Inacreditável, não? - Revista 4×4 Digital

Transcrição

Inacreditável, não? - Revista 4×4 Digital
Com essa edição nos despedimos de 2014, ano que será lembrado por uma sequência
de fatos notáveis em nosso País; Copa do Mundo, as eleições, o País “dividido”, nosso
momento político, econômico e social etc e tal. Para mim vai ficar registrado como o
momento em que projetamos, planejamos e lançamos a 4x4 Digital.
Como sempre, o objetivo é claro: oferecer o melhor conteúdo em matérias sobre o
off-road.
Nessa quinta edição tenho a sensação de dever cumprido, mas também a certeza de que
precisamos mudar o estado das coisas sempre para que a vida seja mais plena. Dar um
chute na acomodação.
Fiquei com a história do Seu Anísio/Josewal (veja matéria na edição de Novembro) na
cabeça, principalmente com a questão que a Josi (filha) comentou à respeito do pai se
manter sempre em busca de novidades, com intenção de crescer, conhecer mais, viver
mais. É isso mesmo! Temos obrigação de viver a vida da melhor forma possível, praticando
atos de humanidade, compreensão e mantendo aceso o espírito verdadeiro das amizades.
E que sejamos todos mais atenciosos, educados e pacientes. Com disposição redobrada,
sem esquecer a essencial dose de bom humor.
Quanto à edição desse mês, nem me alongarei muito, deixo que elas falem por si mesmas,
basta bater o olho aí no índice para escolher seu tema predileto.
No menu de Dezembro temos desde a invasão da marca Jeep no Brasil, passando por
uma trinca de Land Rover Defender usados para os mais variados fins, sem com ótimas
histórias e gente fina, elegante e sincera; o perfil da dupla ralizeira campêa Glauber
Fontoura e Minae Miyauti e um “raio X” no super jipe que a turma da Adrenalama usa
para filmar seus programas.
Desejo o melhor para cada de um de vocês, ótimas festas e um felicíssimo ano novo!
Ótimas vibrações!
Um abraço!
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C
riado em 2004, nos Estados
Unidos, o Camp Jeep é um
projeto exclusivo da George
P Johnson Experience
Marketing, agência de
publicidade com 100 anos de
história e que possui 29 escritórios
espalhados ao redor de todo o
mundo. John Tulloch é o criador da
GPJ para o Camp Jeep.
O evento é itinerante e viaja o
mundo oferecendo aos participantes
a sensação de superar obstáculos a
bordo de modelos Jeep. Desde que
teve início, há 10 anos, já foram
feitos mais de 1,2 milhao de testdrives.
E pela primeira vez no Brasil, a
GPJ, em parceria com a Mill Publicita
(agência parceira no Brasil), trouxe
para o Salão do Automóvel de
São Paulo, a pista de obstáculos,
que exceto pela “Montanha” foi
desenvolvida pela empresa Prime
Stands. Três modelos estavam à
disposição do público: o recémlançado Jeep Cherokee, o top de linha
Jeep Grand Cherokee e o ícone da
marca, o Jeep Wrangler.
Os veículos eram dirigidos por
um instrutor (supervisionados pelo
pessoal da Trailway), que levavam até
três pessoas por vez.
Depois da estréia paulistana, o
Camp Jeep vai cumprir uma longa
temporada de eventos em várias
regiões do País. Tudo para que
cada vez mais pessoas conheçam o
significado da frase: “Não se dirige
um Jeep. Se vive um Jeep.”
A pista do Camp Jeep é composta
por cinco obstáculos. A caixa de
troncos testa a distância do solo.
Já uma inclinação lateral de 30°
colocava à prova a estabilidade dos
veículos e a capacidade de articulação
de suas suspensões. Tocos de árvores
de alturas diferentes mostram como
é possível manter o controle de
manobra, mesmo em um terreno
extremamente irregular.
A articulação também foi testada
numa rampa na qual as suspensões
do lado direito faziam movimentos
diferentes das do lado esquerdo.
Nesse obstáculo, outro quesito
trabalhado foi a tração, sistema que
tem o maior desafio na “montanha”,
onde o veículo subia a 5 metros de
altura, vencendo uma inclinação de
35°. Na descida, o ângulo é o mesmo,
fazendo os ocupantes descolarem as
costas dos bancos, ficando presos
apenas pelo cinto de segurança.
Com esse evento, a Jeep fez
história. Mais de 16.000 pessoas
vivenciaram o potencial dos veículos
no Salão d Automóvel. A empresa
Trailway Off-Road realizou a gestão
da pista de test drives. “Nossa equipe
técnica (coordenação técnica, pilotos,
embarque/desembarque, orientação
e fluxo na pista) foi composta por 25
pessoas”, comentou Luiz Fernando
Carqueijo, diretor da Trailway.
No total, a agência GPJ coordenou
uma equipe complexa, com mais de
60 pessoas.
Caue Reis lembra de 2010, quando
seu pai - Elson Reis, conhecido e
atuante off-roader paulistano –
desenhou um rabisco em uma folha
de sulfite. A idéia basicamente era
ter um king ou montanha, sem ter
necessariamente que trabalhar com
máquinas e terra. “Ele desenhou
um king de ferro sobre uma carreta
cegonha, tudo para diminuir o
tempo de montagem e privilegiar a
praticidade”, falou.
Além disso, a estrutura tem a
vantagem da mobilidade, já que
pode tem mobilidade, podendo ser
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Estrutura robusta e complexa para
realização de test drives especiais
16.000 test drives feitos no
Salão do Automóvel
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A “Montanha” do Camp Jeep: destaque total no evento
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Articulação das
suspensões
Caixa de troncos
testa vão livre
O esboço original da
“Montanha” móvel
Jeep Cherokee começa
a subir no king
Testando a
inclinação lateral
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transportada para qualquer
lugar, em locais como shopping,
parques e até mesmo dentro de
fábricas de montadoras.
O projeto, denominado
inicialmente de “Ruba” - significa
pai em Tupi Guarani - não
chegou a ser posto em prática
por seu idealizador, por pura
falta de oportunidade
“ A ideia original não havia saído
do papel e quando ele veio a
falecer
e nós da OGZ - empresa
fabricante de snorkels e
acessórios off-road, administrada
por Yuri Yonashiro dos Reis,
irmã de Caue - resolvemos
materializar esse sonho dele,
uma homenagem ao nosso pai.
Em 2013 compramos uma
carreta e com a providencial
ajuda de um engenheiro,
comoeçamos a colocar em
prática a realização desse sonho.
Foram quase três meses de
muitos projeto em 3D, cálculos,
desenhos e por fim o projeto real
de montagem.
Até que tudo estivesse
pronto passou-se um ano.
“Não nos dedicamos somente a
construção da estrutura, nesse
tempo fizemos e participamos
de diversos eventos. O tempo
que sobrava, era dedicado à
“Montanha”, entre corte de
ferros, soldas e muito trabalho
de equipe”, informou o rapaz.
No final de 2014 foram feitos
os primeiros testes dentro de
um estacionamento na Marginal
Tietê e a estrutura funcionou
perfeitamente.
“Pintamos a estrutura e saímos
para vender esse projeto para
nossos clientes”, contou Caue.
O destino acabou fazendo
sua parte e colocou a OGZ no
caminho dos organizadores. O
resultado se revelou um enorme
destaque dentro do Salão do
Automóvel.
Certamente o Camp Jeep Brasil
foi um enorme sucesso.
Que venha muito mais, afinal
Jeep e Brasil tem tudo a ver!
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V
iver a vida com mais
plenitude e se programar
para viajar com constância
estão entre as melhores
coisas que podemos fazer
por nós mesmos.
Quando esse sentimento e as
ações decorrentes dele podem ser
compartilhadas em famíla, a receita
pode ficar muito melhor.
Exatamente o exemplo do
empresário José Luis Winter de
Oliveira, casado com Claudia
Faller De Oliveira, ambos de Novo
Hamburgo, RS.
O casal tem dois filhos, Julia
Faller De Oliveira e Pedro Faller De
Oliveira, estudantes.
Para dar um upgrade nos momentos
de lazer de sua família, José mirou
em uma paixão antiga. O universo
fora de estrada se abriu na mente do
menino através dos jipes clássicos
da Land Rover Defender. “Isso veio
dos tempos de infância, sempre
procurava matérias e acompanhava
tudo que encontrava sobre as
Defender, e sempre dizia que um dia
teria uma”, lembrou José.
Mais tarde, quando serviu na
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Marinha do Brasil, conheceu e teve
a possibilidade de dirigir um clássico
modelo 109” (fabricado entre 1968
e 1977), pertencente aos fuzileiros
navais. “Pude dirigir aquele jipe
e confirmei minha paixão. O Land
Rover Defender é um estilo de vida,
usando as palavras do meu amigo
Vinicius Maestrelli”, comentou, se
referindo ao amigo, também fã dos
clássicos ingleses.
Até alguns anos atrás a vida da
família de José estava resumida à
um sobrado no litoral e as férias.
As folgas eram da casa para praia
e da praia para casa. “Depois da
compra da Defender, nossas férias
e folgas são da casa para o mundo
e do mundo para casa”, comentou,
enfatizando que “quem tem uma
Defender sabe o que eu estou
falando”. Conversa de fã, não é?
A “Lady”, como foi batizada, já faz
parte da família. “Nunca iremos nos
desfazer dela, já fizemos algumas
viagens pela Serra Gaucha, região
dos Campos de Acima da Serra,
RS e nos aventuramos pelo Litoral
Catarinense. E recentemente fomos
até Minas Gerais para o encontro
Amigos Land Rover. Fizemos uma
viagem de 3.500 quilômetros (Novo
Hamburgo, RS até São Lourenço,
MG) de muita alegria e fizemos
muitas amizades novas”, lembrou.
A Defender 110 em questão é
um modelo 2011, em perfeito
estado, que recebeu modificações
mecânicas.
Foi feito uma reprogramaçao de
potencia (chipada) e a eliminação
da válvula EGR, que de acordo com
alguns donos de Land, é uma peça
que atrapalha e trava a performance
do veículo.
Os sistemas EGR controlam
as temperaturas da câmara de
combustão, para diminuir a
quantidade de óxidos de Nitrogênio
no escapamento, porém também
afetam a eficiência. Como o ar não
entra puro, há menos para queimar,
o que acarreta menor pressão do
cilindro.
Com o tempo de uso a válvula para
de funcionar e pode contaminar o
coletor de admissão com uma crosta
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Para choque tem o logotipo da marca vazado
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de carbono. Isso tudo faz com que
as pessoas retirem o sistema, com
a utilização de um kit para essa
finalidade.
Mas a mudança mais notável se
deu através da parceria com a Power
Off-Road, fabricantes de acessórios
para veículos 4x4, sediada em Bento
Gonçalves, RS.
Não é incorreto dizer que a “Lady”
foi a modelo utilizada para a
confeção da linha Land Rover de
acessórios da Power Off Road
Foi instalado um conjunto completo
de acessórios desenvolvidos e
projetados para a Defender, que
foram apresentadas pela primeira
vez no Sexto Encontro Amigos Land
Rover, realizado em São Lourenço,
MG
“Lady” foi equipada com para
choques dianteiro com quebra mato
e base de guincho, protetor de pisca
do para lamas dianteiro (chamamos
de brincos da Lady), protetor de
farol, estribo lateral (rockslide),
para choque traseiro com suporte
de estepe tipo portão, protetores
de pisca e sinaleira trazeiro,
escada, peito de aço, protetor de
tanque, manilhas para operação
de ancoragem nos para choques,
grelhas dos para lamas dianteiro e
instalação de faróis auxiliares no
para choque dianteiro e traseiro.
Internamente foram colocados
bancos da Rally Desing modelo
Dakar, porta luvas desenvolvidos
para o painel da Puma , sistema de
som com câmera de ré e uma ótima
caixa para acessórios (manilha,
patesca, machadinho, pá, controle
de guincho, luvas e ferramentas em
geral), esta última, desenvolvida
pelo antigo proprietário.
Questionado sobre o que
representa o off-road, José disse
“Contato com a natureza, liberdade,
aventura, novos amigos, felicidade,
diversão, prazer de conhecer coisas
novas e vencer desafios “.
Nós podemos completar que isso
tudo soma-se uma bela atividade
em família, divertida, educacional,
cultural e realmente interessante.
Uma bela maneira de ver e viver a
vida.
“Lady” em São
Lourenço, MG - Um
passeio de 3.500 km
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José, Claudia, Julia e Pedro: aventura em família
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SNORKEL G. VITARA
Marca: OGZ
Modelo: Suzuki G. Vitara
Descrição: Eleva o
respiro de ar do motor,
diminui o consumo
de combustível e a
transposição de alagados
Onde: www.ogz.com.br
TAPETE LAND CENTER
Marca: Land Rover
Modelo: Defender
Descrição: Tapete dian
Passa por cima do túnel
câmbio.
Onde: www.landcenter.c
R$ 590,00
CARROCERIA FIBRA
Marca: Fiber 4x4
Modelo: Jeep CJ
Descrição: Medidas
originais, assoalho reforça,
não enferruja, resistência
superior a impactos e
vibrações, é mais leve e pode
ser produzida em qualquer
cor lisa.
Onde: www.fiber4x4.com.br
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PARA CHOQUE WRANGLER
Marca: Power Off Road
Modelo: Wrangler TJ
Descrição: engate de reboque
embutido, suporte de placa
recuado, iluminação embutida.
Inclui farol de neblina, encaixes
p/Hi Lift e suportes de manilhas.
Onde: www.poweroffroad.com.br
R
nteiro.
de
com.br
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“
Há tempos estava a procura
de um LR Series 1 para ter
como um segundo carro,
pois estava complicado
estacionar um LR Defender
110 no Centro da cidade. Mas aquela
velha estória me perseguia: quando
aparecia o carro eu não tinha o
dinheiro e, quando tinha o dinheiro,
não encontrava o carro. Fiquei
nisso por aproximadamente 2 anos.
Até que em Outubro de 2013 tudo
coincidiu. Depois de algumas buscas
pela internet, visitei alguns Series 1
disponíveis. Na época, não entendia
muita coisa à respeito desses veículos
e tirava dúvidas com um amigo, que
já tinha dois desses na garagem. Ele
me alertava dos itens que eu deveria
observar com mais atenção, para que
o “molho” não saísse mais caro que o
prato!
Andei em uns quatro Series 1 que
havia selecionado, aqui em São
Paulo, alguns impecáveis e esses
eram para pessoas muito exigentes
em originalidade, colecionadores, o
que não é o meu caso, pois a minha
intenção é usar o carro diariamente
e sabemos que um veículo ‘todo
original’ de 65 anos, talvez não
aguente o tranco, além da extrema
dificuldade de se encontrar peças
específicas, o que pode tornar a
manutenção bem cara ou até deixar
de rodar com o veículo. Então
encontrei o meu Series 1 em um
anúncio tímido na internet. Liguei
para o proprietário e ele surpreso me
disse que já havia retirado o anúncio,
mas que ainda estava disposto a
vender. Conversamos por alguns dias
até que fui conhecer o jipe. O Series
estava na cidade de Atibaia, interior
paulista e me mandei pra lá, assim
que vi o carro pensei - até que enfim
te encontrei! Dei algumas voltas com
ele e fechamos negócio. No meio da
semana seguinte lá estava eu com
uma plataforma trazendo meu Series
feliz da vida.
Ele já tinha passado por boas mãos,
seu ex-proprietário gostava de usá-lo
diariamente em São Paulo e por isso
mantinha a manutenção sempre em
dia e já havia retirado o motor original
e instalado um de Opala 4 cilindros
para enfrentar o dia a dia da cidade,
minha sorte! Este é o único item que
não é dele, o resto é todo um Land
Rover Series 1 de 1951.
É claro que ele precisava de mais
alguns cuidados e sendo assim
tratei de levá-lo a oficina da minha
confiança para fazer uma “ligeira
restauração” na funilaria e algumas
melhorias mecânicas e elétricas,
trabalho de um mês.
Mas como todo carro antigo, as
melhorias não tem fim e estou sempre
querendo melhorar, buscando itens
originais, sempre que possível, para
deixá-lo cada vez mais em forma.”
Hoje utilizo o Series quase que
diariamente, já fiz algumas viagens
curtas e no final das contas ele me
proporciona muito mais prazer do que
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O Series I de
Reinaldo encarando
um passeio de boa...
NÓS ENTENDEMOS DE LAMA.
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Tudo anda bem com Bardahl.
COMO TODO CARRO
ANTIGO, AS MELHORIAS
NÃO TEM FIM
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dor de cabeça. Neste ano já fomos a
alguns encontros de carros antigos
e até à cidade de São Lourenço, em
Minas Gerais, rebocado no towbar,
para o Encontro anual Land Rover.
Meu projeto para um futuro não muito
distante é deixar este LR Series 1 com
uma mecânica confiável e segura para
atravessar os Andes e fotografá-lo nas
paisagens do Deserto do Atacama,
feito inédito, por enquanto. Mas isso é
uma outra história que se Deus quiser
volto aqui para contar para vocês!”
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Maria Letícia, os “JJ” Bros, Bugga e Reinaldo
O jipe Land Rover foi projetado em
1947, pelo designer Maurice Wilks,
baseado no Jeep Willys. É um modelo
com carroceria de alumínio (o aço era
escasso e caro na Inglaterra pós- II
Guerra) sobre chassi, eixos rígidos,
feixes de molas e equipado com caixa
de transferência. A tração seguia os
moldes clássicos: 4x2 traseira + 4x4
e 4x4 reduzida. O Série I foi lançado
no Amsterdam Motor Show de 1948 a
princípio, com 80 polegadas de entre
eixos e motor 1.6 à gasolina de 50
cavalos.
Em 1949 foi lançada a série Station
Wagon, com a carroceria fechada
e elementos mais elaborados no
acabamento, como bancos de couro e
aquecedor.
Em 1952 e 1953, o 4x4 ganha motor
a gasolina de 2.0 litros.
Já em 54, o Land Rover teve o entre
eixos ampliado para 86 polegadas
e ganhou um irmã maior, a pickup
com 107”. Em 1956 o fabricante
apresentou o primeiro modelo cinco
portas, com chassi de 107 polegadas.
Tempos depois o entre eixos ganhou
mais duas polegadas, sendo que o jipe
menor ficou com 88” polegadas e o
maior com 109 polegadas, para facilitar
a instalação do novo motor diesel,
opção no ano seguinte. Essas medidas
seriam adotadas nos 25 anos seguintes,
até o lançamento da 90 e da 110.
Em 1957, além do modelo gasoline,
também era comercializado um
propulsor diesel 2.0 litros, um
dos primeiros de alta velocidade
desenvolvidos para estrada, produzindo
52 hp (39 kW) a 4.000 rpm. Os Serie I
foram produzidos até 1958.
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A restauração pode ter
sido ligeira, mas deixou
o veterano nos trinques
O motor atual
é um GM 2.5
de 98 cavalos
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“
Se eu tivesse que dirigir um
filme sobre a minha vida, ele
começaria com uma cena do
meu pai dirigindo o Cabritão,
nosso Toyota Bandeirante,
pelas estradas da Chapada
Diamantina, onde morávamos na
fazenda.
O Cabritão era parte da família. Nós
nos mudamos pra Ilhéus, e era com
ele que íamos pra fazenda de cacau
em Olivença. Banana, coco, jaca,
cachorro e crianças na caçamba velha
de madeira. Viajamos com ele para
Pernambuco, Pantanal e para Barra
Grande quando nem estrada tinha.
Anos de aventuras 4x4 se passaram.
Meu pai se foi, o Cabritão deu lugar
a um Gol e aos poucos tudo aquilo
se resumiu a uma feliz lembrança.
Talvez por tudo isso, sempre carreguei
comigo o espírito off- road de viagens.
Faz um ano que tomei coragem e
resolvi comprar a minha sonhada
Defender 90. Quem me conhece sabe
que nenhum outro carro combina
tanto comigo. Ele me remete à minha
história, ao meu começo de vida.
E andar de Defender em São Paulo
tornou a minha rotina bem mais
divertida.
Após comprar a Cabrita, assim foi
batizada a minha ‘90tinha’, fiz um
curso de 4x4, dei umas voltas na
lama, peguei uma ou outra estrada,
mas foi no final de 2013 que resolvi
Dora e seu Defender 90 na Expedição para Machu Pichu
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que era hora de fazer uma expedição
motorizada.
Cheguei até a Gaia Expedições e
em 2014 eles fariam uma expedição
pra Machu Pichu. Estudei o mapa, as
possibilidades, as datas... Setembro.
Nossa, faltava tanto tempo. Mas no
final das contas passou rapidinho.
Foram quase 2 meses de preparação.
Meu carro ficou 2 semanas com o
Fraga pra fazer revisão e trocar os
bancos por uns mais confortáveis,
depois veio toda a parte burocrática
de documentação e seguros, e compra
peça, e compra óleo, e prepara caixas,
e arruma mala...
Dia 1 de setembro começou a
jornada. Fui de São Paulo para Brotas,
onde encontrei com a turma da Gaia
e mais algumas pessoas que fariam a
viagem. Dia 2 partimos em direção a
Porto Velho. Foram 4 dias intensos de
viagem.
Em Porto Velho encontramos com o
restante do comboio e de lá saímos
para nossa expedição. Éramos em
10 carros, 2 de apoio com a turma
da Gaia e 8 de loucos como eu. No
meu carro eu fui sozinha, carregando
comigo apenas malas, músicas, peças
de carro, comidinhas e um sonho
maluco de, aos poucos, rodar o mundo
todo de carro.
De Porto Velho cruzamos a
Cordilheira até Cusco, de lá pro
Lago Titicaca. Cruzamos o deserto
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O comboio e alguns
momentos da viagem
de 11 mil quilômetros
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de Moquegua, costeamos o Oceano
Pacífico e chegamos até o Deserto do
Atacama. No Atacama uma amiga de
São Paulo, a Julia, foi me encontrar
e de lá com o comboio começamos a
voltar. Dia 27 de setembro chegamos
em Foz do Iguaçu. Eu com o coração
despedaçado. Não queria nunca que a
viagem acabasse.
Foram 11 mil kms, 3 países, muitos
tanques de combustível, muitas
cervejas ao fim de tarde, muita
besteira dita no rádio, muitas lágrimas
de emoção derramadas, grandes
amizades conquistadas.
De Foz fomos pra Cunha e no dia 2
de outubro resolvemos voltar pra casa.
Depois de fazer Cunha - Paraty, eu e
a Julia no carro, a 40 kms de Taubaté,
deu uma pane no alarme da Cabrita e
ficamos paradas na estrada. Por sorte
o celular pegava e em meia hora,
já noite, o guincho da Porto Seguro
chegou pra nos salvar. A Cabrita foi
pra oficina e eu a Julia chegamos em
casa de táxi.
A Cabrita aguentou calor, neve,
altitude. Foi vazando óleo e deixando
rastro daqui até lá. Cruzou desertos,
conheceu lhamas, viu o oceano
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pacífico e se encheu de lama. Nunca
imaginei que aquele dia eu não
guardaria ela na garagem, que não
daria um abraço de agradecimento
pela incrível jornada...
Mas agora eu entendo a rebeldia da
Cabrita. Nós somos do mato, da praia,
das estradas e da natureza e se dar
toda essa volta de carro serviu pra
alguma coisa, foi pra me mostrar que o
mundo é muito grande e muito bonito
pra ficar aqui em São Paulo parada.
Agora em janeiro vamos com o Gaia
pra Carretera Austral e Patagonia. Ah,
Cabrita, se prepara que a gente vai
rodar!”
“O mundo é muito grande e
bonito para ficar em SP parada”
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DUPLA DO BARULHO E DE
TÍTULOS!
M
Uma dupla de amigos
resolveu se juntar,
despretensiosamente, no
início de 2013, para se
divertir na Mitsubishi Cup.
O que era para ser diversão foi
apenas o início de uma parceira que
culminaria em alguns títulos de peso.
De um lado Glauber Fontoura, que
apesar de mais de duas décadas
de experiência no fora de estrada e
veterano no grid do Cross Country,
nunca havia pilotado no campeonato
e, no banco do navegador, Minae
Miyauti, também amante do off-road
mas com mais vivência no Rally de
Regularidade.
A mistura deu certo. Terminaram
a temporada de 2014 como vicecampeões na Mitsubishi Cup, na
categoria L200 Triton ER. Mas a
façanha maior estava por vir. A dupla
da Equipe FD Rally Team resolveu
encarar um desafio maior, o Rally dos
Sertões, a maior prova off-road do
País e o segundo maior rali do planeta.
Dez dias de aventura, adrenalina e,
sobretudo, superação, com um roteiro
de mais de 4 mil quilômetros que
terminou com o lugar mais alto do
pódio. Após liderarem seis das dez
etapas, Fontoura e Minae sagraram-
se Campeões do Rally dos Sertões,
na categoria Super Production, e de
quebra, finalizaram em nono na geral.
Com o resultado produtivo, a dupla
resolveu encarar a temporada 2014
com mais foco e planejamento. Além
de continuarem na Mitsubishi Cup,
Fontoura comprou um motorhome
para melhorar a infraestrutura,
estreou um novo carro - uma
Mitsubishi L200 Triton ERS - para
encarar o Rally dos Sertões e algumas
etapas do Campeonato Brasileiro de
Rally Cross Country, que inicialmente,
seria apenas para treino. Novamente
os amigos se superaram. Em agosto,
faturaram o bicampeonato do Rally
dos Sertões, na Super Production,
após liderarem a prova deste o início,
que nesta 22ª edição teve uma
formatação diferente: sete etapas,
apenas 2.600 quilômetros, entre os
estados de Goiás e Minas Gerais.
Além de Campeões pelo segundo
ano consecutivo, terminaram como
a sétima dupla na geral, em meio a
máquinas muito mais potentes e com
preparação diferenciada.
A temporada mal terminou e, na
segunda quinzena de novembro,
Fontoura e Minae conquistaram o
título de Campeões Brasileiros de Rally
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Glauber e Minae, amizade
criada no fora de estrada
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ENTROSAMENTO,
BOM CARRO E
EQUIPE DE PONTA
FORAM ESSENCIAIS
Cross Country, na Super Production,
com duas etapas de antecipação. Com
mais este título Fontoura, agora, é
tricampeão brasileiro, sendo que os
dois primeiros (2007 e 2011) foram
como navegador. Invictos venceram
todas as provas que disputaram:
Rally de Barretos, Rally dos Sertões,
Rally Serra Azul e Rally Rota Sudeste.
A dupla segue, ainda, para a última
prova, o Rally dos Amigos, em
dezembro, como líderes do Sertões
Series, na categoria.
Com 12 participações no Rally dos
Sertões, Fontoura realizou um sonho
e o desafio de conquistar o primeiro
título na competição no ano de
estreia (2013), como piloto, e depois
repetiu a dose nesta temporada. O
entrosamento da dupla, um bom
carro, aliada a uma equipe de ponta
foram os ingredientes principais que
culminaram com a vitória. “Após
muitos anos no Sertões, posso dizer
que estes dois últimos foram mais
que especiais. A parceira com a
Minae deu certo e amadurecemos
no último ano. Mas estas conquistas
devo, principalmente, a minha esposa
Sandra, a grande incentivadora para
que eu começasse a pilotar no ano
passado. Sem ela estes dois títulos
não teriam acontecido ”, ressalta o
piloto.
Amigos de longa data, dentro e fora
dos grids, eles tiveram origem nos
jipes e se conheceram em 1997
durante uma prova de RAID, em Ouro
Preto (MG), quando Fontoura acabou
navegando para Minae. Segundo ele,
este foi o pontapé inicial para adquirir
Glauber e a esposa Sandra, a incentivadora
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A dupla arrepiando no Sertões
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um jipe, porque, até então, fazia
trilhas com os amigos. Logo comprou
um Engesa que foi apenas o primeiro
de muitos.
A paixão pelo off-road é tamanha
que atualmente Fontoura tem uma
frota particular de jipes, entre eles,
um Engesa, uma Land Rover Defender,
um Troller e mais três veículos 4x4.
Certamente o 4x4 está no sangue e
na alma dessa dupla, que ainda vai
dar muito o que falar!
53
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55
N
estes 11 anos de AdrenaLAMA,
este é o 4º jipe construído à
partir de um chassi. O primeiro
foi um vermelho que participou
da nossa também primeira
Adventure Sports Fair. Depois surgiu o
jipe laranja, com motor VW AP + cambio
Clark e pneus de 35 polegadas da 3K.
Em 2003 não existiam muitas carcaças
35”, então comprei 4 pneus novos e
mandei recapar com o desenho Frederico
da 3k. Depois de quase um ano ele foi
vendido e há 3 meses antes da Fenajeep
começamos a construir o maior jeep do
AdrenaLAMA, equipado com motor de
Besta (Topic) e câmbio de rural.
Colocamos o carro dentro do stand
em menos de 90 dias. O motor não
agüentou muito, então desmontamos e
fizemos aquele veículo modificado com
mecânica completa (motor, câmbio e
reduzida) da Toyota Hilux. Era o 3º carro
e teve 2 versões.
O Jeep atual começou a ser construído
no início de 2013.
Com poucos recursos começamos a
montar o 4x4 ao melhor estilo do “é o
que temos para hoje”. Juntei forças com
o Ricardo Krause, Gonzo e o Mazzeo e
começamos o projeto em cima de um
chassi de um CBT Javali, do avô do
Ricardo.
A Fiber 4x4 ajudou com um conjunto
completo de carroceria em fibra. No
final de Dezembro de 2012 comprei um
monte de peças usadas: eixos, caixa de
direção, feixes de molas etc. Tudo usado
e pra falar a verdade tudo bem ruím;
mas só usando para saber.
Em janeiro 2013 começamos a montar
a viatura para participar no stand da
Adrenalama na Fenajeep, que ocorreria
em Junho. O projeto era montar um
veículo que pudesse fazer longas viagens
e trilhas pesadas, para podermos voltar
à TV com o AdrenaLAMA, mostrando
trilhas e turismo, mas algo menos
radical para agradar mais “toda a
família” e podermos ter apoio de mais
patrocinadores. O que de fato não
conseguimos fazer, acho que deve ser
alguma coisa em nosso DNA…
A carroceria foi construída com o
desenho do CJ5, mas é um modelo 37
centímetros mais comprido no entreeixos. Pode parecer pouco, mas o ganho
de espaço interno é considerável e o
carro ficou mais macio ao rodar do
asfalto. Não precisamos pintar porque
ela já veio na cor laranja, o que me
ajudou a economizar um bom dinheir.
A mecânica escolhida foi a da Hilux 3.0
turbo diesel (completa motor, câmbio
e reduzida), eixos de Rural, 4 freios a
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57
A filhota Claudia e os pneus de 38”...
Alguns momentos
inesquecíveis que
Serginho viveu
a bordo de seu
monstro laranja
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Molas de Toyota
Bandeirante e
jumelos maiores
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disco, direção hidráulica do GM Opala,
sem contar que toda a parte elétrica teve
que ser feita do 0.
O Jeep conta ainda com trava elétrica,
vidros elétricos… foram 6 meses para o
jeep começar a andar…
Todo o projeto foi idealizado em
conjunto com a Mesa 4, coordenado
pelo Gerson de Freitas, que tinha como
meta nos ajudar a obter patrocínio para
que o off-road possa ter um programa
de TV exibido em rede nacional. E assim
conseguimos o primeiro patrocinador
que foi a Bardahl, que desde o início está
com a AdrenaLAMA.
Depois da Fenajeep começamos a
participar do programa Show & Roda
(transmistido aos sábados, às 17h30,
pela emissora Rede Brasil de Televisão,
canal 50 UHF em SP; Ou pela SKY 175,
Claro 13,Oi 1, GVT 248, ViVo 237, CTBC
714) em rede nacional, apresentado por
Flavio Titto (nosso diretor).
Quando começamos a andar com todas
aquelas peças ruins, a quebradeira foi
inevitável e o jeep estava desmontando.
O projeto era o mesmo, mas como
quase tudo era muito velho e quebrado,
tivemos que trocar tudo no decorrer
de 2014. E foi tudo mesmo, fizemos o
motor, eixos, freio, direção etc.
O Gonzo já poderia se aposentar,
tantas forma as vezes que ele concertou
meu carro. As vezes viajávamos mais
de 1000 km num final de semana e
ele ia concertando o carro na estrada,
enquanto e eu pilotava o monstro de
mais de 2 metros de de altura, que
às vezes não freava ou simplesmente
seguia a trajetória desejada por ele. Há
3 meses tivemos de fazer o motor por
completo (paguei a última parcela este
mês…rs)
Hoje a viatura está quase pronta, que
dizer, eu tenho minhas duvidas se um
jeep algum dia fica pronto, parece obra
de igreja.
Fizemos boas melhorias como os cubos
SHD da Ensimec mais robustas e os
semi-eixos de cromo molibdênio. Até as
rodas livres AVM são reforçadas. Montar
um jeep é um desafio por si só, agora
fazer isso e durante o processo ter que
participar e gerir eventos e um programa
de TV para apresentar é realmente
exercício para malucos.
As pessoas não imaginam como nossas
aventuras são potencializadas quando
tem que haver adrenalina e o mecânico
conserta o carro ao mesmo tempo. Hoje
o jipe roda forte e estável está com
Power Train Hilux 3.0 turbo diesel, eixos
Dana 44 (rural) com kit SHD Ensimec,
feixe de mola do Toyota Bandeirante,
jumelos maiores, freio a disco nas 4
rodas (não tem freio de mão, cuidado!),
Pneus Genius Tyres 38”x17 modelo
Sem Fronteira, vidros elétricos e direção
hidráulica.
A velocidade média em estrada é de
115 km/h, com sobra pra acelerar
mais. Acho importante frisar que ele é
meu único carro e o uso todos os dias,
para ir ao supermercado, levar a filha
na escola etc.
Termino dizendo que nada disso seria
possível sem ajuda da Bardahl, presente
desde o começo e, mais recentemente,
da Genius Tyres patrocinadora no projeto
da TV. Ah, ao cartão de crédito da
esposa do Mazzeo. Claro que tudo isso
foi feito na Oficina do Gonzo que é meu
mecânico e nada me faltará!
A velocidade média em estrada é de
115 km/h, com sobra pra acelerar
mais. Acho importante frisar que ele é
meu único carro e o uso todos os dias,
para ir ao supermercado, levar a filha
na escola etc.
Termino dizendo que nada disso seria
possível sem ajuda da Bardahl, presente
desde o começo e, mais recentemente,
da Genius Tyres patrocinadora no projeto
da TV. Ah, ao cartão de crédito da
esposa do Mazzeo. Claro que tudo isso
foi feito na Oficina do Gonzo que é meu
mecânico e nada me faltará!
A velocidade média em estrada é de
115 km/h, com sobra pra acelerar mais.
Acho importante frisar que ele é meu
único carro.
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Carroceria de fibra Fiber 4x4
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Ao ver o Felipe,
você tem a impressão
de que ele é diferente.
Ao conhecer a história dele,
você tem certeza.
A mãe de Felipe não precisou de exames caros, que ela e
o marido não podiam pagar, para saber que algo na sua
gravidez estava errado. Mas nem o sexto sentido, comum
às mulheres e acentuado nas mães, podia prepará-la para
o choque do parto. Seu bebê nasceu lindo, mas sem
braços e pernas. Das visitas, em vez dos habituais
parabéns, os pais recebiam o conselho para esconder a
criança. Mesmo mais educadas, as palavras dos médicos
também eram horríveis. Segundo a maioria, Felipe jamais
seria uma criança normal. De um especialista, porém,
veio a orientação para procurar a AACD, aonde a mãe
passou a levá-lo diariamente. No caminho da associação,
descendo ladeiras enlameadas no colo de Dona Daniela,
a ausência de choro do menino indicava a coragem com
que encararia a vida. Que o levaria a contrariar os
conselhos de conhecidos e os prognósticos dos médicos.
Hoje, Felipe anda de skate, solta pipa, joga bola, escreve e,
com uso de próteses, anda e até faz capoeira.
Inacreditável, não?
É por isso que nós
acreditamos.
twitter.com/aacd
facebook.com/ajudeaacd
Se você acredita,
nossas crianças
também acreditam.
Para doar ligue:
0800
771 7878
ou acesse aacd.org.br
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