estado/economia/paginas 21/01/16
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%HermesFileInfo:B-5:20160121: O ESTADO DE S. PAULO QUINTA-FEIRA, 21 DE JANEIRO DE 2016 ANDRE DUSEK/ESTADÃO-18/6/2015 Em Davos, Barbosa defende mais crédito A investidores, ministro diz que crescimento da economia pode voltar no 2º semestre deste ano Receita. Barbosa defende em Davos a retomada da CPMF num momento fiscal difícil Fernando Nakagawa Fernando Dantas ENVIADOS ESPECIAIS / DAVOS Mesmo com a percepção do sistema bancário de que não há demanda pelo crédito em um momento de baixa confiança na economia, o ministroda Fazenda, NelsonBarbosa, reafirmou o plano de adotar medidas para incentivar novos financiamentos. O ministro, que tem ligação histórica com o PT, reconheceu a importância da opinião do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a economia, mas repetiu discurso de que o governo já tem agido para sair da crise. “Vamos levar o cavalo à água paraverseelequerbebê-la”,disse ao comentar a estratégia para o crédito, mencionando ditado que afirma que você pode levar o cavalo à água, mas não pode forçá-lo a beber. Nos bancos, o ditado é usado para explicar que não basta oferecer crédito se os clientes não querem tomá-lo. Segundo um dos muitos ouvintes de Barbosa em seu dia de estreia no Fórum Econômica Mundial, em Davos, o crédito “foi o único ponto heterodoxo do discurso do ministro”. O plano do governo, explicou Barbosa, é direcionar o crédito novo para segmentos que podem sofrer com eventual gargalo. “O principal foco de demandaque existe é no capital de giro para,principalmente,agricultura e construção civil e para infraestrutura urbana e saneamento. Além de pequenas empresas, que têm acesso difícil ao crédito”, completou. Oapoioàofertademaiscrédito coincide com parte do receituário sugerido por Lula em entrevista a blogueiros na quartafeira.“Sãoopiniõesde umaliderança importante do Brasil que nós também ouvimos”, disse Barbosa. Apesar de reconhecer a importância da liderança do PT, Barbosa preferiu centrar o discurso nas medidas já adotadas como o reequilíbrio fiscal e as reformas estruturais, como a da Previdência. Barbosa, até mesmo, defendeu que o governo trabalha para colocar o mercado de crédito “de volta à situação normal pré2008”. Ou seja, antes das medidas adotadas pelo ex-presiden- te Lula. “Vai voltar a ser como era antes da crise internacional. ÉoBNDESoferecendofinanciamento sem equalização de juros, o FGTS oferecendo uma linha que funcione, e também com o crédito agrícola (do Banco do Brasil) que pode ser melhor aproveitado”, prometeu. “Tudo isso sem custo fiscal para os contribuintes.” Para o ministro, “é dever do governo usar de forma mais efi- ciente todas as ferramentas que tem”. De forma geral, a mensagem aos investidores e executivos em Davos foi de reequilíbrio macroeconômico e estabilizaçãodaeconomia,commedidasmacroeoutrasvisandomercados específicos. Realismo. Ele previu que a eco- nomia possa ter uma retomada já no segundo semestre, o que não significa que o número para l Retorno “(O crédito) vai voltar a ser como era antes da crise internacional. É o BNDES oferecendo financiamento sem equalização de juros, o FGTS oferecendo uma linha que funcione, e também com o crédito agrícola.” Nelson Barbosa MINISTRO DA FAZENDA o ano será positivo. O ministro chamou a atenção para como a volatilidade atual torna incertas as previsões, notando que a previsão de crescimento zero do Fundo Monetário Internacional (FMI) para 2017 é pior que a média do mercado brasileiro, que projeta algo ligeiramente positivo. “Projeções são apenas projeções. Trabalhamos para melhorar o resultado da economia e nossas proje- VANTAGENS FORA DE SÉRIE LAND ROVER DAVOS DISCOVERY SPORT DISCOVERY RANGE ROVER SPORT RANGE ROVER O DNA Land Rover representa muito mais que prestígio e sucesso. É sinônimo de capacidade e versatilidade combinadas com elegância para encarar qualquer terreno. Seja dentro ou fora da cidade, você conta com um desempenho incomparável, muito requinte e conforto aliados à mais alta tecnologia para uma direção impecável. Vá até a concessionária Inter e faça um test drive. RANGE ROVER EVOQUE ÚLTIMAS UNIDADES ANTES DO AUMENTO DO DÓLAR Showroom/Assistência Técnica Moema: Av. Miruna, 633 - % 11 5054 6000 Campinas: Av. 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A secretária Alicia Barcena coordenou ontem à tarde, no Fórum Econômico Mundial, um painel sobre transformações na região. Ela mesma contribuiucom umdado importante para mostrar a baixa integração econômica na região. No anopassado,enquantoocomércio exterior latino-americano diminuiu14%,astrocasintrarregionais encolheram 21%. Os países mais fechados da AméricaLatina continuam sendoosdoMercosulesuanegociação mais ambiciosa – com a União Europeia – continua emperrada. O próximo passo deve ser a troca de ofertas entre os doisblocos.Masa trocasóocorrerá se os dois lados apresentarem suas propostas ao mesmo tempo, disse ontem a ministra Dependência. Além de pouco Rolf Kuntz ENVIADO ESPECIAL / DAVOS A evasão fiscal chega a US$ 320 bilhões anuais nos países latino-americanos, segundo a secretária executiva da Comissão Econômicaparaa AméricaLatinaeoCaribe(Cepal),AliciaBarcena. O dinheiro enviado ilegalmente ao exterior soma US$ 150 bilhões por ano. O estudo com esses dados e informações detalhadas por país ainda será publicado pela organização. ções também são realistas.” Barbosa relatou que, em seus contatos com o público de Davos, enfatizou tudo o que foi prometido no início do segundomandatodeDilmapeloantecessorJoaquim Levy nomesmo fórum há um ano e que foi de fatocumprido:mudanças noseguro-desemprego, nas pensões por morte e no abono salarial, correçãodepreçosbásicos,revisãodossubsídios fiscaisefinanceiros, como o fim do PSI do BNDES e o reajuste da energia. Ele notou que “se avançou na direção correta, na velocidade que foi possível avançar, porque várias dessas decisões têm de ter aprovação política”. Barbosa disse ainda que, com a aprovaçãodasmedidas noCongresso – referência, por exemplo, à CPMF – o ajuste fiscal seria concluído e passa-se então para a etapa de “reforma fiscal”, que aborda a trajetória do gasto público. AindaemrelaçãoàCPMF,disse que era um dever do governo convencer congressistas e sociedade que se trata de um instrumento de poupança para atravessara difícilfasefiscal enquanto reformas mais estruturais do gasto não são aprovadas. “Semesse aumento temporário dareceita,aeconomiavaidemorar mais para se recuperar.” Os desafios do ministro no Fórum Mundial ISSO QUE É COMBINAÇÃO PERFEITA: TODA A LINHA COM TAXA 0% IVAN ALVARADO/REUTERS-4/8/2014 Estudo da Cepal aponta que os países mais fechados da região continuam sendo os que compõem o Mercosul Economia B5 Debate. Alicia Barcena, da Cepal, coordenou painel em Davos de Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, numa entrevista depois do painel. Osgovernosdo Mercosul,explicou a ministra, só levarão adiante a discussão quando os europeus esclarecerem suas intenções em relação ao comércio de produtos agropecuários. Adecisãodesóapresentaraproposta quando a União Europeia puser sua oferta sobre a mesa já havia sido indicada pelo governo brasileiro. Segundo fontes europeias, a abertura comercial oferecida pelo Mercosul – oficialmenteaindamantidasobreserva – é inferior aos padrões previstos na negociação. Embora os dois governos tenham decidido unir-se para manter o impasse com a União Europeia, a ministra argentina reafirmou a disposição, anunciada pelo recém-eleito presidente Mauricio Macri, de trabalhar pela dinamização do Mercosul, com eliminação das bar- integrados entre si, os latinoamericanos, com exceção do México, são muito dependentes da exportação de commodities – matérias-primas e produtospoucoelaborados.Todosforam afetados pela queda dos preços das commodities, determinadaemgrandepartepeladesaceleraçãoda economiachinesa. O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu no ano passado6,9%,segundoinformação oficial divulgada nesta semana. Pela primeira vez, em mais de 20 anos, a variação anual ficou abaixo de 7,0%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê para a economia chinesa taxas de expansão de 6,3% neste ano e de 6,0% no próximo. No seu programa inaugural no Fórum Econômico Mundial, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa,topoucomduasdasdificuldades que provavelmente o acompanharão durante o seu longo e intenso périplo em Davos. A primeira é que o seu discurso de ortodoxia e ajuste fiscal é bem recebido por quem não o conhece, mas convence menos executivos e economistas brasileiros ou que tenham um conhecimento da cena econômica e política do Brasil. A segunda dificuldade é que o Brasil aparece desta vez no Fórum como um coadjuvante mais medíocre da Argentina que, como na parábola do filho pródigo, está entusiasmando o establishment internacional por voltar à trilha da ortodoxia. Bem a propósito, o primeiro compromisso de Barbosa em Davos foi um almoço promovidopelo Banco Itaú,Hotel Steingenberger Belvédère, durante o qual os palestrantes foram ele e o presidente do Banco Central argentino,Federico Sturzenneger. Cerca de 50 altos executivos, economistas e financistas compareceram, incluindo Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia. Já na entrada, um financistabrasileiroteciacomentários entusiasmados sobre Sturzenneger, mas preferia responder com um “sem comentários” ao que esperava de Barbosa. Ele deixou claro que não tinha confiança no trabalho do novo ministro. /F.D. e F.N. O baixo crescimento da segundamaiorpotênciaeconômica do mundo e principal importadora das commodities latinoamericanas é mais um sinal – reconhecido pelos participantes do painel – da urgência de mudança do padrão comercial da região. No caso do Brasil, a dependência excessiva de exportações de produtos básicos e, portanto, da demanda chinesa,resultadeumadecisãopolítica formulada em 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu dar prioridade à integração comercial com os países emergentes, enquanto os governos de vários outros emergentes, incluída a China, davam atenção preferencial aos mercados mais desenvolvidos. Apesar das dificuldades comerciais, os participantes do painel mostraram otimismo em relação a mudanças na região,comdestaqueparaa derrota do kirchnerismo na Argentina, a vitória da oposição na eleição para o Legislativo na Venezuela e a expectativa de acordo entreEstadoeaguerrilhanaColômbia.