DUPLA AFINADA
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DUPLA AFINADA
metropolis julho / agosto 2011 # ano 1 # número 2 Solidariedade Pessoal do jurídico faz ações sociais Memória Os acervos pessoais dos funcionários Dupla afinada Conheça a rotina do usuário Beto e de seu cão-guia Simon Meio Ambiente A nova máquina de lavar trens bons REFLEXOS A abertura das Estações Luz e República da Linha 4-Amarela terá impacto positivo em todo o sistema de transporte de São Paulo Saúde e paz Como as artes marciais podem ajudá-lo a ter mais qualidade de vida metropolis na internet A partir desta edição, você vai encontrar este ícone pelas páginas da revista. Ele indica que há mais conteúdo exclusivo no site da Metropolis. Folheie e navegue! revista.metrosp.com.br palavra do presidente Fazer o melhor, sempre revista Metropolis chega à sua segunda edição a tempo de registrar um momento crucial para o Metrô. O amadurecimento da Linha 4-Amarela, com a iminente abertura das estações Luz e República, vai materializar o sonho que todos compartilhamos de oferecer um sistema de transporte cada vez mais integrado à população da Grande São Paulo. Como nos informa a reportagem de capa, as novas paradas inserem o Metrô em novos eixos de circulação, o que vai facilitar a vida dos usuários e ajudar a desafogar determinadas rotas. Mais do que falar do próprio Metrô, porém, Metropolis tem como objetivo mostrar como vivem, o que fazem e o que pensam os funcionários da companhia, seja em momentos de trabalho ou durante as horas de lazer. Esta edição traz uma série imperdível de histórias de colegas que se desdobram em ações sociais, que se preocupam com o bem-estar físico e psicológico das pessoas, que colecionam pedaços da nossa história e que ajudaram a trazer importantes avanços tecnológicos ou operacionais ao Metrô, entre outras. Ao ler estes relatos, tive renovado meu orgulho de fazer parte de uma companhia que abriga tanta gente boa – nos vários sentidos que a palavra pode ter. Esta edição de Metropolis também evoca a memória daquele que, por 36 anos, foi um pilar do nosso corpo técnico, uma liderança que sabia extrair o melhor das pessoas e, acima de tudo, uma figura humana excepcional. A perda repentina do diretor Sergio Salvadori, no dia 9 de junho, foi um choque difícil de absorver. Aproveito o espaço para, mais uma vez, oferecer meus sentimentos à família e para conclamar os funcionários a homenagear a memória de Sergio fazendo o que ele certamente gostaria que todos fizéssemos: o melhor, sempre. Em tempo: Metropolis ganhou uma versão em papel, atendendo a diversos pedidos de leitores que apreciaram a edição exclusivamente eletrônica do primeiro número da revista. Boa leitura. Sérgio Henrique Passos Avelleda, Diretor-presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô 3 sumário julho / agosto 2011 06 personalidade Uma perda irreparável 07 metrô pelo mundo Paris, a cidade-metrô 08 minha estação O time da solidariedade Museu em casa 26 próxima estação Cheia de Luz 29 POR DENTRO DO METRÔ Energia visível 36 memória Acervos particulares 38 vou de metrô Uma dupla muito especial 40 do lado de fora Muito além da Catedral 14 VIDA DIGITAL Fazendo arte... digital 20 integração para valer Com as novas estações Luz e República, a Linha 4-Amarela cria novas possibilidades de conexão para os usuários do metrô e ajuda a desafogar a rede 16 AÇÃO CULTURAL A arte como diálogo 30 FUI, VI E GOSTEI O andarilho 32 CAMINHOS Do SUCESSO O topo pode ser aqui 34 MEU DINHEIRO Como poupar? 42 OLHAR ARTÍSTICO O destino na janela do trem 44 AGENDA LEGAL Programação artística 47 causos do metrô Histórias dos funcionários do Metrô 12 DE BEM COM A VIDA Saúde e sabedoria 18 LINHA do meio ambiente Limpo e sustentável Para festejar e refletir metropolis Conselho Editorial: Alfredo Falchi Neto - Aluizio Gibson - Carlos Roveri - Cleri Ane Ventura - Epaminondas Duarte - José Aloisio N. de Castro - Marcelo Cunha - Marcio Kerr Martins - Sérgio Henrique Passos Avelleda Maria Cristina Bastos - Valéria Cabral - Walter Castro - Wilmar Fratini - Redação: Edição João Paulo Nucci - Reportagem Carmen Amorim - Jacqueline Matoso Rodrigues - Thais Cortez - Direção de arte e coordenação on-line Bruno Pansarello - Edição de arte e projeto gráfico Rebeca Esteves - Revisão Flávia Busato Delgado - Fotos Digna Imagem - Jornalista responsável João Paulo Nucci (MTB 46.065/SP) Julho/Agosto 2011 - Ano I, Número 2 A revista Metropolis é uma publicação eletrônica e impressa da Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô. cartas mensagens e comentários A publicação do primeiro número da revista Metropolis, em maio, rendeu centenas de mensagens e comentários de leitores. Confira abaixo a opinião de alguns colegas. Metropolis Achei boa a iniciativa da revista. Espero que ela dure bastante. Edilson Pereira de Souza, via e-mail Parabenizo a todos os envolvidos pela criação da revista Metropolis. Os artigos estão bem equilibrados e com ótima diagramação. A capa do primeiro número é um primor de modernidade. José Edmirson Inojosa, via e-mail Gostaria de saber o que é preciso para publicar alguma matéria na revista. Quais assuntos são pertinentes e como devo proceder? Helder Soares, via e-mail Reposta do editor: Caro Helder, a Revista está aberta a sugestões de pauta de todos os leitores. Fique à vontade para encaminhar suas ideias sobre qualquer tema. Elas serão avaliadas pelo Conselho Editorial e, se aprovadas, serão feitas reportagens baseadas nelas. Memória Quero dar os parabéns à equipe do Centro de Memória. O Centro é um sonho que se tornou realidade com muita dedicação e empenho dos profissionais envolvidos no projeto. Desejo sucesso a todos. Cláudia Neves Antonio Evangelista, em comentário sobre a reportagem a respeito do Centro de Memória Olhar Artístico Parabéns pela matéria sobre o Adoniran Barbosa. Estava excelente. São bons tempos que não voltam mais. Pena que eu nasci em 1983, gostaria de ter vivido aquela época gloriosa de São Paulo. Murilo Jareno, em comentário publicado sobre a matéria “É o pogréssio” Devemos prestigiar os artistas da nossa terra paulistana. O Adoniran Barbosa seria hoje severamente criticado pelos “intelectuais” por sua maneira simples e singela de compor e cantar. Flávio J., em comentário sobre a mesma reportagem Minha Estação Como integrante do M.C. Furacão da Estrada, sinto-me orgulhoso de ter tido nosso grupo citado na primeira edição da Metropolis. As reuniões em Itaquera são uma delícia. Wanderley Recalchi, em comentário sobre a reportagem “Adrenalina e filantropia sobre duas rodas” Achei o máximo uma chef metroviária. Se a Silvia Tomaselli abrir um curso para ensinar algumas de suas receitas, podem me colocar na lista. Cristiane Biano, em comentário sobre o texto “A chefe que também é chef” Ação Cultural Transporte não é só levar as pessoas de um lado para o outro. É também abrir espaço para que as pessoas possam admirar e contemplar arte e se extasiar com o talento de algum gênio. Jaziel Nascimento, em comentário sobre a reportagem “A obra de arte mais vista de São Paulo” De bem com a vida O doutor Maurício está absolutamente correto quando fala sobre os perigos dos quilinhos a mais de uma alimentação incorreta. É por isso que um grupo de metroviários fundou a Equipe dos Atletas Metroviários, que começou como brincadeira mas já conta com mais de 180 atletas, entre funcionários e familiares. Convido a todos a conhecerem o nosso trabalho. Celso Luiz Motta, em comentário sobre a matéria “O peso das nossas escolhas” Se quiser comentar, criticar ou dar sugestões para as próximas edições da revista, escreva para [email protected] ou faça comentários nas reportagens publicadas no site revista.metrosp.com.br. 5 personalidade uma perda irreparável A morte repentina do diretor Sergio Salvadori, aos 65 anos de idade, provocou grande consternação A noite da quinta-feira, dia 9 de junho, foi de grande pesar para os funcionários do Metrô. O falecimento de Sergio Eduardo Favero Salvadori, diretor de Engenharia e Construções da companhia, provocou grande consternação. Aos 65 anos, Salvadori sucumbiu a um infarto fulminante em sua casa. Foi enterrado no dia seguinte, em Itu, com símbolos de suas grandes paixões: um capacete do metrô e uma camiseta do São Paulo Futebol Clube. Salvadori ingressou na companhia em 1975 e participou ativamente das construções de todas as cinco linhas do metrô. Especialista em grandes estruturas, o engenheiro também acompanhou obras dos terminais de ônibus da Barra Funda e do Tietê, da rede de trólebus do ABC e dos shoppings Tatuapé e Santa Cruz, entre outras. 6 Nascido em Itu em 1946, Salvadori formou-se em Engenharia em 1969 na USP de São Carlos. Antes de ingressar na companhia, fez estágio profissional na França e participou dos projetos do Metrô de São Paulo e do Rio de Janeiro, além de contribuir para a construção de sistemas de água e esgoto. Trabalhou ininterruptamente no Metrô entre 1975 e 2007, quando foi nomeado diretor de Infraestrutura da São Paulo Transportes (SPTrans). Entre 2008 e janeiro de 2011, foi superintendente de obras viárias da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras da Prefeitura de São Paulo. Salvadori retornou ao Metrô no início do ano para ocupar a diretora de Engenharia e Construções, cargo que já havia exercido. “Foi um choque para todos que o conheciam e uma perda verdadeiramente irreparável para o Metrô”, diz Alberto Horta, assessor da diretoria de Engenharia e Construções, que trabalhou e foi amigo de Salvadori por 35 anos. “Ele estava no auge de sua capacidade e muito envolvido com os novos projetos da companhia.” Salvadori era reconhecido pelo alto conhecimento técnico, pela dedicação ao trabalho e pelo bom humor inabalável, mesmo nas situações mais tensas. Casado com Regina Maria Maia Salvadori, deixa três filhos: Renato, Paula e Raquel. ● Paris, a cidade-metrô P aris é conhecida como “cidade-luz”, mas também poderia ser chamada de “cidade-metrô”. Inaugurado em 1900, o sistema da capital francesa é das mais extensas e bem distribuídas redes metroviárias do mundo. Atualmente, a Régie Autonome des Transports Parisiens (RATP) opera 14 linhas e 300 estações espalhadas por 214,5 quilômetros de linhas. É o quarto do mundo em extensão e o segundo em número de linhas e estações (nesses quesitos, perde apenas para Nova York, que tem 22 ramais e 424 estações). A distância média entre as estações é de 560 metros. O sistema conta com uma das estações mais movimentadas do mundo, a Châtelet Les Halles, que recebe mais de oitocentos mil passageiros por dia. A região metropolitana de Paris tem cerca de 11 milhões de habitantes. O interessante é que a maior parte da malha metroviária de Paris foi construída até 1935, o que explica o aspecto antigo (e charmoso) da maioria das estações. Nessa época, já existiam 13 linhas em operação. Desde então, foram construídas apenas extensões e uma nova linha, a 14, inaugurada em 1998. Conhecida como Méteor, a Linha 14 é das mais modernas do mundo em termos operacionais e de tecnologia. Paris foi o primeiro metrô do mundo a adotar a automação integral, com trens sem condutores. Na Linha 14, a venda de bilhetes é totalmente automática, bem como o funcionamento das portas da plataforma. Os trens são do tipo gangway (com salão contínuo), com seis carros e quatro motores por composição. Em algumas linhas, as composições operam sobre pneus. metrô pelo mundo Com 214,5 quilômetros, a rede da capital francesa é das maiores e mais bem distribuídas do mundo por conrado grava de souza Todas as estações de metrô parisiense operam das 5h30 a 1h15, sete dias por semana. Muitas foram transformadas em verdadeiros museus abertos, com grandes vitrines expondo obras de arte. Várias têm suas instalações pintadas com cores bem vivas e outras possuem música ambiente, mas no quesito acessibilidade ainda há muito a ser feito. As estações são antigas, com manutenção deficiente das estruturas civis e poucos elevadores e escadas rolantes. Em janeiro deste ano, foram anunciados investimentos de 32 bilhões de euros na construção de um sistema automatizado de metrô em torno da Grande Paris – uma espécie de “metroanel”. Os investimentos também serão dirigidos para a modernização e a ampliação das atuais linhas que cortam a cidade. ● Trem e fachada do metrô de Paris Veja galeria de fotos completa no site revista.metrosp.com.br Conrado Grava de Souza é assessor da presidência do Metrô de São Paulo e presidente do Committee of Metros. Morou na França em 1977, está na companhia desde 1984 e já foi diretor de operações da companhia. 7 minha estação O time da solidariedade Há nove anos, a equipe do departamento jurídico do Metrô se mobiliza para promover ações sociais E A advogada Neusa Maria é a organizadora das ações sociais do grupo 8 m 2002, o então gerente do departamento jurídico do Metrô, Sérgio Avelleda, hoje presidente da companhia, resolveu criar uma série de grupos entre os funcionários da área que compartilhavam interesses em comum. Nove anos depois, o Time da Solidariedade permanece em plena atividade. Cerca de sessenta pessoas participam de atividades como arrecadação e a entrega de produtos em abrigos, escolas e asilos. Quem lidera o trabalho é a advogada Neusa Maria Aparecida Matheus, de 50 anos, há 23 no Metrô, hoje na coordenadoria de controle externo. Por meio de amigos e conhecidos, Neusa estabelece a instituição que será ajudada e a forma como o material necessário (ou o dinheiro) será arrecadado. Em seguida, informa por e-mail sobre a campanha. A Caminho da Vida é uma das associações beneficentes ajudadas pelo time da solidariedade Budista praticante, a doutora Neusa sempre procurou ser solidária. “Por dez anos, trabalhei como monitora em um grupo de alfabetização de adultos”, diz. No budismo, o altruísmo é considerado o caminho que leva as pessoas à iluminação. Renata Fagioli Nogueira, advogada na área consultiva do Metrô, sempre participa das ações do Time da Solidariedade. Ela diz que se envolve com prazer pois sabe que as doações terão destino cer- to. “Acho legal ajudar, desde que a gente saiba para onde os recursos estão indo”, diz a doutora Renata. Ela própria já organizou com os colegas um movimento de arrecadação de água, produtos de limpeza e de higiene para a região de São Luiz do Paraitinga no início de 2010, quando a cidade foi devastada por uma enchente. O Time da Solidariedade também já comprou cobertores e colchas que foram entregues em um asilo e já organizou a pintura da fa- chada da Casa Abrigo, uma instituição do bairro da Aclimação que abriga crianças que foram afastadas de seus pais judicialmente. O pessoal do Metrô ainda montou uma biblioteca na casa com a doação de livros dos colegas. Novas ações estão previstas para o Dia das Crianças e para o Natal. “Nosso trabalho é de formiguinha”, diz Neusa. “É muito gratificante poder ajudar pessoas e diminuir um pouquinho o sofrimento de cada um”, completa. 9 minha estação Ari Barroso mostra algumas das centenas de peças históricas e curiosas em sua casa em Piracaia Veja galeria de fotos completa no site revista.metrosp.com.br 10 Museu em casa Ari Barroso coleciona todo tipo de antiguidades e já lotou quatro quartos e a garagem de sua casa em Piracaia M óveis, utensílios domésticos, livros, discos, aparelhos eletrônicos, carros, armas. A lista é extensa. O metroviário Ari Barroso, de 57 anos, já perdeu a conta de quantos objetos antigos guarda em sua casa em Piracaia, a 82 quilômetros de São Paulo. No total, são quatro quartos ocupados com sua coleções. Na garagem, são 11 automóveis históricos, dentre os quais uma picape Ford de 1929 e dois DKW dos anos 1960. Faz 27 anos que Barroso começou a colecionar todo tipo de antiguidades. “Vi uma espada e uma espingarda em uma loja de artesanato de Embu das Artes e não resisti.” A última aquisição foi feita no início de junho em um bazar próximo à Estação Armênia do metrô: um disco da cantora e atriz alemã Marlene Dietrich lançado em 1952. O preço foi uma pechincha: R$ 5,00. Barroso aproveita suas viagens pelo exterior – já esteve na França, na Itália, em Portugal, na Bélgica, no Chile, na Bolívia, na Argentina, no Mé- xico e em Cuba – e pelo Brasil para garimpar objetos para seu acervo. Sempre traz alguma coisa, mesmo que a mercadoria não esteja necessariamente à venda. “Às vezes vou à casa de alguém e, se gosto de alguma coisa, pergunto se a pessoa não quer vender”, diz. “Aí negocio e acabo trazendo.” O metroviário adora comprar, mas nem pensa em vender peças de sua coleção. Já recebeu inúmeras propostas, mas seu sonho é manter tudo sob seu controle para que, um dia, possa montar um museu em sua cidade. O local já tem até nome. “Vai se chamar Casa de Ari Barroso”, diz. Alguns objetos históricos de Piracaia – como uma máquina de beneficiamento de café utilizada na região nos anos 1930 – também constam do acervo. Metroviário há 37 anos, Barroso é advogado e hoje atua na gerência de Custos. Na companhia, já foi técnico de equipamentos, desenhista e projetista do departamento de Engenharia e também já trabalhou na área de compras. O fato de ser quase homônimo do compositor de “Aquarela do Brasil” (cujo nome é grafado com y) é apenas uma coincidência, e não uma homenagem. “Ari é um nome tradicional na minha família”, diz. ● O desejo do colecionador é que tudo termine preservado 11 de bem com a vida saúde e sabedoria Faça como os colegas Serginho e Ariovaldo: pratique artes marciais para manter a forma e aproveitar seus ensinamentos P raticar artes marciais é uma ótima forma de deixar o sedentarismo, reduzir o estresse e, de quebra, entrar em contato com a sabedoria oriental. Que o diga o agente de segurança Sérgio Antônio da Silva, de 48 anos, mais conhecido como Serginho. Ele é lutador profissional e já foi técnico e árbitro de kick boxing – uma luta travada basicamente com golpes desferidos com o pé. Praticante há 29 anos, Serginho coleciona títulos estaduais e brasileiros e já representou o País em mundiais em Budapeste (Hungria) e em Kiev (Ucrânia). 12 O agente de segurança Serginho (na foto acima, de preto) é treinador de kick boxing Veja galeria de fotos completa no site revista.metrosp.com.br Em meio a tantos chutes e socos, Serginho se define com um homem de paz. É evangélico, casado e trabalha no Metrô há 25 anos. Sua paixão pelas artes marciais já transbordou até para as bibliotecas. Ele acaba de lançar Kick Boxing, A Arte de Ensinar, seu segundo livro sobre o tema. O primeiro, Kick Boxing, foi escrito há dez anos. Além do aspecto competitivo, Serginho ressalta o bem-estar proporcionado pela prática da modalidade. “O kick boxing relaxa física e mentalmente”, diz o atleta. “A prática ajuda a manter a forma, proporciona equilíbrio pessoal e melhora a autoestima.” Não há idade para começar, segundo ele. “Tenho alunos com idade entre oito e oitenta anos.” As crianças são especialmente beneficiadas, de acordo com Serginho. “O esporte educa. Os mais jovens aprendem a ser disciplinados e a importância da hierarquia e do companheirismo.” O coordenador de Saúde e Qualidade de Vida do Metrô, Maurício Monteiro Alves, apoia a prática de artes marciais para quem deseja entrar em forma. É preciso, segundo ele, apenas se certificar de ser orientado por profissionais competentes. “Qualquer prática que retira o indivíduo do sedentarismo é saudável e faz bem”, diz o doutor Maurício. Outro especialista em artes marciais do Metrô é o engenheiro do departamento de Planejamento Ariovaldo Veiga, de 50 anos. Ele pratica diversas modalidades desde os tempos de faculdade, mas é no tai chi chuan que busca diariamente saúde, sabedoria e qualidade de vida. Há nove anos, Ariovaldo lidera um grupo de adeptos da prática chinesa que trabalham na sede da rua Augusta. “O tai chi chuan traz equilíbrio, melhora a circulação e dá flexibilidade ao corpo”, diz. Além disso, as artes marciais trazem ensinamentos práticos que podem ser aplicados no cotidiano. “Quando surge uma discussão e sou agredido, faço como na luta: deixo a agressão passar, sem me deixar ser atingido por ela”, completa Ariovaldo. ● O engenheiro Ariovaldo (na foto acima, à frente do grupo) é mestre em tai chi chuan Para o doutor Maurício, do Metrô, as artes marciais são uma ótima opção para quem deseja fazer alguma atividade física 13 vida digital fazendo arte... digital O arquiteto Carlão começou meio sem querer a manipular imagens no computador e já expôs até na Bienal O Acima, três exemplos da arte de Carlão 14 arquiteto Carlos Alberto Loureiro, mais conhecido como Carlão, trabalha há 31 anos no Metrô e, há dez, desenvolve uma atividade paralela: faz arte digital. A veia artística de Carlão começou a ser explorada quando ele quis fazer uma camiseta estampada com a foto de sua filha. Para conseguir um efeito especial, começou a manipular a imagem até que ela ficasse formada apenas por sombras. “Penei horrores até conseguir o resultado que queria”, diz Carlão. “Descobri depois que um único comando faria a mesma coisa.” Desde então, a manipulação de imagens em programas como o Photoshop e o Corel Draw virou o principal hobby do arquiteto. Carlão gosta de criar “formas malucas”, abstratas, muitas vezes definidas aleatoriamente pelos softwares que usa. “No Corel Draw, você mexe e fica esperando o resultado, que é meio sem controle”, segundo ele. A liberdade do meio digital o atrai. Às vezes, passa horas criando um desenho, para chegar ao final e apagá-lo. Em outras ocasiões, dá uma nova chance para a obra e continua a mexer e a remexer nela, até que o resultado lhe agrade. Quando gosta mesmo de algum trabalho, Carlão o imprime, emoldura e presenteia amigos e familiares. Duas de suas obras decoram a sala de sua casa. Quando está sem inspiração para criar, Carlão pega referências na Internet. Carlão com algumas de suas obras e sua ferramenta de trabalho, o computador Ele baixa fotos encontradas em mecanismos de busca e trabalha sobre elas. Foi aí que descobriu que, como todo artista que se preze, possui diferentes fases em seu trabalho. No momento, está entretido com uma série de desenhos inspirados nas obras do arquiteto Oscar Niemeyer – seu preferido, até o momento, é uma série que fez sobre o edifício Copan. “O desenho digital permite criar várias versões da mesma ideia”, diz Carlão Carlão já tentou pintar à moda antiga, com tinta e pincel, mas desistiu logo de cara. “A vantagem do desenho digital é a possibilidade de se fazer várias versões do mesmo trabalho, com mudanças de cores, sombras e recortes”, diz Carlão. “Uma mesma imagem pode gerar várias outras.” Ainda que una conceitos de arquitetura e fotografia aos seus desenhos, Carlão o faz de maneira livre e quase acidental. O desgaste mental da organização de ideias, planejamentos e cálculos ele deixa para seu trabalho com a arquitetura. “E com muito prazer”, diz. Seus quadros digitais permitem, segundo ele, bons resultados sem muito esforço. Muitas vezes, no entanto, ele se surpreende ao ver quantas horas passou trabalhando em uma mesma imagem. O hobby que nasceu casualmente acabou levando Carlão a expor, mesmo que por apenas dois dias, na 28ª Bienal Internacional de São Paulo, em 2008. Ele aproveitou a performance do artista Maurício Ianês, que consistia em ficar nu e sobreviver aos dias da exposição contando apenas com o que recebia dos visitantes, para doar uma de suas obras. Carlão levou seu quadro “Fogueira” e acabou ganhando seu espaço na principal mostra de artes do País. ● 15 AÇÃO CULTURAL A instalação “Caleidoscópio”, na Estação Brás, brinca com o reflexo da imagem dos próprios observadores a arte A como diálogo “Caleidoscópio”, obra de Amélia Toledo na estação Brás, brinca com a imagem do próprio observador 16 artista plástica Amélia Toledo, de 84 anos, acredita que uma obra de arte cumpre seu papel quando consegue estabelecer um diálogo com as pessoas que a observam. Seu trabalho “Caleidoscópio”, instalado na Estação Brás desde 1999, faz justamente isso: cria uma relação direta com as milhares de pessoas que passam por ela diariamente. Ninguém que caminha pela estação consegue ficar indiferente à enorme instalação, que conta com 25 peças de aço de 2 metros de altura por 1,25 metro de largura. Dis- postas de maneira a permitir a circulação das pessoas, as placas refletem e distorcem, de forma lúdica, a imagem dos observadores. As placas possuem diferentes tratamentos. Umas são escovadas, outras são polidas, outras tantas são coloridas, o que cria um jogo cromático interessante para quem se aventura pelo interior do caleidoscópio criado por Amélia Toledo. “O visitante faz um percurso entre o real e o virtual e incorpora-se à obra incluindo sua própria imagem distorcida entre os reflexos”, diz a artista. Amélia Toledo (no alto, à direita) se sente realizada quando usuários do metrô interagem com a obra (fotos acima) Veja galeria de fotos completa no site revista.metrosp.com.br Ainda em plena atividade artística, a paulistana Amélia iniciou a carreira aos 13 anos, quando aprendeu a pintar e a modelar com um mestre japonês. Passou parte da infância na Alemanha, o que lhe permitiu um contato direto com os museus europeus. Ela trabalha com os materiais mais diversos. É fascinada por pedras desde criança e utiliza a matéria-prima para fazer desde delicadas joias até gigantescas instalações que ocupam espaços públicos Brasil afora. Amélia não é a única artista da família. Seu filho Moacyr Toledo, com quem às vezes assina peças em parceria, é artista plástico. Sua mãe era desenhista e auxiliava o marido, médico patologista, a registrar suas descobertas científicas. Sua avó produzia peças em alto relevo, das quais ainda preserva algumas em seu ateliê. ● 17 linha do meio ambiente Logotipo do projeto Linha do Meio Ambiente O novo equipamento de lavagem substitui uma máquina que permaneceu em operação por 37 anos em Jabaquara limpo e A sustentável Nova Máquina de Lavar Trem reaproveita até 70% da água utilizada em cada ciclo 18 nova Máquina de Lavar Trem (MLT) do Metrô, que opera no pátio Jabaquara desde abril, tem a capacidade de reutilizar a própria água. “Isso torna o processo ambientalmente mais correto e nos enquadra nas normas estabelecidas pelo ISO 14000 [a principal certificação da área ambiental]”, diz Moysés Magalhães Peitl, engenheiro de desenvolvimento do Metrô e responsável pelo projeto da máquina. O princípio da MLT é o mesmo dos lava-rápidos: o trem é conduzido pelo interior da máquina, onde as composições recebem jatos d’água e sabão e são esfregadas por grandes cerdas rotativas. A água que escorre do trem é recolhida em canaletas e direcionadas a um reservatório de 40 mil litros. A água então é tratada, recebe cloro e fica pronta para um novo ciclo. Apenas no enxágue final do trem é utili- Peitl: ISO 14000 em ação zada água “nova”, o que permite o reaproveitamento de cerca de 70% do que foi gasto em cada lavagem. Antes da chegada da nova MLT, o Metrô utilizava no Jabaquara uma máquina que operou por 37 anos e que possuía menos cerdas e menos mobilidade. “A nova máquina possui uma escova horizontal e seis verticais. Há ainda um pórtico móvel, que lava as máscaras do trem”, afirma Reginaldo Martins, projetista elétrico da Ceccato, empresa que desenvolveu a máquina. O controle é feito automaticamente por um funcionário de uma cabine externa, e cada lavagem demora cerca de vinte minutos. A limpeza da parte interna dos carros é feita diariamente por uma equipe de funcionários que trabalha de madrugada. Os trens são lavados ao longo do dia, nos horários de menor movimento de público nos pátios de suas linhas. A nova máquina deverá ser instalada futuramente também nos pátios de Itaquera e Capão Redondo. para festejar e refletir Metrô faz palestras e recebe certificação no Dia do Meio Ambiente O Dia Internacional do Meio Ambiente – 6 de junho – foi especial para o Metrô. A companhia recebeu da Fundação Vanzolini a certificação da ampliação do escopo do sistema ISO 14001 – o que quer dizer que a área de operações agora também trabalha sob um rígido código de gestão ambiental – e ainda realizou duas palestras no âmbito do programa Linha do Meio Ambiente. Os convidados da Gerência de Meio Ambiente e Sustentabilidade (GMS) foram o economista Sérgio Besserman, da Câmara Técnica de Desenvolvi- mento Sustentável da Prefeitura do Rio de Janeiro e a jornalista especializada Flávia Lippi, que comanda o Instituto de Desenvolvimento Humano Lippi. Besserman falou de sustentabilidade tendo como ponto de partida as cidades e a sociedade, enquanto Lippi tocou na questão da mudança de hábitos individuais. A semana do Meio Ambiente também foi comemorada pela companhia com a distribuição de estojos confeccionados com o material remanescente dos painéis informativos utilizados nas divulgações institucionais do Metrô. O mimo foi batizado de “metrobag” e fez sucesso entre os funcionários. A companhia também organizou dez exposições com o tema "Florestas" para marcar a data. A cerimônia da ISO 14001 contou com as presenças dos secretários estaduais do Meio Ambiente, Bruno Covas, e dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. “Mudança ambiental é mudança de atitude”, disse Covas. “Não vamos conseguir mudar o ambiente se não mudarmos nossos hábitos.” ● 19 capa 20 Integração para valer Com as novas estações Luz e República, a Linha 4-Amarela cria novas possibilidades de conexão para os usuários do Metrô e ajuda a desafogar a rede A torre da Estação da Luz da CPTM é refletida nas instalações da nova estação da Linha 4-Amarela 21 capa inauguração das estações Luz e República da Linha 4-Amarela – prevista para os próximos meses, mas ainda sem data definida – vai, além de beneficiar centenas de milhares de usuários que circulam pela região central de São Paulo, provocar reflexos positivos em toda a malha de transportes da cidade. O perfil integrador do mais novo ramal do metrô – que vai passar a cruzar com a Linha 3-Vermelha na República e já se conecta com a Linha 2-Verde na Paulista e com os trens da CPTM em Pinheiros e, em breve, na Estação Luz, que também terá ligação direta com a Linha 1-Azul – passará a ter efeitos práticos com as duas novas estações. “As estações Luz e República serão os dois principais pontos de transferência da linha”, diz José Eduardo Stavale, chefe da área de sistemas do departamento de construção da Linha 4-Amarela. “As novas alternativas para os usuários certamente vão ajudar a desafogar estações como a Sé e A claraboia garante a iluminação natural na Estacão Luz 22 Paraíso.” Quem vem da Zona Leste, por exemplo, passará a ter a República como alternativa de transferência rumo à Zona Oeste da cidade. Bem como o usuário que parte da Zona Sul já se beneficia da possibilidade de transferência na Linha 2-Verde para acessar a região central. Antes do início das operações das estações Luz e República, que estão em fase final de obras de acabamento, a Linha 4-Amarela tem quatro estações em funcionamento: Butantã, Pinheiros, Faria Lima e Paulista. Quando estiver totalmente concluída, em 2014, a linha contará também com as estações Vila Sônia (que será o terminal na ponta Oeste do trajeto), Morumbi, Fradique Coutinho, Oscar Freire e Higienópolis. No total, serão 11 estações em 12,8 quilômetros de trajeto. A linha começou a operar em maio de 2010, com a abertura do trecho Paulista-Faria Lima. Estima-se que até 840 mil usuários irão utilizar o ramal diariamente, quando ele estiver em operação plena. As estações Luz e República serão duas das mais movimentadas do Metrô já na inauguração. A Estação Luz, que é contígua à histórica estação ferroviária da Luz e integrada à estação Luz da Linha 1-Azul, deverá ter um movimento diário de 104 mil pessoas. A possibilidade de integração com seis diferentes linhas da CPTM garante uma demanda robusta para a estação. Apesar de levarem o mesmo nome, as duas estações Luz do Metrô são independentes entre si, embora sejam conectadas. A nova estação da Linha 4-Amarela foi construída em uma área que antes era ocupada por imóveis residenciais e comerciais, muitos deles em estado bastante depreciado no momento da desapropriação. “O entorno da estação, que é bastante degradado, certamente vai se valorizar muito daqui em diante”, diz Stavale. “A estação faz parte de um projeto maior de reurbanização dessa região.” As estações Luz e República seguem o padrão moderno e agradável da Linha 4-Amarela A estação, que é subterrânea, se integra à cidade na forma de uma praça localizada entre as avenidas Prestes Maia e Brigadeiro Tobias. A área será aberta à passagem da população e só não ocupa o quarteirão inteiro pois dois imóveis tombados precisaram ser mantidos em pé, apesar do péssimo estado de conservação em que se encontram. Há espaço reservado também, em uma das pontas da praça, para a criação de uma galeria comercial. Do nível da rua, vê-se apenas a enorme claraboia que cobre e ilumina a estação. Por dentro, a Estação Luz segue o padrão das novas estações do Metrô: tem luz natural abundante, que chega inclusive às plataformas, localizadas a 31 metros sob o chão, e é decorada em cores claras. A linha de bloqueios é feita com os modelos novos, de chapas de vidro que se abrem para a passagem do usuário. Nas entradas em que há integração com a CPTM ou com a Linha 1-Azul, não há bloqueios, e sim um sistema que conta o número de passantes por infravermelho. O leito do trem, como em todas as outras estações da Linha 4-Amarela, é protegido por portas-plataforma, o que aumenta a segurança dos usuários. 23 capa A Estação Luz foi construída em um terreno arenoso e com muita água, o que trouxe desafios técnicos específicos para o Metrô. Aquela região era, no passado, a várzea do rio Tamanduateí, o que torna o piso bastante instável. “Por causa disso, era preciso endurecer o terreno com o concreto antes de fazer a escavação”, diz Eduardo Cyrino, engenheiro responsável pelo meio ambiente na Linha 4-Amarela. Se, por um lado, a fragilidade da área tornou o processo de escavação mais complicado, por outro permitiu que três poços fossem cavados no local – e não apenas um, como ocorre normalmente. Pelo processo habitual, o espaço aberto pelos poços laterais seria cavado a partir de dentro do poço principal, e não por cima. “Com esse método inovador, conseguimos economizar tempo e dinheiro”, diz Alberto Lima, engenheiro responsável pela construção da Linha 4-Amarela. Grandes vigas foram instaladas entre os poços para dar estabilidade à estação. As obras da Estação Luz começaram em 2005 e envolveram, em seu auge, 700 homens trabalhando simulta- 24 neamente. Assim que os poços terminaram de ser escavados, o shield (equipamento de perfuração mais conhecido como “tatuzão”) chegou à Estação Luz e abriu os túneis. Mas, em termos de desafio técnico, é difícil superar o que aconteceu durantes as obras da nova estação República, que fica sob a praça de mesmo nome. Nesse ponto, o shield precisou passar sobre a estação da Linha 3-Vermelha da República – que foi construída em um nível mais baixo pois à época já havia a previsão da passagem da Linha 4-Amarela. Os pilares existentes, porém, impediam que o gigantesco “tatuzão”, de mais de mil toneladas, passasse por ali. Para que isso ocorresse, foi realizada uma operação conhecida tecnicamente como “transferência de carga”, que envolveu a remoção dos pilares e a criação de uma nova estrutura de sustentação para toda a estrutura. “É como se o shield precisasse passar por dentro de um gol, sendo que ele é mais largo do que as traves”, diz Lima. “O que a gente fez foi ampliar o tamanho do gol, colocando um novo travessão e, depois, As estações Luz e República são integradas com outras linhas do Metrô e com a malha ferroviária da CPTM novas traves.” Falando assim, parece algo simples, mas a operação levou três meses de intensa preparação e meticulosa execução. E a Estação República, que recebe sessenta mil pessoas por dia, jamais deixou de operar durante o processo – a não ser no fim de semana em que o shield atravessou o local, em maio de 2009. A abertura do túnel, enfim, foi um sucesso: prevista para ocorrer em 48 horas, durou apenas 32 horas. Estima-se que a nova estação receba 96 mil pessoas por dia. Ao contrário da Estação Luz, que ocupa um área nova para o Metrô, a Estação República foi construída sobre a estação da Linha 3-Vermelha. “É uma estação dentro da outra”, diz Stavale. Esteticamente, porém, a diferença entre as duas linhas é notável: a nova Estação República segue o padrão da Linha 4-Amarela, com suas tonalidades claras e sua atmosfera moderna. ● A Linha 4-Amarela corta a cidade no sentido Zona Oeste-Centro e terá 11 estações quando estiver em pleno funcionamento 25 próxima estação cheia de luz Iluminação natural e modernidade das instalações impressionam funcionários em visita às obras da estação Luz N o dia 14 de junho, a diretoria de Engenharia e Construções do Metrô organizou uma visita de funcionários de diversas áreas da companhia à Estação Luz da Linha 4-Amarela. “A ideia é que esse grupo tenha o privilégio de conhecer o futuro do Metrô em nome dos nossos quase nove mil funcionários”, diz Carlos Roveri, assessor da diretoria e organizador da visita. O pessoal se reuniu na sede do Metrô da rua Boa Vista pela manhã e, ainda por lá, ouviu uma rápida palestra do engenheiro responsável pela construção da Linha 4-Amarela, Alberto Lima, sobre as obras da estação. Depois todos seguiram até a Estação Luz da Linha 1-Azul, onde um tapume decorado com uma bela foto do túnel do novo ramal ainda a separa das obras da nova estação. 26 Os engenheiros Eduardo Cyrino e Ana Lúcia Cunha receberam o grupo e passaram a dar explicações técnicas sobre a construção da estação (veja reportagem na página 21). O pessoal desceu até o nível da plataforma e, depois, subiu até a praça que servirá de entrada para a estação – como as vinte escadas rolantes ainda não estavam funcionando, os funcionários exibiram sua boa forma física a o percorrer a pé os mais de trinta metros que separam o fundo da estação do nível da rua. Já na praça, puderam notar o contraste entre a modernidade e beleza das instalações do metrô com o degradado entorno da estação. Confira a seguir a impressão de cada um dos visitantes sobre a Estação Luz da Linha 4-Amarela: ive uma impressão muito boa da estação, mas o lado externo assusta um pouco. Acho que terá de ser feito um esforço especial de segurança aqui na área. Lá dentro, o que me chamou a atenção foi a claridade e a facilidade de locomoção. Os espaços são bastante largos e bem iluminados. T que mais me chamou a atenção foi a praça, que tem área verde. São Paulo estava precisando disso. Para mim, que sou funcionário novo, a construção toda me impressionou bastante. É uma construção grandiosa mesmo. o Davi Ambrozio Lóio, engenheiro ambiental estação tem um tamanho impressionante. As vigas são enormes. Em termos de arquitetura, está maravilhosa. Ela é muito clara, a claraboia ficou magnífica. E também vai ser muito útil para quem toma trem aqui na Luz. a Conceição Aparecida Campos Sperandio trabalha no departamento de segurança da gerência de operações Kozo Sugawara, analista de planejamento do departamento de Segurança da Informação estação é muito bonita. Existe um salto em termos estéticos muito grande quando você compara, por exemplo, com a Linha 1-Azul. O povo merece isso, coisas bonitas e funcionais. Aqui também há uma preocupação grande com a sustentabilidade. A luz e a ventilação são naturais. A parte tecnológica também é de ponta. Tudo isso vai trazer mais qualidade de vida para o paulistano, que é, no fim das contas, o objetivo de todos nós do Metrô. a Ayres Rodrigues Gonçalves, engenheiro, trabalhou na construção da Linha 2-Verde A claraboia (foto à esquerda, no alto) garante a luz natural até o nível da plataforma, enquanto a praça sobre a estação (acima) será aberta ao público 27 próxima estação a Estação Luz ficou maravilhosa. É a prova de que o metrô está cada vez mais moderno. A dimensão me impressionou muito. A estação é enorme e a iluminação natural chama muita atenção. chei a estação bonita, é bem iluminada, a concepção dela é nova. A integração com as outras linhas e com os trens é de grande importância para a sociedade. a Rodrigo Daniel Okajima, engenheiro civil da gerência de planejamento ejo um choque tecnológico e cultural. A estação é tão moderna e fica no centro antigo, ao lado de construções históricas como a Pinacoteca e a tradicional Estação da Luz. A construção tem tudo o que há de melhor no mundo hoje. A integração também vai ser muito importante para a população. Integrações estão muito centralizadas, vai ter triangulação das linhas. v Grupo de nove funcionários de diferentes áreas do Metrô visitou as instalações no dia 14 de junho Alessandro Godoy Coelho, engenheiro civil, trabalha no projeto do monotrilho 28 Zilma soares da Silva, secretária da gerência de planejamento qui a tecnologia é de ponta. Essa estação vem ao encontro do desejo do cidadão, do usuário do metrô. É mais uma possibilidade moderna e de qualidade para esse usuário. Quanto mais o metrô cresce, melhor ele atende às pessoas. a José Edmirson Inojosa, trabalha na ouvidoria estação ficou fantástica. É a primeira vez que tenho o prazer de ver uma estação antes de ser inaugurada. Ela é bonita, ampla, não dá aquela sensação de confinamento. a Flavio Luiz Jabbur Ferreira, analista de concepção de projetos da gerência de planejamento ● por dentro do metrô Veja galeria de fotos completa no site revista.metrosp.com.br energia visível Pontos de energização da Linha 5-Lilás ganham sinalização para aumentar segurança O s 8,4 quilômetros de extensão da Linha 5-Lilás ganharam, recentemente, uma nova tecnologia no seu sistema de eletrificação que aumentou a confiabilidade da operação e a segurança para os usuários. Os pontos exatos onde a energia elétrica entra em contato com os pantógrafos que ficam sobre os carros – chamados tecnicamente de zonas de ponteamento da rede aérea – foram mapeados e demarcados com sinais em vermelho fluorescente. Isso permite que os operadores dos trens identifiquem imediatamente os pontos onde há energia, em caso de parada do trem. “Dessa forma, o usuário não sofre os transtornos de eventuais paralisações do serviço”, diz o engenheiro elétrico Eduardo Casado. “As decisões são tomadas de maneira mais rápida, pois há uma comunicação mais ágil entre os operadores de trens e o sistema de eletrificação do Centro de Controle Operacional.” “Quando acontecia alguma pane na rede, os técnicos levavam um tempo muito longo para identificar o ponto exato do problema”, diz Marcos Vicentini, coordenador de gerência de operações. Com o novo sistema, fica mais fácil saber quando o trem está parado em uma região com possibilidade de integração de circuitos elétricos e traçar estratégias mais seguras para a resolução do problema. Além da demarcação com luz fluorescente, há faixas em branco e vermelho a 120 metros de cada ponto de energização. Essa dis- Vicentini e Casado (no alto) em um dos pontos sinalizados; medida facilita o trabalho de gente como o coordenador da central de operações Salvador Gil de Oliveira (na foto do meio), o analista Gildo Coelho de Lima (abaixo, à esquerda) e do operador de trem Laurivaldo dos Reis tância é suficiente para que o operador atue de forma preventiva, parando o trem antes de tocar o ponto de energia em caso de algum problema na rede. Após cada ponto de energia, a sinalização muda para vermelho e amarelo, de forma que o operador esteja sempre ciente de onde está exatamente em relação aos pontos de energização. ● 29 fui, vi e gostei Nelson segue para suas andanças com, no máximo, cinco quilos de material na mochila o andarilho O engenheiro civil Nelson Fernandes da Silva Filho faz questão de incluir longas caminhadas em suas viagens Veja galeria de fotos completa no site revista.metrosp.com.br 30 C ajado na mão para se defender dos perigos ao longo do caminho, chapéu, botas de tecido impermeável e roupas muito leves. Na mochila, vão duas peças de roupa, um casaco, amêndoas, frutas e água – nunca mais do que cinco quilos de material. Afinal, quanto menor o peso nas costas, melhor o desempenho na caminhada e menor o cansaço. A rotina de um andarilho não é nada fácil. A recompensa é que “a cabeça segue leve, os olhos descansam com as paisagens e o estresse fica pelo caminho”, diz Nelson Fernandes da Silva Filho, de 58 anos, engenheiro civil do Metrô e praticante de longas caminhadas desde a década de 1970. Nelson desbrava o interior de São Paulo a pé Caminhar, para Nelson, é uma forma de "deixar o estresse pelo caminho" O desafio de vencer longas distâncias começou quase quarenta anos atrás, quando Nelson e um grupo de amigos que passeavam por Ilha Bela, no litoral de São Paulo, decidiram atravessar a floresta tropical que cobre o local no sentido oesteleste, até a praia dos Castellanos. “Foram sete horas de caminhada. Chegamos à praia no final do dia e tivemos que dormir na casa de um caiçara. Mas toda aventura é bem-vinda quando se tem 19 anos de idade”, diz o engenheiro-aventureiro. Pouco tempo depois, Nelson já estava de novo com a mochila nas costas. Daquela vez, viajou por um mês com seu irmão gêmeo, Edson, de São Paulo até a Bolívia. De São Paulo a Corumbá os dois seguiram de ônibus. Em Puerto Suarez, na Bolívia, pegaram o trem. Naquela época, anos 1970, o “trem da morte” que vai até Santa Cruz de La Sierra, tinha uma estrutura precaríssima. Passageiros e cargas se amontoavam nos vagões. Nelson e o irmão chegaram até o Peru, onde visitaram várias cidades históricas, como Pisac, Cusco e Machu Picchu. “Chegamos ao vale sagrado da civilização inca em pleno inverno. Vi neve pela primeira vez. Guardo até hoje a imagem surpreendente da arquitetura local e da tecnologia usada para o sistema de drenagem. Tudo era fascinante para um estudante de engenharia.” Mochila nas costas entre a Bolívia e o Peru significa tomar banho frio, andar bastante e dormir pouco em pousadas e abrigos. “Mas as paisagens são deslumbrantes”, diz. Nelson faz caminhadas frequentes nas cidades próximas da capital paulista nos finais de semana. O próximo desafio é completar o Caminho da Fé, um percurso de mais de trezentos quilômetros entre Águas da Prata e Aparecida, no interior de São Paulo. Há dois anos, ele fez parte do percurso com o filho, Pedro. Foram três dias de caminhadas entre vales, montanhas e estradas de terra na Serra da Mantiqueira. “Em média, fazíamos sete horas de caminhada por dia. É tempo de sobra para pensar, trocar ideias e vencer obstáculos juntos. Exercitamos a paciência e a resistência ao cansaço. Ganhei algumas bolhas no pé e não consegui chegar até final do percurso. Mas, sem dúvida, fiquei muito mais próximo do meu filho.” Nelson pretende fazer agora mais um trecho do Caminho da Fé, de 86 quilômetros. Desta vez, ele segue viagem com um colega de trabalho. ● 31 caminhos do sucesso o topo pode ser aqui Sentir-se realizado profissionalmente é mais importante do que buscar altos cargos. Talvez você já tenha chegado lá 32 V ocê já parou para se perguntar se gosta do que faz? Se a resposta for sim, considere-se um profissional realizado. Você pode estar no topo da sua carreira e nem se deu conta disso. Para os especialistas em recursos humanos, a dificuldade de entendimento é compreensível. A grande maioria de profissionais associa o ápice da vida profissional à conquista de altos cargos. Mais importante do que isso, porém, é sentir-se bem onde quer que você esteja. “Sucesso na carreira tem mais a ver com estar feliz do que atingir o topo da hierarquia”, diz Regina Camargo, consultora de Recursos Humanos. “Há outros valores que fazem com que as pessoas se sintam realizadas na profissão que escolheram.” O professor americano Brooklyn Deerh, da Universidade de Utah, identificou cinco pontos que orientam as escolhas profissionais, segundo Regina: além da ascensão a novos cargos, há o gosto pelo desafio, a autonomia, a segurança e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Quem opta pela primeira via deve ter clareza se o novo cargo vai permitir que se faça o que gosta. Junto com um salário maior, mais status e poder, vêm outras responsabilidades. “Toda mudança tem um preço. Não se deve idealizar a ascensão”, diz Regina. “Muita gente sofre porque não conseguiu perceber as consequências desse processo.” Para ajudar seus profissionais a descobrir realmente onde querem chegar na carreira, o Metrô criou o programa Gestão da Sucessão. Pela primeira vez na história da empresa, as competências e os potenciais de um grupo de 1,5 mil funcionários estão sendo mapeados. No Roberta e Marise: ascensão profissional não deve ser idealizada futuro, eles poderão ser aproveitados em cargos executivos ou estratégicos na companhia apropriados a seus perfis. Além de criar expectativas de ascensão profissional, o programa está ajudando muita gente a se conhecer melhor e, com isso, a organizar a própria carreira. “O Gestão da Sucessão não é garantia de promoção, mas permite que os participantes ampliem o autoconhecimento e identifiquem no que ainda podem melhorar”, diz a coordenadora de Recursos Humanos do Metrô, Roberta Marino Rosinholi. O programa de Gestão da Sucessão reflete, segundo Roberta, uma mudança na cultura da empresa. Uma mudança gradual, mas que já é sentida no departamento onde trabalha. “Hoje somos mais requisitados”, diz. Segundo ela, nos próximos anos, uma boa parte da atual geração que trabalha no Metrô vai se aposentar. “Precisamos preparar as pessoas que vão continuar levando a empresa pra frente”, afirma. A analista de Recursos Humanos Marise Malzoni Gomes, uma das idealizadoras e líder do programa Gestão da Sucessão, diz que trabalhar no Metrô significa estar sempre sob novos desafios. “O Metrô é dinâmico, está sempre mudando. E nós temos de acompanhar esses movimentos”, afirma Marise. ● 33 meu dinheiro como poupar Por menos que seja a quantia, sempre dá para começar a fazer um pé-de-meia E quilibrar o orçamento familiar é sempre uma árdua tarefa, principalmente quando aparecem os inevitáveis imprevistos. Mas, se você souber conjugar o verbo “economizar” com a ajuda da família, ficará bem mais fácil cobrir os gastos extras. O primeiro passo para quem quiser ter mais folga financeira e não sofrer demais com qualquer emergência é começar a poupar sistematicamente, qualquer que seja a quantia. Um bom começo pode ser a restituição do imposto de renda ou o abono das férias, por exemplo. Por menor que seja a aplicação, o resultado final pode surpreender, diz o especialista em matemática financeira José Dutra Vieira Sobrinho. Ele indica a boa e velha caderneta de poupança para quem quiser começar. “A caderneta não paga imposto de renda na hora do resgate nem tem taxa de administração”, diz o economista. “A previsão da poupança para 2011 é de uma rentabilidade na casa dos 7,5%.” A desvantagem é que se o aplicador sacar o 34 dinheiro fora da data do vencimento mensal da aplicação, ele perde a rentabilidade acumulada naquele mês. O consultor Mauro Halfeld diz que a poupança deve ser reservada apenas para quantias pequenas. Outra opção interessante para quem tem pouco capital de reserva é, segundo ele, o Tesouro Direto (disponível em www. tesourodireto.gov.br), que aceita aplicações mínimas de R$ 200. É um investimento tão seguro quanto a poupança, pois a liquidez é garantida pelo Tesouro Nacional. Os custos também são baixos, comparados a outros produtos financeiros, segundo Halfeld. E há uma série de diferentes possibilidades de investimento, o que exige um certo conhecimento prévio do investidor. “A pessoa investe com objetivos definidos e pode levar em conta fatores como prazo, taxa de juros e risco”, diz Halfeld. Quem tem mais dinheiro sobrando – na faixa dos R$ 5 mil – pode tentar os fundos de renda fixa. Mas é preciso muita atenção e al- Mauro Halfeld guns cálculos para garantir um bom negócio. “Os fundos são conservadores, mas é preciso ficar de olho na taxa de administração cobrada pelos bancos”, diz Halfeld. O economista Dutra Sobrinho fez as contas e concluiu que os fundos de renda fixa não valem a pena quando a taxa cobrada for igual ou superior a 2,5% ao ano. “Nesse caso, sitivo dos fundos é a possibilidade de saque a qualquer momento sem perdas – ao contrário do que acontece na poupança. O rendimento, nesse caso, é integral até o momento do saque. Quem tem quantias maiores para investir consegue condições melhores nos fundos. Basta negociar com o gerente a diminuição da taxa Tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. É professor universitário e colunista de finanças da revista Época e da rádio CBN. José Dutra Vieira Sobrinho Para quem está começando com pequenos valores, a poupança é sempre a melhor opção é melhor ficar mesmo com a poupança.” Outro detalhe importante é que, nos fundos, o investidor paga imposto de renda sobre a rentabilidade – a alíquota varia de 15% a 22,5%, de acordo com o tempo do investimento. Ou seja: nesse caso, deixar o dinheiro parado acaba sendo uma vantagem. Outro ponto po- de administração ou mesmo a aplicação em papéis emitidos pelo próprio banco – os chamados DIs (Depósitos Interbancários) ou os Certificados de Depósitos Bancários, (CDBs). É importante observar ainda se a instituição financeira é de primeira linha, pois o risco do investimento está atrelado diretamente à saúde financeira do banco. ● É professor de matemática financeira e colabora com diversos veículos de comunicação. 35 memória L Luiz Henrique (acima) com sua coleção de bilhetes; Nelson também guarda preciosidades acervos particulares Os colegas Luiz Henrique e Nelson Alonso são apaixonados pela companhia a ponto de manterem coleções próprias de objetos alusivos à história do Metrô 36 uiz Henrique Alves Madeira, de 53 anos, é apaixonado por trens desde criança. “Entre um Autorama e um Ferrorama, sempre preferi o Ferrorama”, diz. Nascido e criado em Guaxupé (MG), ele foi iniciado no universo ferroviário logo cedo, por um padrinho que era maquinista da extinta Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. A fascinação infantil com a ferrovia virou profissão e hobby. Com 33 anos de Metrô, o atual supervisor de tráfego do pátio Jabaquara é, além de funcionário dedicado e apaixonado pelo que faz, um historiador amador da companhia e da história do transporte ferroviário no Brasil e no mundo. Ele guarda, entre outros objetos, uma coleção com cerca de setenta bilhetes do metrô de São Paulo e de cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Buenos Aires e Nova York. “Quando alguém viaja para o exterior e pergunta se quer que traga alguma coisa, eu sempre peço tíquetes de metrô.” Seu acervo conta com bilhetes utilizados nos testes da inauguração da Linha 1-Azul, em 1974, e da Linha 2-Verde, nos anos 1990, vários diferentes tipos de tíquetes de serviço e modelos emitidos em datas comemorativas, como o aniversário de 450 anos de São Paulo, em 2004. Também há uma série de bilhetes escolares, de idosos e de integração com outros sistemas de transportes. “Dá para contar a história do Metrô”, diz Luiz Alves, manipulando a pasta onde guarda suas preciosidades. Os bilhetes dos primórdios do Metrô são especialmente interessantes, pois trazem o dia e o horário em que poderiam ser utilizados por usuários convidados a conhecer o sistema. Um dos exemplares da coleção traz a data de 23 de março de 1974 e o horário em que ele poderia ter sido utilizado: 16h45. Luiz Henrique se lembra muito bem que esses horários eram respeitados à risca, embora ainda nem fosse funcionário do Metrô. “Eu cheguei a pegar um bilhete desses, mas eu morava longe e não tinha como vir na data marcada.” Também é curioso observar como as mensagens aos usuários estampadas nos tíquetes mudam ao longo dos anos. Nos primeiros anos da operação, mas mensagens eram educativas de como utilizar os trens – uma delas dizia, por exemplo, para se respeitar o toque da campainha que aponta o fechamento das portas. Mais para o final dos anos 1970, quando o País vivia uma escassez de combustível, os bilhetes incentivavam as pessoas a economizar gasolina. O colecionador começo a juntar os bilhetes logo que entrou no Metrô e não parou mais. Os modelos mais antigos foram doados por funcionários que sabiam do interesse dele. Luiz Henrique coleciona também fotos de trens e metrôs do mundo todo. Já tem cerca de oito mil imagens em seu acervo. Ele também guarda outros objetos alusivos ao metrô, como a medalha distribuída para os funcionários na inauguração da Estação Sé e um chaveiro com os dizeres “Nós construímos o Metrô”, distribuído em 1974. Quem também mantém um acervo próprio de objetos históricos do metrô é Nelson Alonso, de 58 anos, coordenador de manutenção de linha permanente da Linha 3-Vermelha no pátio Itaquera. Funcionário desde março de 1974, ele guarda medalhas e broches comemorativos emitidos pela companhia em diferentes épocas. Mas o grande destaque de sua coleção é uma peça provavelmente única: um crachá emitido pelo Exército para controlar o acesso à visita do então presidente Ernesto Geisel à Linha 1-Azul, em março de 1975. “Era época de ditadura, então o controle era super rígido”, diz Nelson. “O Geisel chegou a desistir de percorrer um trecho da linha porque havia suspeita de bomba.” Na época, Nelson era técnico de manutenção responsável pelo funcionamento das escadas rolantes. O problema é que, bem na hora que a comitiva presidencial chegou à Estação Santana, que estava sendo inaugurada, a escada de acesso à plataforma parou de funcionar. Nelson entrou no fosso do aparelho e, manualmente, fez com que a escada voltasse a operar. “O Geisel passou por cima de mim”, diz Nelson. Por ter ficado longe da vista dos militares, ele não teve seu crachá requerido de volta. O curioso é que, além de dizer que “é obrigatório o uso dessa identificação ostensivamente”, o crachá informava claramente que “seria recolhido para fins de controle” após a cerimônia. Só sobrou o do Nelson para contar a história. ● Os bilhetes e o crachá históricos ajudam a contar a história do Metrô Veja galeria de fotos completa no site revista.metrosp.com.br 37 vou de metrô É Beto e Simon desembarcam na Estação Marechal Deodoro uma dupla muito especial O deficiente visual Beto conta como é usar o Metrô diariamente com a ajuda de seu cão-guia Simon 38 manhã de segunda-feira na estação Palmeiras-Barra Funda do metrô e uma cena chama a atenção: um homem e seu cachorro seguem em direção às escadas rolantes para pegar o trem, acompanhados por olhares curiosos. Algumas pessoas desviam, outras interrompem a caminhada para observar melhor e muitos abrem espaço para a dupla, que segue em frente com passos precisos. O homem é um deficiente visual e o cachorro que o acompanha é quem indica o caminho. Quem está por perto consegue ouvi-lo dando instruções ao cão, em inglês: “Find the escalator, Simon. Good boy!” (“Encontre a escada rolante, Simon. Bom garoto!”). Simon é um labrador retriever de sete anos que foi treinado para ser cão-guia em uma escola americana – por isso responde melhor a comandos em inglês. Todos os dias, conduz Alberto Pereira, de 35 anos, conhecido como Beto, para onde quer que ele precise ir. Durante a semana, os dois saem diariamente de Jundiaí, onde moram, chegam de ônibus à Barra Funda e seguem até a Estação Marechal Deodoro, próxima ao trabalho de Beto. No Metrô, o acesso de cães guia é liberado desde meados da década passada. Beto e seu escudeiro Simon são bem conhecidos e por todos os funcionários que trabalham nas estações – uma situação que se repete em outras estações, com outros deficientes visuais que também se utilizam de cães para se locomover pela cidade. Uma leve e imperceptível parada de Simon avisa Beto que o próximo passo é o degrau de uma escada; ao entrar um pouco em seu caminho ou afastar-se de seu condutor, Simon mostra para qual lado Beto deverá virar. No metrô, os dois chegam com bastante segurança e precisão à beira da via e param sempre antes da linha amarela. Quando o trem chega, entram juntos e, ao ouvir “find a chair” ("encontre uma cadeira"), Simon guia Beto até um assento livre. Por terem a enorme responsabilidade de conduzir pessoas que não enxergam, os cães-guia precisam estar concentrados em seu trabalho e nunca devem ser distraídos, a não ser que o deficiente visual permita. “Antes de brincar ou passar a mão no cachorro, a pessoa tem que pedir autorização. Quando o cão está nos guiando, qualquer distração pode se tornar um problema”, afirma Beto. Também não deve ser oferecido nenhum alimento aos cães-guia, pois eles seguem dietas rigorosas para manter a saúde. “Ele foi treinado para ignorar as pessoas, mas como todo cachorro, se algo for oferecido a ele, a possibilidade dele pegar é razoável”, comenta Beto. Saindo do metrô, Simon e Beto andam por cerca de cinco quarteirões até chegar ao trabalho de Beto, que é consultor em inclusão e acessibilidade na organização não-governamental LaraMara, de apoio a deficientes visuais. Beto perdeu completamente a visão aos 13 Depois de sair do metrô, a dupla caminha alguns quarteirões até o trabalho de Beto anos de idade e é guiado por Simon há quatro anos. Locutor por formação, trabalhou por várias rádios do interior antes de ingressar na LaraMara, instituição que conheceu ao fazer um curso de computação. Beto começou a cogitar a ter um cão-guia em 2005, quando ajudou os profissionais da TV Globo na criação do personagem deficiente Jatobá para a novela América. Jatobá tinha um cão-guia, o que despertou o interesse de Beto na possibilidade de também ganhar um companheiro que o ajudasse nas tarefas do cotidiano. Há quatro anos e meio, Beto se candidatou no Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social (Iris) para receber um. Após três meses de avaliações, ele recebeu Simon de uma escola do estado de Michigan, nos Estados Unidos. Desde então, ambos são inseparáveis em jornadas pelo Brasil e pelo mundo, em viagens que Beto faz para dar palestras sobre inclusão social de deficientes visuais. “Temos uma cumplicidade muito grande, quase telepática. Ele hoje é indispensável na minha vida”, diz. O cão-guia trabalha até aproximadamente dez anos de idade. Depois disso, começa a ter problemas de visão e audição e é recomendado que ele se aposente. Nessa hora, o usuário tem três opções: devolvê-lo à escola que o doou, encontrar uma família que queira cuidar dele ou ficar com o cão, mesmo que ele não seja mais utilizado como guia. Beto já decidiu que vai ficar com Simon, sem dúvida. “Por toda a dedicação que recebi, pretendo retribuir até o fim da vida dele.” ● 39 do lado de fora muito além da Catedral Faça um revelador passeio pelas igrejas e capelas do entorno da Estação da Sé A Detalhe de um dos vitrais da Catedral da Sé Veja galeria de fotos completa no site revista.metrosp.com.br 40 Praça da Sé é o marco zero de São Paulo, sede de uma das principais catedrais do País, um dos pontos mais movimentados da cidade e, é claro, abriga a maior e mais concorrida estação do metrô. Pergunte, porém, a qualquer um dos milhões de paulistanos que circulam por lá a origem do nome “Sé”. Pouquíssimos vão saber informar que o nome deriva da expressão em latim “sedes episcopali”, ou sede da igreja, em português. A vocação religiosa da região – que concentra também um vigoroso comércio popular e diversas instituições de serviço público, como o Poupatempo e o fórum da Praça João Mendes – vai muito além da majestosa Catedral da Sé, inaugurada em 1954 após quatro décadas de construção. O entorno da praça conta também com duas igrejas e duas capelas de grande valor histórico e arquitetônico. Em meio à atmosfera sempre caótica do centro da cidade, descobrir e visitar a paz que reina nas igrejas do entorno da Sé é um passeio e tanto – mesmo para quem não professa a fé católica. A Igreja da Ordem Terceira do Carmo, por exemplo, localizada a pouco mais de duzentos metros da Praça da Sé, na avenina Rangel Pestana, data originalmente do século XVI e possui uma importante coleção de arte sacra do período colonial. O templo é tombado pelo Instituto Artístico e Histórico Nacional (Iphan). A Igreja de São Gonçalo, por sua vez, foi construída em taipa em 1724 e sobreviveu firme às inúmeras transformações urbanísticas pelas quais São Paulo passou. Ela fica na Praça João Mendes, logo atrás da Catedral da Sé. Perto dali, na rua Tabatinguera, fica a Capela do Menino Jesus e Santa Luzia, construída em estilo neogótico em 1901. A capela foi construída a pedido de uma grande dama da sociedade paulistana da época, chamada Anna Maria de Almeida Lorena Machado. Ela resolveu fazer o templo após ter sobrevivido a um naufrágio que a trazia de volta de uma viagem à Europa. Outro local que vale muito a pena visitar é a Capela Padre Anchieta, que fica no Pátio do Colégio, o local de fundação da cidade que fica a poucos metros da Sé. Além do templo, funciona no local o Museu Padre Anchieta, que apresenta relíquias dos jesuítas e uma impressionante coleção de arte sacra. As igrejas e capelas da Sé são testemunhos históricos de uma região que passou por profundas transformações ao longo das décadas. A principal delas, nos anos 1970, foi motivada pela construção da Estação Sé do metrô. A região toda foi reurbanizada, em um processo que envolveu inclusive a primeira implosão de um prédio realizada na América Latina. O edifício Mendes Caldeira, de trinta andares, veio abaixo em poucos segundos. “Foi uma ousadia técnica para a época”, diz o engenheiro Luiz Carlos de Assis, que trabalhou nas obras da estação a partir de 1975. Durante as escavações, foram encontradas ossadas do antigo cemitério da Igreja do Carmo, o que assustou muita gente. “Tinha funcionário que não queria mais trabalhar lá”, diz Assis. O proces- Em sentido horário, as igrejas: Da Ordem Terceira do Carmo, Padre Anchieta, São Gonçalo e Menino Jesus e Santa Luzia so de impermeabilização e o uso de sistema de bombeamento de concreto na construção da Sé também ficaram para a história da engenharia do metrô, pela quantidade de material utilizado: 2,8 mil metros cúbicos de concreto. A obra incluiu a pavimentação, a reurbanização e o paisagismo das praças da Sé e Clóvis Bevilaqua. Trinta e três anos depois de inaugurada, a Estação Sé permanece grandiosa, não só em tamanho, mas também em movimento. Por lá, passam diariamente 652 mil usuários, entre embarques e transferências. Contabilizado o total de desembarques na estação, o número sobre para 735 mil pessoas. ● 41 olhar artístico o destino na janela do trem No cartaz, um trem separa os protagonistas M artin é um pianista solitário e atormentado. Vive uma profunda crise pessoal, da qual não sabemos a origem. Para fugir de (ou enfrentar) seus demônios, resolve criar um jogo no qual coloca seu destino em questão. Funciona assim: ele traça uma rota prévia no metrô e, ao entrar no trem, escolhe uma mulher. Se ela seguir exatamente o roteiro previsto, o jogo está ganho. O destino de ambos terá caído na armadilha criada por Martin. 42 O filme “Jogo Subterrâneo”, de 2005, tem o Metrô como cenário e personagem de uma trama cheia de mistérios e surpresas A realidade, é claro, não funciona exatamente da maneira prevista pelo pianista, que acaba tendo encontros atribulados com mulheres misteriosas e fascinantes como a tatuadora Tânia, a prostituta Ana e a escritora deficiente visual Laura. A trama do filme “Jogo Subterrâneo”, dirigido por Roberto Gervitz em 2005, leva o espectador a uma viagem pela mente doentia de Martin (interpretado por Felipe Camargo) e pelas estações, túneis e trens do metrô de São Paulo, onde foi rodado. Grande parte do filme – especialmente sua primeira hora – tem o metrô como cenário e personagem do enredo. O diretor não tem nenhuma intenção, porém, em parecer realista. Tanto a história quanto a participação do metrô no filme são de interpretação absolutamente livre. A “licença poética” adotada por Gervitz leva Martin, por exemplo, a seguir placas das fictícias Linha Amarela e Linha Lilás em uma estação da cidade...”. Em outro trecho notável, o personagem de Cortázar diz a Ana que “não é possível que nos separemos assim, antes de nos termos encontrado.” O autor argentino, porém, limita-se a descrever o jogo, sem detalhar o perfil do protagonista. As características de Martin e das mulheres com as quais ele se encontra foram criadas por Gervitz e pelo roteirista Jorge Durán. O conto de Cortázar pode ser encontrado no livro “Octaedro”, cuja edição mais recente em português é a da editora Civilização Brasileira, de 2005. O livro está esgotado, mas cópias usadas podem ser achadas facilmente no site Estante Virtual (www. estantevirtual.com.br). Já o filme de Gervitz saiu em DVD e está disponível na 2001 Vídeo (www.2001video.com.br) para locação ou venda. ● Para o diretor Gervitz, filmar no Metrô foi um desafio crédito: VALÉRIA GONÇALVEZ/AGÊNCIA ESTADO/AE/Código da imagem: 87828 Linha 2-Verde (a Linha 4-Amarela não existia à época das filmagens, enquanto a Linha 5-Lilás não se encontra com a Linha 2-Verde em nenhum ponto). Em outras ocasiões, Martin embarca na estação de uma determinada linha e, aparentemente sem ter feito transferência, surge em outro ramal. Mas as imprecisões que podem incomodar um pouco quem conhece bem a malha paulistana são absolutamente perdoáveis, pois Gervitz aproveita muito bem a arquitetura e a atmosfera do metrô para desenvolver sua história. “O metrô de São Paulo é super hi-tech, é tudo muito pensado”, diz o diretor na entrevista que acompanha o DVD da obra. “A coisa fria das estações faz um contraponto à história de amor.” À época do lançamento, os críticos foram especialmente elogiosos com a atuação dos atores principais – além de Felipe Camargo como protagonista, “Jogo Subterrâneo” traz belas interpretações de Daniela Escobar (como Tânia), Maria Luisa Mendonça (Ana) e Julia Lemmertz (Laura). O filme foi rodado nos intervalos da operação, durante as madrugadas. “Tinha que ser tudo muito rápido e eficiente”, disse Gervitz sobre o desafio de filmar no metrô. “Tínhamos apenas quatro horas de trabalho por noite.” A companhia, inclusive, aparece nos créditos como apoiador da realização do filme. A obra de Gervitz é baseada no conto “Manuscrito achado num bolso”, do escritor argentino Julio Cortázar (1914-1984). Originalmente, a história se passa nos subterrâneos de Paris, onde o autor morou a maior parte de sua vida. No texto, o protagonista (que no livro não tem nome) acredita que uma “...vidraça de janela no metrô podia me trazer a resposta, o encontro com uma feli- agenda legal programação julho 2011 FILE PAI – Paulista Avenida Interativa Crédito: Lawrence Malstaf/Galerie Fortlaan 17, Gent (B) ESTAÇÕES: BRIGADEIRO | TRIANON-MASP | CONSOLAÇÃO | VILA MADALENA – de 18 a 28 O FILE PAI pretende destacar a importância da arte pública interativa, a fim de compreender e absorver os novos fenômenos sociais proporcionados pela tecnologia. São trabalhos que se diversificam nas várias áreas da cultura digital, uma das principais tendências e movimentos da contemporaneidade. Nesta edição, o FILE PAI traz um novo evento chamado ANIMA+, que mostra projetos clássicos e experimentais de diferentes gêneros de animação. Na obra Shrink, do artista belga Lawrence Malstaf, o corpo fica suspenso verticalmente, embalado a vácuo Em 2010, o FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – lançou o FILE PAI (Paulista Avenue Interactive), um projeto de arte pública digital que ocupou vários espaços na Avenida Paulista, com obras de arte interativas. O evento atraiu mais de oitocentos mil visitantes e este ano está de volta. PATROCÍNIO: Santander e Lei de Incentivo à Cultura – MinC INSTITUIÇÕES PARCEIRAS: Santander Cultural, FIESP e SESI REALIZAÇÃO: FILE – Electronic Language International Festival – www.file.org.br CURADORIA: Ricardo Barreto e Paula Perissinotto 44 Cena de “Marionettes”, filme de Tamas Waliczky, Hungria linha 1 - azul ESTAÇÃO JARDIM SÃO PAULO O FUTURO DA AMAZÔNIA – 10 a 31 O objetivo desta exposição é trazer ao público, em um ensaio didático e otimista, registros das belezas paisagísticas, da biodiversidade e das ameaças que pairam sobre a maior floresta do planeta. FOTÓGRAFO: Araquém Alcântara CURADOR: Matthew Shirts PATROCÍNIO: Abril, CPFL Energia, Bunge, Petrobras, Grupo Camargo Corrêa e Caixa REALIZAÇÃO: Planeta Sustentável e National Geographic APOIO: Virada Sustentável ESTAÇÃO LUZ SILENCIOSO CONTAR – 10 a 31 Esta série de fotografias apresenta cenários rotineiros com ações atemporais e causas subjetivas. O objetivo é mostrar as relações de tempo, espaço e intensidade que construímos com nossos sentimentos. A leitura pode se aplicar ao tempo de agora e de ontem, aos lugares de dentro e de fora; à muita ou pouca intensidade. FOTÓGRAFA: Karen Montija PRODUÇÃO EXECUTIVA: Rose de Paulo CURADORIA: Mali Frota Villas-Bôas REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo e Galeria Mali Villas-Bôas ESTAÇÃO SÃO BENTO NEM TUDO ACABA EM PIZZA – 1º a 31 As obras foram criadas em caixas de pizza, com a técnica do “virando do avesso”, movimento criativo dos artistas e artesões para despertar um olhar para a reciclagem por meio da Arte. ARTISTAS DA OFICINA VIRANDO DO AVESSO PRODUÇÃO: Kaká de Andara e Rose de Paulo PATROCÍNIO: Virando do Avesso e Instituto Mais REALIZAÇÃO: Chiron Produção APOIO: www.fibops.com.br e www.versaocultural.blogspot.com ESTAÇÃO SANTA CRUZ – Vitrine Lasar Segall FLORESTAS DE SEGALL – 10 a 31 O tema das florestas ocupou os últimos anos de vida de Segall, motivando o surgimento de pinturas, aquarelas e desenhos inspirados em suas recordações da terra natal, Vilna (Lituânia), e nos longos períodos que passou em Campos do Jordão – SP. Na exposição, podemos observar algumas reproduções desse importante período criativo do artista e vivenciar uma experiência artística caracterizada por uma grande carga simbólica, de ritmos e de cores. REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo e Museu Lasar Segall rani Tenonde Porã está inserida na APA Capivari-Monos, na região sul da capital, e possui cerca de 900 habitantes. As legendas das obras são trechos de "O Guarani", de José de Alencar. FOTÓGRAFO: J. Andrade – "www.jotandrade.com APOIO: Aldeia Tenonde Porã REALIZAÇÃO: Agência Ambiental Pick-upau www.pick-upau.org.br PATROCÍNIO: FEMA, SVMA e PMSP ESTAÇÃO VILA MADALENA DIVERSIDADE DAS FLORESTAS BRASILEIRAS – 10 a 31 linha 2 - verde ESTAÇÃO SACOMÃ O BRASIL QUE FAZ – 10 a 31 O objetivo da artista em suas telas é apresentar gente simples; pessoas que, fora do circuito do poder, da fama, dos palcos e cenários, fazem a vida dar seus saltos, trabalham para a evolução do nosso povo. ARTISTA: Silvia Contardi PRODUÇÃO EXECUTIVA: Rose de Paulo CURADORIA: Mali Frota Villas-Bôas REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo e Galeria Mali Villas-Bôas ESTAÇÃO ANA ROSA MEIO AMBIENTE E SAÚDE: O DESAFIO DAS METRÓPOLES – 10 a 31 Ao mostrar imagens dos problemas ambientais urbanos da metrópole, a exposição pretende induzir o espectador a refletir sobre como a cidade interfere na saúde de seus moradores e que “Mudança Inspira Mudança”. REALIZAÇÃO: Instituto Saúde e Sustentabilidade – www. saudeesustentabilidade.org.br PATROCÍNIO:Grupo Raia, Saraiva, Enterpa, Clínica Medicina da Mulher e Fakiani Construtora APOIO: Virada Sustentável ESTAÇÃO PARAÍSO VILLAS – GUARANI M'BYA TENONDE PORÃ – 10 a 31 A exposição mostra o cotidiano da maior aldeia indígena da cidade de São Paulo. A Terra Indígena Gua- Utilizando-se de pesquisas e observações pessoais, o artista procura mostrar, em uma série de 10 obras, uma visão panorâmica das florestas regionais brasileiras e suas mais diversas fontes naturais. As pinturas são todas a óleo em tela de algodão. ARTISTA: Nerival Rodrigues – [email protected] ESTAÇÃO TRIANON-MASP – Vitrine do MASP VIDA DE CÃO – 10 a 31 Instalação que discute, por meio de uma narrativa em três cenas, o confinamento e a ânsia pela liberdade. Foi realizada inicialmente no ano de 2001, em São Paulo, para a mostra "48 horas" e refeita em 2010, para o "Salão Nacional de Itajaí", em Santa Catarina. ARTISTA: Eduardo Verderame – www.everderame.wordpress.com CURADORIA: Regina Silveira REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo e MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand ESTAÇÃO CLÍNICAS PLATAFORMA CIDADES SUSTENTÁVEIS – 10 a 31 O século XXI revelou a Era Urbana, quando a população mundial passou a se concentrar majoritariamente nas cidades. Pautar a sustentabilidade nas cidades é um grande passo para construirmos um novo paradigma de desenvol- 45 agenda legal linha 3 - vermelha ESTAÇÃO TATUAPÉ MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA – 1º a 31 crédito: site www.silviogalvao.com.br vimento. Hoje, várias alternativas podem ser adotadas para melhorar a realidade do planeta. A exposição mostra imagens de experiências bem-sucedidas em algumas partes do mundo. REALIZAÇÃO: Rede Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, Rede Nossa São Paulo e Fundação Avina – www.cidadessustentaveis.org.br APOIO: Virada Sustentável ESTAÇÃO TRIANONMASP – Vitrine do MASP CARRO DE MÃO – 10 a 31 Sobreposição de desenhos feitos com carvão sobre papel japonês ultrafino (tissue paper), distribuídos em quatro folhas penduradas paralelas ao vidro, mas não alinhadas. Uma sequência de desenhos que simulam o deslocamento de um carro de mão, como frames sobrepostos de um filme que mostra o movimento dos carros tracionados por catadores de lixo pelas ruas da cidade. ARTISTA: Renata Pedrosa – www.renatapedrosa.com.br CURADORIA: Regina Silveira REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo e MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand linha 5 - lilás ESTAÇÃO LARGO TREZE FLORESTAS – 10 a 31 As obras dos 12 artistas, trabalhadas em diferentes suportes de papel e com diferentes técnicas, nos fazem refletir sobre os nocivos impactos que provoca a inadequada exploração florestal. O objetivo é alertar, com recursos plásticos e visuais, para a exploração florestal sem o devido manejo dos recursos naturais. ARTISTAS DO GRUPO OKA – www.okaarte. wordpress.com – [email protected] CURADORIA: Oscar D'Ambrosio 46 Nas roupas, bordados e adereços, foram utilizados materiais reciclados e reutilizados, como garrafas PET, CD's e lacres de alumínio O artista Sílvio Galvão trabalhou no departamento de cenografia da TV Cultura como chefe de efeitos especiais. Para a realização das esculturas de Mestre Sala e Porta Bandeira, foram feitos estudos e pesquisas de materiais para atingir o efeito “hiper-realista” das peças. CRIAÇÃO: Silvio Galvão – www.silviogalvao.com.br | MESTRE ARTESÃO: Sandro Rodrigues | EXECUÇÃO: COOPERAACS [email protected] | REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo ESTAÇÃO SÉ OLHARES SOBRE A ÁGUA E O CLIMA – 10 a 31 Exposição de algumas imagens vencedoras do primeiro concurso homônimo de foto e vídeo, realizado em 2010, que teve como objetivo retratar a água e o clima em suas mais diversas manifestações. A proposta é incentivar a sociedade a refletir sobre a necessidade de preservar a água e cuidar do clima. REALIZAÇÃO: WWF-Brasil – www.wwf.org.br, Grupo HSBC www.hsbc.com.br e ANA – Agência Nacional de Águas – www.ana.gov.br APOIO: CET-Água e Virada Sustentável ESTAÇÃO SÉ VILA ZELINA – BAIRRO LESTE EUROPEU DE SÃO PAULO – 10 a 31 A exposição do bairro de Vila Zelina mostra imagens desde a sua fundação, em 27 de outubro de 1927 até os dias atuais. Fundado por 11 comunidades, imigrantes do leste europeu, o bairro preserva, ainda hoje, os aspectos da cultura de seus países de origens. PATROCÍNIO: Slaviantours – www.slaviantours. com, Revistaria Rosa Mística – lcdamaral@terra. com.br, Colégio Franciscano São Miguel Arcanjo – www.colegiosaomiguel.com.br APOIO: Subprefeitura da Vila Prudente REALIZAÇÃO: Associação dos Moradores do Bairro de Vila Zelina - AMOVIZA – www.amoviza.org.br ESTAÇÃO BRÁS ATLÂNTICA – DOS ÍNDIOS A NÓS – 10 a 31 Com destaque para a flora, a exposição apresenta detalhes da Mata Atlântica pertencente à Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos, classificada como Floresta Ombrófila Densa Montana. As imagens foram feitas em regiões ainda pouco habitadas e ao longo da Represa Billings. FOTÓGRAFO: J. Andrade – www.jotandrade.com APOIO: Terra Indígena Guarani Tenonde Porã REALIZAÇÃO: Agência Ambiental Pick-upau – www.pick-upau.org.br PATROCÍNIO: FEMA, SVMA e PMSP causos do metrô Histórias dos funcionários do Metrô o cachorro tem dona Por José Edmirson Inojosa H á algum tempo, um cão sem dono perambulava pelas redondezas da Estação Sacomã. Fazia ponto em frente à estação e botava medo nos transeuntes e usuários com sua aparência assustadora, cheio de sarna e feridas por todo o corpo. Ele era manso, nunca ameaçou ou atacou ninguém, mas realmente seu estado físico lastimável causava medo nas pessoas. A prefeitura foi acionada para recolher o cachorro, mas ele deu um baile nos agentes do Controle de Zoonoses. Ele continuava a aparecer na estação, mas sem horário certo. Enfim, a Zoonoses conseguiu localizá-lo, mas não o capturou por estar sem espaço físico para abrigá-lo. Uma ONG de proteção de animais, a Projeto Natureza em Forma, acabou recolhendo o cão. Ele foi medicado, vermifugado, chipado e castrado. Foi quando descobrimos que o cão, na verdade, tinha uma amiga protetora que mora nas redondezas da estação, a dona Marli. Ela estava desesperada com o sumiço do animal e ficou feliz em saber que o seu Negrão estava sob cuidados veterinários. Assim que ele tiver condições físicas, ela vai adotá-lo em definitivo. O Negrão é um cachorro de sorte. o silêncio das línguas cansadas por roberto de lacerda O Metrô muitas vezes nos concede alegrias inesperadas. Um usuário de óculos escuros se aproximou de mim, na Estação Tiradentes, e me pediu dois bilhetes. Quando lhe entreguei os tíquetes e o troco, disse assim: – Eu também quero o silêncio das línguas cansadas... Ele tirou os óculos e, com os olhos começando a lacrimejar, me disse: – Foi uma das mais belas abordagens que já recebi. Todos vocês do Metrô são assim? Respondi que muitos de nós somos dotados de alta sensibilidade. O compositor Zé Rodrix agradeceu, recolocou os óculos e foi embora pensativo. Ele é o autor da canção “Casa no Campo”, imortalizada por Elis Regina e da qual eu tirei a frase com que o saudei. Poucos meses depois desse encontro, Zé Rodrix morreu prematuramente, aos 52 anos, em 2009. José Edmirson Inojosa e Roberto de Lacerda são funcionários do Metrô. Contribua com suas histórias enviando seus causos para [email protected]. 47 Confira também nesta edição de Metropolis: A artista Amélia Toledo fala sobre a instalação “Caleidoscópio”, que fica na Estação Brás Os causos do Metrô, contados pelos próprios funcionários Opções de lazer no entorno da Estação Sé U m guia básico de investimentos metropolis a revista corporativa do metrô