Desenvolvimento larval do predador Ceraeochrysa cubana (Hagen

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Desenvolvimento larval do predador Ceraeochrysa cubana (Hagen
Desenvolvimento larval do predador Ceraeochrysa cubana (Hagen)
alimentado com Spodoptera frugiperda (J.E. Smith)(1)
KarollayneTomaz Emiliano Fonseca(2); Gilmar da Silva Nunes(3); Izabela Nunes do
Nascimento(2); Matheus de Andrade Borba(2); Robério de Oliveira(3); Jacinto de Luna
Batista(4)
(1)
Trabalho executado com recursos do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico (CNPq) e
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES);
(2)
Graduando em Agronomia; Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba; Areia, PB,
(3)
[email protected]; Pós-graduando em Agronomia; Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da
(4)
Paraíba; Professor, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba.
RESUMO: A espécie Spodoptera frugiperda é um dos insetos-praga de maior importância econômica no
Brasil. O objetivo desse trabalho foi avaliar o desenvolvimento larval do predador Ceraeochrysa cubana
tendo como alimento ovos e lagartas de S. frugiperda. A pesquisa foi desenvolvida em temperatura de 25 ±
2 ºC, UR 70 ± 10% e fotofase de 12h. Os tratamentos foram compostos por: ovos de Anagasta kuehniella,
ovos de S. frugiperda e lagartas neonatas de S. frugiperda. Utilizaram-se larvas de C. cubana oriundas de
criação já estabelecida no Laboratório de Entomologia da Universidade Federal da Paraíba. Para cada
tratamento foram utilizadas 20 repetições, contendo uma larva do predador por repetição. Avaliaram-se o
período de desenvolvimento e a viabilidade de cada estádio larval. Observou-se que o predador C. cubana
apresentou menor desenvolvimento de cada estádio larval quando as fontes de alimento são ovos de A.
kuehniella e S. frugiperda, com viabilidade de 100% para o segundo e terceiro ínstares. A menor viabilidade
da fase larval do predador foi observada na alimentação com lagartas neonatas. O predador apresenta-se
como promissor agente de controle biológico de S. frugiperda.
Termos de indexação: controle biológico, lagarta-do-cartucho, MIP
INTRODUÇÃO
Um dos principais insetos-praga de importância econômica para a cultura do milho no Brasil é a
lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), a qual também alimenta-se de mais de 80 espécies de plantas,
entre elas, hospedeiros alternativos sem importância comercial (BARROS et al., 2010; MACHADO et al.
2014).
As principais formas de controle de S. frugiperda estão associadas ao uso de produtos sintéticos,
variedades resistentes e plantas transgênicas. Romero Sueldo et al. (2014) relataram que a utilização do
controle biológico como método de redução da infestação nas culturas é essencial, principalmente por se
tratar de um método seguro e ambientalmente correto, sendo primordial para estratégias de Manejo
Integrado de Pragas (MIP).
Os insetos predadores da família Chrysopidae, com destaque para a espécie Ceraeochrysa cubana
(Hagen), evidenciada por Oliveira et al. (2014) consumindo mosca-negra dos citros no estado da Paraíba,
apresentam enormes potenciais no controle de diversos artrópodes indesejáveis. Logo, o objetivo desse
trabalho foi avaliar o desenvolvimento da fase larval de C. cubana alimentada com ovos e lagartas de S.
frugiperda.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Entomologia (LEN), Departamento de Fitotecnia e
Ciências Ambientais do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba –
DFCA/CCA/UFPB, Areia-PB. O experimento foi conduzido em laboratório, com temperatura média de 25 ± 2
ºC, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de 12 horas.
Os crisopídeos adultos da espécie C. cubana foram oriundos de criação do LEN/CCA/UFPB. Os ovos
de C. cubana foram coletados e acondicionados em placas de teste Elisa, recoberta com filme de
polietileno, até a eclosão, em seguida as larvas foram individualizadas em potes plásticos com 3,5 cm de
altura e 2,5 cm de diâmetro.
Os tratamentos foram compostos pelas dietas oferecidas às larvas do predador (ovos e lagartas de
Spodoptera) e ovos de Anagasta kuehniella (Zeller), perfazendo três tratamentos, cada tratamento com 20
repetições, sendo uma larva/repetição. Determinou-se o período de desenvolvimento larval e a viabilidade
de cada estádio. O delineamento estatístico adotado foi o DIC, os dados obtidos foram submetidos a análise
de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As fases imaturas de C. cubana em primeiro e segundo ínstares apresentaram maior duração no
seu desenvolvimento quando foram alimentadas com LN de S. frugiperda, 6,3 e 6,7 dias respectivamente,
diferenciando-se estatisticamente dos demais tratamentos (Tabela 1). Maior duração do terceiro estádio
larval de crisopídeos foi observada por Costa et al. (2012) em Chrysoperla externa (Hagen) alimentada com
Neotoxoptera formosana (Takahashi). Pode-se verificar que a duração dos estádios larvais da C. cubana é
menor quando o predador é alimentado com ovos.
TABELA 1. Duração (± EP1) dos estádios larvais de Ceraeochrysa cubana em laboratório, 25 ± 2ºC, UR 70
± 10% e fotofase de 12 horas.
Tratamentos
1º ínstar
2º ínstar
3º ínstar
Ovos de Anagasta kuehniella
3,2±0,09 b
3,2±0,10 b
4,0±0,19 b
Ovos de Spodoptera frugiperda
3,1±0,05 b
3,2±0,11 b
3,9±0,13 b
Lagartas Neonatas de S. frugiperda
6,3±0,24 a
6,7±0,23 a
6,5±0,22 a
Médias seguidas de mesma letra na coluna não se diferem pelo teste de Tukey a
5% de probabilidade
A viabilidade dos estádios larvais variou de 95,0% a 100,0% nos tratamentos ovos de A. kuehniella
e ovos de S. frugiperda, sendo menores no tratamento com lagartas neonatas (Tabela 2). Os valores de
viabilidade da fase larval foram maiores nestes mesmos tratamentos (98,3%), próximos dos verificados por
Pessoa et al. (2010) fornecendo ovos de S. cereallela para Ceraeochrysa cincta (Schneider).
TABELA 2. Viabilidade das fases larval, pré-pupa (PP) e pupa (P) de Ceraeochrysa cubana alimentada
durante a fase larval com Spodoptera frugiperda em laboratório,25 ± 2ºC, UR 70 ± 10% e fotofase de 12
horas.
Viabilidade (%)
Tratamentos
1º
2º
3º
Fase larval
Ovos de Anagasta kuehniella
95,0
100,0
100,0
98,3
Ovos de Spodoptera frugiperda
95,0
100,0
100,0
98,3
Lagartas Neonatas de S. frugiperda
85,0
88,2
81,3
84,8
Auad et al. (2003) evidenciaram valores de viabilidade inferiores as observadas nessa pesquisa
para as larvas de primeiro ínstar, para o período larval e larva-adulto de C. externa alimentada com S.
frugiperda, assim como Tavares et al. (2011). O consumo de ovos de S. frugiperda por C. cubana promoveu
viabilidades similares as observadas por Murata et al. (2006) para o predador C. externa consumindo ovos
de diferentes lepidópteros.
CONCLUSÃO
A alimentação com ovos de S. frugiperda promove bom desenvolvimento larval de C. cubana e esse
predador pode ser usado em programas de controle biológico da lagarta-do-cartucho.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa no auxílio à pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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39:996-1001, 2010.
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em folhas de milho e mandioca. Revista Caatinga, 27:234-239, 2014.
MURATA, A. F. et al. Capacidade de consumo de Chrysoperla externa (Hagen, 1981) (Neuroptera: Chrysopidae) em
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OLIVEIRA, R. et al. Capacidade predatória de Ceraeochrysa cubana sobre Aleurocanthus woglumi. Revista Caatinga,
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