CONSERVAÇÃO DE GENES DO COMPLEXO TIM/TOM
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CONSERVAÇÃO DE GENES DO COMPLEXO TIM/TOM
CONSERVAÇÃO DE GENES DO COMPLEXO TIM/TOM ENTRE Oryza sativa L. E Avena sativa L. Mariana M. Kruger1, Solange F. da S. Silveira2, Railson S. dos Santos3, Danyela C.S. Oliveira4, Camila Pegoraro; Cesar V. Rombaldi5, Antonio Costa de Oliveira6 A aveia branca é um cereal de ampla aptidão agrícola, adequado para consumo humano e animal, com potencialidades para a expansão de consumo e cultivo. Apesar de seus atributos, ainda são poucos os investimentos em biotecnologia destinados à aveia, quando em comparação a outras espécies como trigo, arroz e milho. Por apresentar um genoma pequeno de aproximadamente 390 Mb, alto grau de sintenia com outros cereais e mapas físicos de alta densidade, o arroz é considerado o organismo modelo entre as plantas da família Poaceae, permitindo a transferência de informações genéticas importantes para estudos de genômica estrutural e funcional entre as poáceas, além de beneficiar as espécies menos favorecidas tecnologicamente como a aveia (IRGSP, 2005; BRESOLIN, 2010). Em plantas cultivadas, estresses bióticos e abióticos podem interferir no seu crescimento e desenvolvimento normal. Eventos de devastação como o alagamento e a submergência (anoxia) de plantas resultam na limitação da produção de alimentos (FUKAO et al., 2011). A mitocôndria é o centro de regulação da energia celular e do balanço redox, e integra numerosas rotas metabólicas que são importantes na resposta a adaptação condições ambientais extremas (SWEETLOVE et al., 2007). Dentre as respostas podem ser observadas alterações na expressão gênica de determinadas rotas. Danos nas membranas mitocondriais impedem a entrada de proteínas codificadas pelo genoma nuclear, as quais tem funções vitais nessa organela, levando a morte da planta. A importação de proteínas para a mitocôndria envolve complexos de proteínas formadas por sub-unidades localizadas nas membranas das organelas (PEGORARO et al., 2012). Na mitocôndria, esses complexos são chamados TIM/TOM, o qual é composto pela proteína translocon da membrana externa da mitocôndria (TOM) e translocon da membrana interna da mitocôndria (TIM) (NEUPERT, 1997). Em arroz, existem 24 locos para genes codificadores das subunidades do complexo (TIM/TOM). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi verificar a conservabilidade e possibilidade de transferência de informação de um grupo de genes do complexo TIM/TOM entre arroz (Oryza sativa L.) e aveia (Avena sativa L.). 1 Bióloga, Doutoranda Agronomia/Fitomelhoramento – UFPel - [email protected] Enga Agrônoma; Doutoranda Agronomia/Fitomelhoramento – UFPel - [email protected] Eng. Agrônomo, Doutorando em Biotecnologia, no Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CDTEC) – UFPel – [email protected] 4 Enga Agrônoma; Mestranda Agronomia/Fitomelhoramento – UFPel - [email protected] 5 Enga Agrônoma; Pós Doutoranda - Embrapa Uva e Vinho – [email protected] 6 Professor Titular, Depto. de Ciência e Tecnologia Agroindustrial (DCTA) – UFPel - [email protected] 8 Professor Adjunto, Centro de Genômica e Fitomelhoramento (CGF) – UFPel - [email protected] 2 3 O estudo foi desenvolvido no Laboratório do Centro de Genômica e Fitomelhoramento (CGF) da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” (FAEM), Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Capão do Leão. Plântulas da cultivar FAEM - Carlasul foram utilizadas neste estudo. Primeiramente as sementes foram germinadas em papel filtro estéril umedecido com água ultrapura e mantidas em câmara de germinação (BOD) a 26°C, com fotoperíodo de 16 horas e umidade relativa de 100% por 15 dias. A extração de DNA foi realizada através do método CTAB. Os primers (Erro! Fonte de referência não encontrada.), foram desenhados obedecendo regras propostas pela Applied BiosystemsTM para síntese de primers específicos para reações de qPCR, pertencentes ao genoma do arroz foram obtidas no Banco de Dados RAP-DB (The Annotation Project) (http://rapdb.dna.affrc.go.jp/). A PCR semiquantitativa realizada com o objetivo de avaliar a conservabilidade dos genes utilizou o kit GoTaq® Green Master Mix (Promega®), sendo as condições de amplificação as seguintes: Desnaturação inicial (94ºC, durante 10 minutos); 40 ciclos (Desnaturação 94ºC, durante 30 segundos; Anelamento 60ºC, durante 45 segundos; Extensão 72ºC, durante 1 minuto e 30 segundos); Extensão final (72ºC, durante 7 minutos). Após a amplificação, as amostras foram submetidas a eletroforese em gel de agarose (2%) a 100 V, 400 miliamperes por ~ 2horas. Para quantificar aproximadamente o tamanho de cada amplicom, utilizou-se o marcador 1Kb plus DNA Mass Ladder (Invitrogen). De acordo com os resultados obtidos (Figura 1), pode-se observar que há uma conservabilidade da famílias TIM/TOM entre as espécies de arroz e aveia. Com exceção dos genes TOM20Os01g0921600, TIM17/22Os12g0514900 e TIM17/22Os04g056670 todos os demais genes foram transferidos para a aveia. Esse resultados podem ser explicados pelo fato, evidenciado pelo mapeamento genético, de que o conteúdo gênico, bem como a ordem dos genes são largamente conservadas ao longo da história evolutiva das gramíneas (MOORE et al., 1995; GALE e DEVOS, 1998). Os genes TOM7Os01g0626300, TOM7Os01g0732000 e TOM10Os07g0243100 amplificaram em regiões específicas originando amplicons com tamanhos correspondentes ao do arroz. Estes genes parecem estar sob uma seleção positiva mais forte, o que os mantém como locos simples. Entretanto, para os demais genes verificou-se uma inespecificidade de amplicação dos fragmentos. Em busca de especificidade, uma estratégia que pode ser adotada é o incremento da temperatura da reação de PCR, o que talvez seja eficiente para alguns dos genes estudados, como por exemplo para o TIM17/22Os02g0672500, TIM17/22Os02g0717300 e TIM44Os07g0409700. Contudo esta inespecificidade observada para alguns destes genes pode ser devido a eventos de duplicações gênicas que podem ter ocorrido ao longo da evolução da espécie. Genes duplicados podem evoluir para novas funções, uma vez que a função original é mantida pela copia mais antiga (neofuncionalização) (HITTINGER e CARROLL, 2007), ou então, pode manter a mesma atividade do gene ancestral (subfuncionalização) (GALLEGO – BARTOLOME et al 2010). Cabe salientar que o nível de ploidia é o triplo da ploidia do arroz. Os resultados obtidos confirmam a conservação e a ocorrência de eventos de duplicação gênica. Constatou-se a viabilidade do uso de alguns primers estudados, em aveia, o que pode viabilizar estudos de expressão gênica referentes a importação de proteínas para as mitocôndrias, frente a estresses. Referências Bibliográficas BRESOLIN, A.P.S. Caracterização morfológica e análise da expressão gênica em arroz (Oryza sativa L.) sob estresse por ferro. 2010. 144f. Tese. (Doutorado em Agronomia). Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. INTERNATIONAL RICE GENOME SEQUENCING PROJECT (IRGSP). The map-based sequence of the rice genome. Nature, v.1, n.7052, p.793-800, 2005. FUKAO, et al., 2011. The Submergence Tolerance Regulator SUB1A Mediates Crosstalk between Submergence and Drought Tolerance in Rice. The Plant Cell, v.23, p.412-427. GALLEGO-BARTOLOME J, et al., 2010. Transcriptional diversification and functional conservation between DELLA proteins in Arabidopsis. Mol. Biol. Evol. 27: 1247-1256. NEUPERT, W. 1997. Protein import into mitochondria. Annual Review of Biochemistry. v. 66, p. 863-917. PEGORARO, C. 2012. Effects of hypoxia storage on gene transcript accumulation during tomato fruit ripening. Brazilian Journal of Plant Physiology, v. 24, p. 141-148. SWEETLOVE, L.J. et al, 2007. The Mitochondrion: An Integration Point of Cellular Metabolism and Signalling. Critical Reviews in Plant Sciences. v. 26, p. 17-43. Tabela 1. Sequências dos primers utilizados no estudo. N° 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 1 Gene TOM7Os01g0626300 TOM7Os01g0732000 TOM7Os05G0583400 TOM20Os01g0921600 TOM10Os07g0243100 TOM10 Os03g0825400 TOM13Os04g0581300 TIM17/22Os02g0672500 TIM17/22Os02g0717300 TIM17/22Os03g0296300 TIM17/22Os03g0305600 TIM17/22Os04g0376100 TIM17/22Os03g04150 TIM17/22Os10g0519700 TIM17/22Os12g0514900 TIM17/22Os04g056670 TIM44Os07g0409700 TIC21Os06g0638100 2 3 4 5 6 Senso GAAGCCGAAGCCCAAGGTCAA CATCGCCCACGTGGTCCACT TGCTCCACTTCCGCACGAG GGACATGGGAGCGATGAGCG GAAAGGTCAGCCGGTGAATGTG TGGAGAAGGAGCAGATGTTCGG ATGGACTCGTTCTCGTCGCCGT CCTCGCCTTCCCCACCTCGTAC GGGCTCATCCGGACGCTCAA GGAGGAGATCAAGGGGCAGGAC CGGCCTGGAGAAGAACTGGATG TGGAAGGAGCGGATCTTGCTGC TTCGGGAGGAAGGAGAAGC CTGTTCCCGTCGGGATCCAA CGCGAGGAGGAGGAAGGAGG CAGCCGCGTCCTCAACCAGT GGAGGGCAGGACACCATCCA GCCATGCTCGCCCAGGTTAG 7 8 9 M 10 11 12 Antisenso TGGTCCACGTGGTCCACTCCTT GGCGGAGAAGGGGAAGGCTC AGCGCAGGGGCCTCTGAGAG ACCTTGGCGTTCTGGCATGC TGCCAATCCAAACATCTGCTCC CGACCCGGTACTCCATCTCCTT TGAGATGCTCCGTGGACGCAGT GCGAGGTGGGCAGGTCGTAGAG ACGAGCTGCTCGACGCCGAT ATGACTCCACTGACGACGCTGC ATGAAGTAAGACTCCCGCGCGA GAATCCAGCTCCGACCACACCG AAGGATGGAATTGGAGGGCTGG AGGGGTTGTACTTCCGGCGG CTCAGCGTCGGTGGTGTCCC GATCCCCACGAAGAGCAGCG TGCTGGATCTCACGCAACCG CAGAATCCCAGGGTGCCCAA 13 14 15 16 17 Figura 1. Gel demonstrando a amplificação dos genes estudados. 1-TOM7Os01g0626300; 2-TOM7Os01g0732000; 3- TOM7Os05G0583400; 4TOM20Os01g0921600; 5-TOM10Os07g0243100; 6-TOM10 Os03g082540; 7TOM13Os04g0581300; 8-TIM17/22Os02g0672500; 9- TIM17/22Os02g071730; MMarcador Low Mass Ladder; 10TIM17/22Os03g0296300; 11TIM17/22Os03g0305600; 12- TIM17/22Os04g0376100; 13- TIM17/22Os03g04150; 14TIM17/22Os10g0519700; 15- TIM17/22Os12g0514900; 16- TIM17/22Os04g056670; 17- TIM44Os07g0409700.