AMIGO 33.qxd
Transcrição
assadas as emoções de mais uma Copa do Mundo e antes de outra saudável eleição para a P Presidência da República, o Brasil se prepara para comemorar os 80 anos da primeira transmissão radiofônica em nosso país, o que aconteceu na Exposição do Centenário da Independência, em setembro de 1922. Sete meses depois será a vez de comemorarmos a instalação da primeira emissora de rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Fundada em abril de 1923 por Edgard RoquettePinto e seus companheiros da Academia de Ciências, dela surgiu, 13 anos depois, a atual Rádio MEC. Por coincidência, também este ano a Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC comemora 10 anos de existência, sendo até agora a primeira – e, ao que se saiba, única – entidade civil nascida para auxiliar uma emissora de rádio a cumprir o seu destino. Mas não basta a ligação histórica, umbilical, para esgotar a união entre as duas instituições. Mais forte é a afinidade com as idéias defendidas por Roquette-Pinto, especialmente a crença no papel do rádio na educação de nosso povo. Essa cláusula norteou não só a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro como integrou o acordo pelo qual a emissora foi doada ao Governo Federal, em 1936, com a condição explícita de manter uma programação voltada para a difusão do conhecimento, aos cuidados do então Ministério da Educação e Saúde. Nessa trajetória das últimas oito décadas a Rádio MEC foi o modelo de uma emissora exclusivamente educativa e cultural, embora em diversos momentos de sua história tivesse de superar insuficiências materiais e até turbulências políticas, como nos idos de 1964. A preocupação com esse patrimônio levou um grupo de admiradores da emissora a fundar, em 1992, a Sociedade de Amigos. De lá para cá, os 100 sócios fundadores se multiplicaram mais de cinco vezes – e sonhamos chegar ao associado número 1000 nos próximos dois anos. Nas páginas centrais, o leitor encontrará um resumo das principais realizações da SOARMEC, expondo o que de mais significativo fizemos, com o apoio dos sócios e a generosidade de parceiros como a Academia Brasileira de Música, o Fundo Nacional de Educação, o Conservatório Brasileiro de Música, o Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, o RIOARTE e a solidariedade de artistas que participaram de recitais, programas e gravações promovidos por nós. Mas não podemos esquecer que nada disso poderia ser feito sem o endosso dos dirigentes da Associação de Comunicação Educativa RoquettePinto – ACERP, atual responsável pela administração da Rádio MEC e da TVE. A disposição de engrandecer a emissora fundada por RoquettePinto, demonstrada neste momento por ambas as partes, impulsiona a recém-empossada diretoria da SOARMEC rumo a novos e maiores desafios e, se possível, a outras comemorações, contando com o entusiasmo e a energia dos amigos ouvintes. 1922 IMPRESSO Ações e comemorações Amigo Ouvinte Ano X • Nº 33 • AGOSTO DE 2002 I N F O R M AT I V O D A S O C I E D A D E D O S A M I G O S O U V I N T E S D A R Á D I O M E C Continuando a continuar A 6ª diretoria da SOARMEC Foto: JC Mello Editorial Os novos diretores e os principais colaboradores da SOARMEC, logo após a eleição realizada durante a 7ª Assembléia Geral Ordinária. A partir da esquerda: Paulo Garcia, Francisco Teixeira, José Renato Monteiro, Luiz Carlos Saroldi, Regina Salles, Renato Rocha, Fábio Pimentel, Reinaldo Ramalho e Renata Mello – veja matéria na página 5. O 16º CD! Também neste número Alto Falante Organização Social na Berlinda Caminhos do Diálogo, por Xico Teixeira Presença dos Amigos Ouvintes Resumo Cronológico Música numa hora dessas? por Carlos Acselrad 2 6 7 8 10 13 A Prata da Casa, entrevista c/ Roberto Montero 14 A Série “Repertório Rádio MEC” ganha mais um título – veja crítica e cobertura do lançamento na página 3. Cartas Números da CAO Programações 80 ANOS DA PRIMEIRA TRANSMISSÃO RADIOFÖNICA 10 ANOS DA SOCIEDADE DOS AMIGOS OUVINTES 19 19 19 e 20 2002 Alto-Falante foto J.C. Mello Ami go Ouvinte é uma publicação da SOARMEC Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC. A POLÍCIA FEDERAL desencadeou operação para fechar cerca de 2000 rádios piratas de São Paulo, até o início da campanha eleitoral. As piratas são peças importantes nas campanhas e estima-se que 900 mil ouvintes sintonizam estas estações, a cada minuto. MINAS GERAIS foi o estado que recebeu mais concessões radiofônicas na gestão do Ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, que é mineiro. O estado recebeu 103 FMs, 4 AMs e 196 comunitárias. SEGUNDO O MINISTÉRIO das Comunicações, existem, no país, 1172 rádios comunitárias, das quais 232 já possuem concessão e 940 têm autorização provisória. AS COMUNITÁRIAS querem fazer parte da ABERT, entidade que reúne as rádios AM e FM. Diferentemente das piratas, as rádios comunitárias são estações pequenas que conseguiram autorização para transmitir em baixa potência e sem fins lucrativos. E é exatamente para tornar claro a diferença que elas querem entrar para a ABERT. DEPOIS DE SETE anos calada, a RoquettePinto AM volta ao ar, com uma programação voltada para a área cultural. Para tanto, o estado recebeu apoio do Sindicato dos Radialistas e Artistas e também da Rádio Rio, que cedeu o terreno onde está o transmissor e a torre para colocação da antena. A 5ª DIRETORIA DA SOARMEC, em final de exercício, reuniu-se, em março, com o senador Roberto Saturnino Braga. Na foto, a partir da esquerda: Carlos Acselrad, diretor de comuni- cação; Paulo Garcia, encarregado de vendas; Edino Krieger, vice-presidente; o ilustre visitante; Maria Yedda Linhares, presidente, Luiz Carlos Saroldi, e Renato Rocha, diretor-secretário. SOMOS 549 SÓCIOS. Vamos fazer uma campanha para chegar a 1001 Amigos Ouvintes ainda em 2002? Os interessados em colaborar serão bem vindos. MÁRCIO FORTES, Artur da Távola e Alexandre Machado não pertencem mais ao conselho de Administração da ACERP. Ainda não foram indicados seus substitutos. EDINO KRIEGER, que tirou férias da SOARMEC após 6 produtivos anos, acaba de voltar da Alemanha, onde passou 3 meses no recém-inaugurado Centro de Música Cênica de Karlsruhe, como bolsista da Bolsa Virtuose, concedida pelo MinC. O OPERADOR Olivaldo “Dinho” Meireles e o produtor Renato Rocha não mais pertencem ao quadro de funcionários da Emissora. O primeiro foi redestribuído e o segundo pediu aposentadoria proporcional. MAIS 10 CDs REPERTÓRIO RÁDIO MEC: é o que estamos buscando junto ao “Programa Petrobrás Música”, uma das mais ambiciosas iniciativas para a preservação da nossa memória musical. Vamos torcer! MANTENDO a regularidade, o “Boletim das Emissoras da Rede Brasil” , em papel de boa gramatura e a cores, vem com os destaques da programação da TVE e da MEC AM e FM. Quem sabe este não é o primeiro passo para uma revista com a programação mensal detalhada, como a da Cultura de São Paulo? COMEÇARAM a ser realizados os trabalhos de restauração e pintura das paredes internas da Emissora. Estava ficando bom, mas foram suspensos. Parou por que? “VERDE-OLIVA FM. A emissora que transmite em cores: o verde e o amarelo. E o verde é oliva.” Esse é o slogan da rádio que o Exército Brasileiro colocou no ar, em maio. A CEMINA, ong que por 12 anos veiculou o programa Fala mulher, na Rádio Guanabara, no Rio de Janeiro, acaba de lançar o site www.radiofalamulher.com. A RÁDIO FLUMINENSE voltou ao seu lugar no dial: 94,9 FM. Apoio Cultural UMA VALIOSA doação, de Allan Lima, veio enriquecer nossa biblioteca: o raríssimo livro, ao lado, e 4 grossos volumes encadernados, com antigos scripts mimeografados de programas assinados por Paschoal Longo e Otto Maria Carpeaux. Venha conferir. De Utilidade Pública Municipal (Lei nº 2464) e Estadual (Lei nº 3048) CGC 40405847/0001-70 Praça da República l4l-A Sala 201 CEP 20211-350 Tel: 2221-7447 R: 2207 e 2210 [email protected] [email protected] EDITOR-RESPONSÁVEL: Renato Rocha JORNALISTA-RESPONSÁVEL: Francisco Teixeira PRESIDENTE DE HONRA: Beatriz Roquette-Pinto DIRETORIA: PRESIDENTE: Luis Carlos Saroldi VICE-PRESIDENTE: Regina Amaral de Salles TESOUREIRA: Leonete dos Santos Marback ATIVIDADES CULTURAIS: Francisco Teixeira COMUNICAÇÃO SOCIAL: José Renato Monteiro PATRIMÔNIO: Reinaldo da Silva Ramalho SECRETÁRIO: Renato Rocha CONSELHO FISCAL: Sérgio Cabral, Norma Tapajós e Otto A. de Castro ZITO BAPTISTA FILHO,nosso veterano produtor, completou 77 anos em abril. Viva ele! A OBRA de Geir Campos, poeta e exprodutor da MEC AM (onde começou em 1954), é o tema de “A profissão do poeta”, de Anibal Bragança e Maria Lizete dos Santos, que, gentilmente, enviaram um exemplar autografado para nossa biblioteca. PAULO AUTRAN, outro ilustre ex-colaborador da MEC AM, também autografou e dedicou um CD onde interpreta poemas escolhidos de Carlos Drummond de Andrade - outro poeta que também foi funcionário da Rádio e cujo centenário se comemora este ano. COLABORADORES: O PROJETO que torna obrigatória a numeração sequencial de livros e discos, após aprovação da Comissão de Constituição de Justiça da Câmara, foi vetado pelo Presidente da República. Mas chamou atenção, mais uma vez, para esta antiga reivindicação dos autores nacionais.. Paulo Garcia, Renata Mello e Fábio Pimentel CONSULTOR JURÍDICO: Letácio Jansen CONTADOR: Manoel Mescouto COORDENAÇÃO GRÁFICA: J. C. Mello OS QUE FORAM a Las Vegas, em maio, para visitar a feira da NAB, a associação de emissoras de Rádio e TV dos EUA, saíram de lá achando que o rádio, tal como é hoje, ficará tão ultrapassado quanto a vitrola. Será? Tipológica Comunicação Integrada (21) 2509-3366 IMPRESSÃO: Reflexão, e informação sobre a música A Revista da Academia Brasileira de Música Faça sua assinatura anual (R$20,00) Telefax (21) 2205 3879 • www.abmusica.org.br • [email protected] 2 Lançamento CD Mário Tavares Compositor sai da sombra do Maestro Academia Brasileira de Música, viveu uma de suas grandes noites durante o prestigiado recital e coquetel de lançamento do novo CD da Série Repertório Rádio MEC. Dedicado às composições iniciais do compositor e maestro Mário Tavares, o 16º CD da Série Repertório (veja anúncio na página 4) é, também, o 6º disco desta série realizado com o apoio da ABM – um dos nossos principais parceiros na área discográfica. O evento, que teve apoio cultural do Lidador e dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC, mereceu cobertura da TVE e contou com a participação musical do Quinteto Villa-Lobos, que executou o Quinteto de Sopros do muito conhecido maestro e pouco conhecido compositor. A importância cultural do acontecimento cresce ainda mais pelo fato de que o CD em foco é o primeiro e único, até agora, consagrado inteiramente à obra do compositor (veja comentário crítico de Luiz Paulo Horta, nesta página). A presença de representantes e colegas da Rádio MEC, da ABM e do meio musical, transformou o evento em verdadeira celebração, pois Mário Tavares, além de ser ocupante da cadeira 30 da ABM, foi funcionário da Rádio MEC, por muitos anos. Edino Krieger – que estava na Alemanha e foi o principal responsável pela realização do CD – fez-se presente por intermédio de um e-mail, transcrito abaixo, que foi lido pelo compositor Ricardo Tacuchian, o mestre de cerimônia do evento. A "Não podendo ter o prazer de estar presente ao lançamento do CD dedicado ao Maestro, Acadêmico e amigo Mário Tavares, envio aqui da Alemanha um abraço caloroso ao nosso homenageado, e os parabéns à ABM (Academia Brasileira de Música) e à SOARMEC, por haverem possibilitado a edição deste CD, modesto tributo a um grande compositor, e a um baluarte da música brasileira, responsável pela estréia de dezenas de obras, como grande regente que é. Estou encaminhando os vários exemplares do CD, que me foram enviados pela ABM, através da Neném, a diversas pessoas, orquestras e instituições daqui, e também, a emissoras de rádio. Eu e a Neném enviamos um abraço afetuoso ao Mário e à Gláucia, que é a esposa do Maestro, companheira que está sempre ao lado dele, e a todos os amigos da ABM e da SOARMEC. Estaremos também, aqui, fazendo um brinde ao Mário." Edino Krieger, Alemanha Luiz Paulo Horta De cima para baixo: o Quinteto Villa-Lobos, durante a execução do “Quinteto para Sopros” de Mário Tavares; flagrante da platéia aplaudindo; e o Maestro autografando seus discos, cercado por Maria Pompeu, Alceo Bocchino, sua esposa Glaucia e Gloria Queiroz. (fotos J.C. Mello) A primeira reedição Trata-se do disco Romance das Cordas – editado originalmente em LP, em 1959, com arranjos e regência de Mário Tavares –, que foi remasterizado por Luiggi Hoffer, e teve a estupenda tiragem de 2 (dois) exemplares: 1(um) para o próprio Mário Tavares e outro para a Discoteca da Rádio MEC. Com repertório composto por temas eruditos exaustivamente visitados pelos incontáveis arranjadores e vinhetistas do rádio ao vivo, do cinema falado e do longa duração, o disco, segundo seu arranjador e maestro, é a primeira tentativa brasileira de concorrer comercialmente com os George Melacrino, os Dimitri Tiomkin e outros grandes regentes-arranjadores que popularizaram os “standards” da música clássica internacional. Mestres da diluição dos grandes melodistas eruditos (SaintSaens, Tchaikovsky, etc.) e precursores da chamada “Beautiful Music”, tais maestros foram os Maestro e compositor, 74 anos, Mário Tavares está sendo homenageado com um CD, que é o 16º volume da coleção “Repertório Rádio Mec”. São gravações antigas que recuperam momentos importantes da nossa música contemporânea. No caso de Mário Tavares, a homenagem é ainda mais significativa porque o maestro atuante deixou um pouco na sombra o compositor. As peças deste CD representam um retrato musical bastante consistente. Um Estilo desembaraçado de Algemas Estéticas O concertino para flauta, fogote e cordas dá uma boa idéia de como se fazia música lá pelos idos de 1959 – quando Mário Tavares ainda era sobretudo o excelente violoncelista que chegara do Rio Grande do Norte para ocupar um lugar de destaque nas estantes da OSB. Esta deliciosa obra concertante é escrita com mão leve, dentro de um contexto tonal que permite, mesmo assim, todas as liberdades. Fagote e flauta vão conversando, com o apoio da orquestra, numa atmosfera de vivacidade e imaginação. É o retrato de um compositor livre dos constrangimentos que tinham pesado sobre gerações anteriores – quer do lado do serialismo, quer no nacionalismo militante. Edino Krieger, perfeito contemporâeo de Mário Tavares, também é um exemplo desse estilo – que agora, nas gerações mais moças, aparece, por exemplo, na obra de Ronaldo Miranda. O contexto brasileiro está presente; mas sem que isto seja uma obrigação, ou compromisso. Mais densa é a Sonata nº 1 para violoncelo e piano, que se beneficia da ótima interpretação de Iberê Gomes Grosso (patrono dos nossos violoncelistas) e Ilara Gomes Grosso. De novo, toques brasileiros numa obra que, mesmo assim, atende aos cânones da forma sonata. (transcrito de O Globo de 18/07/2002) da SOARMEC inventores das trilhas e vinhetas que pontuavam as cenas dos filmes e constituiam a “sonofonia” das novelas radiofônicas. O sonofonista foi, diga-se, o precursor dos DJs – operava com dois toca-discos, enquanto os radioatores atuavam. Para os ouvintes da Rádio MEC, o disco possui um interesse adicional, porque Mário trabalhou à frente da Orquestra de Câmara da Rádio, por cerca de 10 anos; e quase todos os 19 músicos que participaram – Iberê Gomes Grosso, Zlatopolky e outros – eram contratados da OSN. E, mais: o responsável pelo registro – que poderia perfeitamente ter sido feito no Sinfônico – é o lendário técnico Manoel Cardoso, que também pertenceu à emissora e foi um dos que ajudaram a estabelecer o padrão sonoro da Rádio Mec. Renato Rocha 3 Enriqueça seu repertório com as Séries Repertório Rádio MEC Instrumental Brasileiro Inédito Gibran Helayel - composições e solos 1- Brejeira Varanda das Serestas: 2- Afinando o violão 3- Silêncio 4- Inquieto 5- Parati 6- Valsa na Madrugada 7- Volto já (p/ 2 violões) 8- Ventos Suíte Caladas Estrelas: 9- Tangueando 10- Choro Lento 11- Valsa Rápida 4 Trio Botelho Freitas Fagerlande 12- Camafeu 13- Dança 14- Cantorias (p/ 3 violões) Tardes Brasileiras 15- A Tarde 16- O baile nas águas 17- Suspiros 18- Carrossel 19- Bianco 20- Sonhos 21- Elfo Conselheiro Cinco Prelúdios MÚSICA A3 SUÍTE QUADRADA AMOROSO SOPROS E INVENÇÕES ARLEQUIM CARINHOSO GAIOLA ABERTA PEQUENO DIVERTIMENTO TRIO Nº 2 1.2.3 VENDAS: (021)2221-7447 ramais 2207 ou 2210. E também no CCBB, Loja Funarte, Arlequim, Paço Imperial, Estação Botafogo, Estação Unibanco, Livraria da Travessa, Livraria Berinjela, Macabrú, Prefácio Livraria, Livraria Ponte de Tábuas, Modern Sound, Toca do Vinícius, Lamúsica, Saraiva (RJ e SP), MicroStore (SP), Musical Box (SP), FNAC Brasil (SP), Iluminações (Campinas), Scriptum Livraria e Papelaria, CD Plus, Disco Mania (BH), Opus (Recife) e Oliver Discos (PB). Continuando a continuar 7ª Assembléia elege a 6ª diretoria da SOARMEC o dia 13 de maio, passado, conforme edital de convocação publicado no JB, realizou-se a 7ª Assembléia Geral da SOARMEC, no Salão Nobre da Faculdade Nacional de Direito, que, gentil e novamente, cedeu aquele histórico espaço aos Amigos Ouvintes. Como sempre, a SOARMEC disponibilizou farta documentação escrita aos interessados em conferir a história administrativa dos Amigos Ouvintes – livros de atas das Assembléias e do Conselho Fiscal, cópias da Prestação de Contas, e vários exemplares encadernados do Relatório de Atividades. A chapa “Continuando a continuar”, única a se candidatar e eleita por aclamação para a gestão 20022004, conta com: Luiz Carlos Saroldi, presidente; Regina Salles, vice-presidente; Francisco Teixeira, diretor cultural; José Renato Monteiro, diretor de comunicação; Leonete Marback, diretor-tesoureiro; Renato Rocha, diretor-secretário e Reinaldo Ramalho, diretor de patrimônio. Allan Lima e Carlos Acselrad são, respectivamente, diretores suplentes de Atividades Culturais e de Comunicação. (Por problemas de espaço, não estamos publicando o Relatório de Atividades da última gestão. Os interessados podem obter cópias do documento em nossa sede. Veja resumo das realizações do biênio, na página 12) N fotos J.C. Mello PRONUNCIAMENTOS Maria Yedda Linhares - Quero elogiar os companheiros que nesses 2 anos fizeram o possível no sentido de permitir a continuidade de nossa Sociedade, que enfrentou momentos realmente muito difíceis. Lembro sobretudo os nossos funcionários que nem ao menos pagamentos recebiam no fim do mês. Um dos prazeres que tive foi o convívio com o nosso senador Saturnino Braga, que se mostrou extremamente amigo da Sociedade. (...) Eu me sinto um pouco responsável por não ter tentado mais chegar a uma aproximação com a direção da Rádio, com a ACERP e com as entidades que respondem pela radiodifusão educativa em nosso país. Tentei alguns contatos com a administração em Brasília, mas não foi adiante. (…) Pensei em realizar um grande evento – com participação das universidades, dos intelectuais e representantes de países – para debater a radiodifusão educativa. Enquanto não houver uma tomada de consciência por parte da Sociedade Brasileira, dos partidos políticos e dos intelectuais, da importância de uma participação do Estado nessas entidades – na Rádio e na TV – nós não vamos encontrar um caminho satisfatório. O final me parece claro: será o fim da Rádio MEC e da TVE – ou então serão emissoras mantidas apenas como ornamento, sem qualquer penetração maior na cultura brasileira, na vida educacional do país e, principalmente, na vida política do país. Lamento não ter cumprido tudo a que me propus, mas acredito que tivemos algumas grandes satisfações. Basta citar duas atividades: a entrega do piano e o aparelhamento que permitirá a recuperação de todo o Acervo da Rádio. Só isso já justifica os dois anos de lutas e de noites mal dormidas. Muito obrigada e perdoem se eu, pelo menos, não pude fazer mais. Renato Rocha - D. Maria Yedda assinalou que tivemos percalços, nos últimos dias, com relação à composição de nossa chapa. Somos transparentes, e o que vier a acontecer aqui vai sair em nosso jornal, da mesma forma que no jornal saíram os erros que cometemos na compra do piano – para que sirva de exemplo e alguém possa aprender com os nossos erros. Fala-se muito em Sociedade Civil Planetária, mas a nossa Sociedade Civil está ainda engatinhando. Acho que esses percalços fazem parte desse processo de amadurecimento, porque é uma coisa difícil vencer a inércia. É difícil congregar pessoas. Quero dizer que a chapa “Continuando a continuar” está com nova escalação para presidente, e, para que possamos entender por quê, eu gostaria que fosse lida aqui a carta de Mariano Gonçalves, na qual ele explica os motivos pelos quais está declinando da indicação. A Assembléia é soberana para apreciar os fatos.” A partir de cima: Maria Yedda Linhares abrindo o encontro; aspecto da platéia, com o senador Roberto Saturnino, em primeiro plano; o presidente e a secretária da Assembléia, Décio Luiz e Rosa Villar, ladeando Maria Yedda Linhares; vista geral da platéia; Xico Teixeira, ao microfone; e, abaixo, Luiz Carlos Saroldi, o presidente e a secretária do encontro. Carta de Mariano Gonçalves Neto “Há cerca de dois meses, recebi telefonema do Maestro Edino Krieger, me convidando para ser o próximo Presidente dessa excelsa Entidade (...) Eis que, após o dia 1º de maio, me telefonou o Sr. Renato Rocha e atendendo à seu chamado, iniciei contatos e divulgação em todas as Salas e Entidades, convidando-os à Assembléia e minha eleição. Enquanto organizávamos, foi este companheiro até o auditório, 6ª feira, 10, assistir Josephina Mignone e Miriam Ramos, quando “pedi ao Lauro Gomes que anunciasse tal evento”. Ele, gentilmente foi à Diretora que estava na cabine, e recebeu o negativo. “Grato”, fui depois até o gabinete dela e me apresentei, buscando o diálogo; e bem atendido. Desci e narrei ao Renato e demais presentes. Renato discordou e aceitei a crítica pois agi sem conhecer os trâmites. No sábado, recebi telefonema dele; que me acusou de precipitação, dizendo que não me canditatasse, sob pena de entregar a Entidade. Por mais que me defendesse, ele foi irredutível, pelo que lho deixo, como naquele momento, à vontade, para buscar um outro Presidente (...) Lamento sinceramente o ocorrido.” .Luiz Carlos Saroldi – Eu fui um daqueles que estavam com Renato Rocha na fundação desta entidade. Me coube a vice-presidência, então, e tive que ocupar a presidência por causa do falecimento do professor Jorge de Souza e Silva. Depois fui reeleito para presidir a segunda gestão. Creio ter contribuído o suficiente com a SOARMEC, para me permitir ter me afastado dela por algum tempo, por outras razões – não por discordância ideológica ou de qualquer outro tipo. Lastimo que tenha havido esta dificuldade, que acho que foi um mal-entendido. Não tenho a menor dúvida de que Mariano Gonçalves não teve nenhuma má intenção em seu gesto. E também conheço bastante o temperamento do Renato Rocha para imaginar que ele também não tem nada contra, a não ser a defesa do que ele sabe que é a SOARMEC. Mas não é apenas a Sociedade dos Amigos que estâ em crise: é o mundo todo. Há 8 meses tivemos o 11 de setembro, que nos deu a dimensão dos absurdos que nós podemos viver. Temos o exemplo da Argentina – país vizinho e irmão – que há 4 meses está numa enrascada, aprisionada por um sistema econômico injusto, altamente prejudicial a todos nós, não só a eles. Então, eu penso que D. Yedda tem razão ao achar que fez pouco, nestes dois anos. Mas citou dois fatos muito positivos: a entrega de um piano novo a uma emissora do governo e a adesão do senador Roberto Saturnino, nos apoiando. (…) foram dois anos apenas de uma administração, e nós temos exemplos de pessoas que ficam 8 anos e dão em coisas terríveis, como o governo do Fujimori e outros. Se formos avaliar as realizações do atual governo, nós vamos ver que a miséria continua aí, nas ruas, no Campo de Santana, ao nosso encontro. Isto é visível. Ninguém está defendendo esta ou aquela posição política. É uma questão de cidadania. Todos nós somos responsáveis pelo bem público. E a SOARMEC é exatamente isso: ela nasceu há 10 anos, num momento em que algumas pessoas pararam para refletir no que estava sendo feito da memória de Roquette-Pinto e da única emissora educativa digna desse nome (...) que depois foi sendo gradativamente esvaziada de suas funções educativas e culturais. E é isso que nós tentamos resgatar através da SOARMEC, e é isso que ela vem fazendo através de seus CDs, através de seu jornal, do piano e de outras coisas mais, em sua atuação diária ao longo desses anos. Eu tenho a impressão que mais do que nunca será necessário essa dedicação e esse apoio diário a uma entidade que não é do Renato Rocha, nem do Sérgio Cabral, nem da Regina Salles, nem do Chico Teixeira, mas é de todos nós. Cada um, na medida de suas possibilidades, que dê a sua contribuição. Alguns contribuem pagando uma mensalidade e outros com sua presença, atuando, escrevendo, participando. Então, eu, nesse momento, agradeço a indicação de meu nome e a oportunidade de mudar alguma coisa numa rotina que se tornou rígida, difícil de ser rompida. Então, vamos tentar. Espero ter forças para por isso em prática. 5 Organização Social na berlinda Como sabem nossos leitores, desde os primeiros rumores de extinção da Fundação Roquette-Pinto, em julho de 97, e sua subsequente transformação em OS, no ano seguinte, este informativo vem publicando os principais pronunciamentos a respeito do assunto.Os textos transcritos nesta página– assinados pela professora Carmem Lúcia, filha de Roquette-Pinto, e pela gerente de rádio da ACERP, Maristela Rangel–, foram publicados no JB e configuram a mais recente polêmica a respeito da transformação da Rádio MEC em Organização Social. Confiram. Rádio para todos Uma rádio para todos Resgate da Rádio MEC A Rádio MEC é sucateada com o consentimento do governo federal, através de mecanismos insidiosos e ilegais, sem que nenhuma voz dentro da administração clame contra esse crime. A depreciação da cultura e da educação chegou, no Brasil, a esse ponto. Todo país que se preza faz questão de ter uma emissora de rádio que pertença ao governo, que dê ênfase à sua política cultural e educacional. Por que nosso país é diferente? O Ministério da Educação não se interessa em ter uma rádio comprometida com programas educativos e culturais para a população. A doação por RoquettePinto, em 1936, das instalações e do patrimônio da emissora por ele criada, foi endereçada explicitamente ao Ministério da Educação e Saúde, como se chamava na época. Por que o governo, a partir de 1997, deixou que a rádio saísse do ministério? O Ministério da Educação abandonou totalmente a Rádio MEC e seu valioso patrimônio, permitindo que passasse às mãos de uma organização privada, sem consultar nenhuma entidade civil da área de radiodifusão. Tudo foi feito sem o conhecimento dos verdadeiros interessados e proprietários da rádio, a população. Além da falta de respeito à vontade do doador, há irregularidades espantosas, com várias vantagens concedidas à organização privada que ficou de gerir a Rádio MEC e seu valioso patrimônio e na realidade utiliza dinheiro público sem a menor responsabilidade nem - pior - controle por parte do governo. Onde anda o patrimônio doado em 1936 pelo grupo da antiga Rádio Sociedade e aumentado durante os anos de gerenciamento responsável com um acervo musical e cultural valiosíssimo? O ministro da Educação e o governo precisam dar uma resposta satisfatória à população brasileira, dona da rádio. A população quer uma rádio viva, que faça jus a uma sociedade que acredita no seu futuro. Essa rádio já existiu e um dia será revivida. Uma rádio que dê voz a todas as camadas da população, da elite aos excluídos. Não é difícil alcançar esse objetivo. A Rádio MEC já foi assim e só assim estará em consonância com os objetivos de Roquette Pinto ''Pela cultura dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil''. Em artigo aqui publicado no dia 19 de junho, a professora Carmen Lúcia Roquette-Pinto ataca o que chama de ''sucateamento da Rádio MEC'' e propõe que se faça rádio para todos. Possivelmente por falta de informação, baseia a sua tese em um equívoco, o de que a Rádio foi entregue à iniciativa privada, em um processo com ''irregularidades espantosas''. A Rádio MEC é uma empresa pública não estatal, integrante da organização social Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, que presta contas regularmente ao governo federal. Basta ouvir a programação das emissoras AM e FM da Rádio MEC para constatar que não procedem as acusações de sucateamento e de esquecimento dos compromissos educativos e culturais. Com uma grade formada por 24 programas semanais, a MEC AM permanece fiel à música brasileira de qualidade, do samba ao choro, da bossa nova à música instrumental. Toda a programação é entremeada pela série Nosso Tempo, dirigida a portadores de deficiência. Somos a única rádio a abrir espaço para o assunto. Na FM, continua a ênfase à produção musical erudita, um gênero cada vez mais raro na mídia radiofônica. Entre os destaques da grade, que tem 40 programas semanais, estão Altamiro (apresentado por Altamiro Carrilho, com entrevistas e música), Sala de Concerto (transmitido ao vivo do estúdio sinfônico), Ópera Completa (um dos mais tradicionais do rádio, veiculado há mais de 30 anos) e Músicas e Músicos do Brasil (segundo mais antigo programa do rádio brasileiro, criado em 1958, também com apresentações ao vivo). Em 2001, a Rádio MEC AM veiculou 1.566 horas de programação ao vivo e 1.533 horas de programação gravada/montada, com um total de 3.085 horas de música brasileira de todos os gêneros. A emissora FM produziu 48 horas de programas ao vivo, 3.264 horas de programação gravada/montada e 4.224 horas de seleção musical. Nessa contabilidade, cabem ainda campanhas educativas, como as séries Pensando com Você, Cinema Brasil-Curtas Estórias e Memória do Teatro Brasileiro. Para ampliar essa contribuição à cultura brasileira, reativamos o selo Rádio MEC, que, no ano passado, produziu CDs de artistas do quilate de Hermeto Pascoal, Sérgio Ricardo, Diana Pequeno, Nelson Sargento, Carlos Malta e Wilson Moreira, entre outros. Essa produção fonográfica, além de um exemplo de atividade autosustentável, tem reconhecida contribuição para a divulgação, o resgate e a preservação da música popular brasileira. A Rádio MEC faz efetiva e comprovadamente um rádio para todos. É preciso que a população e os ouvintes saibam que a privatização da Rádio MEC começou em 1998, quando a Fundação Roquette Pinto, à qual a rádio estava subordinada, repassou, através de um contrato de gestão, a emissora e seu patrimônio a um grupo privado que comanda a organização social denominada Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto – Acerp. Como um grupo privado pode receber, sem autorização do Congresso Nacional, sem visibilidade e sem processo licitatório, um patrimônio de radiodifusão público, doado ao Ministério da Educação pelo educador Roquette Pinto? A Promotoria da República considera o ‘’contrato de gestão’’ ato lesivo ao patrimônio público, pois ressalta que, além da falta de licitação, fere também o princípio constitucional que determina ser prerrogativa do Congresso Nacional a concessão de canais de rádio e TV ao setor privado. A Secretaria de Controle Interno da Presidência da República, Ciset, no relatório de auditoria número 043/2001, detectou irregularidades graves, como contratações sem licitação e um número considerável de bens não localizados, constantes do patrimônio repassado à Acerp. Além desses desmandos, a auditoria da Ciset salienta o sucateamento de 13 prédios e diversas instalações sem manutenção, com alagamentos, instalações elétricas precárias e nenhum desses bens segurados, o que coloca em risco o acervo musical e fotográfico, bem como depoimentos e imagens que pertencem à memória do país. Em relação ao desempenho, o Tribunal de Contas da União concluiu que a Acerp não atingiu as metas propostas e teve atuação insatisfatória. A área da educação, que com a cultura constitui a missão da Acerp, não é priorizada na Rádio MEC. O Departamento de Educação foi extinto, só existindo uma ‘’assessoria de educação’’, não havendo nenhuma diretoria ou gerência para a questão cultural e educacional, não se justificando, assim, os vultosos recursos repassados pelo governo federal à Acerp. Por todas as razões citadas, fica evidente a inadequação desse modelo de organização para a área pública. As atividades da Rádio MEC devem ser retomadas pelo Estado, com controle público e objetivos estritamente educacionais e culturais. Carmem Lucia Roquette-Pinto Maristela Rangel Carmem Lucia Roquette-Pinto CURSO DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA Adágio Músicas e Instrumentos Ltda. Partituras, Métodos e Álbuns em geral Conserta-se instrumentos musicais Vendas em Consignação Jandira S. Lopes Toque um instrumento! Participe de conjuntos! Crie sua música! Cante! Os melhores professores de música popular brasileira estão no CBM. Gerente Informações e inscrições: Tel/fax (021) 240 6131 / 2405481 Pça. Tiradentes, 9 sl 308 - Centro - RJ Tel/Fax: 2220-0846 6 e-mail: [email protected] “uma volta ao passado dos grandes filmes, das velhas matinês!!!” Cine Clube "FILME ANTIGO" Tex./Fax: (021) 2711-0601 C. Postal: 10.5039 Icaraí - Niterói - RJ CEP. 24.230-970 Caminhos do Diálogo discos da série Repertório Rádio MEC - para a qual a SOARMEC está pleiteando recursos junto à Petrobrás (Programa Petrobras Música). Um nova diretoria da SOARMEC está com dos gestos inequívocos do presidente da planos bastante ousados para o próximo ACERP, no sentido de querer trabalhar em harbiênio. A primeira coisa a fazer é dar monia com a SOARMEC, foi de assumir parte continuidade a tudo de positivo que foi feito da contrapartida exigida pelo MinC, em relação pela gestão anterior e, neste particular, aos recursos que a SOARMEC recebeu para a nunca é demais ressaltar as importantes adquirir os modernos equipamentos do estúdio realizações da professora Maria Yedda de pré -remasterização de áudio, que será monLinhares e do maestro Edino Krieger, junto tado no 4º andar, e é fundamental para a com sua equipe. Mas é preciso dar novos Barbosa Lima e os assessores Lúcio Cavour e Carlos Adalrecuperação do arquivo sonoro da rádio. passos no sentido de que a entidade possa Fernando berto (3º,4º e 6º, a partir da esquerda) com a diretoria da SOARMEC. O próximo passo em direção ao diálogo foi o voltar a ocupar espaço tanto junto a seus encontro da nova diretoria da SOARMEC com a sócios como diante dos atuais dirigentes da nesse sentido, foi marcar um encontro com o Rádio MEC. presidente da ACERP, Fernando Barbosa Lima, que gerência da ACERP-Rádio, uma semana depois. A reunião transcorreu com muita cordialidade e selou em defiCom relação aos primeiros, a Sociedade deve aconteceu no dia 05 de junho. manter e ampliar o contato através do jornal e A partir daquele encontro (foto), iniciou-se um pro- nitivo os novos rumos deste relacionamento, pautado também, voltar a transmitir informações periódicas cesso de reaproximação dos dirigentes no sentido de pela ética e respeito. Tudo isto só é possivel porque a pela Rádio, com promoções e eventos que possam melhorar as relações institucionais entre as entidades. O motivação maior que nos leva a trabalhar pela Rádio atrair mais amigos para o seu quadro de sócios. Mas resultado foi promissor. Da parte da ACERP, o presi- MEC é a obsessão que todos nós temos de ver uma rádio isto é um trabalho a médio e longo prazo. De imediato, dente Fernando Barbosa Lima demonstrou entusiasmo cada vez mais vibrante, autêntica, independente e única. a nova diretoria já mostrou que quer o diálogo franco com os planos da nova diretoria e determinou todo o E nesse aspecto não podemos abrir mão de seu carácter e aberto com todos os dirigentes da ACERP e da apoio necessário. De imediato, assinou as autorizações educativo, renovador e criativo. É por isso e para isso que própria Rádio MEC. Uma das primeiras medidas, para a edição do disco de Mário Tavares e para mais 20 estamos neste caminho, juntos. Xico Teixeira Foto F. Prado A Três perdas José Vieira Brandão Perilo Galvão Peixoto (1911-2002) (1914 - 2002) Pianista, pedagogo, regente e compositor, era o decano dos compo-sitores eruditos brasileiros. Aluno de Alfredo Richard, Souza Pinto e Raimundo Silva, no Instituto Nacional de Música. Começa a compor em 1926 (Minueto para piano). Conclui curso de piano com Custódio Góis, na Escola Nacional de Música, onde foi premiado com a medalha de ouro. Torna-se concertista em 1928. No ano seguinte, torna-se professor de música e canto, iniciando uma carreira didática que não mais abandonará. Em 1930, diploma-se em Música e Canto Orfeônico e torna-se amigo de Villa-Lobos, de quem se tornará colaborador. Em 1934 é nomeado professor de Canto Orfeônico da prefeitura do Rio de Janeiro. Funda o Madrigal VOX. Em 1936 torna-se Coordenador Geral de Ensino de Canto Orfeônico no Rio de Janeiro. Com bolsa de estudo cedido pelo Departamento de Estado, vai, em 1945, para os EUA, onde estuda mas também dá aulas na Universidade de Columbia entre outras, e consagra-se como concertista. Volta ao Rio de Janeiro, em 46, e participa da fundação da Academia Brasileira de Música. Retorna aos EUA, com Villa-Lobos, onde o ajuda a montar a ópera Madalena. Desde 1990 era presidente do Conservatório Brasileiro de Música. Em 97 recebeu o prêmio Nacional de Música, da Funarte. O 13º CD Repertório Rádio MEC é totalmente dedicado à obra do compositor. Principais composições: Suíte nº 1, e Serestas 1 e 2, e Sonata (todas para piano); Choro para Quarteto de Madeiras; Quarteto Cordas nº 1, e Trio para Violino, viola e celo; e dezenas de canções. . Foi um dos maiores dermatologistas que o país já teve. Especializou-se em doenças de pele e sífilis, foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sifilografia e redator-secretário dos Anais Brasileiros de Dermatologia e Sifilografia. Amigo de Graciliano Ramos, livrou o romancista de incômodas verrugas nos dedos, que dificultavam seu ofício de escrever. Isso tudo já daria uma vida, mas ele ainda foi jornalista, crítico e produtor musical, membro fundador da ABI e da Academia Brasileira de Médicos Escritores . Mas foi uma outra atividade paralela – a de radialista –, que lhe deu maior notabilidade. A ele e a sua esposa, Marina de Moura Peixoto - pianista detentora de Medalha de Ouro da Escola Nacional de Música, musicóloga e radialista. Os dois trabalharam na Rádio Ministério, durante os anos 50. Marina dirigiu a discoteca e chegou a exercer a Direção Artística, falecendo em 75. Perilo aprofundou-se no estudo da música erudita, e tornou-se, em meados da década de 50, uma das maiores autoridades em ópera no Brasil. Na Rádio produziu e apresentou o programa “Oferenda Musical” e produziu o “Ópera Completa”. Ele foi um dos que estabeleceram o formato das transmissões ao vivo, pois transmitia as temporadas líricas diretamente do Theatro Municipal, e não só descrevia e comentava os espetáculos, como ouvia nos bastidores os cantores e músicos e, na platéia, as celebridades presentes. Fazia ainda reportagens musicais, indo aos hotéis onde se hospedavam os grandes intérpretes estrangeiros, para entrevista-los, traduzindo depois as informações para os ouvintes. Paulo Franklin Correa (1920 - 2002) Poeta (Céu dos Míseros/1946 e Quase Vigília/1953 - Ed. A Noite), iniciou em 1946 a carreira de jornalista através da Tribuna Popular, do então clandestino PCB. De 1950 a 56, trabalhou na Agência Nacional, integrando o Gabinete de Imprensa da Presidência da República. Em 1952 ingressou na Rádio MEC, como redator de noticiário. De 1954 a 57 escreveu uma crônica diária que, em virtude da oscilação do horário em que ia ao ar (23h ou meia-noite), chamou-se Aconteceu Hoje, Zero Hora e Hora Incerta. Contemporâneo de Alan Lima, René Cavé e Décio Luiz. A partir de 1956, trabalhou no jornal O Globo e como diretor da Divisão de Comunicação e Intercâmbio do SESC. É dele o poema abaixo. CONSELHO (a Franklin, meu filho) Te ensinarei o que posso. É pouco mas o bastante: não digas MEU, digas nosso. Nossa mesa, nosso pão, nossa festa, nossa paz. Se um dia a teu coração chegar a Dor, acharás quem te abrace com Amor e te diga: NOSSA Dor. "Viva como se fosse morrer amanhã. Aprenda como se fosse viver para sempre". Mahatma Ghandi 7 DEZ ANOS SOARMEC A Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC - SOARMEC - faz 10 anos. Estamos falando de Brasil com maiúscula com S de Sacrifício e B de Batalha, Bravura, Bem-querer, mas também Bons de Briga. Enquanto se atira dinheiro pela janela com bambans de QI abaixo de zero, a SOARMEC luta por piano de qualidade, enfeita a entrada do prédio e brilha ao conservar o acervo culturar de um país atirado aos bad e big brothers. O apoio da Sociedade tem sido decisivo para viabilizar os CDs do projeto Repertório Rádio MEC. Já são três caixas, lindíssimas. As músicas vão de Radamés Gnattali e Villa-Lobos a Cláudio Santoro, Guerra Peixe e Camargo Guarnieri. Um CD recente nos traz quatro composições do imenso Mário Tavares. A Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC é um baluarte cultural, uma trincheira contra a burrice que nos assalta e merece integrar a seleção dos que têm lutado tanto pelo que é desprezado pela mídia deslumbrada. Estou me referindo também à Collector’s, à Toca do Vinícius, ao sebo Berinjela, à Acari Records, à Kuarup, ao MIS... Meu mais comovido abraço à Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC. Não desanimem! ALDIR BLANC (O Dia 16/5/02) Desde sempre (há mais de quatro décadas) que a Rádio MEC funciona como alimento indispensável a minha saúde cotidiana. Ouço-a em casa, no carro, no escritório. O surgimento da SOARMEC foi um evento extraordinário para a garantia da permanência dessa fonte de energia e cultura em nossas vidas. Nesses anos de serviços continuamente prestados, a SOARMEC dignificou e elevou sua missão ao mais alto patamar. ALFREDO BRITTO, arquiteto Amigos Ouvintes Presença dos Um típico "caixote de concreto" de inspiração "estado-novista", espremido entre duas construções magníficas – o Arquivo Público (antiga Casa de Moeda) e a Faculdade Nacional de Direito (antigo Senado Federal) –, o velho prédio da Rádio MEC não tem qualquer importância em termos arquitetônicos. Seu interior, excetuando o quarto andar onde está situado o Estúdio Sinfônico, também não difere de outras muitas repartições públicas. Com o objetivo de dar maior visibilidade à Emissora e também atenuar o peso de sua fachada, a SOARMEC pediu ao arquiteto Alfredo Brito – atual responsável pela reforma do Arquivo Público – que estudasse uma possibilidade barata de atender a essas duas necessidades. E o resultado foi um préprojeto, ainda não implementado, mas que, além da fachada (foto 1), contempla também o pátio de entrada – uma vasta área cimentada que serve como estacionamento de automóveis. Nestas páginas, estamos exibindo o passeio fotográfico feito por J.C. Mello nas dependências da Rádio MEC, mostrando as principais benfeitorias que os Amigos Ouvintes conseguiram realizar no espaço físico da Emissora, nos últimos dez anos. 1 2 3 Eis o pátio de entrada da Emissora, hoje. Imagine-o sem os vasos e plantas das fotos 2 e 3, e terá uma idéia de como ele era, antes. 6 4 5 7 Se você for para a Cantina, no 1º andar (para a qual providenciamos nova pintura), vai se deparar com este grande pôster legendado (foto 6) . E se for até o Setor de Pesquisa, vai notar a bela porta de vidro gravado com jato-de-areia que colocamos, no lugar da porta-cega que ali existia.(7). Quem espera o elevador, no térreo, se depara com o poster legendado contendo fotos do lançamento do livro Quadrante (4). Quem for até o Auditório, verá, no fundo do palco, a foto de Roquette-Pinto (5), para a qual providenciamos restauração e moldura nova. 10 A Sociedade dos Amigos Ouvintes da Radio MEC tem um defeito: deveria ter começado bem antes. ALLAN LIMA, produtor cultural Foi com o maior prazer que participei como integrante do Trio Botelho-FreitasFagerlande da gravação do 1º volume do Instrumental Brasileiro Inédito, pelo selo da SOARMEC Discos. Foi criado um espaço extremamente importante para a Música Brasileira, seja popular ou de concerto, sempre com um compromisso com a qualidade. Isso sem falar nos lançamentos de antigas gravações da Rádio MEC, um tesouro de valor incalculável, que se não fosse por esta iniciativa também da SOARMEC ainda estaria mofando (no sentido literal da palavra) em arquivos inacessíveis ao público e pesquisadores. Só podemos felicitar todos os responsáveis pela Sociedade e desejar força e coragem para esta luta que não acaba nunca! ALOYSIO FAGERLANDE, músico 8 11 No 2º andar, dependendo do elevador, você sairá de frente para a SOARMEC (foto 8 e 9), ou para a reprodução de Man Ray, na descida da escada (10). Atravessando a porta de vidro (foto 8 e 15), encontraremos, já no corredor, os posters de colaboradores históricos da Rádio, como Magalhães Graça (11), José Oiticica (12), Edna Savaget e convidados (13), Manoel Bandeira (14), Roquette-Pinto, visto através da porta de vidro para a qual providenciamos gravação em jato de areia, do antigo prefiso da Emissora (15), Oswaldo Diniz (16) e Geny Marcondes com elenco do programa “Reino da Alegria”. 12 8 10 9 13 14 15 16 17 DEZ ANOS SOARMEC No terceiro andar, quem for para a esquerda, passará por uma seqüência de reproduções de músicos (foto 18), até chegar na discoteca. Na primeira sala (19), encontrará uma parede decorada com relógio SOARMEC, e capas emolduradas de LPs raros. Na segunda (20), LPs e o pôster de Chico Caruso, com artistas da MPB . 18 Ainda no 3º andar, se você for para a direita, passará por uma série de obras de Cogneau, artista cuja família doou à SOARMEC quase 20 trabalhos. São gravuras em metal (foto 21) e pinturas à óleo (22), que têm a música e os grandes compositores como tema. 21 23 24 20 19 No 4º andar, também dependendo do elevador, você sairá de frente para duas das mais belas fotos do Acervo da Rádio. O flagrante do ensaio no Estúdio Sinfônico (foto 23), e o belo enquadramento do maestro Francisco Mignone regendo a OSN na favela do Jacarezinho (24 ) Passando pela porta de vidro temos, no corredor dos estúdios principais, um belo flagrante do maestro Nelson Nilo Hack (25), que muitas vezes regeu a OSN. Mais adiante, o visitante encontrará uma foto do antigo estúdio da Rádio Sociedade, na Rua da Carioca (26 ), que contrasta com os modernos equipamentos de hoje, principalmente, os do Estúdio Sinfônico, para o qual adquirimos o piano Bösendorfer que, na foto abaixo (27), está sendo tocado por Tomas Improtta. 22 Pensar que a Biblioteca Tude de Souza já está com mais de 300 livros, que o Amigo Ouvinte, que vi nascer, vem de atingir nada menos do que 33 números, e que o repertório de CDs está chegando ao número 16, me faz lembrar que, há pouco mais de 10 anos, estava tudo por fazer e que eu e meus companheiros - o professor Jorge, o Célio Reis, a Noemi, a Gizélia, o Saroldi e o Renato - estávamos partindo do nada, mas dispostos a tudo, para mostrar que a SOARMEC veio ocupar um espaço muito importante na história do Rádio Brasileiro. ARY VASCONCELOS, historiador 25 A Sociedade de Amigos do Jardim Botânico tem o grato prazer de cumprimentar a Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC pelos seus dez anos de existência, almejando que o número de associados aumente cada vez mais. CECÍLIA DA VEIGA SOARES, diretora da SAJB 26 28 27 O Plenário do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, por indicação do conselheiro Edino Krieger, congratulase com essa Sociedade pelo seu 10º aniversário, período no qual se conseguiu a recuperação de acervo musical de incalculável valor. O trabalho da Sociedade permitirá que obras musicais estejam acessíveis aos apreciadores da boa música e aos estudiosos de nossa historiografia musical. A ação da SOARMEC revela, ainda, a importância de se ter historiadora do porte de Maria Yedda Linhares como presidente, conseguindo, assim, manter vivos e ativos os ideais de Roquette-Pinto, ao criar o rádio educativo no Brasil. ANA ARRUDA CALLADO, presidente em exercício O cartaz acima (foto 28) está no Setor de Jornalismo, no 6º andar. Por falta de espaço, não mostramos as diversas sinalizações que providenciamos (como as que aparecem na foto 8), nem todas as ilustrações que emolduramos e colocamos nas dependências da Rádio – como as gravuras das cabines de audição da discoteca, a reprodução que está na sala do Acervo, ou, ainda, as que estão na própria SOARMEC. Meus efusivos parabéns pelo trabalho de recuperação do arquivo sonoro da antiga Rádio MEC. Este arquivo representa a mais completa fonte histórica, sobretudo da música erudita do nosso país. Interpretações de obras pelos próprios autores e por interpretes já lendários em nosso panorama musical, por si já merecem uma memória destacada e significam uma fonte de inestimável valor para músicos, musicólogos, pesquisadores e historiadores ligados a este assunto, até agora tão abandonado pelas iniciativas competentes. O fato de aquelas produções, já naquela época, terem sido realizadas em circunstâncias precárias e com equipamentos já então obsoletos, sublinha a necessidade "urgente urgentíssima" de se dar continuidade acelerada a este magnífico projeto, para que não se perca mais material do que lastimavelmente já desapareceu. Devo fortemente recomendar que seja dado todo o apoio necessário para o pleno desenvolvimento de vosso trabalho. ERICH LEHNINGER, músico 9 DEZ ANOS SOARMEC Eu sou ouvinte da Rádio MEC - uma rádio que sempre cultivou e defendeu a música brasileira -, sou sócio da Sociedade de Amigos e sou amigo e parceiro de um dos seus mais dedicados diretores, ou seja, sou um amigo ouvinte por excelência e só posso estar contente com esse décimo aniversário. Longa vida e contem comigo. GERALDO AZEVEDO, músico Neste seu decênio de existência, a SOARMEC tem sido a força de vanguarda na defesa da Rádio MEC e dos postulados sobre os quais ela foi criada. Grandes e vitoriosas iniciativas foram realizadas, visando sempre à manutenção do prestígio da nossa Rádio. É um trabalho árduo, contínuo, nem sempre reconhecido, mas que vem sendo desenvolvido por um grupo que não se entrega às dificuldades. Parabéns e vida longa, SOARMEC! HAROLDO COSTA, comunicador 10 SEGUNDA GESTÃO (1994-96) foto Gizélia Fernandes foto Gustavo Fernandes " Consegue, cedidos pela direção da Rádio, o ramal 2207 e a saleta existente no vão de escada, ao lado da sala-sede. " Contrata seu primeiro colaborador remunerado, a secretária Patrícia de Souza. " Chega ao 38º programa Ao vivo entre amigos, com um repertório de recitais que inclui, entre outros, os de Henrique Cazes, Sivuca, Duo Santoro, Luiz Vieira, Vital Farias, Luiz Cláudio, Esther Naiberger, PeBeatriz Roquette-Pinto inaugura a dro Amorim, Trio Violão Brasede da SOARMEC, entre Gizelia Fernandes (semi-encoberta) e o sileiro, Quarteto Strutt, e o prof. Jorge Luiz de Souza e Silva. lendário bandoneonista Ubirajara Silva. " Dá início à série "Além de res- Paulinho da Viola no “Ao vivo “Ao vivo entre amiponsabilizar-se entre amigos” gos”, que retoma a prápelas afinações tica dos programas e regulares do piano do auditório, a SOARMEC recitais ao vivo, no providenciou a ampliação e moldura para o auditório da Emissora retrato de Roquette-Pinto, que ornamenta a parede Produz 19 recitais de, do palco do auditório Paulo Tapajós. entre outros, Turíbio "Edita mais 6 números do informativo Santos, Miguel Proença, Conjunto VibraO Amigo Ouvinte. ções, Conjunto Galo "Surgem os primeiros apoidadores para ajudar Preto, Duo Barbierinas despesas de produção do programa e do Schneiter, Sônia Maria jornal. São eles: a Modern Sound, a Editora Vieira e Maria Helena Guanabara, a Editora Zahar, a Confeitaria Manon Chegada do equipamento doado pelo Consulado dos EUA. de Andrade. e a revendedora Besouro Veículos. É elaborado projeto para resgatar material " Funda e edita 7 memorialístico" do Acervo da Penha. Tal projeto, o primeiro a números do jornal contemplar o citado acervo, servirá de base para o projeto final, que você tem nas da própria Rádio MEC – executado pela equipe do pesquisador mãos. Com forte Suetônio Valença, um ano depois. viés historiográfico, " Confecciona 100 camisas com o logotipo da Emissora, para o informatiovo ofi- serem usadas pelos funcionários participantes da Rio CULT 95 e cial da SOARMEC distribuídas na festa de Natal do mesmo ano. Para esta festa conpassa a ser a única tribui, também, com brinquedos para os filhos dos funcionários. publicação regular " Apóia o 1º Festival da Canção Estudantil (co-produção), o voltada para assun- Concurso de Trova e Poesia (placa para o 1º lugar) e o I Contos radiofônicos, em curso Talentos Rádio MEC (colabora na divulgação e nas todo o país. com papelaria e cromos, além de doar placas para os " Em parceria com despesas três primeiros lugares). O duo Maria Célia Machado (harpa) e a SARCA - Socieda" Recebe, da família do pintor Edgard Cognat , a doação de 6 Maria Helena de Andrade (piano). de dos Amigos da quadros a óleo ( quatro deles de grandes dimensões) e 12 gravuRua da Carioca, a ras (60x40cm) foto Gizélia Fernandes SOARMEC promoveu uma importante festividade comemo- em água-forte, rativa dos "70 anos do Rádio Brasileiro", com a participação da assinadas pelo Banda do Corpo de Bombeiros e presença de muitas perso- artista. Após nalidades do meio radiofônico, tendo, inclusive, inaugurado uma restauração das placa de bronze na fachada do sobrado onde funcionou o estúdio molduras de da Rádio Sociedade, na Rua da Carioca, 45. todas as telas, " Em colaboração e colocação de com a SAARA, a novas molduSAFCA e a Fundaras nas gravurção Parques e Jaras, as obras foram cedidas à dins, a SOARMEC Emissora, em promoveu o "Natal regime de cono Campo de Sanmodato, com a Familiares do pintor Edgard Cognat, com tana", com a particicondição de Regina Salles e Ary Vasconcelos, tendo ao pação da grande permanecerem fundo uma das telas que nos foram doadas. Banda do Batalhão expostas no de Guardas do Gabinete da Direção e nos corredores do 3º andar. Exército e distribui" Contrata o contador Manoel Mescouto. ção de brinquedos, " É distinguida com Moção Honrosa pela Câmara Municipal doces e releases do Rio de Janeiro, pelos serviços prestados à Rádio. com a programação " Encomenda estudo preliminar, ao arquiteto Alfredo Brito, L.C. Saroldi consuzindo a festa dos 70 da Rádio MEC. para a fachada e pátio de entrada do prédio da Rádio. anos do Rádio, na Rua da Carioca. personalidade jurídica em tempo recorde (estatuto, CGC e conta bancária). " Instala sua sede numa pequena sala de 9 m² cedida pela direção da Rádio. O local, que estava abandonado, foi inteiramente reformado pela SOARMEC. "Obtém do Consulado Americano e doa à Rádio equipamento avaliado em U$25.000 (mesas de som, copiadoras, toca-discos, etc.). foto Gizélia Fernandes Poucos se dão conta de quanto e importante a participação e existência de uma Sociedade de Amigos para uma atividade cultural como a da Rádio MEC. Durante 10 anos a SOARMEC tem marcado sua presença no auxilio aos ouvintes e da própria Rádio MEC. Congratulamos-nos com a SOARMEC, em nome da Associação dos Amigos da Sala Cecília Meireles, entidade irmã "dos amigos da Rádio MEC", que neste ano também completa 14 anos de existência. Que na próxima década se repita esse sucesso. GEORG HERZ, presidente da A.A.S.C.M. PRIMEIRA GESTÃO (1992-94) " A SOARMEC conquista foto Gizélia Fernandes A Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC merece o reconhecimento e o apoio de todas as pessoas que compreendem a função cultural e educativa do rádio, especialmente no Brasil, onde o número de analfabetos ainda é grande e o livro tem penetração limitada. O trabalho incansável e conseqüente da SOARMEC pela preservação do espírito originário da Rádio MEC é digno de admiração e aplauso. Entre os seus projetos mais relevantes destaca-se o que se intitula "Visão da Literatura", que visa levar informação literária a deficientes visuais, para os quais, obviamente, o rádio é um veículo insubstituível de educação e entretenimento. FERREIRA GULLAR, poeta Resumo foto Clara Zuñiga Conheço as atividades da SOARMEC desde sua fundação, tendo participado, inclusive, de sua diretoria. Graças a ela, benfeitorias têm sido feitas, o acervo musical da Rádio vem sendo recuperado e transformado em CDs exemplares. Mas o mais importante é que a SOARMEC está escrevendo a história da Rádio Mec, por intermédio de seu jornal. Parabéns. Sinto-me orgulhosa de fazer parte de seu time. ÉRIKA H. WERNECK, jornalista DEZ ANOS SOARMEC Cronológico sultor Jurídico, o advogado Mário Lacerda. " Após concurso, é escolhido o logotipo, de Roberto Lanari, que aparece em nossos produtos e impressos. "Obtém o Alvará, o Cartão de ISS, o Cartão de Contratante e a inscrição no SICAF - papéis que legalizam a SOARMEC como produtora cultural. " Arca com o cachê do coral utilizado nas vinhetas da AM. " É distinguida com o Título de Utilidade Pública Municipal. " Apóia a Exposição dos 60 anos da Rádio AM e o 2º Festival da Canção Estudantil - FESCAN. " Cria o seu selo discográfico e, em parceria com a FURP, produz e distribui o 1º CD "Repertório Rádio MEC". " Produz a série "Falando de Música Popular", a partir de palestras gravadas na Casa de Ruy Barbosa. " Em 97, mais colaboradores: Renata Mello, secretária; Fábio Pimentel, produtor; Murilo Saroldi e Ana Paula Vieira, assistentes; Paulo Garcia, vendas e Clara Zuñiga, fotógrafa. "Consegue mais uma sala e mais um ramal telefônico. " Elabora e põe em prática o projeto Instrumental Brasileiro Inédito, gravando o trio Botelho, Freitas e Fagerlande. " Manda projeto ao FNC, para dotar o Estúdio Sinfônico de um piano de qualidade. " Cria uma biFlagrante da gravação do Trio blioteca radiofôniBotelho-Freitas-Fagerlande, no ca, que passa a funEstúdio Sinfônico. cionar na própria Sociedade, com o nome do ex-diretor Fernando Tude de Souza. " O arquiteto Alfredo Brito realiza estudo para a reforma do auditório, visando transformar a sala de projeção da Embrafilme, herdada pela Rádio, em um auditório radiofônico. " Elabora projeto "Um piano para o auditório Paulo Tapajós". " Elabora o projeto Visão da Literatura - que quer produzir programas literários para o ouvinte cego e revitalizar a arte da leitura. Aprovado pelo RIOARTE, o projeto capacita a SOARMEC a captar patrocínio. "Em parceria com a ABM, o RIOARTE e o Conservatório Brasileiro de Música, produz 7 CDs da Série Repertório. "Recupera 55 programas da série Teatro de Sérgio Viotti. "Adquire significativa quantidade de equipamento para a Rádio; para o transmissor de FM, no Sumaré; e para o transmissor AM, de Itaóca. " Doa 78 livros à Pesquisa, e 145 discos à Discoteca "Com recitais de, entre outros, Maria Josephina Mignone, Celine Imbert, Hermeto Pascoal, Guinga, Helton Medeiros, MPB-4 e Paulinho da Viola, foram produzidos, ao todo, 57 programas “Ao Vivo Entre Amigos”. " Participa, com o RIOARTE, da 2ª EXPO-CD " O Amigo Ouvinte chega ao 20º número e ao 6º ano editorial. " Produção, em parceria com a Rádio MEC, do primeiro título da série Visão da Literatura - o “Memorial de Ayres”, de Machado de Assis, em capítulos de 10 minutos. " O projeto para a compra de um piano de concertos para o Estúdio Sinfônico é aprovado. “Stand” da SOARMEC na 2ª EXPO-CD modelo 225. O instrumento fica na fábrica, na Áustria, até setembro de 99, quando, com recursos da ABM, vem para o Rio de Janeiro, ficando retido no Terminal de Cargas do Galeão, por questões alfandegárias. " Edição e lançamento (setembro de 98) de 5 títulos da Série "Repertório Rádio MEC", com obras de Edino Krieger (CD anteriormente lançado em parceria com o Lançamento da segunda coleção RIOARTE), Cláudio Camargo da Série Repertório Rádio MEC. Santoro, Guarnieri, Alceo Bocchino e Radamés Gnattali & Ernesto Nazareth. Estes CDs, produzidos em parceria com a Academia Brasileira de Música, fazem parte da 2ª Caixa Repertório Rádio MEC, indo do número 6 ao número 10 da Série. " Mais 6 CDs são lançados (novembro de 98), sendo 5 da Série Repertório Rádio MEC (no Teatro Carlos Gomes), e o primeiro da Série Instrumental Brasileiro Inédito - IBI, com o Trio de Sopros BotelhoFreitas-Fagerlande, este último com lançamento Cecília Conde e Marina Lorenzo no Espaço FINEP. Fernandez, no lançamento da 3ª caixa da Série Repertório " Participa da 3ª Expo CD, em São Paulo. " A SOARMEC torna-se, nesta gestão, uma espécie de "prefeiturinha" da Emissora, tendo, inclusive, custeado pintura de paredes, substituição de dobradiças e vidros e, inclusive, reposição de peças da aparelhagem técnica e efetuado o pagamento da taxa de recadastramento das freqüências dos LINKS de AM e FM, junto ao DENTEL. " Gravações, no Estúdio Sinfônico da Emissora, com o violonista Gibran Helayel interpretando 26 peças de sua autoria. O violonista Gibran Helayel, " Reforma total do vão de gravando no Estúdio Sinfônico escada, que era usado como depósito, transformando-o em sala de informática, incluindo, bancada, prateleiras, instalação elétrica, pintura, aparelho de ar, cadeiras Giroflex, computador PC Itautec-AMD, Impressora HP 640C e Scanner. " O Jorna "O Amigo Ouvinte" O site soarmec@soarmec com a feição que chega ao 28º tinha, quando estreou, em 1999 número. "A SOARMEC é distingüida com o Título de Utilidade Pública Estadual (Lei n.º 3.048) " É inaugurado o site www.soarmec.com.br. foto Clara Zuñiga foto Fernanda Furtado foto Clara Zuñiga foto Clara Zuñiga QUARTA GESTÃO (1998-2000) " Aquisição, em fevereiro de 1999, de um piano Bösendorfer foto Clara Zuñiga TERCEIRA GESTÃO (1996-98) " A SOARMEC passa a dispor de um Con- A saudade e a emoção sempre me envolvem, quando me lembro produzindo programas para a Rádio MEC ou como Diretora de Atividades Culturais da SOARMEC, contando com a participação de uma grande e excelente equipe. Transcorridos dez anos de SOARMEC, com a qual me congratulo e desejo mais uma longa trajetória de brilhantes serviços à Rádio MEC e, portanto, aos seus ouvintes, não podemos deixar de recordar duas saudosas personalidades: Beatriz Roquette-Pinto, guardiã dos princípios de seu pai, que contou com a SOARMEC para manter vivo esse ideal; e do 1º presidente, Prof. Jorge Luiz de Souza e Silva, a mola propulsora e o espírito unificador da SOARMEC que partiu cedo demais, cumprindo, porém, sua jornada legando as características propostas por Roquette-Pinto a todos seus pares e de maneira especial a Renato Rocha, o editor do O Amigo Ouvinte. GIZÉLIA FERNANDES, ex-produtora da Rádio MEC Nos anos 50 o Brasil viveu uma época riquíssima em sua música de concerto. Autores como Gnattali, Santoro, Guerra-Peixe, Guarnieri, Siqueira, Mignone e outros; fizeram a trilha de um país que se preparava para ser uma potência mundial. A música ficou boa, mas o país não deu tão certo. A SOARMEC ajuda a preservar e divulgar este tesouro de nossa cultura, servindo como exemplo de independência num momento em que as instituições culturais do Brasil sofrem as seqüelas da globalização em país pobre. Parabéns, vamos em frente. HENRIQUE CAZES, músico Longa vida à SOARMEC, iniciativa do mais legítimo interesse público. Para quem gosta de boa música, sua atuação junto à Rádio MEC é um muro de proteção contra o lixo musical e o baixo nível da programação veiculada pela mídia exclusivamente comercial. Ela ajuda a manter elevados os padrões de criação, a transmissão da herança cultural e dá suporte à expressão de autores e obras que escapam à lógica de mercado. Em dez anos a SOARMEC se tornou um modelo de como a sociedade civil, com gente dedicada, pode superar ao mesmo tempo burocratas e vendedores. JAIR FERREIRA DOS SANTOS, escritor Um jornal que já atingiu 33 edições, 17 CDs, uma biblioteca sobre estudos radiofônicos... todos esses e mais alguns empreendimentos são o resultado de 10 anos de atividade da Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC. Que bom seria para a memória nacional que outras entidades tivessem também suas "SOARMECs". JAIRO SEVERIANO, produtor cultural 11 Resumo Cronológico (final) DEZ ANOS SOARMEC QUINTA GESTÃO (2000 A 2002) MARINA LORENZO FERNANDEZ Diretora do Cons. Brasileiro de Música "Temos repetido aqui e ali que uma das possíveis linhas de fuga para a redundância informacional ou para o lixo cultural reciclado das televisões é a constituição de uma rede pública de radiodifusão, capaz de intervir "contradiscursivamente" no fluxo hegemônico. A Rádio MEC é um desses baluartes a ser preservado e defendido. Coisa que os Amigos da Rádio MEC têm feito, com louvor, nos últimos 10 anos." MUNIZ SODRÉ, escritor Uma sociedade participativa e persistente, que tem produzido ao longo destes 10 anos de existência, realizações concretas, sem abandonar o ideal maior de ser e se considerar suporte da Rádio MEC. Livre de precipitações, mas com muitas dificuldades, lutando com a burocracia, para atingir os objetivos de RoquettePinto, que são também os nossos, a SOARMEC segue em frente. NOEMI FLORES, ex-produtora da Rádio e ex-diretora da SOARMEC foto Clara Zuniga A SOARMEC surgiu do idealismo de um grupo de funcionários e ouvintes conscientes da importância da Rádio MEC para a preservação e difusão da cultura. Uma emissora que privilegie, em sua programação, a qualidade musical e da informação, é fundamental para o processo educativo e de promoção social de nosso povo. É nisso que acreditava Roquette-Pinto quando criou, junto com um grupo de amigos, a Rádio Sociedade. É nisso que acredita a SOARMEC. Nesses 10 anos, apesar das dificuldades e barreiras que tem enfrentado, a SOARMEC permanece vitoriosa porque tem como marca o idealismo, a honestidade e o amor à cultura. REGINA SALLES, ex-diretora da Rádio MEC 12 Cartaz deEgeu Laus A SOARMEC é vital para a conscientização de uma existência útil. Passado e presente se unem para resultados engrandecedores. Parabéns e mais dez anos! NELSON TOLIPAN, produtor " Logo no primeiro mês da gestão, objetivando enriquecer o site www.soarmec.com.br com material humano e técnico, e, principalmente, dotar nosso endereço eletrônico de uma seção especializada em Educação a Distância, elaboramos o projeto "Um site para o rádio educativo", que pleiteava recursos para a compra dos softwares e o pagamento dos serviços necessários para que pudéssemos disponibilizar, pela internet, o maior número possível de informações sobre teleducação radiofônica. "Com recursos já destinados pelo Senado Federal (leia-se Saturnino Braga), o projeto foi encaminhado ao MinC, em março de 2000. Em julho, no entanto, ficamos sabendo que o projeto teria que ser refeito, pois, por um equívoco burocrático, havia caído em rubrica que não permite contratação de serviços. "Assim nasceu o projeto "Aparelhamento Técnico da SOARMEC", que, além de seguir justificando a aquisição dos softwares para o site da Sociedade, propunha a aquisição do sistema Sonic-Solutions – o mais moderno equipamento existente para pré-remasterização de áudio, que permitirá o beneficiamento de todo o acervo gravado da emissora. " Para garantir o bem-estar da plantas, a SOARMEC passa a dar gratificação regular a um dos encarregados da limpeza, e providencia a regeneração do canteiro do pátio de entrada, que recebe terra. adubo e plantas novas. "Com o objetivo de captar recursos para bancar as despesas do armazenamento do piano, a SOARMEC idealiza e produz o recital “Um piano a muitas mãos”, na Sala Cecília Meirelles, reunido 8 dos maiores pianistas brasileiros em atividade. O recital, felizmente, possibilitou a captação de recursos junto à Embratel, que "comprou" 100 acentos do teatro, por doze mil reais (custo do armazenamento). "Quitação do débito, liberação do piano e realização do recital – no qual a lendária Carolina Cardoso de Menezes realizou sua penúltima apresentação pública gravada. "Em dezembro de 2001, como uma espécie de presente de Natal, a SOARMEC providencia massa, tinta e mão-de-obra para a pintura do refeitório e das áreas comuns e vãos de escada do 1º e do 2º andares da Emissora. "Enquanto isso, a Biblioteca Tude de Souza continua a crescer e tem seus quase 300 títulos devidamente classificados e resenhados. Confira em nosso site. O cartaz do recital “Um piano a muitas mãos”e um flagrante da apresentação de Maria Josephina Mignone, para uma Sala Cecília Meireles lotada. " Edição e lançamento (no Espaço Finep) do CD do violonista Gibran Helayel, o 2º da série IBI. " A SOARMEC assume a distribuição dos discos da ABM. "No último dia útil do ano de 2001, o projeto "Aparelha- Recital de lançamento do 2º CD mento Técnico" é da série IBI, de Gibran Helayel. aprovado pelo MinC, com a liberação de R$98.000,00 (noventa e oito mil reais) para a compra do seguinte material: Computador Power-Mac G4 (o único a rodar o sistema Sonic Solutions), módulo de memória de 512 MB, monitor Sansung de 17", estabilizador e no-break, um HDSP Processor, um No Noise Manual Declicking, um Cedar DNS 1000, um conversor AD/DA Lucid de 8 canais, um gravador de CD-Rs Plextor (específico para o sistema Sonic Solutions), um disco rígido 18GB SCSI, um monitor Active Near Field, KRK (alta sensibilidade), uma placa ADAPTEC 39160, um pré-amplificador de monitor e fones de 24 bit stereo 96 kHz D/A. Além desse equipamento, inscrevemo-nos no Sonic Care, sistema de assistência técnica (orçado em U$1.350) que nos garante, por um ano, acesso aos aperfeiçoamentos (up-grades) que o sistema Sonic Solutions possa vir a ter, e nos dá direito ao treinamento de dois técnicos, durante 18 horas, por engenheiro de som especializado no trabalho com esta aparelhagem. " Foram adquiridos, também, para nosso site, uma câmera digital Sony, DSC F-707, e os seguintes softwares (ao lado): Photoshop 6.0; Illustrator 10.0; QuarkXPress; Acrobat 5.0 e Deck Macromedia Dreamweaver. " Nesta gestão, o informativo da sociedade perdeu o "O" e passou a se chamar "Amigo Ouvinte", chegando ao 32º número e entrando no 10º ano editorial. " Produção do 16º CD da Série “Repertório Rádio MEC”,que fica pronto na véspera da Assembléia Geral Ordinária e é distribuído como brinde, entre os participantes. "Tudo que mostramos neste resumo – o piano, os CDs, o Jornal, a Biblioteca, o Estúdio, as plantas – tem dimensão concreta e pode ser fotografado. Mas a principal realização da SOARMEC, no entanto, é diáfana, incolor, inodora e quase impalpável. A principal realização da SOARMEC é puramente espiritual e acontece no nível da cultura. Mais precisamente no nível da sensibilização cultural dos nossos sócios e leitores, e dos funcionários, colaboradores e ouvintes da Rádio MEC, que estabeleceram uma sintonia com os propósitos da SOARMEC e constituem, hoje, uma espécie de "família espiritual de Roquette-Pinto " " Como última realização, vamos consignar o fato da Sociedade ter continuado a existir e ultrapassado os 10 anos de atividades ininterruptas, norteada pelas mesmas diretrizes que levaram à sua fundação, e mostrando ser possível combinar tradição com inovação, transparência com independência, e voluntarismo com profissionalismo. E, como prova a cartaaberta de nosso diretor de comunicação, na página ao lado, continuaremos a continuar! foto Clara Zuniga Após um dia de trabalho, cheguei em casa com aquela vontade de relaxar. Peguei o jornal que o correio havia deixado, coloquei um CD e sentei-me. O jornal era o Amigo Ouvinte, e o CD era o Lorenzo Fernândez nº1, do Repertório Rádio MEC. E senti vontade de agradecer aos responsáveis por aqueles momentos a que eu me entregava. Pessoas capazes de lutar para que não se perca no olvido a nossa história musical. Pessoas como Edino Krieger, como Lauro Gomes, como Alceu Bocchino; e Sociedades de Amigos como a SOARMEC. Meu respeito também por aqueles que não sei o nome, mas trabalham para que possamos usufruir de um momento de descanso e escuta musical. Muito obrigado. O Ouvinte Permanente MÚSICA NUMA HORA DESSAS?! por Carlos Acselrad Alguém aí – entre nossos eventuais e improváveis leitores – já terá se deparado com a questão “a poesia é necessária?” que vez por outra recorre nas preocupações de poetas e pensadores das artes em geral. Mero exercício intelectual, já que, necessária ou não, a praga sobrevive na incrível popularidade de Pessoas e Drummonds. Pois bem: mal arquivada a questão sob o rótulo de impertinente, outra já nos espreita circulando pelos mesmos meios poéticos e adjacências – “poesia numa hora dessas?”. Ora direis: mas poesia tem hora? Respondemos na bucha: pode não ter hora mas precisa de tempo. Nada menos poético que um cano de 38 tamborilando no vidro do seu carro, ou então sua inadimplência no plano de saúde ou o desemprego iminente... e pronto: aí está tomado todo o nosso tempo. Pois já que não cabe poesia numa hora dessas, façamos ao menos paráfrases (que, bem ou mal, passam perto): “música numa hora dessas?” A dúvida não ofende nem desmerece ninguém. Temos perguntas ancestrais ainda hoje sem resposta, desde “eram os deuses astronautas?” até “o samba se aprende no colégio?”. Assim, nesta dubitativa hora de incerteza esportivo-eleitoral, seja-nos permitido ir mais longe e perguntar: “música instrumental numa hora dessas?”. Alguns músicos, empresas e colecionadores de disco deram a resposta recentemente, gravando inéditos, recuperando históricos do repertório popular gravados em 78 rotações e editando tudo. Na mesma linha a SOARMEC se propõe resgatar o acervo fonográfico da Emissora, um trabalho de estatura análoga aos citados e que exigirá recursos humanos e materiais também dependentes da participação empresarial. Dadas as características de radio-difusão educativa que tradicionalmente animaram fundadores e demais trabalhadores da cultura, a Rádio MEC assumiu - e mantém até hoje - o papel (inglório) de reduto único da música clássica na radiofonia do estado (ladeada apenas, no âmbito nacional, pela Cultura FM de São Paulo e abalroada pela falecida Opus 90, com a qual ainda é freqüentemente confundida!). A perspectiva de tornar possível aquele projeto - tornar acessíveis cerca de 60 anos de história da cultura brasileira, e não apenas musical – nos remete a algumas questões interessantes. Quem consome música no Brasil? De antemão a questão já coloca algumas outras: como definir consumo? Pelo volume do mercado fonográfico? O rádio? E a TV? E o público de concertos em salas, teatros, hotéis, bares e churrascarias? Alunos de escolas e cursos estão consumindo? E a comercialização de instrumentos e partituras? Como medir a massa de material circulante pela Internet e respectivas reproduções? O que parece inevitável, no entanto, antes ainda de avaliar estes aspectos, é esclarecer uma velha questão de fronteira, obscura e pouco ventilada. Apesar da muito citada frase atribuída a Radamés Gnattali (“não existem música clássica nem popular – o que existe é música boa ou ruim”), permanece como discutível a matéria, reavivada por certas peculiaridades de surgimento recente. Mesmo sem análises prévias, que demandam espaço, é inegável que as fronteiras entre o clássico e o popular vêm se diluindo; é até possível identificar movimentos de aproximação mais partidos do popular em direção ao clássico do que o oposto. Há releituras do choro mais tradicional (Pixinguinha) com instrumentação francamente atípica (quarteto de cordas ou flauta /cravo) bem como barrocos tocados por violão/cavaquinho/bandolim/pandeiro, em adaptações que, supostamente, revelam ter sido Bach um grande chorão. Há compositores (diga-se, com precária formação teórica) desafiando a escala Richter da música, abalando vetustas estruturas do sistema tonal; há uma visível turbulência na área que merece uma discussão que ainda não aconteceu. No entanto, para tal discussão, estas iniciativas de reintegração de posse da nossa memória musical trará subsídios fundamentais. Para quem nos cobre alguma conclusão, ainda que precoce, podemos, mais uma vez, apelar para a paráfrase, agora de famoso manifesto, dizendo: “orelhas de todo o mundo, uní-vos! Abaixo as fronteiras! Toda a música para todo mundo!”. Vamos em Frente! Caro Amigo Associado: Nossa SOARMEC conta, desde maio, com nova diretoria e renovado ânimo para prosseguir na trilha que vem sendo aberta, há 10 anos. E esta retomada começa pela afirmação uníssona do pensamento de Roquette-Pinto. Nossa SOARMEC continuará firme na proposição da "escola para os que não têm escola" e na preservação "da cultura dos que vivem em nossa terra". Este propósito se concretiza no Programa de Trabalho para 2002-04, que começa festivo, porque vamos comemorar, em setembro próximo, os 80 anos da 1ª emissão radiofônica do país. E os festejos se estendem até abril de 2003, quando celebraremos os 80 anos da Rádio Sociedade, matriz da Rádio MEC. Confira, a seguir, algumas outras realizações importantes que estaremos continuando ou dando início – e para as quais queremos sempre contar com sua participação. K planejamos ter instalado e operando, já neste semestre e em cooperação com a ACERP, o estúdio de remasterização montado com equipamento adquirido com recursos transferidos pelo MinC. E muito brevemente estaremos lhe trazendo um informe completo sobre este equipamento – o primeiro do gênero disponível numa entidade cultural sem fins lucrativos – cujo uso queremos compartilhar com a comunidade cultural de todo o país. K pretendemos também dar novo impulso ao nosso site, e iniciar um amplo levantamento sobre as experiências mais representativas no campo da Rádio-Educação, em todo o mundo, gerando uma "base de dados", que poderá ser consultada pelos interessados, via internet (aqui, Você pode nos ajudar, contribuindo com sugestões, dados e contatos, que possam interessar a este levantamento: Amigo também é para essas coisas). Estas são as nossas principais frentes de trabalho. Queremos que sejam conhecidas e endossadas por todos os atuais Amigos. E queremos que mais Amigos, muitos mais, se juntem à nossa caminhada. Por isso, vamos lançar, em breve, uma campanha por novos associados, que, certamente, atenderão ao convite para vir participar desta empreitada. Com nosso abraço mais amigo, José Renato Monteiro ENTRE PARA A SOARMEC Receba este Jornal, esteja em nossos eventos, conheça melhor a sua Rádio, freqüente nossa Biblioteca, mantenha-se informado a respeito do Rádio Educativo, alimente nosso site: www.soarmec.com.br (mande foto 3x4 para sua carteirinha de sócio) Tel. 2221.7447 R-2207 e 2210 DEZ ANOS SOARMEC A Rádio MEC sempre esteve - como está e estará - à disposição dos que fazem a cultura nesta terra, em que quase sempre a memória nacional não é privilegiada quanto deveria. Saúdo daqui a existência da SOARMEC, cujas boas intenções e capacitação fazem dela a voz dos ouvintes. RICARDO CRAVO ALBIN, produtor cultural A Orquestra Sinfônica Brasileira deu início à série Concertos Vesperais sábado último, (06/04/2002) com a bela Suíte Sinfônica nº2, "Pernambucana", de César Guerra-Peixe. Após o concerto, nosso pensamento voltou-se imediatamente para o trabalho primoroso da SOARMEC ao lançar a coleção Repertório Rádio MEC, baseada no riquíssimo acervo da Emissora. Já em casa, tivemos o privilégio de ouvir esta obra brilhante, sob a regência do autor; um presente inesquecível da SOARMEC. RUTH SERRÃO, concertista Sendo um dos fundadores da SOARMEC, a modéstia me impede de dizer que ela já pertence à própria história do rádio brasileiro. Mas, que pertence, pertence. Não por minha causa, já que minha contribuição à causa da Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC tem sido muito pequena, mas por causa de batalhadores que, há 10 anos, lutam, com ardor e talento, dentro da SOARMEC, contra todas as tentativas de redução da capacidade da nossa Rádio. Que a SOARMEC viva por mais muitos e muitos 10 anos, garantindo a sobrevivência da Rádio MEC. SÉRGIO CABRAL, jornalista Na oportunidade em que a Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC comemora seus dez anos de existência, tenho imensa satisfação de apresentar, aos seus organizadores e sua equipe, os meus cumprimentos pelo magnífico trabalho que vem sendo desenvolvido durante uma década. Os resultados decorrentes desse empreendimento possibilitaram a divulgação de obras de nossos compositores e de seus intérpretes. Cabe assinalar o consciencioso trabalho de pesquisa para a série de CDs intitulada "Repertório Rádio MEC", gravando o melhor da nossa música e merecendo entusiástica acolhida do público. É um belo trabalho em prol da preservação e valorização de nossa cultura. SÔNIA SANTORO, artista plástica Parabéns à SOARMEC pelo décimo aniversário. Sua atividade tem sido brilhante, um verdadeiro exemplo a ser seguido, de preservação e valorização da cultura brasileira. TURÍBIO SANTOS, violonista e Equipe do Museu Villa-Lobos 13 Prata da Casa Foto J.C. Mello Roberto Montero (Betinho) Entrevista realizada em maio de 2002, por Renato Rocha, com um dos melhores técnicos que já passaram pela Emissora. Transcrição: Fábio Pimentel. AO – Como você começou na Rádio? BETINHO – Eu fiz vestibular para Engenharia Eletrônica, mas passei para o 2º semestre. Ia esperar 6 meses, e perguntei a uma tia, que trabalhava no MEC, se ela me conseguia algum estágio – “Ah, tenho um amigo lá na Rádio MEC, você procura ele”. Que era o Heitor Salles. Eu nunca tinha ouvido falar na Rádio MEC, nunca tinha entrado em uma Rádio. E eu vim, em 78, e conversei com o Heitor, que me ofereceu um estágio na manutenção. Na época, na técnica, o superintendente era o Luís Glielmo, pai da Lia Glielmo (ex-funcionária); o José Oscar, pai do Cacá e da Lídia (Oscar e Lídia Santiago, funcionários), era o chefe da manutenção; e o Sr. Hamilton Reis, de suspensório, paletó e gravata, que era o meu chefe, que eu amei só de ver o cara. A Manutenção ficava no 5º andar, onde hoje é o ar condicionado; e a chefia da técnica era na salinha onde ficava a antiga frisa do Sinfônico. Aí, o Sr. Hamilton falou: “Vamos conhecer a Rádio.” Tinha ensaio da Orquestra, no Sinfônico, e o Sr. Hamilton me mostrando tudo. Na transmissão, estava o Serginho Langoni – filho do Langoni, um técnico famoso da Nacional –, que era colega nosso. Nesse dia eu entrei na transmissão e conheci o Lindolfo (Moreira Alves) – ele era a voz da Rádio Tupi e o primeiro locutor que eu conheci. Ele apertou a minha mão e falou comigo, e eu reconheci a voz. Eu tinha 17 anos, e fiquei todo bobo. Era um time de locutores: William Mendonça, Maravilha Rodrigues, Anita Taranto, Estelita Lins, Linda Alves, Antônio Ivan, Paulo Scalabrini, o Zanone Nunes. E tinha o Sérgio Chapelin, o Cid Moreira, o Lauro Fabiano – ele lendo os textos do Ópera Completa era demais. E ainda tinha o Paulo Santos. Nessa época, de mais novo, só tinha eu, o Ribamar e o Sergio Muniz; dos outros, os mais novos deviam ter mais de 57, 60 anos. AO- Quem eram os tecnicos? BETINHO - O time era: Eduardo Caetano e Mário Lúcio, no radioteatro; na transmissão era o Carlos Cardoso, o Sérgio Langoni, o “Riba” (RibamarMendes), Waltergildo e o Nélio Costa. No Sinfônico, era o José Aparecido Monteverde. E tinha o Jorge Baraúna, que ficava na copiadora; o Hilton Lousa, sonoplasta; e o Milton Macieira – nessa época ele era o coordenador e o road da Orquestra. E tinha o Darcy de Souza, nas externas. 14 Mas nesse dia eu vi também o elenco de radioteatro gravando. Estava o Floriano Faissal dirigindo o Dilmo Elias e o Edmo fazendo contra-regra. Eu nunca tinha ouvido novela em rádio, aquilo já não se fazia em lugar nenhum, e eu pensei “Poxa, não é possível, como é que eu nunca ouvi essa Rádio?” Foi muita sorte que eu dei, nesse primeiro dia.. AO – Como era a manutenção? BETINHO – Eu não conseguia parar lá. De vez em quando tinha uma máquina para arrumar, mas ficar plantado naquela salinha era chato. Tinha o Ivo, que era o auxiliar de manutenção do Sr. Dirceu e do Vítor ‘Português’. Então ele andava com algodão e um vidrinho de álcool, e ficava rodando nos estúdios, limpando as cabeças de gravação. Na verdade, as máquinas davam muito pouco defeito. Eram aquelas Ampex, Studder, até Scud – às vezes queimava um display, cabeça gasta, mas era bem difícil, porque era fulltrack, e só quando a cabeça ‘abria’, mesmo, é que não tinha mais condição. E o Ivo ajudava nas externas, que eram na Sala Cecília Meireles e no Municipal. AO – Fala do equipamento de externa? BETINHO – Era uma desgraça, porque a mesa era aquela Langer, que tinha a alimentação por pilha – eram 16 pilhas grandes. Mas a gente usava com a fonte, que era uma caixa de ferro. Então, tinha a mesa, que pesava uns 20 quilos e mais um monte de pilhas, ou então a fonte, que era do tamanho de uma caixa de sapato, pesada pra burro. Você interligava a fonte e levava a máquina, uma Ampex, que já pesava, só ela, uns 20 quilos, e montava numa caixa de madeira grossa, que devia pesar outros 10 quilos, e mais os pedestais, aqueles RCAs antigos, grandes e pesados, e um monte de cabo, e ia embora. Aí, o Ivo ia com a gente. E sempre a gente ia gravar concertos, que iam virar programas. Quando tinha externa, o produtor marcava – o Lauro Gomes, o Maurício Quadrio e o Antônio Hernandez – e todos iam. O Zito Baptista não ia, não. Quando a gente gravava ópera, ia algum assistente AO – Você continuava na manutenção? BETINHO – Não, nessa época da externa, não. O meu estágio não era remunerado, mas o Monteverde, que trabalhava no Sinfônico, de manhã, foi tirar licença-prêmio, e o Sr. Hamilton, como eu já sabia operar, falou: “Sr.Roberto, o senhor não quer ganhar um cachê – na época era cachê – para cobrir a licença-prêmio do Sr. Monteverde?” Poxa, era tudo o que eu queria! AO – Como você aprendeu a operar? BETINHO – Eu chegava antes do meu horário para poder ver a gravação, e ficava vendo o Daniel operar. E, quando tinha um intervalo, eu pedia para gravar alguma coisa, e acabei aprendendo. E rolava muita coisa engraçada. O William era muito gozado. Era quem chegava mais cedo – porque ele saía daqui e ia para a JB. Ele vinha com um copinho descartável de café, sempre reclamando, e aí: “Vamos contar uma piada pra relaxar, eu não gosto de começar o dia assim.” E contava a piada, a mesma piada, e a gente tinha que rir; aí ele sentava, e ‘dava conta do recado’, rapidinho. AO – E você já estava gravando? BETINHO – Já. Estava cobrindo a licença do Monteverde. Mas aí, quando estava para acabar o estágio, veio uma verba do “Esporte para Todos”, e fui contratado como operador de áudio. Era complicado esse negócio de cachê, porque atrasava. Você trabalhava dois, três meses, e aí saía o pagamento lá do primeiro mês. Mas eu não estava nem ai. O Sr. Hamilton como chefe, eu vou te contar: eu nunca vi uma coisa assim. Ele fazia tudo, e de paletó, gravata, suspensório – parecia um lorde inglês. Chegava, tirava o paletó, arregaçava as mangas e ia editar fita, ou ia gravar alguma coisa – era demais. E que educação! Uma vez, eu fiz alguma coisa errada, e ele me deu uma bronca: “Sr. Roberto, esse negócio que o senhor fez não ficou bem, vamos ver se a gente presta mais atenção, para não acontecer isso de novo.” Eu fiquei tão envergonhado dele falar assim comigo, que eu nunca mais fiz aquilo. uma bronca do Sr. Hamilton era uma coisa assim, era um carinho, e eu aprendi muito com ele. Eu chorei no dia em que ele saiu da Rádio. AO – O quê você aprendeu, com ele? BETINHO – Aprendi a lidar com as pessoas, a tratar todo mundo de igual para igual. Ele sempre tratou todo mundo com educação, sem afobação, sem pisar em cima de ninguém – era um cara fantástico. Quando ele estava para sair, eu fui e comprei uma gravata, que era o que eu podia comprar, e dei em nome de todos os colegas, para não ficar sem graça de entregar. Eu chorei na porta do Estúdio B. Ele veio se despedir e cumprimentou um a um – é uma pessoa de bem. AO – Isso foi quanto tempo depois? BETINHO – Uns três anos. Antigamente tinha uma tabela: uma turma trabalhava de segunda a sexta, e outra trabalhava sábado, domingo e feriados. E eu fiquei quase um ano nesse horário de sábado. Num domingo, ligou o Sr. Hamilton para mim: “Olha, Sr. Roberto – ele chamava todo mundo de Sr. – o Sr. Cardoso – que era o que abria a Rádio – está doente. Daria para o Sr. abrir a Rádio, amanhã?” Eu disse que sim e fui dormir, preocupado. Eu cheguei cedo, cinco e meia da manhã, e bati no portão. Aí surgiu uma cabeça, lá atrás, e sumiu. Eu falei: “Ué, não vai abrir o portão, não?” Bati de novo, o cara botou a cabeça outra vez, e voltou. Parece piada. E eu: “Ei, dá para abrir aqui?!” Aí ele veio mais perto, era o Sr. Barbosa, e eu: “Dá para o senhor abrir? Eu vou fazer o horário do Sr. Cardoso, o Sr. Hamilton me pediu”. E ele: “Eu não tenho ordem de deixar ninguém entrar, não.” E entrou de novo. Aí, eu olhei no relógio da Central a hora passando: “Pelo amor de Deus, moço! Não vai dar tempo de botar a Rádio no ar.” Ele não me conhecia porque ele não trabalhava nos fim-de-semana. Ai, eu pedi: “Pelo amor de Deus, liga para a casa do Sr. Hamilton!” E ele: “Eu não vou incomodar o Sr. Hamilton uma hora dessas.” Nessa época não tinha orelhão, e eu corri para o hospital e liguei: “Sr. Hamilton, está acontecendo isso, assim, assim. Vai ligando lá para a Rádio, que eu vou correndo!” Aí eu saio correndo, chego na porta e o cara lá, trancado. Eu gritei: “Pelo amor de Deus, abre o portão. O Sr. Hamilton não ligou para você aí?” E o cara: “Ligou, mas quem garante que era o Sr. Hamilton?” E ele estava certo: no telefone, quem garante que era o Sr. Hamilton? E eu já queria pular o portão, mas logo chegou o Sr. Hamilton, de carro. Ele morava na Tijuca e em quinze minutos ele chegou, me apresentou ao Barbosinha, e a Rádio entrou atrasada, às seis e quinze da manhã. Foi uma comédia. AO – Qual era o horário da Rádio? BETINHO – De seis à meia-noite. O meu horário era de tarde. Eu gostava de fazer a Voz do Brasil, porque logo depois você falava com a Nacional, com a Globo, para fechar as linhas de transmissão da Portaria 568. Eu gostava mais, porque a programação era tudo ‘fitão’, de 2.500 pés, com programa de uma hora. Então, praticamente, era de hora em hora que você trabalhava, na transmissão. AO – Havia programas ao vivo? BETINHO – Alguns, mas era muito pouco. Eu gostava muito mais da gravação do radioteatro. Ficava maravilhado com o Edmo do Vale fazendo a contra-regra. AO – Como eram os efeitos do Edmo? BETINHO – Era uma portinha, uma escadinha, uma caixa de brita – que até pouco tempo estava por aí – e tinha telefone, para fazer barulho de discagem. Então, na hora de gravar, usava-se um filtro, o Pulltec, e o microfone bidirecional. Os atores ficavam se revezando, cada um vinha por um lado, à medida que fosse entrando a cena. O Floriano, nessa época, já ficava lá sentadinho, cochilando, e quem dirigia, mesmo, era o Dilmo Elias. Mas eu ainda peguei o Floriano antigo, não peguei o Floriano só sentado na cadeira, não. Mas aquele pessoal não precisava de direção, era um time de primeira. Magalhães Graça, Leonardo José, Estelita Lins, Aymmê, e aquele menino o Luiz Manoel AO – Já havia o Projeto Minerva? BETINHO – Havia. Depois virou Portaria 568. A gente preparava as três máquinas porque eram três programas diferentes. Distribuía um programa para a Rádio Nacional, que distribuía para algumas emissoras. Para a Rádio Globo ia um outro programa. Vamos dizer: um era aula de Matemática; outro, de Português; e o outro, de Estudos Sociais; e a Rádio MEC transmitia. Algumas rádios ‘linkavam’ com a gente. Então eu tinha que fechar os pets, e na caixa da fita vinha o número da LP (Linha Privada), que a gente ia usar, endereçando: esse programa vai para a Rádio Globo; esse, para a Nacional… Era muito organizado. Eu gostava porque rodava aquela manivelinha do magneto e lá, na Rádio Globo, atendiam. Eu adorava. Era bom demais. AO – E você sentia alguma segregação entre o pessoal do Minerva e o da Rádio? BETINHO – Existia sim, porque o Minerva tinha dinheiro. O “Esporte para Todos” tinha, mas a programação da AM não tinha, entendeu? A verba do pessoal, dos atores, saía por um outro negócio qualquer. Se uma produção da casa quisesse montar um elenco e usar, não tinha recursos. A discriminação existia, mas não entre os colegas. E existia também o pessoal que era do SRE, e teve uma época que fizeram uma opção. Mas houve uma distribuição e um monte de gente saiu, em 82, na época do Luiz Brunini, foi quando começou a estragar a Rádio. Foto Acervo Pessoal AO – Foi quando a OSN saiu da Rádio? BETINHO – Exato. Foi muito triste. Foi quando saiu o Sr. Hamilton. Convidaram ele para ficar, mas eu acho que ele ficou tão desgostoso que acabou saindo. AO –Como era o ambiente, antes? BETINHO – Era ótimo, com essas professoras maravilhosas: Dona Benirá, a Yedda, a Lourdinha, a Amelinha, a Yara, a Virginia Palermo, a Maridéa Macedo, a Esther Bezerra. Era tanta gente... AO – E a velha guarda? Maurício Quádrio, Edna Savaget, Haroldo Costa? BETINHO – Os programas deles eram gravados na parte da manhã. Eu encontrava com eles, nas externas. AO – E o período do Luiz Brunini? BETINHO – Inclusive, foi uma época em que fui mandado embora; mas fui em fevereiro e voltei em maio. Ele entrou em 82, e fez essa devassa toda. Acabou com a Orquestra e o radioteatro ficou prejudicado, porque cortaram a verba para o cachê dos radioatores. Tinha alguns projetos da Portaria 568 que funcionavam, mas outros programas, que eram da Educação, não tinham verba. O “Contador de Histórias”, por exemplo, era da Portaria 568, mas tinha programas que eram da Educação e tinha radioteatro, também, e cortou-se essa coisa toda. E o processo de saída da Orquestra, também foi demorado: ficou uns seis meses, ainda. Teve uma discussão, se ficava ou se não ficava, porque os músicos teriam que optar. Teve muita gente que saiu fora. O problema foi o seguinte: ia se criar a Fundação Roquette-Pinto. Quem quisesse ficar teria de abrir mão do tempo e dos direitos do SRE, e passava a ganhar um salário melhor. Eu era cachê, para mim não servia, mas teve colegas que optaram, porque não ia ter como ficar cedido – como hoje os servidores estão cedidos à ACERP. E incentivavam – também como na ACERP – que o servidor pedisse licença sem remuneração, ou então se desligasse pra ser contratado como celetista. Assim, colocaram o cara na parede: “Pedir demissão do serviço público para ganhar salário, aqui, como celetista?” Ninguém quis. Na verdade, foi colocado isso para ‘acabar’ com a Orquestra, sem dizer que foram eles que acabaram. Alguns queriam, porque na verdade o salário ia ser um pouco melhor. Outros foram aqui para a Faculdade de Direito: foi aquela Dulce (Reis Sardinha); o Miguelzinho, e o Pedro, que até hoje estão na portaria da Faculdade. Houve um esvaziamento muito grande da Rádio, como é o caso de hoje. AO – Alguns músicos ficaram, não é? BETINHO – Tinha um Coral, de poucas vozes, que a Gulnara (Bocchino) participava, um Coral pequeno, e tinha um Conjunto de Música Antiga. Mas não durou muito. E, outra coisa: não tinha dinheiro para contratar todo mundo como celetista, ou seja, a opção deles foi ir para a UFF. Tecnologia 1982: à esquerda, a antiga técnica do Sinfônico, com mesa Langevin e gravadores Ampex; à direita, o primeiro estúdio da MEC FM, com mesa Audioline e gravadores Akai 4000 D. A Orquestra acabou se desmanchando porque a maioria do pessoal era idoso. Aí entrou a história de só poder contratar por concurso, entrou o negócio de só poder comprar equipamento nacional. Então, nós, acostumados a trabalhar com máquina Ampex – que não cobrava nem manutenção, só limpar a cabeça–, e Studer, começamos a trabalhar com Akai, que desafinava no ar. Foi na época do José Alberto, da Manutenção, que se comprou só máquina nacional, de rolo, essa Akai, que era a única fabricada aqui. A mesa que podia comprar era Áudioline, e a gente trabalhava com mesa Gate – era antiga mas era uma baita duma mesa. E passou a usar microfone Leson – foi uma desgraça. Foi de 82 até 86 esse inferno. Ou seja, foi o sucateamento completo da Rádio, em termos de qualidade. O tempo todo reclamação de ouvinte. Os programas desafinavam no ar – aquele gravador Akai, quando a fita, de 30 minutos, chegava nos 25 minutos já começava a desafinar, e você ficava na transmissão segurando fitinha com o dedo: era uma desgraça. AO – Isso coincide com a entrada da FM? BETINHO – Coincide. Era lá no cinco e meio: logo que descia a escada, no cantinho à direita. Em maio de 83, o Argemiro (Francisco das Chagas), que entrou no lugar do Sr. Hamilton, como tinha uma ficha minha lá, feita pelo Sr. Hamilton, me elogiando, ou seja, pedindo que eu fosse contratado, caso houvesse chance, o Argemiro, que não me conhecia, ligou lá para casa: “Betinho, você quer trabalhar na Rádio?” O Argemiro era completamente diferente! O Sr. Hamilton não falava um palavrão, e o Argemiro era a grossura em pessoa. Mas eu acabei me dando bem com ele. Eu voltei em maio de 83, justamente para inaugurar o estúdio da FM, que estava montado com material nacional: uma mesa Áudioline, três máquinas de rolo, um toca-discos Super Som. E o José Alberto era dono dessa firma, a “Lys Eletronic” – eu não vou levantar falso testemunho, ele pode ter entrado na licitação – mas o transmissor era Lys, o excitador de FM, o link ... era tudo Lys. AO – Qual a programação da FM? BETINHO – A FM funcionava poucas horas. Ficava linkada com a AM até uma da tarde, e funcionava até a Voz do Brasil. Às sete linkava com a Voz do Brasil e seguia até meia-noite com a AM. Mas ela só tocava Paul Mauriat, e não tinha locutor – era só vitrolão. Ela entrou em maio de 83 e ficou até o fim do ano só tocando em experiência, com uma vinhetinha dizendo: “Rádio MEC FM, transmitindo em caráter experimental.” As bolachonas ficavam rodando horas e o pessoal fazendo ajuste no transmissor. Em 84 é que começaram a fazer uma programação para a FM, e veio aquela história de se jogar a música clássica para a FM e de botar a popular na AM - foi daí que a FM começou, em 84 pra 85, a ter vida própria. AO – Já estava resolvido o som da FM? BETINHO – Não, ainda tinha muito problema. O Brunini ficou pouco tempo, mas veio mesmo para acabar. Todo mundo dizia na época que ele entrou para acabar com o Serviço de Rádio Educativo do MEC, o SRE. Foi ele quem colocou o José Alberto como Superintendente. AO – Foi na época do Brunini que se pensou em fracionar o Estúdio Sinfônico? BETINHO – Foi na época do José Alberto – não sei se com o Brunini, ainda. Tinha recursos do FNDE, acho, e ele queria montar várias ilhas de edição e de montagem – como é hoje o cinco e meio. A firma dele fabricava equipamentos, e ele ficou doido para desmanchar o Sinfônico, para montar vários estudiozinhos. Graças a Deus, alguém falou que não, e inventaram o cinco e meio. Mas enfim, deu tudo certo, ele montou e colocou equipamento dele ali, ‘de cabo a rabo’. Graças a Deus o Sinfônico foi poupado. AO – Como era o cinco e meio, antes? BETINHO – Antes, ficavam lá, as partituras e alguns instrumentos. Mas, em 78, era uma sala com telhados de amianto, e no final tinha uma uma grande varanda fechada, que era do “Esporte para Todos”. E tinha uma salinha de audição para as professoras avaliarem os programas. AO – Voltando aos primórdios da FM. BETINHO - A programação da FM, começou já com o Luiz Paulo Porto, mas o José Alberto continuou, e ficou muitos anos essa coisa de equipamento nacional – foi uma época triste. Ainda tinha algumas Ampex, algumas Studer, mas era muito ruim. As mesas viviam dando problema, mau contato, vazamento, inversão de fase, o transmissor era uma porcaria – como sempre foi, até a compra desse novo transmissor, já na gestão da Regina Salles. 15 Foto J.C. Mello AO – E o Flávio Moricone? BETINHO – A condição da Rádio só foi melhorar quando ele entrou. O Moricone era durão, carrancudo, mas foi um baita de um superintendente. Desde que estou aqui, como Superintendente de Operações, eu passei pelo Luiz Glielmo, o José Alberto, o Flávio Moricone, o Roberto Lyra, depois o Armando Menezes, aí veio o André ‘Tachinha’, depois o ‘Formiga’ (José Cláudio Barbeto) e agora o Renato Dias. O ‘Formiga’ também foi um ótimo superintendente, mas o Moricone foi o que mais deu ouvido às bases. Antes do Moricone, fizeram um projeto para refrigerar o 4º andar e o Sinfônico. Eu fiz Engenharia Mecânica e fiz Refrigeração, e fui, todo animado, fazer um projeto que teria resolvido o problema de barulho do estúdio e tudo. Eu quis participar, mas não podia, era tudo meio escondido. E foi a época que eu comecei a me interessar em saber o que é que estava acontecendo, e tentar, de uma forma meio idiota, evitar algumas coisas que prejudicassem a Rádio. AO – Quando o Moricone entrou, o decreto já havia caducado? BETINHO – O decreto acabou antes, ainda com o José Alberto. Enquanto ele esteve aqui, a gente ficou com essas máquinas Akai. Eu acho que foi em 85 ou 86, já era a gestão do Heitor Salles, de novo. O Moricone comprou essas Revox e Studer, que a gente tem até hoje, que são máquinas excelentes – e você vê que foi tudo feito com lisura: o cara morreu duro, andava de carro velho. Você vê que foi um cara honesto. Microfones ele comprou os Sennheiser, comprou vários Bayer; monitor, ele comprou JBL, essas caixas JBL Control 12, que tem nos Estúdios. A maioria do equipamento que se tem hoje, com exceção dos MDs e toca-discos Technics, é tudo da época do Flávio Moricone. As mesas Studer, aquelas DDA, do Auditório, do Estúdio B, foi tudo comprado na gestão dele, que, na minha opinião, foi o melhor Superintendente que a casa já teve. O ‘Formiga’ também foi outro, que chegou e ‘vestiu a camisa’– a saída dele foi meio estranha, eu não entendi direito. a saída da Embrafilme (ex-INC) do prédio. Como é que a sala de projeção do INC virou o Auditório da Rádio? BETINHO – Até o 2º andar, tudo aqui era do INC. Fisicamente, o espaço não mudou. O palco já existia, a cabine de projeção também. Não tinha refrigeração na cabine, depois colocaram ar condicionado. Fizeram um projeto – a administração fazia e não consultava a técnica – e não botaram saída de ar para o auditório. Foi feita a montagem, na época do Moriconi, da mesa DDA, que existe até hoje lá, com aquele rack, com as máquinas Revox. De obras não foi feito nada, apesar de que coincidiu com a época do Roberto Parreira como Presidente da Fundação. Na época dele foi feita a obra da parte externa do prédio, que era cheio de fio pendurado, uma bagunça, uma janela de cada tamanho, canos de esgoto saindo para lá, virava para cá, pingava dali. No gabinete tinha uma janela que dava lá para a rua. Então, o Parreira, nesse ponto, foi bom para a Rádio, pois houve essa recuperação da fachada toda. E coincidiu também com essa compra de equipamento – só não foi trocado o transmissor da FM, que continuou o mesmo, até a gestão da Regina Salles. AO – E a informatização? BETINHO – A informática já veio bem depois, na época do Armando Menezes. AO – E os musicais ao vivo, na Rádio? BETINHO – Eu fiz, uma vez, a transmissão ao vivo da Orquestra, lá no Sinfônico, com o Alceo Bocchino regendo. A gente botou microfone e esticou cabo até a transmissão. Mas era raro. Tinha programa ao vivo, mas pequenos, com locutor apresentando. Programa musical a gente não tinha muito, mesmo depois, com o Auditório. Teve, bem mais tarde, o programa “Marlene Total”, com a Marina, que era a produtora e a Maura Mello, de assistente. Enchia o auditório. Vinha a turma da Marlene, da Emilinha, veio o Braguinha, veio todo mundo. Depois, parou, e só recomeçou com o “Ao vivo entre Amigos”. AO – Eo equipamento de externa? BETINHO – O Moricone modernizou isso, também. Na época daquele equipamento pesado, a gente gravava e colocava no ar depois, porque era o maior risco fazer ao vivo – as linhas viviam caindo, chegava lá e não tinha as LPs. Já na época do Moricone, não: a gente fez muita coisa direto. E, bem mais recente, já na época da Regina Salles, também. Fizemos uma transmissão no Carlos Gomes, no Festival Universitário da Rádio – que época maravilhosa! A gente fêz uma rádio-pirata dentro do teatro, para poder ter coordenação. A gente bolou uma parafernália – eu o Tacha e o Alcimar – e tudo funcionava. nizado na Rádio MEC, dentro do teatro – um estava no camarim, o outro não sei onde – , e pela mesa a gente tinha como ouvir eles, que estavam com microfones sem-fio. A gente tinha como chegar no cara, que estava entrevistando alguém, através do link que a gente montou, com uma antena plano-terra que só transmitia ali dentro. O cara estava o tempo todo ouvindo o som do ar, com walk-man. E era aquela coisa de brasileiro, mesmo: cada um trouxe o seu walk-man particular, para ouvir o retorno da Rádio e a nossa comunicação. AO – E a gestão do Luiz Porto, então? BETINHO – Era uma pessoa muito educada, mas ficou pouco tempo e foi inexpressivo. Tampou um buraco da saída do Luiz Brunini. Depois veio a Taís (de Almeida Dias). Eu não sei nem se foi na gestão da Taís ou se foi na volta do Heitor Sales, que veio o Moricone – esse detalhe eu não lembro, não. Aí, de repente, o Moricone morreu. E o Roberto Lyra, que era chefe da Manutenção, passou para a Coordenadoria. Ele deu continuidade, mais ou menos, ao trabalho do Moricone. AO – O Lyra dizia que o problem do som não era da técnica, mas da produção... BETINHO – A verdade é o seguinte: o nosso transmissor AM, é um baita transmissor – um Harris de 100 quilowatts, só que antigo, de 1978 –, e o problema é que ele está montado lá em Itaóca, naquela antena triplexada, que era da Rádio Ipanema, da Rádio Nacional e da Rádio MEC. AO – Quem operava o transmissor? BETINHO – O nosso transmissor nunca foi operado por ninguém da Rádio MEC. Quem fazia a manutenção era o pessoal da Nacional. Como é que uma Emissora funciona com um transmissor na mão de terceiros? É lógico: se pifarem os dois transmissores, o cara vai correr atrás do transmissor da Rádio dele. Eu nunca entendi porque é que a Rádio MEC nunca teve, e continua não tendo ninguém no transmissor – nem um faxineiro, lá. Antigamente, na época do MEC, a Rádio pagava uma gratificação, um adicional de 30 %, aos técnicos – eles eram contratados da Nacional. Mas aí, em 82, veio essa história de não poder pagar, e ficou esse impasse. AO – O pessoal canibalizava o equipamento da Rádio MEC? BETINHO – São histórias que contam... Mas eu não duvido, porque já fui lá, várias vezes, e você vê que o pessoal vinha de má vontade, e no fundo eles tinham razão. Eles não tinham obrigação de ter que ficar. O interesse é da Rádio MEC, eu acho, de chegar e resolver essa questão. BETINHO – Foi na época da Regina, que se conseguiu dinheiro. O Lyra reformou, e teve uma época em que ficou muito bom o som da AM. Mas é aquela história: precisava era comprar um transmissor novo e desvincular da Rádio Nacional, a não ser que se tenha um técnico permanentemente lá. E um dos motivos da saída do Formiga foi essa ‘rixazinha’ da técnica de lá com o pessoal daqui – e até hoje não temos ninguém lá. O Formiga foi um que entrou há pouco tempo – o cara se deu, mesmo, vestiu a camisa, mas não conseguiu. A vinda do Renato Dias, agora, eu acho que foi uma tentativa de contornar isso, porque ele era da manutenção da Nacional, e tem diálogo com essas pessoas. Não acho que seja a solução. AO – Qual seria a solução? BETINHO – Eu achava que tinha que enfrentar esse problema de frente. O transmissor é bom. Se ele estiver com a manutenção em dia e tiver peças de reposição, ele vai funcionar, como funcionou na gestão da Regina Salles. Mas por quê? Conseguiu-se dinheiro, se trocaram várias peças, o Lyra fez a manutenção – ele é um bom técnico de transmissor – e funcionou. Agora, de lá para cá, não se tem ninguém lá, realmente é muito difícil. O Formiga tentou, suou a camisa para tentar resolver a questão e não conseguiu, e eu acho que foi um dos motivos porque ele quis sair daqui. AO – E o ‘apagão” das fitas? O “aqui se faz, aqui se apaga”, quando e como foi? BETINHO – Eu não lembro que gestão que era, mas foi por causa da falta de fitas. Eu copiei muita coisa para K-7, e eu pensava: “Já que tem que copiar, eu vou copiar com o maior carinho!” Eu media, editava o áudio, alinhava o K-7 direitinho, botava flat, com o maior cuidado, via o tipo de fita, para, no mínimo, copiar bem e guardar da melhor forma possível. Mas a maioria dos colegas – que já não eram mais aqueles da Mayrink Veiga, da Rádio Nacional – pegavam e, como era cópia, era a ‘hora do café’, dava ‘play-rec’, soltava, o nível que viesse vinha, e se o canal direito está mais alto ou se a fita é de cromo e está para normal, já foi. Foi uma coisa que me deu muita tristeza; eu via que a gente estava perdendo um monte de coisas. E, com certeza, a hora em que for pegar essas fitas, vai ter muita coisa que vai estar desafinando, sem nível – eu acredito que uns oitenta por cento... Foi uma ignorância. Uma direção não pode tomar uma decisão dessas sem ouvir o que é que os técnicos têm a dizer. Era melhor ficar sem gravar, até a gente ter dinheiro para comprar fitas. Nem que ficasse seis meses tocando ‘vitrolão’, era preferível. " Também o ódio contra a baixeza endurece as feições; acoincide cólera contra a voz" Bertold Brecht AOtambém – A época do Moricone com O cara ficava ouvindoao injustiça radinho sinto- AO – Eenlouquece como recuperaram o transmissor? AO – Quantas fitas foram copiadas? 16 AO – E a gestão de Dona Thaís? BETINHO – A Thaís ficou pouco tempo e passou. Não tenho o que falar dela, não. AO – Você lembra do João Henrique? BETINHO – Eu acho que a grande mudança que teve mesmo de programação, de formato da FM, aconteceu na época do João Henrique. Que, falem o que quiserem, mas ele mexeu mesmo nessa coisa. Ele era um assistente de produção, e entrou pisando numa porção de gente, mas eu acho que foi a partir dele – da gestão do Parreira até a da Regina –, que a Rádio viveu um dos melhores momentos, em termos de produção. Aquela coisa que tinha praticamente acabado, de radioteatro, voltou muita coisa. E, mais tarde, os festivais da Rádio – tanto da AM quanto da FM –, e a contribuição que a Gizélia Fernandes deu, na produção do Concurso Talentos Rádio MEC. AO – E o Paulo Salgado? BETINHO – Eu fiquei conhecendo, mesmo, o Paulo Salgado, por causa da Nízia Nóbrega. Ela era irmã do Ministro da Aeronáutica, e era grossa, mesmo. Eu tinha acabado de fazer 18 anos, e estava no fim-de-semana, fazendo a transmissão. Tinha um roteiro da programação, e eu pegava as fitas, colocava no ponto, e ficava lendo jornal ou estudando e, de hora em hora, disparava as máquinas. Só que eu vacilei e, quando deu duas horas, em vez de soltar um outro programa, e eu disparei o programa dela. E quando foi duas e pouco, toca o telefone: “O programa está errado! Tira do ar agora!” Aí, eu falei: “A senhora me desculpe, eu soltei errado, mas eu não vou poder tirar agora.” Porque o próximo programa tinha uma hora de duração e, se eu interrompesse aquele, ia atrasar a programação em 20 minutos. E ela: “Eu ordeno que tire!” Aí eu falei: “A senhora vai me desculpar, mas eu não posso fazer isso!” E ela: “Eu vou falar com o meu irmão, que é ministro e você vai para a rua!!”– e desligou. E eu fiquei triste porque errei, foi culpa minha mesmo. Na época, o Superintendente de Programação era o Paulo Salgado. Ele era homosexual, e eu era o estereótipo do machão: um boçal. E olha só o a lição. Eu tinha posto no livro de ocorrências que, por culpa minha, o programa foi invertido e tal, e assinei. Aí, vim trabalhar, arrasado, e me disseram, na portaria: “O Paulo Salgado quer falar com você.” Aí eu fui lá. No corredor, eu vi a Nízia Nóbrega passando, e, quando entrei no gabinete, eu vi o livro de ocorrências em cima da mesa. Aí, ele: “Essa senhora que saiu, pediu o seu nome e eu mandei pegar o livro de ocorrências. Mas depois que eu li o que estava escrito, resolvi não dar”. E ele se levantou, apertou a minha mão, e falou assim: “Tenho o prazer de estar apertando a mão de uma pessoa honesta. Espero que você seja assim a vida inteira!” Eu me despi de todo e qualquer preconceito a partir daquele dia. Uma pessoa que eu colocava à margem da sociedade, por uma opção sexual dele, me deu uma lição de vida, que nunca vou esquecer. Ele foi uma das pessoas que mais admirei aqui dentro. AO – Quais foram as outras? BETINHO – Eu acho que a minha personalidade, o que eu sou, eu devo a Hamilton Reis, ao Paulo Salgado e ao Sr. Mário Dias. O Mário Dias me fez ter orgulho de ser funcionário público. Eu tinha orgulho de não faltar ao serviço. Não sei se você sabe, mas até a criação da ACERP, eu nunca faltei um dia à Rádio. Eu já vim trabalhar com febre, caído de moto, todo arrebentado – nunca faltei em 20 anos de Rádio, até a criação da ACERP. Eu me orgulhava disso até o Fernando Henrique falar que funcionário público é vagabundo. Sinceramente, eu estava moldando minha personalidade, e, graças a Deus , eu tinha onde me espelhar. Tinha o Hamilton Reis, o Paulo Salgado, o Mário Dias, que era demais – que homem organizado, que funcionário! Eu tenho muita saudade dessas pessoas. É difícil você encontrar gente do bem e para o bem. Eu acho que é isso que faz a gente viver, faz a gente agüentar essa violência, que tem por aí . Era gente de bem, que gostava da Rádio. Você é um. O que você fêz e faz ainda pela Rádio, para tentar salvar, manter viva a chama do Roquette-Pinto, aqui dentro, não tem preço. Você se dispor a passar por isso tudo que você passa, se desgastar pela Rádio. Você, Paulo Salgado, o Sr.Hamilton, Mário Dias, esse pessoal, são os meus espelhos. Eu já estou mais da metade da minha vida aqui dentro, e o que eu sou hoje, se as pessoas me respeitam, eu acho que tinham que agradecer a esse pessoal, a vocês. Isso aqui era uma família! Agora está todo mundo passageiro demais. Antigamente eu conhecia todo mundo, do faxineiro ao presidente da Fundação, e me dava com todos. Hoje, tem um monte de gente que eu não conheço. AO – E o jornalismo? BETINHO – O Jornalismo na Rádio era inexistente: era só notinha cultural. Foi na época da Lurdinha (Maria de Lourdes Favila) que o Jornalismo realmente cresceu. Na entrada dela, foi criado, no 2º andar, o Jornalismo, que ganhou uma mesa da Embaixada americana, que até foi a SOARMEC que conseguiu. Foi uma mesa Gate e uma série de equipamentos, e montou-se um estúdio muito bom, ocupando o espaço que o Acervo ocupa, hoje. Foi a primeira vez que se teve Jornalismo na Rádio, funcionando efetivamente. E fizemos coberturas – o Sanz (Luiz Alberto) era editor do jornal. Foi a primeira vez que vieram trabalhar grandes jornalistas aqui – pelo menos que eu tenha visto. É uma coisa importante de ser falada, esse surgimento do Jornalismo. Não era para ter acabado. AO – E a educação? BETINHO – A programação da Educação começou a cair porque ficou voltada para as Ondas Curtas, porque o próprio rádio de Ondas Curtas já estava predestinado a morrer, porque começaram a surgir um monte de meios: veio Internet, a TV a cabo, a antena parabólica. E a Maricéia (Drumond) queria comprar um transmissor de Ondas Curtas – coisa que, na verdade, atenderia muito pouca gente. Eu não sei, mas eu achava que se devia trabalhar em cima mesmo da AM e da FM – as Ondas Curtas, eram uma luta perdida. AO – Que produtores você conheceu? BETINHO – Ah, tinha a Noemi Flores, que era uma pessoa incrível, ainda é; a Helena Theodoro, que é demais; a Gizélia Fernandes – são pessoas que a gente sente saudades. E a Lílian Zaremba, que sempre foi pioneira, e sempre foi sub-utilizada. A Líliam é uma pessoa inteligentíssima, é impressionante como é que nenhuma direção que passou por aqui soube explorar essa coisa que a Líliam tem: ela experimenta. Eu acho que a Líliam é uma pessoa capaz de criar uma nova linguagem para o rádio, para ressuscitar, para tirar o rádio – não só a Rádio MEC, mas o meio de comunicação – da inércia que ele vive hoje. Mas é aquela história, hoje em dia as rádios não têm mais recursos para bancar bons profissionais, que resolvam essa questão do rádio como veículo. E a Líliam é uma, você também, o Lauro Gomes, o Zito Baptista. Reúne e fala assim: “Gente, descobre uma nova linguagem para o rádio, uma forma da gente se comunicar e passar cultura, informação!” Ou seja, uma linguagem que desperte o interesse pelo rádio. O jornal existe há séculos – quer coisa mais chata do que ficar sujando o dedo, virando página, com aquele negócio enorme? – e todo mundo lê jornal. Por que é que ninguém pode continuar ouvindo o rádio? Foto Acervo Pessoal BETINHO – Olha, é muito. Porque foram mais de dois anos copiando. Todo dia tinha pilhas de fitas para copiar – sempre que tinha horário vago de estúdio tinha cópia para fazer. E tinha estúdio que era só para isso – tinha operadores que ficavam naquelas montagens, lá em cima, seis horas por dia, só copiando fita. Uns dois operadores, em dois horários, todo dia, mais de dois anos, faz as contas. Em 6 horas você copia 5 programas de uma hora; em 2 períodos, seriam 10 programas de uma hora, por dia; por mês já seriam 300, bota isso vezes dez meses seriam três mil programas – é muita coisa. AO – E os outros produtores da casa? BETINHO – Ah, o Paulo Santos, com os programas de jazz, que também foi outra figura inesquecível. O Paulo Tapajós, o Artur da Távola – eu montei muito programa dele. E tinha o Miguel Proença, o Ricardo Cravo Albin, o Isaac Karabtchewsky. O Karabtchewsky vinha uma vez por mês, e o pessoal falava: “É fantasma...” Mas fazia um programa de música clássica que era demais. Eu montava com ele – ele gravava uma vez por mês, mas gravava 12 programas, para o mês inteiro. Tinha o Antônio Hernandez, que fazia programas bons, mas eu gostava mesmo era dos textos da ópera, do Zito, lidos pelo Lauro Fabiano – aquilo era muito bom... AO – Do Heitor Salles até o Luiz Sanz, tivemos várias direções curtas, algumas duraram semanas. Fale desse período. BETINHO – Nesse período você tinha muito mais acesso ao gabinete do que na época do Heitor. Foi quando eu comecei a participar mais dessas questões. O Moricone dava essa abertura, e com a Márcia (Queiroz), com a Maria Angélica(Nascimento), a gente teve um pouco mais de abertura – começou a se abrir o gabinete. Era uma coisa muito fechada o gabinete. Era aquela coisa de repartição pública, mesmo, ficava o paletó lá – quando você queria falar com alguém você ficava duas horas sentado na cadeira. E a Rádio deixou, mais ou menos, de ser assim. E mesmo hoje, você não pode dizer que o gabinete não seja aberto aos outros funcionários. AO – Como foi a história da compra da mesa de gravação do Sinfônico? BETINHO – A questão da compra da mesa e do equipamento do Sinfônico já foi na época do Sanz. Parece que foi uma verba do FNDE e, nessa época, o Diretor de Engenharia da TV era o Orestes. Chamaram o Sólon do Vale para fazer um projeto de acústica dentro da técnica do Sinfônico; se questionou de novo aquela história de avançar dois metros para dentro do estúdio. Aí, na época do Sanz, era o Roberto Lyra o coordenador, e o Sanz – que na minha opinião fez uma gestão muito aquém do que eu esperava – detonou o Roberto Lyra, e trouxe o Armando Menezes para a Rádio MEC. "Um estado é bem administrado quando os degraus das escolas estão gastos e os degraus dos tribunais estão cobertos de capim" (provérbio chinês) 17 AO – Como foi a gestão do Armando? BETINHO – Nós tínhamos um monte de equipamento comprado na época do Flávio Moricone, e o Armando veio com um papo de querer padronizar tudo com máquina Otari. E o Sanz ficou até meio melindrado, porque eu batia de frente com o Armando. O Sanz foi colega de trabalho nosso, aqui no Jornalismo, e eu tinha intimidade para chegar e falar, e eu achei que foi feito muita coisa errada. E uma das coisas erradas foi a compra da mesa Sony – que na verdade não é uma mesa ruim, mas é uma mesa impraticável para o tamanho da técnica que se tem no estúdio. E acabaram comprando escondido de mim, porque eu via todos os processos que o Armando passava de compra, porque nessa época eu era Chefe de Operações, e dava palpites, e embarreirava. E eu consegui embarreirar de vez a compra desses Otari – fiz uma justificativa imensa, dizendo que era um absurdo comprar 36 máquinas analógicas Otari – isso foi em 94 – com todo mundo partindo para o digital . Naquela época havia dinheiro – foi quando se reformou o 7º andar. O Armando não deixava de ser um bom administrador, porque ele executou a obra, informatizou a casa e resolveu o problema de telefonia – isso aí você tem que dar crédito ao cara. Os telefones na casa eram um caos. Agora, essa questão da mesa do Sinfônico é questionável. Levou não sei quantos anos para chegar, e ficou um ano parada, lá em baixo. Também compramos MDs, mas ficaram guardado, também. Ele queria só comprar, comprar, e deixar guardado. Foi preciso eu pegar um MD, e falar: “Mas, Armando, eu vou pegar um MD desses que eu quero testar, quero botar ele para funcionar!” E ele: “Não, eu não quero instalar isso agora”. Poxa, o aparelho já estava há um ano encaixotado. E a garantia do equipamento? Eu fui lá no almoxarifado, na marra, peguei um MD daquele, botei na minha sala e comecei a futucar o equipamento, para poder aprender a operar com ele e ensinar os meninos. E foi aí que apareceu um monte de problemas, foi até bom, porque deu um monte de falhas, dava erro de disco, aquelas confusões todas que deram no começo, e voltaram a dar agora – também já tem mais de dez anos que as máquinas estão rodando. E essa máquina digital, que ele comprou, essa PCM, da Sony, é uma baita máquina, mas é uma máquina de trezentos mil reais – você pode gravar muito mais barato em outras mídias, ou seja, foi uma coisa feita para se gastar dinheiro. Tanto é que a máquina está dando um monte de problemas, hoje. A Sony não tem tradição em áudio – é detentora de tecnologia em vídeo. A compra que a TVE fez com a Sony foi grande, eu não sei qual foi a contrapartida disso. 18 AO – Como está esta máquina, hoje? BETINHO – Se ela estivesse funcionando ela poderia ficar gravando mais uns dez anos, sem problemas, só que ela está com um defeito intermitente – às vezes puxa e arrebenta a fita – e o Pedro, da Sony, que é o único técnico, que eu saiba, no Brasil, que fez o curso específico para essa máquina, não conseguiu resolver. Ou seja, a máquina está fadada a ficar sem conserto e ser aposentada como aconteceu com aquela analógica de 24 canais . Eu acho que tinha que botar a jurídica para trabalhar nisso, de se fazer uma forma pra se vender essa máquina e voltar o dinheiro para a Rádio. Porque é jogar dinheiro público fora – eu acho um absurdo estar com uma máquina de 24 canais, em perfeito estado, que ainda interessa a alguns estúdios – é uma máquina que se eu for dar baixa nela, ela vai para a Penha (onde fica o depósito), vai enferrujar, e eu prefiro deixar ela guardada aqui. AO – E a mesa, qual o estado dela? BETINHO – A mesa está ótima. Os pequenos problemas que têm são normais, mau contato num canal, uma coisa qualquer. O único problema dela é que ela é grande demais, só isso. AO – E o sr. Paulo Henrique Cardoso? BETINHO – O Paulo me surpreendeu. Na verdade, ele é um garotão, um playboy, mas que soube respeitar os funcionários da casa. Ele ouvia todo mundo, era uma pessoa muito expansiva, fez coisas erradas, como todo mundo faz, mas ele soube respeitar quem era antigo aqui – coisa que não tem acontecido. Eu acho que a gestão dele foi boa, não porque me colocou como chefe da operação. Foi uma pena, no finalzinho, com aquela confusão daquele Presidente que entrou, o Paulo Branco, teve aquela ‘rixinha’ política lá, e o Paulo Henrique acabou largando a Direção da Rádio. Depois, os funcionários se uniram, e fizemos aquele Encontro de Funcionários, que foi ótimo, a SOARMEC participou efetivamente disso, e, a partir da gestão da Regina Salles, foi maravilhoso. AO – E a gestão da Regina Salles? BETINHO – Foi inquestionável: mais transparente impossível. Eu não conheci as outras gestões antes da do Heitor, mas acho que nunca teve uma gestão melhor na Rádio, e acho que dificilmente vai haver. A Regina era uma funcionária de carreira da casa, talvez por isso tenha sido tão gostoso. Era uma pessoa honesta, querida, transparente em tudo, e foi eleita pelos funcionários – que coisa inédita, fantástica! Isso foi uma coisa, uma herança que o Paulo Henrique deixou. Foi lindo, maravilhoso, melhor não podia ser! Todo mundo era ouvido, ela fazia reunião com todo mundo, todas as áreas eram respeitadas, era demais da conta!, e tudo foi surgindo naturalmente, com a participação dos funcionários. Virou uma grande ‘família’, mesmo. E o engraçado foi que na gestão da Regina, que teoricamente não era uma pessoa indicada politicamente, foi a época em que se teve mais condição de se fazer tudo – tinha dinheiro para se fazer tudo. Como é que pode? Uma pessoa que não veio de Brasília, que não era ‘empistolada’ de ninguém, que era funcionária de carreira da casa, eleita, colocada lá pela pressão que os funcionários fizeram sobre o Paulo Branco. Faz muita falta, e como a Rádio cresceu. E aí veio o FESCAN, veio o Festival de Talentos… A participação da Gizélia Fernandes, nesse ponto – como era trabalhadora, como gostava da Rádio. Essas pessoas, elas marcam, eram pessoas que você sente que gostavam da Rádio. Com a Liara (Liara Avelar, superintendente na época) eu não tenho o que falar de errado, de ruim. Todas as áreas foram ouvidas, foram respeitadas, se conseguiu fazer tudo, fundou-se a CAO e fizemos muita coisa ao vivo, de um monte de lugares. E a Rádio trabalhava em parceria com a SOARMEC – foi a época que a SOARMEC cresceu, que a Rádio cresceu junto com isso. Mesmo com a mudança do Presidente, do Paulo Branco para o Escostegui(Jorge) e depois o Paulo Ribeiro, continuaram a apoiar a Regina, souberam respeitar. E depois do Paulo Ribeiro veio o Jorge Guilherme, que manteve a Regina. Só acabou mesmo quando entrou a ACERP, e foi uma pena a Regina ter saído, mas não tinha outro jeito. E com ela saiu um monte de gente. AO – E como você sente a Rádio, hoje? BETINHO – Eu vejo assim: os funcionários trabalham aqui por trabalhar, por inércia, sem alternativa para poder sobreviver. E os outros estão só de passagem, porque se paga tão mal, não dá tempo de você amar isso, de viver o que eu vivi. Eu me considero um felizardo – entrei aqui num momento em que só tinha profissional da Mayrink Veiga e da Rádio Nacional, que eram as potências do rádio. Eu estou com 42 anos: eu não vivi a Era do Rádio, mas acabei vivendo porque os profissionais que trabalhavam aqui, todos vieram dessa Era do Rádio, e eu consegui voltar no tempo e pegar uma carona nessa história – eu cresci muito, eu aprendi muito. Eu nunca tive ídolos, eu nunca fui fã de Beatles, de nada, eu gostava mas nunca tive ídolos, os meus ídolos eram o Sr. Hamilton, era o Paulo Salgado, era o Sr. Mário Dias, eram essas pessoas de bem que a vida me deu a oportunidade de ir esbarrando com elas. Eu sempre que eu esbarro com uma pessoa assim eu tento tirar o que eu posso, e aprender, e é isso que me fez o que eu sou hoje. AO – A Rádio MEC, é também uma Rádio Educativa, no sentido de que ela treina e profissionaliza pessoas. Não é só você: o Ary André, o Dinho (Olivaldo Meireles), o Ribamar, essas pessoas todas aprenderam aqui dentro. Você formou pessoas aqui dentro? BETINHO – O próprio Ary André foi um deles. Quando eu entrei na Rádio, era tudo mono – eram aquelas máquinas Foto Clara Zuñiga O entrevistado abraçando seu antigo chefe, Hamilton Reis, durante visita deste à SOARMEC, em agosto de 2001. Ampex, e tal. Esse pessoal que tinha vindo da Nacional e da Mayrink Veiga que era onde tinha a maior tecnologia de rádio – que na verdade eram a ‘TV Globo’ da época. Então, eu dei a sorte de entrar na Rádio num momento em que estavam essas pessoas disponíveis. Por onde quer que eu olhasse, só tinha gente boa trabalhando, não tinha ninguém fraco. Eu sentava com o Monteverde e perguntava: “Por que é que tem que alinhar isso aqui?” – “É porque você tem que fazer a leitura da reprodução, para ver se o seu nível de áudio está entrando direito.” Todos eles sabiam me responder isso, hoje em dia a maioria não sabe responder. E muita coisa eu aprendi fora da Rádio, fazendo externa pela Rádio. Eu aprendi muito com o Frank Justus – aquele americano que gravou muito disco por aí. Tudo que aprendi de ‘microfonação’ foi principalmente com o Frank. Eu gosto de ensinar, eu acho que eu daria um bom professor, talvez, de qualquer coisa, porque eu gosto de ensinar. Esses meninos que eu treinei, o Ary André, o Dinho, o (Marcos)Clay, eu gosto de sentar e explicar, e dar oportunidade de fazer, porque eu tive essa oportunidade de aprender e eu eu gosto de passar isso adiante. AO – Alguma coisa a mais pra dizer? BETINHO – Eu sempre sonho, eu sempre espero que a Rádio volte a ser o que era, mas cada vez mais eu acho que a gente está distante disso. Dificilmente uma pessoa vai se apaixonar, como eu me apaixonei quando eu entrei aqui pela primeira vez, porque hoje em dia a gente vive uma estagnação muito grande. Mas eu estou feliz, de uma forma ou de outra, de ter participado um pouco da história da Rádio. Não me arrependo, em nenhum momento, de tudo o que eu fiz aqui dentro – eu tenho maior orgulho disso. Eu acho que o meu sonho era ser lembrado, quer dizer, associado ao nome do RoquettePinto, ao nome de tanta gente boa que passou por aqui. É uma coisa que é o meu sonho, daqui a 20, 30 anos, o meu filho vir aqui e ver uma plaqueta, na porta de um estúdio ou mesmo de um elevador, com o meu nome. Cartas "Sou professor do Curso de Comunicação Social da Faculdade Moacyr Bastos, em Campo Grande. Também dou aula de Rádio no Curso de Comunicação Social do Exército no Forte do Leme. Sou ainda professor de Rádio e TV da UERJ e do Curso de Locução da Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro. Ao apresentar este "currículo", sou movido apenas pelo desejo de afirmar meu compromisso com o Rádio perante as novas gerações e dizer de meu apoio às meritórias atividades da SOARMEC. Em minhas aulas, sempre que é oportuno, mostro nosso Informativo e falo da história da nossa Rádio MEC, que é muito a história do rádio brasileiro. (...) consola-me saber que vocês continuam atuando com todo entusiasmo e resta-me desejar a toda a diretoria sucesso no trabalho." Do amigo ouvinte Roberto Salvador A carta-conjunta dos funcionários da Rádio Nacional, transcrita abaixo, reclamando do descaso com o transmissor, em Itaóca, dobra o seu impacto se levarmos em conta que a Rádio MEC AM pega "carona" naquele transmissor (veja entrevista de Roberto Montero) "Gostaríamos de esclarecer alguns pontos da matéria publicada no dia 7/5/2002, sobre a Rádio Nacional. Foi dito que a passagem do tempo deu à Rádio Relógio uma audiência maior que a da Rádio Nacional. É possível, já que há 12 anos a Radiobrás não investe um tostão na conservação e manutenção de seus transmissores. O descaso é tanto que a torre está afundando no terreno onde está assentada, em Itaóca. É isso que impede que o som da Rádio Nacional do Rio de Janeiro alcance até mesmo o bairro do Leblon. Esqueceram que rádio é som? Houve um momento em que tivemos um certo alento em relação às transmissões da Rádio Nacional, quando compraram um transmissor novo! Mas, infelizmente, o transmissor comprado para o Rio foi enviado para Brasília... Um programa radiofônico não permanece no ar por 31 anos (e não 30, como foi mencionado) impunemente. No caso do programa da radialista Daisy Lúcidi, não se trata de uma revista feminina, mas sim do primeiro programa diário de prestação de serviço do rádio brasileiro. O governo tem obrigação de realizar esse trabalho social para com aquele que depositou nele sua confiança ao colocá-lo no comando da Nação. Para encerrar, gostaríamos que nos fosse clarificada uma pequena dúvida: será que a emissora do governo irá contrariar sua própria lei? Aquela que estabelece a "regionalização das programações radiofônicas"? É bom que fique bem claro que nenhum dos funcionários gostaria de sangrar os cofres da União sem nada fazer ou fazendo o mínimo, aos sábados e domingos." Daisy Lúcidi e mais 20 assinaturas de funcionários. Este abaixo-assinado, que recebemos por e-mail e estamos passando adiante, comprova a oportunidade do nosso projeto Visão da Literatura e,de modo contundente, o abandono cultural a que os deficientes visuais estão submetidos. Colabore com o missivista, copiando, coletando assinaturas e remetendo para o e-mail do signatário: [email protected] “Eu, Daniel de Moraes Monteiro, 15 anos, estudante do último ano do ensino fundamental, demais portadores de deficiência visual, profissionais e pessoas interessadas, abaixo assinados, solicitamos providência do Ministério Público, no sentido de que haja uma lei que obrigue as editoras a disponibilizarem uma cota de exemplares de suas publicações em braille, por meio magnético, gravado ou de qualquer outro modo acessível aos deficientes visuais. A revogação da Lei Federal 9045 (que obrigava as editoras a disponibilizarem seus livros aos cegos em regime de proporcionalidade) é, para nós, uma imensa perda, pois muitas editoras resistem em nos conceder o material em modo magnético (para que possa ser impresso em braille, ou ouvido por meio de síntese de voz), e não temos mais o argumento da lei para convencer os editores a colaborar conosco. Com uma lei que obrigue as editoras a tornarem suas publicações acessíveis, poderemos exigir das mesmas que o façam. Em muitos casos, conseguimos apelar para a boa vontade dos editores, mas em muitos casos isto não é possível. Muitos estudantes ficam impossibilitados de acompanharem sua turma na sala de aula, pois não têm condições de ler os livros como os demais integrantes da turma, ficando assim extremamente dependentes da boa vontade de algum outro colega que leia para eles, e não é sempre que há alguém disponível. No 2º grau, são poucos os livros didáticos transcritos para o método braille. No nível superior é pior ainda, pois as universidades não procuram se adequar às necessidades de uma parcela de seu público, que também precisa estudar como todos os outros. Quando queremos ler um livro, temos de esperar que alguém o transcreva ou grave, o que é feito com muito poucos livros, em sua maioria clássicos da literatura. Ou ainda, temos que procurar os livros na Internet, mas não é todo tipo de livro que pode ser baixado e lido normalmente. Já pela Lei Federal nº 10098, todos os portadores de quaisquer deficiências têm garantido o acesso à cultura, e o livro é uma de suas formas mais ricas. Por isto, gostaríamos de pedir a vossa providência, para começarmos a melhorar a nossa situação. Isto não vai ocorrer de uma hora para outra, mas precisa começar de algum modo. E é para este começo que contamos com vocês.” Daniel Monteiro Coluna do Conselheiro Yacira Peixoto, eleita em novembro de 2001 para substituir Paulo Borges, no Conselho da ACERP, como conselheira-representante dos funcionários da Rádio e da TVE, ainda não pode estrear sua coluna. Isto porque, simplesmente, o Conselho não se reúne desde que o Secretário Andrea Mata- razzo saiu do SECOM, em meados de 2001. Agora a coisa ficou mais difícil, ainda, porque a SECOM, que ficou sem comando até a nomeação do publicitário João Roberto Vieira para o cargo, em dezembro de 2001, acaba de ficar novamente acéfala, pois João Roberto acaba de se desligar para assumir o comando da campanha presidencial de José Serra. Para complicar, ainda mais, o Conselho está há dois meses sem titular e sofreu também desfalques, pois a presidente Aspásia Camargo saiu para candidatar-se a governadora pelo PV, e os conselheiros Márcio Fortes e Arthur da Távola, para concorrer a cargos eletivos. NÚMEROS DA CAO Tabulação feita por Renata Mello, com base nos relatórios semanais da Central de Atendimento ao Ouvinte, de 01/02/2002 a 24/07/2002. Total de ligações: 3.290 em 174 dias, numa média de 18,9 ligações por dia MEC AM Total de ligações • Para o Caderno Manhã • Para o Cia. do Samba • Reclamações • Sugestões • Elogios •Críticas • Promoções • Pedido informações • Reserva Ao Vivo ent. Amigos • Reservas p/ Parede 800 AM • Participaram de promoções • Demanda de Grade Programação • Participação em Escutar e Pensar 1664 649 98 08 119 172 16 99 224 117 146 99 13 3 MEC FM Total de ligações • Participaram das promoções • Informações • Reservas Sala de Concerto • Atendendo aos Ouvintes • Reclamações • Pedidos de grade • Elogios • Críticas • Sugestões 1626 73 393 612 337 18 35 57 59 42 Central de Atendimento ao Ouvinte - CAO Tel: 2252-8413 Recitais do Selo Rádio MEC Comemorando o 66º aniversário da Emissora, os artistas do Selo Rádio MEC estarão se apresentando, durante o mês de setembro, sempre às 18:30 h, na nova Sala Sidney Miller. A Sala funciona no Palácio da Cultura, térreo, e os ingressos custam 10 e 5 reais. Mas os ouvintes podem concorrer aos ingressos grátis que já estão sendo sorteados pela MEC AM e a FM, durante a programação diária. Grupo Chapéu de Palha 6 e 7 (sexta e sábado) Sincronia Carioca 9 e 10 (segunda e terça) Dianna Pequeno 13 e 14 (sexta e sábado) Fred Martins 16 e 17 (segunda e terça) Wilson Moreira 20 e 21 (sexta e sábado) Telma Tavares 23 e 24 (segunda e terça) Lucina 27 e 28 (sexta e sábado) 19 música Escalas Escalas música PROGRAMAÇÃO Ópera Completa por Zito Baptista Filho MEC FM - Domingos, 17 hs AGOSTO DE 2002 04 - MONTEVERDI - “Orfeu” 11 - MASSENET - “Esclarmonde” 18 - CARLOS GOMES - “Condor” 25 - MASCAGNI - “Guglielmo Ratcliff”
Documentos relacionados
AMIGO 34.qxd
SOARMEC obteve, assim, mais um incontestável reconhecimento dos serviços prestados à cultura brasileira e ao rádio educativo-cultural. Veja fac-simile da notificação, ao lado.
Leia maisO décimo sétimo CD
já nos primeiros dias da gestão atual, quando apenas houvera a troca da presidente, mas a rádio ainda permanecia com a antiga gerência. A isso, seguiu-se um inquérito administrativo que não consegu...
Leia maisAMIGO 35.qxd
(Lei nº 2464) e Estadual (Lei nº 3048) CGC 40405847/0001-70 Praça da República l4l-A Sala 201 CEP 20211-350 Tel: 2221-7447 R: 2207 e 2210 [email protected] EDITOR-RESPONSÁVEL: Renato Rocha JOR...
Leia maisChegou!!!
(Lei nº 2464) e Estadual (Lei nº 3048) CGC 40405847/0001-70 Praça da República l4l-A Sala 201 CEP 20211-350 Tel: 221-7447 R: 2207e 2210 [email protected] EDITOR-RESPONSÁVEL: Renato Rocha PRESI...
Leia mais