das revoluções inglesas à industrial

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das revoluções inglesas à industrial
RESUMÃO DE HISTÓRIA
DAS REVOLUÇÕES INGLESAS À INDUSTRIAL
Desde o século XIII, a Inglaterra era governada por um rei chamado de
João Sem Terra, que assumiu o trono do irmão, Ricardo, Coração de
Leão, famoso por suas empreitadas nas Cruzadas. João foi obrigado
pela nobreza inglesa a assinar um documento conhecido como Magna
Carta, que estabelecia a instalação de um órgão, denominado
Parlamento, que limitava os poderes do rei, conferindo voz à elite da
Inglaterra.
Os reis dos séculos seguintes, pertencentes à Dinastia Tudor,
proporcionaram um desenvolvimento econômico próspero e de várias
conquistas na Inglaterra. Enquanto Henrique VIII e Elizabeth I
estavam no poder, ocorreu a adoção do anglicanismo, pelo qual o rei
torna-se a maior autoridade religiosa da Inglaterra, concentrado o poder
político e religioso. Além disso, neste período, a Inglaterra encontrava-se
unificada e começou a disputar o descobrimento de novas colônias,
fazendo frente aos espanhóis. Durante o governo de Elizabeth I, a
monarquia mais tradicional de toda a Europa vivenciava o seu apogeu.
DINASTIA STUART
No governo de Elizabeth I, o reino da Inglaterra havia derrotado a
Invencível Armada da Espanha, que tentara atacar as Ilhas Britânicas
[já nos últimos anos do século XVI]. O aumento da frota para enfrentar
os espanhóis e outras políticas adotadas pela rainha atendiam aos
interesses da burguesia mercantil inglesa, mas desequilibraram as
finanças do Estado. Para contornar a situação, o governo teve que
sujeitar-se a empréstimos junto ao Parlamento e recorrer à concessão e
vendas de monopólios comerciais e industriais, ao contrário dos demais
reinos europeus.
A morte da rainha criou um grave problema sucessório, pois Elizabeth
I, a rainha virgem, não deixara herdeiros. O trono inglês passou para o
seu primo, Jaime Stuart, rei da Escócia, que não recebeu muito apoio
político inglês, uma vez que era tratava-se de um déspota esclarecido,
defensor da teoria do direito divino dos reis. Além disso, havia outro
fator ainda mais grave, era um rei anglicano, enquanto a maioria
inglesa era puritana.
Os conflitos não demoraram a surgir. O governo da Dinastia de Stuart
foi marcado pelo fortalecimento do poder do rei, pela perseguição a
católicos e calvinistas e pelo aumento de impostos para financiar o luxo
da corte. No mesmo período ocorreram na Inglaterra fortes movimentos
migratórios em direção à América do Norte, pois muitos partiam para
escapar da tirania da Coroa.
O sucessor de Jaime, seu filho, Carlos I, deu continuidade ao governo
autoritário do pai, tentando, inclusive, impor o anglicanismo aos
escoceses, que eram presbiterianos. A medida quase resultou em uma
guerra entre escoceses e ingleses.
A insatisfação da população diante dos conflitos religiosos e econômicos
acabou gerando uma crise política. De um lado estava Carlos I, apoiado
pelos lordes e pelas dissidência da pequena nobreza. Dou outro, a
Câmara dos Comuns, falando em nome do conjunto da população
inglesa.
REVOLUÇÃO PURITANA
O Parlamento inglês compunha-se de duas câmaras: a Câmara dos
Lordes, formada pela cúpula do clero anglicano e por nobres titulados,
pertencentes às grandes famílias aristocráticas; e a Câmara dos
Comuns, formada pelos grandes burgueses e pelos gentlemen,
pertencentes à gentry, à pequena nobreza rural. Os gentlemen [fidalgos
e cavaleiros] caracterizavam-se pela vida gentil, isenta do trabalho
manual e de suas penas.
As diferenças de classe e de origem social expressavam-se nas
diferenças políticas e religiosas. Os lordes praticavam a religião
anglicana, enquanto que os comuns eram de maioria presbiteriana [alta
burguesia e gentry] e puritana [pequena e média burguesia, pequenos
proprietários rurais ou yeomen, proletários e marginalizados]. Os
comuns juntaram-se contra os lordes, formando uma nova junta
militar, o Exército do Novo Tipo, e tornaram-se conhecidos como
roundheads [cabeças redondas], devido ao corte de cabelo
característico que usavam.
Em meio à guerra civil, os presbiterianos assumiram a hegemonia no
Parlamento, enquanto o exército mais radicalizado liderado por Oliver
Cromwell conquistava o país para os comuns. A guerra chegou ao fim e
Carlos I foi deposto. Entretanto, os presbiterianos, mais moderados,
não viam com bons olhos a corrente democrática defendida pelo
Exército do Novo Tipo. Em 1647, quando o Parlamento tentava
desmobilizar o exército, foi organizado um novo levante que levou
Cromwell ao poder, que proclamou a República.
Oliver Cromwell, como calvinista e presidente do Conselho de Estado,
iniciou a repressão ao católicos e anglicanos, confiscando os bens da
Igreja anglicana, extinguiu as tarifas arbitrárias estabelecidas no
governo anterior e estabeleceu o primeiro Ato de Navegação [apenas
navios ingleses poderiam transportar mercadorias para a Inglaterra],
que beneficiou os setores mercantis e de construção naval,
caracterizando o seu governo intimamente ligado aos interesses da
burguesia.
No entanto, a destruição causada pela guerra civil foi acompanhada por
desastrosas colheitas, alto custo de vida, baixos salários e pesadas
taxações. A oposição, composta pelos levellers [grupo puritano que
reivindicava a liberdade de credo] e pelos diggers [grupo puritano que
reivindicava a reforma agrária], sentiu-se enganada pelo governo
republicano, que, segundo eles, não havia implementado medidas que
tirassem a população da situação precária na qual se encontrava.
Todas as manifestações foram duramente reprimidas por Cromwell, que
dissolveu o Parlamento e assumiu o título de Lorde Protetor da
Inglaterra. A conduta de Cromwell desagradou os setores populares,
que passaram a vê-lo como um tirano.
A sua morte, em 1658, significou o golpe de misericórdia para a
República inglesa, uma vez que seu filho e sucessor, Richard
Cromwell, que não tinha a mesma influência do Lorde Protetor, foi
deposto no ano seguinte. O governo puritano chegou ao fim com a
subida ao poder de Carlos II, filho de Carlos I, aliado aos
contrarrevolucionários presbiterianos, iniciando o período conhecido
como Restauração Monárquica.
REVOLUÇÃO GLORIOSA
Carlos II foi coroado graças à aristocracia e à alta burguesia. Seu
governo foi marcado por relativa estabilidade política, sem muitos
conflitos entre a Coroa e o Parlamento. Durante esse período, o
comércio e a indústria expandiram-se com rapidez. A Restauração
seguiu seu curso com a ascensão de Jaime II ao trono inglês, irmão de
Carlos II, que morreu sem deixar herdeiros. Católico de tendências
absolutistas, o novo monarca se tornou impopular. Havia o boato de
que ele pretendia destruir o Parlamento a partir de uma invasão
francesa, pois era muito próximo do rei Luís XIV, o Rei Sol [“O Estado
sou eu!”].
Sem nenhum apoio político, Jaime II foi afastado do trono sem conflitos
ou rebeliões populares, num golpe de Estado conhecido como
Revolução Gloriosa [1688]. A burguesia, então, convidou para o trono
um puritano, o príncipe holandês Guilherme de Orange, iniciando o
governo da monarquia parlamentar de caráter liberal, que daria
margem para o desenvolvimento do capitalismo.
Dentre as leis estabelecidas destacaram-se o Toleration Act [concedia
liberdade religiosa aos cristãos, exceto aos católicos] e o Bill of Rights,
que estabelecia o júri popular e o habeas corpus, e o poder exclusivo
do Parlamento acerca das decisões sobre os impostos.
PIONEIRISMO INGLÊS NA INDUSTRIALIZAÇÃO
A industrialização na Grã Bretanha teve início por volta de 1760, não só
pela superioridade tecnológica e científica, mas também pela
condição geográfica favorável, pois o território inglês era rico em ferro
e carvão, elementos essenciais das máquinas do século XVIII.
A consolidação da monarquia parlamentar com a Revolução Gloriosa
alterou profundamente o rumo da economia britânica. O lucro privado e
o desenvolvimento industrial tornaram-se prioridades para as
iniciativas governamentais.
O movimento de cercamento ou demarcação, iniciado no século XVI,
foi responsável pela expropriação maciça dos camponeses e pela
transformação da terra em mercadoria, um bem lucrativo
monopolizado pelos grupos privados.
A nascente indústria britânica atendia inicialmente ao próprio mercado
consumidor inglês. Posteriormente, o Estado incentivou a conquista de
mercados fora de seus limites territoriais, acelerando a arrancada
capitalista.
No curso da Revolução Industrial desenvolveu-se a indústria de base,
representada principalmente pela metalurgia e, em especial, pela
siderurgia. Sua demanda estava ligada ao setor militar, em menor
escala, e posteriormente às ferrovias, construídas durante as primeiras
décadas do século XIX e responsáveis pelo transporte de mercadorias e
de um enorme contingente de pessoas. O domínio do fluxo de
mercadorias permitiu que a burguesia britânica acumulasse bens de
capital, fundamentais para a consolidação da economia industrial.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A industrialização representou uma mudança social profunda na
medida em que transformou a vida dos seres humanos. Uma das
primeiras transformações diz respeito à concepção de trabalho, que de
castigo passou a dignificar o homem e a qualifica-lo, tornando-se um
indicador de posição social.
Como resultado da divisão e do parcelamento do trabalho, o operário,
cada vez mais alienado, perdeu a visão global do processo de produção.
Se por um lado o uso contínuo de máquinas diminuiu a necessidade de
mão de obra, por outro levou os industriais a buscarem o trabalho
feminino e infantil como opção de baratear o custo de produção,
causando um considerável descontrole familiar.
A cidade também mudou de fisionomia, em virtude da concentração de
grandes multidões nas áreas fabris. Nos núcleos urbanos
transformados pela indústria, os pobres habitavam bairros populosos
ou cortiços com péssimas condições sanitárias. O processo de
industrialização desenvolvia-se em paralelo com o da favelização.
No século XVIII ocorreram formas violentas de protestos dos
trabalhadores, que inundavam minas, queimavam colheitas e
destruíam as máquinas. O processo de resistência, denominado
Ludismo, foram iniciativas contra a alienação do trabalho ao capital,
um modo do trabalhador afirmar seu poder sobre os instrumentos de
produção. A destruição do maquinário consistia o último recurso na
defesa de um estilo de vida mais digno e autônomo.
Afastado da arena pública, o proletariado urbano da Grã Bretanha
reclamava da participação efetiva nas eleições. Organizado em 1838 por
Feargus O’Connor e William Lovett, o cartismo teve origem numa
petição conhecida como Carta do Povo, apresentada ao Parlamento.
Seu programa constava de seis pontos importantes:
•
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Sufrágio universal masculino;
Igualdade de direitos eleitorais;
Voto secreto;
Legislaturas anuais;
Abolição do censo eleitoral;
Remuneração das funções parlamentares;
Com exceção da exigência das legislaturas anuais, os demais pontos do
programa foram incorporados posteriormente pela sociedade britânica.

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