Confia nas Promessas do Senhor?
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Confia nas Promessas do Senhor?
Confia nas Promessas do Senhor? Data: 27 de Janeiro Passagem Bíblica: Génesis 15:1-17:27 Confia nas Promessas do Senhor? Contexto Geral Depois de Abraão ter resgatado Ló, Deus confirmou as suas promessas de protecção e recompensa a Abrão. Este notou que lhe faltava um herdeiro para receber as recompensas prometidas por Deus e pensou que o seu servo Eliezer poderia servir como seu herdeiro. Mas Deus assegurou a Abrão e a Sarai que eles teriam um filho e muitos descendentes tão numerosos como as estrelas do céu. Abrão acreditou em Deus e o texto bíblico diz-nos que isso lhe foi imputado como justiça. Entretanto, Deus deu instruções para que Abrão preparasse uma cerimónia para que se realizasse o concerto, sacrificando animais, cortando-os ao meio e criando um caminho entre as duas metades. Então Deus selou o seu pacto com Abrão (Gn 15:1-21). Dez anos depois de deixar o lar e caminhar para Canaã, Abrão e Sarai ainda não tinham um único filho. Então ela sugeriu a Abrão que se deitasse com a sua serva Agar e que tivesse um filho dela. Quando Agar concebeu, ela acreditou que era melhor do que Sarai, e a sua atitude provocou a ira em Sarai, que a maltratou de tal maneira que Agar teve de fugir. Deus encontrou Agar e falou com ela dizendo-lhe para voltar. Também lhe prometeu que o seu filho Ismael teria muitos descendentes. Agar voltou e deu à luz a Ismael (16:1-16). Quando Abrão tinha 99 anos, Deus reafirmou o seu pacto com o seu servo, realçando que multiplicaria a Abrão. Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, cujo significado é que ele se tornaria o pai de muitas nações. Deus disse a Abraão que os seus descendentes seriam uma grande nação e que reinariam na terra em que ele vivia. Posteriormente, Deus declarou que o seu pacto seria com os descendentes de Abraão por todo o tempo. Por isso deu instruções a Abraão para que praticasse a circuncisão como sinal do pacto. Todos os machos que nascessem dos descendentes de Abraão ou a qualquer dos seus escravos precisavam de ser circuncidado ao oitavo dia do seu nascimento. Os machos que não fossem circuncidados não fariam parte do pacto de Deus com Abraão (17:1-14). A resposta de Abraão foi um sorriso ao imaginar-se, juntamente com Sara, pai de um filho da sua própria mulher. Deus confirmou a sua promessa dizendo que Isaque nasceria dentro de um ano. Entretanto, em obediência a Deus, Abraão circuncidou-se e também a Ismael e a todos os machos da sua casa (17:15-27). Confie na Palavra do Senhor (Gn 15:1-6) Capítulo 15, versículo 1. Este capítulo tem características que se identificam com as fontes E e J. Alan Jenks considera que esta passagem, pelo menos 15:1-6 e 13-16, tem as características da fonte E (“Elohist”, The Anchor Bible Dictionary, vol. II, New York, Doubleday, 1992, 480). As características principais da fonte E são: o uso da palavra © Igreja Baptista de Almada 2008 1 Confia nas Promessas do Senhor? Elohim; o sonho ou a visão como natureza das revelações divinas; reflexão nos problemas de pecado, culpa e inocência e realce do “temor de Deus”. Outro aspecto a ter em conta nas narrativas eloístas é o escopo histórico concentrado apenas em Israel, começando com a abordagem divina a Abraão. Estas abordagens de Deus ao ser humano provocavam um sentimento de temor, o qual se expressa nas diferentes experiências que as pessoas vivem como resposta à vontade de Deus. Portanto, há uma intenção clara do autor em fazer um apelo ao povo para viver em lealdade religiosa e em obediência ao pacto. Por outro lado, as personagens exprimem as suas intenções e mostram emoções fortes. O versículo começa com a preposição “depois” (rj"a") de ligação com os eventos, “estas coisas” (hL,aeh; μyrib;D]h"), anteriores para dar continuidade à narrativa. Mas o importante é a menção de que “veio a palavra do Senhor”. O verbo que foi traduzido por “vir”, em hebraico corresponde ao verbo “ser” (hy;h;), que neste caso específico pode significar “aconteceu”. Como diz Wenham “isto é uma frase tipicamente introdutória da revelação a um profeta, por exemplo, 1 Sm 15:10, Os 1:1; mas em Génesis só se encontra aqui e no versículo 4” (Genesis 1-15, 327). A forma de Deus se revelar é através de uma visão (hz,j}M"). Este termo é usado principalmente para profetas que recebem a comunicação de Deus, a qual não estaria acessível de outro modo. Esta forma não aparece muitas vezes, mas surge uma vez em Ezequiel e duas em Números, na história de Balaão. Certamente está associada a um estado extático. No caso de Abrão, a visão serve para que a palavra de Iavé aconteça na sua vida. Napier diz que “o mistério da visão é o mistério da Palavra – o mistério da revelação do próprio Deus e do significado da história à luz do seu impacto eficaz sobre ela, o seu reinado sobre ela e do seu propósito final para redimir toda a história” (“Vision”, IDB, vol. 4, 791). Portanto, isto significa que Deus vai revelar o desenrolar da história a Abrão, para que este confie na palavra do Senhor. As primeiras palavras que o texto nos apresenta vindas de Deus são: “Não temas” (ar;yTiAla"). Encontramo-nos perante um contexto Imperativo, em que o verbo se encontra no Modo Volitivo, usando o Imperfeito com a negativa la". Esta negativa é mais dissuasora do que categórica (Guilherme Kerr, Gramática Elementar da Língua Hebraica, §240), pois expressa um desejo da parte de Deus. Abrão tinha-se exposto a um perigo constante naquela região, que eram as guerras, e ao libertar Ló mais estava sujeito a uma retaliação. É por isso que Deus se apresenta como o seu “escudo” (ˆgem; - magen). O escudo era o objecto constituinte da armadura de um soldado. Para que o guerreiro se pudesse defender ele teria de transportar o seu escudo. Só usava escudo quem queria preservar a vida para o futuro. O segundo símbolo usado por Deus é o de um “galardão”. A palavra rk;c; (sakar) diz respeito à recompensa alcançada por um trabalho feito e também pela fidelidade. Este conceito encontra-se já em Jr 31:16: “... reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho”. (Cf. Is 40:10; 2 Cr 15:7). Estes dois elementos apontam para uma situação de guerra contra o inimigo. O medo de enfrentar o futuro pode levar ao desânimo. Para combater este inimigo é necessário aceitar Deus como nosso escudo e depois lutar confiantes na recompensa, que certamente resulta na presença de Deus na nossa vida. © Igreja Baptista de Almada 2008 2 Confia nas Promessas do Senhor? Versículo 2. A forma como Abrão se dirige a Deus apresenta um novo título, yn;doa} (Adonai). Constable, nas suas notas, diz que com este título “Abrão estava a colocar-se, voluntariamente, sob a liderança soberana de Deus” (http://www.soniclight.com/ constable/notes/pdf/genesis.pdf). Na realidade a preocupação de Abrão é com a recompensa: yliAˆT,TiAhm" (“O que me darás?”). O Particípio Activo do verbo Ële/j (holeq) apresenta uma acção contínua, “eu ando continuamente”. A situação em que ele se encontra ainda não foi quebrada. A expressão “sem filhos” (yriyri[} faz lembrar a voz do profeta Jeremias em relação a Jeoiaquim: “escrevei que este homem está sem filho, e é homem que não prosperará nos seus dias; nem prosperará algum da sua geração para se assentar no trono de David e reinar mais em Judá” (22:30), para depois anunciar a vinda de um renovo, cujo nome será “O Senhor Justiça nossa”. A dificuldade com este versículo encontra-se na palavra qv,m,Aˆb, (ben-mesheq) traduzida por “mordomo”. Segundo Propp, nós não sabemos o significado desta palavra, “embora desde Áquila (séc. I) mešeq tenha sido considerada como uma variante ou uma soletração defeituosa de mašqe(h), “copeiro”( William H. Propp, “Eliezer”, The Anchor Bible Dictionary, vol. II, New York Doubleday, 1992, 463). O Léxico DBD traduz por “filho de aquisição”, isto é, “aquele que vai adquirir a minha casa” ou “o herdeiro da minha casa”. A LXX traduz como um nome próprio: “o filho Maseq”. Quase que parece haver um jogo de palavras uma vez que “Damasceno” é qc,M,D" (dameseq). A época mais tardia que se conhece para a existência da cidade de Damasco é 1482 a.C., numa lista de cidades siro-palestinas escrita nos muros do templo de Amun, em Karnak, no Egipto(Wayne T. Pitard, “Damascus”, The Anchor Bible Dictionary, vol. II, New York, Doubleday, 1992, 6). O nome “Eliézer” em hebraico é composto por ylia,“, que significa “meu Deus”, e por rz,[,, que significa “apoio” ou “força”. Versículo 3. A dúvida persiste na mente de Abrão, porque a sua experiência lhe diz que assim está a acontecer. A sua grande aflição era que um estranho nascido em sua casa herdasse os seus bens. Nas aflições dificilmente se mantém um raciocínio claro, facilmente se aponta o dedo a Deus, dizendo, por outras palavras, que ele era o culpado. É de notar que o complemento “a mim” (yli - li) aparece antes do verbo, como forma de realçar a pessoa de Abrão. Por outro lado o verbo ˆt"n; (natan), que significa “dar” está no Perfeito, deduzindo-se que a acção está completa. Este sentimento de Abrão leva-o a viver apenas na dependência daquilo que já viveu, nem sequer considera que o tempo de acção de Deus poderia ainda estar incompleto. Facilmente se pode deduzir que a palavra para “semente” ([r"z; - zara‘) significa “descendência”, isto é, um filho que continuasse a memória de Abrão e herdasse aquilo que ele possuía. O que acontecia normalmente naquela época era que “um casal sem filhos adoptava uma criança, muitas vezes um escravo, para os servir em vida e sepultar e lamentar quando morressem. Em troca por este serviço, eles designavam o filho adoptado como seu herdeiro presumível. Se ao casal nascesse um filho natural depois desta acção, o filho natural tornava-se o herdeiro principal demovendo o filho adoptado © Igreja Baptista de Almada 2008 3 Confia nas Promessas do Senhor? para uma posição secundária. (Victor P. Hamilton, The Book of Genesis: Chapters 1— 17, 1990, 420). Abrão confronta Deus com o “eis” (hNehi - hinneh), designando a realidade. Ele tem alguém nascido na sua casa, o seu mordomo Eliézer. Literalmente o texto diz: “o filho da minha casa” (ytiyBeAˆb,- ben-beiytiy) Versículo 4. O autor repete que a “palavra de Iavé” veio a Abrão, mas sem usar o verbo hy;h; (hayah). Mas certamente a expressão “eis” (hNehi - hinneh) realça a presença da palavra de Iavé, contrastando com o “eis” do versículo anterior, nas palavras de Abrão. O pronome, “este”, não se refere directamente a Eliezer, mas corresponde ao que Abrão disse sobre “um nascido em sua casa”. O que a palavra de Deus quer dizer é que não basta nascer na casa para se ter direito à herança, mas sim aquele que tem a sua fonte, a sua origem, em Abrão. O verbo ax;y; (yatsa’), que significa “sair; vir”, é usado com ênfase especial na ideia de origem ou fonte, e está no imperfeito, designado acção incompleta. É muitas vezes usado para referir que a salvação tem a sua fonte, ou origem, em Deus (Is. 51:5), assim como a palavra que sai da sua boca (Is 45:23; Ez 33:30). A reforçar a ideia vem a palavra h[,me (me‘eh) que é a fonte da procriação, isto é, a sua parte mais íntima. Quase que podemos dizer “do mais íntimo do seu ser”. Versículo 5. A associação de ideias surge com o verbo ax;y; (yatsa’) novamente. Só que desta vez o verbo está no Imperfeito Hiphil (causativo) e é seguido da palavra “fora” (≈Wj), que também pode significar “rua” ou “campo”. Deus faz Abrão sair para o exterior, segundo o escritor sagrado é Deus que provoca esta saída. Deus continua a conduzir o rumo da história. Abrão sai do interior para o exterior e é nesta relação com o exterior que ele alcança o plano de Deus. O verbo fb"n; (nabat) tem o sentido de “olhar com atenção”, “observar com prazer, com esperança e expectação, com favor e com respeito”. Só olhando com atenção Abrão conseguiria deixar de apontar o dedo a Deus, como o culpado do que se passava na sua vida. Contar as estrelas seria uma tarefa impossível para Abrão, mas para Deus não seria impossível fazer da sua semente um povo numeroso como as estrelas. João, no livro do Apocalipse, também diz que os remidos no céu são incontáveis (7:9). Constable diz que “esta é talvez uma promessa sobre os filhos espirituais de Abrão, aqueles que teriam fé em Deus como ele. Abrão pode não ter agarrado esta diferença uma vez que deve ter tomado, naturalmente, a promessa como uma referência a filhos físicos” (http:/ /www.soniclight.com/constable/notes/pdf/genesis.pdf). Versículo 6. Esta é a única resposta que o ser humano deve dar a Deus. O verbo ˆmia,“h,w] (vehe’emin) encontra-se no Hiphil do verbo ˆm"a; (’aman) que significa “confirmar, suportar” mas também “crer” ou “confiar”. Ele também transmite a ideia de “ficar firme”. A palavra bc"j;, no Niphal, significa “ser imputado”, “ser reconhecido” ou “ser contado”. Provavelmente esta palavra está associada com a lei das dívidas. Os actos eram contabilizados. Portanto, neste versículo temos um resumo dos versículos anteriores em que “o acto de fé receptiva é reconhecida finalmente como um factor © Igreja Baptista de Almada 2008 4 Confia nas Promessas do Senhor? decisivo na relação com Iavé” (K. Seybold, “bcj”, Theological Dictionary of the Old Testament, vol. V, Eerdmans, 1986, 243). Deus concede justiça a quem crê nele. Hq;d;x] (tsedaqah) só aparece em Deuteronómio e Génesis, no contexto do Pentateuco. Em Dt refere a atitude apropriada de alguém que vive uma relação pessoal com Deus. Portanto, a justiça é a declaração de aceitação de Deus do próprio acto de fé que Abrão realizou em direcção a ele. A fé coloca uma pessoa numa relação perfeita com Deus, pois ele reconhece nesse acto a atitude apropriada da parte do homem. Confie no Tempo do Senhor (Gn 16:1-3) Capítulo 16, versículo 1. Este capítulo apresenta uma de duas histórias relacionadas com Agar (cf. capítulo 21). Há quem considere que este episódio tem origem na fonte Javista e que depois foi redaccionada por alguém que viu elementos importantes na fonte eloísta que se podiam inserir naquela (cf. O. Kaiser, Introduction to the Old Testament, 92). Desta forma o redactor procurou integrar a concepção de um Deus que actua de forma poderosa com um Deus que comunica pessoalmente. O Javista descreve Deus como o divino que não precisa de dar muitas explicações, pois actua conforme deseja e quando deseja. Assim, esta história possui uma construção teológica sofisticada, cujo objectivo não é reflectir as tradições orais, mas “dar o conhecimento geral de que Ismael era o nome de uma tribo beduína (ou tribos; Gn 16:12; 21:20-21) e que Agar era a ancestral lendária dos ismaelitas” (Knauf, “Hagar”, ABD, vol. 3, 18). Este autor ainda afirma que a menção da nacionalidade de Agar, egípcia, é “um plano literário para ligar a história em Gn 16 com Gn 12:10-20. Se a primeira história de Agar foi escrita no tempo de Ezequias, a nacionalidade de Agar pode dissimular a oposição do autor à política estrangeira de Ezequias”. Mas se o objectivo dos escritores é demonstrar que há um certo perigo em não se acreditar nas promessas de Deus, não será uma forma de dissimulação do autor, mas uma mensagem clara do autor para o rei que estava a apoiar-se na força do Faraó do Egipto. Sem dúvida, a mensagem desta história reflecte a perda de paciência dos servos de Deus no que concerne à demora do cumprimento da promessa. Como escreveu Calvino: “A fé de ambos era defeituosa, não, na verdade, em relação à substância da promessa, mas em relação ao método que eles utilizaram” (citado de Leupold, Genesis, vol. 1, Baker Book House, 493). O versículo começa com uma referência a Sarai, e para o caso de alguém não saber o autor realça que ela é a mulher de Abrão. Mas mais importante do que isto é a menção de ela “não lhe gerava filhos” (/l hd;l]y; aOl – lo’ yaledah lô). O problema persistia e a promessa de Deus não se via concretizada. No entanto o autor prepara-nos para o que se vai seguir informando sobre a presença de Agar. Algumas versões portuguesas têm: “e ele tinha uma…”. No entanto, no texto de hebraico lê-se: “e ela tinha…” (Hl;w] – welah). Aqui a preposição l] (le) está associada ao sufixo pronominal h; (ha), portanto Hl; (lah) significa “para ela”, mas na frase pode traduzir-se: “ela tinha…”. Ela chamava-se “Agar” (rg;h; - hagar), uma palavra que provavelmente virá de uma raiz que significa “abandonar, afastar”. Versículo 2. Sarai continua a ser a protagonista desta história, pois é ela que toma decisões neste assunto tão delicado. Era uma vergonha para o homem não ter herdeiros, © Igreja Baptista de Almada 2008 5 Confia nas Promessas do Senhor? mas para a mulher era um falhanço ignominioso. No entanto, ela não deixa de referir que é Iavé quem a tem impedido de ter filhos. O verbo “impedir” (rx"[; - ‘atsar) está no Perfeito, o que indica que para Sarai a acção de Deus está completa, realizada, nada mais se pode fazer a não ser encontrar outra solução. Yamauchi descreve que na cultura hurriana os maridos exigiam que se as suas mulheres não pudessem dar à luz filhos, elas tinham de lhes providenciar uma concubina de quem pudessem ter filhos (Edwin M. Yamauchi, "Cultural Aspects of Marriage in the Ancient World," Bibliotheca Sacra 135:539 (July-September 1978):245). Este não parece ser o caso. Abrão não exigiu nada. Sarai é que pensou que se Agar concebesse ela teria filhos dela. Duas ideias se apresentam aqui: ou ela os adoptaria como seus ou tornar-se-ia fértil em consequência da concepção de Agar. Muitos adoptam esta segunda posição (Samson Kardimon, "Adoption As a Remedy For Infertility in the Period of the Patriarchs," Journal of Semitic Studies 3:2 (April 1958):123-26), porque parece que é o que acontece com as mulheres de Jacó. No entanto, o texto aqui é muito claro quando diz “terei filhos dela” (hN;Memi – mimmennah), é a preposição ˆmi (min) com o sufixo pronominal hN;M, (mennah). Abrão deu ouvidos ao que Sara propôs. A palavra “ouvir” é [m"v; (shama‘). Versículo 3. Abrão e Sarai estavam já há 10 anos em Canaã à espera de um filho como Deus lhes prometera. Claramente a paciência de Sarai tinha-se esgotado. Brueggemann afirma que “teologicamente, a narrativa assevera que Abraão e Sara não acreditavam na promessa. Como em 12:10-20, Abraão tomou a promessa nas suas próprias mãos, não querendo esperar que Deus realizasse o seu propósito inescrutável” (Genesis, 151). Confie na Sabedoria do Senhor (Gn 17:1-2, 17-19) Capítulo 17, versículo 1. Este capítulo 17 tem influência da tradição Sacerdotal, onde se procura apresentar Abraão sem as grandes tensões entre a fé e a dúvida. De acordo com esta tradição, Abraão é uma figura muito elevada, dominando a situação à sua volta (L. Hicks, “Abraham”, The Interpreter’s Dictionary of the Bible, Vol. 1, Nashville, Abingdon Press, 1962, 19). Deve ser por isso que a secção começa precisamente com a menção à idade de Abraão. A palavra ˆB, (ben) pode ser traduzida por “homem”, embora signifique “filho”. Contudo tem-se traduzido por “idade” em vários textos (Gén. 5:32; 7:6 e outros), porque está associada a um número respeitante a anos. Os 99 anos são uma indicação de decrepitude. Com esta referência o autor deseja mostrar que Deus pode fazer algo importante, mesmo com aqueles que, humanamente falando, para mais nada serviriam. O verbo ha;r; (ra’ah), que significa “ver”, encontra-se no Niphal Imperfeito jussivo, transmitindo a ideia de reflexo. Isto significa que é Deus quem pratica a acção sobre si mesmo, de modo que a palavra passa a ter o significado de “aparecer”. Deus deseja que isso aconteça. É da vontade de Deus aparecer a Abraão e falar com ele. Deus apresenta-se como o yD"v" lae (El Shadai). A origem do termo “Shadai” é completamente discutida, pois várias hipóteses têm sido aventadas. No entanto, parece que Albright conseguiu provar que o “nome deriva de uma raiz da Mesopotâmia do norte e chegou a Canaã com os ancestrais de Israel como um deus da família patriarcal” (Betty Jane Lillie, “Almighty”, The Anchor Bible Dictionary, Vol. 1, New York, © Igreja Baptista de Almada 2008 6 Confia nas Promessas do Senhor? Doubleday, 1992, 160). A tradução da palavra por “Todo Poderoso” deriva da tradução feita pela LXX e pela Vulgata, onde temos a palavra pantokravtwr (pantokrátôr), cujo significado é “todo+poder”. Mesmo que não saibamos o verdadeiro significado da palavra, resta-nos, no entanto, o facto de a palavra ter sido usada para designar um deus que orientava a família. Esta palavra apresentava um deus familiar. Provavelmente este conceito estará implícito neste texto. Deus é tão familiar que decide dar ao patriarca a experiência de o conhecer “embora esta seja mais uma experiência intuitiva do que um conhecimento empírico (“não lhes foi perfeitamente conhecido” [Ex. 6:3]); a completa comunhão com Deus só é possível onde “o meu nome Iavé” é conhecido” (Martin Rose, “Names of God in the OT”, The Anchor Bible Dictionary, Vol. 4, New York, Doubleday, 1992, 1005). Por isso mesmo, este Deus é o que pode dar ordens. Os imperativos que surgem a seguir são muito importantes para a compreensão daquele termo. Gramaticalmente temos um Imperativo, o segundo (hyeh]w, - weheyeh = “e sê”), que se encontra numa dependência lógica do precedente. O uso do vav copulativo (w] traduzido por e) mostra esta dependência, a qual serve para expressar uma certeza como consequência de uma acção prévia. “Neste caso o primeiro imperativo contém, como uma regra, uma condição, enquanto o segundo declara a consequência que o cumprimento da condição envolverá” (E. Kautzsh (ed.), Gesenius’ Hebrew Grammar, Oxford, Clarendon Press, 1985, 325). Portanto, o sentido da frase é que se Abraão andar na presença de Deus certamente será perfeito. A perfeição é uma consequência, e não algo que ele tenha de produzir em si mesmo. A palavra hebraica μymit; (tâmîm) transmite a ideia de “completo”. Versículo 2. A palavra “concerto” (tyriB] - beriyt) aparece 13 vezes neste capítulo. É difícil saber exactamente qual é a etimologia da palavra. Tem-se, no entanto, procurado relacioná-la com a palavra hrb (brh) que tem a ver com uma refeição onde se estabelece uma aliança. Os contratos entre as pessoas, normalmente eram feitos a partir duma refeição. Este acto trazia consigo o sacrifício de um animal que era comido no fim. No mundo antigo, portanto, o objectivo era estabelecer uma relação entre duas pessoas, nações e mesmo entre Deus e uma pessoa. O Antigo Testamento mostra como este acto tem uma tradição rica e complexa. O facto é que o conceito de “concerto, aliança” “prova que a religião de Israel era histórica, e não a imaginação de gerações posteriores” (Elmer B. Smick, “hrb”, Theological Wordbook of the Old Testament, Vol. 1, Chicago, Moody Press, 1980, 129). Este concerto vem já desde os tempos formativos da história de Israel. O texto mostra que é Deus quem toma a iniciativa de concretizar este concerto. Até porque Ele chama-o de seu - “o meu concerto”. Por outro lado, o concerto é visto aqui como um objecto que se pode colocar entre duas pessoas, algo visível. O seu conteúdo, porém, é cheio de promessas. “Multiplicar” vem do verbo hb;r; (rabah) que significa “ser, ou tornar-se grande”. Neste caso o verbo encontra-se no Hiphil, dando a ideia de uma acção causativa activa. Isto significa que Deus é que provoca a multiplicação pela acção da sua própria vontade. Versículo 17. © Igreja Baptista de Almada 2008 7 Confia nas Promessas do Senhor? Versículo 18. Versículo 19. Verdades Bíblicas Para Transformação Espiritual 1. Precisamos de receber as promessas do Senhor na sua palavra pela fé. 2. Precisamos de confiar que Deus cumpre com as suas promessas à sua maneira e no seu tempo em vez de querermos fazer as coisas pelas nossas próprias mãos. 3. Embora nem sempre compreendamos como é que o Senhor realizará as suas promessas, podemos confiar que ele agirá de modo que reflicta a sua sabedoria profunda. © Igreja Baptista de Almada 2008 8