Av. Vereador José Diniz, 2306 04604-004

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Av. Vereador José Diniz, 2306 04604-004
HORA
LUTERANA
Av. Vereador José Diniz, 2306
04604-004 - Brooklin - São Paulo, SP
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INTRODUÇÃO
Algumas pessoas afirmam que quando um
bebê está pronto para nascer, sente uma grande
angústia. Acredita-se que é o momento de maior
estresse que uma pessoa sofre durante toda a sua
vida. O bebê se encontra tranquilo, seguro e bem.
Já se adaptou à vida intrauterina, na barriga de
sua mãe. Dela recebe alimento a força para viver.
Mas, chegou a hora de sair desse lugar seguro.
Sente-se muito angustiado. Uma força o impulsiona a abandonar o seu conforto e ir... mas ele não
sabe para onde. A força torna-se irresistível. Sente
medo, muito medo. Se o bebê soubesse que, do
lado de fora desse seu mundo, o aguardam braços
cheios de amor, que o receberão e lhe darão tudo
o que há de melhor, tudo seria diferente.
Nossa morte é similar ao nosso nascimento.
Uma grande angústia nos invade no momento em
que ela chega. Sentimos medo porque não sabemos o que acontecerá. Mas, se soubéssemos que
no outro mundo nos esperam braços cheios de
amor... isso mudaria algo em nossa atitude?
Queremos incentivar você a “aprender a viver”,
porque passamos grande parte da vida desperdiçando energia, preocupados com o nosso medo da
morte, às vezes consciente, às vezes inconscientemente. A morte, como é natural, vem para todos.
Mas, se estamos preparados para nos encontrarmos com ela, a vida muda bastante. E é exatamente
nessa área da vida que precisamos de Deus. Ele
tem respostas para as nossas dúvidas. E, o mais
importante, tem o caminho e a força para enfrentarmos o angustiante tema da morte.
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Pretendemos ser sinceros ao abordar esse tema.
Falar com realismo. Lembrar a todo momento de
onde viemos e para onde vamos. Buscar em Deus
as respostas para a nossa existência e encontrar
em Jesus Cristo os braços cheios de amor que nos
esperam após essa vida, para nos presentear com
uma vida muito melhor.
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MEDO DE MORRER
Apesar de que nos povos primitivos se ensinava a
pensar na morte, a cultura moderna tornou esse assunto uma espécie de tabu, do qual se evita falar.
Quando uma pessoa está agonizando, atravessa diversos estados de ânimo. Incredulidade, por
exempolo, porque essas coisas só acontecem com
os outros, e não conosco. Há o estado da rebeldia:
“Por que eu?” E também os estados de aceitação
da realidade, da depressão, e da busca de qualquer
solução ou tratamento que permitam superar esse
momento crítico. Em cada um desses estados a
pessoa tem novas esperanças, melhorias, recaídas
e retrocessos, até que finalmente aceita sua condição como “irreversível”.
O homem, vítima do temor diante do desconhecido, com medo daquilo que ninguém até hoje
voltou para contar como é, encontra-se diante da
dolorosa possibilidade de não mais existir. Mas há
um problema mais grave. Não pode falar da morte, da sua morte, praticamente com ninguém. O
ambiente que o cerca obriga-o a ficar calado. Não
deve sequer pensar na morte. Suas fantasias e seus
medos a respeito da morte devem ser guardados
em silêncio.
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Por que, geralmente, chegamos às portas da
morte nesse estado de angústia e desorientação?
Por que devemos esperar até a última hora para
nos preparamos para morrer?
Tem-se observado que uma pessoa informada
sobre aquilo que irá enfrentar, ainda que seja doloroso ou desagradável, em muitos casos consegue
encarar essa experiência com menos medo, menos
dor e menos problemas do que se o fizesse às cegas,
sem nenhum preparo.
Um dos recursos mais utilizados para enfrentar
os problemas da vida são os grupos de autoajuda. Nesses grupos, pessoas com problemáticas
semelhantes se reúnem para falar e compartilhar
ansiedades e conflitos comuns. É importante estar
aberto à possibilidade de pensar e falar sobre a
morte, sem esperar que ela torne-se iminente. É
preciso compartilhar com outras pessoas os temores e incertezas. É provável que, como um “outro
lado da moeda”, chegaremos à mesma conclusão
que o filósofo e pensador francês Michel de Montaigne: “O que ensina os homens a morrer, também
os ensina a viver.”
A morte é a maior certeza dessa vida. A partir
do momento que nascemos, já estamos prontos
para morrer.
Sob certo aspecto, a morte é resultado de algo
muito natural, como o desgaste do corpo em que vivemos, e deve ser aceita sem rebeldia. Mas, vista de
um outro ângulo, a morte é também anti-natural. A
morte é a consequência do pecado e, nesse sentido,
deve ser temida. Essas duas formas de encarar a
morte aparecem na Bíblia, e nenhuma das duas
deve ser ignorada. A morte parece ser necessária
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para o nosso corpo. Tudo o que o nosso corpo é
hoje, irá se transformar em pó, e isso é inevitável.
No entanto, a Bíblia fala sobre a morte também
como consequência do pecado. “O pecado entrou
no mundo por meio de um só homem, e o seu pecado trouxe consigo a morte” (Romanos 5.12).
A morte é algo que atinge o ser humano por completo. O homem não morre somente com o corpo,
mas morre como homem, com a totalidade do seu
ser. Morre como ser espiritual e físico.
Deus está acima de todas essas coisas, e apesar
de ter decretado que a morte é o pagamento pelo
nosso pecado, também criou a possibilidade de dar
a vida eterna aos pecadores. Nas escrituras tratase da morte como se trata toda a realidade, mas o
principal interesse está em torno da vida. A morte
é tratada de forma mais ou menos incidental, como
algo necessário para que o homem possa ser salvo.
Salmo 23
O SENHOR é o meu pastor: nada me faltará.
Ele me faz descansar em pastos verdes e me
leva a águas tranquilas.
O SENHOR renova as minhas forças e me guia
por caminhos certos, como ele mesmo prometeu.
Ainda que eu ande por um vale escuro como a
morte, não terei medo de nada. Pois tu, ó SENHOR
Deus, estás comigo; tu me proteges e me diriges.
Preparas um banquete para mim, onde os
meus inimigos me podem ver. Tu me recebes como
convidado de honra e enches o meu copo até
derramar.
Certamente a tua bondade e o teu amor ficarão
comigo enquanto eu viver. E na tua casa, ó SENHOR,
morarei todos os dias da minha vida.
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MORRER BEM
De que maneira devemos morrer? Como estar
preparado para o desconhecido? A morte acaba
com tudo o que somos? Existe alguma coisa depois
da morte? Haverá um céu com ruas douradas e
pessoas tocando harpa? Um inferno com fogo e enxofre? Encontraremos um juiz justo? Será possível
preparar-se para a morte? É possível relacionar a
morte a uma filosofia de vida?
Diante da perspectiva do desaparecimento total de nossos corpos, por ser o corpo aquilo que
conhecemos como sólido e real, muitos fogem
instintivamente da morte. A ninguém agrada a
ideia de ser para sempre uma alma desencarnada. As pessoas não se entusiasmam muito com a
garantia de que todas as almas, dos bons e dos
maus, viverão eternamente. Este consolo, de que
as almas viverão para sempre, é tão eficaz quanto dizer ao dono de um carro: “Olha, a lataria já
desmanchou, não tem mais jeito. Mas o motor,
ainda funciona perfeitamente.”
Na filosofia Upanishads, que é parte do Hinduismo, o homem tem uma alma imortal, que não
envelhece quando você envelhece, que não morre
quando você morre. (Livro das Religiões, Cia. das
Letras, pg. 43).
Outras filosofias falam de uma vaga e indistinguível força no homem (chamada “alma”), que
sobrevive à morte e à dissolução do corpo. A alma
continua sua vida depois que abandona o corpo
que lhe serviu como morada. Depois da morte, vai
a mundos desconhecidos aonde encontra recompensas ou castigos. De acordo com essa filosofia,
a imortalidade é uma existência em um padrão
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inferior, em que a pessoa mal tem consciência
de que não mais está viva. É uma sombra, uma
fumaça, é menos que uma vida.
Quem deseja viver desse jeito depois da morte?
Quem quer continuar a viver exatamente como hoje,
com esperanças, temores, sofrimentos e problemas
parecidos? Quem gostaria de viver eternamente, a
não ser que fosse para ter uma qualidade de vida
muito melhor? Quem gostaria de flutuar, de pairar
sobre a terra sem objetivo, desencarnado?
Os cristãos creem que a vida eterna é vida inteiramente nova, criada através do poder de Jesus
Cristo, e não a triste sequência da vida presente. É
uma vida consumada, completa, tornada possível
pelo poder criador de Deus. A morte, esse inimigo
perigoso, esse fato trágico, foi vencida por nada
menos que o poder de Deus.
Quem tem esta fé, fala aberta e conscientemente
sobre a morte com o “último inimigo”, o “adversário
formidável”, ou o “temível opositor”. Mas, ao mesmo
tempo, confia no poder da ressurreição de Jesus
Cristo, o Filho de Deus, que conquistou a morte.
RECONHECENDO A MORTE COMO ELA É
O primeiro passo para aprender a morrer é enfrentar a morte com um honesto reconhecimento
do que ela realmente é. Se procurarmos disfarçála, deixá-la de lado, a morte nos ataca através do
inconsciente, e pode ser devastadora. Devemos
enfrentar a morte deixando que seja o que realmente é: um inimigo com poder trágico, inimigo
que, neste mundo, sempre vence.
Alguns pretendem morrer serenamente, ou
ter uma morte nobre. Na Bíblia a morte é o rei
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dos terrores. A morte é o salário do pecado, o fim
amargo, o resultado direto da alienação e separação de Deus. A morte é a entrada para o mundo
dos mortos, o lugar da escuridão, da ausência de
Deus. Não é algo natural, planejado e desejado por
Deus. É anti-natural, anormal e oposto a Deus. A
morte é o final do orgulho e da rebeldia do homem.
Não é um suave “descer à sepultura”, é o eterno
aniquilamento, a separação de Deus, com toda a
miséria que isso envolve.
O trágico da morte é o pecado, a separação de
Deus. O apóstolo Paulo afirma: “O que dá à morte
o poder de ferir é o pecado” (1Coríntios 15.56). A
morte é um inimigo terrível para o pecador. Um inimigo que leva a uma eternidade de terror, de coisas
que não podem ser descritas literalmente, sendo
apenas tratadas pela Bíblia de um modo figurado
como um lago de fogo, ou um abismo sem fundo.
A morte é uma tragédia, porque depois dela
está o inferno. Da mesma forma como as pessoas
negam a realidade da morte, muitos se recusam a
aceitar a existência do inferno. Para esses, o Deus
de amor tem amor infinito pelos pecadores, mas
se esquecem de que a justiça de Deus também é
infinita. Deus odeia o mal e se separa dele através
de um terrível juízo.
Se as pessoas vão para o inferno, não é porque
ele assim o deseja. Estão sob a ira e a escuridão
porque fizeram com Deus o mesmo que faz com a
luz do sol aquele que arranca os próprios olhos.
Não podemos imaginar um homem que arranca os
próprios olhos, mas podemos imaginar uma pessoa
que se torna cega para a luz de Deus através da
indiferença, que se transformou em um hábito.
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O inferno é a consequência de desprezar a Deus.
Se uma pessoa fez tudo o que pôde para evitar sua
união com Deus aqui na terra, o inferno é a consequência real e terrível desse fato, de uma vida
vivida distante de Deus. O inferno, resultado do
pecado, é o terrível poder da morte.
CRER EM QUEM SUPEROU A MORTE
A esperança que Deus nos oferece diante da
morte não é um caminho que desvia dela, mas um
caminho que passa através dela. Jesus Cristo, o
Senhor da vida, lutou contra a morte e a venceu.
Através da morte de quem foi verdadeiro homem
e verdadeiro Deus, a morte foi aniquilada e seu
poder foi dominado.
(Leia mais sobre como Jesus venceu a morte
em: Mateus 28.1-8; Lucas 24.1-12; João 20.1-10 e
1Coríntios 15.12-22).
Qual é, então, a melhor maneira de morrer? Morrer
confiando em Jesus Cristo, que venceu a morte.
Através de Jesus, Deus luta contra o terrível
poder da morte e vence esta batalha por nós. Com
o nascimento de Jesus, Deus conquista grande
parte do território dominado pela morte. Durante
todo o seu ministério, Jesus trava uma batalha
com a morte, fazendo esse inimigo retroceder a
cada cura milagrosa e a cada manifestação do seu
poder. A morte sabe que é agora ou nunca. O poder
da morte dá tudo de si e todo o inferno entra em
ação. E Jesus morre! Parece abatido, parece que
perdeu a luta contra a morte. Mas Jesus Cristo
ressuscitou dentre os mortos e fez brilhar a luz da
vida e da imortalidade, provando que a sua morte
na cruz não era uma derrota, e sim uma vitória.
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Jesus Cristo deixou a morte atingir o seu corpo
para abrir caminho para nós através dela. Para dar
vida aos que vivem, ele morreu a morte que todos
deveriam morrer. Passou pelo nosso processo de
morte, para que possamos passar pelo seu processo de vida, e vida eterna.
De qualquer jeito, precisamos morrer. Mas se
cremos em Cristo, estamos salvos da segunda
morte, do distanciamento final de Deus.
A ação de Deus em Cristo nos dá a esperança
segura de que a morte não é o fim, e sim a porta
de entrada para a vida completa com Deus.
ESPERAR A RESSURREIÇÃO
Esta esperança de vida depois da morte não se
fundamenta em uma teoria em torno da imortalidade da alma. Fundamenta-se naquilo que Deus
faz através de Jesus Cristo. Em outras palavras, a
esperança de vida depois da morte se fundamenta
em eventos objetivos, históricos; não em pensamentos produzidos por desejos. Esta afirmação tem
como ponto principal a morte e ressurreição de um
homem num determinado tempo e lugar.
A Bíblia trata do homem como um todo. Segundo
a Bíblia, o homem é uma unidade indivisível, feito à
imagem de Deus, corpo e alma, separados temporariamente pela morte, que voltarão a unir-se no dia da
ressurreição. Vejamos uma comparação: Podemos
pensar em um grão de trigo. Planta-se o grão. O grão
morre e surge uma nova planta. É a mesma planta,
mas houve uma transformação. O grão de trigo tem
um “corpo” que é necessário para que cumpra sua
função na natureza. O trigo que nasceu é a semente
realizada. Seu destino se cumpriu.
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O paralelo com a ressurreição é evidente. Morremos, mas, pelo poder de Deus, ressuscitaremos
com o mesmo corpo, agora transformado, glorioso, que nos tornará capazes de funcionar de uma
maneira feliz e integral no mundo novo, no mundo
sem fim.
Jesus Cristo anula a morte. É por isso que a
descreve como um sonho. Na morte, fechamos
nossos olhos, mas Cristo voltará a abri-los. E o
amanhecer desse grandioso acontecimento será o
dia do juízo, da ressurreição, do cumprimento de
tudo o que foi anunciado e prometido por Deus.
Embora não saibamos quando isso acontecerá,
vivemos confiantes, esperando em Deus, que pode
dar a vida eterna após a morte.
CRER EM UMA VIDA MELHOR
A perspectiva de simplesmente ressuscitar não é
necessariamente uma ideia maravilhosa. É possível
ter um corpo novo e continuar em uma situação
miserável. De acordo com a Bíblia, os que foram
condenados também ressuscitarão. Mas os que
creram em Jesus, esperam mais do que ressuscitar, esperam a vida eterna no céu.
Assim como a essência do inferno é a separação total de Deus, a realidade central do céu é a
união completa com Deus. E assim como a Bíblia
descreve o inferno com uma linguagem poética, da
mesma forma as descrições do céu estão cheias de
imagens simbólicas.
Ligados à vida que vivemos hoje, é difícil compreender a plenitude da alegria que teremos depois
da ressurreição. Aqui e agora, nossa tendência é
imaginar a felicidade baseados nas coisas boas da
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vida presente. Mas o céu, conforme a Bíblia, será
o cumprimento da relação de amor que temos com
Deus e com as pessoas. Nossa alegria será indescritível. O céu não é somente um lugar; é uma comunhão com Deus e com os homens, uma qualidade
de vida que tem um aspecto atemporal e especial.
Veremos a Deus cara a cara. “Meus amigos, agora
nós somos filhos de Deus, mas ainda não sabemos
o que vamos ser. Porém sabemos isto: quando
Cristo aparecer, ficaremos parecidos com ele, pois
o veremos como ele realmente é” (1João 3.2).
Não haverá dor, perturbação, ansiedade, frustração ou morte, porque tudo isso é o resultado
final do pecado. Talvez pensemos que a vida eterna
não será algo tão bom, que não terá graça. Deus
não é um moralista de cara fechada que não toleras
as pessoas felizes. É justamente o contrário. Foi
ele quem inventou o prazer. E o maior prazer que
poderá existir ao ser humano será viver conforme
a vontade do Deus Criador e Salvador.
“Irmãos, queremos que vocês saibam a verdade a
respeito dos que já morreram, para que não fiquem
tristes como ficam aqueles que não têm esperança. Nós cremos que Jesus morreu e ressuscitou; e
assim cremos também que, depois que Jesus vier,
Deus o levará de volta e, junto com ele, levará os
que morreram crendo nele” (1Ts 4.13,14).
3 A MORTE DE UM ENTE QUERIDO
As perdas mais dolorosas são as que ocorrem
em nossa família. Quanto mais unida for a família, mais difícil é reparar os danos causados pela
morte. Exigem-se grandes mudanças nas relações
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familiares e sociais, e é preciso adaptar-se a uma
nova forma de viver.
Ainda que a morte tenha sido precedida por um
longo período de preparo, como no caso de uma
doença fatal que se desenvolve lentamente, ou o
inevitável declínio da idade avançada, o significado
emocional da mudança costuma ser maior do que
se imagina ou para o qual se preparou. Mesmo que
se tenha contado com um tempo suficiente para
adaptar-se à possibilidade da morte, surgem reações
emocionais, similares às produzidas quando a morte
é repentina. A causa disso é que, quando morre um
ente querido, despertamos para a realidade de que
também somos mortais e também morreremos.
Com a morte de um ente querido, não somente
vislumbramos a nossa própria morte, mas também
morremos um pouco. Porque o que aconteceu, no
fundo do nosso ser, não é outra coisa senão a morte
de um prolongamento de nós mesmos. O nosso
“eu” é formado pela projeção desse “eu” em muitas
direções. Não se trata apenas de nos relacionarmos
com outras pessoas. De certa forma, vivemos nas
outras pessoas. Sentimos com eles e eles sentem
conosco. A mais espetacular experiência da vida
nasce das relações do nosso ser com as vidas que
nos rodeiam.
COMO REAGIMOS NO MOMENTO
As reações variam de acordo com a maneira
como acontece a morte e com a pessoa que a sofre.
A morte pode ocorrer subitamente, sem avisar.
Pode vir sorrateira, aos poucos, sem que se perceba. Ou, às vezes, chega como um amigo esperado,
após um longo período de insuportável sofrimento.
As reações dependem, em grande parte, da forma
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comque a morte se apresenta, e de acordo com a
personalidade de cada um.
Quando um ente querido morre trágica e repentinamente, é normal que se sinta oprimido
pela angústia. Num primeiro momento a dor pode
traduzir-se em reações físicas. Por exemplo, sentir
um nó na garganta, com dificuldades para engolir
e falar, e que pode ser seguido por um mal estar
em todo o corpo. Pode-se dizer que é uma vaga
sensação de padecimento em todo o corpo, mas
que não atinge nenhum lugar em especial.
Algumas vezes essas reações físicas se manifestam por espasmos e dificuldades respiratórias
que são aliviadas através de suspiros profundos.
Outras, tem-se a sensação moderada de náuseas e
um vazio na “boca do estômago”. Também podem
ocorrer as sensações de fraqueza e abatimento.
Sentir que os braços pesam e que o andar está
cambaleante. Na verdade, há uma clara perda do
controle muscular provocada por uma força estranha que pode causar até um tremor muscular.
Às vezes ocorrem calafrios, em seguida pode-se
“suar frio”. E também podem surgir manifestações
como dores de cabeça, mas diferentes daquelas
habituais. Estas são formas normais de resposta
do organismo diante da comoção causada pela
morte. E não é raro estes sintomas retornarem
a qualquer momento, especialmente quando se
menciona o nome da pessoa falecida ou quando
alguém apresenta suas condolências.
As reações mentais e emocionais variam muito
e é difícil controlá-las. Existe uma estranha miscelânea de ideias que se sucedem desordenadamente. Algumas delas podem ser a expressão de uma
ansiedade sobre si mesmo e sobre o futuro. Outras
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podem revelar um profundo ressentimento contra
a vida, contra Deus e contra as circunstâncias de
um golpe tão duro.
No meio de tanta dor e confusão, é possível
acreditar que há algo errado com as nossas ideias.
Pode acontecer de inventarmos sentimentos, porque acreditamos que serão mais apropriados do
que os que já temos. Resolvemos dizer e fazer coisas porque acreditamos que é isso que as outras
pessoas esperam de nós. Com o tempo, as ideias
perturbadoras desaparecem e se instala em nós
um quadro mental mais racional e lógico.
Precisamos ajudar a curar a tristeza, sendo
honestos no que diz respeito aos sentimentos.
Reprimi-los e evitar todas as circunstâncias que
possam desencadeá-los, pode ser prejudicial. No
entanto, reconhecê-los e expressá-los é saudável;
e quanto mais rápido, melhor.
As três reações mais comuns ao sofrimento causado pela perda podem ser: O pranto, que expressa
sentimentos profundos e alivia a tensão; a inquietação, que inclui perturbações do sono; e a depressão. Com frequência também surge o desânimo e
a desorganização. As atividades mais simples que
antes eram feitas automaticamente, agora exigem
grandes esforços e uma energia considerável.
A maioria dos enlutados também experimenta
reações em dias especiais. O aniversário, Natal,
aniversário de casamento, depois da perda, podem
ser dias especialmente difíceis, assim como também o dia da morte. Essas reações continuam, em
alguns casos, durante anos. Em dias importantes
ou diante de lembranças significativas a respeito
da perda (por exemplo, visitar o hospital onde a
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pessoa morreu), muitos dos sentimentos e reações
que envolvem o luto voltam com muita intensidade. Em alguns casos, quando a pessoa não tem
liberdade para se lamentar imediatamente após
a morte, uma reação intensa pode surgir em um
período posterior, diante de qualquer lembrança
da morte do ente querido.
As reações patológicas ao luto ocorrem quando
esse processo normal de sofrimento é negado ou distorcido. Isso pode acontecer em algumas situações,
como quando a morte é repentina; quando o enlutado
dependia excessivamente do falecido; quando existe uma relação de amor misturado com ódio entre
o enlutado e a pessoa que faleceu; quando ficam
“assuntos pendentes”, como entre irmãos que não
se falavam há anos, conflitos familiares, confissões
que não foram feitas ou amor que não foi expresso.
Também podemos esperar reações de fadiga quando
a causa da morte foi violenta, acidental ou suicídio.
Também quando o falecido deixa os sobreviventes
em dificuldades financeiras, como a educação dos
filhos ou decisões sobre negócios.
A parte mais intensa do luto se completa em um ou
dois anos. Se for prolongada muito além disso, é um
indício claro da presença de um estado patológico.
CADA UM SOFRE À SUA MANEIRA
Cada pessoa reage de uma maneira muito
particular diante da morte. Essa maneira de reagir é determinada por diversos fatores, entre os
quais estão as crenças, a personalidade, o ambiente social e as circunstâncias que cercaram a
morte da pessoa.
Crenças: Existem, com frequência, períodos de
dúvida, confusão e até ira contra Deus. Mas, com
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o tempo, o poder da fé torna-se evidente. A fé no
Deus verdadeiro proporciona apoio, significado,
consolo e esperança para o futuro. Deus oferece
consolo e paz especialmente quando sofremos a dor
da perda de alguém querido. Quando uma pessoa
enfrenta o sofrimento sem uma fé firme, sofre sem
esperança. A dor é maior, o sofrimento pode ser
mais difícil e existe também maior possibilidade
de surgir uma tristeza patológica.
Personalidade: As pessoas inseguras, dependentes, incapazes de controlar ou expressar
seus sentimentos, e com tendências à depressão,
geralmente, têm maior dificuldade para suportar
a dor. A tristeza é tão pessoal que se torna impossível listar as suas reações típicas. Quem sofre é
distinto em suas necessidades pessoais, em sua
relação com a pessoa falecida, em sua maneira
habitual de lidar com os sentimentos, e em sua
capacidade para enfrentar a perda causada pela
morte. A tristeza, no caso do luto, é sempre difícil.
Mas, para algumas pessoas pode ser mais dura do
que para outras.
Ambiente social: A maioria das culturas, talvez
todas, têm maneiras socialmente aprovadas de
satisfazer as necessidades de quem está de luto.
Esses costumes sociais baseiam-se em crenças ou
práticas religiosas e, geralmente, existem grandes
variações. Há diferenças em práticas relativas ao
velório e ao comportamento das visitas e dos parentes. Da mesma forma os funerais diferem, já
que envolvem a expressão dos valores, crenças e
rituais religiosos de cada família ou sociedade. Apesar das variações sociais, culturais e religiosas, no
entanto, alguns valores são comuns. Por exemplo,
alguma forma de ver o corpo do morto e a tendência
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a terminar em uma procissão que, segundo alguns
escritores, é vista como a “jornada final”.
Em um país que supervaloriza a eficiência, o
intelectualismo, o racionalismo e o pragmatismo,
a morte é vista como uma inconveniência ou algo
constrangedor. As expressões emocionais não são
manifestadas e o luto é tido como algo que precisa
terminar o mais rápido possível. Por isso, a maioria das pessoas morre em hospitais, afastados de
suas famílias. Dessa forma é mais fácil ignorar
ou negar a realidade da morte. Isso pode tornar a
morte mais traumática para os parentes próximos
do morto, pois existem menos pessoas íntimas que
possam dar apoio contínuo e consolo. Nesse tipo de
sociedade, todos estão inclinados a negar a morte e
responder ao luto de outros com, no máximo, uma
coroa de flores ou uma carta de condolências.
As circunstâncias: A morte de um líder nacional, ilustre e respeitado, pode entristecer milhares
de pessoas. Mas, esta tristeza em massa certamente
difere daquela experimentada pelo cônjuge ou pelos filhos do falecido. Se o morto era um ancião ou
estava doente por muito tempo, a dor da perda provavelmente será menos prolongada ou patológica do
que se a morte fosse súbita ou de um filho. Quando
um irmão ou irmã morre, existe quase sempre uma
ameaça pessoal, um sentimento de que “poderia ter
sido eu”, o que torna o luto muito mais difícil.
1Corintios 15. 56-57
“O que dá à morte o poder de ferir é o pecado, e o
que dá ao pecado o poder de ferir é a lei. Mas agradeçamos a Deus, que nos dá a vitória por meio do
nosso Senhor Jesus Cristo!”
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SUPERANDO A TRISTEZA
A maioria de nós aprende sobre a morte de
maneira natural. Incorporamos a noção da morte
junto com outras coisas que fazem parte da vida.
Mas, se tivéssemos uma consciência mais clara de
nossas necessidades emocionais, estaríamos numa
posição mais vantajosa para fazer frente à morte.
Por isso é bom:
· Enfrentar a realidade cara a cara.
· Admitir os nossos sentimentos.
· Aceitar ajuda e conforto que nos são oferecidos.
ENFRENTAR A REALIDADE
Uma das defesas atrás das quais nos refugiamos
é quase sempre negar a dor que estamos sentindo.
Os especialistas no tratamento da tristeza asseguram que é essencial romper as barreiras da negação
e aceitar abertamente a dolorosa realidade. Só
então se está em condições de iniciar o tratamento saudável, que consiste em soltar as rédeas das
emoções e recuperar o equilíbrio perdido.
ADMITIR NOSSOS SENTIMENTOS
Pode-se acreditar que a capacidade de chorar
não é importante. No entanto, uma das bemaventuranças que encontramos na Bíblia diz o
contrário: “Felizes as pessoas que choram, pois
Deus as consolará” (Mateus 5.4).
O choro pode devolver à pessoa uma parte de
si mesma que aparentemente se perdeu devido à
morte de outra. Um choro saudável não só alivia
a dor provocada pela perda, como também ajuda
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a recuperar o equilíbrio emocional, afetado pela
ausência da pessoa falecida.
O choro serve como válvula de escape para as
tensões emocionais e facilita o trabalho de enfrentar a realidade com franqueza.
Um dos mistérios da aflição e do choro é que a
pessoa que foi atingida pela perda e que pensa que
não pode aguentar mais nenhum dia, de alguma
maneira, descobre recursos interiores que permitem, com o tempo, olhar para trás e relembrar a
experiência da morte como uma dor que passou.
É possível lembrar dos momentos de tristeza, mas
a dor insuportável pouco a pouco diminui.
Geralmente a nossa maneira de agir tem relação
com a nossa personalidade. Mas há ocasiões em
que adotamos formas de comportamento que estão
longe de ser uma expressão do nosso ser. Nosso
pesar deve ser uma expressão autêntica, de nós
mesmos e de como nos sentimos.
A repressão dos sentimentos traz inumeráveis
consequências. Os sentimentos reprimidos percorrem caminhos tortuosos e encontram outras
formas de expressão que agravam o quadro de
prostração. Muitas doenças, como úlcera, diabetes,
asma e artrite, têm como causa um estado de tristeza profunda mal curado. A tristeza aguda pode
transformar-se em crônica se for mal resolvida. Para
dominar a tristeza não se pode reprimi-la. Se for
reprimida de uma forma, aparecerá de outra, talvez
como uma doença, como alteração da personalidade
ou como uma deficiência de adaptação social.
ACEITAR A AJUDA DOS OUTROS
A Bíblia é um livro realista que descreve a morte
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e o sofrimento de muitas pessoas. Na Bíblia, vemos a presença e o consolo de Deus quando “andamos por um vale escuro como a morte” (Salmo
23.4). Vemos descrições de pessoas sofrendo nos
momentos de perda e perturbação. Aprendemos
que a Palavra de Deus fortalece aos que sofrem. E
nos apresenta a Jesus Cristo como o “homem das
dores”, que sabe o que é padecer.
Muitos são os que sofrem sem esperança. Para
esses, a morte é o final de uma relação. Mas, quem
crê que Jesus morreu e ressuscitou, sabe que Deus
o tratará como tratou o seu único Filho Jesus Cristo.
Dessa forma, compreende que a morte não é o final
de tudo. Para quem compreende e aceita a obra de
Cristo, a morte não é o fim de toda a existência, mas
um passo para uma vida em comunhão completa
com Deus.
Ter consciência disso é consolador, mas não
elimina a intensa dor do luto e a necessidade de
apoio. Por isso é importante aceitar a ajuda de outras pessoas, que podem se manifestar de diversas
maneiras, como descrevemos a seguir:
Rituais e cerimônias: A tristeza é um processo
de restauração. Se desejamos ser restaurados à
plenitude da vida, devemos conhecer previamente
a forma mais efetiva de cooperar com o processo
de restauração.
Algumas vezes, por ocasião da morte, os homens
fazem coisas que podem parecer estranhas. Mas,
se as observarmos mais de perto, perceberemos
que, aos poucos, refletem uma forma sadia de satisfazer as necessidades da pessoa. Neste aspecto,
os rituais e cerimônias que cercam a morte são
os resultados dos sucessivos descobrimentos do
21
homem sobre as suas necessidades emocionais e
a sua maneira de satisfazê-las.
Os acontecimentos transcendentais da vida, o
nascimento, a adolescência, o casamento e mesmo a morte, estão rodeados de uma atmosfera de
ritualismo. Estas cerimônias permitem às pessoas
manifestar sentimentos profundos demais para
serem expressos por meio de palavras. E quando
os sentimentos se expressam por meio de ações,
a pessoa afligida pode desempenhar atividades
positivas antes do esperado.
O funeral, dependendo de como seja realizado,
permite aos afligidos extravasar os seus sentimentos mais profundos numa atmosfera de bom
acolhimento e compreensão. O funeral estimula
a recuperação de um processo de tristeza, facilita
o desafogar de sentimentos sinceros e permite o
apoio das pessoas mais próximas. Além do mais,
concede à comunidade a possibilidade de expressar
sua solidariedade aos parentes e é ocasião para
analisar em profundidade a sua própria natureza
mortal. Este último permite a realização de um
confronto antecipado com a morte, o que pode
fortalecer o espírito para lidar com ela no futuro.
Crenças que ajudam: Uma das principais funções das crenças tem sido, em todos os tempos,
ajudar as pessoas a encarar de frente e conhecer
a fundo os mistérios da morte.
A crença na imortalidade espiritual é uma indispensável ajuda para afiançar a vida. Deus fez
o homem à sua imagem e garantiu a sua natureza
imortal. Até a ciência diz que no reino material
nada se cria ou perde, tudo se transforma; e que
existem realidades que escapam à nossa percepção sensorial.
22
Jesus pregou uma relação básica e inseparável
do espírito do homem com o espírito de Deus. Sustentou que “Eu e o Pai somos um” (João 10.30). Era
uma revelação integral e indestrutível. Assegurou a
seus ouvintes que eles também poderiam fazer isso:
“Quem crê em mim fará as coisas que eu faço e até
maiores do que estas” (João 14.12). Jesus viveu,
ensinou e praticou essa crença. Executaram Jesus, enterraram o seu corpo, mas alguma coisa em
Jesus não morreu. Por isso ele passou por portas
fechadas, sem abri-las, colocando à prova a nossa
capacidade de crer. Mas sua presença foi tão real
que operou em seus discípulos uma transformação
profunda. Tornaram-se fortes, e em união com o
Espírito de Deus, mudaram o mundo.
A natureza do homem pertence a Deus, e por
isso mesmo é tão infinita e eterna quanto Deus.
Jesus tratou, por todos os meios, de fazer com
que os seus discípulos entendessem essa verdade.
E eles finalmente entenderam, mas não antes de
Jesus morrer fisicamente e se manifestar ressuscitado. Compreendê-lo, mudou suas vidas. Deulhes uma nova imagem de suas próprias naturezas
interiores que fez sumir o temor e a insegurança.
Continuavam a ser homens, mas agora, eram
homens diferentes.
O poder da ressurreição mostra ao homem que
não deve sentir-se amarrado ao corpo físico, uma
vez que há um espírito, uma alma que não está
presa a ele eternamente.
A ressurreição de Jesus não é um simples
acontecimento histórico do passado. É o ponto a
partir do qual todo ser humano descobre o verdadeiro sentido de sua imortalidade. A fé em Jesus
Cristo desafia o homem a crer em uma esperança
23
que nada tem a ver com os aspectos destrutivos
da vida, e sim com suas capacidades criadoras.
O apóstolo Paulo aprendeu a viver com esta esperança: “Se sofremos, é para que vocês recebam ajuda
e salvação. Se somos ajudados, então vocês também
são e recebem forças para suportar com paciência
os mesmos sofrimentos que nós suportamos. Desse
modo a esperança que temos em vocês está firme.
Pois sabemos que, assim como vocês tomam parte
nos nossos sofrimentos, assim também recebem a
ajuda que Deus dá” (2Co 1.6-7).
Às vezes, para superar as crises, somos tentados pelo desejo de renunciar a tudo aquilo que
é justamente o que mais necessitamos. É o que,
aos poucos, acontece com a fé. Negar a fé significa
colocarmo-nos a mercê de nossos temores. Perder
a esperança é abrir as portas para o desespero.
Renunciar ao amor que tudo suporta é permitir a
entrada da amargura, do ressentimento e do ódio.
Existem muitos recursos que podem nos auxiliar a superar esse momento difícil, mas não serão
úteis se, da nossa parte, não colaborarmos. Um
acontecimento trágico como a morte é semelhante
a uma batalha. Uma alternativa é ser derrotado
pelo fato e abandonar a luta vencido, espiritual e
emocionalmente, para o resto da vida. Outra opção, ao contrário, é ressurgir da batalha com uma
fé renovada e fortalecida, uma sensibilidade mais
profunda e uma melhor capacidade de tolerância
e compreensão.
Mesmo as piores experiências da vida podem ser
aproveitadas para se obter melhores resultados.
Grupos Terapêuticos: A família constitui o
principal grupo terapêutico na área da reabilitação.
24
Nela não temos restrições de comportamento e
podemos encontrar o apoio e a compreensão necessários para expressarmos nossos sentimentos.
Mas, às vezes, ocorre que a família está submetida
a tensões maiores do que as que pode suportar.
Nesses casos é fundamental reconhecer a importância que têm as pessoas da comunidade em que
vivemos. Isso explica a importância do funeral
público, que permite uma reabilitação realmente
surpreendente, enquanto o funeral privado nega
sua natureza básica, ao reduzir a estreitos limites
a oportunidade da comunicação terapêutica.
A igreja, onde podemos nascer, crescer e firmar
nossa fé, é um ótimo local para os que necessitam
de apoio e compreensão. Cantar junto com uma
comunidade pode ser uma terapia importante que
demonstra o apoio do grupo. São alentadoras as
grandes promessas de fé que se encontram na
Bíblia Sagrada. O culto nos dá a oportunidade de
meditar, e convida a um encontro com nossos sentimentos mais profundos. Também podemos sentir o
apoio de um grupo que é capaz de nos compreender.
A oração nos brinda com a possibilidade de uma
conversa profunda com Deus e de um reencontro
com a nossa verdadeira personalidade.
Isso que mencionamos ressalta, em parte, a
importância de participar de uma igreja. Ao enfrentar a experiência da morte, não é bom que
a pessoa se feche e rejeite a mão consoladora e
restauradora estendida pelas pessoas que fazem
parte da nossa comunidade.
Ajudando as crianças a entender a morte: A
natureza da dor de uma criança é diferente de um
adulto. Difere em intensidade e forma de expressão.
25
Às vezes, até pode parecer que a criança não está
triste pelo falecimento de um ente querido.
A resposta das crianças à perda sofrida varia de
acordo com a idade. Quanto maior a idade, maior
será seu grau de informação e maior o número de
facetas de sua personalidade que serão afetadas
pela perda.
Uma criança com pouca idade que sofre uma
perda, não entende o que é a morte, mas sente a
ausência da pessoa com a qual esteve unida. O
vazio deixado pela perda tem que ser preenchido
com o melhor substituto emocional possível: amor
terno e compassivo.
Quando a criança é um pouco maior, entre
quatro e sete anos de idade, já pode falar aquilo
que sente. Pode formular perguntas concernentes
à morte de uma maneira simples e direta. É importante que os adultos que a cercam respondam
a estas perguntas de maneira simples, sem acrescentar informações além das que a criança pedir.
A criança de oito a onze anos de idade entra em
um novo mundo de ralações sociais, e necessitará
de conhecimento suficiente para lidar com o significado social da morte.
Os adolescentes estão tratando de descobrir o
significado de sua própria vida, por isso a morte
pode significar um trauma ou uma ameaça. A
morte de um dos pais pode produzir um complexo
de culpa que leva um adolescente a retrair-se para
enfrentar sozinho os mistérios da vida, da morte e
do remorso.
Há três regras muito simples cujo conhecimento
serve para lidar com as crianças que passaram pela
experiência da morte em suas vidas. São elas:
26
· Nunca engane a criança. Mentir nos momentos
de crise pode ser duplamente perigoso.
· Não dê a elas informações além das que pedirem.
· Nunca obrigue uma criança a realizar o que não
tem vontade de fazer. Por exemplo: participar do
velório, ir ao cemitério, etc.
A ajuda que podemos oferecer uns aos outros,
em momentos como a morte de um ente querido,
permite que possamos assimilar melhor a perda,
e dessa forma, podemos nos reconstruir melhor
após essa difícil experiência.
Salmo 46
Deus é o nosso refúgio e a nossa força, socorro
que não falta em tempos de aflição. Por isso, não
teremos medo, ainda que a terra seja abalada, e
as montanhas caiam nas profundezas do oceano.
Não teremos medo, ainda que os mares se agitem
e rujam, e os montes tremam violentamente.
Há um rio que alegra a cidade de Deus, a casa
sagrada do Altíssimo. Deus vive nessa cidade, e ela
nunca será destruída; de manhã bem cedo, Deus a
ajudará. As nações ficam apavoradas, e os reinos
são abalados. Deus troveja, e a terra se desfaz.
O SENHOR Todo-Poderoso está do nosso lado;
o Deus de Jacó é o nosso refúgio. Venham, vejam o
que o SENHOR tem feito! Vejam que coisas espantosas ele tem feito na terra! Ele acaba com as guerras
no mundo inteiro; quebra os arcos, despedaça as
lanças e destrói os escudos no fogo. Ele diz: “Parem
de lutar e fiquem sabendo que eu sou Deus. Eu sou o
Rei das nações, o Rei do mundo inteiro.” O SENHOR
Todo-Poderoso está do nosso lado; o Deus de Jacó
é o nosso refúgio.
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5 AJUDA PARA OS ENLUTADOS
Ninguém quer aumentar a dor de outra pessoa na
hora do luto. Pelo contrário, o que se quer é ajudar
da melhor maneira possível. Mas as boas intenções
nem sempre bastam. É necessário saber o que fazer
para ajudar. A seguir apresentaremos três medidas
práticas que ajudarão a prestar um verdadeiro serviço a outros quando mais necessitam.
ESTAR DISPOSTO A ESCUTAR
Muitas vezes, ao encontrarmos uma pessoa que
está passando pela dor e pela consternação, nos vemos em apuros para dizer as palavras apropriadas.
Esquecemos aquilo que a pessoa enlutada mais
necessita: Alguém que a escute! Por isso, quando
alguém estiver em uma crise diante da morte, em
primeiro lugar devemos estar dispostos a ouvir.
Só o fato de escutarmos pode ajudar mais do que
qualquer outra coisa que digamos ou façamos.
As pessoas que enfrentam a morte têm muito
que dizer. E para elas é urgente falar sobre isso.
Sentem emoções muito fortes e às vezes sentem que
vão enlouquecer se não puderem contar a alguém o
que estão passando. Se não souber o que dizer ou
como responder, então não diga nada. O silêncio
contém muita emoção e sentimento. O silêncio
pode dizer: “Aqui estou, te acompanhando. Não sei
o que dizer, mas vou ficar aqui ao teu lado e farei
tudo o que puder fazer por você.” Essa mensagem
permanecerá, mesmo quando todas as palavras
ditas naquela hora tiverem sido esquecidas.
DEIXAR QUE SINTAM O QUE SENTEM
A segunda coisa que se pode fazer por alguém
28
que está envolvido pela dor e pela consternação da
morte é deixar que sintam aquilo que estão sentindo.
Ou seja, não tente dissuadi-lo de seus sentimentos
e nem tente fazê-lo passar por cima deles.
Muitas vezes nossos conselhos são para que
a pessoa não expresse aquilo que sente. Isso
geralmente acontece quando não pensamos nas
necessidades do outro, mas somente nas nossas.
É o fruto da nossa incapacidade de fazer frente
aos sentimentos de aflição, do incômodo que nos
causam as lágrimas e da nossa angústia frente à
dor alheia.
Pesquisas atuais no campo do sofrimento e da
dor confirmaram o que a Bíblia já diz há séculos:
“Alegrem-se com os que se alegram e chorem com
os que choram” (Romanos 12.15). Deixe que a
pessoa sinta e expresse tudo o que tem dentro de
si: amargura, dor, medo, culpa, tristeza. Você não
será prejudicado ao ouvir, e para a pessoa trará
muito mais benefícios do que se pode imaginar.
Não espere que as palavras e pensamentos de
quem sofre sejam racionais e lógicos. Entenda que
a pessoa pode mudar de um dia para o outro. As
coisas que ela diz hoje num momento de raiva e
confusão podem ser esquecidas amanhã, ou podem
ser contrariadas. A dor tem sua própria lógica, que
só pode ser compreendida com o tempo.
OFERECER AJUDA EM COISAS PRÁTICAS
Nos momentos de aflição pode-se cometer o erro
de esquecer do bem-estar físico, como alimentarse bem, transporte e o pagamento de contas, por
exemplo. Essas coisas simples podem tornar-se
uma carga para quem está sofrendo. Pequenas
29
tarefas tornam-se tediosas, difíceis de cumprir.
Mas, alguém tem que fazê-las. Preparar a roupa
para o enterro ou avisar os parentes são tarefas
necessárias e a ajuda é bem-vinda em momentos
como esse.
Se a pessoa não consegue dizer quais são as
coisas de que necessita, e não é capaz de pedir
ajuda, pergunte diretamente: “Você quer que eu
cuide das crianças?” ou “Posso atender ao telefone?” Às vezes são coisas óbvias, em que se pode
ajudar. E quem está debilitado e desgastado pela
dor com certeza irá agradecer.
O sofrimento, normal pela perda de um ente
querido, é um processo de cura, difícil e lento, que
geralmente não precisa de ajuda especial. Quem
cuida de si mesmo, com o tempo se recupera e
acaba sarando por completo.
Em alguns casos as pessoas se negam a receber
ajuda e persistem em um estado de sofrimento e
fadiga. Nesses casos é preciso cuidar para que a
pessoa possa transformar sua reação anormal de
tristeza em uma reação normal. Para isso é necessário passar novamente pelo processo do luto, a fim de
libertar-se da dependência da pessoa que morreu.
Para se conseguir isso, pode ser útil a discussão em detalhes da relação com a pessoa falecida.
Pode-se, também, estimular a expressão dos sentimentos e enfrentar, gentil e delicadamente, alguns
dos pensamentos irracionais que possam haver se
manifestado desde a morte do ente querido.
Os conhecimentos e a perícia de um conselheiro
especializado, como um psiquiatra ou psicólogo,
podem ser necessários para vencer a obsessão e
os bloqueios. Lembre também que o Espírito Santo
30
pode remover cicatrizes; que mediante a oração e
uma conversa sobre as lembranças, pode-se pedir
a Jesus que sonde os lugares mais obscuros da
nossa vida e apague as memórias perturbadoras
e penosas do passado.
O QUE FAZER DEPOIS DA MORTE?
Em um certo sentido, a causa do sofrimento
pode ser declarada com simplicidade: Quem sofre,
perdeu alguém e está enfrentando a tarefa desgastante e lenta de reajustar-se. Essa tarefa que
se segue após a morte de alguém querido, envolve
três elementos:
· Romper os laços que nos uniam à pessoa falecida;
· Reajustar-se a um ambiente do qual a pessoa
falecida não mais faz parte;
· Criar novos relacionamentos.
Este ajuste pode ser um trabalho duro, longo e
penoso. Trata-se de pensar e sentir de novo, trabalhar outra vez as mesmas situações já passadas,
as mesmas emoções; passando através da negação
e incredulidade com relação à morte. É uma avaliação do passado, vendo cada pensamento, cada
experiência íntima com a pessoa recém falecida.
É observar tudo o que aconteceu desde determinado ponto da vida, até que o passado, da mesma
forma que o morto, esteja finalmente pronto para
ser enterrado.
Dessa situação emerge uma pessoa inteiramente
nova, com novas atitudes, novos conceitos, novos
valores e uma nova forma de apreciar a vida.
Lembre-se de que a tristeza nem sempre é boa.
É possível distinguir a tristeza normal da tristeza
31
doentia, patológica. A tristeza normal envolve um
intenso sofrimento, dor, saudade, ira, depressão,
sintomas físicos e mudanças nas relações interpessoais, que podem durar até cerca de três anos ou
mais. Também existe negação, fantasia, inquietude, desorganização, irritabilidade, desejo de falar
muito sobre quem morreu. Pode-se, inclusive,
adotar costumes da pessoa falecida e acreditar que
a vida já não mais tem significado.
Em vista da maneira peculiar com que sofrem
os seres humanos, é difícil definir quando uma reação de tristeza normal está se tornando doentia. A
tristeza normal não é complicada. Trata-se de um
processo que segue um curso natural e esperado,
e leva à restauração do bem-estar mental e físico.
Algumas vezes, no entanto, o sofrimento é patológico. É intenso, demorado e prolongado. Às vezes
resulta numa escravidão à pessoa que faleceu, o
que impede que se enfrente adequadamente a vida.
A pessoa não pôde expressar sua tristeza, preferiu
dedicar-se a outras atividades, desanimou, sentiu
culpa e fechou-se em si mesma, buscando uma solução no álcool ou nas drogas. Tais pessoas parecem
incapazes de desligar-se do falecido.
Geralmente, a pessoa afligida necessita de certas coisas que possam ajudá-la a sentir-se melhor.
Por exemplo:
Lugares seguros: Tem necessidade de estar
em seu próprio lugar. Algumas pessoas preferem
abandonar o lugar onde viviam, porque este traz
lembranças da pessoa falecida. Mas, entregar uma
casa e mudar cria uma perda ainda maior. Uma
mudança temporária pode fazer bem, mas viver no
ambiente conhecido é mais proveitoso.
Gente de confiança: Os amigos, os familiares
e pessoas conhecidas de uma igreja, por exemplo,
32
são necessários para dar apoio emocional à pessoa.
É melhor visitar a pessoa aflita quatro vezes por
semana por dez minutos, do que uma só vez por
uma hora inteira. Isso proporciona um apoio mais
contínuo sem chegar a ser desgastante.
Situações seguras: Qualquer tipo de situação
segura que permita à pessoa ser útil novamente
é de grande ajuda. Lembre que tais situações não
devem ser complicadas.
Observar os exemplos de outros: A dor tornase mais suportável quando quem sofre começa a
perceber o seguinte:
· Esse caminho já foi percorrido por muitas outras pessoas;
· O que aconteceu não foi um castigo;
· Deus está disposto a nos consolar;
· Não é bom fechar-se na dor;
· Não é bom enganar a si próprio acreditando
ser forte;
· O sofrimento, bem resolvido, ajuda a crescer e a
desenvolver-se.
Salmo 121
Olho para os montes e pergunto: “De onde virá
o meu socorro?” O meu socorro vem do SENHOR
Deus, que fez o céu e a terra. Ele, o seu protetor,
está sempre alerta e não deixará que você caia. O
protetor do povo de Israel nunca dorme, nem cochila.
O SENHOR guardará você; ele está sempre ao seu
lado para protegê-lo. O sol não lhe fará mal de dia,
nem a lua, de noite. O SENHOR guardará você de
todo perigo; ele protegerá a sua vida. Ele o guardará
quando você for e quando voltar, agora e sempre.
33
6
VIVER UMA VIDA NOVA
ANTES DA MORTE
É aconselhável que a preparação para a própria
morte ou para o falecimento de um ente querido
comece muito antes de a morte se aproximar. Esta
preparação pode incluir:
Desenvolver atitudes saudáveis: Quando os
pais são abertos e sinceros com relação à morte,
os filhos aprendem que esta é uma questão que
deve ser enfrentada com sinceridade e discutida
com franqueza. As ideias erradas podem, então,
corrigir-se, e existe uma oportunidade natural para responder às perguntas que surgirem.
Quando as pessoas têm uma enfermidade fatal,
a família e os amigos geralmente fingem que tudo
está bem e ninguém fala da despedida. Quando
os pacientes e suas famílias podem falar sobre as
possibilidades da morte iminente e ser sinceros
em relação à sua tristeza, o luto é mais fácil de se
enfrentar. Esta sinceridade, segundo se descobriu,
também é importante ao se falar com crianças que
enfrentam a morte.
Desenvolver relações familiares sinceras: A
tristeza pela morte de um familiar pode complicarse quando existe culpa, ira, amargura e outras
questões não expressas ou resolvidas antes da
morte. Isso pode ser evitado, e dessa forma diminuir a tristeza do pós-morte, se os membros
da família aprendem a expressar e discutir seus
sentimentos e frustrações; a perdoar e aceitar o
perdão; a expressar amor e respeito; a desenvolver
uma interdependência sábia que evite a manipulação ou a dependência nas relações. Construir
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famílias melhores é um modo importante de evitar
o luto doentio.
Ter bons amigos: O luto é mais difícil quando não há uma rede de amigos que possam dar
apoio íntimo nos momentos de tristeza. Cada um
de nós precisa ter um grupo de relações de bom
nível, em vez de depender exclusivamente de uma
ou duas pessoas. A igreja é o melhor exemplo de
uma comunidade formada por amizades fortes, que
demonstram aceitação, compreensão e consolo.
Depois da família, a igreja pode ser o primeiro ponto
de apoio nos momentos de luto. Se uma pessoa
participa de uma igreja antes de sofrer a perda, o
apoio comunitário que receberá, por conhecimento
e compreensão, será mais significativo durante
todo o processo do luto.
Desenvolver atividades: As pessoas envolvidas
em diversas atividades possuem interesses significativos que os ajudam a suavizar a dor pela morte
de alguém. Mas, envolver-se em muitas atividades
pode se tornar perigoso quando isso for utilizado
para fugir da realidade ou da solução de determinados problemas.
Saber resolver os problemas comuns da vida:
Geralmente, as pessoas que aprendem a tratar
suas pequenas crises com êxito enfrentam o luto
também de uma maneira positiva. Essas pessoas
aprendem a expressar livremente suas emoções e
suas frustrações. Aprendem também a admitir e
discutir suas confusões e problemas.
Conhecer e respeitar a morte: A educação
para a morte é algo relativamente novo. Em escolas, igrejas e outros lugares, as pessoas estão
aprendendo a falar sobre a morte. Começa-se a
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discutir questões como a forma que os doentes
terminais enfrentam a morte e como as pessoas
mostram sua tristeza nessas ocasiões. Não é fácil
falar da própria morte, do funeral, da sepultura e
de uma vida futura. Mas é mais fácil considerar
essas questões quando todos os envolvidos ainda
estão com saúde e, supostamente, nem pensariam
em falar sobre isso.
Ter uma fé firme: Depois do funeral, de nada
serve falar sobre a esperança de uma vida eterna
com Deus e sobre céu e inferno. A Bíblia diz muitas coisas sobre a morte, o significado da vida, a
realidade da promessa de vida eterna com Cristo
para os crentes e a dor da separação. Essas verdades devem ser ensinadas e compreendidas antes
de ocorrer a morte. São um verdadeiro consolo, e
serão especialmente assimiladas na hora do luto.
Aprender a viver com Deus: Aprender sobre a
melhor maneira de morrer consiste na preocupação
verdadeira sobre como viver com Deus. Encarando
a morte com calma e confiança podemos aprender
a viver de uma maneira vencedora. Com a esperança da ressurreição e da vida eterna nossa vida
pode tornar-se mais calma, e adquire um brilho
especial. Para isso, é necessário:
· Não apegar-se com tanta firmeza às coisas que
não duram para sempre. Os cuidados, o egoísmo,
a quase idolatria com os filhos, a busca pelo dinheiro, são coisas que não podemos levar conosco. É
bom enfrentar a morte podendo ter compreendido
essa verdade. Se amamos as coisas que morrem,
morreremos com elas também. Se vivemos para as
coisas que têm importância eterna, viveremos com
elas eternamente. A vida eterna é uma presente
livre, completo, que pode começar agora.
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· Encarar a morte de frente. Procurar conhecê-la
como realmente é. Então, começaremos a viver a
vida eterna. Dessa forma saberemos que um dia
vamos morrer, mas confiamos em Cristo. A vida
aqui e agora entrará em foco. É como uma criança
para a qual damos uma bola e lhe dizemos que será
a única bola que ela terá. A criança ficará aterrorizada, e viverá com medo de perder essa bola. Uma
outra criança para a qual dizemos que há uma bola
melhor do que essa esperando por ela, não ficará
em pânico, com medo de perder a primeira.
Assim acontece com a pessoa que vive reduzida
somente a esse mundo. Ainda que aproveitando
bem a sua vida, estará sempre sob o medo de
perdê-la e chegar ao fim. A sombra da morte irá
acompanhá-la durante toda a sua vida. Mas aquele
que acredita em Cristo e na vida eterna após a morte, tem a vantagem de ser feliz nesse mundo e no
outro que o aguarda. Para ele, a vida é uma marcha
firme na direção da vida eterna com Deus.
QUANDO A MORTE CHEGA
As horas e dias que se seguem à morte podem ter grande influência sobre o modo como se
encara o luto. Não é fácil anunciar a morte. Por
esta razão, os médicos, policiais e outros profissionais que lidam com ela sempre realizam essa
dolorida tarefa o mais rápido e explicitamente
possível. É aconselhável dar a notícia com delicadeza, de maneira gradual e, se possível, em um
lugar com privacidade suficiente para permitir a
livre expressão dos sentimentos e das emoções.
É preciso dar tempo para a pessoa reagir, fazer
perguntas e cercar-se de dois ou três amigos, a
fim de proporcionar-lhe apoio.
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Algumas pessoas enfrentam sua tristeza sem a
companhia de outros que possam dar-lhe apoio e
ajuda imediata em suas decisões. Isso torna o luto
mais difícil. Em muitas sociedades é comum que
um Ministro da igreja esteja próximo do enlutado
nos primeiros momentos, que podem ser melhor
atravessados se os amigos e membros da igreja
proporcionarem apoio adicional.
Isso é de essencial importância quando as
circunstâncias da morte são pouco comuns ou
em caso de morte violenta, como o suicídio ou
assassinato. Nesses casos, o luto pode se mesclar
com sentimentos de vergonha ou de medo de uma
rejeição social.
Deve-se lembrar que os rituais fúnebres servem
para ajudar os parentes a aceitar a realidade da
morte, e para tornar possível o apoio dos amigos.
Os funerais devem desenvolver um equilíbrio entre
o reconhecimento realista da tristeza e a alegria
sincera por saber que os crentes em Cristo deixam
o seu corpo para viver a vida eterna com Deus. Um
funeral cuidadosamente planejado facilita o processo do luto e ajuda a impedir uma tristeza doentia.
João 11.25-26
Então Jesus afirmou: —Eu sou a ressurreição e
a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá. Você
acredita nisso?
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CONCLUSÃO
A morte, o luto e a tristeza são uma experiência
universal. Os que conseguem atravessá-los, descobrem que passaram por um processo penoso de
refinamento. Para tirar proveito de sua influência,
devemos aceitá-los com sinceridade e passar por
eles com ajuda de nossos amigos e, principalmente,
de Deus.
Uma coisa é certa: Quando um ente querido
é chamado e temos que continuar a caminhada
sozinhos, é um golpe muito duro. Mas de nada
serve ficar acusando a si mesmo e condenandose diariamente. As coisas poderiam ser piores se,
talvez, tivéssemos feito tudo diferente da maneira
que, hoje, acreditamos que pudesse ser a melhor.
É preciso colocar o passado, tudo o que foi bom ou
malfeito e tudo o que poderia ter sido, nas mãos
de Deus e, então, retomar a nossa caminhada.
ORAÇÕES
Bondoso e amado Deus, te agradecemos pelo
dom da vida. Ensina-me a contar os nossos dias
para que alcancemos sabedoria e sejamos salvos
pela fé em Jesus Cristo. A morte me dá medo, mas
sei que tu estás comigo. Dá-me paz e certeza de que
nada acontece sem a tua permissão. Em nome de
Jesus. Amém.
Por uma pessoa em estado de agonia:
Eterno Deus, em tuas mãos estão a vida e a morte. Pedimos tua misericórdia em favor de (nome da
pessoa), cujo tempo de partida parece próximo. Para
ti, nada é impossível, e ainda agora podes reerguer
e prolongar os seus dias entre nós. Se assim for da
tua vontade, faze o que for melhor, Senhor, para os
39
teus amados. Em teu nome o pedimos e colocamos
em tuas mãos. Amém.
No caso de morte de um ente querido:
Ó Deus, Senhor da vida e da morte, que reduzes
o homem ao pó. Agradecemos por todas as bênçãos
que derramaste durante a vida de (nome da pessoa). Conforta os sobreviventes com o teu conforto
soberano e anima-os com a doce esperança de um
feliz reencontro no céu. Amém.
BIBLIOGRAFIA:
Todos os versículos desta edição estão baseados na Bíblia Nova Tradução
na Linguagem de hoje - NTLH - da Sociedade Bíblica do Brasil.
- Trobish, Ingrid. Aprendiendo a caminar en soledad. Ediciones Certeza – Abua.
Buenos Aires. 1988.
- Anderson, Colena N.. Gozo más Allá de la tristeza. Editorial La Aurora. Buenos
Aires. 1975.
- Jackson, Edgar N.. Cuando alguien muere. Editorial La Aurora. Buenos Aires.
1973.
- Lutheran Laymen’s League. Como enfrentar a morte. Casa Publicadora Concórdia. Porto Alegre, 1962.
- Collins, Gary R.. Aconselhamento Cristão, Vida Nova, São Paulo, 1985.
- (Extracto de um artículo de David Albert. Revista “La Pura Verdad”, agosto de
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- Douglas, J.D.. Nuevo Diccionario Bíblico. Ediciones Certeza. Buenos Aires. 1991.
- Wright, Norman H. Al pasar el tiempo. Unilit. Miami. 1992.
40