Setúbal: "Eu sou o candidato janista".
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Setúbal: "Eu sou o candidato janista".
' •*» O núcleo de minha candidatura é janista — declarou ontem o ministro das Relações Exteriores, Olavo Setúbal, ao descartar a possibilidade de se coligar ao PMDB para a eleição de governador de São Paulo. "Minha candidatura é janista", insistiu ele, informando que deixará o ministério antes do prazo legal para trabalhar sua candidatura. "Tancredo sempre quis que em São Paulo houvesse a aliança Jânio Quadros-Olavo Setúbal", justificou ainda o ministro. Foi a primeira vez que o chanceler brasileiro assumiu claramente o janismo. Foi também a primeira vez que anunciou, em Brasília, que será mesmo candidato ao gov e r n o p a u l i s t a , concorrendo contra o PMDB. "O PMDB criticou-me por meu apoio a Jânio, por considerar-se dono da memória do presidente Tancredo Neves. Mas foi Tancredo quem quis minha aliança com ele. Seria a aliança de um homem que representasse o empresariado brasileiro com um líder popular", disse o ministro, em seu gabinete no Palácio do Itamaraty. — Minha candidatura é i r r e v e r s í v e l . Aceito a aliança com o PMDB, como o deputado Ulysses Guimarães propôs, desde que eu seja o candidato. Mas o núcleo de minha candidatura é janista, e outros apoios terão que vir a partir dele. — O senhor não teme que Jânio retire o seu apoio? — indagou um repórter. — Não vejo nenhuma razão para isso. — Mas ele pode também se candidatar — insistiu o repórter, com o ministro já irritado. — Se ele estivesse aqui teria uma resposta menos polida para você — encerrou o chanceler. O candidato Olavo Setúbal aproveitou para fazer um apelo aos outros dois candidatos já declarados — Paulo Maluf, pelo PDS, e Ore.- íes Quércia, pelo PMDB — para que mantenham o debate durante a campanha "no mais alto nível", numa clara referência aos excessos da disputa entre Jânio Quadros e Fernando Henrique Cardoso. "Acho que os três nomes procurarão manter 0 debate no mais alto nível", disse ele. Saída 1 Setúbal confirmou que pretende desin£ompatibilizar-se do ministério antes do prazo legal, 15 de maio, ou mesmo antes de Setúbal: "Eu sou o candidato janista". Ele disse que esse era o sonho de Tancredo Neves: unir empresários e um líder popular. E convidou o PMDB a indicar seu vice. 14 de fevereiro, data provável da reforma ministerial. Certo mesmo, conforme informou ele no início da tarde ao ex-prefeito de São Paulo, o ex-malufista e atual membro do P F L Miguel Colasuonno, é que iniciará sua campanha a governador no momento em que Jânio Quadros assumir a prefeitura, 2 de janeiro, mesmo que tenha de acumular com o ministério. " E u sempre pensei em me desincompatibilizar a 14 de fevereiro. Mas é possível que o prazo legal seja mantido, a 15 de maio. Então eu sairei antes disso, em data ainda não estipulada", explicou o ministro. Segundo contou a Colasuonno, ele manterá todos os seus compromissos no Itamaraty até o final de dezembro. Depois disso, Setúbal informou que não sabe. Colasuonno informou a Setúbal que a Juventude Janista pretende formar 300 di• i \ retórios no Interior — sendo 11 ou 12 deles na periferia de São Paulo — até meados de fevereiro para participar de sua campanha. Segundo ele, a estratégia do P F L para a conquista do governo estadual é o isolamento do debate ideológico, aliada à possibilidade de Jânio Quadros fazer uma administração de impacto na prefeitura. — A ação administrativa de Jânio de um lado e a campanha do Olavo de outro podem gerar um certo tipo de reação na classe média paulista, um sentimento de desenvolvimentismo favorável a nós — explicou Colasuonno. O deputado Herbert Levy confirmou que o P F L já está estudando as medidasi preliminares para a campanha do ministro, Olavo Setúbal, em articulação com as lideranças do PTB, pois ele será candidato da! coligação, como aconteceu com Jânio Quadros em relação à prefeitura paulistana. J Em sua opinião, Setúbal s e r á eleito; "tranquilamente", pois o P F L está forte no Interior, e na Capital conta com o apoio do P T B e de Jânio Quadros, além do prestígio! popular do ex-prefeito Setúbal. Qualquer que seja o candidato do PMDB será derrotado, "especialmente se for o vice-governadorj Orestes Quércia", comentou ainda o deputado paulista. Herbert Levy frisou que o P F L é um partido de centro liberal, e por isso não aceita radicalizações da direita nem da esquerda, respondendo a comentários de parlamentares no Congresso, de que Setúbal se aliou à direita para ajudar a eleger Jânio, e terá de enfrentar a esquerda para chegar ao governo do Estado. O parlamentar frisou que toda a preparação da campanha de Olavo Setúbal será feita em estreita vinculação com o candidato e as lideranças do P T B , , ressaltando mais uma vez que os nomes dos assessores diretos só s e r ã o divulgados, oportunamente, pelo ministro Setúbal. — Deu Jânio e vai dar Setúbal em 8 6 — acrescentou o eufórico ex-prefeito Wilson Calil, de São José do R Í Q Preto. Citando fatos que ocorreram no Interior, Wilson disse que "além de não ter demitido os apaniguados do PDS, Montoro nomeou os seus apaniguados. O Estado se de-j sorganizou, passou a ser um drama conse-i guir um simples soro para picada de cobra.! E isso v a i s i g n i f i c a r nova derrota do! PMDB". J