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ANO - XXXII 122 SEGUNDO SEMESTRE - JUNHO/DECEMBRO 2015 NOVA ERA Laurence Delaire “A centralização permite ter controle otimizado da cobertura dos riscos do Grupo” DIRECTEUR ASSURANCES GROUPE ENGIE Solvência II e o backtesting dos modelos internos PABLO DURÁN SANTOMIL LUÍS A. OTERO GONZÁLEZ Os fenômenos da natureza nas apólices Todos os Riscos de Construção SANTIAGO ORTEGA ESPINOSA Gestão integrada do risco na agricultura ANTONIO MÁRCIO BUAINAIN PEDRO LOYOLA Criminosos ciberneticos: a grande ameaça Mª ÁNGELES CABALLERO VELASCO Drones. Aeronaves sem piloto a bordo PAOLA SERRANO GARCÍA SEGUNDO SEMESTRE 2015 121 Sumario Editorial Expressar nosso esforço e imaginação Entrevistas LAURENCE DELAIRE, Director of insurance for engie groupe Agenda Notícias Notícias AGERS 3 5 11 13 12 Notícias IGREA Notícias INADE Notícias FERMA Sr. FILOMENO MIRA CANDEL recebe a homenagem anual da by AGERS Presença MGR Eventos Internacionais FRANÇOIS SETTEMBRINO. Obituário Estudos Solvência II e o backtesting dos modelos internos PABLO DURÁN SANTOMIL e LUÍS A. OTERO GONZÁLEZ 34 Os fenômenos da naturaleza nas apólices Todos os Riscos de Construção SANTIAGO ORTEGA ESPINOSA Gestão integrada do risco na agricultura ANTÔNIO MÁRCIO BUAINAIN e PEDRO LOYOLA Criminosos ciberneticos: a grande ameaça Mª ÁNGELES CABALLERO VELASCO Drones. Aeronavez sem piloto a bordo PAOLA SERRANO GARCÍA Relatório Fundación MAPFRE 76 Observatório de sinistros 82 Ranking dos maiores grupos seguradores europeus não vida 2014 Sinistros de responsabilidade civil por interrupções no fornecimiento de energia eléctrica Sinistralidade em turbinas a vapor para geração de energia Expressar nosso esforço e imaginação Começamos um novo ano compartilhando a profunda consternação com os ataques terroristas do ano passado e, com o intuito de expressar nosso esforço e imaginação neste número, decidimos que deveríamos falar sobre nosso grande esforço e dedicação que tivemos este para saltarmos para a edição digital da revista. O fato de a nossa publicação já ter ultrapassado 32 anos de existência representa para nos a consolidação de uma forma de comunicação. Ficamos muito satisfeitos em pensar que há um sentimento por parte de nossos leitores e do setor em geral, de nossa forma de trabalhar não se limita a editar uma publicação com maior ou menor habilidade. Nosso compromisso vai mais longe, pois nossa pretensão é coordenar um mosaico de informações técnicas e acadêmicas para um determinado número de profissionais para os quais editamos a revista. Esperamos que a alegria que a edição desta revista nos dá se estenda a todos os leitores que foram se unindo à nossa rota e àqueles que desejamos que dia a dia nos conheçam melhor e nos encoragem em uma época em que teremos novas oportunidades. Iniciamos este exemplar com a entrevista com Laurence Delaire, Diretora Corporativa de Seguros do grupo ENGIE, que acaba de ser homenageada como Gerente de Riscos do ano pela revista L’Argus de l’assurance. Na entrevista ela nos explica como a principal tarefa de seu departamento é gerenciar os riscos seguráveis do Grupo no mundo todo sob o princípio da centralização. O ENGIE é um grande grupo de energia francês que conta com mais de cento e cinquenta mil funcionários e cujo nome até este ano era GDF Suez. 3 Na seção de Atualidades apresentamos algumas das principais atividades desenvolvidas no segundo semestre de 2015 pelas duas associações espanholas de gerenciamento de risco: AGERS e IGREA, pela Federação Europeia de Associações de Gerentes de Risco (FERMA) e pela Fundación Inade, Instituto Atlântico do Seguro. Nesta mesma seção, mostramos a presença internacional da MAPFRE GLOBAL RISKS em vários eventos durante o segundo semestre do ano. A seção de Artigos apresenta um total de cinco trabalhos, dois deles de origem acadêmica: “Solvência II e o backtesting dos modelos internos”, escrito por Pablo Durán Santomil e Luis A. Otero González, professores da Universidade de Santiago de Compostela, e “Gestão integral do risco na agricultura”, redigido pelos brasileiros Antônio Márcio Buainain, professor do Instituto de Economia da Unicamp, e Pedro Loyola, economista da Federação de Agricultura do Estado do Paraná. Os três artigos restantes, “Os fenômenos da natureza nas apólices Todos os Riscos de Construção”, redigido por Santiago Ortega Espinosa, engenheiro da Caminos, Canales y Puertos com 34 anos de experiência profissional no setor segurador; “Criminosos cibernéticos. A grande ameaça”, por María Ángeles Caballero Velasco, técnica de sistemas de segurança tecnológica de transações e operações na Direção de Segurança e Meio Ambiente da MAPFRE, e “Drones: aeronaves sem piloto a bordo”, escrito por Paola Serrano, diretora da área de Aviação e Espaço da Unidade Global Risks da MAPFRE. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Editorial Na seção seguinte, apresentamos a décima primeira edição do “Ranking dos maiores grupos seguradores europeus de seguros Não Vida” publicado pela Fundación MAPFRE, que corresponde ao exercício de 2014. O segundo trabalho trata da relevância para o setor segurador da “Sinistralidade das turbinas a vapor para a geração de energia elétrica”. Com a chegada do Ano Novo, renovam-se os votos e as esperanças por um ano melhor. Vislumbrando o que nos trará o ano que está começando agora, agradecemos por continuarem conosco. Este número se conclui com o Observatório de Sinistros que, desta vez, apresenta dois trabalhos. O primeiro deles, elaborado por Román Guaita, vice-diretor de sinistros da Área Internacional na MAPFRE GLOBAL RISKS, discorre sobre “Os sinistros de Responsabilidade Civil por interrupções no fornecimento de energia elétrica”. ¡Feliz 2016! MAPFRE GLOBAL RISKS President: Alfredo Castelo Marín Carretera de Pozuelo, 52 Gerenciador: Jose Luis Ibáñez Götzens 28222 Majadahonda, Madrid Tel.: +34 91 581 13 00/27 45. www.gerenciaderiesgosyseguros.com A revista Gerência de Riscos e Seguros não se responsabiliza pelo conteúdo de nenhum artigo ou trabalho assinado por seus autores, nem o fato de publicá-los implica conformidade ou identifi cação com os trabalhos apresentados nesta publicação. É proibida a reprodução total ou parcial dos textos e ilustrações desta revista sem a autorização prévia do editor. 4 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Entrevista Laurence Delaire DIRETORA DE GARANTIAS DO GRUPO ENGIE “ A política de seguros do ENGIE tem como principal objetivo a otimização da cobertura de riscos seguráveis em termos de limite, escopo e custos ” A consciência doe risco no ENGIE é madura, diz Laurence Delaire. O grupo energia optou para a centralização de compra de seguros para o controle otimizado da cobertura dos riscos do grupo, “um verdadeiro desafio se leva em conta a relevância da ENGIE e sua escala global”. 5 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Entrevista ‘Gestão de Riscos e Seguros’ (doravante GRS): Ator mundial da energia e especialista em três setores: eletricidade, gás natural e serviços para o setor energético, como o ENGIE define sua política de seguros? Laurence Delaire (doravante LD): Em primeiro lugar, gostaria de dizer que estou orgulhoso de que a política de seguros do nosso grupo esteja formalizada e conte com a aprovação e o apoio do nosso presidente. Dito isto, a política de seguros do ENGIE tem como principal objetivo a otimização da cobertura dos riscos seguráveis, em termos de limites, escopo e custos. Também se baseia em ter uma visão global, abrangente, coerente e, naturalmente, controlada das soluções implementadas para proteger os resultados do Grupo frente às principais ameaças a que possa estar exposto. Como consequência destas premissas, o processo de compra de seguros é centralizado, e isso se traduz em grandes vantagens para o ENGIE, não só em termos de redução de custos ou pela possibilidade de obter melhores condições em termos de escopo e limites das garantias, mas também em outros aspectos, como na hora de lidar com um sinistro. Em suma, a centralização permite ter controle otimizado da cobertura dos riscos do Grupo, um verdadeiro desafio se considerarmos a relevância do ENGIE e sua envergadura global. que tem como prioridade a criação de programas globais e a negociação com um pequeno número de sócios seguradores, que também são essenciais. Outro dos princípios é o controle das perdas de danos, a pedra angular da nossa estratégia de gestão de riscos, que tem o objetivo de melhorar nosso perfil de riscos e, consequentemente, reduzir o custo final das coberturas. Além disso, para garantir que os programas de seguros atendam verdadeiramente às suas necessidades, realiza-se um diálogo contínuo com as unidades de negócio do Grupo. Finalmente, desenvolvemos um trabalho em equipe com nossos corretores para obter a melhor opção nos mercados tanto de seguro quanto de resseguro e adaptar nossa estratégia de posicionamento às condições do mercado. GRS: Onde fica a Direção de Seguros dentro da organização? LD: Ela depende da área financeira. PROGRAMAS GLOBAIS GRS: Quais são, então, os principais fundamentos de seus programas de seguros? LD: Em primeiro lugar, a centralização. Isto significa que todas as decisões importantes relacionadas a este tema são tomadas num Comitê de Seguros, 6 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Entrevista GRS: Vocês estão encontrando dificuldades no mercado segurador para alguns riscos? Quais? LD: Atualmente o mercado de seguros e o de resseguros estão fornecendo capacidade e cobertura adequadas para a maioria dos riscos. No entanto, onde eu acho que a resposta do mercado não está totalmente alinhada com as nossas necessidades é nas áreas de riscos cibernéticos e de lucros cessantes, onde a oferta não é suficiente em termos de cobertura e capacidade. “As próximas renovações nos permitirão continuar melhorando a cobertura do grupo e otimizando nosso orçamento” GRS: Qual é a sua previsão para as próximas renovações de seus programas de seguros? LD: Sou otimista, já que tanto o mercado segurador quanto o ressegurador continuam ‘fracos’, e o perfil de risco do ENGIE é bem perceptível. Acho que as próximas renovações nos permitirão continuar a melhorar a cobertura do Grupo e a otimizar nosso orçamento. ELEMENTO-CHAVE GRS: O ENGIE tem alguma cativa? De que tipo? Qual é o seu papel dentro do Grupo? LD: O ENGIE tem uma cativa de resseguro, que é um elemento-chave na nossa política de financiamento do risco. A cativa se envolve na maioria dos nossos programas de seguros e cobre os riscos de tipo baixo/médio, ao mesmo tempo em que permite limitar a transferência para o mercado segurador e para o ressegurador dos riscos de gravidade alta. 7 “O ENGIE tem uma cativa de resseguro, que é um elemento-chave na nossa política de financiamento de risco” GRS: Qual é o apoio que a Direção de Seguros dá aos outros departamentos do Grupo? LD: Nossa colaboração é constante. Fornecemos informações sobre a colocação dos programas de seguros e coberturas e os ajudamos na gestão de sinistros. Também estamos muito envolvidos na prevenção de perdas, principalmente nas áreas de análise de riscos e na verificação e estabelecimento de cláusulas contratuais. No caso de novos projetos ou novas actividades que arriscam, coletamos nosso conhecimento e experiência no mercado de seguros e o compartilhamos com o pessoal operacional e técnico. Além disso, temos um diálogo frequente GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Entrevista com a ERM (Gerência de Risco Corporativo) do Grupo e os apoiamos na avaliação de riscos seguráveis. Por fim, nosso departamento também trabalha com a unidade de RH do Grupo em tudo aquilo que está ligado aos seguros de previdência social para funcionários e com a área de marketing para o desenvolvimento de soluções seguradoras que atendam os mesmos interesses. GRS: Qual é a contribuição dos corretores na transferência do risco? LD: Nossos corretores desempenham um papel fundamental na transferência dos riscos do ENGIE. Eles têm um conhecimento excelente dos mercados de seguro e resseguro e nos assessoram continuamente com as estratégias, capacidades e oferta dos atores principais tanto global quanto regionalmente. Também nos ajudam na colocação e gestão dos programas e sinistros. CONSCIÊNCIA MADURA GRS: A sra. acha que a aversão ao risco dentro das empresas está melhorando? LD: Acredito que a consciência do risco em nosso Grupo é madura e que o Departamento de Seguros, com suas atividades de prevenção de riscos, desempenha um papel importante nisso. O risco faz parte de todas as atividades humanas e do nosso negócio, pois nosso tipo de atividade (petróleo, gás, energias renováveis, etc.) pode envolver riscos muito altos em muitas áreas. “Nosso trabalho, juntamente com todas as partes envolvidas dentro do ENGIE, deverá contribuir para uma melhor consciência do risco” 8 Nosso trabalho, junto com todas as partes envolvidas dentro do ENGIE, deve contribuir para melhorar a consciência do risco, tanto na direção quanto no pessoal de operações e ajudá-los para que se envolvam mais na gestão dessas ameaças. GRS: Como o ENGIE trabalham para otimizar a prevenção do risco? LD: A prevenção é uma prioridade para o Departamento de Seguros do ENGIE, já que é a principal forma de reduzir o custo do risco segurável. É uma estratégia de longo prazo, que não está vinculada aos ciclos do mercado de seguros. Em colaboração com nossos seguradores de danos, negociamos, implementamos e controlamos o programa de engenharia de riscos relevantes. Esta política de Controle de Perdas também faz parte da Política de Seguros do Grupo. Além disso, fizemos uma análise de nossa exposição aos riscos da natureza. No que diz respeito à Responsabilidade Civil, nossa equipe examina as cláusulas importantes dos contratos para, assim, garantir que tudo esteja correto. “A prevenção é uma prioridade para o departamento de seguros do ENGIE, já que é o principal meio estratégico para reduzir o custo do risco segurável” GRS: Em sua opinião, quais são os desafios do seguro para abordar a proteção de empresas como o ENGIE? LD: O negócio do ENGIE pode ser afetado por perdas catastróficas como qualquer grande empresa global. A indústria do seguro tem de lidar com essa volatilidade potencial e ser capaz de oferecer estabilidade e parceria a longo prazo. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Entrevista UMA VISÃO DE 360° DA ESTRATÉGIA E DO NEGÓCIO DO GRUPO Bacharel em Direito e mestre em Direito de Seguros, Laurence Delaire é desde março de 2010, a diretora corporativa de seguros do ENGIE. Sua responsabilidade é dirigir uma equipe de trinta pessoas. A principal tarefa de seu departamento é gerenciar os riscos seguráveis do Grupo ao redor do mundo sob o princípio da centralização. Esta área também dá apoio à área de Recursos Humanos, na negociação de programas relacionados com a saúde. Outra das suas tarefas é desenvolver e implementar a estratégia de financiamento do risco segurável do Grupo ENGIE. Também dirige o programa de prevenção em todas as plantas industriais do mundo, cuida da concepção e implementação de produtos de seguros que atendem interesses semelhantes. Laurence Delaire também é administradora representante da cativa de resseguro do Grupo GDF SUEZ RE. 9 Para a diretora de seguros do ENGIE, seu trabalho é “fantástico” porque “o seguro está diretamente relacionado com o negócio e fica na encruzilhada de atividades como ERM, Assessoria Jurídica, Recursos Humanos, Finanças, Segurança, etc.”. “Ter este papel”, acrescenta, “me proporciona uma visão de 360° da estratégia e do negócio do Grupo de forma global”. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Agenda Agenda JORNADA DATAS LOCAL CONVOCANTE XVIII Annual Global AirFinance Conference 19-20 janeiro Dublín (Irlanda) AIRFINANCE Insurance Risk Management Annual Forum 24-27 janeiro Naples, FL (EUA) APA Pharmacovigilance & Risk Management Strategies 27-29 janeiro Munique (Alemanha) FLEMING EUROPE 31 janeiro-3 fevereiro Boca Ratón, FL (EUA) BUSINESS INSURANCE Windstorm Insurance Conference 1-4 fevereiro Orlando, FL (EUA) WIND Seguridad Nacional y Gestión de Crisis 2-5 fevereiro Nice (França) NGF XXIV Rencontres 3-5 fevereiro Lille (França) AMRAE Airline Risk Management & Treasury Form 9-10 fevereiro Londres (Inglaterra) AIRLINE ECONOMICS Semana del Seguro 23-25 fevereiro Madrid (Espanha) INESE Annual Conference 23-26 fevereiro Indian Wells, CA (EUA) PARMA XVII Annual Risk Management Convention 1-2 março New York, NY (EUA) GARP Congreso Panamericano sobre Delitos de Seguros 9-11 março México DF (México) COPADES 7th Annual Microinsurance Summit 14-17 março Miami, FL (EUA) HANSONWADE Annual Convention 15-18 março Hollywood, FL (EUA) BISA 17 março Estocolmo (Suécia) SWERMA XXV World Captive Forum Risk Forum 10 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Agenda Agenda EVENTO FECHAS LUGAR CONVOCANTE 17-24 março Maresias (Brasil) USP - ABE 4-6 abril Las Vegas, NV (EUA) LIMRA Annual Conference & Exhibition 10-13 abril San Diego, CA (EUA) RIMS Governance, Compliance & Operational Risk 20-21 abril Cambridge, MA (EUA) RMA XXVI Congreso Panamericano de Seguros 20-22 abril Río de Janeiro (Brasil) COPAPROSE Aviation Insurance Annual Conference 30 abril-3 maio Miami, FL (EUA) AIA XXV Congress 22-25 maio Maastricht (Países Baixos) ICLAM VIII International Insurance Conference 24-26 maio Dublín (Irlanda) INSURANCE EUROPE XI Congreso Nacional de Agentes y Corredores de Seguros 1-3 junho Granada (Espanha) CGCMS XXVII Conferência Anual 2 junho Madrid (Espanha) AGERS Annual Conference 5-8 junho Atlanta, GA (EUA) PRIMA Caribbean Insurance Conference 5-7 junho Paradise Island (Bahamas) LIMRA Annual Conference 6-8 junho Harrogate (Inglaterra) AIRMIC II Annual Insurance Law Forum 11 junho Londres (Inglaterra) THOMSON REUTERS Annual Conference & Business Show 12-15 junho San Antonio, TX (EUA) IASA National Conference 27-28 junho Manchester (Inglaterra) ALARM VII Conference on Statistical Modelling in Insurance Life Insurance Conference 11 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias Atividades no segundo semestre de 2015 NOTICIAS APRESENTAÇÃO I MANUAL DE PROGRAMAS DE SEGUROS INTERNACIONAIS EM INGLÊS O I Manual de Programas de Seguros Internacionais, elaborado pelo Grupo de Trabalho de Gerentes de Riscos da AGERS, foi publicado em inglês graças à colaboração entre a AIG e a FERMA. Este Manual foi apresentado em 16 de setembro numa cerimônia que acolheu mais de uma centena de participantes. O evento começou com os discursos do sr. Juan Carlos López Porcel, presidente da AGERS e gerente de riscos da ArcelorMittal Espanha, e do sr. Álvaro Mengotti, diretor geral para Ibéria e membro do Comitê Executivo para América Latina e Caribe Exco da AIG. No final da apresentação foi servido um café da manhã enquanto os participantes trocaram opiniões em uma concorrida networking em que foi feita a entrega de um exemplar do Manual, que contou com a colaboração da AIG e da FERMA para esta edição em inglês. FÓRUM DE GESTÃO DE CRISES: PAUTAS DE ATUAÇÃO URGENTE Neste evento, realizado no dia 24 de setembro, contou-se com a visão de uma perspectiva múltipla: gerente de riscos, seguradora e áreas de comunicação e jurídicas. Após um breve resumo dos próximos eventos da Associação, apresentado por Alicia Soler, gerente executiva da AGERS, tomou a palavra a moderadora do evento, Millagros Sanz, advogada do escritório Herbert Smith Freehills, que colocou duas perguntas aos participantes: “o que é uma crise?” e “qual é o papel de cada um dos envolvidos? 12 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias AGERS NO FÓRUM FERMA Este ano o Fórum da FERMA, realizado em Veneza de 4 a 7 de outubro, acolheu mais de 1.500 profissionais relacionados com a gerência de riscos. Destes, 316 eram Gerentes de Riscos, com uma representação de mais de 60 participantes espanhóis. A AGERS organizou e participou de dois painéis do Congresso. Em 5 de outubro, na Sala Perla do Palácio do Cinema de Veneza, foi apresentado o Manual de Programas de Seguros Internacionais, publicado em inglês pela AGERS, e todos os participantes receberam em exemplar. Participaram deste painel: sr. Bruno Laval (XL Catlin), sr. Augusto Pérez Arbizu (Telefónica e IGREA), sr. Daniel San Millán (Ferrovial e presidente da IGREA), sr. Juan Carlos López Porcel (ArcelorMittal e presidente da AGERS) e sr. José Antonio Ruibal (MAPFRE GLOBAL RISKS). No dia 6 de outubro na Salle delle Feste do Palazzo del Cinemá, o sr. Mario Ramirez Ortúzar (CLH e vicepresidente II da AGERS) apresentou o painel dos riscos geopolíticos junto com o sr. Juan Miguel García Mediavilla (CEPSA), sr. Paulino Fajardo (Herbert Smith Freehills e AGERS), sr. Robert Llewellynn (SwissRe) e sr. Scott Bolton (AONRISKSOLUTIONS). FÓRUM DE RISCOS PESSOAIS: A MEDIÇÃO DO SEGURO PELA IDADE BIOLÓGICA Em 14 de outubro, na sede do CEIM, aconteceu este evento em que o sr. José Miguel RodríguezPardo, professor de Ciências Atuariais e Financeiras da Universidade Carlos III de Madri, falou sobre os modelos bioatuariais com base na idade biológica. 13 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias O sr. Antonio López Farré, professor da Universidade Complutense de Madri, por sua vez, explicou os algoritmos da idade biológica do ponto de vista da biomedicina. Para concluir, o sr. Francisco García, diretor geral da Gen Re, filial na Espanha, desenvolveu o tema “A oportunidade do uso de modelos de idade biológica na medição do seguro”. Todos as falas foram moderadas e apresentadas pela sra. Pilar Méndez, diretora da Mercer Marsh Benefits TM. O principal objetivo do fórum foi aprender mais sobre o conceito de idade biológica por meio dos novos modelos bioatuariais, seus diferentes algoritmos e as novas oportunidades de usar os modelos de idade biológica. FÓRUM PROGRAMAS DE SEGUROS INTERNACIONAIS EM BARCELONA EN BARCELONA Este encontro foi realizado em 20 de outubro com o objetivo principal de analisar a questão dos programas de seguros internacionais e contou com a visão especializada de profissionais do setor segurador e no campo da mediação internacional. O programa foi estruturado em três partes interrelacionadas. A primeira parte, de 45 minutos, foi apresentada pelo sr. Javier Morales, gerente de Subscrição, Contas Principais, da XL CATLIN Major, que discorreu sobre questões terminológicas, normativas e fiscais. Moderado pelo sr. José Amézola, representante da AGERS na Catalunha, na segunda parte do programa foram formadas duas equipes de quatro apresentadores cada para analisar um estudo de caso com os participantes e, assim, transmitir situações reais que devem ser contempladas na Contratação de um Programa Internacional e as situações que surgem quando ocorre um sinistro. APRESENTAÇÃO II MANUAL DA AGERS: CATÁSTROFES NATURAIS O Segundo Manual editado pela Associação Espanhola de Gerência de Riscos e Seguros trata das catástrofes naturais, termo que se refere às perdas materiais e humanas causadas por eventos como terremotos, inundações e outros. Nas reuniões de trabalho intervieram vários escritórios de advogados, companhias de seguros, avaliadores especialistas, corretores e o Manual apresenta as conclusões do grupo de trabalho dos gerentes de risco. Na ocasião também contou-se com a participação especial do Consórcio de Compensação de Seguros. 14 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias Sua apresentação aconteceu no dia 2 de dezembro em Madri, no salão de eventos da Direção Geral de Seguros, e as palavras de abertura do evento ficaram por conta do sr. Enrique Zárraga Aranceta, membro honorário da AGERS, seguido pelo sr. Alejandro Izuzquiza Ibáñez de Aldecoa, diretor de Operações do Consórcio de Compensação de Seguros. Em seguida, foram apresentadas as conclusões do Manual em uma mesa formada pelo sr. Juan Carlos Lopez Porcel, sr. Mario Ramírez Ortúzar, sr. Alfredo Zorzo, sr. Alfredo Arán e sr. Paulino Fajardo. HOMENAGEM AGERS 2015 E IV EDIÇÃO DO PRÊMIO JULIO SÁEZ No decorrer de um tocante evento realizado dia 16 de dezembro no Museu Lázaro Galdiano de Madri, foi entregue uma homenagem anual da AGERS ao sr. Filomeno Mira Candel, que recebeu uma placa comemorativa das mãos do sr. Juan Carlos López Porcel, presidente da Associação. Em suas palavras destacou o fato de que desde seu início no campo de seguros e fundações, Filomeno Mira “contribuiu brilhantemente para o conhecimento e a melhora da Gerência de Riscos e Seguros na Espanha, graças a seus trabalhos de pesquisa, desenvolvimento e inovação”. No decorrer do mesmo congresso foi feita a entrega do IV Prêmio de Pesquisa Julio Sáez, patrocinado pelo Centro de Seguros El Corte Inglés, para a Monografia de Pesquisa intitulada: “MODELO DE GESTÃO INTEGRAL DE RISCOS PARA O SETOR ATUNEIRO”. Seus autores, sr. Robert Ugalde Zabala e sr. Joseba Iñaki De la Peña Esteban, do Departamento de Economia Financeira 1 da Universidade do PaísVasco, conseguiram o prestigioso prêmio por unanimidade de votos do júri presidido pelo sr. José Luis Martínez Olivares. 15 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias NOTÍCIAS A IGREA REALIZOU EM MADRI SEU CONGRESSO DE TENDÊNCIAS DE MERCADO PARA 2016 A Igrea realizou em 10 de novembro no Hotel Miguel Angel em Madrid seu tradicional Congresso de Tendências de Mercado para mais de 150 representantes das principais grandes empresas da Espanha. A apresentação do Congresso ficou a cargo de seu presidente, Daniel San Millán, que antes dedicou algumas palavras à boa situação da Igrea, que já conta com mais de 40 empresas associadas e continua a crescer a cada ano devido à profissionalização da Gerência de Riscos e a seu desenvolvimento crescente e importante dentro dos organogramas das multinacionais espanholas. No que diz respeito à situação do mercado para o próximo ano, San Millán destacou que não se esperam grandes mudanças no longo ciclo de mercado competitivo em que continuamos imersos e que, com esta conjuntura de taxas de juros e com a crescente pressão dos investidores nos mercados de resseguro, os preços continuarão em sua tendência de baixa enquanto a sinistralidade continuar se comportando tão bem como em 2015. O programa do Congresso focou-se em três temas: RISCO REPUTACIONAL E POSSÍVEIS SOLUÇÕES SEGURADORAS A apresentação do Risco Reputacional, após uma breve introdução de Augusto Perez da Telefónica, foi feita por Angel Alloza, CEO da Corporate Excellence, que expôs que a reputação gira em torno de cinco pontos estratégicos intangíveis: •A boa reputação corporativa, entendida como o conjunto de avaliações coletivas geradas pelo comportamento corporativo 16 •A marca: necessidade de crescimento da identidade visual corporativa •A comunicação: não se trata apenas de fazê-la bem, mas de saber como comunicar •A métrica •Os assuntos públicos: conhecer as tendências GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias Da segunda apresentação, dedicada a possíveis soluções seguradoras para o Risco Reputacional e sob o formato de debate liderado por Augusto Perez, participaram Sebastian Lenke, da Munich Re, Marcus Shulze, da Swiss Re, e Fernando Caballero, da AON. Todos os oradores concordaram que em nenhum caso o risco reputacional é um risco isolado, mas que está correlacionado com outros. Sobre a possibilidade de asseguramento, devem-se buscar soluções dialogadas, pois é o segurado que conhece seu negócio melhor que ninguém e, por consequência, sabe qual o valor que dá à sua reputação. Cada caso deve ser analisado individualmente, pois trata-se de um risco muito difícil de avaliar. A falta de experiência neste tipo de risco faz com que hoje existam poucos mercados dispostos a oferecer esta capacidade, razão pela qual ela é bastante limitada, especialmente considerandose o enorme impacto que pode ter no balanço e no resultado das empresas multinacionais que operam em todo o mundo. Ficou claro que, em certa medida, a tendência atual é dar cobertura de forma muito parcial, em apólices já maduras como as de D & O (gestão de gerenciamento de crise, marketing e publicidade), riscos cibernéticos: prejuízos à marca, quebra de confidencialidade, indenização a clientes, garantia de serviços, etc. e apólices de E&O (erros e omissões). O PROBLEMA DOS SINISTROS COMPLEXOS SOB UM PROGRAMA INTERNACIONAL EM PAÍSES ANGLO-SAXÕES (EUA, CANADÁ E AUSTRÁLIA) A terceira apresentação, também realizada sob o formato de debate, falou sobre o problema dos sinistros complexos em legislações anglo-saxãs, embora tenha sido implementado um Programa Internacional para cubri-los. O assunto foi abordado por José Caraballo (CEO da RTS), Felipe Gangoiti (CEO da Crawford), Agustin Barrenechea (Líder de Práticas de Construção Europeia da Willis) e Ignacio 17 Almazán (CEO da RSA), e foi moderado por Daniel San Millán. Daniel deixou claro que é um erro pensar que, pelo simples fato de se ter um Programa Internacional estabelecido em Madri com cobertura em países anglo-saxões, os sinistros serão controlados e negociados na Espanha com as seguradoras matrizes que aportam a capacidade para suas filiais. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias A realidade é que as regras de compliance (cumprimento) e os costumes enraizados em países com leis anglo-saxãs como os EUA (onde, ainda por cima, cada Estado tem uma regulamentação diferente) indicam que as filiais locais da seguradora, em colaboração com os peritos locais, tendem a absorver a tramitação do sinistro, deixando de lado a Gerência de Riscos e a seguradora matriz e tentando impor decisões unilaterais. As difíceis mas possíveis soluções para atenuar este problema passam pela implementação prévia de um protocolo de sinistros que deixe claro o papel de cada uma das partes e pelo trabalho de formação de equipes locais sobre as coberturas e o escopo dos programas. É claro que isso requer esforço e recursos, mas vale a pena pelos frutos que se colhem quando ocorre um sinistro complexo. As cláusulas de controle também são aconselháveis, assim como trabalhar em paralelo no sinistro, ou seja, fazer uma comunicação dupla do sinistro – uma para o programa geral e outra para o programa local – para se manter o controle das decisões. O ONTEM E O HOJE DA GERÊNCIA DE RISCOS Para encerrar o Congresso, foi feito um debate sobre o ontem e o hoje da Gerência de Riscos, do qual participaram Javier Navas, ex-Gerente de Riscos da Telefónica, Vicente Martin, ex-Diretor de Riscos Econômicos da Endesa, Manuel Garrote, da OHL, e David Gonzalez, da Sacyr, que atuou como moderador. Em um ambiente descontraído, ficou clara a evolução positiva dos mercados e matériasprimas após o início dos anos 1980, quando havia poucos mercados, concorrência reduzida e taxas muito altas e prevaleciam as coberturas de riscos nomeados ante a opção Todos os Riscos. A própria formação dos gerentes de riscos e a evolução e 18 maior profissionalização dos mercados seguradores internacionais na Espanha geraram um diálogo positivo de entendimento, do qual desapareceu a rivalidade extrema para entrar o trabalho em conjunto com a prática de prêmios razoáveis. Ficou clara a importância das cativas para financiar parte dos riscos. O encerramento ficou por conta do presidente, que, agradecendo aos participantes e convidando-os para o Congresso de 2016, destacou que no próximo ano haverá eleições e um novo Conselho Executivo que haverá de impulsionar a IGREA rumo a novos desafios e metas. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias NOTÍCIAS APRESENTAÇÃO OFICIAL DA OBRA “A GESTÃO DO RISCO E O SEGURO NA EMPRESA GALEGA” Durante a manhã de 6 de novembro, a Cidade da Cultura de Santiago de Compostela sediou uma nova rodada do Fórum Inade. O principal objetivo da sessão foi a apresentação do primeiro estudo empírico sobre a gestão do risco e o seguro nas empresas realizado na Espanha que a Fundación Inade solicitou à Universidade de Santiago de Compostela. “Apenas 13% das empresas galegas têm um gerente de riscos” O evento foi presidido pelo Ministro da Economia, Emprego e Indústria do Governo Autônomo da Galícia, Francisco Conde López, que foi acompanhado pelo reitor da Universidade de Santiago de Compostela, Juan Viaño Rey e o Presidente do Patronato da Fundación Inade, Antón Cobián Varela. A apresentação do congresso ficou por conta do professor doutor em Ciências Econômicas e 19 Empresariais, titular da Universidade de Santiago de Compostela, e do diretor da equipe de pesquisas VALFINAP, Luis Otero González, que apresentou as principais conclusões do trabalho “A gestão do risco e o seguro na empresa galega”, editado pela Fundación Inade, do qual se pode destacar: •A Fundación Inade está preocupada com a qualificação insatisfatória das pessoas encarregadas dos riscos no cerne da empresa •Apenas 13% das empresas galegas têm um gerente de riscos •Mais de 80% das empresas galegas não quantificaram o impacto que os diversos riscos podem lhes causar •As empresas que implementaram políticas de gestão de riscos tiveram uma evolução maior de seu desempenho econômico GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias APRESENTAÇÃO OFICIAL EM MADRI: “A GESTÃO DO RISCO E O SEGURO NA EMPRESA GALEGA”” A inauguração foi feita pela presidenta da Associação Empresarial do Seguro (Unespa), Pilar González de Frutos, acompanhada pelo diretor da Área de Internacionalização do IGAPE (Instituto Galego de Promoção Econômica), Abel Veiga Copo, e o presidente do Patronato da Fundación Inade, Antón Cobián. Na terça feira, 15 de dezembro, o Salón de Actos da sede social da Unespa em Madri acolheu uma conferencia do Fórum Inade focada na análise das exigências que os empresários colocam para a indústria seguradora e a apresentação do trabalho em Madri “A gestão do risco e o seguro na empresa galega”. “Os gestores de riscos exigem uma formação específica para esta disciplina, com componentes jurídicos, econômicos e técnicos” Na primeira parte da sessão, foi apresentado o primeiro estudo empírico realizado na Espanha sobre a gestão do risco e o seguro na empresa,trabalha que ficou a cargo do grupo de pesquisa VALFINAP da Universidade de Santiago de Compostela. O diretor do Instituto Galego de Estatística destacou que as empresas com sede em Galícia são mais especializadas d que as espanholas e quase metade das exportações galegas são direcionados para as demais comunidades autônomas. Segundo os 20 barômetros econômicos, a Galícia, além de registrar um aumento de população muito mais baixo, alcançou um aumento econômico semelhante ao nacional: uma média de 1,3% nos últimos 14 anos. Na segunda parte, os presidentes da Agers (Juan Carlos López) e da Igrea (Daniel San Millán) e a diretora geral de Riscos e Seguros do Grupo San José (Lourdes Freiría), moderados por Adolfo Campos, diretor da Fundación Inade, apresentaram suas exigências como gestores de riscos tanto para corretores, seguradores e especialistas quanto para a Administração, constatando que as empresas que implantaram políticas de gestão de riscos tiveram uma evolução maior de seu desempenho econômico e, concluindo que a remuneração do corretor de seguros via comissões não tem futuro, já que devem trazer mais valor para poder aumentos seus honorários. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias NOTÍCIAS FERMA LANÇA A CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL PARA GERENTES DE RISCOS Na sessão de abertura de seu Fórum de 2015, a Federação das Associações de Gestão de Riscos Europeia (FERMA) lançou formalmente seu programa de certificação europeia para gerentes de riscos profissionais, com a entrega de certificações Founder Certifications a 49 profissionais de riscos que contribuíram para o seu desenvolvimento. O programa, que se chamará rimap®, é o primeiro com esta designação e destina-se a reforçar o prestígio da profissão na Europa. Ele proporcionará confirmação independente das competências profissionais, aexperiência e as normas dos gerentes de riscos individuais e acreditação para os programas de gestão de riscos de órgãos educativos. A FERMA deverá abrir o prazo de inscrição para ober a certificação no início de 2016 e espera outorgar as primeiras adjudicações a partir do final de março. O porta-voz da FERMA, Michel Dennery, presidente da Comissão Delegada da FERMA, disse: “Atualmente há grandes expectativas em gestão de riscos por parte dos interessados, e criamos o primeiro reconhecimento pan-europeu de alto nível da profissão de Gerência de Riscos para atender a essa demanda. Estas Founder Certifications serão as embaixadores da rimap”. Michel Dennery também anunciou que a PanAsia Risks e a Insurance Management Association (PARIMA, Associação de Gerência de Riscos e Seguros Pan-asiática) se associará com a FERMA para desenvolver esta certificação em sua região. Em continuidade à cerimônia da manhã, dez associações nacionais da FERMA assistiram a uma oficina informal sobre os materiais de certificação agora disponíveis sob a marca oficial da rimap. Isso faz parte da estreita colaboração que a FERMA manteve 21 nos últimos dois anos com seus membros. De agora em diante, os eventos de gestão de riscos nacionais exibirão anúncios e folhetos da rimap. Michel Dennery e o chefe de projetos de certificações da FERMA, Julien Bedhouche, apresentaram os materiais de marketing mais recentes, além do conjunto de conhecimentos, o código ético e o desenvolvimento profissional contínuo. Todos eles agora estão disponíveis em www.rimap-certified.org. A FERMA e suas associações nacionais agora sabem com certeza o caminho que deve ser seguido: concluir os sete guias de referência da rimap, que se tornarão a base para os candidatos que desejem ser parte da rimap e para os órgãos de formação, como universidades e escolas de negócios, para preparar sua inscrição e obter a acreditação e a certificação. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias A FERMA LANÇA UM DESAFIO PARA AS SEGURADORAS A FERMA lançou um desafio para as principais seguradoras da Europa na sessão de encerramento do Fórum FERMA 2015: como será o seu setor com centenas de anos de história nas costas, dentro de dez anos? O que tira o sono das seguradoras foi uma das perguntas colocadas e, também, obviamente, a tecnologia, como se beneficiar da enorme quantidade de dados disponíveis, manter a relevância para os clientes e as mudanças nas velocidades estão entre as principais prioridades das listas das diretorias, junto com a atração do talento necessário para que tudo isso aconteça. Um assunto fundamental é entender a proposta de valor dos negócios dos clientes e manter sua relevância criando soluções com eles, ao invés de focar nos riscos. As seguradoras precisam aprender a mudar com mais rapidez, não esperar criando hipóteses e programaspiloto, mas sim aceitar que um novo projeto pode ser um trabalho em progresso e criá-lo com seus clientes. A concorrência certamente é um problema, e não só os concorrentes atuaismas, mas também os concorrentes que podem aparecer. As empresas de grandes dados, como a Amazon e o Google, poderiam representar uma séria ameaça no futuro. Há uma enorme e crescente concentração de risco nas cidades do mundo que é preciso gerenciar. O setor segurador está preparado para sobreviver, mas um dos diagnósticos foi a necessidade mudar seu estilo de vida. Uma solução das soluções recomendadas foi gerar entusiasmo pelos seguros, que é o que estão fazendo as empresas mais inovadoras. 22 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias SR. FILOMENO MIRA CANDEL RECEBE A HOMENAGEM ANUAL DA AGERS POR SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A GERÊNCIA DE RISCOS NA ESPANHA E AMÉRICA LATINA Em um evento íntimo realizado no dia 16 de dezembro, acompanhado pela diretoria da MAPFRE, Filomeno Mira Candel, exvice-presidente da MAPFRE e da Fundación MAPFRE, recebeu a “homenagem da AGERS” por “sua contribuição frutífera e valiosa para a Gerência de Riscos”, um reconhecimento que a Associação lhe concedeu “por unanimidade”. Com esta homenagem a AGERS destacou seu trabalho como grande impulsor da Gerência de Riscos na Espanha e na América Latina,“uma ciência, técnica ou estratégia”, como ele mesmo define. “Acompanhando os campos de seguros e de fundação deste o início, sua contribuição especial foi melhorar a disciplina e o conhecimento da Gerência de Riscos e Seguros na Espanha, graças às suas contribuições em pesquisa, desenvolvimento e inovação”. Por todos estes méritos, Filomeno Mira recebeu uma placa comemorativa das mãos de Juan Carlos López Porcel, presidente da Associação, “por sua contribuição frutífera e valiosa para a Gerência de 23 Riscos”. O evento foi realizado em Madri, no Museu Lázaro Galdiano, juntamente com a entrega do Prêmio Julio Sáez para a Monografia vencedora sobre Gerência de Riscos. Também estiveram presentes o Conselho Administrativo da AGERS, seus membros honorários e altos funcionários e representantes institucionais do mercado segurador. Engenheiro deVias, Canais e Portos e com bacharelado duplo em Ciências Econômicas e Empresariais e em Ciências Atuariais e Financeiras, Filomeno Mira Candel tem sido sobretudo um homem da MAPFRE, um grupo ao qual chegou com apenas 23 anos, quando tinha acabado de se formar, e onde desenvolveu toda a sua carreira profissional ao longo de quatro décadas. Especialista em riscos industriais e grandes riscos, logo descobriu a importância e a necessidade de incorporar as estratégias do gerenciamento de riscos em todos os tipos de entidade e, como este conceito estava apenas começando na Espanha, ele se dedicou desde o início a analisar e a estudar a técnica, os procedimentos e a filosofia da Gerência de Riscos na empresa, principalmente por meio de livros, revistas e documentos publicados nos Estados Unidos. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias Com os peritos como Felix Kloman, como ele mesmo admitiu na entrevista publicada na revista “Gerência de Riscos e Seguros”, em seu número 100, de março de 2008,“fui aprendendo os procedimentos da gestão do risco, que depois trouxe para a MAPFRE para prestar serviço a nossas empresas seguradas e também a nossas atividades como fundação”. Na verdade, as primeiras iniciativas da Fundación MAPFRE na América Latina voltaram-se para duas frentes: a prevenção de riscos e a gestão do risco e do seguro na empresa. Lá também pude compartilhar experiências em gerência de riscos com empresários e seguradores latino-americanos. Em seu currículo também se destaca seu papel como conferencista e professor. Foi nesta última faceta, como professor da matéria Gerência de Riscos incluída no curso universitário Ciências do Seguro, onde viveu a “experiência única” de criar um texto acadêmico com os alunos, porque não existia. 24 Sua contribuição ao mundo da Gerência de Riscos, no entanto, não termina aqui. Com a orientação de Filomeno Mira, a revista Gerência de Riscos e Seguros deu seus primeiros passos para se tornar uma referência no gênero não só no mercado espanhol, mas também em nível internacional, principalmente na América Latina e nos países de língua portuguesa, graças à versão desta publicação em português. Todo este esforço também foi recompensado. Em 1998 Filomeno Mira foi admitido como membro do “Hall da Fama” do Risk Management Europeu. “Uma nomeação que recebi com orgulho, mas que obviamente vejo como o reconhecimento pela contribuição que temos feito com a MAPFRE e que continuaremos a fazer por intermédio da Fundación, da revista e de nossos serviços técnicos ou profissionais no campo da Gerência de Riscos”. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias Presença MGR Eventos Internacionais A MAPFRE MÉXICO REALIZOU UM SEMINÁRIO REGIONAL DE ESPECIALIZAÇÃO EM GRANDES RISCOS NORTE DA AMÉRICA LATINA •O evento foi aberto por José Ramón Tomás Forés, CEO Regional Norte da América Latina. •Os participantes informaram o panorama e os desafios do seguro nos setores de energia elétrica, construção e responsabilidade civil. A MAPFRE México realizou seu seminário “O seguro nos setores de energia elétrica e construção”, apresentado pelo CEO Regional do Norte da América Latina, no restaurante El Lago de la Ciudad de México, com capacidade para mais de 200 convidados. Em sua palestra, José Ramón Tomás Forés salientou que impulsionar o desenvolvimento econômico de um país é um fator-chave para a geração de riqueza, e seu impacto pode ser transformador por promover a competitividade nos mercados internacionais, e previu que eles gradualmente contratarão obras de engenharia em todo o continente que vão exigir o apoio do seguro. Ante tudo isso, acrescentou o CEO da MAPFRE, fez-se necessário rever os aspectos 25 técnicos mais importantes e, em seguida ele saudou os participantes, desejando que durante o dia eles podussem se informar e refletir sobre seguros e seu relacionamento com os grandes riscos. Alberto Mengotti, chefe de Subscrição da Área de Energia da MAPFRE Rscos Globais, enfatizou que o setor de eletricidade é uma indústria bastante complexa, que exige um alto grau de especialização de cada um dos que participam da contratação de um seguro, uma vez que este mercado tem suas peculiaridades e é importante conhecê-las bem. Ele também fez um convite para que se tome um cuidado especial para identificar os vários aspectos externos que devem ser avaliados antes de assinar um risco. Carlos Vázquez, diretor da Área de Negócios de Construção de Riscos Globais, salientou que, em termos de construção, cerca de oito por cento dos sinistros representam oitenta por cento do total dos danos, ou seja, que o impacto tem sido mais pela intensidade do que pela frequência. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias Quanto à origem dos sinistros, ele informou que uma alta porcentagem deles é desencadeada por falhas de design e execução. A segunda parte do Seminário focou-se na análise das perdas de lucros e responsabilidade civil. Quem discorreu sobre isso foi Jurgen Segelbacher, subscritor de Ramos Técnicos da Munchener Rück. O apresentador enfatizou a importância de segurado e seguradora pactuarem quais são as medidas de prevenção que precisam ser implementadas para que, na hora de vistoriar-se um sinistro, a subscrição tenha sido correta tecnicamente e que o impacto do dano cause o menor atraso possível. Responsabilidade Civil associada a projetos de construção foi o tema desenvolvido por dois profissionais da área: Armando Zazueta e Mauricio Trulin, executivos da Swiss Re, que concordaram ao ressaltar que o crescimento do país depende de seu investimento privado, e isso vem acompanhado de muitos riscos, em alguns dos quais a figura do seguro está presente. Para concluir o Seminário, Jesús Martínez, CEO da MAPFRE México, confirmou o compromisso da companhia de atualizar seus parceiros sobre temas estratégicos e atuais envolvendo o seguro de Grandes Riscos, em que a MAPFRE conta com a capacidade e a experiência da Unidade Global Risks e com resseguradores do nível da Münchener Rück e da Swiss Re. MAPFRE GLOBAL RISKS PARTICIPA DO FÓRUM FERMA EM VENEZA A Federação Europeia de Associações de Gerentes de Riscos (FERMA) realizou de 5 a 7 de outubro, no Lido de Veneza, seu Fórum de Gerência de Riscos 2015. Contou mais uma vez com uma grande participação de quase 1500 profissionais de 34 países. A MAPFRE GLOBAL RISKS esteve presente com um estande para receber corretoras e clientes e levou uma delegação considerável de participantes de Madri, Londres, Colônia, Paris e Milão. Além disso, este ano foi possível contar com a presença de Ignacio Baeza, vice-presidente da MAPFRE, e Alfredo Castelo, CEO da Unidade Global Risks, 26 que fizeram reuniões com a diretoria das principais corretoras. Participaram do painel sobre Programas Internacionais realizado no dia 5 José Antonio Ruibal, diretor de Subscrição Internacional da MAPFRE RISCOS GLOBAIS, e Daniel San Millán, presidente da IGREA, que foi moderador, Augusto Pérez Arbizu, da Telefonica, Juan Carlos López Porcel, presidente da AGERS, e Bruno Laval, da XL Catlin. Além disso, o programa do evento incluiu um debate presidencial interessantíssimo sobre o “Futuro da indústria” e várias sessões de inovação e diversidade. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias Semanas antes do evento, a FERMA anunciou seu Comitê Executivo para 2015-2016 e o início do período de seu novo presidente, Jo Willaert. Ele tornou-se presidente da FERMA oficialmente dia 7 de outubro, no final do Fórum em Veneza. O Comitê Executivo contará com duas representantes espanholas: Cristina Martínez, membro da IGREA e diretora de Riscos do Grupo Sacyr, e Isabel Martínez Torre-Enciso, membro do Conselho da AGERS e professora de Finanças Corporativas da Universidade Autônoma de Madri (UAM). O SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE RISCOS GERAIS DA MAPFRE REUNIU MAIS DE 80 EXECUTIVOS DE ALTO ESCALÃO EM CUZCO •O evento contou com a participação do CEO da MAPFRE Peru, Renzo Calda, e o ex-ministro da Economia do Peru, Pedro Pablo Kuczynsky. Quais são as chances de que aconteça uma catástrofe na região? O que é “lucro cessante”? Qual é o panorama econômico da América do Sul e como isso afeta a indústria de seguros? Estas e muitas outras perguntas foram respondidas no último Seminário Internacional de Riscos Gerais, organizado pela MAPFRE Peru. O encontro, que aconteceu na província de Urubamba (Cuzco), reuniu os principais clientes da MAPFRE na América do Sul. Dele participaram cerca de 100 diretores do segmento Grandes Empresas e Corporativo do Chile, Colômbia,Venezuela, Equador, Uruguai, Argentina e Peru. O evento começou na noite de 7 de outubro com um cocktail de boas vindas no luxuoso hotel Tambo del Inka. Os dias de exposições foram inaugurados pelo 27 CEO da MAPFRE Peru, Renzo Calda. O primeiro dia foi marcado por uma análise profunda do ambiente digital e suas vantagens para os negócios na exposição “Têndencias Sociais”, do especialista em inovação social e professor da ESADE, David Murillo. Em seguida, o diretor da área de Engenharia da MAPFRE GLOBAL RISKS, César López, deu a palestra “A importância do ‘PML’ e seu efeito no seguro”, em que discutiu a importância da correta delimitação da perda máxima provável para a compra eficiente de coberturas de seguro. O dia de encerramento ficou por conta do economista Ignacio Lorenzo, que realçou a importância da contratação da cobertura de “lucro cessante” para a continuidade de uma empresa no tempo. O evento terminou com a conferência magistral proferida pelo ex-ministro da Economia, Pedro Pablo Kuczynski, que expôs aos participantes o cenário econômico da América do Sul e os desafios que a região enfrentará nos próximos anos. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias MAPFRE GLOBAL RISKS TO USE LONDON AS THE CORNERSTONE OF ITS INTERNATIONAL GROWTH •O negócio da área internacional representará um quarto dos prêmios da GLOBAL RISKS em 2018 •José Antonio Ruibal, nomeado diretor de Subscrição Internacional, com sede em Londres A MAPFRE GLOBAL RISKS, a unidade do grupo MAPFRE especializada em fornecer soluções integrais em seguros para companhias multinacionais, designou seu escritório de Londres como centro estratégico para o crescimento da área internacional (Europa, Oriente Médio e África, América do Norte e Ásia-Pacífico). Espera-se que esta área represente cerca de 25 por cento dos prêmios brutos da unidade em 2018, em comparação com os 17 por cento de hoje. A MAPFRE GLOBAL RISKS vem operando há oito anos no Reino Unido, onde desenvolveu uma carteira de negócio de riscos globais centrada em linhas de danos patrimoniais e atualmente, no desenvolvimento de Specialty Lines (nos setores 28 de aviação, energia, marítimo, construção e engenharia). Alfredo Castelo, CEO da MAPFRE GLOBAL RISKS, apresentou em 8 de outubro a nova estratégia da companhia para clientes e corretores durante o evento que a companhia realiza anualmente com o mercado de Londres. “Acreditamos que, com a nossa liderança na Espanha e América Latina e nossa força financeira, há espaço no mercado britânico para uma companhia como a MAPFRE GLOBAL RISKS”, explicou Castelo. Essa estratégia internacional também inclui a nomeação de José Antonio Ruibal como diretor da Subscrição Internacional. Ruibal trabalhará em Londres sob a supervisão de Chris Smith, que este ano foi nomeado diretor de Mercado, responsável internacional da MAPFRE GLOBAL RISKS para Europa, Oriente Médio e África, América do Norte e Ásia-Pacífico. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias MAPFRE CHILE REALIZOU O IV SEMINÁRIO “O SEGURO NOS RISCOS GLOBAIS” •Participou Cecilia Pérez, ex-ministra secretáriageral do governo do Chile. •Contou-se com a participação dos principais segurados de perfil global no mercado chileno. Na sexta feira 23 de outubro, a MAFPRE SEGUROS realizou seu IV Seminário de Risco sob o título “O Seguro nos Riscos Globais”. O seminário foi desenvolvido no Centro de Eventos Casa Piedra, na comunidade de Vitacura, em Santiago do Chile. Junto com os principais segurados de perfil global do no mercado chileno, estavam os principais mediadores, ajustadores e outros agente relevantes do mercado local de seguros de grandes riscos. As três apresentações dadas foram: “PROGRAMAS DE SEGUROS PARA COMPANHIAS MULTILATINAS” O diretor-geral de Regiões e Mercados Ibéria e América Latina da MAPFRE GLOBAL RISKS, Alfredo Arán, expôs as necessidades especiais dos programas seguradores exigidos pelas companhias globais, com presença em vários países e com uma forte orientação para as empresas multinacionais localizadas em diferentes mercados da América Latina. Foi explicada ao público a vantagem competitiva do grupo MAPFRE em todos estes mercados, com base na excelente capacidade e qualidade de serviço que oferece, e que se traduz em uma liderança clara em toda a região. “CONTINGÊNCIA NACIONAL” Cecilia Pérez, ex-ministra secretária-geral do governo do Chile, apresentou vários indicadores sobre a evolução da economia chilena e os principais desafios que o país enfrenta sob uma perspectiva socioeconômica no curto e médio prazo. Mais tarde ela propiciou algumas reflexões e propostas de ação que, em sua opinião, poderiam dar as chaves para sua adequada gestão e melhoria. “RISCOS CIBERNÉTICOS, UMA INTRODUÇÃO…” Nesta palestra, César Lopez, vice-diretor da área de engenharia da MAPFRE GLOBAL RISKS, introduziu o problema dos riscos cibernéticos, apresentando as vulnerabilidades da empresa e a sociedade em geral a esta nova ameaça e as possíveis soluções em gerência de riscos e transferência seguradora. 29 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias A MAPFRE GLOBAL RISKS PARTICIPA DA XXXV CONFERÊNCIA DA FIDES NO CHILE O evento bienal que celebra a Federação Interamericana de Companhias de Seguros contou com a presença do CEO da MAPFRE GLOBAL RISKS, Alfredo Castelo. A Federação Interamericana de Seguros (FIDES) comemorou, de 25 a 28 de outubro, em Santiago do Chile, sua trigésima quinta conferência. Este congresso, o de maior relevância e tamanho na Ibero-América, ocorre a cada dois anos em uma cidade diferente. Dessa vez teve uma participação de 1.800 profissionais dos Estados Unidos,América Latina e Espanha. Alfredo Castelo, que participou do painel “Tendências em cobertura, financiamento e gestão 30 de catástrofes”, deu uma palestra sobre os desafios e experiências de segurar riscos catastróficos. No evento, como é tradição, elaborou-se uma declaração em que, entre outras questões, se ressaltou “a necessidade do asseguramento dos bens públicos como uma medida de garantia de proteção para o cidadão”. Além disso, destacouse a melhor maneira de reforçar a confiança dos segurados “com um esforço conjunto público e privado de uma educação financeira intensiva e transparente, em que as pessoas entendam os produtos que adquirem e os benefícios que eles lhes oferecem”. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias XI SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS •MAPFRE patrocina o Seminário organizado pela ABGR em São Paulo A MAPFRE foi um dos patrocinadores do XI Seminário Internacional de Gerência de Riscos e Seguros, organizado pela ABGR (Associação Brasileira de Gerência de Riscos) e realizado em São Paulo (Brasil) de 26 a 28 de outubro. O evento contou com um stand exclusivo da MAPFRE, que se transformou em ponto de encontro e principal fórum de networking entre os profissionais do mundo do seguro de Grandes Riscos. O programa do seminário no dia 28 incluiu uma 31 conferência sobre a visão seguradora dos “Programas de seguros globais e regionais para Multilatinas”, dada por Alfredo Arán, diretor geral de Regiões e Mercados Ibéria e América Latina na MAPFRE GLOBAL RISKS. Após a cerimônia de encerramento, A MAPFRE ofereceu a seus clientes um coquetel no edifício-sede da companhia que contou com a presença de Marcos Ferreira, presidente da MAPFRE, Dirceu Tiegs, diretor geral da Rede MAPFRE e Canais, André Fortino, diretor geral de Grandes Riscos, e David Corredor, superintendente executivo de Riscos Industriais, entre outros executivos de alto escalão. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias MAPFRE GLOBAL RISKS PARTICIPA DA CONFERÊNCIA SETORIAL XCHANGING EM LONDRES A MAPFRE GLOBAL RISKS (MGR) participou, no dia 5 de novembro de 2015, da Conferência Setorial Xchanging em Londres, cujo tema foi “Embracing Global Change”. A conferência teve a presença de 400 executivos do setor, entre os quais estavam agentes de seguros e de resseguros, bem como corretores, clientes e agentes financeiros. Chris Smith, diretor geral de Mercados e Regiões da MAPFRE GLOBAL RISKS, foi um dos palestrantes do evento. Durante sua palestra, intitulada “Aproveitando a mudança global: Londres como plataforma para o crescimento”, ele argumentou a favor do crescimento global e reviu as oportunidades e os desafios enfrentados pelo MGR e todo o setor, bem como os fatores cruciais para o sucesso. 32 Sua apresentação também discutiu a importância de atrair, reter e desenvolver talentos, um temachave da conferência e pelo qual ele se interessa muito. Comentando sobre o evento, Chris Smith disse: “este prestigiado evento, do qual participam muitos dos líderes do setor, era a oportunidade perfeita para comunicar por que o MGR escolheu Londres como plataforma para o crescimento internacional”. Outros temas abordados pelos demais palestrantes foram: O que a participação de capital estrangeiro significa para o mercado de Londres? O futuro do setor dos seguros em Londres: onde estamos agora e onde deveríamos estar? e Implementação do Modelo Operacional Objetivo (TOM). GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Notícias Falece FRANÇOIS SETTEMBRINO PRESIDENTE HONORÁRIO DA FERMA PRESIDENTE “MEMBRO DO CONSELHO DE REDAÇÃO DA GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS DESDE 2007, FALECEU NA BÉLGICA, SEU PAÍS NATAL, DIA 25 DE SETEMBRO” com a necessidade de o gerente de risco “sondar a incerteza do futuro”. Presidente da Federação de Associações Europeias de Gerentes de Risco (FERMA) de 1984 a 1994, foi a força motriz por trás da criação da Associação e o maior impulsor do Fórum bienal da Federação, que este ano realizou sua nona edição em Veneza. Seus colegas de profissão lamentaram sua partida. Na ocasião, a presidente da FERMA, Julia Graham, disse: “É com profundo pesar que recebemos a notícia do falecimento de François Settembrino. O ‘patriarca da FERMA’ foi o presidente que ocupou esta posição por mais tempo. Temos uma dívida enorme de gratidão para com ele por sua contribuição à FERMA e por sua perspectiva diáfana da nossa profissão”. Com estas linhas, expressamos nossos sinceros pêsames à sua família e amigos. Descanse em paz. “Membro do Conselho de Redação da Gerência de Riscos e Seguros desde 2007, faleceu na Bélgica, seu país natal, dia 25 de setembro” Escritor incansável e prolífico colaborador desta revista, François Settembrino nos deixa um legado de inúmeros artigos em que concorda 33 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Solvência II e o backtesting dos modelos internos PABLO DURÁN SANTOMIL Faculdade de Administração e Direção de Empresas. Universidade de Santiago de Compostela (USC) LUÍS A. OTERO GONZÁLEZ Faculdade de Ciências Econômicas e Empresariais. Universidade de Santiago de Compostela (USC) 34 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos SOLVÊNCIA II: UM CAMINHO LONGO E AMBICIOSO O Solvência II entrará em vigor em 1º de janeiro de 2016, após vários atrasos em sua data de aplicação, o que destaca o quanto é ambicioso o novo quadro regulatório. A Diretiva 2009/138/CE estabeleceu 31 de outubro de 2012 como a data de incorporação (ao ordenamento jurídico dos estados membros) e 1º de novembro de 2012 como a data de aplicação do projeto Solvência II, razão pela qual esta seria a data de derrogação das Diretivas de seguros e de resseguros em vigor (Solvência I). Os sucessivos atrasos na aplicação do Solvência II se deveram principalmente ao debate gerado em torno da Diretiva Ônibus II e aos produtos com garantias a longo prazo. A Diretiva Ônibus II, que modificava certos aspectos da Diretiva do Solvência II, trouxe consigo a criação de uma Autoridade Europeia de Supervisão (EIOPA ou Autoridade Europeia de Seguros e Pensões de Aposentadoria). As divergências no setor sobre o tratamento de determinados riscos, especialmente os produtos com garantias a longo prazo, foram abordadas pela EIOPA no chamado estudo LTGA. Finalmente, a Diretiva 2013/58/UE de 11 de dezembro de 2013 estabeleceu definitivamente a data de aplicação da Diretiva do Solvência II: 1º de janeiro de 2016. O novo marco regulatório do Solvência II é composto de diferentes níveis de normas: Nível 1 Diretiva 2009/138 Nível 2 Medidas de implementação ou execução Nível 2.5 Normas técnicas Nível 3 Diretrizes da EIOPA Nível 4 Aplicação rigorosa da legislação da União Europeia Quadro. Diferentes níveis de normas no Solvência II •A Diretiva do Solvência II estabelece os princípios gerais do novo marco, que é conhecido como norma de Nível 1 ou escalão normativo mais alto. •O Nível 2 consiste das medidas de implementação ou de execução aprovadas pela Comissão com base nas propostas enviadas pela EIOPA e que completam ou modificam certos elementos não essenciais da Diretiva. A Diretiva do Solvência II indicava que a Comissão Europeia tinha poderes para adotar medidas de execução de temas específicos. A Diretiva Ônibus II modificava a forma jurídica, dado que o Nível 2 teria que seguir a estrutura normativa exigida pelo Tratado de Lisboa da UE. Desta forma o chamado Nível 2 assume legalmente a forma de regulamento delegado (Nível 2 propriamente dito), e de normas 35 técnicas regulatórias ou RTS (Regulatory Technical Standards) e de normas técnicas de execução ou ITS (Implementing Technical Standards) (Nível 2,5). A este respeito, o Regulamento Delegado (UE) 2015/35 da Comissão, de 10 de outubro de 2014, vem completar a Diretiva do Solvência II. O chamado “Nível 2,5” consiste das Normas Técnicas ou TS (Technical Standards) elaboradas e propostas pela EIOPA, que juridicamente serão disposições legislativas da Comissão Europeia com base no assessoramente recebido, onde se estabelecem as chamadas RTS e ITS. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Estas normas são puramente técnicas e não envolvem nenhuma decisão estratégica ou política. No caso dos modelos internos no final de 2014, e como parte do chamado “primeiro conjunto de ITS”, a EIOPA publicou o chamado “Draft ITS on the approval of an internal model” (ou “Minuta das ITS sobre a aprovação de um modelo interno”). Em março de 2015 a Comissão Europeia adotou o primeiro conjunto de Regulamentos de execução do Solvência II, e com isso o Regulamento de Execução (UE) 2015/460 da Comissão de 19 de março de 2015 estabeleceu as normas técnicas de execução do procedimento relativo à aprovação de um modelo interno. •No Nível 3 estão as diretrizes que a EIOPA elabora e aprova para os supervisores nacionais e empresas. Elas não são juridicamente vinculantes, mas, em caso de descumprimento, será preciso explicar bem as razões. Nesse sentido destacamse as “Diretrizes sobre a solicitação prévia de modelos internos”, elaboradas pela EIOPA no final de 2013 para a chamada “fase preparatória do Solvência II”, e a “Diretriz sobre o uso de modelos internos”, publicada em fevereiro de 2015. Estas diretrizes têm por objeto promover uma adaptação progressiva ao novo marco. •Finalmente, o quarto e último nível versa sobre a aplicação rigorosa da legislação da União Europeia, aspecto que será supervisionado pela Comissão. MODELOS INTERNOS:VALIDAÇÃO No Solvência II, o cálculo das exigências de capital poderá ser feito utilizando-se uma fórmula padrão ou, alternativamente, seguindo modelos internos completos ou parciais aprovados pelo órgão regulador. A fim de oferecer um nível de proteção equivalente, a quantia obtida em ambos os casos deverá corresponder ao capital econômico que as 36 companhias seguradoras terão de possuir para limitar a probabilidade de falência a 0,5% no horizonte de um ano (1 falência a cada 200 anos), ou, em termos financeiros, uma quantia equivalente ao valor em risco (VaR) com nível de confiança de 99,5%. As normas de cada nível estabelecem os critérios que os modelos internos devem satisfazer para o cálculo das exigências de capital. Queremos nos centrar nos aspectos relacionados à validação dos modelos, deixando de lado outros aspectos relevantes como: o teste de uso ou integração na atividade e tomada de decisões da companhia, documentação, etc. O artigo 124 da Diretiva do Solvência II, Normas de validação, estabelece que as empresas “deverão prever um ciclo periódico de validação de seu modelo, visando à verificação do funcionamento do modelo interno, para que suas especificações continuem sendo adequadas e para comparar seus resultados com os obtidos na realidade”. Este processo de validação “incluirá um processo estatístico eficaz para a validação do modelo interno que permita demonstrar às autoridades reguladoras que as exigências de capital resultantes são adequadas”. Este processo estatístico é conhecido na literatura financeiro-atuarial como “backtesting” [1]. No entanto, as diferentes normas do Solvência II não decidiram estabelecer um procedimento específico e detalhado para fazê-lo porque, como afirma o Regulamento Delegado (UE) 2015/35, “uma vez que os modelos internos devem ser adaptados em cada empresa, eles podem variar significativamente no que diz respeito a outros processos de validação. Portanto, as normas de validação devem se basear em princípios e incluir somente requisitos mínimos específicos”. Ou seja, as normas querem deixar alguma liberdade às empresas no estabelecimento do processo, embora ele esteja atrelado a condições rigorosas: independência, documentação, etc. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Assim, no Artigo 2.m do Regulamento de Execução (UE) 2015/460 da Comissão, por exemplo, fica estabelecido que, entre as provas documentais que devem ser apresentadas juntamente com a solicitação de uso de um modelo interno, a empresa deve entregar uma “descrição do processo de validação independente[2] do modelo interno e um relatório dos resultados da última validação”. Embora o backtesting seja uma das principais ferramentas para a validação de um modelo interno, ele não é a única, mas deve ser complementar a outras técnicas, tais como testes de estresse e testes de estresse reverso (reverse stress testing), análise de cenários, etc.Além disso, nas normas se estabelece que o backtesting dos modelos internos deve ser efetuado pelo menos uma vez por ano. Assim, o artigo 242 do Regulamento Delegado (UE) 2015/35, onde se estabelecem as chamadas “ferramentas de validação”, afirma que as companhias “testarão os resultados e as hipóteses fundamentais do modelo interno pelo menos uma vez por ano, comparando-os com a experiência anterior”. A Diretriz 40 sobre o uso de modelos internos, Aplicação das ferramentas de validação, estabelece que as companhias deveriam considerar “o uso de ferramentas de validação quantitativas ou qualitativas, além das mencionadas no artigo 242 das Medidas de execução”, de modo que deveriam “escolher o conjunto certo de ferramentas de validação para garantir um processo de validação eficaz”. A seção a seguir descreve um elemento-chave quando se trata de validar um modelo: o backtesting. Quando uma empresa utiliza um modelo interno, ele deve ser avaliado usando-se backtesting, que, no Solvência II, pode ser definido como uma ferramenta para o processo de validação em termos quantitativos de um modelo interno para analisar se ele é apropriado, e que compara as estimativas de risco resultantes com a experiência histórica. Esta técnica deve ser complementar a outras para que se verifique a adequação correta do modelo interno na determinação das cargas de capital sob o novo marco. 37 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos O BACKTESTING DE UM MODELO INTERNO O backtesting é um procedimento estatístico usado para validar um modelo com a comparação dos resultados reais (distribuição empírica de perdas e lucros) e as medidas de risco geradas pelos modelos. Os modelos internos calculam as cargas de capital para os diferentes riscos, tal qual o modelo padrão que usa a abordagem VaR (value at risk). Formalmente, o VaR é o nível de perdas tal que exista uma probabilidade de que as perdas sejam iguais ou maiores que Y*: preta), de forma que, quando as perdas reais forem maiores que as estimadas, computa-se um excedido, razão pela qual o gráfico à direita recebe o valor “1” (“0” em caso contrário). Existem inúmeros testes de backtesting, que podem ser agrupados em famílias grandes, podem ser implementados para a validação do modelo e que discutiremos na seção a seguir. Gráfico.- Estimação de VaR e função dos fracassados O procedimento de backtesting consiste em analisar as falhas que o modelo tem em relação ao nível de falhas que deveria ter. Portanto, um elemento básico do backtesting é o número de vezes em que as perdas reais excedem o VaR em um determinado período. Neste sentido, para fazer o backtesting, deve-se construir uma sequência que assume o valor de “1”, se a perda for superior ao VaR, e “0” em caso contrário[3]: Onde é a perda estimada para o momento usando a informação disponível em , é a perda observada em e é o indicador do evento de uma exceção, excedido, falha ou fracassado em . Desta forma, o resultado de aplicar a função de erros a uma determinada série será um vetor formado por uma série de “1” e “0” que indicará se as perdas havidas ultrapassaram o VaR ou não. A título de exemplo, no canto esquerdo inferior do gráfico mostra-se uma estimação das perdas estimadas de um modelo interno (linha vermelha) e a distribuição de perdas e ganhos reais (linha 38 Fonte: Elaboração própria GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos FAMÍLIAS DE TESTE DE BACKTESTING Não existe um teste único que sirva para medir a validade de um modelo VaR, dado que no backtesting dos modelos podem ser medidas diversas propriedades desejadas. Por isso, podemos agrupar os diferentes testes propostos nas seguintes famílias de teste: •Testes de cobertura incondicional O foco exclusivo destes testes é verificar se o VaR estimado é superado numa porcentagem superior à do nível de confiança com que foi estimado, ou seja, 99,5% no Solvência II. A probabilidade de que ocorra uma perda que excede o VaR tem, então, que ser de 0,5%. Se as perdas ocorrem em uma porcentagem mais elevada, assumindo que dispomos de uma amostra suficientemente grande, o VaR calculado subestima o risco da carteira. No caso contrário, ou seja, quando o número de falhas é muito pequeno, o modelo poderia estar superestimando o risco. •Testes de independência Nos testes de incondicional só se considera o número de exceções, mas não a forma em que estas se distribuem ao longo do tempo. Os fracassados deveriam ocorrer independentemente uns dos outros, mas os modelos ruins tendem a produzir sequências consecutivas de excedidos. A análise da independência pode ser feita aplicando-se diferentes testes que se concentram em verificar se há alguma relação entre os fracassados. •Testes mistos de cobertura incondicional e independência Os testes mistos examinam as propriedades de cobertura incondicional e independência ao mesmo tempo, permitindo identificar modelos que são deficientes por não superar nenhuma das duas propriedades. Embora estes testes possam parecer mais apropriados, já que avaliam simultaneamente as duas propriedades, sua limitação é a menor capacidade para detectar medidas de VaR que só violem uma das 39 duas propriedades. •Testes baseados em vários níveis de VaR Os testes anteriores analisam exclusivamente a adequação do VaR para um determinado nível de confiança. No entanto, uma medida exata do VaR deveria ser válida para qualquer nível de confiança. Este tipo de teste significa que, se o cálculo do VaR for adequado, um VaR a 99,5% deveria ser excedido em 0,5% dos casos, um VaR a 97,5%, em 2,5%, e assim por diante. Além disso, as falhas que ocorrem em um determinado nível também deveriam ser independentes das que ocorrem em outros níveis de confiança. •Testes baseados na função de perdas Ao invés de focar-se unicamente no número de excedidos, como os testes anteriores, poderíamos levar em conta a magnitude dos mesmos. Neste sentido, se tivermos dois modelos com o mesmo número de fracassados independentes, a intuição nos diz que temos de escolher aquele em que a magnitude dos excessos seja menor, já que, se as perdas de um modelo já forem grandes demais, isso poderia ser o resultado de se estar usando um modelo errôneo. Existem vários testes estatísticos na literatura especializada que consideram a magnitude dos excessos na validação de um modelo. •Outros testes Além dos testes anteriores, baseados na contabilização do número de exceções a um nível de confiança ou vários, sua dependência e estudo do tamanho das mesmas, podem ser feitas análises complementares, como, por exemplo, a análise da relação entre o VaR estimado pelo modelo e a distribuição de perdas e ganhos reais, estudos para identificar as causas das exceções, etc. A seguir, vamos nos concentrar na análise da relação entre os rendimentos e os VaR estimados, aspecto relacionado com a eficiência da medida VaR. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Uma medida adequada do risco deve ser não só suficientemente conservadora, ou seja, que proporcione uma cobertura adequada, mas também deve estar intimamente ligada à exposição ao risco. Neste sentido, seria aconselhável que os grandes números de VaR sejam acompanhados de grandes rendimentos negativos, enquanto que os VaR pequenos sejam associados com pequenos rendimentos negativos ou positivos. Diversos testes podem ser aplicados para verificar se essa relação é ou não intensa. Sob a hipótese nula, se o modelo estiver correto, o POF se distribui com um x2 com um grau de liberdade, de modo que, se o valor estatístico superar o valor crítico, a hipótese nula é rejeitada e o modelo é considerado inadequado. Para um nível de significância de 5%, rejeita-se a hipótese nula, já que o valor estatístico (4.675) excede o valor crítico (3.841), razão pela qual o modelo normal não é considerado adequado neste teste. CONCLUSÕES APLICAÇÃO PRÁTICA Nesta seção mostraremos uma aplicação simples de um dos principais testes de backtesting empregados na literatura especializada para validar um modelo, usando para isso o caso do risco de renda variável. Para tanto, analisamos a evolução dos rendimentos logarítmicos mensais do FTSE-100 durante um período amplo (216 observações), usando um modelo baseado na distribuição normal. O backtesting realizado neste exemplo será feito dentro da amostra, ou in sample, o que permite calcular a estimação do risco efetuada pelo modelo em cada momento com as perdas históricas. Uma vez calculado o VaR estimado pelo modelo normal para o nível de confiança (1-p) estabelecido pelo Solvência II de 99,5%, analisaremos o chamado “teste de cobertura incondicional de Kupiec” (1995). Da análise da função de falhas do modelo obteríamos quatro exceções (x=4) para um VaR de 99,5% e o período analisado (T=216). A fórmula a seguir calcula o chamado “POF estatístico”: 40 Os modelos internos podem ser usados pelas companhias seguradoras para calcular as exigências de capital do Solvência II.Para garantir que os modelos utilizados sejam adequados, as normas estabelecem a obrigatoriedade de um processo de validação dos mesmos. O backtesting é uma ferramenta quantitativa que permite verificar se as estimativas resultantes do modelo seguem ou não a experiência histórica. Existem outras ferramentas que devem completar esta análise, tais como a análise de cenários, os testes de estresse, os testes de estresse reversos, etc. O estudo das diferentes técnicas de backtesting mostra que não existe um único teste que sirva para medir diretamente a validade de um modelo VaR. Uma vez que os testes analisam diferentes propriedades que os fracassos de um modelo devem cumprir, foram estabelecidas grandes famílias deles que abordam aspectos complementares da série de fracassos de um modelo, a fim de garantir que uma companha seguradora utilize um modelo adequado. Finalmente, mostramos um exemplo prático de como o modelo normal não é adequado para o cálculo da carga de capital no caso do risco de renda variável da série analisada, utilizando para tanto um teste de cobertura incondicional. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos REFERÊNCIAS CEIOPS (2009): CEIOPS’ Advice for Level 2 Implementing Measures on Solvency II: Articles 120 to 126 Tests and Standards for Internal Model Approval, CEIOPS-DOC-48/09. DIRECTIVA 2009/138/CE DEL PARLAMENTO EUROPEO Y DEL CONSEJO, de 25 de noviembre de 2009, sobre el seguro de vida, el acceso a la actividad de seguro y de reaseguro y su ejercicio (Solvencia II). DIRECTIVA 2013/58/UE DEL PARLAMENTO EUROPEO Y DEL CONSEJO de 11 de diciembre de 2013 que modifica la Directiva 2009/138/CE (Solvencia II) por lo que se refiere a sus fechas de transposición y aplicación, así como a la fecha de derogación de determinadas Directivas (Solvencia I). DIRECTIVA 2014/51/UE DEL PARLAMENTO EUROPEO Y DEL CONSEJO de 16 de abril de 2014 por la que se modifican las Directivas 2003/71/CE y 2009/138/CE y los Reglamentos (CE) no 1060/2009, (UE) no 1094/2010 y (UE) no 1095/2010 en lo que respecta a los poderes de la Autoridad Europea de Supervisión (Autoridad Europea de Seguros y Pensiones de Jubilación) y de la Autoridad Europea de Supervisión (Autoridad Europea de Valores y Mercados). Durán, P. y Otero, L.A. (2014): Generación de escenarios económicos para la medición de riesgos de mercado en Solvencia II a través de modelos de series temporales, Cuadernos de la Fundación Mapfre, No. 203, Madrid. EIOPA (2013): Directrices sobre la solicitud previa de modelos internos, EIOPA-CP-/13/011. EIOPA (2014): Directriz sobre el uso de modelos internos, EIOPA-BoS-14/180. EIOPA (2014): Draft ITS on the approval of an internal model, disponible en https://eiopa.europa.eu/Publications/Technical%20Standards/IM_ITS_Clean_LegisWrite.docx [consultado 14/06/2015]. Kupiec, P. (1995): “Techniques for Verifying the Accuracy of Risk Management Models”, Journal of Derivatives,Vol. 3, pp. 73-84. REGLAMENTO DE EJECUCIÓN (UE) 2015/460 DE LA COMISIÓN de 19 de marzo de 2015 por el que se establecen normas técnicas de ejecución en relación con el procedimiento relativo a la aprobación de un modelo interno de conformidad con la Directiva 2009/138/CE del Parlamento Europeo y del Consejo. 41 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos REGLAMENTO DELEGADO (UE) 2015/35 DE LA COMISIÓN de 10 de octubre de 2014 por el que se completa la Diretiva 2009/138/CE del Parlamento Europeo y del Consejo sobre el acceso a la actividad de seguro y de reaseguro y su ejercicio (Solvencia II). [1] O nome “backtesting” foi usado pelo CEIOPS (2009) ao falar de diversas ferramentas para fazer a validação, mas depois não foi usado nas normas comentadas. [2] A validação independente quer dizer que as pessoas ou a unidade organizacional que realize o processo de validação do modelo devem estar livres da influência dos responsáveis pelo desenvolvimento e funcionamento do modelo interno. [3] A anotação utiliza significa, a título de exemplo, que um VaR de 25% corresponde a uma queda do mercado de -25%. 42 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Os fenômenos da natureza nas apólices Todos os Riscos de Construção SANTIAGO ORTEGA ESPINOSA Engenheiro de Estradas, Canais e Portos Sem dúvida nenhuma os fenômenos da natureza constituem o principal risco para as obras civis, principalmente para obras lineares, com cobertura do tipo all risks, Todos os Riscos de Construção, já que sua exposição, a falta de proteção durante a construção, sua sensibilidade a terremotos, furacões, maré de tempestade, inundações e danos por água em geral e sobretudo o risco intrínseco ao multiplicar-se a probabilidade pelas consequências fazem com que a sinistralidade seja muito elevada. 43 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos As condições para alguns tipos de obra tentam aliviar as consequências limitando o trecho exposto (estradas, barragens, transporte por gasoduto, etc.); no entanto, sem dúvida os danos causados pela água são os que deixam o mercado segurador de cabeça para baixo, o que o obriga a delimitar, tanto quanto possível, a probabilidade de ocorrência, uma vez que as consequências podem ser avaliadas assumindo-se diferentes cenários e aplicando os conhecimentos técnicos fornecidos por muitos estudos universitários de diversas especialidades. Sem dúvida alguma, e embora isso seja esquecido com mais frequência do que o desejado, o único dado confiável, já que sua determinação se baseia em estatística e em incontáveis análises matemáticas, é o Período de Retorno, que podemos definir como o tempo médio entre dois eventos de magnitude idêntica ou superior. Assim, se dissermos que o Período de Retorno para uma precipitação de 54 mm em 24 horas na cidade de Madri é de dez anos, significa que essa precipitação se repetirá muito provavelmente a cada dez anos, podendo, no entanto, ocorrer duas vezes quase consecutivamente e ficar vinte anos sem se repetir. É óbvio que não há um banco de dados que forneça registros de 500 ou mil anos, mas, como foi mencionado, conhecendo-se o comportamento dos caudais ou marés de tempestade em um período mais curto, é possível projetar as previsões com distribuições como a que propôs Emil Julius Gumbel (1891-1966). Portanto, há fenômenos meteorológicos como a chuva ou as inundações associadas que, sem sombra de dúvida, podem ser determinados probabilisticamente e, consequentemente, pode-se determinar com bastante confiabilidade se as chuvas caídas em um intervalo de tempo são maiores que as esperadas com um determinado Período de Retorno. Seria possível, assim, analisar a cobertura seguradora eliminando aquelas precipitações que, por sua quantidade, poderiam ser consideradas normais e que, embora possam causar danos, seriam excluídas da cobertura. Um exemplo de aplicação pode ser visto na monografia da Direção Geral de Estradas do Ministério do Desenvolvimento, “Máximas chuvas diárias na Espanha Peninsular”. O Período de Retorno é um requisito fundamental para o dimensionamento das obras civis, já que uma ponte sobre um rio deve garantir que o caudal com um período de retorno de 500 anos passe sem qualquer problema, ou, se assim se decidir, um quebra-mar para um porto deve garantir sua estabilidade contra uma onda de projeto com período de retorno de mil anos, por exemplo. 44 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Se tomarmos o mapa de Madri, podemos observar uma precipitação média diária (Pmd) de 38 mm e um Coeficiente de Variação (CV) de 0,34; depois basta buscar na tabela a seguir o Período de Retorno T desejado para encontrar o valor CV: É possível, pois, calcular a precipitação esperada com o Período de Retorno em consideração.Assim, por exemplo, para T = 10 anos, KT seria igual a 1,423 e, portanto, a precipitação para um Período de Retorno de 10 anos seria 1,423 x 38 = 54 mm. Por outro lado, se tivermos evidência de que houve uma precipitação de 54 mm, poderíamos obter KT e, consequentemente, o Período de Retorno correspondente a essas precipitações. 45 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos A monografia mencionada trabalha com até quatro funções de distribuição: A última (máx. SQRT-ET) finalmente é a escolhida por sua maior aproximação à modelagem estatística de máxima chuva diária e porque fornece resultados mais conservadores do que a tradicional Lei de Gumbel, embora na realidade todos os valores sejam muito semelhantes para períodos de retorno inferiores a 25 anos. Dito isto, observa-se que a unidade de medida é o ano e, embora seja possível determinar períodos de retorno correspondentes a outras janelas temporárias, seu trabalho é mais complexo, uma vez que seria necessário pegar os dados das janelas em estudo e fazer seu cálculo, trabalho que é realizado em muitas estações meteorológicas com períodos anuais e na própria monografia, como foi exposto. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS CLÁUSULAS RELACIONADAS COM FENÔMENOS DA NATUREZA LIGADOS À CLIMATOLOGIA Os 44 anos de experiência profissional do autor deste artigo, 33 dos quais ligados ao setor segurador, lhe permitem dar umas pinceladas históricas sobre o desenvolvimento temporal das cláusulas relacionadas 46 aos fenômenos da natureza.Assim, em 1981, no início da atividade profissional ligada ao seguro, a cláusula de influências atmosféricas era simplesmente: GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos “Em nenhum caso serão considerados garantidos os danos materiais causados aos bens segurados pelas influências normais do clima”. Algo sem dúvida muito simples, mas com uma grande dificuldade de interpretação por ser preciso elucidar em qualquer sinistro o limiar entre normal e anormal, conceito meramente subjetivo e que causava interpretações conflitantes. Por isso, no decorrer de um seminário sobre seguros no Colegio de Ingenieros de Caminos, Canales y Puerto no início da década de 1980, houve uma palestra intitulada “Do normal ao acidental, do previsível ao imprevisível”, durante a qual ficou evidente a incoerência da exclusão, considerandose que a Engenharia Civil aplicava regularmente o conceito de Período de Retorno acima de tudo, como já se comentou, em obras hidráulicas, obras marítimas e dimensionamento de drenagem em obras lineares, sendo lógico trazer o mesmo conceito para as coberturas de seguros. Esta semente deu frutos e, depois de um estudo ininterrupto feito por técnicos ligados ao setor segurador e à universidade, essa cláusula foi modificada com acréscimos: “Por “influências normais do clima” serão entendidos os fenômenos climáticos que não excedam a intensidade média diária correspondente a um período de retorno de 10 anos, de acordo com o registro feito no dia do sinistro, medido na estação meteorológica mais próxima da área sinistrada”. Aproveitando as diferentes publicações que apresentam os mapas de isoietas (linhas de precipitação idêntica), era fácil determinar, como já foi exposto, a quantidade de chuva para o período de retorno desejado e no lugar exato e, portanto, algumas vezes a cláusula utilizada era: 47 “Não obstante o disposto acima, ficam excluídos de qualquer forma os danos causados pela intensidade ou em consequência das chuvas de intensidade inferior a AAA litros por m2 (mm) por dia, segundo registro da precipitação diária acumulada no dia do sinistro medido na estação meteorológica mais próxima da área sinistrada”. Tudo isso resultou na cláusula que se transcreve a seguir e que é aquela que até hoje continua em vigor em muitas seguradoras do nosso mercado: “A companhia indenizará única e exclusivamente os danos materiais diretos sofridos pelos bens segurados devido à chuva, enchente e inundação, se na concepção e na execução do projeto tiverem sido tomadas as medidas adequadas de segurança contra tais atos. Não obstante o disposto acima, ficam excluídos de qualquer forma os danos materiais causados pelas chuvas de intensidade média diária, ou resultantes delas, segundo o registro da precipitação diária acumulada no dia do sinistro, inferior à correspondente a um período de retorno de XXX anos, tendo como referência a série de valores máximos anuais registrados em um dia, tudo isso segundo as medições na estação meteorológica mais próxima da área sinistrada. Em caso de enchente e inundação, a companhia somente indenizará os danos quando essa enchente e inundação for maior que a correspondente a um período de retorno de YYY anos, de acordo com as medições feitas pelo observatório mais próximo do local do sinistro”. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos As dificuldades em obras lineares geralmente eram encontrar uma medição confiável nas proximidades, dada a carência de estações meteorológicas no ambiente, ou a análise de tempestades que poderiam afetar seriamente a obra sem que se registrassem as precipitações na estação meteorológica mais próxima, sendo a boa vontade das partes o que por fim possibilitava acordos em caso de discordância. Ao trabalhar com intensidades diárias, poderia acontecer que, em caso de chuvas fortes e prolongadas, houvesse mais de um dia em que se ultrapassasse a chuva correspondente ao período de retorno considerado e, portanto, era preciso considerar vários sinistros, aplicando a cada um sua franquia correspondente, motivo pelo qual, e para favorecer os interesses do segurado, aplicava-se a chamada Cláusula de 72 horas, que em sua versão inicial era simplesmente: “Em esclarecimento à definição de sinistro contida nas Condições Gerais, fica expressamente acordado para os fins desta apólice que terão a condição de um só sinistro os danos produzidos pelos riscos da natureza que acometam os bens segurados ocorridos em um período de 72 horas consecutivas como resultado de uma mesma causa ou evento, tomando-se como data de início aquela em que ocorrer o primeiro dos danos”. Fazendo um parêntese na cronologia histórica, as obras lineares (estradas de ferro, gasodutos, oleodutos, canais, etc.) apresentam uma dificuldade adicional devido à maior exposição das obras de terra (nivelamento, limpeza do terreno e terraplenagem) durante o período de construção, que muitas vezes geram assentamentos e deslizamentos de terra com danos materiais importantes que podem ocorrer em diferentes pontos da obra, às vezes separados por dezenas de quilômetros. 48 Inclusive pode acontecer de, durante um período contínuo de chuvas, não haver sinistros e de estes serem observados imediatamente após tal período em consequência da saturação do solo ou da elevação do nível freático durante tal período de chuvas, motivo pelo qual a Cláusula de 72 horas evoluiu, dando ao segurado o poder legal de estabelecer o início e o fim desse período. “…O início do período de 72 horas será estabelecido a critério do segurado, sem que se permita a coincidência de dois ou mais períodos de 72 horas em caso de danos que ocorram no decorrer de um período mais longo”. Estas singularidades das obras civis juntamente com a globalização das construtoras e a concorrência internacional nos chamados Grandes Riscos deu origem à subscrição de apólices em condições muito especiais. Reitera-se que isso se deu só nas apólices para Grandes Riscos, que modificaram as cláusulas comentadas anteriormente até que chegassem a ser as que são objeto deste artigo, favorecendo claramente os interesses dos segurados, obviamente com a expressa aceitação das seguradoras. Utiliza-se apenas em tais apólices, sem que isso possa ser generalizado a todas, a seguinte cláusula: GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos “A determinação das condições meteorológicas de referência será feita com base nas informações disponíveis nos centros meteorológicos mais próximos do local da obra, considerando-se o período que começa 15 dias antes da data de ocorrência da perda ou dano e termina 15 dias após o mesmo, durante os dez anos que antecederam a perda. Consequentemente, somente serão indenizáveis as perdas ou danos causados por chuvas, enchentes ou inundações devidas diretamente à chuva quando a precipitação acumulada durante o dia do sinistro, registrada nos mesmos centros meteorológicos, exceder a precipitação máxima acumulada em um dia registrada no mesmo período do ano durante os dez anos precedentes à perda, conforme se indica na determinação das condições pluviométricas de referência. Não obstante o disposto acima, se os danos resultantes do sinistro foram causados por condições climáticas adversas ocorridas durante um período consecutivo de dois ou mais dias desde o início do sinistro, este será indenizável se a precipitação acumulada durante esse período de dois ou mais dias exceder a precipitação máxima acumulada durante um período idêntico (considerandose 15 dias antes e 15 dias depois da data de início do sinistro) e tendo como base os dez anos anteriores ao sinistro”. Se analisarmos esta cláusula de “influências meteorológicas”, é facil observar que ela nada diz sobre Períodos de Retorno, já que comparar chuvas em certo período com as ocorridas no mesmo período, 15 dias antes ou 15 dias depois nos dez anos anteriores não tem nada a ver com a definição exposta anteriormente, e a probabilidade de ocorrência é 49 muito maior, como demonstra o número de sinistros que está sendo gerados, o que não coloca de forma nenhuma em dúvida a cobertura dos mesmos, já que a condição é aceita por ambas as partes, segurado e segurador. Como se comentou anteriormente, a probabilidade de as chuvas ocorridas em um intervalo de tempo excederem as correspondentes a Períodos de Retorno de, por exemplo, dez anos, considera intervalos diários de 24 horas ou até mesmo intervalos de uma hora para tempestades, e estes são dados que podem ser extraídos para muitos projetos de engenharia, uma vez que é o mesmo que as chuvas que ocorram em 20 de janeiro ou 24 de março. Prosseguindo com o exemplo comentado anteriormente, se 54 mm correspondem a precipitações de um período de retorno de dez anos, sua probabilidade de ocorrência é 1/10 quando se trata de período anual, mas, se condicionarmos a que as chuvas ocorram em um determinado dia e de uma forma simplista, a probabilidade se converteria em 1/ 10×365 = 1/3.650. É óbvio que para qualquer analista de risco não é a mesma coisa excluir sinistros relativamente frequentes de probabilidade 1/10 que excluir sinistros de probabilidade remota de 1/3.650, já que praticamente se estaria cobrindo uma enorme quantidade de eventos e não é isso o que se quer, nem é o objetivo da cláusula tradicionalmente usada nas apólices do tipo all risk, Todos os Riscos de Construção. Também é óbvio que a cláusula mencionada não é tão rigorosa ao considerar períodos mensais, mas sua probabilidade é impossível a priori de calcular, uma vez que estabelece também o acúmulo de chuva em períodos mais extensos e sem quantificação, passando de chuvas acumuladas em um dia para chuvas acumuladas em dois, três ou até mesmo trinta dias, se durantes os mesmos não tiver parado de chover. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Apenas como um simples exemplo, pode-se ver a complexidade técnica analisando a seguinte planilha fornecida pela AEMET, correspondente a uma estação de medição entre os meses de outubro e novembro para o período 2002/2012. Isso nos leva a considerar que não há base técnica possível para o cálculo do prêmio,e,consequentemente, os erros cometidos na consideração de probabilidades aumentam a sinistralidade acima do normal gerado, razão pela qual, e retomando as bases técnicas que devem prevalecer na subscrição dos riscos, as companhias de seguros estão introduzindo cláusulas que, baseadas nos períodos de retorno, estabelecem janelas temporais (de três meses, por exemplo) para aplicar mais rigorosamente as variações sazonais que existem nos fenômenos da natureza e que com maiores dificuldades para o cálculo inicial, mas de qualquer forma possíveis, nos levariam em Grandes Riscos a: “Em esclarecimento à exclusão expressa nas Condições Gerais, a seguradora somente indenizará os danos causados por fenômenos 50 meteorológicos como chuva, vento, neve, enchentes, etc. quando, de acordo com os dados coletados pelas estações meteorológicas oficiais de medição mais próximas da área sinistrada, eles excederem os correspondentes a um período de retorno de 10 anos. Para o cálculo do período de retorno em caso de chuva, serão tomados como referência os valores máximos dos 45 dias anteriores à data do sinistro e dos 45 dias posteriores da quantidade de chuva acumulada em um dia segundo a série histórica de registros disponíveis nas estações meteorológicas oficiais de medição mais próximas do local onde ocorreram danos. Para os demais fenômenos, será considerado o valor máximo do período”. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Sem dúvida alguma e, embora a análise prévia de risco se complique extremamente, cláusulas deste tipo são as que deveriam ser instauradas no futuro para os Grandes Riscos, por manter o cálculo de probabilidade baseado no Período de Retorno e corrigi-lo de acordo com as variações sazonais, já que normalmente os fenômenos da natureza associados ao clima costumam se distribuir em janelas temporais. Embora ambas as cláusulas (influências meteorológicas e 72 horas) tenham um senso comum por serem normalmente aplicadas a sinistros ocorridos em um período, elas precisam ser tratadas separadamente. Independentemente do que já foi mencionado sobre a dificuldade de determinar as probabilidades de ocorrência seguindo a redação da Cláusula de Influências Meteorológicas das apólices globais, não há dúvida de que, ao ser aceita pelo segurado e pela seguradora, restará apenas verificar os períodos de chuva considerados com os ocorridos nos dez anos anteriores, já que é o que determina a condição voluntariamente acordada entre segurado e seguradora. Se for importante para a correta aplicação destas cláusulas, há que partir da definição de franquia, que, de acordo com o Dicionário de Termos de Seguros da Fundación MAPFRE, reconhecido em toda a área seguradora espanhola, é: “A quantia com a qual o segurado é o próprio segurador de seus riscos e em virtude da qual, em caso de sinistro, suportará com seu patrimônio a parte de danos que lhe corresponder” No caso de um sinistro que afete apenas uma apólice, podem ser aplicadas uma ou mais franquias, servindo, por exemplo, de modelo as aplicadas a Danos Materiais e Perda de Lucros, que, apesar de serem provenientes de uma única causa, têm cada uma suas respectivas franquias. 51 Lendo atentamente a Cláusula de 72 horas, temos: “Para efeitos de aplicação das franquias, (está claro que se fala no plural), toda ocorrência de perda ou dano causada pelos riscos da natureza, tais como tormentas, tempestades, inundações e terremotos, ou como resultado de colapso, afundamento ou outro movimento de terras associado a esses riscos, procedentes de uma causa comum que ocorra durante um período de 72 horas consecutivas, será considerada como um único acontecimento e estará sujeita à aplicação de uma única franquia. O início do período de 72 horas será estabelecido a critério do segurado, sem que se permita a coincidência de dois ou mais períodos de 72 horas em caso de danos que ocorram num período mais longo”. (na aplicação literal, não poderia existir mais que um único período de 72 horas à escolha do segurado, o que causaria a possibilidade de se estabelecer um segundo período, com início estabelecido de forma a não coincidir com o anterior) A redação desta cláusula em inglês é: “Occurrence. It is agreed that any loss of or damage to the insured property arising during any one period of 72 consecutive hours, caused by storm, cyclone, tempest, flood or earthquake shall be deemed as a single event and therefore to constitute one occurrence with regard to the deductibles stated in the Schedule. For the purpose of the foregoing the commencement of any such 72 hours period shall be decided at the discretion of the Insured, it being understood and agreed however that there shall be no overlapping in any one, two or more such 72 hours periods in the event of loss or damage occurring over a more extended period of time”. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Ela tem a mesma interpretação que a versão em espanhol. Por observar-se a redação da cláusula e exatamente ante a dificuldade de estabelecer o período específico de 72 horas é que normalmente se avaliam todos os danos e se aplica uma franquia por cada 72 horas do período total durante as quais as chuvas ocorrem. O fato de que a cláusula de Influências Meteorológicas permite considerar, para que um evento da natureza DISCREPÂNCIAS COM A INTERPRETAÇÃO DA DGSFP O que foi exposto anteriormente leva a discrepâncias com o que expressou a Direção Geral de Seguros e Fundos de Pensão no Expediente de Referência 00000079/2011 quanto à interpretação restritiva da Cláusula de 72 horas e que, devido à sua importância, é necessário esclarecer, dado que ela é o oposto do que o setor segurador vem aplicando normalmente. A razão para a resposta da DGSFP parte de uma premissa falsa, visto que não há nada mais distante da realidade que considerar habitual nas Condições Todos os Riscos de Construção as cláusulas expostas para Grandes Riscos ou as apólices chamadas Globais, uma vez que elas se aplicam somente em uma porcentagem muito pequena de apólices e obviamente nas apólices relacionadas com as empresas mais importantes do nosso país. Mais de noventa por cento das apólices TRC incluem coberturas clássicas com Período de Retorno de dez anos. Realizando uma amostragem no mercado, apenas as empresas conhecidas como “globais” usam esse tipo de condições, muito sujeito às condições do 52 seja considerado como causa de sinistro, um número ininterrupto de dias durante os quais sejam superadas as condições de eventos de igual duração no intervalo de 15 dias antes e 15 dias depois e durante os dez anos anteriores não anula a cláusula de 72 horas, já que, como foi exposto, fica clara sua referência à aplicação de franquias e, conforme se comentou, podem ser várias as franquias aplicáveis a uma apólice em consequência de uma única causa sinistral. resseguro internacional, que interpreta a Cláusula de 72 horas da mesma forma que o autor do artigo, que teve experiências em outros sinistros ocorridos em riscos em que a aplicação de franquias para cada período de 72 horas não levantou qualquer dúvida e o término foi aceito pelo segurado sem nenhum tipo de objeção. O fato de haver uma causa única não significa que seja aplicável uma só franquia, e realmente fica claro que, com cobertura de Perda de Lucros, seriam igualmente aplicáveis duas ou até mais franquias. Portanto, é preciso demonstrar a discrepância com o processo dedutivo que se aplica de forma subjetiva na Resposta da Subdireção Geral de Gestão do Mercado de Seguros. En dicho proceso deductivo, en su punto cuarto, textualmente recoge: “…Em seguida, cabe localizar a franquia no tempo, já que os danos têm uma localização temporária e há só uma franquia, então haveria dois benefícios para o segurado: um primeiro benefício derivado da aplicação de uma franquia única e um segundo, derivado de que o tomador decide onde a localiza” GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos O que foi exposto anteriormente leva a discrepâncias com o que expressou a Direção Geral de Seguros e Fundos de Pensão no Expediente de Referência 00000079/2011 quanto à interpretação restritiva da Cláusula de 72 horas e que, devido à sua importância, é necessário esclarecer, dado que ela é o oposto do que o setor segurador vem aplicando normalmente. A razão para a resposta da DGSFP parte de uma premissa falsa, visto que não há nada mais distante da realidade que considerar habitual nas Condições Todos os Riscos de Construção as cláusulas expostas para Grandes Riscos ou as apólices chamadas Globais, uma vez que elas se aplicam somente em uma porcentagem muito pequena de apólices e obviamente nas apólices relacionadas com as empresas mais importantes do nosso país. Mais de noventa por cento das apólices TRC incluem coberturas clássicas com Período de Retorno de dez anos. Realizando uma amostragem no mercado, apenas as empresas conhecidas como “globais” usam esse tipo de condições, muito sujeito às condições do resseguro internacional, que interpreta a Cláusula de 72 horas da mesma forma que o autor do artigo, que teve experiências em outros sinistros ocorridos em riscos em que a aplicação de franquias para cada período de 72 horas não levantou qualquer dúvida e o término foi aceito pelo segurado sem nenhum tipo de objeção. O fato de haver uma causa única não significa que seja aplicável uma só franquia, e realmente fica claro que, com cobertura de Perda de Lucros, seriam igualmente aplicáveis duas ou até mais franquias. Portanto, é preciso demonstrar a discrepância com o processo dedutivo que se aplica de forma subjetiva na Resposta da Subdireção Geral de Gestão do Mercado de Seguros. CONCLUSÃO Como resumo do que foi exposto acima, pode-se observar que: •O que foi exposto anteriormente leva a discrepâncias com o que expressou a Direção Geral de Seguros e Fundos de Pensão no Expediente de Referência 00000079/2011 quanto à interpretação restritiva da Cláusula de 72 horas e que, devido à sua importância, é necessário esclarecer, dado que ela é o oposto do que o setor segurador vem aplicando normalmente. •O mercado segurador mundial é unânime na aplicação da Cláusula de 72 horas, considerando tantas franquias quanto os períodos de 72 horas que houver na duração do sinistro. 53 •Esta interpretação é favorável aos interesses do segurado, já que o texto literal obrigaria a espaçar os períodos, por não poderem coincidir dois ou mais intervalos de 72 horas em caso de danos que ocorram em um período mais longo. •Não há nenhum tipo de regulamentação que impeça a aplicação de duas ou mais franquias na mesma apólice e pela mesma causa. •A consideração de Grande Risco elimina as “letras miúdas”, por estarem pactuadas todas as condições entre segurado e segurador com a mediação dos corretores globais. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Gestão integrada do risco na agricultura ANTÔNIO MÁRCIO BUAINAIN Professor do Instituto de Economia da Unicamp PEDRO LOYOLA Economista da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) Não há melhor imagem para expressar as relações entre risco e agricultura do que a de uma ilha cercada — e também coberta — de riscos de todos os lados. Classicamente se mencionam pelo menos os riscos associados às incertezas climáticas e dos mercados, que afetam a produção e os preços. Trabalho recente do Banco Mundial, em colaboração com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil se refere a 8 dimensões do risco agropecuário, agrupados em três grupos: risco de produção, risco de mercado e riscos do ambiente de negócio. 54 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos QUADRO 1. POLÍTICAS INTEGRADAS DE MITIGAÇÃO DE RISCOS: TIPOLOGIA DOS RISCOS: Grupos de Riscos Risco de Produção Risco de Mercado Ambiente de Negócios Dimensões Temáticas Exemplos de Eventos Eventos climáticos extremos e incêndios Secas prolongadas, geadas, excesso de chuva e inundações, ventos fortes Sanidade Animal Surtos de febre aftosa, BSE (vaca louca), Newcastle, etc. Sanidade Vegetal Introdução de novas pragas e doenças no país. (ex. lagarta helicoverpa armigera) Gestão da Produção e de Recursos Naturais Mudanças nas outorgas de água, na fiscalização, na disponibilidade de mão de obra Comercialização (preço de insumos e produtos) e Crédito Variação significativa dos preços dos produtos e insumos, nas taxas de câmbio, taxas de juros, mudanças nos termos dos créditos. Comércio Externo Fechamento de mercados para exportação; mudanças no acesso à importação de insumos. Logística e Infraestrutura Greves nos portos, fechamentos em rodovias/hidrovias/ ferrovias; mudanças nos incentivos à armazenagem Marco Regulatório, Políticas, Instituições e Grupos de Interesse Mudanças em leis/regulações (ambientais, trabalhista, insumos, terra) mudanças de orientação em instituições públicas de apoio, modificações na interpretação de normativas. Fonte: Banco Mundial (2015) Uma pergunta relevante, que muitos pesquisadores têm se colocado, é se os riscos agropecuários estão aumentando ou se reduzindo. Buainain et. al. (2014) sustentam que, na agricultura brasileira, os riscos estão aumentando e se multiplicando, assim como também os impactos potenciais negativos de ocorrências indesejáveis. De um lado, a agricultura moderna é intensiva em capital, o que eleva a sensibilidade às variações das condições que cercam e encobrem a ilha. De outro, a agricultura está plenamente inserida na economia global, e pode sofrer, de forma quase direta e imediata, os efeitos da batida das asas da borboleta no outro lado do mundo, tal como indicado pela Teoria do Caos. 55 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos “Houve um tempo em que os riscos para os produtores extensivos eram menores porque os investimentos e os gastos em geral eram menores, e, por isso, as eventuais perdas provocadas por variações do clima, flutuações do mercado e mudanças institucionais eram também menores. Mas os fatores de risco multiplicaram- se ao longo das últimas décadas: produtores superespecializados ficaram mais sujeitos às condições de um único mercado do que aqueles que têm produção mais diversificada, pois que é menor a probabilidade de todos os mercados caírem ao mesmo tempo. A modernização, a intensificação da produção e a inserção em múltiplos circuitos financeiros são processos que, em geral, elevam a vulnerabilidade dos produtores, além de exigirem a utilização de complexos instrumentos de gestão de risco, seja para evitar, seja para reduzir os efeitos danosos dos riscos.” (Buainain et. al. 2014, p. 179, destaque nosso). FIGURA 1. GESTÃO INTERGRADA DO RISCO NA AGRICULTURA Fonte: Banco Mundial (2015) Não há dúvida que, para os produtores rurais, os riscos são hoje mais elevados do que no passado, uma vez que os investimentos e patrimônio envolvidos na produção agropecuária são substancialmente maiores. Os riscos agropecuários são também relevantes para os países. Segundo estimativas do Banco Mundial, como se pode ver no gráfico abaixo, o Brasil perde 1% de crescimento do PIB agrícola anualmente por riscos extremos, e praticamente todos os anos de crescimento negativo do PIB agrícola estão associados a perdas elevadas devido à ocorrências extremas, que poderiam ter sido reduzidas com uma melhor gestão de risco. 56 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos GRÁFICO 1 – PERDAS ANUAIS EXTREMAS (1 DESVIO PADRÃO) DA PRODUTÇÃO AGRÍCOLA DO BRASIL (% DO VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA DE 2013) Fonte e elaboração: Banco Mundial Brasil (2015) Estas constatações colocam a gestão de risco, em suas múltiplas dimensões, como estratégica para o sucesso e sustentabilidade dos empreendimentos rurais, sejam pequenos, médios ou grandes. A gestão de risco é hoje indissociável da gestão da produtiva, comercial e financeira, e está (ou deveria estar) presente em todas as decisões relevantes dos produtores, da escolha da semente, aquisição dos insumos, venda dos produtos até a opção de financiamento que utilizará. DIMENSÕES DO RISCO DA AGROPECUÁRIA: DA MITIGAÇÃO E INTUIÇÃO À GESTÃO INTEGRADA E TÉCNICA Até o passado recente os produtores rurais faziam gestão de risco de forma intuitiva, com base na experiência e conhecimentos tradicionais, transmitidos de pai para filho: antes de setembro não se planta milho porque o pé não brota com força; a soja deve ser semeada depois da primeira chuvarada de outubro. Também se preocupavam mais com a mitigação e reivindicavam garantias e compensações junto aos governos, para quem os riscos eram (ou deveriam ser) transferidos, quase sempre de maneira custosa e ineficiente, seja para os próprios produtores seja para a sociedade em geral. O elevado custo para o Tesouro Nacional das sucessivas renegociações de dívidas dos produtores rurais brasileiros, que se acumularam devido a eventos climáticos adversos e a variações súbitas nas condições dos mercados – em parte devido a intervenções intempestivas do próprio Governo —, é uma confirmação de que, no mundo contemporâneo, não é possível ignorar o risco e deixar para tratar as consequências, apenas quando e depois que o pior tiver ocorrido. 57 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos A partir de meados da década de 90, tanto os produtores rurais como os governos, depois de acumularem perdas relevantes, evoluíram na direção de um tratamento integrado para o risco. A partir de uma análise objetiva dos riscos envolvidos, a gestão inclui desde medidas para eliminar, prevenir e reduzir os riscos até aquelas para mitigar os efeitos indesejáveis, para os produtores e sociedade em geral. No entanto, é preciso ter claro que a gestão de risco é responsabilidade de todas as partes interessadas, e não apenas dos produtores ou dos governos. De fato, dificilmente se poderá ter êxito sem que cada um – produtores, mercado e governo — faça a sua parte. A tabela abaixo exemplifica diferentes estratégias de gestão de risco, distribuindo as ações/responsabilidades entre estes três níveis institucionais: produtores/comunidades, mercado e governo. Tabela 1– Estratégia de gerenciamiento de risco na agropecuária Nivel institucional Estratégias Hacienda/Comunidad Prevenção Mitigação Enfrentamento Escolha tecnológica Mercado Gobierno Treinamento em técnicas de gestão de risco Políticas macroeconômicas; prevenção contra desastres; prevenção de doenças em animais Contratos de derivativos; seguro rural; integração vertical; comercialização Diversificação produtiva; realizada ao longo do ano (não compartilhamento de cultura focada na safra); diversificação dos investimentos financeiros; trabalho fora da fazenda Empréstimo tomado de familiares, amigos e da comunidade Venda de ativos; tomada de empréstimos; renda fora da agricultura Sistema tributário de renda progressivo; programas contracíclicos; medidas de biossegurança Assistência social; programa de suporte ao agricultor Fonte: adaptado de Organização Econômica para Cooperação e Desenvolvimento (2009) 58 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos RISCOS DA PRODUÇÃO O risco da produção está diretamente associado à ocorrência de eventos climáticos e incêndios – que na maioria dos casos também estão relacionados às condições climáticas. Secas prolongadas, geadas, excesso ou falta de chuvas durante etapas específicas do processo produtivo, ventos e inundações afetam diretamente os resultados da produção agropecuária. Os riscos sanitários, tanto animal como vegetal, também são particularmente relevantes em países como o Brasil, que não tem um sistema de alerta e defesa sanitária eficaz. Hoje os produtores contam com boas ferramentas para lidar com estes riscos, como monitoramento do clima com base em modelos extremamente complexos que processam um volume de informações impensadas há apenas poucas décadas e a utilização de ferramentas como a do zoneamento agrícola de risco climático, que se traduzem em previsões climáticas e escolhas tecnológicas mais acuradas para reduzir os riscos de produção, ou ainda o recurso ao seguro rural, que reduz as perdas econômicas e financeiras no caso de ocorrência extremas. Ainda assim, o fato é que o aumento da frequência dos eventos extremos têm elevado os riscos de produção, desafiando produtores, governos e mercados a aperfeiçoar os mecanismos de prevenção e mitigação das consequências de eventos que afetam negativamente a produção agropecuária. RISCOS DE MERCADO Os riscos de mercado estão direta e principalmente associados à comercialização e às condições e disponibilidade de crédito. Os produtores rurais estão à mercê das flutuações dos preços dos produtos e dos insumos, da taxas de cambio e de juros, às condições de liquidez do mercado financeiro. É certo que um grupo de produtores dispõe, hoje, de vários mecanismos para lidar com estes riscos, desde as vendas nos mercados futuros, operações de hedge até os contratos de produção, mas ainda assim não se pode dizer que os riscos de mercado sejam 59 menores do que no passado, pois do outro lado se registra um aumento da volatilidade dos preços dos produtos agropecuários e dos mercados de câmbio, cuja valorização / desvalorização altera radicalmente os parâmetros básicos das economias nacionais. Na agricultura moderna, a disponibilidade e as condições do crédito rural são variáveis chaves para os resultados obtidos pelos produtores. A súbita redução de liquidez decorrente da crise financeira global de 2008 expôs, de forma clara, esta vulnerabilidade. No Brasil, muitas empresas do setor sucroalcooleiro, que se encontravam em fase de expansão e vinham mobilizando capital para financiar planos ambiciosos de investimento na esfera agrícola e industrial, perderam sustentação de hora para outra, e passaram a enfrentar problemas financeiros e produtivos devido à mudança nas condições de financiamento. Ainda neste eixo, encontra-se o risco associado às condições do comércio externo, que não se resumem às flutuações de preços, mas à própria instabilidade institucional que caracteriza os fluxos de comércio agrícola. Tratam-se de mercados forte e crescentemente regulados, nos quais vários governos continuam intervindo de forma ad hoc, nem sempre pautados por razões objetivas e acolhidas pelas regras definidas no âmbito dos organismos internacionais competentes. As alegações vão desde assegurar a segurança alimentar do país – ainda confundida com autossuficiência alimentar — aos problemas sanitários, que nem sempre são fundados. O fato é que tal risco não pode ser ignorado, e deve ser tratado na esfera política e diplomática, seja por meio de regras mais claras que reduzam a margem de interpretações oportunistas seja pelo fortalecimento dos compromissos com as regras de comércio mundial. O maior desafio, no caso dos riscos de mercado, é ampliar o acesso dos produtores aos mecanismos de proteção oferecidos pelo próprio mercado, em particular daqueles de menor porte, e trabalhar no sentido de melhorar a governança dos mercados agropecuários, tanto no plano nacional como internacional. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos RISCOS DO AMBIENTE DE NEGÓCIOS O ambiente de negócios, e não apenas a Natureza, carrega vários riscos para os agricultores, e contribui para potencializa-los e ou mitiga-los. No caso do Brasil, o estudo do Banco Mundial/Embrapa/MAPA apontou os riscos associados ao déficit logístico e de infraestrutura do país, que tornam de certa forma imprevisíveis as condições e custos de comercialização da safra agrícola, o acesso aos mercados e, por conseguinte, o próprio cumprimento dos contratos realizados. Em muitos casos este risco específico se combina com fatores climáticos, como a ocorrência de chuvas – que não precisam ser necessariamente em excesso — para impedir o acesso às áreas de produção, comprometendo a comercialização da safra ou a entrega de insumos para a produção. associados a intervenções imprevistas e à adoção de procedimentos que impõem perdas aos produtores. As intervenções ad hoc nos mercados agropecuários não são ações do passado. Entre os anos 2008-2014 os preços da gasolina e óleo diesel foram praticamente congelados no Brasil, o que comprometeu seriamente o mercado de álcool combustível, potencializando o risco de preço que os produtores sequer estavam considerando, haja vista as excelentes perspectivas de mercado estabelecidas em todos os cenários desenhados antes da intervenção ad hoc no mercado de combustíveis fósseis. Neste mesmo setor, a mudança nas regras de tributação que asseguravam um diferencial competitivo para o álcool combustível vis a vis a gasolina, exemplifica como as mudanças institucionais e a atuação –legítima, diga-se de passagem— dos grupos de interesse também implicam em riscos para os produtores. O (POUCO PERCEBIDO) RISCO TECNOLÓGICO Também neste eixo se inclui os riscos associados aos marcos regulatórios, cujos ajustes muitas vezes modificam de forma significativa as regras até então vigentes, e provocam perdas e ou necessidade de gastos de adequação relevantes e que não eram previstas pelos produtores. Na mesma linha, as políticas públicas e as instituições, de grande importância para a agricultura, se por um lado têm o papel de proteger o setor, também podem carregar e potencializar riscos 60 Buainain et. al. (2014, p. 194) sustentam que a dinâmica produtiva baseada no uso intensivo de tecnologia envolve um risco tecnológico, que tem sido pouco percebido, mas que está sempre ameaçando o segmento, que depende da “continuidade do processo de inovação, seja para responder aos problemas criados pela própria tecnologia, desde a resistência às pragas até a queda da produtiva, seja para assegurar novos ganhos de produtividade e rentabilidade”, seja ainda, complementamos, para se adequar a produção agropecuária as crescentes exigências socioambientais e de segurança dos alimentos. Concluem eles: “esta é uma das dimensões do risco tecnológico. Existem outras, e, inclusive, algumas das tecnologias que contribuíram para o sucesso da agricultura brasileira, a exemplo dos eventos transgênicos, apresentam contornos indefinidos.” GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos MECANISMOS DE GESTÃO DE RISCO NO BRASIL São muitos os mecanismos de gestão e as estratégias para reduzir e ou conviver com os riscos, e na avaliação de Buainain, Cury e Vieira (2011, p.15) “os produtores rurais brasileiros dispõem hoje de um conjunto de mecanismos para administrar os riscos, alguns mais desenvolvidos e de uso mais disseminado e abrangente e outros em situação embrionária e ou com utilização mais seletiva entre os produtores.” O Banco Mundial às agrupa em três grandes eixos, conforme a tabela abaixo. TABELA 2 – ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE RISCOS AGROPECUÁRIOS Mitigação: Ações para prevenir, reduzir ou eliminar a ocorrência de eventos/ impactos econômicos negativos à produção agropecuária, como: investimentos em infraestrutura e logística para escoamento da produção e armazenamento; infraestrutura de dados agroclimáticos e sistemas de informação (zoneamentos, alertas), de drenagem, em sistemas de irrigação, na diversificação da produção, no melhoramento genético preventivo, na adoção de práticas e sistemas mais adaptados e conservacionistas, etc. Transferência: Ações para transferir o risco a uma terceira parte, com um custo (prêmio). Como exemplo, citamos instrumentos financeiros como seguros, resseguros, coberturas de preço, etc. Resposta: Ações que acontecem depois do evento (ex-post), voltadas para reconstruir ou compensar perdas ocasionadas pela ocorrência, que podem ser exemplificadas em: apoio emergencial aos produtores, reestruturação de dívidas, reconstrução de infraestrutura produtiva ou de transporte, etc. Uma importante ação de resposta que acontece de forma ex-ante é o planejamento estratégico ou planejamento 61 contingente, onde mecanismos de resposta são delineados antecipadamente para que se possa responder de forma mais eficiente e efetiva à ocorrência do evento (ex.: planos de contingência para combate a incêndios ou para o controle e contenção de pragas quarentenárias). Fonte: Banco Mundial (2015) Produtores podem adotar medidas preventivas para reduzir a possibilidade de ocorrência de eventos adversos. Também podem adotar medidas para mitigar o impacto potencial negativo dos eventos adversos e para melhorar a convivência com tais eventos. Podem utilizar mecanismos que compensam, pelo menos parcialmente, as consequências negativas da materialização de riscos, seja climáticos seja de mercado. Entre as várias ações conhecidas e comumente praticadas pelos agricultores brasileiros pode-se mencionar a substituição de determinados cultivos, como aconteceu com o café em muitas áreas tradicionais de São Paulo e do Paraná, atingidas com regularidade por geadas que comprometiam a sustentabilidade produtiva e financeira da atividade. Ou a introdução de sistemas de irrigação, que reduz o risco da seca e da irregularidade hídrica; a seleção de sementes selecionadas, mais resistentes aos estresses climáticos ou a certas pragas; adoção de técnicas produtivas, como o plantio direto e curva de nível, que melhoram a interação com a Natureza e reduzem os riscos associados tanto à chuva em excesso como à falta de chuva. No passado os produtores reagiam expost às situações adversas, quase sempre após sentirem na “pele”, durante anos, os seus efeitos negativos, e hoje contam com ferramentas quase científicas, como é o caso do zoneamento agroclimático, ou da seleção de sementes e da tecnologia adequada, que permitem evitar as perdas. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos TABELA 3 – MODALIDADES DO SEGURO RURAL E RESPECTIVAS COBERTURAS Seguro Agrícola: Este seguro cobre as explorações agrícolas contra perdas decorrentes principalmente de fenômenos meteorológicos. Cobre basicamente a vida da planta, desde sua emergência até a colheita, contra a maioria dos riscos de origem externa, tais como, incêndio e raio, tromba d’água, ventos fortes, granizo, geada, chuvas excessivas, seca e variação excessiva de temperatura. Seguro Pecuário: Este seguro tem por objetivo garantir o pagamento de indenização em caso de morte de animal destinado, exclusivamente, ao consumo, produção, cria, recria, engorda ou trabalho por tração. Seguro Aquícola: Este seguro garante indenização por morte e/ou outros riscos inerentes à animais aquáticos (peixes, crustáceos) em consequência de acidentes e doenças. Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários: Este seguro tem por objetivo cobrir perdas e/ou danos causados aos bens, diretamente relacionados às atividades agrícola, pecuária, aquícola ou florestal, que não tenham sido oferecidos em garantia de operações de crédito rural. Seguro de Penhor Rural: O Seguro de Penhor Rural tem por objetivo cobrir perdas e/ou danos causados aos bens, diretamente relacionados às atividades agrícola, pecuária, aquícola ou florestal, que tenham sido oferecidos em garantia de operações de crédito rural. Seguro de Florestas: Este seguro tem o objetivo de garantir pagamento de indenização pelos prejuízos causados nas florestas seguradas, identificadas e caracterizadas na apólice, desde que tenham decorrido diretamente de um ou mais riscos cobertos. 62 Seguro de Vida: Este seguro é destinado ao produtor rural, devedor de crédito rural, e terá sua vigência limitada ao período de financiamento, sendo que o beneficiário será o agente financiador. Seguro de Cédula do Produto Rural – CPR: O seguro de CPR tem por objetivo garantir ao segurado o pagamento de indenização, na hipótese de comprovada falta de cumprimento, por parte do tomador, de obrigações estabelecidas na CPR. Fonte: SUSEP Pode-se concluir afirmando que no Brasil não faltam instrumentos para a gestão dos riscos, mas falta gestão eficiente e eficaz dos instrumentos disponíveis, falta coordenação e integração na aplicação e utilização dos vários instrumentos e falta, sobretudo, alcance na cobertura territorial, patrimonial e econômica da agropecuária brasileira. BIBLIOGRAFIA Banco Mundial (2015). Revisão rápida e integrada da gestão de riscos agropecuários no Brasil: caminhos para uma visão integrada. Banco Mundial Brasil. Buainain, A.M., Cury, W.J.M. e Vieira, P.A. (2011). Gestão do risco e seguro na agricultura brasileira. Rio de Janeiro Funenseg, 311 p. Buainain et. al. (2014). Quais os riscos mais relevantes nas atividades agropecuárias? Buainain, A.M., Alves, E., Silveira, J.M. e Navarro, Z. (editores técnicos). O Mundo Rural no Brasil do Século XXI: a formação de um novo padrão agrário e agrícola. Brasília, Embrapa. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Criminosos ciberneticos: a grande ameaça MARÍA ÁNGELES CABALLERO VELASCO Direcção de Apoio Geral de Segurança e Meio Ambiente MAPFRE A tecnologia tem avançado a passos gigantescos desde que nasceram os primeiros computadores pessoais na década de 1980, como o Spectrum, até os mais sofisticados sistemas de que podemos dispor hoje, desde dispositivos móveis que nos permitem estar conectados em qualquer lugar do mundo até a “Internet das Coisas”, objetos do cotidiano interligados uns aos outros our por meio de uma rede. A proliferação das redes sociais, o aumento do consumo de serviços web e a revolução da nuvem ou cloud deram ainda mais força à nova era de dispositivos interconectados. 63 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Este novo cenário tem feito com que usuários, empresas e governos mudem seu comportamento, sua forma de interagir com o meio. Hoje as empresas são totalmente dependentes das tecnologias da informação (TI). É inconcebível que uma empresa não tenha o respaldo da tecnologia para funcionar corretamente, e por isso os equipamentos de TI e sua segurança são peças-chave nas organizações. Imagine uma catástrofe cibernética que pudesse afetar vários setores e inúmeras companhias no estilo do “Duro de Matar 4.0”? Isto causaria a interrupção de suas atividades e o roubo ou dano de seus sistemas de computação, o que em alguns casos poderia ter efeitos diretos ao estado de bem-estar de um país (usinas nucleares, empresas de energia, etc.). Estimou-se que, se a atividade das empresas forem paralizadas durante uma semana, o impacto econômico poderia chegar a 10 bilhões de dólares[1]. O auge da tecnologia que estamos vivendo nas últimas décadas traz consigo um aumento do risco tecnológico, em especial nos últimos anos, principalmente porque isso colocou à disposição dos criminosos cibernéticos um novo mundo de fraudes com a consequente criação de novas formas de realizar crimes por meio da tecnologia. Esta situação tem causado uma preocupação crescente nas empresas, o que as tem levado a criar equipes especializadas dedicadas exclusivamente ao controle e à supervisão destes riscos (as chamadas blue teams), chegando, inclusive, à resposta para possíveis incidentes de segurança. Para que se possa entender esta situação, desenvolveremos brevemente o conceito do risco de uma perspectiva empresarial, medido como o produto das ameaças, vulnerabilidades e seu impacto sobre o negócio. Podemos compreender o risco como cenários possíveis que podem comprometer total ou parcialmente os recursos de uma empresa, colocando sua viabilidade em perigo. Consequentemente, para contrabalançar este risco, as empresas devem estabelecer as medidas adequadas para mitigar, evitar, transferir ou aceitar estes riscos. Exporemos quais ameaças estão à nossa espreita na Internet e depois, as contramedidas para atenuar e gerenciar essas ameaças. AMEAÇAS CIBERNÉTICAS, FRAUDE E CRIMES NA REDE Os “maus” todo ano reinventam novas formas de realizar crimes telemáticos, mas também é verdade que existem algumas ocorrências que vêm se repetindo ao longo dos anos, e algumas delas vêm diminuindo. O spam, por exemplo, caiu 50% em uma década, de acordo com o último Intelligence Report da Symantec. 64 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Os ataques mais populares têm como objetivo tanto servidores de empresas quanto dispositivos de usuário final. Os ataques físicos estão começando a ser menos comuns, mas os ataques sociais vêm aumentando nos últimos anos. As principais ameaças cibernéticas[2] que as empresas enfrentaram no passado ano podem ser descritas por meio de nove padrões: ataques a websites (35%), espionagem cibernética (22%), intrusão em pontos de venda ao cliente (14%), cópia ilegal de cartões de crédito (9%), uso indevido de sistemas por funcionários internos (8%), software malintencionado ou malware (4%), erros diversos (2%), roubo ou perda física (< 1%) e ataques de recusa de serviço (<1%). Para este ano de 2015 já se calcula que as perdas econômicas que as empresas europeias sofrerão ultrapassarão 14 bilhões[3] de euros devido a ataques cibernéticos, e estes ataques não são apenas econômicos, mas também reputacionais. Cabe destacar que a Espanha é o terceiro país com mais ataques cibernéticos do mundo, depois dos Estados Unidos e do Reino Unido.Vejamos como é cada um destes ataques. [ESPIONAGEM CIBERNÉTICA E GUERRA CIBERNÉTICA] A espionagem cibernética afeta não só governos ou autoridades públicas, mas também empresas privadas. Os chamados ataques dirigidos ou APTs (Advanced Persistent Threats ou “ameaças persistentes avançadas”) são projetados especificamente para uma entidade específica e um de seus principais objetivos é obter informações confidenciais com um propósito financeiro ou de espionagem industrial ou política. Em 2012, a Saudi Aramco, a maior petrolífera do mundo, sofreu um dos piores ataques[4] 65 de espionagem cibernética industrial da história da segurança cibernética. Cerca de 30.000 computadores e 2.000 servidores ficaram inacessíveis em questão de horas. O ataque foi lançado por um e-mail que continha um link que baixava um software mal-intencionado, e que se expandiria para o resto da rede silenciosamente para atacar de forma simultânea durante o Ramadã, quando a maioria dos funcionários da empresa estava em férias. A Saudi Aramco embarcou novamente no mundo do papel e do fax e não foi capaz de controlar a compra/venda de petróleo por meses, decidindo, após algum tempo, dá-lo de presente para não parar a produção, com as consequentes perdas milionárias que isso representou para a empresa. O ataque foi organizado por um grupo autodenominado Cutting Sword of Justice (“Espada Cortante da Justiça”), que fez menção ao apoio da Saudi Aramco ao regime político da família real da Arábia Saudita. No caso da guerra cibernética ou ciberguerra, que vai além da mera espionagem industrial, temos o exemplo do “Stuxnet”. Ele surgiu em 2010 e ficou conhecido na época como o malware mais inteligente já criado e foi desenvolvido para os sistemas industriais de tipo SCADA. Ele foi concebido com o objetivo de atacar as usinas nucleares no Irã, conseguindo atrasar em 10 anos a fabricação de urânio enriquecido nesses locais. Acredita-se, pelos indícios encontrados no códigofonte, que foi desenvolvido conjuntamente pelos Estados Unidos e Israel e que foi um trabalho de mais de um ano realizado por uma equipe de especialistas. Não foi um brinquedo desenvolvido por um mero amador. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos [MALWARE] No caso de malware ou software mal-intencionado, podemos distinguir entre as variantes que tentam se passar por um “programa legítimo”, tratando de roubar a identidade de alguma entidade, e as variantes que restringem o acesso a determinadas partes do sistema operacional, codificando seus arquivos e pedindo um resgate em troca, o que tecnicamente se conhece como ransomware (do inglês ramson, resgate, e ware, programa). Um exemplo de malware de roubo de identidade seria o conhecido como “vírus da polícia”, do qual falaremos mais adiante, na seção sobre Engenharia Social. Quanto à segunda variante, quem não sofreu ou conhece alguém com um dispositivo que tenha sido infectado com um “vírus” que codificou todos os seus arquivos e que não permite fazer nenhuma ação no sistema? O malware do tipo cryptolocker está sendo uma das piores dores de cabeça para os equipamentos de segurança e suporte a usuário nas empresas. As equipes de operações precisam estudar todo o ciclo de infecção, desde que o malware é recebido (geralmente por e-mail) até sua detecção e, desde que os sistemas são infectados, colocados em quarentena e corrigidos por meio de recuperação de cópias de segurança ou backups do sistema, já que alguns destes “vírus” são praticamente impossíveis de remover e é preciso restaurar o sistema para um estado anterior. Outra opção que temos para eliminá-lo é pagando os “bandidos”, mas desta forma estaríamos colaborando diretamente com o crime cibernético. Este tipo de fraude é conhecido como Crimeware (ou “programas criminosos”) pelo fato de comprometer sistemas de usuário ou de servidores usando software mal-intencionado, incluindo phishing. Por meio de portais aparentemente confiáveis de websites, os “bandidos” buscam dados de usuários, senhas, informações de pagamentos, 66 etc. Eles têm como objetivo roubar a identidade de uma organização (geralmente sites de banco) a fim de obter uma recompensa financeira. Às vezes, os ataques são muito sofisticados, mas em outros casos são fáceis de detectar. Existe uma variante deste tipo de t por exemplo, onde se pede ao usuário todos os números de cartão de banco e depende da ingenuidade da vítima morder ou não a isca. Ilustração 1. Exemplo de Phishing Bancário [TPVS E CÓPIA DE CARTÕES DE CRÉDITO] Quando falamos de ataques a Pontos de Venda (TPV) ou Point of Sales (PoS), os atacantes tentam comprometer servidores ou os dispositivos de PoS para obter informações de pagamento. As empresas que mais sofrem este tipo de ataque são as de vendas ao consumidor comum como as do setor de hotelaria. Outra ameaça relacionada é a instalação de terminais falsos nos caixas automáticos para roubo de cartões de crédito, o que afeta principalmente os bancos. e das transações realizadas com cartões de crédito o que afeta principalmente os bancos. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Para evitar este tipo de fraude, as empresas Visa e MasterCard criaram uma norma de cumprimento obrigatório (PCI-DSS) para aumentar a segurança dos dados e das transações realizadas com cartões de crédito que afeta todas as empresas (e lojas) que processam, transmitem e/ou armazenam esses dados. [WEBSITES] Os ataques a websites baseiam-se principalmente em comprometer credenciais de usuário usando força bruta ou roubo e/ou em explorar vulnerabilidades no software ou na infraestrutura que lhes dá suporte, tais como gestores de conteúdos ou plataformas de comércio eletrônico. A maioria das empresas coloca à disposição de seus clientes e funcionários as plataformas de websites necessárias para o negócio, mas que podem colocar as informações da empresa em risco. do ataque, usam-se todas as máquinas infectadas para gerar um número enorme de conexões simultâneas para um objetivo específico: o site da empresa em questão. [VAZAMENTO DE INFORMAÇÃO] O vazamento de informação é uma das ameaças mais importantes para uma organização. O uso indevido dos sistemas de organização e seus dados, a perda de dispositivos ou de informação impressa, a falta de controle de acesso nas instalações ou os erros diversos (como divulgar dados confidenciais em uma rede pública ou enviar um email a destinatários errados) poderiam comprometer as informações da organização. Sem uma gestão adequada destas ameaças, poderíamos acarretar graves multas quando se trata de dados de alto nível de segurança conforme as normas de proteção de dados, como, por exemplo, dados pessoais ou de saúde. [RECUSA DE SERVIÇO] Nos últimos anos, as empresas têm sofrido vários ataques de Recusa de Serviço Distribuídos, conhecidos como DDoS (do inglês, Distributed Denial of Service). Nas notícias, já ouvimos falar de ataques de organizações hacktivistas, como a Anonyumus e a LulzSec, que deixaram sem conectividade ou desativado um site de uma empresa. Isso geralmente se consegue por meio de ataques DDoS e com o intuito de obter um dano à reputação. Para executar este ataque, infecta-se um grande número de computadores conectados à rede para obter suficientes recursos e conseguir que o ataque seja bem sucedido. Desta forma, eles formam o que se denomina uma botnet, ou uma rede de computadores infectados ou bots. Na hora 67 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos ENGENHARIA SOCIAL Um dos maiores desafios das equipes de segurança da informação das empresas é a engenharia social. As técnicas de engenharia social manipulam o usuário por meio da psicologia e as habilidades sociais do invasor para obter as informações que deseja da vítima, o que poderá variar entre saber qual é seu usuário e senha, obter acesso a áreas restritas ou conseguir dinheiro em troca de algo que nunca chegará. As técnicas de engenharia social são cada vez mais sofisticadas e mais difíceis de detectar. Os criminosos cibernéticos já não precisam desenvolver aplicações complexas, e sim enfocar a pessoa, que é o elo mais fraco da cadeia do ponto de vista da segurança. Os criminosos cibernéticos confiam na manipulação psicológica para estimular a vítima a fazer coisas que normalmente não faria, obtendo delas informações realmente valiosas. Muitos dos ataques mencionados anteriormente, como o cryptolocker e o phishing bancário, são exemplos de malware que usa técnicas de engenharia social. Um exemplo disso é o que ficou popularmente chamado de “vírus da polícia”. Este tipo de vírus tenta impressionar suas vítimas, fazendo-as acreditar que eles cometeram um crime (propriedade intelectual, pornografia, pedofilia, direitos autorais, etc.) e coloca gentilmente à disposição delas um método de pagamento fácil e simples para resolver o crime “cometido”. Ilistração 2.Vírus da polícia Estes ataques são muito difíceis de superar, uma vez que envolvem diretamente as pessoas.A melhor contramedida para isto é a divulgação, conscientização e formação dos usuários para que saibam da existência deste tipo de técnica e consigam se defender. 68 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos OS “BANDIDOS” E SUAS VÍTIMAS E quem são estes “bandidos”? São os novos abigeatários ou ladrões de gado da rede: máfias organizadas vindas do mundo inteiro cujo malware se origina essencialmente em países do leste europeu e em países asiáticos que se dedicam à criação deste tipo de software com o objetivo de obter informações ou dinheiro de forma ilícita. É muito complicado o trabalho dos órgãos de segurança do Estado para prender estes bandidos que jogam basicamente com dois fatores: distância/fronteiras e anonimato na rede. Às vezes eles operam com o intermédio de “mulas”, que nada mais são que meros intermediários que fazem o “trabalho sujo”. Estas máfias organizadas contratam pessoas por meio de ofertas de trabalho, fazendo-os acreditar que vão cooperar em planos estratégicos de multinacionais e que podem conseguir dinheiro rápido e fácil. Seu trabalho vem a ser o de transportar a mercadoria ou o dinheiro de um local para outro, e desta forma se perde a rastreabilidade e a perseguição dos bandidos fica complicada. Nem todos os ataques são de máfias organizadas; muitos são produzidos por pessoal interno, conhecido como insiders, que conhecem e dominam o cenário, razão pela qual o ataque pode ser muito mais prejudicial do que quando se trata de atores externos. Também há o perfil do hacktivista que mencionamos anteriormente, motivado por uma ideologia específica e que faz ataques com uma finalidade específica. Por último, temos outro tipo de perfil quando falamos de guerra cibernética, como é o caso, de um lado, dos Estados, e do outro, dos terroristas. As vítimas desses ataques poderiam ser nós mesmos. Todas as indústrias e negócios estão em risco. Embora achemos que o risco de ataque externo não é alto, haverá sempre o risco de um ataque interno ou de os usuários fazerem mau uso 69 dos sistemas e exporem informações confidenciais ao público. A verdade é que o público-alvo mudou das grandes empresas para as PMEs, ou pequenas e médias empresas, o que está elevando o número de ataques cibernéticos exponencialmente. Há ataques desde a entidades e administrações públicas até a setores como o farmacêutico, hoteleiro ou de vendas ao varejo. No ano passado o número de criminosos cibernéticos foi ultrapassado em mais de 70.000, e isso provocará perdas, como comentamos no início do artigo, de mais de 14 bilhões de euros em 2015. Podemos dizer que o crime cibernético move mais dinheiro que o tráfico de drogas[5] nos últimos tempos. E por que os chamamos de “bandidos” quando popularmente são conhecidos como “hackers”? É importante dizer que a palavra hacker se desvirtuou com o passar do tempo: o que nos anos 80 se conhecia como pessoas habilidosas com computadores e que eram capazes de fazer qualquer coisa com eles por diversão hoje ficou associado a “piratas tecnológicos”, como introduziu o dicionário RAE em outubro de 2014. Na época, essa acepção provocou duras críticas pelo grupo de peritos em segurança por não ter sido associada também a seu significado de origem. Seria mais correta a denominação de cracker ou criminoso cibernético. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos O QUE POSSO FAZER PARA GERENCIAR O RISCO EM MINHA EMPRESA O combate no devido tempo e forma às principais ameaças que enfrentamos pode ser um elemento diferencial e definitivo na continuidade e sustentabilidade do nosso negócio. É necessário definir uma estratégia próativa, ao invés de agir somente quando os acidentes acontecem. Mais cedo ou mais tarde nossa empresa será atacada. O risco, por sua própria natureza, não pode ser eliminado, mas podemos, sim, desenvolver contramedidas para reduzi-lo, tanto em nível jurídico quanto organizacional e técnico. O êxito na redução do risco a que estamos expostos depende de dois pilares: governança e segurança tecnológica. De um lado temos o quadro normativo, legal e jurídico, o estabelecimento de políticas de segurança adequadas e boas práticas nas empresas e, do outro, a segurança tecnológica. O intuito destes pilares básicos é a proteção dos ativos da empresa, com destaque para “as pessoas” como o ativo mais importante. No tocante à governança da segurança, devemos considerar diversos fatores. É imprescindível conhecer, em primeiro lugar, a fome de risco da empresa e contextualizá-la com o quadro legal e jurídico do país: normas relacionadas à proteção de dados, normas relacionadas ao terrorismo cibernético, normas de saúde e financeiras ou do nosso setor de atividade. Na mesma linha, temos que estabelecer em nossa empresa a políticas empresariais e de segurança adequadas, bem como desenvolver um código de conduta e investir na divulgação e conscientização, para que todos os usuários da empresa estejam cientes dessas normas. Um estudo da Enterprise Management Associates apontou que apenas 56% dos funcionários tinha recebido alguma tipo de formação em segurança, protocolos ou políticas. No campo da segurança tecnológica, distinguimos entre a segurança lógica ou da informação e a segurança física. Temos de trabalhar dentro de 70 nossa empresa em questões-chave como gerir uma infraestrutura de segurança adequada, instaurar uma equipe adequada de resposta a incidentes e dispor de controles de segurança física adequados nas instalações da nossa empresa. As equipes de resposta a incidentes prestam serviço por meio de Centros de Operações de Segurança e são consideradas CERTs (Computer Emergency Response Team ou “Equipe de Resposta a Emergências em Computação”), como parte da rede de CSIRTs mundiais (Computer Security Incident Response Team ou “Equipe de Resposta a Incidentes de Segurança da Computação”). Alguns dos mais conhecidos nacionalmente (na Espanha) são o CCN-CERT do Centro Criptológico Nacional ou o CERT de Segurança e Indústria operado pelo INCIBE (Instituto Nacional de Segurança Cibernética), que trabalha para a proteção das mais importantes infraestruturas nacionais e na luta contra o crime e o terrorismo cibernéticos, entre outros. Este tipo de instituição em nível governamental (existentes em outros países) concentra seu trabalho essencialmente na salvaguarda do estado de bemestar do país. Na Espanha, em particular, as atividades realizadas por estes centros são parte da Estratégia de Segurança Cibernética Nacional. Como recomendação final, gostaríamos de salientar que é essencial estar atualizado em segurança, o que vale não só para as equipes especializadas, mas para todos os funcionários de uma empresa. Os usuários da organização precisam conhecer os riscos a que estão expostos e a capacidade de geri-los de uma forma ou de outra. Um dos produtos que está se proliferando nas empresas são os seguros em segurança cibernética, que tratam de dar uma resposta ante um desastre cibernético e reputacional. Uma vez que os riscos tenham sido minimizados, o risco residual latente é transferido por meio de apólices específicas de riscos cibernéticos. Destacaríamos o famoso caso da SONY de 2011, de quem chegaram a roubar mais de 25 milhões de contas que continham cerca de 18 mil cartões de crédito e contas bancárias pela Play Station Network. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Em suma, há que projetar uma estratégia de segurança contínua, persistente e sustentável, dispor de sistemas e infraestruturas atualizados e investir coerentemente em segurança cibernética para assegurar as infraestruturas da empresa e garantir o sucesso e a continuidade da nossa empresa. capítulos introdutórios à insegurança da informação até as técnicas de ataque mais sofisticadas, desde seus estágios iniciais (footprinting/fingerprinting), passando por suas etapas mais avançadas (exploiting) e exclusão de provas. Também podemos encontrar outros temas atuais como segurança em redes sociais, computação em nuvem, gerenciamento de identidades, ameaças cibernéticas, etc. A MAPFRE E SUA CONTRIBUIÇAO AO MUNDO DA SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO A MAPFRE, como uma empresa comprometida com a sociedade, trabalha contínua e ativamente na proteção dos interesses de seus clientes, funcionários, acionistas e fornecedores prevenindo e detendo incidentes de segurança. Este trabalho contínuo é realizado por sua equipe de especialistas em segurança cibernética da Direção Corporativa de Segurança e Meio Ambiente e sua Equipe de Resposta a Incidentes de Segurança da Informação, conhecido como o CGC-CERT. A equipe de resposta a incidentes da MAPFRE dispõe de um sofisticado laboratório e um grupo de profissionais altamente qualificados incumbidos de prevenir, responder e minimizar o impacto de possíveis incidentes de segurança. No contexto global e multinacional da MAPFRE o trabalho do CGC-CERT não é meramente interno. Há uma colaboração ativa com outras empresas e instituições tanto nacional quanto internacionalmente. BIBLIOGRAFÍA RECOMENDADA: EL LIBRO DEL HACKER, DA ANAYA Para quem deseja adentrar o mundo da segurança da informação ou se aprofundar no assunto do artigo, recomendamos El Libro del Hacker, da editora ANAYA. O livro aborda questões de segurança, desde 71 É um livro que pode ajudar tanto as pessoas que estiverem interessadas em entrar no mundo da segurança da informação como especialistas mais avançados. Sua ficha editorial completa pode ser consultada no site da editora: http://www. anayamultimedia.es/libro.php?id=3608921 [1] “Cyber Catastrophe” working paper, University of Cambridge Judge Business School [2] “Verizon Data Breach Investigation Report” (DBIR) – 2014 [3] “España, a la cabeza del cibercrimen” Diario ABC – 2015 [4] “Arabia Saudí dice que el ataque informático contra Aramco fue lanzado desde el exterior” El País http:// economia.elpais.com/economia/2012/12/09/ agencias/1355069609_526898.html [5] La ciberdelincuencia mueve más dinero que el narcotráfico en el mundo http://www.abc. es/espana/20141207/abci-ciberdelincuenciadinero-201412062106.html GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Drones. Aeronaves sem piloto a bordo PAOLA SERRANO GARCÍA Director da aviação e do espaço MAPFRE GLOBAL RISKS Os drones ou VANTs (veículos aéreos não tripulados), também conhecidos como aeronaves remotamente tripuladas (RPAs, da sigla em inglês para Remotely Piloted Aircraft) ou UAVs (da sigla em inglês para Unmanned Aerial Vehicle) tornaram-se um assunto de grande interesse nos últimos tempos. 72 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Os drones são aeronaves projetadas para voar sem piloto a bordo e foram originalmente concebidas para uso militar. No entanto, estes veículos aéreos não tripulados ganharam relevância hoje devido às suas possibilidades comerciais. Eles são usados para fins tão diversos como controle de fronteiras ou de incêndios, gestão de plantações e florestas, mapeamento, monitoramento de tráfego, fotografia aérea, cinema… Esta variedade de usos comerciais, juntamente com sua potencial aplicação em ajuda humanitária (como, por exemplo, entrega de medicamentos no terceiro mundo, missões de busca e resgate, de gerenciamento de emergências), transformaram os drones no segmento de maior crescimento na indústria da aviação nos últimos anos. Contudo, esta proliferação implica novos riscos para a segurança aérea que precisam ser controlados para garantir o desenvolvimento de um setor tecnologicamente de ponta e com grande capacidade de crescimento. Na Espanha, com a publicação no Boletín Oficial de 17 de outubro de 2014, entrou em vigor a Lei 18/2014, de 15 de outubro, que aprova medidas urgentes para o crescimento, a competitividade e a eficiência que, entre outras coisas, regulam o uso de aeronaves não tripuladas ou drones. Com esta lei, a Espanha se tornou um dos primeiros países em todo o mundo a regulamentar os drones. A Lei 18/2014 estabelece as condições de exploração das aeronaves não tripuladas que se dedicam exclusivamente à realização de trabalhos técnicos, científicos ou comerciais e que tenham um peso inferior a 150 kg ou, se tiverem peso maior, se destinem a atividades de combate de incêndios e busca ou salvamento. Esta lei regula três aspectos fundamentais do uso dos drones que afetam a segurança de suas operações: 1. PILOTOS: isso a lei estipula que, para ser piloto de aeronaves operadas por controle remoto, é obrigatório demonstrar que se possuem os conhecimentos teóricos e práticos necessários, bem como ser maior de idade e possuir uma certificação médica. Também é necessário ser titular de qualquer tipo de licença e habilitação de piloto ou demonstrar que se tem o conhecimento teórico necessário para obtê-lo. Além disso, para as aeronaves com peso máximo na decolagem inferior a 25 kg, é preciso dispor de um certificado básico para voar o drone dentro do alcance visual do piloto ou um de certificado avançado quando se tratar operar a aeronave além do alcance visual do piloto. 2. CONDIÇÕES DE VOO: É preciso garantir à sociedade que a atividade realizada pelos drones é segura e que qualquer possibilidade de perigo está controlada. Por isso, a lei estabelece uma série de condições de voo em função do peso máximo na decolagem e permite voos com uma altura máxima de 120 metros e a uma distância máxima do piloto de 500 metros para operações com aeronaves com peso máximo na decolagem inferior a 25 kg. No entanto, a lei admite voos fora do alcance do piloto para aeronaves com peso inferior a 2 kg. Além disso, a lei estabelece que só se poderá voar de dia, em condições meteorológicas visuais favoráveis e a uma distância mínima de 8 quilômetros de qualquer aeródromo ou aeroporto, proibindo os voos em núcleos urbanos, cidades ou em lugares com aglomerações de pessoas ao ar livre. Para o uso de drones cujo peso máximo na decolagem seja inferior a 25 kg, também se exige uma comunicação prévia à Agência Estatal de Segurança Aérea (AESA) e, para os drones com peso superior, será necessária também uma autorização da entidade mencionada. É indispensável que tenham uma ampla formação e experiência para garantir uma operação segura. Por 73 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos 3. O DRONE: É importante que o drone e o operador estejam identificados. Para isso a lei estipula que, se o peso máximo na decolagem for superior a 25 kg, ele deverá ser inscrito no registro de matrícula de aeronaves e dispor de um certificado de aeronavegabilidade. No entanto, os drones com peso inferior estão isentos desta obrigação. A lei também estabelece que todos os drones devem possuir uma “placa de identificação” em que se identifiquem tanto o drone quanto a empresa que o opera. Além destes três aspectos comentados, a Lei 18/2014 exige que os operadores das aeronaves civis pilotadas por controle remoto contratem obrigatoriamente uma apólice de seguro ou outra garantia financeira que cubra a responsabilidade civil por terceiros por danos que possam surgir durante a execução do voo e em razão dele. Este aspecto é muito importante para assegurar um desenvolvimento adequado da atividade dos drones, já que a maior intensidade e diversidade de usos implica uma maior chance de conflitos com os interesses de terceiros. O limite de cobertura da apólice de seguros ou alguma outra garantia financeira depende do peso máximo da aeronave no momento da decolagem: •Os drones com peso máximo na decolagem inferior a 20 kg serão regidos pelas provisões do Real Decreto 37/2001, que define um regime de responsabilidade objetiva com um limite mínimo de cobertura de 220.000 SDRs ou Direitos Especiais de Saque (cerca de € 300.000). 74 •Os drones com peso máximo na decolagem superior a 20 kg serão regidos pelas provisões do Regulamento (CE) nº 785/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, que também define um regime de responsabilidade objetiva, com limite de cobertura de acordo com uma escala que se baseia no peso máximo da aeronave no momento da decolagem ,com um mínimo de 750.000 SDRs ou Direitos Especiais de Saque (cerca de € 1.000.000) para aeronaves com peso máximo na descolagem inferior a 500 kg e um máximo de 700 milhões de SDRs ou Direitos Especiais de Saque (cerca de € 900 milhões) para aeronaves com mais de 500.000 kg. É importante mencionar que existem outros riscos decorrentes da operação dos drones que não são cobertos por este seguro de responsabilidade civil por terceiros exigido pela lei. Estes riscos incluem, entre outros, os danos materiais ou físicos sofridos pelo drone, cuja cobertura deve ser expressamente contratada pelo que comumente se denomina seguro de fuselagem ou para os pedidos de indenização de terceiros por invasão de privacidade, caso o drone capture, por exemplo, imagens não autorizadas de uma pessoa. Além dos seguros que protegem os interesses do operador do drone, há também outros seguros destinados a proteger os interesses do fabricante dos drones, que não estão contemplados na Lei 18/2014. A proteção para o fabricante poderia se dar em um seguro de responsabilidade civil por produtos, que cobriria os eventuais pedidos de indenização derivados de danos causados por um produto entregue com defeitos ou por uma falha no design dos drones. Na Europa a previsão para 2050 é de que sejam gerados 150.000 empregos e se obtenham mais de 15 bilhões de euros por ano de lucro graças aos drones, mas estas estimativas só serão reais se houver uma regulamentação comum que atraia os investidores. Em março de 2015, Riga, a capital da Letônia, reuniu os principais envolvidos no desenvolvimento desta indústria e lá se chegou a um consenso sobre os cinco princípios básicos que devem nortear o quadro regulamentar das operações civis com drones na Europa a partir de 2016. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Estudos Estes princípios são os seguintes: Em primeiro lugar, foi acordado que os drones devem ser tratados como um novo tipo de aeronave e devem ser estabelecidas regras proporcionais ao risco de cada operação; ou seja, estes aviões devem ser tão seguros quanto os convencionais tripulados e devem se sujeitar a uma regulamentação semelhante àquela que já se aplica na aviação que tem pilotos a bordo de suas aeronaves. Em segundo lugar, ficou estabelecido que as regras europeias que regem as operações dos drones devem ser desenvolvidas imediatamente e, além disso, as normas de segurança devem ser estipuladas para que haja investimento neste setor. O terceiro princípio reflete a necessidade de se desenvolverem tecnologias e normas que permitam a integração plena dos drones no espaço aéreo europeu, de modo a coexistir de forma segura com a aviação tradicional. O quarto princípio aponta para a importância de o uso crescente destes novos sistemas contar com a devida aceitação do público e faz alusão aos perigos que os drones podem representar para direitos fundamentais como privacidade e proteção de dados pessoais, que poderiam se ver ameaçados pelo uso de filmagens particulares. 75 Finalmente, a DECLARAÇÃO DE RIGA estabelece como quinto princípio que o responsável pela utilização de uma aeronave não tripulada será seu operador, de modo que, se houver alguma irregularidade, como, por exemplo, sobrevoar uma área proibida, as consequências jurídicas recairão sobre o proprietário ou o operador, que deverá ser identificável. Como dissemos, por enquanto se trata apenas de princípios gerais que deverão ser desenvolvidos pela União Europeia com uma legislação específica e uniforme para todos os países membros, o que envolverá a harmonização das normas e procedimentos que permitirão o desenvolvimento de um setor tão avançado para a economia. A MAPFRE, como companhia de seguros líder no mercado global de riscos de aviação, acompanha de perto a evolução deste mercado para oferecer soluções seguradoras adaptadas a este segmento e, assim, satisfazer as expectativas criadas em torno deste novo desafio para o mercado de seguros de aviação. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Relatório Fundación MAPFRE Ranking dos maiores grupos seguradores europeus não vida 2014 APRESENTAÇÃO Esta é a décima primeira edição do “Ranking dos maiores grupos seguradores europeus Não Vida” que a FUNDACIÓN MAPFRE publica, que desta vez correspondente ao exercício 2014. Como nos anos anteriores, a classificação foi feita em função do volume de prêmios brutos (seguro direto mais resseguro aceito) que cada um dos grupos faturou em 2014 nesse segmento de negócio procedente de todos os países onde atuam. Não estão incluídos os grupos cuja atividade principal é o resseguro. Depois de vários anos fazendo parte deste estudo, nesta edição se excluiu o grupo holandês Achmea (antigo Eureko) pela especificidade da composição de seu negócio com relação aos demais grupos. Do volume de prêmios Não Vida do Achmea, 77% procedem do seguro de Saúde na Holanda, um país onde as empresas seguradoras privadas gerenciam a cobertura do Sistema Público de Saúde. Para as demais seguradoras, estes faturamentos não são majoritários. Em 2014 o Achmea faturou 17,293 bilhões de euros em prêmios Não Vida. 76 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Relatório Fundación MAPFRE COMENTÁRIOS SOBRE O RANKING Em 2014 os prêmios Não Vida do seguro mundial registraram um crescimento de 2,9%, taxa ligeiramente superior à do exercício anterior, graças ao maior vigor dos mercados avançados. O crescimento dos mercados emergentes continua sendo significativo, embora menor que em anos anteriores [1]. As condições de mercado continuam sendo de forte concorrência, o que, somado às baixas taxas de juros, aos movimentos de taxa cambial e às modestas taxas de crescimento econômico, não tem favorecido a materialização de um crescimento maior. Foi neste contexto que atuaram os 10 grandes grupos seguradores europeus de Não Vida em 2014, com desigual comportamento no que se refere ao faturamento, alcançando conjuntamente um volume de prêmios de 205,537 bilhões de euros, que representa um aumento de 1,5% em relação a 2013. Sete grupos cresceram em relação ao exercício anterior e três mostraram decréscimos nos prêmios. 77 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Relatório Fundación MAPFRE A Allianz continua encabeçando o ranking, seguida do Axa, Zurich e Generali, que mantêm a mesma posição que no ano anterior. A mudança introduzida nesta edição do ranking, ou seja, a não-inclusão do Achmea, fez com que os demais grupos avançassem uma posição. Assim, a MAPFRE sobe para a quinta posição, seguido do Talanx, Ergo e Aviva. O francês Covéa entra para a classificação em nono lugar e a queda de prêmios do RSA posiciona este grupo em décimo lugar. A soma do resultado Não Vida de oito dos dez grupos que compõem o ranking [2] cresceu 6,6%, graças ao extraordinário crescimento de seis dos grupos, o que compensou a queda das seguradoras com maiores resultados, Allianz e Axa. O resultado técnico, medido por meio do índice combinado, melhorou em sete dos grupos, permaneceu invariável na Allianz e piorou no caso do Axa e Talanx. A Allianz faturou 48,322 bilhões de euros em prêmios Não Vida em 2014, com um aumento de 3,7%, que supera a taxa de crescimento do mercado global (2,9%). O impulso procede claramente do incremento do tamanho da carteira, que foi parcialmente neutralizado pelo impacto negativo da taxa cambial que sofreu com a depreciação do dólar australiano, do peso argentino e da lira turca frente ao euro, embora isso tenha se compensado com os efeitos positivos da libra esterlina. Cabe destacar o aumento das vendas para particulares no negócio de Autos em países como Reino Unido, Alemanha, Ásia-Pacífico e Austrália. O resultado operacional foi impulsionado pelo forte crescimento dos prêmios pagos e por um índice combinado estável. As perdas significativamente menores com as catástrofes naturais compensaram em parte o impacto maior de grandes sinistros e uma contribuição menor no exercício por parte do resultado da sinistralidade declarada em anos anteriores. Não obstante, o benefício se reduziu por um efeito extraordinário não operacional proveniente da atualização de pensões intersegmentos. 78 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Relatório Fundación MAPFRE No caso do Axa, o faturamento por prêmios Não Vida aumentou 2,7%, chegando a 32,872 bilhões de euros. As linhas pessoais cresceram principalmente na França, Suíça e no negócio de venda direta. O seguro de Automóveis cresceu como resultado do aumento de tarifas e de maiores volumes no negócio de venda direta e no mercado asiático, em contraposição a um menor volume de negócio na região do Mediterrâneo e da América Latina. As linhas comerciais cresceram devido ao aumento de tarifas em todos os ramos e ao crescimento de carteira nos mercados de alto crescimento. Os prêmios brutos do segmento Internacional também registraram crescimentos (5,5%). A contribuição para o resultado de alguns mercados foi negativa devido, entre outros motivos, a um menor resultado técnico, por uma maior sinistralidade derivada dos sinistros ocorridos no ano, sobretudo com as maiores cargas por catástrofes naturais (chuva de granizo Ela na Europa, o furacão Odile no México), assim como pela queda no desenvolvimento dos pagamentos e reservas de sinistros ocorridos em anos anteriores. Os prêmios brutos da divisão de seguros Gerais da Zurich aumentaram 0,6%, chegando a 27,558 bilhões de euros. Em dólares norte-americanos, moeda em que a Zurich apresenta suas contas, os prêmios diminuíram 0,3%. Esta queda foi o resultado de um crescimento nos mercados prioritários do grupo, que foi neutralizado por uma diminuição na América do Norte. Na segunda metade do ano, a Zurich completou a venda de seu negócio minoritário de seguros Gerais na Rússia. Por outro lado, o lucro aumentou 10,3%, impulsionado pela melhora do resultado técnico, graças à queda do índice de sinistralidade, influenciado, entre outros motivos, pela ausência de grandes catástrofes e de perdas relacionadas com o clima. Os prêmios emitidos brutos de Não Vida do grupo Generali subiram para 20,617 bilhões de euros, o que representa um ligeiro decréscimo de 1,5% em relação ao exercício anterior. O ramo Automóveis cresceu de forma moderada nos mercados emergentes e na Alemanha, o que compensou 79 parcialmente a queda dos mercados mais afetados pela atual situação macroeconômica. Os demais ramos Não Vida se mantiveram estáveis, graças ao comportamento positivo das linhas comerciais e industriais. O resultado antes dos impostos registrou um aumento significativo de 9,8%, graças à melhora do resultado técnico. O índice combinado diminuiu cerca de dois pontos porcentuais devido a um menor índice de sinistralidade por um menor impacto dos riscos catastróficos. O índice de gastos permaneceu invariável. A MAPFRE faturou um volume de prêmios Não Vida de 16.409 milhões de euros em 2014, com uma ligeira subida de 0,8% em relação ao exercício anterior. O crescimento do seguro na Espanha, América Latina e EUA permitiu neutralizar o efeito da intensa concorrência no seguro de empresas e no resseguro. No último trimestre do exercício se destaca o aumento da emissão na Espanha e América do Sul, o efeito positivo da taxa de câmbio no negócio denominado em dólares norte-americanos e a renovação de grandes contas no negócio de Global Risks na Europa, que compensaram o menor volume em resseguro por diferenças temporais de emissão, e no Brasil, devido ao aumento da concorrência e à desaceleração econômica. A melhora do resultado técnico, graças a uma importante melhora do índice de gastos no Brasil e no negócio ressegurador, somada a maiores receitas financeiras, favoreceram um crescimento de 11,6% no resultado de Não Vida. Os prêmios Não Vida das diferentes divisões do grupo Talanx alcançaram em 2014 a cifra de 15,845 bilhões de euros, 2,8% maior que a do ano anterior. O ramo Industrial registrou um crescimento de prêmios, devido principalmente ao aumento do volume das receitas no negócio internacional. O negócio de particulares na Alemanha se mantém estável. O negócio Internacional de particulares cresceu impulsionado pelos principais mercados estratégicos, como Brasil, México, Polônia e Turquia. Os prêmios brutos do resseguro Não Vida subiram ligeiramente, apesar de uma política de subscrição mais seletiva. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Relatório Fundación MAPFRE O alemão Ergo faturou 11,291 bilhões de euros em prêmios Não Vida em 2014, com uma leve queda de 0,2% em relação a 2013. Os crescimentos em prêmios dos segmentos de Venda direta e Internacional não compensaram as quedas do negócio doméstico de Property & Casualty, de Saúde e de Assistência em viagem. A valorização da libra frente ao euro favoreceu que os prêmios Não Vida da Aviva crescessem 1,2% em euros, frente a uma queda de 4,5% em moeda local, devido principalmente às vendas menores no Reino Unido e na Irlanda. O resultado operacional se manteve praticamente invariável, com um bom resultado técnico, o que compensou os menores rendimentos dos investimentos. O índice combinado decresceu 1,6 ponto porcentual, chegando a 95,7%, devido principalmente a um sólido resultado no Reino Unido e na Irlanda. O impulso desta melhora teve origem na combinação de vários fatores: uma rigorosa política de subscrição, uma boa gestão dos gastos e um desenvolvimento positivo dos pagamentos e reservas de sinistros ocorridos em anos anteriores. O lucro antes dos impostos das operações continuadas 80 subiu a 946 milhões de euros (759 milhões de libras), o que representa um significativo aumento de 66,5%. O volume de prêmios Não Vida do grupo Covéa mostrou uma alta de 3,9%, chegando a 11,171 bilhões de euros. O resultado do negócio de Não Vida aumentou de forma extraordinária, atingindo 1,289 bilhões de euros, o que representa uma elevação de 98,0%. O ano se caracterizou pelo excelente desempenho da gestão financeira e um índice combinado 1,7 ponto porcentual inferior ao de 2013. As receitas por prêmios do RSA caíram 4,1% (-9,4% em libras). Esta queda está relacionada aos desinvestimentos do grupo, ao seu plano de ação da carteira de negócios e às condições competitivas do mercado. Durante 2014 o grupo firmou acordos para vender sua filial na China e suas operações em Cingapura, Hong Kong e Itália e completou a venda de seus negócios nos países bálticos e na Polônia. O resultado líquido antes dos impostos foi positivo, 75 milhões de euros, frente às perdas sofridas em 2013 (-239 milhões de euros). GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Relatório Fundación MAPFRE ASPECTOS METODOLÓGICOS •Para a elaboração do ranking, levou-se em conta o volume de prêmios brutos (seguro direto mais resseguro aceito) dos ramos Não Vida. Convém esclarecer que no ranking não constam os prêmios de Saúde que estão alocados ao ramo de Vida [3], mas sim os que estão classificados em Não Vida ou que estejam expressamente diferenciados. •Não se incluem neste ranking os grupos cuja atividade principal seja o Resseguro. Mantém-se o critério de incluir os prêmios de resseguro aceito nos grupos com filiais resseguradoras, mas apenas quando esta atividade não for a principal. •Os dados dos resultados se referem ao segmento Não Vida, antes dos impostos e minoritários. •No relatório usa-se a expressão “resultado operacional” para aludir ao resultado proveniente do negócio segurador, incluindo o resultado dos investimentos associados ao negócio. As perdas ou ganhos procedentes de outros investimentos se incluem no “resultado não operacional”. •Para efeitos comparativos, foram atualizados os valores de receitas e resultados de 2013 publicados pelos grupos seguradores em seus relatórios anuais de 2014. •Taxa de câmbio média utilizada [4]: [1] Swiss Re. Sigma nº 4/2015 [2] A segmentação dos grupos Ergo e Talanx não permite calcular o resultado dos ramos Não Vida [3] De forma global, quando o seguro de Saúde gera provisões matemáticas, o ramo é classificado junto com o de Vida [4] Cotação direta 81 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros Sinistros de Responsabilidade Civil por interrupções no fornecimento de energia elétrica ROMÁN GUAITA FERNÁNDEZ Diretor Assistente Sinistros Internacionais MAPFRE GLOBAL RISKS Os sinistros de Responsabilidade Civil por interrupções no fornecimento de energia elétrica apresentam várias características particulares, especialmente em sua gestão e processamento, que os diferenciam dos outros sinistros. Este tipo de sinistro, que afeta um grande número de prejudicados, costuma gerar custos significativos com vistorias, designação de equipes externas de gestão, especificidades de avaliação e intervenção das autoridades públicas que controlam a atividade de distribuição de energia elétrica, entre outros aspectos. 82 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros Primeiro deve-se notar que, falando estritamente, o número final de reclamações que são objeto de processamento e que ativam a existência de um sinistro de Responsabilidade Civil tende a ser menor, mesmo sendo enorme, que o número total de prejudicados ou clientes afetados. Em nossa experiência o número de clientes afetados chegou a ser de mais de 320 mil, 450 mil e até mesmo de mais de 1,2 milhão por interrupções de longa duração ou repetidas por mais de 10 dias. A enorme quantidade de reclamações torna imprescindível que haja uma gestão conjunta do sinistro com o próprio segurado, por seus dados dos clientes e seu primeiro interesse em atendê-los juntamente com a equipe de peritos que a companhia se vê na necessidade de designar. doze horas, sete dias por semana, o que implica estabelecer procedimentos de atuação e protocolos de conversação com os reclamantes, formação prévia dos gestores e peritos que vão fazer o atendimento telefônico. Tudo isso precisa ser implementado com os recursos da informática para o devido processamento das informações e documentação, além do aluguel de locais para a recepção das chamadas. É necessário classificar as reclamações, em primeiro lugar pela tipologia do dano sofrido: •Produtos perecíveis (famílias); •Prejuízos patrimoniais puros (famílias); •Danos materiais por avarias em eletrodomésticos ou máquinas; •Perda de lucros (empresas). Em segundo lugar, de acordo com a forma em que são recebidas, as reclamações podem ser classificadas em: •Reclamações extrajudiciais individuais, escritas ou verbais; •Reclamações em processo judicial; •Reclamações em sub-rogação de seguradoras de residências ou danos. •Reclamações por intermédio de associações de consumidores, câmaras de comércio, grupos de advogados e empregadores seguradores. •Reclamações por meio de resoluções dos órgãos públicos reguladores da atividade de distribuição de energia elétrica (em sinistros na América Latina), que contemplam um problema especial que será considerado posteriormente. O enorme volume de reclamações que podem ser recebidas no primeiro dia torna necessário elaborar um plano de contingência, que envolve a designação de uma equipe técnica especializada em avaliação de danos e lucros cessantes e de pessoal administrativo de apoio. Será necessário estabelecer uma central de atendimento telefônico ininterrupto durante 83 As reclamações podem ser recebidas por diversos meios: •E-mail; •Fax ou telefone; •Caixa postal; •Diretamente nos escritórios abertos para a recepção das reclamações, se for o caso. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros A colaboração do segurado, com sua base de dados de clientes, é essencial para uma correta classificação e avaliação das reclamações, a fim de evitar reclamações infundadas, duplicidade de pagamentos ou indenizações a terceiros que não se qualifiquem como clientes. Quando o próprio segurado adiantar indenizações aos reclamantes, geralmente abaixo de certa quantia e por razões de imagem e rapidez, a seguradora submeterá a auditoria amostras destas intervenções diretas dos segurados para verificar sua correta imputação para a cobertura da apólice. Com este mesmo propósito, os segurados contratam campanhas publicitárias e de imagem e assessoria jurídica, que costumam ser consideradas como custos extras, para minimizar o sinistro, com amparo na apólice, embora seja um critério cuja quantia geralmente será objeto de negociação. Entrando na análise de alguns destas suposições, podemos destacar: •Produtos perecíveis: O custo extraordinário que uma avaliação individualizada representaria, com os consequentes deslocamentos e despesas, exige que sejam estabelecidas escalas de avaliação a partir da quebra da rede ou cadeia de frio (com as quais surgem as primeiras discordâncias sobre se ela ocorre seis ou oito horas após a interrupção). O intuito desta escala é fixar médias de indenização por intervalo de tempo de interrupção, que aumentam quanto maior for o número de horas sem fornecimento. Para o estabelecimento das escalas para perecíveis, recorre-se aos bancos de dados dos institutos de estatística, de onde se obtém o valor médio sobre o conteúdo dos frigoríficos em alimentos perecíveis (produtos refrigerados e congelados), conforme o gasto médio por família, dependendo do nível econômico das áreas afetadas e outras fontes estatísticas. Estes dados são contrastados com as indenizações pagas pelas seguradoras dos afetados pela perda de produtos perecíveis que eles reivindicam em sub-rogação. 84 Finalmente, conclui-se que não indenizar produtos perecíveis poderia gerar um custo final muito mais alto se os prejudicados entrarem com ação, entre sentenças e honorários. Em caso de recusa da escala pelo prejudicado, solicitase a documentação correspondente que justifique o dano cujo custo está sendo reivindicado. •Prejuízos patrimoniais puros: Para os clientes que são famílias, a reclamação por este critério geralmente se refere ao custo de manutenção fora do domicílio pela impossibilidade de cozinhar nele. Para avaliar as indenizações por este critério, recorrese também a dados estatísticos sobre ocupação média por cada lar e os custos médios das refeições em restaurantes (tirando a economia dos alimentos que não são consumidos). •Perda de lucros: As reclamações que as empresas ou pessoas jurídicas apresentam por este critério são objeto de vistoria individualizada mediante a apresentação dos documentos correspondentes de comprovação. É preciso destacar que a causa da interrupção do fornecimento de energia elétrica pode determinar o estabelecimento de certos limites e critérios de indenização no tocante aos terceiros prejudicados. Em sinistros cuja causa sejam fenômenos meteorológicos de caráter extraordinário, foram aplicadas isenções temporárias (48 horas) para começar a aplicar as escalas e avaliações, com base em força maior como causa justificada que exonera o cumprimento das obrigações, embora temporariamente. Os tribunais de justiça (na Espanha) estão considerando em conformidade com a lei a aplicação pelas seguradoras de isenções temporárias por força maior neste tipo de reclamação. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros •Reclamações por meio de resoluções dos órgãos públicos reguladores da atividade de distribuição de energia elétrica (em sinistros na América Latina): Uma peculiaridade deste tipo de sinistro em alguns países da América Latina é a intervenção dos órgãos públicos reguladores da atividade de distribuição de energia elétrica, que costumam contemplar dificuldades adicionais na gestão destes sinistros, especialmente no que se refere aos componentes jurídicos do conceito de responsabilidade civil, em particular a existência de reclamação de terceiros e de danos indenizáveis. Grande parte da dificuldade advém da ambiguidade do texto dessas resoluções, enquadradas em procedimentos sancionadores abertos ao segurado, normalmente impetrados em virtude de supostas faltas de sua obrigação de manutenção do sistema elétrico e descumprimento das obrigações decorrentes do contrato de concessão para a exploração da atividade de distribuição de energia elétrica pactuado com o órgão público competente. 85 A dificuldade se configura porque o órgão público regulador costuma estabelecer “sanções a serem distribuídas entre os usuários”, o que significa que este tipo de resolução geralmente mistura critérios tão diversos como a sanção ou multa ao segurado (expressamente excluída da cobertura nas condições) com o ressarcimento aos terceiros prejudicados. Uma vez que essas sanções na prática se concretizam mediante bônus nas contas dos usuários, contemplamse discussões com o segurado sobre a diferença entre multas “punitivas”, falta de cobertura e multas “indenizatórias” e se estas devem ser cobertas pela apólice. A assunção de pactos de responsabilidade civil por parte do segurado também se exclui da cobertura na apólice, embora o segurado seja obrigado a cumprir a decisão da resolução para evitar uma sanção mais onerosa ou até mesmo uma perda da licença para operar no país em questão. Também se contemplam as dúvidas sobre a legitimidade do órgão público regulador para interpor uma reclamação em nome de todos os clientes afetados, tenham eles sofrido danos ou não. Este tipo de intervenção dos órgãos públicos costuma levar a negociações complexas com os segurados para determinar qual parte dessas “sanções” deve ser assumida pela apólice, o que implica cálculos complexos sobre a perda realmente sofrida pelo segurado, entre outras questões. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros Sinistralidade em turbinas a vapor para geração de energia No setor segurador, é reconhecida a relevância da sinistralidade das turbinas a vapor para geração de energia elétrica, não só pelo alto custo de reparação ou reposição em caso de sinistro, mas também pelo efeito que uma parada acarreta. Embora o desenvolvimento das turbinas a vapor tenha sido associado em grande parte ao desenvolvimento da geração de eletricidade com combustíveis fósseis (carvão e combustíveis líquidos), seu uso também está associado à geração com energia nuclear e, nos últimos anos, vem acompanhando várias fontes de energia renovável: solar, biomassa e geotérmica. Desta forma, cerca de 80% da geração de eletricidade do mundo é feita utilizando-se este tipo de turbina, e não há previsões para grandes variações nesse conjunto. No entanto, o desenvolvimento de novas formas de produção ou aproveitamento de energia, a liberação dos mercados elétricos de geração, as políticas relacionadas ao uso da energia nuclear e o desenvolvimento regimental das energias renováveis impõem a utilização de tecnologias cada vez mais eficientes, bem como as alterações no regime de uso das turbinas. E tudo isso em um ambiente de crescimento da demanda global, embora com alguma assimetria no que diz respeito a um lógico crescimento maior nas chamadas economias emergentes e estagnação nos países tradicionalmente mais desenvolvidos. 86 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros O QUE É UMA TURBINA A VAPOR? Uma turbina é uma máquina que transforma a energia de um gás ou vapor, pressão e temperatura, em energia mecânica em seu próprio eixo. As turbinas a vapor podem ser classificadas basicamente em dois tipos: TIPOS DE CENTRAIS •Centrais de turbina a vapor, que podem ser classificadas como centrais nucleares, as usinas térmicas convencionais ou centrais de energias renováveis (solar, biomassa, etc.). •Centrais de turbina a gás de ciclo aberto, baseado em uma única turbina a gás. •Centrais de turbina a gás de ciclo combinado, em que se aproveita o calor residual dos gases de escape de uma turbina a gás para a geração de vapor e acionamento de uma turbina de vapor. •Centrais de cogeração, centrais de qualquer tipo dos anteriores em que se recupera calor residual para aproveitamento em processos industriais ou aquecimento central comunitário. EVOLUÇÃO MUNDIAL DA GERAÇÃO DE ELETRICIDADE •Turbina a gás, em que a expansão é de gases, resultado da combustão de um combustível líquido ou gasoso em ar previamente comprimido. •Turbina a vapor, em que ocorre a expansão do vapor d’água gerado em um equipamento externo, admitindo, portanto, fontes muito diversificadas (carvão, óleo combustível, biomassa, reação nuclear, energia solar térmica, energia geotérmica, calor residual dos gases de escape de outra turbina de gás ou de processos industriais, etc.). 87 Dentro desta área, deve ser levado em conta que, de acordo com o relatório da Agência Internacional da Energia “Tendências de Mercado das Energias Renováveis no Médio Prazo” (Medium-Term Renewable Energy Market), no prazo de cinco anos a geração com fontes de energia renováveis – eólica, solar, hidrelétrica e outras – superará a de gás natural e duplicará a da energia nuclear, e estas tecnologias passarão a ser a segunda fonte para gerar eletricidade no mundo, enquanto o petróleo continuará a ser o primeiro recurso utilizado mundialmente. A título preditivo, podemos considerar os cálculos da IEA (Agência Internacional de Energia) como referência. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros METODOLOGIA DE ANÁLISE A pesquisa é feita a partir de algumas amostras representativas, em que se analisam os fatores que afetam a incidência de sinistros na atividade de geração de energia elétrica em centrais tentando refletir a segmentação com base no tipo de turbina, tipo de central, antiguidade, escalas de potência, etc. Amostras de turbinas Tentou-se fazer a distribuição de características das turbinas com base nas informações fornecidas pelos segurados para a subscrição ou renovação. No entanto, embora seja a ampla disponibilidade de informações sobre as somas seguradas em danos e em PB, isso não acontece no mesmo grau para informações técnicas mais detalhadas. As informações mais relevantes foram encontradas em um portal de engenharia onde há uma amostra significativa de turbinas com características técnicas relevantes, que, com as devidas precauções, foi usada para comparar indicadores da amostra de sinistros com indicadores da amostra do parque de turbinas e tirar conclusões. 88 Amostra de sinistros A escolha das amostras atende aos seguintes critérios: •Foram identificados um total de 330 sinistros relacionados a turbinas a vapor para geração. •Para atender a critérios de relevância econômica, que sejam pertinentes a grupos de geração ou industriais de certa importância, de disponibilidade de informações especializadas e de localização em países relevantes para a carteira segurada pela MAPFRE Global Risks, a amostra se reduziu a 78 sinistros. •A fim de obter relevantes conclusões relevantes, os valores considerados sempre foram os valores totais 100% em danos e em PB, considerando, neste caso, tanto a perda econômica quanto os dias de parada, dadas as diferenças nos diversos mercados do lucro bruto diário por megawatt para tecnologias iguais. GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros PRINCIPAIS CONCLUSÕES PARQUE DE TURBINAS Tipo de turbina Tipo e fabricante de turbina. O mercado de fabricantes de turbinas é altamente concentrado em poucos fabricantes, de modo que quatro ou cinco empresas, como a General Electric, Alstom, Siemens, Mitsubishi e Westinghouse, representam mais de 90% do mercado de turbinas a gás e mais de 60% das turbinas a vapor, algo mais diversificado. Distribuição por idade. A turbina a gás é uma tecnologia de desenvolvimento recente, o que faz com que praticamente 2/3 do parque tenham entre 5 e 25 anos, enquanto que, no caso das turbinas a vapor a antiguidade fique entre 10 e 50 anos. 89 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros SINISTROS Distribuição dos sinistros por valor. Observa-se que uma porcentagem relativamente pequena de sinistros, 20%, afeta aproximadamente 70% dos danos totais.Também destaca-se que o maior sinistro da amostra representa 13% da perda combinada (DM+ PB). Retenção do segurado em função da franquia. Com base nos sinistros analisados, tem-se a seguinte distribuição de divisão do peso dos sinistros dependendo da franquia. Sinistros por tipo de turbina. Embora os sinistros de turbinas a gás sejam superiores em número e no valor total e no valor médio em danos materiais, no valor total e no valor médio em perda de lucros os sinistros nas turbinas a vapor são relevantemente superiores. 90 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros Isso ocorre porque as turbinas a gás têm um tempo médio de parada de 54 dias, enquanto que nas de vapor o tempo médio de parada é de 154. Em valor combinado seriam números comparáveis, ligeiramente superiores no caso das turbinas a vapor. Idade. No caso das turbinas a gás, o período de maior frequência e o valor dos danos está situado entre 10 e 15 anos, sendo que as de vapor, entre 5 e 10 anos. Aos 35-50 anos de idade, há novamente um aumento na sinistralidade das turbinas a vapor devido ao desgaste pelo tempo. Fonte de energia. Destaca-se a importância econômica dos sinistros nas turbinas a vapor, onde o uso de fontes de energia primária, tais como biomassa, resíduos, carvão ou energia solar, tem custos acima da média do custo nas turbinas a gás. Tipo de central e exploração. Os maiores índices de encargo (sinistro médio = 1) no custo médio se concentram nas centrais de ciclo combinado, com um valor de 1,8, se forem turbinas a vapor, e de 1,3 para as de gás. Entre as de menor custo estão a cogeração e os ciclos abertos quando usam uma turbina a gás com índice de encargo de 0,08 e 0,09, respectivamente. Potência da turbina. O tamanho ou a potência gerada é outra característica da planta a se considerar, seguindo a lógica de maior tamanho, maior custo médio de reparo, com 35% acima da média nas turbinas na faixa de 150 a 300 MW. 91 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros Item de origem da falha. Destaca-se a importância das falhas em turbinas a gás, principalmente na primeira coroa de lâminas pelas exigentes condições de temperatura que predominam nesse ponto. Item danificado. Apesar da existência de uma completa desmontagem para turbinas, a substituição total da turbina é a operação que possui mais influencia nos custos do sinistro, com um 37% do encargo, sendo as pás do ventilador o item onde o primeiro dano se manifesta em 27% das vezes. Causas dos sinistros. No que diz respeito aos grupos de causas, vê-se uma clara incidência de falhas no material, tanto em frequência quanto em valores, conforme mostra o gráfico a seguir. No entanto, apesar dos esforços em analisar a causa primeira das avarias, uma grande parte das vezes a falha não é conhecida devido às dificuldades que a reconstrução dos danos representa e sua investigação junto ao fabricante como garantidor do bom design de seu equipamento. 92 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015 Observatório de sinistros Circunstâncias dos sinistros. Quanto às circunstâncias em que ocorre o sinistro, foram encontrados os seguintes dados relevantes: CIRCUNSTÂNCIAS % valor Máximo Média N. º TOTAL Após manutenção 23% 78.648.687 13.132.887 11 144.461.758 Sem resultado da investigação 18% 27.950.936 6.923.218 16 110.771.494 Descoberta na manutenção 10% 25.202.471 4.172.136 15 62.582.044 Causas externas 7% 41.245.679 41.245.679 1 41.245.679 Em garantia 6% 17.313.872 5.230.811 7 36.615.679 Arranque 3% 15.884.000 5.425.995 4 21.703.979 Envelhecimento normal 2% 3.000.000 1.803.305 6 6 CONCLUSÕES FINAIS As seguintes conclusões podem ser tiradas a partir da análise dos sinistros: •Confirma-se a relevância das pás, especialmente em turbinas a gás, como elemento fundamental e determinante da sinistralidade. •Reforça-se a importância da manutenção preditiva, incluindo contar com meios de supervisionar continuamente as condições de operação que permitiriam detectar avarias antes que elas causem danos mais graves e limitar as intervenções ao mínimo imprescindível, circunstância associada a uma parte importante dos sinistros. •Relevância da sinistralidade em turbinas a vapor gerado com biomassa e outras fontes de energia não convencionais, presumivelmente não só por condições de combustão menos uniformes e contínuas, mas também pela cultura tecnológica das empresas. •No caso de centrais mais antigas e, portanto, com menos controles automáticos, os esforços devem se voltar aos investimentos em instrumentação, controle e supervisão e à formação contínua do pessoal para assegurar tanto quanto possível a correta operação e a resolução de incidentes. •Incidência nos protocolos, qualificação do pessoal e supervisão destes aspectos de intervenção nas turbinas para minimizar os danos consequentes. •Importância de certa autonomia do segurado no que diz respeito ao conhecimento da tecnologia de tal forma que ele não dependa 100% do fornecedor da tecnologia e este, por sua vez, se torne juiz e carrasco. •Finalmente, e no que se refere à vistoria desse tipo de sinistro, ressaltar a importância da colaboração entre o perito, o segurado e o tecnólogo, bem como a competição de entidades especializadas que permitam uma opinião independente e tecnicamente capaz de determinar as causas imediatas e a origem. 93 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Nº 122 - 2015
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