Um ano estratégico

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Um ano estratégico
Impresso fechado,
pode ser aberto pela ECT
Impresso
Especial
9912285067/2011-DR/CE
Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Ano V n No 55 n DEZEMBRO/2011
FIEC
CORREIOS
3
Um ano estratégico
Incertezas do cenário econômico internacional preocupam, mas as perspectivas são
positivas para o Ceará. Os investimentos para a Copa do Mundo de 2014 e o fortalecimento
da indústria da construção devem impulsionar o crescimento no próximo ano
Publicação do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Ceará
DEZEMBRO 2011 | No 55
........................................................................................
Congresso Nacional
08
Pense como um líder.
Aja como um líder.
Faça o curso Estratégias
para Inovação em Novos
Mercados do Programa
Educação Executiva
IEL e aperfeiçoe seus
conhecimentos sobre
o mundo empresarial.
A FIEC participou em Brasília,
ao lado de outras federações de
indústrias, do Plantão Legislativo,
movimento organizado pela CNI
Serviços
12
IEL expande portfólio
De olho na competitividade,
o IEL está mudando de
estratégia e se antecipando às
demandas das empresas
Inovação
14
Relação universidade-empresa
2 Edição
Wharton School
22 a 24 de março de 2012
Aquiraz/CE, Brasil
a
Parceria entre o IEL e a Wharton School. Ministrado no Brasil, por professores da Wharton
com conteúdo programático que contempla temas sobre estratégias para o mercado global,
desafios gerenciais e inovação. A metodologia combina aulas expositivas, estudos de caso,
trabalhos e discussões em grupos.
IEL/CE
Tel.: (85) 3421-6520 / 3224-0868 – Fax: (85) 3421-6507
[email protected]
Cenário positivo na incerteza
Mesmo com a crise internacional, a tendência é de
crescimento econômico para o Brasil e o Ceará
Copa do Mundo
18
História
Ritmo de obras preocupa
Com exceção do Castelão,
nenhuma intervenção prevista
nas áreas de mobilidade
urbana e de infraestrutura
turística tiveram início
42
Pão da vida
Alimento dos mais antigos
feitos pelo homem, o pão
está presente em todas as
culturas e é consumido por
todas as classes sociais
Construção de lajes
17
24
Curso com tradução simultânea e materiais em português e inglês.
Vagas limitadas. Inscreva-se pelo site www.iel.org.br/eduexecutiva.
30
Universidade de Ben-Gurion, em
Israel, dará consultoria à FIEC
visando consolidar a relação
universidade-empresa
Método permite economia
Empresário cearense Joaquim
Caracas adota método para
potencializar economia na
construção de lajes
China
Estratégias para Inovação
em Novos Mercados
CAPA
De olho no oriente
Acompanhando o movimento
global da economia, a FIEC
organizou missões à China na
busca de novos negócios
40
SESI/CE é reconhecido
Com menos de três anos
da adoção de novo modelo
de gestão, SESI é um dos
vencedores do Prêmio Ceará
de Excelência em Gestão
Seções
MensagemdaPresidência........5
Vale
36
Gestão
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Sair da zona de
conforto amedronta
ou incentiva você?
Plantão Legislativo
Oportunidades para fornecedores
Empresa quer se tornar a maior
mineradora do mundo e, para isso,
terá de superar desafios logísticos
no eixo norte
Notas&Fatos..............................6
Inovações&Descobertas.........11
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
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3
Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José
Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos
Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros.
CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando
Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando
Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.
Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho
Serviço Social da Indústria — sesi
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro,
Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius,
Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo
Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula
Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço
Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior
Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard
Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho, Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula
Andréa Cavalcante da Frota, Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima
Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves
Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representante dos
Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima
Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães
Instituto Euvaldo Lodi — IEL
Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales
Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]), Luiz
Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação
Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085)
3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM)
do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434,
9187-5063, 8857-1594 e 8786-2422 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/
revistadafiec
Revista da FIEC. – Ano 5, n 55 (dez. 2011) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm.
Mensal.
ISSN 1983-344X
1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do
Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.
CDU: 67(051)
4 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
MensagemdaPresidência
Roberto Proença de Macêdo
Acelerar em 2012
Em 2011, foram feitos levantamentos, análises e
A articulação dos setores produtivos entre si e com
estudos das necessidades de mão de obra para a indústria, as universidades deverá produzir condições atrativas
contemplando em um primeiro momento o horizonte de para trazer de volta parte significativa dos talentos que
2014. Em função disso, a CNI preparou planos para atender o Ceará tem exportado ao longo dos anos. O retorno
às demandas de formação de mão de obra, em número, qua- desses conterrâneos, que encontraram em outros lugalidade e especialidade em todo o país.
res as oportunidades que não tiveram aqui, aumentará o
Neste sentido, aqui no Ceará, estão sendo destinados mais nosso capital humano, acelerando nossa caminhada em
de cem milhões de reais ao SENAI, SESI e IEL para a constru- busca do desenvolvimento.
ção de novas estruturas e ampliação das existentes, tanto na
A questão do desenvolvimento do Ceará está na agencapital como em polos do interior.
da do Conselho Estratégico da
São escolas, laboratórios, centros
FIEC. Na reunião do último
de capacitação setoriais e dois insdia 12, os Conselheiros deO setor produtivo
titutos SENAI, um de Tecnologia e
monstraram preocupação com
tem
a
consciência
de
o outro de Inovação nas áreas de
a dinâmica da economia estatecnologias construtivas, esse para
dual, quando comparada com
que as potencialidades do
prestar serviços em nível nacional.
os avanços de outros estados
Ceará para serem efetivadas
O protagonismo empresarial,
nordestinos. Propostas de ações
requerem
que
o
comércio,
como propulsor da inovação, da
do setor industrial estão sendo
melhoria de processo e do aumenpensadas, com vistas à reversão
o agronegócio, os serviços
to da competitividade, impõe uma
desse quadro.
e
a
indústria
trabalhem
de
visão estratégica de médio e lonAssim como o Conselho Esgo prazo para o planejamento e a
tratégico, também está sendo
forma integrada.
execução. O setor produtivo tem a
redimensionado o Instituto de
consciência de que as potencialiDesenvolvimento Industrial do
dades do Ceará para serem efetivadas requerem que o co- Ceará (INDI), com a tarefa de contribuir com o trabalho
mércio, o agronegócio, os serviços e a indústria trabalhem da FIEC em sua integração com os demais setores emprede forma integrada.
sariais, para a dinamização da indústria no interior, a criaPor outro lado, é indispensável intensificar o nosso rela- ção de um ambiente favorável ao empreendedorismo e à
cionamento com as universidades e outros centros de pes- eficiência produtiva, a prospecção do futuro e a expansão
quisas e inovação, criando a ambiência propícia ao desen- e promoção da competitividade sustentável dos negócios.
volvimento de uma cultura de grandes sonhos e realizações
Concluímos 2011 preparados para iniciarmos o ano de
consistentes, capazes de elevar a nossa competitividade aos 2012 impulsionados pela vontade de avançar com celerimelhores padrões internacionais. O primeiro passo nessa di- dade, de modo que o Ceará volte a ser visto como referênreção foi concretizado recentemente com a visita conjunta cia nacional de inovação em gestão pública e privada, por
de empresários e acadêmicos a Israel que a FIEC organizou.
meio do trabalho conjunto e da ação coletiva.
“
“
Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec
DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge
Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo
Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha
Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
5
q u e
Notas&Fatos
a c o n t e c e
n o
S i s t em a
FI E C ,
n a
P o l í t i c a
e
n a
E c o n om i a
Prêmio Finep
SESI
CIC
Ceará vence EM
três das cinco
categorias
Esporte e Cidadania
reúne 2 500 pessoas
Nicole Barbosa
é a nova
presidente
Os vencedores do Prêmio
Finep de Inovação 2011
da região Nordeste foram
divulgados em 30 de
novembro, na Federação
das Indústrias do Estado
da Paraíba (FIEP), em
Campina Grande. O
Ceará conquistou três
das cinco categorias.
Na categoria Micro e
Pequena Empresa, venceu
a BioClone Produção
de Mudas. A Protensão
Impacto foi a ganhadora
da categoria Média
Empresa. Na categoria
Inventor Inovador, o
vencedor foi o engenheiro
cearense Joaquim Caracas.
Ele criou o Sistema de
Construção de Lajes PréMoldadas com a Utilização
de Caixas Removíveis
e Autossustentáveis em
Vigotas (veja matéria
na página 17), que
proporciona redução de
custos na construção civil.
Os primeiros colocados
regionais concorrem à
etapa nacional no dia 15
de dezembro em Brasília.
O
A empresária Nicole
Barbosa foi eleita
presidente do Centro
Industrial do Ceará
(CIC). Ex-presidente
do Sindicato da
Indústria Editorial de
Formulários Contínuos
e de Embalagens
Gráficas do Estado do
Ceará (Unigráfica),
esteve à frente de
chapa única nas
eleições realizadas em
6 de dezembro. Ela
substitui a empresária
Roseane Medeiros,
presidente do
Sindicato da Indústria
do Curtimento de
Couros e Peles do
Estado do Ceará
(Sindicouros). O
mandato da nova
diretoria do CIC é de
dois anos, sem direito
à reeleição.
ERRAMOS
A Revista da FIEC errou ao citar, na
matéria Preocupação à vista (páginas
14 e 15 da edição de nº 54 –
novembro/2011), o nome do presidente
do Sindicato das Indústrias de Extração e
Beneficiamento de Rochas para Britagem
do Estádio do Ceará (Sindbrita) e
presidente da Câmara Setorial Mineral,
José Ricardo Montenegro Cavalcante,
chamando-o de José Ricardo
Cavalcante Montenegro.
Foto: GIOVANNI SANTOS
SESI/CE realizou a edição 2011 do Esporte e
Cidadania no dia 26 de novembro, no Clube da
Parceria, em Maracanaú. Esse foi o sétimo ano
da iniciativa, que reuniu cerca de 2 500 pessoas e
realizou 9 179 atendimentos. O evento é promovido
simultaneamente em todo o país em parceria com a Rede
Globo e suas afiliadas – no Ceará, com o apoio da TV
Verdes Mares – para difundir o esporte como ferramenta
de inclusão social e estimular a prática esportiva entre
crianças, adolescentes e adultos. Foram ofertados serviços
gratuitos como massoterapia, distribuição de material
educativo, torneios esportivos, verificação de pressão e
orientação nutricional, dentre outros.
SENAI
Certrem forma 29ª turma de Moleiro Júnior
O Centro Regional de Treinamento em
Moagem e Panificação (Certrem), unidade
do SENAI, realizou em 2 de dezembro a
cerimônia de formatura da 29ª turma
do curso de Moleiro Júnior. O Certrem
lançou ao mercado 16 novos profissionais,
de 11 estados do país, capacitados com
conhecimentos técnicos e tecnológicos
6 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
específicos da área moageira. O curso de
Moleiro Júnior desenvolve habilidades para o
desempenho das atividades, incrementando
a produtividade e a competitividade da
indústria moageira. Cerca de 60 pessoas
participaram do evento que, além da entrega
de certificados, contou com descerramento
da placa da turma e apresentações musicais.
Sindmóveis
Sindmassas
Osterno Júnior
é reeleito
à presidÊnCIA
Setor apresenta pleitos ao
senador José Pimentel
O empresário Osterno
Júnior foi reeleito para
um novo mandato
de quatro anos na
presidência do Sindicato
das Indústrias do
Mobiliário do Estado
do Ceará (Sindmóveis),
que conta com mais de
90 empresas associadas.
Para Osterno Júnior, o
número reflete o sucesso
do setor no estado.
Em 2010, com base
em dados do Instituto
de Desenvolvimento
Industrial do Ceará
(INDI), organismo ligado
à FIEC, o setor vendeu
produtos para países
como Alemanha, Angola,
México, França, Portugal
e Estados Unidos, ficando
em terceiro lugar em
volume de exportações
no Nordeste.
O
Sindicato das
Indústrias de
Massas Alimentícias
e Biscoitos do Ceará
(Sindmassas) apresentou
as reivindicações do
setor ao líder do governo
no Congresso Nacional,
senador José Pimentel
(PT/CE), durante almoço
na FIEC em 25 de
novembro. A desoneração
tributária do Programa
de Integração Social
(PIS) e da Contribuição
para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins)
sobre o macarrão e a não
aprovação de proposta
de inclusão obrigatória
da fécula de mandioca
na farinha de trigo
são os pleitos do setor.
Também participaram
do almoço o presidente
da FIEC, Roberto
Proença de Macêdo, o
presidente da Associação
Brasileira das Indústrias
de Massas Alimentícias
(Abima), Cláudio Zanão,
e representantes do
Sindicato das Indústrias
da Panificação e
Confeitaria do Estado do
Ceará (Sindpan).
Foto: GIOVANNI SANTOS
O
Notas&Fatos
AGENDA
...................................................
De 25 a 27 de janeiro,
Fortaleza recebe o evento
Educador Futuro, com
palestrantes do Brasil e de
Portugal. Promovido pela
Futuro Eventos e com apoio
do SENAI/CE, o encontro
oferece conferências, palestras e debates em mais de
30 temas, como inovação,
educação profissional e
tecnológica. Informações e
inscrições: www.futuroeventos.com.br / [email protected]
/ (41) 3033 8100
Educação
n
SENAI investirá 1,5 bi de reais na
implantação e ampliação de unidades
O
Banco Nacional de
Desenvolvimento
Econômico e Social
(BNDES) emprestará
1,5 bilhão de reais
ao SENAI. O dinheiro
será investido na
implantação, ampliação
e modernização de 22
institutos de inovação
e 65 institutos de
tecnologia, além da
rede de escolas e
unidades móveis do
SENAI. O financiamento
foi anunciado em 2
de dezembro, pelo
presidente do BNDES,
Luciano Coutinho, na
CNI. A liberação dos
recursos deve ocorrer ao
longo de 2012.
CURTAS
---------------------
n A Eternit,
multinacional de
materiais de construção,
irá instalar sua 12ª
fábrica no país no
município de Caucaia,
região metropolitana
de Fortaleza. As obras,
com investimento de 97
milhões de reais, terão
início no 1º trimestre
de 2012. Na primeira
fase, o empreendimento
irá fabricar louças
sanitárias e deve gerar
330 empregos diretos. A
empresa será a nona do
Complexo Industrial e
Portuário do Pecém.
n Beberibe recebeu
a 8ª edição do Caju
Nordeste de 23 a 26
de novembro, com o
tema Aproveitamento
Integral e Sustentável
das Potencialidades do
Cajueiro. Além da entrega
do Troféu Caju de Ouro
2011, a programação
contou com cursos,
oficinas, palestras e
seminários. O evento é
promovido pelo Instituto
Caju Nordeste e teve
parceria do INDI.
n A FIEC sediou, em 6
de dezembro, o seminário
Pré-sal e o Futuro do
Brasil, realizado pela
Petrobras. O objetivo foi
discutir o novo marco
regulatório do petróleo
no país. Estiveram
em pauta temas como
capacidade de exploração,
legislação e royalties.
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
7
Congresso Nacional
FIEC participa do
Plantão Legislativo
Movimento organizado pela CNI visa colocar a indústria brasileira mais
perto das decisões políticas em Brasília, propondo caminhos que
assegurem maior competitividade interna e externa ao setor industrial
C
erca de 80 empresários e representantes de federações de indústrias, dentre eles quatro ligados
à Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(FIEC), participaram no Congresso Nacional, em Brasília, do primeiro Plantão Legislativo, movimento organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI),
no último dia 8 de novembro, para propor caminhos
que assegurem maior competitividade interna e externa
à indústria brasileira em um contexto de dificuldades
crescentes no campo internacional.
8 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
Na sua primeira edição, o Plantão Legislativo reivindicou a tramitação de 12 projetos de lei que estão na
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) e
que são considerados prioritários para o setor produtivo
nacional. Na oportunidade, o presidente da CNI, Robson
Braga de Andrade, entregou ao presidente da comissão,
deputado João Paulo Cunha (PT/SP), uma cartilha contendo os 12 projetos de lei prioritários. O deputado se
comprometeu a pautar, até o final do ano, alguns projetos
discutidos pela CNI na comissão.
Foto: AGÊNCIA CNI
Elias Souza, Sérgio Lopes, Affonso Taboza, Mauro Benevides, Robson Braga, Vicente Arruda, Frederico Hosanan, Gorete Pereira e Danilo Forte no Congresso Nacional
A FIEC, por meio do Conselho de Assuntos
Legislativos (Coal), participou ativamente do
evento. Conforme o presidente do órgão, Affonso Taboza Pereira, o setor articulou previamente
com os deputados cearenses que são membros
das comissões de Constituição, Justiça e Cidadania e do Trabalho – Mauro Benevides, Vicente
Arruda, Gorete Pereira, Edson Silva, Chico Lopes, Danilo Forte, Domingos Neto, André Figueiredo e Eudes Xavier – a fim de que conhecessem os 12 projetos prioritários para a indústria
em tramitação e as reivindicações dos empresários, além de participarem da reunião. Os parlamentares também conversaram com o grupo e
receberam a cartilha com os temas prioritários.
A FIEC foi representada pelos empresários
cearenses Frederico Hosanan Pinto de Castro,
presidente do Sindicato da Indústria de Lacticínios e Produtos Derivados do Estado do Ceará
(Sindlaticínio), e Elias Souza do Carmo, presidente do Sindicato das Empresas de Serviços do Setor
Elétrico (Sindenergia), além de Affonso Taboza e
do secretário executivo do Coal, Sérgio Lopes.
A mobilização dos empresários em torno da
causa da indústria, explica Sérgio Lopes, é a parte
mais importante do Plantão Legislativo. Segundo ele, é um trabalho considerado estratégico e
de muita importância que vem sendo desempenhado pela CNI e pelas federações. No âmbito
estadual, a FIEC também realiza trabalho semelhante na Assembleia Legislativa, acompanhando as proposições dos parlamentares.
Monitoramento
O
monitoramento dos poderes Legislativo,
tanto no âmbito federal como estadual,
é uma das ações desempenhadas pela
CNI e também pelas federações para garantir
a competitividade da indústria. Atualmente,
a CNI acompanha 130 políticas públicas
implementadas pelo governo federal e 4 500
projetos de lei que tramitam no Congresso
Nacional. Esse trabalho já resultou em mais
de 70 ações diretas de inconstitucionalidade
(Adin) e importantes vitórias em defesa da
indústria nacional.
O plantão se dá mediante ações legislativas
que são desenvolvidas permanentemente
no Congresso por meio da mobilização de
empresários das federações de indústrias para
tratar de assuntos relevantes, porém pontuais,
assuntos que geralmente são discutidos
nas Comissões Temáticas Permanentes do
Congresso Nacional.
O objetivo do setor industrial é influenciar,
participando de forma efetiva do processo de
formatação final dos projetos de lei e mensagens
do Executivo, no momento que eles tramitam nas
Comissões Temáticas Permanentes da Câmara e
do Senado. Dessa forma, as chances de mudar
os textos das proposições legislativas aumentam
consideravelmente por meio de emendas
aos projetos de lei e de outros instrumentos
legislativos que são legalmente utilizados.
DOZE projetos prioritários À indústria
1
2
Projeto de Lei – (PL 5140/05) – Penhora on-line nas Execuções Trabalhistas e a
aplicação do Princípio da Desconsideração da Personalidade Jurídica
A CNI e a FIEC atuam para disciplinar o instituto da
penhora on-line com a adoção de regras já existentes no âmbito da legislação processual civil e
da jurisprudência consolidada no Tribunal Superior
do Trabalho (TST). Sobre a desconsideração da personalidade jurídica, a CNI tem posição contrária ao
uso indiscriminado e abusivo desse instituto, que
desrespeita os princípios constitucionais da ampla
defesa, do contraditório, da segurança jurídica, da
livre iniciativa e da ordem econômica.
3
Projeto de Lei Complementar – PLP
378/06 – Prazo para Extinção da
Contribuição Adicional de 10% do
Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS)
O objetivo é que seja fixado um prazo para a
extinção da contribuição adicional de 10% a
ser paga na demissão sem justa causa, eis que
não é justificável a manutenção da mesma
por tempo indeterminado. Além do FGTS não
ser mais deficitário, a contribuição adicional
onera em muito a carga tributária, refletindo
negativamente na competitividade de produtos e serviços formalmente oferecidos.
Projeto de Decreto Legislativo – PDC
2839/10 – Registro Eletrônico de
Ponto
Sustar a portaria do Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE), que impõe a adoção do
registro eletrônico de ponto, é uma reivindicação do setor. A edição da portaria não foi
precedida de diálogo entre empregadores,
trabalhadores e Poder Executivo e nem de
estudo técnico eficiente acerca de eventuais
problemas relativos ao controle da jornada de
trabalho. Torna-se necessária a busca de uma
solução normativa mais apropriada ao tema
do controle da jornada de trabalho.
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
9
5
4
Adoção da Convenção 158 da
Organização Internacional do
Trabalho – OIT MSC 59/08)
A CNI atua para que a Mensagem 59/08,
que dispõe sobre a adoção da Convenção
158 da OIT, seja rejeitada. A proteção da
relação de emprego tratada pela MSC 59
está em descompasso com as práticas do
mundo globalizado, que requer renovações
contínuas para fazer frente às inovações
tecnológicas e nos modos de produção. O
Brasil já dispõe de um sistema de proteção
ao trabalhador e uma compensação monetária na dispensa sem justa causa.
7
PL 7971/10 – Estabilidade
provisória do empregado indicado
como testemunha
A CNI/FIEC tem posições contrárias à
estabilidade provisória do empregado
indicado como testemunha e tem atuado
para rejeitar a proposição. Já existem
mecanismos suficientes na ordem jurídica para reparação do dano à pessoa,
inclusive sob o fundamento da dispensa
em virtude de motivo discriminatório.
11
Projeto de Lei Complementar PLP 75/2003 – Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada
em matéria tributária
O funcionamento eficiente do setor privado
pressupõe a existência de normas claras
e estáveis que garantam segurança ao
investidor. Não se pode, pois, admitir,
proposta que permite a concessão de
medida liminar em mandado de segurança
com exigência obrigatória do depósito em
montante integral até o trânsito em julgado
da decisão de mérito. Tal medida viola
princípios e regras constitucionais (artigos
1º, 5º e 5º, XXXV da CF), prejudicando
o contribuinte e fazendo tábula rasa da
garantia constitucional da tutela jurisdicional adequada. Se institutos processuais
eventualmente não são bem utilizados por
quem os maneja, deve-se apurar e punir
essa má conduta, mas nunca extirpar uma
medida judicial democrática e que observa
os freios e contrapesos entre os Poderes do
Estado, inerentes ao regime democrático.
6
PL 4330/04 – Terceirização
A CNI e a FIEC têm contribuído com propostas
para compor os interesses dos trabalhadores
terceirizados, das empresas contratadas e das
contratantes, inserindo no ordenamento jurídico
uma regulamentação necessária. A lacuna de regulamentação para a prática dos serviços terceirizados constitui fator de agravamento do desemprego, pois a incerteza quanto à possibilidade ou
não de terceirizar serviços inibe investimentos e
constitui mais um entrave ao desenvolvimento
econômico e à geração de empregos.
8
PL 1981/03 – Participação dos sindicatos na inspeção do trabalho
A CNI e a FIEC têm posições divergentes acerca
da participação dos sindicatos no sistema de
inspeção das disposições legais relativas às
condições de trabalho e têm atuado para rejeitar
essa proposta. O poder de fiscalizar e inspecionar
disposições legais relativas às condições de trabalho e à proteção dos trabalhadores no exercício
profissional é responsabilidade do poder público,
não podendo ser transferida ou compartilhada
com entidade privada.
PL 6530/09 – Crédito financeiro de Imposto sobre Produtos Importados
(IPI), nas aquisições de bens de uso e consumo e bens de capital
A indústria defende o conceito de crédito financeiro no IPI, que assegura o creditamento não apenas dos produtos efetivamente empregados para fins de saída tributada, mas também do ativo permanente e dos itens de
uso e consumo, além de estabelecer a manutenção dos créditos relativos a etapas anteriores, substituindo um
complexo sistema que inclui a análise física por controle puramente contábil e evita a cumulatividade. Tributo
menos complexo é tributo mais barato para o contribuinte apurar e para a administração tributária fiscalizar,
com menos riscos para os contribuintes de descoberta de passivos tributários ocultos e, para o fisco, de
perdas acidentais (erros) ou intencionais (sonegação) de receita.
9
PL 3401/08 – Disciplina o procedimento de declaração judicial de desconsideração da personalidade jurídica
e dá outras providências
A segurança jurídica é um dos fatores determinantes na tomada de decisões empresariais
sobre investimentos em negócios, países ou
regiões. Levando isso em consideração, a CNI
desenvolveu ações na Câmara dos Deputados
para aprovar, na Comissão de Desenvolvimento
Econômico, projeto que estabelece regras
claras para desconsideração da personalidade
jurídica das empresas. O texto aprovado na
comissão representa efetivo avanço na disciplina da matéria e possibilitará a correção de
inúmeros abusos e equivocadas aplicações do
instituto por parte do Judiciário.
12
10
PL 1018/11 – Expedição de título
executivo extrajudicial pelo Departamento
Nacional de Defesa do Consumidor
A simplificação da executoriedade das decisões
dos órgãos fiscalizadores, defendida por alguns, a
pretexto de conferir rapidez e efetividade a esses
atos decisórios e, notadamente, às multas aplicadas
pelos órgãos de defesa do consumidor, não pode
implicar violação das garantias do contraditório e do
amplo direito de defesa, do devido processo legal e,
fundamentalmente, do pleno acesso ao Judiciário,
princípios constitucionalmente assegurados. A
proposta que permite a órgãos de proteção e defesa
do consumidor emitirem documento líquido, certo e
exigível, e para sua inclusão no rol dos títulos executivos extrajudiciais, deve ser rejeitada, pois, além de
inadequada, gera insegurança jurídica.
PLP 8/03 – Despedida arbitrária do empregado
A CNI/FIEC tem posições divergentes ao projeto e tem atuado fortemente para a
sua rejeição. Propostas que cerceiam a liberdade do empreendedor em gerenciar
seu quadro de pessoal, em vez de proteger as relações de trabalho, acabam por
inviabilizar empreendimentos, comprometendo a manutenção e criação de empregos no setor formal da economia.
Inovaçoes
&Descobertas
Polímero de milho
Aço mais forte que titânio
Pesquisadores brasileiros e
norte-americanos desenvolveram
um novo polímero (categoria
de plásticos) à base de milho
que substitui o bisfenol –
composto usado na fabricação
de embalagens plásticas de
alimentos, em mamadeiras
e no revestimento interno de
latas e que está sendo proibido
em vários países, incluindo o
Brasil, por suas propriedades
cancerígenas. Segundo o
professor Luiz Henrique Catalani,
do Instituto de Química (IQ)
da Universidade de São Paulo
(USP), esse novo polímero,
denominado de isosorbídeo, é
importante “tanto pelo fato de
ser proveniente de insumos da
biomassa – e, portanto, uma
alternativa aos derivados de
petróleo – como também por
substituir o bisfenol em resinas
epóxi", afirmou Catalani à
Agência Fapesp. Além de várias
aplicações na indústria plástica
e de embalagens, a intenção
é também usar a descoberta
para desenvolver um suporte ao
crescimento de diversos tipos
de células, que representa o
primeiro passo para se tentar
produzir tecidos artificiais,
como tecido ósseo ou para
reconstituição de tímpano. Já
produzido em escala comercial
a partir do milho, o isosorbídeo
também poderia ser obtido de
outras matérias-primas, como
a cana-de-açúcar.
Foi inventado nos Estados Unidos um novo
tratamento térmico que cria um poderoso aço,
deixando-o mais forte do que as ligas de titânio
usadas pela indústria. Para
chegar lá, o engenheiro Gary
Cola explica que elevou a
temperatura do aço comum até
1 100 graus Celsius, e depois
o esfriou rapidamente em
água – tudo em cerca de 10
segundos. O novo aço pode ser
laminado e estirado 30% mais
do que os aços tradicionais e
ainda preservar suas qualidades
superiores. Isso significa que
a descoberta pode permitir
Tomada economiza energia
O designer coreando Ya-Hui Chi desenvolveu
uma tomada inteligente que economiza energia
de uma forma simples e eficaz. Um sensor
detecta, por meio da queda de passagem de
energia, quando um utensílio plugado não
está mais em uso. Com isso, é disparado um
sinal, que então promove a desconexão entre
tomada e aparelho, em um movimento de
expulsão. A novidade, que está sendo chamada
de Eco-socket, já está à venda no mercado
asiático e deve chegar aos outros países em
2012. O produto foi um dos finalistas do prêmio
LiteOn Award pelo seu design, simplicidade e,
sobretudo, sustentabilidade.
que a indústria automobilística construa chassis,
carrocerias e monoblocos 30% mais leves sem
qualquer perda de segurança para os carros. A
invenção está surpreendendo
até mesmo os cientistas, como
o grupo de engenheiros da
Universidade de Ohio, que agora
trabalha para entender como
ele chegou ao resultado. "O
aço é o que podemos chamar
de uma tecnologia madura. Se
alguém inventa uma forma de
tornar o aço ainda mais forte
um mínimo que seja, isso já
seria um grande feito”, explica o
professor Suresh Babu.
Travesseiro acaba com ronco
Um travesseiro robô que movimenta a cabeça
da pessoa enquanto dorme, fazendo com que
haja a abertura das vias aéreas. Essa é a solução
criada por cientistas da Universidade de Wasaeda,
no Japão, para acabar com um problema que
aflinge milhões de pessoas em todo o mundo: a
apneia do sono – problema que pode até fazer
com que a pessoa pare de respirar no meio da
noite – causando o famoso ronco. Batizada de
Jusui-Kun, a inovação tem o formato de um ursinho
de pelúcia, mas, por dentro, possui um microfone
embutido que capta o áudio do ronco e, de acordo
com a intensidade do som, reage fazendo "cócegas
agradáveis", como dizem os responsáveis pelo
projeto, O travesseiro conta ainda com um monitor
para controlar o nível de oxigênio no sangue a fim de
saber a hora exata de agir para impedir os roncos.
Basta colocar uma pulseira no pulso e, quando o
oxigênio baixar, o ursinho vai entrar em ação.
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
11
“
“
Foto: GIOVANNI SANTOS
Hoje, são
contatadas
semanalmente entre
20 a 25 empresas.
Pelo menos cinco
delas recebem visita
presencial de nossa
equipe.
Graziella Antunes de Rodriguez Rey, consultora do IEL/CE
IEL/CE
Mudança de estratégia
expande portfólio de serviços
Ao se antecipar às demandas das empresas, a entidade aumenta
atendimento. Na área de Prospecção e Tendências, por exemplo, os
profissionais vão às empresas divulgar e vender seus serviços
D
e olho na competitividade cada vez mais acirrada do
mercado globalizado, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE),
entidade componente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), mudou de estratégia
e está se antecipando às demandas das empresas, expandindo seu portfólio de serviços e de atendimentos. Na área
de Prospecção e Tendências, gerenciada por Margaret Lins
Teixeira, por exemplo, o foco deixou de ser exclusivamente
a execução de pesquisas solicitadas por outras instituições.
Agora, os profissionais vão ao mercado divulgar e vender
os serviços colocados à disposição pelo IEL.
A postura proativa, iniciada há pouco mais de um mês, já
impacta no quantitativo de clientes do IEL/CE. “Antes, cerca de
três a quatro empresas por semana buscavam a entidade para
obter informações sobre as pesquisas. Hoje, são contatadas semanalmente entre 20 a 25, sendo que pelo menos cinco delas
recebem visita presencial de nossa equipe”, observa a consultora
Graziella Antunes de Rodriguez Rey.
12 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
Segundo ela, dentre os serviços que mais têm atraído
clientes para o IEL/CE estão novos produtos como pesquisa
de mercado, pesquisa de clima organizacional e pesquisa de
satisfação de clientes internos e externos. “Quando Margaret
decidiu abrir os serviços ao mercado, usou como ponto de partida pesquisa publicada recentemente sobre as cem melhores
empresas para trabalhar no Ceará. Depois, cada empresa que
visitávamos acabava indicando outra e nossa agenda foi se ampliando”, diz Graziella Antunes.
Com o esforço, existem vários trabalhos sendo formatados, outros em fase de aplicação e dois concluídos. Um deles
– uma pesquisa de avaliação de desempenho – foi aplicada
para 83 funcionários da Fotosensores. Outro trabalho, de
pesquisa de mercado, foi desenvolvido para a DCH Construtora e Empreendimentos Ltda. com o objetivo de avaliar
a receptividade da população pela construção de um empreendimento residencial no município de Horizonte, na
região metropolitana de Fortaleza.
“Com o trabalho do IEL, tive o embasamento técnico
e científico que precisava para me sentir mais seguro e tomar decisões na formatação do empreendimento. A pesquisa mostrou, inclusive, a faixa salarial dos potenciais
clientes do residencial”, destaca o empresário Pompeu
Costa Souza Gurgel, proprietário da construtora, que
lançou recentemente o condomínio de casas Germana
Gurgel III, no Eusébio.
Pompeu Gurgel, que comercializou em 2004 um loteamento no mesmo município, reconhece que sentiu
dúvidas em contratar a pesquisa. “No primeiro momento, achei desnecessária, até porque já havia vendido um
loteamento por lá. Depois, surgiram dúvidas a partir de
contatos que tive com imobiliárias e outras empresas que
atuam naquele mercado”, admitiu o empresário, que garante estar satisfeito com o trabalho de convencimento e
de pesquisa dos profissionais do IEL.
Além da qualidade das pesquisas realizadas, o Instituto se diferencia do mercado em relação à flexibilidade do
trabalho porque trabalha desde a concepção da pesquisa,
aplicação e tabulação, até a análise dos dados e a conclusão do diagnóstico. Porém, de acordo com a preferência
do cliente, pode desenvolver apenas a parte do processo
de pesquisa. “No caso da DCH, a aplicação da pesquisa
de campo foi feita por pessoas da própria construtora, o
que acabou barateando o trabalho”, diz Graziella Antunes, para quem o IEL trabalha com preços até 15% mais
baixos do que a média do mercado.
A área de Prospecção e Tendências do IEL/CE trabalha
também com pesquisas qualitativas e quantitativas de
satisfação, de opinião, de clima organizacional e personalizadas, dentre outras modalidades, além de realizar estudos socioeconômicos setoriais.
Serviço
Para informações e contratação de pesquisas, ligue
(85) 3421 6502 ou 3421 6503.
Ceará
O desafio da inovação
FIEC contrata consultoria da
universidade de Ben-Gurion, em
Israel, para consolidar a relação
universidade-empresa no Ceará
É
redundante afirmar que a inovação impulsiona a
competitividade. Principalmente na indústria, essa
premissa é ratificada dia a dia, do chão de fábrica aos
dividendos adicionais captados a partir da exportação e da
expansão das vendas no mercado interno. O desafio que
se impõe nessa equação é consolidar a inovação no cenário empresarial. Conhecedora de que o caminho para sedimentar a cultura inovadora é a parceria entre os setores
acadêmico e produtivo, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) foi buscar as formas de promover essa
integração em Israel, onde a relação universidade-empresa
é responsável pela trajetória crescente de desenvolvimento
que se instalou no país nos últimos 30 anos.
Durante quatro dias, de 14 a 17 de novembro, o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, liderou a comitiva
cearense composta de empresários e representantes do meio
acadêmico em missão a Israel. Organizada pelo Instituto de
Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), em parceria
com a Universidade de Ben-Gurion, a visita fez valer seu objetivo de identificar como Israel trabalha e convive fazendo
o desenvolvimento acontecer com base no relacionamento
entre a universidade e o meio empresarial.
Desde a fundação do estado de Israel em 1948 – e até
os dias de hoje –, os sucessivos governos fizeram dos investimentos em ciência e tecnologia a principal ferramenta
para o crescimento nacional, reforçando sua capacidade
competitiva e criando, ainda, mecanismos para estimular
a atuação da iniciativa privada. Hoje, como resultado dessa
conjugação de esforços, a indústria israelense se caracteriza
pela forte presença nos setores de alta tecnologia, aviônica,
telecomunicações, manufatura, equipamentos médicos eletrônicos e de fibra óptica. Atualmente, a indústria high-tech
de Israel responde por 12% do Produto Interno Bruto (PIB)
e por mais de 80% das exportações.
O foco do país na inovação tecnológica visa suprir deficiências estruturais. Sem grandes recursos naturais e cercado por vizinhos hostis, os israelenses foram obrigados, desde os primeiros anos, a definir prioridades estratégicas para
garantir sua sobrevivência e seu desenvolvimento. O maior
14 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
diferencial, porém, não se resume ao avanço no 20 325 quilômetros quadrados, enquanto o
campo da tecnologia. Uma das principais ca- Ceará tem 148 920 quilômetros quadrados.
racterísticas da inovação em Israel é sua capaci- Ou seja, corresponde a 16% do nosso territódade de integração no cotidiano da sociedade, rio. O país tem uma população de 7,6 milhões
contra 8,4 milhões do Ceará. A densidade demelhorando a qualidade de vida das pessoas.
Segundo Roberto Macêdo, 30 anos atrás o mográfica é 373,9 habitantes por quilômetro
governo central de Israel percebeu que preci- quadrado, contra 56,8 habitantes por quilôsava ser competente em todas as áreas para ser metro quadrado no nosso estado. Em concompetitivo porque é pobre em recursos na- trapartida, o PIB do Ceará, em 2010, foi de
turais, cercado por inimigos e sua única expe- apenas 44,2 bilhões de dólares e o de Israel
riência era a tecnologia bélica. “Foi então que superou os 217 bilhões de dólares.
Roberto Macêdo destaca a disparidade
começou a desenvolver trabalhos e a financiar
pesquisas das universidades com as empresas. existente entre Ceará e Israel: “Nossas empreTudo é feito e aplicado diretamente na indús- sas têm dificuldade de identificar a academia
tria. Lá, eles respiram e vivem 24 horas por dia como uma forte alavanca para seus negócios
a relação academia-empresa. Não é como no por meio de parcerias para o desenvolvimenBrasil, onde as pesquisas são publicadas em re- to de tecnologias, de processos, enfim, de tudo
vista internacional, o pesquisador ganha ponto que possa ser proveitoso nas universidades. Por
no meio acadêmico, mas o objeto de estudo sua vez, a própria academia não tem muito innão é aplicado, ninguém sabe o resultado prá- teresse de trabalhar com o setor produtivo ou
tico da pesquisa que foi feita e a sociedade não de procurar as empresas para oferecer serviço”.
Além de ressaltar as diferenças e ampliar o
usufrui”, compara Roberto Macêdo.
A integração dos setores acadêmico e pro- conhecimento dos integrantes da missão emdutivo na produção e a aplicação do conhe- presarial, a visita a Israel foi o ponto de particimento científico em Israel refletem-se nos da para mudar a realidade do Ceará, inserindo
indicadores econômicos e sociais do país. O definitivamente a inovação na estratégia de
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – desenvolvimento do estado. “Nossa Federação
medida comparativa usada para classificar os está assinando um contrato de consultoria com
países pelo seu grau de "desenvolvimento hu- uma dupla de professores da universidade de
mano", como desenvolvidos, em desenvolvi- Ben-Gurion por um período de 12 meses para
mento e subdesenvolvidos – de Israel é o mais que possamos consolidar aqui esse processo de
elevado do Oriente Médio e ocupa a 27ª po- instalação da relação universidade-empresa.
sição mundial. Em 2010, o PIB do país totali- Esse é o caminho para que nos tornemos mais
zou 217,1 bilhões de dólares, consolidando-se competitivos”, ressalta Roberto Macêdo.
Em Israel, além da universidade de Ben-Gucomo o 41º mais alto do mundo. O PIB per
capita, em torno de 4 milhões de dólares/ano, rion, a comitiva da FIEC visitou outras instituições como o Centro para Empreendedorisé 22º maior do planeta.
Israel é também um dos países que mais in- mo e Gestão de Alta Tecnologia (Bengis) e os
vestem em P&D em relação ao seu PIB. Cerca centros universitários Sapir e Ruppin. A agenda
de 4,2%, ou cerca de 9 bilhões de dólares, são também proporcionou aos visitantes conhecer
aplicados anualmente em inovação. Em rela- como funciona o programa governamental
ção ao porte das empresas,
85% dos investimentos de Israel são voltados às pequenas
Ciência, tecnologia e inovação em Israel
e médias empresas e apenas
15% se destinam às grandes.
Principais dados1985
2000
2005
2009
Outro diferencial diz respeito
Gasto com P&D % do PIB
2,5%
4,2%
4,2%
4,2%
às exportações: 42% delas são
Participação do setor privado nos gastos
48%
71%
69%
79%
de produtos de alta tecnologia.
Participação dos trabalhadores em P&D
16%
26%
23%
25%
Em 2009, o país somou 7 745
Exportação
de
produtos
de
alta
tecnologia
37%
53%
46%
42%
patentes registradas.
Total de patentes
4 457 6 740
5 895 7 745
Traçando um comparativo
com o Ceará, são grandes as diFonte: Centro Bureal of Statistics - Israel
ferenças. A área de Israel mede
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
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15
Não há mais dúvidas de que a
aproximação entre a academia e o
setor produtivo é o caminho para desenvolver
a inovação, mas o grande desafio é como
promover essa integração.
Carlos Matos Lima, diretor geral do INDI
Israel, o Ceará deve criar incentivos para estimular a integração”, acrescenta Carlos Matos.
Os pesquisadores israelenses são estimulados financeiramente, chegando a ter 40% de participação nos
lucros advindos de sua inovação. Existe também um
programa de governo que incentiva a formação de incubadoras tecnológicas multissetoriais. No último ano de
faculdade, o governo coloca os alunos para aplicar seus
projetos dentro das empresas e, a partir dessa experiência, todos saem praticamente empregados.
Segundo Carlos Matos, outro ganho em relação à visita
foi a possibilidade de formação de joint ventures com empresas israelenses que demonstraram interesse em estabelecer parcerias com o Ceará e o Brasil.
Inovação em dobro
Empresário cearense descobre como potencializar método
que já permite economia de mão de obra e concreto na
construção de lajes
S
empre em busca de novas soluções para baratear custos,
diminuir tempo de execução e otimizar a obra, a construção civil mostra competência para criar processos inovadores. Dentre aqueles com maior aceitação mundial está a laje
nervurada, que substitui com sucesso as tradicionais lajes maciças. A estrutura apresenta formato de colmeia e é, por definição
normativa (ABNT NBR 6118:2003), “lajes moldadas no local
ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração é constituída por nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte
(vergalhões)”. Esses materiais de enchimento entre as nervuras
visam diminuir o peso próprio da estrutura e melhorar o acabamento, quando comparado com a laje maciça tradicional.
Por requererem menos vigas de sustentação, as lajes nervuradas são indicadas, sobretudo, quando as obras necessitam de
vãos livres, como nos estacionamentos e edifícios de escritório.
Sua estrutura em forma de colmeia apresenta espaços não preenchidos, sendo mais leve e econômica que as lajes maciças. Em
algumas obras, a economia de material chega a 20%.
“A laje nervurada é uma excelente solução estrutural que
apresenta rápido processo de execução, produtividade alta e redução do peso da estrutura, além de suportar grandes sobrecargas”, explica o engenheiro cearense Joaquim Caracas, proprietário da Impacto Protensão, empresa responsável por difundir
essa técnica no Ceará e em vários outros estados brasileiros.
No último dia 30 de novembro, ele recebeu, na cidade de
Campina Grande (PB), o prêmio Finep de Inovação 2011 como
vencedor da categoria Inventor Inovador pelo projeto Sistema
de Construção de Lajes Pré-moldadas com a utilização de caixas removíveis e autossustentáveis.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
“
Construção de lajes
“
Magnet, que atua na formação de consórcios universidade/empresa para a inovação, e o programa Magneton,
referência na produção de alumínio com baixo consumo
de energia a partir da utilização de magnésio – um recurso natural abundante no Mar Morto. “A nova tecnologia
reduz em 30% o consumo de energia durante o processo
produtivo do alumínio”, sublinha Carlos Matos Lima, diretor geral do INDI.
De acordo com ele, o Instituto assume uma nova face a
partir das novas estratégias a serem empreendidas pela FIEC
visando promover o investimento integrado em inovação no
Ceará. Ele diz que a contratação da consultoria para promover a relação universidade-empresa no estado tem no INDI
seu principal articulador.
“A missão a Israel foi um importante passo decorrente
da decisão estratégica da FIEC de concentrar esforços em
prol da inovação. Não há mais dúvidas de que a aproximação
entre a academia e o setor produtivo é o caminho para desenvolver a inovação, mas o grande desafio é como promover essa integração”, entende Carlos Matos. “Não podemos
simplesmente copiar o que foi feito em Israel. É preciso criar
nosso próprio sistema de inovação num esforço integrado
dos governos com as empresas e a universidade. A missão
a Israel ajudou o Ceará a ganhar tempo. A experiência do
país fala por si só, daí porque decidimos queimar etapas para
construir nosso próprio modelo nessa relação. A exemplo de
Joaquim Caracas: "A laje nervurada é uma excelente solução estrutural
que apresenta rápido processo de execução, produtividade alta e
redução do peso da estrutura, além de suportar grandes sobrecargas"
Invento potencializado
A
pesar de a ideia apresentar praticidade e economia de aço
e concreto já amplamente reconhecidas, Joaquim Caracas
e o seu sócio, engenheiro Marcelo Silveira, perceberam
que ainda era possível potencializar o invento. Em seu escritório
na capital cearense, Fortaleza, descobriu, após seis meses de
cálculos em softwares de simulação, que rotacionando em 45º
as formas utilizadas para pré-moldar a laje nervurada era possível
obter uma economia de até 24% de concreto, em comparação ao
sistema de lajes nervuradas convencionais, e de 37% em relação
ao sistema de lajes maciças.
Além do ângulo diferente, Joaquim Caracas explica que há
necessidade de inserir formas com uma terceira nervura preenchida
com vergalhões – as normais funcionam com duas. A intenção
é substituir as vigas, motivo principal da economia. “O sistema
é baseado no princípio do fluxo natural de cargas que devem
convergir aos seus apoios na maneira mais direta possível”, explica.
Na prática, a terceira nervura na forma serve para direcionar o
peso da laje para os pilares e não para as vigas, como na ideia
original. No geral, há diminuição da espessura final da laje, menor
deformação e redução de mão de obra de carpinteiros e armadores.
A novidade, que foi patenteada e batizada de Sistema
Tridirecional de Lajes Nervuradas, foi apresentada em novembro no
53° Congresso Brasileiro do Concreto, realizado em Florianópolis
(SC). Joaquim Caracas diz que sua empresa já foi contratada para
aplicar a inovação em obras nas cidades de Fortaleza (CE), Rio de
Janeiro (RJ) e Brasília (DF).
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
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17
Copa do Mundo
Mundial conseguirá se deslocar até o Castelão? A reforma do
Aeroporto Internacional Pinto Martins ficará pronta a tempo? Quando começarão a pavimentação e a ampliação das
avenidas que darão acesso ao estádio, aos pontos turísticos e
à rede hoteleira? Como está o cronograma de instalação do
veículo leve sobre trilhos (VLT)?
Todos esses projetos estão previstos na Matriz de Responsabilidades. O documento, assinado em 13 de janeiro de 2010
pelo então ministro do Esporte, Orlando Silva, além de 11
prefeitos e 12 governadores, define as responsabilidades de
cada ente federativo na preparação do evento, apontando e
destinando recursos para obras prioritárias de infraestrutura
nas 12 cidades que irão receber os jogos da Copa do Mundo,
como aeroportos, portos, mobilidade urbana, estádios e hotelaria. No Ceará, os projetos de mobilidade urbana previstos
na matriz somam recursos da ordem de 1,58 bilhão de reais.
Segundo Ferrúcio Feitosa, todas as ações do estado “estão em andamento ou em conclusão” e em breve irão melhorar a vida dos cearenses, além de possibilitar a realização dos eventos que irão destacar e colocar o Ceará na rota
do turismo nacional e internacional. O coordenador do
Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor),
Daniel Lustosa, também garante que os projetos de competência da prefeitura estão dentro do cronograma, com
início das obras previsto entre o fim de dezembro deste ano
e o início de janeiro de 2012.
"Sem atraso"
S
À exceção do estádio Castelão, nenhuma obra de infraestrutura turística
e de mobilidade urbana, fundamentais para o porte dos eventos
esportivos que se aproximam, começou até agora. E isso é preocupante
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Que comecem as obras
Foto: JOSÉ SOBRINHO
O Castelão será um dos estádios mais modernos do mundo e o maior do Norte/Nordeste
egundo Daniel Lustosa, no contexto das
competências da prefeitura englobadas na matriz,
Fortaleza sofrerá intervenções na Via Expressa
(corredor Norte/Sul) e nas avenidas Raul Barbosa, Dedé
Brasil, Alberto Craveiro e Paulino Rocha. As obras totalizam
investimentos de 261,50 milhões de reais. “Em primeiro
lugar, trabalharemos no eixo Via Expressa com a Raul
Barbosa, que visa interligar o setor hoteleiro da Beira-Mar
ao Castelão, passando pelo Aeroporto Pinto Martins até o
POR ÂNGELA CAVALCANTE
E
m menos de dois anos, o Ceará será palco, ou melhor,
será o gramado pelo qual rolará a bola de pelo menos três partidas da Copa das Confederações, a ser
realizada entre 15 e 30 de junho de 2013. No ano seguinte,
o estado vai sediar seis jogos da Copa do Mundo. Nesse
período, os olhares de todo o Brasil e do mundo estarão
voltados à capital cearense, Fortaleza. Serão gerados empregos, a economia estará mais aquecida do que nunca e o
turismo experimentará uma movimentação histórica sem
precedentes. Mas até lá, muitos preparativos ainda precisam ser providenciados, como obras de infraestrutura turística e de mobilidade urbana - fundamentais para o porte
dos eventos esportivos que se aproximam.
De acordo com a Secretaria Especial da Copa (Secopa), vinculada ao governo estadual, as obras de reforma, modernização
e ampliação do estádio Plácido Aderaldo Castelo (Castelão) –
18 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
orçadas em 518,606 milhões de reais – foram intensificadas.
O estádio já alcançou 50,09% de execução e possui duas das
quatro etapas terminadas. A primeira fase foi concluída no dia
20 de agosto e inaugurada oficialmente no dia 11 de novembro. A etapa II do projeto foi encerrada este mês. As etapas
III e IV terminaram em novembro com 38,34% e 13,29% de
conclusão, respectivamente. A previsão do titular da Secopa,
Ferrúcio Feitosa, é fechar 2011 com 53% da obra concluídos.
“Vamos entregar o maior estádio do Norte/Nordeste e um dos
quatro maiores da Copa do Mundo. Será um dos mais modernos e melhores do planeta”, antecipa o secretário.
Mas, enquanto as obras do Castelão seguem em ritmo
acelerado, nenhuma obra de infraestrutura ou de mobilidade urbana tinha começado até o momento que esta matéria
era fechada. E isso preocupa. Muito. Sem infraestrutura de
acesso, como a multidão de torcedores que virá assistir ao
Todo o trecho da Alberto Craveiro até o Castelão será alargado para
45 metros, passando a ter quatro faixas de trânsito por sentido
terminal da Parangaba. Essa obra prevê a restauração da
Via Expressa, com a retirada dos semáforos e a instalação
de túneis: um no cruzamento da Via Expressa com a avenida
Santos Dumont e outro no cruzamento da avenida Padre
Antônio Tomás”, explica Daniel Lustosa.
Na continuação da Raul Barbosa, a prefeitura vai reformar
a pista e construir um viaduto no entroncamento com a
avenida Murilo Borges. E mais: todo o trecho da Alberto
Craveiro até o Castelão será alargado para 45 metros,
passando a ter quatro faixas de trânsito por sentido. No
total, a Alberto Craveiro terá oito faixas. “Todas as obras
terão drenagem e pavimentação novas, além da construção
de ciclovias e implantação da prioridade para transporte
público”, explica o coordenador do Transfor.
Do Castelão ao terminal da Parangaba, a Dedé Brasil
também será reformada. Serão construídos dois viadutos no
bairro: um na Dedé Brasil com rua Germano Franck e outro
no cruzamento da avenida Osório de Paiva. Na Paulino Rocha,
será construído um túnel por baixo da rotatória do Castelão.
No dia 7 de outubro foi lançada a licitação da primeira
fase das obras municipais, que engloba a Via Expressa e
a Alberto Craveiro, além da restauração da Dedé Brasil e
da Paulino Rocha. A abertura das propostas ocorreu em
novembro e duas empresas – a Delta Construções S/A e a
Queiroz Galvão Construções – estão concorrendo ao processo
de licitação. A perspectiva é que até o fim de dezembro seja
realizada a contratação da vencedora para que as obras
sejam iniciadas no começo de janeiro de 2012.
Na segunda quinzena de dezembro, deve ser publicado o
edital de licitação para as obras da segunda fase, referente aos
viadutos da Murilo Borges com Raul Barbosa e da Dedé Brasil.
A estimativa é que todo o processo licitatório termine até o fim
de janeiro e que as obras sejam iniciadas em fevereiro. “Até
agosto de 2013, todas as obras estarão finalizadas”, promete
Daniel Lustosa. Ele acrescenta que serão priorizadas as obras
de acesso ao Castelão e no seu entorno para que tudo esteja
funcionando na Copa das Confederações.
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
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19
VLT deve começar em janeiro
N
a responsabilidade do governo estadual,
além das obras adiantadas do estádio
Castelão – motivo de orgulho para o
secretário Ferrúcio Feitosa e para o governador
Cid Ferreira Gomes –, estão previstas também
a construção da linha do VLT ParangabaMucuripe e de duas estações de embarque e
desembarque na avenida Padre Cícero e no
bairro Montese. Juntas, as obras pertinentes ao
estado somam 819,12 milhões de reais. “Na
concepção inicial do projeto, eram previstas 18
estações para a linha sul do metrô de Fortaleza,
mas conseguimos aumentar mais duas. Então,
teremos agora 20 estações, no total 35 milhões
de reais”, observa Ferrúcio Feitosa.
Com 12,7 quilômetros de extensão, a linha do
VLT Parangaba-Mucuripe pretende ligar porto, zona
hoteleira, rodoviária e aeroporto. Orçadas em 330
milhões de reais, as obras, bem como as duas
estações adicionais do metrô, estão prestes a
iniciar, afirma a Secopa. “Está previsto iniciarmos
as duas estações e também a linha do VLT em
janeiro de próximo ano. E finalizaremos até junho
ou julho de 2013, podendo ficar prontas já para a
Copa das Confederações. Vamos trabalhar nessa
perspectiva”, planeja o secretário.
Maior avanço
C
om as duas primeiras etapas prestes
a ser inauguradas, o estádio Castelão
é a mais avançada obra em todos
os estados, segundo a Secopa. “Fechamos
novembro com 50,09% do Castelão
executados. Nossa meta é chegar ao fim do
ano com 53% totalmente concluídos. Além
de ser um dos estádios mais modernos do
mundo, é o maior do Norte/Nordeste e está
entre os quatro maiores para a Copa do
Mundo, com Maracanã (RJ), Mineirão (MG) e
Mané Garrincha (Brasília)”, destaca.
Outro mérito do projeto, ressaltado por
Ferrúcio Feitosa, é a quantidade de acessos.
“Passamos a ter 19 no estádio. Isso significa
praticamente reduzir a zero o tempo de espera
e também possibilita retirar as pessoas
em caso de urgência em no máximo oito
minutos”. Outro destaque é a coberta que
alcança 100% dos lugares ofertados no
estádio e também o material utilizado, que irá
melhorar as transmissões das TVs devido à
inexistência de sombreamento.
A distância do torcedor para o campo de
jogo, que antes ficava há 40 metros, agora
vai ficar a apenas dez metros, permitindo
ao torcedor interagir mais com o campo de
jogo. “Tivemos de rebaixar o gramado em
quatro metros e isso é exatamente para
melhorar a visibilidade em qualquer ponto do
equipamento”, diz o secretário.
Das 1 900 vagas do estacionamento
coberto previstas no projeto, o Castelão já
dispõe de mil. O estádio foi dividido em
quatro etapas. Duas foram entregues. A
terceira tem previsão para julho de 2012 e a
Foto: JOSÉ SOBRINHO
impactados com os projetos da Copa de 2014, Roberto
Sérgio Oliveira Ferreira, vice-presidente da FIEC e
presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil
do Estado do Ceará (Sinduscon/CE), está reticente em
relação ao cumprimento dos prazos. “O estádio vai ficar
pronto, mas a mobilidade urbana, nem que comece hoje,
não dá mais tempo. São muitas desapropriações. O VLT,
nós acreditamos que pode dar certo. Em termos, o projeto
é simples, mas o problema são os cruzamentos das vias,
que necessitam da construção de viaduto ou túnel para
dar passagem”, avalia.
Apesar do receio, o presidente do Sinduscon afirma
que haverá maior incremento no setor da construção civil.
“A tendência é que o mercado seja aquecido por conta
das obras da Copa, principalmente agora que a gente tem
a certeza de que vários jogos do mundial vão ocorrer em
Fortaleza”, observa o empresário.
“
Está previsto
iniciarmos as duas
estações e também a
linha do VLT em janeiro
de próximo ano.
“
Otimista, ele não acredita em contratempos que
possam atrasar o cronograma de entrega das obras.
“Estamos no prazo. Até o fim de dezembro daremos a
ordem de serviço para iniciar as ações em janeiro. Não
consigo antevê fatores que possam causar o atraso ou a
defasagem temporal do cronograma”, afirma. Para Daniel
Lustosa, Fortaleza vive um “momento singular” após a
confirmação da tabela de jogos. “A capital deve sediar
nove jogos. Fomos agraciados duplamente (com a Copa
do Mundo e a Copa das Confederações)”, comemora. Ele
destaca ainda o legado de infraestrutura e de estrutura
de apoio aos esportes que serão deixados pelo Mundial.
“Tudo converge para que tenhamos sucesso tanto no
momento dos jogos como depois devido às obras que
ficarão, como drenagem, pavimentação, construção de
ciclovias, acessibilidade e transporte”, completa.
Representante de um dos setores produtivos mais
Ferrúcio Feitosa, secretário da Secopa
última para dezembro, bem antes dos jogos.
“Estamos trabalhando com um cronograma de
dois a dois meses e meio à frente do contrato.
Além de ser o mais adiantado, o Castelão é o
mais barato dos estádios públicos que estão
sendo construídos para a Copa. Se dividirmos
o valor investido pelo número de assentos,
teremos o assento mais barato do Brasil”,
reforça Ferrúcio Feitosa.
Segundo ele, juntando o estádio, as obras do
entorno e a operação do Castelão por oito anos
o valor ainda é menor do que as obras de outros
estádios. Ele afirma que o plano de governo do
estado engloba também outras obras, que não
estão no escopo da Matriz de Responsabilidades.
“Para as áreas de transporte, turismo,
segurança, saúde, tecnologia da informação,
saneamento e meio ambiente temos
investimentos próximos de 5 bilhões de reais.
Estou considerando somente Fortaleza e região
metropolitana”, diz Ferrúcio Feitosa.
Novos horizontes
Foto: ARQUIVO SECOPA
S
20 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
egundo o titular da Secopa, antes mesmo de
iniciarem os jogos previstos para Fortaleza, já estão
se desenhando novos horizontes para o Ceará.
“Hoje, quem tem lucrado mais é a indústria da construção
civil por causa da quantidade de obras, mas vamos ter
a curto prazo um grande desenvolvimento, sobretudo do
turismo, comércio e serviços”, projeta.
O estado do Ceará e Fortaleza passaram a ter
visibilidade mundial depois do anúncio de que irão
sediar nove jogos. “Todos agora querem saber que
cidade é essa que vai receber tantos jogos da
Copa das Confederações e do Mundial. Será uma
grande oportunidade de divulgar internacionalmente
as potencialidades cearenses. Esse é um legado
extraordinário que vamos ter, especialmente para as
futuras gerações do estado. Também há investidores
que estão vindo realizar negócios aqui, principalmente
no setor do turismo. Vejo como uma grande
oportunidade de melhorar a economia do estado do
Ceará”, encerra Ferrúcio Feitosa.
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
21
Governo federal
A
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Terminal de passageiros
será construído no Porto
do Mucuripe
s duas obras da Matriz de
Responsabilidades do governo federal
em Fortaleza ainda não foram iniciadas:
a ampliação do Aeroporto Internacional
Pinto Martins e a construção do terminal
de passageiros no Porto do Mucuripe. Com
a ampliação do Pinto Martins, a área atual
do aeroporto vai passar de 38 500 metros
quadrados (m²) para 117 620 m² em 2014
e 133 829 m² em 2016. A capacidade será
aumentada de 6,2 milhões de passageiros para
nove milhões, em 2014, e 14,2 milhões em
2016. A obra de 349,8 milhões de
reais está prevista para começar
em janeiro de 2012 e término até
dezembro de 2013, seis meses
antes da Copa do Mundo.
O terminal de passageiros no
Porto do Mucuripe – uma obra
de 149 milhões de reais – dotará
o local de toda infraestrutura
para receber o visitante,
englobando esteiras de bagagem,
lanchonetes, restaurantes,
banheiros etc. Em visita a
Fortaleza, o titular da Secretaria
Especial dos Portos, ministro
Leônidas Cristino, antecipou
que entre dezembro deste ano
e janeiro de 2012 a construção
será iniciada.
Copa do Mundo Fifa Brasil 2014
Recursos viabilizados para mobilidade urbana pelo governo federal para o Ceará
Investimento total: 1,58 bilhão de reais
1. Competência: governo do estado do Ceará - 819,12 milhões de reais
3. Competência: governo federal - 498,8 milhões de reais
VLT Parangaba / Mucuripe
Total do projeto: 265,5 milhões de reais
Porto do Mucuripe
Total do projeto: 149 milhões de reais
Estações: Padre Cícero e Montese
Total do projeto: 35 milhões de reais
Aeroporto Pinto Martins
Total do projeto: 349,8 milhões de reais
Reforma do Castelão
Total do projeto: 518,6 milhões de reais
2. Competência: Prefeitura de Fortaleza - 261,50 milhões de reais
Corredor Norte/Sul (Via Expressa)
Total do projeto: 98 milhões de reais
Melhoramentos da avenida Dedé Brasil
Total do projeto: 41,60 milhões de reais
Status da obra do Castelão
Etapa I – 100% de execução
Edifício-sede de dois órgãos do governo do estado (Secretaria do Esporte do
Estado e do Departamento de Arquitetura e Engenharia) e primeira etapa do
estacionamento Coberto 1 mais a praça de acesso do setor norte.
Melhoramentos da avenida Raul Barbosa
Total do projeto: 53,6 milhões de reais
Etapa II – 100% de execução
Segunda etapa do estacionamento e praça de acesso setor sul, além da
construção da primeira bilheteria e de trecho da via que dará acesso ao
estacionamento da Arena Castelão.
Melhoramentos da avenida Alberto Craveiro
Total do projeto: 33,70 milhões de reais
Etapa III – 38,34% de execução
Melhoramentos da avenida Paulino Rocha
Total do projeto: 34,60 milhões de reais
Etapa IV – 13,29%
22 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
C
M
Y
CM
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CY
CMY
K
^
^
Comércio exterior
Crescimento da economia chinesa atrai negócios
em todos os mercados. Acompanhando o
movimento global, a FIEC/CIN organizou missões
à China para empresários cearenses
Parceiro do Brasil
China se tornou o principal parceiro comercial
do Brasil em 2009. As exportações brasileiras
para a China atingiram 30,8 bilhões de
dólares em 2010, apresentando um taxa média
de crescimento anual superior a 30% no
período de 2005 a 2010.
central dessas missões é prospectar o mercado,
realizar networking. É muito raro alguém fechar
um negócio. Em outras palavras, você vai para
fazer contato”, diz Veridiana Soarez, analista de
Inteligência Comercial do CIN/CE que acompanhou a missão à China. Para ela, a forma de
negociação do empresariado chinês torna ainda mais importante uma missão prospectiva.
Segundo Veridiana, o chinês valoriza o contato
e a confiança na hora de fechar um negócio. “É
importante manter o contato depois da viagem. O maior desafio é após a missão, realizar
um follow-up dos resultados. Por isso é importante o empresário ir com foco e entender
quais contatos deve consolidar”, acrescenta.
No dia 8 de outubro, um grupo de 57 empresários cearenses viajou com destino à China. Estavam representados os setores ligados às atividades do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas,
Mecânica e de Material Elétrico do Estado do
Ceará (Simec), Sindicato das Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e Refinação
de Petróleo do Estado do Ceará (Sindquímica),
Sindicato das Empresas de Reciclagem de
Resíduos Sólidos, Domésticos e Industriais
(Sindverde), Sindicato das Indústrias da Alimentação e Rações Balanceadas do Estado do
Ceará (Sindialimentos), Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias e Tanoarias de
Fortaleza (Sindserrarias) e Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon).
Ricard Pereira, presidente do Simec, destaca que os empresários de seu segmento foram
focados em prospectar fornecedores de matérias-primas, como alumínio para esquadrias,
em conhecer novas tecnologias e em adquirir
máquinas para renovação da planta fabril. “A
China é uma economia gigante e basicamente
“
A ideia
central
dessas missões
é prospectar o
mercado, realizar
networking.
“
De olho no oriente
A
economia chinesa cresce. O país experimenta um processo intenso de modernização de sua economia e integração aos fluxos internacionais de comércio e
investimentos. Entre 2004 e 2010, o Produto
Interno Bruto (PIB) chinês aumentou, em
média, 11,3%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que, em 2011, o PIB da
China alcance os 6,51 trilhões de dólares, o
segundo maior do planeta. O desenvolvimento da economia chinesa causa profunda
transformação de sua própria realidade socioeconômica, além de modificar a ordem
econômica e política internacional.
A relação bilateral entre Brasil e China passa
por um momento intenso. Segundo relatório
da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a China
se tornou o principal parceiro comercial do
Brasil em 2009. As exportações brasileiras para
a China atingiram 30,8 bilhões de dólares em
2010, apresentando um taxa média de crescimento anual superior a 30% no período de
2005 a 2010. As importações chegaram a 25,5
bilhões de dólares, caracterizando um saldo
superavitário superior a 5,1 bilhões de dólares.
Apesar dos valores expressivos, as exportações
brasileiras para o mercado chinês estão concentradas, sobretudo, em matérias-primas, e
as importações em produtos manufaturados de
alto valor agregado.
O superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Eduardo de Castro Bezerra Neto, vê a China como
dona de uma economia em expansão, mas
com posição consolidada no mercado global. “A China já não é uma perspectiva que
se tem adiante. É realidade concreta, cujas
bases estão construídas no presente”, diz. De
acordo com o Ceará em Comex, análise mensal publicada pelo CIN/CE, a China ocupou,
em outubro, a segunda posição na lista dos
países-origem das importações do Ceará e a
sexta posição na lista de países-destino das
exportações do estado. Diante dessa posição
estratégica da China dentro da economia nacional e cearense, a FIEC, por meio do CIN,
organizou duas missões de empresários cearenses com destino ao país asiático.
As missões tinham dois objetivos claros: conhecer in loco empresas chinesas e dar passos
iniciais para realizar negócios no país. “A ideia
Veridiana Soarez,
analista de Inteligência
Comercial do CIN/CE
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
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25
Foto: ARQUIVO INDI
26 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Embaixador
Studart Filho, avalia a missão como bem sucedida. “A FIEC pôde, pela primeira vez, montar uma
missão à China com efetivo expressivo de empresários e executivos, mostrando que já existe no
Ceará uma visão de desenvolvimento industrial
voltado à internacionalização e à globalização”,
ressalta. Paulo Studart destaca a importância
de visitas a grandes feiras, como a Canton Fair:
“São oportunidades que facilitam a realização de
negócios, o estreitamento de relações internacionais e, sobretudo, a visualização de novas oportunidades”. Outro resultado positivo, para ele, foi o
relacionamento entre os empresários participantes da missão. “Eles puderam estabelecer novos
contatos e promover negócios em nível local”, arremata Paulo Studart.
P
articipantes da missão cearense à China
almoçaram, em 14 de outubro, com o
cônsul geral do Brasil em Xangai, Marcos
Caramuru de Paiva. Na ocasião, o diplomata
firmou o compromisso de participar de reunião
na FIEC. Em 21 de novembro, Marcos Caramuru
esteve na reunião da diretoria plena da Federação
e falou sobre as relações entre Brasil e China.
O cônsul destacou a velocidade das mudanças
socioeconômicas na China. “Às vezes, há a visão de
que o câmbio é esse para sempre, de que a mão de
obra é barata para sempre, de que a China vai ser
sempre um país exportador. Isso é um equívoco”,
explica. Para ele, o empresariado brasileiro precisa
buscar formas de se adaptar às condições que o
país asiático leva ao mercado global.
“A China é um jogador novo, que joga com um
baralho com vários coringas, enquanto a maioria
dos países possui poucos coringas. Mas é preciso
jogar. Conviver com a China vai ser inevitável pela
própria atividade empresarial. Eu vejo um grande
número de empresários que vai à China adquirir
máquinas e equipamentos porque eles estão cada
vez mais sofisticados e com preços razoáveis.
Para muitos, estabelecer negócios lá é uma
oportunidade muito grande, e essa oportunidade vai
ser explorada”, sublinha Marcos Caramuru. Explica
o diplomata que missões de empresários, como as
organizadas pelo FIEC/CIN, são fundamentais para
consolidar negócios no país asiático. “O contato
para a criação de um ambiente de confiança é
extremamente importante ao empresário chinês.
Enquanto o ambiente de confiança não existe, o
negócio não acontece”, resumiu.
China é desafio
para confeccionista
“
A
segunda missão organizada pelo Centro
Internacional de Negócios (CIN/CE) com
destino à China partiu no dia 25 de outubro,
reunindo empresários do setor de confecções
ligados ao Sindicato da Indústria de Confecção
de Roupas e Chapéus de Senhoras do Estado
do Ceará (Sindconfecções), ao Sindicato das
Indústrias de Confecções de Roupas de Homem
e Vestuário do Estado do Ceará (Sindroupas), ao
Sindicato das Indústrias de Calçados e Vestuário
de Juazeiro do Norte e Região (Sindindústria) e ao
Sindicato da Indústria de Curtimento de Couros e
Peles do Estado do Ceará (Sindicouros).
Para o presidente do Sindconfecções, Marcus
Venícius Rocha Silva, a concorrência com a
indústria chinesa é um grande desafio ao setor.
“O custo de produção do produto chinês é
apenas de 10% a 15% menor do que o nosso,
mas o custo de comercialização chega a ser
40% menor”, explica. É essa diferença no custo
de comercialização que torna vantajoso para
as grandes redes lojistas importar o produto
acabado direto da China, aponta Marcus Venícius.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Paulo Studart: "A FIEC
pôde, pela primeira vez,
montar uma missão
à China com efetivo
expressivo de empresários
e executivos cearenses"
Marcos Caramuru:
"Missões de empresários
são fundamentais para
consolidar negócios
na China"
O custo de
produção do
produto chinês é apenas
de 10% a 15% menor do
que o nosso, mas o custo
de comercialização chega
a ser 40% menor.
“
Em Xangai, a comitiva
cearense realizou
visita técnica à
montadora Honda
exportadora. Não há como fugir dessa realidade”, afirma Ricard. Segundo ele, o setor
metal-mecânico cearense pode beneficiar-se das relações comerciais sino-brasileiras.
“No Ceará, não produzimos máquinas operatrizes, que é o que utilizamos para fazer o
nosso produto. Para nós, é uma grande vantagem poder comprar o equipamento chinês por um custo baixo para modernizar a
nossa força de transformação por meio dos
equipamentos e, a partir daí, gerar riqueza
ao estado. Não vamos à China para simplesmente comprar um produto acabado e
revender aqui”, explica.
O grupo passou por Xangai, onde conheceu o porto da cidade e realizou visitas técnicas
à montadora de automóveis Honda e a outras
empresas dos setores metal-mecânico, químico, ambiental e de rações. Um momento
de destaque da missão foi a passagem pela
Canton Fair, a principal feira multissetorial
da Ásia e a segunda maior feira do mundo.
Localizada na cidade de Guangzhou, um
importante polo industrial da China, a edição 2011 reuniu cerca de 25 000 expositores
de mais de 210 países em 32 000 estandes,
gerando aproximadamente 37 milhões de
dólares em negócios.
Segundo o CIN/CE, a missão rendeu
em torno de 150 contatos a cada empresa participante, totalizando 8 550 contatos
e boas perspectivas de negócios. O superintendente geral do Sistema FIEC, Paulo
Marcus Venícius Rocha Silva
presidente do Sindconfecções
Ele avalia que a indústria de confecção
brasileira, em especial a cearense, não deve
em nada à capacidade industrial chinesa.
“Pelas visitas que realizamos em indústrias de
lá, percebemos que a tecnologia empregada é
muito semelhante à nossa e os equipamentos
também são iguais. O tempo operacional de
costura, por exemplo, é muito próximo”, afirma.
“O que dificulta a concorrência entre os países
é o Custo Brasil.”
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
27
“Quase 30% do que é comercializado
no Brasil no setor têxtil são de origem
estrangeira”, diz Marcus Venícius. Ele sugere
uma proteção governamental à indústria
brasileira para defender os mais de 8 milhões
de empregos gerados pelos vários segmentos
da cadeia têxtil no país. “Temos de reivindicar
ações governamentais que dificultem a
importação. Nosso produto só é mais caro por
causa da carga tributária”, completa.
O diretor financeiro do Sindconfecções,
Herbert da Costa Velho, afirma que a
indústria local é igualmente produtiva e
mais versátil que a indústria chinesa. “Eles
se especializaram na produção de grandes
volumes, o que atrai importantes lojistas.
Nós temos uma estrutura de just in time
bem melhor que a deles para atender a
pedidos menores”, diz Herbert, que aponta
a manutenção da qualidade no processo
produtivo como trunfo do empresariado
cearense. Conforme ele, no cenário atual
da indústria de confecção, são grandes as
dificuldades ao competir com o empresariado
chinês. “O governo tem de decidir: o emprego
vai ficar aqui ou vai para a China?”, questiona.
Bélgica, o próximo alvo
C
Porto de Antuérpia é o
segundo maior do mundo
om um PIB de 467,47 bilhões de dólares,
de acordo com dados do Banco Mundial
referentes a 2010, a Bélgica é uma das
economias mais modernas do mundo, de base
industrial e comercial diversificada. Seu parque
industrial está concentrado na região de Flandres,
ao norte do país.
Apesar da riqueza que posiciona o país como
18º no ranking de competitividade do Fórum
Econômico Mundial, é pobre em recursos naturais
e importa grandes volumes de matérias-primas,
exportando principalmente manufaturados. Cerca
de três quartos do comércio belga são feitos com
outros países da União Europeia. Assim mesmo, é
expressivo o potencial para novos negócios com
outros mercados fora da Europa.
28 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
Com o propósito de prospectar negócios e
ampliar a balança comercial do Ceará, Eduardo
Bezerra visitou o país entre os dias 14 e 18 de
novembro, identificando oportunidades de negócio
em 12 setores industriais, que se destacam
simultaneamente na economia dos dois mercados.
As indústrias química, de plásticos, construção civil,
tecnologia ambiental, componentes automotivos
(partes de carro), fármacos, biotecnologia, suporte
industrial, têxtil, alimentos e moda, além de móveis
e decoração, poderão contribuir com a melhoria
da qualidade dos produtos cearenses por meio da
transferência de tecnologia.
"O Porto de Antuérpia, na Bélgica, é o segundo
maior do mundo. Ele reúne muitas indústrias que
importam matérias-primas e exportam produtos
acabados. Dos vários setores industriais que
existem na Região de Flandres, há 12 que o
Ceará tem e que podem se beneficiar por meio de
parcerias com a Bélgica", explica Eduardo Bezerra.
De acordo com o superintendente, Flandres é a
única região da Europa na qual a crise não chegou.
"A economia está funcionando normalmente. Como
toda a região é bastante desenvolvida, os produtos
são de alta qualidade e têm grande competitividade
no mercado mundial."
A Câmara da Indústria e Comércio da Região de
Flandres demonstrou interesse pelo Ceará e propôs
a Eduardo Bezerra que a FIEC promova uma visita
de empresários cearenses à região para conhecer
o porto e as indústrias e ver as oportunidades que
as empresas de lá podem oferecer para melhorar
nossos produtos. "Pretendemos organizar uma
missão à Bélgica no primeiro semestre de 2012",
planeja Eduardo Bezerra.
2012
A crise econômica internacional ainda assusta o Brasil e, mesmo com
as incertezas, a tendência é de crescimento em 2012 e 2013. O que se
espera é que o Brasil e o Ceará não sofram tanto os efeitos das turbulências
POR PAOLA VASCONCELOS E PAULO ARAÚJO
30 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
E
“
Caso não ocorra um
agravamento maior
da crise econômica mundial,
o ano de 2012 pode ser
melhor do que 2011 para a
indústria cearense.
“
Mesmo na incerteza,
cenário é positivo
m agosto de 2011, o Poder Executivo
enviou proposta orçamentária ao Congresso Nacional com previsão de crescimento de 5% em 2012. Depois dos abalos
causados pela crise econômica europeia no
mundo e de pacotes de incentivo ao consumo interno para amenizar seus efeitos, as estimativas do próprio governo brasileiro estão
mais modestas, permeadas de “poréns”, sem,
no entanto, serem negativas.
Caso os cofres europeus não sofram novamente um quadro mais grave, a expectativa do
Ministério da Fazenda é que a economia brasileira cresça entre 4% e 5% em 2012, mantidos os parâmetros atuais. Tal ritmo, segundo
o ministério, será sustentado mesmo com a
permanência do superávit primário de 3,1% do
Produto Interno Bruto (PIB) e a meta central
de inflação de 4,5%.
A própria presidente da República, Dilma
Rousseff, repetiu várias vezes que acredita que
o Brasil não será afetado pela crise europeia.
Aposta no mercado interno para isso, mas, nos
últimos momentos do ano passado, pregou sobriedade. Apesar do bom prognóstico de economistas e especialistas da área, que acreditam
que 2012 e 2013 serão anos de crescimento, na
indústria os empresários estão cautelosos.
A pesquisa Investimentos na Indústria, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no início de dezembro, aponta que
a crise externa é o principal risco aos investimentos das empresas em 2012. Para 75,7% dos
empresários, as incertezas em relação ao desempenho da economia mundial podem comprometer os planos de expansão futuros. Em
2011, 42,2% das empresas adiaram ou cancelaram investimentos, principalmente por causa
das turbulências econômicas.
Além da crise, as empresas estão sentindo o acirramento da concorrência. Por isso
pretendem aumentar os investimentos em
inovação e ganhar competitividade. No próximo ano, 20,9% das empresas têm como
principal foco dos investimentos a criação
de produtos. O alvo de 11,6% dos empreendimentos será a implantação de novos processos. Neste ano, a criação de produtos foi o
principal destino dos investimentos de 12%
das empresas. A inovação em processos era
a prioridade de 6,3% das indústrias. A CNI
mostra que, mesmo com a crise, os empresários brasileiros estão otimistas, com 86,6%
Pedro Jorge Ramos Vianna,
coordenador da Unidade de Economia e
Estatística do INDI
Foto: JOSÉ SOBRINHO
pretendendo investir em 2012. O percentual
é próximo ao registrado neste ano, no qual
88,7% aplicaram recursos na ampliação das
fábricas e melhoria de processos e produtos.
O que acontecer no cenário internacional,
inevitavelmente atingirá o Brasil e, por consequência, o Ceará. Mas o Brasil pode se considerar numa posição estratégica porque a economia está fortalecida e o país preparado para
possíveis baixas. O próprio ministro Guido
Mantega mantém o otimismo, entendendo que
o Brasil tem condições de reagir à crise e neutralizar os seus resultados.
Conforme o coordenador da Unidade de
Economia e Estatística do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), instituição
ligada à Federação das Indústrias do Estado
do Ceará (FIEC), economista Pedro Jorge Ramos Vianna, caso não ocorra um agravamento da crise econômica mundial, o ano de 2012
pode ser melhor do que 2011 para a indústria
cearense. “Isso se a Europa e o próprio Estados Unidos superarem o momento de crise.
Espero que seja melhor porque, no Ceará, o
papel do setor público é ainda muito importante para a economia. O governo estadual
tem realmente feito grandes investimentos,
com recursos próprios, um montante razoável entre 3 a 4 bilhões de reais. Além disso,
há os recursos da Copa de 2014, ainda não
gastos na sua totalidade. A perspectiva é que
se gaste algo em torno de 7 a 9 bilhões de reais
no Ceará”, diz Pedro Jorge.
Segundo o economista, 2012 e 2013 seriam os anos para aplicar esses recursos.
Nesse período, o Ceará teria algo em torno
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
31
de 10 bilhões de reais em investimentos, o que representa
cerca de 14% do PIB de 70 bilhões de reais. “Isso é uma
taxa de investimento muito elevada e com certeza fará
com que a economia cresça”, diz Pedro Jorge.
Em nível nacional, ele destaca que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal ainda
continua com um comportamento modesto, uma vez que,
a cada ano, gasta-se entre 10% e 15% dos recursos. “Em
2012 e 2013, o PAC deverá deslanchar e os recursos serão
implementados.” No setor industrial, explica o economista,
é do mesmo jeito: “Se a economia cresce, a indústria cresce
também. Ao entrar recursos na economia, significa consumo e também produção; portanto, a indústria aumenta. Quanto será não é possível aquilatar, mas, certamente,
crescerá mais do que em 2011”.
A previsão é que os mais beneficiados sejam os setores da
construção civil, mineral não metálico e metalúrgico. Se aumentar a renda da população (é o que se espera), o segmentos de calçados, vestuários e produtos alimentares também
crescerão. “Talvez o mais beneficiado seja a construção civil,
pelos investimentos em infraestrutura”, prevê Pedro Jorge.
Dentre as dificuldades que o Brasil e o Ceará podem
enfrentar, em primeiro lugar está a crise internacional. Em
segundo lugar, vêm as políticas cambial, fiscal e financeira
do país, com juros muito elevados. “O Brasil terá de modificar essas três políticas para que o governo seja o indutor de
um maior crescimento. Não tem sentido manter o câmbio
como está nem a taxa de juros tão elevada. Espero que o
Banco Central consiga reduzir. É claro que o Brasil vai ter de
fazer o dever de casa”, destaca o economista do INDI.
Resistência brasileira
é
impossível que a crise internacional não
afete o Brasil e o Ceará. A opinião é
do economista e empresário Fernando
Castelo Branco Ponte, presidente do Conselho
Temático de Economia, Finanças e Tributação
da FIEC. “Para quantificar a dimensão
dessa influência, é preciso ter uma bola de
cristal porque o cenário é incerto”, diz. O
investimento do governo, explica, ameniza os
efeitos da crise e a indústria nacional, com a
diminuição das exportações, pode desviar sua
produção para o mercado interno.
De acordo com Fernando Castelo Branco, o
Brasil está em boas condições para enfrentar
as possíveis dificuldades e limitações que o
cenário internacional impõe. “Os fundamentos
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Fernando Cirino Gurgel: "É
preciso que os governantes
tenham juízo para que o país
não seja prejudicado"
32 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
da economia brasileira são favoráveis para que
o país não fique estagnado. Por outro lado,
em períodos de crises sempre surgem novas
oportunidades de negócio. “Empresas de países
capitalizados e com liquidez vão procurar
mercados com retorno melhor”, considera.
Por causa da crise, os países europeus mais
bem relacionados com o Brasil, sobretudo
com o Ceará, como Itália, Espanha e Portugal,
acrescenta Fernando Castelo Branco, podem
reduzir seus negócios por um lado, mas, por
outro, podem ensejar novas conquistas. “A
ideia é que, se formos atingidos, possamos
sair menos chamuscados.”
O empresário Fernando Cirino Gurgel,
presidente da Durametal, destaca que, apesar
de a crise afetar o mundo todo, o Brasil está
mais protegido do que os países da América
do Sul, Europa ou Estados Unidos. Para ele, o
Ceará está em situação “razoável” e crescerá
da mesma forma. No entanto, com os grandes
investimentos em infraestrutura que o Brasil
receberá nos próximos anos, o seu setor, o
metal-mecânico, está bem aquecido. “São
muitos pedidos de estruturas para caminhões
e ônibus”, completa.
Para combater as dificuldades que a
crise pode trazer, Fernando Cirino diz que o
governo brasileiro deve fazer o tal do “dever de
casa”. Isso significa, na sua visão, melhorar a
qualidade do gasto público com o custeio da
máquina e estabelecer prioridades, além de
combater fortemente a corrupção. “É preciso
que os governantes tenham juízo para que o
país não seja prejudicado”, alerta.
Exportações
E
m época de crise, todas as perspectivas em
relação ao futuro estão associadas a incertezas.
O prognóstico é do superintendente do Centro
Internacional de Negócios (CIN), Eduardo de Castro
Bezerra Neto, da FIEC. “Devemos levar em consideração
que os governos dos países em crise e os governos dos
que estão a ajudá-los procuram soluções para sair desse
cenário. Não há como garantir se haverá sucesso ou
insucesso. Todavia, não existe crise alguma na história que
tenha sido infindável; todas têm um fim”, ressalta.
O Ceará, assim como o Brasil, está situado numa
posição muito confortável no cenário econômico global,
entende Eduardo Bezerra. “Isso porque o Ceará termina o
ano de 2011 com um recorde nas suas exportações e não
há indício de que em 2012 venha a ocorrer uma queda.”
Ele acrescenta: “Vamos superar 1,3 bilhão de dólares
em exportações. Estamos dentro do círculo virtuoso da
economia brasileira”.
Apesar da crise internacional, o Ceará, segundo
Eduardo Bezerra, deve manter o ritmo das exportações.
Um dos motivos é o fato de seus produtos terem entrado
em 12 novos países. “Isso em economia significa avançar
em novos nichos de mercado. Como o Ceará é um estado
responsável por apenas 0,5% das exportações brasileiras,
vender valores pequenos em muitos países é que forma o
valor global.” O comportamento das exportações brasileiras
é bem concentrado. Os dez maiores estados exportadores
do país comercializam 90% daquilo que o país exporta,
enquanto que os 10% restantes são disputados pelos
demais estados.
A criatividade do empresário cearense é algo que
impulsiona a economia, conforme Eduardo Bezerra. Os
empresários enxergam oportunidades e saem em busca
de novos mercados. “O século 21 é da Ásia. E a Coreia
já revelou interesses no Ceará. É também o momento
de nosso estado expandir seus negócios para a América
Central e o Caribe”, considera.
Para Eduardo Bezerra Neto, embora os analistas
internacionais façam estimativas de que a crise da União
Europeia deverá se prolongar por mais de três anos, o
Ceará tem a probabilidade de são ser afetado e continuar
expandindo as suas exportações.
A
pesar do otimismo do governo federal, que prevê
crescimento entre 4% a 5% em 2012, relatório semestral de perspectivas da Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE),
divulgado no fim de novembro último, diz que a economia brasileira está experimentando um arrefecimento
por causa da deterioração do contexto internacional e
essa mudança se traduzirá em crescimento de 3,4% em
2011 e de 3,2% em 2012. As expectativas de crescimento
são menores das que o mesmo organismo apresentou em
maio, quando projetou uma progressão do PIB do Brasil
de 4,1% em 2011 e de 4,5% em 2012.
Em um capítulo dedicado às economias emergentes, a
OCDE, que prevê aumento do PIB do Brasil de 3,9% em 2013,
destaca que a demanda interna será o motor da economia brasileira, graças à expansão do crédito e do aumento da receita
do trabalho e, em menor medida, do investimento. Na avaliação do organismo, após as medidas de estímulo aplicadas para
combater a crise em 2008-2009, a prioridade deve continuar
sendo o ajuste fiscal. Ao mesmo tempo, confia que, apesar do
“amplo aumento do salário mínimo” planejado para o próximo ano, os objetivos sejam cumpridos.
Caso a crise econômica se agrave, a OCDE aconselha
uma série de reformas para o Brasil, como o estímulo
à política monetária, que poderia ser acompanhada de
incentivos fiscais, com garantias de consolidação fiscal
no médio prazo, para garantir a sustentabilidade das finanças públicas e da Seguridade Social. O relatório recomenda às autoridades que simplifiquem o sistema fiscal
e apostem em aplicar algum tipo de retenção nas relações
de empregados e harmonizar os impostos sobre o valor
agregado dos estados. Com relação à indústria, em vez
de uma nova política, destaca a importância de medidas
que reduzam de forma duradoura os custos de produção
no Brasil, simplificando o sistema fiscal e desenvolvendo
infraestruturas para diminuir o impacto dos transportes.
Construção mantém otimismo
Foto: JOSÉ SOBRINHO
A incerteza que
preocupa outros setores
da economia cearense
parece não existir na
construção civil
A
incerteza que preocupa outros setores
da economia cearense parece não existir na indústria da construção civil. O
fortalecimento do mercado imobiliário e o investimento em obras públicas deram fôlego ao
setor em 2011, que já vinha de expansão nos
anos anteriores. A expectativa é de manutenção do crescimento. O presidente do Sindica-
34 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
to da Indústria da Construção Civil do Ceará
(Sinduscon/CE), Roberto Sérgio Oliveira Ferreira, afirma que o setor espera um 2012 equivalente a 2011, com crescimento entre 5% e
5,5%. “Esse crescimento é, sem dúvida, uma
grande vitória. O aumento esperado do PIB
nacional é de cerca de 3,5% e estamos crescendo 2% acima”, comemora. O cenário positivo
para a construção no Ceará deve permanecer também em 2013. “O biênio
2012-2013 deve trazer uma situação
muito razoável”, avalia Roberto Sérgio.
Os investimentos públicos em infraestrutura e em mobilidade urbana,
impulsionados pela realização da Copa
do Mundo, devem colaborar para movimentar o setor de construção em 2012.
“Se contarmos apenas as obras do estádio Castelão, de mobilidade urbana e do
VLT (veículo leve sobre trilhos), os investimentos são da ordem de 1,5 bilhão
de reais”, diz Roberto Sérgio. A construção civil cearense, principalmente em
Fortaleza, também ganha força para o
futuro com os financiamentos públicos
ao setor de habitação, como o programa
de financiamento habitacional da Caixa
Econômica Federal (CEF) e o crédito imobiliário do Banco do Brasil (BB), de acordo com
Roberto Sérgio. A tendência é nacional. A carteira de crédito imobiliário do BB atingiu 7,02
bilhões de reais em novembro, o que representa aumento de 105% em relação ao registrado
em dezembro de 2010.
Em 1º de dezembro de 2011, o ministro
Guido Mantega anunciou uma série de medidas com o objetivo de acelerar a economia.
Para estimular o setor da construção, o governo elevou o valor para classificação de imóvel
popular para ingresso no Regime Especial de
Tributação (RET) de 75 000 reais para 85 000
reais, aplicável às incorporadoras imobiliárias.
As obras no Ceará do PAC colaboram para
o aquecimento do setor da construção civil.
Em relação aos próximos anos, Roberto Sérgio
aponta como destaque as obras da terceira fase
do Porto do Pecém, da estação de passageiros
do Aeroporto Internacional Pinto Martins e da
estação de passageiros do Porto do Mucuripe.
O Minha Casa, Minha Vida, programa de
habitação do governo federal, é forte propulsor da construção civil em todo o país. Porém,
Roberto Sérgio aponta que, no estado, o programa vem decaindo. “O Minha Casa, Minha
Vida está diminuindo no Ceará, sobretudo em
Fortaleza. A capital tem um déficit habitacional
grande, mas tem o custo do terreno muito alto
pela pequena área do município, o que dificulta
a expansão do programa. Se houver expansão, é
em Caucaia, Maracanaú e Aquiraz, municípios
da região metropolitana de Fortaleza”, finaliza.
Impulso à mão de obra
A
FIEC tem o importante desafio de
impulsionar o crescimento do estado. O presidente da FIEC, Roberto
Proença de Macêdo, destaca que a federação também tem seu “dever de casa” em
2012: atender à nova demanda de mão de
obra especializada para a indústria, algumas delas de uso inédito no Ceará. “Temos
de avançar para atender a essas demandas
no setor de automação industrial e operacional. Só a siderúrgica, na sua implantação, vai precisar de 15 000 novos profissionais especializados. É papel da nossa
federação treinar, preparar essa mão de
obra e também a gestão. É necessário formar isso aqui. Ciente dessa necessidade,
nosso dever de casa é muito forte e estamos
preparados para isso”, destaca.
O cenário internacional, segundo Roberto Macêdo, ainda está obscuro. Ele acredita que vários cenários podem surgir, uma
vez que não se sabe o desdobramento dos
problemas que afetam os países em crise.
“Não temos claro ainda como essas dívidas
serão renegociadas, prorrogadas, e como
ficarão os bancos que estão dando suporte. Então, como o Brasil depende muito de
suas exportações, nós poderemos ter algum
reflexo.” Apesar das incertezas resultantes
do quadro internacional, ele mantém o oti-
“
“
Crescer 3,2% em 2012
A economia poderá crescer 4% em 2012
e, este ano, ficar em torno de 3% no país,
sendo o Ceará um pouco acima.
Roberto Proença de Macêdo, presidente da FIEC
mismo: “O Brasil é um país que está ainda em
construção, temos uma demanda interna não
atendida fora de série, tanto na infraestrutura como no próprio consumo”.
Por conta do mercado interno, principalmente após o novo pacote de reduções
fiscais do governo, o presidente da FIEC
acredita que a economia deverá ter respostas
muito favoráveis que compensarão os efeitos
externos. “A economia poderá crescer 4%
em 2012 e, este ano, ficar em torno de 3% no
país, sendo o Ceará um pouco acima”, avalia.
Em relação ao nosso estado, Roberto Macêdo ressalta que há uma dupla oportunidade: “A implantação da siderúrgica e da refinaria. Temos também vários outros projetos
que estão em maturação e, implantados, passarão a dar bons resultados”.
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
35
Foto: GIOVANNI SANTOS
Ceará
Vale quer atrair
fornecedores
Segundo Rogério Amaral, a vinda ao Ceará
está relacionada à política da Vale de manter em
sua carteira de fornecedores agentes produtivos
situados nas áreas em que atua. No caso dos três
estados que compõem o chamado projeto do
sistema norte, diz o diretor, se todas as empresas
desses estados fornecessem para a Vale, mesmo
assim não conseguiriam atender à demanda da
mineradora. Para dar uma ideia da dimensão da
demanda, Rogério trouxe para a reunião na Casa
da Indústria diretores de várias áreas e projetos
que relacionaram suas necessidades.
Na carteira de projetos mostrada aos cerca
de 50 empresários participantes do encontro na
FIEC, foram apresentados 122 obras e serviços
que estão abertos a fornecedores nas áreas de
infraestrutura, terraplenagem, montagem eletromecânica, obra industrial, edificação predial,
drenagem, pavimentação, contenção, estabilização e elaboração de projetos de engenharia, dentre outras. Rogério Amaral disse que as demandas se referem apenas a obras, havendo muitas
outras em diversos segmentos que iriam além da
questão relacionada à estrutura física.
Conforme o gerente, a concepção que a empresa deseja na concretização de negócios com
seus fornecedores é de parceria. Parceria que,
explicou, baseia-se na proposta de que para tra-
C
om a missão de ser a maior empresa mineradora do
mundo nos próximos anos, a Vale aposta na atuação
na região chamada de eixo norte (Maranhão, Pará e
Tocantins) para garantir grande parte de seu crescimento
na produção de minério de ferro. Para concretizar tal intenção, porém, a empresa deverá enfrentar desafios logísticos e terá de investir forte na ampliação da infraestrututa existente, incluindo minas, ferrovias e porto. Com isso,
a expectativa é aumentar de 115 milhões de toneladas a
produção de minério atual para 150 milhões já em 2012.
A meta vai exigir, por outro lado, investimentos em
torno de 3 bilhões de dólares, podendo atingir a casa dos
36 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
7 bilhões de dólares a longo prazo, levando-se em conta
a previsão de expandir, até o fim de 2014, a movimentação de minério para 230 milhões de toneladas no sistema norte da Vale. Desde já, no entanto, um problema
aflora: a ausência de fornecedores dos mais variados serviços, de acordo com Rogério Amaral, gerente geral de
Suprimentos da empresa, que participou em novembro
último, na Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(FIEC), de encontro promovido pelo Instituto Euvaldo
Lodi (IEL/CE) com empresários cearenses. A ideia era
apresentar as possibilidades de atração de fornecedores
locais para os projetos em curso.
“
Temos como um de nossos
valores principais a questão
da segurança, o valor à vida. E
disso não abrimos mão.
“
POR LUIZ HENRIQUE CAMPOS
Foto: GIOVANNI SANTOS
Para garantir a produção de minério de ferro no Maranhão, Pará e Tocantins
(eixo norte), a empresa terá de enfrentar desafios logísticos e investir forte
na ampliação da infraestrutura existente, incluindo minas, ferrovias e porto
Rogério Amaral, gerente geral de Suprimentos da Vale
balhar com a Vale é preciso haver uma mudança
de cultura por parte dos fornecedores. “Mudanças de cultura de várias ordens, da gestão financeira à gestão de obra.” Rogério Amaral admite
que os processos de capacitação para atuar como
fornecedor são burocráticos, mas que os preços
são justos. “Não existe almoço grátis. É importante ter uma gestão responsável nas áreas trabalhista, tributária etc.", acrescentou.
Ele disse, ainda, que a Vale sabe das dificuldades das empresas para atender às suas exigências. Por isso foi criado, em 2010, um programa
de gestão de fornecedores por meio do Inove.
"Temos como um de nossos valores principais a
questão da segurança, o valor à vida. E disso não
abrimos mão", destacou. O programa prevê desde o incentivo financeiro à instalação de plantas
e centros de serviços até priorizar a contratação
de fornecedores com perfil regional com alta criticidade no quesito qualidade.
Na visão do vice-presidente da FIEC e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE), Roberto
Sérgio Oliveira Ferreira, que participou da
reunião com a direção da Vale, o Brasil passa
por momento impar em sua economia com
reflexos nas mais variadas áreas. Isso acarreta,
afirma, problemas como os que as empresas
estão enfrentando, como a falta de fornecedores e de mão de obra qualificada. Ele lembrou
que a proposta da Vale de atrair empreendimentos cearenses para sua carteira de clientes
é importante porque oferece também a oportunidade de as empresas locais se aperfeiçoarem em seus modelos de gestão, já que, para
ser fornecedor de grandes empresas-âncora, é
preciso adotar modelos diferenciados.
Na reunião na FIEC,
foram apresentados
aos empresários obras
e serviços abertos a
fornecedores
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
37
Regiões onde estão previstas obras da Vale
Revolução estrutural
A
proposta da Vale de se tornar a maior
mineradora do mundo vai exigir uma
transformação estrutural na logística do
chamado eixo norte de operações da empresa. Para
se ter uma ideia, na Baía de São Marcos, em São
Luís, capital do estado do Maranhão, uma ponte
de concreto de mais de um quilômetro adentrará
ao mar para garantir a construção do terminal
marítimo de Ponta da Madeira, pertencente à Vale,
que irá operar a partir de 2012 o carregamento
de navios graneleiros que escoarão a produção
de Carajás. Quase metade da produção de 522
milhões de toneladas de minério de ferro prevista
pela empresa para 2015 sairá de Carajás.
Em cinco anos, a estimativa é produzir no eixo
norte volume adicional semelhante ao que levou
25 anos naquela região. O primeiro trem de minério
partiu de Carajás em janeiro de 1985 e, em 2009, o
sistema atingiu produção de cerca de 110 milhões
de toneladas. A Vale começou a planejar, há três
anos, obras que hoje estão em plena execução e que
devem ganhar força até 2015. O esforço passa por
garantir o crescimento da produção e evitar gargalos
que podem surgir por aumento da demanda, em
especial da China. Na primeira fase do projeto, o
conselho de administração da Vale aprovou um
conjunto de obras para levar a produção para 150
milhões de toneladas em 2012.
Os investimentos aprovados são a construção
do quarto píer no terminal marítimo de Ponta da
Madeira e o aumento da capacidade de transporte
da Estrada de Ferro de Carajás (EFC), linha férrea
de 892 quilômetros que leva o minério de ferro
das minas, no Pará, até os navios, em São Luís.
As obras na ferrovia já começaram em parte dos
120 quilômetros que passarão por intervenções
até 2012. Em um segundo momento, até 2015, a
ferrovia estará toda duplicada. A EFC é uma linha
simples com 56 pátios para manobras dos trens. A
ampliação consiste em fazer conexões nos trechos
da ferrovia onde há gargalos.
Na segunda fase, até o fim de 2014, será
concluída a expansão da EFC e será construído
um ramal ferroviário de 90 quilômetros ligando
as minas de serra norte e serra sul, em Carajás. O
píer quatro de Ponta da Madeira vai ganhar mais
um berço e equipamentos. Na área ferroviária, as
novas linhas no terminal maranhense vão chegar a
120 quilômetros e haverá mais quatro pátios para
minério e mais dois viradores de vagões.
Maranhão:
Pará:
Porto Franco (infraestrutura, terraplenagem, edificação
predial).
Mina do Sossego (edificação predial, infraestrutura, drenagem,
terraplenagem, obra industrial).
Imperatriz (obra industrial, edificação predial,
infraestrutura, terraplenagem).
Projeto Salobo (infraestrutura, terraplenagem, edificação predial,
pavimentação).
São Francisco do Brejão (infraestrutura, terraplenagem).
Parauapebas (drenagem, infraestrutura).
São Luís (edificação predial, drenagem, infraestrutura,
contenção, estabilização, obra industrial, pavimentação,
projetos de engenharia, infraestrutura de via, montagem
eletromecânica, engenharia básica).
Carajás (montagem eletromecânica, infraestrutura, terraplenagem).
Açailândia (infraestrutura, pavimentação, montagem
eletromecânica, terraplenagem).
Alto Alegre (infraestrutura e pavimentação).
Santa Inês (drenagem, infraestrutura).
Veja como se candidatar a fornecedor da Vale
N
a Vale, todo o processo de gestão de fornecedores
é eletrônico. Para se candidatar, acesse a URL
https://snm.quadrem.net, selecione o idioma no topo
da página e clique no link Registre-se hoje! Depois disso, você
receberá um e-mail informando as condições para o registro,
login e senha para acesso ao Portal Quadrem, onde fará o
cadastramento das informações de sua empresa.
38 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
Para a execução do cadastro, é necessário preencher
corretamente as informações e anexar todos os documentos
solicitados. A partir dessas informações, a Vale qualifica
as empresas para participar de processos de cotação e
contratação. Em caso de dúvidas sobre o processo de registro,
entre em contato com a Central de Atendimento Quadrem
pelo telefone 0800-604 7171.
Marabá (montagem eletromecânica, infraestrutura, terraplenagem).
Tocantins:
Palmeirantes (montagem eletromecânica, edificação predial,
infraestrutura, terraplenagem).
Brejão (infraestrutura, terraplenagem).
Araguaina (edificação predial).
SESI/CE é reconhecido
por modelo de gestão
Com menos de três anos de implantação de seu programa de
gestão, a entidade está entre as três empresas ganhadoras do
Prêmio Ceará de Excelência em Gestão
O
Serviço Social da Indústria no Ceará (SESI/CE), a
EIM Instalações Industriais e a Ultragaz foram contemplados em dobro pelo Movimento Ceará Competitivo (MCC) depois de terem seus modelos de gestão
avaliados e reconhecidos publicamente pela instituição.
Além de receberem o Prêmio Ceará de Excelência em Gestão, durante solenidade realizada em 1º de dezembro na
Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), fizeram jus a relatórios mostrando onde estão obtendo êxito e
orientações dos pontos que precisam ser melhorados em
suas respectivas gestões.
O SESI/CE e a EIM foram premiados na categoria bronze. Já a Ultragaz foi destaque na modalidade prata, além de
ser reconhecida nos critérios clientes e sociedade. O prêmio,
que visa estimular e reconhecer práticas bem sucedidas de
gestão em micro, pequenas, médias e grandes empresas que
utilizam o Modelo de Excelência em Gestão (MEG), contou
40 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
com sete empresas inscritas, sendo que quatro não obtiveram a pontuação necessária à premiação. Mas todas receberam relatórios de gestão para nortear suas ações em 2012.
Em sua primeira edição, o Prêmio Ceará de Excelência
em Gestão avaliou as empresas a partir de 11 fundamentos
de excelência estabelecidos pela Fundação Nacional para
a Qualidade (FNQ) e de oito critérios estabelecidos pelo
MEG – liderança, estratégias e planos, clientes, sociedade,
informações e conhecimento, pessoas, processos e resultados – que compõem uma série de práticas e indicadores de
qualidade. Os 11 fundamentos de excelência na gestão das
organizações são pensamento sistêmico, aprendizado organizacional, cultura de inovação, liderança e constância de
propósitos, orientação por processos e informações, visão
de futuro, geração de valor, valorização de pessoas, conhecimento sobre o cliente e o mercado, desenvolvimento de
parcerias e responsabilidade social.
Para o SESI/CE, a classificação bronze é recebida
como ouro, considerando que o seu modelo de gestão foi implantado há menos de três anos. “É muito
importante o reconhecimento público porque hoje as
organizações que sobrevivem são aquelas que modernizam a gestão, que tem foco no cliente, que trabalham
processos, que tem constância de propósitos, que lidam com visão de futuro, com missão bem definida.
São organizações de resultados. Então, o modelo de
gestão do SESI ser reconhecido publicamente como
referência comprova que a organização está firme e
no caminho certo para o cumprimento da sua missão:
oferecer saúde, educação, lazer, esporte, cultura e responsabilidade social às indústrias e aos industriários.
Esse reconhecimento com apenas dois anos e meio
de adoção do modelo prova também que já estamos
colhendo resultados”, sublinha Francisco das Chagas
Magalhães, superintendente regional do SESI/CE.
O gerente executivo do MCC, Helder de Holanda
Castro, destaca que o MEG é um modelo focado em
resultados. Segundo ele, no ano passado 60 empresas
cearenses foram capacitadas para aplicar o modelo e
somente 20 retornaram para reciclagem. Dessas, sete
se consideraram aptas a se inscrever no prêmio para
serem avaliadas.
Para presidente da FIEC e do Conselho Regional
do SESI, Roberto Proença de Macêdo, o exemplo das
três empresas encoraja e mostra que melhorar deve
ser um processo contínuo. À equipe do SESI, ele
agradeceu: “Vocês estão fazendo a diferença. É essa
vontade que faz a gente mudar de atitude e se superar
a cada dia”. Ele lembrou que o programa mede a evolução das empresas no campo da gestão e que cabe a
cada um avançar cada vez mais.
O Prêmio Ceará de Excelência em Gestão é realizado com apoio da FIEC, por meio do Instituto de
Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), do
Movimento Brasil Competitivo (MBC), da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), do Serviço de
Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae/CE)
e do governo estadual.
“
O modelo de gestão do SESI ser
reconhecido publicamente como
referência comprova que a organização
está firme e no caminho certo para o
cumprimento da sua missão.
Francisco das Chagas Magalhães,
superintendente do SESI/CE
“
A solenidade para entrega de premiação ao SESI, EIM e Ultragaz foi realizada no auditório Waldyr Diogo
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Destaque
SINDCALF
SINDICATO DA INDÚSTRIA
DE CALÇADOS DE FORTALEZA
2011 foi sem dúvida um ano de várias
conquistas para nós, a principal com
certeza foi a sua presença ao nosso lado
nessa jornada! Desejamos em 2012
estar juntos novamente nesta
caminhada rumo ao sucesso. O
SINDCALF deseja a todos os seus
associados e parceiros Um Feliz Natal
e um Ano Novo cheio de Paz, Amor e
Prosperidade.
História
Pão da vida
Um dos alimentos mais antigos feitos pelo homem e consumido por
ricos e pobres, o pão está presente em todas as culturas há milhares
de anos, representando mais do que alimento para o corpo
POR GEVAN OLIVEIRA
“O
pão nosso de cada dia nos dai hoje.” A frase em recorte faz parte da universal oração do Pai Nosso, proferida por Jesus Cristo há mais de 2 000 anos e hoje
replicada diariamente por milhões de pessoas em todos os continentes. Quando usou o pão como símbolo de alimento para o
corpo e a alma, Jesus já conhecia sua importância e simbologia
aos povos da época, algo que persiste até nossos dias, o que lhe
dá uma importância sobrenatural, quase divina.
Descobertas arqueológicas indicam que o pão foi o primeiro alimento a ser processado por mãos humanas a partir
de uma matéria-prima natural. Sua origem é tão antiga que
os historiadores divergem quanto a sua gênese. Estima-se ter
surgido há cerca de 10 000 anos na região da Mesopotâmia,
onde atualmente está o Iraque, com o cultivo de cereais, como
aveia, cevada, sorvo e, claro, o trigo, que eram apenas mastigados sem nenhum preparo.
Anos depois, esses cereais passaram a ser triturados com
pedras e transformados em uma espécie de farinha, usada no
preparo de sopas e mingaus rudimentares. Em seguida, o homem passou a misturar mel, azeite, suco de uva, tâmaras, ovos
e carne moída a essa farinha, formando uma espécie de massa
de bolo que era assada sobre pedras quentes ou sob cinzas. Os
primeiros pães propriamente ditos eram achatados, duros e secos e feitos de farinha misturada ao fruto do carvalho (a bolota).
Como eram muito amargos, não podiam ser consumidos logo
depois de prontos. Necessário se fazia lavá-los várias vezes em
água fervente e depois expô-los ao sol para secar.
Pão dos deuses
A
medicina, a matemática e a engenharia, dentre outras,
são legados do povo egípcio à nossa civilização. A
invenção de fornos de barro para assar pães também.
Isso por volta de 4 000 a.C. Segundo o historiador Heródoto,
o pão preparado às margens do rio Nilo era amassado com
os pés e normalmente feito de cevada ou espelta – trigo
de qualidade inferior; os melhores grãos eram destinados
apenas aos ricos. À época dos faraós, o pão era moeda para
pagamento de salário: um dia de trabalho valia três pães e
dois cântaros de cerveja.
42 | RevistadaFIEC | Dezembro de 2011
Atribui-se também aos egípcios a descoberta do fermento,
responsável por deixar a massa do pão leve e macia como se conhece
hoje. As evidências mais antigas de pão fermentado datam cerca de
3 000 a.C. A mistura de água e farinha era deixada ao sol até que se
formassem bolhas e então assada entre pedras aquecidas. O feito
se espalhou pelo mundo antigo a ponto de os gregos chamarem os
egípcios de “arthophagoi”, ou seja, comedores de pão.
Em outro momento da história, os gregos passaram a atribuir a
origem do pão aos deuses, dando-lhe caráter sagrado (na Antiguidade,
os deuses – e os mortos – egípcios, gregos e romanos eram honrados
com oferendas de animais e flores feitos com a massa de pão). Aos
romanos se deve a instituição das primeiras padarias como pontos
comerciais, feito repassado ao povo romano que, por sua vez, se
encarregou de instituir a primeira associação oficial
de panificadores. Seus membros gozavam
de status privilegiado: eram livres de
alguns deveres sociais e isentos
de muitos impostos.
“Pão e circo”
O
s romanos melhoraram o processo de moagem e, como
resultado disso, foram os primeiros a produzir o chamado
pão branco. Antes, faziam-se apenas pães escuros, de
grão integral. Uma escola para padeiros foi criada pelos romanos
em 500 a.C e, por volta de 100 a.C., já possuía mais de 200
padarias. A panificação ganhou tal prestígio durante o Império
Romano que passou a ser considerada no mesmo nível de outras
artes, como escultura, arquitetura ou literatura. Politicamente, as
classes dominantes usaram o pão para satisfazer o povo e fazê-lo
esquecer dos problemas econômicos oriundos da expansão do
império, que massacrava, sobretudo, o camponês.
O pão desempenhou um papel tão importante para a
dominação política romana que ficou célebre a expressão
“pão e circo”, uma alusão ao assistencialismo da época e
aos espetáculos de horrores praticados nas arenas de Roma,
regados a pão e sangue. Enquanto o povo se divertia com leões
comedores de gente e gladiadores trucidas, os imperadores
saciavam a fome da plateia ensandecida jogando-lhe o alimento.
Foram tantas as festas para manter a população sob controle, que
o calendário romano chegou a ter 175 feriados.
Revolução Francesa
A
o todo, os romanos dominaram cerca de 70 variedades
diferentes de pães, mas, com a queda do império, houve
o fechamento das padarias e a população passou a
preparar os pães em suas próprias casas, fato que entrou Idade
Média adentro. Nessa época, apenas castelos e conventos
possuíam padarias. A Igreja Católica passou, então, a ser
responsável pela manutenção e divulgação do hábito de comer
pão, ato vivenciado na celebração da Eucaristia e nas trocas de
receitas entre mosteiros e conventos.
Nessa época, a fome, as guerras e a
peste negra dizimavam a população
europeia, fazendo com que o
povo recorresse a todos os ingredientes para sobreviver. O pão
passou a ser feito com bolotas, sangue de porco e até palha,
misturado com o centeio e as sementes disponíveis. Em muitas
regiões, o pão voltou a ser escuro e duro, sendo consumido com
caldos e sopas. Apenas a nobreza e parte do clero tinham o
privilégio do trigo. Porém, algumas casas senhoriais tinham os
seus próprios padeiros, que foram, pouco a pouco, difundindo de
novo os seus dotes.
Na França do século 12 já se consumia mais de 20 variedades
de pães e, no século 17, a nação se tornaria o centro de
fabricação de pães de luxo (assim como ainda é hoje), com a
introdução de novos processos de panificação. Ricos e pobres
dependiam dele para sobreviver, tanto que muitos historiadores
afirmam que a Revolução Francesa teria se iniciado em função
do aumento do preço do pão, causado pela escassez do trigo em
consequência de rigorosos invernos.
O auge dos protestos foi em 14 de julho de 1789, com a invasão
da Bastilha – uma prisão construída em 1370 para adversários
políticos que se opunham ao governo ou mesmo à religião oficial. De
acordo com pesquisadores, foi a partir da Revolução Francesa que
o consumo de pão de trigo se expandiu como hábito alimentar no
Ocidente. Alguns veem aí a origem da expressão "pão francês".
Moinhos
A
té meados do século 19, o pão foi o alimento básico de
toda a população europeia. O desenvolvimento dessa
indústria se deu com a modernização dos processos de
moagem da farinha, inicialmente triturado em moinhos manuais
de pedra, depois movidos a animais, a água e a vento. Os movidos
a vapor, que muito acelerou o processo, são de 1784. Em 1881,
ocorre na Europa a invenção dos cilindros, proporcionando outro
importante aprimoramento na produção do pão.
No velho continente, era costume os pais oferecerem um pouco
de massa de pão como parte do dote para a filha. Fazendo isso,
eles acreditavam que a nova família sempre comeria um pão de
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N
os últimos dez anos, o setor da
panificação no Brasil vem passando por
uma revolução silenciosa, mas muito
eficaz. As mudanças ocorreram, sobretudo,
depois que os supermercados abriram
pequenas lojas de bairro e também começaram
a vender pães feitos no local, muitas vezes
a preços reduzidos. Segundo a Associação
Brasileira da Indústria de Panificação (Abip),
de 1995 a 2000, mais de 13 000 pequenos
negócios fecharam as portas por causa da
concorrência. A quebradeira fez as padarias
diversificarem os serviços, investir no visual das
lojas e em produtos para públicos específicos.
As mudanças começaram em 2001, com o
lançamento nacional do Programa de Apoio à
Panificação (Propan), uma iniciativa da Abip
e da Associação Brasileira da Indústria do
Trigo (Abitrigo), que detectou algumas falhas
no setor, como a falta de conhecimento de
gestão e a necessidade de avanço tecnológico.
A saída foi a capacitação em massa de
gestores e empregados, além de mudanças em
produtos, processos e layouts. Desde então,
o Propan, por meio de seus consultores, em
parceria com os sindicatos das federações
de indústrias, passou a visitar centenas de
cidades brasileiras, disseminando um novo
conceito de panificação.
Atualmente, segundo o presidente da Abip,
Alexandre Pereira, a padaria se tornou um
centro gourmet (um misto de restaurante e loja
de conveniência), que oferece, em instalações
espaçosas e bem iluminadas, refeições,
delivery e internet sem fio, dentre outras
comodidades. As mudanças fizeram surgir um
novo modelo de negócio que as estatísticas
confirmam ter dado certo. Em 2010, o setor
cresceu 13,7%, com faturamento de 56,3
bilhões de reais. Ao todo, estima-se que
haja mais 63 000 padarias em todo o país,
sendo 97% de micro e pequenas empresas,
com mais de 700 000 empregos diretos e
faturamento próximo a 50 bilhões de reais.
De fato, as mudanças são hoje facilmente
percebidas nas principais panificadoras de
cada estado. Além dos tradicionais pãezinhos,
que ainda representam mais de 50% do
faturamento, as lojas servem uma variedade
de outras opções que vão desde comida
japonesa, sanduíches, sopas, risotos e massas,
até carnes, sobremesas, sucos e drinques à
base de café. Também segundo a Abip, mais de
6 000 panificadoras, em todo o país, participam
do programa; dessas, 89% aumentaram suas
vendas, 74% cresceram o número de clientes e de
postos de trabalho, 6,4% conseguiram aumento
na produtividade de seus colaboradores e 83%
aumentaram seus lucros. Estão envolvidos cerca
de 10 000 empresários e 74 000 colaboradores.
No Ceará, o Propan é realizado desde 2001 pelo
Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria
do Estado do Ceará (Sindpan). Explica o presidente
do sindicato, Lauro Martins de Oliveira Filho,
que a capacitação local consiste de consultorias
e treinamentos em parceria com o Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Organizado pelo Instituto Tecnológico da Panificação
e Confeitaria (ITPC) e distribuído em módulos,
o trabalho é composto de conteúdo teórico e
aplicações práticas nos próprios estabelecimentos.
Os cursos reúnem tópicos que abordam a
forma mais eficiente de eliminar desperdícios,
como padronizar os processos produtivos,
melhoria na qualidade do atendimento, gestão
de pessoas, gerenciamento de produção e
otimização de vendas, dentre outros temas. O
programa oferece informações e orientações aos
empresários visando aperfeiçoar e tornar mais
eficaz a administração de panificadoras. Após o
treinamento, com o objetivo de elevar o conceito
dos empreendimentos frente ao público, o Propan
concede-lhes certificados de qualidade, de acordo
com o grau de otimização atingido pelas padarias.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Tempos modernos
“
Temos hoje
padarias modernas,
mais bem administradas
e com rentabilidade
crescente.
“
No século 19, os
moinhos de vento foram
fundamentais para o
processo de modernização
da indústria de moagem
qualidade e a noiva herdaria os dotes culinários da
mãe. Por falar em qualidade, conta-se que os irmãos
austríacos Fleischmann, ao visitarem uma irmã nos
Estados Unidos, em 1865, ficaram impressionados
com a má qualidade do pão. Ao emigrarem
definitivamente, dois anos depois, levaram um
pouco do levedo usado na casa da mãe – e iniciaram
a indústria de produção do levedo prensado ou
desidratado que existe hoje no mundo inteiro.
Segundo o antropólogo Gilberto Freyre (19001987), o Brasil só conheceu o pão no século 19.
Antes, usavam-se o beiju de tapioca, a farofa, o
pirão escaldado ou a massa de farinha de mandioca
feita no caldo de peixe ou de carne. No início, a
fabricação por aqui obedecia a uma espécie de ritual
próprio, com cerimônias, cruzes nas massas, rezas
para crescer, afofar e dourar a crosta, especialmente
quando eram assados em casa. A atividade da
panificação se expandiu com os imigrantes italianos.
Os pioneiros da indústria de panificação surgiram em
São Paulo e Minas Gerais.
Até o fim do século 19, o pão mais comum no
Brasil tinha miolo e casca escuros. O chamado “pão
francês” consumido hoje surgiu no início do século
20, perto da 1ª Guerra Mundial, por encomenda
de alguns brasileiros que voltavam de viagem a
países europeus. Na época, era popular em Paris
um pão curto com miolo branco e casca dourada
– espécie de precursor da baguete, predileta dos
franceses. Os viajantes descreviam o produto a
seus cozinheiros, que tentavam, então, reproduzir a
receita pela aparência. O resultado foi a invenção do
"pão francês" brasileiro, que difere de sua fonte de
inspiração por levar um pouco de açúcar e gordura
na massa antes de ir ao forno. Com o tempo, o novo
produto foi ganhando apelidos locais diferentes, como
“cacetinho”, “média”, “filão”, “pão jacó”, “pão de sal”
ou “carioquinha” (no Ceará).
Lauro Martins, presidente do Sindpan
Conforme números do Sindpan, 90% das
panificadoras cearenses certificadas cresceram
em média mais de 40% em seu faturamento,
registrando um ganho de produtividade de quase
20% por funcionário. “De 2001 para cá, passaram
mais de 120 padarias cearenses pelo Propan.
Dessas, cerca de 70% aplicaram os conteúdos
disseminados. Com isso, hoje temos padarias
modernas, mais bem administradas e com
rentabilidade crescente”, afirma Lauro Martins.
Em todo o Ceará, existem cerca de 2 500
panificadoras, a maior parte localizada em
municípios do interior, sendo 95% micro e
pequenos negócios. O segmento é responsável
pela geração de 30 000 postos de trabalho. São
associadas aos Sindpan 228 padarias. “Nosso
desafio é chegar a representar pelo menos 20%
do setor”, reconhece Lauro Martins, empossado
no cargo em 8 de julho de 2010 para liderar o
sindicato até 2013.
Curiosidades sobre a história do pão
No Egito, o pão servia para pagar salários: um
dia de trabalho podia ser pago com três pães e
dois vasos grandes de cerveja.
Na Europa, passou a ser costume as mães
darem para as filhas que se casavam um
pouco de sua massa de pão. Com isso, elas
seriam abençoadas e fariam um pão tão bom
quanto o delas.
Em algumas épocas, a posição social de uma
pessoa podia ser discernida pela cor do pão
que ela consumia. Pão escuro representava baixa posição social; pão branco, alta posição. Isso
se devia ao alto preço do processo de refino da
farinha branca. Atualmente, os pães escuros são
os mais caros por causa de seu valor nutritivo.
Às vésperas da Revolução Francesa, Maria
Antonieta, rainha da França que morreu na
guilhotina, foi informada de que o povo passava fome: “Eles não têm pão, Alteza”. Ao que
ela respondeu: “Se não tem pão, que comam
brioches”. Não se sabe se o diálogo realmente
ocorreu, mas a frase ficou famosa.
Para os judeus, o fermento simboliza a corrupção.
Por isso eles só oferecem a Deus pães ázimos,
sem fermento. Até hoje, esse é o pão que eles
comem na Páscoa.
Dezembro de 2011 | RevistadaFIEC
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Tipo exportação
uma grande oportunidade para que o Brasil diversifique e
mude o nível de sua pauta de exportação para a China",
acrescenta. Em 2012, a ideia deve ser apresentada em
outros feiras internacionais. Oito países já estão na lista:
Estados Unidos, México, Angola, Espanha, Chile, Colômbia,
Venezuela e Emirados Árabes Unidos.
Foto: ACESSORIA DE IMPRENSA DA ABIP
O
sucesso do Propan é tão grande que deve ser
exportado para outros países. A novidade foi
anunciada durante o 29º Congresso Brasileiro da
Indústria da Panificação e Confeitaria (Congrepan), realizado
de 25 a 28 de outubro em Foz do Iguaçu (PR). O modelo
nacional de padaria, que une desde produção e venda de
pães até food service, passando por varejo de conveniência
e central de produção de alimentos, receberá investimento
de um milhão de dólares da Agência Brasileira de Promoção
de Exportações e Investimentos (Apex) e 900 000 reais em
contrapartida de associados (panificadoras).
O apoio da Apex começou em novembro, quando o modelo
de padarias-gourmet foi apresentado ao mercado chinês por
uma missão brasileira, despertando, segundo o presidente
da Abip, Alexandre Pereira, grande interesse de empresários
e importadores asiáticos. "O potencial de negócios para o
mercado chinês, em 2011, é de 2 milhões de dólares. A meta
para o próximo ano é o dobro desse total", prevê o presidente
da Abip, entidade que integrou a missão.
"Esse projeto pode ser a grande porta de entrada para
novos produtos brasileiros na China", diz Alexandre Pereira,
lembrando que o país asiático é hoje grande importador
de soja e de ferro do Brasil. "A padaria-gourmet representa
Cartão de Natal.pdf 1 7/12/2011 13:34:43
Diretor-executivo da Abip, Giovani Mendonça (esq.), presidente da Abip,
Alexandre Pereira, e o diretor do Propan, Márcio Rodrigues: na China,
exportando o modelo de padaria brasileira
SINDCERAMICA
O Sindcerâmica agradece a
todos os os parceiros que
contribuíram para o sucesso de
suas ações durante o ano, e deseja
que em 2012 possamos estar juntos
construindo uma indústria
cerâmica cada vez melhor.
Parceiros:
O Laboratório de Controle Ambiental do SENAI
agora oferece o serviço de Análises de Emissões
Atmosféricas, desenvolvendo ações para eficiência
dos processos produtivos, atendimento à legislação e
melhoria da qualidade do ar.
SENAI, soluções ambientais para sua indústria.
Centro de Treinamento e Assistência às Empresas
Rua Júlio Pinto, 1873 - Jacarecanga
85 3421.5200 | cetae-nac@sfiec.org.br
www.senai-ce.org.br