REVISTA SAEB IV testes de capa.cdr - SAEB

Transcrição

REVISTA SAEB IV testes de capa.cdr - SAEB
EDITORIAL
Caros amigos,
Em conversa descontraída com o nosso Presidente Ismar, este me
indagou se tinha idéia de quantos anestesiologistas trabalhavam para a SBA.
Pergunta esquisita que titubiei em responder. Arrisquei trinta. Pasmem
amigos, nas contas de Ismar, são mil! Isto mesmo. Refizemos as contas,
Diretorias, Comissões, Conselhos, CET's, Coopanest's, palestrantes... Fui
convencido.
O que chama mais a atenção são os números: um verdadeiro batalhão de colaboradores, em sua
grande maioria voluntário, pronto para atender e “defender” a nossa sociedade-mãe, enaltecendo os
valores maiores da Anestesiologia.
Uso do mesmo raciocínio de Ismar e faço as contas, agora para a SAEB. De imediato vem uma
sensação boa de tranqüilidade. Muitos são os colegas que conosco estão guiando o destino de nossa
Sociedade, oferecendo o melhor da Anestesiologia.
BAHIANEST é uma publicação da
SAEB - Sociedade de Anestesiologia do
Estado da Bahia em parceria com a
COOPANEST-Ba - Cooperativa dos
Médicos Anestesiologistas da Bahia.
Redação
Av. Garibaldi, 1815, Sobreloja, Bloco
B, Centro Médico Empresarial,
Ondina, Salvador - Bahia.
Fo n e : 7 1 3 2 4 7 - 4 3 3 3
Responsável pela revista
Dr. Samuel J o s é d e O l i v e i r a
Textos e Edição
Cinthya Brandão - 71 9964-5552
Jornalista DRT 2397
Designer Gráfico
Carlos Vilmar [email protected]
Outro pensamento vem com este raciocínio: onde estaria a tão propalada dificuldade em
concatenar idéias e interesses de tantos. Estaríamos amadurecendo? Ampliando a razão? O
cartesianismo (ideologia iluminista) não mais nos corresponde?
Assim como na Anestesiologia, tudo na vida carece de um confronto, de um juízo, nada deve ser
desprezado. Faz-se uma experiência e a discutimos com nossos pares, a partir deste instante nos
comprometemos e agregamos um sem número de idéias a esta experiência. Tudo se multiplica neste
infinito, ampliando horizontes. Outros passam a fazer parte do nosso cotidiano e isto nos interessa.
Verdadeiramente uma comunidade igualitária. Existem espíritos livres que estão dispostos a acolher
essas antigas e novas questões.
Para terminar cito Luigi Giussani: - “Um raciocínio abstrato não é o que faz crescer; o que faz
expandir-se a mente é encontrar na humanidade um momento de verdade que se alcançou e ao qual
se deu expressão”.
Vamos expandir a razão!
Dr. Samuel José de Oliveira
Presidente da SAEB
Tiragem 500 exemplares
Impressão
Cartograf
O espaço ideal para o sucesso do seu evento
DIRETORIA
Presidente
Dr. Samuel José de Oliveira
Vice-presidente
Dr. Macius Pontes Cerqueira
Secretário Geral
Dr. Marco Aurélio Oliveira Guerra
1º Secretário
Dr. José Admirço Lima Filho
1ª Tesoureira
Dra. Leda Maria Fróes Miranda
2ª Tesoureira
Dra. Lúcia Pereira Nascimento
Diretor Científico
Dr. Rodrigo Leal Alves
Diretor de Defesa Profissional
Dr. Aurino Lacerda Gusmão
A SAEB disponibiliza para locação dois auditórios devidamente
equipados com tecnologia e conforto suficientes para qualquer tipo de
evento. Capacidade para oitenta pessoas confortavelmente sentadas,
sonorização, ar-condicionado, projetor de slides e retroprojetor. Para
outras informações, entre em contato com a nossa secretaria.
Contato:
(71) 3247-4333
Abertura da Programação Científica
da SAEB recebe futuros anestesiologistas
Numa noite de
terça-feira, dia 27 de
fevereiro, a SAEB
recebeu um grupo de
novos sócios na abertura da programação
científica 2007. Foi o
momento de saudar os
médicos em especialização, com a palestra
do Dr. José Abelardo
Garcia de Meneses,
anestesiologista e vicepresidente do
Conselho Regional de
Medicina, sobre as
implicações da
Resolução 1.802/2006
que substitui a
1.363/1993.
2
Com presença de vários aspirantes da
Anestesiologia, um encontro de gerações
marcou o início de mais um ano de
estudo e trabalho. A solenidade de
abertura contou com a presença do
Presidente da casa, Dr. Samuel José de
Oliveira, do diretor científico, Dr. Rodrigo
Leal Alves e do convidado ilustre Dr. José
Abelardo Garcia de Meneses.
No discurso, Dr. Samuel falou da
programação científica deste ano que traz
algumas novidades: “Este ano, o curso de
Condutas e Procedimentos
Perioperatórios terá oito módulos e será
realizado aos sábados pela manhã, no
auditório da SAEB. O ENAI será realizado
em maio, na cidade de Feira de Santana,
bem próxima de Salvador, com um
evento multidisciplinar, todos ligados a
Anestesiologia. E ainda o Sábado da Raqui
em julho. Toda programação estará
sendo divulgada no site, e nos hospitais
através de cartazes”. Dr. Samuel também
agradeceu a presença dos residentes e
desejou boa sorte, principalmente, aos
integrantes do novo Centro de Ensino e
Treinamento da Bahia no Hospital Santa
Isabel, restabelecido este ano.
Durante a palestra, Dr. José Abelardo
fez uma explanação de todos os tópicos
da Resolução 1.802/2006 que trata sobre
o Ato Anestésico. Explicou para os
iniciantes e lembrou aos mais experientes
a importância das alterações garantidas
pelo Conselho Federal de Medicina que
visam uma melhoria nas condições de
trabalho que resultam numa maior
segurança aos pacientes. Mas fez algumas
ressalvas, uma delas sobre a necessidade
de se estabelecer um prazo para que
instituições hospitalares possam se
adequar às novas determinações,
Dr. José Abelardo Garcia de
Meneses no momento da
apresentação.
principalmente na aquisição de equipamentos exigidos durante o procedimento
anestésico.
Outro alerta foi para o cuidado e
atenção do profissional durante a
anestesia a fim de evitar qualquer tipo de
evento adverso e, caso aconteça, seja
dada toda atenção exigida inclusive relatar
minuciosamente em prontuário. Outro
ponto importante é não realizar anestesia
simultânea por um mesmo profissional:
“Fazer mais de um procedimento
anestésico num mesmo espaço de tempo
humilha o paciente e não dignifica o
profissional, muito pelo contrário”,
esclarece.
Ao final da apresentação, iniciaram as
perguntas e considerações resultando um
caloroso e enriquecedor debate. Depois,
todos seguiram para o coquetel na área
externa da sede onde foram sorteados
livros e uma inscrição para o Congresso
Brasileiro de Anestesiologia.
Cinthya Brandão
Jornalista – DRT 2397
Blog: Você ainda vai ter um!
O nome remete ao tempo em que os
capitães de navio mantinham diários de bordo
chamados de daily logs. No começo, os blogs
eram exatamente isto: um diário de navegação
na Internet que mostrava e comentava páginas
bacanas na era a.G. (antes do Google).
A web era muito pequena e caótica, o que
tornava um sistema de dicas altamente valioso
para achar a informação sem muita perda de
tempo. O nome de então era Web log, que
passou a ser pouco tempo depois, apenas
BLOG.
A Internet tem alcance mundial e este
será, portanto, o alcance do seu Blog: uma
página na rede super fácil de criar e de
incrementar que levará para o mundo as suas
superimportantes opiniões. Ok, você você
não quer tanto! Então saiba que os blogs
podem ser acessado por um grupo restrito e
específico de pessoas (sua empresa ou sua
família, por exemplo). Você também pode
criar um blog para ser acessado apenas... Por
você! Pausa... Saiba que esta epidemia já afeta
55 milhões de pessoas no mundo e aumenta
na razão de 2 blogs novos por segundo!
Você pode usar seu blog para postar
coisas de interesse mundial ou simplesmente
começar seus posts como: Querido diário...
Vale tudo, pode ser um ótimo jeito pra falar de
lazer, profissão, ativismo, política, etc.
Um pouco de história é sempre bom:
1994, Dave Winer era um programador no
Vale do Silício, escrevia uma coluna no site da
revista Wired - a bíblia dos ratos de
computação. Dave distribuía aos
interessados, por e-mail, o texto da sua
coluna. Ao deixar a Wired em 1997, Dave
passou a disponibilizar o texto no seu site
pessoal: cada texto com a data de publicação
e o mais novo sempre no topo da página.
Estava criado o formato do blog!
Uma grande sacada: quem quisesse a
notícia mais fresca deveria ler apenas o último
post, ou seja, aquele que está no topo da
página!
Entra em cena Evan Williams: em 1999,
Eva tinha uma empresa desenvolvedora de
aplicativos (Pyra Labs) e desejava melhorar a
intercomunicação entre seus 3 ou 4
funcionários (veja só!) através de um diário
onde eles pudessem se atualizar sobre os
projetos dos outros (os blogs já existiam, não
passavam de 100 no mundo inteiro e tinham
uma sistemática complexa de postagem).
Evan decidiu então disponibilizar este serviço,
via rede, através de um serviço chamado de
Blogger (hoje sob controle Google). A criação
e manutenção de um site pessoal de alcance
mundial passava então para o rol das coisas
banais, acessível até ao maior analfabeto
tecnológico. Outros publicadores foram
surgindo, gratuitos como o Blogger ou pagos,
e a e a nova onda tomou proporções
tsunâmicas.
Mesmo sem muito tempo, em
novembro do ano passado, comecei a postar
o meu blog Morpheus (o deus do sono) no
site: http://manellis.blogspot.com – destina-se
a ser uma quebra de rotina onde eu comento
livros, vinhos, viagens, DVD's, músicas,
atualidades, cometo crônicas e ensaios etc,
enfim, banalidades que, segundo Rui Licínio,
são supérfluos de primeira necessidade.
Dê um pulo no site, comente os posts,
siga os links, leia os feeds do New York Times,
da BBC e da Folha, olhe a tábua de marés de
Salvador, saiba qual é a fase da lua e ouça o
radinho que eu coloquei no canto inferior da
coluna direita e que serve para ouvir qualquer
estação do mundo. Se você se interessar e
não conseguir fazer sozinho, me fale que eu te
ajudo!
O site www.technorati.com pode ajudálo a escolher um blog interssante para ler. Os
blogs mais populares do mundo são
ranqueados lá por acesso, citação, categoria,
etc. O Morpheus ainda não apareceu na
primeira página mas se todos que lerem este
artigo me fizerem uma vistinha... Quem sabe?
Dr. Manoel
Rodrigues Medeiros Neto
Médico Anestesiologista
CRM – Ba 10.112
3
A SAEB inserida no
Fantástico Mundo da
Comunicação Virtual
Anestesia para aneurisma cerebral
Aneurisma é uma palavra de origem grega que significa alargamento. Em termos médicos é uma dilatação
permanente, maior que 50% num segmento vascular. É uma doença de altíssimo risco devido à possibilidade de
ruptura e que tem na trombose e embolização duas complicações de potencial devastador. Nos Estados Unidos só um
terço dos pacientes vítimas de ruptura de aneurisma cerebral serão sobreviventes funcionais, segundo dados de
Kassel.
Esta patologia levemente mais comum em mulheres que em homens, durante muito tempo, foi dividida em
congênitos e adquiridos. Este fato foi alvo de muitas demandas judiciais entre pacientes e seguradoras de saúde, que a
consideravam desta forma doença pré-existente. No entanto, vários estudos clínicos e em necropsias de crianças
De fato, algumas pessoas nascem
com predisposição à dilatação, que
quando acompanhada de fatores que a
favoreçam, como hipertensão,
diabetes, tabagismo e dislipidemias, se
desenvolve. Muitos autores defendem
que estes fatores apenas facilitam a
ruptura do aneurisma e a alta prevalência destes em bifurcações sugere que a
perda do padrão axial de fluxo também
participe da sua fisiopatologia.
Os aneurismas são habitualmente
silenciosos, até que ocorra a ruptura, e
podem apresentar manifestações
variadas como cefaléia, diplopia, ptose
palpebral e dor ocular. Apesar da
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crescente evolução da angioressonância, a angiografia cerebral digital ainda é
o padrão ouro no diagnóstico, ficando
a tomografia e a punção lombar com
sensibilidade dependente de sangramento.
As controvérsias aumentam
quando se fala em tratamento. Em
primeiro lugar, é preciso falar dos
aneurismas íntegros. O forte apelo à
cirurgia diante do diagnóstico foi
enfraquecido a partir de publicações
de 1998 que não mostraram diminuição na morbi-mortalidade quando
aneurismas não rotos e menores que
10mm foram operados. De um modo
geral é consenso, talvez o único neste
assunto, que pacientes com diagnóstico de aneurismas maiores que estes
e, particularmente aqueles que já
apresentem sinais de ruptura, devem
ser internados imediatamente e
operados o mais rápido possível.
Algumas classificações foram
criadas para estimar risco e prognóstico de pacientes com aneurisma
cerebral roto. A mais popular é a de
Hunt e Hess que possui graus de zero
a V, que vão respectivamente do
paciente com aneurisma íntegro até o
quadro de coma profundo e descerebração e tem como base a hemorragia subaracnóidea (HSA), o vasoespasmo e a hipertensão intracraniana.
Na avaliação pré-anestésica
algumas peculiaridades devem ser
lembradas. Um exame neurológico, o
mais detalhado possível a depender do
quadro do paciente, deve ser realizado
e anotado em prontuário. Isso pode
ser um valioso instrumento legal para
posteriores debates quanto a possíveis
seqüelas que, por ventura, aconteçam.
A maior parte dos aneurismas cerebrais provém do polígono de Willis e,
devido a sua proximidade com o
hipotálamo, a irritação deste pelo
sangue pode provocar alterações
eletrolíticas que devem ser corrigidas
antes do procedimento.
Além de instabilidade da temperatura, pode haver mudanças tão graves
no eletroencefalograma que algumas
vezes será preciso dosagem de
troponina para afastar diagnóstico de
infarto agudo do miocárdio. A medicação pré-anestésica pode levar a
retenção de gás carbônico pela
hipoventilação com conseqüente
vasodilatação cerebral e aumento do
sangramento. Devendo, portanto ser
utilizada apenas e criteriosamente em
pacientes com aneurisma íntegro e/ou
pouco sintomáticos.
Atualmente dois tratamentos com
diferentes abordagens anestésicas são
discutidos: craniotomia e tratamento
endovascular. A literatura recente
concorda que a embolização endovascular apresenta menor índice de
complicações, inclusive convulsões,
havendo até relato de caso de
eletroconvulsoterapia 27 dias após o
procedimento com sucesso. Porém,
também evidenciam maior incidência
de ressangramento e de falha no
tratamento (13% contra 1% da
craniotomia no mesmo estudo).
Talvez a melhor indicação desse
tratamento seja a de aneurismas em
territórios cerebrais de acesso
traumático, que por si só já causariam
danos proibitivos. A anatomia dos
vasos e o formato do aneurisma
(sacular ou fusiforme) também são
relevantes na escolha da técnica. Um
fato também importante, em termos
de saúde pública, é que apesar da
cirurgia exigir internamento prolongado e diárias na UTI, tem um custo
médio estimado de 8.800 euros
contra 10.300 do tratamento endovascular (Holanda, junho de 2006)
devido principalmente ao valor do
material.
Quanto à monitorização, além
dos pontos básicos como oximetria,
ECG, PA invasiva e capnógrafo, são
pontos importantes o teletermômetro e um acesso central (PVC ou
PCAP), respectivamente, porque a
hipotermia leve a moderada é considerada como um dos mais importantes fatores de proteção cerebral pósisquemia e devido à hipervolemia,
hipertensão e hemodiluição (“triplo
H”) serem o tratamento mais indicado
para o vasoespasmo, apontado como
maior complicação da HSA. Desta
forma, o acesso central promoveria
condições de administração de
dopamina, droga de escolha para este
tratamento, e a expansão da volemia
do paciente levando a melhoria da
reologia e da perfusão cerebral.
Os objetivos da anestesia para as
duas técnicas são diferentes. Na
cirurgia as atenções estão voltadas
para manutenção da perfusão cere-
Visite
nosso site:
www.saeb.org.br
5
bral, integridade do aneurisma e
proporcionar bom campo cirúrgico.
Estes objetivos podem ser conseguidos com o correto manejo de drogas
vasoativas e anestésicas e da hiperventilação e diuréticos. Especial atenção
deve ser dada para a relação entre
PAM e PIC, pois o equilíbrio entre
ambas é mais importante que o valor
de cada uma isoladamente. A quebra
dessa harmonia aumenta a pressão
transmural e promove o rompimento
do aneurisma. Na embolização devese sempre ter em mente o fato de o
paciente estar em uso de heparina,
devendo a protamina estar pronta para
uso imediato em caso de lesão do
aneurisma.
Além disso, uma solução vasodilatadora de papaverina, que é infundida
ininterruptamente para evitar reação
constritora ao cateter, pode levar a
hipotensão e conseqüente lentidão na
depuração do contraste. Não esquecer nunca do preparo renal para
pacientes de risco e dessensibilização
nos alérgicos. Na craniotomia, a
hipotensão também deve ser evitada,
pois compromete a perfusão cerebral,
sendo admitida apenas por períodos
muito curtos quando da ruptura do
aneurisma para facilitar o controle
cirúrgico.
Nas estratégias de proteção
cerebral algumas drogas podem
exercer papel importante. Com
relação ao pré-condicionamento
isquêmico, situação na qual existe uma
maior tolerância do tecido após
períodos curtos de isquemia, o
sevoflurano goza de posição de
destaque, sendo uma das drogas mais
estudadas no momento. A lidocaína
demonstrou atenuar o dano isquêmico por diminuir o transporte de sódio
no neurônio. As estatinas com suas
ações de síntese de óxido nítrico,
potente vasodilatador, têm mostrado
benefícios. Além disso, seu efeito
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Dica de Leitura
Ensaio sobre a cegueira
Autor José Saramago
sobre a fibrinólise tem sido motivo de
muitas pesquisas, sendo considerada
como uma droga promissora.
A mais nova arma neste arsenal é o
magnésio que apresentou diminuição
de 34% no dano isquêmico em
relação ao grupo controle em trabalho
publicado na Stroke 2005. Além disso,
demonstrou menor percentual de
paralisia cerebral em filhos de mães
pré-eclâmpticas que foram sulfatadas.
Diferentemente, outras drogas
podem influenciar o resultado neurológico negativamente. A succinilcolina,
o óxido nitroso e a ketamina aumentam o fluxo sanguíneo cerebral, PIC e
taxa metabólica cerebral. A dexametasona piora o prognóstico dos pacientes na medida em que promove
hiperglicemia tardia. O etomidato,
antes muito indicado por sua estabilidade hemodinâmica, hoje tem seu uso
limitado pela presença de propileno
glicol na sua formulação que leva a
acidose tecidual. Outro que também
perdeu prestígio foi o tiopental que
demonstrou sim ser neuroprotetor,
porém só em altas doses.
Bloqueadores dos canais de cálcio
como nimodipina ou nifedipina
continuam não diminuindo morbimortalidade neste grupo de pacientes.
Ótimas perspectivas para o futuro
próximo se apresentam. Merece
destaque o clazosentan, antagonista
do receptor de endotelina que está
em fase de testes apresentando bons
resultados no combate ao vasoespasmo. O fator VIIa recombinante
limitou o sangramento e reduziu o
volume dos hematomas em vários
ensaios clínicos as custas de pequeno
número de eventos tromboembólicos. Além dos avanços nas técnicas e
materiais endovasculares e também
os recursos de monitorização como
os potenciais evocados.
Seja qual for o tratamento escolhido ou os recursos que estejam
disponíveis, nada é mais importante e
precioso que a presença de um
anestesiologista atento e se antecipando aos problemas na cabeceira do
paciente.
FONTES:
Kass, I.S.: ASA Refresher Courses in
Anesthesiology, Volume 34(1).2006.85-93
Halkes, P.H.A.: Cerebrovascular Diseases,
22(1).June 2006.40-45
Todd, M.M.: N Engl J Med 2005:352.135145
Rincon, F.M.D.: Seminars in Neurology
,26(4).September 2006.387-395
Niskanen, M.: Neurosurg.
Anesthesiol.2005.17.100-105
Van den Berghe, W.:Stroke.2005:36.10111015
Molyneux, A.: Lancet 2005:366.801-817
Mayer, S.A.: N Engl J Med 2005:352.777785
Dr. Roberto Cruz Rocha Silva
Médico Anestesiologista
CRM – Ba 13.630
... Mas não é a
cegueira clássica,
como a escuridão, é
como um branco
luminoso cobrindo
seus olhos, como
uma cortina de luz, a
chamada “treva
branca”...
Trata-se de um livro fantástico, que
nos leva a viajar a uma sociedade
caótica. O autor é José Saramago,
português e ganhador do Prêmio
Nobel de Literatura em 1998, o
primeiro para a língua portuguesa.
Quem conhece suas obras, sabe
que não é o tipo de livro que se lê
apressadamente em qualquer
intervalo de centro cirúrgico. Será
necessário um turno calmo, mesmo
porque o leitor desacostumado
demora em compreender a maneira
como o autor expressa suas idéias,
sem dar pausa para parágrafos ou sinais
que não sejam vírgulas, como alguém
que nos conta uma história dentro de
nossas mentes.
Conta a história de um cidadão
comum que, subitamente, no trânsito,
perde a visão. Mas não é a cegueira
clássica, como a escuridão, é como um
branco luminoso cobrindo seus olhos,
como uma cortina de luz, a chamada
“treva branca”. A partir daí todos
aqueles que têm o menor contato
com o cego, inclusive seu
oftalmologista, passam a ser também
acometidos pela cegueira, exceto uma
mulher, que na verdade passa a ser a
pessoa a enxergar aquela situação com
“outros olhos”.
Instala-se o caos, uma cidade
inteira que inicialmente tenta isolar os
cegos se “vê” em pouco tempo
povoada por pessoas sem visão,
policiais, comerciantes, bombeiros,
médicos, enfim, a quem recorrer... Os
personagens da história não possuem
nomes, descrições físicas e
maneirismos bastam.
Saramago descreve com maestria
uma sociedade inusitada, onde o ser
humano é reduzido a sua essência,
mergulha-se na discussão das
necessidades mais básicas da natureza
humana. O leitor consegue imaginar
com clareza uma situação na qual a
sujeira e o mau cheiro tomam conta
das ruas, pessoas transitam perdidas a
caminho de casa, falta água energia ou
qualquer meio de comunicação.
Coloca-se em discussão a fragilidade
da nossa sociedade. Para aqueles mais
eruditos, leva a uma reflexão quanto
às relações do mundo com conceitos
de éticas e de solidariedade. Na
escuridão qualidades e defeitos
parecem “iluminados”.
Ao terminar o livro, quase uma
necessidade de ler a obra completa
desse grande autor toma conta do
leitor. Inclua na lista “O Ensaio sobre a
lucidez”, “O Evangelho segundo Jesus
Cristo” e “As intermitências da morte”.
Por fim, mais um motivo para
interessar-se logo por essa bela leitura
é que essa obra vai virar filme, com o
título em inglês “Blindness”. Rodado
em Toronto e São Paulo e estréia
prevista para 2008, com direção de
Fernando Meireles de “Cidade de
Deus e o Jardineiro Fiel”.
Altamente recomendável!!!!
Dr. Gustavo Gomes Pereira
Médico Anestesiologista
CRM – Ba 14.142
Atualize seus dados
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Fone: 71 3247.4333
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“Nas cirurgias em que há necessidade do mapeamento cerebral
com paciente acordado ou levemente sedado, os potenciais evocados
são bastante úteis, assim como o EEG”
Monitorização
em Neurocirurgia
A monitorização do SNC é importante
não só para pacientes submetidos a uma
cirurgia neurológica, como também para
aqueles procedimentos cirúrgicos que podem
provocar aneurisma de aorta torácica e certas
cirurgias ortopédicas. As inúmeras
abordagens de monitorização do SNC
podem variar no conteúdo da informação, na
resolução espacial, na complexidade e no
custo. Hoje em dia, estamos em meio a uma
explosão de tecnologia.
Mas do que realmente precisamos? Até
que ponto os monitores interferem na nossa
capacidade anestesiológica?
Frente a um paciente neurológico, muitas
vezes, foi difícil realizar certos procedimentos
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pré-operatórios, como interrogatório
sistemático, pois, em algumas situações, o
paciente estará sedado ou mesmo em coma.
Daí a importância de se começar avaliando
sempre os sinais clínicos de resposta pupilar,
tremores, sudorese, hiperventilação,
hipertensão arterial, alterações do ECG,
escala de Glasgow e outros sinais sugestivos
de aumento da Pressão Intra Craniana (PIC).
Na literatura existem evidências de uma
forte associação da escala Glasgow e da
resposta pupilar com mortalidade pósoperatória. Isto permite detectar e tratar com
rapidez as alterações tensionais, bem como
medir com maior freqüência os gases
sangüíneos. A pressão de perfusão cerebral
(PPC) é a diferença entre a pressão arterial
média (PAM) pela PIC, sendo que existe uma
auto-regulação que mantém estável o fluxo
sangüíneo cerebral (FSC) entre 50 e 150mmHg de
PAM.
Além do nível tensional, outros fatores podem
alterar o FSC. Entre estes, a PaCO2 em um
intervalo de 20 a 80 mmHg. O aumento do FSC é
de 2 a 4% para cada mmHg de aumento da
PaCO2. Este efeito é muito rápido e começa em
menos de dois minutos e se esgota
progressivamente em até 24 horas. Assim também
funciona a vasoconstricção induzida pela
hipocapnia.
A PIC normal está compreendida entre 0 e 10
mmHg e está moderadamente elevada entre 20 e
30 mmHg. Acima de 40 mmHg já existe grande
perigo de morte. Sabendo que a monitorização da
PIC está associada com uma certa morbidade,
devem-se ter critérios em se indicar, entre estes:
sinais de Hipertensão Intracraniana (HIC), desvio
da linha média, compressão do terceiro ventrículo,
como após TCE. As contra-indicações são
raras, a principal é a presença de distúrbios da
coagulação.
Os principais métodos de aferição da PIC
são o cateter ventricular (método de
referência), sistema de fibras óticas e os
sensores extra-dural. A técnica de Doppler
Transcraniana (DTC) utiliza o ultra-som para
determinar o fluxo sangüíneo em algumas
regiões encefálicas. A velocidade do fluxo na
artéria cerebral média é mais utilizada. O DTC
permite evoluir de maneira contínua e não
cruenta os efeitos das terapias que modificam
o FSC. Isto levou vários autores recomendar
o valor de 70 mmHg como limite inferior da
PPC. O aumento da PIC e a diminuição da
PPC modificam profundamente o traçado do
DTC.
A interpretação de DTC baixo
corresponde quase sempre a um baixo FSC,
mas um DTC alto pode ser decorrente de um
aumento do FSC ou a um vasoespasmo. A
saturação venosa de O2 no bulbo da jugular
(SJO2), se a concentração de hemoglobina, a
saturação arterial (SaO2) e a curva de
dissociação de hemoglobina permanecem
constantes, a relação de consumo do O2/FSC
é procional a SJO2. Uma diminuição do
aporte cerebral de O2 diminui a SJO2. Ao
contrário, um aumento, um aumento do fluxo
de O2 provoca um aumento da SJO2. Medese a SJO2 por um cateter retrogrado na veia
jugular. É importante diminuir o risco de
contaminação com sangue extracerebral, para
limitar este risco, a extremidade do cateter
deve situar-se bem alto ma jugular, na prática,
em cima da borda inferior de C1 no RX de
crânio em perfil. Recomenda-se medir a SJO2
do lado da lesão cerebral ou do lado direito
em caso de lesões difusas.
A SJO2 é um guia para o tratamento da
HIC. Por exemplo, tem sido demonstrado
que a infusão de manitol aumenta
significativamente a SJO2, ao mesmo tem que
diminui a PIC, mas diminui igualmente a SJO2,
por causa do seu efeito vasoconstrictor. O
limite da hiperventilação terapêutica é,
portanto, o nível da PaCO2 que permita
manter uma SJO2 dentro dos limites normais.
Ainda como forma de monitorização,
existe o eletroencefalograma (EEG) que
consiste em sinal periódico relativamente
lento, contendo freqüência principalmente
entre 0,5 e 30HZ. Durante o sono profundo
e na anestesia, há sincronia intensa sobre
grandes regiões corticais, que resulta em um
EEG de ondas lentas. O EEG pode servir
como sinal indicar de isquemia cerebral,
especialmente se houver aparecimento ou
aumento de ondas delta onde antes havia
freqüências mais altas.
Para monitorar a profundidade
anestésica, o método mais indicado é o índice
bi-spectral (BIS), apesar de haver ainda
controvérsias em algumas situações quanto
ao seu uso, pois a profundidade da anestesia
envolve não só ausência de respostas a
estímulos nocivos, mas também ausência de
consciência e memória implícita. Os
potenciais evocados são respostas elétricas
do sistema nervoso a um estímulo sensorial
podem ser somatossesoriais (tato, dor,
auditivo e visual) ou motores. É preciso que
haja uma via condutora íntegra entre o local
da estimulação e o local do registro para se
obter uma resposta normal, assim eles são
indicados para verificar a integridade das
várias vias nervosas durante a cirurgia. Os
PSSP têm sido utilizados durante
procedimentos que trazem riscosde
paraplegia. O potencial auditivo é utilizado
nas cirurgias de fossa posterior e o visual
raramente é usado, a sua única indicação é na
cirurgia próxima ao quiasma óptico.
Nas cirurgias em que há necessidade do
mapeamento cerebral com paciente
acordado ou levemente sedado, os
potenciais evocados são bastante úteis, assim
como o EEG. Apesar das técnicas de
monitorização descritas acima já terem
algumas mais de vinte anos de uso em
centros mais desenvolvidos, ainda não
utilizamos boa parte delas no nosso meio.
Continuamos baseando a neuroanestesia em
dados como a PPC, PaCO2 e EtCO2, o que
nos ajuda a proporcionar um campo cirúrgico
adequado imaginando que o FSC, a
oxigenação e o metabolismo neuronal
também estejam adequados. Enfim, ainda
temos uma certa distância a percorrer até
atingirmos um nível mais avançado em
neuromonitorização.
BIBLIOGRAFIA:
N.Bruder,G.Boulard,P.Ravussin-EMC,control y
tratamiento de los pacientes con traumatismos
craneales.36-910-B-10
Kraus JF, Black MA et.al.The incidence of acute brain
injury and serious impairment in a defined
population.Am J. Epidemiol.1984;119:186-201
Clincal Anesthesia,Barash,5th edition.
Cruz J., Minoja G.et al:successful use of the new
high dose mannitol treatment in patients with
Glasgow coma scale scores of 3 and bilateral
abnormal pupillary widening:a randomized
tial.J.Neurosurg.100;376,2004.
Dr. Ricardo Almeida de Azevedo
Médico Anestesiologista
CRM – Ba 9.921
9
“Existe então a real necessidade de investir na educação
desde a graduação dos estudantes da área de saúde, para que
ocorram mudanças positivas na conduta profissional dos
mesmos, frente ao desafio de sanar a dor do próximo.”
Capa
Ensino Médico e Dor:
Novas Perspectivas
Desde a metade do século XX,
muito vem sendo estudado sobre dor
com o objetivo de elucidar aspectos
sobre este assunto. O ser humano
sempre teve a dor como uma das suas
grandes preocupações, e desde sua
existência procura esclarecer as razões
que justifiquem a ocorrência desta e os
procedimentos destinados à sua cura
ou ao seu controle, sendo para isso
submetido às mais incríveis experiências.
A partir da década de 50, a dor
passou a ser analisada de maneira
interdisciplinar e foi adotado o conceito biopsicossocial para sua ocorrência.
A partir da década de 90, a Medicina
10
paliativa começou a destacar-se.
Durante os últimos 30 anos, sociedades médicas relacionadas à dor foram
organizadas mundialmente e regionalmente incluindo a Associação
Internacional para o Estudo da Dor
(IASP) e a Sociedade Brasileira para o
estudo da Dor (SBED).
Em várias áreas da pós-graduação
o estudo da dor foi intensificado, em
especial na anestesiologia e neurologia, onde a dor passou a ser área de
atuação com grandes perspectivas de
mercado. Isso já significa um grande
avanço e maiores possibilidades para
os nossos doentes. Mas apesar dos
progressos, ainda há barreiras na
assistência ao doente com dor,
incluindo-se entre elas a inadequada
formação dos profissionais de saúde, a
insatisfatória fonte de informação e o não
reconhecimento pelos investigadores e
clínicos da diferença entre dor aguda e
crônica.
Muitos profissionais de saúde ignoram
os métodos e cuidados apropriados aos
doentes com dor. Grande parte dos
tratamentos é realizada empiricamente e
fundamentados no uso de analgésicos e
drogas adjuvantes administradas por vias
em doses e intervalos inapropriados. A
situação mais crítica é em relação ao
tratamento de doentes com dor crônica,
condição em que freqüentemente o
comportamento psíquico e físico torna-se
complexo e exige concorrência de profissionais da área de reabilitação física e mental
e a maioria das terapias disponíveis ainda é
absolutamente insatisfatória e, freqüentemente, associada à iatropatogenia. A
especialização nas áreas de saúde também
contribui para agravar os problemas, uma
vez que especialistas interpretam a dor
de modo fragmentário e utilizam
instrumentos pertinentes apenas à sua
especialidade.
Em vários países, trabalhos de
pesquisa estão sendo realizados com o
objetivo de comprovar a necessidade
da implantação de uma disciplina ou de
outros meios, que aborde o estudo da
dor de forma mais específica e objetiva
nos cursos da área de saúde, de forma
a interferir na conduta desses profissionais quando se depararem com
pacientes com queixa de dor aguda ou
crônica. Este sintoma, devido a sua
subjetividade, é, na maioria das vezes,
subestimado e não tratado de forma
adequada, apesar dos numerosos
recursos existentes atualmente.
A UESC (Universidade Estadual de
Santa Cruz), localizada no eixo
Itabuna-Ilhéus no interior do estado,
vem adotando o conceito pedagógico
do aprendizado baseado em problemas (Problem Based Learning-PBL). A
primeira turma de medicina formou-se
em janeiro deste ano, estando o curso
já reconhecido pelo MEC. Os alunos
do terceiro ano deste curso, através
do módulo de dor, têm contato inicial
com estes conhecimentos. Este
módulo tem duração de oito semanas,
sendo composto de 12 problemas, 08
palestras, aulas práticas e aulas de
habilidades com modelos e simuladores, através deste conjunto os alunos
estudam Etiologia, Fisiopatologia, Vias
Nervosas que conduzem e interpretam a dor, métodos diagnósticos e
tratamento farmacológico e nãofarmacológico de diversas síndromes
dolorosas, assim como o contexto
biopsicosocial envolvido neste assunto. No curso tradicional de ensino
médico, esta abordagem não é feita de
modo específico, o tema dor é
estudado ao longo dos anos associado
a outras disciplinas.
Esta experiência de fazer com que
o estudante precocemente se
importe com a queixa mais comum
dos pacientes em consultórios e
serviços de saúde, o torna capaz de
compreender as várias formas de
apresentação deste sintoma que,
quando crônico, passa a ser a própria
doença do indivíduo, aonde todo o
contexto social, emocional, psicológico e familiar vai sendo deturpado e
transformado, mudando as características do ser humano que muitas vezes
já não mais se reconhece.
Seria bom que estas mudanças
fossem feitas no currículo da graduação da área de saúde de modo geral,
para que nossos jovens, ainda com a
mente aberta a novas idéias e conceitos, pudessem compreender os
conflitos e anseios dos pacientes que
lutam para provar o que sentem, já
que isso muitas vezes não pode ser
visto pelo exame físico ou mesmo por
exames complementares. Evitando
que rótulos como “neuróticos” ou
portadores de distúrbios “neurovegetativos” continuem sobre a
cabeça destes coitados.
Existe então a real necessidade de
investir na educação desde a graduação dos estudantes da área de saúde,
para que ocorram mudanças positivas
na conduta profissional dos mesmos,
frente ao desafio de sanar a dor do
próximo. Haja vista, o grau de importância para os profissionais de saúde
destas informações, no ano 2000, a
JCAHO (Joint Comission on
Accreditation on Healtcare
Organizations) publicou a norma para
atendimento dos pacientes com dor e
instituiu o conceito de avaliação
regular da dor – o 5º sinal vital – por
todo o corpo clínico.
Só através da educação continuada é possível mudar conceitos e criar
novos paradigmas para acreditar na
dor do outro como se nossa fosse e
fazer o possível para tratá-la e ou evitála. Como resultado espera-se contribuir com a qualificação dos estudantes
de Medicina, levando a conscientização dos meios acadêmicos da necessidade do aperfeiçoamento do estudo
da dor, no curso de graduação, de
forma a interferir na interpretação e
conduta de futuros profissionais
médicos no manejo da dor.
Dra. Nina Rosa Nunes Brandão
Médica Anestesiologista
especialista em Dor
Profª da Universidade
Estadual de Santa Cruz
CRM – Ba 11.180
11
Informe
A festa de confraternização de final de ano dos nossos
funcionários, realizada em 15 de dezembro do ano passado,
contagiou toda a família de colaboradores da COOPANESTBa, contando com a presença de todos os serviços de
anestesia. Sabemos que esse foi um ano difícil, que exigiu
muita concentração e empenho tanto por parte dos
funcionários da COOPANEST-Ba como dos funcionários
dos vários serviços de anestesia, mas o esforço coletivo
beneficiou o fortalecimento do companheirismo.
Durante as comemorações de Natal, reinou um clima de
alegria e desconcentração, favorecendo o estreitamento das
relações de amizade entre as pessoas.
Aproveitamos para agradecer a todos presentes e aos
serviços de anestesia que muito contribuem para o êxito da
festa doando brindes para sorteios entre os funcionários dos
serviços presentes a confraternização.
A COOPANEST-BA por meio da sua
diretoria vem mantendo reuniões
freqüentes com os convênios no sentido de
ajustar as suas rotinas administrativas com as
dos diversos convênios evitando, desta
forma, as glosas administrativas e os atrasos
nos recebimentos dos Atos Cooperativos
prestados por nossos cooperados. Durante
o ano de 2006, foram realizadas algumas
reuniões com PETROBRÁS, BRADESCO,
SUL AMÉRICA, CASSI e PLANSERV para
minimizar estas glosas.
A Diretoria também está à parte de todas
as questões jurídicas da cooperativa em
Brasília, a fim de acompanhar essas
demandas no Tribunal Federal. Outra
preocupação é questão tributaria e contábil.
Com relação a essas matérias a
COOPANEST-Ba tem sempre participado
dos encontros promovidos pela
FEBRACAN, através de treinamentos com o
funcionário e o contador, para que os mesmos
fiquem atualizados e em sintonia com as
mudanças tributárias que ocorrem quase que
diariamente. Com relação à contabilidade, as
COOPANEST´S têm buscado nesses
encontros uma padronização contábil e de
sistemas de informática.
O conselho de administração também
preocupado com a administração da
cooperativa resolveu investir em um Sistema
de Gestão (ver reportagem especifica). Com
o novo sistema de informática em
desenvolvimento todos os processos da
cooperativa passam a ser cem por cento
controlados, dando uma maior agilidade na
parte administrativa, financeira, contábil e no
controle de boletins (faturamento e
pagamento aos cooperados). Isso resultará
numa melhor informação e transferência para
os cooperados.
Novo sistema garante maior
acessibilidade aos cooperados
A COOPANEST-Ba, mais uma vez, larga frente no controle de
seus processos e atendimento aos seus cooperados. Em estágio
avançado de desenvolvimento utilizando a tecnologia DOT.NET, da
Microsoft, o seu novo sistema de Gestão vai permitir uma maior
acessibilidade a todos os seus usuários, tais como acompanhamento
dos seus boletins e procedimentos, além de consulta a adiantamentos
e a informações de folha de pagamento e informes de rendimentos. O
próprio médico poderá consultar suas informações com segurança e
rapidez, de onde quer que esteja.
Mais do que um sistema de controle de Atos Cooperativos, a
solução disponibilizará total integração com sistemas de operadoras de
planos de saúde, como de clínicas, grupos de cooperados, dentro do
modelo de Troca de Informações de Saúde Suplementar (TISS)
definido pela Agência Nacional de Saúde – ANS.
A Diretoria
12
13
A espera e a loucura
Edvard Munch, O Grito (1893)
Para Martinha
Todos achamos que ele havia
enlouquecido de uma vez. Embrutecera.
Dormia e acordava de cara fechada pra
todo mundo e parecia só ficar satisfeito se
ninguém o molestasse.
Não podia ouvir um ruído, uma
conversa dentro de casa, um assobio
sequer que logo começava seu resmungo
mau-humorado. E cravava um olhar indócil
na gente enquanto rezingava, e abria as
ventas pra respirar até a gente calar a boca.
Dava medo!
Nem de prosear com a vizinhança já
não queria saber, nem com os compadres
mais chegados. Quando apareciam,
mandava dizer que estava dormindo ou
com dor de cabeça. Era uma rudeza que só
vendo!
Comentavam nas redondezas que a
doença-ruim estava comendo seus miolos.
Sem nenhuma explicação, trancafiou as
portas e as janelas da frente e proibiu
perambulação. Quem quisesse entrar ou
sair da casa, que fosse pelos fundos, pela
cozinha, quem quer que fosse. Que se
lixassem!
Os netos, coitados, foram proibidos de
jogar bola na varanda ou dentro de casa. Se
quisessem, teriam de ir pro quintal e
disputar espaço com as galinhas e seus
pintinhos. E não teve conversa não. Se se
excediam na correria ou nas gargalhadas
logo eram amasiados com beliscões e
puxões de orelha. Era uma choradeira só, e
quanto mais berravam, mais irado ele ficava
14
e beliscava ainda mais forte. Era uma
doideira!
Comigo era uma coisa séria, se eu
deixasse cair apenas uma colher tinha de
ouvir muita bronca, e ele ficava tão bravo
que chegava a perder o apetite. Passei a
tomar mais cuidado, principalmente na
hora de lavar os pratos ou colocar os
talheres na mesa. Não queria vê-lo
enraivecido. Eu estava proibida de usar
liquidificador, panela de pressão, ou
qualquer outra coisa que fizesse barulho.
Até pra amaciar bife eu tinha de ir bater com
o martelo no quintal. Nem meu rádio eu
podia mais ouvir, nem se fosse baixinho,
que ele virava o cão!
Também não deixava mais eu varrer a
sala nem a varanda, que já estavam em
tempo de fazer vergonha. Em seu quarto
eu só podia entrar para arrumar a cama e
mais nada. Cada dia me vinha com uma
desculpa diferente pra me ver longe de lá.
A televisão ficou muda, pra assistir
minha novela eu tinha de aprender a ler a
boca dos artistas. Também desligou o
telefone, dizia não estar a fim de conversa
fiada.
É certo que ele nunca fora um amor de
pessoa, mas estava diferente. Via-se que
não era mais o mesmo. Passava os dias
arrastando os chinelos, tranqüilo... Ia do
quarto pra sala, da sala pro quarto. Só às
vezes aparecia na cozinha. E quase não
ouvíamos mais a sua voz. Só se manifestava
quando ouvia zoada, qualquer barulhinho
que fosse tirava-o do sério. Mal podíamos
abrir a boca que logo vinha com o dedo
esticado pedindo silêncio.
E, com freqüência, eu o via espiando
através das venezianas das portas e das
janelas que davam para frente da casa. Ia,
ficava de ponta de pé, entortava o
pescoço, mudava de ripa, olhava por um
tempo, escolhia outra, olhava, depois
voltava pra seu quarto, que também dava
pro lado da entrada. Até de noite ele
inventava de bisbilhotar pelas frestas.
Parecia um vigia!
Às vezes, encostava o ouvido na janela
e ficava ouvindo o vento. Coisa de doido
mesmo! Quando via que eu o observava,
disfarçava e procurava outra coisa pra
fazer. Vivia trancado em casa e exigindo
silêncio o tempo todo, parecia até estar se
escondendo. Contudo, não aparentava
medo, muito pelo contrário, era tranqüilo,
chegava a ser leso.
Outra coisa que o tirava do sério era
ver alguém perto da varanda. Certa feita,
pôs pra correr a Ritinha mais o namorado,
que acharam de se escorar na mureta pra
ficar de conversero. O homem virou uma
arara!
Pior foi o que ele fez com o gato.
Desde que eu vivo nesta casa que aqui tem
gato. E já foram muitos... Brancos, pretos,
malhados, cinzas, até angorá já teve! Mas,
de repente, o homem tomou pavor.
Botou o Bola numa caixa e tratou de
despejá-lo no matagal lá de trás do morro.
Nunca mais apareceu, nem tivemos
notícia. E quando aparecia qualquer
bichano nas redondezas, logo tratava de
expulsar com um balde de água gelada no
lombo. Vez por outra, ouvíamos um
miado assustado correndo em disparada
pelo telhado.
Noutro dia, foi cedo pra feira e voltou
cheio de vasos com flores, de todos os
tipos, e... Em vez de colocá-los dentro de
casa, não... Deixou-os na varanda, no lugar
onde ninguém podia ir, e ordenou que
ninguém mexesse, ele mesmo molharia.
Nunca que o vi comprar flor, sua
mulher morreu sem nunca ter ganhado
uma pétala se quer! Alegou que era para
homenagear a primavera, só que
estávamos em dezembro. E quando
murchavam, mandava, rapidinho comprar
mais. Ninguém entendia!
Além de tudo, sem mais nem menos,
apareceu com veneno de matar rato, mas
fazia tempo que não se via nenhum calunga
por aqui. Também não queria conversa
com os cachorros, que agora ficavam na
coleira o dia inteirinho.
De tudo, o que me deixava mais
aperreada, era o fato dele ficar bisolhando a
varanda pelas venezianas. Podia ser de dia,
de noite, de madrugada... Qualquer hora.
Dava uma olhadela e depois recuava...
Sempre mudo.
Até que um dia, resolvi chegar lá.
Aproveitei o seu sono, e também o
primeiro clarão de sol, que nem tinha
nascido ainda direito, e rodiei por fora.
Pulei a mureta da varanda e andei bem
devagar pra que não acordasse - a janela
do seu quarto ficava bem ali.
Encontrei muita sujeira no chão. Tudo
emporcalhado! Lá estavam os vasos com
flores, todas bonitas, cheirosas, de diversas
cores e tamanhos. Algumas até de longe
que ele mandava trazer.
Não demorou e avistei uma coisa,
bem no canto, num dos galhos do
jasmineiro. Vi um ninho bem pequeno.
Nele estava um filhotinho de beija-flor. O
pai e a mãe davam comida pra ele voando
ao seu redor. Batiam as asas rápido que
nem dava pra vê-las. E ele arreganhava o
bico, piava e sacudia as asas. Parecia uma
criança comendo doce!
Eu tomei um susto. Nunca que tinha
visto ninho de beija-flor, e logo ali, quase
dentro de casa. Uma lindeza! Fiquei
paralisada, só olhando. Me deu vontade
até de chorar! Eram tão felizes!
Quando o sol esquentou, tratei de
voltar, bem quietinha. Fui para cozinha e
preparei o café fazendo o mínimo de
barulho possível. Não conseguia tirar
aqueles anjinhos da cabeça! Era a natureza!
Quando ele acordou, disfarcei e não
toquei no assunto. Pelo tempo em que
estava estranho, calculei que deveria estar
acompanhando os passarinhos desde a
espera, quando o pequeno era ovo.
Acho que depois desconfiou de
mim, porque não mais precisou ralhar
comigo por causa de zoadeira, eu fazia
tudo com o maior cuidado pra não
espantar os bichinhos. Entendi sua
loucura.Logo que os três bateram asas e
partiram voando, ele voltou ao normal.
Dr. Alexandre Figueiredo
Médico Anestesiologista
CRM – Ba 13.503
TESOURARIA - ANUIDADES SAEB 2007
VALOR NORMAL
Até 30-ABR
Até 31-MAI
Até 30-JUN
ATV/TSA/ADJ
R$ 408,00
R$ 418,00
R$ 428,00
C/ DESCONTO
ATV/TSA/ADJ
R$ 350,00
R$ 360,00
R$ 370,00
VALOR NORMAL
ASP
R$ 204,00
R$ 209,00
R$ 214,00
C/ DESCONTO
ASP
R$ 175,00
R$ 180,00
R$ 185,00
Valor da anuidade com desconto autorizado pela diretoria da SAEB
De acordo com o Estatuto da SAEB o membro que deixar de quitar a anuidade até 30 de
junho do corrente ano será desligado automaticamente.
Para ser readmitido, o interessado pagará o valor da anuidade da categoria acrescido da taxa de
readmissão.
A taxa de readmissão tem valores distintos:
PARA MEMBROS ATV/TSA/ADJ
Aqueles que quitaram a anuidade em 2006 e não quitarem a anuidade de 2007 até 30 de junho
devem pagar a taxa de readmissão (R$ 20,00) acrescida da anuidade vigente para a sua categoria
R$ 370,00, (sem desconto por pagamento antecipado) totalizando: R$ 370,00 + 20,00 = R$
390,00
PARA MEMBROS ASPIRANTES
Aqueles que quitaram a anuidade em 2006 e não quitarem a anuidade de 2007 até 30 de
junho devem pagar a taxa de readmissão (R$ 10,00) acrescida da anuidade vigente para a sua
categoria sem desconto por pagamento antecipado (R$ 185,00) totalizando: R$ 185,00 +
10,00= R$ 195,00
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Clínica de Anestesia de Salvador
comemora 40 anos
CAS - Clínica de Anestesia de Salvador Ltda.
16
O jantar de confraternização em
comemoração aos 40 anos da CAS Clinica de Anestesia de Salvador, no dia
3 de fevereiro, reuniu todos os sócios,
alguns fundadores e convidados, no
Cerimonial São José. Durante o evento,
o presidente da Dr. Djalma Neves Costa
fez um breve histórico e atuação da
clínica na capital baiana, nessas quatro
décadas.
Fundada em setembro de 1966, a
Clínica de Anestesia Salvador surgiu da
união de dois serviços de anestesiologia
que atuavam em diferentes hospitais de
Salvador. Devido à necessidade de
aprimorar e dinamizar o atendimento, dois
anestesiologistas de cada grupo, Dr. Djalma
Costa e Dr. Afrânio Torres, de um lado e Dr.
Carlos Reis e Dr. Thomaz Almeida do outro,
foram indicados para iniciar as negociações
que resultaram num grupo maior e mais
organizado. Meses depois, foi criada a CAS Clinica de Anestesia de Salvador Ltda que,
atualmente, possui 65 anestesiologistas e está
presente em seis hospitais e três clínicas.
Parabéns a CAS!!!
Cinthya Brandão
Jornalista – DRT 2397

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