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TECNOLOGIAS ARTÍSTICAS I L I C E NC I ATU RA D E C IÊ N C IAS D A ART E E DO P A T RIM Ó NIO 1 º ANO Professor Associado: Hugo Ferrão Assistente Convidada: Ana Sousa CLÁUDIA FURTADO Nº 7676 ANO LECTIVO: 2014/2015 Índice Introdução ............................................................................................................................................................................ 3 Tecnologias abordadas ............................................................................................................................................. 3 Cerâmica ................................................................................................................................................................................ 4 Enquadramento Histórico....................................................................................................................................... 4 Técnicas, materiais e processos ........................................................................................................................... 4 Experimentação ............................................................................................................................................................ 6 A Cerâmica no contexto contemporâneo da criação artística .............................................................. 7 Pintura .................................................................................................................................................................................... 9 Enquadramento Histórico....................................................................................................................................... 9 Técnicas e Géneros de Pintura, Materiais .....................................................................................................10 Experimentação ..........................................................................................................................................................10 A Pintura no Contexto Contemporâneo da Criação Artística..............................................................14 Mosaico/Vitral..................................................................................................................................................................16 Enquadramento Histórico.....................................................................................................................................16 Técnicas, Materiais e Instrumentos .................................................................................................................16 Experimentação ..........................................................................................................................................................17 O Mosaico na Criação de arte contemporânea ...........................................................................................21 Fotografia ............................................................................................................................................................................22 Enquadramento Histórico.....................................................................................................................................22 Processos: Fotograma e Pinhole ........................................................................................................................22 Experimentação: Fotograma................................................................................................................................23 A Fotografia na criação de arte contemporânea........................................................................................24 Tapeçaria .............................................................................................................................................................................26 Enquadramento Histórico.....................................................................................................................................26 Tapeçarias de POrtalegre .................................................................................................................................26 Técnicas e Pontos ......................................................................................................................................................27 Experimentação da tecnologia............................................................................................................................28 a tapeçaria na criação de arte contemporânea ..........................................................................................30 Gravura.................................................................................................................................................................................31 Enquadramento Histórico.....................................................................................................................................31 Técnicas e processos ................................................................................................................................................31 Experimentação: Ponta Seca ................................................................................................................................32 2 A Gravura na Criação de Arte contemporânea........................................................................................... 35 Referências ........................................................................................................................................................................ 36 Bibliografia ................................................................................................................................................................... 36 Webgrafia ...................................................................................................................................................................... 36 INTRODUÇÃO A disciplina de Tecnologias Artísticas, leccionada na licenciatura de Ciências da Arte e do Património tem como objectivo permitir o contacto dos alunos às diferentes tecnologias existentes, para um maior conhecimento, tanto histórico como prático, de cada uma. Este portefólio está organizado por ordem das tecnologias abordadas, sendo feito um enquadramento histórico inicial, passando pelos materiais e técnicas e com a apresentação das actividades de experimentação. A experimentação estará ilustrada por fotografias tiradas durante o processo. No final de cada tecnologia, é apresentado um artista e a respectiva obra, sobre os quais fiz uma breve investigação. TECNOLOGIAS ABORDADAS Durante este semestre foram abordados os núcleos tecnológicos da área da Pintura, nomeadamente: Cerâmica (leccionada pelo Professor Pedro Fortuna) Pintura (Professor Ilídio Salteiro) Mosaico e Vitral (Professor Fernando Quintas) Fotografia (Professor Daniel Pinheiro) Tapeçaria (Professora Ana Sousa) Gravura (Professor José Quaresma) Para cada tecnologia foram organizadas quatro sessões, dadas pelos docentes especialistas indicados. 3 CERÂMICA Do grego kέραμοç que significa “terra queimada”, a cerâmica é a arte que utiliza como matéria-prima a argila, que permite a criação de materiais e objectos mediante moldagem, secagem e cozedura. Esta tecnologia divide-se em duas vertentes: a Tradicional – que inclui a cerâmica artística e a de revestimentos como azulejos, vasos, tijolos; e a Avançada – ou de engenharia, onde são usados materiais cuja matéria-prima é mais pura. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO No Neolítico desenvolveu-se um número de novas tecnologias, entre as quais a cerâmica. À medida que a comunidade foi contando com a regularidade no fornecimento de alimentos, alguns dos membros puderam ocupar-se na aquisição de competências especiais. Mas é da olaria que nos chegam mais exemplos, uma vez que as peças cozidas no forno são muito mais resistentes e duráveis. Supõe-se que as primeiras peças cerâmicas tenham sido cozidas nas mesmas fogueiras onde se cozinhavam os alimentos. Foram encontrados recipientes de barro pintados com formas abstractas na região que vai da Mesopotâmia (onde se pensa que foi a origem da olaria) ao Egipto e à Anatólia, tendo também aparecido em Çatal Hϋyϋk. Na Europa, o barro era utilizado com mais frequência na produção de figuras humanas, como as figuras de Mulher e de Homem, da Cernavoda, datadas de cerca de 3500 a.n.e. O vidrado, descoberto entre 2000 e 1000 a.C, constitui um grande passo para o revestimento cerâmico, não só a nível decorativo como também utilitário, permitindo tornar as peças impermeáveis, dotando-as para novas funções. O avanço tecnológico ligado ao avanço do controlo do fogo e da Química foram os pilares fundamentais para o desenvolvimento da cerâmica e da sua utilidade actualmente. TÉCNICAS, MATERIAIS E PROCESSOS A argila é a matéria que provém da decomposição de rochas feldspáticas, ao longo de milhões de anos. A pasta cerâmica argilosa é uma mistura de uma argila ou várias entre si ou com outros componentes minerais convenientemente doseados. A composição da pasta é muito variável, consoante as propriedades pretendidas, mas basicamente é constituída por: Componentes Plásticos: argila ou argilas (vermelha comum, gorda de grés, refractárias, benhonite, caulino) Componentes Antiplásticos: que servem para estruturar os objectos, ou seja, quando a pasta seca, não se desmorona (chamote, sílica) Componente Fundente: funciona como cola (feldspato, calcite, talco, dolomite) Regulador Opcional: pode ser um corante, secante ou desfloculante. Este último afasta as partículas e todo o material fica mais líquido. 4 As argilas são classificadas de diversas formas. Podem ser classificadas com base na sua estrutura (Pasta de Baixa Densidade ou Pasta de Alta Densidade), na presença de água (Seca; Dureza de Couro; Plástica ou Barbotina). Também podem ser classificadas consoante o seu emprego: Pasta vermelha – usada na modelação na olaria e na cerâmica estrutural. Contém argilas ferruginosas e quando coze obtém uma cor entre o ocre, vermelho e castanho. É porosa e normalmente plástica. Quando se quer utilizar revestimento, a cozedura deve ser dupla (bicozedura), feita entre os 950 ̊ e os 1050 ̊ C. Faiança – tem uma aplicação utilitária ou artística. É composta por uma argila plastica branca e um desengordurante. As mais elaboradas incorporam fundentes. Tal como acontece com a pasta vermelha, tambem e requer bicozedura em caso de revestimento, sendo que as temperaturas variam entre os 900 ̊ e 1000 ̊C. Grés – e usado em loiças, pavimentos e materiais sanitarios. Baseada numa argila de fusibilidade media-alta, incorpora um fundente e mais componentes. A sua cozedura fica entre os 1150 ̊ e 1300 ̊C. Porcelana – tem uma composição basicamente constituída por caulino, quartzo e feldspato. É um biscoito compacto, translúcido e branco. Refractária – usada como isolante e em revestimentos para fornos, suporta temperaturas muito altas, uma vez que o seu ponto de fusao e superior aos 1600 ̊ C. Este último critério é bastante importante pois é necessário conhecer as características de cada argila para se saber produzir uma peça adequada à sua função. Os processos de conformação das pastas também dependem das características, forma e quantidade de peças a realizar. Existem diversas formas de dar forma à pasta cerâmica, entre as quais a prensagem (quando a pasta é seca), a conformação manual ou mecânica (no caso de uma pasta plástica) e o vazado com barbotina (pasta líquida). A prensagem, como o nome indica, consiste na modelação de uma peça usando uma prensa que obriga a pasta a tomar a forma pretendida. A conformação manual pode dividir-se em modelação (com as mãos) ou a olaria. A conformação mecânica pode dividir-se em extrusão (através de uma fieira) ou em moldagem interna/externa com simetria circular (normalmente usada na produção de pratos fundos). 5 EXPERIMENTAÇÃO Na última sessão foi-nos dado um exercício em grupo. O esquema da experimentação era o seguinte: Os alunos começavam com 4 pedaços de argila, e cada um moldava uma figura inicial. Quando terminassem, passavam ao colega do lado, e este cortava uma parte da peça anterior, juntava-lhe uma parte feita por si, e assim sucessivamente. D A C B O resultado foi este e no final o professor pediu para desenharmos a peça. 1 PEÇA INICIAL. 2 COLOCAÇÃO DE PORMENORES. 3 VISTA SUPERIOR DA 3ª ADIÇÃO. 4 PEÇA FINAL. 6 5 REGISTO EM DESENHO DA PEÇA FINAL. A CERÂMICA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO DA CRIAÇÃO ARTÍSTICA A cerâmica contemporânea tem sido uma área em grande expansão, nomeadamente no nosso país. Dois dos exemplos que escolhi aprofundar foram o escultor Rui Vasquez e Cecília de Sousa. Rui Vasquez nasceu em Lisboa, a 3 de Junho de 1962. Licenciou-se em Escultura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa (FBAUL), onde também tirou o seu doutoramento na área da Escultura/Medalhística. As suas obras são dotadas de um pormenor extremo, não obedecendo às regras estereotipadas da figura humana. Os corpos não correspondem às medidas do corpo humano e as expressões são quase caricaturas. Em termos de material não há muita informação disponível, pelo que aparentemente as peças parecem feitas de pasta vermelha, com revestimento posterior e coloração nas zonas pretendidas. 6 RUI VASQUEZ, FIGURA SURREALISTA, 46 CM (2005) 7 Cecília de Souza nasceu em Lisboa, em 1937. Foi aluna de Manuel Cargaleiro, na escola António Arroio, onde iniciou o seu estudo de cerâmica. Esta artista explora todas as potencialidades da cerâmica, desde as texturas, brilhos, a todos os recursos técnicos desta expressão artística. 7CECÍLIA DE SOUZA, MUSEU AMADEO DE SOUZA CARDOSO 8 PINTURA ENQUADRAMENTO HISTÓRICO Ao longo da História da Arte, podemos observar a evolução da pintura. Começando nos tempos pré-históricos, esta técnica tem acompanhado todas as culturas, prevalecendo como uma das artes mais estudadas actualmente. A pintura na Pré-História é encontrada nas cavernas e ainda hoje suscita dúvidas enormes sobre o que terá levado o homem pré-histórico a pintar. Contudo, a pintura préhistórica não está ligada necessariamente à ideia de “arte” mas de comunicação. Segundo algumas teorias, era através da criação de imagens que se estabelecia o contacto com os mortos. Outras teorias apoiam que seriam representações meramente casuais, isto é, “a arte pela arte”, sem propósito algum. No entanto, a pintura enraizou-se no intelectual do Homem e foi evoluindo, passando pela pintura em tumbas (no Egipto Antigo), pela grega e etrusca (em murais, frescos e vasos), até à romana. A pintura romana é um tópico da história da arte ainda pouco compreendida devido à ausência de objectos de estudo/obras de arte. Grande parte do que se sabe hoje deve-se a uma catástrofe natural: a erupção do vulcão Vesúvio, no ano de 79 d.C. A erupção soterrou duas cidades, Pompeia e Herculano; as cinzas e a lava endurecida preservaram os frescos, permitindo o estudo desta arte. Avançando no tempo, da pintura romana passou-se para a pintura paleocristã, marcada fortemente pela representação de episódios bíblicos e da imagem de Cristo. No século V, surge a pintura bizantina, mais presente no mosaico e nas iluminuras. Na Idade Média, a pintura passa a ser um pouco menos trabalhada, dando lugar a outras técnicas, como a escultura e a arquitectura. No período Românico ainda se trabalhavam as iluminuras, não havendo muitos registos de pintura no período Gótico. É no Renascimento que a pintura ganha uma nova importância. Desenvolve-se nas cidades italianas de Roma, sobretudo, em Florença e Veneza (principais centros que possuíam, entre os séculos XV e XVI, condições económicas, políticas, sociais e culturais propícias ao desenvolvimento das artes como a pintura). Surgem nesta época os célebres pintores Leonardo Da Vinci, Miguel Ângelo, Rafael, Piero Della Francesca e Masaccio. A pintura a óleo é a técnica mais privilegiada. Se no Renascimento a pintura possuía uma certa leveza, harmonia e equilíbrio, do Maneirismo ao Barroco, entramos em períodos mais controversos: as invasões italianas em França, as profundas mudanças económicas e sociais reflectem-se na pintura marcada pela contradição e exagero. Os séculos XVIII e XIX são destacados pelo Rocaille (em português, “Rócócó”), pelo Neoclassicismo (em oposição formal ao estilo anterior) e pelo Romantismo. Mas é a partir da invenção da fotografia que a pintura começa a ser utilizada para 9 algo mais do que representar a realidade. Ganhando uma nova liberdade, surgem estilos pictóricos como o Impressionismo e a Arte Nova. A pintura contemporânea é então o reflexo de toda esta evolução, uma técnica que permite a cada autor expressar o seu íntimo, sem regras, sem limites. TÉCNICAS E GÉNEROS DE PINTURA, MATERIAIS A pintura é definida pela fixação de um pigmento em forma líquida, pastosa ou em pó, sobre um suporte, com o objectivo de colori-lo. As primeiras cores utilizadas foram preto, branco e terra. Dependendo do resultado que se pretende, a escolha dos materiais e da técnica varia bastante. O suporte mais comum é a tela, porém também seja possível utilizar madeira, papel e vidro. A tela é utilizada maioritariamente quando o artista prefere pintar com óleo ou acrílico. Já o papel é um suporte comum para a aguarela, guache ou também tinta acrílica. A génese da pintura define-se pelo tema representado. Existem vários géneros, sendo os mais conhecidos: a natureza-morta, o retrato, a paisagem, o nú artístico, pintura de género e ícones. As técnicas mais conhecidas são: a pintura a óleo, a tinta acrílica, o guache, a aguarela, a caseína, o fresco e a têmpera de ovo. É também possível usar pastéis (de óleo ou secos) e lápis de cor, embora estes materiais estejam mais ligados com o desenho. EXPERIMENTAÇÃO Na primeira sessão desta tecnologia, foi-nos dada uma lista de autores, sobre a qual teríamos das suas obras elementos plásticos e elementos iconográficos característicos, reorganiza-los num suporte e construir uma pintura. O material utilizado foi: uma tela 50x60 e tinta acrílica. A lista era a seguinte: A. R. Penck Alain Jacquet Alex Kats Allen Jones Andy Warhol Damien Hirst Daniel Buren David Hockey Ellsworth Kelly Desta lista, optei por Yayoi Kusama. 10 Equipo Cronica James Rosenquist Keith Haring Patrick Caulfield Robert Indiana Roy Lichtenstein Tom Wesselmenm Yayoi Kusama Após uma longa pesquisa sobre as suas obras e depois da análise para encontrar elementos semelhantes/características comuns entre elas, cheguei à conclusão que esta artista dá muita importância aos padrões, assim como às figuras disformes apenas contornadas. Apresentei 5 propostas de trabalho. 8 PROPOSTAS DE PINTURA INSPIRADAS EM YAYOI KUSAMA 11 9 PROPOSTA ESCOLHIDA De seguida, passarei a explicar o processo da execução da peça. 1º passo: Aplicação do gesso acrílico sobre a tela. Desta forma, a tinta, posteriormente colocada, não será absorvida com tanta facilidade e a tela será mais resistente. 10 GESSO, TALLENS, APLICADO COM PINCEL E LIXADO COM LIXA 220 2º passo: Aplicação da primeira camada de tinta acrílica branca. 3º passo: Após a secagem da tinta do fundo, prossegui com a marcação das linhas do desenho na tela com um marcador Posca preto. 4º passo: Aplicação de tinta acrílica preta nos respectivos locais. 5º passo: Finalização com a Posca. 12 11 ETAPAS DA PINTURA. IMAGEM FINAL CORRESPONDENTE AO RESULTADO FINAL. 13 A PINTURA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO DA CRIAÇÃO ARTÍSTICA Durante a pesquisa sobre a tecnologia para a construção deste portefólio, depareime com dois pintores que gostaria de referir: Jorge Pinheiro e Paula Rego. Jorge Pinheiro, nascido a 7 de Outubro de 1931, estudou na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde se licenciou em Pintura. A sua produção artística inicial foi fortemente marcada pelas tendências expressionistas e figurativas, rompendo com estas quando realizou a sua viagem à Holanda, adoptando um estilo mais abstracto. 13 JORGE PINHEIRO, ESTUDO PARA O QUADRO O BISPO VERMELHO, 1978 12 JORGE PINHEIRO, AS VIÚVAS, 1960 14 JORGE PINHEIRO, ESTUDO PARA O QUADRO O BISPO AZUL, 1981 14 Paula Rego nasceu a 26 de Janeiro de 1935, em Lisboa. Torna-se bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer pesquisa sobre contos infantis, em 1975. Apresenta mais livre e mais directa, retratando o mundo intimista e infantil, inspirado em dados reais ou imaginários. Paula Rego é a pintora portuguesa mais aclamada a nível internacional, estando colocada entre os quatro maiores pintores vivos em Inglaterra. Inaugura, a 18 de Setembro de 2009, a sua Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, que nasce com o intuito de acolher e promover a divulgação e estudo da sua obra, e cuja entidade responsável é a Fundação Paula Rego. 15 PAULA REGO, CONTOS POPULARES PORTUGUESES: AS TRÊS CABEÇAS DE OIRO - GIRL SETTING ON A WELL WITH HEADS ON FOREGROUND, 1975 16 PAULA REGO, S/TÍTULO, 1969 17 PAULA REGO, TILLY IN KENSINGTON GARDENS 15 MOSAICO/VITRAL ENQUADRAMENTO HISTÓRICO O mosaico é uma forma de arte decorativa milenar, que nos remete à época grecoromana, altura em que teve o seu apogeu. Na sua elaboração foram utilizados diversos tipos de materiais e teve diferentes aplicações através dos tempos. O registo mais antigo data de 3.500 a.C., na cidade de Ur, na região da Mesopotâmia. No antigo Egito haviam preciosos trabalhos feitos em sarcófagos de antigas múmias, decorados com mosaicos nas paredes. Em Roma esta arte começou no século I A.C. e foi largamente usada em pisos, murais fontes e até painéis transportáveis. No período paleocristão, abre-se para o mosaico uma nova era: a arte bizantina, que é o verdadeiro triunfo das artes visuais do cristianismo. Combinando harmonicamente elementos ocidentais e orientais, deu origem a uma arte intelectualizada, onde o sentido de divino, de sobrenatural, manifestava-se através de um original abstraccionismo. Nunca o mosaico teve tanto esplendor e foi tão largamente usado no mundo como nesse período. Porém, no século XIX, caiu quase em abandono. O vitral, por sua vez, originou-se no Oriente por volta do século X, tendo florescido na Europa durante a Idade Média. Os vitrais foram muito utilizados na ornamentação de igrejas e catedrais, uma vez que o efeito da luz do sol, que por eles penetravam, conferia uma maior imponência e espiritualidade ao ambiente (efeito reforçado pelas imagens retratadas, em sua maioria cenas religiosas). Paralelamente serviam como recurso didáctico para a instrução de uma população analfabeta. TÉCNICAS, MATERIAIS E INSTRUMENTOS O mosaico consiste na junção de tesselas (pequenas peças) de pedra ou de outros materiais, formando uma determinada composição. O objectivo do desenho é preencher uma área, seja ela em parede, no chão ou até mesmo em esculturas. Existem diversas técnicas relacionadas com esta tecnologia, nomeadamente o Trencadis (técnica em que se aproveitam os restos que há nas paredes para embutir no mosaico. As vantagens do trencadis incluem a rápida aplicação, a grande espontaneidade de desenho e o facto de permitir a utilização de restos de materiais que de outra forma não seriam aproveitáveis.). 16 Já no vitral, as técnicas mais utilizadas são: a Tradicional (aplicada até aos nossos dias, emprega peças de chumbo em formato de "U" ou de "H" como suporte para os diversos vidros que constituem o painel. A cor nas peças de vidro era obtida pela adição de substâncias como o bismuto, o cádmio ou o cobalto, entre outras, à massa de vidro em fusão. Possuindo um peso muito grande, os vitrais assim construídos apresentavam problemas na estrutura e encareciam a peça final); a Tiffany (criada por Louis Comfort Tiffany, no início do século XX, também é referida como vidro e fita de cobre. As peças de vidro, envolvidas pela fita de cobre, são estanhadas e soldadas entre si. A coloração é obtida como na técnica tradicional. Embora pouco usada em grandes superfícies, permite a montagem de pequenas peças em três dimensões, como por exemplo caixas, candeeiros, e outras); o Fusing (consiste em fundir vários vidros num só); o Overlay (técnica contemporânea, que emprega um vidro-base (por exemplo, de tipo martelado, duplo, laminado, temperado ou outros), que recebe uma camada que contem as pistas em relevo e as áreas coloridas. Essa camada pode ser criada directamente no vidro por reacção química de resinas e materiais compósitos mas existem tiras de chumbo e películas de cor autocolantes que, embora com pouca durabilidade, permitem uma montagem vertical em janelas já existentes); e até a Pintura (produz um falso vitral. O vidro substitui a tela como suporte e são empregadas tintas translúcidas. De baixo custo e execução relativamente simples, apresenta baixa longevidade). EXPERIMENTAÇÃO Foi-nos pedido que elaborássemos um esboço de uma peça que gostássemos de elaborar utilizando esta técnica. O meu projecto desenvolveu-se da seguinte forma: 1º passo: Escolher os azulejos com as cores necessárias a serem aplicadas. 2º passo: Cortar, utilizando um alicate, as tesselas. 18 PROJETO E SELEÇÃO DOS AZULEJOS. 3º passo: Colocando as tesselas sobre o desenho ajuda a ter uma noção da quantidade e tamanho das tesselas necessárias. 17 19 COLOCAÇÃO DAS TESSELAS AMARELAS DO FUNDO 20 EVOLUÇÃO DA COLOCAÇÃO DAS TESSELAS 4º passo – Colam-se, com cola branca, as peças numa folha de papel craft para fazer a passagem para o suporte. 5º passo – O suporte que escolhi foi a madeira, e para conseguir transpor as peças do papel para a madeira foi necessário aquecer água e, com uma esponja, passar várias vezes sobre o papel – o objetivo era fazer um pilling. 6º passo – Com as peças já sobre a madeira, foi preciso colar algumas tesselas que não ficaram agarradas. 18 21 MOSAICO SOBRE MADEIRA 7º passo – Para preencher os intervalos entre as tesselas, faz-se cimento de juntas – azul e vermelho. Este cimento só necessita de água e as cores obtém-se através de pigmentos. 22 CIMENTO DE JUNTAS AZUL 19 23 CIMENTO DE JUNTAS VERMELHO 8º passo – Com uma espátula, aplica-se sobre os intervalos, e com a ajuda das mãos, limpase o excesso. 9º passo – Após 30 minutos, tempo suficiente para o cimento secar, limpa-se a superfície e a peça fica pronta. A limpeza deve ser feita com um pano húmido e um pincel para retirar o pó. 24 PEÇA FINAL 20 O MOSAICO NA CRIAÇÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA A calçada portuguesa é um dos exemplos mais conhecidos do mosaico em Portugal. A calçada portuguesa resulta do calcetamento com pedras de formato irregular, geralmente em calcário branco e negro, que podem ser usadas para formar padrões decorativos ou mosaicos pelo contraste entre as pedras de distintas cores. As cores mais tradicionais são o preto e o branco, embora sejam populares também o castanho e o vermelho, azul cinza e amarelo. Actualmente encontramos imensos sítios onde a calçada é uma forma de arte. Seguem-se alguns exemplos: 25 MIGUEL GOUVEIA, AMÁLIA RODRIGUES 26 RAINHA SANTA ISABEL, COIMBRA 21 FOTOGRAFIA A fotografia é, essencialmente, a técnica de criação de imagens por meio da exposição luminosa, ou “desenhar com luz”. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO A primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida por Joseph Nicéphore Niépce, numa placa de estanho coberta com Betume de Judeia. A imagem foi produzida com uma câmara, durante 8 horas de exposição solar. A fotografia não é obra de um só criador, pois ao longo da História, diversas pessoas contribuíram para a evolução dos processos que deram origem à fotografia actual. Há relatos do uso da câmara escura desde a Antiguidade, por Aristóteles, que a utilizava para fazer observações astronómicas. Mais tarde, no século XI, o árabe Ibn alHaitham também fez referência à câmara escura como auxiliar na observação de um eclipse solar. No século XIV, alguns artistas já utilizavam a técnica da câmara escura como auxiliar na produção de desenhos e pinturas. No Renascimento, Leonardo Da Vinci escreveu sobre o mecanismo de captura de imagens. Posteriormente, no século XVII, foi colocado um sistema óptico, a fim de melhorar a qualidade e a captura das imagens. Outro processo bastante explorado é o fotograma. Um dos seus pioneiros foi William Henry Fox Talbot, que já em 1834 produziu os seus desenhos fotográficos. PROCESSOS: FOTOGRAMA E PINHOLE A câmara escura foi a primeira grande descoberta da fotografia. É uma caixa composta por paredes opacas, que possui um orifício num dos lados, e na parede paralela a este orifício, é colocada uma superfície fotossensível. O funcionamento da câmara escura é de natureza física. O princípio da propagação rectilínea da luz permite que os raios luminosos, que atingem o objecto, passem pelo orifício da câmara e sejam projectados na superfície fotossensível. Esta projecção produz uma imagem real invertida do objecto nessa parede. Quanto menor o orifício, mais nítida é a imagem formada, pois a incidência de raios luminosos vindos de outras direcções é bem menor. Por outro lado, fazer fotogramas é “criar imagens directas”, obtidas sem o auxílio da câmara, com a exposição à luz de objectos colocados sobre um papel foto-sensível. Um fotograma é a impressão directa, com todos os claros e todas as sombras, distorções e deformações provocadas por objectos colocados sobre um papel fotossensível. Explorava os efeitos de reflexão e refracção, os contrastes fortes, mas também as subtis gradações de cinzentos fixados no papel fotossensível. 22 EXPERIMENTAÇÃO: FOTOGRAMA Na 2ª sessão de Fotografia, a turma foi dividida entre Fotograma e Pinhole. Decidi incidir a experimentação na técnica de Fotograma. Como não era possível fotografar as etapas, pois toda a experiência foi feita no laboratório, passo a explicar: 1º Passo - Cortei a folha de papel fotográfico em partes mais pequenas mas de diferentes tamanhos. 2º Passo – Utilizei um pincel para desenhar por cima do papel. 3º Passo - Com uma máquina própria, faço disparos rápidos de luz em direção ao papel. 4º Passo - Mergulhei o papel fotográfico num químico revelador durante 2 minutos e é aqui que se vêem os resultados dos disparos. 5º Passo - Passei o papel por um líquido durante 30 segundos que retira o excesso de químico. 6º Passo - De seguida o papel é mergulhado num líquido fixador durante 7 minutos que, como o próprio nome indica, vai fazer com que a imagem se fixe definitivamente no papel fotográfico. 7º Passo - Após isto tudo, mergulhei durante 10 minutos o papel em água para eliminar qualquer resíduo. 8º Passo - Por fim, passei o papel já com a imagem definitiva, pela máquina de secagem. 28 FOTOGRAMA N.2 27 FOTOGRAMA N.1 23 Caso quiséssemos experimentar Pinhole, o processo também nos foi explicado. Para tal, era necessário: uma caixa pintada por dentro com spray mate preto, lixas metálicas, agulhas e uma lata de refrigerante. Processo de experimentação: 1º passo: Cortar a lata de refrigerante em tiras. 2º passo: Lixar uma das tiras de forma a ficar quase como papel. 3º passo: Com uma agulha, faz-se um furo na tira anteriormente tratada. 4º passo: Colar a tira na caixa, de forma a esta receba luz. De seguida, coloca-se o papel fotográfico dentro da caixa. 5º passo: Colocar a caixa no sítio onde se pretende tirar a fotografia. Para se calcular o tempo de exposição da caixa, é necessário fazer uma regra de três simples e um projector. Projeta-se o furo na parede e sabendo o comprimento da tira, relaciona-se essa medida com a medida projectada. Isto é, Furo real ----------- furo projectado Tira real ------------ Tira projectada O resultado indica-nos o diâmetro real do furo e de seguida consulta-se a tabela para saber o tempo preciso. A FOTOGRAFIA NA CRIAÇÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA Atualmente, a fotografia é um pouco banalizada enquanto arte. No entanto, é preciso ser-se crítico quando se vê uma fotografia, para que esta não seja referida apenas como “captação do momento”. Como tal, escolhi dois artistas contemporâneos que, na minha opinião, fazem da fotografia uma tecnologia artística, Graça Sarsfield e Graça Sarsfield vive e trabalha em Lisboa. Do seu currículo fazem parte várias exposições individuais e colectivas, tanto em Portugal como no estrangeiro. A sua obra encontra-se representada em colecções como: Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Colecção Serpa: Auto Retratos de Artistas Contemporâneos, entre outras. 24 30 DES (A) PARECER, GARÇA SARSFIELD, 2005 29 DESAPEGO II, GRAÇA SARSFIELD, 1999 Helena Almeida, estudou Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, em 1959, onde se interessou mais pela vida cultural do que pela vida académica. 31 TELA HABITADA, HELENA ALMEIDA, 1979 32 SEDUZIR, HELENA ALMEIDA, 2002 25 TAPEÇARIA ENQUADRAMENTO HISTÓRICO Durante séculos, a tapeçaria foi, não só mais um elemento de decoração ou um objecto de arte habilmente confeccionado, como também um autêntico meio de expressão cultural das grandes tribos nómadas e sedentárias que habitaram as imensas regiões que se estendem da Ásia Menor ao Extremo Oriente e do Cáucaso ao Golfo Pérsico. Os primórdios da história da tapeçaria remontam a mais de dois mil anos, sendo os seus artífices geralmente provenientes de altas planícies ressequidas, da escassa vegetação, atravessadas por cadeias de montanhas. A tapeçaria foi cultivada por todos os povos e em todas as épocas. A Grécia conhecia a arte pelo seu contacto com a Pérsia e o Egipto por intermédio dos Fenícios. Os Romanos só vêm a conhecer a tapeçaria depois das suas conquistas na Grécia, Egipto e Ásia. Os tapetes modernos da Europa, representam um excelente elemento decorativo. Os tapetes escandinavos, trabalhados em teares manuais ou mecânicos, os tapetes italianos, e os espanhóis são belos exemplos da arte tradicional. TAPEÇARIAS DE PORTALEGRE “Embora Portugal seja um país de grande tradição têxtil, e grande parte dos feitos épicos dos portugueses tenham sido representados em tapeçaria, foram-no em tapeçarias encomendadas na França e na Flandres pois até ao século XVIII não existia a tradição da Tapeçaria em Portugal. O Marquês do Pombal, após o terramoto de 1755 que destruiu grande parte daquelas peças, procurou fundar duas fábricas de tapeçarias, uma em Lisboa e outra em Tavira, as quais no entanto não lhe sobreviveram. Só praticamente dois séculos depois, em Portalegre, voltou a existir tapeçaria em Portugal. A história das tapeçarias de Portalegre é, assim, uma história recente. Data de 1946, quando dois amigos, Guy Fino e Manuel Celestino Peixeiro, resolveram fazer reviver a tradição dos tapetes de ponto de nó, em Portalegre. A concorrência era grande e o negócio não mostrava viabilidade. Foi então que Manuel do Carmo Peixeiro, pai de Manuel Celestino, desafiou os dois jovens a fazer tapeçaria mural com um ponto inventado por ele, anos antes, enquanto estudante têxtil em Roubaix. Todos se lançaram de alma e coração no projecto. A primeira tapeçaria surge em 1948 sob cartão de João Tavares. Outros pintores como Júlio Pomar, Maria Keil, Guilherme Camarinha, Renato Torres, Lima de Freitas, contam-se entre os primeiros que colaboraram com a Manufactura de Tapeçarias. Foram tempos difíceis pois “os velhos do Restelo” não acreditavam que fosse possível tapeçaria portuguesa. A tapeçaria tinha que ser francesa ou flamenga. 26 O reconhecimento e a aceitação da tapeçaria de Portalegre só aconteceram em 1952, pela mão dos próprios tapeceiros franceses que se deslocaram a Portugal para a grande exposição “A Tapeçarias Francesa da Idade Média ao Presente”. Guy Fino, aproveitando a ocasião, resolveu pôr em confronto as duas técnicas, expondo simultaneamente no SNI duas grandes tapeçarias sob cartão de Guilherme Camarinha que tinham sido tecidas para o Governo Regional da Madeira. Os técnicos franceses, convidados a visitar esta exposição, admiraram a técnica e a perfeição conseguida com o ponto de Portalegre. Estavam lançadas as tapeçarias de Portalegre. Faltava no entanto cativar Jean Lurçat, o renovador da tapeçaria francesa, para a tapeçaria de Portalegre. Depois de um primeiro contacto em 1952, Guy Fino conseguiu convencê-lo a visitar a Manufactura em 1958. Aí confrontou-o com duas tapeçarias: - uma tecida em França e que o próprio Jean Lurçat oferecera à esposa de Guy Fino, - e a sua réplica, autorizada, tecida em Portalegre. Convidado a identificar a tapeçaria francesa, Lurçat escolheu a tecida em Portalegre. Mais tarde veio a considerar as tecedeiras de Portalegre como as melhores tecedeiras do Mundo, fazendo tecer em Portalegre, de 1958 até à sua morte, um grande número das suas tapeçarias. Este facto, conjuntamente com a obstinação de Guy Fino, em muito contribuiu para a internacionalização da tapeçaria de Portalegre. Cativando novos pintores, dos mais variados países – França, Bélgica, Suíça, Inglaterra, Suécia, África do Sul, Austrália, Brasil, Espanha, entre outros – a Tapeçaria de Portalegre difundiu-se pelo mundo encontrando-se, para além de colecções particulares, em instituições de renome mundial. Assim, e apenas como exemplo, temos em Portugal, para além dos muitos organismos oficiais e dos grandes bancos nacionais, a Culturgest e a Fundação Calouste Gulbenkian, na Austrália o Supreme Court of New South Wales, na Alemanha, o Governo de BadWurtemberg, Tribunal de Justiça Europeu no Luxemburgo, Palácio do Governo, em Brasília. Em 1975, com a revolução de Abril e a incerteza que se gerou a nível mundial relativamente a Portugal, agravada no caso de uma produção eminentemente manual, fez com que o grande mercado de exportação, principalmente para os Estados Unidos da América, que a manufactura de Portalegre tinha conseguido, desaparecesse praticamente de um dia para o outro com o cancelamento de muitas encomendas em curso. A Manufactura de Portalegre tem, no entanto, continuado a afirmar-se como manufactura de tapeçaria contemporânea, cativando novos pintores e encontrando-se actualmente num processo de internacionalização.”i TÉCNICAS E PONTOS Nas sessões de tapeçaria orientadas pela professora convidada Ana Sousa foramnos ensinadas algumas noções e conceitos sobre tapeçaria, e maioritariamente, as técnicas mais utilizadas. Nomeadamente como fazer um tear, os diversos pontos que nele se podem 27 executar, e como executá-los. Existem vários tipos de pontos com: ponto tafetá; ponto em cadeia e o ponto português ou de Portalegre. O ponto tafetá trata-se do ponto básico, simples e com maior aperto, reversível. O aspecto do direito e do avesso do tecido é o mesmo. O módulo de repetição consiste em que dois fios de teia e dois fios de trama são entrelaçados de diversas formas. O ponto em cadeia, como o nome indica, trata-se de um ponto encadeado, onde a precisão do tamanho e formato das argolas é muito importante. É um dos pontos mais populares do bordado sendo usado para os contornos, para confeccionar bandas e orlas de outros pontos e também para preenchimento de desenhos. O ponto de Portalegre cobre totalmente a teia, apanha-se de cada vez dois fios de teia, obtendo-se uma densidade de 2 500 pontos por dm2. Este método permite dividir o ponto em dois, utilizando apenas um dos fios da teia, o que possibilita reproduzir pormenores e formas mais precisas. EXPERIMENTAÇÃO DA TECNOLOGIA Foi-nos pedido na primeira sessão da tecnologia material para experimentação de vários pontos, nomeadamente: uma grade de madeira (min. 30x30), fio de algodão nº4 (cor opcional), lãs de cores à escolha. 1º passo – Montar a teia. Com fio de algodão, com duplo fio, coloca-se na grade no sentido vertical, com um intervalo entre cada fio de 1 cm, aproximadamente. Na parte de cima, o fio fica preso entre os fios, na parte de baixo, dá-se um laço. 2º passo – Na execução da minha primeira peça, utilizei o ponto básico, o ponto tafetá, que consiste em passar a lã em zig-zag entre a teia, e depois no sentido contrário. 33 TEIA JÁ COM ALGUMA LÃ COLOCADA 28 3º passo – Para se terminar a peça, desfaz-se os laços do fundo, e atam-se dois a dois, dando um nó no final. Na parte de cima, basta cortar um dos fios, e o processo é o mesmo. 34 FINALIZAÇÃO DA PEÇA COM OS NÓS NO FINAL 35 PEÇA FINAL 29 A TAPEÇARIA NA CRIAÇÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA Atualmente, a tapeçaria não é umas das artes mais exploradas, no entanto é possível encontrar-se artistas que exploram todas as potencialidades desta tecnologia. Os artistas que escolhi para fazer uma breve contextualização foram: Alves Dias e Maria Altina Martins. Manuel Alves Dias nasceu em Vila de Rei, em 1952. Concluiu o curso de Pintura na Escola de Artes Decorativas António Arroio em Lisboa, em 1972. Dedica-se à Tapeçaria Contemporânea, pesquisando novas formas, criando volumes e texturas, com materiais diversos. Já fez parte de inúmeras exposições colectivas e recebeu vários prémios como o 1º prémio de Pintura no concurso de Artes Plásticas do Instituto Irene Lisboa e o Prémio dos Sócios da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa. 36 TAPEÇARIA DE ALVES DIAS. Maria Altina Martins formou-se em Design no AR.CO, Centro de Arte e Comunicação Visual, em Lisboa. Atualmente é professora do Departamento Têxtil da Escola Secundária Artística António Arroio. Participou em cursos de formação de tapeçaria no Centro Cultural de Belém e no Museu Nacional do Traje (anos 90). Para o enriquecimento da sua forma de arte, Altina Martins fez duas viagens de estudo, uma à Índia (1982/83) e outra à Fondazione della Seta Lisio de Florença, em Itália (1998). 37 ADAMASTOR, TEMOR E MOTIVAÇÃO (VENTO MAU E VENTO BOM), MARIA ALTINA MARTINS, 1994 38 IDA, INFANTE D. AUGUSTO, MARIA ALTINA MARTINS, 1994 30 GRAVURA A gravura foi a última tecnologia abordada no âmbito da disciplina, sendo leccionada pelo professor José Quaresma com a ajuda da assistente Gina Martins, que nos acompanho nas primeiras sessões e na preparação da chapa inicial. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO De um modo geral, chama-se "gravura" o múltiplo de uma obra de arte, reproduzida a partir de uma matriz. Mas trata-se aqui de um reprodução "numerada e assinada uma a uma", compondo desta forma uma edição restrita, diferente do "poster", que é um produto de processos gráficos automáticos, e reproduzido em larga escala sem a intervenção do artista. Cada imagem reproduzida desta forma, é única em si, independentemente de suas cópias, consequentemente, cada gravura "é única", é uma obra original assinada. O fato de haver cópias da mesma imagem, nada tem a ver com a questão de sua originalidade. Depois de impressa, cada gravura recebe a avaliação particular do artista, que corrige os efeitos visuais ou os tons e cores, ou ainda, acrescenta ou elimina elementos que reforcem o carácter que quer dar à imagem. Quando a imagem chega ao "ponto", definese a quantidade de cópias para a edição. As gravuras editadas são assinadas, numeradas e datadas pelo próprio artista. Em geral a numeração aparece no canto inferior esquerdo da gravura - 1/ 100, ou 32/ 50 por exemplo - isto indica o número do exemplar (1 ou 32), e quantas cópias foram produzidas daquela imagem (100 ou 50). O número de cópias varia muito, e depende de factores imprevisíveis, que vão desde a possibilidade técnica que cada modalidade permite, ou também da demanda "comercial", ou do desejo do artista apenas. Grandes edições não chegam a 300 cópias, mas em geral o número é muito menor, ficando por volta de 100. Gravuras em Metal costumam ser as de menor tiragem, devido ao desgaste da matriz, que não costuma aguentar muito mais de 50 cópias. A gravura em Metal é uma das mais antigas, tendo sido descobertas obras datadas de 1500 d.C. A Litografia surge por volta de 1797, inventada por Alois Senefelder. A Serigrafia é a modalidade mais recente das técnicas apresentadas até então. Convivemos diariamente com serigrafias sem desconfiarmos que também são usadas por artistas. TÉCNICAS E PROCESSOS A gravura é um processo de representar uma imagem sob um suporte que determinará o nome do processo. Apresenta várias aplicações, entre as quais: Gravura de Propaganda – embelezamento e ilustração de documentos e livros 31 Gravura de reprodução de obras de arte – produção de edições com as mais diversas técnicas a partir de matrizes que replicam imagens já existentes Gravura Artística – produção de obras de arte a partir de matrizes originais e autónomas, sem replicação de imagens já existentes Gravura e técnicas de reprodutibilidade – invenção da Imprensa Existem vários tipos de gravura, ou, técnicas distintas de reproduzir uma obra. As mais utilizadas pelos artistas são: Gravura em Metal (ponta seca; água-forte; água-tinta) Litografia (desenho em pedra) Xilografia (desenho em madeira) Linóleo Serigrafia A primeira prova impressa de uma gravura é denominada “Prova de estado” e serve precisamente para se ver o estado da gravura. A segunda, “Prova de Artista”, considera-se a prova final. As provas impressas em papel devem conter margens, caso isso não aconteça, dá-se o nome de “Gravura Sangrada”. EXPERIMENTAÇÃO: PONTA SECA Para a experimentação desta tecnologia foi-nos pedida a seguinte lista: - Uma chapa de metal (Zinco) de espessura 6mm - Duas pontas secas (uma mais fina e outra mais grossa) - Tarlatana (para limpar a chapa) - Lixas de água (600 a 1000) - Folhas com gramagem superior a 200g, grão fino. A preparação da chapa, para a técnica de ponta seca, consiste em: 1º passo – Cortar a chapa com uma tesoura de metal 2º passo – Limar as arestas para que estas não “cortem” o papel na impressão 32 39 UTILIZANDO FERRAMENTAS APROPRIADAS PARA O EFEITO, LIMAM-SE OS LADOS DA CHAPA. 40 DE SEGUIDA, OS CANTOS TAMBÉM DEVEM SER ARREDONDADOS. 3º passo – Com uma lixa de água (entre 600 a 1000 para evitar riscos na superfície), lixa-se toda a chapa até esta ficar brilhante. 4º passo – Segue-se para o polimento, usando Óleo “Coração”. A chapa deve ficar de forma a refletir a nossa própria imagem, como se fosse um espelho. 5º passo – Com acetona, limpam-se os resíduos de óleo. A chapa está pronta a ser usada. Execução do desenho: 41 DESENHO UTILIZADO PARA GRAVAR 33 42 UTILIZAÇÃO DA CANETA DE ACETATO PARA DESENHAR NA CHAPA 43 UTILIZAÇÃO DA PONTA SECA PARA "RISCAR" A CHAPA COM O DESENHO ESCOLHIDO Para a impressão da gravura: 1º passo: Limpa-se a chapa com álcool para evitar sujidades ou poeiras. 2º passo: Espalha-se pela chapa a tinta escolhida. 3º passo: Com a tarlatana, limpam-se os excessos, deixando apenas a tinta necessária nos intervalos da chapa. 4º passo: Coloca-se a folha para a impressão, dentro de água, e retira-se o excesso da mesma. 5º passo: Utilizando a prensa, faz-se a impressão. 44 CHAPA FINAL E PROVA DE ESTADO, RESPECTIVAMENTE 34 A GRAVURA NA CRIAÇÃO DE ARTE CONTEMPORÂNEA Como é visível neste portefólio, tentei sempre dar prioridade a artistas contemporâneos portugueses. No entanto, nesta tecnologia não foi possível e por escolhi dois artistas estrangeiros: Zhao Yannian e Angie Hoffmeister. Zhao Yannian nasceu em 1924, na Província de Zhejiang. Graduou-se em 1941 pelo Departamento de Belas Artes da Academia de Arte da Província de Guangdong. 42 222, ZHAO YANNIAN 41 NIGHTMARE 2, ZHAO YANNIAN Angie Hoffmeister é uma artista e ilustradora freenlancer que vive em Duesseldorf, na Alemanha. A sua inspiração é a cidade onde nasceu. 43 SEM TÍTULO, PONTA SECA, ANGIE HOFFMEISTER 44 SEM TÍTULO, PONTA SECA, ANGIE HOFFMEISTER 35 REFERÊNCIAS Durante as aulas teóricas foram-nos dados apontamentos que constam neste portefólio. Para além disso, complementei com algumas pesquisas em livros e na internet. BIBLIOGRAFIA COSTA, LUCÍLIA VERDELHO DA, 25 séculos de Cerâmica, Editorial Estampa Lda., Lisboa, 2000 POMAR, JÚLIO, Então e a pintura?, Publicações Dom Quixote, 2001 LEWIS-WILLIAMS, David. The Mind in the Cave. Consciousness and the origins of Art. London: Thames & Hudson, 2002. WEBGRAFIA CERÂMICA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cer%C3%A2mica#Cer.C3.A2mica_art.C3.ADstica. Acesso em 18 de Outubro de 2014 CERÂMICA CRIATIVA. Disponível em: http://www.macauart.net/TS/events/CC/indexP.asp. Acesso em 18 de Outubro de 2014 COLETIVO DE CERÂMICA 3CS. Disponível em: http://www.ceramica3cs.com/category/ceramistas/. Acesso em 18 de Outubro de 2014 RUI VASQUEZ. Disponível em: http://ruivasquez000.wix.com/escultor Acesso em 19 de Outubro de 2014 MUSEU AMADEO SOUZA CARDOSO. Disponível em: http://www.amadeosouzacardoso.pt/pt/artistas/cecilia-de-sousa. Acesso em 21 de Outubro de 2014 PINTURA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura Acesso em 25 de Outubro de 2014 JORGE PINHEIRO. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Pinheiro_(pintor) Acesso em 25 de Outubro de 2014 PAULA REGO. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paula_Rego Acesso em 25 de Outubro de 2014 CENTRO DE ARTE MODERNA. Disponível em: http://www.cam.gulbenkian.pt//index.php?headline=94&visual=2&pesquisar=1&autor=P aula%20Rego&langId=1 Acesso em 25 de Outubro de 2014 MOSAICO. Disponível em: http://www.defatima.com.br/saladeaula/mosaicotecnica.htm Acesso em 25 de Outubro de 2014 36 MOSAICO. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mosaico Acesso em 25 de Outubro de 2014 FOTOGRAFIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fotografia Acesso em 4 de Novembro de 2014 CÂMARA ESCURA. Disponível em: http://www.infoescola.com/fotografia/camara-escura/ Acesso em 4 de Novembro de 2014 FOTOGRAMA. Disponível em: http://www.tipografos.net/fotografia/fotograma.html Acesso em 4 de Novembro de 2014 FOTOGRAFIA ARTISTAS. Disponível em: http://www.fundacaoplmj.com/coleccoes.php?N2=3 Acesso em 21 de Novembro de 2014 HELENA ALMEIDA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Helena_Almeida Acesso em 21 de Novembro de 2014 TAPEÇARIA. Disponível em: www.infoescola.com/artes/tapecaria/ Acesso em 6 de Dezembro de 2014 TAPEÇARIA DE PORTALEGRE. Disponível em: http://www.mtportalegre.pt/pt/amanufactura/historia Acesso em 6 de Dezembro de 2014 PONTO TAFETÁ. Disponível em: http://pt.texsite.info/Ponto_tafet%C3%A1_%282%29 Acesso em 6 de Dezembro de 2014 PONTO EM CADEIA. Disponível em: http://www.coatscrafts.com.pt/Bordados/Como+fazer/Ponto+de+cadeia.htm Acesso em 6 de Dezembro de 2014 MARIA ALTINA MARTINS. Disponível em: www.altinamartins-textileart.com Acesso em 6 de Dezembro de 2014 ALVES DIAS. Disponível em: http://www.circuloarturbual.pt/?avada_portfolio=alves-dias Acesso em 6 de Dezembro de 2014 GRAVURA. Disponível em: http://www.casadacultura.org/arte/Artigos_o_que_e_arte_definicoes/gr01/gravura_conce ito_hist.html Acesso em 11 de Janeiro de 2015 ZHAO YANNIAN. Disponível em: http://chineseposters.net/artists/zhaoyannian.php Acesso em 11 de Janeiro de 2015 ZHAO YANNIAN. Disponível em: http://www.artcyclopedia.com/artists/zhao_yannian.html Acesso em 11 de Janeiro de 2015 ANGIE HOFFMEISTER. Disponível em: http://artistaday.com/?p=13518 Acesso em 11 de Janeiro de 2015 i Texto retirado do site Manufactura de Tapeçarias de Portalegre”. 37
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