REVISTA SAEB IV testes de capa.cdr - SAEB
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REVISTA SAEB IV testes de capa.cdr - SAEB
EDITORIAL Caros amigos, Em conversa descontraída com o nosso Presidente Ismar, este me indagou se tinha idéia de quantos anestesiologistas trabalhavam para a SBA. Pergunta esquisita que titubiei em responder. Arrisquei trinta. Pasmem amigos, nas contas de Ismar, são mil! Isto mesmo. Refizemos as contas, Diretorias, Comissões, Conselhos, CET's, Coopanest's, palestrantes... Fui convencido. O que chama mais a atenção são os números: um verdadeiro batalhão de colaboradores, em sua grande maioria voluntário, pronto para atender e “defender” a nossa sociedade-mãe, enaltecendo os valores maiores da Anestesiologia. Uso do mesmo raciocínio de Ismar e faço as contas, agora para a SAEB. De imediato vem uma sensação boa de tranqüilidade. Muitos são os colegas que conosco estão guiando o destino de nossa Sociedade, oferecendo o melhor da Anestesiologia. BAHIANEST é uma publicação da SAEB - Sociedade de Anestesiologia do Estado da Bahia em parceria com a COOPANEST-Ba - Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas da Bahia. Redação Av. Garibaldi, 1815, Sobreloja, Bloco B, Centro Médico Empresarial, Ondina, Salvador - Bahia. Fo n e : 7 1 3 2 4 7 - 4 3 3 3 Responsável pela revista Dr. Samuel J o s é d e O l i v e i r a Textos e Edição Cinthya Brandão - 71 9964-5552 Jornalista DRT 2397 Designer Gráfico Carlos Vilmar [email protected] Outro pensamento vem com este raciocínio: onde estaria a tão propalada dificuldade em concatenar idéias e interesses de tantos. Estaríamos amadurecendo? Ampliando a razão? O cartesianismo (ideologia iluminista) não mais nos corresponde? Assim como na Anestesiologia, tudo na vida carece de um confronto, de um juízo, nada deve ser desprezado. Faz-se uma experiência e a discutimos com nossos pares, a partir deste instante nos comprometemos e agregamos um sem número de idéias a esta experiência. Tudo se multiplica neste infinito, ampliando horizontes. Outros passam a fazer parte do nosso cotidiano e isto nos interessa. Verdadeiramente uma comunidade igualitária. Existem espíritos livres que estão dispostos a acolher essas antigas e novas questões. Para terminar cito Luigi Giussani: - “Um raciocínio abstrato não é o que faz crescer; o que faz expandir-se a mente é encontrar na humanidade um momento de verdade que se alcançou e ao qual se deu expressão”. Vamos expandir a razão! Dr. Samuel José de Oliveira Presidente da SAEB Tiragem 500 exemplares Impressão Cartograf O espaço ideal para o sucesso do seu evento DIRETORIA Presidente Dr. Samuel José de Oliveira Vice-presidente Dr. Macius Pontes Cerqueira Secretário Geral Dr. Marco Aurélio Oliveira Guerra 1º Secretário Dr. José Admirço Lima Filho 1ª Tesoureira Dra. Leda Maria Fróes Miranda 2ª Tesoureira Dra. Lúcia Pereira Nascimento Diretor Científico Dr. Rodrigo Leal Alves Diretor de Defesa Profissional Dr. Aurino Lacerda Gusmão A SAEB disponibiliza para locação dois auditórios devidamente equipados com tecnologia e conforto suficientes para qualquer tipo de evento. Capacidade para oitenta pessoas confortavelmente sentadas, sonorização, ar-condicionado, projetor de slides e retroprojetor. Para outras informações, entre em contato com a nossa secretaria. Contato: (71) 3247-4333 Abertura da Programação Científica da SAEB recebe futuros anestesiologistas Numa noite de terça-feira, dia 27 de fevereiro, a SAEB recebeu um grupo de novos sócios na abertura da programação científica 2007. Foi o momento de saudar os médicos em especialização, com a palestra do Dr. José Abelardo Garcia de Meneses, anestesiologista e vicepresidente do Conselho Regional de Medicina, sobre as implicações da Resolução 1.802/2006 que substitui a 1.363/1993. 2 Com presença de vários aspirantes da Anestesiologia, um encontro de gerações marcou o início de mais um ano de estudo e trabalho. A solenidade de abertura contou com a presença do Presidente da casa, Dr. Samuel José de Oliveira, do diretor científico, Dr. Rodrigo Leal Alves e do convidado ilustre Dr. José Abelardo Garcia de Meneses. No discurso, Dr. Samuel falou da programação científica deste ano que traz algumas novidades: “Este ano, o curso de Condutas e Procedimentos Perioperatórios terá oito módulos e será realizado aos sábados pela manhã, no auditório da SAEB. O ENAI será realizado em maio, na cidade de Feira de Santana, bem próxima de Salvador, com um evento multidisciplinar, todos ligados a Anestesiologia. E ainda o Sábado da Raqui em julho. Toda programação estará sendo divulgada no site, e nos hospitais através de cartazes”. Dr. Samuel também agradeceu a presença dos residentes e desejou boa sorte, principalmente, aos integrantes do novo Centro de Ensino e Treinamento da Bahia no Hospital Santa Isabel, restabelecido este ano. Durante a palestra, Dr. José Abelardo fez uma explanação de todos os tópicos da Resolução 1.802/2006 que trata sobre o Ato Anestésico. Explicou para os iniciantes e lembrou aos mais experientes a importância das alterações garantidas pelo Conselho Federal de Medicina que visam uma melhoria nas condições de trabalho que resultam numa maior segurança aos pacientes. Mas fez algumas ressalvas, uma delas sobre a necessidade de se estabelecer um prazo para que instituições hospitalares possam se adequar às novas determinações, Dr. José Abelardo Garcia de Meneses no momento da apresentação. principalmente na aquisição de equipamentos exigidos durante o procedimento anestésico. Outro alerta foi para o cuidado e atenção do profissional durante a anestesia a fim de evitar qualquer tipo de evento adverso e, caso aconteça, seja dada toda atenção exigida inclusive relatar minuciosamente em prontuário. Outro ponto importante é não realizar anestesia simultânea por um mesmo profissional: “Fazer mais de um procedimento anestésico num mesmo espaço de tempo humilha o paciente e não dignifica o profissional, muito pelo contrário”, esclarece. Ao final da apresentação, iniciaram as perguntas e considerações resultando um caloroso e enriquecedor debate. Depois, todos seguiram para o coquetel na área externa da sede onde foram sorteados livros e uma inscrição para o Congresso Brasileiro de Anestesiologia. Cinthya Brandão Jornalista – DRT 2397 Blog: Você ainda vai ter um! O nome remete ao tempo em que os capitães de navio mantinham diários de bordo chamados de daily logs. No começo, os blogs eram exatamente isto: um diário de navegação na Internet que mostrava e comentava páginas bacanas na era a.G. (antes do Google). A web era muito pequena e caótica, o que tornava um sistema de dicas altamente valioso para achar a informação sem muita perda de tempo. O nome de então era Web log, que passou a ser pouco tempo depois, apenas BLOG. A Internet tem alcance mundial e este será, portanto, o alcance do seu Blog: uma página na rede super fácil de criar e de incrementar que levará para o mundo as suas superimportantes opiniões. Ok, você você não quer tanto! Então saiba que os blogs podem ser acessado por um grupo restrito e específico de pessoas (sua empresa ou sua família, por exemplo). Você também pode criar um blog para ser acessado apenas... Por você! Pausa... Saiba que esta epidemia já afeta 55 milhões de pessoas no mundo e aumenta na razão de 2 blogs novos por segundo! Você pode usar seu blog para postar coisas de interesse mundial ou simplesmente começar seus posts como: Querido diário... Vale tudo, pode ser um ótimo jeito pra falar de lazer, profissão, ativismo, política, etc. Um pouco de história é sempre bom: 1994, Dave Winer era um programador no Vale do Silício, escrevia uma coluna no site da revista Wired - a bíblia dos ratos de computação. Dave distribuía aos interessados, por e-mail, o texto da sua coluna. Ao deixar a Wired em 1997, Dave passou a disponibilizar o texto no seu site pessoal: cada texto com a data de publicação e o mais novo sempre no topo da página. Estava criado o formato do blog! Uma grande sacada: quem quisesse a notícia mais fresca deveria ler apenas o último post, ou seja, aquele que está no topo da página! Entra em cena Evan Williams: em 1999, Eva tinha uma empresa desenvolvedora de aplicativos (Pyra Labs) e desejava melhorar a intercomunicação entre seus 3 ou 4 funcionários (veja só!) através de um diário onde eles pudessem se atualizar sobre os projetos dos outros (os blogs já existiam, não passavam de 100 no mundo inteiro e tinham uma sistemática complexa de postagem). Evan decidiu então disponibilizar este serviço, via rede, através de um serviço chamado de Blogger (hoje sob controle Google). A criação e manutenção de um site pessoal de alcance mundial passava então para o rol das coisas banais, acessível até ao maior analfabeto tecnológico. Outros publicadores foram surgindo, gratuitos como o Blogger ou pagos, e a e a nova onda tomou proporções tsunâmicas. Mesmo sem muito tempo, em novembro do ano passado, comecei a postar o meu blog Morpheus (o deus do sono) no site: http://manellis.blogspot.com – destina-se a ser uma quebra de rotina onde eu comento livros, vinhos, viagens, DVD's, músicas, atualidades, cometo crônicas e ensaios etc, enfim, banalidades que, segundo Rui Licínio, são supérfluos de primeira necessidade. Dê um pulo no site, comente os posts, siga os links, leia os feeds do New York Times, da BBC e da Folha, olhe a tábua de marés de Salvador, saiba qual é a fase da lua e ouça o radinho que eu coloquei no canto inferior da coluna direita e que serve para ouvir qualquer estação do mundo. Se você se interessar e não conseguir fazer sozinho, me fale que eu te ajudo! O site www.technorati.com pode ajudálo a escolher um blog interssante para ler. Os blogs mais populares do mundo são ranqueados lá por acesso, citação, categoria, etc. O Morpheus ainda não apareceu na primeira página mas se todos que lerem este artigo me fizerem uma vistinha... Quem sabe? Dr. Manoel Rodrigues Medeiros Neto Médico Anestesiologista CRM – Ba 10.112 3 A SAEB inserida no Fantástico Mundo da Comunicação Virtual Anestesia para aneurisma cerebral Aneurisma é uma palavra de origem grega que significa alargamento. Em termos médicos é uma dilatação permanente, maior que 50% num segmento vascular. É uma doença de altíssimo risco devido à possibilidade de ruptura e que tem na trombose e embolização duas complicações de potencial devastador. Nos Estados Unidos só um terço dos pacientes vítimas de ruptura de aneurisma cerebral serão sobreviventes funcionais, segundo dados de Kassel. Esta patologia levemente mais comum em mulheres que em homens, durante muito tempo, foi dividida em congênitos e adquiridos. Este fato foi alvo de muitas demandas judiciais entre pacientes e seguradoras de saúde, que a consideravam desta forma doença pré-existente. No entanto, vários estudos clínicos e em necropsias de crianças De fato, algumas pessoas nascem com predisposição à dilatação, que quando acompanhada de fatores que a favoreçam, como hipertensão, diabetes, tabagismo e dislipidemias, se desenvolve. Muitos autores defendem que estes fatores apenas facilitam a ruptura do aneurisma e a alta prevalência destes em bifurcações sugere que a perda do padrão axial de fluxo também participe da sua fisiopatologia. Os aneurismas são habitualmente silenciosos, até que ocorra a ruptura, e podem apresentar manifestações variadas como cefaléia, diplopia, ptose palpebral e dor ocular. Apesar da 4 crescente evolução da angioressonância, a angiografia cerebral digital ainda é o padrão ouro no diagnóstico, ficando a tomografia e a punção lombar com sensibilidade dependente de sangramento. As controvérsias aumentam quando se fala em tratamento. Em primeiro lugar, é preciso falar dos aneurismas íntegros. O forte apelo à cirurgia diante do diagnóstico foi enfraquecido a partir de publicações de 1998 que não mostraram diminuição na morbi-mortalidade quando aneurismas não rotos e menores que 10mm foram operados. De um modo geral é consenso, talvez o único neste assunto, que pacientes com diagnóstico de aneurismas maiores que estes e, particularmente aqueles que já apresentem sinais de ruptura, devem ser internados imediatamente e operados o mais rápido possível. Algumas classificações foram criadas para estimar risco e prognóstico de pacientes com aneurisma cerebral roto. A mais popular é a de Hunt e Hess que possui graus de zero a V, que vão respectivamente do paciente com aneurisma íntegro até o quadro de coma profundo e descerebração e tem como base a hemorragia subaracnóidea (HSA), o vasoespasmo e a hipertensão intracraniana. Na avaliação pré-anestésica algumas peculiaridades devem ser lembradas. Um exame neurológico, o mais detalhado possível a depender do quadro do paciente, deve ser realizado e anotado em prontuário. Isso pode ser um valioso instrumento legal para posteriores debates quanto a possíveis seqüelas que, por ventura, aconteçam. A maior parte dos aneurismas cerebrais provém do polígono de Willis e, devido a sua proximidade com o hipotálamo, a irritação deste pelo sangue pode provocar alterações eletrolíticas que devem ser corrigidas antes do procedimento. Além de instabilidade da temperatura, pode haver mudanças tão graves no eletroencefalograma que algumas vezes será preciso dosagem de troponina para afastar diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. A medicação pré-anestésica pode levar a retenção de gás carbônico pela hipoventilação com conseqüente vasodilatação cerebral e aumento do sangramento. Devendo, portanto ser utilizada apenas e criteriosamente em pacientes com aneurisma íntegro e/ou pouco sintomáticos. Atualmente dois tratamentos com diferentes abordagens anestésicas são discutidos: craniotomia e tratamento endovascular. A literatura recente concorda que a embolização endovascular apresenta menor índice de complicações, inclusive convulsões, havendo até relato de caso de eletroconvulsoterapia 27 dias após o procedimento com sucesso. Porém, também evidenciam maior incidência de ressangramento e de falha no tratamento (13% contra 1% da craniotomia no mesmo estudo). Talvez a melhor indicação desse tratamento seja a de aneurismas em territórios cerebrais de acesso traumático, que por si só já causariam danos proibitivos. A anatomia dos vasos e o formato do aneurisma (sacular ou fusiforme) também são relevantes na escolha da técnica. Um fato também importante, em termos de saúde pública, é que apesar da cirurgia exigir internamento prolongado e diárias na UTI, tem um custo médio estimado de 8.800 euros contra 10.300 do tratamento endovascular (Holanda, junho de 2006) devido principalmente ao valor do material. Quanto à monitorização, além dos pontos básicos como oximetria, ECG, PA invasiva e capnógrafo, são pontos importantes o teletermômetro e um acesso central (PVC ou PCAP), respectivamente, porque a hipotermia leve a moderada é considerada como um dos mais importantes fatores de proteção cerebral pósisquemia e devido à hipervolemia, hipertensão e hemodiluição (“triplo H”) serem o tratamento mais indicado para o vasoespasmo, apontado como maior complicação da HSA. Desta forma, o acesso central promoveria condições de administração de dopamina, droga de escolha para este tratamento, e a expansão da volemia do paciente levando a melhoria da reologia e da perfusão cerebral. Os objetivos da anestesia para as duas técnicas são diferentes. Na cirurgia as atenções estão voltadas para manutenção da perfusão cere- Visite nosso site: www.saeb.org.br 5 bral, integridade do aneurisma e proporcionar bom campo cirúrgico. Estes objetivos podem ser conseguidos com o correto manejo de drogas vasoativas e anestésicas e da hiperventilação e diuréticos. Especial atenção deve ser dada para a relação entre PAM e PIC, pois o equilíbrio entre ambas é mais importante que o valor de cada uma isoladamente. A quebra dessa harmonia aumenta a pressão transmural e promove o rompimento do aneurisma. Na embolização devese sempre ter em mente o fato de o paciente estar em uso de heparina, devendo a protamina estar pronta para uso imediato em caso de lesão do aneurisma. Além disso, uma solução vasodilatadora de papaverina, que é infundida ininterruptamente para evitar reação constritora ao cateter, pode levar a hipotensão e conseqüente lentidão na depuração do contraste. Não esquecer nunca do preparo renal para pacientes de risco e dessensibilização nos alérgicos. Na craniotomia, a hipotensão também deve ser evitada, pois compromete a perfusão cerebral, sendo admitida apenas por períodos muito curtos quando da ruptura do aneurisma para facilitar o controle cirúrgico. Nas estratégias de proteção cerebral algumas drogas podem exercer papel importante. Com relação ao pré-condicionamento isquêmico, situação na qual existe uma maior tolerância do tecido após períodos curtos de isquemia, o sevoflurano goza de posição de destaque, sendo uma das drogas mais estudadas no momento. A lidocaína demonstrou atenuar o dano isquêmico por diminuir o transporte de sódio no neurônio. As estatinas com suas ações de síntese de óxido nítrico, potente vasodilatador, têm mostrado benefícios. Além disso, seu efeito 6 Dica de Leitura Ensaio sobre a cegueira Autor José Saramago sobre a fibrinólise tem sido motivo de muitas pesquisas, sendo considerada como uma droga promissora. A mais nova arma neste arsenal é o magnésio que apresentou diminuição de 34% no dano isquêmico em relação ao grupo controle em trabalho publicado na Stroke 2005. Além disso, demonstrou menor percentual de paralisia cerebral em filhos de mães pré-eclâmpticas que foram sulfatadas. Diferentemente, outras drogas podem influenciar o resultado neurológico negativamente. A succinilcolina, o óxido nitroso e a ketamina aumentam o fluxo sanguíneo cerebral, PIC e taxa metabólica cerebral. A dexametasona piora o prognóstico dos pacientes na medida em que promove hiperglicemia tardia. O etomidato, antes muito indicado por sua estabilidade hemodinâmica, hoje tem seu uso limitado pela presença de propileno glicol na sua formulação que leva a acidose tecidual. Outro que também perdeu prestígio foi o tiopental que demonstrou sim ser neuroprotetor, porém só em altas doses. Bloqueadores dos canais de cálcio como nimodipina ou nifedipina continuam não diminuindo morbimortalidade neste grupo de pacientes. Ótimas perspectivas para o futuro próximo se apresentam. Merece destaque o clazosentan, antagonista do receptor de endotelina que está em fase de testes apresentando bons resultados no combate ao vasoespasmo. O fator VIIa recombinante limitou o sangramento e reduziu o volume dos hematomas em vários ensaios clínicos as custas de pequeno número de eventos tromboembólicos. Além dos avanços nas técnicas e materiais endovasculares e também os recursos de monitorização como os potenciais evocados. Seja qual for o tratamento escolhido ou os recursos que estejam disponíveis, nada é mais importante e precioso que a presença de um anestesiologista atento e se antecipando aos problemas na cabeceira do paciente. FONTES: Kass, I.S.: ASA Refresher Courses in Anesthesiology, Volume 34(1).2006.85-93 Halkes, P.H.A.: Cerebrovascular Diseases, 22(1).June 2006.40-45 Todd, M.M.: N Engl J Med 2005:352.135145 Rincon, F.M.D.: Seminars in Neurology ,26(4).September 2006.387-395 Niskanen, M.: Neurosurg. Anesthesiol.2005.17.100-105 Van den Berghe, W.:Stroke.2005:36.10111015 Molyneux, A.: Lancet 2005:366.801-817 Mayer, S.A.: N Engl J Med 2005:352.777785 Dr. Roberto Cruz Rocha Silva Médico Anestesiologista CRM – Ba 13.630 ... Mas não é a cegueira clássica, como a escuridão, é como um branco luminoso cobrindo seus olhos, como uma cortina de luz, a chamada “treva branca”... Trata-se de um livro fantástico, que nos leva a viajar a uma sociedade caótica. O autor é José Saramago, português e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1998, o primeiro para a língua portuguesa. Quem conhece suas obras, sabe que não é o tipo de livro que se lê apressadamente em qualquer intervalo de centro cirúrgico. Será necessário um turno calmo, mesmo porque o leitor desacostumado demora em compreender a maneira como o autor expressa suas idéias, sem dar pausa para parágrafos ou sinais que não sejam vírgulas, como alguém que nos conta uma história dentro de nossas mentes. Conta a história de um cidadão comum que, subitamente, no trânsito, perde a visão. Mas não é a cegueira clássica, como a escuridão, é como um branco luminoso cobrindo seus olhos, como uma cortina de luz, a chamada “treva branca”. A partir daí todos aqueles que têm o menor contato com o cego, inclusive seu oftalmologista, passam a ser também acometidos pela cegueira, exceto uma mulher, que na verdade passa a ser a pessoa a enxergar aquela situação com “outros olhos”. Instala-se o caos, uma cidade inteira que inicialmente tenta isolar os cegos se “vê” em pouco tempo povoada por pessoas sem visão, policiais, comerciantes, bombeiros, médicos, enfim, a quem recorrer... Os personagens da história não possuem nomes, descrições físicas e maneirismos bastam. Saramago descreve com maestria uma sociedade inusitada, onde o ser humano é reduzido a sua essência, mergulha-se na discussão das necessidades mais básicas da natureza humana. O leitor consegue imaginar com clareza uma situação na qual a sujeira e o mau cheiro tomam conta das ruas, pessoas transitam perdidas a caminho de casa, falta água energia ou qualquer meio de comunicação. Coloca-se em discussão a fragilidade da nossa sociedade. Para aqueles mais eruditos, leva a uma reflexão quanto às relações do mundo com conceitos de éticas e de solidariedade. Na escuridão qualidades e defeitos parecem “iluminados”. Ao terminar o livro, quase uma necessidade de ler a obra completa desse grande autor toma conta do leitor. Inclua na lista “O Ensaio sobre a lucidez”, “O Evangelho segundo Jesus Cristo” e “As intermitências da morte”. Por fim, mais um motivo para interessar-se logo por essa bela leitura é que essa obra vai virar filme, com o título em inglês “Blindness”. Rodado em Toronto e São Paulo e estréia prevista para 2008, com direção de Fernando Meireles de “Cidade de Deus e o Jardineiro Fiel”. Altamente recomendável!!!! Dr. Gustavo Gomes Pereira Médico Anestesiologista CRM – Ba 14.142 Atualize seus dados pessoais com a SAEB Fone: 71 3247.4333 [email protected] 7 “Nas cirurgias em que há necessidade do mapeamento cerebral com paciente acordado ou levemente sedado, os potenciais evocados são bastante úteis, assim como o EEG” Monitorização em Neurocirurgia A monitorização do SNC é importante não só para pacientes submetidos a uma cirurgia neurológica, como também para aqueles procedimentos cirúrgicos que podem provocar aneurisma de aorta torácica e certas cirurgias ortopédicas. As inúmeras abordagens de monitorização do SNC podem variar no conteúdo da informação, na resolução espacial, na complexidade e no custo. Hoje em dia, estamos em meio a uma explosão de tecnologia. Mas do que realmente precisamos? Até que ponto os monitores interferem na nossa capacidade anestesiológica? Frente a um paciente neurológico, muitas vezes, foi difícil realizar certos procedimentos 8 pré-operatórios, como interrogatório sistemático, pois, em algumas situações, o paciente estará sedado ou mesmo em coma. Daí a importância de se começar avaliando sempre os sinais clínicos de resposta pupilar, tremores, sudorese, hiperventilação, hipertensão arterial, alterações do ECG, escala de Glasgow e outros sinais sugestivos de aumento da Pressão Intra Craniana (PIC). Na literatura existem evidências de uma forte associação da escala Glasgow e da resposta pupilar com mortalidade pósoperatória. Isto permite detectar e tratar com rapidez as alterações tensionais, bem como medir com maior freqüência os gases sangüíneos. A pressão de perfusão cerebral (PPC) é a diferença entre a pressão arterial média (PAM) pela PIC, sendo que existe uma auto-regulação que mantém estável o fluxo sangüíneo cerebral (FSC) entre 50 e 150mmHg de PAM. Além do nível tensional, outros fatores podem alterar o FSC. Entre estes, a PaCO2 em um intervalo de 20 a 80 mmHg. O aumento do FSC é de 2 a 4% para cada mmHg de aumento da PaCO2. Este efeito é muito rápido e começa em menos de dois minutos e se esgota progressivamente em até 24 horas. Assim também funciona a vasoconstricção induzida pela hipocapnia. A PIC normal está compreendida entre 0 e 10 mmHg e está moderadamente elevada entre 20 e 30 mmHg. Acima de 40 mmHg já existe grande perigo de morte. Sabendo que a monitorização da PIC está associada com uma certa morbidade, devem-se ter critérios em se indicar, entre estes: sinais de Hipertensão Intracraniana (HIC), desvio da linha média, compressão do terceiro ventrículo, como após TCE. As contra-indicações são raras, a principal é a presença de distúrbios da coagulação. Os principais métodos de aferição da PIC são o cateter ventricular (método de referência), sistema de fibras óticas e os sensores extra-dural. A técnica de Doppler Transcraniana (DTC) utiliza o ultra-som para determinar o fluxo sangüíneo em algumas regiões encefálicas. A velocidade do fluxo na artéria cerebral média é mais utilizada. O DTC permite evoluir de maneira contínua e não cruenta os efeitos das terapias que modificam o FSC. Isto levou vários autores recomendar o valor de 70 mmHg como limite inferior da PPC. O aumento da PIC e a diminuição da PPC modificam profundamente o traçado do DTC. A interpretação de DTC baixo corresponde quase sempre a um baixo FSC, mas um DTC alto pode ser decorrente de um aumento do FSC ou a um vasoespasmo. A saturação venosa de O2 no bulbo da jugular (SJO2), se a concentração de hemoglobina, a saturação arterial (SaO2) e a curva de dissociação de hemoglobina permanecem constantes, a relação de consumo do O2/FSC é procional a SJO2. Uma diminuição do aporte cerebral de O2 diminui a SJO2. Ao contrário, um aumento, um aumento do fluxo de O2 provoca um aumento da SJO2. Medese a SJO2 por um cateter retrogrado na veia jugular. É importante diminuir o risco de contaminação com sangue extracerebral, para limitar este risco, a extremidade do cateter deve situar-se bem alto ma jugular, na prática, em cima da borda inferior de C1 no RX de crânio em perfil. Recomenda-se medir a SJO2 do lado da lesão cerebral ou do lado direito em caso de lesões difusas. A SJO2 é um guia para o tratamento da HIC. Por exemplo, tem sido demonstrado que a infusão de manitol aumenta significativamente a SJO2, ao mesmo tem que diminui a PIC, mas diminui igualmente a SJO2, por causa do seu efeito vasoconstrictor. O limite da hiperventilação terapêutica é, portanto, o nível da PaCO2 que permita manter uma SJO2 dentro dos limites normais. Ainda como forma de monitorização, existe o eletroencefalograma (EEG) que consiste em sinal periódico relativamente lento, contendo freqüência principalmente entre 0,5 e 30HZ. Durante o sono profundo e na anestesia, há sincronia intensa sobre grandes regiões corticais, que resulta em um EEG de ondas lentas. O EEG pode servir como sinal indicar de isquemia cerebral, especialmente se houver aparecimento ou aumento de ondas delta onde antes havia freqüências mais altas. Para monitorar a profundidade anestésica, o método mais indicado é o índice bi-spectral (BIS), apesar de haver ainda controvérsias em algumas situações quanto ao seu uso, pois a profundidade da anestesia envolve não só ausência de respostas a estímulos nocivos, mas também ausência de consciência e memória implícita. Os potenciais evocados são respostas elétricas do sistema nervoso a um estímulo sensorial podem ser somatossesoriais (tato, dor, auditivo e visual) ou motores. É preciso que haja uma via condutora íntegra entre o local da estimulação e o local do registro para se obter uma resposta normal, assim eles são indicados para verificar a integridade das várias vias nervosas durante a cirurgia. Os PSSP têm sido utilizados durante procedimentos que trazem riscosde paraplegia. O potencial auditivo é utilizado nas cirurgias de fossa posterior e o visual raramente é usado, a sua única indicação é na cirurgia próxima ao quiasma óptico. Nas cirurgias em que há necessidade do mapeamento cerebral com paciente acordado ou levemente sedado, os potenciais evocados são bastante úteis, assim como o EEG. Apesar das técnicas de monitorização descritas acima já terem algumas mais de vinte anos de uso em centros mais desenvolvidos, ainda não utilizamos boa parte delas no nosso meio. Continuamos baseando a neuroanestesia em dados como a PPC, PaCO2 e EtCO2, o que nos ajuda a proporcionar um campo cirúrgico adequado imaginando que o FSC, a oxigenação e o metabolismo neuronal também estejam adequados. Enfim, ainda temos uma certa distância a percorrer até atingirmos um nível mais avançado em neuromonitorização. BIBLIOGRAFIA: N.Bruder,G.Boulard,P.Ravussin-EMC,control y tratamiento de los pacientes con traumatismos craneales.36-910-B-10 Kraus JF, Black MA et.al.The incidence of acute brain injury and serious impairment in a defined population.Am J. Epidemiol.1984;119:186-201 Clincal Anesthesia,Barash,5th edition. Cruz J., Minoja G.et al:successful use of the new high dose mannitol treatment in patients with Glasgow coma scale scores of 3 and bilateral abnormal pupillary widening:a randomized tial.J.Neurosurg.100;376,2004. Dr. Ricardo Almeida de Azevedo Médico Anestesiologista CRM – Ba 9.921 9 “Existe então a real necessidade de investir na educação desde a graduação dos estudantes da área de saúde, para que ocorram mudanças positivas na conduta profissional dos mesmos, frente ao desafio de sanar a dor do próximo.” Capa Ensino Médico e Dor: Novas Perspectivas Desde a metade do século XX, muito vem sendo estudado sobre dor com o objetivo de elucidar aspectos sobre este assunto. O ser humano sempre teve a dor como uma das suas grandes preocupações, e desde sua existência procura esclarecer as razões que justifiquem a ocorrência desta e os procedimentos destinados à sua cura ou ao seu controle, sendo para isso submetido às mais incríveis experiências. A partir da década de 50, a dor passou a ser analisada de maneira interdisciplinar e foi adotado o conceito biopsicossocial para sua ocorrência. A partir da década de 90, a Medicina 10 paliativa começou a destacar-se. Durante os últimos 30 anos, sociedades médicas relacionadas à dor foram organizadas mundialmente e regionalmente incluindo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) e a Sociedade Brasileira para o estudo da Dor (SBED). Em várias áreas da pós-graduação o estudo da dor foi intensificado, em especial na anestesiologia e neurologia, onde a dor passou a ser área de atuação com grandes perspectivas de mercado. Isso já significa um grande avanço e maiores possibilidades para os nossos doentes. Mas apesar dos progressos, ainda há barreiras na assistência ao doente com dor, incluindo-se entre elas a inadequada formação dos profissionais de saúde, a insatisfatória fonte de informação e o não reconhecimento pelos investigadores e clínicos da diferença entre dor aguda e crônica. Muitos profissionais de saúde ignoram os métodos e cuidados apropriados aos doentes com dor. Grande parte dos tratamentos é realizada empiricamente e fundamentados no uso de analgésicos e drogas adjuvantes administradas por vias em doses e intervalos inapropriados. A situação mais crítica é em relação ao tratamento de doentes com dor crônica, condição em que freqüentemente o comportamento psíquico e físico torna-se complexo e exige concorrência de profissionais da área de reabilitação física e mental e a maioria das terapias disponíveis ainda é absolutamente insatisfatória e, freqüentemente, associada à iatropatogenia. A especialização nas áreas de saúde também contribui para agravar os problemas, uma vez que especialistas interpretam a dor de modo fragmentário e utilizam instrumentos pertinentes apenas à sua especialidade. Em vários países, trabalhos de pesquisa estão sendo realizados com o objetivo de comprovar a necessidade da implantação de uma disciplina ou de outros meios, que aborde o estudo da dor de forma mais específica e objetiva nos cursos da área de saúde, de forma a interferir na conduta desses profissionais quando se depararem com pacientes com queixa de dor aguda ou crônica. Este sintoma, devido a sua subjetividade, é, na maioria das vezes, subestimado e não tratado de forma adequada, apesar dos numerosos recursos existentes atualmente. A UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz), localizada no eixo Itabuna-Ilhéus no interior do estado, vem adotando o conceito pedagógico do aprendizado baseado em problemas (Problem Based Learning-PBL). A primeira turma de medicina formou-se em janeiro deste ano, estando o curso já reconhecido pelo MEC. Os alunos do terceiro ano deste curso, através do módulo de dor, têm contato inicial com estes conhecimentos. Este módulo tem duração de oito semanas, sendo composto de 12 problemas, 08 palestras, aulas práticas e aulas de habilidades com modelos e simuladores, através deste conjunto os alunos estudam Etiologia, Fisiopatologia, Vias Nervosas que conduzem e interpretam a dor, métodos diagnósticos e tratamento farmacológico e nãofarmacológico de diversas síndromes dolorosas, assim como o contexto biopsicosocial envolvido neste assunto. No curso tradicional de ensino médico, esta abordagem não é feita de modo específico, o tema dor é estudado ao longo dos anos associado a outras disciplinas. Esta experiência de fazer com que o estudante precocemente se importe com a queixa mais comum dos pacientes em consultórios e serviços de saúde, o torna capaz de compreender as várias formas de apresentação deste sintoma que, quando crônico, passa a ser a própria doença do indivíduo, aonde todo o contexto social, emocional, psicológico e familiar vai sendo deturpado e transformado, mudando as características do ser humano que muitas vezes já não mais se reconhece. Seria bom que estas mudanças fossem feitas no currículo da graduação da área de saúde de modo geral, para que nossos jovens, ainda com a mente aberta a novas idéias e conceitos, pudessem compreender os conflitos e anseios dos pacientes que lutam para provar o que sentem, já que isso muitas vezes não pode ser visto pelo exame físico ou mesmo por exames complementares. Evitando que rótulos como “neuróticos” ou portadores de distúrbios “neurovegetativos” continuem sobre a cabeça destes coitados. Existe então a real necessidade de investir na educação desde a graduação dos estudantes da área de saúde, para que ocorram mudanças positivas na conduta profissional dos mesmos, frente ao desafio de sanar a dor do próximo. Haja vista, o grau de importância para os profissionais de saúde destas informações, no ano 2000, a JCAHO (Joint Comission on Accreditation on Healtcare Organizations) publicou a norma para atendimento dos pacientes com dor e instituiu o conceito de avaliação regular da dor – o 5º sinal vital – por todo o corpo clínico. Só através da educação continuada é possível mudar conceitos e criar novos paradigmas para acreditar na dor do outro como se nossa fosse e fazer o possível para tratá-la e ou evitála. Como resultado espera-se contribuir com a qualificação dos estudantes de Medicina, levando a conscientização dos meios acadêmicos da necessidade do aperfeiçoamento do estudo da dor, no curso de graduação, de forma a interferir na interpretação e conduta de futuros profissionais médicos no manejo da dor. Dra. Nina Rosa Nunes Brandão Médica Anestesiologista especialista em Dor Profª da Universidade Estadual de Santa Cruz CRM – Ba 11.180 11 Informe A festa de confraternização de final de ano dos nossos funcionários, realizada em 15 de dezembro do ano passado, contagiou toda a família de colaboradores da COOPANESTBa, contando com a presença de todos os serviços de anestesia. Sabemos que esse foi um ano difícil, que exigiu muita concentração e empenho tanto por parte dos funcionários da COOPANEST-Ba como dos funcionários dos vários serviços de anestesia, mas o esforço coletivo beneficiou o fortalecimento do companheirismo. Durante as comemorações de Natal, reinou um clima de alegria e desconcentração, favorecendo o estreitamento das relações de amizade entre as pessoas. Aproveitamos para agradecer a todos presentes e aos serviços de anestesia que muito contribuem para o êxito da festa doando brindes para sorteios entre os funcionários dos serviços presentes a confraternização. A COOPANEST-BA por meio da sua diretoria vem mantendo reuniões freqüentes com os convênios no sentido de ajustar as suas rotinas administrativas com as dos diversos convênios evitando, desta forma, as glosas administrativas e os atrasos nos recebimentos dos Atos Cooperativos prestados por nossos cooperados. Durante o ano de 2006, foram realizadas algumas reuniões com PETROBRÁS, BRADESCO, SUL AMÉRICA, CASSI e PLANSERV para minimizar estas glosas. A Diretoria também está à parte de todas as questões jurídicas da cooperativa em Brasília, a fim de acompanhar essas demandas no Tribunal Federal. Outra preocupação é questão tributaria e contábil. Com relação a essas matérias a COOPANEST-Ba tem sempre participado dos encontros promovidos pela FEBRACAN, através de treinamentos com o funcionário e o contador, para que os mesmos fiquem atualizados e em sintonia com as mudanças tributárias que ocorrem quase que diariamente. Com relação à contabilidade, as COOPANEST´S têm buscado nesses encontros uma padronização contábil e de sistemas de informática. O conselho de administração também preocupado com a administração da cooperativa resolveu investir em um Sistema de Gestão (ver reportagem especifica). Com o novo sistema de informática em desenvolvimento todos os processos da cooperativa passam a ser cem por cento controlados, dando uma maior agilidade na parte administrativa, financeira, contábil e no controle de boletins (faturamento e pagamento aos cooperados). Isso resultará numa melhor informação e transferência para os cooperados. Novo sistema garante maior acessibilidade aos cooperados A COOPANEST-Ba, mais uma vez, larga frente no controle de seus processos e atendimento aos seus cooperados. Em estágio avançado de desenvolvimento utilizando a tecnologia DOT.NET, da Microsoft, o seu novo sistema de Gestão vai permitir uma maior acessibilidade a todos os seus usuários, tais como acompanhamento dos seus boletins e procedimentos, além de consulta a adiantamentos e a informações de folha de pagamento e informes de rendimentos. O próprio médico poderá consultar suas informações com segurança e rapidez, de onde quer que esteja. Mais do que um sistema de controle de Atos Cooperativos, a solução disponibilizará total integração com sistemas de operadoras de planos de saúde, como de clínicas, grupos de cooperados, dentro do modelo de Troca de Informações de Saúde Suplementar (TISS) definido pela Agência Nacional de Saúde – ANS. A Diretoria 12 13 A espera e a loucura Edvard Munch, O Grito (1893) Para Martinha Todos achamos que ele havia enlouquecido de uma vez. Embrutecera. Dormia e acordava de cara fechada pra todo mundo e parecia só ficar satisfeito se ninguém o molestasse. Não podia ouvir um ruído, uma conversa dentro de casa, um assobio sequer que logo começava seu resmungo mau-humorado. E cravava um olhar indócil na gente enquanto rezingava, e abria as ventas pra respirar até a gente calar a boca. Dava medo! Nem de prosear com a vizinhança já não queria saber, nem com os compadres mais chegados. Quando apareciam, mandava dizer que estava dormindo ou com dor de cabeça. Era uma rudeza que só vendo! Comentavam nas redondezas que a doença-ruim estava comendo seus miolos. Sem nenhuma explicação, trancafiou as portas e as janelas da frente e proibiu perambulação. Quem quisesse entrar ou sair da casa, que fosse pelos fundos, pela cozinha, quem quer que fosse. Que se lixassem! Os netos, coitados, foram proibidos de jogar bola na varanda ou dentro de casa. Se quisessem, teriam de ir pro quintal e disputar espaço com as galinhas e seus pintinhos. E não teve conversa não. Se se excediam na correria ou nas gargalhadas logo eram amasiados com beliscões e puxões de orelha. Era uma choradeira só, e quanto mais berravam, mais irado ele ficava 14 e beliscava ainda mais forte. Era uma doideira! Comigo era uma coisa séria, se eu deixasse cair apenas uma colher tinha de ouvir muita bronca, e ele ficava tão bravo que chegava a perder o apetite. Passei a tomar mais cuidado, principalmente na hora de lavar os pratos ou colocar os talheres na mesa. Não queria vê-lo enraivecido. Eu estava proibida de usar liquidificador, panela de pressão, ou qualquer outra coisa que fizesse barulho. Até pra amaciar bife eu tinha de ir bater com o martelo no quintal. Nem meu rádio eu podia mais ouvir, nem se fosse baixinho, que ele virava o cão! Também não deixava mais eu varrer a sala nem a varanda, que já estavam em tempo de fazer vergonha. Em seu quarto eu só podia entrar para arrumar a cama e mais nada. Cada dia me vinha com uma desculpa diferente pra me ver longe de lá. A televisão ficou muda, pra assistir minha novela eu tinha de aprender a ler a boca dos artistas. Também desligou o telefone, dizia não estar a fim de conversa fiada. É certo que ele nunca fora um amor de pessoa, mas estava diferente. Via-se que não era mais o mesmo. Passava os dias arrastando os chinelos, tranqüilo... Ia do quarto pra sala, da sala pro quarto. Só às vezes aparecia na cozinha. E quase não ouvíamos mais a sua voz. Só se manifestava quando ouvia zoada, qualquer barulhinho que fosse tirava-o do sério. Mal podíamos abrir a boca que logo vinha com o dedo esticado pedindo silêncio. E, com freqüência, eu o via espiando através das venezianas das portas e das janelas que davam para frente da casa. Ia, ficava de ponta de pé, entortava o pescoço, mudava de ripa, olhava por um tempo, escolhia outra, olhava, depois voltava pra seu quarto, que também dava pro lado da entrada. Até de noite ele inventava de bisbilhotar pelas frestas. Parecia um vigia! Às vezes, encostava o ouvido na janela e ficava ouvindo o vento. Coisa de doido mesmo! Quando via que eu o observava, disfarçava e procurava outra coisa pra fazer. Vivia trancado em casa e exigindo silêncio o tempo todo, parecia até estar se escondendo. Contudo, não aparentava medo, muito pelo contrário, era tranqüilo, chegava a ser leso. Outra coisa que o tirava do sério era ver alguém perto da varanda. Certa feita, pôs pra correr a Ritinha mais o namorado, que acharam de se escorar na mureta pra ficar de conversero. O homem virou uma arara! Pior foi o que ele fez com o gato. Desde que eu vivo nesta casa que aqui tem gato. E já foram muitos... Brancos, pretos, malhados, cinzas, até angorá já teve! Mas, de repente, o homem tomou pavor. Botou o Bola numa caixa e tratou de despejá-lo no matagal lá de trás do morro. Nunca mais apareceu, nem tivemos notícia. E quando aparecia qualquer bichano nas redondezas, logo tratava de expulsar com um balde de água gelada no lombo. Vez por outra, ouvíamos um miado assustado correndo em disparada pelo telhado. Noutro dia, foi cedo pra feira e voltou cheio de vasos com flores, de todos os tipos, e... Em vez de colocá-los dentro de casa, não... Deixou-os na varanda, no lugar onde ninguém podia ir, e ordenou que ninguém mexesse, ele mesmo molharia. Nunca que o vi comprar flor, sua mulher morreu sem nunca ter ganhado uma pétala se quer! Alegou que era para homenagear a primavera, só que estávamos em dezembro. E quando murchavam, mandava, rapidinho comprar mais. Ninguém entendia! Além de tudo, sem mais nem menos, apareceu com veneno de matar rato, mas fazia tempo que não se via nenhum calunga por aqui. Também não queria conversa com os cachorros, que agora ficavam na coleira o dia inteirinho. De tudo, o que me deixava mais aperreada, era o fato dele ficar bisolhando a varanda pelas venezianas. Podia ser de dia, de noite, de madrugada... Qualquer hora. Dava uma olhadela e depois recuava... Sempre mudo. Até que um dia, resolvi chegar lá. Aproveitei o seu sono, e também o primeiro clarão de sol, que nem tinha nascido ainda direito, e rodiei por fora. Pulei a mureta da varanda e andei bem devagar pra que não acordasse - a janela do seu quarto ficava bem ali. Encontrei muita sujeira no chão. Tudo emporcalhado! Lá estavam os vasos com flores, todas bonitas, cheirosas, de diversas cores e tamanhos. Algumas até de longe que ele mandava trazer. Não demorou e avistei uma coisa, bem no canto, num dos galhos do jasmineiro. Vi um ninho bem pequeno. Nele estava um filhotinho de beija-flor. O pai e a mãe davam comida pra ele voando ao seu redor. Batiam as asas rápido que nem dava pra vê-las. E ele arreganhava o bico, piava e sacudia as asas. Parecia uma criança comendo doce! Eu tomei um susto. Nunca que tinha visto ninho de beija-flor, e logo ali, quase dentro de casa. Uma lindeza! Fiquei paralisada, só olhando. Me deu vontade até de chorar! Eram tão felizes! Quando o sol esquentou, tratei de voltar, bem quietinha. Fui para cozinha e preparei o café fazendo o mínimo de barulho possível. Não conseguia tirar aqueles anjinhos da cabeça! Era a natureza! Quando ele acordou, disfarcei e não toquei no assunto. Pelo tempo em que estava estranho, calculei que deveria estar acompanhando os passarinhos desde a espera, quando o pequeno era ovo. Acho que depois desconfiou de mim, porque não mais precisou ralhar comigo por causa de zoadeira, eu fazia tudo com o maior cuidado pra não espantar os bichinhos. Entendi sua loucura.Logo que os três bateram asas e partiram voando, ele voltou ao normal. Dr. Alexandre Figueiredo Médico Anestesiologista CRM – Ba 13.503 TESOURARIA - ANUIDADES SAEB 2007 VALOR NORMAL Até 30-ABR Até 31-MAI Até 30-JUN ATV/TSA/ADJ R$ 408,00 R$ 418,00 R$ 428,00 C/ DESCONTO ATV/TSA/ADJ R$ 350,00 R$ 360,00 R$ 370,00 VALOR NORMAL ASP R$ 204,00 R$ 209,00 R$ 214,00 C/ DESCONTO ASP R$ 175,00 R$ 180,00 R$ 185,00 Valor da anuidade com desconto autorizado pela diretoria da SAEB De acordo com o Estatuto da SAEB o membro que deixar de quitar a anuidade até 30 de junho do corrente ano será desligado automaticamente. Para ser readmitido, o interessado pagará o valor da anuidade da categoria acrescido da taxa de readmissão. A taxa de readmissão tem valores distintos: PARA MEMBROS ATV/TSA/ADJ Aqueles que quitaram a anuidade em 2006 e não quitarem a anuidade de 2007 até 30 de junho devem pagar a taxa de readmissão (R$ 20,00) acrescida da anuidade vigente para a sua categoria R$ 370,00, (sem desconto por pagamento antecipado) totalizando: R$ 370,00 + 20,00 = R$ 390,00 PARA MEMBROS ASPIRANTES Aqueles que quitaram a anuidade em 2006 e não quitarem a anuidade de 2007 até 30 de junho devem pagar a taxa de readmissão (R$ 10,00) acrescida da anuidade vigente para a sua categoria sem desconto por pagamento antecipado (R$ 185,00) totalizando: R$ 185,00 + 10,00= R$ 195,00 15 Clínica de Anestesia de Salvador comemora 40 anos CAS - Clínica de Anestesia de Salvador Ltda. 16 O jantar de confraternização em comemoração aos 40 anos da CAS Clinica de Anestesia de Salvador, no dia 3 de fevereiro, reuniu todos os sócios, alguns fundadores e convidados, no Cerimonial São José. Durante o evento, o presidente da Dr. Djalma Neves Costa fez um breve histórico e atuação da clínica na capital baiana, nessas quatro décadas. Fundada em setembro de 1966, a Clínica de Anestesia Salvador surgiu da união de dois serviços de anestesiologia que atuavam em diferentes hospitais de Salvador. Devido à necessidade de aprimorar e dinamizar o atendimento, dois anestesiologistas de cada grupo, Dr. Djalma Costa e Dr. Afrânio Torres, de um lado e Dr. Carlos Reis e Dr. Thomaz Almeida do outro, foram indicados para iniciar as negociações que resultaram num grupo maior e mais organizado. Meses depois, foi criada a CAS Clinica de Anestesia de Salvador Ltda que, atualmente, possui 65 anestesiologistas e está presente em seis hospitais e três clínicas. Parabéns a CAS!!! Cinthya Brandão Jornalista – DRT 2397
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