Gestão financeira estratégica. Do planejamento ao controle

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Gestão financeira estratégica. Do planejamento ao controle
Gestão financeira estratégica.
Do planejamento ao controle financeiro empresrial:
estudo de caso no maior shopping center de Manaus
Antônio de A. Peixoto Filho9 | Sílvia A. B. de Lima10 | Richard M. de Araújo11
Resumo: Apresentação e discussão dos resultados de pesquisa de campo
que buscou estudar micro e pequenas empresas no que compete o uso dos
preceitos teóricos da gestão financeira nas suas operações diárias. A presente
pesquisa buscou também investigar o impacto que a adoção, ou ainda a não
adoção dessas técnicas teriam em seus resultados operacionais.
Palavras-chave: Administração, Planejamento, Gestão Financeira Estratégica.
Resumen: Presentación y discusión de los resultados de la encuesta de campo que buscó estudiar las micro y pequeñas empresas en lo que compite al uso
de los significados teóricos de la parte financiera en sus operaciones diarias.
La presente encuesta buscó también investigar el impacto que la adopción, o
la no adopción de esas técnicas traerían para sus resultados operacionales.
Palabras clave: Administración, Planeamiento, Gestión Financiera Estratégica.
Mestrando em Gestão Estratégica pela Universidade Autónoma de Lisboa. Especialista em Finanças e Controladoria pela
USP. MBA em Gestão pelo Ciesa. Docente da Fametro.
10
Mestre em desenvolvimento Regional pela Ufam. Mestre em Engenharia de Produção pela Ufam. Especialista em RH pela
Universidade Federal do Amazonas – Ufam.
11
Mestre em Administração pela universidade Federal da Paraíba e doutorando em Administração pela UFRN.
9
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Introdução
Quando falamos acerca da Gestão Financeira Estratégica, este tema
soa como exclusivo de grandes organizações empresariais. Em sala de aula,
sobretudo, os discentes perguntam se tal assunto se aplica às pequenas e microorganizações empresariais. Claro que se aplica. E assim deveria ser uma prática em todas as organizações, com ou sem fins lucrativos, porque a Gestão
Financeira não trata, tão somente, dos resultados financeiros, mas, sobretudo, da sobrevida organizacional. Preocupa-se também, com a riqueza das
aziendas e, não, simplesmente, com a geração do “lucro” como objetivo principal das organizações. O objetivo deste artigo é justamente apresentar os
resultados da pesquisa de campo, realizada no maior Shopping Center de
Manaus, que pretendia estudar as micro e pequenas empresas e saber se elas
utilizavam os preceitos teóricos da Gestão Financeira em suas operações diárias e de que forma a adoção ou não dessas técnicas impactavam em seus
resultados operacionais. Tudo isso porque muito se especulava das constantes trocas de lojas naquele shopping. Uns diziam que as empresas eram mal
planejadas, outros que eram apenas uma forma de o empresário fazer dinheiro rápido e alguns afirmavam que elas não se firmavam no mercado porque
pagavam altas taxas de administração. Então, para sanar tal especulação e
dar tratamento epistemológico ao assunto, desenvolvemos a pesquisa que
norteia este artigo.
1. Avaliando a gestão financeira empresarial das micro e pequenas empresas do shopping
Segundo Pereira (1999), podemos dizer que a análise financeira
de uma empresa consiste num exame minucioso dos dados financeiros disponíveis sobre a empresa, bem como das condições endógenas e exógenas, que
afetam financeiramente a empresa. A pesquisa, realizada no maior Shopping
Center de Manaus, buscou justamente analisar esses dados financeiros disponíveis sobre a empresa. Como dados financeiros disponíveis, podemos incluir
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as análises de investimentos, projeções de vendas e projeção de fluxo de caixa,
por exemplo. Como condições endógenas, segundo Pereira (1999), podemos
citar a estrutura organizacional, a capacidade gerencial e o nível tecnológico
da empresa. Como condições exógenas, temos os fatores de ordem política e
econômica, concorrência e fenômenos naturais, entre outras.
Estratégia certamente não é um tema novo. Pelo contrário, desde o
início, o homem organizou-se em grupos para defender seu território e seus
bens de outros bandos inimigos, que, por seu lado, buscavam conquistar o
que não lhes pertencia originalmente. A Gestão Estratégica Financeira, porém, vai além da estratégia pura e simples. É uma abordagem ampliada e, hoje,
ganha uma nova abordagem, um novo foco.
A pesquisa realizada buscou ajudar os proprietários de pequenos negócios a aproveitar as informações geradas por suas empresas. Alguns proprietários, os bem-sucedidos, reconhecem a importância de colher e organizar informações para simplificar as tarefas administrativas do dia a dia. Outros raramente olham para os números e, quando o fazem, é só por motivos
restritos. Mas a razão mais importante para o administrador sério procurar
e entender medidas financeiras e outras é que isso ajuda a manter a empresa
sob controle, orientada para objetivos que façam sentido para o ramo de
negócios em questão.
1.1 Os procedimentos metodológicos
O universo da pesquisa (população) é composto pelas micro e pequenas empresas instaladas no maior Shopping Center de Manaus. Utilizou-se
como instrumento de coleta de dados um formulário de pesquisa que tratou
sobre três aspectos relevantes da Administração de Empresas: 1 Recursos
Humanos; 2 Administração Mercadológica; e 3 Administração Financeira.
Neste artigo, especificamente, mostraremos apenas os resultados dos aspectos financeiros. Escolheu-se uma parcela da população, entendida como amostra representativa, através de técnicas estatísticas amostrais para assegurar
um alto nível de confiança e conseqüentemente um baixo erro probabilístico.
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1.1.1 Análise estatística
Para a análise estatística dos dados foram utilizados gráficos. Para o
banco de dados utilizou-se o software Excel.
2 Resultados e considerações do perfil dos respondentes
Acerca do perfil dos respondentes, 46% das empresas entrevistadas
têm mais de cinco anos de tempo de vida; 15% têm de três a cinco anos; 13%
têm de dois a três anos; 9% têm de um a dois anos; e 16% têm menos de um ano,
ou seja, mais da metade, 56%, têm menos de cinco anos de vida.
Com relação ao número de empregados, 33% têm acima de doze funcionários; 44% têm de seis a doze funcionários; e 24% têm até cinco funcionários.
2.1 Percepção sobre o plano de negócios
Em relação a se desenvolveram um plano de negócios antes de iniciarem suas atividades, 84% responderam positivamente a esse item e 16%
responderam negativamente, o que mostra um bom índice de preocupação
por parte dos lojistas. Porém, esse item mostrou, também, que alguns empresários ainda não se utilizam de técnicas financeiras recomendadas na
gestão dos seus negócios, o que poderá comprometer suas atividades futuramente.
2.2 Percepção sobre elaboração de orçamentos
Quanto à elaboração de seus orçamentos, 75% das empresas responderam positivamente e 25 % negativamente. Numa primeira análise, esses números até parecem razoáveis, mas não o são, porque com dinheiro não se
brinca. Esse recurso é muito escasso e, quanto mais profissional o empresário
for, tanto maior sua probabilidade de sucesso. Portanto, todas as empresas
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deveriam ter seus orçamentos elaborados. Isso mostra uma falta de sintonia
com o item acima, porque, se 84% têm plano de negócios elaborados, esse
mesmo percentual deveria responder positivamente quanto à elaboração de
seus orçamentos.
2.3 Percepção sobre o capital de giro
Acerca do estudo sobre o capital de giro, 77% dos entrevistados disseram saber quais suas necessidades de capital de giro e possuíam tais recursos
em disponibilidades; e 23% disseram não fazer um estudo criterioso do capital de giro, de forma que não sabiam quais eram as reais necessidades da
empresa. Novamente, temos a impressão de bons números para estes itens,
mas não temos. Segundo Pereira (1999), “as decisões de investimentos, financiamento e distribuição de dividendos são tidas por muitos autores como as
funções básicas de finanças, de modo que a combinação ótima desse tripé leva
à maximização de valor da empresa. Há, entretanto, outros autores que incluem a administração do capital de giro como uma quarta função de finanças e
destaca-se das três outras já citadas. Muito especialistas argumentam que as
empresas “quebram” por terem problemas de liquidez. Portanto, esse
percentual que respondeu não possuir critérios para seu capital de giro poderá apresentar problemas financeiros futuros.
2.4 Percepção sobre a realização de cursos antes de abrirem suas empresas
Quando se perguntou aos empresários se fizeram algum curso antes
de abrirem suas empresas, 67% dos entrevistados responderam positivamente e 23% negativamente. Desse total, quando se perguntou se consideravam
importante terem cursos antes de iniciarem seus negócios, 95% responderam
positivamente e apenas 5% negativamente. Isso mostra incoerência de respostas, visto que dos 95% que consideram importante ou muito importante, apenas 67% tinham, efetivamente, realizado os cursos.
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2.5 Percepção sobre indicadores de desempenho
Em relação aos indicadores de desempenho, 72% dos entrevistados
responderam que tinham algum tipo de indicador no controle de suas operações e 28% dos entrevistados responderam que não realizavam tal controle.
Trata-se de outro dado preocupante porque, teoricamente, todas as empresas
deveriam administrar bem os números essenciais aos seus resultados.
Conclusões
Este trabalho mostrou a importância e a aplicação das técnicas de
Planejamento e Controle Financeiro, mais especificamente sobre a percepção
dos aspectos relevantes para os micro e pequenos empresários do maior
shopping Center de Manaus, com o objetivo de relacionar tais técnicas à sobrevivência empresarial daquelas empresas.
Com essas definições, verifica-se que, ao contrário do que muitos imaginavam, boa parte dos empresários utiliza-se de algum tipo de técnica financeira na administração dos seus negócios e o índice de rotatividade das lojas
do shopping, estimado em torno de vinte por cento, é comprovado pela pesquisa, porque mostrou que em cerca de 15 a 25% dos entrevistados não utilizam quaisquer meios de planejamento e controle financeiro, elemento responsável por um dos motivos da mortalidade empresarial.
Não temos a pretensão de ser definitivos em nossas opiniões, porque,
certamente, uma análise mais ampliada das possíveis causas de mortalidade
das empresas passa por uma série de fatores, que vão além dos aspectos financeiros. Mas, sem dúvida, a pesquisa ratifica a grande importância que uma
competente gestão financeira estratégica exerce nos resultados operacionais
nas organizações.
Com relação à construção do instrumento, ainda que as dimensões e
as assertivas tenham surgidos de uma incansável pesquisa bibliográfica e de
campo, elas não esgotam as possibilidades de novas pesquisas em termos de
qualidade no serviço.
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Recebido em: 14/7/10
Aceito em:1/10/10
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