Os Fundamentos da Modelagem

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Os Fundamentos da Modelagem
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mentos se relacionam entre si e fornecem orienta­
ções a respeito de onde e como se mover dentro dessa área. Claro, nenhum mapa é tão detalhado quanto o lugar que ele descreve. Um mapa dos Es­
tados Unidos, que contivesse todas as informações por David Gordon
que pudessem ser mapeadas teria que ser tão gran­
de quanto os próprios Estados Unidos (pelo O que é Modelagem?
menos). Isto significa que a utilização prevista de A experiência humana tem uma estrutura, modela­ um mapa necessariamente define e limita o tipo de gem é o processo de descrição útil dessas estrutu­ informação que retrata. Um mapa dos Estados Uni­
ras da experiência que dão origem às habilidades dos, que mostra cidades e rodovias nos permite via­
humanas. Isso nos possibilita praticar a aquisição jar de forma eficiente de um lugar para outro. de habilidades encontradas em outros indivíduos Nosso mapa de férias mostra nossas estradas, cida­
(“exemplares”) com o objetivo da nossa evolução des, acampamentos e parques nacionais. Mas isso pessoal (ou, é claro, de fazer essas habilidades dis­ não nos ajuda a decidir por onde começar uma fa­
poníveis para outras pessoas). Uma vez que um zenda de trigo. Para isso, precisamos de um mapa modelo é uma cocriação do modelador e exemplar, que mostre as áreas de precipitação anual, tempe­
a atitude mais importante que o modelador traz a raturas sazonais e duração da estação de cresci­
este processo é uma intensa curiosidade sobre a ex­ mento. Um mapa não contém em si tudo o que é periência humana.
verdadeiro do terreno que cobre. O que um mapa As pessoas nos perguntam: “O que vocês fazem?” faz é capturar o que é essencial para um uso espe­
Nossa resposta: “Nós modelamos.” E isto é inevita­ cífico, apresentando apenas aquilo que precisamos velmente seguido por um longo momento de silên­ saber para nos movimentar de forma eficaz.
cio, enquanto essas pessoas fitam seus olhares em Os modelos são muito parecidos com mapas. Mo­
nós, tentando imaginar o que temos que fazer com delos são representações que descrevem estruturas as anoréxicas elegantes desfilando nas passarelas essenciais, ou seja, eles capturam os elementos, pa­
para mostrar as últimas tendências da moda em drões e relações características de alguma coisa. Os roupas para a noite e biquínis. Queremos ser úteis, exemplos mais óbvios são os modelos de aviões, por isso explicamos: “A modelagem é o processo de barcos e carros que encontramos em lojas de criação de descrições úteis da estrutura das capaci­ hobby. Mas um modelo de plástico de um ônibus dades humanas”. Esta explicação evapora imediata­ espacial não é um ônibus espacial. Ele, no entanto, mente a modelo de biquíni, é claro. E, realmente, têm a mesma forma de asas, fuselagem e cauda, ??
isso é uma vergonha, antes de nossa explicação, o mesmo arranjo de janelas, propulsores de fogue­
pelo menos eles tinham uma modelo de biquíni tes e trem de pouso. E tudo isso está em uma esca­
para imaginar.
la menor. Este modelo de plástico captura o Os Fundamentos da
Modelagem
Ainda assim, a definição de “Modelagem é o pro­
cesso de criação de descrições úteis da estrutura das capacidades humanas”, é a modelagem em poucas palavras o proverbial. E como cada noz, embalada dentro da casca, tem toda a informação necessária para fazer crescer a árvore de modela­
gem. E há muita coisa embalada lá, como você verá. Pelo menos desta vez não estamos envolvidos em um encontro casual na rua. Nós temos o luxo de mais tempo. Então, vamos ver como podemos quebrar esta noz.
suficiente dos elementos essenciais (asas, fusela­
gem, propulsores) e padrões de relacionamentos (asas são definidas em paralelo ao meio­fuselagem, os propulsores na extremidade traseira da fusela­
gem) para que possamos reconhecê­lo como uma representação de um ônibus espacial.
A presença de modelos em nossas vidas, no entan­
to, vai muito além das naves espaciais de brinque­
do. Modelos não apenas capturam as estruturas, mas também a criação de estruturas que influenci­
am e orientam a nossa experiência e comportamen­
to. Por exemplo, os arquitetos criam modelos Mapas e modelos
bidimensionais e tridimensionais de edifícios, que Quando queremos ir a algum lugar, usamos um são por sua vez utilizados por seus clientes para mapa. Mapas identificam aspectos significativos de imaginar um edifício real e para tomar decisões so­
uma área particular, mostram­nos como esses ele­ bre sua estética, funcionalidade e assim por diante. 1
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Esses mesmos modelos arquitetônicos apresentados em mais detalhes (plantas) servem para orientar os construtores através de cada passo da construção da estrutura. Da mesma forma, a costureira usa pa­
drões de papel para orientar o corte e reunir mate­
rial para um vestido. A receita é um modelo de como criar um prato especial. Um mapa de rua é um modelo de como sua cidade está organizada em relação às suas ruas, edifícios importantes, par­
ques, e assim por diante, permitindo­lhe mover­se de forma eficiente de um lugar para outro.
Nem todos os modelos são tão óbvios, no entanto, e por isso a distinção entre uma descrição de algo (um modelo) e a coisa em si pode tornar­se turva. Por exemplo, os freudianos falam sobre o id e o su­
perego que mantém esse id voraz em cheque. As­
sim que encontramos exemplos em nossas experiências correspondentes a estas distinções, elas rapidamente se tornam reais para nós, esque­
cendo que elas são maneiras de falar sobre a expe­
riência. Esquecendo isso, logo nos encontrarmos falando e pensando sobre nossos egos como se re­
almente existissem em nós da mesma forma que te­
mos coração, fígado e cérebro. Mas, assim como o projeto não é o prédio, o id, ego e superego não são a psicologia humana. Eles constituem um mo­
delo da psicologia humana, assim como os arquéti­
pos Junguianos e o inconsciente coletivo, o pai, o adulto e a criança da Análise Transacional e a aprendizagem instrumental do behaviorismo. E cada um desses modelos leva a diferentes entendi­
mentos da experiência humana.
orientam as nossas experiências e comportamentos nos contextos em que esses modelos se aplicam. O mapa de rua nos mostra como chegar em casa, o gênero suspense nos filmes especifica a forma de como o público vai se comportar em seus assentos, sentando na borda da poltrona, e da presunção le­
gal de “inocente até que se prove o contrário” corre um rio de leis, fiança, o corpo de jurados, os proce­
dimentos das provas, e assim por diante.
Estes modelos não são o que eles descrevem – um projeto não é o prédio, e os códigos de conduta não são pessoas comportando civilizadamente uns com os outros –, mas são descrições das estruturas que fazem essas coisas (edifícios, civilidade, frases, tor­
ta de maçã) possíveis. Do mesmo modo, um mode­
lo de uma capacidade humana é uma descrição das estruturas essenciais, que tornam possível a capaci­
dade de se manifestar. E as estruturas de capacida­
des humanas não são construídas de tijolos, leis, gramáticas ou maçãs, mas de experiência.
Experiência e estrutura
Se, em vez de modelagem estivéssemos aprenden­
do a entalhar em madeira, poderíamos simples­
mente começar a talhar em madeira. Qualquer um pode fazer isso. Porém poderíamos ser capazes de esculpir com mais objetivo se primeiro tivéssemos alguma compreensão da própria madeira, do que é feita, como cresce, como são as camadas, criando um grão com uma certa direção e densidade e as­
sim por diante. Compreender a natureza da madei­
ra com a qual estamos trabalhando torna possível Na verdade, os modelos estão operando em cada evitar a fragmentação do grão, para selecionar o aspecto de nossas vidas diárias. Outros exemplos cinzel e o ângulo de corte certo. Como modelado­
de modelos difusos são as constituições que orien­ res, nossa madeira é própria experiência.
tam nossos governos e os códigos legais que defi­
nem o nosso comportamento civil. Modelos mais Mas o que é a experiência?
sutis são as convenções culturais e sociais que per­
meiam praticamente todas as interações humanas. A imediata dificuldade em definir experiência é o A existência e o funcionamento de nossos modelos fato de que é difícil prever qualquer coisa que não sociais geralmente tornam­se evidentes somente seja experiência. O que está fora da experiência? quando nos encontramos em outro país em que os Claro que podemos postular a existência de algo modelos de relacionamentos, governo, política e fora de nossa experiência, mas no momento em assim por diante são muito diferentes da nossa. que lhe damos qualquer forma ­ um nome, uma Mesmo a estruturação destas frases é uma função imagem, um lugar para estar ­ não está mais do de um determinado modelo de gramática (uma das lado de fora de nossa experiência. Nós não precisa­
mos ter contato direto com o Papai Noel, o bicho­
muitas possíveis entre as línguas humanas).
papão, Satanás, ou anjos para que eles se tornem Assim, plantas, receitas, mapas rodoviários, psico­
uma parte de nossa experiência. Por exemplo, ima­
logias, códigos legais, convenções sociais e gramáti­
gine agora uma criatura com qualidades fantasma­
cas são todos modelos. O que todos esses modelos góricas. Independentemente do quanto amorfa, têm em comum é que eles fornecem estruturas que bizarra e indescritível para qualquer um fora de vo­
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cês, esta criatura imaginária possa ser, pelo menos ela é parte de sua experiência. E através da magia das palavras, gestos e imagens, ela poderia, talvez, tornar­se uma parte da experiência de outras pes­
soas também. Isso não quer dizer que não existem coisas que operam fora de sua experiência. Há cer­
tamente. Mas, a menos que e até que elas afetem sua experiência, você não sabe sobre elas. Porque elas não estão na sua experiência. E, novamente, apenas representando algo já é o suficiente para que isso afete você. Aprender que as baleias se co­
municam com “canções” únicas para cada indiví­
duo pode afetá­lo(a) de muitas maneiras ­., por exemplo, de repente, percebê­las como indivíduos e não como membros de um “rebanho” ­ mesmo quando você nunca tenha tido a experiência direta de ouvi­las cantar).
As coisas que você percebe ao seu redor agora fa­
zem parte da sua experiência. Mas, como sugerido acima, então são coisas que você imagina. A experi­
ência não é apenas o que você pode perceber atra­
vés de seus sistemas sensoriais agora. Além de “experiência sensorial”, nós também temos “experi­
ência de representação.” Ou seja, nós percebemos – estamos cientes – as representações internas. Por exemplo, imagine: Você fazendo uma caminhada agora... Lembrando­se de uma conversa com um amigo... Recordando o cheiro da grama recém cor­
tada. Estas são todas as representações internas de eventos, ao invés de experiências sensoriais diretas. No entanto, essas memórias e imaginações são ex­
perienciadas ­ eles entram na nossa consciência ­ e muitas vezes em um grau que é tão convincente quanto o das experiências reais com base sensorial.
A experiência não se restringe à consciência. Todos nós respondemos às coisas fora da consciência, tor­
nando­nos conscientes de seu impacto apenas quando essa sensação inconsciente ou percepção muda drasticamente. Por exemplo, talvez você te­
nha tido a experiência de sentir seu corpo relaxar quando o refrigerador (finalmente!) para sua inces­
sante vibração. Você não estava ciente, consciente­
mente, daquele barulho e de seu efeito sobre você naquele momento mas, no entanto, você o estava experienciando. Seu corpo estava vibrando junto com ele. Era uma parte de sua experiência em cur­
so, inconsciente, até a queda dramática na sua ten­
são do corpo o trouxe à consciência. Da mesma forma, todos nós temos exemplos de termos sido afetados por ideias, pensamentos ou memórias que estavam fora da consciência e ,no entanto, eram 3
convincentes. Talvez nós tenhamos reconhecido que estávamos sendo afetados, mas não tínhamos consciência do que estava fazendo aquilo, até que algum evento ou revelação trouxesse essa experiên­
cia contínua inconsciente para a experiência cons­
ciente.
Enquanto você lê estas palavras, talvez você possa estar ciente de ouvi­las com a sua voz interna, re­
cordando uma conversa sobre a consciência com algum amigo, percebendo como a sua mão repousa sobre a mesa, e ouvindo o som de carros passando lá fora. Todas essas sensações e pensamentos se combinam para serem a sua experiência neste mo­
mento. Experiência no momento, então, é a soma de tudo o que você está sentindo “fora” e “dentro” de seu corpo (consciente ou inconscientemente), mais tudo o que você está pensando (quer consci­
ente ou inconscientemente). Pensar inclui toda a panóplia de processos internos, tais como a detec­
ção, recordação, classificação, associação, compu­
tação, julgamento, imaginação, e assim por diante.
Depois de falar um pouco sobre a experiência, ago­
ra podemos fazer uma distinção entre a “experiên­
cia” como eventos de vida (por exemplo, o momento em que caiu de um cavalo, o seu primei­
ro beijo, um jogo de boliche de 300 partidas) ou “experiência” como competências adquiridas (por exemplo, saber escrever, conduzir negociações, cui­
dar de crianças), e nosso uso no contexto de mode­
lagem, ou seja, a “experiência” como resposta a uma entrada (por exemplo, o peso de um livro em sua mão, sentindo­se curioso sobre uma ideia, as imagens conectadas com essa ideia).
A EXPERIÊNCIA TEM ESTRUTURA?
Charles Ames criou a sala mais incrível. Você olha através de um buraco na parede numa extremidade da sala e é como se duas pessoas entrassem de am­
bos os lados. A pessoa à esquerda fica ofuscada pela janela e paredes e parece ser um anão. A pes­
soa à direita, no entanto, é claramente um gigante, com sua cabeça varrendo o teto. Um milagre acon­
tece quando essas duas pessoas passando uma pela outra para trocar de lugar. Como eles cruzam o chão você vê o gigante encolher e o anão expandir! Ames criou essa ilusão muito convincente através da construção da sala de modo que pareça quadra­
da e regular a partir do seu ponto de vista, mas é na verdade seus ângulos são muito excêntricos. O canto direito está perto de você enquanto o da es­
querda é realmente muito longe.
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Há dezenas de outros exemplos bem conhecidos de ilusões perceptivas, incluindo os cubos de Necker e as pinturas “impossíveis” de M.C. Escher. O que tal­
vez seja mais notável sobre essas ilusões é que, mesmo sabendo que elas são ilusões ­ na verdade, até mesmo o fato de desmontá­las para ver como elas são construídas – isso não nos impede de expe­
rimentar a ilusão. Percepção, então, não é estrita­
mente uma questão de simplesmente gravar ou pegar o que está sendo percebido. O que percebe­
mos é um produto da interação entre o que é “lá fora” e as estruturas perceptivas que usamos para entender o que está “lá fora”. Ilusões do sistema sensorial revelam até que ponto as estruturas de percepção subjacentes geram nossas percepções.
O impacto das estruturas subjacentes se estende em todos os aspectos da experiência humana. Mui­
tos destes exemplos podem ser encontrados nos li­
vros de Edward T. Hall, que compara as experiências de tempo e espaço, em diferentes cul­
turas. Em The Dance of Life, por exemplo, ele des­
creve experiências fascinantes de Alton De Long sobre a influência da escala de percepção do tem­
po. De Long criou ambientes que eram 1/24, 1/12, 1/6 e escala cheia, em seguida, ele colocou seus sú­
ditos do “projeto” neste ambiente de teste para se imaginarem interagindo com as figuras humanas que ele tinha colocado lá. Os súditos indicaram que quando eles pensaram 30 minutos se passaram, en­
quanto De Long manteve o controle do tempo real. O resultado foi que os súditos que estavam “dentro” da sala de escala 1/6 escala tiveram 60 minutos de experiência subjetiva em dez minutos. Da mesma forma, cinco minutos se passaram para uma experiência de 60 minutos na sala de escala 1/12, e dois minutos e meio na sala de escala 1/24. Aparentemente, o nosso senso de tempo é baseado em movimento relativo através do espaço. Se o nosso senso subjetivo de tempo deve permanecer constante, então, estar em um espaço menor re­
quer acelerar para chegar em um “valor normal” de movimento e interação no espaço limitado disponí­
vel. (Edward T. Hall, The Dance of Life, pp 136­
138)
As pesquisas de De Long, a sala de Ames e outras ilusões sensoriais apontam para a existência e in­
fluência generalizada das estruturas de base na ex­
periência. Mas será que a influência da estrutura se estende apenas na mesma medida em que as per­
cepções sensoriais? Podemos identificar a estrutura operacional ao nível das capacidades humanas, a 4
maioria das quais envolvem não apenas as percep­
ções sensoriais, mas comportamentos e cognição também?
Durante a Segunda Guerra Mundial, Viktor Frankl foi prisioneiro nos campos de concentração nazista. Seu corpo tinha sido confinado, mas sua mente não. Em seu livro, A Busca do Homem por Signifi­
cado (Man's Search for Meaning), Frankl tinha muitas coisas profundas e comoventes a dizer sobre suas experiências e sobre o que significava ser um ser humano em tais circunstâncias tão terríveis. Em particular, ele tentava entender como foi que al­
guns prisioneiros pareciam desistir de ter esperan­
ça (e, geralmente, logo depois morriam), enquanto outros mantiveram a esperança em face do cons­
tante espancamento físico, emocional e psicológico, e perseveraram (mesmo diante da morte) . Frankl reconheceu quatro padrões que eram característica de quem continuou a ter esperança em uma situa­
ção aparentemente sem esperança.
O primeiro desses padrões comuns era acreditar que tudo o que foi perdido pode ser recuperado, que “a saúde, família, felicidade, habilidades pro­
fissionais, fortuna, posição na sociedade ­ tudo isso eram coisas que poderiam ser alcançadas de novo ou restauradas” (Frankl, p 0,103). O segundo pa­
drão que eles compartilhavam era o de perceber que o futuro era desconhecido e, por isso, poderia, em um instante trazer mudanças significativas ­ in­
cluindo boas mudanças ­ em sua situação. Frankl descreve o terceiro padrão:
“Mas eu não queria apenas falar [aos meus companheiros de prisão] do futuro e do véu que havia sido puxado sobre isso. Eu tam­
bém mencionava o passado, com todas as suas alegrias e como a sua luz havia brilha­
do mesmo na presente escuridão. Mais uma vez eu citei um poeta ­ para evitar soar como um pregador eu mesmo ­ que havia escrito “, foi Du erlebst, kann keine Macht der Welt Dir rauben.” (O que você tem ex­
perimentado, nenhum poder na terra pode tirar de você.), não só as nossas experiênci­
as, mas tudo o que temos feito, qualquer que seja, grandes pensamentos que pode­
mos ter tido e tudo o que nós sofremos, tudo isso não está perdido, embora seja pas­
sado, trouxemos à existência. Tendo sido, é também uma espécie de ser, e talvez o tipo mais certo.” (Frankl, p.104)
E o quarto padrão característico de quem continu­
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ou a ter esperança era o de que eles mantinham um futuro convincente, ou seja, eles foram respon­
sáveis??por algo ou alguém no futuro e, por isso, tinham que viver para cumprir essa responsabilida­
de:
Repita esta pequena experiência com qualquer ha­
bilidade que você quiser, alterar qualquer elemento que se identifica como parte de sua experiência (crença, sentimento, padrão de pensamento, com­
portamento), enquanto manifestar essa capacida­
“Um homem que se torna consciente da res­ de. Você vai descobrir que fazendo uma mudança, ponsabilidade que tem para com um ser hu­ de alguma forma, vai afetar a maneira pela qual mano que carinhosamente espera por ele, você manifesta a sua capacidade. Algumas mudan­
ou para uma obra inacabada, nunca será ca­ ças terão um impacto pequeno ou sutil, e outras paz de jogar fora a sua vida. Ele sabe o irão mudar totalmente as suas respostas nessa situ­
“porquê” de sua existência e será capaz de ação. Mas em todos os casos, qualquer mudança irá suportar quase qualquer “como”.” (Frankl, afetá­lo(a).
p.101)
O simples experimento que você acabou de fazer Então, o que é “estrutura”? No contexto da modela­ consigo mesmo(a) é realmente muito profundo em gem, a estrutura é o conjunto de elementos da ex­ suas implicações. Em primeiro lugar, demonstra periência interagindo, que tornam possível que:
manifestar uma capacidade específica. Os quatro elementos que Frankl identificou ­ acreditar que o que foi perdido pode ser recuperado, reconhecer que o futuro é desconhecido, reconhecer que seu passado e pensamentos não são perdidos, e ter um futuro convincente ­, juntos, constituem a estrutura subjacente da capacidade de se agarrar a esperan­
ça, mesmo quando se está em uma situação horrí­
vel.
Estes não são exemplos isolados. Na verdade, pode­
mos olhar para praticamente qualquer capacidade humana e achar que há sempre uma estrutura ge­
radora subjacente que gera essa capacidade. Você pode testar isso por você mesmo, agora, com uma pequena experiência: Selecione uma das suas pró­
prias habilidades ­ por exemplo, a capacidade para dançar graciosamente, ou encontrar soluções para problemas empresariais, ou desfrutar de fazer cha­
madas frias, ou explicar matemática para crianças ­ e identificar apenas uma crença na qual você está apoiado quando está nesse contexto. (Por exemplo, suponha que você é bom em explicar matemática para crianças, e que você acredita “Toda criança é capaz de aprender.”) Agora imagine que você está, nesse contexto, só desta vez, você está se apoiando em uma crença de que é o oposto à qual você iden­
tificou. (No nosso exemplo, você pode se imaginar explicando matemática para uma criança, acredi­
tando que “nem toda criança é capaz de aprender.”) O que acontece com a sua capacidade? Você provavelmente vai perceber se sentindo um pouco diferente, fazendo diferentes avaliações da situação, dizendo e fazendo as coisas de forma di­
ferente. Na verdade, a inversão de uma crença pode prejudicar totalmente a sua capacidade.
5
•
Existem estruturas subjacentes nas habilida­
des humanas.
•
Ou seja, na base de cada uma de nossas ca­
pacidades existe um conjunto ou matriz de elementos da experiência, que possibilitam a manifestação de uma capacidade específi­
ca. Em segundo lugar, a experiência de­
monstra que:
•
A experiência humana é de natureza sistê­
mica.
Quando você executou o experimento con­
sigo mesmo, você deve ter notado que a al­
teração de uma crença resultou em alguma mudança no seu comportamento, bem como, ou o que você estava sentindo mu­
dou, ou você começou a perceber coisas di­
ferentes na situação. Se você tentar a experiência novamente, mas desta vez alte­
rar apenas o seu comportamento, você vai descobrir que este também altera outros as­
pectos da sua experiência (como você está sentindo, o que você está pensando, até mesmo o que você está acreditando). Na verdade, uma mudança de qualquer ele­
mento de uma capacidade terá ramificações ao longo de muitos ou de todos os elemen­
tos desta capacidade (embora, como vere­
mos, a diferentes graus e de diferentes tipos, dependendo do sistema e da natureza da alteração). A estrutura subjacente opera como um sistema dinâmico, e não uma sim­
ples lista de elementos. O terceiro ponto le­
vantado por esta experiência é que:
•
Você pode mudar a sua experiência, http://www.idph.com.br
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alterando a sua estrutura subjacen­
te.
tiva e erro, aprendendo a usar o que funcionou e foi reforçado. (É claro que a forma como adquiri­
Claramente, habilidades têm subjacentes es­ mos nossas habilidades podem não servir mais tão truturas e, alterando as estruturas sistemi­ bem na fase adulta, como a capacidade de ser vio­
camente, transformamos a capacidade. Se lento, ou a capacidade de procrastinar, ou a capaci­
em vez de apenas imaginar a mudança de dade de esconder nossos sentimentos.)
crença que você tentou, em seu experimen­ Além disso, a maioria de nós já teve modelos, pes­
to de pensamento, você integrar a mudança soas que nos impressionaram ou inspiraram de for­
como um aspecto consistente de sua experi­ ma que nos fizesse querermos imitá­los. Seus ência quando você realmente manifestar modelos podem ter sido uma mãe, pai, avô, irmão, essa habilidade, você estaria se sentindo, professor, vizinho, ou até mesmo um personagem pensando e se comportando de maneira di­ de um filme ou livro. Nestes casos, a modelagem ferente. Ou seja, você teria mudado.
que você fez foi, provavelmente, tanto explícita como implícita. Uma vez que uma pessoa alcançou o brilho de um modelo, você provavelmente explí­
ESTRUTURA E AQUISIÇÃO DE
citamente (consciente e intencionalmente) começa­
HABILIDADES
rá a imitar a aparência dessa pessoa, padrões de Uma coisa é reconhecer que a estrutura dá origem fala e movimentos. Você tentou dizer as coisas da às experiências e comportamentos que compõem as maneira que essa pessoa as diria, fazer o que ela nossas capacidades, e outra, bem diferente, é afir­ faria, ler o que ela leu, pensar que o jeito que ela mar que é possível adquirir novas habilidades, to­ pensava. No processo de combinar você mesmo mando as estruturas que dão origem a elas. Afinal, com os comportamentos do modelo, você estará implicitamente,
aprendendo certamente existe muito mais para qualquer habili­ também,
dade do que apenas a estrutura. Há também a mi­ (modelagem), alguns dos aspectos mais sutis, pres­
ríade de detalhes, pontos de informação, sutilezas suposicionais de seu mundo.
de comportamento e as sutilezas da compreensão Um exemplo semelhante, embora mais formal, de de que, juntos, são a capacidade própria em ação. modelagem natural ocorre em qualquer relaciona­
A estrutura, então, não é claramente a capacidade. mento de aprendiz, como quando se é o aluno pes­
A estrutura é o que organiza todos esses pontos e soal de um mestre Zen, oficial carpinteiro ou um sutilezas na capacidade. Uma pilha de tijolos, jane­ executivo. Ao contrário de imitar um modelo, um las e portas não são uma casa. Nem é um projeto estágio é uma relação de modelagem explícita em de uma casa. Uma casa é o que acontece quando os que o mestre de uma habilidade está tentando pas­
tijolos, janelas e portas são organizados em relação sar essa capacidade a um aprendiz. Além de ensi­
um ao outro de acordo com a estrutura prevista nar o aluno a imitar as manifestações exteriores da pelo projeto.
capacidade, o professor muitas vezes também tenta transmitir os aspectos mais sutis da capacidade, tais como a forma como o aluno precisa pensar so­
bre o que ele está fazendo, o que ele deve se preo­
cupar e o que ele deve ignorar e talvez até mesmo ajudá­lo a cultivar sentimentos adequados à capaci­
dade. Mas quais são os aspectos necessários da ca­
pacidade que, de alguma forma, precisam ser transmitidos se o aluno for, eventualmente, um Quando crianças, todos nós erámos modeladores mestre por si mesmo? Ou seja, qual é a estrutura “naturais”, dedicando­nos a adquirir as estruturas subjacente que naturalmente dá origem a essa ha­
que precisávamos para usar a linguagem, entender bilidade?
as nuances de interações sociais, andar de bicicleta, Um excelente e particularmente acessível exemplo fazer contas, ter comportamento ético, estudar, tra­ é dado na abordagem Dr. Betty Edwards para dese­
balhar, se divertir, aprender e assim por diante. nho. Como um professor de arte que estava perple­
Essa modelagem é geralmente implícita. Ou seja, xo com o fato de que alguns alunos rapidamente nós adquirimos os nossos modelos através de tenta­ aprendiam a desenhar, enquanto outros pareciam Agora, uma porta se abre para nós. Atrás dessa por­
ta está a ideia de que o cultivo de uma capacidade ­ qualquer capacidade, que seja ­ em uma pessoa que não a tenha, seria incomensuravelmente assistido pela aquisição da estrutura básica adequada. Isto pode soar como uma ideia radical, mas não é. A modelagem é, de fato, algo que todos nós já fize­
mos e, ocasionalmente, ainda fazemos.
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nunca iriam “pegar”. Em seu livro, Desenhando com o Lado Direito do Cérebro, Edwards escreve:
“Bem,” eu diria cuidadosamente, “você olha para a natureza­morta e a desenha como você a vê.” “Eu estava olhando para ela”, disse o estudante respondendo. “Eu só não sei como desenhar isso.” “Bem”, eu diria, le­
vantando a voz, “você só olha para ela...” A resposta viria: “Eu estou olhando para ela”, e assim por diante. (P. XI)
AS VANTAGENS DE MODELOS
Modelagem e aquisição de habilidades, então, é algo que podemos fazer deliberadamente. Mas por que se preocupar? Como discutimos acima, é algo que todos nós já fazemos informalmente e natural­
mente. Então, por que precisamos criar um proces­
so de modelagem formal para a aquisição de habilidades?
A primeira e principal razão é que a modelagem in­
formal que todos nós participamos é casual. Se es­
tamos falando de tentativas e erros na infância, da imitação de modelos ou de aprendizagem de pa­
péis, o que aprendemos depende em grande parte da nossa colheita fora do turbilhão da experiência, observando os elementos da experiência e do com­
portamento essencial para manifestar uma habili­
dade. De trinta crianças em um desenho de aprendizagem em sala de aula, alguns vão “pegar” e outros não. Como já vimos, ser capaz de dese­
nhar não é uma herança genética, mas uma habili­
dade possibilitada por ter as estruturas subjacentes conceituais e motoras necessárias. As crianças que “pegam”, desenham ou orientados pela porta com as estruturas subjacentes ou foram capazes de in­
tuir e absorvê­los a partir das descrições e exemplos dados pelo professor. Outras crianças que foram apresentadas às mesmas descrições e exemplos não adivinharam a necessidade das es­
truturas conceituais e, por isso, desenho continua a ser um reino de mistério e confusão para elas.
Demonstração e redemonstração produziu pouco sucesso. Assim Edwards observou mais profunda­
mente aqueles alunos que podiam desenhar bem, o que estavam pensando sobre e estavam vendo seus objetos. O resultado foi um modelo e, a partir dis­
so, as técnicas que tornam a habilidade de dese­
nhar adquirível para qualquer um. A eficácia de sua abordagem foi trazida até nós por Janet Pesv­
ner, um estudante de um dos nossos seminários de modelagem. Em seu trabalho como terapeuta da fala, ela usa o desenho como um meio de ajudar seus alunos a aprender o automonitoramento e descobrir que eles podem mudar seu comporta­
mento, alterando suas percepções. Os alunos come­
çam levando 10 minutos para fazer o seu próprio desenho a partir de um desenho que ela mostra a eles. Seguindo o modelo descrito por Edwards, en­
tão ela gasta 5 minutos discutindo com eles como olhar para o que está desenhando. Isto é seguido por 5 minutos, durante o qual eles reavaliam seu primeiro desenho e, em seguida, mais 10 minutos para fazer uma segunda tiragem. Alguns exemplos Todas as experiências de modelagem informais são dos resultados podem ser visto na Figura 1. por acaso. O que acabamos de aprender é a função daquilo que o pai / modelo / tutor faz, o que eles sabem sobre o que eles fazem, como eles transmi­
tem o que eles fazem, os entendimentos e habilida­
des que o aluno tem, para começar, a capacidade do aluno de perceber padrões e dar sentido a sua experiência e assim por diante. Todas estas variá­
veis ??criam uma infinidade de oportunidades para os elementos essenciais de uma capacidade de tam­
bém não ser transmitida pelo pai / modelo / men­
tor ou, se transmitida, perdida ou mal interpretada pelo aluno. Imagine que o professor de desenho te­
nha uma compreensão explícita dos elementos cog­
nitivos e conceituais essenciais que fundamentam a habilidade para desenhar. E ainda imagine que a primeira coisa que o professor faz é certificar­se que todos os alunos têm acesso a esses elementos cognitivos e conceituais. Ter a estrutura subjacente não significa que agora os alunos podem desenhar muito bem, o que isso significa é que agora eles po­
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dem aprender a desenhar bem. Todos eles.
Este é um conjunto bastante ambicioso de palavras: “Todos eles”. Como é que podemos dizer isso?
Bem, se as capacidades humanas têm estruturas subjacentes, então, presumivelmente, quem tem a estrutura de uma capacidade especial pode desen­
volver essa habilidade. Observe que é “possível”, não que será. Ter a estrutura não é, por si só, ter a capacidade. Na verdade, manifestar a capacidade requer que a estrutura seja aplicada até que um rico conjunto de suportes das habilidades, compre­
ensões e distinções, seja gerado. A estrutura cria um suporte sobre o qual nós, útil e eficazmente, iremos colocar nossas experiências.
Assim, a estrutura de base não garante a expressão da capacidade. Mas sem a estrutura subjacente, nunca poderemos manifestar a habilidade. (É ver­
dade que todos nós temos a experiência de operar em um contexto para o qual inicialmente não pos­
suem as estruturas subjacentes. Após um período de desastres, confusão, erros e triunfos, nós, even­
tualmente, adquirimos as habilidades necessárias. Mas o que estava acontecendo quando estávamos lutando era que estavamos adquirindo, peça por peça, os elementos estruturais essenciais para a ca­
pacidade. Às vezes, isso aconteceu a partir da ob­
servação de como os outros lidavam nesse contexto, outras vezes pode ter sido pelo meio de fazer uma analogia entre o contexto e um similar em que já tínhamos as habilidades necessárias.) Se é importante para você ter acesso a uma habilidade especial, então, em algum momento você deve ad­
quirir sua estrutura subjacente. Uma maneira de fa­
zer isso é, em certo sentido, ser você mesmo o aprendiz dessa capacidade. Emular o que é óbvio e, por tentativa e erro, tentar descobrir o seu funcio­
namento interno, a sua estrutura subjacente. Outra abordagem é a primeiro identificar quais são seus mecanismos internos essenciais e adotá­los, então imitar a habilidade. Agora todas as suas experiênci­
as serão orientadas e temperadas por essa estrutu­
ra, libertando você para dedicar a sua atenção e aprender a ganhar distinções mais úteis para a ins­
talação de uma a capacidade.
Claro que, mesmo depois de adquirir a estrutura subjacente, nem todos os estudantes de álgebra irão aprender álgebra (por razões que foram expli­
cadas acima). Mas, para aqueles que não apren­
dem, não será porque não podem, mas por causa de outros fatores, como motivação. E o mesmo é verdade para qualquer outra capacidade humana, 8
podemos pensar. Se é possível para uma pessoa fa­
zer, é possível para qualquer um fazer. Essas possi­
bilidades estão lá, residentes em cada um de nós, esperando apenas por um bom mapa e um bom motivo para colocar a “roda na estrada”.
Observe o que nós estamos dizendo: “Se é possível para uma pessoa fazer ...” Você pode modelar a ca­
pacidade de Hank Aaron para bater uma bola de beisebol e, através disso, aprender a bater bem uma bola de beisebol. No entanto, isso não vai fa­
zer de você Hank Aaron. Você não tem o seu corpo, sua história pessoal e todas as milhares de outras coisas que compõem o Hank Aaron. Da mesma for­
ma, a capacidade de modelagem de Einstein para pensar criativamente sobre os problemas não vai fazer de você Einstein. Não vai nem mesmo trans­
formá­lo em um físico. Ao invés disso, você irá apli­
car a capacidade recém­adquirida de pensar de forma criativa para os problemas que são de inte­
resse para você e o tipo de soluções criativas que você venha a criar virá com as característica de quem você é.
Descrições úteis
Começamos este ensaio definindo a modelagem como “o processo de criação de descrições úteis da estrutura das capacidades humanas”. Até agora, a maior parte da nossa atenção tem sido para a últi­
ma parte da definição, explorando a relação entre estrutura, experiência e habilidades humanas. Al­
gumas coisas precisam ser ditas sobre “a criação de descrições úteis”.
Modelos são descrições. Mas nem todas as descri­
ções são iguais. Um mapa que nos ajuda a chegar onde queremos ir é um mapa útil. E isso é exata­
mente o que queremos que os nossos modelos fa­
çam. Um modelo é “útil” se ele ajudar a tornar possível que nós possamos reproduzir, através de nossa própria experiência e comportamento, uma capacidade que outra pessoa tem. A pergunta é: “O modelo funciona?” Este é o teste. A utilidade de um modelo pode ser julgada em só um lugar: na experiência. Ele precisa ser colocado à prova.
E essas descrições úteis serão criadas por você, o modelador. É importante lembrar que um mapa não é a coisa que está sendo mapeada, mas a re­
presentação do “território”. O cartógrafo decide quais as características vai usar ao fazer o mapa (estradas, chuvas, elevações ­ um número infinito de possíveis recursos) e como representá­los. Vocês estão fazendo a mesma coisa quando vocês mode­
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COLEÇÃO DESPERTARE
lam. Você vai decidir como reunir as informações gem:
de seu modelo, como observar os aspectos de sua 1.
experiência que você considerar importante e igno­
rar (ou nem notar) aqueles que você não conside­
rar significativo.
Ter em mente que o modelo é algo que você está criando pode servir como uma inoculação. Talvez o mais profundo que se possa cair em um poço, quando falamos da modelagem, é pensar que você está investigando a verdade. Isso muitas vezes leva a procurar a confirmação do exemplar do que o modelador sabe e acredita, em vez de descobrir a capacidade do ponto de vista do exemplar. Saber que você cria um modelo realmente o(a) manterá mais consciente dos pressupostos que você traz para o processo, bem como mais interessado ??nas diferenças entre a sua experiência e a de seu exemplar.
Na verdade, um modelo é mais corretamente visto como uma co­criação, algo que surge como o resul­
tado da interação única entre você, o modelador, e seu exemplar. O exemplar não é um sapo preso em uma bandeja de laboratório, passivamente desistin­
do de seus segredos internos frente ao questiona­
mento incisivo do modelador. Modelagem não é algo que você faz para o seu exemplar. É algo que você faz com o seu exemplar. A modelagem é um processo de interação com alguém até que você te­
nha criado um mapa útil de como ele faz o que ele faz. Ao longo de alguns minutos, horas, dias ou se­
manas, você troca informações, entendimentos e descrições, num vai e vem com o seu exemplar, como se dois de você se movessem em direção a uma descrição da capacidade do exemplar que lhe permita manifestá­la também. É um processo de ajuste de seu próprio pensamento e experiência para estar mais em sintonia com a do seu exemplar, até você descobrir que a estrutura da experiência funciona para manifestar a capacidade do exemp­
lar.
Descobrir o que funciona não é algo que necessari­
amente acontece automaticamente só porque você está questionando seus exemplares sobre sua expe­
riência. Estamos atrás de um nível de entendimen­
to que é qualitativamente diferente daquele que geralmente temos quando iniciamos uma conversa com outras pessoas. Na modelagem, estamos bus­
cando uma descrição desses padrões essenciais que naturalmente apoiam a manifestação de uma habi­
lidade humana em particular.
Há três prerrequisitos gerais para fazer a modela­
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Uma metodologia para extrair informação. A coleta de informação nunca é um ato pas­
sivo, como se fosse algum tipo de recipiente a ser preenchido com as explicações de seu exemplar. A coleta de informação é, em vez disso, uma interação ativa em que suas per­
guntas não só convidam às respostas do exemplar, mas influenciam as respostas também. Devido a isso, é necessário consi­
derar a forma de abordar a coleta de infor­
mação de tal forma que tanto influencie, respeitosamente, o exemplar como apoie o processo de modelagem.
2. Um conjunto de distinções que identifique o que é importante ou relevante. A experiên­
cia humana é infinitamente rica, como é a nossa capacidade de gerar descrições dessas experiências. Se quisermos descobrir pa­
drões nesta vastidão (bem como ter uma linguagem comum para falar sobre o mun­
do dos padrões que lá encontramos lá), pre­
cisamos de um conjunto de distinções sobre a natureza e as qualidades da experiência.
3. A metodologia para a organização de pa­
drões em um modelo. Em última análise, nós queremos transformar esses padrões que descobrimos em alguma forma que os torne acessíveis, uma forma que permita a nós mesmos, ou a outras pessoas por elas mesmas, experimentar esses outros mun­
dos.
É um raro privilégio explorar a experiência de ou­
tra pessoa com a profundidade e os detalhes que você irá fazer quando modelar seus exemplares. E a coisa mais importante que você pode trazer com você nesta jornada é uma fascinação com as varie­
dades e qualidades da experiência humana. Partin­
do da curiosidade e da admiração, todo o resto vai fluir.
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