Conheça Mais Leia o primeiro capítulo deste livro

Transcrição

Conheça Mais Leia o primeiro capítulo deste livro
Anésio Aparecido Jotta
Nos Rios
da Babilônia
Matão, SP
- 2012 -
NOS RIOS DA BABILÔNIA
Capa: Rogério Mota
Projeto gráfico: Equipe O Clarim
Revisão: Teresa Cunha
Todos os direitos reservados
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FICHA CATALOGRÁFICA
Anésio Aparecido Jotta
Nos Rios da Babilônia
1ª edição: agosto/2012 – 10.000 exemplares
Matão/SP: Casa Editora O Clarim
408 páginas – 16 x 23 cm
ISBN – 978-85-7357-112-7
CDD – 133.9
Índice para catálogo sistemático:
133.9
133.901
133.91
133.92
133.93
Espiritismo
Filosofia e Teoria
Mediunidade
Fenômenos Físicos
Fenômenos Psíquicos
Impresso no Brasil
Presita en Brazilo
Apresentação
O presente trabalho não tem a pretensão de ser uma obra literária; são
apenas apontamentos intuitivos. No início, sempre repetidos sobre a mesma
cena, depois que passei a escrevê-los, as cenas se desdobram e evoluíram; procurava visualizá-las enquanto digitava. Portanto, não se trata de um trabalho
de psicografia.
A menção do salmo 136, que inclusive dá nome ao trabalho, é uma adaptação livre feita pelo personagem que deve ter tomado conhecimento do mesmo,
portanto não corresponde com exatidão ao que consta no Livro dos Salmos.
Depois que o personagem principal desencarnou, imaginei que estava findo o trabalho, mas passei a intuir novas cenas partindo do mesmo local das
primeiras. Entendi, então, que se tratava duma continuação da vida dos mesmos
personagens numa outra encarnação, mas, exceto o personagem principal, não
conseguia relacionar com clareza quem havia sido quem. Apenas no final da
segunda história esta parte ficou aclarada com mais racionalidade. Por isso, separei as duas histórias em dois livros para que o leitor também possa exercitar-se
fazendo as correlações entre os personagens.
Entendemos, também, que a segunda história não se segue imediatamente
depois da primeira, como esclarece o protetor do personagem principal nas
conclusões deste trabalho. Houve, pelo menos, mais uma reencarnação do personagem, como preparação para a reencarnação seguinte. Desta intermediária
não tenho nenhum detalhe.
A intenção que nos move em dar a conhecer este trabalho é para que possa servir, estes despretensiosos apontamentos, para reflexão de alguém que o
leia, sobre a própria existência. Existências de seres eternos que somos, filhos
do mesmo Criador, que, em sua infinita bondade, nos provê de oportunidades
diversas para melhorarmos nossa essência.
Que o Criador nos abençoe!
Ribeirão Preto, dezembro de 2008.
Anésio A. Jotta
Sumário
LIVRO 1.................................................................. 11
1........................................................................ 13
2....................................................................... 16
3....................................................................... 19
4....................................................................... 22
5....................................................................... 25
6....................................................................... 29
7....................................................................... 31
8....................................................................... 35
9....................................................................... 39
10..................................................................... 43
11...................................................................... 48
12...................................................................... 55
13...................................................................... 59
14..................................................................... 62
15...................................................................... 72
16...................................................................... 81
17...................................................................... 93
18..................................................................... 100
19...................................................................... 111
20..................................................................... 117
21...................................................................... 130
22..................................................................... 135
23..................................................................... 147
24..................................................................... 151
LIVRO 2................................................................. 164
1........................................................................ 165
2....................................................................... 175
3....................................................................... 183
4....................................................................... 193
5....................................................................... 197
6....................................................................... 205
7....................................................................... 216
8....................................................................... 228
9....................................................................... 243
10..................................................................... 250
11...................................................................... 255
12...................................................................... 267
13...................................................................... 278
14..................................................................... 295
15...................................................................... 311
16...................................................................... 339
17...................................................................... 354
18..................................................................... 365
19...................................................................... 376
20..................................................................... 388
CONCLUSÃO........................................................ 396
1........................................................................ 397
2....................................................................... 402
Império Babilônico
Reino de Judá
1
Estava sentado sobre a areia branca e fina à sombra dos coqueirais; recostado confortavelmente, sentia a brisa tépida e suave de encontro ao rosto. A
Natureza ninava-me com o leve farfalhar das folhas dos coqueiros, e o som das
águas lambia a praia no vai-e-vem interminável das marolas. O sol presenteava
o horizonte com uma policromia incrível naquele cair de tarde, tons alaranjados matizavam as faces das poucas nuvens no céu. Não pensava em nada, a
cabeça vazia dava lugar apenas à contemplação daquele momento, o coração
parecia transbordar num misto de gratidão e alegria. Do lado oposto à lua parecia brotar de dentro do mar, jorrando tons prateados na água, principiando
uma noite tão clara que era possível ver as sombras dos coqueiros começarem
a se projetar.
Mesmo absorto, notou a aproximação de um jovem casal, de mãos dadas
e descalços; deviam sentir a areia ainda morna sob seus pés. Conversavam e
sorriam animadamente, enquanto se aproximavam podia sentir o carinho entre
eles, mas, curiosamente, não estava atento ao que falavam. Quando percebeu
que iam passar muito rente, encolheu instintivamente as pernas. O casal continuou caminhando alegres; passaram como se nada estivesse ali, não notaram
nada. Então lembrou-se de que eles realmente não poderiam ter visto nada,
pois estava desencarnado.
Com um sorriso nos lábios, recostou-se melhor ao tronco que lhe servia
de apoio para as costas e embalado pela Natureza parecia dormitar. Sentiu uma
paz serena alastrando-se, fazendo-lhe o corpo todo relaxar. Não sentia nenhuma dor, apenas bem-estar e sensação de leveza.
Aos poucos, notou uma claridade bem à sua frente; luzes pequeninas e faiscantes foram se definindo despretensiosamente, formando como uma grande tela
de projeção. As imagens refletidas sobrepunham-se admiravelmente à paisagem
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e, aos poucos, pôde notar, como num filme muito nítido, um homem descendo
apressado por uma rua estreita calçada de pedras. Não podia explicar, mas sentia ser ele próprio aquele homem, no entanto, sabia-se confortavelmente sentado
naquela praia. Era como se algo de dentro dele projetasse aquelas imagens, mas
não conseguia lembrar onde nem quando haviam ocorrido. Nem se parecia fisicamente com ele, mas sentia que aquele homem apressado era ele mesmo.
O homem apressado vestia uma roupa rústica, escura, composta de apenas
uma peça com aberturas para a cabeça e mangas largas e compridas nos braços.
Na cabeça o homem portava um lenço amarelecido enrodilhado desde a fronte
para lhe proteger do sol. Cingia-lhe a cintura um cinto de couro, sem-fivela,
apenas atado ao lado. Nos pés, sandálias simples e velhas com tiras amarradas
ao tornozelo. Carregava uma pequena sacola com alças longas, suspensas, no
seu ombro direito.
Era um homem de alta estatura, de pele parda, barbado, o suor lhe porejava a testa larga; de vez em quando apalpava o conteúdo da sacola e olhava,
discretamente, para os lados, para ter certeza de que não estava sendo seguido.
Quando cruzava com outras pessoas, fazia uma reverência com a cabeça e seguia seu caminho. Toda vez que apalpava o conteúdo da sacola podia sentir a
extremidade da madeira trabalhada na qual estava enrolado, meticulosamente,
um pergaminho de pele de cabra. Sentia medo, pois se o apanhassem estaria
irremediavelmente perdido. Por isso, caminhava tão apressado.
Ao se aproximar dos portões da cidade, o calçamento de pedra rareava, o coração bateu descompassado ao notar os guardas que se postavam um de cada lado
da entrada. Eram facilmente reconhecidos; os chapéus ornados com crinas tingidas de escarlate no alto da cabeça, cada um portava uma enorme lança com pontas
de cobre reluzentes; sob as túnicas podia-se notar a espada que portavam presas às
suas cinturas, chegando-lhes quase aos pés. Diminuiu os passos e, quase parando
diante deles, fez reverência com a cabeça dirigindo-se a um e depois a outro, eles
fizeram com os braços, sinal para que continuasse. Mesmo como espectador, podia sentir o alívio daquele homem ao transpor os pesados portões de madeira. A
cidade ia ficando mais distante a cada passo na estrada de terra poeirenta.
O terreno começou a ficar pedregoso, dando lugar aqui e ali a um e outro
arbusto de galhos retorcidos pelo calor. Aos pés de um monte rochoso, estava
uma frondosa árvore cuja sombra servia de refrigério aos viajantes cansados.
Algumas pedras foram arrastadas para mais perto do tronco, servindo umas de
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assento, outras de mesa para refeição e uma mais baixa servia, no momento, de
travesseiro para um homem deitado com a cabeça apoiada nela.
— Que o Eterno ilumine seu caminho. Disse, sem se levantar, ao outro que
se aproximava.
— Samas, tu estás um trapo! Respondeu o outro adentrando à sombra
sem se preocupar com a senha: um peixe desenhado no chão, o qual ele deveria
apagar discretamente com o pé.
— E tu Emlil, sempre te esquecendo da nossa senha, qualquer hora te apanham... Retrucou sorrindo, levantando-se para abraçar o que chegava.
— Já o havia reconhecido meu amigo.
— Trouxestes o mapa? Perguntou baixando o tom da voz.
— Sim. Respondeu sentando-se numa das pedras e retirando, com cuidado, o rolo de dentro da sacola que trazia.
Samas pegou um volume embrulhado em pano que estava perto de si, desembrulhou e lhe estendeu.
— Coloca agora este em tua sacola.
— E o que está escrito? Perguntou Emlil curioso, guardando rapidamente
o pergaminho.
— Apenas poesia de um desterrado; Shamir ouviu nalgum lugar e escreveu, o que importa é que precisamos agir rápido aproveitando o caos do governo de Nabonido e Belsazar, em contenda com os sacerdotes de Marduk.
— Pelo que ouvi, Ciro já anexou os reinos da Média e da Lídia e essa expansão compromete esse império que fica em seu caminho. Disse Emlil entre os
goles de água que estava tomando do odre empoeirado do amigo.
— Então me trazes uma excelente notícia, podemos voltar logo e reencontrar nossos irmãos e irmãs... A face de Samas parecia se iluminar.
— Nem tanto meu amigo... parece que na última deportação, apenas 11
anos depois da primeira, destruíram Jerusalém e o templo. Como sabes, Nabucodonosor II nomeou Gedalias como rei vassalo, o tio do rei Joaquim que se
entregou voluntariamente na primeira deportação, pensando estar protegendo
seu povo. Mas Gedalias foi assassinado apenas dois meses depois e os poucos
habitantes que ainda restaram fugiram para o Egito com medo de represálias.
Deixaram as terras de Judá praticamente sem habitantes e as cidades em ruínas.
— O que me dizes?! Então não sabem que no Egito também os farão escravos novamente?!
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— Até parece que a história se repete, Moisés os arrebanhou e formou
as tribos para o reino de Israel e agora o povo volta para lá porque parece
que tudo foi destruído, animais, plantações, casas, o grande templo... tudo...
tudo destruído... Agora, a nossa Judá está infestada de estrangeiros, principalmente samaritanos...
— Custa acreditar no que me dizes. Mas, da mesma forma que o povo de
Israel foi liberto chegará a nossa vez de deixarmos de ser escravos e voltarmos
para reconstruir o reino de Judá.
— Tu não és escravo meu caro Samas, és um fujão... nem sei como vives
nestas montanhas... cuida que não te apanhem... tu sonhas muito e a pena para
um fugitivo é a morte. Tu o sabes!
— Tens razão Emlil, pior que escravo, sou um escravo fugitivo, mas estamos nos organizando nestas montanhas. Com tua ajuda e de outros, um
dia iremos voltar e retomar a posse da terra que foi de nossos pais... é esse
sonho que nos mantém vivos. Agora vai-te para que não recaia sobre ti
nenhuma desconfiança.
— Fica bem meu amigo?
— Temos nossos meios, os persas e os sacerdotes de Marduk nos ajudam,
fica descansado.
Após o abraço fraterno sob a árvore frondosa, os dois homens tomaram
direções opostas. Emlil tomou o caminho de volta para a cidade, mas agora
não parecia com pressa. Respirava fundo o ar morno da tarde e até lhe parecia bonita a visão das palmeiras tremeluzindo no horizonte sob o calor do
sol. Samas, com seu porte atlético caminhando em sentido contrário parecia
apressado, após uns 50 passos da árvore, saiu da estrada, embrenhou-se por
entre as pedras da base da montanha e desapareceu entre elas. A sujidade de
suas roupas fornecia-lhe camuflagem perfeita, pois eram da mesma tonalidade
daquelas pedras.
2
Retornando à cidade, Emlil subiu a rua calçada de pedras e dirigiu-se a
uma grande propriedade na parte mais alta, não muito distante do burburinho
do centro. Era toda circundada por alta murada caiada de branco. Sobre a murada havia seteiras em locais estratégicos e muitas delas, não todas, eram guar16 | Nos Rios da Babilônia