- Câmara de Comércio Americana

Transcrição

- Câmara de Comércio Americana
Entrevista  Wärtsilä Brasil:
Robson Campos fala sobre os
planos da empresa no País
Brasil Urgente  Perspectivas
para 2012 das relações entre
Brasil e Estados Unidos
Radar  À espera da criação
do marco regulatório para os
resíduos eletroeletrônicos
Revista da
Câmara de
Comércio
Americana
para o Brasil
Desde 1921 nº273
jan/fev 2012
A vez do Brasil
Como o País se tornou parte da solução para a crise global
editorial
Neste contexto conturbado, o Brasil se apresenta como uma das alternativas mais interessantes para os investidores internacionais, o que
nos coloca no centro das atenções.
Com o acentuado crescimento nas relações comerciais com outros
mercados, especialmente a China, hoje efetivamente um dos principais
motores da economia mundial, o Brasil ganha espaço na governança
internacional e passa, por outro lado, a ser alvo de uma análise cada vez
mais apurada por parte do chamado mundo desenvolvido.
Nesta edição procuramos, conforme indica o tema de capa, abordar essas questões, inclusive sob o ângulo das relações bilaterais com
os Estados Unidos e suas repercussões, com uma análise do diplomata
Luiz Augusto de Castro Neves.
Na tradicional entrevista, ouvimos Robson Campos, diretorpresidente da Wärtsilä Brasil, empresa de capital originalmente finlandês que vem ampliando cada vez mais a presença no País, já que
identifica aqui uma das mais altas taxas de investimento para os negócios, com o fornecimento de equipamentos de grande porte para
o setor energético.
Temos ainda um artigo sobre a Etiópia, uma das economias que
mais crescem no continente africano, refletindo também uma mudança geográfica importante no cenário de investimentos internacionais
para os próximos anos.
Boa leitura!
divulgação
Editora-chefe e jornalista responsável
Andréa Blum (MTB 031188RJ)
[email protected]
Colaboraram nesta edição:
Fábio Matxado (edição de arte), Giselle Saporito,
Guilherme Zabael e Tom Cardoso (texto), Luciana
Areas (foto) e Luciana Maria Sanches (revisão)
Canal do leitor
[email protected]
Os artigos assinados são de total
responsabilidade dos autores, não representando,
necessariamente, a opinião dos editores e a da
Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
Comercial e marketing
Gerente
Ricardo Santos
[email protected]
Publicidade
Gisela Medeiros
[email protected]
thinkstock
O
ano de 2012 começa com a incerteza sobre o futuro das
economias dos países desenvolvidos. Enquanto os Estados
Unidos dão leves sinais de recuperação, cujos reflexos certamente serão determinantes para as eleições presidenciais de novembro, a Europa enfrenta talvez um dos momentos mais difíceis
desde a adoção do euro, com impactos sociais que se avolumam à
medida que a recessão se prolonga.
Conselho editorial
Helio Blak
Henrique Rzezinski
João César Lima
Omar Carneiro da Cunha
Rafael Sampaio da Motta
Roberto Castello Branco
Robson Barreto
A tiragem desta edição, de 8 mil exemplares,
é comprovada por Ernst & Young Terco
artigos relacionados
Impressão: Gráfica Stamppa
Uma publicação da Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro
32 2012 pode ser melhor que 2011
George Vidor
33 Um cenário diferente em 2012
Clóvis Abreu Vieira
34 Em busca da competitividade
Praça Pio X, 15, 5º andar
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Tel.: (21) 3213-9200 Fax: (21) 3213-9201
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Leia a revista também pelo site amchamrio.com
Henrique Rzezinski,
presidente da Câmara
de Comércio Americana
do Rio de Janeiro
Caso não esteja recebendo o seu exemplar ou queira
atualizar seus dados, entre em contato com Terezinha
Marques: (21) 3213-9220 ou [email protected]
Rodrigo Tostes
35 O cenário macroeconômico
e os metais
Roberto Castello Branco
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Em Foco
Notícias sobre as empresas associadas
e a Amcham Rio
Entrevista
O diretor-presidente da Wärtsilä Brasil, Robson
Campos, fala sobre os investimentos no País da
empresa de soluções e equipamentos de energia
Perfil
A centenária White Martins vira referência
em sustentabilidade com projeto inovador
de reciclagem de CO2
Brasil Urgente
A parceria entre Brasil e Estados Unidos na visão do
presidente da Amcham Rio, Henrique Rzezinski, e
do diplomata Luiz Augusto de Castro Neves
Artigo
Cristiano Gaspar Machado, CFO da Brookfield,
expõe as razões para a pujança do mercado
imobiliário no Brasil e no Rio de Janeiro
Ponto de Vista
As boas notícias em transferência de tecnologia
por Andreia de Andrade Gomes, sócia na área de
propriedade intelectual da TozziniFreire Advogados
From the USA
Michael P. Ryan discorre sobre como a inovação
ajudou países a alavancar o crescimento
Radar
A política de resíduos sólidos e sua urgência para
a sociedade no artigo da doutora em ambiente e
sociedade pela Unicamp Cristiane de S. Soares
Especial
O Brasil em meio à crise global: como o País vai
reagir à turbulência mundial
Ponto de Vista
Qual o perfil desejado de um líder de RH?,
pergunta Marcelo C. Leite, diretor de recursos
humanos do Momsen, Leonardos & Cia.
Artigo
As redes sociais e o impacto nos negócios
na visão do diretor do Grupo Bradesco Seguros,
Tarcísio Godoy
Dialogues
Etiópia: uma das cinco economias mundiais
mais promissoras pode representar oportunidades
para investidores brasileiros
Amcham News
Notícias sobre os eventos da Amcham Rio
54_Edição 273_jan/fev 2011
Edição 272_Brazilian Business_55
em foco
em foco
O avanço das mulheres
em cargos de chefia
N
Crise lá, otimismo aqui
divulgação
Calendário de ações
para 2012
Iniciado em 1994, um dos projetos sociais mais bem-sucedidos da Dufry, o Cidadania, Trabalho e Aprendizagem, capacita e profissionaliza jovens de comunidades carentes do entorno do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Os cerca de
30 jovens selecionados a cada ano recebem, além de acompanhamento médico e odontológico, seguro de vida, material
didático, vale-transporte e outros benefícios, formação cívica
e técnica proporcionada por um conjunto de voluntários selecionados entre os quadros da Dufry. O projeto é um sucesso: a
taxa de empregabilidade dos jovens envolvidos beira os 90%.
fotos Luciana Areas
Preparados para o mercado
28/3, quarta-feira
Talk show Tendências e
Expectativas para RH em 2012
31/5, quinta-feira
President’s Lunch com
o ministro do Trabalho
8/6, sexta-feira
1º Young Professionals
28/8, terça-feira
Tema a definir
18/10, quinta-feira
Tema a definir
30/10, terça-feira
2º Young Professionals
Turma de formandos de 2011 em festa de encerramento do projeto
6_Edição 273_jan/fev 2012
A chairperson do
comitê, Cláudia
Danienne Marchi, e
os vice-chairmen,
Alexandre de
Botton e Carlos
Vitor Strougo
Graça, como é conhecida, assume a presidência da
Petrobras no lugar de José Sergio Gabrielli
alexandre conceição/divulgação
Copa do Mundo em 2014 no
Brasil, Olimpíada de 2016, no Rio,
investimentos maciços no pré-sal.
O bom momento do País tem reflexo imediato no humor dos executivos. É o que aponta uma recente
pesquisa realizada pela Robert
Half, que entrevistou 155 empresários e executivos de 128 empresas
dos setores automotivo, bancário,
de bens de capital, construção civil, petróleo e gás, telecomunicações e seguros. O otimismo, pelos
acontecimentos listados acima,
era esperado, mas os números,
mesmo assim, impressionam: em
tempos de crise internacional, 90%
dos entrevistados afirmam que
vão investir mais ou o mesmo valor que em 2011. Cerca de 80% do
grupo, formado por representantes de empresas que faturam mais
de R$ 1 bilhão por ano, também
está disposto a contratar mais ou
o mesmo número de profissionais
que no ano passado.
O Comitê de Recursos Humanos da Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro prevê para 2012 um ano com
muitas novidades, não apenas em conteúdo, como também
na forma de apresentar as ações e os eventos
Agência Petrobras
omeada recentemente presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster será
a décima mulher a ocupar um cargo de peso no governo Dilma Rousseff.
A indicação de Graça, também a primeira mulher a assumir o comando de uma
petrolífera no mundo, reflete o que já acontece com cada vez mais frequência no
mercado privado: o aumento da participação feminina em cargos de gerência e
diretoria. É o que revela uma pesquisa divulgada recentemente pela Michael Page,
empresa referência em recrutamento especializado de executivos para média e
alta gerência. O estudo mostra que em 2011 os cargos de gerência e diretoria
preenchidos por mulheres chegaram a 40% na área de finanças – em 2009 esse
número era de apenas 23%.
O setor de seguros é outro que mostra um avanço na participação das mulheres – passando de 44% de contratações de profissionais do sexo feminino em
2009 para 50% em 2011. Os dados demonstram também uma mudança de perfil
na gestão de tecnologia da informação, tradicionalmente chefiada por homens.
As mulheres respondiam por 25% dos cargos de chefia e gerência em 2009. Esse
número foi para 29% em 2010 e atingiu 30% em 2011. Por outro lado, áreas que
são historicamente redutos femininos, caso de recursos humanos, apresentaram
queda no percentual de contratações de mulheres. Dos gerentes e diretores, 72%
eram mulheres em 2009 – hoje não passam de 67%.
Comitê de Recursos Humanos
começa 2012 com novos ideais
A
nova estratégia de posicionamento do comitê é fruto de
brainstorming entre os membros que, alinhadamente, aspiram
incrementar as ações neste ano que se inicia, criando oportunidades
de conhecimento e inspirando reflexões sobre o tema Pessoas para
o Mercado.
A prática dessa intenção terá esforço com foco em três targets: top
manager, middle manager e young professionals. “Queremos propor
ao mercado iniciativas diferenciadas, com conteúdo estimulante, de
alta qualidade, por meio de abordagens alinhadas a cada públicoalvo de RH”, explica a chairperson do comitê, Cláudia Danienne
Marchi, remodelando assim um posicionamento dos últimos três
anos para o mercado.
Uma das iniciativas para fomentar esse novo ambiente é ouvir
mais o mercado e interagir melhor com ele para conseguir direcionar
de maneira adequada os conteúdos dos eventos. Para isso, serão
realizados encontros periódicos com altas lideranças de recursos
humanos das empresas e consultorias expressivas para entender as
tendências e os assuntos que mais correspondem às expectativas dos
diferentes públicos dos eventos. “Assim, conseguiremos transformar
as necessidades do mercado em ações – e atendendo ao foco de cada
segmento”, disse o vice-chairman do comitê, Alexandre de Botton.
“Três elementos resumem bem a nossa estratégia de posicionamento: queremos representar as demandas do mercado – e por isso
vamos criar ações periódicas de aproximação com os top managers
para ouvi-los e poder traduzir suas perspectivas –, oferecer temas
atuais e qualificados como propostas de conteúdo e incluir diferentes perfis de públicos, com a criação de eventos feitos sob medida
para os jovens profissionais que estão chegando às empresas”, explicou o também vice-chairman do comitê, Carlos Vitor Strougo.
Engajar outros comitês da Câmara de Comércio Americana do
Rio de Janeiro em torno do desenvolvimento humano e promover
o relacionamento entre os profissionais das empresas associadas
também são enfoques do projeto para este ano. “Queremos criar
espaços para trocar conhecimento relevante e aproximar as pessoas
interessadas nesse mesmo fim. O nosso objetivo é fazer a diferença
e deixar um legado no olhar sobre gestão de pessoas. Estamos
perseverantes com esse propósito”, reforçou Cláudia. Os eventos
estão programados para acontecer a cada dois meses, de março a
novembro de 2012, e podem ser de diferentes formatos, como café
da manhã, brunch, workshop, happy hour, seminário, entre outros.
O projeto piloto Young Professionals, desafio inovador do
comitê, em formato de workshop, será colocado em prática este
ano, com foco em jovens profissionais em início de carreira, com
até um ano após a conclusão da graduação. A ideia é contribuir
para a capacitação dos iniciantes em desenvolvimento de carreira e
habilidades no que tange aos temas pessoas, gestão, relacionamento,
tendências mercadológicas etc. A princípio estão programados dois
workshops no ano, cada um com quatro horas de duração, para os
young professionals. O comitê abre suas portas para sugestões e faz
questão de ouvir você, leitor desta matéria. Portanto, não hesite em
estar up-to-date com Recursos Humanos e envie suas considerações
para [email protected].
Edição 273_Brazilian Business_7
em foco
Impacto econômico
Tema: Novo comitê –
Entretenimento,
Cultura e Turismo
Com Helio Blak,
diretor-superintendente
da Amcham Rio
O ano de 2012 começa com mudanças nos
comitês da Amcham Rio?
No processo de revisão das atividades dos 13
comitês setoriais em atividade na Amcham
Rio, resolvemos rever as funções de alguns,
de modo a ajustá-los às alterações pelas
quais vem passando a economia carioca.
Identificamos que a chamada economia criativa
é cada vez mais uma vocação local das mais
relevantes, especialmente numa cidade com as
características do Rio.
Como pensaram em atender
a essa demanda?
Resolvemos transformar o antigo Comitê de
Cidade, Negócios e Turismo no Comitê de
Entretenimento, Cultura e Turismo, sob a
coordenação de Steve Solot, com o apoio direto
de Alícia Perez e Dolores Piñero. Desta forma,
os temas que dialoguem com a economia
criativa, cada vez mais significativos para a cidade
e o Estado do Rio, serão aqui endereçados.
Quais os rumos para o Comitê
de Propriedade Intelectual?
Em paralelo, na medida em que a questão da
propriedade intelectual ganha cada vez mais
contornos jurídicos relevantes para a proteção
dos direitos de criação, transformamos o
Comitê de Propriedade Intelectual em um
dos novos braços do Comitê de Assuntos
Jurídicos, sob a coordenação de Andreia
de Andrade Gomes.
A pesquisa “Panorama empresarial 2012 – a visão dos empresários diante de cenários de instabilidade”, realizada pela
Deloitte, em novembro de 2011, com 456 empresas de todo o
Brasil, aponta que os tomadores de decisão não sentiram impactos significativos da volatilidade internacional nesse ano.
Apesar disso, eles revelam estar atentos a possíveis impactos
em seus negócios nos próximos anos. A previsão de crescimento e investimentos para os negócios dos entrevistados, em
relação a 2012 e aos anos seguintes, é, de forma geral, contida.
A maioria apontou para um crescimento moderado da receita
líquida para 2012 e para os próximos três anos (57% e 59%, respectivamente), indicando essa tendência. A maior parte também prevê um aumento do número de empregados de 43% em
2012 e de 56% nos próximos três anos, além de uma projeção
de investimentos moderada em 2012 e nos anos seguintes (44%
e 52%). Sobre as estratégias adotadas para ganhar espaço no
mercado nos próximos anos, 57% apontaram o lançamento de
novos produtos e serviços, enquanto 56% trabalharão na busca
de novas parcerias e associações. Investimentos em inovação
e pesquisa foram sinalizados por 52% dos que responderam
a pesquisa.
divulgação
4 perguntas para...
Inglês no Cantagalo
Copacabana palace:
ainda mais charmoso e moderno
Um dos hotéis mais tradicionais e charmosos do Rio de
Janeiro, o Copacabana Palace, ficará ainda mais moderno.
A partir de junho, após a conferência Rio+20, o hotel fechará parcialmente por cem dias para dar início a uma grande reforma. No prédio principal, 90 banheiros entre os 147
apartamentos serão totalmente redesenhados. Entre várias
modificações, o lobby deve crescer em área cerca de 60%
e a rotunda para carros será ampliada e ganhará uma cobertura de vidro para proteger os hóspedes que chegam ao
local. A rede britânica Orient-Express, que hoje detém 52%
das ações do Copacabana Palace, não teve dificuldades para
aprovar o investimento de R$ 30 milhões na reforma do hotel
carioca: há anos os resultados anuais do Copacabana estão
entre os melhores desempenhos dos 51 hotéis que compõem o portfólio da companhia.
8_Edição 273_jan/fev 2012
Fernando Dall’Acqua/wikimedia commons
Há mais mudanças previstas?
Com essa reformulação, os comitês setoriais da
Amcham Rio passam a ser 12, em vez dos 13
anteriores. Desta maneira, pretendemos atender
de uma forma mais adequada às demandas que
se ampliam nesses segmentos. No decorrer do
ano, estaremos também revendo as atividades
dos demais comitês e poderemos sugerir
outras mudanças se houver consenso entre
os participantes.
agenda 2012
Amcham Rio
O
programa de ensino de inglês UP with English
– Uso Prático da Língua Inglesa no Cantagalo,
comunidade localizada na zona sul do Rio, foi estendido
com recursos do setor privado, por meio de uma parceria
com a Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
e empresas associadas. A iniciativa, do Consulado-Geral
dos EUA no Rio de Janeiro em parceria com o Ibeu,
vai contar agora com o apoio financeiro da BG Brasil.
O curso é voltado para jovens entre 13 e 18 anos, que
aprendem inglês com o objetivo de ajudá-los na inserção
no mercado de trabalho.
A parceria foi celebrada em evento (foto) realizado em
novembro, no Espaço Criança Esperança do Cantagalo,
onde acontecem as aulas, e contou com a presença do
cônsul-geral dos EUA, Dennis Hearne, do presidente da
Câmara de Comércio Americana do Rio e vice-presidente
de Assuntos Corporativos da BG E&P do Brasil Ltda.,
Henrique Rzezinski, do presidente do Ibeu, Ítalo Mazzoni,
e de vários outros parceiros e autoridades. Os alunos fizeram uma apresentação teatral em comemoração ao Dia
da Consciência Negra.
“Quando solicitamos o apoio da Amcham Rio, a BG
Brasil foi a primeira empresa a se entusiasmar pelo projeto. Ficamos muito felizes com a continuidade do UP
with English nessa comunidade. O apoio da BG Brasil
é fundamental para complementar o segundo ano desse
programa. O interesse da iniciativa privada é muito bemvindo porque nos permite ampliar o ensino da língua inglesa aos jovens do Cantagalo”, afirmou o cônsul-geral
dos EUA, Dennis Hearne.
O programa UP with English foi originalmente implementado no Cantagalo, em agosto de 2010, com recursos
do Departamento de Estado e já foi implementado na
comunidade da Providência, com apoio da consultoria
Case Benefícios e Seguros. Os preparativos estão em andamento para o lançamento em outras comunidades ao
longo do ano de 2012.
Março
Cerimônia de posse da nova
diretoria I Biênio 2012-2013
Seminário “Petróleo e Gás –
Aspectos Regulatórios e Fiscais”
Talk show “Tendências e
Expectativas em RH para 2012”
8º Prêmio Brasil Ambiental
Inscrições de projetos
Junho
III Fórum de Comércio
Internacional
Prêmio de Inovação em TIC
Inscrições de projetos
agosto
Brasil Energy & Power
setembro
Rio Oil & Gas Expo
Espaços disponíveis
no stand coletivo
Executivos em alta
A sexta edição do estudo “A governança corporativa e o mercado de capitais”, realizado pelo ACI - Audit Committee Institute,
da KPMG do Brasil, revelou um dado animador: a remuneração
média anual dos executivos das companhias abertas brasileiras
teve aumento de até 100% no ano passado em relação a 2010. Os
dados foram apurados nos Formulários de Referência publicados
pelas empresas em 2011, uma fonte valiosa de informações, pois
trazem, além de dados financeiros e do negócio, a estrutura e as
práticas de governança das empresas abertas no País.
Edição 273_Brazilian Business_9
entrevista
Robson Campos
Diretor-presidente
da Wärtsilä Brasil
A hora da
Wärtsilä
A unidade brasileira pretende triplicar
o faturamento até 2015 e chegar à terceira
posição na escala global da multinacional,
que tem operações em mais de 70 países
Por Tom Cardoso e Andréa Blum
E
mpresa de origem finlandesa fundada em 1834 e líder global
no fornecimento de motores e prestação de serviços para
navios e usinas termelétricas – também oferece equipamentos
e soluções de energia para diversos tipos de embarcações e aplicações
offshore –, a Wärtsilä se prepara para pegar carona no bom momento
econômico do Brasil, principalmente no boom do mercado de óleo
e gás, fortalecido com o advento do pré-sal.
Desde 1990 no País, onde enfrentou, além da conhecida instabilidade financeira, a derrocada da indústria naval (o grupo chegou a
ficar seis anos sem fazer um só negócio por aqui), a Wärtsilä agora se
diz preparada para fechar grandes acordos no Brasil. A meta de crescimento é ambiciosa: triplicar o faturamento até 2015 e fazer com que
o mercado de óleo e gás, que hoje representa cerca de 20% do faturamento anual da empresa, dobre de tamanho nos próximos anos.
A Wärtsilä Brasil já trabalha a todo vapor. A empresa
fechou joint ventures com a gigante Odebrecht e com a estatal
Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep), além de anunciar
investimentos no Complexo Industrial Portuário de Suape, em
Pernambuco, e em Macaé, no Rio de Janeiro. Com os investimentos,
ela espera contribuir para fortalecer a nossa indústria de construção
naval e aumentar a participação do Brasil no mercado global – o
País, hoje o sétimo faturamento da multinacional, deve pular, em
breve, para o quinto lugar, e ocupar, até 2015, a terceira posição na
escala global da companhia.
Para saber mais sobre os planos da Wärtsilä, a Brazilian Business
passou uma manhã conversando com o atual diretor-presidente da
companhia no Brasil, Robson Campos. Na conversa, ocorrida na sede
brasileira da Wärtsilä, localizada no centro do Rio de Janeiro, Campos,
um jovem executivo que fez toda a sua brilhante carreira no grupo
finlandês (entrou como office boy e, em 20 anos, chegou à presidência,
tornando-se o primeiro brasileiro a dirigi-la) em nenhum momento
se mostrou relutante quanto ao sucesso da Wärtsilä no Brasil nos
próximos anos. “Não tenho dúvida: vamos chegar lá.”
n O executivo começou na empresa
divulgação
10_Edição 273_jan/fev 2012
como office boy e, após 20 anos
de carreira, não só alcançou
a presidência, como se tornou
o primeiro brasileiro a liderar
a operação nacional
Edição 273_Brazilian Business_11
entrevista robson campos
BB: Uma das ações mais pontuais da Wärtsilä no Brasil, também
levando em conta o boom da construção naval no País, foi o acordo
firmado, em 2005, com a Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A.
(Nuclep) para a formação de uma joint venture. O objetivo da parceria
é montar uma fábrica de motores (em Itaguaí, no Grande Rio) para
navios e plataformas e, consequentemente, fortalecer a indústria
nacional e diminuir a dependência das importações. Como está esse
projeto? Quando vocês começam a fabricar?
RC: Está quase tudo fechado. Diria que 95%. Somos majoritários
Brazilian Business: A Wärtsilä tem grandes planos para o
Brasil. Pretende, até 2015, triplicar o faturamento e o número
de funcionários. Vai investir pesado nas três áreas de atuação
no País. Mas nem sempre foi assim. A empresa está no Brasil
desde 1990 e de lá para cá sofreu com a instabilidade financeira
e, principalmente, com a derrocada da indústria naval. Não
foram momentos de grande prosperidade...
Robson Campos: Vivemos aqui momentos complicados. Ficamos
nessa parceria com a Nuclep. Ainda em 2012 começaremos a
fabricar definitivamente no Brasil, atendendo especialmente ao
mercado de óleo e gás. É um salto muito importante. Há dez anos,
nem sonhávamos com uma fábrica em território brasileiro. Com a
migração da manufatura para a Ásia, o Brasil ficou muito longe. A
gente precisava chegar. Mas é preciso encarar a realidade. O governo
quer fomentar o produto nacional. Eu concordo. Acho ótimo. Mas
a gente não pode ser cego. Nossa indústria ainda está muito longe
de ser competitiva. Não dá, por exemplo, para fazer uma sonda com
o mesmo preço internacional. Não conseguimos fabricar um só
componente com o preço com que é feito na Europa ou na Ásia.
Esse é um paradoxo que precisa ser tratado com urgência.
seis anos sem um só negócio no Brasil. A indústria da construção
naval brasileira foi praticamente dizimada nos anos 1990. Todos
os grandes estaleiros quebraram. E começamos aqui para atender
exclusivamente ao mercado naval. A área de energia sequer existia.
E também não havia qualquer indicação de que o País virasse a
potência emergente que é hoje. Não se falava do Brasil como o país
do futuro. Mesmo assim, em nenhum momento foi discutida a nossa
saída daqui. A gente tinha condição de esperar o melhor momento.
A Wärtsilä sempre foi uma empresa sustentável. Foi fundada
em 1834 como uma fundição e hoje é uma grande provedora de
soluções. A empresa acredita fortemente no Brasil, tanto que o
mercado brasileiro, hoje o sétimo faturamento da multinacional,
deve pular, em breve, para o quinto lugar, ultrapassando a Itália e a
Holanda (Estados Unidos, Alemanha, China e Coreia são os quatro
primeiros), e ocupar, até 2015, a terceira posição na escala global
da companhia. Mas há muito trabalho pela frente para recuperar
o atraso, principalmente no segmento naval [a frota brasileira
representa apenas 0,6% da marinha mercante mundial e o País
detém somente 0,1% da produção naval].
“Vamos crescer com a
Petrobras, que, no início
de 2011, foi levada à
categoria de cliente global
estratégico da Wärtsilä”
BB: Agora vocês vão, finalmente, pisar no acelerador. Até que ponto
a impulsão que tem alavancado o mercado de óleo e gás no Brasil foi
decisiva para que a Wärtsilä revisse sua estratégia de investimento e
produção?
RC: É claro que a Wärtsilä não tinha como ignorar o crescimento
do mercado de óleo e gás no Brasil, principalmente o advento
do pré-sal, que vai impulsionar esse comércio nos próximos dez
anos. Hoje, a frente de óleo e gás representa cerca de 10% a 20%
do nosso faturamento anual – queremos chegar, em breve, a 40%.
Vamos crescer com a Petrobras, que, no início de 2011, foi levada
à categoria de cliente global estratégico da Wärtsilä. Acreditamos
no pré-sal. Estamos tomando várias medidas para reduzir alguns
gargalos. Formamos uma equipe de automação elétrica, que é uma
área que tem conhecimento no mundo inteiro, mas não tem no
Brasil. Essa área de automação integra todos os equipamentos de
uma plataforma. Por meio dela você consegue alavancar uma série
de produtos. Há muitas iniciativas.
12_Edição 273_jan/fev 2012
divulgação
“A meta é triplicar o
faturamento até 2015 e
fazer com que o mercado
de óleo e gás, que hoje
representa cerca de 20%
do faturamento anual da
empresa, dobre de tamanho
nos próximos anos”
BB: A parceria com a Nuclep e o forte investimento no setor de
óleo e gás mostram que a Wärtsilä não tem a menor dúvida sobre
a viabilidade do pré-sal? E até que ponto a crise internacional pode
atrapalhar os planos da empresa no País?
RC: O pré-sal já se mostrou viável economicamente. O que
preocupa, na verdade, é o adiamento constante. Todo mundo se
prepara, se prepara. Mas a velocidade está em um ritmo menor do
que o mercado esperava. Nós somos muito conservadores. Nunca
fomos com muita sede ao pote. Não fizemos como outras empresas,
que investiram pesado após o advento do pré-sal e hoje estão com
dificuldade para se manter vivas. Nós vamos chegar ao momento
certo. E o momento é do Brasil. A Wärtsilä, por ser finlandesa, é
muito contagiada pela crise europeia. As recomendações que
chegam de lá são sempre as mesmas: “Vamos poupar”, “olho na
rentabilidade”, “prudência”, mas essa é uma preocupação que não
chegou aqui. Eles sabem que precisam, mesmo na crise, preservar
os bolsões de crescimento. E o Brasil é uma grande aposta. Somos
o ponto fora da curva. Claro, vai haver um impacto, mas não como
no ano passado.
BB: A Wärtsilä Brasil também fechou, recentemente, outra joint
venture importante, desta vez com a Odebrecht Óleo & Gás (OOG).
Fale um pouco mais sobre essa parceria e a importância dela para o
mercado de óleo e gás brasileiro.
RC: A Odebrecht é um parceiro potencial muito forte. Eu digo que
é um casamento quase perfeito. Nós vamos fornecer o projeto e o
sistema de propulsão de dois navios de lançamento de linhas flexíveis
(PLVs) para operações no Brasil. As embarcações serão erguidas pela
Odebrecht no estaleiro Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering
(DSME), na Coreia do Sul. Toda a parceria foi concebida com foco
na otimização do consumo de combustível nas condições de projeto
e para atender à necessidade de eficiência nas operações.
Edição 273_Brazilian Business_13
entrevista robson campos
BB: O projeto de expansão da Wärtsilä no
Brasil passa por dois grandes investimentos.
O primeiro prevê uma unidade para dar
suporte ao mercado offshore implantada
em Macaé, no Rio de Janeiro. O outro seria
uma nova unidade para dar suporte a plantas
termelétricas e instalações marítimas no
Complexo Industrial Portuário de Suape, em
Pernambuco. Fale sobre esses dois projetos.
RC: Quando fui chamado de volta à
empresa, em 2010, o que mais me atraiu foi
a possibilidade de investir pesado no Brasil.
O projeto de Suape está mais adiantado. Será
uma espécie de workshop para atender aos
estaleiros da área industrial.É um investimento
muito importante e que já é realidade. Vamos
começar a obra em setembro de 2012 e
no início de 2013 já estaremos operando.
Quanto a Macaé, a única certeza que temos
é que vamos para lá. Ainda não sabemos de
que forma. Se vamos adquirir uma empresa,
que já tem uma estrutura, ou se vamos ter
uma fábrica própria.
BB: O senhor tem uma trajetória de sucesso dentro da empresa.
Começou como office boy, em 1990, e, em 20 anos, com um pequeno
intervalo de sete meses, quando deixou a empresa, tornou-se diretorpresidente. Conte um pouco sobre essa trajetória.
RC: Em 1990, no mesmo ano em que comecei o curso de Direito,
consegui um emprego na Wärtsilä Brasil como office boy. Eram tempos
difíceis. Mas tive paciência para aguentar as turbulências do Plano
Collor, da instabilidade financeira e dos poucos negócios da empresa
no País. Assim que me formei, em 1995, assumi o meu primeiro cargo
de chefia, como gerente de controladoria. A Wärtsilä Brasil era uma
empresa pequena, com 30 funcionários. Eu fui obrigado a jogar nas
11 posições e aprendi muito. Em 1998 fui convocado para abrir o
escritório em Manaus, hoje a segunda maior filial brasileira, com 200
funcionários. Voltei ao Rio em 2000 como diretor da área de energia.
Consegui ótimos resultados. Saímos de uma base instalada de 500
negócios para 2.500 negócios em apenas seis anos. De uma equipe de
cinco pessoas para 40. O resultado me expôs muito ao mercado, que
também estava bastante aquecido, e eu acabei saindo, em novembro
de 2009. Fiquei apenas alguns meses fora. Em fevereiro de 2010, o
presidente da Wärtsilä Brasil, Tomas Hakala, foi convocado para
assumir uma posição importante nos Estados Unidos. Fui chamado
de volta e me tornei o primeiro presidente brasileiro da companhia.
BB: E qual foi a principal mudança a partir de sua chegada?
RC: Melhorou a relação com os clientes e, principalmente, com os
divulgação
“Ainda em 2012 começaremos
a fabricar definitivamente
no Brasil, atendendo
especialmente ao mercado
de óleo e gás”
funcionários da empresa, de todos os escalões, ao eliminarmos a
barreira do idioma. O Tomas já estava ambientado no Brasil, é um
apaixonado pelo País, mas por causa da língua, não tinha como
dialogar com os funcionários que não sabiam inglês. O Tomas
também tinha certa dificuldade de fazer o chamado “lobby do
bem”, de conversar com autoridades de várias áreas governamentais.
A relação com a imprensa também melhorou. Mas há algumas
desvantagens. Eu sou muito mais demandado, todo mundo vem
falar comigo. Às vezes é um caos. (risos) 
14_Edição 273_jan/fev 2012
Edição 273_Brazilian Business_15
perfil
A solução está no ar
Fundada há cem anos, a White Martins
investe pesado em inovação e tecnologia
e faz do seu projeto de reciclagem de CO2
referência em sustentabilidade
Por Tom Cardoso
M
divulgação
aior empresa de gases industriais e medicinais da América
do Sul, a White Martins vem colecionando prêmios na
área de inovação – em 2011, ganhou destaque no ranking
elaborado pela revista Época Negócios em parceria com a consultoria
A.T. Kearney, que premia as empresas mais inovadoras do Brasil. O
reconhecimento não chega a ser uma surpresa para os executivos
envolvidos na rotina da empresa. Criada há exatos cem anos, a White
Martins nasceu justamente da visão inovadora de cinco profissionais,
que anteviram o potencial da soldagem oxiacetilênica no desenvolvimento industrial do Brasil. Hoje, o portfólio do grupo é composto
por uma gama ampla de produtos, que vai desde a produção de equipamentos para aplicação, transporte e armazenamento de gases até
o tratamento de águas e efluentes.
A excelência em inovação não significa que a White Martins freou
os investimentos no setor. Pelo contrário. “Fizemos uma revolução
cultural aqui, ao mostrar aos nossos funcionários que o termo inovação não precisa – e nem deve – estar associado apenas à tecnologia”,
afirma William Macedo, diretor de inovação e tecnologia da empresa.
“Cada funcionário, independentemente de função e cargo que ocupe,
pode fornecer ideias inovadoras, inclusive para áreas que fogem da sua
especialidade”, conta Macedo.
Recentemente foi criada uma diretoria exclusiva
320 mil toneladas de CO2
para o desenvolvimento de produtos e processos focaforam capturadas e utilizadas
dos em inovação e sustentabilidade. Um dos processos
no processo produtivo
de maior visibilidade, responsável pelos prêmios recede mais de 800 indústrias
bidos pela empresa, é o que garante a reciclagem
de toneladas de dióxido de carbono (CO2), um
dos principais gases causadores do efeito estufa. A
White Martins já disponibiliza uma série de aplicações para reciclagem de CO2 para diversos segmentos da indústria. O gás é 100%
captado de parques industriais, que normalmente o lançariam para
a atmosfera, e, em seguida, fixado nesses processos sem causar alteração do produto final.
Para se ter uma ideia do alcance e da importância das aplicações,
somente no ano de 2010 cerca de 320 mil toneladas de CO2 foram
capturadas e utilizadas no processo produtivo de mais de 800 indústrias. Com o trabalho da White Martins, 60 mil toneladas de ácidos
nocivos, como o sulfúrico (H2SO4), o clorídrico (HCl) e o fosfórico
(H3PO4), deixaram de ser utilizadas, uma vez que o CO2 passa a ser
usado em substituição a esses produtos. “O programa de reciclagem
foi amplamente aceito pelas indústrias. Só as vendas de CO2 devem
aumentar cerca de 30% nos próximos dois anos. O potencial é enorme”, afirma Macedo.
Atenta ao crescimento desse mercado, a White Martins já inaugurou uma fábrica na cidade de Camaçari (BA), no último trimestre de
2010, e vai instalar mais uma unidade, no início de 2012, em Minas
Gerais. Esta irá capturar CO2 do próprio processo produtivo da White
Martins, gerado na fabricação de carbureto de cálcio. 
16_Edição 273_jan/fev 2012
Edição 273_Brazilian Business_17
brasil urgente
A abrangência da parceria
Brasil-Estados Unidos
Henrique Rzezinski_presidente da Câmara de
Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio)
E
thinkstock
stou otimista com a grande oportunidade que Brasil e Estados
Unidos têm pela frente, em meio à crise internacional, de
construir uma forte parceria estratégica. Nosso papel, no setor
privado, é ir além da nossa atuação na agenda comercial e contribuir
para o debate e a formulação de uma visão estratégica e, sobretudo,
de como aprofundar essa parceria. E, a partir daí, fortalecer a
agenda de negócios de forma mais sustentável, sob o ponto de vista
geopolítico. O Brasil é um país imenso, uma democracia vibrante,
com uma economia emergente fundamentalmente movida pelas
forças de mercado. A política externa do País tem se lastreado
tradicionalmente em sua agenda de desenvolvimento econômico e
em constante evolução. Os Estados Unidos têm uma política externa
que, por décadas, tem sido reflexo de sua posição como a maior
economia e potência militar do mundo. Exercer esse poder, em
todas as suas formas, tem sido a grande prioridade para os Estados
Unidos, sobretudo na era pós-Segunda Guerra Mundial. Ao passo
que a relativa emergência do Brasil, em termos de potência além de
sua região imediata, tem sido mais recente e dentro de um contexto
mais restrito.
18_Edição 273_jan/fev 2012
Além dos efeitos dessas perspectivas
diferentes na relação bilateral, dois enormes
obstáculos têm historicamente dificultado os
esforços para fortalecer o relacionamento entre
o Brasil e os Estados Unidos. Em primeiro
lugar, existe uma assimetria econômica e
política entre os dois países, e a América do
Sul não tem ocupado um lugar de grande
prioridade na visão estratégica americana.
Esses dois aspectos têm, naturalmente, até
mais recentemente, desestimulado os Estados
Unidos a investirem mais na relação bilateral.
Em segundo lugar, na perspectiva brasileira,
a assimetria entre os dois países sempre se
consubstanciou como uma ameaça às metas
brasileiras de desenvolvimento econômico
autônomo. Um dos paradigmas da política
externa do Brasil nos últimos 50 anos se
lastreou na busca de alianças regionais e
extrarregionais como um dos mecanismos
para “reequilibrar” o poder no continente ou
para reduzir os efeitos da assimetria entre o
País e os Estados Unidos.
A maior relevância do Brasil em questões
importantes da agenda internacional pode
ajudar a estabelecer uma parceria estratégica
entre as duas potências das Américas. O
Brasil, por exemplo, tornou-se uma potência
na produção de biocombustíveis. Juntos,
o País e os EUA produzem quase 70% do
etanol mundial – e tudo indica que os dois
podem desempenhar papéis centrais no
desenvolvimento desse setor e dos mercados
afins em escala global. Com relação às
formas tradicionais e ainda proeminentes
de energia, o Brasil é destaque atualmente
por suas enormes reservas de petróleo e gás
natural. Nem todas as informações estão
disponíveis para determinar o real valor
econômico dessas reservas, mas o Brasil está
pronto para se tornar, possivelmente, um
exportador importante.
Na agricultura, o País é uma potência
global incontestável. É o maior exportador
mundial de açúcar, suco de laranja, carne
bovina, aves, tabaco e café; o segundo
maior exportador de soja e alimentos à
base de soja; e o quarto maior exportador
de milho e carne de porco. A mineração é
outra área em que o Brasil é uma potência.
De acordo com o Serviço Geológico dos
Estados Unidos (USGS), o Brasil está entre
os países com as maiores reservas mundiais
de diversos minerais e é também líder em
exportação. É importante lembrar que
muitos minerais têm papel fundamental em
diversas tecnologias e produtos industriais.
Os EUA dependem 100% da importação
de determinados minerais, como bauxita,
grafite, nióbio e tântalo, dos quais o Brasil
é fornecedor.
Por fim, talvez um dos setores de maior
sinergia estratégica seja o aeronáutico. Esta
é uma nova área a ser explorada, à medida
que o Brasil se torna um dos quatro maiores
produtores de aviões comerciais do mundo,
com importantes potenciais desdobramentos geopolíticos. O setor aeronáutico, tanto
civil como militar, merece especial destaque,
pois apresenta notável potencial de cooperação estratégica entre os dois países na área
industrial, em tecnologia de ponta e defesa
hemisférica.
Outra indicação das novas tendências
é o Brasil ter se tornado rapidamente um
importante detentor de títulos do Tesouro
dos EUA e protagonista das discussões
globais. Em maio de 2011, o País possuía
US$ 211,4 bilhões em títulos do Tesouro,
valor que representa um aumento de 30,89%
em um ano e mantém o Brasil como quinto
maior credor externo dos Estados Unidos –
atrás apenas de China, Japão, Reino Unido
e um grupo de países exportadores de
petróleo. Mais uma amostra da abrangência
dessa relação Brasil-EUA, que tem ainda
muito espaço para crescer.
“Temos uma grande
oportunidade de negociar,
de forma soberana, uma
parceria estratégica que seja
ganhadora para ambos os
países e que posicione o Brasil
cada vez mais no centro da
governança global”
A visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos no
primeiro semestre deste ano se consubstancia, portanto, numa grande
oportunidade de levar ao presidente Barack Obama uma proposta de
uma agenda de trabalho abrangente, desde os tópicos comerciais até os
delicados assuntos políticos, condizente com a posição de protagonista
do Brasil na Agenda de Governança Global. Essa visão abrangente
tem a grande virtude de colocar para os nossos interlocutores
americanos a mensagem do Brasil de que tanto os temas bilaterais
quanto os multilaterais, com a sua dimensão bilateral, devem ser
vistos de forma integrada numa agenda que permita estabelecer uma
parceria estratégica de dimensões globais. Esta abrangeria assuntos
de comércio e investimentos (tratado de bitributação, acordo de
investimento e acordo de livre comércio), energia (renováveis e não
renováveis), governança global (Conselho de Segurança, FMI, Banco
Mundial e OMC), desenvolvimento sustentável e mudanças climáticas
e segurança hemisférica (aviação civil e militar).
Temos uma grande oportunidade de negociar, de forma soberana,
uma parceria estratégica que seja ganhadora para ambos os países e
que posicione o Brasil cada vez mais no centro da governança global.
Independentemente da importância de outras parcerias estratégicas,
é fundamentalmente na relação Brasil-Estados Unidos que se
estabelecerão os principais alicerces do protagonismo do Brasil na
governança global. 
Edição 273 Brazilian Business_19
brasil urgente
Relações BrasilEstados Unidos:
ambiguidades,
preconceitos
e perspectivas
A
thinkstock
Luiz Augusto de Castro Neves_presidente do
Centro Brasileiro de Relações Internacionais – Cebri
20_Edição 273_jan/fev 2012
próxima visita da presidente Dilma
Rousseff a Washington, em março,
poderá sinalizar com mais clareza
qual será o tom das relações entre Brasil e
Estados Unidos para o futuro próximo. Os
dois países, além de serem os mais populosos,
constituem as duas maiores economias das
Américas, e não seria um absurdo imaginar
que um entendimento mais amplo e frutífero
entre ambos seja um elemento essencial
para uma cooperação hemisférica em bases
mais equitativas. Em termos formais (alguns
diriam “em linguagem burocrática”), a
relação Brasil-Estados Unidos é intensa,
diversificada e apresenta uma agenda com
temas estrategicamente importantes para os
dois países e para as relações internacionais
em geral, como é o caso, entre outros, do
tema energia. Parece, contudo, faltar em
ambos os lados o convencimento de que a
parceria é “para valer”.
“As relações entre os dois
países ainda refletem
a mentalidade que
predominou durante a
Guerra Fria”
Alguns importantes políticos norteamericanos, como o ex-presidente Nixon
em 1971, fizeram declarações do tipo “aonde
for o Brasil irá o resto do continente”; tais
declarações, como era de se esperar, foram
mal recebidas na América Hispânica e,
no Brasil, foram vistas com desconfiança,
inclusive pelas autoridades de então (recordese que o governo militar tinha uma retórica
antiesquerdista e anticomunista, o que por si
só alinharia inequivocamente o Brasil com os
EUA em tempos de Guerra Fria). Na verdade,
contudo, a desconfiança mútua permeou
com frequência as relações bilaterais. Os
Estados Unidos reagiam com ambiguidade
e, às vezes, com mal disfarçada hostilidade,
a iniciativas brasileiras destinadas a reforçar
a cooperação hemisférica (como foi o caso
da Operação Pan-Americana, lançada por
Juscelino Kubitschek, que acabou substituída
pela Aliança para o Progresso, fruto de uma
ação unilateral dos EUA). A ambiguidade
em relação à iniciativa de Kubitschek se
transformava em hostilidade quando os
temas comerciais vinham à baila. Quando
o Brasil, ao lado de Argentina, Paraguai e
Uruguai, buscou fortalecer a integração
regional por meio do Mercosul, a secretária
de Estado, Madeleine Albright, criticou
o empreendimento, dizendo que o Brasil
deveria focar sua atenção na Alca, iniciativa
norte-americana. Posteriormente, Madeleine
foi desmentida pelo presidente Bill Clinton em
entrevista à imprensa nos jardins do Palácio
da Alvorada, mas suas declarações davam
uma boa medida da atitude de “indiferença
benigna” que permeava as relações bilaterais
e que existia também no lado brasileiro.
As relações entre os dois países ainda
refletem a mentalidade que predominou
durante a Guerra Fria. Parece haver no
Brasil uma percepção generalizada de que o
establishment norte-americano de política
externa não atribui a devida prioridade às
relações com o Brasil. As atenções norteamericanas são frequentemente percebidas
como uma reação a questões que irritam
Washington, como certas manifestações
localizadas de nacionalismo populista em
alguns países da região.
Assimetrias de poder e de estágio de desenvolvimento à parte,
não parece haver razões que impeçam os dois principais países do
hemisfério de buscar estabelecer uma relação estratégica, positiva,
importante e que, quando necessário, seja também, para usar uma
frase do ex-embaixador soviético em Washington, Anatoly Dobrynin,
“um compromisso frutífero de interesses”. Os dois países, além das
características já mencionadas de dimensões, compartilham valores
políticos e culturais importantes. A sociedade brasileira, assim
como a norte-americana, tem uma origem multicultural e étnica; é
também um melting pot que, não obstante os problemas sociais que
ainda são enfrentados, permite uma mobilidade econômica e social
muito rara em outros países.
Do lado de Washington, é de se esperar que a importância da
parceria com o Brasil receba o devido reconhecimento e prioridade.
Parcerias não excluem eventuais discrepâncias em relação a
certos assuntos. Na realidade, diferenças ocasionais de percepções
constituem a essência da convivência entre duas nações democráticas,
em que os valores básicos que predominam são comuns às duas.
Já do lado de Brasília, parece oportuno promover uma ampla
reavaliação das relações entre o Brasil e os Estados Unidos, exercício
fundamental no mundo pós-Guerra Fria, globalizado e que assiste,
entre maravilhado e apreensivo, à emergência de novos gigantes no
cenário das grandes decisões internacionais.
No mundo da razão, 2012 pode ser o ponto de partida de uma
nova fase, uma nova parceria menos assimétrica entre as duas
maiores nações democráticas do mundo ocidental. O caminho
poderá ser complexo e, às vezes, eivado de dificuldades. O êxito da
empreitada dependerá da capacidade de ambos os lados avaliarem a
questão com uma visão estratégica de longo prazo e, sobretudo, sem
os preconceitos do passado. 
Edição 273 Brazilian Business_21
thinkstock
artigo
O mercado imobiliário
brasileiro e a participação
do Rio de Janeiro
Cristiano Gaspar Machado_CFO da Brookfield Incorporações S.A.
É
notório que nos últimos cinco anos o mercado imobiliário
brasileiro cresceu de forma impressionante. A partir de 2006,
passamos a ter uma visão mais abrangente e detalhada do
mercado imobiliário em função da abertura de capital de diversas
empresas e o acompanhamento do desempenho do setor, com base
na divulgação de resultados dessas organizações. Nesse período,
as empresas que abriram capital mais que dobraram suas vendas
contratadas. Em 2011, nos primeiros nove meses, os três principais
mercados do País – São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal –
aumentaram a oferta de novas unidades em 28%, sendo que na cidade
do Rio essa elevação foi de 29%.
Entre os principais fatores para essa expansão imobiliária, o aumento
de renda de todas as faixas da população e a disponibilidade de crédito
merecem destaque. O aumento da renda fez com que mais de 20 milhões de pessoas ingressassem nas classes A, B e C, e é esperada para os
próximos 20 anos a inclusão de mais 20 milhões. No que diz respeito à
disponibilidade de crédito, os números também impressionam.
22_Edição 273_jan/fev 2012
A principal fonte de recursos do mercado
imobiliário no Brasil é a poupança, com
65% do saldo aplicado destinado ao setor
imobiliário. O valor financiado via Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo
(SBPE) passou de R$ 18 bilhões, em 2007,
para R$ 56 bilhões, em 2010, uma elevação
três vezes superior em três anos. Esse
aumento no volume de financiamentos
veio acompanhado da ampliação de prazos.
Enquanto em 2007 era de dez a 15 anos, em
2011, o prazo de financiamento atingiu 25
anos em média.
Nas principais economias mundiais,
além dos recursos específicos para o setor,
existe o mercado de títulos lastreados em
recebíveis imobiliários, que no Brasil são
denominados Certificados de Recebíveis
Imobiliários (CRI). Essa alternativa ainda
está em sua fase inicial no Brasil, mas os
progressos já são visíveis. Só nos primeiros
dez meses de 2011 foram emitidos CRIs em
valores que suplantaram em mais de 50% o
total emitido em 2010. A expectativa é que
o mercado de Certificados de Recebíveis
Imobiliários continue em alta, alavancado
pelo cenário de redução na taxa de juros do
País, o que aumenta a atratividade desse tipo
de investimento, uma vez que o CRI é isento
de imposto de renda para pessoas físicas.
Olhando para o futuro, a expectativa é de que o mercado
continue com boa demanda em 2012. Uma barreira para esse
crescimento seria o aumento nas taxas de desemprego, o que
felizmente não é a realidade atual no Brasil.
O mercado brasileiro também está longe de ter uma “bolha
imobiliária”, como ocorreu nos Estados Unidos nos últimos anos.
Aqui o cenário é outro. Lá, grande parte do mercado estava focada
em comprar para investir; nosso mercado é basicamente composto
por pessoas em busca de moradia. E a grande prova disso é o fato
de que as maiores valorizações imobiliárias ocorrem em áreas em
que existe um desequilíbrio entre oferta e demanda. Na zona sul do
Rio de Janeiro, por exemplo, onde a oferta é muito baixa pela falta
de terrenos disponíveis, o preço dos imóveis cresceu enormemente.
Já a valorização em bairros que ainda possuem muito espaço, como
o Recreio, foi moderada. De forma geral, a valorização será cada vez
maior em regiões em que não há oferta de imóveis.
Em termos de apostas para investimentos, podemos citar as lajes
corporativas, um mercado que deve continuar superaquecido, em
razão da grande procura. Grandes empresas precisam de espaços
maiores, e a vacância no Rio de Janeiro está abaixo dos 4%, o que
é um índice muito reduzido. O Rio também irá se beneficiar dos
grandes investimentos em infraestrutura feitos para a Copa do
Mundo e a Olimpíada.
Edição 273 Brazilian Business_23
ponto de vista
Andreia de Andrade Gomes
SÓCIA DA TOZZINIFREIRE ADVOGADOS E
CHAIRPERSON DO COMITÊ DE PROPRIEDADE
INTELECTUAL DA AMCHAM RIO
Boas-novas na transferência de tecnologia
A
tecnologia é fator fundamental para o desenvolviAlém disso, contrariando as práticas internacionais
mento de uma nação, que pode adquiri-la capaci- adotadas nesse tipo de contrato, há também o
tando suas empresas mediante investimentos diretos em entendimento de que a tecnologia não poderá ser
pesquisa e desenvolvimento ou adotando uma já desen- licenciada, mas somente transferida, passando a
volvida por terceiros. Neste último processo, a empresa empresa brasileira recipiente da tecnologia a ser
brasileira adquirente da tecnologia paga royalties para a considerada como adquirente. Não há uma utilização
empresa fornecedora. Essa modalidade contratual, ao temporária da tecnologia, mas, sim, sua completa
envolver parceiros internacionais, deve ser registrada no aquisição por parte da empresa brasileira contratante,
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), de que, ao término da relação contratual, poderá utilizáacordo com o previsto na Lei de Propriedade Industrial, la livremente.
como condição prévia para legitimar remessas de valores
Ainda sobre a titularidade da tecnologia, surge
para o exterior e permitir a dedutibilidade fiscal dos mais uma restrição por parte do Inpi quanto à
pagamentos contratuais efetuados, além de torná-los possibilidade de aceitação de cláusulas, que estipula
válidos em relação a terceiros.
que a empresa brasileira adquirente retorne ao forneSem o registro do contrato no
cedor, após o término do
instituto, não há autorização para
contrato, quaisquer docu“O papel do Inpi deve
as remessas; e sem pagamentos
mentos, materiais e/ou inforse limitar a examinar,
para a empresa detentora da tecnomações transmitidas, uma
recomendar e
logia, sediada no exterior, não há
vez que são considerados
registrar os contratos,
transferência de tecnologia. Com
como adquiridos. Apenas em
respeitando a liberdade
isso, o Inpi foi investido de amplos
caso de rescisão contratual
das partes quanto
poderes, que visavam promover o
por falta ou inadimplência
ao que foi pactuado
desenvolvimento econômico, ciendo licenciado poderá ocorrer
tífico e tecnológico do País.
esse tipo de devolução.
entre elas”
Esses poderes, reconhecidos
Esses entraves dificultam
pelo Supremo Tribunal Federal
e atrasam o processo de
(STF), inclusive quanto à discricionariedade e capaci- registro dos contratos no Inpi e faziam mais sentido
dade do Inpi de decidir caso a caso, fortaleceram os quando o País vivia outra realidade econômica. No
chamados “entendimentos” do órgão, que, embora cenário atual, com um empresariado brasileiro
muitas vezes não possuam base legal, passaram a ter maduro e uma economia forte, não cabe mais ao
importância fundamental nas decisões do instituto e se instituto adotar uma postura de tutor monitorando
tornaram passíveis de discussão.
o seu pupilo. O papel do Inpi deve se limitar a
De fato, alguns se encontram ultrapassados, mas examinar, recomendar e registrar os contratos,
ainda vivos no Inpi, como aqueles que questionam ou respeitando a liberdade das partes quanto ao que foi
não admitem cláusulas de sigilo e confidencialidade com pactuado entre elas.
prazos superiores a dez anos após o término do contrato.
A boa-nova que parece se descortinar mais
Outro exemplo de restrição é quando o instituto não recentemente é a de um Inpi mais aberto ao diálogo
aceita pagamento por vários direitos que envolvam os com as partes, permitindo que ajustem as formas
mesmos produtos contratuais. O adquirente é obrigado que melhor lhes convenham para a contratação
a optar por apenas um contrato, como de licença de uso desejada. Já era hora.
de marca ou de transferência de tecnologia.
O empresariado brasileiro aplaudirá.
24_Edição 273_jan/fev 2012
from the usa
Professor Michael P. Ryan, PhD
Georgetown University’s McDonough School of Business
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T
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ce of Inno
26_Edição 273_jan/fev 2012
er
Gov nan
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G
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e
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I
nnovation drives growth in
the world economy. The economy in Brazil has grown
in the 2000s because the Brazilian government has invested in
technology innovations in agriculture, bio-fuels, oil, and mining. The economy in China
grew for 30 years in its reform era
because the Chinese government
opened its doors to innovation
in technology and manufacturing management knowledge by
multinational enterprises.
The economy in India left “Hindu growth”, that is, no growth,
behind when it initiated a liberalizing process that brought innovation to a long stagnant economy. The economies of Brazil, China
and India all face common challenges of rising middle-class expectations regarding health improvement, pollution abatement, and
lifestyle improvement, yet a slowdown in growth. All three great
emerging economies face new challenges of governance to restore
innovation and growth.
The European Union escaped the 1980s “sclerosis” by
promoting both private and public sector innovation through
intensified Union market integration and expansion of the Union
eastward. The economy of Japan achieved global leadership in
automobile and electronics production, and remarkable growth
through an innovation-learning export-led “catch-up”. The United
States government has long nurtured world-leading innovations
in agriculture, bio-medicine, information technology, and cultural
arts through investments in science, technology, and education;
inducement to private investment through intellectual property
rights; and commitment to an open economy. The trilateral
developed economies of the European Union, Japan, and the United
States face similar challenges-financial crises followed by recessions,
first in Japan, then in the United States, now in the European
Union; aging healthcare-demanding populations, and technology
and globalization-induced re-structuring of local businesses, local
middle-class workers, and local public service providers.
The leading governments of the world
economy, including the governments of
Brazil, China, the European Union, India,
Japan, and the United States must further
enable new innovations in the world
economy as a matter of self-interest and
global public good. The other economies of
Africa and the Middle East, the Americas,
Europe, and Asia depend for their future
growth on leadership by the large developed
and emerging economies. I explained in
my book Knowledge Diplomacy that it
was clear by the late 1990s that the world
economy was innovation-driven. Innovation
possesses distinctive economics of risky
knowledge investment appropriation, which
was recognized in the 1990s World Trade
Organization and World Intellectual Property
Organization agreements.
The economic and social opportunities
in the world regarding consumer-focused
growth, healthcare provision, pollution
abatement, and cultural arts expression
can be promoted through a renewed
commitment to global governance regarding
innovation. The global governance for
innovation agenda considers biodiversity
and genetic resources, clinical and field
research information, fundamental science
and applied technology, and cultural arts
and communication media as knowledge
for development.
Dr. Ryan is a Professor at the Center for
Intercultural Education and Development at
Georgetown University’s McDonough School
of Business in Washington, DC and will be
hosting a regional workshop, Intellectual
Property Law and Strategic Management
for Sustainable Economic Development,
scheduled to take place with the support of
the U.S. Patent and Trademark Office (USPTO)
in Rio de Janeiro in April 2012.
Edição 273_Brazilian Business_27
radar
O futuro das regras de consumo
e descarte de equipamentos
eletroeletrônicos no Brasil
A Política Nacional de Resíduos Sólidos representa um marco histórico na área
ambiental e, se bem aplicada, pode mudar em pouco tempo a forma como poder
público, empresas e consumidores lidam com a questão do descarte de produtos
Cristiane de S. Soares_doutora em ambiente e sociedade pela Unicamp, membro do Grupo Temático de Trabalho
do Ministério do Meio Ambiente, que trata do Acordo Setorial sobre a Logística Reversa de Resíduos Eletroeletrônicos,
e representante da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
O
atual estilo da sociedade contemporânea desencadeia um
frenético ritmo de consumo e instiga os indivíduos a adotar
um comportamento voraz pela inovação tecnológica. Tal
conduta encurta o ciclo de obsolescência, estimulando a substituição
de equipamentos com uma frequência cada vez maior, sendo assim,
os aparelhos eletrônicos ocupam a categoria de sucata tecnológica.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei Federal nº
12.305/10, representa um marco histórico na área ambiental e, se bem
aplicada, pode mudar em pouco tempo a forma como poder público,
empresas e consumidores lidam com a questão do descarte de produtos. Entre os novos instrumentos da lei está a logística reversa, que determina a devolução dos produtos pós-consumo para os fabricantes
de embalagens e outros artigos descartados pela população.
As novas regras estabelecidas para a destinação adequada desses
descartes seguem o princípio da responsabilidade compartilhada entre
os diferentes elos da cadeia produção-comercialização-consumo, que
envolve: fabricantes e importadores, distribuidores e comerciantes,
poder público e também os consumidores.
A responsabilidade da governança pública é ampliar a coleta
seletiva domiciliar, que hoje é de pouco mais de 7% nos municípios
brasileiros, e ainda, banir até 2014 os depósitos de lixo irregulares e/
ou inadequados.
Para o setor privado o desafio vai além da obrigatoriedade da
destinação final ambientalmente adequada;
está voltado também para a adoção ampla
“Não restam dúvidas de que
do conceito de sustentabilidade, que significa
o problema precisa ser
abraçar os três pilares que regem o tema:
enfrentado e que o atraso
meio ambiente, por meio da recuperação
de um marco regulatório
dos materiais dos produtos; inclusão social,
já causou sérios passivos
por intermédio da inserção das cooperativas
de reciclagem; e viabilidade econômica, com
ambientais”
destaque para que todo o sistema de logística
reversa seja autossustentável.
Não restam dúvidas de que o problema precisa ser enfrentado
e que o atraso de um marco regulatório já causou sérios passivos
ambientais, e mesmo que uma parcela significativa da sociedade
compreenda que é necessário e que existe uma premência do assunto,
o caminho para o engajamento ainda é longo e prescindirá de muita
negociação para que esse sistema se torne uma realidade.
A regulamentação da PNRS foi o primeiro passo para avançar em
direção a um grande acordo nacional que irá tratar os resíduos sólidos
do País, no entanto, ainda existem muitos entraves que comprometem
a agilidade da implantação da logística reversa. Segundo o Plano
Nacional de Saneamento Básico (Plansab), a gestão dos resíduos
sólidos é de responsabilidade dos municípios. Ocorre que cada Estado
da federação possui o seu próprio conjunto de regras para o assunto
e impõe taxas, restrições, compensações ou metas para a recuperação
de embalagens e produtos pós-consumo.
Para que o novo modelo comece a funcionar plenamente, a
regulamentação da lei definiu etapas, entretanto, muitos pontos
importantes que envolvem o estabelecimento dos fluxos da logística
reversa ainda estão em discussão. Entre os diferentes assuntos que não
entram em consenso entre poder público e iniciativa privada, estão a
responsabilidade dos fabricantes sobre os produtos cujas indústrias se
retiraram do País ou não existem mais, produtos contrabandeados ou
ainda os chamados produtos “piratas”.
Representantes da indústria e do comércio
vêm traçando um acordo que definirá a modelagem para a governança dos fluxos da logística
reversa, o perfil do estabelecimento comercial
que servirá como posto de recebimento, os locais para concentração e segregação das marcas e tipos de equipamentos, procedimentos
de controle, construção de indicadores para o
monitoramento e outros quesitos que ainda
estão sendo levantados.
Apesar de estarem previstos pela PNRS
os incentivos e instrumentos financeiros, não
existem regras para que sejam disponibilizados.
No caso de eletroeletrônicos, o descarte de
tais produtos carece de arcabouço legal mais
apurado. Comerciantes e fabricantes precisam
de segurança jurídica em temas que dizem
respeito à titularidade do bem e esclarecimentos
sobre ponto de recebimento, bitributação,
licenciamento ambiental, armazenamento
e transporte desses produtos nas esferas
intermunicipal e interestadual. Outro gargalo
a ser enfrentado está relacionado à carência
de empresas especializadas na desmanufatura
desses equipamentos, que, apesar de não serem
resíduos perigosos, possuem elementos que
se manuseados inadequadamente podem se
tornar tóxicos.
Mesmo que muitas empresas já tenham
se antecipado à lei implantando programas de
reciclagem, dentro da visão de sustentabilidade, é sabido que ainda é baixa a adesão dos
consumidores e que serão necessárias muitas
ações educativas para sensibilizar e conscientizar a população do seu papel.
A mediação entre setor privado e público
para a assinatura do acordo setorial é o
primeiro passo do longo caminho que será
trilhado para que sejam implantados os fluxos
da logística reversa.
Não há dúvida de que a cadeia da reciclagem
de eletroeletrônicos se constitui promissora,
ainda que a solução do problema esteja apenas
assumindo seus primeiros contornos. Se por
um lado a aplicação da lei representa uma
maior quantidade de resíduos coletados e
destinados adequadamente, por outro gera
desafios na implantação de uma logística
reversa em escala nacional, demandando ações
conjuntas do setor privado e público e elevados
investimentos financeiros e tecnológicos. De
certo a implantação desses fluxos de logística
reversa implica uma longa jornada de erros e
acertos que carecerá da sociedade o emprego
de esforços para buscar soluções que viabilizem
a cadeia de reciclagem de eletroeletrônicos.
Edição 273_Brazilian Business_29
especial
artigos
relacionados
O
ano de 2011 foi marcado
pela crise da dívida na Europa, pelo rebaixamento
dos Estados Unidos e até
por catástrofes no Japão,
acontecimentos que serviram como freio
para a economia brasileira. Mas como serão
os próximos anos? Para alguns analistas, o
pior do cenário global já passou, e o País
deve viver um novo patamar de crescimento, acima da média internacional. Outros,
contudo, ainda veem riscos e volatilidade
no curto prazo, impactando o investimento. Mas todos concordam em um ponto: em
momentos de estagnação nos países ricos, a
situação nacional se destaca ainda mais com
os potenciais únicos do Brasil.
Carlos Langoni, diretor do Centro de
Economia Mundial da FGV, acredita que o
cenário externo este ano está mais favorável
para o Brasil. Em que pese uma quase estagnação na Europa, os Estados Unidos devem
crescer entre 1,8% e 2% neste ano, e nenhum
dos prováveis eleitos para presidente americano em novembro defende uma mudança
brusca da política econômica, com o FED
indicando juros baixos até 2014. E, no Velho
Continente, a situação já está bem melhor,
com o avanço da união fiscal entre os países.
A forma como Espanha e Itália conseguiram
rolar suas dívidas neste ano com juros relativamente baixos confirma a melhora.
Langoni vê a China crescendo entre
8,5% e 9%, o que vai garantir bons preços
para as commodities brasileiras. “Podemos
crescer entre 3,5% e 4%. O grande desafio
do Brasil será mudar o patamar do crescimento mantendo a inflação declinante”,
afirmou o economista, que já foi presidente
do Banco Central.
Eduardo Velho, economista-chefe da
Prosper Corretora, também acredita que o
pior já ficou para trás e que o começo do ano
mostra que há mais confiança em uma solução negociada para o problema grego e que
Itália e Espanha não se “contaminaram”. Com
isso, o mercado financeiro tende a beneficiar
países como o Brasil. “Claro que há o risco,
mas ele já está precificado. A instabilidade
deste ano será menor. O cenário externo é
melhor que a crise de 2008/2009, que foi muito forte, e que o do ano passado”, afirma.
Mas há alguns analistas que não estão tão
otimistas. Luís Afonso Lima, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de
Empresas Transnacionais e da Globalização
Econômica (Sobeet) acredita que o momento será de muita variação de preços e cotações
e que o cenário externo só começa a favorecer
de fato o Brasil em 2013. “Neste ano teremos
ainda fortes emoções, a relativa calmaria que
vivemos desde outubro, quando o BCE mudou sua forma de ação, tem chances de acabar,
pois os remédios europeus podem ter controlado o desespero, mas ainda não resolveram
o problema, o que só será feito com um forte
choque fiscal”, afirmou.
Na opinião de Lima, a maior volatilidade deve intensificar a aversão ao risco,
combinado com o fato de que os bancos
terão de reduzir suas exposições. Isso deve
desacelerar um pouco o investimento direto
no País em 2012, apesar do bom momento que o Brasil vive. Além do pré-sal e dos
eventos esportivos, ele acredita que o avanço
social continua tornando o Brasil um país
único. “A nossa grande vantagem é o imenso mercado consumidor, que, ao contrário
da Europa, está crescendo, seja pela melhor
distribuição de renda, seja pela ampliação de
renda. Desde 2003, o aumento real da massa
salarial foi de 70% e, no período, 40 milhões
de pessoas ascenderam de classe social, o
equivalente à população da Espanha. E, até
2013, espera-se que esse fenômeno ocorra
com mais 17 milhões de pessoas, o que equivale a um Chile”, disse Lima. Assim, para ele,
o futuro é promissor: “O Brasil passou de
14º entre os maiores receptores de investimentos, em 2009, para 4º, em 2011. E uma
pesquisa realizada com empresários pela
United Nations Conference on Trade and
Development (Unctad) mostra que o Brasil
é o país mais citado na hora de se pensar em
investimentos”, lembra.
Economistas acreditam que, aos poucos, o pior está
ficando para trás e que o futuro do País é animador
Por Guilherme Zabael, do Rio
O despertar do gigante
30_Edição 273_jan/fev 2012
n 2012 pode ser
melhor que 2011
George Vidor
pág. 32
n Um cenário
diferente em 2012
Clóvis Abreu Vieira
pág. 33
n Em busca da
competitividade
Rodrigo Tostes
pág. 34
n O cenário
macroeconômico
e os metais
Roberto Castello
Branco
pág. 35
artigos relacionados
2012 pode ser melhor que 2011
George Vidor_colunista do jornal O Globo e comentarista econômico da Globo News
A
crise financeira na Europa vem se refletindo nas previsões dos
economistas para o ano de 2012. De fato, não faltam motivos
para preocupações, pois não se trata de uma crise de fácil solução,
que possa ser superada no curto prazo. O excessivo endividamento
acumulado por décadas terá de ser forçosamente reduzido, e esse
processo tem gerado retração dos mercados do sul da Europa, especialmente na região do Mediterrâneo. Mas nem a Grã-Bretanha,
cuja economia é tradicionalmente mais ligada à dos Estados Unidos e que ainda mantém uma moeda própria (a libra esterlina),
conseguiu resistir ao enfraquecimento do euro.
Ainda que esse quadro seja pouco previsível, a dimensão dos
riscos parece ter sido mapeada, o que deixou os mercados financeiros mais ativos, inclusive na Europa. Em janeiro, o Tesouro Nacional captou recursos, com a venda de bônus de longo prazo, oferecendo rendimentos muito baixos aos investidores, e logo a seguir
grandes companhias brasileiras, como a Petrobras e a Vale, foram
na esteira e aproveitaram a oportunidade, buscando financiamentos a custos reduzidos em moeda estrangeira. Bancos brasileiros
têm feito o mesmo porque é muito vantajoso repassar tais créditos
para o mercado doméstico, diante do diferencial entre as taxas de
juros que vigoram lá fora e aqui.
“A conjugação desses fatores permite
que a economia brasileira prossiga com
investimentos em infraestrutura de
grande vulto, com destaque para as áreas
de transporte e energia”
Ora, com um ambiente internacional aparentemente tão negativo, por quais motivos o mercado permanece tão receptivo a
títulos e papéis brasileiros? Primeiro, os investidores têm poucas
opções nas economias mais desenvolvidas. Em função do “freio
de arrumação”, as autoridades monetárias europeias, americanas
e japonesas já deixaram claro que não devem alterar significativamente os juros básicos nos próximos dois anos, e que os sistemas
financeiros serão irrigados para evitar que a crise se agrave por
uma eventual quebradeira de bancos e de outros tipos de instituições com participação relevante no setor. Segundo, a economia
brasileira, em razão de seus próprios méritos e também pela perspectiva de a demanda por alimentos e matérias-primas (produtos
que o Brasil tem a oferecer) continuar firme, é, sem dúvida, uma
das exceções nesse ambiente negativo. Terceiro, não há indicação
de que os bons ventos da Ásia venham a sofrer uma súbita e abrupta interrupção, o que nos beneficia.
32_Edição 273_jan/fev 2012
A conjugação desses fatores permite que
a economia brasileira prossiga com investimentos em infraestrutura de grande vulto,
com destaque para as áreas de transporte
e energia. A indústria de petróleo vive um
momento invejável, pois, concretamente a
produção brasileira deverá triplicar até o
fim da década. A cadeia produtiva do petróleo é extensa e envolve desde centros de
pesquisa a prestadores de serviços e fornecedores de grandes equipamentos, incluindo navios e plataformas.
O calendário de eventos internacionais
vem impulsionando investimentos em instalações esportivas, sistemas de transportes
de alta capacidade, recuperação de áreas urbanas e programas habitacionais nas principais cidades do País. Com isso, o mercado
de trabalho não dá sinais de enfraquecimento, e o resultado é um círculo virtuoso
de aumento de renda, consumo doméstico
e substancial arrecadação de impostos, fazendo com que um dos desafios da política
econômica seja exatamente o de moderar
esse ritmo para que o comportamento da
inflação não fuja ao controle. Felizmente o
setor público voltou a acumular superávits
primários robustos, deixando de pôr mais
lenha na fogueira da demanda global.
De qualquer forma, o ambiente internacional exige uma postura de cautela e
precaução. Por enquanto, a economia brasileira tem mostrado capacidade de conviver com a crise, e ainda ter fôlego para crescer. A tendência é que o País chegue ao fim
de 2012 melhor do que em 2011, que, por
sinal, já foi um ano bom. 
Um cenário diferente em 2012
Clóvis Abreu Vieira_economista e diretor-executivo da Câmara de Comércio Americana do Espírito Santo (Amcham-ES)
E
m 2012, a agitação social deve permear
Com relação ao Brasil, vamos assistir ao cenário internacional
toda a Europa, que vai atravessar seu influenciando o quadro doméstico, e crescer estatisticamente os
pior ano de crescimento. Claro que haverá mesmos 3% de 2011, mas com uma leve sensação de recuperação
alternâncias nas taxas de crescimento entre de energias. Sem dúvida, vamos experimentar o crescimento da
os diversos países, melhor para Alemanha e inadimplência, e o desemprego poderá até aumentar, mas o reajusFrança, e pior para Itália e Grécia. Isso por- te de quase 14% ao salário mínimo, equivalente a uma injeção de
que a união das moedas, que não levou em recursos da ordem de R$ 60 bilhões, estimulará o consumo de bens
consideração as enormes diferenças entre os pelas classes D e E, assim como nas regiões menos desenvolvidas
países membros, como a produtividade e o do País.
desempenho fiscal, paga agora a conta de
A maior seletividade dos bancos na concessão de crédito, dado
anos de fartura e bonança, graças ao crédito que encontrarão maiores dificuldades na captação interna e exterfarto e barato.
na, conjugada com a alta inadimplência, repercutirá na desaceleraNos Estados Unidos o desempenho da ção do consumo de bens de valor mais elevado. Ainda que os baneconomia será um pouco mais animador, cos públicos devam atuar de forma mais agressiva no crédito, para
com um crescimento assegurado de 1% do amenizar esses impactos, ele crescerá menos que o esperado.
PIB, conseguindo se afastar das taxas negaCabe enfatizar que o Brasil continua com os velhos problemas
tivas que até então vinha experimentando. estruturais, como um sistema tributário perverso e ultrapassado,
Na China, o crescimento também deverá ser que impede a competitividade da economia e não viabiliza o retorligeiramente menor, entre 7% e 8% a.a., mas no dos bens públicos requeridos pelos cidadãos. Tudo isso aliado a
a temida inflação se arrefeceu, sem a concre- uma precária infraestrutura que eleva os custos logísticos e a uma
tização da expectativa de valorização do péssima qualificação da mão de obra, o que reduz sobremaneira a
yuan, o que poderia
competitividade do produto brasileiro.
agravar a recessão
O Espírito Santo vive um bom momenO Espírito Santo vive
mundial.
to, e outros melhores ainda estão por vir se
um bom momento,
Portanto, o cenáo Estado conseguir apropriar melhor os
e outros melhores ainda
rio para a economia
benefícios sociais e econômicos decorrentes
mundial em 2012
dos investimentos que estão aportando em
estão por vir
levou a uma revisão
seu território nos últimos anos. Mas esse
do crescimento para
desenvolvimento ainda é muito desigual nas
baixo, diante da gravidade da situação na várias dimensões como renda, emprego e acesso a serviços públicos.
Europa, do baixo desempenho da economia Essa iniquidade se materializa concretamente nas diferenças entre
norte-americana, da desaceleração, ainda níveis de desenvolvimento em seu território, em regiões e municíque positiva, dos países asiáticos e da crítica pios.
situação dos países de baixa renda. Será
É notório que o governo estadual terminou 2011 com cerca de
um ano de crédito mais restrito em todo R$ 1,7 bilhão de investimentos públicos, mas postergaram-se para
o mundo.
2012 as sérias questões fiscais que envolvem as finanças do Estado
e dos municípios, decorrentes da reforma do ICMS – que coloca
em risco o mecanismo Fundap –, da distribuição dos royalties do
petróleo e da partilha do FPE e FPM. Como é um ano de eleições
municipais, não é difícil supor quão complicado será obter consenso em âmbito nacional.
Portanto, grandes desafios se antepõem para 2012 e os anos
subsequentes. E mais: é crucial pensar urgentemente em uma nova
vocação para a economia estadual voltada para a exploração de seu
potencial logístico diante do iminente pacto do federalismo fiscal.
Com isso, espera-se que o Espírito Santo possa vir a ser um ator
preponderante do cenário nacional. 
Edição 273_Brazilian Business_33
artigos relacionados
Em busca da competitividade
Rodrigo Tostes_VP de finanças do complexo siderúrgico ThyssenKrupp CSA, localizado
no distrito industrial de Santa Cruz, zona oeste do município do Rio de Janeiro
A
desejada competitividade que a indústria cobra e que o País precisa estimular esbarra em entraves e custos genericamente sintetizados na expressão “custo Brasil”. Uma das principais dificuldades
para esse crescimento é a arrecadação de impostos, que representa
cerca de um terço das riquezas produzidas aqui. No Brasil, o empreendedor enfrenta, além do risco do negócio, um “sócio” que cobra
sua parte via imposto antes da geração de qualquer faturamento, ou
seja, não há estímulo ao investimento, já que grande parte do risco
não é dividida. Todo empresário trabalha de quatro a seis meses do
ano só para pagar impostos, isto é, quase metade da receita é destinada aos tributos. A carga tributária excessiva, que no caso dos produtos siderúrgicos eleva entre 40% e 50% o custo final do que é
produzido no País, reduz a competitividade da indústria brasileira.
Estudo da LCA Consultores realizado em 2011 mostrou que o Brasil
poderia mais que dobrar o Produto Interno Bruto (PIB) por habitante se reduzisse as ineficiências que afetam a competitividade, tais
como falta de infraestrutura, complexidade do sistema tributário e
tempo necessário para fazer valer o cumprimento dos contratos e
para lidar com licenças em geral, além dos custos de exportação.
O Brasil pode estar perdendo preciosos investimentos em todos os
segmentos, já que temos atualmente uma situação macroeconômica
favorável, ou seja, uma janela de oportunidades que seguramente não durará para sempre.
“É necessário que o País
Um dos fatores que precisam ser resolvidos
coloque em prática,
em caráter emergencial é a guerra fiscal entre
urgentemente, uma agenda
os Estados, situação que traz prejuízos ao País
de forma geral. Certamente, a única alternatide competitividade”
va para o problema seria um novo pacto federativo. A discussão dos royalties do pré-sal e os
da mineração deveria ser vista como a solução para equacionar as perdas e os ganhos dos Estados por meio de uma legislação nacional para
o ICMS, por exemplo. O governo federal tem agora uma oportunidade única e, se ela for desperdiçada, não haverá outra.
A desonesta guerra tributária não atrai os investimentos de que
o País precisa para crescer, ao contrário, provoca efeitos como o que
já é sentido na cadeia metal mecânica, que vive hoje um claro processo de desindustrialização. Análise encomendada pelo Instituto
Aço Brasil (IABr) à Booz&Company mostra que o custo de tributos
sobre produção e vendas de produtos siderúrgicos compromete o
bom desempenho do aço brasileiro, assim como a elevada tributação
também onera, em cerca de 50%, os investimentos realizados pela
indústria siderúrgica no Brasil. Considerando o impacto de tributos
associados a novos investimentos, o aço no País perde ainda mais
competitividade. O aço para exportação também carrega um custo
tributário maior que o de outros países – 12,7% contra 7,2%. Além
disso, os insumos registram custos elevados, o que, aliado à volatilidade do câmbio, reduz a competitividade do setor frente ao produto
chinês, tanto na briga pelo mercado interno como externo.
34_Edição 273_jan/fev 2012
A China é, desde 2009, o maior parceiro
comercial do Brasil. Vem se tornando, também, um grande investidor no País, com
valores superiores a US$ 13 bilhões em 2010.
A siderurgia e a mineração têm participação
relevante nas relações bilaterais, tanto no que
se refere aos investimentos como ao comércio. De acordo com dados do CEBC –
Conselho Empresarial Brasil-China, os investimentos chineses estão concentrados em
cinco setores, sendo que a siderurgia e a
mineração representaram 34% do total. O
setor siderúrgico registra elevado crescimento nas importações brasileiras de produtos
chineses intensivos em aço, em particular
máquinas e equipamentos, autopeças, mais
recentemente, automóveis e utilitários.
Há também outros fatores que impactam
negativamente a capacidade de o País concorrer no mercado internacional e internamente com importações da China, principalmente. São obstáculos e gargalos de infraestrutura que reduzem a eficiência da economia brasileira. Altas taxas de juros destoando
dos padrões do mercado externo, condições
de crédito não tão favoráveis e burocracia são
fatores negativos sobre os quais as empresas
têm pouco ou nenhum controle e dependem
de políticas governamentais. Por isso, é
necessário que o País coloque em prática,
urgentemente, uma agenda de competitividade. É igualmente importante que as regulamentações sejam mais flexíveis para responder com eficiência às mudanças na economia global.
Analisando a questão de forma mais
abrangente, tirando os olhos do Brasil, esta é
uma preocupação mundial. Como preservar
a economia doméstica e fortalecer a economia de um país sem apelar para o protecionismo, mantendo o progresso gerado por
um mundo globalizado? O desafio não só do
Brasil como da comunidade internacional é
manter o equilíbrio com regulamentações
adequadas, regras claras que não beneficiem
apenas um ou outro setor, a fim de não criar
distorções difíceis de corrigir, desenvolvendo
um ambiente propício ao crescimento.
O cenário macroeconômico e os metais
Roberto Castello Branco_diretor da Vale S.A.
A
pós a forte recuperação da grande recessão de
A reaceleração dos mercados emergentes é bastante importante:
2008/2009, a economia global se desacelerou em (i) as economias desenvolvidas continuarão a crescer lentamente no
2011, crescendo abaixo da tendência de longo prazo, es- futuro próximo; (ii) neste século os emergentes têm sido a principal
timada em 4% ao ano. Vários fatores concorreram para fonte de crescimento da economia global; (iii) face às suas transa desaceleração, gerando também maior volatilidade de formações estruturais, o crescimento dessas economias é definitipreços de ativos financeiros – dívida, ações e moedas – e vamente a maior fonte de aumento da demanda global por metais e
de commodities, e um ambiente dominado por expecta- recursos naturais.
tivas pessimistas.
A crise da dívida soberana da zona do euro levou a Europa à
O choque de preços de petróleo e alimentos produziu recessão, por meio da ampliação das incertezas, da necessidade de
alta temporária da inflação, provocando perda de poder aperto fiscal e de desalavancagem dos balanços dos bancos. O maior
aquisitivo, com impacto sobre o consumo. Contudo, os risco para a estabilidade da economia reside, entretanto, na perda
efeitos desses choques se dissiparam a partir da segunda do controle da crise, tendo em vista a importância das interações da
metade de 2011.
zona do euro com a economia global. No momento, esta parece conA perspectiva de novo choque do petróleo pelo fecha- tida pelo financiamento de quase 600 bilhões de euros por três anos
mento do Estreito de Ormuz nos parece mais um tail risk. concedido aos bancos pelo European Central Bank (ECB), o que
A produção da Líbia está se recuperando rapidamente, trouxe tranquilidade aos mercados financeiros neste início de ano.
e a disposição da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes
O crescimento da economia americana se processa em ritmo inUnidos de compensar o eventual corte das exportações ferior à capacidade potencial, fenômeno natural em recuperações de
iranianas ajuda a manter os preços em intervalo que não crises financeiras, porém influenciado também pela alta taxa de deameaça a estabilidade da economia.
semprego – em parte devido ao mismatch entre tecnologia e educação
Os desastres naturais causaram efeitos macroeco- – e a indefinição sobre o déficit e a dívida pública. No Japão, a incapanômicos relevantes, com o tercidade do país em lidar com problemas estruremoto de março de 2011 no
turais o condena ao crescimento lento.
“As economias emergentes
Japão provocando queda abrupAssumindo que a situação europeia não
continuarão a se expandir,
ta da atividade econômica local
se deteriore, a economia global deverá ter
com a Ásia crescendo acima
e rupturas na cadeia global de
um novo ano de crescimento abaixo da cade 6%, com destaque para
suprimentos, com amplas reperpacidade potencial, embora com melhoria
cussões. Mais tarde, as enchentes
de desempenho no segundo semestre. Nesse
China (8,5%) e Índia (7%)”
na Tailândia provocaram efeitos
contexto, as economias emergentes contisemelhantes, embora de intensinuarão a se expandir, com a Ásia crescendo
dade menor considerando-se as dimensões de sua eco- acima de 6%, com destaque para China (8,5%) e Índia (7%).
nomia. Tais efeitos pertencem ao passado: a cadeia de
O crescimento chinês, fundamental para os metais, será impulsuprimentos se recompôs e a economia desses países sionado pela demanda doméstica, principalmente pelos investimenvoltou à normalidade.
tos em infraestrutura nas regiões central e oeste, prioridade do XII
Em consequência da expansão monetária de 2009 e Plano Quinquenal, pelo programa de construção de moradias poparte de 2010 e da alta das commodities, a inflação nas pulares e pela redução dos controles de crédito.
economias emergentes se elevou. Todavia, essa tendência
A persistência de restrições ao aumento da oferta de minério de
se reverteu, permitindo aos bancos centrais o afrouxa- ferro e cobre contribui para preços reais historicamente elevados. A
mento da política monetária.
despeito da entrada em operação de vários projetos de níquel, seus
A normalização das políticas monetária e fiscal das preços se manterão face ao papel de swing producers dos produtos
economias emergentes – depois dos estímulos para se chineses de custo elevado. Já os preços do alumínio continuarão
contrapor ao choque financeiro global de 2008 – a par- baixos em função da ampla oferta da China. Ao contrário do que
tir de meados de 2010 conteve a escalada inflacionária, acontece com outros metais, o alumínio é exportado pelo país, que
mas promoveu significativa desaceleração do cresci- detém influência baixista sobre os preços.
mento. Mais recentemente, seus bancos centrais, em
Acreditamos, portanto, que o minério de ferro permanecerá como
movimento iniciado pelo Brasil, reverteram a direção o principal produto da pauta de exportação brasileira, ajudando o fida política monetária, passando a reduzir taxas de ju- nanciamento da importação de máquinas e equipamentos para a moros e de reservas compulsórias dos bancos.
dernização e o aumento de competitividade da indústria do País. 
Edição 273_Brazilian Business_35
ponto de vista
Marcelo C. Leite
diretor de RH do
Momsen, Leonardos & Cia.
RH: líder total flex
Ó
tima formação acadêmica, com diversos cursos de
Sempre ouço e leio de consultores espeextensão e especialização, currículo profissional des- cializados na área que o RH, para ter suceslumbrante e fluência em idiomas estrangeiros são diferen- so na liderança e na gestão das pessoas, tem
ciais que alavancam a carreira de qualquer profissional, que compreender o negócio da companhia.
certo? Depende.
Mas isso não é tudo, é preciso conhecer os
O profissional de hoje está entrando numa espécie de funcionários além de suas expertises profisrobotização em busca de títulos. Nada contra, muito pelo sionais. Saber sua visão sobre o negócio,
contrário, se em paralelo ele também buscar o desenvol- sobre a gerência, a estrutura que lhes é ofevimento de seu lado humano, de pessoa, de gente. Interagir recida e também conhecer seus problemas,
com seus pares e subordinados, em especial com estes últi- compartilhar de tristezas e alegrias, ser um
mos, de uma maneira mais informal e menos forçada deve amigo deles.
ser uma meta a ser alcançada.
Com esse contato próximo e amigável,
Essas boas características, que complementam um esse líder saberá traduzir as diversas linguaexcelente perfil de profissional, devem estar presentes gens que existem numa mesma corporação,
nos líderes, fundamentalmente. Venho percebendo essa proporcionando-lhe a receita para se antelacuna nas lideranças de recursos humanos, e isso me cipar a crises, por exemplo, e tocar a admideixa triste.
nistração como um líder da organização,
Recentemente, fui visitar um amigo em seu trabalho como deve ser.
e quando estávamos indo em direção à saída, nos despeFalta, portanto, a habilidade para consedindo, estava entrando a diretora de RH da empresa. guir ser simples. Em português claro, esse
Sem nos cumprimentar, seguiu seu caminho, e meu líder, além de participar dos planejamentos e
amigo teceu o seguinte comentário, sabendo que atuo na das decisões estratégicas, de estar ao lado do
área: “Precisamos de uma área de RH que entenda e goste CEO e palestrar em idioma estrangeiro para
de gente”.
uma plateia de altos executivos, tem que
Não há como liderar uma equipe de pessoas sem saber tomar café com o “peão” no boteco da
conhecê-las a fundo. O líder de
esquina em que a empresa está
RH não se limita ao seu setor, mas
localizada, beber uma cerveja
“Precisamos de
deve ter em mente que a empresa
com a equipe depois do expeuma área de RH
é o seu setor, a sua área de atuação.
diente, ouvi-los no ambiente que
que entenda e
É obrigação, portanto, compreenadoram estar. E, claro, deve fazer
der todo o negócio da organização
isso com naturalidade, com vongoste de gente”
e conhecer seu pessoal de A a Z.
tade mesmo, porque se for forçado não adianta, não vai fazer você
se aproximar das pessoas.
Por conta de nossa formação acadêmica
e profissional, somos colocados na liderança
pelos donos das empresas na qual trabalhamos. Mas, para nos manter nela, precisamos
também de uma formação mais humana e
social, lado a lado com os funcionários, servindo de espelho para novas lideranças.
36_Edição 273_jan/fev 2012
artigo
A evolução das
mídias
sociais:
o consumidor no comando das
inovações dos produtos e serviços
Tarcísio Godoy
Ouvidor-geral
e diretor do Grupo
Bradesco Seguros
Na sociedade moderna, o agente principal não poderia ser outro
que não o consumidor. Mas não foi sempre assim. Antes do CDC
e das redes sociais, o cliente se comunicava por reação. Agora, participa de forma proativa de todo o processo de uma empresa, e essa
atitude é uma enorme possibilidade para que a companhia melhore
seus produtos e serviços.
Um exemplo do poder do consumidor com as redes sociais vem
de Dave Carroll, músico canadense que usou seu talento para denunciar ao mundo, pelo YouTube, a maneira como foi destratado por uma
companhia aérea. Ele provou com sua canção de protesto – ouvida
por milhões de pessoas – que as empresas devem “escutar” o cliente,
sob o risco de um contratempo se reverter em uma imagem negativa.
divulgação
S
“As empresas entenderam
a importância desse novo
consumidor e de seu poder
por meio das redes sociais”
Hoje o mundo virtual está tão presente nas relações de consumo que o próprio CDC passa por atualização. Isso porque, quando houve a elaboração do texto, há mais de duas décadas, nem se
cogitava a existência de lojas virtuais, com empresas e consumidores
vendendo, comprando e se comunicando on-line.
reprodução
e John F. Kennedy vivesse hoje, certamente reescreveria o discurso lido no Congresso norte-americano em 15 de março de
1962, data que, décadas depois, transformou-se no Dia Mundial do Consumidor. O presidente americano disse que o consumidor precisava ser “ouvido”. Naquele momento, foi dado o pontapé
para que o mundo empresarial passasse a olhar o cliente sob nova
perspectiva: a de que era necessário conhecer as expectativas, os
desejos, as opiniões, as reclamações e as críticas dos cidadãos.
No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), em conjunto com as mídias sociais Orkut, Facebook, LinkedIn e Twitter,
tem conseguido fazer com que o consumidor seja “ouvido” pelas
empresas de maneira rápida e eficiente. Apoiando-se no CDC, as
comunidades na rede mundial de computadores puseram fim à comunicação unilateral. Na maioria das vezes, ambos falam e são ouvidos. E a conversa não se restringe a reclamações. Pesquisas mostram
que o consumidor usa mais as redes para opinar, criticar ou sugerir
ações às empresas do que para reclamar de problemas, numa conectividade que atinge milhões de pessoas em minutos.
38_Edição 273_jan/fev 2012
As empresas entenderam a importância desse novo consumidor e de seu poder por meio das redes sociais e estão montando
estruturas para acompanhar o que postam sobre elas no Twitter,
Facebook, Orkut e outros sites. Pela internet, trocam informações
em tempo real com seus consumidores objetivando atendê-los
em seus pleitos, alteram fórmulas de produtos, criam serviços,
reformatam embalagens. E também usam as mídias sociais para
encantar o cliente. Se a reclamação vem rapidamente, entendem
as empresas modernas, a melhoria dos processos e a solução dos
problemas devem ter a mesma agilidade.
Utilizar de forma positiva esse novo canal de comunicação
com os clientes é o grande desafio das empresas. É preciso planejar
suas ações de modo a entender onde está seu público, como ele
se comporta e o que procura na internet. Para isso, é preciso dar
alguns passos: monitorar, analisar, criar e interagir com o consumidor. E não nos esqueçamos nunca de que estamos na era do
compartilhamento: nós só podemos ganhar algo se tivermos algo
a oferecer. 
O músico canadense Dave Carroll usou o
YouTube para reclamar, de forma criativa,
do serviço de uma companhia aérea
Edição 273 Brazilian Business_39
dialogues
Dynamic and continuously improving:
Ethiopia’s investment operating environment
Aklilu Shiketa
Minister counselor at the
Ethiopian Embassy in Brazil
40_Edição 273_jan/fev 2012
W
ith 80 million people, Ethiopia is the second most populous country in
Sub-Saharan Africa. Covering 1.14 million km2, Ethiopia’s land area is
larger than the land area of France and Spain together. Its economy has been
growing at an unprecedented 11 percent annual average for the last seven years.
Between 2003 and 2009 Ethiopia’s GDP expanded five fold. The November 2010
edition of The Economist forecast that Ethiopia would be one of the world’s five
fastest-growing economies in the years that followed. With a double-digit growth
rate, the forecast has come true. Ethiopia has made significant strides in reducing
rural poverty, improving life expectancy, raising educational levels, and expanding
infrastructure such as roads and hydropower plants.
Ethiopia’s remarkable growth has been attributed to a number of reform
measures. Better regulatory and institutional frameworks such as streamlined
business registration requirements, have helped enhance investor confidence.
Large investments in infrastructure have boosted domestic demand and helped
realize the economy’s productive potential. The introduction of a range of
special incentives and policy instruments helped exports grow at an average
annual rate of 22 percent between 2004 and 2009, thus boosting the country’s
foreign exchange reserves.
According to the World Bank’s 2010 Doing Business ranking, Ethiopia holds
a position (107) better than that of other fast-growing economies such as India
(133), Russia (120), and even Brazil (129). At number 89, only China exceeds
Ethiopia among the BRIC countries.
The dynamic and continuously improving investment operating environment
in the country enabled it to attract direct investments from across the globe, including China, India, Saudi Arabia, Turkey, France, The Netherlands, United Kingdom, and Canada. The sectors in which investments from the above mentioned
countries are made include textiles, breweries, infrastructure development, agroprocessing, floriculture, leather, livestock, crops, and mining.
Though some Brazilian companies have
begun exploiting opportunities in Ethiopia,
“Though some Brazilian
they are yet to implement their ideas. Given
companies have begun
their extensive experience in Africa, their
exploiting opportunities
technological and financial capacity and,
in Ethiopia, they are yet to
most important, the convergence of what
Ethiopia offers and what Brazilian business
implement their ideas”
needs, they are conspicuously absent from
the list of foreign investors in Ethiopia.
Indeed, one should not be present somewhere just for the sake of being
there. The multi-billion infrastructure development plan, which includes the
construction of railways and hydropower plants, the ambitious plan to expand
the country’s sugar sector by a staggering 350 percent, the allocation of three
million hectares of land for agricultural investment, and the country’s geographic
proximity to the Middle East, Europe, and Asia, should be the right reasons for
Brazilian companies to be in Ethiopia.
news
O presidente da
Amcham Rio,
Henrique Rzezinski, e
o diretor-presidente
da Agência Nacional
de Águas, Vicente
Andreu Guillo
Amcham Rio entrega o
7º Prêmio Brasil Ambiental
Eletrobras Eletronuclear, Petrobras, Fetranspor, Tractebel Energia, Samarco
Mineração e Canal Energia foram as empresas premiadas nas sete categorias
da sétima edição do prêmio, que valoriza as melhores práticas ambientais
Reportagens Giselle Saporito
Fotos Luciana Areas
42_Edição 273_jan/fev 2012
A
Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
(Amcham Rio), por iniciativa de seu Comitê de Meio Ambiente, entregou, na noite do dia 8 de dezembro de 2011,
no Salão Nobre da Bolsa do Rio, o 7º Prêmio Brasil Ambiental aos
melhores projetos de preservação do meio ambiente – foram inscritos 39 projetos, em sete categorias. O evento tem como objetivo
estimular ações e reconhecer os méritos de programas que envolvam
a questão da sustentabilidade.
O presidente da Amcham Rio, Henrique Rzezinski, e o chairman
do Comitê de Meio Ambiente, Luiz Pimenta, deram as boas-vindas
aos convidados do prêmio e agradeceram a participação dos jurados. “A Amcham Rio espera estar na vanguarda de iniciativas que
contribuam para estimular o empresariado brasileiro e fomentar, no
ambiente de negócios, práticas voltadas para a preservação do meio
ambiente”, enfatizou Rzezinski.
O diretor-presidente da Agência Nacional de
Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, palestrante de
honra, destacou a importância da realização do Prêmio
Brasil Ambiental e da continuidade da discussão
do tema, que este ano foi a água, e sua importância
no desenvolvimento sustentável. “Um evento dessa
natureza sinaliza que a questão ambiental é irreversível
no que se refere ao mundo globalizado”, disse.
Guillo ressaltou a urgência da criação de uma política
de uso ordenado da água e afirmou que a interferência
do setor produtivo nos comitês das bacias hidrográficas
será decisiva para a criação de uma gestão ambiental dos
recursos hídricos. “O setor agrícola tem sido resistente
no que diz respeito à cobrança do uso da água e na
gestão das bacias hidrográficas. Estou convencido de
que a ação do setor produtivo e empresarial é de grande
importância para a implementação dessa política. Há
uma atenção do mundo para a gestão da água no Brasil,
e a consolidação de seu uso ordenado pode ser um
referencial para todo o planeta.”
Segundo Guillo, a contabilização do uso da água não está disponível nem
mesmo em nível internacional, mas um estudo apresentado recentemente em
Brasília mostrou que em muitos países a contabilidade do uso da água fica por
conta do número de funcionários das empresas. “Acredito que com esse exemplo,
um evento chamando atenção para o tema, o Brasil possa avançar. Já se prepara
uma primeira experiência piloto no Vale do Paraíba para quantificar o uso de água
no País”, destacou. Ele chamou atenção para a discussão sobre o código florestal
e pediu que o assunto fosse mais debatido no âmbito das cidades para deixar de
parecer o que Guillo chamou de “briga de agricultores”. “A sociedade precisa se
manifestar, isso vai ser a cara do Brasil, principalmente porque precisamos rever a
questão da área de proteção ao longo dos rios”, concluiu.
A premiação teve como patrocinadores masters a Chevron e a Vale, como copatrocinadores a BG Brasil e o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis
(IBP) e como apoiadores a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo (CNC), o Portogalo Suíte Hotel e a empresa O Melhor da Vida.
8ª edição do Prêmio Brasil Ambiental
Inscrições de projetos: março de 2012
Edição 273_Brazilian Business_43
news
os vencedores
Responsabilidade
Socioambiental: Haroldo
Mattos, presidente do Instituto
Brasil Pnuma, e Reginaldo Sales
Magalhães, gerente do UniEthos
– Instituto Ethos.
Eletrobras Eletronuclear S.A.
Área de atuação: opera e constrói usinas termonucleares
no Brasil
Categoria vencedora: Gestão Sustentável
Projeto: Gestão Ambiental e de Resíduos
Inovação Ambiental: Luiz Felipe
Guanaes, diretor Nima (PUCRio), Vânia Maria Junqueira
Santiago, consultora sênior
do Cenpes – Tecnologia em
Tratamento e Reuso da Água,
e Luiz Pimenta, chairman do
Comitê de Meio Ambiente da
Amcham Rio.
P
ara a gerente de planejamento estratégico da Eletrobras Eletronuclear S.A., Ruth Soares Alves, um prêmio na área ambiental
é sempre muito importante para qualquer empresa e mais ainda
quando se trata de empresa de geração de energia por fonte nuclear,
cujas atividades são, em geral, desconhecidas do público.
“Já são mais de 25 anos nesse processo para a unidade Angra 1
e 11 anos para a Angra 2. Há muita experiência acumulada e uma
grande troca de informações e conhecimentos com organismos internacionais, tanto operadores de usinas como nós, como órgãos e
agências reguladores nucleares”, disse Ruth. “Todo o processo é para
nós uma atividade natural que envolve praticamente todas as áreas da empresa, com procedimentos bem definidos e obrigatórios.
Essa é uma característica da indústria nuclear”, completou a gerente,
destacando ainda que a empresa desenvolve atividades de educação
ambiental com o objetivo de formar uma consciência ecológica nas
comunidades locais, buscando um equilíbrio entre preservação e
desenvolvimento tecnológico.
Petrobras
Área de atuação: petróleo e gás
Categoria vencedora: Inovação Ambiental
Projeto: Avaliação de Tecnologias Visando ao Reuso de
Efluentes de Refinaria de Petróleo
A engenheira de meio
ambiente da empresa
Andréa Azevedo Veiga
recebeu o troféu
do especialista em
engenharia de meio
ambiente da UFRJ
Ricardo Luiz Barros
44_Edição 273_jan/fev 2012
O troféu foi
entregue pelo
chairman do
Comitê de Meio
Ambiente da
Amcham Rio,
Luiz Pimenta, ao
gerente de meio
ambiente, José
Lourival Magri
comissão julgadora
O troféu foi entregue pela
presidente do Conselho
Estadual de Recursos Hídricos,
Luiza Cristina Krau de Oliveira,
ao gerente de planejamento
estratégico da empresa,
Marcelo Gomes
P
ara a pesquisadora de tecnologia em tratamento e reuso de água da Petrobras, Fátima
Cunha, o prêmio representa o reconhecimento externo a um trabalho de equipe dedicado
envolvendo diversas áreas da Petrobras, tendo
como base o abastecimento e a engenharia na
busca pela preservação dos recursos hídricos
como um dos eixos do tripé de sustentabilidade dos seus negócios. “Este ano, comemoramos
dez anos de início da busca pelo conhecimento
que viabilizasse a introdução do reuso da água
na Petrobras”, disse Fátima, explicando que o
começo foi norteado por iniciativas do SMES
Corporativo (Segurança, Meio Ambiente,
Eficiência Energética e Saúde), sinalizado em
2001 para a busca da excelência socioambiental da companhia.
“Ao vermos hoje o reuso de efluentes como
uma realidade na companhia, tanto nas unidades existentes quanto nas futuras refinarias,
elevando a Petrobras para um patamar sem
similar no âmbito nacional e internacional,
podemos afirmar que o objetivo desse programa foi plenamente atingido”, disse Fátima. Os
projetos irão permitir, segundo ela, até 2012,
uma redução do consumo de água de 850 mil
m3/mês.
Gestão Sustentável: Luiz Paulo
Vellozo Lucas, engenheiro de
meio ambiente e professor da
PUC-Rio, e Carlos Augusto
Victal, coordenador de
Responsabilidade Social do
Instituto Brasileiro de Petróleo,
Gás e Biocombustíveis (IBP).
Uso Racional de Recursos
Hídricos: Marcos Freitas,
especialista em recursos
hídricos da Agência Nacional de
Águas (ANA), e Luiza Cristina
Krau de Oliveira, presidente do
Conselho Estadual de Recursos
Hídricos (Cerhi-RJ).
Preservação e Manejo de
Ecossistemas: Volney Zanardi
Júnior, secretário executivo do
Ministério do Meio Ambiente, e
Mário Cesar Mantovani, diretor
de políticas públicas da SOS
Mata Atlântica.
Tractebel Energia S.A.
Área de atuação: comercialização de energia
Categorias vencedoras: Preservação e Manejo de Ecossistemas
e Uso Racional de Recursos Hídricos
Projetos: Conservação da Biodiversidade no Alto Uruguai e Implantação
de um Sistema de Ciclo Fechado para Utilização de Água na Extração de
Cinzas Úmidas do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda
S
egundo o gerente de meio ambiente da Tractebel Energia S.A., José Lourival
Magri, a premiação é um reconhecimento de que a empresa está caminhando na direção certa para um planeta sustentável. “Temos ao mesmo tempo uma
boa oportunidade de compartilhar nossos trabalhos com toda a sociedade, já
que tivemos a satisfação de ver dois de nossos projetos vencedores”, acrescentou
Magri. Um deles, explica Magri, está ligado a ações relacionadas à conservação
na área da biodiversidade na região do alto do rio Uruguai. “Estamos desenvolvendo pesquisas e ações para a conservação e preservação de espécies da fauna
e flora ameaçadas de extinção, como peixes migradores do rio Uruguai, como a
piracanjuba, e plantas, como as reófitas endêmicas dessa região, além da recuperação das áreas de APPs no entorno desses reservatórios”, disse o gerente.
Já o segundo projeto vencedor da Tractebel, a implantação de um sistema
integrado de recirculação das águas do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda,
permitiu, segundo Magri, que o complexo passasse a operar em circuito fechado
com a reutilização das águas, possibilitando a eliminação da captação de mais de
15 milhões de m3.
Inventário de Emissões: Ricardo
Luiz Barros, especialista em
engenharia do meio ambiente
da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), e Antônio
Henrique Araújo Freitas,
gerente de tecnologia da Golder
Associates Brasil Consultoria
e Projetos.
Texto Jornalístico: Sidney
Rezende, jornalista da Globo
News, e Agostinho Vieira, editor
da coluna Eco Verde, do jornal
O Globo.
O time da Tractebel,
única empresa
premiada com
projetos em duas
categorias, na noite
do evento
Edição 273_Brazilian Business_45
Samarco Mineração
Área de atuação: mineração
Categoria vencedora: Responsabilidade
Socioambiental
Projeto: Taboa Lagoa – Gestão
Compartilhada de Recursos Hídricos
news
Fetranspor
Área de atuação: transporte urbano,
interurbano e de turismo e fretamento
Categoria vencedora: Inventário
de Emissões
Projeto: Biodiesel B20 – O Rio de
Janeiro Anda na Frente
O
gerente de planejamento e operações
da Fetranspor, Guilherme Wilson,
afirmou que é essencial o reconhecimento
de projetos especiais que nascem totalmente
alinhados com a consciência ambiental no
setor de transportes. “A divulgação das boas
práticas nos últimos anos é necessária para
o fortalecimento de novas e sustentáveis
iniciativas. Neste sentido a premiação da
Amcham Rio é uma das mais importantes para
nós. A Fetranspor se elevou muitíssimo com
esse reconhecimento”, disse. Sobre o projeto,
Wilson explicou que o Biodiesel B20 – O Rio
de Janeiro Anda na Frente é uma iniciativa
conjunta da Fetranspor com o Estado do Rio
de Janeiro, por meio das secretarias estaduais
de transporte e meio ambiente, voltado à
identificação das oportunidades e barreiras
associadas ao uso do biodiesel em frotas de
ônibus urbanos da cidade do Rio de Janeiro.
O programa contou com o apoio de
montadoras e empresas de petróleo e gás.
“Os resultados foram excepcionais em termos de redução de poluentes locais e globais, mostrando a viabilidade do uso desse
combustível renovável em frotas de ônibus
urbanos. O objetivo desse projeto foi preparar os setores envolvidos para o seu uso nos
Jogos Olímpicos de 2016”, explicou.
O gerente de tecnologia da Golder
Associates Brasil Consultoria e Projetos,
Antônio Henrique Araújo Freitas, entregou
o prêmio à coordenadora de meio
ambiente da empresa, Giselle Ribeiro
46_Edição 273_jan/fev 2012
A
analista de meio ambiente da Samarco
Mineração, Sandrelly Amigo Lopes,
coordenadora e idealizadora do projeto,
afirmou que o prêmio é o reconhecimento
pelo valor do trabalho de responsabilidade
socioambiental desenvolvido desde 2006.
“Esse troféu é um indicador de que a
O gerente corporativo de
empresa está no caminho certo”. O projeto
meio ambiente da empresa,
foi desenvolvido junto às seis comunidades
Paulo Cezar de Siqueira Silva,
do entorno da Lagoa de Mãe-Bá, segunda
e a coordenadora do projeto,
maior lagoa do Espírito Santo, onde está
Sandrelly Lopes, receberam o
localizada a Samarco. “Cerca de 3 mil pessoas
troféu do presidente do Instituto
divididas entre as áreas rural e ribeirinha
Brasil Pnuma, Haroldo Mattos
foram capacitadas como agentes ambientais.
Elas auxiliaram no desenvolvimento de
sustentabilidade, pesca e uso da água do projeto e também no
diagnóstico de futuras empreitadas”, disse.
Foram criadas duas associações, o Núcleo de Artesões de Fibra
da Taboa (Naboa) e a de Produtores e Pescadores de Tilápia, formada por pescadores da região e seus filhos, além de capacitações de
artesãos e de educação socioambiental com as escolas da região. Na
área rural são feitas ações de recuperação das nascentes com replantio de vegetação típica da Mata Atlântica. “Esse trabalho é feito em
parceria com os produtores rurais, e a empresa realiza a manutenção
dessas nascentes de três em três meses.”
Canal Energia
Área de atuação: site do setor elétrico
Categoria vencedora: Texto Jornalístico
Projeto: Hidreletricidade: Sustentabilidade e Desenvolvimento
A
jornalista Carolina Medeiros, do Canal Energia, avaliou a premiação como
um importante reconhecimento pessoal, assim como a todo o trabalho que
foi desenvolvido durante o ano de 2011 no site. “Buscamos sempre mostrar, dentro
do contexto de energia elétrica, as ações que vêm sendo realizadas em prol do meio
ambiente”, disse. A matéria mostra a possibilidade de se aliar hidreletricidade e
desenvolvimento, explicando como a construção de uma hidrelétrica poderia ser
feita minimizando os impactos ambientais e levando desenvolvimento à região.
“Qualquer construção de hidrelétricas traz danos ao meio ambiente. O importante
é avaliar se os impactos estão bem dimensionados e se poderão ser compensados.
Melhor ainda se a construção puder trazer mais qualidade de vida à população do
entorno”, acrescentou.
A subeditora
da publicação,
Carolina Medeiros,
foi receber o
prêmio do vicepresidente da
Amcham Rio,
Rafael Motta
Edição 273_Brazilian Business_47
news
Responsabilidade social
e esporte: resultado
de boas práticas
O presidente do Instituto Bola Pra Frente e
ex-jogador de futebol, Jorge de Amorim
Campos, o Jorginho, o secretário municipal
de Esportes e Lazer, Romário Galvão Maia,
e a gerente da área tributária da Martinelli
Advocacia Empresarial, Rosa Maria de Castro,
mostram que há muito mais a ganhar investindo
no social do que as empresas pensam
esponsabilidade Social e Esporte foi
o tema do talk show realizado no dia
7 de novembro de 2011 pelo Comitê de
Responsabilidade Social Empresarial da
Câmara de Comércio Americana do Rio de
Janeiro, na Bolsa do Rio. O presidente do
Instituto Bola Pra frente, Jorge de Amorim
Campos, o Jorginho, o secretário municipal
de Esportes e Lazer, Romário Galvão Maia,
e a gerente da área tributária da Martinelli
Advocacia Empresarial, Rosa Maria de
Castro, falaram sobre sucessos, entraves e
oportunidades para as empresas apoiarem
projetos de responsabilidade social bemsucedidos no Estado.
O evento foi patrocinado pelas empresas
Ulhôa Canto e Case Benefícios e Seguros,
mediado pela chairperson do Comitê de Responsabilidade Social Empresarial da Câmara
de Comércio Americana do Rio, Silvina Ramal, e apresentado pelo diretor-superintendente da Amcham Rio, Helio Blak.
O ex-jogador e técnico de futebol Jorginho contou um pouco da história de seu
instituto, o Bola Pra Frente. Localizada no
bairro de Guadalupe, mais precisamente no
Complexo do Muquiço, onde o jogador cresceu, no subúrbio do Rio, a instituição utiliza
o lado educacional do esporte para formar
cidadãos. Ao todo, o instituto atende a 900
crianças, entre 6 e 17 anos, divididas em três
faixas etárias (6 a 9, 10 a 13 e 14 a 17 anos),
que normalmente têm dificuldades de aprendizado na escola.
48_Edição 273_jan/fev 2011
Luciana Areas
R
A chairperson do Comitê de Responsabilidade Social Empresarial da Amcham Rio, Silvina Ramal,
recebeu para o debate Jorginho, o secretário Romário Galvão Maia e a advogada Rosa Maria de Castro
“O esporte trouxe uma educação muito grande para a minha vida,
principalmente o respeito às regras. Perdi meu pai aos 10 anos e cresci
em uma comunidade em que muitos amigos morreram por conta do
tráfico. Nós criamos uma metodologia especial para as crianças do
instituto que utiliza o futebol como ponto de partida, sendo aplicada
em várias áreas. Na matemática, por exemplo, usando placares dos
jogos do fim de semana ou o número da camisa de um dos jogadores
para ensinar. Também criamos um alfabeto que remete ao esporte. O
J, por exemplo, é sempre de Jorginho”, explicou o técnico.
Na opinião de Jorginho, muitas empresas não se interessam em se
aprofundar nas leis de incentivo porque temem a seriedade de algumas
ONGs. “Acho que isso é falta de informação. É preciso debater mais
o assunto e, principalmente, ter transparência no dinheiro aplicado.
Quando montei o Bola Pra Frente usei o dinheiro que recebi por
quatro anos de um contrato com a Nike. É preciso ser claro nas suas
ações”, acrescentou.
O secretário municipal de Esportes e Lazer, Romário Galvão
Maia, falou um pouco do trabalho de responsabilidade da prefeitura
do Rio, principalmente das vilas olímpicas, e destacou o empenho
na criação de incentivos fiscais municipais para empresas que
venham a investir no setor, nos moldes do que já existe em âmbito
federal e estadual.
“A questão do esporte é muito importante
dentro da educação como instrumento de
inclusão. O Ministério do Esporte tem um bom
orçamento, mas as secretarias se consolidaram
com o Pan de 2007 e com a vinda da Copa do
Mundo e da Olimpíada de 2016. As 14 vilas
olímpicas da cidade do Rio são um case de
sucesso, mas precisamos aprimorar a gestão
desses ferramentas. Já estamos tendo uma
atenção especial do BID e da NBA. O esporte
é uma atividade econômica de muito sucesso,
e as leis de incentivos valorizam as empresas e
beneficiam as instituições”, disse o secretário.
Ele reforçou que a prefeitura está pensando em
utilizar a dedução do IPTU e/ou do ISS como
incentivo fiscal para empresas e pessoas físicas
que queiram investir na área.
O secretário lembrou ainda que é
preciso aproveitar o potencial que o Rio de
Janeiro tem para o esporte. “A Olimpíada vai
deixar um legado além do próprio evento. A
geografia carioca permite que se descubram
novas modalidades, como o rúgbi e o futebol
americano, que estão sendo praticados na praia.
O esporte é uma expressão cultural e uma área
de entretenimento com um grande mercado
para se investir”, disse comentando sobre as
partidas do Super Bowl americano, que reúne
vários eventos em um só, transformando o
esporte em um show.
A parte burocrática do incentivo fiscal
na responsabilidade social, tanto na esfera
federal quanto no Estado do Rio, foi abordada
pela gerente da área tributária da Martinelli
Advocacia Empresarial, Rosa Maria de Castro.
Segundo ela, o assunto precisa ser mais
debatido e desmistificado, para mostrar que há
muito mais a ganhar investindo no social do
que as empresas pensam.
“É preciso realizar mais eventos como este
para deixar claro que é simples utilizar as leis
de incentivo para fazer a diferença, além de ser
uma boa oportunidade de divulgação da própria empresa. É preciso deixar claro que a aplicação do dinheiro não vai denegrir a imagem
das empresas. Existe todo um mecanismo de
controle da aplicação da verba”, esclareceu.
Rosa também comentou sobre a Lei
11.438/2006, que deduz do Imposto de Renda
1% do valor devido para o projeto de escolha
da empresa no âmbito federal. E no caso do
Estado do Rio de Janeiro, a advogada explicou
que existe todo um processo de títulos que a
ONG deve possuir para receber incentivos
fiscais e que as empresas que aplicam recursos
nessa área deduzem 4% do ISS.
Edição 273_Brazilian Business_49
news
Proatividade é ingrediente de empresas líderes
A experiência da gigante IBM
O professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral, Leonardo Araújo, e o diretor de
comunicação e marketing da IBM, Mauro Segura, mostram como as empresas que
captam as mudanças e lançam tendências são as que mais se consolidam no mercado
A
50_Edição 273_jan/fev 2012
Mauro Segura,
diretor de
comunicação e
marketing
da IBM
fotos Luciana Areas
Proatividade de Mercado foi o tema do
café da manhã realizado no dia 18 de
novembro de 2011 pela Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro (Amcham Rio)
e a Fundação Dom Cabral, com o apoio
do Comitê de Marketing da Amcham Rio
e o apoio institucional da Sisen Soluções
Empresariais, no hotel Everest, em Ipanema,
zona sul do Rio. O diretor-superintendente
da Amcham Rio, Helio Blak, deu as boasvindas aos presentes no evento.
O professor e pesquisador da Fundação
Dom Cabral Leonardo Araújo fez uma apresentação sobre como as empresas podem
crescer sendo proativas e as estratégias que
devem usar. Os cases concretos relatados estão no seu livro Empresas Proativas, escrito
em parceria com Rogério Gava e publicado
pela editora Campus-Elsevier. Na publicação,
que foi desenvolvida em cinco anos, os autores destacam que das cerca de 300 empresas
pesquisadas 95% mostraram nível de proatividade entre baixo e médio e elaboraram um
estudo com quatro tipos de empresas: aflitas,
ajustadas, atentas e ativadoras. Entre as mencionadas na publicação está a IBM, que teve
sua história de proatividade contada também
durante o evento, com uma palestra do diretor de comunicação e marketing da empresa,
Mauro Segura.
Segundo Araújo, uma empresa proativa é
aquela que se antecipa às mudanças no mercado, criando mecanismos e desenvolvendo estratégias para que a companhia construa esse
foco de transição. “Isso significa responder às
mudanças antes de ser forçada pelo mercado,
ou mesmo criando sua mudança de forma
deliberada. Esse tipo de empresa vai além
da simples reação e adaptação às demandas
dos clientes e movimentos da concorrência.
É uma estrutura que olha o ambiente externo
fazendo suas escolhas”, disse, destacando que
enquanto as empresas reativas jogam as regras do mercado, as proativas passam a ditar
as regras em um mundo em transformação,
principalmente com a globalização.
Entre as várias organizações citadas no livro, Araújo mencionou
dois exemplos, uma do ramo de cervejas e outra do setor de
brinquedos, que, na década de 1980, foram impactadas pela
transformação do mercado globalizado, mas de forma diferente.
De acordo com os casos citados, a cervejaria se antecipou e instalou
plantas de produção em países do Mercosul. Depois incorporou
outra marca e se preparou para um novo mundo. Já a de brinquedos
sofreu com a entrada dos chineses no ramo e pagou um preço
por sua reatividade até encontrar uma solução anos depois para
conseguir se reerguer – e hoje até importa brinquedos daquele país.
“Por que as empresas são reativas? Não é uma ideia ruim, mas elas
tendem a ter um movimento de adaptação. As proativas agem antes
que o chamado ‘momento zero’ aconteça”, explicou.
Leonardo Araújo,
professor da
Fundação Dom
Cabral
Outro setor que também sofreu muito com a globalização, segundo
Araújo, foi o da indústria têxtil, com a entrada de roupas chinesas de
baixo custo. “A Hering é um exemplo de uma empresa que deu a volta
por cima, investiu pesado na mudança de sua estratégia e hoje é bemsucedida, com uma marca forte no mercado.”
Araújo explicou que as empresas podem ser proativas por antecipação, por criação ou por oferta complementar, quando desenvolvem
novos produtos para a sua linha. “São por antecipação quando captam
as mudanças que os concorrentes não conseguem perceber, agindo
sobre pistas que sempre precedem a mudança. Mas ela pode se antecipar ao ‘momento zero’ e provocar sua própria mudança, modelando
e criando novas realidades. É a antecipação por criação. Ou seja, antecipa mudanças em relação à oferta do mercado, aos concorrentes,
distribuidores, fornecedores e mecanismos
reguladores da indústria e aos clientes e suas
“Empresa proativa é
preferências e necessidades”, destacou.
aquela que se antecipa
Ele disse ainda que o tamanho da empresa
às mudanças no mercado,
não interfere na maneira de reagir e que a
criando mecanismos
atitude de uma empresa pequena pode mudar
e desenvolvendo
as regras do ambiente e encontrar um novo
estratégias para que a
rumo. “Quando eu mudo as regras do jogo eu
companhia construa esse
quero me favorecer disso.”
Para Araújo, nem sempre uma estratégia de
foco de transição”
marketing é realizada em cima da opinião dos
clientes de uma determinada empresa. Para
exemplificar, citou uma frase de Henry Ford: “Se eu tivesse perguntado a
meus clientes o que queriam, teriam dito um cavalo mais rápido”.
Na opinião do pesquisador, a estratégia de atender às necessidades
dos clientes foi por anos uma leitura equivocada. “É preciso ir além do
que o cliente quer. É preciso criar aquilo de que ele precisa. A inovação é
a chave do negócio”, afirmou, mencionando a Toyota, que se antecipou
na criação do carro híbrido, a Consul, que lançou geladeiras frost-free
para as classes B e C, e a Danone, que criou o Activia, que, na verdade,
já existia desde 1987, na França, com outro nome. “A Danone nos fez
tomar um iogurte regularmente mexendo com nossa necessidade. Hoje,
a empresa não liga mais a marca ao problema intestinal das mulheres,
mas já fala com toda a família. Este é um case de comunicação de
sucesso”, concluiu.
O diretor de comunicação e marketing
da IBM, Mauro Segura, fez um balanço dos
100 anos da empresa e seus movimentos
proativos para que ela migrasse da área
de produção para a de geração de serviços
de tecnologia da informação. Ele destacou
que a mudança estrutural da empresa
começou nos anos 1990, quando a IBM
não enxergou que os PCs seriam algo
comercial e continuou com o foco nos
grandes computadores.
“A IBM negligenciou e não viu que
os PCs, que foram criados por ela, dariam
certo, enxergando-os como algo marginal,
e amargou um grande prejuízo, mas [Louis
V.] Gerstner assumiu a empresa e reintegrou
as divisões da companhia com o foco na
área de serviços e produtos. Foi ele quem
teve a visão de que havia uma demanda de
soluções integradas e viu que esse seria o
melhor foco da IBM”, afirmou.
Esse foi o caminho seguido pela empresa
a partir de meados da década de 1990, quando
a internet dava seus primeiros passos e era
possível pensar em um mundo interligado
não apenas pelo PC, mas pelo celular. “A
IBM reforçou sua unidade de serviços e, no
fim de 1996, foi construído o e-business com
o conceito de um mundo centrado em rede.
Só para se ter uma ideia, em 1996 a área de
serviços da empresa representava 18% das
receitas, enquanto hoje já é responsável por
60%”, disse.
Após o ano 2000, a IBM migrou da área
de componentes para a consultoria empresarial e execução de outros serviços de TI
que usariam todo o hardware e o software
já produzidos. A empresa vem desenvolvendo parcerias com a iniciativa pública,
como o Centro de Controle Operacional
do Rio de Janeiro, que usa a tecnologia
para antecipar a realidade, com inteligência. Na avaliação do diretor da IBM, a empresa conseguiu perceber os sinais do mercado e reagiu, lançando novos portfólios
de negócios. “Soubemos criar uma dinâmica de aprendizado contínuo, com um
trabalho de transformação cultural, posicionando a empresa em um leque muito
maior do que existia dentro do mundo
corporativo”, comemorou.
Edição 273_Brazilian Business_51
M a i o
news
Trabalhar com
determinação.
Nós conhecemos
bem a sua história.
Empreender, crescer e ser líder de
mercado não é uma questão de sorte.
O ambiente de negócios, cada vez
mais complexo, exige uma gestão
Representantes das empresas recém-associadas
à Amcham Rio no café da manhã oferecido pela instituição
Amcham Rio recebe novos
sócios em café da manhã
A
Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham
Rio) realizou, no dia 9 de novembro de 2011, um café da manhã
para dar boas-vindas aos novos associados. O objetivo do encontro,
que acontece periodicamente, é apresentar o funcionamento da instituição e mostrar o leque de oportunidades às empresas e a seus membros de participar das atividades e ações da Câmara, como os comitês
setoriais, as missões internacionais, os eventos customizados e os veículos de comunicação da casa. Representantes dos recém-associados
aproveitaram para se apresentar e conversar para abrir possibilidades
de novas parcerias de negócios. O evento foi realizado na Bolsa do Rio,
no centro da cidade.
O diretor-superintendente da Amcham Rio, Helio Blak, apresentou a instituição e pediu a cada um dos representantes que falasse um
pouco sobre a sua empresa. Em seguida, expôs a missão e a rotina
da instituição, que tem hoje 300 empresas associadas, dando destaque
aos comitês setoriais, apresentando as coordenadoras de cada grupo
de trabalho, que estavam presentes no evento.
Blak falou ainda sobre a história da Amcham Rio, chamando
a atenção para o centenário da instituição. “A Câmara foi fundada
em 16 de abril de 1916 por empresas americanas que chegaram ao
Brasil e perceberam que, para facilitar as parcerias estrangeiras, seria
necessária uma infraestrutura de apoio em solo estrangeiro. Vamos
completar 100 anos em 2016, ano em que o Rio vai sediar a Olimpíada”, destacou.
52_Edição 273_jan/fev 2012
Luciana Areas
efetiva dos riscos e oportunidades.
O diretor-superintendente apresentou um balanço de 2011 e salientou que a Amcham Rio já estava programando sua agenda para
2012, permanentemente aberta a sugestões dos novos associados por
meio dos comitês responsáveis. “Em 2011, já realizamos 65 eventos
com os mais variados temas envolvendo os comitês, com destaque
especial para o 7º Prêmio Brasil Ambiental [que aconteceu no dia 8
de dezembro de 2011]. A agenda para 2012 promete ser ainda mais
intensa”, enfatizou.
Os novos sócios corporativos que se afiliaram à Amcham Rio ao
longo de 2011 foram: A. Repsold Assessoria e Marketing (Lide-Rio),
Aecom do Brasil Ltda., benCorp S.A. Corretora de Seguros, Burrill
Brasil Gestão de Recursos Ltda., Business Partners Recrutamento
e Seleção Ltda., C&V Consultoria Ltda., CesceBrasil Seguros de
Garantias e Crédito S.A., CMS Cameron McKenna Consultores em
Direito Estrangeiro, Dattis Brasil Comunicação Ltda., Distribuidora de
Equipamentos Médicos Hospitalares Vipmed Ltda., Engenet Soluções
Integradas Ltda., Esporte Interativo, G-Comex Óleo e Gás Ltda.,
Global Industries, Golden Cross Assistência Internacional de Saúde
Ltda., Hays Recrutamento e Seleção Ltda., Herrero & Associados Brasil
Propriedade Intelectual Ltda., ILOS/LGSC - Instituto de Logística
e Supply Chain Ltda., ISDN Consultoria e Empreendimentos de
Telecomunicações Ltda., Lobo & de Rizzo Sociedade de Advogados,
M. I. Montreal Informática Ltda., Master Qual Serviços Especializados
Ltda., Metal Fênix Comércio de Artigos Industriais e Serviços Navais,
Metroflex Telecomunicações Ltda., MXM Sistemas e Serviços de
Informática S/A., Naibert Consultoria Empresarial Ltda., Oil States
Industries do Brasil Instalações Marítimas Ltda., Pedrosa e Contadores
Associados Ltda., Radix Engenharia e Desenvolvimento de Software
Ltda., Robert Half Assessoria em Recursos Humanos Ltda., Softway S.A.,
Technion Engenharia e Tecnologia Ltda., Tomé Engenharia S.A., Visla
Consultoria de Petróleo Ltda., X-Com Tecnologias em Comunicação
Convergente Ltda. (Telmart), Zemax Log Soluções Marítimas Ltda.,
além dos sócios físicos Ana Sabina de Campos Henriques de Brito,
Arthur Felipe Tavora, Leonardo Pacheco Murat de Meirelles Quintella,
Myriam Duffles e Rodrigo de Oliveira Botelho Corrêa.
A constante evolução tecnológica,
mudanças nas estruturas de negócios
e o dinamismo do mercado global são
fatores que evidenciam essa tendência.
Qualquer que seja sua área de
atuação ou estágio de crescimento,
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•
1
por dentro da câmara
Novos Sócios
Alteração no Quadro
de associados
BSP Empreendimentos Imobiliários S.A.
Samuel Monteiro dos Santos Júnior Diretor-presidente
Av. Paulista, 1.415 - Bela Vista
01311-925, São Paulo, SP
Tel.: (11) 3265-5871 Fax: (11) 3265-5313
[email protected]
Pedrosa e Contadores Associados Ltda.
Frederico Ferreira Pedrosa - Sócio-diretor
Av. Almirante Barroso, 91, sala 912 - Centro
20031-005, Rio de Janeiro, RJ
Tel.: (21) 3553-9934/9198
[email protected]
www.pedrosacontadores.com.br
Filial Espírito Santo
IRPF 2012
Alvaro A. C. Notaroberto Barbosa
Sócio
TozziniFreire Advogados
Eduardo Cruz del Rio
Diretor-geral
Posadas do Brasil
Empreendimentos Hoteleiros Ltda.
Getúlio Brasil Nunes
Consultor
Pedro Marcelo Dittrich
Sócio
TozziniFreire Advogados
Lopes de Oliveira,
Lambert Advogados
Lopes de Oliveira, Lambert Advogados
Mauricio Lopes de Oliveira - Sócio
Av. das Américas, 7.935, salas 604/606,
Sunplaza I – Barra da Tijuca
22793-081, Rio de Janeiro, RJ
Tel/Fax.: (21) 3325-6050
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patrimoniais e financeiras
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Fabíola Gonçalves – Area Sales Manager
Rua José Alexandre Buaiz, 300,
salas 2001/2002 – Enseada do Suá
29050-545, Vitória, ES
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Ricardo Karbage
Presidente
Xerox Comércio e Indústria Ltda.
Roberto Haddad
Sócio
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financeira.
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a elaborar Declarações de IRPF de diferentes
complexidades, inclusive para cidadãos expatriados.
As transações online estão cada vez mais
acompanhadas pela máquina fiscal: compras com
cartões de débito e crédito, aquisições de bens
duráveis, operações de investimento, despesas
médicas, remessas ao exterior – tudo isso vem sendo
monitorado pelos sistemas de fiscalização.
A DPC sabe, antes de mais nada, que a informação
imprecisa representa riscos de retenção na malha fina
e multas para o contribuinte. Assim, o núcleo Pessoa
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54_Edição 273_jan/fev 2011
Edição 272_Brazilian Business_55
expediente
COMITÊ EXECUTIVO
PRESIDENTE
Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos
Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.
1º. VICE-PRESIDENTE
Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do
Brasil Seguros de Vida S.A.
2º. VICE-PRESIDENTE
Pedro Paulo Pereira de Almeida_Diretor IBM Setor
Industrial e Diretor Regional, IBM Brasil Indústria,
Máquinas e Serviços Ltda.
3º. VICE-PRESIDENTE
Rafael Sampaio da Motta_CEO, Case Benefícios e
Seguros
Patricia Pradal_Diretora de Desenvolvimento de
Negócios e Relações Governamentais, Chevron
Brasil Petróleo Ltda.
Pedro Paulo Pereira de Almeida_Diretor IBM Setor
Industrial e Diretor Regional, IBM Brasil Indústria,
Máquinas e Serviços Ltda.
Petronio Ribeiro Gomes Nogueira_Sócio-diretor,
Accenture do Brasil
Rafael Sampaio da Motta_CEO, Case Benefícios e
Seguros
Roberto Castello Branco_Diretor de Relações com
Investidores, Vale S.A.
DIRETORIA AMCHAM ESPÍRITO SANTO
Presidente
Otacílio José Coser Filho_Membro do Conselho
de Administração, Coimex Empreendimentos e
Participações Ltda.
Vice-Presidente
Maurício Max_Diretor do Departamento de
Pelotização, Vale S.A.
DIRETORES
António Diogo_Diretor-geral, Chocolates Garoto
Bruno Moreira Giestas_Diretor, Realcafé Solúvel
do Brasil S.A.
Carlos Fernando Lindenberg Neto_Diretor-geral,
Rede Gazeta
DIRETOR-SECRETÁRIO
Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin
American Training Center
Roberto Furian Ardenghy_Diretor de Assuntos
Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.
João Carlos Pedroza da Fonseca_Superintendente,
Rede Tribuna
DIRETOR-TESOUREIRO
Manuel Domingues e Pinho_Presidente,
Domingues e Pinho Contadores
Roberto Prisco Paraíso Ramos_Diretor-presidente,
Odebrecht Óleo e Gás Ltda.
Márcio Brotto Barros_Sócio, Bergi Advocacia –
Sociedade de Advogados
Rodrigo Tostes Solon de Pontes_Diretor
Financeiro, ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica
do Atlântico
Paulo Ricardo Pereira da Silveira_Gerente-geral
Industrial, Fibria Celulose
CONSELHEIRO JURÍDICO
Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio,
Chediak Advogados
EX-PRESIDENTES
João César Lima, Robson Goulart Barreto
e Sidney Levy
PRESIDENTES DE HONRA
Mauro Vieira_Embaixador do Brasil nos EUA
Thomas Shannon_Embaixador dos EUA no Brasil
DIRETORES
Benedicto Barbosa da Silva Junior_Diretorpresidente, Odebrecht Infraestrutura
Carlos Henrique Moreira_Presidente
do Conselho, Embratel
Cassio Zandoná_Superintendente Amil Rio de
Janeiro, Amil – Assistência Médica Internacional
David Zylbersztajn_Engenheiro
Eduardo de Albuquerque Mayer_Private Banker,
Banco Citibank
Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do
Brasil Seguros de Vida S.A.
Fernando José Cunha_Gerente Executivo para
América, África e Eurásia - Diretoria Internacional,
Petrobras
Guillermo Quintero_Presidente, BP Energy do
Brasil Ltda.
Henrique Rzezinski_Vice-presidente de Assuntos
Corporativos, BG E&P do Brasil Ltda.
Humberto E. Cesar Mota_Presidente, Dufry do
Brasil
Rogério Rocha Ribeiro_VP Sênior e Diretor de Área
América Latina e Caribe, GlaxoSmithKline Brasil
Steve Solot_Presidente & CEO, LATC - Latin
American Training Center
DIRETORES EX-OFÍCIO
Andres Cristian Nacht | Carlos Augusto C. Salles |
Carlos Henrique de Carvalho Fróes | Gabriella Icaza
| Gilberto Duarte Prado | Gilson Freitas de Souza
| Ivan Ferreira Garcia | João César Lima | Joel
Korn | José Luiz Silveira Miranda | Luiz Fernando
Teixeira Pinto | Omar Carneiro da Cunha | Peter
Dirk Siemsen | Raoul Henri Grossmann | Robson
Goulart Barreto | Ronaldo Camargo Veirano |
Rubens Branco da Silva | Sidney Levy
PRESIDENTES DE COMITÊS
Propriedade Intelectual - Andreia
de Andrade Gomes
Tax Friday - Richard Edward Dotoli
Entretenimento, Cultura e Turismo - Steve Solot
Alícia Perez e Dolores Piñeiro
Negócios Internacionais
Marcilio Rodrigues Machado
Relações Governamentais
Maria Alice Paoliello Lindenberg
ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM ES
Diretor Executivo
Clóvis Vieira
Coordenadora de Associados
Keyla Corrêa
LINHA DIRETA COM A CÂMARA
DE COMÉRCIO AMERICANA
Administração e Finanças: Victor Cezar Teixeira
(21) 3213-9208 | [email protected]
Associados: Terezinha Marques
(21) 3213-9220 | [email protected]
Marketing - Noel De Simone
Meio Ambiente - Luiz Pimenta
Responsabilidade Social Empresarial - Silvina Ramal
Saúde - Gilberto Ururahy
Seguros, Resseguros e Previdência - Luiz Wancelotti
Tecnologia da Informação e Comunicação Álvaro Cysneiros
ADMINISTRAÇÃO DA AMCHAM RJ
Mauricio Vianna_Diretor, MJV Tecnologia Ltda.
Diretor-superintendente
Helio Blak
Michael Seidner_Presidente, ExxonMobil Química
Ltda.
Gerente Administrativo
Victor C.S. Teixeira
Ney Acyr Rodrigues de Oliveira_Vice-presidente
Embratel Empresas São Paulo, Embratel
Gerente Comercial e Marketing
Ricardo Santos
56_Edição 273_jan/fev 2012
Victor Affonso Biasutti Pignaton_Diretor, Centro
Educacional Leonardo da Vinci
Logística e Infraestrutura - Em definição
Relações Governamentais - João César Lima
Manuel Fernandes R. de Sousa_Sócio, KPMG
Simone Chieppe Moura_Diretora-geral,
Metropolitana Transportes e Serviços
Comercial e Marketing: Ricardo Santos
(21) 3213-9226 | [email protected]
Ivan Luiz Gontijo Junior_Diretor-gerente, Jurídico
e Secretaria Geral, Bradesco Seguros
Manuel Domingues e Pinho_Presidente,
Domingues e Pinho Contadores
Rodrigo Loureiro Martins_Advogado-sócio
Principal, Advocacia Rodrigo Loureiro Martins
Energia - Roberto Furian Ardenghy
Recursos Humanos - Cláudia Danienne Marchi
Luiz Ildefonso Simões Lopes_Presidente,
Brookfield Brasil
Ricardo Vescovi Aragão_Diretor de Operações e
Sustentabilidade, Samarco Mineração
Assuntos Jurídicos - Julian Chediak
Italo Mazzoni da Silva_Presidente, Ibeu
Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak
Advogados
Marcos Guerra_Presidente, Findes
Novos Associados e Eventos Tailor-made:
Jaqueline Rufino
(21) 3213-9294 | [email protected]
Mantenedores e Patrocínio: Vanessa Barros
(21) 3213-9286 | [email protected]
Publicidade e Visto: Gisela Medeiros
(21) 3213-9291 | [email protected]
Comitês e Eventos
Ana Paula Macieira
(21) 3213-9229 | [email protected]
Giuliana Sirena
(21) 3213-9227 | [email protected]
Helen Mazarakis
(21) 3213-9231 | [email protected]
Jaqueline Paiva
(21) 3213-9232 | [email protected]
Revista Brazilian Business: Andréa Blum
(21) 9285-4717 | [email protected]
Espírito Santo: Keyla Corrêa
(27) 3324-8681 | [email protected]
Edição 272_Brazilian Business_57
54_Edição 273_jan/fev 2011

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