A Internacionalização do Setor as Empresas Líderes Brasileiras
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A Internacionalização do Setor as Empresas Líderes Brasileiras
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências e Letras Departamento de Economia Monografia A Internacionalização do Setor Siderúrgico: Um Estudo sobre as Empresas Líderes Brasileiras Estudante: Erika Fernanda Vilaça Lourenço Orientador: Prof. Dr. Eduardo Strachman Banca examinadora: Prof. Dr. Marcelo Pinho Prof. Dr. José Eduardo Roselino Araraquara, dezembro de 2006 SUMÁRIO Introdução ............................................................................................................................................ 1 Capítulo 1.............................................................................................................................................. 4 1.Os Movimentos Mundiais do Setor Siderúrgico............................................................................ 4 1.1. Características Técnico-Produtivas do Setor................................................................................... 4 1.2. Retrospectiva do Setor..................................................................................................................... 12 1.3. A Internacionalização: Discussão Teórica e Uma Análise de Sua Evolução no Setor Siderúrgico.............................................................................................................................................. 22 1.3.1. Discussão teórica........................................................................................................ 22 1.3.2. A internacionalização no setor siderúrgico................................................................ 26 1.3.3. O desenvolvimento Chinês........................................................................................ 29 Capítulo 2.............................................................................................................................................. 32 2. Siderurgia Brasileira Pós-Privatização: Modificações Patrimoniais e Características Gerais do Processo de Internacionalização Recente..................................................................................... 32 2.1. Privatização da Siderurgia Brasileira e Modificações Patrimoniais na Década de Noventa e Virada do Milênio.................................................................................................................................. 32 2.2. A Internacionalização da Siderurgia Brasileira sob o Ponto de Vista da Balança Comercial........ 42 2.3. A Internacionalização Passiva da Siderurgia Brasileira nos Anos Recentes.................................. 49 2.4. A Internacionalização Ativa da siderurgia brasileira nos Anos Recentes....................................... 52 3. Conclusão.......................................................................................................................................... 58 4. Referências Bibliográficas............................................................................................................... 63 5. Anexos............................................................................................................................................... 68 Anexo I 68 Anexo II 70 Anexo III 71 Anexo IV 132 Tabela A1: Exportações de Aço para América Latina entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) – Brasil 139 Tabela A2: Importações de Aço da América Latina entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) – 140 Brasil...................................................................................................................................................... Tabela A3: Exportações de Aço para o Nafta entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) – Brasil.............. 141 Tabela A4: Importações de Aço do Nafta entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) – Brasil.................... 142 Tabela A5: Exportações de Aço para a China entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) – Brasil............. 143 Tabela A6: Importações de Aço da China entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) – Brasil................... 144 2 Índice de Tabelas Tabela 1: Empresas Siderúrgicas no Brasil, em 2005............................................................................. 3 Tabela 2: Produção Mundial de Aço Bruto por Região (1980-2002), em milhões de 14 tons......................................................................................................................................................... Tabela 3: Consumo Aparente de Aço Bruto nos Países em Desenvolvimento -1980 -1998 (em 15 milhões de toneladas)............................................................................................................................. Tabela 4: Distribuição das Exportações Mundiais de Produtos de Aço (médias do triênio 1994- 17 1996)...................................................................................................................................................... Tabela 5: Distribuição das Importações Mundiais de Produtos de Aço (médias do triênio 1994- 18 1996) Tabela 6: Produção de Aço Bruto- 1998-2005 (em milhões de toneladas).......................................... 20 Tabela 7: Produção mundial de aço bruto – 1995/2001 (em milhões de toneladas)........................... 21 Tabela 8: Maiores empresas siderúrgicas – 2005................................................................................. 29 Tabela 9: Empresas e Grupos de Controle na Siderurgia Brasileira em 1990...................................... 36 Tabela 10: Siderúrgicas Integradas Privatizadas no Brasil (1991-1994).............................................. 38 Tabela 11: Estrutura Acionária da Siderurgia Brasileira (cenário 2002)............................................. 41 Tabela 12: Grupos de Valor Agregado Relativo/Preço das Exportações Brasileiras........................... 44 Tabela 13: Grupos de Valor Agregado Relativo/Preço das Importações Brasileiras........................... 45 Tabela 14: Exportações Brasileiras de Aço (2000-2006*), em US$ milhões....................................... 46 Tabela 15: Importações Brasileiras de Aço (2000-2006*), em US$ milhões....................................... 48 Tabela 16: Indicadores de desempenho CSN....................................................................................... 73 Tabela 17: Indicadores de desempenho do Sistema Usiminas (Dados Consolidados)........................ 81 Tabela 18: Indicadores de desempenho Gerdau................................................................................... 93 Tabela 19: Indicadores de desempenho Belgo Mineira........................................................................ 107 Tabela 20: Indicadores de desempenho CST....................................................................................... 111 Tabela 21: Indicadores de desempenho Acesita................................................................................... 115 Tabela 22: Indicadores de desempenho Arcelor Brasil........................................................................ 125 3 Introdução Embora os primórdios da fabricação do aço remontem à Antigüidade, foi a partir do desenvolvimento de métodos de produção siderúrgica em massa, no período da 2° Revolução Industrial que o uso do aço se difundiu (Pinho, 2001). No século XX, o aço tornou-se amplamente utilizado na indústria de transformação, sendo que algumas de suas características conferem a ele a capacidade de atender a uma ampla demanda de aplicações. O aço é a principal matéria-prima para uma significativa gama de indústrias e tem importância fundamental na estrutura produtiva dos países industrializados, por estar intimamente ligado tanto a atividades básicas como à produção de bens de consumo duráveis e bens de capital. Sua produção aparece como um indicador de desenvolvimento e crescimento econômico, por ser seu consumo proporcional à realização de obras públicas, produção de equipamentos, entre outros. Como definição de aço tem-se a liga de ferro e carbono, em que este último participa com massa inferior a 2% e, os outros 98% correspondem ao ferro. Essa composição é referente ao aço carbono (comum), porque nos aços ligados (especiais) há presença de outros elementos, sendo eles, cromo, níquel, silício, manganês, nióbio, tungstênio e vanádio (Pinho, 2001). Traçar a trajetória dessa indústria é essencial para entender seu desenvolvimento atual. Ao entender que o processo de privatização foi acompanhado pelo fenômeno da internacionalização, fazendo com que uma maior concentração industrial se instaurasse, inicia-se no caminho do entendimento da dinâmica recente deste setor, tanto no mundo como no Brasil. O presente trabalho divide-se em três capítulos, nos quais se buscará avaliar de que maneira a siderurgia brasileira se inseriu no processo de internacionalização, tendo em vista a elevada entrada recente (desde a década de 90) de IDE e a ampliação da presença de capitais brasileiros deste mesmo setor, no exterior. O primeiro capítulo irá mostrar o que é o setor siderúrgico, com uma caracterização técnico-produtiva abrangendo a produção e os elementos comercializáveis. Cabe já ressaltar que a siderurgia é madura em termos tecnológicos, sendo a baixa intensidade de seus gastos em P&D um bom indicador desse fato. Deste modo, o estudo não se aprofundará nas inovações do setor, mas sim, mostrará a modernização como resultado de processos pelos quais a siderurgia está 1 passando. Isso não significa que se ignorará o esforço de melhoria de desempenho dos aços em relação a uma série de características demandadas, em algumas de suas aplicações, mas apenas que a inovação não é o foco do trabalho. Assim, além da parte técnico-produtiva, no capítulo inicial são analisas as mudanças do setor, em termos internacionais, identificando os principais fenômenos ocorridos e destacando os grupos que tiveram participações mais efetivas. Uma síntese dos acontecimentos será apresentada, partindo dos anos 1970, quando houve uma mudança no cenário mundial, com o fim da “era do aço”. Uma exposição dos produtos siderúrgicos também se faz necessária, já que esse setor tem uma caracterização singular. Posteriormente, será realizada uma síntese teórica sobre o fenômeno internacionalização, para dar suporte à discussão contemporânea do setor, cuja internacionalização é intrínseca. E, como se sabe da importância do desenvolvimento chinês no mercado siderúrgico, no fim do primeiro capítulo haverá uma breve análise sobre esse mercado, que servirá para as considerações finais sobre a expansão brasileira. Essa parte do capítulo é de suma importância, pois o mercado chinês transformou a siderurgia pós 2003, fazendo-se necessário visualizar a situação atual do Brasil em relação a esse global player, analisando as mudanças ocorridas e o que pode vir a se modificar futuramente. No capítulo dois, o caminho realizado pela siderurgia nacional será mostrado, buscando as diferenças e especificidades do Brasil em relação ao restante do mundo. Cabe lembrar que as hipóteses que guiam esse estudo são que as empresas siderúrgicas brasileiras apresentam atualmente uma melhor produtividade e competitividade dinâmicas. Isto ocorreu após o processo de privatização e internacionalização, que gerou um parque industrial mais concentrado e resultou em uma série de investimentos em modernização e, mais recentemente, em ampliação de capacidade e também em maior capacitação tecnológica (Oliveira, 2004). Desta maneira, nesse capítulo, ter-se-á uma apresentação sobre todas as formas de internacionalização ocorridas no país, para que possa entender o modo com o qual as empresas nacionais vêm se inserindo no contexto internacional, não só com suas aquisições/fusões, mas também com seus produtos comercializados. A tabela 1 expõe o perfil siderúrgico brasileiro atual e auxilia a evidenciar que as empresas analisadas são de grande importância, além de mostrar o grau de concentração do setor, que é crescente. 2 Tabela 1. Empresas Siderúrgicas no Brasil, em 2005 TIPO EMPRESA (Localização) Usinas Integradas Usinas Semi-Integradas Acesita (MG) Cosipa (SP) CST (ES) CSN (RJ) Usiminas (MG) Belgo Mineira (Monlevade/MG) Gerdau (Barão de Cocais/MG, Divinópolis/MG), Açominas (MG) Usiba (BA) V&M do Brasil (MG) Aço Villares (Pindamonhangaba/SP e Mogi das Cruzes/SP) Siderúrgica Barra Mansa (Barra Mansa/RJ) Belgo Mineira (Piracicaba/SP, Grande Vitória/ES e Juiz de Fora/MG) Gerdau (Aços Finos Piratini/RS) Açonorte (PE) Cearense (CE) Cosigua (RJ) Guaíra (PR) Riograndense (RS) Villares Metais (SP) PRODUTO Laminados Planos Laminados Longos Laminados Longos GRUPO CAP. 2005 (Unid. 1000t) Arcelor Usiminas Cosipa Arcelor CSN Usiminas Cosipa 830 4.500 5.300 6.000 5.000 Arcelor Gerdau Gerdau 3.800 V&M do Brasil 570 Aços Villares 870 8.840 Votorantim 600 Arcelor 3.800 Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Villares Metais 8.840 130 Obs: Capacidade de produção para 2005, referente ao grupo siderúrgico. Fonte:BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n. 22, p. 151-204, set. 2005. Portanto, o objetivo do trabalho, é compreender como o setor siderúrgico doméstico está reagindo às rápidas e freqüentes mudanças ocorridas no mundo do aço. Almeja-se analisar várias das estratégias adotadas pelas principais empresas do país, mas, além disso, visualiza-las no longo prazo, para ver se o setor nacional irá sobreviver a essa nova dinâmica que se instaura na siderurgia. 3 Capítulo I: Os Movimentos Mundiais do Setor Siderúrgico As mudanças internacionais da siderurgia são de suma importância para que se entenda o cenário nacional deste setor. Há uma correlação entre a internacionalização tardia da estrutura produtiva ocorrida no mundo e a recente aceleração da internacionalização do parque siderúrgico nacional, com desnacionalização de parte deste parque produtivo concomitantemente à elevação do IDE por parte de empresas de capital nacional. Assim, esse capítulo apresentará uma caracterização breve do setor para que, posteriormente, faça-se uma síntese dos acontecimentos mundiais, evidenciando o processo de internacionalização e apresentando uma discussão teórica sobre ele. Finalizando o capítulo, abordar-se-á a transformação ocorrida no setor siderúrgico com a abertura do mercado chinês, que instaura uma nova dinâmica internacional neste setor. Faz-se válido ressaltar, que esse capítulo tem como objetivo mostrar os acontecimentos mundiais para que no capítulo dois se entenda melhor os processos ocorridos no Brasil e, nesse sentido, a discussão sobre a China é de extrema relevância, já que faz com que as empresas nacionais tenham que pensar em sua permanência de mercado no longo prazo. 1.1 Características Técnico-Produtivas do Setor Como se sabe, o aço é uma liga de ferro e carbono, sendo este último elemento obtido de carvão mineral ou vegetal. Antes de serem levados ao alto forno, o minério de ferro e o carvão são previamente preparados para melhoria do rendimento e economia do processo. As usinas de aço, de acordo com seu processo produtivo, classificam-se em: - Integradas, quando operam com as três fases básicas: redução, refino e laminação; - Semi-integradas, quando operam duas fases: refino e laminação. Estas usinas partem de ferro gusa, ferro esponja ou sucata metálica adquiridas de terceiros para transformá-los em aço, em aciarias elétricas, para sua posterior laminação. Nas usinas integradas clássicas prevalecem o carvão mineral e o minério de ferro. A sucata ferrosa, por sua vez, é o insumo básico das usinas semi-integradas. As usinas integradas promovem a transformação do minério de ferro em produtos 4 siderúrgicos, semi-acabados ou acabados (laminados). Tradicionalmente isso requer coquerias, altos-fornos, aciarias e laminadores. Continuando com as fases do processo integrado, tem-se, primeiramente a redução, tendo como equipamentos a coqueria, que transforma o carvão mineral em coque, e o alto-forno, que tem como produto final o ferro-gusa. A etapa seguinte do processo é o refino. O ferro gusa é levado para a aciaria, ainda em estado líquido, para ser transformado em aço, mediante queima de impurezas e adições. O refino do aço se faz em fornos a oxigênio ou elétricos. Finalmente, a terceira fase clássica do processo de fabricação do aço é a laminação. O aço, em processo de solidificação, é deformado mecanicamente e transformado em produtos siderúrgicos utilizados pela indústria de transformação, como chapas grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados, barras, etc. (Oliveira, 2001). Quanto ao processo das usinas semi-integradas, este compreende apenas as duas últimas etapas, o refino e a laminação, utilizando-se, como visto, a sucata ferrosa como insumo básico. Quanto ao tipo de aço, há os aços-carbono, que são, como o nome em parte já explica, aços ao carbono ou com baixo teor de liga, de composição química definida em faixas amplas, e os aços ligados/especiais, que são aços com alto teor de liga ou de alto carbono, de composição química definida em estreitas faixas, para todos os elementos, e com especificações rígidas. A redução é a primeira das três fases de produção do aço, tendo como objetivo principal transformar o minério de ferro – encontrado na natureza geralmente sob a forma de óxido de ferro – em ferro-gusa. Os equipamentos utilizados nesta etapa são a coqueria, que transforma o carvão mineral em coque, e o alto-forno, cujo produto final é o ferro-gusa. A coqueria compõe-se de uma série de baterias de fornos, onde o carvão mineral é aquecido na ausência de ar, separando a matéria volátil do resíduo sólido com alta porcentagem de carbono que é o coque metalúrgico, o principal combustível para a redução do minério de ferro nos altos-fornos (Oliveira, 2004). À semelhança do carvão mineral, o minério de ferro também costuma ser beneficiado antes de ser utilizado nos altos-fornos. O beneficiamento visa justamente a obtenção de um melhor desempenho operacional desses equipamentos, sendo realizado principalmente pelos processos alternativos de sinterização e pelotização. Os altosfornos são revestidos internamente com materiais refratários e podem utilizar dois tipos de redutor: coque de carvão mineral e carvão vegetal. Em sua parte superior, são carregados com minério de ferro, coque, sínter e fundentes, como calcário e dolomita. A seguir, é soprado ar quente através de ventaneiras, na parte inferior do equipamento, o 5 que produz a combustão do coque e a transformação do minério de ferro em ferro-gusa. O material é então vazado, nos carros torpedos, vagões especiais que transportam o ferro fundido até a aciaria. Faz-se relevante destacar que as usinas integradas tendem, na atualidade, a utilizar o coque de carvão mineral em vez do carvão vegetal. A segunda fase, o refino, processa a produção do aço propriamente dito em aciarias e realiza sua solidificação. No padrão tecnológico vigente, o refino do aço é realizado em conversores a oxigênio por meio de transformações químicas endotérmicas, nas quais se utiliza, como fonte de energia, o próprio calor imanente do gusa líquido. No conversor carregado com gusa, sucata (rejeitos da própria produção que retornam para serem reprocessados), cal e outros escorificantes, o ferro-gusa sofre um processo de modificação de composição química, com redução do teor de carbono, através de injeção de oxigênio, e adição de ferro-ligas, como o manganês e/ou outros elementos, como alumínio ou silício, transformando-se em aço. Os objetivos precípuos da etapa de refino são o ajuste da quantidade de carbono, entre outros elementos de liga, à proporção necessária para a obtenção das propriedades desejadas, e a redução para níveis aceitáveis de elementos residuais, como fósforo, enxofre e nitrogênio. Existem quatro tipos principais de aciaria: conversores ao oxigênio (usualmente denominados LD), fornos elétricos ao arco, fornos Siemens-Martin e o conversor Bessemer, sendo os dois últimos atualmente considerados sinônimos de atraso tecnológico, subsistindo apenas em usinas antigas e obsoletas (Oliveira, 2004). A partir desta etapa, o aço já possui sua composição química definida e deverá ser submetido a um processo de conformação inicial, antes de passar à terceira fase, a laminação. O processo mais difundido de solidificação é o lingotamento contínuo, processo que continuamente produz semi-acabados (placas ou blocos e tarugos), a partir do aço líquido vazado através de um molde. Já substituiu em quase todas as siderúrgicas o processo de lingotamento convencional, o qual consiste em vazar aço líquido das aciarias em lingoteiras. Nelas, são moldados os lingotes, os quais necessitam passar por fornos de reaquecimento para então serem encaminhados à operação de desbaste. No lingotamento contínuo, por sua vez, o produto segue direto para a laminação. Na última fase do processo produtivo siderúrgico, a laminação, o produto é submetido a tratamentos físicos e químicos para que possa adquirir forma e propriedades adequadas à sua aplicação. Uma variedade relativamente ampla de equipamentos é normalmente aqui utilizada, dependendo do produto final desejado. Nas usinas produtoras de planos comuns, a primeira laminação é feita a quente, ou seja, com 6 o material sendo mantido a temperaturas elevadas para facilitar a sua conformação. Em um processo seqüencial para redução da espessura e melhoria da qualidade superficial e das características mecânicas, pode ser também laminado a frio, normalmente em temperatura ambiente, gerando outro tipo de produtos. Pode receber ainda tratamento de galvanização (ou zincagem), processo cuja finalidade é revestir a superfície da bobina laminada a frio com uma fina camada de zinco, para aumentar a resistência à corrosão, ou receber um revestimento de estanho e cromo/óxido de cromo para a produção, respectivamente, de folhas-de-flandres e folhas cromadas (Oliveira, 2004). De uma maneira mais detalhada, a linha de laminação a quente fica assim subdividida: (a) laminação de chapas grossas e (b) laminação de tiras a quente. Na laminação de chapas grossas, as placas, oriundas do lingotamento contínuo, após limpeza e retirada de defeitos superficiais, são introduzidas no forno de reaquecimento, que eleva a sua temperatura até faixas necessárias para o laminador de chapas grossas, que, na seqüência, reduz a espessura das placas até a obtenção da espessura desejada para o produto. São, então, resfriadas, inspecionadas, identificadas, cortadas e despachadas. Na laminação de tiras a quente, as placas são reaquecidas e depois processadas seqüencialmente em laminadores que colocam o produto na espessura desejada para o produto laminado a quente, formando uma longa tira que é posteriormente enrolada numa bobina. Ainda na linha de laminação a quente, as bobinas podem ser decapadas – imersão e passagem da tira por uma solução contendo ácido clorídrico, visando remover as impurezas da superfície do aço – para remoção do óxido superficial, ou passar no laminador de acabamento, onde recebem um passe de laminação para obter uma superfície mais uniforme. As bobinas podem ser cortadas na linha de tesouras, transformando-se em chapas, de acordo com a necessidade do cliente (Oliveira, 2004). Dependendo das características dos produtos desejados, as bobinas devem passar ainda pela linha de laminação a frio. Antes de serem laminadas, as bobinas a quente sofrem um acabamento superficial, a já explicada decapagem, e, então, são enviadas para o laminador de tiras a frio, no qual a espessura da tira é reduzida, conforme as especificações do cliente. Podem passar ainda por linhas de limpeza eletrolítica que removem a película de emulsão remanescente do processo de laminação a frio. Depois de laminadas a frio, as chapas e bobinas sofrem um tratamento térmico em fornos de recozimento, para remover tensões internas, alterar propriedades mecânicas e características elétricas, entre outras, e então, passam pelo laminador de encruamento, 7 processo de acabamento superficial dos laminados a frio, igualmente para ajustar as propriedades mecânicas do material, introduzindo melhor textura superficial e melhorando a planicidade do produto final. Podem então ser encaminhadas às linhas de galvanização ou de estanhamento/cromagem na produção de folhas metálicas. Finalmente, as bobinas a frio (galvanizadas ou não) são encaminhadas para o rebobinamento (acabamento final, inspeção e aparamento das bordas e subdivisões) ou para as tesouras, transformando-se em chapas finas a frio (Oliveira, 2004). A rota tradicional dos aços longos comuns é semelhante à dos planos comuns, exceto pelas especificidades do lingotamento e da laminação, e realizada em usinas ditas integradas. Uma rota alternativa vem adquirindo importância crescente na produção de laminados longos, a das usinas semi-integradas. Seu processo produtivo compreende, como visto, apenas as duas últimas etapas do processo produtivo siderúrgico, quais sejam, o refino e a laminação. No processo semi-integrado, após ser prensada, cortada e triturada, a sucata, agora processada, é adicionada em grandes quantidades ao forno elétrico de fusão a arco, para ser utilizada como matéria-prima no processo de fusão e refino do aço. Sempre que se deseja produzir aços de melhor qualidade, o aço passa pela etapa de refino secundário, realizada no forno-panela, com o objetivo de ajustar sua composição química e temperatura. É preciso também distinguir os vários produtos siderúrgicos e quais os tipos de usinas responsáveis por cada produto. Abaixo se encontram os diferentes produtos do setor: Semi-acabados Produtos oriundos de processo de lingotamento contínuo ou de laminação de desbaste, destinados a posterior processamento de laminação ou forjamento a quente (IBS, 2005). São eles: placas, blocos e tarugos, e seus principais compradores são outras siderúrgicas que laminam o aço, antes de vendê-lo à indústria de transformação. Os laminados de aço podem ser classificados em dois tipos, de acordo com suas formas: planos e longos (não-planos), especificados abaixo. No primeiro tipo estão os produtos em que ambas as dimensões comprimento e largura são relevantes, ao passo que no segundo situam-se laminados em que uma dimensão predomina ostensivamente. Os laminados longos possuem aplicações variadas e, por essa razão, possuem demanda em toda a indústria metal-mecânica, especialmente as barras e trefilados, embora tenham na construção civil seu mais importante consumidor. Já os laminados planos 8 têm como consumidores as indústrias produtoras de material de transporte (automobilística, ferroviária e naval), de máquinas e equipamentos, de utilidades domésticas (notadamente a linha branca), de tubos para construção pesada, de construção civil e de embalagens leves (latas) e pesadas (containers). Produtos Planos Produtos siderúrgicos, resultantes de processo de laminação, como já mencionado no início desta parte, cuja largura é extremamente superior à espessura, sendo comercializados na forma de chapas e bobinas de aços carbono e especiais (IBS, 2005). Este segmento do mercado pode ser considerado, tanto em termos de tonelagem como de valor, o mais importante (Paula, 2002). Os planos comuns podem ser subdivididos em revestidos e não revestidos, segundo a presença ou não de revestimento anti-corrosivo. O revestimento pode ser feito com uma ampla variedade de materiais, destacando-se o zinco (chapas galvanizadas), o estanho (folhas-de-flandres) e o cromo (chapas cromadas – Oliveira, 2004). Deste modo, os produtos planos dividem-se em: Não revestidos em “aços carbono” • Bobinas e chapas grossas do laminador de tiras a quente - LTQ • Bobinas e chapas grossas do laminador de chapas grossas –LCG • Bobinas e chapas finas laminadas a quente (BQ/CFQ) • Bobinas e chapas finas laminadas a frio (BF/CFF) Revestidos em “aço carbono” • Folhas para embalagem (folhas de flandres, recobertas com estanho e folhas cromadas) • Bobinas e chapas eletrogalvanizadas (EG- Eletrolytic Galvanized) • Bobinas e chapas zincadas a quente (HDG- Hot Dipped Galvanized) 9 Aços especiais • Bobinas e chapas em aço silício (chapas elétricas) • Bobinas e chapas em aços inoxidáveis • Bobinas e chapas em aços ao alto carbono e em outros aços ligados Produtos Longos A classificação de aços longos comuns obedece a critérios que combinam formato da seção transversal do produto e o uso a que tipicamente se destinam; assim, os vergalhões são barras redondas de aço, comumente com nervuras, usadas em armação de concreto – as barras podem ser redondas, chatas, triangulares, quadradas ou sextavadas e os perfis são barras ou vigas com formatos em L, T, U ou I, entre outros. (Pinho, 2001). Assim, esses produtos são resultados de processo de laminação, com acentuado predomínio da dimensão comprimento sobre as demais (IBS, 2005), sendo ofertados em aços carbono e especiais, tendo a seguinte divisão: Em “aço carbono”. • Perfis leves, médios e pesados • Trilhos e acessórios ferroviários • Vergalhões • Fio-máquina (principalmente para arames) • Barras • Tubos sem costura • Trefilados Em “aços ligados/especiais” 10 • Fio-máquina (para parafusos e outros) • Barras em aços para construção mecânica • Barras em aço ferramenta • Barras em aço inoxidáveis e para válvulas • Tubos sem costura • Trefilados Os laminados longos possuem também, como mencionado anteriormente, uma grande aplicação em toda a indústria metal-mecânica (especialmente as barras e trefilados), entretanto a construção civil (vergalhões, barras, perfis e trilhos) ainda é seu mais importante setor consumidor. Ao cruzar a classificação morfológica com a composição química, pode-se dividir a produção de laminados de aços em planos comuns, longos comuns, planos especiais e longos especiais (Pinho, 2001). Do ponto de vista da composição química, os segmentos planos e longos são diferenciados quanto aos tipos de aços, podendo ser aços carbono e especiais. Os aços carbono, como visto, caracterizam-se pela proporção reduzida de elementos de liga, ou seja, possuem composição química definida em faixas amplas, e por este motivo são conhecidos como aços ao carbono ou de baixa liga. (IBS, 2005) A definição de aço especial ainda não é clara na literatura setorial. Neste trabalho foi adotado o método de QUEIROZ (1987, apud Oliveira, 2004:19), segundo o qual os aços especiais se diferenciam tanto pelas especificidades envolvidas em seu processo, quanto pelas características intrínsecas. Os laminados especiais são aqueles que pelo alto percentual de carbono ou pela adição de elementos de liga, principalmente metálicas, apresentam propriedades específicas quanto à resistência, corrosão e/ou características eletromagnéticas. Quanto à composição química, como já explicado, aços ligados/especiais são aços ligados ou de alto-carbono, de composição química definida em faixas estreitas para todos os elementos e especificações rígidas (IBS, 2006). São preferidos aos aços 11 carbono sempre que as especificações técnicas demandem características capazes de garantir desempenho superior em relação a uma série de requisitos. MUSETTI e NIEMEYER (1972:315; apud QUEIROZ, 1987:39-40) sugerem uma classificação dos aços especiais na qual se separam processos, formatos e aplicações. Segundo tal critério, pode-se dividir a produção de aços especiais em quatro setores: (1) aços rápidos, para ferramentas de trabalhos a quente e trabalhos a frio, resistentes ao calor, à corrosão, inoxidáveis e aços de propriedades físicas especiais em forma de barras e blocos forjados, barras e perfis laminados, e arames trefilados; (2) chapas, tiras e fitas de aços inoxidáveis e outros aços de alta liga; (3) chapas, tiras e fitas de aço silício com propriedades eletromagnéticas especificadas, além de aços de liga média e ao carbono especiais; (4) aços-liga e carbono especiais em forma predominante de barras, com alguma percentagem de perfis, arames e tubos para fabricação de rolamentos de molas e para construção mecânica, constituindo este último o volume principal de consumo de aços especiais. Os setores 2 e 3 são de produtos tipicamente planos e, juntamente com o primeiro setor, compõem o segmento mais nobre da indústria de aços especiais. QUEIROZ (1987) chamou a atenção para a extrema diversidade de produtos na indústria de aços especiais – várias vezes superior à diversidade dos segmentos de planos e longos comuns – ofertados nas mais variadas combinações entre tipo, acabamento e bitola, o que tem ensejado muitos esforços de normatização e racionalização em todo o mundo. Comumente, o termo aços ligados, que designa compostos de ferro-carbono com algum outro elemento químico (como molibdênio, cromo, silício, titânio, etc.), é tomado como sinônimo de aços especiais. Os aços especiais são empregados nas mesmas aplicações que os aços planos e longos, sendo preferidos, como visto, sempre que as especificações técnicas demandem características capazes de garantir desempenho superior em relação a uma série de requisitos. 1.2. Retrospectiva do Setor Após, essa breve apresentação das características dos produtos siderúrgicos, uma síntese dos acontecimentos mundiais irá auxiliar na compreensão da dinâmica atual do setor. Assim, o período do final da Segunda Guerra Mundial até o início dos anos 1970 12 foi considerado a era do aço, com um grande dinamismo na indústria siderúrgica, que conheceu taxas médias de crescimento anual da produção de 6,2%, nos anos 1950, e de 5,5%, nos anos 1960 (Pinho, 2001). Ademais, ao longo dessas duas décadas, o consumo aparente de aço crescia mais rapidamente nos países em desenvolvimento (PEDs) [você tem estes dados, só para comparar, ou seja, consumo aparente nos PEDs nos anos 50 e 60?]. Todavia, o ano de 1973 marca o fim desta fase de expansão, com o crescimento anual chegando a meros 0,6%, no período 1973-97, e atingindo apenas 0,2% entre os dois últimos anos de pico desta série, em 1989 e 1997 (contra x% entre 1973 e 1989). Este quadro de estagnação da demanda global não retratava, porém, a evolução que ocorria nos PEDs, países que tiveram seu consumo de aço em crescimento a uma taxa anual de 8,8%, durante a década de 1970, enquanto o resto do mundo exibia uma expansão de apenas 0,9% a.a. (Pinho, 2001). Assim, como a inflexão do ritmo de crescimento da demanda, nos anos 1970, atingiu a indústria em pleno processo de ampliação do parque produtivo, atingiu-se uma situação de sobrecapacidade na siderurgia mundial (Oliveira, 2001). A partir daí, uma fase de maturação e estagnação na indústria siderúrgica mundial instaura-se definitivamente, na década de 1980, provocada pela desaceleração do ritmo de crescimento econômico dos países desenvolvidos. No período 1979-89, a siderurgia mundial também deixou de encontrar nas economias do Leste Europeu uma compensação para esta evolução negativa da procura nas economias capitalistas desenvolvidas. Também na década de 1980, os efeitos adversos da crise da dívida sobre as economias latino-americana e africana contribuíram para esta forte redução nas taxas de crescimento da demanda por aço no conjunto dos PEDs. Destarte, o aumento no consumo mundial do aço, entre 1980 e 1990, deveu-se integralmente à expansão da demanda nos PEDs, mais especificamente nos do continente asiático, cuja elevação do consumo, de X%, foi 134,5% maior, nesta década, do que a variação do resto do mundo (Pinho, 2001). Dados referentes à produção mundial de aço, no período 1980-2002, podem ser vistos na Tabela 2. 13 Tabela 2. Produção Mundial de Aço Bruto por Região (1980-2002), em milhões de tons. (1) Região Europa Ocidental CEE/UE Outros 1980 161,4 1992 157,2 1993 188 1994 199 1995 205,1 1996 193,5 1997 210,5 1998 207,4 1999 197,9 142 19,4 132,3 24,9 144,2 43,8 151,7 47,3 155,8 49,3 146,6 46,9 159,9 50,6 159,9 47,5 155,2 42,7 Europa Oriental Rússia Ucrânia Outros (2) 209,2 147,3 98,1 78,3 79,1 77,2 80,9 74,4 86,1 209,2 67 41,8 38,5 58,3 32,6 7,2 48,8 24,1 5,4 51,6 22,3 5,2 49,3 22,3 5,6 48,5 25,6 6,8 43,8 24,4 6,2 51,5 27,5 7,1 América do Norte EUA Canadá 117,4 98,2 103,2 105,1 109,6 110,2 114,1 114,6 113,6 101,5 15,9 84,3 13,9 88,8 14,4 91,2 13,9 95,2 14,4 95,5 14,7 98,5 15,6 98,7 15,9 97,4 16,2 América Latina Brasil México Outros 28,9 42,2 43,6 46 47,8 50 52,6 51,5 51,1 15,3 13,6 23,9 8,5 9,8 25,2 9,2 9,2 25,7 10,3 10 25,1 12,1 10,6 25,2 13,2 11,6 26,2 14,2 12,2 25,8 14,2 11,5 25 15,3 10,8 África África do Sul 11,5 9,1 14,8 9,1 14 8,7 13,3 8,5 13,7 8,7 12,7 8 12,8 8,3 12,8 8 12,8 7,9 Outros 2,4 5,7 5,3 4,8 5 4,7 4,5 4,8 4,9 Oriente Médio 1,3 5,5 6,9 7,8 8,1 9,2 9,9 9,1 9,8 Ásia China Japão Coréia do Sul 178 111,4 - 250,7 80,9 98,1 28,1 265 89,5 99,6 33 266,4 92,6 98,3 33,7 279,6 95,4 101,6 36,8 288 101,2 98,8 38,9 308,6 108,9 104,5 42,6 297,8 114,6 93,5 39,9 308,3 124 94,2 41 Índia Taiwan Outros 66,6 18,1 10,7 14,8 18,2 12 12,7 19,3 11,6 10,9 22 11,6 12,2 23,8 12,4 12,9 24,4 16 12,2 23,5 16,9 9,5 24,3 15,4 9,4 Oceania 7,9 7,7 8,7 9,2 9,3 9,2 9,6 9,6 8,9 Total 715,6 723,6 727,5 725,1 752,3 750 798,9 777,2 Fontes: Elaboração própria, com base em FERREIRA (1989a) e Anuário Estatístico da Siderurgia Brasileira (vários números). Notas: (1) Inclui 147,9 milhões de toneladas, em 1980, referente à ex-URSS. 788,5 Os elementos do fraco dinamismo do consumo mundial de aço nas economias desenvolvidas possuem caráter nitidamente estrutural, sendo provenientes do esgotamento dos pesados investimentos na construção das infra-estruturas urbanas e de transportes, intensivas em aço; originam-se também da mudança no perfil de demanda de países de renda per capita mais elevada, com decréscimo relativo da participação de bens industrializados de fabricação fortemente dependente do aço – como automóveis e outros bens de consumo duráveis. Outro fator para a diminuição da procura pelo aço foi 14 sua substituição por materiais alternativos, como plásticos e alumínio, nas indústrias automobilística e de embalagens. A tendência de modificar padrões de design industrial de maneira a otimizar o uso de materiais em geral foi um outro contribuidor para esse quadro (Oliveira, 2001). Com isso, a indústria siderúrgica dos países industrializados, no decorrer da década de 1980, efetuou um programa de reestruturação de grande envergadura, com fechamento de linhas de produção e mesmo de usinas inteiras consideradas menos eficientes (Oliveira, 2001). O excesso estrutural de oferta e a rápida expansão da produção siderúrgica nos PEDs fizeram com que os produtores siderúrgicos das economias desenvolvidas não construíssem e até mesmo desativassem unidades de redução, que eram investimentos de menor retorno, concentrando-se apenas em unidades de laminação (Andrade et al., 1999). Outros importantes eixos da reestruturação foram o enobrecimento de produtos; a organização e racionalização empresariais, com um intenso movimento de aquisições e incorporações na siderurgia européia; a adoção de novos modelos de gestão; e a evolução na direção da compactação sistemática das instalações e da automação de processos. Assim, os países desenvolvidos intensificaram sua estratégia em produtos de maior valor agregado (aços revestidos e especiais), obtendo maior retorno financeiro. O aumento no consumo mundial de aço entre 1980 e 1990 ocorreu devido à expansão da demanda, basicamente restrita aos PEDs, mas com uma tênue ascensão também da demanda nos países desenvolvidos, como se viu. Na década de 1990, os primeiros, inclusive com a recuperação da América Latina tendo importância dentre eles, mantiveram-se como principal esteio da demanda mundial de produtos siderúrgicos. Na Tabela 3 encontra-se demonstrado esse aumento de consumo, de 1980 até 1998. Tabela 3. Consumo Aparente de Aço Bruto nos Países em Desenvolvimento -1980 1998 (em milhões de toneladas) Anos 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 2989 América Latina 35,8 33,5 28,7 23,4 27,8 28,6 31,3 33,3 32,3 32,2 África Índia China 12,8 13,5 11,8 10,7 10,4 13,2 14,4 12,5 9,5 9,8 11,7 14 13,9 12,2 12,2 14,4 15 15,4 19 20 43 39 40,8 51,8 60,1 71,4 74 70,6 69,6 71 Outros Asiáticos 46,7 46,9 53,2 57,7 55,7 56 50,1 54,6 64,1 70,8 Em Desenvolvimento 150 147 148,5 155,8 166,1 183,7 184,8 186,4 194,6 203,8 Mundo 723 710 654 667 715 721 718 735 781 791 15 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 29,1 32,1 34,7 35,3 39,9 37,1 41,7 47,9 47,5 10,2 21,7 6803 79,7 10,6 20,3 70,2 88,2 10,8 18,5 58,9 91,2 10,5 18,9 133,1 105 11,4 21,9 120,9 108,1 10,7 26,1 100,2 119,8 10 26,8 112,4 120,9 10,9 26,9 114,6 127,5 13,2 27,2 123,8 95,1 Taxa Média de crescimento (% a.a) 19801990 -2 -2,2 6,4 4,7 5,5 19901998 6,3 3,3 2,9 7,7 2,2 Fonte: IISI Steel Yearbook, vários números. (Pinho, 2001) 209,1 221,4 241,2 302,8 302,2 293,9 311,9 327,8 306,8 773 728 701 722 720 735 735 779 762 3.4 0,7 4,9 -0,2 Entre 1989 e 1997, a demanda por aço laminado no G-7 voltaria a apresentar trajetória ascendente. O crescimento anual foi de 1,1% em volume absoluto, mas bem menor em termos per capita: 0,2% (Pinho, 2001). O desempenho favorável foi alavancado pelo comportamento do EUA, o qual acumulou um acréscimo da demanda de 32% nesses oito anos. Nesse período, ao focar em PEDs (China, Brasil, Coréia do Sul), a demanda cresceu a taxas anuais superiores a 6%. Contudo, apesar desta recuperação nos países desenvolvidos e do forte crescimento em vários PEDs importantes, houve nesse período retração da demanda em escala global. A profunda crise que os países do Leste Europeu atravessaram, na transição para economias de mercado, é a responsável por esse resultado. Deste modo, quando a demanda por aço nos países capitalistas dava sinais de recuperar-se de um longo ciclo de retração e estagnação, a derrocada das economias soviéticas e do Leste Europeu veio anular o impulso expansivo que aquela recuperação poderia ocasionar na siderurgia mundial. Quanto às exportações, 38% de seu aumento mundial, entre 1989 e 1997, foi devido aos países que antes constituíam a URSS, principalmente a Rússia, e em menor medida a Ucrânia. Seguem-se em importância as exportações da União Européia (19,4%), do conjunto dos NICs asiáticos1 (11,4%), da China (8,3%) e da Turquia (4,7%). União Européia, Japão, América Latina e o Leste Europeu formavam um grupo de exportadores líquidos de aço, entre 1988 e 1997, enquanto EUA, NICs asiáticos, o restante da Ásia (inclusive Oriente Médio) e África mantiveram ao longo de todo o período a posição de importadores líquidos (Pinho, 2001). Até 1997, a União Européia liderava as exportações em cada uma das categorias de produtos laminados, referentes a 1 Como NICs foram classificados os seguintes países asiáticos: Coréia do Sul, Taiwan, Hong-Kong, Indonésia, Tailândia, Malásia e Filipinas. 16 aços longos ou planos, tendo presença marcante nos planos de maior valor agregado, como chapas e folhas revestidas, e aços ligados destinados a aplicações em material elétrico. As exportações japonesas seguiam essa mesma tendência. A exportações da ex-URSS e da América Latina, por outro lado, eram compostas mais por produtos semi-acabados do que por laminados. A ex-URSS destacava-se por exportar produtos longos, como perfis pesados, vergalhões e trilhos; e a América Latina, durante o triênio 1994-1996, superou 20% de participação no mercado internacional dos semi-acabados. Na tabela 4 mostram-se os valores das exportações desse período de 1994 a 1996. Tabela 4. Distribuição das Exportações Mundiais de Produtos de Aço (médias do triênio 1994-1996) Países/ Total Regiões Semi- Longos Planos Acabado Trilhos e Perfis- Verga- Fio Má- Acessórios Pesados lhões quina Arame Planos Folha de Planos Elétricos Flandres Zincados União Europ. 37,10% 22,40% 37,90% 42,10% 33,40% 44,40% 30,20% 39,60% 35,70% 44,90% 52,70% 52,80% EUA 2,00% 0,80% 1,80% 2,30% 2,70% 3,00% 0,80% 0,40% 2,20% 1,90% 6,00% 1,60% Japão 8,70% 2,40% 5,00% 12,80% 11,20% 9,60% 0,40% 6,60% 4,00% 26,30% 19,90% 17,90% Mais Desenv. 6,90% 9,10% 11,00% 4,00% 6,10% 2,20% 25,20% 10,90% 7,60% 0,20% 6,20% 4,40% Leste Europ. 7,00% 5,50% 8,70% 6,90% 16,10% 10,30% 6,80% 9,10% 11,40% 3,10% 0,20% 3,4 Ex-URSS 17,00% 27,80% 19,90% 12,20% 24,00% 28,40% 21,90% 14,40% 10,30% 15,80% 2,50% 54,00% China 2,80% 7,30% 1,50% 1,90% 0,90% 0,60% 0,00% 2,50% 3,70% 0,00% 0,00% 0,50% NICs Asiát. 7,90% 1,10% 6,30% 10,50% 4,40% 0,10% 3,80% 4,90% 17,60% 7,00% 5,40% 10,30% Outros Asiát. 1,30% 0,70% 1,30% 0,20% 0,00% 0,00% 3,80% 0,00% 0,20% 0,00% 0,00% 0,00% América L. 7,60% 20,80% 5,30% 5,20% 0,30% 0,60% 6,40% 10,80% 4,10% 0,80% 6,40% 3,70% Brasil 4,20% 14,10% 2,00% 3,10% 0,10% 0,10% 3,10% 3,90% 1,80% 0,80% 5,90% 1,50% África 1,80% 2,00% 1,30% 1,90% 0,30% 0,80% 0,70% 0,60% 3,20% 0,00% 0,60% 1,40% 100% 100% Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Fonte:Pinho, 2001 O Leste Europeu tende a ter sua participação decrescente à medida que se caminha na direção de produtos mais nobres, com menor participação dos semiacabados, e maior de laminados longos, principalmente trilhos, perfis pesados e arame, 17 100% ou seja, produtos mais simples A exceção para esse comportamento é a ex-URSS, como se pode ver na Tabela 4, muito competitiva em aços elétricos e planos zincados, o que denota um grau de desenvolvimento considerável em aços de maior conteúdo tecnológico. Já os NICs asiáticos tinham exportações mais importantes entre produtos planos, com especial relevo no caso de chapas zincadas, vale dizer, estes países rumavam na outra direção, qual seja, a de produtos com maior valor agregado. Quanto às importações, é importante mencionar que na União Européia essas eram inferiores às exportações; entretanto seu volume superava o dos NICs asiáticos. Deste modo, a EU possuía parcelas importantes da demanda mundial de produtos laminados, sobretudo em perfis pesados. Os NICs asiáticos lideravam as importações mundiais de semi-acabados e, tinham grande representatividade em laminados, tanto longos quanto planos (Pinho, 2001). Veja-se, a seguir, a tabela 5, que relata a distribuição das importações, também para o período 1994-96. Tabela 5. Distribuição das Importações Mundiais de Produtos de Aço (médias do triênio 1994-1996) Planos Trilhos e Perfis- VergaAcessórios Pesados lhões Arame Folha Planos de Planos Elétricos Flandres Zincados Total União Europ. 32,00% 17,90% 34,60% 36,20% 20,10% 54,50% 31,80% 29,40% 40,50% 40,20% 42,70% 45,40% EUA 11,00% 15,00% 8,80% 10,90% 13,40% 10,10% 5,50% 9,10% 12,95% 4,70% 12,30% 12,50% Japão 2,70% 0,90% 1,00% 4,60% 0,20% 1,10% 0,00% 1,80% 3,20% 0,70% 0,60% 3,20% Mais Desenv. 6,10% 6,50% 5,90% 5,80% 10,80% 6,40% 6,00% 3,40% 8,20% 6,30% 2,00% 6,20% Leste Europ. 2,50% 6,40% 2,80% 2,30% 4,50% 1,80% 2,30% 2,00% 5,00% 1,50% 1,60% 3,10% Ex-URSS 3,00% 0,70% 4,30% 2,00% 8,00% 1,90% 1,20% 0,10% 3,30% 0,20% 0,30% 1,50% China 8,20% 2,90% 10,20% 8,80% 11,30% 2,40% 10,40% 26,70% 5,60% 10,60% 4,10% 2,55% NICs Asiátic. 23,20% 44,90% 19,70% 19,90% 18,50% 10,20% 15,20% 20,00% 9,40% 26,40% 13,20% 18,30% Outros Asiátic. 5,30% 3,90% 6,40% 4,60% 4,60% 6,40% 17,50% 2,60% 5,10% 5,30% 10,80% 4,35% América L. 3,30% 2,60% 3,10% 3,40% 3,90% 2,70% 1,90% 2,30% 2,50% 2,80% 9,00% 1,00% Brasil 0,10% 0,00% 0,20% 0,10% 1,80% 0,10% 0,00% 0,10% 0,30% 0,80% 0,60% 0,20% 2,90% 2,10% 100% 100% Fonte:Pinho,2001 3,30% 100% 1,60% 100% 4,50% 100% 2,50% 100% 8,30% 100% 2,60% 100% 4,10% 100% 1,20% 100% 3,30% 100% 1,90% 100% África Total Semi- Longos Acabado Fio Máquina Países/ Regiões 18 O quadro de sobrecapacidade global, explicado para o início da década de 1970, não fora completamente superado até meados de 2001. É fato que, se os projetos de ampliação de capacidade atualmente conhecidos forem todos implementados, o setor siderúrgico mundial terá um excedente de produção em torno de 260 milhões de toneladas em 2010, segundo a consultoria McKinsey (2004). Atualmente, estima-se que há uma sobrecapacidade de 75 milhões de toneladas, no mundo. Pinho e Lopes (2000) ressaltaram que a persistência desse cenário se devia a característica de que, nos mercados mais dinâmicos (leia-se China e alguns países asiáticos), as duas últimas décadas fora acompanhadas de investimentos voltados para o atendimento da demanda local, sem um crescimento suficiente das importações, capaz de dar conta daquela sobrecapacidade. Outros fatores relevantes foram os efeitos da crise prolongada que se abateu sobre os países do Leste Europeu e a ex-URSS, além do impacto da ampliação da capacidade, em muitos países, das mini-usinas (Oliveira, 2001). No entanto, a forte expansão ininterrupta chinesa parece ter alterado este quadro de sobrecapacidade global, inclusive com forte aumento dos preços internacionais de aços comuns. No mercado mundial, segundo o índice geral da CRU, os preços do aço dispararam em 2006, mas os aumentos se diferenciaram por região. O mercado em que os preços mais alcançaram altas foi o da América do Norte - 73,6%. A Ásia registrou a menor elevação de preços no período, de 18,9%. Na Europa, subiu 59,6%. Dentre os produtos siderúrgicos pesquisados pela entidade no mercado internacional, os aços planos lideraram com a maior elevação, de 50,8%. Os produtos longos subiram 36,8% e o aço inoxidável, 31,3% (Valor Econômico, 2006). Um Levantamento feito pelo Instituto Internacional de Ferro e Aço (IISI, na sigla em inglês) revela que a demanda por aço continua forte em todas as regiões do mundo e deve se expandir 7,3%no ano de 2006. Chama a atenção o mercado chinês, cuja demanda pode crescer 13% em 2006 e 12,1% em 2007 (Valor Econômico, 2006). A manutenção, por um período, de elevada margem de ociosidade, fez com que houvesse desarticulação dos mecanismos de coordenação olipolística do setor. Essa foi a razão dos preços internacionais do aço não terem se recuperado integralmente das quedas verificadas durante a recessão do início da década de 1980, a não ser mais recentemente. Deste modo, nessas últimas décadas, a expansão da indústria foi mais dinâmica nas regiões periféricas do sistema capitalista do que nos países centrais. Países da 19 América Latina, África, Oriente Médio e Oceania, cuja produção representava apenas 2,4% da produção mundial em 1952, tiveram sua participação elevada a 5,8%, em 1977, e 10,3%, em 1999 (Ferreira, 1989, apud Oliveira, 2001). Quanto aos países da Ásia (exceto Japão), a participação de sua produção [aumentou de 1,5% em 1952 para aproximadamente 5,8%, em 1974, e 27,2%, em 1999. Percebe-se que o grande destaque mundial no período 1980/99 ficou por conta dos países asiáticos, que incrementaram sua participação na produção mundial de aço bruto, em 73,3% (Pinho ,2001). Uma demonstração desse desenvolvimento pode ser percebida com a tabela 6, que traz dados sobre a produção asiática a partir de 1998; Tabela 6. Produção de Aço Bruto- 1998-2005 (em milhões de toneladas) 2000 2001 2002 2003 2004 MT 2005 94.2 106.4 102.9 107.8 110.5 112.7 112.4 39.9 41.0 43.1 43.9 45.4 46.3 47.3 47.7 114.1 123.7 126.3 142.5 179.6 219.5 273.9 352.8 23.8 24.2 26.9 27.3 28.8 31.7 32.6 38.1 288.3 298.5 319.5 333.8 379.8 426.8 486.3 569.6 1998 1999 Japão 93.6 Coréia China Índia Total – Ásia Fonte:International Iron and Steel Institute, 2005 Assim, no período entre 1975 e 2000, a produção global de aço bruto cresceu a uma taxa anual de 1,1%, caracterizando a siderurgia como uma atividade madura. Desde 1995, a produção mundial de aços planos (mais nobres) superou a de aços longos. De fato, produtos de maior valor agregado vêm ganhando maior relevância na produção total de laminados – entre esses, destacam-se o aço inoxidável e as chapas galvanizadas, essas últimas altamente utilizadas na indústria automobilística2. É nítido o deslocamento da produção rumo a países em desenvolvimento. Ao longo dos anos de 1985 a 2000, esse grupo dobrou sua produção para 151 milhões de toneladas de laminados, ampliando a participação no total mundial para 24%. No mesmo período, os países desenvolvidos aumentaram sua produção de 269 milhões de toneladas para 319 milhões de toneladas de laminados, mantendo fatia em 2 Informações colhidas no sítio www.desenvolvimento.gov.br (acessado em 25/10/06). 20 torno de 50% no total global. Adicionalmente, países voltados para o Oceano Pacífico vêm ampliando recorrentemente sua relevância, o que é fortemente relacionado à evolução da produção siderúrgica da China, maior produtor mundial desde 1997. Por outro lado, vários países da Europa Ocidental – em particular, o Reino Unido – vêm perdendo posições e destaque na indústria. Já o Brasil vem se mantendo, nos últimos anos, como o oitavo ou nono maior competidor, com produção equivalente a cerca de metade do total da América Latina e a 3% do volume mundial. Tabela 7. Produção mundial de aço bruto – 1995/2001 (em milhões de toneladas) Mt 1995 China Japão Estados Unidos Rússia Alemanha Coréia do Sul Ucrânia Índia Brasil Itália Total 95,4 101,6 95,2 51,6 42,1 36,8 22,3 22 25,1 27,8 752,3 1998 1999 2000 2001 114,6 93,5 97,7 124 94,2 97,4 127,2 106,4 101,8 148,9 102,9 90,1 43,8 44 39,9 51,5 42,1 41 59,1 46,4 43,1 24,4 23,5 25,8 25,7 777,2 27,5 24,3 25 24,7 788,3 31,4 26,9 27,9 26,8 847,6 59 44,8 43,9 33,1 27,3 26,7 26,7 8347 Fonte: International Iron and Steel Institute (IISI) Do ponto de vista da demanda, o consumo global aparente de produtos siderúrgicos foi de 767 milhões de toneladas em 2000, com destaque para a China, que vem registrando crescimento anual médio de 5%, desde 1994. Finalizando essa revisão sobre a evolução recente da demanda e oferta mundiais, ressalte-se que, entre 1975 e 1997, houve ampliação da comercialização externa do aço, superando assim a evolução de sua produção. Isso demonstra que o protecionismo não tem se constituído em um entrave irremovível ao avanço do comercio internacional, como o fora anteriormente. Após esse estudo sobre a evolução pela qual o a siderurgia passou desde 1970, pode-se iniciar a análise da internacionalização, a qual será de grande ajuda para os futuros itens estudados. 21 1.2 A Internacionalização: Discussão Teórica e Uma Análise de Sua Evolução no Setor Siderúrgico. 1.2.1. Discussão teórica A economia mundial teve sua estrutura modificada, durante a década de 1990, pela intensificação do processo de globalização comercial e financeira, apresentando um cenário cada vez mais competitivo e integrado em termos mundiais. Isto contribuiu para o surgimento de novas estratégias, como forma de enfrentar a concorrência internacional, principalmente por parte das grandes empresas. Em um mundo mais intensamente globalizado, emergiu a idéia de que a internacionalização da produção passaria a ser considerada uma estratégia-chave de sobrevivência externa e interna para as empresas. Deste modo, a década de 90 foi marcada por uma intensificação dos movimentos de centralização e internacionalização de capital, em vários setores industriais. Gomes (2001) define o processo de internacionalização como a maneira pela qual uma firma irá se mover além de suas fronteiras nacionais originais, o que pode ser explicado pelo nível de comprometimento da empresa com o mercado estrangeiro e pelas decisões da empresa com relação a este mercado, as quais abarcam não somente aquelas relacionadas à produção e comercialização, mas também as de investimentos em P&D. A escolha da subsidiária responsável por certas atividades ou, por outro lado, a definição de quais atividades uma subsidiária executará, estão baseadas na capacidade produtiva e capacitação tecnológica dinâmicas – isto é, que se modificam no tempo – de cada filial, as quais incluem suas autonomias de decisão com relação às matrizes. Como modelos, poder-se-ia proceder a uma divisão em dois pólos bastante opostos (Gomes, 2001): no primeiro, teríamos o tradicional, com o controle do comando corporativo exercido com maior intensidade de forma centralizada, ou seja, em que se manteria a centralização dos comandos nas matrizes; e, no segundo, haveria uma estrutura de redes corporativas, na qual as filiais têm uma maior autonomia nas decisões. Esse segundo modelo admite que uma subsidiária possa vir a se mover verticalmente e horizontalmente, podendo até mesmo alcançar posições extremas, como a liderança em determinadas áreas de negócio, ou ter seu fim decretado pela rede que exerce o comando corporativo. 22 De um modo genérico, a internacionalização era, anteriormente, simplesmente a venda dos produtos em mercados diferentes do doméstico (De Paula, 2003). Os incentivos para isso podiam provir do virtual aumento do tamanho total dos mercados das empresas, o que pode contornar o baixo crescimento de seus mercados /ou rentabilidades domésticase; a diminuição de riscos de variações cambiais; o aproveitamento de economias de escala e escopo; as vantagens locacionais, sendo que estas podem se traduzir em vantagens quanto ao fornecimento de matérias-primas, financiamento, P&D, proximidade do mercado consumidor, fisco, etc. (Moreira, 1995). Uma abordagem alternativa sobre a questão da internacionalização de empresas é proporcionada pela teoria dos custos de transação, que tem duas formas principais: a teoria da internalização e o chamado paradigma eclético da produção. (Barreto, 2002). A primeira teoria, abarcada por Williamson (1975), aponta que existem duas formas básicas pelas quais as empresas organizam suas atividades: mercados (contratação externa de atividades) ou hierarquias (utilização de sua própria estrutura para conduzir estas atividades). Deste modo, a empresa decidir-se-ia por uma das alternativas, segundo os custos de transação envolvidos. A teoria da internalização tem suas raízes nos trabalhos de Hayek, Coase, Robinson, Demsetz, Alchiam e Williamson. Nessa teoria, as falhas de mercado, tais como custos de informação, seriam condições que levariam uma empresa multinacional (EMN) a utilizar o investimento direto, ao invés de licenciamento, como modo de entrada em um mercado externo. Uma EMN utilizaria este investimento direto como modo de entrada em um mercado externo, ou seja, internalizaria sua atividade no mercado externo, quando dispusesse de vantagens diferenciadas com relação a outras firmas e desejasse proteger tais vantagens utilizando-se de sua própria estrutura (hierarquia) e/ou quando pudesse melhor controlar uma série de atividades desta nova empresa via subsidiária e não de modo alternativo (franquia, licenciamento de tecnologia, terceirização, etc.). Para esses teóricos, a exportação seria apenas o ponto de partida para o investimento direto no exterior. Já o licenciamento teria o potencial de colocar em risco o know-how de marketing ou tecnologia da empresa, com esta podendo perder o controle sobre estes ativos. Segundo Rugman (1996), o seqüenciamento dos modos de entrada seriam: primeiro - exportação; segundo - o investimento direto no exterior; terceiro - o licenciamento. Sendo que este último ocorreria apenas em estágios avançados do ciclo 23 de vida do produto, quando a proteção das vantagens competitivas da empresa deixasse de ser relevante, motivo pelo qual este último seria considerado como um “modo de entrada tardio”. Com o paradigma eclético da produção internacional, Dunning (1988) formula uma proposta de interpretação da internacionalização das empresas e explica a amplitude, forma e padrão da produção internacional, com base em três grupos de vantagens: de propriedade (O), de internalização (I) e de localização (L). As vantagens específicas de propriedade (O) poderiam ser de natureza estrutural, se decorrentes da propriedade em si mesma; de acesso privilegiado a um ativo; ou transacional, caso a vantagem derivasse da capacidade de uma empresa multinacional tirar proveito das imperfeições de mercados decorrentes de sua presença em mais de um país. Ė importante distinguir imperfeições de mercado estruturais das transacionais. A relevância de cada uma na determinação das vantagens específicas de propriedade das EMNs varia conforme as características da firma, seus produtos fabricados, seus mercados e o dinamismo do processo competitivo. Os três tipos de vantagens específicas de propriedade – quais sejam, os de natureza estrutural; os de acesso privilegiado a um ativo; e os decorrentes da própria transacionalização – estão frequentemente inter-relacionados, especialmente em mercados dinâmicos, existindo um consenso crescente de que as EMNs mais bem sucedidas são as capazes de alimentar e explorar tanto as vantagens estruturais quanto as transacionais ou o acesso a certos tipos (razoavelmente) exclusivos de ativos, por exemplo, os decorrentes de inovações realizadas e/ou comandadas pela própria EMN. O segundo grupo de vantagens (I), de internalização, se refere à capacidade e desejo da EMN de transferir ativos, através das fronteiras nacionais, dentro de sua própria hierarquia, ao invés de se valer do mercado internacional. Os motivos para a internacionalização poderiam ser: derivados de risco e incerteza; obtenção de economias de escala; ou decorrentes do fato de uma transação de bens ou serviços poder produzir custos e benefícios externos àquela transação, que não se refletiriam em sua totalidade nos termos negociados pelas partes envolvidas. Neste sentido, o investimento fora das suas fronteiras de origem leva as empresas a decidirem entre as vantagens de internalizarem a produção (I) ou conceder licenças de produção desses bens/serviços para terceiros. As vantagens de internalização surgem da maior facilidade com que uma firma integrada é capaz de apropriar-se de um retorno total de sua própria tecnologia, 24 retendo o controle, as especificações quanto a produtos e serviços, entre outros, e administrando uma rede mais complexa de ativos (reais tecnológicos e financeiros). O terceiro grupo seria o das vantagens locacionais (L), definindo o local da produção. Para isso, duas vantagens devem ser consideradas: as estruturais e as transacionais. As estruturais seriam derivadas de algum tipo de intervenção governamental que afetassem custos ou receitas; e, as transacionais decorreriam das oportunidades surgidas da gestão coordenada de ativos instalados em diferentes países, tais como arbitragem financeira e fiscal, e administração de risco cambial. Para viabilizar a internacionalização, as empresas devem possuir alguma(s) dessas vantagens para que haja garantia de êxito, pois o processo de internacionalização produtiva está vinculado ao aproveitamento das vantagens de propriedade que são detidas pelas firmas, tais como as vantagens relacionadas aos ativos tangíveis e intangíveis (marcas, capacidades tecnológicas, potencial humano). Estes, por sua vez, permitem que as empresas aproveitem as vantagens de localização oferecidas pelos países (recursos naturais, mão-de-obra, infra-estrutura, tamanho e característica do mercado, estabilidade da política econômica). E estes últimos, por fim, podem trazer vantagens de internalização a estas mesmas empresas. Essas vantagens permitem entender os determinantes e as características das estratégias das empresas quando estas decidem por algum tipo de envolvimento internacional que ocorra de uma entre as várias formas, as quais podem ser substitutas ou complementares (inserção comercial, investimento direto no exterior, alianças estratégicas, etc.). Todas estas possibilidades e decisões têm em seu bojo a busca pela maior acumulação dinâmica de capital, até mesmo, portanto, para além das fronteiras da economia do país de origem da empresa. O que diferencia as empresas multinacionais de países desenvolvidos daquelas de países em desenvolvimento é justamente a composição das vantagens de propriedade, que envolvem, em grande medida: diferentes tipos de acesso a recursos naturais e qualificação de mão-de-obra, níveis igualmente diferenciados de capacitação tecnológica e políticas de governo igualmente diferenciadas. A tipologia proposta por Dunning (1988) facilita o entendimento do porquê muitas empresas se internacionalizam. Assim, têm-se quatro causas: - market seeking: investimentos orientados para a exploração do mercado doméstico do país hospedeiro; 25 - resourcee seeking: investimentos que visam a exploração de recursos naturais e mão de obra não qualificada; - efficiency seeking: investimentos que buscam racionalizar a produção para se apropriar de economias de especialização; - strategic asset seeking: investimentos para a aquisição de recursos e capacidades que podem ajudar a empresa a manter e aumentar suas competências competitivas. Hitt, Ireland, Hoskisson (2001:323-334) acreditam na existência de estratégias em dois níveis, podendo ser elas: a) Competitivas: advêm do âmbito de negócio em que a empresa se envolve. Estas podem ocorrer pela liderança de custos, ou pela diferenciação, ou ainda por focalização. Deste modo, a primeira seria decorrente de uma apropriação mais intensa da economia de escala e de vantagens competitivas baseadas em custos menores; já a segunda proviria da vantagem competitiva por oferecer um produto diferente, obtendo preços e/ou vendas maiores; e a última proviria da especialização em algum mercado. b) Corporativas: referem-se às decisões quanto à alocação de recursos entre vários negócios. Este tipo de estratégia se subdivide em: - multidomésticas: por serem as decisões estratégicas e operacionais descentralizadas no domínio de cada país, objetivando melhores produtos, mas sem haver o aproveitamento de economias de escala em nível global; - globais: as quais demandariam a padronização dos produtos entre os mercados, com a empresa centralizada buscando aproveitar os benefícios da interdependência entre as subsidiárias; - transacionais: aquelas que buscam conciliar a eficiência global e a aderência ao mercado local, o que requer uma coordenação flexível. 1.2.2 A internacionalização no setor siderúrgico Depois dessa discussão teórica, a análise do grau de internacionalização da siderurgia torna-se, além de mais embasada, de compreensão mais objetiva. Destarte, o nível de internacionalização do setor é, historicamente, um dos mais baixos da indústria de transformação e, nesse sentido, há uma correlação entre a internacionalização tardia da estrutura produtiva ocorrida no mundo e a recente aceleração da internacionalização do parque siderúrgico nacional, com desnacionalização de parte do parque produtivo 26 concomitantemente à elevação do IDE por parte de uma empresa de capital nacional, com forte expansão nos últimos anos3. De maneira geral, até recentemente, as empresas líderes dos países mais industrializados tinham suas estratégias de internacionalização limitadas à busca de melhores condições de suprimento de matérias-primas e/ou superação de barreiras comerciais. Esse processo, que se verificou, ademais, em quase todos os setores industriais, foi bastante tímido no caso da siderurgia. Alguns fatores auxiliam na compreensão desta característica peculiar da indústria siderúrgica (Oliveira, 2001). Em primeiro lugar, a siderurgia dos países desenvolvidos desfrutou, entre o pós-II Guerra Mundial e meados dos anos setenta, de um grande crescimento de seu consumo interno, propiciando ampliação da rentabilidade em seus próprios mercados domésticos. Alem disso, diversas mudanças tecnológicas ocorridas neste mesmo período, como a incorporação das tecnologias do conversor de oxigênio (aciaria básica a oxigênio, também conhecida como conversor LD) e do lingotamento contínuo4, demandaram um conjunto de investimentos em modernização das plantas localizadas nos próprios paises desenvolvidos. Em segundo lugar, o caráter estratégico deste setor – por exemplo, sua utilização em equipamentos militares – pode ser apontado como empecilho ao processo de transnacionalização5. Por fim, características técnicas da siderurgia – usinas de grande porte – e dificuldades para a utilização de um expediente largamente empregado em outros setores – a transferência de equipamentos usados da matriz para as filiais – completavam a lista de empecilhos para a elevação do IDE do setor, no período em questão. De Paula (2002) mostra que a internacionalização viria a ocorrer apenas a partir da década de 1980, depois que as privatizações em diversos mercados nacionais permitiram às empresas adquirentes passarem a operar estruturas produtivas internacionais com um investimento inferior ao requerido para instalar novas capacidades produtivas, sobretudo quando de vendas fortemente sub-avaliadas de ativos, como ocorreu em vários casos. Um outro ponto de diferenciação deste período 3 4 Apesar de único, o caso da Gerdau destaca-se pela intensidade e será apropriadamente investigado mais à frente. O conversor de oxigênio, que foi desenvolvida pela fabricante austríaca de bens de capital para a siderurgia Vöst-Alpine, é um equipamento altamente eficiente para converter o ferro-gusa em aço, por meio de injeção de oxigênio. Já o lingotamento contínuo, que substituiu o lingotamento convencional, permitiu um maior rendimento entre aço líquido e aço semi-acabado , além de melhorar a qualidade ao produto. 5 O temor de expropriações, e limitações à acumulação e remessa de lucros, podem ser apontados como pontos adicionais a estes mesmas questões. 27 foi a consolidação tecnológica das mini-usinas, a qual abriu possibilidades de diminuição do tamanho mínimo para operar eficientemente. Como corolário a este processo, na década de 1990, abrem-se novas oportunidades para a internacionalização produtiva, via fusões e aquisições, dando fôlego ao movimento de internacionalização patrimonial da siderurgia. Como apontam estudos recentes (NEIT, 2005), o surgimento de atores globais neste setor é um processo originado durante a década de 1990. Até o início daquela década, os maiores grupos mundiais – Nippon Steel e Posco – produziam em média 25 milhões de tons./ano. Após o processo de concentração e intensificação da internacionalização produtiva, em 2004, houve a fusão da Ispat International, International Steel e LNM Holdings, que originou a maior fabricante de aço do mundo, o grande grupo mundial, Mittal Steel, que produziu, em 2004, aproximadamente 59 milhões de toneladas anuais, seguido da Arcelor, com aproximadamente 47 milhões de tons./ano (NEIT, 2005). Em junho de 2006, depois de seis meses de negociação, a agora líder mundial do setor siderúrgico, a indiana Mittal Steel, assumiu o controle da européia Arcelor, por 27 bilhões de euros, criando uma gigante na produção de aço, a qual será três vezes maior que a maior de suas concorrentes (Gazeta online, 26 de junho de 2006). A Mittal Steel anunciou que suas negociações envolveram 92% das ações da Arcelor, o que deu origem a um conglomerado (Arcelor-Mittal), capaz de produzir mais de 120 milhões de toneladas de aço por ano. Houve a troca de mais de 665 milhões de ações da Mittal, além de um desembolso de 7,7 bilhões de euros para concluir a operação (Valor Econômico, 27 de julho de 2006). Um outro exemplo, também de 2004, foi a fusão da estatal chinesa Baosteel com a Baoshan Iron Steel, criando uma única empresa listada em bolsa e se tornando a siderúrgica com maior valor de mercado do mundo. A Baosteel comanda um décimo do mercado na China (Valor Econômico, data 11 de agosto de 2004) Em agosto de 2005, o grupo Techint anunciou, a criação da Ternium, formada pela união da argentina Siderar, da venezuelana Sidor e da mexicana Hylsamex, companhia voltada à produção de aços planos e longos. A nova empresa tem sede legal em Luxemburgo, mesmo domicílio legal da Tenaris, que fabrica tubos de aço sem costura e é uma das empresas controladas pelo grupo (Valor Econômico, 23 de agosto de 2005). 28 Assim, de acordo com o “Forging Ahead”, estudo divulgado pela PwC (PricewaterhouseCoopers, maio de 2005), constata-se que entre 2004 e 2005, as fusões e aquisições na siderurgia saltaram de 117 para 165. Com o ano de 2006 incluso esse número se torna ainda maior, incluindo a fusão que originou no maior grupo siderúrgico mundial da atualidade, o que evidencia uma nova fase na siderurgia. Abaixo, na tabela 8 encontra-se um quadro de 2005, o mais atual encontrado, contendo as maiores siderúrgicas mundiais – é válido notar que as primeiras (Mittal e Arcelor) se fundiram e que as restantes entraram pesadamente no processo de fusão e aquisição como foi citado anteriormente. Tabela 8. Maiores empresas siderúrgicas – 2005 Class. Empresas Volume Prod. (milhões ton. aço) Países 1 2 Mittal Steel Arcelor 63.0 46,7 Índia Luxemburgo 3 4 5 6 7 8 Nippon Steel JFE Posco Baosteel US Steel Nucor 32 31,6 30,5 22.7 19.3 18.4 Japão Japão Coréia do Sul China EUA EUA 9 10 14 29 49 Corus Group Riva Gerdau Usiminas CSN 18.2 17.5 13.7 8.7 5.2 Inglaterra Itália Brasil Brasil Brasil Fonte:Worldsteel, 2005, elaboração prórpia 1.2.3. O desenvolvimento Chinês Até o momento, foi realizada uma exposição do cenário siderúrgico mundial, desde 1970. Entretanto, esse estudo estaria incompleto se um avanço para o mercado chinês não fosse realizado. Cabe notar, que desde 2003, a siderurgia teve um novo aquecimento, graças à demanda desse país, o que o faz indispensável nesse capítulo. A indústria chinesa vem batendo recordes de produção, num contexto de estagnação de outros países. Um exemplo disso é sua produção que, em 2004, atingiu 29 272,5 milhões de toneladas e que tem apresentado taxas de crescimento anuais expressivas; somente entre 2003 e 2004, a produção cresceu 23,2%, e quando comparada a 1998 aumentou em 137,8% (NEIT 2005). A alta taxa de crescimento faz com que surja a pergunta de por quanto tempo a produção chinesa continuará se elevando. Alguns autores consideram que esta continuará firme no médio termo, em particular no período que antecede a Olimpíadas (em 2008). Outros analistas acreditam que há a possibilidade de um bolha especulativa, o que preocupa a indústria mundial, pois, na década de 1990, ocorreu uma redução das importações chinesas de aço de 36,9 milhões de toneladas, em 1993, para 14,8 milhões de toneladas, em 1995. Porém, a evolução recente das importações chinesas de aço parecem firmes, o que faz com que a hipótese de “bolhas de consumo/produção” pareçam fazer parte de leituras superficiais do fenômeno chinês. Ademais, a China já é o maior produtor mundial de aço desde 1997. Detém, atualmente, 26% do mercado mundial. Observa-se que a taxa de crescimento anual da produção chinesa de aço se acelerou ainda mais na primeira metade de 2005 (28,3%), fazendo com que este país passasse a responder por 30% da produção mundial de aço. Os outros grandes produtores mundiais são respectivamente: Japão (112,7 milhões de tons., em 2004), Estados Unidos (98,9 milhões de tons.), Rússia (65,6 milhões de tons.) e Coréia do Sul (47,5 milhões de tons.) (NEIT, 2005). Portanto, atualmente, o aço é dominado pela explosão da demanda chinesa, já que o país produz e consome mais de um quarto da produção mundial. A disparada da demanda do país, ademais, conseguiu tirar o setor mundial inteiro da estagnação, no fim de 2003. Naquela ocasião, os EUA estavam impondo tarifas de importação para impedir um colapso no meio-Oeste, enquanto as siderúrgicas americanas rumavam uma a uma à falência. Com a China comprando toda a produção disponível, os preços dispararam. Por exemplo, o preço da bobina de aço laminada a quente, os aços planos usados na indústria automobilística e em eletrodomésticos, subiu de cerca de US$ 200 a tonelada para mais de US$ 600, no ano 2003. As siderúrgicas viram suas margens operacionais subirem para fabulosos 30% em alguns casos, pois passaram a lucrar de US$ 150 a US$ 250 a tonelada (Valor Econômico, 20 dezembro de 2005). A fim de ter-se um contraste, os outros quatro principais países produtores tiveram crescimento médio da produção de apenas 3%, entre 2003 e 2004, e na comparação do primeiro semestre de 2005 com o primeiro semestre de 2004, apenas o Japão registrou um resultado positivo, e mesmo assim inferior a 2% de aumento de sua 30 produção (NEIT, 2005). Deste modo, o espetacular aumento da demanda chinesa é também um dos responsáveis pela sucessão de fusões e aquisições, mostradas acima, e que ainda estão em andamento. Para dados ainda mais recentes, referentes à China, a produção de aço bruto daquela país cresceu 19,9% nos primeiros cinco meses de 2006, ante o mesmo período em 2005, totalizando um volume de 162,2 milhões de toneladas. No período, o país asiático respondeu por 86,1% do crescimento da produção mundial da matéria-prima e 33,4% do total global (INDA, 2006). Em 2006, as exportações chinesas de aço estão crescendo acima de 50%, para 30 milhões de toneladas métricas, segundo dados da siderúrgica Baosteel Group Corp. , a maior da China (Valor Econômico, 19 de setembro de 2006). Já as importações de aço deverão cair para 20 milhões de toneladas métricas, depois de terem chegado a um máximo de 25 milhões, em 2005. Isso parece demonstrar que aquele país asiático conseguiu aumentar a produção de aço, também nos segmentos de maior qualidade, e virar um grande exportador. Como comparação, já que o objetivo central do estudo é analisar a industria de aço brasileira, no contexto atual, a siderurgia brasileira produziu 31,6 milhões de toneladas de aço em 2005, sendo o Brasil o nono maior produtor do mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia. Quanto às importações brasileiras diretas e indiretas (bens de aço) da China (Valor Econômico, 24 de julho de 2006) ainda são consideradas de pouco significância. Apesar de pequeno, contudo, o volume total de aço importado pelo Brasil, do mercado chinês, cresceu 342% no período de janeiro a maio de 2006, na comparação com os cinco primeiros meses do ano anterior. O Brasil importou 21,8 mil toneladas de aço em 2006, contra 4,9 mil, no mesmo período do ano passado. Isto dá uma demonstração de quanto à produção da China pode tomar mercados de aço, inclusive no e do Brasil. Assim, uma análise contundente da siderurgia nacional é de extrema importância, haja vista a concorrência em que está inserida. Isso será realizado no capítulo seguinte, objetivando, além do entendimento da dinâmica das empresas domésticas, uma projeção para os acontecimentos no longo prazo. 31 Capítulo 2: Siderurgia Brasileira Pós-Privatização: Modificações Patrimoniais e Características Gerais do Processo de Internacionalização Recente 2.1. Privatização da Siderurgia Brasileira e Modificações Patrimoniais na Década de Noventa e Virada do Milênio Entre o final da década de 80 e o início da de 90, os maus resultados acumulados desde o início da crise do modelo de desenvolvimento por substituição de importações desencadearam um questionamento da validade e qualidade da atuação estatal em várias áreas econômicas. Tal questionamento não era exclusividade do Brasil, visto que alguns governos a favor de reformas generalizadas na atuação de seus respectivos Estados nacionais, inclusive via privatizações, seriam eleitos em dois importantíssimos países, tanto em termos político-econômicos como ideológicos: Thatcher, na Grã-Bretanha (1979), e Reagan, nos EUA (1980). No caso brasileiro, uma agenda de reformas econômicas foi apontada como a solução para os problemas de hiperinflação, estagnação econômica e como caminho para a retomada do desenvolvimento, reformas que só seriam efetivamente iniciadas a partir do governo Collor, em 1990. De maneira geral, tais propostas foram resumidas, uma década depois, no chamado “Consenso de Washington” (CW) (Williamson, 1990; 2000). De maneira sucinta, podem ser citadas dez reformas defendidas pelo CW (Williamson, 1992): • Disciplina fiscal; • Reforma fiscal • Redefinição de prioridades nos gastos públicos; • Liberalização comercial; • Liberalização financeira; • Adoção de mecanismos cambiais anti-inflacionários; • Promoção do ingresso de investimento direto estrangeiro; • Redução do Estado via privatizações; • Desregulamentações dos mercados, sobretudo do financeiro e de trabalho; • Fortalecimento das garantias de direito de propriedade; 32 Assim, a década de 1990, no que diz respeito ao desempenho da economia brasileira, pode ser caracterizada por quatro períodos distintos: o primeiro , marcado por uma inflação alta e crescente, com recessão nos anos de 1990 a 1992; por um déficit fiscal relativamente modesto; por uma taxa de câmbio desvalorizada; e por uma folga na situação externa tanto devido aos superávits na conta corrente quanto ao volume de capitais externos que começavam a voltar ao país, após 1993. No segundo período, a partir de 1994, ano que é dominado em suas variáveis pelo início do Plano Real, em julho, há uma mudança nesse quadro, que passa a apresentar inflação baixa, desequilíbrio nas contas públicas, apreciação da taxa de câmbio e deterioração da conta corrente (Silva, 2003). O terceiro período vai de 1999 até 2002, período marcado pela correção do câmbio e dos desequilíbrios fiscais, mas consolidando uma elevada relação dívida pública/PIB. Ao mesmo tempo, é um período que conhece um grande salto dos saldos comerciais do país, sobretudo a partir de 2001. Por fim, no quarto período, que vai de 2003 até os dias atuais, tem-se, após uma violenta depreciação do Real, no final de 2002 e começo de 2003, uma reversão total desta tendência, com uma reapreciação da moeda brasileira, que retorna a patamares reais do início do Plano Real, a fim, principalmente, de ajudar na queda da inflação (a qual se mantém sob controle, efetivamente, sobretudo em 2005 e 2006), para não mencionarmos os ganhos de especuladores com estas flutuações cambiais. Mesmo assim, neste último período, o país mantém saldos comerciais elevados e também saldos positivos em transações correntes, devido à situação extremamente favorável do comércio internacional – especialmente pelos efeitos dinamizadores das demandas crescentes provenientes da China. E também mantêm elevados superávits primários, com a finalidade de conter uma possível explosão da relação dívida pública/PIB. Assim, a abertura comercial e a apreciação cambial permitiram que os preços dos tradeables ficassem contidos em nosso primeiro período, no início do Real (199498), possibilitando o controle da inflação, mas, por outro lado, provocando uma deterioração das contas externas do país. Isso fez com que o Brasil passasse a ter déficits comerciais significativos, sobretudo a partir de 1995. Dessa forma, a economia brasileira passou a depender das entradas de capital externo – tanto produtivo (IDE) como especulativo – a fim de “equilibrar” ou mesmo garantir superávits no Balanço de Pagamentos (Laplane e Sarti, 1997). O processo de privatização, já mencionado anteriormente como uma das recomendações do CW, e o influxo de IDE dele resultante, 33 também serviu como mecanismo para manter estes fluxos de investimento estrangeiro no país e propiciar alguma estabilidade macroeconômica. Desta maneira, estimulou-se privatização de empresas estatais de diferentes setores econômicos. Em linhas gerais, tal proposta estava baseada em uma clara escassez de fundos para investimentos por parte do Estado, às voltas novamente com graves problemas fiscais, simultaneamente a uma grande disponibilidade de capitais privados para investimento; a uma crítica do modelo de substituição de importações e de intervenção do Estado na economia do país; e em uma suposta – ainda que não comprovada – superioridade do setor privado nas atividades produtivas, especialmente nos âmbitos organizacional e de desenvolvimento tecnológico. O Plano Nacional de Desestatização (PND) foi criado no início da década de 1990, em um período marcado por diversas medidas liberais por parte do Governo Federal. As estatais do setor siderúrgico, que desde o início dos anos 1980 estavam em uma crise pronunciada, em decorrência da recessão verificada na economia nacional (De Paula, 2002), foram das primeiras empresas a ingressarem neste Plano. O ano de 1991 marca o início de uma década caracterizada pela venda generalizada dos ativos produtivos do Estado. Os eventos transcorridos após o início da década de 1990, na siderurgia, podem ser divididos em quatro períodos, segundo o objetivo específico deste trabalho. O primeiro (1991-1995) caracterizou-se pelas grandes privatizações no setor. O segundo período (1996-1999) foi marcado por uma reorganização na composição patrimonial das principais empresas, após a finalização da venda de ativos do governo (Oliveira, 2001), pelo ingresso do capital estrangeiro (internacionalização passiva) principalmente por meio desta mesma venda de ativos e pelo avanço dos investimentos e da reestruturação produtiva do setor. O terceiro período, por fim, inicia-se em 1999, quando a desvalorização cambial propiciou a modificação de estratégias em relação ao mercado externo, além do início da internacionalização ativa da siderurgia nacional, processo que se desenrola até os dias atuais. E o quarto período principia em 2003, quando, após uma grande depreciação da moeda nacional, tem-se uma reapreciação da mesma, o que faz com que empresas do país tenham buscado recentemente garantir custos baixos por meio de internacionalização de seus ativos. Basicamente, então, estes períodos coincidem com a periodização sugerida acima para a economia brasileira, com uma única diferença: o primeiro período para a economia nacional termina em 1993, enquanto na siderurgia se encerra em 1995. 34 Uma outra observação pode ser anexada para fortalecer a subdivisão proposta: existe uma defasagem entre as últimas privatizações brasileiras, as da Cosipa e Usiminas, em 1994 (ver Tabela 10), e o final destas transações no mundo. Assim, podese argumentar a favor da mencionada fase de transição, entre 1995 e 1999, já que nesses anos se concretizam privatizações “tardias”, em nível internacional6. Cabe ressaltar que o processo de privatização, ocorrido em diversos países, pode ser apontado como vetor essencial para o início deste processo amplo de internacionalização da siderurgia, em termos mundiais. Assim, a venda de empresas já estabelecidas em alguns países possibilitou a superação de barreiras à entrada em vários mercados nacionais e estimulou o processo de concentração internacional no setor. Pinho (2001:174) enfatiza que as privatizações na siderurgia mundial praticamente se esgotaram em 1997, sendo que, nos dois anos subseqüentes, as transações desvincularam-se das privatizações. Assim, na primeira metade da década, as transações tiveram caráter eminentemente nacional; já em 1998 e 1999, ganharam destaque tanto as operações “continentais” – em que as empresas compradas e vendidas são de países diferentes, mas dentro de um mesmo continente – como as operações “globais” – nas quais estes continentes são distintos. De fato, as privatizações stricto sensu esgotaram-se em 1997, pois a partir desta data as negociações e modificações patrimoniais seriam levadas a cabo apenas entre capitais privados. Nesse sentido é que sugerimos um “período de transição”, entre 1996 e 1999. Para o caso do Brasil, Pinho (2001:16) apresenta como primeiro divisor o ano de 1995, por três motivos: ● Todas as vendas de ações siderúrgicas pelo Estado já haviam sido consolidadas – CST (1992), Acesita (1992), CSN (1993), Açominas (1993); Cosipa (1994) e Usiminas (1994); ● Este ano marca o retorno da siderurgia brasileira a um ritmo de inversões anuais na casa de US$ 1 bilhão, sinalizando que o processo de reestruturação produtiva entrava em uma nova etapa, respaldado pela modernização da base técnica7; ● Esse foi o último ano em que a composição societária de algumas empresas privatizadas foi mantida de acordo com o modelo realizado pelos leilões de 6 Como exemplo de uma privatização “tardia”, destaca-se o caso da espanhola CSI, adquirida pelo grupo luxemburguês Arbed, em 1997 (Oliveira, 2001:38). 7 Esse programa de investimentos voltou-se para a atualização tecnológica, seja em sua dimensão estritamente produtiva (traduzida pela aquisição e operação eficiente de novos equipamentos), seja no aumento dos esforços para a inovação tecnológica, incrementando as capacitações das empresas do setor (Oliveira, 2004). 35 privatização, pois no ano seguinte, CSN, CST e Usiminas sofreram uma nova rodada de rearranjos patrimoniais. Destarte, a privatização, no âmbito do Programa Nacional de Desestatização (PND), constituiu-se no principal vetor de reestruturação da indústria siderúrgica brasileira, na década de 90. Entre 1991 e 1993, foram transferidas para o controle privado as seis grandes usinas integradas que constituíam o núcleo da Siderbrás e as duas usinas de menor porte não alienadas nas privatizações, quais sejam, Piratini e Cosinor. No momento da venda, a capacidade produtiva desse conjunto de empresas somava 19,6 milhões de toneladas/ano, o equivalente a 70% do parque siderúrgico brasileiro (Oliveira, 2003 apud Andrade et al., 1999). A tabela 9 apresenta a estrutura patrimonial das empresas na década de 1990, ano de início das privatizações. Percebe-se que, retirando-se a Gerdau, toda a amostra de empresas analisadas neste estudo era constituída de estatais. Tabela 9. Empresas e Grupos de Controle, na Siderurgia Brasileira, em 1990 Empresa Grupo de Controle Unidade Produtiva Açominas CST CSN Cosipa Usiminas Estatal Estatal Estatal Estatal Estatal Ouro Branco, MG Serra, ES Volta Redonda, RJ Cubatão, SP Ipatinga, MG Acesita Estatal Timóteo, MG Aços Villares Anhangüera Ipanema Vibasa Piratini Eletrometal Mannesmann Villares Villares Villares Villares Estatal Independente Mannesmann Mannesmann Principais Linhas de Produtos Semi-acabados Semi-acabados Planos comuns Planos comuns Planos Comuns Planos e Longos Especiais São Caetano do Sul, Longos Especiais Longos Especiais SP Mogi das Cruzes, SP Longos Especiais Longos Especiais Sorocaba, SP Pindamonhangaba, SP Longos Especiais Longos Especiais Charqueadas, RS Longos Especiais Sumaré, SP Belo Horizonte, MG Longos Comuns São José dos Campos, SP Capacidade (mt/ano) Aciaria Laminação 2.100 3400 4.600 3.900 4.200 4.840 3.100 3.600 850 840 100 360 120 420 240 64 955 42 300 100 400 210 18 1.085 120 36 Açonorte Cearense Comesa Cosigua Guaíra Riograndense Usiba Belgo-Mineira Dedini Cofavi Cosinor Aliperti C.B.Aço Ferroeste Itaunense Pains Mendes Júnior Barra Mansa Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Gerdau Belgo-Mineira Dedini Duferco Estatal Independente Independente Independente Independente Korf Korf Mendes Júnior Votorantim Recife, PE Maracanaú, CE Atalaia, AL Rio de Janeiro, RJ Nova Iguaçu, RJ São Gonçalo, RJ Barão de Cocais, MG Araucária, PR Curitiba, PR Sapucaia do Sul, RS Simões Filho, BA João Monlevade, MG Piracicaba Cariacica, ES Cabo, PE São Paulo, SP São Paulo, SP Contagem, MG Itaúna, MG Divinópolis, MG Contagem, MG Juiz de Fora, MG Barra Mansa, RJ Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns Longos Comuns 260 87 48 1.100 325 240 420 300 350 1.000 330 410 84 400 81 130 150 450 600 420 260 77 44 1.045 130 120 130 605 300 1.100 300 260 100 360 70 96 144 360 60 1.200 310 Fonte: IBS (1991 apud Oliveira, 2003) No que tange à reestruturação patrimonial ocorrida durante o primeiro período (1991-95), a privatização pode ser apontada como principal vetor. Como já mencionado, entre 1991 e 1993, dois leilões foram realizados (Usiminas e Açominas) e, em 1993, oito empresas estatais, com capacidade para produzir 19,5 milhões de toneladas (70% da produção nacional), já haviam sido privatizadas. Porém, nestas modificações patrimoniais iniciais, o capital nacional destacou-se e a incursão das empresas estrangeiras foi pouco expressiva: até meados da década de 1990 o capital estrangeiro apresentava uma participação de apenas 10% do total investido (Pinho, 2001). Entre os vários movimentos estratégicos verificados nesta reestruturação patrimonial, a integração vertical foi a que mais obteve destaque. A CVRD teve grande peso neste processo, ao adquirir ações da Usiminas, CSN, CST e Açominas. Quanto às estratégias produtivas, com também se pôde ver na Tabela 9, a Usiminas e a CSN, juntamente com a Cosipa, controlavam, antes da privatização, 100% da produção de aços planos; já a CST e a Açominas estavam voltadas para a venda de semi-acabados (Oliveira, 2004). 37 Ainda neste primeiro período a siderurgia passou por importantes mudanças patrimoniais, com a Gerdau consolidando sua posição de maior empresa do setor no país, ao adquirir ações da Korf Gmbh, da Alemanha (proprietária também da Siderúrgica Pains, no Brasil), resultando em um aumento da participação do Grupo no mercado de aços longos comuns, seu principal segmento de atuação. A tabela 10 ilustra as siderúrgicas privatizadas e seus compradores, complementando as informações apresentadas na tabela 9. Tabela 10. Siderúrgicas Integradas Privatizadas no Brasil (1991-1994) Empresa Estrutura Produtiva Capacidade Data (mil venda toneladas) Usiminas Integrada a 4.200 coque Técnica Valor Privatização Venda Capital Principais adquirentes em total relação ao capital votante (US$ milhões vendido correntes) (%) Out. 91 Leilão 1.461 70 Set. 94 Of. Pública 480 16 CST Integrada a 3.000 coque Jul. 92 Leilão 354 90 Acesita Int. carvão 850 vegetal Out. 92 Leilão 465 74 CSN Integrada a 4.600 coque Abr. 93 Leilão 1.495 91 Cosipa Integrada a 3.900 coque Ago. 93 Leilão 360 60 1994 Of. Pública 226 24 Set. 93 Leilão 599 100 Açominas Integrada a 2.400 coque Bozano Simonsen (7,6%), Outros bancos (20,6%), CVRD (15%), Previ (15%), Outros Fundos de Pensão (11,1%), Distribuidores (4,4%) Bozano Simonsen (25,4%), Unibanco (20%), CVRD (15%) Previ (15%), Outros Fundos de Pensão(21,1%), Bancos (18,6%) CVRD (9,4%), Vicunha (9,2%), Bamerindus (9,1%), Bradesco (7,7%), Outros Bancos (18,3%) e Fundos de Pensão (2,7%) Usiminas (49,7%), Bozano (12,4%), Distribuidores (12,4%) Mendes Jr. (31,7%), Villares (6,2%), Banco do Estado de Minas Gerais (7,4%), CVRD (5%) Fonte: Oliveira (2003, apud De Paula (2002:86)) De Paula (2002) ressalta o fato de que a estrutura patrimonial da siderurgia brasileira, no contexto pós-privatização, pode ser caracterizada pelo binômio complexidade/instabilidade. São três aspectos evidenciados pelo autor, nesta linha de argumentação. Primeiramente, a participação acionária cruzada envolvendo a CVRD e a CSN. A CVRD possuía 9,9% do capital da CSN que, por sua vez, controlava 38 25,5% da holding Valepar, a qual detinha 52,2% da própria CSN. Segundo, a participação direta ou indireta da CVRD no capital de cinco das seis maiores usinas siderúrgicas privatizadas enquanto a Acesita possuía 5,8% do capital votante da Aços Villares e 31% do capital votante da Indústrias Villares, que, por sua vez, controlava outros 50,1% da própria Aços Villares. Um terceiro ponto levantado pelo autor relaciona-se ao fato de que acionistas relevantes da siderurgia brasileira não eram empresas siderúrgicas: o Banco Bradesco e os fundos de pensão, especialmente o Previ, dos funcionários do Banco do Brasil. Este último fundo, em associação com outros fundos de pensão, controlava, por exemplo, 39,2% da Valepar, holding controladora da CVRD, e 15% da Acesita (Tabela 10). Neste período não se alterou o número de usinas sob controle estrangeiro. Estas, de acordo com Pinho (2001:14), antes da privatização, detinham apenas 8,4% da capacidade de produção de aço bruto e 11,7% da de laminados do país. A presença de empresas estrangeiras era restrita aos grupos Arbed, Mannesmann, Korf e a participações minoritárias em joint-ventures (nos casos da Usiminas e CST, com participações de capital da Nippon Steel). Das siderúrgicas caracterizadas pelo controle externo, a luxemburguesa Arbed detinha posição hegemônica, apesar de somente participar minoritariamente na estrutura patrimonial da Belgo-Mineira. Por seu turno, a subsidiária da Mannesmann, com pequena participação no mercado, era controlada pelo grupo alemão homônimo – com cerca de 76% do seu capital8. Os aportes efetuados pelo capital estrangeiro, nos processos de privatização, foram de apenas 9,6% do total, não sendo capazes de alterar o perfil descrito (Pinho, 2001). Para Pinho (2001), no início dos anos 90, o processo de internacionalização do capital na siderurgia ainda não estava suficientemente amadurecido para que se pudessem alavancar investimentos necessários à absorção de siderúrgicas do porte das usinas integradas brasileiras. Porém, como visto na segunda metade da década, com um segundo período de transformações patrimoniais, a entrada de investidores estrangeiros na siderurgia brasileira ampliou-se consideravelmente. Além do ingresso do capital estrangeiro, cabe destacar que, entre 1994 e 2004, foram investidos US$ 13 bilhões, grande parte em modernização e atualização tecnológica das usinas, elevando a competitividade do parque nacional. 8 Além desses casos, cabe ressaltar que o grupo alemão Korf deteve participação acionária na Pains, entre 1976 e 1993, e que a alemã Thyssen foi sócia do Grupo Gerdau, na Cosigua, entre 1975 e 1978. 39 De Paula (2002) argumenta que a complexa estrutura patrimonial da siderurgia brasileira foi derivada da modelagem e da técnica de privatização adotadas. A utilização de leilões e a participação das instituições financeiras no processo de privatização – utilização das chamadas “moedas podres” e revenda de ações com ganhos financeiros – resultaram em uma estrutura de controle compartilhado, sujeita à instabilidade. Assim, na segunda metade da década de 90, ocorreram novas transações, envolvendo compras e vendas de importantes parcelas das empresas siderúrgicas brasileiras. O primeiro movimento a destacar do primeiro período de privatizações se refere às instituições financeiras, que na desestatização haviam assumido posições estratégicas na estrutura de capital da CST, CSN e Usiminas. Posteiormente, como contrapartida à venda das participações acionárias dos bancos, ocorreu o aumento da parcela detida por outros acionistas. O grupo Vicunha foi o principal beneficiário da venda da participação do Bamerindus na CSN, embora ela tenha permitido também um aumento da participação do Previ e do Bradesco no controle dessa empresa. Com uma participação de 16% no capital da siderúrgica, a maior parte dos quais dentro do acordo de acionistas que regula o grupo controlador, o Vicunha transformou-se, então, no principal controlador individual da empresa. À atuação do grupo na siderurgia seguiu-se a aquisição de uma distribuidora de aço para sua fabricação de latas de aço (Pinho, 2001). Após a operação de “descruzamento” acionário entre a CVRD e CSN, realizada em 2001, o grupo Vicunha aumentou a sua participação nesta última empresa para 46% (De Paula, 2002). Já na Usiminas, a saída do Bozano-Simonsen, que era líder do bloco de controle acionário, e dos bancos Econômico e BCN, criou condições para que a Nippon Usiminas aumentasse sua participação acionária no capital da empresa, de 13,8 para 18,5%, ao mesmo tempo em que a Camargo Corrêa ingressou como acionista. Em 1998, outro grupo empresarial de porte se somaria aos acionistas da Usiminas: o Votorantim. Em relação à CST, a venda de ações do Bozano-Simonsen e do Unibanco, em simultâneo à saída do grupo italiano Ilva/Finsider, provocou importantes mudanças na estrutura de capital da empresa. A Acesita, não possuidora de participação prévia na CST, adquiriu uma participação de 24,5% no capital da empresa. Além disso, a japonesa Kawasaki Steel e a CVRD ampliaram suas parcelas diretas e indiretas, já que 40 uma empresa controlada majoritariamente por ambas, a laminadora norte-americana Califórnia Steel, também participou da transação (Oliveira 2003, apud Pinho, 2001). Outra siderúrgica desestatizada que experimentou grandes mudanças em sua estrutura de capital foi a Açominas. O controle da maior parcela isolada de seu capital pela Mendes Júnior Siderurgia (31,7%), grupo vencedor na privatização9,fez com que houvesse uma grave crise na Açominas, proveniente de uma gestão desastrada da controladora, que culminou no seu afastamento pelos demais acionistas, os quais assumiram sua gestão e operação. A venda pelo grupo siderúrgico Villares de sua participação na empresa, adquirida pelo Clube de Empregados da Açominas (CEA), permitiu que o grupo Gerdau e a NatSteel (Cingapura) fossem incorporados em 1997 ao bloco de controle da Açominas (De Paula, 2002). Assim, a Açominas conseguiu ganhar uma base societária estável. A partir disso, a parcela do Gerdau no capital da Açominas aumentou consistentemente, por meio de aquisições de participações que bancos estaduais mineiros, CVRD e Banco Econômico tinham na empresa. Destarte, a partir da segunda metade da década de 90, a presença do capital estrangeiro na siderurgia brasileira aumentou significativamente, consubstanciada em aquisições, parcerias em novos projetos – tais como laminadoras, galvanizadoras e centros de serviço – e em projetos de constituição de uma base exportadora de semiacabados. Nesse sentido, Pinho (2001:52) mostrou que as siderúrgicas cujo controle pertencia a capitais internacionais já respondiam, em 2000, por 34% da capacidade efetiva de produção de aço bruto, ou seja, quatro vezes mais do que os 8% de dez anos antes. Como síntese do processo descrito anteriormente, a tabela 11 exibe a estrutura acionária das principais siderúrgicas brasileiras em 2002. Tabela 11. Estrutura Acionária da Siderurgia Brasileira (cenário 2002) Aços Acesita Arcelor (39%), Previ (19%), Sistel (12%) Especiais Villares Sidenor (58%), BNDESPAR (29%) V&M V&M (93%) Aços Barra Mansa Votorantim (100%) Longos Belgo-Mineira Arcelor (60%), Bradesco (11,5%) 9 PINHO e SILVEIRA (1998) salientaram que do ponto de vista da estrutura industrial, a transação envolvendo a Açominas e a Mendes Júnior Siderurgia era defensável, posto que a usina semi-integrada da Mendes Júnior (em Juiz de Fora, MG), a mais moderna de seu tipo no Brasil, dependia vitalmente de um suprimento diário de 1.200 ton. de tarugos pela Açominas, para ocupar mais de 40% de sua laminação. 41 Met. Gerdau Gerdau (73%) Açominas Gerdau (79%) Aços Cosipa Usiminas (92%) Planos CSN Vicunha (46,5%), Valia (10%) (ao Carbono) CST Acesita/Arcelor (44%), CVRD (20,5%), Kawasaki (20,5%) Usiminas CVRD (23%), Nippon Steel (18%), Previ (15%), CIU (10%) Fonte: De Paula (2002) É a partir desta estrutura patrimonial que se intensifica o processo de internacionalização da siderurgia brasileira. Nas seções seguintes serão descritas algumas características deste processo, tendo como referência três dimensões distintas: internacionalização via comércio, com elevação das exportações/importações das empresas brasileiras; “internacionalização passiva” via elevação de participação de capital estrangeiro na estrutura patrimonial de empresas nacionais e; “internacionalização ativa”, resultado de aquisições de empresas ou construção de plantas em outros países. 2.2. A Internacionalização da Siderurgia Brasileira sob o Ponto de Vista da Balança Comercial O grau de internacionalização produtiva das empresas pode ser avaliado, pelo menos em parte, com base na parcela de produção destinada aos mercados externos, conforme proposto por Dunning (1998, 1993) e explicado no primeiro capítulo deste trabalho. Analogamente, estudo feito por Maria L. da Silva (data), também embasado em Dunning (1998), afirma que a parte das estratégias de internacionalização das empresas pode ser investigada via o comportamento de suas exportações e importações. Deste modo, a análise do comércio exterior do aço brasileiro fornece um quadro para análise das mudanças de perfil dos produtos siderúrgicos brasileiros comercializados com o exterior. Dado o escopo deste estudo, busca-se identificar por meio da análise dos fluxos recentes (2000 a 2006) se de fato há alguma estratégia predominante no período e se esta pode ser correlacionada à crescente internacionalização do setor. Em relação ao nível de complexidade tecnológica e valor agregado dos produtos do setor, deve ser ressaltado que este segue uma ordem crescente. Assim, os produtos semiacabados têm o menor valor agregado da indústria enquanto no extremo oposto 42 estão os produtos especiais, com alto valor agregado. No caso dos laminados não especiais, os produtos planos têm um maior valor agregado do que os produtos longos (Oliveira Júnior, 2001). De acordo com Paula (1998), dentro do setor de produtos laminados, os três segmentos — planos, longos e especiais — são bastante diferentes no que se refere ao tamanho das plantas, concorrência e ritmo de inovação tecnológica. Os produtos laminados planos formam o segmento mais importante da indústria siderúrgica mundial, tanto em volume quanto em valor, pois sua produção, como visto, é destinada principalmente à indústria automobilística e realizada em grandes plantas industriais — cada uma delas capacidade para cerca de 2 milhões de toneladas/ano. Uma usina de aços planos, ademais, coloca no mercado cerca de 300 produtos diferentes. Os laminados longos comuns são produzidos em plantas de tamanho intermediário, com capacidade de produção de 150 mil a 2 milhões de toneladas/ano. O número de produtos fabricados é bem menor do que no caso de laminados planos, cerca de quinze. Já os laminados especiais são produzidos em plantas ainda menores, com capacidade para produzir de 30 mil a 800 mil toneladas/ano. O número de produtos fabricados é bem maior do que aquele observado nos casos de laminados planos e longos, chegando a até 2 mil produtos. A participação dos três segmentos na produção siderúrgica de um país está, na maior parte dos casos, relacionada ao nível de desenvolvimento econômico. Em geral, quanto maior o grau de desenvolvimento de um país, maior a participação dos laminados planos na sua produção total, dada a elevada demanda destes produtos em indústrias mais sofisticadas, como a já mencionada indústria automobilística. Os laminados longos, por sua vez, são usados mais intensivamente na construção civil, um setor importante nos países em desenvolvimento. Cabe destacar que as barreiras à entrada são menores neste mercado, uma vez que a implantação de uma usina demanda menos capital e tecnologia. O fato de as economias de escala necessárias à obtenção de um custo competitivo serem mais fáceis de se obter no caso dos laminados longos explica o fato de que mais países possuem capacidade de produzi-lo. A compreensão das diferenças básicas entre os produtos siderúrgicos é indispensável para análise e separação de categorias, segundo valor agregado, utilizando a classificação da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), na qual os produtos não são necessariamente separados segundo os três tipos acima apresentados. 43 No que tange à metodologia utilizada para construção da base de dados, faz-se válido destacar a utilização da agregação a 4 dígitos das categorias NCM, haja vista a grande quantidade de produtos siderúrgicos e a maior facilidade de análise e interpretação dos resultados10. Para qualificar os grupos de produtos que apresentaram melhor desempenho e contribuição para elevação do comércio exterior brasileiros, foi utilizado o cálculo do valor médio de cada grupo de produtos. Em outras palavras, os produtos foram classificados de acordo com seus preços médios11, para que se tornasse possível estabelecer grupos com padrões relativos de alto, médio ou baixo valor agregado em relação a seu peso. È essencial advertir que como esse conceito é centrado no preço e não na especificidade do produto, podem ocorrer deficiências nesta classificação, que deve ser compreendida apenas como de valor aproximado, levando em conta a média das exportações brasileiras. Outra ressalva a ser apresentada diz respeito à abrangência das categorias. Como cada uma envolve a média de todos os produtos comercializados (NCM 8 dígitos) em uma somatória agregada a 4 dígitos, o valor pode mascarar especificidades e tendências intra-grupo, que podem desaparecer em decorrência de interpretações por demais gerais. Apesar destas deficiências, tais grupos de valor agregado são extremamente úteis para analisar, com algum grau de precisão, as tendências qualitativas do comércio exterior brasileiro, inclusive no setor em questão. Segundo a metodologia apresentada, os grupos de preço foram selecionados com o seguinte critério: acima de 1,50 US$/Kg são de alto valor agregado relativo (Grupo 1), de 0,75 a 1,50 US$/Kg são de médio valor agregado relativo (Grupo 2), e abaixo de 0,75 US$/Kg são de baixo valor agregado relativo (Grupo 3)12. Abaixo se encontram os grupos especificados13. Tabela 12. Grupos de Valor Agregado Relativo/Preço das Exportações Brasileiras Grupo 1 Grupo 2 7222 7220 7221 7212 7218 7229 Grupo 3 7210 7216 7215 7214 7209 7207 10 A descrição de cada categoria NCM é apresentada em tabela no Anexo estatístico, ao final deste trabalho. 11 Calculados a partir dos dados fornecidos pela SECEX acerca do volume exportado (em kg) e dos valores totais em US$. 12 As exportações brasileiras de aço são, em sua maioria, diagnosticadas como de baixo valor agregado (Lopes & Pinho, 2000). Em 2005, o valor médio das exportações brasileiras foi de, aproximadamente, US$ 0,5/kg. A adoção das três “faixas de preços” dos produtos comercializados com o exterior levou em conta este parâmetro. 13 A descrição dos produtos apresentados encontra-se no anexo estatístico. 44 7226 7219 7228 7223 7217 7211 7225 7227 7208 7224 7213 7206 Tabela 13. Grupos de Valor Agregado Relativo/Preço das Importações Brasileiras Grupo 1 7223 7212 7220 7224 7221 7211 7222 7229 7219 7228 7226 7227 7218 7217 7225 7215 Grupo 2 Grupo 3 7216 7206 7210 7207 7214 7208 7209 7213 Antes de iniciar a análise do comércio exterior, apresentadas na tabelas a seguir, faz-se também necessário ressaltar algumas diferenças entre os grupos de valor agregado de exportações e importações. Por serem elaboradas de acordo com os preços, uma mesma classe de produtos (NCM a 4 dígitos) pode ser classificada em categorias distintas em relação à importações e exportações. Essa variação é devida à já mencionada heterogeneidade de valor agregado em um mesmo grupo: aços de maior intensidade tecnológica, com maior valor agregado, “misturam-se” com aços de menor valor agregado, devido à semelhança de parte de seu processo produtivo. Em geral, os produtos de maior valor agregado recebem tratamento extra, tornando seu valor médio por quilograma superior. Se por um lado tal variação acarreta dificuldade de análise e comparação das bases, por outro reflete com maior precisão a especialização do comércio exterior e, pela própria composição identificada nas tabelas 12 e 13, reforçam a tese de que os produtos exportados pelo país são de menor valor agregado (Pinho & Lopes, 2000). O ano escolhido para que essas classificações fossem realizadas foi o de maior valor das exportações brasileiras da série, que ocorreu em 2005. A adoção de anos com maior volume de comércio permite a redução das discrepâncias no cálculo do valor médio das exportações, comuns em categorias com baixo volume comercializado. Além da análise das exportações e importações do Brasil em relação ao mundo, algumas regiões mundiais foram analisadas separadamente, em Anexo, como é o caso de América Latina, Nafta e China. A utilização destes três parceiros comerciais deveuse a serem os principais destinos de investimentos estrangeiros de empresas nacionais e, 45 no caso chinês, por representarem o país dinamizador da indústria siderúrgica recente sob diversos aspectos14. Ainda em relação aos países/regiões adotados para análise específica, cabe ressaltar que, a despeito da possibilidade de cálculo de séries de valor médio para cada um dos grupos de produtos, as discrepâncias no cálculo do indicador para grupos com volume muito baixo de importações e/ou exportações torna a utilização da mesma classificação de valor agregado relativo obtida com os valores totais de exportações e importações brasileiras mais adequada. Tabela 14. Exportações Brasileiras de Aço (2000-2006*), em US$ milhões NCM 2000 7206 7207 7208 7209 7210 7211 7212 7213 7214 7215 7216 7217 7218 7219 7220 7221 7222 7223 7224 7225 7226 7227 7228 7229 Total 2001 2002 2003 2004 2005 0,03 1,36 0,01 0,00 9,20 26,85 1033,97 834,01 1175,29 1421,82 1900,17 1881,26 285,36 158,44 231,43 433,81 766,37 785,59 157,48 99,37 121,44 239,52 270,38 421,02 168,29 151,03 246,17 385,91 461,80 506,79 21,03 22,57 32,79 40,44 54,68 47,68 2,91 4,30 3,78 7,69 10,55 7,98 109,34 98,77 115,66 206,50 307,59 557,39 52,74 52,31 77,46 198,47 191,61 349,21 2,93 2,38 2,35 2,86 5,48 6,06 36,55 48,35 31,56 78,93 108,31 134,69 28,28 19,85 21,36 33,13 57,84 71,89 9,75 1,71 20,79 18,18 15,33 21,34 158,43 110,72 147,45 257,67 321,61 406,21 8,35 4,83 5,32 7,94 11,64 11,21 0,25 0,07 0,16 0,27 0,04 0,00 26,08 21,27 20,73 24,13 28,44 43,73 1,42 1,52 1,59 27,20 3,97 4,11 316,39 259,89 218,01 187,37 199,77 388,67 49,05 44,23 19,98 31,11 101,83 179,70 8,39 6,59 4,49 5,91 8,12 13,37 1,36 0,32 0,21 5,38 17,78 25,06 19,30 48,63 45,19 42,64 60,65 112,72 1,01 0,90 0,93 1,48 2,15 3,05 2498,69 1993,42 2544,15 3658,38 4915,33 6005,58 2005* 26,83 1447,64 552,91 286,79 378,93 35,74 5,38 441,12 276,58 4,37 97,18 57,09 20,79 316,10 8,40 0,00 33,03 3,39 359,32 141,22 10,39 19,96 83,24 1,73 4608,14 2006 0,11 1411,64 750,90 286,84 310,58 37,80 7,93 342,02 223,82 6,30 141,38 41,54 4,71 282,01 9,96 0,52 34,78 2,55 183,93 511,13 10,99 37,26 88,71 3,27 4730,70 * Período Janeiro-Setembro Fonte: Secex Entre 2000 e 2005, as exportações brasileiras apresentaram crescimento acelerado, com uma média anual de 19%, superior à média de crescimento das exportações de todos os produtos brasileiros (16%). No ano de 2006, na comparação de 14 Se por um lado a China é responsável pela elevação dos fluxos de comércio recente, sua vigorosa expansão de capacidade produtiva vêm produzindo reversão destes fluxos. 46 valores acumulados entre janeiro e setembro, a taxa apresentou forte retração em relação à média do período, ficando em torno de 3%, bem abaixo da elevação das exportações totais brasileiras, de aproximandamente17%. Os grupos que mais contribuíram para o crescimento das exportações, entre 2000 e 2005, foram os de menor valor médio na pauta exportadora. Dentre os produtos de maior preço, os laminados planos de aços inoxidáveis, foram os únicos que apresentaram contribuição15 significativa para o crescimento das exportações. Foram três os produtos de alto valor agregado que cresceram acima da média das taxas de crescimento: o NCM 7219 – produtos laminados planos, de aços inoxidáveis, de largura igual ou superior a 600 mm, que contribuiu com de mais de nove pontos percentuais do aumento total das exportações, de 140% entre 2000 e 2005; o 7223 – fios de aços inoxidáveis, com contribuição para elevação das exportações próxima a 0,1 ponto percentual do total, mas com taxa de crescimento acima da taxa de crescimento geral do período; e o 7228 – barras e perfis, de outras ligas de aços; barras ocas para perfuração, de ligas de aços ou de aços não ligados, com uma contribuição para o aumento das exportações de pouco menos de 4% no total de 140%. Cabe notar que a Acesita é a única produtora integrada de aços inoxidáveis na América Latina e é também monopolista na produção desses, no Brasil, fato que caracterizaria a importância de seu desempenho exportador para a evolução das vendas externas de produtos siderúrgicos de maior valor agregado, inclusive os sublinhados acima. Grande parte dos produtos responsáveis pelo crescimento das exportações brasileiras é de baixo valor agregado. Um destaque deve ser dado ao produto 7207 – produtos semifaturados, de ferro ou aços não ligados. Sua elevada participação na pauta exportadora (cerca de 42%) fez com que, mesmo com crescimento abaixo do total geral, sua contribuição para a elevação de 140% das vendas externas brasileiras fosse de 33 pontos percentuais. Este produto, em conjunto com o NCM 7208 – Produtos laminados planos, de ferro ou aço não ligados, de largura igual ou superior a 600 mm, laminados a quente, não folheados ou chapeados, nem revestidos – respondeu por quase 40% de todo a elevação das vendas em valor. Além disso, responderam por mais de 52% da pauta. 15 O cálculo da contribuição ao crescimento considera a participação do bem na pauta exportadora e sua taxa de crescimento. 47 Dos produtos do grupo de médio valor agregado, somente as classes 7217 – fios de ferro ou aços não ligados – e 7225 – produtos laminados planos, de outras ligas de aços, de largura igual ou superior a 600mm – tiveram taxa de crescimento acima da média, sendo que o segundo teve contribuição para o aumento das exportações de mais de 5 pontos percentuais.Vide Anexo I. Complementando esta análise, cabe observar as principais características das importações de aço brasileiras. Tabela 15. Importações Brasileiras de Aço (2000-2006*), em US$ milhões NCM 7206 7207 7208 7209 7210 7211 7212 7213 7214 7215 7216 7217 7218 7219 7220 7221 7222 7223 7224 7225 7226 7227 7228 7229 Total 2000 2001 2002 2003 2004 2005 0,02 25,19 20,06 38,11 146,35 10,75 8,56 16,46 8,60 4,56 7,74 14,83 1,39 32,42 10,23 5,07 5,33 9,56 6,25 12,37 11,17 1,10 16,89 8,56 421,53 0,05 11,10 68,02 45,79 86,28 9,83 7,52 7,47 7,08 4,34 8,88 18,68 0,48 39,13 14,92 6,59 10,47 7,16 10,80 21,50 7,79 1,89 15,93 9,64 421,33 0,05 0,43 25,83 27,68 56,72 9,71 6,47 5,25 3,27 2,49 7,35 18,24 1,83 35,54 14,24 3,84 7,26 5,96 2,30 14,47 7,86 1,29 18,88 9,20 286,17 0,06 3,43 11,37 27,50 66,54 12,47 9,62 8,64 4,93 5,53 10,12 19,19 3,38 20,62 17,03 10,50 4,24 6,60 5,00 18,89 10,35 1,48 19,05 11,76 308,30 0,13 3,15 11,98 36,42 48,05 15,03 14,34 21,29 8,38 11,05 9,04 25,55 3,97 40,63 20,65 10,44 15,68 9,29 11,28 23,51 11,81 1,53 34,96 15,87 404,00 0,02 4,33 53,53 57,49 46,86 18,77 18,42 22,97 20,48 9,52 9,73 43,06 9,99 72,72 27,49 9,76 18,58 11,43 18,03 35,40 16,83 2,03 59,69 21,36 608,48 2005* 0,01 3,16 38,45 36,60 33,97 14,28 13,91 16,67 12,67 6,88 7,76 31,01 6,06 57,54 20,59 14,92 6,71 9,00 11,61 25,57 12,11 1,76 44,78 16,07 442,11 2006 0,02 285,62 51,83 68,17 69,62 17,32 18,11 39,16 33,63 8,83 9,83 43,91 18,13 54,91 24,65 18,49 7,84 9,93 18,60 37,35 12,80 1,37 63,15 14,81 928,06 * Período Janeiro-Setembro Fonte: Secex Como ilustra a tabela 15, as importações de aço tiveram uma taxa de crescimento de pouco mais de 44% ao longo do período. Cabe destacar também que, em valor, estas operações são muito reduzidas. O produto que mais contribuiu para essa taxa de crescimento foi o 7228 - barras e perfis, de outras ligas de aços; barras ocas para perfuração, de ligas de aços ou de 48 aços não ligados, que teve uma taxa de crescimento de mais de 253%, com uma contribuição de mais de 10 pontos percentuais no total da elevação das importações nacionais. Outro produto que se destacou, foi o 7219 - produtos laminados planos, de aços inoxidáveis, de largura igual ou superior a 600 mm, com taxa superior a 124%. Cabe enfatizar que ambos os produtos, que representavam pouco mais de 20% da pauta em 2005, são de alto valor agregado – pertencentes, consequentemente, ao grupo 1. O produto que mais colaborou para que a taxa de crescimento das importações não fosse tão elevada foi o 7210 - produtos laminados planos, de ferro ou aço não ligados, de largura igual ou superior a 600 mm, folheados ou chapados, ou revestidos, pertencente ao grupo 2, de médio valor agregado. Com uma queda das importações de pouco mais de 67% no comparativo 2005/2000, apresentou contribuição negativa de mais de 23 pontos percentuais. Isso quer dizer que, se por hipótese, em 2005 fossem mantidos os valores de importação idênticos aos de 2000 para esse produto, a taxa de decrescimento das importações seria superior a 65%. Vide Anexo II. Em relação ao comportamento geral do comércio exterior brasileiro percebe-se, além da já conhecida elevada relação exportações/importações, um crescimento muito superior das vendas de empresas brasileiras ao exterior do que o contrário. Quando analisado o perfil de produtos, ressalta-se e intensifica-se o padrão de exportação de produtos de menor valor agregado e importação (mesmo que pequena) de produtos com maior agregação de valor. Esse padrão não obedeceu distinções evidentes em termos de grupos de países analisados (Nafta, AL e China). Cabe por fim, destacar que a China, apesar de ter importância significativa na elevação das vendas externas brasileiras, respondeu muito negativamente à valorização do câmbio, reduzindo suas compras de produtos brasileiros em 2006. 2.3. A Internacionalização Passiva da Siderurgia Brasileira nos Anos Recentes Para continuar o estudo do fenômeno de internacionalização na siderurgia brasileira, uma retrospectiva das principais mudanças de estruturas patrimoniais brasileiras com vistas à participação de capitais internacionais é de suma importância. Esta seção apresenta um breve relato da “internacionalização passiva” da Siderurgia Brasileira: ampliação da importância de capitais estrangeiros na dinâmica e determinação de estratégias produtivas de empresas instaladas no país. O período analisado é referente à segunda metade da década de 1990 em diante, finalizando em 49 2006. Como já visto anteriormente, a internacionalização da siderurgia ganha volume na segunda metade da década de 1990. De Paula (2002) oferece uma complementação a esse fato ao salientar que, em relação à entrada de empresas internacionais (IDE), a siderurgia brasileira foi uma das precursoras. Ressalta os investimentos do grupo Arbed, na Belgo-Mineira (1921), da Mannesmann, em empresa brasileira homônima (1952), da Nippon Steel, na Usiminas (1956) e da Kawasaki Steel e da Finsider, na CST (1976). Esta precocidade é enfatizada quando se tem em mente que os investimentos estrangeiros na siderurgia mundial somente começaram a se tornar relevantes nas décadas de 1980 e 1990, em parte induzidos pelas oportunidades abertas pelas privatizações, como visto na seção inicial deste capítulo. Entretanto, faz-se oportuno lembrar, uma vez mais, que durante o processo de privatização a siderurgia brasileira não atraiu investimentos diretos estrangeiros. Esta situação somente foi alterada com a entrada da NatSteel, na Açominas (1997), da Usinor/Arcelor, na Acesita e CST (1998), e da Sidenor, na Aços Villares (2000) Um episódio significativo foi a incorporação da Acesita, em 1998, mediante aquisição de 38,9% de seu capital votante e 27,7% de seu capital total, pela francesa Usinor/Arcelor. Aquela empresa se encontrava em situação financeira frágil e, ao mesmo tempo, ocupando posição chave no capital da usina brasileira melhor posicionada para expansões imediatas, a CST (Pinho, 2001). Assim, através da realização de um aporte de US$ 720 milhões, a Usinor obteve também uma parcela de 49,9% numa holding, a Aços Planos do Sul (APS), incorporando ações da CST que anteriormente pertenciam à Acesita. Os outros 50,1% desta holding continuaram de posse da própria Acesita (Andrade et al., 1999:30). A participação atual da APS no capital da CST é a seguinte: 38,3% do capital total e 44,2% das ações ordinárias. Embora não detenha o controle isolado da Acesita, a Arcelor exerce o papel de operadora, na empresa, sendo que atualmente, tem 90,66% do capital votante. A Usinor também executou outros investimentos para aprofundar sua inserção no mercado brasileiro, construindo uma unidade de laminação a frio e galvanização, em São Francisco do Sul (SC). O empreendimento, denominado Vega do Sul, requereu a inversão de US$ 420 milhões e conta atualmente com uma participação de 75% da Arcelor, sucessora da Usinor (Valor Econômico, 19 de fevereiro de 2001). Continuando com a internacionalização, em agosto de 2000, o grupo 50 siderúrgico espanhol Sidenor, então quarto maior produtor mundial no segmento de aços longos especiais, adquiriu o controle acionário da Aços Villares. A entrada da Sidenor na Aços Villares deu-se por meio de um aumento de capital de US$ 81 milhões, subscrito e integralizado totalmente pela Sidenor, que passou a controlar 58% do capital total e 64% do capital votante (Oliveira, 2003). Este mesmo grupo espanhol, concordou, em dezembro de 2003, com a venda do controle da subsidiária Villares Metals S. A. para a companhia austríaca BöhlerUddeholm AG, líder mundial no segmento de aços ferramenta e de alta liga. A entrada do grupo austríaco deu-se por meio de uma subscrição de aumento de capital na Villares Metals, efetuada pela controladora. O valor da operação de compra – um aumento de capital subscrito pela Böhler, que ficou com 99,9% da Villares Metals – foi de US$ 72 milhões (Oliveira, 2003). Em junho de 2003, a CVRD e a Arcelor concluíram a compra da participação da Acesita na CST (50,1% da Aços Planos do Sul). A Arcelor e a CVRD participaram, cada uma, com 50% do investimento, cerca de US$ 205 milhões. Note-se que os 49,9% restantes da APS já se encontravam em poder do Arcelor, através da Sollac Participações Ltda. Assim, a Arcelor também exerce importante papel na direção estratégica da CST, embora compartilhe decisões com dois importantes acionistas: Kawasaki Steel/JFE e CVRD. Em junho de 2004, o Arcelor exerceu opção de compra da participação da CVRD na CST (28% do capital total), passando efetivamente a controlá-la (Oliveira, 2003) A Arcelor, em junho de 2004, consolidou seu propósito de assumir o controle da Cia. Siderúrgica de Tubarão (CST) ao firmar acordo com os últimos acionistas do bloco de controle - o grupo de empresas japonesas liderado pela JFE Holdings, segunda maior siderúrgica do Japão, e a americana California Steel Industries (CSI) (Valor Econômico, 14 de dezembro de 2004).Em 2005, o processo de formalização da Arcelor Brasil ficou mais perto de ser finalizado. A européia Arcelor concluiu a incorporação das ações da Cia. Siderúrgica de Tubarão (CST) na Belgo-Mineira - empresa que é o pivô da criação da Arcelor Brasil, numa proporção de 9,32 papéis da CST por um da siderúrgica mineira. Ao mesmo tempo, a Arcelor efetuou a troca das ações preferenciais da Belgo por ordinárias (Valor Econômico, 11 de novembro de 2005). Após a fusão ocorrida entre Mittal Steel e Arcelor, em 2006, problemas ocorreram em relação aos acionistas da Arcelor Brasil. O presidente do conselho da Arcelor Mittal, o indiano Lakshmi 51 Mittal, ainda em agosto de 2006, não cogitava fazer uma oferta pública de aquisição (OPA) aos minoritários da controlada Arcelor Brasil. Em 2006, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), será construída com a presença do principal executivo do grupo alemão Thyssen Krupp AG, Ekkehard D. Schulz, controlador do projeto. Este vai custar US$ 3,6 bilhões, incluindo um terminal portuário, uma coqueria e uma térmica, em Santa Cruz, município do Rio de Janeiro (Valor Econômico, 28 de setembro de 2006). A usina do Rio contará com participação minoritária de 10% da Vale do Rio Doce, que vai lhe fornecer o minério de ferro. A siderúrgica sul-coreana Dongkuk, acionista majoritária da Usina Siderúrgica do Ceará (USC), também escolheu o Brasil para fazer seu primeiro investimento fixo nas Américas, a ser realizado nos próximos anos. A sul-coreana, sócia da italiana Danieli e da Vale do Rio Doce, detém 50% do capital votante e 38% no capital total da USC, e vai investir cerca de US$ 100 milhões, garantindo seu direito de comprar 50% da produção anual de 1,5 milhões de toneladas a preços de mercado (Valor Econômico, 19 de outubro de 2005). Em linhas gerais, elevou-se em grande medida a participação do capital estrangeiro no país, com destaque para as estratégias da Sidenor, Arcelor e, em menor medida, da Thyssen Krupp. Apesar desta internacionalização passiva, destaca-se o fato de que grandes produtoras de aço brasileiras ainda encontram-se sob controle de capital nacional: Gerdau, CSN e Usiminas. As duas primeiras empresas deste grupo, como apresenta o capítulo 3, têm estratégias de internacionalização importantes, apesar de bastante distintas. A última seção deste capítulo apresenta, em linhas gerais, o processo recente de “internacionalização ativa” da siderurgia brasileira. 2.4. A Internacionalização Ativa da siderurgia brasileira nos Anos Recentes. A presente seção analisa o processo de internacionalização ativa das empresas nacionais, entendido como “saída” dessas empresas para outros países através da aquisição/construção de plantas no exterior, ampliação de participação acionária em empresas estrangeiras e outras estratégias de ampliação do espaço de valorização de seus capitais . Tais estratégias constituem alternativas para as limitações de um mercado brasileiro com crescimento volátil e inferior à média mundial, como visto no início deste capítulo, além de caracterizar interesse na participação ativa na definição da estrutura do oligopólio mundial, em processo acelerado de transformação nos últimos anos e com potencial de crescimento de sua capacidade produtiva para os anos 52 vindouros. Neste processo, o grupo Gerdau se destaca amplamente, não apenas por tê-lo iniciado em 1980 (embora somente acentuado a partir de 1989), mas pelo fato de cerca de 56% de sua produção atual já ser originada no exterior (Valor Econômico, novembro de 2006). De Paula (2002) enfatiza que a estratégia de internacionalização do Grupo Gerdau teve duas etapas. O período 1989-98, que pode ser considerado a primeira fase da internacionalização, teve como características principais: a) o pequeno porte das empresas adquiridas, sendo que o valor investido nas 7 aquisições totalizou US$ 196 milhões; b) exceto no caso da Sipar (Argentina), o grupo sempre adquiriu a totalidade das ações; e c) o IDE em plantas já existentes (brownfield) privilegiou aquisições em detrimento de IDE greenfield – construção de novas plantas. A segunda etapa da internacionalização do Grupo iniciou-se com a aquisição da AmeriSteel, em setembro de 1999, por US$ 262 milhões. Assim, depois de sua ofensiva na Argentina, o Grupo expande-se para os EUA. Esta operação representou uma mudança de paradigma na estratégia de internacionalização da Gerdau, por dois motivos: por ser a primeira grande aquisição do Grupo no exterior e, por ser a AmeriSteel a primeira companhia estrangeira comprada que não requeria mudanças radicais, seja para corrigir erros do passado, seja para superar gargalos ou para readequar o mix de produtos. Em outubro de 2000, o grupo Gerdau ampliou sua participação na AmeriSteel de 75% para 85%, a um custo de US$ 35,6 milhões (De Paula, 2002). Em dezembro de 2001, a Gerdau, por meio da AmeriSteel, adquiriu os ativos da Birmingham Southeast, por US$ 49 milhões. Trata-se de uma usina com capacidade de 800 mil toneladas, mas que vinha operando com cerca de 50% de ociosidade. Ironicamente, a Birmingham Southeast tinha adquirido um laminador de perfis médios da Açominas, que nunca chegou a entrar em operação. Com a aquisição, a Gerdau pretendia ampliar o leque de produtos ofertados ao mercado do sudeste dos EUA. Outra vantagem seria a proximidade com outras usinas da AmeriSteel. Nesta segunda fase, apesar do maior porte das empresas adquiridas, a prioridade continuou sendo comprar e não investir em plantas greenfields (De Paula, 2002). Em 2002, mesmo a disparada do dólar não prejudicou a criação da Gerdau AmeriSteel, empresa que reuniu os ativos da Gerdau e da canadense Co-Steel na América do Norte(Valor Econômico, 23 de outubro de 2002). 53 A Gerdau tem feito também uma série de aquisições recentes para fortalecer sua presença no mercado externo. Em 2005, em aquisições e complementos de participações societárias, foram empregados US$ 40 milhões, na Argentina - referentes ao aumento da participação na Sipar – e US$ 85 milhões na Colômbia. Na América do Norte, foram destinados US$ 135,9 milhões, e o principal investimento foi a modernização das novas unidades da North Star Steel, nos EUA (Valor Econômico, 22 de dezembro de 2005). E então, depois de um ciclo de 25 anos de internacionalização focada no continente americano, desde a compra da siderúrgica uruguaia Laisa, em 1980, até a aquisição do controle acionário da colombiana Diaco e da argentina Sipar, ambos citados anteriormente, o grupo Gerdau rumou o mercado europeu. Junto com o banco Santander e um grupo de executivos espanhóis, o conglomerado adquiriu a Corporación Sidenor, maior produtora de aços especiais, forjados e fundidos da Espanha, em novembro de 2005 (Valor Econômico, 2005). A aquisição foi fechada por 443,8 milhões de euros, mais uma "parte variável" estimada em 19,5 milhões de euros, a ser paga pela Gerdau. O grupo ficará com 40% da Sidenor, o Santander também com 40% e o grupo de executivos da própria companhia espanhola com os 20% restantes. Em março de 2006, a subsidiária da Gerdau nos Estados Unidos, Gerdau Ameristeel, anunciou a compra dos ativos da companhia de vergalhões Callaway Building, do Tennessee, por um valor não revelado. A companhia atua há 45 anos no mercado de vergalhões e dobrados para construção civil, nos EUA. Também em 2006 foi anunciado que o grupo Gerdau planeja produzir na China. Mesmo sem os acordos realizados, o grupo já tem uma definição preliminar sobre a escala de produção da sua primeira siderúrgica de aços especiais no país asiático. A unidade terá capacidade de produção instalada entre 500 mil e 1 milhão de toneladas por ano e será construída em parceria com uma empresa local, como determina a legislação do país. (Valor Econômico, 05 de julho de 2006). Faz parte da estratégia da Gerdau a ocupação de mercados disponíveis na América Latina para conter a entrada de estrangeiros, como a Arcelor Mittal. Nos países vizinhos ao Brasil, em 2006, a Gerdau adquiriu a Siderperú, confirmou interesse pela Acerias Paz del Rio, na Colômbia, e há rumores de que negocia com o grupo Villacero, do México, a compra da Sicartsa. Com as recentes aquisições e os planos de expansão no Brasil, o grupo Gerdau projeta capacidade de produção de 22 milhões de toneladas em 2008. Em 2005, com produção de 14 milhões de toneladas, foi o 14º no ranking 54 mundial. Com a consolidação do setor, pode ficar entre os 10 em pouco tempo (Valor Econômico, 06 de novembro de 2006). Já a Usiminas adotou uma estratégia de aquisição de participações minoritárias em consórcios mistos, tendo em vista a privatização de produtoras de aços planos na Argentina (atual Siderar) e Venezuela (Sidor). A prioridade foi exportar assistência técnica e não assumir o controle acionário da empresa. De todo modo, o fato da Nippon Steel ser um importante acionista deve restringir, em algum grau, estratégias mais arrojadas, especialmente na direção do mercado asiático (De Paula, 2002). Em setembro de 2005 a Usiminas anunciou ter 16% da holding Ternium, que reúne siderúrgicas da América Latina. A empresa se pronunciou interessada em participar de mais projetos de internacionalização, embora não tenha realizado mais nenhuma aquisição (Valor Econômico, 1 de setembro de 2005). A experiência da Belgo-Mineira é ímpar, pois provavelmente é a única subsidiária que já se internacionalizou na siderurgia mundial. Em junho de 2000, a Belgo-Mineira, por meio da Belgo-Mineira Bekaert Arames (BMBA), uma jointventure com a empresa belga Bekaert, anunciou uma associação estratégica com a chilena Inchalam, no mercado de cabos, pelo qual a BMBA passou a controlar 50% da Wire Rod Industries (Canadá), 50% da Prodinsa (Chile) e 50% da Procables (Peru), cedendo em troca 50% da Cimaf Cabos. Em outubro do mesmo ano, a BelgoMineira assegurou a compra de uma participação relevante na siderúrgica argentina Acindar, por meio de um investimento de US$ 131 milhões. No caso da BelgoMineira, a internacionalização deve se restringir a laminados longos na América do Sul (De Paula, 2002). Em novembro de 2005 a Belgo Mineira divulgou edital de convocação aos acionistas para assembléia que pretendia agrupar ações, mudar o estatuto social da empresa e ainda renovar o conselho de administração da companhia, que, pela proposta, passaria a se chamar Arcelor Brasil S.A, fazendo, assim, com que o processo de unificação das subsidiárias da Arcelor no Brasil tivesse continuidade (Valor Econômico, 15 de novembro de 2005). Todavia, não se pode deixar de fora a evolução que as restantes do grupo Arcelor, no Brasil, fazem em relação à internacionalização. A Acesita, siderúrgica igualmente controlada pelo grupo Arcelor Mittal, desenhou um plano estratégico para manter a liderança entre as mais rentáveis produtoras de aços inoxidáveis do mundo. Até 2010, a empresa pretende mudar o destino de suas exportações, ampliando sua 55 presença nos países das Américas do Sul e Central e reduzindo gradativamente as vendas na Ásia. Uma das primeiras ações será o fortalecimento da rede de distribuição na América do Sul. A empresa vai instalar nos próximos 18 meses uma unidade de serviços em Barranquilla (Colômbia), com capacidade de processamento de 2 mil toneladas mensais. Os investimentos de US$ 5 milhões serão divididos entre a Acesita, a Arcelor Stainless (divisão de inoxidáveis da Arcelor) e um sócio local. A empresa pretende instalar (ou adquirir) unidades semelhantes no Chile e na Argentina e também na região Sul do Brasil. Por fim, a CSN iniciou, em 2001, sua estratégia de internacionalização com a aquisição da Heartland Steel, posteriormente rebatizada CSN LLC, uma relaminadora norte-americana (laminação a frio e galvanização), por US$ 69 milhões. A empresa divulgou sua intenção de adquirir uma laminação de tiras a quente nos Estados Unidos, de forma a integrar as operações de produção de placas no Brasil com as operações de laminação e acabamento a frio da Heartland Steel. A estratégia analisada, segundo De Paula (2002), seria a expansão da capacidade de produção de placas no Brasil, com vistas a posterior processamento em produtos mais nobres, em outros países, provavelmente nos EUA. Para tanto, duas possibilidades foram cogitadas pela CSN: a instalação de redução, aciaria e lingotamento de placas, com capacidade de 5 milhões de toneladas/ano, em Itaguaí (RJ) (IBS, 2001), ou uma expansão da capacidade da usina de Volta Redonda, da ordem de 3 a 3,5 milhões de toneladas/ano. Entretanto, nenhuma dessas opções foi efetivada, em 2006. A CSN estabeleceu uma joint-venture com o grupo alemão Thyssen Krupp Stahl - TKS (49%), a GalvaSud, a qual contempla uma linha de galvanização por imersão a quente, com capacidade para 350 mil toneladas/ano, e a construção de um centro de serviços para a produção e comercialização de aços galvanizados. Em leilão realizado em junho de 2004, a CSN adquiriu, por US$ 28,4 milhões, os 49% de participação que a TKS detinha na laminadora, passando a controlá-la integralmente. Ao encerrar a parceria com o sócio alemão, a CSN rompeu um acordo de acionistas que restringia a presença da GalvaSud no mercado internacional de galvanizados, de forma a se evitar concorrência com os galvanizados produzidos pela TKS no exterior (Oliveira, 2003). Em maio de 2005, a CSN evoluiu em sua internacionalização, que objetiva ter bases sólidas no mercado siderúrgico da América do Norte. Depois de comprar uma 56 laminadora de porte médio no estado de Indiana, a empresa firmou acordo de negociações para uma aliança estratégica com o grupo Wheeling-Pittsburgh Corporation (WPC), que é uma holding que controla a Wheeling-Pittsburgh Steel e várias subsidiárias que fazem aços galvanizados, estanhados e até fabricação de coque (Valor Econômico, 8 de maio de 2006). Entretanto, em 2006, quando a Cia. Siderúrgica Nacional estava por assumir o controle da americana Wheeling-Pittsburgh, enfrentou oposição do sindicato que representava os trabalhadores da empresa, o qual obstou, desta forma, a tentativa de aumentar sua internacionalização (Valor Econômico, 11 de novembro de 2006). A CSN, em outubro de 2005 , comprou o controle total da portuguesa Lusosider. Na operação, a siderúrgica brasileira pagou 25 milhões de euros à angloholandesa Corus, de quem já era sócia na Lusosider, na proporção de 50% a 50%. A empresa portuguesa produz laminados a quente decapados, laminados a frio, galvanizados por imersão e folhas metálicas. A CSN, que já teve outros insucessos ao tentar internacionalizar-se no passado, está enfrentando, em 2006, uma grande disputa com a indiana Tata Steel para assumir o controle da anglo-holandesa, Corus (Valor Econômico, 22 de novembro de 2006). Caso efetivada a operação, a CSN ficará entre as cinco maiores siderúrgicas mundiais, elevando significativamente seu grau de internacionalização ativa e sua inserção direta no cerne do oligopólio siderúrgico mundial. Em resumo, esta seção apresentou a intensiva evolução do processo de internacionalização ativa das empresas brasileiras. Cabe destacar que este processo de fusões e aquisições ocorre em paralelo a um intenso movimento mundial neste mesmo sentido. Caso seja mantido ou ampliado, poderá influir diretamente sobre o sucesso das empresas nacionais, bem como suas possibilidades de sobrevivência autônoma. Para completar este trabalho, encontra-se no Anexo III uma análise detalhada das trajetórias de empresas siderúrgicas brasileiras selecionadas (Arcelor Brasil, Usiminas, CSN e Gerdau), identificando traços de suas estratégias para os próximos anos e impactos destas sobre seu desempenho operacional. 57 3. Conclusão É consenso geral que nos próximos anos a indústria siderúrgica ganhará novos contornos, por conta de um intenso movimento de fusões, aquisições e parcerias estratégicas em todo o mundo, impulsionadas principalmente pela demanda chinesa, muito importante em termos globais ao menos desde 2003. A concorrência por mais escalas, custos menores de produção e maior poder de barganha com fornecedores e clientes deve dar origem a conglomerados gigantescos, ainda maiores do que os atuais, seguindo um processo quase natural de concentração e concentração de mercado. Nesse sentido, é importante destacar, que em 2005, quando os preços do minério de ferro e do carvão aumentaram, houve uma busca maior por concentração no setor siderúrgico, que idealizava formar grupos fortes para poder confrontar a Vale do Rio Doce, a BHP Billiton e a Rio Tinto, que juntas, dominam 70% do comércio mundial de minério de ferro. Há deste modo, uma tendência global de verticalização da cadeia produtiva, tornando o acesso aos insumos, em particular o minério de ferro, um fator de incremento de competitividade na produção do aço. Empresas que não possuem jazidas correm atrás de sócios na mineração para suprir boa parte de suas necessidades, sendo o Brasil um dos alvos, por abrigar reservas abundantes e de excelente qualidade. Neste novo cenário, analisar a produção brasileira, ou melhor, a trajetória das empresas domésticas é de extrema relevância, uma vez que as estratégias escolhidas vão determinar o futuro da siderurgia nacional. O Brasil apresenta vantagens comparativas importantes, como o baixo custo e a qualidade do minério de ferro, além do avanço tecnológico e eficiência na logística e infra-estrutura para produção e comercialização, haja vista o esforço realizado nessa área pelas empresas nacionais, como visto no capítulo 2 e com farta ilustração, em anexo. As desvantagens são os custos de importação do carvão mineral, além do elevado custo de capital, que dificultam a realização de investimentos. Outro problema que deve ser citado ocorre em função da privatização brasileira, que foi excessivamente focada na valorização dos ativos, criando estruturas acionárias complexas, o que acaba por dificultar a consolidação do setor, em nível nacional. Na época, à falta de capitalização do empresariado nacional somava-se o pouco desenvolvimento do mercado de capitais local. Assim, o processo de privatização produziu uma estrutura de propriedade fragmentada e distorcida, atraindo grupos de acionistas com objetivos díspares e poucos investidores “operacionais”. 58 As empresas domésticas, atualmente, encontram-se em fases diferentes, devido às suas estratégias. Por exemplo, a Gerdau iniciou sua internacionalização em 1980 e, de forma mais efetiva, em 1989, quando entrou nos EUA e não mais parou de comprar usinas naquele país, onde já é o segundo maior produtor de aços longos. Nos dois últimos anos aumentou a sua expansão em outros países da América Latina: chegou à Colômbia e Peru, negocia outra usina na Argentina e visa o México. Entretanto, para se tornar uma player mundial, com menores riscos de ser adquirida por terceiros, deve acelerar mais seu processo de internacionalização, para outras regiões tais como Europa e Ásia. Faz-se necessário lembrar, que a empresa sinaliza essas aquisições, já tendo algumas realizado algumas aquisições na Espanha. De toda forma, essa é a empresa nacional que mais investiu para garantir-se na competição mundial, até o momento, e tem conseguido melhorar sua posição a cada ano. Para firmar-se mais no mercado, a empresa deveria pensar, além dos investimentos em aquisições, em diversificar sua produção, caminhando para aços de maior valor agregado, tais como os planos. Já a Arcelor-Brasil é uma empresa diferente das nacionais, por ser uma aquisição da Arcelor, que garantiu sua inserção na América Latina ao comprar ações da Belgo Mineira, CST e Acesita. É um caso típico de internacionalização passiva, no qual se consegue perceber o quanto a empresa Arcelor, agora Arcelor-Mittal, investe nos vários mercados para se firmar como a grande produtora mundial. Tanto a Gerdau como a Arcelor vêem a América Latina como um território importante, que deve ser preservado. Cabe destacar que as exportações brasileiras, têm no mercado latino um consumidor líquido, o que proporciona maior compreensão da estratégia dessas duas players. A Europa, apesar de aparecer pouco nesse estudo, entra como um mercado importante, onde as empresas nacionais podem vir a fazer futuros investimentos, haja vista a Gerdau, que comprou ações da Sidenor, e a CSN, que assumiu o controle da portuguesa Lusosider. Faz-se importante destacar que essa região não foi analisada com mais detalhes, justamente por ainda não ser alvo de maciços investimentos das empresas estudadas. A CSN e a Usiminas, mesmo propondo-se a fazer aquisições ou parcerias, encontram-se um pouco atrasadas nessa nova fase de internacionalização. A CSN mostra-se muito disposta a ganhar destaque mundial, buscando oportunidades de aquisição de laminadoras nos principais países consumidores, mas teve muitas de suas 59 tentativas fracassadas até o momento. Atualmente, encontra-se em uma disputa com a Tata Steel para comprar a Corus, uma siderúrgica anglo-holandesa, que poderia colocar a CSN na posição de 5ª maior produtora mundial. A empresa também discute a possibilidade de uma fusão com a Arcelor Brasil, o que a deixaria com capital internacional, mas em uma posição advinda de um processo passivo de internacionalização. É válido ressaltar, que a CSN, mesmo com todos os seus insucessos no quesito aquisições esua posição incerta no cenário contemporâneo, tem como trunfo a Casa da Pedra, onde consegue ser mais que auto-suficiente em minério de ferro, algo importante para qualquer siderúrgica. A Usiminas, de todas as empresas brasileiras do setor, é a que se mostra com estratégia menos definida. Prioriza o mercado interno, sem almejar grandes internacionalizações, o que a coloca como uma possível empresa a ser adquirida por outra internacional. Recentemente, sinaliza estar à procura de sócios internacionais para a construção de sua próxima usina, cujo local ainda não foi definido. Cabe notar que possui desde sua fundação ações adquiridas pela Nippon Steel, e aí, encontra-se um dos problemas a serem resolvidos, já que a empresa tem uma estrutura patrimonial complexa, como mostrado em anexo, o que traz empecilhos para ações mais concretas, no sentido de aquisições/expansões. É apropriado lembrar que, em 2003, teve inicio uma discussão sobre possíveis fusões das siderúrgicas nacionais. Pensava-se em uma grande consolidação, para que a siderurgia nacional, além de ser uma grande produtora de aço, pudesse ter uma única empresa entre as primeiras do mundo. A fusão entre as siderúrgicas domésticas não foi levada adiante, apesar de ainda recentemente se discutir sobre essa possibilidade. Isto seria importante, já que o Brasil poderia ter, provavelmente, uma empresa entre as cinco primeiras mundiais e, assim, conseguir mais capital para realizar aquisições, o que é essencial nesse atual jogo da siderurgia. A China, trouxe um novo mercado, mas também uma ameaça, por poder conquistar “territórios” com o seu aço. Por isso, quanto mais uma siderúrgica conseguir se estabelecer em seu mercado, com aquisições/fusões, mais garantias terá em relação a essa nova concorrência. Para os analistas, garantir mercados para a produção nacional de aço, comprando empresas nos EUA e na Europa, deveria ser uma prioridade absoluta nesse cenário de risco. Isto porque o Brasil produz somente 32 milhões de toneladas de aço por ano, sendo que o mercado interno absorve apenas 18 milhões, o que mostra a importância de um mercado consumidor externo (Valor Econômico, 19 de julho de 2006). 60 Um outro ponto que deve ser destacado, nessa nova etapa do setor, é a pauta exportadora brasileira. Desde que o processo de internacionalização instaurou-se como certo nessa indústria, os produtos exportados ainda são os mesmos, com apenas a CSN sinalizando expansão para outros segmentos. Aqui, tem-se um problema, já que o país exporta produtos de menor valor agregado, mas importa produtos de alto valor agregado, e tem mostrado que pode vir a importar mais, haja vista a taxa de crescimento das importações chinesas que, mesmo sem se destacar como produtora de alto valor agregado, foi maior do que 161%. O volume total de aço importado pelo Brasil do mercado chinês ainda é pequeno, entretanto, cresceu 342% no período de janeiro a maio de 2006, ao comparar com os cinco primeiros meses do ano anterior, um resultado alarmante (Valor Econômico, 24 de julho de 2006). Portanto, no panorama contemporâneo, o avanço da China oferece ainda outro risco para a siderurgia brasileira. No longo prazo, deve aumentar a exportação de produtos chineses com aço neles incorporado, como eletrodomésticos e até carros, já que os produtores chineses têm apresentado um aumento da produtividade e contam com a ajuda da mão-de-obra mais barata. Isso levaria a uma redução do consumo de aço em outros mercados, inclusive o Brasil. As siderúrgicas brasileiras poderiam ser afetadas em duas pontas: nas suas vendas externas e perdendo parte de seu cativo mercado interno. Além dos cuidados com a expansão chinesa, deve-se atentar para a siderurgia indiana, que é muito parecida com a brasileira. O setor indiano é fragmentado e voltado para o atendimento do mercado interno, com capacidade instalada também entre 35 e 40 milhões de toneladas. Como o Brasil, a Índia é grande produtor de minério de ferro e tem necessidade de importar o coque. Todavia, as perspectivas de desenvolvimento da siderurgia deste país são muito diferentes, já que o governo indiano traçou um plano para dobrar a capacidade de produção do país (hoje de 36 milhões de toneladas) até 2013. Assim, percebe-se que a empresas brasileiras estão em um momento crucial, no qual devem decidir que tipos de investimentos farão, pensando no longo prazo. Se vão querer se firmar realmente nos mercados nacional e internacional, competindo, fazendo aquisições, e avançando de forma ativa em suas internacionalizações ou, se vão optar por serem adquiridas por grandes empresas internacionalizadas, fazendo parte passivamente da estratégia dessas. Parece que essas duas opções são as mais prováveis, ao menos em um prazo mais longo, nesse cenário de relevantes mudanças no setor 61 siderúrgico, em que uma única coisa é certa: dificilmente qualquer empresa do setor vai permanecer sem modificações. As sobreviventes com autonomia terão que ser criativas e dinâmicas, em termos de fusões e aquisições, produção, distribuição, marketing, P&D, etc., vale dizer, em todas as áreas. 62 4. Referências Bibliográficas ALEM, Ana Claudia & CAVALCANTI, Carlos Eduardo (2005). O BNDES e o Apoio à Internacionalização das Empresas Brasileiras: Algumas Reflexões. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, V. 12, N. 24, P. 43-76, 2005. ALMEIDA, Rinaldo Machado de & LARA, José Edson (2005). Estratégias de Internacionalização na Siderurgia: o caso CST-USINOR-ARCELOR. FACEF Pesquisa - v v.8 .8 - n.2, 2005. ÁREA DE OPERAÇÕES INDUSTRIAIS 2 Gerência Setorial 3 Globalização na Siderurgia. Disponível em www.federativo.bndes.gov.br/conhecimento/setorial. Acesso em: 23 de outubro de 2006. BARRETO, Antonio (2002). A internacionalização da Firma sob enfoque dos custos de transação. In ANGELA ROCHA, A internacionalização das empresas brasileiras estudos de gestão internacional, Rio de Janeiro, Editora Mauad. 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Anexos Anexo I. Nas exportações para a América Latina, contribuíram com mais de 15 pontos percentuais na taxa de crescimento de 206%, os produtos de baixo valor agregado, 7213- fio-máquina de ferro ou aços não ligados, com 19% e, o 7214- barras de ferro ou aços não ligados, simplesmente forjadas, laminadas, estiradas ou extrudadas, a quente, incluindo as que tenham sido submetidas a torção pós-laminagem, com 18%. Já, em relação ao de médio valor agregado, o produto 7225- produtos laminados planos, de outras ligas de aços, de largura igual ou superior a 600 mm, contribui com mais de 15% para esse aumento das exportações. E, o produto 7219- produtos laminados planos, de aços inoxidáveis, de largura igual ou superior a 600 mm, de alto valor agregado, contribuiu com aproximadamente 5% para o aumento das exportações. Da taxa de crescimento das exportações para a América Latina (206%), 61% foi devido ao produto 7207-produtos semifaturados, de ferro ou aços não ligados, o que representa pouco menos de 30% de toda a elevação das vendas externas. Já o produto 7208 - produtos laminados planos, de ferro ou aço não ligados, de largura igual ou superior a 600mm, laminados à quente, não folheados ou chapeados, nem revestidos, é o produto mais exportado para essa região. Apesar de sua taxa de crescimento estar abaixo do crescimento geral das vendas para a América Latina, contribui com mais de 17% de todo o crescimento das exportações. Para o Nafta, os produtos de menor valor agregado foram os que tiveram as maiores taxas de crescimento, em relação ao total do aumento das exportações, de pouco mais de 79%. Entretanto, dois produtos de alto valor agregado, o 7219 e o 7228 também se destacaram nesse quesito. O 7207, de baixo valor agregado, foi o que mais participou da pauta exportadora, com 44%, sendo o que mais contribuiu para o crescimento das vendas externas, juntamente com o 7209- produtos laminados planos, de ferro ou aço não ligados, de largura igual ou superior a 600 mm, laminados a frio, não folheados ou chapeados, nem revestidos, e, o 7210- produtos laminados planos, de ferro ou aço não ligados, de largura igual ou superior a 600 mm, folheados ou chapados, ou revestidos. Em relação à China, os dois produtos que mais contribuíram para o aumento das exportações foram o 7209 e o 7210, novamente do grupo 3, de baixo valor agregado. Em 2005, o 7209 foi responsável por praticamente 50% da pauta exportadora. Entre os 68 de alto valor agregado, o 7219 aparece novamente, apesar de sua taxa de crescimento se situar bem abaixo da taxa de crescimento de 1.455%, entre 2000 e 2005. Quanto aos produtos que obtiveram redução em suas exportações, o 7221 - fiomáquina de aços inoxidáveis - destaca-se com uma taxa negativa de 99%, entre 2000 e 2005. Em 2006, esse produto apresentou uma leve ascensão. Todavia, entre janeiro e setembro os valores registrados não atingiram um quinto das exportações de 2000. Esse mesmo produto também apresentou queda significativa na América Latina. Já para o Nafta, o 7221, juntamente com 7218- aços inoxidáveis em lingotes ou outras formas primárias; produtos semimanfaturados, de aços inoxidáveis, 7222- barras e perfis de aços inoxidáveis, 7223- fios de aços inoxidáveis e o 7226- produtos laminados planos, de outras ligas de aços, de largura inferior a 600 mm, todos do grupo 1, de alto valor agregado, também apresentaram crescimento negativo. Entretanto, nenhum tem participação significativa na pauta exportadora para essa região. Ainda em relação às vendas externas para os países do Nafta, os produtos 7208 e o 7215- outras barras de ferro ou aço de ferro ou aços não ligados, de baixo valor agregado, apresentaram taxas de crescimento negativas, sendo que o 7208 tem uma participação relativa significativa, com 7,7% do total da pauta no ano inicial da análise. Com a China, os produtos 7218 e 7228 foram os que apresentaram as maiores taxas de crescimento negativa, de -86% e -58%, respectivamente. Contudo, ambos têm participações menores que 1% na pauta exportadora, apresentando impacto limitado sobre o resultado geral de vendas para este país. Em termos gerais cabe destacar a importante evolução do comércio exterior brasileiro, e a diversificação de parceiros comerciais. A China, que representava pouco mais de 1% da pauta em 2000, atingiu valores próximos a 8% em 2005 e um significativo percentual em 2003, pouco inferior a 20% da pauta. Observa-se, ademais, que esse comércio com a China flutuou com uma forte aderência ao comportamento da taxa cambial. No período de janeiro-setembro de 2006, no qual se verificou sobrevalorização cambial, a taxa de participação das compras chinesas declinou para valores próximos ao do início da década. Quanto ao Nafta, apesar da manutenção de sua participação na pauta exportadora brasileira, em torno de 30%, em 2005 e 2006, destaca-se uma queda deste valor, pois este havia atingido 40% em 2000. No extremo oposto, a América Latina apresentou um crescimento importante de sua parcela nas exportações brasileiras. Em 2000 – ano muito ruim para a economia Argentina – essa participação era de pouco mais de 20%. Em 2005, essa participação saltou para 26%. 69 Por fim, nos três primeiros trimestres de 2006 essa participação cresceu para mais de 32%. Apesar de poderem ser destacados outros elementos importantes, especialmente a proximidade geográfica e os menores custos de transporte, é justamente nos países onde avançou a internacionalização das empresas brasileiras que o efeito da sobrevalorização cambial sobre o comércio exterior foi menos pronunciado. Em relação ao perfil das vendas, destacam-se inegavelmente, em todos os mercados de destino, o avanço das vendas externas de produtos de baixo valor agregado relativo na pauta brasileira. Mesmo em relação aos países latino-americanos, que tradicionalmente adquirem produtos de maior intensidade tecnológica do Brasil, as maiores contribuições para elevação das taxas de crescimento das exportações foram dadas pelos produtos de menor valor agregado. Anexo II. As compras originárias de países da América Latina, assim como as provenientes do Nafta, tiveram taxa de crescimento negativa, respectivamente de 28% e 12%. Tais taxas, contrárias à tendência geral, apresentaram características distintas quando analisados os grupos de produtos. No Nafta, a maioria dos produtos a 4 dígitos tiveram taxas de crescimento positivas. Entretanto, os dois produtos de maior participação na pauta, que são o 7210 (51%) e o 7207 - produtos semimanufaturados, de ferro ou aços não ligados (15%), tiveram quedas significativas no valor importado em relação a 2000. Cabe destacar que esses produtos são de médio ou baixo valor agregado relativo. Dos grupos que apresentaram crescimento positivo e contribuição mais significativa, responsáveis por uma redução do ritmo de queda das importações imposto pelos produtos apresentados no parágrafo anterior, cabe destacar as mercadorias 7208, 7225, 7228, 7229 - fios de outras ligas de aços. É importante notar que a grande maioria dos produtos de grupo 1, de alto valor agregado, teve crescimento positivo na comparação 2005 a 2000. Na América Latina, o produto 7210, que tinha elevada participação na pauta em 2000, foi o grande responsável pela queda das importações quando comparados os anos de 2005 e 2000. Por outro lado, tanto o produto 7228 quanto o 7208 apresentaram taxas de crescimento superiores a 750%, reduzindo a tendência de queda das compras externas proveniente dos países vizinhos ao Brasil. 70 Ao contrário do Nafta, onde se percebeu um padrão homogêneo/predominante quando analisados os grupos de valor agregado, no que tange à América Latina, os resultados foram bastante heterogêneos. Enquanto no Nafta o ano de 2005 destacou-se pela participação relativamente maior dos produtos de maior valor agregado e queda da importação de produtos de baixo/médio valor agregado, nas compras da América Latina os resultados misturaram-se e não possibilitaram a formação de um padrão claro. No comércio com a China, percebe-se um outro perfil, já que a taxa de crescimento das importações foi positiva e alta, no valor de mais de 161%. Dentre os produtos que merecem destaque, estão os do grupo 1, o 7217 - fios de ferro ou aços não ligados, com participação na pauta acima de 51% e, o 7223 - fios de aços inoxidáveis,com uma participação superior a 22%. Em linhas gerais, a comparação das importações de 2005 e 2000 mostra uma ascensão inequívoca da China e queda de importância de parceiros da América Latina e Nafta. A participação destes na pauta total em 2000 era próxima a 40% e hoje restringese a metade deste valor. Cabe destacar também que a evolução de importações provenientes de países europeus e asiáticos não foram analisadas com detalhe neste estudo. Anexo III. Trajetórias de siderúrgicas líderes no mercado brasileiro e internacionalização de suas estratégias. Nesse capítulo as empresas da amostra são analisadas segundo distintas dimensões de sua trajetória dentro do território brasileiro, bem como através da ampliação/redução de sua inserção internacional. A produção de aço bruto, o volume de vendas e os investimentos realizados são os principais indicadores considerados para caracterização do perfil estratégico das empresas, especialmente em seus aspectos operacionais. Em paralelo, diversificação/especialização; elementos produtos; qualitativos, fusões e tais como aquisições; verticalização/desverticalização; e ampliações de planta caracterizam os demais aspectos recentes das trajetórias das empresas a serem investigados. A primeira empresa estudada será a CSN, seguida da Usiminas/Cosipa. A Gerdau e a Arcelor Brasil (Belgo Mineira, CST, Acesita) encerram essa parte do trabalho. 71 Ao início de cada análise, encontrar-se-á uma tabela com os indicadores de desempenho relativos ao período de 2000 a 2005, para que haja uma melhor visualização do que será discutido. Entretanto, é importante destacar que muitos dos dados necessários para compor o perfil das siderúrgicas, não estão sistematizados de maneira completa pelas empresas, podendo existir lacunas. O estudo se concentrará no intervalo de 2000 a novembro de 2006, além da identificação de projeções colocadas pelas próprias empresas. Foram muitas as mudanças constatadas, destacando-se que as expectativas para os próximos anos são de continuidade destas modificações no cenário siderúrgico, tendo em vista o crescimento da China quer como mercado, quer como produtor, bem como pela continuidade do já mencionado processo de concentração e centralização recente de capitais nesta indústria, que vimos no capítulo anterior. 3.1. Companhia Siderúrgica Nacional - CSN O Grupo: -Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, (RJ), com capacidade para produzir 5,6 milhões de toneladas anuais de aço bruto. -GalvaSud, em Porto Real (RJ). Empresa de galvanização constituída. Produz aços para o setor automotivo. -CSN LLC, nos Estrados Unidos. Unidade que tem linhas de decapagem, laminação a frio e galvanização, integralmente controlada pela CSN. -Metalic, em Fortaleza. A Metalic é única produtora de latas de aço para bebidas no Brasil. - Lusosider, em Portugal. Tem seu controle dividido em partes iguais pela CSN e a siderúrgica anglo-holandesa Corus. Produz galvanizados e folhas-de-flandres. - Inal S.A., em Mogi das Cruzes (SP), um dos centros de serviço e distribuição dos aços da CSN. - CSN Paraná (CISA), em Araucária. Unidade de galvanização. Produção de aço de galvalume e do Aço Pré-Pintado CSN. -Mineração de Casa de Pedra, em Congonhas (MG). A CSN é auto-suficiente em minério de ferro desde a sua fundação, em 1941.16 16 A CSN ainda tem participações em duas ferrovias, a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) e a MRS Logística; também é sócia de duas usinas hidrelétricas e opera uma central de geração termelétrica, na Usina Presidente Vargas. 72 A empresa atua em toda a cadeia do aço, desde a extração do minério até a entrega do produto final, operando especialmente em aços planos. É a única fabricante no país de folhas-de-flandres17 e Galvalume18. Também produz aço pré-pintado, voltado para aplicações em eletrodomésticos e produtos da construção civil. Entre o mercado consumidor de aço da CSN se destacam os setores automotivo, de construção civil, embalagem, linha branca e OEM (Original Equipment Manufacturers). Privatizada em 1993, na atualidade com capital totalmente subscrito e integralizado, a CSN é controlada pela Vicunha Siderurgia S/A. O segundo maior acionista é o BNDES Participações S/A, seguido pela Caixa dos Empregados da CSN19. A tabela 16 apresenta alguns indicadores de desempenho da CSN, que são analisados por tópicos. Tabela 16. Indicadores de desempenho da CSN – 2000-2005 Unidade 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Operacionais Produção de aço bruto t mil 4.782 4.048 5.107 5.318 5.518 5.201 Volume vendido (prodt. de aço) t mil 4.311 3.983 4.799 5.000 4.744 4.864 Número de empregados – 9.302 9.179 8.470 8.501 8.175 8.542 Produtividade operacional t/h/a 701 646 879 946 1.012 995 Unidade Financeiros Receita bruta R$ mm 3.913 4.010 5.406 8.292 12.251 12.283 Receita líquida R$ mm 3.239 3.284 4.609 6.977 9.800 10.038 Lucro (prejuízo) líquido R$ mm 23 4 -3 1.031 1.982 2.005 Fonte: CSN - Relatórios Anuais 3.1.1. Evolução da Produção da CSN no período recente Conforme visualizado na tabela 16, a produção de aço bruto da empresa teve um aumento quase constante ao longo do período, a não ser pelos anos de 2001 e 2005. Esse acréscimo na produção foi viabilizado por grandes reformas dos equipamentos de produção, o que mostra uma preocupação com a modernização de seus equipamentos20. O pico de produção do período, em 2004, deu-se graças aos investimentos na Usina Presidente Vargas (UPV), proporcionando recordes de produção de aço bruto (5,5 milhões de toneladas) e de laminados (5 milhões de toneladas). Foi nesse ano que a CSN LLC, filial americana, passou a importar placas e convertê-las em bobinas a quente. Isso garantiu o volume necessário para o crescimento de 7% da produção. 17 Utilizada em embalagens. Aço revestido com zinco e alumínio, utilizado na construção civil. 19 O restante são acionistas minoritários. 20 Essa reforma se deu no Alto-Forno nº 3 (AF-3) e no Laminador de Tiras a Quente nº 2 (LTQ-2), ambas realizadas em 2001 18 73 A produção no Laminador de Tiras a Frio, que alimenta as linhas de galvanização e recozimento de chapas da UPV e da GalvaSud, também foi recorde nesse ano: atingindo 1,7 milhão de toneladas, volume 4% superior ao de 2003. Por fim, a queda da produção em 2005 foi devida à pane do Sistema Furnas, que provocou o interrupção temporária da produção. 3.1.2. Evolução das Vendas da CSN no período recente O volume vendido sofreu flutuações no período abordado, com um pico em 2003 (5 mil ton) e um “vale” em 2001 (3.983 ton). O crescimento dos anos de 2002 e 2003 deveu-se ao direcionamento para o mercado externo. Com isso a participação das exportações no volume total vendido aumentou para 33%, contra 18% em 2001. Destacam-se as exportações para a América do Norte (37%), Ásia (23%), América Latina (19%) e Europa (17%). As mudanças identificadas no capítulo 2 reaparecem no caso da CSN. Em 2003, tiveram destaque nas exportações a Ásia (60%), Europa (17%), América Latina (14%) e América do Norte (6%). Em relação ao mercado interno, destaca-se o forte aquecimento no setor de embalagens, em 2002, em função das crescentes exportações de produtos processados e enlatados. Por outro lado, anos de retração nas vendas internas, como 2003, provocaram direcionamento para o mercado externo. Em relação à diversificação de produtos, a GalvaSud – empresa com tecnologia de ponta voltada para o setor automotivo – passou a oferecer aços de alta resistência e conformabilidade para as novas plataformas de veículos, além de blanks soldados de alto valor agregado. A Unidade de Mercado Linha Branca & OEM (Original Equipment Manufacture), que atende aos segmentos da linha branca, alcançou a liderança do setor, com estratégia de customização e entrega just in time. Para o desenvolvimento de embalagens diferenciadas, a CSN integrou estúdios de design, fabricantes de latas e as próprias indústrias de alimentos, em ação de grande repercussão no mercado. Além da oferta de novos produtos, destacam-se os novos serviços de corte e blanks oferecidos no Paraná, pela INAL, uma empresa do Grupo CSN. Sua linha de galvanização e pintura entrou em operação em agosto de 2003. A bobina de Galvalume foi produzida pela primeira vez em território nacional neste mesmo ano. Em dezembro começaram a funcionar a decapagem e a laminação reversível a frio. Esses produtos são utilizados na indústria de eletrodomésticos e na construção civil. A diminuição das vendas em 2004 foi reflexo da recomposição de estoques de produtos acabados. Nesse ano também houve uma maior participação do mercado 74 doméstico e queda do volume exportado, caracterizando uma maior prioridade para o mercado interno. Esse padrão se inverte em 2005, quando 59% das vendas destinaramse ao mercado interno, contra 70% em 2004. Boa parte das exportações esteve vinculada à demanda da CSN LLC e Lusosider que, juntas, consumiram aproximadamente 500 mil toneladas – cerca de 25% do total de 1,9 milhões de toneladas exportadas. No Brasil, a estratégia adotada pela área comercial para minimizar o impacto da queda no consumo doméstico de aço no faturamento da empresa foi aumentar a base de clientes e aproximar-se ainda mais daqueles que já compravam da empresa, com o objetivo de aumentar a comercialização de produtos de maior valor agregado. Além disso, a CSN mostrou intenção de realizar contratos de fornecimento de longo prazo. Em 2005, a empresa conseguiu fechar um contrato de venda de 5,5 milhões ton/ano, por 10 anos. Em linhas gerais, percebeu-se um aumento no volume de vendas no período, juntamente com uma estratégia de priorização do mercado doméstico, utilizando-se do mercado externo especialmente quando as vendas nacionais desaqueciam. Mostrou-se também a grande importância do mercado de aços de maior valor agregado para a empresa. 3.1.3. Evolução dos Investimentos da CSN no período recente Foi observada uma constante elevação dos investimentos da CSN, no período, que vão desde ampliações de produção por reforma de alto-fornos, já mencionadas anteriormente, até a aquisição de empresas estrangeiras. Os investimentos realizados na área de equipamentos ferroviários totalizaram R$ 398 milhões e viabilizaram melhorias na logística de exportações, vendas e transporte de insumo. Além disso, a empresa, juntamente com o Governo Federal, investirá cerca de R$ 4 bilhões para transformar a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) na Ferrovia Transnordestina. Em 2006 foi anunciada a instalação de quatro novos alto-fornos, cada um com capacidade para produzir 1,5 milhão de tons. A primeira unidade tem previsão de início das operações no segundo semestre de 2009. O Rio disputa com Minas a localização dos outros investimentos, que devem produz outras 3 milhões de toneladas, em meados de 2010. Os projetos elevarão a produção da CSN a 12 milhões de toneladas de aço anuais, contra as atuais 5,8 milhões de toneladas (Valor Econômico, 10 de agosto de 2006). 75 Foi também realizado, no período, através da controlada CISA, investimentos para ampliação da produção, com inauguração da Unidade de Laminação, Galvanização e Pré-Pintura. Foram aprovadas as cisões parciais da CISA, que separou o centro de serviços da planta principal, e a incorporação da referida planta à CSN. A empresa anunciou também, em 2006, investimentos de US$ 113 milhões, em Volta Redonda, para produzir 500 mil toneladas de aços longos, montando uma unidade de produção de vergalhões, perfis e fio-máquina, o que significa expansão para o mercado dominado pela Gerdau e Arcelor Brasil (Valor Econômico, 20 de outubro de 2006). Os gastos com P&D foram realizados tendo como foco principal o desenvolvimento de novos produtos, com destaque para melhorias no processo de fabricação de aço para latas de duas peças, de aços de alta resistência para a indústria automobilística e de aços de alta conformabilidade para diversos segmentos industriais. Em relação aos investimentos em aquisições, foram adquiridas, em 2002, as ações da empresa Metalic. A empresa, controlada pela CSN, é a única produtora de latas de aço do Brasil para bebidas gaseificadas, com linhas de produção supridas com folhas de aço desenvolvidas e produzidas pela própria CSN, em Volta Redonda. Em junho de 2004, a CSN ampliou de 50% para 100% o controle sobre o capital da GalvaSud S.A. Teve, então, início um processo de reestruturação, para adequar a estrutura organizacional e produtiva, buscando integração do sistema de gestão operacional com a CSN. Uma outra aquisição que se deu em 2005 foi a da Estanho de Rondônia S.A. (ERSA), constituída pela Mineração Santa Bárbara e por uma fundição, ambas no Estado de Rondônia. A jazida tem reservas demonstradas de 25.898 toneladas e recursos de 54.066 toneladas de estanho contido. A aquisição da ERSA pode ser considerada estratégica para a CSN, pois o estanho é empregado para a fabricação de folhas-de-flandres, produto no qual a CSN está entre os 5 maiores fabricantes no mundo. Nos últimos anos, o expressivo desenvolvimento econômico da China impulsionou a demanda por minério de ferro, principal insumo utilizado na produção de aço. Como conseqüência da maior procura, o preço do minério de ferro disparou, com altas consecutivas de 9%, 18,6% e 71,5%, entre 2003 e 2005, respectivamente. Autosuficiente em minério de ferro, a CSN tem comercializado o excedente produzido apenas no mercado interno. Com o aumento da demanda internacional, a empresa identificou a possibilidade de realizar lucros significativos com exportação do insumo 76 siderúrgico. Com esse objetivo, escalonou investimentos de US$ 1,5 bilhão para aumentar sua capacidade de produção – de 16 para 53 milhões de toneladas, em 2010, de beneficiamento e de embarque de minério de ferro. Os recursos destinam-se à expansão da mina de Casa de Pedra, localizada na cidade de Congonhas (MG). Além disso, uma outra pelotizadora será integrada à nova usina de placas a ser construída em parceria com a chinesa Baosteel em Itaguaí (RJ). Deste modo, tem-se a possibilidade de formação de uma joint-venture com o Shanghai Baosteel Group Corp, maior fabricante de aço da China (Valor Econômico, 8 de agosto de 2006). No mesmo ano, a CSN entrou no mercado de cimento, impulsionada pela alta sinergia entre esta nova atividade e seus negócios já existentes. A Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, gera anualmente, no seu processo produtivo, cerca de 1,4 milhão de toneladas de escória de alto forno, que sozinha é responsável por até 70% da matéria-prima utilizada na produção de cimento. No fim de 2007, deve ser concluída a unidade de moagem em Volta Redonda. Um ano depois, ficará pronto o forno de clínquer, com capacidade de processamento de 825 mil toneladas por ano em Arcos (MG). Até 2010, pretende-se chegar à produção de 3 milhões de toneladas de cimento, o equivalente, hoje, a quase 10% do consumo nacional (Valor Econômico, 10 de agosto de 2006). Na área de internacionalização, a CSN adquiriu o controle total da portuguesa Lusosider. Na operação, a siderúrgica brasileira pagou 25 milhões de euros à angloholandesa Corus, de quem já era sócia, na proporção de 50% a 50%. A Lusosider Projetos Siderúrgicos S.A. tem em sua produção laminados a frio, galvanizados e aço estanhado. Já o fortalecimento no mercado americano se deu com a conclusão da compra da CSN LLC. De maneira geral, a estratégia de internacionalização da CSN caracterizou-se por expansão de operações no exterior, por meio da aquisição de linhas de acabamento próximas aos grandes mercados consumidores. Cabe destacar que a empresa tem operações nos EUA desde 2001, quando adquiriu a Heartland Steel. Nos últimos anos, chama a atenção a tentativa de internacionalização da empresa através da Corus, uma companhia anglo-holandesa que absorveu o que já foi a British Steel. Em 2002, houve fracasso da fusão entre as duas empresas, mas, desde aquele ano, as condições para integração vêm melhorando, especialmente graças aos ativos de mineração da CSN. A atual possibilidade de aquisição da Corus, uma das maiores empresas européias seria um trunfo enorme para a internacionalização da empresa. A existência 77 de sinergias possibilitaria uma integração rápida de atividades, viabilizando melhorias operacionais em ambas as partes. Todavia, a CSN enfrenta hoje uma disputa com o conglomerado indiano Tata Steel, o que poderá gerar a primeira grande briga entre duas empresas de mercados emergentes por um ativo estratégico (e maior do que ambas empresas) no primeiro mundo (Valor Econômico, 24 de novembro de 2006). A CSN fez mais tentativas para ampliar suas operações no exterior, ao disputar com mais três grupos a compra da fabricante de aço Dunaferr, na Hungria e, quando participou do leilão de ativos da americana LTV, que incluía as usinas da LTV em Cleveland, Indiana e Illinois. Em ambos, as transações não foram concluídas (Valor Econômico, 9 de outubro de 2003). Como investimentos futuros, a CSN tem como meta triplicar de tamanho, nos próximos quatro anos. A estratégia de crescimento inclui investimentos na área de mineração, com a ampliação da mina de Casa de Pedra; a construção de usinas no Brasil, para aumentar em 6 milhões de toneladas a capacidade de produção de aço; e a aquisição de ativos de laminação nos mercados americano e europeu, para agregar valor à operação realizada no Brasil com o custo mais baixo do setor. Em relação ao minério de ferro, continuará como foco em 2007, quando exportará 8 milhões de toneladas a partir de seu terminal no Porto de Itaguaí (RJ). A fonte do minério exportado poderá ser a produção própria da mina de Casa de Pedra, ou compras de terceiros (Valor Econômico, 11 de novembro de 2006). 3.1.4. Características gerais da trajetória recente da CSN A CSN quer ampliar sua presença na siderurgia mundial, transformando-se num importante player na cadeia de mineração e siderurgia, além de consolidar sua posição no mercado nacional. Trata-se de uma empresa bastante verticalizada e por ser há muito tempo auto-suficiente em minério de ferro, vê nesse mercado uma grande oportunidade. Como resultado dessa articulação, a empresa pode valer-se da elevação de preços de seus produtos, para triplicar suas receitas em valores nominais e gerar um expressivo lucro (ver tabela 12). A estratégia defendida nos relatórios da CSN concentra-se em três pontos: – Crescimento: siderurgia, mineração e desenvolvimento de negócios em atividades complementares. – Competitividade: eficiência em custos, produtividade, responsabilidade ambiental, qualidade e serviços. 78 – Solidez: manutenção de posição financeira confortável. Constatou-se a extrema importância dada ao consumidor/cliente, com as estratégias de aproximação realizadas pela empresa, como o just in time. Tal fato se revela importante em mercados da empresa, ligados a produtos de maior valor agregado. Também nesse sentido, a logística dentro da empresa é algo bastante importante, por ser a CSN uma empresa diversificada. Além da eficiência em termos de custos, o controle da logística é estratégico, pois confere autonomia à companhia no gerenciamento de uma etapa vital para o seu negócio: o recebimento de matérias-primas e o escoamento de seus produtos finais. Deste modo, as sinergias obtidas entre as áreas de mineração, siderurgia e logística, aliadas à auto-suficiência em quase todos os principais insumos, permitem minimizar custos e, com isso, maximizar lucros na produção e comercialização de aços planos. Percebe-se que a empresa, apesar de querer consolidar-se no mercado interno, priorizando diversas vezes o cenário nacional, tem aumentado suas vendas no mercado externo, passando a focá-lo com mais ênfase, haja vista sua recente internacionalização. Com o estudo realizado, verificou-se que a CSN tentou por inúmeras vezes ampliar sua inserção internacional através de aquisições que no fim foram fracassadas. Entretanto, desde 2005 tem se mostrado mais enfática no seu objetivo. Em 2006 começou uma disputa que pode vir a colocá-la entre as 5 maiores siderúrgicas do mundo, alavancando de maneira considerável seu grau de internacionalização. Um outro avanço recente foi a sinalização de uma sociedade com a chinesa Baosteel, uma das gigantes do setor siderúrgico. As fusões e aquisições no setor tendem a se intensificar nos próximos anos e a CSN pretende se beneficiar do fato de ter um dos menores custos de produção de aço do mundo para incrementar o negócio de siderurgia no Brasil e no exterior. A idéia é aumentar a produção de placas no Brasil e comprar ativos de laminação e acabamento na Europa e nos Estados Unidos. 3.2. Usiminas/Cosipa O Grupo: Siderurgia - Usiminas, em Ipatinga (MG). Empresa líder do Sistema Usiminas. Produz e comercializa aços laminados planos a frio e a quente, chapas, placas e revestidos. 79 - Cosipa, no litoral sul do Estado de São Paulo. Produz e comercializa placas, chapas grossas, laminados a quente e a frio, e chapas costumizadas. Controle: Usiminas: 93%. - Unigal, em Ipatinga. Instalada dentro da usina da Usiminas, atua na galvanização de chapas e bobinas de aço. Controle: Usiminas: 79% Nippon Steel: 21%. - Siderar, na Argentina. Produtos siderúrgicos. Usiminas: 5,3%. - Sidor , na Venezuela. Produtos siderúrgicos. Consórcio Siderurgia Amazônia: 16%. Bens de capital -Usiparts, em Pouso Alegre. Está presente em todos os processos de produção: estamparia, montagem, pinturas, trimming final, dispositivos de solda e ferramentais. Controle: Usiminas: 95%. -Usiminas Mecânica, em (Ipatinga) Fabrica equipamentos e estruturas metálicas de grande porte. Controle: Usiminas: 99,97%. Distribuição e serviços - Fasal, em Santa Luzia. Atua no beneficiamento e distribuição de produtos siderúrgicos destinados aos mercados interno externo. Controle: Usiminas: 50%. -Rio Negro, em Guarulhos. Processa e comercializa bobinas a quente, a frio e galvanizadas.Controle: Usiminas: 64%. - Usial, em Vitória Fabricação e comercialização de artefatos de Usiminas. Controle: Usiminas: 98%, Usiminas Mecânica: 2%. - Usiroll, em Ipatinga.Prestação de serviço e tecnologia de retificação. Controle: Usiminas: 50%. -Dufer, em São Paulo. Ligada à Cosipa, atua na transformação de bobina em chapas, rolos, tiras e ”blanks”, e distribui os produtos.Controle: Cosipa: 51%. Logística - Usifast, em Betim (MG). Atua como um sistema integrado de logística, com característica de operador multimodal de atuação nacional e voltado para a indústria.Controle: Fasal: 50%. - MRS (Juiz de Fora) Transporte ferroviário. Controle: Usiminas: 20%. - Rios Unidos, Transporte rodoviário. Controle: Rio Negro: 100%. - Portos TPPM E TMPC, Transporte marítimo. Controle: Usiminas: 64%. 80 A Usiminas lidera 14 empresas – o Sistema Usiminas e é um dos 20 maiores grupos do mundo na área de siderurgia e, produz aços planos na Cosipa (siderúrgica paulista) e na sua unidade industrial em Ipatinga (MG). Todas as empresas do Grupo têm corpo administrativo próprio, mas alinhados à organização da Usiminas. Privatizada em 1991 e com o objetivo de fortalecer o bloco de controle dos principais sócios, a Usiminas oficializou em 2006 um novo acordo. Os controladores serão divididos em três grupos: o primeiro, batizado de "Nippon", é formado pela Nippon Usiminas, Nippon Steel e Mitsubishi. O outro chamado de "V/C" terá Votorantim e Camargo Corrêa como membros, já o terceiro, será composto pela Caixa dos Empregados da Usiminas e pela Vale do Rio Doce. Na tabela 17 são apresentados os dados operacionais e financeiros do Grupo. Faz-se necessário destacar que o sistema Usiminas tem como uma de suas principais usinas a Cosipa. Deste modo, a análise será embasada nos dados de todo o Sistema, não enfocando apenas uma usina. Isso quer dizer que a Cosipa será analisada apenas como uma das empresas do grupo. Merece destaque especial o processo de aquisição desta empresa pelo Grupo Usiminas, já que a Cosipa fez parte da amostra inicial deste trabalho. Assim, a empresa paulista, fabricante de aços planos não-revestidos (placas, chapas grossas e laminados a quente e a frio), vem iniciando sua incorporação no sistema Usiminas desde 1999. Naquele ano, a Usiminas adquiriu 32% do capital da empresa e foi, nos anos subseqüentes, aumentando gradualmente sua participação até chegar a 92,7%. A partir de 2005, por fim, a empresa passou integralmente ao controle do sistema Usiminas. Juntas, as duas empresas produzem 9,5 milhões de toneladas de aço por ano. Ao concluir o fechamento de capital da Cosipa e transformá-la em sua subsidiária integral, a Usiminas almejou conquistar posição de destaque em produtos mais nobres frente a grandes players internacionais, ao mesmo tempo em que buscou mais flexibilidade nas negociações com clientes e fornecedores. Tabela 17. Indicadores de desempenho Sistema Usiminas (Dados consolidados) (2000-2005) Operacionais Unidade 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Produção de aço bruto t mil 7.184 7.080 8.448 8.621 8.951 8.700 Volume vendido (prodt. de aço) t mil 6.110 6.602 7.722 7.710 8.062 7.300 81 Financeiros Receita bruta Receita líquida Lucro Líquido Fonte: Relatório Anuais Unidade R$ mm 5.059 6.276 R$ mm 3.921 4.883 R$ mm 211 245 8.394 11.096 15.984 6.634 8.660 12.230 -325 1.306 3.019 17.000 13.000 3.900 3.2.1. Evolução da Produção da Usiminas no período recente Conforme se percebe com a tabela inicial, a produção do Sistema Usiminas teve, durante o período abordado, uma elevação quase constante, a não ser pelos anos 2001 e 2005, os quais, mesmo tendo uma menor produção de aço bruto, registram boas marcas de produção em outros tipos de aço. Comparada com 2000, a produção de 2005 apresentou crescimento de mais de 20%. Houve, no início do período estudado, elevação de produtividade das máquinas de Sinterização, contribuindo significativamente para a redução do custo de produção de gusa. Também se constatou evolução e estabilização da operação do Alto-Forno nº 3, após a reforma no final de 1999, viabilizando níveis de produção da ordem de 8.000 t/dia. Por sua vez, o Alto-Forno n° 2, destinado a fundir e a reduzir o minério de ferro em ferro-gusa, atingiu produção acumulada de 13 milhões de toneladas, a melhor produtividade do Brasil e uma das melhores do mundo. Com a entrada em operação da turbina de topo do Alto-Forno 3, já colocada anteriormente, a Usiminas passou a produzir 25% de toda a energia utilizada na Usina. Até 2007, a Empresa deverá produzir 50% de toda a energia que consome. Com grandes investimentos realizados em equipamentos e novas tecnologias, a produção de laminados a quente (laminação de tiras a quente + chapas grossas) bateu recorde anual de produção em 2003. As Aciarias tiveram, no período, um enobrecimento na mistura de produtos, graças ao aumento da produção do recozimento contínuo e da galvanização a quente e também dos aços da classe API21. A laminação a frio número 2 obteve seus melhores resultados históricos, com a produção de 703,8 mil toneladas de bobinas laminadas na nova linha de decapagem/laminação (PLTCM) e de 510,7 mil toneladas processadas no recozimento contínuo (CAPL), o que possibilitou um significativo diferencial de qualidade nos produtos fabricados. Nesse setor, a produção atingiu a marca, em 2002, de 1,6 milhão de toneladas, volume 7,5% superior ao recorde. Na laminação a frio (Tanden e 21 Certificação pelo American Petroleum Institute, um padrão mundial de qualidade. 82 PLTCM), outro desempenho inédito: a produção totalizou 1,81 milhões de toneladas no ano. O segmento de galvanizados também obteve índices históricos: foram processadas 666,12 mil toneladas, performance que reflete o recorde de 396,54 mil toneladas da linha de galvanizados a quente. Após 40 anos de operação, a bateria de coque n° 1 obteve, no período, a produção acumulada de mais de 11 milhões de toneladas de coque – produto obtido em fornos especiais, onde o carvão é elevado a altas temperaturas para eliminação dos elementos voláteis e transformado em um combustível com alto teor de carbono, que será o principal fornecedor de calor ao processo de alto-forno. Reduzir custos foi prioridade para a Empresa no período estudado. Assim, a Usiminas estabeleceu duas frentes de trabalho no início do período analisado: diminuir gastos na aquisição de suprimentos, valendo-se da sinergia Usiminas-Cosipa, e na racionalização interna dos sistemas de produção. A sinergia entre as duas siderúrgicas gerou uma economia total no ano de R$ 16,2 milhões em despesas com contratos e materiais. O Sistema Usiminas registrou produção de 8,9 milhões de toneladas de aço bruto em 2004, superando em 3,8% o volume de 2003. Desse total, 4,2 milhões de toneladas foram produzidas pela Usina José Bonifácio de Andrada e Silva e 4,7 milhões de toneladas, na unidade industrial de Ipatinga. A estabilidade das usinas do Sistema Usiminas em Ipatinga e Cubatão propiciou um excelente desempenho operacional. A produção de aço bruto fechou, já em 2005, com um volume total de 8,7 milhões e 7,8 milhões de toneladas de laminados, respectivamente, como pode ser observado na tabela 17 Em ambas as usinas, foram implementadas várias medidas, visando à redução de custos e a melhorias operacionais. Na unidade industrial de Ipatinga, o ritmo operacional da usina foi adequado, com vistas à redução do uso de coque importado e pelotas na fabricação de gusa. Outras medidas que asseguraram economia para a usina foram a implantação de 59 projetos operacionais dentro de um plano de redução de custos. Já na área tecnológica, foram realizados investimentos no Centro de P&D, voltados ao desenvolvimento de aços avançados de alta resistência para vários setores industriais. Paralelamente, a usina também buscou a melhoria de propriedades mecânicas de aços e a otimização das condições de uso de aços revestidos. A exemplo da usina de Ipatinga, a unidade industrial de Cubatão também adequou seu ritmo operacional, com o objetivo de reduzir o uso de coque importado e 83 pelotas na fabricação de gusa. Em 2005, a Cosipa colocou em operação uma nova máquina de ultra-som automática de chapas grossas, permitindo expansão da produção de chapas grossas tratadas termicamente. 3.2.2. Evolução das Vendas da Usiminas no período recente Os anos estudados foram de resultados positivos em relação às vendas do Grupo Usiminas, registrando apenas uma ligeira queda em 2005. Assim como a CSN, o Grupo Usiminas ampliou consideravelmente suas vendas. Como visto na seção anterior, o foco em ampliação da produção de aço e racionalização de custos permitiu considerável melhora no desempenho operacional. No comparativo com 2005/2000, a empresa apresentou elevação de mais de 200% em suas receitas, e um extraordinário crescimento de seus lucros. O Sistema Usiminas destina 30% das vendas anuais para embarques ao exterior e 70% para atendimento interno. Essa divisão é uma estratégia histórica de distribuição do Grupo, que está comprometido com a destinação para o mercado interno, mesmo em épocas de forte demanda externa. Na Usiminas e na Cosipa, os 30 maiores clientes respondem por 68,3% e 56% das toneladas vendidas, respectivamente. No mercado interno, a Usiminas é fornecedora majoritária da indústria automotiva, do setor de máquinas agrícolas/ rodoviárias e de tubos de grande diâmetro no país. Além disso, a Cosipa tem maior participação nos setores de máquinas industriais, naval e de perfis. No fornecimento conjunto, as siderúrgicas têm participação de 58% no setor de máquinas e equipamentos eletroeletrônicos e 98% na indústria de máquinas e equipamentos industriais, além de importante presença em segmentos de grandes volumes, como construção civil, tubos de pequeno diâmetro e distribuição. No exterior, os principais países compradores do aço da Usiminas são os EUA, Argentina, Colômbia, Chile, México e Canadá, sendo que os maiores mercados são os do Estados Unidos e da América Latina. Em termos de participação no mercado interno, a empresa registrou, em 2002, uma marca inédita de vendas no mercado nacional, que possibilitou à Companhia aumentar para 37,4% sua participação. O volume total negociado pelo Sistema Usiminas em 2002 somou 7,7 milhões de toneladas de aços planos não-revestidos e galvanizados, quantidade 17% superior ao montante de vendas de 2001. Desse total, 5,4 milhões de toneladas abasteceram o mercado doméstico – 70% dos negócios –, mantendo a participação do Sistema Usiminas neste mercado nacional em 61,8%. 84 No mercado internacional, os esforços se concentraram na diversificação de nichos e produtos, como forma de suplantar as possíveis dificuldades em dois importantes focos: Estados Unidos e Argentina. Apesar das limitações impostas pela já mencionada Seção 201, as vendas para o mercado norte-americano não foram afetadas nos anos subseqüentes. Cabe destacar que em 2003, ano de câmbio médio desvalorizado, houve importante alteração no mix de produtos exportados. Nesse ano, os embarques de materiais galvanizados e de laminados a frio cresceram 56% e 33%, respectivamente, enquanto as vendas de placas tiveram retração de 13%. Por destino, o destaque ficou com o crescimento da comercialização com a China – o volume de negócios somou 794 mil toneladas, um terço do total das exportações. A Ásia, englobando China, Coréia do Sul, Taiwan, Tailândia, Cingapura e Japão, foi responsável pelo destino de 52% dos embarques externos no ano, ao acumular 1.234 mil toneladas, entre placas e produtos laminados. Cabe ressaltar que nos anos subseqüentes a empresa buscou diminuir as vendas no mercado spot, buscando contratos de maior prazo. Em 2005, por fim, o volume comercializado foi de 7,3 milhões de toneladas (67% colocado no mercado interno), 9% inferior ao vendido no mesmo período de 2004. Dada a conjuntura dos mercados, a estratégia de comercialização da Companhia contemplou um aumento das exportações e uma política de adequação no mercado interno, enquanto persistisse esta situação de ajustes entre a demanda e oferta. Com isso, as exportações saltaram de 28% das vendas em 2004, para 33% das vendas em 2005. As vendas no mercado interno atingiram 4,9 milhões de toneladas (67% do total comercializado), uma retração de 14% quando comparadas a 2004. Esse desempenho decorreu da desaceleração do nível da atividade econômica e do excesso de estoques na rede de distribuição e em alguns setores industriais. O Sistema Usiminas manteve-se fiel ao seu compromisso estratégico de atender ao mercado doméstico com a participação de 53% na comercialização de laminados planos. A Empresa manteve-se como maior fornecedora para importantes segmentos econômicos, como o automotivo, de máquinas agrícolas e rodoviárias, de equipamentos industriais, eletrônicos, de tubos de pequeno e de grande diâmetro, de perfis e naval. No último ano do período estudado, o volume total vendido para outros continentes foi de 2,4 milhões de toneladas (33% das vendas totais). Neste aspecto, o Sistema Usiminas fortaleceu relações comerciais com os mercados do Nafta e da União 85 Européia. Na América do Sul, partiu para ações mais incisivas em países com os quais não mantinha fortes laços comerciais. Para completar, ainda conquistou novos mercados no continente africano, tais como Marrocos e África do Sul. A reconhecida qualidade dos produtos da Usiminas possibilitou o fechamento de novos contratos para o fornecimento de aço para as operações européias das montadoras Peugeot, Volkswagen e Fiat. Apesar dos destaques apresentados, parte importante da estratégia de mercado da Usiminas é focado no mercado local. Sua posição em mercados de maior valor agregado no país e uma carteira de consumidores bastante fixa permitem-na obter sucessos nesta estratégia. 3.2.3. Evolução dos Investimentos da Usiminas no período recente Como já destacado nas seções anteriores, o Sistema Usiminas teve bons desempenhos operacionais originados principalmente dos investimentos em capacidade e qualidade da produção. Desta maneira, esta seção tratará os investimentos de acordo com sua natureza, viabilizando melhor identificação da estratégia e trajetória da empresa. O maquinário da siderúrgica teve os seguintes investimentos: reforma do altoforno 2, com investimentos de US$ 40 milhões; melhoria da qualidade dos aços Ultra Baixo Carbon "Interstitial Free", na Aciaria 2; inauguração da turbina de topo do AltoForno 3 e; renovação completa da frota de caminhões todos com rastreamento via satélite. Na Usina de Ipatinga, os destaques ficaram com a reforma do Alto-Forno 2 e a conclusão do projeto de instalação da turbina de topo do Alto-Forno 3, para reaproveitamento de gases na produção de energia elétrica. Em 2006, recebeu a licença de instalação para as obras da coqueria número 3, que será instalada na usina da empresa, localizada em Ipatinga (MG) - a previsão é de conclusão em 2009. A partir de 2009, a produção deverá atingir 750 mil toneladas por ano, garantindo auto-suficiência da Usiminas. (Valor Econômico, 24 de agosto de 2006). No período analisado, a empresa deu continuidade aos Acordos de Aquisição de Tecnologia Avançada e de Produção de Aços Especiais, com a Nippon Steel Corporation, em investimentos de US$ 2,76 milhões. Com a nova linha de tiras a frio (PLTCM/CAPL), a Usiminas se capacitou com uma das mais modernas tecnologias de produção. 86 O acordo de cooperação já produziu frutos para a Cosipa: a siderúrgica vendeu assistência técnica na área de refino e lingotamento contínuo para a Nisco, da China. O Sistema também ampliou o licenciamento da tecnologia Cojet, desenvolvida com a Praxair, que oferece redução de custos no processamento do aço líquido e aumenta a qualidade do material produzido nas aciarias. A nova tecnologia será aplicada em um dos convertedores da Cosipa e em mais um convertedor da Usiminas. Da Siderar, a maior siderúrgica Argentina, a Usiminas adquiriu a tecnologia Steel Frame. Ainda na comercialização de tecnologia, destaca-se o novo contrato de assistência técnica para a Sidor, com enfoque nas áreas de produtos, processos e gestão destinados a ampliar sua competitividade. O ano de 2000 marcou a consolidação dos investimentos nos Planos de Atualização Tecnológica e de Otimização da Capacidade de Produção, onde os principais projetos foram a ampliação da capacidade de produção de laminados a frio e a implantação da linha de galvanização a quente da Unigal, uma joint-venture entre a Usiminas e a Nippon Steel Corporation. Deste modo, houve entrada de nova linha de produtos galvanizados a quente, que ampliou a presença da Usiminas nos setores automotivo e de linha branca, acompanhando evolução no mercado. Foi concluído um grande ciclo de investimentos em expansão de capacidade, novas tecnologias e reformas de equipamento, que alcançou R$ 2,6 bilhões entre 1997 e 2001. O sucesso desse projeto refletiu-se no recorde de produção atingido em 2001. Nesse ano, foram investidos R$ 220,6 milhões, basicamente na manutenção da capacidade produtiva, incluindo reformas nos equipamentos. O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento – IGD – foi implantado para criar bases para o desenvolvimento tecnológico da Empresa e reduzir a dependência de assistência técnica internacional, buscando otimizar os processos industriais existentes e desenvolver novos produtos e tecnologias, incluindo atividades de engenharia de aplicação. As atividades de pesquisa, iniciadas de forma embrionária em 1964, ganharam corpo em 1971, com a inauguração dos cinco primeiros laboratórios. Atualmente, o IGD reúne 14 laboratórios, que empregam 136 profissionais – 45 pesquisadores (5 com doutorado e 25 com mestrado), 54 técnicos e 35 operadores laboratoristas. Entre outros projetos, o IGD cria alternativas para a redução do consumo de carvão e coque nos Altos-Fornos, aperfeiçoar a qualidade superficial e interna de placas do lingotamento contínuo e desenvolver modelos matemáticos de controle e simulação 87 de processos das áreas de laminação a quente e a frio. O IGD concentrou seus esforços no setor de pesquisa de produtos, com enfoque para o desenvolvimento de aços avançados de alta resistência, utilizados pelo setor automotivo, ao aperfeiçoamento de aços para os setor naval e offshore, à otimização da aplicação de aços revestidos e ao desenvolvimento de aços de alta resistência mecânica, à corrosão e ao fogo, para emprego na construção civil. No ano, foram concluídos 538 estudos e investidos R$ 13,7 milhões – 51% em processos, 41% em produtos e 8% em meio ambiente. Em 2003, o Sistema Usiminas investiu na criação de um grupo de trabalho voltado para o setor de logística denominado Grupo de Logística Estratégica, do qual participam as gerências de Vendas, Marketing e Logística, para estudar e desenvolver projetos de atendimento personalizado aos clientes do Sistema. Com o apoio da área de informática, foram criadas ferramentas on-line, que permitem programar e acompanhar tanto a produção como a entrega, o que possibilitou ampliar o atendimento just in time. O Sistema Usiminas também agregou valor a seu mix de produtos por meio do beneficiamento prévio do aço (em produtos como sliters e blanks), utilizando Centros de Serviços próprios e de empresas coligadas – UMSA (Ipatinga/MG), Usial (Serra/ES), Usicort (Betim/MG), Rio Negro (Guarulhos/SP e Taubaté/SP) e Dufer (São Paulo/SP). Quanto ao desenvolvimento de novos produtos/processos, o Grupo teve a consolidação, no mercado, do uso de produtos processados na Linha de Tiras a Frio 2, com melhoria de desempenho e redução dos níveis de rejeição. Houve também, desenvolvimento e introdução no mercado de aços galvanizados a quente para construção civil, eletrodomésticos e indústria automobilística, além de desenvolvimento de aços laminados a frio de alta resistência e produtos extra largos (largura superior a 1.630 mm) na linha de tiras a frio. Ocorreu a consolidação do uso de aços eletrozincados pré-fosfatizados no setor automobilístico e, o incremento de uma nova série de aços laminados a quente (chapas grossas e tiras a quente) para a construção civil, com menor custo e melhor desempenho. Em 2004, a Usiminas desenvolveu e lançou no mercado os novos aços “Dual Phase” como laminados a frio e revestidos. São aços capazes de atender exigências de segurança e de redução de peso, de consumo e de emissões. Este ano também se caracterizou pela transferência de tecnologia entre Usiminas e Cosipa para a fabricação de aços API. Assim, as empresas ampliaram sinergias e a Cosipa passou a fabricar aços especiais para a produção de gasodutos e oleodutos voltados à indústria petrolífera. 88 Outro objetivo alcançado foi o aprimoramento da qualidade dos laminados planos. Investimentos da ordem de R$ 58 milhões no aperfeiçoamento dos processos de produção proporcionaram uma melhoria da qualidade, identificada por meio de uma pesquisa de satisfação. Na parte de logística, para garantir a manutenção de um rígido controle dos fatores de risco, foi iniciado, em 2004, um trabalho envolvendo todas as áreas da Empresa, destinado a atualizar o mapeamento dos riscos característicos aos principais processos. Foi implantado, ainda em 2004, o projeto integrado SOMAR II, que envolveu Usiminas, Unigal e Cosipa, para a disponibilização do sistema de gestão SAP. A medida visou unificar e padronizar os processos dessas empresas nas áreas de vendas, especificação metalúrgica, logística de distribuição, suprimentos, manutenção, recursos humanos, custos, finanças, produção das oficinas, projetos de investimento e informações gerenciais, permitindo à administração uma gestão integrada. Os investimentos consolidados, em 2004, totalizaram R$ 333 milhões e em 2005 o volume total de investimentos no imobilizado atingiu a cifra de R$ 408 milhões, 26% acima do montante de 2004. Em relação aos investimentos para internacionalizar-se, em parceria com o Grupo Techint, passou a deter uma participação de 16% do capital Ternium, que é uma empresa líder do mercado latino-americano de aços planos. Integra também as siderúrgicas Hylsamex (México), Siderar (Argentina) e Sidor (Venezuela, por meio do Consórcio Amazônia, que controla 60% do capital votante) (Valor Econômico, 01 de setembro de 2005). Objetivando a criação de valor e o fortalecimento de sua posição competitiva e de liderança no mercado doméstico, além do contínuo crescimento, o Sistema Usiminas anunciou, no final de 2005, sua estratégia de médio e longo prazo: Fortalecimento e crescimento no mercado local, através de importantes investimentos em qualidade e no enriquecimento do mix de produtos de suas duas usinas. E, com o aproveitamento de sua capacidade como produtora eficiente e competitiva de aço, a empresa quer buscar, ativamente, parcerias e/ou aquisições no exterior, que permita ao Sistema crescer internacionalmente, de forma criadora de valor. Em 2006, a empresa declarou ter desistido de investir temporariamente no exterior para dedicar-se a projetos no Brasil, ao interromper os estudos para o projeto Brava, pelo qual pretendia avançar seu programa de internacionalização. A intenção da Usiminas era investir na França, construindo uma laminadora - processamento - de aços 89 planos. O projeto previa a participação em uma joint-venture com uma empresa local. A incursão seria a primeira operação da Usiminas fora das Américas (Valor Econômico, 19 de setembro de 2006) 3.2.4. Características gerais da trajetória recente da Usiminas Com o novo comando acionário estabelecido em 2006, a principio a siderúrgica se fortalece contra possíveis investidas de grupos do exterior. Atualmente, a Usiminas possui duas aspirações: seguir líder em aços planos no mercado doméstico, em que possui investimentos previstos de US$ 1,5 a US$ 1,8 bilhão, e ampliar sua participação no mercado internacional (Valor econômico, 14 de novembro de 2006). Entretanto, como esboça este estudo, a empresa possui estratégia bem menos agressiva que as demais empresas líderes do país. Incorporar permanentemente novas tecnologias e práticas de pesquisa, maximizar sinergias em suas empresas, promover difusão tecnológica e parcerias mutuamente vantajosas. Essa pode ser apontada como uma boa definição da empresa, cuja trajetória nos anos de 2000 a 2005, caracterizou-se fortemente pela a melhoria em seus produtos e processos, pela ampliação das sinergias entre as usinas do grupo e por investimentos em diversificação e incorporação de tecnologia aos seus produtos. A proposta de se manter em dia com as mudanças tecnológicas tem propiciado à Usiminas vender conhecimento. Essa venda de tecnologia para empresas brasileiras e estrangeiras já se tornou fonte de recursos. Seu sistema de logística comporta diversos centros de serviços e de distribuição, dois terminais portuários próprios, participação em ferrovias e outros modais de transporte, que agregam valor ao mix de produtos da empresa, ao colocar à disposição dos clientes serviços qualificados e soluções específicas para cada necessidade. Em relação à estratégia adotada pela empresa em suas vendas, há clara definição da prioridade do mercado nacional quando comparado à importância do mercado internacional. O mercado externo ganha acuidade quando problemas de demanda ocorrem no Brasil. Como mencionado, o sistema Usiminas não avançou muito em relação à internacionalização, realizando apenas um pequeno passo nessa direção, ao se tornar acionista da siderúrgica Ternium. Entretanto, a empresa vem indicando interesse em participar de projetos de internacionalização, ao mesmo tempo em que busca oportunidades de participar da consolidação mundial do setor. 90 Recentemente, a empresa sinalizou que está a procura de sócios internacionais para a construção de uma nova usina, cujo local ainda não foi definido. O novo empreendimento, que será na Região Sudeste e tem como principais interessados os Estados de São Paulo e Minas Gerais, terá capacidade para produzir 5 milhões de toneladas de aço por ano e aporte na ordem de US$ 3 bilhões e, terá produção voltada para o mercado externo (Valor Econômico, 05 de setembro de 2006). Pode-se, porém, destacar a empresa como uma das agentes da “internacionalização passiva” da siderurgia brasileira – tem como acionista chave a Nippon Steel. Em 2006, a japonesa anunciou a pretensão de ampliar sua participação direta na Usiminas, pois pretende comprar uma participação de 1,7% da empresa brasileira, até o fim do ano. Como já demonstrado anteriormente, os sócios da Usiminas intensificaram as discussões em torno de uma reestruturação acionária da companhia, motivada pelo desejo da Companhia Vale do Rio Doce de integrar o quadro de controladores da siderúrgica. Atualmente, a composição do bloco é a seguinte: Nippon Usiminas: 21,6%, Nippon Steel: 1,7%, Mitsubishi: 1,5%, Votorantim: 11,6%, Camargo Corrêa: 11,6%, Vale do Rio Doce: 5,9% ,Caixa dos Funcionários(10%) (Valor Econômico, 07 de novembro de 2006). Essa indefinição certamente deixa as perspectivas da empresa, pelo menos no que tange à internacionalização, em suspenso. Como mencionado neste estudo, quanto maior a presença da Nippon Steel na definição estratégica da empresa, menores as chances de que uma internacionalização avance significativamente para mercados fora das Américas, especialmente América Latina. 3.3. Gerdau O Grupo: Brasil -Escritório, Administração Geral, em Porto Alegre (RS), em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ). -Gerdau Rio Grandense, em Sapucaia do Sul (RS). Usina siderúrgica. -Gerdau Amafer, Rio Grande do Sul, (RS), Santa Catarina (SC), Paraná (PR), São Paulo (SP, Rio de Janeiro (RJ), Contagem (MG), Aparecida de Goiânia (GO), Simões Filho (BA), Igarassu (PE), Parnamirim(RN), Maracanauá(CE), Ananindeua (PA), unidades de corte e dobra de aço. -Gerdau Aços Especiais Piratini, em Charqueadas (RS). -Gerdau Guairá, em Araucária (PR), usina siderúrgica. 91 -Gerdau Água Funda, em São Paulo (SP), unidades de transformação. -Gerdau Cotia, em Cotia (SP), unidade de transformação. -Monteferro América Latina LTDA, em Cotia (SP), unidade de transformação. -Gerdau São Paulo, em Araçariguama (SP), usina siderúrgica. -Gerdau Cumbica, em Guarulhos (SP), unidades de transformação. -Gerdau Cosigua, em Rio de Janeiro (RJ), usina siderúrgica. -Gerdau São José dos Campos, em São José (SP), unidade de transformação. -Gerdau Açominas, em Ouro Branco (MG), usina siderúrgica. -Gerdau Divinópolis, em Divinópolis (MG), usina siderúrgica. -Gerdau Barão de Cocais, em Barão de Cocais (MG), usina siderúrgica. -Gerdau Contagem, em Contagem (MG), unidade de produção de ferro-gusa. -Terminal Portuário Privativo de Praia Mole, em Vitória (ES). -Terminal Marítimo Gerdau Usiba, em Salvador (BA). -Gerdau Usiba, em Simões Filho (BA), usina siderúrgica. -Gerdau Açonorte, em recife (PE), usina siderúrgica. -Gerdau Cearense, Maracanauá (CE), usina siderúrgica. -Gerdau Margusa, em Bacabeira (MA), unidade de produção de ferro-gusa. Argentina -Sipar Gerdau, na Província de Santa Fé, usina siderúrgica. -Sipar Gerdau, Escritório de Buenos Aires, em Ciudad Autônoma de Buenos Aires. Uruguai -Gerdau Laisa, em Montevidéu, usina siderúrgica. Chile -Gerdau Aza Colina, em Santiago, usina siderúrgica. -Gerdau Aza, em Santiago, escritório. Peru -Siderperu em Chimbote, usina siderúrgica. Colômbia -Diaco-Cali, em Acopi-Yumbo, unidade de transformação. -Cali, em Acopi-Yumbo, usina siderúrgica. -Laza, em Duitama, em Cota, em Medellín, em Cali, unidades de corte e dobra de aço. 92 Estados Unidos -Gerdau Ameristeel, abrange amplo território, com usina siderúrgica, escritório, unidades de transformação, unidades de corte e dobra de aço e, participações societárias. Canadá -Gerdau Ameristeel,em Ontário e Manitoba tem usinas siderúrgicas. -Gerdau Ameristeel, em Manitoba, unidades de transformação. -Gerdau Ameristeel, em Ontário, escritório. Grupo Gerdau, com atuação no Brasil em aços longos, aços especiais, placas, blocos e tarugos, faz referência ao conjunto de empresas que formam o grupo econômico Gerdau e que estão sob o mesmo controle acionário, com duas empresas de capital aberto no Brasil – a Gerdau S.A. e a Metalúrgica Gerdau S.A. Já a Gerdau Açominas S.A., responsável pelas operações siderúrgicas no Brasil, é uma empresa de capital fechado. Na América do Norte, a Gerdau Ameristeel Corporation foi criada em outubro de 2002, a partir da fusão das operações do Grupo Gerdau na região com as da empresa CoSteel.. A operação resultou na segunda maior produtora de aços longos da região e, em apenas três meses, gerou uma economia de US$ 5 milhões. O negócio englobou sete unidades Gerdau – duas no Canadá e cinco nos Estados Unidos –, além das três usinas da Co-Steel. Na Argentina, no Chile e no Uruguai, a filial é a Gerdau América do Sul Participações S.A., cujo controle é exercido pelos Comitês Operacionais das unidades, os quais se reportam ao Comitê Executivo Gerdau e têm capital fechado. Uma análise dos dados consolidados será realizada para se traçar uma trajetória completa do que foi objetivado pela empresa. Infelizmente, alguns dados operacionais e financeiros não foram apresentados nos relatórios anuais, o que dificultará a visualização do desempenho do Grupo. A tabela 18 apresenta as estatísticas disponíveis. Tabela 18. Indicadores de desempenho Gerdau (2000-2005) Operacionais Unidade 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Produção de aço bruto t mil 7.065 7.251 9.441 12.343 13.448 13.680 Volume vendido (prodt. de aço) t mil 7.200 7.400 9.200 12.100 12.561 13.551 Financeiros Unidade Receita bruta de vendas R$ m 7.084 11.144 15.783 Receita líquida de vendas R$ m 19.597,0 21.245,0 93 Lucro (prejuízo) líquido R$ mm 551 821 3.341 3.268 Fonte: Relatórios Anuais 3.3.1. Evolução da Produção da Gerdau no período recente Através da tabela 3.3, percebe-se que a produção, entre 2000 e 2005, apresentou somente elevações. Além do crescimento da produção e das vendas, este fato também pode ser atribuído a constante aquisição de empresas, grande parte delas de pequeno porte. Os aços longos da empresa são produzidos em usinas distribuídas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Já os aços especiais, produtos com maior valor agregado, são fabricados pela Gerdau Aços Finos Piratini, localizada em Charqueadas (RS). Com a usina de Ouro Branco (MG) fica a produção de placas, blocos, tarugos, perfis estruturais e fio-máquina. Como já mencionado, os investimentos realizados ao longo dos anos em melhorias de produtividade, em aumentos de capacidade instalada e na aquisição de empresas e participações acionárias proporcionaram uma elevação dos níveis de produção da Gerdau, classificando-a entre as 13 maiores produtoras de aço bruto no mundo. O segmento de aços especiais teve desempenho bastante positivo durante o período. No Brasil, a Gerdau Aços Especiais Piratini direciona 80,0% de sua produção para a cadeia automotiva, produzindo aços com alto valor agregado, atendendo às necessidades específicas de cada cliente. A produção de aços longos conquistou avanços significativos em custos e qualidade, com destaque para o incremento dna produtividade dentro do conceito de tonelada/homem/ano. Em 2004, por exemplo, houve uma redução de mais de 20,0% na quantidade de barras perdidas no processo de laminação. Também foi obtido um expressivo aumento na utilização dos laminadores. Na área internacional, já no final de 2003, a Gerdau Ameristeel passou a trabalhar com mais uma meta na área de produção: reduzir os custos com energia, viabilizando economias da ordem de US$ 7 milhões por ano. Como conseqüência, já no ano seguinte, o consumo de energia elétrica nos fornos caiu 4,3% em relação a 2003, o que contribuiu para equilibrar a alta nos preços do insumo enfrentada durante o ano. As operações na América do Sul proporcionaram uma produção de 285,4 mil toneladas de aço bruto e de 338,3 mil toneladas de laminados, no ano de 2001. A preocupação com elevação da produtividade é uma das maiores marcas observadas nos relatórios anuais da empresa. A redução de custos, de perdas e da produtividade do trabalho são os principais focos observados. 94 Atualmente, o aço Gerdau é produzido tanto em em usinas market mills – que utilizam fornos elétricos, compram a maioria dos insumos e vendem seus produtos no mercado regional – e em usinas integradas, caracterizadas pela utilização de altos-fornos de elevada produção e pela proximidade com o minério de ferro. Tal estratégia ilustra uma busca por flexibilidade, proximidade aos mercados consumidores, um mix de produtos vendidos bastante heterogêneos (porém com ausência de aços planos) e reflete o conjunto de aquisições de distintas características realizadas nos últimos anos. O ano de 2003 marcou recorde na produção de aços do Grupo. Há cerca de duas décadas, o Grupo Gerdau levava um ano para produzir um milhão de toneladas de aço. Em março, pela primeira vez em sua história, alcançou a marca de um milhão de toneladas produzidas em apenas 30 dias. Cabe ressaltar que essas marcas vêm sendo melhoradas ao longo de 2004 e 2005. 3.3.2. Evolução das Vendas da Gerdau no período recente No período abordado, a Gerdau teve um aumento significativo em suas vendas, superando seus números a cada ano e melhorando sua inserção nos mercados. As vendas consolidadas do Grupo somaram 7,4 milhões de toneladas em 2001, 2,5% superior às de 2000. Desse total, 63,9% foram efetuados pelas unidades no Brasil (contemplando o mercado interno e as exportações) e 36,1% pelas unidades no exterior. A Gerdau S.A. e a Açominas consolidaram vendas de 4,7 milhões de toneladas,em 2001, apresentando um aumento de 2,7% em relação ao ano anterior. Desse montante, o mercado doméstico absorveu 3,6 milhões de toneladas, com crescimento de 3,1%, o que se deve ao aumento da participação na Açominas. A receita exportações, no ano de 2001, foi de R$ 464, totalizando 1,1 milhão de toneladas, 1,5% a mais que em 2000. Em 2002, vendas no mercado interno e as exportações superaram em 22% o volume comercializado em 2001, alcançando um total de 5,8 milhões de toneladas. O crescimento da agroindústria nacional contribuiu para a ampliação das vendas no País, as quais chegaram a 3,9 milhões de toneladas e demonstraram um crescimento de 6% sobre o ano anterior. No mesmo período, os embarques para o exterior atingiram a marca recorde de 1,9 milhões de toneladas, uma expansão de 77%, principalmente em decorrência da consolidação da siderúrgica Açominas. 2003 supera em 32,7% o volume comercializado no ano anterior e chega a 12,1 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos, devido a consolidação de novas unidades na América do Norte e a plena operação da usina de Ouro Branco (MG). 95 O mercado nacional, em 2004, absorveu 18,3 milhões de toneladas de aço, sendo que, desse total, 3,9 milhões de toneladas foram comercializadas pelo Grupo Gerdau – um aumento de 15,0% em relação ao ano anterior. Para reforçar o atendimento ao mercado interno, o Grupo Gerdau redirecionou parte do volume exportado a partir do Brasil. As vendas externas foram reduzidas em 14,4% em relação a 2003, totalizando 2,7 milhões de toneladas. Apesar da forte internacionalização, o Grupo também tem ampliado seus negócios por meio de exportações. Em 2002, estas foram responsáveis por 20,7% do volume das vendas, o que permitiu manter o nível de atividade da empresa e aumentar o fluxo de divisas para o País. Em 2003, houve uma ampliação significativa no portfolio de clientes chineses, com compras adicionais de 100 mil toneladas de placas especiais. No Uruguai, a Gerdau Laisa apresentou resultados positivos, durante o período. Somente em 2003, a empresas teve elevação de 43,4% nas vendas. A unidade ultrapassou a marca de 16 mil toneladas exportadas neste ano, volume quatro vezes maior que o do ano anterior. No esforço de agregar mais valor aos produtos, o Grupo Gerdau reforçou a atuação dos centros de corte e dobra de aço para construção civil, por meio da ampliação do número de unidades existentes no Brasil. Atualmente a Empresa possui 25 centros de corte e dobra de aço, enquanto que em 2004 contabilizava 20. Na América do Norte, no ano de 2001, as vendas somaram 2,3 milhões de toneladas, apesar da retração da demanda a partir de 11 de setembro. As exportações geraram uma receita de US$ 88,1 milhões. A Gerdau Ameristeel é a segunda maior produtora de vergalhões, de barras e de perfis, produtos destinados à construção civil e à indústria, que fazem parte do segmento de aços longos, o qual representa 81,3% do volume comercializado pela empresa. Os aços planos respondem por 13,1% das vendas e sua produção é realizada pela Gallatin Steel, localizada no Estado do Kentucky (EUA), empresa na qual a Gerdau Ameristeel possui 50% de participação no capital social. Na região, as unidades comercializaram, em 2003, juntas, 5,1 milhões de toneladas. A Gerdau Ameristeel beneficiou-se dos efeitos da expansão dos países EUA e Canadá, em 2004. A alta demanda por aço, combinada ao volume baixo de importações, levou a uma pressão sobre os estoques para atender ao mercado interno, com aumento nas margens durante a maior parte do ano. 96 Em 2005, a economia do Canadá evoluiu 2,9% e a dos Estados Unidos, 3,5%, em comparação com o ano anterior, repercutindo na melhoria dos níveis de emprego na região. No mesmo período, as vendas da Gerdau Ameristeel cresceram 18,7% em relação ao ano anterior, totalizando 6,4 milhões de toneladas. Houve, como já apontado, um grande esforço na redução de custos, os quais foram impactados pela alta do petróleo e pelos furacões. Na América do Norte, pelo expressivo volume de importação de aço, o trabalho de controle de custos é fundamental para a manutenção dos níveis de competitividade. As unidades da Argentina, do Chile e do Uruguai venderam, no ano de 2002, 351,8 mil toneladas de produtos siderúrgicos, o que representa 3,8% do total consolidado naquele ano. Cabe lembrar que estes resultados sofreram impactos do desempenho ruim das economias argentina e uruguaia. Ao longo do período, contudo, essas unidades da América Latina registraram acréscimo nas vendas, graças à expansão dos mercados domésticos. Em 2004, foram responsáveis pela comercialização de 520,4 mil toneladas de produtos siderúrgicos. Em 2005, por fim, as operações na Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai comercializaram 801,8 mil toneladas. Além de refletir a contínua expansão da economia na região, devem ser somadas a consolidação da Diaco e Sidelpa (Colômbia) e da Sipar (Argentina) - a partir do quarto trimestre. Cabe lembrar que estas unidades fornecem aço principalmente para o mercado interno dos países em que atuam. No que tange às empresas brasileiras, a Gerdau exportava entre 40% e 50% do total produzido no país, volume que oscila dependendo da demanda no mercado interno. A Açominas, em Ouro Branco (MG), e a Gerdau Cosigua, no Rio, são as unidades do grupo que mais exportam, sendo acompanhadas pela Usiba, planta do grupo na Bahia. A expansão prevista pelo grupo no Brasil nos próximos três ou quatro anos estará voltada, prioritariamente, para atender o mercado externo. O plano da Gerdau é expandir sua produção no país dos atuais 7 milhões de toneladas para mais de 10 milhões de toneladas por ano, a partir de 2007-2008 (Valor Econômico, 20 de dezembro de 2004). 3.3.3. Evolução dos Investimentos da Gerdau no período recente Os investimentos recentes estão divididos entre modernização do maquinário, incluindo reformas, mudanças em produtos, ampliação das empresas nacionais e, aquisições de empresas no exterior, elevando o grau de internacionalização. 97 Reconhecida pela política agressiva de aquisições em todo o continente americano, a Gerdau divulgou a estratégia responsável pela evolução dos patamares de produção, qualidade e produtividade da empresa: todos os anos o conglomerado aplica, em média, US$ 200 milhões na modernização de suas 23 usinas no Brasil e no exterior. O Grupo trabalha para reduzir custos, aumentar a eficiência e a produtividade e manter-se competitivo internacionalmente. Nos últimos dez anos, os programas de modernização e aumento de capacidade instalada executados pela Gerdau, que hoje opera num patamar de 12 milhões de toneladas anuais de aço, absorveram quase 65% dos investimentos totais no período. O valor global alcança US$ 3,1 bilhões e inclui ainda aquisições de empresas, projetos de preservação ambiental e qualidade (Valor Econômico, 28 de agosto de 2003). Em relação à modernização de seu maquinário, uma outra série de investimentos fora realizada, tal como a substituição do despoeiramento de cinco usinas Gerdau por novos equipamentos atualizados com tecnologia de última geração. Implantou um novo laminador de barras e fio-máquina, único na América Latina e um dos mais modernos do mundo. Também instalou um novo laminador de barras e fio-máquina de aços especiais na Aços Finos Piratini-RS . Os investimentos na modernização das plantas industriais, atualização de equipamentos para a preservação do meio ambiente e pesquisa tecnológica chegaram a US$ 167,8 milhões neste exercício. Na área de pesquisa, o Grupo Gerdau possui mais de 20 projetos com universidades para o desenvolvimento de tecnologias e diferenciais competitivos de seus produtos, redução da geração de resíduos e aprimoramento das aplicações desses resíduos em outros segmentos da economia. Realiza também contratos de transferência de know-how em gestão operacional e tecnologia de processos com diversas empresas no mundo. A Açominas concluiu, em 2001, sua reforma do alto-forno, que capacitou a usina para produzir três milhões de toneladas de aço, volume 25% superior em relação a 1997, quando o Grupo Gerdau passou a participar do capital social da siderúrgica. Também tiveram continuidade as obras do laminador de perfis estruturais I e H, que produz bitolas de 150 mm a 610 mm. O equipamento possui uma capacidade instalada de 440 mil toneladas e entrou em operação no início de 2002. Também foram realizados programas de atualização tecnológica voltados para atender à demanda nacional, com destaque para as usinas Gerdau Riograndense (RS), Gerdau Aços Finos Piratini (RS) e Gerdau Usiba (BA), sendo que as duas últimas terão 98 suas capacidades produtivas ampliadas. Dentre os investimentos, R$ 20 milhões foram direcionados para a atualização tecnológica do laminador 1 da usina Aços Finos Piratini, onde são produzidas barras médias e pesadas. Houve expansão da Cosigua-RJ, com uma série de investimentos para a complementação da sua linha de produtos. O programa incluiu a capacitação do lingotamento contínuo para ampliar a produção de tarugos de 130 X 130 mm para 160 X 160 mm, nova saída de bobinas de fio-máquina no laminador 2, adição de equipamentos na laminação 3 para a produção de perfis leves e instalação de um novo laminador de perfis pequenos. Para o segmento de aços planos, passou a oferecer o serviço de corte térmico – oxicorte, plasma e laser – nas unidades de Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR) e Recife (PE), fornecendo produtos com cortes de precisão, destinados principalmente para a indústria e para a construção metálica. Como ampliação da produção, um dos grandes investimentos da empresa foi a construção de uma siderúrgica no Estado de São Paulo com capacidade anual de produção de 1,1 milhão de toneladas de aço. Em São Caetano do Sul (SP), inaugurou sua maior unidade para beneficiamento de bobinas, a qual ocupa uma área de 44 mil metros quadrados. E instalou novas fábricas de treliças no Rio de Janeiro e na Bahia, com tecnologia pioneira em substituição às lajes pré-moldadas tradicionais. Houve instalação de novas unidades Armafer em Simões Filho-BA e em Fortaleza-CE, além da ampliação em Recife-PE. Em 2001, foi inaugurada a fábrica da Monteferro América Latina, sediada em Cotia (SP). E, com um investimento de US$ 18 milhões, assumiu uma nova usina, a Margusa, localizada em Bacabeira (MA). Também foram abertas duas novas filiais – Feira de Santana (BA) e Campos dos Goytacazes (RJ) –, totalizando 73 unidades que realizam a cobertura em todo o território nacional. No final de 2005 entrou em operação uma nova usina siderúrgica, a Gerdau São Paulo, cujo foco é o mercado da construção civil. A unidade possui condições para produzir até 900 mil toneladas de aço por ano e, ainda no segundo semestre de 2006, entrará em operação o laminador de vergalhões, o qual terá capacidade instalada de 600 mil toneladas anuais. A Comercial Gerdau, maior distribuidora de aços no Brasil, focou os investimentos de 2003 na abertura de novos centros de serviços e de filiais para melhor atender os seus clientes. Inaugurou três centros de corte e dobra de aços longos em Campo Grande (MS), em Cuiabá (MT) e em São Luís (MA), totalizando nove plantas localizadas em regiões estratégicas do País. 99 O Grupo Gerdau também assegurou posição estratégica na área de minério de ferro, com possibilidade de extração própria no futuro, ao adquirir ativos neste segmento. O negócio, no valor de US$ 30 milhões, garantiu o suprimento dessa matéria-prima no longo prazo. As reservas estão estimadas em aproximadamente 500 milhões de toneladas e pesquisas complementares estão sendo feitas para detalhar o efetivo potencial das minas, localizadas em Miguel Bournier, Várzea do Lopes e Gongo Soco, no Estado de Minas Gerais. No total, são 15 concessões em áreas que somam sete mil hectares. No primeiro semestre de 2002, ocorreu a reestruturação dos negócios na Argentina, que resultou na transformação da laminadora SIPSA, localizada na província de San Luis, em uma subsidiária integral da Sipar, onde o Grupo Gerdau possui 38,2% do capital social. A nova estrutura permite maximizar as oportunidades de negócios e potencializar os resultados das duas empresas. Com o aumento da participação societária na Açominas para 78,9% do capital social, o Grupo Gerdau passou a consolidar integralmente a produção da empresa, desde novembro do ano anterior. Neste mesmo ano , a capacidade de produção de ferro-gusa, outra matéria-prima siderúrgica, foi ampliada para 3,9 milhões de toneladas anuais. Como ampliação da produção, em 2003, a Gerdau anunciou a aquisição, por US$ 18 milhões, da Maranhão Gusa S.A. (Margusa), de Bacabeira, que irá ampliar de 230 mil para 430 mil toneladas/ano a capacidade de produção de ferro-gusa do grupo. A usina vai suprir as três siderúrgicas do grupo no Nordeste (Cearense, Açonorte e Usiba), que juntas consomem cerca de 80 mil toneladas. A maior parte irá abastecer suas siderúrgicas na América do Norte A Gerdau AZA, no Chile, colocou em operação um novo forno-panela na aciaria, equipamento que realiza o refino do aço a partir do ajuste da sua composição e da sua temperatura. Também modernizou o laminador de perfis para ampliar a linha de produtos e unificar o emprego de tarugos de 130 X 130 mm, além de otimizar os custos operacionais. No Uruguai, a Laisa instalou o sistema Thermex de resfriamento controlado de barras para aprimorar o nível de excelência dos laminados. A usina de Jacksonville (EUA) concluiu melhorias na saída do leito de resfriamento de barras e instalou equipamentos para melhorar a qualidade das bobinas. Os principais investimentos na unidade de West Tennessee foram a ampliação do sistema de águas de refrigeração da aciaria, novos equipamentos na laminação e a expansão do prédio de estoques. Inaugurou-se uma nova aciaria da usina de Knoxville, 100 no Tennessee, com capacidade anual de produção de 400 mil toneladas de aço. A MRM Steel instalou um novo sistema de descarepamento e está implantando um software para gerenciar a produção do laminador devido à multiplicidade da sua linha de produtos. Nos Estados Unidos, a Gerdau Ameristeel ampliou o fornecimento de produtos com maior valor agregado, a partir do primeiro trimestre de 2004. Assumiu os ativos da empresa Potter Form & Tie Co, líder no suprimento de vergalhões cortados e dobrados e outros materiais para a indústria de concreto armado há mais de 30 anos na região onde atua. Com esse investimento, a Gerdau Ameristeel agregou mais seis centros de serviços, em Belvidere, Urbana e Decatur (Illinois), Madison e Appleton (Wisconsin) e Eldridge (Iowa). Em relação aos investimentos realizados para aumentar a participação da Gerdau em muitas empresas, aplicou-se, somente em 2000, US$ 220,5 milhões em ativos imobilizados e US$ 39 milhões em participações acionárias na AmeriSteel, Sipsa e Sipar. A maior parte deste valor - US$ 35,6 milhões - foram utilizados para ampliar a participação na AmeriSteel, que cresceu de 75% para 85%. Nos Estados Unidos, o Grupo Gerdau arrematou, em leilão público, uma trefilaria da empresa Republic Technologies International LLC. Localizada em Cartersville, na Geórgia, a planta tem capacidade para processar 60 mil toneladas anuais de barras trefiladas redondas, quadradas, chatas e hexagonais destinadas à indústria metal-mecânica. (Valor Econômico, outubro de 2002). No segmento energético, assumiu o controle acionário da hidrelétrica Dona Francisca (RS), onde já detinha 21,8% do capital social. A decisão de ampliar a participação para 51,8% foi tomada após uma série de análises sobre as perspectivas econômicas de crescimento do negócio. O Grupo Gerdau também ampliou o atendimento à indústria ao assumir 80% de participação societária em uma nova unidade de transformação, a AmeriSteel Bright Bar, localizada em Orrville, Ohio. A planta industrial fornece barras chatas e quadradas trefiladas.penas 13,82% . O passo mais ousado na estratégia de posicionamento no ranking mundial de produção, exigiu desembolso total da ordem de R$ 1 bilhão, ao firmar acordo de aquisição da fatia de 24,8% do grupo NatSteel, de Cingapura, no capital da Açominas, siderúrgica mineira com usina em Ouro Branco. O negócio, acertado em R$ 508,9 milhões assegura ao Gerdau controle absoluto da Açominas, na qual já tinha, até dezembro, 38% do capital total e pouco mais de 25% no bloco de controle. A Gerdau formalizou a integração das suas operações com a Açominas em uma única companhia, 101 que passa a se chamar Gerdau Açominas. A Gerdau S.A. mantém-se como uma companhia aberta com ações nas bolsas de valores de São Paulo, Nova York e Madri, enquanto a Gerdau Açominas será responsável pelas operações siderúrgicas do grupo no país. Um dos principais avanços estratégicos do Grupo Gerdau foi a compra dos ativos siderúrgicos da North Star Steel, empresa da Cargill Incorporated, no valor de US$ 308 milhões. O investimento permitiu expandir a cobertura geográfica da Gerdau Ameristeel – companhia responsável pelas operações na América do Norte – em direção ao centro dos Estados Unidos. Aumentou em 26,2% a capacidade instalada na região, para 8,3 milhões de toneladas anuais de aço, e em 23,3% a de laminados, chegando a 7,6 milhões de toneladas, fornecendo mais produtos com maior valor agregado. Também adquiriu a processadora de sucata Fargo Iron and Metal Company, com sede em Fargo (Dakota do Norte) e a fabricante de vergalhões Callaway Building Products (Tennessee) (Valor Econômico, 6 de novembro de 2006). Em 2006, a Gerdau anunciou a compra de participação majoritária na jointventure formada entre as siderúrgicas Pacific Coast Steel e a Bay Area Reinforcing por US$ 104 milhões. A joint-venture opera quatro unidades de corte e dobra na Califórnia (em San Diego, San Bernardino, Fairfield e Napa) e tem capacidade instalada para produzir mais de 200 mil toneladas por ano (Valor Econômico, 19 de outubro de 2006). Quanto à internacionalização, o Grupo ampliou sua presença na América do Sul, ao avançar para mais um país: a Colômbia, ao firmar uma aliança estratégica para tornar-se acionista majoritário do Grupo Diaco, num processo de aquisição escalonada das participações do Grupo Mayagüez e da The Latinamerican Enterprise Steel Holding. A transação envolveu duas usinas siderúrgicas – uma produtora de perfis e vergalhões e outra de aços especiais –, três unidades de laminação e um centro de corte e dobra de aço. O investimento inicial nesse projeto foi de US$ 68,5 milhões (Valor Econômico, 17 de outubro de 2006). Grupo Gerdau também conquistou terreno em solo europeu, ao anunciar a aquisição de 40,0% do capital social da Corporación Sidenor S.A., principal produtora de aços longos especiais da Espanha. A empresa também está posicionada como uma das principais fabricantes de produtos forjados e fundidos de aço do país. Faz-se válido destacar, que o grupo espanhol, junto com a controlada brasileira Aços Villares, pode produzir 1,9 milhão de toneladas em aços longos comuns. E mais um passo no seu processo de consolidação no exterior foi dado em 2006, por meio da Sidenor, pois a 102 Gerdau anunciou um acordo preliminar com a Sociedad CIE Automotive para a compra de todo o capital social da sua subsidiária GSB Acero, que fabrica 200 mil toneladas anuais de aços especiais (Valor Econômico, 15 de setembro de 2006). Também em 2006, em relação à sua mudança patrimonial internacional, juntamente com sua estratégia de se consolidar na América Latina, fechando as portas de entrada para grupos estrangeiros, o grupo Gerdau comprou as ações da Siderperú, o que fez com que passasse a ter uma participação de 83,27 por cento da siderúrgica peruana. Também informou que está avaliando o processo de venda de 43% do capital da siderúrgica colombiana da Acerías Paz del Río (Valor Econômico, 15 de setembro de 2006). Nesse mesmo ano, a Gerdau está finalizando os acordos para comprar a segunda maior siderúrgica de aços longos da Argentina, a Aceros Bragado. O negócio, avaliado em US$ 150 milhões, dará à Gerdau 42% do mercado de aços longos e perfis, usados na construção civil. Com isso, praticamente toda a produção argentina desse tipo de aço passa para às mãos de estrangeiros. A Gerdau, que em 1998 comprou a Sipar Aceros, tinha 20% e com a aquisição da Bragado, fica com 42%. (Valor Econômico, 03 de novembro de 2006). O grupo tem uma definição preliminar sobre a escala de produção de um projeto para sua primeira siderúrgica de aços especiais na China. A unidade terá capacidade de produção instalada entre 500 mil e 1 milhão de toneladas por ano e será construída em parceria com uma empresa local, como determina a legislação do país. Para se ter uma idéia do quanto a Gerdau investiu no período, em 2002, os investimentos alcançaram US$ 463,8 milhões, dos quais 55,6% foram destinados à compra de participações acionárias e 44,4% à atualização tecnológica das unidades e em novos ativos imobilizados. Já em 2005, os investimentos globais alcançaram US$ 858 milhões, o que também significou 11,2% a mais que em 2004. O Brasil foi o destino de US$ 568,8 milhões, sendo que cerca de 40,0% (US$ 227,0 milhões) concentraram-se na ampliação da usina siderúrgica Gerdau Açominas (MG), projeto programado para ser concluído em 2007. A iniciativa aumentará a capacidade instalada da unidade, voltada principalmente para o mercado internacional, de 3 milhões de toneladas para 4,5 milhões de toneladas por ano. O Grupo Gerdau fez uma revisão de sue orçamento de investimentos de US$ 3,2 bilhões do triênio 2005-2007 para US$ 3,6 bilhões no período de 2006 a 2008. Deste total, US$ 2,3 bilhões serão destinados ao Brasil e os outros US$ 1,3 bilhão serão 103 aplicados nas operações da companhia no exterior. Em 2005, os investimentos do grupo somaram US$ 850 milhões, em que as ampliações e atualização tecnológica no Brasil, na América Norte e na América Latina responderam por US$ 731,6 bilhões, ou cerca de 85% de todos os aportes., sendo que para o Brasil foram destinados US$ 568,8 milhões. 3.3.4. Características gerais da trajetória recente da Gerdau Em linhas gerais a trajetória do Grupo tem se caracterizado pela elevação de sua participação no mercado através do incremento da produção de suas usinas, seja via investimentos, elevação de produtividade ou aquisições e incorporações. Sua estratégia de tornar-se um global player é evidente e é ilustrada pelos números do ranking mundial de produção: ao longo do período passou de 25a para 13a. Sua estratégia de internacionalização ativa, com ocupação diversificada de mercados disponíveis na América Latina, inclusive contendo entrada de outros estrangeiros, já havia se iniciado nos anos oitenta. Um exemplo disso foi a ofensiva da Gerdau na Argentina, Peru, Colômbia, Chile e Uruguai. Há rumores de que negocia com o grupo Villacero, do México, a compra da Sicartsa. Essa disposição por aquisições, dentro e fora do Brasil, levou o grupo a quase triplicar de tamanho desde 1999 - de 7,7 milhões de toneladas para 18,7 milhões no início deste ano. Naquele ano realizou uma de suas maiores aquisições: a americana Ameristeel. Neste ano, chegou também à Europa, com a aquisição de 40% da fabricante de aços especiais Sidenor. Em abril, comprou nova usina nos EUA, a Sheffield Steel. Com as recentes aquisições e os planos de expansão no Brasil, o grupo Gerdau tem projeções de aumento de capacidade de produção de 22 milhões de toneladas em 2008 (Valor econômico, novembro de 2006). O objetivo da internacionalização do grupo é crescer contando com o apoio do mercado de capitais, com uma lógica de produzir localmente para atender os mercados próximos de suas unidades. A aquisição de pequenas empresas, com produção específica, mescla-se com uma ampliação de produção em aços longos, onde a escala produtiva apresenta importância central. Além dos mercados das Américas, a Gerdau também analisa oportunidades de negócios na Ásia, em especial na China e na Índia, países com forte crescimento econômico e com boas perspectivas. Essa estratégia, porém, não exclui a continuidade do crescimento da Gerdau nas Américas, em particular nos Estados Unidos, mercado no qual a empresa tem se destacado (Valor Econômico, 25 de abril de 2006). 104 Com uma capacidade global de produção atual de 19,021 milhões de toneladas por ano, pela primeira vez vai produzir, em 2006, mais aço no exterior do que no Brasil. Isso será possível com o novo passo realizado pela internacionalização e já citado anteriormente: a compra da usina Sheffield Steel, de Oklahoma, no Sudoeste americano, uma das principais regiões consumidoras de produtos como vergalhões, barras e perfis de aço. Com a aquisição, a Gerdau passa a ter um capital investido de mais de US$ 1 bilhão na América do Norte e a controlar de 23% a 24% do mercado de aços longos na região - EUA e Canadá. 3.4. Arcelor Brasil A Arcelor Brasil S.A. – controlada pelo Grupo Arcelor – é a maior siderúrgica da América Latina, tanto em volume de vendas quanto em receita líquida, agrupando três das mais competitivas empresas do setor siderúrgico brasileiro – Belgo Siderurgia (incluindo Acindar, da Argentina), CST e Vega do Sul. A empresa foi constituída em dezembro de 2005, como resultado do processo de reestruturação societária de ativos do Grupo Arcelor no Brasil, que teve como base a holding Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (Belgo). Além desses ativos, a Arcelor passou a ser a maior acionista na Acesita, cujo grupo de controle se divide entre a Arcelor, com 90,66% do capital votante, e fundos de pensão nacionais (Previ Banerj, Postalis, Ciga e Real Grandeza), que juntos detêm outros 2,46%. Para se conseguir uma análise completa da estratégia do Grupo no Brasil, os relatórios anuais disponibilizados pela empresas Belgo Mineira, CST e Acesita serão estudados, no período de 2000 a 2005. Faz-se importante ressaltar que não foi encontrado nenhum relatório da Vega do Sul, a qual tem como acionistas o Grupo Arcelor (75%) e a CST (25%). A Veja do Sul está focada na produção de laminados a frio e de produtos galvanizados, sendo a maior cliente da CST no mercado interno, além de possuir uma moderna planta de decapagem, laminação a frio e galvanização. Iniciaremos essa parte do trabalho observando a Belgo Mineira, para depois examinarmos os dados da CST e Acesita. Em 2005, tanto a Belgo quanto a CST já não apresentam relatório porque a Arcelor Brasil o faz. Entretanto, a Acesita, que ainda não é totalmente do Grupo, disponibiliza em sua página dados sobre esse último período da série. Deste modo, o último relatório da Acestia será pesquisado, todavia se encerrará com a análise dos dados de 2005 da Arcelor Brasil, empresa objetivada no presente trabalho. 105 Além dos dados disponibilizados até 2005, informações do ano 2006 completaram a análise, juntamente com as projeções futuras das empresas. 3.4.1. Belgo Mineira -Belgo Mineira Belgo – Usina de Monlevade João Monlevade – MG Fio-máquina de qualidade Belgo – Usina de Vitória Vitória – ES Perfis, barras e vergalhões Belgo – Usina de Piracicaba Piracicaba – SP Vergalhões para construção civil Belgo – Trefilaria de Sabará Sabará – MG Trefilados para construção civil -Belgo-Mineira Participação Ind. Com. S.A. – Controlada BMP – Usina de Juiz de Fora Juiz de Fora – MG Vergalhões para construção civil e fio-máquina BMP – Trefilaria de Juiz de Fora Juiz de Fora – MG Trefilados industriais e construção civil -Itaúna Siderúrgica Ltda. – Controlada Belgo – Usina de Itaúna Itaúna – MG Vergalhões, barras e perfis leves -Acindar Indústria Argentina de Aceros S.A. – Coligada -Belgo Bekaert Arames S.A. – Controlada -BBA – Contagem Contagem – MG Trefilados industriais e agropecuária BBA – Sabará Sabará – MG Trefilados agropecuária BBA – Osasco Osasco – SP Trefilados industriais BBA – Hortolândia Hortolândia – SP Trefilados finos Jossan S.A. – Controlada Jossan Feira de Santana – BA Trefilados industriais e construção civil -Belgo-Mineira Bekaert Artefatos de Arames Ltda. – Controlada BMB – Vespasiano Vespasiano – MG Steel cord e hose wire BMB – Itaúna Itaúna – MG Steel cord e hose wire -“American Ropes Company“* – Coligada “ARCO” – WRI Canadá Cabos “ARCO” – Procables Peru Cabos “ARCO” – Cimaf Cabos Brasil – Osasco Cabos “ARCO” – Prodinsa Chile Cabos -Outras Atividades – Controladas CAF – Companhia Agrícola Florestal Santa Bárbara Ltda. 106 Belo Horizonte – MG Madeira e carvão vegetal ABEMEX – Acindar – Belgo-Mineira Exportação S.A. Rosário – Argentina Exportação de laminados e trefilados BMS – Belgo-Mineira Sistemas S.A. Belo Horizonte – MG Serviços / tecnologia de informação. BMF – Belgo-Mineira Fomento Mercantil Ltda. Belo Horizonte – MG Fomento mercantil Guilman-Amorim – Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim S.A. Antônio Dias – MG Geração de energia elétrica A Belgo-Mineira é uma das principais empresas do Brasil na produção de aços longos sob a forma de laminados e trefilados, além de controlar a Acindar - Industria Argentina de Aceros S.A.,a maior produtora de aços longos da Argentina. Na tabela 19 faltam algumas informações sobre os desempenhos operacionais e financeiros, assim a análise será mais embasada nos comentários dos relatórios anuais. Faz-se essencial ressaltar que muitos dos dados utilizados nesse estudo não foram encontrados nos sítios das empresas, assim, algumas lacunas podem ser identificadas ao longo da análise. Tabela 19. Indicadores de desempenho Belgo Mineira (2000-2005) Operacionais Produção de aço bruto Volume vendido (prodt. de aço) Número de empregados Produtividade Financeiros Receita bruta Receita líquida Lucro (prejuízo) líquido Fonte: Relatórios Anuais Unid. 103t 103t – t/h/a Unid. R$ mm R$ mm R$ mm 2000 2.571,1 2.473,9 7.549 786 2001 2.667,2 2.623,9 7.184 868 2002 2.826,8 3.368,2 2003 2.887,1 3.336,0 972 1.024 2.882 2.248 667,7 3.087 2.369 232,20 4.086 3.167 361,7 4.929 3.780 782 2004 4.155 8.581 3.780 782 3.4.1.1. Evolução da Produção da Belgo Mineira no período recente A Belgo, pelos dados fornecidos, conseguiu um aumento na sua produção ao longo do período. Contrariando a produção nacional em 2001, que teve redução de 4,1% sobre 2000, a produção da Belgo cresceu 3,7%. A produção de laminados longos da Empresa cresceu 8,1%, também mais que a produção doméstica. E assim, a produtividade média da empresa teve crescimento de 10,4% e alcançou 656 toneladas/homem/ano, ou seja, 19,3% superior à média nacional. 107 Em 2002, as usinas produziram próximo de sua capacidade instalada, com exceção da Usina de Vitória que teve uma parada programada em agosto para a implementação de novo sistema de despoeiramento. 3.4.1.2. Evolução das Vendas da Belgo Mineira no período recente A prioridade da empresa é o atendimento ao mercado interno. Todavia, o mercado externo, conquistado nestes últimos anos, especialmente no segmento de steel cord, também é estratégico, sendo que a empresa quer ampliá-lo com outros produtos de maior valor agregado Pela tabela 3.4, as vendas sofreram elevação em toda a série estudada. No ano de 2001, as vendas no mercado interno superaram as do ano anterior em 8,6% e as exportações cresceram 2,6%, apesar da queda de 6,1% do setor de longos. Convém ressaltar que o bom desempenho das vendas no mercado interno decorreu da demanda firme nos setores de construção civil e de geração e transmissão de energia. As Vendas no mercado externo foram 424,1 mil toneladas em 2002. Os impactos das medidas protecionistas do mercado internacional foram quase, já em 2003 as empresas Belgo alcançaram um recorde histórico nas suas exportações que responderam por 31,8% das vendas totais do Setor de Siderurgia, ou seja, as exportações da Belgo cresceram 48% em volume e 77,6% em valor em relação ao ano anterior. 3.4.1.3. Evolução dos Investimentos da Belgo Mineira no período recente Os dados sobre investimentos foram os mais disponibilizados pela empresa, assim, poderemos nos aprofundar um pouco mais sobre as estratégias de gastos adotadas nesse período. O plano plurianual das Empresas Belgo previu investimentos no valor de R$ 719 milhões no período de 2001 a 2005. Entre 2001 e 2002 R$ 333 milhões daquele valor foi gasto. Deste modo, em 2001 houve um novo plano de investimentos, no valor de R$ 640 milhões, para o período 2001/2004, dos quais R$ 139 milhões já foram desembolsados em 2001. Para o período de 2004 a 2007, foi apresentado outro plano plurianual, com o valor de R$ 1.375 milhões. Isso demonstra o quanto a Belgo está aumentando seus investimentos no período. No ano de 2002, alguns produtos para a área industrial foram lançados, tais como o arame temperado para embreagem de carro, o arame em banda colada para grampeação e o arame laminado para aplicação na indústria petrolífera. Nos investimentos de mudança de produtos, ocorreu, com as condições técnicas da Usina de Monlevade para produção de aços de qualidade, inclusive baixa liga, a 108 entrada da Belgo em um novo mercado de barras trefiladas para indústria automotiva e de equipamento elétrico. Assim, iniciou-se a produção de treliças armadas e incrementou-se a capacidade de produção de telas soldadas, de fibras metálicas para pisos (Dramix) e cordoalhas plastificadas e engraxadas para estruturas de concreto. A linha de produtos foi ampliada com oferta de maior número de bitolas para os segmentos de construção mecânica e serralheria. Na construção mecânica, destaca-se o lançamento de produtos para forjaria, petróleo e máquinas agrícolas e, na linha de usinagem, dos “aços ao chumbo”. Nos investimentos de ampliação de plantas, a Belgo Bekaert Arames S.A.,a BBA, deu início à operação de sua nova unidade industrial de produção de telas para cercamentos urbanos, localizada em Contagem/MG, no ano de 2001. Modernizando seus processos, a BMS – Belgo-Mineira Sistemas colocou em operação o portal de compras SUPERBUY, um marketplace eletrônico para as empresas Belgo, que permite a realização de compras através de cotações e leilões eletrônicos. Na área de comercialização, os investimentos objetivam a implantação da Rede Belgo de Distribuição, o crescimento do sistema Belgo Pronto e a instalação de uma unidade de produção de telas e treliças em São Paulo. Desse total, investiremos 45% em projetos de expansão da capacidade de laminação, em linha com o crescimento da demanda prevista nos próximos anos; 5% na manutenção da capacidade produtiva atual; 28% em melhorias operacionais, como redução de custos, aumento da produtividade, melhoria da qualidade e rendimento; 11% em melhorias ambientais; 10% em melhorias mercadológicas, com a criação e ampliação de unidades comerciais para reduzir os impostos em cascata, melhorar a oferta e ampliar nossa fatia de mercado pela comercialização de novos produtos de maior valor agregado; e 1% em tecnologia da informação. A modernização do maquinário ocorreu a modernização do laminador de perfis leves em Vitória. Está sendo acrescida uma linha para trefilar fio-máquina em barras redondas, quadradas e hexagonais em Sabará. Na área de metálicos, os investimentos concentram-se em logística, para expandir a rede de captação e processamento de sucata, mediante a aquisição de instalações e equipamentos. Desde 2002, uma micropelotização de minério de ferro na Mina do Andrade, no valor de US$ 20 milhões, está em operação, com a finalidade de proporcionar auto-suficiência no suprimento de minério de ferro para a Usina de Monlevade. Já em 2003, R$ 97,2 milhões aplicados nas unidades em manutenção da 109 capacidade produtiva, redução de custos, reposição de equipamentos, tecnologia da informação, infra-estrutura, ampliação da rede comercial e de captação e processamento de sucata. No ano seguinte, com investimentos de R$ 38 milhões, foi concluída a modernização do laminador de barras da Usina de Vitória, ampliando a capacidade de 170.000 t/a para 250.000 t/a. Os investimentos em aquisições de capitais ocorreram ao longo do período. Através da Belgo-Mineira Uruguay – BMU, a Belgo adquiriu 20,4% do capital social da Acindar, pelo valor de US$ 85 milhões, e subscreveu US$ 46 milhões de obrigações negociáveis e conversíveis em ações. No ano de 2003 formalizou o aviso de exercício de opção de compra de ações da Mendes Júnior Siderurgia S.A. a BMP se tornará acionista majoritária da Mendes Júnior Siderurgia S.A. No mesmo ano, a BMP Siderurgia S.A. (BMPS) incorporou a operação da Usina de Juiz de Fora e assumiu as Usinas de Vitória e Piracicaba, que representam todo o segmento da construção civil, bem como a comercialização efetuada pelos Centros de Distribuição e Depósitos. 3.4.2. CST A empresa está localizada na região da Grande Vitória (ES) e, é servida por uma bem aparelhada malha rodo-ferroviário: Estrada de Ferro Vitória-Minas e Ferrovia Centro - Atlântica (antiga Rede Ferroviária Federal) e Rodovias BRs - 101 / 262, em que se destaca o porto de Praia Mole. Cabe lembrar que sua privatização ocorreu em 1992. Enquanto a Vale deixa a CST, na qual entrou na privatização, em 1992, a Arcelor firma sua posição no mercado brasileiro, onde chegou em 1998 e vem abrindo forte disputa pela liderança na produção com Usiminas/Cosipa, Gerdau e Cia. Siderúrgica Nacional (CSN). Com o negócio, passará a dominar 64,72% do capital votante e 61,77% do total da siderúrgica capixaba, dona de 15% do mercado mundial de placas A localização estratégica, a auto-suficiência em energia elétrica e a utilização de equipamentos de última geração asseguram à CST a posição de fornecedora preferencial de semi-acabados de aço de qualidade para a exigente indústria automotiva. A empresa também atende às indústrias de eletrodomésticos, naval, construção civil e fornece laminados a quente largamente utilizados na indústria em geral, também ostenta uma posição de liderança no mercado internacional de placas e já se posiciona como um fornecedor diferenciado no mercado interno de laminados a quente, no qual passou a competirem 2002. A CST, desde 2002, tornou-se também uma competidora no mercado interno de aços laminados. Primeiro com bobinas a quente, para indústria de autopeças e tubos. 110 Desde o ano passado, com material para indústria automotiva, de linha branca e para a construção civil (laminados a frio e aços galvanizados) por meio da coligada Vega do Sul, de Santa Catarina. A CST detém 25% do capital dessa empresa; a Arcelor controle (75%). Tabela 20. Indicadores de desempenho CST Indicadores de Desempenho 2000 a 2004 Operacionais Unid. 2000 2001 2002 2003 2004 Produção de aço líquido t mil 4.848,00 4.893,00 5.021,00 4.932,00 5.093,00 Volume vendido (prodt. de aço) t mil 4.742 4.722 4733 4.161 5.828 Financeiros Unid. Lucro (prejuízo) líquido R$ mm 0,158.853 -0,070 0,014 1.386 2.494 Fonte: Relatórios Anuais 3.4.2.1. Evolução da Produção da CST no período recente A produção de aço Bruto da CST teve um período com resultados positivos, segundo a tabela 3.4 indica. Em 2001,com dois altos-fornos em operação e uma moderna aciaria, a produção de aço líquido atingiu 4,89 milhões de toneladas. Os índices de produtividade mantiveram-se em patamares muito acima da média do setor: 1.387 toneladas de aço líquido por homem/ano na CST contra uma média de 468 toneladas de aço líquido por homem/ano do mercado brasileiro. No ano de 2003, destaque-se a performance da aciaria, que alcançou um ritmo de produção de 5,4 milhões de toneladas/ano de aço líquido, com o registro em três meses do ano de produção superior a 450 mil toneladas/mês. Também foi estabelecido o recorde mundial de produção diária, com o convertedor 1 realizando 49 “corridas”, vazando 15,4 mil toneladas de aço líquido. A consolidação do projeto de otimização da produção, que elevou a capacidade da CST para 5 milhões de toneladas por ano, ocorreu no ano de 2004, cuja produção anual de aço líquido foi recorde, totalizando 5.093 mil toneladas – contra 4.932 mil toneladas no ano anterior. Também foram recordes a produção de placas, que somou 4.936 mil toneladas (4.771 mil toneladas em 2003) e a produção de bobinas a quente, de 1.943 mil toneladas (1.192 mil toneladas em 2003). Houve, no período, a preservação da autosuficiência da CST em coque metalúrgico, com a unidade de Coqueria estabelecendo um novo recorde anual de 111 produção. Quanto ao minério de ferro, a unidade de Sinterização igualmente atendeu toda a demanda dos Altos-fornos, também estabelecendo um novo recorde anual de produção de sinter. Em 2004, a produtividade global na CST atingiu 1.238 toneladas de aço líquido por homem/ano – contra 1.215 no ano anterior. 3.4.2.2. Evolução das Vendas da CST no período recente A CST apresentou crescimento, na maioria do período, em suas vendas. No tocante às vendas diretas, a CST, tem optado por trabalhar com um número restrito de clientes, dentro de sua visão de relacionamentos estruturados de longo prazo. Assim, de uma seleção inicial de cerca de 70 potenciais compradores, a Companhia está focada, atualmente, numa carteira de, no máximo, 30 clientes, garantindo-se adequada distribuição por segmentos. Em 2001, manteve a posição de maior fornecedora mundial de placas de aço, detendo 20% desse mercado. As vendas corresponderam às previsões da Companhia e tiveram o volume de vendas foi de 4,722 milhões de toneladas, equilibrando com o volume de vendas registrado em 2000 (4,742 milhões de toneladas). Para a empresa isso indicou que a instabilidade no mercado internacional não influenciou demasiadamente sua performance nas vendas. Em 2003, a CST obteve uma receita liquida de vendas de R$ 3.729 milhões, com crescimento de 31% em relação a 2002. Essa performance reflete o maior preço médio realizado de placa (US$ 237/tonelada) desde 1997 e o quarto melhor da história da CST. Destaca-se, ainda, o crescimento das vendas de bobinas, produto de maior valor agregado. Com a mudança no mercado, advinda da participação da Ásia (China), o resultado bruto da Companhia foi influenciado, tanto do lado das receitas quanto do lado dos custos, na medida em que propiciou uma maior demanda de placas, mas também pressionou os preços dos principais insumos, principalmente o carvão, o minério e o gusa, assim houve aumento nos custos industriais. Além disso, contribuíram para a variação de 25% dos custos dos produtos vendidos em 2003 o efeito cambial decorrente de um dólar médio superior em 5% ao dólar médio de 2002, a maior utilização de sucata no processo produtivo, visando à otimização da produção, bem como o aumento da produção de bobinas a quente — produto este de maior valor agregado. O volume transacionado em 2004 pela CST nos mercados interno e externo, considerando placas e bobinas a quente, totalizou 4.850 mil toneladas – contra 4.800 112 mil toneladas em 2003. As vendas de placas, destinadas integralmente à exportação, situaram-se dentro do planejamento anual, com uma redução de 20% em relação a 2003, totalizando 2.949 mil toneladas ante 3.669 mil toneladas. Em contrapartida, as vendas de bobinas a quente cresceram 68% em relação ao ano anterior, totalizando 1.901 mil toneladas contra 1.131 mil toneladas. Do total de bobinas a quente comercializado em 2004, 1.407 mil toneladas atenderam ao mercado doméstico (74%) e 494 mil ao mercado externo (26%). Do total exportado no ano de 2004, 54% foram para a América Latina, 22% para a Ásia, 22% para a Europa e 2% para outras regiões. O foco no mercado regional é confirmado também pelo crescimento de 3%, em 2003, para 14%, em 2004, da participação da América Latina na distribuição das vendas totais – mercados interno e externo – das bobinas a quente da CST. 3.4.2.3. Evolução dos Investimentos da CST no período recente Em relação aos investimentos realizados no período, podemos dividi-los em modernização do maquinário, inovação de produtos, e novas aquisições patrimoniais. Como inovação de produtos, ocorreu a entrada, no mercado brasileiro e em alguns mercados internacionais, no fornecimento de bobinas a quente. Houve também a entrada em operação do Laminador de Tiras a Quente (LTQ). Essa diversificação trará maior flexibilidade e maior rentabilidade em relação aos negócios atuais, mas não significará uma mudança de foco estratégico, pois a Companhia continuará como uma das maiores produtoras e fornecedoras de semi-acabados de aço, na forma de placas e de bobinas a quente para o mercado mundial. Deste modo, ao projeto LTQ foram destinados US$ 450 milhões. Destacam-se, entre os investimentos diretos da CST, um terceiro alto-forno, com novo PCI (sistema de injeção de finos de carvão), um terceiro convertedor na aciaria, uma terceira máquina de lingotamento contínuo e uma segunda unidade de desgaseificação a vácuo do aço (RH), além de sistemas diversos nas áreas de utilidades e de apoio. No processo de enobrecimento contínuo do mix de produção de aço, merece destaque, em 2004, a implantação de novo equipamento na Aciaria, que permitirá à CST ampliar o atendimento ao mercado de tubos de grande diâmetro para a indústria do petróleo, o desenvolvimento e domínio dos processos dos aços com ultra baixo carbono para a indústria automobilística (peças expostas) e de aços de elevada limpidez para embalagens. É relevante registrar, ainda, no contexto da otimização da produção, a 113 consolidação, no ano, do projeto de recuperação do gás de Aciaria (LDG). O novo sistema implantado, além dos ganhos econômicos, traz expressivos benefícios ambientais pelo maior aproveitamento desse gás para a produção interna de energia elétrica Quanto aos investimentos em ampliação de patrimônio, foram aplicadoss US$ 61 milhões até 2003 na integralização de 25% do capital social da Vega do Sul, cuja unidade está sendo construída em São Francisco do Sul, Santa Catarina. O empreendimento, liderado pelo grupo Usinor (com 65% do capital), envolve investimentos totais de até US$ 488 milhões e contempla a implantação de uma linha de decapagem com capacidade de 900 mil toneladas/ano, um laminador a frio com capacidade de produção de 700 mil toneladas/ano, chegando a 1,2 milhão toneladas/ano quando estiver em operação plena, e de uma linha de galvanização com capacidade de 400 mil toneladas/ano de bobinas galvanizadas. Como ampliação da produção, a Companhia também estabeleceu uma filial no Estado de São Paulo, bem como promoveu algumas modificações na estrutura societária de suas controladas, constituindo duas novas subsidiárias. Houve, também, instalação de uma uma nova coqueria, instalada junto à usina pela norte-americana Sun Coke, com capacidade total de 1,5 milhão de toneladas de coque por ano, das quais cerca de 850 mil toneladas serão consumidas pela CST. Um destaque no projeto de expansão foi a nova fábrica de coque, cuja implantação foi iniciada junto à usina pela Sol Coqueria Tubarão S.A. (SOL),uma jointventure que tem a CST como acionista controlador e conta com participação da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira e da Sun Coal & Coke Company – SUN. Sua capacidade nominal será de 1,5 milhão de toneladas de coque por ano, das quais cerca de 850 mil toneladas serão consumidas pela CST. Um importante diferencial nesse projeto é a tecnologia heat recovery, que aproveita integralmente os gases oriundos do processo de queima do carvão mineral para a produção de energia elétrica. No caso da SOL, a geração será de 175 MW de energia bruta, dos quais a maior parte será disponibilizada para o mercado consumidor Outro investimento complementar relevante foi o terminal de barcaças oceânicas, que reduziu os custos logísticos de escoamento das bobinas de aço, criando conectividade com parceiros do mercado interno, sobretudo com a Vega do Sul. 3.4.3. Acesita 114 - Acesita Serviços, Comércio, Industria e Participações LTDA. (incorporou a Amorim Comercial em 2001) Comércio e prestação de serviços de corte e acabamento em produtos metalúrgicos em geral, administração de participações em empresas industriais, comerciais e em outras sociedades. - Inoxtubos S.A., produção e comercialização de tubos de aço inox com costura da série 3XX. -Acesita Argentina S.A., importação, exportação, distribuição e comercialização de aços especiais, principalmente no mercado argentino. -Acesita Energética LTDA., produção, processamento e comercialização de biomassa florestal para fins energéticos e industriais. -Acesita Centro de Serviços LTDA.., comercialização e prestação de serviços de corte e acabamento em produtos metalúrgicos em geral. -Acesita International LTD.., intermediação de operações comerciais e financeiras da Acesita no exterior. -Acesita Export and Trade LTD., intermediação de operações comerciais e financeiras da Acesita no exterior. A Acesita é líder de mercado em aços planos inoxidáveis e siliciosos e, está associada ao grupo Arcelor. A empresa foi privatizada em 1992 e, em setembro 1998, teve parte de seu controle adquirido pelo sócio estratégico Usinor, que em fevereiro de 2002 se uniria à Arbed e à Aceralia para formar a Arcelor, grupo que é, hoje, o segundo maior conglomerado siderúrgico mundial. Tabela 21. Indicadores de Desempenho Acesita Indicadores de Desempenho 2000-2005 Operacionais Unid. Produção de aço bruto t mil Volume vendido (prodt. de aço) t mil Número de empregados – Produtividade t/empregados Financeiros Unid. Receita bruta R$ mm Receita líquida R$ mm Lucro Líquido R$ mm Fonte: Relatórios Anuais 2000 2001 2002 2003 2004 2005 705,6 3.077 278,7 691,3 3.129 252,3 626,0 2.997 236,4 645,1 3.169 236,3 768,4 3.148 265 710 3.112 232,2 1.287,6 -181,8 1.312,4 -325,1 1.697,7 -302,9 2.280,7 235,1 3.162,8 3.109,1 680,2 588,9 3.4.3.1. Evolução da Produção da Acesita no período recente 115 A Acesita manteve, em 2002, posição de liderança no mercado brasileiro de aços inoxidáveis e siliciosos. A estratégia de concentração da produção da empresa nos aços inoxidáveis foi viabilizada pela conjunção de esforços comerciais e expressivos investimentos na planta industrial. A modernização da usina de Timóteo, concluída no início de 2002, gerou flexibilidade para o aumento da produção desses aços, de acordo com o crescimento da demanda interna e do programa de exportação. O aumento da produção de aços inoxidáveis, no período, se deu em detrimento dos volumes dos aços de menor valor agregado, aí incluído a descontinuidade da linha de barras, acontecida em junho. A prioridade dada aos aços inoxidáveis, portanto, acompanha a estratégia adotada pela Companhia de gerenciar os seus negócios pelas margens. Já em 2004, a empresa superou seus resultados históricos em todas as linhas de produção, além de ter alcançado índices de atendimento a pedidos de cliente superiores a 95% na entrega à expedição, o que a posiciona como benchmark da indústria do aço inoxidável. 3.4.3.2. Evolução das Vendas da Acesita no período recente A atuação da Acesita tem como estratégia abastecer os mercados que lhe são particularmente prioritários, dentre eles, e por ordem de importância, estão o Brasil, o Mercosul e os demais países latino-americanos. A relevância do mercado brasileiro pode ser medida, por exemplo, em 2004, por sua participação de 69,0% no volume total comercializado que representaram 64,0% de toda a receita líquida obtida no período No mercado doméstico, além das vendas diretas para grandes consumidores industriais, essa empresa controla a maior empresa de distribuição e venda ao varejo de inox do país, a Amorim. Em suas operações de exportação, atua em parceria com a Arcelor Stainless International - braço mundial de distribuição de aços inoxidáveis do grupo Arcelor. O aço inoxidável, produto de grande valor agregado, é hoje prioridade absoluta na estratégia comercial e na programação industrial da Acesita. Essa importância fica clara na análise de desempenho de vendas em 2002: responsável por 47,0% dos volumes vendidos, o inox respondeu por 70,4% da receita líquida da Acesita. As vendas totais da Acesita somaram 709,7 mil toneladas em 2005, o que representou um recuo de 58,7 mil toneladas, ou 7,6%, em relação ao ano anterior. Essa queda deveu-se a fatores conjunturais ligados à retração do mercado de aços inoxidáveis no Brasil e no mercado externo, pois com o mercado internacional em baixa e uma 116 conjuntura local pouco ativa, houve diminuição das vendas da Acesita de aços inoxidáveis em 6,6% na comparação com o exercício anterior, perfazendo 367,5 mil toneladas. Esses aços, que compõem a principal linha de produtos da Companhia, representaram 51,8% do volume total de vendas e 68,6% da receita líquida total. O comportamento de produção e vendas dos aços carbono/ligados foi influenciado mais pela lógica interna de produção da Acesita que pela demanda de mercado. Os aços carbono/ligados tiveram suas vendas reduzidas, em 4,6% no ano 2003, para 108 mil toneladas, em função do aumento da produção dos aços inoxidáveis e siliciosos. Mesmo assim, os aços carbono/ligados continuam cumprindo a importante função de manutenção dos volumes produzidos, garantindo o cumprimento dos planos de produção e gerando economia de escala para a Empresa. Por conterem ligas especiais, os aços carbono/ligados possuem alta resistência mecânica e são utilizados na fabricação de ferramentas de corte, cutelaria, implementos agrícolas, autopeças, entre outros. As vendas de 2005 desses aços caíram 21,4% em relação ao ano anterior, prejudicadas, principalmente, pela retração da demanda da indústria de ferramentas e implementos agrícolas em conseqüência da quebra de safra de grãos nas regiões Sul e Centro-Oeste do País. A participação desses aços na Receita Líquida total passou de 7,8% em 2004 para 6,6% no ano passado A empresa vendeu 136,6 mil toneladas de aços siliciosos de grão não-orientado (GNO), o que representou um crescimento de 17,2% na comparação com o ano anterior, no ano 2004. Os aços siliciosos GNO são aplicados basicamente na fabricação de equipamentos elétricos (motores, compressores e transformadores) em função de sua característica de baixa perda de energia. Entretanto, em 2005, as vendas dos aços de grão não orientado (GNO) sofreram os efeitos negativos da valorização do real frente ao dólar, apresentando queda de 4,9%, por ser, a indústria nacional de compressores, maior consumidora desse tipo de aço, francamente exportadora. Já os aços siliciosos de grão orientado (GO), um dos aços de maior complexidade da indústria siderúrgica, aplicados basicamente na fabricação de hidrogeradores, transformadores de força e equipamentos de transmissão de energia, apresentaram um substancial crescimento de vendas de 40,7% na comparação com o ano anterior, totalizando 33,7 mil toneladas vendidas. E, no ano 2005, foram favorecidos por uma excepcional demanda, tanto interna como externa, motivada por 117 uma série de investimentos em infra-estrutura de produção, transmissão e distribuição de energia acontecida principalmente nos países em desenvolvimento e asiáticos. Em 2002, a Acesita consolidou-se como empresa de atuação global, com a exportação de 23,4% do volume comercializado no ano, basicamente de aços inoxidáveis. As vendas externas possibilitaram aumento da produção e economia de escala nos aços especiais, imprimindo maior competitividade aos produtos Acesita mesmo nos mercados internacionais mais competitivos. Em termos de volume, o principal avanço nas exportações se deu na Ásia, principalmente na Tailândia. Neste país, a Acesita tornou-se fornecedora regular da Thainox, também do grupo Arcelor, relaminadora que abastece o mercado asiático. Com a parceria, a Acesita ganhou regularidade na exportação de semi-acabados e, consequentemente, economia de escala para atuar num dos mais competitivos mercados do mundo. Ainda em 2002, a Acesita aumentou sua participação nos mercados da Rússia, Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes e Egito), Vietnã e China, além de manter exportações regulares para os Estados Unidos, Canadá e México. Consolidou, ainda, a sua presença como principal fornecedor do mercado da América do Sul. O ano de 2003 marcou um grande salto de qualidade e quantidade nas exportações, porque, ao mesmo tempo em que cresceram os volumes, a receita e a participação das exportações no faturamento da empresa, melhoraram também as condições de colocação de produtos no mercado internacional. Novos mercados foram abertos e consolidaram-se as relações com grandes clientes. O crescimento dos volumes exportados foi de 59,7% na comparação com o ano anterior, somando um total de 251,1 mil toneladas embarcadas. Em volume, as exportações representaram 35% do total das vendas pela Empresa. No segmento de inoxidáveis, de cada 10 toneladas vendidas, seis foram exportadas. A receita líquida obtida com o comércio exterior foi de R$ 946,3 milhões, o que correspondeu a 41,5% do faturamento líquido da Acesita no ano. Houve registro de um volume substancial de vendas para regiões onde detinha pequena participação há três anos, como o Oriente Médio, a África e a Europa Oriental, onde foram firmadas parcerias comerciais importantes com Rússia, Egito, Turquia, África do Sul, entre outros. Dos grandes blocos comerciais mundiais sobre os quais a Acesita orienta sua política de comércio exterior, a Ásia mantém-se como o mais importante. Ao garantir espaço próprio junto às indústrias relaminadoras do Sudeste Asiático, com destaque para a Tailândia, a Empresa consolidou uma ponte para o gigante mercado chinês. Após 118 a Ásia seguem, em ordem de importância, a Europa Ocidental, a América Latina e o Nafta. O volume exportado em 2004 apresentou recuo de 5,1% em relação a 2003. Apesar da queda, a receita líquida gerada pelas exportações aumentou significativamente no período, atingindo R$ 1,137 bilhão, um crescimento de 20,2% na mesma comparação. Contribuíram para esse bom desempenho o aumento dos preços dos aços, verificado nos principais mercados globais, e também o reposicionamento da Acesita no mercado mundial de inoxidáveis. Diante da redução dos volumes destinados à exportação, a Companhia buscou priorizar os mercados para onde já vinha direcionando uma atenção diferenciada, como o Mercosul, os demais países da América Latina, os Estados Unidos e a Europa. Novas importantes rotas de exportação foram consolidadas em 2005, tais como os embarques para o Nafta (Estados Unidos, Canadá e México), Europa Central e Leste Europeu. 3.4.3.3.Evolução dos Investimentos da Acesita no período recente Os investimentos para a modernização do maquinário da siderúrgica totalizaram US$ 100 milhões entre 2001 e janeiro de 2002, com o objetivo de garantir o aumento da produção do inox em detrimento de produtos de menor valor agregado. Foram gastos R$ 95,0 milhões para aumento da capacidade da Laminação a Frio de Aços Elétricos, que passou de 200 mil toneladas/ano para 300 mil toneladas/ano, e R$ 35,0 milhões na ampliação dos serviços de transformação e distribuição dos aços inoxidáveis, incluindo a instalação de novo centro de serviços no Estado de São Paulo para ofertar, a partir de 2006, serviços diferenciados aos clientes Acesita. Os investimentos em 2004 totalizaram R$ 69,4 milhões, destinados basicamente à implantação do sistema eletrônico SAP. E, A entrada em operação do novo sistema de informações da Acesita (Projeto Alcançar) representou outro salto qualitativo dos modelos de gestão estratégica da Empresa em 2004. Mais do que um projeto de informática, com a adoção da tecnologia SAP, o Alcançar tem o objetivo fundamental de amparar os negócios e os modelos de gestão da Companhia. Aos investimentos de mudança de produtos podemos destacar o desenvolvimento de tecnologia para aplicação de aço inoxidável na fabricação de portas de refrigeradores e freezers (linha branca). A aplicação do inox no revestimento de eletrodomésticos foi viabilizada pelo desenvolvimento da tecnologia de envernizamento 119 de metais (anti-finger print), que elimina a marca de dedos nos produtos.Também foram desenvolvidos gabinetes de fogões e fornos domésticos em inox. Um novo aço foi desenvolvido pela Acesita para ser aplicado na fabricação de tubos, caldeiras e reservatórios de líquidos para usinas de açúcar. A resistência específica do aço 444 à corrosão faz com que ele substitua com vantagem os similares em aço carbono, impedindo a contaminação do açúcar por resíduos de ferrugem. O aço 444 também está sendo aplicado na fabricação de tonéis e reservatórios utilizados por pequenas fábricas de cachaça, em substituição à madeira e ao PVC. A aplicação do aço inoxidável no revestimento de edifícios, comum em alguns países, começa a ser disseminada também no Brasil. Em 2003, novas importantes construções foram inauguradas com fachadas e interiores revestidos em inox em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Recife e Belo Horizonte. A ampliação do uso do inox na construção civil é conseqüência do trabalho da Acesita de divulgação de informações técnicas sobre o uso do material entre arquitetos e empresas de engenharia. A Acesita é também parceira das empresas de montagem de estruturas no desenvolvimento de novos materiais e tecnologias de fixação. O novo aço inoxidável 316L, de grande resistência mecânica e à corrosão, começou a ser aplicado em 2003 na fabricação de vagões ferroviários. Os primeiros modelos produzidos estão sendo utilizados no transporte de fertilizantes fosfatados, produtos químicos e outros materiais corrosivos, atendendo às indústrias de papel e celulose e de fertilizantes. Quanto aos investimentos em aquisições, a Acesita S.A. incorporou, em2003, o acervo líquido proveniente da cisão parcial da Acesita Centros de Serviços. A incorporação foi realizada em função das atividades da Celqui – filial da Acesita Centros de Serviços focada em acabamento e prestação de serviços em inoxidáveis e carbono laminados a quente – estarem totalmente integradas ao fluxo industrial da Acesita S.A., não existindo justificativa técnica para a manutenção da mesma dentro de estrutura independente. Os custos da operação foram de natureza administrativa e não provocaram impactos relevantes, assim como o acervo líquido incorporado, avaliado a valor de mercado em R$ 1.000,00. A operação não gerou nenhum ganho ou perda na incorporação, bem como nenhuma alteração do número e da composição por espécie e classe de ações de emissão da Acesita S.A. Em 2004, a Ascipar Ltda., controlada pela Acesita S.A., adquiriu 70.000 ações representativas de 70% do capital social da Acesita Argentina S.A. pelo valor 120 equivalente a R$ 72 mil. A Ascipar, desde então, passou a deter 100% do capital social da Acesita Argentina S.A. O ano 2005 foi marcado por avanços significativos na gestão da Acesita, pois aconteceu a aquisição, pelo Grupo Arcelor, do comando acionário da Companhia através da compra das participações dos fundos de pensão. Com isso, a Acesita ampliou significativamente as possibilidades de sinergia com a U&A e a Saint-Chely, unidades produtoras de aços inoxidáveis e elétricos do Grupo Arcelor na Europa. E, ainda, com a Arcelor Stainless International, empresa responsável pela distribuição mundial de inox da Arcelor, e com as empresas controladas pela Arcelor Brasil (Companhia Siderúrgica de Tubarão, Belgo-Mineira e Vega do Sul). Deste modo, a Arcelor anunciou a conclusão da negociação para a compra de ações ordinárias da Acesita detidas pelos fundos de pensão Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) e Petros (Fundação Petrobrás de Seguridade Social) e, em janeiro de 2006, as detidas pela Sistel (Fundação Sistel de Seguridade Social). Com as operações, a Arcelor passou a deter o controle acionário da Acesita, com 75,75% do capital votante e 39,98% do capital total. A ampliação dos vínculos com a Arcelor permitirá à Acesita potencializar sua estratégia de crescimento na América Latina e em mercados estratégicos mundiais, principalmente através do aprofundamento das parcerias com a produtora de inox U&A e a responsável pela distribuição mundial de inox do grupo, a Arcelor Stainless International. Até 2010, a empresa pretende mudar o destino de suas exportações, ampliando sua presença nos países das Américas do Sul e Central e reduzindo gradativamente as vendas na Ásia. Quer também difundir o consumo interno de inox, que hoje é de 1,1 quilo por habitante, ou cerca de 180 mil toneladas (Valor Econômico, agosto de 2006). De acordo com projeções da Acesita, o mercado interno de inoxidáveis pode alcançar, até 2010, cerca de 270 mil toneladas. No restante da América do Sul, o consumo pode subir das 94 mil toneladas para 122 mil. Com isso, a empresa pretende fazer uma série de ajustes na sua linha de produção, sendo que a primeira fase do plano está orçada em R$ 90 milhões. Esses recursos serão usados para adaptar seus produtos às exigências do mercado sul-americano, cortar custos de produção em até 30% e melhorar a rede de distribuição e de prestação de serviços. Essas ações estão divididas em cinco eixos e deverão representar, entre 2007 e 2010, economias para empresa de R$ 364 milhões (Valor Econômico, 23 de agosto de 2006). 121 A Acesita também pretende estimular a utilização do aço inox nas cadeias industriais de segmentos como o da construção civil, transformadores e motores, eletroeletrônicos de linha branca e cutelaria. E, reduzir o uso de níquel na produção de inoxidáveis, por conta dos altos preços da commodity no mercado internacional. A siderúrgica, controlada pela Arcelor, vai investir ainda outros R$ 35 milhões na melhoria da sua rede de distribuição de aço inoxidável, com a abertura de um centro de serviços em São Paulo. Para o futuro, segundo Demael, a Acesita poderá abrir centros em países do Cone Sul. No total, a empresa investirá R$ 130 milhões entre 2006 e 2008 (Valor Econômico, 22 de julho de 2006). Uma de suas apostas para o futuro é aumentar a produção de aços siliciosos (usados principalmente na fabricação de grandes motores, hidrogeradores e geradores de alto porte). O tipo GO (grão orientado) irá de 50 mil para 60 mil toneladas ao ano na fábrica de Timóteo (MG). Para o GNO, está em curso uma expansão de 150 mil para 250 mil toneladas, suficiente para suprir o mercado até 2010 (Valor Econômico, 23 de agosto de 2006). A usina também deve passar por modificações para ampliar a largura máxima das chapas e reduzir espessura, uma exigência do mercado consumidor. Cerca de 35% das vendas na América do Sul (exceto Brasil) é desse tipo de material, que tem sido importado. Até 2009 a empresa espera alimentar seu segundo alto-forno com carvão vegetal no lugar de carvão mineral. Pretende também em 2007 converter de gás líquido para gás natural o sistema energético da usina. O contrato já foi assinado com a Gasmig(Valor Econômico, 23 de agosto de 2006). 3.4.4. Arcelor Brasil O Grupo - Acindar – Industria Argentina de Aceros, na Argentina, é a maior siderúrgica de aços longosdo país.Controlada da Belgo Siderurgia, que possui 72,7% do seu capital social. - Fábrica de Telas e Treliças, em São Paulo, junto ao município de Guarulhos. -Fábrica de Sabará, em Sabará, Minas Gerais. Produz barras destinadas à indústria automobilística, com alto nível de tecnologia, qualidade, produtividade e segurança. -BBA – Belgo Bekaert Arames, nos municípios de Contagem e Sabará, em Minas Gerais, e Osasco e Hortolândia, em São Paulo. Opera quatro trefilarias e fabrica 122 arames para aplicações industriais, de uso geral, para transmissão de energia, telecomunicações, soldas, agropecuária e para concreto protendido. -BMB – Belgo Bekaert Artefatos de Arame, nos municípios de Vespasiano e Itaúna, em Minas Gerais. Mantém duas trefilarias, produzindo steel cord (cordonéis de aço para reforço de pneus radiais) e hose wire (arame para reforço de mangueiras) a partir do fio-máquina fornecido pela usina de Monlevade. - BBN – Belgo Bekaert Nordeste, no município de Feira de Santana, na Bahia, produz pregos e arames para agropecuária. - Usina de Monlevade, em Minas Gerais é uma unidade siderúrgica integrada, a usina de Monlevade, é a única da América Latina a possuir instalações e qualidade de processo adequados para a produção de steel cord (cordonéis de aço para reforço de pneus radiais). -Usina de Juiz de Fora, em Minas Gerais, é uma minimill que trabalha com sucata e gusa e produz laminados longos de aço e trefilados. -Usina de Piracicaba - A usina de Piracicaba, em São Paulo, é uma minimill especializada na produção de vergalhões para a construção civil, utilizando sucata de aço como principal insumo em sua aciaria elétrica. -Usina Grande Vitória, em Cariacica (ES), é uma minimill que produz aços laminados, perfis leves e médios para construção mecânica, torres de transmissão de energia e telecomunicações. -Usina de Itaúna, em Minas Gerais, foi arrendada pela Itaúna Siderúrgica (controlada da Belgo Siderurgia). Faz barras e perfis, produzidos a partir de tarugos recebidos de outras unidades da empresa.. WRI – Wire Rope Industries Group - Opera quarto trefilarias, sendo uma no Brasil, no município de Osasco, em São Paulo (Cimaf Cabos), e três no exterior – Chile (Prodinsa), Peru (Procables) e Canadá (WRI). São especializadas na produção de cabos de aço para a indústria mecânica, elevadores, plataformas de petróleo e uso geral. A capacidade instalada de produção totaliza 50 mil toneladas/ano. - CST(área de negócios de aços planos). Usina – Unidade siderúrgica integrada, na divisa dos municípios de Vitória e Serra, na região metropolitana da Grande Vitória, no Espírito Santo. Especializada na produção de aços de maior valor agregado, ofertados ao mercado sob a forma de placas e de bobinas a quente. Seu laminador de tiras a quente utiliza a mais avançada tecnologia disponível, sendo a única 123 siderúrgica do país a dispor de coilbox na linha de laminação, um equipamento que contribui decisivamente para a qualidade final do produto. - CAF Santa Bárbara, nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Fornece madeira e carvão vegetal para produção de ferro-gusa, atendendo, direta e indiretamente, as unidades da Belgo. - Veja do sul, no município de São Francisco do Sul (SC), é uma unidade especializada na produção de laminados a frio e galvanizados - Usina Hidrelétrica Guilman-Amorim – Capacidade de geração de 140 MW de energia elétrica. Operada pela Cemig, atende parte expressiva das necessidades da usina de Monlevade. -BMS – Belgo-Mineira Sistemas, em Belo Horizonte (MG), é um centro de competência em soluções de tecnologia de informação e de processamento de dados. -BMF – Belgo-Mineira Fomento Mercantil, em Belo Horizonte (MG), atua no mercado de fomento mercantil, mantendo filiais e escritórios em várias partes do país. - Sol Coqueria, no município de Serra (ES), foi implantada ao lado da usina da CST. A Arcelor nasceu do propósito de integrar a experiência e o know-how das empresas Ardeb de Luxemburgo, Aceralia da Espanha e Usinor da França. Retrospectiva até 2001: Entrada da Usinor na CST e Acesita . E, Expansão geográfica com a aquisição da Acindar na Argentina 2002-2003: Criação do Grupo Arcelor na Europa, com consolidação de controle e ativos. Consolidação e aumento de participação na CST e Acindar, além da criação da Vega do Sul e, aquisição da Mendes Júnior Siderurgia. 2005: A Arcelor Brasil foi criada com a visão de sustentabilidade do Grupo Arcelor, exibindo os mais altos padrões de governança corporativa. Com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), posicionou-se, ao final de 2005, como a quarta empresa industrial de maior valor de mercado do país. Capacidade atual de produção de 11 milhões de toneladas por ano 25 unidades industriais para produção e/ou beneficiamento de aço Mais de 14 mil empregados. Em operação desde julho de 2003, tem capacidade para a produção de 800 mil toneladas/ano de aços laminados a frio e 500 mil toneladas/ano de galvanizados. Tabela 22. Indicadores de Desempenho Arcelor Brasil 124 Indicadores de Desempenho 2005 Operacionais Unidade 2005 Produção de aço bruto t mil 9.507 Volume vendido (produtos de aço) t mil 8.805 Número de empregados – 14.354 Produtividade operacional t/h/a Financeiros Unidade Receita bruta R$ mm Receita líquida R$ mm 13.341 Lucro (prejuízo) líquido R$ mm 3.254 Fonte: Relatório Anual 2005 3.4.4.1. Evolução da Produção da Arcelor em 2005 A área de negócio de aços longos da Arcelor Brasil tem como principais referências a Belgo Siderurgia, Acindar e Trefilarias Brasil, que formam um grupo de elevada rentabilidade, líder na produção de laminados, de produtos transformados e trefilados para as mais diversas aplicações. A Acindar, maior siderúrgica na área de aços longos da Argentina, possui uma capacidade instalada de produção de 1,4 milhão de toneladas de aço bruto/ano, com expansão, já em andamento, para 1,7 milhão de toneladas/ano. As Trefilarias Brasil, mediante parceria estratégica com o grupo Bekaert, da Bélgica, têm capacidade instalada de produção de 900 mil toneladas/ano de trefilados.Com as Trefilarias Brasil e as trefilarias da Acindar, o Grupo é líder na América do Sul na produção de arames para aplicações industriais e na agropecuária. A produção de aço bruto da área de negócio de aços longos no Brasil, mantevese praticamente estável, com ligeiro aumento de 0,7% em comparação a 2004, apesar da redução do nível de atividade econômica. Em laminados, o volume anual produzido foi 3,2% menor, em conseqüência, principalmente, da retração do mercado interno. Já na Argentina (Acindar), houve um acréscimo de 3,1% em comparação a 2004, na produção de aços longos, tendo atingido o nível recorde de produção de 1.384.860 toneladas. Em laminados, o volume anual produzido cresceu 12,2%, seguindo o ritmo de crescimento da atividade industrial do país e refletindo, também, a incorporação da laminadora Bonelli S.A., empresa adquirida pela Acindar em novembro de 2004. Na soma geral da área de negócio de aços longos da Arcelor Brasil, a produção de aço bruto aumentou 1,4% e a de laminados 1%, em comparação com 2004. 125 Na área de Trefilarias Brasil, a produção foi 7,8% inferior à de 2004, em conseqüência da retração do mercado interno, principalmente nos segmentos de agropecuária, galvanizados, máquinas agrícolas e eletrodomésticos. Além de recordes anuais de produção de coque, sinter e de geração de energia, entre outros, registrou-se, na CST, a marca histórica de produção acumulada de 70 milhões de toneladas de ferro-gusa no alto-forno 1, em operação desde a inauguração da usina, em novembro de 1983. Esse resultado confirma a excepcional performance da unidade, recordista mundial em volume produzido numa mesma “campanha” (tempo corrido de funcionamento, sem parada para reforma) e a tendência de vir a ser também o equipamento com maior vida útil em todo o mundo. Já a produção de bobinas a quente atingiu 2.341 mil toneladas, com aumento de 20% em relação a 2004, com a empresa cumprindo integralmente o planejamento de produção, em processo de evolução desde o start-up da unidade de laminação a quente (LTQ), em 2002. A CST continua concentrada na produção de laminados a quente e na diversificação da variedade de espessuras e características das bobinas a quente, ao mesmo tempo em que mantém o atendimento aos seus clientes de placas de maior valor agregado, principalmente na América do Norte e Ásia, fruto de relacionamentos comerciais de longo prazo. A produção de laminados a frio e de galvanizados, na Vega do Sul, apresentou um incremento de 30% em 2005, comparativamente a 2004. Esse crescimento decorreu, principalmente, do aumento da demanda e da participação dos produtos da Vega no mercado, bem como de uma forte melhoria dos processos industriais, que se mostraram mais constantes ao longo do ano. 3.4.3.2. Evolução das Vendas da Arcelor em 2005 O volume total comercializado pela área de negócio de aços longos, no Brasil, cresceu 3,5% em relação a 2004. As vendas físicas para o mercado interno apresentaram redução de 13,2%, como conseqüência da retração verificada principalmente nos segmentos da indústria e da construção civil. As exportações das unidades brasileiras, em contrapartida, cresceram 50,4% em comparação com o ano anterior, atingindo o volume recorde de 1.202 mil toneladas, refletindo o esforço para compensar a retração do mercado doméstico, com avanços notadamente nos mercados da América Central e da América do Sul. Na Argentina, esse volume comercializado nos aços longos, foi superior a 2004 em 5,2%. As vendas físicas para o mercado interno local, que representaram 79% do 126 volume total, cresceram 6,8% em relação ao ano anterior, devendo-se destacar a participação relevante do setor da construção civil.Essas vendas internas foram beneficiadas pelo crescimento da economia local, a um ritmo de 9%, com o país alcançando níveis de produção superiores aos de 1998, ano em que se havia registrado o nível máximo de atividade econômica. Na área de Trefilarias Brasil, o volume comercializado caiu 5,7% em comparação a 2004, registrando-se uma redução de 5,1% nas vendas internas (mercado brasileiro) e de 10,4% no total das exportações de trefilados da Arcelor Brasil, em conseqüência, principalmente, da retração verificada nos segmentos de agropecuária, galvanizados, máquinas agrícolas e eletrodomésticos. O volume comercializado de placas totalizou 2.255 mil toneladas, registrando-se uma redução de 24% em relação a 2004. Esse decréscimo deveu-se, principalmente, à estratégia da Companhia, que tem destinado anualmente uma parcela crescente desse produto semi-acabado para a produção própria de bobinas a quente, produto de maior valor agregado. A comercialização de placas no ano também foi afetada, parcialmente, pela redução no volume anual produzido e pelo congestionamento do porto de Praia Mole. Na parte de bobinas a quente, o volume comercializado totalizou 2.197 mil toneladas, com um aumento de 16% em relação a 2004. Desse total, cerca de 75% foram destinadas ao mercado interno (1,6 milhão de toneladas). Com esse resultado, a CST, já consolidada como um player de influência nesse segmento, ampliou ainda mais a sua participação de mercado, elevando-a de 20% para 26%. O crescimento da Arcelor Brasil nesse setor, via CST, decorre de uma soma de fatores, tais como a qualidade do produto, a estratégia comercial e a sua consistente imagem como fornecedora de classe mundial. Especificamente para a Vega do Sul, integralmente abastecida pela CST, os despachos de bobinas a quente totalizaram 687 mil toneladas em 2005, representando 31% do volume total comercializado no ano e cerca de 160 mil toneladas a mais do que em 2004. As vendas externas de bobinas a quente (25% do volume total comercializado) se concentraram nos mercados da Colômbia (27%), Chile (12%), Tailândia (11%), e China (11%). Destaque-se, no contexto das exportações de bobinas a quente, a abertura de novas perspectivas de vendas para o mercado norte-americano. O volume comercializado de laminados a frio e de galvanizados pela Vega do Sul, por sua vez, cresceu 35%, passando de 449 mil toneladas, em 2004, para 604 mil 127 toneladas. As vendas internas aumentaram 43%, enquanto as exportações recuaram 45%, devido a níveis de preços e câmbio menos favoráveis. As placas continuaram com suas vendas externas concentradas na carteira de clientes tradicionais e de longo prazo – historicamente, cerca de 97% do volume despachado, o que permite à CST manter-se como um dos líderes mundiais no fornecimento de semi-acabados. Quanto à destinação geográfica das vendas, manteve-se praticamente o mesmo perfil do ano anterior: América do Norte – 67%; Ásia – 32%; Europa – 1% 3.4.3.3. Evolução dos Investimentos da Arcelor em 2005 O volume total de investimentos na área de negócio de aços longos no Brasil atingiu R$ 243 milhões. Na área de modernização do maquinário, ocorreu a construção de dois altosfornos a carvão vegetal na unidade de Juiz de Fora, com capacidade de produção de 180 mil toneladas. Na usina de Grande Vitória foi concluída a instalação de um forno-panela, e, na usina de Monlevade investiu-se no aumento da capacidade de produção do trem de laminação TL-01 (incluindo transporte automático de rolos). Em 2005, foi declarado um “desenho do pólo de São Luís”, que prevê três usinas, com investimento total da ordem de US$ 11 bilhões até 2012. A idéia almeja a produção de placas (material semi-acabado para exportação), sendo que, essa expansão seria por meio da CST. Nos bastidores dos estudos de viabilidade, a informação é de que a Arcelor, quer a CST à frente da operação da usina por deter o expertise em fabricação de placas, sendo líder mundial nesse segmento. Na verdade, o que a Arcelor planeja é ter mais de uma usina de placas de aço no Brasil, além da CST, para suprir suas empresas na Europa e também exportar o produto para o mercado americano. Para o projeto, pode ter parceira com a Baosteel, ou não. A CST produz hoje 5 milhões de toneladas e está prestes a terminar as obras do terceiro alto-forno, que entrará em funcionamento em 2006. A produção saltará para 7,5 milhões de toneladas. (Valor econômico, 22 de março de 2005). Os investimentos da Arcelor Brasil na área de negócio de aços planos totalizaram R$ 1.949 milhões, equivalentes a aproximadamente US$ 820 milhões, tendo como grande destaque o projeto de aumento da capacidade instalada de produção da CST, de 5 para 7,5 milhões de toneladas por ano. Do total dos investimentos, cerca de 87% foram alocados nesse projeto, incluindo a construção da Sol Coqueria. Esses projetos representam investimentos totais da ordem de US$ 1,6 bilhão, sendo US$ 1 bilhão para a expansão da capacidade 128 instalada de produção e US$ 600 milhões para a implantação do projeto da nova coqueria-termelétrica. Para 2006, estimam-se desembolsos da ordem de US$ 700 milhões. Para ampliação da produção, em face da crescente demanda por seus produtos, nos mercados interno e externo, a Acindar, em Villa Constitución, fez um plano de investimentos no valor de US$ 100 milhões, que possibilitará o aumento da sua capacidade instalada de produção de aço de 1,4 milhão para 1,7 milhão de toneladas por ano e a otimização de suas instalações. Outros investimentos, no valor de US$ 45 milhões, estão sendo realizados nas demais unidades da Acindar, visando à obtenção de melhorias e à redução de custos. Os investimentos em aquisições foram realizados com a criação da Arcelor Brasil, aumentando a participação do Grupo Arcelor na Acesita para 75,7% do capital volante e 40% do capital total. Houve, também incorporação pela Belgo, da APSL ONPN e da AAB, controladoras da CST. O mais novo passo na estratégia de expansão da Arcelor Brasil é uma usina de placas em Ubú, no litoral do Espírito Santo, replicando a CST. Os estudos já estão curso e, dentro de nove meses, um acordo de intenções deve ser assinado com Vale do Rio Doce e Samarco. Faz–se válido destacar que a CST está pronta para quebrar a hegemonia da Usiminas no fornecimento de aço naval, pois almeja a megalicitação dos petroleiros da Transpetro, para a demanda de plataformas de petróleo. A empresa já iniciou a produção e tem contratada a entrega de 12 mil toneladas do produto até o fim de 2006. A iniciativa faz parte da estratégia da empresa de ampliar seu portfólio de produtos com maior valor agregado, oferecendo bobinas com diferenciais na espessura e na largura (Valor Econômico, 09 de outubro de 2006) A expansão da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e a inauguração de dois altos-fornos na Belgo Siderurgia vão aumentar a produção de resíduos industriais da Arcelor Brasil, controladora das duas empresas, em quase 1,5 milhão de toneladas anuais, a partir de 2007. Assim, a ampliação em 50% da capacidade de produção da CST, mais as inaugurações da Belgo, a Arcelor Brasil passará a produzir 5,2 milhões de toneladas anuais de co-produtos. Só a CST, que hoje produz 2,5 milhões de toneladas de resíduos por ano, vai aumentar o volume para 3,75 milhões de toneladas por ano (Valor Econômico,22 de setembro de 2006). A Acesita, fabricante de aços especiais controlada pela Arcelor, concluiu a compra da Cosinox, empresa de serviços de corte e dobra de aço. A aquisição e as 129 melhorias das instalações da fábrica, localizada em Campinas (SP), custaram R$ 35 milhões. A compra faz parte da nova estratégia da Acesita, que tem como meta ampliar sua atuação no mercado local e se manter competitiva no exterior, de acordo com o presidente da empresa, Jean-Philippe Demaël. Neste ano, a empresa fará investimentos da ordem de R$ 230 milhões. Além da compra da Cosinox, a Acesita desembolsará outros R$ 95 milhões para ampliar de 200 mil para 300 mil toneladas a produção anual de aços siliciosos, que são utilizados em equipamentos de energia elétrica. As obras ficarão prontas em meados do ano que vem. "Apostamos na retomada dos investimentos em energia elétrica a partir deste ano". Os restantes R$ 100 milhões serão aplicados em manutenção e melhorias na empresa em Timóteo (MG) (Valor Econômico,22 de julho de 2006). A siderúrgica Belgo-Mineira pretende futuramente duplicar sua usina de João Monlevade reduzindo os custos do projeto com a substituição de equipamentos produzidos na Europa por modelos chineses. Ao todo, a Arcelor pretende investir US$ 1,2 bilhão até 2012 em expansões nas unidades da Belgo no país (Valor Econômico, 17 de outubro de 2005) 3.4.4. Características gerais da trajetória recente da Arcelor Brasil A Arcelor foi criada em 2002 pela fusão das siderúrgicas européias Usinor, Aceralia e Arbed. O Grupo é um dos principais no mercado siderúrgico global, com faturamento anual superior a 30 bilhões de euros, ostentando a liderança nos seus principais mercados: automotivo, construção, eletrodomésticos, embalagens e indústria em geral. Em 2006, ocorreu a fusão da Mittal Steel com a Arcelor, produzindo a Arcelor Mittal, maior empresa siderúrgica do mundo, que será capaz de fabricar quase 120 milhões de toneladas por ano - cerca de 10% da produção siderúrgica mundial, tendo sua sede em Luxemburgo. Essa recente entrada do grupo europeu Arcelor no Brasil é de enorme relevância para a siderurgia brasileira. Englobando uma produtora de aços planos (Cia. Siderúrgica de Tubarão), uma produtora de aços longos (Belgo-Mineira) e uma produtora de aços especiais (Acesita), o grupo reproduz no desenho doméstico sua estrutura no exterior. Assim, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (Belgo) – holding das empresas Belgo – foi escolhida como veículo societário para concentrar as participações do grupo no Brasil. Com o estudo, percebe-se a internacionalização passiva pela qual as empresa brasileiras sofreram, pois estavam dentro da estratégia de expansão da empresa 130 luxemburguesa, que em 2006, deu seu grande passo para consolidar-se no setor, ao fundir-se com a Mittal Steel. O grupo siderúrgico europeu Arcelor pretende elevar nos próximos cinco anos a produção de aço na América Latina, e o foco será a Arcelor Brasil, que passará dos 11 milhões de toneladas anuais para 20 milhões --um aumento de 80% (Valor Econômico, março de 2003). A ampliação deverá ocorrer nas instalações da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) e da Belgo Siderurgia (antiga Belgo Mineira), dedicadas à fabricação de produtos planos e longos, respectivamente. 131 Anexo IV. CÓDIGO NCM DESCRIÇÃO II - FERRO E AÇOS NÃO LIGADOS 72.06 7206.10.00 7206.90.00 72.07 7207.1 7207.11 7207.11.10 7207.11.90 7207.12.00 7207.19.00 7207.20.00 72.08 7208.10.00 7208.2 7208.25.00 7208.26 7208.26.10 7208.26.90 7208.27 7208.27.10 7208.27.90 7208.3 7208.36 7208.36.10 7208.36.90 7208.37.00 7208.38 7208.38.10 7208.38.90 7208.39 7208.39.10 7208.39.90 7208.40.00 7208.5 7208.51.00 FERRO E AÇOS NÃO LIGADOS, EM LINGOTES OU OUTRAS FORMAS PRIMÁRIAS, EXCETO O FERRO DA POSIÇÃO 72.03 Lingotes Outros PRODUTOS SEMIMANUFATURADOS, DE FERRO OU AÇOS NÃO LIGADOS Contendo, em peso, menos de 0,25% de carbono De seção transversal quadrada ou retangular e com largura inferior a duas vezes a espessura “Billets” Outros Outros, de seção transversal retangular Outros Contendo, em peso, 0,25% ou mais de carbono PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE FERRO OU AÇO NÃO LIGADOS, DE LARGURA IGUAL OU SUPERIOR A 600mm, LAMINADOS À QUENTE, NÃO FOLHEADOS OU CHAPEADOS, NEM REVESTIDOS Em rolos, simplesmente laminados a quente, apresentando motivos em relevo Outros, em rolos, simplesmente laminados a quente, decapados De espessura igual ou superior a 4,75mm De espessura igual ou superior a 3mm mas inferior a 4,75mm Com um limite mínimo de elasticidade de 355MPa Outro De espessura inferior a 3mm Com um limite mínimo de elasticidade de 275MPa Outros Outros, em rolos, simplesmente laminados a quente De espessura superior a 10mm Com um limite mínimo de elasticidade de 355MPa Outros De espessura igual ou superior a 4,75mm mas não superior a 10mm De espessura igual ou superior a 3mm mas inferior a 4,75mm Com um limite mínimo de elasticidade de 355MPa Outros De espessura inferior a 3mm Com um limite mínimo de elasticidade de 275MPa Outros Não enrolados, simplesmente laminados a quente, apresentando motivos em relevo Outros, não enrolados, simplesmente laminados a quente De espessura superior a 10mm 132 7208.52.00 7208.53.00 7208.54.00 7208.90.00 De espessura igual ou superior a 4,75mm mas não superior a 10mm De espessura igual ou superior a 3mm mas inferior a 4,75mm De espessura inferior a 3mm Outros 72.09 PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE FERRO E AÇOS NÃO LIGADOS, DE LARGURA IGUAL OU SUPERIOR A 600mm, LAMINADOS A FRIO, NÃO FOLHEADOS OU CHAPEADOS, NEM REVESTIDOS. Em rolos, simplesmente laminados a frio De espessura igual ou superior a 3mm De espessura superior a 1mm mas inferior a 3mm De espessura igual ou superior a 0,5mm mas não superior a 1mm De espessura inferior a 0,5mm Não enrolados, simplesmente laminados a frio De espessura igual ou superior a 3mm De espessura superior a 1mm mas inferior a 3mm De espessura igual ou superior a 0,5mm mas não superior a 1mm De espessura inferior a 0,5mm Outros 7209.1 7209.15.00 7209.16.00 7209.17.00 7209.18.00 7209.2 7209.25.00 7209.26.00 7209.27.00 7209.28.00 7209.90.00 72.10 7210.1 7210.11.00 7210.12.00 7210.20.00 7210.30 7210.30.10 7210.30.90 7210.4 7210.41 7210.41.10 7210.41.90 7210.49 7210.49.10 7210.49.90 7210.50.00 7210.6 7210.61.00 7210.69 7210.69.1 7210.69.11 7210.69.19 7210.69.90 7210.70 7210.70.10 7210.70.20 PRODUTOS LAMINADOS PLANOS. DE FERRO OU AÇO NÃO LIGADOS, DE LARGURA IGUAL OU SUPERIOR A 600 MM, FOLHEADOS OU CHAPEADOS, OU REVESTIDOS Estanhados De espessura igual ou superior a 0,5mm De espessura inferior a 0,5mm Revestidos de chumbo, incluídos os revestidos de uma liga de chumbo- estanho Galvanizados eletroliticamente De espessura inferior a 4,75mm Outros Galvanizados por outro processo Ondulados De espessura inferior a 4,75mm Outros Outros De espessura inferior a 4,75mm Outros Revestidos de óxido de cromo, ou de cromo e óxido de cromo Revestidos de alumínio Revestidos de ligas de alumínio-zinco Outros Revestidos de ligas de alumínio-silício Com peso superior ou igual a 120g/m2 e com conteúdo de silício superior ou igual a 5% porém inferior ou igual a 11%, em peso Outros Outros Pintados, envernizados ou revestidos de plásticos Pintados ou envernizados Revestidos de plásticos 133 7210.90.00 Outros 72.11 PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE FERRO OU AÇO NÃO LIGADOS, DE LARGURA INFERIOR A 600mm, NÃO FOLHEADOS OU CHAPEADOS, NEM REVESTIDOS Simplesmente laminados a quente Laminados nas quatro faces ou em caixa fechada, de largura superior a 150mm e de espessura igual ou superior a 4mm, não enrolados e não apresentando motivos em relevo Outros, de espessura igual ou superior a 4,75mm Outros Simplesmente laminados a frio Contendo, em peso, menos de 0,25% de carbono Outros Com um teor de carbono superior ou igual a 0,25%, mas inferior a 0,6%, em peso Com um teor de carbono superior ou igual a 0,6%, em peso Outros Com um teor de carbono superior ou igual a 0,6%, em peso Outros 7211.1 7211.13.00 7211.14.00 7211.19.00 7211.2 7211.23.00 7211.29 7211.29.10 7211.29.20 7211.90 7211.90.10 7211.90.90 72.12 7212.10.00 7212.20 7212.20.10 7212.20.90 7212.30.00 7212.40 7212.40.10 7212.40.20 7212.50 7212.50.10 7212.50.90 7212.60.00 PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE FERRO OU AÇO NÃO LIGADOS, DE LARGURA INFERIOR A 600mm, FOLHEADOS OU CHAPEADOS, OU REVESTIDOS Estanhados Galvanizados eletroliticamente De espessura inferior a 4,75mm Outros Galvanizados por outro processo Pintados, envernizados ou revestidos de plásticos Pintados ou envernizados Revestidos de plásticos Revestidos de outras matérias Com camada de bronze (cobre-estanho) e revestimento misto metal-plástico Outros Folheados ou chapeados 72.13 7213.10.00 7213.20.00 7213.9 7213.91 7213.91.10 7213.91.90 7213.99 7213.99.10 FIO-MÁQUINA DE FERRO OU AÇOS NÃO LIGADOS Dentados, com nervuras, sulcos ou relevos, obtidos durante a laminagem Outros, de aços para tornear Outros De seção circular de diâmetro inferior a 14mm Com um teor de carbono superior ou igual a 0,6%, em peso Outros Outros Com um teor de carbono superior ou igual a 0,6%, em peso 7213.99.90 Outros 72.14 BARRAS DE FERRO OU AÇOS NÃO LIGADOS, SIMPLESMENTE 134 FORJADAS, LAMINADAS, ESTIRADAS OU EXTRUDADAS, A QUENTE, INCLUINDO AS QUE TENHAM SIDO SUBMETIDAS A TORÇÃO PÓSLAMINAGEM 7214.10 7214.10.10 7214.10.90 7214.20.00 7214.30.00 7214.9 7214.91.00 7214.99 7214.99.10 7214.99.90 Forjadas Com um teor de carbono inferior ou igual a 0,6%, em peso Outras Dentadas, com nervuras, sulcos ou relevos, obtidos durante a laminagem, ou torcidas após a laminagem Outras, de aços para tornear Outras De seção transversal retangular Outras De seção circular Outras 72.15 7215.10.00 7215.50.00 7215.90 7215.90.10 7215.90.90 OUTRAS BARRAS DE FERRO OU AÇOS NÃO LIGADOS De aços para tornear, simplesmente obtidas ou completamente acabadas a frio Outras, simplesmente obtidas ou completamente acabadas a frio Outras Com um teor de carbono inferior ou igual a 0,6%, em peso Outras 72.16 7216.10.00 PERFIS DE FERRO OU AÇOS NÃO LIGADOS Perfis em U, I ou H, simplesmente laminados, estirados ou extrudados, a quente, de altura inferior a 80mm Perfis em ou T, simplesmente laminados, estirados ou extrudados, a quente, de altura inferior a 80mm Perfis em L Perfis em T Perfis em U, I ou H, simplesmente laminados, estirados ou extrudados, a quente, de altura igual ou superior a 80mm Perfis em U Perfis em I Perfis em H Perfis em L ou T, simplesmente laminados, estirados ou extrudados, a quente, de altura igual ou superior a 80mm De altura inferior ou igual a 200mm Outros Outros perfis, simplesmente laminados, estirados ou extrudados, a quente Perfis simplesmente obtidos ou completamente acabados a frio Obtidos de produtos laminados planos De altura inferior a 80mm Outros Outros De altura inferior a 80mm Outros Outros Obtidos ou completamente acabados a frio a partir de produtos laminados planos 7216.2 7216.21.00 7216.22.00 7216.3 7216.31.00 7216.32.00 7216.33.00 7216.40 7216.40.10 7216.40.90 7216.50.00 7216.6 7216.61 7216.61.10 7216.61.90 7216.69 7216.69.10 7216.69.90 7216.9 7216.91.00 135 7216.99.00 Outros 72.17 7217.10 7217.10.1 7217.10.11 FIOS DE FERRO OU AÇOS NÃO LIGADOS Não revestidos, mesmo polidos Com um teor de carbono superior ou igual a 0,6%, em peso Com um teor, em peso, de fósforo inferior a 0,035% e de enxofre inferior a 0,035%, temperado e revenido, flexa máxima sem carga de 1cm em 1m, resistência à tração superior ou igual a 1.960MPa e cuja maior dimensão da seção transversal seja inferior ou igual a 2,25mm Outros Outros Galvanizados Com um teor de carbono superior ou igual a 0,6%, em peso Outros Revestidos de outros metais comuns Com um teor de carbono superior ou igual a 0,6%, em peso Outros Outros 7217.10.19 7217.10.90 7217.20 7217.20.10 7217.20.90 7217.30 7217.30.10 7217.30.90 7217.90.00 III – AÇOS INOXIDÁVEIS 72.18 7218.10.00 7218.9 7218.91.00 7218.99.00 72.19 7219.1 7219.11.00 7219.12.00 7219.13.00 7219.14.00 7219.2 7219.21.00 7219.22.00 7219.23.00 7219.24.00 7219.3 7219.31.00 7219.32.00 7219.33.00 7219.34.00 7219.35.00 7219.90 7219.90.10 7219.90.90 AÇOS INOXIDÁVEIS, EM LINGOTES OU OUTRAS FORMAS PRIMÁRIAS; PRODUTOS SEMIMANFATURADOS, DE AÇOS INOXIDÁVEIS Lingotes e outras formas primárias Outros De seção transversal retangular Outros PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE AÇOS INOXIDÁVEIS, DE LARGURA IGUAL OU SUPERIOR A 600mm Simplesmente laminados a quente, em rolos De espessura superior a 10mm De espessura igual ou superior a 4,75mm mas não superior a 10mm De espessura igual ou superior a 3mm mas inferior a 4,75mm De espessura inferior a 3mm Simplesmente laminados a quente, não enrolados De espessura superior a 10mm De espessura igual ou superior a 4,75mm mas não superior a 10mm De espessura igual ou superior a 3mm mas inferior a 4,75mm De espessura inferior a 3mm Simplesmente laminados a frio De espessura igual ou superior a 4,75mm De espessura igual ou superior a 3 mm mas inferior a 4,75mm De espessura superior a 1mm mas inferior a 3mm De espessura igual ou superior a 0,5mm mas não superior a 1mm De espessura inferior a 0,5mm Outros De espessura inferior a 4,75mm e dureza superior ou igual a 42 HRC Outros 136 72.20 7220.1 7220.11.00 7220.12 7220.12.10 7220.12.20 7220.12.90 7220.20 7220.20.10 7220.20.90 7220.90.00 PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE AÇOS INOXIDÁVEIS, DE LARGURA INFERIOR A 600mm Simplesmente laminados a quente De espessura igual ou superior a 4,75mm De espessura inferior a 4,75mm De espessura inferior ou igual a 1,5mm De espessura superior a 1,5mm, mas inferior ou igual a 3mm Outros Simplesmente laminados a frio De largura inferior ou igual a 23mm e espessura inferior ou igual a 0,1mm Outros Outros 7221.00.00 FIO-MÁQUINA DE AÇOS INOXIDÁVEIS 72.22 7222.1 7222.11.00 7222.19 7222.19.10 7222.19.90 7222.20.00 7222.30.00 7222.40 7222.40.10 7222.40.90 BARRAS E PERFIS, DE AÇOS INOXIDÁVEIS Barras simplesmente laminadas, estiradas ou extrudadas, a quente De seção circular Outras De seção transversal retangular Outras Barras simplesmente obtidas ou completamente acabadas a frio Outras barras Perfis De altura superior ou igual a 80mm Outros 7223.00.00 FIOS DE AÇOS INOXIDÁVEIS IV – OUTRAS LIGAS DE AÇOS; BARRAS OCAS PARA PERFURAÇÃO, DE LIGAS DE AÇOS OU AÇOS NÃO LIGADOS 72.24 7224.10.00 7224.90.00 72.25 7225.1 7225.11.00 7225.19.00 7225.20.00 7225.30.00 7225.40 7225.40.10 7225.40.90 OUTRAS LIGAS DE AÇOS, EM LINGOTES OU OUTRAS FORMAS PRIMÁRIAS; PRODUTOS SEMIMANUFATURADOS, DE OUTRAS LIGAS DE AÇOS; Lingotes e outras formas primárias Outros PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE OUTRAS LIGAS DE AÇOS, DE LARGURA IGUAL OU SUPERIOR A 600mm De aços ao silício, denominados "magnéticos" De grãos orientados Outros De aços de corte rápido Outros, simplesmente laminados a quente, em rolos Outros, simplesmente laminados a quente, não enrolados De aço, segundo normas AISI D2, D3 ou D6, de espessura inferior ou igual a 7mm Outros 137 7225.50.00 7225.9 7225.91.00 7225.92.00 7225.99.00 Outros, simplesmente laminados a frio Outros Galvanizados eletroliticamente Galvanizados por outro processo Outros 72.26 7226.1 7226.11.00 7226.19.00 7226.20 7226.20.10 7226.20.90 7226.9 7226.91.00 7226.92.00 7226.93.00 7226.94.00 7226.99.00 PRODUTOS LAMINADOS PLANOS, DE OUTRAS LIGAS DE AÇOS, DE LARGURA INFERIOR A 600mm De aços ao silício, denominados "magnéticos" De grãos orientados Outros De aços de corte rápido De espessura superior ou igual a 1mm mas inferior ou igual a 4mm Outros Outros Simplesmente laminados a quente Simplesmente laminados a frio Galvanizados eletroliticamente Galvanizados por outro processo Outros 72.27 7227.10.00 7227.20.00 7227.90.00 FIO-MÁQUINA DE OUTRAS LIGAS DE AÇOS De aços de corte rápido De aços silício-manganês Outros 72.28 7228.10 7228.10.10 7228.10.90 7228.20.00 7228.30.00 7228.40.00 7228.50.00 BARRAS E PERFIS, DE OUTRAS LIGAS DE AÇOS; BARRAS OCAS PARA PERFURAÇÃO, DE LIGAS DE AÇOS OU DE AÇOS NÃO LIGADOS Barras de aços de corte rápido Simplesmente laminadas, estiradas ou extrudadas, a quente Outras Barras de aços silício-manganês Outras barras, simplesmente laminadas, estiradas ou extrudadas, a quente Outras barras, simplesmente forjadas Outras barras, simplesmente obtidas ou completamente acabadas a frio 7228.60.00 7228.70.00 7228.80.00 Outras barras Perfis Barras ocas para perfuração 72.29 7229.10.00 7229.20.00 7229.90.00 FIOS DE OUTRAS LIGAS DE AÇOS De aços de corte rápido De aços silício-manganês Outros Tabela A1 – Exportações de Aço para América Latina entre 2000 e 2006* 138 NCM 2000 US$ 7206 0,00 7207 56,10 7208 143,85 7209 35,88 7210 40,69 7211 12,81 7212 2,69 7213 10,11 7214 41,47 7215 2,87 7216 23,57 7217 20,64 7218 0,02 7219 39,18 7220 3,26 7221 0,01 7222 8,02 7223 1,22 7224 15,22 7225 28,62 7226 8,02 7227 0,84 7228 23,08 7229 0,96 Total 519,15 * Janeiro a Setembro Fonte: SECEX (em US$ milhão) - Brasil 2001 2002 2003 2004 0,00 59,73 112,90 21,91 41,75 11,55 4,03 6,04 32,12 2,30 20,28 16,29 0,18 30,19 1,95 0,01 6,73 0,89 2,19 29,22 6,12 0,28 23,32 0,86 430,84 0,01 107,59 116,32 25,12 62,61 11,49 3,46 8,15 40,23 2,32 20,49 12,78 1,17 23,16 2,53 0,00 6,55 0,86 10,44 14,03 3,28 0,17 24,02 0,70 497,49 2005 2005* 2006* 0,00 9,20 10,45 10,45 0,07 121,02 282,06 372,88 273,15 340,32 157,22 364,78 327,71 251,98 360,95 16,41 35,73 32,94 23,95 38,53 101,28 108,70 84,93 64,32 64,43 15,60 25,56 20,14 16,10 14,01 5,72 6,87 6,96 4,63 6,22 22,53 76,58 109,08 91,08 113,31 77,53 84,75 138,73 106,40 124,18 2,83 5,29 5,52 3,93 5,83 32,16 44,55 67,23 52,50 69,28 21,06 32,80 39,75 30,81 24,89 1,13 0,14 0,16 0,12 0,07 36,19 68,50 90,01 62,79 102,06 3,46 5,48 5,79 4,45 5,84 0,00 0,04 0,00 0,00 0,01 9,08 13,33 17,16 12,85 14,24 1,45 1,88 2,15 1,61 1,58 19,22 27,10 70,74 66,44 53,68 23,01 55,47 110,93 87,68 117,37 4,64 5,84 10,49 7,98 8,71 4,84 14,11 11,11 10,23 23,11 20,29 32,47 50,95 36,84 44,51 1,24 1,93 2,76 1,65 3,02 697,93 1303,15 1588,58 1221,97 1536,23 139 Tabela A2: Importações de Aço da América Latina entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) - Brasil NCM 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2005* 7206 0,00 7207 10,27 7208 1,37 7209 5,04 7210 59,55 7211 0,10 7212 0,32 7213 11,44 7214 6,47 7215 2,52 7216 0,26 7217 3,89 7218 0,04 7219 0,41 7220 1,59 7221 0,34 7222 0,40 7223 0,00 7224 0,00 7225 0,10 7226 0,00 7227 0,38 7228 1,33 7229 3,84 Total 109,68 * Janeiro a Setembro Fonte: SECEX 0,00 2,81 11,55 9,99 23,51 0,05 0,21 6,62 4,85 2,37 0,26 2,64 0,00 0,10 0,43 0,17 0,34 0,01 0,00 0,01 0,02 0,13 2,45 4,28 72,81 0,00 0,14 9,76 14,26 22,39 0,00 0,03 2,99 2,56 1,29 0,10 0,83 0,00 0,09 0,26 0,02 0,01 0,02 0,01 0,02 0,00 0,11 2,93 3,74 61,57 0,00 3,20 6,52 15,28 33,81 0,05 0,03 4,17 4,05 4,00 1,15 0,49 0,00 0,14 0,14 0,00 0,00 0,12 0,05 0,01 0,11 0,28 3,39 3,77 80,76 0,00 2,15 1,39 6,59 9,71 0,13 0,20 7,21 6,53 7,85 0,37 2,51 0,00 0,12 0,12 0,00 0,10 0,01 0,05 0,04 0,08 0,63 9,59 5,51 60,87 0,00 3,67 11,81 10,91 8,53 0,14 0,71 6,12 5,60 5,01 0,63 5,01 0,00 0,20 0,05 0,00 0,04 0,03 0,15 0,05 0,20 1,01 12,35 6,36 78,58 0,00 2,90 11,81 10,91 8,12 0,12 0,35 4,81 4,48 3,93 0,50 3,57 0,00 0,19 0,03 0,00 0,04 0,00 0,00 0,05 0,07 0,80 10,23 4,51 67,41 2006 0,00 66,99 0,07 0,00 7,00 0,10 2,64 8,25 9,68 4,08 0,40 4,88 0,00 0,09 0,24 0,00 0,05 0,00 0,15 0,02 0,18 0,81 17,81 5,33 128,76 140 Tabela A3 – Exportações de Aço para o Nafta entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) - Brasil NCM 2000 2001 2002 2003 2004 7206 0,00 7207 438,46 7208 77,49 7209 54,83 7210 41,68 7211 9,33 7212 0,34 7213 86,02 7214 10,20 7215 0,80 7216 17,93 7217 4,62 7218 7,19 7219 22,80 7220 0,67 7221 0,00 7222 2,86 7223 5,75 7224 181,61 7225 19,86 7226 2,76 7227 0,06 7228 18,82 7229 0,33 Total 1004,41 * Janeiro a Setembro Fonte: SECEX 0,00 350,89 32,52 61,14 42,53 13,46 0,29 70,91 19,31 0,65 15,10 3,27 1,18 16,46 1,23 0,00 1,04 0,29 133,27 18,17 2,00 0,04 26,02 0,29 810,06 0,00 486,16 35,09 46,89 76,61 25,29 0,40 71,78 30,96 0,35 15,87 4,09 1,79 20,69 0,49 0,00 1,93 0,24 197,20 5,59 1,79 0,04 30,00 0,31 1053,58 0,00 333,62 25,34 13,89 83,17 30,09 1,98 63,46 43,85 0,22 45,19 5,99 1,16 25,47 0,57 0,00 1,93 0,54 148,66 7,23 2,23 0,03 19,25 0,48 854,33 0,00 813,20 91,07 154,83 194,40 33,97 2,30 89,16 43,42 0,20 51,65 14,14 0,00 37,22 1,64 0,00 0,87 0,54 164,46 38,14 1,96 0,03 26,48 0,50 1760,20 2005 2005* 0,02 660,43 75,04 140,17 149,55 29,14 0,37 131,70 68,19 0,27 52,95 21,23 0,08 66,76 1,16 0,00 1,84 1,01 290,55 54,66 2,63 1,51 53,00 0,59 1802,82 0,00 505,17 36,92 97,28 124,20 21,08 0,24 95,88 55,36 0,18 31,78 18,79 0,04 52,85 0,98 0,00 1,24 0,89 281,28 41,62 2,44 0,40 37,36 0,32 1406,30 2006 0,11 661,00 94,67 193,06 130,57 23,33 0,72 115,44 40,35 0,35 62,26 9,07 0,15 63,62 1,64 0,00 1,72 0,62 81,27 49,09 2,17 0,64 32,09 0,44 1564,39 141 Tabela A4 – Importações de Aço do Nafta entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) - Brasil NCM 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2005* 2006 7206 0,01 7207 10,66 7208 0,19 7209 0,11 7210 35,33 7211 1,56 7212 1,32 7213 0,87 7214 0,73 7215 0,02 7216 0,86 7217 1,73 7218 0,43 7219 1,07 7220 2,63 7221 0,09 7222 0,98 7223 3,13 7224 0,09 7225 0,63 7226 4,12 7227 0,00 7228 1,34 7229 0,75 Total 68,65 * Janeiro a Setembro Fonte: SECEX 0,03 0,38 0,22 0,01 0,92 1,16 0,90 0,11 0,08 0,14 0,22 3,93 0,26 1,71 2,68 1,11 0,73 2,31 0,33 0,79 2,71 0,00 2,34 0,87 23,94 0,01 0,03 0,32 0,05 0,13 0,41 0,71 0,00 0,08 0,27 0,12 2,98 0,23 0,89 2,49 0,06 1,26 2,63 0,14 0,59 3,67 0,00 1,16 0,93 19,17 0,03 0,05 0,19 0,19 0,43 0,59 1,83 0,00 0,05 0,51 0,12 3,00 0,12 1,46 2,50 0,00 0,82 2,60 0,13 1,54 2,95 0,32 1,87 1,12 22,40 0,07 0,03 0,37 0,22 0,09 0,42 2,82 0,02 0,22 1,16 0,53 4,82 0,38 2,64 4,27 0,05 2,03 3,40 0,00 4,47 2,76 0,12 5,13 3,84 39,86 0,02 0,05 7,83 1,90 0,14 0,33 5,13 0,00 0,22 0,82 1,14 3,55 0,68 4,14 6,06 0,01 2,54 4,00 0,39 4,41 3,15 0,00 7,65 5,85 60,01 0,02 54,48 0,67 1,77 0,48 0,19 4,81 0,06 0,22 0,94 0,90 2,90 0,56 4,11 6,59 0,00 2,32 3,04 0,01 5,35 2,18 0,00 4,61 2,23 98,43 0,01 0,02 7,71 0,26 0,05 0,23 3,70 0,00 0,14 0,74 0,68 2,73 0,43 3,53 4,39 0,00 2,11 2,96 0,34 3,97 2,12 0,00 6,49 4,32 46,94 142 Tabela A5 - Exportações de Aço para a China entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) - Brasil NCM 2000 2001 2002 2003 2004 7206 0,000 7207 4,812 7208 0,000 7209 13,462 7210 2,572 7211 0,000 7212 0,000 7213 0,000 7214 0,000 7215 0,000 7216 0,000 7217 0,000 7218 0,000 7219 6,574 7220 0,199 7221 0,000 7222 0,000 7223 0,000 7224 0,000 7225 0,000 7226 0,000 7227 0,000 7228 0,001 7229 0,000 Total 27,619 * Janeiro a Setembro Fonte: SECEX 0,000 0,000 0,000 0,000 4,510 0,000 0,000 3,449 0,000 0,000 0,000 0,015 0,155 20,136 1,142 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,495 0,000 29,901 0,000 23,285 14,388 41,928 20,525 0,020 0,000 3,727 0,000 0,000 0,000 0,220 0,112 16,976 0,603 0,006 0,000 0,000 0,000 0,524 0,000 0,000 0,052 0,000 122,367 0,000 258,285 113,289 186,643 94,230 0,009 0,010 6,836 0,000 0,000 0,000 0,521 0,030 62,041 0,588 0,000 0,000 0,011 0,000 2,765 0,207 0,000 0,000 0,000 725,464 0,003 145,773 57,033 60,014 39,835 0,000 0,000 2,497 0,000 0,000 0,008 0,000 0,021 53,209 1,484 0,000 0,000 0,006 1,678 4,727 0,290 0,000 0,001 0,000 366,579 2005 2005* 0,000 48,416 39,919 190,159 60,357 0,029 0,000 13,860 21,441 0,237 0,004 0,667 0,000 36,998 1,241 0,000 0,000 0,089 11,341 4,309 0,674 0,000 0,000 0,000 429,741 0,000 48,416 22,426 110,953 43,558 0,029 0,000 5,379 21,441 0,237 0,000 0,220 0,000 21,880 0,753 0,000 0,000 0,089 11,341 3,727 0,674 0,000 0,000 0,000 291,123 2006 0,000 0,000 0,428 0,021 9,197 0,000 0,000 14,461 0,001 0,026 0,000 2,021 0,000 5,265 0,431 0,000 0,000 0,004 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 31,853 143 Tabela A6–Importações de Aço da China entre 2000 e 2006* (em US$ milhão) - Brasil NCM 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2005* 7206 0,000 7207 0,012 7208 2,535 7209 0,008 7210 0,000 7211 0,000 7212 0,000 7213 0,000 7214 0,000 7215 0,000 7216 0,012 7217 0,066 7218 0,000 7219 0,000 7220 0,000 7221 0,001 7222 0,047 7223 0,000 7224 0,000 7225 0,000 7226 0,000 7227 0,000 7228 0,015 7229 0,001 Total 2,699 * Janeiro a Setembro Fonte: SECEX 0,000 0,006 0,000 0,025 0,000 0,005 0,014 0,000 0,057 0,000 0,029 0,106 0,000 0,000 0,111 0,000 0,028 0,015 0,000 0,000 0,003 0,000 0,018 0,004 0,421 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,001 0,000 0,000 0,117 0,000 0,000 0,323 0,000 0,000 0,000 0,000 0,014 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000 0,022 0,000 0,478 0,000 0,000 0,000 0,017 0,000 0,044 0,000 0,000 0,000 0,000 0,017 0,268 0,000 0,036 0,000 0,000 0,010 0,116 0,000 0,000 0,000 0,000 0,011 0,002 0,520 0,000 0,000 0,000 0,030 0,000 0,011 0,001 0,000 0,047 0,000 0,088 1,062 0,001 2,075 0,000 0,000 0,054 0,058 0,000 0,054 0,154 0,000 0,018 0,021 3,675 0,000 0,000 0,000 0,020 0,000 0,011 0,111 0,016 0,215 0,012 0,268 2,206 0,001 2,543 0,006 0,219 0,037 0,148 0,071 0,097 0,009 0,000 0,272 0,798 7,062 0,000 0,000 0,000 0,020 0,000 0,004 0,099 0,000 0,127 0,000 0,158 1,468 0,001 2,271 0,003 0,078 0,025 0,078 0,047 0,097 0,008 0,000 0,173 0,544 5,202 2006 0,000 13,867 0,433 1,041 1,171 0,223 0,051 1,272 0,773 0,000 0,614 5,862 0,000 4,655 0,059 0,018 0,073 0,395 0,530 1,996 0,266 0,000 0,971 0,716 34,985 144