FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Licenciatura Plena em
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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Licenciatura Plena em
FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Licenciatura Plena em Matemática Amanda Araújo INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO Pará de Minas 2013 Amanda Araújo INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO Monografia apresentada à coordenação de matemática da Faculdade de Pará de Minas como requisito parcial para a conclusão do curso de licenciatura plena em matemática. Orientadora: Profª Mestre Tânia Aparecida Ferreira Hanke Pará de Minas 2013 Amanda Araújo INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO MATEMÁTICO Monografia apresentada à coordenação de matemática da Faculdade de Pará de Minas como requisito parcial para a conclusão do curso de licenciatura plena em matemática. Aprovada em _____/_____/_____ _______________________________ Professora Mestre Tânia Aparecida Ferreira Hanke (Orientadora) _______________________________ Professor Mestre Anderson Baptista Leite (Examinador) Dedico este trabalho a Deus, por ter me honrado e ter sido fiel. Dedico também a minha família. Agradecimentos Agradeço a Deus, o que seria de mim sem a fé que eu tenho nele. Aos meus pais, irmãos, meu noivo, meu filho e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. À professora Tânia Hanke pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia. Ao professor e coordenador do curso, Anderson Baptista Leite pelo convívio, pelo apoio, pela compreensão e pela amizade. A todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e no desenvolvimento desta monografia. Aos amigos e colegas, pelo incentivo e pelo apoio constantes. "Inteligência é a capacidade para resolver problemas ou elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários". Howard Gardner Resumo Este trabalho tem o objetivo de abordar a contribuição da teoria das Inteligências Múltiplas para a educação matemática. Howard Gardner, o defensor da teoria, traz uma visão pluralista da mente e defende que todo individuo tem capacidade para desenvolver diferentes tipos de competências, quando estimuladas. Segundo Gardner os indivíduos são dotados de inteligências múltiplas que incluem as dimensões linguística, lógico-matemática, espacial, musical, cinestésico-corporal, pictórica, intrapessoal e interpessoal. Esta pesquisa foi feita sob a forma de revisão bibliográfica sobre o tema “Inteligências Múltiplas e a construção do conhecimento matemático” principalmente com os livros de Howard Gardner, Katia Stocco Smole e Celso Antunes que são profissionais muito conceituados nas áreas de psicologia e educação. No trabalho foram identificados os conceitos e definições de inteligência, bem como a definição do que são as inteligências múltiplas da teoria de Gardner. Foi feito um estudo sobre a evolução do ensino da matemática no Brasil desde o Brasil colônia até a década de 80 com o movimento da matemática moderna. Como o principal objetivo era saber das contribuições da teoria das inteligências múltiplas para o aprendizado matemático, apresento aqui sugestões e forma de trabalho para estimulação das inteligências com jogos. O trabalho voltado para valorização das múltiplas inteligências é o que trataremos na pesquisa. Palavras-Chave : Inteligências Múltiplas; QI; ensino aprendizagem matemática; jogos. Lista de Tabelas Tabela 1 – Ensino da matemática no Brasil--------------------------------------------------------- 18 Tabela 2- Linhas de estimulação das inteligências múltiplas------------------------------------- 31 Lista de Siglas DA- Dificuldade de aprendizagem IM – Inteligências Múltiplas PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais QI - Quociente de inteligência Sumário 1 Introdução .......................................................................................................................................... 10 2 Inteligência ......................................................................................................................................... 13 2.1 Conceito Histórico ....................................................................................................................... 13 2.2 A teoria das inteligências múltiplas............................................................................................. 14 2.2.1 As inteligências ..................................................................................................................... 16 3 Processo de ensino aprendizagem em matemática .......................................................................... 18 3.1 Ensino da Matemática no Brasil .................................................................................................. 18 3.2 Metodologias do ensino da matemática..................................................................................... 21 4 Aprendizagem Significativa ................................................................................................................ 25 5 A teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações para Educação Matemática ....................... 27 5.1 A utilização de jogos como recurso didático ............................................................................... 28 5.1.1 Os jogos e a aprendizagem matemática .............................................................................. 29 5.1.2 Os Jogos e as Inteligências Múltiplas ................................................................................... 30 6 Considerações Finais .......................................................................................................................... 36 7 Referências Bibliográficas.................................................................................................................. 37 10 1 Introdução Sabendo que o aprendizado é de grande relevância para a formação de um cidadão, seria de extrema importância que as instituições de ensino fossem capazes de preparar indivíduos, desde a educação mais básica, para exercerem de forma plena a cidadania e oferecer garantia de aprendizagem significativa para todos os alunos. ...a educação básica deveria visar fundamentalmente à preparação para o exercício da cidadania, cabendo à escola formar o aluno em conhecimentos, habilidades, valores, formas de pensar e atuar na sociedade através de uma aprendizagem que seja significativa. (SMOLE, p.1, 2003) Porque então uma grande parcela de pessoas não consegue alcançar êxito na vida escolar, enquanto outras que estudaram em uma mesma escola conseguem alcançar os objetivos escolares? Levando este questionamento para a matemática, porque alguns alunos conseguem assimilar mais os conteúdos algébricos, por exemplo, do que conteúdos geométricos e outros aprendem com mais facilidade os conteúdos geométricos e menos os algébricos estando em uma mesma sala de aula, com mesmo professor e mesmo nível de ensino? A explicação para esse fato pode ser pautada nos estudos de Gardner sobre inteligências múltiplas? O que motivou a realização dessa pesquisa, foram justamente estas perguntas, houve curiosidade em saber por que isso acontece e se há soluções possíveis para essa situação. Howard Gardner, é um psicólogo conceituado e conhecido mundialmente da universidade de Harvard, que não acredita que existam crianças com Dificuldade de Aprendizagem (DA), mas ele acredita sim que, cada individuo possui habilidades diferentes que podem ser desenvolvidas ou não. (. . .)existem evidências persuasivas para a existência de diversas competências intelectuais humana relativamente autônomas abreviadas daqui em diante como 'inteligências humanas'. Estas são as 'estruturas da mente' do meu título. A exata natureza e extensão de cada 'estrutura' individual não é até o momento satisfatoriamente determinada, nem o número preciso de inteligências foi estabelecido. Parece-me, porém, estar cada vez mais difícil negar a convicção de que há pelo menos algumas inteligências, que estas são relativamente independentes umas das outras e que podem ser modeladas e combinadas numa multiplicidade de maneiras adaptativas por indivíduos e culturas. (GARDNER 1994, p. 7) 11 Ele, por não aceitar que a inteligência pudesse ser medida por testes de QI, fez vários estudos na década de 1980, inclusive neurológicos que comprovam que todos os seres humanos têm no mínimo sete diferentes tipos de inteligência que até certo ponto são independentes. Sua teoria ficou conhecida como a Teoria das Inteligências Múltiplas. Para Gardner a inteligência pode ser definida como : " Inteligência é a capacidade para resolver problemas ou elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais ou comunitários" (GARDNER 1995, p. 14) Levando em conta a afirmação de Gardner pode-se perceber que sua teoria é uma alternativa para o conceito de inteligência e também para o modelo atual de ensino aprendizagem aplicado pelo sistema, já que para ele cada aluno deve ser tratado individualmente e valorizado pelas suas habilidades. Com essa pesquisa pretendo investigar, com base na teoria de Gardner, se é possível desenvolver as inteligências citadas por ele, em crianças que são ditas com dificuldade de aprendizagem, através de um trabalho que seja voltado para a valorização das inteligências múltiplas, com o objetivo de melhorar o aprendizado da matemática. É da máxima importância reconhecer e estimular todas as variadas inteligências humanas e todas as combinações de inteligências. Nós todos somos tão diferentes em grande parte porque possuímos diferentes combinações de inteligências. Se reconhecermos isso, penso que teremos pelo menos uma chance melhor de lidar adequadamente com os muitos problemas que enfrentamos neste mundo. (GARDNER, 1995. p. 18) Para alcançar esse objetivo optei por fazer uma pesquisa bibliográfica, que é a pesquisa elaborada com base em materiais já publicados, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações, etc. Por me proporcionar uma grande área para pesquisa sem que eu precise me deslocar para buscar dados. A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. (GIL, 2010.p.30) A pesquisa será feita principalmente através dos livros de Howard Gardner, que é o criador da teoria das inteligências múltiplas, e que como já dito anteriormente é psicólogo cognitivo e educacional ganhador de vários prêmios e trabalha na Universidade de Harvard. Com os livros e artigos da autora Katia Stocco Smole, que é coordenadora do grupo Mathema de formação e pesquisa; Doutora em Educação, área de ensino de ciências e matemática, pela FEUSP; Mestre em Educação, área de ensino de ciências e matemática, pela FEUSP; 12 Consultora na disciplina de matemática dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – MEC. Também com os livros e artigos do autor Celso Antunes que é formado em geografia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em ciências humanas e especialista em inteligência e cognição. Membro consultor da Associação Internacional pelos Direitos da Criança Brincar, reconhecido pela UNESCO. É autor de cento e oitenta livros e consultor de diversas revistas. Será uma pesquisa qualitativa, já que não tenho a intenção de medir e/ou quantificar os dados, mas sim de explorá-los, tentando responder ao meu questionamento, que se resume em saber se a teoria das Inteligências Múltiplas é realmente eficaz para o desenvolvimento do pensamento lógico- matemático nos alunos que possuem certo tipo de dificuldade em matemática. No primeiro capítulo apresentamos a justificativa, objetivos e o caminho trilhado para o desenvolvimento de nossa pesquisa. No segundo capítulo falarei sobre definição de inteligência, os testes de QI e sobre a teoria das inteligências múltiplas. Apresentarei um panorama histórico sobre a evolução da matemática no Brasil e suas metodologias de ensino da matemática e no terceiro capítulo falarei sobre as implicações da teoria das inteligências múltiplas para a educação, e sobre os jogos como estimulação das inteligências, fechando com algumas sugestões de trabalhos que podem ser aplicados em sala de aula. No último capítulo apresento minhas considerações finais acerca do assunto investigado. 13 2 Inteligência 2.1 Conceito Histórico Durante muito tempo pesquisadores tentam definir inteligência. Diferentes concepções surgiram ao longo do tempo para tentar conceituar e quantificar a inteligência. Inicialmente acreditava-se que a inteligência era medida de acordo com o tamanho e a forma do crânio do indivíduo. Com a craniometria praticada a partir do século XII, acreditava-se que o tamanho do cérebro indicava o grau de inteligência da pessoa. Esta teoria sofreu muitas criticas ao longo do tempo. A partir da metade do século XIX, ganhou força a teoria que focava em técnicas estatísticas para classificar seres humanos por sua força física e intelectual. Assim nasceu o trabalho de Paul Broca1, médico que colocou a craniometria e os processos de medição em seu apogeu. Segundo Kátia Smole, os argumentos de Paul Broca perderam força no século XX com a chegada dos testes de inteligência. Isso aconteceu porque os cientistas expuseram a insatisfação com o preconceito que dominava a maior parte da literatura sobre a forma e o tamanho da cabeça. Como resposta a um pedido do ministério francês de educação pública, os psicólogos Alfred Binet e Theodore Simon elaboraram o primeiro teste padronizado de aptidão mental, em Paris no ano de 1905. O teste tinha o objetivo de classificar as crianças que pareciam carecer de um ensino especializado como o de colocar cada criança em sua série e nível adequado de ensino. Ou ainda, eles queriam saber, quais crianças iriam ter sucesso e quais iriam fracassar nas séries iniciais das escolas parisienses. Os testes abandonaram as características médicas, voltando-se para as características psicológicas , assim os processos mentais buscavam capacidades superiores que envolviam linguagem, abstração, invenção e crítica, eles eram dispostos em ordem de dificuldade crescente e geralmente a probabilidade de resolvê-los aumentava com a idade da pessoa. As crianças submetidas aos testes de Binet começavam respondendo e realizando tarefas que correspondiam ao primeiro nível de idade, e ia seguindo com tarefas que fossem superiores ao seu nível, até que chegasse à um nível que a 1 “Broca era médico e deu aos seus trabalhos um enfoque médico e estatístico, sendo defensor fervoroso da ideia de que o tamanho do cérebro indicava o grau de inteligência dos indivíduos brancos do sexo masculino pertencentes às classes dominantes era maior que o das mulheres, dos pobres e das “raças inferiores”” (Smole, 2013 ) 14 criança não conseguisse mais prosseguir. Assim a idade correspondente as últimas tarefas que a criança conseguir resolver, tornava-se sua idade mental. A ideia ou o termo QI (Quociente de inteligência), veio em 1912, com o alemão W. Stern que apresentou uma ideia de razão entre idade mental e idade cronológica e, depois, multiplicou essa razão por 100, dando lugar ao QI: QI = (idade mental / idade cronológica) x 100. QI, logo chegou aos Estados unidos, onde teve pouco sucesso até a segunda Guerra Mundial. O teste tornou-se celebre depois de ter sido utilizado para testar um milhão de recrutas americanos. A partir daí, o teste de QI pareceu ser o maior sucesso da psicologia. As pessoas acharam excelente a ideia de poder medir a inteligência, assim como se mede a altura. A aplicação de testes logo se transformou numa indústria milionária. Gardner cita algumas ofertas de uma propaganda de teste que foi muito utilizado: Você precisa de um teste individual que forneça rapidamente uma estimativa estável e confiável da inteligência em quatro ou cinco minutos por formulário? Que tenha três formulários? Que não dependa da produção verbal ou de instrumentação subjetiva? Que possa ser utilizado com pessoas com grave deficiência física (inclusive paralisia), se elas puderem sinalizar sim ou não? Que avalie crianças de dois anos de idade e adultos com a mesma curta série de itens e o mesmo formato? Tudo isso por apenas $16.00. (Gardner, p.12 1995) As profissões de maior prestígio deveriam vedar as pessoas com QI abaixo de 100. Crianças que em meia hora fizessem o teste e tirassem uma nota baixa poderiam ter suas vidas marcadas para sempre. Kátia Smole diz que os testes implicaram em vários problemas sociais: “ Os testes tiveram várias consequências sociais sérias tais como a defesa da segregação racial e da limitação da imigração para indivíduo com QI abaixo da média dos americanos”. (Smole, p.21, 2003). Os testes de QI viraram febre, e conquistaram o panorama da educação. As pessoas que possuíam o QI elevado acreditava-se que estavam predestinadas às melhores faculdades e carreiras e as com QI baixo eram deixadas de lado. 2.2 A teoria das inteligências múltiplas A teoria das inteligências múltiplas foi criada por Howard Gardner que nasceu na cidade de Scranton na Pensilvânia no ano de 1943. Howard é descendente de uma família de judeus alemães refugiados do nazismo. Gardner ingressou na universidade Harvard em 1961 com 18 anos de idade para estudar direito e história, porém se aproximou do psicanalista Erik 15 Erikson (1902-1994) e mudou a faculdade para os campos de psicologia, educação e neurologia. Em sua pós-graduação pesquisou o desenvolvimento dos sistemas simbólicos pela inteligência humana. Nesta mesma época Gardner entrou para a Harvard Project Zero, projeto destinado inicialmente às pesquisas sobre educação artística. Em 1971, tornou-se diretor do projeto. Hoje aos 70 anos de idade Howard mantém esse cargo de diretor, é professor de neurologia na escola de medicina da universidade de Boston e professor de cognição e pedagogia e de psicologia em Harvard. É um psicólogo conceituado e conhecido mundialmente. Howard Gardner junto com sua equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard entra para o cenário dos estudos sobre inteligência. Através de estudos neurológicos Gardner observou que o sistema nervoso humano não é um órgão plastificado e nem tão pouco tem propósito unificado. Observou também que cada habilidade é ligada a uma parte específica do cérebro e que pessoas que sofreram algum tipo de dano cerebral perderam somente as habilidades ligadas as áreas especificas do cérebro que foram lesionadas. “Acredita-se, hoje, que o sistema nervoso seja altamente diferenciado e que diferentes centros neurais processem diferentes tipos de informação” (Gardner, 1987). Com base nestas pesquisas ele começou a questionar o conceito de inteligência que enfatiza habilidades lógico-matemática e linguística. Para o pesquisador existem no mínimo sete tipos diferentes de habilidades que até certo ponto são independentes, ele não acredita na ideia de que a inteligência possa ser medida através de testes de QI. Para ele inteligência é a capacidade de resolver problemas. Para Howard todos os seres humanos considerados normais tem a possibilidade de utilizar das sete capacidades que ele identificou, algumas pessoas certamente terão algumas áreas mais acentuadas que outras por tê-la desenvolvido e exercitado mais através do meio em que vivem, porém todos possuem as sete habilidades e ele acredita também que essas inteligências podem ser desenvolvidas. As inteligências identificadas por ele são: inteligência linguística ou verbal, lógicomatemática, visual ou espacial, musical ou rítmica, corporal ou cinestésica, pictórica além de duas inteligências que ele identificou como sendo pessoais, que são a interpessoal e a intrapessoal. Sendo que essas competências são relativamente independentes, tem origem genética própria, além de serem anatomicamente diferentes. Porém Gardner diz que mesmo que essas competências sejam até certo ponto independentes elas não funcionam isoladamente. 16 ... os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. (Gama, Maria Clara S. Salgado, 2013). Algumas profissões ilustram bem este fato. Por exemplo, um professor de matemática necessita da inteligência logico-matemática combinada com a inteligência interpessoal, um médico cirurgião precisa da inteligência espacial combinada com a cinestésica. 2.2.1 As inteligências Inteligência linguística ou verbal: Esta inteligência se manifesta em indivíduos que possuem sensibilidade para sons, ritmos e significados das palavras além de especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade de usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Segundo Gardner esta habilidade pode ser vista nos poetas. Inteligência musical: Esta inteligência se manifesta através da habilidade de apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. É a inteligência dos compositores, músicos profissionais. Inteligência lógico-matemática: Ligada ao raciocínio indutivo e dedutivo. Esta inteligência envolve a capacidade de reconhecer padrões, de trabalhar com símbolos abstratos bem como discernir relacionamentos e/ou ver conexões entre peças separadas ou distintas. Presente nos cientistas, programadores de computadores, contadores, advogados, banqueiros e matemáticos. Inteligência Espacial: Esta inteligência é ligada ao senso de visão e na capacidade de visualização espacial de um objeto de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Inteligência Cinestésica ou corporal: Esta inteligência é ligada ao movimento físico e a sabedoria do corpo. É a habilidade para usar coordenação do corpo no controle dos movimentos e na manipulação de objetos com destreza. É a inteligências dos esportistas, profissionais das artes cênicas ou plásticas. 17 Inteligência Interpessoal: É a habilidade para entender, identificar e lidar com os humores de outras pessoas. Envolve também habilidades de trabalhar cooperativamente com outros em uma equipe. É a inteligência dos psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Inteligência Intrapessoal: Esta inteligência esta ligada a habilidade do autoconhecimento, ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e ideias de forma a separar o que é bom ou ruim para mim. Inteligência Pictórica: Esta inteligência se expressa através de pessoas com facilidade para se manifestar através de desenhos, pinturas. Está presente em pintores, escultores, etc. Gardner defende que cada uma dessas inteligências seja desenvolvida através da interação do meio que a pessoa vive e com o seu biológico, por isso algumas pessoas possuem algumas inteligências mais desenvolvidas que outras pessoas e vice-versa. Com isso fica claro que a cultura influencia nas habilidades desenvolvidas de cada pessoa. Howard Gardner acredita que alguns talentos só se desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. O indivíduo, portanto, não seria inteligente sem a sua língua, sua herança cultural, sua ideologia, sua crença, sua escrita, seus métodos intelectuais e outros meios do ambiente. ANTUNES, p.12 1998) Segundo Gardner, para que uma pessoa se sobressaia em uma das inteligências é muito importante que ela se dedique a um maior trabalho ou aprendizado que as outras pessoas normais que possuem um pouco de cada inteligência desenvolvida. Embora a teoria Howard Gardner se baseie em pesquisas neurológicas e psicológicas, é no meio educacional que ela tem tido grande repercussão já que vários profissionais da educação tem se baseado na teoria das IM para criar projetos que possibilitem algumas melhoras significativas na aprendizagem dos alunos. 18 3 Processo de ensino aprendizagem em matemática 3.1 Ensino da Matemática no Brasil É de grande importância que saibamos como se deu a evolução do ensino da matemática no Brasil, já que ela é resultado de um processo histórico. Por isso faremos uma pequena regressão desde a matemática clássica até a matemática moderna, para que possamos entender e observar as mudanças ocorridas ao longo do tempo. Desde 1500 o Brasil passou por várias mudanças e com a educação não poderia ser diferente, pode-se observar no quadro abaixo que foi elaborado com base no livro: A matemática no Brasil de Francisco Mendes de Oliveira Castro e mostra a evolução e as mudanças ocorridas no ensino da matemática ao longo dos anos: Tabela 1 Ensino da matemática no Brasil Ano Contribuição Quem contribuiu 1551 Padres jesuítas Fundaram as primeiras “escolas de ler e escrever”, em seguida estabeleceram “colégios” em vários pontos do Brasil, começando pela Bahia. 1572 Padre Gonçalo Iniciou o primeiro curso de arte no colégio da Bahia, onde se Leite ensinava matemática. Porém não se sabe ao certo o nível de matemática que nele se ensinava. 1735 Padre Campos Os compêndios do padre são a primeira tradução portuguesa dos Elementos de Euclides. 1783 Sargento-mor O primeiro trabalho de matemática escrito por alguém nascido na José Fernandes colônia. Publicou dois compêndios intitulados Exame de Pinto Alpoim Artilheiro e Exame de Bombeiros. Ambos os livros são precedidos da matemática necessária para compreensão dos mesmos. 1773 Marquês de Pombal Criação do primeiro curso matemático de quatro anos. (A reforma de Marquês de Pombal). 1777 Antônio Pires da Obtém o grau de doutor em matemática pela universidade de Silva Pontes Coimbra e retorna ao Brasil. 19 1779 Conde Linhares Recrutou os primeiros professores de matemática superior que teve no Brasil. 1791 Antônio Pires da Volta para Lisboa e se torna lente da academia dos Guardas- 1808 Silva Pontes marinhas. Dom João VI Vinda da corte portuguesa ao Brasil. Dom João VI transferiu para a cidade e corte do Rio de Janeiro, a “companhia dos guardasmarinhas com seu diretor e boa parte dos lentes e professoras da academia real da marinha”. 1808 Dom João VI Abertura do posto das Nações Amigas2 e fundação da Impressão Régia3. 1810 Dom João VI Fundou a biblioteca pública e finalmente a Academia real Militar em 4 de dezembro deste ano, na cidade do Rio de Janeiro. 1815 Vilela Barbosa 1821 Pedro I 1822 Vilela Barbosa Escreveu os seus Elementos de geometria, ainda em Lisboa. Entrada franca de livros no País Regressa ao Brasil como coronel graduado do real corpo de engenheiros. 1838 Vilela Barbosa Teve sucessivas edições os seus Elementos .Agora marquês de Paranaguá. 1842 ------------ É adotado um regime misto, que foi o primeiro passo para a criação da eminente classe dos engenheiros civis. 1855 ------------ Criação da Escola de Aplicações. O ensino básico de matemática e ciências físicas e naturais ainda continua a ser ministrado na Escola Militar. 1858 - ----------- A Escola Militar passa a denominar-se Escola Central de Aplicação 1873 Ministro José O então visconde do Rio Branco faz a separação do ensino Civil e Maria da Silva Militar. Paranhos. 1874 2 ------------- Fixação dos estatutos da Escola politécnica, antiga escola central, Posto onde era autorizada a abertura dos portos do Brasil ao comércio com as nações amigas de Portugal, do que se beneficiou largamente o comércio britânico. Foi a primeira experiência liberal do mundo após a Revolução Industrial. 3 Impressão Régia, hoje imprensa nacional, é o nascimento da imprensa brasileira. Nasceu oficialmente no Rio de Janeiro em 13 de maio de 1808. 20 que foi a primeira escola civil de engenharia que teve o Brasil. 1874 Visconde do Rio O antigo “Curso matemático” das escolas militares foi ampliado e Branco desdobrado em dois cursos científicos: o curso de ciências físicas e matemáticas e curso das ciências físicas e naturais. 1874 Visconde do Rio Cartas de Bacharel e de Doutor em ciências físicas e matemáticas Branco passaram a ser conferidas nestes curso acima citados, que eram realizados independentemente dos cursos profissionais de engenharia. 1875 Visconde do Rio Fundação da Escola de Minas de Ouro Preto. Branco 1893 ------------- Às duas escolas de engenharia do império juntaram-se a Escola Politécnica. 1896 ------------- Extinção dos cursos científicos das Escolas Politécnicas. 1897 ------------- Fundação da Revista da Escola Politécnica. 1934 -------------- Criação da faculdade de Ciências e letras na Universidade de São Paulo. 1935 ------------- Criação da escola de ciências da universidade do Distrito Federal. 1936 Luigi Fantappié Fundou o Jornal de Matemáticas puras e Aplicadas, do qual saiu apenas o primeiro volume. 1938 ------------ Foi extinta a universidade do Distrito Federal. 1939 ------------- Criação da Faculdade de filosofia da Universidade do Brasil. 1945 Antônio Aniceto Conhecido matemático Português deu grande impulso aos estudos Monteiro 1945 Paulo de Assis Ribeiro 1945 Omar Catunga matemáticos na faculdade nacional de filosofia. Criou na fundação Getúlio Vargas, um núcleo técnico cientifico de matemática. Primeiro presidente da Sociedade Matemática de São Paulo que foi fundada neste mesmo ano. 1946 --------------- Sai o primeiro número do boletim da Sociedade Matemática de São Paulo. 1952 Almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva O almirante confiou a direção do novo instituto: Instituto de matemática Pura (IMPA), à Lélio Gama. 21 1957 ----------------- Primeiro Colóquio4 Brasileiro de Matemática na cidade de Poços de Caldas em Minas Gerais. 1960 Darcy Ribeiro Criação da Universidade de Brasília-UnB com um excelente corpo docente de matemática e com o Instituto Central de Matemática(ICM). 1964 --------------- Com a instauração do regime militar o ICM foi desativado. 1964 ---------------- Após esta data com reestruturação da UnB foi criado um novo programa de pós-graduação com o corpo docente modificado. 1970 ----------------- O departamento de matemática da UnB, passa a publicar uma série de monografias sobre a matemática. 1970 Governo Central Criação de um forte programa de incentivo financeiro para os alunos de pós-graduação e para jovens docentes, que desejassem complementar sua formação acadêmica. 1979 Sociedade Brasileira de Inicia-se o programa de incentivo para realização de reuniões científicas regionais. matemática 1980 Governo Central Ampliação do regime de trabalho para docente em dedicação exclusiva (DE). 1980 ------------------ O Brasil passa a figurar como um dos países pertencentes ao grupo 3, de um total de 5 grupos, na classificação feita pela União Internacional de Matemática-UIM. Isso em virtude da produção científica dos matemáticos brasileiros (em quantidade e qualidade) A evolução do ensino nos mostra que a educação anda sempre junta às questões politicas sociais e tem as características culturais e econômicas do Brasil. O ensino da matemática mostra uma demanda de crescente atualização durante todo o período de sua construção no país. 3.2 Metodologias do ensino da matemática Analisando a situação do ensino da matemática no Brasil e considerando alguns aspectos, observamos claramente que existe certo desgosto a matéria, principalmente por 4 Colóquio é uma reunião de pessoas gabaritadas em que se debate determinado assunto 22 parte dos alunos. Outro fator que é fundamental para a análise do ensino da matemática é saber qual é a concepção envolvida no ensino da disciplina. Essa concepção diz que a matemática é considerada como sendo uma ciência perfeita que já está pronta e que sua sistematização, na maioria das vezes serve apenas de modelo para outras disciplinas e ciências. Temos casos ainda, de professores autoritários, que supomos que sejam bons, mas que, porém, ensinam uma matemática engessada a alunos passivos e desinteressados, o que traz à tona outra consequência importante, a de se imaginar ou a de ter a matemática como um dos principais critérios para a definição da inteligência. É comum nos depararmos com uma das principais consequências da desmotivação e do desgosto, o preconceito e a manifestação da baixa autoestima. Pessoas que acreditam que a matemática só é possível de ser entendida por mentes brilhantes. Em consequência do desgosto manifesto e da suposta incapacidade para matemática, tem-se um professor que julgará os alunos, na maioria, incapazes de aprendê-la. Os poucos alunos que obtiverem êxito nessa tarefa serão considerados especialmente inteligentes. (CARVALHO, p. 17, 1994) Essa forma como a matemática é vista, vem contra o que realmente deveria acontecer na sala de aula, os professores se colocarem não como donos da verdade, mas sim como facilitadores no processo de aprendizagem dos alunos. A essa visão da matemática se contrapõe aquela que considera o conhecimento em constante construção e os indivíduos, no processo de interação social com o mundo, reelaboram, complementam, complexificam e sistematizam os seus conhecimentos. Essa aquisição de conhecimento lhes permite transformar suas ações e, portanto, alterar suas interações com esse mesmo mundo a nível de qualidade. Assim, a sala de aula não é o ponto de encontro totalmente ignorantes com o professor totalmente sábio, e sim um local onde interagem alunos com conhecimentos do senso comum, que almejam a aquisição de conhecimento sistematizados, e um professor cuja competência está em medir o acesso do aluno a tais conhecimentos. (CARVALHO, p.15, 1994) O desgosto ou a falta de interesse pela matemática já é cultural, o individuo, por meio de influências passa a acreditar que não é capaz de entender a matéria, sem nem ter tentado. Atualmente os alunos querem que os professores transfiram o conhecimento, o que é bem diferente de querer aprender o que o professor ensina. A consequência mais desastrosa de tal fato talvez seja a total passividade com que os alunos se colocam perante qualquer aula, esperando que o professor lhe “explique” o que devem “compreender” e lhes diga “como” fazer. (CARVALHO,p.17, 1994) 23 Segundo os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), é importante que sejam estimulados com os jogos, a utilização de recursos áudio- visuais e demais recursos tecnológicos, que chamem a atenção dos alunos e melhore o aprendizado. Ele diz que a didática deve privilegiar o entendimento e a manipulação de dados de diversas ordens, através da resolução de problemas. A preocupação dos PCN’s em relação a matemática é que o aluno possa construir o seu próprio conhecimento, criar senso crítico para que ele possa influir no meio em que vive. Por isso é de extrema importância que a metodologia do ensino seja considerada um dos pontos mais importantes, para facilitar e conduzir o papel do professor e também o do aluno. A metodologia vem dizer quais métodos, quais etapas e processos deve se seguir para introduzir ao saber as habilidades importantes para a formação de um cidadão pleno. E também para nortear e ajudar o professor em seu exercício. Para o ensino da matemática, é também de extrema importância que a metodologia seja bem estudada e estabelecida, para facilitar o trabalho do professor, bem como o aprendizado dos alunos. Para se trabalhar a metodologia de ensino da matemática é importante citar os seguintes pontos, quanto a capacitação do docente: É muito importante que o professor sempre reflita sobre a linguagem matemática, sempre busque refletir também sobre as técnicas operatórias, sobre o cálculo mental e a resolução de problemas. As características do conhecimento matemático são muito importantes. Deve-se saber sobre as pesquisas que falam da aquisição do conhecimento e também da construção da linguagem da matemática. As teorias da aprendizagem matemática contribuem bastante para entender os processos de ensino aprendizado e para capacitar o professor. Os princípios metodológicos são de grande importância e precisam de reflexão. Os principais e específicos da disciplina podem vir de princípios metodológicos gerais, porém, na sala de aula deve ser compatíveis com o ensino matemático. Os conteúdos a serem ensinados, devem ser bem estabelecidos e trabalhados de forma que facilite o aprendizado do aluno. O professor deve sempre apresentar em cada ano de ensino, preferencialmente todos os conteúdos necessários para que o aluno avance, porém, isso não precisa seguir uma 24 sequência, o professor pode fazê-lo da forma que achar melhor e mais produtiva. É importante também que o professor torne possível ao aluno a manipulação de materiais didáticos diversificados, que o permitam refletirem, reformular e construir o próprio conhecimento através de problemas. “Deve oferecer ao aluno oportunidade de operar sobre o material didático para que, assim, possa reconstruir seus conceitos de modo mais sistematizado e completo”. ( CARVALHO. p. 17, 1994) O professor tem o papel de mostrar ou tentar mostrar aos seus alunos uma matemática simples que tenha significado e que seja acessível e aprendida por todos. O saber matemático não pode continuar sendo privilégio de poucos alunos, tidos como mais inteligentes, cujo temperamento é mais dócil e , por isso, conseguem submeter-se ao “fazerem tarefas escolares” sem se preocuparem com o significado das mesmas no que se refere ao seu processo de construção do conhecimento”.(CARVALHO, p. 103, 1994) Segundo Carvalho, muitos fatores interferem no processo de ensino aprendizagem, e que nem a psicologia nem a didática podem oferecer “receitas infalíveis” para situações cotidianas da sala. Carvalho ainda diz que: A interação do grupo de classe deve assumir a condição de uma investigação, onde a cada reflexão sobre a ação realizadas buscam-se parâmetros para a reformulação das ações em devir. Nesse grupo que interage eu incluo o professor em seu papel intencional de ensinar: proponho a situação problema, fazendo as conclusões expressas pela classe e relacionando a linguagem emergente do grupo com a convencional da matemática.( CARVALHO,p.103, 1994) Com isso concluímos que o ensino da matemática deve ser um processo baseado em uma metodologia que trabalhe a linguagem matemática, os conteúdos de forma leve, longa, lenta e social, a fim de proporcionar qualidade no aprendizado e se deve também promover sempre que possível o significado da matemática. 25 4 Aprendizagem Significativa Atualmente encontramos nas salas de aula alunos cada vez mais desmotivados, desinteressados, sem preocupação com o aprendizado. Isso pode acontecer por vários fatores como: crianças com problemas familiares, psicológicos, professores despreparados, etc. Além destas e outras causas, a aprendizagem sem significado pode contribuir e até ser em alguns casos a principal causa de desmotivação dos alunos. Esta desmotivação resulta em jovens com baixo rendimento escolar, com dificuldade de concentração e também de aprendizagem. Por isso segundo Carvalho: É essencial que o professor proponha aos alunos um conjunto de situações que os obriguem e os ajudem a ajustar as suas ideias e procedimentos, tornando-se capazes de analisar as coisas mais profundamente, de revisar e ampliar os seus conceitos. ( CARVALHO, p. 20, 1994) Porém é de suma importância que os professores tentem reverter este quadro. Apesar de que, para motivar alguém é preciso estar motivado, e a maioria dos professores está também sem motivação para a docência, já que em muitos casos trabalham em condições precárias e recebem baixos salários. Mas cabe ao professor provocar e estimular os alunos para que a aprendizagem aconteça. Mas o que o professor de matemática pode fazer para melhor a sua autoestima, se motivar e motivar os alunos? O professor possui em suas mãos infinitas possibilidades para preparar aulas que tragam algum significado para os seus alunos, é claro que nem todas as aulas podem ser contextualizadas, mesmo assim é possível trabalhar uma matemática mais significativa. Isso pode acontecer quando o professor se dispõe a buscar coisas novas constantemente, não fique preso somente ao livro didático, possibilite aos alunos contato com bibliografias diversificadas além de buscar atividades relacionadas com o cotidiano dos alunos sempre que possível. Cabe então ao professor propor-lhe situações problematizadas: elas lhe permitirão vivencias experiências, que completam e tornam mais complexo o seu conhecimento anterior sobre os conceitos e propriedades envolvidas nos temas abordados. Desse modo a criança irá estabelecer relações entre os diversos aspectos de uma noção e poderá adquirir, de maneira significativa, a linguagem matemática. (CARVALHO, p. 20,1994) É claro que se um professor conseguir buscar o que de melhor tem o seu aluno, ele também estará motivado, ele terá prazer em ver que o seu trabalho gera resultado. 26 Frequentemente nós professores escutamos a seguinte pergunta em sala de aula: “Pra que serve isso?”. Este é um questionamento que é muito comum nas aulas de matemáticas que são cheias de cálculos complicados e que aparentemente não têm aplicação nenhuma, isso acaba deixando os alunos desestimulados para o aprendizado. Aprendizagem significativa é uma aprendizagem que traz significado para o contexto de vida do aluno. Esta aprendizagem acontece quando os alunos passam a perceber a aplicação ou o significado de uma determinada matéria para o seu dia a dia, quando o aluno consegue fazer exercícios novos sozinho, quando conseguem explicar o conteúdo com suas palavras. Ela se caracteriza pela interação do novo com o que o aluno já sabe de acordo com a estrutura cognitiva de cada um. O que caracteriza uma aprendizagem como sendo significativa é o fato dela envolver o indivíduo como um todo. Esta deve ir ao encontro de suas necessidades, gerando assim um desequilíbrio para o mesmo, o que resulta em uma energia impulsora para que vá à busca daquilo que necessita aprender. (Ripplinger e Brancher,2013). O professor não é o centro da aprendizagem significativa, já que este papel é do aluno que também precisa querer, ele precisa estar predisposto a aprender, o professor tem o papel de facilitador neste processo de aprendizagem. Ele não deve somente tentar depositar o conteúdo na cabeça dos alunos, ele deve promover um ambiente que possibilite ao aluno construir o seu próprio pensamento. Já que a aprendizagem significativa como já dito anteriormente vem da interação do individuo com o meio e com o que ele já aprendeu ou ainda com a capacidade cognitiva de cada aluno. 27 5 A teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações para Educação Matemática É importante falar sobre o que a educação voltada para a teoria do QI hereditário traz e sobre quais mudanças que teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner propõe. Atualmente a teoria do QI hereditário tem grande força e influência sobre o ensino escolar, isso principalmente após a grande dimensão que tomou os testes de QI elaborados por Terman e Yerks. A escola passou a adotar um sistema onde se é privilegiado e também mais desenvolvido os alunos que são considerados “mais inteligentes”. A partir das notas dos testes aplicados nas escolas, os alunos eram considerados inteligentes ou não. Eram classificados como sendo atrasados, lentos, pouco inteligentes, etc. E a escola pouco lutou para ajudar a esses “fracassados”, já que, como diz a teoria do QI hereditário, os alunos que já nasceram geneticamente com pouca ou mediana inteligência não teriam a condição de passarem para outro nível. Então pra que ajudá-los? Os alunos com QI mais alto, são os mais inteligentes e estariam predestinados a ocuparem as melhores universidades, os melhores cargos profissionais, bem como as melhores careiras. Porém, de acordo com a teoria das IM, as escolas deveriam estar preparadas para garantir que todos tenham o conhecimento básico para se constituir um cidadão pleno. É claro que algumas pessoas são mais capazes do que outras ou tenham determinada inteligência mais desenvolvida do que a de outras pessoas, por isso dominem certo conhecimento mais rápido que as outras. A escola deveria garantir que esses indivíduos mais capazes chegassem ao topo e que o maior número possível de pessoas com as inteligências menos desenvolvidas atingissem o conhecimento básico da melhor forma possível. O ensino seletivo traz muitas falhas e é insuficiente, e isso já foi percebido por muitos professores e pesquisadores que trabalham na busca de soluções para este problema que gera o fracasso escolar, além de altos índices de reprovação e até mesmo de abandono. Apesar de terem sido muitas as pesquisas a respeito do fracasso escolar ainda são pequenas as mudanças ocorridas e as escolas públicas e particulares ainda praticam uma educação classificatória. Talvez em nenhum outro momento da pesquisa educacional os pesquisadores das universidades tenham produzido tantos e tão relevantes trabalhos sobre o fracasso da escola, mas os problemas continuam e, mesmo sob pena de ouvir protestos veementes em sentido contrário, sentimos a necessidade de dizer que as mudanças que ocorreram foram tímidas e, democraticamente, em escolas públicas e particulares continuam sendo exercida uma educação classificatória. (SMOLE, p.54, 2003) 28 Para que ocorra uma mudança significativa é importante o empenho de todos os envolvidos, governo, professores, alunos, pais de alunos, escola e pesquisadores. Entretanto é muito importante que se avalie novamente o conceito de inteligência. Tendo como base a teoria de Gardner é possível mudar o panorama atual da educação. A teoria das IM traz uma visão pluralista que foca o indivíduo como um todo e valoriza suas habilidades, mais do que isso, trabalha com as habilidades mais acentuadas de cada pessoas. Uma vez reconhecido que as pessoas tem capacidades diferentes, amadurecimentos cognitivos diferentes e que cada pessoas aprende de uma forma diferente e com tempos diferentes, fica mais fácil desenvolvêlos. Segundo Gardner as pessoas que são incentivadas a desenvolverem as suas inteligências, são mais inclinadas a servirem a sociedade de maneira construtiva. Ele ressalta também que o papel da escola é o de justamente desenvolver as inteligências de cada pessoa de modo a leva-las a atingirem seus objetivos. Há muitas vantagens em aplicar a teoria das inteligências múltiplas nas escolas, uma delas é a que coloca em evidência que as pessoas são diferentes em suas habilidades e competências outra vantagem é a de que a teoria de Gardner diz que toda criança tem potencial para se desenvolver em variadas áreas. 5.1 A utilização de jogos como recurso didático A palavra jogo vem do latim e quer dizer gracejo, zombaria. Ela substitui a palavra ludo que quer dizer brinquedo, passatempo, divertimento. Jogos são atividades que envolvem um ou mais jogadores que interagem entre si, sendo adversários ou cooperativos, possuem regras que na maioria das vezes são simples de seguir. E é parte importante no desenvolvimento das crianças. A psicologia do desenvolvimento destaca que a brincadeira e jogo desempenham funções psicossociais, afetivas e intelectuais básicas no processo de desenvolvimento infantil. O jogo apresenta-se como uma atividade dinâmica que vem satisfazer uma necessidade da criança, dentre outras, de ‘movimentação’, ação. (...) O jogo propicia um ambiente favorável ao interesse da criança, não apenas pelos objetos que o constituem, mas também pelo desafio das regras impostas por uma situação imaginária que, por sua vez, pode ser considerada como um meio ao desenvolvimento do pensamento abstrato. (GRANDO, p. 18, 2004) As pessoas desde muito pequenas já se interessam pelos jogos, elas imaginam coisas, conversam com o imaginário, se envolvem com outras crianças, elas criam e fantasiam. 29 As atividades lúdicas5 são tão importantes para o desenvolvimento, que até mesmo os adultos sempre estão praticando algum tipo dessa atividade. Pode ser quando brinca com um colega de serviço ou quando joga cartas, assiste a um a corrida na televisão, brinca de adivinhar coisas, etc. Para as crianças os jogos são como parte do seu desenvolvimento, faz parte do seu cotidiano. No universo das crianças, jogos e brincadeiras ocupam um lugar especial. Nos momentos em que estão concentradas em atividades lúdicas, as crianças envolvemse de tal modo que deixam de lado a realidade e entregam-se às fantasias e ao mundo imaginário do brincar. (RIBEIRO, p.18,2008) Segundo Ribeiro, os jogos podem ser classificados em vários tipos: Jogos de azar - São aqueles que dependem apenas da sorte para se vencer. Exemplo: Jogos com dados, par ou ímpar, loteria. Jogos quebra-cabeça - Neste caso, na maioria das vezes o jogador joga sozinho e a resposta do jogo ainda é desconhecida. Exemplo: charadas, quebra-cabeças, torre de Hanói, etc. Jogos de estratégia – São aqueles que dependem somente do jogador para vencer, sem sorte, somente com estratégias. Exemplo: xadrez, damas, paciência. Jogos de fixação dos conceitos – São os que têm por objetivo, justamente fixar conceitos. São utilizados em escolas e tem grande valor pedagógico, principalmente quando substituem listas de exercícios. Jogos pedagógicos - São aqueles que podem ser usados durante o processo ensino aprendizagem, tem grande valor pedagógico. Este engloba todos os outros tipos citados anteriormente. 5.1.1 Os jogos e a aprendizagem matemática Os jogos trazem uma riqueza muito grande para o aprendizado e crescimento educacional das crianças. Para a educação matemática podemos utilizar grande parte dos jogos que são voltados para esta área e que tem grande importância pedagógica, podemos destacar os jogos de estratégia, jogos de azar, jogos de construção de conceito e os de fixação de conceito matemático. 5 Adquirir conhecimentos através do brincar, jogar, faz o ser desenvolver-se plenamente em seu contexto social de forma significativa e prazerosa. 30 Inserir os jogos matemáticos no contexto escolar traz uma aprendizagem significativa para os alunos, além de gerar prazer e interesse no educando. De acordo com o PCN, temos: a) O ponto de partida da atividade matemática não é a definição, mas o problema. No processo de ensino aprendizagem, conceitos, ideias e métodos matemáticos devem ser abordados mediante a exploração de problemas, ou seja, de situações em que os alunos precisem desenvolver algum tipo de estratégia para resolvê-la; b) a resolução de problemas não é uma atividade para ser desenvolvida em paralelo ou com aplicação da aprendizagem, mas uma orientação para a aprendizagem, pois proporciona o contexto em que se podem aprender conceitos, procedimentos e atitudes matemáticas. (BRASIL, p.43-44, 2000). É notável que o jogo é uma atividade que relaciona e engloba resolução de problemas, por isso é que os alunos conseguem aprender através dos jogos matemáticos. Eles buscam a autonomia do aluno, sua criatividade, constrói novos conceitos e ideias matemáticas. 5.1.2 Os Jogos e as Inteligências Múltiplas Trabalhar sob o panorama da teoria das inteligências múltiplas traz ao docente possibilidade de valorizar o aluno como um todo e não somente por sua capacidade linguística e matemática. Gardner em sua teoria defende que cada pessoa tem a capacidade para se desenvolver em diferentes áreas do conhecimento e não deve ser julgada como pouco inteligente apenas por não conseguir atingir uma boa qualificação em testes de QI, que definem a inteligência baseado apenas em habilidades linguísticas e matemáticas. As pessoas são geneticamente diferentes, por isso não podem ser avaliadas de uma mesma forma, não podemos esperar que pessoas diferentes tivessem o mesmo desempenho nas avaliações. Os jogos e a teoria das inteligências múltiplas se entrelaçam no momento em que Gardner define inteligência como sendo a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que sejam valorizados em determinados ambientes culturais. E o jogo possibilita tanto a resolução de problemas quanto a criação de produtos. O importante é saber qual o tipo de jogo para que tipo de aluno e quando ele deve ser aplicado. Segundo Celso Antunes é muito importante conceituar capacidade, habilidade e competências. Ele diz que capacidade vem de quanto cabe, por exemplo, qual é a capacidade de um recipiente? Nós seres humanos nascemos com muita capacidade, mas se a escola não as desenvolve, se o ambiente em que o individuo esta inserido não o desenvolve ele levará pelo resto de sua vida o mínimo que ele alcançar. Celso defende que as capacidades motoras e as capacidades emocionais devem ser trabalhadas nas escolas, mas que também o 31 desenvolvimento das capacidades coletivas deve ser oferecido pelas instituições de ensino. Deve-se ensinar aos alunos a fazerem produtos, ensiná-los a fazerem uma pesquisa, ensiná-los a estudar e principalmente ensinar que ninguém é obrigado a saber tudo, já que as pessoas possuem habilidades diferentes. Ele ainda ressalta que, competência é a capacidade de mobilizar uma série de recursos mentais, dentre eles as inteligências para nos ajudar a resolver problemas. E habilidade como sendo o grau da competência. Mas como um professor pode fazer com que o aluno desenvolva suas habilidades e competências? Dentre as diversas formas de desenvolver as habilidades e competências, os jogos tem um papel importante, é muito bem visto e possível de ser trabalhado na sala de aula. Com isso a avaliação do aluno também será diferente já que o professor terá a possibilidade de avaliar o aluno levando em consideração a inteligência que seja mais forte naquele aluno. Ao ampliar, como professor e cidadão, nossa visão acerca da relatividade de ser competente e de como esse termo apresenta aspectos diferenciados em cada individuo, propiciando que os alunos realizem com maior sucesso seu potencial intelectual. (SMOLE, p.54, 2003) Novamente é importante dizer que a teoria da IM proposta por Gardner vê o aluno como um todo não apenas observa e o qualifica por suas habilidades linguísticas ou matemáticas. Cada tipo de inteligência pode ser estimulado por um tipo de jogo, esses jogos devem seguir as seguintes linhas: TABELA 2 Linhas de Estimulação das IM INTELIGÊNCIAS Linguística LINHAS DE ESTIMULAÇÃO Vocabulário – fluência verbal – gramática – alfabetização – memória verbal Lógico-matemática Conceituação – sistemas de numeração – operação e conjunto – instrumentos de medida – pensamento lógico Espacial Lateralidade – orientação espacial – orientação temporal – criatividade – alfabetização cartográfica Musical Percepção auditiva – discriminação de ruídos – compreensão de sons – estrutura rítmica 32 Cinestésica Motricidade e coordenação manual – coordenação viso-motora e tátil – percepção de formas - percepção de peso e tamanhos – paladar e audição. Pictórica Reconhecimento de objetos – reconhecimento de cores – reconhecimento de formas e tamanhos – percepção de fundo – percepção viso-motora Pessoal Percepção corporal – autoconhecimento e relacionamento social – administração das emoções – ética e empatia – automotivação e comunicação interpessoal (ANTUNES, p. 39, 2012) Pode-se identificar no aluno qual ou quais são as inteligências que ele tem mais desenvolvidas e aplicar jogos que sejam compatíveis com essas inteligências, com o objetivo de desenvolver os conhecimentos matemáticos naquele aluno. Porém, é importante dizer que, os jogos devem ser aplicados quando possível e se necessário, como forma de auxilio, para ajudar a alcançar os objetivos da programação. E que o aluno deve estar maduro para participar dos jogos. A seguir veremos sugestões de jogos que contribuem para o ensino-aprendizado da matemática através da estimulação das múltiplas inteligências: Inteligência Linguística - Jogo Nº 1 Nome do jogo: Frutas do pomar Habilidade: Vocabulário Estimulação ligada à matemática: Raciocínio lógico Indicação: Alunos do 6º ano Preparação: Utilizando gravuras de revistas, selecionando-as se possível com a ajuda das crianças, organizar uma coleção de objetos mais ou menos do mesmo tamanho, como frutas, brinquedos, transportes ou utensílios diversos. Utilização: As peças devem ser montadas como um Jogo de Dominós (28 peças com 7 figuras combinadas) e suas regras devem ser seguidas com a criança nomeando os objetos, dizendo sua cor, ou criando fatos sobre os mesmos. (ANTUNES, p.49, 2012) 33 Nesta atividade é possível desenvolver o raciocínio lógico em crianças que possuem a inteligência linguística mais desenvolvida. Estas crianças normalmente desenvolveram o raciocínio lógico mais rapidamente do que se esse raciocínio fosse estimulado exclusivamente pela matemática. Inteligência Espacial – Jogo Nº 1 Nome do Jogo: Cidade de papelão Habilidade: Orientação Espacial Estimulação ligada à matemática: Escala Indicação: Indicado para alunos do 7º ano Preparação: Preparar, se possível com a ajuda dos alunos, uma “cidade” em miniatura usando caixas de fósforo, palitos e outros materiais, Desenhar um “tabuleiro” com as ruas dessa cidade e marcar claramente no canto da mesma uma rosa dos ventos. Utilização: O jogo é uma atividade de montar os prédios, semáforos, veículos e árvores pela cidade e o professor, localizando o tabuleiro segundo os pontos cardeais verdadeiros da sala de aula, deve orientar os alunos a perceber essas referências e a importância da posição de um ponto cardeal face ao elemento de referencia (exemplo: A prefeitura está ao norte da praça, mas ao sul, em relação aos correios, etc.). (ANTUNES, p.119, 2012) Através desta atividade é possível trabalhar de forma bem clara o conceito de escala para alunos que possuem a inteligência espacial mais desenvolvida. O intuído é que o aluno construa o seu próprio conhecimento matemático, utilizando a inteligência que ele tem em maior evidência. Inteligência lógico-matemática – Jogo Nº 1 Nome do Jogo: Formas Vazadas Habilidade: Noção de conjunto e formas geométricas Estimulação: Ideias de conjuntos e Atenção Indicação: Alunos do 6º ano Preparação: O jogo exige uma preparação trabalhosa. Torna-se necessário colar fitas em cartolina formando um círculo em uma, um triângulo em outra e um quadrado em uma terceira. Recorte em papel-cartão colorido silhuetas com formas de figuras humanas, frutas e formas geométricas. 34 Utilização: Os alunos devem formar conjuntos com diferentes formas e em etapas posteriores colocar esses conjuntos dentro dos contornos solicitados. Formam assim conjuntos de formas, conforme a cor, e trabalham com sua colocação nos contornos. (ANTUNES, p.81, 2012) Este jogo refere-se justamente a inteligência lógico-matemática. É também importante a utilização de jogos matemáticos para alunos que possuem essa inteligência mais desenvolvida. Inteligência Pictórica - Jogo Nº 1 Nome: Canudos coloridos Habilidade: Identificação de cores Estimulação ligada à matemática: Relação número X quantidade Indicação: Alunos do 4º ano Preparação: Canudos de refrigerante de diversas cores e cortados em tamanhos diferentes. Pedaços de cabo de vassoura serrados e pintados também se prestam ao desenvolvimento da atividade. Utilização: Os alunos, individualmente ou em duplas, devem separar, reunir, classificar, descrever as peças, estabelecendo progressivas relações entre a quantidade das mesmas e os signos numéricos que começam a decodificar. (ANTUNES, p.219, 2012) É possível através desta habilidade com desenhos, pinturas etc., aprender matemática através de jogos. Este jogo possibilita o aprendizado de matemática através da relação de cores com as quantidades. Cinestésico–Corporal - Jogo Nº 1 Nome: Cinco Marias Habilidade: Coordenação Visomotora Estimulação ligada à matemática: Noção de quantidade e de conjunto Indicação: Alunos do 6º ano Preparação: Preparar cinco saquinhos de pano não transparente e deixar um dos lados aberto. Encher os saquinhos com milho, arroz ou feijão e fechar... Utilização: Os alunos em grupo ou integrando equipes, devem pegar as peças na sequência da um a cinco, atirando uma para cima e pegando as da mesa. Na primeira jogada, o aluno pega 35 uma, na segunda pega duas peças de cada vez e assim por diante. Ao errar, cede a vez ao adversário de outa equipe. (ANTUNES, p.158, 2012) Essa atividade propõe que aluno utilizem as habilidades corporais para o aprendizado da matemática. Inteligências Pessoais (interpessoal e intrapessoal) – Jogo Nº 1 Nome: Adivinhe o que mudou Habilidade: Memória Estimulação ligada à matemática: Percepção e lógica Indicação: alunos do 6º ano Preparação: Preparar objetos, como bonés, bolsas, chapéus, óculos, etc. Utilização: Deve-se fazer um circulo com os aluno e pedir pra que um dos alunos observe como os outros estão vestido. Em seguida esse aluno deve sair da sala, enquanto isso os outros alunos tiram ou colocam algum objeto do corpo. Quando o outro aluno retornar a sala ele deverá perceber, e citar o que mudou nos demais. Este jogo relaciona a ideia de conhecer ao próximo, observar o outro e pode ser relacionada com a matemática já que trabalha a ideia de percepção e lógica. Inteligência Musical - Jogo Nº 1 Nome: O castelo dos mil sons Habilidade: percepção auditiva Estimulação ligada à matemática: Lógica e ideia de conjunto Indicação: Alunos do 6º ano Preparação: O ideal é o professor dispor de um gravador com uma fita apresentando sons diferentes. Em sua falta, pode improvisar com sons metálicos, guturais. Latidos, vozes conhecidas, trechos de musicas e outros. Utilização: Os alunos são divididos em duas equipes e todos devem ter seus olhos vendados. Iniciando a atividade, o professor informa que irão percorrer um castelo imaginário devendo memorizar os sons ouvidos para relacioná-los na ordem em que forem apresentados. Vence a equipe que fizer a relação mais completa e na ordem correta. (ANTUNES, p.158, 2012) 36 6 Considerações Finais Em resposta à pergunta de tal pesquisa, identificaram-se possibilidades de melhoras no ensino, através de atividades que tenham base na teoria das inteligências múltiplas. O trabalho mostra que a teoria de Howard Gardner tem grande aplicabilidade nas atividades escolares. Através da teoria das inteligências Múltiplas é possível desenvolver as competências matemáticas de alunos que possuem dificuldades no aprendizado. Esta pesquisa possibilitou observar e identificar caminhos possíveis para tal desenvolvimento. É possível e muito importante observar quais são as inteligências mais desenvolvidas em cada aluno, para que assim, após essa identificação se aplique jogos que facilitem o aprendizado e o desenvolvimento de suas competências, como foi proposto no trabalho. Observou-se que a inteligência não pode ser definida, tendo somente como base as habilidades linguísticas e matemáticas, a definição de inteligência vai muito além. As pessoas são biologicamente e geneticamente diferentes, convivem com realidades diferentes e por isso não podem ser iguais e menos ainda avaliadas da mesma forma. A avaliação sobre cada pessoa deve ser vista sob o que ela tem de melhor, a teoria das IM observa o individuo plenamente e não apenas por testes feitos com papel e lápis, atividades que avaliem somente matemática e português. O trabalho voltado para o desenvolvimento matemático de alunos que tem dificuldade de aprendizado, sob o panorama das inteligências múltiplas traz a inclusão e valorização do ser humano como pessoa digna e capaz. Observou-se ainda que as escolas atuais não desenvolvem um trabalho voltado para o individuo, mas sim para um sistema que define que os alunos ditos com QI mais altos devem conseguir os melhores lugares. Abre-se aqui a oportunidade de outras pesquisas relacionadas a esta concepção. O ambiente escolar é um local que deve integrar todos os alunos da melhor forma possível e entender suas capacidades para que elas sejam bem trabalhadas, com intuito de buscar o melhor que cada aluno oferecer. 37 7 Referências Bibliográficas ANTUNES, Celso. Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. 18. ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2012. ______. As inteligências múltiplas e seus estímulos. Campinas, São Paulo: Papiros, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. V.3. Rio de janeiro: DP&A, 2000. CARVALHO, Dione Lucchesi. Metodologia do Ensino da Matemática. 2. Ed. Ver. – São Paulo: Cortez,1994. Gama, Maria Clara S. Salgado. A teoria das inteligências múltiplas e suas implicações para educação. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=18>. Acesso em 02 setembro 2013. GARDNER, Howard. A nova ciência da mente. New York, Basic Books Inc., 1987. ______. Estruturas da mente: a Teoria das Múltiplas Inteligências. Porto Alegre: Artes Médicas,1994. (Trabalho original publicado em 1983). ______. Inteligências Múltiplas: A teoria na pratica; trad. Maria Adriana Verissimo Veronese. –Porto Alegre: Artmed, 1995. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª edição - São Paulo. Atlas S.A, 2010. GRANDO, R.C. O jogo e a matemática no contexto da sala de aula. São Paulo: Paulus, 2004. RIPPLINGER, Tiéle. at al. A aprendizagem significativa e o ensino da matemática: algumas reflexões. Disponível em: <http://www.unifra.br/eventos/jornadaeducacao2006/2006/pdf/artigos/matem%C3%A1tica/A %20APRENDIZAGEM%20SIGNIFICATIVA%20E%20O%20ENSINO%20DA%20MATE M%C3%81TICA.pdf.> Acesso em: 27 outubro 2013. SMOLE, Kátia Cristina Stocco. A matemática na educação infantil: A teoria das Inteligências Múltiplas na prática escolar. Porto Alegre: Artmed, 2003. 38 ______. Aprendizagem significativa: o lugar do conhecimento e da inteligência. Disponível em: <https://cholar.google.com.br/scholar?start=10&q=DA+inteligencias+multiplas&hl=en&as_s dt=0,5>. Acesso em 02 Abril 20013
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