CAPA Historia das Artes Visuais II - 3 periodo.cdr

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CAPA Historia das Artes Visuais II - 3 periodo.cdr
Heloisa de Lourdes Veloso Dumont
Vivian da Silva Paulistch
HISTÓRIA DAS
ARTES VISUAIS II
ARTES VISUAIS
3º PERÍODO
Heloisa de Lourdes Veloso Dumont
Vivian da Silva Paulistch
HISTÓRIA DAS
ARTES VISUAIS II
ARTES VISUAIS
3º PERÍODO
Montes Claros - MG, 2010
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2010
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Chefe do Departamento de Artes
Coordenadora do Curso de Artes Visuais a Distância
Maria Elvira Curty Romero Christoff
AUTORAS
Heloisa de Lourdes Veloso Dumont
Especialista em Arte-Educação e em História da arte pela Universidade
Estadual de Montes Claros - Unimontes, graduada em Educação Artística
pela Unimontes. Professora do Conservatório Estadual de Música Lorenzo
Fernandez e unimontes.
Vivian da Silva Paulistch
Doutora em História Cultural pela Universidade Estadual de Campinas,
mestre em História da Arte e da Cultura pela Universidade Estadual de
Campinas, Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade
Federal de Pelotas. Em 2004-05 foi bolsista por um ano pelo programa
Amérique Latine do Paul Getty Institut em Paris no Instituto Nacional de
História da Arte (INHA-Paris) afim de aprofundar as pesquisas do doutorado.
SUMÁRIO
DA DISCIPLINA
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Unidade 1: Período Barroco e Rococó . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2 Pintura Barroca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Arquitetura e esculturas Barrocas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Unidade 2: Neoclássico, Romantismo e Realismo. . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1 Neoclássico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Romantismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.3 Realismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Unidade 3: Impressionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1 Principais artistas do Impressionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.2 Auguste Rodin (1840-1917) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.3 Pós-Impressionismo: Seurat, Gauguin, Cézanne, Van Gogh . . 48
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Unidade 4: Arte no século XX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.1 Fauvismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2 Cubismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.3 Futurismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.4 Expressionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.5 Dadaísmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.6 Surrealismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.7 O abstracionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.8 Expressionismo abstrato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
4.9 Pop Art . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.10 Optical Art . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . . . . . . . 91
Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
APRESENTAÇÃO
Prezado acadêmico,
Seja bem vindo a esta fase introdutória do conteúdo da Disciplina
de Historia das Artes Visuais II do Curso de Licenciatura em Artes Visuais
da Universidade Aberta do Brasil – UAB Unimontes.
Nesta unidade, apresentaremos para você a História da Arte
Europeia, iniciando pelo Barroco, que foi onde chegamos no módulo
anterior, até a arte no século XX. E como fizemos anteriormente, faremos
uma abordagem cronológica, por considerarmos a mais didática.
Os objetivos principais deste módulo são:
?
Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio artístico e
sociocultural de outros povos e nações;
?
Proporcionar o desenvolvimento do pensamento artístico e da
percepção estética;
?
Compreender e saber identificar a arte como fator histórico
social contextualizado nas diversas culturas;
?
Identificar as produções presentes nos principais movimentos
artísticos, do Barroco à Arte Moderna.
Voltamos a enfatizar que esta disciplina é de grande importância
para sua formação artística e de arte educador. Diante disso, voltamos a
recomendar muita leitura e pesquisa, ações necessárias para que você
reconheça e compreenda a variedade dos produtos artísticos e as concepções estéticas presentes na história da arte.
Apresentaremos o conteúdo, destacando os aspectos mais importantes de cada momento histórico e artístico, sempre considerando que a
arte é o reflexo da sociedade que a produz e tem, portanto, a função de
ilustrar o que é a realidade para cada momento da história.
Para melhor compreensão, a disciplina será dividida em quatro
unidades que, por sua vez, serão subdivididas em tópicos ou subunidades:
Unidade 1: Período Barroco e Rococó
1.1 Introdução
1.2 Pintura Barroca
1.2.1 Caravaggio
1.2.2 Pietro da Cortona (Roma, 1596-1669)
1.2.3 Tintoretto (1518-1594)
1.2.4 Peter Paul Rubens (Espanha, 1577-1640)
7
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
1.2.5 Diego Velázquez (1599-1660) - Barroco - Pintura - Espanha
1.2.6 Rembrandt (1606-1669) – Pintura – Barroco – Países Baixos
1.3 Arquitetura e esculturas Barrocas
1.3.1 Bernini (1599-1667) – apogeu da Arquitetura barroca
Unidade 2: Neoclássico, Romantismo e Realismo
2.1 Neoclássico
2.1.1 Arquitetura
2.1.2 Pintura
2.1.3 Escultura
2.1.3.1 Antonio Canova (1757-1822)
2.1.3.2 Thorvaldsen (1770-1844)
2.2 Romantismo
2.2.1 Pintura
2.2.2 Arquitetura
2.2.3 Escultura
2.3 Realismo
2.3.1 Pintura
2.3.2 Escultura – Auguste Rodin (1840-1917)
Unidade 3: Impressionismo
3.1 Principais artistas do Impressionismo
3.1.1 Claude Manet (1840- 1926)
3.1.2 Camille Pissaro (1830-1903)
3.1.3 Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)
3.1.4 Frederic Bazille (1841-1870)
3.1.5 Mary Cassat (1844-1926)
3.1.6 Berthe Morisot (1841- 1895)
3.1.7 Edgar Degas (1834-1917)
3.3 Pós-Impressionismo: Seurat, Gauguin, Cézanne, Van Gogh
3.3.1 Paul Cézanne ( 1839-1906)
3.3.2 Georges Seurat (1859-1891)
3.3.3 Toulouse Lautrec (1864-1901)
3.3.4 Vincent Van Gogh (1853-1890)
3.3.5 Paul Gauguin (1848-1903)
Unidade 4: Arte no século XX
4.1 Fauvismo
4.1.1 Henri Matisse (1869-1954)
4.1.2 André Derain (1880-1954)
4.1.3 Raoul Dufy (1877-1953)
8
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
4.1.4 Maurice de Vlaminck (1806-1958)
4.1.5 Georges Rouault (1871-1958)
4.2 Cubismo
4.2.1 Pablo Picasso (1881-1973)
4.2.2 Georges Braque (1882-1963)
4.2.3 Cubismo Analítico
4.2.4 Cubismo Sintético
4.3 Futurismo
4.3.1 Principais artistas
4.4 Expressionismo
4.4.1 Die Brücke
4.4.2 Der Blaue Reiter
4.5 Dadaísmo
4.5.1 Marcel Duchamp (1887-1968)
4.6 Surrealismo
4.6.1 Joan Miró (1893-1983)
4.6.2 Salvador Dalí (1904-1989)
4.7 O abstracionismo
4.7.1 Vassily Kandisnsky (1912-1944)
4.7.2 Kazimir Malevitch (1878-1935)
4.7.3 Piet Mondriam (1872-1944)
4.8 Expressionismo abstrato
4.8.1 Jackson Pollock (1912-1956)
4.9 Pop Art
4.9 1 Andy Worhol (1930-1987)
4.9.2 Roy Lichetenstein (1923-1997)
4.9.3 Jasper Johns (1930- )
4.10 Optical Art
4.10.1 Victor Vassarely (1908-1998)
4.10.2 Escher (1898-1972)
Leiam muito, abram espaços para a interação com os colegas, para
o questionamento, para a leitura crítica dos textos, enfim, mergulhem de
fato na história da arte.
Com imenso carinho, torcemos para que tenha um excelente
aprendizado.
As autoras
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1
UNIDADE 1
PERÍODO BARROCO E ROCOCÓ
1.1 INTRODUÇÃO
PARA REFLETIR
Caro acadêmico, lembramos que nesta parte da Unidade serão
apresentados vários artistas que ilustrarão a Arte do Barroco e do Rococó,
quando, diferentemente da Arte renascentista, a emoção predomina sobre o
racionalismo.
O século XVII, na Europa, vê a plenitude de um momento artístico
chamado Barroco (período que vai de 1600 a 1750) dominado pela irregularidade, a fantasia e a sobrecarga decorativa.
As origens da palavra barroco são incertas, provavelmente derivada
do espanhol barrueco e do português barroco, indicando um tipo de pérola de
forma irregular e imperfeitamente redonda.
Roma acabou se tornando o local de origem desse estilo, devido ao
papado ter voltado a patrocinar a produção de obras de arte, com o objetivo
de transformar a cidade na mais bela do mundo cristão. Entretanto, a arte
Barroca não se restringiu à Europa católica. Desenvolve-se nos países protestantes e na arte Ibero-americana.
Após a Reforma Protestante, se impõe a Contra-Reforma e o barroco
torna-se sua expressão artística. A pintura e a escultura integraram-se na
arquitetura, deixando de ter caráter apenas decorativo.
Essa integração das artes começa a se concretizar no plano urbanístico de Roma em 1585, mas o Barroco aflora realmente com Bernini, Pietro da
Cortona e Borromini, igualmente em Roma em 1930: a obra maior de Bernini
é a colunata oval da Praça de São Pedro (veremos adiante).
No Renascimento, já podemos perceber elementos da estética
barroca em Michelangelo, considerado por muitos o precursor do barroco,
pois já apresenta a força de expressão necessária para a obtenção de tais
efeitos. Entre as obras desse artista, citamos o “Juízo Final”, afresco cujas
características são plenas de intensidade expressiva e vigor, que se evidencia
nas figuras que anunciam esse estilo.
A arte barroca Europeia pode ser também definida como uma
manifestação do poder estabelecido, isto é, o dos grandes monarcas, o da
burguesia protestante e da Igreja triunfante.
Os escritos e as ideias presentes na obra de Wöllflin reconhecem no
Barroco uma categoria ideal, expressão de uma constante universal, de uma
‘visão do mundo’ em perpétua antítese com a visão clássica, que encontramos
nas mais diferentes épocas e que teria relação com todas as formas da
civilização.
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Reforma Protestante: um
movimento dinâmico de autorenovação na Igreja Católica,
provocando consequências que
ultrapassaram as questões da
fé. Foi um movimento iniciado
no sec. XVI por Martinho
Lutero, protestando contra
diversos pontos da doutrina da
Igreja Católica.
Contra Reforma: Movimento
criado no seio da Igreja
católica, em resposta à reforma
protestante de Martinho
Lutero.
O naturalismo serviu à Igreja
como instrumento da ContraReforma; o Classicismo, aos
intelectuais; o Realismo, à
burguesia e o Barroco à Igreja
triunfante e aos monarcas
absolutos.
DICAS
Heinrich Wöllflin (1864-1945):
é um historiador suíço e teórico
da arte.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Claro-escuro: grande contraste
entre a luz e a sombra na
representação de um objeto.
Pode ser definido ainda como
Perspectiva tonal.
Naturalismo: É um movimento
que busca a imitação da
natureza com exatidão,
privilegiando os temas da
vida cotidiana.
Figura 01: O Juízo Final. 1535-41. Michelangelo.
H 137 X 122 cm. Afresco para a Capela Sistina, Vaticano.
Fonte: http://www.christusrex.org/www1/sistine/40-Last.jpg- 24/08/2009
1.2 PINTURA BARROCA
A pintura do período Barroco é uma pintura mais próxima do
realismo, e tem como foco mais importante os retratos no interior das casas,
nas paisagens e naturezas mortas, e ainda em cenas populares, como é o caso
do Barroco Holandês.
A expansão e o fortalecimento do Protestantismo levaram os
católicos a lançar mão da pintura como meio de divulgação de sua doutrina, o
que levou os artistas a buscarem um realismo o mais convincente possível.
A pintura barroca tem características bem marcantes como:
1- composição assimétrica, com o uso exagerado de diagonais,
revelando figuras retorcidas;
2- forte contraste de claro-escuro, visando intensificar a sensação de
profundidade da pintura.
3- preferência por cenas de grande intensidade dramática, com
temas realistas, a fim de atingir todas as camadas sociais;
4- uso da luz artificial, projetada para conduzir o olhar do expectador
para os acontecimentos mais relevantes da obra.
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Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
1.2.1 Caravaggio (1571-1610)
Pintor italiano, filho de um arquiteto, teve seus primeiros ensinamentos em 1584, em Milão, com o pintor S. Peterzano. Nas suas obras da
maturidade artística, acentua-se a representação da realidade mais brutal e
mais imediata, utilizando-se de fortes contrastes de luz e sombra. É através
dessa luz que o pintor modela as figuras e traduz os espaços e as situações,
intervindo como uma aparição simbólica.
Caravaggio procurava seus modelos entre os vendedores, músicos,
pessoas do povo. O que mais caracteriza sua pintura é o modo revolucionário de utilização da luz, o qual será reutilizado por outros pintores. Essa luz
não aparece como reflexo, mas é criada intencionalmente para dirigir a
atenção do observador. O grande contributo que Caravaggio trouxe à
pintura foi o uso magistral que fez do claro-escuro.
Nesta pintura de Caravaggio, na figura 2, “A vocação de São
Mateus”, seu realismo é tão inflexível, que um novo termo, naturalismo,
seria necessário para distinguir esta peça da fase anterior, o Maneirismo e o
Alto Renascimento, respectivamente. Isto se dá por ser a primeira vez que
um tema sacro foi pintado de forma tão contemporânea da vida das pessoas
dessa época.
Figura 2: A vocação de São Mateus. 1596-98. Caravaggio.
Óleo sobre tela, H 338 x 348 cm. Capela Contarelli, San Luigi dei Francesi, Roma.
Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 251.
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Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Nesse ambiente de interior, veem-se dois grupos de homens; à
esquerda, um grupo sentado em volta de uma mesa, portando armas e bem
vestidos. À direita, outros dois homens com pés descalços e roupas simples.
Ao fundo tem-se uma janela e um raio de luz que incide da direita para a
esquerda.
O grupo com trajes coloridos à esquerda seriam São Mateus, o
cobrador de impostos e seus agentes armados. A religiosidade dessa cena
pode ser apercebida pelo intenso raio de luz acima da figura, que seria a de
Cristo, que ilumina o rosto e a mão do santo nesse interior sombrio, levando,
assim, seu chamado até Mateus. É essa luz tão natural e ao mesmo tempo
simbólica que conscientiza o espectador da presença divina.
1.2.2 Pietro da Cortona (Roma, 1596-1669)
A pintura barroca desenvolveu-se também nos tetos de igrejas e
palácios. Essa pintura, de efeito sobretudo decorativo, foi realizada em
audaciosas composições de perspectiva. Assim, foi, por exemplo, o trabalho
deste pintor e arquiteto italiano.
Em Roma, pintou uma de suas principais obras: “História de Enée”
no Palácio Pamphili (ver figura 3), que é seu trabalho mais importante na
pintura religiosa.
Figura 03: Enée arrivant à l’embouchure du tibre. Afresco do ciclo
‘A História de Enée’. Pietro da Cortona. Roma, Palácio Pamphili.
Fonte: Encyclopédie de L’Art,1986, p. 794.
A crítica moderna valorizou a obra de Pietro, reconhecendo nele
um dos principais protagonistas da arte barroca. Ele obteve também um
papel de destaque na arquitetura, que orientou para um novo classicismo,
inspirado em Bramante e Palladio ainda que, ao mesmo tempo, com
vigorosos efeitos plásticos, como os de Michelangelo.
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Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
1.2.3 Tintoretto (1518-1594)
PARA REFLETIR
O pintor italiano foi aluno de Ticiano e os temas de seu mestre estão
certamente presentes em suas primeiras obras, como em: Conversão de Saul
(National Gallery of Arts, Londres) e Ecce Homo (Masp, São Paulo).
Na pintura de Tintoretto, é notória a utilização dos efeitos contrastantes de luminosidade, o movimento agitado dos personagens e, enfim, a
qualidade do toque pictural – rápido, descontínuo, carregado de tensão –
permitiram ao artista condensar os diferentes momentos da ‘história’ em
uma representação dramática que busca profundamente uma ligação
emocional com o espectador.
No quadro “São Jorge e o dragão” (ver figura 4), O /santo é apresentado derrotando o animal à beira do mar. A lenda refere-se a São Jorge, um
cavaleiro da Cappadocia (Turquia), que salvou uma donzela de um dragão
em Silene, na Líbia.
O tratamento do tema é incomum: a figura da princesa é dominante, e no centro está um cadáver que o dragão estava prestes a comer.
A figura de “Deus Pai”, bênção do santo, aparece no céu. A leitura
da narrativa visual fica em torno da princesa. As cores azul e rosa estão
presentes nas vestimentas tanto da princesa quanto em São Jorge.
Figura 04: São Jorge e o Dragão. Tintoretto. 1560. Óleo
sobre tela, 57.5 x 100.3. cm. National Gallery, Londres.
Fonte: http://www.nationalgallery.org.uk/paintings/jacopotintoretto-saint-george-and-the-dragon 29/07/2009
15
Bramante: Foi um dos maiores
arquitetos da Renascença.
Conseguiu destaque através de
seus estudos de geometria e da
perspectiva. Sua obra mais
importante foi o projeto da
Basílica de São Pedro em
Roma, que foi mais tarde
complementado pelo artista
Michelangelo. Vide site:
http://www.pegue.com/artes/
berco.htm Palladio: Arquiteto
Italiano,
que criou o Palladianismo.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
O pequeno tamanho da tela sugere que foi pintado para um
ambiente doméstico ou para uso devocional. Como consequência desse ato
de coragem cristã, houve muita conversão ao cristianismo. Mais tarde, ele foi
perseguido e martirizado pelo imperador Diocleciano.
1.2.4 Peter Paul Rubens (1577-1640)
Rubens foi o artista flamengo que ocupou um lugar de especial
importância na pintura barroca internacional. O pintor cresceu na
Antuérpia, capital dos Países Baixos Espanhóis e foi católico devoto por toda
sua vida.
Rubens teve o aprendizado com artistas locais, mas só desenvolveu
seu estilo pessoal quando foi para a Itália, e lá foi influenciado pelo mestre
Van Veen, que despertou em Rubens o gosto pela cultura clássica, fazendo
com que ele permanecesse no país por oito anos. No entanto, preferiu se
estabelecer na Antuérpia como pintor da Corte do regente espanhol, onde
era respeitado não só como artista, mas também como diplomata.
Na figura 5, temos uma pintura denominada “O Jardim do Amor”,
uma composição que representa a entrada de um palácio onde um grupo de
pessoas está cercado por alegres cupidos. Nessa obra tardia do mestre, a
luminosidade delicada sugere grande calma e suavidade refinada.
Figura 5: O Jardim do amor, 1632-34. Rubens. Óleo sobre tela. H 198 X 283 cm.
Museu do Prado, Madri, Espanha.
Fonte: PROENÇA, G., 2009, p. 143.
PARA REFLETIR
1.2.5 Diego Velásquez (1599-1660)
Para saber mais sobre a Capela
Sisitina visite o site:
http:\\www.historiadaartehp.hp
g.ig.com.br/tetodacapelasistina.
htm, e conheça mais sobre a
Capela Sistina.
Pintor espanhol nascido em Sevilha; sua pintura tinha certa intuição
para o naturalismo, com predileção por cenas da vida popular, o que pode
ser visto em suas primeiras obras. A influência de Caravaggio se verifica
igualmente em seus quadros com temas religiosos, através de contrastes
marcados pela luz e sombra.
16
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
“As meninas”, figura 06, um grande quadro localizado no Museu do
Prado, em Madri, na Espanha, é uma de suas obras mais conhecidas. Trata-se
da representação de um retrato de personagens da monarquia espanhola,
numa cena que representa o momento em que o artista executa a obra. Na
cena, o artista ser auto representa, tornando a imagem uma representação
ao mesmo tempo cotidiana, espontânea e instigante.
Figura 06: As Meninas. 1656. Diego Velázquez. Óleo sobre tela.
H 317 X 274 cm. Museu do Prado, Madri, Espanha.
Fonte: PROENÇA, G. 2009, p. 150.
O quadro poderia ser intitulado “O artista em seu estúdio”, pois ele
mostra-se a si mesmo trabalhando; no centro encontra-se a pequena
Princesa Margarita e suas companheiras de brincadeiras e suas damas de
honra. Os rostos dos pais, o rei e a rainha, aparecem no espelho da parede
do fundo.
A ambigüidade está no sentido de que: será que o espelho reflete
apenas uma parte da tela? Em “As Meninas”, as variedades de luz direta e
indireta são quase ilimitadas e o artista estabelece uma relação entre a
imagem no espelho, as pinturas que ocupam a mesma parede e a ‘pintura’
do homem junto à porta aberta.
A obra de Vélazquez foi muito apreciada pelas suas qualidades
cromáticas e suas pinceladas, sendo considerada como uma antecipação da
sensibilidade moderna.
17
DICAS
Sugestão de Leitura: Leiam o
Texto de Foucault “As meninas
de Velasquez”. In: FOUCAULT,
Michel. As palavras e as coisas.
Trad. Salma Tannus Muchail.
Martins Fontes, 2002, p. 03-21.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
1.2.6 Rembrandt (1606-1669)
DICAS
Lastman: foi um notório pintor
de paisagens históricas. Para
conhecê-lo melhor, visite site:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Piet
er_Lastman.
Rembrandt foi o maior dentre os gênios da arte holandesa, pintor e
gravador. Seus primeiros quadros e gravuras são na maior parte de temas
religiosos e parecia estar próximo do estilo caravagesco e de Pieter Lastman
(seu mestre).
Suas primeiras pinturas são pequenas, fortemente iluminadas e de
um realismo intenso. O artista possui uma predileção pelos efeitos de luz
violentos e teatrais, e ao mesmo tempo por personagens em plena ação.
A partir de 1630, desenvolveu um estilo maduro, com violentos
contrastes luminosos, com uma vaga e misteriosa evocação de formas
envoltas pela sombra, cuja interpretação emocional dos temas representados se aprofunda cada vez mais.
Um exemplo disto é o quadro “O Cegamento de Sansão”, figura 07,
onde o artista nos mostra a crueldade da história descrita no Velho
Testamento em toda sua violência e esplendor. A inundação de uma luz
brilhante, que se derrama sobre a cena escura, é teatral e confere intensidade ao drama.
Figura 07: O Cegamento de Sansão. 1636. Óleo sobre tela. H 236 X 302 cm.
Stadelsches Institut, Frankfurt, Alemanha.
Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 267.
Rembrandt, em sua pintura, aparece orientado para uma representação sempre mais interiorizada da realidade e das aventuras humanas. O
artista buscou compreender e expressar a verdade escondida, distanciandose cada vez mais das convenções artísticas e do sentido da ‘dignidade’ da
sociedade contemporânea de sua época.
18
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
1.3 ARQUITETURA E ESCULTURAS BARROCAS
B GC
GLOSSÁRIO
A arte do período Barroco era dirigida a um grande público, com a
intenção de persuadir e estimular as emoções, através de movimentos
dinâmicos e predomínio de curvas, pelo jogo de luz e sombra e uso do
dourado, e ainda pela dramaticidade e teatralidade das esculturas.
A arquitetura, por sua vez, se inspira na arquitetura clássica, porém
não podemos dizer que seja uma continuação do Renascimento, pois não
segue fielmente as combinações da arte clássica, transformando os conceitos
e elementos da arte renascentista. É um clássico rebelde, com o significado
do “Grotesco”.
1.3.1 Bernini (1598-1680)
Bernini foi arquiteto, escultor e decorador de teatros e festas
italianas; seu talento precoce o torna um dos mais importantes artistas
italianos do Barroco.
A
E
F
O termo, derivado do italiano
grottesco (de grotta,"gruta" ou
"cova"), surge na ornamental
história da arte, aplicado a um
estilo um estilo ornamental
inspirado em decorações
murais da Roma
antiga, descobertas em ruínas
escavadas no Renascimento.
Fonte:
http://www.itaucultural.org.br/a
plicexternas/enciclopedia_ic/ín
dex
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Colunatas: longa sequência de
colunas ligadas por
entablamentos que,
Frequentemente, constituem
um elemento autônomo, como
na famosa colunata curva
elíptica que Bernini desenhou
para a Basílica de São Pedro.
B GC
GLOSSÁRIO
A
Figura 08: Colunata em frente à Basílica de São Pedro. 1657-66. Bernini. Vaticano.
Fonte: http://www.christusrex.org/www1/citta/B2-Conciliazione.jpg. acesso 04/08/2009
Ao compararmos seu “Davi” ao de Michelangelo, (ver figura 09)
vemos que o que caracteriza sua escultura como Barroca seria a presença de
Golias. O Davi de Bernini (ver figura 10) não pode ser considerado como
uma figura autônoma, mas como a metade de um par, pois a escultura
barroca evita a auto-suficiência, tendo um ‘complemento invisível’.
19
E
F
Tour de force: É uma locução
substantiva de origem francesa,
que significa grande esforço,
proeza, façanha. Fonte:
http://br.answers.yahoo.com/qu
estion/index?
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
A escultura barroca tem sido reconhecida por apresentar um tour
de force, tentando obter efeitos ilusionistas, que estão além de seu campo.
Segundo Proença,
havia nas esculturas renascentistas um equilíbrio entre
aspectos intelectuais e emocionais. Já nas obras barrocas,
esse equilíbrio desaparece, dando lugar à exaltação de
sentimentos. As formas procuram expressar o movimento e
recobrem-se de efeitos decorativos. Predominam as linhas
curvas, os drapeados das vestes e o uso do dourado. Os
gestos e o rosto das personagens revelam fortes emoções e
atingem uma dramaticidade desconhecida no
Renascimento. [...] (PROENÇA, 2009, p. 138).
Figura 09: David. 1501-04. Michelangelo.
Mármore. H: 4,089m. Academia, Florença.
Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 212.
Figura 10: David. 1623. Gian Lorenzo Bernini.
Mármore, tamanho natural. Galeria Borghese,
Roma.
Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 256.
20
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Algumas de suas
obras serviram de elemento
decorativo nas igrejas, como
o baldaquino (ver figura 11)
da Basílica de São Pedro no
Vaticano.
Bernini criou
majestosas colunas retorcidas e decoradas com
motivos florais para o
baldaquino de bronze
construído pelo Papa
Urbano VIII, que foi
colocado sobre o centro da
cúpula projetada por
Michelangelo.
Figura 11: Baldaquino (1624-33) da Basílica de São
Pedro, Vaticano.
Fonte: http://www.christusrex.org/www1/citta/Baldachino.jpg.Acesso 29/07/2009
Sua obra-prima é a
Capela Cornaro, que
contém o famoso grupo de
esculturas chamado “O
Êxtase de santa Tereza”
(figura12) na Igreja de Santa
Maria della Vittoria.
Segundo o relato da própria Santa, os ferimentos lhe causaram tanta
dor, que se transformaram
na experiência mística do
amor que ela desejou que
jamais acabasse. Nesta
escultura, em que Tereza é
visitada por um anjo que lhe
fere o peito várias vezes por
uma flecha, Bernini deu a
essa experiência visionária
uma sensualidade em que o
êxtase da Santa é claramente físico.
Figura 12: O Êxtase de Santa Tereza. 1645-52.
Gianlorenzo Bernini. Mármore, tamanho natural.
Capela Cornaro, Santa Maria della Vittoria, Roma.
Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 257
21
As duas figuras, em
sua nuvem flutuante, são
iluminadas (a partir de uma
janela), de tal modo que
parecem quase imateriais e
o espectador as sente como
visões.
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Baldaquino: É um elemento
arquitectónico
arquitectónicopara resguardo
de altar, retábulo, escultura
portal, etc. Fonte:
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Baldaquino
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
1.3.2 Borromini (1599-1667) – apogeu da Arquitetura barroca
Francesco Borromini, arquiteto italiano, tem o começo de sua
atividade artística em Milão. Trabalhou em Roma para Maderno, quando se
torna colaborador da basílica de São Pedro, e para o palácio Barberini.
Entre as suas principais obras está a fachada da Igreja “San Carlo alle
Quattro Fontane” começada em 1665 e terminada em 1682 por seu
sobrinho Bernardo.
A complexidade geométrica das plantas dos edifícios de Borromini
reflete o contraste de forças e de tensões que serviram como base para as
obras do artista.
Figura 13: Fachada e Planta, San Carlo alle Quatro Fontane, Roma.1638-67.
Francesco Borromini.
Fonte: JANSON, 1996, p. 258.
Na Igreja San Carlo alle Quattro Fontane (figura 13), a sintaxe é nova
e o jogo de superfícies côncavas e convexas faz com que a estrutura pareça
elástica, com uma planta de forma oval, comprida nas extremidades,
sugerindo uma cruz grega.
Para os interiores, o efeito do modelo plástico é acentuado pela
pureza das paredes, ligeiramente recobertas por pinturas que tomam lugar
das ricas incrustações, escolhidas por outros arquitetos barrocos, o que
contribui com a dinâmica espacial em função da incidência e difusão
calculada da luz ou da penumbra delicada.
22
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Na fachada, as pressões e contrapressões alcançam uma intensidade máxima. O artista recua e arredonda as superfícies das paredes com um
movimento suave, por vezes mais dramático ou então dá uma irresistível
ligação vertical obtida pela continuidade perfeita das estruturas, de acordo
com as características do Barroco. Assim, a obra é dirigida ao grande público,
com a intenção de persuadir e estimular as emoções, através de movimentos
dinâmicos e predomínio de curvas.
REFERÊNCIAS
ENCICLOPÉIE DE L’ART. Paris: Librairie générale française, 2000.
GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Tradução Álvaro Cabral. Editora,
2002.
JANSON, H. W. & JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. Trad.
Jefferson Camargo São Paulo: Martins Fontes, 1996.
JOBERT, B. Delacroix, le trait romantique. [Exposição, Paris, Bibliothèque
nationale de France, 7 avril – 13 julho 1998]. Paris: Bibliothèque nationale
de France, 1998.
LACLOTTE, M. Orsay la peinture. Paris: Scala, 2003.
PONCE DE LÉON, P. G. Breve história da Pintura. Trad. José Carlos Teixeira.
Madrid: ed. Lisboa, 2006.
PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: Ática, 2009.
O LIVRO DA ARTE. Trad. Monica Stahel São Paulo: Martins Fontes, 1999.
http://www.christusrex.org/www1/citta/B-Baldachino.jpg
http://www.christusrex.org/www1/citta/B2-Conciliazione.jpg
http://br.answers.yahoo.com/question/index
h t t p : / / w w w. n a t i o n a l g a l l e r y. o r g . u k / c g i - b i n / We b O b j e c t s . d l l /
CollectionPublisher.woa/wa/largeImage?
http://www.christusrex.org/www1/sistine/40-Last.jpg
23
2
UNIDADE 2
NEOCLÁSSICO, ROMANTISMO E REALISMO
2.1 NEOCLÁSSICO
O Neoclássico foi um movimento cultural e artístico que se difundiu
entre a metade do século XVIII e o começo do século XIX, buscando retornar
à arte da antiguidade clássica, considerada exemplo de equilíbrio e beleza.
Esse movimento desenvolve-se paralelamente às pesquisas arqueológicas,
especificamente a descoberta das cidades de Herculano e Pompeia, quando
ocorre uma retomada da arte greco-romana. Esse fato também está ligado
aos comportamentos típicos da filosofia das Luzes.
Na metade do século XVIII, vê-se um apelo de volta à razão,
influência da Revolução Francesa, apogeu da burguesia e início da revolução
industrial. Nas artes bem como na economia, na política e na religião, esse
movimento racionalista se contrapôs ao Barroco e ao Rococó.
Nascido nas artes figurativas, o Neoclassicismo quis propor, contra as
formas agitadas, o excesso e irregularidades do Barroco, os modelos de rigor e
harmonia que pareciam até então pertencer somente à Antiguidade.
O maior teórico desse período foi o historiador da arte Johann
Winckelmann, que defendia uma arte feita de equilíbrio, de elegante
precisão em detrimento do excesso de estilo e de expressões passionais.
Nesse período é marcante a presença das academias de arte,
difundidas como o lugar de formação do artista, privilegiando a formação
técnica e o projeto. Em vista disso, fortalece o Academicismo nos temas e nas
técnicas, cujas regras são ensinadas nas escolas ou academias.
2.1.1 Arquitetura
O famoso tratado de Winckelmann pregou a imitação da ‘simplicidade nobre e
grandeza calma’ dos
gregos. O primeiro
monumento desse
novo estilo foi
iniciado em Paris;
trata-se do Panteão,
projetado por Jacques
Soufflot (1713-1780),
e construído inicialmente
para ser uma
Figura 14: . Panteão Sainte Geneviève, Paris, 1755-92.
Igreja. (ver figura14).
Jacques G. Soufflot.
Fonte: http://www.paris.org/Monuments/Pantheon
/gifs/pantheon.html. 08/08/2009
25
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Filosofia das Luzes: de acordo
com o site:
http://www.filosofianet.org/
modules.php, foi um
movimento que “[...] surgiu no
século XVIII, na França,
Inglaterra e Alemanha.
Caracteriza-se pela defesa da
ciência e da racionalidade
crítica, contra a fé, a
superstição e o dogma
religioso. Esse movimento tem
dimensões literária, artística e
política (defende as liberdades
individuais e os direitos do
cidadão contra o autoritarismo
político e o abuso do poder).
Os iluministas acreditavam que
o homem poderia se
emancipar através da razão e
do saber, ao qual todos
deveriam ter livre acesso. O
racionalismo e a teoria crítica
do pensamento
contemporâneo podem ser
considerados legados da
tradição iluminista.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
A arquitetura Neoclássica, de acordo os autores Pinto, Meireles e
Cambotas, foi inspirada nos cânones estruturais, formais e estéticos da arte
clássica e, [...] “preocupada em representar e servir o presente, [...] apresenta
algumas características gerais” (PINTO, MEIRELES, CAMBOTAS, 2001, p.
634):
Empregou materiais nobres, tradicionais – como a pedra, o
mármore, o granito, as madeiras... – mas não rejeitou
totalmente os modernos, como o ladrilho cerâmico e o ferro
fundido, de mais baixo custo e maior funcionalidade. Fê-lo
apropriadamente, sabendo explorar, em todos eles, as suas
potencialidades naturais de resistência, textura, brilho, cor.
Por esse motivo, os materiais eram normalmente deixados à
vista, acentuando as estruturas que compunham.
Usou processos técnicos avançados, do seu tempo,
preferindo, contudo, os sistemas construtivos simples, aos
quais soube aliar, quando necessário, esquemas mais
complexos, estruturados a partir do arco redondo, da
inspiração romana e adaptados aos modernos processos
técnicos. (Pinto, Meireles, Cambotas, 2001, p. 634.
O Panteão é o edifício representativo do novo Classicismo arqueológico e tecnicista; a Igreja se tornará um emblema de uma época e de uma
virada cultural; foi proclamada em 1791, santuário laico da Nação, sob o
nome de Panteão.
Figura 15: Panteão Sainte Geneviève, Paris, 1755-92, Jacques G. Souflot.
Fonte: Encyclopédie de L’Art, 2000, p. 950.
26
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Soufflot elaborou para esse projeto soluções de uma grande
audácia estrutural: as naves interiores são divididas por altas colunas
corintianas, com entablamento contínuo, sobre o qual Jean-Antoine
Houdon apoia, com leveza, arcos e cúpulas; a planta tem a forma de cruz
grega; a grande cúpula central se inspira na da Basílica de São Paulo de
Londres.
2.1.2 Pintura
Jacques Louis David (1748-1825)
Pintor francês; começou seus primeiros trabalhos em Paris com
quadros de temas mitológicos e históricos. Em 1775 obtém um prêmio e vai
para Roma completar seus estudos, mudança que foi determinante para a
nova orientação artística de David.
Em Roma, David fez uma releitura profunda do Classicismo da
Renascença (Rafael) e do século XVII (Poussin), num clima cultural muito
movimentado dominado pelas teorias classicisantes de Winckelmann. Mas
foi, sobretudo, o estudo da escultura antiga que fez com que a escultura de
David tivesse como resultado o aspecto puro e rigoroso, evidente nas obras
dessa época.
David foi um dos protagonistas do Neoclassicismo europeu e
um mestre indiscutível pela quantidade de alunos jovens que teve. Na
sua pintura, o retorno ao ideal
clássico adquire o caráter de uma
finalidade ética programada,
realizada com uma tenacidade muito
além de toda incerteza e de toda
contradição estética e formal.
O quadro “Marat Assassine”
(A Morte de Marat), pela profunda
emoção que desperta, é considerado
sua obra-prima. O tema representado é o assassinato de uma líder
político em sua banheira.
Figura 16: A Morte de Marat.1793. David.
Óleo sobre tela, H 165 X 128 cm.
Museu Real de Belas Artes, Bruxelas.
Fonte: PROENÇA, G. 2009, p.173
Marat (personagem do
quadro) tinha um doloroso problema de pele, que o obrigava a fazer seus
escritos na banheira, sobre uma prancha de madeira que servia de base
(escrivaninha). Charlotte Corday, jovem senhora, o interrompeu com uma
petição pessoal e enfiou-lhe uma faca, enquanto ele lia o documento. David
compôs a cena com exatidão e expressão rigorosa, o que resulta no testemunho público a um herói martirizado.
27
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Entablamento: presente nos
templos gregos; constitui-se do
conjunto de arquitrave, friso e
cornija.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
2.1.3 Escultura
O desenvolvimento da escultura no período Neoclássico segue o
padrão da pintura e da arquitetura nesse turbilhão de mudanças sociais.
Os escultores estavam também subjugados às estátuas da
Antiguidade e ao mesmo tempo ao novo critério de um verismo absoluto.
Um dos artistas que se destacou foi Jean-Antoine Houdon (17411828), escultor francês que estudou em Roma, realizando inúmeros estudos
anatômicos. O artista realizou bustos, com um estilo marcado pelo realismo,
colocando fortemente em evidência a anatomia e a expressão psicológica.
(ver figura 17).
Figura17: Voltaire. 1781. Houdon. Terracota e Mármore,
H 119 cm. Museu Fabre, Montpellier, França.
Fonte: http://collectionsonline.lacma.org/MWEBimages/eps
02_mm/full/M2004_5.jpg. 12/08/2009
A escolha por ater-se a uma concreta realidade humana dos
modelos sempre fixados em um instante, ou um olhar ao espectador,
permitia a Houdon evitar ceder às seduções do Rococó tardio ou de se
adaptar mais tarde a certa frieza própria do gosto neoclássico, que não
influencia seu último período de produção artística.
De acordo com Pinto, Meireles e Cambotas, a escultura Neoclássica
copiou a maneira de representação das formas clássicas com grande
fidelidade, minúcia, perfeição e sentido estético. [...] “os corpos nus e
seminus, de formas reais, serenas, em composições simples, mas expressivos
e impessoais, revelando por vezes apenas o domínio dos cânones, sem a
28
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
força da imaginação e da liberdade criativas”. (Pinto; Meireles; Cambotas,
2001, p. 650).
Dentre os artistas mais relevantes desse período, destacamos ainda
Antonio Canova e Thorvaldsen.
2.1.3.1 Antonio Canova (1757- 1822)
Artista Veneziano
que abandonou lentamente
o estilo Barroco e a Itália para
atingir o ápice do
Neoclássico na França. Suas
“obras de temas Mitológicos,
como: “A Vênus de Marte”,
“Psiché reanimada por um
beijo”, “Perseu” e outras,
fizeram com que figuras
públicas, como Napoleão
Bonaparte, fossem transformadas em deuses romanos
(figura 18).
2.1.3.2 Thorvaldsen (17701844)
Escultor dinamarquês, estudou em Roma e,
Figura 18: Estátua de Napoleão – Londres, 1806,
através do artista Antonio
Antonio Canova, mármore, alt. 340 cm.
Fonte: Pinto, Meireles e Cambotas (2001, p. 651).
Canova, conheceu a arte
escultórica. Em função dessa
influência, soube combinar com maestria a arte antiga e seus cânones
formais, de grande refinamento e serenidade, com o gosto burguês da
época. De acordo com Pinto, Meireles e Cambotas, sua obra era vista pelos
críticos como produção de pouca originalidade, composta de [...] “uma fria
elegância neoclássica como em “Jasão”.
Contudo, pouco a pouco teve a sensibilidade do Romantismo
transbordando em sua obra, como [...] “em Cristo abençoando a multidão,
onde é nítida a tendência neoclássica, pois Cristo parece um deus grego, mas
seu olhar e seus braços, dirigidos à multidão, são próprios do sentimentalismo romântico”. (PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 652) (figura 19).
29
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Figura19: Cristo – 1821. Bertel Thorbaldsen, 345 cm.
Fonte: http://www.thorvaldsensmuseum.dk/en/
collections/work/A82 - Acessado em 22/09/2009
2.2 ROMANTISMO
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Mitologia Nórdica: A mitologia
nórdica é uma coleção de
crenças e histórias
compartilhadas por tribos do
norte da Germânia (atual
Alemanha), sendo que sua
estrutura não designa uma
religião, no sentido comum da
palavra, pois não
havia nenhuma reivindicação
de escrituras que fossem
inspiradas por algum ser divino.
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wi
ki/Mitologia_nórdica.
12/08/2009
O Romantismo foi um movimento artístico europeu do começo do
século XIX, no qual a aceitação e os limites históricos variam consideravelmente,
segundo cada país. Primeiramente apresentado como posterior e reagindo
contra o Neoclassicismo, vemos que a estética romântica desenvolve-se, de fato,
paralelamente a este.
O Romantismo caracteriza-se pela recusa de toda pretensão moralizante e pela importância concedida ao irracional. Ele se desenvolve primeiramente na Inglaterra e na Alemanha, com a literatura. Todos os artistas que
aderem a essa tendência sustentam uma grande observação à literatura;
remetem à honra da mitologia nórdica e concedem posição de destaque ao
imaginário, ao mistério e ao fantástico.
Os temas eram, em geral, fatos reais da história nacional e da cultura
contemporânea dos artistas do período. Além disso, saliente-se que a natureza
começa a ganhar importância e passa a ser o tema da pintura.
Esse interesse por cenas contemporâneas se exprime através da
realização das obras com formato grande e com extrema força de representação, de um cromatismo vibrante e de contrastes brutais de luz e sombra. Os
contrastes de claro e escuro e a cor reaparecem produzindo efeitos de dramaticidade no espectador.
Os românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em
favor da livre expressão da personalidade do artista. Nesse sentido, pode-se
dizer que uma das características mais marcantes desse movimento é a valorização dos sentimentos e da imaginação como princípios da criação artística.
30
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Negando a estética do Neoclassicismo, a pintura romântica se
aproxima das formas barrocas. Assim, os pintores românticos como Goya e
Delacroix recuperam o dinamismo e uma sugestão de agitação que tinha sido
negada pelos Neoclássicos.
Esse estilo desordena completamente a hierarquia dos gêneros,
engajando assim um movimento continuado cujo prolongamento direto pode
ser buscado no realismo dos anos de 1850.
2.2.1 Pintura
Eugène Delacroix (1798-1863)
A geração de artistas do Romantismo mescla a tendência de uma
emoção intensa com a epopeia, alternando, nesses mesmos pintores, os temas
ligados ao drama, à loucura e ao erotismo.
Um exemplo é o quadro do artista francês Eugène Delacroix “A
liberdade guiando o povo”, de 1830 (ver figura 20), largamente apreciado na
exposição do Salão de 1831 na França. A representação realista da canaille
(plebe) chocou grande parte da crítica. Sabe-se que, no entanto, a opinião
política não era um critério determinante: pertencer à esquerda ou à direita teria
aqui nessa representação menos consequências do que os pressupostos
estéticos.
Nessa obra (ver figura 20), todas as referências disparam frente a uma
criação original e nova na sua aliança quase indissociável entre o realismo e
idealismo. O rosto retratado como o perfil de uma medalha, o ombro desnudo,
o boné vermelho, o gesto voluntário e decidido, o pano da bandeira (francesa)
tricolor, transformam a mulher do povo em Liberdade.
A composição do quadro acentua também um caráter simbólico,
alcançado pelo valor da estrutura piramidal na qual está submetida. Delacroix
colocou em primeiro plano os cadáveres, em uma posição que não parece ser
relativamente estática, pois se relaciona com o movimento dos personagens de
trás e que imprimem
sua dinâmica à obra
inteira. A “quente”
tonalidade do
conjunto faz ressaltar
a Liberdade que se
destaca sobre um
fundo de nuvens que
lembram sutilmente
as três cores da
bandeira.
Figura 20: A Liberdade guiando o povo. 1830. Eugène Delacroix.
Óleo sobre tela. H. 260 X 325 cm. Paris, Museu do Louvre.
Fonte: JOBERT, 1997, p.131.
31
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Francisco José Goya y Lucientes (1746-1828)
Pintor e gravador espanhol, Goya foi também retratista da corte
espanhola, da alta sociedade, de pessoas do povo e de cenas históricas.
Além da pintura, se consagrou com desenhos, entre os quais citamos
as séries “Álbum de Madri”, que satiriza costumes da sociedade de sua época;
“Os desastres da guerra”, que retrata imagens do caráter desumano, desesperado e cruel da guerra e ‘Tauromaquia”,que contrasta os aspectos festivos e
trágicos das touradas. Sua obra se apresentou, em sua maioria, em quadros de
pequeno tamanho, representando cenas de loucura, de fanatismo, de
bruxaria e de suplício.
Na série de gravuras denominada Os caprichos (publicada em
1799), Goya busca exprimir com imaginação gradativamente dramática e
satírica a revolta contra todo tipo de superstição, de malvadeza e de opressão.
O quadro “Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808” (ver figura 21)
evoca, de maneira épica, sua série anterior ‘Desastres da Guerra’. Esse quadro
apresenta uma composição diagonal, onde vemos um grupo de soldados à
direita, no instante anterior ao fuzilamento; um outro grupo de homens
encontra-se à esquerda e um deles está com os braços erguidos para o alto.
Essa cena, onde a luz concentrada está sobre o homem de camisa
branca, representa o fuzilamento, por soldados franceses, de cidadãos
espanhois contrários à ocupação de seu país pelo Imperador Napoleão I.
Figura 21: Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808. 1814-15. Goya.
Óleo sobre tela. H. 263 X 410 cm. Museu do Prado, Madri.
Fonte: PROENÇA, 2009, p.176.
Na obra de Goya é possível perceber a influência de Velázquez,
além de se destacar a total liberdade de observação e execução, independente de todo ideal acadêmico de beleza e conveniência da época. O artista,
através de sua criação, enfatizou a dramaticidades e constituiu um emocionante testemunho dos acontecimentos de sua época abrindo caminho a
numerosas experiências artísticas, entre as mais importantes do século XIX.
32
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
2.2.2 Arquitetura
B GC
GLOSSÁRIO
As alternativas estilísticas sempre foram continuamente acrescidas,
pelos arquitetos, através das mudanças artísticas de cada época. Em meados
do século XIX, o Renascimento e, a seguir, o Barroco voltaram à moda,
fechando o círculo do movimento de revivescência estilística. Essa última
fase de arquitetura romântica, que se prolongou até 1900, atingiu seu
apogeu na Ópera de Paris (ver figura 22) projetada pelo arquiteto francês
Charles Garnier (1825-1898).
A
E
F
Ecletismo: Método que reune
teses de sistemas diversos.
Método que busca a
conciliação de doutrinas
diversas. Fonte: Dicionário
Aurélio.
B GC
GLOSSÁRIO
Figura 22: Ópera de Paris. 1861-74. Garnier.
Fonte: http://www.paris.org/Monuments/Opera/gifs/opera.garnier.html
Garnier utilizou elementos arquiteturais heterogêneos, essencialmente vindos da arquitetura clássica do século XVI, recompondo-os em um
novo esquema, que privilegia as curvas e a percepção das estruturas pela
exuberância da decoração e da policromia dos materiais. Essa estética de
tipo barroco encarna a aspiração eclética da época.
Pela sua originalidade, sua ampla concepção e a riqueza dos
materiais utilizados, o “Ópera de Paris” torna-se o símbolo da festa imperial,
mas também do modelo racionalista pelos seus dispositivos cênicos bem
como pela sua distribuição rigorosa de funções e serviços, que serão
utilizados por futuros teatros desse tipo.
O caráter neobarroco que persiste nessa obra origina-se mais da
profusão de escultura e ornamento do que do seu vocabulário arquitetônico. Nela vemos pares de colunas na fachada, citando o Palácio do
Louvre, combinadas com uma ordem menor, que remete ao Renascimento
italiano.
33
A
E
F
Policromia: é o emprego de
muitas cores num mesmo
trabalho, formando um tom
agradével (harmônico).
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Neobarroco: é um termo
usado “para descrever criações
artísticas, que contêm
importantes aspectos do estilo
Barroco. Esse estilo insere-se
no contexto da segunda
metade do século XIX,
sobretudo a partir de 1880”.
Fonte: http:\\ pt.wikipedia.
org/wiki/neobarroco
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
O edifício reflete o gosto desta época, palco dos beneficiários da
Revolução Industrial, enriquecidos e poderosos herdeiros da velha aristocracia, preferindo assim, estilos pré-revolucionários aos Clássico e Gótico
respectivamente.
Nessa arquitetura civil e comercial a introdução de novos materiais
e técnicas viria a exercer profunda influência no estilo arquitetônico do final
do século. O mais importante foi o ferro, nunca antes usado nas construções
como material e estrutura.
2.2.3 Escultura
Na escultura não houve nenhuma revivência do Gótico, mas sim
uma adaptação do estilo Neoclássico.
Segundo Pinto, Meireles e Cambotas, para contemplar o espírito
Romântico,
[...] a escultura teve de encontrar os meios técnicos e formais
para exaltar os sentimentos e as emoções, ganhando
expressividade e dinamismo. Várias são as modalidades da
escultura neste período: a religiosa, a funerária, a histórica e
monumental, o retrato, a caricatura e a de gênero.
Dependendo da arquitetura ou isolada, a escultura
romântica acompanhou as mudanças políticas e sociais do
séc. XIX e, por isso, glorificou e deu vida aos homens
importantes do seu tempo.
A temática, vibrante e dramática, exaltava o sentimento ou imaginação e, consequentemente, inspirou-se na natureza (animais e plantas); em
temas heróicos, baseados na Historia, na lenda ou na literatura [...].
Ainda de acordo com os autores, as normas de representação da
perfeição das formas neoclássicas não foram seguidas na totalidade; os
autores não deram preferência às composições estáticas e de superfícies
lisas, mas procuraram a “expressividade exaltada dos sentimentos e emoções, o movimento e o dramatismo, demonstrando certo sentido teatral”.
(PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS 2001, p. 668).
Os escultores franceses românticos mais significativos foram:
August Préault (1809-79); François Rude (1784-1855); Antoine-Louis Barye
(1796-1875); Jean-Baptiste Carpeaux (1827-1875) e Frederic-Auguste
Bartholdi (1834-1904).
34
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
François Rude (1784-1855)
A sua obra prima é
“A partida dos voluntários
ou A Marselhesa” (figura23).
Essa escultura foi colocada
em um dos pilares do arco
do triunfo da Estrela em
Paris. Trata-se de uma série
épica, que pelos personagens nus esculpidos à
maneira clássica remete ao
Neoclassicismo e, pela
expressividade e entusiasmo, ao Romantismo.
2.3 REALISMO
É um movimento Figura 23: A Marselhesa - calcário 1280 x 792
artístico que começa na com. François Rude.
Fonte: Pinto; Meireles; Cambotas, 2001, p. 668.
França nos anos de 1830 e
se prolonga oficialmente até
o fim do século XIX. A atitude realista procede, por um lado, de uma
reorientação da iconografia no sentido de temas contemporâneos daquela
época e retirados do universo cotidiano, e de uma vontade de criar, por
outro lado, imagens acessíveis a todos, quer dizer, representações visíveis e
compreensíveis.
O Realismo se manifesta por uma formulação desnudada de
pathos e pela busca de uma fidelidade franca e total à natureza, opondo-se
abertamente às práticas acadêmicas ao longo dos anos de 1840. O movimento procurou representar diretamente a realidade com técnicas pictóricas que descartavam o ilusionismo da pintura acadêmica.
O movimento encontrou seus fundamentos intelectuais somente
em 1857 com a publicação do manifesto de Champfleury. Os artistas se
inspirararam na pintura caravagesca italiana, na espanhola e na abundante
produção de ilustrações das décadas anteriores.
Com Courbet, particularmente, a realidade cotidiana, por vezes
miserável, foi tratada numa escala de pintura de história, mas com uma visão
desprovida de heroísmo.
O fato de que esse movimento sempre foi associado às preocupações sociais ou políticas contribuiu para a exclusão desse termo de toda uma
produção dotada de um realismo arqueológico ou naturalista no sentido
científico do termo, como por exemplo, a pintura Neoclássica.
35
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Pathos: é uma palavra grega
que significa paixão, excesso,
catástrofe, passagem,
passividade, sofrimento e
assujeitamento.
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/
Pathos- 18/08/2009
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
2.3.1 Pintura
Gustave Courbet (1819-1877)
Pintor francês; instalou-se em Paris em 1839, a fim de se consagrar à
pintura. Courbet era fascinado pela pintura veneziana, flamenga e holandesa dos séculos XVI e XVII, que ele copiava no Louvre (Paris). As obras que
apresentou nos Salões de Paris foram motivo de muitos escândalos, por não
seguirem os padrões acadêmicos e neoclássicos, até que um colecionador
começa a se interessar por sua obra.
Suas composições são executadas com uma pincelada nova, grossa
e robusta, que dá aos seres e às coisas densidade e peso. As paisagens e as
marinas são descritas em valores de verdes escuros ou representadas de
cinzas. O público e a crítica reprovam a vulgaridade em Courbet e seus
temas retirados dos camponeses e da indecência de seus nus tão sensuais.
Na obra “Homem ferido” (figura 24), o autor subscreve a subjetividade, investindo a temática romântica de um artista heroicizado pelo
sofrimento. A obra foi pintada em 1844 e retomada por Courbet dez anos
mais tarde, após uma ruptura amorosa.
A figura feminina que se apoiava originalmente no ombro do pintor,
desapareceu para dar lugar a uma espada, e Courbet acrescentou no nível
do coração, uma mancha vermelha de sangue em sua camisa.
O artista articula, nessa obra, com ambiguidade e sedução, o
registro autobiográfico mais íntimo, evocando um duelo e uma agonia
confundidos com o abandono sensual do sono.
Figura 24: L 'homme blessé (O homem ferido).
Entre 1844 e 1854. Óleo sobre tela. H. 81,5 X 97,5 cm. Courbet. Paris, Museu D’Orsay.
Fonte: Http://www.musee-orsay.fr/fr/collections/ oeuvres-ommentees/recherche.html?
no_cache=1&zoom=1&tx_damzoom_pi1%5BshowUid%5D=1867 do Museu
D’Orsay – acesso em 12/08/2009
36
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Figura 25: Courbet. Interior do meu atelier - Uma alegoria real resuminindo sete anos de
minha vida de artista.
Entre 1854 e 55. Óleo sobre tela. Paris, Museu D’Orsay.
Fonte: www.1st-art-gallery.com/.../My-Atelier.html - 14/12/2008 -11:52min
De acordo com Strickland (2004, p. 84), Gustave Couvert era um
artista de grande pragmatismo, que “desafiou o gosto convencional por
pinturas históricas e temas poéticos, insistindo que a pintura é essencialmente uma arte concreta e tem de ser aplicada às coisas reais e existentes”.
Como resultado de toda esta praticidade, o artista utilizava temas
ligados à vida cotidiana como: “O enterro do Conde de Ornans”, “Interior
do meu atelier”, figura 26, obra que foi recusada por um júri, e considerada
por Coubert como a sua mais importante obra, levando assim o artista a
construir uma galeria particular para exposições, chamada de “Pavilhão do
Realismo”, construída em um barracão.
Ainda de acordo com Strickland (2004.p. 84), quando o artista foi
convidado a pintar anjos respondeu: ”Nunca vi anjos. Se me mostrarem um,
eu pinto”. Detestava a teatralidade da arte das academias.
REFERÊNCIAS
ENCYCLOPEDIE DE L'ART. Paris: Librairie générale française, 2000.
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Tradução Álvaro CabralSão Paulo:
LTC Editora, 2002.
JANSON, H.W. & JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. Trad. Jefferson
Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
JOBERT,B. Delacroix, le trait romantique. [exposição, Paris, Bibliothèque
nationale de France, 7 abril-13 julho 1998]. Paris: Bibliothèque nationale de
France , 1998.
37
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
LACLOTTE, M. Orsay la peinture. Paris: Scala, 2003.
PONCE DE LÉON, P.G. Breve história da Pintura. Trad. José Carlos Teixeira.
Madrid: Ed. Lisboa, 2006.
PRETTE, Maria Carla. Para entender a arte: história, linguagem, época e
estilo. São Paulo: Globo, 2008
PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: Ática, 2009.
O LIVRO DA ARTE. Trad. Monica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
http://www.filosofianet.org/modules.php
38
3
UNIDADE 3
IMPRESSIONISMO
O movimento Impressionista marcou a primeira revolução total na
produção artística, desde o Renascimento.
De acordo com Strickland, o impressionismo [...] “nasceu na França
no início dos anos de 1860, na sua forma mais pura só durou até 1886;
apesar disso determinou o curso da maior parte da arte que se seguiu”.
(STRICKLAND, 2004, p. 96).
Contou em seu elenco original com os artistas: Manet, Monet,
Renoir, Degas, Pissaro, Sisley, Morisot e Mary Cassat, que tinham como
maior propósito retratar as sensações vividas ao contemplar uma cena. O
movimento artístico priorizava temas ligados às paisagens ao ar livre, beira de
mar, ruas e cafés parisienses.
Ainda segundo Strickland, o movimento surgiu depois que Renoir,
Manet, Bazille e Sisley eram estudantes em um atelier parisiense,
excepcionalmente unidos devido seu interesse comum em
pintar a natureza ao ar livre, eles faziam excursões juntos
para pintar com os artistas de Barbizon. Quando um
professor pediu que pintassem a partir de modelos antigos,
os jovens rebeldes deixaram o trabalho no curso formal.
“Vamos sair daqui”, disse Monet “É um lugar insalubre”.
Aclamaram Manet como seu ídolo, não pelo estilo, mas por
sua independência. Rejeitados pelos guardiões do
oficialismo, em 1874 os impressionistas decidiram mostrar
seu trabalho como grupo – a primeira de oito exposições
cooperativas. (STRICKLAND, 2004, p. 99).
Ainda de acordo com o autor, essa nova forma de pintura era
diferente das normas técnicas da pintura convencional. Aboliram o método
de fazer esboços ao ar livre e concluir no atelier, o que, para eles, era uma
heresia. Não mais usavam a luz e cor da forma tradicional, pois retratavam a
vida momentânea, mostrando uma impressão descuidada da natureza.
Além disso, a composição era desconsidera pelos impressionistas.
Para Strickland, o Impressionismo muito contribuiu para a arte
pictórica, pois a pintura a partir de então nunca mais seria a mesma. Para o
autor, os pintores do século XX: “[...] ou expandiram a sua prática ou
reagiram contra ela. Desafiando a convenção, esses rebeldes estabeleceram
o direito do artista de experimentar com estilo pessoal.” (STRICKLAND,
2004, p. 99).
39
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
3.1 PRINCIPAIS ARTISTAS DO IMPRESSIONISMO
Os artistas impressionistas eram unidos por uma busca incomum: a
pesquisa de uma pintura naturalista e antiacadêmica.
Nesse sentido, todos estavam atraídos, nos primeiros anos, pelo
naturalismo de Courbet e as estampas japonesas, que começaram a se
difundir na França e mostravam as possibilidades de síntese que se poderia
obter através da estilização da linha e da cor.
O Salão de 1863, onde Manet expõe “Le déjeuner sur l’herbe” (O
almoço na grama), (Figura 26), marcou o começo do debate inflamado no
qual contribuíram, não somente os jovens artistas, mas também Manet, Degas
e a crítica de arte.
Figura 26: Le Déjeuner sur l’herbe.1863, Óleo sobre tela, H 208 X 264, Museu D’Orsay,
Paris. Édouard Manet.
Fonte: LACLOTTE et al., 2003, p. 56.
A pesquisa de uma nova pintura dá seus frutos entre 1867 e 1869,
período no qual Monet, Pissaro e Renoir pintavam ao ar livre, na tentativa de
reproduzir efeitos de luz sobre a água dos rios Sena e Oise.
Monet, ao encontrar sua expressão máxima conciliando numa
mesma pincelada vivacidade e fluidez, torna-se o fundador do grupo. Em
1874, Degas organizou em Paris a primeira exposição comum dos impressionistas no estúdio do fotógrafo francês Nadar, o que marcou o nascimento
efetivo do movimento.
Durante essa exposição foi usado, pela primeira vez, o termo
impressionismo, retirado de um quadro de Monet, intitulado “Impressão, sol
que se levanta”, de 1872.
40
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
O movimento não foi objeto por parte dos protagonistas de uma
verdadeira elaboração teórica: o desejo comum de todos era praticar uma
pintura fundada sobre a impressão frente ao tema. O registro dessa impressão
visual mudaria conforme a variação, ao longo do dia, da incidência de luz
sobre esse tema.
A experiência de possibilidades infinitas da cor conduziria à
utilização de pesquisas por parte de Chevreul sobre a decomposição das
cores e a abolição dos tons de cinza e do preto da paleta dos impressionistas.
Nesse sentido, a luminosidade e a expressão pictural, repousando sobre
contrastes coloridos, torna-se cada vez maior.
Os principais temas dos impressionistas eram as paisagens luminosas, os retratos delicados, as cenas da vida da pequena burguesia, que
refletiam a vida de uma sociedade urbana e tranquila. Mesmo sendo parte
de um mesmo movimento, durante os dez anos que trabalharam juntos, os
impressionistas guardaram sua personalidade original: Manet manteve um
enfoque na construção cromática, influenciando Pissaro e Cézanne;
Cézanne se orienta para a pesquisa de estruturas das formas; Degas é
influenciado pelas estampas japonesas, enquanto que Sisley, M. Cassat, B.
Morisot, e Renoir se submetem mais fielmente à lógica do impressionismo
que Monet leva ao extremo, chegando a alcançar, após 1889, uma pintura
que poderíamos considerar informal.
3.1.1 Claude Monet (1840-1926)
No quadro abaixo,
em grande formato, denominado “Mulheres no jardim”
(Figura 27), reconhecemos
Camille Doncieux, com que
Monet se casou em 1870.
Esta obra foi iniciada ao ar
livre, e segundo o testemunho de um amigo do artista,
esta obra foi recusada no
Salão de 1867.
Nesta obra podemos observar características
essenciais à obra de Monet:
preservar na obra acabada a
Figura 27: Mulheres no Jardim. 1866-7. Óleo sobre
vivacidade
do rascunho,
tela, H 255 X 205, Museu D’Orsay, Paris. C. Monet.
Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 64.
operar a fusão das figuras
com o espaço em volta, por
um enérgico partido de oposição de luz e sombra e o espaço total da obra
pintado com largas pinceladas justapostas.
41
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
3.1.2 Camille Pissaro(1830-1903)
DICAS
A representação das camponesas constitui um dos temas mais
pessoais e mais fecundos do artista, longínquo eco aos camponeses de
Millet. Com o quadro “Jovem camponesa fazendo fogo” (Figura 28) Pissaro
torna-se um dos maiores representantes do Impressionismo, movimento do
qual é um dos fundadores.
Ver obras do artista Camile
Pisssaro no site:
http://www.mestresdapintura.c
om.br/loja/impressionismocamille-Pissaro-c-43_61.html
A partir de 1886, Pissaro passa a se interessar por pesquisas dos
novos artistas, adotando uma pincelada dividida segundo o método
experimentado por Georges Seurat (veremos no item 3.3).
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Divisionismo: Seurat
acreditava que a arte deveria
basear-se num sistema e
conduziu o impressionismo a
uma fórmula rigorosa. Inventou
um método a que deu o nome
“pintura óptica” (também
conhecida como divisionismo,
neo-impressionismo ou
pontilhismo). O método
consistia em colocar pingos de
tinta lado a lado. Depois, eram
fundidos aos olhos do
observador. Seurat acreditava
que esses pontos de cor
intensa, dispostos
sistematicamente em padrões
precisos, imitariam os efeitos
ressoantes da luz com maior
fidelidade que a prática
intuitiva e mais aleatória dos
impressionistas.
Fonte:http://www.portalartes.co
m.
br/portal/dicionario_read.
asp?id=763 - 18/08/2009
Um grupo de pintores ‘independentes’, belgas, solicitou aos dois
pintores, Pissaro e Seurat, em 1887 e 1889, a participação de ambos em
Bruxelas na exposição dos XX. Na ocasião, Pissaro expôs o quadro “jovem
camponesa fazendo fogo”. A partir desse momento, o artista se distancia do
movimento impressionista e aproxima-se dos neo–impressionistas e a sua
nova forma de pintura.
Ao evitar a fragmentação muito acentuada da pincelada, “respeitando o máximo possível as leis das cores”, Pissaro desenvolve uma concepção pessoal do “divisionismo”, em que a trama fechada da feitura constitui
uma matéria densa, fruto de um trabalho lento e cuidadoso, revelando um
efeito luminoso doce e unificado.
Figura 28: Jeune paysanne faisant du feu (Jovem camponesa fazendo fogo).1888 Óleo sobre
tela, H 98,2 X 92,5 cm, Museu D’Orsay, Paris. Camille Pissaro.
Fonte: http://www.musee-orsay.fr/fr/collections/oeuvres-commentees/peinture.html. acesso
em 18/08/2009
42
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
3.1.3 Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)
A obra intitulada “Baile no Moinho da Galette” (Figura 29), uma das
mais importantes de Renoir, na metade dos anos de 1870, foi exposta na
exposição do grupo impressionista de 1877. Mesmo que o pintor tenha
escolhido representar alguns de seus amigos, na tela ele se propõe primeiramente a promover a atmosfera alegre deste estabelecimento popular, em
Montmartre. O estudo da massa de gente em movimento, em uma luminosidade por vezes natural e por outra artificial, é retratado por pinceladas
vibrantes e coloridas. O sentimento de certa dissolução de formas foi uma
das causas de reações negativas da crítica da época.
Este quadro é uma das obras-primas do impressionismo pelo seu
tema sobre a vida parisiense, seu estilo inovador, mas também por seu
formato imponente.
Figura 29: Bal au Moulin de la Galette (Baile no Moinho da galette)
Montmartre 1876 Óleo sobre tela, H 131 X 175 cm , Museu
D’Orsay, Paris. Renoir.
Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 81.
3.1.4 Frederic Bazille
Bazille, vindo de uma família de notários de Montpellier (França), se
instala em Paris em 1862 para fazer estudos de medicina, antes de optar pela
pintura. No atelier de Charles Gleyre torna-se amigo de Monet, Renoir e
Sisley, com quem partilha sua admiração por Manet. Esse período de atelier
proporciona a Bazille relações de amizade e intimidade que uniram esses
artistas precursores.
Na Figura 30, o artista retrata o atelier que dividiu com Renoir de 01
de Janeiro de 1862 a 15 de Maio de 1870, na Rua Condomine, em Paris. No
centro do quadro, vemos Bazille com a paleta nas mãos. Manet, com de
chapéu, observa o quadro sobre o cavalete. À direita, Edmond Maître, amigo
de Bazille, está sentado ao piano. Em cima dele, uma natureza morta de Monet
nos indica o fato de que Bazille o ajudava financeiramente através de compra
de suas obras.
43
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Figura 30: Atelier de Bazille.1870 – Óleo sobre tela, H 98 X 128,
Museu D’Orsay, Paris. F. Bazille.
Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 59.
Alguns meses mais tarde, após sua morte durante os combates da
guerra franco-prussiana, esse quadro foi lido como um emocionante testamento.
3.1.5 Mary Cassat (1844-1926)
Na pintura, “Jovem Menina no jardim”, Mary Cassat usa uma paleta
clara e viva, cores que caracterizam a obra da artista, pintora americana que
introduziu o impressionismo junto a colecionadores e amadores do outro lado
do Atlântico.
Grande amiga de Degas, ela participou das exposições do grupo
impressionista a partir de 1879. Os retratos de pessoas próximas, normalmente
mulheres e crianças escolhidos da intimidade do seu cotidiano, são frequentes
em sua obra.
Figura 31: (Jovem Menina no Jardim) Jeune fille
au jardim. Entre 1880 e1882 - Óleo sobre tela,
H 92 X 65, Museu D’Orsay, Paris. Mary Cassatt .
Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 80.
“Jovem menina no Jardim”,
também intitulada “Mulher costurando”, testemunha com originalidade a
figura de uma mulher representada ao
ar livre. O quadro foi exibido na sua
última exposição coletiva, em 1886. O
fundo, ricamente colorido, é estruturado por um caminho, larga faixa diagonal, que determina o plano de fundo. A
artista valoriza a representação da
jovem mulher, monumental em um
primeiro plano. A pincelada rápida e
em forma de estudo, no qual mostra a
saia contrastante com o contorno justo e
fechado do rosto e busto da mulher,
evidencia que a artista não renunciou à
precisão do desenho e da forma.
44
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
3.1.6 Berthe Morisot (1841-1895)
O quadro mais célebre de Berthe Morisot, “Le berceau” (O berço),
foi pintado em 1872, em Paris. A artista representou uma de suas irmãs,
Edma, tomando conta do sono de sua filha, Blanche. Foi a primeira vez que
uma imagem de maternidade apareceu na obra de Morisot, tema que vai se
tornar um dos seus prediletos. O olhar da mãe, a linha de seu braço esquerdo
dobrado faz eco ao braço dobrado do bebê; os olhos fechados do bebê
traçam uma diagonal que sublinha o movimento do mosqueteiro do plano
de trás. Na diagonal ela une mãe e bebê. O gesto de Edma, que está retirando parte do véu do berço entre o espectador e o bebê reforça ainda mais o
sentimento de intimidade e de amor protetor expresso no quadro.
Berthe Morisot expôs “O Berço” na ocasião da exposição impressionista de 1874; foi a primeira mulher a expor com o grupo. Após várias
tentativas de vender esse quadro, Berthe Morisot não o expõe mais e “O
berço” ficou na família da artista até sua aquisição pelo Museu do Louvre em
1930.
Figura 32: Le berceau (O berço) 1872, Óleo sobre tela,
H 56 X 46, Museu D’Orsay, Paris. Berthe Morisot.
Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 80.
45
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
3.1.7 Edgar Degas (1834-1917)
DICAS
Émile Zola: Conheça mais
sobre o principal fundador do
movimento naturalista,
visitando o site:
http://educacao.uol.com.br/bio
grafias/ult1789u480.jhtm acesso: 29/07/2009
Diferentemente dos outros impressionistas, Degas é um pintor
nitidamente urbano, que amava pintar os lugares fechados dos espetáculos,
de lazer e de prazer. Na Figura 33, vemos um café, lugar de encontro da
moda, uma mulher e um homem, sentados lado a lado, estão em um isolamento silencioso; os olhares são vazios e tristes, os traços desfeitos, além de
um ar abatido.
A obra talvez possa ser vista como uma denúncia dos efeitos do
absinto, bebida alcoólica violenta e nociva que teve seu consumo proibido.
Com esse mesmo sentido, pode-se aproximar este quadro do livro do escritor naturalista Émile Zola, intitulado L'Assommoir (Taberna), escrita alguns
anos mais tarde.
A dimensão realista é flagrante: o café pode ser identificado, chama-se "La Nouvelle Athènes", localizado na place Pigalle, em Paris, um lugar
de reunião dos artistas modernos e do foyerintelectual da boemia. O quadro
foi pintado em seu atelier e não no local. As personagens retratadas são
indivíduos de sua relação pessoal: Ellen André era artista e modelo vivo para
os pintores; Marcellin Desboutin era pintor e gravador.
Degas precisou expressar publicamente que os personagens não
eram alcoólatras. A
composição descentralizada, tratando os
espaços vazios e
seccionando o
cachimbo e a mão do
homem foi inspirada
nas estampas japonesas. O artista usa esse
artifício nesta obra
para, assim, reproduzir certo desequilíbrio
etílico, inerente à cena
representada. Expressiva e significante é
também a presença de
sombra dos dois
personagens, na
silhueta refletida pelo
vasto
espelho nas
Figura 33: Dans un café, dit aussi L'absinthe (Em um café,
dito Absintho) 1873. Óleo sobre tela, H 92 X 68, 5,
costas dos dois.
Museu D’Orsay, Paris. Edgar Degas.
Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 78
46
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
3.2 AUGUSTE RODIN (1840-1917)
A escultura neste período não se preocupou com a idealização da
realidade. O escultor que fez sua carreira internacional e mais se destaca é o
francês Auguste Rodin (1840-1917).
Teve sua formação na Escola especial de matemática e desenho
com o professor H. Lecoq de Boisbaudran; depois fez o curso de escultura.
Como foi recusado na Escola de Belas Artes, começou a trabalhar como
decorador. Recusado no Salão (escultura-Homem com o nariz quebrado1864), parte para a Itália, onde admira e estuda a obra de Michelangelo.
Rodin faz inúmeras mutações nas suas obras, elaborando expressões contrastantes por deformações violentas, às quais o artista submete seus
personagens.
Na obra que é um conjunto escultórico denominado “Os burgueses
de Calais”, de 1895, Figura 34, temos a narração de um episódio da Guerra
de Cem Anos entre a França e a Inglaterra.
Os personagens são seis homens aristocratas da cidade de Calais
(França), que estão se dirigindo ao acampamento inglês onde irão se
apresentar para possivelmente morrer, evitando assim a destruição da
cidade.
Figura 34: Os burgueses de Calais. 1895. Jardins do Parlamento Britânico, Londres. Rodin.
Fonte: PROENÇA, 2009, p.181.
47
PARA REFLETIR
Guerra dos cem anos: foi um
conflito que marcou o processo
de formação das monarquias
nacionais da França e da
Inglaterra. Vide mais
informações no site:
www.mundoeducacao.com.br/.
../guerra-dos-cem-anos.htm acesso em: 26/08/2009
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
3.3 PÓS-IMPRESSIONISMO: SEURAT, GAUGUIN, CEZANNE, VAN
GOGH
O termo pós-impressionismo foi introduzido em 1910 pelo crítico
inglês R. Fry, na ocasião da exposição “Manet e os pós-impressionistas”,
organizada em Grafton, galeria de Londres. As obras que são apresentadas
documentam uma reação ao Impressionismo, durante o período compreendido dos anos de 1880 e 1905.
Manet é considerado como o ponto de partida da crise.
Paul Cézanne (1839-1906)
Filho de um banqueiro, Cézanne fez seus estudos em Aix e logo
depois se liga à Émile Zola e, após estudos de Direito, faz sua primeira
viagem a Paris em 1861.
Para Prette, o artista [...] “transformou a visão de vibrações luminosas e cromáticas do Impressionismo em uma visão “mental” de formas
plásticas, modeladas pela cor”. O que significa que para Paul Cézanne os
elementos da natureza podem ser [...] “modelados segundo três formas
fundamentais: a esfera, o cone, e o cilindro”. (PRETTE, 2008, p. 298).
Figura 35: Natureza morta com maçãs e laranjas. Óleo sobre tela,
Museu d'Orsay, Paris. Paul Cézanne.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_C%C3%A9zanne. Acessado em 26/09/2008.
No quadro “Casas em Gardanne”, Figura 36, o artista já antecipa a
visão do cubismo, onde pode ser percebida claramente a simplificação das
formas.
48
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Figura 36: Casas de Gardanne, 1885-1886 – detalhe, óleo s/tela.
NY Metropolitan Museum. Paul Cézanne.
Fonte: PRETTE, 2008, p. 298.
Georges Seurat (1859-1891)
O tema do circo foi frequentemente tratado nos anos de 1880, em
particular por Renoir e Degas. Mas “Circo” longe de toda visão anedótica de
um lazer moderno,
apresenta-se como uma das
mais impressionantes
aplicações das teorias
divisionistas. Seurat
interpreta teorias sobre os
efeitos psicológicos da linha
e da cor bem como da
mistura ótica das cores.
Seurat, com essa obra,
Figura 37, ambiciona uma
simbiose entre criação
artística e análise científica,
juntando-se assim a uma
das grandes preocupações
do século XIX.
Figura 37: Cirque (Circo) 1890-1891, Óleo sobre tela,
H 185 X 152, Museu D’Orsay, Paris. Georges Seurat.
Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p.103.
49
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Toulouse Lautrec
Toulouse Lautrec nasceu de uma família nobre da França, os
Toulose. No entanto, devido a uma tragédia na infância – fraturas nas pernas
- que as atrofiou, de modo que na vida adulta tinha as pernas curtas, como as
de uma criança, e a cabeça e o torso de um adulto. Tornou-se alcoolatra e
sinfilitico, preferindo a companhia de marginais e boêmios.
De acordo com Strickland, a obra de Toulouse Lautrec se assemelhava à obra de Edgard Degas, tanto em estilo quanto em conteúdo. Para o
autor, “[...] Lautrec deu, porém, sua própria contribuição substancial em
litografia e cartaz, dois meios que, paraticamente inventou.“ (STRICKLAND,
2004, p. 115) Embora, a princípio, Degas humilhasse Lautrec devido ao seu
ressentimento por causa dessas expropriações, foi o próprio Degas quem o
reconheceu como impressionista.
Figura 38: “No Moulin Rouge”, 1892, 120x 140 cm, óleo
s/tela. ArtI Institute Of Chicago. Toulouse Lautrec.
Fonte: http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/toulouse-lautrec
Figura 39: Cartaz de Toulouse Lautrec para
o Moulin Rouge, 1891.
Fonte: http://www.wisegorilla.com/images/
Impressionism/368px-Toulouse-Lautrec.jpg
acesso 04/07/2009
Lautrec, assim como Degas,
desenhava seus temas a partir da vida
contemporânea, ou seja, os cafés de
Paris, os salões de dança e circos.
Assim como Degas, Lautrec também
se especializou em retratar momentos de movimento e de privacidade
através de flagrantes e vislumbres da
vida, usando para isso cortes
abruptos, quase fotográficos. Usava
composições assimétricas e tinha
grande admiração pelas gravuras
japonesas, com mostra a Figura 39.
50
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Van Gogh (1853- 1890)
Van Gogh viveu muitos anos na França e conheceu o grupo de
impressionistas. Teve uma vida muito dramática e conturbada, que culminou com o suicídio.
Van Gogh tinha um temperamento extremamente inquieto, que
expressava em sua obra, marcada pela originalidade. Usava as cores de
maneira nova para a época, com pinceladas marcadas e uma pasta cromática densa, sendo as tintas muitas vezes usadas em estado puro. De acordo
com Prette, na pintura de Van Gogh, "A pincelada constroi a imagem com
traços vorticosos, às vezes feitos com o cabo do pincel ". (PRETTE, 2008, p.
304). O artista utilizou como tema principal a paisagem.
A pintura de Van Gogh tem uma estrutura dinâmica, ondulada e os
céus não são serenos, mas vincados de nuvens vorticosas e o sol e a lua
espalham sua luz com raios de pura cor amarela.
Na obra “O quarto de Van Gogh”, figura 40, o artista mostra a
pobreza e sua vida material. Usou nesta obra cores complementares azul e
laranja, em várias gradações.
Figura 40: O quarto de Van Gogh em Arles, 1889.
Oleo S/tela - Museu D ‘Orsay. Van Gogh
Fonte: PRETTE, 2008, p. 304.
A obra de Van Gogh transmite uma mensagem forte e apaixonada.
Para Prette,
a carga expressiva da sua pintura revela os estados de ânimo
do artista, a sua alegria ou a própria dor. Os românticos
comunicavam essas emoções com a pintura tradiconal; Van
Gogh o fez usando a cor, a técnica, o desenho de modo
expressivo. A Mensagem artistica, que caiu no vazio
enquanto o artista estava vivo, foi recebida com entusiasmo
pelos jovens pintores que viream depois dele, no início do
século XX. ( PRETTE, 2008, p. 305).
51
PARA REFLETIR
Vorticosos: Que se movem em
espiral. Cores complementares:
São as cores opostas no círculo
cromatico, e o complemento
de uma cor primária será
sempre uma secundaria. São as
cores que oferecem as
melhores ombinações.
Ex: Verde é complementar do
vermelho.
Artes Visuais
DICAS
Assista ao filme “Sonhos”,
dirigido por Akira Kurosawa,
onde Van Gogh frenético,
lutando contra o tempo "que
passava veloz como um trem",
solitário, cria para um mundo
que não a enxerga. Não existir
apenas, mas existir também
quando todos não mais
existirem atenua-se o temor da
morte, pela recompensa de
não ser esquecido.
Caderno Didático - 3º Período
Na pintura “Noite estrelada”, Figura 41, o artista define e modela a
imagem através do traço vigoroso. É uma das mais conhecidas obras do
artista, e foi criada por ele em 1889, quando estava em um sanatório em
Saint Remy de Provence. Marca o período em que Van Gogh rompe com o
que se poderia chamar de fase impressionista, desenvolvendo um estilo
próprio, no qual prevalecem as cores primárias em tons fortes, principalmente o amarelo, que era sua cor predileta.
Figura 41: Noite estrelada, oleo s/ tela, 73,7 X 93,1
- Museu de arte Moderna de NY. Vincent Van Gogh.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Noite_Estrelada. acesso em: 16/08/2009
Van Gogh influenciou consideravelmente a arte do século XX;
através de sua inovação estilística e do afastamento da técnica da pintura
tradicional, torna-se o precursor do expressionismo.
Paul Gauguin (1848-1903)
Paulo Gouguin nasceu em Paris, porém, em seus primeiros sete
anos de vida, morou no Peru, para onde seus pais mudaram após a chegada
de Napoleão III ao poder. A pretensão do pai era trabalhar num jornal em
Lima.
Aos 35 anos, tomou a decisão de dedicar-se totalmente à pintura.
Começou uma vida de viagens e boemia, o que resultou em uma produção
artistica singular e determinante para as vanguardas do século XX. Não teve
uma vida fácil, tendo atravessado diversas dificuldades econômicas,
problemas conjugais, privações e doenças.
Inicialmente, Gauguin ligou-se ao Impressionismo e participou da
quinta exposição coletiva deste movimento em 1880. Mesmo tendo
participado do evento, não se incorporou ao movimento Impressionista da
época.
52
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Paul Gauguin desenvolveu as técnicas do "sintetismo" e a representação simbólica da natureza, nas quais são utilizadas formas simplificadas e
grandes campos de cores vivas chapadas, que ele fechava com uma linha
negra, mostrando forte influência das gravuras japonesas, como se vê na
Figura 42.
Sua pintura é caracterizada por:
?
Natureza alegórica, decorativa e sugestiva;
?
Formas dimensionais, estilizadas, sintéticas e estáticas.
Figura 42: Parau Api (O que há de novo), 1892, óleo S/tela, 67x 91 cm, Paul Gauguin.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 302.
Em busca de temas novos para a pintura, Gauguin embarcou para as
ilhas Marquesas, que eram colônias francesas, fixando-se no Taiti. Foi um dos
primeiros a reconhecer o imenso valor estético da arte primitivista e a
estudar a arte dos povos dos trópicos, como demonstrado na Figura 43.
Figura 43: Arearea (Passatempo), 1892, detalhe, 0leo s/ tela, 75 x 94 cm,
Paul Gauguin.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 302.
53
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Sintetismo: Técnica e estética
pictórica francesa de fins da
década de 1880, baseada no
uso de grandes chapadas de
cor com contornos
vigorosamente cerrados.
Fonte:
http://www.dicio.com.br/sinteti
smo. acesso em 16/08/2009
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
REFERÊNCIAS
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. Trad. Denise Bottmann e Frederico
Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
ENCYCLOPÉDIE DE L’ART. Paris: Librairie générale française, 2000.
GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Tradução Álvaro Cabral. São Paulo:
LTC Editora, 2002.
GOMBRICH, E. H. História da arte. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara,
1998.
JANSON, H. W. & JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. Trad.
Jefferson Camargo.São Paulo: Martins Fontes, 1996.
JOBERT,B. Delacroix, le trait romantique. [exposição, Paris, Bibliothèque
nationale de France, 7 abril-13 julho 1998]. Paris: Bibliothèque nationale de
France , 1998.
LACLOTTE, M. Orsay la peinture. Paris: Scala , 2003.
PONCE DE LÉON. P. G. Breve história da Pintura. Editora Lisboa, 2006.
PINTO, Ana Lídia; MEIRELES, Fernanda; CAMBOTAS, Manuela Cernadas.
História da Arte Ocidental e Portuguesa – das origens ao final do Séc. XX.
2. ed. Portugal: Porto Editora, 2001.
PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: Ática, 2009.
O LIVRO DA ARTE. Trad. Monica Stahel São Paulo: Martins Fontes, 1999.
STRICKLAND, Carol. Arte Comentada – da pré-história ao Pós-moderno.
Trad. Ângela Lobo de Andrade. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
STRICKLAND, Carol. Arquitetura comentada. Trad. Fidelity Translations.
Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
54
4
UNIDADE 4
ARTE NO SÉCULO XX
Caros acadêmicos,
Nesta unidade, apresentaremos a arte no século XX, período de
grande transformação da arte, através de uma sucessão bastante caótica de
vanguardas.
Esse novo caminho é evidenciado por movimentos artísticos que
rompem com os conceitos tradicionais da arte. Para Strickland, a arte no
século XX provocou a “ruptura mais radical com o passado, levando o que
Manet e Coubert iniciaram no século XIX – retratos da vida contemporânea e
não de eventos históricos.” (STRICKLAND, 1999, p. 128).
Ainda de acordo com o autor, a rejeição pelo passado e a busca
incessante por liberdade de expressão libertavam o artista de agradar a um
mecenas; dessa forma, eles elegiam a imaginação e as experimentações
individuais como única fonte de inspiração. Essa liberdade fazia com que a
obra de arte se distanciasse da ideia de retratar fielmente a natureza,
tomando o caminho da abstração, a partir do qual dominam as linhas, as
cores e as formas.
Strickland ainda declara que a arte no século XX
não apenas decretou que qualquer tema era adequado, mas
também libertou a forma (como no cubismo) das regras
tradicionais e livrou as cores (no fauvismo) da obrigação de
representar com exatidão os objetos. Os artistas modernos
desafiavam violentamente as convenções, seguindo o
conselho de Paul Gauguin, para “quebrar todas as janelas
velhas, ainda que cortemos os dedos nos vidros. (Strickland,
1999, p. 128).
Assim, a arte moderna se constitui com uma série de movimentos
que buscou a libertação da forma.
4.1 FAUVISMO
O movimento fauvista teve início em 1904 na França (Paris); sua
marca principal foram as cores intensas, fortes e explosivas, com o uso de
pinceladas vigorosas, distorção das formas e da perspectiva. Buscam a
simplicidade nas estruturas da composição e a utilização de pinceladas
vigorosas, com motivos chapados e lineares. A estruturação dos rostos e
objetos partia de poucos e simples elementos e a tela nua se incluía como
parte do desenho completo.
55
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
A palavra Fauvismo ou Fouvismo, pode ser traduzida como “animal
selvagem”, porque, de acordo com Strickland, na exposição em Paris, que
inaugurou o movimento em 1905, o público teve uma reação bastante
hostil, e o grupo formado por: Vlaminck, Derain, Dufy, Georges Braque e
Rouault foram apelidados de “feras” (fauves em francês). (STRICKLAND,
1999, p. 130).
Para Pinto, Meireles e Cambotas, a origem do fauvismo nasce de
diversos ensinamentos e influências:
?
De Cézanne, quando afirma que “à pintura já não cabe relatar,
mas sim realizar-se a si mesma”, ou seja, a criação pictórica torna-se autônoma da realidade objetiva;
?
De Van Gogh, quando diz: “em vez de procurar representar o
que tenho diante dos olhos, sirvo-me da cor mais arbitrariamente, para me
exprimir de uma maneira mais forte”; a cor e o individualismo expressivo
marcarão, decisivamente, a pintura fauve;
?
De Gauguin, pela utilização antinaturalista e planificada das
formas, das cores e dos contornos a negro;
?
E da arte oriental, em particular da pintura japonesa, planificada
e de contornos lineares. (PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 744).
Para os críticos, os fauvistas eram considerados “todos um pouco
loucos”, pois usavam as cores sem referência à aparência real, buscando a
autonomia da forma. Nessa direção, de acordo com Strickland, os fauvistas
[...] se embriagavam com cores vibrantes, exageradas.
Libertaram a cor do seu papel tradicional de descrever
objetos para fazê-la expressar sentimentos. Depois de
levarem as cores escaldantes ao extremo da não representação, os fovistas passaram a se interessar cada vez mais na
ênfase dada por Cézanne à infra-estrutura, o que deu origem
à revolução seguinte: O cubismo. (STRICKLAND, 2004,
p.130).
Dentre os principais mestres do Fauvismo, podemos destacar:
Henri Matisse; Andre Derain; Vlaminck; Dufy; Rouault e Georges Braque.
Georges Braque, contudo, será temporariamente fauvista, já que mais tarde,
juntamente com Pablo Picasso, fundará o cubismo. Para André Derain,
Raoul Dufy e Maurice Vlaminck a breve duração do Fovismo representou o
melhor de suas obras. Dentre os fovistas, somente Henri Matisse continuou a
explorar o potencial da cor pura, à medida que reduzia as formas e os signos
se tornavam mais simples.
4.1.1 Henri Matisse (1869-1954)
Foi o fundador do grupo fauvista, utilizando a cor como força
56
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
emocional, expressiva e decorativa. De acordo com Strickland, Matisse
acreditava que “[...] a cor não nos foi dada para imitar a natureza, mas para
expressar nossas próprias emoções” (STRICKLAND, 2004, p. 134), conforme ilustram as Figuras 44 e 45.
Figura 44: Dança, 1909, MoMA – NY. Henri Matisse.
Fonte: STRICKLAND, 2004, p. 135.
Matisse é um dos expoentes do Fauvismo e um ícone da Arte
Moderna. Para Argan, a obra “A Dança” é uma das obras-primas do nosso
século; “[...] é a resposta serena, mas decididamente negativa, de Matisse ao
cubismo triunfante”.
(ARGAN, 1992, p. 259).
Figura 45: A lista verde (Madame Matisse), 1905,
óleo S/Tela-40,5 x 32, 5 cm. Henri Matisse
Fonte: STRICKLAND, 1999, p. 134.
57
Ainda de acordo
com Argan, o quadro tem
uma significação mística:
“[...] o solo é o horizonte
terrestre, a curva do mundo;
o céu tem a profundidade
azul-turquesa, dois espaços
interestrelares; as figuras
dançam como gigantes entre
a terra e o firmamento.”
(ARGAN, 1992, p.
259). Nesse sentido,
Matisse, através dessa obra,
se contrapõe racionalmente
ao cubismo, que analisa o
objeto. Esse quadro é a
síntese de um tema complexo, representado com muita
simplicidade.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
4.1.2 André Derain (1880-1954)
De acordo com Strickland, André Derain, “[...] reduziu suas
pinceladas ao código Morse: pontos e riscos de ardentes cores primárias
explodindo, conforme suas palavras, como cargas de dinamite”(STRICKLAND, 2004, p. 131). Ainda de acordo com a autora, o artista
nas primeiras décadas do séc. XX se manteve em evidência com Matisse,
porém, mais tarde, buscou inspiração nos grandes mestres do Neoclássico, e
seu trabalho tornou-se acadêmico.
Foi um pintor autodidata, que iniciou sua carreira aos 15 anos de
idade. No ano de 1900, se encontrou com Matisse e Vlaminck, passando a
trabalhar juntos. A partir dessa parceira, começaram a desenvolver suas
ideias com a cor em suas obras de arte. A sua obra mostrava características
mais tranquilas do que as de seus colegas fauvistas.
Figura 46: Mulher de combinação, 1906,
Óleo s/ tela,100x 81 cm. André Derain.
Fonte: ARGAN, 1992, p. 254.
4.1.3 Raoul Dufy (1877-1953)
Ceramista, gravador, desenhista, ilustrador e colorista francês
nascido em Le Havre. Conforme Strickland (1999, p. 132), o artista desenvolveu o seu estilo pessoal, contemplando suas obras pictóricas com estes
temas.
Iniciou sua formação artística como impressionista, porém, sob a
influência de Matisse, evoluiu gradativamente e se destacou como um dos
expoentes do fauvismo.
58
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Figura 47: As três sombrinhas, óleo s/ tela. Raoul Dufy.
Fonte: www.diretoriodearte.com/uncategorized/fauvismo/, acesso 10/07/2009.
4.1.4 Maurice de Vlaminck (1806-1958)
O pintor Maurice Vlaminck nasceu em Paris, descendente de uma
família de músicos. Levado por esta influência, estudou violino na juventude, até tornar-se um ciclista profissional. Porém, sua carreira de ciclista foi
finalizada após uma febre tifóide em 1986. A partir daí ingressou na carreira
militar. Foi nessa época de sua vida que encontrou com André Derain; a
partir de então começou a pintar.
Durante a primeira década do século XX, morando em Paris,
encontra com diversos pintores, entre eles Henri Matisse, se tornando
conhecido entre os pintores fauvistas.
Seu trabalho sofreu ainda influência da obra de Van Gogh e de Paul
Cézanne, apesar de evitar as cores brilhantes que caracterizavam a obra
desses dois artistas.
Figura 48: Port Marly, óleo sobre tela. Vlaminck.
Fonte: PRETTE, 2008, p. 310.
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Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
4.1.5 Georges Rouault (1871-1958)
Filho de um marceneiro que trabalhava numa fábrica de pianos,
teve seus primeiros contactos com a arte na Escola de Artes Decorativas em
Paris.
Apesar de sempre ter repudiado a definição de “arte sacra” aplicada
à sua obra, se tornou um dos mais representativos artistas cristãos do século
XX, devido à sua amizade com um escritor de temas religiosos, Léon Bloy,
reafirmando assim sua fé católica e inspirando sua obra em temas de forte
conteúdo social.
De 1902 a
1917, suas aquarelas
com temas de
palhaços, prostitutas,
juízes e cenas de
tribunais parecem,
através de pinceladas
enérgicas e tonalidades sombrias, transpor
a realidade. O
cromatismo de suas
telas foi aos poucos
adquirindo luminosidade, com fortes
contrastes e contornos
negros, lembrando a
técnica do vitral.
4.2 CUBISMO
DICAS
Visite o site:
http://www.pitoresco.com.br/u
niversal/picasso/picasso.htm e
conheça mais sobre o artista
Pablo Picasso.
Figura 49: Ecce homo. George Roault.
Fonte: http://www.sindone.org/it/icono/rouault2.htm,
acesso em 20/05/2009.
Iniciado em 1907, em Paris, o cubismo propôs reformular a
maneira de representação dos objetos, que passaram a ser representados
sob vários ângulos ao mesmo tempo.
Para Strickland, o movimento durou “como forma pura de 1908 a
1914”. O autor afirma ainda que o estilo recebeu este nome “a partir do
desdém de Matisse ao ver uma paisagem de Georges Braque como nada
além de cubinhos”. (STRICKLAND, 1999, p. 138). Embora os quatro
expoentes do Cubismo: Pablo Picasso, Georges Braque, Juan Gris e
Fernando Léger desmembrassem os objetos em pedaços que não eram
exatamente cubos, suas formas constituíram-se em volumes a partir da
decomposição de planos e da rejeição de distinções entre figura e fundo.
60
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
É como se o artista se movimentasse em torno do objeto e captasse
todas as suas faces de uma só vez. Para atingir esse objetivo, usou composições fundamentadas na estrutura do objeto representado. Dessa forma,
simplifica sua natureza visual. O cubismo é marcado pela fragmentação e
justaposição das figuras, usando o geometrismo. Assim, o artista tentava
construir algo, em vez de copiar a imagem vista.
De acordo com Pinto, Meireles e Cambotas, o nascimento do
Cubismo é marcado pela obra de Picasso, intitulada “Les Demoiselles
d”Avignon”(PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 758), conforme se vê
na Figura 50, obra quedestaca as duas grandes influências do movimento
cubista, que são:
1- O reconhecimento da obra de Paul Cézanne, cuja arte se caracteriza pela análise das formas e dos planos construídos por meio da cor;
2- A arte africana, com suas formas simplificadas e com volumes
duros.
O Cubismo se dividiu em duas fases distintas: Cubismo analítico e
cubismo sintético, que serão analisados nos itens 4.2.3 e 4.2.4.
4.2.1 Pablo Picasso (1881-1973)
De acordo com
Strickland, Pablo Picasso
“[...] aprendeu a desenhar antes de aprender a
falar ”.(STRICKLAND,
1999, p. 136). Nasceu na
Espanha e desde a
adolescência dominava a
arte de desenhar com
perfeição. Picasso trabalhou com muitos estilos
diferentes e teve nas
mulheres sua principal
fonte de inspiração. Em
sua obra, encontramos
duas importantes fases
que marcaram a sua
pintura:
Figura 51: Mendigos na Praia. Pablo Picasso.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 759.
61
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Fase Azul: de 1901 a 1904, quando ainda era um artista pobre e
desconhecido. Essa fase recebeu o nome de fase azul, em virtude das cores
frias de azul índigo e cobalto usado pelo artista, retratando esqueléticos
mendigos cegos e frangalhos humanos. Figura 51.
Fase Rosa: pinturas feitas no período
em que conheceu o seu
primeiro amor, Fernande Olivier, que inspirou
muitas de suas obras.
Passou então a usar
delicadas cores rosadas
e tons de terra, em
quadros com temas de
artistas de circo, arlequins e acrobatas. As
pinturas dessa fase são
românticas e sentimentais. Figura 52.
Figura 50: Les Demoisellles d”Avignon – 1906-07, óleo s/tela,
244 x 234 cm. Pablo Picasso.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 759.
Figura 52: A família de saltimbancos. Pablo Picasso.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 760
62
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Como muitos de seus contemporâneos, Pablo Picasso estava à
procura de novos meios pictóricos que enfatizassem a expressão. Essa busca
o levou ao primitivismo da África, através das máscaras e objetos arcaicos,
fonte de inspiração da tela “Demoiselles d’ Avignon”, Figura 50, cujos rostos
assemelham-se às máscaras. Essa obra constitui o prenúncio do movimento
cubista. Picasso reduz tudo a formas circulares, ovais e retangulares, com a
deformação e a geometrização radical dos corpos, bem como a fragmentação do espaço em diferentes pontos de vista.
4.2.2 Georges Braque (1882-1963)
Foi pintor e
escultor e, juntamente com
Pablo Picasso, fundou o
cubismo. Iniciou sua
ligação com as cores
através da empresa de
pintura decorativa de seu
pai. A maior parte de sua
adolescência foi passada
em Le Havre. No ano de
1899 mudou-se para Paris
onde, em 1906, expôs suas
pinturas de cores puras de
estilo fauvista. Em 1907,
conheceu Pablo Picasso,
com quem conviveu quase
diariamente até 1914.
4.2.3 Cubismo Analítico
Figura 53: Fruteira e Cartas ou Composição de Ás de
Paus. Georges Braque.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 761.
O cubismo analítico foi a primeira fase do Cubismo, quando o
artista analisava as formas dos objetos, fragmentando-os em pedaços distribuídos pela tela. Nessa fase, os artistas cubistas mostram simultaneamente,
de forma multifacetada, os vários aspectos do motivo observado, fazendo
com que o objeto apareça na tela como se estivesse quebrado ou explodido.
Para exemplificar essa fase analítica da pintura Cubista, mostramos
na Figura 56, a pintura “Retrato de Ambroise Vollard”, de Pablo Picasso, que
segundo Strickland (1999, p. 138) representa a “quintessência do Cubismo
analítico”. Nesta fase, Picasso e Braque trabalhavam com uma gama
praticamente monocromática, preferindo apenas as cores marrom, verde e
mais tarde o cinza, pois tinham como objetivo analisar a forma sem a
distração das cores.
63
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Figura 54: Retrato de Ambroise Vollard, 1910
– Pushkin State Museum of Fine Arts, Moscou. Pablo Picasso.
Fonte: http:\\www.caleidoscopio.art.br/.../cubismo01.html,
acesso em 13/04/2008.
4.2.4 Cubismo Sintético
Picasso e Braque, entre
1912 e 1914, juntamente com o
pintor espanhol Juan Gris,
aderiram à colagem, incorporando letras em estêncil e tiras
de papel às pinturas.
De acordo com
Strickland, na obra de arte
“Bandolim”, Figura 55, Braque
“desmonta o instrumento de
cordas para recompor, ou
“sintetizar”, suas linhas estruturais essenciais em papel
corrugado e pedaços de jornal”.
(Strickland 1999, p. 138).
Figura 55: Bandolim, 1914, Ulmer Museum.
Alemanha. Georges Braque.
Fonte: STRICKLAND, 1999, p. 138.
64
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Fernand Léger (1881-1955) também contribuiu com o cubismo
sintético, adicionando formas curvas ao estilo, que até então era bastante
angular. Como essas formas tendiam a ser tubulares, ele foi apelidado de
“tubista”. Para Strickland, Léger é mais conhecido por suas “[...] paisagens
urbanas, industriais, cheias de formas metálicas, polidas, robóticas, humanóides, e bem definidas engrenagens mecânicas.” (STRICKLAND, 1999, p.
138).
Ainda segundo Strickland, a qualidade do cubismo, de modo geral,
deriva de sua ambivalência entre a representação e a
abstração. No limite da dissolução do objeto em suas partes
componentes, as alusões ao objeto oscilam dentro e fora da
consciência. Baseado no mundo das aparências, o cubismo
envia uma visão multifacetada, como um olho de mosca, da
realidade. “Não é uma realidade que se possa pegar com as
mãos. É mais como um perfume”, disse Picasso. “O aroma
está em todo lugar, mas não se sabe bem de onde vem.”
(STRICKLAND, 1999, p.138).
O cubismo sintético, ao contrario do analítico que privilegia a
forma, emprega cores fortes e formas decorativas; veja Figura 56.
Figura 56: O Estúdio, 1928, MoMA, NY. Picasso.
Fonte: STRICKLAND, 1999, p.138
4.3 FUTURISMO
O movimento futurista surgiu em Fevereiro do ano de 1909, com o
Manifesto Futurista do poeta Felippo Marinetti, publicado no jornal Le
Figaro, em Paris. Esse texto expunha as propostas estéticas, artísticas e culturais do novo estilo.
65
Artes Visuais
DICAS
Visite o site
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ma
nifesto_Futurista e conheça o
manifesto completo
Caderno Didático - 3º Período
Para Pinto, Meireles e Cambotas, foi um manifesto extremamente
polêmico, no qual Marinetti propunha combater qualquer forma de arte
ligada à tradição, e exaltando a era industrial e tudo que ela representava, ou
seja, o movimento das máquinas e a velocidade. O Manifesto afirmava: ”Um
automóvel de corrida com o seu adorno de grossos tubos semelhantes a
serpentes de metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia”.
(MARINETTI, apud PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 766).
Os Futuristas condenavam a devoção aos antigos mestres e aos
elementos da arte do passado, exaltando o momento presente, além de
glorificarem as máquinas e as realizações da ciência moderna, representadas
pelo dinamismo das formas em suas telas.
De acordo com Strickland, o futurismo foi desenvolvido pelos
seguintes artistas: Giacomo Balla, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Gino Severini e
Humberto Boccioni. Para a autora, os pintores
combinavam as cores fortes do Fovismo com os planos
fraturados do Cubismo para expressar propulsão. Em seu
mais famoso quadro “Despertar da cidade” (Figura 57),
Boccioni retratou trabalhadores e cavalos arrepiados como
porcos espinhos com a marca registrada de suas “linhas de
força” irradiando de todas as figuras para transmitir a idéia de
velocidade. Ele tentou captar não só um “flagrante”
congelado de um instante, mas uma sensação cinemática de
fluxo. (STRICKLAND, 1999, p. 139).
Para a autora,
Figura 57: O despertar da cidade – 1910/11 – Óleo s/ tela. 199 x 301 cm.
Museum of Modern art, Nova York. Umberto Boccioni (1882/1916).
Fonte: História Geral da Arte, 1996 , p. 010.
66
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
O futurismo tinha como objetivo principal a representação da
realidade dinâmica dos objetos ou seres, pois pretendiam representar na tela
a cinemática das formas livres que evocavam a ideia de movimento, Figura
58.
O futurismo foi um movimento de rebelião ativa e de afirmação das
“novas e modernas energias da existência, aproximando-se, em termos
emocionais, dos expressionistas, mas, em termos visuais e plásticos, assemelhando-se ao cubismo. Para Pinto, Meireles e Cambotas,”em vista disso sua
plástica estava ligada em temas que se referia a qualquer assunto que
implicasse velocidade e dinamismo (Figura 58), onde as formas e volumes do
ciclista misturam se com as da própria bicicleta e com o fundo, formando um
conjunto dinâmico, com movimentos circulares e arabescos, que são
reforçados pelas cores vibrantes. (PINTO; MEIRELES, CAMBOTAS, 2001, p.
766).
Figura 58: Dinamismo de um ciclista, 1913, óleo sobre tela, 70x 95 cm. Umberto Boccioni.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 767.
Ainda de acordo com as autoras, os artistas futuristas utilizaram:
Recursos da fotografia e do cinema para alternar os planos, e ainda
“[...] na sobreposição de imagens, ora fundidas ora encadeadas”;
?
Grande mobilidade dos contornos das formas aparecem e
desaparecem, de modo que o observador é transportado para o meio da
pintura;
?
Com relação à questão formal, predominam as linhas circulares
emaranhadas, os espirais e elipses e ainda [...] “a geometrização dos planos
em ângulo agudo e dinâmico, abolindo totalmente os ângulos retos cubistas
na organização espacial, permitindo a sugestão da fragmentação da luz”.
(PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p.766);
67
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Cinemática: Parte da mecânica
que estuda os movimentos sem
se referir às forças que os
produzem ou às massas dos
corpos em movimento
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
?
As cores são muito contrastantes, variando entre os vermelhos
fortes, verdes intensos, os amarelos e laranjas vivos, em composições
violentas e chocantes.
O futurismo foi disseminado por toda a Europa, com particular
destaque para a Rússia, onde também já havia chegado o Cubismo, e tem
em Malevitch seu principal representante.
4.3.1 Principais artistas
Umberto Boccioni (1882-1916)
Um dos artistas mais importantes do movimento. Além de importante pintor, foi igualmente escultor. Estudou a obra de Pablo Picasso para
melhor introduzir na sua arte o dinamismo e a simultaneidade das formas.
Figura 59.
Figura 59: Estados de espírito I, Os Adeuses, 1911, óleo sobre tela. Umberto Boccioni
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 767.
Giacomo Balla (1817-1958)
Introduziu no movimento uma tendência abstrata. De acordo com
Pinto Meireles e Cambotas, “[...]um recurso dos mais originais que ele usou
para representar o dinamismo foi a simultaneidade, ou desintegração das
formas, numa repetição quase infinita” (PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS,
2001, p. 768) que permitia ao observador captar de uma só vez todas as
sequências do movimento. Figura 60.
68
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Figura 60: Mercurio passa diante do sol,
1914, 120x 100 cm. Giacomo Balla.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 769.
Carlo Carrá
(1881-1966)
Foi o artista que
plasticamente mais se
aproximou do cubismo.
Participou de diversas
edições da Bienal de
arte de São Paulo”. Em
sua obra “Manifesto
intervencionista” Figura
61, assumiu a colagem
com efeito plástico
integral.
Figura 61: Manifestação Intervencionista, 1914. Carlo Carrá.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 769.
69
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Gino Severini (1883 – 1966)
Assim com Carlo Carrá, também foi o pintor Gino Severini do
Futurismo italiano. Utilizou de sobreposições rítmicas sugeridas pelo cinema
para atingir o movimento e o dinamismo que desejava em sua obra.
Figura 62: O ataque, 1912, óleo sobre tela. Gino Severini.
Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 769.
4.4 EXPRESSIONISMO
O Expressionismo foi um movimento artístico surgido em Munique
a partir de 1910, que tinha como proposta principal a expressão do mundo
interior do artista através da arte.
Com essa proposta, os artistas expressionistas exploravam a
expressividade da imagem através da distorção da figura, a fim de representar sua visão subjetiva da realidade. Utilizavam cores fortes, contornos
abruptos, atmosfera densa e carregada, quase irreal. Um retrato ou uma
paisagem poderia variar de acordo com o sentimento existente.
Essa distorção das formas constituía uma nova estética, que
incomodava bastante ao expectador, pois com o expressionismo houve um
distanciamento da “beleza” que era conhecida pelo público em geral.
O expressionismo foi, assim, uma tendência subjetiva que se
fundamentou muito na arte do século XX, mas que se iniciou no séc. XIX com
Van Gogh, Gauguin e Munch. Foi na Alemanha, com dois grupos chamados
Brücke e Der Blaue que o expressionismo atingiu a maturidade.
70
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
4.4.1 Die Brücke
Fundado em 1905 por Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), O Die
Brücke foi o primeiro grupo alemão, segundo Strickland, “[...] a apreender o
espírito da avant-garde”. Ainda de acordo com a autora, o nome significa “a
ponte”, pois seus integrantes pensavam que sua obra “seria uma ponte para o
futuro”. Para a autora, o grupo “[...] exigia liberdade de vida e ação contra as
forças estabelecidas e ultrapassadas.” (STRICKLAND, 2004, p. 142).
Durante a permanência do grupo, seus integrantes viviam e trabalhavam em comunidade, inicialmente em Dresden e em seguida em Berlim, com
produção de obras intensas, angustiadas e com formas amplamente distorcidas e com cores fortes e extravagantes. O grupo se encerra em 1913, em
consequência de alguns desentendimentos internos e com o desenvolvimento diferenciado de cada um dos seus membros.
Destaca-se a figura humana nua em ambientes naturais. O vocabulário estético é reduzido a formas simplificadas, sem perspectiva e sem contrastes de cores saturadas, com a utilização de linha forte de contorno.
A maior contribuição dos expressionistas desse grupo foi o renascimento das artes gráficas, principalmente da xilogravura. Com drásticos
contrastes de preto-e-branco, formas cruas e linhas quebradas as xilogravuras
expressavam perfeitamente as doenças da alma, tema bastante importante
para a arte expressionista.
Ernest Ludwig Kirchner
Este artista resumiu o movimento expressionista, em sua obra, com a
seguinte proposta: “Meu objetivo é sempre expressar a emoção e experimentar formas amplas e simples e
cores claras.” (STRICKLAND,
2004, p. 143). Em obras como
“Cena de Rua em Berlim”,
Figura63, o artista destaca a vida
urbana, representando-a com
figuras de proporções distorcidas e feições desfiguradas.
Depois da primeira
guerra mundial, seu estilo se
tornou ainda mais frenético e
mórbido até que, apavorado
com a ascensão do Nazismo,
suicidou-se.
Dentre os expressionistas mais relevantes estão: Edvard
Munch, James Ensor e Oskar
Kokoschka.
Figura 63: “Cena de Rua em Berlim, 1913. Kirchner.
Fonte: http:\\www.ocaiw.com/galleria_maestri/gallery,
acesso 07/05/2009.
71
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GLOSSÁRIO
A
E
F
Xilogravura: de acordo com
Dicionário Aurélio, é gravura
em relevo sobre prancha de
madeira. Estampa tirada por
este processo.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
4.4.2 Der Blaue Reiter
Outro grupo da vanguarda expressionista alemã, que tinha uma
organização menos rígida; foi chamado de “[...] Cavaleiro Azul Blaue Reiter
em homenagem a um quadro de seu líder, Wassily Kandinsky”.
(STRICKLAND, 1999, p. 143).
Esse grupo foi fundado em Munique por volta de 1911 e tinha entre
seus membros mais expressivos Wassily Kandinsky e Paul Klee (1879-1940). O
grupo se dissolveu quando estourou a primeira guerra mundial, em 1914,
deixando uma herança duradoura: a pesquisa artística de Kandinsky a respeito da pura abstração. Figura 64. Esse artista será estudado no item 4.7.1.
Figura 64: Improviso 31 (batalha no mar), 1913. Kandinsky.
Fonte: http://www.jokerartgallery.com/fotos/pin/Kandinsky/
Improvisation_31.jpg, acesso 07/05/2009.
4.5 DADAÍSMO
O Dadaísmo surgiu em 1915, em Zurique, com o Cabaré Voltaire,
que fez do deboche uma atitude filosófica. O Dada, como era chamado, foi
um movimento anti-arte, cuja proposta não era a construção de algo, mas a
negação de qualquer funcionalidade que a arte ou os objetos industrializados
pudessem ter. Seus idealizadores tinham como meta fugir do convencional,
dando um sentido ambíguo a tudo, satirizando a máquina e toda a sua produção.
72
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
B GC
Conforme Strickland,
GLOSSÁRIO
em seus sete anos de vida, o dadaísmo muitas vezes parecia
mesmo sem sentido, mas tinha um objetivo de não-semsentido: protestava contra a loucura da guerra. Nesse
primeiro conflito global, anunciado com “a guerra para
acabar com todas as guerras”, dezenas de milhares morriam
diariamente nas trincheiras para conquistar uns poucos
metros de terra calcinada e em seguida eram forçadas a
recuar pelos contra-ataques. Dez milhões de pessoas foram
massacradas ou ficaram inválidas. Não admira que os
dadaístas achassem que não podiam confiar na razão e na
ordem estabelecida. Sua alternativa foi subverter toda a
autoridade e cultivar o absurdo. (STRICKLAND 2004, p.
148).
O Dadaísmo se expandiu para a França, para a Alemanha e para os
Estados Unidos, tendo como principal estratégia denunciar e escandalizar os
modelos culturais, artísticos e políticos vigentes, tendo como base a descrença no progresso, instaurada pela primeira guerra mundial. O Dadaísmo
rejeita todas as experiências formais e técnicas existentes, e propõe a
utilização de materiais e técnicas da produção industrial.
Dentre os artistas mais relevantes, citamos Marcel Duchamp, Jean
Arp e Schwitters.
4.5.1 Marcel Duchamp (1887-1968)
Artista francês, Marcel Duchamp
frequentou em Paris a Academie Julian,
onde pintou quadros impressionistas. Foi
uma das figuras mais influentes da arte
moderna.
Segundo Strickland,
além de lançar o Dadá e o Surrealismo, ele
inspirou diversos outros movimentos, do
pop ao conceitualismo. Duchamp se
tornou uma lenda sem efetivamente
produzir muitas obras. Apesar do sucesso
do seu “Nu descendo a escada”, Duchamp
abandonou a pintura no auge da fama. “Eu
me interessava por idéias e não simplesmente pelos produtos visuais”, ele disse:
“Eu queria colocar a pintura novamente a
serviço da mente.” (STRICKLAND 2004, p.
148)
Figura 65: Nu descendo uma escada
nº 2, aquarela, tinta, lápis e pastel
sobre papel fotográfico,147 x 89 cm.
Marcel Duchamp.
Fonte: http://www.niteroiartes.com.br
/cursos/la_e_ca/trecho3.html#nu,
acesso em 07/05/2009
73
A
E
F
Anti-arte: “É uma arte
experimental, fora dos padrões
convencionais, superando os
suportes clássicos do quadro e
da escultura e invadindo o
espaço para além de museus e
de galerias. A anti-arte quebra
a relação passiva do espectador
com a obra, convidando-o e
provocando sua participação
direta no trabalho visto ou
vivenciado”. Fonte:
http://tropicalia.uol.com.br/site/
internas/marg_antiarte.php,
acesso em: 17/08/2009
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
B GC
GLOSSÁRIO
A
Readymade: Objeto de uso
comum, preexistente à
intervenção do artista, mas
retirado do seu contexto e
apresentado isoladamente ou
inserido em composições.
E
F
Duchamp sintetiza o pensamento artístico e estético dadaísta,
buscando em sua obra demonstrar que qualquer objeto pode ser concebido
como arte. Para ele, “[...] a concepção da obra de arte era mais importante
que o produto acabado. Em 1913, ele inventou uma nova forma de arte
chamada readymades (arte pronta)” (Stickland,2004. p. 148). O seu
primeiro readymades foi a composição de uma roda de bicicleta montada
sobre um banquinho de cozinha. Um dos seus readymades mais polêmicos
foi um urinol de louça, com a assinatura R. Mutt. Figura 66.
Figura 66: Fonte, 1917. Marcel Duchamp.
Fonte: STRICKLAND, 2004, p. 148
4.6 SURREALISMO
Para Prette, o Movimento Surrealista foi criado em 1924, em Paris,
quando o poeta André Breton escreve o “Manifesto do Surrealismo” com
base nas ideias de Apolinaire, sobre o estado de fantasia, buscando difundir
um sentido de afastamento da realidade através da arte. Ainda de acordo
com a autora, o movimento “[...] se forma gradualmente nos anos da
Primeira Guerra Mundial, baseado nas experiências das outras vanguardas,
principalmente do Expressionismo e do Dadá”. (PRETTE, 2008, p. 342).
O Surrealismo foi um movimento que floresceu nos Estados Unidos
nos anos 20 e 30, e que levou ao extremo o senso de irrealidade das imagens.
O Surrealismo para Strickland, “[...] implica ir além do realismo,
buscava deliberadamente inspiração no bizarro e irracional para expressar as
verdades ocultas, inalcançáveis por meio da lógica.” (STRICKLAND, 2004,
p. 149).
74
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Ainda de acordo com Strickland, o movimento teve duas formas:
?
A prática da arte improvisada e distante do controle do consciente, como é o caso do artista espanhol Joan Miró e do alemão Marx Ernest;
?
O uso de técnicas realistas para representar cenas alucinatórias
que desafiavam o senso comum, como é o caso do artista espanhol Salvador
Dali e do pintor belga René Magritte. (STRICKLAND, 2004, p. 149).
O Surrealismo busca inspiração no subconsciente, aproximando
figuras estranhas entre si, como já haviam feito os pintores dadaístas. As
obras são caracterizadas por temas bizarros e insólitos, e os artistas declaravam [...] “viver com monstros na mente”. (PRETTE, 2008, p. 342).
4.6.1 Joan Miró (1893-1983)
B GC
GLOSSÁRIO
O artista tentou banir a razão e soltar o inconsciente (Figura 67).
Trabalhou com bastante espontaneidade; tinha como objetivo “expressar
com precisão todas as fagulhas douradas que a alma solta” (Strickland, 2004,
p. 149). Para André Breton, Miró foi o mais surrealista de todos.
De acordo com Strickland, Miró
Inventou signos biomórficos singular para objetos da
natureza, como o sol, a lua e os animais. Com o passar dos
anos, essas formas foram sendo progressivamente simplificadas até chegar a uma estenografia em pictogramas de formas
geométricas e gotas parecidas com amebas – uma mistura de
fatos e fantasia. Miro
ainda colocava um
ponto numa folha de
papel sem acertar direto
no alvo, disse o escultor
surrealista Giacometti.
As formas semi-abstratas
de Miro, embora
estilizadas, aludiam
ludicamente aos objetos
reais. Em cores vibrantes
e sempre extravagantes,
parecem quadrinhos de
o u t r o p l a n e t a . “O
importante é desnudar a
alma”, disse Miro. “A
pintura e a poesia são
feitas quando se faz
amor – um abraço total,
a prudência é jogada
para o alto, sem nada
o c u l t a r . ”
(
STRICKLAND, 2004, p.
149).
Figura 67: Interior Holandês II, 1920. Joan Miro.
Fonte: STRICKLAND, 2004, p. 149.
75
A
E
F
Pictogramas: são símbolos
gráficos que têm por objetivo
informar alguma coisa.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
4.6.2 Salvador Dalí (1904-1989)
Artista Catalão, se destacou por sua obra de grande valor, que atrai a
atenção pela extraordinária combinação de imagens extravagantes, oníricas,
com primorosa plasticidade. Figura 69.
Salvador Dalí foi um homem com grande carga de medos e
neuroses, e deixava que isso alimentasse sua arte. De acordo com Stricklnad,
Dalí
[...] deixava uma tela ao lado da cama, olhava bem para ela
antes de dormir e, ao acordar, registrava o que ele chamava
de “fotografias de sonhos pintados à mão”. Ele afirmava que
cultivava intencionalmente ilusões paranóicas a fim de ser
medium para o irracional, mas que recuperava o controle
conforme a sua vontade. (STRICKLAND, 2004, p. 151).
Figura 68: A persistência da Lembrança, 1931. Salvador Dalí.
Fonte:http:\\ www.essentialart.com, acesso em 14/05/2009.
4.7 O ABSTRACIONISMO
Um trabalho pictórico abstrato é uma pintura que não imita a o real
e, de acordo com Prette,
[...] não imita a realidade, e da qual é excluído o objeto real da
representação; não reproduz a natureza nem a vida, mas de uma e outra,
por meio da sensibilidade do artista, extrai sensações, percepções em estado
puro. O artista abstrato se libera da aparência da realidade à qual estamos
acostumados e apresenta uma realidade toda sua, um pessoal e profundo
sentimento do belo. Para tanto utiliza imagens elementares: formas irregulares ou geométricas, planos coloridos, linhas e pontos. (PRETTE, 2008, p.
328).
A abstração é a negação da representação tradicional figurativa, na
qual o mais relevante é a criação a partir dos próprios elementos plásticos:
76
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
linha, cor, forma, etc. Acontece o desaparecimento da imagem do objeto e a
obra de arte deixa de ser uma referência objetiva da realidade.
No abstracionismo encontramos duas vertentes: o abstracionismo
geométrico e o lírico.
?
Abstracionismo Lírico: Também chamado de abstracionismo
expressivo, tem como ponto de partida para a construção da obra a inspiração, o instinto e a intuição. Geralmente procurava inspiração na música,
buscando transformar manchas de cores e linhas em ideias simbólicas.
?
Abstracionismo Geométrico: Também conhecido como
abstracionismo formal, ao contrário do abstracionismo lírico, é focado na
racionalização intelectual e científica. As formas e as cores são organizadas
tendo como resultado apenas a expressão da concepção geométrica.
Na obra abstrata, a imitação dá lugar à expressão dos sentimentos,
através de cores, linhas e do desaparecimento do tema, e os efeitos de tons e
formas se tornam mais importantes.
Alguns dos principais artistas abstratos foram: Vassily Kandinsky,
Malevitch, Paul Klee e Piet Mondriam.
4.7.1 Vassily Kandisnsky (1912-1944)
Foi o criador da linguagem abstrata, através de uma nova e radical
linguagem pictórica. Criou na década de 1910 seus primeiros estudos não
figurativos, fazendo com que seja considerado o primeiro na produção de
pinturas abstratas.
Foi um dos maiores artistas do séc. XX, e que muito contribuiu para
a criação de uma nova estética, e de novas técnicas. Responsável pela
inovação nas artes plásticas, liberou a arte quando rompeu com as tradições
e com tudo que era valorizado até então.
De nacionalidade Russa, teve formação acadêmica em direito e
economia, e escreveu sobre temas ligados à espiritualidade. Após contato
com a arte Impressionista, através de uma exposição em Moscovo, onde se
interessa por um quadro de Monet, passa a se interessar pela pintura. A
necessidade de expressar suas percepções emocionais o leva a desenvolver
um estilo pictórico abstrato lírico. Viveu parte de sua vida na Alemanha,
onde passa a ensinar arte na Escola de vanguarda Bauhaus.
De nacionalidade Russa, teve formação acadêmica em direito e
economia, e escreveu sobre temas ligados à espiritualidade. Após contato
com a arte Impressionista, através de uma exposição em Moscovo, onde se
interessa por um quadro de Monet, passa a se interessar pela pintura. A
necessidade de expressar suas percepções emocionais o leva a desenvolver
um estilo pictórico abstrato lírico. Viveu parte de sua vida na Alemanha,
onde passa a ensinar arte na Escola de vanguarda Bauhaus.
77
DICAS
Visite o site:
http:\\www.duplipensar.net/mat
erias/
2003-06-wassily-kandinskyvida-obra.html - 19k - e
conheça mais da vida e obra
do artista.
PARA REFLETIR
Bauhaus: ver sobre a Bauhaus na
Enciclopédia Itaú cultural:
http:\\www.itaucultural.org.br.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Figura 69: Improvisação 30 , 1913, Óleo s/tela. Vassily Kandinsky .
Fonte: PRETTE, 2008, p. 328.
Figura 70: Improviso 31 (batalha no mar), 1913. Vassily Kandinsky.
Fonte: http://www.jokerartgallery.com/fotos/pin/Kandinsky/
Improvisation_31.jpg, acesso em 07/05/2009.
78
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
Figura 71: Circulo matizado, 1921, óleo s/tela. Vassily Kandinsky.
Fonte: PRETTE, 2008, p. 328.
4.7.2 Kazimir Malevitch (1878-1935)
Pintor abstrato soviético; nasceu em Kiev em 1878, tornou-se um
dos mais relevantes artistas do abstracionismo geométrico. Fundou em 1915
a vanguarda russa, conhecida como Suprematismo, Figura72.
O suprematismo tinha como característica principal a simplicidade
das formas geométricas e o uso de cores primárias e secundárias, além do
branco e do preto. De acordo com Prette, o termo “[...] indica o ponto
supremo da simplificação da imagem”. (PRETTE, 2008, p. 331).
Figura 72: Composição suprematista, “ avião em voo”, 1914.
Kazimir Malevitch
Fonte: PRETTE, 2008, p. 328.
79
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
B GC
GLOSSÁRIO
A
4.7.3 Piet Mondriam (1872-1944)
E
F
Vanguarda: termo medieval da
linguagem militar, que indica
uma posição de primeira linha,
um núcleo de combatentes
especiais que precede o grupo
de reconhecimento. No campo
artístico, utilizado com o
sentido de um grupo
revolucionário, precursor.
Nasceu na Holanda. Ingressou na carreira artística apesar da
oposição de sua família, e estudou arte na Academia de Belas Artes de
Amsterdã. Seus primeiros trabalhos eram pinturas de paisagens tranquilas
em tons suaves de cinza e tons de verdes. A partir de 1908, passou a experimentar cores mais brilhantes, além de criar pinturas de árvores e folhas; aos
poucos passa a desenvolver um estilo mais abstrato.
O artista afirmava que a arte “[...] não é a natureza, porque o que
importa é exprimir a nossa comoção diante da beleza: a síntese da clareza,
da tranqüilidade e do equilíbrio.” (PRETTE, 2008, p. 334). O artista usou
meios pictóricos elementares como a linha reta, que exprime um equilíbrio
absoluto.
Figura 73: Quadro nº 2, 1921, técnica: Óleo sobre tela.
Piet Mondriam.
Fonte: http://www.passeiweb.com/saiba_mais/arte_cultura/
galeria/piet_Mondriam/2#-, acesso em 20/07/2009.
4.8 EXPRESSIONISMO ABSTRATO
Movimento surgido em 1940, em Nova York, através da associação
de artistas unidos em torno do grande interesse pelas vanguardas europeias
dos anos anteriores. Representa o florescimento explosivo da arte americana, através do artista Jackson Pollock e sua action painting,ou seja,pintura de
ação.
Para Strickland, a arte passa a ser uma ação desinteressada, que não
permite valores sociais como o luxo, o bem estar e o poder. A Action
Painting não representa em exprime uma realidade objetiva ou subjetiva,
mas descarrega uma tensão que está acumulada no artista, através de uma
pintura gestual. (STRICKLAND, 2004, p. 158).
80
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
O expressionismo abstrato tinha como objetivo principal expressar
a vida interior através da arte. Usavam a técnica da livre aplicação da tinta,
sem qualquer referÊncia à realidade visual. Acreditavam que a imagem não
resultava de uma idEia pré-concebida, mas do processo criativo do artista.
4.8.1 Jackson Pollock (1912-1956)
Considerado um dos maiores representantes do expressionismo
abstrato. Sua vida foi marcada pelo alcoolismo e pela depressão, além das
crises de fúria e de autodestruição. Foi considerado um gênio rebelde;
pintou durante sua vida cerca de 340 telas, antes do suicídio aos 44 anos,
quando joga seu carro
contra uma árvore.
De acordo com
Strickland, o artista jogou
fora pinceis, cavaletes,
paleta e passou a “[...]
arremessar salpicos de
tinta num rolo de tela
crua espalhado no chão
d o c e l e i r o . ”
(STRICKLAND, 2004, p.
159). O resultado eram
quadros “pingados”,
com uma rede densa de
linhas fluidas entrelaçadas. Figuras 74 e 75.
Figura 74: Jackson Pollock realizando uma action Paiting.
Fonte: PRETTE, 2008, p. 347.
Figura 75: Number 28, 1950. Jackson Pollock.
Fonte: PRETTE, 2008, p. 347.
81
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
4.9 POP ART
A Pop Art foi um movimento artístico que surgiu por volta de 1950.
Manifestação cultural e artística essencialmente ocidental, nascida das
inquietações da sociedade industrial e capitalista. Questionava as manifestações da cultura popular e criticava a posição das pessoas diante da sociedade
de consumo. A Pop Art usava como tema básico as manifestações folclóricas
urbanas da sociedade moderna, a publicidade e os meios de comunicação
de massa.
A obra pictórica do movimento
Pop Art retratou o cotidiano e o reflexo
da realidade, abordando as transformações culturais e ao mesmo tempo,
levando uma reflexão a respeito dessas
mudanças.
Para Prette, na Pop Art “o
objeto de consumo entra em cena”,
com sua massificação através da
publicidade:
Figura 76: Objeto Lixo, uma velha
vassoura, 1960, tinta a óleo s/ colagem.
Jasper Johns.
Fonte: PRETTE, 2008, p. 347.
O Pop Art exalta o objeto
banal, coloca o à mostra. As coisas que
consumimos ou o que vemos todos os
dias fogem à nossa atenção e, no
entanto, convivemos com elas. Uma
vassoura é uma vassoura: Jasper Johns
não a apresentou sobre um pedestal
como faria Duchamp, mas emplastada
de pintura a vassoura adquire um efeito
de baixo relevo sobre um fundo
pictórico. (PRETTE, 2008, p. 238).
Dentre os artistas de maior
destaque, podemos citar Jasper Johns, Andy Warhol e Roy Lichetenstein.
4.9 1 Andy Worhol (1930-1987)
Andy Warhol era filho de pais originários da Eslováquia, que
migraram para os Estados Unidos durante a primeira Guerra Mundial. Aos
17 anos estuda no Instituto de Tecnologia em Pittsburgh, onde se graduou
em Desenho. Logo inicia sua carreira como artista gráfico.
Em Nova York, na década de 1960, vive uma guinada em sua
carreira de artista plástico, a partir do momento em que passa a fazer
quadros em acrílico, utilizando temas e conceitos da publicidade em sua
obra.
82
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
O artista
retratava em suas
obras temas e objetos
da vida cotidiana, das
prateleiras dos
supermercados e das
manchetes de
tablóides. Dentre
outras coisas, destacamos ícones do cinema
americano, como
Marilyn Monroe, e do
dia-a-dia, como as
latas de sopa
Campbell. Através de
montagens, repetia as
imagens utilizando a
técnica de Silk
Screen, representando o mundo da
produção em massa.
Figuras 77 e 78.
Figura 77: Marilyn Monroe, 1962 – transparência fotográfica em
cores e tintas industriais para impressão em offset. Andy Warhol.
Fonte: PRETTE, 2008, p. 351.
Figura 78: 100 latas de sopa Campbell, 1962. Andy Warhol.
Fonte: STRICKLAND, 2004, p.175.
83
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Silk Screen: Serigrafia ou silkscreen é um processo de
impressão no qual a tinta é
vazada – pela pressão de um
rodo ou puxador – através de
uma tela preparada. A tela,
normalmente de seda, náilon
ou poliéster, é esticada em um
bastidor de madeira, alumínio
ou aço.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
B GC
GLOSSÁRIO
A
Retícula: Malha de pontos,
usada em reprodução de
imagens com meios tons, em
quadricromia e em efeitos
gráficos diversos.
4.9.2 Roy Lichetenstein (1923-1997)
E
F
Assim como Warhol, Roy Lichetenstein interpretou a cultura
americana de massa em suas obras. O artista foi considerado um dos mais
interessantes da Pop Art, e recorreu à técnica dos quadrinhos. De acordo
com Prette, o artista fez suas obras “ampliando ao máximo a imagem e
tornando muito evidente o preto dos contornos e a retícula tipográfica”.
(PRETTE, 2008, p. 351). Partindo desse princípio, suas obras criam um efeito
de granulação. Figura 79.
Figura 79: Whaam!, 1964, litografia impressa em offset.
Roy Lichtenstein.
Fonte: PRETTE, 2008, p. 351.
4.9.3 Jasper Johns (1930)
Nasceu no estado Norte Americano da Geórgia, e estudou na
Universidade da Carolina do Sul. Conhece Robert Rauschenberg e Marcel
Duchamp, quando volta
para Nova York, e juntos
redescobrem a arte
contemporânea.
Jasper Johns
também se destacou entre
os pioneiros da Pop Art
americana. Iniciou sua
carreira pintando objetos
vulgares do cotidiano,
Figura 80: Três bandeiras, 1958. Jasper Johns.
como bandeiras, mapas e Fonte: STRICKLAND,1999, p.175.
algarismos. Exemplo de
uma das suas principais obras é o quadro "Três Bandeiras", Figura 80.
84
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
4.10 OPTICAL ART
Conhecida como Op Art, que significa “arte ótica”, a Optical Art é
um gênero da pintura abstrata onde as formas e cores são organizadas de
maneira a criar efeitos visuais que dão a impressão de movimento. Simboliza
um mundo precário e instável, que sofre transformações a cada momento,
provocando inquietações e vazios.
Foi um movimento que representou a instabilidade do mundo,
enfatizando a relação dinâmica entre o espectador e a percepção da pintura.
Para Pinto, Meireles e Cambotas, a Op Art contempla duas finalidades:
?
sugerir facilidades de racionalização para a produção mecânica
ou para a multiplicidade;
?
solicitar a participação ativa do contemplador para que a
composição se realize completamente como “obra aberta”. (PINTO;
MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 585).
Os artistas mais importantes foram Victor Vassarely e Escher.
4.10.1 Victor Vassarely (1908-1998)
Artista francês de origem Húngara, Vassarely criou a plástica
cinética, fundamentada em pesquisas e experiências dos fenômenos de
percepção óptica.
Para Prette (2008, p. 353) suas composições são constituídas por
figuras geométricas e pela “busca da vibração visual”, onde “côncavo e
convexo, formas que diminuem em proporção geométrica, cores moduladas oportunamente sobre a superfície do quadro criam a ilusão óptica de
avanço ou recuo da imagem”.
Figura 81: Composição. Victor Vasarely.
Fonte: http://www.sixdifferentways.com/wp-upload
/2006/06/Victor-Vasarely.jpg acesso em 25/09/09.
85
B GC
GLOSSÁRIO
A
E
F
Obra aberta: A obra de arte é
aberta porque não comporta
apenas uma interpretação.
Termo criado por Umberto
Eco, no livro A obra aberta.
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
4.10.2 Escher (1898-1972)
M. C. Escher baseia em conceitos matemáticos relacionados
principalmente com a geometria, para criar sua arte. Apesar de seu trabalho
permanecer praticamente ignorado até aos anos 50, hoje se tornou uma
referência e continua a fascinar gerações pela sua singularidade e originalidade.
Figura 82: Ar e água I, Xilogravura, 1938. Escher.
Fonte: ERNST, 2007, p. 28.
REFERÊNCIAS
ARGAN, Giulio Carlo, Arte Moderna. Tradução Denise Bottmann e Frederico
Carotti – São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
ENCYCLOPEDIE DE L’ART. Paris: Librairie générale française , 2000.
GOMBRICH, E.H. Historia da arte. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1998.
JANSON,H.W. & JANSON,A.F. Iniciação à História da Arte. São
Paulo:Martins Fontes,1996. trad. Jefferson Camargol.
PRETTE, Maria Carla. Para entender a arte: história, linguagem, época e
estilo. São Paulo: Globo, 2008.
REIS, Sandra Loureiro de Freitas. Educação artística - Introdução a Historia
da arte. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
86
Historia das Artes Visuais II
UAB/Unimontes
STRICKLAND, Carol, Arte Comentada - Da pré-história ao Pós-moderno.
Tradução Ângela Lobo de Andrade. – Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
WOLFFLIN, Heinrich. Conceitos Fundamentais da Historia da arte.
Tradução: Azenha JR, João. 3ª. Edição. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2001.
87
RESUMO
Nesta disciplina, continuamos abordando a História das artes
Visuais, iniciando pelo barroco até as últimas vanguardas da arte do século
XX, onde procuramos ressaltar os pontos mais importantes da pintura, da
escultura e arquitetura desses períodos.
Através da arte Barroca, você pode conhecer um momento
dominado pela irregularidade, pela fantasia e pela sobrecarga decorativa.
Durante esse período, a arquitetura, a escultura e a pintura se uniram para
criar a obra de arte total. A pintura e a escultura integraram-se na arquitetura,
deixando de ter caráter decorativo e concebendo-se como elementos de
representação que se realizavam no grande teatro arquitetônico.
Logo depois, vimos o Neoclássico, um movimento cultural e
artístico que se difundiu entre a metade do século XVIII e o começo do
século XIX. Esse movimento, que se desenvolve paralelamente às pesquisas
arqueológicas, pode ser ligado aos comportamentos típicos da filosofia das
Luzes. Foi um movimento que quis propor os modelos de rigor e harmonia
que pareciam até então pertencer somente à Antiguidade.
Já o Romantismo foi um movimento artístico europeu do começo
do século XIX, e teve como principais características a recusa de toda
pretensão moralizante e a importância concedida ao irracional.
Desenvolveu-se primeiramente na Inglaterra e na Alemanha, mais especificamente na literatura. Todos os artistas que aderem a essa tendência
sustentam uma grande observação à literatura; remetem à honra da mitologia nórdica e concedem posição de destaque ao imaginário, ao mistério e ao
fantástico.
O Romantismo tinha como temas principais os fatos reais da história
nacional e da cultura contemporânea dos artistas do período. Além disso,
salienta-se que a natureza começa a ganhar importância e passa a ser o tema
da pintura.
O Realismo, movimento artístico que começa na França nos anos
de 1830 e se prolonga oficialmente até o fim do século XIX, estava sempre
associado às preocupações sociais ou políticas.
O movimento Impressionista se desenvolveu na França entre 1874
e 1880, quando os artistas se sentiram fortemente atraídos pelo naturalismo
de Courbet e pelas estampas japonesas que começaram a se difundir na
França. Essas obras mostravam as possibilidades de síntese que se poderia
obter através da estilização da linha e da cor.
89
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
Finalmente, toda a efervescência artística do século XX, com a arte
norteada pela rejeição ao passado e a busca incessante por liberdade de
expressão, libertava o artista de agradar a um mecenas. Consequentemente,
elege-se a imaginação e as experimentações individuais como única fonte de
inspiração. Nesse momento, o trabalho das vanguardas era fazer com que a
obra de arte se distanciasse da ideia de retratar a natureza, tomando o
caminho da abstração, onde dominam as linhas, as cores e as formas.
SUGESTÕES DE FILMES PARA DEBATE
Romantismo
Sombras de Goya (Goya’s Ghosts). Sinopse: O pintor espanhol
Francisco Goya (Stellan Skarsgärd) encara um escândalo quando sua maior
musa, Inés (Natalie Portman), é acusada de heresia pelo monge Lorenzo
(Javier Bardem) e enviada à prisão.
Pós Impressionismo
Sede de viver, 1956, direção Vincent Minneli. Uma adaptação
brilhante da biografia Vincent Van Gogh (Kirk Douglas) escrita por Irving
Stone. Van Gogh é o arquétipo do gênio artístico atormentado, cuja magnificência da obra contrasta com uma existência infeliz e amargurada que
haveria de conduzi-lo ao suicídio. Anthony Quinn ganhou o Oscar por sua
interpretação de Paul Gauguin, outro gênio da pintura amigo de Van Gogh.
Duração: 122 minutos.
Século XX
Camille Claudel, 1988, direção Bruno Nuytten. Com Isabelle Adjani
e Gérard Depardieu. Grande reflexão sobre o poder devastador da arte
perante a fragilidade humana. A escultora Camille, irmã do poeta Paul
Claudel, possui um relacionamento de 15 anos com Rodin, primeiramente
seu professor e mais tarde seu amante. Camille passa por muitos sofrimentos,
que a levam à loucura. Um filme muito interessante se atentarmos para o
machismo existente na personalidade de Rodin.
Os amores de Picasso, 1996, direção James Ivory. Conta a vida de
Picasso sob a óptica de uma de suas muitas mulheres. 123 min.
Basquiat – traços de uma vida, 1996, direção Julian Schnabel. Filho
de pai haitiano e mãe porto-riquenha, Basquiat revela seu talento como
grafiteiro. É assediado por marchand, até cair nas graças do pai da Pop-Art,
Andy Warhol.
Pollock – A saga do maior pintor expressionista da América. Direção
de Ed Harris. Vencedor do Globo de Ouro e indicado ao prêmio da
Academia como melhor ator. Harris, o qual fez sua estreia na direção, faz o
papel principal e cuida da produção. O filme mostra a vida de um homem
que foi apropriadamente chamado “um artista dedicado ao recolhimento,
uma celebridade que ninguém entendeu”.
90
REFERÊNCIAS
BÁSICAS
ARGAN, Giulio Carlo, Arte Moderna. Tradução Denise Bottmann e Frederico
Carotti – São Paulo: Companhia das Letras, 1992;
GOMBRICH, E.H. Historia da arte. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara,
1998.
REIS, Sandra Loureiro de Freitas. Educação artística - Introdução a Historia
da arte. Belo Horizonte: UFMG, 1996.
STRICKLAND, Carol, Arte Comentada - Da pré-história ao Pós-moderno.
Tradução Ângela Lobo de Andrade. – Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
WOLFFLIN, Heinrich. Conceitos Fundamentais da Historia da arte.
Tradução: Azenha JR, João. 3ª. Edição. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2001
COMPLEMENTARES
Bibliothèque nationale de France, 7 abril-13 julho 1998]. Paris: Bibliothèque
nationale de France , 1998.
CHING. Francis D.K. Dicionário Visual de arquitetura. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
ENCYCLOPEDIE DE L’ART. Paris: Librairie générale française, 2000.
Historia Geral da Arte – Pintura IV – Espanha: Ediciones Del Prado, 1996
http://tropicalia.uol.com.br/site/internas/marg_antiarte.php
http://www .geometricasnet.wordpress.com/.../
http://www.enciclopedia.com.pt/articles
http://www.jokerartgallery.com/fotos/pin/Kandinsky/Improvisation_31.jpg
http://www.jokerartgallery.com/fotos/pin/Kandinsky/Improvisation_31.jpghttp://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/modulos2.html
http://www.passeiweb.com/saiba_mais/arte_cultura/galeria/piet_mondrian
/2#-
91
Artes Visuais
Caderno Didático - 3º Período
JANSON,H.W. & JANSON,A.F. Iniciação à História da Arte. São Paulo:
Martins Fontes,1996. trad. Jefferson Camargol
JOBERT,B. Delacroix, le trait romantique. [exposição, Paris,
LACLOTTE,M. Orsay la peinture. Paris: Scala , 2003.
O livro da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Tradução de Monica
Stahel e autorização Phaidon Press.
PINTO, Ana Lídia; MEIRELES, Fernanda; CAMBOTAS, Manuela Cernadas.
História da Arte - Ocidental e Portuguesa, das origens ao final do Séc. XX.
2a. Edição, Portugal: Porto, Editora 2001.
PONCE DE LÉON. P.G. Breve história da Pintura. Madrid: ed. Lisboa,
2006. Tradução de José Carlos Teixeira.
PRETTE, Maria Carla. Para entender a arte: história, linguagem, época e
estilo. São Paulo: Globo, 2008
PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: editora Ática, 2009.
STRICKLAND, Carol, Arquitetura comentada. Tradução Fidelity
Translations. – Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
www.diretoriodearte.com/uncategorized/fauvismo
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JONSON, H. W.; JONSON, Anthony F. Iniciação à História da arte.
Tradução: Jefferson Luiz Camargo- 2ª. Edição – São Paulo: Martins Fontes,
1996.
http:// noticias.terra.com.br/ ciência/interna
Mattos, Paula Belfort. A arte de Educar. São Paulo: Editor Antonio Bellini,
2003, p. 150
PRETTE, Maria Carla. Para entender a arte: história, linguagem, época e
estilo. São Paulo: Globo, 2008
92
ATIVIDADES
DE
APRENDIZAGEM
1) Com referência ao período Barroco, as alternativas abaixo estão corretas,
EXCETO:
A) ( ) No movimento Barroco, a pintura e a escultura não se integraram na
arquitetura, tendo apenas caráter decorativo.
B) ( ) Roma acabou se tornando o local de origem deste estilo, devido ao
papado ter voltado a patrocinar a produção de obras de arte com o objetivo
de transformar a cidade na mais bela do mundo cristão.
C) ( ) Michelangelo é considerado por muitos o precursor do Barroco, pois
já apresenta a força de expressão necessária para a obtenção das
características desse movimento artístico.
D) ( ) A arte barroca em geral pode ser também definida como uma
manifestação do poder estabelecido, isto é, o dos grandes monarcas, o da
burguesia protestante e da Igreja triunfante.
2) Como eram os modelos que Caravaggio escolhia para representar em suas
pinturas? E como a pintura desses modelos se caracteriza na obra de
Caravaggio?
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______________________________________________________________
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3) Segundo Proença, “havia nas esculturas renascentistas um equilíbrio
entre aspectos intelectuais e emocionais. Já nas obras barrocas, esse
equilíbrio desaparece, dando lugar à exaltação de sentimentos. As formas
procuram expressar o movimento e recobrem-se de efeitos decorativos.
Predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do dourado.
Os gestos e o rosto das personagens revelam fortes emoções e atingem uma
dramaticidade desconhecida no Renascimento” (PROENÇA, 2009, p. 138).
Com referÊncia à escultura no estilo Barroco, todas as alternativas abaixo
estão corretas, EXCETO:
A) ( ) Um dos artistas que mais se destacou na arte barroca foi Jean-Antoine
Houdon (1741-1828), escultor francês que estudou em Roma, onde
realizou inúmeros estudos anatômicos.
93
Caderno Didático - 3º período
Artes Visuais
B) ( ) A escultura barroca tem sido acusada de ser um tour de force,
tentando obter efeitos ilusionistas que estão além de seu campo.
C) ( ) Bernini criou majestosas colunas retorcidas e decoradas com motivos
florais para o baldaquino de bronze construído pelo Papa Urbano VIII, que
foi colocado sobre o centro da cúpula construída por Michelangelo, na
Basílica de São Pedro, em Roma.
D) ( ) Algumas das obras de Bernini serviram de elemento decorativo nas
igrejas, como o baldaquino da Basílica de São Pedro no Vaticano.
4) Francisco José Goya y Lucientes (1746-1828), foi pintor e gravador, além
de retratista da corte espanhola, da alta sociedade, de pessoas do povo e de
cenas históricas. Goya se destaca por sua admiração pela obra de Velázquez
e a uma total liberdade de observação e execução, independente de todo
ideal acadêmico de beleza e conveniência. O artista, através de sua criação
artística, deu uma dramaticidade e um emocionante testemunho dos
acontecimentos de sua época, abrindo o caminho a numerosas experiências
artísticas entre as mais importantes do século XIX.
Com referência ao artista Francisco de Goya, analise o texto e marque “V”
para Verdadeiro ou “F” para Falso:
a) ( ) Verdadeiro
b) ( ) falso
5) Relacione o nome do artista ao estilo artístico correspondente.
1. ( ) Francisco de Goya ( ) Barroco
2. ( ) Eduard Manet
( ) Romantismo
3. ( ) David
( ) Impressionismo
4. ( ) Caravaggio
( ) Neoclássico
6) O Romantismo caracteriza-se pela recusa de toda pretensão moralizante
e pela importância concedida ao irracional. Ele se desenvolve
primeiramente na Inglaterra e na Alemanha, com a literatura. Todos os
artistas que aderem a essa tendência sustentam uma grande observação à
literatura, remetem à honra da mitologia nórdica e concedem uma posição
de destaque ao imaginário, ao mistério e ao fantástico.
Com relação ao Romantismo, todas as alternativas abaixo estão corretas,
EXCETO:
A) ( ) Os temas eram em geral fatos reais da história nacional e da cultura
contemporânea dos artistas do período.
B) ( ) Os contrastes de claro e escuro e a cor reaparecem produzindo
efeitos de dramaticidade no espectador.
C) ( ) As paisagens luminosas, os retratos delicados, as cenas da vida da
pequena burguesia refletiam uma sociedade urbana e tranquila.
94
História das Artes Visuais
UAB/Unimontes
D) ( ) Os Românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas
em favor da livre expressão da personalidade do artista.
7) A palavra Fovismo ou Fauvisno, pode ser traduzida “como animal
selvagem”, isto porque, de acordo com Strickland, a exposição em Paris,
que inaugurou o movimento em 1905, foi “[...] um desses momentos
cruciais na história, que mudou para sempre nossa maneira de ver a arte. O
público teve uma reação bastante hostil, e o grupo formado por Vlaminck,
Derain, Dufy, Goerges Braque e Rouault foi apelidado de “feras” (fauves).
(STRICKLAND,1999, p. 130).
Analise o texto acima e marque “V” para Verdadeiro ou “F” para Falso:
a) ( ) Verdadeiro
b) ( ) Falso
8) Com relação à pintura fovista, analise as alternativas abaixo; todas estão
corretas, EXCETO:
A) ( ) O Movimento fauvista foi influenciado por Gauguin, pela utilização
Naturalista e planificada das formas, das cores e dos contornos em negro;
B) ( ) O Movimento fauvista sofreu influência da arte oriental, em particular
da pintura japonesa, planificada e de contornos lineares.
C) ( ) O Fauvismo sofre também influências da obra de Van Gogh, quando
este diz que, “em vez de procurar representar o que tenho diante dos olhos,
sirvo-me da cor mais arbitrariamente, para me exprimir de uma maneira
mais forte”; a cor e o individualismo expressivo vão marcar, decisivamente, a
pintura fauvista;
D) ( ) O estilo Fauvista sofre também influencias de Paul Cézanne, pois o
pintor afirma que “à pintura já não cabe relatar, mas sim realizar-se a si
mesma”, ou seja, a criação pictórica torna-se autônoma da realidade
objetiva.
9) O Movimento cubista foi iniciado em 1907, em Paris, e propôs reformular
a maneira de representação dos objetos, que passaram a ser vistos pelo
espectador sob vários ângulos ao mesmo tempo. O cubismo é marcado pela
fragmentação e justaposição das figuras, usando o geometrismo. O artista
tentava construir algo em vez de copiar a imagem vista.
Analise o texto e marque “V” para Verdadeiro ou “F” para Falso:
a) ( ) Verdadeiro
b) ( ) Falso
10) Picasso e Braque entre 1912 e 1914, juntamente com o pintor espanhol
Juan Gris, inventaram uma nova forma de arte, chamada de colagem, onde
incorporaram letras em estêncil e tiras de papel às pinturas. Esse novo estilo
de arte recebeu o nome de:
95
Caderno Didático - 3º período
Artes Visuais
a) ( ) Cubismo analítico
b) ( ) Futurismo
c) ( ) Cubismo sintético
d) ( ) Surrealismo
11) De acordo com Strickland (2004, p.149), o Surrelaismo se apresentava
de duas formas. Quais foram elas?
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2______________________________________________________________
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12) A expansão e o fortalecimento do Protestantismo levaram os católicos a
lançar mão da pintura como meio de divulgação de sua doutrina, o que
levou os artistas a buscarem um realismo mais convincente possível. Todas as
características do Barroco abaixo estão incorretas, EXCETO:
a) ( ) A composição simétrica, com o uso exagerado de diagonais,
revelando figuras retorcidas;
b) ( ) Forte contraste de claro-escuro, visando intensificar a sensação de
profundidade da pintura;
c) ( ) A preferência por cenas de grande intensidade dramática, com temas
fora da realidade a fim de atingir, todas, poucas camadas sociais;
d) ( ) O uso da luz natural para conduzir o olhar do expectador para os
acontecimentos mais relevantes da obra.
13) A expansão e o fortalecimento do Protestantismo levaram os católicos a
lançar mão da pintura como meio de divulgação de sua doutrina, o que
levou os artistas a buscarem um realismo mais convincente possível.
Todos os pintores abaixo, pertencem ao Barroco na Europa, EXCETO:
a) ( ) Caravaggio
b) ( ) Tintoretto
c) ( ) Eugene Delacroix
d) ( ) Peter Paul Rubens
96
História das Artes Visuais
UAB/Unimontes
14) A artista Mary Cassat, foi grande amiga de Degas, e participou das
exposições do grupo impressionista a partir de 1879. Os retratos de pessoas
próximas, normalmente mulheres e crianças escolhidos da intimidade do seu
cotidiano, são frequentes em sua obra.
Analise as alternativas abaixo com relação às características da obra, todas de
Cassat. Todas estão Incorretas, EXCETO:
a) ( ) Paleta caracterizada por cores claras e vivas;
b) ( ) A artista antecipa a visão do cubismo;
c) ( ) A artista interpreta teorias sobre os efeitos psicológicos da linha e da cor;
d) ( ) Desenhava seus temas a partir da vida contemporânea, dos cafés de
Paris, dos salões de dança e do circo.
15) Van Gogh mostra em sua pintura uma estrutura dinâmica, ondulada; os
céus não são serenos, mas vincados de nuvens vorticosas e o sol e a lua
espalham sua luz com raios de pura cor amarela.
Analise as alternativas abaixo, com relação à obra de Van Gogh, todas estão
incorretas, EXCETO:
a) ( ) A obra de Van Gogh transmite uma mensagem suave e muito
apaixonada ;
b) ( ) Usava cores de maneira nova para a época, com pinceladas marcadas
e uma pasta cromática densa, sendo as tintas muitas vezes usadas em estado
puro ;
c) ( ) Van Gogh não desenvolve um estilo próprio ;
d) ( ) Nas suas pinturas não é possível observar cores primárias em tons
fortes, principalmente o amarelo, que era sua cor predileta.
16) Com relação à pintura fauvista, todas as alternativas abaixo estão
Incorretas, EXCETO:
a) ( ) Dentre os fauvistas, somente Henri Matisse não continuou a explorar o
potencial da cor pura;
b) ( ) O Movimento foi inaugurado em 1905, e obteve do público uma
reação bastante amigável e acolhedora;
c) ( ) A não utilização de pinceladas vigorosas e motivos chapados e
lineares;
d) ( ) O fauvismo teve como marca principal as cores intensas, fortes e
explosivas, com o uso de pinceladas vigorosas.
17) Relacione as características de acordo com o Movimento artístico:
1. ( ) Fauvismo
( ) Pinturas eram feitas ao ar livre
2. ( ) Cubismo
( ) Inspiração no subconsciente
3. ( ) Impressionismo
( ) Objetos representados sob vários ângulos
4. ( ) Surrealismo
( ) Cores puras
97
Caderno Didático - 3º período
Artes Visuais
18) A massificação dos objetos de consumo através da publicidade e a
exaltação do objeto banal é colocada à mostra.
Esta afirmativa refere-se a qual movimento artístico?
a) ( ) Surrealismo
b) ( ) Cubismo
c) ( ) Pop Art
d) ( ) Cubismo
19) A Op Art contemplava duas finalidades. Quais são elas?
1_______________________________________________________________
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2_______________________________________________________________
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20) Analise as alternativas abaixo e marque “V’ para Verdadeiro ou “F” para
Falso:
a) ( ) A Op Art foi um movimento que representou a instabilidade do
mundo, enfatizando a relação dinâmica entre o espectador e a percepção da
pintura;
b) ( ) Na Pop Art o artista retratava em suas obras temas e objetos da vida
cotidiana, das prateleiras dos supermercados e das manchetes de tablóides;
c) ( ) O expressionismo abstrato tinha como objetivo principal expressar a
vida exterior através da arte;
d) ( ) O Surrealismo foi um movimento que floresceu nos Estados Unidos
nos anos 20 e 30, e que levou ao extremo o senso de realidade das imagens.
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