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ANO - XXXII
122
SEGUNDO SEMESTRE - JUNHO/DECEMBRO 2015
NOVA ERA
Laurence Delaire
“A centralização permite ter controle otimizado
da cobertura dos riscos do Grupo”
DIRECTEUR ASSURANCES GROUPE ENGIE
Solvência II e o backtesting
dos modelos internos
PABLO DURÁN SANTOMIL
LUÍS A. OTERO GONZÁLEZ
Os fenômenos da natureza nas apólices
Todos os Riscos de Construção
SANTIAGO ORTEGA ESPINOSA
Gestão integrada do risco na agricultura
ANTONIO MÁRCIO BUAINAIN
PEDRO LOYOLA
Criminosos ciberneticos: a grande ameaça
Mª ÁNGELES CABALLERO VELASCO
Drones. Aeronaves sem piloto a bordo
PAOLA SERRANO GARCÍA
SEGUNDO SEMESTRE 2015
121
Sumario
Editorial
Expressar nosso esforço e imaginação
Entrevistas
LAURENCE DELAIRE,
Director of insurance for engie groupe
Agenda
Notícias
Notícias AGERS
3
5
11
13
12
Notícias IGREA
Notícias INADE
Notícias FERMA
Sr. FILOMENO MIRA CANDEL
recebe a homenagem anual da by AGERS
Presença MGR Eventos Internacionais
FRANÇOIS SETTEMBRINO. Obituário
Estudos
Solvência II e o backtesting dos modelos internos
PABLO DURÁN SANTOMIL e LUÍS A. OTERO GONZÁLEZ
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Os fenômenos da naturaleza nas apólices Todos os Riscos de
Construção
SANTIAGO ORTEGA ESPINOSA
Gestão integrada do risco na agricultura
ANTÔNIO MÁRCIO BUAINAIN e PEDRO LOYOLA
Criminosos ciberneticos: a grande ameaça
Mª ÁNGELES CABALLERO VELASCO
Drones. Aeronavez sem piloto a bordo
PAOLA SERRANO GARCÍA
Relatório Fundación MAPFRE
76
Observatório de sinistros
82
Ranking dos maiores grupos seguradores europeus não vida 2014
Sinistros de responsabilidade civil por interrupções no
fornecimiento de energia eléctrica
Sinistralidade em turbinas a vapor para geração de energia
Expressar
nosso esforço
e imaginação
Começamos um novo ano compartilhando a profunda
consternação com os ataques terroristas do ano passado
e, com o intuito de expressar nosso esforço e imaginação
neste número, decidimos que deveríamos falar sobre
nosso grande esforço e dedicação que tivemos este para
saltarmos para a edição digital da revista.
O fato de a nossa publicação já ter ultrapassado 32 anos
de existência representa para nos a consolidação de
uma forma de comunicação. Ficamos muito satisfeitos
em pensar que há um sentimento por parte de nossos
leitores e do setor em geral, de nossa forma de trabalhar
não se limita a editar uma publicação com maior ou
menor habilidade. Nosso compromisso vai mais longe,
pois nossa pretensão é coordenar um mosaico de
informações técnicas e acadêmicas para um determinado
número de profissionais para os quais editamos a revista.
Esperamos que a alegria que a edição desta revista
nos dá se estenda a todos os leitores que foram se
unindo à nossa rota e àqueles que desejamos que dia
a dia nos conheçam melhor e nos encoragem em
uma época em que teremos novas oportunidades.
Iniciamos este exemplar com a entrevista com
Laurence Delaire, Diretora Corporativa de Seguros
do grupo ENGIE, que acaba de ser homenageada
como Gerente de Riscos do ano pela revista L’Argus
de l’assurance. Na entrevista ela nos explica como a
principal tarefa de seu departamento é gerenciar os
riscos seguráveis do Grupo no mundo todo sob o
princípio da centralização. O ENGIE é um grande
grupo de energia francês que conta com mais de
cento e cinquenta mil funcionários e cujo nome até
este ano era GDF Suez.
3
Na seção de Atualidades apresentamos algumas
das principais atividades desenvolvidas no segundo
semestre de 2015 pelas duas associações espanholas
de gerenciamento de risco: AGERS e IGREA, pela
Federação Europeia de Associações de Gerentes de
Risco (FERMA) e pela Fundación Inade, Instituto
Atlântico do Seguro. Nesta mesma seção, mostramos
a presença internacional da MAPFRE GLOBAL
RISKS em vários eventos durante o segundo
semestre do ano.
A seção de Artigos apresenta um total de cinco
trabalhos, dois deles de origem acadêmica: “Solvência
II e o backtesting dos modelos internos”, escrito por Pablo
Durán Santomil e Luis A. Otero González, professores
da Universidade de Santiago de Compostela, e
“Gestão integral do risco na agricultura”, redigido pelos
brasileiros Antônio Márcio Buainain, professor do
Instituto de Economia da Unicamp, e Pedro Loyola,
economista da Federação de Agricultura do Estado
do Paraná.
Os três artigos restantes, “Os fenômenos da natureza
nas apólices Todos os Riscos de Construção”,
redigido por Santiago Ortega Espinosa, engenheiro
da Caminos, Canales y Puertos com 34 anos
de experiência profissional no setor segurador;
“Criminosos cibernéticos. A grande ameaça”, por
María Ángeles Caballero Velasco, técnica de sistemas
de segurança tecnológica de transações e operações
na Direção de Segurança e Meio Ambiente da
MAPFRE, e “Drones: aeronaves sem piloto a bordo”,
escrito por Paola Serrano, diretora da área de Aviação
e Espaço da Unidade Global Risks da MAPFRE.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Editorial
Na seção seguinte, apresentamos a décima primeira
edição do “Ranking dos maiores grupos seguradores
europeus de seguros Não Vida” publicado pela
Fundación MAPFRE, que corresponde ao
exercício de 2014.
O segundo trabalho trata da relevância para o setor
segurador da “Sinistralidade das turbinas a vapor
para a geração de energia elétrica”.
Com a chegada do Ano Novo, renovam-se os votos
e as esperanças por um ano melhor. Vislumbrando
o que nos trará o ano que está começando agora,
agradecemos por continuarem conosco.
Este número se conclui com o Observatório de
Sinistros que, desta vez, apresenta dois trabalhos.
O primeiro deles, elaborado por Román Guaita,
vice-diretor de sinistros da Área Internacional na
MAPFRE GLOBAL RISKS, discorre sobre “Os
sinistros de Responsabilidade Civil por interrupções
no fornecimento de energia elétrica”.
¡Feliz 2016!
MAPFRE GLOBAL RISKS
President: Alfredo Castelo Marín
Carretera de Pozuelo, 52
Gerenciador: Jose Luis Ibáñez Götzens
28222 Majadahonda, Madrid
Tel.: +34 91 581 13 00/27 45.
www.gerenciaderiesgosyseguros.com
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Entrevista
Laurence
Delaire
DIRETORA DE GARANTIAS
DO GRUPO ENGIE
“
A política de seguros
do ENGIE tem como
principal objetivo
a otimização da
cobertura de riscos
seguráveis em termos
de limite, escopo e
custos
”
A consciência doe risco no ENGIE é
madura, diz Laurence Delaire. O grupo
energia optou para a centralização de
compra de seguros para o controle
otimizado da cobertura dos riscos do
grupo, “um verdadeiro desafio se leva em
conta a relevância da ENGIE e sua escala
global”.
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Entrevista
‘Gestão de Riscos e Seguros’ (doravante
GRS): Ator mundial da energia e especialista
em três setores: eletricidade, gás natural e
serviços para o setor energético, como o
ENGIE define sua política de seguros?
Laurence Delaire (doravante LD): Em primeiro
lugar, gostaria de dizer que estou orgulhoso de
que a política de seguros do nosso grupo esteja
formalizada e conte com a aprovação e o apoio do
nosso presidente.
Dito isto, a política de seguros do ENGIE tem
como principal objetivo a otimização da cobertura
dos riscos seguráveis, em termos de limites, escopo
e custos.
Também se baseia em ter uma visão global,
abrangente, coerente e, naturalmente, controlada
das soluções implementadas para proteger os
resultados do Grupo frente às principais ameaças a
que possa estar exposto.
Como consequência destas premissas, o processo de
compra de seguros é centralizado, e isso se traduz
em grandes vantagens para o ENGIE, não só em
termos de redução de custos ou pela possibilidade
de obter melhores condições em termos de escopo
e limites das garantias, mas também em outros
aspectos, como na hora de lidar com um sinistro.
Em suma, a centralização permite ter controle
otimizado da cobertura dos riscos do Grupo, um
verdadeiro desafio se considerarmos a relevância do
ENGIE e sua envergadura global.
que tem como prioridade a criação de programas
globais e a negociação com um pequeno número
de sócios seguradores, que também são essenciais.
Outro dos princípios é o controle das perdas de
danos, a pedra angular da nossa estratégia de gestão
de riscos, que tem o objetivo de melhorar nosso
perfil de riscos e, consequentemente, reduzir o
custo final das coberturas.
Além disso, para garantir que os programas
de seguros atendam verdadeiramente às suas
necessidades, realiza-se um diálogo contínuo com
as unidades de negócio do Grupo.
Finalmente, desenvolvemos um trabalho em equipe
com nossos corretores para obter a melhor opção
nos mercados tanto de seguro quanto de resseguro
e adaptar nossa estratégia de posicionamento às
condições do mercado.
GRS: Onde fica a Direção de Seguros dentro
da organização?
LD: Ela depende da área financeira.
PROGRAMAS GLOBAIS
GRS: Quais são, então, os principais
fundamentos de seus programas de seguros?
LD: Em primeiro lugar, a centralização. Isto significa
que todas as decisões importantes relacionadas a
este tema são tomadas num Comitê de Seguros,
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Entrevista
GRS: Vocês estão encontrando dificuldades
no mercado segurador para alguns riscos?
Quais?
LD: Atualmente o mercado de seguros e o de
resseguros estão fornecendo capacidade e cobertura
adequadas para a maioria dos riscos. No entanto,
onde eu acho que a resposta do mercado não está
totalmente alinhada com as nossas necessidades
é nas áreas de riscos cibernéticos e de lucros
cessantes, onde a oferta não é suficiente em termos
de cobertura e capacidade.
“As próximas renovações
nos permitirão continuar
melhorando a cobertura do
grupo e otimizando nosso
orçamento”
GRS: Qual é a sua previsão para as próximas
renovações de seus programas de seguros?
LD: Sou otimista, já que tanto o mercado segurador
quanto o ressegurador continuam ‘fracos’, e o perfil
de risco do ENGIE é bem perceptível. Acho que
as próximas renovações nos permitirão continuar a
melhorar a cobertura do Grupo e a otimizar nosso
orçamento.
ELEMENTO-CHAVE
GRS: O ENGIE tem alguma cativa? De que
tipo? Qual é o seu papel dentro do Grupo?
LD: O ENGIE tem uma cativa de resseguro,
que é um elemento-chave na nossa política de
financiamento do risco. A cativa se envolve na
maioria dos nossos programas de seguros e cobre
os riscos de tipo baixo/médio, ao mesmo tempo
em que permite limitar a transferência para o
mercado segurador e para o ressegurador dos riscos
de gravidade alta.
7
“O ENGIE tem uma
cativa de resseguro, que
é um elemento-chave
na nossa política de
financiamento de risco”
GRS: Qual é o apoio que a Direção de Seguros
dá aos outros departamentos do Grupo?
LD: Nossa colaboração é constante. Fornecemos
informações sobre a colocação dos programas de
seguros e coberturas e os ajudamos na gestão de
sinistros. Também estamos muito envolvidos na
prevenção de perdas, principalmente nas áreas de
análise de riscos e na verificação e estabelecimento
de cláusulas contratuais.
No caso de novos projetos ou novas actividades
que arriscam, coletamos nosso conhecimento
e experiência no mercado de seguros e o
compartilhamos com o pessoal operacional e
técnico. Além disso, temos um diálogo frequente
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Entrevista
com a ERM (Gerência de Risco Corporativo)
do Grupo e os apoiamos na avaliação de riscos
seguráveis.
Por fim, nosso departamento também trabalha
com a unidade de RH do Grupo em tudo aquilo
que está ligado aos seguros de previdência social
para funcionários e com a área de marketing para
o desenvolvimento de soluções seguradoras que
atendam os mesmos interesses.
GRS: Qual é a contribuição dos corretores
na transferência do risco?
LD: Nossos corretores desempenham um papel
fundamental na transferência dos riscos do
ENGIE. Eles têm um conhecimento excelente dos
mercados de seguro e resseguro e nos assessoram
continuamente com as estratégias, capacidades e
oferta dos atores principais tanto global quanto
regionalmente. Também nos ajudam na colocação
e gestão dos programas e sinistros.
CONSCIÊNCIA MADURA
GRS: A sra. acha que a aversão ao risco
dentro das empresas está melhorando?
LD: Acredito que a consciência do risco em
nosso Grupo é madura e que o Departamento
de Seguros, com suas atividades de prevenção de
riscos, desempenha um papel importante nisso.
O risco faz parte de todas as atividades humanas
e do nosso negócio, pois nosso tipo de atividade
(petróleo, gás, energias renováveis, etc.) pode
envolver riscos muito altos em muitas áreas.
“Nosso trabalho, juntamente
com todas as partes
envolvidas dentro do ENGIE,
deverá contribuir para uma
melhor consciência do risco”
8
Nosso trabalho, junto com todas as partes envolvidas
dentro do ENGIE, deve contribuir para melhorar
a consciência do risco, tanto na direção quanto
no pessoal de operações e ajudá-los para que se
envolvam mais na gestão dessas ameaças.
GRS: Como o ENGIE trabalham para
otimizar a prevenção do risco?
LD: A prevenção é uma prioridade para o
Departamento de Seguros do ENGIE, já que
é a principal forma de reduzir o custo do risco
segurável. É uma estratégia de longo prazo, que não
está vinculada aos ciclos do mercado de seguros.
Em colaboração com nossos seguradores de danos,
negociamos, implementamos e controlamos o
programa de engenharia de riscos relevantes. Esta
política de Controle de Perdas também faz parte
da Política de Seguros do Grupo. Além disso,
fizemos uma análise de nossa exposição aos riscos
da natureza.
No que diz respeito à Responsabilidade Civil,
nossa equipe examina as cláusulas importantes
dos contratos para, assim, garantir que tudo esteja
correto.
“A prevenção é uma
prioridade para o
departamento de seguros do
ENGIE, já que é o principal
meio estratégico para reduzir
o custo do risco segurável”
GRS: Em sua opinião, quais são os desafios do
seguro para abordar a proteção de empresas
como o ENGIE?
LD: O negócio do ENGIE pode ser afetado por
perdas catastróficas como qualquer grande empresa
global. A indústria do seguro tem de lidar com
essa volatilidade potencial e ser capaz de oferecer
estabilidade e parceria a longo prazo.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Entrevista
UMA VISÃO DE 360° DA ESTRATÉGIA E DO NEGÓCIO DO GRUPO
Bacharel em Direito e mestre em Direito de
Seguros, Laurence Delaire é desde março de 2010,
a diretora corporativa de seguros do ENGIE. Sua
responsabilidade é dirigir uma equipe de trinta
pessoas.
A principal tarefa de seu departamento é gerenciar
os riscos seguráveis do Grupo ao redor do mundo
sob o princípio da centralização. Esta área também dá
apoio à área de Recursos Humanos, na negociação
de programas relacionados com a saúde.
Outra das suas tarefas é desenvolver e implementar
a estratégia de financiamento do risco segurável
do Grupo ENGIE. Também dirige o programa
de prevenção em todas as plantas industriais do
mundo, cuida da concepção e implementação
de produtos de seguros que atendem interesses
semelhantes. Laurence Delaire também é
administradora representante da cativa de
resseguro do Grupo GDF SUEZ RE.
9
Para a diretora de seguros do ENGIE, seu trabalho
é “fantástico” porque “o seguro está diretamente
relacionado com o negócio e fica na encruzilhada
de atividades como ERM, Assessoria Jurídica,
Recursos Humanos, Finanças, Segurança, etc.”.
“Ter este papel”, acrescenta, “me proporciona
uma visão de 360° da estratégia e do negócio do
Grupo de forma global”.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Agenda
Agenda
JORNADA
DATAS
LOCAL
CONVOCANTE
XVIII Annual Global
AirFinance Conference
19-20 janeiro
Dublín (Irlanda)
AIRFINANCE
Insurance Risk
Management Annual
Forum
24-27 janeiro
Naples, FL (EUA)
APA
Pharmacovigilance
& Risk Management
Strategies
27-29 janeiro
Munique (Alemanha)
FLEMING EUROPE
31 janeiro-3 fevereiro
Boca Ratón, FL (EUA)
BUSINESS INSURANCE
Windstorm Insurance
Conference
1-4 fevereiro
Orlando, FL (EUA)
WIND
Seguridad Nacional y
Gestión de Crisis
2-5 fevereiro
Nice (França)
NGF
XXIV Rencontres
3-5 fevereiro
Lille (França)
AMRAE
Airline Risk
Management &
Treasury Form
9-10 fevereiro
Londres (Inglaterra)
AIRLINE ECONOMICS
Semana del Seguro
23-25 fevereiro
Madrid (Espanha)
INESE
Annual Conference
23-26 fevereiro
Indian Wells, CA (EUA)
PARMA
XVII Annual Risk
Management
Convention
1-2 março
New York, NY (EUA)
GARP
Congreso Panamericano
sobre Delitos de
Seguros
9-11 março
México DF (México)
COPADES
7th Annual
Microinsurance Summit
14-17 março
Miami, FL (EUA)
HANSONWADE
Annual Convention
15-18 março
Hollywood, FL (EUA)
BISA
17 março
Estocolmo (Suécia)
SWERMA
XXV World Captive
Forum
Risk Forum
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Agenda
Agenda
EVENTO
FECHAS
LUGAR
CONVOCANTE
17-24 março
Maresias (Brasil)
USP - ABE
4-6 abril
Las Vegas, NV (EUA)
LIMRA
Annual Conference &
Exhibition
10-13 abril
San Diego, CA (EUA)
RIMS
Governance,
Compliance &
Operational Risk
20-21 abril
Cambridge, MA (EUA)
RMA
XXVI Congreso
Panamericano de
Seguros
20-22 abril
Río de Janeiro (Brasil)
COPAPROSE
Aviation Insurance
Annual Conference
30 abril-3 maio
Miami, FL (EUA)
AIA
XXV Congress
22-25 maio
Maastricht (Países Baixos)
ICLAM
VIII International
Insurance Conference
24-26 maio
Dublín (Irlanda)
INSURANCE EUROPE
XI Congreso Nacional de
Agentes y Corredores
de Seguros
1-3 junho
Granada (Espanha)
CGCMS
XXVII Conferência Anual
2 junho
Madrid (Espanha)
AGERS
Annual Conference
5-8 junho
Atlanta, GA (EUA)
PRIMA
Caribbean Insurance
Conference
5-7 junho
Paradise Island (Bahamas)
LIMRA
Annual Conference
6-8 junho
Harrogate (Inglaterra)
AIRMIC
II Annual Insurance Law
Forum
11 junho
Londres (Inglaterra)
THOMSON REUTERS
Annual Conference &
Business Show
12-15 junho
San Antonio, TX (EUA)
IASA
National Conference
27-28 junho
Manchester (Inglaterra)
ALARM
VII Conference on
Statistical Modelling in
Insurance
Life Insurance
Conference
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Notícias
Atividades no segundo
semestre de 2015
NOTICIAS
APRESENTAÇÃO I MANUAL DE PROGRAMAS DE SEGUROS INTERNACIONAIS EM
INGLÊS
O I Manual de Programas de Seguros Internacionais, elaborado pelo Grupo de Trabalho de Gerentes de Riscos
da AGERS, foi publicado em inglês graças à colaboração entre a AIG e a FERMA. Este Manual foi apresentado
em 16 de setembro numa cerimônia que acolheu mais de uma centena de participantes.
O evento começou com os discursos do sr. Juan Carlos López Porcel, presidente da AGERS e gerente de riscos
da ArcelorMittal Espanha, e do sr. Álvaro Mengotti, diretor geral para Ibéria e membro do Comitê Executivo
para América Latina e Caribe Exco da AIG.
No final da apresentação foi servido um café da manhã enquanto os participantes trocaram opiniões em uma
concorrida networking em que foi feita a entrega de um exemplar do Manual, que contou com a colaboração
da AIG e da FERMA para esta edição em inglês.
FÓRUM DE GESTÃO DE CRISES: PAUTAS DE ATUAÇÃO URGENTE
Neste evento, realizado no dia 24 de setembro, contou-se com a visão de uma perspectiva múltipla: gerente de
riscos, seguradora e áreas de comunicação e jurídicas.
Após um breve resumo dos próximos eventos da Associação, apresentado por Alicia Soler, gerente executiva
da AGERS, tomou a palavra a moderadora do evento, Millagros Sanz, advogada do escritório Herbert Smith
Freehills, que colocou duas perguntas aos participantes: “o que é uma crise?” e “qual é o papel de cada um dos
envolvidos?
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Notícias
AGERS NO FÓRUM FERMA
Este ano o Fórum da FERMA, realizado em Veneza de 4 a 7 de outubro, acolheu mais de 1.500 profissionais
relacionados com a gerência de riscos. Destes, 316 eram Gerentes de Riscos, com uma representação de mais de
60 participantes espanhóis.
A AGERS organizou e participou de dois painéis do Congresso.
Em 5 de outubro, na Sala Perla do Palácio do Cinema de Veneza, foi apresentado o Manual de Programas de
Seguros Internacionais, publicado em inglês pela AGERS, e todos os participantes receberam em exemplar.
Participaram deste painel: sr. Bruno Laval (XL Catlin), sr. Augusto Pérez Arbizu (Telefónica e IGREA), sr. Daniel
San Millán (Ferrovial e presidente da IGREA), sr. Juan Carlos López Porcel (ArcelorMittal e presidente da
AGERS) e sr. José Antonio Ruibal (MAPFRE GLOBAL RISKS).
No dia 6 de outubro na Salle delle Feste do Palazzo del Cinemá, o sr. Mario Ramirez Ortúzar (CLH e vicepresidente II da AGERS) apresentou o painel dos riscos geopolíticos junto com o sr. Juan Miguel García
Mediavilla (CEPSA), sr. Paulino Fajardo (Herbert Smith Freehills e AGERS), sr. Robert Llewellynn (SwissRe) e
sr. Scott Bolton (AONRISKSOLUTIONS).
FÓRUM DE RISCOS PESSOAIS: A MEDIÇÃO
DO SEGURO PELA IDADE BIOLÓGICA
Em 14 de outubro, na sede do CEIM, aconteceu
este evento em que o sr. José Miguel RodríguezPardo, professor de Ciências Atuariais e Financeiras
da Universidade Carlos III de Madri, falou sobre os
modelos bioatuariais com base na idade biológica.
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Notícias
O sr. Antonio López Farré, professor da Universidade Complutense de Madri, por sua vez, explicou os algoritmos
da idade biológica do ponto de vista da biomedicina. Para concluir, o sr. Francisco García, diretor geral da Gen
Re, filial na Espanha, desenvolveu o tema “A oportunidade do uso de modelos de idade biológica na medição
do seguro”. Todos as falas foram moderadas e apresentadas pela sra. Pilar Méndez, diretora da Mercer Marsh
Benefits TM.
O principal objetivo do fórum foi aprender mais sobre o conceito de idade biológica por meio dos novos
modelos bioatuariais, seus diferentes algoritmos e as novas oportunidades de usar os modelos de idade biológica.
FÓRUM PROGRAMAS DE SEGUROS
INTERNACIONAIS EM BARCELONA EN
BARCELONA
Este encontro foi realizado em 20 de outubro
com o objetivo principal de analisar a questão dos
programas de seguros internacionais e contou com a
visão especializada de profissionais do setor segurador
e no campo da mediação internacional.
O programa foi estruturado em três partes interrelacionadas. A primeira parte, de 45 minutos, foi
apresentada pelo sr. Javier Morales, gerente de
Subscrição, Contas Principais, da XL CATLIN
Major, que discorreu sobre questões terminológicas,
normativas e fiscais.
Moderado pelo sr. José Amézola, representante
da AGERS na Catalunha, na segunda parte do
programa foram formadas duas equipes de quatro
apresentadores cada para analisar um estudo de caso
com os participantes e, assim, transmitir situações
reais que devem ser contempladas na Contratação
de um Programa Internacional e as situações que
surgem quando ocorre um sinistro.
APRESENTAÇÃO II MANUAL DA AGERS: CATÁSTROFES NATURAIS
O Segundo Manual editado pela Associação Espanhola de Gerência de Riscos e Seguros trata das catástrofes
naturais, termo que se refere às perdas materiais e humanas causadas por eventos como terremotos, inundações
e outros.
Nas reuniões de trabalho intervieram vários escritórios de advogados, companhias de seguros, avaliadores
especialistas, corretores e o Manual apresenta as conclusões do grupo de trabalho dos gerentes de risco. Na
ocasião também contou-se com a participação especial do Consórcio de Compensação de Seguros.
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Notícias
Sua apresentação aconteceu no dia 2 de dezembro em Madri, no salão de eventos da Direção Geral de Seguros,
e as palavras de abertura do evento ficaram por conta do sr. Enrique Zárraga Aranceta, membro honorário
da AGERS, seguido pelo sr. Alejandro Izuzquiza Ibáñez de Aldecoa, diretor de Operações do Consórcio de
Compensação de Seguros. Em seguida, foram apresentadas as conclusões do Manual em uma mesa formada pelo
sr. Juan Carlos Lopez Porcel, sr. Mario Ramírez Ortúzar, sr. Alfredo Zorzo, sr. Alfredo Arán e sr. Paulino Fajardo.
HOMENAGEM AGERS 2015 E IV EDIÇÃO DO PRÊMIO JULIO SÁEZ
No decorrer de um tocante evento realizado dia 16
de dezembro no Museu Lázaro Galdiano de Madri,
foi entregue uma homenagem anual da AGERS ao
sr. Filomeno Mira Candel, que recebeu uma placa
comemorativa das mãos do sr. Juan Carlos López
Porcel, presidente da Associação.
Em suas palavras destacou o fato de que desde
seu início no campo de seguros e fundações,
Filomeno Mira “contribuiu brilhantemente para o
conhecimento e a melhora da Gerência de Riscos
e Seguros na Espanha, graças a seus trabalhos de
pesquisa, desenvolvimento e inovação”.
No decorrer do mesmo congresso foi feita a entrega
do IV Prêmio de Pesquisa Julio Sáez, patrocinado
pelo Centro de Seguros El Corte Inglés, para a
Monografia de Pesquisa intitulada: “MODELO
DE GESTÃO INTEGRAL DE RISCOS PARA
O SETOR ATUNEIRO”. Seus autores, sr. Robert
Ugalde Zabala e sr. Joseba Iñaki De la Peña Esteban,
do Departamento de Economia Financeira 1 da
Universidade do PaísVasco, conseguiram o prestigioso
prêmio por unanimidade de votos do júri presidido
pelo sr. José Luis Martínez Olivares.
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Notícias
NOTÍCIAS
A IGREA REALIZOU EM MADRI SEU CONGRESSO DE TENDÊNCIAS DE
MERCADO PARA 2016
A Igrea realizou em 10 de novembro no Hotel Miguel
Angel em Madrid seu tradicional Congresso de
Tendências de Mercado para mais de 150 representantes
das principais grandes empresas da Espanha.
A apresentação do Congresso ficou a cargo de seu
presidente, Daniel San Millán, que antes dedicou
algumas palavras à boa situação da Igrea, que já conta
com mais de 40 empresas associadas e continua
a crescer a cada ano devido à profissionalização
da Gerência de Riscos e a seu desenvolvimento
crescente e importante dentro dos organogramas das
multinacionais espanholas.
No que diz respeito à situação do mercado para o
próximo ano, San Millán destacou que não se esperam
grandes mudanças no longo ciclo de mercado
competitivo em que continuamos imersos e que, com
esta conjuntura de taxas de juros e com a crescente
pressão dos investidores nos mercados de resseguro,
os preços continuarão em sua tendência de baixa
enquanto a sinistralidade continuar se comportando
tão bem como em 2015.
O programa do Congresso focou-se em três temas:
RISCO REPUTACIONAL E POSSÍVEIS SOLUÇÕES SEGURADORAS
A apresentação do Risco Reputacional, após uma
breve introdução de Augusto Perez da Telefónica, foi
feita por Angel Alloza, CEO da Corporate Excellence,
que expôs que a reputação gira em torno de cinco
pontos estratégicos intangíveis:
•A boa reputação corporativa, entendida
como o conjunto de avaliações coletivas
geradas pelo comportamento corporativo
16
•A marca: necessidade de crescimento da
identidade visual corporativa
•A comunicação: não se trata apenas
de fazê-la bem, mas de saber como
comunicar
•A métrica
•Os assuntos públicos: conhecer as
tendências
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Notícias
Da segunda apresentação, dedicada a possíveis
soluções seguradoras para o Risco Reputacional e
sob o formato de debate liderado por Augusto Perez,
participaram Sebastian Lenke, da Munich Re, Marcus
Shulze, da Swiss Re, e Fernando Caballero, da AON.
Todos os oradores concordaram que em nenhum caso
o risco reputacional é um risco isolado, mas que está
correlacionado com outros. Sobre a possibilidade de
asseguramento, devem-se buscar soluções dialogadas,
pois é o segurado que conhece seu negócio melhor
que ninguém e, por consequência, sabe qual o valor
que dá à sua reputação. Cada caso deve ser analisado
individualmente, pois trata-se de um risco muito
difícil de avaliar. A falta de experiência neste tipo de
risco faz com que hoje existam poucos mercados
dispostos a oferecer esta capacidade, razão pela qual
ela é bastante limitada, especialmente considerandose o enorme impacto que pode ter no balanço e no
resultado das empresas multinacionais que operam
em todo o mundo.
Ficou claro que, em certa medida, a tendência atual é
dar cobertura de forma muito parcial, em apólices já
maduras como as de D & O (gestão de gerenciamento
de crise, marketing e publicidade), riscos cibernéticos:
prejuízos à marca, quebra de confidencialidade,
indenização a clientes, garantia de serviços, etc. e
apólices de E&O (erros e omissões).
O PROBLEMA DOS SINISTROS COMPLEXOS SOB UM PROGRAMA
INTERNACIONAL EM PAÍSES ANGLO-SAXÕES (EUA, CANADÁ E AUSTRÁLIA)
A terceira apresentação, também realizada sob o
formato de debate, falou sobre o problema dos
sinistros complexos em legislações anglo-saxãs,
embora tenha sido implementado um Programa
Internacional para cubri-los. O assunto foi abordado
por José Caraballo (CEO da RTS), Felipe Gangoiti
(CEO da Crawford), Agustin Barrenechea (Líder de
Práticas de Construção Europeia da Willis) e Ignacio
17
Almazán (CEO da RSA), e foi moderado por Daniel
San Millán.
Daniel deixou claro que é um erro pensar que, pelo
simples fato de se ter um Programa Internacional
estabelecido em Madri com cobertura em países
anglo-saxões, os sinistros serão controlados e
negociados na Espanha com as seguradoras matrizes
que aportam a capacidade para suas filiais.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
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A realidade é que as regras de compliance (cumprimento) e os costumes enraizados em países com leis anglo-saxãs
como os EUA (onde, ainda por cima, cada Estado tem uma regulamentação diferente) indicam que as filiais
locais da seguradora, em colaboração com os peritos locais, tendem a absorver a tramitação do sinistro, deixando
de lado a Gerência de Riscos e a seguradora matriz e tentando impor decisões unilaterais.
As difíceis mas possíveis soluções para atenuar este problema passam pela implementação prévia de um protocolo
de sinistros que deixe claro o papel de cada uma das partes e pelo trabalho de formação de equipes locais sobre
as coberturas e o escopo dos programas. É claro que isso requer esforço e recursos, mas vale a pena pelos frutos
que se colhem quando ocorre um sinistro complexo.
As cláusulas de controle também são aconselháveis, assim como trabalhar em paralelo no sinistro, ou seja, fazer
uma comunicação dupla do sinistro – uma para o programa geral e outra para o programa local – para se manter
o controle das decisões.
O ONTEM E O HOJE DA GERÊNCIA DE RISCOS
Para encerrar o Congresso, foi feito um debate sobre
o ontem e o hoje da Gerência de Riscos, do qual
participaram Javier Navas, ex-Gerente de Riscos da
Telefónica, Vicente Martin, ex-Diretor de Riscos
Econômicos da Endesa, Manuel Garrote, da OHL,
e David Gonzalez, da Sacyr, que atuou como
moderador. Em um ambiente descontraído, ficou
clara a evolução positiva dos mercados e matériasprimas após o início dos anos 1980, quando havia
poucos mercados, concorrência reduzida e taxas
muito altas e prevaleciam as coberturas de riscos
nomeados ante a opção Todos os Riscos. A própria
formação dos gerentes de riscos e a evolução e
18
maior profissionalização dos mercados seguradores
internacionais na Espanha geraram um diálogo
positivo de entendimento, do qual desapareceu a
rivalidade extrema para entrar o trabalho em conjunto
com a prática de prêmios razoáveis.
Ficou clara a importância das cativas para financiar
parte dos riscos.
O encerramento ficou por conta do presidente, que,
agradecendo aos participantes e convidando-os para
o Congresso de 2016, destacou que no próximo
ano haverá eleições e um novo Conselho Executivo
que haverá de impulsionar a IGREA rumo a novos
desafios e metas.
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APRESENTAÇÃO OFICIAL DA OBRA “A GESTÃO DO RISCO E O SEGURO NA
EMPRESA GALEGA”
Durante a manhã de 6 de novembro, a Cidade da
Cultura de Santiago de Compostela sediou uma nova
rodada do Fórum Inade. O principal objetivo da sessão
foi a apresentação do primeiro estudo empírico sobre
a gestão do risco e o seguro nas empresas realizado
na Espanha que a Fundación Inade solicitou à
Universidade de Santiago de Compostela.
“Apenas 13% das empresas
galegas têm um gerente de
riscos”
O evento foi presidido pelo Ministro da Economia,
Emprego e Indústria do Governo Autônomo
da Galícia, Francisco Conde López, que foi
acompanhado pelo reitor da Universidade de Santiago
de Compostela, Juan Viaño Rey e o Presidente do
Patronato da Fundación Inade, Antón Cobián Varela.
A apresentação do congresso ficou por conta
do professor doutor em Ciências Econômicas e
19
Empresariais, titular da Universidade de Santiago
de Compostela, e do diretor da equipe de pesquisas
VALFINAP, Luis Otero González, que apresentou
as principais conclusões do trabalho “A gestão do
risco e o seguro na empresa galega”, editado pela
Fundación Inade, do qual se pode destacar:
•A Fundación Inade está preocupada com a
qualificação insatisfatória das pessoas encarregadas
dos riscos no cerne da empresa
•Apenas 13% das empresas galegas têm um gerente
de riscos
•Mais de 80% das empresas galegas não
quantificaram o impacto que os diversos riscos
podem lhes causar
•As empresas que implementaram políticas de
gestão de riscos tiveram uma evolução maior de
seu desempenho econômico
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APRESENTAÇÃO OFICIAL EM MADRI: “A GESTÃO DO RISCO E O SEGURO
NA EMPRESA GALEGA””
A inauguração foi feita pela presidenta da Associação Empresarial do Seguro (Unespa), Pilar González de Frutos, acompanhada
pelo diretor da Área de Internacionalização do IGAPE (Instituto Galego de Promoção Econômica), Abel Veiga Copo, e o presidente
do Patronato da Fundación Inade, Antón Cobián.
Na terça feira, 15 de dezembro, o Salón de
Actos da sede social da Unespa em Madri
acolheu uma conferencia do Fórum Inade focada
na análise das exigências que os empresários
colocam para a indústria seguradora e a
apresentação do trabalho em Madri “A gestão
do risco e o seguro na empresa galega”.
“Os gestores de riscos
exigem uma formação
específica para esta disciplina,
com componentes jurídicos,
econômicos e técnicos”
Na primeira parte da sessão, foi apresentado o
primeiro estudo empírico realizado na Espanha
sobre a gestão do risco e o seguro na empresa,trabalha
que ficou a cargo do grupo de pesquisa VALFINAP
da Universidade de Santiago de Compostela. O
diretor do Instituto Galego de Estatística destacou
que as empresas com sede em Galícia são mais
especializadas d que as espanholas e quase metade
das exportações galegas são direcionados para
as demais comunidades autônomas. Segundo os
20
barômetros econômicos, a Galícia, além de registrar
um aumento de população muito mais baixo,
alcançou um aumento econômico semelhante ao
nacional: uma média de 1,3% nos últimos 14 anos.
Na segunda parte, os presidentes da Agers (Juan
Carlos López) e da Igrea (Daniel San Millán) e a
diretora geral de Riscos e Seguros do Grupo San
José (Lourdes Freiría), moderados por Adolfo
Campos, diretor da Fundación Inade, apresentaram
suas exigências como gestores de riscos tanto para
corretores, seguradores e especialistas quanto para a
Administração, constatando que as empresas que
implantaram políticas de gestão de riscos tiveram
uma evolução maior de seu desempenho
econômico e, concluindo que a remuneração do
corretor de seguros via comissões não tem futuro,
já que devem trazer mais valor para poder aumentos
seus honorários.
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FERMA LANÇA A CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL PARA GERENTES DE RISCOS
Na sessão de abertura de seu Fórum de 2015, a
Federação das Associações de Gestão de Riscos
Europeia (FERMA) lançou formalmente seu
programa de certificação europeia para gerentes de
riscos profissionais, com a entrega de certificações
Founder Certifications a 49 profissionais de riscos
que contribuíram para o seu desenvolvimento. O
programa, que se chamará rimap®, é o primeiro com
esta designação e destina-se a reforçar o prestígio da
profissão na Europa.
Ele proporcionará confirmação independente das
competências profissionais, aexperiência e as normas
dos gerentes de riscos individuais e acreditação para
os programas de gestão de riscos de órgãos educativos.
A FERMA deverá abrir o prazo de inscrição para
ober a certificação no início de 2016 e espera
outorgar as primeiras adjudicações a partir do final
de março. O porta-voz da FERMA, Michel Dennery,
presidente da Comissão Delegada da FERMA, disse:
“Atualmente há grandes expectativas em gestão
de riscos por parte dos interessados, e criamos o
primeiro reconhecimento pan-europeu de alto nível
da profissão de Gerência de Riscos para atender a
essa demanda. Estas Founder Certifications serão as
embaixadores da rimap”.
Michel Dennery também anunciou que a PanAsia Risks e a Insurance Management Association
(PARIMA, Associação de Gerência de Riscos e
Seguros Pan-asiática) se associará com a FERMA
para desenvolver esta certificação em sua região.
Em continuidade à cerimônia da manhã, dez
associações nacionais da FERMA assistiram a uma
oficina informal sobre os materiais de certificação
agora disponíveis sob a marca oficial da rimap. Isso faz
parte da estreita colaboração que a FERMA manteve
21
nos últimos dois anos com seus membros. De agora
em diante, os eventos de gestão de riscos nacionais
exibirão anúncios e folhetos da rimap.
Michel Dennery e o chefe de projetos de certificações
da FERMA, Julien Bedhouche, apresentaram os
materiais de marketing mais recentes, além do
conjunto de conhecimentos, o código ético e o
desenvolvimento profissional contínuo. Todos eles
agora estão disponíveis em www.rimap-certified.org.
A FERMA e suas associações nacionais agora sabem
com certeza o caminho que deve ser seguido:
concluir os sete guias de referência da rimap, que se
tornarão a base para os candidatos que desejem ser
parte da rimap e para os órgãos de formação, como
universidades e escolas de negócios, para preparar sua
inscrição e obter a acreditação e a certificação.
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A FERMA LANÇA UM DESAFIO PARA AS SEGURADORAS
A FERMA lançou um desafio para as principais seguradoras da Europa na sessão de encerramento do
Fórum FERMA 2015: como será o seu setor com centenas de anos de história nas costas, dentro de dez
anos?
O que tira o sono das seguradoras foi uma das perguntas colocadas e, também, obviamente, a tecnologia,
como se beneficiar da enorme quantidade de dados disponíveis, manter a relevância para os clientes e as
mudanças nas velocidades estão entre as principais prioridades das listas das diretorias, junto com a atração
do talento necessário para que tudo isso aconteça.
Um assunto fundamental é entender a proposta de valor dos negócios dos clientes e manter sua relevância
criando soluções com eles, ao invés de focar nos riscos.
As seguradoras precisam aprender a mudar com mais rapidez, não esperar criando hipóteses e programaspiloto, mas sim aceitar que um novo projeto pode ser um trabalho em progresso e criá-lo com seus
clientes.
A concorrência certamente é um problema, e não só os concorrentes atuaismas, mas também os
concorrentes que podem aparecer. As empresas de grandes dados, como a Amazon e o Google, poderiam
representar uma séria ameaça no futuro.
Há uma enorme e crescente concentração de risco nas cidades do mundo que é preciso gerenciar.
O setor segurador está preparado para sobreviver, mas um dos diagnósticos foi a necessidade mudar seu
estilo de vida. Uma solução das soluções recomendadas foi gerar entusiasmo pelos seguros, que é o que
estão fazendo as empresas mais inovadoras.
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
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SR. FILOMENO MIRA CANDEL RECEBE A HOMENAGEM ANUAL DA AGERS
POR SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A
GERÊNCIA DE RISCOS NA ESPANHA
E AMÉRICA LATINA
Em um evento íntimo realizado no dia 16
de dezembro, acompanhado pela diretoria
da MAPFRE, Filomeno Mira Candel, exvice-presidente da MAPFRE e da Fundación
MAPFRE, recebeu a “homenagem da AGERS”
por “sua contribuição frutífera e valiosa para a
Gerência de Riscos”, um reconhecimento que
a Associação lhe concedeu “por unanimidade”.
Com esta homenagem a AGERS destacou seu
trabalho como grande impulsor da Gerência de
Riscos na Espanha e na América Latina,“uma ciência,
técnica ou estratégia”, como ele mesmo define.
“Acompanhando os campos de seguros e de fundação
deste o início, sua contribuição especial foi melhorar
a disciplina e o conhecimento da Gerência de Riscos
e Seguros na Espanha, graças às suas contribuições
em pesquisa, desenvolvimento e inovação”.
Por todos estes méritos, Filomeno Mira recebeu
uma placa comemorativa das mãos de Juan Carlos
López Porcel, presidente da Associação, “por sua
contribuição frutífera e valiosa para a Gerência de
23
Riscos”. O evento foi realizado em Madri, no Museu
Lázaro Galdiano, juntamente com a entrega do
Prêmio Julio Sáez para a Monografia vencedora sobre
Gerência de Riscos. Também estiveram presentes o
Conselho Administrativo da AGERS, seus membros
honorários e altos funcionários e representantes
institucionais do mercado segurador.
Engenheiro deVias, Canais e Portos e com bacharelado
duplo em Ciências Econômicas e Empresariais
e em Ciências Atuariais e Financeiras, Filomeno
Mira Candel tem sido sobretudo um homem da
MAPFRE, um grupo ao qual chegou com apenas
23 anos, quando tinha acabado de se formar, e onde
desenvolveu toda a sua carreira profissional ao longo
de quatro décadas.
Especialista em riscos industriais e grandes riscos,
logo descobriu a importância e a necessidade de
incorporar as estratégias do gerenciamento de riscos
em todos os tipos de entidade e, como este conceito
estava apenas começando na Espanha, ele se dedicou
desde o início a analisar e a estudar a técnica, os
procedimentos e a filosofia da Gerência de Riscos na
empresa, principalmente por meio de livros, revistas e
documentos publicados nos Estados Unidos.
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Nº 122 - 2015
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Com os peritos como Felix Kloman, como ele mesmo
admitiu na entrevista publicada na revista “Gerência
de Riscos e Seguros”, em seu número 100, de março
de 2008,“fui aprendendo os procedimentos da gestão
do risco, que depois trouxe para a MAPFRE para
prestar serviço a nossas empresas seguradas e também
a nossas atividades como fundação”. Na verdade,
as primeiras iniciativas da Fundación MAPFRE
na América Latina voltaram-se para duas frentes: a
prevenção de riscos e a gestão do risco e do seguro na
empresa. Lá também pude compartilhar experiências
em gerência de riscos com empresários e seguradores
latino-americanos.
Em seu currículo também se destaca seu papel como
conferencista e professor. Foi nesta última faceta,
como professor da matéria Gerência de Riscos
incluída no curso universitário Ciências do Seguro,
onde viveu a “experiência única” de criar um texto
acadêmico com os alunos, porque não existia.
24
Sua contribuição ao mundo da Gerência de Riscos,
no entanto, não termina aqui. Com a orientação
de Filomeno Mira, a revista Gerência de Riscos e
Seguros deu seus primeiros passos para se tornar uma
referência no gênero não só no mercado espanhol,
mas também em nível internacional, principalmente
na América Latina e nos países de língua portuguesa,
graças à versão desta publicação em português.
Todo este esforço também foi recompensado. Em
1998 Filomeno Mira foi admitido como membro
do “Hall da Fama” do Risk Management Europeu.
“Uma nomeação que recebi com orgulho, mas que
obviamente vejo como o reconhecimento pela
contribuição que temos feito com a MAPFRE e que
continuaremos a fazer por intermédio da Fundación,
da revista e de nossos serviços técnicos ou profissionais
no campo da Gerência de Riscos”.
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Presença MGR
Eventos Internacionais
A MAPFRE MÉXICO REALIZOU UM SEMINÁRIO REGIONAL DE
ESPECIALIZAÇÃO EM GRANDES RISCOS NORTE DA AMÉRICA LATINA
•O evento foi aberto por José Ramón Tomás Forés,
CEO Regional Norte da América Latina.
•Os participantes informaram o panorama e os
desafios do seguro nos setores de energia elétrica,
construção e responsabilidade civil.
A MAPFRE México realizou seu seminário “O
seguro nos setores de energia elétrica e construção”,
apresentado pelo CEO Regional do Norte da América
Latina, no restaurante El Lago de la Ciudad de México,
com capacidade para mais de 200 convidados.
Em sua palestra, José Ramón Tomás Forés salientou
que impulsionar o desenvolvimento econômico de
um país é um fator-chave para a geração de riqueza,
e seu impacto pode ser transformador por promover
a competitividade nos mercados internacionais, e
previu que eles gradualmente contratarão obras de
engenharia em todo o continente que vão exigir o
apoio do seguro. Ante tudo isso, acrescentou o CEO
da MAPFRE, fez-se necessário rever os aspectos
25
técnicos mais importantes e, em seguida ele saudou
os participantes, desejando que durante o dia eles
podussem se informar e refletir sobre seguros e seu
relacionamento com os grandes riscos.
Alberto Mengotti, chefe de Subscrição da Área de
Energia da MAPFRE Rscos Globais, enfatizou que o
setor de eletricidade é uma indústria bastante complexa,
que exige um alto grau de especialização de cada um
dos que participam da contratação de um seguro,
uma vez que este mercado tem suas peculiaridades e
é importante conhecê-las bem. Ele também fez um
convite para que se tome um cuidado especial para
identificar os vários aspectos externos que devem ser
avaliados antes de assinar um risco.
Carlos Vázquez, diretor da Área de Negócios de
Construção de Riscos Globais, salientou que, em
termos de construção, cerca de oito por cento dos
sinistros representam oitenta por cento do total dos
danos, ou seja, que o impacto tem sido mais pela
intensidade do que pela frequência.
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Nº 122 - 2015
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Quanto à origem dos sinistros, ele informou que uma
alta porcentagem deles é desencadeada por falhas de
design e execução.
A segunda parte do Seminário focou-se na análise
das perdas de lucros e responsabilidade civil. Quem
discorreu sobre isso foi Jurgen Segelbacher, subscritor
de Ramos Técnicos da Munchener Rück. O
apresentador enfatizou a importância de segurado
e seguradora pactuarem quais são as medidas de
prevenção que precisam ser implementadas para que,
na hora de vistoriar-se um sinistro, a subscrição tenha
sido correta tecnicamente e que o impacto do dano
cause o menor atraso possível.
Responsabilidade Civil associada a projetos de
construção foi o tema desenvolvido por dois
profissionais da área: Armando Zazueta e Mauricio
Trulin, executivos da Swiss Re, que concordaram ao
ressaltar que o crescimento do país depende de seu
investimento privado, e isso vem acompanhado de
muitos riscos, em alguns dos quais a figura do seguro
está presente.
Para concluir o Seminário, Jesús Martínez, CEO da
MAPFRE México, confirmou o compromisso da
companhia de atualizar seus parceiros sobre temas
estratégicos e atuais envolvendo o seguro de Grandes
Riscos, em que a MAPFRE conta com a capacidade
e a experiência da Unidade Global Risks e com
resseguradores do nível da Münchener Rück e da
Swiss Re.
MAPFRE GLOBAL RISKS PARTICIPA DO FÓRUM FERMA EM VENEZA
A Federação Europeia de Associações de Gerentes
de Riscos (FERMA) realizou de 5 a 7 de outubro,
no Lido de Veneza, seu Fórum de Gerência de
Riscos 2015. Contou mais uma vez com uma
grande participação de quase 1500 profissionais de
34 países.
A MAPFRE GLOBAL RISKS esteve presente
com um estande para receber corretoras e clientes e
levou uma delegação considerável de participantes
de Madri, Londres, Colônia, Paris e Milão. Além
disso, este ano foi possível contar com a presença
de Ignacio Baeza, vice-presidente da MAPFRE, e
Alfredo Castelo, CEO da Unidade Global Risks,
26
que fizeram reuniões com a diretoria das principais
corretoras.
Participaram do painel sobre Programas
Internacionais realizado no dia 5 José Antonio
Ruibal, diretor de Subscrição Internacional da
MAPFRE RISCOS GLOBAIS, e Daniel San
Millán, presidente da IGREA, que foi moderador,
Augusto Pérez Arbizu, da Telefonica, Juan Carlos
López Porcel, presidente da AGERS, e Bruno Laval,
da XL Catlin. Além disso, o programa do evento
incluiu um debate presidencial interessantíssimo
sobre o “Futuro da indústria” e várias sessões de
inovação e diversidade.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
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Semanas antes do evento, a FERMA anunciou seu
Comitê Executivo para 2015-2016 e o início do
período de seu novo presidente, Jo Willaert. Ele
tornou-se presidente da FERMA oficialmente dia
7 de outubro, no final do Fórum em Veneza. O
Comitê Executivo contará com duas representantes
espanholas: Cristina Martínez, membro da IGREA
e diretora de Riscos do Grupo Sacyr, e Isabel
Martínez Torre-Enciso, membro do Conselho da
AGERS e professora de Finanças Corporativas da
Universidade Autônoma de Madri (UAM).
O SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE RISCOS GERAIS DA MAPFRE REUNIU
MAIS DE 80 EXECUTIVOS DE ALTO ESCALÃO EM CUZCO
•O evento contou com a participação do
CEO da MAPFRE Peru, Renzo Calda, e o
ex-ministro da Economia do Peru, Pedro
Pablo Kuczynsky.
Quais são as chances de que aconteça uma catástrofe na
região? O que é “lucro cessante”? Qual é o panorama
econômico da América do Sul e como isso afeta a
indústria de seguros? Estas e muitas outras perguntas
foram respondidas no último Seminário Internacional
de Riscos Gerais, organizado pela MAPFRE Peru.
O encontro, que aconteceu na província de Urubamba
(Cuzco), reuniu os principais clientes da MAPFRE
na América do Sul. Dele participaram cerca de
100 diretores do segmento Grandes Empresas e
Corporativo do Chile, Colômbia,Venezuela, Equador,
Uruguai, Argentina e Peru.
O evento começou na noite de 7 de outubro com um
cocktail de boas vindas no luxuoso hotel Tambo del
Inka. Os dias de exposições foram inaugurados pelo
27
CEO da MAPFRE Peru, Renzo Calda. O primeiro
dia foi marcado por uma análise profunda do ambiente
digital e suas vantagens para os negócios na exposição
“Têndencias Sociais”, do especialista em inovação
social e professor da ESADE, David Murillo.
Em seguida, o diretor da área de Engenharia da
MAPFRE GLOBAL RISKS, César López, deu
a palestra “A importância do ‘PML’ e seu efeito no
seguro”, em que discutiu a importância da correta
delimitação da perda máxima provável para a compra
eficiente de coberturas de seguro.
O dia de encerramento ficou por conta do economista
Ignacio Lorenzo, que realçou a importância da
contratação da cobertura de “lucro cessante” para a
continuidade de uma empresa no tempo.
O evento terminou com a conferência magistral
proferida pelo ex-ministro da Economia, Pedro Pablo
Kuczynski, que expôs aos participantes o cenário
econômico da América do Sul e os desafios que a
região enfrentará nos próximos anos.
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Nº 122 - 2015
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MAPFRE GLOBAL RISKS TO USE LONDON AS THE CORNERSTONE OF
ITS INTERNATIONAL GROWTH
•O negócio da área internacional
representará um quarto dos prêmios da
GLOBAL RISKS em 2018
•José Antonio Ruibal, nomeado diretor de
Subscrição Internacional, com sede em
Londres
A MAPFRE GLOBAL RISKS, a unidade do
grupo MAPFRE especializada em fornecer
soluções integrais em seguros para companhias
multinacionais, designou seu escritório de Londres
como centro estratégico para o crescimento
da área internacional (Europa, Oriente Médio
e África, América do Norte e Ásia-Pacífico).
Espera-se que esta área represente cerca de 25 por
cento dos prêmios brutos da unidade em 2018,
em comparação com os 17 por cento de hoje.
A MAPFRE GLOBAL RISKS vem operando
há oito anos no Reino Unido, onde desenvolveu
uma carteira de negócio de riscos globais centrada
em linhas de danos patrimoniais e atualmente, no
desenvolvimento de Specialty Lines (nos setores
28
de aviação, energia, marítimo, construção e
engenharia).
Alfredo Castelo, CEO da MAPFRE GLOBAL
RISKS, apresentou em 8 de outubro a nova
estratégia da companhia para clientes e corretores
durante o evento que a companhia realiza
anualmente com o mercado de Londres.
“Acreditamos que, com a nossa liderança
na Espanha e América Latina e nossa força
financeira, há espaço no mercado britânico para
uma companhia como a MAPFRE GLOBAL
RISKS”, explicou Castelo.
Essa estratégia internacional também inclui a
nomeação de José Antonio Ruibal como diretor
da Subscrição Internacional. Ruibal trabalhará em
Londres sob a supervisão de Chris Smith, que este
ano foi nomeado diretor de Mercado, responsável
internacional da MAPFRE GLOBAL RISKS
para Europa, Oriente Médio e África, América do
Norte e Ásia-Pacífico.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
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MAPFRE CHILE REALIZOU O IV SEMINÁRIO “O SEGURO NOS RISCOS
GLOBAIS”
•Participou Cecilia Pérez, ex-ministra secretáriageral do governo do Chile.
•Contou-se com a participação dos principais
segurados de perfil global no mercado chileno.
Na sexta feira 23 de outubro, a MAFPRE SEGUROS
realizou seu IV Seminário de Risco sob o título “O
Seguro nos Riscos Globais”. O seminário foi
desenvolvido no Centro de Eventos Casa Piedra, na
comunidade de Vitacura, em Santiago do Chile.
Junto com os principais segurados de perfil global do
no mercado chileno, estavam os principais mediadores,
ajustadores e outros agente relevantes do mercado
local de seguros de grandes riscos.
As três apresentações dadas foram:
“PROGRAMAS DE SEGUROS PARA
COMPANHIAS MULTILATINAS”
O diretor-geral de Regiões e Mercados Ibéria e
América Latina da MAPFRE GLOBAL RISKS,
Alfredo Arán, expôs as necessidades especiais dos
programas seguradores exigidos pelas companhias
globais, com presença em vários países e com uma
forte orientação para as empresas multinacionais
localizadas em diferentes mercados da América Latina.
Foi explicada ao público a vantagem competitiva do
grupo MAPFRE em todos estes mercados, com base
na excelente capacidade e qualidade de serviço que
oferece, e que se traduz em uma liderança clara em
toda a região.
“CONTINGÊNCIA NACIONAL”
Cecilia Pérez, ex-ministra secretária-geral do
governo do Chile, apresentou vários indicadores
sobre a evolução da economia chilena e os principais
desafios que o país enfrenta sob uma perspectiva
socioeconômica no curto e médio prazo. Mais tarde
ela propiciou algumas reflexões e propostas de ação
que, em sua opinião, poderiam dar as chaves para sua
adequada gestão e melhoria.
“RISCOS CIBERNÉTICOS, UMA
INTRODUÇÃO…”
Nesta palestra, César Lopez, vice-diretor da área
de engenharia da MAPFRE GLOBAL RISKS,
introduziu o problema dos riscos cibernéticos,
apresentando as vulnerabilidades da empresa e a
sociedade em geral a esta nova ameaça e as possíveis
soluções em gerência de riscos e transferência
seguradora.
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A MAPFRE GLOBAL RISKS PARTICIPA DA XXXV CONFERÊNCIA DA FIDES
NO CHILE
O evento bienal que celebra a Federação
Interamericana de Companhias de Seguros
contou com a presença do CEO da MAPFRE
GLOBAL RISKS, Alfredo Castelo.
A Federação Interamericana de Seguros (FIDES)
comemorou, de 25 a 28 de outubro, em Santiago
do Chile, sua trigésima quinta conferência. Este
congresso, o de maior relevância e tamanho na
Ibero-América, ocorre a cada dois anos em uma
cidade diferente. Dessa vez teve uma participação
de 1.800 profissionais dos Estados Unidos,América
Latina e Espanha.
Alfredo Castelo, que participou do painel
“Tendências em cobertura, financiamento e gestão
30
de catástrofes”, deu uma palestra sobre os desafios
e experiências de segurar riscos catastróficos.
No evento, como é tradição, elaborou-se uma
declaração em que, entre outras questões, se
ressaltou “a necessidade do asseguramento dos
bens públicos como uma medida de garantia de
proteção para o cidadão”. Além disso, destacouse a melhor maneira de reforçar a confiança dos
segurados “com um esforço conjunto público
e privado de uma educação financeira intensiva
e transparente, em que as pessoas entendam os
produtos que adquirem e os benefícios que eles
lhes oferecem”.
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XI SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
•MAPFRE patrocina o Seminário organizado pela
ABGR em São Paulo
A MAPFRE foi um dos patrocinadores do XI
Seminário Internacional de Gerência de Riscos e Seguros,
organizado pela ABGR (Associação Brasileira de
Gerência de Riscos) e realizado em São Paulo (Brasil)
de 26 a 28 de outubro.
O evento contou com um stand exclusivo da
MAPFRE, que se transformou em ponto de encontro
e principal fórum de networking entre os profissionais
do mundo do seguro de Grandes Riscos.
O programa do seminário no dia 28 incluiu uma
31
conferência sobre a visão seguradora dos “Programas
de seguros globais e regionais para Multilatinas”,
dada por Alfredo Arán, diretor geral de Regiões e
Mercados Ibéria e América Latina na MAPFRE
GLOBAL RISKS.
Após a cerimônia de encerramento, A MAPFRE
ofereceu a seus clientes um coquetel no edifício-sede
da companhia que contou com a presença de Marcos
Ferreira, presidente da MAPFRE, Dirceu Tiegs,
diretor geral da Rede MAPFRE e Canais, André
Fortino, diretor geral de Grandes Riscos, e David
Corredor, superintendente executivo de Riscos
Industriais, entre outros executivos de alto escalão.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
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MAPFRE GLOBAL RISKS PARTICIPA DA CONFERÊNCIA SETORIAL
XCHANGING EM LONDRES
A MAPFRE GLOBAL RISKS (MGR)
participou, no dia 5 de novembro de 2015,
da Conferência Setorial Xchanging em
Londres, cujo tema foi “Embracing Global
Change”.
A conferência teve a presença de 400
executivos do setor, entre os quais estavam
agentes de seguros e de resseguros, bem como
corretores, clientes e agentes financeiros.
Chris Smith, diretor geral de Mercados e
Regiões da MAPFRE GLOBAL RISKS, foi
um dos palestrantes do evento.
Durante sua palestra, intitulada “Aproveitando
a mudança global: Londres como plataforma
para o crescimento”, ele argumentou a favor do
crescimento global e reviu as oportunidades e os
desafios enfrentados pelo MGR e todo o setor,
bem como os fatores cruciais para o sucesso.
32
Sua apresentação também discutiu a importância
de atrair, reter e desenvolver talentos, um temachave da conferência e pelo qual ele se interessa
muito.
Comentando sobre o evento, Chris Smith disse:
“este prestigiado evento, do qual participam
muitos dos líderes do setor, era a oportunidade
perfeita para comunicar por que o MGR escolheu
Londres como plataforma para o crescimento
internacional”.
Outros temas abordados pelos demais palestrantes
foram:
O que a participação de capital estrangeiro significa
para o mercado de Londres? O futuro do setor dos
seguros em Londres: onde estamos agora e onde
deveríamos estar? e Implementação do Modelo
Operacional Objetivo (TOM).
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Notícias
Falece FRANÇOIS
SETTEMBRINO
PRESIDENTE HONORÁRIO DA FERMA PRESIDENTE
“MEMBRO DO CONSELHO DE REDAÇÃO DA GERÊNCIA DE RISCOS E
SEGUROS DESDE 2007, FALECEU NA BÉLGICA, SEU PAÍS NATAL, DIA 25
DE SETEMBRO”
com a necessidade de o gerente de risco “sondar a
incerteza do futuro”.
Presidente da Federação de Associações Europeias
de Gerentes de Risco (FERMA) de 1984 a 1994,
foi a força motriz por trás da criação da Associação
e o maior impulsor do Fórum bienal da Federação,
que este ano realizou sua nona edição em Veneza.
Seus colegas de profissão lamentaram sua partida.
Na ocasião, a presidente da FERMA, Julia Graham,
disse: “É com profundo pesar que recebemos a
notícia do falecimento de François Settembrino.
O ‘patriarca da FERMA’ foi o presidente que
ocupou esta posição por mais tempo. Temos uma
dívida enorme de gratidão para com ele por sua
contribuição à FERMA e por sua perspectiva
diáfana da nossa profissão”.
Com estas linhas, expressamos nossos sinceros
pêsames à sua família e amigos.
Descanse em paz.
“Membro do Conselho de Redação da
Gerência de Riscos e Seguros desde 2007,
faleceu na Bélgica, seu país natal, dia 25 de
setembro”
Escritor incansável e prolífico colaborador desta
revista, François Settembrino nos deixa um
legado de inúmeros artigos em que concorda
33
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
Solvência II
e o backtesting dos
modelos internos
PABLO DURÁN SANTOMIL
Faculdade de Administração e Direção de Empresas.
Universidade de Santiago de Compostela (USC)
LUÍS A. OTERO GONZÁLEZ
Faculdade de Ciências Econômicas e Empresariais.
Universidade de Santiago de Compostela (USC)
34
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
SOLVÊNCIA II: UM CAMINHO LONGO E AMBICIOSO
O Solvência II entrará em vigor em 1º de janeiro de
2016, após vários atrasos em sua data de aplicação,
o que destaca o quanto é ambicioso o novo quadro
regulatório. A Diretiva 2009/138/CE estabeleceu 31
de outubro de 2012 como a data de incorporação
(ao ordenamento jurídico dos estados membros) e
1º de novembro de 2012 como a data de aplicação
do projeto Solvência II, razão pela qual esta seria
a data de derrogação das Diretivas de seguros e de
resseguros em vigor (Solvência I). Os sucessivos
atrasos na aplicação do Solvência II se deveram
principalmente ao debate gerado em torno da
Diretiva Ônibus II e aos produtos com garantias a
longo prazo. A Diretiva Ônibus II, que modificava
certos aspectos da Diretiva do Solvência II, trouxe
consigo a criação de uma Autoridade Europeia de
Supervisão (EIOPA ou Autoridade Europeia de
Seguros e Pensões de Aposentadoria). As divergências
no setor sobre o tratamento de determinados riscos,
especialmente os produtos com garantias a longo
prazo, foram abordadas pela EIOPA no chamado
estudo LTGA. Finalmente, a Diretiva 2013/58/UE de
11 de dezembro de 2013 estabeleceu definitivamente
a data de aplicação da Diretiva do Solvência II: 1º de
janeiro de 2016.
O novo marco regulatório do Solvência II é composto
de diferentes níveis de normas:
Nível 1
Diretiva 2009/138
Nível 2
Medidas de implementação ou execução
Nível 2.5
Normas técnicas
Nível 3
Diretrizes da EIOPA
Nível 4
Aplicação rigorosa da legislação da União Europeia
Quadro. Diferentes níveis de normas no Solvência II
•A Diretiva do Solvência II estabelece os princípios
gerais do novo marco, que é conhecido como
norma de Nível 1 ou escalão normativo mais alto.
•O Nível 2 consiste das medidas de implementação
ou de execução aprovadas pela Comissão com
base nas propostas enviadas pela EIOPA e que
completam ou modificam certos elementos não
essenciais da Diretiva. A Diretiva do Solvência II
indicava que a Comissão Europeia tinha poderes
para adotar medidas de execução de temas
específicos. A Diretiva Ônibus II modificava
a forma jurídica, dado que o Nível 2 teria que
seguir a estrutura normativa exigida pelo Tratado
de Lisboa da UE. Desta forma o chamado Nível
2 assume legalmente a forma de regulamento
delegado (Nível 2 propriamente dito), e de normas
35
técnicas regulatórias ou RTS (Regulatory Technical
Standards) e de normas técnicas de execução
ou ITS (Implementing Technical Standards) (Nível
2,5). A este respeito, o Regulamento Delegado
(UE) 2015/35 da Comissão, de 10 de outubro
de 2014, vem completar a Diretiva do Solvência
II. O chamado “Nível 2,5” consiste das Normas
Técnicas ou TS (Technical Standards) elaboradas e
propostas pela EIOPA, que juridicamente serão
disposições legislativas da Comissão Europeia
com base no assessoramente recebido, onde se
estabelecem as chamadas RTS e ITS.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
Estas normas são puramente técnicas e não
envolvem nenhuma decisão estratégica ou política.
No caso dos modelos internos no final de 2014,
e como parte do chamado “primeiro conjunto de
ITS”, a EIOPA publicou o chamado “Draft ITS
on the approval of an internal model” (ou “Minuta das
ITS sobre a aprovação de um modelo interno”).
Em março de 2015 a Comissão Europeia adotou o
primeiro conjunto de Regulamentos de execução
do Solvência II, e com isso o Regulamento de
Execução (UE) 2015/460 da Comissão de 19 de
março de 2015 estabeleceu as normas técnicas de
execução do procedimento relativo à aprovação
de um modelo interno.
•No Nível 3 estão as diretrizes que a EIOPA
elabora e aprova para os supervisores nacionais e
empresas. Elas não são juridicamente vinculantes,
mas, em caso de descumprimento, será preciso
explicar bem as razões. Nesse sentido destacamse as “Diretrizes sobre a solicitação prévia de
modelos internos”, elaboradas pela EIOPA no
final de 2013 para a chamada “fase preparatória
do Solvência II”, e a “Diretriz sobre o uso de
modelos internos”, publicada em fevereiro de
2015. Estas diretrizes têm por objeto promover
uma adaptação progressiva ao novo marco.
•Finalmente, o quarto e último nível versa sobre a
aplicação rigorosa da legislação da União Europeia,
aspecto que será supervisionado pela Comissão.
MODELOS INTERNOS:VALIDAÇÃO
No Solvência II, o cálculo das exigências de capital
poderá ser feito utilizando-se uma fórmula padrão
ou, alternativamente, seguindo modelos internos
completos ou parciais aprovados pelo órgão
regulador. A fim de oferecer um nível de proteção
equivalente, a quantia obtida em ambos os casos
deverá corresponder ao capital econômico que as
36
companhias seguradoras terão de possuir para limitar
a probabilidade de falência a 0,5% no horizonte de
um ano (1 falência a cada 200 anos), ou, em termos
financeiros, uma quantia equivalente ao valor em
risco (VaR) com nível de confiança de 99,5%.
As normas de cada nível estabelecem os critérios que
os modelos internos devem satisfazer para o cálculo
das exigências de capital. Queremos nos centrar
nos aspectos relacionados à validação dos modelos,
deixando de lado outros aspectos relevantes como: o
teste de uso ou integração na atividade e tomada de
decisões da companhia, documentação, etc.
O artigo 124 da Diretiva do Solvência II, Normas de
validação, estabelece que as empresas “deverão prever
um ciclo periódico de validação de seu modelo,
visando à verificação do funcionamento do modelo
interno, para que suas especificações continuem
sendo adequadas e para comparar seus resultados com
os obtidos na realidade”. Este processo de validação
“incluirá um processo estatístico eficaz para a
validação do modelo interno que permita demonstrar
às autoridades reguladoras que as exigências de capital
resultantes são adequadas”. Este processo estatístico
é conhecido na literatura financeiro-atuarial como
“backtesting” [1].
No entanto, as diferentes normas do Solvência II não
decidiram estabelecer um procedimento específico
e detalhado para fazê-lo porque, como afirma o
Regulamento Delegado (UE) 2015/35, “uma vez
que os modelos internos devem ser adaptados em
cada empresa, eles podem variar significativamente
no que diz respeito a outros processos de validação.
Portanto, as normas de validação devem se basear
em princípios e incluir somente requisitos mínimos
específicos”. Ou seja, as normas querem deixar
alguma liberdade às empresas no estabelecimento
do processo, embora ele esteja atrelado a condições
rigorosas: independência, documentação, etc.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
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Assim, no Artigo 2.m do Regulamento de Execução
(UE) 2015/460 da Comissão, por exemplo, fica
estabelecido que, entre as provas documentais que
devem ser apresentadas juntamente com a solicitação
de uso de um modelo interno, a empresa deve
entregar uma “descrição do processo de validação
independente[2] do modelo interno e um relatório
dos resultados da última validação”.
Embora o backtesting seja uma das principais
ferramentas para a validação de um modelo interno,
ele não é a única, mas deve ser complementar a
outras técnicas, tais como testes de estresse e testes
de estresse reverso (reverse stress testing), análise de
cenários, etc.Além disso, nas normas se estabelece que
o backtesting dos modelos internos deve ser efetuado
pelo menos uma vez por ano. Assim, o artigo 242
do Regulamento Delegado (UE) 2015/35, onde se
estabelecem as chamadas “ferramentas de validação”,
afirma que as companhias “testarão os resultados e
as hipóteses fundamentais do modelo interno pelo
menos uma vez por ano, comparando-os com a
experiência anterior”. A Diretriz 40 sobre o uso de
modelos internos, Aplicação das ferramentas de validação,
estabelece que as companhias deveriam considerar
“o uso de ferramentas de validação quantitativas ou
qualitativas, além das mencionadas no artigo 242
das Medidas de execução”, de modo que deveriam
“escolher o conjunto certo de ferramentas de
validação para garantir um processo de validação
eficaz”.
A seção a seguir descreve um elemento-chave
quando se trata de validar um modelo: o backtesting.
Quando uma empresa utiliza um modelo interno,
ele deve ser avaliado usando-se backtesting, que,
no Solvência II, pode ser definido como uma
ferramenta para o processo de validação em termos
quantitativos de um modelo interno para analisar se
ele é apropriado, e que compara as estimativas de
risco resultantes com a experiência histórica. Esta
técnica deve ser complementar a outras para que se
verifique a adequação correta do modelo interno na
determinação das cargas de capital sob o novo marco.
37
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
O BACKTESTING DE UM MODELO
INTERNO
O backtesting é um procedimento estatístico usado
para validar um modelo com a comparação dos
resultados reais (distribuição empírica de perdas e
lucros) e as medidas de risco geradas pelos modelos.
Os modelos internos calculam as cargas de capital para
os diferentes riscos, tal qual o modelo padrão que usa
a abordagem VaR (value at risk). Formalmente, o VaR
é o nível de perdas tal que exista uma probabilidade
de que as perdas sejam iguais ou maiores que Y*:
preta), de forma que, quando as perdas reais forem
maiores que as estimadas, computa-se um excedido,
razão pela qual o gráfico à direita recebe o valor “1”
(“0” em caso contrário). Existem inúmeros testes de
backtesting, que podem ser agrupados em famílias
grandes, podem ser implementados para a validação
do modelo e que discutiremos na seção a seguir.
Gráfico.- Estimação de VaR e função dos fracassados
O procedimento de backtesting consiste em analisar
as falhas que o modelo tem em relação ao nível de
falhas que deveria ter. Portanto, um elemento básico
do backtesting é o número de vezes em que as perdas
reais excedem o VaR em um determinado período.
Neste sentido, para fazer o backtesting, deve-se
construir uma sequência que assume o valor de
“1”, se a perda for superior ao VaR, e “0” em caso
contrário[3]:
Onde é a perda estimada para o momento usando a
informação disponível em , é a perda observada em e
é o indicador do evento de uma exceção, excedido,
falha ou fracassado em . Desta forma, o resultado de
aplicar a função de erros a uma determinada série será
um vetor formado por uma série de “1” e “0” que
indicará se as perdas havidas ultrapassaram o VaR ou
não. A título de exemplo, no canto esquerdo inferior
do gráfico mostra-se uma estimação das perdas
estimadas de um modelo interno (linha vermelha)
e a distribuição de perdas e ganhos reais (linha
38
Fonte: Elaboração própria
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
FAMÍLIAS DE TESTE DE
BACKTESTING
Não existe um teste único que sirva para medir
a validade de um modelo VaR, dado que no
backtesting dos modelos podem ser medidas diversas
propriedades desejadas. Por isso, podemos agrupar os
diferentes testes propostos nas seguintes famílias de
teste:
•Testes de cobertura incondicional
O foco exclusivo destes testes é verificar se o VaR
estimado é superado numa porcentagem superior à
do nível de confiança com que foi estimado, ou seja,
99,5% no Solvência II. A probabilidade de que ocorra
uma perda que excede o VaR tem, então, que ser de
0,5%. Se as perdas ocorrem em uma porcentagem
mais elevada, assumindo que dispomos de uma
amostra suficientemente grande, o VaR calculado
subestima o risco da carteira. No caso contrário, ou
seja, quando o número de falhas é muito pequeno, o
modelo poderia estar superestimando o risco.
•Testes de independência
Nos testes de incondicional só se considera o
número de exceções, mas não a forma em que estas
se distribuem ao longo do tempo. Os fracassados
deveriam ocorrer independentemente uns dos
outros, mas os modelos ruins tendem a produzir
sequências consecutivas de excedidos. A análise da
independência pode ser feita aplicando-se diferentes
testes que se concentram em verificar se há alguma
relação entre os fracassados.
•Testes mistos de cobertura incondicional e independência
Os testes mistos examinam as propriedades de
cobertura incondicional e independência ao
mesmo tempo, permitindo identificar modelos que
são deficientes por não superar nenhuma das duas
propriedades. Embora estes testes possam parecer
mais apropriados, já que avaliam simultaneamente as
duas propriedades, sua limitação é a menor capacidade
para detectar medidas de VaR que só violem uma das
39
duas propriedades.
•Testes baseados em vários níveis de VaR
Os testes anteriores analisam exclusivamente a
adequação do VaR para um determinado nível de
confiança. No entanto, uma medida exata do VaR
deveria ser válida para qualquer nível de confiança.
Este tipo de teste significa que, se o cálculo do VaR
for adequado, um VaR a 99,5% deveria ser excedido
em 0,5% dos casos, um VaR a 97,5%, em 2,5%, e
assim por diante. Além disso, as falhas que ocorrem
em um determinado nível também deveriam ser
independentes das que ocorrem em outros níveis de
confiança.
•Testes baseados na função de perdas
Ao invés de focar-se unicamente no número de
excedidos, como os testes anteriores, poderíamos
levar em conta a magnitude dos mesmos. Neste
sentido, se tivermos dois modelos com o mesmo
número de fracassados independentes, a intuição
nos diz que temos de escolher aquele em que a
magnitude dos excessos seja menor, já que, se as
perdas de um modelo já forem grandes demais,
isso poderia ser o resultado de se estar usando um
modelo errôneo. Existem vários testes estatísticos na
literatura especializada que consideram a magnitude
dos excessos na validação de um modelo.
•Outros testes
Além dos testes anteriores, baseados na contabilização
do número de exceções a um nível de confiança ou
vários, sua dependência e estudo do tamanho das
mesmas, podem ser feitas análises complementares,
como, por exemplo, a análise da relação entre o VaR
estimado pelo modelo e a distribuição de perdas e
ganhos reais, estudos para identificar as causas das
exceções, etc. A seguir, vamos nos concentrar na
análise da relação entre os rendimentos e os VaR
estimados, aspecto relacionado com a eficiência da
medida VaR.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
Uma medida adequada do risco deve ser não
só suficientemente conservadora, ou seja, que
proporcione uma cobertura adequada, mas também
deve estar intimamente ligada à exposição ao
risco. Neste sentido, seria aconselhável que os
grandes números de VaR sejam acompanhados de
grandes rendimentos negativos, enquanto que os
VaR pequenos sejam associados com pequenos
rendimentos negativos ou positivos. Diversos testes
podem ser aplicados para verificar se essa relação é
ou não intensa.
Sob a hipótese nula, se o modelo estiver correto,
o POF se distribui com um x2 com um grau de
liberdade, de modo que, se o valor estatístico
superar o valor crítico, a hipótese nula é rejeitada e
o modelo é considerado inadequado. Para um nível
de significância de 5%, rejeita-se a hipótese nula, já
que o valor estatístico (4.675) excede o valor crítico
(3.841), razão pela qual o modelo normal não é
considerado adequado neste teste.
CONCLUSÕES
APLICAÇÃO PRÁTICA
Nesta seção mostraremos uma aplicação simples de
um dos principais testes de backtesting empregados
na literatura especializada para validar um modelo,
usando para isso o caso do risco de renda variável.
Para tanto, analisamos a evolução dos rendimentos
logarítmicos mensais do FTSE-100 durante um
período amplo (216 observações), usando um modelo
baseado na distribuição normal. O backtesting
realizado neste exemplo será feito dentro da amostra,
ou in sample, o que permite calcular a estimação do
risco efetuada pelo modelo em cada momento com as
perdas históricas. Uma vez calculado o VaR estimado
pelo modelo normal para o nível de confiança (1-p)
estabelecido pelo Solvência II de 99,5%, analisaremos
o chamado “teste de cobertura incondicional de
Kupiec” (1995). Da análise da função de falhas do
modelo obteríamos quatro exceções (x=4) para um
VaR de 99,5% e o período analisado (T=216). A
fórmula a seguir calcula o chamado “POF estatístico”:
40
Os modelos internos podem ser usados pelas
companhias seguradoras para calcular as
exigências de capital do Solvência II.Para garantir
que os modelos utilizados sejam adequados, as
normas estabelecem a obrigatoriedade de um
processo de validação dos mesmos. O backtesting
é uma ferramenta quantitativa que permite
verificar se as estimativas resultantes do modelo
seguem ou não a experiência histórica. Existem
outras ferramentas que devem completar esta
análise, tais como a análise de cenários, os testes
de estresse, os testes de estresse reversos, etc. O
estudo das diferentes técnicas de backtesting
mostra que não existe um único teste que
sirva para medir diretamente a validade de um
modelo VaR. Uma vez que os testes analisam
diferentes propriedades que os fracassos de um
modelo devem cumprir, foram estabelecidas
grandes famílias deles que abordam aspectos
complementares da série de fracassos de um
modelo, a fim de garantir que uma companha
seguradora utilize um modelo adequado.
Finalmente, mostramos um exemplo prático de
como o modelo normal não é adequado para o
cálculo da carga de capital no caso do risco de
renda variável da série analisada, utilizando para
tanto um teste de cobertura incondicional.
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Nº 122 - 2015
Estudos
REFERÊNCIAS
CEIOPS (2009): CEIOPS’ Advice for Level 2 Implementing Measures on Solvency II: Articles 120 to 126
Tests and Standards for Internal Model Approval, CEIOPS-DOC-48/09.
DIRECTIVA 2009/138/CE DEL PARLAMENTO EUROPEO Y DEL CONSEJO, de 25 de
noviembre de 2009, sobre el seguro de vida, el acceso a la actividad de seguro y de reaseguro y su ejercicio
(Solvencia II).
DIRECTIVA 2013/58/UE DEL PARLAMENTO EUROPEO Y DEL CONSEJO de 11 de
diciembre de 2013 que modifica la Directiva 2009/138/CE (Solvencia II) por lo que se refiere a sus fechas de
transposición y aplicación, así como a la fecha de derogación de determinadas Directivas (Solvencia I).
DIRECTIVA 2014/51/UE DEL PARLAMENTO EUROPEO Y DEL CONSEJO de 16 de abril
de 2014 por la que se modifican las Directivas 2003/71/CE y 2009/138/CE y los Reglamentos (CE) no
1060/2009, (UE) no 1094/2010 y (UE) no 1095/2010 en lo que respecta a los poderes de la Autoridad
Europea de Supervisión (Autoridad Europea de Seguros y Pensiones de Jubilación) y de la Autoridad Europea
de Supervisión (Autoridad Europea de Valores y Mercados).
Durán, P. y Otero, L.A. (2014): Generación de escenarios económicos para la medición de riesgos de mercado
en Solvencia II a través de modelos de series temporales, Cuadernos de la Fundación Mapfre, No. 203, Madrid.
EIOPA (2013): Directrices sobre la solicitud previa de modelos internos, EIOPA-CP-/13/011.
EIOPA (2014): Directriz sobre el uso de modelos internos, EIOPA-BoS-14/180.
EIOPA (2014): Draft ITS on the approval of an internal model, disponible en
https://eiopa.europa.eu/Publications/Technical%20Standards/IM_ITS_Clean_LegisWrite.docx
[consultado 14/06/2015].
Kupiec, P. (1995): “Techniques for Verifying the Accuracy of Risk Management Models”, Journal of
Derivatives,Vol. 3, pp. 73-84.
REGLAMENTO DE EJECUCIÓN (UE) 2015/460 DE LA COMISIÓN de 19 de marzo de 2015
por el que se establecen normas técnicas de ejecución en relación con el procedimiento relativo a la aprobación de
un modelo interno de conformidad con la Directiva 2009/138/CE del Parlamento Europeo y del Consejo.
41
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Nº 122 - 2015
Estudos
REGLAMENTO DELEGADO (UE) 2015/35 DE LA COMISIÓN de 10 de octubre de 2014 por
el que se completa la Diretiva 2009/138/CE del Parlamento Europeo y del Consejo sobre el acceso a la
actividad de seguro y de reaseguro y su ejercicio (Solvencia II).
[1] O nome “backtesting” foi usado pelo CEIOPS (2009) ao falar de diversas ferramentas para fazer a validação,
mas depois não foi usado nas normas comentadas.
[2] A validação independente quer dizer que as pessoas ou a unidade organizacional que realize o processo de
validação do modelo devem estar livres da influência dos responsáveis pelo desenvolvimento e funcionamento
do modelo interno.
[3] A anotação utiliza significa, a título de exemplo, que um VaR de 25% corresponde a uma queda do mercado
de -25%.
42
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
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Os fenômenos da natureza
nas apólices Todos os
Riscos de Construção
SANTIAGO ORTEGA ESPINOSA
Engenheiro de Estradas, Canais e Portos
Sem dúvida nenhuma os fenômenos da natureza constituem o principal risco
para as obras civis, principalmente para obras lineares, com cobertura do
tipo all risks, Todos os Riscos de Construção, já que sua exposição, a falta de
proteção durante a construção, sua sensibilidade a terremotos, furacões, maré
de tempestade, inundações e danos por água em geral e sobretudo o risco
intrínseco ao multiplicar-se a probabilidade pelas consequências fazem com que
a sinistralidade seja muito elevada.
43
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
As condições para alguns tipos de obra tentam
aliviar as consequências limitando o trecho exposto
(estradas, barragens, transporte por gasoduto, etc.);
no entanto, sem dúvida os danos causados pela água
são os que deixam o mercado segurador de cabeça
para baixo, o que o obriga a delimitar, tanto quanto
possível, a probabilidade de ocorrência, uma vez que
as consequências podem ser avaliadas assumindo-se
diferentes cenários e aplicando os conhecimentos
técnicos fornecidos por muitos estudos universitários
de diversas especialidades.
Sem dúvida alguma, e embora isso seja esquecido
com mais frequência do que o desejado, o único
dado confiável, já que sua determinação se baseia em
estatística e em incontáveis análises matemáticas, é o
Período de Retorno, que podemos definir como o
tempo médio entre dois eventos de magnitude
idêntica ou superior. Assim, se dissermos que o
Período de Retorno para uma precipitação de 54 mm
em 24 horas na cidade de Madri é de dez anos, significa
que essa precipitação se repetirá muito provavelmente a
cada dez anos, podendo, no entanto, ocorrer duas vezes
quase consecutivamente e ficar vinte anos sem se repetir.
É óbvio que não há um banco de dados que
forneça registros de 500 ou mil anos, mas, como
foi mencionado, conhecendo-se o comportamento
dos caudais ou marés de tempestade em um período
mais curto, é possível projetar as previsões com
distribuições como a que propôs Emil Julius Gumbel
(1891-1966). Portanto, há fenômenos meteorológicos
como a chuva ou as inundações associadas que,
sem sombra de dúvida, podem ser determinados
probabilisticamente e, consequentemente, pode-se
determinar com bastante confiabilidade se as chuvas
caídas em um intervalo de tempo são maiores que
as esperadas com um determinado Período de
Retorno. Seria possível, assim, analisar a cobertura
seguradora eliminando aquelas precipitações que, por
sua quantidade, poderiam ser consideradas normais e
que, embora possam causar danos, seriam excluídas
da cobertura. Um exemplo de aplicação pode ser
visto na monografia da Direção Geral de Estradas do
Ministério do Desenvolvimento, “Máximas chuvas
diárias na Espanha Peninsular”.
O Período de Retorno é um requisito fundamental
para o dimensionamento das obras civis, já que uma
ponte sobre um rio deve garantir que o caudal com um
período de retorno de 500 anos passe sem qualquer
problema, ou, se assim se decidir, um quebra-mar
para um porto deve garantir sua estabilidade contra
uma onda de projeto com período de retorno de mil
anos, por exemplo.
44
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
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Estudos
Se tomarmos o mapa de Madri, podemos observar uma precipitação média diária (Pmd) de 38 mm e um
Coeficiente de Variação (CV) de 0,34; depois basta buscar na tabela a seguir o Período de Retorno T desejado
para encontrar o valor CV:
É possível, pois, calcular a precipitação esperada com o Período de Retorno em consideração.Assim, por exemplo,
para T = 10 anos, KT seria igual a 1,423 e, portanto, a precipitação para um Período de Retorno de 10 anos
seria 1,423 x 38 = 54 mm.
Por outro lado, se tivermos evidência de que houve uma precipitação de 54 mm, poderíamos obter KT e,
consequentemente, o Período de Retorno correspondente a essas precipitações.
45
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
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A monografia mencionada trabalha com até quatro funções de distribuição:
A última (máx. SQRT-ET) finalmente é a escolhida por sua maior aproximação à modelagem estatística de
máxima chuva diária e porque fornece resultados mais conservadores do que a tradicional Lei de Gumbel,
embora na realidade todos os valores sejam muito semelhantes para períodos de retorno inferiores a 25 anos.
Dito isto, observa-se que a unidade de medida é o ano e, embora seja possível determinar períodos de retorno
correspondentes a outras janelas temporárias, seu trabalho é mais complexo, uma vez que seria necessário pegar
os dados das janelas em estudo e fazer seu cálculo, trabalho que é realizado em muitas estações meteorológicas
com períodos anuais e na própria monografia, como foi exposto.
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS CLÁUSULAS RELACIONADAS COM
FENÔMENOS DA NATUREZA LIGADOS À CLIMATOLOGIA
Os 44 anos de experiência profissional do autor deste
artigo, 33 dos quais ligados ao setor segurador, lhe
permitem dar umas pinceladas históricas sobre o
desenvolvimento temporal das cláusulas relacionadas
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aos fenômenos da natureza.Assim, em 1981, no início
da atividade profissional ligada ao seguro, a cláusula
de influências atmosféricas era simplesmente:
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“Em nenhum caso serão considerados
garantidos os danos materiais causados aos
bens segurados pelas influências normais do
clima”.
Algo sem dúvida muito simples, mas com uma
grande dificuldade de interpretação por ser preciso
elucidar em qualquer sinistro o limiar entre normal e
anormal, conceito meramente subjetivo e que causava
interpretações conflitantes.
Por isso, no decorrer de um seminário sobre seguros
no Colegio de Ingenieros de Caminos, Canales y
Puerto no início da década de 1980, houve uma
palestra intitulada “Do normal ao acidental, do
previsível ao imprevisível”, durante a qual ficou
evidente a incoerência da exclusão, considerandose que a Engenharia Civil aplicava regularmente
o conceito de Período de Retorno acima de tudo,
como já se comentou, em obras hidráulicas, obras
marítimas e dimensionamento de drenagem em
obras lineares, sendo lógico trazer o mesmo conceito
para as coberturas de seguros.
Esta semente deu frutos e, depois de um estudo
ininterrupto feito por técnicos ligados ao setor
segurador e à universidade, essa cláusula foi modificada
com acréscimos:
“Por “influências normais do clima” serão
entendidos os fenômenos climáticos que
não excedam a intensidade média diária
correspondente a um período de retorno de
10 anos, de acordo com o registro feito no dia
do sinistro, medido na estação meteorológica
mais próxima da área sinistrada”.
Aproveitando as diferentes publicações que
apresentam os mapas de isoietas (linhas de precipitação
idêntica), era fácil determinar, como já foi exposto,
a quantidade de chuva para o período de retorno
desejado e no lugar exato e, portanto, algumas vezes
a cláusula utilizada era:
47
“Não obstante o disposto acima, ficam
excluídos de qualquer forma os danos
causados pela intensidade ou em consequência
das chuvas de intensidade inferior a AAA
litros por m2 (mm) por dia, segundo registro
da precipitação diária acumulada no dia do
sinistro medido na estação meteorológica
mais próxima da área sinistrada”.
Tudo isso resultou na cláusula que se transcreve a
seguir e que é aquela que até hoje continua em vigor
em muitas seguradoras do nosso mercado:
“A
companhia
indenizará
única
e
exclusivamente os danos materiais diretos
sofridos pelos bens segurados devido à chuva,
enchente e inundação, se na concepção e na
execução do projeto tiverem sido tomadas as
medidas adequadas de segurança contra tais
atos.
Não obstante o disposto acima, ficam
excluídos de qualquer forma os danos
materiais causados pelas chuvas de intensidade
média diária, ou resultantes delas, segundo o
registro da precipitação diária acumulada no
dia do sinistro, inferior à correspondente a um
período de retorno de XXX anos, tendo como
referência a série de valores máximos anuais
registrados em um dia, tudo isso segundo
as medições na estação meteorológica mais
próxima da área sinistrada.
Em caso de enchente e inundação, a companhia
somente indenizará os danos quando essa
enchente e inundação for maior que a
correspondente a um período de retorno de
YYY anos, de acordo com as medições feitas
pelo observatório mais próximo do local do
sinistro”.
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As dificuldades em obras lineares geralmente eram
encontrar uma medição confiável nas proximidades,
dada a carência de estações meteorológicas no
ambiente, ou a análise de tempestades que poderiam
afetar seriamente a obra sem que se registrassem
as precipitações na estação meteorológica mais
próxima, sendo a boa vontade das partes o que por
fim possibilitava acordos em caso de discordância.
Ao trabalhar com intensidades diárias, poderia
acontecer que, em caso de chuvas fortes e prolongadas,
houvesse mais de um dia em que se ultrapassasse
a chuva correspondente ao período de retorno
considerado e, portanto, era preciso considerar
vários sinistros, aplicando a cada um sua franquia
correspondente, motivo pelo qual, e para favorecer
os interesses do segurado, aplicava-se a chamada
Cláusula de 72 horas, que em sua versão inicial era
simplesmente:
“Em
esclarecimento
à
definição
de
sinistro contida nas Condições Gerais, fica
expressamente acordado para os fins desta
apólice que terão a condição de um só sinistro
os danos produzidos pelos riscos da natureza
que acometam os bens segurados ocorridos
em um período de 72 horas consecutivas como
resultado de uma mesma causa ou evento,
tomando-se como data de início aquela em
que ocorrer o primeiro dos danos”.
Fazendo um parêntese na cronologia histórica, as
obras lineares (estradas de ferro, gasodutos, oleodutos,
canais, etc.) apresentam uma dificuldade adicional
devido à maior exposição das obras de terra
(nivelamento, limpeza do terreno e terraplenagem)
durante o período de construção, que muitas vezes
geram assentamentos e deslizamentos de terra com
danos materiais importantes que podem ocorrer
em diferentes pontos da obra, às vezes separados por
dezenas de quilômetros.
48
Inclusive pode acontecer de, durante um período
contínuo de chuvas, não haver sinistros e de estes
serem observados imediatamente após tal período em
consequência da saturação do solo ou da elevação do
nível freático durante tal período de chuvas, motivo
pelo qual a Cláusula de 72 horas evoluiu, dando ao
segurado o poder legal de estabelecer o início e o fim
desse período.
“…O início do período de 72 horas será
estabelecido a critério do segurado, sem que
se permita a coincidência de dois ou mais
períodos de 72 horas em caso de danos que
ocorram no decorrer de um período mais
longo”.
Estas singularidades das obras civis juntamente com
a globalização das construtoras e a concorrência
internacional nos chamados Grandes Riscos deu
origem à subscrição de apólices em condições muito
especiais. Reitera-se que isso se deu só nas
apólices para Grandes Riscos, que modificaram
as cláusulas comentadas anteriormente até que
chegassem a ser as que são objeto deste artigo,
favorecendo claramente os interesses dos segurados,
obviamente com a expressa aceitação das seguradoras.
Utiliza-se apenas em tais apólices, sem que isso possa
ser generalizado a todas, a seguinte cláusula:
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“A
determinação
das
condições
meteorológicas de referência será feita com
base nas informações disponíveis nos centros
meteorológicos mais próximos do local da
obra, considerando-se o período que começa
15 dias antes da data de ocorrência da perda
ou dano e termina 15 dias após o mesmo,
durante os dez anos que antecederam a perda.
Consequentemente,
somente
serão
indenizáveis as perdas ou danos causados
por chuvas, enchentes ou inundações devidas
diretamente à chuva quando a precipitação
acumulada durante o dia do sinistro, registrada
nos mesmos centros meteorológicos, exceder
a precipitação máxima acumulada em um dia
registrada no mesmo período do ano durante
os dez anos precedentes à perda, conforme
se indica na determinação das condições
pluviométricas de referência.
Não obstante o disposto acima, se os danos
resultantes do sinistro foram causados por
condições climáticas adversas ocorridas
durante um período consecutivo de dois
ou mais dias desde o início do sinistro, este
será indenizável se a precipitação acumulada
durante esse período de dois ou mais dias
exceder a precipitação máxima acumulada
durante um período idêntico (considerandose 15 dias antes e 15 dias depois da data de
início do sinistro) e tendo como base os dez
anos anteriores ao sinistro”.
Se analisarmos esta cláusula de “influências
meteorológicas”, é facil observar que ela nada diz
sobre Períodos de Retorno, já que comparar chuvas
em certo período com as ocorridas no mesmo
período, 15 dias antes ou 15 dias depois nos dez anos
anteriores não tem nada a ver com a definição exposta
anteriormente, e a probabilidade de ocorrência é
49
muito maior, como demonstra o número de sinistros
que está sendo gerados, o que não coloca de forma
nenhuma em dúvida a cobertura dos mesmos, já que
a condição é aceita por ambas as partes, segurado e
segurador.
Como se comentou anteriormente, a probabilidade
de as chuvas ocorridas em um intervalo de tempo
excederem as correspondentes a Períodos de Retorno
de, por exemplo, dez anos, considera intervalos diários
de 24 horas ou até mesmo intervalos de uma hora
para tempestades, e estes são dados que podem ser
extraídos para muitos projetos de engenharia, uma
vez que é o mesmo que as chuvas que ocorram em
20 de janeiro ou 24 de março.
Prosseguindo com o exemplo comentado
anteriormente, se 54 mm correspondem a
precipitações de um período de retorno de dez anos,
sua probabilidade de ocorrência é 1/10 quando se
trata de período anual, mas, se condicionarmos a que
as chuvas ocorram em um determinado dia e de uma
forma simplista, a probabilidade se converteria em 1/
10×365 = 1/3.650.
É óbvio que para qualquer analista de risco não é a
mesma coisa excluir sinistros relativamente frequentes
de probabilidade 1/10 que excluir sinistros de
probabilidade remota de 1/3.650, já que praticamente
se estaria cobrindo uma enorme quantidade de
eventos e não é isso o que se quer, nem é o objetivo
da cláusula tradicionalmente usada nas apólices do
tipo all risk, Todos os Riscos de Construção.
Também é óbvio que a cláusula mencionada não é
tão rigorosa ao considerar períodos mensais, mas sua
probabilidade é impossível a priori de calcular, uma
vez que estabelece também o acúmulo de chuva em
períodos mais extensos e sem quantificação, passando
de chuvas acumuladas em um dia para chuvas
acumuladas em dois, três ou até mesmo trinta dias, se
durantes os mesmos não tiver parado de chover.
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Apenas como um simples exemplo, pode-se ver a complexidade técnica analisando a seguinte planilha fornecida
pela AEMET, correspondente a uma estação de medição entre os meses de outubro e novembro para o período
2002/2012.
Isso nos leva a considerar que não há base técnica
possível para o cálculo do prêmio,e,consequentemente,
os erros cometidos na consideração de probabilidades
aumentam a sinistralidade acima do normal gerado,
razão pela qual, e retomando as bases técnicas
que devem prevalecer na subscrição dos riscos, as
companhias de seguros estão introduzindo cláusulas
que, baseadas nos períodos de retorno, estabelecem
janelas temporais (de três meses, por exemplo) para
aplicar mais rigorosamente as variações sazonais
que existem nos fenômenos da natureza e que com
maiores dificuldades para o cálculo inicial, mas de
qualquer forma possíveis, nos levariam em Grandes
Riscos a:
“Em esclarecimento à exclusão expressa nas
Condições Gerais, a seguradora somente
indenizará os danos causados por fenômenos
50
meteorológicos como chuva, vento, neve,
enchentes, etc. quando, de acordo com os
dados coletados pelas estações meteorológicas
oficiais de medição mais próximas da área
sinistrada, eles excederem os correspondentes
a um período de retorno de 10 anos.
Para o cálculo do período de retorno em caso
de chuva, serão tomados como referência os
valores máximos dos 45 dias anteriores à data do
sinistro e dos 45 dias posteriores da quantidade
de chuva acumulada em um dia segundo a
série histórica de registros disponíveis nas
estações meteorológicas oficiais de medição
mais próximas do local onde ocorreram danos.
Para os demais fenômenos, será considerado o
valor máximo do período”.
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Sem dúvida alguma e, embora a análise prévia de
risco se complique extremamente, cláusulas deste
tipo são as que deveriam ser instauradas no futuro
para os Grandes Riscos, por manter o cálculo de
probabilidade baseado no Período de Retorno e
corrigi-lo de acordo com as variações sazonais, já que
normalmente os fenômenos da natureza associados
ao clima costumam se distribuir em janelas temporais.
Embora ambas as cláusulas (influências meteorológicas
e 72 horas) tenham um senso comum por serem
normalmente aplicadas a sinistros ocorridos em um
período, elas precisam ser tratadas separadamente.
Independentemente do que já foi mencionado
sobre a dificuldade de determinar as probabilidades
de ocorrência seguindo a redação da Cláusula de
Influências Meteorológicas das apólices globais,
não há dúvida de que, ao ser aceita pelo segurado
e pela seguradora, restará apenas verificar os
períodos de chuva considerados com os ocorridos
nos dez anos anteriores, já que é o que determina a
condição voluntariamente acordada entre segurado
e seguradora.
Se for importante para a correta aplicação destas
cláusulas, há que partir da definição de franquia, que,
de acordo com o Dicionário de Termos de Seguros
da Fundación MAPFRE, reconhecido em toda a
área seguradora espanhola, é:
“A quantia com a qual o segurado é o
próprio segurador de seus riscos e em virtude
da qual, em caso de sinistro, suportará com
seu patrimônio a parte de danos que lhe
corresponder”
No caso de um sinistro que afete apenas uma apólice,
podem ser aplicadas uma ou mais franquias, servindo,
por exemplo, de modelo as aplicadas a Danos
Materiais e Perda de Lucros, que, apesar de serem
provenientes de uma única causa, têm cada uma suas
respectivas franquias.
51
Lendo atentamente a Cláusula de 72 horas, temos:
“Para efeitos de aplicação das franquias, (está
claro que se fala no plural), toda ocorrência de
perda ou dano causada pelos riscos da natureza,
tais como tormentas, tempestades, inundações
e terremotos, ou como resultado de colapso,
afundamento ou outro movimento de terras
associado a esses riscos, procedentes de uma
causa comum que ocorra durante um período
de 72 horas consecutivas, será considerada
como um único acontecimento e estará
sujeita à aplicação de uma única franquia. O
início do período de 72 horas será estabelecido
a critério do segurado, sem que se permita
a coincidência de dois ou mais períodos de
72 horas em caso de danos que ocorram
num período mais longo”. (na aplicação literal,
não poderia existir mais que um único período de
72 horas à escolha do segurado, o que causaria a
possibilidade de se estabelecer um segundo período,
com início estabelecido de forma a não coincidir
com o anterior)
A redação desta cláusula em inglês é: “Occurrence.
It is agreed that any loss of or damage to
the insured property arising during any one
period of 72 consecutive hours, caused by
storm, cyclone, tempest, flood or earthquake
shall be deemed as a single event and therefore
to constitute one occurrence with regard to
the deductibles stated in the Schedule.
For the purpose of the foregoing the
commencement of any such 72 hours period
shall be decided at the discretion of the Insured,
it being understood and agreed however that
there shall be no overlapping in any one, two
or more such 72 hours periods in the event
of loss or damage occurring over a more
extended period of time”.
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Ela tem a mesma interpretação que a versão em
espanhol.
Por observar-se a redação da cláusula e exatamente
ante a dificuldade de estabelecer o período específico
de 72 horas é que normalmente se avaliam todos os
danos e se aplica uma franquia por cada 72 horas do
período total durante as quais as chuvas ocorrem. O
fato de que a cláusula de Influências Meteorológicas
permite considerar, para que um evento da natureza
DISCREPÂNCIAS COM A
INTERPRETAÇÃO DA DGSFP
O que foi exposto anteriormente leva a
discrepâncias com o que expressou a Direção Geral
de Seguros e Fundos de Pensão no Expediente de
Referência 00000079/2011 quanto à interpretação
restritiva da Cláusula de 72 horas e que, devido à
sua importância, é necessário esclarecer, dado
que ela é o oposto do que o setor segurador vem
aplicando normalmente.
A razão para a resposta da DGSFP parte de
uma premissa falsa, visto que não há nada mais
distante da realidade que considerar habitual
nas Condições Todos os Riscos de Construção
as cláusulas expostas para Grandes Riscos ou as
apólices chamadas Globais, uma vez que elas se
aplicam somente em uma porcentagem muito
pequena de apólices e obviamente nas apólices
relacionadas com as empresas mais importantes do
nosso país. Mais de noventa por cento das apólices
TRC incluem coberturas clássicas com Período
de Retorno de dez anos.
Realizando uma amostragem no mercado, apenas
as empresas conhecidas como “globais” usam esse
tipo de condições, muito sujeito às condições do
52
seja considerado como causa de sinistro, um número
ininterrupto de dias durante os quais sejam superadas
as condições de eventos de igual duração no intervalo
de 15 dias antes e 15 dias depois e durante os dez
anos anteriores não anula a cláusula de 72 horas,
já que, como foi exposto, fica clara sua referência
à aplicação de franquias e, conforme se comentou,
podem ser várias as franquias aplicáveis a uma apólice
em consequência de uma única causa sinistral.
resseguro internacional, que interpreta a Cláusula
de 72 horas da mesma forma que o autor do artigo,
que teve experiências em outros sinistros ocorridos
em riscos em que a aplicação de franquias para
cada período de 72 horas não levantou qualquer
dúvida e o término foi aceito pelo segurado sem
nenhum tipo de objeção.
O fato de haver uma causa única não significa que
seja aplicável uma só franquia, e realmente fica claro
que, com cobertura de Perda de Lucros, seriam
igualmente aplicáveis duas ou até mais franquias.
Portanto, é preciso demonstrar a discrepância
com o processo dedutivo que se aplica de forma
subjetiva na Resposta da Subdireção Geral de
Gestão do Mercado de Seguros.
En dicho proceso deductivo, en su punto cuarto,
textualmente recoge:
“…Em seguida, cabe localizar a franquia no
tempo, já que os danos têm uma localização
temporária e há só uma franquia, então
haveria dois benefícios para o segurado: um
primeiro benefício derivado da aplicação de
uma franquia única e um segundo, derivado
de que o tomador decide onde a localiza”
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O que foi exposto anteriormente leva a
discrepâncias com o que expressou a Direção
Geral de Seguros e Fundos de Pensão no
Expediente de Referência 00000079/2011 quanto
à interpretação restritiva da Cláusula de 72 horas
e que, devido à sua importância, é necessário
esclarecer, dado que ela é o oposto do que o setor
segurador vem aplicando normalmente.
A razão para a resposta da DGSFP parte de
uma premissa falsa, visto que não há nada mais
distante da realidade que considerar habitual
nas Condições Todos os Riscos de Construção
as cláusulas expostas para Grandes Riscos ou as
apólices chamadas Globais, uma vez que elas se
aplicam somente em uma porcentagem muito
pequena de apólices e obviamente nas apólices
relacionadas com as empresas mais importantes
do nosso país. Mais de noventa por cento das
apólices TRC incluem coberturas clássicas com
Período de Retorno de dez anos.
Realizando uma amostragem no mercado, apenas
as empresas conhecidas como “globais” usam esse
tipo de condições, muito sujeito às condições
do resseguro internacional, que interpreta
a Cláusula de 72 horas da mesma forma que o
autor do artigo, que teve experiências em outros
sinistros ocorridos em riscos em que a aplicação
de franquias para cada período de 72 horas não
levantou qualquer dúvida e o término foi aceito
pelo segurado sem nenhum tipo de objeção.
O fato de haver uma causa única não significa
que seja aplicável uma só franquia, e realmente
fica claro que, com cobertura de Perda de
Lucros, seriam igualmente aplicáveis duas ou até
mais franquias. Portanto, é preciso demonstrar
a discrepância com o processo dedutivo que
se aplica de forma subjetiva na Resposta da
Subdireção Geral de Gestão do Mercado de
Seguros.
CONCLUSÃO
Como resumo do que foi exposto acima, pode-se
observar que:
•O que foi exposto anteriormente leva a
discrepâncias com o que expressou a Direção Geral
de Seguros e Fundos de Pensão no Expediente de
Referência 00000079/2011 quanto à interpretação
restritiva da Cláusula de 72 horas e que, devido
à sua importância, é necessário esclarecer, dado
que ela é o oposto do que o setor segurador vem
aplicando normalmente.
•O mercado segurador mundial é unânime na
aplicação da Cláusula de 72 horas, considerando
tantas franquias quanto os períodos de 72 horas
que houver na duração do sinistro.
53
•Esta interpretação é favorável aos interesses do
segurado, já que o texto literal obrigaria a espaçar
os períodos, por não poderem coincidir dois ou
mais intervalos de 72 horas em caso de danos que
ocorram em um período mais longo.
•Não há nenhum tipo de regulamentação que
impeça a aplicação de duas ou mais franquias na
mesma apólice e pela mesma causa.
•A consideração de Grande Risco elimina as “letras
miúdas”, por estarem pactuadas todas as condições
entre segurado e segurador com a mediação dos
corretores globais.
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Nº 122 - 2015
Estudos
Gestão integrada do risco
na agricultura
ANTÔNIO MÁRCIO BUAINAIN
Professor do Instituto de Economia da Unicamp
PEDRO LOYOLA
Economista da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (FAEP)
Não há melhor imagem para expressar as relações entre risco e agricultura do
que a de uma ilha cercada — e também coberta — de riscos de todos os lados.
Classicamente se mencionam pelo menos os riscos associados às incertezas
climáticas e dos mercados, que afetam a produção e os preços. Trabalho recente
do Banco Mundial, em colaboração com a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) e o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) do Brasil se refere a 8 dimensões do risco agropecuário, agrupados em
três grupos: risco de produção, risco de mercado e riscos do ambiente de negócio.
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
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Estudos
QUADRO 1. POLÍTICAS INTEGRADAS DE MITIGAÇÃO DE RISCOS: TIPOLOGIA DOS RISCOS:
Grupos de
Riscos
Risco de
Produção
Risco de
Mercado
Ambiente de
Negócios
Dimensões Temáticas
Exemplos de Eventos
Eventos climáticos extremos e
incêndios
Secas prolongadas, geadas, excesso de chuva e inundações,
ventos fortes
Sanidade Animal
Surtos de febre aftosa, BSE (vaca louca), Newcastle, etc.
Sanidade Vegetal
Introdução de novas pragas e doenças no país. (ex. lagarta
helicoverpa armigera)
Gestão da Produção e de
Recursos Naturais
Mudanças nas outorgas de água, na fiscalização, na
disponibilidade de mão de obra
Comercialização (preço de
insumos e produtos) e Crédito
Variação significativa dos preços dos produtos e insumos, nas
taxas de câmbio, taxas de juros, mudanças nos termos dos
créditos.
Comércio Externo
Fechamento de mercados para exportação; mudanças no
acesso à importação de insumos.
Logística e Infraestrutura
Greves nos portos, fechamentos em rodovias/hidrovias/
ferrovias; mudanças nos incentivos à armazenagem
Marco Regulatório, Políticas,
Instituições e Grupos de
Interesse
Mudanças em leis/regulações (ambientais, trabalhista,
insumos, terra) mudanças de orientação em instituições
públicas de apoio, modificações na interpretação de
normativas.
Fonte: Banco Mundial (2015)
Uma pergunta relevante, que muitos pesquisadores têm se colocado, é se os riscos agropecuários estão aumentando
ou se reduzindo. Buainain et. al. (2014) sustentam que, na agricultura brasileira, os riscos estão aumentando e se
multiplicando, assim como também os impactos potenciais negativos de ocorrências indesejáveis. De um lado, a
agricultura moderna é intensiva em capital, o que eleva a sensibilidade às variações das condições que cercam e
encobrem a ilha. De outro, a agricultura está plenamente inserida na economia global, e pode sofrer, de forma
quase direta e imediata, os efeitos da batida das asas da borboleta no outro lado do mundo, tal como indicado
pela Teoria do Caos.
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Estudos
“Houve um tempo em que os riscos para os produtores extensivos eram menores porque os investimentos e os
gastos em geral eram menores, e, por isso, as eventuais perdas provocadas por variações do clima, flutuações do
mercado e mudanças institucionais eram também menores. Mas os fatores de risco multiplicaram- se ao longo
das últimas décadas: produtores superespecializados ficaram mais sujeitos às condições de um único mercado do
que aqueles que têm produção mais diversificada, pois que é menor a probabilidade de todos os mercados caírem
ao mesmo tempo. A modernização, a intensificação da produção e a inserção em múltiplos circuitos
financeiros são processos que, em geral, elevam a vulnerabilidade dos produtores, além de exigirem
a utilização de complexos instrumentos de gestão de risco, seja para evitar, seja para reduzir os
efeitos danosos dos riscos.” (Buainain et. al. 2014, p. 179, destaque nosso).
FIGURA 1. GESTÃO INTERGRADA DO RISCO NA AGRICULTURA
Fonte: Banco Mundial (2015)
Não há dúvida que, para os produtores rurais, os riscos são hoje mais elevados do que no passado, uma vez que
os investimentos e patrimônio envolvidos na produção agropecuária são substancialmente maiores.
Os riscos agropecuários são também relevantes para os países. Segundo estimativas do Banco Mundial, como se
pode ver no gráfico abaixo, o Brasil perde 1% de crescimento do PIB agrícola anualmente por riscos extremos,
e praticamente todos os anos de crescimento negativo do PIB agrícola estão associados a perdas elevadas devido
à ocorrências extremas, que poderiam ter sido reduzidas com uma melhor gestão de risco.
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GRÁFICO 1 – PERDAS ANUAIS EXTREMAS (1 DESVIO PADRÃO) DA PRODUTÇÃO AGRÍCOLA
DO BRASIL (% DO VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA DE 2013)
Fonte e elaboração: Banco Mundial Brasil (2015)
Estas constatações colocam a gestão de risco, em suas múltiplas dimensões, como estratégica para o sucesso e
sustentabilidade dos empreendimentos rurais, sejam pequenos, médios ou grandes. A gestão de risco é hoje
indissociável da gestão da produtiva, comercial e financeira, e está (ou deveria estar) presente em todas as decisões
relevantes dos produtores, da escolha da semente, aquisição dos insumos, venda dos produtos até a opção de
financiamento que utilizará.
DIMENSÕES DO RISCO DA AGROPECUÁRIA: DA MITIGAÇÃO E INTUIÇÃO À
GESTÃO INTEGRADA E TÉCNICA
Até o passado recente os produtores rurais faziam gestão de risco de forma intuitiva, com base na experiência
e conhecimentos tradicionais, transmitidos de pai para filho: antes de setembro não se planta milho porque
o pé não brota com força; a soja deve ser semeada depois da primeira chuvarada de outubro. Também se
preocupavam mais com a mitigação e reivindicavam garantias e compensações junto aos governos, para quem os
riscos eram (ou deveriam ser) transferidos, quase sempre de maneira custosa e ineficiente, seja para os próprios
produtores seja para a sociedade em geral. O elevado custo para o Tesouro Nacional das sucessivas renegociações
de dívidas dos produtores rurais brasileiros, que se acumularam devido a eventos climáticos adversos e a variações
súbitas nas condições dos mercados – em parte devido a intervenções intempestivas do próprio Governo —,
é uma confirmação de que, no mundo contemporâneo, não é possível ignorar o risco e deixar para tratar as
consequências, apenas quando e depois que o pior tiver ocorrido.
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A partir de meados da década de 90, tanto os produtores rurais como os governos, depois de acumularem perdas
relevantes, evoluíram na direção de um tratamento integrado para o risco. A partir de uma análise objetiva dos
riscos envolvidos, a gestão inclui desde medidas para eliminar, prevenir e reduzir os riscos até aquelas para mitigar
os efeitos indesejáveis, para os produtores e sociedade em geral. No entanto, é preciso ter claro que a gestão de
risco é responsabilidade de todas as partes interessadas, e não apenas dos produtores ou dos governos. De fato,
dificilmente se poderá ter êxito sem que cada um – produtores, mercado e governo — faça a sua parte. A tabela
abaixo exemplifica diferentes estratégias de gestão de risco, distribuindo as ações/responsabilidades entre estes
três níveis institucionais: produtores/comunidades, mercado e governo.
Tabela 1– Estratégia de gerenciamiento de risco na agropecuária
Nivel institucional
Estratégias
Hacienda/Comunidad
Prevenção
Mitigação
Enfrentamento
Escolha tecnológica
Mercado
Gobierno
Treinamento em técnicas
de gestão de risco
Políticas macroeconômicas;
prevenção contra desastres;
prevenção de doenças em
animais
Contratos de derivativos;
seguro rural; integração
vertical; comercialização
Diversificação produtiva;
realizada ao longo do ano (não
compartilhamento de cultura
focada na safra); diversificação
dos investimentos financeiros;
trabalho fora da fazenda
Empréstimo tomado de
familiares, amigos e da
comunidade
Venda de ativos; tomada de
empréstimos; renda fora da
agricultura
Sistema tributário de renda
progressivo; programas
contracíclicos; medidas de
biossegurança
Assistência social; programa
de suporte ao agricultor
Fonte: adaptado de Organização Econômica para Cooperação e Desenvolvimento (2009)
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RISCOS DA PRODUÇÃO
O risco da produção está diretamente associado à
ocorrência de eventos climáticos e incêndios – que
na maioria dos casos também estão relacionados
às condições climáticas. Secas prolongadas, geadas,
excesso ou falta de chuvas durante etapas específicas
do processo produtivo, ventos e inundações afetam
diretamente os resultados da produção agropecuária.
Os riscos sanitários, tanto animal como vegetal,
também são particularmente relevantes em países
como o Brasil, que não tem um sistema de alerta
e defesa sanitária eficaz. Hoje os produtores contam
com boas ferramentas para lidar com estes riscos,
como monitoramento do clima com base em
modelos extremamente complexos que processam
um volume de informações impensadas há apenas
poucas décadas e a utilização de ferramentas como
a do zoneamento agrícola de risco climático, que
se traduzem em previsões climáticas e escolhas
tecnológicas mais acuradas para reduzir os riscos de
produção, ou ainda o recurso ao seguro rural, que
reduz as perdas econômicas e financeiras no caso
de ocorrência extremas. Ainda assim, o fato é que
o aumento da frequência dos eventos extremos têm
elevado os riscos de produção, desafiando produtores,
governos e mercados a aperfeiçoar os mecanismos de
prevenção e mitigação das consequências de eventos
que afetam negativamente a produção agropecuária.
RISCOS DE MERCADO
Os riscos de mercado estão direta e principalmente
associados à comercialização e às condições e
disponibilidade de crédito. Os produtores rurais
estão à mercê das flutuações dos preços dos produtos
e dos insumos, da taxas de cambio e de juros, às
condições de liquidez do mercado financeiro. É
certo que um grupo de produtores dispõe, hoje,
de vários mecanismos para lidar com estes riscos,
desde as vendas nos mercados futuros, operações de
hedge até os contratos de produção, mas ainda assim
não se pode dizer que os riscos de mercado sejam
59
menores do que no passado, pois do outro lado se
registra um aumento da volatilidade dos preços dos
produtos agropecuários e dos mercados de câmbio,
cuja valorização / desvalorização altera radicalmente
os parâmetros básicos das economias nacionais.
Na agricultura moderna, a disponibilidade e as
condições do crédito rural são variáveis chaves para os
resultados obtidos pelos produtores. A súbita redução
de liquidez decorrente da crise financeira global de
2008 expôs, de forma clara, esta vulnerabilidade.
No Brasil, muitas empresas do setor sucroalcooleiro,
que se encontravam em fase de expansão e vinham
mobilizando capital para financiar planos ambiciosos
de investimento na esfera agrícola e industrial,
perderam sustentação de hora para outra, e passaram
a enfrentar problemas financeiros e produtivos devido
à mudança nas condições de financiamento.
Ainda neste eixo, encontra-se o risco associado
às condições do comércio externo, que não se
resumem às flutuações de preços, mas à própria
instabilidade institucional que caracteriza os fluxos
de comércio agrícola. Tratam-se de mercados forte e
crescentemente regulados, nos quais vários governos
continuam intervindo de forma ad hoc, nem sempre
pautados por razões objetivas e acolhidas pelas regras
definidas no âmbito dos organismos internacionais
competentes. As alegações vão desde assegurar a
segurança alimentar do país – ainda confundida
com autossuficiência alimentar — aos problemas
sanitários, que nem sempre são fundados. O fato
é que tal risco não pode ser ignorado, e deve ser
tratado na esfera política e diplomática, seja por meio
de regras mais claras que reduzam a margem de
interpretações oportunistas seja pelo fortalecimento
dos compromissos com as regras de comércio
mundial.
O maior desafio, no caso dos riscos de mercado, é
ampliar o acesso dos produtores aos mecanismos
de proteção oferecidos pelo próprio mercado, em
particular daqueles de menor porte, e trabalhar no
sentido de melhorar a governança dos mercados
agropecuários, tanto no plano nacional como
internacional.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
RISCOS DO AMBIENTE DE
NEGÓCIOS
O ambiente de negócios, e não apenas a Natureza,
carrega vários riscos para os agricultores, e contribui
para potencializa-los e ou mitiga-los. No caso do
Brasil, o estudo do Banco Mundial/Embrapa/MAPA
apontou os riscos associados ao déficit logístico e de
infraestrutura do país, que tornam de certa forma
imprevisíveis as condições e custos de comercialização
da safra agrícola, o acesso aos mercados e, por
conseguinte, o próprio cumprimento dos contratos
realizados. Em muitos casos este risco específico se
combina com fatores climáticos, como a ocorrência
de chuvas – que não precisam ser necessariamente
em excesso — para impedir o acesso às áreas de
produção, comprometendo a comercialização da
safra ou a entrega de insumos para a produção.
associados a intervenções imprevistas e à adoção de
procedimentos que impõem perdas aos produtores.
As intervenções ad hoc nos mercados agropecuários
não são ações do passado. Entre os anos 2008-2014 os
preços da gasolina e óleo diesel foram praticamente
congelados no Brasil, o que comprometeu seriamente
o mercado de álcool combustível, potencializando
o risco de preço que os produtores sequer estavam
considerando, haja vista as excelentes perspectivas
de mercado estabelecidas em todos os cenários
desenhados antes da intervenção ad hoc no mercado
de combustíveis fósseis.
Neste mesmo setor, a mudança nas regras de tributação
que asseguravam um diferencial competitivo para o
álcool combustível vis a vis a gasolina, exemplifica
como as mudanças institucionais e a atuação –legítima,
diga-se de passagem— dos grupos de interesse
também implicam em riscos para os produtores.
O (POUCO PERCEBIDO) RISCO
TECNOLÓGICO
Também neste eixo se inclui os riscos associados
aos marcos regulatórios, cujos ajustes muitas vezes
modificam de forma significativa as regras até então
vigentes, e provocam perdas e ou necessidade de gastos
de adequação relevantes e que não eram previstas
pelos produtores. Na mesma linha, as políticas
públicas e as instituições, de grande importância para
a agricultura, se por um lado têm o papel de proteger
o setor, também podem carregar e potencializar riscos
60
Buainain et. al. (2014, p. 194) sustentam que a dinâmica
produtiva baseada no uso intensivo de tecnologia
envolve um risco tecnológico, que tem sido pouco
percebido, mas que está sempre ameaçando o
segmento, que depende da “continuidade do processo
de inovação, seja para responder aos problemas
criados pela própria tecnologia, desde a resistência
às pragas até a queda da produtiva, seja para assegurar
novos ganhos de produtividade e rentabilidade”, seja
ainda, complementamos, para se adequar a produção
agropecuária as crescentes exigências socioambientais
e de segurança dos alimentos. Concluem eles: “esta
é uma das dimensões do risco tecnológico. Existem
outras, e, inclusive, algumas das tecnologias que
contribuíram para o sucesso da agricultura brasileira,
a exemplo dos eventos transgênicos, apresentam
contornos indefinidos.”
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
MECANISMOS DE GESTÃO DE RISCO
NO BRASIL
São muitos os mecanismos de gestão e as estratégias
para reduzir e ou conviver com os riscos, e na
avaliação de Buainain, Cury e Vieira (2011, p.15) “os
produtores rurais brasileiros dispõem hoje de um
conjunto de mecanismos para administrar os riscos,
alguns mais desenvolvidos e de uso mais disseminado
e abrangente e outros em situação embrionária e ou
com utilização mais seletiva entre os produtores.”
O Banco Mundial às agrupa em três grandes eixos,
conforme a tabela abaixo.
TABELA 2 – ESTRATÉGIAS
DE GESTÃO DE RISCOS
AGROPECUÁRIOS
Mitigação: Ações para prevenir, reduzir ou
eliminar a ocorrência de eventos/ impactos
econômicos negativos à produção agropecuária,
como: investimentos em infraestrutura e logística
para escoamento da produção e armazenamento;
infraestrutura de dados agroclimáticos e sistemas de
informação (zoneamentos, alertas), de drenagem,
em sistemas de irrigação, na diversificação da
produção, no melhoramento genético preventivo,
na adoção de práticas e sistemas mais adaptados e
conservacionistas, etc.
Transferência: Ações para transferir o risco a
uma terceira parte, com um custo (prêmio). Como
exemplo, citamos instrumentos financeiros como
seguros, resseguros, coberturas de preço, etc.
Resposta: Ações que acontecem depois do
evento (ex-post), voltadas para reconstruir ou
compensar perdas ocasionadas pela ocorrência,
que podem ser exemplificadas em: apoio
emergencial aos produtores, reestruturação de
dívidas, reconstrução de infraestrutura produtiva
ou de transporte, etc. Uma importante ação
de resposta que acontece de forma ex-ante é
o planejamento estratégico ou planejamento
61
contingente, onde mecanismos de resposta são
delineados antecipadamente para que se possa
responder de forma mais eficiente e efetiva à
ocorrência do evento (ex.: planos de contingência
para combate a incêndios ou para o controle e
contenção de pragas quarentenárias).
Fonte: Banco Mundial (2015)
Produtores podem adotar medidas preventivas para
reduzir a possibilidade de ocorrência de eventos
adversos. Também podem adotar medidas para
mitigar o impacto potencial negativo dos eventos
adversos e para melhorar a convivência com tais
eventos. Podem utilizar mecanismos que compensam,
pelo menos parcialmente, as consequências negativas
da materialização de riscos, seja climáticos seja
de mercado. Entre as várias ações conhecidas e
comumente praticadas pelos agricultores brasileiros
pode-se mencionar a substituição de determinados
cultivos, como aconteceu com o café em muitas
áreas tradicionais de São Paulo e do Paraná, atingidas
com regularidade por geadas que comprometiam a
sustentabilidade produtiva e financeira da atividade.
Ou a introdução de sistemas de irrigação, que reduz
o risco da seca e da irregularidade hídrica; a seleção
de sementes selecionadas, mais resistentes aos estresses
climáticos ou a certas pragas; adoção de técnicas
produtivas, como o plantio direto e curva de nível,
que melhoram a interação com a Natureza e reduzem
os riscos associados tanto à chuva em excesso como à
falta de chuva. No passado os produtores reagiam expost às situações adversas, quase sempre após sentirem
na “pele”, durante anos, os seus efeitos negativos,
e hoje contam com ferramentas quase científicas,
como é o caso do zoneamento agroclimático, ou da
seleção de sementes e da tecnologia adequada, que
permitem evitar as perdas.
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Nº 122 - 2015
Estudos
TABELA 3 – MODALIDADES DO
SEGURO RURAL E RESPECTIVAS
COBERTURAS
Seguro Agrícola: Este seguro cobre as
explorações agrícolas contra perdas decorrentes
principalmente de fenômenos meteorológicos.
Cobre basicamente a vida da planta, desde sua
emergência até a colheita, contra a maioria dos
riscos de origem externa, tais como, incêndio e
raio, tromba d’água, ventos fortes, granizo, geada,
chuvas excessivas, seca e variação excessiva de
temperatura.
Seguro Pecuário: Este seguro tem por objetivo
garantir o pagamento de indenização em caso
de morte de animal destinado, exclusivamente,
ao consumo, produção, cria, recria, engorda ou
trabalho por tração.
Seguro Aquícola: Este seguro garante
indenização por morte e/ou outros riscos
inerentes à animais aquáticos (peixes, crustáceos)
em consequência de acidentes e doenças.
Seguro de Benfeitorias e Produtos
Agropecuários: Este seguro tem por objetivo
cobrir perdas e/ou danos causados aos bens,
diretamente relacionados às atividades agrícola,
pecuária, aquícola ou florestal, que não tenham
sido oferecidos em garantia de operações de
crédito rural.
Seguro de Penhor Rural: O Seguro de Penhor
Rural tem por objetivo cobrir perdas e/ou danos
causados aos bens, diretamente relacionados às
atividades agrícola, pecuária, aquícola ou florestal,
que tenham sido oferecidos em garantia de
operações de crédito rural.
Seguro de Florestas: Este seguro tem o
objetivo de garantir pagamento de indenização
pelos prejuízos causados nas florestas seguradas,
identificadas e caracterizadas na apólice, desde
que tenham decorrido diretamente de um ou
mais riscos cobertos.
62
Seguro de Vida: Este seguro é destinado ao
produtor rural, devedor de crédito rural, e terá sua
vigência limitada ao período de financiamento,
sendo que o beneficiário será o agente financiador.
Seguro de Cédula do Produto Rural – CPR:
O seguro de CPR tem por objetivo garantir ao
segurado o pagamento de indenização, na hipótese
de comprovada falta de cumprimento, por parte
do tomador, de obrigações estabelecidas na CPR.
Fonte: SUSEP
Pode-se concluir afirmando que no Brasil não faltam
instrumentos para a gestão dos riscos, mas falta gestão
eficiente e eficaz dos instrumentos disponíveis, falta
coordenação e integração na aplicação e utilização
dos vários instrumentos e falta, sobretudo, alcance
na cobertura territorial, patrimonial e econômica da
agropecuária brasileira.
BIBLIOGRAFIA
Banco Mundial (2015). Revisão rápida e integrada
da gestão de riscos agropecuários no Brasil: caminhos
para uma visão integrada. Banco Mundial Brasil.
Buainain, A.M., Cury, W.J.M. e Vieira, P.A. (2011).
Gestão do risco e seguro na agricultura brasileira.
Rio de Janeiro Funenseg, 311 p.
Buainain et. al. (2014). Quais os riscos mais relevantes
nas atividades agropecuárias? Buainain, A.M., Alves,
E., Silveira, J.M. e Navarro, Z. (editores técnicos). O
Mundo Rural no Brasil do Século XXI: a formação
de um novo padrão agrário e agrícola. Brasília,
Embrapa.
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Nº 122 - 2015
Estudos
Criminosos ciberneticos:
a grande ameaça
MARÍA ÁNGELES CABALLERO VELASCO
Direcção de Apoio Geral de Segurança e Meio Ambiente MAPFRE
A tecnologia tem avançado a passos gigantescos desde que nasceram os primeiros
computadores pessoais na década de 1980, como o Spectrum, até os mais
sofisticados sistemas de que podemos dispor hoje, desde dispositivos móveis que
nos permitem estar conectados em qualquer lugar do mundo até a “Internet das
Coisas”, objetos do cotidiano interligados uns aos outros our por meio de uma
rede. A proliferação das redes sociais, o aumento do consumo de serviços web e a
revolução da nuvem ou cloud deram ainda mais força à nova era de dispositivos
interconectados.
63
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
Este novo cenário tem feito com que usuários,
empresas e governos mudem seu comportamento,
sua forma de interagir com o meio. Hoje as empresas
são totalmente dependentes das tecnologias da
informação (TI). É inconcebível que uma empresa
não tenha o respaldo da tecnologia para funcionar
corretamente, e por isso os equipamentos de TI e sua
segurança são peças-chave nas organizações. Imagine
uma catástrofe cibernética que pudesse afetar vários
setores e inúmeras companhias no estilo do “Duro
de Matar 4.0”? Isto causaria a interrupção de suas
atividades e o roubo ou dano de seus sistemas de
computação, o que em alguns casos poderia ter efeitos
diretos ao estado de bem-estar de um país (usinas
nucleares, empresas de energia, etc.). Estimou-se que,
se a atividade das empresas forem paralizadas durante
uma semana, o impacto econômico poderia chegar a
10 bilhões de dólares[1].
O auge da tecnologia que estamos vivendo nas
últimas décadas traz consigo um aumento do
risco tecnológico, em especial nos últimos anos,
principalmente porque isso colocou à disposição
dos criminosos cibernéticos um novo mundo de
fraudes com a consequente criação de novas formas
de realizar crimes por meio da tecnologia. Esta
situação tem causado uma preocupação crescente
nas empresas, o que as tem levado a criar equipes
especializadas dedicadas exclusivamente ao controle
e à supervisão destes riscos (as chamadas blue
teams), chegando, inclusive, à resposta para possíveis
incidentes de segurança.
Para que se possa entender esta situação,
desenvolveremos brevemente o conceito do risco de
uma perspectiva empresarial, medido como o produto
das ameaças, vulnerabilidades e seu impacto sobre
o negócio. Podemos compreender o risco como
cenários possíveis que podem comprometer total ou
parcialmente os recursos de uma empresa, colocando
sua viabilidade em perigo. Consequentemente,
para contrabalançar este risco, as empresas devem
estabelecer as medidas adequadas para mitigar, evitar,
transferir ou aceitar estes riscos. Exporemos quais
ameaças estão à nossa espreita na Internet e depois,
as contramedidas para atenuar e gerenciar essas
ameaças.
AMEAÇAS CIBERNÉTICAS,
FRAUDE E CRIMES NA REDE
Os “maus” todo ano reinventam novas formas de
realizar crimes telemáticos, mas também é verdade
que existem algumas ocorrências que vêm se
repetindo ao longo dos anos, e algumas delas vêm
diminuindo. O spam, por exemplo, caiu 50% em
uma década, de acordo com o último Intelligence
Report da Symantec.
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GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
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Os ataques mais populares têm como objetivo
tanto servidores de empresas quanto dispositivos de
usuário final. Os ataques físicos estão começando
a ser menos comuns, mas os ataques sociais vêm
aumentando nos últimos anos. As principais
ameaças cibernéticas[2] que as empresas
enfrentaram no passado ano podem ser descritas
por meio de nove padrões: ataques a websites
(35%), espionagem cibernética (22%), intrusão em
pontos de venda ao cliente (14%), cópia ilegal de
cartões de crédito (9%), uso indevido de sistemas
por funcionários internos (8%), software malintencionado ou malware (4%), erros diversos (2%),
roubo ou perda física (< 1%) e ataques de recusa
de serviço (<1%). Para este ano de 2015 já se
calcula que as perdas econômicas que as empresas
europeias sofrerão ultrapassarão 14 bilhões[3]
de euros devido a ataques cibernéticos, e estes
ataques não são apenas econômicos, mas também
reputacionais. Cabe destacar que a Espanha é o
terceiro país com mais ataques cibernéticos do
mundo, depois dos Estados Unidos e do Reino
Unido.Vejamos como é cada um destes ataques.
[ESPIONAGEM CIBERNÉTICA E
GUERRA CIBERNÉTICA]
A espionagem cibernética afeta não só governos
ou autoridades públicas, mas também empresas
privadas. Os chamados ataques dirigidos ou APTs
(Advanced Persistent Threats ou “ameaças persistentes
avançadas”) são projetados especificamente para
uma entidade específica e um de seus principais
objetivos é obter informações confidenciais
com um propósito financeiro ou de espionagem
industrial ou política.
Em 2012, a Saudi Aramco, a maior petrolífera
do mundo, sofreu um dos piores ataques[4]
65
de espionagem cibernética industrial da
história da segurança cibernética. Cerca de
30.000 computadores e 2.000 servidores ficaram
inacessíveis em questão de horas. O ataque foi
lançado por um e-mail que continha um link que
baixava um software mal-intencionado, e que se
expandiria para o resto da rede silenciosamente
para atacar de forma simultânea durante o Ramadã,
quando a maioria dos funcionários da empresa estava
em férias. A Saudi Aramco embarcou novamente
no mundo do papel e do fax e não foi capaz de
controlar a compra/venda de petróleo por meses,
decidindo, após algum tempo, dá-lo de presente
para não parar a produção, com as consequentes
perdas milionárias que isso representou para a
empresa. O ataque foi organizado por um grupo
autodenominado Cutting Sword of Justice (“Espada
Cortante da Justiça”), que fez menção ao apoio da
Saudi Aramco ao regime político da família real da
Arábia Saudita.
No caso da guerra cibernética ou ciberguerra,
que vai além da mera espionagem industrial,
temos o exemplo do “Stuxnet”. Ele surgiu em
2010 e ficou conhecido na época como o malware
mais inteligente já criado e foi desenvolvido
para os sistemas industriais de tipo SCADA. Ele
foi concebido com o objetivo de atacar as usinas
nucleares no Irã, conseguindo atrasar em 10 anos
a fabricação de urânio enriquecido nesses locais.
Acredita-se, pelos indícios encontrados no códigofonte, que foi desenvolvido conjuntamente pelos
Estados Unidos e Israel e que foi um trabalho
de mais de um ano realizado por uma equipe de
especialistas. Não foi um brinquedo desenvolvido
por um mero amador.
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[MALWARE]
No caso de malware ou software mal-intencionado,
podemos distinguir entre as variantes que tentam
se passar por um “programa legítimo”, tratando
de roubar a identidade de alguma entidade, e as
variantes que restringem o acesso a determinadas
partes do sistema operacional, codificando seus
arquivos e pedindo um resgate em troca, o que
tecnicamente se conhece como ransomware (do
inglês ramson, resgate, e ware, programa).
Um exemplo de malware de roubo de identidade
seria o conhecido como “vírus da polícia”,
do qual falaremos mais adiante, na seção sobre
Engenharia Social. Quanto à segunda variante,
quem não sofreu ou conhece alguém com um
dispositivo que tenha sido infectado com um
“vírus” que codificou todos os seus arquivos e
que não permite fazer nenhuma ação no sistema?
O malware do tipo cryptolocker está sendo uma
das piores dores de cabeça para os equipamentos
de segurança e suporte a usuário nas empresas.
As equipes de operações precisam estudar todo o
ciclo de infecção, desde que o malware é recebido
(geralmente por e-mail) até sua detecção e, desde
que os sistemas são infectados, colocados em
quarentena e corrigidos por meio de recuperação
de cópias de segurança ou backups do sistema, já que
alguns destes “vírus” são praticamente impossíveis
de remover e é preciso restaurar o sistema para
um estado anterior. Outra opção que temos para
eliminá-lo é pagando os “bandidos”, mas desta
forma estaríamos colaborando diretamente com o
crime cibernético.
Este tipo de fraude é conhecido como Crimeware
(ou “programas criminosos”) pelo fato de
comprometer sistemas de usuário ou de servidores
usando software mal-intencionado, incluindo
phishing. Por meio de portais aparentemente
confiáveis de websites, os “bandidos” buscam dados
de usuários, senhas, informações de pagamentos,
66
etc. Eles têm como objetivo roubar a identidade
de uma organização (geralmente sites de banco) a
fim de obter uma recompensa financeira. Às vezes,
os ataques são muito sofisticados, mas em outros
casos são fáceis de detectar.
Existe uma variante deste tipo de t por exemplo,
onde se pede ao usuário todos os números de
cartão de banco e depende da ingenuidade da
vítima morder ou não a isca.
Ilustração 1. Exemplo de Phishing Bancário
[TPVS E CÓPIA DE CARTÕES DE
CRÉDITO]
Quando falamos de ataques a Pontos de Venda
(TPV) ou Point of Sales (PoS), os atacantes
tentam comprometer servidores ou os dispositivos
de PoS para obter informações de pagamento.
As empresas que mais sofrem este tipo de ataque
são as de vendas ao consumidor comum como as
do setor de hotelaria. Outra ameaça relacionada
é a instalação de terminais falsos nos caixas
automáticos para roubo de cartões de crédito,
o que afeta principalmente os bancos. e das
transações realizadas com cartões de crédito o que
afeta principalmente os bancos.
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Para evitar este tipo de fraude, as empresas Visa e
MasterCard criaram uma norma de cumprimento
obrigatório (PCI-DSS) para aumentar a segurança
dos dados e das transações realizadas com cartões
de crédito que afeta todas as empresas (e lojas)
que processam, transmitem e/ou armazenam esses
dados.
[WEBSITES]
Os ataques a websites baseiam-se principalmente
em comprometer credenciais de usuário
usando força bruta ou roubo e/ou em explorar
vulnerabilidades no software ou na infraestrutura
que lhes dá suporte, tais como gestores de
conteúdos ou plataformas de comércio eletrônico.
A maioria das empresas coloca à disposição de seus
clientes e funcionários as plataformas de websites
necessárias para o negócio, mas que podem colocar
as informações da empresa em risco.
do ataque, usam-se todas as máquinas infectadas
para gerar um número enorme de conexões
simultâneas para um objetivo específico: o site da
empresa em questão.
[VAZAMENTO DE INFORMAÇÃO]
O vazamento de informação é uma das ameaças
mais importantes para uma organização. O uso
indevido dos sistemas de organização e seus
dados, a perda de dispositivos ou de informação
impressa, a falta de controle de acesso nas
instalações ou os erros diversos (como divulgar
dados confidenciais em uma rede pública ou
enviar um email a destinatários errados) poderiam
comprometer as informações da organização. Sem
uma gestão adequada destas ameaças, poderíamos
acarretar graves multas quando se trata de dados
de alto nível de segurança conforme as normas
de proteção de dados, como, por exemplo, dados
pessoais ou de saúde.
[RECUSA DE SERVIÇO]
Nos últimos anos, as empresas têm sofrido vários
ataques de Recusa de Serviço Distribuídos,
conhecidos como DDoS (do inglês, Distributed
Denial of Service). Nas notícias, já ouvimos falar
de ataques de organizações hacktivistas, como
a Anonyumus e a LulzSec, que deixaram sem
conectividade ou desativado um site de uma
empresa. Isso geralmente se consegue por meio de
ataques DDoS e com o intuito de obter um dano
à reputação. Para executar este ataque, infecta-se
um grande número de computadores conectados
à rede para obter suficientes recursos e conseguir
que o ataque seja bem sucedido. Desta forma, eles
formam o que se denomina uma botnet, ou uma
rede de computadores infectados ou bots. Na hora
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ENGENHARIA SOCIAL
Um dos maiores desafios das equipes de segurança da informação das empresas é a engenharia social. As técnicas
de engenharia social manipulam o usuário por meio da psicologia e as habilidades sociais do invasor para obter
as informações que deseja da vítima, o que poderá variar entre saber qual é seu usuário e senha, obter acesso a
áreas restritas ou conseguir dinheiro em troca de algo que nunca chegará. As técnicas de engenharia social são
cada vez mais sofisticadas e mais difíceis de detectar. Os criminosos cibernéticos já não precisam desenvolver
aplicações complexas, e sim enfocar a pessoa, que é o elo mais fraco da cadeia do ponto de vista da segurança.
Os criminosos cibernéticos confiam na manipulação psicológica para estimular a vítima a fazer coisas que
normalmente não faria, obtendo delas informações realmente valiosas.
Muitos dos ataques mencionados anteriormente, como o cryptolocker e o phishing bancário, são exemplos de
malware que usa técnicas de engenharia social. Um exemplo disso é o que ficou popularmente chamado de
“vírus da polícia”. Este tipo de vírus tenta impressionar suas vítimas, fazendo-as acreditar que eles cometeram um
crime (propriedade intelectual, pornografia, pedofilia, direitos autorais, etc.) e coloca gentilmente à disposição
delas um método de pagamento fácil e simples para resolver o crime “cometido”.
Ilistração 2.Vírus da polícia
Estes ataques são muito difíceis de superar, uma vez que envolvem diretamente as pessoas.A melhor contramedida
para isto é a divulgação, conscientização e formação dos usuários para que saibam da existência deste tipo de
técnica e consigam se defender.
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OS “BANDIDOS” E SUAS VÍTIMAS
E quem são estes “bandidos”? São os novos
abigeatários ou ladrões de gado da rede: máfias
organizadas vindas do mundo inteiro cujo
malware se origina essencialmente em países
do leste europeu e em países asiáticos que se
dedicam à criação deste tipo de software com o
objetivo de obter informações ou dinheiro de
forma ilícita. É muito complicado o trabalho dos
órgãos de segurança do Estado para prender estes
bandidos que jogam basicamente com dois fatores:
distância/fronteiras e anonimato na rede. Às
vezes eles operam com o intermédio de “mulas”,
que nada mais são que meros intermediários que
fazem o “trabalho sujo”. Estas máfias organizadas
contratam pessoas por meio de ofertas de trabalho,
fazendo-os acreditar que vão cooperar em planos
estratégicos de multinacionais e que podem
conseguir dinheiro rápido e fácil. Seu trabalho vem
a ser o de transportar a mercadoria ou o dinheiro
de um local para outro, e desta forma se perde a
rastreabilidade e a perseguição dos bandidos fica
complicada.
Nem todos os ataques são de máfias organizadas;
muitos são produzidos por pessoal interno,
conhecido como insiders, que conhecem e
dominam o cenário, razão pela qual o ataque
pode ser muito mais prejudicial do que quando
se trata de atores externos. Também há o perfil do
hacktivista que mencionamos anteriormente,
motivado por uma ideologia específica e que faz
ataques com uma finalidade específica. Por último,
temos outro tipo de perfil quando falamos de
guerra cibernética, como é o caso, de um lado, dos
Estados, e do outro, dos terroristas.
As vítimas desses ataques poderiam ser nós
mesmos. Todas as indústrias e negócios estão em
risco. Embora achemos que o risco de ataque
externo não é alto, haverá sempre o risco de um
ataque interno ou de os usuários fazerem mau uso
69
dos sistemas e exporem informações confidenciais
ao público. A verdade é que o público-alvo mudou
das grandes empresas para as PMEs, ou pequenas
e médias empresas, o que está elevando o número
de ataques cibernéticos exponencialmente. Há
ataques desde a entidades e administrações públicas
até a setores como o farmacêutico, hoteleiro ou de
vendas ao varejo.
No ano passado o número de criminosos
cibernéticos foi ultrapassado em mais de 70.000,
e isso provocará perdas, como comentamos no
início do artigo, de mais de 14 bilhões de euros
em 2015. Podemos dizer que o crime cibernético
move mais dinheiro que o tráfico de drogas[5] nos
últimos tempos.
E por que os chamamos de “bandidos” quando
popularmente são conhecidos como “hackers”?
É importante dizer que a palavra hacker se
desvirtuou com o passar do tempo: o que nos
anos 80 se conhecia como pessoas habilidosas
com computadores e que eram capazes de
fazer qualquer coisa com eles por diversão hoje
ficou associado a “piratas tecnológicos”, como
introduziu o dicionário RAE em outubro de
2014. Na época, essa acepção provocou duras
críticas pelo grupo de peritos em segurança por
não ter sido associada também a seu significado
de origem. Seria mais correta a denominação de
cracker ou criminoso cibernético.
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O QUE POSSO FAZER PARA
GERENCIAR O RISCO EM MINHA
EMPRESA
O combate no devido tempo e forma às principais
ameaças que enfrentamos pode ser um elemento
diferencial e definitivo na continuidade e
sustentabilidade do nosso negócio. É necessário
definir uma estratégia próativa, ao invés de agir
somente quando os acidentes acontecem. Mais cedo
ou mais tarde nossa empresa será atacada.
O risco, por sua própria natureza, não pode
ser eliminado, mas podemos, sim, desenvolver
contramedidas para reduzi-lo, tanto em nível jurídico
quanto organizacional e técnico. O êxito na redução
do risco a que estamos expostos depende de dois
pilares: governança e segurança tecnológica.
De um lado temos o quadro normativo, legal e
jurídico, o estabelecimento de políticas de segurança
adequadas e boas práticas nas empresas e, do outro, a
segurança tecnológica. O intuito destes pilares básicos
é a proteção dos ativos da empresa, com destaque
para “as pessoas” como o ativo mais importante.
No tocante à governança da segurança, devemos
considerar diversos fatores. É imprescindível
conhecer, em primeiro lugar, a fome de risco da
empresa e contextualizá-la com o quadro legal e
jurídico do país: normas relacionadas à proteção de
dados, normas relacionadas ao terrorismo
cibernético, normas de saúde e financeiras ou do
nosso setor de atividade. Na mesma linha, temos que
estabelecer em nossa empresa a políticas empresariais
e de segurança adequadas, bem como desenvolver
um código de conduta e investir na divulgação
e conscientização, para que todos os usuários da
empresa estejam cientes dessas normas. Um estudo da
Enterprise Management Associates apontou que apenas
56% dos funcionários tinha recebido alguma tipo de
formação em segurança, protocolos ou políticas.
No campo da segurança tecnológica, distinguimos
entre a segurança lógica ou da informação e a
segurança física. Temos de trabalhar dentro de
70
nossa empresa em questões-chave como gerir uma
infraestrutura de segurança adequada, instaurar uma
equipe adequada de resposta a incidentes e dispor
de controles de segurança física adequados nas
instalações da nossa empresa. As equipes de resposta
a incidentes prestam serviço por meio de Centros de
Operações de Segurança e são consideradas CERTs
(Computer Emergency Response Team ou “Equipe de
Resposta a Emergências em Computação”), como
parte da rede de CSIRTs mundiais (Computer Security
Incident Response Team ou “Equipe de Resposta a
Incidentes de Segurança da Computação”). Alguns
dos mais conhecidos nacionalmente (na Espanha) são
o CCN-CERT do Centro Criptológico Nacional
ou o CERT de Segurança e Indústria operado
pelo INCIBE (Instituto Nacional de Segurança
Cibernética), que trabalha para a proteção das mais
importantes infraestruturas nacionais e na luta contra
o crime e o terrorismo cibernéticos, entre outros.
Este tipo de instituição em nível governamental
(existentes em outros países) concentra seu trabalho
essencialmente na salvaguarda do estado de bemestar do país. Na Espanha, em particular, as atividades
realizadas por estes centros são parte da Estratégia
de Segurança Cibernética Nacional.
Como recomendação final, gostaríamos de salientar
que é essencial estar atualizado em segurança, o que
vale não só para as equipes especializadas, mas para
todos os funcionários de uma empresa. Os usuários da
organização precisam conhecer os riscos a que estão
expostos e a capacidade de geri-los de uma forma ou
de outra. Um dos produtos que está se proliferando
nas empresas são os seguros em segurança
cibernética, que tratam de dar uma resposta ante
um desastre cibernético e reputacional. Uma vez que
os riscos tenham sido minimizados, o risco residual
latente é transferido por meio de apólices específicas
de riscos cibernéticos. Destacaríamos o famoso caso
da SONY de 2011, de quem chegaram a roubar mais
de 25 milhões de contas que continham cerca de 18
mil cartões de crédito e contas bancárias pela Play
Station Network.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
Em suma, há que projetar uma estratégia de
segurança contínua, persistente e sustentável, dispor
de sistemas e infraestruturas atualizados e investir
coerentemente em segurança cibernética para
assegurar as infraestruturas da empresa e garantir o
sucesso e a continuidade da nossa empresa.
capítulos introdutórios à insegurança da informação
até as técnicas de ataque mais sofisticadas, desde seus
estágios iniciais (footprinting/fingerprinting), passando
por suas etapas mais avançadas (exploiting) e exclusão
de provas. Também podemos encontrar outros temas
atuais como segurança em redes sociais, computação
em nuvem, gerenciamento de identidades, ameaças
cibernéticas, etc.
A MAPFRE E SUA CONTRIBUIÇAO
AO MUNDO DA SEGURANÇA DA
INFORMAÇÃO
A MAPFRE, como uma empresa comprometida
com a sociedade, trabalha contínua e ativamente
na proteção dos interesses de seus clientes,
funcionários, acionistas e fornecedores prevenindo
e detendo incidentes de segurança.
Este trabalho contínuo é realizado por sua
equipe de especialistas em segurança cibernética
da Direção Corporativa de Segurança e
Meio Ambiente e sua Equipe de Resposta
a Incidentes de Segurança da Informação,
conhecido como o CGC-CERT. A equipe
de resposta a incidentes da MAPFRE dispõe
de um sofisticado laboratório e um grupo de
profissionais altamente qualificados incumbidos
de prevenir, responder e minimizar o impacto
de possíveis incidentes de segurança. No
contexto global e multinacional da MAPFRE
o trabalho do CGC-CERT não é meramente
interno. Há uma colaboração ativa com outras
empresas e instituições tanto nacional quanto
internacionalmente.
BIBLIOGRAFÍA RECOMENDADA: EL
LIBRO DEL HACKER, DA ANAYA
Para quem deseja adentrar o mundo da segurança da
informação ou se aprofundar no assunto do artigo,
recomendamos El Libro del Hacker, da editora
ANAYA. O livro aborda questões de segurança, desde
71
É um livro que pode ajudar tanto as pessoas que
estiverem interessadas em entrar no mundo da
segurança da informação como especialistas mais
avançados. Sua ficha editorial completa pode
ser consultada no site da editora: http://www.
anayamultimedia.es/libro.php?id=3608921
[1] “Cyber Catastrophe” working paper, University of
Cambridge Judge Business School
[2] “Verizon Data Breach Investigation Report”
(DBIR) – 2014
[3] “España, a la cabeza del cibercrimen” Diario ABC
– 2015
[4] “Arabia Saudí dice que el ataque informático contra
Aramco fue lanzado desde el exterior” El País http://
economia.elpais.com/economia/2012/12/09/
agencias/1355069609_526898.html
[5] La ciberdelincuencia mueve más dinero que
el narcotráfico en el mundo http://www.abc.
es/espana/20141207/abci-ciberdelincuenciadinero-201412062106.html
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
Drones. Aeronaves
sem piloto a bordo
PAOLA SERRANO GARCÍA
Director da aviação e do espaço MAPFRE GLOBAL RISKS
Os drones ou VANTs (veículos aéreos não tripulados), também conhecidos como
aeronaves remotamente tripuladas (RPAs, da sigla em inglês para Remotely
Piloted Aircraft) ou UAVs (da sigla em inglês para Unmanned Aerial Vehicle)
tornaram-se um assunto de grande interesse nos últimos tempos.
72
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
Os drones são aeronaves projetadas para voar sem
piloto a bordo e foram originalmente concebidas
para uso militar. No entanto, estes veículos aéreos
não tripulados ganharam relevância hoje devido
às suas possibilidades comerciais. Eles são usados
para fins tão diversos como controle de fronteiras
ou de incêndios, gestão de plantações e florestas,
mapeamento, monitoramento de tráfego, fotografia
aérea, cinema… Esta variedade de usos comerciais,
juntamente com sua potencial aplicação em
ajuda humanitária (como, por exemplo, entrega
de medicamentos no terceiro mundo, missões de
busca e resgate, de gerenciamento de emergências),
transformaram os drones no segmento de maior
crescimento na indústria da aviação nos últimos anos.
Contudo, esta proliferação implica novos riscos
para a segurança aérea que precisam ser controlados
para garantir o desenvolvimento de um setor
tecnologicamente de ponta e com grande capacidade
de crescimento.
Na Espanha, com a publicação no Boletín Oficial
de 17 de outubro de 2014, entrou em vigor a Lei
18/2014, de 15 de outubro, que aprova medidas
urgentes para o crescimento, a competitividade e a
eficiência que, entre outras coisas, regulam o uso de
aeronaves não tripuladas ou drones. Com esta lei, a
Espanha se tornou um dos primeiros países em todo
o mundo a regulamentar os drones.
A Lei 18/2014 estabelece as condições de exploração
das aeronaves não tripuladas que se dedicam
exclusivamente à realização de trabalhos técnicos,
científicos ou comerciais e que tenham um peso
inferior a 150 kg ou, se tiverem peso maior, se
destinem a atividades de combate de incêndios e
busca ou salvamento.
Esta lei regula três aspectos fundamentais do uso dos
drones que afetam a segurança de suas operações:
1. PILOTOS:
isso a lei estipula que, para ser piloto de aeronaves
operadas por controle remoto, é obrigatório
demonstrar que se possuem os conhecimentos
teóricos e práticos necessários, bem como ser maior
de idade e possuir uma certificação médica.
Também é necessário ser titular de qualquer tipo de
licença e habilitação de piloto ou demonstrar que se
tem o conhecimento teórico necessário para obtê-lo.
Além disso, para as aeronaves com peso máximo
na decolagem inferior a 25 kg, é preciso dispor de
um certificado básico para voar o drone dentro
do alcance visual do piloto ou um de certificado
avançado quando se tratar operar a aeronave além do
alcance visual do piloto.
2. CONDIÇÕES DE VOO:
É preciso garantir à sociedade que a atividade
realizada pelos drones é segura e que qualquer
possibilidade de perigo está controlada. Por isso, a lei
estabelece uma série de condições de voo em função
do peso máximo na decolagem e permite voos com
uma altura máxima de 120 metros e a uma distância
máxima do piloto de 500 metros para operações com
aeronaves com peso máximo na decolagem inferior a
25 kg. No entanto, a lei admite voos fora do alcance
do piloto para aeronaves com peso inferior a 2 kg.
Além disso, a lei estabelece que só se poderá voar de
dia, em condições meteorológicas visuais favoráveis
e a uma distância mínima de 8 quilômetros de
qualquer aeródromo ou aeroporto, proibindo os
voos em núcleos urbanos, cidades ou em lugares com
aglomerações de pessoas ao ar livre.
Para o uso de drones cujo peso máximo na
decolagem seja inferior a 25 kg, também se exige uma
comunicação prévia à Agência Estatal de Segurança
Aérea (AESA) e, para os drones com peso superior,
será necessária também uma autorização da entidade
mencionada.
É indispensável que tenham uma ampla formação e
experiência para garantir uma operação segura. Por
73
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
3. O DRONE:
É importante que o drone e o operador estejam
identificados. Para isso a lei estipula que, se o peso
máximo na decolagem for superior a 25 kg, ele deverá
ser inscrito no registro de matrícula de aeronaves e
dispor de um certificado de aeronavegabilidade. No
entanto, os drones com peso inferior estão isentos
desta obrigação.
A lei também estabelece que todos os drones devem
possuir uma “placa de identificação” em que se
identifiquem tanto o drone quanto a empresa que
o opera.
Além destes três aspectos comentados, a Lei 18/2014
exige que os operadores das aeronaves civis pilotadas
por controle remoto contratem obrigatoriamente
uma apólice de seguro ou outra garantia financeira
que cubra a responsabilidade civil por terceiros por
danos que possam surgir durante a execução do voo
e em razão dele. Este aspecto é muito importante
para assegurar um desenvolvimento adequado da
atividade dos drones, já que a maior intensidade e
diversidade de usos implica uma maior chance de
conflitos com os interesses de terceiros.
O limite de cobertura da apólice de seguros ou
alguma outra garantia financeira depende do peso
máximo da aeronave no momento da decolagem:
•Os drones com peso máximo na decolagem
inferior a 20 kg serão regidos pelas provisões do
Real Decreto 37/2001, que define um regime de
responsabilidade objetiva com um limite mínimo
de cobertura de 220.000 SDRs ou Direitos
Especiais de Saque (cerca de € 300.000).
74
•Os drones com peso máximo na decolagem
superior a 20 kg serão regidos pelas provisões do
Regulamento (CE) nº 785/2004 do Parlamento
Europeu e do Conselho, que também define um
regime de responsabilidade objetiva, com limite
de cobertura de acordo com uma escala que se
baseia no peso máximo da aeronave no momento
da decolagem ,com um mínimo de 750.000
SDRs ou Direitos Especiais de Saque (cerca de
€ 1.000.000) para aeronaves com peso máximo
na descolagem inferior a 500 kg e um máximo
de 700 milhões de SDRs ou Direitos Especiais
de Saque (cerca de € 900 milhões) para aeronaves
com mais de 500.000 kg.
É importante mencionar que existem outros riscos
decorrentes da operação dos drones que não são
cobertos por este seguro de responsabilidade civil por
terceiros exigido pela lei. Estes riscos incluem, entre
outros, os danos materiais ou físicos sofridos pelo drone,
cuja cobertura deve ser expressamente contratada pelo
que comumente se denomina seguro de fuselagem ou
para os pedidos de indenização de terceiros por invasão
de privacidade, caso o drone capture, por exemplo,
imagens não autorizadas de uma pessoa.
Além dos seguros que protegem os interesses do
operador do drone, há também outros seguros
destinados a proteger os interesses do fabricante dos
drones, que não estão contemplados na Lei 18/2014.
A proteção para o fabricante poderia se dar em um
seguro de responsabilidade civil por produtos, que
cobriria os eventuais pedidos de indenização derivados
de danos causados por um produto entregue com
defeitos ou por uma falha no design dos drones.
Na Europa a previsão para 2050 é de que sejam
gerados 150.000 empregos e se obtenham mais de 15
bilhões de euros por ano de lucro graças aos drones,
mas estas estimativas só serão reais se houver uma
regulamentação comum que atraia os investidores.
Em março de 2015, Riga, a capital da Letônia, reuniu
os principais envolvidos no desenvolvimento desta
indústria e lá se chegou a um consenso sobre os
cinco princípios básicos que devem nortear o quadro
regulamentar das operações civis com drones na
Europa a partir de 2016.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Estudos
Estes princípios são os seguintes:
Em primeiro lugar, foi acordado que os drones
devem ser tratados como um novo tipo de aeronave e
devem ser estabelecidas regras proporcionais ao risco
de cada operação; ou seja, estes aviões devem ser tão
seguros quanto os convencionais tripulados e devem
se sujeitar a uma regulamentação semelhante àquela
que já se aplica na aviação que tem pilotos a bordo
de suas aeronaves.
Em segundo lugar, ficou estabelecido que as regras
europeias que regem as operações dos drones devem
ser desenvolvidas imediatamente e, além disso, as
normas de segurança devem ser estipuladas para que
haja investimento neste setor.
O terceiro princípio reflete a necessidade de se
desenvolverem tecnologias e normas que permitam a
integração plena dos drones no espaço aéreo europeu,
de modo a coexistir de forma segura com a aviação
tradicional.
O quarto princípio aponta para a importância de
o uso crescente destes novos sistemas contar com a
devida aceitação do público e faz alusão aos perigos
que os drones podem representar para direitos
fundamentais como privacidade e proteção de dados
pessoais, que poderiam se ver ameaçados pelo uso de
filmagens particulares.
75
Finalmente, a DECLARAÇÃO DE RIGA estabelece
como quinto princípio que o responsável pela utilização
de uma aeronave não tripulada será seu operador,
de modo que, se houver alguma irregularidade,
como, por exemplo, sobrevoar uma área proibida, as
consequências jurídicas recairão sobre o proprietário
ou o operador, que deverá ser identificável.
Como dissemos, por enquanto se trata apenas de
princípios gerais que deverão ser desenvolvidos
pela União Europeia com uma legislação específica
e uniforme para todos os países membros, o que
envolverá a harmonização das normas e procedimentos
que permitirão o desenvolvimento de um setor tão
avançado para a economia.
A MAPFRE, como companhia de seguros líder no
mercado global de riscos de aviação, acompanha de
perto a evolução deste mercado para oferecer soluções
seguradoras adaptadas a este segmento e, assim,
satisfazer as expectativas criadas em torno deste novo
desafio para o mercado de seguros de aviação.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Relatório Fundación MAPFRE
Ranking dos maiores
grupos seguradores
europeus não vida 2014
APRESENTAÇÃO
Esta é a décima primeira edição do “Ranking dos maiores grupos seguradores europeus
Não Vida” que a FUNDACIÓN MAPFRE publica, que desta vez correspondente ao
exercício 2014. Como nos anos anteriores, a classificação foi feita em função do volume
de prêmios brutos (seguro direto mais resseguro aceito) que cada um dos grupos faturou
em 2014 nesse segmento de negócio procedente de todos os países onde atuam. Não
estão incluídos os grupos cuja atividade principal é o resseguro.
Depois de vários anos fazendo parte deste estudo, nesta edição se excluiu o grupo holandês
Achmea (antigo Eureko) pela especificidade da composição de seu negócio com relação
aos demais grupos. Do volume de prêmios Não Vida do Achmea, 77% procedem do
seguro de Saúde na Holanda, um país onde as empresas seguradoras privadas gerenciam
a cobertura do Sistema Público de Saúde. Para as demais seguradoras, estes faturamentos
não são majoritários. Em 2014 o Achmea faturou 17,293 bilhões de euros em prêmios
Não Vida.
76
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Relatório Fundación MAPFRE
COMENTÁRIOS SOBRE O RANKING
Em 2014 os prêmios Não Vida do seguro mundial registraram um crescimento de 2,9%, taxa ligeiramente
superior à do exercício anterior, graças ao maior vigor dos mercados avançados. O crescimento dos mercados
emergentes continua sendo significativo, embora menor que em anos anteriores [1]. As condições de mercado
continuam sendo de forte concorrência, o que, somado às baixas taxas de juros, aos movimentos de taxa cambial
e às modestas taxas de crescimento econômico, não tem favorecido a materialização de um crescimento maior.
Foi neste contexto que atuaram os 10 grandes grupos seguradores europeus de Não Vida em 2014, com desigual
comportamento no que se refere ao faturamento, alcançando conjuntamente um volume de prêmios de 205,537
bilhões de euros, que representa um aumento de 1,5% em relação a 2013. Sete grupos cresceram em relação ao
exercício anterior e três mostraram decréscimos nos prêmios.
77
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Relatório Fundación MAPFRE
A Allianz continua encabeçando o ranking, seguida do Axa, Zurich e Generali, que mantêm a mesma posição
que no ano anterior. A mudança introduzida nesta edição do ranking, ou seja, a não-inclusão do Achmea, fez
com que os demais grupos avançassem uma posição. Assim, a MAPFRE sobe para a quinta posição, seguido do
Talanx, Ergo e Aviva. O francês Covéa entra para a classificação em nono lugar e a queda de prêmios do RSA
posiciona este grupo em décimo lugar.
A soma do resultado Não Vida de oito dos dez grupos que compõem o ranking [2] cresceu 6,6%, graças
ao extraordinário crescimento de seis dos grupos, o que compensou a queda das seguradoras com maiores
resultados, Allianz e Axa. O resultado técnico, medido por meio do índice combinado, melhorou em sete dos
grupos, permaneceu invariável na Allianz e piorou no caso do Axa e Talanx.
A Allianz faturou 48,322 bilhões de euros em prêmios Não Vida em 2014, com um aumento de 3,7%, que
supera a taxa de crescimento do mercado global (2,9%). O impulso procede claramente do incremento do
tamanho da carteira, que foi parcialmente neutralizado pelo impacto negativo da taxa cambial que sofreu com
a depreciação do dólar australiano, do peso argentino e da lira turca frente ao euro, embora isso tenha se
compensado com os efeitos positivos da libra esterlina. Cabe destacar o aumento das vendas para particulares no
negócio de Autos em países como Reino Unido, Alemanha, Ásia-Pacífico e Austrália. O resultado operacional
foi impulsionado pelo forte crescimento dos prêmios pagos e por um índice combinado estável. As perdas
significativamente menores com as catástrofes naturais compensaram em parte o impacto maior de grandes
sinistros e uma contribuição menor no exercício por parte do resultado da sinistralidade declarada em anos
anteriores. Não obstante, o benefício se reduziu por um efeito extraordinário não operacional proveniente da
atualização de pensões intersegmentos.
78
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Relatório Fundación MAPFRE
No caso do Axa, o faturamento por prêmios Não
Vida aumentou 2,7%, chegando a 32,872 bilhões de
euros. As linhas pessoais cresceram principalmente
na França, Suíça e no negócio de venda direta. O
seguro de Automóveis cresceu como resultado
do aumento de tarifas e de maiores volumes no
negócio de venda direta e no mercado asiático, em
contraposição a um menor volume de negócio na
região do Mediterrâneo e da América Latina. As
linhas comerciais cresceram devido ao aumento
de tarifas em todos os ramos e ao crescimento de
carteira nos mercados de alto crescimento. Os
prêmios brutos do segmento Internacional também
registraram crescimentos (5,5%). A contribuição para
o resultado de alguns mercados foi negativa devido,
entre outros motivos, a um menor resultado técnico,
por uma maior sinistralidade derivada dos sinistros
ocorridos no ano, sobretudo com as maiores cargas
por catástrofes naturais (chuva de granizo Ela na
Europa, o furacão Odile no México), assim como
pela queda no desenvolvimento dos pagamentos e
reservas de sinistros ocorridos em anos anteriores.
Os prêmios brutos da divisão de seguros Gerais da
Zurich aumentaram 0,6%, chegando a 27,558
bilhões de euros. Em dólares norte-americanos,
moeda em que a Zurich apresenta suas contas, os
prêmios diminuíram 0,3%. Esta queda foi o resultado
de um crescimento nos mercados prioritários do
grupo, que foi neutralizado por uma diminuição
na América do Norte. Na segunda metade do
ano, a Zurich completou a venda de seu negócio
minoritário de seguros Gerais na Rússia. Por outro
lado, o lucro aumentou 10,3%, impulsionado pela
melhora do resultado técnico, graças à queda do
índice de sinistralidade, influenciado, entre outros
motivos, pela ausência de grandes catástrofes e de
perdas relacionadas com o clima.
Os prêmios emitidos brutos de Não Vida do grupo
Generali subiram para 20,617 bilhões de euros, o
que representa um ligeiro decréscimo de 1,5% em
relação ao exercício anterior. O ramo Automóveis
cresceu de forma moderada nos mercados
emergentes e na Alemanha, o que compensou
79
parcialmente a queda dos mercados mais afetados
pela atual situação macroeconômica. Os demais
ramos Não Vida se mantiveram estáveis, graças ao
comportamento positivo das linhas comerciais e
industriais. O resultado antes dos impostos registrou
um aumento significativo de 9,8%, graças à melhora
do resultado técnico. O índice combinado diminuiu
cerca de dois pontos porcentuais devido a um menor
índice de sinistralidade por um menor impacto dos
riscos catastróficos. O índice de gastos permaneceu
invariável.
A MAPFRE faturou um volume de prêmios Não
Vida de 16.409 milhões de euros em 2014, com
uma ligeira subida de 0,8% em relação ao exercício
anterior. O crescimento do seguro na Espanha,
América Latina e EUA permitiu neutralizar o efeito
da intensa concorrência no seguro de empresas e
no resseguro. No último trimestre do exercício se
destaca o aumento da emissão na Espanha e América
do Sul, o efeito positivo da taxa de câmbio no
negócio denominado em dólares norte-americanos e
a renovação de grandes contas no negócio de Global
Risks na Europa, que compensaram o menor volume
em resseguro por diferenças temporais de emissão, e
no Brasil, devido ao aumento da concorrência e à
desaceleração econômica. A melhora do resultado
técnico, graças a uma importante melhora do índice
de gastos no Brasil e no negócio ressegurador,
somada a maiores receitas financeiras, favoreceram
um crescimento de 11,6% no resultado de Não Vida.
Os prêmios Não Vida das diferentes divisões do
grupo Talanx alcançaram em 2014 a cifra de 15,845
bilhões de euros, 2,8% maior que a do ano anterior.
O ramo Industrial registrou um crescimento de
prêmios, devido principalmente ao aumento do
volume das receitas no negócio internacional. O
negócio de particulares na Alemanha se mantém
estável. O negócio Internacional de particulares
cresceu impulsionado pelos principais mercados
estratégicos, como Brasil, México, Polônia e Turquia.
Os prêmios brutos do resseguro Não Vida subiram
ligeiramente, apesar de uma política de subscrição
mais seletiva.
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Relatório Fundación MAPFRE
O alemão Ergo faturou 11,291 bilhões de euros em
prêmios Não Vida em 2014, com uma leve queda de
0,2% em relação a 2013. Os crescimentos em prêmios
dos segmentos de Venda direta e Internacional não
compensaram as quedas do negócio doméstico de
Property & Casualty, de Saúde e de Assistência em
viagem.
A valorização da libra frente ao euro favoreceu que
os prêmios Não Vida da Aviva crescessem 1,2%
em euros, frente a uma queda de 4,5% em moeda
local, devido principalmente às vendas menores no
Reino Unido e na Irlanda. O resultado operacional
se manteve praticamente invariável, com um bom
resultado técnico, o que compensou os menores
rendimentos dos investimentos. O índice combinado
decresceu 1,6 ponto porcentual, chegando a 95,7%,
devido principalmente a um sólido resultado no
Reino Unido e na Irlanda. O impulso desta melhora
teve origem na combinação de vários fatores: uma
rigorosa política de subscrição, uma boa gestão dos
gastos e um desenvolvimento positivo dos pagamentos
e reservas de sinistros ocorridos em anos anteriores. O
lucro antes dos impostos das operações continuadas
80
subiu a 946 milhões de euros (759 milhões de libras),
o que representa um significativo aumento de 66,5%.
O volume de prêmios Não Vida do grupo Covéa
mostrou uma alta de 3,9%, chegando a 11,171
bilhões de euros. O resultado do negócio de Não
Vida aumentou de forma extraordinária, atingindo
1,289 bilhões de euros, o que representa uma
elevação de 98,0%. O ano se caracterizou pelo
excelente desempenho da gestão financeira e um
índice combinado 1,7 ponto porcentual inferior ao
de 2013.
As receitas por prêmios do RSA caíram 4,1%
(-9,4% em libras). Esta queda está relacionada aos
desinvestimentos do grupo, ao seu plano de ação
da carteira de negócios e às condições competitivas
do mercado. Durante 2014 o grupo firmou acordos
para vender sua filial na China e suas operações em
Cingapura, Hong Kong e Itália e completou a venda
de seus negócios nos países bálticos e na Polônia. O
resultado líquido antes dos impostos foi positivo, 75
milhões de euros, frente às perdas sofridas em 2013
(-239 milhões de euros).
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Relatório Fundación MAPFRE
ASPECTOS METODOLÓGICOS
•Para a elaboração do ranking, levou-se em conta o volume de prêmios brutos (seguro direto mais resseguro
aceito) dos ramos Não Vida. Convém esclarecer que no ranking não constam os prêmios de Saúde que estão
alocados ao ramo de Vida [3], mas sim os que estão classificados em Não Vida ou que estejam expressamente
diferenciados.
•Não se incluem neste ranking os grupos cuja atividade principal seja o Resseguro. Mantém-se o critério de
incluir os prêmios de resseguro aceito nos grupos com filiais resseguradoras, mas apenas quando esta atividade
não for a principal.
•Os dados dos resultados se referem ao segmento Não Vida, antes dos impostos e minoritários.
•No relatório usa-se a expressão “resultado operacional” para aludir ao resultado proveniente do negócio
segurador, incluindo o resultado dos investimentos associados ao negócio. As perdas ou ganhos procedentes
de outros investimentos se incluem no “resultado não operacional”.
•Para efeitos comparativos, foram atualizados os valores de receitas e resultados de 2013 publicados pelos
grupos seguradores em seus relatórios anuais de 2014.
•Taxa de câmbio média utilizada [4]:
[1] Swiss Re. Sigma nº 4/2015
[2] A segmentação dos grupos Ergo e Talanx não permite calcular o resultado dos ramos Não Vida
[3] De forma global, quando o seguro de Saúde gera provisões matemáticas, o ramo é classificado junto com o
de Vida
[4] Cotação direta
81
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Observatório de sinistros
Sinistros de Responsabilidade
Civil por interrupções no
fornecimento de energia
elétrica
ROMÁN GUAITA FERNÁNDEZ
Diretor Assistente Sinistros Internacionais MAPFRE GLOBAL RISKS
Os sinistros de Responsabilidade Civil por interrupções no fornecimento de energia
elétrica apresentam várias características particulares, especialmente em sua gestão e
processamento, que os diferenciam dos outros sinistros.
Este tipo de sinistro, que afeta um grande número de prejudicados, costuma gerar custos
significativos com vistorias, designação de equipes externas de gestão, especificidades de
avaliação e intervenção das autoridades públicas que controlam a atividade de distribuição
de energia elétrica, entre outros aspectos.
82
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Nº 122 - 2015
Observatório de sinistros
Primeiro deve-se notar que, falando estritamente,
o número final de reclamações que são objeto de
processamento e que ativam a existência de um
sinistro de Responsabilidade Civil tende a ser menor,
mesmo sendo enorme, que o número total de
prejudicados ou clientes afetados.
Em nossa experiência o número de clientes afetados
chegou a ser de mais de 320 mil, 450 mil e até mesmo
de mais de 1,2 milhão por interrupções de longa
duração ou repetidas por mais de 10 dias.
A enorme quantidade de reclamações torna
imprescindível que haja uma gestão conjunta do
sinistro com o próprio segurado, por seus dados
dos clientes e seu primeiro interesse em atendê-los
juntamente com a equipe de peritos que a companhia
se vê na necessidade de designar.
doze horas, sete dias por semana, o que implica
estabelecer procedimentos de atuação e protocolos
de conversação com os reclamantes, formação prévia
dos gestores e peritos que vão fazer o atendimento
telefônico.
Tudo isso precisa ser implementado com os recursos
da informática para o devido processamento das
informações e documentação, além do aluguel de
locais para a recepção das chamadas.
É necessário classificar as reclamações, em primeiro
lugar pela tipologia do dano sofrido:
•Produtos perecíveis (famílias);
•Prejuízos patrimoniais puros (famílias);
•Danos materiais por avarias em eletrodomésticos
ou máquinas;
•Perda de lucros (empresas).
Em segundo lugar, de acordo com a forma em que
são recebidas, as reclamações podem ser classificadas
em:
•Reclamações extrajudiciais individuais, escritas ou
verbais;
•Reclamações em processo judicial;
•Reclamações em sub-rogação de seguradoras de
residências ou danos.
•Reclamações por intermédio de associações de
consumidores, câmaras de comércio, grupos de
advogados e empregadores seguradores.
•Reclamações por meio de resoluções dos órgãos
públicos reguladores da atividade de distribuição
de energia elétrica (em sinistros na América
Latina), que contemplam um problema especial
que será considerado posteriormente.
O enorme volume de reclamações que podem ser
recebidas no primeiro dia torna necessário elaborar
um plano de contingência, que envolve a designação
de uma equipe técnica especializada em avaliação de
danos e lucros cessantes e de pessoal administrativo
de apoio.
Será necessário estabelecer uma central de
atendimento telefônico ininterrupto durante
83
As reclamações podem ser recebidas por diversos
meios:
•E-mail;
•Fax ou telefone;
•Caixa postal;
•Diretamente nos escritórios abertos para a
recepção das reclamações, se for o caso.
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Observatório de sinistros
A colaboração do segurado, com sua base de dados
de clientes, é essencial para uma correta classificação
e avaliação das reclamações, a fim de evitar
reclamações infundadas, duplicidade de pagamentos
ou indenizações a terceiros que não se qualifiquem
como clientes.
Quando o próprio segurado adiantar indenizações aos
reclamantes, geralmente abaixo de certa quantia e por
razões de imagem e rapidez, a seguradora submeterá
a auditoria amostras destas intervenções diretas dos
segurados para verificar sua correta imputação para a
cobertura da apólice.
Com este mesmo propósito, os segurados contratam
campanhas publicitárias e de imagem e assessoria
jurídica, que costumam ser consideradas como
custos extras, para minimizar o sinistro, com amparo
na apólice, embora seja um critério cuja quantia
geralmente será objeto de negociação.
Entrando na análise de alguns destas suposições,
podemos destacar:
•Produtos perecíveis:
O custo extraordinário que uma avaliação
individualizada representaria, com os consequentes
deslocamentos e despesas, exige que sejam
estabelecidas escalas de avaliação a partir da quebra
da rede ou cadeia de frio (com as quais surgem as
primeiras discordâncias sobre se ela ocorre seis ou
oito horas após a interrupção).
O intuito desta escala é fixar médias de indenização
por intervalo de tempo de interrupção, que aumentam
quanto maior for o número de horas sem fornecimento.
Para o estabelecimento das escalas para perecíveis,
recorre-se aos bancos de dados dos institutos de
estatística, de onde se obtém o valor médio sobre o
conteúdo dos frigoríficos em alimentos perecíveis
(produtos refrigerados e congelados), conforme o gasto
médio por família, dependendo do nível econômico
das áreas afetadas e outras fontes estatísticas.
Estes dados são contrastados com as indenizações pagas
pelas seguradoras dos afetados pela perda de produtos
perecíveis que eles reivindicam em sub-rogação.
84
Finalmente, conclui-se que não indenizar produtos
perecíveis poderia gerar um custo final muito mais
alto se os prejudicados entrarem com ação, entre
sentenças e honorários.
Em caso de recusa da escala pelo prejudicado, solicitase a documentação correspondente que justifique o
dano cujo custo está sendo reivindicado.
•Prejuízos patrimoniais puros:
Para os clientes que são famílias, a reclamação por este
critério geralmente se refere ao custo de manutenção
fora do domicílio pela impossibilidade de cozinhar nele.
Para avaliar as indenizações por este critério, recorrese também a dados estatísticos sobre ocupação média
por cada lar e os custos médios das refeições em
restaurantes (tirando a economia dos alimentos que
não são consumidos).
•Perda de lucros:
As reclamações que as empresas ou pessoas jurídicas
apresentam por este critério são objeto de vistoria
individualizada mediante a apresentação dos
documentos correspondentes de comprovação.
É preciso destacar que a causa da interrupção do
fornecimento de energia elétrica pode determinar
o estabelecimento de certos limites e critérios de
indenização no tocante aos terceiros prejudicados.
Em sinistros cuja causa sejam fenômenos
meteorológicos de caráter extraordinário, foram
aplicadas isenções temporárias (48 horas) para
começar a aplicar as escalas e avaliações, com
base em força maior como causa justificada que
exonera o cumprimento das obrigações, embora
temporariamente.
Os tribunais de justiça (na Espanha) estão
considerando em conformidade com a lei a aplicação
pelas seguradoras de isenções temporárias por força
maior neste tipo de reclamação.
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Observatório de sinistros
•Reclamações por meio de resoluções dos
órgãos públicos reguladores da atividade de
distribuição de energia elétrica (em sinistros
na América Latina):
Uma peculiaridade deste tipo de sinistro em alguns
países da América Latina é a intervenção dos órgãos
públicos reguladores da atividade de distribuição
de energia elétrica, que costumam contemplar
dificuldades adicionais na gestão destes sinistros,
especialmente no que se refere aos componentes
jurídicos do conceito de responsabilidade civil, em
particular a existência de reclamação de terceiros e
de danos indenizáveis.
Grande parte da dificuldade advém da ambiguidade
do texto dessas resoluções, enquadradas em
procedimentos sancionadores abertos ao segurado,
normalmente impetrados em virtude de supostas faltas
de sua obrigação de manutenção do sistema elétrico
e descumprimento das obrigações decorrentes do
contrato de concessão para a exploração da atividade
de distribuição de energia elétrica pactuado com o
órgão público competente.
85
A dificuldade se configura porque o órgão público
regulador costuma estabelecer “sanções a serem
distribuídas entre os usuários”, o que significa que
este tipo de resolução geralmente mistura critérios
tão diversos como a sanção ou multa ao segurado
(expressamente excluída da cobertura nas condições)
com o ressarcimento aos terceiros prejudicados.
Uma vez que essas sanções na prática se concretizam
mediante bônus nas contas dos usuários, contemplamse discussões com o segurado sobre a diferença
entre multas “punitivas”, falta de cobertura e multas
“indenizatórias” e se estas devem ser cobertas pela
apólice.
A assunção de pactos de responsabilidade civil por
parte do segurado também se exclui da cobertura na
apólice, embora o segurado seja obrigado a cumprir
a decisão da resolução para evitar uma sanção mais
onerosa ou até mesmo uma perda da licença para
operar no país em questão.
Também se contemplam as dúvidas sobre a
legitimidade do órgão público regulador para
interpor uma reclamação em nome de todos os
clientes afetados, tenham eles sofrido danos ou não.
Este tipo de intervenção dos órgãos públicos costuma
levar a negociações complexas com os segurados
para determinar qual parte dessas “sanções” deve
ser assumida pela apólice, o que implica cálculos
complexos sobre a perda realmente sofrida pelo
segurado, entre outras questões.
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Observatório de sinistros
Sinistralidade em turbinas a
vapor para geração de energia
No setor segurador, é reconhecida a relevância da sinistralidade das turbinas a vapor para
geração de energia elétrica, não só pelo alto custo de reparação ou reposição em caso de
sinistro, mas também pelo efeito que uma parada acarreta.
Embora o desenvolvimento das turbinas a vapor tenha sido associado em grande parte
ao desenvolvimento da geração de eletricidade com combustíveis fósseis (carvão e
combustíveis líquidos), seu uso também está associado à geração com energia nuclear e,
nos últimos anos, vem acompanhando várias fontes de energia renovável: solar, biomassa
e geotérmica.
Desta forma, cerca de 80% da geração de eletricidade do mundo é feita utilizando-se
este tipo de turbina, e não há previsões para grandes variações nesse conjunto.
No entanto, o desenvolvimento de novas formas de produção ou aproveitamento de
energia, a liberação dos mercados elétricos de geração, as políticas relacionadas ao uso
da energia nuclear e o desenvolvimento regimental das energias renováveis impõem a
utilização de tecnologias cada vez mais eficientes, bem como as alterações no regime de
uso das turbinas.
E tudo isso em um ambiente de crescimento da demanda global, embora com alguma
assimetria no que diz respeito a um lógico crescimento maior nas chamadas economias
emergentes e estagnação nos países tradicionalmente mais desenvolvidos.
86
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Observatório de sinistros
O QUE É UMA TURBINA A VAPOR?
Uma turbina é uma máquina que transforma a
energia de um gás ou vapor, pressão e temperatura,
em energia mecânica em seu próprio eixo.
As turbinas a vapor podem ser classificadas
basicamente em dois tipos:
TIPOS DE CENTRAIS
•Centrais de turbina a vapor, que podem ser
classificadas como centrais nucleares, as usinas
térmicas convencionais ou centrais de energias
renováveis (solar, biomassa, etc.).
•Centrais de turbina a gás de ciclo aberto,
baseado em uma única turbina a gás.
•Centrais de turbina a gás de ciclo combinado,
em que se aproveita o calor residual dos gases de
escape de uma turbina a gás para a geração de
vapor e acionamento de uma turbina de vapor.
•Centrais de cogeração, centrais de qualquer tipo
dos anteriores em que se recupera calor residual
para aproveitamento em processos industriais ou
aquecimento central comunitário.
EVOLUÇÃO MUNDIAL DA GERAÇÃO
DE ELETRICIDADE
•Turbina a gás, em que a expansão é de gases,
resultado da combustão de um combustível líquido
ou gasoso em ar previamente comprimido.
•Turbina a vapor, em que ocorre a expansão do
vapor d’água gerado em um equipamento externo,
admitindo, portanto, fontes muito diversificadas
(carvão, óleo combustível, biomassa, reação
nuclear, energia solar térmica, energia geotérmica,
calor residual dos gases de escape de outra turbina
de gás ou de processos industriais, etc.).
87
Dentro desta área, deve ser levado em conta que, de
acordo com o relatório da Agência Internacional
da Energia “Tendências de Mercado das Energias
Renováveis no Médio Prazo” (Medium-Term
Renewable Energy Market), no prazo de cinco anos a
geração com fontes de energia renováveis – eólica,
solar, hidrelétrica e outras – superará a de gás natural
e duplicará a da energia nuclear, e estas tecnologias
passarão a ser a segunda fonte para gerar eletricidade
no mundo, enquanto o petróleo continuará a ser o
primeiro recurso utilizado mundialmente.
A título preditivo, podemos considerar os cálculos
da IEA (Agência Internacional de Energia) como
referência.
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Observatório de sinistros
METODOLOGIA DE ANÁLISE
A pesquisa é feita a partir de algumas amostras
representativas, em que se analisam os fatores que
afetam a incidência de sinistros na atividade de
geração de energia elétrica em centrais tentando
refletir a segmentação com base no tipo de turbina,
tipo de central, antiguidade, escalas de potência, etc.
Amostras de turbinas
Tentou-se fazer a distribuição de características das
turbinas com base nas informações fornecidas pelos
segurados para a subscrição ou renovação.
No entanto, embora seja a ampla disponibilidade
de informações sobre as somas seguradas em danos
e em PB, isso não acontece no mesmo grau para
informações técnicas mais detalhadas.
As informações mais relevantes foram encontradas
em um portal de engenharia onde há uma amostra
significativa de turbinas com características técnicas
relevantes, que, com as devidas precauções, foi usada
para comparar indicadores da amostra de sinistros
com indicadores da amostra do parque de turbinas e
tirar conclusões.
88
Amostra de sinistros
A escolha das amostras atende aos seguintes critérios:
•Foram identificados um total de 330 sinistros
relacionados a turbinas a vapor para geração.
•Para atender a critérios de relevância econômica,
que sejam pertinentes a grupos de geração ou
industriais de certa importância, de disponibilidade
de informações especializadas e de localização
em países relevantes para a carteira segurada pela
MAPFRE Global Risks, a amostra se reduziu a 78
sinistros.
•A fim de obter relevantes conclusões relevantes,
os valores considerados sempre foram os valores
totais 100% em danos e em PB, considerando,
neste caso, tanto a perda econômica quanto os
dias de parada, dadas as diferenças nos diversos
mercados do lucro bruto diário por megawatt
para tecnologias iguais.
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Observatório de sinistros
PRINCIPAIS CONCLUSÕES
PARQUE DE TURBINAS
Tipo de turbina
Tipo e fabricante de turbina.
O mercado de fabricantes de turbinas é altamente concentrado em poucos fabricantes, de modo que quatro ou
cinco empresas, como a General Electric, Alstom, Siemens, Mitsubishi e Westinghouse, representam mais de 90%
do mercado de turbinas a gás e mais de 60% das turbinas a vapor, algo mais diversificado.
Distribuição por idade.
A turbina a gás é uma tecnologia de desenvolvimento recente, o que faz com que praticamente 2/3 do parque
tenham entre 5 e 25 anos, enquanto que, no caso das turbinas a vapor a antiguidade fique entre 10 e 50 anos.
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SINISTROS
Distribuição dos sinistros por valor.
Observa-se que uma porcentagem relativamente pequena de sinistros, 20%, afeta aproximadamente 70% dos
danos totais.Também destaca-se que o maior sinistro da amostra representa 13% da perda combinada (DM+ PB).
Retenção do segurado em função da franquia.
Com base nos sinistros analisados, tem-se a seguinte distribuição de divisão do peso dos sinistros dependendo
da franquia.
Sinistros por tipo de turbina.
Embora os sinistros de turbinas a gás sejam superiores em número e no valor total e no valor médio em danos
materiais, no valor total e no valor médio em perda de lucros os sinistros nas turbinas a vapor são relevantemente
superiores.
90
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Isso ocorre porque as turbinas a gás têm um tempo médio de parada de 54 dias, enquanto que nas de vapor o
tempo médio de parada é de 154.
Em valor combinado seriam números comparáveis, ligeiramente superiores no caso das turbinas a vapor.
Idade.
No caso das turbinas a gás, o período de maior frequência e o valor dos danos está situado entre 10 e 15 anos,
sendo que as de vapor, entre 5 e 10 anos. Aos 35-50 anos de idade, há novamente um aumento na sinistralidade
das turbinas a vapor devido ao desgaste pelo tempo.
Fonte de energia.
Destaca-se a importância econômica dos sinistros nas turbinas a vapor, onde o uso de fontes de energia primária,
tais como biomassa, resíduos, carvão ou energia solar, tem custos acima da média do custo nas turbinas a gás.
Tipo de central e exploração.
Os maiores índices de encargo (sinistro médio = 1) no custo médio se concentram nas centrais de ciclo combinado,
com um valor de 1,8, se forem turbinas a vapor, e de 1,3 para as de gás. Entre as de menor custo estão a cogeração
e os ciclos abertos quando usam uma turbina a gás com índice de encargo de 0,08 e 0,09, respectivamente.
Potência da turbina.
O tamanho ou a potência gerada é outra característica da planta a se considerar, seguindo a lógica de maior
tamanho, maior custo médio de reparo, com 35% acima da média nas turbinas na faixa de 150 a 300 MW.
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Item de origem da falha.
Destaca-se a importância das falhas em turbinas a gás, principalmente na primeira coroa de lâminas pelas exigentes
condições de temperatura que predominam nesse ponto.
Item danificado.
Apesar da existência de uma completa desmontagem para turbinas, a substituição total da turbina é a operação
que possui mais influencia nos custos do sinistro, com um 37% do encargo, sendo as pás do ventilador o item
onde o primeiro dano se manifesta em 27% das vezes.
Causas dos sinistros.
No que diz respeito aos grupos de causas, vê-se uma clara incidência de falhas no material, tanto em frequência
quanto em valores, conforme mostra o gráfico a seguir.
No entanto, apesar dos esforços em analisar a causa primeira das avarias, uma grande parte das vezes a falha não é
conhecida devido às dificuldades que a reconstrução dos danos representa e sua investigação junto ao fabricante
como garantidor do bom design de seu equipamento.
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Circunstâncias dos sinistros.
Quanto às circunstâncias em que ocorre o sinistro, foram encontrados os seguintes dados relevantes:
CIRCUNSTÂNCIAS
% valor
Máximo
Média
N. º
TOTAL
Após manutenção
23%
78.648.687
13.132.887
11
144.461.758
Sem resultado da investigação
18%
27.950.936
6.923.218
16
110.771.494
Descoberta na manutenção
10%
25.202.471
4.172.136
15
62.582.044
Causas externas
7%
41.245.679
41.245.679
1
41.245.679
Em garantia
6%
17.313.872
5.230.811
7
36.615.679
Arranque
3%
15.884.000
5.425.995
4
21.703.979
Envelhecimento normal
2%
3.000.000
1.803.305
6
6
CONCLUSÕES FINAIS
As seguintes conclusões podem ser tiradas a partir da análise dos sinistros:
•Confirma-se a relevância das pás, especialmente em turbinas a gás, como elemento fundamental e
determinante da sinistralidade.
•Reforça-se a importância da manutenção preditiva, incluindo contar com meios de supervisionar
continuamente as condições de operação que permitiriam detectar avarias antes que elas causem danos
mais graves e limitar as intervenções ao mínimo imprescindível, circunstância associada a uma parte
importante dos sinistros.
•Relevância da sinistralidade em turbinas a vapor gerado com biomassa e outras fontes de energia não
convencionais, presumivelmente não só por condições de combustão menos uniformes e contínuas, mas
também pela cultura tecnológica das empresas.
•No caso de centrais mais antigas e, portanto, com menos controles automáticos, os esforços devem se
voltar aos investimentos em instrumentação, controle e supervisão e à formação contínua do pessoal para
assegurar tanto quanto possível a correta operação e a resolução de incidentes.
•Incidência nos protocolos, qualificação do pessoal e supervisão destes aspectos de intervenção nas turbinas
para minimizar os danos consequentes.
•Importância de certa autonomia do segurado no que diz respeito ao conhecimento da tecnologia de tal
forma que ele não dependa 100% do fornecedor da tecnologia e este, por sua vez, se torne juiz e carrasco.
•Finalmente, e no que se refere à vistoria desse tipo de sinistro, ressaltar a importância da colaboração entre
o perito, o segurado e o tecnólogo, bem como a competição de entidades especializadas que permitam
uma opinião independente e tecnicamente capaz de determinar as causas imediatas e a origem.
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