Módulo 5
Transcrição
A S T R O F Í S I C A E X T R A G A L Á C T I C A 2004 Efeitos Ambientais Efeitos Ambientais Na tentativa de se entender o processo de formação e evolução das galáxias, foram sendo encontradas algumas evidências observacionais que levaram ao estudo dos chamados Efeitos Ambientais sobre as propriedades físicas das galáxias. Estes efeitos alterariam o curso natural da história passiva de uma galáxia. Em algumas situações, provavelmente o ambiente teria um papel importante na definição do tipo morfológico da galáxia. Neste capítulo veremos alguns dos estudos sobre este tema. Quinteto de Stephan 2 Interações de galáxias com ... Galáxias podem sofrer uma série processos interativos com o meio circunvizinho. Abaixo sumarizamos alguns destes processos, que terão influência em alguns dos aspectos a serem examinados adiante. Tidal Stripping (remoção do gás por efeito de maré): Remoção do gás e de estrelas de uma galáxia por efeitos de maré gerados por uma companheira próxima. Ruptura do objeto se: Rroche~ r (2M/m)1/3 Tidal Stripping from mean background field (remoção de gás por efeitos de maré do campo do aglomerado como um todo): Remoção de gás da parte externa de galáxias devido ao efeito de maré produzido pelo campo gravitacional do aglomerado como um todo. Ram Pressure Stripping (pressão de arraste): Remoção do gás de uma galáxia pela passagem da mesma em um meio intracluster relativamente denso. Mergers (aglutinações): Fusão entre duas ou mais galáxias. 3 Relação Morfologia-Densidade S+Ir S0 E Figura para 6 aglomerados irregulares mostrando a validade da relação para 4 este tipo de aglomerado. Devido a boa estatística, os resultados encontrados por Dressler, tiveram um impacto muito grande, em uma época que se acreditava que S0s seriam formadas por espirais que tiveram parte do gás do disco removido. Os principais argumentos contra esta hipótese apresentados neste artigo foram: 1 - A relação morf-dens é uma função suave da densidade, provendo S0s em regiões onde a densidade do gás é pequena para produzir remoção eficiente do gás das espirais por evaporação ou pressão de arraste; 2 – A relação morf-dens é válida tanto para aglomerados ricos como irregulares, supostamente ainda não relaxados, e portanto onde as galáxias deveriam sofrer menos ablação de gás; 3 – Os bojos e razões B/D para S0s são sistematicamente maiores do que para as espirais, em qualquer regime de densidade. 5 Este comportamento indicaria uma diferença entre entre S0s e bojos de espirais. O aumento da componente esferoidal com a densidade pode ser causado por mergers, formação de galáxias tardiamente, ou mecanismo de formação altamente dependente da densidade de galáxias. 6 Uma proposta alternativa - a de que galáxias espirais originariam S0s, propunha que o processo de formação da componente do disco seria muito longo (alguns bilhões de anos). Desta forma, um aumento na densidade local de galáxias implicaria numa demora ou até mesmo numa interrupção da formação de um disco. Por que a componente esferoidal seria mais massiva em regiões de maior densidade de galáxias ? Isto poderia ser causado às custas da massa do disco e indícios de uma possível: a) Formação de galáxia tardia; b) Mergers; c) Mecanismo de formação altamente sensível à densidade; d) Acoplamento entre perturbações de altas freqüências (galáxias) e baixas freqüências (aglomerados) no Universo jovem. 7 Morfologia x Densidade - Grupos 8 Esta turma re-analisou a amostra de aglomerados do Dressler, após efetuar uma série de correções nos dados. Eles determinaram que a relação mais importante é a morfologia x distância centro do aglomerado (Rc). ao S+Ir S0 E 9 Uma espécie de contra-prova é obtida quando se analisa uma amostra de galáxias com o mesmo Rc normalizado, porém com diferentes densidades locais, isto é, em aglomerados ricos e irregulares a relação Rc x morf seria mantida. E S+Ir 10 Um possível cenário para se adequar a estas observações seria aquele no qual a razão E/(S0+S+Ir) = 10%/90%. As galáxias elípticas se formariam primeiro, seguidas do colapso do aglomerado, galáxias S0 e finalmente as espirais e Ir. Durante o processo de colapso do aglomerado, as nuvens de gás protogaláticas seriam destruídas. Este gás iria compor o meio intraaglomerado. A destruição das espirais e S0 que se formariam tardiamente, próximas ao centro do aglomerado, produziriam o aumento da fração de elípticas, observado. Mesmo com simulações recentes levando em conta cenários de matéria escura fria (Steinmetz & Navarro NewAstron 7, 155, 2002) , ainda não é possível estabelecer um caminho claro para o entendimento da relação morf-dens. No entanto, estas simulações revelam a forte dependência da morfologia com o histórico de interações do objeto. 11 Efeitos Ambientais – Esquema Unificado Whitmore 1994 STScI preprint 855 12 Galáxias cD Este é, talvez, o caso mais drástico de um efeito do meio ambiente. No centro de aglomerados massivos costumam residir galáxias chamadas de cD, resultado de numerosos processos de aglutinação. Chegam a possuir dimensões de até 1 Mpc, e MB~ -22 a -25. Suas massas estão entre 10131014 Msol. Outra característica é a presença de uma região central de alto brilho superficial e um extenso envelope difuso. Apresentam alta razão M/L (indício de muita matéria escura). NGC 1399 13 Taxa Formação Estelar x Ambiente – Galáxias em interação Galáxias em forte interação apresentam aumento na SFR. 14 Taxa Formação Estelar x Ambiente – Galáxias em interação 15 Taxa Formação Estelar x Ambiente – Galáxias em aglomerados Galáxias em regiões centrais de aglomerados apresentam uma diminuição na SFR 16 Taxa Formação Estelar x Ambiente – Galáxias em aglomerados No entanto ... 17 Taxa Formação Estelar x Ambiente – SFR como função da densidade local 2dFGRS Não seria apenas um reflexo da relação mof x dens ? 18 Taxa Formação Estelar x Ambiente – SFR como função da densidade local Confirmam que a SFR é menor em regiões mais densas. Valores p/ população de campo 19 Conteúdo de HI A ação de forças de maré ou de um meio intracluster podem levar a remoção do HI em galáxias, como no exemplo abaixo. 20 Conteúdo de HI (cont.) Massa de HI Distância do objeto Fluxo em 21cm Linhas de HI 21 Conteúdo de HI (cont.) Distribuição de HI para diferentes tipos morfológicos em galáxias isoladas, usado como padrão no exame de Deficiência de HI. 22 Conteúdo de HI – Deficiência de HI (aglomerados) Encontra-se deficiência de HI para objetos nos centros dos aglomerados. Partes externas do aglomerado de Virgo Parte central do aglomerado de Virgo 23 Conteúdo de HI – Deficiência de HI (em grupos) Observações em 21cm mostram que galáxias de loose groups não apresentam deficiência de HI significativa, sendo mais ou menos similares às isoladas. 24 Conteúdo de HI – Truncamento de discos de galáxias Um outro efeito ambiental é o do truncamento dos discos de HI resultante de ambientes inóspitos em centros de aglomerados. Na fig. ao lado temos uma distribuição dos mapas de HI para as galáxias espirais mais brilhantes do aglomerado de Virgo. 25 Conteúdo de CO Duas amostras em ambientes de alta (HDS) e baixa (CS) densidade de galáxias são usadas para examinar vários efeitos do meio ambiente. Em particular, o conteúdo de CO é usado como estimador do potencial formador de estrelas destas galáxias. CS HDS HDS CS 26 Espectros óptico e rádio para um dos objetos estudados para verificação de efeitos ambientais. 115 GHz 12CO (1-0) 230 GHz 12CO (2-1) 27 Função de Luminosidade x Ambiente Bingelli et al. 1998 mostraram que as FL para diferentes tipos morfológicos, são similares para campo e aglomerados. O que influencia a FL global, é a diferente proporção de tipos morfológicos nos distintos ambientes. No entanto, há debate na literatura sobre sua universalidade. As diferentes maneiras de se fazer a estimativa da FL, ajudam a esquentar o debate. 28 Efeitos Ambientais - AGNs Da mesma forma que os vários efeitos atribuídos ao meio ambiente são motivos de controvérsia, a intensificação ou desencadeamento da atividade nuclear não é exceção. Vários estudos quanto a existência de uma companheira próxima à hospedeira de um AGN, AGNs em galáxias em interação, ambientes de aglomerados/grupos já foram examinados mostrando tendências opostas dependente do autor. O ponto que parece ser crítico, é o de seleção das amostras de estudo e controle. A seguir mostramos alguns exemplos de resultados obtidos para os AGNs. Hospedeiros na categoria “mergers” parecem conter mais AGNs do que amostra de controle, indicando que galáxias em forte interação parecem contribuir para o fenômeno AGN. Atenção: este é apenas um lado da moeda ! 29 Efeitos Ambientais - AGNs As propriedades características dos hospedeiros (ambiente interno, ex.: presença de barra) parecem ter mais importância do que as de “grande escala” (ambiente exterior, ex: número de companheiras) sobre a atividade nuclear. 30 Neste trabalho fica resumido um pouco dos diferentes resultados encontrados a respeito da presença de Seyferts em galáxias em interação. São abordados os diversos problemas das amostras de controle. 31 Efeitos Ambientais – AGNs em Hickson Compact Groups O ambiente denso e as baixas dispersões de velocidades destes sistemas favorecem a interação e aglutinação de galáxias. Logo, se isso acontece e se o paradigma interação-atividade é válido, devemos encontrar uma alta população de AGNs em HCGs. No entanto na prática, isto parece não acontecer. Embora tenham sido encontradas proporções de Seyferts em HCGs da ordem de 41% (Coziol et al. AJ 120, 47, 2000) e 50% (Shimada et al. AJ 119, 2664, 2000). Estes últimos na verdade colocam que se forem feitas correções para as distribuições dos diferentes tipos morfológicos, não existe indício de aumento de atividade de AGNs e até de starburst nuclear em HCGs. 32 As galáxias dão o troco ! Não é só o ambiente que exerce influência sobre as galáxias. Estas produzem alguns efeitos sobre ele, por exemplo: 1- Enriquecimento do meio intergaláctico por metais provenientes de explosões de supernovas, e perda de massa de estrelas gigantes; 2- Aquecimento do meio intra-aglomerado produzido por jatos de AGNs; 3- Injeção de partículas relativísticas por meios de jatos e explosões de supernovas. 33
Documentos relacionados
Giuana Alves da Silva Categoria bolsa
responsáveis pelas morfologias observadas pode ser aventada. Contudo, também precisamos levantar a hipótese de que a galáxia central pode ser o produto de uma fusão de duas (ou mais) galáxias, de m...
Leia maisTelescópio revela onda de choque em colisão de galáxias :: Estada
Finanças Pessoais Investimentos
Leia maisMódulo 6
spectrographs, aproveitando todo o campo de visão dos telescópios, levantamentos mais profundos puderam ser efetuados. Os critérios técnicos de resolução e s/n dos espectros, devem atender os objet...
Leia maisestrutura do universo
• Virgo aglomerado rico mais próximo: contém mais de 1000 galáxias • área 10° x 12° no céu • D= 3 Mpc • Distância d = 15Mpc (estrelas Cefeidas na galáxia S M100). • Três elípticas gigantes (20 ve...
Leia maisMassa e Luz no Universo
em grandes escalas, a luz emitida pelas galáxias se distribui, com as galáxias formando estruturas- pares, grupos, aglomerados- que constituem o tecido do universo nessas escalas enormes, a distrib...
Leia mais