apoiar e incentivar o Seu povo. Portanto, Israel não precisa ter medo (v. 14). O Santo de Israel será o Seu “Redentor” (goel, em hebraico). A palavra “Redentor” significa aquele que tem a obrigação com outro (41.1114). Refere-se a um parente próximo que tinha a oportunidade e a responsabilidade de 136 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1094). Wheaton, IL: Victor Books. 75 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. adquirir de volta algo que um parente havia perdido (Rt 2.2). No livro de Rute, o resgatador tinha neste caso uma dupla obrigação: resgatar a área de terra que Noemi havia posto à venda (Rt 4.3) e casar-se com Rute para assegurar uma descendência a Elimeleque (Rt 1.1–5). Assim, o resgatador era responsável por preservar o nome, a integridade, a vida, a propriedade e a família do seu parente próximo ou a execução de justiça sobre o seu assassino (Rt 4.5).137 “Não temas, ó vermezinho de Jacó...” (v. 14) – A mudança de tom é óbvia, mas os intérpretes têm divergido sobre as suas implicações. No Antigo Testamento, a palavra “vermezinho” (tôlāʿ, em hebraico), muitas vezes simboliza a fragilidade e insignificância do homem (Jó 25.6; Is 41.14).138 Trata-se das de uma referência ao desprezo que as nações ímpias sentiam por Israel; esse mesmo termo de maneira semelhante para o Messias na cruz (Sl 22.6). Assim, essa expressão é mais compreensível como um lembrete para Israel como advertência para não ter medo, mesmo que sejam apenas erva, flores silvestres ou um vermezinho.139 Para Calvino, a palavra “verme” pode ser entendida como um lamento pela condição vergonhosa do povo, e também, um incentivo para valorizar a esperança.140 Em terceiro lugar, Deus assegurou a vitória ao Seu povo. “Eis que farei de ti um trilho cortante e novo, armado de lâminas duplas; os montes trilharás, e moerás, e os outeiros reduzirás a palha” (Is 41.15). Após a libertação através de Ciro, Israel se tornará uma máquina de debulhar trigo. Esse instrumento era puxado por bois sobre a eira, a fim de libertar as sementes do grão, a casca. Montanhas de grãos (as nações) serão trilhadas por Israel. Enquanto o vento sopra essas cascas inúteis para longe, e o povo de Israel se alegrará no Senhor (41.16). Em quarto lugar, Deus assegurou ao Seu povo de Sua disposição. “Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas eu, o SENHOR, os ouvirei, eu, o Deus de Israel, não os desampararei” (Is 41.17). Quer sejam atingidos, carentes ou sedentos, Deus responderá às orações do Seu povo. Ele lhes dará abundância de águas e transformará seus desertos em florestas. Deus fará com que árvores (sete tipos são mencionados) cresçam no deserto enquanto que normalmente a maioria dessas árvores cresce somente em áreas férteis.141 Deus pode tomar o mais árido deserto, e torná-lo uma floresta. Água abundante na literatura profética é uma 137 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson. 138 Youngblood, R. F. (1999). 2516 תלע. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press. 139 Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 34–66 (Vol. 25, p. 105–106). Dallas: Word, Incorporated. 140 Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 3, Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, p. 160. 141 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1094–1095). Wheaton, IL: Victor Books. 76 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. figura para a bênção espiritual; e a vegetação exuberante, a provisão do povo de Deus (41.17-20). Certamente Isaías também estava olhando além do retorno da Babilônia para o reino futuro, quando “O deserto se alegrará, e crescerão flores nas terras secas” (Is 35.1, NTLH).142 “para que todos vejam e saibam, considerem e juntamente entendam que a mão do SENHOR fez isso, e o Santo de Israel o criou” (Is 41.20) – Esse versículo resume a visão do profeta. Ele olha para o céu e diz que Deus criou as estrelas e as colocou no espaço (Is 40.22). Ele olha para a história de Israel a partir do século VIII em diante, as invasões da Assíria, a queda de Samaria e, finalmente, a queda de Jerusalém e diz: O Senhor planejou e o fez (cap. 1-39). Ele olha para a ascensão da Assíria, a sua queda, e agora o surgimento da Pérsia, e diz o Senhor fez isso (capítulos 7-10, 41.2).143 Em tudo isso, a profecia vê o plano e o propósito do Senhor, e convida a todos os crentes a fazerem o mesmo. Conclusão: Isaías 41 foi escrito para dar ao povo de Israel coragem e confiança em meio a circunstancias difícil. Além disso, foi escrito também para nos dar a bendita segurança de que quando colocamos a nossa confiança em Deus, experimentamos a Sua presença e a alegria da vitória sobre nossos inimigos. A grande lição que encontramos no capítulo 41 pode ser resumida na forma como Paulo coloca em Romanos: “Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31). Aos 27 anos, o artista holandês Rembrandt pintou a paisagem de “Cristo na Tempestade” no Mar da Galiléia baseado na história em Marcos 4. Com o seu contraste distintivo de luz e sombra, a pintura de Rembrandt mostra um pequeno barco ameaçado de destruição em uma tempestade furiosa. Enquanto os discípulos lutavam contra o vento e as ondas, Jesus permanecia tranquilo. No entanto, o aspecto mais inusitado, é a presença no barco de um 13º discípulo a quem dizem os especialistas em arte assemelha-se a Rembrandt.144 Também poderíamos nos colocar nessa história e descobrir, assim como os discípulos, que, para cada pessoa que confia em Jesus Cristo, Ele revela Sua presença, compaixão e controle em todas as tempestades da vida. Por que confiar nos ídolos? Por que confiar em qualquer outro deus que não seja o Deus verdadeiro que enviou Jesus Cristo? Não há esperança em nenhum outro. 142 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 113–114). Wheaton, IL: Victor Books. Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 34–66 (Vol. 25, p. 107–108). Dallas: Word, Incorporated. 144 http://odb.org/2014/04/29/christ-in-the-storm/ 143 77 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 42.1-4 O Servo de Deus. Introdução: 10 Como um arauto solitário diante de um povo desesperado, no capítulo 42, Isaías começa com um chamado: “Eis aqui o meu servo...” (Is 42.1). A palavra “Eis” (hen, em hebraico) é uma interjeição e serve para exprimir de modo enérgico e conciso um sentimento, uma emoção ou uma ordem. A palavra significa “veja!”, “certamente!”, “agora!” ou “oh!”.145 A palavra era utilizada, também, para chamar a atenção para algum fato ou para a conclusão de um assunto. É interessante que essa mesma palavra havia sido utilizada no capítulo anterior quatro vezes (Is 41.11, 15, 24, 29). Mas nos últimos seis versículos do capítulo 41, a palavra “Eis” aparece duas vezes (v. 24 e 29). Porém, nesses dois versículos, essa interjeição chama a atenção para a idolatria. Assim, o contexto imediato de Isaías 42 é sobre a idolatria de Israel. E, em resposta, vem à profecia sobre o Servo de Deus. Então, Isaías usa as palavras: “Eis que” para chamar a atenção para o problema da idolatria em Israel. E agora, no capítulo 42, ele usa a palavra: “Eis que” para chamar a atenção para a solução, para onde realmente o povo de Israel deveria depositar sua esperança e confiança - não em ídolos, mas no Deus vivo. Assim, o Servo é a promessa, a solução e a resposta para o problema da idolatria de Israel. Em Isaías 42, Deus graciosamente fala de um Servo que realmente é capaz de fazer todas as coisas que Israel procura nos ídolos e não encontra. O profeta Isaías nos apresenta quatro características do caráter e a função do Servo de Deus nesta passagem. I. Um Servo escolhido por Deus “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios” (Is 42.1) – O capítulo 42 começa com o primeiro dos cinco poemas em que o foco está sobre aquele que é chamado de Servo de Deus (Is 42; 49.1-6; 50.4-9; 52.1353.12; Is 61). A linguagem é pessoal, levando à conclusão de que o profeta estava prevendo o surgimento de um único indivíduo. As declarações nos versículos 1-4 sugerem que aqui o Servo seja o Messias.146 Tão certo como o Senhor levantará Ciro como um libertador temporal, para Judá, Ele levantará o Messias que libertará todo o Seu povo. E Ele o fez. O 145 Brown, F., Driver, S. R., & Briggs, C. A. (2000). Enhanced Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon. Oak Harbor, WA: Logos Research Systems. 146 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1095). Wheaton, IL: Victor Books. 78 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Deus que soberanamente governa, enviou o Seu Servo, Jesus Cristo, para estabelecer Seu reino para sempre. Seria difícil para Judá pensar em tal promessa devido às ameaças do exílio. No entanto, as promessas de Deus nunca falham; elas não são baseadas em nossas circunstâncias, mas em decretos eternos de Deus. O Senhor enviou o Seu Servo (ʿebed, em hebraico) para ser o nosso Libertador.147 Observe três lições a respeito deste Servo: “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz...” (Is 42.1) – O Senhor Deus se identifica com o Servo – “Meu Servo”. Este Servo é designado por Deus, escolhido por Deus e sustentado por Deus. “... a quem sustenho” – Deus vai “sustentar” o Ungido, de tal forma que colocará toda a carga sobre Ele, como mestres geralmente fazem com seus servos fiéis; é uma prova de fidelidade extraordinária, que Deus o Pai vai entregar tudo a Ele, e vai colocar na Sua mão o Seu próprio poder e autoridade (Jo 13.3, 17.10).148 A palavra “suster” significa “agarrar, segurar com firmeza”. O verbo também é usado da ordem soberana de Deus dos assuntos da história. Ele traz julgamento, quando necessário (Am 1.5, 8) até envia Seu servo (Is 42.1). Da mesma forma no Salmo 16, Deus “sustenta” o Messias (Sl 16.5).149 “... Meu escolhido” – Nesta passagem, a palavra “escolhido” significa “excelente”, como em muitas outras passagens; para os que estão na própria flor da idade são chamados de jovens escolhidos (1Sm 26.2 e 2Sm 6.1).150 Jeová, portanto, o chama de “um servo excelente”, porque traz a mensagem de reconciliação, e todas as Suas ações são dirigidas por Deus. Ao mesmo tempo Ele demonstra Seu amor imerecido, pelo qual nos abraçou, em Seu Filho unigênito, para que em Cristo, pudéssemos contemplar uma exposição ilustre da eleição pela qual fomos adotados na esperança da vida eterna. “... Em quem a minha alma se compraz...” (Is 42.1) – Além disso, Deus se deleita neste Servo. Você pode ter um empregado ou alguém que presta um serviço específico. Você pode até apreciar o trabalho deste funcionário, mas isso não significa 147 O uso mais importante do termo “servo” é como uma designação messiânica, o mais proeminente, termo técnico pessoal para representar o ensino do Antigo Testamento sobre o Messias. As passagens centrais de ensino sobre este tema encontram-se nos últimos vinte e sete capítulos de Isaías. Kaiser, W. C. (1999). 1553 ָעבַד. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press. 148 Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 3, Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, p. 175. 149 Patterson, R. D. (1999). 2520 מך ַ ָתּ. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press. 150 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson. 79 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. intimidade ou amizade verdadeira. Todavia, isso não acontece com o Servo de Deus. Isaías diz que o Servo foi escolhido por Deus, Ele foi chamado por Deus para fazer uma tarefa muito importante, mas o Senhor usa uma linguagem muito poderosa sobre Ele. Olhe o que Ele diz - “... Em quem a minha alma se compraz...” (Is 42.1). Em outras palavras é como se Deus dissesse: “Aqui está à solução, Israel. Vou dar-lhe o meu Servo em quem a minha alma se deleita”. O Senhor tem prazer neste Servo. Ele se alegra com a vida do Servo. Os escritores do Novo Testamento reiteraram isso quando registraram as ocasiões de Deus expressando Sua alegria no Filho, Jesus Cristo. No batismo de Cristo, a voz veio do céu dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). O batismo de Jesus recebeu a autenticação do céu. Todas as Pessoas da Trindade estiveram presentes no evento: o Pai, que falou do Filho, o Filho que estava sendo batizado e o Espírito que desceu sobre o Filho como uma pomba. Ele também estava de acordo com a profecia de Isaías que o Espírito repousaria sobre o Messias (Is 11.2). Quando iniciou o ministério, o Filho foi aprovado pelo Pai; Ao se aproximar da cruz (Mt 17.5), Ele recebeu elogios novamente. Na Transfiguração a voz foi ouvida novamente: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mt 17.5). A autenticação celestial, a voz de Deus foi tão impactante que anos mais tarde, quando Pedro escreveu sua segunda epístola, ele se referiu a este evento (2Pe 1.16-18).151 Em seguida, a voz do céu, afirmou o prazer de Deus com o sacrifício perfeito do Filho: “Pai, glorifica o teu nome. Então, veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei” (Jo 12.28). O Pai falou do céu com uma voz de trovão, confirmando Sua obra em Jesus, tanto no passado quanto no futuro. A voz era audível, mas nem todos entenderam (cf. v 30, At 9.7; 22.9).152 E, de fato, na ressurreição o Pai exibiu Seu prazer perfeito no Filho quando Ele “foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai” (Rm 6.4), de modo que “Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o Nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9). De fato, o Senhor se deleita neste Servo. “... Pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios” (Is 42.1) – Encontramos o Espírito Santo trabalhando de várias maneiras na vida do Servo de Deus, Jesus Cristo. 1. Na concepção do Filho no ventre de Maria, foi-lhe dito: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35). 2. No Seu batismo o Espírito Santo desceu sobre Cristo “Como uma pomba” (Mt 3.16). 151 Barbieri, L. A., Jr. (1985). Matthew. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 60). Wheaton, IL: Victor Books. 152 Blum, E. A. (1985). John. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 318). Wheaton, IL: Victor Books. 80 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. 3. O Espírito, em seguida, levou Jesus para o deserto, onde nosso Senhor enfrentou as tentações mais fortes que Satanás poderia arremessar. Ao contrário do primeiro Adão, que sucumbiu à tentação de Satanás, o segundo Adão perfeitamente resistiu ao diabo e permaneceu sem pecado (Mt 4.111). 4. Em Seu ministério público, Jesus demonstrou regularmente que o Espírito Santo estava sobre Ele. Lucas nos diz que Cristo voltou do deserto “para a Galiléia no poder do Espírito Santo” (Lc 4.14). Os demônios se sujeitaram a Ele; assim como todas as enfermidades e os efeitos da queda que haviam atormentado os homens desde que o pecado entrou no mundo e trouxe consigo um grande sofrimento. 5. Finalmente, em Sua morte, ressurreição e ascensão, encontramos o Espírito trabalhando de uma forma única. Foi através do Espírito eterno que Ele “se ofereceu sem mácula a Deus” (Hb 9.14). Pedro nos diz que Cristo foi condenado à morte na carne “mas vivificado pelo Espírito” (1Pe 3.18). Então Cristo subiu de volta ao Pai, depois de ter recebido a promessa do Espírito, e assim derramou o Seu Espírito sobre a Igreja como Seu dom de ascensão para os remidos (At 2.33). É através do ministério do Servo que Deus concretizará Seu grande plano de salvação. Deus o escolheu, sustentou e permitiu que Ele tivesse sucesso em Sua missão. Na cruz, o Senhor Jesus Cristo pagou o preço (o seu próprio sangue; 1Pe 1.18-19) para resgatar os homens de cada tribo (descendência), língua (linguagem), povo (raça) e nação (cultura) do mercado de escravos do pecado (cf. 1Co 6.20, 7.23, Gl 3.13; Ap 7.9, 11.9, 13.07, 14.6). Um dia toda criação se juntará para adorar o Cordeiro de Deus (Ap 5). É maravilhoso saber que a história não é tão assustadora como parece. Seja o que for que enfrentemos, podemos descansar seguros com aquele que dá sentido e esperança, “o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi”. O povo de Deus pode celebrar ainda na que na terra a vitória já decretada no céu. Um dia vamos fazer parte de um grande coral celestial. II. O trabalho do Servo “... Pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios” (Is 42.1b) – O Servo vai estabelecer a justiça, ao contrário da liderança infiel e injusta de Israel. Este servo vai governar com fidelidade e justiça. Israel e Judá haviam visto muitos profetas, sacerdotes e reis. Alguns realizaram fielmente seus ofícios; outros não, levando o povo a idolatria. Alguns abusaram dos Seus ofícios ao maltratarem as pessoas que eles foram chamados para servir. No entanto, isso não pode ser dito do Servo de Deus, Jesus Cristo. 81 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Três vezes nesses quatro versículos, encontramos a palavra “direito”. A repetição enfatiza a certeza de que o Servo de Deus vai fazer. “Ele promulgará o direito para os gentios” (Is 42.1). O que Ele quer dizer com “direito” (justiça)? A palavra “direito” (mishpat, em hebraico) significa decidir casos de controvérsia como juiz em processos civis, nacionais e religiosas. Em tais casos, era dever do juiz especificamente julgar com mispat (justiça, ver Sl 72.2-4), “eles devem justificar os justos e condenar os ímpios” (Dt 25.1).153 Assim, o significado de justiça em Isaías 42.1-4, não é nada menos do que colocar os planos de Deus para o Seu povo em todos os Seus efeitos, e tornar a verdade sobre o Senhor, o Deus de Israel, conhecido em toda parte, especialmente o fato de que apenas Ele é o criador soberano e Senhor da história. Não é nada menos do que a salvação de Deus definida no Seu sentido mais amplo. Na linguagem do Novo Testamento, a justiça refere-se à obra de Cristo no evangelho pelo qual foi estabelecida a justiça eterna para as nações por meio da cruz de Cristo. “... Ele anunciará a minha vontade a todos os povos” (Is 42.1b, NTLH) – Essa justiça inclui a libertação do pecado. Mas como é que Ele faz isso? Logo visualizamos a imagem de um rei conquistador, que era, certamente, a ideia principal que os judeus tinham do Messias. Ele será um rei poderoso que levará suas tropas poderosas e derrotará Seus inimigos. Mais tarde, Ciro fará exatamente isso em nome dos judeus capturados e exilados, quando o rei persa libertará os judeus de seus captores babilônicos. “Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça” (Is 42.2) – Porém, ao contrário dos conquistadores estrangeiros, o Servo de Deus não surgirá gritando Seus decretos nas ruas, nem esmagará os oprimidos ou desencorajados. Os conquistadores usam o poder para esmagar, o Servo de Deus será radicalmente diferente. Ele será compassivo e manso. Nunca encontraremos autopromoção ou autoengrandecimento ou manipulação no ministério de Cristo. Mesmo na entrada triunfal em Jerusalém Ele cavalga sobre um jumentinho em vez de um cavalo real (Mt 21). Ele disse aos que estavam cansados: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.29-30). Sem gritar ou dar ordens, Jesus veio em silêncio e com humildade, como o Salvador dos pecadores. Mesmo em Sua morte, Ele não lutou, não reclamou nem mesmo chamou a atenção para Si. O último dos Cânticos do Servo coloca isso dessa forma: “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; Culver, R. D. (1999). 2443 שׁפַט ָ . (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press. 153 82 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.7). Jesus calmamente e gentilmente abraçou a cruz em nosso nome. Agora, essa não é a última vez que esse assunto aparece na Bíblia. Mateus cita essa passagem no capítulo 12 do seu Evangelho. Os fariseus conspiravam contra Jesus, procurando tirar-lhe a vida. Porém, em resposta a isso, Jesus foi embora, e muita gente o seguiu. Ele curou todos os que estavam doentes e mandou que não contassem nada a ninguém a respeito dele (Mt 12.15). Em outras palavras, Ele não entrou em uma discussão com os fariseus, Ele não entrou em uma briga com eles, Ele não tentar promover-se sobre os Seus planos, Ele simplesmente retirou-se e disse aos Seus seguidores que não contassem nada a ninguém. E isso traz a mente de Mateus o que disse o profeta Isaías. Veja o versículo 17: “para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta Isaías: Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios” (Mt 12.17-18). Mateus está dizendo que Jesus é a concretização da promessa de Isaías 42. Jesus é a resposta para o problema da idolatria. Jesus é a resposta de Deus. III. A compaixão do Servo “Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito” (Is 42.3) – Depois de ter declarado, em geral, de que Cristo será diferente dos príncipes da terra, Isaías menciona Sua brandura ao sustentar o fraco e o cansado. “Não esmagará a cana quebrada...” – A palavra “cana” (pishteh, em hebraico) significa linho (referindo-se à planta).154 A cana é uma haste alta, ou uma planta com caule oco, geralmente, encontrada em área alagadiça ou junto a manancial de água. É uma planta flexível, então pode se dobrar facilmente quando atacada por fortes ventos ou água corrente. A “cana” ou “galho” poderia ser utilizado como “vara”. Mas uma vez que estivesse “quebrada” ou “esmagada” não teria nenhuma utilizada nas mãos de um pastor. “... nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito” (Is 42.3) – “... nem apagará a luz que já está fraca” (NTLH). A torcida é um pavio que queima com fogo fraco por falta de combustível e está prestes a expirar.155 Essa metáfora é da mesma importância que a anterior. A imagem do caniço quebrado/rachado e o pavio fumegante são destinados a significar algo fraco, algo que não está funcionando como deveria. 154 Swanson, J. (1997). Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains : Hebrew (Old Testament). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc. 155 Freeman, J. M., & Chadwick, H. J. (1998). Manners & customs of the Bible (p. 361). North Brunswick, NJ: Bridge-Logos Publishers. 83 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Entretanto, o nosso Salvador é compassivo. Ele não abandona os fracos, e quebrados. Ninguém é digno dEle; todavia, o Seu objetivo não é encontrar os que são dignos, mas aqueles que estão desesperados, impotentes e necessitados. Aqueles que não podem oferecer nada a Deus. Ele veio para redimir os pecadores. Ele veio para as pessoas fracas e indefesas. O ministério de Cristo foi direcionado para aqueles que percebem que têm uma necessidade: Apenas pessoas doentes precisam de médico (Mt 9.12). Quando leio essas palavras várias imagens surgem na minha mente, mas uma delas é o encontro de Jesus com a mulher que havia sido apanhada em adultério. Ela estava tão perto de ser apedrejada até a morte por um grupo de fariseus, mas estava ainda mais perto de perder a presença de Deus por toda a eternidade por causa do seu pecado. E Jesus não a desprezou. Pelo contrário, Ele disse: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.] (Jo 8.10-11). Jesus a libertou de sua escravidão e da condenação de uma vida de pecado e a colocou no caminho da retidão e da bênção. Ele não esmagou a cana quebrada, nem apagou a torcida que fumega (Is 42.3). IV. A força do Servo “Não desanimará, nem se quebrará até que ponha na terra o direito; e as terras do mar aguardarão a sua doutrina” (Is 42.4) – Embora Ele seja manso aprendemos no versículo 4, que Ele não é fraco. Embora possamos ser “feridos” o Servo não será “esmagado”. Embora fiquemos desesperados, o Servo não fica “desanimado”. O que nos afeta por causa do pecado não O afeta. “... até que ponha na terra o direito” (Is 42.4) – Ele fielmente trará justiça (direito). Nada pode detê-lo. Apesar de todos os exércitos do inferno procurar derrotáLo, ninguém foi capaz. Ele fielmente concretizou o plano redentor de Deus quando se levantou em nosso lugar diante da ira de Deus e sentiu os golpes do julgamento divino sobre nós. É por isso que Paulo declarou aos crentes de Filipos: “Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp 1.6). O que Deus começa, Ele termina! “... E as terras do mar aguardarão a sua doutrina” (Is 42.4) – Israel tinha um problema grave ao pensar que Deus era para eles e apenas eles. Mas a justiça da salvação não era apenas para Israel, mas “para as nações”. A última frase expressa essa verdade poeticamente, “e as terras do mar aguardarão a sua doutrina” (ou Sua instrução, como Calvino aponta, em última análise se refere ao evangelho).156 “As terras do mar” 156 Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 3, Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, p. 178. 84 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. implica os confins da terra. É o que João descreve a identificar a obra redentora de Cristo para as pessoas “de toda tribo, língua, povo e nação” (Ap 5.9). Nenhum grupo será deixado de fora da obra redentora de Cristo. Esse é o poder da morte de Cristo e esse é o alcance do Seu amor e misericórdia. Conclusão: Em Isaías 42, Deus anuncia o Seu caminho de salvação e libertação, não apenas para Israel, mas para as nações. Ele enviará o Seu Servo, que será capacitado e orientado pelo Seu Espírito. Ele vai estabelecer a justiça na terra e trazer a salvação, mesmo para os gentios. Somente o único e verdadeiro Deus verdadeiro e poderoso poderia anunciar algo tão notável e, em seguida, concretizá-lo. Charles Colson é conhecido em todo o mundo como o fundador da Prison Fellowship Ministries. O primeiro livro de Colson, Born Again, conta a dramática história de sua conversão depois de ter sido condenado à prisão por seu papel no escândalo de Watergate, durante a administração de Richard Nixon. Charles Colson era o conselheiro chefe do presidente norte-americano entre 1969 e 1973. Investigações sobre seu envolvimento no caso Watergate, criaram uma grave crise política. Alguns meses mais tarde, Charles Colson foi preso e condenado a três anos de prisão federal. Neste intervalo, converteu-se ao cristianismo e mudou radicalmente sua vida. Após sete meses de prisão, Colson sai em condicional e passa a se dedicar a promover assistência social e espiritual a presidiários, fundando a organização Prison Fellowship Ministries. Enquanto estava na prisão, Colson foi defendido pelo senador Harold Hughes, um crente que se ofereceu para pagar a sentença de Colson. Porém, o juiz recusou, mas Colson foi profundamente impactado pelo exemplo da liderança servidora que viu em Hughes. Charles Colson nunca tinha visto um sacrifício amoroso durante seus anos nos círculos internos do poder político. Talvez seja porque o conceito de liderança servidora não se originou na Terra. Ela veio direto do céu na pessoa de Jesus, o Messias, que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10.45). Jesus não criou um alvoroço, por assim dizer, Ele restaurou a mais quebrada das vidas. Ele foi o cumprimento das promessas da aliança de Deus com Israel, e Ele trouxe luz aos gentios. Não é de admirar que Mateus citou Isaías 42 ao se referir ao Senhor Jesus (Mt 12.18-21). É interessante que o símbolo de Prison Fellowship é um caniço quebrado de Isaías 42.3. Essa passagem é uma lembrança maravilhosa de que Jesus Cristo pode restaurar vidas quebradas. Todos nós estamos quebrados em algum grau. Onde você se sente mais fraco e inadequado em sua vida no serviço para Cristo? Esse é o lugar onde Ele deseja mostrarlhe o Seu poder. Ele pode trocar a sua fraqueza por Sua força hoje. 85 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 44-45 Ciro, um instrumento nas mãos de Deus. Introdução: 11 O fato de Deus ser o Senhor da história, implica que tudo o que ocorre serve a Seu propósito, seja de uma forma ou de outra. Nações e governantes estão completamente nas mãos de Deus que, até mesmo, pode chamar o rei Ciro, de Seu pastor e ungido (Is 44.28; 45.1).157 O Senhor não precisa que as pessoas O conheçam ou reconheçam Sua existência a fim de que possam servi-Lo. Todas as criaturas lhe estão sujeitas. Deus havia anunciado três vezes, até agora, a sua intenção de levantar um libertador gentio para o Seu povo (41.2-5; 41.25; 43.14). Em uma das previsões mais extraordinárias da Bíblia, Isaías profetiza, cerca de 150 anos antes, o reinado de Ciro no cenário da história. I. O comissionamento de Ciro (Is 44.24-28) “Eu sou o SENHOR, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra” (Is 44.24) – O Redentor de Israel, o todo-poderoso é o único que (1) Formou Israel no ventre da escravidão no Egito (Is 44.24); e (2) Criou os céus e a terra (Is 44.24); (3) Frustrou os presságios dos adivinhos (Is 44.25); (4) Concretiza Sua palavra. Esse Deus todo-poderoso, que pode secar oceanos e rios, anunciou Sua intenção de restaurar as cidades de Judá que seriam deixadas em ruínas pelos caldeus (Is 44.2627). Aqueles que disseram que Deus não poderia libertar o Seu povo da Babilônia serão envergonhados quando as previsões fossem cumpridas.158 O agente humano por meio do qual essa promessa será cumprida é especificamente nomeado. Ciro tornará possível a restauração de Jerusalém e do Templo (Is 44.28). “Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz” (Is 44.28) – É curioso notar que Ciro, um rei pagão, tornou-se instrumento de Deus para realizar algo de bom para o povo de Deus. Jerusalém havia caído para a Babilônia e enfrentou 70 anos de cativeiro. O Senhor prometeu através de Jeremias, o profeta, que eles voltariam para Judá um dia. Ora, aquele dia estava chegando nos planos do Senhor. Esta não foi a única vez que o Senhor usou um rei pagão para avançar o Seu reino. Outros exemplos são Faraó e José, muito mais tarde, Faraó e Moisés. Já o rei Nabucodonosor foi o instrumento do julgamento de Deus (Dn 1.1). Agora Ciro é 157 HOEKAMA, Anthony. A Bíblia e o futuro. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 220. Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1099). Wheaton, IL: Victor Books. 158 86 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. chamado de pastor, porque ele seria usado para cuidar do povo de Deus. Como são surpreendentes os pensamentos e os planos do nosso Deus! (Jr 29.11). II. O sucesso de Ciro (Is 45.1-8) “Assim diz o SENHOR ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações ante a sua face, e para descingir os lombos dos reis, e para abrir diante dele as portas, que não se fecharão” (Is 45.1) – O texto diz que Ciro era o ungido do Senhor. A palavra “ungido” é uma referência aos dois primeiros reis de Israel, Saul e Davi, que foram ungidos por Deus (1Sm 10.1, 16.6). Desde que Israel no exílio não tinha rei, Ciro funcionava como o seu rei (o ungido) para trazer bênção. A palavra “ungido” significa, literalmente, “Messias”. Assim, Ciro terá uma dupla missão: libertar o povo, e trazer o julgamento de Deus sobre os descrentes.159 “A quem tomo pela mão direita” – Ou seja, foi Deus quem conduziu Ciro em tudo. Não foi uma obra isolada de Deus, mas uma obra realizada a dois. Ciro foi chamado para fazer o que Deus havia determinado em prol de Judá e contra os inimigos de Judá, os babilônicos. Ciro (o Grande) assumiu o trono em 559 a.C. Ele foi criado por um pastor depois que o seu avô, Astiages, rei dos Medos, ordenou que ele fosse morto. Aparentemente, Astiages havia sonhado que Ciro o sucederia como rei antes da morte do monarca. O oficial encarregado da execução, ao invés de assassiná-lo, levou o menino para as colinas e o entregou aos pastores.160 Quando adulto, Ciro organizou um exército persa (até então um povo tributário dos Medos) e se revoltou contra o seu avô e pai (Cambises I). Ele os derrotou e conquistou o trono. Um de seus primeiros atos como rei de MedoPersa foi lançar um ataque contra Lídia, capital de Sardes e saquear as riquezas do seu rei, Creso. Voltando-se para o leste, Ciro continuou sua campanha até conquistar um vasto império, que se estendeu desde o Mar Egeu até a Índia. Em 539 a.C., Ciro conquistou a Babilônia. Em uma noite de 5/6 de outubro de 539 a.C., Ciro acampou em volta da Babilônia com seu exército. Enquanto os babilônicos festejavam, Ciro desviou as águas do Rio Eufrates. Eles atravessaram o rio com a água na altura da cintura e entraram sem lutar, visto que os portões estavam abertos.161 Em seguida, os registros bíblicos informam que Ciro ordenou que os Judeus voltassem à Palestina (Ed 1), pondo fim ao período do cativeiro Babilônico. Ciro permitiu que os judeus exilados voltassem e reconstruíssem o templo em Jerusalém (2Cr 36.22-23; Ed 1.1-4). Ciro também ofereceu aos judeus uma concessão real para a reconstrução do templo (3.7). Entretanto, o sucesso arrebatador de Ciro deve ser atribuído ao Senhor. A tradição judaica relatada por Josefo registra que o grande rei tomou conhecimento das 159 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1099–1100). Wheaton, IL: Victor Books. 160 Mitchell, M. (2003). Cyrus. In (C. Brand, C. Draper, A. England, S. Bond, E. R. Clendenen, & T. C. Butler, Orgs.)Holman Illustrated Bible Dictionary. Nashville, TN: Holman Bible Publishers. 161 Wiseman, D. J. (1996). Cyrus. In (D. R. W. Wood, I. H. Marshall, A. R. Millard, & J. I. Packer, Orgs.)New Bible dictionary. Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 87 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. profecias depois que havia conquistado a Babilônia em 539 aC.162 Embora Ciro tenha sido uado pelo Senhor para proclamar o decreto e a libertação dos judeus (Ed 1.2), o Cilindro de Ciro, que registra os feitos do rei, incluindo a captura da Babilônia e a libertação dos exilados judeus, atribuiu suas vitórias a Marduque, o deus da Babilônia. A Escritura afirma claramente que Ciro era um incrédulo (Is 45.4).163 Nada se sabe sobre a morte de Ciro. Provavelmente, o historiador grego Heródoto estava certo ao indicar que Ciro morreu em um terrível desastre que atingiu o exército persa enquanto lutavam com o massagetas (uma tribo dos desertos do sul de Khwarezm e Kum Kyzyl na porção sul da região de estepes dos atuais países do Cazaquistão e o Uzbequistão). O túmulo de Ciro ainda pode ser visto em Pasárgada no Irã.164 Ciro cumpriu a vontade do Senhor. O povo de Deus havia se rebelado contra a vontade do Senhor. Ciro, no entanto, é descrito como fazendo a vontade de Deus. Como é maravilhoso ver que o Senhor fará o que for preciso e usará quem Ele quer para concretizar os Seus planos. “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas” (Is 45.7) – É interessante que os propósitos redentores de Deus são cumpridos através da atividade de um homem ímpio. Ciro, o rei da Pérsia derrotou violentamente os babilônicos, e conduziu de volta os exilados e ordenou a reconstrução de Jerusalém. Todavia, ele não teria feito nada disso sem o concursus de Deus.165 Foi uma boa obra feita por um homem ímpio. Tudo o que poderia ser feito para e por Ciro foi feito por duas razões. Em primeiro lugar, Deus usou este rei pagão para trazer libertação a “Jacó, meu servo”. Em segundo lugar, o trabalho que Ciro realizou foi projetado para convencer todas as pessoas que somente o Senhor é Deus. Somente Ele governa o universo. Seja através de sua ação direta ou Sua vontade permissiva, tudo o que acontece deve ser atribuída a (45.4-8). III. A perfeição do plano de Deus (Is 45.9-25) “Ai daquele que contende com o seu Criador! E não passa de um caco de barro entre outros cacos. Acaso, dirá o barro ao que lhe dá forma: Que fazes? Ou: A tua obra não tem alça” (Is 45.9) – Os versículos restantes do capítulo 45 defendem o plano de Deus para utilizar Ciro. O chamado do rei persa seria o primeiro passo de um longo 162 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 45.1–8). Joplin, MO: College Press. Hughes, R. B., & Laney, J. C. (2001). Tyndale concise Bible commentary (p. 167). Wheaton, IL: Tyndale House Publishers. 164 Elwell, W. A., & Comfort, P. W. (2001). In Tyndale Bible dictionary. Wheaton, IL: Tyndale House Publishers. 165 A concorrência ou cooperação (concursus, co-operatio). O teólogo Louis Berkhof define-o como “a cooperação do poder divino com os poderes subordinados, de acordo com as leis préestabelecidas para sua operação fazendo-as atuar, e que atuem precisamente como o fazem”. BERKHOF Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 202. 163 88 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. programa para levar todos os homens a se submeterem ao Seu senhorio. Cinco pontos são descritos no que diz respeito ao plano de Deus. Em primeiro lugar, o plano de Deus é incontestável (Is 45.9-10). Aqueles que poderiam questionar a decisão de Deus de usar Ciro foram repreendidos: “O barro não pergunta ao oleiro: “O que é que você está fazendo?”, nem diz: “Você não sabe trabalhar” (Is 45.9, NTLH). Que audácia é questionar a Deus sobre qualquer coisa! Ele é, afinal, o criador e dono de tudo que existe. Em segundo lugar, o plano de Deus é consistente (Is 45.11-13). Ele levantará Ciro “na justiça”, isto é, com seu objetivo de salvar. “Eu mesmo ordenei a Ciro que começasse a agir e lhe prometi a vitória. Eu aplanarei os caminhos por onde ele vai passar. Ele reconstruirá Jerusalém, a minha cidade, e porá em liberdade o meu povo que está no cativeiro, sem exigir nenhum pagamento para fazer isso” (Is 45.13, NTLH). Sem pensar em compensação Ciro libertará os cativos judeus e permitirá que Jerusalém seja reconstruída. Em terceiro lugar, o plano de Deus é universal (Is 45.14). Após a restauração de Ciro, Sião desfrutará de um futuro glorioso. Convertidos virão de longe e se juntarão alegremente como se estivessem acorrentados a Sião, porque virão e reconhecerão que o Senhor é o único Deus. É descrito aqui a conversão do Novo Testamento, através do qual os homens irão ao Monte Sião (Hb 12.22) e tornarão parte do novo Israel de Deus (Gl 6.16). Em quarto lugar, o plano de Deus é correto (Is 45.15-17). Isaías irrompeu em uma oração de adoração para a maneira misteriosa de Deus agir para com o Seu povo. Deus se “esconde” quando permite que o Seu povo experimente a disciplina: “O Deus de Israel, que salva o seu povo, é um Deus que se esconde das pessoas” (Is 45.15, NTLH). No final, no entanto, os idólatras serão envergonhados, mas o povo de Deus nunca será humilhado, nem passará vergonha (v. 17). O Senhor apelou às nações a reconhecê-Lo como o único Deus. O Senhor defendeu a Sua divindade, apontando para (1) A criação proposital; e (2) A revelação clara que Ele deu. Por outro lado, Isaías diz respeito à tolice como absoluta confiança em colocar um ídolo que deve ser carregado. Quanto ao profeta, o seu principal argumento é que Deus havia previsto a ascensão de Ciro, muito antes de ocorrer. Finalmente, o plano de Deus é evangelístico (Is 45.22-25). Deus prometeu salvar todos os que se voltarem para Ele. Isaías antecipou um dia em que todos os homens se submeterão à sua autoridade. Mesmo os piores inimigos se voltarão para Ele por justiça e força espiritual. Somente no Senhor, todos os filhos de Israel encontrarão 89 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. salvação.166 O dia está chegando, quando todas as pessoas terão que comparecer diante do tribunal de Deus. Conclusão: Os eventos no capítulo 45 de Isaías ilustra que Deus é soberano e se move de acordo com Seus planos pré-determinados. No capítulo 45 de Isaías Deus mostra como conduziu Ciro no cumprimento dos Seus planos. De fato, a história está nas mãos de Deus, os grandes impérios deste mundo já caíram. Outros ainda cairão. Só o Reino de Cristo triunfará (Dn 2). Essa passagem é um incentivo aos crentes perseguidos a permanecerem firmes no Senhor. É um lembrete de que Deus está no controle de toda situação. Isaías tem uma mensagem para o povo de Deus nos dias de hoje, para os que estão sendo atacados pelo inimigo e sofrendo por viver em retidão e dedicação ao Senhor. Não precisamos ter medo quanto ao futuro, Deus já determinou o fim: sua vitória gloriosa!167 166 167 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 45.9–25). Joplin, MO: College Press. OLYOTT, Stuart. Ouse ser Firme. São José dos Campos: Editora Fiel, 1996, p. 32-36. 90 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 49-50 O livro do Servo. Introdução: 12 No estudo anterior, abordamos a vida do rei Ciro, como servo do Senhor (Is 45), e sua missão na libertação dos exilados da Babilônia e a restauração de Jerusalém (Ed 1). Agora, os capítulos (49-50) tratam principalmente do Messias/Servo cumprindo Seu ministério de restauração do povo da aliança. A palavra “servo” ocorre cerca de 20 vezes nessa passagem que exalta Jesus com o Cordeiro de Deus que foi morto para redimir os eleitos de Deus. Esta seção está organizada em três partes (Is 49.1-50.3; 50.4-52.12; 52.13-54.17), cada uma das quais começa com uma canção do Servo.168 Porém, entre as canções, há um discurso que descreve o desânimo de Sião durante o tempo do seu cativeiro. A doutrina da vinda Servo foi a resposta de Deus ao desânimo de Sião.169 I. A obra do Servo (Is 49.1-13) A segunda canção do Servo se concentra no trabalho e o sucesso do Servo de Deus. Ele é o orador nos versículos 1-5; Deus se dirige a Ele no versículo 6. A. A tarefa do Servo (Is 49.1-6). “Ouvi-me, terras do mar, e vós, povos de longe, escutai! O SENHOR me chamou desde o meu nascimento, desde o ventre de minha mãe fez menção do meu nome” (s 49.1) – Com zelo missionário, o Servo clamará ao mundo inteiro para que todos ouçam Sua voz. O Servo sabe de Sua vocação. Ele declara que foi chamado antes mesmo de nascer, e separado por Deus (ou seja, reivindicado por Ele), imediatamente após o Seu nascimento. Deste modo, o Messias/Servo será um ser humano, nascido como todos os demais de uma mulher, e de mulher ainda virgem (cf. 7.14; Lc 1.30-33). “fez a minha boca como uma espada aguda, na sombra da sua mão me escondeu; fez-me como uma flecha polida, e me guardou na sua aljava...” (v. 2) – O principal instrumento para realizar a obra do Servo é a palavra proclamada por Ele (Is 49.2). Sua boca seria como uma espada afiada (cf. Mt 10.34). Seu ministério seria uma flecha polida (afiada). Isto é, Sua palavra é sempre eficiente (Is 55.11; Ef 6.17; Hb 4.12). Sua boca era como uma espada afiada, ou seja, era uma arma para destruir os 168 Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible commentary (p. 285–286). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers. 169 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 49.1–50.9). Joplin, MO: College Press. 91 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. desobedientes (cf. 1.20; Ap 1.16; 19.15). Além disso, o Servo seria protegido em todo o Seu ministério pela sombra da mão do Todo-Poderoso. O Messias estava escondido junto de Deus, pronto para aparecer no momento preciso (cf. Gl 4.4-5). “e me disse: Tu és o meu servo, és Israel, por quem hei de ser glorificado” (Is 49.3) – Por que o Servo aqui é chamado de Israel? Isso não pode se referir à nação porque o Servo foi chamado para conduzir a nação de Israel de volta ao Senhor. O Messias é chamado de Israel, porque Ele cumpre o que Israel deveria ter feito. Em Sua pessoa e obra Ele simboliza a nação.170 Ele seria totalmente comprometido com a vontade de Deus. Ele seria um novo Israel, o chefe de uma nação. Tudo o que Ele fizer refletirá a glória de Deus (Is 49.2-3). “Mas eu pensei: Todo o meu trabalho não adiantou nada; todo o meu esforço foi à toa. Mesmo assim, eu sei que o SENHOR defenderá a minha causa” (Is 49.4, NTLH) – O Servo antecipou a rejeição, mas Ele deixou toda a questão nas mãos de Deus. Ele sabia que seu trabalho fiel seria recompensado. O Servo não deveria apenas conduzir o povo de Israel de volta a Deus, ele também será “uma luz para as nações” (49.4-6). Quando Jesus Cristo ministrava, especialmente, ao próprio povo de Israel, houve momentos em que Sua obra parecia em vão (Is 49.4). Os líderes religiosos se opuseram a Ele, os discípulos nem sempre o compreenderam, e aqueles que foram ajudados por Ele, nem sempre o agradeceram. Ele viveu e trabalhou pela fé, e Deus lhe deu sucesso.171 Os dois cânticos finais do Servo também enfatizam o seu sofrimento (Is 50.4-11; 52.1353.12). Porém, embora rejeitado pelos homens, o Servo manifesta a firme segurança de que está realizando a obra de Deus e que será plenamente recompensado. Esse versículo é citado no Novo Testamento como justificativa para pregar o Evangelho em todo o mundo (At 13.47). B. O triunfo do Servo (Is 49.7-13). “Assim diz o SENHOR, o Redentor e Santo de Israel, ao que é desprezado, ao aborrecido das nações, ao servo dos tiranos: Os reis o verão, e os príncipes se levantarão; e eles te adorarão por amor do SENHOR, que é fiel, e do Santo de Israel, que te escolheu” (Is 49.7) – O Servo será desprezado pelos homens, detestado pelas nações e os governantes olharão para Ele com desdém. No entanto, o tempo virá em que os reis e príncipes se prostrarão diante do Servo de Deus. Em sua primeira vinda, Jesus Cristo foi rejeitado pelo Seu próprio povo (Jo 1.10-11), mas na Sua segunda vinda todos se dobrarão diante dEle (cf. 55.12; Fp 2.10-11).172 170 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1103). Wheaton, IL: Victor Books. 171 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 121). Wheaton, IL: Victor Books. 172 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1103–1104). Wheaton, IL: Victor Books. 92 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “... No tempo aceitável, eu te ouvi e te socorri no dia da salvação...” (Is 49.8) – Deus responderá ao grito do Servo por libertação. Isso inaugurará o “dia da salvação”. À luz do uso de Paulo dessa passagem (2Co 6.2), o tempo de Deus é o período do Evangelho. Neste período, o Servo se tornará um “mediador da aliança”, isto é, o mediador de um pacto. O servo (1) “Estabelecerá” a terra, o reino messiânico; (2) Liberará os cativos; (3) Fornecerá luz; e (4) Preservará aqueles que o seguem (49.8-10). Ele construirá estradas para o Seu povo, mesmo em terrenos difíceis, de modo que possam retornar a Sião (v. 12).173 As pessoas correrão para o reino do Servo de todas as regiões, mesmo distante Sinim (Outra tradução possível: Assuã ou Sevene. Cf. Ez 29.10; 30.6). A obra do Servo trará conforto aos aflitos. Por esta razão o povo de Deus cantará de alegria (49.11-13). Alguns estudiosos têm defendido que a região de Sinim é uma referência a China, mas o máximo que podemos dizer com segurança é que versículo 12 prevê a conversão de pessoas de terras distantes, dos quais Sinim era, evidentemente, um exemplo notável.174 II. O desânimo de Sião (Is 49.14-50.3) O trabalho inicial do Servo será “restaurar as tribos de Jacó e tornar a trazer os remanescentes de Israel” (Is 49.6). Porém, o estado espiritual e emocional do povo de Deus depois do exílio na Babilônia é descrito na última metade do capítulo 49. O povo se sentiu abandonado por Deus, então, o Senhor lhes assegura do Seu amor ao se comparar com uma mãe compassiva (v. 14-23), um guerreiro corajoso (v. 24-26) e um amante constante (50.1-3).175 A. A queixa de Sião e a resposta do Senhor (Is 49.14-20). “Mas Sião diz: O SENHOR me desamparou, o Senhor se esqueceu de mim...” (Is 49.14) – O povo de Sião se queixa de que Deus o havia abandonado. No entanto, Deus respondeu que Ele certamente não havia se esquecido do Seu povo: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Is 49.15). No entanto, como uma criança de peito, totalmente dependente, o Senhor jamais se esquece dos Seus filhos. Uma mãe pode até se esquecer do filho ainda mama, porém, o Senhor jamais se esquece do Seu povo. Deus é misericordioso e nos consola como uma mãe conforta os seus filhos (Is 66.15). “Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente perante mim” (Is 49.16) – Além disso, a nação estava gravada, por 173 Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 34–66 (Vol. 25, p. 188). Dallas: Word, Incorporated. Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 661). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 175 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 122–123). Wheaton, IL: Victor Books. 174 93 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. assim dizer, em Suas mãos. Portanto, sempre que Ele, figurativamente falava e levantava Suas mãos, o Senhor vê o nome do Seu povo. O sumo sacerdote trazia os nomes das tribos de Israel em seus ombros e sobre o coração (Êx 28.6-9), gravado em joias; mas Deus tem gravado o nome dos Seus filhos em Suas mãos. É interessante notar que, a palavra “gravei” (chaqaq, em hebraico) significa “cortar” em referência a sua permanência. Deus jamais se esquecerá de Sião.176 Moisés ao falar da necessidade da meditação constante sobre a Lei, declarou: “Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos” (Dt 6.8). O Senhor agora faz uso da mesma base de comparação. É verdade, de fato, que Deus não tem nem mãos, nem forma física; mas a Escritura se acomoda à nossa capacidade fraca, de modo a expressar a força do amor de Deus para conosco.177 Mães podem abandonar seus bebês; mas Deus não pode se esquecer dos Seus filhos ou deixá-los no desespero. Às vezes nos sentimos abandonados, desamparados ou órfãos. No entanto, Deus jamais se esquece dos Seus filhos. A maior prova do Seu amor foi cravado na cruz. Estávamos desamparados em nossos pecados e por eles merecíamos a condenação eterna. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, “por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.5-6). Isso é o que pode nos dar coragem e resistência neste mundo, e no mundo vindouro, a vida eterna com Ele! B. A perplexidade de Sião e o compromisso do Senhor (Is 49.2123). Sião se sentia como uma criança abandonada e também, como uma mulher estéril (v. 21). Porém, ela será tão abençoada por Deus que não haverá espaço para tantos filhos! Eles serão como belos ornamentos de noivas, e não refugiados decrépitos do cativeiro. Mais uma vez, o profeta olhou para frente até o fim dos tempos, quando os gentios se prostrarão diante do Senhor.178 Sião ficará perplexa com o aumento populacional. “Então você pensará assim: ‘Quem me fez mãe destes filhos? Eu, uma mulher que não podia ter filhos, abandonada, rejeitada e prisioneira — quem criou esses filhos para mim? Eu estava sozinha — de onde vieram todos eles?’” (Is 49.21) – Israel não produziu filhos durante o exílio. Então, como pode sua população crescer? A resposta para isso é simples, mas gloriosa. O próprio Deus levantará a mão e dará um sinal de comando aos povos para que tragam de volta a Jerusalém os filhos e as filhas de Jerusalém. Reis estrangeiros cuidarão das suas crianças, e rainhas serão as suas babás (Is 49.22-23). Então, todos saberão que, aqueles que esperaram no Senhor, jamais serão envergonhados (v. 23). 176 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 123). Wheaton, IL: Victor Books. Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 4, Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, p. 22. 178 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 123). Wheaton, IL: Victor Books. 177 94 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. C. A incredulidade de Sião e a garantia do Senhor (Is 49.24-26). “Será que alguém pode tirar de um soldado as coisas que ele carrega depois da batalha? Ou será que alguém pode pôr em liberdade os que estão sendo levados como prisioneiros por um rei cruel?” (Is 49.24) – Sião simplesmente não conseguia acreditar que pudessem ser libertados das mãos de um poderoso tirano, como a Babilônia. O Senhor lhe assegura que Ele mesmo efetuará a salvação. Qualquer pessoa que interferir, entrará em guerra contra Deus. A estratégia divina seria levantar os opressores um contra o outro. Assim, através da liberação de Israel, os judeus e gentios, saberão que o Senhor é o Redentor (v. 26). D. A depressão de Sião e o poder do Senhor (Is 50.1-3). “O SENHOR Deus diz ao seu povo: “Será que vocês acham que eu os mandei embora como um homem manda embora a sua mulher? Então onde está o documento de divórcio? Ou acham que eu os vendi como escravos a fim de pagar as minhas dívidas? Não! Vocês foram levados prisioneiros por causa dos seus pecados; eu os mandei embora por causa das suas maldades” (Is 50.1, NTLH) – Sião se sentia como se o Senhor os estivesse abandonado. Então, o Senhor assegura a Sua fidelidade: Quando Deus pergunta: “Então onde está o documento de divórcio?” (v. 1), parece uma referência à situação apresentada pelo profeta Oséias, o qual compara o relacionamento de Deus e Seu povo como um marido que procura reconciliar-se com sua esposa, ainda que esta seja uma meretriz (Os 1-2). A segunda pergunta de Deus: “Ou acham que eu os vendi como escravos a fim de pagar as minhas dívidas?” (v. 1), lembra a situação da viúva que estava prestes a perder os filhos a fim de saldar uma dívida do marido (2Rs 4.1-7). Essas perguntas são retóricas. Deus jamais se divorciou do Seu povo, e nunca os vendeu (Is 48.8-11; 49.15). O exílio ocorreu por causa dos pecados do povo (50.1b). Mas Deus os busca e os auxilia (50.2-3).179 Como poderia o povo dizer que foram esquecidos e abandonados, quando o Senhor trata o Seu povo como uma mãe compassiva, um guerreiro corajoso e um cônjuge presente? Ele é fiel à Sua Palavra, mesmo quando somos infiéis (2Tm 2.11-13). Ele é fiel para disciplinar quando nos rebelamos (Hb 12.1-11), mas Ele também é fiel para perdoar quando nos arrependemos e confessamos nossos pecados (1Jo 1.9). A mensagem do Servo para os gentios era de esperança e de bênção. Ele lidará com o Seu povo, para que eles, por sua vez, possam compartilhar da bênção de Deus com os gentios.180 179 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 872. 180 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 124). Wheaton, IL: Victor Books. 95 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. E. A confiança do Servo (Is 50.4-9). Em seguida, Isaías apresenta a terceira canção do Servo, que tornando a falar, descreve como é instruído, disciplinado e fortalecido para sua missão. “O SENHOR Deus me ensina o que devo dizer a fim de animar os que estão cansados. Todas as manhãs, ele faz com que eu tenha vontade de ouvir com atenção o que ele vai dizer” (Is 50.4) – Se o povo de Sião não tinha confiança no programa de Deus, o Servo não. O Servo proclama sua confiança em três áreas. Em primeiro lugar, o Servo estava confiante de sua preparação. Ele estava certo de que havia recebido uma revelação constante de Deus. Ele estava igualmente certo de que possuía a habilidade dada por Deus para comunicar o que havia recebido de tal forma a sustentar as almas cansadas (Is 50.4). O apóstolo João escreve muito sobre a obediência de Jesus a Deus em cumprimento da Sua vontade (Cf. Jo 5.19, 36; 6.38; 7.16, 29; 12.49-50). Em segundo lugar, o Servo estava confiante no plano de Deus. Assim, Ele voluntariamente submeteu seu coração, mente e corpo à obediência (Is 50.5). Jesus, antes de ser crucificado, foi espancado, escarnecido e cuspido (Mc 14.65; 15.16-20). Finalmente, o Servo estava confiante do cuidado de Deus. Ele permaneceu firme apesar da perseguição. Ele sabia que poderia enfrentar qualquer desafio. Seus inimigos e acusadores não terão sucesso (Is 50.7-9). Jesus demonstrou essa determinação ao dirigir-se a Jerusalém para ali ser crucificado (Lc 9.51). Conclusão: A canção do Servo termina com uma imagem poderosa: “... Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do SENHOR e se firme sobre o seu Deus” (Is 50.10). Ou seja, aqueles que confiam no Senhor muitas vezes sentem que andam na escuridão, sem nenhuma luz. Todavia, em tais circunstâncias, precisam continuar confiando em o nome do Senhor e andando a luz da Sua palavra, que indica o caminho que deve ser seguido (Is 50.10; Sl 11.105). Eles não devem buscar outras fontes de luz, pois estas são apenas tochas que em breve se apagarão, mas não antes de queimarem aqueles que as procuram (Is 50.11).181 Além disso, Isaías utiliza a imagem de um joalheiro. Todos os exilados voltarão para casa, os exilados serão restaurados: “Olhe para todos os lados e veja o que está acontecendo! Os seus moradores estão voltando; eles estão chegando! Juro pela minha vida que todos eles são como jóias que você usará com orgulho, assim como uma noiva se enfeita com as suas jóias” (Is 49.18). Como um joalheiro, Deus surpreenderá o Seu povo com a beleza do resultado final. 181 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 873. 96 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Um dia, também temos a certeza de que Deus vai colocar diante de nós em esplêndida gama de suas muitas e muitas bênçãos. E elas enfeitarão nossas vidas como ornamentos. Então, por que você não coloca a sua confiança em um Deus assim? As mães podem esquecer - elas são humanas. Os cônjuges, lamentavelmente, podem até abandonar a família. Porém, Deus nunca se esquece dos Seus filhos. Ele sempre vai trazer beleza e alegria ao Seu coração. Essa é a maneira como Ele trabalha, e é por isso que devemos colocar nossa confiança nEle. 97 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 52.13-53 O livro do Servo – Parte II Introdução: 13 O capítulo 53 seja talvez a porção mais conhecido do Livro de Isaías. Este poema é composto por cinco parágrafos de três versículos cada. Esta “quarta canção do Servo” centra-se na morte do Servo inocente do Senhor que se oferece pelas transgressões de Israel. O Servo que Isaías descreve é o Messias; e o Novo Testamento afirma que este Servo/Messias é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus (Mt 8.17; Mc 15.28, Lc 22.37, Jo 12.38; At 8.27-40; 1Pe 2.21-24). Além disso, Isaías 53 é citado ou aludido no Novo Testamento com mais frequência do que qualquer outro capítulo do Antigo Testamento.182 Para um cristão, a leitura de Isaías 53 é uma peregrinação pela Via Dolorosa.183 Escrevendo 700 anos antes dos eventos ocorrerem, Isaías descreve a morte de Cristo, de tal pormenor que não pode ser atribuída a qualquer outro que não seja o trabalho direto de Deus. Neste estudo, vamos descobrir o que cada estrofe nos ensina sobre a pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. I. O sucesso do Servo (Is 52.13-15) A. Seu sucesso incomparável “Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime” (Is 52.13) – O Servo será bem sucedido em sua missão. O texto começa dizendo que Cristo agirá “com prudência”, o que significa que em cada situação Ele vai perfeitamente cumprir a vontade do Pai. Mas que “sabedoria” o conduzirá a esse sucesso? É a sabedoria de Deus que levou Cristo à cruz sangrenta, onde o mundo crucificou o Salvador. “sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória” (1Co 2.8). O mundo não entendeu quando Jesus andou sobre a terra, e o mundo não entende até hoje. As pessoas estão mortas em seus delitos e pecados (Ef 2.1). Conforme Francis Foulkes, a descrição aqui não é meramente metafórica, nem se refere apenas ao estado futuro do pecador. Pelo contrário, descreve a sua condição atual, e na realidade, a Bíblia 182 183 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 130–132). Wheaton, IL: Victor Books. Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 52.13–53.12). Joplin, MO: College Press. 98 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. frequentemente fala do homem como estando espiritualmente morto devido ao pecado (Ez 37.1-14; Rm 6.23; 7.10, 24; Cl 2.13, e necessitando de nada menos que uma nova vida da parte de Deus 5.14; Jo 3.3; 5.24).184 Um homem comprou um rato branco para utilizar como alimento para sua cobra de estimação. Ele jogou o rato desavisado na gaiola, onde a cobra estava dormindo no meio da serragem. O pequeno rato tinha um grave problema. A qualquer momento ele poderia ser engolido vivo. Obviamente, o rato necessitava elaborar um plano brilhante. O que ele fez? Ele rapidamente começou a cobrir a cobra com pedaços de serragem até que ela ficasse completamente enterrada. Com isso, o rato, aparentemente, pensou que havia resolvido seu problema. Infelizmente, é assim que o ser humano sem Cristo tenta resolver a sua vida. Somos demasiadamente rápidos para aplicar um band-aid em uma ferida mortal. Mas Deus tem um plano muito melhor. Por causa do sacrifício de Cristo na cruz do calvário há perdão até mesmo para o pior pecador. Além da voz vivificadora de Deus não há esperança.185 Mas por causa dela, mesmo o pior rebelde pode ser salvo. B. Sua desfiguração chocante “Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens) (v. 14) – O texto convida-nos a considerar uma disjunção chocante: Cristo exaltado ao lugar mais alto (v. 13). Cristo desfigurado quando morre (v. 14). Como isso pôde acontecer? Quem fez isso com Jesus? Naquele dia, no Calvário o cheiro da morte estava por toda parte. A crucificação era uma forma medonha de morrer. A intenção dos romanos era tornar o sacrifício em algo brutal e sangrento. Eles haviam dominado a arte do assassinato cruel. Os romanos gostavam dessa maneira porque enviava a seguinte mensagem: “Isso é o que acontece com desordeiros”. Isaías nos lembra de que não havia nada de extraordinário sobre a cruz naquele dia. Nada além de sangue, dor, agonia, tortura e morte. C. Sua vitória universal “assim causará admiração às nações, e os reis fecharão a sua boca por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que não ouviram entenderão” (Is 52.15) – O Servo causará “admiração às nações”. A palavra “admirar” (nazah, em hebraico) significa “fazer jorrar, borrifar sobre”.186 É provável que seja uma 184 FOULKES, Francis, Efésios Introdução e Comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1981, p. 59. Boice, J. M. (1988). Ephesians : An expositional commentary (50). Grand Rapids, Mich.: Ministry Resources Library. 186 Harris, R. L., Archer, G. L., Jr., & Waltke, B. K. (Orgs.). (1999). Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press. 185 99 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. referência à limpeza cerimonial que era uma parte importante do sistema sacrificial realizada pelo sacerdote sob a Lei mosaica (Lv 4.6; 8.11; 14.7). A palavra “borrifar” fala do poder purificador do sangue de Cristo. Neste contexto, o que significa que os efeitos de Sua morte, não têm limites nacionais. Embora fosse um judeu morrendo em uma cruz romana, Ele também era o Filho de Deus, o Seu sacrifício cruel proporcionará limpeza e cura para muitas nações. Quando Paulo estava explicando seu desejo de pregar o evangelho onde Cristo ainda não era conhecido, ele citou Isaías 52.15 para justificar sua estratégia: “esforçandome, deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio; antes, como está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não tiveram notícia dele, e compreendê-lo os que nada tinham ouvido a seu respeito” (Rm 15.20–21). No caso de Paulo, significou um chamado para pregar Cristo onde ainda não tinha sido pregado, é por isso que Paulo pregou na Ásia Menor, em seguida, na Grécia, e, finalmente, em Roma. Da mesma forma, é por isso que temos Missionários em terras distantes que bravamente levam o evangelho em “países fechados”. É por isso que Paulo cita Isaías 52.15, é uma profecia da vinda de Cristo, que causará “causará admiração às nações”, limpando-as com o Seu próprio sangue. A limpeza não era apenas para Israel, mas para os eleitos em todas as nações da terra. Esta deve ser a ambição de cada cristão: Espalhar a Boa Nova de Jesus a fim de que aqueles que vivem na escuridão profunda vejam a luz que brilha da cruz. O mundo inteiro precisa saber sobre Jesus. “... e os reis fecharão a sua boca por causa dele” (v. 15) – Percebendo o grande erro, os poderosos ficarão em silêncio. Eles foram surpreendidos com uma pessoa que consideravam desprezível que afirmava ser o Messias; e ainda justificará e purificará às nações.187 Em Sua primeira vinda, eles zombaram de Jesus. Eles não achavam que um verdadeiro rei nasceria em um estábulo ou viria de uma aldeia como Nazaré. Eles odiaram-no, rejeitaram-no, e, eventualmente, o crucificaram. Os líderes religiosos uniram-se com aos líderes políticos para pregá-lo na cruz. Mas para a surpresa de todos, Ele não morreu. Ele ressuscitou dos mortos, reuniu os Seus discípulos, lhes deu Suas ordens, e então voltou para o Pai no céu. Enquanto isso, Seus seguidores começaram a espalhar a notícia: “Ele está vivo!” Primeiro, em Jerusalém. Em seguida, na Judéia. Então, em Samaria. Em seguida, até os confins da terra. Nada os deteve. Nem perseguição, nem ódio e nem mesmo os espancamentos. Ameaças não funcionaram. Nada foi capaz de calá-los. E até hoje, a chama se espalha por todos os cantos da Terra. Entretanto, um dia virá em que todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.11). Se você acha que os reis estão “admirados” agora, basta esperar por esse dia! 187 Jamieson, R., Fausset, A. R., & Brown, D. (1997). Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible (Is 52.15). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc. 100 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. II. O Desprezo do Servo (Is 53.1-3) A. Eles não acreditaram em Sua mensagem. “Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? (Is 53.1) – São boas perguntas. Mas a resposta é, quase ninguém (Rm 10.16-17, 21). Jesus veio como Messias, mas Israel não O reconheceu. Sabemos que por um tempo Jesus teve um ministério poderoso e crescente, especialmente na Galiléia (Lc 4.16–30). Milhares se reuniram para ouvi-lo e vê-lo curar os doentes. As pessoas comuns O ouviam com prazer. Se eles não sabiam quem Ele era, instintivamente, sabiam que Ele não era como os outros líderes religiosos. Muitas pessoas O seguiam por motivos superficiais. Eles pensavam que Jesus se tornaria rei e lideraria uma revolta contra Roma. Outros gostavam dos milagres. Outros admiravam Sua coragem. Outros foram atraídos pela beleza dos Seus ensinamentos. Mas as multidões O abandonaram quando confrontou os Seus ouvintes com o chamado para se tornarem seguidores (Jo 6.67). Muitos líderes O rejeitaram. Com poucas exceções, os líderes não queriam nenhum envolvimento com Jesus. Acusaram-no de estar em conluio com o diabo (Mt 12.22-24). Eles O odiavam tanto que planejaram matá-lo. Por fim, eles conseguiram! João diz assim: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Ele veio para o Seu próprio povo, a nação de Israel, e eles não O receberam. No entanto, cada livro, cada capítulo, cada página do Antigo Testamento atesta uma grande verdade, “O Messias virá”. Esse é o tema do Antigo Testamento – De que um dia Deus enviaria o Messias à Terra para libertar o povo Israel. Quando Jesus finalmente chegou, eles não acreditaram. E alguns deles decidiram matá-Lo. B. Eles julgaram-no insignificante. “Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse” (v. 2) – Jesus não nasceu em Roma. Ele não nem mesmo nasceu em Jerusalém. Ele não veio como um conquistador ou um líder mundial, mas como um bebê indefeso, que nasceu num estábulo, na pequena aldeia de Belém. Anos mais tarde, Seus críticos disseram: “Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt 13.55). Não foi um elogio. Foi um insulto! Eram pessoas de Sua cidade natal, Nazaré. Eles O viram crescer. 101 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca...” (v. 2) – A palavra “renovo” significa que Ele era apenas uma pequena planta que as pessoas olhavam como se fosse uma erva daninha.188 Você puxa e joga de lado. Ele era como raiz de uma terra seca. Alguém sem valor que não vai durar porque não há água para sustentá-lo. “... não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse” (v. 2) – A primeira parte deste versículo refere-se ao seu nascimento e infância; o último a sua primeira aparição pública.189 Jesus não nasceu na realeza. Ele nasceu em um estábulo. Há um grande contraste entre “o braço do Senhor”, que fala de grande poder, e “a raiz de uma terra seca”, que é uma imagem de humilhação e fraqueza. Quando Deus criou o universo, Ele usou seus dedos (Sl 8.3); e quando Ele libertou Israel do Egito, foi pela Sua poderosa mão (Êx 13.3). Mas, para salvar os pecadores perdidos, Ele estendeu o Seu braço poderoso! No entanto, as pessoas ainda se recusam em acreditar nesta grande demonstração do poder de Deus (Rm 1.16; Jo 12.37-40).190 C. Eles O desprezaram por Seu sofrimento. “Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Is 53.3) – A nação de Israel desprezou e rejeitou o Servo do Senhor. No entanto, Ele era a pessoa mais importante do mundo, era o Servo do Senhor.191 Esta rejeição lhe causaria tristeza profunda. “... homem de dores e que sabe o que é padecer...” (v. 3) – Quando Ele nasceu, Herodes tentou matá-lo. Quando Ele começou o Seu ministério, as pessoas em Sua cidade natal se ofenderam (Mc 6.3). Nas horas finais de Sua vida, Ele foi traído por Judas e negado por Pedro. Seus sofrimentos não começaram na cruz, mas o Seu sofrimento O levou à cruz. Entretanto, Isaías 53 contém a boa notícia que todos nós precisamos. Ele foi moído por nós. Ele foi ferido por nós. Ele foi espancado, traído, escarnecido, flagelado, coroado de espinhos, crucificado - tudo por nós. Nossos pecados levaram Jesus à cruz. Mas Ele não foi de má vontade. Se os nossos pecados O levaram lá, Seu amor por nós O manteve lá. Kaiser, W. C. (1999). 874 יָנַק. (R. L. Harris, G. L. Archer Jr., & B. K. Waltke, Orgs.)Theological Wordbook of the Old Testament. Chicago: Moody Press. 189 Jamieson, R., Fausset, A. R., & Brown, D. (1997). Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible (Is 53.2). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc. 190 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 135). Wheaton, IL: Victor Books. 191 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1107). Wheaton, IL: Victor Books. 188 102 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “... e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso” (Is 53.3) – Duas vezes no versículo 3, Isaías nos lembra que as pessoas “desprezaram” nosso Senhor. Isso vai além da rejeição a um tipo de ódio estabelecido. Eles viram o Seu sofrimento, e diziam que não poderia ser o Messias prometido. “... e dele não fizemos caso” (Is 53.3) – Significa algo como: “Ele não é nada!”. A expressão “não fizemos caso” (chashab, em hebraico) significa “calcular”, “pensar”, “contar alguma coisa”, “somar todos os fatos e chegar a uma conclusão estabelecida”.192 Os líderes judeus calcularam tudo e decidiram que Jesus valia trinta moedas de prata (Mt 26.15). III. O sofrimento do Servo (Is 53.4-6) A. Ele tomou sobre Si a nossa dor. “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido” (Is 53.4) – Por que Jesus morreu? O Seu sofrimento foi vicário e redentor. Somente através desse sofrimento todas as ovelhas desgarradas serão recuperadas. O contraste entre Cristo e Suas ovelhas é impressionante e comovente. Isaías declara que Jesus morreu por nós. O que Ele fez, Ele fez por nós. O que Ele sofreu foi por nós. A dor e a brutalidade da cruz, foi tudo por nós. De nossa perspectiva, podemos dizer que Jesus foi traído, julgado, espancado, escarnecido, humilhado, coroado de espinhos, falsamente acusado, obrigado a carregar a Sua cruz, e depois publicamente crucificado, a forma mais brutal de execução em Sua época. Se nos concentrarmos nesses eventos, podemos chegar à conclusão de que Jesus não deveria ter morrido, foi tudo um grande erro, que de alguma forma os poderes das trevas finalmente triunfaram sobre a luz. A Bíblia nunca nega a culpabilidade moral daqueles que levaram Jesus à morte. Em Atos, Pedro diz: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (At 2.23). Então, é perfeitamente adequado dizer que Jesus foi assassinado por Seus inimigos. Mas esse não é o fim da história. Longe disso. Os escritores da Bíblia se unem para declarar que Jesus deu a Sua própria vida, que ninguém a tomou. Essa mensagem estava no coração do sistema religioso de Israel, o sacrifício de um animal inocente pelo pecador (Lv 16).193 192 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson. 193 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 136). Wheaton, IL: Victor Books. 103 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si...” (v. 4) – A cura de doenças físicas de muitas pessoas (embora nem todas) em Seu ministério terreno antecipou sua maior obra na Cruz.194 Embora o Senhor ainda cure doenças físicas, hoje. Sua obra maior é a cura das almas, concedendo a salvação do pecado. Este é o tema de Isaías 53 a partir das palavras “transgressões” (v. 5), “iniquidades” (v. 11), “iniquidade” (v. 6), “transgressões” (v. 8), “perversos” (v. 9), “transgressores” (v. 12 [duas vezes]), e “pecado” (v. 12).195 É interessante notar que Mateus 8.14-17 aplica Isaías 53.4 ao ministério de cura de nosso Senhor e não a Sua morte expiatória. O comentarista Bíblico, Warren Wiersbe com sabedoria declarou: “Toda bênção que temos na vida cristã vem por causa da cruz, mas este versículo não ensina que há “cura na expiação” e que, portanto, cada crente tem o “direito” de ser curado. A profecia foi cumprida durante a vida de nosso Senhor, não em Sua morte”.196 O Servo vicariamente tomou sobre Si todos os pecados (e angústia espiritual causada pelo pecado) e levou (Sabal, em hebraico, “transportar um fardo”, cf. 46.4, 7) sobre Si (cf. 1Pe 2.24; 3.18). Quando Jesus foi crucificado, Israel pensou que Seus sofrimentos foram merecidos por ter supostamente blasfemado contra Deus. Porém, Ele sofreu por nós! Em Cristo não temos um Deus distante, mas nele encontramos um Deus que se aproxima de nós, que veio a nós, que entrou em nosso mundo e tornou-se um de nós. Todavia, Sua dor não tem a última palavra. Seus sofrimentos não vão durar para sempre. Onde mais você pode encontrar um Salvador assim? B. Ele tomou sobre Si o nosso castigo. “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (v. 5) – A agonia física de Jesus na crucificação foi grande e intensa. Mas Sua obediência ao Pai era o que contava (cf. Fp 2.8). Sua morte satisfez a ira de Deus contra o pecado e lhe permite “esquecer/perdoar” os pecados da nação (e de outros que creem), porque foram pagos pela morte substitutiva do Servo. Mas Sua morte não é o fim da história. Jesus não falhou no que veio fazer. Ele cumpriu perfeitamente a vontade do Pai: “o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (v. 5) – Nós temos paz com Deus. A palavra significa integridade, saúde, ausência de guerra e segurança. Em um mundo bagunçado, cheio de pessoas quebradas e promessas não cumpridas, por meio de Cristo temos paz que excede todo o entendimento humano. 194 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1107–1108). Wheaton, IL: Victor Books. 195 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1107–1108). Wheaton, IL: Victor Books. 196 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 136). Wheaton, IL: Victor Books. 104 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Ele tomou nosso pecado, suportou nossas dores, e através da sua morte na cruz, Ele nos curou de dentro para fora, de modo que agora vivemos em paz. C. Ele tomou o nosso lugar. “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (v. 6) – Alguém já disse que Isaías 53.6 é o “João 3.16 do Antigo Testamento”. Note que a palavra “todos” é a primeira e a última palavra do versículo 6. Todos nós pecamos. Todos nós andávamos desgarrados. Todos nós havíamos errado o alvo. Todos nós estávamos em nosso próprio caminho. Estávamos no mesmo barco e se Deus não tivesse feito alguma coisa, todos nós iríamos perecer eternamente. Neste ponto, encontramos a verdade gloriosa do Evangelho, Deus fez alguma coisa! “... mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (v. 6) – Isso é Jesus! Esse é o grande Servo do Senhor que veio do céu em uma missão de resgate divino. Deus colocou nossos pecados sobre Jesus. Essa é a doutrina da substituição. Esse é o coração do evangelho. Ele tomou o meu lugar quando morreu na cruz. Deus colocou os meus pecados sobre Ele. Quando o presidente Dwight Eisenhower foi hospitalizado pela última vez antes de morrer, Billy Graham o visitou. Em um ponto o presidente Eisenhower perguntou: “Pode um pecador velho como eu ir para o céu?” Billy Graham assegurou-lhe que mesmo os “velhos pecadores” podem ir para o céu, confiando em Jesus. Mas há uma boa notícia para os “velhos pecadores”, “jovens pecadores”, “grandes pecadores”, “pequenos pecadores” e todos os outros. Jesus pagou o preço por completo para que você possa ir para o céu. Não importa quem você seja ou o que você fez ou o quão ruim seja o seu histórico. Se você se considera um pecador, você pode ser salvo. Como posso ter tanta certeza disso? Porque Jesus foi ferido por causa das nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. IV. A submissão do Servo (Is 53.7-9) A. Seu silêncio submisso “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.7) – Às vezes, você é conhecido por aquilo que você não diz. Neste caso, Isaías profetizou que Cristo não abrirá a boca para defender-se, mesmo em face da morte. Centenas de anos depois, essa profecia se tornou realidade quando Ele estava na frente dos Seus acusadores: 105 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Jesus perante o Sinédrio - “Jesus, porém, guardou silêncio” (Mt 26.63; Mt 27.12; Mc 14.61). Jesus perante Pilatos - “Jesus, porém, não respondeu palavra” (Mc 15.5). Jesus perante Herodes - “Jesus, porém, nada lhe respondia” (Lc 23.9; Jo 19.9). Isaías descreveu o silêncio do Servo durante o abuso do Seu julgamento. Embora inocente de qualquer crime, Ele permaneceu em silêncio. Jesus Cristo ficou em silêncio diante daqueles que O acusaram, bem como daqueles que o afligiram. Ele ficou em silêncio diante de Caifás (Mt 26.62-63), os principais sacerdotes e anciãos (Mt 27.12), Pilatos (Mt 27.14, Jo 19.9) e Herodes Antipas (Lc 23.9). Ele não falou quando os soldados escarneciam e vencê-lo (1Pe 2.21-23). Isto foi o que impressionou o tesoureiro etíope ao ler esta passagem de Isaías (Atos 8:26-40).197 Quando açoitado, Ele não retaliou. Quando os soldados colocaram a coroa de espinhos em Sua cabeça, Ele não os amaldiçoou. Quando cuspiram nele, Ele não retribuiu. Ele tinha o poder de invocar uma legião de anjos para libertá-Lo. Mas permaneceu em silêncio. Ele era, verdadeiramente, o Salvador que silenciosamente, tendo todo o poder em Suas mãos, decidiu não usá-lo contra aqueles que o atormentavam. B. Sua sentença injusta “Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido” (v. 8) – Quem protestou contra a morte de Cristo? Quem falou contra este erro judiciário? Quem saiu em Sua defesa? A resposta é: ninguém. De todas as principais personalidades envolvidas na morte de Cristo, ironicamente foi Pôncio Pilatos, o governador romano, que mostrou maior preocupação com Cristo. Ao contrário do seu julgamento diante de Caifás, quando não se defendeu, Jesus iniciou um diálogo com Pilatos porque o governador parecia buscar a verdade. Pelo menos Ele chegou à conclusão certa. Por três vezes, ele disse: “Que mal fez ele?” (Lc 23.22). No fim, Pilatos cedeu à pressão e condenou Jesus à morte. Sua culpa é, portanto, ainda maior, porque ele sabia o que estava fazendo. Ele foi cortado, diz Isaías. Ele morreu antes do Seu tempo. Ele era apenas um homem jovem, em Seus primeiros 30 anos quando morreu. Depois de Sua opressão (ser preso e obrigado, Jo 18.12, 24) e julgamento (condenado a morte, Jo 19.16) Jesus foi levado a morte. Ele não morreu por causa dos Seus pecados (Ele não tinha pecado, 2Co 5.21; Hb 4.15; 1Jo 3.5), mas por causa dos pecados dos outros (cf. Is 53.5). 197 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 137–138). Wheaton, IL: Victor Books. 106 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Alguns verbos neste versículo (“foi arrebatado”, “foi cortado”), como aqueles no versículo 4 (“ferido”, “moído”) e o versículo 5 (“traspassado”), na voz passiva, indicam que essas ações foram feitas por Deus Pai (cf. v. 10; 2Co 5.21).198 Uma vez que Jesus Cristo pagou integralmente o preço pelos nossos pecados, a obra da salvação está agora completa. Isso é o que queremos dizer quando falamos sobre o “trabalho consumado” de Jesus Cristo. Isso não é apenas um slogan; é uma verdade espiritual profunda. O Seu trabalho está “consumado”. Não há nada mais que Deus poderia fazer para salvar a raça humana. Não havia plano B. O plano A (a morte de Cristo) foi suficiente. C. Seu túmulo humilde “Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca” (v. 9) – Quando Isaías escreveu essas palavras, ele, sem dúvida, deve ter se perguntado sobre as mesmas. Os condenados e os ricos geralmente eram sepultados em lugares diferentes. Uma pessoa considerada injusta era enterrada em uma cova anônima ou em local afastado do cemitério. Mas os ricos eram enterrados com pompa, em monumentos com flores e frases generosas. Os soldados que crucificaram Jesus, aparentemente, tiveram a intenção de enterrá-lo com os dois criminosos (Jo 19.31). No entanto, Ele foi sepultado com os ricos, no túmulo de um homem rico chamado José (Mt 27.57-60). Assim, o sepultamento de Jesus cumpriu a profecia do Antigo Testamento ao pé da letra. Mesmo que ninguém pudesse ter previsto com antecedência, tanto a natureza da Sua morte (por crucificação) e o local do Seu enterro (túmulo de um homem rico) a profecia foi proclamada 700 anos antes. Tudo isso aconteceu, apesar de Jesus ser inocente. Ele nunca cometeu injustiça. Ele não cometeu pecado. Ele não disse nenhuma mentira. Apenas Deus poderia ter feito isso. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). Note a pequena palavra “ainda”. Éramos “ainda” pecadores quando Cristo morreu por nós. Ele não morreu por nós, sendo nós ainda “membros da igreja” ou “pessoas boas” ou “cidadãos do bem” ou “bons vizinhos” ou “grandes empreendedores”, mas Ele morreu por nós quando ainda estávamos perdidos em nosso pecado e longe de Deus. Essa é a verdade sobre todos nós. Cristo morreu pelos pecadores, porque apenas pecadores podem ser salvos. Você é um pecador? Se assim for, aqui está uma boa notícia para você. A única coisa que resta é acreditar nele. Creia no Filho de Deus que o ama e morreu por você. 198 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1108). Wheaton, IL: Victor Books. 107 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. V. A Satisfação do Servo (Is 53.10-12) Tendo em vista que Isaías escreveu 700 anos antes do Calvário, ele utilizou as palavras no tempo futuro. Faremos a mesma coisa que nós consideramos estes versos. A. Ele será esmagado. O profeta agora explica a crucificação do ponto de vista de Deus. “Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado...” (Is 53.10). Quem foi responsável pela morte de Jesus Cristo? Mesmo que Jesus tenha sido crucificado pelas mãos de homens ímpios, Sua morte foi determinada de antemão por Deus (At 2.22-23). Jesus não foi um mártir, Sua morte não foi um acidente. Ele foi o sacrifício de Deus pelos pecados do mundo.199 Deus em Sua graça e soberania permitiu que o Seu próprio Filho fosse esmagado. Ele planejou que o Seu próprio Filho sofresse. Isaías passa a falar sobre os bons resultados que fluirão do Seu sofrimento. Essas são as glórias que se seguirão. Primeiro, Ele verá os Seus descendentes: “... verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos” (v. 10) – Ele não permanecerá morto! “Ele prolongará os seus dias” (Is 53.10). Significa que o Servo será ressuscitado para viver eternamente. Em Sua ressurreição, Jesus triunfou sobre todos os inimigos (Ef 1.19-23; 4.8). Satanás ofereceu a Cristo um reino glorioso, em troca de adoração (Mt 4.8-10), que teria significado ignorar a cruz. Jesus foi “obediente até a morte”, e Deus “o exaltou sobremaneira” (Fp 2.8-10).200 Jesus, o Filho eterno de Deus, vive pelos séculos dos séculos. B. Ele ficará satisfeito. Em segundo lugar, a vontade do Senhor prosperará na sua mão: “Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (v. 11) – Primeiro, Ele sofrerá. Então Ele verá. Em seguida, Ele ficará satisfeito. Ciente de que a Sua obra substitutiva foi concluída (“Está consumado”, Jo 19.30), Ele agora pode justificar (declarar justo aqueles que creem (Rm 1.17; 3.24). Ele morreu para que pudéssemos viver.201 Sua morte não foi o fim da história. Jesus estava apenas começando. 199 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 139). Wheaton, IL: Victor Books. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 139). Wheaton, IL: Victor Books. 201 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1109). Wheaton, IL: Victor Books. 200 108 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “... justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si” (v. 11) – O único caminho para o céu é admitir que você não merece ir para lá, e confessar que por causa do seu pecado merece a condenação eterna, e ao lançar-se sobre a misericórdia de Jesus que te amou e morreu por você e pagou o preço por seu pecado, quando morreu na cruz. C. Ele será recompensado “Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (v. 12) – Com estas palavras, Isaías termina com um círculo completo. Ele começou declarando que o servo seria exaltado, apesar do Seu sofrimento (52.13-15). Agora, ele declara que o servo será exaltado por causa do Seu sofrimento. Usando uma terminologia militar, Isaías diz que Jesus vai dividir os despojos da vitória. O Servo é comparado com um grande conquistador, alguém que partilha os despojos da vitória com seus seguidores.202 Jesus conquistou a vitória justamente porque foi obediente à vontade do Pai e se ofereceu na cruz. “... E com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte...” (v. 12) – Isaías diz que Jesus vai repartir o despojo com os “poderosos”. Mas quem são os poderosos? Uma vez que Jesus é o Capitão de nossa Salvação, Ele vai dividir os despojos da vitória com todos os que o seguem. Pense por um momento sobre a famosa história de Davi e Golias. Por que esses dois homens lutaram sozinhos? A resposta é simples. Cada homem representava o seu próprio exército. Davi lutava por Israel. Golias lutava pelos filisteus. Quando Davi venceu, todo exército venceu com ele. Em seguida, o povo de Israel perseguiu os filisteus. Em 1Samuel está escrito: “Então, voltaram os filhos de Israel de perseguirem os filisteus e lhes despojaram os acampamentos” (1Sm 17.53). Davi venceu a batalha, mas os israelitas compartilharam dos despojos da vitória. O mesmo acontece com Jesus. Sua vitória na cruz é a nossa vitoria. Quando Ele venceu, nós também vencemos. Ele derramou a sua alma na morte – Ele morreu em nosso lugar. Ele foi contado com os transgressores – Ele foi contado entre nós. Ele levou sobre si o pecado de muitos – Ele estava levando o nosso pecado. Ele intercedeu pelos transgressores – Ele intercedeu pelos nossos pecados. 202 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 53.10–12). Joplin, MO: College Press. 109 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. É isso que torna tudo tão extraordinário. Jesus Cristo, o vitorioso compartilhou sua vitória conosco. Não merecíamos, mas Ele fez tudo isso por você. Aqui está a melhor notícia para aqueles que creem em Jesus. Ele venceu! O diabo não pode detê-lo, A cruz não pode derrotá-lo, A sepultura não pode segurá-lo. Glórias sejam dadas a Ele pelos séculos dos séculos! Conclusão: O que fizeram com Jesus não foi certo. Foi injustiça monstruosa. Mas, antes de condenar os outros, vamos fazer uma pergunta: Quem fez isto? Não culpe os judeus. Não culpe os romanos. Se você deseja culpar alguém, olhe no espelho. Você fez isso. Eu fiz isso. O chicote, os espancamentos, o cuspe no rosto, a coroa de espinhos, a zombaria, a lança, o abandono e a traição. Nada disso aconteceu por acaso. Deus planejou tudo. E Jesus fez tudo isso por você e por mim. Deste modo, lembre-se dessas quatro palavras: Corra para a cruz! Corra para a cruz e lance mão de Jesus Cristo que morreu por você. Deus está plenamente satisfeito com o trabalho do Seu Filho. Lembre-se que Ele foi “traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades” (Is 53.5). Você acredita nisso? Então, corra para a cruz e contemple o Seu salvador. Não cometa o erro fatal de pensar que porque você é uma pessoa muito boa, não precisa ser salvo. Jesus não se despojou da glória do céu e sofreu as agonias da cruz, para que você tivesse uma vida melhor agora. Ele não morreu principalmente para que você tivesse uma família feliz ou sucesso nos negócios. Ele morreu para salvá-lo dos seus pecados. Ele vai te salvar se você reconhecer que não pode salvar a si mesmo e se realmente você acreditar nele como seu Senhor e Salvador. Se você confiar em Cristo, nenhum inimigo, seja a tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada ou até mesmo a morte, será capaz de separá-lo do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Rm 8.35-39)! 110 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 54-56.8 Imperativos para os crentes. Introdução: 14 A agonia e a tristeza do capítulo 53 dão lugar, no capítulo 54 ao canto e a segurança. A obra sacrificial do Servo será redimir e transformar. Apesar de não ser mencionado pelo nome neste capítulo, não há dúvida de que os imperativos alegres são dirigidos a Sião em Jerusalém. I. O imperativo do alargamento (Is 54.1-3) “Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto e exclama, tu que não tiveste dores de parto...” (v. 1) – Como uma mulher estéril Sião não gerou filhos durante o Exílio (cf. 49.14-23). Em Israel, uma mulher estéril era desonrada, porque os filhos ajudavam nas tarefas familiares e cuidavam dos pais na velhice. A fertilidade era um sinal da bênção de Deus. Por exemplo, quando Ana não tinha filhos, ela era uma mulher atribulada de espírito, mas quando o Senhor lhe permitiu ter um filho, ela cantou de alegria (1Sm 1.1-2.10). O profeta Isaías diz que o povo de Israel era como uma mulher que não tinha filhos e estava, portanto, em um contínuo estado de luto. Isso, no entanto, não vai durar para sempre. Através da soberania e da graça de Deus, o Senhor permitirá que Israel tenha muitos filhos: “Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas” (v. 2). Então, o povo de Deus cantará e gritará de alegria. Jerusalém, uma vez desolada (Lm 1.1-5), será revitalizada e cheia de pessoas.203 A família dos crentes se tornará tão numerosa que a tenda terá que ser ampliada (cf. Zc 9.10). Sião será espalhada em todas as direções, devido ao fato de que “possuirá”, ou seja, conquistará, as nações com a espada do Espírito de Deus. As cidades assoladas de Sião serão assim povoadas.204 II. O imperativo da confiança (Is 54.4-17) “Não temas, porque não serás envergonhada; não te envergonhes, porque não sofrerás humilhação...” (v. 4) – O Senhor resgatará Israel como um homem toma de volta a sua esposa. A nação não precisa ter medo (cf. 41.10, 14; 43.5; 44.2, 8) do opróbrio, pois não permanecerá desolada e impotente como uma viúva abandonada. A 203 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1109). Wheaton, IL: Victor Books. 204 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 54.1–3). Joplin, MO: College Press. 111 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. vergonha da mocidade de Sião (idolatria) e sua viuvez (exílio) não serão mais lembradas. Deus, como um marido (cf. Jr 3.14; 31.32; Os 2.16), tomará de volta Israel, Sua esposa. Ele é o Senhor Todo-Poderoso, o Santo de Israel, seu Redentor (cf. Is 54.8; 41.14), e em Sua singularidade Ele é o Deus de toda a terra, isto é, o Criador e Sustentador.205 Por um breve momento Sião ficará separada do marido divino (v. 7). Agora, no entanto, por causa de Sua grande compaixão, Ele restaurará o relacionamento. O novo compromisso de Deus com o povo de Sião será irrevogável como o pacto feito com Noé após o dilúvio (v. 9). Nunca mais o Senhor ficará irado com Sião (54.4-10). “O SENHOR Deus diz: Ó Jerusalém, aflita e castigada pela tempestade, sem ninguém que a console! Eu a reconstruirei com pedras preciosas, e os seus alicerces serão de safiras” (v. 11, NTLH) – Na época de Isaías, Sião foi oprimida, castigada com a tormenta e desconsolada. Porém, a Nova Jerusalém - a comunidade dos remidos será edificada com materiais gloriosos (v. 12; cf. Ap 21.19). “As suas torres serão de rubis, os seus portões serão de berilo, as suas muralhas, de pedras preciosas” (v. 12, NTLH). Entretanto, a restauração vai além de paredes e torres preciosas. “Eu mesmo ensinarei todos os seus moradores, e eles viverão em paz e segurança” (v. 13, NTLH). Todos os seus filhos serão ensinados sobre o Senhor.206 Os cidadãos desse lugar terão um conhecimento superior da vontade de Deus (cf. Jo 6.45). Consequentemente, eles gozarão de prosperidade e paz (v. 12). O povo de Deus será edificado sobre uma base de justiça, e, assim, estarão seguros (v. 14). Aqueles que desejarem atacar Sião, serão destruídos. Nenhuma arma feita pelo homem será poderosa o suficiente para destruir os fiéis. Cada palavra falada contra Sião espiritual será condenada pela verdade que habita no povo de Deus (54.11-17). III. O imperativo do sustento (Is 55.1-5) “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 55.1) – Você pode imaginar um Deus como esse? Quando pensamos em Deus, no templo, isso está certo. Quando pensamos em Deus no santuário, isso está correto. Quando pensamos em Deus no centro de nossa adoração, isso está certo. Mas Deus vendendo mercadorias? O Senhor convida todos os famintos e sedentos para um banquete. O Senhor oferece água, vinho e leite - símbolos de bênçãos espirituais a todos os que possam 205 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1109–1110). Wheaton, IL: Victor Books. 206 Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 34–66 (Vol. 25, p. 239). Dallas: Word, Incorporated. 112 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. desejá-las (cf. Jo 7.7). A novidade é que esse banquete é gratuito. Deus prometeu que aqueles que O buscarem – “vinde”, ou seja, aqueles que tiveram comunhão com Deus, comerão o melhor alimento (v. 2). Como resultado de uma nova e duradoura aliança que incluía todas as bênçãos que haviam sido prometidas a Davi (v. 3). Entre essas bênçãos a regra eterna do Messias, descendente de Davi, era fundamental (55.1-3). No entanto, há duas coisas diferentes nas mercadorias que Deus oferece. Em primeiro lugar, o que Ele oferece, satisfaz! Não há vazio no que Deus oferece. É pleno, abundante e transbordante. Em segundo lugar, o que Ele oferece é de graça. Não tem preço. Não é necessário dinheiro. É um presente de Deus. “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares” (Is 55.2) – Então o Senhor argumenta a seus potenciais compradores e clientes. E Ele diz: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz?” (v. 2). Por que vocês vivem atrás de coisas vazias e estéreis, que trazem infelicidade e perda? Venha, venha! Tenho um presente abundante e transbordante. Por que comprar algo que não tem plenitude e nenhuma alegria nem felicidade? A salvação é um dom de Deus. Não pode ser conquistada, comprada, trocada ou roubada; ela está disponível gratuitamente a todos que a recebem pela fé (Jo 5.24; Rm 4.4-5; Ef 2.8-9, Tt 3.5). Deus convida os necessitados. A palavra “vinde” aparece quatro vezes (v. 1, três vezes; v. 3, uma vez). A palavra é tão ampla quanto à necessidade humana.207 A mulher samaritana convidou os homens da aldeia dizendo: “Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!” (v. 29). No Evangelho de Mateus, Jesus declarou: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). E a Bíblia termina com esta mensagem: “O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Ap 22.17). Será que a declaração de que todos estão convidados significa que esse versículo pode ser utilizado para ensinar que todos serão salvos? Não! Mais adiante, no versículo 7, o profeta fala da necessidade de arrependimento.208 “porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi...” (Is 55.3) – As “fiéis misericórdias de Davi” ou promessas feitas a Davi culminarão com aquele que será (1) Uma testemunha, (2) Um 207 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 664). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 208 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 874. 113 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. líder, e (3) O comandante dos povos (v. 4). Uma vez glorificado, Ele atrairá outros povos para a Sua causa (55.4). O mundo todo irá a Ele como o Grande Rei (v. 5). IV. O imperativo do perdão (Is 55.6-13) “Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto...” (Is 55.6) – Aqui encontramos um dos mais claros convites de todo o Antigo Testamento para a salvação. Deus convida-nos a reconhecer o perigo do pecado e, em seguida, encontrar nEle a compaixão e o perdão que nos salva. Assim, o profeta chama, tanto judeus quanto gentios a “buscarem ao Senhor”, ou seja, buscar a Sua vontade com a intenção de se submeter a Ele. O que está envolvido em “buscar ao Senhor”? Isso significa admitir que somos pecadores e que temos ofendido ao Deus santo. Significa arrependimento (55.7). O arrependimento e a fé caminham juntos: “a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.21).209 “... invocai-o enquanto está perto...” (Is 55.6) – Porém, ninguém deve deixar para o último momento. Aproxima-se o dia em que não haverá mais oportunidade para nos entregarmos ao Criador em arrependimento e para recebermos Seu perdão e auxílio. Na parábola da grande ceia, Deus fechou a porta sobre aqueles que desprezaram o convite (Lc 14.16-24; Pv 1.20-33). “Eis agora o tempo aceitável; eis agora o dia da salvação” (2Co 6.2). “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar” (Is 55.7) – O versículo 7 é uma declaração clássica de arrependimento, desafiando a mente (cf. a palavra no Novo Testamento para “arrependimento”) e a vontade, os hábitos (forma) e os planos (implícito no hebraico para pensamentos). É tanto negativo (abandonar) quanto positivo (transformar), pessoal (ao Senhor) e específico (por misericórdia); e o Seu apelo é reforçado pela falta de tempo (6) e a pura generosidade da promessa (7).210 “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR” (Is 55.8) – Os pensamentos de Deus são mais abrangentes e mais férteis, bem como maiores do que os nossos. A graça de Deus está muito além da compreensão humana. 209 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 146). Wheaton, IL: Victor Books. Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 664). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 210 114 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come” (Is 55.10) – Como Deus vai chamar e salvar os pecadores? Pelo poder da Sua Palavra (Is 55.10-11). A Palavra de Deus é uma semente (Lc 8.11). Assim como a chuva e a neve nunca são desperdiçadas, mas cumprem Seus propósitos, da mesma forma, a Sua Palavra nunca falha. “A Palavra de nosso Deus permanece eternamente” (Is 40.8). A comparação da Sua palavra com a chuva e a neve, sugere um trabalho lento e silencioso, transformando a face da terra, no devido tempo.211 Do mesmo modo, nunca sabemos quando Deus utilizará até mesmo uma palavra casual de testemunho para plantar e regar a semente no coração de alguém. Por esta razão, quando ouvimos as promessas de Deus, devemos considerar o Seu projeto em si; de modo que, quando Ele promete o perdão gratuito de nossos pecados, podemos estar totalmente certos de que somos reconciliados através de Cristo.212 “Saireis com alegria e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas” (Is 55.12) – Isaías 55.12-13 descreve tanto a alegria dos exilados em sua libertação do cativeiro. O povo de Israel exilado retornará de sua dispersão regozijando-se em sua libertação e livre da importunação de seus inimigos. Seu decreto é dado nesses versículos (12-13), que combina as alegrias da libertação (12a), com a própria vinda do Senhor (cf. 12a com 52.12; 12b com Sl 96.12-13) e a restauração das antigas devastações (cf. 13a com 7.23-25 e talvez Gn 3.18). Observe sua fama especial como libertador (13b). “... os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas” (v. 12) – Como interpretar esse versículo? O que significa a expressão “as árvores baterão palmas”? Isso é uma metáfora! Significa que toda criação se curvará à vontade de Deus, e alegrar-se-á em cooperar com o trabalho de Deus.213 O poder de Deus será visível na restauração do Seu povo. Ele concederá ao Seu povo um caminho fácil. “Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta; e será isto glória para o SENHOR e memorial eterno, que jamais será extinto” (Is 55.13) – Depois que Adão e Eva pecaram no Jardim do Éden, espinhos e cardos começaram a sufocar a boa vegetação (Gn 3.17-19). Mas, no futuro, até mesmo a 211 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 664). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 212 Calvin, John. Commentary on Isaiah - Volume 4, Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, p. 106. 213 Calvin, John. Commentary on Isaiah - Volume 4, Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, p. 106. 115 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. natureza se alegrará (Is 55.12 b). Deus removerá todos os obstáculos, e fornecerá tudo o que é necessário para conduzir o Seu povo em segurança. Conclusão: “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite” (Is 55.1). Como as Escrituras deixam claro, o dom da vida eterna é de graça. Ele foi pago pela morte de Cristo na cruz e foi estendido a todos os que estão dispostos a recebê-lo por meio da fé.214 Deus oferece gratuitamente a água da vida àqueles cujos corações estão sedentos de perdão, cujas mentes estão sedentas da verdade e cujas almas estão sedentas por Ele.215 A água da vida é o próprio Jesus. Aqueles que o recebem têm a vida eterna (v.14). De fato, Jesus é uma fonte inesgotável de água viva para um mundo sedento. 214 Walvoord, John F. ; Zuck, Roy B. ; Dallas Theological Seminary: The Bible Knowledge Commentary : An Exposition of the Scriptures. Wheaton, IL : Victor Books, 1983-c1985, S. 2:989 215 MacArthur, John: Revelation 12-22. Chicago, Ill. : Moody Press, 2000, S. 305 116 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 56.9-57 Imperativos para os crentes. 15 Introdução: Durante a maior parte desta segunda divisão, dos nove capítulos de Isaías (caps. 49-57), a ênfase tem sido sobre o futuro glorioso do remanescente. Agora, em 56.9-57. 21, que conclui esses nove capítulos, Isaías trata sobre a situação espiritual de sua época. Tendo em vista o futuro glorioso, seria natural o povo obedecesse ao Senhor.216 Mas não foi isso o que eles fizeram. Isaías fala (1) dos líderes, (2) do pecado, e (3) do julgamento de Judá. Apenas uma breve nota positiva aparece no fim do capítulo (57.14-19). Esses capítulos servem para lembrar aos ouvintes de Isaías das razões para a recente invasão humilhante por Senaqueribe (cap. 37) e a ameaça profética do exílio babilônico (cap. 39). I. A descrição dos líderes de Judá (Is 56.9-57.2) Foi a conduta ímpia dos líderes que causou a queda de Judá para a Babilônia (Lm 4.13-14).217 Ao invés de retornarem para Deus, eles persistiram em total rebelião contra o Altíssimo. Assim, Judá estava prestes a ser atacada por animais do campo, ou seja, as nações inimigas: “O SENHOR Deus diz: “Venham, animais selvagens, venham e devorem o rebanho” (Is 56.9, NTLH). Os líderes, no entanto, não temeram o perigo. Eles estavam mais interessados em seu próprio benefício do que no bem-estar do povo. Isaías diz que eles eram como: (1) Atalaias (vigias) cegos que não podem ver; (2) Cães (vigias) mudos que não podem ladrar; e (3) Pastores que nada compreendem, que não sabem o que é melhor para o rebanho (v. 11). Eles estavam totalmente entregues à ganância e autoindulgência. Eles pensavam apenas no presente, não possuíam nenhuma preocupação com o futuro (56.912). Os líderes não estavam alertas; eles gostavam de dormir (eram preguiçosos), e quando estavam acordados, eles gostavam de comer e beber: “Eles dizem uns aos outros: Vamos procurar vinho e cerveja e cair na bebedeira. Amanhã, faremos a mesma coisa, e ainda mais do que hoje!” (Is 56.12). 216 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1112). Wheaton, IL: Victor Books. 217 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 148). Wheaton, IL: Victor Books. 117 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “As pessoas direitas morrem, e ninguém se importa; os bons desaparecem, e ninguém percebe. É o poder do mal que os leva embora, mas eles encontram a paz. Os que vivem uma vida correta descansam em paz na sepultura” (Is 57.1–2, NTLH) – Deus estava lentamente removendo os justos prematuramente do meio de Jerusalém. Os líderes não tomaram conhecimento do presente aviso.218 Quando o povo rejeita a Sua Palavra e prefere líderes mundanos, Deus pode darlhes exatamente o que desejam e deixá-los sofrer as consequências.219 A única maneira do justo ser poupado de tal frustração era morrendo. Quando repousavam na cama dos seus túmulos. Assim, Deus estava preservando os fiéis do mal moral de seus arredores, e da calamidade que estava prestes a acontecer Judá (57.1-2). II. A descrição do pecado de Judá (Is 57.3-10) Durante os últimos dias de Judá e de Jerusalém, antes da Babilônia, a terra e a cidade estavam contaminados com os ídolos. O Rei Ezequias e Josias levaram as pessoas a destruírem os ídolos; mas quando um rei ímpio assumia o trono, o povo voltava para os velhos hábitos. Tanto Isaías quanto Jeremias advertiram ao povo que Deus os puniria por violar a Sua Lei, mas eles persistiram nos caminhos das nações ímpias ao seu redor. “O SENHOR Deus diz: Venham cá para serem julgados, seus filhos de uma feiticeira, raça de adúlteros e prostitutas!” (Is 57.3, NTLH) – Para sublinhar a sua forte ligação com a idolatria e o ocultismo, Deus se refere aos habitantes de Jerusalém como “filhos de uma feiticeira/agoureira”. Esses pecadores endurecidos ridicularizavam aqueles que tentavam fielmente submeter-se à Lei de Deus (Is 57.3). A maior parte do povo de Judá foi considerada culpada de uma ampla gama de práticas repugnantes, seis dos quais são citados a título de exemplo. Eles (1) Se entregavam a bebedeiras; (2) Sacrificavam crianças inocentes; (3) Envolviam-se em imoralidade sexual em lugares altos; (5) Criar divindades particulares dentro de suas casas; e (6) Viajou para santuários distantes para honrar o rei, ou seja, o deus Moloque (57.5-10). “Detrás das portas e das ombreiras pões os teus símbolos eróticos, puxas as cobertas, sobes ao leito e o alargas para os adúlteros; dizes-lhes as tuas exigências, amas-lhes a coabitação e lhes miras a nudez” (Is 57.8) – Suas casas deveriam ser centros de aprendizagem sobre a Lei do Senhor, mas o povo transformou em locais de adoração a ídolos e adultério (v. 8; cf. Dt 6.9). Leito e nudez podem se referir à perversidade sexual envolvida nesse tipo de culto ou podem simbolizar a idolatria (que era por vezes comparada ao adultério espiritual). 218 219 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 56.9–57.2). Joplin, MO: College Press. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 149). Wheaton, IL: Victor Books. 118 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Mas eles também foram considerados culpados de se juntarem a líderes pagãos e confiarem neles para a proteção, em vez de confiar em Deus (v. 9). Confiar em um governante pagão e seu exército era o mesmo que confiar no falso deus que eles adoravam (Is 30.1-7; 31.1-3). Eles descobrirão que a confiança depositada em suas alianças políticas foi um grande fracasso e se recusarão em admitir que esses tratados foram em vão (Is 57.10). Deus mostrará o seu pecado e os julgará; e quando isso acontecer, a coleção de ídolos não será capaz de salvá-los. Contudo, aqueles que confiaram no Senhor, “possuirão a terra”. Qualquer coisa que confiemos que não seja o Senhor se torna o nosso deus e, portanto, é um ídolo. Podem ser a nossa formação, experiência, trabalho, dinheiro, amigos ou posição. III. A descrição do juízo de Judá (Is 57.11-13) “Vocês têm tanto medo desses deuses! Mas quem são eles para que vocês me contem mentiras e me esqueçam completamente? Será que é porque eu fiquei calado tanto tempo, que vocês não me temem?” (Is 57.11) – Essas pessoas temiam os falsos deus mais que o verdadeiro Deus, a quem serviam com hipocrisia, abusando da paciência de Deus. Aqueles que confiaram no Senhor, no entanto, “possuirão a terra”. “Eu publicarei essa justiça tua; e, quanto às tuas obras, elas não te aproveitarão” (Is 57.12) – A maioria dos israelitas tinha esquecido o verdadeiro Deus, aparentemente porque ele parecia ter ficado em silêncio. Assim, em ironia o Senhor disse que publicará a “justiça” deles. Suas supostas obras de justiça, quando expostas, mostrarão quem eles realmente eram, e como resultado suas obras serão de nenhuma ajuda diante do Senhor. As pessoas gostavam de frequentar o templo, obedeciam às leis de Deus, jejuavam, e pareciam ansiosos para buscar o Senhor; mas o culto era apenas um show. Seus corações estavam longe de Deus (1.10-15; 29.13; Mt 15.8-9). “Quando vocês gritarem pedindo ajuda, os seus muitos deuses não os atenderão. O vento levará esses deuses para longe, um sopro os fará desaparecer...” (Is 57.13) – Quando estivessem em apuros, Deus declarou, ironicamente, que eles deverão clamar aos seus deuses. Porém, quando a tempestade começar a soprar, os ídolos serão arrasados como a palha (v. 13). “... Mas os que confiam em mim morarão na Terra Prometida; o meu monte santo será deles” (Is 57.13) – Em contraste aqueles que confiaram no Senhor herdarão a terra (cf. Sl 25, 12-13, Sl 37. 9-11, 22, 29; Sl 69.35-36). 119 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. IV. A descrição da esperança de Judá (Is 57.14-19) “Dir-se-á: Aterrai, aterrai, preparai o caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo” (Is 57.14) – Deus tem uma palavra de encorajamento para o remanescente fiel: O caminho de volta será construído e os obstáculos removidos, de modo que os exilados voltarão à terra e servirão ao Senhor. Este poderoso Deus havia escolhido fazer a Sua morada com os de espírito contrito e humilde. Esta afirmação era um conforto para os humildes, mas um aviso aos espiritualmente orgulhosos (Is 57.14; 66.2; Sl 34.18; Sl 51.17). O orgulho é um pecado que Deus odeia (Pv 6.16-17) e que Deus resiste (1Pe 5.5-6). Mesmo que Deus seja majestoso (alto e sublime; cf. 6, 1), eterno e santo (cf. Is 6.3), Ele habita com aqueles que são contrito e abatidos de espírito (cf. Is 66.2).220 “Tenho visto como eles agem, mas eu os curarei e os guiarei; eu os consolarei. Nos lábios dos que choram” (Is 57.18, NTLH) – Embora Deus conheça os caminhos do Seu povo, Ele vai curar, ou seja, perdoá-los e restaurá-los. Ele os confortará e os levará também. Por Sua parte, os redimidos do Senhor responderão a graça de Deus, louvandoo. Eles reconhecerão que a paz de Deus está disponível a todos os que estão perto e longe, ou seja, judeus e gentios. A terra prometida foi reservada para aqueles que confiaram no Senhor e demonstram um espírito arrependido. Havia chegado a hora de Deus curá-los, orientá-los e consolá-los. V. O aviso final (Is 57.20-21) A maravilhosa paz que excede todo o entendimento não é a sorte dos ímpios. Eles são como o mar agitado, que agita lama e sujeira, ou seja, pensamentos e más ações. Eles não têm a paz aqui, ou daqui por diante. “Porém os maus são como o mar agitado: as suas ondas não se acalmam e trazem lama e sujeira para a terra. Não há segurança para esses pecadores. O meu Deus falou” (Is 57.20–21) – Os perdoados desfrutar de paz, mas os ímpios não têm descanso nem paz (cf. Is 48.22). Eles estão condenados porque se recusam a voltar para o Senhor. Eles estão constantemente em movimento, mesmo no dia mais calmo. Como o mar revolto jogando lixo e lama. Isto é, pensamentos, palavras e obras que são lixo e sujeira. A paz não está em nós e não podemos produzi-la, não importa o quanto tentemos. A paz é apenas encontrada quando nos entregamos à vontade daquele que é poderoso. Aquele é o Príncipe da paz! 220 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1112–1113). Wheaton, IL: Victor Books. 120 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Conclusão: “Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz” (Is 57.21). Isaías afirma que “a paz” e a “herança” final pertence àqueles “que se refugiam” no Senhor. Os crentes de todas as épocas devem reconhecer isso. “As portas do inferno não prevalecerão contra o povo de Deus” (Mt 16.18). Em última análise, o mundo não pode superar a igreja, assim como a escuridão não pode superar a luz (Is 42.16; 58.10; 59. 9; Jo 1. 5; 1Jo 1.5; 2.8). Isso não significa que não enfrentaremos problemas. Deus nem sempre vai fazer o que esperamos, mas Ele sempre vai fazer o que prometeu. Ele nunca prometeu ausência de provações, mas sempre prometeu estar com conosco, até mesmo, em meio às dificuldades da vida (Hb 13.5b). Portanto, é hora de voltar para o Pai, ou como Tiago colocou: “chegai-vos a Deus e Ele se chegará a vós outros” (Tg 4.8). Não há santidade sem confissão. Não há benção sem a presença do Pai. Tenha coragem de mudar. 121 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 58 O livro da glória futura Introdução: 16 Como vimos, a segunda seção de Isaías (capítulos 40-66) se divide em três partes de nove capítulos cada (capítulos 40-48; 49-57; 58-66). A primeira e a segunda parte terminam com a declaração divina de que “não há paz para os ímpios” (48.22; 57.21). Nesta seção final de nove capítulos do livro, Isaías olhou para o presente e para o futuro.221 No capítulo anterior (Is 57), Isaías falou aos idólatras (Is 57.3-13). Agora, o profeta fala àqueles que adoravam ao Senhor com falsidade. Alguns judeus achavam que poderiam ganhar o favor de Deus com jejuns e humilhações autoimpostas, e ficaram surpresos quando essas privações não produziram o resultado esperado (Is 58.2-3).222 Deus queria fazer coisas maravilhosas para o seu povo. As dificuldades, no entanto, estavam no caminho. O profeta identifica pela primeira vez esses obstáculos e, em seguida, mostra o que acontece quando obedecemos a Deus. I. Obstáculos identificados (Is 58.1-59.8) Deus ordenou que Isaías anunciasse corajosamente e claramente à casa de Jacó as suas transgressões (58.1). Em resposta, o profeta proclamou acerca de três pecados específicos que se toraram impedimentos para a bênção celestial. A. Um jejum hipócrita (Is 58.2-12) “Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados” (Is 58.1) – Deus disse a Isaías para gritar em voz alta como o som de uma trombeta e anunciar os pecados da nação. As pessoas frequentavam o templo, jejuavam e pareciam ansiosos para buscar o Senhor; mas o culto era apenas uma aparência externa. Seus corações estavam longe de Deus (Is 1.10-15; 29.13; Mt 15.8-9).223 Deus conhece o nosso coração e as motivações de nossa adoração. Nossos exercícios espirituais podem impressionar os outros, mas não podem enganar a Deus. 221 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1113). Wheaton, IL: Victor Books. 222 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 876. 223 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 150–151). Wheaton, IL: Victor Books. 122 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus...” (Is 58.2) – Eles fingiam em ter alegria de conhecer a vontade de Deus. Eles se apresentavam como uma nação justa, que merecia a justiça de Deus (58.2). Tendo exposto a hipocrisia geral da nação, Isaías concentrou em um aspecto da falsa adoração, o jejum. “dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos a nossa alma, e tu não o levas em conta? Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho” (Is 58.3) – A expressão “No dia em que jejuais” provavelmente refere-se ao dia da expiação (Yom Kippur), uma ocasião ordenada por Deus como um dia especial para jejuar a fim de expiar o pecado (Lv 16.29-31). Além disso, o povo também poderia jejuar pessoalmente se quisessem. No entanto, embora estivessem jejuando, eles reclamaram com o profeta sobre o fato de que Deus não se importava com o que eles estavam fazendo. Warren Wiersbe estava certo quando escreveu: “Adorar a Deus envolve mais do que observar um ritual externo; deve haver uma obediência interna e submissão ao Senhor (Mt 6.1618)”.224 A explicação era simples, Isaías diz que enquanto jejuavam, eles comentiam os seguintes pecados: (1) Faziam o que queriam (Is 58.3); (2) Oprimiam os empregados (Is 58.3); A palavra “exigir” no versículo três, (nagas, em hebraico) significa pressionar, conduzir, oprimir, cobrar, exercer pressão.225 (3) Eles brigavam entre si (Is 58.4); e (4) Faziam uma grande apresentação: “Será que desejo que passem fome, que se curvem como um bambu, que vistam roupa feita de pano grosseiro e se deitem em cima de cinzas? É isso o que vocês chamam de jejum? Acham que um dia de jejum assim me agrada?” (Is 58.5, NTLH). Humilhar-se é inútil se o objetivo é apenas parecer humilde. Não é suficiente vestir-se aparentando de lamentação pelo pecado, mas sem nenhuma tristeza genuína (Is 58.5; 15.3; 35.35-36). Jesus insistiu que, para evitar a hipocrisia diante de Deus, o jejum e a abnegação deveriam ser praticados sem ostentação (Mt 6.5-6, 16-18). Deus deve ser adorado em Espírito e verdade (Jo 4.24).226 “Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo?” (Is 58.6) – O verdadeiro jejum bíblico é mais do que um exercício religioso. Jejum não é uma ferramenta de manipulação para obter algo de Deus. O jejum deve ser antes de tudo uma expressão de anseio do coração por uma maior 224 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 151). Wheaton, IL: Victor Books. Swanson, J. (1997). Dictionary of Biblical Languages with Semantic Domains : Hebrew (Old Testament). Oak Harbor: Logos Research Systems, Inc. 226 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 876. 225 123 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. intimidade com Deus. O jejum adequado deve ser acompanhado de uma vida obediente (1Sm 15.22). O que Deus queria não era tanto a abstenção de alimento, mas (1) Que eles libertassem os que estavam escravizados ilegalmente; (2) Que alimentassem os famintos; e (3) Vestissem os pobres (Is 58.7). Esses atos de compaixão eram muito mais importantes aos olhos de Deus do que negar a si mesmo sustento físico (Is 58.9-10). O que o povo precisava entender era que o motivo bíblico principal de jejuar é desenvolver um andar mais perto de Deus. Não podemos esperar as bênçãos de Deus por meio do jejum, se os nossos corações não estão corretos diante dEle e se não estamos vivendo de acordo com Sua Palavra. No livro do profeta Malaquias, o povo questionou a Deus: “... Que nos aproveitou ...andar de luto diante do SENHOR dos Exércitos?” (Ml 3.14). Embora estivessem em jejum e pano de saco e lamentassem sobre os pecados pessoais e nacionais, o jejum era apenas uma fachada para mascarar a sua verdadeira condição espiritual.227 Em outras palavras, eles estavam dizendo, “Deus, temos cumprido a lei através da realização de nossas obrigações, mas o Senhor não tem cumprido suas promessas de nos abençoar”. Eles estavam sutilmente sugerindo que Deus não estava mantendo suas promessas.228 Assim, o culto tinha sido sem nenhum “proveito”. O problema, é claro, não estava do lado de Deus. Há hipocrisia em sua vida? A questão pode ser resolvida rapidamente, perguntando a si mesmo, “eu sou um ator, alguém que finge viver uma vida dedicada ao Senhor, enquanto, na realidade, penso e vivo o contrário?” Somente você pode responder a estas questões e fazer as mudanças necessárias em sua vida. “Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda” (Is 58.8) – Se o povo obedecesse a Deus encontraria a resposta do Senhor. Esse tipo de jejum seria abençoado por Deus a uma medida extraordinária. Pelo menos nove bem-aventuranças são proferidas: (1) “Luz”, ou seja, bênção, símbolo da prosperidade (Jó 11.17). (2) A cura de todos os males. (3) A justiça e a proteção de Deus (Is 58.8). Isso significa que eles teriam a proteção em sua caminhada. (4) Orações respondidas (58.9a). (5) Deus vai orientá-los, (6) O Senhor os sustentará, e (7) Serão fortalecidos. (8) Eles serão bemsucedidos em tudo o que fizerem. (9) Eles serão conhecidos como o “reparadores de brechas e restauradores de veredas” (Is 58.12). 227 Levy, D. M. (1992). Malachi: Messenger of rebuke and renewal. Bellmawr, NJ: Friends of Israel Gospel Ministry. 228 Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Ml 3.14). Wheaton, IL: Victor Books. 124 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. II. O abuso do sábado (Is 58.13-14). “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs” (Is 58.13) – Os contemporâneos de Isaías haviam falhado em santificar o sábado como um dia santo e especial. Essa desconsideração insensível para o quarto mandamento foi um empecilho para a bênção divina. O arrependimento em relação ao abuso de sábado levaria a (1) A uma nova comunhão com Deus; (2) Superar as dificuldades e obstáculos; e (3) Permanência na terra prometida. Se o jejum era uma oportunidade para mostrar amor ao próximo, o sábado deveria expressar, antes de tudo, o nosso amor a Deus.229 Obedecer ao Senhor na questão do sábado era reconhecer a importância de adorar a Deus e mostrar total dependência em Deus a fim de alcançar as bênçãos materiais. Ao colocar Deus em primeiro lugar, fazendo o que Deus desejava, uma pessoa teria alegria, não apenas na salvação espiritual (cavalgar sobre as alturas), mas também prosperidade (herança). Tudo isso seria concretizado, porque o Senhor o mesmo havia prometido (cf. 1.20; 40. 5).230 Embora existam opiniões diferentes sobre se os cristãos devem guardar ou não o sábado, a Bíblia diz que não estamos mais debaixo da Lei (Rm 6.14). Assim, o domingo não é o sábado cristão, com uma lista de coisas que podemos ou não podemos fazer (Rm 14.5; Gl 4.10; Cl 2.16-17). Entretanto, ao mesmo tempo há princípio nas Leis do sábado no Antigo Testamento que podemos e devemos aplicar hoje. Murray afirma corretamente que “... o Shabbath... não deve ser definido em termos de cessação das atividades, mas cessação do tipo de atividade que fazia parte do trabalho nos outros seis dias”.231 Domingo é também um bom dia para investir tempo com outros crentes, e tempo com o Senhor durante os horários que estávamos ocupados durante a semana, no trabalho. Conforme a Confissão de Fé de Westminster, “Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão” (Ref. Êx 20.8-11; Gn 2.3; 1Co 16.1-2; At 20.7; Ap 1.10; Mt 5.17-18 Capítulo XXI, Do Culto Religioso e do Domingo, Seção VII). 229 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 665–666). Leicester, England; Downers Grove, IL: Inter-Varsity Press. 230 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1113–1114). Wheaton, IL: Victor Books. 231 MURRAY, John. Principles of conduct (Grand Rapids: Eerdmans, 1957), p. 33. 125 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. O Dia do Senhor não é uma imposição. O domingo (Dia do Senhor) deve ser um dia específico para um fim específico (Is 58.1). A questão principal é o que devemos fazer em vez do que não devemos fazer no dia do Senhor. Há coisas que não devemos fazer no Dia do Senhor? Certamente. Qualquer coisa que venha a prejudicar nossa adoração não deve ser feita. Tudo o que possa roubar do Dia do Senhor a prioridade da adoração, não deve ser feita.232 Nesse dia, devemos nos envolver em atividades de adoração, ensino e aprendizado das Escrituras. Para os cristãos, este dia não é um dia de regras humanas (Cl 2.16) para alcançar a salvação (Gl 4.9-10). Pelo contrário, é o Dia do Senhor (Ap 1.10), o dia para celebrar a ressurreição (Jo 20.1, 19) e da vinda do Espírito Santo (At 2.1). É um tempo de renovação (Êx 20.8-11), bênção (Mt 12.9-14) e alegria (Is 58.13). Logo, os cristãos não estão sob as Leis específicas do sábado do Antigo Testamento (Gl 4.10). Mas nos foi dado um novo dia, o “Dia do Senhor”, para desfrutar. É um dia de culto alegre e vivo. Mas será que realmente apreciamos como tal? Será que realmente o utilizamos o domingo para o culto e testemunho cristão? Ou apenas fingimos fazê-lo, ao passar alguns momentos formais na igreja e o restante assistindo futebol ou simplesmente descansando?233 O autor e pregador americano John Piper em seu livro “Fome por Deus” compartilha a história de um dos membros de sua igreja, Doug Nichols. Doug foi diagnosticado com câncer de cólon em abril de 1993. Os médicos lhe deram uma chance de 30% de vida após a cirurgia. Durante uma guerra civil em Ruanda, ele entrou num avião e foi para com uma equipe de pessoas, incluindo alguns membros da Igreja Batista Bethlehem. Seu oncologista não-cristão disse que ele iria morrer em Ruanda. Doug disse que isso não seria problema porque ele estaria no céu. O oncologista ficou aflito e telefonou para o cirurgião de Doug para pedir-lhe ajuda para fazer o Doug desistir de ir a Ruanda. O cirurgião, que é um cristão, disse que Doug esta preparado para morrer e ir para o céu. Quando a igreja ficou sabendo que Doug iria – com seu câncer e sua colostomia – para Ruanda, alguns dos obreiros da igreja Xe reunirão em ora para clamar por Doug. O texto lido na reunião foi Isaías 58.10-11. O grupo de irmão clamou especificamente para que a alimentação dos famintos e desabrigados em Ruanda não matasse Doug Nichols, mas o curasse. De Ruanda, Doug ligou para seu oncologista e lhe disse que não estava morto. E ao voltar ele fez uma bateria de exames que resultaram no seguinte resultado: nenhuma evidência de doença. Somente Deus sabe o futuro de Doug enquanto ele se derrama pelas crianças.234 232 MOHLER Jr. R. Albert. Palavras do fogo. Como ouvir a voz de Deus nos Dez Mandamentos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, p. 76. 233 Boice, J. M. (2005). Nehemiah: an expositional commentary (111). Grand Rapids, MI: BakerBooks. 234 PIPER, John. Fome por Deus. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 138-139. 126 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Portanto, vamos confiar no Médico dos médicos. Vamos aceitar o jejum que Ele prescreveu para nós. O resultado será luz, cura, direção, alívio, restauração e desembaraço – e tudo isso com o próprio Deus adiante de nós, detrás de nós e no nosso meio. E visto que é por nossas boas obras que as pessoas verão a luz e darão glórias ao nosso Pai no céu (Mt 5.16). Se estivermos famintos por toda plenitude de Deus, aqui está o jejum que nos saciará.235 III. Injustiça social (Is 59.1-8) “Ninguém há que clame pela justiça, ninguém que compareça em juízo pela verdade; confiam no que é nulo e andam falando mentiras; concebem o mal e dão à luz a iniquidade” (Is 59.4) – Alguns questionaram a capacidade de Deus de fazer cumprir Suas promessas. Eles se perguntavam se Deus realmente ouvia suas orações. A falta de intervenção divina, no entanto, não tinha nada a ver com a capacidade de Deus. Seu “braço”, ou seja, o poder, não era curto demais para estender a mão e ajudar. Ele não estava com dificuldades de audição. Na verdade, a iniquidade e o pecado de Judá levou Deus a se afastar deles. A barreira do pecado impediu o Senhor de ouvir suas orações (59.1). Conclusão: O socialista e filósofo Karl Marx disse que “a religião é o ópio do povo”. Ele quis dizer que a religião nos entorpece para que nossos opressores tenham menos problemas para manter a supremacia. Mas Marx entendeu exatamente o contrário.236 Não é a religião que nos entorpece e nos deixa alienados e paralisados, é o pecado. Os cegos espiritualmente são muitas vezes iludidos e inconscientes de seu pecado e culpa. O povo na época de Isaías desejava o favor de Deus, mas não queria se submeter à vontade do Altíssimo. De fato, o Senhor não era prioridade para eles. O Senhor Jesus declarou que devemos buscar em primeiro lugar o Seu reino e Sua justiça e todas as coisas serão acrescentadas (Mt 6.33). Mas isso não se aplica apenas aos pastores, missionários e outros trabalhadores. Isso se aplica a todos os seguidores de Jesus. Você está buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça em sua vida pessoal, negócios, família e no seu tempo de lazer? O Senhor é prioridade em sua vida? 235 PIPER, John. Fome por Deus. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006, p. 162-163. 236 Boice, James Montgomery: Daniel : An Expositional Commentary. Grand Rapids, Mich. : Baker Books, 2003, S. 61 127 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 59 Quando a oração fica sem resposta. Introdução: 17 No capítulo 59 o Senhor falou novamente dos pecados do povo e da sua oferta de salvação por causa da aliança com Abraão.237 Enquanto o capítulo 58 descreve a verdadeira justiça e suas bênçãos, o capítulo 59 descreve o pecado (3-8) e sua obliteração de todos os valores (9-15). Apesar disso, Deus libertará o Seu povo, puramente por causa do Seu próprio nome (v. 16-19). O profeta Isaías aqui corrige o erro daqueles que haviam declarado que Deus não respondia as orações do povo (Is 58).238 Quais os pecados que levaram o Senhor a retira a Sua presença? I. Os pecados de Israel “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir” (Is 59.1) – Alguns questionaram a capacidade de Deus de cumprir Suas promessas. Na verdade, a barreira do pecado impediu o Senhor de ouvir as orações do Seu povo (59.1). “Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2) – Embora o Senhor pudesse ouvi-los, Ele escolheu não ouvir o clamor do Seu povo (Is 59.2). O pecado impede as orações de serem respondidas (cf. Sl 66.18). Esses pecados incluíam assassinato, mentira, injustiça (cf. Is 59.9, 11, 14-15), e o maquinar o mal (v. 34). Todos os tipos de injustiça foram praticados em Judá. Isaías apresentou uma avaliação da cabeça aos pés da doença desta nação. “Ninguém há que clame pela justiça, ninguém que compareça em juízo pela verdade; confiam no que é nulo e andam falando mentiras; concebem o mal e dão à luz a iniquidade” (Is 59.4) – As teias emaranhadas do engano não escondiam suas verdadeiras intenções diante do Senhor. Seus pensamentos eram “pensamentos de iniquidade”. 237 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1114). Wheaton, IL: Victor Books. 238 Henry, M. (1994). Matthew Henry’s commentary on the whole Bible: complete and unabridged in one volume (p. 1197). Peabody: Hendrickson. 128 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Chocam ovos de áspide e tecem teias de aranha; o que comer os ovos dela morrerá; se um dos ovos é pisado, sai-lhe uma víbora” (Is 59.5) – Os ovos de víboras e teias de aranha revelam, por um lado, a influência venenosa de pessoas más, e em segundo lugar, a futilidade de confiar em suas políticas ou promessas (6).239 Suas ações eram como os de cobras venenosas mortais (víboras), pois estavam prejudicando os outros. “As suas teias não se prestam para vestes, os homens não poderão cobrir-se com o que eles fazem, as obras deles são obras de iniqüidade, obra de violência há nas suas mãos” (Is 59.6) – Seus pensamentos são vãos, como a teia de aranha, que depois de pronta, torna-se algo frágil e insignificante. Os pensamentos dos homens “Os seus pés correm para o mal, são velozes para derramar o sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de iniqüidade; nos seus caminhos há desolação e abatimento” (Is 59.7) – Na pressa de fazer as coisas más, eles estavam causando ruína para outros (v. 7) e estavam constantemente viajando por maus caminhos. Como resultado, eles não desfrutavam de paz (v.8; cf. Is 48.22; 57.20-21).240 II. Obstáculos removidos (Is 59.9-21) A única forma de acabar com a barreira do pecado é uma vida de arrependimento. Somente assim, Deus pode mudar as circunstâncias humilhantes do Seu povo. A. Confissão do pecado (Is 59.9-15a) “Por isso, está longe de nós o juízo, e a justiça não nos alcança; esperamos pela luz, e eis que há só trevas; pelo resplendor, mas andamos na escuridão” (Is 59.9). Endireitar as questões com Deus sempre começa com a admissão do delito. Para aqueles que uma vez andaram com o Senhor, alienação espiritual é uma experiência terrível. O remanescente reconheceu que (a relação correta entre os homens) “juízo” e “justiça” (relacionamento correto com Deus) não estavam em evidência. As coisas eram escuras e sombrias. Sem a luz da revelação divina andavam como cegos. É interessante a última parte do versículo dez: “... e, em plena flor da idade, parecemos mortos” (Is 59.10, NTLH). O pecado destrói nossa vida. 239 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 666). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 240 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1114). Wheaton, IL: Victor Books. 129 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Todos nós bramamos como ursos e gememos como pombas; esperamos o juízo, e não o há; a salvação, e ela está longe de nós” (Is 59.11) – Os homens resmungavam como ursos, e gemiam como as pombas. Eles ansiavam por “justiça” e “salvação” e não encontravam (Is 59.9-11). O remanescente reconheceu que seus problemas surgiram devido aos pecados numerosos. Eles admitiram que (1) Os pecados do coração - traição e infidelidade; (2) Pecados dos lábios - opressão, revolta, e falsidade; e (3) Perversão da justiça (Is 59.1215a). B. A resposta de Deus (Is 59.15b-21) Em resposta à confissão do profeta, em nome da nação, uma mensagem de salvação surge agora. O Senhor quer julgará e retornará para governar o Seu povo arrependido. “Sim, a verdade sumiu, e quem se desvia do mal é tratado como presa. O SENHOR viu isso e desaprovou o não haver justiça” (Is 59.15) – Deus estava ciente da condição de Israel. Não havia ninguém que se levantasse para defender a causa dos oprimidos (v. 16). Ele, então, determinou que devesse agir. Isaías não estava dizendo que o Senhor não quer se envolver, mas que Israel era totalmente incapaz de ajudar a si mesma. Somente Deus poderia ajudá-los. Isto é verdade para a salvação em qualquer época. Ninguém pode salvar-se. Somente Deus é capaz de perdoar o pecado e mudar o coração de uma pessoa.241 “Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça; pôs sobre si a vestidura da vingança e se cobriu de zelo, como de um manto” (Is 59.17) – Isaías descreveu Deus como se estivesse preparando-se para uma batalha contra a injustiça e a transgressão. Como um guerreiro Deus sai para lutar em favor do Seu povo. Ele utilizou a justiça, salvação, vingança e zelo. “Temerão, pois, o nome do SENHOR desde o poente e a sua glória, desde o nascente do sol; pois virá como torrente impetuosa, impelida pelo Espírito do SENHOR” (Is 59.19) – Ele trará a recompensa aos seus inimigos dentro e fora Judá (v. 18). Devido a isso, as pessoas em todos os lugares reconhecerão a Sua glória, a majestade esmagadora, e força (como uma torrente impetuosa). Quando virem o poder irresistível do Seu juízo, os homens, tanto no Ocidente quanto no Oriente reconhecerão a majestade do Senhor (Is 59.17-19). 241 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1114). Wheaton, IL: Victor Books. 130 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Virá o Redentor a Sião e aos de Jacó que se converterem, diz o SENHOR” (v. 20) – O Redentor virá a Sião. O termo “redentor” (go˒el, em hebraico) é usado treze vezes por Isaías, todos nos últimos vinte e sete capítulos do livro. Este termo técnico refere-se à pessoa que tinha o direito e a obrigação de comprar a liberdade de um parente que havia caído em escravidão.242 O Senhor é o go˒el que resgatará o Seu povo da escravidão. Aqueles que se desviarem da transgressão irão reconhecê-lo (v. 20). “Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o SENHOR: o meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na tua boca, não se apartarão dela, nem da de teus filhos, nem da dos filhos de teus filhos, não se apartarão desde agora e para todo o sempre, diz o SENHOR” (Is 59.21) – Associado a este Redentor está uma nova aliança. Deus ungirá este Redentor com o Seu Espírito (cf. Is 42.1). E colocará as palavras na boca do Redentor (cf. Is 50.4). O Redentor fielmente transmitirá estas palavras à Sua descendência, ou seja, os Seus discípulos, e eles por sua vez, proclamarão as palavras através das gerações (59.20f). Que este Redentor é Jesus Cristo fica claro em Romanos 11.26.243 Os participantes desta aliança, não apenas conhecem o Senhor, mas falam do Senhor (Jr 31.34), como uma nação de profetas (cf. Nm 11.29; Jl 2.28).244 Calvino com muita inteireza declarou: “Esse é o tesouro mais valioso da Igreja, saber que Deus escolheu habitar no coração dos crentes, pelo seu Espírito”.245 A glória do Senhor no reino prometido é o tema dos capítulos finais de Isaías. Conclusão: Em 1464 um escultor chamado Agostino di Duccio começou a trabalhar em um grande pedaço de mármore bruto. Com a intenção de produzir uma magnífica escultura de um homem do Antigo Testamento para uma catedral em Florença, Itália, ele trabalhou por dois anos e depois abandonou a obra. Em 1476 Antonio Rossellino começou a trabalhar no mesmo pedaço de mármore e, algum tempo depois, também abandonou o projeto. Em 1501, um escultor de 26 anos de idade chamado Michelangelo recebeu uma soma considerável de dinheiro para produzir algo de valor do enorme bloco de mármore chamado de “o gigante”. Quando ele começou o seu trabalho, Michelangelo viu uma 242 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996). Vine’s Complete Expository Dictionary of Old and New Testament Words. Nashville, TN: T. Nelson. 243 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 59.15b–21). Joplin, MO: College Press. 244 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 666). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 245 Calvin, John Calvin. Commentary on Isaiah - Volume 3, Grand Rapids, MI: Christian Classics Ethereal Library, p. 367. 131 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. grande falha na parte inferior do bloco que havia frustrado os outros escultores. Ele decidiu transformar aquela parte da pedra em um toco de árvore quebrada que serviria para apoiar a perna direita. O resto ele trabalhou por quatro anos, até que conseguiu produzir o incomparável “Davi”. Hoje a estátua de mais de 5 metros de altura está em exposição na Academia de Belas artes de Florença. Mais do que uma obra-prima, é uma das maiores obras de arte já produzidas. Tem sido descrita como a estátua mais perfeita. Como ele fez isso? Aqui está a resposta em suas próprias palavras: “Em cada bloco de mármore vejo uma estátua tão simples como se estivesse diante de mim, em forma, atitude e ação perfeita. Eu só tenho que retirar as imperfeições que aprisionam a beleza para revelá-la aos outros”. Disse em termos mais coloquiais, “eu retirei tudo o que não se parecia com Davi”. Agora aplique isso a vida espiritual. Todos nós somos obras em andamento. Deus é como um escultor que trabalha com um pedaço de mármore bruto. É um trabalho difícil, porque o bloco possui várias imperfeições. É o pior pedaço de mármore que um escultor poderia encontrar. Deus, porém, não se abala e trabalha pacientemente, retirando as partes ruins, lapidando a pedra dura, parando ocasionalmente para polir aqui e ali. Pacientemente, Ele toma o cinzel e retira tudo o que não se parece com Jesus. É evidente que Ele tem um longo caminho a percorrer. Mas somos encorajados em saber que Ele não abandonará o projeto. O que Deus começa, Ele termina. Louvado seja Deus! 132 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 60-61 As glórias da salvação. Introdução: 18 Os capítulos 60-62 são os mais otimistas no livro de Isaías. O Redentor (Is 59.20) conduzirá o Seu povo à glória. Que contraste entre as condições humildes dos habitantes de Sião (caps. 58-59) e as bênçãos grandiosas apreciadas por aqueles que viverão com o Redentor!246 Note que Isaías começou o seu “Livro das consolações” (capítulos 40-66), com a promessa de que “a glória do Senhor se manifestará” (40.5). Agora, Isaías conclui com a descrição da glória. Quando a glória de Deus está em cena, tudo se renova.247 No entanto, sobre que Jerusalém Isaías está tratando? A Jerusalém da época de Neemias ou a Jerusalém celestial? A Jerusalém reconstruída após o retorno dos exilados da Babilônia nunca se igualou à cidade descrita neste capítulo. A única comparação possível é com a Jerusalém celestial descrita no livro de Apocalipse (Ap 21.23-27). I. A glória futura de Sião (Is 60.1-22) Em seis parágrafos magistrais Isaías descreve a transformação em Sião após o aparecimento do Redentor. A. Jerusalém iluminará a terra “Levante-se, Jerusalém! Que o seu rosto brilhe de alegria, pois já chegou a sua luz! A glória do SENHOR está brilhando sobre você” (Is 60.1, NTLH) – Em primeiro lugar, a glória do Senhor quebrará a escuridão moral e espiritual que envolvia todo o mundo. Naquele dia, os fiéis refletirão a glória de Deus. Esta luz não é do sol, mas a glória de Deus brilhando sobre a cidade. A glória de Deus outrora no tabernáculo (Êx 40.34-38) foi removida por causa do pecado de Israel (1Sm 4.21). Em seguida, a glória de Deus habitou no templo (1Rs 8.11), mas partiu quando a nação se voltou para os ídolos (Ez 9.3; 10. 4, 18; 11.22-23). No Novo Testamento, a glória veio a Israel, na pessoa de Jesus Cristo (Jo 1.14), mas a nação pregou a glória em uma cruz. Agora, Isaías descreve a gloriosa luz que virá a Israel quando o Messias voltar. Então, “A terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Hc 2.14).248 246 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 60.1–61.11). Joplin, MO: College Press. Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 152). Wheaton, IL: Victor Books. 248 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 152–154). Wheaton, IL: Victor Books. 247 133 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. B. Jerusalém será visitada pelos gentios “Atraídos pela sua luz, Jerusalém, os povos do mundo virão; o brilho do seu novo dia fará com que os reis cheguem até você” (Is 60.3, NTLH) – Em segundo lugar, Isaías proclamou que as nações e os reis serão atraídos pelo o brilho da Nova Jerusalém. Pessoas de várias nacionalidades. Sião será um feixe de alegria. “... Os seus filhos vêm de longe” (v. 4). C. Jerusalém será honrada pelos gentios “Quando você vir isso, ficará radiante de alegria; cheio de emoção, o seu coração baterá forte. Os povos que vivem no outro lado do mar virão, trazendo todas as suas riquezas para você” (Is 60.5) – Em terceiro lugar, o influxo de gentios trará grande riqueza a Sião. Do leste (Midiã, Efa), a partir do sul (Sabá) e do deserto (Quedar, Nebaiote) virão os recursos para manter o Templo e os sacrifícios adequados. No Mar Mediterrâneo, o profeta podia ver as velas dos “navios de Társis” vindos do oeste. Esses navios trarão mais adeptos e riqueza. Todas essas pessoas virão e conhecerão o Senhor e, portanto, virão a Sião cantando louvores (60.59 D. Jerusalém será honrada pelos gentios “O SENHOR diz a Jerusalém: Estrangeiros reconstruirão as suas muralhas, e os reis deles trabalharão para você. Eu estava irado e por isso a castiguei, mas eu a amo e tenho compaixão de você” (Is 60.10, NTLH) – Em quarto lugar, a reconstrução de Sião será o amanhecer de um novo dia para as nações do mundo, bem como para Israel (v. 3, 10-13). Estrangeiros destruíram as muralhas de Jerusalém física; mas estrangeiros se juntarão na edificação da Sião espiritual. Assim como Hirão, rei de Tiro, ajudou a construir o primeiro templo (1Rs 5), e assim como Ciro e Dario, reis da Pérsia, ajudaram a construir o segundo templo (Ed 6), assim também, hoje em dia, pessoas de muitas nações estão edificando a Igreja, o templo do Senhor (Ef 2.11-22). “As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão, para que te sejam trazidas riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os seus reis” (Is 60.11) – Ao invés de atacarem, as nações trarão tributo (Ap 21.25,26). Em uma antiga cidade murada, os portões eram fechados ao cair da noite para manter os invasores, saqueadores, criminosos e outros indivíduos potencialmente perigosos de longe da cidade. Que não haverá noite, na eternidade, e que as portas da Nova Jerusalém jamais serão fechadas, mostra completa segurança da cidade. Será um lugar de descanso, segurança e refrigério, onde o povo de Deus “descansará dos seus trabalhos” (Ap 14.13). Os moradores estarão plenamente seguros de todas as forças malignas que foram condenadas no lago de fogo e enxofre.249 249 KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento, Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p. 721. 134 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Além do mais, será um lugar radiante da presença de Deus e do Cordeiro que acabará com toda a escuridão. Na Bíblia, as trevas simbolizam a existência longe da presença de Deus (Mt 6.23; 8.12; 22.13; 25.30).250 E. Jerusalém será protegida por Deus “Nunca mais você será odiada, nunca mais será uma cidade abandonada, sem moradores; eu farei com que você seja bela e poderosa, com que seja para sempre uma cidade alegre” (Is 60.15, NTLH) – Em quinto lugar, Isaías foca na prosperidade de Sião. Nos versículos 15-22, o Senhor descreve algumas das alegrias e maravilhas do reino glorioso. A nação não será abandonada, mas será enriquecida pelos gentios e tratada como um filho amado (v. 4, 16; 49.23; 61.6). Anteriormente, Jerusalém tinha sido abandonada, mas isso mudará. Sião será uma fonte de alegria e orgulho. Os melhores materiais de construção serão usados na construção, tornando o lugar tanto precioso quanto indestrutível. Paz, justiça, salvação e louvor serão as marcas do lugar santo (v. 15-18). F. Jerusalém será iluminada por Deus “Nunca mais o sol a iluminará de dia, nem a lua, de noite; pois eu, o SENHOR, serei para sempre a sua luz, e a minha glória brilhará sobre você” (Is 60.19) – Finalmente, Isaías proclamou a coroação de Sião. Nesse novo dia, o sol e a lua não serão necessários, pois Deus habitará no meio do Seu povo. Ele será a Sua luz (cf. Ap 21.23, 22. 5). Luz simboliza a presença de Deus, a salvação e a alegria. Os moradores da Nova Jerusalém serão justos, serão como uma planta cuidada pelo próprio Deus. Experimentarão um crescimento saudável para que o nome de Deus seja glorificado (v. 21-22). II. O Salvador maravilhoso de Sião “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados” (Isaías 61.1) – O pregador nos versículos de abertura do capítulo 61 não é identificado, mas dificilmente se pode duvidar de que seja outra pessoa a não ser o Servo-Redentor. Esses versículos devem, portanto, ser considerados como o quinto e último dos poemas do Servo. Aqui, o Servo do Senhor afirma ter sido ungido com o Espírito com o propósito de ser o Arauto de Deus. 250 LADD, George. Apocalipse, introdução e comentário. São Paulo: Editora Vida Nova, 1984, p. 210. 135 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Em seu pronunciamento o arauto realizará sete coisas. (1) Ele pregará boas novas aos quebrantados; (2) Ele curará os quebrantados de coração; (3) Ele proclamará a libertação aos cativos (4) Ele libertará os presos; (5) Ele proclamará o ano da aceitação, ou seja, o período da graça de Deus; (6) Ele anunciará o dia do juízo; (7) Ele consolará os enlutados. “A apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória” (Is 61.2–3) – É maravilhoso saber que esta profecia se cumpriu em Cristo. Na sinagoga de Nazaré, Jesus leu esta passagem e anunciou que se cumpriu em Seu ministério (Lc 4.17-21). No entanto, Ele não citou, “e o dia da vingança do nosso Deus” no versículo 2, porque esse dia ainda virá (Is 34.8; 35.4; 63.4). “A apregoar o ano aceitável do SENHOR...” (v. 2) – Por intermédio de Sua morte e ressurreição, Jesus inaugurou o “dia da salvação” (2Co 6.2), no qual o evangelho está sendo pregado pelo mundo inteiro. Agora, aqueles que estavam alienados podem encontrar paz nEle (Ef 2.12,13; 3.5; 2Tm 1.10). “... A consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça...” (Is 61.2– 3) – No lugar de cinzas, pranto e um espírito angustiado, o povo de Deus receberá uma coroa, óleo de alegria, um manto e um novo título (“carvalhos de justiça”). A expressão “carvalhos de justiça” simboliza a força e a justiça, em vez de serem, como até então, uma cana quebrada pelo pecado e calamidade (Is 1.29, 30; Is 42, 3; 1Rs 14.15; Sl 1.3; 92.12 14; Jr 17. 8).251 III. Outras bênçãos de Sião (Is 61.4-11) “Edificarão os lugares antigamente assolados, restaurarão os de antes destruídos e renovarão as cidades arruinadas, destruídas de geração em geração” (Is 61.4) – Aqueles que foram abençoados pela obra do Servo serão “restaurarão os de antes destruídos”. A referência é para a edificação da igreja dos estragos do pecado 251 Jamieson, R., Fausset, A. R., & Brown, D. (1997). Commentary Critical and Explanatory on the Whole Bible (Is 61.3). Oak Harbor, WA: Logos Research Systems, Inc. 136 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. através dos tempos. Aqueles que antes eram “estranhos” trabalharão para Sião e realizarão todo o trabalho necessário para manter o reino na terra (61.4). Todos os cidadãos de Sião constituirão um sacerdócio para o mundo. Os cidadãos desfrutarão de uma porção dupla da bênção divina (v. 7). Além disso, eles experimentarão a alegria eterna (Is 61.7). “A sua posteridade será conhecida entre as nações, os seus descendentes, no meio dos povos; todos quantos os virem os reconhecerão como família bendita do SENHOR” (Is 61.9) – Todas as nações reconhecerão a aliança de Deus com o Seu povo. Isaías previu Sião se alegrando com seu traje divinamente providenciado. Deus vestirá o Seu povo com “vestes de salvação” e com um “manto de justiça”. Isaías comparou estas belas peças de vestuário com o traje de uma noiva e do noivo. Ele comparou a vinda justiça a uma planta que Deus fez brotar diante das nações (Is 61.10). Conclusão: A Nova Jerusalém será um lugar de beleza indescritível e inimaginável. A glória de Deus brilhará sobre o ouro e as pedras preciosas e assim, iluminará o novo céu e a nova terra. Mas a realidade mais gloriosa de todas será o fato de que os justos desfrutarão de intensa comunhão com Deus, servindo e reinando eternamente com a alegria e adoração incessante. Certamente, muitas perguntas podem ser feitas sobre a nossa futura morada celestial, mas a maioria ficará sem resposta até chegarmos a nossa casa gloriosa. O conhecimento de que Jesus voltará em breve não deve levar os cristãos a uma vida de espera ociosa e relapsa (cf. 2Ts 3.10-12). Pelo contrário, deve produzir obediência e adoração a Deus, e o desejo de proclamar o evangelho aos incrédulos. Você está preparado para a vinda de Cristo? Caso contrário, hoje é tempo de alinhar a sua vida com Deus. 137 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 62-64 A proximidade da salvação. Introdução: 19 O anúncio da salvação no capítulo 61 vem acompanhado do anúncio da restauração de Jerusalém no capítulo 62. Grande parte deste capítulo fala da preparação que está sendo realizada para a vinda do Senhor e a restauração do Seu povo. Em Isaías 62, a palavra “Jerusalém” não se refere apenas a uma cidade antiga; refere-se ao povo de Deus em um tempo futuro, o período da igreja. Neste capítulo, Isaías descreve algumas das promessas de Deus para o Seu povo, juntamente com suas expectativas: I. A proximidade da Salvação “Por amor de Sião, me não calarei e, por amor de Jerusalém, não me aquietarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação, como uma tocha acesa” (Is 62.1) – Deus prometeu que não ficará em silêncio, ou seja, Ele não ficará de braços cruzados, até que tenha realizado Seus propósitos para Jerusalém. Esses efeitos se resumem na palavra “justiça”, ou seja, vindicação e “salvação”.252 Isaías comparou esta obra de Deus, em nome de Sião com uma tocha acesa (62.1). “As nações verão a tua justiça, e todos os reis, a tua glória; e serás chamada por um nome novo, que a boca do SENHOR designará” (v. 2) – Os gentios e seus líderes tomarão nota da mudança da sorte de Sião. Além disso, o Senhor concederá um nome ao Seu povo. Embora Isaías inicie o capítulo 62 chamando a atenção para a luz, assunto abordado no capítulo anterior dedicado a Jerusalém, ele muda, logo em seguida, e passa a descrever a cidade como uma noiva. “Serás uma coroa de glória na mão do SENHOR, um diadema real na mão do teu Deus” (v. 3) – O povo renovado de Deus será absolutamente glorioso, como uma coroa, segura e admirada pelo rei. Ela será um ornamento precioso. Em primeiro lugar, o Senhor promete a Jerusalém um nome novo – “Nunca mais te chamarão Desamparada, nem a tua terra se denominará jamais Desolada; mas chamar-te-ão Minha-Delícia; e à tua terra, Desposada; porque o SENHOR se delicia em ti; e a tua terra se desposará” (v. 4) – Alguma vez você já pensou sobre o quão importante é 252 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 62.1–63.6). Joplin, MO: College Press. 138 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. o seu nome? Tanto na cultura oriental quanto na cultura ocidental, a mudança de nome implica um novo caráter e um novo destino (Gn 17.5, 15; 35.10-11; Mt 16.17-19). Na Bíblia, lemos sobre pessoas que receberam novos nomes quando Deus designou-os para fazer algo especial. Por exemplo, Abrão se tornou Abraão e Jacó se tornou Israel. Isaías declara que Deus dará ao Seu povo um novo nome, porque eles se tornarão pessoas novas, diferentes do que eram. Antigamente a cidade era chamada de “Desamparada”, “Desolada” (Is 62.4), nomes que serviam para lembrar sua semelhança com uma mulher abandonada e estéril numa época em que essas condições causavam vergonha (Is 54.1, 7). Porém, a nova relação da cidade com Deus é comparada com a felicidade de um casamento. O povo de Deus receberá dois novos nomes: “Minha-delícia” e “Desposada”. Deus lidará com o Seu povo como um noivo cuida de sua noiva (Is 62.2-5). Mais adiante, Jerusalém receberá outros nomes: “Procurada” e “Cidade-não-Deserta” (Is 62.12). Em segundo lugar, Deus colocará guardas ao redor de Jerusalém – “Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calarão; vós, os que fareis lembrado o SENHOR, não descanseis, nem deis a ele descanso até que restabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra” (Is 62.6-7) – No mundo antigo, os vigias ficavam nos muros da cidade (muitas vezes em torres) para verem os inimigos que se aproximavam.253 Da mesma forma, Deus nomeará guardas, ou seja, ministros fiéis, sobre os muros da Jerusalém espiritual. Os profetas foram chamados para serem atalaias espirituais (21.6; Jr 6.17; Ez 3.17; 33.2-7). Eles advertirão os cidadãos do erro. Eles constantemente clamarão em nome da cidade, e suas orações não serão em vão. Em terceiro lugar, o Senhor protegerá o Seu povo de qualquer ataque – “Jurou o SENHOR pela sua mão direita e pelo seu braço poderoso: Nunca mais darei o teu cereal por sustento aos teus inimigos, nem os estrangeiros beberão o teu vinho, fruto de tuas fadigas” (v. 8) – Como um marido protetor, o Senhor protegerá o Seu povo de qualquer ataque. Jerusalém nunca mais cairá diante dos inimigos (Is 62.8-9). O alimento nunca mais será devorado pelos adversários. Seu braço poderoso, que utilizou no passado para proteger o Seu povo (Cf. 51.9-10; 59.1), garantirá que Jerusalém nuca mais seja invadida e saqueada, e desfrutará dos resultados do Seu trabalho (Is 62.8-9).254 Em quarto lugar, o Senhor voltará para o Seu povo – “Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aterrai, aterrai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai bandeira aos povos” (Is 62.10) – Isaías exortou os cidadãos de Sião a saírem pelas portas e preparar o caminho para as nações. Em seguida, eles deveriam levantar uma 253 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1117). Wheaton, IL: Victor Books. 254 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 878. 139 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. bandeira como um ponto de encontro para os povos. Essa bandeira foi identificada como a raiz de Jessé, o Messias (11.10), que o próprio Deus fornecerá (49.22). Os versículos 10-12 foram escritos como se o Senhor estivesse a caminho, para que seu povo se preparasse. As ordens repetidas, passar, passar e aterrar, aterrar, transmitem um senso de urgência; as pessoas devem se preparar com urgência diante da vinda do Senhor (Is 40.3-5, 9). “Eis que o SENHOR fez ouvir até às extremidades da terra estas palavras: Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; vem com ele a sua recompensa, e diante dele, o seu galardão” (Is 62.11) – O versículo 11 pede ao povo em todos os lugares para proclamar ao mundo que o Salvador chegou. Em todo o mundo o Senhor proclamará através dos Seus mensageiros a verdade gloriosa: A salvação chegou à “filha de Sião”. “Chamar-vos-ão Povo Santo, Remidos-Do-SENHOR; e tu, Sião, serás chamada Procurada, Cidade-Não-Deserta” (Is 62.12) – Isaías identificou aqueles que percorrem o caminho da salvação como povo santo, os remidos do Senhor. Eles têm sido “procurado” por terem sido chamados do mundo. Com esta vasta multidão dos salvos como seus habitantes, Jerusalém nunca mais será abandonada (62.10-12). O primeiro resultado é que o Seu povo, a filha de Sião será chamada de “povo santo”. Eles se tornarão, finalmente, “justos” como Deus é justo. O próximo nome que Jerusalém receberá é “Procurada”. Ao invés de ignorada ou abandonada será chamada de “Procurada” pelo Senhor. II. O dia da vingança e da redenção A. O dia da vingança “Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes de vivas cores, que é glorioso em sua vestidura, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu que falo em justiça, poderoso para salvar” (Is 63.1) – Pode parecer estranho que Isaías faça uma mudança abrupta, passando da alegria de ver Jerusalém restaurada e sua glória futura para uma cena de devastação acompanhada de uma oração desesperada. Porém, uma questão a se considerar é que Isaías é um profeta, não um historiador. Os inimigos de Sião (tipificados por Edom) serão destruídos antes das promessas gloriosas feitas nos capítulos anteriores serem cumpridas. Bozra era uma importante cidade de Edom, a 48 km a sudeste do mar Morto. Em uma visão Isaías viu o Senhor caminhando triunfantemente para Sião. Suas vestes estão manchadas de vermelho como o sangue dos Seus inimigos. O mesmo Deus que salva o justo arrependido também será um juiz inflexível dos perversos teimosos. 140 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Na minha ira, pisei os povos, no meu furor, embriaguei-os, derramando por terra o seu sangue” (Is 63.6) – Quando Jesus veio ao mundo pela primeira vez, foi para inaugurar “o ano aceitável do Senhor” (Is 61.2; Lc 4.19). Quando Ele vier pela segunda vez, será o clímax “o dia da vingança do nosso Deus” (Is 63.4.; 61.2). O inimigo será esmagado como uvas e forçado a beber o próprio sangue do cálice da ira de Deus (51.17; 25; Jr 15-16.).255 B. A oração por redenção A violência do julgamento de Deus perturbou profundamente o povo. Eles ficaram tão preocupados que se voltaram para o Senhor por meio de uma longa oração de intercessão e arrependimento (Is 63.7-64.12). 1. A fidelidade de Deus (Is 63.7-9) Isaías descreve o que Deus fez por Israel. Ele louva a Deus por sua bondade, benignidade e amor concedido a Israel. A gratidão e o louvor devem sempre preceder a petição. O Senhor havia escolhido Israel como o Seu povo (v. 8). Ele se tornou o seu Salvador. Ele enviou “o anjo da Sua presença” para salvá-los (cf. Êx 33.14). Ele redimiu o Seu povo da escravidão egípcia e os “conduziu” através do deserto (Is 63.7-10). Que amor maravilhoso! 2. A infidelidade do povo de Deus (Is 63.10-14) Infelizmente Israel se rebelou contra Deus. “Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles” (Is 63.10). Apesar do amor eletivo de Deus, Israel virou as costas para o Senhor. Ele, então, se tornou o Seu adversário e lutou contra eles através da agência de potências estrangeiras. No exílio, o povo estava cheio de dúvidas sobre o Seu Deus. Por que Deus ajudou o Seu povo durante a escravidão egípcia, mas não agora? (cf. Nm 11, 24-30; Dt 12.9f; Sl 95.11; Is 63.11-14). C. A oração dos cativos (Is 63.14-64.1-12) Isaías previu a oração que sairá dos lábios dos cativos penitentes. A oração consiste em cinco partes. Contendo quatro petições e uma confissão de pecado. Em primeiro lugar, Isaías descreve os cativos clamando a Deus por reconhecimento. “Atenta do céu e olha da tua santa e gloriosa habitação. Onde estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração e as tuas misericórdias se detêm para comigo!” (Is 63.15) – Somente Deus poderia libertá-los. Ele conduziu Seu 255 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 158). Wheaton, IL: Victor Books. 141 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. povo no passado. Nas atuais circunstâncias, no entanto, eles não haviam testemunhado o zelo e os milagres de Deus, nem percebido a compaixão do Senhor por eles. Os cativos suplicaram que Deus “atentasse do céu”, ou seja, que mudasse a circunstância, porque Ele era o pai da nação. Seus pais, na carne (Abraão e Jacó) não poderiam socorrê-los. Somente o Senhor, o Redentor, poderia salvá-los (Is 63.14b-16). Em segundo lugar, Isaías descreve os cativos clamando pela presença de Deus. “... Volta para nós, ó Deus, pois somos os teus servos, somos o povo que escolheste” (Is 63.17, NTLH) – Em sua paciência Deus não havia punido o ímpio. Ele mesmo havia permitido que o Templo fosse pisado pelo inimigo. Os babilônios, entre outros, haviam ocupado a terra de Israel e profanado o Santuário de Deus (Sl 74.3-7). A aparente injustiça de tudo isso havia levado muitos ao desespero, dureza e incredulidade. Assim, o povo clama pela volta de Deus para o bem dos Seus servos (Is 63.17-19). Em terceiro lugar, Isaías descreve os cativos clamando a Deus por intervenção. “Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença, como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as nações tremessem da tua presença!” (Is 64.1–2) – Eles queriam ver a manifestação de Deus contras seus inimigos. As nações nunca tinham visto um Deus descendo em poder para ajudar o seu povo. Por isso, eles clamam a Deus que venha “... O fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários” (Is 64.2). Em quarto lugar, Isaías descreve a confissão dos cativos a Deus. “Sais ao encontro daquele que com alegria pratica justiça, daqueles que se lembram de ti nos teus caminhos; eis que te iraste, porque pecamos; por muito tempo temos pecado e havemos de ser salvos?” (Is 64.5) – Eles continuaram em pecado por um longo tempo. Havia alguma esperança de salvação? Sentiam-se intocáveis (como leprosos). Cada boa ação que qualquer um poderia nomear era nada além de uma peça de roupa suja. Os penitentes compararam os efeitos do pecado como uma folha murcha e o vento que a arrebata (v. 6). Eles se consideraram indignos e não acreditavam que Deus pudesse respondê-los (64.5b-7). Em quinto lugar, Isaías descreveu os cativos clamando a Deus por misericórdia. “Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos” (Is 64.8) – Mais uma vez Deus é chamado de Pai. O povo pede para que Deus não fique calado enquanto eles sofrem (v. 11). Para eles, a punição é maior do que podem suportar, portanto, clamam para que Deus nãos os aflija sobremaneira (Is 64.9, 12). 142 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4) – De acordo com o versículo 4, Deus planejou para o Seu povo coisas maravilhosas além da imaginação; mas os pecados os impediam de compartilhar suas bênçãos. (Cf. 1Co 2.9 e Ef 3.20-21). Há alguma esperança? Sim, porque Deus é um Pai perdoador e um paciente Oleiro (Jr 18).256 A oração termina com uma pergunta: “Vendo tudo isso, ó SENHOR, não vais fazer nada? Será que vais ficar calado e nos castigar mais ainda?” (Is 64.12, NTLH). A resposta de Deus é encontrada nos próximos dois capítulos. Conclusão: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4). A Palavra de Deus é fiel e verdadeira. Os grandes impérios caíram, mas o império de Cristo permanecerá eternamente. Só o Reino de Cristo triunfará. Consequentemente, não precisamos ter medo quanto ao futuro, Deus já determinou o fim: nossa vitória em Cristo Jesus. Entretanto, o que esperamos deve afetar a maneira como vivemos. Jim Elliot, que entregou a sua vida pela causa do Evangelho, escreveu em seu diário: “Onde quer que você esteja, esteja todo lá. Viva ao máximo cada situação que você acredita ser a vontade de Deus”.257 Comprometa-se com as coisas que importam para Deus. Essa é a única maneira de fazer com que a vida realmente valha a pena! 256 257 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 159). Wheaton, IL: Victor Books. ELLIOT, Elisabeth. Through gates of splendor [Spire Books], p. 19-20. 143 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 65 A resposta de Deus. Introdução: 20 A acusação de abandono nos capítulos 63 e 64 incitou uma resposta de Deus. De várias maneiras a resposta do Senhor resume a mensagem de todo o livro de Isaías.258 Ao longo do capítulo, bem como ao longo do livro, o profeta implicitamente implorou para que as pessoas depositassem sua confiança no Senhor, sua comunhão com Deus, e vivessem dignamente. Em Isaías 65, Deus responde a oração do Seu povo, oferecendo uma perspectiva sobre o relacionamento que o povo de Israel manteve com Deus no passado e, em seguida, uma promessa de “um novo céu e uma nova terra”. Os problemas do passado serão esquecidos, e as bênçãos de Deus nunca faltarão. Além disso, o capítulo 65 contrasta os respectivos destinos do justo e do ímpio. Apesar das tentativas constantes do Senhor em receber a atenção de Israel, muitos O rejeitaram e abraçaram práticas religiosas pagãs.259 Tal teimosia exigiu uma punição severa. I. Uma perspectiva sobre o passado “O SENHOR Deus disse: Eu estava pronto para atender o meu povo, mas eles não pediram a minha ajuda; estava pronto para ser achado, mas eles não me procuraram...” (Is 65.1, NTLH) – O Senhor estendeu a mão para acolher o Seu povo, mas estes nem se incomodaram em responder, uma vez que estavam muito ocupados seguindo os seus próprios pensamentos (Is 65.2). Porém, Deus apresentou-se às nações estrangeiras, povos que nem sequer estavam procurando por Ele. “... A um povo que não orou a mim, eu disse: ‘Estou aqui! Estou aqui!’” (Is 65.1, NTLH) – O dia virá quando os gentios, que nem sequer buscavam a graça de Deus O encontrarão (Rm 10.20-21). Se Israel não queria o que Deus tinha para oferecer, então Ele lhe daria a outros (Lc 14.16-24 e 21.10 e At 28.23-31). Os gentios não haviam buscado a Deus, mas O encontraram facilmente; Deus procurou Israel, mas era constantemente rejeitado pelo Seu povo.260 258 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1119). Wheaton, IL: Victor Books. 259 Chisholm, R. B. (1998). The Major Prophets. In D. S. Dockery (Org.), Holman concise Bible commentary (p. 290). Nashville, TN: Broadman & Holman Publishers. 260 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 160). Wheaton, IL: Victor Books. 144 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “povo que de contínuo me irrita abertamente, sacrificando em jardins e queimando incenso sobre altares de tijolos” (v. 3) – O povo escolheu deliberadamente andar por um caminho que não era bom, incluindo a prática da idolatria. Longe de aceitar o apelo de Deus, os pecadores provocaram-Lhe abertamente. Então, Deus descreve os pecados do Seu povo, que O impediu de responder as suas orações (Is 65.27). Eles foram culpados de: (1) Sacrificarem em jardins (v. 3); (2) Queimarem incenso sobre tijolos, ou seja, os telhados de suas casas (v. 3); (3) Sentarem nos túmulos praticando necromancia (v. 4); (4) Passarem a noite em lugares misteriosos a fim de ganharem sabedoria de pessoas ilustres do passado (v. 4); (5) Comerem carne de porco e outras carnes imundas (v. 4); (6) E ainda essas pessoas rebeldes se consideravam melhores do que os outros! (v. 5). O significado exato de algumas destas práticas não é conhecido. “És no meu nariz como fumaça de fogo que arde o dia todo” (v. 5) – Porém, tudo isso era como fumaça irritante nas narinas. Trata-se de uma alusão a fumaça de seus sacrifícios hipócritas, uma irritação sem fim para Deus, que responde a essas práticas com disciplina. “Eis que está escrito diante de mim, e não me calarei; mas eu pagarei, vingarme-ei, totalmente, das vossas iniqüidades e, juntamente, das iniqüidades de vossos pais, diz o SENHOR, os quais queimaram incenso nos montes e me afrontaram nos outeiros; pelo que eu vos medirei totalmente a paga devida às suas obras antigas” (Is 65.6-7) – Deus decidiu disciplinar os pecados do povo, bem como os pecados de seus pais (Is 65.6-7). Essas palavras podem indicar que os filhos sofrerão as consequências do pecado de seus pais (Êx 20.5) ou que Deus está fazendo referências ao julgamento final, quando todas as gerações comparecerão diante dele (Mt 12.41-42). Na verdade, o que Isaías está dizendo é que as iniquidades do povo foram amontoadas de geração em geração. II. Uma promessa para o futuro “Assim diz o SENHOR: Como quando se acha vinho num cacho de uvas, dizem: Não o desperdices, pois há bênção nele, assim farei por amor de meus servos e não os destruirei a todos” (Is 65.8) – Deus, então, explica que julgará a nação por seus pecados (65.8-16). Ele chamou os babilônios como um instrumento de punição para ensinar ao Seu povo que não poderiam pecar e fugir sem consequências. No entanto, em misericórdia, Deus preservou um remanescente como algumas uvas resgatadas, o remanescente voltará para a terra e restaurará a nação.261 Isaías ilustra essa verdade com outro exemplo tirado da vinha (cf. 5.1-7): o dono da vinha está prestes a jogar fora 261 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 160). Wheaton, IL: Victor Books. 145 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. um cacho de uvas que apodreceu, porém alguém chama a sua atenção apontando que algumas uvas não estão estragadas. O dono decide manter as uvas boas.262 “Farei sair de Jacó descendência e de Judá, um herdeiro que possua os meus montes; e os meus eleitos herdarão a terra e os meus servos habitarão nela” (Is 65.9) – Embora o julgamento fosse dirigido a toda a nação (v. 6-7), não será total. Como algumas uvas são deixadas quando as vinhas são recolhidas (Dt 24.21), de modo que um remanescente será deixado e voltará para a terra (possuirão os meus montes) e a cultivarão, e os seus rebanhos pastarão novamente. “Sarom servirá de campo de pasto de ovelhas, e o vale de Acor, de lugar de repouso de gado, para o meu povo que me buscar” (Is 65.10) – Sharon, o litoral sul da planície do Monte Carmelo, é um lugar excelente para a agricultura, e o Vale de Acor (cf. Os 2.15) ficava a leste, perto da cidade de Jericó.263 Juntos eles representavam toda a terra prometida. Os verdadeiros servos de Deus herdarão a terra prometida e desfrutarão de paz e abundância. Somente o povo de Deus, que o procura experimentará a bênção aqui descrita (65.8-10). É interessante que “o Vale de Acor” foi o lugar onde Acã foi apedrejado até a morte porque ele desobedeceu ao Senhor (Js 7). Porém, é o lugar onde o Senhor restaurou a esposa do profeta Oséias, uma representação do povo Israel, o vale de Acor se tornará para eles “uma porta de esperança” (Os 2.15). “Mas a vós outros, os que vos apartais do SENHOR, os que vos esqueceis do meu santo monte, os que preparais mesa para a deusa Fortuna e misturais vinho para o deus Destino, também vos destinarei à espada, e todos vos encurvareis à matança; porquanto chamei, e não respondestes, falei, e não atendestes; mas fizestes o que é mau perante mim e escolhestes aquilo em que eu não tinha prazer” (Is 65.11-12) – Em Isaías 65.11-16, Deus vê dois tipos de pessoas na terra: os que abandonaram o Senhor e aqueles que servem ao Senhor. Os que deixaram o Senhor ignoraram o Seu templo e adoraram falsos deuses, como a deusa “Fortuna” e o deus “Destino” (Gade e Meni, em hebraico). Esses judeus desobedientes não viverão, mas serão destruídos. Na verdade, seus próprios nomes serão usados como maldições nos próximos anos!264 Como o nome de Judas atualmente é utilizado, enquanto os servos de Deus receberão um nome digno de honra (65.15). 262 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 879. 263 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1119). Wheaton, IL: Victor Books. 264 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 160–161). Wheaton, IL: Victor Books. 146 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. O Contraste dos destinos – Isaías 65.13-15 Os servos de Deus Os perversos Comerão Passarão fome Beberão Passarão sede Alegrar-se-ão Serão envergonhados Cantarão de alegria Chorarão de tristeza Receberão um novo nome. Seus nomes serão amaldiçoados “de sorte que aquele que se abençoar na terra, pelo Deus da verdade é que se abençoará...” (v. 16) – O nome, o Deus da verdade é (literalmente) o Deus do “Amém”, isto é, o que é certo e fiel; conforme a expressão de nosso Senhor: “Em verdade, em verdade” (“Amém, amém”), e seu título em Apocalipse 3.14 (ver também 2Cor 1.1820).265 Nesse dia, todas as bênçãos e todos os juramentos serão em nome do único e verdadeiro Deus, porque todos os ídolos serão destruídos. Que futuro glorioso os fiéis poderiam antecipar! Antigos problemas seriam esquecidos. Eles poderiam reconhecer o Senhor, naquele dia, como o Deus da Verdade, o Deus do Amém! III. A nova criação (Is 65.17-25). “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Is 65.17) – Isaías 65.17-25 deve ser entendido como descrevendo o estado final dos redimidos; observe o paralelo com Apocalipse 21: “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21.1). De acordo com o Novo Testamento, a nova criação começou com a obra de Cristo (2Co 5.17; Gl 6.15). A conclusão se dará no julgamento final (2Pe 3.3-13; Ap 20.11-15). 265 Carson, D. A., France, R. T., Motyer, J. A., & Wenham, G. J. (Orgs.). (1994). New Bible commentary: 21st century edition (4th ed., p. 669). Leicester, England; Downers Grove, IL: InterVarsity Press. 147 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. O profeta Isaías declara seis bênçãos maravilhosas que aguardam os remidos do Senhor. Em primeiro lugar, será uma terra completamente diferente. “Pois eu estou criando um novo céu e uma nova terra; o passado será esquecido, e ninguém lembrará mais dele” (Is 65.17) – As “coisas antigas” não serão lembradas. O pecado, as adversidades e as consequências do pecado. Isto inclui todos os elementos do sistema de culto mosaico (65.17). Em segundo lugar, a nova Jerusalém será um lugar de alegria indizível. “Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, regozijo” (v. 18) – O choro e os gritos sobre a condição terrível da cidade não serão ouvidos. Mesmo o próprio Deus se alegrará no destino glorioso do Seu povo (Is 65.18-19). Em terceiro lugar, a longevidade será outra bênção. “Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado” (Is 65.20) – Temos de admitir que este é um texto difícil de se interpretar. Será que Isaías está dizendo que haverá morte na nova terra? Creio que esta não seja a melhor interpretação, à luz do que ele acabou de dizer no verso 19: “Nunca mais se ouvirá nela [a Jerusalém que está sendo descrita] nem voz de choro nem de clamor” (Is 65.19). É significativo que, no capítulo 25.8, Isaías claramente prediz que não haverá morte para o povo de Deus no estado final. Assim, a melhor interpretação de Isaías 65.20 é entender como uma linguagem figurada, o fato de que os habitantes da nova terra viverão vidas incalculavelmente longas.266 Não haverá mortes prematuras. O cumprimento, como explicado por Jesus a promessa é ainda mais maravilhosa, pois Ele prometeu aos seus seguidores a vida eterna (Jo 3.15; 6.54). Em quarto lugar, a vida na nova terra será abundante e totalmente satisfatória. “Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto” (Is 65.21) – Por causa de sua longevidade e da ausência de guerra e calamidade, o povo de Deus não estará sujeito à frustração de não viver e aproveitar o fruto do seu trabalho. Suas vidas longas serão significativas e produtivas (Is 65.21-23). Em quinto lugar, naquele dia Deus responderá suas orações antes mesmo que elas sejam proferidas (65.24). “E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei” (Is 65.24) – O relacionamento com Deus será tão próximo que Ele antecipará o necessário para suprir toda as necessidades (Is 58.9). 266 HOEKAMA, Anthony. A Bíblia e o futuro. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 22. 148 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Em sexto lugar, será um lugar seguro. “O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR” (Is 65.25) – Os antigos inimigos coexistirão pacificamente. Predadores carnívoros pastarão pacificamente com animais domesticados. A tranquilidade, no entanto, será restrita ao “meu santo monte”, ou seja, o Monte Sião, o reino de Deus (Hb 12.25). O pensamento aqui é o mesmo que em 11. 6-9. A natureza nãomais será a nossa inimiga. Toda a fauna chegará ao ponto da perfeição, como certamente era antes da queda. Depois da restauração do universo, na nova terra, os animais serão restaurados à sua natureza original e viverão em plena harmonia. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi. As crias desses animais crescerão juntas, sem que um animal ataque outro e o devore, como acontece hoje sob a maldição. “... pó será a comida da serpente” (Is 65.25) – Essa frase pode ser uma alusão a Gênesis 3.15 e o anúncio da derrota completa do espírito maligno chamado serpente que tentou os primeiros pais da raça humana. Ao que tudo indica, Deus retirará a maldição sobre toda a fauna, mas, somente uma Ele não retirará – a maldição sobre a serpente. A serpente ainda vai se arrastar e comer pó, o que não acontecia antes da queda, talvez porque ela tenha sido o animal sagaz usado por Satanás.267 Conclusão: O ensino do novo céu e a nova terra deve encher o nosso coração de esperança, coragem e otimismo em tempos de desespero e depravação. Àqueles que focalizam as glórias do céu podem suportar qualquer coisa nesta vida sem perder a alegria. Como disse o apóstolo Paulo: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Co 4.17). Para os crentes, o novo céu e a nova terra será um universo de felicidade eterna na gloriosa presença de Deus. No entanto, para os incrédulos, será um lugar aterrorizante de tormento insuportável e eternamente longe de Deus (2Ts 1.9). Warren W. Wiersbe corretamente escreveu: “O mundo considera os cristãos “fracassados”, mas na verdade, os não salvos é que são!”268 267 CAMPOS, Heber Carlos de. A Providência e a sua realização histórica. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 517. 268 Wiersbe, Warren W.: The Bible Exposition Commentary. Wheaton, Ill. : Victor Books, 1996, c1989, S. Ap 21:1 149 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Isaías 66 A resposta de Deus. Introdução: 21 O último capítulo de Isaías apresenta um resumo do livro. Isaías conclui com a repetição dos temas que marcam não apenas as suas mensagens, mas os escritos de todos os profetas do Antigo Testamento. De fato, Isaías trata sobre a maioria dos principais tópicos: a denúncia de uma adoração hipócrita ao Senhor, a restauração de Jerusalém, a intervenção de Deus como juiz e salvador, e a salvação de Israel e das nações.269 I. O chamado à adoração sincera ao Senhor (Is 66 1-6) Isaías termina o seu livro da mesma maneira como começou, um chamado a adoração sincera (Is 66 1-6; Is 1.1-20). O último capítulo começa com o tema que vem sendo apresentado desde o início: “Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?” (Is 66.1) – Deus não pode ser confinado a um templo. Deus não está interessado em um templo feito por pedras. Ele é o Criador de todas as coisas. Isto é, o universo é a Sua morada (At 7.49-50). Na ocasião da dedicação do templo, Salomão deixou claro que Deus não está confinado a um local específico (1Rs 8.27). Isso significa que ninguém pode obter algum favor de Deus simplesmente por comparecer a um local sagrado. “... Mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra” (Is 66.2) – No entanto, a presença do Senhor não está limitada a um templo feito por mãos humanas. Na verdade, Deus condescende em olhar com bons olhos aqueles que são humildes e que respeitam a Sua palavra. Ele habita em corações aflitos e quebrantados. Falando a Salomão após a cerimônia de consagração do templo, Deus salientou que as pessoas devem humilhar-se perante o Senhor (2Cr 7.14). “Porém há pessoas que matam um touro para o oferecer em sacrifício e matam também um homem; há pessoas que matam uma ovelha como sacrifício e matam também um cachorro; há pessoas que me oferecem cereais e me oferecem também sangue de porco; há pessoas que queimam incenso a mim e também adoram uma imagem. Essas pessoas resolveram fazer o que querem e têm prazer 269 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 880. 150 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. nas suas ações nojentas” (Is 66.3, NTLH) – As comparações estranhas no versículo 3 indicam que os sacrifícios e as ofertas eram apenas um ritual externo.270 Atos formais de adoração sem obediência incondicional são considerados uma abominação para Deus, como o assassinato. Isaías fala desses sacrifícios juntamente com outras ações condenáveis pela lei de Moisés (Êx 20.13; Lv 11.1-7). É possível que o povo estivesse, de fato, cometendo assassinatos e fazendo ofertas imundas aos ídolos. Contudo, é possível que Isaías estivesse falando de modo simbólico, isto é, que a oferta fingida é tão inaceitável quanto às ofertas imundas.271 Na realidade, eles estavam seguindo os seus próprios caminhos (cf. Is 53.6), Em vez de seguirem o caminho do Senhor. Porque o coração estava distante de Deus (Is 29.13), suas ofertas foram consideradas impuras ao Senhor. É o coração do adorador que determina o valor da oferta.272 As palavras em 66.1-4 inevitavelmente levarão ao fim do ritual de adoração. Jesus deixará bem claro ao afirmar que a adoração não precisa estar associada ao templo e que a verdadeira adoração a Deus ocorre “em espírito e em verdade” (Jo 4.21-24).273 “Por isso, eu decidi fazê-las sofrer e resolvi descarregar sobre elas os castigos de que elas têm medo. Pois eu chamei, mas ninguém respondeu; falei, mas ninguém me deu atenção. Pelo contrário, fizeram o que me desagrada, escolheram coisas que me aborrecem” (Is 66.4) – Portanto o julgamento severo virá. As pessoas serão envergonhadas quando o templo for destruído pelos babilônios. As pessoas na época de Isaías eram semelhantes as da época de Jesus. Escarneciam dos verdadeiros adoradores e lhes pediam sinais a fim de provar que aquela adoração era genuína (Is 66.5). Mas os sinais que eles receberão não era o que esperavam (Is 66.6). II. A glória de Jerusalém (Is 66.7-14) Antes Isaías havia falado a respeito da cidade como uma noiva (Is 62.4-5, 12), porém agora se refere a Jerusalém como uma mulher grávida. Os próximos oito versículos utilizam o nascimento e o imaginário infantil para descrever o surgimento da nova cidade. “Será que uma mulher dá à luz antes de sentir dores de parto? Será que pode dar à luz um filho sem sofrer?” (Is 66.7) – Ou seja, Jerusalém sofrerá antes do nascimento da nação. Porém, o sofrimento de Israel terminará com livramento. 270 Martin, J. A. (1985). Isaiah. In J. F. Walvoord & R. B. Zuck (Orgs.), The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 1, p. 1120). Wheaton, IL: Victor Books. 271 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 880. 272 Wiersbe, W. W. (1996). Be Comforted (p. 162). Wheaton, IL: Victor Books. 273 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 881. 151 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. “Quem já ouviu falar de uma coisa assim? Quem já viu isso acontecer? Pois será que um país pode nascer num dia só? Uma nação aparece assim num instante? Mas foi isto mesmo que aconteceu com Sião: assim que sentiu dores de parto, ela deu à luz os seus filhos” (Is 66.8, NTLH) – Nascerá uma criança do sexo masculino. Isaías havia falado do nascimento milagroso de um descendente da casa de Davi (Is 7.14; 9.6) e do nascimento do servo (Is 49.1). Quase imediatamente depois do nascimento do Messias surgirá uma “nova nação”, “uma nova terra”, e “seus filhos”. Deus não permitirá que Seu plano eterno seja anulado (v. 9). As dores de Sião terminarão assim que começar um alegre nascimento (v. 10). Somos obrigados a pensar no nascimento súbito da Igreja primitiva, no dia de Pentecostes.274 Deus não permitirá o sofrimento sem conduzir o Seu povo ao reino glorioso. Um povo libertado da maldição do pecado. “Regozijai-vos juntamente com Jerusalém e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais; exultai com ela, todos os que por ela pranteastes” (Is 66.10) – Essas coisas maravilhosas alegrarão a todos os que amam Sião. Os fiéis encontrarão verdadeira satisfação, assim como uma criança no seio da mãe. “Porque assim diz o SENHOR: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações, como uma torrente que transborda; então, mamareis, nos braços vos trarão e sobre os joelhos vos acalentarão” (Is 66.12) – Por esta figura Isaías descreveu a tranquilidade (“a paz como um rio”) e alimentação (“a glória das nações”), que a nova Sião desfrutará em seu nascimento. Deus confortará o Seu povo como uma mãe consola o seu filho (Is 66.13). “Vós o vereis, e o vosso coração se regozijará, e os vossos ossos revigorarão como a erva tenra; então, o poder do SENHOR será notório aos seus servos, e ele se indignará contra os seus inimigos” (Is 66.14) – Estes não são sonhos vãos, mas ricas experiências que aguardam o povo de Deus. A alegria será profunda, as forças renovadas e haverá prosperidade (Is 66.12-14). Porém, Isaías relembra que, embora Deus traga salvação e bênçãos aos Seus servos, também traz julgamento ao perverso. III. O sofrimento dos ímpios (Is 15-24) “O SENHOR Deus virá no meio do fogo; os seus carros de guerra são como uma forte ventania; ele virá descarregar sobre os inimigos a sua ira furiosa e as chamas de fogo do seu castigo” (Is 66.15) – A Bíblia afirma várias vezes que o Senhor virá em fogo (Is 66.15-16). Embora o fogo simbolize a purificação e santificação dos crentes (Pv 17.3; Mt 3.11), aqui representa um símbolo da destruição dos inimigos de 274 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 66.5–14). Joplin, MO: College Press. 152 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Deus (Mt 3.12; Mc 9.47-48). Os pecados particulares que despertaram a fúria de Deus são listados: O culto idólatra em jardins e comer coisas abomináveis (66.15-17). “Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos e venho para ajuntar todas as nações e línguas; elas virão e contemplarão a minha glória” (Is 66.18) – O Senhor julgará toda a carne (v. 16), mas salvará aqueles que nele confiam, incluindo não apenas os judeus, mas pessoas de todas as nações e línguas (Is 66.18). Além disso, Deus enviará os sobreviventes a proclamar Sua glória às nações longínquas. “... Enviarei alguns para as nações mais distantes, onde nunca se ouviu falar da minha fama, nem foi visto o meu poder. Eu os enviarei até a Espanha, a Líbia e a Lídia, países onde há ótimos atiradores de flechas; irão também para Tubal e para a Grécia. Em todas essas nações, eles anunciarão o meu grande poder” (Is 66.19, NTLH) – Essas nações estavam espalhadas pelo mundo conhecido daquela época: desde Társis na Espanha (no extremo oeste do mar Mediterrâneo), Pul (Líbia) ao norte da África e Lude (Líbia) na Turquia, até Tubal (situada em algum ponto ao norte), Javã (Grécia) e às terras do mar mais remotas”, que se referem ao restante do mundo. O povo de Deus viajará a todos esses lugares proclamando a glória de Deus, assim como fizeram os discípulos na época de Jesus, e como ainda hoje fazem os cristãos quando saem a proclamar as boas-novas de Jesus Cristo.275 “Trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, por oferta ao SENHOR, sobre cavalos, em liteiras e sobre mulas e dromedários, ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o SENHOR, como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas de manjares, em vasos puros à Casa do SENHOR” (Is 66.20) – A atividade missionária do remanescente trará gentios, agora considerados irmãos (cf. Ef 2.14), para o monte santo (o Reino de Deus). Essas almas serão apresentadas como sacrifício vivo a Deus. “Também deles tomarei a alguns para sacerdotes e para levitas, diz o SENHOR” (Is 66.21) – Os gentios passarão a fazer parte do sacerdócio real (Is 66.21). Deus escolherá alguns como sacerdotes e levitas para servirem no templo. No passado, as nações dos gentios iam a Jerusalém para atacar e destruir; mas agora, eles irão para adorar e glorificar a Deus. “Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome” (Is 66.22) – O Israel espiritual será tão duradouro como os novos céus e a nova terra. O 275 ADEYEMO, Tokunboh (Editor). Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2010, p. 881. 153 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. povo de Deus nunca mais sofrerá opróbrio, mas desfrutará da glória eterna. O antigo Israel passará; mas surgirá o remanescente que sobreviverá ao julgamento, e junto com ele trará um grande influxo de gentios, os quais formarão o verdadeiro Israel de Deus.276 “E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz o SENHOR” (Is 66.23) – Com os novos céus as festas da Lua Nova e o sábado deixarão de ser obrigatórios para o cristão (cf. Cl 2.16). Haverá adoração universal de Deus em seu tempo próprio (cf. Zc 14.16). De uma lua nova à outra (seguinte) Lua Nova significa cada mês. Sábado a outro sábado significa semanal. E a expressão “toda a carne” é um termo usado três vezes no capítulo 40 e três vezes no capítulo 66 para descrever a congregação de Sião que representa toda a humanidade. Todos adorarão diante do Senhor.277 O objetivo da restauração foi alcançado. “Eles sairão e verão os cadáveres dos homens que prevaricaram contra mim; porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne” (Is 66.24) – Isaías conclui com uma visão sombria do destino dos ímpios (cf. 48.22; Is 57.20). O livro termina com uma nota negativa descrevendo os adoradores olhando para os cadáveres profanados e deteriorados dos rebeldes. Isaías concluiu sua mensagem não apenas com a esperança da vinda do reino, e as glórias de um novo céu, mas com um aviso sobre a realidade da condenação eterna. O inferno não é um tema agradável de falar, mas uma obrigação, porque Jesus deu mais ensinamentos sobre o inferno do que o céu. Jesus usou a linguagem deste versículo para descrever o destino eterno daqueles que rejeitam a salvação (Mc 9.48). A mais clara e mais vívida das palavras do Novo Testamento usada para descrever o inferno final, no lago de fogo, é geenna. Geena é um termo do Novo Testamento para o vale do filho de Hinom (também chamado Tofete, 2Reis 23.10; Is 30.33; Jr 7.31-32; 19.6), localizado a sudoeste de Jerusalém. Nos tempos do Antigo Testamento, os israelitas idólatras queimavam seus filhos no fogo como sacrifícios a falsos deuses (Jr 19.2-6). Nos dias de Jesus, era o local de despejo do lixo de Jerusalém. O fogo constante exalava mau cheiro e fumaça, e o lugar estava infestado de vermes. Às vezes, os corpos de criminosos eram jogados lá. O vale do filho de Hinom era, portanto, uma imagem do inferno usado repetidamente por Jesus (Mt 5.22, 29, 30; 10.28; 18.9; 23.15, 33, Mc 9.43, 45, 47, Lc 12.5).278 O inferno será o despejo eterno de Deus; seus ocupantes sofrerão como lixo no vale do filho de Hinom pelos séculos dos séculos. Isaías declara que o inferno será um lugar de fogo e sofrimento eterno. Um lugar longe do Reino de Deus. Jesus ensinou que o castigo dos ímpios é tão eterno quanto à vida eterna dos justos (Mt 25.46). Ele também ensinou que o inferno é um lugar de “fogo inextinguível” (Mc 9.43), “onde o verme não morre” (Mc 9.48). O local mais sujo, mais 276 Smith, J. E. (1992). The Major Prophets (Is 66.15–24). Joplin, MO: College Press. Watts, J. D. W. (1998). Isaiah 34–66 (Vol. 25, p. 365). Dallas: Word, Incorporated. 278 MacArthur, John: Revelation 12-22. Chicago, Ill. : Moody Press, 2000, S. 255 277 154 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. doloroso e mais repugnante que se possa imaginar. Como declarou Jesus: “... Onde haverá choro e ranger de dentes” (Lc 13.28). Enquanto os inimigos de Deus serão atormentados pelos séculos dos séculos, a igreja desfrutará da comunhão de Cristo nas bodas do Cordeiro para todo o sempre. Conclusão: Antes de Deus trazer o novo céu e a nova terra (Ap 21), o Senhor vai lidar em definitivo com a questão do pecado. Todos terão que se apresentar diante do grande Trono branco. Naquele dia não haverá graça nem misericórdia, apenas justiça. A única forma de escapar desse julgamento é crendo no Senhor Jesus como Salvador pessoal. Quem o fizer não experimentará os horrores da segunda morte, o lago de fogo. Diante disto, você está preparado para o dia do juízo? O seu nome está escrito no livro da vida do Cordeiro? Em breve Cristo voltará como o Rei dos reis e Senhor dos senhores. É Cristo o senhor da sua vida, hoje? “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19.9). Se você confia em Cristo e obedece aos Seus mandamentos já passou da morte para a vida! 155 Jocarli A. G. Junior – IPB Tabuazeiro/Vitória – Espírito Santo/2014. Referências Achtemeier, P. J., Harper & Row e Society of Biblical Literature. (1985). In Harper’s Bible dictionary. 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