anatomia da pelve

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anatomia da pelve
ANATOMIA DA PELVE
Dr. Pedro Sérgio Magnani
De Lancey em 1992, introduziu o conceito de que o tecido conectivo suporta a
pelve em três níveis: pelos ligamentos uterosacrais e cardinais, pelos ligamentos da
vagina, e pelas estruturas que envolvem a uretra, levantador do ânus, músculo perineal e
corpo do períneo.
O músculo levantador do ânus é o componente mais importante do assoalho
pélvico e dá suporte aos órgãos pélvicos além de auxiliar na ação do esfíncter da uretra,
vagina e reto.
O sistema de suspensão e sustentação das vísceras pélvicas é responsável pelo
seu posicionamento adequado, garantindo a integridade de suas relações anátomofuncionais. Esse mesmo sistema é representado por ligamentos constituídos de
colágeno, tecido fibromuscular e elastina.
Os ligamentos são espessamentos da fáscia endopélvica, uma importante
estrutura que é o principal instrumento anatômico de posicionamento das vísceras acima
do assoalho pélvico. Tais ligamentos são os paramétrios (complexo cardinaluterossacro), paracolpos, fáscia pubocervical e septo reto-vaginal.
O sistema de sustentação é representado pelo conjunto músculo-fascial do
diafragma pélvico (m. levantador do ânus associado ao m. coccígeo) e diafragma
urogenital (m. transverso profundo do períneo e suas fáscias). Fatores desencadeantes
como aumento de peso, tocotraumatismos, climatério, etc. podem promover situações
de sobrecarga. A musculatura pélvica se alonga de forma compensatória; porém, a
fáscia endopélvica rompe-se e se desprende de seu local habitual devido à falta de
elasticidade, ocasionando verdadeiras hérnias representadas pelas diversas distopias
pélvicas.
O sistema de sustentação da vagina foi bem caracterizado por De Lancey (1992) que
diferenciou três níveis de sustentação da vagina:
- Nível I: sustentação da porção superior da vagina pelo complexo cardinal uterossacro.
Responsável pela orientação vertical superior da vagina, posicionando as vísceras
pélvicas sobre os m.elevadores do ânus;
- Nível II: fáscia pubocervical, que fixa a porção média da vagina ao arco tendíneo da
fáscia pélvica (anteriormente) e ao septo reto vaginal na fáscia do m. ileococcígeo
(posteriormente). Responsável pela orientação do eixo horizontal médio da vagina;
- Nível III: fixa a parte inferior da vagina com a fusão da fáscia pubocervical ao
diafragma urogenital, septo retovaginal ao corpo perineal e fáscia do m. pubococcígeo.
Defeitos em níveis específicos levam a diferentes tipos de lesões e distopias:
- Defeitos do nível I resultam no prolapso de cúpula vaginal, prolapso uterino ou
enterocele;
- Defeitos do nível II resultam em uretrocistocele e/ou retocele;
- Defeitos do nível III levam a uretrocele ou deficiência de corpo perineal.
A avaliação clínica criteriosa dos defeitos do assoalho pélvico é fundamental para o
adequado planejamento cirúrgico. Podemos identificar os seguintes defeitos com as
válvulas de um espéculo:
Defeito central
- Ruptura da fáscia pubocervical longitudinalmente abaixo da bexiga;
- Perda da rugosidade vaginal;
- Identificação através do deslocamento da parede central da vagina à manobra de
esforço, quando a mesma é elevada com ajuda de uma pinça de De Lee aberta
posicionada na região lateral da vagina, ou como um afilamento da parede vaginal
palpável com o auxílio de uma sonda vesical.
Defeito lateral ou paravaginal
- Ruptura da fáscia pubocervical junto ao arco tendíneo da fáscia pélvica;
- Identificação através do deslocamento lateral da parede vaginal com a pinça
posicionada na região central da vagina.
Defeito transverso
- Separação da fáscia pubocervical do anel pericervical.
Defeito posterior
- Separação do septo retovaginal da base do complexo cardinal útero sacro (formação de
retocele alta ou enterocele);
- Solução de continuidade entre o septo retovaginal e o corpo perineal (causando
retocele baixa).
Defeito apical
- Separação do complexo cardinal útero-sacro do anel pericervical;
- Causa prolapso uterino ou de cúpula vaginal e enterocele.
Defeito distal
- Destruição do corpo perineal;
- Alargamento do hiato genital.
A identificação adequada dos defeitos do assoalho pélvico e das estruturas
anatômicas lesadas permite o adequado reparo, que seja cirúrgico ou clínico, com menor
índice de recidivas a médio e longo prazo.
Essa nova maneira de se encarar a incontinência urinária levou ao aparecimento
de inúmeras técnicas cirúrgicas e tratamentos clínicos altamente eficazes.
Existem vários programas de exercícios que visam fortalecer a musculatura
pélvica, mais especificamente o músculo elevador do ânus e, desta forma, levar ao
fortalecimento do componente peri-uretral do esfíncter uretral externo, aumentando o
tônus e melhorando a transmissão de pressões na uretra reforçando assim o mecanismo
de continência.
Isso explica os bons resultados obtidos com as técnica fisioterápicas como
cinésioterapia e eletroestimulação.

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