O Ciclo da manifestação - Advento - Natal

Transcrição

O Ciclo da manifestação - Advento - Natal
CNBB
Comissão Regional de Liturgia
15 de outubro de 2011
Encontro Regional de Liturgia
“O Ciclo da manifestação - Advento - Natal”
“O ciclo da manifestação, ciclo de Natal ou ciclo natalino é o tempo que começa com o primeiro domingo do
advento e termina com a festa do Batismo do Senhor. O mistério particular de Cristo no qual se centram suas
celebrações é o da manifestação do Senhor. Sua manifestação na carne, ao nascer em Belém (Natal), sua
manifestação às nações pela visita dos magos do Oriente (Epifania) e sua manifestação a Israel no início de seu
ministério messiânico (Batismo). É o tempo da encarnação, do Emanuel (Deus-conosco) de Is 7,14, início da
redenção salvífica.
O advento
O tempo do advento, cujo nome deriva do latim adventus Domini (chegada ou vinda do Senhor), não tem um
número fixo de dias, pois está determinado pelo dia da semana em que cai a solenidade do Natal. Começa com as
primeiras vésperas do domingo mais próximo ou que coincide com o dia 30 de novembro, e termina antes das
vésperas do Natal. É um tempo ritmado por seus quatro domingos. Destinado a preparar o povo cristão para a
segunda grande festa cristã do ano depois da Páscoa: o nascimento de Jesus ou Natal. É um tempo de espera
prazerosa, não de penitência, como poderia sugerir a cor roxa dos paramentos.
O advento tem um caráter duplo, histórico e escatológico: prepara para o Natal, festa da primeira vinda de
Cristo, e dirige o olhar interior da Igreja para a segunda e definitiva vinda de Cristo. Essa vinda dupla percorre a
liturgia do advento, que se centra mais no aspecto escatológico até o dia 16 de dezembro, e mais no aspecto do
nascimento histórico do dia 17 ao dia 24 de dezembro. Por isso, neste último período a figura da Virgem Maria tem
uma relevância particular, que se prolonga no tempo do Natal.
O Natal
(Depois da celebração anual do mistério pascal, nada tem mais estima na Igreja que a celebração do nascimento
do Senhor e de suas primeiras manifestações: isso acontece no tempo do Natal).
O Natal é a festa do ano litúrgico que se tornou mais popular na maioria das culturas do mundo
ocidental. Nos últimos séculos têm-se difundido símbolos e figuras relacionados com a festa que passou a tornarse independente da Igreja e da liturgia.
O consumismo desenfreado é talvez o aspecto mais negativo da popularização dessa festa.
Para os cristãos, porém, a profundidade da festa contrasta amplamente com esses aspectos desvirtuados. A
encarnação é o mistério germinal da ressurreição. No aspecto indefeso e termo da criança recém-nascida, que é o
próprio Deus, revela-se a paradoxal grandeza de quem não hesitou em tornar-se criatura fraca para compartilhar a
sorte da humanidade e liberta-la com base em sua própria condição de fraqueza e pecado.
O presépio, idealizado e difundido por São Francisco de Assis no século XIII, é o símbolo por excelência dessa
festa, e o que deveria ser valorizado acima de tudo.
A solenidade do Natal possui quatro missas: a vespertina da vigília, a da noite (popularmente conhecida em alguns
lugares como “missa do galo”), a da aurora e a do dia.
O tempo do Natal
O tempo do Natal começa com as primeiras vésperas da festa do Natal e termina com o domingo depois da
Epifania, ou depois do dia 6 de janeiro. Várias festas são celebradas no tempo subseqüente ao Natal:
A memória de Santo Estevão (26/12), de São João Evangelista (27/12) e dos Santos Inocentes (28/12). As
duas últimas se relacionam, de modo especial, com o tempo do Natal: São João por ser o evangelista que
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possui, no prólogo de seu evangelho, a reflexão teológica mais profunda sobre a encarnação; e os santos
Inocentes pelo relato de Mt 2,13-18, conseqüência direta do nascimento de Jesus.
A festa da Sagrada Família, que se celebra no domingo dentro da oitava do Natal, associa explicitamente o
mistério do nascimento de Jesus a seus pais: Maria e José. É a ocasião de celebrá-los como modelos da Igreja
e, sobretudo, das famílias.
A solenidade da Santa Maria, Mãe de Deus, é celebrada no dia 1º de janeiro, na oitava do Natal. Nela recordase a circuncisão e imposição do nome de Jesus e a maternidade de Maria. É uma festa com pouca repercussão
na devoção popular, e cuja coincidência com o início do ano civil dificulta a participação.
A Epifania é celebrada no dia 6 de janeiro ou então, onde não é dia de preceito, no domingo entre o dia 2 e o
dia 8 de janeiro. Está em íntima relação com o Natal, o que remonta, como visto anteriormente, à origem
comum de ambas as festas. O acontecimento bíblico da visita dos magos do Oriente (Mt 2,1-12) adquire uma
dimensão universal como manifestação do recém-nascido para as nações, e dá à festa, além disso, um caráter
inter-religioso e missionário. Nos países do hemisfério sul, esta bonita festa perde destaque pelo fato de
acontecer no início do verão e, em muitos lugares, das férias escolares, acadêmicas e de outros centros de
formação.
O Batismo do Senhor é a festa que encerra o tempo do Natal. É celebrada no domingo subseqüente à Epifania.
Em sintonia com a idéia das manifestações do Senhor, essa festa destaca o início de seu ministério messiânico e de
sua “vida pública”, uma vez que ele se manifesta ao seu próprio povo, Israel. É uma festa que completa e
enriquece teologicamente o ciclo natalino. Significativamente, depois da celebração do Batismo de Jesus, começa o
tempo comum, no qual se desenvolvem os acontecimentos e palavras da vida de Cristo, sem que seja destacado
nenhum aspecto em particular, até o início da quaresma.
O tempo comum
O restante do ano litúrgico se chama hoje tempo comum do ano (per annum ou “durante o ano”). Compõe-se de
trinta e três ou trinta e quatro semanas, ou seja, mais da metade do ciclo anual, as quais têm o domingo como
principal dia da celebração. Está dividido em dois blocos: um entre o tempo do Natal e a quaresma, e o outro entre
Pentecostes e o advento, sendo este o período mais longo.
Durante o tempo comum não se celebram aspectos particulares do mistério pascal, como acontece nos ciclos do
Natal e da Páscoa, exceto algumas festas do Senhor, da Virgem Maria ou dos demais santos que acontecem dentro
dele.
No tempo comum “não se celebra nenhum aspecto particular do mistério de Cristo; no entanto, esse mistério é
vivido em toda a sua plenitude, particularmente nos domingos”.
Isso permite que no tempo comum, muito mais que durante os demais ciclos, possa-se dar espaço às demais
necessidades concretas de cada comunidade cristã, a suas devoções e celebrações especiais. As festas religiosas
populares, que são tantas e tão importantes para a identidade do povo latino-americano, têm durante o tempo
comum um espaço bem maior.
Com relação ao critério da sucessão dos tempos e festas, é preciso esclarecer que
“A liturgia não evoca o mistério de Cristo e a história da salvação seguindo uma lógica baseada na
cronologia, mas sim partindo de círculos sucessivos ou quadros centrados em “etapas” ou
“momentos” diferentes. Nesse sentido, não há inconveniente em interromper a seqüência de
fatos e palavras de Jesus ao chegar o ciclo pascal, para retoma-la depois de Pentecostes, pois em
todo momento oferecem-se “blocos” aparentemente dispersos, sempre unificados com referência
ao mistério completo de Cristo e à etapa da história da salvação.”” (Texto tirado do: “Manual
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de Liturgia IV – Conselho episcopal latino-americano- CELAM – pág.37 a 40 – Guilhermo
Rosas, SS.cc – Ed. Paulus – 2007)
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