FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Licenciatura Plena em

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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Licenciatura Plena em
FACULDADE DE PARÁ DE MINAS
Licenciatura Plena em Matemática
Amanda Araújo
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
MATEMÁTICO
Pará de Minas
2013
Amanda Araújo
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
MATEMÁTICO
Monografia apresentada à coordenação de
matemática da Faculdade de Pará de Minas
como requisito parcial para a conclusão do
curso de licenciatura plena em matemática.
Orientadora: Profª Mestre Tânia Aparecida
Ferreira Hanke
Pará de Minas
2013
Amanda Araújo
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
MATEMÁTICO
Monografia apresentada à coordenação de
matemática da Faculdade de Pará de Minas
como requisito parcial para a conclusão do
curso de licenciatura plena em matemática.
Aprovada em _____/_____/_____
_______________________________
Professora Mestre Tânia Aparecida Ferreira Hanke
(Orientadora)
_______________________________
Professor Mestre Anderson Baptista Leite
(Examinador)
Dedico este trabalho a Deus, por ter me
honrado e ter sido fiel. Dedico também a
minha família.
Agradecimentos
Agradeço a Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele. Aos meus pais,
irmãos, meu noivo, meu filho e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não
mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. À professora Tânia
Hanke pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta
monografia. Ao professor e coordenador do curso, Anderson Baptista Leite pelo convívio,
pelo apoio, pela compreensão e pela amizade. A todos os professores do curso, que foram tão
importantes na minha vida acadêmica e no desenvolvimento desta monografia. Aos amigos e
colegas, pelo incentivo e pelo apoio constantes.
"Inteligência é a capacidade para resolver
problemas ou elaborar produtos que sejam
valorizados em um ou mais ambientes
culturais ou comunitários".
Howard Gardner
Resumo
Este trabalho tem o objetivo de abordar a contribuição da teoria das Inteligências Múltiplas
para a educação matemática. Howard Gardner, o defensor da teoria, traz uma visão pluralista
da mente e defende que todo individuo tem capacidade para desenvolver diferentes tipos de
competências, quando estimuladas. Segundo Gardner os indivíduos são dotados de
inteligências múltiplas que incluem as dimensões linguística, lógico-matemática, espacial,
musical, cinestésico-corporal, pictórica, intrapessoal e interpessoal. Esta pesquisa foi feita sob
a forma de revisão bibliográfica sobre o tema “Inteligências Múltiplas e a construção do
conhecimento matemático” principalmente com os livros de Howard Gardner, Katia Stocco
Smole e Celso Antunes que são profissionais muito conceituados nas áreas de psicologia e
educação. No trabalho foram identificados os conceitos e definições de inteligência, bem
como a definição do que são as inteligências múltiplas da teoria de Gardner. Foi feito um
estudo sobre a evolução do ensino da matemática no Brasil desde o Brasil colônia até a
década de 80 com o movimento da matemática moderna. Como o principal objetivo era saber
das contribuições da teoria das inteligências múltiplas para o aprendizado matemático,
apresento aqui sugestões e forma de trabalho para estimulação das inteligências com jogos. O
trabalho voltado para valorização das múltiplas inteligências é o que trataremos na pesquisa.
Palavras-Chave : Inteligências Múltiplas; QI; ensino aprendizagem matemática; jogos.
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Ensino da matemática no Brasil--------------------------------------------------------- 18
Tabela 2- Linhas de estimulação das inteligências múltiplas------------------------------------- 31
Lista de Siglas
DA- Dificuldade de aprendizagem
IM – Inteligências Múltiplas
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
QI - Quociente de inteligência
Sumário
1 Introdução .......................................................................................................................................... 10
2 Inteligência ......................................................................................................................................... 13
2.1 Conceito Histórico ....................................................................................................................... 13
2.2 A teoria das inteligências múltiplas............................................................................................. 14
2.2.1 As inteligências ..................................................................................................................... 16
3 Processo de ensino aprendizagem em matemática .......................................................................... 18
3.1 Ensino da Matemática no Brasil .................................................................................................. 18
3.2 Metodologias do ensino da matemática..................................................................................... 21
4 Aprendizagem Significativa ................................................................................................................ 25
5 A teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações para Educação Matemática ....................... 27
5.1 A utilização de jogos como recurso didático ............................................................................... 28
5.1.1 Os jogos e a aprendizagem matemática .............................................................................. 29
5.1.2 Os Jogos e as Inteligências Múltiplas ................................................................................... 30
6 Considerações Finais .......................................................................................................................... 36
7 Referências Bibliográficas.................................................................................................................. 37
10
1 Introdução
Sabendo que o aprendizado é de grande relevância para a formação de um cidadão,
seria de extrema importância que as instituições de ensino fossem capazes de preparar
indivíduos, desde a educação mais básica, para exercerem de forma plena a cidadania e
oferecer garantia de aprendizagem significativa para todos os alunos.
...a educação básica deveria visar fundamentalmente à preparação para o exercício
da cidadania, cabendo à escola formar o aluno em conhecimentos, habilidades,
valores, formas de pensar e atuar na sociedade através de uma aprendizagem que
seja significativa. (SMOLE, p.1, 2003)
Porque então uma grande parcela de pessoas não consegue alcançar êxito na vida
escolar, enquanto outras que estudaram em uma mesma escola conseguem alcançar os
objetivos escolares? Levando este questionamento para a matemática, porque alguns alunos
conseguem assimilar mais os conteúdos algébricos, por exemplo, do que conteúdos
geométricos e outros aprendem com mais facilidade os conteúdos geométricos e menos os
algébricos estando em uma mesma sala de aula, com mesmo professor e mesmo nível de
ensino? A explicação para esse fato pode ser pautada nos estudos de Gardner sobre
inteligências múltiplas?
O que motivou a realização dessa pesquisa, foram justamente estas perguntas, houve
curiosidade em saber por que isso acontece e se há soluções possíveis para essa situação.
Howard Gardner, é um psicólogo conceituado e conhecido mundialmente da
universidade de Harvard, que não acredita que existam crianças com Dificuldade de
Aprendizagem (DA), mas ele acredita sim que, cada individuo possui habilidades diferentes
que podem ser desenvolvidas ou não.
(. . .)existem evidências persuasivas para a existência de diversas competências
intelectuais humana relativamente autônomas abreviadas daqui em diante como
'inteligências humanas'. Estas são as 'estruturas da mente' do meu título. A exata
natureza e extensão de cada 'estrutura' individual não é até o momento
satisfatoriamente determinada, nem o número preciso de inteligências foi
estabelecido. Parece-me, porém, estar cada vez mais difícil negar a convicção de que
há pelo menos algumas inteligências, que estas são relativamente independentes
umas das outras e que podem ser modeladas e combinadas numa multiplicidade de
maneiras adaptativas por indivíduos e culturas. (GARDNER 1994, p. 7)
11
Ele, por não aceitar que a inteligência pudesse ser medida por testes de QI, fez vários
estudos na década de 1980, inclusive neurológicos que comprovam que todos os seres
humanos têm no mínimo sete diferentes tipos de inteligência que até certo ponto são
independentes. Sua teoria ficou conhecida como a Teoria das Inteligências Múltiplas. Para
Gardner a inteligência pode ser definida como : " Inteligência é a capacidade para resolver
problemas ou elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais
ou comunitários" (GARDNER 1995, p. 14)
Levando em conta a afirmação de Gardner pode-se perceber que sua teoria é uma
alternativa para o conceito de inteligência e também para o modelo atual de ensino
aprendizagem aplicado pelo sistema, já que para ele cada aluno deve ser tratado
individualmente e valorizado pelas suas habilidades.
Com essa pesquisa pretendo investigar, com base na teoria de Gardner, se é possível
desenvolver as inteligências citadas por ele, em crianças que são ditas com dificuldade de
aprendizagem, através de um trabalho que seja voltado para a valorização das inteligências
múltiplas, com o objetivo de melhorar o aprendizado da matemática.
É da máxima importância reconhecer e estimular todas as variadas inteligências
humanas e todas as combinações de inteligências. Nós todos somos tão diferentes
em grande parte porque possuímos diferentes combinações de inteligências. Se
reconhecermos isso, penso que teremos pelo menos uma chance melhor de lidar
adequadamente com os muitos problemas que enfrentamos neste mundo.
(GARDNER, 1995. p. 18)
Para alcançar esse objetivo optei por fazer uma pesquisa bibliográfica, que é a
pesquisa elaborada com base em materiais já publicados, como livros, revistas, jornais, teses,
dissertações, etc. Por me proporcionar uma grande área para pesquisa sem que eu precise me
deslocar para buscar dados.
A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que
aquela que poderia pesquisar diretamente. (GIL, 2010.p.30)
A pesquisa será feita principalmente através dos livros de Howard Gardner, que é o
criador da teoria das inteligências múltiplas, e que como já dito anteriormente é psicólogo
cognitivo e educacional ganhador de vários prêmios e trabalha na Universidade de Harvard.
Com os livros e artigos da autora Katia Stocco Smole, que é coordenadora do grupo Mathema
de formação e pesquisa; Doutora em Educação, área de ensino de ciências e matemática, pela
FEUSP; Mestre em Educação, área de ensino de ciências e matemática, pela FEUSP;
12
Consultora na disciplina de matemática dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio – MEC. Também com os livros e artigos do autor Celso Antunes que é formado em
geografia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em ciências humanas e especialista
em inteligência e cognição. Membro consultor da Associação Internacional pelos Direitos da
Criança Brincar, reconhecido pela UNESCO. É autor de cento e oitenta livros e consultor de
diversas revistas.
Será uma pesquisa qualitativa, já que não tenho a intenção de medir e/ou quantificar
os dados, mas sim de explorá-los, tentando responder ao meu questionamento, que se resume
em saber se a teoria das Inteligências Múltiplas é realmente eficaz para o desenvolvimento do
pensamento lógico- matemático nos alunos que possuem certo tipo de dificuldade em
matemática. No primeiro capítulo apresentamos a justificativa, objetivos e o caminho trilhado
para o desenvolvimento de nossa pesquisa.
No segundo capítulo falarei sobre definição de inteligência, os testes de QI e sobre a
teoria das inteligências múltiplas. Apresentarei um panorama histórico sobre a evolução da
matemática no Brasil e suas metodologias de ensino da matemática e no terceiro capítulo
falarei sobre as implicações da teoria das inteligências múltiplas para a educação, e sobre os
jogos como estimulação das inteligências, fechando com algumas sugestões de trabalhos que
podem ser aplicados em sala de aula.
No último capítulo apresento minhas considerações finais acerca do assunto
investigado.
13
2 Inteligência
2.1 Conceito Histórico
Durante muito tempo pesquisadores tentam definir inteligência. Diferentes concepções
surgiram ao longo do tempo para tentar conceituar e quantificar a inteligência. Inicialmente
acreditava-se que a inteligência era medida de acordo com o tamanho e a forma do crânio do
indivíduo. Com a craniometria praticada a partir do século XII, acreditava-se que o tamanho
do cérebro indicava o grau de inteligência da pessoa. Esta teoria sofreu muitas criticas ao
longo do tempo. A partir da metade do século XIX, ganhou força a teoria que focava em
técnicas estatísticas para classificar seres humanos por sua força física e intelectual. Assim
nasceu o trabalho de Paul Broca1, médico que colocou a craniometria e os processos de
medição em seu apogeu.
Segundo Kátia Smole, os argumentos de Paul Broca perderam força no século XX
com a chegada dos testes de inteligência. Isso aconteceu porque os cientistas expuseram a
insatisfação com o preconceito que dominava a maior parte da literatura sobre a forma e o
tamanho da cabeça.
Como resposta a um pedido do ministério francês de educação pública, os
psicólogos Alfred Binet e Theodore Simon elaboraram o primeiro teste padronizado de
aptidão mental, em Paris no ano de 1905. O teste tinha o objetivo de classificar as crianças
que pareciam carecer de um ensino especializado como o de colocar cada criança em sua série
e nível adequado de ensino. Ou ainda, eles queriam saber, quais crianças iriam ter sucesso e
quais iriam fracassar nas séries iniciais das escolas parisienses. Os testes abandonaram as
características médicas, voltando-se para as características psicológicas , assim os processos
mentais buscavam capacidades superiores que envolviam linguagem, abstração, invenção e
crítica, eles eram dispostos em ordem de dificuldade crescente e geralmente a probabilidade
de resolvê-los aumentava com a idade da pessoa. As crianças submetidas aos testes de Binet
começavam respondendo e realizando tarefas que correspondiam ao primeiro nível de idade, e
ia seguindo com tarefas que fossem superiores ao seu nível, até que chegasse à um nível que a
1
“Broca era médico e deu aos seus trabalhos um enfoque médico e estatístico, sendo defensor fervoroso da
ideia de que o tamanho do cérebro indicava o grau de inteligência dos indivíduos brancos do sexo masculino
pertencentes às classes dominantes era maior que o das mulheres, dos pobres e das “raças inferiores”” (Smole,
2013 )
14
criança não conseguisse mais prosseguir. Assim a idade correspondente as últimas tarefas que
a criança conseguir resolver, tornava-se sua idade mental.
A ideia ou o termo QI (Quociente de inteligência), veio em 1912, com o alemão W.
Stern que apresentou uma ideia de razão entre idade mental e idade cronológica e, depois,
multiplicou essa razão por 100, dando lugar ao QI: QI = (idade mental / idade cronológica) x
100.
QI, logo chegou aos Estados unidos, onde teve pouco sucesso até a segunda Guerra
Mundial. O teste tornou-se celebre depois de ter sido utilizado para testar um milhão de
recrutas americanos. A partir daí, o teste de QI pareceu ser o maior sucesso da psicologia. As
pessoas acharam excelente a ideia de poder medir a inteligência, assim como se mede a altura.
A aplicação de testes logo se transformou numa indústria milionária. Gardner cita
algumas ofertas de uma propaganda de teste que foi muito utilizado:
Você precisa de um teste individual que forneça rapidamente uma estimativa estável
e confiável da inteligência em quatro ou cinco minutos por formulário? Que tenha
três formulários? Que não dependa da produção verbal ou de instrumentação
subjetiva? Que possa ser utilizado com pessoas com grave deficiência física
(inclusive paralisia), se elas puderem sinalizar sim ou não? Que avalie crianças de
dois anos de idade e adultos com a mesma curta série de itens e o mesmo formato?
Tudo isso por apenas $16.00. (Gardner, p.12 1995)
As profissões de maior prestígio deveriam vedar as pessoas com QI abaixo de 100.
Crianças que em meia hora fizessem o teste e tirassem uma nota baixa poderiam ter suas vidas
marcadas para sempre.
Kátia Smole diz que os testes implicaram em vários problemas sociais: “ Os testes tiveram
várias consequências sociais sérias tais como a defesa da segregação racial e da limitação da
imigração para indivíduo com QI abaixo da média dos americanos”. (Smole, p.21, 2003).
Os testes de QI viraram febre, e conquistaram o panorama da educação. As pessoas
que possuíam o QI elevado acreditava-se que estavam predestinadas às melhores faculdades e
carreiras e as com QI baixo eram deixadas de lado.
2.2 A teoria das inteligências múltiplas
A teoria das inteligências múltiplas foi criada por Howard Gardner que nasceu na
cidade de Scranton na Pensilvânia no ano de 1943. Howard é descendente de uma família de
judeus alemães refugiados do nazismo. Gardner ingressou na universidade Harvard em 1961
com 18 anos de idade para estudar direito e história, porém se aproximou do psicanalista Erik
15
Erikson (1902-1994) e mudou a faculdade para os campos de psicologia, educação e
neurologia. Em sua pós-graduação pesquisou o desenvolvimento dos sistemas simbólicos pela
inteligência humana. Nesta mesma época Gardner entrou para a Harvard Project Zero, projeto
destinado inicialmente às pesquisas sobre educação artística. Em 1971, tornou-se diretor do
projeto. Hoje aos 70 anos de idade Howard mantém esse cargo de diretor, é professor de
neurologia na escola de medicina da universidade de Boston e professor de cognição e
pedagogia e de psicologia em Harvard. É um psicólogo conceituado e conhecido
mundialmente.
Howard Gardner junto com sua equipe de pesquisadores da Universidade de
Harvard entra para o cenário dos estudos sobre inteligência. Através de estudos neurológicos
Gardner observou que o sistema nervoso humano não é um órgão plastificado e nem tão
pouco tem propósito unificado. Observou também que cada habilidade é ligada a uma parte
específica do cérebro e que pessoas que sofreram algum tipo de dano cerebral perderam
somente as habilidades ligadas as áreas especificas do cérebro que foram lesionadas.
“Acredita-se, hoje, que o sistema nervoso seja altamente diferenciado e que diferentes centros
neurais processem diferentes tipos de informação” (Gardner, 1987).
Com base nestas pesquisas ele começou a questionar o conceito de inteligência que
enfatiza habilidades lógico-matemática e linguística. Para o pesquisador existem no mínimo
sete tipos diferentes de habilidades que até certo ponto são independentes, ele não acredita na
ideia de que a inteligência possa ser medida através de testes de QI. Para ele inteligência é a
capacidade de resolver problemas. Para Howard todos os seres humanos considerados
normais tem a possibilidade de utilizar das sete capacidades que ele identificou, algumas
pessoas certamente terão algumas áreas mais acentuadas que outras por tê-la desenvolvido e
exercitado mais através do meio em que vivem, porém todos possuem as sete habilidades e
ele acredita também que essas inteligências podem ser desenvolvidas.
As inteligências identificadas por ele são: inteligência linguística ou verbal, lógicomatemática, visual ou espacial, musical ou rítmica, corporal ou cinestésica, pictórica além de
duas inteligências que ele identificou como sendo pessoais, que são a interpessoal e a
intrapessoal. Sendo que essas competências são relativamente independentes, tem origem
genética própria, além de serem anatomicamente diferentes. Porém Gardner diz que mesmo
que essas competências sejam até certo ponto independentes elas não funcionam
isoladamente.
16
... os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e
maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas
capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. (Gama, Maria
Clara S. Salgado, 2013).
Algumas profissões ilustram bem este fato. Por exemplo, um professor de matemática
necessita da inteligência logico-matemática combinada com a inteligência interpessoal, um
médico cirurgião precisa da inteligência espacial combinada com a cinestésica.
2.2.1 As inteligências

Inteligência linguística ou verbal: Esta inteligência se manifesta em indivíduos
que possuem sensibilidade para sons, ritmos e significados das palavras além de
especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade de usar a
linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Segundo
Gardner esta habilidade pode ser vista nos poetas.

Inteligência musical: Esta inteligência se manifesta através da habilidade de
apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons,
habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e
timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. É a inteligência dos
compositores, músicos profissionais.

Inteligência lógico-matemática: Ligada ao raciocínio indutivo e dedutivo. Esta
inteligência envolve a capacidade de reconhecer padrões, de trabalhar com
símbolos abstratos bem como discernir relacionamentos e/ou ver conexões entre
peças separadas ou distintas. Presente nos cientistas, programadores de
computadores, contadores, advogados, banqueiros e matemáticos.

Inteligência Espacial: Esta inteligência é ligada ao senso de visão e na capacidade
de visualização espacial de um objeto de forma precisa. É a habilidade para
manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar
tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a
inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos.

Inteligência Cinestésica ou corporal: Esta inteligência é ligada ao movimento
físico e a sabedoria do corpo. É a habilidade para usar coordenação do corpo no
controle dos movimentos e na manipulação de objetos com destreza. É a
inteligências dos esportistas, profissionais das artes cênicas ou plásticas.
17

Inteligência Interpessoal: É a habilidade para entender, identificar e lidar com os
humores de outras pessoas. Envolve também habilidades de trabalhar
cooperativamente com outros em uma equipe. É a inteligência dos psicoterapeutas,
professores, políticos e vendedores bem sucedidos.

Inteligência Intrapessoal: Esta inteligência esta ligada a habilidade do
autoconhecimento, ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e ideias de forma a
separar o que é bom ou ruim para mim.

Inteligência Pictórica: Esta inteligência se expressa através de pessoas com
facilidade para se manifestar através de desenhos, pinturas. Está presente em
pintores, escultores, etc.
Gardner defende que cada uma dessas inteligências seja desenvolvida através da
interação do meio que a pessoa vive e com o seu biológico, por isso algumas pessoas possuem
algumas inteligências mais desenvolvidas que outras pessoas e vice-versa. Com isso fica claro
que a cultura influencia nas habilidades desenvolvidas de cada pessoa. Howard Gardner
acredita que alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente.
O indivíduo, portanto, não seria inteligente sem a sua língua, sua herança cultural,
sua ideologia, sua crença, sua escrita, seus métodos intelectuais e outros meios do
ambiente. ANTUNES, p.12 1998)
Segundo Gardner, para que uma pessoa se sobressaia em uma das inteligências é
muito importante que ela se dedique a um maior trabalho ou aprendizado que as outras
pessoas normais que possuem um pouco de cada inteligência desenvolvida.
Embora a teoria Howard Gardner se baseie em pesquisas neurológicas e
psicológicas, é no meio educacional que ela tem tido grande repercussão já que vários
profissionais da educação tem se baseado na teoria das IM para criar projetos que possibilitem
algumas melhoras significativas na aprendizagem dos alunos.
18
3 Processo de ensino aprendizagem em matemática
3.1 Ensino da Matemática no Brasil
É de grande importância que saibamos como se deu a evolução do ensino da
matemática no Brasil, já que ela é resultado de um processo histórico. Por isso faremos uma
pequena regressão desde a matemática clássica até a matemática moderna, para que possamos
entender e observar as mudanças ocorridas ao longo do tempo.
Desde 1500 o Brasil passou por várias mudanças e com a educação não poderia ser
diferente, pode-se observar no quadro abaixo que foi elaborado com base no livro: A
matemática no Brasil de Francisco Mendes de Oliveira Castro e mostra a evolução e as
mudanças ocorridas no ensino da matemática ao longo dos anos:
Tabela 1
Ensino da matemática no Brasil
Ano
Contribuição
Quem
contribuiu
1551
Padres jesuítas
Fundaram as primeiras “escolas de ler e escrever”, em seguida
estabeleceram “colégios” em vários pontos do Brasil, começando
pela Bahia.
1572
Padre Gonçalo
Iniciou o primeiro curso de arte no colégio da Bahia, onde se
Leite
ensinava matemática. Porém não se sabe ao certo o nível de
matemática que nele se ensinava.
1735
Padre Campos
Os compêndios do padre são a primeira tradução portuguesa dos
Elementos de Euclides.
1783
Sargento-mor
O primeiro trabalho de matemática escrito por alguém nascido na
José Fernandes
colônia. Publicou dois compêndios intitulados Exame de
Pinto Alpoim
Artilheiro e Exame de Bombeiros. Ambos os livros são precedidos
da matemática necessária para compreensão dos mesmos.
1773
Marquês de
Pombal
Criação do primeiro curso matemático de quatro anos. (A reforma
de Marquês de Pombal).
1777 Antônio Pires da Obtém o grau de doutor em matemática pela universidade de
Silva Pontes
Coimbra e retorna ao Brasil.
19
1779
Conde Linhares
Recrutou os primeiros professores de matemática superior que
teve no Brasil.
1791 Antônio Pires da Volta para Lisboa e se torna lente da academia dos Guardas-
1808
Silva Pontes
marinhas.
Dom João VI
Vinda da corte portuguesa ao Brasil. Dom João VI transferiu para
a cidade e corte do Rio de Janeiro, a “companhia dos guardasmarinhas com seu diretor e boa parte dos lentes e professoras da
academia real da marinha”.
1808
Dom João VI
Abertura do posto das Nações Amigas2 e fundação da Impressão
Régia3.
1810
Dom João VI
Fundou a biblioteca pública e finalmente a Academia real Militar
em 4 de dezembro deste ano, na cidade do Rio de Janeiro.
1815
Vilela Barbosa
1821
Pedro I
1822
Vilela Barbosa
Escreveu os seus Elementos de geometria, ainda em Lisboa.
Entrada franca de livros no País
Regressa ao Brasil como coronel graduado do real corpo de
engenheiros.
1838
Vilela Barbosa
Teve sucessivas edições os seus Elementos .Agora marquês de
Paranaguá.
1842
------------
É adotado um regime misto, que foi o primeiro passo para a
criação da eminente classe dos engenheiros civis.
1855
------------
Criação da Escola de Aplicações. O ensino básico de matemática e
ciências físicas e naturais ainda continua a ser ministrado na
Escola Militar.
1858
- -----------
A Escola Militar passa a denominar-se Escola Central de
Aplicação
1873
Ministro José
O então visconde do Rio Branco faz a separação do ensino Civil e
Maria da Silva
Militar.
Paranhos.
1874
2
-------------
Fixação dos estatutos da Escola politécnica, antiga escola central,
Posto onde era autorizada a abertura dos portos do Brasil ao comércio com as nações amigas de Portugal, do
que se beneficiou largamente o comércio britânico. Foi a primeira experiência liberal do mundo após a
Revolução Industrial.
3
Impressão Régia, hoje imprensa nacional, é o nascimento da imprensa brasileira. Nasceu oficialmente no Rio
de Janeiro em 13 de maio de 1808.
20
que foi a primeira escola civil de engenharia que teve o Brasil.
1874 Visconde do Rio O antigo “Curso matemático” das escolas militares foi ampliado e
Branco
desdobrado em dois cursos científicos: o curso de ciências físicas
e matemáticas e curso das ciências físicas e naturais.
1874 Visconde do Rio Cartas de Bacharel e de Doutor em ciências físicas e matemáticas
Branco
passaram a ser conferidas nestes curso acima citados, que eram
realizados independentemente dos cursos
profissionais de
engenharia.
1875 Visconde do Rio Fundação da Escola de Minas de Ouro Preto.
Branco
1893
-------------
Às duas escolas de engenharia do império juntaram-se a Escola
Politécnica.
1896
-------------
Extinção dos cursos científicos das Escolas Politécnicas.
1897
-------------
Fundação da Revista da Escola Politécnica.
1934
--------------
Criação da faculdade de Ciências e letras na Universidade de São
Paulo.
1935
-------------
Criação da escola de ciências da universidade do Distrito Federal.
1936
Luigi Fantappié
Fundou o Jornal de Matemáticas puras e Aplicadas, do qual saiu
apenas o primeiro volume.
1938
------------
Foi extinta a universidade do Distrito Federal.
1939
-------------
Criação da Faculdade de filosofia da Universidade do Brasil.
1945 Antônio Aniceto Conhecido matemático Português deu grande impulso aos estudos
Monteiro
1945
Paulo de Assis
Ribeiro
1945
Omar Catunga
matemáticos na faculdade nacional de filosofia.
Criou na fundação Getúlio Vargas, um núcleo técnico cientifico de
matemática.
Primeiro presidente da Sociedade Matemática de São Paulo que
foi fundada neste mesmo ano.
1946
---------------
Sai o primeiro número do boletim da Sociedade Matemática de
São Paulo.
1952
Almirante
Álvaro Alberto
da Mota e Silva
O almirante confiou a direção do novo instituto: Instituto de
matemática Pura (IMPA), à Lélio Gama.
21
1957
-----------------
Primeiro Colóquio4 Brasileiro de Matemática na cidade de Poços
de Caldas em Minas Gerais.
1960
Darcy Ribeiro
Criação da Universidade de Brasília-UnB com um excelente corpo
docente de matemática e com o Instituto Central de Matemática(ICM).
1964
---------------
Com a instauração do regime militar o ICM foi desativado.
1964
----------------
Após esta data com reestruturação da UnB foi criado um novo
programa de pós-graduação com o corpo docente modificado.
1970
-----------------
O departamento de matemática da UnB, passa a publicar uma
série de monografias sobre a matemática.
1970 Governo Central Criação de um forte programa de incentivo financeiro para os
alunos de pós-graduação e para jovens docentes, que desejassem
complementar sua formação acadêmica.
1979
Sociedade
Brasileira de
Inicia-se o programa de incentivo para realização de reuniões
científicas regionais.
matemática
1980 Governo Central Ampliação do regime de trabalho para docente em dedicação
exclusiva (DE).
1980
------------------
O Brasil passa a figurar como um dos países pertencentes ao
grupo 3, de um total de 5 grupos, na classificação feita pela União
Internacional de Matemática-UIM. Isso em virtude da produção
científica dos matemáticos brasileiros (em quantidade e qualidade)
A evolução do ensino nos mostra que a educação anda sempre junta às questões
politicas sociais e tem as características culturais e econômicas do Brasil. O ensino da
matemática mostra uma demanda de crescente atualização durante todo o período de sua
construção no país.
3.2 Metodologias do ensino da matemática
Analisando a situação do ensino da matemática no Brasil e considerando alguns
aspectos, observamos claramente que existe certo desgosto a matéria, principalmente por
4
Colóquio é uma reunião de pessoas gabaritadas em que se debate determinado assunto
22
parte dos alunos. Outro fator que é fundamental para a análise do ensino da matemática é
saber qual é a concepção envolvida no ensino da disciplina. Essa concepção diz que a
matemática é considerada como sendo uma ciência perfeita que já está pronta e que sua
sistematização, na maioria das vezes serve apenas de modelo para outras disciplinas e
ciências. Temos casos ainda, de professores autoritários, que supomos que sejam bons, mas
que, porém, ensinam uma matemática engessada a alunos passivos e desinteressados, o que
traz à tona outra consequência importante, a de se imaginar ou a de ter a matemática como um
dos principais critérios para a definição da inteligência. É comum nos depararmos com uma
das principais consequências da desmotivação e do desgosto, o preconceito e a manifestação
da baixa autoestima. Pessoas que acreditam que a matemática só é possível de ser entendida
por mentes brilhantes.
Em consequência do desgosto manifesto e da suposta incapacidade para matemática,
tem-se um professor que julgará os alunos, na maioria, incapazes de aprendê-la. Os
poucos alunos que obtiverem êxito nessa tarefa serão considerados especialmente
inteligentes. (CARVALHO, p. 17, 1994)
Essa forma como a matemática é vista, vem contra o que realmente deveria acontecer
na sala de aula, os professores se colocarem não como donos da verdade, mas sim como
facilitadores no processo de aprendizagem dos alunos.
A essa visão da matemática se contrapõe aquela que considera o conhecimento em
constante construção e os indivíduos, no processo de interação social com o mundo,
reelaboram, complementam, complexificam e sistematizam os seus conhecimentos.
Essa aquisição de conhecimento lhes permite transformar suas ações e, portanto,
alterar suas interações com esse mesmo mundo a nível de qualidade. Assim, a sala
de aula não é o ponto de encontro totalmente ignorantes com o professor totalmente
sábio, e sim um local onde interagem alunos com conhecimentos do senso comum,
que almejam a aquisição de conhecimento sistematizados, e um professor cuja
competência está em medir o acesso do aluno a tais conhecimentos. (CARVALHO,
p.15, 1994)
O desgosto ou a falta de interesse pela matemática já é cultural, o individuo, por meio
de influências passa a acreditar que não é capaz de entender a matéria, sem nem ter tentado.
Atualmente os alunos querem que os professores transfiram o conhecimento, o que é bem
diferente de querer aprender o que o professor ensina.
A consequência mais desastrosa de tal fato talvez seja a total passividade com que
os alunos se colocam perante qualquer aula, esperando que o professor lhe
“explique” o que devem “compreender” e lhes diga “como” fazer.
(CARVALHO,p.17, 1994)
23
Segundo os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), é importante que sejam
estimulados com os jogos, a utilização de recursos áudio- visuais e demais recursos
tecnológicos, que chamem a atenção dos alunos e melhore o aprendizado. Ele diz que a
didática deve privilegiar o entendimento e a manipulação de dados de diversas ordens, através
da resolução de problemas. A preocupação dos PCN’s em relação a matemática é que o aluno
possa construir o seu próprio conhecimento, criar senso crítico para que ele possa influir no
meio em que vive.
Por isso é de extrema importância que a metodologia do ensino seja considerada um
dos pontos mais importantes, para facilitar e conduzir o papel do professor e também o do
aluno. A metodologia vem dizer quais métodos, quais etapas e processos deve se seguir para
introduzir ao saber as habilidades importantes para a formação de um cidadão pleno. E
também para nortear e ajudar o professor em seu exercício.
Para o ensino da matemática, é também de extrema importância que a metodologia
seja bem estudada e estabelecida, para facilitar o trabalho do professor, bem como o
aprendizado dos alunos.
Para se trabalhar a metodologia de ensino da matemática é importante citar os
seguintes pontos, quanto a capacitação do docente:

É muito importante que o professor sempre reflita sobre a linguagem
matemática, sempre busque refletir também sobre as técnicas operatórias,
sobre o cálculo mental e a resolução de problemas. As características do
conhecimento matemático são muito importantes.

Deve-se saber sobre as pesquisas que falam da aquisição do conhecimento e
também da construção da linguagem da matemática. As teorias da
aprendizagem matemática contribuem bastante para entender os processos de
ensino aprendizado e para capacitar o professor.

Os princípios metodológicos são de grande importância e precisam de reflexão.
Os principais e específicos da disciplina podem vir de princípios
metodológicos gerais, porém, na sala de aula deve ser compatíveis com o
ensino matemático.

Os conteúdos a serem ensinados, devem ser bem estabelecidos e trabalhados de
forma que facilite o aprendizado do aluno.
O professor deve sempre apresentar em cada ano de ensino, preferencialmente todos
os conteúdos necessários para que o aluno avance, porém, isso não precisa seguir uma
24
sequência, o professor pode fazê-lo da forma que achar melhor e mais produtiva. É importante
também que o professor torne possível ao aluno a manipulação de materiais didáticos
diversificados, que o permitam refletirem, reformular e construir o próprio conhecimento
através de problemas. “Deve oferecer ao aluno oportunidade de operar sobre o material
didático para que, assim, possa reconstruir seus conceitos de modo mais sistematizado e
completo”. ( CARVALHO. p. 17, 1994)
O professor tem o papel de mostrar ou tentar mostrar aos seus alunos uma matemática
simples que tenha significado e que seja acessível e aprendida por todos.
O saber matemático não pode continuar sendo privilégio de poucos alunos, tidos
como mais inteligentes, cujo temperamento é mais dócil e , por isso, conseguem
submeter-se ao “fazerem tarefas escolares” sem se preocuparem com o significado
das mesmas no que se refere ao seu processo de construção do
conhecimento”.(CARVALHO, p. 103, 1994)
Segundo Carvalho, muitos fatores interferem no processo de ensino aprendizagem, e
que nem a psicologia nem a didática podem oferecer “receitas infalíveis” para situações
cotidianas da sala. Carvalho ainda diz que:
A interação do grupo de classe deve assumir a condição de uma investigação, onde
a cada reflexão sobre a ação realizadas buscam-se parâmetros para a reformulação
das ações em devir. Nesse grupo que interage eu incluo o professor em seu papel
intencional de ensinar: proponho a situação problema, fazendo as conclusões
expressas pela classe e relacionando a linguagem emergente do grupo com a
convencional da matemática.( CARVALHO,p.103, 1994)
Com isso concluímos que o ensino da matemática deve ser um processo baseado em
uma metodologia que trabalhe a linguagem matemática, os conteúdos de forma leve, longa,
lenta e social, a fim de proporcionar qualidade no aprendizado e se deve também promover
sempre que possível o significado da matemática.
25
4 Aprendizagem Significativa
Atualmente encontramos nas salas de aula alunos cada vez mais desmotivados,
desinteressados, sem preocupação com o aprendizado. Isso pode acontecer por vários fatores
como: crianças com problemas familiares, psicológicos, professores despreparados, etc. Além
destas e outras causas, a aprendizagem sem significado pode contribuir e até ser em alguns
casos a principal causa de desmotivação dos alunos. Esta desmotivação resulta em jovens com
baixo rendimento escolar, com dificuldade de concentração e também de aprendizagem. Por
isso segundo Carvalho:
É essencial que o professor proponha aos alunos um conjunto de situações que os
obriguem e os ajudem a ajustar as suas ideias e procedimentos, tornando-se capazes
de analisar as coisas mais profundamente, de revisar e ampliar os seus conceitos. (
CARVALHO, p. 20, 1994)
Porém é de suma importância que os professores tentem reverter este quadro. Apesar
de que, para motivar alguém é preciso estar motivado, e a maioria dos professores está
também sem motivação para a docência, já que em muitos casos trabalham em condições
precárias e recebem baixos salários. Mas cabe ao professor provocar e estimular os alunos
para que a aprendizagem aconteça. Mas o que o professor de matemática pode fazer para
melhor a sua autoestima, se motivar e motivar os alunos?
O professor possui em suas mãos infinitas possibilidades para preparar aulas que
tragam algum significado para os seus alunos, é claro que nem todas as aulas podem ser
contextualizadas, mesmo assim é possível trabalhar uma matemática mais significativa. Isso
pode acontecer quando o professor se dispõe a buscar coisas novas constantemente, não fique
preso somente ao livro didático, possibilite aos alunos contato com bibliografias
diversificadas além de buscar atividades relacionadas com o cotidiano dos alunos sempre que
possível.
Cabe então ao professor propor-lhe situações problematizadas: elas lhe permitirão
vivencias experiências, que completam e tornam mais complexo o seu conhecimento
anterior sobre os conceitos e propriedades envolvidas nos temas abordados. Desse
modo a criança irá estabelecer relações entre os diversos aspectos de uma noção e
poderá adquirir, de maneira significativa, a linguagem matemática. (CARVALHO,
p. 20,1994)
É claro que se um professor conseguir buscar o que de melhor tem o seu aluno, ele
também estará motivado, ele terá prazer em ver que o seu trabalho gera resultado.
26
Frequentemente nós professores escutamos a seguinte pergunta em sala de aula: “Pra
que serve isso?”. Este é um questionamento que é muito comum nas aulas de matemáticas que
são cheias de cálculos complicados e que aparentemente não têm aplicação nenhuma, isso
acaba deixando os alunos desestimulados para o aprendizado.
Aprendizagem significativa é uma aprendizagem que traz significado para o contexto
de vida do aluno. Esta aprendizagem acontece quando os alunos passam a perceber a
aplicação ou o significado de uma determinada matéria para o seu dia a dia, quando o aluno
consegue fazer exercícios novos sozinho, quando conseguem explicar o conteúdo com suas
palavras. Ela se caracteriza pela interação do novo com o que o aluno já sabe de acordo com a
estrutura cognitiva de cada um.
O que caracteriza uma aprendizagem como sendo significativa é o fato dela
envolver o indivíduo como um todo. Esta deve ir ao encontro de suas
necessidades, gerando assim um desequilíbrio para o mesmo, o que resulta em
uma energia impulsora para que vá à busca daquilo que necessita aprender.
(Ripplinger e Brancher,2013).
O professor não é o centro da aprendizagem significativa, já que este papel é do aluno
que também precisa querer, ele precisa estar predisposto a aprender, o professor tem o papel
de facilitador neste processo de aprendizagem. Ele não deve somente tentar depositar o
conteúdo na cabeça dos alunos, ele deve promover um ambiente que possibilite ao aluno
construir o seu próprio pensamento. Já que a aprendizagem significativa como já dito
anteriormente vem da interação do individuo com o meio e com o que ele já aprendeu ou
ainda com a capacidade cognitiva de cada aluno.
27
5 A teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações para Educação Matemática
É importante falar sobre o que a educação voltada para a teoria do QI hereditário traz e
sobre quais mudanças que teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner propõe.
Atualmente a teoria do QI hereditário tem grande força e influência sobre o ensino escolar,
isso principalmente após a grande dimensão que tomou os testes de QI elaborados por Terman
e Yerks. A escola passou a adotar um sistema onde se é privilegiado e também mais
desenvolvido os alunos que são considerados “mais inteligentes”.
A partir das notas dos testes aplicados nas escolas, os alunos eram considerados
inteligentes ou não. Eram classificados como sendo atrasados, lentos, pouco inteligentes, etc.
E a escola pouco lutou para ajudar a esses “fracassados”, já que, como diz a teoria do QI
hereditário, os alunos que já nasceram geneticamente com pouca ou mediana inteligência não
teriam a condição de passarem para outro nível. Então pra que ajudá-los?
Os alunos com QI mais alto, são os mais inteligentes e estariam predestinados a
ocuparem as melhores universidades, os melhores cargos profissionais, bem como as
melhores careiras. Porém, de acordo com a teoria das IM, as escolas deveriam estar
preparadas para garantir que todos tenham o conhecimento básico para se constituir um
cidadão pleno. É claro que algumas pessoas são mais capazes do que outras ou tenham
determinada inteligência mais desenvolvida do que a de outras pessoas, por isso dominem
certo conhecimento mais rápido que as outras. A escola deveria garantir que esses indivíduos
mais capazes chegassem ao topo e que o maior número possível de pessoas com as
inteligências menos desenvolvidas atingissem o conhecimento básico da melhor forma
possível.
O ensino seletivo traz muitas falhas e é insuficiente, e isso já foi percebido por muitos
professores e pesquisadores que trabalham na busca de soluções para este problema que gera
o fracasso escolar, além de altos índices de reprovação e até mesmo de abandono.
Apesar de terem sido muitas as pesquisas a respeito do fracasso escolar ainda são
pequenas as mudanças ocorridas e as escolas públicas e particulares ainda praticam uma
educação classificatória.
Talvez em nenhum outro momento da pesquisa educacional os pesquisadores das
universidades tenham produzido tantos e tão relevantes trabalhos sobre o fracasso
da escola, mas os problemas continuam e, mesmo sob pena de ouvir protestos
veementes em sentido contrário, sentimos a necessidade de dizer que as mudanças
que ocorreram foram tímidas e, democraticamente, em escolas públicas e
particulares continuam sendo exercida uma educação classificatória. (SMOLE, p.54,
2003)
28
Para que ocorra uma mudança significativa é importante o empenho de todos os
envolvidos, governo, professores, alunos, pais de alunos, escola e pesquisadores. Entretanto é
muito importante que se avalie novamente o conceito de inteligência. Tendo como base a
teoria de Gardner é possível mudar o panorama atual da educação. A teoria das IM traz uma
visão pluralista que foca o indivíduo como um todo e valoriza suas habilidades, mais do que
isso, trabalha com as habilidades mais acentuadas de cada pessoas. Uma vez reconhecido que
as pessoas tem capacidades diferentes, amadurecimentos cognitivos diferentes e que cada
pessoas aprende de uma forma diferente e com tempos diferentes, fica mais fácil desenvolvêlos.
Segundo Gardner as pessoas que são incentivadas a desenvolverem as suas
inteligências, são mais inclinadas a servirem a sociedade de maneira construtiva. Ele ressalta
também que o papel da escola é o de justamente desenvolver as inteligências de cada pessoa
de modo a leva-las a atingirem seus objetivos.
Há muitas vantagens em aplicar a teoria das inteligências múltiplas nas escolas, uma
delas é a que coloca em evidência que as pessoas são diferentes em suas habilidades e
competências outra vantagem é a de que a teoria de Gardner diz que toda criança tem
potencial para se desenvolver em variadas áreas.
5.1 A utilização de jogos como recurso didático
A palavra jogo vem do latim e quer dizer gracejo, zombaria. Ela substitui a palavra
ludo que quer dizer brinquedo, passatempo, divertimento. Jogos são atividades que envolvem
um ou mais jogadores que interagem entre si, sendo adversários ou cooperativos, possuem
regras que na maioria das vezes são simples de seguir. E é parte importante no
desenvolvimento das crianças.
A psicologia do desenvolvimento destaca que a brincadeira e jogo desempenham
funções psicossociais, afetivas e intelectuais básicas no processo de
desenvolvimento infantil. O jogo apresenta-se como uma atividade dinâmica que
vem satisfazer uma necessidade da criança, dentre outras, de ‘movimentação’, ação.
(...) O jogo propicia um ambiente favorável ao interesse da criança, não apenas pelos
objetos que o constituem, mas também pelo desafio das regras impostas por uma
situação imaginária que, por sua vez, pode ser considerada como um meio ao
desenvolvimento do pensamento abstrato. (GRANDO, p. 18, 2004)
As pessoas desde muito pequenas já se interessam pelos jogos, elas imaginam coisas,
conversam com o imaginário, se envolvem com outras crianças, elas criam e fantasiam.
29
As atividades lúdicas5 são tão importantes para o desenvolvimento, que até mesmo os adultos
sempre estão praticando algum tipo dessa atividade. Pode ser quando brinca com um colega
de serviço ou quando joga cartas, assiste a um a corrida na televisão, brinca de adivinhar
coisas, etc. Para as crianças os jogos são como parte do seu desenvolvimento, faz parte do seu
cotidiano.
No universo das crianças, jogos e brincadeiras ocupam um lugar especial. Nos
momentos em que estão concentradas em atividades lúdicas, as crianças envolvemse de tal modo que deixam de lado a realidade e entregam-se às fantasias e ao
mundo imaginário do brincar. (RIBEIRO, p.18,2008)
Segundo Ribeiro, os jogos podem ser classificados em vários tipos:

Jogos de azar - São aqueles que dependem apenas da sorte para se vencer. Exemplo:
Jogos com dados, par ou ímpar, loteria.

Jogos quebra-cabeça - Neste caso, na maioria das vezes o jogador joga sozinho e a
resposta do jogo ainda é desconhecida. Exemplo: charadas, quebra-cabeças, torre de
Hanói, etc.

Jogos de estratégia – São aqueles que dependem somente do jogador para vencer,
sem sorte, somente com estratégias. Exemplo: xadrez, damas, paciência.

Jogos de fixação dos conceitos – São os que têm por objetivo, justamente fixar
conceitos. São utilizados em escolas e tem grande valor pedagógico, principalmente
quando substituem listas de exercícios.

Jogos pedagógicos - São aqueles que podem ser usados durante o processo ensino
aprendizagem, tem grande valor pedagógico. Este engloba todos os outros tipos
citados anteriormente.
5.1.1 Os jogos e a aprendizagem matemática
Os jogos trazem uma riqueza muito grande para o aprendizado e crescimento
educacional das crianças. Para a educação matemática podemos utilizar grande parte dos
jogos que são voltados para esta área e que tem grande importância pedagógica, podemos
destacar os jogos de estratégia, jogos de azar, jogos de construção de conceito e os de fixação
de conceito matemático.
5
Adquirir conhecimentos através do brincar, jogar, faz o ser desenvolver-se plenamente em seu contexto social
de forma significativa e prazerosa.
30
Inserir os jogos matemáticos no contexto escolar traz uma aprendizagem significativa
para os alunos, além de gerar prazer e interesse no educando.
De acordo com o PCN, temos:
a) O ponto de partida da atividade matemática não é a definição, mas o problema.
No processo de ensino aprendizagem, conceitos, ideias e métodos matemáticos
devem ser abordados mediante a exploração de problemas, ou seja, de situações em
que os alunos precisem desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-la; b) a
resolução de problemas não é uma atividade para ser desenvolvida em paralelo ou
com aplicação da aprendizagem, mas uma orientação para a aprendizagem, pois
proporciona o contexto em que se podem aprender conceitos, procedimentos e
atitudes matemáticas. (BRASIL, p.43-44, 2000).
É notável que o jogo é uma atividade que relaciona e engloba resolução de problemas,
por isso é que os alunos conseguem aprender através dos jogos matemáticos. Eles buscam a
autonomia do aluno, sua criatividade, constrói novos conceitos e ideias matemáticas.
5.1.2 Os Jogos e as Inteligências Múltiplas
Trabalhar sob o panorama da teoria das inteligências múltiplas traz ao docente
possibilidade de valorizar o aluno como um todo e não somente por sua capacidade linguística
e matemática. Gardner em sua teoria defende que cada pessoa tem a capacidade para se
desenvolver em diferentes áreas do conhecimento e não deve ser julgada como pouco
inteligente apenas por não conseguir atingir uma boa qualificação em testes de QI, que
definem a inteligência baseado apenas em habilidades linguísticas e matemáticas.
As pessoas são geneticamente diferentes, por isso não podem ser avaliadas de uma mesma
forma, não podemos esperar que pessoas diferentes tivessem o mesmo desempenho nas
avaliações.
Os jogos e a teoria das inteligências múltiplas se entrelaçam no momento em que
Gardner define inteligência como sendo a capacidade de resolver problemas ou elaborar
produtos que sejam valorizados em determinados ambientes culturais. E o jogo possibilita
tanto a resolução de problemas quanto a criação de produtos. O importante é saber qual o tipo
de jogo para que tipo de aluno e quando ele deve ser aplicado.
Segundo Celso Antunes é muito importante conceituar capacidade, habilidade e
competências. Ele diz que capacidade vem de quanto cabe, por exemplo, qual é a capacidade
de um recipiente? Nós seres humanos nascemos com muita capacidade, mas se a escola não
as desenvolve, se o ambiente em que o individuo esta inserido não o desenvolve ele levará
pelo resto de sua vida o mínimo que ele alcançar. Celso defende que as capacidades motoras e
as capacidades emocionais devem ser trabalhadas nas escolas, mas que também o
31
desenvolvimento das capacidades coletivas deve ser oferecido pelas instituições de ensino.
Deve-se ensinar aos alunos a fazerem produtos, ensiná-los a fazerem uma pesquisa, ensiná-los
a estudar e principalmente ensinar que ninguém é obrigado a saber tudo, já que as pessoas
possuem habilidades diferentes.
Ele ainda ressalta que, competência é a capacidade de mobilizar uma série de recursos
mentais, dentre eles as inteligências para nos ajudar a resolver problemas. E habilidade como
sendo o grau da competência. Mas como um professor pode fazer com que o aluno
desenvolva suas habilidades e competências?
Dentre as diversas formas de desenvolver as habilidades e competências, os jogos tem
um papel importante, é muito bem visto e possível de ser trabalhado na sala de aula.
Com isso a avaliação do aluno também será diferente já que o professor terá a
possibilidade de avaliar o aluno levando em consideração a inteligência que seja mais forte
naquele aluno.
Ao ampliar, como professor e cidadão, nossa visão acerca da relatividade de ser
competente e de como esse termo apresenta aspectos diferenciados em cada
individuo, propiciando que os alunos realizem com maior sucesso seu potencial
intelectual. (SMOLE, p.54, 2003)
Novamente é importante dizer que a teoria da IM proposta por Gardner vê o aluno
como um todo não apenas observa e o qualifica por suas habilidades linguísticas ou
matemáticas.
Cada tipo de inteligência pode ser estimulado por um tipo de jogo, esses jogos devem
seguir as seguintes linhas:
TABELA 2
Linhas de Estimulação das IM
INTELIGÊNCIAS
Linguística
LINHAS DE ESTIMULAÇÃO
Vocabulário – fluência verbal – gramática – alfabetização –
memória verbal
Lógico-matemática
Conceituação – sistemas de numeração – operação e conjunto
– instrumentos de medida – pensamento lógico
Espacial
Lateralidade – orientação espacial – orientação temporal –
criatividade – alfabetização cartográfica
Musical
Percepção auditiva – discriminação de ruídos – compreensão
de sons – estrutura rítmica
32
Cinestésica
Motricidade e coordenação manual – coordenação viso-motora
e tátil – percepção de formas - percepção de peso e tamanhos –
paladar e audição.
Pictórica
Reconhecimento de objetos – reconhecimento de cores –
reconhecimento de formas e tamanhos – percepção de fundo –
percepção viso-motora
Pessoal
Percepção corporal – autoconhecimento e relacionamento
social – administração das emoções – ética e empatia –
automotivação e comunicação interpessoal
(ANTUNES, p. 39, 2012)
Pode-se identificar no aluno qual ou quais são as inteligências que ele tem mais
desenvolvidas e aplicar jogos que sejam compatíveis com essas inteligências, com o objetivo
de desenvolver os conhecimentos matemáticos naquele aluno.
Porém, é importante dizer que, os jogos devem ser aplicados quando possível e se
necessário, como forma de auxilio, para ajudar a alcançar os objetivos da programação. E que
o aluno deve estar maduro para participar dos jogos.
A seguir veremos sugestões de jogos que contribuem para o ensino-aprendizado da
matemática através da estimulação das múltiplas inteligências:
Inteligência Linguística - Jogo Nº 1
Nome do jogo: Frutas do pomar
Habilidade: Vocabulário
Estimulação ligada à matemática: Raciocínio lógico
Indicação: Alunos do 6º ano
Preparação: Utilizando gravuras de revistas, selecionando-as se possível com a ajuda das
crianças, organizar uma coleção de objetos mais ou menos do mesmo tamanho, como frutas,
brinquedos, transportes ou utensílios diversos.
Utilização: As peças devem ser montadas como um Jogo de Dominós (28 peças com 7
figuras combinadas) e suas regras devem ser seguidas com a criança nomeando os objetos,
dizendo sua cor, ou criando fatos sobre os mesmos.
(ANTUNES, p.49, 2012)
33
Nesta atividade é possível desenvolver o raciocínio lógico em crianças que possuem a
inteligência linguística mais desenvolvida. Estas crianças normalmente desenvolveram o
raciocínio lógico mais rapidamente do que se esse raciocínio fosse estimulado exclusivamente
pela matemática.
Inteligência Espacial – Jogo Nº 1
Nome do Jogo: Cidade de papelão
Habilidade: Orientação Espacial
Estimulação ligada à matemática: Escala
Indicação: Indicado para alunos do 7º ano
Preparação: Preparar, se possível com a ajuda dos alunos, uma “cidade” em miniatura
usando caixas de fósforo, palitos e outros materiais, Desenhar um “tabuleiro” com as ruas
dessa cidade e marcar claramente no canto da mesma uma rosa dos ventos.
Utilização: O jogo é uma atividade de montar os prédios, semáforos, veículos e árvores pela
cidade e o professor, localizando o tabuleiro segundo os pontos cardeais verdadeiros da sala
de aula, deve orientar os alunos a perceber essas referências e a importância da posição de um
ponto cardeal face ao elemento de referencia (exemplo: A prefeitura está ao norte da praça,
mas ao sul, em relação aos correios, etc.).
(ANTUNES, p.119, 2012)
Através desta atividade é possível trabalhar de forma bem clara o conceito de escala
para alunos que possuem a inteligência espacial mais desenvolvida. O intuído é que o aluno
construa o seu próprio conhecimento matemático, utilizando a inteligência que ele tem em
maior evidência.
Inteligência lógico-matemática – Jogo Nº 1
Nome do Jogo: Formas Vazadas
Habilidade: Noção de conjunto e formas geométricas
Estimulação: Ideias de conjuntos e Atenção
Indicação: Alunos do 6º ano
Preparação: O jogo exige uma preparação trabalhosa. Torna-se necessário colar fitas em
cartolina formando um círculo em uma, um triângulo em outra e um quadrado em uma
terceira. Recorte em papel-cartão colorido silhuetas com formas de figuras humanas, frutas e
formas geométricas.
34
Utilização: Os alunos devem formar conjuntos com diferentes formas e em etapas posteriores
colocar esses conjuntos dentro dos contornos solicitados. Formam assim conjuntos de formas,
conforme a cor, e trabalham com sua colocação nos contornos.
(ANTUNES, p.81, 2012)
Este jogo refere-se justamente a inteligência lógico-matemática. É também importante
a utilização de jogos matemáticos para alunos que possuem essa inteligência mais
desenvolvida.
Inteligência Pictórica - Jogo Nº 1
Nome: Canudos coloridos
Habilidade: Identificação de cores
Estimulação ligada à matemática: Relação número X quantidade
Indicação: Alunos do 4º ano
Preparação: Canudos de refrigerante de diversas cores e cortados em tamanhos diferentes.
Pedaços de cabo de vassoura serrados e pintados também se prestam ao desenvolvimento da
atividade.
Utilização: Os alunos, individualmente ou em duplas, devem separar, reunir, classificar,
descrever as peças, estabelecendo progressivas relações entre a quantidade das mesmas e os
signos numéricos que começam a decodificar.
(ANTUNES, p.219, 2012)
É possível através desta habilidade com desenhos, pinturas etc., aprender matemática
através de jogos. Este jogo possibilita o aprendizado de matemática através da relação de
cores com as quantidades.
Cinestésico–Corporal - Jogo Nº 1
Nome: Cinco Marias
Habilidade: Coordenação Visomotora
Estimulação ligada à matemática: Noção de quantidade e de conjunto
Indicação: Alunos do 6º ano
Preparação: Preparar cinco saquinhos de pano não transparente e deixar um dos lados
aberto. Encher os saquinhos com milho, arroz ou feijão e fechar...
Utilização: Os alunos em grupo ou integrando equipes, devem pegar as peças na sequência da
um a cinco, atirando uma para cima e pegando as da mesa. Na primeira jogada, o aluno pega
35
uma, na segunda pega duas peças de cada vez e assim por diante. Ao errar, cede a vez ao
adversário de outa equipe.
(ANTUNES, p.158, 2012)
Essa atividade propõe que aluno utilizem as habilidades corporais para o aprendizado
da matemática.
Inteligências Pessoais (interpessoal e intrapessoal) – Jogo Nº 1
Nome: Adivinhe o que mudou
Habilidade: Memória
Estimulação ligada à matemática: Percepção e lógica
Indicação: alunos do 6º ano
Preparação: Preparar objetos, como bonés, bolsas, chapéus, óculos, etc.
Utilização: Deve-se fazer um circulo com os aluno e pedir pra que um dos alunos observe
como os outros estão vestido. Em seguida esse aluno deve sair da sala, enquanto isso os
outros alunos tiram ou colocam algum objeto do corpo. Quando o outro aluno retornar a sala
ele deverá perceber, e citar o que mudou nos demais.
Este jogo relaciona a ideia de conhecer ao próximo, observar o outro e pode ser
relacionada com a matemática já que trabalha a ideia de percepção e lógica.
Inteligência Musical - Jogo Nº 1
Nome: O castelo dos mil sons
Habilidade: percepção auditiva
Estimulação ligada à matemática: Lógica e ideia de conjunto
Indicação: Alunos do 6º ano
Preparação: O ideal é o professor dispor de um gravador com uma fita apresentando sons
diferentes. Em sua falta, pode improvisar com sons metálicos, guturais. Latidos, vozes
conhecidas, trechos de musicas e outros.
Utilização: Os alunos são divididos em duas equipes e todos devem ter seus olhos vendados.
Iniciando a atividade, o professor informa que irão percorrer um castelo imaginário devendo
memorizar os sons ouvidos para relacioná-los na ordem em que forem apresentados. Vence a
equipe que fizer a relação mais completa e na ordem correta.
(ANTUNES, p.158, 2012)
36
6 Considerações Finais
Em resposta à pergunta de tal pesquisa, identificaram-se possibilidades de melhoras no
ensino, através de atividades que tenham base na teoria das inteligências múltiplas. O trabalho
mostra que a teoria de Howard Gardner tem grande aplicabilidade nas atividades escolares.
Através da teoria das inteligências Múltiplas é possível desenvolver as competências
matemáticas de alunos que possuem dificuldades no aprendizado. Esta pesquisa possibilitou
observar e identificar caminhos possíveis para tal desenvolvimento.
É possível e muito importante observar quais são as inteligências mais desenvolvidas
em cada aluno, para que assim, após essa identificação se aplique jogos que facilitem o
aprendizado e o desenvolvimento de suas competências, como foi proposto no trabalho.
Observou-se que a inteligência não pode ser definida, tendo somente como base as
habilidades linguísticas e matemáticas, a definição de inteligência vai muito além. As pessoas
são biologicamente e geneticamente diferentes, convivem com realidades diferentes e por isso
não podem ser iguais e menos ainda avaliadas da mesma forma. A avaliação sobre cada
pessoa deve ser vista sob o que ela tem de melhor, a teoria das IM observa o individuo
plenamente e não apenas por testes feitos com papel e lápis, atividades que avaliem somente
matemática e português.
O trabalho voltado para o desenvolvimento matemático de alunos que tem dificuldade
de aprendizado, sob o panorama das inteligências múltiplas traz a inclusão e valorização do
ser humano como pessoa digna e capaz.
Observou-se ainda que as escolas atuais não desenvolvem um trabalho voltado para o
individuo, mas sim para um sistema que define que os alunos ditos com QI mais altos devem
conseguir os melhores lugares. Abre-se aqui a oportunidade de outras pesquisas relacionadas
a esta concepção. O ambiente escolar é um local que deve integrar todos os alunos da melhor
forma possível e entender suas capacidades para que elas sejam bem trabalhadas, com intuito
de buscar o melhor que cada aluno oferecer.
37
7 Referências Bibliográficas
ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 18. ed. –
Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
______. As inteligências múltiplas e seus estímulos. Campinas, São Paulo: Papiros, 1998.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais. V.3. Rio de janeiro: DP&A, 2000.
CARVALHO, Dione Lucchesi. Metodologia do Ensino da Matemática. 2. Ed. Ver. – São
Paulo: Cortez,1994.
Gama, Maria Clara S. Salgado. A teoria das inteligências múltiplas e suas implicações para
educação.
Disponível
em:
<http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=18>. Acesso em 02 setembro
2013.
GARDNER, Howard. A nova ciência da mente. New York, Basic Books Inc., 1987.
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