factível!? A produtividade A produtividade A produtividade A
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factível!? A produtividade A produtividade A produtividade A
OPINIÃO A produtividade na assistência médica... Tão claro quanto factível!? AFONSO JOSÉ DE MATOS Graduação em Administração de Empresas e Mestrado em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas, Professor de Administração Financeira e Custos Hospitalares da Fundação Getúlio Va rgas, Membro da HFMA e Sócio-Diretor da Planisa Planejamento e Organização de Instituições de Saúde. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O cenário de início de milênio não isentará o setor de saúde de iniciativas no sentido de aparelhar os agentes responsáveis pela assistência médica com padrões de gestão capazes de elevar a produtividade, melhorar os indicadores de qualidade e permitir às organizações condições de sobrevivência em um ambiente de acirrada competitividade. Somam-se a isso as questões específicas do setor de saúde relacionadas à adequação do modelo assistencial, à regulamentação dos planos de saúde e à reformulação do modelo de remuneração dos serviços médico-hospitalares. É, portanto, inquestionável a necessidade de aprimoramento dos instrumen- tos de gestão dos recursos utilizados na consecução dos serviços e correspondente alcance de preços competitivos. Embora o cenário tenha este desenho, não é difícil encontrar um número não desprezível de gestores do setor que afirmam que as possibilidades de melhoria da produtividade na utilização dos recursos e correspondente manutenção de qualidade é uma tarefa com poucas chances de sucesso. Mesmo que este sentimento de anestesia gerencial faça parte do ambiente de gestão das instituições de saúde, à medida que se venha estender a visão a toda a cadeia da assistência médica, um campo fértil de melhoria de produtividade começa a saltar aos olhos. POTENCIAL DE PRODUTIVIDADE ò Abordagem Extensão Instrumento Gestão da produção ➝ Processo ➝ Gestão de custos Gestão da assistência ➝ Paciente ➝ Protocolo Gestão da saúde ➝ Usuário ➝ Prevenção 12 RAS _ Vol. 2, Nº 7 – Abr-Jun, 2000 Uma efetiva gestão de custos pertinente à produção dos serviços médico-hospitalares inexiste na grande maioria dos prestadores de serviços. Sem estes instrumentos gerenciais destinados à participação de todos os gestores internos envolvidos em uma corrente de melhoria de produtividade, as organizações estão sujeitas à própria sorte em termos de geração de desperdícios. É chegada a hora de ter a curiosidade de descobrir o tamanho desta conta! E a assistência ao paciente tem sido objeto de cuidados relativos à otimização dos recursos? Muito menos. É preciso compreender a necessidade de cobrir este espaço com instrumentos de gestão adequados. O tratamento pode ficar caro porque o exame é caro. Ao mesmo tempo, o tratamento pode ficar caro porque o número de exames não foi delimitado adequadamente. Neste sentido, torna importante significado a participação do médico destinada à organização e padronização dos insumos utilizados na consecução de tratamentos. E este papel só ao médico está reservado, em razão de ser o agente que assegurará o equilíbrio de manutenção da qualidade da assistência e correspondente otimização dos custos compreendidos nos tratamentos. Por aí surgem os esforços na constituição de protocolos, padronizações de materiais, soluções assistenciais na forma de h o m e c a re , d a y h o s p i t a l, indispensáveis à geração de custos competitivos. Não se dispõe de elementos precisos dos montantes, mas se pode afirmar que também está se pagando um preço alto por esta lacuna de gestão. E por fim a gestão da saúde. Quanto custa deixar que a pessoa se torne um paciente. É por isso que o caminho da prevenção tem grande sentido de discussão, com respostas indiscutíveis em termos de qualidade de atenção e com benefícios imensuráveis quanto ao custeio da assistência médica. A ausência destes parâmetros de gestão também re presenta uma conta salgada. Aos gestores do setor de saúde é indispensável que fique claro que uma gestão em toda a extensão da cadeia assistencial é o caminho que colocará as instituições de saúde na vanguarda do gerenciamento especializado, com visão moderna que assegure a equação, por vezes considerada utópica, de melhoria da qualidade a um menor custo. Se isto é possível?... Só uma orientação estratégica com lucidez do quadro de mudanças que se avizinha responderá sim a essa questão. Notas ACREDITAÇÃO Sob o título “Accreditation becomes foreign affair” a revista “Modern Healthcare” dos Estados Unidos, em seu número de 15 de novembro de 1999 (página 32), relata que hospitais em vários países do mundo estão se interessando por iniciativas de programas de qualidade e que o modelo da “Joint Comission” norte-americana já não é o mais procurado. O artigo cita países como o Brasil, Finlândia, Alemanha, Arábia Saudita e África do Sul. No caso do Brasil o artigo menciona o Hospital A. Einstein, de São Paulo, que teria tentado vários programas de melhoria da qualidade antes de optar pelo modelo da “Joint Comission HMO” e que isso só foi feito após um inventário dos possíveis conflitos culturais com o programa: leis e regulamentos; ideais filosóficos e religiosos; expectativas e atitudes de médicos e pacientes; e mudanças de atitude que requeiram desvio de normas ou rituais tradicionais.” O Einstein, concluem Cynthia Shughrue e Jairo Hidal, representantes do Hospital, “precisa vencer muitas barreiras físicas, estruturais e mentais, antes que esteja preparado para receber qualquer avaliador.” Recentemente o HIAE foi visitado por uma equipe de avaliadores da “Joint Commission International”, filial da JCHMO para a América Latina e Caribe, a qual adaptou os “standards” para a realidade tropical, RAS _ Vol. 2, Nº 7 – Abr-Jun, 2000 permitindo assim que o HIAE fosse o primeiro hospital latino-americano acreditado pela “Joint Commission” e reciprocamente este sua primeira acreditação. EUA EXPORTAM MEDICINA “HIGH TECH” O “The Wall Street Journal Americas” informou, recentemente, que a Universidade de Pittsburgh está administrando um centro de transplantes na Sicilia, financiado pelo governo italiano. Jeffrey Romoff, diretor-geral do Centro Médico do Sistema de Saúde da Universidade de Pittsburgh, disse que, “se aprendermos a fazer isso com sucesso, desenvolveremos uma tecnologia – de administrar no exterior grandes centros de alta qualidade – que é exportável para o Egito, Turquia ou outros países.” O hospital funciona provisoriamente no antigo Hospital Civico de Palermo, mas as obras já estão adiantadas para a entrega, em 2001, do novo hospital, com 15 mil metros quadrados de área construída e U$ 75 milhões de investimento do governo italiano. “Daqui a 4 ou 5 anos, estaremos realizando o maior número de transplantes em todo o mundo” diz, orgulhoso, Ignazio Marino, cirurgião italiano de transplantes, pai da idéia e que anteriormente operava em Pittsburgh e hoje é o diretor do hospital. 13