Revisão de Literatura

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Revisão de Literatura
ECONOMIA DOMÉSTICA E FENG SHUI: UMA BREVE
REFLEXÃO
Nathália Guerra de Oliveira1
Michelle Gomes Lelis2
RESUMO
Esta pesquisa bibliográfica teve como objetivo analisar a relação da Economia Doméstica com o Feng Shui,
numa perspectiva habitacional. Para a realização do mesmo foi realizada uma coleta de dados em livros e revistas
científicas encontrados nas Bibliotecas da Universidade Federal de Viçosa, nos artigos publicados nos
Congressos Brasileiros e Encontros Latino-Americanos de Economia Doméstica e em páginas da internet. Os
autores apresentados deixam claro a importância do estudo da habitação a fim de oferecer e atender a qualidade
de vida de indivíduos, grupos, famílias e consumidores. Nesse estudo escolheu-se a filosofia oriental Feng Shui
como foco de reflexão da habitação. De acordo com a filosofia do Feng Shui, percebeu-se o quanto é importante
harmonizar a energia do ambiente onde se vive, sejam os cômodos de uma residência ou a sala de um escritório.
Essa harmonia influenciará diretamente na qualidade de vida dos indivíduos que acreditam nessa “energia”, o que
remete o objetivo do profissional de Economia Doméstica, que é a promoção social e bem-estar da família.
Concluiu-se, diante dessa reflexão, que seria importante que o estudante de Economia Doméstica aprendesse
sobre esta filosofia, somando este conhecimento às suas possibilidades de atuação profissional na área de
habitação e planejamento de interiores.
PALAVRAS-CHAVE: Habitação. Qualidade de vida. Formação profissional.
1 INTRODUÇÃO
O ser humano está constantemente em busca da qualidade de vida, e para tal é
necessário que algumas necessidades básicas sejam satisfeitas. Dentre estas necessidades se
destaca a de habitação. Além da função de abrigo e segurança, a habitação também é o local
de descanso, lazer e é onde os indivíduos passam a maior parte de seu tempo.
Maslow (1970), afirma que qualidade de vida sustenta-se na teoria das necessidades
básicas. Para ele, as necessidades humanas apresentam-se hierarquicamente como uma
pirâmide, da seguinte forma: necessidades fisiológicas (sono, sede, abrigo, etc.); necessidades
de segurança (segurança que vai desde sentir-se seguro dentro de casa até formas mais
elaboradas de segurança, como um emprego estável); necessidades sociais (amizade, amor,
família, inclusão em grupos); necessidades de estima (respeito, aceitação); e necessidades de
auto-realização (realização do potencial, uso dos talentos individuais).
1
Estudante do 5º período do Curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa. E-mail:
[email protected]
2
M.S. Economia Doméstica, Professora Substituta do Curso de Economia Doméstica da Universidade Federal
de Viçosa. E-mail: [email protected]
1
A habitação constitui uma das necessidades básicas do homem, uma vez que é
requisito fundamental para sua subsistência e para seu próprio desenvolvimento, num sentido
global. Por outro lado, é fator de relevância no contexto socioeconômico e cultural do meio
onde está inserida, não só por refletir determinadas condições do mesmo, mas em virtude de
poder modificá-las (MARTINS, 1986).
Como as pessoas passam a maior parte de seu tempo em casa, faz sentido torná-la o
mais agradável e harmônica possível. No Ocidente, usa-se a decoração e o design de interiores
para ajudar nisso, na China usam também o Feng Shui. Ele tem a mesma preocupação em
garantir que a impressão visual seja agradável, mas também certifica-se de que a energia que
flui dentro e em torno da casa seja o mais benéfica possível (CRAZE, 1998). Para os chineses,
o Feng Shui está entre a ciência e a arte, compreendendo uma linguagem simbólica, na busca
pela harmonização do ambiente, do corpo e da mente (BARRETO, 1999).
Visto que a função do Economista Doméstico é promover bem-estar e qualidade de
vida ao ser humano, e que uma das áreas de atuação deste profissional é a habitação e
planejamento de interiores, levantou-se o seguinte questionamento: existe uma relação entre a
Economia Doméstica e o Feng Shui?
Assim, esta pesquisa bibliográfica teve como objetivo geral conhecer se existe alguma
relação entre a Economia Doméstica e o Feng Shui, numa perspectiva habitacional.
Especificamente pretendeu-se: Levantar referências bibliográficas sobre o assunto; Dialogar e relacionar os autores abordados; Conhecer e refletir sobre a relação da Economia
Doméstica com o Feng Shui.
2 METODOLOGIA
2.1 Local de Estudo
Esta pesquisa foi realizada na cidade de Viçosa, situada na Zona da Mata de Minas
Gerais, a cerca de 225 km de Belo Horizonte, capital do Estado, e possui aproximadamente
73.121 habitantes (IBGE, 2005). Viçosa tem uma população flutuante de cerca de 12 mil
habitantes, devido à presença da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Além da UFV, a
cidade conta com mais cinco estabelecimentos de Ensino Superior.
2
2.2 Procedimentos para Coleta de Dados
Os dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica, que segundo Santos
(2004, apud SILVA; SILVEIRA; 2007), é o conjunto de materiais escritos/gravados, mecânica
ou eletronicamente, que contêm informações já elaboradas/publicadas por outros autores.
Silveira e Silva (2007), complementam que essas informações podem estar em livros (comuns
ou dicionários), fitas de áudio e vídeo, periódicos (revistas, jornais) e internet.
Para a coleta de bibliografias consultadas, pesquisou-se em livros encontrados na
Biblioteca Professor Antônio Secundino de São José (Biblioteca Central) e na Biblioteca
Setorial Professora Sônia da Silva do Departamento de Economia Doméstica da Universidade
Federal de Viçosa; na Revista Científica Oikos e em outros artigos publicados nos Congressos
Brasileiros de Economia Doméstica e Encontros Latino-Americanos de Economia Doméstica.
2.3 Análise dos Dados
Os livros e materiais consultados foram analisados, segundo a revisão de literatura, de
forma a atender os objetivos dessa pesquisa, refletindo sobre o curso de Economia Doméstica
e a formação do profissional.
3 REVISÃO DE LITERATURA
Essa parte da pesquisa bibliográfica foi dividida nos seguintes tópicos: habitação:
necessidade básica; feng shui: uma filosofia oriental; Economia Doméstica: pela qualidade de
vida e pelo desenvolvimento sustentável; Economia Doméstica e feng shui.
3.1. Habitação: necessidade básica
Para melhor diálogo e reflexão com os autores consultados, a Revisão de
literatura foi dividida em: habitação: necessidade básica; Feng Shui: uma filosofia oriental;
Economia Doméstica: pela qualidade de vida e pelo desenvolvimento sustentável.
A habitação é um dos componentes básicos do dia-a-dia, que determina a qualidade de
vida das pessoas ao lado da alimentação, acesso aos serviços de saúde, participação social e
também pela auto-realização (ACOSTA-HOYOS, 1985).
3
Para Keynes (1972), citado por Acosta-Hoyos (1985), esses componentes básicos do
dia-a-dia são denominados necessidades humanas e estas podem ser agrupadas em duas
classes: as necessidades absolutas, que são aquelas inerentes ao ser humano, como a
alimentação, moradia e saúde que devem ser satisfeitas antes que o indivíduo tenha a
percepção das suas necessidades relativas; e as necessidades relativas, que são aquelas focadas
na satisfação psicológica do indivíduo, e estas dizem respeito ao lazer, arte, conforto,
satisfação pessoal; estas serão mais insaciáveis quanto maior for o nível econômico do
indivíduo.
A busca pela satisfação das necessidades está diretamente relacionada à qualidade de
vida, que para Ferreira (1986), é definida como sendo todo bem-estar produzido por elementos
sociais, econômicos, culturais, políticos, religiosos, ambientais, etc., que configuram não
apenas as dimensões do ter e do possuir, mas também do ser, do viver em condições de
produzir, de gerir e de usufruir dos bens e serviços necessários e disponíveis na sociedade.
Qualidade de vida diz respeito às condições necessárias a nível de famílias,
comunidades, etc.) para adequadamente satisfazer às necessidades básicas,
culturalmente definidas, e indispensáveis a um desenvolvimento normal do potencial
do homem e ao exercício responsável da sua capacidade, sem menosprezar de
maneira indevida seu meio ambiente físico e natural (CEBOTAREV, 1979, p.16).
Coimbra (1985 apud CARMO, 1993) complementa que qualidade de vida é a
somatória dos fatores significativos que o meio reúne para a vida humana, em conseqüência da
interação sociedade-meio ambiente e que afeta a vida buscando atender as necessidades
somáticas e psíquicas.
O conceito de qualidade de vida é muito abrangente, uma vez que envolve diferentes
domínios da vida. Esses domínios estão associados a mudanças sociais, políticas e ideológicas
e, além disso, dizem respeito à maneira pela qual o indivíduo interage de acordo com sua
individualidade e subjetividade, com o meio externo. Portanto, refere-se à maneira como o
sujeito é influenciado e como influencia seu micro e macroambiente circundante. Logo, o
acesso a uma “qualidade de vida” implica relação de equilibro entre forças internas e externas,
que envolvem o indivíduo e sua família (AZEVEDO, 2004).
Segundo Ayres (1998), a qualidade de vida deveria expressar muito mais do que o
simples viver, mas o viver bem de forma equilibrada, ou seja, por qualidade de vida deve-se
entender aquele viver que é bom e compensador em no mínimo quatro áreas: social, afetiva,
profissional e da saúde.
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Diante desse esclarecimento sobre qualidade de vida, percebe-se a importância de
estudar e refletir sobre a habitação, uma vez que é uma necessidade de todo indivíduo ou
família, base da organização de uma comunidade, além de estar diretamente relacionado aos
fatores que influenciam a qualidade de vida das pessoas.
O homem sempre procurou abrigar-se em um habitat. O dito homem das cavernas
procurava cobrir o chão com peles de animais abatidos, para maior conforto. Com a
evolução no processo de moradia, o homem cada vez mais foi aprimorando-se em
detalhes que proporcionavam melhor qualidade de vida (MANCUSO, 1999, p.21).
Martucci (1990) define habitação como sendo a Casa e a Moradia integradas ao Espaço
Urbano com todos os elementos que este espaço urbano possa oferecer. Barros (2000),
complementa dizendo que o espaço físico habitado costuma relacionar todas as coisas e
pessoas, podendo incentivar, deprimir, cuidar ou colocar em risco o ser humano que o utiliza.
Embora morar seja indiscutivelmente uma necessidade básica, a estreita relação entre
casa e morador nem sempre é percebida por aqueles que tomam esse espaço como objeto
analítico. A “casa” representa materialização de determinado grupo e é também “lócus” de
reprodução da força de trabalho e espaço ritual, onde seus membros se interagem
(WOORTMANN, 1982). Essa estrutura material, “casa”, é também uma estrutura simbólica,
ou seja, local onde são reproduzidas as regras e formas sociais da existência de um grupo
(LUDWIG, 1994).
Santos (1983) e Lemos (1989), citados por Ludwig (1994), apresentam olhares
diversos sobre a habitação. Santos (1983), diz que a expressão física de uma moradia não é
gratuita, ao contrário, faz sentido para o grupo que nela vive, reflete sua história e suas reais
condições de existência. Já Lemos (1989) coloca que o interesse de uma habitação está mais
no seu aspecto sócio-cultural do que nas suas qualidades arquitetônicas decorrentes da técnica
construtiva e da intenção plástica.
Os autores apresentados deixam claro a importância do estudo da habitação a fim de
oferecer e atender a qualidade de vida de indivíduos, grupos, famílias e consumidores. Por
isso, faz-se necessário conhecer e refletir sobre fatores e aspectos que possam interferir ou
contribuir para esse objetivo. Nessa pesquisa escolheu-se a filosofia oriental Feng Shui como
foco de reflexão.
5
3.2. Feng Shui: uma filosofia oriental
Feng Shui (pronuncia-se fong-suei), segundo Craze (1998), é o sistema chinês de
arrumar o ambiente de modo a viver em maior harmonia com as pessoas ao redor. Significa,
literalmente, vento e água. É um sistema muito antigo e bem desenvolvido, que existe há pelo
menos 5.000 anos. Rossbach (1999), complementa que ele é traduzido como “vento” e “água”,
é uma eco-arte que liga o homem e seu destino ao seu meio, seja ele natural ou artificial,
cósmico ou local.
Feng Shui é uma ciência antiga chinesa praticada há mais de 4000 anos, que estuda o
meio ambiente e relações humanas com ele, harmonizando-os. Feng Shui,
literalmente vento e água, são as duas formas de vida mais fundamentais. Existe um
conceito no sentido de que esta ciência é assim designada porque sua sabedoria é
como o vento que não se pode compreender, e como água, que não se pode agarrar.
Através destas palavras, pode-se notar a simbologia e a sutileza da filosofia chinesa:
é simples e ao mesmo tempo está ao alcance de todos, para ser compreendida e
praticada em ambientes (SPALTER; STREICHER, 1999, p. 11).
“O Feng Shui é uma combinação única de elementos: magia; adivinhação; design de
interiores; filosofia; bom senso” (CRAZE, 1998, p.3). Goldkorn (1998, p.21) complementa
ainda que um dos principais pressupostos do Feng Shui é de que “o homem constrói
habitações à sua imagem e semelhança, o que não é uma afirmação difícil de comprovar”.
O Feng Shui pode ser considerado uma visão abrangente do universo: céu, terra, povo
e energia, e é usado para prever e ajudar a mudar situações da vida como a carreira, a saúde, a
prosperidade (riqueza), os relacionamentos e a vida familiar (CRAZE, 1998). Barreto (1999)
corrobora com esta idéia dizendo que, enquanto Arte e Ciência, as funções parecem ser a de
buscar soluções para os problemas, minimizando as dificuldades seja em nível de saúde,
reputação, sucesso, desenvolvimento pessoal e profissional, por meio da renovação do
ambiente, tendo em vista o equilíbrio entre as energias do cosmo, da Terra e do ser humano.
O estudo do Feng Shui compreende um aspecto intangível do mundo, onde a
representatividade de dragões, tigres e serpentes são forças energéticas cósmicas, assim como
o vento, a água, as forças de Yin-Yang e as energias fluídicas de Chi, promovem a integração
dos elementos da natureza em constante mutação (BARRETO,1999)
Na antiga China foi descoberto que o mundo podia ser dividido em 5 tipos de energia
(elementos) e a eles deram nomes da natureza: fogo/ terra/ metal/ água e madeira. Estes
elementos se movem para dentro e para fora, ascendem, descendem e giram. Usados como
guias, os 5 elementos podem ajudar a proporcionar um ambiente equilibrado, quando
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ajustados no espaço de acordo com sua necessidade, garantindo um resultado de cura e
melhorando o Chi positivo (SPALTER; STREICHER, 1999).
Percebe-se, de acordo com a filosofia do Feng Shui, o quanto é importante harmonizar
a energia do ambiente onde se vive, sejam os cômodos de uma residência ou a sala de um
escritório. Essa harmonia influenciará diretamente na qualidade de vida dos indivíduos que
acreditam nessa “energia”, o que remete o objetivo do profissional de Economia Doméstica,
que é a promoção social e bem-estar da família.
Assim, faz-se necessário relacionar o Feng Shui com o curso superior de Economia
Doméstica, refletindo sobre uma das suas áreas de estudo e atuação: habitação e planejamento
de interiores.
3.3. Economia Doméstica: pela qualidade de vida e pelo desenvolvimento sustentável
O Economista Doméstico é considerado um profissional generalista, com sólida
formação multidisciplinar, voltada para a reflexão dos problemas cotidianos, das famílias e
demais grupos vulneráveis. Capacitado a atuar com habilidade e competência técnica e éticopolítica, nas áreas de economia familiar, administração familiar, administração institucional,
estudo do consumo e educação do consumidor, família e desenvolvimento humano,
alimentação e nutrição, saúde da família e da comunidade, vestuário, habitação, planejamento
de interiores, extensão e desenvolvimento rural e urbano (UNIOESTE, 2009).
De acordo com o Catálogo de Graduação do curso de Bacharel em Economia
Doméstica da Universidade Federal de Viçosa de 2009, ele pode atuar nos seguintes setores:
estabelecimentos que produzem refeições para comunidades sadias, estabelecimentos
agroindustriais,
estabelecimentos
de
lavanderias,
desenvolvimento
rural e
urbano,
planejamento e consultoria em Economia Doméstica.
Das áreas de atuação do Economista Doméstico, o estudo da habitação faz-se
necessário principalmente na área de Habitação e Planejamento de Interiores, pois elabora
projetos direcionados à melhor utilização dos espaços físicos, ventilação, iluminação,
circulação da moradia, considerando os aspectos psicológicos, sociais, culturais e estéticos da
família e da coletividade; considera a disponibilidade de recursos econômicos e preferências
do usuário, visando o conforto e a funcionalidade; nos Hotéis e Similares, pois dirige, organiza
e supervisiona o espaço físico, a higiene dos recintos os serviços de rouparia e lavanderia e o
serviço de alimentos e bebidas; coordena a recepção e integração dos clientes e a promoção de
eventos, visando sempre a qualidade no atendimento (CRED III, 2004).
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O Conselho Regional de Economistas Domésticos em seu artigo 2º, ressalta que é da
competência do Economista Doméstico: I - planejar, elaborar, programar, implantar,
dirigir, coordenar, orientar, controlar, supervisionar, executar, analisar e avaliar
estudos, trabalhos, programas, planos, projetos e pesquisas em economia doméstica e
educação familiar ou concernentes ao atendimento das necessidades básicas da
família e outros grupos, na comunidade, nas instituições públicas e privadas; II planejar, elaborar, implantar, dirigir, coordenar, orientar, controlar, supervisionar,
executar, analisar e avaliar estudos, trabalhos, programas, planos, projetos e
pesquisas de educação e orientação do consumidor para aquisição e uso de bens de
consumo e serviços utilizados pela família e outros grupos nas instituições públicas e
privadas (CRED III, 2004, p.15).
De acordo com o artigo 3º do manual do CRED III (2004), compete, também, ao
Economista Doméstico integrar equipe de: planejamento, programação, supervisão,
implantação, orientação, execução e avaliação de atividades de extensão e desenvolvimento
rural e urbano; planejamento, elaboração, programação, implantação, direção, coordenação,
orientação, controle, supervisão, execução, análise e avaliação de estudo, trabalho, programa,
plano, pesquisa, projeto nacional, estadual, regional ou setorial que interfira na qualidade de
vida da família; planejamento e coordenação de atividades relativas à elaboração de cardápios
balanceados e de custo mínimo para comunidades sadias; assessoramento de projetos
destinados ao desenvolvimento de produtos e serviços, estabelecimento de parâmetros de
qualidade e controle de qualidade de produtos e serviços de consumo doméstico;
planejamento, supervisão e orientação de serviços de modelagem e produção de vestuário;
administração de atividades de apoio às funções, de subsistência de família na comunidade;
planejamento, orientação, supervisão e execução de programas de atendimento ao
desenvolvimento integral da criança e assistência a outros grupos vulneráveis, em instituições
públicas e privadas.
A partir do esclarecimento da atuação e conhecimentos do Economista Doméstico,
sabendo que seu maior objetivo é a promoção social e bem-estar da família, indivíduos e
grupos, estando sempre preocupado em satisfazer as necessidades básicas do ser humano,
pode-se inferir que existe uma razão em conhecer e entender sobre o Feng Shui, uma vez que
comungam da mesma idéia de harmonia, bem-estar e identificação do morador com o
ambiente físico de seu convívio constante.
3.4. Economia Doméstica e Feng Shui
O Economista Doméstico, em suas diversas áreas de atuação, tem como objetivo a
melhoria da qualidade de vida das famílias, indivíduos, grupos e comunidades. Para tal é
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importante estudar e refletir sobre a habitação, já que é em casa que as pessoas passam a maior
parte de seu tempo com a família. Sabe-se que, para viver de forma equilibrada, é importante
que o ambiente onde se vive seja harmonioso e agradável, proporcionando bem-estar àqueles
que ali residem.
A quantidade, a qualidade e a composição do espaço habitacional refletem o modo de
vida daqueles que utilizam esse espaço, associando-o a vários fatores (MARTINS, 1986).
Muniz (1998 apud LUDWIG, 1994) afirma que a habitação é o lugar onde melhor se refletem
as forças socioculturais, compreendidas como os modos e meios de vida do homem, suas
relações com a natureza e com os seus semelhantes; é antes de tudo “um espaço vivido pelos
homens no seu cotidiano e na sua imaginação” (BACHELARD, 1974, p.354)
A partir dessa pesquisa, percebeu-se que Feng Shui é uma filosofia oriental que se
preocupa em organizar o ambiente de modo a realçar e complementar qualquer estilo, com
objetivo de harmonizar e equilibrar os ambientes. Além de garantir que a impressão visual seja
agradável, certifica-se de que a energia que flui dentro da casa seja o mais benéfica possível,
contribuindo para a qualidade de vida da família.
Apesar de o Feng Shui ser uma ideologia chinesa, muitos brasileiros acreditam e
aplicam em suas residências. Assim, pode-se afirmar que existe uma relação entre a Economia
Doméstica e a filosofia do Feng Shui, em específico à área de habitação, uma vez que o
objetivo final é o mesmo, o bem-estar daqueles que habitam o ambiente.
5 CONCLUSÃO
Concluiu-se, diante dessa reflexão, que seria importante que o estudante de Economia
Doméstica aprendesse sobre a filosofia Feng Shui, somando este conhecimento às suas
possibilidades de atuação profissional. Esse conteúdo poderia ser incorporado às disciplinas da
área ou mesmo oferecido na forma de um curso de extensão ligado à instituição de Ensino
Superior onde o curso de Economia Doméstica é oferecido.
Sugere-se que outras pesquisas sobre essa temática analisem os motivos pelos quais os
brasileiros têm cada vez mais procurado o Feng Shui para organizar, decorar e harmonizar
suas moradias, já que se difere da cultura brasileira, uma cultura basicamente capitalista onde
o bem-estar do cliente nem sempre é priorizado.
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