Victor Jara Martíne1

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Victor Jara Martíne1
Victor Jara Martínez
Nasceu a 28 de Setembro de 1932 em La Quinquina, uma pequena aldeia do Chile. Desde
muito novo que sentia uma certa inclinação para a música, talvez influenciado pela sua mãe,
Dona Amanda. Esta costumava cantar para uma plateia de trabalhadores e de crianças da
vizinhança.
Com a morte desta quando tinha 15 anos, desamparado e cheio de saudades, procurou refúgio
no Seminário Redentorista de S. Bernardo e seguiu a sua vocação sacerdotal. Mas ao fim de
dois anos reconheceu que aquele não era o seu caminho e desistiu.
Em 1957 matriculou-se na Escola de Teatro da Universidade do Chile onde estudou
Teatro.Aqui conheceu Violeta Parra que gostou da sua voz e entusiasmou-o a continuar a
compor e a cantar.
Em 1960 foi diretor do teatro universitário, actor, investigador das tradições do seu povo
(folclore e instrumentos indígenas) e compositor.
A partir de 1963 foi membro da direção do Instituto de Teatro da Universidade do Chile e
professor da Escola de Teatro da mesma Universidade. Foi um dos fundadores do movimento
da Nova Canção Chilena.
Em 1970 participou ativamente na campanha presidencial de Salvador Allende, realizando
recitais por todo o país.
Depois da vitória de Salvador Allende nas eleições presidenciais de 1970, Victor Jara assumiu
um papel preponderante no desenvolvimento cultural e político do país. Foi embaixador
cultural do governo de Unidade Popular, desde 1971 até à sua morte.
Na manhã do dia 11 de Setembro de 1973 Victor Jara, tendo tido conhecimento do golpe
militar, dirigiu-se para a Universidade Técnica para se juntar aos estudantes, professores e
pessoal administrativo que quiseram resistir ao golpe de Pinochet.
O Campus foi cercado por tropas do exército chjleno. A madrugada foi de terror, ouviam-se
tiros e explosões por todos os lados. Os que tentaram escapar do cerco foram abatidos. Victor
Jara procurou elevar a moral dos sitiados usando a sua melhor arma: o canto!
Na manhã do dia 12 de Setembro os tanques atacaram a universidade. Depois de uma luta
desigual, os resistentes renderem-se. Reunidos no pátio, foram forçados a se deitarem no chão
com as mãos atrás da cabeça e foram espancados.
Foram levados para o Estádio do Chile, transformado em campo de concentração. Victor Jara
foi reconhecido por “El Príncipe”, um violento oficial que lhe disse:
- Che tu madre! Vos sois el cantor de pura mierda!
Antes que pudesse responder e numa tentativa para o salvar, vários amigos tentaram
confundir o oficial, gritando que eles é que eram Vítor Jara. Mas este, num gesto de dignidade
e de coragem, levantou o braço e cantou os primeiros versos de “Plegaria a un lavrador”,
canção que anos antes e naquele mesmo estádio, o transformou no maior expoente do
movimento folk do seu país.
Foi barbaramente agredido e conduzido para um local do estádio onde estavam os militantes
mais “perigosos”. Quando o levaram para as arquibancadas o seu rosto estava todo cheio de
sangue.
No dia 14 de Setembro, os prisioneiros começaram a ser transferidos. Victor Jara, pressentindo
que estava perto do fim, pediu papel e lápis e, naquele inferno, escreveu o seu último poema:
Estadio Chile
Somos cinco mil
En esta pequeña parte de la ciudad.
Somos cinco mil
¿Cuántos seremos en total
en las ciudades y en todo el país?
¡Cuanta humanidad,
hambre, frío, pánico, dolor,
presión moral, terror y locura!
Somos diez mil manos menos que no producen
¿Cuántos somos en toda la Patria?
La sangre del compañero Presidente
golpea más fuerte que bombas y metrallas
Así golpeará nuestro puño nuevamente.
Deste poema foram feitas várias cópias manuscritas e distribuídas por vários prisioneiros,
pouco antes de “El Principe” interceptar uma delas e, indignado com a audácia do poeta,
insultou-o:
- Yo te endeñaré ahora, hijo de puta, a escribir canciones chilenas y no comunistas!
Vítor Jara foi arrastado para o centro do estádio, para cima de um palco e, a um sinal do oficial
“El Príncipe”, dois soldados esmagaram as falanges dos seus dedos indefesos e deram-lhe,
ainda, coronhadas na nuca.
- No estoy escuchando, hijo de puta! No vas a cantar, carajo? – gritou-lhe “El Principe”,
enquanto atirava o violão para cima do corpo do compositor, caído no chão.
Victor Jara, no limite das suas forças, pôs-se de pé, levantou os braços e o que restava das suas
mãos ensanguentadas e com o que lhe restava das suas forças, cantou a canção
“Venceremos”, hino da Unidade Popular:
Venceremos, venceremos,
Mil cadenas habrá que romper,
Venceremos, venceremos,
La miseria sabremos vencer.
Campesinos, soldados, mineros
La mujer de la patria también,
Estudiantes, empleados y obreros,
Cumpliremos con nuestro deber.
Sembraremos las tierras de gloria,
Socialista será el porvenir,
Todos juntos haremos la historia,
A cumplir, a cumplir, a cumplir
Os outros prisioneiros, entre lágrimas de terror e revolta, começaram também a cantar. Foi
esta a última vez que Victor Jara foi visto com vida.
Três dias depois, seis corpos desfigurados e baleados foram encontrados na periferia da
cidade. Um deles, perfurado por 44 balas e múltiplas fraturas dos punhos e das mãos, era o
corpo de Victor Jara. (FONTE: http://chuviscos.blogspot.com/2008/09/morte-de-victor-jara.html)

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