implementação de stepping stones

Transcrição

implementação de stepping stones
IMPLEMENTAÇÃO
DE STEPPING STONES
Um Guia Estratégico e Prático para Implementadores,
Planificadores e Formuladores de Políticas
STEPPING STONES:
UM GUIA PARA FORMULADORES
DE POLÍTICAS E PRATICANTES
Elaborado e compilado por Angela
Hadjipateras
Para o Programa de Pesquisa e Política
sobre o HIV/SIDA da ACORD (HASAP)
ACORD, Outubro de 2007
Esta publicação está protegida pelos direitos de autor. Extratos podem ser reproduzidos para fins
de ensino mas não para a revenda. Os utentes são solicitados a procurar uma autorização formal da
ACORD antes da reprodução.
Esta publicação pode ser obtida em cópia impressa a partir do Secretariado da ACORD a um
preço de 20 libras. Um exemplar em PDF pode ser acedido nas seguintes páginas na Internet;
www.acordinternational.org e www.stratshope.org
Indice
Acrónimos .................................................................................................................................. 7
Agradecimentos .......................................................................................................................... 9
A.1
A.2
A.3
!Ă O que é Stepping Stones? ..........................................................................................
Propósito do Guia ......................................................................................................
Como o Guia está estruturado e a quem o mesmo se destina .....................................
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B.1
B.2
B.3
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B.5
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%&'(''%'%!Ă Definição dos objectivos ............................................................................................
Capacidade Organizacional e compromisso ..............................................................
Planeamento de recursos (a questão de incentivos) ...................................................
Escolha do local .........................................................................................................
Desenvolvimento de parcerias locais ........................................................................
Colecta de dados do levantamento ............................................................................
"
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C.1
C.2
C.3
(%&'('!Ă Selecção dos facilitadores ..........................................................................................
Formação dos facilitadores .......................................................................................
Implementação do processo de Stepping Stones no seio da comunidade .................
#
37
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Adaptação .................................................................................................................. 51
Tradução .................................................................................................................... 56
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('*&!) Monitoria: propósito e ferramentas ...........................................................................
Objectivos da Avaliação e os passos chave no processo ............................................
Métodos de avaliação do impacto .............................................................................
Directrizes e princípios ..............................................................................................
Desafios Chave .........................................................................................................
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62
64
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F.1
F.2
F.3
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F.5
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,&''--'$&' Reflexão contínua durante o processo de Stepping Stones ........................................
Partilha de lições com os outros ................................................................................
Apoio no seguimento para as comunidades ...............................................................
Documentação e avaliação das experiências de Stepping Stones ..............................
Expansão de Stepping Stones ....................................................................................
Documentação e disseminação das experiências de Stepping ....................................
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77
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81
/0 1#
2 1
Acrónimos
AAI
ActionAid International
ACORD
Agência Para Cooperação e Pesquisa em Desenvolvimento
ARVs
Anti-retrovirais
ATV
Aconselhamento e Testagem Voluntária
CAPC
Conhecimentos, Atitudes, Práticas e Comportamento
Escala GEM
Escala de Homens em matéria de Equidade de Género
SIDA
Sindroma de Imunodeficiência Adquirida
FGD
Discussão em Grupo Focal
HIV
Vírus da Imunodeficiência Humana
ITS
Infecção Transmitida Sexualmente
MRC
Conselho de Pesquisa Médica
MSM
Mudança Mais Significativa
ONG
Organização Não-Governamental
PRA
Avaliação Rural Participativa
PRHP
Projecto Regional de Saúde do Pacífico
RCT
Ensaios Aleatórios Controlados
SCF
Save the Children
TB
Tuberculose
Agradecimentos
Gostariamos de agradecer a Sra. Angela Hadjipateras, que anteriormente trabalhou com a ACORD
como Oficial de Pesquisa e Advocacia do HASAP, por liderar o processo de compilação e escritura
do guia.
Gostariamos também de agradecer as seguintes pessoas pelos seus comentários e subsídios exaustivos
no guia: Alice Welbourn, Gill Gordon, Maria Zuurmond, e algum pessoal da ACORD como Dennis
Nduhura e Ellen Bajenja.
Por último e não menos importante, estamos gratos para com a Agência Sueca para o Desenvolvimento
Internacional (ASDI) por fornecer recursos financeiros utilizados na produção deste guia. Relacionado
com isso, gostariamos também de agradecer a Comic Relief pelos recursos concedidos a ACORD
para implementar um projecto para diversos países usando stepping stones, que proporcionaram uma
riqueza de experiências que colhemos na produção deste guia.
3
A. INTRODUÇÃO
""
A.
INTRODUÇÃO
A ACORD é uma organização não-governamental (ONG) internacional, trabalhando para promover a
justiça social e a igualdade de género pela África Sub-Sahariana. A nossa sede está em Nairobi, Quénia
e trabalhamos em estreita colaboração e parceria com as comunidades locais e outras organizações
similares. Reconhecendo e abordando o HIV e SIDA é visto como uma parte crítica e fundamental de
todo o nosso trabalho, quer isso vise principalmente abordar os seus efeitos e consequências imediatos
ou no reconhecimento do seu impacto no trabalho que fazemos em relação aos conflitos, governação,
modos de vida e todas as outras áreas.
A abordagem da ACORD em relação ao HIV e SIDA também reconhece o mesmo como uma questão
que está principalmente ligada e moldada pelas relações de poder de género. Portanto, o interesse de
longo prazo da ACORD na abordagem Stepping Stones que coloca o género no centro. A ACORD
primeiro começou a usar Stepping Stones no seu programa no Uganda desde 1994/5. Desde então, a
mesma tem sido usada em outras regiões da África onde a ACORD trabalha, incluindo Moçambique,
Angola, Sudão, Ruanda, Burundi e Tanzânia.
A idea para o desenvolvimento deste Guia surgiu de um projecto da ACORD visando avaliar o
impacto de Stepping Stones na redução da vulnerabilidade das jovens raparigas e mulheres, que foi
implementado em 3 países – Angola, Tanzânia e Uganda – entre 2004-61. Este projecto culminou
com uma conferência internacional sobre Stepping Stones organizada pela ACORD em Julho de 2006,
em que participaram os utilizadores de Stepping Stones e outros com um interesse na abordagem 2.
Uma das recomendações dos participantes da conferência foi para a ACORD desenvolver algumas
directrizes partindo da sua própria experiência e dos outros de utilizando de Stepping Stones com o
propósito de ajudar os outros a implementar a abordagem para promover os padrões mais elevados
sempre que ela for usada.
A.1
O que é Stepping Stones?
O processo de treinamento foi desenvolvido por uma cientista Social Británica, ela própria HIV
positiva, a Dra. Alice Welbourn num aldeia de Buwenda; no Sudoeste do Uganda em 1994. Este
processo culminou na publicação do manual original de stepping stones e o vídeo em 1995 que foram
co-publicados pela Action Aid e Strategies of Hope.
Stepping Stones constitui um processo de treinamento e educação que involve trabalhar com pessoas
durante um período de 12 a 18 semanas3 em que eles passam por um processo de exploração de grupo
e desenvolvem a capacidade de olhar criticamente nas normas e valores sociais que influenciam as
suas próprias atitudes e comportamentos. À medida que o processo avança, eles irão identificar as
formas em que tais atitudes e comportamentos podem precisar de ser alterados com o propósito de
1
Para uma descrição integral do projecto, vide ÂJoining Hands: Integrating Gender and HIV/AIDSÊna página da ACORD website, www.acordinternational.org
2
Vide o relatório na íntegra e /ou os destaques da conferência na página da ACORD na internet e /ou na página de Stepping Stones :www.steppingstonesfeedback.org
3
O tempo que levou varia dependendo da frequência dos encontros e o número de sessões incluidas
"#
lhes proteger a si próprios e aos outros em relação ao HIV e os riscos associados e para fazer com
que mais mudanças e melhorias na vida em geral ocorram, tais como uma comunicação melhorada
com os parceiros e crianças, maior compreensão e compaixão para com os outros e um auto-respeito
melhorado.
As avaliações de Stepping Stones, variam de testemunhos pessoais fornecidos por participantes
individualmente até os inquéritos rigorosos de larga escala usando métodos de pesquisa científica,
indicam que Stepping Stones tem transformado as vidas de muitas pessoas e de todas as comunidades
de forma muito positiva e ajudou as pessoas e comunidades a estarem melhor equipadas para enfrentar
os desafios do HIV e SIDA e para trabalhar juntamente para apoiar um ao outro e cuidar de aqueles
já infectados pelo vírus.
Este processo de treinamento foi desenvolvido por uma cientista social Británica, ela própria HIVpositiva, a Dra. Alice Welbourn e o teste piloto foi primeiro realizado na aldeia de Buwenda no
Uganda em 1995. Desde então, o mesmo foi traduzido para mais de 15 línguas e tem sido utilizado
por milhares de organizações em aproximadamente 100 países pelo mundo.
Algumas das características singulares e os princípios orientadores de Stepping Stones que jogam um
papel na popularidade e eficácia desta abordagem incluem:
o
o
o
o
o
o
o
Reconhecimento que a mudança de comportamento não segue necessariamente a um
caminho racional : ele é um processo que exige tempo para desenvolver e deve ser liderado
a partir de dentro de cada um de nós.
Reconhecimento do poder da dinámica de grupo que reforça a mudança ao nível do
individuo.
Reconhecimento que o sentido de propriedade da comunidade constitui a chave para
qualquer mudança de comportamento.
Usando metodologias participativas para tornar todos os membros da comunidade capazes,
incluindo aqueles que não são letrados, a participar de forma igualitária.
Reconhecimento da mudança individual é fortalecida e reforçada pela dinámica de grupo
e a mudança colectiva.
Reconhecimento que o HIV/SIDA não pode ser abordado sem desafiar as relações
desiguais de género e a abertura em relação a comunicação e diálogo sobre os assuntos
tabus de sexo e morte.
Trabalhar tanto com homens e mulheres e com grupos etários diferentes, tanto de forma
separada ou conjunta.
Para mais informações sobre Stepping Stones, os locais onde o mesmo foi usado, as formas sob as
quais o mesmo tem sido usado, as coisas que as pessoas disseram em relação ao mesmo, os resultados
dos estudos de avaliação e outros artigos e informação relevantes, podes consultar a página de Stepping
Stones em: www.steppingstonesfeedback.org
"5
4--
Além disso, a ACORD produziu um número de relatórios. Tais incluem “Joining Hands”, o relatório
de um projecto de 2 anos usando Stepping Stones em Angola, Uganda e Tanzânia e “Stepping Stones:
Looking Forward – Looking Back”, o relatório de uma conferência da ACORD realizada para reportar
sobre as constatações do projecto de 2 anos. Os referidos relatórios podem ser localizados na página
da ACORD: www.acordinternational.org bem como em relação a página de Stepping Stones website:
www.steppingstonesfeedback.org
A.2
Propósito do Guia:
Em poucas palavras, o propósito básico deste Guia é de fortalecer a qualidade e o impacto de
Stepping Stones por forma a atingir o melhor resultado possível no seio dos programas.
O seguinte extracto da página de Stepping Stones fornece uma analogia útil, que explica o propósito
fundamental subjacente ao Guia:
“Na linguagem dos medicamentos, existe uma diferença entre a eficiência de um medicamento e
a sua eficácia. Um medicamento pode desempenhar de forma excelente sob as condições ideais
laboratoriais, mas quao facilmente ele pode ser usado no mundo real, onde uma vasta gama de
factores podem influenciar se e como as pessoas pode ser capazes de tomá-lo? O mesmo acontece
com Stepping Stones. Sob as condições ‘laboratoriais’ iniciais de uma comunidade na zona
rural do Uganda, com facilitadores altamente experientes, confiados por uma comunidade bem
mobilizada e motivada, os participantes da aldeia reportaram algumas mudanças consideráveis
depois do workshop. Mas quando tais mudanças sao reproduzíveis em outros locais em
diferentes culturas, com facilitadores menos capazes, com adaptações menos apropriadas
localmente, com maior fluido ou unidades residenciais urbanas,com pessoas de diferente
orientação sexual…? Uma vasta gama de differentes factores pode influenciar a transferência
de um pacote como este de um contexto para o outro”. (www.steppingstonesfeedback.org)
A ACORD primeiro começou a usar Stepping Stones em alguns dos seus programas por volta dos anos
1990. A grande maioria das grandes organizações internacionais, incluindo a ActionAid International
(uma das primeiras promotoras de Stepping Stones), Oxfam, Care International, Christian Aid,
CAFOD, Concern, Save the Children, PLAN e um número incontável de outras organizações, tanto
grandes como pequenas, estão também a usar Stepping Stones. No entanto, apesar do facto que
Stepping Stones tem sido amplamente usado por mais de muitos anos, nenhumas Directrizes em
relação a implementação partindo desta vasta experiência até à data foi desenvolvido.
Assim, o Guia procura suprimir esta lacuna partindo da própria experiência acumulada pela ACORD
ao longo dos últimos 5 anos usando Stepping Stones, bem como as experiências de um número de
outras organizações com vista a fornecer tanto orientação 6 como 8 sobre como
abordar a preparação e implementação do processo de Stepping Stones4.
4 Para os resultados consultados, vide a lista de referências no fim deste Guia
"
Porquê são necessários directrizes?
Stepping Stones constitui uma intervenção de desenvolvimento comparativamente elaborada e
complexa. O Manual de Stepping Stones explica o processo e fornece uma descrição de cada exercício,
juntamente com os propósitos e as indicações para os facilitadores. Ele também fornece notas em
relação ao feedback (retro-alimentação) na facilitação e inclui algumas sugestões sobre as questões,
como as qualidades exigidas para os facilitadores e algumas ideias para monitoria e avaliação. No
entanto, a implementação bem sucedida de Stepping Stones vai para além da facilitação do processo
do próprio treinamento. Ele também exige :
-
A adaptação do conteúdo e o processo para servir uma vasta gama de contextos
diferentes
O desenvolvimento de uma visão estratégica para a integração de Stepping Stones nas
estratégias dos programas existentes
O desenvolvimento de métodos de monitoria e avaliação apropriado para fins específicos
em cada contexto.
O desenvolvimento de planos de seguimento e estratégias de articulação para fortalecer a
sustentabilidade
Um avaliação recente das revisões de Stepping Stones5 destacou a ampla variedade e uma qualidade
desiquilibrada da forma em que Stepping Stones tem sido implementada pelas organizações. A fraca
implementação de Stepping Stones afecta de forma adversa a sua eficácia e, como tal, mina de forma
séria o grande potencial de Stepping Stones para trazer uma mudança radical e duradoura.
A avaliação também destacou graves fraquezas em relação a monitoria e avaliação de Stepping Stones.
Isto limita a capacidade da comunidade de desenvolvimento, políticos e outros para compreender o
que funciona e porquê e o que pode correr mal e as consequências.
É vital que as lições sejam aprendidas dos erros do passado e das práticas bem-sucedidas sejam
disseminadas com o propósito de fortalecer a eficácia de como Stepping Stones é implementado,
desse modo contribuindo de uma pequena forma mais significante para o fortalecimento da resposta
global ao HIV e SIDA.
O que o Guia não é
5
o
Este Guia não visa substituir o Manual de Stepping Stones existente. Ele visa complementar
o Manual e não deve ser lido em paralelo com o mesmo.
o
O Guia não visa fornecer uma orientação exaustiva em relação a todas as questões. Isso
exigiria diversos volumes!! Ao contrário, o mesmo está focalizado sobre aquelas questões
que surgiram mais fortemente a partir da própria experiência da ACORD e num número
reduzido de outras organizações (vide as Referências no fim deste Guia para detalhes de
outros relatórios de Stepping Stones consultados).
o
O Guia não clama ter as respostas ‘correctas’. Em muitas questões, não há respostas
correctas e/ou as respostas são prováveis de diferir dependendo de quem está a colocar a
pergunta! O Guia simplismente tenta fornecer uma orientação baseada na experiência da
ACORD e de outras organizações
Evaluating Stepping Stones por Tina Wallace, 2006 (visite www.steppingstonesfeedback.org para este e outros documentos relevantes para Stepping
Stones aqui citados)
"+
4--
o
O Guia não entra em quadros conceptuais de Stepping Stones – isto quer dizer, a filosofia
subjacente ao conteúdo e a abordagem, tal como a análise das relações de género, mudança
de comportamento e atitude, e por aí em diante. [Tais questões são tratadas num Guia do
Formador recente em língua Espanhola produzido pelo escritório regional da América do
Sul da Plan International6].
A.3 Como o Guia está estruturado e para quem se destina
O Guia se baseia largamente nas experiências dos 3 programas da ACORD envolvidos no projecto
financiado pela Comic Relief visando a testagem da eficácia de Stepping Stones como uma ferramenta
para a redução da vulnerabilidade das raparigas e mulheres em relação ao HIV e SIDA. Os exemplos
de 3 países são usados ao longo do Guia. Como foi acima observado, o pensamento subjacente ao
Guia assenta na crença que isso é importante aprender dos nossos fracassos, bem como dos sucessos.
Assim, no interesse de partilha e aprendizagem, o Guia se baseia em exemplos do que correu mal,
bem como do que correu bem em tais programas da ACORD. Não se visa alguma crítica.
O Guia abarca muitos assuntos e procurou variar a forma em que a informação é apresentada tanto
quanto possível como, por exemplo, usando exemplos em caixas e tabelas sumarizando as questões.
No princípio de cada sessão, existe um sumário das questões chave a serem abordadas.
Temas abordados pelo Guia
O Guia visa passar por todas as fases envolvidas na implementação de Stepping Stones desde as fases
de planeamento passando pela avaliação final e o seguimento. O mesmo está divido em 5 sessões
principais:•
•
•
•
•
Planeamento e preparação
Implementação
Adaptação e Tradução do Manual
Monitoria e Avaliação
Fortalecimento da sustentabilidade de Stepping Stones
Para quem se destina o Guia?
O Guia visa principalmente os praticantes do desenvolvimento no seio das ONGs em particular, as
pessoas no seio das ONGs que são responsáveis pela realização e implementação de Stepping Stones.
Tais incluem: planificadores de programa, oficiais no terreno, oficiais de formação, pesquisadores e
oficiais de informação.
Como usar o Guia
Para além de fornecer uma orientação prática útil que pode ser referenciada e aplicada durante o
processo de implementação de Stepping Stones nas comunidades, o Guia também trata da planificação
estratégica e o seguimento, bem como o desenvolvimento de ligações e parcerias apropriadas com
outros nas localidades. Com o propósito de dar tempo suficiente para tais planos serem discutidos
e desenhados e para uma reflexão adequada em relação a uma gama de questões suscitadas, se
aconselha as organizações de considerar a organização de um Workshop para o pessoal passar o
Guia em revista, secção por secção. Outro pessoal de ONG e/ou outros parceiros podiam também
ser convidados a participar, ajudando dessa forma a dar início ao processo de desenvolvimento de
parcerias e de redes de articulação.
6 ‘Escuela de Paso a Paso: Guia Didactica para facilitatodores’, Plan International, June 2007
"
B: A PLANEAMENTO E PREPARAÇÃO
Tanzânia
Tanzânia
A Guide for
Practitioners and Policy Makers
"3
19
B: A Planeamento e Preparação
Uma planificação e preparação cuidadosa para a implementação e subsequente seguimento de
Stepping Stones são fundamentais para o sucesso de Stepping Stones. Muitas vezes, as organizações
correm para a mesma sem ter considerado na íntegra todas as implicações em termos de tempo do
pessoal e os recursos necessários e isso pode minar seriamente o resultado, algumas vezes mesmo
fazendo mais mal que o bem na comunidade. Esta secção identifica todas as questões que precisam
de ser consideradas e as outras formas em que as organizações precisam de se prepararem antes de
introduzir Stepping Stones.
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Stepping Stones constitui a estratégia correcta para a minha organização e a
comunidade em que nós estamos a planear trabalhar nela?
Que nível de compromisso é necessário?
Quais são os custos envolvidos na implementação de Stepping Stones?
Os facilitadores devem ser pagos?
Os participantes devem ser pagos?
É justo pagar aos facilitadores, mas não aos participantes?
Como decides onde implementar Stepping Stones?
O que precisas de saber antes de iniciares?
Como abordas a recolha dessa informação?
Como sabes se as pessoas estão a dar respostas honestas? Existe alguma forma que
tu podes descobrir?
B.1
Clarificação dos propósitos e objectivos
Porquê fazer Stepping Stones?
Antes de embarcar na viagem sobre Stepping Stones, as pessoas envolvidas no planeamento
estratégico para a organização precisam de estar claras em relação o que elas esperam alcançar ao
nível da comunidade e porquê elas pensam que Stepping Stones seja a melhor estratégia para alcançar
tais objectivos. Com o propósito de chegar a uma decisão, é importante assegurar que todos aqueles
envolvidos compreendam a natureza de Stepping Stones e levar a bordo o facto que Stepping Stones
não é uma actividade de apenas uma única vez, mas exige um compromisso significante e de longa
prazo por parte da organização7. A semelhança, para Stepping Stones funcionar, a comunidade deve
estar preparada para assumir o compromisso e de cumprir o mesmo. Assim, há uma necessidade de
discutir o mesmo de antemão com a comunidade antes de levá-lo avante.
7 Vide também a Secção F sobre Fortalecimento da Sustentabilidade onde a questão de um seguimento a um prazo maior é discutido.
"
Esteja preparado para ser flexível!
Stepping Stones não é como outras abordagens focalizadas na mensagem, tais como peças teatrais,
distribuição de folhetos, seminários, e por aí em diante. Ele envolve um processo com um fim
relativamente aberto que pode passar por diversas e imprevisíveis direcções dependendo dos interesses
e respostas dos participantes. Os esforços para controlar os resultados correm diante do espirito de
participação. É importante portanto estar ciente disso e estar preparado para seguir na direcção em
que os participantes querem avançar.
B.2 Capacidade e Empenho Organizacional e da comunidade
Capacidade Organizacional
Antes de decidir se se avança com Stepping Stones, é também importante considerar se existe
capacidade organizacional. Uma questão chave a ser colocada é se a organização tem a capacidade
humana e os recursos materiais necessários para a implementação do processo (capacidade do pessoal,
tempo, transporte, capacidade de formação, financiamento, e por aí em diante)? Para responder a essa
questão, é importante ter uma compreensão clara de quais são as implicações em termos de recursos
e assumir o facto que as necessidades em recursos não estão limitadas a implementação do próprio
processo, mas devem também ser alargados para além disso por forma a incluir a monitoria e o
subsequente seguimento.[Vide a secção seguinte ‘Planeamento de Recursos’].
Compromisso Organizacional
Mesmo onde exista capacidade, o mesmo não significa necessariamente que haja ai um compromisso.
É importante assegurar um apoio a dimensão da organização antes de embarcar no processo de
Stepping Stones porque uma implementação bem sucedida de Stepping Stones exige a cooperação
de todo o pessoal, desde a gestão de topo até, incluindo aqueles que trabalham nos departamentos de
logística, financiamento, comunicações, advocacia e por aí em diante. Existem motivos práticos, bem
como estratégicos, para isso.
Ao nível prático, é necessário ter transporte para conseguir que os facilitadores vão e regressam das
sessões, garantir que todos os materiais necessários de treinamento estejam disponíveis e por aí em
diante. Apoio em financiamento é necessário para cobrir todas as despesas; apoio em comunicações
para partilhar e disseminar as lições aprendidas; advocacia para promover a política e exigências
de serviços que surgem e por aí em diante. E, em termos estratégicos, é importante para Stepping
Stones ser integrado na estratégia geral do HIV e SIDA para garantir, por exemplo, que as exigências
estratégicas de advocacia que surgem do processo sejam devidamente disseminadas e apoiadas.
Envolvimento Comunitário
A comunidade deve também estar envolvida em relação ao processo com base numa compreensão
clara do que o mesmo pressupõe. Em particular, deve haver um empenho em relação a participação
activa e regular no processo.
4--
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Stepping Stones é visto como uma actividade separada de todas as outras resultando em
competição em relação aos recursos organizacionais escassos (pessoal, carros, apoio em
TI , etc).
Pode ser necessário pessoal para cumprir os prazos de reporte, participar nos encontros ou
conferências quando eles tiverem programado actividades de Stepping Stones
Os carros não estão disponíveis quando são necessários, portanto as sessões começam
tarde, os participantes são mantidos à espera e a participação começa a diminuir.
Alguns participantes não aparecem nas sessões e outros começam também a abandonar
No caso de falta de financiamento, as despesas em relação ao treinamento, monitoria, apoio
aos facilitadores, seguimento na comunidade, pode ser interrompido com as consequências
adversas em termos de qualidade dos resultados.
Os resultados de Stepping Stones não são documentados e disseminados através dos
canais organizacionais, tais como uma página na internet, boletins informativos e outros
relatórios.
B.3 Planeamento de Recursos
O próprio treinamento de Stepping Stones é geralmente implementado durante um período de
aproximadamente 3 meses. No entanto, o processo começa bem antes do início do treinamento.
Assim, o planeamento de recursos precisa incluir a planificação, bem como a fase de implementação.
Além disso, a experiência na ACORD e em outras organizações tem destacado a importância de
incluir fundos para a monitoria e seguimento desde o início.
#
LISTA DE VERIFICAÇÃO DE RECURSOS
Durante as fases de planificação
Custos do facilitador do treinamento (honorários do formador, aluger da sala, materiais
de treinamento (incluindo os manuais), transporte de e para o local, per diems, etc)
Apoio em TI para inserir e analizar os dados, incluindo os honorarios do consultor externo
caso seja necessário levar a cabo um levantamento inicial, incluindo o estabelecimento
de uma base de dados, analizar e inserir os dados
Subsídios e transporte para os assistentes de pesquisa que podem necessitar de realizar
entrevistas durante o processo de colecta de dados do levantamento inicial ou para ajudar
com o processo de inserir os dados, etc
Encontros de planificação envolvendo os representantes da comunidade e da liderança
local (lanches e transporte)
Para implementação
Transporte (carros, combustível, motoristas)
Catering (lanches para os participantes durante as sessões de Stepping Stones)
Materiais de treinamento (exemplares do Manual, papel gigante, marcadores, etc)
Incentivos para os facilitadores (sob a forma de subsídios, camisettes ou bolsas de couro)
Tempo do pessoal (processo de supervisão, apoio para os facilitadores)
Planeamento e organização de encontros abertos (todos os 4 grupos de pares) e pedidos
especiais da comunidade (tempo adicional do pessoal para organizar tais eventos,
transporte e catering para conseguir que as pessoas estejam lá e lhes fornecer lanches
durante os eventos, condições para alguma tradução/interpretação, e por aí em diante)
Avaliação e \ou encontros de advocacia envolvendo a liderança local
Para monitoria e avaliação
Encontros de monitoria com os facilitatores (tempo do pessoal, transporte e
combustível)
Desenvolvimento de fichas de monitoria, processo de monitoria, etc (tempo do pessoal
e materiais)
Recolha e processamento de dados de monitoria (tempo do pessoal)
Processo de avaliação (custos de transporte, honorários do avaliador, tempo do pessoal)
Para seguimento
Apoio para o seguimento do treinamento em Stepping Stones realizado pelos facilitadores
e /ou outros capacitados no processo de Stepping Stones.
Fundos para o desenvolvimento e disseminação das necessidades de advocacia.
Fundos para os encontros de seguimento entre os representantes da comunidade e os
provedores locais de serviços de saúde
Apoio para as actividades de novos grupos ou estruturas emergentes para continuar a
trabalhar sobre questões que surjam do processso de Stepping Stones
Fundos para o treinamento em Stepping Stones para os trabalhadores de saúde
Fundos iniciais para as actividades de geração de rendimento para os grupos
comunitários
5
4--
A questão de ‘incentivos’
Durante o processo de planeamento de recursos, a questão de se se devem ser pagos incentivos
para as pessoas envolvidas em Stepping Stones e o quê tais incentivos devem ser precisa de ser
considerado e resolvido.
Incentivos para os facilitatores
A questão de se os facilitadores da comunidade devem ser atribuidos incentivos (tais como honorários/
subsídios e/ou uma camisete) constitui uma questão muito carregada que a maioria das organizações
que está a implementar Stepping Stones enfrenta. Diferentes organizações têm diferentes pontos de vista
e políticas em relação a isso e não existe uma única resposta correcta. A tabela abaixo demonstra os
diferentes argumentos que tem sido avançados tanto a favor como contra. No fim do dia, depende de cada
organização ponderar tais argumentos e chegar a sua própria decisao política em relação ao assunto.
Tabela 1: Argumentos a favor e contra a concessão de incentivos para os facilitadores
,*
As horas são longas. Cada sessão dura Outros tipos de trabalho comunitario não são
aproximadamente 3 horas e também se precisa de pagos, daí o perigo de criar confusão e /ou minar
tempo para preparação e avaliação de cada sessão, os esforços voluntários dos outros.
bem como a monitoria e seguimento subsequente.
Falta de compensação pode fazer surgir o Compensar tal trabalho corre o risco de reforçar o
resentimento e minar o nível de empenho dos ‘sindroma de dependência’ e minar o sentido de
responsabilidade da comunidade.
facilitadores.
Os facilitadores baseados na comunidade são muitas
vezes vistos como um ‘recurso’ (para informação,
acesso à infra-estruturas, etc) fora das sessões, para
que o seu trabalho não termine quando as sessões
terminam.
A introdução de incentivos monetários ou outros
incentivos monetários pode tomar precedência
sobre o empenho verdadeiro de trabalhar juntos
para fazer face ao HIV e SIDA
Outras organizações fornecem subsídios daí que os Diferenças nos subsídios pagos por uma
facilitadores muitas vezes esperam um subsídio.
organização ou outra organização muitas vezes
contribuem para um sentido de competição, ao
invés da cooperação entre elas.
Incentivos para os participantes
A questão dos incentivos também surge em relação aos participantes. A participação regular nas
sessões, onde são geralmente de cerca de 3 horas semanalmente, também exige quase um empenho
significante em termos de tempo. O argumento mais convincente a favor da compensação dos
participantes para a sua participação é o relacionado com o de perda do potencial rendimento
ganho. A maioria das ONGs tende a trabalhar nas comunidades onde a pobreza é prevalescente e
a sobrevivência do dia-a-dia das pessoas pode depender do que elas podem vender no mercado.
Além disso, se os participantes se tornam cientes que os facilitadores estão sendo pagos, eles podem
sentir um sentido de injustiças quando se espera que elas devem participar a titulo voluntário. Se tu
fores capaz de explicar aos participantes porque os facilitadores são pagos um incentivo, mas não
aos participantes, eles estarão geralmente satisfeitos e preparados a aceitar a decisão. Alguns dos
argumentos que podem ser aplicados incluem:
> "? @B C? /D /E Um princípio fundamental subjacente ao processo de Stepping Stones é que
o HIV constitui uma preocupação de todos, não apenas uma preocupação das
pessoas directamente infectadas e/ou afectadas. A participação em Stepping
Stones ajuda as pessoas a compreender este princípio e a fazer a sua contribuição
em assumir a responsabilidade por fazer face ao HIV na sua comunidade.
O pagamento de um subsídio está contra o espirito de responsabilidade partilhada porque
isso implica que a participação no processo constitui um trabalho miudo ou obrigação e
deve, portanto, ser compensado
Embora a participação regular por parte dos participantes constitui uma exigência, o
empenho em termos de tempo é menos do que se exige dos facilitadores que também
passaram pela capacitação, participaram nos encontros de preparação, fins de avaliação
e monitoria, bem como ficar envolvido no trabalho de seguimento
Em sintonia com as boas práticas, a calendarização das sessões deve tomar em conta
o empenho dos participantes por forma a evitar conflitos entre as sessões e actividades
essenciais no terreno, no Mercado e por aí em diante.
Como uma regra, os participantes devem receber lanches durante as sessões, em parte
como reconhecimento do potencial rendimento perdido
No entanto, é importante garantir uma participação ampla quanto possível. As ONGs devem manterse envolvidas e se isso parece que apenas as pessoas nas melhores condições na comunidade estão a
participar, então pode ser necessário considerar a necessidade de fornecer algum tipo de subsídios.
B.4
Escolha do Local
Escolher onde implementar Stepping Stones é dificil à medida que potencialmente todas as comunidades
pudessem beneficiar. Alguns critérios que podem ser aplicados para ajudar no processo de escolha:
A agência implementando Stepping Stones já está a trabalhar com a comunidade: Isto é
importante por 2 razões: primeiro, isso ajuda a estabelecer uma relação baseada na confiança
e abertura, se a agência já é conhecida na comunidade. Em segundo lugar, onde existe uma
relação contínua, é mais provável que a agência estará numa posição de continuar a apoiar
os esforços comunitários depois do fim do processo de Stepping Stones, o que é fundamental
para garantir a sustentabilidade.
A comunidade solicitou apoio em relação ao HIV e SIDA? Claramente, tais comunidades
são mais susceptíveis de ser receptivas a Stepping Stones, mas, mesmo assim, é importante
assegurar que elas saibam o que Stepping Stones é antes de assumir que elas estejam prontas
para empreendê-la.
Acesso Razoável para comunidade: sendo capaz de assegurar que o acesso razoável à
comunidade é fundamental dado que Stepping Stones geralmente envolve sessões semanais
durante um período de 3-meses. No entanto, todo o esforço deve ser feito para aceder, mesmo
para aqueles grupos que não são facilmente acessíveis como os outros. As formas de tratar das
dificuldades de acesso, podem incluir ter pessoal baseado na viscicitude durante a duração do
processo ou, se estiver a trabalhar com populações nómadas ou outras populações móveis (tais
como pescadores sasonais ) escolher o período do ano quando elas não estão em movimento.
+
4--
Disponibilidade dos serviços de apoio na zona: O processo de Stepping Stones aumenta a
sensibilidade das questões do HIV e SIDA, a necessidade de prevenção, testagem e por aí em
diante. Com isto em mente, é importante garantir que serviços tais como ATV, preservativos,
tratamento e serviços exaustivos de saúde sexual e reprodutiva8, estejam disponíveis ou pelo
menos não sejam demasiado difícil accedé-los nos outros lugares.
No entanto, se for decidido trabalhar na zona onde exista muito poucos serviços, então o seguinte
deve ser feito:
o Em primeiro lugar, ser transparente em relação ao que pode ser atingido; não criar expectativas
irealistas
o Desenvolver uma estratégia clara, incluindo advocacia para o acesso acrescido aos serviços
e aos recursos
o Aproveitar da melhor maneira os recursos locais existentes e fornecer orientação para os
participantes de Stepping Stones sobre o que estes são e como os mesmos podem ser acedidos.
Selecção dos participantes
Stepping Stones constitui um processo voluntário, daí que ninguém deve ser forçado a passar pelo
processo a não ser que ele/ela tenha optado participar de forma independente. Tendo dito isso, algumas
organizações acreditam que alguma selecção é necessária com o propósito de garantir que Stepping
Stones escolha os participantes que são os que ‘mais precisam’ e portanto susceptíveis a beneficiar do
processo. Por exemplo, os avaliadores do Projecto de Stepping Stones da Save the Children Fund (SCF)
em Harrar, Etiópia, argumentam que os participantes devem ser seleccionados de forma estratégica
com o propósito de fortalecer o impacto e como parte de uma estratégia eficaz de expansão. Se sugere
que os critérios possam incluir: vulnerabilidade (baseada numa ‘avaliação do risco’) antecipada e /ou
os membros de uma gama de diferentes ‘redes sociais’9
Participação Masculina
Na maioria dos lugares, existe a tendência de mais mulheres que homens participarem no treinamento
em Stepping Stones. No entanto, Stepping Stones funciona melhor quando tanto homens e mulheres
estão envolvidos conforme ilustrado no exemplo seguinte.
Em Fiji, os homens têm um impacto dominante sobre a tomada de decisão ao nível local. Assim,
sem o envolvimento dos homens, as decisões tomadas pelas mulheres durante o treinamento em
Stepping Stones não são prováveis de ter qualquer impacto. De forma contrária, o envolvimento
masculino pode fazer uma diferença conforme foi demonstrado pelo facto que muma (e apenas
uma) aldeia onde tanto homens e mulheres foram envolvidos no processo de Stepping Stones, a
avaliação constatou uma forte evidência de um aumento em relações positivas e respeitosas com
o género oposto mais frequentemente que em outras aldeias. (Fiji Evaluation: 41-2)
Deves permitir que ambos membros de um casal participem?
Existem tanto vantagens e desvantagens ligados a ambos parceiros que fazerem parte do processo de
Stepping Stones ao mesmo tempo. No lado mais positivo, muitas das questões discutidas relacionamse com as formas de melhorar a comunicação entre os casais e mudanças nos padrões de pensamento
e comportamento. Os facilitadores podem encorajar os participantes a partilhar o que eles aprenderam
nas sessões com os (as) seus (suas) parceiros (as). Mas, na realidade, muitas mulheres acham difícil
8
9
Vide o Manual da ICW para o treinamento de pessoal da saúde sobre isso: www.icw.org
Bhattacharjee e Costigan, 2005
partilhar informação sobre certos temas (tais como o uso do preservativo, o seu direito de recusar ter
relações sexuais e não serem batidas). Com base nisso, podia ser considerado essencial para ambas
as partes passarem pelo processo simultaneamente. Isto foi constatado ser o caso na avaliação de
Fiji (PRHP, p.30). Mas, por outro lado, a presença de um esposo ou esposa, se bem que num grupo
separado de pares, pode inibir o outro parceiro de falar tão livremente ou abertamente e há o risco
que o parceiro que for excluido pudesse sabotar o envolvimento do outro. Assim, novamente, não
existem respostas claras para esta questão e é provavelmente melhor deixada a discrição dos próprios
participantes.
B.5
Desenvolvimento de parcerias locais
O desenvolvimento de parcerias com as lideranças e estruturas locais constitui uma parte fundamental
do desenho do projecto. Envolver e trabalhar com outros tem muitas vantagens significativas:
Complementar o trabalho de Stepping Stones através da provisão de serviços
complementares
Adicionar credibilidade e apoio comunitário ao processo, especialmente quando a
liderança local está envolvida
Fortalecer o nível de compromisso e respostas às necessidades emergentes de advocacia,
tais como os limites em relação às ‘solicitações especiais da comunidade’ formuladas no
fim do processo de Stepping Stones
"?EDBFCE&E?'2EGH
I*&
-J
KL
Apoio aos cuidados
baseados na
comunidade
(',
ATV – serviços
de saúde sexual e
reprodutiva
Aumento da
sensibilização sobre
os direitos legais
das mulheres
('
'-
'
Pesquisa e advocacia
sobre a igualdade de
género
Mainstreaming
(integração) do HIV e
SIDA em esquemas de
micro-crédito
MWANZA City
Council
Políticas e
coordenação dos
serviços
1
4--
Estabelecimento de um Comité de Assessoria do Projecto
O estabelecimento de um Comité de Assessoria do Projecto constitui uma forma prática de promoção
da colaboração a nível local e o envolvimento de todos os parceiros na gestão e implementação do
processo de Stepping Stones e ligando-o com outros serviços e actividades de HIV e SIDA na zona.
Sendo membro desse Comité variará dependendo das redes e relações existentes entre as estruturas
locais e outras organizações locais. A caixa abaixo fornece um exemplo da ACORD na Tanzânia.
(
8&E?GHM(NGO
Pessoal da ACORD (incluindo o Director do País)
Representantes da comunidade
Facilitadores de Stepping Stones
Um membro da TAWOLIHA, uma organização de Mulheres Tanzanianas Vivendo com HIV
Representantes dos parceiros do projecto
Representantes da Unidade de Controlo do SIDA ao nível Distrital
Na ACORD, o estabelecimento de Comités de Assessoria Local foi constatado de ter muitos benefícios,
tais como:
Constituir um fórum de discussão e análise de questões que surgem em diferentes fases
do projecto (desde a planificação, implementação, monitoria e avaliação e o subsequente
seguimento)
Constituir uma plataforma para a partilha das perspectivas de diferentes parceiros
Promover e reforçar a colaboração e coordenação entre diferentes actores
Fortalecimento do sentido local de propriedade do processo de Stepping Stones
Fortalecimento da advocacia e dos resultados do seguimento
B.6
Recolha de dados do Levantamento
Falando no sentido restrito, a recolha de dados do levantamento faz parte da estratégia de Monitoria
e Avaliação no sentido que isso é exigido, principlamente com o propósito de ser capaz de monitorar
e avaliar as mudanças de comportamento e de atitude e os outros tipos de mudança, incluindo as
mudanças no ambiente mais amplo, resultando da introdução de Stepping Stones. No entanto, o
actual processo de recolha de dados precisa de ocorrer antes da implementação de Stepping Stones e
é por isso que foi incluida aqui como parte da fase de planeamento e de preparação.
Inquéritos CAPC
Os inquéritos sobre Conhecimentos, Atitudes, Práticas e Comportamentos (CAPC) são,
muitas vezes, usados para fins de orientação e informação das intervenções relacionadas com o HIV e
SIDA. Eles ajudam a ganhar uma compreensão de uma comunidade. Em particular, eles podem servir
para descobrir sobre os tipos de mitos ou estreótipos que existem em relação ao HIV e SIDA e/ou
concepções erradas sobre os preservativos e planeamento familiar, as atitudes das pessoas em relação
as pessoas vivendo com HIV e por aí em diante. A realização desse inquérito constitui, no entanto,
quase um empreendimento principal, exigindo capacidades específicas e recursos consideráveis e é
3
importante portanto considerar de forma cuidadosa se a tua organização está suficientemente equipada
para realizar um. Aqui , o Guia procura oferecer algum conselho sobre como lidar com a realização
de um CAPC – o desenho do questionário, os recursos necessários, problemas comuns encontrados e
algumas limitações de tais inquéritos.
Foco em género
Dado que um dos principais propósitos de Stepping Stones incluem mudar as normas e comportamento
baseados em género, é importante garantir que o inquérito CAPC tenha um foco claro sobre as questões
de género, tais como as mulheres são tratadas e vistas por elas próprias e pelos outros, o impacto das
normas de género em relação a auto-imagem dos homens, quem decide quando ter relações sexuais,
como ter relações sexuais, se se usa o preservativo e por aí em diante.
Ganhar o consentimento da comunidade antes de começar
É importante explicar aos líderes locais e aos representantes da comunidade o que tu planeias fazer
e obter o seu consentimento antes de começar. Isto presupõe explicar o propósito e os objectivos. A
liderança comunitária pode também ajudar no processo de amostragem.
A amostra do inquérito
Seleccionar a população apropriada do estudo é fundamental. Idealmente, isso deve ser em
perspectiva dos participantes de Stepping Stones. No entanto, nem sempre é possível saber quem
vai participar antes do processo começar de facto. Nesse caso, o questionário pode ser aplicado para
uma escolha aleatória de pessoas vivendo na comunidade onde Stepping Stones será implementado,
de preferência em números igualitários de homens mais velhos, mulheres mais velhas, homens
jovens e mulheres jovens.
Quantos?
Não existe uma regra rápida e forte em relação ao número de pessoas a incluir no inquérito. No caso
da escala de mall, os inquéritos qualitativos, geralmente se pensa que deve haver um minimo de entre
30 a 50 pessoas para tornar as constatações significativas10. Mas, no caso dos inquéritos CAPC, uma
amostra maior é exigida com o propósito de medir a mudança numa comunidade.
É necessário ter um grupo de ‘controlo’?
Um grupo de ‘controlo’ é um grupo de pessoas onde tu NÃO estás a planear implementar
Stepping Stones a curto prazo. Isto é importante para fins de avaliação do impacto: onde tu tens dois
grupos de população e todas as mesmas condições se aplicam, excepto pelo facto que um grupo passou
pelo treinamento em Stepping Stones e outros não, é provável que diferenças em conhecimentos,
atitudes, práticas e comportamento possam ser devido ao impacto de Stepping Stones.
No entanto, quando estiver a usar os grupos de controlo, existem considerações éticas importantes
a serem tomadas em conta. Por exemplo, é importante não ‘usar’ as pessoas no grupo de controlo
simplesmente para os teus próprios fins de pesquisa e permitir que as suas expectativas sejam
suscitadas se tu não visas desenvolver intervenções que respondam as questões levantadas. Assim, é
melhor fazer o controlo do inquérito com uma população onde se planeia introduzir Stepping Stones
numa fase posterior.
10 Vide por exemplo, ‘Social Survey Methods: A Fieldguide for Development Workers’ by Paul Nichols, Oxfam, 1991
#
4--
Partilha das constatações do inquérito com a comunidade
É importante fazer uma retro-alimentação (feedback) em relação às constatações do inquérito para os
membros da comunidade, não apenas sobre o princípio, mas também porque ele pode constituir um
trampolim útil para discussão e também ajudar a reforçar o envolvimento da comunidade no processo.
2?¿
EEJ6EEC?
EEDP
É importante estar claro sobre que mudanças gostarias de ver e assegurar que as perguntas
do inquérito abarquem todas essas áreas (vide também E 2 em relação a identificação dos
indicadores ‘chave’ do impacto)
Dar uma atenção especial a formulação das perguntas; verfificar se a pergunta está
claramente formulada e evitar perguntas ‘ dirigidas’ – perguntas que implicitamente
encorajam os inquiridos a responder de uma forma específica1
Manter o questionário tao breve quanto possível evitando a duplicação e/ou perguntas
desnecessárias (isso apenas aumenta o tempo e os custos em relação ao processo de
análise de dados )
Para amostras pequenas onde tu apenas queres obter uma informação ‘pontual’ – é
possível analizar os dados de forma manual. Mas, para amostras maiores (50 ou mais),
precisas de um programa de processamento de dados. Depois de teres inserido os dados
numa base de dados, podes também fazer uma análise cruzada das variáveis. Por exemplo,
podes descobrir quantos homens disseram ter usado o preservativo e comparar isso com
quantas mulheres disseram que elas usaram e por aí em diante.
Certificar se alguém na equipa sabe como usar o pacote de processamento de dados (se um
Consultor foi empregue para levar a cabo o CAPC, peça-lhe que forneça um conjunto de
instruções simples e /ou treine um membro da equipa do pessoal)
Verificar se existe dinheiro suficiente no orçamento para empregar um consultor e ‘pagar’
a peritagem para a análise e processamento dos dados
> #? @ E EC: No programa da
ACORD Gulu (Norte do Uganda), um questionário CAPC contendo mais de 50 perguntas foi
desenvolvido e o questionário foi administrado para mais de 1000 respondentes no terreno. O
consultor contratado para realizar o inquérito inseriu os questionários utilizando um pacote de
processamento de dados pouco conhecido. Devido ao volume dos dados gerados, ele ficou sem
tempo antes da análise dos dados ter sido realizada. Ninguém na equipa compreendia o pacote
e o consultor não tinha fornecido quaisquer instruções sobre como usá-lo. Consequentemente, o
Coordenador do Projecto da ACORD foi forçado a analisar todos os dados de forma manual. Como
resultado, o relatório do inquérito não foi terminado por mais de 3 meses depois do inquérito ter
sido realizado. Isso causou problemas tanto na comunidade como com o Conselho de Assessoria
que estavam à espera dos resultados e não podiam compreender a causa do atraso.
#"
Algumas limitações dos inquéritos CAPC
A experiência da ACORD de levar a cabo inquéritos CAPC como a base para a avaliação do impacto
de Stepping Stones destacou duas limitantes chave, características de, mas não limitadas aos inquéritos
quantitativos:
(i) Dificuldades com interpretação dos resultados: Muitas vezes, as respostas fornecidas fazem
suscitar mais perguntas não respondidas. Por exemplo, os resultados do CAPC podem
demonstrar que muito poucas pessoas usam o preservativo ou que as pessoas raramente vão
fazer os testes de HIV. No entanto, o que esta informação não diz –te são as razões de tais
tendências. Por exemplo, o baixo nível de uso do preservativo é porque a provisão é baixa?
Porque eles são demasiado caros? Com base em motivos religiosos? Outras razões? Ou, no
caso do teste de HIV – i é por causa do estigma – as pessoas não querem ser vistas como
indo para um teste? Por causa da falta de informação: as pessoas não sabem aonde ir ? Ou
porque não há serviços fornecidos para as pessoas que acusam HIV-positivo no teste? Ou
uma combinação de todos esses factores?
(ii) Dúvidas em relação à fiabilidade das respostas: Para fins do trabalho de HIV e SIDA, é
muitas vezes necessário entrar na vida ou comportamento sexual individual das pessoas nas
suas próprias casas. Por exemplo, podes querer perguntar: Sempre usas um preservativo?
Tens relações extra-conjugais? Bates na tua esposa? Há obviamente pontos de interrogação
em relação ao grau em que as pessoas respondem a tais perguntas de forma honesta. Respostas
mais fiáveis podem ser obtidas através da ‘despersonalização’ das perguntas . Por exemplo,
ao invés de perguntar ‘ sempre usas um preservativo?’, podes perguntar : ‘as pessoas nesta
comunidade sempre usam preservativos?
Necessidade de informação qualitativa em profundidade para suplementar os dados
quantitativos
Estas fraquezas dos dados do inquérito quantitativo podem ser ultrapassados através da recolha de
mais dados qualitativos em profundidade usando métodos participativos e desenvolvendo métodos
de recolha de dados que tornam os participantes capazes de dar respostas honestas sem ter que ter
receios de emissão de juizos por parte de pessoas externas.
Discussões em grupos focais (FGDs): Estas geralmente são discussões ligeiramente abertas
em torno de um conjunto de questões ‘chave’ envolvendo um pequeno grupo de pessoas
representando um sector específico da comunidade. Isto o mesmo pode ser um grupo etário ou
sexual, por exemplo, raparigas jovens ou rapazes jovens; ele pode ser um grupo ocupacional,
por exemplo, trabalhadoras de sexo; ou um grupo profissional como os trabalhadores de saúde
ou professores; pessoas ligadas por outras formas tais como as pessoas vivendo com HIV
ou qualquer outro agrupamento relevante de pessoas. As FGDs são geralmente usados para
obter mais informação em profundidade em relação a uma questão específica. Ao agrupar
pessoas juntamente que tem alguma coisa em comum, elas muitas vezes se sentem capazes
de falar mais abertamente e os comentários feitos por uma pessoa podem servir de trampolim
para mais por parte das restantes. A facilitação de tais discussões quase constitui um trabalho
especializado. Isso exige experiência com abordagens e princípios participativas para evitar
‘direccionar’ o grupo para uma direcção específica e para garantir que todos tenha algo a
dizer e a discussão não seja dominada por um grupo minoritário vocal. As discussões devem
também ser lideradas de forma habilidosa para evitar a tendência para as pessoas repetirem
a norma, ao invés do que elas realmente pensam ou fazem!
#
4--
A metodologia de cabine de votação: Este método foi utilizado num projecto da Save the
Children de Avaliação do Impacto recente usando Stepping Stones em Harrar, Etiópia. As
pessoas receberam um conjunto de perguntas que eles deviam responder usando ‘sim’ ou
‘não’ com uma cruz no lugar apropriado semelhante a votação. Elas entram numa ‘cabine’
fechada como uma cabine de votação e elas colocam as folhas completadas numa caixa
para que ninguém saiba que resposta elas deram . Alguém subsequentemente vai recolher as
respostas. As respostas ‘sim’ e ‘não’ são contadas. Depois, os inquiridos sentam-se num grupo
e eles são informados quantas pessoas responderam tanto positivamente como negativamente
a cada pergunta. A principal atração deste método é que as pessoas são capazes de responder
a perguntas sensíveis ou potencialmente embaraçosas de forma anónima e depois o grupo
senta-se em conjunto e exploram mais profundamente nas questões. A desvantagem é que
isso exige literacia, a não ser que as perguntas são lidas em voz alta. Ao invés de usar
uma amostra aleatória, esta ferramenta podia ser usada com os grupos de pares de Stepping
Stones muito cedo no processo e depois repetido novamente no fim.
O voto secreto: Esta técnica foi originalmente inventada por uma ONG Gambiana anti-
circumcisão, foi usada para avaliar Stepping Stones pelo Conselho de Pesquisa Médica
(Medical Research Council-MRC) na Gâmbia11. Os membros do grupo de pares recebem os
boletins de voto. O facilitador lê em voz alta uma pergunta e os participantes são ditos para
marcar um triangulo para ‘sim’, um circulo para o ‘não’ ou nada para ‘não sei’. Eles depois
dobram o boletim de voto e colocam-o num chapeu. Como o método de cabine de votação,
ele tem a vantagem de ser anónimo. No fim do processo de Stepping Stones, o mesmo
processo é repetido e as respostas são comparadas. Exemplos do tipo de perguntas feitas
estão incluidas no Anexo 2. No caso da Gâmbia, constatou-se que havia uma forte tendência
para as pessoas responderem ‘sim’a todas as perguntas. Assim, é importante explicar para as
pessoas que não existe uma resposta certa ou errada, isso constitui apenas um caso de dizer
o que tu realmente pensas!
Análise e discussão dos dados
Uma vez todos os dados do levantamento tiverem sido colectados (tanto os qualitativos como os
quantitativos) e as constatações tiverem sido registadas, um sumário das principais constatações
deve ser preparado e partilhado com os parceiros chave: outro pessoal de ONGs, a comunidade,
parceiros locais e membros do Comite de Assessoria do Projecto. Todos estes parceiros precisam
de ser envolvidos no processo de análise das constatações e as suas implicações. Estas constatações
também constituirão a base dos indicadores do projecto que precisam de ser desenvolvidos nesta fase.
(O desenvolvimento de indicadores é discutido na Secção E sobre Monitoria e Avaliação).
Tendo completado todos esses passos, agora estás preparado para embarcar na fase de implementação
do processo!
11
Shaw, 200:75
##
C. IMPLEMENTAÇÃO
Tanzânia
Tanzânia
#
C.
IMPLEMENTAÇÃO
:'-;'-<*'-'$-'--'!)
C.1
Que qualidades e capacidades são exigidas para facilitação do processo?
Os líderes locais devem ser encorajados a se capacitarem como facilitadores?
Os facilitadores devem sempre ser da mesma comunidade onde Stepping Stones está
sendo implementado?
As pessoas que não são letradas podem ser formadas como facilitadores?
Que tipo de treinamento é necessário?
O que acontece depois do treinamento, tens de continuar a apoiar os facilitadores?
O que pode ser feito se as pessoas na aparecem nas sessões ?
Como a participação regular pode ser fortalecida ?
Está bem trazer oradores de fora para as sessões?
Selecção de Facilitadores
A facilitação de Stepping Stones constitui um dos factores mais fundamentais que afecta o resultado
do processo. O papel dos facilitadores é de facilitar a viagem de Stepping Stones permitindo o
processo de fluxo suave e espontâneo. Se a facilitação é abordada de forma rígida ou mecánica, este
fluxo espontâneo irá interromper os seus cursos e o espirito fundamental de Stepping Stones será
reprimido e prevenido de descolar. Assim, escolher as pessoas com as capacidades e qualidades certas
como facilitadores é de importância capital.
--:'%'('(&'*,,&!)'Q'!)
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o
o
o
o
o
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Os facilitadores fazem tudo relacionado com a exposicão e não permitem que os
participantes se exprimam/explorem os seus pontos de vista
Os facilitadores dizem as pessoas o que pensar
Os facilitadores correm pelas sessões e os participantes não são capazes de explorar as
questões na íntegra
O objectivo das sessões específicas não é compreendido e a discussão falha completamente
o ponto em causa (vide os exemplos abaixo)
As sessões em que os facilitadores não se sentem confortáveis em (por exemplo, aquelas
que tratam explicitamente com a linguagem de sexo, sexualidade e diferentes práticas
sexuais ou morte) são omitidas
As normas de género prevalescentes não são desafiadas e / ou são reforçadas
#
Critério de selecção
Não existem critérios fixos mas baseados na experiência da ACORD e de outros, existem certos tipos
de qualidades pessoais e capacidades básicas que são exigidas para garantir uma boa facilitação do
processo. Tais estão listados abaixo13.
Qualidades pessoais exigidas
Ser sensível em matéria de género, estar pessoalmente empenhado em relação à igualdade de
género e pronto para desafiar as próprias atitudes e valores sexistas
Ser capaz de falar facilmente sobre sexo e sexualidade
Ser capaz de ouvir e demonstrar empatia e despertar a empatia nos outros14
Ser capaz de ver os outros como iguais, não ser dominador
Ser de espirito aberto, não susceptível à preconcepções
Estar preparado para explorar as suas próprias atitudes e crenças e mudar o próprio
comportamento 15
Motivação e interesse16
Capacidades Básicas:
Boa comunicação e capacidades de facilitação: ênfase na participação, não uma abordagem
didática
Capacidade de gerir conflitos de forma construtiva
Capacidade de liderar discussões comunitárias
Conhecimentos básicos de questões do HIV e SIDA
Capacidade de falar as línguas locais (por forma a comunicar com os participantes na sua
própria língua)
Capacidade de ler em Inglês ( ou a língua local se o Manual existe nessa língua)
> 5? B E @ B B
E?20E
A exigência para os facilitadores serem letrados é ditado pela necessidade de ser capaz de ler o Manual.
No entanto, este critério pode ser discriminatório em relação a certos grupos minoritórios, incluindo
as mulheres que tendem a ter níveis de literacia muito mais baixos que os homens. Isto foi constatado
pela ACORD quando ele estava a implementar Stepping Stones na Província do Namibe, uma região de
pastorícia no Sul de Angola. Um dos principais objectivos da ACORD tinha sido de testar a viabilidade
de implementar Stepping Stones numa comunidade móvel. Mas, no caso, foi o analfabetismo, ao invés
da mobilidade em tais comunidades que se tornou no principal obstáculo. Em relação a necessidade de
literacia, nenhum pastor foi capacitado como facilitador, como resultado que nenhum pastor participou
no processo de Stepping Stones. Quando esta questão foi subsequentemente debatida pela ACORD e o
pessoal parceiro, uma recomendação para desenvolver um treinamento em Stepping Stones apropriado
para pessoas não letradas foi colocada na mesa conforme o objectivo original de tornar Stepping Stones
acessível para todos.
12
A maior parte das qualidades listadas está mencionadas em ‘Stepping Stones: life skills and sexual well-being: a desk-based review’ by Gill
Gordon with Alice Welbourn, USAID Interagency Gender Working Group, June 2002, www.unicef.org/lifeskills/files/ReviewSteppingStones
2001.doc,
13
Segundo Colette Harris, “Empatia é a capacidade de lidar com a dor de outra pessoa como se ela fosse sua propria e portanto ser sensivel em
relação a como ela é produzida e os tipos de mudanças necessárias para minimizar a mesma.” (Harris, 2007: 13-14)
14 Vide também a secção seguinte sobre o Treinamento de Facilitadores onde este ponto é mais explorado
15 A importância da motivação e interesse por parte dos facilitadores foi destacada num critério chave de selecção na avaliação de Fiji
#1
4--
A questão de facilitadores não letrados também surgiu em relação a experiência Gambiana de Stepping
Stones onde a possibilidade de produzir um ‘livro falado’ em que as instruções para os exercícios são
gravados numa cassette audio nas línguas locais foi discutida como uma forma de abrir a porta para
facilitadores não letrados16. O uso de ilustrações podia também ser explorada.
Outros critérios:
Género e idade:Idealmente, deve haver 2 homens e 2 mulheres– um(a) mais jovem e outro(a)
mais velho(a) para trabalhar com cada grupo de pares, respectivamente. Se ambos os critérios
não poderem ser satisfeitos, encontrar alguém com a idade certa é menos importante que é
assegurar que os grupos de mulheres sejam facilitados por mulheres e dos homens pelos
homens.
Ser HIV-positivo: O recrutamento de pessoas que são HIV-positivo para facilitar o processo
tem muitas vantagens significativas. Tais incluem: a) Trazer uma experiência pessoal directa e uma compreensão do que significa ser HIVpositivo para as discussões
b) Ajudar a dissipar os receios e mitos associados ao HIV/SIDA (especialmente se o
facilitador é capaz de ser aberto em relação ao seu estado serológico)
c) Reduzir o estigma relacionado com o HIV – ainda um fenômeno amplamente
disseminado na maior parte das comunidades pelo mundo inteiro
d) Encorajar os outros a declarar e/ou descobrir o seu próprio estado
Capacidade de compreender o pensamento subjacente a Stepping Stones: Embora haja
obviamente espaço para diferentes interpretações e abordagens em manter relações com
contextos sociais e culturais diferentes, cada sessão individualmente tem um conjunto
claro de objectivos e estes devem ser claramente compreendidos pelos facilitadores com o
propósito de orientar os participantes ao longo de cada passo. Em particular, os facilitadores
precisam de compreender que Stepping Stones não é simplismente um veículo de passar
informação factual sobre o HIV e a sua transmissão. Isto visa principalmente servir
como uma ferramenta para instigar um processo de questionamento crítico ao nível das
pessoas, grupos e comunidades. Ele se baseia no respeito dos direitos de todo o indivíduo,
independentemente do seu sexo, posição, nível de educação, estado em relação ao HIV ou
qualquer outra diferença. Em particular, os facilitadores devem ter uma compreensão dos
conceitos ligados as EDP8 de ser capaz de entender as formas
em que Stepping Stones pode levar a mudanças na dinámica de género com o propósito de
reduzir a vulnerabilidade ao HIV e SIDA. –tanto em termos de prevenção e em termos das
consequências de viver com o vírus.
Anterior experiência com processos participativos: O princípio de participação – que
presupõe promover e valorizar a participação de todos os participantes em pé de igualdade
– é fundamental para o processo de Stepping Stones. Os facilitadores devem ser capazes de
entender a distinção entre participação e métodos convencionais mais didáticos.
Respeitado e respeitar: É importante para os facilitadores serem respeitados pelos membros
da comunidade. Mas, igualmente importante é a necessidade dos facilitadores respeitarem
os participantes
Lideres locais – prós e contras: Em relação a se é bom ou mau se os líderes comunitários
devem ser formados como facilitadores, existem experiências mistas nesta frente.
16 Shaw, 2000:78
#3
2?&F&/E--?S
Numa aldeia do Sul de Angola, o chefe tradicional facilitou o processo de Stepping Stones numa
comunidade e isso teve um impacto muito poderoso em relação à participação da comunidade.
Isso também teve outras vantagens significativas no sentido que isso aumentou a sua sensibilidade
em e a capacidade de responder a violência de género, uma questão principal naquela comunidade
que ele anteriormente não está ciente disso. Ao contrário, em uma das aldeias do Fiji onde o
chefe da aldeia local foi formado, isso não se tornou benéfico à medida que ele estava demasiado
ocupado para continuar através da fase de implementação. (PRHP p.28-9). Por outro lado, numa
outra aldeia, o envolvimento do chefe da aldeia foi fundamental, especialmente na ausência dos
participantes masculinos da comunidade (PRHP, P.42)
Residente na comunidade: É argumentado por algumas pessoas que os facilitadores devem
residir na comunidade mas outros argumentam que é preferível que eles venham de fora
(Vide a Tabela 2 abaixo em relação aos argumentos utilizados a favor e contra). No entanto,
os outros sugerem que é melhor os facilitadores venham de uma aldeia vizinha que tenha a
mesma língua ou cultura mas não da mesma aldeia 18.
E?/C/E
,*
Conhecimento e compreensão das
necessidades, língua e cultura da
comunidade
Pode ser visto como uma pessoa
‘interna’ – daí ajudando as pessoas a
se abrirem e a falar abertamente
Proximidade e disponibilidade para
a comunidade como um recurso em
informação19
Os preconceitos pessoais (em relação a ou por parte dos
membros da comunidade ou grupos no seio da comunidade)
pode minar a abertura e honestidade no processo
Pode ser visto como demasiado próximo para conforto e as
pessoas não podem falar com receio de bisbilhoterice
Falta de capacidades adequadas (por ex em metodologias
participativas) e conhecimento/compreensão (por ex. De
dinâmica de género, dinâmica de grupo, compreensão técnica
dos factos relacionados com a transmissão, prevenção do
HIV e por aí em diante)
Um recursos contínuo no seio da Pode ser difícil encontrar alguém com todas as capacidades
comunidade facilita os processos de e qualidades exigidas
seguimento
Os conhecimentos e capacidades Se o facilitador for pago e os participantes não forem, isso
permanecem no seio da comunidade pode criar sentimentos de resentimento que podiam interferir
no processo
As Directrizes de Treinamento20 recomendam que é melhor começar com pessoal pago por forma a
garantir a qualidade do processo de treinamento e, onde os participantes provarem estar interessados
e serem capazes, eles devem ser oferecidos a oportunidade de passar pelo treinamento e tornaremse eles próprios em facilitadores. Isso tem constituido a experiência de um número de programas
da ACORD, tais como em Gulu (Norte do Uganda) onde os membros do campo de Pabbo para
Pessoas Deslocadas (Pabbo Camp for Displaced Persons) que participaram em Stepping Stones,
subsequentemente se tornaram em facilitadores eles próprios e eventualmente também formaram
outros facilitadores.
18
19
20
Harris 2007, p.14
Em Fiji, constatou-se que os facilitadores de outras comunidades eram de longe menos prováveis de embarcar em Stepping Stones
devido o custo e as implicações logísticas (PRHP: 40)
Vide a página de Stepping Stones na internet http://www.steppingstonesfeedback.org/downloads/SSTraining_Guidelinesoct02.pdf
5
4--
Selecção de Formadores
Os formadores são aqueles que treinam os facilitadores. Assim é de longe, os formadores precisam
das mesmas qualidades pessoais e capacidades básicas como aquelas exigidas pelos facilitadores.
Considerações adicionais incluem a organização (ões) representada(s) pelos formadores. Algumas
vezes, um grande organização administrará um treinamento dirigido principalmente para o seu próprio
pessoal como por exemplo, a ACORD que organizou o treinamento para o pessoal de diversos
programas – Tanzânia, Uganda, Etiópia e Sudão. Isso pode também ser benéfico de envolver outras
organizações e /ou trabalhadores de saúde ou trabalhadores dos governos distritais do sector de saúde.
A vantagem disso é que isso pode ajudar a construir redes locais. Uma outra vantagem é que isso
pode aumentar o nível de cooperação entre as ONGs e o sector governamental e levar a respostas
mais coordenadas em relação as questões e exigências dos participantes da comunidade que surgem
do próprio processo de Stepping Stones.
O processo de selecção
Formas apropriadas de identificação de pessoas com tais capacidades têm de ser desenvolvidas
conforme a realidade e contexto local. No caso dos atributos pessoais, as recomendações podem
ser feitas pelos líderes locais que geralmente estão bem informadas sobre a reputação pessoal das
pessoas que residem na comunidade. No entanto, existe um risco que apenas os amigos ou familiares
dos líderes serão selecionados dessa forma! Uma outra, possivelmente um método com menos
preconceitos é solicitar cada grupo de pares para escolher um facilitador da comunidade. Em relação
às capacidades básicas, estes podem mais facilmente ser testados e avaliados pela agência apropriada.
Dada a importância dos facilitadores, se recomenda que as agências realizem alguma forma de
entrevista (podia ser formal ou informal envolvendo algum trabalho de grupo) para os potenciais
candidatos como parte do processo de selecção.
C.2
Formação de Formadores e Facilitadores
Como foi anteriormente observado na secção anterior, ambos os formadores e facilitadores exigem
uma vasta gama de qualidades e capacidades pessoais. Poucas pessoas nascem com tais capacidades
e é o próprio processo de treinamento que jogam um papel chave na ajuda com tais capacidades e
qualidades a serem desenvolvidas. Isto exige todo um novo conceito de treinamento – completamente
diferente da abordagem tradicional de ‘transferência de conhecimentos’ mas uma que ela própria, põe
em movimento um processo de mudança transformacional no seio daquelas pessoas sendo treinadas.
Tal processo tem sido descritas por Colette Harris num artigo recente baseado na sua experiência de
trabalho com grupos em Tajikistao:
“O papel de facilitador. é de ..servir como um estímulo para o desenvolvimento de novas formas de
pensar. …Com vista os facilitadores serem capazes de fazer isso, eles precisam que eles próprios
precisam de passar uma forma semelhante de transformação”. (Harris, 2007: 13)
Em reconhecimento do papel crítico desempenhado pelo treinamento, a PLAN da América Latina
desenvolveu um Centro de Formação em Stepping Stone ( Stepping Stones Training Centre) especial
onde equipas de facilitadores de diferentes ONGs são reunidos para serem ‘ treinados’ no espirito de
Stepping Stones e eles desenvolveram um Manual de Treinamento para este fim (Escuela de Paso a
Paso: Guia Didactica para Facilitadores, 2007).
5"
Selecção dos treinandos
As qualidades pessoais exigidas dos treinandos são as mesmas que aquelas exigidas pelos facilitadores
(vide acima). Como com os facilitadores, é importante assegurar que um número igual de homens
e mulheres sejam treinados. Assegurar que as pessoas treinadas incluam aquelas que estarão a
implementar Stepping Stones no terreno é também importante conforme destacado numa avaliação
recente de um programa de Stepping Stones na Sierra Leone implementado pela CAFOD:
Importância de seleccionar mulheres trabalhadoras de campo para o treinamento : CAFOD,
Sierra Leone
Como parte de um programa de Stepping Stones dirigido pelos parceiros da CAFOD na Sierra
Leone, apenas 2 dos 10 treinandos eram mulheres. Uma avaliação recente (2006) realizada
observou que a falta de pessoal do sexo feminino e a prevalência de pessoal de escritório ao invés
de pessoal do terreno colocou “graves limitações” em relação a implementação de Stepping
Stones à medida que a abordagem “assenta fortemente na participação das mulheres como
facilitadoras”. 21
Directrizes chaves do treinamento
O conteúdo actual do treinamento fornecido é susceptível de variar de um lugar para o outro.
Dependendo do tempo disponível, um currículo de treinamento abarcará todas as sessões de Stepping
Stones, enquanto os outros apenas abarcará uma escolha. Qualquer que seja o caso, certas abordagens
‘chave’ ou fundamentais têm sido identificadas que isso deve ser aderido em todo o processo de
treinamento desenvolvido:
O treinamento C
P@TUda viagem de
Stepping Stones
A abordagem do treinamento deve ser baseado em e fornecer orientação em relação ao uso
de princípios e métodos C
O treinamento deve incluir uma discussão e análise dos conceitos e princípios de 8
Ambos facilitadores e formadores devem estar à medida
que eles passam pelo processo de treinamento. – como devem todos nós envolvidos em
qualquer que seja o nível na viagem de Stepping Stones.
O processo de treinamento
Se recomenda que o treinamento seja administrado como um workshop de Stepping Stones. Isto
significa trabalhar em grupos de pares, com base na idade e sexo e se juntar como uma ‘comunidade’
para trocar pedidos especiais.
Foco no género
Desafiar as normas e comportamentos de género é absolutamente fundamental para o processo de
Stepping Stones. No entanto, muitas ONGs reportam que os facilitadores e formadores que eles
próprios estão sujeitos as mesmas normas e tradições como participantes, muitas vezes de forma
errada pensam que o seu trabalho é de reforçar ao invés de desafiar esses estereótipos22. Assim, o
treinamento em género deve constituir um foco central do treinamento fornecido para os Formadores
e Faciltadores. Não obstante, como foi apontado por Colette Harris, o treinamento de género, por
virtude do seu próprio potencial de transformação, também tem o maior potencial para fazer surgir a
mudança nos outros:
21 Entrevista com Massa Crayton, formador de Stepping Stones na Actionaid Libéria. Vide também: Stepping Stones: Training of Facilitators (ToF)
Report produzido pela ActionAid Liberia em Novembro, 2005
22 Vide, por exemplo, as discussões na Conferência Internacional sobre Stepping Stones ‘Olhando para Frente – Olhando para Tràs’ organizado
pela ACORD em Julho de 2006, que pode se encontrar na página na internet de Stepping Stones.
5
4--
“O treinamento de género tem sido …o motor mais ponderoso para a mudança…Isso está a funcionar
através das questões baseadas em género que trouxe o pessoal …para começar a interrogar as
suas próprias normas e assim materializar quao pouco elas diferem daquelas através das quais os
participantes do projecto viviam.” (Harris, 2007:14)
Áreas adicionais a abarcar
Além de passar pelo processo, o treinamento deve dar tempo para reflexão em relação ao processo
e discussão sobre os métodos de facilitação apropriados. As seguintes sessões adicionais podem
também ser incluida :
Ferramentas de monitoria e avaliação
Teatro para o desenvolvimento de capacidades
Desenvolvimento de ideias criativas que podem ser aplicadas para adaptação ou invenção de
novos exercícios (vide a secção seguinte sobre a Adaptação de Stepping Stones)
Abordagens de aprendizagem participativa tal como PRA
Técnicas de gestão de conflito
Suporte pós- Stepping Stones para as comunidades
Mais ênfase na ética, confidencialidade e segurança
Mais sobre sexualidade, saúde sexual e reprodutiva, tratamento de HIV e por aí em diante.
Informação sobre os direitos legais tais como os direitos à propriedade e herança e sobre
as convenções internacionais tais como a Declaração Universal dos Direitos do Humanos,
Convenção sobre os Direitos da Criança, a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra a Mulher e outras.
Testando as sessões na comunidade
Quando a ACORD Tanzânia organizou um formação de formadores, eles também organizaram
algumas sessões com uma comunidade local. Isto deu aos formandos a oportunidade de enfrentar
em primeira mão o impacto do processo num contexto comunitário e isso foi considerado por
muitos nos comentários de avaliação do treinamento ter sido um dos aspectos mais valorizados do
treinamento. Deve ser observado, contudo, que tais sessões tiveram lugar com grupos comunitários
que anteriormente tiveram uma relação com a ACORD e estavam a receber treinamento e apoio em
outras áreas. A não ser que uma relação já existiu com a comunidade, NÃO é recomendado que os
treinandos devem tentar testar Stepping Stones com as comunidades à medida que isso podia ser
muito importuno e explorativo. Mesmo onde essa relação existe, o exercício de Stepping Stones
utilizados precisam de ser selecionados de forma seleccionada. Isso não seria claramente apropriado
esperar que os membros da comunidade de envolver numa discussão extremamente emoncional sem
uma preparação antecipada ou seguimento subsequente.
Apoio para seguimento pós-treinamento
Mesmo depois de receber o treinamento, é provavel que os facilitadores precisarão de uma supervisão
e apoio estreita antes de eles se sentirem suficientemente seguro para dirigir um processo de Stepping
Stones ao nível da comunidade. Uma forma de ultrapassar este problema é de minimizar a diferença
entre o término do treinamento do facilitador e a implementação de SS. Quanto maior for a diferença,
maior é à possibilidade dos facilitadores de perderem a confiança conforme observado na avaliação
de Fiji (PRHP, p.40). Nas palavras de Alice Welbourn: “Muitos dos exercícios de Stepping Stones são
como medicamentos fortes – eles podem ser muito benéficos quando tomados sob as condições certas
–mas podem ser perigosos para aqueles que os tomam com o estômago vazio ou de forma irregular
ou sem a devida preparação. Eles precisam de ser tratados com respeito”23.
23
Entrevista informal, Outubro de 2007
5#
2+?/E
O Projecto Regional do HIV/SIDA do Pacífico (PRHP) formou 35 facilitadores durante 10 dias. O
treinamento incluiu um exercício de planificação para planear a imlementação de Stepping Stones
nas suas comunidades. No entanto, desses dias apenas 6 continuaram a implementar SS. Outros
dois implementaram um processo parcial de Stepping Stones. O principal motivo dado por outros
pela não implementação de Stepping Stones nas suas comunidades foi a falta de confiança.
SuperviB e apoio contínuo para os facilitadores
O treinamento em Stepping Stones é muito intensivo, abarcando muito terreno num espaço de
tempo relativamente curto. Na maioria dos casos, os temas abarcados são muito novos para os
facilitadores, muitos deles podem não ter um experiência anterior de qualquer coisa semelhante.
Assim, a provisão de supervisão e apoio contínuo dos facilitadores é muito importante. Isso pode
tomar diversas formas:
Apoio com a facilitaDB: Existem diversas opções. Antes de ficar para facilitar sozinho,
os facilitadores recentemente formados podem co-facilitar juntamente com facilitadores
mais experientes. Uma outra opção é dos facilitadores recentemente formados trabalharem
em pares. De forma alternativa, os facilitadores experientes podem acompanhar os mais
recentemente formados para darem ajuda e orientação durante o processo.
Encontros regulares entre os formadores e os facilitadores: Onde for possível, os formadores
de ONGs devem se reunir com os supervisores antes de cada nova sessão de Stepping Stones
na comunidade para assegurar que eles captem na íntegra o objectivo dos exercícios e os
passos no processo de facilitação. Esses encontros podem também ser usados para discutir o
que correu bem ou mal na sessão anterior.
2 ?E 6? A ACORD tende a trabalhar em comunidades
difíceis de alcançar onde o acesso por estrada pode ser quase difícil. Por exemplo, em Angola,
alguns dos locais de realização de Stepping Stones estão diversos dias distantes do escritório
da ACORD. Em tais situações, os encontros semanais com os supervisores não são viáveis e a
supervisão foi necessariamente menos frequentes. A supervisão regular foi também problemática
no Norte do Uganda onde se tinha de obter uma autorização estrita de segurança para as pessoas
entrarem na zona dos campos dos deslocados onde Stepping Stones foi implementado.
C.3 Implementação do processo de Stepping Stones no seio
da comunidade
O Manual de Stepping Stones fornece uma orientação muito clara e detalhada sobre como realizar
cada sessão, dai que esta secção do Guia é limitada a questões que estão ligadas à implementação,
mas não são directamente abordadas no próprio Manual.
Calendarização das sessões:
A questão de calendarização é abordada no Manual, mas ela tem tanta importância que precisa de uma
menção adicional também neste Guia. A calendarização das sessões devia ser discutido no primeiro
encontro aberto na comunidade com o propósito de garantir que as sessões sejam realizadas em
períodos convenientes para aqueles que planeiam participar. Quando estiver a discutir a calendarização,
é importante assegurar que as horas acordadas sejam convenientes para todos, não apenas aqueles
55
4--
que têm a confiança de falar alto. As consequências da classificação para proceder desse modo são
ilustradas por exemplos fornecidos na Caixa abaixo.
21?HEGDBP?2ECF
Em Angola, as horas das sessões estavam em choque com as horas de abertura do mercado e os
jovens que tinham bancas no mercado não apareceram nas sessões. No caso, apenas homens e
mulheres mais velhos passaram pelo processo.
A semelhança, em Uganda onde a calendarização das sessões sobrepunham-se com as horas
do mercado, apenas as pessoas em melhores condições que não trabalhavam no mercado foram
capazes de participar.
Na Gâmbia, de princípio foi planeado que as sessões seriam realizadas durante a estação seca.
No entanto, um exercício de PRA demonstrou que muitas pessoas emigram para as zonas urbanas
durante este período, daí que se acordou realizar as sessões durante a época das colhetas.
Em Fiji, muitos membros da comunidade do sexo masculino são trabalhadores sazonais
(cultivadores de cana de açucar) e eles não estavam na aldeia quando as mulheres planeram
começar o treinamento em Stepping Stones. Isto, por sua vez, desmotivou outros potenciais
participantes do sexo masculino.
É tambem importante enfatizar a necessidade para a pontualidade. Se as pessoas andam em períodos
diferentes, isto pode ser distrativo para os restantes ou, se aqueles que chegam à hora tem de ficar à
espera, eles algumas vezes ficam aborecidos e abandonam.
Provisão de lanches
Cada sessão de Stepping Stones dura aproximadamente 3 horas. Assim, a provisão de lanches deve
ser considerada. No entanto, como foi anteriormente observado, alguns participantes podem estar a
perder outras actividades de geração de rendimentos com o propósito de participar, daí que a provisão
de alguns lanches iria de alguma forma no sentido de compensá-los em espécie (vide a Caixa 9). No
entanto, como o exemplo na Caixa ilustra, isto pode algumas vezes causar problemas!
23?V'@EWXY20E
Inicialmente, a ACORD Angola decidiu servir uma refeição quente para todos os participantes.
Mas, quando a comida chegou, multidões de crianças e outros invadiram a zona onde a comida
estava sendo servida e afirmaram ser particpantes (mesmo embora os seus nomes não estivessem
na ficha de registo). Isto causou pânico: o início das sessões foi atrazado; alguns participantes
ficaram sem comida; outros sentiram-se ‘enganados’ porque eles tinham de ‘ganhar’ a sua comida
através da participação das sessões, embora outros não fizessem algo. Um outro problema foi
que algumas pessoas que não tinham inicialmente se registado para Stepping Stones, quando
eles constaram que havia comida disponível, decidiram se registar. Eventualmente, a ACORD
decidiu fazer pequenas ‘sandes’ para distribuir pelos participantes e adoptou um registo restrito
para assegurar que apenas aqueles que participavam as obtinham.
BZDBDBE
A não-participação ou participação irregular constituem problemas comuns encontrados com Stepping
Stones. A participação em termos regulares durante um período de 2-3-meses constitui um empenho
fundamental e não todas as pessoas que, inicialmente apareceram, estão prontas para assumir o
5
compromisso. Como foi anteriormente observado, a calendarização das sessões pode constituir um
factor. Outros factores, podem incluir uma facilitação fraca como no exemplo abaixo.
2 "? /EDB / @E EC / DB? '2E E
Em Angola, a ACORD está implementar Stepping Stones em 3 comunidades. Em duas, a
participação foi regular, mas numa terceira, apesar de uma participação inicial boa, esta decaiu
consistentemente. Quando o pessoal analizou o problema e comparou a situação com outras
comunidades onde a participação foi muito boa, foi observado que a facilitação era muito fraca.
Os facilitadores comportaram-se como professores e as sessões foram muito aborecentes. Ao
contrário das sessões bem facilitadas onde os participantes riam-se e havia muito divertimento,
mesmo quando se fala-se das questões graves, havia pouco divertimento e risos.
Assim, primeiro e antes de tudo, é importante verificar a facilitação e, se tal problema surge, os
facilitadores devem receber algum treinamento e apoio adicional. Se as dificuldades persistirem, pode
ser necessário escolher um diferente facilitador.
Uso de grupos locais de dança
Na Tanzânia, grupos locais de dança são muitas vezes convidados a iniciar a sessão com alguma
música e dança. Além de atrair muitas pessoas para as sessões, isso cria uma atmosfera dinâmica e
positiva. Além disso, as danças culturais locais têm sido empregues para fortalecer as mensagens, tais
como o prazer do sexo, que constituem partes integrais do processo de Stepping Stones.
Trazer oradores externos durante as sessões
De princípio, os oradores externos não devem ser convidados para as sessões de Stepping Stones
porque Stepping Stones constitu um processo e não uma palestra ou seminário. No entanto, na ocasião,
pode haver justificação para convidar oradores para fins específicos. Em particular, onde o facilitador
não é uma pessoa vivendo com HIV, é bom se um membro de um grupo local de pessoas com HIV
seja capaz de participar, por exemplo, durante uma sessão focalizando em questões, como estigma,
teste de HIV, acesso ao tratamento e por aí em diante, por forma a partilhar as suas experiências
pessoais com o grupo. Outros casos onde um orador externo podia ser justificado são quando uma
sessão está a lidar com uma questão importante que o facilitador não se sente preparado para discutir.
Por exemplo, em Angola, onde a tuberculose (TB) é muito prevalescente, uma sessão é dedicada
a TB e um médico foi trazido para explicar o tratamento. E em Mwanza (Tanzânia), foram trazidos
especialistas para falar sobre o planeamento familiar. Há também ocasiões onde pode ser apropriado
usar uma sessão de Stepping Stones para aumentar a sensibilização local dos serviços existentes e /ou
legislação conforme ilustrado no exemplo abaixo:-
5+
4--
2""?J/4
%C(EJ/G/E
EJEDBCDFCCCE0
8E?
Na altura que Stepping Stones estava sendo implementado no programa da ACORD em Matala,
o governo Angolano tinha apenas introduzido uma nova legislação fornecendo uma proteção
acrescida para as mulheres que enfrentam a violência doméstica e estava a realizar uma campanha
ao nível nacional de aumento de sensibilização sobre a questão. Assim, a chefe da Unidade dos
Assuntos da Mulher na província foi convidada a falar para as mulheres na aldeia em relação
as iniciativas sendo empreendidas. Isto ocorreu depois da sessão sobre Violência Doméstica
em que as mulheres estavam a explorar as questões e discutir formas de elas próprias melhor
se defenderem. A sua visita serviu dois fins: por um lado, ela obteve um ‘sabor ’ de Stepping
Stones e uma forma diferente de discutir os problemas, como a violência baseada em género e, ao
mesmo tempo, as mulheres foram informadas sobre os tipos de ajuda disponível para as mesmas
por parte das instituições do estado.
Foco na Viagem de Stepping Stones
Embora tais intervenções externas possam ser justificáveis em termos ocasionais, elas nunca devem
ser distraidas do principal negócio de Stepping Stones, que é sobre como acompanhar as pessoas
numa viagem segura por algumas vezes pelo traiçoeiro ‘rio da vida’ e orientá-las através das fases de
progresso da viagem envolvendo aprender juntos, partilhar, cuidar e eventualmente mudar:
Roda da Mudança24
(
%EJ
24 Alice Welbourn, 1999, ‘Gender, Sex and HIV’
5
D ADAPTAÇÃO E TRADUÇÃO
DO MANUAL
Tanzânia
Tanzânia
Tanzânia
53
D
Adaptação e tradução do manual
Stepping Stones pode ser implementado numa grande variedade de diferentes lugares e como tal,
ele precisa de ser adaptado para reflectir as realidades sociais, económicas, religiosas e culturais de
cada contexto. O Manual foi também traduzido em outras línguas para que ele possa ser usado em
países por todo o mundo onde não se fala o Inglês. Esta secção fornece algumas directrizes sobre a
adaptação e tradução do Manual. Eles são principalmente baseados na Adaptação e Tradução das
Directrizes que pode se encontrar na página de Stepping Stones na internet25.
:'-;'--'$-'--'!)&'(?
Porquê tu gostarias de adaptar?
Tu tens de ter de fazer tudo apenas como aparece no Manual?
Podes adicionar nas sessões sobre questões não cobertas no Manual?
Podes abandonar as sessões?
Tens de seguir exactamente a mesma sequência ?
É possível fazer uma versão ‘acelerada ’ de Stepping Stones?
Que tal se tu não tens acesso a um aparelho de vídeo ou de DVD?
O Manual pode ser traduzido para as outras línguas?
D.1 Adaptação
Stepping Stones constitui um processo e, como todos os processos, precisa de ser À2FCE e ÀFEmbora
seja muito importante compreender que cada uma das sessões ou ‘blocos’ principais seguem um ao outro
em progressão, há espaço para flexibilidade no número, foco e ordenamento dos exercícios entre eles. De
facto, é quase raro para o Manual ser rigorosamente acompanhado desde o princípio até o fim.
O caso para adaptação
Existem muitos motivos porque é importante adaptar o Manual. Tais incluem:
Tornâ-lo mais relevante para o contexto cultural
Responder as prioridades locais
Aumentar a participação local e o sentido de posse
Encorajar um pensamento crítico acerca dos objectivos e o que se pretende alcançar
Exemplos de adaptações:
Aqui estão alguns exemplos de diferentes formas em que o Manual foi adaptado:
(i) Adicionar nas sessões adicionais: Esta é a forma mais comum em que o Manual foi adaptado
para servir diferentes contextos. Por exemplo: Na África do Sul: novas secções sobre violência doméstica e violação foram acrescentadas e
a sessão sobre HIV tem sido alargada e actualizada para incluir os ARVs, testagem e outros
desenvolvimentos mais recente nos tratamentos disponíveis.
25 “Translation and Adaptation Guidelines (1998, revisto em 2002), www.steppingstonesfeedback.org.
"
Na Gâmbia uma nova sessão foi acrescida para mostrar a ligação entre o estado em relação ao
HIV e fertilidade, destacando a ligação entre o não uso do preservativo, ITSs, e a fertilidade
reduzida. Isto foi feito com o propósito de abordar os receios que os Ocidentais estavam a
promover o preservativo com o propósito de reduzir a fertilidade na Gâmbia. Uma nova
sessão sobre o mapeamento do corpo em relação a ‘vontade’ e ‘não vontade’ sexuais foi
também acrescido para tornar a discussão capaz da dificuldade da discussão do orgasmo e da
circuncisão feminina26.
Em Angola, a ACORD incluiu sessões adicionais sobre ITSs e a gravidez juvenil, ambas as
quais constituem preocupações prioritárias nas localidades onde eles trabalham.
Na Etiópia, a Save the Children adicionou nas sessões sobre Mapeamento Social, o calendário
do HIV e a Matriz de Risco com o propósito de ajudar os facilitadores a compreender melhor
a comunidade.27 A informação sobre aconselhamento e testagem voluntária (ATV) tem sido
incluida.
Em Moçambique, a CAFOD apoiou programas que adaptaram Stepping Stones para uso
com os estudantes da escola secundária nos lares estudantis.
(ii) Retirar as sessões:
Na Gâmbia: a sessão sobre álcool foi retirada porque, a Gâmbia é 100% Muçulmana e o álcool
está longe de constituir uma preocupação em relação as comunidades não Muçulmanas.
No Cambodja, a sessão final sobre a morte e a feitura de testamento foi retirada com base que
era culturamente inapropriada. Em outros países, contudo, tais como Zimbabwe e Gâmbia,
este exercício foi subsequentemente reintroduzido, com base na reflexão da sua importância
chave na abordagem de algo que acontece para todos nós, mas para o qual estamos muitas
vezes dificilmente preparado. Isso também permitiu uma discussão da ausência de direitos
de propriedade e de herança para mulheres em muitas partes do mundo, um problema que
pode afectar especialmente de uma forma as mulheres e crianças quando os seus maridos e
pais morrerem.
(iii) Mudança de ênfase
No batalhão do exército Angolano onde a ACORD estava a implementar SS, havia poucos casos
de pessoas conhecidas de terem morrido devido uma doença relacionada com o SIDA. No entanto,
é muito comum para as pessoas, especialmente homens, estar fora de casa por longos períodos
de tempo, especialmentes aqueles servindo no exército. Assim, foi decidido mudar a ênfase da
sessão designada de A Longa Viagem, que lida com a importância da feitura de testamento em
preparação para a morte. Ao invés disso, ela trata da feitura do testamento no contexto da longa
ausência de casa.
(iv) Mudar a sequência das sessões:
Como foi observado abaixo, é importante ser muito cuidadoso quando se muda o ordenamento
das sessões para garantir que a progressão do processo não seja deturpado. No entanto, é possível
mudar a ordem se, por exemplo, um exercício particular parece se enquadrar bem com um novo
exercício. Por exemplo, em Angola, a ACORD introduziu uma nova sessão sobre Violência
Doméstica e decidiu inserir o exercício sobre os Estatutos do Poder naquela sessão porque
pensou-se que isso funcionaria muito bem como uma ferramenta para ajudar as mulheres a
desafiar a violência em casa e noutros lugares.
26 Na Gâmbia, a circuncisão masculina e feminina são amplamente praticadas.
27 Bhattacharjee, P e Costigan, A (2005), p.21
4--
(v) Menor número de ilustrações:
A ACORD Tanzânia sentiu que os participantes seriam incapazes de fazer exercícios que
envolvem desenhos e escolher outros métodos ao contrário, tais como cantar ou simplesmente
falar. Contudo, vide a Caixa 11 em baixo.
Advertência: Coisas a ter cuidado quando estiver a adaptar
Stepping Stones
MO Ser fidedigno em relaDB aos temas
nucleares: Ligado aos principais blocos
das sessões no processo de Stepping
Stones, há quatro “temas” básicos . É muito
importante que cada um de tais temas seja
retido.
MO Respeitar a sequência: As pessoas podem
decidir por um motivo ou outro mudar a
sequência dos exercícios. Até um certo
ponto, isso está correcto, mas é importante
ter em mente que as actividades não são
organizadas em relação a uma mudança
de oportunidade, mas a uma que foi
cuidadosamente pensada:
@TU--?
Cooperação de grupo
HIV e Sexo Mais Seguro
Porquê nós nos comportamos nas
formas que fazemos
Formas em que podemos mudar
“Stepping Stones progride das sessões mais
fáceis com menor conteúdo emoncional,
para sessões mais desafiadoras, abordando
os tabus tais como as normas de género e
idade, e morte. Isso nunca visou ser como
um manual em que as pessoas podem meter
e apanhar: portanto, isso funciona mais
eficazmente onde o roteiro dos exercícios
progressivos foram estreitamente seguidos.”
(Alice Welbourn, 2007:126 )
MO Não perder todos as porções de ‘diversão’:
O processo deve ser divertido, bem como
sério. Tentar verificar que manténs em alguns dos exercícios que ajudam as pessoas a rir
e ter um bom tempo à medida que isso constitui uma parte fundamental do processo de
aprendizagem. Também, muitos dos jogos “divertidos” levam uma mensagem mais profunda
em relação à análise e estão aí para um fim.
MCO Manter uma abordagem participativa: Se visas novas sessões para lidar com questões
específicas, tais como a gravidez juvenil, esteja seguro de aplicar os princípios participativos
nucleares que estão no centro do processo de Stepping Stones.
MCO Não faça assunções precipitadas do que os participantes podem ou não podem fazer:
O assunto abordado por Stepping Stones e algumas das actividades envolvem falar sobre
tópicos que não são normalmente discutidos de forma aberta, tais como questões relacionadas
com sexo. Algumas vezes, os facilitadores eles próprios não estão satisfeitos em discutir tais
tópicos e, como resultado, eles procuram formas de evitar a necessidade de fazê-lo! Uma
forma é de convencer-se a si próprio que os participantes não estarão preparados para si
envolverem em tal discussão. Abaixo está um exemplo de um desses casos que recentemente
ocorreu quando a ACORD estava a implementar Stepping Stones numa pequena aldeia no
sul de Angola.
#
Caixa 12: ,GDP@B/E
?
-B
2BCEI[28E?Durante
o processo de Stepping Stones em Kanjanguite, constratou-se que as discussões de sexo tinham
focalizado demasiado nos preservativos, daí a ideia de orientação da discussão no sentido de
formas de ter sexo não- penetrativo foi discutido por duas mulheres facilitadoras – uma jovem
professora e outra uma mulher mais velha, muito activa na igreja. Surpreendentemente, a mais
joven das duas estava inflexível pois que essa discussão não podia ter lugar na aldeia embora
a senhora mais velha estivesse preparada para avançar nesse sentido. Os facilitadores do sexo
masculino tinha dúvidas semelhantes em relação aos homens. Como isso aconteceu, as mulheres
mais velhas na comunidade ficaram muito animadas durante a discussão e partilharam com as
colegas bastantes formas úteis de satisfazer um homem sem penetração, e isso tornou-se numa
das discussões mais vivas na aldeia! Igualmente, os soldados também partilharam informação
sobre a importância de satisfazer um mulher a ajudar a atingir o seu orgamo mesmo depois da
penetração ter terminado! Assim, a moral da história é : esteja seguro de não projectar os teus
próprios receios para os outros e esteja preparado para assumir os riscos!!28
Sensibilidade para com as diferenças religiosas
Muitos dos temas discutidos como parte do processo de Stepping Stones estão sujeitos a diferentes
interpretações religiosas. A religião joga um papel central nas vidas da maior parte das pessoas e as
comunidades em que eles fazem parte. Assim, a forma em que os temas são discutidos precisam de
tomar em conta as sensibilidades religiosas, especialmente onde existem diversos diferentes grupos
no seio de uma única comunidade.
Em Harrar, que é uma cidade largamente Islámica, constatou-se que a religião tem uma forte
influência em termos do que era aceitável e não aceitavel para os membros da comunidade que
participaram no programa de Stepping Stones da SCF. A avaliação recomendou que as sessões
sobre religião sejam incluidas em Stepping Stones e as barreiras religiosas para o sexo seguro
sejam identificadas e abordadas.
As questões de desigualdade de género no contexto da religião devem também ser abordadas. Mas
os facilitadores têm de ser muito habilidosos para facilitar tais sessões à medida que a religião pode
ser uma questão muito sensível. 29 O vídeo original implicitamente abordou o papel da religião nas
vidas das pessoas com cenas gravadas numa mesquita e numa igreja. Infelizmente, se o video não for
usado, isso pode ser fácil de subestimar o papel chave que a religião desempenha nas vidas da maioria
dos participantes. Portanto, é importante encontrar formas de encorajar os facilitadores de incluir
discussões da influência da religião sobre as atitudes em relação ao sexo, HIV, uso do preservativo,
género e grupos marginalizados de outras formas durante o workshop.
Uso de Stepping Stones sem o vídeo/DVD
O Manual de Stepping Stones é acompanhado por um vídeo mostrando partes do processo sendo
demonstrado. O vídeo foi produzido em Buwenda, Uganda, o primeiro lugar onde Stepping Stones
foi implementado. Um dos beneficios do video é que ele atraia muitas pessoas para as sessões. Além
disso, as cenas do video servem diversos fins. Tais incluem:
28
29
Extractos de tais discussões tanto com homens como com mulheres apreceram em ‘Comandos do Preservativo’ um novo filme encomendado pela
ACORD demonstrando Stepping Stones em acção em Angola
Bharracharjee e Costigan, 200, p.38
5
4--
Desafiar as atitudes e comportamentos traditionais (por ex. Homens sendo violentos e
mulheres sendo submissivas)
Fornecer modelos positivos. Por exemplo, A Longa Viagem demonstra um exemplo positivo
de um casal se preparando para a morte
Estimular uma discussão sobre as questões chave, tais como álcool e os seus efeitos
detrimentais
Encorajar os participantes a tomar parte no processo: os vídeos são um grande magnete!
No entanto, algumas vezes, o vídeo não pode ser utilizado por motivos práticos, tal como a falta de
enérgia eléctrica. Outras razões para não usar podem incluir:
Trabalhar com comunidades não-letradas/incapacidade das pessoas falarem a língua do
vídeo e/ou ler os sub-títulos.
Demasiado específico em termos culturais: O vídeo foi produzido em Uganda e, como tal, as
pessoas de outros países em África ou noutros lugares podem não ser capazes de identificarse com as pessoas no vídeo, portanto enfraquecendo o seu impacto30.
Evitar uma influência indevida: as pessoas podem imitar o que elas veem no vídeo/DVD ao
invés de desenvolver o seu próprio, respostas culturalmente apropriadas.
Uma forma de alcançar os mesmos resultados é de fazer com que os participantes actuem numa
peça ou dramatizem desenhando uma situação específica ligada ao tópico da sessão. Isto pode ser
igualmente poderoso e envolvente. Existem directrizes no manual sobre como dirigir um workshop
sem o vídeo. De forma alternativa, podes produzir o teu próprio video. Isto é o que a PLAN, por
exemplo, fez na América Latina.
Passos no processo de adaptação
As Directrizes de Adaptação31 esboçam os seguintes passos no processo de adaptação de Stepping
Stones para diferentes contextos. Estes são:
1.
2.
3.
4.
30
31
Fazer face a todas as fases do processo de Stepping Stones: antes de ser capaz de fazer as
adaptações, os facilitadores devem fazer face eles próprios ao processo de Stepping Stones
conforme desenvolvido no Manual original com o propósito de compreender as reações
individuais em relação aos exercícios baseados na experiência pessoal. Isso depois de
fornecer as bases para a adaptação.
Trabalhar juntamente com os outros para desenvolver um esboço da adaptação. Quer
(a) fazendo alterações à medida que uma pessoa avança; ou (b) fazendos as aterações
antecipadamente.
Testagem do esboço adaptado: quer na comunidade ou com um grupo de facilitadores.
Um processo contínuo: A adaptação de Stepping Stones, como o próprio Stepping Stones,
constitui um processo contínuo e deve ser visto como ‘trabalho em curso’ (Gordon, 1998).
Não existe uma ‘adaptação perfeita: uma que serve num lugar numa vez, pode não servir
novamente no mesmo lugar num período diferente ou num lugar diferente ao mesmo
tempo!
Em Angola, este ponto de vista levou a ACORD a encomendar a produção de um novo filme feito em Angola lançado em Setembro de 2007
entitulado ‘Comandos do Preservativo’
Gill Gordon, 1998, 2002
5.
Avaliação da experiência: o processo de Stepping Stones deve ser incluido trazendo os
participantes juntos depois de 6 meses para avaliar o processo. Isso também constitui uma
boa oportunidade para avaliar quaisquer adaptações feitas.
6.
Registo e documentação das alteraDP: é importante fazer o seguimento das alterações
e clarificar o processo e os objectivos de cada exercício na mesma forma que o Manual
existente faz. À semelhança, alterações subsequentes e os resultados de quaisquer avaliações
das adaptações feitas devem ser registadas e disponibilizadas para partilhar com os outros.
Isto é importante daí que não se volta para a estaca um todas às vezes que embarcas numa
nova experiência de Stepping Stones!
7.
Temas delicados. Existem temas misteriosos que não são apresentados no texto, mas
que percorrem por todo o processo do workshop. Estes incluem os direitos fundamentais
igualitários fundamentais de todos nós – quer estes tenham a ver com os direitos sexuais e
reprodutivos, direitos a serem envolvidos nas decisões que afectam as nossas vidas e aqueles
das nossas comunidades, direito à propriedade, bens e produção, herança, direitos ao respeito
mútuo, direito à coexistência pacífica livre da violência e/ou medo da violência e por aí em
diante. Estes não são apresentados de forma pública em relação ao propósito, porque aqueles
que têm poder numa comunidade, muitas vezes, se sentem ameaçados se eles ouvem este
tipo de falação – ameaçados que eles podem estar para perder este poder. No entanto, estes
temas são muito fortemente elaborados ao longo dos workshops e é util para os facilitadores
estarem cientes deles em qualquer adaptação.
D.2 Tradução
Stepping Stones tem sido usado em mais de 100 países no mundo. O Manual original foi produzido
em Inglês e Francês, mas ao longo dos anos, muitas organizações traduziram de forma independente
o Manual em outras línguas.
Em que línguas o Manual foi traduzido?
Não existe uma base de dados central para todas as traduções de Stepping Stones. No entanto, é
conhecido por um facto que ele foi traduzido em todas as seguintes línguas:
Francês
Português
Espanhol
Singhala
Ki-Swahili
Luo
Khmer
Vietnamita
Russo (em curso)
Amharic
Kinyarwanda
Bengali
Hindu
Nepalês
Afrikaans
Bahasi Indonésio
Existem mesmo diversas versões de traduções do manual em algumas línguas. Por exemplo, existem
pelo menos 3 na língua Portuguesa (Pedras Caminhantes, Alpondras, Caminhando de Mãos Dadas).
+
4--
Tais traduções são concisas e fiáveis?
Infelizmente, na ausência de qualquer sistema ou recursos para levar a cabo qualquer ‘controlo de
qualidade’, não é possível dizer com certeza quao concisa e verdadeira em relação à original que
tais versões são. Antes de usar um manual traduzido, os formadores devem idealmente lê-lo na
íntegra e comparâ-lo com o manual original, verificar se o mesmo flui bem e foi bem traduzido. Um
método que tem sido usado por alguns é obter feedback (retro-alimentação) dos participantes e fazer
as subsequentes alterações, com base no feedback recebido.
Em algumas traduções, constatou-se que se o tradutor não está familiarizado com as técnicas de
facilitação, as instruções tais como “pode” e “podia” tem sido traduzidos como “deve” e “devia”
– que são palavras muito importantes. A semelhança se um tradutor não está familiarizado com
questões de HIV e género, as traduções podem falar de “apanhar SIDA”, pode confundir “sexo”
e “género” e pode usar “ele” ao longo , ao invés de “ele/a”. Assim a qualidade da tradução é
chave e é de longe mais complicado do que muitas vezes se constata.
Posso usar uma tradução produzida por uma outra ONG?
Como se aplica as adaptações do Manual, cada tradução é até certo ponto provovável de reflectir
realidades culturais específicas na localização específica onde Stepping Stones está sendo usado.
Assim, por exemplo, a versão em Espanhol foi desenvolvida em Panama e, se for usada num diferente
contexto da América Latina, pode precisar de ser adaptada para reflectir as diferenças nas formas de
expressão e as formas de usar a língua naquele país. Isto ocorreu em Angola onde a ACORD tomou a
versão em Português produzida em Moçambique e adaptou-a para o contexto Angolano. Igualmente,
a ACORD Tanzânia adaptou a versão de Swahili existente para reflectir o contexto Tanzaniano.
Podes usar termos coloquiais para traduzir palavras e conceitos ligados a sexo e
orgãos sexuais?
Todas as sociedades têm as suas próprias palavras para falar sobre sexo e orgãos sexuais e existe
uma vasta gama. Isto pode também variar no seio da sociedade de acordo com a idade e o género
dos oradores.
Em Buwenda, onde o primeiro workshop teve lugar no Uganda, a palavra utilizada para pénis”
pelo grupo de homens jovens no vídeo foi considerado uma palavra grotesca pelas mulheres e
elas inicialmente recusaram a sua utilização no vídeo. No entanto, os homens jovens justificaram
que uma vez que essa era a palavra geralmente usada por eles , por isso foi importante demonstrar
o uso dessa palavra no exercício sobre o preservativo no vídeo. As mulheres respeitaram a
justificação dos homens jovens e esta palavra e esta cena foi mantida no vídeo.
É importante garantir que as palavras certas sejam usadas: umas que as pessoas compreendem,
mas também não causam demasiada ofensa (vide a caixa). Isto deve ser discutido durante a formação
do Facilitador e também com os participantes durante as sessões como as pessoas locais geralmente
têm as suas próprias palavras que aqueles de fora da comunidade podem não estar familiarizados
com elas. Ajudar as pessoas a estar confortáveis com a linguagem de sexo constituem uma parte
importante do processo de Stepping Stones e é essencial para atingir alguns dos objectivos nucleares,
tais como a promoção da comunicação e diálogo acrescida em torno de sexo e relações entre parceiros
e entre adultos e jovens e pais e filhos.
E.
MONITORIA E AVALIAÇÃO
Tanzânia
Tanzânia
Tanzânia
3
E.
Monitoria e Avaliação
A monitoria e avaliação é muitas vezes considerada como uma ‘adição’ opcional e/ou um procedimento
pesado que tem de ser levado a cabo, principalmente para satisfazer os doadores. No entanto, conforme
discutido nesta secção, a monitoria e avaliação deve ser considerada como uma parte integral do
próprio processo de Stepping Stones. Tendo dito isso, o registo até à data em relação a monitoria e
avaliação de Stepping Stones deixa muito a desejar.
A qualidade muito fraca desiquilibrada e maioritariamente das revisões e avaliações existentes de
Stepping Stones foi destacada num relatório recente de uma ‘revisão das avaliações’ de Stepping
Stones, encomendada pela ActionAid International (AAI)32. Conforme foi destacado por essa revisão,
um dos grandes desafios colocado pela avaliação de Stepping Stones está na natureza participativa
do processo, que apela para uma abordagem muito diferente em relação a avaliação, uma que esteja
enraizada nos princípios de participação e respeito pelo sentido local de posse do processo e dos seus
resultados.
Este relatório também destaca outras razões para a fraca qualidades das revisões e avaliações, que
incluem: a fraca prioridade dada por muitas ONGs a M&A; falta de capacidades e /ou ferramentas
nesta área; falta de fundos; tempo e reursos limitado do pessoal; falta de objectivos claros; e fraca
documentação do próprio processo.
Tais imperfeções na área de monitoria e avaliação tem tido um número de consequências adversas. Por
exemplo, o financiamento de Stepping Stones foi recentemente retirado porque não existe evidência
suficiente que a abordagem funciona33 Não obstante, um processo de M&A participativo eficazmente
implementado tem o potencial de empoderar os beneficiários envolvendo lhes na auto-avaliação dos
seus próprios processos e no desenvolvimento de recomendações para a melhoria da prestação de
Stepping Stones no terreno. Assim, a falta de atenção em relação a qualidade da M&A constitui uma
oportunidade perdida, tanto para aqueles implementando Stepping Stones e para aqueles na fase de
recepção do mesmo.
:'-;'-<*'-'$-'--'!)
32
33
O que é necessário para monitorar e avaliar ?
Quem precisa de saber e o que eles precisam de saber ?
O que monitoria presupõe e que ferramentas podem ser utilizadas ?
Porque fazer uma avaliação do impacto?
Existem quaisquer indicadores fixos ou padronizados que podem ser utilizados ?
Como tomas em consideração as diferenças culturais e as outras diferenças contextuais ?
Que métodos podem ser utilizados para a M&A e quais são os pontos fortes e fracos de
cada um ?
Como lidar com problemas, como informação contraditoria, questões em torno da fiabilidade
dos dados, as dificuldades no acesso aos dados, e por aí em diante?
Que tipo de critérios podem ser aplicados quando estiver a desenvolver uma estratégia de M&A?
Wallace, 2006
Seguindo as recomendações da avaliação de médio-prazo do projecto da Support to the International Partnership against AIDS in Africa (SIPAA),
o Departmento para o Desenvolvimento Internacional (Dfid) decidiu retirar o financiamento para o trabalho de Stepping Stones da AAI em
Ruanda, Burundi, Etiópia e Gana sob o programa da SIPAA. Os outros países foram também afectados conforme o DFID decidiu de suspender
todo o financiamento para o trabalho de Stepping Stones por outras ONGs também (Wallace, 2006, p.7)
+"
E.1
Monitoria: fim e ferramentas
Ao contrário da avaliação, que tende a ocorrer no final do processo, a monitoria constitui um
processo contínuo. Além disso, o seu foco é mais concreto e prático. Dentre os propósitos chave
da monitoria estão:
Garantir que Stepping Stones esteja a decorrer sem sobresaltos
Identificar quaisquer constrangimentos ou problemas enfrentados pelos participantes e/ou
facilitadores durante a implementação de Stepping Stones (por exemplo, fraca participação,
participação desigual/ dominação masculina das discussões nas sessões, etc)
Ser capaz de fazer mudanças ou adaptações conforme necessário (exemplos de mudanças
podem ser a calendarização das sessões, a linguagem usada, o estilo da facilitação e por aí
em diante)
Tornar a liderança local e os parceiros locais capazes de acompanhar o processo, desse
modo promovendo e reforçando a posse local do processo.
Fortalecer uma mudança de comportamento sustentável através do encorajamento de reflexão
sobre mudanças durante o processo34
De acordo com tais fins diversos, a monitoria pode assumir uma variedade de formas diferentes
e envolve uma gama de diferentes actores no processo, incluindo os próprios participantes, os
facilitadores, trabalhadores da agência e outros actores locais, incluindo aqueles representados no
Comité de Assessoria do Projecto, se houver um lugar.
Que ferramentas podem ser usadas?
A seguir estão alguns exemplos de ferramentas desenvolvidas e usadas por diversas organizações:
Monitoria participativa do impacto do processo
As fichas de monitoria que podem ser aplicadas em fases específicas no processo foram desenvolvidas
pelos praticantes de Stepping Stones em Zimbabwe para seguir as mudanças de atitudes usando um
simples formato de questionário. No final de sessões específicas, os participantes são solicitados a
responder a um conjunto de perguntas escolhendo um das 3 caixas – ‘sim’ ‘não’ ou ‘não sei. Como no
caso do método de Cabine de Votação (vide a Secção B – Planeamento e Preparação), os participantes
podem submeter as suas respostas de forma anónima, para que eles não tenham de se preocupar com
os outros que sabem o que eles dizem em relação à ficha. As perguntas 35 se relacionam com os temas/
questões nucleares que Stepping Stones lida com, designadamente:
Comunicações no seio da família
Ter sexo
Estigma e HIV
Preservativos
Controlo em relação ao dinheiro
Padrões da despesa
Violência doméstica
Preparação para a morte
34
Avaliação de Harrar, Bhattacharjee and Costigan report, 2005
35
As perguntas precisas colocadas podem ser encontradas na página de Stepping Stones na internet: www.steppingstonesfeedback.org
+
4--
A principal vantagem deste tipo de monitoria contínua do impacto é que ela pode ajudar as pessoas a
formalizar a aprendizagem e reconhecer e apropriar-se do seu próprio progresso, à medida que eles
passam por fases sucessivas do processo, fortalecendo desse modo a sustentabilidade de um prazo
maior dos resultados das mudanças. Isto pode também ser feito numa base mais informal perguntando
os participantes no final de cada sessão como eles vão usar o que eles aprenderam antes da sessão
seguinte. No início das próximas sessões, os participantes podem ser solicitados a partilhar com
outros as suas experiências de fazer isso.
Manutenção dos registos pelos facilitadores: Os facilitadores são solicitados a manter os registos
como se segue –
a)
Manter um registo dos participantes por forma a ver a manutenção dos níveis de
participação.
b)
Registando quaisquer questões/discussões ‘importantes’ que surgem durante as sessões; isto
é tanto quanto subjectivo, mas é um forma de manter um registo de alguns comentários ou
reações significativos por parte do participante
c)
Registar as perguntas difíceis que o facilitador não soube como responder, as reações não
esperadas por parte dos participantes, e por aí em diante.
d)
Manter o seguimento das histórias descritas nas dramatizações dos participantes.
É importante fornecer aos facilitadores uma orientação clara dos tipos de questões, diálogo ou
comentários pelos participantes que vale a pena registar de outra forma existe um perigo de recolher
demasiada informação que ninguém tem tempo de ler ! Isto é o que aconteceu na Gâmbia.
2""?/DBT
U?4H
Na Gâmbia, os facilitadores foram solicitados a registar o efeito das sessões semanais, mas
nenhuma orientação foi fornecido. Assim, eles registaram quase tudo. Isto teve um impacto
negativo em relação a facilitação e também resultou em demasiada informação em relação ao
processo. Consequentemente, o período seguinte em que Stepping Stones foi implementado, os
exercícios onde foi importante registar as coisas foram claramente identificados.
A selecção de exercícios pensados de valer a pena registar podem variar de um lugar para o seguinte
e deve ser discutido dentre o pessoal e facilitadores da agência.
Encontros regulares com os facilitadores:
O pessoal da ACORD reune-se todas as semanas ou em duas semanas tanto antes como depois das
sessões. Isto proporciona uma oportunidade para os facilitadores levantarem quaisquer preocupações
ou questões que eles têm em relação a uma sessão mas para o pessoal da ACORD para monitorar
o progresso do processo e discutir com os facilitadores as possíveis mudanças ou adaptações
necessárias.
+#
CCBE
É também importante envolver outros actores no processo de monitoria. Como foi anteriormente
observado na Secção B, a estratégia usada pelos programas da ACORD foi de estabelecer os
Comités de Assessoria local, reunindo os diversos actores locais, tais como os provedores de
serviços de saúde, líderes locais, líderes tradicionais, líderes de igrejas, etc. Tais Comités reuniram quinzenalmente durante o processo de Stepping Stones e foram atribuidos relatórios de progresso
pelo pessoal da ACORD e os facilitadores locais. Os encontros foram também utilizados como uma
oportunidade para discutir a advocacia e as implicações políticas das questões que surgiram do
processo. Assim, para além da sua contribuição para o funcionamento do próprio processo Stepping
Stones sem sobresaltos, o envolvimento de tais Comités ou outros fora semelhantes também
desempenharam um papel chave no fortalecimento da posse ao nível local e uma sustentabilidade
de Stepping Stones num prazo mais longo.
E.2 Os propósitos da avaliação e os passos chave no processo
Para além da monitoria contínua do processo que é necessária para garantir que ele fique nos carris,
existe também a necessidade de rever e avaliar o impacto de Stepping Stones num prazo mais longo.
O foco da avaliação do impacto e a gama de ferramentas e abordagens que podem ser adoptadas são
discutidos abaixo.
Os propósitos da avaliação
As motivações e o foco principal da avaliação do impacto varia amplamente reflectindo as diferentes
prioridades e perspectivas dos diferentes parceiros envolvidos. Embora exista um grande quantidade
de sobreposição entre as motivações dos parceiros, a ênfase dada as diferentes motivações pode
diferir. Assim, por exemplo, pode-se dizer que, para a maior parte:
A comunidade e os profissionais de HIV e SIDA querem uma melhor evidência para que eles
possam melhorar a prática no terreno.
A comunidade doadora quer ‘provar’ que Stepping Stones funciona e o seu dinheiro está
sendo colocado num bom uso
Os políticos querem saber que os seus objectivos e metas de prevenção politicamente
dirigidos estão sendo concretizados
A comunidade académica quer produzir uma evidência convincente que satisfaz os seus
próprios critérios rigorosos
Activistas do HIV e dos direitos das mulheres querem garantir que os direitos das mulheres
e os direitos das pessoas com HIV sejam protegidos; e que menos pessoas enfrentam a
violência ou o HIV como resultado da sua posição na sociedade.
Os praticantes de nível local querem ver mudanças ao nível da comunidade, tais como uma
redução na violência de género, sensibilização acrescida do HIV, relações mais abertas e
iguais e por aí em diante.
Os participantes podem ter uma gama de interesses, incluindo o aumento da auto-confiança
entre as mulheres, melhores relações sexuais entre os casais, mais respeito e compreensão
entre os pais e filhos e por aí em diante.
Para as ONGs, os interesses dos praticantes e os participantes devem ser primordiais. No entanto,
as ONGs também têm de se envolver com os outros actores, tais como formuladores de políticas,
+5
4--
que podem desejar influenciar, os doadores de quem eles procuram financiamento, a comunidade
profissional do HIV& SIDA que influenciam a prestação de serviços, a comunidade de activistas e
académicos com quem eles algumas vezes colaboram. Assim, até certo ponto, as ONGs têm de tentar
satisfazer as exigências de todos ou a maioria desses diferentes actores.
Assim, para a maioria das ONGs, os propósitos da avaliação são susceptíveis de incluir qualquer ou
tudo do seguinte:Avaliar o grau em que os objectivos do programa tem sido cumpridos
Descobrir dos participantes o grau em que os propósitos e prioridades individuais e
comunitárias foram abordadas
Fornecer uma evidência convincente da eficácia de Stepping Stones para os doadores
Identificar e partilhar as lições aprendidas com os outros relacionados com a implementação
do processo de treinamento em Stepping Stones
Os passos envolvidos no processo de avaliação
A avaliação não apenas acontece no fim do processo. Ela precisa de ser pensada antes mesmo de
iniciar bem como durante e depois do processo. Os quatro principais passos ou fases no processo
pode ser identificado:
%?¿TJCU
%?CECF¿2
\8EJ&CY[6-DB$]
%0?CB¿ENLJMGO
%@?CEDBMGEO
Passo Um: Identificar os indicadores ‘chave’ do impacto
Antes de embarcar no processo de implementação e avaliação de Stepping Stones, é importante ter
uma ideia clara do que estás a tentar alcançar. A claridade sobre os principais propósitos de Stepping
Stones no contexto em que está sendo implementado é necessário, tanto como o propósito de orientar
o desenho e a estratégia do programa mas também como a base para a monitoria e avaliação do
programa.
Apesar das variações reflectindo as diferenças socio-culturais de um lugar para o outro, existem
um certo número de questões ‘chaves’ (por ex. Inequidades de género, violência física, sexual,
financeira e psicológica de género, falta de comunicação, falta de equidade na tomada de decisões
ou responsabilidade partilhada para as tarefas ou despesas do lar, falta de práticas sexuais mais
seguras, falta de direitos de propriedade e de herança para as mulheres, ignorância baseada nos mitos,
estereótipos e discriminação ligado ao HIV, etc) que o processo de treinamento de Stepping Stones foi
concebido para abordar. Estas questões ‘chave’ constituem o foco da avaliação do impacto. A Caixa
abaixo apresenta a listagem das seis questões ‘chave’ identificadas pela ACORD em 3 contextos
diferente do país onde o projecto foi implementado.
+
'-<*'(%M¿EO?
1.
Nível acrescido de compreensão do HIV E SIDA
2.
Redução do estigma relacionado com o HIV E SIDA
3.
Redução no sexo não seguro e em outras práticas sexuais ariscadas
4.
Comunicação melhorada entre os géneros e gerações
5.
Aumento da equidade de género nas respostas baseadas na comunidade
As outras agências podem, no entanto, têm prioridades ligeiramente diferentes não reflectidas neste
conjunto de indicadores chave, daí que toda a organização precisa de passar pelo seu próprio processo
de desenvolvimento de indicadores em sintonia com os seus próprios propósitos e objectivos.
Passo dois: Desenvolver indicadores de impacto de contexto específico
Os indicadores chave são como indicadores ‘aglutinadores’: eles determinam a direcção geral da
mudança. No entanto, mais indicadores de ‘contexto específico’ são necessários que tomem em
consideração dos diferentes contextos culturais, incluindo os diferentes entendimentos de sexo,
comportamento sexual, relações de género e de família, hierarquias etárias e crenças e práticas
culturais. Os indicadores mais específicos são também necessários para permitir que o impacto ou a
mudança seja medida.
Por exemplo, se o indicador ‘chave’ é de ‘aumentar a equidade de género’, os indicadores específicos
são necessários como base para avaliação do grau em que a equidade de género aumentou ou diminuiu.
O primeiro passo é de formular claramente os aspectos específicos das relações de género que tu
queres ver alterado. Assim, por exemplo, se o inquérito CAPC demonstrou que a violência de género
e as atitudes sexistas são muito prevalescentes na comunidade onde Stepping Stones está sendo
implementado, o teu indicador de contexo específico pode ser : “reduzir pela metade o número dos
homens que pensam que uma esposa que desobedece deve ser batida.”
Os passos e questões chaves a considerar quando estiver a
identificar os indicadores de contextos específicos:
Involver a comunidade e os outros actores locais
O envolvimento comunitário na identificação de indicadores específicos é crucial por dois motivos
principais:
-
Garantir que os indicadores sejam relevantes e reflictam as prioridades e preocupações
comunitárias
-
Fortalecer a posse comunitária do processo, fortalecendo desse modo a sustentabilidade do
impacto num prazo mais longo.
Além disso, os outros parceiros locais, como a liderança local e tradicional, líderes de igrejas, provedores
de serviços, políticos, e por aí em diante, devem estar envolvidos por razões semelhantes.
++
4--
Rever as constatações do inquérito do levantamento CAPC
O Inquérito CAPC deve fornecer os dados do levantamento relacionando cada um dos Indicadores
Chave e destacar as questões de relevância específica a cada contexto. O contributo insumo da
comunidade e de outros actores locais neste processo pode ser facilitado convocando um encontro dos
membros da comunidade e de outros representantes locais para apresentar e discutir as constatações do
CAPC. Os outros trabalhadores da agência trabalhando no HIV e SIDA devem também estar envolvido
no processo. A Caixa abaixo fornece alguns exemplos demonstrando como as constatações do CAPC
podem ajudar a orientar o processo de desenvolvimentodo de indicadores de contexto específico.
> "? EC % S CEC2F¿
Nível acrescido da compreensão do HIV e SIDA (Indicador Chave 1): O inquérito de
Gulu constatou que num dos campos, apenas 11% dos inquiridos sabiam que o sexo não
seguro pode levar ao HIV e SIDA. Assim, um indicador específico relevante para este
campo seria um aumento na percentagem de pessoas que sabem como o HIV pode ser
transmitido.
Redução do Estigma (Indicador Chave 2): O inquérito de Gulu constatou que 55%
das mulheres e 60% dos homens veem as mulheres HIV- positivas como ‘prostitutas’
(onde, de facto, a maioria das mulheres é infectada no casamento). Assim, um indicador
do projecto específico ao país pode ser de ver uma mudança em tais atitudes, tanto para as
pessoas com HIV como para as trabalhadoras de sexo.
Comunicação melhorada (Indicador Chave 4): O Inquérito CAPC de Mwanza constatou
que as mulheres raramente discutem sexo com os seus parceiros: 83% dos inquiridos
disseram que é o homem que inícia as discussões sobre sexo no seio dos casais. Assim, um
indicador específico relacionado com a comunicação entre casais pode ser um aumento na
percentagem das mulheres que iniciam as discussões sobre sexo.
Identificar os meios de verificação
Esta é uma parte crítica no processo de identificação dos indicadores específicos. Não existe um ponto
na identificação de um indicador específico a não ser que haja alguma forma de verificá-la (dentro da
razão!). Por exemplo, se tu escolhes ‘redução no bater da esposa’ como um indicador de ‘equidade de
género’, deves primeiro assegurar que és capaz de aceder à informação sobre a prevalência do bater
da esposa – e comparar isso com a tendência anterior a implementação de Stepping Stones.
Algumas vezes, não é possível obter informação sobre um indicador específico, daí que ao invés de
precisares de usar um . Por exemplo, não é possível verificar com certeza se
as pessoas que afirmam usar sempre um preservativo o façam de facto mas podias obter informação
sobre o nível da exigência para os preservativos dos centros de saúde, bancas de mercado ou outros
locais onde os preservativos são distribuidos para as pessoas.
CC
Mais preservativos sendo
vendidos no mercado
Mais preservativos sendo
distribuidos nos centros
de saúde
Mais preservativos usados encontrados fora das
zonas da discoteca
+
No caso de indicadores, como a redução de estigma, pode ser necessário de usar um indicador
substituto, tais como o número de pessoas que desejam revelar o seu estado em relação ao HIV,
número de pessoas exigindo benefícios relacionados com o HIV no local de trabalho ou noutros
lugares, o surgimento de novas Associações de pessoas vivendo com HIV e outros indicadores.
DBMEZ
<*-O
Aumento no número de pessoas que vão para o ATV
Mais pessoas exigindo
benefícios relacionados
com HIV (por ex. no local
de trabalho)
Surgimento de novas associações de pessoas vivendo
com HIV
%0?CB¿NLJMGO
A fase final do próprio processo de Stepping Stones, que ocorre depois da apresentação dos Pedidos
Especiais da Comunidade, pressupõe fazer com que os próprios participantes realizem uma miniavaliação do processo. Cada participante é solicitado para lembrar a esperança e o receio exprimido
no princípio do processo e de rever se isso foi materializado ou não e para fazer um comentário
geral sobre as suas experiências do workshop. Isto fornece aos participantes uma oportunidade para
exprimir nas suas próprias palavras o que elas sentiam que retiraram do workshop e/ou o que elas
sentem estava a faltar e que mudanças elas gostariam de ver.
%@?CEDBMEGO
A avaliação do impacto ocorre pelo menos seis meses depois do final do processo de Stepping
Stones, embora o intervalo preciso possa variar largamente. Em alguns casos, a avaliação de
seguimento é levada a cabo depois de seis –nove meses, em outros num ano ou evento de dois.
Como já foi observado, o foco e propósito por detràs da avaliação do impacto difere dependendo dos
propósitos da avaliação cuja agenda toma prioridade. Em correspondência existe uma vasta gama de
métodos e abordagens que podem ser utilizados e estes tendem a reflectir as diferentes prioridades e
agendas. Assim, por exemplo, a comunidade doadora e dos políticos tendem a favorecer abordagens
quantitativas baseadas na evidência mais rigorosas, tais como inquéritos de larga escala ou ensaios
aleatórios controlados (RCTs) embora os praticantes e participantes favoreçam mais abordagens
qualitativas e participativas. O ideal é talvez fazer ambas as coisas, mas os doadores raramente
fornecem fundos suficientes para isso.
As características e os pontos fortes e as fraquezas de diversas abordagens são discutidas na
sessão seguinte.
E.3
Métodos de avaliação do impacto
Como foi acima mencionado, os métodos de avaliação usados variam de acordo com o fim e podem
ser geralmente divididos em dois tipos gerais: quantitativo e qualitativo. Em muitos casos, uma
mistura de ambos é usado. Alguns dos principais métodos e ferramentas que têm sido usados para
fins de avaliação de Stepping Stones estão descritos abaixo:
+1
4--
MO
(8@C
Inquéritos ‘antes’ e ‘depois’
A ACORD e outros já tentaram produzir evidência do impacto de Stepping Stones usando um
inquérito baseado num questionário em 2 fases: antes da implementação de Stepping Stones e seis ou
doze meses depois.
Em Uganda, um 0 foi usado colocando as mudanças que ocorreram
em 3 pontos diferentes: imediatamente depois de Stepping Stones; 6 meses mais tarde; e 12 meses
mais tarde. Isto demonstrou claramente que as mudanças iniciais não foram mantidas. Com base
em análise adicional, constatou-se também que as mudanças foram afectadas pela sazonalidade e
pelo acesso ao dinheiro.
Se um inquérito do levantamento CAPC tiver sido realizado antes da implementação de Stepping
Stones, então um inquérito repetido deve ser realizado, fazendo as mesmas ou perguntas muito
semelhantes, algum período depois do final do processo de Stepping Stones para que as respostas
dadas pelas pessoas antes e depois do processo possam ser comparado.
Há um número de questões chave a considerar quando estiver a planear e implementar um CAPC
repetido. Estes são:
:%DBCEG^
Antes de fornecer evidência da mudança, o propósito do CAPC repetido é de mostrar o grau em que
as mudanças nos comportamentos e atitudes reportados por parte dos participantes de Stepping Stones
são sustentáveis durante um período de um prazo mais longo. Assim, o CAPC repetido não deve ser
realizado por E + ¿E - -. Idealmente, a avaliação
do impacto deve ser repetido depois de 3-5 anos para determinar se antes das mudanças terem sido
sustidas e /ou mudanças adicionais têm de ocorrer em tais áreas36
:CE@8^
Decidir quem incluir como inquiridos no CAPC repetido não constitui um processo directo como
pode parecer a primeira. Há diferentes abordagens possíveis, cada um fazendo suscitar conjuntos
diferentes de questões que precisam de ser consideradas quando estiver a decidir em relação a que
abordagem optar. Estes estão sumarizados na Caixa abaixo:
E#?'EJ@8%
:
Inquiridos no Inquérito Boa para fins comparativos, mas pode não ser possível de incluir todos
de levantamento
os inquiridos originais à medida que alguns podem não residir mais na
comunidade /não ser contactáveis
Apenas os participantes O inquérito de repetição demonstrará como aqueles que passam pelo
de SS
processo foram afectados, mas isso não te dirá se os outros foram
influenciados também
Os participantes de SS A vantagem de incluir os outros membros do agregado é que isso
mais outros membros do demonstrará o grau em que a experiência de Stepping Stones pode ser
agregado
partilhada pelos parceiros e outros membros da família, não apenas os
próprios participantes. Isto obviamente tem implicações em termos de
financiamento e considerações políticas à medida que isso afecta a forma
em que os ‘beneficiários’ são contados.
36
Wallace, Evaluating Stepping Stones, p.27
+3
Não participantes de SS Além de ser capaz de comparar os comportamentos e atitudes
ou grupo de ‘controlo’ das pessoas ‘antes’ e ‘depois’ de Stepping Stones, isso é também
útil para comparar tais em relação a um grupo de pessoas que não
estiveram expostos a Stepping Stones e não tiveram contacto com os
participantes de Stepping Stones. Com o propósito de ser capaz de
fazer comparações validas , é necessário escolher um grupo de controlo
com o maior número de semelhancas quanto possível para o grupo
participante em termos de características socio-económicas, religião,
cultura, e por aí em diante, de forma a assegurar que as diferenças não
sejam principalmente devido a tais outras diferenças ao contrário das
diferenças ligadas à Stepping Stones.
'EM<(8'@48O4'(
O questionário da Escala GEM foi primeiro desenvolvido como um instrumento de treinamento
em género na América Latina em 1999 e foi subsequentemente adoptado para fins de pesquisa nas
ligações entre as normas de género e a vulnerabilidade do HIV no Brazil37. O questionário usado
compreendeu uma série de declarações (35 no total) cobrindo todas estas áreas com as quais os
inquiridos podem tanto concordar, concordar parcialmente ou discordar. Uma versão mais breve da
Escala GEM (17 perguntas) foi aplicado pelo Projecto Regional de HIV e SIDA do Pacífico para fins
de avaliação do Programa Piloto de Stepping Stones em Fiji (Vide o Anexo 1). O instrumento foi
usado de forma eficaz para identificar as mudanças nas atitudes e comportamento dos homens. Os
inquiridos do sexo masculino constararam o instrumento ser fácil de usar e alguns inquiridos mesmo
acolheram a oportunidade de considerar as suas atitudes em relação a gama de questões relacionadas
com género. No entanto, uma crítica do instrumento por parte de um formador da Nigéria é que
um instrumento semelhante deve ser desenvolvido para examinar as atitudes femininas, ao invés de
focalizar apenas nos homens. Algumas das perguntas podiam também ser adaptadas adicionalmente
para melhor reflectir o processo de Stepping Stones.
2 "#? E E E @8
A formululação das perguntas é muito importante. Uma atenção especial deve ser dada
para assegurar que as perguntas não sejam inquiridos direcionados para responderem
numa forma específica.
O tamanho da amostra é importante: em média, os inquéritos devem ser baseados em mais
ou menos de 50 pessoas para ter validade.
Os estudos de avaliação devem ser realizados por alguém /ou uma equipa que tenha uma
boa compreensão de Stepping Stones, mas é independente da agência de implementação
para evitar os preconceitos e adicionar a credibilidade das constatações.
As pessoas recrutadas para realizar os questionários do inquérito devem ser concedidos
algum treinamento básico sobre técnicas de entrevista
Onde for possível, os inquéritos anónimos, como a cabine de votação, deve ser utilizado
com bases éticas. Mas, onde os inquéritos do questionário são usados, incluindo as
questões pessoais, relacionando com a vida sexual e por aí em diante, a pessoa realizando a
entrevista deve ser de preferência do mesmo género que uma pessoa sendo entrevistada.
37
Pulerwitz et al, 2006
4--
Ensaios aleatórios controlados (RCT)
Ensaios aleatórios controlados são inquéritos de larga escala usando métodos de pesquisa rigorosos,
incluindo um grupo de controlo, com o propósito de fornecer uma evidência cientifica convicente
do impacto. O primeiro e apenas tal estudo de Stepping Stones é um estudo recente levado a cabo
pelo Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul (South African Medical Research Council), que
envolveu uma amostra de 2,783 homens e mulheres jovens. O estudo foi baseado num questionario
extensivo administrado em 35 comunidades e também usou os padrões de evidência médica para
testar as exigências de mudança de comportamento, incluindo o teste de HIV38. Tais estudos são
muito caros e exigem o envolvimento de pesquisadores altamente qualificados e não são, portanto,
apropriado para as ONGs com mais recursos limitados.
Uso de dados quantitativos:
Os dados quantitativos são também geralmente usados em relação aos indicadores ‘mensuráveis’, tais
como tomar os fornecimentos de preservativo; o aumento/redução nas ITS reportados nas clínicas;
aumento no uso dos serviços de ATV, e outros. Mas, devido aos fracos ou inexistentes procedimentos
de manutenção dos registos nos serviços públicos, a recolha de tais dados apresenta desafios
significativos conforme ilustrados no exemplo abaixo.
Na província do Namibe, uma região predominantemente nómada no Sul de Angola, a ACORD
queria confirmar os relatórios do aumento de pedidos de preservativos dos membros dos grupos de
pastores. No entanto, isso não era possível porque não havia registo da distribuição do preservativo
que eram mantidos pelo posto de saúde local, apesar do facto que a ACORD tinha anteriormente
solicitado para que essa informação fosse mantida. Na discussão, surgiu que o pessoal não tinha
uma experiência anterior de manutenção dos registos e não sabia com lidar com isso.
Estes exemplos demonstram que o acesso aos dados quantitativos não podem ser tomados a título
gratuido e a construção de capacidade no seio do sector público, incluindo o treinamento em áreas,
tais como a manutenção dos registos devem ser incluidos na estratégia de Stepping Stones.
MO
@ECC?
A maior parte das avaliações de Stepping Stones usa abordagens participativas. Há demasiado
abordagens que podem ser usadas, tais como a observação participante, entrevistas com informantes
chaves, discussões em grupo focal e outros. Muitos têm também usado uma gama de métodos de
PRA (Avaliação Rural Participativa), tais como mapeamento, mapas de fluxos, diagramas, tendências,
dramatização, planos diários, calendários, mapas circulares das receitas e despesas, mapas de
mobilidade, hierarquia da análise problema, diagramas de venn, árvore do problema, e outros.
Mudanca Mais Significante (MSC)
Um método recentemente usado pela PRHP para avaliação do Projecto Piloto de Fiji é designado de
método de Mudança Mais Significante (MSC). Este método, que tem sido amplamente usado para fins
de monitoria e avaliação dos programas de mudança social39 envolve o uso de um questionário semifechado onde os participantes são solicitados a recontar por suas próprias palavras o que eles sentem
38
‘A cluster randomised controlled trial to determine the effectiveness of Stepping Stones in preventing HIV infections and promoting safer sexual
behaviour amongst youth in the rural Eastern Cape, South Africa: trial design, methods and baseline findings’ (Um conjunto de ensaios aleatórios
controlados para determinar a eficácia de Stepping Stones na prevenção da infecção pelo HIV e na promoção de um comportamento sexual
mais seguro entre os jovens na zona rural do Cabo Oriental: Desenho do ensaio, métodos e resultados do levantamento). Tropical Medicine and
International Health. Raches Jewkes and a research team from MRC, Pretoria, 2006.
39
The ‘Most Significant Change’ (MSC) Technique: A Guide to Its Use” by Rick Davies and Jess Dart (2005). 104 páginas.
"
tem tido o impacto mais significante de Stepping Stones nas suas vidas e porquê. Esta ferramenta
fornece perspectivas maiores nas mudanças que surgem do processo e tem a vantagem que as mudanças
mencionadas refletem as experiências vividas pelos participantes e não sejam influenciados pelas
perguntas do(s) pesquisador(es). (Vide o guia de Contar histórias usado no Anexo 3).
E.4
Desafios Chave
A Tabela abaixo destaca um número adicional de desafios relacionados com a monitoria e avaliação
e sugeriu as formas de abordá-las.
E5?¿(_
¿
,
6ZE
A recolha de dados do levantamento é Precisa ser integrado no calendário e orçamento do
dispendiosa e consome muito tempo
projecto. Ser selectivo em relação a que dados são
colectados e mantê-los para uma minimo simples.
As pessoas podem não responder de forma Use métodos, tais como o método de cabine de votação
honesta em relação aos questionários. O ou os questionários da escala GEM anónimos, que
que pode ser feito em relação a isso?
permitem as pessoas responder de forma anónima.
Sempre ‘triangular’ a informação de diversas fontes
para ver se a informação dada é consistente.
As constatações da avaliação podem ser Quando isso ocorre, precisas de analizar de forma
contraditórias e/ou difíceis de interpretar crítica dos métodos utilizados para cada e /ou levar
a cabo pesquisa mais em profundidade usando,
por exemplo, um punhado de estudos de caso em
profundidade
Dificuldade no acesso aos dados das Desenvolver parcerias com estas estruturas e fornecer
instituições governamentais com o treinamento para o pessoal, o aumento de sensibilização
propósito de seguir as tendências no uso sobre o HIV e SIDA e construir apoio e compreensão
do preservativo, tratamento de ITS e por do trabalho de Stepping Stones
aí em diante.
E.5
Sumário: directrizes e princípios
Como foi anteriromente observado, não existem regras ou receitas fixas para levar a cabo a M&A. No
entanto, algumas directrizes e princípios práticos podem ser produzidas para ajudar os programadores
e praticantes quando estiver a planear a sua estratégia de M&A:
Os métodos de avaliação devem ser os primeiros e os principais a beneficiar os participantes
e a informação deve ser da posse deles
Mistura e correspondência: Idealmente, uma gama de métodos deve ser usados, incluindo
alguns quantitativos e alguns qualitativos com o propósito de captar as vantagens de ambos
métodos.
É importante estar claro sobre a quem a avaliação se destina: isso pode ser para diferentes
parceiros (doadores, políticos, académicos..) mas, em todos os casos, os estarão entre eles
4--
As avaliações podem satisfazer alguns padrões minimos , que devem incluir o uso apropriado
de metodologias, aderência aos padrões éticos e claramente documentados40
A necessidade de métodos realistas e manuseáveis de M&A baseados nas capacidades e
recursos das ONGs41
Os métodos escolhidos devem ser baseados no que é realmente importante de saber e a
que custo em termos de intrusão, ética, tempo e dinheiro
Fixar os indicadores do impacto e a recolha de dados do levantamento saã fundamentais?
Com o propósito de avaliar o impacto, precisas de estar claro sobre que tipo de impactos estás
interessado. Precisas também de ter um levantamento contra quem comparar as mudanças ao
nível individual/comunitário.
Envolvimento da comunidade é essencial a todos os níveis do processo para garantir a
validade das constatações para a comunidade, bem como a organização da implementação.
Alimentar de novo as constatações para a comunidade é tambem fundamental e reforça o
processo de potenciação.
O processo, bem como os resultados devem ser documentados?O processo em si pode
também ter um impacto crítico no resultado e deve, consequentemente, também estar
completamente documentado.
Mais recursos precisam de ser dedicados para a M&A e os custos, para os levantamentos,
etc. devem ser incluidos no orçamento
Capacidades de monitoria para o pessoal das ONGs precisam de ser desenvolvidos e
fortalecidos
A estratégia de M&A deve incluir treinamento e apoio para as estruturas locais para fortalecer
a sua capacidade de fornecer dados quantitativos necessários para fins de monitoria.
Stepping Stones é concebido para promover um processo de mudança de longo prazo, tal
como a transformação das relações de género, mudanças nas práticas e tradições culturais
existentes há muito tempo, etc. Quanto a natureza de longo prazo tais mudanças devem ser
reconhecido nos métodos de M&A usados e a calendarização da M&A.
A necessidade de pesquisa mais em profundidade para penetrar as questões mais integralmente
e obter uma compreensão profunda das questões mais fundamentais, tais como se as relações
de género têm passado por uma mudança radical, ao contrário, das mudanças simplesmente
superficiais.
40
41
Wallace, 2006, Evaluating Stepping Stones, p.27
Alguns guias úteis incluem o de Chris Roche (2000) e de Frances Ruben (1995)
#
F FORTALECENDO A SUSTENTABILIDADE
DE STEPPING STONES
Tanzânia
Tanzânia
F FORTALECENDO A SUSTENTABILIDADE
DE STEPPING STONES
“Com certeza, não se pode esperar que as pessoas mudem a sua abordagem em relação a vida com
base em nove semanas de trabalho. Este workshop pode apenas ser visto como um ponto de partida
para mudanças no seio da comunidade.” (Alice Welbourn, 1999
V 8 EC . Cuidas bem dele e ele sempre estará aí para as
futuras gerações para tirar o benefício dele”. (Oficial do Exército Angolano, treinado em Stepping
Stones, 2006)
Como com a maior parte das intervenções de desenvolvimento comunitário, a questão de
sustentabilidade é primordial. A maior parte da evidência disponível até à data indica que Stepping
Stones pode e deve ter um impacto dramático nas vidas das pessoas e das comunidades. Mas quão
sustentável isso é? O propósito desta última secção do Guia é de olhar para algumas formas em que
o impacto de Stepping Stones pode ser sustido num prazo mais longo.
:'-;'--'$-'--'!)
Como podes apoiar as pessoas a manter as mudanças no seu comportamento e evitar
recuar nas anteriores padrões de comportamento (indesejado)?
Como um pequeno número de pessoas pode influenciar a maioria?
O que acontece depois de Stepping Stones?
Como podem as comunidades serem melhor apoiadas para construir com base em e
continuar o processo?
Quanto tempo as ONGs devem ficar depois Stepping Stones ter terminado?
Como um pessoa descobrir se Stepping Stones é sustentável a longo prazo?
F.1
Um reflexão contínua durante o processo de Stepping Stones
No princípio de cada sessão nova, os participantes são solicitados a rever a sessão anterior e a
partilhar algo de bom que aconteceu para eles desde então. Desta forma, o processo contínuo de
aprendizagem é encorajado e apoio ao longo do próprio processo de Stepping Stones. Isto ajuda a
reforçar quaisquer mudanças iniciadas pelo processo. Como foi anteriormente observado na secção E
(Monitoria e Avaliação), existe uma oportunidade adicional fornecida mesmo no fim do processo de
revisão dos resultados. Não obstante, as solicitações especiais da comunidade em si constituem uma
outra forma em que uma nova sensibilização ganha pode ser consolidada e partilhada com os outros.
Existe toda uma parte importante do processo de fortalecer a sustentabilidade das mudanças trazidas
pelo processo de Stepping Stones.
F.2
Partilhando as lições aprendidas com os outros
Em outras questões algumas vezes suscitadas sobre Stepping Stones é se as mudanças que ocorreram
no seio das sessões de Stepping Stones podem transbordar para a vida do dia –a-dia das pessoas e
a vida da comunidade. Por exemplo, quão fácil é para uma mulher que adquir as capacidades de
assertividade para praticá-las na sua relação com um parceiro violento? E quao fácil é para uma
mulher cujo parceiro fica bebado todas as noites e tem sexo não protegido com outras mulheres
para fazer com que ele mude o seu comportamento e/ou usa um preservativo? A resposta é, não é
completamente fácil! No entanto, há algumas coisas que podem ser feitas para ajudar: Elas incluem:
Encorajar os participantes a partilhar e discutir o que eles aprenderam com os seus parceiros,
filhos e amigos. Existe muita evidência para sugerir que, para a maioria dos participantes
fala com os seus amigos e familiares sobre o que eles aprenderam e discutiram nas sessões
de Stepping Stones.
Envolver os outros tanto quanto possível no processo: por exemplo, convidando-os para
os encontros abertos da comunidade onde pedidos especiais são discutidos para que eles
possam participar nas discussões.
Tentar trabalhar com homens (e mulheres que não participaram) numa forma mais focalizada.
Por exemplo, os homens que foram ‘transformados’ podiam ser encorajados a continuar a
reunir e tentar transformar os outros.
F.3
Apoio de seguimento para as comunidades
Como foi observado acima, Stepping Stones constitui um trampolim para a mudança. Ele não
pode parar aí . Idealmente, Stepping Stones deve promover as iniciativas comunitárias que são
lideradas e propriedade da comunidade. No entanto, não se espera que tais iniciativas possam operar
completamente de forma autónoma sem o apoio externo. Os grupos comunitários precisam de todo
o tipo de apoio, incluindo a construção de capacidade, financiamento, perícia e por aí em diante. No
entanto, como o exemplo da CARPP mostra, algumas vezes muito pouco pode ir muito longe.
2"5?%%MJK-%/%
O`'2E
C6--@
SS foi primeiro introduzido nos campos de deslocados da cidade de Gulu dilacerada pela guerra
nos meados dos anos noventa. Um grupo de pessoas que foi treinada como facilitadores de
Stepping Stones no campo de Pabbo estava tão inspiradas pelo processo que eles decidiram
criar o seu próprio grupo para continuar a fazer o trabalho de Stepping Stones nos campos. Eles
receberam um pequeno donativo da ACORD para comprar materiais e o líder do Campo lhes
deu uma sala no seu escritório. Ao longo do tempo, o grupo cresceu e actualmente constitui o
principal provedor de serviços para as Pessoas Vivendo com HIV e SIDA nos campos, bem como
assumindo a liderança no aumento da sensibilização e prevenção, usando principalmente SS.
Apoiar tais iniciativas pode não ser muito dispendioso em termos do tempo do pessoal e dos recursos
das ONGs, mas a não ser que eles tenham sido incluidos no desenho do projecto desde o princípio
eles são menos prováveis de ir longe. O que é preciso?
1
A presença contínua na comunidade: Uma das principais críticas do projecto de Stepping
Stones da SCF em Harrar, Etiópia, que foi destacado por uma avaliação recente foi o facto
que uma vez Stepping Stones tivesse terminado, o contacto com a comunidade apenas
continuou por um período de aproximadamente 3 meses. Isto foi considerado de ser
um período demasiado curto para consolidar as iniciativas comunitárias e 2 anos foram
recomendados com um período ideal para as ONGs ficarem na zona depois de Stepping
Stones ter terminado.
4--
2"?&DP'S? EJ
[
O desenho do projecto de Stepping Stones da SCF em Harar (Etiópia) incluiu 1-2 dias de
workshop de treinamento de reciclagem depois do término do processo e o desenvolvimento de
um plano de acção apoiado principalmente pelos voluntários comunitários. Os planos de acção
incluiam uma gama de inciativas. Por exemplo, cada comunidade recebeu o equivalente de cerca
de $150 para realizar as suas actividades planeadas, tais como a criação de um Clube Anti-SIDA
e a realização das ceremônias tradicionais de café Etiope. No entanto, uma avaliação do Projecto
levado a cabo em 2005 constatou que este seguimento limitado não é suficiente para garantir a
sustentabilidade do impacto.
Exemplos dos tipos de apoio de seguimento para as comunidades:
F.4
Apoio para as exigências de advocacia e o treinamento em advocacia: Stepping Stones
muitas vezes suscita exigências em advocacia, por exemplo, serviços de ATV mais acessíveis,
acesso ao tratamento anti-retroviral, serviços de ITS mais amigo do utente, acesso ao crédito
para as actividades de geração de rendimentos, acesso às infra-estruturas desportivas e
de lazer para os jovens; nomeando apenas um punhado. No entanto, a experiência tem
demonstrado que as comunidades locais geralmente não têm capacidade ou know-how para
empreender tais necessidades de advocacia. Assim, uma contribuição que pode ser feita pela
ONGs é de fornecer treinamento de forma a construir esta capacidade.
Apoio na angariação de fundos: As ONGs devem também fornecer treinamento para as
estruturas locais da comunidade para apoiar os seus esforços para angariar dinheiro para os
tornar capazes de continuar o trabalho
Apoio para o trabalho adicional de Stepping Stones: Um dos resultados mais comuns de
Stepping Stones é a exigência de mais Stepping Stones! As ONGs podem fornecer treinamento
e apoio material para tornar os grupos locais para desenvolver as suas próprias capacidades
de treinamento e apoio material por forma a continuar este trabalho para os outros nas suas
próprias comunidades ou nas comunidades vizinhas.
Promover e apoiar o envolvimento contínuo com a liderança local e os parceiros: Depois
de Stepping Stones tiver terminado, a liderança local deve ser encorajada e apoiada para
fornecer o apoio contínuo para as comunidades e para responder em formas concretas para
as exigências das comunidades para melhores serviços e por aí em diante. Onde for possível,
o Comité de Assessoria local deve continuar a ter encontros por pelo menos um ano depois
do término de Stepping Stones, especificamente com o propósito de continuar a apoiar e
monitorar as iniciativas locais.
Mainstreaming (integração de ) Stepping Stones
O processo de Stepping Stones oferece uma oportunidade única para reunir uma vasta gama de
parceiros para envolver de forma colectiva num processo de análise dos problemas directamente
e indirectamente ligado ao HIV e SIDA nas suas comunidades e juntos aparecer com ideias para
abordá-las. É vital que esta oportunidade não seja disperdicada e que essas iniciativas que surgem
sejam respondidas e onde for possível, ‘institucionalizada’. Exemplos de diferentes formas em que
isso pode ser feito são providenciados nos exemplos incluidos na caixa abaixo.
3
2 "+? ( MDBO E - -? '2E 4H
GH,[E4H
Em Mwanza (Tanzânia), o Coordenador do HIV/SIDA da Cidade, que era um membro do
Conselho de Assessoria Local e estava estreitamente envolvido com o Projecto de Stepping Stones
da ACORD, estabeleceu um sistema onde as agências locais foram formalmente convidadas a
inserir informação para envolver o nível da cidade nos processos de planificação. Isto constituiu
uma resposta a constatação do Comité de Assessoria de Stepping Stones, que tinha identificado
uma falta de consistência no fluxo de informação do nível local para o nível da cidade. Uma das
decisões tomada foi de introduzir a educação sobre saúde sexual e reprodutiva nas escolas.
Na aldeia de Sasa, Fiji,foi estabelecido um Conselho da Juventude. O Conselho se reune
quinzenalmente e apresenta os pedidos da juventude em encontros regulares da comunidade. Além
disso, um dos facilitadores de Stepping Stones estabeleceu uma relação formal com a clínica de
saúde local, que agora fornece-lhe provisões mensais regulares de preservativos para distribuição
para os residentes da aldeia que os requisitam.
Em Angola, um dos formadores estava no Conselho de Administração da Associação Nacional dos
Guias e ele foi bem sucedido em conseguir que partes do programa fossem incluidas no currículo
ao nível nacional para os rapazes e raparigas guias.
Na Gâmbia, foi desenvolvida uma estratégia visando a integração de Stepping Stones no sistema
e estruturas de desenvolvimento rural ao nível nacional através da inclusão dos representantes
das ONGs no seio de equipas multi-disciplinares, que inclui os trabalhadores extensionistas dos
diferentes ministérios governamentais que juntamente desenvolveram planos de desenvolvimento
de enfermárias baseadas nas avaliações participativas das necessidades. Como parte da estrategia,
Stepping Stones será disponibilizado para qualquer aldeia onde os problemas de saúde reprodutiva
já tiverem sido identificados.
F.5
Expansão de Stepping Stones
Claramente, uma das formas mais eficazes de fortalecer a sustentabilidade de Stepping Stones é
através da expansão para que possa atingir um número maior de pessoas. A experiência da Gâmbia
(vide a caixa abaixo) proporciona um exemplo de como isto pode ser feito (vide a Caixa abaixo)
mostra como isso tem sido feito
Devido ao sucesso de Stepping Stones, particularmente em termos de redução de violência de
género, um grave problema na Gâmbia, foi decidido expandir Stepping Stones ao nível nacional.
Isto foi planeado de ocorrer num conjunto de fases. Na primeira fase (2003-5), Stepping Stones foi
implementado em 120 aldeias, na segunda fase (2006) em 225 aldeias adicionais e numa terceira
fase, foi planeado introduzir em 300 aldeias adicionais. Isto foi atingido através da integração e
coordenação eficaz com outros desde o nível local passando pelo internacional.
Claramente, a expansão nesta escala está para além do escopo de uma única organização. No
entanto, como no caso da Gâmbia, é possível através de uma advocacia efectiva, rede de articulação
e coordenação de esforços, promover o reconhecimento de Stepping Stones para que os benefícios
sejam amplamente disseminados.
1
4--
F.6
Documentação e disseminação das experiências de
Stepping Stones
As experiências de Stepping Stones em diferentes países, incluindo os detalhes de como Stepping
Stones foi implementado, como o Manual foi adaptado, as lições aprendidas, as constatações e
conclusões chave de qualquer avaliação realizada, os resultados do mainstreaming (integração) e/ou
expansão dos esforços – todos estes precisam de ser documentados e partilhados com os outros.
Este Guia constitui um dos esforços de ajudar a partilhar algumas das lições aprendidas. No entanto,
existem demasiadas lições que não tem sido partilhadas.
Existem planos de usar a página de Stepping Stones de forma mais efectiva no futuro como um depósito
de informação sobre Stepping Stones e para tentar torná-lo mais acessível para os utentes de Stepping
Stones e para os outros. Mas, isso depende de organizações individualmente de esforçarem-se por
partilhar as suas experiências tão amplamente quanto possível para o benefício de uma comunidade
mais abrangente. Ao proceder desse modo, não estaremos a ajudar um ao outro para aprender do nosso
próprio sucesso e limitações, mas estaremos também a fazer a nossa parte na ajuda de convencer a
comunidade mais ampla, incluindo os políticos e financiadores, das diferenças que Stepping Stones
pode fazer para as vidas daqueles que o ‘prová-lo’ !
1"
42
Referências
Bhattacharjee, Parinita and Costigan, Aine: “Stepping Stones Review”, February-March, 2005
Davies, Rick and Dart, Jess, 2005, The ‘Most Significant Change’ (MSC) Technique: A Guide to Its
Use” can be downloaded from www.mande.co.uk/docs/MSCGuide
Guayasamin, Soledad, Cruz and Vasquez, Alexandra (2007) ‘Escuela de Paso a Paso: Guia Didactica
para facilitatodores’, Plan International, June 2007 (No prelo)
Gordon, Gill (1998) “Stepping Stones Training and Adaptation Guidelines”, SSTAP
Hadjipateras et al, (2006) ‘Joining Hands: Integrating Gender and HIV/AIDS’, ACORD, July 2006
Hadjipateras (2006) ‘Stepping Stones: Looking Forward – Looking Back. Report of an ACORD
Conference’, London, July 2006.
Harris, Colette, 2007 “Pedagogy for Development: Some Reflections on Method”, Working Paper
289, Institute of Development Studies, August 2007
Pacific Regional HIV/AIDS Project (2007), “Evaluation of the Stepping Stones Program, Fiji”
Pulerwitz, Julie, Gary Barker, Marcio Segundo and Marcos Nascimento (2006), “Promoting more
gender-equitable norms and behaviours among young men as an HIV/AIDS prevention strategy”,
Horizons Final Report, Washington, DC: Population Council.
Roche, Chris (2000) Impact Assessment for Development Agencies: Learning to Value Change Oxfam
Development Guidelines
Rubin, Francis (1995): Basic Guide to Evaluation for Development Workers , Oxfam Development
Guidelines
Shaw, Matthew and Jawo, Michelle: “Gambian experiences with Stepping Stones: 1996-99”, PLA
Notes 37, February 2000
Wallace, Tina (2006) “Evaluating Stepping Stones: A review of existing evaluations and ideas for
future M&E work”, ActionAid International
Welbourn, Alice and Gordon, Gill (2001): “Stepping Stones Life Skills and Sexual Well-Being: A
Desk-Based Review”, USAID Interagency Gender Working Group, June 2002, www.unicef.org/
lifeskills/files/ReviewSteppingStones 2001.doc.
Welbourn, Alice, ‘Stepping Stones Training Guidelines’, in Stepping Stones website: http://www.
steppingstonesfeedback.org/downloads/SSTraining_Guidelinesoct02.pdf
42
Todos estes recursos podem ser acedidos na internet, a maior parte na página de Stepping Stones na Internet: www.steppingstonesfeedback.org
e/ou de Strategies for Hope na Internet: www.stratshope.org
1#
OUTRAS PUBLICAÇÕES, ARTIGOS E
DVD DE STEPPING STONES ÚTEIS
Condom Commandos : 2007. 24 minute documentary showing Stepping Stones process in action in
Angola, ACORD. Produzido por Media-Coop. Pode ser obtido a partir da ACORD: mariea@acord.
org.uk
Welbourn, Alice (2007): “HIV and AIDS, the Global Tsunami: the role of Stepping Stones as one
participatory approach to diminish its onslaught” in Brock Karen and Pettitt Jethro eds “Springs of
Participation: Creating and evolving methods for participatory development”, pp 123-135, Practical
Action Publishing, Rubgy, 2007
Welbourn , Alice (2006): Man Hunt Intimacy: Man Clean Bathroom: Women, Sexual Pleasure,
Gender Violence and HIV,. IDS Bulletin Volume 37 Number 5 October 2006
Welbourn, Alice: (1995): “Stepping Stones: a training package on HIV/AIDS, communication and
relationship skills”, Strategies for Hope.*
Welbourn, Alice (1999):” Gender, Sex and HIV: How to address issues that noone wants to hear
about” by Dr Alice Welbourn. Paper presented at Geneva Symposium, January 1999
%'& ? ‘Stepping Stones Plus: novos exercícios e sessões desenhados para ser usados
juntamente com o manual original de treinamento em “Stepping Stones” por Alice Welbourn,
Florence Kilonzo, Tj Mboya e Shoba Mohamed Liban” co-publicado por Strategies for Hope
Trust e UNICEF, 2008. Esta versão alargada de Stepping Stones, que inclui alguns exercícios
novos, se espera que esteja impresso em 2008. Ele será colocado nas páginas de Stepping Stones
e Strategies for Hope na internet.
1
ANEXO 1
Escala de Homens em Matéria de Equidade de Género (Escala GEM)
Os inquiridos estão para responder ; Concordo (1), Parcialmente Concordo (2) ou Não Concordo (3)
M"O %E B
MO M#O
É o homem que decide que tipo de sexo a ter
O papel mais importante de uma mulher é de tomar
conta da sua casa e de cozinhar para a sua família
Os homens precisan mais de sexo que as mulheres
Tu não falas sobre o sexo, tu apenas fazes sexo
As mulheres que levam preservativos com elas são
vistas como mulheres ‘fáceis’
Mudar fraldas, dar banho as crianças, e dar as
crianças de comer são responsabilidades das mães
É responsabilidade de uma mulher evitar ficar
grávida
Um homem deve ter a palavra final em relação às
decisões em sua casa
Os homens estão sempre prontos para ter relações
sexuais
Há períodos quando um mulher merece ser batida
Um homem precisa de outra mulher, mesmo se as
coisas com a sua esposa estejam bem
Se alguém me insulta, defenderei a minha reputação
com força se eu tiver que
Um mulher deve tolerar a violência com o propósito
de manter a sua família unida
Eu estaria ofendido se a minha esposa me pedisse
para usar um preservativo
Esta certo para um homem bater a sua esposa se ela
não tiver sexo com ele
Eu nunca terei um amigo homosexual
É desgastante para me quando eu vejo um homem a
comportar-se como uma mulher
1
ANEXO 2: O Voto Secreto
Alguns exemplos de perguntas usadas no voto secreto43
Ja falaste com a tua/teu parceira (o) sobre as infecções transmitidas sexualmente no ano
passado?
És responsável por qualquer criança menor de 16?
Caso sim, ja discutiste o lado negativo das relações sexuais com tais crianças no ano
passado?
Pode um homem ou uma mulher ser infectada com uma infecção transmitida sexualmente
mas não ter quaisquer sintomas?
Um homem pode ter uma discarga do seu penis sem ter sexo?
Se alguém tem uma infecção transmitida sexualmente que for tratada e curada, está certo
continuar a ter sexo com o seu/sua parceiro(a)?
Uma mulher é mais fértil no dia depois da sua menstruação?
Uma infecção transmitida sexualmente pode tornar uma mulher infértil?
43
Gambian Experiences with Stepping Stones: 1996-9’, Matthew Shaw and Michelle Jawo, PLA Notes 37, February 2000, p. 75
11
4--
ANEXO 3
Guia de Recolha de Histórias para Stepping Stones44
Antecedentes
'2ESCEDB
Esperamos usar as histórias e a informação recolhida das tuas entrevistas para um número de objectivos
incluindo:
Ajudar nos a compreender o que os participantes pensam é bom e ficou tão bom
Fazer melhorias para o nosso trabalho
Dizer (ao doador) o que foi alcançado
¿E
Gostariamos de usar as tuas histórias para reportar para os nossos doadores ou partilhar com outros
participantes e formadores. Tu contas (o contador da história):
Gostaria de ter o teu nome na história
Sim
Sim
Tu nos autrorizas usar a tua história para publicação
Não
Não
EJ
Nome do contador da história
Nome da pessoa registando a história
Local
Nome do Projecto:
Data de registo da história
%
Diz me como em primeiro lugar ficaste envolvido com o projecto?
Queira por favor listar as mudanças mais importantes na tabela abaixo que tu sentes resultará da tua
participação ou por fazeres parte de Stepping Stones
44
Desenvolvido para fins da Avaliação do Programa Piloto de Stepping Stones em Fiji, 2007 por Projecto Regional de HIV e SIDA do Pacífico
13
Do teu ponto de vista, escolhe a mudança mais Significante de todas as mudanças que tu listaste
acima. Descreve esta mudança sob a forma de um história [i.e. um início (Como era anteriormente);
meio (o que aconteceu); e um fim (como é agora)].
Porquê escolheste esta história específica? Porquê ela é significante para te?
Que título darias a esta história?
3
4--
‘Este guia é muito benvindo e fornece uma orientação actualizado e expandido para a
preparação, treinamento, adaptação e muitas das outras questões práticas que as pessoas
que desenvolvem um programa efectivo de workshop enfrentam. Ele deve ajudar a assegurar
que Stepping Stones atinja o seu pleno potencial em todos os lugares onde ele é usado.
Muito obrigado para a Angela Hadjipateras, a ACORD, seus parceiros e todos aqueles que
contribuiram com os seus conhecimentos profundos e perícia em relação à sua produção’
Dra. Alice Welbourn, Percursora da metodologia Stepping Stones, Janeiro de 2008
ISBN: "1""15-8%6CEC

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