fraseamento prosódico em português

Transcrição

fraseamento prosódico em português
PROJETO DE PESQUISA:
FRASEAMENTO PROSÓDICO EM PORTUGUÊS:
COMPARAÇÕES ENTRE AS VARIEDADES
BRASILEIRA E AFRICANAS
Apresentado ao CNPq para solicitação de fomento à pesquisa:
Chamada Universal – MCTI/CNPq Nº 14/2014
PROPONENTE: FLAVIANE ROMANI FERNANDES SVARTMAN
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
(DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS)
SÃO PAULO, JUNHO DE 2014.
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
SUMÁRIO
1.
RESUMO.......…………………………………………………….……………….........………………….
2.
OBJETIVOS E METAS A SEREM ALCANÇADOS E PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS DA
3
PROPOSTA.......…………………………………………..................................................….
3
QUADRO TEÓRICO.......................…................................…………………….........…….
6
3.1.
FONOLOGIA ENTOACIONAL.........................………………………………………………….
6
3.2.
FONOLOGIA PROSÓDICA..................……..........…………………………………………….
7
MATERIAL E METODOLOGIA……….....…………………………………………………........………..
9
4.1.
MATERIAL…………………………………....………………………………………………...........
9
4.2.
METODOLOGIA…………………..…………………………………………………………............
10
5.
ORÇAMENTO DETALHADO.....................................................................................
13
6.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES...........................….........................………………........
14
7.
EQUIPE............................................................................................................
14
8.
PARCERIAS COM OUTROS CENTROS DE PESQUISA........................................................
15
9.
INFRAESTRUTURA E APOIO TÉCNICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO....................
15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………….…………………..........
16
3.
4.
2
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
1. Resumo
O projeto “Fraseamento prosódico em português: comparações entre as variedades
brasileira e africanas” tem como objetivo o estudo prosódico comparativo entre a variedade
vernacular brasileira (PB) e as variedades de português faladas em Guiné-Bissau (PGB) e
Angola (PA) (município do Libolo). Tal análise comparativa busca testar, para as essas
variedades de português, o modelo de línguas parcialmente reestruturadas proposto por
Holm (2004). No alcance dos objetivos, este projeto tem como metas: (i) a constituição de
bases de dados do PB, do PGB e do PA (município do Libolo); (ii) a análise prosódica desses
dados, no que concerne ao estudo da relação entre a atribuição de eventos tonais ao
contorno entoacional e a formação de domínios prosódicos; e (iii) a comparação, entre as
referidas variedades de português, dos resultados obtidos da análise prosódica.
2. OBJETIVOS
E
METAS
A
SEREM
ALCANÇADOS
E
PRINCIPAIS
CONTRIBUIÇÕES
CIENTTÍFICAS E TECNOLÓGICAS DA PROPOSTA
O projeto “Fraseamento prosódico em português: comparações entre as variedades
brasileira e africanas”, integrado aos projetos internacionais “Atlas Interactivo da Prosódia do
Português” (Interactive Atlas of the Prosody of Portuguese (InAPoP) - FROTA e CRUZ, 2012em andamento)1 e “Município do Libolo, Kwanza Sul, Angola: aspectos linguísticoeducacionais, histórico-culturais, antropológicos e socioidentitários” (FIGUEIREDO, 2013 –
em andamento)2, tem como objetivo o estudo prosódico comparativo entre a variedade
vernacular brasileira e as variedades de português faladas em Guiné-Bissau e Angola
(município do Libolo). Tal análise comparativa busca testar, para as essas variedades de
português, o modelo de línguas parcialmente reestruturadas proposto por Holm (2004).3
1
O projeto “Atlas Interativo da Prosódia do Português” (InAPoP), coordenado pela Profa. Dra. Sónia Frota e em
desenvolvimento na Universidade de Lisboa, tem como principal objetivo a construção de um Atlas Interativo da
Prosódia
do
Português,
acessado
livremente
por
uma
plataforma
online
(http://www.fl.ul.pt/LaboratorioFonetica/InAPoP/), que contemple a variação prosódica, entoacional e rítmica do
português, incluindo a cobertura completa do português europeu (doravante, PE) quanto a estes três aspectos,
contando ainda com variedades do PB ao longo da costa do Atlântico, assim como variedades do português
falado na África.
2
O projeto “Município do Libolo, Kwanza Sul, Angola: aspectos linguístico-educacionais, histórico-culturais,
antropológicos e sócio-identitários”, sob a coordenação do Prof. Dr. Carlos Filipe Guimarães Figueiredo da
Universidade de Macau (China), conta com pesquisadores de áreas diversas do conhecimento, como História,
Linguística e Antropologia, e visa a um maior conhecimento sobre a história social, bem como sobre traços e
fenômenos linguístico-culturais do município do Libolo (Angola) transplantados para o Brasil e América Caraíba,
através da língua e de hábitos sócio-culturais dos escravos advindos desse município.
3
Holm (2004) aponta cinco línguas como sendo derivadas do processo de reestruturação parcial: o português
vernacular brasileiro, o espanhol caribenho não padrão, o inglês afro-americano, o afrikaans e o francês
vernacular de Reunião. Tais línguas, segundo o autor, sofreram um processo de reestruturação a partir de suas
línguas europeias de origem (denominadas não reestruturadas – respectivamente, português, espanhol, inglês,
holandês e francês), que foram transplantadas a novas sociedades ultramarinas em formação, durante a
colonização de novos territórios (HOLM, 2004). Segundo esse modelo teórico, as línguas parcialmente
reestruturadas são enquadradas tipologicamente à parte do grupo de línguas crioulas, denominadas línguas
3
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
Segundo esse autor, línguas parcialmente reestruturadas a partir da língua de origem (no
caso das variedades brasileira e africanas, o português europeu) apresentam características
gramaticais (morfossintáticas e fonológicas) que as aproximam. Assim, em nosso estudo,
verificaremos até que ponto a variedade brasileira e as variedades africanas a serem por nós
abordadas se aproximam e/ou se distanciam quanto a aspectos prosódicos.
No alcance de nossos propósitos, temos como metas a serem alcançadas: (i) a
continuação da constituição de uma base de dados de fala do português brasileiro
(doravante, PB) – iniciada em pesquisa anterior desenvolvida pela proponente deste projeto
(FERNANDES-SVARTMAN, 2011-2013) – e de bases de dados do português falado em GuinéBissau e Angola (município do Libolo); (ii) a análise do fraseamento prosódico desses dados,
no que tange especificamente ao estudo da relação entre atribuição de eventos tonais ao
contorno entoacional e formação de domínios prosódicos; e (iii) a comparação dos
resultados encontrados para o fraseamento prosódico nos dados de PB com os resultados do
fraseamento prosódico encontrado para as variedades de português faladas em Guiné-Bissau
e Angola (município do Libolo).
Quanto às metas descritas em (i) e (ii), cabe tecermos maiores esclarecimentos.
A meta especificada em (i) consiste na obtenção de dados de fala produzidos por
falantes nativos para serem submetidos à análise dos contornos entoacionais (freqüência
fundamental – F0) a eles associados. A constituição desse banco de dados incluirá a
adaptação de corpora constantes do projeto internacional “Atlas Interactivo da Prosódia do
Português”, já referido anteriormente, e a gravação desses dados e de dados de fala
espontânea com falantes nativos de cada respectiva variedade de português.
Já a meta em (ii) concerne às tarefas de: (a) descrição e análise do contorno
entoacional associado às sentenças constantes dos dados obtidos, em termos de transcrição
e análise dos eventos tonais associados ao contorno dessas sentenças, conforme o
arcabouço teórico da Fonologia Entoacional (PIERREHUMBERT, 1980; BECKMAN e
PIERREHUMBERT, 1986; PIERREHUMBERT e BECKMAN, 1988; HAYES e LAHIRI, 1991;
LADD, 1996, 2008; JUN, 2005; entre outros); e (b) investigação, nos dados em questão, da
relação entre a atribuição de eventos tonais e a organização da cadeia fônica em domínios
prosódicos, na abordagem da Fonologia Prosódica (SELKIRK, 1984, 1986, 2000; NESPOR e
VOGEL, 1986, 2007; entre outros). A tarefa (a) será realizada com base na percepção
auditiva e na análise acústica dos dados através do uso de programas computacionais de
completamente reestruturadas (como o crioulo afro-português da Guiné-Bissau ou o crioulo francês de Maurício),
e à parte do grupo de línguas ultramarinas que não sofreram processo de reestruturação (como o português da
Ilha de Madeira ou o francês de Quebec) (HOLM, 2004, p. 135).
4
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
análise de fala. A tarefa descrita em (b) será realizada através da identificação dos domínios
prosódicos relevantes para a atribuição de eventos tonais ao contorno entoacional. Cabe
acrescentar que, na tarefa de descrição e análise prosódica dos dados, como é previsto na
meta
especificada
em
(ii),
levaremos
em
conta
fatores
fonético-fonológicos
e
morfossintáticos. Isto porque fatores como o peso dos elementos (em número de
constituintes sintáticos e prosódicos) podem afetar a estrutura entoacional (ELORDIETA et
al., 2003; D’IMPÉRIO et al., 2005) e a formação dos domínios prosódicos (cf. ZEC e
INKELAS, 1990; INKELAS e ZEC, 1995; GUASTI e NESPOR, 1999; FROTA e VIGÁRIO, 2001)
das sentenças. Além disso, a qualidade fonética dos segmentos que compõem os dados
merece controle, uma vez que, a depender dos segmentos envolvidos (ex.: consoantes
oclusivas e fricativas surdas), podem surgir perturbações microprosódicas na curva
entoacional que dificultam a tarefa de análise entoacional, resultando em imprecisões.
Levando em conta os objetivos e as metas a serem alcançados, pretendemos, com o
desenvolvimento deste projeto, trazer contributos para:
(i)
o conhecimento sobre a prosódia das variedades africanas de português
abordadas em nosso estudo, posto que não há estudos sobre a prosódia
do português angolano do município do Libolo e há apenas estudos
iniciais sobre a prosódia do português falado em Guiné-Bissau (SANTOS e
FERNANDES-SVARTMAN, a sair; SANTOS, em preparação);
(ii)
a ampliação do conhecimento sobre a prosódia do PB e da língua portuguesa
em geral;
(iii)
uma maior compreensão sobre o fraseamento prosódico das línguas naturais,
uma vez que os resultados sobre fraseamento prosódico a serem obtidos
nesta investigação permitirão a realização de análises comparativas com
resultados do mesmo tipo já obtidos para outras línguas (ELORDIETA et
al., 2003; ELORDIETA, FROTA e VIGÁRIO, 2005; D’IMPERIO et al., 2005,
PRIETO et al., 2006, FROTA et al., 2007; entre outros);
(iv)
a constituição de um atlas prosódico do português (objetivo do já referido
projeto internacional “Atlas Interactivo da Prosódia do Português” ao qual
esta pesquisa se relaciona); e
(v)
o desenvolvimento e implementação de programas computacionais de
reconhecimento de fala de variedades distintas prosodicamente de uma
mesma língua (em nosso caso, do português) e de ferramentas de análise
automática da entoação.
5
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
3. QUADRO TEÓRICO
Os dados de fala gerados por esta pesquisa serão analisados à luz das seguintes
teorias fonológicas de análise prosódica: Fonologia Entoacional (PIERREHUMBERT, 1980;
BECKMAN e PIERREHUMBERT, 1986; PIERREHUMBERT e BECKMAN, 1988; HAYES e LAHIRI,
1991; LADD, 1996, 2008; JUN, 2005; entre outros) e Fonologia Prosódica (SELKIRK, 1984,
1986, 2000; NESPOR e VOGEL, 1986, 2007; entre outros).
A adoção dessas duas teorias fonológicas de análise prosódica se justifica na medida
em que assumimos aqui uma visão integrada de entoação e organização dos domínios
prosódicos (HAYES e LAHIRI, 1991; FROTA, 2000; TENANI, 2002). Conforme tal visão, há
correspondência entre os domínios delimitados entoacionalmente e os derivados de
algoritmos da Fonologia Prosódica. Uma evidência dessa visão é a possibilidade de
correspondência entre domínios de regras rítmicas (e.g., retração de acentos), segmentais
(e.g., sândi externo e haplologia sintática), de atribuição de tons e de alongamentos de
fronteiras (FROTA, 2000). Em PB, por exemplo, a regra de retração de acentos se dá no
domínio do sintagma fonológico (ou frase fonológica)4 – Abousalh (1997) e Sandalo e
Truckenbrodt (2002), o sândi vocálico externo e a haplologia sintática não ocorrem entre
duas palavras fonológicas5 quando a segunda é cabeça de sintagma fonológico – Tenani
(2002), e a atribuição de acentos tonais6 é obrigatória à cabeça de sintagma fonológico –
Frota e Vigário (2000), Tenani (2002) e Fernandes (2007a, b).
3.1. FONOLOGIA ENTOACIONAL
A Fonologia Entoacional consiste em uma abordagem da estrutura entoacional que
pressupõe que a entoação tem uma organização fonológica. Um de seus principais objetivos
é tentar fornecer um aparato descritivo potencialmente universal para a entoação.
Conforme a ótica da Fonologia Entoacional, um contorno entoacional consiste,
fonologicamente, em uma sequência de unidades discretas, os eventos tonais. Esses eventos
tonais são localmente definidos, constituem blocos de contorno e estão associados a pontos
específicos na cadeia segmental (BECKMAN e PIERREHUMBERT, 1986; PIERREHUMBERT &
BECKMAN, 1988; HAYES e LAHIRI, 1991; LADD, 1996, 2008; FROTA, 1997, 2000, 2003;
VIGÁRIO, 1998; TENANI, 2002; FERNANDES, 2007a, b; TENANI e FERNANDES-SVARTMAN,
2008; entre outros). A representação fonética de uma seqüência de eventos tonais consiste
no contorno da freqüência fundamental (F0).
4
5
6
Sobre sintagma fonológico ou frase fonológica, ver a seção 3.2 deste projeto.
Sobre palavra fonológica, ver a seção 3.2 deste projeto.
Sobre acentos tonais, ver a seção 3.1 deste projeto.
6
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
Em línguas como o inglês e o português, por exemplo, os eventos tonais mais
importantes da cadeia tonal são os acentos tonais e os tons relacionados a fronteiras. Esses
dois tipos de tons podem ser analisados como compostos por níveis de tons primitivos ou
por alvos da altura, alto (H - high) e baixo (L - low). Entre os eventos tonais, o contorno de
altura é fonologicamente não especificado e pode ser descrito em termos de transição de um
evento para o outro.
Os acentos tonais são associados a sílabas proeminentes na cadeia segmental e
podem ser simples, monotonais (L* ou H*), ou complexos, bitonais (H*+L, H+L*, L*+H ou
L+H*). Os tons relacionados a fronteiras são associados a fronteiras de domínios prosódicos
e podem ser de dois tipos: tons de fronteira (boundary tones: L% ou H%) ou acentos frasais
(phrasal accents: L- ou H-), conforme a notação de Pierrehumbert.7
Na abordagem da Fonologia Entoacional, os eventos tonais são estruturados de
acordo com as relações de constituição e de proeminência definidas na estrutura prosódica.
Em línguas como o bengali e o português (conferir, respectivamente, HAYES e
LAHIRI, 1991 para o bengali; FROTA, 2000 para o PE e TENANI, 2002 e FERNANDES, 2007a,
b para o PB), a estrutura prosódica relevante para a entoação é fornecida pela hierarquia
prosódica, abordada na próxima seção, intitulada “Fonologia Prosódica”.
3.2. FONOLOGIA PROSÓDICA
A Fonologia Prosódica é uma teoria da estrutura fonológica e sua relação com a
sintaxe (SELKIRK, 1984, 1986, 2000; NESPOR e VOGEL, 1982; 1986, 2007; HAYES, 1984;
SELKIRK e SHEN, 1990; TRUCKENBRODT, 1995, 1999, 2007; entre outros).
Segundo essa teoria, o fluxo da fala é organizado hierarquicamente dentro de
domínios prosódicos e a evidência para esta hierarquia prosódica provém da operação de
regras fonológicas, que se aplicam no interior e entre junturas de certos domínios e que são
bloqueadas no interior e entre junturas de outros.
A estrutura prosódica é parcialmente determinada pela estrutura sintática. Em alguns
casos, essas duas estruturas podem coincidir, e, em outros, divergir. Essa é a razão por que
a sintaxe nem sempre faz as previsões corretas sobre a estrutura prosódica.
A relação entre a estrutura sintática e a prosódica é definida por um mapeamento
sintático-fonológico que fornece uma representação prosódica consistindo em uma
hierarquia de constituintes prosódicos.
7
Na literatura linguística brasileira sobre entoação do PB, “acento frasal” é o termo mais utilizado para a tradução
de phrasal accent.
7
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
Tal hierarquia, na perspectiva de Nespor & Vogel (1986), por exemplo, é disposta
como indicado em (1), incluindo desde a sílaba até o enunciado:
(1)
Utterance (Enunciado)
Intonational Phrase (Sintagma Entoacional)
8
Phonological Phrase (Sintagma Fonológico)9
Clitic Group (Grupo Clítico)
Phonological Word (Palavra Fonológica)10
Foot (Pé)
Syllable (Sílaba)
Figura 1. Representação da Hierarquia Prosódica, segundo Nespor & Vogel (1986, 2007)
Os níveis prosódicos a serem inicialmente contemplados aqui são: a palavra
fonológica (PW), o sintagma fonológico (PPh) e o sintagma entoacional (I).11 O motivo que
nos leva a essa escolha inicial é o fato de que, em PB, os domínios prosódicos privilegiados
na associação de acentos tonais ao contorno são o sintagma fonológico (FROTA e VIGÁRIO,
2000; TENANI, 2002) e a palavra fonológica (FERNANDES, 2007a, b; TENANI e FERNANDESSVARTMAN, 2008) e os domínios privilegiados na associação de acentos frasais e tons de
fronteira são, respectivamente, o sintagma fonológico (FERNANDES, 2007a, b; TENANI e
FERNANDES-SVARTMAN, 2008) e o sintagma entoacional (FROTA e VIGÁRIO, 2000;
TENANI, 2002; FERNANDES, 2007a, b; SERRA, 2009). Para o PGB, estudos iniciais (SANTOS
e FERNANDES-SVARTMAN, a sair; SANTOS, em preparação) indicam que, assim como em
PB, são a palavra prosódica, o sintagma fonológico e o sintagma entoacional os domínios
8
Intonational phrase e phonological phrase são usualmente traduzidos como “frase entoacional” e “frase
fonológica” na literatura lingüística brasileira sobre Fonologia Prosódica, porém, optamos pelas traduções
“sintagma entoacional” e “sintagma fonológico” devido ao fato de o termo phrase do inglês remeter, em termos
sintáticos, a um sintagma, uma unidade menor que a frase.
9
Conferir nota de rodapé 8.
10
Ou “Palavra Prosódica” (Prosodic Word).
11
Em linhas gerais, a palavra fonológica (PW) é o domínio prosódico no qual pode haver apenas um acento
primário (ou lexical); o sintagma fonológico (PPh) corresponde ao domínio de uma categoria sintática máxima
(XP) nas teorias end-based e, nas teorias relation-based de Fonologia Prosódica, ao domínio que abrange,
inicialmente, um núcleo lexical e todos os elementos funcionais do lado oposto à recursividade sintática até o
próximo núcleo lexical; e o sintagma entoacional (I) consiste no domínio do contorno de F0 delimitado por pausas
ou pela mudança da gama de variação de F0 em dado trecho do contorno, com posterior estabilização da gama
de variação inicial.
8
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
prosódicos relevantes para a entoação. Quanto ao PA (município do Libolo), ainda não há
estudos sobre os domínios prosódicos relevantes para a entoação. Isso posto, para o PGB e
para o PA (município do Libolo), serão contemplados, inicialmente, os mesmos domínios
prosódicos a serem contemplados para o PB. Entretanto, poderão ser ainda incluídos outros
domínios prosódicos que se mostrarem relevantes no desenvolvimento da pesquisa.
Os domínios prosódicos elencados anteriormente serão abordados com base nos
trabalhos já realizados para o português, nos quais tais domínios são objeto de análise.
Assim, valer-nos-emos da seguinte bibliografia: Schwindt (2000, 2001), Vigário (2003,
2010), Simioni (2008) e Toneli (2009) para palavra fonológica; Abaurre (1996), Abousalh
(1997), Frota (2000), Sandalo & Truckenbrodt (2002) e Tenani (2002, 2004) para sintagma
fonológico; e Frota (2000) e Tenani (2002) para sintagma entoacional.
4. MATERIAL E METODOLOGIA
4.1.
Material
O material a ser utilizado no desenvolvimento desta pesquisa consiste em corpus de
fala espontânea e corpora de leitura e de situações criadas para a produção de fala semicontrolada, constantes do projeto “Atlas interactivo da prosódia do português”, já referido
anteriormente.
Os corpora de leitura e de situações criadas para a produção de fala semi-controlada
são constituídos por sentenças declarativas, apresentando a ordem “sujeito (S) - verbo (V) objeto (O)” e levando em conta o tamanho (em número de sílabas) e a ramificação sintática
e prosódica desses elementos. Nesses corpora são observadas as seguintes convenções: (i)
elementos contendo 3 sílabas são considerados curtos e elementos contendo 5 ou mais
sílabas são considerados longos (incluindo determinantes e preposições); (ii) elementos
constituídos morfossintaticamente por dois núcleos lexicais (ex.: nome e adjetivo – “a nora
morena”) são considerados ramificados sintaticamente, enquanto os formados por apenas
um núcleo lexical são sintaticamente não-ramificados (ex.: “a nora”); e (iii) elementos
considerados ramificados apenas prosodicamente são constituídos por duas palavras
prosódicas, porém, equivalentes, em termos morfossintáticos, a um único núcleo lexical (ex.:
nome próprio – “Bruna Morais” = [N Bruna Morais]; (Bruna)PW (Morais)PW). O controle
sistemático de todas essas variáveis na elaboração dos corpora visa à investigação rigorosa
da influência do tamanho do constituinte fonológico, em termos de números de sílabas e
presença de (diferentes níveis de) ramificação morfossintática e/ou de ramificação prosódica
no instanciamento das fronteiras prosódicas.
9
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
Cabe acrescentar que, quanto ao PB, inicialmente, as gravações serão realizadas para
a variedade dialetal paulista e, posteriormente, estenderemos as gravações para outras
variedades dialetais brasileiras.
4.2.
Metodologia
A metodologia a ser empregada neste trabalho consiste: (i) na adaptação para o PB,
o PGB e o PA (município do Libolo) dos corpora de leitura e de fala semi-controlada
especificados na seção 4.1.; (ii) na gravação desse material adaptado e de dados de fala
espontânea com falantes nativos dessas variedades de português; (iii) na análise do
fraseamento prosódico, no que se refere, especificamente, à descrição e à análise da
atribuição dos eventos tonais associados ao contorno entoacional das sentenças dos dados
obtidos e à investigação da relação entre atribuição de eventos tonais e formação de
domínios prosódicos; e (iv) na comparação entre os resultados obtidos para as diferentes
variedades de português abordadas neste estudo.
A gravação dos dados será feita digitalmente e, para cada variedade de português,
com falantes da mesma região, de mesma faixa etária, mesmo sexo e grau de escolaridade.
A tarefa de descrição e análise da atribuição dos eventos tonais ao contorno dos
dados obtidos será realizada com base na percepção auditiva e na análise do sinal acústico,
através do uso do programa computacional de análise de fala Praat (BOERSMA e WEENINK,
2014), e será conduzida no quadro teórico da Fonologia Entoacional (entre outros,
PIERREHUMBERT,
1980;
BECKMAN
e
PIERREHUMBERT,
1986;
PIERREHUMBERT
e
BECKMAN, 1988; LADD 1996; JUN 2005; e, especificamente para o português, FROTA 1997,
2000, 2012, in press; VIGÁRIO 1998; FROTA e
VIGÁRIO, 2000, 2007; TENANI 2002;
VIGÁRIO e FROTA, 2003; FERNANDES 2007a, b; TENANI e FERNANDES-SVARTMAN, 2008;
SERRA, 2009; TRUCKENBRODT et al., 2009; VIGÁRIO e FERNANDES-SVARTMAN, 2010;
CRUZ, 2013; FROTA et al., in press).
Na investigação da relação entre distribuição de eventos tonais e a formação de
constituintes prosódicos, buscaremos identificar os constituintes relevantes na atribuição de
eventos tonais ao contorno desses, com base no quadro teórico da Fonologia Prosódica
(conferir seção 3.2. deste projeto). Na identificação de tais constituintes, utilizaremos certas
pistas prosódicas como a ocorrência de fenômenos fonológicos (e.g., sândi externo,
haplologia sintática e retração de acentos), que possam ter como domínio o(s)
constituinte(s) prosódico(s) identificado(s), e possíveis alongamentos nas fronteiras desses
constituintes.
10
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
Apresentamos um exemplo de análise prosódica comparativa a ser desenvolvida
nesta pesquisa. Atentemo-nos à representação em (2b) da sentença declarativa neutra em
(2a), produzida por um falante de PB, bem como à Figura 2, correspondente ao contorno de
F0 associado à mesma sentença, e à representação em (3b) da sentença declarativa neutra
em (3a), produzida por um falante de PGB, bem como à Figura 3, correspondente ao
contorno de F0 associado a essa sentença.12 Faz-se necessário salientar que as sentenças em
(2) e (3) apresentam a mesma estrutura prosódica: são compostas por sujeito e predicado
longos e ramificados sintática e prosodicamente – (2) sujeito “a libanesa maravilhosa” (2
núcleos lexicais, 2 PWs e 10 sílabas) e predicado “rememorava a melodia” (2 núcleos
lexicais, 2 PWs e 10 sílabas); (3) sujeito “o boliviano mulherengo” (2 núcleos lexicais, 2 PWs
e 10 sílabas) e predicado “memorizava uma melodia” (2 núcleos lexicais, 2 PWs e 11
sílabas).
(2)
a. “A libanesa maravilhosa rememorava a melodia.”
b. [[(a libaNEsa)PW(maraviLHOsa)PW]PPh[(rememoRAva)PW(a meloDIa)PW]PPh]I13
|
|
|
|
|
|
H L*+H
L*+H
L*+H
H+L*
L%
Figura 2. Contorno de F0 da sentença declarativa neutra “A libanesa maravilhosa rememorava a melodia”,
produzida por um falante de PB.
(3)
a. “O boliviano mulherengo memorizava uma melodia.”
b. [[(o boliviAno)PW(mulheRENgo)PW]PPh[(memoriZAva)PW(uma meloDIa)PW]PPh]I14
|
|
|
|
|
|
L*+H
L*+H
LL*+H
H+L*
L%
12
O dado apresentado em (2) é extraído do trabalho de Fernandes-Svartman (2012) e o dado em (3) é extraído
do trabalho de Santos e Fernandes-Svartman (a sair).
13
As sílabas em LETRAS MAIÚSCULAS representam sílabas tônicas das palavras fonológicas.
14
As sílabas em LETRAS MAIÚSCULAS representam sílabas tônicas das palavras fonológicas.
11
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
Figura 3. Contorno de F0 da sentença declarativa neutra “O boliviano mulherengo memorizava uma melodia”,
produzida por um falante de PGB.
Através da observação da Figura 2 e levando em conta o mapeamento em
constituintes prosódicos em (2b), observa-se que os alvos de altura no contorno,
correspondentes a eventos tonais de acordo com a Fonologia Entoacional, estão associados
essencialmente às sílabas proeminentes das palavras prosódicas que compõem a sentença,
com exceção do primeiro alvo que se encontra associado à segunda sílaba pretônica inicial
do contorno e do último, que se encontra associado ao limite final do contorno. Assim, a
análise prosódica preliminar da sentença em (2a) de PB revela que, nesse caso, o domínio
prosódico relevante para a atribuição de tom de fronteira é o sintagma entoacional (conferir
também TENANI, 2002), cuja fronteira final aparece associada ao tom de fronteira L%,
próprio de final de sentença declarativa de PB (CUNHA, 2000; FROTA e VIGÁRIO, 2000;
TENANI, 2002; entre outros). Quanto à distribuição de acentos tonais ao contorno da
mesma sentença, é possível inferir que é a palavra prosódica o constituinte relevante para
essa distribuição, e não o sintagma fonológico, uma vez que se encontra um acento tonal
associado a cada palavra prosódica. Além disso, pela observação da mesma figura, também
se nota a presença de um tom adicional (H) associado a uma sílaba pretônica constituinte de
uma palavra prosódica longa (“a libanesa”: 5 sílabas).15
Por sua vez, conforme a observação da Figura 3 e levando em conta o mapeamento
em constituintes prosódicos em (3b), características entoacionais muito semelhantes às do
dado de PB são encontradas para o dado de PGB. Assim como no dado de PB, também no
dado de PGB, é encontrado um acento tonal associado a cada palavra prosódica que compõe
a sentença e a configuração tonal final da sentença é H+L* L%. Como características
15
Sobre a atribuição de tons adicionais a sílabas pretônicas de palavras prosódicas longas em PB, conferir
também Frota e Vigário, 2000; Tenani, 2002; Fernandes, 2007a, b; Fernandes-Svartman, 2009.
12
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
entoacionais divergentes em relação ao dado de PB, destacamos, no dado do PGB, a
presença de acento frasal (L-) associado à fronteira final do sintagma fonológico no qual o
sujeito é mapeado e a ausência de tons adicionais associados a sílabas pretônicas de
palavras prosódicas longas. Com base nessa análise entoacional, verifica-se que, assim como
no dado do PB, no dado do PGB, o domínio prosódico relevante para a atribuição de acentos
tonais é a palavra prosódica e o domínio prosódico relevante para a atribuição de tom de
fronteira é o sintagma entoacional. Além disso, conforme a análise do dado de PGB,
constata-se que também o sintagma fonológico é um domínio prosódico relevante para a
associação tonal do contorno das sentenças neutras. Isso porque, nesse mesmo dado, o
acento frasal L- se encontra associado à fronteira final do sintagma fonológico em que o
sujeito “o boliviano mulherengo” está contido. De acordo com Fernandes, 2007a, b, em PB,
essa mesma característica entoacional só é encontrada para sentenças em que o sujeito é
focalizado, mas não para sentenças neutras.
5. ORÇAMENTO DETALHADO
Para o desenvolvimento deste projeto será necessária a aquisição dos equipamentos,
do programa computacional e do material bibliográfico especificados em “A. Capital” para a
realização das tarefas de gravação do banco de dados, análise prosódica desses dados e
elaboração de relatórios científicos e trabalhos a serem apresentados em eventos científicos
e a serem publicados.
As passagens e diárias referidas em “B. Custeio” serão utilizadas para viagens de
campo com a finalidade de recolha de dados e para a participação de membros da equipe
deste projeto em eventos científicos com apresentação de trabalhos resultantes do
desenvolvimento desta pesquisa.
A. CAPITAL: R$ 15.500,00
1 Gravador digital profissional portátil Marantz PMD661: R$ 3250,00
1 Microfone Shure SV100: R$170,00
2 Fones de Ouvido Sennheiser HD202: R$ 240,00 (valor unitário)
1 Microcomputador iMac e acessórios: R$ 6200,00
1 Câmera CANON EOS para filmagem e acessórios: R$ 4000,00
Software Microsoft Office Mac Home and Student 2011 para Mac: R$ 279,00
Material bibliográfico relativo ao quadro teórico do projeto: R$ 1121,00
B. CUSTEIO: R$ 14.500,00
13
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
Passagens e diárias referentes à viagem de trabalho de campo (recolha de dados) e à participação em
eventos científicos com apresentação de trabalhos
6. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
O desenvolvimento deste projeto de pesquisa implica a realização das seguintes
atividades: (I) adaptação dos corpora de sentenças a serem lidas e de fala semi-controlada
constantes do projeto “Atlas interactivo do português” para o PB, o PGB e o PA (município
do Libolo); (II) aprofundamento da bibliografia relevante; (III) gravação desses corpora
adaptados e de dados de fala espontânea com falantes nativos de cada respectiva variedade
de português; (IV) descrição e análise entoacional dos dados, no que concerne à transcrição
e descrição de eventos tonais; (V) investigação da relação entre distribuição de eventos
tonais e formação de domínios prosódicos; (VI) comparação, entre o PB, o PGB e o PA
(município do Libolo), dos resultados obtidos da análise prosódica; (VII) participação em
eventos científicos com apresentação de trabalhos; e (VIII) elaboração de artigos e outros
tipos de produção bibliográfica contemplando os resultados obtidos. No cumprimento dessas
atividades, procuraremos seguir o cronograma, organizado em bimestres ao longo de três
anos, especificado abaixo.
1o Ano
2o Ano
3o Ano
1º
2º
3º
4º
5º
6º
1º
2º
3º
4º
5º
6º
1º
2º
3º
4º
5º
6º
I
II
I
II
I
II
III
I
II
III
IV
V
I
II
III
IV
V
I
II
III
IV
V
VII
VIII
VII
VIII
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
III
IV
V
VI
VII
VIII
III
IV
V
VI
VII
VIII
III
IV
V
VI
VII
VIII
III
IV
V
VI
VII
VIII
III
IV
V
VI
VII
VIII
III
IV
V
VI
VII
VIII
IV
V
VI
VII
VIII
VI
VII
VIII
VIII
7. EQUIPE
A equipe deste projeto conta com os seguintes membros:
1. Flaviane Romani Fernandes Svartman (coordenadora do projeto) – docente do
Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (DLCV) da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP)
2. Sónia Marise de Campos Frota (colaboradora estrangeira) – docente do
Departamento de Linguística Geral e Românica da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa e investigadora do Centro de Linguística da Universidade
de Lisboa
14
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
3. Marina Cláudia Vigário (colaboradora estrangeira) – docente do Departamento de
Linguística Geral e Românica da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e
investigadora do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa
4. Marisa Cruz (colaboradora estrangeira) – investigadora do Centro de Linguística
da Universidade de Lisboa
5. Vinícius Gonçalves dos Santos – aluno de Mestrado DLCV/FFLCH (USP)
6. Carolina Carbonari Rosignoli – aluna de graduação FFLCH (USP)
7. Carlos Augusto dos Santos Fonseca – aluno de graduação FFLCH (USP)
8. Anátale Viana Garcia – aluna de graduação FFLCH (USP)
9. Matheus Almeida Coelho – aluno de graduação FFLCH (USP)
8. PARCERIAS COM OUTROS CENTROS DE PESQUISA
Este projeto conta, em seu desenvolvimento, com a parceria dos seguintes centros
de pesquisa internacionais: Centro de Linguística (CLUL) da Universidade de Lisboa
(Portugal) e Departamento de Português da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade de Macau (China).
A parceria com esses dois centos se estabelece na medida em que este projeto se
vincula aos projetos (já mencionados anteriormente) “Atlas interactivo da prosódia do
português” e “Município do Libolo, Kwanza Sul, Angola: aspectos linguístico-educacionais,
histórico-culturais, antropológicos e socioidentitários”. O primeiro projeto tem como
instituição sede de execução o Centro de Linguística da Universidade de Lisboa e o segundo,
o Departamento de Português da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
de Macau.
9. INFRAESTRUTURA E APOIO TÉCNICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Para o desenvolvimento deste projeto, contaremos com a infraestrutura e o apoio
técnico do Laboratório de Apoio à Pesquisa e ao Ensino de Letras (LAPEL) da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
As instalações desse laboratório serão utilizadas para as gravações dos dados do PB e
contaremos com o apoio dos técnicos de áudio e imagem desse mesmo laboratório para a
realização dessas gravações, especificamente, no desempenho das seguintes tarefas: (i)
agendamento das gravações; (iii) auxílio na manipulação dos equipamentos de gravação
(gravador digital e câmera de filmagem); e (iii) organização e armazenamento de todo o
material de áudio e vídeo obtido das gravações.
15
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAURRE, M. B. M. Acento frasal e processos fonológicos segmentais. Letras de Hoje, v. 31,
n. 2, p. 41-50, 1996.
ABOUSALH, E. Resolução de Choques de Acento No Português Brasileiro: Elementos Para
Uma Reflexão Sobre A Interface Sintaxe-Fonologia. 1997. Dissertação (Mestrado em
Linguística) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.
BECKMAN, M.; PIERREHUMBERT, J. Intonational Structure in Japanese and English.
Phonology Yearbook, n. 3, p. 255-310, 1986.
BOERSMA, P.; WEENINK, D. Praat: doing phonetics by computer [Computer Program], 2014.
Version 5.3.73, retrieved 21 April 2014 from: http//: www.praat.org/.
CRUZ, M. Prosodic variation in European Portuguese: phrasing, intonation and rhythm in
central-southern varieties. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade de Lisboa,
Lisboa, 2013.
D’IMPERIO, M.; ELORDIETA, G.; FROTA, S.; PRIETO, P.; VIGÁRIO, M. Intonational Phrasing
in Romance: The role of prosodic and syntactic structure. In: FROTA,S.; VIGÁRIO, M.;
FREITAS, M. J. (Eds.) Prosodies. Phonetics & Phonology Series. Berlin: Mouton de Gruyter,
2005, p. 59-97.
ELORDIETA, G.; FROTA, S.; PRIETO, P.; VIGÁRIO, M. Effects of constituent length and
syntactic branching on intonational phrasing in Ibero-Romance. Proceedings of the
15th International Congress of Phonetic Sciences (ed. by M.J. Solé, D. Recasens & I.
Romero). Barcelona: UAB, 2003, p. 487-490.
ELORDIETA, G.; FROTA, S.; VIGÁRIO, M. Subjects, objects and intonational phrasing in
Spanish and Portuguese. Studia Linguistica, v. 59, n. 2-3, p. 110-143, 2005.
FERNANDES, F. R. Tonal association in neutral and subject-narrow-focus sentences of
Brazilian Portuguese: a comparison with European Portuguese. Journal of Portuguese
Linguistics, v. 6, n.1, p. 91-115, 2007a.
FERNANDES, F. R. Ordem, focalização e preenchimento em português: sintaxe e prosódia.
2007b. Tese (Doutorado em Lingüística) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2007b.
FERNANDES-SVARTMAN, F. R. Acento secundário, atribuição tonal e ênfase em português
brasileiro (PB). Estudos Lingüísticos, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 47-58, 2009.
16
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
FERNANDES-SVARTMAN, F. R. (Coord.). Fraseamento entoacional em português brasileiro.
Projeto de investigação científica. Universidade de São Paulo, 2011-2013 (Processo FAPESP
2011/50044-9).
FERNANDES-SVARTMAN, F. R. Fatores determinantes na atribuição de acentos tonais em
sentenças neutras do português. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE LINGUÍSTICA
HISTÓRICA – CASTILHO, 2., 2012, São Paulo. Anais… São Paulo: Universidade de São Paulo,
2012. p. 302-305.
FIGUEIREDO, C. F. G. (Coord.). Município do Libolo, Kwanza Sul, Angola: aspectos linguístico
educacionais, histórico-culturais e socioidentitários. Projeto de investigação científica.
Universidade de Macau, 2013 - em andamento.
FROTA, S. On the prosody and intonation of focus in European Portuguese. In: MARTÍNEZGIL, F.; MORALES-FRONT, A. (Eds.) Issues in the Phonology and Morphology of the Major
Iberian Languages. Washington, D.C.: Georgetown University Press, 1997, p. 359-392.
FROTA, S. Prosody and focus in European Portuguese. Phonological phrasing and intonation.
New York: Garland Publishing, 2000.
FROTA, S. The intonational phonology of European Portuguese. In: JUN, S.-A. (Ed.),
Prosodic Typology II – The Phonology of Intonation and Phrasing. Oxford: Oxford University
Press, 2014, p. 6-42.
FROTA, S.; CRUZ, M. (Coord.). InAPoP – Interactive Atlas of the Prosody of Portuguese.
Projeto de investigação científica. Universidade de Lisboa, 2012 – em andamento.
FROTA, S.; CRUZ, M.; FERNANDES-SVARTMAN, F.; VIGÁRIO, M.; COLLISCHONN, G.;
FONSECA, A.; SERRA, C.; OLIVEIRA, P. Intonational variation in Portuguese: European and
Brazilian varieties. In: FROTA, S.; PRIETO, P. (Eds.), Intonational variation in Romance.
Oxford: Oxford University Press, in press.
FROTA, S.; D’IMPERIO, M.; ELORDIETA, G.; PRIETO, P.; VIGÁRIO, M. The phonetics and
phonology of intonational phrasing in Romance. In: PRIETO, P.; MASCARÓ, J.; SOLÉ, M.-J.
(Eds.) Prosodic and Segmental Issues in (Romance) Phonology. John Benjamins (Current
Issues in Linguistic Theory), 2007, p. 131-153.
FROTA, S.; VIGÁRIO, M. Aspectos de prosódia comparada: ritmo e entoação no PE e no PB.
In: CASTRO, R. V.;
BARBOSA, P. (Orgs.) Actas do XV Encontro Nacional da Associação
Portuguesa de Linguística. Coimbra: APL, 2000, v.1, p. 533-555.
FROTA, S.; VIGÁRIO, M. Efeitos de peso no Português Europeu. Saberes no Tempo –
Homenagem a Maria Henriqueta Costa Campos. Lisboa: Edições Colibri, 2001, p. 315-333.
17
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
FROTA, S.; VIGÁRIO, M. Intonational phrasing in two varieties of European Portuguese. In:
RIAD, T.; GUSSENHOVEN, C. (Eds.) Tones and Tunes, v. 1. Berlin: Mouton de Gruyter, 2007,
p. 265-291.
GUASTI, M. T.; NESPOR, M. Is syntax phonology-free? In: KAGER, R.; ZONNEVELD, W.
(Orgs.). Phrasal Phonology. Nijmegen: Nijmegen University Press, 1999.
HAYES, B. The prosodic hierarchy in meter. Ms., UCLA, 1984.
HAYES, B.; LAHIRI, A. Bengali intonational phonology. Natural Language & Linguistic Theory,
v. 9, n. 1, p. 47-96, 1991.
HOLM, J. Languages in contact: the partial restructuring of vernaculars. Cambridge: CUP,
2004.
INKELAS, S.; ZEC, D. Syntax-phonology interface. In: GOLDSMITH, J. (Org.) The handbook
of phonological theory. Cambridge: Blackwell, 1995.
JUN, S.-A. Prosodic Typology – The Phonology of Intonation and Phrasing. New York: Oxford
University Press, 2005.
JUN, S.-A. Prosodic Typology II – The Phonology of Intonation and Phrasing. Oxford: Oxford
University Press, 2014.
LADD, D. R. Intonational Phonology. Cambridge: CUP, 1996.
LADD, D. R. Intonational Phonology, 2nd edition. Cambridge: CUP, 2008.
NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic domains of external sandhi rules. In: VAN DER HULST, H.;
SMITH, N. (Eds.) The Structure of Phonological Representations, Part I. Dordrecht: Foris,
1982, p. 225-255.
NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic Phonology. Dordrecht: Foris Publications, 1986.
NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic Phonology. 2nd edition. Berlin/New York: Mouton de
Gruyter, 2007.
PIERREHUMBERT, J. The phonology and phonetics of English intonation. 1980. Tese
(Doutorado) - M.I.T., Cambridge, Mass., 1980.
PIERREHUMBERT, J.; BECKMAN, M. Japanese Tone Structure. Cambridge, Mass.: M. I. T.
Press, 1988.
PRIETO, P.; D’IMPERIO, M.; ELORDIETA, G.; FROTA, S.; VIGÁRIO, M. Evidence for soft
preplanning in tonal production: Initial scaling in Romance. In: HOFFMANN, R.; MIXDORFF,
H. (Eds.) Proceedings of Speech Prosody 2006. TUDpress Verlag der Wissenschaften GmbH:
Dresden, 2006, p. 803-806.
SANDALO, F.; TRUCKENBRODT, H. Some Notes on Phonological Phrasing in Brazilian
Portuguese. Mit Working Papers In Linguistics, v. 42, p. 285-310, 2002.
18
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
SANTOS, V. G. Aspectos prosódicos do português de Guiné-Bissau: entoação do contorno
neutro. Dissertação (Mestrado em Filologia e Língua Portuguesa) - Universidade de São
Paulo, São Paulo, em preparação.
SANTOS, V. G.; FERNANDES-SVARTMAN, F. R. O padrão entoacional neutro do português de
Guiné-Bissau. Estudos Linguísticos, v. 43, a sair.
SCHWINDT, L. C. O prefixo do português brasileiro: análise morfofonológica. 2000. Tese
(Doutorado) - PUCRS, Porto Alegre, 2000.
SCHWINDT, L. C. O prefixo no Português Brasileiro: análise prosódica e lexical. D.E.L.T.A., v.
17, n. 2, 2001.
SELKIRK, E. O. Phonology and Syntax: The Relation between Sound and Structure.
Cambridge: The M.I.T. Press, 1984.
SELKIRK, E. O. On derived domains in sentence phonology. Phonology Yearbook, n. 3, p.
371-405, 1986.
SELKIRK, E. O. The interaction of constraints on prosodic phrasing. In: HORNE, M. (Ed.).
Prosody: Theory and Experiment. Netherlands: Kluwer Academic Publishers, 2000, p. 231261.
SELKIRK, E. O.; SHEN, T. Prosodic Domains in Shanghai Chinese. In: INKELAS, S.; ZEC, D.
(Eds.) The phonology-syntax connection. Chicago: UCP, 1990, p. 313-337.
SERRA, C. R. Realização e percepção de fronteiras prosódicas no português do Brasil: fala
espontânea e leitura. 2009. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro, 2009.
SIMIONI, T. O clítico e seu lugar na estrutura prosódica do Português Brasileiro. ALFA, v. 52,
n. 2, p. 431-446, 2008.
TENANI, L. E. Domínios prosódicos no Português. 2002. Tese (Doutorado em Lingüística) Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
TENANI, L. E. O bloqueio do sândi vocálico em PB e PE: evidências da frase fonológica.
Organon, v. 18, n. 36, p. 17-29, 2004.
TENANI, L. E.; FERNANDES-SVARTMAN, F. R. Prosodic phrasing and intonation in neutral
and subject-narrow-focus sentences of Brazilian Portuguese. In: Fourth Conference on
Speech Prosody 2008, 2008, Campinas. Proceedings of Fourth Conference on Speech
Prosody 2008. Campinas: RG/CNPq, 2008, p. 445-448.
TONELI, P. M. A palavra prosódica no PB: o estatuto prosódico das palavras funcionais.
2009. Dissertação (Mestrado em Lingüística) - Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2009.
19
Projeto de pesquisa “Fraseamento prosódico em português:
comparações entre as variedades brasileira e africanas”
CNPq – Chamada Universal – MCTI/CNPq No. 14/2014
TRUCKENBRODT, H. Phonological Phrases: Their Relation to Syntax, Focus and Prominence.
1995. Tese (Doutorado) - MIT, 1995.
TRUCKENBRODT, H. On the relation between syntactic phrases and phonological phrases.
Linguistic Inquiry, v. 30, p. 219-255, 1999.
TRUCKENBRODT, H. The syntax-phonology interface. In: DE LACY, P. The Cambridge
Handbook of Phonology. Cambridge: Cambridge University Press, 2007, p. 435-456.
TRUCKENBRODT, H.; SANDALO, M. F.; ABAURRE; M. B. M. Elements of Brazilian Portuguese
intonation. Journal of Portuguese Linguistics, v. 8, p. 75-114, 2009.
VIGÁRIO, M. Aspectos da Prosódia do Português Europeu: estruturas com advérbio de
exclusão e negação frásica. Braga: CEHUM, 1998.
VIGÁRIO, M. The Prosodic Word in European Portuguese. Berlin-New York: Mouton de
Gruyter, 2003.
VIGÁRIO, M. Prosodic structure between the Prosodic Word and the Phonological Phrase:
recursive nodes or an independent domain? The Linguistic Review, v. 27, n. 4, p. 485-530,
2010.
VIGÁRIO, M.; FERNANDES-SVARTMAN, F. R. A atribuição de acentos tonais em compostos
no português do Brasil. In: BRITO, A. M.; SILVA, F.; VELOSO, J.; FIÉIS, A. (Orgs.) XXV
Encontro da Associação Portuguesa de Lingüística – Textos Seleccionados. Porto: Tip. Nunes,
Ltda - Maia, 2010, v. 1, p. 769-786.
VIGÁRIO,
M.;
FROTA,
S.
The
intonation
of
Standard
and
Northern
European
Portuguese. Journal of Portuguese Linguistics (Special Issue on Portuguese Phonology edited
by W. L. Wetzels), v. 2, n. 2, p. 115-137, 2003.
ZEC, D.; INKELAS, S. Prosodically constrained syntax. In: INKELAS, S.; ZEC, D. (Orgs.) The
phonology-syntax connection. Cambridge: The University of Chicago Press, 1990.
20

Documentos relacionados

A prosódia do português: sílaba, acento, entoação e ritmo

A prosódia do português: sílaba, acento, entoação e ritmo realidade, há restrições sobre as consoantes que podem ocorrer no final de sílaba, e há regras fonológicas que só se aplicam nas fronteiras de sílaba e não se aplicam no seu interior, como a velari...

Leia mais

Para a prosódia do foco em variedades do Português Europeu

Para a prosódia do foco em variedades do Português Europeu verbo e objecto são agrupados num só IP [(SVO)], excepto quando os sujeitos são longos (+ de 8 sílabas), formando um só IP [(S)(VO)] – Elordieta et al. 2005. No NEP, normalmente, sujeito, verbo e o...

Leia mais