Relatório - Marista Centro

Transcrição

Relatório - Marista Centro
Relatório
Intercâmbio Internacional da Rede ComSol
Itália
(24 a 31 de maio de 2015)
Apresentação
O Projeto Rede Brasileira de Comercialização Solidária – Rede ComSol é fruto de um
convênio estabelecido entre a União Brasileira de Educação e Ensino - UBEE/Instituto
Marista de Solidariedade - IMS e a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES)
- Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e em parceria com o Fórum Brasileiro de
Economia Solidária (FBES).
Este relatório apresenta o
relato
do
internacional
intercâmbio
realizado
no
período de 24 a 31 de maio de
2015 nas cidades de Brescia,
Verona, Rozzato e Milão, na
Itália.
O intercâmbio contou com a
participação de seis representantes do Conselho Gestor da Rede ComSol, sendo uma
pessoa de cada região do país e uma integrante da equipe do Instituto Marista de
Solidariedade - IMS.
Objetivos do Intercâmbio
A participação dos representantes da Rede ComSol na Feira Internacional de
Comércio Justo em Milão – Itália.
Intercâmbio com lojas e redes de comércio justo na Itália.
Conhecer as expressões e formas de organização do Comércio Justo na Itália, que
dialogam com as instituições locais que promovem e apoiam iniciativas de
economia solidária no Brasil.
Participantes
Andrea Pessoa – Representante Conselho Gestor Região Nordeste
Begair Flores – Representante Conselho Gestor Região Sul
Claurinda Frazilio – Representante Conselho Gestor Região Centro Oeste
Rizoneide Amorim – Representante Conselho Gestor IMS
Vincenzino Ghirardi – Representante Conselho Gestor Região Norte
Wellington Adriano – Representante Conselho Gestor Região Sudeste
Breve relato do Intercâmbio
O intercâmbio teve início com a visita a Central de Cooperativas de Automobilidade –
CAUTO na cidade de Brescia onde foi possível conhecer o complexo cooperativo de
reciclagem.
Rede de Cooperativa CAUTO
A Rede Cauto tem seu trabalho voltado para inclusão social e de trabalho de pessoas
com deficiência física ou dependência química. Atualmente é constituída por
cooperativas
reciclagem
Cantiere
Medicus
de
(CAUTO,
Del
Sole,
Mundi,
Cantiere di Valle, Cantier
Aperto). As cooperativas
são
organizadas
por
segmentos
diferenciados, como:
1) Reciclagem de papel, metal e plástico;
2) Reciclagem de roupas e moveis;
3) Reciclagem de equipamentos hospitalares (macas, cadeiras de rodas, equipamentos
de ultrassonografia, ambulatoriais, raio X, equipamentos odontológicos, entre
outros);
4) Triagem e distribuição de alimentos oriundos de supermercados centrais de
abastecimentos de alimentos (a ex. das CEASAS no Brasil), bem como excedentes
de alimentos da produção agrícola como frutas e verduras. Cooperativa de
responsabilidade social da Rede com distribuição de alimentos para instituições
sociais;
5) Cooperativa que produz energia solar com fabricação de placas;
6) Cooperativa de limpeza urbana com podas de arvores, gramas e jardinagem.
7) Cooperativa de reciclagem de computadores, equipamentos eletrônicos, bateria de
carro, óleo de cozinha e óleo de carro, eletrodomésticos, bicicletas.
8) A Rede CAUTO tem uma frota própria de 138 carros com uma oficina mecânica para
manutenção. Como plano estratégico estão planejando comprar um terreno com
galpão para ampliação da oficina. Tem todo maquinário de prensa, pequenos carros
de transporte logístico interno;
Foi fundada em 1995 como associação e posteriormente se transformou em
cooperativa, (ampliando seu trabalho social com o público de pessoas excluídas –
população de rua, deficiente físicos e mentais, presidiários, entre outros). Começaram
com a coleta de alimentos na CEASA, depois fizeram a proposta por 1 ano para recolher
alimentos sem custos para o CEASA posteriormente começaram a prestar o serviço para
o CEASA em recolher alimentos. Hoje a CAUTO é a parte social do complexo que tem
compromisso com a inclusão social, com o meio ambiente, consumo responsável e
valorização humana. Esta Central recebe doações de 50 supermercados, além do CEASA
e produtores que tem seguro safra (grandes produtores).
Atualmente 80 organizações filantrópicas são beneficiadas com os (produtos e
alimentos)
que
reaproveitados,
são
no
processo de triagem da
CAUTO, seja para o
consumo humano, seja
para
o
consumo
animal. Um trabalho
para qual conta com o
apoio de cerca de 110
voluntários
ou
aposentados.
O quadro de associados é formado por 155 cooperados com carteira assinada que
trabalham na cooperativa, destes, cinco compõe o Conselho de Administração – CDA. A
Rede CAUTO tem um plano de cargos e salários que se organiza de 1 ao 3 nível de acordo
com as atribuições e responsabilidades no complexo. O salário base é de 18 euro
hora\serviço. Tem um plano de incentivo a formação que acontece fora da cooperativa,
mas que possibilita ascensão de cargos e carreira. No geral 30% são mulheres que
também ocupam cargos administrativos e políticos.
No quadro de cooperados 30% são públicos de inclusão social que tem
acompanhamento do serviço psicológico da prefeitura de Brescia. O Faturamento anual
em torno de 12 milhões de euros, e 60% deste vai para folha de pagamento. Apesar da
crise na Europa, houve aumento do número de funcionários e cooperados. O capital
social atualmente de 1 milhão e 900 mil euros.
A sobra anual é depositada como capital social, uma vez que todos são sócios
trabalhadores registrados que tem salários garantidos e direitos trabalhistas, pois a lei
italiana permite. Para ser sócio tem que ter uma caminhada com visão da Missão da
Rede.
Recuperação de equipamentos hospitalares tem serviços técnicos especializados que
prestam assistência até por telefone e internet.
A Rede Cauto ajuda organizações interessadas a adquirir e a captar recursos para
equipamentos hospitalares que são reciclados e vendidos com valor 10% dos
equipamentos novos. Geralmente para América Latina e África.
Todo complexo cooperativo tem um programa de formação em cooperativismo para
incentivar a profissionalização dos cooperados. Fazem sensibilização ambiental nas
escolas com aproximadamente 10 mil
pessoas. Tem uma loja onde vende
materiais,
tipo
roupas,
moveis,
bicicletas, eletrônicos, entre outros que
também tem produtos novos como
roupas.
Todas
as
cooperativas
são
autossustentáveis, com exceção da
cooperativa de alimentos que é a
responsabilidade social e onde a
cooperativa teve início da experiência.
Banca ÉTICA
A Banca Ética, é um banco com responsabilidade de como se usa o dinheiro. Os setores\
atividades beneficiários de financiamento; 1) Cooperção social para integração social;
2) Agricultura biologica; 3) Cooperação Internacional comério Equo e Solidale; 3) Cultura
pela solidariedade (teatro popular, sport); Cultura pela legalidade (quem trabalha
contra) ; Cooperação para trabalho em terreno confiscado da Máfia.
A Banca Ética foi fundada na década de 1990, na cidade de Brescia e atualmente a sede
central está na cidade de Padova, contém 16 filiais na Itália, e 1 na Espanha. A banca
contém 37.361 associados, com capital social de 52.427.000,00 euros. Cada ação custa
50,00 euros, e para se tornar associado, o indivíduo deve ter no mínimo 5 ações, e não
pode ultrapassar 100 mil euros.
A Banca tem um departamento de fidelização de clientes e sócios, que mantem relações
virtuais com seus os associados. Principalmente para promover atividades culturais,
como exposições de artes e teatros; a instituição financeira, tem sócios avaliadores
voluntários,
que
fazem
visitas
para
conhecer,
quem
está
solicitando os
créditos.
Os
projetos
financiados
são
publicados no
site da Banca
Ética
e
os
clientes sócios podem direcionar suas aplicações para apoio à projetos, a partir dos
quatros eixos norteadores. Sendo eles:

Inclusão social – deficientes físicos e mentais, população de rua, mulheres.

Meio ambiente - trabalham no processo de produção agroecológica tanto para
cooperativas como associações.

Cooperação internacional-que trabalha com comercio justo e microcrédito. E
ações para refugiados.

Cultura -teatro popular, esportes de pequenos times de jovens que não tem
financiamento e cultura para legalidade de terra confiscada da máfia.
Eles dizem que o banco convencional “trabalham com muito dinheiro e poucos clientes
e nós trabalhamos com pouco dinheiro e muitos sócios”, essa é a diferença, a
transparência dos financiamentos do banco
A Banca Ética adota os seguintes valores: transparência, escolha da participação e
sobriedade, eles têm sócios voluntários que fiscalizam os financiamentos que o banco
está fazendo, se estão seguindo a ética do banco. Financiam pessoas física, apenas nas
necessidades básicas como saúde educação e moradia. Tem uma relação de trabalho do
nível de 1 a 4 enquanto nos outros bancos, o nível é de 1 a 60. Começaram com um
capital inicial de 6 milhões de euros valor pelo qual o banco central italiano autoriza para
funcionamento, atualmente eles têm 60 milhões de euros de capital e recolhe 1 bilhão
de euros ano. Os juros são de 0,5% ao ano para quem investe e de 4 a 7 % ao ano para
empréstimo.
Mensagem política: Fazer com que os outros bancos passem a usar os princípios éticos
da Banca Ética.
Oficialmente não foi divulgado, mas a instituição, recebeu uma comissão do IORInstituto para
as Obras de
Religião
(banco
do
vaticano),
para conhecer
e investigar os
trabalhos
banca
da
ética,
com objetivo
de reorientar
o IOR.
Restaurante Popular da Cooperativa RETE – Brescia
O Restaurante Popular da Cooperativa RETE funciona em espaço cedido pela prefeitura,
inicialmente o espaço funcionava para atendimento para moradores de rua, como local
de apoio para banho, lavagem de roupas, comer e serviços de atendimento social. Hoje
sem apoio direto da prefeitura, o espaço é administrado pela Cooperativa RETE formada
por trabalhadores (as), em processo de inclusão social, que oferecem serviços de
restaurante popular muitos produtos são adquiridos ou doados pela Rede CAUTO –
alimentação, móveis, entre outros. Tem também financiamento da Banca Ética. Foi um
espaço que vimos a integração entre produção, comercialização, financiamento e
consumo. O espaço aberto ao público, somente para almoço. O trabalho é
autogestionário que inclui 20 pessoas, entre educadores sociais e pessoas reincidentes
no mercado de trabalho.
Grupo de Compras Solidarias – GAS
Este momento aconteceu no espaço da Associação Criança Chama Criança, com a
participação de 15 famílias, um fornecedor de produtos biológicos e um fornecedor de
placa de energia solar.
O GAS é uma organização autogestionária de consumidores, não tem personalidade
jurídica, e tem o por objetivo fazer compras coletivas para seu consumo familiar. Na
Itália, a organização de consumidores está crescendo, como GAS, na cidade Brescia são
15 grupos e em toda Itália tem centenas de GAS.
O grupo nosso interlocutor iniciou em 2007, com 50 famílias, hoje são apenas 27
famílias. Um dos desafios da organização de consumidores é a disponibilidade para a
gestão do trabalho, pois muitas famílias reclamam de falta de tempo, e isso
sobrecarrega aquelas que se dispõe a organizar lista de pedidos, fazer contato com
fornecedores, etc., todavia as famílias que permanecem avaliam de forma positiva a
importância política e econômica dessa iniciativa. O grupo GAS é uma organização de
consumidores onde se norteia com bases de valores, respeitando o meio ambiente.
A gestão do GAS: uma pessoa o grupo organiza a lista de produtos ofertados por
produtores, supermercados e cooperativa sociais, incluindo os preços, e envia por email à todas as famílias do grupo, cada família reenvia sua lista de compras (alimentação,
equipamento,
verdura,
arroz,
farinha, etc.). A lista final de
produtos
é
enviada
para
os
fornecedores, com a agenda o dia e
local de entrega coletiva, onde cada
família comparece para receber seu
pedido.
O grupo se reúne mensal, ou quando
necessário semanal, quando algum
produtor
ou
fornecedor
está
interessado em divulgar e ou
apresentar um produto, que pode
ou não iniciar interessar ao GAS.
Na oportunidade deste Intercâmbio,
estava presente o representante da
Cooperativa de comercialização de
produtos agrícolas - Paz, Pão e Terra. Esta cooperativa organiza no seu território de
atuação Grupos de Consumo Solidário e Popular - GASP, e se diferenciam por organizar
trabalho de educação alimentar nas escolas, com crianças e jovens; e um representante
de uma empresa que comercializa energias renováveis (água, sol e vento).
Entre as vantagens dessa organização de consumidores foram citadas: tem capilaridade
no território, ou seja, grupo de vizinhos que se organizam. Consumir produtos
diretamente dos agricultores que trabalham com princípios da agricultura biológica,
com princípio do km 0; contribuir com os agricultores para conquistar o mercado; cada
família faz a gestão de dois ou mais produtos, ou seja, partilhar e não sobrecarregar.
Central Distribuidora e Importadora ALTROMERCATO
A Altromercato é uma Central de Cooperativa de importação e distribuição de produtos
de comércio justo, localizada na cidade de Verona - Itália. Esta Central é formada por
117 cooperativas e organizações sem fins lucrativos que promovem e difundem o
Comércio Justo através da gestão de cerca de 300 lojas sob a marca “Altromercato",
espalhados por todo o território italiano.
Centro de Distribuição Altromercato – Verona – Itália
Altromercato procura relacionamentos e relações comerciais diretas com os produtores
em vários países, principalmente da África, da América Latina e da Ásia. Atualmente
estão incentivando e comprando de cooperativas de agricultores italianos, exemplo:
suco de laranja. Cerca de 150 organizações de 50 países.
A Altromercato garante a importação de produtos a preços justos, em muitos dos casos
com adiantamento de 50% sobre o valor total da compra, garantir a transparência nas
relações de cooperação e continuidade nas relações comerciais, apoia ativamente
projetos de agricultura orgânica e promove o autodesenvolvimento e social de Meio
Ambiente.
A Rede comercial do Altromercado inclui: 250 lojas; supermercado; cadeia de venda em
atacado de produtos biológico; cantina escolar nos municípios demandantes desse
mercado alternativo.
Valores da Central Altromercato:
Equidade – preço justo para quem produz e consome, financiamento justo, e relação
baseada no diálogo;
Dignidade; reconhecimento do valor do trabalho, e das capacidades dos seres humanos,
da satisfação das necessidades primárias (saúde, moradia e alimentação), atividade de
formação e crédito, para favorecer o crescimento e o desenvolvimento.
Transparência – comunicação verdadeira, que valoriza a boa-fé, nas relações com os
produtores.
A Central Altromercato de Verona, presta assessoria às cooperativas com suas lojas,
notadamente quanto a administração; por exemplo, com análise do custo de um
produto ou espaço ocupado, de modo a definir a quantidade e a visibilidade do produto;
o feed back entre as lojas são também incentivados bem como uma equipe para
contribuir com designer de vitrines, tendências de modas, entre outros.
Lojas da Rede Altromercato, nas cidades de Rozzato, Brescia e
Milão
Uma visão panorâmica das visitas observamos, a qualidade dos produtos, oriundos de
outros países, a precificação e padronização das embalagens e rotulagem. Há uma
diversidade de produtos comercializados, entre eles, artesanatos, alimentos
processados, confecções, cama, mesa e banho dependendo da localização e do espaço
disponível
para
a
comercialização. Esses
produtos
em
sua
maioria, vem da central
de
importação
e
distribuição
ALTROMERCATO.
Em
geral a frequência de
compras
na
Central
acontece quatro vezes
ao ano.
Loja de Comércio Justo de Rozzato – Itália
Dentre as visitas em lojas, importante ressaltar, aquela da cidade de Milão, coordenada
pela Cooperativa
Chico Mendes que administra 20 lojas em toda Itália.
Esta
loja visitada fica localizada em uma via de acesso a estação de trem metropolitano, onde
há um grande fluxo diário de pessoas. A loja é dividida em dois espaços distintos. Um
espaço é dedicado a comercialização de produtos alimentícios, e artesanato, e o outro
para roupas e acessórios. O designer da vitrine e disposição dos produtos, seguem um
padrão, similar as lojas de grifes e de grandes marcas mundiais.
As lojas Altromercato são formadas juridicamente como cooperativa, que por sua vez, a
partir da extensão do território, tem outros pontos funcionando como lojas. Os produtos
alimentícios comercializados, tem o selo de certificação internacional de produto
biológico. No entanto existe a dificuldade de reconhecimento dos produtos de comércio
justo por parte público consumidor e que não tem uma relação de fidelidade com os
clientes.
Loja da Cooperativa Chico Mendes – Metrô de Milão - Itália
Loja de Comércio Justo em Brescia – Itália
Primeira Feira Internacional do Comércio Equo e Solidale
Este evento aconteceu em Milão no período de 28 a 31 de maio. Organizado pela World
Fair Trade e movimentos sociais da Itália, com objetivo de dar visibilidade e se contrapor
a Expo Milano 2015, que se acontece de maio até outubro.
Nesta Feira podemos visitar e dialogar com os expositores, em torno de 180 de todo o
mundo, com produtos biológico, alimentícios e tecnologia avançada, artesanato das
mais diversas modalidades. Como referência desses expositores, na Itália são:
Altromercato, a segunda maior organização do Comércio Justo da Europa, e a Libero
Mondo -Cooperativa Equo Solidade e Social.
O Serviço Voluntário Internacional – SVI, instituição local que organizou o intercâmbio
do Grupo Rede ComSol na Itália, disponibilizou através da ONGs locais e Prefeitura de
Milão, um espaço para exposição de nossos produtos, porém, visto do anuncio dessa
oportunidade uma semana antes da Feira, fizemos apenas a divulgação do material da
Rede ComSol, e dos demais integrantes do intercâmbio.
A Feira em si, foi um espaço enriquecedor para nossas experiências no Brasil, em que
destacamos:
Embalagem, disposição no espaço, programação cultural, etc. Todos os produtos tinham
identidade visual bem definida e excelente apresentação dos produtos.
EXPO Milano 2015
Esta amostra mundial com a presença de 140 países, teve como tema: Nutrir o planeta:
energia pela vida. Durante 10 horass de visita entre diversos pavilhões de países e
instituições, dentre eles, o Brasil. Chamava atenção que muitos países deram uma
abordagem de contribuição ao tema, a cultura alimentar, as tecnologias, o caminho da
agricultura orgânica, além do foco de diversão. Lamentavelmente os responsáveis pelo
pavilhão do Brasil, não deixaram uma mensagem positiva quanto a biodiversidade do
país e as expressões culturais do povo brasileiro. Ao contrário, a imagem da diversão,
personificou o Brasil, atraindo inúmeros visitantes ao estande do Brasil o nosso
artesanato brasileiro que é rico não estava bem representado bem como muito pouco
da história.
Parcerias no Intercâmbio
Serviço Voluntário Internacional – SVI - www.svibrescia.it
Cáritas Brescia - www.brescia.caritas.it
Rede Cauto http://www.cauto.it/la-rete/
AltroMercato http://www.altromercato.it/it
Cooperativa Chico Mendes http://www.chicomendes.it/
Euclides Mance na Expo de Popoli: https://www.youtube.com/watch?v=NcpxAs9RV6U
Encaminhamentos do Intercâmbio
Divulgar a experiência do intercâmbio para a SENAES e outras Redes, principalmente
Redes de Finanças Solidárias (conhecer Banca Ética) ; Redes de Consumidores (conhecer
os GAS – Grupos para auto consumo) ; Redes de Reciclagens (conhecer a Rede CAUTO) ;
Redes de Comércio Justo e Solidário (conhecer as lojas de Comério Justo) e Redes de
Inclusão Social (conhecer a Rede CAUTO e restaurante popular).
1. Socializar o intercâmbio com o Conselho Gestor e toda Rede ComSol (produzir
relatório
e
vídeo
da
experiência).
Links
dos
vídeos
https://www.youtube.com/watch?v=aVaU-EiPcJ8
:
e
https://www.youtube.com/watch?v=x7PlYUIBkhg
O Vicente poderá articular outros intercâmbio, caso haja interesse de outras redes e a
SEANES em conhecer essas experiências.
Avaliação do Intercâmbio
Os resultados desse intercâmbio são particularidade que cada representante da Rede
ComSol poderá expressar em seu aprendizado para o desenvolvimento de Economia
Solidária em seu Estado/Região de atuação. Nesse sentido, a seguir alguns relatos do
significado do intercâmbio da Rede ComSol na Itália.
Andrea Pessoa – Representante Conselho Gestor Região Nordeste
A partir desse intercâmbio, percebe-se que
nós enquanto movimento da ECOSOL e
principalmente
nós
da
Rede
de
Comercialização faz-se necessário dialogar
com
nossos
empreendimentos
para
termos um discurso único e afiado, onde o
caminho
que
se
aponta
é
a
comercialização em nossos territórios e
em nosso País, potencializando o que cada região produz, valorizando a cultura e a arte
que é tão diversa e rica.
É a afirmação que nossa comercialização tem que partir do nosso povo, para o nosso
povo. Não estamos preparados para o mundo da exportação e nem sabemos ao certo
se esse seria o caminho da sustentabilidade econômica dos empreendimentos. Nossa
legislação muda de região, para região, onde já implica um grande desafio, trazendo pra
dentro da Rede ComSol.
Agora, nos cabe aplaudir a forma como é conduzida os trabalhos do ALTROMERCATO: a
equipe de trabalho montada, desde o processo de ir a busca de novos produtos, ao
controle de qualidade, precificação e apresentação de produtos e o padrão de
apresentação nas lojas, sem dúvidas, serve para refletirmos, como nossos pontos fixos
estão hoje organizados e como precisamos avançar nesses pontos urgentemente. É na
cadeia produtiva que necessitamos de mais atenção e na reorganização de nossos
pontos
fixos,
investindo
mais
nos
acompanhamentos/visitas
técnicas
de
assessoramento. Quero agradecer pela oportunidade, de partilhar momentos únicos,
intensos que servirão certamente para minha caminhada profissional e pessoal.
Namastê!
Begair Flores – Representante Conselho Gestor Região Sul
Esta experiência do intercâmbio nos leva a
avaliar a nossa caminhada enquanto REDE
COMSOL. O que estamos fazendo para
consolidar a nossa Rede, para além do
Projeto? Quanto ainda nos falta fazer? Com
quem vamos fazer parceria? Temos claro, em
nossa caminhada, a nossa MISSÃO? O que nos
une e o que nos diferencia (Brasil/Itália)?
Precisamos avançar mais, incentivando a
criação de Redes Locais ou Territoriais.
Promovendo
intercâmbios
entre
nossas
Redes (o Brasil é grande), entre nossos pontos
fixos. Levando os nossos EES a descobrirem a importância da Autogestão Ética e
Transparente. A Formação deve estar presente em todos os momentos do nosso
trabalho. A organização e conscientização do Consumidor, é algo fundamental para o
crescimento da Economia Solidária: o consumidor tem que saber o que está comprando
e porque está comprando. E como o Vicente já mencionou, precisamos pensar em
Centrais... como, onde, quantas... acho que é tema para a Comissão Gestora debater...
foi muito bom ter participado desta atividade. Além de conviver com a Equipe do
intercambio, aprofundei minha experiência de trabalho em Rede, e desta forma posso
ajudar com mais segurança a caminhada da REDE COMSOL.
Claurinda Frazilio – Representante Conselho Gestor Região Centro Oeste
O irtercâmbio para mim foi
aprendizado de organização
em rede que aqui no Brasil
ainda
é um desafio em
relação pela nossa extensão
ser grande a Itália por mais
organizados que são ainda
tem
desafios
consumidores
consumindo
com
de
produtos
comércio justo e que
seu
estar
do
eles
buscam alternativas criam
bancos e como aqui no Brasil
que são para fortalecer os
empreendimentos Economia Solidária. Não depende de políticas de governo criam
alternativas a partir de suas demandas locais. Isso mostra que temos que ser mais
organizado,a organização faz a diferença. FOI FANTÁSTICO !
Rizoneide Amorim – Representante Conselho Gestor IMS
A oportunidade desse intercâmbio na Itália foi
um
muito
importante
para
pensar
a
organização e o avanço da Economia Solidária
no
Brasil,
além
de
proporcionar
um
enriquecimento pessoal muito grande. O
contato que tivemos com as diferentes
modalidades – finanças solidárias (com a Banca
Ética); consumo responsável (com o GAS);
inclusão social (com o restaurante popular);
redes e cadeia de reciclagem (com a Rede Cauto), e principalmente com as experiências
de Comércio Justo (como o AltroMercato e Cooperativa Chico Mendes) foram
fundamentais para pensar estratégias de avanços na temática no Brasil. A forma de
organização do Altromercato proporciona olhares diferenciados de como a Rede
ComSol, que é uma experiência recente e em início da sua estruturação, pode se
espelhar para avançar no Comércio Justo e Solidário em todo Brasil. Os dias de intensa
vivência na Itália foram imensamente ricos em aprendizado dos mais diferentes níveis –
profissional, cultural e pessoal que ficam gravados na memória. Por tudo isso, tenho
apenas a dizer: Gratidão!!!!
Vincenzino Ghirardi – Representante Conselho Gestor Região Norte
Partilho minhas observações, com
olhar a partir de nossas experiências
na Região Norte, e do conhecimento
do
país
onde
realizamos
este
Intercâmbio, procurando manter a
distância que permite contribuir para
o avanço da Rede ComSol.
O comércio Justo na Itália se
desenvolve de fora para dentro do
país, e por força de iniciativas de
grupos de pessoas com trajetória de vidas como militantes políticos de esquerda, ou em
voluntariado, notadamente fora da Europa. Esses grupos organizam localmente os
recursos financeiros (poupança pessoal, doações das paróquias, festas, etc.), e
promovem experiências comerciais com prinicipios, práticas e relações não capitalista.
Este perfil de trabalho e organização, contribui para pensar, junto com nossos
empreendimentos, a importancia da autosuficiência financeira, pois em sua maioria, no
Brasil, são dependentes de políticas de Estado. Guardada as devidas proporções, da
história econômica e política brasileira.
Neste contexto, cabe a questão: Como essas experiências comerciais pautadas na ética
e solidariedade, irão influenciar para o desenvolvimento dos paises o sul do mundo ?
O desenho da economia solidária no Brasil é promissor, mas o desafio da dependência
é preocupante. A Banca Ética indica para nós caminhos para pensar a Finanças
Solidárias, e as experiencias de Banco Comunitário podem ser indicativos para pensar
essa e outras questões.
Nossas experiências de Feira, podem e devem projetar algo mais, como Central em
regiões estratégicas do Brasil, e a construir com o público consumidor de Feira, a
exemplo do Grupo de Consumo Solidário – GAS.
Wellington Adriano – Representante Conselho Gestor Região Sudeste
A lógica de participação em um
intercâmbio valioso como o
que foi realizado na Itália, faz
com
que
nós
de
Empreendimentos Econômicos
Solidário,
tente
extrair
o
máximo das práticas realizadas
em
um
país
desenvolvido.
considerado
A
minha
participação neste intercâmbio
vai além de representar a Rede
Brasileira de Comercialização
Solidária – REDE COMSOL para
a construção e o fortalecimento da rede. Me senti contemplado, pois a grande luta diária
que faço, em meu território e que estende a toda região, é o aprimoramento das
políticas públicas, focado no desenvolvimento do movimento de economia solidária,
como estratégia de geração de trabalho e renda, a inclusão e a valorização do indivíduo,
baseado no coletivo e no bem viver. Enquanto empreendedor solidário, pude observar
e analisar que a economia solidária (Brasil), se difunde com a economia social (Itália),
principalmente no tema central, que é a busca de uma sociedade melhor, e o sentido
pleno da palavra SOLIDARIEDADE. Pude também compreender que a comercialização
justa é o que norteia os grupos de trabalhadores e trabalhadoras, tanto na Itália, quanto
em nosso país. Oferecer produtos de qualidade, com variedade e respeitar o produtor,
são práticas que devem ser seguidas como exemplos, para que possamos avançar no
desenvolvimento do movimento de economia popular e solidária no Brasil.
Rede CAUTO.
A visita realizada na rede de cooperativas CAUTO, chama a atenção pela organização
destes grupos de diferentes seguimentos. A rede composta por cooperativa de
reciclagem, cooperativa de montagem e recuperação de equipamentos hospitalares,
cooperativa de placa fotovoltaicas, cooperativa de restauração de moveis, e cooperativa
de aquisição de alimentos, interagem entre si, com uma lógica de cooperação para o
desenvolvimento e sustentabilidade dos empreendimentos.
BANCA ÉTICA
A BANCA ÉTICA, trata-se de uma instituição financeira popular, cooperada, com valores
ideológicos, que respeita seus associados, seja eles o investidor de recursos monetários,
seja ele o tomador de crédito. Em um mundo globalizado, onde o capitalismo “dita”, a
regra do jogo, a Banca Ética vem na contramão, já que a aplicação dos recursos, são para
indivíduos ou grupos menos favorecidos, que tenham projetos de sustentabilidade local,
que respeitam o meio ambiente. Outro fato que chama a atenção, para
desenvolvimento desta instituição financeira é a participação do voluntariado, no
acompanhamento e aplicação dos recursos a quem necessite.
Restaurante popular
Quando remetemos a pensar em restaurantes populares no Brasil, sempre pensamos
em um tipo assistencialismos, voltados ás pessoas em estado de miserabilidade, o que
prova que a situação econômica do brasileiro pouco desenvolveu, e que para manter
uma alimentação dignamente correta, mais uma vez o Estado é obrigado a intervir. Já a
visita realizada no restaurante popular italiano, nos mostra o contrário. A forma de
organização deste grupo de trabalhadores, além de parceria importantes, com o
governo local, e entidades, faz com que o restaurante popular, tenha a mesma
dimensão, tanto na qualidade e na apresentação de seus pratos, aos demais
restaurantes italianos, considerados de alta gastronomia. O ambiente é agradável, bem
equipado e decorado, que vem com a proposta de inclusão de pessoas, para o mercado
de trabalho. Pessoas estas, que utilizavam dos serviços públicos, no caso o espaço era
um albergue, e após uma articulação entre integrantes do movimento social e o governo
local, passou a ser um restaurante gerido, pelos mesmos.
Pessoalmente, não consegui fazer distinção deste restaurante popular italiano, com os
demais restaurantes, onde realizamos nossas refeições, aliás até os preços eram
parecidos, e em muitas vezes, o preço dos pratos neste restaurante popular eram
maiores que os convencionais.
Importadora e Distribuidora Altromercato
Um organizado complexo de importação e distribuição de produtos de comércio justo,
com produtos oriundos de vários países, principalmente de países subdesenvolvidos ou
em desenvolvimentos. A Altromercato concentra produtos basicamente da área
alimentícia, como grãos, pastas e matérias primas, que são transformadas e acabadas
na Itália, além também de ter produtos de cama, mesa e banho, e artesanato em geral,
que são distribuídos nas dezenas lojas de comercio justo espalhado no país. A
importadora e distribuidora, trabalha sobre os valores da transparência, e o pagamento
justo aos produtores. O grande nicho de Mercado utilizado para manter a
sustentabilidade do empreendimento, é a exploração da situação econômica dos países
de origem dos produtos e suas comunidades. Em países desenvolvidos, como os da
Europa, a preocupação social com grupos vulneráveis, principalmente grupos de
mulheres e crianças, torna aceitável, a prática da solidariedade para o desenvolvimento
humano, que é transformado na comercialização desses produtos, estando em plena
competitividade com os demais grupos comerciais no modelo capitalista. A sede da
Altromercato, chama atenção pelo grau de desenvolvimento interno, com seções
específicas, divididas em áreas de atuação, como comunicação, administrativo, relações
exteriores e controle de qualidade. Além de um espaço, cuidadosamente zelado, que
mantém amostras de vários produtos importados. A altromercato não se restringe
apenas na importação e distribuição de produtos, dentre os serviços a empresa também
faz assessorias para o desenvolvimento de lojas de comercio justo que utilizam da
marca. Esse modelo de comercialização justa, deveriam servir como base, para as
Centrais de comercialização no Brasil.
Lojas
O intercâmbio pode nos proporcionar dois de modelos de lojas de comercio justo. As
primeiras lojas visitadas, em cidades menores, nos remetem a lembrar das lojas de
economia solidária no Brasil. Normalmente são lojas de fachadas pequenas, que
chamamos de “portinhas”, mas que em seu interior, temos uma grande variedade de
produtos. A organização desses produtos, por ser variável (alimentação, vestuário,
estética, artesanato, entre outros), transmite uma sensação de ser um bazar
beneficente. Já o segundo modelo de loja visitado, que está instalado em uma estação
de metrô, em Milão, é impecavelmente estruturado e bem organizado, dividido em dois
setores, a loja tem uma área reservada somente para produtos de cama, mesa e banho,
vestuários e acessórios, e outro setor que tem produtos de artesanato, alimentação,
estética e produtos naturais. Essa loja estrategicamente posicionada, interage com o
fluxo de pessoas que circulam na estação. Ambas as lojas visitadas, pudemos observar
uma figura não muito comum no Brasil, que o proprietário da loja, ou das lojas.
Diferentemente do nosso país, na Itália, é comum, que um indivíduo, seja o dono da loja
de comércio justo, que podem ter funcionários remunerados, ou até mesmo
voluntários. A experiência italiana, pode sugerir, a criação de uma nova figura
importante para o escoamento de produtos de comércio justo e solidário no Brasil,
dentro das ideologias do movimento popular social.
Feira de Comércio Justo
Não foi observado, nada que pudesse aprimorar o desenvolvimento de feiras no Brasil.
A feira mundial de comercio justo, realizada em Milão, é muito parecida, com as atuais
feiras de grande porte que temos em nosso território. Tanto como estrutura, ou
conceito, a Word Fair Trade, está próxima a Feira de Santa Maria, no Rio Grande Sul, ou
as Feira Regionais de Economia Solidaria apresentada por minha querida Osasco. É
visível que tanto na Itália como no Brasil, a aplicação de recurso financeiros para o
desenvolvimento de um evento social ou popular, são escassos e de pouca dimensão.
No entanto, é preciso evidenciar, que o espirito de solidariedade e associativismos é
comum entre os dois países.
Expo Milão
Refletindo sobre o que foi a visita a Expo Milão 2015, chego à conclusão, como o poderio
do capitalismo mundial, se contrapõe quando defendemos uma sociedade mais justa, a
distribuição igualitária de renda, e o bem viver. Pautada no discurso, de vender o que
há de melhor em cada um dos mais de 150 países representados, a bilionária feira de
negócios, faz com que o famoso parque da Disney, fique no chinelo, além quero
parafrasear o que ouvi nesta visita “... a Expo é uma mistura de Nações Unidas, com a
Disneylândia...” Diante da grandeza e dos suntuosos pavilhões erguidos para o evento,
precisamos destacar a participação do nosso país. E esse destaque, não se dá pela beleza
apresentada, em seu pavilhão, tão pouco pela riqueza heterogênea, que temos na fauna
e na flora, ou da mistura de raças e etnias que fizeram contar a história nos últimos 500
anos. O Destaque vem da insana competitividade comercial de vender grãos
transgênicos, de dizer ao mundo que universalizamos o direito a agua potável, que o
nosso churrasco e o pão de queijo ainda são os melhores. Aliás o que dizer do nosso
patrimônio nacional, o famoso pão de queijo mineiro, que estava à venda por
aproximadamente R$ 20,00, sem contar as bebidas, que eram outros R$ 20,00. Detalhe
suco de laranja. Portanto os meios justificam os fins...ou não!?
O intercâmbio
O intercâmbio realizado na Itália, no final do mês de maio de 2015, foi uma experiência
única em todos os aspectos. Enquanto pessoa me senti extremamente agraciado pela
oportunidade recebida e pela confiança a mim dada, para que pudesse representar a
rede brasileira de comercialização, os pontos fixos comerciais, as políticas públicas
voltadas para o movimento de economia solidária, e principalmente, representar os
empreendedores solidários de nosso país. Creio, que todos as cinco representações que
tiveram a oportunidade de vivenciar esse intercambio, tem o privilégio e a obrigação de
transmitir cada aprendizado adquirido, afim de fortalecer as práticas existentes ou
contribuir para a criação de novas estratégias no desenvolvimento do movimento
popular de economia solidária no país.

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