Sem chamar a atenção (arquivo PDF) - Cleber Medeiros
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Sem chamar a atenção (arquivo PDF) - Cleber Medeiros
estúdio Cleber Medeiros [email protected] A cobertura de eventos sem o uso do flash é uma tarefa que exige alguns cuidados A ntes da popular ização da fotografia digital, era comum o fotógrafo de eventos só utilizar filmes de ISO 100 ou, no máximo, 200, em função do alto custo dos rolos de película. Os flashes mais utilizados eram os saudosos Metz 45 CL4, de produção germânica, e os Frata 140, de fabricação nacional, ambos com boa potência, embora o “Fratinha” tivesse a limitação de permitir apenas regulagem em carga total e meia carga. Mas, como era mais barato e tinha a vantagem de ser alimentado por uma bateria recarregável de 6 volts, fez enorme sucesso durante muitos anos, sendo o preferido de muitas gerações de fotógrafos. Produzir fotos sem flash era tarefa 46 photos complicada, pois mesmo que a igreja e o salão de festas estivessem relativamente bem-iluminados pelos ref letores dos cinegrafistas, a predominância de cor dos filmes balanceados para luz do dia deixava a foto amarelada. Para corrigir, era necessário utilizar um filtro azul à frente da lente, o qual roubava mais um ponto e meio de luz. Com um filme de ISO 800 (que há cinco anos custava cerca de R$ 22 cada rolo) e um filtro azul 80B, era possível fotografar sem f lash nos limites do possível, algo como f.2 ou f.2.8 de abertura e 1/30s de velocidade. Na era digital, tudo ficou mais fácil. Algumas câmeras melhoraram significativamente o nível de ruído quando utilizadas acima de ISO 800, permitindo que muitos fotógrafos ousassem pela fotos: Gustavo Froner Sem chamar a atenção primeira vez fotografar sem flash. Conheço fotógrafos que, durante mais de quinze anos, nunca utilizaram nenhum filme acima de ISO 400, devido ao custo envolvido, mas eles sempre colocaram a culpa no fato do grão dos filmes ser um pouco “estourado” (algo semelhante ao ruído nas digitais). Outra grande vantagem das digitais é que o filtro azul passou a ser virtual, ajustado pelo balanço de branco, o qual não reduz a luz que chega ao sensor, permitindo o uso de diafragmas mais fechados e velocidades mais altas. Algumas cenas de um casamento ou recepção ficam muito mais naturais quando são registradas sem o uso de flash. É o que comumente chamamos na atualidade de cobertura jornalística. Trata-se de um estilo de cobertura que necessita de rápidas seqüências fotográficas, de onde editaremos as melhores imagens. Alguns car tões de memória eliminam os altos custos com filmes, entretanto, a pós-produção é a grande vilã do mundo moderno: perdemos várias horas editando e tratando as imagens. Ainda que as imagens feitas sem flash fiquem normalmente mais espontâneas e esteticamente atemporais, devemos lembrar que só as cenas menos cruciais devem ser fotografadas dessa forma. O uso do flash eletrônico permite fecharmos mais o diafragma e usarmos velocidades de obturação maiores, congelando e focando melhor, principalmente nas cenas de movimento, como a entrada da noiva ou dos padrinhos, quando, de preferência, deveremos utilizar um fotógrafo de apoio como elemento-curinga, permitindo que tenhamos mais liberdade para criar, enquanto ele faz o “arroz-com-feijão”. Outro ponto fundamental é a luminosidade das objetivas: sempre utilize objetivas que permitam abertura máxima f.2.8 ou, se possível, as fantásticas f.1.8 ou f.1.4. Além de terem melhor qualidade mecânica e ótica, elas dão mais flexibilidade na hora de fotografar sem flash. Alguns fotógrafos dão ao cliente duas opções de preços. Uma para a cobertura convencional, na qual as objetivas são mais escuras e um fotógrafo da equipe vai fotografar, e outra para um trabalho mais autoral, no qual predominam a sensibilidade e técnica, aliadas ao investimento em caras objetivas e muitas horas de pós-produção para tratar e diagramar algumas das centenas de fotos geradas. Seja qual for a sua opção, comece treinando antes as variáveis sem ainda oferecê-las como um produto. Dessa forma, sua rede de clientes ficará surpresa diante da qualidade e do potencial dos seus serviços, permitindo que, em pouco tempo, seja possível montar uma equipe e oferecer pacotes de serviços distintos: um genérico e o outro autoral, bem mais caro. x Velocidade de obturação x distância focal da objetiva Utilizar uma câmera sem flash durante um evento exige alguns cuidados para que a foto não saia tremida. O principal é verificar se a velocidade de obturação utilizada é suficiente para congelar o movimento da cena. O correto é utilizar, no mínimo, a velocidade proporcional à distância focal quando for fotografar com câmeras de sensor full size (24x36mm – Canon EOS 5D, Nikon D700 etc.) e a velocidade proporcional à distância focal mais 50% (Nikon) ou 60% (Canon), no caso das câmeras com sensor APS size (Nikon D300, Canon EOS 40D etc.). Esse procedimento é essencial nas distâncias focais acima de 100mm e desejável nas distâncias até 50mm, não sendo neste caso algo tão problemático usar velocidades um pouco abaixo para cenas estáticas. Exemplo: utilizando uma objetiva 50mm em uma Nikon D700, será necessário 1/50s de velocidade para evitar o tremor e, no caso da mesma objetiva em uma D300, será necessário algo em torno de 1/75s de velocidade, pois 1/50 + 50% = 1/75s. Como não há essa velocidade na câmera, optamos pelo que houver mais próximo, de preferência um pouco acima.