Verificação de Eletrodos de Referência em Relação a

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Verificação de Eletrodos de Referência em Relação a
Sair
6ª Conferência sobre
Tecnologia de Equipamentos
VERIFICAÇÃO DE ELETRODOS DE REFERÊNCIA EM RELAÇÃO
A UM PADRÃO DE Ag/AgCl
Telma Regina Salgado Villela
Alexandre Magno de Souza
Hosam Abdel-Rehim
Laboratório de Medidas Elétricas – LAMEL
INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA – INT
6°° COTEQ Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos
22°° CONBRASCORR – Congresso Brasileiro de Corrosão
Salvador - Bahia
19 a 21 de agosto de 2002
As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do (s) autor(es) .
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Tecnologia de Equipamentos
SINÓPSE
Atualmente está cada vez maior a necessidade de se conhecer a confiabilidade
metrológica do valor da medida efetuada. Nos estudos de corrosão isto se aplica, por
exemplo, no estabelecimento da confiabilidade na determinação do potencial de
corrosão para fins de proteção em água do mar. Para tanto, se faz necessário
estabelecer o erro dos eletrodos de referência usualmente utilizados, comparando-os
com eletrodos padrão. No presente trabalho são apresentados os resultados da
avaliação da qualidade de eletrodos de referência comerciais. O estudo foi
conduzido com a determinação do potencial de eletrodo em relação a um padrão de
Ag/AgCl construído com a necessária confiabilidade metrológica e com a
determinação do coeficiente isotérmico de temperatura. Foram avaliados eletrodos de
Zn, Ag/AgCl, e Hg/Hg2Cl2 novos e após utilização, tanto em laboratório como no
campo. Alguns eletrodos apresentaram desvios significativos em relação aos valores
de potencial disponíveis na literatura e aos valores teóricos calculados pela equação
de Nernst. A determinação do coeficiente isotérmico de temperatura foi decisivo na
definição dos eletrodos impróprio s para medidas eletroquímicas.
Palavras-Chave: eletrodos de referência, eletrodo padrão, Ag/AgCl, Zn, Hg/Hg2 Cl2
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1 – INTRODUÇÃO
Uma das formas mais usuais de avaliar a corrosão de uma estrutura em campo ou de
uma liga metálica em laboratório é a determinação do potencial do metal em relação
a um eletrodo de referência com auxílio de um voltímetro. Este tipo de medida é
muito importante na avaliação de sistemas de proteção catódica. A escolha do
eletrodo de referência varia em função das características do ambiente em contato
com a estrutura. Os eletrodos de Cu/CuSO4 são usados principalmente para a
medição de potenciais no solo e em água doce. Os eletrodos de Ag/AgCl são
específicos para água salgada. O eletrodo de zinco se presta tanto para a medição de
potencial em água salgada como no solo. Os eletrodos de Hg/Hg2 Cl2 são utilizados
predominantemente em laboratório para meios contendo íons cloreto. Cada eletrodo
de referência tem um valor típico para o seu próprio potencial em relação aos demais
ele trodos.
A determinação do potencial da estrutura metálica é muito importante na avaliação
de sistemas de proteção catódica. Um dos métodos de proteger catodicamente uma
estrutura é mantê- la a – 850 mV em relação ao eletrodo de Cu/CuSO4 saturado, o que
corresponde a – 800 mV para o eletrodo de Ag/AgCl, - 770 mV para o de Hg/Hg2 Cl2
saturado e + 250 mV para o de zinco.
Quando algum problema na aparelhagem ou no eletrodo de referência faça com que a
estrutura seja submetida a um potencial superior ao estabelecido a proteção não será
efetiva levando à corrosão. Ao contrário se o potencial estiver inferior ao previsto
poderão ocorrer problemas associados à evolução de hidrogênio, ou seja fragilização
do aço ou empolamento do revestimento, que poderão levar ao agravamento da
corrosão com conseqüente perfuração e falência da estrutura.
A norma NACE TM0497-97 (1) chama a atenção sobre uma série de cuidados a
serem seguidos com a seleção e uso da aparelhagem para a determinação do
potencial de tubulações enterradas ou submersas e sobre os possíveis erros de
medida ocasionados pelos equipamentos e pelo estado de conservação e
posicionamento dos eletrodos de referência. Entretanto, não discute a qualidade da
construção do eletrodo de referência, orientando apena s que o usuário utilize as
recomendações do fabricante.
O objetivo do presente trabalho foi o de verificar a qualidade dos eletrodos
rotineiramente empregados em campo e em laboratório comparando-os com
eletrodos padrão construídos com elevada confiabilidade metrológica. A qualidade
deste eletrodos foi avaliada pela determinação do potencial de eletrodo em relação ao
padrão e do coeficiente isotérmico de temperatura. Todas as medidas foram
realizadas em ambiente controlado e utilizando equipamentos/instrumentos de
medição calibrados de forma a estabelecer a incerteza de medição. Vários eletrodos
apresentaram erros (desvios) em relação aos valores teóricos e/ou publicados na
literatura superiores ao valor de 2 mV admitido na norma NACE TM 0497-97 (1).
Através da determinação dos coeficientes de temperatura - térmico e isotérmico – foi
possível identificar os eletrodos que apresentavam defeitos de fabricação. Valores
negativos do coeficiente térmico indicaram que alguns eletrodos estavam se
comportando como eletrodos do primeiro tipo, isto é como um metal puro e não
como um metal recapeado pelo cloreto metálico em contato a solução de cloreto.
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2 – IDENTIFICAÇÃO DOS ELETRODOS E METODOLOGIA
A codificação, definição do tipo e descrição do estado de conservação dos eletrodos
ensaiados é relatado nas tabelas 1 e 2. Cada eletrodo foi identificado pela numeração
seqüencial do laboratório.
Como os eletrodos de Ag/AgCl 005/02, 006/02 e 007/02 estavam secos e sem cristais
internos, foram recuperados procedendo-se a limpeza com água deionizada,
decapagem com HCl e preenchimento com solução de KCl 3M preparada no
laboratório.
Os eletrodos de Hg/Hg2Cl2 016/02 a 023/02 foram recuperados após a primeira série
de ensaios. Tendo-se drenado a solução interna que não apresentava cristais de KCl,
efetuado duas lavagens com água deionizada, seguido de outras duas com solução de
KCl 3M. Finalmente os eletrodos foram preenchidos com solução de KCl 3M e
permaneceram em repouso por 24 horas.
A determinação do potencial de eletrodo dos eletrodos de Ag/AgCl, Hg/Hg2Cl2 e Zn
foi efetuada em relação ao eletrodo de referência LAMEL “C”, padrão de Ag/AgCl,
em solução de KCl 3,5% a 20o C. A temperatura ambiente foi mantida em 25 o C.
Na determinação do coeficiente isotérmico de temperatura dos eletrodos de Ag/AgCl
e Hg/Hg2Cl2 foi utilizado como referência o eletrodo padrão de Ag/AgCl - LAMEL
“C” mantido a 20 oC. A temperatura ambiente foi mantida em 25 o C. O intervalo de
temperatura empregado nesta determinação foi de 10 oC a 30 o C, mantendo-se os
eletrodos comerciais de parcialmente imersos em solução de KCl 3,5%.
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 – Determinação do potencial de eletrodo
Os resultados são apresentados com os valores de potencial convertidos para a escala
do eletrodo padrão de hidrogênio nas tabelas a seguir, onde:
Valor lido – valor médio do potencial de eletrodo;
Incerteza – incerteza para o intervalo de confiança de 95%;
Erro - desvios verificados em relação à valores pré-estabelecidos:
O valor do potencial do eletrodos de Ag/AgCl/KCl 3M 001/02, 002/02, 005/02,
006/02 e 007/02 008/02 são apresentados na tabela 3. Para este tipo de eletrodo:
→ A primeira coluna erro se refere ao desvio em relação ao valor teórico de
potencial calculado a partir da equação de Nernst
E = Eo – (RT/nF) . ln (M. γ)KCl 3M [1]
onde:
Eo = 0,22555 V; R =8,314 j.K-1 .mol-1; T = 298 K; n =1; F=96.500 coulomb/eqv;
M = 3 g.mol.l-1 ; γ = 0,580.
→ A segunda coluna erro se refere ao desvio relativo ao valor de potencial
publicado pela U.S. Geologycal Survey (2).
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Tabela 1 – Codificação e estado de conservação dos eletrodos comerciais para
uso em laboratório
Estado de conservação dos
eletrodos
Código
Tipo
001/02
Ag/AgCl KCl 3M Fab. A
Novo
002/02
Ag/AgCl KCl 3M Fab. B
Novo
005/02
006/02
Ag/AgCl KCl 3M Fab. A
Ag/AgCl KCl 3M Fab. A
Usado. Sem solução interna.
Usado. Sem solução interna.
007/02
026/02
Ag/AgCl KCl 3M
Ag/AgCl KCl 3M Fab. A
Usado. Sem solução interna.
Novo
027/02
003/02
Ag/AgCl KCl 3M Fab. A
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. A
Novo
Novo
004/02
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. B Novo
Usado, solução interna cobrindo
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. C
a extremidade da ponte salina.
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. C Usado, solução interna cobrindo
a extremidade da ponte salina.
Usado, solução interna cobrindo
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. A
a extremidade da ponte salina.
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. A Usado, solução interna cobrindo
a extremidade da ponte salina.
Usado, solução interna cobrindo
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. A
a extremidade da ponte salina.
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. D Usado, solução interna cobrindo
a extremidade da ponte salina.
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. D Usado, solução interna cobrindo
a extremidade da ponte salina.
Usado, solução interna cobrindo
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M Fab. D
a extremidade da ponte salina.
016/02
017/02
018/02
019/02
020/02
021/02
022/02
023/02
Tabela 2 - Codificação e estado de conservação dos eletrodos comerciais para
uso em campo
Código
Tipo
008/02
Ag/AgCl
009/02
Zn
Aspecto visual do eletrodo
Usado, eletrodo com corpo externo de polímero,
possuindo o corpo interno revestido de lã de vidro,
com cabo de conexão de 46,6 m de comprimento.
Guardado a seco.
Usado, eletrodo de zinco de ≈ 12 cm x 3 cm diâmetro,
com cabo de 98,2 metros.
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Tabela 3 – Valor do potencial dos eletrodos de Ag/AgCl/KCl 3M
Eletrodo
Valor lido
(mVPt/H2 )
Incerteza
(mVPt/H2)
001/02
002/02
005/02
006/02
007/02
026/02
027/02
202,6173
205,4213
206,8923
206,5033
207,4666
207,0745
206,2504
± 0,28
± 0,18
± 0,081
± 0,045
± 0,027
± 0,086
± 0,14
Erro
(mVPt/H2)
eq. de Nernst
211,3441 mV
8,7268
5,9228
4,4518
4,8408
3,8775
4,2696
5,0937
Erro
(mVPt/H2)
USGS
213 mV
10,3827
7,5787
6,1077
6,4967
5,5334
5,9255
6,7496
O eletrodo 001/02 foi o que apresentou maior erro, cerca de cinco vezes o admitido
pela norma NACE TM 0497-97 (1). Os resultados obtidos para os eletrodos de
Ag/AgCl para uso em laboratório indicaram que as medidas eletroquímicas
realizadas com estes eletrodos devem ser corrigidas, cabendo ao usuário do eletrodo
decidir ser os erros encontrados são compatíveis com as exigências do ensaio em
curso no laboratório. Estes eletrodos especificados como Ag/AgCl KCl 3M
apresentaram valores de potenciais próximos ao de um eletrodo em equilíbrio com
solução 3,5 M ou saturada em cloreto de potássio, ou seja, respectivamente 208 mV e
204 mV (2). A decisão sobre o uso deste eletrodos, especialmente do 001/02, deve
levar em consideração o resultado do coeficiente isotérmico de temperatura.
O valor do potencial do eletrodo de Ag/AgCl 008/02 é apresentado na tabela 4. Cabe
ressaltar que este potencial só foi atingido depois que o eletrodo entrou em equilíbrio
com a solução de KCl 3,5%, cerca de 24 horas após a imersão na solução de medida.
As leituras iniciais indicaram um comportamento semelhante ao do eletrodo de prata,
levando a supor que o cloreto de prata havia sido consumido nas medidas em campo.
Desta forma, recomenda-se que o eletrodo de Ag/AgCl seja guardado imerso em
solução de KCL 3,5%.
No caso do eletrodo de Ag/AgCl a coluna erro se refere ao desvio em relação ao
valor teórico de potencial calculado a partir da equação de Nernst, sendo M = 0,469
g.mol.l-1 e γ = 0,654. O erro encontrado foi relativamente baixo, indicando que
tomando o cuidado relatado no parágrafo anterior este eletrodo pode ser utilizado
para medidas de potencial em campo.
Tabela 4 – Valor do potencial dos eletrodos de Ag/AgCl/KCl 3,5% e Zn
Eletrodo
Valor lido
(mVPt/H2 )
Incerteza
(mVPt/H2)
Ag/AgCl 008/02
Zn
009/02
253,5553
812,00016
± 0,17
± 1,8
Erro
(mVPt/H2)
eq. Nernst 255,8584
mV
2,3031
--------
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O valor do potencial do eletrodo de Zn na faixa de – 812 mV (tabela 4) está coerente
com os valores determinados por outros pesquisadores (3). Cabe ressaltar que o
eletrodo de Zn apresentou resultados inconsis tentes nas primeiras medidas, chegando
a diferenças de potencial superiores a 1V. Medidas consistentes foram obtidas após
lixamento com bucha áspera, lavagem com água deionizada, secagem e imersão na
solução de medida. Este procedimento de limpeza para remoção do gel de
óxido/hidróxido de zinco da superfície do eletrodo deve ser repetido a cada 60
minutos de utilização contínua.
O valor do potencial do eletrodos de Hg/Hg2 Cl2 /KCl 3M 003/02, 004/02 e 016/02 a
0023/02 são apresentados na tabela 5. A primeira coluna erro se refere ao desvio em
relação ao valor teórico de potencial calculado a partir da equação de Nernst. A
segunda coluna erro se refere ao desvio relativo ao valor de potencial publicado pela
U.S. Geologycal Survey (2).
Os resultados da determinação do potencial de eletrodo indicaram que apenas os
eletrodos 004/02, 016/02 e 017/02 apresentaram erros relativamente baixos. Os
eletrodos 003/02 e 023/02 apresentam erros elevados. A decisão sobre a utilização ou
não dos demais eletrodos em medidas eletroquímicas deverá levar em consideração o
resultado da medida do coeficiente térmico de temperatura. Em todos os casos o
usuário deverá efetuar a correção do valor medido.
Alguns destes eletrodos foram recuperados substituindo-se a solução de KCl 3M por
uma solução saturada, com presença de cristais no interior do eletrodo. Os resultados
obtidos na medida do potencial de eletrodo são apresentados na tabela 6.
Os erros verificados nestas novas medidas decresceram consideravelmente, devendose, entretanto, avaliar o resultado da determinação do coeficiente isotérmico de
temperatura .
Tabela 5 – Valor do potencial dos eletrodos de Hg/Hg2 Cl2 /KCl 3M
Eletrodo
Valor lido
(mV Pt/H2 )
Incerteza
(mV Pt/H2)
003/02
004/02
016/02
017/02
018/02
019/02
020/02
021/02
022/02
023/02
245,7492
254,7349
254,5838
254,3621
248,7239
250,3533
249,6458
249,9040
250,1619
234,3409
± 0,055
± 0,079
± 0,021
± 0,041
± 0,042
± 0,036
± 0,18
± 0,050
± 0,095
± 0,21
Erro
(mV Pt/H2)
eq. de Nernst
254 mV
8,2508
- 0,7349
- 0,5838
- 0,3621
5,2761
3,6467
4,3542
4,0960
3,8381
19,6591
Erro
(mV Pt/H2)
USGS
257 mV
11,2508
2,7651
2,4162
2,6379
8,2761
6,6467
7,3542
7,0960
6,8381
22,6591
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Tabela 6 – Valor do potencial dos eletrodos de Hg/Hg2 Cl2 /KCl sat
Eletrodo
Valor lido (mVPt/H2)
µ (mV Pt/H2)
Erro (mVPt/H2)
016/02
247,5458
017/02
019/02
022/02
247,6917 246,4993 246,0870
± 0,030
± 0,043
± 0,022
± 0,041
- 3,2958
- 3,4417
- 2,2493
- 1,8370
- 2,7758
0,1542
- 2,9217
0,0083
- 1,7293
1,2007
- 1,3170
1,6130
Erro (mVPt/H2) Puorbaix 245,25mV - 2,2958
0,4542
Erro (mVPt/H2) USGS 248 mV
- 2,4417
0,3083
- 1,2493
1,5007
- 0,8370
1,9130
ASTMG3/89 244,25 mV
Erro (mVPt/H2) Gentil 244,77 mV
Erro (mVPt/H2 ) Vogel 247,70 mV
3.2 – Determinação do coeficiente isotérmico de temperatura
Existem dois tipos de coeficientes de temperatura para as reações eletroquímicas:
térmico e isotérmico. O coeficiente isotérmico está relacionado com a entropia da
reação total incluindo a meia célula de referência:
(dE/dT)iso = ∆S/nF [2]
onde :
(dE/dT)iso = coeficiente isotérmico de temperatura do potencial de eletrodo;
T = temperatura absoluta; ∆S = variação de entropia da reação total da célula;
n = número de eletrons envolvidos na reação e F = número de Coulomb.
Logo, um aumento no potencial de eletrodo devido a elevação da temperatura resulta
em um coeficiente de temperatura positivo e significa um aumento da entropia da
reação total.
O coeficiente térmico de temperatura é definido por uma meia célula metal-íon
metálico na temperatura de teste conectado a uma meia célula idêntica na
temperatura de referência. Estas células são afetadas pelo efeito da difusão térmica
(efeito Soret) e não são verdadeiramente reversíveis. Em geral, se a difusão térmica
é evitada, o coeficiente térmico de temperatura está relacionado ao coeficiente
isotérmico de temperatura através de um valor constante que representa a variação de
entropia do eletrodo de referência:
(dE/dT)iso = (dE/dT)term – 0,871 [3]
onde: (dE/dT)term = coeficiente térmico de temp eratura do potencial de eletrodo. Os
coeficientes de temperatura são expressos em mV/o C.
Não foi determinado o coeficiente isotérmico de temperatura do eletrodo de Zn
devido à formação de um gel de óxido/hidróxido de zinco em ensaios de longa
duração. Os coeficientes térmicos e isotérmicos de temperatura medidos para os
eletrodos de Ag/AgCl e Hg/Hg2Cl2 são apresentados nas tabelas 7 a 10.
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De acordo com a norma ASTM G3/89 (4) o valor do coeficiente térmico de
temperatura de eletrodos de Ag/AgCl KCl 3M de ve estar na faixa de 0,22 mV/ oC a
0,25 mV/ o C. Aplicando a equação 3 o coeficiente isotérmico de temperatura deve
estar no intervalo de –0,62 mV/o C a –0,65 mV/o C. Nenhum dos eletrodos comerciais
ensaiados apresentou valores nesta faixa. Os valores do coe ficientes térmicos dos
eletrodos de Ag/AgCl 001/02, 026/02 e 027/02 foram negativos indicando um
comportamento de eletrodo do primeiro tipo, isto é como um metal puro e não como
um metal recapeado pelo cloreto metálico em contato a solução de cloreto. Tal
defeito, seja de fabricação ou uso prolongado esgotando sua capacidade, impede que
estes eletrodos sejam utilizados em medidas eletroquímicas. Os demais eletrodos
deste conjunto também não foram bem capeados durante o processo de fabricação
uma vez que os valores do coeficiente térmico de temperatura foram bem inferiores
ao indicado pela norma ASTM G3-89 (4).
O coeficiente térmico de temperatura do eletrodo comercial de Ag/AgCl seco
ensaiado em solução de KCl 3,5% apresentou valor próximo ao esperado indicando
que este eletrodo pode ser utilizado nas medidas de potencial em campo.
Os valores dos coeficientes térmicos de temperatura dos eletrodos comerciais de
Hg/Hg2 Cl2 KCl 3M 004/02, 021/02 e 023/02 foram negativos (tabela 9) indicando
não terem sido bem fabricados. Da mesma forma, o valor muito baixo encontrado no
ensaio com o eletrodo 020/02 indica que o contato Hg/Hg2Cl2 foi danificado durante
o processo de fabricação pelo uso de mercúrio impuro ou com a superfície
contaminada.
Os ensaios efetuados preenchendo os eletrodos comerciais de calomelano com
solução saturada de KCl apresentaram coeficientes térmicos de temperatura positivos
(tabela 10), porém não chegaram a atingir os valores estabelecidos na norma ASTM
G3/89 (4), ou seja 0,22 mV/ o C.
Tabe la 7 – Coeficientes de temperatura dos eletrodos de Ag/AgCl/KCl 3M
Eletrodo
001/02
002/02
005/02
006/02
007/02
026/02
027/02
Coeficiente Térmico
de Temperatura
(mV/oC)
- 0,0209
0,0415
0,0394
0,0619
0,1057
- 0,0641
- 0,0727
Coeficiente Isotérmico
de Temperatura
(mV/o C)
- 0,8919
- 0,8295
-0,8316
- 0,8088
- 0,7653
- 0,9351
- 0,7967
Tabela 8 – Coeficientes de temperatura do eletrodo de Ag/AgCl/KCl 3,5%
Eletrodo
008/02
Coeficiente Térmico
de Temperatura
(mV/ oC)
0,3415 ±
Coeficiente Isotérmico
de Temperatura
(mV/ oC)
- 0,5295
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Tabela 9 – Coeficientes de temperatura dos eletrodos de Hg/Hg 2 Cl2 /KCl 3M
Eletrodo
003/02
004/02
016/02
017/02
018/02
019/02
020/02
021/02
022/02
023/02
Coeficiente Térmico
de Temperatura
(mV/oC)
0,1942
- 0,0141
0,3154
0,3495
0,3105
0,3327
0,0490
- 0,0850
0,1911
- 0,0744
Coeficiente Isotérmico
de Temperatura
(mV/o C)
- 0,6768
- 0,8851
- 0,5556
- 0,5215
- 0,5605
- 0,5383
- 0,8220
- 0,9560
- 0,6799
- 0,9454
Tabela 10 – Coeficientes de temperatura dos eletrodos de Hg/Hg 2 Cl2/KCl sat
Eletrodo
016/02
017/02
019/02
022/02
Coeficiente Térmico
de Temperatura
(mV/oC)
0,3897
0,3513
0,1014
0,1129
Coeficiente Isotérmico
de Temperatura
(mV/o C)
- 0,4813
- 0,5197
- 0,7696
- 0,7581
4 - CONCLUSÕES
Eletrodo de Zn: o óxido/hidróxido de zinco deve ser sempre removido da superfície
do eletrodo antes das medidas de potencial. O eletrodo de Zn não deve permanecer
imerso no eletrólito de medida por período superior a 60 minutos.
Eletrodo de Ag/AgCl para uso em campo: este eletrodo apresentou resultados
consistentes podendo ser empregado como eletrodo de referência nas medidas de
potencial. É recomendável que este tipo de eletrodo seja conservado em solução de
KCl 3,5%.
Eletrodos comerciais de Ag/AgCl KCl 3M para uso em laboratório: o ensaio de
determinação do coeficiente térmico de temperatura indicou que os eletrodos
avaliados apresentavam defeito de fabricação. É recomendável que não sejam
utilizados em medidas eletroquímicas.
Eletrodos comerciais de Hg/Hg 2Cl 2: os eletrodos 004/02, 020/02, 021/02 e 023/02
não foram fabricados corretamente, como indicado pelo resultado da medida do
coeficiente térmico de temperatura. Os eletrodos 016/02, 017/02, 018/02, 019/02 e
022/02 podem ser empregados em medidas de potencial em laboratório, entretanto as
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medidas efetuadas com os três últimos eletrodos devem ser corrigidas de acordo com
a tabela 5.
5 - BIBLIOGRAFIA
(1) NACE TM 0497-97 Standard Test Method Measurement Techniques Related to
Criteria for Cathodic Protection on Underground or Submerged Metallic Piping
Systems.
(2) U.S. Geologycal Survey, TWRI Book 9, 4/98.
(3) Marcel Pourbaix, “Lições de Corrosão Electroquímica”, 3a edição, 1987, pág.
186.
(4) ASTM G3-89 Standard Practice for Conventions Applicable to electrochemical
Measurements in Corrosion Testing, Annual Book of ASTM Standards, vol 03.02
6 – AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao FNDCT no âmbito do CTPETRO em convênio com a
FINEP e ANP pelo financiamento do projeto “Proteção Catódica – Calibração de
Eletrodos de Referência / ELETRODOS”.

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