ONE EXORCIST S EXPERIENCE
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ONE EXORCIST S EXPERIENCE
A Experiência de um Exorcista, P. Sergius Wroblewski, OFM 110 A EXPERIÊNCIA DE UM EXORCISTA Sergius Wroblewski, OFM Exorcista na Diocese de Joanesburgo INTRODUÇÃO: Foi-me pedido de contar as minhas experiências como um Exorcista na Diocese de Joanesburgo. Tenho trabalhado neste ministério desde 1988 a pedido do Sr. Bispo. Passei os 12 anos seguintes aprendendo a desempenhar este ministério efectiva e com resultados sim – assim. Que aprendi no decorrer esta algo mais do que uma década? I. Qualquer pessoa que comece neste ministério deve vê-lo no contexto do plano de Deus. Sem essa perspectiva, o ministério parece como for a do cuidado pastoral. Qual é esse plano de Deus que Paulo chama de “Ministério escondido?. O Plano de Deus foi expresso, de uma maneira sucinta, por São Paulo aos Efésios (Ef. 1, 10) “recapitular na Senhoria de Cristo todas as coisas da terra e dos céus”. A peça central do Plano é o próprio Filho de Deus enviado ao mundo pelo Pai através da Incarnação de maneira a realizar a redenção do mundo. II. Foi precisamente este plano que encontrou uma oposição mortal da parte de alguns Anjos com Lucifer como líder. (Não há uma narrativa bíblica desta rebelião; somente alusões à esta revolta). Segundo Suarez, a queda dos Anjos deveu-se ao ciúme e à inveja, desencadeada pela Incarnação. Lucifer e seus seguidores sabiam que deveriam adorar o Deus – homem segundo o plano divino e eles recusaram-se a executar essa parte do plano. A Centralidade de Cristo – a Incarnação – foi e é o “casus belli”. Cristo é o Centro do Universo. Todo foi criado por Ele (Col 1, 17 – 19). Ele é a Luz, odiada pelos poderes das trevas e fazem tudo o que podem por levar a todos sob o seu próprio reino das travas. Já desde os tempos apostólicos a Igreja exerceu o poder que ela recebeu de A Experiência de um Exorcista, P. Sergius Wroblewski, OFM 111 Cristo para expulsar os demónios a influência dos demónios (Act. 5, 6) O Vaticano II observava: “Um duro combate contra os poderes das trevas atravessa toda a história humana; começou no princípio do mundo e, segundo a palavra do Senhor, durará até ao último dia” (GS 37). São Paulo exprime o mesmo pensamento: “O nosso combate não é contra forças humanas mas contra principados e poderes, os governadores do mundo das trevas” Ef. 6, 12). Todo isto quer dizer que o ministério do exorcismo deve ser tomado seriamente, como uma parte integral do trabalho pastoral. Houve somente um Papa, pelo que eu sei, que tomou isto a peito, Pio VII, prisioneiro de Napoleão. Ele era um exorcista e continuou este ministério como Papa, porque, como explicou, “o ponto de arranque da pastoral é o exorcismo” (Pensava no Baptismo). Porém nós não tratamos o exorcismo como uma prática normal da prática pastoral. O exorcista é geralmente visto como esquisito, algo maluco. Desprezar este ministério é esquecer que foi preeminente no ministério público de Cristo. A segunda coisa que aprendi foi que os demónios estão por detrás de todas as actividades ocultas, fizeram disso uma religião que compete com o cristianismo. Seja o que for a feitiçaria, a magia negra, tar ou cartas, ouija board, adivinhança, leitura das mãos, cristais, horóscopos, etc. todos eles são instrumentos demoníacos, com a finalidade de desviar e separar de Cristo e da Sua Igreja. Como sabemos, Deuteronómio 8 previne-nos contra todo o mencionado precisamente porque essas coisas são “sacramentos” da influência demoníaca: “Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que invoque os mortos; pois quem pratica essas coisas é abominável a Deus” (Dt. 18, 10 – 12). Porque em todas essas actividades há agentes invisíveis para escravizar os mais possíveis e alistá-los no reino das trevas. A Experiência de um Exorcista, P. Sergius Wroblewski, OFM 112 O problema mais sério em África a este respeito é a comunicação com os defuntos. Aqui temos uma cosmogonia tradicional que é bem diferente daquela da Bíblia. A comunicação com os mortos, com os espíritos dos mortos ou com os demónios representa-os? O ensinamento bíblico é diferente do tradicional. A minha preocupação aqui não é com todo o sistema dos antepassados, mas somente com um aspecto dele porque tem consequências no exorcismo, concretamente: quando alguém pretende que esteve em contacto com os mortos (antepassados), isso acontece directamente com o morto ou através de agentes do espírito (bom anjo ou mau), (demónio). Segundo a tradição africana, acredita-se que os antepassados sobreviveram à morte. Até aí todo bem. A maior parte dos espíritos, acredita-se em todos os povos, são espíritos dos humanos mortos – tradicionalmente chamados “antepassados ou espíritos dos antepassados” ou “mortos vivos” (antepassados recentemente mortos). Muitos, porém, acreditam em espíritos que não são fantasmas de seres humanos no passado; são espíritos que trazem doenças, pestes, são espíritos das poderosas forças da natureza; Os espíritos ancestrais, acredita-se que são benéficos sempre que recebam as atenções que precisam. Todos os “mortosvivos” bons e os maus vivem no mundo dos espíritos. Às vezes os espíritos dos mortos entram nas pessoas e possuem-nas; entram em indivíduos e usam-nos como médium de comunicação com os vivos. Geralmente os espíritos ancestrais conversam com os vivos através de sonhos. O adivinho é consultado quando os “mortosvivos” se revelam por meio de sonhos (Gehman 2000, 137 – 143). O espiritualismo que trata da comunicação com os mortos (almas dos mortos) é praticado entre os povos. É realmente impossível invocar os mortos? São sempre e só os demónios que aparecem nas sessões? A única aparência na Bíblia ocorre quando Saulo usa um médium para chamar o espírito de Samuel. Estou a seguir Amorth que claramente declara que não existem bons espíritos for a dos Anjos; e que não há maus espíritos fora dos demónios. As almas dos mortos que estão presentes nas sessões ou as almas dos mortos que estão presentes em corpos vivos não são outra coisa que demónios. Amorth, porém, depois de A Experiência de um Exorcista, P. Sergius Wroblewski, OFM 113 estabelecer esta posição admite que “este tema está ainda cheio do não-conhecido” e encoraja uma maior investigação (Amorth 1999, 30-31). O que me convence de que estou a ter com os demónios quando uma pessoa me diz que um morto lhe apareceu, é que somente os espíritos podem manipular os fenómenos psíquicos e produzir situações psíquicas como os sonhos. Temos um acontecimento de um bom Anjo fazendo isto no caso de São José. (Mt. 1,21). Espíritos bons ou maus, depois de todo, tem existido antes da criação deste universo (alguns dizem, que a criação dos Anjos e do Universo foram simultâneos) e estiveram envolvidos , não na sua criação mas no seu desenvolvimento desde o tempo do Big Bang. Os Anjos tiveram e têm uma função cósmica. Eles têm o conhecimento e a capacidade de manipular a psique e os órgãos humanos, mas as almas dos defuntos não têm. Além disso os mortos, segundo a Revelação, estão limitados a um estado ou espaço (Inferno, Purgatório, Céu). Um exorcista tem que estar claro sobre isto. Ainda, deve ter claro o ensinamento Bíblico e diferenciá-lo das crenças populares. A terceira coisa que eu Aprendi é que existem várias dimensões da influência demoníaca. Eu distingo três dessas esferas. Primeira, assolamento local. As pessoas falam de “casas enfeitadas” nas quais acontecem sons e barulhos, a barulho de pés a andar, gemidos, gostos de ar frio, aparecimento de figuras fantasmas. Eu tive que enfrentar-me com bastantes casos de “casas enfeitadas”. Normalmente, é uma casa onde aconteceu um suicídio ou assassínio e onde a feitiçaria Foi praticada. Gente inocente pode ir habitar nessa casa e sentir-se perturbados. O ritual da Igreja não exorcismo para casas enfeitadas. Normalmente ordeno aos demónios de sair e depois abençoo a casa. O segundo aspecto é o da assolação pessoal. A pessoa tentações violentas e tenazes, abraços provocativos, transtornos no coração ou estômago, arrebates de cólera, pesadelos diabólicos, etc. Mesmo pessoas devotas podem sofrer destes distúrbios e angústias. Exemplo São Paulo 2Cor. 12, 7. Padre Pio, John Vianney, etc. Normalmente, pessoas que vivendo em pecado mortal como aborto ou sexo indiscriminado, etc. podem ser assaltadas desta A Experiência de um Exorcista, P. Sergius Wroblewski, OFM 114 maneira pelos demónios. Eu tenho que tratar sobretudo com as assolações locais e pessoais, que eu em parte considero de possessão. A terceira é a possessão. Esta é a presença do demónio no corpo humano que é usado como um instrumento do demónio. O demónio pode tomar possessão total do corpo, falar e agir através dele sem que a vítima saiba ou consinta. Pode haver um ou muitos demónios. A possessão pode ser ocasional ou permanente. A possessão é rara. Amorth afirma que em 9 anos realizou 30.000 exorcismos e só em 93 casos se tratava de possessão. Como é que a gente fica presa pela actividade satânica? A situação mais comum desenvolve-se algo assim: A pessoa tem uma doença que não passa; os médicos não podem fazer nada. Então voltam-se para o curandeiro que lhes diz que alguém colocou um feitiço nele. Ele ou ela oferece-se a cura-la a cambio de uma soma considerável de dinheiro. Experimentam algo de melhoria, mas a doença persiste. Finalmente podem ir a um exorcista, mas naquele momento já a pessoa susceptível de possessão já se agravou. A segunda está associada com grupos ou práticas ocultas; participação em sessões, recurso à nyamussoros ou sangomas, ou adivinhos ou jogando à ouija board game expõe a pessoa à influência demoníaca. A terceira situação tem a ver com os adolescentes de famílias desfeitas. Lembro-me de uma menina de 16 anos que tinha um poder telepático ao qual tinha sido introduzida por um grupo satânico na escola. Os pais se tinham divorciado; o pai tinha casado de novo. E a menina sentiu-se não desejada pela mãe biológica e pelo padrasto. Começou a procurar apoio e poder e encontrou-o no demoníaco. Quando estas pessoas vêem ter comigo, mandadas pelo Pároco ou um oficial da cúria diocesana, ou por um amigo ou familiar, eu procedo da seguinte maneira. Primeiro encontro-me com a pessoa atormentada que pode vir acompanhada por um familiar, ou esposo/a, ou amigo. Tenho um interviú privado com as pessoas e o que pretendem é um diagnóstico: determinar o mais possível se a pessoa tem condição patológica ou está a experimentar uma A Experiência de um Exorcista, P. Sergius Wroblewski, OFM 115 actividade demoníaca.. Se aparece claro que a pessoa tem um problema emocional, eu mando-o ao psicoterapista. Recentemente, numa semana tive 4 desses casos. Cada um deles pretendia que tinha sido importunado pelo demónio, quando de facto não era. Como a jovem senhora que continuava dizendo: “Estou perdida”. A mãe dela estava convencida que se devia fazer um exorcismo. Ou como aquele homem casado, nos seus trinta anos, que literalmente perdeu as estribeiras depois de Ter tomado “Ecstasy”. Não conseguia desfazer-se dos efeitos secundários. Foi ver um médico, mas não mencionou que tinha tomado droga. Eu instei-o a ir ter com o médico e falar-lhe da droga. Que sinais da presença demoníaca andamos a procurar? Primeiro pergunto se a pessoa foi ter com um médico e que encontraram. Depois eu pergunto o que aconteceu e quando começou e que foi o que desencadeou isso. Se há sinais como vozes, aparições, levitação, reacção negativa à sinais, símbolos e visões de objectos religiosos, lugares, cerimónias, fedores inexplicáveis, temperaturas glaciais, poderes telepáticos, falar em línguas, força extraordinária, revelação de coisas desconhecidas, então procuro saber como começou tudo isso. Se houver sinais suficientes de assolação ou opressão pessoal, vou para o rito de Exorcismo mesmo se não há possessão no sentido estrito. Como Amorth que foi um exorcista a tempo pleno em Roma durante 50 anos, eu emprego o Rito sempre que a actividade demoníaca está presente. O objectivo dum exorcismo é duplo: primeiro, diagnóstico. Quero dizer que emprego o Rito para discernir a presença do demónio. Os demónios tentam disfarçar-se. E, segundo Amorth é só através dum exorcismo que se pode determinar com certeza a origem da actividade demoníaca. Uma Sangoma que abandonou esse caminho de vida e serviço, continuava a sentir-se incomodado por uma doença estranha. Isso era uma indicação de que a doença tinha um origem demoníaco. Quando começou o exorcismo ela caiu ao chão escrevendo, então apareceu claro que um demónio ou demónios estavam nela. Naquela ocasião só alguns saíram, mas não todos. Mesmo que sejam poucos ou incertos os sinais, são suficientes para se proceder ao exorcismo. O ritual nunca faz mal a ninguém, escreveu Amorth. Por vezes eu sinto perplexo, indeciso. A Experiência de um Exorcista, P. Sergius Wroblewski, OFM 116 Lembro-me de uma menina de 17 anos e mentalmente diminuída que parecia atormentada. Ela não consegui expor o seu estado e isso tornava tudo mais difícil de ter uma certeza. Mas durante o exorcismo mostrou-se violento e, finalmente abandonou-a. O segundo objectivo do exorcismo é o de curar o paciente libertando-o das influencias demoníacas. Mas isso pode ser um caminho cumprido. Uma jovem senhora veio ter comigo com uma história terrível do que lhe tinha acontecido. Ela tinha renunciado ao cristianismo com a idade de 13 anos. Estava a viver com um homem sem casamento.., e não tinha fé em Jesus. Mas um dia, na presença do se namorado uma mão invisível agarrou-a pelo pescoço e lançoua contra o chão a certa distância. O namorado ficou perplexo e indefesso. Exorcizei-a e o exorcismo certamente causou-lhe uma grande agitação mas o demónio não saiu. A jovem senhora tinha que abandonar o pecado e crescer na fé. E isso leva tempo. A cooperação da pessoa possuída é necessária. Exemplos de curas rápidas são raras. Agora, direi algo sobre o Ritual Revisto que foi publicado em 1999. Quando eu comecei este ministério em 1988, não existia um ritual dos exorcismos dentro do ritual saído do Vaticano II. Eu falei ao Sr. Bispo e ele recomendou-me escrever ao Decastéreo correspondente. Um mês depois recebi, através do Sr. Bispo um Rito experimental com uma tratado introdutório sobre a existência do diabo! Em 1999 apareceu um outro revisto e não me foi fácil conseguir um. Que contêm o Rito: O uso da água benta; Ladainha dos santos; Salmo (90) 91; Leituras do Evangelho; imposição das mãos; Renovação das promessas do Baptismo; O Pai Nosso; fórmula de súplica na qual Deus é suplicado; fórmula imperativa pela qual o demónio é instado de sair; Oração de acção de graças se os demónios foram expulsos. Segundo a introdução a ao rito renovado, há estipulações para o uso adequado do rito. O exorcismo é reservado ao Bispo ou ao seu delegado que deve ser um sacerdote. É um sacramental e garante a intercessão da Igreja. Antes de usá-lo, o exorcista deve investigar se a alegada pretensão de a vítima estar atormentada pelo demónio é realmente verdadeira. Deve discernir correctamente os casos de ataque diabólico. As pessoas são muito crédulos e A Experiência de um Exorcista, P. Sergius Wroblewski, OFM 117 imaginam-se vítimas de factos maléficos, de má sorte ou males mandados por outros contra eles. O exorcista não deve começar o exorcismo antes de descobrir com certeza moral que aquele que vai ser exorcizado realmente está possuído por algum poder diabólico. Nos casos em que alguém não é católico, o assunto deve ser referido ao Sr. Bispo. Geralmente os Bispos não nomeiam um exorcista para a Diocese. Evidentemente não é tido como uma parte integrante da pastoral diocesana. Porém nós vivemos num cairos do diabólico e estamos experimentando o que João escreveu na sua primeira carta: “O mundo inteiro está submetido ao poder do demónio” (1Jo. 5,19). Os exorcistas são necessários porque os possessos e atormentados pelo demónio sofrem de diminuição de humanidade que lhes impede um crescimento moral, isto é, tornar-se mais como Cristo. O exorcista está metido na batalha pela dignidade humana das pessoas e pela sua santificação. Conclusão: Eu trabalho sobretudo com os parcialmente possuídos que raramente conseguem ajuda sacerdotal; geralmente são tratados por médicos e psicoterapeutas. Confesso que não gosto deste ministério. Cada vez que tenho que tratar uma pessoa afligida desta maneira – e isto acontece nos nossos dias numa média de duas vezes por semana – eu faço isso como por dever. É algo desagradável, escuro e ambíguo. Porque se encontra o invisível e isso é trabalhar na escuridão, com muito pouco que fazer por isso. Mas Paulo VI disse uma vez que os demónios exercem influência em pessoas individuais e em comunidades; que eles procuram a destruição da sociedade humana, a começar pelas famílias e as nações. Lá há uma guerra, guerra de trincheiras como costumamos dizer e alguém tem que o fazer. A Experiência de um Exorcista, P. Sergius Wroblewski, OFM 118 BIBLIOGRAFIA Amorth, Gabrielle 1999. 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