resenha do conto “a terceira margem do rio”
Transcrição
resenha do conto “a terceira margem do rio”
RESENHA DO CONTO “A TERCEIRA MARGEM DO RIO” GUIMARÃES ROSA O conto “A terceira margem do rio”, de Guimarães Rosa, fala sobre um homem que prefere viver longe da sociedade e da família, optando pela solidão junto ao rio. O conto é repleto de figuras de linguagem e símbolos que dificultam o seu entendimento, tornando-o assim, passivo de várias interpretações. No conto, o narrador apresenta-nos um pai de três filhos, sendo dois meninos e uma menina. O pai é uma pessoa quieta e tranquila, cumpre seus deveres sempre trabalhando honestamente. Certo dia, ele resolve construir uma canoa para si e se despede de sua família rumo ao rio, onde permaneceu ali, próximo à sua casa, porém no meio do rio, longe das margens deste. A vizinhança, parentes e amigos se mobilizaram para compreender tal atitude daquele pai, tentando entender os motivos que o levaram àquele afastamento social e familiar. Todos chegaram à conclusão que, assim que ele não tivesse mais alimentos em sua canoa, voltaria para casa, entretanto, seu filho mais velho frequentemente levava comida para o pai, o qual, sempre escondido, a recolhia da margem. Todos tentaram convencer o pai de desistir dessa ideia, sem sucesso, pois ele sempre fugia de todos. A mãe daquela família resolveu pedir a ajuda de um irmão para os trabalhos da fazenda e dos negócios. Com o passar do tempo, o pai continuava ali, de um lado para do outro do rio, indo e vindo, porém, não se aproximando da margem. Não se comunicava com ninguém e alimentava-se somente com a pouca comida que o filho sempre levara e deixava na beira do rio. Sua filha casou-se e teve um filho. Ela tinha o desejo de o pai conhecer o neto e resolveu leva-lo à beira do rio para que assim fosse. Chamaram por ele, mas não tiveram resposta alguma. A filha, junto com seu marido e filho, mudou-se de cidade, o irmão mais novo também resolveu ir embora e a mãe, que já estava velha, decidiu ir morar com a filha. O filho mais velho, ainda solteiro, resolveu ficar na fazenda para cuidar de seu pai. Com sua idade avançada e ainda sem entender a atitude do pai, o filho resolve procurar o pai e tomar o seu lugar na canoa. Ao avistar o pai, ele acena com um lenço e propõe sua decisão a ele. O pai vê o filho, fica de pé na canoa e ruma em sua direção. Ao aproximar-se do filho, este percebe que a imagem do pai não era a mesma, sendo agora como uma imagem do além. Desesperado, o filho corre e foge daquele lugar. Nunca mais se tivera notícia do pai, e o filho passou a sentir remorso por ter fugido e adoeceu. Conclusão O conto em questão apresenta características da religião, do sofrimento da criança, da morte e da descoberta de uma nova realidade, características estas que fazem parte do repertório de seu autor, Guimarães Rosa. A terceira margem do rio pode remeter o leitor, dentro de suas várias e possíveis interpretações, sobre a presença do “sagrado”, onde esta margem pode ser o encontro entre o homem e Deus. O silêncio constante do pai, que prevalece no conto desde seu início, retrata a busca do pai (ser humano) por uma compreensão de si mesmo, optando por abandonar o mundo existencial em uma busca vazio. Segundo Freud, o silêncio natural produz uma atmosfera essencial para a reflexão existencial: A psicanálise, buscando compreender o homem, é para o espaço do silêncio que dirige seus faróis, porque o homem só está no seu silêncio, como o homem está só no seu silêncio, espaço de sua privacidade, onde uma colméia de vozes se oferece para que, ao selecioná-las, ele possa optar por sua autenticidade. É então no silêncio que somos, é no silêncio que o homem se define, sem as máscaras sociais e as convenções que são obstáculos do Ser (SENDRA, 2000, p. 92. Sendo assim, o pai foge do âmbito da linguagem, do mundo falado, e refugia-se no silêncio e na harmonia das águas do rio, levando leitor a embarcar seus pensamentos em um mundo de encantamento entre o real e a ficção. Referências http://www.cefaprocaceres.com.br/index.php?option=com_content&view=article &id=755&Itemid=77 – Acesso em: 17 mai 20:05h Koppe, Silvana de Souza tese de mestrado. http://ptmiriamfajardo.pbworks.com/w/page/19749769/An%C3%A1lise%20do% 20conto%3A%20A%20terceira%20margem%20do%20rio,%20de%20Guimar% C3%A3es%20Rosa - Acesso em: 17 mai 21:15h http://www.releituras.com/guimarosa_margem.asp - Acesso em: 17 mai 20:45h http://www.recantodasletras.com.br/resenhas/22556 - Acesso em: 17 mai 23:10h ROSA, Guimarães. A terceira margem do rio. In: _____. Primeiras estórias. 1ª Ed. Especial. - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. p. 77-82.
Documentos relacionados
A canoa e o rio da palavra
invariavelmente num futuro que é capaz de se alimentar daquele passado comum às outras personagens. Mas este fututro pertence à dimensão fluida do ser tudo no mesmo instante: perto e longe, problem...
Leia mais