Educação Ambiental para o uso sustentável de água de cisternas
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Educação Ambiental para o uso sustentável de água de cisternas
REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Suplemento Especial - Número 1 - 2º Semestre 2006 Educação Ambiental para o uso sustentável de água de cisternas em comunidades rurais da Paraíba Mônica Maria Pereira da Silva 1, Laryssa Abílio de Oliveira2, Célia Regina Diniz 3 e Beatriz Susana Ovruski Ceballos4 RESUMO Educação Ambiental constitui instrumento essencial à transferência de tecnologias e à sustentabilidade. Este trabalho objetivou avaliar ações em Educação Ambiental junto às comunidades rurais do semi-árido paraibano beneficiadas com cisternas. A pesquisa participante ocorreu de julho de 2006 a janeiro de 2007, no Assentamento de Paus Brancos e em comunidades rurais de São João do Cariri/PB. Aplicou-se um conjunto de estratégias metodológicas que permitiu o processo de sensibilização simultâneo à coleta de dados. Constatou-se que as cisternas foram construídas para garantir água de boa qualidade, porém as famílias não contribuem para este fim, podendo constituir futuramente, num problema de saúde pública. As ações em Educação Ambiental permitiram sensibilização de grande parte das famílias trabalhada, no entanto, não foram suficientes a mudança de hábitos. Sem o processo de Educação Ambiental não será possível o uso adequado das águas de cisternas, que busca fornecer água de boa qualidade e diminuir os riscos à saúde. Palavra-chave: Educação ambiental água de chuva, cisternas, uso sustentável; percepção ambiental, semi-árido ABSTRACT Environmental Education constitutes essential instrument to the transfer of technologies and the sustentabilidade. This work aimed at to evaluate actions close to in Environmental Education the rural communities of the semi-arid paraibano benefitted with cisterns. The participant research was accomplished of July from 2006 to January of 2007, in Paus Brancos and in São João of Cariri rural communities/PB. A group of methodological strategies was applied that allowed the process of simultaneous sensibilization to the collection of data. It was verified that the cisterns were built to guarantee water of good quality, however the families don't contribute to this end, could constitute hereafter, in a problem of public health. The actions in Environmental Education allowed sensibilization of great part of the families worked, however, they were not enough the change of habits. Without the process of Environmental Education it won't be possible the appropriate use of the waters of cisterns, that looks for to supply water of good quality and to reduce the risks to the health. Keywords: Environmental education, rain water, cisterns, maintainable use; perception environmental, semi-arid 1 INTRODUÇÃO Ainda no século XIX, mais de 80 paises, apresentam sérias dificuldades para manter a disponibilidade de água potável (Nações Unidas, 2003). A Organização Mundial da Saúde - OMS (2004) e o Fundo das Nações Unidas para Infância - UNICEF (2004), observam que a população atingida representa 40% da população mundial ou seja, mais de 2,6 bilhões de pessoas sem acesso ao saneamento básico, das quais um bilhão continua bebendo 122 água sem nenhum tratamento (UNICEF - 2004), sendo mais atingidos os habitantes de áreas rurais. A escassez de água representa importante entrave no desenvolvimento social e econômico das populações rurais, e dentre elas, as do semi-árido do Nordeste do Brasil. A disponibilidade de água semi-árido nordestino é reduzida e caracterizada por marcantes diferenças entre o período chuvoso e o seco. Embora haja regiões com precipitação de 800 mm, outras não excedem os 200 mm. A sazonalidade e a falta de sustentabilidade de algumas políticas públicas dificultam o desenvolvimento do ser humano do campo e cria relação de dependência daquele que não tem água com “o dono da água”, gerando insegurança, impotência de ação e falta de autoestima nos mais pobres. Indicadores de desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2004), mostram que na área rural nordestina, apenas 22,7% da população tem acesso ao fornecimento de água por sistemas de abastecimento coletivo e 58% coleta água para beber e para o uso diário de poços, nascentes e açudes. Essas fontes representam grave risco à saúde pública e contribuem com a manutenção dos ciclos endêmicos de doenças infecciosas de veiculação hídrica, com altas taxas de mobilidade e mortalidade, especialmente em crianças com menos de cinco anos de idade (AMBIENTE BRASIL, 2006). Estudos de Diniz et al (1995, 2005) e de Ceballos et al (1998, 2003) na zona rural do estado da Paraíba, mostraram elevada contaminação fecal das águas de pequenos barreiros, olhos d’água e açudes usados para beber sem tratamento prévio e para usos domésticos em geral. Nos últimos anos, a acumulação e uso de águas de chuva vem se mostrando uma importante alternativa para fornecer água de boa qualidade à população rural e sua adoção é estimulada pela simplicidade de construção do sistema e pela obtenção de benefícios imediatos. Dentre as experiências brasileiras, o “Programa de Formação e Mobilização para a Convivência com o semi-árido: Um Milhão de Cisternas Rurais (PIMC)”, gerado pela ASA - Articulação no Semi-Árido Brasileiro, e que conta com o financiamento do Ministério de Desenvolvimento Social - MDS, no âmbito da Rede de Tecnologia Social - RTS, busca garantir água para consumo a um milhão de famílias rurais, minimizando e até eliminando os problemas de doenças relacionadas com a falta de água. Para isso, a transferência de tecnologia e a contribuição com o processo educativo devem-se orientar na busca da transformação social e “à preservação do acesso, do gerenciamento e a valorização da água como um direito essencial da vida e da cidadania, ampliando a compreensão e a prática da convivência sustentável e solidária com o ecossistema do semi-árido” (ANA, 2006). Até o momento, houve um investimento de R$280 milhões, e construídas 200.000 cisternas para 1 milhão de habitantes. Estudos recentes de avaliação deste programa pela EMBRAPA Semi-árido (PACHECO E SANT’ANA, 2006) para o período 2003-2006 contemplando 3.517 famílias, mostraram resultados promissores considerando que mais de 50% dos beneficiados coletam nas cisternas águas de boa qualidade para suas necessidades básicas e evidenciam perceber as melhorias obtidas com a construção das cisternas. Dentre os inconvenientes encontrados e que fragilizam a sustentabilidade do programa, se destacam aspetos da qualidade microbiológica da água, em geral pela contaminação no manejo (captação, retirada e armazenamento da água da cisterna). Diversos trabalhos indicam que o manejo durante a captação é fundamental e que a eliminação das águas das primeiras chuvas é importante para remover os poluentes da atmosfera e dos tetos, usados como áreas de escoamento de água. Andrade Neto (2004) considera que a proteção sanitária de cisternas rurais para abastecimento doméstico é relativamente simples, requerendo de cuidados com o desvio das primeiras águas das chuvas, da proteção e higiene da cisterna e evitando o contato direto da água com a pessoa que a extrai da cisterna, sendo melhor efetuar sua retirada com tubulação ou bomba. Ainda, é importante estimular, através de Educação Ambiental e de práticas para a saúde, a aplicação de um método simples e barato de desinfecção da água antes de seu consumo. Todavia, há reconhecimento geral da necessidade de ações educativas conjuntas à disponibilização das tecnologias. Estas devem 123 respeitar e utilizar as diversidades de percepções, concepções e modos de apropriação da água dos habitantes das diferentes regiões, para estimular o manejo adequado do liquido captado, incentivando a convivência do ser humano com sua terra semi-árida, e gerando condições de sustentabilidade para os projetos de captação, armazenamento, coleta e uso das águas de chuva. Investir na formação de agentes multiplicadores em Educação Ambiental compreende importante estratégia ao uso sustentável das águas de cisternas; por compreender um processo educativo que permite a sensibilização e mudanças de percepção e de atitudes, além de possibilitar o acesso as tecnologias disponíveis. Esses objetivos podem ser alcançados com Educação Ambiental e nas ações devem ser incluídos e formados multiplicadores da própria comunidade que permaneçam junto às equipes ao longo de todo o processo. Essa abordagem se deverá refletir em políticas públicas efetivas e sustentáveis e sua apropriação pelas comunidades alvo, sendo soluções que promovam a transformação social (ANA, 2006). Na Paraíba, várias famílias rurais foram beneficiadas com construção de cisternas, no entanto, o manejo das águas acumuladas não ocorre de forma adequada, prejudicando a sua qualidade antes de chegar ao consumidor final. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi realizar e avaliar ações em Educação Ambiental e para a Saúde da Família, junto às comunidades rurais do semi-árido paraibano, orientadas ao uso sustentável das águas de sistemas de coleta de água de chuva. Para atingir este objetivo foi necessário, numa primeira fase, realizar diagnóstico socioeconômico e ambiental da região e delinear estratégias de sensibilização de seus habitantes a partir da realidade das comunidades envolvidas. 2 METODOLOGIA Brancos, no município de Campina Grande e nas comunidades rurais Curral do Meio e Poços das Pedras do município de São João do Cariri, todas no Estado da Paraíba. Na visão de Thiollent (1998) na pesquisa participante, os pesquisadores estabelecem relações comunicativas com pessoas ou grupos da situação investigada com intuito de serem melhor aceitos, enquanto desempenham um papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, no acompanhamento e na avaliação das ações desencadeadas. Haguette (1997) acrescenta que na pesquisa participante o problema se origina na comunidade em estudo e a principal finalidade da pesquisa é a transformação estrutural fundamental e a melhoria da vida dos envolvidos. A pesquisa qualitativa se preocupa com um nível de realidade que não pode ser apenas quantificado; trabalha o universo de significados, valores, atitudes, percepções, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis, conforme explica Minayo et al (1999). De acordo com Haguete (1997) a utilização do método qualitativo, decorre da incapacidade da estatística dar conta de fenômenos complexos. Para análise dos dados foi utilizada a Triangulação proposta por Thiollent (1998), e que permite a quantificação e a qualificação dos dados em estudo. Parte-se da premissa que os dados quantitativos não se opõem aos qualitativos, porém se complementam. Santos Filho e Gamboa (2000) observam que alguns pesquisadores têm sugerido que a complementaridade deve ser reconhecida tendo em vista os vários e distintos desideratos da pesquisa educacional cujos propósitos não podem ser alcançados por um único paradigma. O avanço das pesquisas nas áreas social e educacional tem impulsionado a percepção de que usando abordagens quantitativa e qualitativa num mesmo problema, o resultado obtido possui melhor compreensão e poder preditivo. 2.1. Tipo de pesquisa 2.2. Caracterização da área de estudo O presente trabalho constitui uma pesquisa participante (HAGUETE, 1997; THIOLLENT, 1998), realizada no período de julho de 2006 a janeiro de 2007, no Assentamento de Paus O Assentamento Paus Brancos esta situado, na microbacia do Riacho Angico, contribuinte do Riacho São Pedro (sub-bacia do mesmo nome), no município de Campina 124 Grande/PB, nordeste do Brasil. Possui uma área de 2.309.70 hectares onde moram 72 famílias, assentadas desde 1978 (SILVA et al., 1987; BARACUHY, 2001). Suas coordenadas geográficas são 07°25’00’’ de Latitude Sul; 35°30’00’’ de Longitude Oeste; 07°20’00’’ de Latitude Sul e 36°06’00’’ de Longitude Oeste. O tipo de clima na região, entre a serra da Borborema e o início do Cariri, é semi-árido quente, caracterizado por chuvas em um único período do ano, de 3 a 4 meses. A temperatura média varia entre 26 e 28°C, havendo alta taxa de elevada evaporação (2.000 mm/ano) e em conseqüência, perda de água dos açudes e dos solos úmidos (LMRS, 2006). O município de São João do Cariri está localizado na microrregião do Cariri oriental e na mesorregião da Borborema, na Bacia hidrográfica do Rio Taperoá. Sua área é de 702 km² com 4.715 habitantes e a sede do município localiza-se nas coordenadas 07º23’27” de Latitude Sul e 36º31’58” de Longitude Oeste. A região apresenta clima seco semi-árido quente, com máximas e mínimas de 29 e 24oC e uma média pluviométrica de 379,2 mm/ano. Os solos são rasos, subsolo do embasamento cristalino, vegetação de caatinga, relevo ondulado e altitude variando entre 450 m a 550 m. As comunidades estudadas situam-se a aproximadamente 25 Km da zona urbana e 40 famílias contam com cisternas. 2.3. Desenvolvimento do trabalho: O trabalho foi desenvolvido em três etapas: na, 1ª foi realizada visita de reconhecimento, seguido de conversas informais com os líderes comunitários e habitantes das residências com cisternas, para apresentar o projeto e conhecer as famílias. Na 2ª etapa foram realizadas entrevistas semi-estruturadas aos representantes ou chefes de 40 famílias em Paus Brancos e 30 nas comunidades rurais de São João do Cariri. Nessa fase também foram efetuadas observações diretas e registro das condições de manutenção das cisternas, telhados, calhas ou dutos, localização das fossas sépticas e funcionamento destas, entre outras. Na 3ª etapa foram executadas as ações de Educação Ambiental. Foram realizados 10 encontros, com freqüência quinzenal em cada comunidade, nas sedes das Associações de Moradores. Em Paus Brancos, 12 famílias participaram dos encontros e em São João do Cariri participaram 15 famílias. Para esses encontros foram executadas estratégias metodológicas, aplicando-se o MEDICC, modelo proposto por Silva e Leite (2000), que permite, na pesquisa participante, agregar várias técnicas da pesquisa social. Com essa metodologia se possibilitou a coleta de dados simultaneamente ao processo de sensibilização, sendo aplicados questionário em forma de trilha, matriz, análise de frases e desenhos, palavrachave, dinâmicas e jogos, havendo momentos de lazer e confraternização. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Diagnóstico sócio-ambiental 3.1.1. Estrutura familiar Nas últimas décadas são visíveis as mudanças estruturais nas famílias brasileiras, principalmente no que se refere ao número de membros. As famílias pesquisadas em Paus Brancos e nas comunidades de São João do Cariri/PB exemplificam essas observações. Em Paus Brancos, a maioria dos chefes ou responsáveis pelas famílias trabalha na agricultura, com renda mensal máxima R$ 500,00. Predomina o número de famílias com apenas três membros. Nas Comunidades Rurais de São João do Cariri, a renda mensal é superior às famílias de Paus Brancos (R$ 700,00 800,00) e o numero de membro por família é igual ou inferior a seis. Durante as visitas, verificou-se um número significativo de casais da terceira idade morando sozinho, devido aos filhos estarem trabalhando ou estudando nos centros urbanos próximos, para garantir melhores condições financeiras. A redução do tamanho médio das famílias brasileiras, com menor número de filhos também foi constatado por Silva e Hasenbalg (2000), fato que os autores consideram importante, por constituir situação favorável à educação escolar das crianças. Carvalho e Almeida (2003) apontam à redução das famílias como uma característica da sociedade 125 contemporânea e associa entre outros aspectos, a situação econômica e educacional. 3.1.2. Condições de higiene das residências Em Paus Brancos a infra-estrutura das residências é bastante precária. Há ainda casas de Pau a pique - taipa (9,68%), sem revestimento (40,74%), com cobertura de telha de fibra-cimento e palhas de coco. A maioria das casas de tijolo cerâmico e maciço está em péssimo estado de conservação. Diversas residências (16,13%). Não têm banheiro sanitário e os existentes, não apresentam condições higiênicas apropriadas, além de serem usados apenas para tomar banho. Nas residências com coleta de esgoto, estes são direcionados para sistemas de fossa séptica. Entre as doenças de maior ocorrência citadas se destacam hipertensão e diarréia. Esta ultima, está diretamente relacionada à falta de saneamento básico. Um morador enfatizou que há cinco anos atrás houve vários casos de cólera no assentamento, principalmente entre as crianças. Em relação à higiene social, os resíduos são dispostos a céu aberto e o esgoto não coletado é lançado no ambiente, sem qualquer cuidado. Apesar da maioria da população dedicar-se à agricultura, poucas residências têm árvores e/ou hortas. As famílias consideram mais fácil comprar as hortaliças. Atribuíram à ausência de horta, a falta de tempo e escassez de água. No entanto, foi observada uma residência com diversos tipos de vegetais e horta. E esta se encontra inserida no mesmo cenário das demais famílias. Em relação à higiene pessoal, observou-se que não são adotados os princípios básicos de higiene social. Nos encontros realizados apenas três famílias tomavam os cuidados de se higienizar e vestir melhor para irem às reuniões. Esta realidade indica que o trabalho de Educação Ambiental deve ter um forte componente na orientação do resgate da autoestima e da importância do cuidado do próprio corpo. Em São João do Cariri, o cenário foi diferente. A maioria das casas é construída em tijolo (84,20%), apresenta reboco (77,80%) e está em bom estado de conservação. Muitas possuem banheiro sanitário (94,40%), entretanto, alguns são usados apenas para banho. Todas as residências visitadas apresentaram cobertura com telhado de cerâmica. As crianças apresentam-se melhor vestidas que em Paus Brancos. Porém, em relação à higiene social, ainda não há preocupação com a destinação correta dos resíduos sólidos e do esgoto. Apenas 33,33% das residências destinam o esgoto para fossas sépticas. Poucas contam com horta e costumam cultivar árvore próxima as suas residências. Também se justificam pela falta de tempo e a escassez de água. As doenças que mais atingem, segundo os moradores, são gripe e diarréia. Em Paus Brancos, o grupo pesquisado tem consciência da importância do trabalho do agricultor, orgulha-se do seu papel na sociedade e historicamente está em mobilização para garantir terra para o plantio, porém, não tem cuidado com o seu corpo. Em São João do Cariri não foi observado o mesmo nível de consciência em relação ao trabalho do agricultor, predominando o desejo de buscar novos horizontes. Alguns agricultores destacaram que seus filhos têm vergonha de afirmar dizer que o pai é agricultor. Entretanto, adultos e jovens reconhecem que é a agricultura que gera melhores condições financeiras. A conservação do telhado das residências de Paus Brancos e de São João do Cariri, é boa, sem buracos (94,70%). Todavia, em Paus Brancos predominaram tetos sujos (45,17%), enquanto que em São João do Cariri o número foi menor (16,70%). Folhas secas, pedaços de madeira, latas e sapatos velhos são jogados nos tetos, além de poeira e fezes de animais, sem associar que as águas da cisterna, que depois consomem, escoa primeiro por essa área. A falta de limpeza e de conservação dos telhados contribui para a contaminação da água de chuva que é captada No Assentamento Paus Brancos grande parte das residências possui cozinha (87,10%), das quais 75% estão situadas no interior das residências. Poucas casas apresentam pia com água contínua (6,3%). Um número significativo utiliza fogão à lenha (39,06%). Em São João do Cariri todas as famílias têm cozinha no interior das residências, e 23,40% possuem fogão à lenha. Jurema e 126 algaroba são as plantas mais utilizadas como combustível. A jurema, planta nativa do bioma caatinga, constitui o grupo de espécies pioneiras no processo de sucessão secundária. Sua exploração desordenada pode chegar a ameaçar a sustentabilidade deste ecossistema. A Educação Ambiental pode evitar o desmatamento de espécies ameaçadas e a substituição dos tipos de madeira, entre outras ações para o desenvolvimento não predatório do meio ambiente pelas comunidades do semiárido , 3.1.3. Condições de abastecimento de água Nos locais estudados (Assentamento Paus Branco e Comunidades rurais de São João do Cariri), não há sistema coletivo de tratamento e distribuição de água potável. Entre as famílias de Paus Brancos, predominam as cisternas como fonte de abastecimento (48,38%), seguido de chafariz (29,05%), poço ou nascente (16,12%) e carro pipa (6,45%). As águas de abastecimento são armazenadas em cisternas (46,42%), pote (25%), filtro (17,85%), tonéis (7,14%) e caixa d’água (3,59%). Algumas famílias não costumam tratar a água antes de beber (19,29%). Dentre os tratamentos aplicados pelas restantes, prevalecem a cloração e a filtração. A filtração é realizada com pano (50%) e em filtro de barro (50%). A manutenção e limpeza dos filtros não ocorrem com a freqüência necessária e indicada pelos órgãos de saúde e não se observam visitas periódicas dos agentes de saúde a estas residências mais afastadas das sedes municipais. Nas comunidades rurais de São João do Cariri a principal fonte de água é o Rio Taperoá (40%), seguido de poços (24%), cisternas (24%), barreiros e/ou açudes (8%) e carro pipa (4%). Em época de seca intensa são perfurados poços no leito do Rio Taperoá. O armazenamento da água é feito em caixas d’água (32,40%), cisternas (26,50%), potes de barro (20,60%), filtros de cerâmica (11,80%) e tonéis (8,70%). As cisternas são utilizadas como importantes formas de armazenamento de água em número expressivo de residências estudadas. Todas as famílias afirmaram que tratam a água de beber. As formas comuns são cloração e filtração. Para filtração predomina o uso de filtro de barro (67,80%), os demais utilizam filtro de pano (32,20%). Semelhante a Paus Brancos a cloração e filtração não ocorrem de forma adequada. A utilização de águas superficiais para consumo humano requer de tratamento prévio adequado. A maioria dos açudes se apresenta eutrofizado pelo aporte de matéria orgânica e fertilizante das áreas agrícolas ou por serem receptores dos esgotos não tratados que escoam da bacia hidrográfica. Na Paraíba, são poucos os municípios com sistema coletivos de tratamento de esgoto (no estado há 16 sistemas de tratamento de esgotos, dos quais 2 estão na capital). Dentre os sistemas coletivos instalados na Paraíba, predominam as lagoas de estabilização, tipo facultativo e nos últimos anos, foram construídas lagunas anaeróbias. Nos restantes dos municípios, as fossas sépticas individuais ou coletivas são os sistemas de escolha, as que fazem apenas tratamento primário simples sem redução importante dos microrganismos patogênicos. 3.1.4. Instalação das cisternas Tanto em Paus Brancos, quanto nas Comunidades Rurais de São João do Cariri, as cisternas constituem, atualmente, uma estratégia importante de captação de água das chuvas. Sua utilização se restringe ao consumo humano e para cozinhar. Em decorrência da escassez das chuvas, quando falta água, as cisternas são utilizadas para armazenar água de carro pipa, a qual também é usada somente para beber e cozinhar. No Assentamento Paus Brancos, a maior parte das cisternas foi construída pelo projeto P1MC (65%) e as restantes pelos próprios moradores (35%). Em São João do Cariri também a maioria das cisternas foi construída pelo projeto P1MC (52,60%), outras foram instaladas através de projetos municipais e estaduais (42,10%), apenas 5,30% foram construídas pelos próprios moradores. Estes dados ressaltam o processo de mobilização freqüente entre as famílias de Paus Brancos: um número significativo de cisternas foi edificado pelos próprios moradores. A construção das cisternas foi considerada importante a melhoria da qualidade de vida das famílias por 100% dos entrevistados no 127 Assentamento Paus Brancos. Citam como benefícios: facilidade de acesso à água, água limpa e diminuição de casos de diarréia, que eram freqüente em anos anteriores. Nas comunidades rurais de São João do Cariri, 88,20% fizeram avaliação semelhante e apontaram a facilidade de acesso água, maior disponibilidade de tempo para outras tarefas e água de boa qualidade como os principais benefícios. No entanto, 11,80% não vêem como importante a instalação das cisternas e não cuidam destas. Foi constatado que as cisternas dessas famílias apresentavam vazamentos. Em relação ao manejo das cisternas instaladas, os grupos estudados afirmaram que conhecem a maneira correta de captar, armazenar, coletar e de utilizar essas águas, porém não foi verificado a aplicação na prática. A maioria realiza a limpeza anualmente das cisternas e declara, ter cuidado com a manutenção dos telhados e calhas. Na prática, constatou-se sujeira nos telhados e calhas dessas famílias. A principal medida preventiva, citada pelas famílias do Assentamento Paus Brancos para evitar a contaminação das águas das cisternas, foi a de eliminar primeiras as águas da chuva que escoam pelos telhados (100%). Em geral, estas águas, que poderiam ser utilizadas para outros fins, são desperdiçadas. As comunidades rurais de São João do Cariri citaram, como medidas de preservação da qualidade da água, o desvio das primeiras águas de chuva, a proteção das entradas e saídas dos dutos com tela e da importância de proteger a conexão do duto de descida da água no ponto de entrada da cisterna com um pano, por exemplo, assim como manter fechada a tampa cisterna. Mostrando-se mais conscientes e cuidadosos em relação ao uso das águas da cisterna. A maior parte das famílias do Assentamento Paus Brancos, afirma que a água da cisterna deve ser retirada por meio de balde (85%), os demais mencionaram a bomba manual (15%) . Segundo as famílias, o armazenamento destas águas deve ocorrer em potes e filtros. Para as comunidades rurais de São João de Cariri, a retirada da água de cisterna pode ser realizada por meio de balde (52,90%), bomba manual (41,20%) e motor elétrico (5,90%). O armazenamento, de acordo com essas famílias, deveria ser em potes de barros e em filtros. Nestas famílias foi observada maior informação em relação ao uso de bomba manual. No entanto, a observação direta mostrou que não usam bomba manual, argumentando seu peso elevado e a demora para retirar a água; sabe-se, porém que utilização da bomba manual é um dos melhores mecanismos preventivos para evitar a contaminação da águas de cisterna, durante a coleta para uso. Um argumento a mais pode ser o custo da bomba, que embora não é elevado, limita sua aquisição. Constatou-se que a forma predominante de coleta de água é com balde, o qual não apresentou condições adequadas de higiene na maioria das famílias, onde também é usado para outros fins, em decorrência das dificuldades econômicas para adquirir mais um, para uma única finalidade. A hipótese lançada neste trabalho de que as famílias não utilizam de forma correta as águas das cisternas, fato que compromete a qualidade dessas águas, comprovou-se a partir da observação direta, pois são poucos os cuidados que as famílias evidenciaram usar para evitar a contaminação das águas, embora conheçam de forma teórica os procedimentos corretos. Trabalhos mais aprofundados de Educação Ambiental e para a Saúde da família e da comunidade podem mudar esse panorama. 3.2. Ações de Educação Ambiental 3.2.1. Percepção ambiental das famílias Para a realização das ações de Educação Ambiental é indispensável conhecer a percepção ambiental do grupo envolvido e poder delinear estratégias de ação que permitam a ampliação e/ou mudanças dessa percepção. Percepção ambiental abrange toda maneira de olhar o ambiente. Esse ver ocorre através de um filtro ou de uma tela que o próprio indivíduo constrói, resultante de conhecimentos, experiências, crenças, emoções, cultura e ações. E o ser humano age no meio ambiente a partir desta percepção (SILVA, 2002). Segundo Rappaport (1982) há discrepância entre as imagens culturais da natureza e organização real da mesma, resultando em desequilíbrios que concorrem para a crise ambiental. A percepção inadequada da natureza promove a utilização dos recursos 128 naturais de forma insustentável, não havendo respeito e compromisso com as gerações futuras. De acordo com Pedrini (1997) a prepotência e arrogância com que o ser humano trata o seu meio tornaram-o cego ao óbvio: os recursos ambientais são finitos, limitados e estão dinamicamente inter-relacionados. Para Capra (1996), os problemas precisam ser vistos como diferentes facetas de uma única crise, crise de percepção. Guimarães (1988) considera que esse tipo de percepção foi provocado pelo antropocentrismo introduzido com o paradigma cartesiano-newtoniano na mentalidade ocidental, dificultando a compreensão dos processos de auto-organização dos ecossistemas, assim como as interdependências entre os seres vivos. Logo, o trabalho desta pesquisa foi iniciado com a identificação da percepção ambiental das famílias envolvidas, por meio da aplicação do mapa mental, o qual compreende a análise de um ou mais desenhos em resposta á pergunta: “ o que é meio ambiente para você?”. Nas comunidades rurais de São do Cariri, a maioria das famílias mostrou ver o ambiente de forma natural (91,66%), com predominância de elementos como vegetais, sol, solo, água e animais. Em 100% dos desenhos o ser humano não esteve presente, o qual se interpreta como que o ser humano não se sente parte integrante do meio ambiente. Esse pensar leva o ser humano ao uso abusivo dos recursos naturais, por imaginar que não será afetado. Conforme Inque (1995), quando se fala em natureza é comum que numerosas pessoas deixem de incluir o ser humano, seu ambiente imediato e os produtos de sua cultura. Na ótica de Queiroz (1997) a Educação Ambiental aparece como fruto da necessidade de atuar na transformação da sociedade, promovendo de início mudanças de percepção e dentre elas, a inserção do ser humano na natureza e sua ação de transformação. A percepção ambiental inadequada influencia nas ações do ser humano acarretando impactos ambientais. Um exemplo desse tipo de percepção é a crença de que a cidade e a escola não são partes do meio ambiente. Dentre as representações feitas pelos participantes dos encontros de Educação Ambiental em São João do Cariri, apenas 8,34% vêem o meio ambiente construído, modificado. Os desenhos não retrataram a realidade do grupo envolvido, e expressaram desejos e sonhos: paisagem com água e vegetação abundantes. Essa pintura não condiz com a realidade da comunidade: área estudada, no Cariri paraibano, as chuvas são escassas, e no período que foi realizada a pesquisa, correspondente à estação seca, a vegetação predominante de caatinga, refletia cor cinza e marrom intenso e não o verde. Em Paus Brancos, a maioria dos desenhos representou a realidade na qual o grupo está inserido, contendo planta, sol, lua da caatinga e ferramentas utilizadas pelos agricultores como machado, alguns incluíram a casa da cidadania, escolas e suas moradias. O ambiente natural com a inclusão do ser humano esteve presente em 63,64% dos desenhos e com o ambiente construído em 36,36%. Esta comunidade, historicamente mostra-se em constante mobilização, pela busca de terra para plantio e moradia, e uma vez assentados procuram por saneamento, educação e justiça social, o que explica o conteúdo de seus desenhos. A realidade na qual a comunidade está inserida é reconhecida e compreendida, e constitui motivação para as possíveis mudanças. Outros trabalhos, entre eles o de Alves, Silva e Vasconcelos (2003) com comunidades rurais de Juazeirinho/PB também mostraram predominância do meio ambiente natural nos grupos estudados, indicando ausência de ser e de se sentir habitante do semi-árido. 3.2.2. Importância do Recurso Natural Água A importância da água na percepção das comunidades sob estudo foi avaliada a partir da dinâmica “o pingo d’água”. A dinâmica de sua aplicação foi através do desenho de uma gota de água, o qual foi recortado para se construir um quebra-cabeça. A seguir, cada participante recebeu algumas peças desse quebra-cabeça e à medida que a colocavam as peças para reconstruir a gota de água, o participante devia falar sobre sua concepção da importância da água. Observou-se que 100% das pessoas atribuem grande importância à água. Entre as 129 afirmações destacam-se: água é tudo; água é vida; água é esperança; água é importante para o banho, pesca, irrigação, cozinhar, beber e para a sobrevivência de animais. Em Paus Brancos, sobressaiu a importância da água para a agricultura, revelando o reconhecimento e a valorização do trabalho do agricultor, diferente das comunidades de São João de Cariri, que apesar da maioria ser agricultor, tem outras aspirações. Apesar das comunidades compreenderem a importância da água não contribuem para manter a sua qualidade. A situação do saneamento básico colabora com a pouca valorização da higiene e com a falta de associação das ações individuais com a contaminação ambiental. Ausência de banheiros sanitários, resíduos sólidos na mata e nos rios ou bordes dos açudes, destruição das matas ciliares e desmatamento para uso da madeira como lenha fazem parte de seu cotidiano, assim como o uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes. Não se percebe que essas ações alteram e destroem o bioma caatinga, poluem a água e afeta sua saúde. Não se percebe, em conseqüência, que o ser humano é fator de transformações que podem ser positivas e equilibradas, tendentes à auto-sustentabilidade. Como transferir esses conceitos em comunidades que lutam dia a dia por uma vida mais digna? 3.2.3 Algumas causas dos problemas relacionados com a água e possíveis soluções Para averiguar a concepção dos grupos participantes em relação às causas e às soluções para se ter mais água e de melhor qualidade, foi executada a dinâmica “do Sol”. Esta consiste em distribuir fitas pretas e amarelas entre os participantes, que formarão um sol. As fitas pretas representam os problemas e o lado do planeta onde os raios solares ainda não atingiram. Já as fitas amarelas simbolizam as soluções e o lado iluminado. A dinâmica expressa que o sol, fonte de energia, inspira a busca de soluções, e estas devem beneficiar a todos, já que os raios solares podem iluminar em todas as direções. Em São João do Cariri os participantes apontaram a poluição das águas e sua escassez como o principal problemas da região. Citaram o desperdício, o lançamento de esgoto, de resíduos sólidos e animais mortos no rio Taperoá, assim como a presença da algaroba nas suas margens. A observação in loco confirmou a concepção do grupo, revelando que há compreensão das origens de alguns problemas, no entanto, não está sensibilizado para mudar suas atitudes. Como soluções apontaram: consciência, união e mobilização. Estas prioridades, conforme os grupos participantes poderiam provocar mudanças de atitude, possibilitar o tratamento de água, a construção de cisternas, o uso de racional da água e maior fiscalização para seu correto. Em Paus Brancos a comunidade citou como principais problemas, a escassez de água, sua má qualidade, má manutenção dos barreiros e a falta de união da população para resolver e/ou mitigar esses problemas. Como soluções apontaram à transposição das águas do rio São Francisco, o tratamento da água, programas de saneamento, construção de poços e manutenção dos barreiros. A construção de cisternas não foi citada, provavelmente porque várias famílias já tiveram suas cisternas instaladas. Entretanto, cabe perguntar por que aquelas famílias que não tem cisternas não reivindicam sua construção e preferem os barreiros? Dentre as doenças de veiculação hídrica, as comunidades de São João do Cariri citaram dengue, verminoses, esquistossomose, cólera, hepatite e micoses; além de desidratação, manchas na pele, diarréia, febre e dor de cabeça, que não são doenças, mais são sintomas típicos dessas enfermidades. Como formas de prevenção citaram o tratamento da água, a coleta e tratamento dos esgotos, eliminar águas paradas, cuidados na localização e na manutenção das fossas sépticas. Em Paus Brancos, as doenças enumeradas foram: cólera, verminoses, dengue, hepatite, esquistossomose, diarréia, frieira e calazar. As duas últimas não são doenças de veiculação hídrica, mas ocorrem com freqüência na região. As formas de prevenção citadas coincidem algumas com as de São João do Cariri e outras evidenciam maior nível de conscientização em relação à higiene: tratamento da água, coleta e tratamento de esgotos e de resíduos sólidos, lavagem de verduras e frutas, cuidar de tampar a cisterna, e não andar calçado. 130 3.2.4. Manejo das águas de cisternas Com a finalidade de identificar as formas de manejo das cisternas das famílias em estudo, foi aplicada a dinâmica “mutirão de idéia”. Esta consiste em motivar o grupo a expor sua opinião sobre determinado tema, seguido de um amplo debate. Para o desenvolvimento da dinâmica foi desenhada em cartolina uma cisterna. Num primeiro momento, os participantes lançaram suas idéias sobre medidas para conservação da cisterna, depois sobre como retirar a água da cisterna e por último como armazenar essa água. As idéias foram escritas na cartolina e amplamente discutidas. A discussão partiu do princípio de avaliar quais as idéias eram certas ou erradas e o que poderia ser mudado. Tanto em São João do Cariri como em Paus Brancos constatou-se que o desvio das primeiras águas de chuvas, manter a cisterna fechada e a limpeza dos telhados e das calhas foram considerados importantes à conservação da cisterna e para a preservação da qualidade da água, o qual era esperado considerando os resultados das entrevistas realizadas previamente. Não foi observado preocupação em relação à localização da cisterna, nem com o uso de água de fontes variadas e não citaram a utilização de bomba e nem a necessidade de limpezas periódicas. Sobre a forma de retirar a água da cisterna, os dois grupos evidenciaram a importância da bomba manual ou baldes limpos. Porém, persistem em não usar a bomba, como já foi dito e não lavam corretamente os baldes. Sobre a maneira correta de armazenar a água da cisterna, insistem no uso de potes e filtros. São unânimes em apontar a cloração como uma medida importante para tratamento da água. No entanto, quando aplicam cloro este é usado para grandes quantidades de água e a dose correta não é considerada, resultando na ineficiência do tratamento. A partir destas informações, foram elaborados cartazes mostrando formas corretas de conservar as cisternas, de retirar e armazenar a água e de procedimentos de cloração. Foi também elaborado um cartaz apresentando o ciclo da água, na busca de sensibilizar os grupos sobre a circulação da água e os pontos chaves para aplicar medidas preventivas, tanto no ambiente (preservação da mata ciliar) como na manutenção dos tetos e das cisternas. Em várias oficinas foram enumerados e discutidos os riscos do consumo de água contaminada e a necessidade de adotar procedimentos corretos para se obter água de boa qualidade. Em outras oficinas foram apresentados diversas formas de tratar a água. Os métodos trabalhados foram: fervura, filtração, cloração e desinfecção com uso de luz solar (SODIS, 2005). Famílias de Paus Brancos, conheciam o método SODIS, apesar de não ser usado na prática diária, devido ao trabalho realizado por Beter (2006). Para as famílias de São João do Cariri, SODIS foi uma novidade e mostraram-se interessadas em conhecer melhor o processo. Na oficina de tratamento de água também foi trabalhada a necessidade de manter a higiene pessoal e social. Foi destacado que a preocupação em tratar em água deve estar associada ao cuidado com o corpo e com o meio ambiente e que este cuidado é essencial ao resgate da auto-estima. 3.3 Conquistas e trabalho de realizado desafios referentes ao Educação Ambiental No último encontro realizado no Assentamento Paus Brancos e nas Comunidades Rurais de São João do Cariri/PB as dinâmicas utilizadas possibilitaram a avaliação do trabalho realizado. Foi aplicado um questionário em forma de trilha (SILVA, 2002). Este consiste em distribuir perguntas em caixas fixadas em pontos diferentes da sala, e várias frases de motivação. A primeira caixa foi fixada na entrada da sala, e continha instruções de como ocorreria a trilha. Cada caixa continha uma pergunta relacionada ao manejo correto das águas de cisternas e a avaliação do trabalho realizado, totalizando oito perguntas. No final, cada participante recebeu uma bala contendo uma frase de incentivo e agradecendo pela participação nos encontros. A entrega da bala objetivou verificar o destino que seria dado à embalagem. Após a trilha, foram entregues três cartões em cores amarela, verde e roxa e foi exposto um cartaz com uma cisterna desenhada. 131 No cartão amarelo, os participantes escreveram um tipo de cuidado para conservar a cisterna; no cartão verde, uma forma correta de retirar a água da cisterna e no cartão roxo uma forma de armazenar a água que foi retirada da cisterna. Os cartões foram expostos ao lado do desenho e se procedeu à discussão. Terminada a dinâmica anterior, distribuíram-se pedaços de cartolina com as figuras das partes de uma arvore típica da caatinga, para que os participantes montassem um quebra-cabeça. À medida que se processava a montagem, foram sendo citados problemas que gostariam resolver em 2007. Em seguida, foram entregues mais uma vez partes de uma árvore típica da caatinga, desta vez coloridas para o grupo organizar mais uma vez o quebra-cabeça, e citaram soluções para os problemas que consideraram prioridades para 2007. Finalmente, os temas foram discutidos e o grupo foi motivado a continuar se encontrado para que as soluções apontadas pudessem se transformadas em realidade. Concluída a dinâmica da árvore, foram entregues aos participantes espinhos, flores e frutos para completar um cacto desenhado em cartolina. Para os espinhos, cada participante citou um ponto negativo dos encontros. Para as flores um ponto positivo e para os frutos, o que mudou a partir dos encontros. De acordo com a avaliação dos dados, os grupos foram sensibilizados para a necessidade de utilizar corretamente a água da cisterna. Mas, é necessário manter visitas às famílias, e insistir no processos de sensibilização para a adoção de práticas corretas. Em Paus Brancos o trabalho realizado ainda não foi suficiente para mudar o cenário de falta de cuidado com o corpo. A falta de recursos financeiros e de perspectivas representa desafio a ser superado por este grupo. Os problemas considerados prioritários para 2007 segundo as famílias de Paus Brancos são: superar a falta de recursos financeiros; mobilizar a comunidade; adquirir financiamento para a agricultura, disponibilidade de transporte e manter água em quantidade e de boa qualidade nas cisternas. Este último foi considerado desafio, devido a falta de chuvas. No momento as cisternas são abastecidas por carro pipa. Para as comunidades rurais de São João do Cariri, as prioridades são: aumentar o número de casas contempladas com cisternas; manter o grupo reunido para discutir e reivindicar soluções para os problemas locais e melhorar a assistência médica. Entre as soluções apontadas pelos dois grupos destacaram-se o processo de mobilização e continuidade dos encontros quinzenais. Em relação à avaliação do trabalho realizado, tanto em Paus Brancos, quanto em São João do Cariri foram considerados como pontos negativos: poucos encontros e o baixo número de famílias envolvido. Os pontos positivos são: a reunião de pessoas da comunidade para discutir temas de interesse comum, o conhecimento gerado sobre uso da água; para os cuidados com o meio ambiente; a inquietação motivada em resolver os problemas da comunidade. Durante os encontros observaram-se vários avanços, no entanto, há desafios a serem superados. Espera-se que as comunidades coloquem em prática os conhecimentos gerados e que continuem os encontros para discutir e buscar soluções aos problemas locais. Provavelmente o número de encontros não foi suficiente para gerar as mudanças esperadas, mas permitiu o processo de sensibilização para o uso correto dos sistemas de coleta e armazenamento de águas de chuva. 3.4 Estratégias para a realização de ações de Educação Ambiental em comunidades rurais do semi-árido paraibano A realização de Educação Ambiental não formal, especialmente em comunidades rurais, exige estratégias diferenciadas da Educação Ambiental Formal citadas por Silva (2000). Entre as estratégias comuns, destacam-se: identificação da percepção ambiental, realização de diagnóstico sócio-ambiental; delineamento dos encontros a partir da percepção e do diagnóstico sócio-ambiental; sistematização e continuidade dos encontros; metodologia criativa, dinâmica, crítica e participativa; valorização dos diversos saberes; construção e reconstrução do conhecimento; apresentação dos dados coletados e discussão dos dados coletados. As estratégias específicas compreendem: reconhecer a área delimitada para a intervenção; identificar os líderes locais e sensibiliza-los para serem parceiros potenciais do trabalho; escolher 132 um local para realização dos encontros que facilite o acesso dos participantes; discutir o horário mais adequado a participação efetiva das famílias e agendar previamente os encontros que serão realizados, deixando exposta a agenda em cartaz; organizar os encontros de forma criativa e dinâmica com duração máxima de duas horas; cumprir com assiduidade e pontualidade a agenda organizada para a realização dos encontros; não utilizar panfletos, manuais e/ou cartilhas antes que o grupo esteja sensibilizado; evitar utilizar materiais didáticos que não são acessíveis à população local e por último tornar os encontros momentos importantes para o grupo pesquisado e para o grupo de pesquisadores. Observando as estratégias enumeradas, Educação Ambiental atingirá os objetivos propostos através dos documentos nacionais e internacionais, que é o de Transformação, objetivo comum a todo processo de Educação. Vários educadores e pesquisadores da área de educação citam e concordam com o propósito da educação. Esta só se justifica, enquanto processo de transformação (FREIRE, 1983; GUIMARÂES, 2000; DEMO, 1999; SATO,1997). A Carta da Terra, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global e a Agenda 21 Global também preconizam o objetivo de transformação. O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global sugere que Educação Ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não formal e informal, devem promover a transformação e a construção da sociedade. Deve-se procurar um ato político, baseado em valores para a transformação social, estimulando a solidariedade, igualdade e o respeito humano. Deve-se enfatizar a relação entre o ser humano e a natureza e o universo de forma interdisciplinar. Ainda, na Agenda 21 Mundial, o ensino é fundamental para conferir consciência ambiental e ética, valores e atitudes, técnicas e comportamentos em consonância com o desenvolvimento sustentável. 4 CONCLUSÃO As famílias do Assentamento Paus Brancos e das comunidades rurais de São João do Cariri/PB não contam com sistemas de saneamento básico e não são servidas por sistemas de abastecimento coletivo de água potável. As condições de infra-estrutura das casas e de higiene das famílias são precárias. As comunidades rurais de São João do Cariri apresentam melhores condições nas residências e maiores cuidados com a higiene pessoal Número significativo de residências não tem banheiro sanitário (16,13% - Paus Brancos; São João do Cariri - 5,60%), e na maioria das vezes estes são utilizados apenas para o banho Entre as famílias residentes em Paus Brancos, predominam as cisternas como fonte de abastecimento de água (48,38%), seguido de chafariz (29,05%), poço ou nascente (16,12%) carro pipa (6,45%). Entretanto, as cisternas perdem sua função social ao serem cheias com água de carro-pipa. Nas comunidades rurais de São João do Cariri, a principal fonte de água é o rio Taperoá (40%), seguido de poços (24%), cisternas (24%), barreiros e/ou açudes (8%) e carro pipa (4%); Os grupos reconhecem o ganho de tempo, antes perdido na busca de água, que dedicam a outras atividades do lar e da roça; As cisternas foram construídas para garantir água de qualidade, mas não se observa o manejo correto na captação, armazenamento e coleta de água, o que se constitui num grave problema para o êxito de projetos de alto investimento, como o PIMC e para sua autosustentabilidade. A preocupação em tratar a água deve estar associada ao cuidado com o corpo e com o meio ambiente. E este cuidado é essencial ao resgate da auto-estima; Os grupos foram sensibilizados para a necessidade de utilizar corretamente a água da cisterna, no entanto, ainda não foi possível avaliar de forma cuidadosa sua aplicação prática. São necessárias visitas sistemáticas às famílias e acompanhamento pelos multiplicadores, para impulsionar maior aplicação das medidas de manejo. 133 Em Paus Brancos o trabalho realizado não foi suficiente para mudar o cenário de falta de cuidado com o corpo. A falta de recursos financeiros, de perspectivas pessoais e coletivos, manutenção da boa qualidade da água das cisternas e aumento do número de residências com cisternas constituem desafios a serem superados. O número de encontros não foi suficiente para gerar as mudanças esperadas, mas permitiu instalar o processo de sensibilização para o uso correto das águas de cisternas e para a higiene pessoal. Sem Educação Ambiental não será possível o uso sustentável das águas de cisterna, nem de projetos de aplicação de outras tecnologias que precisam de novas formas de percepção e de atuação. Educação Ambiental não formal exige metodologia dinâmica, criativa, crítica e participativa. A formação em Educação Ambiental dos líderes locais compreende principal estratégia para alcançar os objetivos da Educação Ambiental na zona rural. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Lânia Isis Ferreira; SILVA, Mônica Maria Pereira; VASCONCELOS, Kelton Jean C. Percepção Ambiental de Comunidades Rurais em Juazeiro/PB referente a extinção de espécies animais da caatinga. In Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 22., 2003. Joinville. Anais. Joinville/SC: ABES, 2003 AMBIENTE BRASIL. Desertificação. Disponível em: http://www.ambientebrasil. com.br Acesso em: 21 de Jul. 2006. ANA - Agencia Nacional de Água. Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi-Árido: Um Milhão de Cisternas Rurais - P1MC. Disponível em: http://www.ana.gov.br/GestaoRecHidricos/Usos Multiplos/arq/PIMC.doc Acesso em: 25 de Set. 2006. ANDRADE NETO, C O de. Proteção Sanitária das Cisternas Rurais. In: Simpósio Lusobrasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 21. 2004. 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Professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação de Engenharia Civil e Ambiental/UFCG; Professora visitante da UEPB. Email: [email protected] SODIS - SOLAR WATER DISINFECTION. Homepage. Disponível em: http: www.sodis.ch. Acesso em 10 de janeiro de 2007. THIOLLENT, Michael. Metodologia da pesquisa ação. 8ªed. São Paulo/SP: Cortez, 1998. 108 páginas. TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL. Rio de Janeiro, 1992 136