Roteiro - Pés no Chão

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Roteiro - Pés no Chão
 3K Produtora curta­metragem PÉS NO CHÃO BRUNO BERTOLAZZI 1º​
Tratamento ​
2016 cena 1 ­ interna/noturna/barraco Abre com imagem a partir do chão. Pés calçando chinelos ao se levantar da cama simples e saindo de quadro. Ainda não amanheceu, Zé se levanta sem fazer barulho, e segue para a cozinha. Abre a geladeira e pega o leite(de saquinho), coloca no copo de requeijão, não passa da metade pois o leite acabou. Toma enquanto observa sua mãe a dormir numa cama improvisada no único cômodo que compõe o barraco onde vivem. Apanha uma camiseta qualquer, veste e vai em direção a porta "de fininho". cena 2 ­ externa/amanhecendo/barraco A porta se abre revelando Zé que sai sem fazer barulho e some do quadro em direção a câmera. cena 3 ­ externa/diurna/ônibus Zé passando debaixo da catraca. Uma das passageiras escuta música no celular e o esconde ao ver o menino. Ele olha pela janela a cidade, distante, como quem sonha com algo. cena 4 ­ interna/diurna/barraco A mãe de Zé acorda e vê a cama vazia, lava o copo de leite e o enche com água para beber, começa a olhar o que tem pra preparar pro almoço. cena 5 ­ externa/diurna/centro da cidade 1 Zé desembarca em meio a confusão do centro da cidade, mirrado e destoando dos outros com suas roupas velhas e gastas. Muito barulho e confusão, camelôs, carros, motoboys, etc. cena 6 ­ externa/diurna/centro da cidade Se aproxima de uma barraquinha de café onde se vê bolos e garrafas térmicas e pede um pedaço de bolo. Ganha um pequeno pedaço e sai comendo afoito, com fome, em meio a multidão. cena 6 ­ interna/diurna/barraco Panela vista de cima com um pouco de feijão. Revela a mãe cozinhando no pequeno fogão. Corta e frita meia linguiça em outra panela. Com o semblante de preocupação olha pra porta. cena 7 ­ externa/diurna/centro da cidade Zé está sentado na calçada com olhar pedinte, as pessoas passam rapidamente sem percebê­lo. Estende a mão pedindo dinheiro, um casal que o vê desvia o caminho. Outras pessoas acenam negativamente com a cabeça. cena 8 ­ externa/diurna/centro da cidade Vemos lojas de comércio uma ao lado da outra. Zé entra em uma delas mas rapidamente sai seguido de um segurança que o espanta. 2 cena 9 ­ interna/diurna/banca de jornal De dentro do balcão de uma banca de jornal vemos Zé pedir dinheiro para o balconista (câmera subjetiva) sem sucesso, sai decepcionado. cena 10 ­ externa/diurna/centro da cidade Algumas moedas são colocadas na mão de Zé. cena 11 ­ interna/diurna/barraco A mãe se mostra impaciente, pegando roupas de um monte com expressão de brava, joga ao lado da tábua onde as passará. cena 12 ­ interna/diurna/padaria Zé olha uma vitrine com doces e bolos em uma padaria, de repente alguém lhe puxa pelo braço com violência, ele se assusta e é levado para fora do local. cena 13 ­ externa/diurna/centro da cidade Seu chinelo quebrou e ele o segura nas mãos, Zé vaga entre as pessoas de maneira triste, parece chateado por ser maltratado. Ele tenta se aproximar das pessoas mas elas desviam. cena 14 ­ externa/diurna/centro da cidade Zé conserta seu chinelo, enquanto um mendigo assustador conversa com Zé, oferece alguma coisa. Zé 3 não aceita, joga o chinelo já arrumado no chão, o calça e vai embora. cena 15 ­ externa/diurna/centro da cidade Ele olha a polícia passar, as pessoas, o mendigo. Nesse momento parece assustado, inocente em meio a tamanha confusão. Zé corre como se fugisse de algo. cena 16 ­ externa/diurna/centro da cidade Zé observa celulares sobre uma mesa enquanto pessoas conversam. Vê rapazes com tênis importados passando, alguém tirando fotos com uma câmera cara. cena 17 ­ interna/diurna/barraco Sua mãe vai até a porta, dá uma olhada pra fora para ver se avista Zé. Fecha a porta bufando, senta­se e come o feijão com um pouco de farinha e rodelas de linguiça frita cena 18 ­ externa/diurna/centro da cidade Uma moça com cara de boazinha procura na bolsa algum dinheiro enquanto Zé aguarda ansioso e grato. Ela dá algum dinheiro a ele e ele sorrindo sai agradecido. Seu semblante está mais esperançoso, ele fala com seguranças de um local que não o tratam mal, mas gesticulam negativamente com a cabeça, ele continua sem ligar. cena 19 ­ externa/diurna/centro da cidade 4 Takes de Zé pedindo e conversando com várias pessoas: camelôs, passantes, grupos de pessoas conversando. Em paralelo alguns takes dele recebendo moedas. cena 20 ­ interna/diurna/barraco Logo irá escurecer. a mãe olha o relógio que aponta 17h00. Com cara de brava ajeita alguns móveis, está arrumando a casa. cena 21 ­ externa/diurna/centro da cidade Um malandro está perto de Zé pedindo para ver o dinheiro, tentando tomar dele que, assustado, corre. cena 22 ­ externa/diurna/centro da cidade Já é fim de tarde, Zé tenta sem sucesso entrar em um estabelecimento não revelado, sai revoltado com o homem que o coloca pra fora, se senta triste. Imagem de seus olhos marejados, inconformado e triste por não conseguir o que quer. Ele "engole o choro" e se levanta. Fala com algumas pessoas com o dinheiro na mão, elas se recusam a fazer o que o menino quer. cena 23 ­ externa/anoitecendo/centro da cidade A mão de zé coloca o dinheiro na mão de alguém. Zé olha pra pessoa com receio, não mostramos quem é a pessoa. 5 Em seguida a mesma mão entrega um pacote a Zé que sai pensativo. [passagem para noturna com visão do barraco] cena 24 ­ interna/noturna/barraco A mãe varre o chão, muito brava senta­se ainda apoiada na vassoura. Enxuga o suor da testa com o braço. De repente vira seu rosto em direção a porta. A porta está se abrindo, Zé está chegando. A mãe se levanta dando um tapa na mesa, pronta para dar uma bronca nele. Quando Zé passa pela porta, está segurando um pequeno bolo com uma vela acesa em cima, com um sorriso enorme,cheio de orgulho. A mãe desaba a chorar, emocionada com o gesto do filho pelo seu aniversário, enquanto isso o garoto canta parabéns. Ele coloca o bolo sobre a mesa e passa a bater palmas, sua mãe ainda chorosa o abraça com força, vemos de frente a mãe com o olhar distante, como quem deseja um futuro melhor. Zé está com olhar assustado com a reação da mãe sem entender direito. Ele sorrindo cantando "é pique, é pique" e e a mãe fecha os olhos, como quem faz um pedido e assopra a vela. Com o detalhe da vela sendo apagada, a tela fica preta. 6 ­ Fim 7 

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