Conheça a tradicional arte da Ikebana e seus princípios
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Conheça a tradicional arte da Ikebana e seus princípios
casa A arte da Aula de Ikebana na Fundação Mokiti Okada Ikebana Conheça a tradicional arte da Ikebana e seus princípios fundamentais para criar arranjos harmoniosos por Paula Ignacio a Ikebana é uma arte milenar oriental, cujo significado em japonês significa Ike = Vida e Bana = Flor. Podemos traduzi-la como “Vida com Flor”, ou “Flores Vivas, Artísticas”. Diferente de arranjos florais ocidentais, os de Ikebana trazem consigo princípios mais espirituais e minimalistas, característicos das filosofias orientais. Conta uma lenda que a Ikebana nasceu há mais de 2 mil anos, quando Sidarta Gautama (Buda) viu algumas flores caídas no chão. Ao se deparar com a beleza delas, sugeriu prolongar sua vitalidade e colocou-as em um vaso com água, onde poderiam esbanjar cor e ale- 104 Revista Regional gria a todos os que pudessem observá-las. O ato se tornou conhecido e tradicional entre os budistas, que passaram a ornamentar os altares dos templos com lindos arranjos de flores como oferendas de beleza para Buda. A história dessa arte ainda pouco praticada no Brasil teve início junto com o Budismo na Índia, e depois migrou para a China e finalmente ao Japão, onde se tornou mais praticada e conhecida. A intenção do arranjo não é apenas ornamentar ou decorar, mas acima de tudo trazer mais vida e alegria através do belo, da arte. “Diferente dos arranjos florais em geral, a Ikebana tem muitas modalidades, po- fotos: Ricardo Fuchigami/Divulgação rém todas são bastante minimalistas, a ideia é criar muito com pouco” – diz Márcio Soares de Souza, professor do Templo Luz do Oriente em São Paulo e praticante da arte da Ikebana desde os cinco anos de idade. A diferença da arte floral (que é uma técnica europeia) é que através do mínimo, com poucos elementos, se consegue o máximo de beleza e harmonia. “Enquanto os arranjos tradicionais ocidentais são feitos utilizando como princípio o máximo de simetria e preenchimento, na Ikebana valorizamos a tridimensionalidade e os espaços vazios, que implicam em assimetria” – comenta Márcio. Princípios fundamentais Qualquer pessoa de qualquer idade pode criar lindos arranjos de acordo com sua dedicação, intenção e vontade. De acordo com a assessoria de comunicação da Fundação Mokiti Okada em São Paulo, que oferece aulas de Ikebana Sanguetsu, qualquer pessoa pode criar um arranjo, mas precisa ter os conhecimentos básicos, tais como cortar o galho dentro da água, usar plantas de verdade, não de plástico, organizar o ambiente e sempre mantê-lo limpo. Podem ser usados vasos altos ou baixos e não há restrição quanto ao uso de flores, folhas e galhos. Tudo depende da modalidade escolhida. Em primeiro lugar, deve-se prestar atenção a escolha do vaso para que a harmonização com o ambiente e com as flores seja perfeita. “A escolha do vaso correto é muito importante, pois as flores usadas serão adequadas a ele. Geralmente utiliza-se os de cerâmica, outra arte japonesa muito valorizada. Ao unir essas duas artes, conseguimos harmonia” – comenta Márcio Soares. Paula Ignacio Ikebanas Sanguetsu Arranjo de Ikebana em exposição no Centro Cultural do Solo Sagrado Revista Regional 105 fotos: Paula Ignacio casa Além da escolha do material, que consiste em: vaso, flores, galhos e folhas de cada estação do ano, também é importante conhecer alguns princípios orientais que fundamentam os arranjos. “Em cada trabalho de Ikebana estão contidos três elementos: o céu, o homem e a terra, em um respeito profundo pelo espírito, pela natureza e pela humanidade” – complementa Márcio, que pratica a Ikebana chamada de Kadô-Dai-Shizen, ou “Caminho da Flor da Grande Natureza”. Nesse estilo a criação começa com o princípio de triângulo escaleno, que corta a regra de simetria. “O sentido do triângulo escaleno é evidenciar o tridimensional, onde cada plano simboliza um dos três elementos: céu, homem e terra” - diz. Diferentes modalidades As modalidades de Ikebana são muitas: Moribana – um estilo de vaso clássico japonês, mais baixo. Nele, as flores e plantas são fixadas em um material chamado de Hanadome, cuja base é feita de chumbo com pregos finos de cobre, que mantém galhos firmes no lugar. Há também o estilo Nagueire, onde os arranjos são criados em vasos altos e não precisam do Hanadome. Há o estilo Jiyuka, mais livre onde o ikebanista tem mais liberdade para trabalhar a própria sensibilidade artística e incluir elementos diferentes nos arranjos, tais como esculturas de ferro ou pinturas, ou mesmo utilizar vasos mais ocidentais. Além das modalidades mais conhecidas, também é praticada no Brasil a Ikebana Sanguetsu, proposta por Mokiti Okada, líder espiritual da Igreja Messiânica. “San” significa montanha e “Guetsu” significa lua. Nela, predomina a convicção de que a beleza dos arranjos depende da intenção de quem os cria, podendo transmitir mais luz e purificar os ambientes e a todos aqueles que tiverem contato com ele. Através da simplicidade e dos poucos elementos usados, o homem consegue despertar e transmitir sua beleza interior. A professora de Ikebana Sanguetsu, Sra. Yoshico Baba, diz que as flores trazem beleza aos ambientes e tem o poder de alegrar. “Ao criar um arranjo, podemos irradiar essa alegria para outras pessoas e embelezar os ambientes com uma arte que envolve equilíbrio e harmonia interior” - diz. 106 Revista Regional Outros modelos de Ikebana em exposição Princípios básicos da Ikebana: - Vivificar as ramificações de modo que os ramos complementares não venham a competir com os principais. - Vivificar a beleza do espaço entre o ramo principal e o secundário, criando profundidade e volume; estabelecer o equilíbrio deixando espaços vazios. - Adaptar as medidas da vivificação ao vaso e ao local onde será colocada, considerando, sobretudo, a harmonia do conjunto. Atentar para o equilíbrio entre os dois galhos, pois o segredo da harmonia e beleza reside na sua assimetria e diferença de ângulo. LINK: Fundação Mokiti Okada: www.fmo.org.br Templo Luz do Oriente: www.temploluzdooriente.org.br
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